Universidade de São Paulo
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
CIA. HERING
Jackson Luis Alves
Trabalho apresentado como exigência parcial para aprovação na disciplina RCC 0202 – Análise das Demonstrações Contábeis, no Departamento de Contabilidade, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, da Universidade de São Paulo.
Prof. Daphnis Theodoro da Silva Júnior
Ribeirão Preto 2009
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1. Introdução
As informações extraídas do site corporativo da empresa dão conta de que a
Cia. Hering é uma das maiores empresas do setor de varejo e design de vestuário do
Brasil. Sua atuação no varejo se dá sob a utilização de três marcas comerciais: Hering
(que é a principal marca da empresa); PUC (marca voltada para o público infantil) e
Dzarm (marca voltada para moda jeans com foco no público feminino).
Seu modelo de negócio está baseado em três pilares: fase da cadeia de
suprimento (logística e distribuição), fase da gestão de marca e produtos (promoção e
desenvolvimento de produtos) e fase de vendas (estrutura de varejo). Sua estrutura de
varejo é formada por dois canais de venda que se complementam: lojas próprias e
franqueadas e o varejo multimarcas.
Sua estrutura acionária pode ser verificada na figura 1:
Figura 1. Estrutura acionária da Cia. Hering
Fonte: Site da empresa (http://ciahering.investor-relations.com.br/)
1.1 Missão e valores
Segundo consta em seu website de informação aos investidores
(http://ciahering.investor-relations.com.br/), a missão da Cia. Hering é: “Ser a maior e
melhor empresa de vestuário em produtos básicos e básico-moda.”
Seus valores são: 1) Encantar os clientes e consumidores através do
fornecimento de excelentes produtos, entregues pontualmente e com preço justo, de
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acordo com sua política de qualidade total. 2) Motivar os acionistas a investirem na
empresa através da obtenção de excelentes resultados de forma contínua, segura e
transparente. 3) Praticar a austeridade com os custos através de excelente controle
sobre os gastos e sobre o rápido retorno dos investimentos. 4) Obter a melhor
consideração de seus fornecedores através de uma relação de parceria, focada no
desenvolvimento e progresso recíprocos. 5) Respeitar o meio ambiente através da
realização das atividades fabris, com emprego de proteção adequada, evitando que
quaisquer agentes agressores afetem o ecossistema. 6) Respeitar as instituições
através de postura ética de respeito às instituições e cumprimento às leis e 7) Motivar
e comprometer os funcionários através do trabalho em equipe, de remuneração
participativa, do ambiente de trabalho e da comunicação aberta.
1.2 Estratégias
Com mais de 128 anos de história, a Cia. Hering vislumbra seu planejamento
futuro com o enfoque na força da marca “Hering” e possui como vetores, segundo
informações extraídas de seu site corporativo, as seguintes diretrizes estratégicas:
• Reposicionar a marca “Hering” como moda acessível, fazendo com que
consumidores de classes de renda B e C sejam atingidos. Para isso, a
empresa efetuará lançamentos de produtos com preços mais acessíveis e
reforçará sua atuação em propaganda e marketing;
• Aumentar a oferta de crédito na rede Hering Store, através de parceria com
instituição financeira e expansão de sua operação com cartão de crédito
próprio;
• Expandir e fortalecer a rede Hering Store, com foco em cidades médias e
grandes, visando o aumento em sua capilaridade e o foco no atendimento a
maior gama de consumidores de diferentes classes de renda;
• Aumentar o número de lojas próprias, com o objetivo de aumentar o EBTIDA
incremental e atuar como propaganda, pois estas lojas são caracterizadas
como modelo de negócio, aumentando a visibilidade da marca e;
• Incrementar as vendas no varejo multimarcas, através do fortalecimento de sua
equipe de representantes comerciais.
Diante do que foi exposto nesta breve introdução, as próximas seções do
trabalho desenvolverão o ferramental de análise necessário para verificar se a
realidade dos números apresentados pela empresa está de acordo com seu
planejamento estratégico de longo prazo.
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2. Análise Vertical
Para a execução da análise vertical da Cia. Hering, efetuamos a separação das
principais contas, realizando o estudo através de grupos de contas. A separação
destes grupos priorizou as contas que apresentaram maior variação e que, desta
forma, são mais relevantes na compreensão do desempenho econômico-financeiro
global da companhia.
2.1 Análise vertical do ativo
Iniciando a análise pelo grupo de contas do ativo, o gráfico a seguir ilustra a
situação da empresa no período estudado:
Podemos observar que os grupos de contas do ativo se comportaram da
seguinte maneira:
a) Ativo circulante – apresentou uma clara tendência de alta relativa, partindo
de um patamar de 21,9% para 57,6%;
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b) Ativo não circulante – apresentou clara tendência de baixa relativa, retratada
pela redução de 78,1% para o nível de 42,2%;
c) Ativo permanente – de forma similar ao ativo não circulante, apresentou
tendência de baixa, saindo do patamar de 65,2% para 27,5%.
De forma global, percebemos a evolução em saltos nessas contas. As maiores
variações ocorreram a partir de setembro de 2007 e dezembro de 2008.
Possivelmente estas variações são decorrentes de políticas estratégicas adotadas
pela empresa nessas ocasiões.
Para enxergarmos a evolução de forma mais detalhada destas contas,
expandimos a análise para os itens mais relevantes do ativo circulante, conforme pode
ser observado no gráfico a seguir:
A análise mais detalhada nos permite realizar as seguintes inferências: a
exceção da conta de outros ativos de curto prazo, todas as demais contas que
possuíam maior representatividade apresentaram nítida tendência de elevação.
Destaque deve ser dado à conta de clientes de curto prazo, uma vez que saltou
do nível de 12,4% para 24,9% de participação relativa, o que efetivamente representa
o dobro de sua participação. Também há de se considerar a brusca elevação no nível
de participação da conta de disponível, especialmente a partir de setembro de 2007. A
conta de estoques apresentou contínuo crescimento, denotando uma política
provavelmente voltada ao incremento dos níveis de comercialização.
Fechando a análise do grupo de contas do ativo, de forma a explicar as
variações ocorrentes no ativo não circulante, expandimos o ativo permanente, uma
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vez que o realizável a longo prazo apresentou baixas oscilações no período
considerado:
Podemos observar uma queda relativa nos inestimentos em subsidiarias, que
declinou de 36,4% para aproximadamente 0 (0,2%) a partir de dezembro de 2008.
Também é possível observar a tendência de redução em itens do imobilizado e a
tímida elevação em ativos intangíveis. As aterações decorrentes nos investimentos em
subsidiárias apresentam o mesmo comportamento em saltos ocorrentes nas ocasiões
de setembro de 2007 e dezembro de 2008, indicando a ação deliberada sobre estas
contas.
2.2 Análise vertical do passivo
Prosseguindo com a metodologia de análise, iniciamos a apresentação dos
gráficos de tendência para as contas do passivo:
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O primeiro ponto a destacar na análise do passivo é o comportamento em
saltos da Cia. Hering, nas datas já mencionadas, indicando mudanças nas políticas da
empresa. Em linhas gerais, percebemos uma clara tendência de redução dos passivos
não circulantes e incremento nos níveis do patrimônio líquido e passivo circulante em
termos de participação relativa. Assim, podemos inferir que no período compreendido
pela análise, houve significativa mudança na estrutura de capital da empresa, com o
aumento do capital próprio como financiador de suas atividades.
Para um maior esclarecimento destas mudanças, expandiremos as contas
mais relevantes, a iniciar pelo passivo circulante:
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Percebemos elevação nas contas de financiamento a curto prazo, fornecedores
de curto prazo e também nas provisões e declínio nos níveis de impostos a pagar de
curto prazo e outros passivos de curto prazo. O avanço nas contas do passivo
circulante parece seguir o nível de crescimento da empresa ao longo do período de
análise, sendo as maiores mudanças na estrutura da empresa decorrentes dos itens
do exigível a longo prazo e patrimônio líquido, que podem ser visualizados a seguir:
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A análise conjunta dos dois gráficos permite visualizar a redução dos
financiamentos de longo prazo e o aumento na participação do capital próprio como
fonte de recursos financiadores da Cia. Hering. Este fato irá se traduzir nos índices de
alavancagem que serão objeto de estudo das seções futuras deste trabalho.
2.3 Análise vertical da demosntração de resultado
Para que possamos esclarecer a evolução da demonstração de resultado,
apresentamos o gráfico que ilustra suas contas mais impostantes no período:
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Verificamos que a maioria das contas que compõem a DRE da Cia. Hering
apresentam constância em sua proporcionalidade frente às receitas obtidas. As
exceções podem ser feitas às contas de resultado financeiro e custo dos produtos
vendidos.
A conta de resultado financeiro apresentou tendência de alta no período de
análise, porém, mesmo com essa tendência, houve casos de desempenho relativo
negativo. A conta de custo dos produtos vendidos apresentou uma leve tendência de
baixa ao longo da análise, indicando que a empresa está conseguindo reduzir seus
custos dos produtos, seja por negociaçõs mais eficientes, seja através de aumento de
sua eficiência operacional.
3. Análise horizontal
Nesse segmento do trabalho, apresentamos a análise horizontal feita para a
Cia. Hering com base em ano anterior para todo o período considerado em estudo.
3.1 Evolução dos ativos
Para que possamos fazer inferências sobre a evolução dos ativos da empresa,
apresentamos o gráfico que corresponde à análise horizontal das principais contas de
seu ativo:
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Podemos perceber que ao longo do período de análise, a empresa apresentou
uma maior oscilação de seus ativos de forma geral nos anos de 2007 (com aumento
dos ativos) e 2008 (com redução). Ao analisarmos os relatórios da administração para
buscar possíveis explicações para tal comportamento, podemos inferir que a elevação
ocorrente em 2007 foi fruto do ingresso da Cia. no segmento Novo Mercado da
Bovespa e também ao lançamento de sua nova estratégia de mercado, focada na
marca Hering.
A oscilação decorrente do ano de 2008, relatada em sua demonstração final foi
promovida pela conjuntura macroeconômica, refletida na crise do sub-prime, que se
iniciou nos mercados americano e europeu e teve fortes reflexos no mercado de
capitais brasileiro.
Detalhando um pouco mais o estudo, expandimos a conta de ativo circulante
no gráfico a seguir:
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Verificamos que as contas de clientes de curto prazo e estoques mantém uma
oscilação comparativamente menor que a conta de outros ativos de curto prazo.
Podemos assumir então que o ambiente operacional da empresa em curto prazo se
manteve relativamente constante ao longo da análise.
A avaliação dos ativos permanentes será melhor ilustrada pelos gráficos
abaixo:
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A principal indica ção que temos da observação dos gráficos é a de que houve
redução no nível de seu ativo permanente no ano de 2008, traduzida em redução de
imobilizado, que posteriormente retornou ao patamar anterior. Pela explicação obtida
em seu relatório anual, esta oscilação foi proveniente de reavaliação de seus ativos
imobilizados.
Notamos também a evolução dos intangíveis, que é traduzida pela estratégia
da empresa em valorizar sua marca, coincidindo seu aumento com o lançamento ao
mercado da nova estratégia.
3.2 Evolução dos passivos e patrimônio líquido
Apresentamos a evolução dos passivos e do patrimônio líquido no gráfico a
seguir:
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Uma vez mais, percebemos que os anos de 2007 e 2008 foram os que
apresentaram as maiores oscilações de comportamento nas contas da Cia. Hering, em
razão dos motivos já mencionados anteriormente (nova estratégia e crise mundial).
Uma constante nas duas situações é a de que houve elevações nos passivos
circulantes. Tentaremos verificar como se deu esta oscilação no próximo gráfico que
desmembra as principais contas do passivo circulante:
Verificamos para os financiamentos de curto prazo uma oscilação que retorna
aos patamares usuais da empresa, com picos em 2007 e 2008. Entretanto, para a
conta de fornecedores, podemos dizer que a partir de 2008, a empresa passou a
apresentar uma tendência de elevação nesta conta, indicando maior financiamento de
operações via fornecedores.
Vejamos agora como se comportou os itens de longo prazo dos passivos da
empresa e sua estrutura de capital:
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O principal item a destacar da análise da estrutura de capital da companhia foi
seu ingresso em 2007 no segmento do Novo Mercado da Bovespa que acabou se
traduzindo em menor participação de capital de terceiros em seu financiamento e
maior utilização de capital próprio para viabilizar seus investimentos.
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3.3 Evoulução dos resultados
A evolução dos resulados pode ser vista na figura a seguir:
Verificamos que os resultados da Cia. Hering estão sendo constantes e
apresentam uma tendência de elevação. Além disso, podemos verficar o
acompanhamento do custo dos produtos vendidos de forma proporcional às
oscilações das receitas, garantindo a manutenção de níveis relativos do lucro bruto.
4. Evolução do Caixa
O potencial de geração de fluxos de caixa decorrentes das operações de uma
empresa é utilizado principalmente para estudos de riscos de inadimplência.
Quanto maior for a capacidade de geração de caixa de uma empresa em
relação a suas despesas financeiras, mais segura se apresenta sua capacidade de
pagamentos e com isso, uma estabilidade maior nos fluxos de caixa promove uma
redução em seu risco de inadimplência. Nesta óptica, empresas com negócios mais
estáveis e com menor influência de sazonalidades, permitem uma maior
previsibilidade que outras inseridas em segmentos cíclicos e mais voláteis.
Com base nisso, montou-se um gráfico histórico dos fluxos de caixa gerados
pelo negócio, pelas operações, por atividades de investimento, atividades de
financiamento e também colocou-se as despesas financeiras e o EBITDA a fim de se
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levantar a evolução do fluxo de caixa da Cia Hering no período estudado como segue
abaixo no gráfico:
Pode-se perceber qua a empresa possui um na maioria dos períodos as
Despesas Financeiras da empresa é bem próximo ou até maior do que o EBITDA do
mesmo período. Tal fato mostra que a empresa pode se encontar em posição
especulativa em relação ao fluxo de caixa operacional dela.
Um ponto importante a se comentar é o valor fora da média do Caixa Gerado
por Atividades de Financiamento no período de setembro de 2007 que se deve ao fato
da empresa ter feito oferta pública de ações ao mercado a fim de se lavantar capital
para investimentos.
Percebe-se um valor excessivo e fora da média em dezembro de 2008 da
conta de despesas financeiras. Em 2008, as despesas financeiras da empresa foram
particularmente impactadas pela nova forma de mensuração dos instrumentos
financeiros, conforme a Lei nº 11.638/07 e o Pronunciamento Técnico CPC 14
Instrumentos Financeiros. Além disso, em 31 de dezembro de 2008, a Companhia
registrou despesa de R$ 46,7 milhões como valor justo dos derivativos. Este valor
reflete a desvalorização do real frente ao dólar e a alta volatilidade que imperava no
final de 2008, premissas básicas para a determinação do valor justo. A origem desses
derivativos foi a contratação pela Companhia, em abril de 2008, de um empréstimo
com prazo de amortização de 5 anos.
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5. Situação de Curto Prazo
5.1 – Evoluções do Caixa
Os recursos alocados (captados) pela empresa e identificados no passivo
podem apresentar origem própria (patrimônio líquido) e não próprias (exibilidade
perante terceiros).
Visando manter um equilíbrio financeiro, os recursos de terceiros de curto
prazo deve destinar-se exclusivamente a aplicações em ativoscirculante de curta
duração. Como nem sempre os recursos de terceiros de curto prazo são suficientes
para financiar todas as necessidades do ativo cirtuclante, torna-se indispensável a
busca permantente de recursos de longo prazo para serem aplicados em atividades de
curta duração.
Uma ferramenta utilizada para isto é a análise do Capital Circulante Líquido O
CCL é o “excedente das aplicações a curto prazo (ativo circulante) em relão às
captações de recursos processadas também a curto prazo (passivo circulante)” ou
também definido como o excedente dos recursos permanentes (a longo prazo),
próprios ou de terceiros, alocados pela empresa, em relação ao montante também
aplicado a longo prazo
Um outro indicador financeiro da empresa é a Necessidade de Investimento em
Giro (NIG), que em confronto com o CCL pode avaliar o equilíbrio financeiro da
empresa. Para se encontrar o valor da NIG, deve-se separar as contas Cíclicas do
ativo e passivo pois está se dá pela diferença do Ativo Cíclico pelo Passivo Cíclico.
Abaixo segue os graficos ilustrando o comportamento do CCL, NIG e do Saldo
de Disponível da empresa no período analisado.
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Importante a citar seria a grande evolução da conta do CCL do período de
Jun/2007 para Set/2007 onde pela OPA realizada pela empresa neste período fez com
que o valor do Ativo Circulante da empresa aumentasse quase 98% em relação ao
período anterior.
Como não houve muita alteração nas contas cíclicas da empresa, a NIG se
apresentou de forma crescente e constante, mas sempre abaixo do CCL, indicando
boa eficácia da empresa mesmo mantendo um cresimento constante das contas
cíclicas e evitando assim que se ocorra o efeito tesoura.
5.2. Indices de Liquidez
De acordo com Matarazzo(1998) a análise de balanço surgiu dentro do sistema
bancário que foi seu principal usuário durante muito tempo e segundo ele, o índice de
liquidez é o termômetro que mede quão sólida é a base financeira da empresa,
conseqüentemente a empresa com uma base sólida dispõe de condições muito
favoráveis para honrar seus compromissos, porém não dá uma garantia de que o
pagamento das dívidas ocorra no prazo acertado.
O estudo da liquidez mostra o quanto a empresa está em equilíbrio financeiro e
também a sua necessidade de investimento em capital de Giro. Segundo Alexandre
Assaf Neto, o estudo da liquidez visa conhecer a capacidade de pagamento da
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empresa, isto é, suas condições financeiras de cobrir no vencimento todos seus
compromissos passivos assumidos.
Os índices de liquidez devem manejados para que se possa extrair as
melhores conclusões seja relacionando-os com os apurados em períodos anteriores
(evolução temporal) ou com valores apresentados por outras empresas do mesmo
setor (comparação interempresarial). A Liquidez Imediata revela qual a porcentagem
de curto prazo em condições de serem liquidadas.
Outro índice é a Liquidez Seca a qual mostra qual a porcentagem de dívidas a
curto prazo em condições de serem salvadas mediante a utilização de itens
monetários de maior liquidez do ativo circulante. Resumidamente, ela determina a
capacidade de curto prazo de pagamento da empresa mediante a utilização das
contas do disponível e valores a receber.
Um índice bastante direto de se obter é a Liquidez Corrente. Este índice mostra
o quanto existe de ativo circulante em relação às dívidas de curto prazo.
Um último índice que iremos analisar é a Liquidez Geral. Este índice indica a
liquidez da empresa tanto em curto prazo quanto em longo prazo. Segundo o Assaf,
este índice é utilizado como uma medida de segurança financeira da empresa em
longo prazo, revelando sua capacidade de saldar todos seus compromissos.
Para ilustrar os índices de liquidez da Cia Hering, foi montado um gráfico
contendo a evolução nos períodos estudados conforme segue abaixo:
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Analisandos os valores dos índices de liquidez, verifica-se um grande salto
destes no período de Set/07, o qual fato se deve a OPA realizada neste período onde
a empresa captou recursos do mercado, fazendo com que suas disponibilidades
aumentassem e assim melhorando os índices de Liquidez como um todo.
Pode-se concluir também que o nível de liquidez corrente da empresa é
razoavelmente alto, uma vez que têm-se uma média de R$ 2,00 de ativo circulante
para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo.
O valor mais baixo da Liquidez Corrente em relação aos outros índices não é
preocupante. A liquidez corrente demonstra a porcentagem das dívidas de curto prazo
em condições de serem liquidadas imediatamente e esse queciente é normalmente
baixo pelo pouco interesse das empresas manter recursos monetários em caixa que
seria operacionalmente menos rentabil para elas.
Desta forma, como resultado da OPA realizada, a empresa melhorou
significativamente seus níveis de liquidez aumentando assim a capacidade de
pagamento de suas dívidas.
6. Graus de Alavancagem
O Grau de Alavancagem Operacional (GAO) é determinado pela estrutura de
custos da empresa, apresentando maior capacidade de alavancar os lucros aquela
que apresentar maiores custos fixos em relação aos custos totais. Empresas com
estrutura mais elevada de custos fixos assumem maiores riscos em razão da maior
variabilidade de seus resultados operaconais.
Já o Grau de Alavancagem Financeira resulta da participação de recursos de
terceiros na estrutura de capital da empresa. Sempre é interessante o endividamento a
medida que o retorno produzido pela aplicação deste recursos forem menores que
seus custos de captação.
Deve-se tomar o cuidado para que a os recursos emprestados tenham um custo
superior a taxa de retorno que pode aplicar esses recursos e assim o proprietário tem
que cobrir esse resultado desfavorável mediante seus resultados líquidos, onerando
sua taxa de retorno.
Assim, o GAF seria a alavancagem financeira como a capacidade que os
recursos de terceiros apresentam em elevar os resultados líquidos dos proprietários.
Abaixo segue os gráficos do GAF e do GAO da empresia Cia Hering S.A.
durante os períodos estudados.
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7. Rentabilidades
O ROI é uma das medidas de rentabilidade mais utilizadas pelos gestores das
empresas, sendo uma medida bastante eficiente, pois seu cálculo relaciona os
rendimentos obtidos por um investimento com o valor total dele, possibilitando a
comparação entre investimentos, contribuindo muito para o processo de gestão dos
administradores.
Segundo Padoveze (1997, p. 174), o ROI é o modelo mais utilizado. Relaciona
os investimentos efetuados na divisão com o lucro anual obtido por esta mesma
divisão. O ROI permite avaliar o investimento na mesma linha de avaliação que é
feita pela Análise de Balanço, através dos conceitos de Rentabilidade do Ativo e
Rentabilidade do Patrimônio Líquido.
Assim sendo, o ROI é uma simples e eficiente medida de rentabilidade,
relacionando os lucros obtidos com o valor dos investimentos realizados, dando
ênfase que essa medida segue o mesmo padrão dos quocientes da Análise de
Balanços, é tanto que é sua taxa é considerada como quociente ou índice de
rentabilidade.
O retorno sobre o ativo é considerado como um dos quocientes individuais
mais importantes da análise de balanços, ele mostra o desempenho da empresa de
uma forma global. Essa medida deveria ser usada amplamente pelas empresas como
teste geral de desempenho, comparando os resultados encontrados e o retorno
esperado. A medida de retorno sobre o ativo representa o potencial de geração de
lucros da empresa, isto é, o quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação aos
investimentos totais.
O índice do Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE) mede a taxa de retorno
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para os acionistas. Os analistas de mercado de capitais, tanto quanto os
acionistas, estão especialmente interessados nesse índice. Em geral, maior o
retorno, mais atrativa é a ação. Grapelli (1998, p. 67)
Abaixo seguem os valores calculados para o ROI, o ROA e o RSPL nos
períodos estudados:
Com base neste valores, podemos chegar à conclusão que a empresa
apresenta recursos tomados com taxas de juros inferiores ao retorno da aplicação na
maioria dos períodos analisados (RSPL > ROI), o que indica que o dinheiro que há
uma elevação do retorno sobre o patrimônio líquido com o emprego dos valores
financiados.
Um outro ponto a se levantar com estes dados é que a empresa apresenta
valores de rentabilidades com valores bem baixos quando não perto de zero em
alguns períodos. Tal fato pode estar influendo significativamente no grau de liquidez
de suas ações, pois não despertaria interesse dos acionistas para seus baixos
retornos sobre o capital investido.
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