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Estudo para cálculo da pegada de carbono do Azeite Virgem Extra Quinta do Juncal
Projecto 7487 – ECOFOOTPRINT FD – VALE INOVAÇÃO
Elaborado em Novembro 2016 com o apoio do
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L ÍNDICE Resumo .................................................................................................................................... 2
I – Apresentação e Caracterização da Fio Dourado ..................................................... 3
I.1 – Contactos e Localização ..................................................................................... 4
I.2 – Descrição Histórica ............................................................................................... 5
I.3 – Política da Qualidade, Ambiente e Segurança Alimentar ............................ 7
I.4 – Processo Produtivo ............................................................................................... 9
II – Projecto EcoFootPrint Fio Dourado ......................................................................... 13
II.1 – Enquadramento ................................................................................................. 13
II.2 – Objectivos ........................................................................................................... 14
II.3 – Conceitos ............................................................................................................ 16
II.4 – Metodologia ........................................................................................................ 19
III – Cálculo da Pegada de Carbono .............................................................................. 24
III.1 – Olival Intensivo ................................................................................................. 25
III.1.1 – Produção Primária ........................................................................... 25
III.1.2 – Transformação - lagar ..................................................................... 31
III.1.3 – Embalamento .................................................................................... 33
III.2 – Olival Superintensivo ou em Sebe ............................................................... 35
III.2.1 – Produção Primária ........................................................................... 35
III.2.2 – Transformação - lagar ..................................................................... 37
III.2.3 – Embalamento .................................................................................... 38
III.3 – Análise de Resultados .................................................................................... 39
IV – Sequestro de Carbono .............................................................................................. 44
V – Medidas Para a Redução da Pegada de Carbono .............................................. 47
VI – Conclusão .................................................................................................................... 49
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L RESUMO A realização deste estudo, que se pretende uma aproximação à pegada de carbono do
azeite produzido na Fio Dourado, considerando diferentes sistemas produtivos de olival
(intensivo e superintensivo), resultou de uma postura de consciencialização e
compromisso com a protecção do ambiente que tem sido um dos pilares do
desenvolvimento da Fio Dourado.
Foram utilizados dados de várias origens (contas de cultura, dados específicos, dados
genéricos), tendo-se procurado optar sempre por aqueles que de forma mais fidedigna
reflectem a realidade da Fio Dourado.
Os valores obtidos, revelaram que o olival é uma cultura bastante interessante do ponto
de vista da fixação de carbono, resultando mesmo num valor de “pegada negativa”, no
caso do olival superintensivo, em que o sequestro de carbono supera não só as
emissões na fase de produção primária, mas também nas fases seguintes até à
obtenção de produto embalado.
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L I – APRESENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA FIO DOURADO
Missão
A Fio Dourado actua na fileira do azeite, sobretudo na transformação e comercialização,
com o objectivo de criar valor, maximizar a satisfação de todos os agentes que
interagem nesta fileira e assegurar a sua sustentabilidade, apostando na qualidade dos
seus produtos e serviços.
Visão
Na Fio Dourado queremos crescer de um modo sustentável, utilizar processos
tecnologicamente eficientes, ambiental e socialmente responsáveis, que nos permitam
obter produtos seguros do ponto de vista alimentar e superar as expectativas dos
nossos clientes.
Valores
Na Fio Dourado, estamos conscientes da confiança que os nossos clientes depositam
no nosso trabalho, quando trazem até nós a sua azeitona, e quando colocam o azeite
que produzimos à mesa das suas famílias. É essa confiança que nos motiva a
continuar, seguindo os valores que, ao longo dos anos, têm feito com que acreditem
em nós!
Transparência e confiança – primamos pela transparência nas nossas relações com clientes,
fornecedores e demais entidades, e acreditamos que a confiança é a base dessas
relações.
Rigor e exigência – somos rigorosos na forma como trabalhamos, como acompanhamos e
controlamos todos os processos. Exigimos dos nossos fornecedores o mesmo rigor
com que trabalhamos, para satisfação dos nossos clientes.
Responsabilidade e sustentabilidade – assumimos um compromisso com a segurança alimentar
dos nossos produtos, com a prevenção da poluição e a manutenção dos recursos e das
condições do meio ambiente, com a segurança e qualidade de vida dos nossos
colaboradores e da comunidade em que estamos inseridos.
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L Inovação e cooperação – estamos atentos às novidades do sector e procuramos colocar à
disposição dos nossos clientes a melhor tecnologia disponível. Temos desenvolvido
estudos que nos permitam melhorar a eficiência dos processos, estabelecendo
parcerias com entidades oficiais, produtores, clientes, associações profissionais e
comunidade científica.
I.1 – CONTACTOS E LOCALIZAÇÃO
A Fio Dourado localiza-se a cerca de 17 km a Norte de Santarém, em Comeiras de
Baixo, numa zona tipicamente de produção olivícola.
Nome Fio Dourado – Transformação e Comercialização de
Produtos Olivícolas, Lda.
Morada Rua S. Simão, 117 – Comeiras de Baixo
2000-694 Pernes – Portugal
Código NACE
10.40 – Produção de óleos e gorduras
CAE
10412 – Produção de azeite
Website
www.fiodourado.pt
Contactos
Tel.: 243 449 698 Fax: 243 440 464
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L I.2 - Descrição Histórica O lagar de azeite da Fio Dourado existe na família dos seus sócios há mais de um
século. Em 1991 passou a ser explorado por João Vítor Reis Gomes Mendes, que
herdou o lagar tradicional de prensas, e o foi remodelando e modernizando, tanto a
nível de instalações como de equipamentos.
Em 2000 foi instalada a primeira linha de extração em contínuo, de três fases, para
responder às crescentes solicitações dos olivicultores e melhorar a qualidade dos
azeites extraídos. Sendo todos os componentes em aço inoxidável, passou a ser
possível um maior controlo da higiene, evitando eventuais contaminações. A melhoria
na qualidade do azeite resultou também da possibilidade de funcionamento a baixas
temperaturas. Nesta fase, foi instalada uma linha de limpeza e lavagem de azeitona.
Em 2004, foi instalada uma segunda linha de
extração contínua, de duas fases, para aumentar
a capacidade de extração, necessária face ao
crescimento da área de olival instalado e das
novas variedades cultivadas (Arbequina), tanto na
região do Ribatejo como em outas regiões do país.
A instalação desta linha foi acompanhada pela
instalação de um páteo de recepção de azeitona,
incluindo uma linha de receção, limpeza e lavagem
de azeitona e tegões de aço inoxidável. Posteriormente foi instalada uma outra linha de
extração, também de duas fases, para aumento da capacidade de laboração,
acompanhando o aumento da procura dos seus serviços pelos olivicultores.
A partir de 2001, passou a embalar e comercializar azeite virgem extra com a marca
Quinta do Juncal. Esta atividade, inicialmente com maquinaria simples, é actualmente
realizada através de uma linha de embalamento contínua, cujo funcionamento é
optimizado com a prestação do serviço de embalamento para outras marcas.
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L O azeite comercializado com a marca Quinta
do Juncal foi por diversas vezes distinguido
em concursos, estando implantado no
mercado a nível regional, sobretudo na
restauração e em lojas do segmento
gourmet, e a nível nacional, com presença
em grandes superfícies. Existe também
procura por parte de alguns mercados
internacionais, para onde é exportado.
Em 2008, foi constituída a empresa Fio Dourado – Transformação e Comercialização
de Produtos Olivícolas, Lda., da qual são sócios João Vítor Reis Gomes Mendes e
Maria João Ribeiro Laia Franco Gomes Mendes, que explora atualmente o lagar e toda
a sua actividade, mantendo a mesma tendência de desenvolvimento e inovação. O
sistema de extração em contínuo, mais eficiente, tem também um menor impacte
ambiental. As águas residuais são recolhidas em lagoas e posteriormente utilizadas
para rega de olivais. A Fio Dourado tem desenvolvido e participado em diversos
estudos, com vista à melhoria do seu desempenho tecnológico e ambiental.
No final de 2013 realizaram-se mais investimentos, tendo-se aumentando a capacidade
instalada (12000 toneladas de azeitona/ano) e construído uma nova unidade destinada
a armazenamento e embalamento.
No início de 2014, a Fio Dourado certificou o seu sistema de gestão integrada da
qualidade, ambiente e segurança alimentar, em conformidade com as normas NP EN
ISO 9001, NP EN ISO 14001 e NP EN ISO 22000 e, no final de 2014, aderiu ao Sistema
Europeu de Ecogestão e Auditoria, com a certificação EMAS.
No âmbito do EMAS, a Fio Dourado emite anualmente, para cada período a que
corresponde a campanha olivícola (01/Julho/Ano n a 30/Junho/Ano n+1), uma
declaração ambiental, em que quantifica o seu desempenho ambiental traduzido por
um conjunto de indicadores ambientais, e cuja melhoria contínua dos valores obtidos
está na base do estabelecimento de metas e objectivos que constituem o Programa de
Gestão Ambiental.
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L I.3 - POLÍTICA DA QUALIDADE, AMBIENTE E SEGURANÇA ALIMENTAR
A Fio Dourado desenvolve a sua actividade na área da produção, embalamento e
comercialização de azeite. No lagar da Fio Dourado, encontra-se à disposição dos
olivicultores a mais avançada tecnologia de extracção de azeite, permitindo, mesmo a
produtores em pequena escala, obter o azeite da sua própria produção. A Fio Dourado
comercializa azeite, principalmente virgem extra, a granel e embalado, prestando
também o serviço de embalamento. A marca de referência da Fio Dourado é Quinta do
Juncal, comercializando azeite e vinagre no mercado nacional e em alguns mercados
internacionais.
A diferenciação pela qualidade dos produtos e serviços prestados, alicerçada no
acompanhamento da evolução tecnológica tem sido um dos pilares da estratégia da Fio
Dourado, que tem permitido conquistar e manter a imagem de confiança junto dos
clientes.
Seguindo a linha de permanente evolução que tem marcado o seu percurso, a Fio
Dourado tem implementado um Sistema de Gestão Integrado da Qualidade, Ambiente
e Segurança Alimentar, de acordo com as Normas NP EN ISO 9001:2015, NP EN ISO
14001:2015, NP EN ISO: 22000:2005 e com o Regulamento (CE) N.º 1221/2009 –
Sistema Europeu de Ecogestão e Auditoria (EMAS).
A Fio Dourado assume assim uma atitude de compromisso com a melhoria contínua e
prevenção da poluição e protecção do ambiente, apostando na eficácia da resposta às
solicitações dos clientes, na minimização do impacte ambiental das suas atividades,
produtos e serviços e na garantia de obtenção de produtos seguros, observando o
cumprimento dos requisitos legais e estatutários aplicáveis, ou outros que a Fio
Dourado subscreva, bem como os requisitos normativos ao nível da Qualidade,
Ambiente e Segurança Alimentar.
Para tal, a Fio Dourado estabeleceu como prioridade o cumprimento dos seguintes
objetivos:
Satisfação das necessidades dos clientes, ultrapassando as suas expetativas,
apostando na fidelização e na confiança;
Colocar à disposição dos consumidores produtos seguros e de qualidade;
Assegurar a identificação de perigos relacionados com a salubridade dos
produtos, estabelecendo medidas de controlo eficazes;
Assegurar uma comunicação eficaz com as partes interessadas, incluindo
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L fornecedores, clientes e entidades oficiais no que respeita a questões relacionadas com
a segurança alimentar e protecção do ambiente;
Incutir nos fornecedores a importância de manter elevados padrões de qualidade
de produtos e serviços;
Promover ações de formação e sensibilização para todos os colaboradores,
designadamente nas áreas de Qualidade, Ambiente e Segurança Alimentar;
Assegurar o rigor e um elevado nível de controlo na execução das atividades,
produtos e serviços;
Garantir a rastreabilidade dos produtos;
Promover a correcta operacionalidade de equipamentos e instalações para
minimizar o impacte ambiental das suas atividades, produtos e serviço e assegurar a
Segurança Alimentar;
Aumentar a ecoeficiência, através de uma correcta gestão da energia, da água e
resíduos, e do controlo dos aspectos ambientais significativos, estabelecendo e
revendo objetivos e metas ambientais;
Consciencializar os colaboradores para a adoção de posturas responsáveis, em
termos de Qualidade, Ambiente e Segurança Alimentar, quer em contexto de trabalho,
quer individualmente;
Envolver todos os colaboradores da Fio Dourado no Sistema de Gestão Integrado
de Qualidade, Ambiente e Segurança Alimentar, por forma a seguir uma cultura de
melhoria contínua e de excelência, a fim de melhorar o desempenho da organização.
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L I.4 - PROCESSO PRODUTIVO
O processo produtivo da Fio Dourado, em que o presente estudo se foca, encontra-se
descrito nos fluxogramas de extracção (3 fases e 2 fases) e de embalamento.
O processo de extracção decorre sazonalmente, desde o final de Setembro / início de
Outubro, até final de Janeiro, dependendo da disponibilidade de azeitona. Os processos
de extracção de 3 e de 2 fases são bastante semelhantes, sendo que no de 3 fases, no
decanter, ocorre a saída de azeite, bagaço de azeitona e água ruça, enquanto no de 2
fases, no decanter apenas se separam o azeite e o bagaço de azeitona húmido.
5. Pesagem
6. Transferência para palotes
7. Armazenagem(max. 24horas)
8. Recepção da azeitona (tegão)
9. Limpeza (Desfolhador)
4. Azeitonas
10. Lavagem (Lavadora)
11. Moenda
12. Batedura
13. Centrifugação horizontal (Decanter)
14. Centrifugação Vertical (Centrífugas)
15. Transferência Barricas do cliente
18. Transferência para Depósitos
(inox ou pvc)
19. Armazenagem
Desperdício(Folhas, paus, etc.)
Água de Lavagem e terra
Bagaço e água ruça
Água de lavagem do azeite
2. Azeite
3. Recepção de Azeite
16. Armazenagem
Fluxograma embalamento
1. Água
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1. Água
20. Expedição a Granel
17. Expedição
Figura 1 – Fluxograma do processo de extracção de azeite – linha de 3 fases.
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5. Recepção azeitonas(tegão)
6. Limpeza(Desfolhador)
4. Azeitonas
7. Lavagem(Lavadora)
8. Pesagem
11. Batedura
12. Centrifugação Horizontal (Decanter)
13. Centrifugação Vertical(Centrífugas)
14. Transferência
15. Depósitos inox ou pvc
16. Transferência
17. Armazenagem
9. Armazenamento (Tegão)
10. Moenda
Desperdício(Folhas, paus, terra,
pedras, etc.)
BagaçoHúmido
Recirculação de água
2. Azeite
3. Recepção de Azeite
19. Expedição a Granel
Fluxograma Embalamento
Água de lavagem
1. Água
1. Água
1. Água
1. Água
18. Loteamento
Água de lavagem de
azeite
A matéria-prima que alimenta estes circuitos de extracção de azeite é a azeitona,
proveniente de olivicultores que recorrem à Fio Dourado para produção do seu azeite.
O azeite produzido é separado por produtor e por variedade de azeitona. A linha de
extracção de 3 fases está mais vocacionada para olivicultores que realizam entregas
de menores quantidade de azeitona (a partir de 300 kg).
Em ambos os fluxogramas dos processos de extracção, as entradas são azeitona e
água, e as saídas são folhas, paus e outros materiais provenientes do campo, água de
lavagem de azeitona, bagaço, água ruça (apenas no processo de 3 fases) e água de
lavagem do azeite. As saídas do processo são consideradas subprodutos, pois são
encaminhadas para processos que as reaproveitam ou valorizam. As folhas, paus e
outros materiais provenientes do campo são espalhados em solo agrícola (pertencente
Figura 2 – Fluxograma do processo de extracção de azeite – linha de 2 fases.
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L aos sócios da Fio Dourado), pois contêm matéria orgânica de elevado interesse
fertilizante; as águas de lavagem da azeitona, águas ruças e águas de lavagem de
azeite são armazenadas em lagoas de evaporação e posteriormente espalhadas em
solo agrícola, onde também desempenham uma importante função fertilizante. O
bagaço de azeitona é utilizado por outra indústria como matéria-prima.
Ao longo deste processo ocorre consumo de energia eléctrica, para acionamento dos
diversos equipamentos de limpeza, lavagem e pesagem da azeitona, de moenda,
batedura, centrifugação da pasta de azeitona e centrifugação, transferência do azeite
produzido e encaminhamento do bagaço para outra entidade. Ocorre consumo de
biomassa (caroço de azeitona), como combustível utilizado nas caldeiras de
aquecimento de água.
O processo de embalamento decorre durante todo o ano, sendo a produção planeada
de acordo com as necessidades identificadas, no caso do azeite comercializado pela
Fio Dourado, com sua marca Quinta do Juncal, ou conforme as solicitações de clientes
para as suas marcas.
De acordo com a apresentação que se pretende dar ao produto (volumetria, tipo de
material, etc.), ocorre nesta fase um maior ou menor consumo de materiais, como por
exemplo garrafões PET, garrafas de vidro, rótulos, cápsulas metálicas e plásticas,
caixas de cartão, filme plástico, etc..
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4. Loteamento
5. Filtração
7. Enchimento
17. / 19. Armazenagem (*)
8. Encapsulamento
9. 2ª Encapsulamento(PVC)
11. Embalamento em caixas
12. Paletização
13. Armazenamento
10. Rotulagem e inscrição de lote e validade
Garrafas, Garrafões
Cápsulas de alumínio
Cápsulas pvc ou composto
Rótulos
1. Material subsidiário (embalagens, rótulos, etc.)
2. Recepção
3. Armazenagem
Caixas de Cartão
6. Armazenagem
14 . Expedição
Figura 3 – Fluxograma do processo de embalamento de azeite.
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L II - PROJECTO ECOFOOTPRINT FIO DOURADO
II.1 - ENQUADRAMENTO
A actividade da Fio Dourado está intrinsecamente associada à produção agrícola,
designadamente à olivicultura, por ser a azeitona a sua principal matéria-prima.
Os efeitos das alterações climáticas, das quais o aquecimento global provocado pelas
emissões de gases com efeitos de estufa é uma das principais componentes, decorrem
em grande parte da intensificação das acções antropogénicas associadas aos
diferentes sectores da economia. Uma das mais graves consequências que o fenómeno
das alterações climáticas representa é a ameaça de redução da disponibilidade de
alimentos para uma população mundial em crescimento. A diminuição da
disponibilidade de alimentos em consequência da redução da produtividade das
culturas, pecuária e pesca, gera uma maior volatilização dos preços dos alimentos, com
graves consequências sobretudo em regiões de maior fragilidade económica.
O sector agrícola, pelo seu potencial para contribuir para o balanço global do ciclo do
carbono, é considerado como uma oportunidade para o desenvolvimento e
implementação de sinergias de adaptação e mitigação dos efeitos das alterações
climáticas, bem como promotor de benefícios socioeconómicos e ambientais, com vista
a alcançar as metas estabelecidas para 2030 no Acordo de Paris (Novembro 2015).
Por outro lado, sendo a agricultura muito dependente de processos biológicos e de
condições agro-ecológicas e socioeconómicas muito variáveis, a implementação de
medidas eficazes e sustentáveis é um processo bastante complexo e por vezes incerto.
As medidas a definir e as acções a implementar para tornar a agricultura mais
sustentável, produtiva e resiliente, devem integrar os conceitos de agroecologia e
intensificação sustentável, optimizando o rendimento e criando resiliência nos sistemas.
Considerando que é urgente os intervenientes das cadeias alimentares direcionarem
as suas opções para a redução das emissões gasosas, e que para empreender acções
nesse sentido é necessário, antes de mais, quantificar as emissões associadas a uma
actividade ou produto, a Fio Dourado, enquanto interveniente na fileira do azeite, definiu
como uma das suas prioridades ambientais o cálculo da pegada de carbono.
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L II.2 - OBJECTIVOS
Este projecto visa desenvolver uma metodologia para avaliação do desempenho
ambiental da Fio Dourado, ao nível da influência sobre as alterações climáticas através
das emissões de gases com efeito de estufa.
Ao candidatar-se a este projecto, a Fio Dourado envolveu outra entidade, o CTIC –
Centro Tecnológico das Indústrias do Couro, entidade parceira da Fio Dourado há já
vários anos, como consultora nas áreas de segurança alimentar, qualidade e ambiente.
Definiu-se conjuntamente um plano para o estudo, desenvolvimento e implementação
de uma metodologia baseada na Análise de Ciclo de Vida (ACV), para o cálculo da
pegada de carbono associada ao azeite produzido e comercializado pela Fio Dourado,
com vista à melhoria dos processos e produtos e à redução do impacte ambiental,
detalhando tanto quanto possível, o contributo de cada fase para a pegada de carbono,
permitindo definir estratégias para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
Pretende-se também estabelecer paralelismos entre a metodologia desenvolvida
adaptada às particularidades da Fio Dourado, bem como dos produtores que integram
a cadeia de fornecimento de azeitona, e outras metodologias semelhantes.
A determinação pegada de carbono do azeite, enquanto componente da sua pegada
ambiental não se esgota com o término deste projecto. A metodologia/itinerário de
cálculo desenvolvida constituirá uma ferramenta dinâmica, facilmente adaptável a
diferentes condições ao nível da produção primária, ao nível das etapas de
processamento ou de diferentes embalagens consideradas. Permitirá também avaliar
e comparar a evolução ao longo do tempo do desempenho do azeite produzido e
comercializado pela Fio Dourado, ao nível das emissões de gases com efeito de estufa.
Numa perspectiva mais abrangente, a determinação da pegada de carbono baseada
na análise de ciclo de vida de um produto, poderá ser o ponto de partida para uma
abordagem global das emissões da Fio Dourado enquanto organização.
Por último, e não sendo para já alvo de uma verificação e validação externa que permita
incluir na embalagem a informação do valor da pegada de carbono, pretende-se
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L também dar os primeiros passos ao nível de benchmarking ambiental do produto,
podendo a pegada de carbono dos produtos futuramente posicioná-los em termos do
seu impacte ambiental ao nível das alterações climáticas, face a outros produtos da
mesma categoria.
Julga-se ser uma forma de contribuir para consolidar a imagem da organização, de
diferenciação do produto, melhoria dos indicadores de informação relacionados com a
sustentabilidade, integração dos agricultores de forma activa no ciclo de vida do produto
agroalimentar, e identificação de práticas sustentáveis para que as suas actvidades
possam contribuir para melhorar o nível de emissões.
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L II.3 - CONCEITOS
A primeira etapa para o desenvolvimento do projecto envolveu a clarificação de alguns
conceitos, para o que foi fundamental a consulta de informação e de algumas
metodologias para cálculo da pegada de carbono.
Das fontes pesquisadas destacamos o Guide to PAS 2050 – How to assess the carbon
footprint of goods and services, desenvolvido pelo BSI (British Standards) em
colaboração com o Carbon Trust e o DEFRA (Department for Environmental, Food and
Rural Affairs), o Greenhouse Gas Protocol – Metodologia GHG Protocol da Agricultura
e a metodologia Carbon Balance desenvolvida pelo Conselho Oleícola Internacional.
Destacamos ainda a Recomendação da Comissão de 9 de Abril de 2013 (2013/179/UE)
sobre a utilização e métodos comuns para a medição e comunicação do ciclo de vida
de produtos e organizações, por revelar a tendência evolutiva para a necessidade de
medição de quantificação dos aspectos ambientais de produtos e organizações.
Pegada ambiental dos produtos – resultado de um estudo da pegada ambiental dos
produtos baseado num método geral para medir e comunicar o potencial impacto
ambiental do ciclo de vida de um produto.
Categoria de impacto pegada ambiental – Classe de utilização dos recursos ou de
impacte ambiental a que se referem os dados do perfil de utilização dos recursos e
emissões.
Indicador de categoria de impacto da pegada ambiental – representação
quantificável de uma categoria de impacto da pegada ambiental.
No caso deste projecto, a categoria de impacto da pegada refere-se às alterações
climáticas, sendo o CO2e o indicador que reflecte o perfil de emissões de gases com
efeito de estufa de acordo com o seu potencial de aquecimento global
Potencial de aquecimento global – factor que descreve o impacto de um dado gás
com efeito de estufa durante um determinado período de tempo, expresso como CO2
equivalente.
Ciclo de vida – etapas consecutivas e inter-relacionadas de um sistema de produto,
desde a aquisição da matéria-prima ou a sua geração a partir de recursos naturais, até
à eliminação final.
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L Avaliação do ciclo de vida (ACV) – compilação e avaliação das entradas, saídas e
impactos ambientais potenciais de um sistema ou produto ao longo do seu ciclo de vida.
Unidade funcional – referência para o desempenho quantificado do sistema. A
definição da unidade funcional é um passo muito importante no cálculo da pegada de
carbono, uma vez que todos os cálculos se referem a esta unidade, que proporciona a
base para comparação e comunicação de resultados.
Diagrama de limites do sistema – é uma representação esquemática do sistema, que
indica as partes do ciclo de vida incluídas na análise ou delas excluídas. Um diagrama
dos limites do sistema pode ser uma boa ferramenta para definir os limites do sistema
e organizar as subsequentes actividades de recolha de dados.
Dados do inventário do ciclo de vida – dados quantificados sobre as entradas e
saídas respeitantes a um produto ou organização ao longo do seu ciclo de vida, que
tanto podem ser específicos como genéricos.
Qualidade dos dados – características dos dados que se relaciona, com a sua
capacidade para satisfazer os requisitos estabelecidos. A qualidade dos dados abrange
vários aspectos, como a sua representatividade tecnológica, geográfica e temporal, e
ainda a exaustividade e precisão dos dados do inventário.
Dados específicos – recolhidos, medidos ou calculados utilizando os dados da
actividade e os factores de emissão conexos. Os factores de emissão podem ser
derivados de dados genéricos sujeitos a requisitos de qualidade dos dados.
Dados genéricos – provenientes de bibliografia ou documentos científicos, dados
médios do sector industrial, dados de inventário, estatísticos, governamentais, etc.
Devem ser obtidos dados específicos de todos os processos de primeiro plano e sobre
os processos de segundo plano, se adequado. Contudo, se os dados genéricos forem
mais representativos ou adequados para os processos de primeiro plano, devem
também ser utilizados dados genéricos para os processos de primeiro plano.
Processos de primeiro plano – processos centrais no ciclo de vida do produto, para
os quais está disponível acesso directo à informação.
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L Processos de segundo plano – processos no ciclo de vida para os quais não é
possível acesso directo à informação. Para estes processos são geralmente utilizados
dados genéricos.
Entrada – fluxo de produtos, materiais ou energia que entre num processo unitário.
Inclui matérias-primas, produtos intermédios e coprodutos.
Saída – fluxo de produtos, materiais ou energia que sai de um processo unitário. Inclui
matérias-primas, produtos intermédios, co-produtos e descargas.
Fluxos elementares – materiais ou energia que entram no sistema em estudo e que
foram extraídos do ambiente sem transformação humana prévia, ou materiais ou
emergia que saem do sistema em estudo e são libertados no ambiente sem
transformação humana subsequente (ex.: recursos extraídos da natureza, emissões
para a atmosfera, solo, etc., directamente ligados aos factores de caracterização das
categorias de impacte da pegada ambiental).
Fluxos não elementares (ou complexos) – são todas as restantes entradas
(electricidade, materiais, processos de transporte) e saídas (resíduos, produtos
secundários) num sistema, que exigem mais esforços de modelização para serem
transformados em fluxos elementares. Todos os fluxos não elementares do perfil de
utilização dos recursos e emissões devem ser transformados em fluxos elementares,
para garantir a comparabilidade.
Critérios de corte – quantidade de fluxo de matéria ou de energia, ou o nível de
importância ambiental associado aos processos unitários ou ao produto, para
estabelecer a exclusão/inclusão dos dados no estudo. Servem para estabelecer a
dimensão mínima de entradas e saídas a incluir no cálculo da pegada de carbono. É
aceite considerar processos cuja soma representa 95% do impacto associado à
unidade funcional e descartar as fontes que contribuem com menos de 1% para o
impacte associado à unidade funcional.
Sequestro – Armazenagem temporária de carbono que ocorre quando um produto
reduz os gases com efeito de estufa na atmosfera ou cria emissões negativas,
removendo e armazenando carbono durante um período mais ou menos longo.
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L II.4 - METODOLOGIA
Pela capacidade que o olival tem de fixar carbono, os métodos generalistas de cálculo
da pegada de carbono tornam-se pouco realistas, por não considerarem a capacidade
de sumidouro potencial de CO2. Contrariamente ao que sucede em outros sectores de
actividade, a agricultura permite, com uma adequada gestão das práticas culturais,
compensar as emissões de CO2 para a atmosfera, e ainda capturar e armazenar
carbono na biomassa das plantas e no solo.
Considerar o sequestro de carbono é difícil e exige investigações prévias e estudos
detalhados de adaptação para cada produto e agro-sistema onde se produz,
O sector alimentar, cujas matérias-primas podem aportar um factor de compensação
que reduz, neutraliza e pode mesmo tornar a pegada de carbono negativa provocada
pelas emissões de gases com efeitos de estufa do processo global da fileira.
A metodologia seguida neste estudo teve em conta os pressupostos anteriormente
apresentados. Foram também tomadas em consideração outras metodologias
disponíveis e parcialmente enquadradas, sempre que julgou oportuno, no contexto real
da análise aqui realizada.
Seguidamente, descrevem-se as actividades desenvolvidas ao longo deste estudo:
Actividade 1 – Definição da unidade funcional
Em primeiro lugar foi necessário estabelecer a unidade funcional do produto utilizada
como unidade à qual se referem todos os cálculos, constituindo a base para a
comparação e posterior comunicação dos resultados.
A unidade funcional considerada foi a garrafa de vidro de 0,5 l de azeite virgem extra.
Actividade 2 – Ciclo de vida do produto e mapas de processo
Esta etapa consistiu na identificação de todos os materiais, actividades e processos
envolvidos no ciclo de vida do produto.
Nesta avaliação da pegada de carbono, consideraram-se as etapas compreendidas
entre a obtenção das matérias-primas até à colocação do produto no mercado (à saída
das instalações da Fio Dourado).
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L Actividade 3 – Definição dos limites do sistema
O princípio geral, em que se baseou o estabelecimento dos limites do sistema, foi a
inclusão de todos os processos que geram emissões como consequência direta ou
indireta do produto em estudo (o olival, o lagar, a embalagem, a gestão dos resíduos e
subprodutos, o tratamento das águas residuais, os consumos, etc.).
Neste estudo, foram consideradas as entradas para o processo de obtenção de
azeitona (consumos energéticos em rega e operações culturais, factores de produção),
os consumos de energia e água na transformação da azeitona, eliminação dos
subprodutos (águas residuais e bagaço) e no processo de embalamento, e as emissões
associadas à obtenção dos materiais de embalagem.
A utilização e eliminação não foram aqui consideradas. A utilização será o consumo na
alimentação humana. A eliminação ou valorização, não foram consideradas, em virtude
de não haver um conhecimento efectivo do seu destino.
Actividade 4 – Definição dos critérios de corte
Consideraram-se os processos cuja soma representa pelo menos 95% do impacte
associado à unidade funcional e descartaram-se os que contribuem com menos de 1%
para o impacte associado à unidade funcional.
Na produção primária, consideraram-se todos os elementos constantes da conta de
cultura de cada sistema de olival em estudo (intensivo e superintensivo ou em sebe).
Figura 4 – Diagrama de limites do sistema em estudo.
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L Na fase de transformação, foram também contabilizados todos os consumos
associados ao processo de produção (energia e água), bem como os consumos
associados ao encaminhamento dos subprodutos resultantes do processo. Estes
últimos foram contabilizados conjuntamente com os produtivos, e referem-se ao
consumo energético para o encaminhamento do bagaço de azeitona para outra
entidade e para a injeção da água ruça, após evaporação, num sistema de rega que
vai beneficiar olivais dos sócios da Fio Dourado.
Relativamente ao embalamento, aplicou-se o critério de corte acima referido, de não
considerar as emissões associadas aos materiais cuja representatividade, em massa,
da unidade funcional, fosse inferior a 1%. Desta forma foram excluídos o rótulo e contra-
rótulo, bem como a cápsula metálica.
Não foram consideradas emissões associadas aos edifícios e sua manutenção, pois os
valores encontrados seriam muito pouco rigorosos, e representariam consumos e
emissões associados à produção total de azeite, incluindo o azeite a granel, pelo que
a sua relação com a unidade funcional em estudo seria pouco representativa.
Actividade 5 – Compilação de dados
Uma vez elaborado o mapa de processos, procedeu-se à recolha de informação
(entradas e saídas) necessária para estimar as emissões geradas nos diferentes
processos e atividades, identificados e incluídos dentro dos limites do sistema.
Os dados compilados permitiram identificar com exactidão, ou estimar de forma muito
aproximada, os consumos e emissões associados a cada processo, quer se tratem de
dados específicos ou genéricos.
Para a decisão de que dados considerar, sobretudo no que respeita aos dados
genéricos, foram observados requisitos de qualidade dos dados (âmbito temporal, área
geográfica, tecnologia, fonte, precisão, representatividade, integridade, coerência,
reprodutibilidade, incerteza), para assegurar a validade dos cálculos, a precisão do
valor da pegada obtida e a reprodutibilidade e comparabilidade da metodologia.
Actividade 6 – Repartição de emissões
Os grandes processos considerados neste estudo são a produção de azeitona, a
transformação no lagar e embalamento.
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L Na produção de azeitona, por se ter uma base de dados bastante completa
relativamente a todas as operações culturais, conseguiu-se com algum detalhe, obter
as emissões por cada uma das etapas deste processo, obtendo as emissões
associadas a cada operação/consumo considerada.
Relativamente à produção no lagar, apenas dispomos dados relativos aos consumos
para a totalidade das etapas do fluxograma de produção, não existindo valores para
cada etapa individualizada, pois todas as etapas decorrem de forma sequencial,
contínua, e sem intervalos de tempo significativos. Os dados apresentados incluem
também as emissões associadas aos consumos dos processos de eliminação do
bagaço de azeitona e das águas residuais.
No que respeita ao embalamento, foi possível mais detalhe, pois o consumo energético
deste processo havia sido anteriormente medido, numa auditoria energética realizada
no âmbito de outro projecto, cujos dados permitiram obter o valor de consumo
energético associado ao enchimento da unidade funcional
Actividade 7 – Análise de dados e identificação das limitações do estudo
Todos os dados recolhidos foram convenientemente analisados e sempre que possível,
utilizaram-se dados específicos. Nas situações em que houve necessidade de optar por
dados genéricos, foi feita uma pesquisa junto de fontes credíveis, tentando sempre
optar por aqueles que melhor se ajustam à realidade da Fio Dourado.
Actividade 8 – Cálculo da pegada
O somatório das emissões associadas a cada processo, expressas por garrafa de vidro
de 0,5 l de azeite virgem extra, resulta na pegada de carbono desta unidade funcional.
Os dados primários e secundários foram convertidos utilizando os factores de emissão
disponíveis, elegendo sempre que possível, os mais actualizados e provenientes de
fontes e bases de dados de qualidade comprovada.
Posteriormente, somaram-se as diferentes componentes para obter a pegada de
carbono, considerando cada um dos sistemas de produção de olival.
Na produção primária, importa considerar o potencial de sequestro de carbono do olival,
muitas vezes não considerado na maior parte das metodologias existentes para cálculo
da pegada de carbono. Com efeito, através da pesquisa de vários artigos científicos
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L baseados em ensaios realizados em olival, concluiu-se que esta cultura, se conduzida
numa perspectiva de boas práticas agronómicas e ambientais, promove a fixação de
quantidades consideráveis de carbono, permitindo compensar as emissões que lhe
estão associadas.
Actividade 9 – Delineamento de medidas estratégicas para reduzir a pegada
Com base nos resultados obtidos, e analisando as diferentes contribuições de cada
etapa e de cada sistema produtivo, foi possível identificar um conjunto de medidas a
implementar, de planeamento e de operação, por forma a tentar reduzir as emissões
gasosas com efeito de estufa associadas ao azeite produzido e comercializado pela Fio
Dourado.
Actividade 10 – Avaliação e relatório
O presente relatório é o resultado da metodologia de cálculo da pegada de carbono do
azeite produzido e comercializado pela Fio Dourado, e procurou basear-se na melhor
informação disponível, retratando de forma transparente os cenários em que este
estudo incidiu, bem como identificando as suas limitações.
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L III - CÁLCULO DA PEGADA DE CARBONO
Definida a unidade funcional, a metodologia e os pressupostos a considerar em cada
etapa, apresentamos agora de forma detalhada a informação utilizada para o cálculo
da pegada de carbono.
O azeite comercializado pela Fio Dourado com a sua marca – Azeite Quinta do Juncal,
provém de azeitonas obtidas na exploração agrícola pertencente aos seus sócios. Os
olivais considerados são conduzidos principalmente de dois modos, em sistema
intensivo e em sistema superintensivo, também designado por olival em sebe.
Para cada um destes modos de condução de olival escolheu-se uma parcela
representativa.
As parcelas selecionadas para representar cada um dos sistemas estão caracterizadas
no quadro seguinte.
Olival intensivo Olival em sebe
Parcela Lavradios Alcaidaria
Variedade de azeitona Cobrançosa Arbosana
Área (ha) 6,49 8,75
Azeitona produzida (kg/ha) 1 6518,7 15500,14
Azeite obtido (l/ha) 2 912,17 2614,83
Rendimento (% l/kg) 13,99 16,87
1) Valores da produção de azeitona para cada parcela (em kg) retirados do programa informático WinLagar, tomando-se por referência a média de
produção das últimas 4 campanhas (2012/2013, 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016). 2) Valores da produção de azeite a partir da azeitona de cada parcela (em l) retirados do programa informático WinLagar, tomando-se por referência
a média de produção das últimas 4 campanhas (2012/2013, 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016).
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L Relativamente a operações culturais, os dois sistemas de olival em estudo apresentam
itinerários técnicos semelhantes, sendo apenas os consumos e emissões associadas
diferentes em termos quantitativos, o que irá originar diferentes níveis de contribuição
para a pegada.
A empresa agrícola dispõe de um software de gestão onde são registadas todas as
operações culturais, a partir do qual foram retirados dados específicos para o cálculo
da pegada, garantindo-se assim que os valores obtidos representam com bastante rigor
a realidade.
Seguidamente, para cada sistema de olival, são apresentados os fluxos associados a
consumos e emissões, que contribuem para a pegada de carbono.
III.1 – OLIVAL INTENSIVO
III.1.1 - Produção primária
Olival intensivo - Lavradios
Área (ha) 6,49
Produção (l/ha) 912,17
Figura 5 – Entradas e saídas no sistema de produção de azeitona em olival intensivo.
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L Operações culturais – consumo de gasóleo
Para o cálculo das emissões de CO2 decorrentes das operações culturais que implicam
o consumo de gasóleo, foram utilizados dados específicos relativamente às horas
consumos em cada operação, utilizando-se dados genéricos para a determinação das
emissões associadas a cada litro de gasóleo consumido.
Emissões de CO2eq/ litro de gasóleo: 2,63034 kgCO2eq
Valor calculado a partir do documento disponibilizado online pela Agência Portuguesa de Ambiente (APA) Formulário Único
SIRAPA - Manual de Apoio ao Preenchimento do Formulário PRTR - Emissões de Combustão - Determinação de emissões ar por
fatores de emissão emissões factores de combustão de Maio de 2015:
Emissão de CO2 = Dados da Atividade x Factor de Emissão x Factor de Oxidação
sendo: factor de emissão do gasóleo = 74,1 kgCO2eq/GJ, factor de oxidação do gasóleo = 0,990, PCI gasóleo = 43,07 GJ/ton,
e com base na Ficha Técnica Repsol Agrodiesel 10 e+, sendo efectivamente este o combustível utilizado na exploração agrícola,
considerando a sua densidade de 0,8325 t/ m3 (a 15º C).
Emissão de CO2 eq/litro de gasóleo = 0,0008325 ton/l x 43,07 GJ/ton x 74,1 kg CO2 eq /GJ x 0,99 = 2,63034 CO2eq/l
Operação Equipamento Consumo (l/h) Horas Kg CO2eq Kg CO2eq/ha Kg CO2eq/0,5 l azeite
Poda Tractor MF 165 + compressor 5,85 49,5 761,69 117,36 0,0643
Triturar lenha de poda Fendt 820 + destroçador 19 6,49 324,35 49,98 0,0274
Adubação Fendt 820 + pulverizador 11 4 115,74 17,83 0,0098
Tratamentos fitossanitários Fendt 820 + pulverizador 11 19 549,75 84,71 0,0464
Colheita e transporte Fendt 714 + reboque 3500 kg 12 4,08 128,78 19,84 0,0109
Acompanhamento Carrinha Pick Up Mazda 12 l/100 km 140 km 44,19 6,81 0,0037
Total emissões decorrentes do consumo de gasóleo nas operações culturais 0,1625
Fertilizantes
As emissões associadas a fertilizantes (excluindo a aplicação, cujas emissões estão
incluídas na rega e espalhamento), foram calculadas com base nos registos efectuados
no programa de gestão agrícola, com valores reais, para quantificação das unidades
fertilizantes aplicadas. Utilizaram-se factores de emissão associados à produção dos
diferentes tipos de fertilizantes, para cálculo das emissões por unidade de fertilizante.
Emissões de CO2eq/ kg unidade fertilizante
De acordo com a publicação “Bilan Carbone – Enterprises et Colletivités - Guide des facteurs d’émissions - Version 6.1 - Calcul des
facteurs d’émissions et sources bibliographiques utilisées – Chapitre 6 – Prise en compte des poriduits entrantes: produits servant
aux activités agricoles, d’élevage et agro-alimentaires” de Junho 2010, da ADEME – Agence de l’Environment de la Maîtrise de l’
Energie, consideraram-se os seguintes factores de emissão associados à produção de fertilizantes:
Solução azotada: 1,408 kg CO2eq/kg N
Adubos ternários: 1,445 kg CO2eq/kg N; 0,256 kg CO2eq/kg P; 0,139 kg CO2eq/kg K
Adubo binário PK: 0,155 kg CO2eq/kg P; 0,121 kg CO2eq/kg N
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L Fertilizante Quantidade aplicada (kg) Kg CO2eq Kg CO2eq/ha Kg CO2eq/0,5 l azeite
Solução 27 N 1136,48 432,04 66,57 0,0365
6-15-9 1878,4 258,49 39,83 0,0218
4-4-12 1353,73 114,69 17,67 0,0097
Fosfiron 0-30-20 10,4 0,7353 0,1133 0,00005
Hero K 5,3 0,6413 0,099 0,0005
Nitrato de Magnésio 306,7 40,16 6,19 0,0034
Total 0,0716
Fitofármacos
Recorrendo à base de dados das contas de cultura, identificaram-se os produtos
fitofarmacêuticos e respectivas quantidades aplicadas.
Consideraram-se as quantidades de substância activa por unidade de produto, de
acordo com as informações constantes nos rótulos e fichas técnicas dos produtos.
Para quantificação das emissões associadas aos fitofármacos utilizados, depois de
determinadas as quantidades de substância activa aplicadas, multiplicaram-se essas
quantidades pelos factores de emissão, por tipo de produto (herbicida, fungicida e
insecticida), de acordo com os dados seguintes.
O total das emissões, por tipo de produto (herbicida, fungicida e insecticida) é resultante
do somatório das emissões de todos os produtos.
Emissões de CO2eq/ kg substância activa de fitofármacos
De acordo com a publicação “Bilan Carbone – Enterprises et Colletivités - Guide des facteurs d’émissions - Version 6.1 - Calcul
des facteurs d’émissions et sources bibliographiques utilisées – Chapitre 6 – Prise en compte des poriduits entrantes: produits
servant aux activités agricoles, d’élevage et agro-alimentaires” de Junho 2010, da ADEME – Agence de l’Environment de la Maîtrise
de l’ Energie, consideraram-se os seguintes valores médios para os factores de emissão associados à produção de produtos
fitofármacos:
Herbicida: 2,46 kg CO2eq/kg s.a.
Fungicida: 1,65 kg CO2eq/kg s.a.
Insecticida: 6,88 kg CO2eq/kg s.a.
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Considerando a área total da parcela de olival intensivo em estudo (6,49 ha), chegou-
se a um total de emissões provenientes da produção de fitofármacos de 641,23, a que
corresponde 0,0542 kg CO2eq/garrafa 0,5 l.
Embalagens de fitofármacos
As embalagens em que os fitofármacos são acondicionados, desde a sua produção até
à sua utilização na exploração e eliminação, constituem também uma fonte de
emissões de gases com efeitos de estufa.
As embalagens consideradas são as embalagens primárias em plástico (PET), tendo-
se considerado as emissões associadas à sua produção.
Substância activa quant. s.a. /
quant. produto
produto
aplicado
kg s.a.
aplicada
Kg CO2eq
Herbicidas
Barbarian 360 Glifosato 0,360 kg s.a./l 13,33 l 4,799 11,78
Fungicidas
Kocide 2000 Hidróxido de cobre 0,350 kg s.a. /kg 17,32 kg 6,062 10,00
Inacop L Oxicloreto de cobre 0,380 kg s.a. l 35,1 l 13,338 22,01
Cobre Nordox Super 75 Wg Óxido cuproso 0,750 kg s.a./kg 10,6 kg 7,950 13,12
Calda bordalesa Vallés Sulfato de cobre e cálcio 0,200 kg s.a./kg 62,9 kg 12,580 20,76
Insecticidas
Perfekthion Dimetoato 0,400 kg s.a l 29,77 l 11,908 81,93
Paladium Difenoconazol 0,250 kg s.a./l 3,57 l 0,893 6,14
Citrole Óleo de Verão 0,790 kg s.a. /l 55,24 l 43,640 320,88
Tolfin Óleo de Verão 0,848 kg s.a./l 26,50 22,472 154,61
Total emissões de fitofármacos 641,23
Total de emissões de fitofármacos /ha 98,81
Total de emissões de fitofármacos / garrafa 0,5 l azeite 0,0542
Emissões de CO2eq na produção de embalagens PET: 1 kg de embalagens PET = 3,49 kg CO2eq
Fonte: “Environmental Product Declarations of the European Plastics Manufacturers Poly-ethyleneterephthalate (PET) -
Association of Plastic Manufacturers - Plastics Europe", Novembro 2008
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* embalagem em saco papel, não considerado.
Após a utilização dos produtos na exploração, são armazenadas e enviadas para a
Valorfito, que gere um sistema específico para recolha e tratamento dos resíduos de
embalagens de fitofármacos. De acordo com informação da Valorfito, 90 % das
embalagens de fitofármacos recolhidas são recicladas e 10 % das embalagens são
incineradas.
Volume
embalagem
Quantidade
aplicada
n.º embalagens kg plástico Kg CO2eq/
kg plástico
Barbarian 360 20 l 13,33 l 0,67 0,645 2,251
Kocide 2000 25 kg 17,32 kg 0,69 0,104 0,363
Inacop L 5 l 35,1 l 7,02 1,692 5,905
Cobre Nordox Super 75 Wg 10 kg 10,6 kg 1,06 0,064 0,223
Calda bordalesa Vallés 25 kg 62,9 kg * * *
Perfekthion 25 l 29,77 l 1,19 1,433 5,000
Paladium 1 l 3,57 l 3,57 0,171 0,597
Citrole 25 l 55,24 l 2.21 2,661 9,287
Tolfin 25 l 26,50 1,06 1,276 4,453
Total emissões na produção de embalagens de fitofármacos 8,424 28,079
Total emissões na produção de embalagens de fitofármacos / ha 1,298 4,327
Total emissões na produção de embalagens de fitofármacos/ garrafa 0,5 l azeite 0,0007 0,0024
Emissões de CO2eq na reciclagem de embalagens PET:
1 kg de embalagens PET:
CO2 – 2,267 kg; CH4 – 1,673 x 10-3 kg; N2O – 3,538 x 10-7 kg
Emissões de CO2eq na incineração de embalagens PET:
1 kg de embalagens PET:
CO2 – 2,020 kg; CH4 – 2,629 x 10-5 kg; N2O – 2,739 x 10-5 kg
Fonte: Ecoinvent, 2010
Considerando os Potencias de Aquecimento Global (PAG ou GWP) definidos pelo IPCC (2006), retirados de “Carbon footprinting
on farms – Information sheet”, da Soil Association Producer Support (GB):
1 kg CO2 = 1 kg CO2eq; 1 kg CH4 = 21 kg CO2eq; 1 kg N2O = 310 kg CO2eq
Para determinação das emissões, para cada processo de eliminação, consideraram-se os factores de emissão de cada gás com
efeito de estufa, e converteram-se em kg CO2eq.
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L Assim, teremos para a reciclagem de 1 kg de PET:
(2,267 kg CO2 x 1 kg CO2eq/kg CO2) +
(1,673 x 10-3 kg CH4 x 21 kg CO2eq/kg CH4) +
(3,538 x 10-5 kg N2O x 310 kg CO2eq/kg N2O) = 2,313 kg CO2eq
e, para a incineração de 1 kg de PET:
(2,020 kg CO2 x 1 kg CO2eq/kg CO2) +
(2,629 x 10-5 kg CH4 x 21 kg CO2eq/kg CH4) +
(2,739 x 10-5 kg N2O x 310 kg CO2eq/kg N2O) = 2,029 kg CO2eq
Transporte de fitofármacos e fertilizantes
Consideraram-se também conta as emissões associadas ao transporte dos produtos
aplicados no olival. Em média, são realizadas 8 entregas de produtos, com um percurso
médio de 140 km cada, pelo que, no total, será feita uma deslocação de 1120 km,
considerando que essa deslocação para transporte dos produtos é realizada por um
veículo pesado de mercadorias, que consome 39,42 l gasóleo/100 km (Fonte: Projecto de
Investigação PTDC/AUR/64086/2006 - “Custos e Benefícios, à escala local, de uma Ocupação Dispersa" – PortoCargo, MAN (TGX
18.440 4x2 BLS), Renault, TJA).
Em 1120 km, são consumidos 441,52 litros de gasóleo do que resultam emissões de
1161,36 kgCO2eq (factor de emissão do gasóleo, anteriormente referido, de 2,63034 kgCO2eq/litro), relativas ao
transporte de produtos para a área total de olival da exploração – 62,24 hectares. A
parcela em estudo corresponde a 6,49 ha, representando 121,10 kgCO2eq, o que,
reportando o valor à unidade funcional, resulta em 0,0102 kgCO2eq/ garrafa 0,5 l azeite.
Rega
Os olivais da exploração são regados, a partir de furos artesianos próprios, em que a
água é bombada com recurso a energia eléctrica contratada a uma empresa de
abastecimento.
Método de eliminação % kg embalagens plásticas kg CO2eq/ kg embalagens Kg CO2eq
Reciclagem 90% x 8,424 7,582 2,313 17,537
Incineração 10% x 8,424 0,842 2,029 1,708
Total emissões de eliminação de embalagens de fitofármacos 19,245
Total de emissões de eliminação de embalagens de fitofármacos /ha 2,965
Total de emissões de eliminação de embalagens de fitofármacos / garrafa 0,5 l azeite 0,0016
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L Através dos valores facturados, e do preço médio do kW no período de rega do olival,
foi possível ter conhecimento dos kW consumidos na rega desta parcela.
Tubos de rega
A rega dos olivais é feita através de sistema gota-a-gota, em que são utilizados tubos
plásticos, de polietileno de baixa densidade. Considera-se que estes tubos têm uma
duração média de 10 anos, tendo-se calculado as emissões associadas à sua
produção, diferindo esse valor pelos 10 anos de vida útil.
Cada rolo de tubo de 400 m, tem o peso de 20,5 kg; para 1 ha são necessários 2500 m
de tubo, o que corresponde a 128,125 kg PEBD/ha.
Os tubos de rega utilizados por ha, representam 272,906 kg CO2eq, atribuindo-se, em
cada ano da sua vida útil, 27,29 kg CO2eq/ha, o que representa, considerando a unidade
funcional, 0,0150 kg CO2eq/garrafa 0,5 l azeite.
III.1.2 – Transformação – lagar
No que respeita às emissões de gases com efeitos de estufa decorrentes do processo
de transformação da azeitona para obtenção de azeite no lagar da Fio Dourado, já
existe uma base de dados, consistente e verificada, que tem servido, para a elaboração
das Declarações Ambientais da Fio Dourado, no âmbito da certificação pelo Sistema
Europeu de Ecogestão e Auditoria – EMAS.
Consumo total (kW) Consumo kW/ha Factor emissão kg CO2eq/ ha regado kg CO2eq/garrafa 0,5 l azeite
15023,69 2314,90 0,35858 kg CO2eq/kW 830,0768 0,4548
Emissões de CO2eq/ kW
1 kW corresponde a 358,58gCO2eq (Fonte: factura Endesa), o que equivale a 0,35858 kg CO2eq/ kW
Emissões de CO2eq/ kg tubo de PEBD produzido
1 kg corresponde a 2,13 kg CO2eq (Fonte: Plastics Europe - Association of Plastics Manufacturers)
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Em termos de emissões quantificadas, a Declaração Ambiental da Fio Dourado tem
contemplado apenas as emissões das caldeiras e decorrentes da utilização de
combustível nas viaturas e no empilhador. Contudo, os dados associados ao consumo
energético (electricidade, caroço de azeitona e gasóleo) estão quantificados, pelo que
apenas é agora necessário calcular, com base nos factores de emissão, as emissões
gasosas associadas aos processos que decorrem nesta fase.
Electricidade
Considerando o valor médio de consumo de energia eléctrica constante nas
Declarações Ambientais 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, por cada tonelada de
azeitona processada, ocorre um consumo de 0,0277 MW, o que corresponde a 0,0277
kW/kg azeitona processada, a que representa 0,0099 kgCO2eq/kg azeitona processada
equivalendo a 0,0354 kgCO2eq/ garrafa 0,5 l azeite.
Biomassa – Caroço de azeitona
As emissões gasosas das caldeiras da Fio Dourado são periodicamente monitorizadas,
por forma a garantir o cumprimento da legislação vigente relativa a emissões gasosas.
O caroço de azeitona utilizado nas caldeiras para aquecimento de água representa, de
acordo com os valores das Declarações Ambientais 2013/2014, 2014/2015 e
2015/2016, um valor médio de emissões de 0,0348 kgCO2eq/kg azeitona processada, o
que representa 0,1244 kgCO2eq/ garrafa 0,5 l azeite.
Consumo de água de rede
De acordo com as Declarações Ambientais 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, por
cada tonelada de azeitona processada consome-se 0,372 m3 de água (valor médio do
consumo das três campanhas, em período de laboração do lagar).
Para a unidade funcional, as emissões associadas ao consumo de água representam
0,0010 kgCO2eq/ garrafa 0,5 l azeite.
Factor de emissão associado a água da rede: 0,788 kgCO2eq/m3 água
Fonte: calculadora “Estratégia Aragonesa de Cambio Climatico y Energias Limpias”.
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L III. 1.3 – Embalamento
O processo de embalamento decorre nas instalações da Fio Dourado, sendo utilizadas
diferentes volumetrias e materiais. A unidade funcional escolhida é a garrafa de vidro
com capacidade de 0.5 l. Apenas se consideraram as emissões associadas ao
consumo de electricidade no processo, à garrafa e à caixa, por os restantes elementos
não terem representatividade de acordo com os critérios de corte estabelecidos, de
excluir do cálculo os materiais cujo peso em % seja <1 % do peso total (0.861 kg)
Electricidade
O consumo de electricidade no processo de embalamento de garrafas de vidro com a
capacidade de 0,5 l, foi determinado facilmente, pois durante a realização de uma
auditoria energética às instalações da Fio Dourado, em que os consumos no edifício do
embalamento foram medidos separadamente dos restantes processos, estava-se a
encher este tipo de garrafa. O valor de consumo de energia eléctrica apurado por
garrafa de 0,5 l foi de 0,0152 kW, o que corresponde a 0,0055 kgCO2eq/garrafa 0,5 l
de azeite.
Garrafa de vidro 0,50 l – produção
Para determinação das emissões associadas à produção de vidro, consultámos o BA
Sustainability Report 2014, emitido pela entidade produtora que fornece as garrafas
utilizadas na Fio Dourado. De acordo com o referido relatório, considerou-se a emissão
de 0,037 kg CO2e/kg vidro, o que corresponde a 0,0137 kgCO2eq/garrafa 0,5 l de
azeite.
Transporte das garrafas (unidade de produção – lagar)
A fábrica onde as garrafas fornecidas à Fio Dourado são produzidas, fica à distância de
77 km, pelo que terá que se contabilizar uma distância de 154 km, para a entrega das
garrafas na Fio Dourado.
Material Peso (kg) % peso da UF Aplicação CC
Azeite virgem extra 0,458 53,2 considerar
Garrada de vidro 0,370 43,0 considerar
Rótulo + contra-rótulo 0,002 0,2 excluir
Cápsula metálica 0,005 0,6 excluir
Caixa de cartão 0,026 3,0 considerar
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Ao percorrer 154 km, as emissões provocadas pelo veículo de transporte representam
159,6869 kgCO2eq. Considerando que, em cada entrega são transportadas, pelo
menos, 7000 garrafas, as emissões correspondem a 0,0228 kg CO2eq/garrafa 0,5 l.
Embalagens de cartão (caixa + divisória) – produção
Cada caixa de cartão, juntamente com a divisória interior, também em cartão, contém
6 garrafas, e pesa, vazia, 0,156 kg, atribuindo-se, a cada garrafa 0,026 kg de cartão.
A produção das caixas de cartão para acondicionamento das garrafas representa
0,0468 kg CO2eq/garrafa 0,5 l azeite.
Transporte das embalagens de cartão (unidade de produção – lagar)
A unidade de produção das embalagens de cartão para as garrafas de azeite da Fio
Dourado dista 77 km, o que corresponde, por entrega, a uma deslocação de 154 km,
com as correspondentes emissões de 159,6869 kgCO2eq.
Se considerarmos que cada entrega corresponde a 1000 caixas, as emissões que se
atribuem a uma garrafa são 0,0266 kg CO2eq/garrafa 0,5 l azeite.
Consumo de veículo pesado de mercadorias: 39,42179 l gasóleo/100 km
Fonte: Projecto de Investigação PTDC/AUR/64086/2006 - “Custos e Benefícios, à escala local, de uma Ocupação Dispersa" -
PortoCargo, MAN (TGX 18.440 4x2 BLS), Renault, TJA
Factor de emissão do cartão: 1,8 kg CO2eq/kg cartão
Fonte: calculadora - Estratégia Aragonesa de Cambio Climatico y Energias Limpias
A pegada de carbono de uma garrafa de azeite de 0,5 l, obtido a partir de azeitonas
produzidas em olival intensivo, extraído, embalado e colocado no armazém da Fio
Dourado, corresponde a 1,0485 kg CO2eq/garrafa 0,5 l azeite.
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L III.2 – OLIVAL SUPERINTENSIVO OU EM SEBE
III.2.1 - Produção primária
Operações culturais – consumo de gasóleo
Operação Equipamento Consumo (l/h) Horas Kg CO2eq Kg CO2eq/ha Kg CO2eq/0,5 l azeite
Poda Tractor MF 165 + compressor 5,85 36 553,95 63,31 0,0121
Topping Tractor JD 6600 + serra discos 10,80 8,75 248,57 28,41 0,0054
Triturar lenha de poda Fendt 820 + destroçador 19 8,75 437,29 49,98 0,0096
Tratamentos fitossanitários Fendt 820 + pulverizador 11 95,52 2735,44 312,62 0,0598
Colheita Máquina de colheita mecânica 396,86 l _____ 1043,88 118,08 0,0228
Transporte azeitona Fendt 714 + reboque 3500 kg 12 29 915,36 104,61 0,0200
Acompanhamento Carrinha Pick Up Mazda 12 l/100 km 196 km 61,23 7,00 0,0014
Total emissões decorrentes do consumo de gasóleo nas operações culturais 0,1311
Fertilizantes
Fertilizante Quantidade aplicada (kg) Kg CO2eq Kg CO2eq/ha Kg CO2eq/0,5 l azeite
Solução 27 N 4077,75 1150,20 177,17 0,0339
6-15-9 3752,26 516,35 59,01 0,0113
4-4-12 9224,15 781,48 89,31 0,0171
Fosfiron 0-30-20 47,64 3,37 0,39 0,0001
Hero K 279,02 33,76 3,86 0,0007
Nitrato de Magnésio 453,57 58,99 6,74 0,0013
Total 0,0644
Olival em sebe - Alcaidaria
Área (ha) 8,75
Produção (l/ha) 2614,83
Figura 6 – Entradas e saídas no sistema de produção de azeitona em olival superintensivo ou em sebe.
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L Fitofármacos
Embalagens fitofármacos
* embalagem em saco papel, não considerado.
Substância activa quant. s.a. /
quant. produto
produto
aplicado
kg s.a.
aplicada
Kg CO2eq
Herbicidas
Barbarian 360 Glifosato 0,360 kg s.a./l 69,46 l 25,006 61,51
Fungicidas
Kocide 2000 Hidróxido de cobre 0,350 kg s.a. /kg 69,65 kg 24,378 40,22
Inacop L Oxicloreto de cobre 0,380 kg s.a./l 63,60 l 24,168 39,88
Cobre Nordox Super 75 Wg Óxido cuproso 0,750 kg s.a./kg 27,00 kg 20,25 33,41
Orius 20 EW Tebuconazol 0,200 kg s.a./l 7,35 l 1,47 2,43
Calda bordalesa Vallés Sulfato de cobre e cálcio 0,200 kg s.a./kg 105,30 kg 21,06 34,75
Insecticidas
Perfekthion Dimetoato 0,400 kg s.a /l 60,75 l 24,3 167,18
Ninja Zeon technology ʎ-cialotrina 0,100 kg s.a./l 2,06 l 0,206 1,42
Deltaplan Deltametrina 0,025kg s.a./l 2,16 l 0,054 0,37
Citrole Óleo de Verão 0,790 kg s.a. /l 153,50 kg 121,265 834,30
Total emissões de fitofármacos 1153,96
Total de emissões de fitofármacos /ha 131,88
Total de emissões de fitofármacos / garrafa 0,5 l azeite 0,0252
Volume
embalagem
Quantidade
aplicada
n.º embalagens kg plástico Kg CO2eq/
kg plástico
Barbarian 360 20 l 69,46 l 3,473 3,343 11,667
Kocide 2000 25 kg 69,65 kg 2,786 0,421 1,469
Inacop L 5 l 63,60 l 12,72 3,066 10,700
Cobre Nordox Super 75 Wg 10 kg 27,00 kg 2.70 0,162 0,565
Orius 20 EW 20 l 7,35 l 0,368 0,354 1,236
Calda bordalesa Vallés 25 kg 105,30 kg * * *
Perfekthion 25 l 60,75 l 2,43 2,924 10,205
Ninja Zeon technology 5 l 2,06 l 0,412 0,099 0,346
Deltaplan 5 l 2,16 l 2,32 0,559 1,951
Citrole 25 l 153,50 L 6,14 5,911 20,629
Total emissões na produção de embalagens de fitofármacos 16,839 58,768
Total emissões na produção de embalagens de fitofármacos / ha 1,924 6,716
Total emissões na produção de embalagens de fitofármacos/ garrafa 0,5 l azeite 0,0004 0,0013
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Transporte de fitofármacos e fertilizantes
Das emissões totais relativas ao transporte de produtos para a área total de olival da
exploração (62,24 hectares) que correspondem a 1161,36 kgCO2eq (valor calculado
anteriormente), a parcela em estudo (8,75 ha), representa a 163,27 kgCO2eq, o que,
na unidade funcional, corresponde a 0,0036 kgCO2eq/ garrafa 0,5 l azeite.
Rega
Tubos de rega
Conforme calculado anteriormente, os tubos de rega utilizados por ha, representam
272,906 kg CO2eq, atribuindo-se, em cada ano da sua vida útil, 27,29 kg CO2eq/ha. Para
a parcela em estudo, considerando a unidade funcional, as emissões associadas à
produção dos tubos de rega, representam 0,0052 kg CO2eq/garrafa 0,5 l azeite.
III.2.2 – Transformação – lagar
Os cálculos de emissões para esta etapa do processo foram realizados de igual forma
aos apresentados, tomando em consideração o rendimento em azeite das azeitonas
provenientes deste sistema de produção.
Electricidade
As emissões decorrentes da utilização de energia eléctrica para extracção de azeite
proveniente de azeitonas produzidas em olivais superintensivos, ou em sebe,
representam 0,0293 kgCO2eq/garrafa 0,5 l azeite.
Método de eliminação % kg embalagens plásticas kg CO2eq/ kg embalagens Kg CO2eq
Reciclagem 90% x 16,839 15,1551 2,313 35,054
Incineração 10% x 16,839 1,6839 2,029 3,417
Total emissões de eliminação de embalagens de fitofármacos 38,471
Total de emissões de eliminação de embalagens de fitofármacos /ha 4,397
Total de emissões de eliminação de embalagens de fitofármacos / garrafa 0,5 l azeite 0,0008
Consumo total (kW) Consumo kW/ha Factor emissão kg CO2eq/ ha regado kg CO2eq/garrafa 0,5 l azeite
35105,53 4012,06 0,35858 kg CO2eq/kW 1438,64 0,2751
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L Biomassa – caroço de azeitona
As emissões gasosas das caldeiras no processo de extracção de azeite, considerando
azeitonas produzidas em olival superintensivo, representam 0,1031 kg CO2eq/garrafa
0,5 l azeite.
Consumo de água de rede
O consumo de água da rede no processo de extracção de azeite é responsável por
emissões de 0,0009 kg CO2eq/garrafa 0,5 l azeite.
III.2.2 – Embalamento
Nesta fase, em que o azeite se encontra já produzido, as emissões consideradas são
referentes ao processo de embalamento e materiais utilizados, pelo que, os valores
calculados anteriormente são válidos para o embalamento do azeite em garrafas de
vidro com a capacidade de 0,5 l, nas instalações da Fio Dourado, independentemente
do sistema de produção do olival onde a azeitona que deu origem ao azeite foi
produzida.
Considerando as contribuições de emissões nesta fase, anteriormente calculadas, o
embalamento representa a emissão de 0,1154 kg CO2eq/garrafa 0,5 l azeite.
A pegada de carbono de uma garrafa de azeite de 0,5 l, obtido a partir de azeitonas
produzidas em olival superintensivo ou em sebe, extraído, embalado e colocado no
armazém da Fio Dourado, corresponde a 0,7554 kg CO2eq/garrafa 0,5 l azeite.
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L III.3 – ANÁLISE DE RESULTADOS
Os cálculos efectuados, permitiram obter os valores da pegada correspondente a uma
garrafa de azeite virgem extra, com a capacidade de 0,5 l, em vidro, obtido a partir de
azeitonas produzidas em sistema intensivo e em sistema superintensivo.
Com esses valores, podemos fazer uma análise comparativa das emissões resultantes
destes dois tipos de sistema de produção, bem como avaliar a contribuição de cada
operação cultural e factor de produção, para o cômputo geral das emissões em cada
tipo de olival.
Os valores do gráfico 1 evidenciam uma quantidade de emissões no olival intensivo
superior em (mais 34,4 %) quando comparamos com o valor de emissões em olival
superintensivo.
Observando o gráfico 2, verifica-se que, em ambos os sistemas de olival, a rega é a
operação com maior peso na contribuição para as emissões. Em todas as operações,
com excepção dos tratamentos fitossanitários, da colheita e transporte de azeitona para
o lagar, o olival intensivo apresenta valores superiores de emissões.
0.7723
0.5067
0.0000 0.1000 0.2000 0.3000 0.4000 0.5000 0.6000 0.7000 0.8000 0.9000
OlivalIntensivo
OlivalSuperintensivo
kg CO2eq / garrafa 0,5 l azeite V.E.
Emissões decorrentes da produção primária, em diferentes sistemas de produção, por garrafa 0,5 l azeite V. E.
Gráfico 1 – Emissões decorrentes da produção primária, em diferentes sistemas de produção, por garrafa 0,5 l azeite V.E..
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O olival superintensivo, para além de fazer um melhor aproveitamento dos factores de
produção por unidade de área, produz maior quantidade de azeitona por hectare, com
consequente superior rendimento em azeite.
Constatamos assim que, na fase de produção primária, o azeite proveniente de olivais
superintensivos apresenta um menor contributo para a pegada de carbono da unidade
funcional selecionada.
Ao considerarmos a fase de transformação no lagar, também se verificaram diferenças
nas emissões associadas à produção da mesma quantidade de azeite, a partir de
azeitonas produzidas em sistema intensivo ou em superintensivo. Os consumos
associados à transformação da mesma quantidade de azeitona, produzida em qualquer
um dos dois sistemas de olival, têm os mesmos valores. Contudo, para obtermos a
mesma quantidade de azeite, necessitamos de transformar uma maior quantidade de
azeitona de sistema intensivo, pois o rendimento em azeite por quilo de azeitona
transformada é menor neste sistema do que no superintensivo, resultando por isso em
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.4
0.45
0.5
kg C
o2
eq/
garr
aga
0,5
l az
eite
V.E
.
Emissões decorrentes das operações culturais, em olival superintensivo e intensivo, por garrafa 0,5 l azeite V. E.
Olival Superintensivo Olival Intensivo
Gráfico 2 – Emissões decorrentes das operações culturais, em olival superintensivo e intensivo, por garrafa 0,5 l azeite V.E..
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L diferentes consumos específicos e respectivas emissões associadas. Nesta fase, se
considerarmos que os consumos e emissões para transformar a mesma quantidade de
azeitona se mantêm, o seu contributo para a pegada de carbono será tanto menor
quanto maior for o rendimento em azeite que se consegue extrair das azeitonas.
Para além da proveniência das azeitonas, a eficiência do processo de extracção, irá
também influenciar as emissões específicas, com reflexo na pegada final da unidade
funcional.
Na fase de embalamento, as emissões por unidade funcional têm o mesmo valor
absoluto, pois os consumos associados ao embalamento da mesma quantidade de
azeite numa embalagem com as mesmas características têm o mesmo valor assim
como as emissões que daí advêm.
Seguidamente apresentam-se dois gráficos, com a representatividade de cada fase para a
pegada, considerando a unidade funcional uma garrada de vidro contendo 0,5 l de azeite virgem
extra, obtido a partir de azeitonas produzidas em olival intensivo e em superintensivo ou sebe.
0.1608
0.1333
0.0000 0.0200 0.0400 0.0600 0.0800 0.1000 0.1200 0.1400 0.1600 0.1800
OlivalIntensivo
OlivalSuperintensivo
kg CO2eq / garrafa 0,5 l azeite V.E.
Emissões decorrentes da transformação no lagar, de azeitona proveniente de diferentes sistemas de produção, para obtenção de 0,5 l azeite V. E.
Gráfico 3 – Emissões decorrentes da transformação no lagar, de azeitona proveniente de diferentes sistemas de produção, para obtenção de 0,5 l azeite V.E..
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A fase de produção primária é, em ambos os casos, a responsável pela maior parte das
emissões, sendo aquela em que haverá maior capacidade de actuação por forma a
tentar reduzir a pegada da produção de azeite.
O gráfico seguinte ilustra a pegada da unidade funcional, desde a fase de produção em
olival, até ao armazenamento. É bem a diferença entre os dois tipos de olival
considerados, sendo que, o olival superintensivo, por fazer um melhor aproveitamento
dos factores de produção, resulta numa menor pegada de carbono do azeite produzido.
73.66%
15.34%
11.01%
Contribuição de cada uma das fases de produção para as emissões totais, em %, associadas a uma garrada 0,5 l azeite virgem extra, proveniente de olival intensivo
produção primária transformação no lagar embalamento
67.08%
17.65%
15.28%
Contribuição de cada uma das fases de produção para as emissões totais, em %, associadas a uma garrada 0,5 l azeite virgem extra, proveniente de olival superintensivo
produção primária transformação no lagar embalamento
Gráfico 4 – Contribuição de cada uma das fases de produção, para as emissões totais, em %, associadas a uma garrafa 0,5 l azeite V.E., proveniente de olival intensivo.
Gráfico 5 – Contribuição de cada uma das fases de produção, para as emissões totais, em %, associadas a uma garrafa 0,5 l azeite V.E., proveniente de olival superintensivo.
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1.0485
0.7554
0.0000
0.2000
0.4000
0.6000
0.8000
1.0000
1.2000
OlivalIntensivo
OlivalSuperintensivo
kg C
O2
eq /
gar
rafa
0,5
l az
eite
V.E
.
Pegada de Carbono de uma garrafa de 0,5 l azeite V. E., produzido a partir de azeitonas provenientes de diferentes sistemas de produção
Gráfico 6 – Pegada de Carbono de uma garrafa 0,5 l azeite V.E., produzido a partir de azeitonas provenientes de diferentes sistemas de produção.
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L IV – SEQUESTRO DE CARBONO
Na fase de pesquisa, foram consultadas várias fontes bibliográficas e estudos
desenvolvidos por diferentes entidades, relativos ao sequestro de carbono que ocorre
em olivais, com o objectivo de avaliar a pertinência da consideração dos valores de
carbono que a produção olivícola permite reter.
O CO2 retirado da atmosfera é armazenado nas árvores, em raízes, troncos, ramos,
folhas e frutos, consequência do processo fotossintético. A oliveira é uma espécie bem
adaptada e com tolerância elevada à escassez de água, apresentando elevados
valores de evapotranspiração, comparada com outras fruteiras, em condições de seca,
mas também quando em condições óptimas de fornecimento de água.
Apesar de as metodologias já desenvolvidas e validadas para cálculo das emissões de
carbono não considerarem o sequestro, possivelmente por ser uma situação específica
dos sectores agrícola e florestal, através da pesquisa realizada, considerou-se
essencial entrar em consideração com este processo.
Um estudo desenvolvido por investigadores do Departamento de Ciencias y Recursos
Agrícolas y Forestales da Universidade de Córdova (Bellido, García y Garrido),
publicado em Março de 2014 (“Balance y huella de carbono del olivar”), evidencia de
forma clara a compensação das emissões pelo sequestro de CO2, com consequente
redução da pegada, tornando-a mesmo negativa.
Do estudo referido, foi obtido um modelo para estimar a acumulação de carbono na
biomassa das oliveiras. Pelos pressupostos apresentados, considerámos que as
condições em que as determinações foram realizadas são semelhantes às dos olivais
em estudo, pelo que, elegemos o modelo apresentado para calcular o sequestro de
carbono, comparando essa retenção em ambos os sistemas de produção em estudo.
Sequestro de Carbono
O modelo desenvolvido traduz-se na seguinte equação:
y=0,49 x + 216, em que
y - taxa anual de sequestro de carbono, expressa em kg/ha e x – número de oliveiras/ha
Fonte: Balance y huella de carbono del olivar – Bellido L.L., García, M.P.F. y Garrido, P.J.L.B. – Departamento de Cienecias y
Recursos Agricolas y Forestales da Univerdidade de Córdova, publicado em Vida Rural, Março 2014
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L Considerando os olivais em estudo (intensivo – 235 oliveiras/ha; superintensivo ou sebe
– 1852 oliveiras/ha), obtiveram-se os valores de sequestro de carbono seguidamente
apresentados.
O balanço de CO2eq é calculado pela diferença entre as emissões e o sequestro ou
fixação (fluxo em sentido contrário, portanto com sinal negativo).
Em seguida apresentam-se os valores do balanço de CO2eq, para produção de 0,5 l de
azeite virgem extra, para cada sistema de produção, considerando apenas a fase de
produção primária, e também tendo em consideração as fases seguintes para obtenção
da unidade funcional na sua embalagem.
A maior capacidade de sequestro de carbono dos olivais em sebe ou superintensivos
advém da maior quantidade de massa vegetal em actividade fotossintética, por hectare,
sendo que, a maior produtividade destes olivais, com um maior rendimento em azeite
por hectare, traduz-se numa maior capacidade de sequestro de carbono por unidade
funcional. No caso em apreço, verifica-se mesmo que, o balanço entre as emissões,
expressas em kg CO2eq e o sequestro de carbono, corresponde a uma “pegada
negativo”, com a capacidade de fixação de carbono no olival em sebe a apresentar
valores superiores, relativamente à fase de produção primária, permitindo ainda
compensar e ultrapassar as emissões das fases sequentes (transformação da azeitona
Olival intensivo - Lavradios Olival em sebe - Alcaidaria
n.º oliveiras /ha 235 1852
Taxa anual de sequestro de C (kg C/ha ano) 331,15 1123,48
Sequestro anual, expresso em Kg CO2eq/ ha 1212,01 4111,94
Litros azeite /ha ano 912,17 2614,83
Sequestro de CO2eq/ garrafa 0,5 l azeite virgem extra 0,6644 0,7863
Olival intensivo - Lavradios Olival em sebe - Alcaidaria
Emissões produção primária/ 0,5 l azeite v.e. (kgCO2eq) 0,7723 0,5067
Sequestro/ 0,5 l azeite v.e. (kg CO2eq) 0,6644 0,7863
Balanço emissões-sequestro (produção primária)
(kgCO2eq) 0,1079 -0,2796
Emissões totais / garrafa 0,5 l azeite v.e. (kgCO2eq) 1,0485 0,7554
Balanço emissões-sequestro/ garrafa 0,5 l azeite
v.e. (kgCO2eq) 0,3841 -0,0309
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L em azeite e embalamento).
No caso do olival intensivo, o sequestro de carbono tem menor expressão, função da
menor quantidade de massa vegetal por unidade de área, e da consequente menor
produtividade (menor quantidade de azeitona e de azeite por hectare), quando
comparado com os valores apresentados pelo olival em sebe ou superintensivo. Ainda
assim, não é negligenciável o valor do sequestro no olival intensivo, uma vez que
permite minimizar o efeito das emissões, para 36,6 % do valor obtido se o sequestro
não fosse considerado.
1.0485
0.7554
-0.6644-0.7863
-1.0000
-0.5000
0.0000
0.5000
1.0000
1.5000
OlivalIntensivo
OlivalSuperintensivo
kg C
O2
eq/
garr
afa
0,5
l az
eite
V.E
.
Emissões e Sequestro de Carbono, expressas em kg CO2eq, correspondentes a uma garrafa de 0,5 l azeite V. E., produzido a partir de azeitonas provenientes de diferentes sistemas de produção
Gráfico 7 – Emissões e Sequestro de Carbono, expressas em kg CO2eq, correspondentes a uma garrafa 0,5 l azeite V.E., produzido a partir de azeitonas provenientes de diferentes sistemas de produção.
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L V – MEDIDAS PARA REDUÇÃO DA PEGADA DE CARBONO
Fazendo um paralelismo entre as duas situações apresentadas, e tenho em conta
aquilo que já foi referido quanto à origem das diferenças do valor de emissões em cada
uma, é bastante evidente que, quanto maior o rendimento em azeite de um sistema
produtivo, menos emissões por unidade funcional são produzidas. Ao optimizar o
aproveitamento dos recursos e factores de produção, os ganhos em termos de
rendimento permitirão diluir por uma maior quantidade de produto final, as emissões
pelas quais a produção e utilização desses recursos e factores de produção são
responsáveis.
Na produção primária, a fase com maior peso na pegada de carbono da unidade
funcional escolhida, a energia utilizada para a rega é o factor que mais contribui para a
pegada. Para compensar as emissões que lhe estão associadas, há que fazer uma
gestão optimizada e eficiente da rega, para que esta operação contribua para aumentar
a produtividade dos olivais, realizando-se sempre e apenas que necessário. Nos olivais
em estudo estão instaladas sondas que medem a humidade do solo, e transmitem
esses valores para uma plataforma que permite decidir quando regar e que quantidade
de água aplicar na rega. É uma boa prática que deve ser incentivada, para minimizar
as emissões associadas à produção no olival e simultaneamente controlar os custos e
fazer uma boa gestão de recursos.
A realização de análises de solo e foliares, para determinação da quantidade de
unidades fertilizantes a aplicar, é uma boa prática, permitindo equilibrar as
necessidades das plantas com as unidades aplicadas, por forma a se atingir o nível de
produtividade esperado e evitar fertilizações excessivas desnecessárias, com
consequente incremento da pegada de carbono.
Os olivais em estudo têm enrelvamento da entrelinha, sendo a aplicação de herbicidas
relativamente reduzida, e para além disso, embora aqui não quantificado, o
enrelvamento constitui uma forma de manutenção de carbono no solo.
O acompanhamento frequente dos olivais, permite decidir o momento oportuno de
realizar os tratamentos, procurando minimizar a utilização de produtos, reduzindo
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L custos e emissões associadas aos fitofármacos e sua aplicação.
A determinação do momento óptima de colheita, em que se pode obter o melhor
rendimento esperado, é também uma boa prática a manter, pois vai permitir que os
olivais aproveitem ao máximo os factores produtivos aplicados para a produção de
azeite, sem que se comprometa a qualidade do produto final. Neste aspecto,o valor da
pegada é muito influenciado pela qualidade pretendida para o produto final. O facto de
se fazer uma colheita mais cedo, para garantir a qualidade, tem normalmente associado
um rendimento menor, e assim, um valor de pegada de carbono superior.
Na fase de transformação, é importante assegurar que se extrai a maior quantidade de
azeite possível, optimizando os consumos de recursos, sobretudo energéticos, para
que as emissões específicas sejam também reduzidas.
Todas as medidas que contribuam para reduzir consumos, terão repercussão ao nível
da redução da pegada de carbono do processo. Organizar os ciclos de funcionamento,
evitando paragens frequentes, contribuirá para menos emissões, quer decorrentes de
consumo de energia eléctrica, como do consumo de biomassa (caroço de azeitona).
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L VI - CONCLUSÃO
O conhecimento transferido e as práticas introduzidas ficarão na empresa, que as
utilizará no futuro, no desenvolvimento de outros processos e produtos. A metodologia,
com algumas adaptações, permitirá monitorizar a pegada de outros produtos (azeites
com misturas de lotes e outras volumetrias e tipos de embalagem, por exemplo) e
permitirá ser acompanhada ao longo das campanhas futuras.
A Fio Dourado encontra-se a estudar a forma de divulgar a informação produzida com
este projeto e que certamente muito irá contribuir para a melhoria dos seus processos
e produtos e para a redução do impacte ambiental, bem como para influenciar os
produtores de azeitona com quem trabalha, para a adopção de práticas sustentáveis e
com menor impacto ao nível de alterações climáticas, reduzindo as emissões de CO2 e
outros gases com efeito de estufa.
Cremos ainda que, para além do objectivo primordial de constituir uma forma de
conhecer e controlar o impacte provocado, a pegada de carbono virá a ter uma especial
importância no futuro das exportações agroalimentares, em especial dos produtos mais
genuínos e relevantes, com especial destaque para os mercados onde existem já
maiores preocupações com a questão ambiental.
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