Biblioteconomia de Livros Raros
e
gestão
de acervos
bibliográficos
especiais
Ana Virginia Pinheiro
outubro 2014
Há quem situe as origens da Biblioteconomia de Livros Raros nos Estados Unidos, baseando-se na ideia de que sua sistematização começou com os bibliotecários estadunidenses, na segunda metade do século XIX.
A multiplicidade de abordagens possíveis, permite a eleição, por exemplo, de um bibliotecário, de nacionalidade desconhecida, mas que trabalhou e publicou na França:
Leopold Auguste Constantin Hesse (1779-1844)
Em suas Instructions sur l’arrangement, la conservation et l’administration des bibliothèques (Paris, 1839, p. 22, grifos nossos),
definiu como atribuição de todo bibliotecário:
“O estudo da história literária e do conhecimento dos livros...
e complementava afirmando que seria “tão importante quanto, conquanto esteja em primeiro lugar e seja contínuo, o aprendizado constante advindo da experiência diária”
Mas, quais os conhecimentos que fundamentam a gestão de acervos
bibliográficos especiais, no âmbito da Biblioteconomia de Livros Raros?
A Biblioteconomia de Livros Raros
concernentes ao livro considerado raro, antigo
e precioso.
envolve um conjunto de procedimentos biblioteconômicos,
Constantin Hesse, em seu Bibliothéconomie, ou Nouveau manuel complet pour l'arrangement, la conservation et l'administration des bibliothéques. Paris, 1841 (a primeira edição é de 1808), empregou o termo [Biblioteconomia] para referir-se às técnicas de organização das bibliotecas, em seu mais amplo sentido, estabelecendo distinção entre Bibliografia literária, assumida pelos doutos e literários, e Bibliografia material, dos livreiros e bibliófilos.
Para ele, esses conhecimentos deveriam ser dominados pelo bibliotecário, delineando as primeiras abordagens de gestão de acervos, a partir de do sentido de organização, e dividindo o assunto em três partes que, atualmente, permitem a ampliação de abordagens:
• as coleções (que compõem o acervo), • os usuários (todas as pessoas envolvidas
com o acervo) e a • biblioteca (o espaço, propriamente dito)
No âmbito da Biblioteconomia de Livros Raros, a transdisciplinaridade resulta do intercâmbio de domínios teóricos e da experiência dos diversos profissionais envolvidos,
Por exemplo, NÃO é possível pensar a Biblioteconomia de Livros Raros e a gestão de acervos bibliográficos especiais, sem considerar políticas de preservação.
Uma proposta de abordagem:
Gestão
e
Políticas de Preservação
de Acervos Bibliográficos
Raros e Especiais
Espaço
(cenário)
Acervo
(objeto)
Pessoas
(atores)
In situ
Entorno
Material
(itens)
Imaterial
(informação)
Quem?
Por quê?
Para quê?
Como?
Quando?
Onde?
Trata do espaço
físico da
biblioteca,
propriamente dito – instalações,
medidas
(corredores,
rampas, penetrais),
padrões, normas,
arquitetura,
mobiliário (estantes, cofres,
arcazes,
armários),
sinalização etc.
Trata do espaço
que circunda a biblioteca e de
elementos
próximos –
mar, rio, floresta, ruas
de trânsito
intenso, falhas
geológicas, violência, risco
de sinistros etc.
Trata das
tipologias
documentais com “qualidade
arquivística” –
livros, periódicos,
fotografias, manuscritos,
documentos
eletrônicos, registros digitais
gravuras, mapas
etc.
Trata da natureza
da informação e
das condições de preservação
(acesso e
reprodução:
fotocópia, microfilmagem,
digitalização,
fotografia) –
direitos de autor, direito à
informação etc.
Trata das
pessoas físicas
e jurídicas
envolvidas em todas as ações
e processos,
incluindo relações
hierárquicas,
responsabilidad
e patrimonial e
poder.
Trata da raison
d’être, a
missão
institucional e estatutária (da
biblioteca):
acesso e
disseminação, à luz dos direitos
previstos na
Constituição Federal e nas
cartas de
direito
internacional.
Trata do efeito
multiplicador,
das
conseqüências
sociais e dos
custos, ganhos, perdas e riscos
de ações de
Preservação.
Trata das
condições e
restrições
impostas às pessoas, no
âmbito do
acervo e do
espaço, por medida de
segurança ou
da condição de reserva técnica
– horários,
datas, etc.
Trata de
circunstâncias ordinárias e
extraordinári
as
envolvendo pessoas,
local e
acervo – no local e à
distância.
Trata de
documentos legais e
administrativos,
planos, programas e projetos, nacionais e
internacionais, que
alicerçam o acesso,
trânsito, uso, reprodução,
manuseio,
restauração,
higienização, encadernação etc. e
suas
recomendações.
Princípio de Mateus “Pois a quem tem, mais se lhe dará e terá em abundância, mas ao que quase não tem, até o que tem lhe será tirado” (Mat. 13:12 – Parábola do semeador; Mat. 25:29 – Parábola dos talentos) .
Algumas condições Gerais
• Capacitação de pessoal;
• Prática da Biblioteconomia de Livros Raros
• Políticas de preservação (guarda e difusão)
• Normas para trânsito (para o lugar, as pessoas e o acervo);
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