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Aula 05 - Elasticidades e
Estruturas de MercadoNesta aula trabalharemos as habilidades necessrias para que o aluno
possa:
- Compreender as elasticidades, que medem a intensidade da resposta da
Oerta e Demanda aos atores que as inuenciam, para cada produto ou
mercado;
- Entender as diversas estruturas de mercado, nas quais as condies de
concorrncia so dierentes, seja para os produtores/vendedores, seja
para os consumidores/compradores.
Introduo
Depois de ter conhecido o equilbrio de mercado a partir do estudo da
Oerta e da Demanda, voc est apto a analisar dois temas relacionadosa estes atores. Primeiramente, estudaremos as elasticidades, que medem
a intensidade da resposta da Oerta e da Demanda aos atores que as
inuenciam para cada produto ou mercado. Em seguida, apresentaremos
as diversas estruturas de mercado, nas quais as condies de concorrncia
so dierentes, seja para os produtores/vendedores, seja para os
consumidores/compradores.
Desenvolvimento
Elasticidades
Voc j sabe qual o impacto das mudanas nos principais atores
determinantes da Oerta e da Demanda. O impacto principal enunciado
pela Lei da Oerta e pela Lei da Demanda: quantidade e preo variam em
sentido direto, no primeiro caso, e inverso, no segundo.
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Mas ser que a quantidade demandada de tomate e a de CD Players, por
exemplo, sorem a mesma queda quando seus preos sobem? Se o tomate
custar 20% a mais e o CDP tiver a mesma elevao percentual no preo,
ambos sorero queda da mesma intensidade na quantidade desejada
pelos consumidores?
Obviamente, no. Sabemos apenas que ambos os produtos sero menos
procurados, mas no sabemos automaticamente em quanto essa procura
cair em cada caso.
Chamamos de elasticidade a medida da magnitude (ou intensidade) daresposta dos consumidores e dos produtores s mudanas nos atores da
Oerta e da Demanda. Em primeiro lugar, medimos a intensidade da resposta
s variaes de preo; no caso da Demanda, mede-se tambm quando
or o caso a resposta s mudanas na renda do(s) consumidor(es).
Elasticidade - Preo da Demanda
Chamamos de elasticidade-preo da Demanda a medida da intensidade
da mudana da quantidade demandada a cada mudana de preo. a
resposta pergunta eita mais acima: se o kg de tomate e a unidade de CD
Player aumentarem 20%, qual ser a queda da quantidade demandada
para cada um dos produtos?
O clculo da elasticidade simples: dividimos a porcentagem da queda
na quantidade demandada pela porcentagem do aumento no preo. O
inverso tambm ocorre: calcular o aumento da quantidade demandada nocaso de queda de preos. A diviso a mesma, embora os sinais estejam
invertidos.
Em outras palavras, estamos medindo a intensidade da Lei da Demanda
para cada produto em particular. Ou seja, como o comportamento do
consumidor varia de um produto para outro, em relao s mudanas de
preos. A regra geral, dada pela Lei da Demanda, no se maniesta com a
mesma intensidade para todos os bens e servios; ao contrrio, existe uma
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elasticidade-preo da Demanda para cada um deles.
Como a relao entre preo e quantidade, dada pela Lei da Demanda,
obedece sempre regra geral (mudam em sentido inverso), as duas
porcentagens que estaremos comparando tero sempre sinal trocado: ou
uma queda de preo (-) e um aumento de quantidade (+), ou um aumento
de preo (+) e uma reduo da quantidade (-). Por essa razo, costuma-
se ignorar o sinal na operao descrita acima, j que ela seria sempre
negativa.
Assim, a elasticidade um nmero puro (no expresso em porcentagem,nem em valores monetrios, nem em volumes) e, no caso da Demanda,
com sinal trocado a fm de ser sempre positivo.
Exemplos
1) O kg do tomate aumenta de R$ 5,00 para R$ 6,00. Os consumidores
diminuem suas compras de 10 toneladas (demanda de mercado) para 7
toneladas. Calculando as variaes percentuais, azemos:
[(7 ton 10 ton) 10 ton] x 100 = - 30%
[(R$ 6,00-R$ 5,00) R$ 5,00] x 100 = 20%
Ignorando os sinais, azemos:
30% 20% = 1,5
Neste caso, a elasticidade-preo da Demanda de tomate 1,5. Este um
nmero puro: nem porcentagem, nem reais, nem toneladas.
2) O modelo mais comum de CD Player cai de R$ 300,00 para R$ 225,00. As
compras mensais aumentam de 100 mil unidades para 120 mil. Calculando
as variaes percentuais, azemos:
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[(120.000 100.000) 100.000] x 100 = 20%
[(R$ 300,00 R$ 225,00) R$ 300,00] x 100 = - 25%
20% 25% = 0,8
(novamente ignoramos os sinais)
Observaes
Elasticidades superiores a um (1,0) indicam que a variao na quantidade
(para mais ou para menos) mais intensa que a variao nos preos (para
menos ou para mais, respectivamente). Produtos cujos consumidoresapresentem esse comportamento so denominados como elsticos.
Elasticidades ineriores a um (1,0) indicam variao na quantidade menos
intensa que a variao nos preos. So chamados de produtos inelsticos.
Nos exemplos acima, o tomate elstico e o CD Player, inelstico.
H a possibilidade de uma variao idntica na quantidade e no preo
(exemplo: + 10% e 10%). Estes casos so denominados de elasticidade
unitria. No so muito comuns, mas estudos empricos sugerem que a
demanda por moradia nos EUA tenha este tipo de comportamento.
Uma observao importante que a elasticidade geralmente sore
alteraes no mesmo ponto quando medimos aumento ou queda. Na
verdade, isso se deve ao ato de que as porcentagens so sempre calculadas
a partir da quantidade antiga e do preo antigo. Assim, tomando o caso
acima do tomate, suponha que o movimento seja oposto, com os mesmospreos e quantidades: o preo cai de R$ 6,00 para R$ 5,00 e a quantidade
demandada sobe de 7 para 10 toneladas. Se voc refzer o clculo, ter a
surpresa de ver uma elasticidade dierente da anterior (em que o preo
subia e a quantidade caa), usando os mesmos valores:
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[(R$5,00 R$ 6,00) R$ 5,00] x 100 = - 16,7%
(a seguir, o sinal ser ignorado)
[(10 ton 7 ton) 7 ton] x 100 = 42,8%
42,8% 16,7% = 2,56
Para evitar este problema, costuma-se adotar o ponto mdio dos preos e o
das quantidades (somando-se as duas medidas e dividindo cada soma por
2). Em seguida, calcula-se a variao ocorrida em relao mdia. Assim,
para o caso do tomate (considerando a ltima situao citada preo cai,
quantidade sobe), azemos:
{(10 ton 7 ton) [(10 ton + 7 ton) 2]} x 100 = 35,3%
{(R$ 5,00 R$ 6,00) [(R$ 5,00 + R$ 6,00) 2]} x100 = - 18,2%
35,3% 18,2% = 1,94
Agora, se voltarmos primeira situao, citada mais acima (alta de preo e
queda de quantidade), o clculo ser o seguinte:
(7 ton 10 ton) [(7 ton + 10 ton) 2] = - 35,3%
(R$ 6,00 R$ 5,00) [(R$ 6,00 + R$ 5,00) 2] = 18,2%
35,3% 18,2% = 1,94
Dessa orma, utilizando o clculo pela mdia, evita-se o problema de duas
elasticidades distintas para o mesmo ponto, caso o preo suba ou caia.
Fatores explicativos da elasticidade-preo da Demanda
Podemos listar algumas causas de um bem ou servio apresentar
elasticidade-preo da Demanda alta ou baixa. Os principais so:
Essencialidade do bem/servio (supruos so mais elsticos que os
essenciais);
Peso no oramento do consumidor (quanto maior o peso, maior a
elasticidade);
Existncia de substitutos no consumo (bens insubstituveis so mais
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inelsticos).
Exemplos muito utilizados so o sal, que possui caracterstica essencial
para grande parte das pessoas, tem peso reduzido no oramento amiliar e
no possui praticamente substituto; e jias, que so um produto de luxo, o
oposto do essencial (embora para algumas pessoas, de alto poder aquisitivo,
representem um atributo indispensvel de status), que exerce um peso
muito expressivo no oramento dos consumidores, mesmo os de alta renda
(j que milionrios, para quem o custo de adquirir jias indierente, so
minoria na prpria camada social que se costuma designar como de alta
renda). Evidentemente, o sal muito inelstico: pode dobrar ou triplicar depreo, mas o impacto imediato nas compras ser muito limitado, a no ser
que a consolidao dessa alta de preos a longo prazo leve ao surgimento
de algum substituto prximo, cuja pesquisa e desenvolvimento hoje sobre
determinados produtos nem sempre pode ser benfco para o prprio
governo: se o bem or elstico, o Tesouro perder receita. J no caso de
bens inelsticos esta opo traz resultados imediatos (obviamente, muitos
outros aspectos devem ser considerados, mas o reoro de caixa do governo
sempre um benecio a ser levado em conta).
Elasticidade - Preo da Oferta
Elasticidade-preo da Oerta
Aqui, medimos a intensidade da Lei da Oerta para cada produto ou
mercado em particular. Sabemos, genericamente, que preos mais altos
provocam elevaes nas quantidades oertadas. Mas como o produtor deca e o abricante de celulares, por exemplo, reagem alta de preos? Qual
a magnitude dessa reao?
O clculo da elasticidade-preo da Oerta eito da mesma orma que o da
Demanda, com a vantagem de no ser preciso trocar um dos sinais, j que
preo e quantidade tm uma relao direta (lei da Oerta).
A elasticidade-preo da Oerta tambm expressa por um nmero puro.
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Exemplos
1) Os produtores de ca reagem ao aumento do preo de R$ 200,00 para
R$ 250,00 a saca de 60 kg, aumentando a produo de 100 mil para 130 mil
toneladas. Calculamos as variaes percentuais:
[(130.000 100.000) 100.000] x 100 = 30%
[(R$ 250,00 R$ 200,00) R$ 200,00] x 100 = 25%
30% 25% = 1,2
Neste exemplo, a produo de ca em gro se mostra elstica em relao
ao preo, com um indicador pouco superior a 1,0.
2) Os abricantes de celulares reduzem a produo de 500 mil para 450 mil
unidades/ms, em resposta a uma queda no preo, de R$ 600,00 para R$
500,00. Calculando as variaes percentuais, azemos:
[(450.000 500.000) 500.000] x 100 = - 10%
[(R$ 500,00 R$ 600,00) R$ 600,00] x 100 = - 16,7%
- 10% - 16,7% = 0,6
Observa-se no exemplo que a produo de celulares inelstica em relao
ao preo.
Clculo pela Mdia
Tambm no caso da Oerta, o clculo da elasticidade-preo pela mdia
evita o desconorto de termos duas elasticidades dierentes caso o preo
suba ou caia.
a) Faa voc mesmo: apenas para comprovar, tome os exemplos acima
no sentido oposto, azendo os preos variarem ao contrrio do que oi
apresentado e calculando as respectivas elasticidades-preo da Oerta.
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Assim, podemos tomar o caso do ca e calcular a elasticidade pela mdia:
{(130.000 100.000) [(130.000 + 100.00) / 2]} x 100 = 13%
{(R$ 250,00 R$ 200,00) [(250,00 + 200,00) 2]} x 100 = 11,1%
13% 11,1% = 1,17
b) Faa voc mesmo: Experimente azer por si mesmo(a) o clculo pela
mdia no caso de queda do preo e da quantidade, com os mesmos
valores, para certifcar-se de que a elasticidade-preo da Oerta ser a
mesma.
Elasticidade - Renda da Demanda
Utiliza-se tambm com reqncia a medida de intensidade da variao da
Demanda s mudanas na renda dos consumidores. Normalmente, aplica-
se a bens normais (reveja a Aula 2). Mas tambm pode ser calculada para
os bens ineriores. A rmula tambm simples: divide-se a variao na
quantidade demandada de um bem ou servio pela variao na renda dos
consumidores.
Exemplo
O segmento do mercado habitualmente consumidor de automveis teve
uma queda de renda mdia no ltimo ano, de R$ 65 mil anuais (13 salrios)
para R$ 58,5 mil. As vendas de automveis caram de 1,5 milho de unidades
para 1,4 milho no mesmo perodo. Calculamos as variaes:
[(1.400 1.500) 1500] x 100 = - 6,7%
[(R$ 58.500,00 R$ 65.000,00) R$ 65.000,00] x 100 = - 10%
- 6,7% - 10% = 0,67
No caso, a demanda de automveis mostrou-se relativamente inelstica
em relao renda, uma vez que a queda na quantidade demandada oi
menor que a queda de renda. Isto indica que os consumidores destinaram
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uma parte maior de sua renda para a compra deste bem, sacrifcando
parcialmente outros gastos. Embora trate-se apenas de um exemplo
hipottico, possvel que a ausncia de alternativas viveis de transporte
de massa (coletivo) nas grandes cidades brasileiras provoque um eeito
desse tipo no mercado automobilstico.
Elasticidade cruzada da Demanda
Este ndice mede o impacto das variaes de preo de um bem sobre a
demanda de outro bem, substituto ou complementar.
Relembrando: V at a Aula 2 e verifque o tipo de eeito causado pelos
bens substitutos e complementares (so dierentes) na demanda de um
determinado bem ou servio.
Neste caso, basta dividir a variao percentual da quantidade do bem X pela
variao percentual do preo do bem substituto ou complementar.
Exemplos
1 - O preo do Toddy caiu de R$ 5,50 para R$ 4,80 e a quantidade vendida
de Nescau reduziu-se de 600 mil latas para 500 mil latas na semana em que
durou a promoo do Toddy. Calculando as variaes, azemos:
[(500.000 600.000) 600.000] x 100 = - 16,7%
[(R$ 4,80 R$ 5,50) R$ 5,50] x 100 = - 12,7%-16,7% -12,7% = 1,31
Este exemplo, se ocorresse na realidade, mostraria uma orte elasticidade
cruzada entre o Toddy e o Nescau (bens substitutos), j que a quantidade
demandada de um cai com maior intensidade que o preo do outro,
causador daquela queda.
2 - As vendas de impressoras HP aumentaram de 55 mil para 80 mil unidades
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por ms depois que oi noticiada a queda no preo dos cartuchos, de R$
50,00 (mdia) para R$ 30,00. Calculamos as variaes:
[(80.000 55.000) 55.000] x 100 = 45%
[(R$ 30,00 R$ 50,00) R$ 50,00] x 100 = - 40%
(ignorando o sinal, continuamos)
45% 40% = 1,125
Nesta hiptese, a demanda de impressoras da HP elstica em relao
ao preo dos cartuchos de tinta, mostrando elevao na quantidade
demandada mais intensa do que a queda de preo daquele componente.
Estruturas de Mercado
At agora, todas as alteraes no mercado ignoraram as condies da
concorrncia entre os agentes (produtores ou compradores). Tanto na lei
da Oerta e na lei da Demanda quanto nos casos em que outros atores
variam (exceto o preo do produto), estamos sempre partindo de um
modelo ideal de mercado. Est na hora de explicitarmos esse modelo, uma
vez que ele no nico nem o mais importante na economia real. Em
outros tipos de mercado (outras estruturas), os atos ocorrem de maneira
um pouco dierente, especialmente as condies do equilbrio para cada
um dos agentes.
1. Concorrncia Perfeita
O modelo ideal de que estamos alando chamado de concorrncia pereita
ou pura. Aqui, supomos um conjunto de condies no uncionamento do
mercado:
O nmero de produtores (vendedores) e o de compradores muito grande,
impossibilitando que qualquer um deles individualmente imponha preos
no mercado (o vendedor no pode elevar impunemente seus preos, pois
perder a clientela para os concorrentes; o consumidor no tem condies
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de pechinchar, pois h uma multido de outros interessados);
O produto, em cada mercado, homogneo, sem dierenas signifcativas
entre o que um oertante e o outro oerecem ao comprador: tomate
tomate, impressora impressora e assim por diante;
Ambos os lados do mercado dispem do mesmo nvel de inormaes
sobre o produto e o mercado, sem que nenhum deles possa levar vantagem
sobre o outro com base em inormaes privilegiadas.
No todo dia que participamos de um mercado desse tipo. Na verdade,
eles existem em nmero limitado. Um caso que talvez se assemelhe o
das hortalias, rutas e legumes especialmente se estiver prximo aocentro de consumo e no houver grandes atacadistas e transportadores
entre o produtor e o consumidor. Bares comuns (botecos), armazns e
armarinhos, bancas de jornal, sales de cabeleireiros comuns em bairros
(veja uma exceo em III.4) so outros possveis exemplos.
2. Monoplio
A situao oposta concorrncia pereita o monoplio. Neste caso,
um nico produtor abastece todo o mercado. Os consumidores no tm
escolha: compram do monopolista ou renunciam ao produto. Neste caso,
cil imaginar que as condies do equilbrio so dierentes para cada um
dos lados: o monopolista pode buscar o mximo de lucro, impondo preos
e quantidades, de orma que o preo de monoplio seja sempre superior
ao preo de concorrncia pereita e a quantidade seja inerior quela que
existiria naquele mercado. A qualidade tambm pode sorer conseqncias
negativas.
No caso de uma reduo da demanda, o monoplio pode preerir reduzir
a produo, mantendo os preos (na concorrncia pereita isso seria
impossvel, pois cada produtor individual correria atrs dos consumidores
oerecendo preos melhores, tentando evitar prejuzos). Dessa orma, ele
pode compensar no aumento da margem de lucro de cada unidade de
produto a queda na quantidade vendida.
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Mas, por que existem mercados assim? So muitos os motivos. Primeiramente,
existe o que chamamos de monoplio natural. Algumas atividades exigem
um volume de capital imobilizado muito alto. Se no houver garantia
de exclusividade do mercado, ningum ir se dispor a investir, porque o
risco de sorer prejuzos com a concorrncia envolve montantes elevados
demais de capital. Alm disso, o carter do bem ou servio nesses casos
impossibilita cobrar preos ou tarias muito altos, pois h uma exigncia
social de atendimento universal. S uma escala muito ampla de mercado
permite compensar os altos custos do capital envolvido com tarias
mdicas. Isso acontece, por exemplo, em determinados servios pblicos
como abastecimento de gua, saneamento bsico (coleta e tratamento deesgotos) e gerao e distribuio de energia eltrica. impossvel imaginar
um cenrio em que os consumidores, a cada dia, escolhem de quem
compraro esses servios.
Outra situao aquela em que a sociedade, por razes poltico-estratgicas,
maniesta-se a avor da concesso de um monoplio a alguma empresa.
Esse tipicamente o caso da Petrobrs, criada em meio a orte campanha
popular sob o mote: O petrleo nosso!. Nos anos 1950, temia-se queas companhias estrangeiras sabotassem o petrleo que se imaginava
existir no subsolo brasileiro (escondendo as reservas ou subtraindo o
produto da economia nacional). Por isso, exigiu-se que uma empresa
pblica controlasse a extrao e o refno do produto. Apenas duas dcadas
depois que se comeou a abrir ligeiramente o mercado brasileiro para os
contratos de risco, em que reas eram concedidas a empresas privadas,
geralmente estrangeiras; e o monoplio, de ato, oi eliminado somente na
ltima dcada. O ato que a espetacular arrancada brasileira neste setor,
que permite visualizarmos nossa auto-sufcincia em petrleo para 2006,
deveu-se essencialmente Petrobrs (crticos e apoiadores do monoplio
concordam nisso).
H ainda situaes em que empresas mais ortes ou mais espertas deslocam
os concorrentes e montam um esquema to poderoso de controle do
mercado que ningum se arrisca a penetrar nele. O poder fnanceiro de
empresas monopolistas pode permitir-lhes manter preos abaixo de seu
custo de produo por tempo sufciente para quebrar um concorrente
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potencial, quando ento o preo volta ao nvel de monoplio.
Uma vez que o monoplio produz danos ao consumidor/comprador,
sua existncia invocada para justifcar a presena do governo na
regulamentao das atividades monopolizadas, impondo regras sobre
preos, tarias, quantidades e qualidade. Atualmente, as agncias
reguladoras tm essa incumbncia diante das empresas prestadoras de
servios pblicos privatizados. J o Cade tem a incumbncia de impedir
excessiva concentrao do mercado, evitando tendncias monopolistas
(lembrar os casos Nestl/Garoto, Kolynos e Ambev).
Observe-se que o monoplio pode tambm existir na outra ponta: um
nico grande comprador para muitos produtores/vendedores. Os danos so
simtricos: preos desavorveis aos vendedores, exigncias de quantidade
e qualidade que os suocam e os pem sob a ameaa de serem incorporados
pelo prprio comprador. Esse caso chamado de monopsnio e tambm
requer a ao do governo para estabelecer regras mais equilibradas nesse
mercado.
3. Oligoplio
H algumas situaes intermedirias entre o monoplio e a concorrncia
pereita. A primeira delas o oligoplio. Trata-se de algo prximo ao
monoplio, mas, em lugar de uma, algumas empresas controlam o
mercado, repartindo-o entre si e combinando regras de preos, qualidade
e quantidade. Alguns exemplos so muito conhecidos: quando se ala
das companhias petroleras, costuma-se azer reerncia s Sete Irms.Eetivamente, at duas ou trs dcadas atrs, sete grandes grupos (na maior
parte norte-americanos e alguns europeus) comandavam esse mercado.
Nas ltimas dcadas algumas empresas se somaram a esse clube seleto,
mas ele no deixou de ser muito concentrado.
A indstria automobilstica e a produo de cimento (esta, especialmente
no Brasil) so outros exemplos sempre lembrados quando se ala em
oligoplio.
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O oligoplio segue dois caminhos principais para estabelecer preos: no caso
do cartel, as empresas azem um conluio, um arranjo entre elas, de orma a
dividir o mercado e evitar concorrncia entre si, fxando preos, quantidades
e qualidades, atravs do(s) territrio(s) em que atuam (pode ser o mundo
inteiro). No modelo de liderana de preos, uma empresa mais efciente que
as outras consegue estabelecer um preo mais baixo (mas sempre superior
ao que seria em concorrncia pereita), mantendo altas margens de lucro.
As demais empresas seguem a liderana desta, obrigadas a acompanh-la
nos preos, embora tenham margens de lucro mais baixas. (Obs.: O cartel
ormalmente proibido em muitos pases, incluindo o Brasil).
No caso do oligoplio, tambm comum as empresas compensarem na
margem de lucro as perdas na quantidade quando a demanda cai, reduzindo
a produo em lugar de abaixar os preos. O controle do mercado lhes d
esta possibilidade.
H competio entre empresas oligopolistas? Sim, e se trata de uma guerra
de gigantes. Tecnologia, servios incorporados ao produto e estratgias de
produo e de vendas azem parte dessa guerra. Uma coisa certa: umjogo para poucos. A entrada no oligoplio extremamente restrita, quase
como no monoplio.
Evidentemente, o consumidor tambm sore danos com o oligoplio,
semelhantes queles causados pelo monoplio: preos elevados,
quantidades mais limitadas, riscos quanto qualidade. Para isso, mais uma
vez, o governo costuma intererir, seja para evitar excessiva concentrao
do mercado num s grupo, seja para impor regras menos desequilibradas.
O papel do Cade no caso brasileiro tambm relevante para os setores
oligopolizados. A Lei Anti-Truste nos EUA outro exemplo (embora muitos
considerem que seus eeitos a avor do consumidor so limitados, j que os
EUA apresentam um orte carter oligopolizado em setores-chave de sua
economia; na verdade, a lei oi relativamente efcaz em impedir monoplios,
mas menos no tocante aos oligoplios).
Registre-se que tambm pode haver oligoplio na ponta do consumo,
quando so os produtores que sorem as conseqncias. Chama-se a isso
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oligopsnio. Observamos esse tipo de mercado em um caso conhecido no
Brasil: a indstria de suco de laranja, onde trs ou quatro empresas absorvem
a maior parte da produo de milhares de citricultores, pequenos, mdios
e grandes.
4. Concorrncia monopolstica
4 - Concorrncia monopolstica
Esta quarta estrutura de mercado tambm intermediria, aproximando-se um pouco mais da concorrncia pereita, mas mantendo certas
caractersticas monopolistas. Trata-se de um tipo de empresa que, por
algumas razes, mantm a fdelidade dos clientes, podendo cobrar preos
mais altos do que os de concorrncia
pereita. Esta vantagem, porm, dura um certo tempo, aps o que ela deixa
de ter essa possibilidade. Assim, nesse perodo transitrio, a empresa tpica
do mercado que estamos estudando pode auerir lucros superiores mdia
do mercado concorrencial (chamamos a isso lucros extraordinrios).
Quais seriam os casos tpicos de concorrncia monopolstica? Voc
certamente conhece muitos. Roupas de grie: as pessoas pagam mais para
adquiri-las. Sales de cabeleireiros/barbeiros comuns tem uma caracterstica
mais concorrencial, porm existem alguns sales amosos que, por razes
ligadas qualidade dos servios e/ou dos produtos utilizados, acabam
tornando-se pontos da moda, reqentados por socialites, empresrios,
artistas amosos, etc. Obviamente, os preos so bem mais salgados e issono expulsa a clientela. Algumas empresas fdelizam seus clientes com o
atendimento ps-venda. Enfm, diversos expedientes so utilizados para
manter a fdelidade dos consumidores, permitindo a prtica de preos mais
altos do que em um mercado totalmente concorrencial. Em geral, podemos
resumir esses expedientes assim: dierenciao do produto seja na marca,
na qualidade, no modelo, na embalagem, no atendimento, na localizao
do ponto de venda ou na entrega. Em concorrncia pereita relembrando
os produtos so homogneos.
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Por que a vantagem temporria? Isso decorre de outra caracterstica da
concorrncia monopolstica: a entrada de novos produtores livre. Nisto, eladiere do monoplio e do oligoplio (respectivamente, entrada impossvel
ou muito dicil). Por isso, o local da moda passageiro (alguns duram mais,
outros menos); as gries, idem; modelos que eram o must do mercado
acabam sendo substitudos por outros mais novos ou melhores; e assim por
diante.
Sntese
Nesta aula, voc aprendeu como possvel calcular a sensibilidade da Oerta
e da Demanda s variaes dos preos e tambm (no caso da Demanda)
a outros atores que a aetam. As elasticidades so o instrumento para
medir esta intensidade. Utilizamos com maior reqncia a elasticidade-
preo da Oerta, a elasticidade-preo da Demanda (estas duas medem
a intensidade das leis da Oerta e da Demanda para cada produto ou
mercado), a elasticidade-renda da Demanda e a elasticidade cruzada da
Demanda (que medem, respectivamente, a sensibilidade de cada mercados variaes na renda dos consumidores e dos preos de bens substitutos
ou complementares).
Na segunda parte, vimos que os mercados obedecem a estruturas bastante
variadas, em lugar daquele modelo simplifcado que vnhamos usando
nas aulas anteriores. Esse modelo a concorrncia pereita na verdade
bastante restrito nas economias contemporneas. Ao seu lado, observamos
mercados que se organizam como monoplio, oligoplio ou concorrncia
monopolstica. Os dois primeiros casos, especialmente, produzem tantas
distores no uncionamento dos mercados que so usados para justifcar
a ao dos governos no sentido de criar regras inibidoras da ao dessas
empresas no sentido de prejudicar seus respectivos consumidores (ou
ornecedores).
A prxima aula ser a mais avanada no campo da Microeconomia. Podemos
agora observar mais de perto a ao das empresas unidades de produo
para o mercado. Veremos como as decises so tomadas e seus resultados
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na atividade da empresa. Aps essa aula, voc estar apto(a) a mudar o oco
para a Macroeconomia, observando o conjunto dos agentes econmicos
em ao.
No perca a prxima aula, esperamos por voc!
Referncias