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Módulo I
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grande sucesso em sua carreira.
Desejamos boa sorte e bom estudo!
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Equipe Cursos 24 Horas
Sumário
Introdução..................................................................................................................... 3
Unidade 1 – Abordagem Inicial................................................................................... 4
1.1 – Alfabetização e Letramento .............................................................................. 5
1.2 - Quais os fundamentos da alfabetização?.......................................................... 10
1.3 - Como aprendemos a linguagem escrita?.......................................................... 17
1.4 - O que aprendemos quando nos alfabetizamos? ................................................ 20
1.5 - A Perspectiva da Criança ................................................................................ 23
Unidade 2 -Métodos de Alfabetização......................................................................... 32
2.1 - As teorias educacionais que fundamentam o ensino......................................... 33
2.2 – Canais sensoriais: Visual, Auditivo ou Cinestésico ......................................... 50
2.3 - Técnicas de auxílio à concentração e estudo.................................................... 57
2.4 – A importância do QI na alfabetização............................................................. 60
2.5 – Leitura, inteligência e dificuldades de aprendizagem ...................................... 63
Conclusão do Módulo I............................................................................................... 68
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Introdução
Olá,
Seja bem-vindo(a) ao Curso de Alfabetização!
Todos nós sabemos a importância e necessidade do ser humano em se expressar.
O ato de falar e escrever projetam tudo aquilo que o homem deseja, necessita e pensa.
No entanto, expressam também sua intelectualidade, ou seja, seu letramento.
Neste curso você aprenderá a diferenciar alfabetização de letramento e terá
acesso aos principais conceitos sobre a bonita e
gratificante arte da alfabetização. Hoje, fala-se
intensamente sobre o construtivismo. Por isso,
neste curso você entenderá também os princípios
básicos sobre esse método que conduz
naturalmente à autoaprendizagem.
Isso tudo, respeitando as fases, etapas cronológicas e limites individuais de cada
pessoa. Os processos de assimilação, codificação e entendimento são diferentes se
compararmos grupos de crianças, jovens e adultos. Cada ser humano deve ser visto com
capacidade de desempenho individual. Ninguém é igual a ninguém.
Portanto, como você já pode observar desde já, alfabetizar não depende apenas
da aplicação de um processo mecânico a alguém. O profissional desta área precisa
acima de tudo ter sensibilidade e saber primeiramente como ensinar as pessoas a
aprenderem. Esse é o primeiro passo para Alfabetização.
Aproveite e bom curso!
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Unidade 1 - Abordagem Inicial
Olá,
Daremos início ao nosso curso apresentando nesta unidade algumas definições e
conceitos pedagógicos para que você possa se familiarizar com o assunto alfabetização.
Apesar de parecerem sinônimos, alfabetização e letramento possuem conceitos
diferentes. Nesta unidade você poderá identificar o que os diferencia e quais os
princípios básicos de cada um.
A linguagem falada, ou seja, a oralidade, é
naturalmente aprendida pela criança. E por
intermédio desse tipo de comunicação (gesto ou
fala) o ser humano consegue fazer com que seja
interpretado. Porém, com a escrita é diferente. O
indivíduo precisa dominar sua língua para
conseguir transmitir adequadamente o que tem em mente.
Caso contrário, correrá o risco de não conseguir codificar de maneira correta seu
pensamento e terá, consequentemente, o significado proposto totalmente diferente
daquilo que queria ter interpretado. É neste aspecto que surge a importância da
linguagem escrita proveniente da alfabetização.
E para se chegar a este nível de linguagem escrita, o processo de alfabetização
precisa ser perfeitamente embasado, com profissionais qualificados e dispostos a
incentivar a leitura como o recurso principal e capaz de prover à sabedoria e
conhecimentos socioculturais.
Bom estudo!
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1.1 - Alfabetização e Letramento
Alfabetização:
Considera-se analfabeto o indivíduo que não sabe ler nem escrever. No entanto,
levando-se em consideração o que os próprios dicionários apontam quando indicam
como sinônimo de analfabetismo o
desconhecimento em determinado assunto ou
matéria, podemos ampliar o sentido para o
termo.
Até pouco tempo atrás diferenciava-se o
alfabetizado do não alfabetizado exclusivamente
pela consciência fonológica, que é a responsável
por fazer com que as pessoas consigam associar
sons e letras para a concepção e interpretação de palavras.
Hoje, a alfabetização não é mais vista como a adaptação e adequação de códigos.
Ela envolve um processo complexo sobre representações linguísticas. A alfabetização
contemporânea não restringe-se mais ao fato de se saber ler e escrever.
Após saber ler e escrever a pessoa terá condições de adquirir novos
conhecimentos e novas culturas, aperfeiçoando-se pessoalmente e socialmente. A esse
processo dá-se o nome de letramento. Às vezes, mesmo lendo e escrevendo, o indivíduo
é considerado analfabeto, isso se dá porque lhe falta conhecimento e entendimento.
Os estudos sobre letramento compreendem na amplitude sociocultural
apresentada por uma língua escrita e a dimensão de seu aprendizado. Por isso, conceitos
que antes apontavam para a figura do professor como onipotente em sala de aula,
caíram por terra. Hoje, a sala de aula não compreende mais o único espaço para
aprendizagem. Não basta apenas saber decifrar códigos, é importante conhecer os
fundamentos do que está escrito. O indivíduo precisa agregar conhecimentos ao que lê.
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Por exemplo, não basta saber ler e não entender uma receita de bolo ou um
manual de instruções. Por isso, às vezes precisamos
de pessoas letradas em determinados assuntos para
nos auxiliar em conteúdos que não temos domínio.
Aprender o alfabeto e saber como utilizá-lo
como código de comunicação é o que chamamos de
alfabetização. A este processo ainda podemos incluir
o aprendizado e construção da gramática em seus
diversos níveis. Alfabetizar não consiste apenas em
codificar e decodificar mecanicamente um texto. Ler
significa interpretar, compreender, contestar e opinar
para que a produção de conhecimentos seja
adquirida e para isso é preciso que tenha acesso
gradativamente a todos os tipos de textos.
A alfabetização é responsável pela socialização das pessoas por possibilitar
trocas de informações simbólicas com outros indivíduos e outras culturas. Por isso, é
considerada como um fator que estimula o exercício de cidadania e o desenvolvimento
da sociedade como um todo.
Nos dois primeiros anos do ensino fundamental a alfabetização formal é
assimilada. Após esse período de fixação, o aluno já poderá ser considerado um leitor.
Começa então a fase de interpretação de textos.
Letramento:
A palavra letramento é um termo relativamente novo. Ela começou a surgir entre
os linguístas, após 1985, que começavam a acreditar que a língua falada de maneira
culta era consequência do letramento. Na verdade, ela chegou ao Brasil, já como
tradução de literacy, mas vem do latim littera (letra). Acrescentando-se o sufixo inglês
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cy que denota condição, estado, fato de ser – literacy é o estado daquele que aprende a
ler e escrever.
O letramento é o grau ou resultado obtido pelo leitor ao se apropriar do saber da
leitura e da escrita. O letramento é confrontado pelo seu inimigo, o analfabetismo.
Portanto pode ser considerado como um
termômetro de cunho social, ressaltando as
características socioeconômicas, sociais,
educacionais e históricas de um grupo social.
O letramento resulta de uma política de se
ensinar a ler e escrever e revela a eficácia e produtividade dos meios utilizados.
O intuito desta política deve ser o de proporcionar o desenvolvimento de
competências linguísticas para que as pessoas possam dominar a oralidade, leitura e
escrita. O letramento faz com que o ser humano cresça e adquira mudanças por conta de
suas aquisições de conhecimentos linguísticos, cognitivos, sociais e políticos.
E esse é o papel fundamental do educador: utilizar metodologias que aprimorem
a linguística do aluno. Desta forma, ele conseguirá ler, escrever e falar eficientemente.
Saberá dominar a palavra e produzirá textos de forma coerente e adequada.
Em alguns materiais de pesquisa sobre alfabetização, podemos encontrar um
poema de autoria de Kate M. Chong, uma estudante norte-americana de origem asiática,
que define o que ela sente sobre letramento.
O poema fala da necessidade constante pela busca de notícias, lazer e leitura,
mesmo que, de revistas em quadrinhos e das viagens imaginárias que fazemos com
livros em nossas mãos. O poema nos mostra a importância de conseguirmos nos situar
na sociedade e época em que vivemos.
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Confira:
O QUE É LETRAMENTO?
Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo
quebrando blocos de gramática.
Letramento é diversão
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.
São notícias sobre o presidente
O tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo.
É uma receita de biscoito,
uma lista de compras, recados colados na geladeira,
um bilhete de amor,
telegramas de parabéns e cartas
de velhos amigos.
É viajar para países desconhecidos,
sem deixar sua cama,
é rir e chorar
com personagens, heróis e grandes amigos.
É um atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
e orientações em bulas de remédios,
para que você não fique perdido.
Letramento é, sobretudo,
um mapa do coração do homem,
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um mapa de quem você é,
e de tudo que você pode ser.
O letramento é um processo complementar da alfabetização. Ele não pode ser
visto como uma alternativa de alfabetização. Não
se pode escolher entre letrar ou alfabetizar como
práticas pedagógicas. No entanto, o ideal é que se
tenha condições de alfabetizar, letrando.
É importante que se compreenda a
diferença entre as duas situações, visto que um
analfabeto pode, perfeitamente, ser considerado letrado. Basta que ele conviva em um
meio onde a leitura e a escrita estejam fortemente evidenciados ou ainda, que se
interesse em ouvir leituras por quem é alfabetizado. Certamente esta pessoa adquirirá,
com o tempo, certo grau de letramento, desenvolvido, mesmo que indiretamente.
Em função do que foi dito sobre alfabetização e letramento, algumas
considerações ainda podem ser feitas:
Alfabetização:
Ação de alfabetizar, ou seja, tornar alguém capaz de ler e escrever, é um
processo considerado quase que mecânico, aprendido em sala de aula.
É finita, isto é, termina quando a capacidade de compreensão dos símbolos
grafocêntricos (diz respeito as imagens visuais, ou seja, quando andamos pelas ruas das
grandes cidades, lemos onde não há letras. Uma imagem nos diz muito e mais
rapidamente do que um longo texto. Dessa forma, ao ver um outdoor em frente a uma
loja ou mesmo uma placa de trânsito, é possível fazer uma leitura completa em questões
de segundos, sem perder tempo. Nesse sentido, no mundo grafocêntrico não
necessariamente precisamos da escrita convencional para lermos o que está escrito.)
são adquiridos.
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Letramento:
Condição adquirida por alguém apropriando-se da leitura e da escrita, mesmo
que direta ou indiretamente. Trata-se de um processo de conhecimento adquirido e
acumulado ao longo da vida., uma capacidade adquirida de forma individualizada,
incentivada ou não por terceiros.
1.2 - Quais os fundamentos da alfabetização?
A alfabetização se baseia em alguns fundamentos, denominados princípios de
alfabetização. Isso porque os métodos ou conteúdos aplicados às crianças não
funcionam com adultos. Cada planejamento deve ter um programa funcional específico.
Relacionamos alguns princípios básicos para a criação de programas que sejam
pertinentes a cada situação. Confira:
� Métodos e Conteúdos:
Evitar a imitação ou reprodução de métodos/conteúdos que estabeleçam ou
obedeçam estritamente a um parâmetro ou que sejam excessivamente tradicionais, ou
seja, o alfabetizador eficiente não se prende a apenas uma maneira (estabelecida como
correta), para ensinar. E nem sempre, a didática encontrada em livros clássicos pode ser
considerada a mais adequada – depende da situação.
Desenvolva seus próprios métodos e conteúdos de acordo com as necessidades,
características e condições àquele que será alfabetizado. Não se baseie em tradições,
procure funcionalidade. Os métodos tradicionais, em sua grande maioria, foram
adequados para crianças e não funcionarão com adultos analfabetos ou semianalfabetos.
Prefira métodos que apliquem o fazer ao invés do ouvir como a forma mais
relevante de aprendizagem e fixação do conteúdo.
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� Capacitação:
Ao desenvolver um programa de alfabetização, duas questões deverão ser
levadas em consideração: O conteúdo e o método (O que ensinar e como ensinar?).
O conteúdo deve ser de acordo com a
situação dos participantes com palavras, frases e
sentenças pertinentes a eles (utilize termos
relacionados à comunidade com a qual se esteja
trabalhando – grupos rurais, grupos urbanos,
comunidades pesqueiras, religiosas, etc.).
Fazer o aluno interagir e raciocinar é tão importante no processo de
alfabetização, quanto fazer ginástica para produzir força. Ou seja, só ver e ouvir não
produz resultados.
� Abordagem diferente para adultos:
Condicionamos-nos em achar que a alfabetização é um processo padrão e que
deve ser aplicado aos adultos utilizando-se a mesma abordagem utilizada às crianças, ou
seja, desta forma, enxergamos os adultos como tal.
Não podemos esquecer que os que estão diante de nós são adultos e que,
somente pelo fato de não saberem ler e escrever não os tornam menos que nós.
Devemos, portanto, ao lidar com alunos adultos, utilizar abordagens que lhes
passem a certeza de que não os enxergamos
como crianças. Isso é possível por meio de
gestos, tom de voz, forma de nos
expressarmos e maneira de falar.
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Na alfabetização de adultos, a importância do relacionamento entre
professor/aluno também deve ser levada em consideração. O respeito e confiança devem
ser conquistados pelo professor sem que se passe a impressão de superioridade e poder.
Diferente das crianças, que enquanto se alfabetizam, aprendem
concomitantemente disciplina e como administrarem seus caprichos, os adultos
dificilmente farão com que o professor dispense tempo pedindo para que se comportem
ou façam silêncio, mas isso só é possível se tiverem a certeza que não estão sendo
infantilizados.
� Modelos de ensino:
Geralmente, quando nos propomos a ensinar, nos baseamos em modelos de
comportamentos de pessoas que respeitamos, às vezes mais velhas ou que queremos
imitar. Outras vezes, utilizamos o que nossa intuição aponta como correto e supomos
sobre o que devemos fazer.
Quando a única experiência do professor com o aprendizado for a escola, pode
acontecer também de acabar utilizando-a como a única fonte de modelo para
alfabetização.
Métodos de ensino que apontam o professor como única fonte de sabedoria estão
obsoletos. Alguns professores, ainda hoje, insultam
os alunos e os punem verbalmente, dirigindo-se a
eles de forma arrogante.
Atualmente, métodos de interação são
considerados alternativas no processo de
alfabetização. A aula precisa ser transformada em
seminários para discussões, atividades planejadas e
projetos para organização de visitas de campo para a prática das atividades.
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Um exemplo de modelo de ensino é aquele que a princípio, não se aplica aulas e
sim reuniões (embora se possa ter como espaço físico uma sala de aula). Nesta reunião
se poderia identificar as necessidades e níveis de alfabetização do grupo. Seria utilizada
ainda para se criar projetos de aprendizagem e planejamentos de atividades externas (em
campo) complementadas por outras atividades suplementares.
Outro exemplo, chamado de viagem de campo é caracterizado por incentivar o
grupo a ser criativo. O conteúdo aplicado em sala de aula pode ser exemplificado ao
vivo pelos alunos levando-os a visitar mercados, lavouras, construções, etc.
Qualquer método deve incluir um alto grau de participação e colaboração do
grupo. Planejando, aplicando e analisando os erros, o grupo aprende a capacitar-se.
� Respeito
Experimente colocar-se no lugar de um adulto que não sabe ler nem escrever.
Imagine as inúmeras vezes que passou por situações em que deve ter sido
zombado e insultado por ser analfabeto. A partir do momento que adquire coragem para
procurar e frequentar reuniões para analfabetos, o professor precisa ter consciência e
sensibilidade para encorajar esse aluno a continuar.
Nesses casos, o professor não deverá aplicar a si próprio formas de tratamento
que o diferencie do grupo (ex: não se apresente como Sr., Sra., Srta., ou Dr. fulano de
tal). Caso isso ocorra, todos do grupo deverão ser chamados da mesma forma, o que
tornará tudo muito formal. Por isso, o ideal é que se adote para todos a utilização apenas
de seus primeiros nomes próprios.
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� Aprender fazendo é melhor que só ouvir e olhar
Podemos observar que ao se fazer algo, várias atividades práticas ou simuladas
são envolvidas – em sala de aula ou em campo. Por isso, criar situações relevantes e
úteis para que se aprenda fazendo é de extrema responsabilidade do professor. Por
exemplo: alguns cálculos poderão ser mais fáceis de se entender efetuando-se
simulações reais de compras, em mercados ou feiras livres.
� Metas
Não almeje altos percentuais de níveis de alfabetização requintada. A capacidade
de saber analisar gramáticas complicadas, saber ortografia e apreciar poesia são
características que afloram distintamente entre as
pessoas. Cabe ao professor perceber a existência
dessas pessoas entre o grupo de alunos e orientá-
los para que encontrem meios de se aperfeiçoar.
No entanto, um programa de alfabetização não
deve inserir tais metas.
Uma das metas em um programa de
alfabetização consiste em atingir o máximo de pessoas em uma comunidade com
capacidade de resolver coisas simples com a prática da leitura e escrita, como a simples
leitura de uma receita de bolo ou a posologia de uma bula de remédio.
Outra meta em um programa de alfabetização consiste dos resultados obtidos por
um grupo com as habilidades na identificação de palavras incorporadas ao seu cotidiano
e na escrita, capaz de ser reconhecida pelos demais. Neste caso, os níveis de ortografia e
gramática perfeitamente corretas não são necessários. A presença de erros ortográficos
e gramaticais nunca deverá ser criticada.
Caso os integrantes do grupo cometam erros ortográficos ou gramaticais, mas
você compreenda o que querem dizer ao escrever, elogie-os, pois obtiveram sucesso.
Incentive-os ao aperfeiçoamento. Suponhamos que algum deles querendo escrever: "o
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lago secou" tenha escrito "u lagu cecou". Elogie-o dizendo: “Muito bem, parabéns pelo
progresso. E você pode melhorar mais se....” E acrescente: “Fazendo assim, mais
pessoas reconhecerão o que você escreveu..”
Os tópicos para serem apontados como meta devem levar em consideração as
características do grupo, ou seja, para alguns grupos você poderá obter nenhum
resultado apresentando-os à literatura de Shakespeare. Caso alguém apresente interesse,
encoraje-o e oriente-o, mas não inclua isso como meta em seu programa.
� Sim à comunicação prática
Os registros e os relatórios são os dois principais objetivos práticos da escrita e
podem ser feitos verbalmente ou por meio da escrita.
O grupo de alunos deve ser incentivado e
convencido de que é muito mais vantajoso, preciso e fácil
utilizar-se de registros e relatórios escritos.
Um exemplo disso é uma visita ao supermercado
para anotar tudo aquilo que precisaremos para uma festa de
aniversário com os respectivos preços de cada mercadoria
(isso é um registro).
Uma semana depois, observando-se novamente os preços teremos um registro
exato de como estavam antes. Se pegarmos nosso registro elaborado com as
mercadorias e seus respectivos preços e o encaminharmos a uma pessoa que não tenha
nos acompanhado durante a visita ao mercado, estaremos efetuando um relatório. Os
alunos deverão ter noção de que esse processo é muito mais confiável, comparado à
nossa memória. É um argumento para comprovar os resultados benéficos de se saber ler
e escrever.
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� Línguas e alfabetos
Algumas comunidades analfabetas podem apresentar mais de um idioma, além
de vários alfabetos. Nenhum deverá ser escolhido por ser melhor que o outro. O
professor deverá basear-se naquele que for melhor compreendido e mais conhecido pela
comunidade.
� Combinação de palavras com figuras
O processo de aprender a ler e escrever nos ensina a identificar figuras. Pessoas
analfabetas, às vezes, não conseguem fazer isso, por não terem com o que compará-los.
Às vezes será necessário a preparação de cartazes para que desenhem objetos
conhecidos e escrevam palavras que o identifiquem.
� Numeratização
A numeratização significa a habilidade de se reconhecer, escrever e usar
números em operações de contas e medições. Inúmeras pessoas analfabetas utilizam-se
da numeratização básica para utilizar o dinheiro. Portanto, a inclusão de números
elementares no plano de ensino como parte do programa de alfabetização é importante,
pois alguns podem não ter sido iniciados a isto. Ensine a princípio, o reconhecimento
dos números e a forma de escrevê-los. As operações aritméticas poderão ser incluídas
posteriormente.
� Incentivo à descoberta
O papel do professor, além da alfabetização, é o de incentivar o aluno à pesquisa
e à busca por novas descobertas. Eles devem ter consciência de que não terão um
professor para sempre os ensinando tudo aquilo que desejam saber. Portanto, é
importante incentivá-los à pesquisa e à leitura.
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Se reunirmos todos os princípios da alfabetização, poderemos chegar a um só
fundamento: a leitura e a escrita servem para aumentar a capacidade de uma
comunidade, tornando-a fortalecida a medida que adquire mais pessoas alfabetizadas.
1.3 - Como aprendemos a linguagem escrita?
Toda a pessoa que sabe ler e escrever é considerada alfabetizada. E para isso é
preciso que passe pelo processo de alfabetização – aprendizagem da leitura e da escrita.
Existem várias formas de se aprender a linguagem escrita e cada uma delas
destaca um aspecto diferente no aprendizado. Existem vários métodos para se
alfabetizar. Porém, podemos dividi-los em duas grandes categorias de métodos de
ensino mais utilizados: Métodos predominantes sintéticos e Métodos predominantes
analíticos.
� Métodos Predominantemente Sintéticos:
São métodos que levam o aluno a combinar os diferentes tipos de elementos
isolados que a língua possui, como sons, letras e sílabas; ou seja, inicia-se das partes,
em direção a um todo. Esses métodos podem ainda ser classificados como:
Alfabéticos ou soletrativos:
O princípio deste método é a visão da letra como unidade. As letras do alfabeto
são decoradas sem nenhuma relação entre grafemas e fala. O aluno aprende:
- O nome das letras do alfabeto nas formas maiúscula, minúscula, manuscrita e
de forma;
- A sequência das letras no alfabeto;
- Combinar as letras entre si, formando sílabas e palavras.
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Silábicos:
O aluno aprende:
- A sílaba e a combinação entre elas e depois chega à palavra;
- Começa-se pela sílaba, usando uma palavra-chave.
Fonéticos:
No método fônico a unidade é o fonema enfatizando-se as relações entre os
símbolos e os sons. Inicia-se com as vogais inseridas em determinada palavra escolhida.
O aluno aprende:
- Os sons das letras isoladas e a seguir as reúne em sílabas para a formação de
palavras.
� Métodos Predominantemente Analíticos:
São métodos que levam o aluno a analisar a palavra, vendo-a como um todo para
chegar às partes que a compõem. Esse método utiliza palavras que pertencem à
linguagem do grupo (geralmente utilizado para crianças), podendo-se fazer uso de
jogos. E podem ainda ser classificados como:
Palavração:
Assim que algumas palavras já memorizadas
anteriormente pelo aluno forem reconhecidas por
meio de sua memória visual, serão divididas em
sílabas para a formação de outras palavras. As
dificuldades devem ser inseridas gradativamente por
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intermédio da palavração, da sentenciação e contos (confira a seguir).
Sentenciação:
O grupo discute sobre uma frase, visualiza e memoriza as palavras. A seguir faz
uma análise das sílabas para a formação de novas palavras que se adequem à frase.
Contos ou historietas:
É uma continuidade do método de sentenciação. No entanto, utiliza-se pequenas
histórias para se chegar até as palavras e sílabas, a seguir formam-se outras palavras.
Natural:
São apresentados ao aluno registros de conversas sobre determinado assunto. A
seguir é feita uma leitura das sílabas de algumas palavras que deverão ser substituídas
para a formação de frases novas.
Nota-se que o início da aprendizagem da leitura e da escrita nada mais é que um
processo mecânico capaz de levar a resultados rápidos para uns e mais lentos para
outros, ou seja, é o reconhecimento global de palavras e orações.
A análise das frases e seus
componentes é uma tarefa para depois. No
caso da alfabetização de crianças, a
vantagem é a motivação e o interesse que
tudo isso desperta nelas, mas a
desvantagem é o grande trabalho de
memorização que acaba, inclusive,
exigindo o empenho e o acompanhamento
em casa por parte da família.
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Além disso, para facilitar a alfabetização em sala de aula, alguns procedimentos
devem ser aplicados. São as chamadas Técnicas de Alfabetização, que variam de acordo
com as particularidades individuais de cada aluno, de cada professor e de cada grupo.
Essas técnicas podem ser divididas em dois grupos:
� Técnicas de leitura:
- Utilização de cartões vazados para que o professor possa orientar o aluno a ler sempre
da esquerda para a direita.
- Leituras de textos em grupo. Para isso é necessário oferecer aos alunos livros, revistas
e cartazes em sala de aula.
- Aplicação de jogos de memória ou jogos de associação palavra-figura.
� Técnicas de escrita:
O aluno precisa perceber a forma das letras, seja desenhando no quadro de giz
para que o aluno (no caso de crianças) possa percorrê-la com o dedo, seja com palitos
de sorvete, etc.
Outra forma de fazer a assimilação da escrita é a utilização de cartões com
figuras para serem mostrados ao aluno, que deverão escrever o que estão vendo, é o
chamado ditado-mudo.
1.4 - O que aprendemos quando nos alfabetizamos?
A alfabetização nos ensina que cada letra possui um som diferente. Observe o
diálogo da boneca Emília com o rinoceronte em “Emília no País da Gramática” de
Monteiro Lobato:
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“Trotou, trotou, trotou e, depois de muito trotar, deu com eles numa
região onde o ar chiava de modo estranho.
- Que zumbido será esse? – indagou a menina. – Parece que aqui
andam voando milhões de vespas invisíveis.
- É que já entramos em terras do País da Gramática – explicou o
rinoceronte. Estes zumbidos são os Sons Orais, que voam soltos no
espaço.
- Não comece a falar difícil que nós ficamos na mesma – observou
Emília. – Sons orais, que pedantismo é esse?
- Som Oral quer dizer som produzido pela boca. A, E, I, O, U são
sons orais, como dizem os senhores gramáticos.
- Pois diga logo que são letras! Gritou Emília.
- Mas não são letras! – protestou o rinoceronte. Quando você diz A
ou Ó você está produzindo um som, não está escrevendo uma letra.
Letras são sinaizinhos que os homens usam para representar estes
sons. Primeiro há os sons, depois é que aparecem as letras, para
marcar esses sons. Entendeu?
� Fonemas:
Aprendemos na alfabetização a nos relacionarmos com os sons das letras e que
esses sons são diferentes. As letras são para serem vistas e representam os sons que
servem para serem ouvidos.
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Os sons de nossa fala são produzidos pelo aparelho fonador e são chamados de
fonemas. Quando escrevemos, esses fonemas estão sendo representados por letras. E no
momento que conseguimos entender isto, conseguimos passar da linguagem oral para a
linguagem escrita.
Ao dizermos “ai!”, dois sons diferentes estão sendo emitidos. E esses sons são
representados por duas letras: “A” e “I”. Em outros casos, as letras podem representar
dois sons diferentes, dependendo da situação em que estiverem sendo utilizadas. É o
caso da letra “S” em:
Saca
Casa
Outros fonemas são representados por mais de uma letra como o “SS” que tem o
mesmo som de “Ç” ou outras letras que não representam nenhum fonema, como a letra
“H”.
Poço
Osso
� Alfabeto
O alfabeto da língua portuguesa é composto por 26 letras que representam todos
os fonemas da nossa língua e estão ordenadas conforme a sequência abaixo:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
A alfabetização nos ensina que as letras “B”, “D”, “F” e “L” representam apenas
um fonema cada, porém a letra “X” pode ser lida de várias maneiras. Veja que em cada
uma das palavras, os sons são diferentes mesmo que representados pela mesma letra:
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XADREZ, EXATO, ÊXTASE, TÁXI
� Aparelho Fonador
Aparelho fonador é o nome dado ao
conjunto de órgãos responsáveis pela
formação dos fonemas de uma língua.
Os pulmões, brônquios e traqueia são
os órgãos respiratórios e têm a
responsabilidade de fornecer a matéria-prima
da fonação – a corrente de ar.
Na laringe estão as cordas vocais, que produzem a energia sonora para ser
empregada na fala.
A faringe, boca e fossas nasais (chamadas de cavidades) funcionam como uma
caixa de ressonância e devido aos movimentos de seus órgãos ativos – principalmente a
língua – são de grande importância para a fonação e tornam-se por conta disso sinônimo
de idioma (língua = idioma).
1.5 - A Perspectiva da Criança
A criança que se encontra adquirindo informações sobre o processo de leitura e
escrita deveria ter acesso garantido em sala de aula, às práticas pedagógicas que
incluíssem a inserção da literatura infantil. Caso isso não seja possível, algumas
sugestões podem ajudar nesse processo tão relevante.
Pelo fato da criança aprender se desenvolvendo e se desenvolver aprendendo é
preciso estimulá-la pelo aprendizado. O papel da literatura infantil na fase inicial da
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escrita é significativo. O hábito de se contar histórias às crianças é atitude corriqueira
em casa e na escola e isto é fundamental no desempenho delas quanto ao
desenvolvimento da linguagem. Independentemente da classe social à qual a criança
pertença, todas demonstram interesse em escutar.
É importante que as histórias sejam lidas para as crianças, ao invés de contadas.
Existe uma diferença na linguagem estética entre elas, e ao ouvir uma linguagem mais
requintada a criança já vai construindo conhecimentos linguísticos por percepção que
servirão como base de conhecimentos para sua linguagem escrita.
Ela já se habitua às estruturas textuais, funções, formas e recursos linguísticos,
além de sequência de texto.
Os contos de fada ajudam no desenvolvimento
psíquico da criança já que envolvem a equação: estabilidade +
problema + solução = estabilidade. Desta forma, a ansiedade
que envolve vários aspectos de nossa vida cotidiana é
trabalhada de maneira subliminar.
À medida que as histórias apresentam os problemas e
se desenrolam, mostram caminhos para a satisfação e ficam de acordo com as
requisições do ego e superego, encorajando-as a enfrentar e resolver seus próprios
problemas.
E isso é válido para os adultos também. Todos precisam de uma área de ilusão
paralela ao mundo real que seja responsável pela transição do consciente e inconsciente,
formando um movimento que garanta o equilíbrio do indivíduo.
As atividades diárias que as crianças são submetidas podem fazer com que
tenham contato com o real e ao mesmo tempo desenvolvam a consciência de seus
limites vivenciando conflitos, emoções, dúvidas e experiências contraditórias, e que às
vezes ficam sem saber o que fazer. Para resolver isso elas sonham, imaginam os
problemas e encontram por si próprias as resoluções.
25
Os desenhos e as histórias que narram são meios que encontram para dominar e
externar suas emoções. Desta forma, conseguem desenvolver a capacidade de criar.
Cabe ao educador orientá-las para que adquiram também a capacidade de expressar-se
por meio de textos e imagens.
Por conta dessas especificações podemos imaginar que os processos que
envolvem a aquisição da escrita participam ativamente da vida da criança mesmo antes
de saber ler e escrever. Alguns pedagogos afirmam que a criança evolui gradativamente
quando está em contato com sinais gráficos (imagens). E essa evolução possui quatro
níveis que a caracterizam. São eles: níveis pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e
alfabético.
� Nível Pré-Silábico:
.
No auge da fase pré-silábica a criança já consegue distinguir as letras dos
números, distingue desenhos, símbolos e já sabe que as letras a levará ao caminho da
linguagem escrita.
No início do nível pré-silábico, podemos observar que a escrita para a criança é
um desenho. Não há nenhuma associação entre
sons e letras nem tampouco existe associação entre
quantidades de letras para simbolizar objetos.
Ela “lê” gravuras e fotos, mas não tem a
necessidade de simbolizar o objeto com palavras
escritas. Para chegar à fase pré-silábica
propriamente dita a criança passa antes por duas
etapas:
26
Fase pictórica:
Fase caracterizada por garatujas: escrita feita à
mão, irregular, malfeita e ilegível.
Fase gráfica primitiva:
Fase caracterizada por registros,
símbolos e pseudoletras (que tem apenas
aparência de letra). Fase de muitos
questionamentos em que a criança indaga
sobre tudo que a cerca.
� Nível Silábico:
A criança passa para o nível silábico quando consegue perceber que a linguagem
oral (tudo que ela fala) pode ser representada graficamente (pode ser escrito) mesmo
tendo consciência de que não saberá interpretar o que estiver escrevendo.
Começa nesta fase a relação entre som e grafia, um processo de várias tentativas
para dar a cada letra (que nesta fase vale uma sílaba) um valor sonoro chamado de
hipótese silábica.
27
A hipótese silábica pode não apresentar sons conhecidos no nosso alfabeto ou
ainda pode apresentar valores sonoros que se alterem. Mesmo assim, nesta fase, as letras
começam a ter valores sonoros mais estáveis e as semelhanças silábicas entre as
palavras começam a ser identificadas com mais facilidade, gerando inclusive alguns
conflitos entre as crianças, como por exemplo “pato” e “gato”: som igual que produz
palavra diferente.
Os aspectos mais evidentes que caracterizam o nível silábico são:
• A criança descobre a sílaba quando fala e sabe que para escrevê-la é só
vincular uma à outra.
• A criança tem dificuldades para escrever monossílabos e dissílabos,
porque acha que existe uma quantidade mínima de letras exigida para a
escrita.
• Quando tenta escrever uma palavra preocupa-se em não repetir letras.
• Procura para cada som que emite uma letra.
• Pode ou não conhecer o som convencional da letra para utilizá-la.
• Geralmente mistura letras e números em palavras, mas sabe diferenciá-
las.
• Aponta letra por letra quando lê o que supostamente escreveu.
• Faz a leitura por sílabas.
28
� Nível Silábico-Alfabético:
No nível silábico-alfabético a criança tem plena consciência da relação entre
grafia e som. E por perceber a existência de uma representação gráfica para cada som e
vai além do universo silábico, que se torna insuficiente. Passa a alternar entre sílabas e
letras, reconhecendo a partir de agora a produção alfabética propriamente dita. Ela
abandona o som silábico e adota a divisão que vai além da sílaba, procedendo a uma
divisão em sons menores. As características dessa fase de transição entre silábico e
alfabético são:
• A criança passa a acrescentar mais letras às palavras para tentar
representar o som de uma sílaba.
• Pode usar ou não os sons convencionais (valor sonoro).
• Produz sílabas mais completas em palavras inseridas em contextos já
conhecidos.
• Começa a relação grafema/fonema.
• Não sabe ainda a relação entre consoante e vogal, ou seja, que a vogal
tem a capacidade de mudar o som da consoante.
• A leitura ainda é feita em função de um contexto.
29
� Nível Alfabético:
Em função de repensar e de se reorganizar tantas vezes e após tantas tentativas a
criança evolui para o nível alfabético. Nesta
fase se instaura uma percepção madura e
determinada da relação entre grafia e som.
A criança, na fase alfabética já aceita
que a sílaba é composta de letras que por sua
vez podem ser representadas distintamente. Ela
já percebe as diferenças existentes entre letras, sílabas, palavras e frases.
O nível alfabético pode ser encarado como o final deste processo de evolução da
criança. De agora em diante começa o processo de evolução ortográfica.
Como vimos, as representações gráficas produzidas pelas crianças (dos
garranchos chamados de garatujas às letras) têm significados e são interpretados em
fases diferentes. Podemos dizer que a leitura e a escrita envolvem inúmeros processos
de aprimoramento que se inicia quando criança e que perdura até a fase adulta. E é com
esse argumento que se confirma o sentido de que aprender a ler e escrever requer
constantemente a reconstrução e aprimoramento de significado dessas atividades
iniciais.
Evidentemente, crianças com significativo contato com literatura infantil no
ambiente familiar estão mais propícias a um processo de alfabetização mais bem-
sucedido.
A afetividade, segurança e atenção individualizada oferecida em casa a essas
crianças influenciam no seu desenvolvimento, aproveitamento e autoconfiança. Cabe
ressaltar que o mesmo prazer e o conforto que se tem em casa precisa ser sentido e deve
estar presente na escola, as crianças devem ser incentivas a fazer perguntas e expor seus
pensamentos.
30
A leitura em sala de aula deve ser sempre um momento prazeroso, mesmo que
feito em salas de aula com grande número de
crianças. O ambiente deve ser acolhedor, as
crianças devem ficar todas reunidas. O livro
que estiver sendo lido precisa ser visualizado
por todas, caso contrário, ficam irrequietas.
Livros com imagens são atraentes.
As ocasiões de leitura devem ser vistas como oportunidades para enriquecimento
de vocabulário. Por isso, o professor deve utilizar variações claras e agradáveis da
entonação dando interpretação à leitura, porém, deve ser sempre literal.
Não se deve reduzir ou modificar o texto com o intuito de simplificá-lo, pois
assim, a criança será privada de perceber as diversas características que diferenciam a
linguagem escrita da linguagem oral, sem contar no enriquecimento de vocabulário e
perguntas que deixariam de elaborar.
A escolha do livro deve ter como objetivo o contato da criança com a linguagem
escrita, portanto, a criação, estrutura de narrativa e as conformidades com a língua
materna precisam estar presentes. É recomendável que essas leituras comecem por
textos mais curtos - sem necessariamente serem simplistas e sem estrutura de narração,
limitando-se apenas a frases, figuras e palavras sem contexto.
A frequência de programas de leitura tem relação direta com a eficácia da
atividade. Quanto mais leitura, mais solicitações de histórias. Algumas faixas etárias,
inclusive, solicitam a repetição do mesmo livro várias vezes. Isso não tem importância,
pois incentivará a reprodução oral de tudo aquilo que ouviu como se estivesse lendo. O
professor poderá, inclusive, pedir às crianças que reproduzam as narrativas feitas por ele
por meio de desenhos, teatrinhos ou diálogos para ajudar e estimular a interpretação.
Todas essas opções ajudarão a criança a criar. Por isso, a leitura e a reprodução
devem ser incentivadas. Para o desenvolvimento da escrita, atividades que estimulem a
percepção entre a similaridade dos sons entre as palavras associando-as à escrita, pode
31
ser iniciado já na pré-escola com atividades de leitura e jogos com rimas (versos e
poemas).
A criança oferece a perspectiva de crescimento contínuo. Não há necessidade de
que se tornem formalmente alfabetizadas para terem envolvimento com a literatura e
produção de textos. Isso fará com que se tornem leitoras e autoras de textos.
32
Unidade 2 -Métodos de Alfabetização
Olá,
Nesta unidade apresentaremos a você algumas teorias pedagógicas educacionais
que fundamentam a educação e são baseadas nas ideias e pesquisas realizadas por
estudiosos, pedagogos, psicólogos e psicopedagogos, como: Chomsky, Jean Piaget,
Paulo Freire e Emilia Ferreiro.
A ação desses profissionais junto aos educadores, pais e ao próprio sistema de
educação revela-se peça chave à medida que, às vistas deles conseguimos perceber
quando uma metodologia pode estar obsoleta ou inadequadamente aplicada.
Você também aprenderá a distinguir a capacidade de entendimento e
aprendizagem das pessoas, sejam crianças, jovens ou adultos; por conta dos diferentes
tipos de canais sensoriais, ou seja, conseguirá diferenciar os indivíduos de acordo com
as suas características sensoriais: visual, auditivo ou cinestésico e desta forma, se
possível, aplicar metodologias com as quais se tornem mais fáceis os processos de
aprendizagem.
E, ainda no decorrer desta unidade entenderá se o índice de QI (quociente de
inteligência) relacionado à aprendizagem pode (até que ponto) interferir no processo de
alfabetização.
Para completar, preparamos para você um conteúdo dedicado à leitura,
inteligência e dificuldade na aprendizagem.
Aproveite e bom estudo!
33
2.1 - As teorias educacionais que fundamentam o ensino
Ao ter seu comportamento condicionado, o ser humano pode ser moldado e
lapidado. Um resultado satisfatório ao final deste processo só poderá ser obtido se
forem aplicados estímulos e reforços adequados.
Sabemos que o ambiente é fator determinante para o comportamento de um
indivíduo, desta forma, os resultados que um professor pretende alcançar podem ser
predefinidos, adequando-os à medida que forem progredindo, levando-os aos resultados
previstos. Os modelos de aprendizagem são teorias fundamentadas em estudos e podem
ser classificadas em:
� Teoria do Comportamentalismo
A teoria do comportamentalismo leva em consideração o papel do professor ou
de um livro como detentores de conhecimento e superioridade máxima. O
comportamento do aluno é o de aprendiz que deve assimilar esse conhecimento que lhe
é passado.
A aprendizagem no Comportamentalismo é feita por memorização e repetição
do conteúdo focado pelo professor (ou livro utilizado). Forma-se com este método
pessoas com extenso conhecimento enciclopédico, focadas no trabalho e que se
adequam a qualquer ambiente.
A teoria do comportamentalismo tem como base dois princípios para
aprendizagem:
• Condicionalmente clássico: O processo de aprendizagem parte do princípio de
que para cada estímulo, existe uma resposta. Esta associação envolveria uma
espécie de conexão e interatividade no sistema nervoso central.
34
• Condicionalmente operante: O processo de aprendizagem é fundamentado em
uma provável conexão existente entre uma resposta e a produção de uma
situação agradável. Quando repetimos algo que nos seja agradável, certamente
haverá a probabilidade de futuras ocorrências (reforço positivo). A resposta
positiva é fortalecida pelo reforço. A resposta negativa é enfraquecida e
posteriormente extinta.
� Teoria da aprendizagem significativa
O conceito principal desta teoria é fundamentado nas estruturas cognitivas do
indivíduo com organização do sentido das ideias, ordenando-as de acordo com a relação
estabelecida entre elas.
A aprendizagem neste método se dá pela ampliação dos conjuntos de elementos
básicos que sustentam a cognição do indivíduo, agregando novas ideias de assimilação.
Desta forma, uma aprendizagem não-arbitrária vai dando espaço às ideias já existentes.
Esse método enfatiza a aquisição, armazenamento e organização de ideias no
cérebro. A teoria da aprendizagem significativa busca explicar as operações que a mente
passa no processo de aprender e estruturar conhecimento. Ressalta também, a
importância da aquisição, armazenamento e organização do pensamento. Alguns fatores
internos e externos são necessários para a aprendizagem significativa:
Falaremos primeiro sobre os fatores internos. Eles se fundamentam na cognição
e em fatores afetivo-sociais:
• Cognição: É necessário que se mantenha algumas ideias principais para que
outras possam emergir e novas estratégias se estabeleçam naturalmente.
• Fatores afetivo-sociais: É necessário que haja disposição do aluno para a
aprendizagem.
35
Em relação aos fatores externos pode-se dizer que são fatores que dizem respeito
às condições livres de acesso a conteúdos e manipulação de ferramentas pelos
professores na elaboração de aulas e materiais instrucionais com o intuito de propiciar
melhores condições de ensino significativo aos alunos.
Para a teoria significativa a aprendizagem é um processo individual, que
depende exclusivamente do aluno e não são consideradas diferenças sociais, físicas,
biológicas e econômicas que possam interferir na capacidade de aprender. Se o aluno
não conseguiu aprender, foi porque não quis. Não cabe ao professor qualquer resultado
insatisfatório obtido.
� Teoria Psicogenética (ou Epistemologia Genética):
Fundamentada no Construtivismo, esta teoria interpreta como as pessoas
constroem o conhecimento desde o seu nascimento. Defendida por Jean Piaget,
apresenta o conceito de que a capacidade de raciocínio das pessoas não depende do
ambiente nem de fatores hereditários e que o pensamento infantil percorre quatro etapas
– do nascimento à adolescência. Nesta fase (adolescência), a capacidade de raciocínio
atinge o seu estágio absoluto.
Deste modo, a criança vai construindo
conhecimentos por intermédio de suas próprias
descobertas ao obter contato com o mundo.
O Construtivismo tem como princípio
básico a aplicação de exercícios de atividades
mentais para o aluno por concluir que são mais compensadores que o cansativo trabalho
de ensinar a restrita transmissão de conteúdos prontos.
No Construtivismo o papel do professor é o de observar atentamente os alunos,
enxergando-os de forma única e individualizada. É preciso esquadrinhar os seus
conhecimentos e interesses prévios para que a partir deste ponto possa ser apresentado
36
ao aluno outros elementos (criação de novas situações) para a construção de novos
conhecimentos. É um método vivenciado e que se aprende experimentando.
As operações mentais do aluno são fundamentais para a prática do
construtivismo, e ao final do processo espera-se a formação de pessoas com capacidade
de autonomia, capazes de construir seu próprio saber e confiantes em resolver seus
próprios problemas. Geralmente se tornam adultos com expressiva interação com o
meio e com ideias próprias.
� Teoria Sociointeracionista
Neste método, a formação do saber acontece por meio de uma relação entre o
indivíduo e a sociedade. Aponta como fator determinante a capacidade do homem em
modificar o ambiente e o ambiente modificar o homem.
Portanto, é um método que foca os reflexos da interação do indivíduo com o
meio, como o caso de uma criança que ao nascer apresenta-se saudável, mas que nunca
conseguirá aprender a falar se não for inserida no convívio de outras pessoas que a
ensine.
É um método baseado na mediação, ou seja, ninguém adquire conhecimento
sozinho – sempre haverá parceria com outras pessoas. O papel do professor neste caso é
o de mediador e ficará em uma posição entre o aluno e o mundo (outros ambientes).
Observar e organizar ideias junto com outras pessoas (inclusive o professor e a
turma) a respeito de assuntos novos ou mesmo já conhecidos é a maneira apontada pelo
método sócio-interacionismo para se aprender.
Além disso, o método se baseia na análise da distância de níveis chamadas de
ZDP e ZDR – Zona de Desenvolvimento Proximal (potencial) e Zona de
Desenvolvimento Real respectivamente. É a distância que se caracteriza entre “o ser e o
tornar-se”.
37
Espera-se, portanto, a formação de pessoas cooperativas, com uma relação de
compromisso com o mundo e com o outro, além de indivíduos que saibam falar e
principalmente ouvir.
Observe na tabela a seguir uma relação abrangendo os métodos citados:
COMPORTAMENTALISMO
COGNITIVISMO CONSTRUTIVISMO SÓCIO-INTERACIONISMO
A
L
U
N
O
Passivo
Autônomo;
Filtra os materiais
que têm significado
para si
Ativo
Interativo;
Responsável pelo
aprendizado
P
R
O
F
E
S
S
O
R
Repassador do
conhecimento
(verdades absolutas)
Determina a
estrutura conceitual
e proposicional do
conteúdo
Mentor;
Favorecedor dos
processos de
descobrimento
autônomo de
conceitos
Mediador;
Parceiro;
Realiza o elo entre a ZDR e
ZPD do aluno
A
P
R
E
N
Influenciada por fatores
biológicos de conduta
(estímulo-resposta).
“Ampliação” da
estrutura cognitiva
por meio da
incorporação de
novas ideias a ela.
Interação
sujeito/objeto;
Construtivismo
sequencial (níveis);
Relação direta com o
desenvolvimento.
Interiorização gradual de atos
externos e suas
transformações em ações
mentais.
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D
I
Z
A
G
E
M
M
É
T
O
D
O
Entrega de conteúdos;
instrução programada.
Aulas expositivas;
Desenvolvimento
de mapas
conceituais.
Experiências,
pesquisas e solução
de problemas
Referencial histórico-social;
Trabalho com projetos.
Apresentaremos agora alguns especialistas que revolucionaram o sistema da
educação. São estudiosos que dedicaram parte de suas vidas às pesquisas em prol de
métodos de ensino que identificassem uma maneira mais eficaz para que crianças e
adultos pudessem entender, assimilar e discutir as informações que lhes são passadas –
e desta forma, crescer intelectualmente. São eles:
� CHOMSKY e o Gerativismo
Avram Noam Chomsky é linguísta, filósofo e ativista
político norte-americano. Hoje, aos 82 anos (nascido na
Filadélfia/EUA em 07.12.1928) é professor de Linguística no
Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Idealizador da
gramática gerativa transformacional, seus trabalhos abordam
que a linguagem segue conceitos relacionados às propriedades
inatas do cérebro/mente e que são decisivas para o
39
desenvolvimento cognitivo do ser humano.
Noam Chomsky defende a hipótese de que o ser humano é detentor de uma
gramática inata – ela nasce com o indivíduo e vai tomando forma conforme seu
desenvolvimento.
A criança inicia seu processo de crescimento comunicando-se com os adultos e
consequentemente tomam essa estrutura de fala (linguagem) como base para seu próprio
desenvolvimento.
As estruturas adquiridas ao incorporar os modelos da língua mãe não são
imitações, são regras que assimilou com o convívio social – é o amadurecimento de sua
linguagem. A competência e o desempenho são termos que estão sempre relacionados à
aquisição da língua.
O conhecimento que as pessoas possuem da gramática é a competência e o uso
desse conhecimento é o desempenho. Por isso, Chomsky acredita que as crianças não
imitam os adultos, pois em suas falas existem produções que não são encontradas nas
falas dos adultos – elas são originais. Na verdade, o convívio com os adultos faz com
que tenham suas falas moldadas às regras deles.
Esse modelo gerativista segue a tendência Inatista e aborda que a língua materna
é adquirida com o amadurecimento da criança – que já nasce dotada de uma capacidade
de aquisição da linguagem.
Chomsky defende a ideia de que a criança é detentora de um “dispositivo de
aquisição da linguagem – DAL” que pode ser acionado pelo “IMPUT” – frases ou falas
dos adultos. Este processo faz com que a criança consiga gerar um tipo de gramática
contextualizada com a ativação de apenas algumas regras – escolhidas por elas – para
uso da língua nativa. Para ele, a linguagem faz parte da herança genética de cada
espécie.
40
O gerativismo tem a concepção de que as línguas, por meio de regras, têm a
capacidade de transformar suas complexas relações sintáticas e semânticas em
estruturas superficiais.
São regras que dominam as estruturas intermediárias da língua (entre a profunda
e a superficial). Por isso, a criança durante o processo de aquisição da linguagem
percebe os arranjos que há na língua e acrescenta a sua própria gramática. Mesmo
assim, o dispositivo DAL ativará apenas algumas regras escolhidas pela criança baseada
na influência da língua nativa – ela saberá quais regras descartar. É o primeiro passo
para a produção da fala da criança – a aquisição da linguagem.
� PIAGET e sua Teoria Epistemológica – O CONSTRUTIVISMO
Nascido em 09 de agosto de 1896, em Neuchâtel –
Suíça, Jean Piaget tornou-se conhecido por ter sido
precursor com trabalhos sobre a inteligência infantil.
Formado em Psicologia e Filosofia dedicou grande parte de
sua carreira às crianças e ao estudo sobre os seus processos
de raciocínio.
Em 1919, aos 23 anos, Piaget percebeu que o
desenvolvimento cognitivo da criança evolui de forma
gradativa e dois anos depois iniciou um grande trabalho de pesquisa observando e
registrando ações infantis, como brincadeiras, palavras, ações e processos de raciocínio.
Desde então, diversas publicações sobre suas pesquisas foram feitas e serviram
de base como métodos de educação e ensino. Piaget faleceu em 17 de setembro de 1980
aos 84 anos.
Os campos de pesquisa desenvolvidos por ele abrangiam: a psicologia do
desenvolvimento, a teoria cognitiva e a epistemologia genética. Se quisermos entender a
essência, a maneira, o processo de como o ser humano aprende e adquire conhecimentos
é só prestarmos atenção no modo como o conhecimento se desenvolve nas crianças.
41
Para Piaget, a inteligência é a forma encontrada pelo organismo para se adaptar a
uma situação nova, geralmente advinda do mundo exterior, que estimula o cérebro
fazendo com que o indivíduo se desenvolva intelectualmente. Para ele, o
comportamento do ser humano não é inato nem resulta de condições ao qual é exposto.
O comportamento é construído pela relação existente entre o meio e o indivíduo,
que é caracterizada como interacionista. Por isso, a inteligência adquirida por conta de
adaptações a situações novas está relacionada pela interação indivíduo X meio.
Portanto, quanto mais elementos e aspectos diversificados e de difícil
compreensão esta interação tiver, mais inteligente o indivíduo será.
Uma das teorias que explica o desenvolvimento da inteligência determinada
pelas ações entre o indivíduo e o meio chama-se Construtivismo.
Sua teoria dizia que substituindo-se estruturas de raciocínio, umas por outras, o
conhecimento passaria por vários estágios evoluindo constantemente. Por exemplo, uma
criança passa por vários estágios de evolução mental, sendo que cada estágio é
caracterizado por uma forma específica de conhecimento e raciocínio (em cada período
o pensamento e o comportamento são diferentes). Esses estágios são chamados de:
• Sensório-motor: Fase da criança estabelecida entre o período do nascimento aos
2 anos aproximadamente. É caracterizada pela ausência da função semiótica
(signos linguísticos/palavras e não linguísticos/gestos) como forma de
comunicação. A criança busca o controle motor e o conhecimento dos objetos
físicos que a cercam por intermédio de suas próprias ações controladas por
informações sensoriais (sensações) imediatas. A linguagem não passa da
repetição de sílabas às palavras com significado de frase (ex.: água).
• Período Simbólico: Dos 2 aos 4 anos. Neste período, surge a função semiótica
dando espaço para a linguagem, desenhos e imitações. É o período do faz de
conta, quando não possuir o objeto que imaginar. Nesta fase, as imagens mentais
podem transformar pauzinhos em aviões e alma para objetos: “o carro dormiu...”
42
• Período Intuitivo ou Pré-Operatório: Fase dos 4 aos 7 anos,
aproximadamente. É o tempo dos “porquês” – a criança pergunta o tempo todo.
Ela sente necessidade de explicação para todos os fenômenos que se passam ao
seu redor. Já sabe o que é fantasia e o que é realidade. Não consegue ainda
manter uma conversação centrada e longa, mas já consegue responder
adequadamente ao que lhe for perguntado. A criança está sempre empenhada em
adquirir habilidades verbais. Ela dá nomes a objetos e seu raciocínio é intuitivo,
porém ainda não possui coordenação para algumas operações ou ações
fundamentais para ela.
• Operatório Concreto: período que dura dos 7 aos 12 anos, a criança começa a
trabalhar os números mentalmente e alguns princípios de relacionamento. Nesta
fase a criança já possui uma lógica interior formada e capacidade de solucionar
alguns problemas. Consolidam-se os números, volume e peso. Ela já consegue
ordenar elementos por grandeza e desta forma, também sabe organizar o mundo
de forma lógica. A linguagem já é socializada, mas não consegue discutir para
obter um consenso comum. Neste período a criança abandona a fase solitária e
parte para organizações em grupos.
• Operatório Formal ou Operatório Abstrato: Desenvolve-se dos 12 anos em
diante. A criança/adolescente já possui raciocínio lógico e intelectual. É uma
fase repleta de habilidades para o raciocínio e idéias abstratas que caracterizam a
transição para o pensamento adulto. Deduções lógicas, nesta fase, já podem ser
feitas sem a necessidade de objetos concretos. É a “liberdade para tudo que for
possível”. Já é possível a discussão para chegada de uma conclusão e
organizam-se em grupos estabelecidos por relações de cooperação e
reciprocidade.
Piaget nos provou que as crianças não raciocinam como adultos, por isso, a
maneira como as elas eram educadas no passado precisava ser repensada. Era necessário
uma abordagem pedagógica e educacional diferenciada. A mente de uma criança que
antes era vista como vazia à espera de ser preenchida com conhecimentos, é vista agora
43
como mentes construtoras ativas do conhecimento que a todo o momento criam e testam
suas próprias teorias sobre tudo aquilo que as rodeiam.
O conhecimento dos períodos de desenvolvimento é importante para o professor,
pois só assim poderá conhecer e compreender seus alunos. Piaget mostra as fases de
desenvolvimento para que o crescimento intelectual seja melhor aproveitado. Sua teoria
de concepção construtivista da formação da inteligência mais conhecida foi chamada de
“Epistemologia Genética” – ou Teoria Psicogenética. Para Piaget, “o professor não
ensina, ajuda o aluno a aprender”.
� PAULO FREIRE e a pedagogia crítica.
Natural de Recife, Paulo Freire nasceu em 19
de setembro de 1921 e faleceu em 02 de maio de
1997 aos 76 anos, vítima de infarto.
Fundador de uma pedagogia crítica, que
deixa fluir ideologias presentes no ser humano,
Paulo Freire alega que os principais problemas da
educação estão relacionados às questões políticas e
não pedagógicas. Ele parte do princípio que não
adianta tentar modificar a sociedade com a educação e o sistema de ensino, mas sim
tentar mudar o sistema de ensino com a sociedade. Um “boom” cultural pode ser
possível com a mudança do sistema educacional.
Paulo Freire chama a atenção para uma proposta antiautoritária. Nela,
professores e alunos devem formar um círculo cultural em que todos ensinam e
aprendem juntos.
Freire diz que o professor também pode aprender quando estiver ensinando –
deve haver uma troca de informações entre educador e educando. O professor deve ir
além da transmissão de conteúdos, ele precisa saber e ensinar apensar certo: criticando
tudo aquilo que se lê e pesquisar mais sobre o assunto. Mudanças são sempre passíveis
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de acontecer. Portanto se o educador acreditar que não deve ficar neutro em
determinada situação é preciso que pergunte – não deve ficar alheio. Não deve se
conformar nem submeter-se ao que não concordar. Só assim a história, a cultura e a
política podem mudar.
Paulo Freire ressalta em suas teorias a democracia. Seja liberal, social ou
socialista. Freire é contra o autoritarismo. Propôs que os alunos pudessem desenvolver a
criatividade em sala de aula e criticava o ensino da época, chamando as escolas de
escolas burguesas – ou educação bancária. Para Freire, na educação bancária o educador
só deposita conhecimento em alunos que estão apenas na condição receptiva e dócil. O
conhecimento neste tipo de sistema é visto como uma doação daqueles que o detêm.
Incentivador da educação para adultos, seu método estimula o adulto analfabeto
e iletrado a inserir-se no contexto político e social em que convive, ou seja, na sua
realidade. Ele é incentivado a articular sílabas e formar palavras extraídas do seu
cotidiano. Desta forma, o adulto é levado à alfabetização e à politização em reuniões
que acontecem em Círculos de Cultura.
Entre 1950 e 1960, Paulo Freire dedicou-se às pesquisas e experimentos no
campo da educação de adultos que viviam em áreas subproletárias, urbanas e rurais do
estado de Pernambuco.
As reuniões, que aconteciam no Círculo de Cultura e tinham como objetivo fazer
com que o grupo se empenhasse em um tema regional para que, junto com educadores,
fosse inserido à comunidade informações sobre a cultura popular. Foi nesses grupos que
Freire se questionou sobre a possibilidade de uma experiência de alfabetização.
Observe as três etapas que estruturam sua metodologia:
• Etapa de investigação: Aluno e professor fazem uma pesquisa para colher o
vocabulário pertinente ao meio em que o aluno vive.
45
• Etapa da tematização: É a tomada de consciência do mundo em que vivem.
Para isso, eles codificam e descodificam os temas pesquisados buscando o seu
significado dentro do contexto social.
• Etapa de problematização: Aluno e professor tentam enxergar o mundo por
meio de uma visão crítica, tentando com isso encontrar transformações e
melhorias para o próprio contexto social onde vivem.
No sistema pedagógico de Paulo Freire algumas palavras apresentam significado
próprio. Observe:
• Amorosidade = A educação é um ato de amor.
• Cultura = Cultura é tudo o que é criado pelo homem. É o resultado do seu
trabalho e esforço criador e recriador.
• Curiosidade = É o que alimenta o desejo de se saber mais. Causa inquietação e
insatisfação que desencadeia a busca pelo conhecimento
• Diálogo = Aproxima os homens entre si e o mundo em que vivem, sendo capaz
de transformá-lo e humanizar a si e a todos.
• Leitura do mundo = É aproximar-se criticamente da realidade. Ler o mundo
possibilita a análise crítica da realidade fazendo com que seja melhor
compreendida.
Política = A educação, vista como prática de liberdade é um ato político. Para Freire,
política é um conjunto de opiniões de uma pessoa ou de uma comunidade com relação à
sua própria realidade e sua capacidade de conseguir transformá-la.
46
A metodologia de Paulo Freire revelou uma metodologia de educação informal,
além da sala de aula e que ensinava além de conteúdos, a conscientização dos homens
na busca por melhores condições de vida.
� EMÍLIA FERREIRO
Psicóloga e pesquisadora, Emilia Ferreiro
nasceu na Argentina em 1937. Fez doutorado na
Universidade de Genebra orientada por Piaget e
hoje, radicada no México, trabalha no Departamento
de Investigações Educativas (DIE) do centro de
investigações e estudos avançados do Instituto
Politécnico Nacional do México.
Emília Ferreira dedicou seu trabalho às
pesquisas sobre a construção da linguagem escrita
na criança para que o educador possa conhecer a forma com que a criança conceba o
processo de escrita e tenha condições de, por meio de teorias pedagógicas e
metodológicas, evitar erros no processo de alfabetização. Portanto, ela não é criadora de
um método de alfabetização e sim, adepta de um processo de observação da criança
para adequá-la ao método mais indicado.
Nos processos de alfabetização, alguns educadores adiantam-se em dizer, logo
no início dos trabalhos, algumas frases negativistas alegando que em seu grupo uns não
têm interesse em aprender, outros apresentam problemas familiares, não vieram de uma
boa pré-escola, etc., quando na realidade o que precisam é de um método condizente ao
seu perfil.
As crianças constroem ideias sobre o processo de aprendizagem da leitura e
escrita antes mesmo de começarem o processo formal propriamente dito. Por volta dos
seis anos, elas distinguem perfeitamente a diferença entre texto e desenho, portanto já
têm consciência de que tudo aquilo que possui letras, pode ser lido – no entanto,
47
algumas ainda persistem na possibilidade de leitura para conteúdos com letras ou
desenhos.
A possibilidade de que essas crianças com capacidade mais lenta pertençam às
classes sociais menos privilegiadas é bastante significativa, pois geralmente têm menos
contatos com livros de literatura infantil.
Para Emília Ferreiro, o processo da escrita é composto por cinco fases:
• Fase 1 - Pré-silábica: Inicia-se o processo de construção da escrita por
intermédio de traços que tentam reproduzir aquilo que as crianças vêm ao seu
redor, mesmo porque, a interpretação é feita somente por ela mesma, não pelos
outros. Nesta fase, o tamanho da escrita dos nomes a que se referem é
proporcional ao tamanho do objeto ao qual ela está se referindo. A criança não
consegue relacionar as letras com os sons da língua falada e se prende apenas a
uma letra para escrever. Por exemplo, pode escrever Maria como MMMMMM
ou RRRRRRR.
• Fase 2: Nesta fase, a criança imagina que para ler coisas diferentes é preciso
usar formas diferentes, combinando as formas de letras que é capaz de fazer em
várias maneiras. Ao tentar escrever ela segue dois parâmetros: quantidade e
variedade: a quantidade de letras nunca é inferior a três e nunca se repetem.
• Fase 3 - Silábica: Individualmente, as letras das palavras começam a receber um
valor sonoro, porém com significado silábico (fase da hipótese silábica). Surge
um conflito, pois a quantidade de letras que deve ser três (parâmetro da fase 2),
pode não corresponder ao o que deseja que seja lido. Este conflito faz com que a
criança desenvolva rapidamente para a fase 4. Nesta fase ela já interpreta a letra
à sua maneira, atribuindo valor silábico a cada uma. Para ela, MCO pode ser a
grafia de Mar-ce-lo em que M=Mar, C=Ce e O=Lo.
• Fase 4 – Silábico-Alfabética: Acontece a transição da fase silábica para a
alfabética. O conflito anterior apresentado pelo número restrito de grafias
48
confronta-se com novas formas e faz com que ela perceba a relação progressiva
que acontece em representar o som e escrever. Na fase silábico-alfabética, ela
mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas
propriamente ditas.
• Fase 5 - Alfabética: Nesta fase, a criança atinge o estágio alfabético. Ela passa a
compreender finalmente, que cada um dos caracteres da palavra corresponde a
valores menores que a sílaba. Portanto, como ela já tem consciência de sílaba,
saberá que é preciso mais do que três letras para ser escrita. Passa a dominar
plenamente o valor das letras e sílabas.
As Cartilhas
Até que cheguem a fase 5, a criança acredita que algo para ser lido precisa conter
um certo número de letras – variando entre duas e quatro, e que letras sozinhas ou letras
repetidas nada significam.
Portanto, como explicar as cartilhas,
que de imediato, apresentam às crianças
palavras com letras repetidas (como bebe, babá,
dado) ou palavras formadas por apenas duas
letras (oi, eu, ir)?
Para Emilia Ferreiro, as cartilhas são ineficientes para o ensino da leitura e da
escrita quando a criança encontra-se na fase pré-silábica, por pressupor que a criança
compreenda a escrita. A cartilha prevê etapas inflexíveis de aprendizagem, aspecto que
o construtivismo põe de lado – rejeita. Além disso, para os construtivistas, a linguagem
usada nas cartilhas ("da, de, di, do" - "O rato roeu a roupa") é padronizada e artificial,
distante do mundo conhecido pela criança.
As cartilhas têm um melhor desempenho quando, para desenvolvimento da
alfabetização, a criança necessita de uma atenção especial para:
49
� Aspectos gráficos da escrita,
� Melhorar a transcrição,
� Controlar a qualidade, como controle do traço e noção de espaço,
� Coordenação – como os preenchimentos de tracinhos.
Portanto, se for utilizada em crianças que já possuam a base alfabética (que já
tenham saído da fase silábica), o que verão, estará de acordo com suas hipóteses sobre a
escrita.
As teorias de Emília Ferreiro indagam como aprender a ler e escrever
independentemente do ensino, e não como se deve ensinar alguém a escrever. Suas
teorias não se fundamentam em conceitos mecanizados e seguem alguns pressupostos
construtivistas na investigação dos processos de aprendizagem em crianças de quatro a
seis anos.
O construtivismo estimula o aluno em buscar conhecimentos. Evita que receba
informações acabadas e planejadas, porém não deixa de usar a memorização quando for
preciso, por exemplo, nomes de cidades, presidentes, países, capitais, etc.
No caso das tabuadas, é necessário que também ocorra a memorização, porém o
aluno deverá saber o significado das operações aritméticas, como a multiplicação. É um
método que estimula a cooperação e desestimula a competição, apesar de transformar a
sala de aula em um ambiente mais barulhento, transforma alunos passivos em alunos
estimulados. No entanto, o educador deverá deixar claro que a sala de aula é um espaço
que possui regras de funcionamento e convivência.
O educador, neste caso, tem o papel de mediador ou facilitador e precisa ter
como características principais o desprendimento intelectual, senso crítico, mentalidade
aberta, atitude investigativa e sensibilidade ao desenvolvimento global, além de
capacidade para apresentar tudo isso aos olhos do aluno de forma significativa.
50
“... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a
qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos
ouvidos que escutam, há uma criança que pensa.”
(Emília
Ferreiro).
2.2 - Canais sensoriais: Visual, Auditivo ou Cinestésico
A prática de saber ler e escrever, já entre as civilizações gregas e romanas, já
determinava um diferencial de classe social. Posições notáveis na sociedade ou cargos
de relevada importância social pertenciam a grupos
privilegiados. Por isso, na época, o objetivo de se
aprender a ler e escrever era o de integrar-se a esse
meio – e não o desenvolvimento intelectual.
Devido à globalização, as relações entre as
civilizações do mundo se estreitaram, por isso, o
leitor de hoje precisa interagir com o autor. Ele não
pode apenas decodificar as palavras. Precisa
refletir, opinar e criticar o que lhe foi oferecido. Como estarão então, nossas escolas no
papel de formação desse tipo de leitores?
Ler é saber interpretar o que está escrito, percorrendo-se o conteúdo com a visão.
Nesta interpretação, a relação leitor-autor é irrelevante, já que o foco está somente no
leitor, ou seja, basicamente a leitura está vinculada à imagem de alguém lendo
determinado livro em busca de sentido para o texto proposto pelo autor.
51
Compreensão:
A compreensão de nossa leitura acontece por meio de três níveis básicos, que se
inter-relacionam podendo se privilegiar um do outro. Isso acontece devido à
expectativa, necessidade e interesse do leitor pelo objeto lido em função das condições e
produções do contexto inserido. São eles:
• Canal Sensorial
• Emocional
• Racional.
Leitura:
Por sua vez, defende-se que a leitura também se divide em níveis:
• Leitura Sensorial: Representa momentos iniciais da relação da criança com o
mundo.
• Leitura Emocional (ou Subjetiva): Enfatiza as emoções do leitor misturadas às
emoções do autor – empatia.
• Leitura de Passatempo (ou Lazer).
• Leitura de Evasão: Usada como válvula de escape.
• Leitura Racional: Enfoca o intelectualismo.
• Leitura Instrumental: Fornece subsídios às cantorias da literatura de cordel.
52
A Programação Neurolinguística (PNL) discute alguns estilos de aprendizagem
estudadas na área da Neurolinguística que utilizam três formas de percepção de
informação que caracterizam cada indivíduo. Há quem combine os três estilos, porém,
a princípio, cada pessoa tem um perfil predominante que ao ser conhecido poderá ser
utilizado no auxílio para com os estudos e relações sociais. São eles: o VISUAL, o
AUDITIVO e o CINESTÉSICO. Observe:
Percepção de Informação Visual:
Faz uso da visão para obter e reter as informações;
Percepção de Informação Auditivo:
Faz uso da audição para absorver informações;
Percepção de Informação Cinestésico:
Faz uso dos sentidos de movimento para guardar as informações.
É importante que o educador esteja atento e consiga perceber essas
características entre seus alunos. E como saber qual é o seu estilo? Como identificar o
seu perfil?
• CINESTÉSICO:
� O indivíduo cinestésico deve dar preferência a professores que apliquem aulas
dinâmicas, com alterações de voz, que gesticulem, andem de um lado para o
outro, enfim, que tenham relação com movimentação.
� Deve procurar ler e estudar em voz alta e caminhando.
� Mude de posição sempre que possível quando estiver estudando,
53
� Faça gestos que possam representar as informações.
� O cinestésico necessita se movimentar fisicamente para aprender, sentir ou ouvir
melhor. O educador, ao dar um intervalo às aulas para a prática de alguns
exercícios físicos, fará com que alunos com este perfil assimilem melhor ao
voltar às atividades.
� O cinestésico, ao falar com as outras pessoas costuma dizer: “Sente só como é
bonito...” Utiliza-se também de palavras como “fofinho, gostoso e sente só...”
� As pessoas com este perfil aprendem fazendo, manipulando ou escrevendo.
Muitas vezes estudam andando ou gostam de estudar em cadeiras macias. Com o
stress a pessoa fica mais apegada ao canal predominante.
Saiba um pouco sobre a polêmica diferença entre Cinestésico e Sinestésico na
língua portuguesa:
Cinestésico – São indivíduos que centralizam suas experiências em
demonstrações físicas (percepção por meio de movimentos físicos/musculares).
Precisam tocar o ouvinte para se comunicar. O indivíduo cinestésico-corporal aprende
melhor por meio do movimento e do toque.
Sinestésico – São indivíduos com a capacidade de percepção por meio da
sensação (não necessariamente o toque). Eles “ouvem” um movimento visual ou
“cheiram” o gosto de uma imagem visual ou ainda “enxergam” quando ouvem uma
música. Por isso, um Cinestésico (que assimila por meio do toque), de certa forma,
também é Sinestésico, já que o tato faz com que ouça e enxergue melhor.
• VISUAIS:
� Procura recursos visuais sobre o que precisa estudar. Dá preferência para vídeo-
aula e costuma fazer anotações em forma de gráficos como: tabelas, esquemas,
desenhos e fluxogramas.
54
� Para os indivíduos visuais a dica é fixar os gráficos elaborados em portas,
armários ou qualquer outro lugar. Desta forma, sempre que passar pelo local
poderá visualizá-lo.
� Os gestos utilizados pelo professor durante uma explicação, poderão fazê-lo
lembrar do assunto quando houver necessidade.
� Constrói imagens mentais quando estuda.
� Prefere leituras que contenham resumos em forma de esquemas ou formas
gráficas.
� Normalmente para falar com o outro, utiliza-se da seguinte frase: “Olha aqui,
deixa eu te dizer uma coisa”.
• AUDITIVOS:
Procura gravar aulas, palestras e seminários. Escuta-as periodicamente.
� Faz resumos, grava-os e a seguir escuta o que escreveu preferivelmente ao acordar
ou antes de dormir, pois a mente está desobstruída, livre de problemas (ou se
preparando para o sono).
� Escuta mais as aulas ao invés de anotar as informações. Por isso, a necessidade em
gravá-las.
� Quando precisa estudar algo que precise ler, procura ler em voz alta.
� Conversa com amigos sobre o conteúdo.
� Para falar com o outro, o auditivo normalmente diz; “Escuta aqui...”
55
� Gostam de estudar em voz alta e têm facilidade em distinguir a voz das pessoas ao
telefone.
As observações acima servem apenas para que se identifique o estilo
predominante de cada pessoa.
Porém o ideal é que saibamos manter um equilíbrio entre as três formas de
percepção. A autoestima, o equilíbrio entre os hemisférios esquerdo e direito, a
Programação Neurolinguística, o combate ao estresse e o relaxamento são recursos para
que possamos aumentar o desenvolvimento potencial do cérebro, já que utilizamos em
média apenas 2% a 3% de nossa capacidade mental. Para estimular o equilíbrio entre as
três formas e evitar que o cérebro acostume-se à predominância de apenas um canal,
alguns exercícios podem ser feitos:
Visual: Olhe à sua volta por uns minutos. Feche os olhos e tente lembrar-se do
que viu reconstituindo tudo, sem dar nomes. Faça o mesmo com fotos, gravuras ou
algum ambiente que traga recordações agradáveis.
Auditivo: Ouça músicas e tente reproduzi-las. Decore versos. Procure distinguir
sons como: timbre da voz das pessoas, ruídos da rua, da casa.
Cinestésico: Pratique esportes ou dança. Identifique objetos apalpando-os sem
os olhar.
A inteligência não pode ser quantificada ou medida, porém, isso não importa. O
essencial é a capacidade que temos para chegar a um resultado harmonioso incluindo o
afetivo, emocional e corporal, respondendo adequadamente aos desafios que nos forem
apresentados. A inteligência emocional faz com que sejamos responsáveis por nosso
equilíbrio emocional, frustrações e convívio com outras pessoas.
É preciso que saibamos utilizar nosso cérebro de maneira produtiva. O
hemisfério esquerdo (HE) corresponde ao mundo objetivo e o hemisfério direito (HD)
56
corresponde à nossa imaginação e criatividade. Ao conseguirmos utilizar os dois
hemisférios ao mesmo tempo, o cérebro funcionará de forma mais produtiva.
Quando lemos um texto, às vezes precisamos voltar ao que já foi lido. Como as
palavras são decodificadas pelo hemisfério esquerdo e as imagens que representam as
palavras são decodificadas pelo hemisfério direito, só entendemos o que lemos quando
associamos a palavra à sua própria imagem.
Portanto, se estivermos pensando em outra coisa, a palavra não será associada à
sua própria figura. Consequentemente perde-se tempo e aprende-se menos por conta do
estresse estabelecido pela falta de conexão entre os dois hemisférios.
Ao melhorar a nossa autoestima e autoconfiança estaremos oferecendo ao nosso
cérebro condições favoráveis para a aprendizagem. Algumas frases podem ser utilizadas
para que se estabeleça uma harmonia e o favorecimento da conexão entre os
hemisférios. Repita sempre que possível:
• Tenho facilidade para aprender.
• Eu confio na minha capacidade para aprender.
• Meu raciocínio é rápido e minha memória é fantástica.
• Nas provas meu desempenho é eficiente e preciso.
57
2.3 - Técnicas de auxílio à concentração e ao estudo
Algumas técnicas de relaxamento podem auxiliar o sistema cardiorrespiratório
em seu funcionamento com aumento da oxigenação do cérebro e consequentemente
garantir um aproveitamento na aprendizagem, como rapidez,
concentração e memorização.
Confira:
• Mantenha-se na posição de lótus e inicie o relaxamento
respirando lentamente pelo nariz. Inspire e expire no mesmo ritmo,
concentrando-se na região entre as sobrancelhas. Este exercício ajuda na capacidade de
concentração.
• Com a coluna ereta respire ora por uma narina, ora por outra, utilizando o dedo
para tapá-lo. Este exercício ajuda na estimulação do cérebro.
• Deite em um colchonete ou tapete com os joelhos flexionados de modo que as
plantas dos pés fiquem apoiadas no piso. Esvazie os pulmões, expirando várias
vezes pelo nariz. Inspire pelas narinas e sinta como se estivesse enchendo o
abdome até o topo da cabeça. Em silêncio expire calmamente pelo nariz. Repita
várias vezes.
• Outra dica: O cérebro funciona melhor quando a circulação do sangue melhora.
A água promove essa circulação. Portanto, beber água faz bem para o cérebro
ativando a memória.
• Decorar versos e rimas auxilia a memória.
• Ouvir música erudita auxilia a aprendizagem porque relaxa.
58
Alguns testes podem avaliar qual o hemisfério cerebral predominante de um
indivíduo. Apresentaremos a seguir um dos mais utilizados para que você possa fazer
uma autoavaliação e conhecer um pouco mais sobre si mesmo. Confira:
1- Quando tem condição de escolher um lugar para sentar-se em um auditório,
platéia, cinema ou sala de conferência, você prefere sentar-se:
a- ( 01) do lado esquerdo
b- (10 ) do lado direito
c- ( 05) no meio
2- Ao responder a uma pergunta que tenha que raciocinar, você costuma:
a- (10 ) olhar para a direita
b- (01 ) olhar para a esquerda
c- (05 ) olhar diretamente para a pessoa que fez a pergunta
3- Você é:
a- (02 ) mais extrovertido
b- (08 ) mais introvertido
4- Você é:
a - (02 ) Uma pessoa do dia
b - (08 ) Uma pessoa da noite
c - (05 ) Igualmente do dia e da noite
5 – Identifique quatro características na lista que julgue possuir em alto nível e
quatro que representem dificuldades. Todas relacionam-se ao trabalho. Assinale com
“G” as que possui e com “D” as que não possui:
59
A G2 – D7 Divisão de tempo N G2 – D7 Preparo de orçamentos
B G7 – D2 Organização de projetos O G7 – D2 Integração
C G2 – D7 Planejamento estratégico P G2 – D7 Motivação de outras pessoas
D G8 – D2 Resolução criativa de problemas Q G7 – D2 Consultas
E G2 – D8 Persuasão de outras pessoas R G1 – D8 Cortesia
F G7 – D2 Tomada de iniciativa S G8 – D2 Percepção
G G2 – D7 Supervisão de outras pessoas T G2 – D7 Consideração
H G7 – D2 Conceituação de noções U G7 – D3 Previsão
I G2 – D8 Controle V G2 – D7 Confiabilidade
J G7 – D2 Impulso/ motivação W G8 – D3 Discernimento
K G2 – D7 Autodisciplina X G2 – D8 Pragmatismo
L G7 – D2 Desenvolvimento de programas Y G7 – D3 Energia
M G1 – D8 Obediência a prazos Z G8 – D2 Intuição
6- Assinale na lista a seguir as cinco palavras que melhor descrevem você
A 3 Analítico K 7 Emocional
B 2 Lógico L 8 Com visão global
C 9 Musical M 3 Dominador
D 9 Artístico N 3 Intelectual
E 3 Matemático O 8 Com capacidade de síntese
F 4 Verbal P 8 Com orientação espacial
G 8 Inovador Q 2 Com orientação linear
H 8 Intuitivo R 5 Leitor inveterado
I 2 Controlador S 8 Com capacidade de dedução
J 3 Detalhista T 8 Com capacidade analítica
7 – Assinale na lista, quatro frases que mais falem sobre você:
60
A 3 Tenho grande capacidade de liderança G 3 Gosto de participar de atividades de grupo
B 8 Prefiro trabalhar por conta própria H 7 Não sou uma pessoa organizada
C 2 Gosto de sair do convívio social I 3 Tenho boa capacidade de relacionamento
D 8 Amo as artes J 3 Tenho uma forte autocrítica
E 2 Sou uma pessoa conscienciosa e
responsável
K 3 Respeito as convenções e valores sociais
F 7 Considero-me uma pessoa muito sensível L 7 Algumas vezes duvido de meu intelectual
RESULTADO:
Some os pontos relativos às respostas assinaladas e compare:
De 41 a 18 pontos Orientação esquerda
Hemisfério esquerdo é lógico, racional,
matemático, objetivo e ligado à realidade. São
pessoas que devem praticar dança, canto, tocar
instrumento, trabalhar com arranjos ou
qualquer tipo de trabalho corporal.
De 85 a 128 pontos Orientação dupla
Englobando os dois hemisférios são pessoas
que devem praticar meditação para trabalhar os
dois hemisférios. Ler versos com rima.
De 129 a 172 pontos Orientação direita
Hemisfério direito é intuitivo, criativo,
irracional, subjetivo e ligado ao sonho. Deve
praticar atividades que permitem o “passo a
passo”. Gosta de organização serial: arruma
talheres, gavetas de roupas, etc...
2.4 - A importância do QI na alfabetização
O termo QI é a abreviatura da expressão técnica Quociente de Inteligência e é
utilizado para escalonar o grau de inteligência do ser humano em função de uma relação
de sua idade cronológica e a idade mental.
61
Para alguns estudiosos, a pessoa que possui um QI elevado tem uma maior
expectativa de vida, além de saber viver melhor e com
mais saúde. Porém, isso pode ocorrer pelo fato de que
a maioria dos indivíduos com elevado grau de QI
sejam pessoas de classe social privilegiada, portanto,
com acesso a todos os recursos para uma vida melhor.
Desde 1905 pesquisas têm sido feitas
propondo-se testes e medições para o grau de
inteligência das pessoas. No entanto, foi em 1912, que William Stern mencionou o
termo QI relacionando-o ao nível mental de cada indivíduo.
Foi ele ainda que por intermédio de suas pesquisas inseriu no contexto do
assunto as expressões idade mental e idade cronológica. Porém, várias metodologias
para medir o índice de inteligência foram apresentadas.
O mais conhecido foi desenvolvido por John C. Raven, na Escócia, em 1938,
chamado de “Raven Standard Progressive Matrices” (Padrão de Matrizes Progressivas
de Raven) baseado em testes verbais e de execução.
Idade Mental: Independe da idade cronológica (aquela que indica o tempo de
existência das pessoas). Ela pode situar-se acima ou abaixo da idade cronológica.
Chega-se ao QI pela razão entre a Idade Mental e a Cronológica multiplicada por 100.
Este indicador pode avaliar a precocidade ou retardamento na aprendizagem.
São consideradas pessoas normais aquelas que apresentam o quociente em torno de 100.
Testes que apresentam resultados acima deste valor revelam precocidade e valores
muito abaixo, representam retardamento.
O indivíduo que apresente um QI elevado, mesmo sendo considerado precoce,
não indica se a pessoa é sã ou feliz. Outros fatores também não são avaliados no teste,
como: capacidades artísticas ou espirituais que nos levam a atuar no campo da interação
social, percepções corporais, musicais, verbais e espaciais.
62
O teste de quociente de inteligência serve para medir os talentos linguísticos,
pensamentos lógicos, matemáticos e analíticos. Pode-se também avaliar a concentração,
desenvolvimento escolar e o saber acadêmico acumulado ao longo dos anos. Gênios
chegam a apresentar taxas com grau de avaliação aproximado em 180 – superdotado.
Deve-se considerar que não existe uma inteligência única e universal. O
quociente de inteligência consegue apresentar um conjunto de habilidades mentais,
verbais, lógicos e matemáticos que o indivíduo possui e que são levados em conta para
o convívio social global e urbano. Isso deve ser levado em consideração nos testes, pois
um indivíduo com alto grau de QI pode ser considerado com retardo se for inserido em
uma comunidade indígena, por exemplo.
De acordo com alguns especialistas, o QI é fator determinado pela genética, mas
que precisa ser estimulado por fatores externos ao longo da vida para que seja
desenvolvido. E isso inclui uma rotina de vida saudável.
Atualmente, o mercado oferece inúmeros modelos de testes para avaliação do
grau de QI. Existem empresas especializadas apenas neste segmento ou ainda
psicólogos, psicopedagogos e empresas de recrutamento. Muitos testes podem ser
baixados ou executados em tempo real pela internet, embora sem comprovação de
eficiência. Os parâmetros de quocientes indicados como resultado apresentam grande
variação entre si, mas em média podemos observar a seguinte relação:
63
Acima de 127 Superdotação
Entre 121 e 127 Inteligência superior
Entre 111 e 120 Inteligência acima da média
Entre 91 e 110 Inteligência média
Entre 81 e 90 Embotamento ligeiro
Entre 66 e 80 Limítrofe
Entre 51 e 65 Debilidade ligeira
Entre 36 e 50 Debilidade moderada
Entre 20 e 35 Debilidade severa
Abaixo de 20 Debilidade profunda
2.5 - Leitura, inteligência e dificuldades de aprendizagem
Atualmente, de acordo com alguns pesquisadores na área da educação tudo o
que diz respeito à leitura, dificuldades de aprendizagem e inteligência estão
relacionados a uma nova proposta que levanta a hipótese da múltipla inteligência no
processo do ensino-aprendizagem. Para eles, o teste de QI tornou-se obsoleto por se
falar agora de inteligências, interesses e aptidões diferentes dos alunos.
Em tempos passados, associava-se QI a aluno inteligente ou retardado. Hoje, a
psicopedagogia (amparada legalmente pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional), apresenta conceitos para se saber clinicamente, se determinada criança está
com dificuldade de aprender por questões orgânicas, físicas, psicológicas ou sociais.
Isso não significa que o teste e QI deva ser descartado, mas deve ser visto como
um teste para indicar a capacidade do aluno, o que ele tem a oferecer e o que é capaz de
aprender. E deve ser aplicado somente após descartados os fatores que possam indicar a
64
causa, como privação cultural, déficit visual, auditivo, etc.) que poderiam afetar no
desempenho da leitura, escrita, ortografia e matemática. Sem contar outros fatores que,
de certa forma, poderiam interferir no processo de aprendizagem do aluno como timidez
e problemas de afetividade.
A inteligência pode ser definida como a capacidade que as pessoas têm de
compreender o mundo à sua volta, resolver problemas e adaptar-se ao meio ambiente
por meio do raciocínio.
O potencial intelectual das gerações mais novas tem subido. O quociente de
inteligência, grau de QI - consequentemente também vem aumentando. Isso é explicado,
primeiro, porque as informações estão sendo oferecidas de uma maneira mais rápida,
ampliando o conhecimento das pessoas, estimulando a memorização e o raciocínio.
Outro fator que pode explicar esse aumento do potencial intelectual são as
melhores condições de saúde, saneamento e alimentação adequada que propiciam um
melhor funcionamento do cérebro e as funções cognitivas (capacidade de raciocínio,
percepção e memória).
Os neuropsicólogos afirmam que a
infância é um período de extrema importância
para que as bases da inteligência se
desenvolvam, porém, o cérebro não pode parar
de ser incitado durante toda a vida para que
possa continuar desenvolvendo habilidades
imprescindíveis à formação do intelecto – seja
em que idade for.
As áreas do cérebro responsáveis pelas funções motoras, visuais e de
sensibilidade são as primeiras a se formarem. Isso acontece logo no primeiro ano de
vida. Na sequência, se desenvolvem as funções superiores responsáveis pela memória,
linguagem, raciocínio lógico e noções espaciais e cálculos. Esse conjunto é responsável
pela inteligência do indivíduo e deve estar formado por volta dos 18/21 anos.
65
O modo de amadurecimento no processo de crescimento do cérebro é que
interferirá na inteligência - e não o seu tamanho.
As pessoas possuem graus diferenciados de inteligências. Já foram identificados
sete tipos de inteligência e cada pessoa pode ter além de um tipo, mas sempre haverá
um predominante.
Confira os tipos de inteligência:
Inteligência Logicomatemática – Tem capacidade para trabalhar com números
e geometria. Tem raciocínio científico ou indutivo, além de pensamento dedutivo. É o
perfil de cientistas, contadores, matemáticos e analistas de sistemas.
Inteligência Linguística – Tem facilidade com envolvimento e uso da palavra
escrita ou falada. É o perfil de oradores, escritores e jornalistas.
Inteligência Musical – Possui sensibilidade para sons e ritmos. É o perfil de
cantores, compositores, instrumentistas e maestros.
Inteligência Corporal-Cinestésica – Possui habilidade motora e capacidade de
se comunicar com o corpo. É o perfil de bailarinos, atores, artistas circenses, atletas e
mímicos.
Inteligência Espacial – Tem capacidade de lidar com o espaço físico. É o perfil
de profissionais como: engenheiros, arquitetos, escultores, artistas gráficos, cirurgiões
plásticos, navegadores e pilotos.
Inteligência Interpessoal – É compreensível e tem habilidades para trabalhar
com outras pessoas e compreendê-las. É o perfil de professores, psicólogos, médicos,
advogados, terapeutas, políticos e líderes religiosos.
66
Inteligência Intrapessoal – Tem facilidade para controlar as emoções. Está
relacionada à autorreflexão e à intuição. É o perfil de filósofos e conselheiros
espirituais.
Alguns distúrbios também podem afetar a capacidade de inteligência das
pessoas, fazendo com que haja uma diminuição (às vezes provisória) do seu potencial
intelectual. Confira as situações mais corriqueiras:
• Falta de estímulos: O cérebro precisa ser estimulado por desafios ao longo da
vida para que a inteligência seja desenvolvida.
• Desnutrição: Todo o corpo humano, inclusive a atividade cerebral tem seu
funcionamento comprometido por conta do diagnóstico de desnutrição do
organismo.
• Diarréias frequentes na infância: Esse tipo de problema, constatado com
frequência impede que o cérebro se desenvolva adequadamente por falta de
absorção de nutrientes essenciais.
• Doenças genéticas: Doenças que causem retardo mental, como a síndrome de
Down.
• Paralisia cerebral: Algumas áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento e
memória, quando atingidas por algum tipo de lesão, certamente afetarão no grau
de inteligência do indivíduo. Essas lesões são provocadas por falta de
oxigenação e podem ser causadas por acidentes ou problemas de saúde.
• Meningite: Doença que causa inflamação das membranas que recobrem e
protegem o sistema nervoso central dificultando a aprendizagem levando até à
paralisia cerebral.
67
• Encefalite: Doença causada por vírus que leva à inflamação do cérebro,
lesionando regiões ligadas às funções cognitivas.
• Traumatismos cranianos: Podem comprometer áreas do cérebro associadas ao
intelecto.
• Doenças degenerativas do cérebro: São doenças que afetam o pensamento,
raciocínio, memória, linguagem e comportamento. Um exemplo é o Mal de
Alzheimer.
• Baixos níveis de hormônio do crescimento: Algumas pesquisas apontam uma
relação entre a baixa quantidade de hormônio de crescimento com a indicação de
baixo grau de QI.
• Problemas que limitem movimentos: Os estímulos da inteligência podem ser
reduzidos por acidentes ou doenças que levem ao confinamento (espaços
restritos).
68
Conclusão do Módulo I
Chegamos ao final do Módulo I.
Neste módulo você aprendeu a diferenciar alfabetização de letramento, conheceu
os principais conceitos acerca da alfabetização.
Você pode notar que o processo de alfabetizar não depende apenas da aplicação
de técnicas mecanizadas, mas sim de um profissional sensível que saiba como
ensinar as pessoas a aprender.
Para dar continuidade ao seu curso, faça a avaliação referente ao Módulo I, em
seguida você terá acesso ao material do Módulo II.
Boa sorte!
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