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Agosto/2013
PONTO DE RETIRADA
Sinopse
Dificuldades e mágoas os uniram... Agora, isso irá separá-los. Layken
e Will já provaram que o seu amor pode superar qualquer coisa, até
que alguém do passado de Will reaparece, fazendo com que Layken
questione o alicerce sobre qual sua relação foi construída. Will é
forçado a enfrentar um grande desafio... Como provar seu amor por
uma garota que se recusa a parar de "esculpir abóboras”.
Point of Retreat
Uma Novela de
Colleen Hoover
Este livro é dedicado a todos que leram Métrica e me
incentivaram a
continuar contando a história de Layken e Will.
Agradecimentos
Durante o processo de publicação de Métrica e o desenvolvimento do
Ponto de Retirada, fui abençoada ao conhecer e aprender com tantos
experientes autores que se auto publicaram online. Eu gostaria de ter
tempo para agradecer a todos eles por sua entrega, encorajamento e
abnegação total. É uma coisa rara, conhecer pessoas que lhe dão
tanto de si e não esperaram nada em troca. Eu também gostaria de
agradecer a Edmund Davis-Quinn por um poema tão inspirador sobre
a escrita e por me dar permissão de usar "escrita pobre" neste livro.
Com isso dito, desejo a todos os meus novos amigos, muito sucesso.
E para aqueles que optam por usar a internet como um meio de
compensar suas próprias inseguranças através de bullying on-line,
'borboletas pra vocês'.
Prólogo
01 de janeiro de 2012
"Resoluções"
Estou confiante que 2012 será o nosso ano. O ano de Lake e o meu.
Os últimos definitivamente não estavam a nosso favor. No final de
2008, meus pais faleceram inesperadamente, deixando-me para criar
o meu irmãozinho por conta própria. Não ajudou que Vaughn decidiu
terminar nosso relacionamento de dois anos, próximo a suas
mortes. Para fechar com chave de ouro, acabei tendo que largar a
minha bolsa de estudos. Deixar a Universidade e voltar para Ypsilanti
para me tornar guardião de Caulder foi uma das decisões mais
difíceis que eu já tomei... Mas, também foi uma das melhores.
Eu passei todos os dias do próximo ano aprendendo a me ajustar.
Como me ajustar a um coração partido, como me ajustar ao fato de
não ter meus pais, como me ajustar especialmente em me tornar um
pai e cuidar de uma família. Pensando bem, não acho que poderia ter
passado por 2009, sem Caulder. Ele é a única coisa que me manteve
em pé...
Eu nem me lembro de todo o primeiro semestre de 2010. Esse ano
não começou para mim até o dia 22 de setembro, o primeiro dia que
coloquei os olhos em Lake. É claro que 2010 acabou sendo tão difícil
como nos anos anteriores, mas de uma forma completamente
diferente. Nunca me senti mais vivo do que quando estava com ela...
Mas, considerando as circunstâncias, não poderia estar com ela.
Então, acho que não tive muito tempo para me sentir vivo.
2011 foi melhor a sua própria maneira. Havia muita paixão, muita
tristeza, muita cura e ainda mais ajuste. Julia faleceu em setembro
do mesmo ano. Eu não esperava que sua morte poderia ser tão difícil
para mim como foi. Era quase como perder minha mãe mais uma
vez.
Sinto falta da minha mãe. E sinto falta da Julia. Graças a Deus tenho
Lake.
Como eu, meu pai adorava escrever. Ele sempre me dizia que
escrever seus pensamentos diários era terapêutico para a alma.
Talvez uma das razões para eu ter tanta dificuldade em me ajustar
nos últimos três anos, é porque não segui seu conselho. Criticar
algumas vezes um ano, foi "terapia" o suficiente para mim. Talvez eu
estivesse errado. Quero que 2012 seja tudo o que planejei... Perfeito.
Com tudo o que foi dito (ou escrito, de preferência), escrever é a
minha resolução para 2012. Mesmo que seja apenas uma palavra por
dia, eu vou escrevê-la... Tirá-la de mim.
PARTE UM
Quinta – feira, 5 de janeiro, 2012.
Matriculei-me para as aulas hoje. Não peguei os dias que queria, mas
só terei dois semestres, então ficou mais difícil ser exigente com o
meu horário. Estou pensando em me inscrever nas escolas locais por
um trabalho de professor, depois do próximo semestre. Espero que
no próximo ano, eu esteja ensinando novamente. Por agora, no
entanto... Ainda estou vivendo de empréstimos estudantis.
Felizmente os meus avós têm me apoiado, sobre eu trabalhar no meu
Mestrado. Eu não seria capaz de fazer isso sem eles, com certeza.
Vamos jantar com Gavin e Eddie hoje. Acho que vou fazer
cheeseburgers. Cheeseburgers soam bem. Isso é tudo o que eu tenho
a dizer agora...
Capítulo Um
"Layken esta aqui ou lá?" Eddie pergunta, colocando a cabeça na
porta da frente.
"Lá", digo da cozinha.
Será que há um sinal na minha casa instruindo as pessoas a não
baterem? Claro que Lake não bate mais, mas o seu conforto aqui
aparentemente foi estendido para Eddie também. Eddie segue para o
outro lado da rua, para a casa de Lake e Gavin entra na minha casa,
batendo os dedos contra a porta da frente. Não é uma batida oficial,
mas pelo menos ele faz uma tentativa.
"O que vamos comer?", pergunta. Ele tira os seus sapatos na porta e
faz o seu caminho para a cozinha.
"Hamburguer." Eu lhe entrego uma espátula e aponto para o fogão,
instruindo-o a virar os hambúrgueres enquanto tiro as batatas do
forno.
"Você já reparou como nós de alguma forma sempre ficamos presos
na cozinha?"
"Provavelmente não é uma coisa ruim", digo enquanto solto as
batatas na panela. "Você lembra o Alfredo de Eddie?”
Ele faz uma careta quando se lembra do Alfredo. "Bem pensado", diz
ele.
Chamo Kel e Caulder para a cozinha para eles colocarem a mesa.
Durante o último ano, desde que Lake e eu estamos juntos, Gavin e
Eddie comem com a gente pelo menos duas vezes por semana.
Finalmente tive que investir em uma mesa de sala de jantar, porque
o balcão ficava um pouco lotado.
"Hey, Gavin", diz Kel. Ele caminha até a cozinha e pega uma pilha de
copos na prateleira.
"Hey," Gavin responde. "Você decidiu onde nós vamos fazer sua festa
na próxima semana?"
Kel encolhe os ombros. "Eu não sei. Talvez boliche. Ou podemos fazer
algo aqui.”
Caulder entra na cozinha e começa a arrumar os lugares à mesa.
Olho para trás e vejo-o colocando um lugar extra.
"Estamos esperando companhia?" pergunto.
"Kel convidou Kiersten", responde Caulder, provocando.
Kiersten se mudou para uma casa na nossa rua cerca de um mês
atrás e Kel parece que desenvolveu uma ligeira queda por ela. Ele
não vai admitir isso, é claro. Ele esta prestes há fazer onze anos,
assim Lake e eu esperávamos que isso acontecesse. Kiersten é
alguns meses mais velha do que ele e muito mais alta. Meninas
atingem a puberdade mais rápido do que os meninos, talvez por isso
ele vá, eventualmente, alcançá-la.
“Da próxima vez que vocês convidarem alguém, me avise. Agora
preciso fazer outro hambúrguer.” Ando para a geladeira e tiro um
hambúrguer extra.
"Ela não come carne", diz Kel. "Ela é vegetariana."
Imaginei. Volto com a carne para dentro da geladeira. "Eu não tenho
nenhum tipo de carne falsa. O que é ela vai fazer? Comer pão?”
"Pão tá bom", Kiersten diz enquanto entra pela porta da frente... Sem
bater. "Eu gosto de pão. Batatas fritas, também. Só não como coisas
que são resultado de homicídios injustificados de animais.”
Kiersten anda até a mesa e pega o rolo de papel toalha e começa a
rasgá-los, colocando um ao lado de cada prato. Sua autoconfiança
me lembra um pouco de Eddie.
"Quem é ela?" Gavin perguntou, observando Kiersten se sentindo em
casa. Ela nunca havia comido com a gente antes, mas você não
perceberia isso pela maneira como ela estava assumindo o controle.
"Ela é a vizinha de onze anos que te falei. Aquela que acho que é
uma farsante com base nas coisas que saem de sua boca. Estou
começando a suspeitar que ela seja realmente uma anã, fingindo ser
uma criança de cabelo vermelho."
"Oh, aquela que Kel tem uma queda?" Gavin sorri e posso ver as
rodas girando em sua cabeça. Ele já está pensando em maneiras de
constranger Kel no jantar. Hoje à noite vai ser muito interessante.
Gavin e eu nos tornamos muito próximos no ano passado. Isso é
bom, acho... Considerando o quão próximo Eddie e Lake são. Kel e
Caulder realmente se gostam também. É legal. Gosto desse arranjo
que temos. Espero que continue desse jeito.
Eddie e Lake chegam na hora que estamos sentando à mesa. Lake
está com seu cabelo molhado puxado para cima em um coque no alto
da cabeça. Ela está usando pantufa, moletom e uma camiseta. Adoro
o fato de que ela se sente tão confortável aqui. Ela senta ao meu
lado, se inclina e me beija na bochecha.
"Obrigado, Baby. Desculpe eu ter demorado tanto tempo. Estava
tentando me registrar on-line em Estatística, mas a classe estava
cheia. Acho que vou ter que falar amavelmente com alguém no
departamento de administração amanhã.”
"Por que você está fazendo estatísticas?" Pergunta Gavin. Ele pega o
ketchup e esguicha em seu prato.
"Eu peguei Álgebra II no curso durante as férias entre o outono e a
primavera. Estou tentando eliminar todas as matérias com contas no
primeiro ano, já que odeio tanto.” Lake pega o ketchup das mãos de
Gavin e esguicha um pouco no meu prato, em seguida, no seu.
"Qual é a pressa? Você já tem mais créditos do que Eddie e eu
juntos”, diz ele.
Eddie acena com a cabeça em concordância, enquanto dá uma
mordida em seu hambúrguer.
Lake aponta a cabeça para Kel e Caulder. "Eu já tenho mais filhos do
que você e Eddie podem colocar juntos. Essa é a minha pressa."
"Qual é o seu curso?" Kiersten perguta para Lake.
Eddie olha em direção a Kiersten, finalmente percebendo a pessoa
extra, sentada à mesa. "Quem é você?"
Kiersten olha para Eddie e sorri. "Eu sou Kiersten. Eu moro à diagonal
de Will e Caulder e em paralelo com Layken e Kel. Nós nos mudados
de Detroit para cá antes do Natal. Mamãe disse que precisava sair da
cidade, antes que a cidade saísse de nós... seja lá o que isso
significa. Tenho onze anos. Tenho onze desde 11/11/11. Foi um
grande dia, sabe. Não são todas as pessoas que podem dizer que
fizeram 11 anos no dia 11/11/11. Mas estou um pouco chateada,
porque nasci às três horas da tarde. Se eu tivesse nascido às 11:11,
tenho certeza que poderia ter virado notícia ou alguma coisa assim.
Eu poderia ter gravado o segmento e usado um dia no meu portfolio.
Eu vou ser atriz quando crescer."
Eddie, junto com todos nós, olhamos para Kiersten sem responder.
Kiersten, alheia a todos, voltou-se para Lake e repetiu a pergunta.
"Qual é o seu curso, Layken?"
Lake coloca seu hambúrguer em seu prato e limpa a garganta. Sei o
quanto ela odeia esta pergunta. Ela tenta responder com confiança.
"Eu ainda não decidi."
Kiersten olha para ela lamentavelmente. "Eu entendo. O provérbio é
indecisa. Meu irmão mais velho está no segundo ano do colégio por
três anos. Ele tem créditos suficientes para ter cinco cursos até
agora. Eu acho que ele permanece indeciso porque ele prefere dormir
até meio-dia todos os dias, sentar-se na sala de aula por três horas e
sair todas as noites, do que realmente se formar e começar um
trabalho de verdade. Mamãe diz que isso não é verdade... diz que é
porque ele está tentando ‘descobrir todo o seu potencial’,
examinando assim todos os seus interesses. Se você me perguntar,
acho que é pura merda."
Tossi quando a bebida que estava engolindo tentou fazer o seu
caminho de volta enquanto eu ria.
"Você acabou de dizer merda!" Kel diz.
"Kel, não diga merda!", Disse Lake.
"Mas ela disse merda primeiro", diz Caulder, defendendo Kel.
"Caulder, não diga merda!" grito.
"Desculpe", Kiersten diz para mim e para Lake. “Mamãe diz que a
FCC1 é responsável por inventar palavrões apenas para chocar a
mídia. Ela diz que se todos nós usassemos mais vezes, eles não
seriam mais considerados palavrões e ninguém jamais se sentiria
ofendido por eles."
Essa garota é difícil acompanhar!
“Sua mãe encoraja você a xingar?", Diz Gavin.
Kiersten concorda. "Eu não vejo dessa forma. É mais como se ela
estivesse nos encorajando a minar um sistema falho por uso
excessivo de palavras que são feitas para serem prejudicial, quando
na verdade eles são apenas letras, misturados entre si como qualquer
outra palavra. Isso é tudo o que elas são, misturas de letras. Pegue
como exemplo a palavra "borboleta". E se alguém decidisse um dia
que borboleta é um palavrão? Pessoas acabariam por começar a
utilizar a palavra borboleta como um insulto e enfatizariam as coisas
de uma forma negativa. Na verdade, palavra não quer dizer nada.
São as pessoas que fazem a associação negativa das palavras
tornando-as palavrões. Então, se todos nós apenas decidimos dizer
borboleta o tempo todo, eventualmente, as pessoas iriam parar de se
preocupar. O choque iria diminuir ... e seria apenas mais uma palavra
novamente. A mesma coisa com todas as palavras que são chamadas
de feias. Se todos nós começarmos a dizê-las o tempo todo, isto não
seria mais ruim. Mas isso é o que minha mãe diz."
Ela sorri e pega uma batata frita e mergulha no ketchup.
Eu me pergunto quando Kiersten virá nos visitar de novo, como ela
se tornou do jeito que é hoje. Realmente tenho que conhecer a mãe
1 FCC - Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos
de Kiersten, mas pelo que percebi, ela definitivamente não é normal.
Kiersten é, obviamente, mais esperta do que a maioria das crianças
de sua idade... mesmo que seja num estranho caminho. As coisas
que saem de sua boca fazem Kel e Caulder parecerem de algum jeito,
normal.
"Kiersten?", Diz Eddie. "Você quer ser a minha nova melhor amiga?"
Lake pega uma batata frita do prato dela e a joga em Eddie,
acertando o rosto com ela. "Isso é pura merda", disse Lake.
"Oh, vá borboletar-se", diz Eddie. Ela joga outra batata na direção de
Lake. Eu intercepto a batata frita, esperando que isso não resulte em
outra luta de comida como na última semana. Ainda acho brócolis em
todos os lugares.
"Pare," digo, deixando cair a batata frita na mesa. "Se vocês duas
tiverem outra guerra de comida na minha casa hoje à noite, estou
chutando as duas borboletas!"
Lake viu que estava falando sério sobre a luta de comida. Ela aperta
minha perna debaixo da mesa e muda de assunto.
"Hora do melhor e pior do dia", diz ela.
"Hora do melhor e pior do dia?" Kiersten pergunta, confusa.
Kel explica. "É quando você tem que dizer o seu pior e melhor do dia.
O bom e o ruim. O alto e o baixo. Fazemos todas as noites no jantar."
Kiersten acena como se ela entendesse.
"Eu vou primeiro", diz Eddie. "O pior de hoje foi a matrícula. Fiquei
presa na segunda, quarta e nas aulas de sexta-feira. Terças e
quintas-feiras estavam cheias."
Todo mundo quer os horários terça-feira / quinta-feira. As aulas são
mais longas, mas é muito melhor só ter que ir duas vezes por
semana, ao invés de três vezes a aula.
"Meu melhor foi conhecer Kiersten, minha nova melhor amiga", diz
Eddie, olhando para Lake.
Lake pega outra batata frita e a joga em Eddie. Eddie se abaixa e a
batata passa sobre sua cabeça. Pego o prato de Lake e coloco do meu
outro lado, fora do seu alcance.
Lake encolhe os ombros e sorri para mim. "Sinto muito." Ela pega
uma batata frita do meu prato e coloca na boca.
"Sua vez, Sr. Cooper", diz Eddie. Ela ainda me chama assim, de vez
em quando, geralmente quando ela está tentando ressaltar o fato de
que estou sendo "chato".
"Meu pior de hoje foi definitivamente a matrícula, também. Tenho
segunda, quarta e sexta-feira."
Lake vira para mim, chateada. "O quê? Pensei que nós dois
estávamos na terça e quinta-feiras."
"Eu tentei Baby. Eles não oferecem os meus cursos nesses dias.
Mandei uma mensagem para você. "
Ela faz beicinho. "Cara, isso é realmente pior", diz ela. "E eu não
recebi sua mensagem. Não consigo encontrar meu celular de novo."
Ela está sempre perdendo seu celular. "Qual é o seu melhor?" Eddie
me pergunta.
Isso é fácil. "Meu melhor é agora", digo enquanto beijo Lake na testa.
Kel e Caulder gemem. "Will, esse é o seu melhor todas as noites", diz
Caulder irritado.
"É a minha vez", disse Lake. "A matrícula foi realmente o meu
melhor. Ainda não descobri onde será Estatísticas, mas minhas outras
quatro classes foram exatamente o que eu queria." Ela olha para
Eddie e continua. "Meu pior do dia foi perder minha melhor amiga
para uma garota de onze anos de idade."
Eddie ri.
"Eu quero falar", diz Kiersten. Ninguém a interrompe. "Meu pior é ter
pão para o jantar", ela diz, olhando para seu prato.
Ela é corajosa. Jogo outra fatia de pão no prato. "Talvez da próxima
vez que você aparecer sem ser convidada na casa de um carnívoro,
você deva trazer sua própria carne falsa."
Ela ignora o meu comentário. "Meu melhor foi às três horas."
"O que aconteceu às três horas?" Gavin pergunta.
Kiersten encolhe os ombros. "Hora da saída da escola. Odeio a escola
borboleta".
As três crianças olham um para o outro, quase como se houvesse um
acordo entre eles. Faço uma nota mental para falar com Caulder
sobre isso mais tarde. Lake me cutuca com o cotovelo e me lança um
olhar interrogativo, deixando-me saber que ela está pensando a
mesma coisa.
"Sua vez, qual seja lá o seu nome." Kiersten diz a Gavin.
"É Gavin. E o meu pior do dia teria que ser o fato de que uma garota
de onze anos de idade tem um vocabulário maior do que eu", diz ele,
sorrindo para Kiersten. "Meu melhor de hoje é uma espécie de
surpresa."
Ele olha para Eddie e aguarda sua resposta. "O quê?" Eddie diz.
"Sim, o quê?" Lake acrescenta. Estou curioso também. Gavin
encosta-se à cadeira com um sorriso no rosto, esperando nós
adivinharmos.
Eddie lhe dá um empurrão. "Conta logo!", Diz ela.
Ele se inclina para frente em sua cadeira e bate com as mãos sobre a
mesa. "Eu consegui um emprego! No Getty’s, entregando pizza!"
Ele parece feliz por algum motivo. "Esse é o seu melhor? Você é um
entregador de pizza?" Pergunta Eddie. "Isso está mais para o pior."
"Você sabe que estive procurando por um emprego. E é no Getty’s.
Nós amamos Getty’s!"
Eddie revira os olhos. "Bem, parabéns", diz ela, sem convencer.
“Temos pizza de graça?" Pergunta Kel.
"Não, mas temos um desconto", responde Gavin.
"Esse é o meu melhor, então", diz Kel. “Pizza barata!” Gavin parece
satisfeito que alguém está animado por ele. "Meu pior de hoje foi a
Sra. Brill", diz Kel.
"Oh senhor, que ela fez?" Lake pergunta a ele. "Ou melhor ainda, o
que você fez?"
"Não foi só eu", diz Kel.
Caulder coloca o cotovelo na mesa e tenta esconder o rosto da minha
linha de visão.
"O que você fez Caulder?" Pergunto à ele. Ele traz a mão para baixo e
olha para Gavin. Gavin coloca o cotovelo na mesa e protege seu rosto
da minha linha de visão também. Ele continua a comer ignorando
meu olhar. "Gavin? Que brincadeira que você contou para eles dessa
vez?"
Gavin pega duas batatas fritas e as joga em Kel e Caulder. "Acabou
hein! Eu não vou mais contar histórias. Vocês dois me colocam em
apuros toda vez!", Diz ele.
Kel e Caulder riem e jogam de volta as batatas fritas nele. "Eu vou
contar a eles, não me importo", diz Kiersten. "Eles tiveram problemas
na hora do almoço. A Senhora Brill estava do outro lado da
lanchonete e eles estavam pensando em uma maneira de fazê-la
correr. Todo mundo diz que ela requebra como um pato quando ela
corre e queríamos ver. Assim Kel fingiu que estava sufocando e
Caulder fez um grande espetáculo e ficou atrás dele e começou a
bater nas suas costas, fingindo que estava lhe fazendo a manobra de
Heimlich. Ele deixou a Sra. Brill fora de si! Quando ela chegou à
nossa mesa, Kel disse que estava tudo bem. Ele disse a Sra. Brill que
Caulder salvou sua vida. Teria ficado tudo bem, mas ela já tinha
falado para alguém chamar o 911. Em poucos minutos, duas
ambulâncias e um caminhão de bombeiros chegaram à escola. Um
dos rapazes na mesa ao lado disse a Sra. Brill que tinham fingido a
coisa toda, então Kel foi chamado para a diretoria."
Lake se inclina para frente e olha para Kel. "Por favor, me fala que
isso é uma piada."
Kel olha para ela com um olhar inocente em seu rosto. "Foi uma
brincadeira. Eu realmente não achei que alguém fosse ligar para o
911. Agora tenho que ficar o resto da semana que vem na detenção"
“Por que a Sra. Brill não me ligou?" Lake pergunta a ele.
"Tenho certeza que ela ligou", diz ele. "Mais você nao podia encontrar
o seu celular, lembra?"
"Ugh! Se ela me chamar para outra reunião, você está de castigo!"
Olho para Caulder e ele está tentando evitar meu olhar. "Caulder, o
que ela disse para você? Por que Sra. Brill não tentou me ligar?"
Ele se vira para mim e me dá um sorriso travesso. "Kel mentiu por
mim. Ele disse a ela que eu realmente pensei que ele estava
sufocando e que eu estava tentando salvar sua vida", diz ele. "O qual
me leva ao meu melhor do dia. Fui recompensado pelo meu
comportamento heróico. Sra. Brill me deu dois passes livres de
corredor."
Apenas Caulder poderia encontrar uma maneira de evitar a prisão e
ainda ser recompensado em seu lugar. "Vocês dois precisam cortar
essa porcaria", digo a eles. "E Gavin, sem mais histórias de
pegadinhas."
"Sim, Sr. Cooper," Gavin diz sarcasticamente. "Mas preciso saber",
diz ele olhando para as crianças. "Ela realmente corre como um
pato?"
"Sim", Kiersten ri. "Ela realmente corre como um pato." Ela olha para
Caulder. "O que foi o pior do seu dia Caulder?"
Caulder coloca um olhar sério sobre o seu rosto. "Meu melhor amigo
quase morreu engasgado hoje. Ele poderia ter morrido."
Nós todos rimos. Tanto Lake quanto eu tentamos fazer a coisa mais
responsável por eles, às vezes é difícil traçar a linha entre ser quem
impõe a regra e ser o irmão. Nós escolhemos quais batalhas vamos
lutar com os meninos e Lake diz que é importante que nós não
escolhêssemos muitas batalhas. Olho para ela e ela está rindo, então
suponho que esta não é uma batalha que ela quer lutar esta noite.
"Posso terminar minha comida agora?" Lake diz apontando para o
prato que ainda está do meu outro lado, fora de seu alcance.
Empurro o prato para frente dela. "Obrigado, Sr. Cooper", diz ela.
Bato com o joelho nela por debaixo da mesa. Ela sabe que odeio
quando ela me chama assim. Não sei por que ainda me incomoda
tanto. Provavelmente porque quando realmente era seu professor,
era uma verdadeira tortura. Nossa conexão progrediu tão
rapidamente na primeira noite que saímos. Nunca conheci ninguém
com quem me diverti tanto apenas sendo eu mesmo. Passei o fim de
semana inteiro pensando nela. O momento em que virei à esquina no
corredor e a vi parada na frente da minha sala de aula, parecia que
meu coração foi arrancado para fora do meu peito. Soube
imediatamente o que ela estava fazendo lá, mesmo que pra ela tenha
demorado um pouco mais pra perceber isso. Quando finalmente
percebeu que eu era um professor, o olhar em seus olhos ficou
absolutamente devastado. Ela ficou ferida. Com o coração partido.
Assim como eu. Uma coisa tenho certeza, nunca mais quero ver
aquele olhar em seus olhos novamente.
Kiersten se levanta e leva o seu prato para a pia. "Eu tenho que ir.
Obrigado pelo pão, Will", diz ela com sarcasmo. "Estava delicioso."
"Eu também vou. Vou levá-la para casa", diz Kel. Ele salta para fora
do seu assento e a segue até a porta. Olho para Lake e ela revira os
olhos. Incomoda-lhe que Kel tenha desenvolvido sua primeira paixão.
Lake não gosta de pensar que estamos prestes a ter que lidar com
hormônios adolescentes.
Caulder levanta-se da mesa. "Vou assistir TV no meu quarto", diz ele.
"Te vejo mais tarde, Kel. Tchau Kiersten." Ambos dizem-lhe adeus
enquanto saem.
"Eu realmente gosto dessa garota", diz Eddie depois que Kiersten sai.
"Espero que Kel peça para ela ser sua namorada. Espero que eles
cresçam e se casem e que tenham muitos filhos esquisitos. Espero
que ela esteja na nossa família para sempre."
"Cale a boca, Eddie", diz Lake. "Ele tem apenas dez anos. Ele é muito
jovem para uma namorada."
"Não é verdade, ele vai fazer onze daqui oito dias", diz Gavin. "Onze
anos é a idade privilegiada para primeiras namoradas."
Lake pega um punhado inteiro de suas batatas fritas e as joga em
direção ao rosto de Gavin.
Eu suspiro. Ela é impossível de se controlar. "Você que vai limpar
esta noite", digo para ela. "Você também," aponto para Eddie.
"Gavin, vamos ver um pouco de futebol como verdadeiros homens,
enquanto as mulheres fazem o seu trabalho."
Gavin empurra seu copo em direção a Eddie. "Encha este copo,
mulher. Agora vou assistir futebol."
Enquanto Eddie e Lake estão limpando a cozinha, aproveito a
oportunidade para pedir a Gavin um favor. Lake e eu não tivemos um
tempo sozinhos há semanas devido a estar sempre com os meninos.
Eu realmente preciso de um tempo sozinho com ela.
"Você acha que você e Eddie poderiam levar Kel e Caulder ao cinema
amanhã à noite?" Ele não respondeu de imediato, o que me faz sentir
culpado, mesmo por perguntar. Talvez eles já tivessem planos.
"Depende", ele finalmente responde. "Nós temos que levar Kiersten
também?"
Eu rio. "Isso é com a sua garota. Ela é sua nova melhor amiga", digo.
Gavin revira os olhos com o pensamento. "Tá certo, nós tínhamos
planos para assistir a um filme de qualquer maneira. Que horas?
Quanto tempo você quer que a gente os mantenha ocupados?"
“Não importa. Nós não vamos a lugar nenhum. Só preciso de
algumas horas sozinho com Lake. Há algo que preciso dar a ela."
"Ah ... entendo", diz ele. "Só me mande uma mensagem quando você
tiver acabado de 'dar a ela' e vamos trazer os meninos para casa."
Balancei minha cabeça em sua suposição e ri. Gosto de Gavin. O que
odeio, no entanto, é o fato de que tudo o que acontece entre mim e
Lake e ele e Eddie... nós todos parecemos saber. Essa é a
desvantagem de namorar melhores amigos ... Não há segredos.
"Vamos, Baby." Eddie diz enquanto puxa Gavin e o levanta do sofá.
"Obrigado pelo jantar, Will. Joel quer que vocês venham na próxima
semana. Ele disse que ia fazer pamonhas."
Não gosto de pamonhas. "Nós estaremos lá", digo. Depois que Eddie
e Gavin saem, Lake vem para a sala e senta-se no sofá, encolhendo
as pernas debaixo dela enquanto se aconchega contra mim. Coloco
meu braço em volta dela e a puxo para mais perto.
"Estou chateada", diz ela. "Estava esperando que nós pelo menos,
conseguíssemos os mesmos dias nesse semestre. Nós nunca
conseguimos tempo a sós com todas essas crianças borboletas
correndo por aí."
Você deve achar que com a gente vivendo um do lado do outro que
teríamos todo o tempo do mundo juntos. Esse não é o caso. No
semestre passado ela foi para escola na segunda, quarta e sexta-feira
e eu fui todos os dias. Nos fins de semana que passamos, ficamos
muito tempo fazendo lição de casa, mas principalmente, ficamos
ocupados com os esportes de Kel e Caulder. Quando Julia faleceu em
setembro, foi mais um peso para o ombro de Lake. Tem sido
um ajuste, para dizer o mínimo. O único lugar que parece estar em
falta é conseguir um tempo sozinho para diversão. É meio estranho
se os meninos estão em uma casa, apenas irmos para a outra casa
para ficar sozinhos. Eles quase sempre parecem seguir-nos aonde
vamos.
"Nós vamos superar isso", digo. "Nós sempre superamos."
Ela puxa meu rosto para o dela e me beija. Estou a beijando todos os
dias há mais de um ano e de alguma forma isso ainda fica cada vez
melhor.
"É melhor eu ir", ela finalmente diz. "Tenho que acordar cedo e ir
para a faculdade para terminar a inscrição. Também preciso
certificar-me de Kel não está lá fora nos amassos com a Kiersten.”
Nós rimos sobre isso agora, mas em questão de alguns anos essa
será a nossa realidade. Não teremos nem vinte e cinco anos e
estaremos criando adolescentes. É um pensamento assustador.
"Espere antes de sair... Quais são seus planos para amanhã à noite?"
Ela revira os olhos. "Que tipo de pergunta é essa? Você é o meu
plano. Você é sempre meu único plano."
“Ótimo. Eddie e Gavin vão passear com os meninos. Encontre-me às
sete?"
Ela se empolga e sorri. "Você está me convidando para sair em um
encontro de verdade, tipo de verdade?"
Concordo com a cabeça.
"Bem, você é péssimo nisso sabia? Você sempre foi. Às vezes, as
meninas gostam de ser convidadas e não intimadas."
Ela está tentando se fazer de difícil, o que é inútil. Eu já a tenho...
mas jogo seu jogo de qualquer maneira. Eu me ajoelho no chão em
frente a ela e olho em seus olhos.
"Lake, você vai me dar a honra de me acompanhar em um encontro
amanhã à noite?"
Ela encosta-se ao sofá e olha para longe. "Eu não sei, estou meio
ocupada", ela diz. "Vou verificar a minha agenda e te aviso." Ela
tenta desviar o olhar, mas um sorriso irrompe em seu rosto. Ela se
inclina para frente e me abraça, mas perco o equilíbrio e acabamos
no chão. Eu a rolo sobre suas costas e ela olha para mim e ri. "Tudo
bem. Pegue-me às sete."
Retiro o cabelo de seus olhos e corro o dedo ao longo do seu rosto.
"Eu te amo, Lake".
"Diga isso de novo", diz ela.
Beijo sua testa e repito o que disse. "Eu te amo, Lake".
"Mais uma vez."
"Eu" beijo seus lábios. "Amo." beijo novamente. "Voce."
"Eu também te amo."
Alivio o peso do meu corpo de cima dela e juntos meus dedos aos
dela. Levo as mãos acima de sua cabeça e as pressiono no chão.
Inclino-me como se fosse beijá-la, mas não a beijo. Gosto de
provocá-la quando estamos nessa posição. Mal toco meus lábios nos
dela até ela fechar os olhos, então lentamente me afasto. Ela abre os
olhos e sorrio para ela, depois me inclino novamente. Assim que seus
olhos estão fechados, me afasto novamente.
"Droga, Will! ‘borboleta’' me beija já!"
Solto suas mãos e ela agarra meu rosto e puxa minha boca para a
dela. Continuamos beijando até chegarmos ao "ponto de retirada",
como Lake gosta de chamá-lo. Ela sai de baixo de mim e senta-se
sobre os joelhos enquanto rolo em minhas costas e permaneço no
chão. Nós não gostamos de nos empolgar quando não somos os
únicos na casa. É tão fácil de acontecer. Quando nos pegamos
levando as coisas longe demais, um de nós sempre chama o 'ponto
de retirada'.
Antes de Julia falecer, cometemos o erro de levar as coisas longe
demais, muito rapidamente... um erro crucial de minha parte. Foi
apenas duas semanas depois que começamos oficialmente a namorar
e Caulder estava passando a noite na casa de Kel. Lake e eu
voltamos à minha casa depois de um filme. Começamos a dar uns
amassos no sofá e uma coisa levou à outra... nenhum de nós estava
disposto a parar. Nós não estávamos fazendo sexo, mas teríamos
feito se Julia não tivesse entrado como ela fez. Ela enlouqueceu
completamente. Ficamos atormentados. Ela castigou Lake e não me
deixou vê-la durante duas semanas.
Claro que pedi desculpas um milhão de vezes nessas duas semanas.
Ela finalmente sentou conosco e nos fez jurar que esperaríamos pelo
menos um ano. Ela fez Lake tomar pílula e fez-me olhar nos olhos
dela e dar-lhe minha palavra. Ela não estava chateada com o fato de
que a filha dela de dezoito anos de idade quase teve relações
sexuais. Julia foi bastante razoável e sabia que isso iria acontecer
eventualmente. O que a machucou foi como eu estava tão pronto
para tirar isso de Lake em apenas duas semanas de namoro. Isso me
fez sentir incrivelmente culpado, então é claro que concordei com a
promessa. Também queria que nós déssemos um bom exemplo para
Kel e Caulder e nos fez jurar que não iriamos passar a noite na casa
um do outro durante esse período também. Depois que Julia faleceu,
nós mantivemos a nossa palavra. Mais por respeito a Julia, que por
qualquer outra coisa. O Senhor sabe que é mais do que difícil, às
vezes. A maioria das vezes.
Nós não discutimos isso, mas na semana passada fez exatamente um
ano desde que foi feita a promessa de Julia. Não quero apressar Lake
nem nada. Quero que seja completamente para ela, então não tenho
tocado no assunto. Nem ela tem. Mas, novamente, não estivemos
realmente sozinhos também.
"Ponto de retirada", ela diz e se levanta. "Vejo você amanhã à noite.
Sete horas. Não se atrase."
"Vá procurar o seu celular e me mande mensagem de boa noite,"
digo a ela.
Ela abre a porta e me encara enquanto se apoia na porta, puxando
lentamente.
"Mais uma vez", ela diz.
"Eu te amo, Lake."
Sexta-feira, janeiro 6, 2012
Vou dar a Lake seu presente daqui a pouco. Nem tenho certeza do
que é, já que é algo que não escolhi. Não posso escrever mais agora,
minhas mãos estão tremendo. Como diabos esses encontros ainda
me deixam nervoso? Eu sou tão patético.
Capítulo Dois
"Meninos, nada de conversar de trás para frente essa noite. Vocês
sabem que Gavin não consegue acompanhar vocês." Aceno um adeus
e fecho a porta atrás deles.
É quase sete. Vou ao banheiro e escovo os dentes, em seguida, pego
as chaves, a jaqueta e sigo para o meu carro. Posso vê-la olhando da
janela. Ela provavelmente não sabe disso, mas sempre podia vê-la
olhando da janela. Especialmente nos meses antes de sermos
oficialmente namorados. Todos os dias eu chegava em casa e podia
ver sua sombra. Foi o que me deu esperança de que um dia seria
capaz de estarmos juntos... o fato de que ela ainda pensava em mim.
Porém depois da nossa luta na lavanderia, ela nunca mais ficou na
espreita na janela novamente. Pensei que estraguei tudo de verdade.
Saio da garagem e vou direto para a garagem dela. Deixo o carro
ligado e dou a volta para abrir a porta para ela. Quando volto para
dentro do carro, sinto uma brisa do seu perfume. É o de baunilha... o
meu favorito.
"Para onde estamos indo?", Ela pergunta.
"Você vai ver. É surpresa", digo enquanto saio de sua garagem. Ao
invés de ir para a rua, vou direto para a direita em minha própria
garagem. Desligo a ignição e corro para o seu lado do carro e abro a
porta.
"O que você está fazendo, Will?"
Pego sua mão e a puxo para fora do carro. "Nós chegamos." Amo o
olhar de confusão em seu rosto, então poupo os detalhes.
"Você me chamou para sair em um encontro na sua casa? Eu me
arrumei Will! Quero ir a algum lugar.”
Ela se queixa. Eu rio e seguro sua mão e levo para dentro. "Não, você
que me fez te convidar para um encontro, eu nunca disse que iríamos
a lugar algum. Só perguntei se você tinha planos."
Já tinha cozinhado o jantar então entrei na cozinha e peguei nossos
pratos. Então sentamos à mesa para comer, pego os pratos da mesa
de centro na sala de estar. Ela puxa seu casaco e parece um pouco
decepcionada. Continuo a iludi-la, enquanto preparo nossas bebidas,
em seguida, sento no chão com ela.
"Não estou tentando parecer ingrata", diz ela com a boca cheia de
macarrão. "É só que nós nunca mais chegamos a ir a qualquer lugar.
Estava ansiosa para fazer algo diferente."
Tomo um gole e limpo minha boca. "Baby, eu sei o que você quer
dizer. Mas hoje é um dia que já foi planejado para nós." Coloco outro
pedaço de pão em seu prato.
"O que quer dizer com ‘já foi planejado para nós’? Não estou
entendendo", diz ela.
Não respondo. Apenas continuo comendo.
"Will, diga-me o que está acontecendo, essa sua evasão está me
deixando nervosa."
Sorrio para ela e tomo outro gole da bebida. "Eu não estou tentando
deixá-la nervosa. Estou apenas fazendo o que me foi dito."
Ela percebe que estou me divertindo com isso e desiste de tentar
tirar alguma coisa de mim e pega outro pedaço de sua comida. "A
massa é boa, pelo menos", diz ela.
"E a vista também."
Ela sorri e pisca para mim e continua a comer. Ela está usando o
cabelo solto esta noite. Adoro quando ela usa o cabelo solto. Também
adoro quando o usa preso. Na verdade, acho que ela nunca usou isso
de uma maneira que não me fez adorar. Ela é tão incrivelmente
bela... especialmente quando não está tentando ser. Percebo que
estive olhando para ela, perdido em pensamentos. Mal comi metade
da minha comida e ela esta quase terminando.
"Will?" Ela termina o seu último pedaço de comida, em seguida, limpa
a boca com o guardanapo. "Será que isso tem alguma coisa a ver
com a minha mãe?", Ela pergunta em voz baixa. "Você sabe... com a
nossa promessa que fizemos a ela?"
Eu sei o que ela está me perguntando. Imediatamente me sinto
culpado que não tenha pensado o que ela pensaria sobre minhas
intenções hoje. Não quero que ela se sinta como se eu esperasse
alguma coisa dela.
"Não dessa maneira, Baby." Eu me aproximo e seguro sua mão. "Não
é sobre isso esta noite. Sinto muito se você pensou isso. Isso é para
outro momento... quando você estiver pronta".
Ela sorri para mim. "Bem, eu não ia contestar se fosse sobre isso a
noite", diz ela.
Seu comentário me pega desprevenido. Estava tão acostumado ao
fato de que um de nós sempre chamava o 'ponto de retirada', que
realmente não tinha pensado na possibilidade disso acontecer esta
noite.
Ela está envergonhada por seu atrevimento e desvia sua atenção de
volta para a seu prato. Ela arranca um pedaço de pão e mergulha no
molho. Quando ela termina de comer, ela toma um gole e olha de
volta para mim.
"Antes", ela sussurra vacilante. "Quando perguntei se isso tinha
alguma coisa a ver com a minha mãe, você disse 'não dessa forma’.
O que você quis dizer com isso? Você está dizendo que esta noite tem
algo a ver com ela de uma forma diferente?"
Concordo com a cabeça, em seguida, levanto-me, seguro sua mão e
a puxo para cima. Envolvo meus braços em torno dela e ela se inclina
contra meu peito e aperta as mãos atrás das minhas costas. "Tem
haver com ela baby." Ela puxa o rosto do meu peito e olha para mim
enquanto explico. "Ela me deu outra coisa... além das cartas."
Julia me fez prometer não contar a ela sobre as cartas e sobre o
presente, até que fosse a data para dar a ela. Eles já abriram as
cartas e o presente era para mim e Lake. Era para termos aberto o
presente no Natal juntos, mas esta é a primeira oportunidade que
tivemos de ficar sozinhos.
"Venha para o meu quarto." Solto meu abraço e seguro a mão dela.
Ela me segue até chegarmos ao meu quarto onde a caixa que Julia
me deu está sobre a cama. Lake caminha em direção a ela e passa a
mão sobre o papel de embrulho. Ela toca com os dedos o veludo
vermelho e suspira.
"É realmente dela?", Ela pergunta em voz baixa.
Sento-me na cama e a puxo para se sentar comigo. Nós puxamos as
pernas para cima e sentamos com o presente entre nós. Há um
cartão colado na parte superior com os nossos nomes, juntamente
com instruções claras para não ler o cartão até depois de abrir o
presente.
"Will por que você não me disse que havia algo mais? Esta é a
última?" Posso ver as lágrimas se formando em seus olhos. Ela
sempre se esforça para escondê-las. Não sei por que odeia tanto
quando chora. Corro o meu dedo em sua bochecha e enxugo uma
lágrima.
“A última, eu juro", digo. "Ela queria que abríssemos juntos."
Ela endireita-se e faz o seu melhor para recuperar a compostura.
"Você quer fazer as honras, ou eu faço?", ela pergunta.
"Essa é uma pergunta idiota", digo.
"Não é uma pergunta idiota", diz ela. "Você deveria saber disso Sr.
Cooper." Ela se inclina e me beija, em seguida, vai para trás e
começa a soltar a borda do pacote. Vejo que enquanto ela rasga se
revela uma caixa de papelão envolto em uma fita adesiva.
"Meu Deus, deve haver seis camadas de fita adesiva por aqui", diz ela
com sarcasmo. "Assim como o seu carro." Ela olha para cima e me dá
um sorriso malicioso.
"Muito engraçado," digo.
Acaricio seu joelho e a vejo puxar a fita com a unha do polegar. Justo
quando ela rompe a ponta final, ela faz uma pausa.
"Obrigado por ter feito isso por ela", diz ela. "Por manter o presente."
Ela olha para baixo e o prende sem abri-lo. "Você sabe o que é?", Ela
pergunta.
"Nenhum indício. Estou esperando que isto não seja um cachorro que
tenha ficado debaixo da minha cama por quatro meses."
Ela ri. "Estou nervosa", diz ela. "Realmente não quero chorar de
novo." Ela hesita e então finalmente abre a parte superior da caixa e
dobra as abas de volta. Ela puxa o conteúdo fora da caixa enquanto
puxo o papelão longe dela. Ela rasga o tecido e revela um vaso de
vidro transparente. Dentro do vaso, está cheio até a borda com
estrelas geométricas com uma variedade de cores. Parece origami.
Centenas de miniaturas de estrelas de papel em 3D.
"O que é isso?" pergunto-lhe.
"Eu não sei, mas é lindo", diz ela. Continuamos a olhar para ele,
tentando entender o sentido do presente e do conteúdo dentro dele.
Ela abre o cartão e olha para ele. "Eu não consigo ler isso, Will. Você
vai ter que ler." Ela o coloca em minhas mãos.
Eu abro e leio em voz alta.
Will e Lake,
O amor é a coisa mais linda do mundo. Infelizmente, é também uma
das coisas mais difíceis do mundo para se segurar e uma das coisas
mais fáceis de jogar fora.
Nenhum de vocês tem uma mãe ou um pai para dar conselhos de
relacionamento. Nenhum de vocês tem um ombro para chorar
quando as coisas ficarem difíceis e elas vão ficar difíceis.
Nenhum de vocês tem alguém para compartilhar algo engraçado, ou
feliz, ou até mesmo a mágoa. Ambos estão em desvantagem quando
se trata deste aspecto do amor. Ambos têm apenas um ao outro e é
por isso que terão que trabalhar mais para a construção de uma base
sólida para um futuro juntos. Vocês não são só o amor um do outro,
vocês também são o único confidente um do outro.
Escrevi a mão algumas coisas em tiras de papéis e as dobrei em
estrelas. Pode ser algumas citações inspiradoras, uma letra
inspiradora, ou apenas conselho de pais. Não quero que vocês abram
e leiam até que vocês realmente sintam que precisam. Se vocês
tiverem um dia ruim, se vocês brigarem, ou se vocês simplesmente
precisarem de algo para levantar o seu ânimo... é pra isso que elas
servem. Vocês podem abri-las juntos, vocês podem abri-las sozinhos.
Só quero que isso seja algo que vocês sempre podem ir atrás quando
precisarem.
Will... obrigado. Obrigado por entrar em nossas vidas. Assim, o
grande medo e preocupação que eu tinha foram aliviados pelo
simples fato de que sei que minha filha está apaixonada por você.
Lake pega a minha mão quando paro para uma pausa. Não estava
esperando que Julia fosse falar comigo pela carta. Ela enxuga uma
lágrima de seus olhos. Faço o meu melhor para lutar contra as
minhas próprias lágrimas. Respiro fundo e limpo minha garganta, em
seguida, termino de ler a carta.
Você é um homem maravilhoso e você foi um amigo maravilhoso
para mim. Agradeço do fundo do meu coração por amar a minha filha
como você ama. Por respeitá-la, inspirá-la e você não precisa mudar
por ela. Você nunca saberá o quão grata sou por ter tido você e
quanta paz que você trouxe a minha alma.
E Lake, esta sou eu cutucando seu ombro, dando-lhe a minha
aprovação. Você não poderia ter escolhido ninguém melhor para
amar, nem se eu tivesse escolhido a dedo. Além disso, obrigada por
ter estado tão determinada a manter a nossa família unida. Você
estava certa sobre Kel e a necessidade dele estar com você. Obrigado
por me ajudar a enxergar isso. E lembre-se, se as coisas ficarem
difíceis para ele, por favor, lembre-se de ensiná-lo a como parar de
esculpir abóboras... Eu amo vocês dois e desejo uma vida de
felicidade juntos.
-Julia
"E tudo ao redor minhas memórias, você dançar..." ~The Avett
Brothers
Coloco o cartão de volta dentro do envelope e vejo como Lake
esfrega as mãos em todo o vidro, girando ao redor para vê-lo de
todos os ângulos. "Eu a vi fazendo isso uma vez. Quando entrei em
seu quarto, ela estava dobrando tiras de papel, ela parou e o colocou
de lado enquanto nos falávamos. Eu tinha esquecido. Esqueci tudo
sobre ele. Isso deve ter demorado pra sempre."
Ela olha para as estrelas e eu olho para ela. Ela enxuga mais lágrimas
de seus olhos com a parte de trás da sua mão. Ela está segurando
bem, considerando todas as coisas.
"Eu quero ler todos eles, mas ao mesmo tempo espero que nunca
precise lê-los", diz ela.
Eu me inclino para frente e dou-lhe um beijo rápido. "Você é tão
incrível como a sua mãe." Tiro o vaso de suas mãos e caminho para a
cômoda e coloco-o lá. Lake pega a caixa e empurra o papel de
embrulho dentro e os coloca no chão. Ela coloca o cartão na mesa, e,
em seguida, deita-se de costas na cama. Deito-me ao lado dela, viro
para ela e descanso meu braço sobre sua cintura. "Você está bem?"
Pergunto-lhe. Eu não consigo dizer se ela está triste.
Ela olha para mim e sorri. "Pensei que ia doer ouvir suas palavras de
novo, mas não. Realmente me fez feliz", diz ela.
"Eu também", digo. "Estava realmente preocupado que fosse um
cachorro."
Ela ri e deita a cabeça no meu braço. Nós ficamos ali em silêncio,
observando um ao outro. Corro minha mão em seu braço e traço seu
rosto e pescoço com meus dedos. Amo olhá-la enquanto pensa.
Ela finalmente levanta sua cabeça do meu braço e desliza para cima
de mim, colocando as mãos na parte de trás do meu pescoço. Ela se
inclina e lentamente encosta os meus lábios nos dela. Sou
rapidamente consumido pelo sabor de seus lábios e a sensação de
suas mãos quentes. Eu a envolvo em meus braços e corro meus
dedos por seu cabelo e retorno seu beijo. Faz tanto tempo desde que
estivemos juntos e sozinhos, sem a possibilidade de ser
interrompidos. Odeio estar nesta situação, mas mais uma vez eu amo
estar nesta situação. Sua pele é tão macia, seus lábios são perfeitos.
Fica cada vez mais difícil recuar.
Ela corre as mãos debaixo da minha camisa e brinca levemente com
a boca em meu pescoço. Ela sabe que isso me deixa louco, mas vem
fazendo isso cada vez mais recentemente. Acho que ela gosta de
forçar seus limites. Um de nós tem de recuar... e não sei se consigo
fazer isso. Aparentemente, nem ela.
"Quanto tempo nós temos?" Ela sussurra. Ela levanta minha camisa e
seus lábios trilham seu caminho até meu peito.
"Tempo?" digo com voz fraca.
"Até os meninos chegarem em casa." Ela lentamente beija seu
caminho de volta até o meu pescoço novamente. "Quanto tempo
temos até os garotos chegarem em casa?" Ela traz o rosto de volta
para o meu e me olha. Posso ver pelo olhar em seus olhos que ela
está me dizendo que não vai recuar.
Trago meus braços sobre meus olhos. Tento me acalmar. Não quero
que seja assim pra ela. Pense em outra coisa, Will. Pense na
faculdade, trabalhos de casa, filhotes em caixas de papelão...
qualquer coisa.
Ela puxa o braço do meu rosto para que ela possa me olhar nos
olhos. "Will, já se passou um ano, eu quero!”
Rolo-a de costas e sustento minha cabeça no meu cotovelo e inclino-
me em direção a ela, acariciando seu rosto com a outra mão. "Lake,
acredite em mim... estou pronto, também. Mas não aqui. Não agora.
Você vai ter que ir para casa em uma hora quando os meninos
voltarem e acho que eu não poderia aguentar." Beijo sua testa. "Em
duas semanas temos um fim de semana prolongado... podemos
viajar juntos. Apenas nós dois. Vou ver se meus avós ficam com os
meninos e aí nós podemos passar o fim de semana todo juntos."
Ela chuta as pernas para cima e para baixo na cama, frustrada. "Eu
não posso esperar mais duas semanas! Nós já esperamos 57
semanas!"
Eu rio da sua infantilidade e inclino-me, dando um beijo em sua
bochecha. "Se eu posso esperar, você definitivamente pode esperar
tambem.”
Ela revira os olhos. "Deus, você é tão chato", brinca.
"Ah, eu sou um chato?" digo. "Você quer que eu te jogue no chuveiro
de novo pra você esfriar, se for isso que você precisa, definitivamente
farei."
"Só se você for comigo", diz ela. Seus olhos se arregalam e ela se
senta e me empurra de costas, inclinando-se sobre mim. "Will", ela
diz com entusiasmo como uma nova determinação sobre ela. "Isso
significa que nós podemos tomar banho juntos? Em nossa viagem?"
Sua animação me surpreende. Tudo que ela faz me surpreende.
"Você não está nervosa?" pergunto-lhe.
"Não, não." Ela sorri e se inclina mais perto. "Eu sei que vou estar em
boas mãos."
"Você definitivamente vai estar em boas mãos", digo, puxando-a para
mim. Quando estou prestes a beijá-la novamente, meu celular vibra.
Ela encosta no bolso e o puxa para fora.
"Gavin", diz ela. Ela entrega o celular para mim e rola de volta.
Leio o texto “Ótimo, Kel vomitou, acham que ele comeu algo
estragado, estão trazendo ele de volta para casa."
Ela geme e sai da cama. "Ugh! Odeio vomitar! Caulder provavelmente
vai começar também do jeito que eles passam porcaria entre eles."
"Eu vou mandar uma mensagem de volta e dizer-lhe para levar Kel
para sua casa. Você vai para casa e espera por eles, eu vou correr na
farmácia e já compro algum remédio." Visto minha camisa de volta e
pego o vaso que Julia nos deu para que possa colocá-lo na estante da
sala. Nós saímos do quarto no “modo Pai”.
"Pegue um pouco de sopa, também. Para amanhã. E uma sprite", diz
ela.
Quando coloco o vaso na sala de estar, ela enfia a mão por dentro e
pega uma estrela. Ela me vê olhando para ela e sorri. "Deve ter uma
boa dica aqui. Para vômito", diz ela.
"Temos um longo caminho pela frente, é melhor não desperdiçar
esses." Quando andamos para fora, agarro-lhe o braço e a puxo para
mim e lhe dou um abraço de boa noite. "Você quer que eu te leve
para casa?"
Ela ri e me abraça de volta. "Obrigado pelo encontro. Foi um dos
meus favoritos."
"O melhor ainda está por vir", digo, insinuando a nossa próxima
escapada.
"Eu estou me segurando a isso." Ela se afasta e começa a caminhar
em direção a sua casa. Vou para o carro e abro a porta enquanto ela
grita do outro lado da rua.
"Will!! Mais uma vez?"
"Eu te amo, Lake!"
07 de janeiro de 2012
Eu odeio borboletamente cheeseburgers.
Capítulo Três
Inferno. Inferno total é a melhor maneira de descrever as últimas
vinte e quatro horas. Desde que Gavin e Eddie chegaram em casa
com os meninos, era evidente que Kel não tinha tido nenhum
problema estomacal depois de tudo. Gavin não bateu quando entrou
correndo pela porta da frente e foi direto para o banheiro. Caulder foi
o próximo, em seguida, Lake e Eddie. Fui a última pessoa a sentir os
efeitos da intoxicação alimentar. Caulder e eu não fizemos nada além
de ficar deitados no sofá, revezando-nos para ver quem chegava
primeiro ao banheiro desde a meia-noite da noite passada.
Não posso evitar a inveja que sinto de Kiersten. Deveria ter comido
só pão também. No momento em que estava pensando nisso, ouvi
uma batida na porta da frente. Não me levantei. Nem falei nada.
Ninguém que conheça teria a cortesia de bater na porta antes de
entrar, então não sei quem poderia ser. E acho que nem vou
descobrir, ou ... porque não vou me mexer daqui.
Estava deitado no sofá de costas para a porta, mas pude ouvir a
porta sendo aberta lentamente deixando entrar o ar frio e uma voz
feminina que não reconhecia chamar meu nome.
"Will?"
Ainda não quero saber quem é. Neste momento, queria que fosse
alguém para acabar comigo... me tirar dessa miséria. Usei toda a
energia que fui capaz pra levantar a mão para quem quer que fosse
me enxergasse.
"Oh, coitadinho", disse ela. Fechou a porta atrás dela e andou até a
parte da frente do sofá e olhou para mim. Olhei de volta para ela e
percebi que não tinha absolutamente nenhuma ideia de quem era
essa mulher. Está na casa dos quarenta anos... seu cabelo preto
curto já tinha alguns fios cinza. É baixinha, menor que Lake. Tentei
sorrir, mas acho que não consegui.
Ela franziu o cenho e olhou para Caulder, que estava desmaiado no
outro sofá.
Percebi uma garrafa entre as mãos dela, quando atravessou a sala
em direção à cozinha. Ouvi algumas gavetas sendo abertas e ela
voltou com uma colher.
"Isso vai ajudar. Layken disse que vocês estavam doentes, também."
Ela derramou um pouco do líquido em uma colher e inclinou para
baixo, entregando a colher para mim.
Tomei. Tomaria qualquer coisa pra me tirar dessa. Engoli o
medicamento e tossi quando o líquido desceu queimando o interior da
minha garganta. Peguei um copo de água e tomei um gole. Não
queria beber muito, tava quase tudo voltando pra cima. "Que
porcaria é essa?" Perguntei.
Ela pareceu desapontada com minha reação. "Eu que fiz. Faço o meu
próprio remédio. Vai ajudar, eu prometo”. Ela foi até Caulder e o
sacudiu para que acordasse. Ele aceitou tomar o remédio assim como
fiz, sem dúvida nenhuma, em seguida, fechou os olhos.
"Sou Sherry, a propósito. A mãe de Kiersten."
Isso explica tudo.
"Ela disse que vocês comeram um pouco de carne podre.” Fazendo
uma careta quando disse a palavra ‘carne’.
Não queria nem pensar naquela carne, fechei meus olhos e tirei
aquela imagem da minha cabeça. Acho que ela percebeu minha
expressão de nojo e pediu desculpas.
"Desculpe. É por isso que sou vegetariana."
"Obrigado, Sherry", disse, esperando que ela terminasse. Mas, não.
"Estou lavando algumas peças de roupa na casa de Layken. Se você
quiser, posso lavar algumas suas também.” Ela nem esperou eu
responder. Já foi andando pelo corredor e começou a coletar as
roupas, em seguida, levou-as para a lavanderia. Ouvi a máquina
começar a trabalhar, seguido de um barulho na cozinha. Uma mulher,
que não conheço, está limpando a cozinha da minha casa. Mas estou
cansado demais para contestar. Cansado até para ficar agradecido
pela gentileza.
"Will?" disse voltando para sala de estar. Mal conseguia abrir meus
olhos. "Volto em uma hora para colocar as roupas na secadora. Vou
trazer um pouco de Minestrone2, também."
Apenas dei um aceno. Ou, pelo menos acho que assenti.
2 Minestrone – sopa vegetal que normalmente contém ervas, feijão e macarrão e é servida com
queijo parmesão
Não fazia nem uma hora ainda, mas o que quer que Sherry tenha me
dado já me fez sentir um pouco melhor. Caulder se obrigou a ir para
o quarto e desmaiou na cama. Andei até a cozinha e me servi de um
copo de Sprite quando a porta da frente se abriu. Era Lake.
Ela parecia estar tão detonada quanto eu, mas ainda assim bonita.
"Hey, Baby." Ela se arrastou até a cozinha e envolveu seus braços em
volta de mim. Estava de pijamas e pantufas. Não eram as de Darth
Vader, mas mesmo assim era sexy.
"Como Caulder está se sentindo?", pergunta.
"Melhor, eu acho. Seja lá o que foi que Sherry tenha nos dado.”
"Sim, foi bom." Ela repousou a cabeça no meu peito e respirou fundo.
"Queria que tivéssemos sofás suficientes em uma casa, assim nós
poderíamos ficar juntos enquanto estivéssemos doentes.”
A ideia de morarmos juntos veio à tona. Fazia sentido por questões
econômicas; nossas contas seriam divididas ao meio. Apesar dela ter
apenas dezenove anos... parecia gostar de ter sua independência.
Mas, o fato desse ser um grande passo nos deixou um pouco
apreensivos, então concordamos em esperar até o momento em que
estivéssemos certos sobre isso.
“Eu também gostaria disso", digo. Inclinei-me com a intenção de
beijá-la, mas ela balança a cabeça e afastou o rosto de mim.
"Nuh-uh", disse. "Nada de beijos por pelo menos mais vinte e quatro
horas.”
Eu rio e beijo o topo da sua cabeça.
"Vou voltar agora. Só queria dar uma olhada em você." Ela evitou o
meu rosto e, ao invés disso, me beijou no braço.
"Vocês dois são tão bonitinhos!", Sherry disse. Veio caminhando pela
sala de jantar e guardou um pote com sopa na geladeira, então se
virou e foi para a lavanderia. Não a ouvi abrir a porta da frente...
muito menos bater antes de entrar.
"Obrigado pelo remédio, Sherry. Ele realmente ajudou", Lake disse.
"Sem problemas", Sherry disse. "Essa mistura pode bater pra fora
toda a merda que estiver te fazendo mal. Vocês dois podem me
avisar se precisarem de mais.”
Lake olhou para mim e revirou os olhos.
"Vejo você depois, Baby. Te amo.”
"Também te amo. Avise-me quando Kel se sentir melhor, vamos vir
hoje à noite.”
Lake saiu e eu tomei seu assento à mesa e saboreei lentamente a
minha bebida. Ainda estava com receio de ingerir qualquer coisa
neste momento.
Sherry puxou a cadeira em frente a mim e sentou-se. "Então, qual é
sua história?", perguntou.
Não tenho certeza de que história ela queria saber, então levantei as
sobrancelhas pra ela enquanto tomava mais um gole e esperava que
ela elaborasse melhor a pergunta.
"A história de vocês dois. E de Kel e Caulder. É um pouco estranho do
ponto de vista de uma mãe. Tenho uma filha de 11 anos que parece
aproveitar o tempo gasto com todos vocês, sinto que é meu dever
como mãe me informar da sua história. Você e Lake são praticamente
crianças, criando crianças.”
Ela é muito contundente. No entanto, a forma como ela falou me
pareceu apropriado.
É fácil gostar dela. Vejo agora porque Kiersten é do jeito que é.
Coloco meu copo de Sprite na mesa na minha frente e esfrego a
condensação fora do vidro com meus polegares. "Meus pais
morreram há três anos”. Continuei a olhar para o vidro condensado
na minha frente, evitando o olhar dela. Não queria ver a pena em
seus olhos. "O pai de Lake morreu há mais de um ano atrás... a mãe
dela faleceu em setembro. Então... aqui estamos nós, criando nossos
irmãos.”
Sherry se inclinou para trás em sua cadeira e cruzou os braços sobre
o peito. "Eu sou uma chata.”
Apenas acenei com a cabeça e dei-lhe um meio sorriso. Pelo menos
ela não disse que lamentava muito pela gente. Odeio pena mais do
que qualquer coisa.
"Há quanto tempo vocês dois estão namorando?"
"Oficialmente? Desde dezoito de dezembro, um pouco mais de um
ano atrás.”
"E não oficialmente?", perguntou.
Remexi-me no meu lugar. Por que fui especificar oficialmente?
"Dezoito de Dezembro, um pouco mais de um ano atrás", Disse
novamente e sorri. Não serei mais específico do que isso. "E qual é a
sua história, Sherry?"
Ela riu e se levantou. "Will, alguém já te disse que é rude ser
intrometido?” E foi andando em direção à porta da frente. "Me avisem
se vocês precisarem de alguma coisa. Você sabe onde moramos.”
Passamos o dia todo de domingo assistindo filmes e parecendo
detonados. Ainda estávamos um pouco enjoados, então dispensamos
as guloseimas. Segunda-feira todo mundo de volta à realidade. Fui
largar Kel e Caulder na escola e segui para a faculdade. Três das
minhas quatro aulas são no mesmo prédio, uma das vantagens de
estar na pós-graduação. Uma vez definido seu curso, todas as aulas
são semelhantes e são geralmente ensinados na mesma área. A
primeira das minhas quatro aulas, no entanto, é do outro lado do
campus. É uma aula eletiva da pós-graduação chamada Morte e o
Morrer. Pensei que seria interessante, já que sou mais do que
experiente no assunto. Mas também não tive escolha. Não havia
outra matéria na grade curricular que ocupasse o horário das oito
horas, que eu pudesse aproveitar, então tive que ficar com essa para
poder aumentar os meus créditos. Quando entrei, havia alguns
alunos sentados espalhados. A sala parecia um auditório equipado
com mesas de dois assentos cada. Subi as escadas e sentei-me na
parte do fundão da sala. É estranho, ser o aluno agora, em vez de ser
o professor. Estava tão acostumado a estar à frente da sala de aula.
Levei um tempo para me acostumar com a inversão de papéis.
A classe se encheu rapidamente. É o primeiro dia do semestre, por
isso, provavelmente, será o único dia em que as pessoas realmente
chegarão cedo. É assim que funciona quando algo é novidade... a
empolgação acaba em mais ou menos dois dias. É raro para um
professor ter todos em seu show após o segundo dia.
Joguei minhas coisas sobre a mesa e sentei-me. O meu celular vibrou
no meu bolso então o tirei e deslizei o dedo pela tela. Era uma
mensagem de Lake.
Finalmente encontrei o meu telefone. Espero que você goste
de suas aulas. Eu te amo e vejo você esta noite.
Estava começando a responder de volta quando o professor começou
a fazer a chamada. Terminei o texto, pressionei o botão enviar e
coloquei meu celular de volta no bolso.
"Will Cooper?", Disse o professor. Levantei minha mão, ele olhou para
mim e acenou com a cabeça, em seguida, marcou na sua planilha.
Ele continuou a fazer a chamada e eu comecei a olhar ao redor da
sala para ver se reconhecia alguém.
Havia algumas pessoas com quem tinha terminado o ensino médio,
no meu último semestre eletivo. Geralmente não há muitas pessoas
que eu conheça nas minhas aulas desde que decidi ir um pouco mais
adiante nos estudos. A maioria dos meus colegas de escola se formou
na faculdade em maio passado, e muitos deles não optaram pela pós-
graduação. Enquanto meus olhos faziam uma varredura pela sala,
notei uma menina com cabelos loiros na fila da frente que se virou
completamente em seu assento. Quando encontrei o seu olhar, meu
coração afundou. Ela sorriu e acenou quando viu que a reconheci. Ela
se virou e juntou as suas coisas, então se levantou e deu meia volta
para subir as escadas.
Oh, não. Ela está vindo em minha direção. Está prestes a sentar-se
comigo.
Oh, Deus.
"Will! Oh meu Deus, que coincidência? Já faz tanto tempo", disse.
Fiz meu melhor para sorrir de volta. Não entendi a minha própria
reação. Não sabia dizer se era raiva, culpa, ou o quê. "Hey, Vaughn.”
Tentei parecer satisfeito em revê-la.
Ela tomou o assento ao meu lado e se inclinou para me abraçar.
"Como você está?", sussurrou. "Como está Caulder?"
"Ele está bem", eu disse. "Crescendo. Ele vai fazer onze anos daqui
dois meses”.
"Onze? Nossa”, ela disse, balançando a cabeça em descrença.
Nós não nos víamos há quase três anos. Ela sabe que nos separamos
em uma situação ruim, para dizer no mínimo, no entanto, ela está
agindo como se estivesse realmente animada em me ver. Gostaria de
poder dizer o mesmo.
"Como está o Ethan?" perguntei. Ethan é seu irmão mais velho. Nós
éramos bons amigos quando Vaughn e eu namoramos, mas não nos
falamos desde o rompimento.
"Ele está bem. Está muito bem. Está casado agora, eles estão com
um bebê a caminho.”
"Bom para ele. Diga a ele que eu disse isso.”
"Eu direi", disse ela.
"Vaughn Gibson?" O professor chamou.
Ela levantou a mão. "Bem aqui", ela falou e ele marcou em sua
planilha. Ela voltou sua atenção de volta para mim. "E quanto a você?
Casou?"
Balancei negativamente minha cabeça.
"Nem eu", ela sorriu.
Não gostei disso. Não gosto de como ela estava me olhando. Já vi
esse olhar antes. Nós namoramos por mais de dois anos, eu a
conheço muito bem. E agora, suas intenções não eram boas para
mim.
"Não estou casado, mas estou namorando alguém”, esclareci. Podia
ver a ligeira mudança na sua expressão, mas ela tentou dissimular
com um sorriso.
"Bom para você", disse. "É sério?" Ela estava cavando por alguma
pista.
"Muito.”
Ambos nos voltamos para a frente da sala, quando o professor
começou a explicar os requisitos do semestre e dando uma passada
por cima do programa.
O resto da hora, nós não falamos muito mais do que questões
pontuais sobre as informações da classe.
Quando o professor nos dispensou, rapidamente me levantei.
"É muito bom te rever, Will," ela disse. "Estou empolgada com esta
classe agora. Nós temos um monte de coisas para botar em dia.”
Sorri para ela sem concordar. Ela me deu outro abraço rápido e se
afastou. Recolhi minhas coisas e fui para minha segunda aula, tinha
que pensar em uma maneira de contar isto para Lake.
Lake nunca perguntou sobre meus relacionamentos passados. Ela
dizia que não havia nada de bom em discutir isso, de modo que
nunca discutimos. Nem tenho certeza de que ela saiba de Vaughn.
Ela só sabe que tive um relacionamento muito sério na escola. Até
sabe que eu já fiz sexo - falamos sobre isso. Não sei como ela vai
receber isso. Odiaria aborrecê-la, mas também não quero esconder
nada.
Mas o que eu estaria escondendo? Será que é realmente necessário
que eu lhe conte quem são os alunos na minha classe? Nós nunca
discutimos isso antes, então por que sinto a necessidade de fazer isso
agora? Se disser, é só pra deixá-la preocupada desnecessariamente.
Se não contar, que mal estaria fazendo? Lake não é da minha turma,
nem mesmo frequenta a escola nos mesmos dias que eu. Deixei claro
para Vaughn que tenho um relacionamento sério... isso deve bastar.
Até o final da minha última aula, já tinha me convencido que Lake
não precisava saber.
Quando cheguei ao ensino fundamental, Kel e Caulder estavam
sentados do lado de fora em um banco, longe do resto dos
estudantes. A Sra. Brill estava em pé bem atrás deles, esperando.
"Ótimo," murmurei a mim mesmo. Já tinha ouvido histórias horríveis
sobre ela, mas na verdade nunca tive que lidar com ela. Desliguei o
motor e saí, era óbvio que era o que esperava que eu fizesse.
"Você deve ser o Will", ela disse, enquanto estendia a mão. "Nós já
nos conhecemos antes, só que não oficialmente eu acredito.”
"Prazer em conhecê-la”. Olhei para os meninos que não estavam
fazendo nenhum contato visual comigo.
Quando olhei de volta a Sra. Brill, ela acenou com a cabeça para a
esquerda, indicando que gostaria de falar comigo em particular.
"Ocorreu um incidente com Kel na semana passada na cafeteria",
disse Sra. Brill enquanto caminhávamos pela calçada, para longe da
multidão. "Eu não tenho certeza qual é a relação entre você e Kel,
mas não pude entrar em contato com a irmã dele.”
"Estamos cientes do que aconteceu", disse. "Layken perdeu o celular.
Precisa que eu a avise que entre em contato com você?"
"Não, não é por isso que queria falar com você", ela falou. "Só queria
ter certeza de que ambos estavam cientes do incidente da semana
passada em primeiro lugar e que lidaram com tudo de forma
adequada.”
"Estamos cientes. Nós cuidamos disso", falei. Não sei o que ela quis
dizer com ‘lidar apropriadamente’, mas duvido que a punição
esperada fosse rir sobre isso na mesa de jantar. Oh, cara.
"Eu queria falar com você sobre outro assunto. Há uma nova
estudante aqui, parece ser bem apegada a Kel e Caulder. Kiersten?”
Será que está esperando que eu admita saber a quem está se
referindo? Concordei com a cabeça. "Houve hoje um incidente que a
envolveu e alguns dos outros alunos”, disse.
Parei de andar e virei-me em direção a ela, de repente, me tornando
mais investido em nossa conversa. Se tiver alguma coisa a ver com a
forma como os três agiram na mesa de jantar na outra noite, quero
saber o que aconteceu.
"Ela está sendo perseguida. Alguns dos outros estudantes acham que
sua personalidade não combina bem com a dos outros, eu acho. Kel e
Caulder descobriram um grupo de meninos mais velhos falando
algumas coisas a ela, então decidiram tomar satisfações com as
próprias mãos." Ela fez uma pausa e olhou para trás na direção de
Kel e Caulder, que ainda estavam sentados nas mesmas posições.
"O que eles fizeram?" Perguntei nervosamente.
"Não é o que eles fizeram, realmente. Mas o que disseram.... em um
bilhete." Ela pegou um pedaço de papel do bolso e entregou-o a mim.
Desdobrei o bilhete e olhei. Fiquei boquiaberto com o que vi. Era a
imagem de uma faca ensanguentada com as palavras "Você vai
morrer, babaca!" escrito na parte superior do mesmo.
"Kel e Caulder escreveram isto?" Perguntei, embaraçado.
Ela acenou com a cabeça. "Eles já admitiram isso. Sabemos que você
é professor, então você conhece o significado desses tipos de
ameaças no campus. Isto não pode ser levado de maneira leviana,
Will. Espero que você entenda. Eles serão suspensos pelo resto da
semana.”
"Suspensos? Durante uma semana inteira? Mas eles estavam
defendendo alguém que estava sendo intimidado.”
"Entendo e asseguro que aqueles garotos foram punidos também.
Mas não posso tolerar mau comportamento na defesa de um
comportamento pior.”
Sei de onde ela está tirando tudo isso. Olhei para o bilhete
novamente e suspirei. "Vou fazer com que Lake saiba disso. Há mais
alguma coisa? Eles estão livres para voltar na segunda-feira?"
Ela concordou com a cabeça. Disse-lhe obrigado e caminhei de volta
para o carro e subi no carro. Os meninos pularam para o banco de
trás e nós dirigimos para casa em silêncio. Estou muito puto da vida
com eles por não terem dito nada até agora. Ou pelo menos acho que
estou puto. Eu deveria estar não deveria?
Lake estava sentada no bar quando entrei pela porta da frente. Kel e
Caulder entraram logo atrás de mim e fui ríspido ao mandá-los
sentar. Lake me lançou um olhar confuso quando andei pela sala de
estar e fiz sinal para que ela me seguisse até seu quarto. Fechei a
porta atrás de nós por privacidade e expliquei tudo o que aconteceu,
mostrando-lhe o bilhete.
Ela olhou para o bilhete por um tempo, então cobriu a boca, tentando
esconder o sorriso. Ela achou engraçado. Senti-me aliviado, porque
esta foi a minha reação inicial, também. Quando olhamos um nos
olhos do outro, nós dois começamos a rir.
"Eu sei Lake! Do ponto de vista de um irmão é muito engraçado", eu
disse. "Mas o que deveríamos fazer do ponto de vista como pais?"
Ela balançou a cabeça. "Eu não sei. Estou meio orgulhosa por eles
defenderem a Kiersten.” Ela sentou-se na cama e jogou o bilhete de
lado. “Mas mesmo assim, coitada da Kiersten.”
Sentei-me na cama ao lado dela. "Bem, nós temos que ser severos.
Eles realmente não podem continuar fazendo essas besteiras.”
Lake acenou com a cabeça em concordância. “E qual deveria ser a
punição mais correta?”
Encolhi os ombros. "Eu não sei. Ser suspenso parece mais uma
espécie de recompensa. Que criança não gostaria de ter uma semana
de folga da escola?“ Nós dois pensamos por um tempo. Nenhuma
ideia nos ocorreu como boas punições.
"Acho que é uma boa termos horários diferentes neste semestre”, ela
disse.
“Dessa forma, cada vez que eles forem suspensos, pelo menos um de
nós estará em casa.”
Sorri para ela... e espero que ela esteja errada. É melhor que essa
seja a primeira e última suspensão.
Lake não sabe, mas ela facilitou muito as coisas com Caulder. Antes
de conhecê-la, eu agonizava com cada decisão que tinha que tomar
como se fosse um pai solteiro. Agora que fazíamos essas escolhas
juntos, não ficava mais me martirizando por isso. Nós parecíamos
concordar na maioria dos aspectos em relação a como os meninos
deveriam ser educados. Também não era nada mal ter o seu instinto
materno em ação agora. São momentos como estes, quando nós
deveríamos unir forças, que era quase insuportável levar as coisas
com calma. Se eu deixasse de agir com a cabeça e apenas seguisse
meu coração, casaria com ela hoje.
Empurrei-a de costas na cama e a beijei. Por causa daquele fim de
semana dos infernos, não tinha sido capaz de beijá-la desde sexta-
feira. Sentia falta do seu beijo. E da forma como ela me beijava de
volta, é óbvio que ela também sentia falta do meu beijo.
"Você já falou com seus avós sobre o próximo fim de semana?", Ela
perguntou.
Meus lábios se moveram de sua boca, para sua bochecha e orelha.
“Vou ligar hoje à noite”, sussurrei. "Você já sabe aonde você quer ir?"
Sua pele ficou arrepiada, então continuei beijando seu pescoço.
“Nós poderíamos ficar mais despreocupados. Por mim nós ficamos
aqui na minha casa. Estou procurando um modo de ficar só com você
por três dias inteirinhos. E, finalmente, passarmos a noite juntos... na
mesma cama, pelo menos.”
Tentei não parecer muito ansioso, mas o próximo fim de semana era
tudo que eu conseguia pensar agora. Ela não precisava saber, mas
agora estava em uma nervosa contagem regressiva pessoal. Dez dias
e mais 21 horas.
"Por que não fazemos isso?" Parei de beijá-la no pescoço e a olhei.
“Vamos ficar aqui. Kel e Caulder estarão em Detroit. Podemos mentir
para Eddie e Gavin dizendo que vamos ficar um tempo fora para que
eles não apareçam. Vamos fechar as cortinas, trancar as portas e nos
refugiar por três dias inteiros, aqui nesta cama. E no chuveiro
também, é claro.”
"Parece ‘maragnífico’", ela disse. Ela adora combinar as palavras pra
parecer mais enfática. Tenho certeza que maragnífico é uma
combinação de maravilhoso e magnífico. Acho isso bonitinho.
"Agora, de volta para o castigo", ela disse. "O que nossos pais
fariam?"
Sinceramente não faço ideia do que meus pais fariam. Se tivesse
qualquer pista, não seria tão difícil encontrar soluções para todos os
problemas que vêm junto com a criação de crianças.
"Eu não sei o que eles fariam. Mas sei o que quero fazer", falei.
“Vamos dar um susto neles, fazê-los sentir borboletas no estômago.”
"Como?", ela perguntou.
“Aja como se você estivesse tentando me acalmar. Como se eu
estivesse realmente puto. Nós podemos tentar com que eles fiquem
sentados lá suando um pouco.”
Ela riu. “Você é tão mal”. Ela se levantou e foi mais perto da porta.
“Will!!
Acalme-se!", ela gritou.
Fui até a porta e bati para dar uma ênfase extra. “Não vou me
acalmar! Eu estou PUTO!”
Lake se jogou na cama e puxou um travesseiro sobre o rosto para
abafar a gargalhada antes de continuar gritando. “Não, pare com
isso! Você não pode ir lá fora ainda! VOCÊ PRECISA SE ACALMAR,
WILL! VOCÊ PODERIA MATÁ-LOS!"
Olhei para ela. "Matá-los?" Eu sussurro. "Sério?"
Ela riu quando pulei de volta na cama com ela. "Lake, você é péssima
nisso.”
“Will, NÃO! O cinto não”, ela gritou de forma dramática.
Fechei a minha mão sobre sua boca. "Cale a boca!" Eu rio.
Nós nos demos alguns minutos para recuperar a compostura antes de
sair do quarto. Quando andamos pelo corredor, fiz o meu melhor para
manter um olhar intimidador. Os meninos estavam nos observando
com medo em seus olhos quando tomamos nossos lugares em torno
do bar em volta deles.
"Eu vou falar", Lake disse para eles. “Will está muito transtornado
agora para falar com vocês.”
Eu os encarei e não falei nada, tentando fazer a melhor exibição de
raiva. Estava me perguntando se é assim que os pais de verdade
lidam com esse negócio de paternidade? Muito ‘fingimento’ para
parecerem serem adultos responsáveis.
"Em primeiro lugar”, Lake disse em um tom maternal muito
soberbamente falsificado. "Nós gostaríamos de elogiá-los por
defenderem sua amiga. Maaas, vocês agiram de modo muito errado.
Deveriam ter falado com alguém sobre isso. A violência nunca é a
melhor resposta contra a violência", disse.
Eu não poderia ter dito melhor mesmo que estivesse lendo um
manual sobre “como criar seu filho”!!!
"Vocês estão ambos de castigo por duas semanas. E não pensem que
a sua suspensão vai ser divertida, também. Vamos dar a vocês uma
lista de tarefas a fazer todos os dias. Incluindo sábado e domingo.”
Bati meu joelho contra o dela sob o balcão, deixando-a saber, que
aquele era um belo toque.
"Algum de vocês tem algo a dizer?”, perguntou.
Kel levantou a mão. "E o meu aniversário na sexta?"
Lake olhou para mim e eu encolhi os ombros. Ela se virou em direção
a Kel.
"Você não precisa estar de castigo no dia do seu aniversário. Mas
você vai ter um dia extra de castigo. Mais perguntas?"
Nenhum deles disse nada.
“Ótimo. Vá para o seu quarto, Kel. Está proibido de sair com Caulder
ou Kiersten enquanto estiver de castigo. Caulder, o mesmo vale para
você. Vá para sua casa e fique no seu quarto.”
Os meninos se levantaram do balcão e foram para seus respectivos
quartos. Quando Kel desapareceu pelo corredor e Caulder
desapareceu pela porta da frente, batemos as mãos suspensas no ar.
"Boa jogada”, disse a ela. "Você quase me convenceu.”
"Você também. Realmente parecia puto!”, disse. Foi para a sala de
estar e começou a dobrar roupa. "Então? Como foram suas aulas?"
"Boas", respondi. Poupei-a dos detalhes do primeiro período. "Mas
tenho um monte de lição de casa, preciso começar logo. Vamos
comer juntos esta noite?"
Ela balança a cabeça. "Prometi a Eddie que teríamos uma noite só
para garotas hoje. Gavin começou o trabalho na Getty. Mas amanhã
sou toda sua.”
Quando andei pela sala em direção à porta da frente, parei para
beijá-la na testa. "Vocês duas divirtam-se. Me mande uma
mensagem de boa noite", falei. "Sabe onde está o seu celular, né?"
Ela concordou com a cabeça e o puxou para fora do bolso me
mostrando.
“Eu te amo”, ela disse.
“Eu também te amo”, falei enquanto saía.
Quando fechei a porta atrás de mim, sentia como se tivesse deixado
escapar um pequeno momento. Voltei e ela estava de frente para o
outro lado, dobrando uma toalha. Virei-a de frente para mim e tirei a
toalha de suas mãos. Envolvi-a em meus braços e a beijei
novamente, mas desta vez foi melhor. "Eu te amo", disse novamente.
Ela suspirou e se inclinou para mim. "Não posso esperar até o
próximo fim de semana, Will. Queria que fosse possível acelerar o
tempo pra que chegasse logo.”
"Somos dois."
Terça-feira 10 de janeiro, 2012.
Se eu fosse um carpinteiro, gostaria de construir uma janela para a
minha alma.
Mas eu gostaria de deixar a janela fechada e trancada, de modo que
cada vez que você tentasse olhar através dele ... tudo o que poderia
ver é o seu próprio reflexo.
Você iria ver que a minha alma é um reflexo seu ...
Capítulo Quatro
Lake já tinha saído para a escola quando acordei na manhã seguinte.
Kel estava dormindo no sofá. Ela deve ter mandado-o para lá antes
de sair. É dia de passar o lixeiro, então enfiei os pés nos sapatos e
corri para fora pra colocar a lata na calçada.
Tive que bater uma quantidade enorme de neve da tampa antes de
conseguir desprendê-la. Lake! Esqueci, corri até a casa dela e puxei o
lixo para a calçada também.
"Ei, Will", cumprimentou Sherry. Ela e Kiersten estavam saindo de
casa.
"Bom dia", respondi.
"O que aconteceu com Kel e Caulder ontem? Eles estão com muitos
problemas?" Kiersten perguntou.
"Suspensos. Eles não podem voltar até segunda-feira.”
"Suspensos por quê?" Sherry perguntou. Podia dizer pelo tom de sua
voz que Kiersten não devia ter dito nada a ela.
Kiersten se volta para a mãe dela. "Eles ameaçaram os meninos que
eu estava falando pra você. Eles escreveram-lhes um bilhete
ameaçando-os de morte. Chamando-os de babaca.” Kiersten disse
assim, sem rodeios.
"Uau, como são doce", disse Sherry. "Eles defenderam você." Sherry
se virou para mim antes de entrar em seu carro. “Agradeça aos
meninos por mim. Isso é muito doce, defender a minha menina,
gostei disso.”
Ri e balancei a cabeça enquanto observei-as entrar no carro. Quando
voltei para dentro, Kel e Caulder estavam sentados no sofá assistindo
TV. "Bom dia", eu disse.
"Nós estamos autorizados a assistir TV, pelo menos?” perguntou
Caulder.
Dei de ombros. “Tanto faz. Façam o que quiserem. Só não ameacem
de matar ninguém hoje.” Sei que provavelmente deveria ter sido
mais rigoroso, mas ainda era muito cedo para me importar.
"Eles foram realmente muito ruins para ela, Will", disse Kel. "Eles
estão fazendo maldades a ela desde que se mudou para cá. Ela não
fez nada para eles.”
Deitei-me no outro sofá e chutei meus sapatos para fora dos meus
pés. “Nem todo mundo que você encontrar vai ser bom, Kel. Há um
monte de pessoas cruéis no mundo, infelizmente”, falei. “Que tipo de
coisas que eles estão fazendo com ela?”
Caulder virou para mim e respondeu. “Um dos meninos da sexta
série pediu-lhe para ser seu namorado cerca de uma semana depois
que ela se mudou para cá, mas ela disse que não. Ele é metido a
valentão. Ela disse que era vegetariana e não podia namorar um
carniceiro. Isso o deixou realmente louco e desde então está
espalhando boatos sobre ela.” Disse Caulder. “Muitas crianças têm
medo dele, porque ele é um idiota e agora os outros estão sendo
cruéis com ela, também.”
“Não use a palavra idiota, Caulder. E acho que vocês estão fazendo a
coisa certa, ao defendê-la. Lake e eu não estamos bravos por isso, na
verdade, estamos até um pouco orgulhosos. Nós apenas gostaríamos
que usassem a cabeça antes de fazerem algumas das escolhas que
vocês têm feito. Esta já é a segunda semana seguida que vocês
fizeram algo estúpido na escola. Só que desta vez foram suspensos
por causa disso. Todos nós já estamos suficientemente bem servidos
de preocupações, então... a gente não precisa do stress extra que
estão causando.”
“Desculpe”, disse Kel.
“É. Desculpe Will”, disse Caulder.
“Quanto a Kiersten, podem continuar fazendo o que estão fazendo,
por ela. Ela é uma boa garota e não merece ser tratada assim.
Alguém, além de vocês, está sendo bom para ela também? Ela não
tem outros amigos?”
“Ela tem Abby”, disse Caulder.
Kel sorriu. “Ela não é a única que tem Abby.”
"Cale a boca, Kel!" Caulder acertou-o no braço.
“Epa! O que é isso? Quem é Abby? Caulder você tem uma
namorada?” provoquei.
“Não, ela não é minha namorada”, disse Caulder defensivamente.
“Só porque ele é muito tímido para perguntar a ela”, disse Kel.
“Olha quem fala!!!”, falei a Kel. “Você está caidinho pela Kiersten
desde o dia em que ela mudou para cá, por que você ainda não a
pediu para ser sua namorada?”
Kel ruborizou e tentou esconder o sorriso. Me lembra Lake, quando
faz isso.
“Já perguntei. Ela já é minha namorada”, ele disse.
Estou impressionado. Ele tem mais coragem do que eu pensava.
“É melhor não contar a Layken!”, ele disse. “Ela vai me
envergonhar.”
“Não vou contar nada”, falei. “Mas a sua festa de aniversário é nesta
sexta-feira. É melhor dizer à Kiersten para não te beijar na frente de
Lake, se você não quer que ela descubra.”
“Cale a boca, Will! Eu não a beijo”, Kel disse com um olhar de
desgosto em seu rosto.
“Caulder, você deveria convidar Abby para a festa de Kel”, disse.
Caulder mostrou o mesmo olhar envergonhado de Kel.
“Ele já fez isso”, disse Kel. Caulder o acertou no braço novamente.
Me levantei. É óbvio que o meu conselho não é necessário aqui.
“Bem, vocês dois já resolveram tudo, então. O que vocês precisam de
mim?”
“Alguém tem que pagar pela pizza”, disse Caulder.
Andei até a porta da frente e agarrei ambos os casacos, atirando-os
de volta aos dois.
“Hora do castigo”, disse. Ambos gemeram e reviraram os olhos.
“Vocês vão limpar as calçadas com pás hoje.”
“Como assim calçadas? No plural? Mais do que uma?” exclamou
Caulder.
“Sim”, disse. “Façam a minha e a de Lake, quando estiver pronto
façam a de Sherry e Kiersten também. E já que irão fazer tudo isso,
vão em frente e façam também a de Bob e Melinda.”
Nenhum deles se moveu do sofá.
"Vão!"
Meu estômago estava dando um nó na manhã de quarta.
Sinceramente, não queria ver Vaughn hoje. Tentei sair alguns
minutos mais cedo, na esperança de que pudesse chegar para a aula
com antecedência suficiente para escolher um lugar ao lado de outra
pessoa. Infelizmente, fui o primeiro a chegar. Sentei-me atrás da sala
de novo, esperando que ela não quisesse fazer o percurso até mim.
Mas ela quis. Assim que me viu, sorriu e subiu as escadas, jogando a
mochila sobre a mesa. “Bom dia”, ela disse. “Trouxe um café para
você. Dois cubos de açúcar, sem creme, do jeito que você gosta.” Ela
largou o café na minha frente.
“Obrigado” agradeci. Estava com o cabelo puxado para trás em um
coque. Sei exatamente o que ela está fazendo. Eu disse uma vez que
adorava quando ela usava o cabelo assim. Não é por acaso que ela
está usando exatamente esse penteado hoje.
“Então, eu estava pensando em recuperar o tempo perdido. Talvez eu
pudesse ir à sua casa qualquer hora dessas. Tenho saudades de
Caulder, gostaria de revê-lo.”
Com certeza não! Claro que não! Isso é o que eu realmente queria
poder dizer.
“Vaughn, não acho que seja uma boa ideia”, é o que eu realmente
disse.
"Oh", disse ela em voz baixa. "Ok."
Poderia dizer que acabei ofendendo-a pela forma como ela baixou o
tom de voz.
“Olha, eu não estou querendo ser grosseiro. É só que ... você sabe,
nós temos um monte de história. Não seria justo com Lake.”
Ela ergueu a cabeça para mim. “Lake? O nome da sua namorada é
Lake?”
Não gostei da sua atitude. “O nome dela é Layken. Eu a chamo de
Lake.”
Ela se virou para mim na cadeira e colocou a mão no meu braço.
“Will, eu não estou tentando te causar problemas. Se Layken é do
tipo ciumenta, é só falar.
Não tem nada demais.”
Ela roçou o dedo no meu braço e olhou para a mão dela. Odeio o fato
dela estar tentando minar o meu relacionamento com esse
comentário sarcástico. Sempre costumava fazer isso. Não mudou em
nada. Puxei meu braço para longe dela e olhei para frente da sala.
“Vaughn pare. Eu sei o que você está fazendo e isso não vai
acontecer.”
Ela bufou e focou sua atenção de volta para frente da sala. Estava
irritada.
Ótimo, talvez tenha entendido a não tão sutil afirmação.
Realmente não entendo o que está querendo com isso. Nunca
imaginei que a veria de novo e muito menos que teria que
praticamente enxotá-la de volta. É estranho como eu a havia amado
tanto naquela época, mas agora simplesmente não sentia mais nada
por ela. Mas não me arrependo do que passamos juntos. Nós
realmente tivemos um relacionamento muito bom e honestamente
acho que teria me casado com ela se meus pais não tivessem
falecido. Mas apenas porque eu era ingênuo a ponto de não saber
como um relacionamento deveria ser. Como o amor deveria ser.
Nós nos conhecemos quando éramos calouros, mas não começamos
a namorar até o penúltimo ano. Tudo começou quando fui a uma
festa com o meu melhor amigo, Reece. Saímos poucas vezes, então
concordamos em ter uma relação de exclusividade. Nós namoramos
por cerca de seis meses antes de fazermos sexo pela primeira vez.
Nós dois ainda vivíamos em casa, com nossos pais, por isso
acabamos transando no banco traseiro de seu carro. Foi estranho no
mínimo. Estávamos apertados, estava frio e foi provavelmente um
ambiente nada romântico que uma garota poderia querer naquele
momento. Claro, as coisas ficaram muito melhor ao longo do próximo
ano e meio, mas sempre vou me arrepender de ter sido daquela
forma sua primeira vez. Talvez por isso eu queira que a primeira vez
de Lake seja perfeita. Não apenas outro impulso do momento do tipo
de coisa que Vaughn e eu tivemos.
Eu ainda estava de luto e passando por uma série de problemas
emocionais depois que minha relação com Vaughn terminou. Criar
Caulder e tendo que dobrar o número de aulas não me restou muito
tempo para namorar depois disso. Vaughn foi o último
relacionamento que tive até o momento em que conheci Lake. E
depois de apenas um encontro com Lake, eu sabia que a conexão
entre nós era algo mais. Foi mais do que já tive com Vaughn, e mais
do que jamais pensei que poderia ter com alguém. Por isso, vou ser
eternamente grato a Vaughn por ter terminado nosso relacionamento
quando pôde fazer.
Sexta-feira foi muito melhor. Vaughn não compareceu às aulas, por
isso o resto do dia foi muito mais fácil. Parei na loja depois da minha
última aula e peguei o presente de aniversário de Kel, em seguida, fui
para casa para me preparar para sua festa de aniversário.
As únicas duas pessoas que Kel e Caulder convidaram para a festa de
hoje à noite foram Kiersten e Abby. Sherry e Kiersten foram buscar
Abby enquanto Lake e Eddie saíram para ir pegar o bolo. Gavin
chegou com as pizzas ao mesmo tempo em que estacionei o carro na
garagem. Essa era sua noite de folga, mas pedi que buscasse as
pizzas já que agora ele tinha desconto.
"Está nervoso?" Perguntei a Caulder enquanto desempilhava as
pizzas no balcão. Sei que está prestes a completar apenas onze anos,
mas me lembro de como foi passar pela minha primeira paixão.
“Pare com isso, Will. Você vai fazer hoje à noite uma droga se
continuar com isso”, disse ele.
"É justo, vou deixá-lo em paz. Mas, primeiro, preciso estabelecer
algumas regras. Nada de segurar na mão até que você esteja com
onze anos e meio.
Nada de beijos até que você esteja com treze anos. E nada de língua
até que você esteja com quatorze anos. Quero dizer quinze. Uma vez
que você chegar a esse ponto, vamos revisar as regras. Até então, se
atenha a essas regras.”
Caulder revirou os olhos e foi embora.
Bem acho que ocorreu tudo bem. Nossa primeira conversa oficial
sobre "Sexo". Mas acho que o que eu realmente preciso fazer é ter
uma conversa com Kel. Ele parece um pouco mais atrevido no quesito
‘garotas’ do que Caulder.
"Quem fez o pedido do bolo?" Lake perguntou entrando pela porta da
frente carregando-o nos braços. Ela não parecia satisfeita.
"Deixei Kel e Caulder pedindo quando estávamos fazendo compras no
supermercado no outro dia. Por quê? O que há de errado com ele?"
Ela caminhou até a bancada onde colocou o bolo. Abriu a tampa e se
afastou para que eu pudesse vê-lo.
"Oh," eu disse.
O bolo estava coberto de glacê amanteigado na cor branca. A escrita
na parte superior era em azul.
'Borboleta' Feliz Aniversário Kel
"Bem, na verdade não é uma palavra ruim", falei.
Lake suspirou. "Eu realmente odeio que eles sejam tão engraçados",
disse ela.
"Só que vai ficar mais difícil com o tempo, você sabe. Nós realmente
precisamos começar a acertar os ponteiros agora, antes que seja
tarde demais.” Ela fechou a tampa e levou o bolo para geladeira.
"Amanhã", disse envolvendo meus braços em torno dela por trás.
“Nós não podemos bater em Kel no seu próprio aniversário.” Me
inclinei e a beijei na orelha.
“Tudo bem então.” Ela inclinou o pescoço para o lado, me permitindo
o acesso mais fácil. “Mas eu dou o primeiro soco.”
"Pare com isso!" Kel gritou. "Vocês não podem fazer essa porcaria
hoje. É meu aniversário e eu não quero ter que assistir vocês dando
uns amassos.”
Larguei de Lake e agarrei Kel embaixo do meu ombro. “Isto é por
causa da borboleta no bolo”, disse. Me virei de costas para Layken.
"Essa é a sua surra de aniversário, aproveita.”
Lake começou contando as palmadas no aniversariante enquanto Kel
lutava para sair do meu alcance. Ele está ficando mais forte.
"Me põe no chão, Will!" estava me batendo nas costas, tentando se
libertar.
Só o larguei depois de Lake acabar com as palmadas. Kel riu e tentou
me empurrar, mas não cedi.
“Mal posso esperar até que eu esteja maior que você! Vou chutar a
sua borboleta!” Ele desistiu e saiu correndo pelo corredor até o
quarto de Caulder.
Lake estava olhando para o corredor com um olhar sério em seus
olhos. “Será que nós deveríamos mesmo deixá-los dizer isso?”
Eu rio. “Deixá-los dizer o quê? Borboleta?”
Ela concordou com a cabeça. “É. Quero dizer, essa palavra já está até
soando como algo ruim.”
"Você prefere que ele diga bunda?", Disse Kiersten, passando entre
Lake e eu.
Mais uma vez, ela está aqui e eu nem sequer ouvi-a bater.
"Oi Kiersten", disse Lake.
Havia uma menininha logo atrás de Kiersten. Ela olhou para Lake e
sorriu.
"Você deve ser Abby", disse Lake. “Sou Layken, fique à vontade.”
Abby nos deu um pequeno aceno, mas não disse nada.
"Abby é tímida. Dê um tempo, ela vai se entrosar”, disse Kiersten.
Elas se viraram e foram em direção à mesa na cozinha.
"E Sherry vem?", Disse Lake.
"Não, provavelmente não. Mas quer que leve um pedaço de bolo.”
Kel e Caulder correram para a cozinha quando ouviram Abby e
Kiersten.
"Aqui estão eles", disse Kiersten. "Como foi a sua semana de folga da
escola, seus bundões sortudos.”
"Abby, venha aqui", disse Caulder. "Quero te mostrar o meu quarto.”
Depois que Abby saiu seguindo Caulder para fora da sala, olhei para
Lake, um pouco preocupado. Ela viu a preocupação em meus olhos e
riu. "Relaxe, Will.
Eles têm apenas dez anos. Tenho certeza que ele só quer mostrar a
ela seus brinquedos.”
Independentemente disso, andei pelo corredor e fui espionar.
"Eu sou a convidada, idiota. Deveria ser a primeira a jogar", ouço
Abby dizer.
Com certeza, eles estão apenas agindo como crianças de dez anos.
Voltei para a cozinha e dei uma piscadela para Lake.
Depois que a festa acabou, Eddie e Gavin concordaram em levar
Abby para casa. Kel e Caulder foram para o quarto de Caulder jogar o
novo vídeo game de Kel. Lake e eu estávamos sozinhos na sala de
estar. Ela estava deitada no sofá com os pés em meu colo. Esfreguei
seus pés, massageando para tirar a tensão. Esteve trabalhando sem
parar durante todo o dia, preparando tudo para a festa de Kel. Agora
estava deitada com os olhos fechados, aproveitando o relaxamento.
"Tenho uma confissão a fazer", falei, ainda esfregando os seus pés.
Relutantemente, ela abriu os olhos. "O quê?"
"Estou contando as horas na minha cabeça até o próximo fim de
semana.”
Ela sorriu para mim, aliviada de que esta era a minha confissão. "E
eu também. Cento e sessenta e três.”
Inclinei a cabeça para trás contra o sofá e sorri para ela. "Ótimo, não
me sinto mais assim tão patético agora.”
"Isso não faz de você menos patético", disse ela. "Significa apenas
que nós dois somos patéticos.”
Ela se levantou e agarrou a minha camisa, me puxando para ela.
Seus lábios roçaram contra os meus e sussurrou: "Quais são os seus
planos para a próxima hora ou por aí?”
Suas palavras fizeram meu pulso acelerar imediatamente e arrepios
percorreram pelos meus braços.
Ela tocou o rosto no meu e sussurrou em meu ouvido. "Vamos para a
minha casa por um tempinho, vou te dar uma pequena prévia do que
vai acontecer no próximo fim de semana.”
Ela não precisou pedir duas vezes. Afastei-me dela e saltei sobre a
parte de trás do sofá e corri para a porta da frente. "Meninos, vamos
estar de volta em pouco tempo! Não saiam!” Ela ainda estava
sentada no sofá então me aproximei dela e agarrei suas mãos,
levantando-a. "Vamos lá, nós não temos muito tempo!"
Quando chegamos à casa dela, ela fechou a porta atrás dela. Eu nem
sequer esperei até chegarmos ao quarto. Eu a empurrei contra a
porta da frente e comecei a beijá-la. "Cento e sessenta e dois", falei
entre beijos.
"Vamos para o quarto", disse ela. "Vou trancar a porta da frente.
Dessa forma, se eles vierem aqui, vão ter que bater na porta
primeiro." Ela se virou e travou a tranca.
"Boa ideia," falei. Continuamos a nos beijar no caminho pelo
corredor. Não conseguiríamos ir muito longe sem que um de nós
acabasse nos chocando contra a parede. Quando chegamos ao
quarto, minha camisa já tinha sido arrancada.
"Vamos fazer aquela brincadeira de novo, a primeira pessoa a recuar
é o perdedor", ela disse. Estava chutando seus sapatos dos pés, fiz o
mesmo.
"Você está prestes a perder, então, porque eu não vou recuar”, digo.
Ela sabe que vou perder. Sempre perco.
"Nem eu", disse ela, balançando a cabeça. Puxou as pernas para cima
e pulou de volta sobre a cama. Estava à beira da cama e apreciei a
vista antes de me juntar a ela.
Às vezes, quando a observo, parece surreal que ela seja minha. Que
ela realmente corresponda ao meu amor. Ela soprou uma mecha de
cabelo para fora do seu rosto, em seguida, dobrou o cabelo atrás das
orelhas e posicionou-se contra o travesseiro, esperando que me
juntasse a ela. Lentamente escorreguei em cima dela e deslizei minha
mão atrás de seu pescoço, rocei ternamente seus lábios nos meus.
Eu movia-me lentamente, beijando e tentando saborear cada
segundo. Nós quase nunca conseguimos tempo para dar uns
amassos, não quero apressar esse momento.
"Eu te amo tanto", sussurrei. Ela envolveu as pernas ao redor da
minha cintura e apertou os braços nas minhas costas em uma
tentativa de me puxar para mais perto.
"Passe a noite comigo, Will. Por favor? Você pode vir depois que os
meninos forem dormir. Eles nunca saberão.”
"Lake, falta apenas mais uma semana. Nós podemos esperar.”
"Eu não quis dizer isso. Essa parte pode esperar até o próximo fim de
semana. Só quero você em minha cama esta noite, sinto sua falta.
Por favor?"
Continuei beijando seu pescoço, sem responder ao seu apelo. Não
conseguiria dizer não, então apenas não dei nenhuma resposta.
"Não me faça implorar, Will. Você é tão responsável, às vezes, me faz
sentir-me uma fraca.”
Ri com o pensamento de que ela pensa ser fraca. Meus lábios fizeram
o caminho para baixo até a gola de sua camisa. "Se eu passar a noite
aqui... o que você vai vestir?" Lentamente desabotoei o primeiro
botão de sua camisa e pressionei meus lábios em sua pele.
"Oh meu Deus", ela suspirou fundo. "Vou usar o que diabos você
quiser que eu use.”
Desabotoei o próximo botão em sua camisa e movi meus lábios
vagarosamente. “Não gosto desta camisa. Definitivamente não quero
que você vista esta camisa”, disse. "Na verdade, é uma camisa muito
feia. Acho que você deveria tirá-la e jogá-la fora.” Desabotoei o
terceiro botão, esperando que ela desistisse. Sei que estou prestes a
vencer.
Quando ela não faz, continuo beijando mais e mais vagarosamente,
desabotoando o quarto botão, o quinto botão, em seguida, o último
botão. Ela ainda assim não desiste. Está me testando. Lentamente
levei meus lábios de volta para sua boca e ela me rolou de costas e
subiu em cima com uma perna de cada lado, em seguida, deslizou
sua camisa e a jogou de lado.
Percorri minhas mãos por seus braços e sobre as curvas de seu seio.
Seu cabelo havia crescido bastante desde que a conheci. Estavam
soltos ao redor dela enquanto ela se movia sobre mim. Coloquei atrás
das orelhas para poder ver seu rosto melhor. Estava escuro, mas
ainda podia ver seu sorriso e o tom esmeralda incrível de seus olhos.
Deslizei minhas mãos para trás até seus ombros e traço o contorno
de seu sutiã.
"Vista apenas isto esta noite.” Deslizei os dedos sob as alças. "Gosto
disso.”
"Então isso significa que você vai ficar a noite?", ela perguntou. Seu
tom estava mais grave agora. Sem o tom brincalhão.
"Se você usar isso" falei, usando o mesmo tom grave dela. Ela
pressionou seu corpo contra o meu, a proximidade de nossa pele nua
pela primeira vez em meses. Definitivamente não recuaria agora.
Seria incapaz disso. Geralmente não sou tão fraco, não sei o que há
nela agora que está me tornando tão fraco.
"Lake”. Apertei meus lábios nos dela, mas ela continuava beijando as
bordas deles enquanto eu falava, eu estava sem fôlego. "É apenas
uma questão de horas até o próximo fim de semana. Está chegando
tão rápido, na verdade... este fim de semana pode ser considerado
parte da próxima semana. E a próxima semana faz parte do próximo
fim de semana. Então, tecnicamente, o próximo fim de semana meio
que está ocorrendo agora... neste exato momento.”
Ela agarrou meu rosto com as mãos e o posicionou na frente dela
para que pudesse me olhar diretamente nos olhos. "Will? É melhor
não estar dizendo isso porque você acha que estou prestes a recuar,
porque não estou. Não desta vez.”
Ela estava séria. Eu a rolei suavemente sobre suas costas novamente
e me posicionei em cima dela. Coloquei minha mão no lado de sua
cabeça e acariciei seu rosto com o polegar, olhando-a diretamente
nos olhos. "Você não está? Tem certeza que você está pronta para
não recuar? Nesse exato momento?"
"Positivo" sussurrou. Ela envolveu as pernas firmemente em torno
das minhas coxas e nós nos entregamos completamente a nossa
necessidade um do outro. Peguei a parte de trás da cabeça e
pressionei sua boca na minha ainda mais forte. Podia sentir minha
pulsação correndo por todo o meu corpo, o ar começava a faltar a
nós dois entre cada beijo, como se de repente tivéssemos esquecido
como respirar. Nós dois estávamos desesperados, fazendo o nosso
melhor para superar o momento que normalmente um de nós pedia
para parar. Passamos por esse momento muito rapidamente.
Percorro em torno de suas costas até as minhas mãos encontrarem o
fecho do sutiã e o desprendi enquanto ela freneticamente puxava o
botão das minhas calças. Puxei as alças de seu sutiã para baixo sobre
os braços para deslizar para fora quando a pior coisa do mundo
acontece. Alguém bate na maldita porta.
"Cristo", falei. Minha cabeça estava girando tão rápido, precisava de
um momento para me acalmar. Pressiono minha testa no travesseiro
ao lado dela e nós dois tentamos recuperar o fôlego. Ela deslizou para
fora debaixo de mim e levantou-se.
"Will, não consigo encontrar minha camisa", disse com pânico em sua
voz. Rolo em minhas costas e puxo a camisa por baixo de mim e atiro
para ela.
"Aqui está a sua camisa feia", brinco.
Os meninos estão batendo na porta agora, então pulo para fora da
cama e vou até o corredor para encontrar a minha própria camisa
antes de abrir a porta da frente para eles.
"Por que você demorou tanto?" Kel perguntou passando por mim.
"Nós estávamos assistindo a um filme", menti. "Nós estávamos em
uma parte realmente boa e não queríamos pausar.”
"Sim," Lake concordou, surgindo no corredor. "Uma parte realmente
boa.”
Kel e Caulder caminharam até a cozinha e acendem a luz.
“Caulder pode ficar aqui esta noite?" Pediu Kel.
"Não sei por que vocês ainda se incomodam em perguntar", disse
Lake.
"Porque estamos de castigo. Lembra-se?", disse Caulder.
Lake olha pra mim pedindo por ajuda.
"É seu aniversário, Kel. Podemos retomar o castigo amanhã à noite”,
completei.
Os dois seguiram para a sala e começaram a assistir TV.
Estendi minha mão para Lake. "Me acompanha até minha casa?"
Lake pegou minha mão e nos encaminhamos para fora da porta da
frente.
"Você vai voltar mais tarde?", perguntou.
Agora que tive a chance de me refrescar, podia ver até que ponto
fomos e voltar talvez não fosse uma boa ideia. "Lake, talvez não
deva. Nós deixamos ir muito longe dessa vez. Como você espera que
eu durma na mesma cama com você depois disso?”
Eu esperava ela se opor, mas ela não fez.
"Você está certo, como sempre. Vai ser estranho de qualquer
maneira com os nossos irmãos na mesma casa." Ela envolve seus
braços em volta de mim quando chegamos a minha porta da frente.
Estava incrivelmente frio lá fora, mas ela não parecia se importar que
nós estivéssemos lá, nos abraçando.
"Ou talvez você esteja errado", disse ela. "Talvez você devesse voltar
em uma hora. Vou vestir o pijama mais feio que encontrar e não vou
nem escovar os dentes. Você não vai querer me tocar. Tudo o que
vamos fazer é dormir.”
Eu rio de seu plano absurdo. "Você pode passar uma semana sem
escovar os dentes ou trocar de roupa e eu ainda não seria capaz de
manter minhas mãos longe de você.”
"Estou falando sério, Will. Volte em uma hora, só quero abraçar você.
Vou esperar para ter certeza de que os meninos estão no quarto e
você pode esgueirar-se pela casa como se ainda estivéssemos no
ensino médio.”
Ela não precisava ser tão convincente. "Tudo bem. Estarei de volta
em uma hora. Mas tudo que faremos é dormir, certo? Não me tente.”
"Nada de tentação, prometo", disse ela com um sorriso.
Toquei em seu queixo com minha mão e baixei minha voz para falar.
"Lake, estou falando sério. Quero que tudo isso seja perfeito para
você e fico realmente empolgado quando estou com você. Nós só
temos mais uma semana de espera. Quero passar a noite com você,
mas preciso que você me prometa que não vai me colocar nessa
situação novamente por pelo menos mais 162 horas.”
"Cento e sessenta e um e meio", diz ela.
Balanço minha cabeça e rio. "Vá colocar os meninos na cama.
Encontro você em pouco tempo.”
Ela me deu um beijo de até mais e segui para dentro da casa para
tomar um banho. Uma chuveirada fria.
Quando cheguei à sua casa uma hora mais tarde, todas as luzes
estavam apagadas. Tranquei a porta atrás de mim e facilitei meu
caminho pelo corredor seguindo para o quarto dela. Ela deixou a
lâmpada de cabeceira ligada para mim. Estava deitada na cama, de
costas para mim, então subi por trás dela e deslizei meu braço sob
sua cabeça. Esperei por alguma resposta, mas ela estava apagada.
Na verdade até roncava. Escovei seu cabelo para trás da orelha,
beijando a parte de trás de sua cabeça, puxei as cobertas em volta
de nós dois e fechei os olhos.
Sábado, 14 de janeiro, 2012
Eu amo tanto estar com você, é tão ruim...
Quando não estamos juntos, sinto falta de você, é tão ruim...
Um dia desses, vou me casar com você, é tão ruim...
E vai ser
tão
tão
bom.
Capítulo Cinco
Lake ficou chateada quando acordou na manhã de sábado e eu já
tinha ido embora. Disse que não era justo que ela tenha dormido
durante toda a nossa primeira festa do pijama. Independentemente
disso, eu gostei muito. Assisti-a dormir por um tempo antes de voltar
para casa.
Nós não tivemos mais nenhuma situação como aquela ocorrida em
seu quarto na noite de sexta-feira. Acho que nós dois estamos
surpresos com a forma como as coisas foram intensas, por isso
estamos tentando evitar que aconteça novamente. Até este fim de
semana, pelo menos. Sábado, passamos a noite no Joel com Eddie e
Gavin. Domingo, Lake e eu fizemos os deveres de casa juntos. Um
fim de semana bem típico.
Agora eu estou sentado aqui na aula Morte e Morrer, sendo
observado pela única pessoa com quem já tive relações sexuais. É
estranho. A maneira como Vaughn está agindo, sinto como se
realmente estivesse escondendo algo de Lake. Mas dizer algo sobre
Vaughn agora seria apenas para provar que eu não estava sendo
totalmente honesto na primeira semana de aula. A última coisa que
quero fazer antes deste fim de semana é chatear Lake, então decidi
esperar mais uma semana antes de trazer o assunto à tona.
"Vaughn, o professor está lá em cima", falei, apontando para frente
da sala. Ela continuava a me encarar.
"Will, você está sendo um esnobe", sussurrou. "Não entendo por que
você simplesmente não conversa comigo. Se você realmente já
superou o que aconteceu entre nós, isso não deveria incomodar
tanto.”
Não posso acreditar que ela realmente ache que ainda não superei
tudo que aconteceu entre nós. Superei desde o dia em que coloquei
os olhos em Lake.
"Já superei nós dois, Vaughn. Já se passaram três anos. Você já
superou também. Você sempre acaba querendo o que não pode ter e
isso está te irritando. Não tem nada a ver comigo.”
Ela cruzou os braços sobre o peito e encostou em sua cadeira. "Você
acha que eu quero você?” Ela olha para mim, então volta sua atenção
para frente da sala. "Alguém já lhe disse que você é um idiota?", ela
sussurrou.
Eu rio. "Se é que isso te importa, sim. Mais de uma vez.”
Hoje é o primeiro dia de aula de Kel e Caulder de volta à escola desde
a sua suspensão. Ambos subiram no carro com expressões de derrota
em seus rostos. Olhei os livros escapando de suas mochilas e percebi
que essa noite vai ser uma noite cheia, para recuperar o atraso nas
lições de casa para os dois. "Acho que vocês aprenderam a lição",
digo, saindo da garagem.
Lake está saindo da minha casa quando saíamos do carro. Não me
incomoda em nada que ela esteja na minha casa quando eu não
estiver, mas estou um pouco curioso para saber o que ela estava
fazendo enquanto esteve lá dentro. Ela percebeu a confusão no meu
rosto enquanto caminhava em direção a mim.
Ela estendeu a mão e mostrou uma das estrelas que sua mãe fez,
apoiada na palma da mão.
"Não me julgue", disse. Ela olha para a palma da mão e girou a
estrela em torno na mão. "Só estou sentindo falta dela hoje.”
O olhar em seu rosto me deixa triste por ela. Dei-lhe um abraço e
depois a observei atravessar a rua e voltar para dentro da casa dela.
Ela está precisando de um tempo sozinha, então dei esse tempo a
ela. "Kel, fique por aqui um tempo. Vou ajudar vocês com toda a sua
tarefa de casa.”
Isso nos tomou algumas horas para terminar compensando a semana
de atribuições que se acumularam enquanto os meninos estavam
suspensos. Gavin e Eddie devem vir para o jantar hoje à noite, então
fui para a cozinha para começar a cozinhar. Nós não iríamos comer
hambúrgueres esta noite. Tenho quase certeza de que nunca mais
vamos comer hambúrgueres novamente. Debati comigo mesmo se
queria ou não cozinhar uma basanha, mas decidi contra.
Honestamente, nem sinto vontade de cozinhar. Pego o telefone e vou
para a geladeira e deslizo o menu chinês debaixo do ímã.
Meia hora mais tarde, Eddie e Gavin aparecem, seguidos um minuto
depois por Lake e então o entregador de comida. Coloquei os
recipientes no meio do balcão e nós todos começamos a encher
nossos pratos.
"Nós estamos no meio de um jogo, podemos comer no meu quarto
hoje à noite?" Pediu Caulder.
"Claro", digo.
"Pensei que eles estivessem de castigo", diz Gavin.
"Eles estão." Lake respondeu.
Gavin pegou seu rolinho primavera e deu uma mordida. "Eles estão
jogando videogames. Qual é exatamente o castigo deles então?"
Lake parecia ansiosa por socorro. Não sabia o que responder, mas
tentei de qualquer maneira.
"Gavin, você está questionando nossas competências parentais?"
Perguntei.
"Não", diz Gavin. "Nem um pouco.”
Há uma vibração estranha esta noite. Eddie está extremamente
silenciosa, enquanto pegava sua comida.
Gavin e eu tentamos manter uma conversa razoável, mas não durou
muito tempo. Lake parecia estar no mundinho dela, sem prestar
muita atenção ao que estava acontecendo. Tentei quebrar a tensão.
"Hora do pior e o melhor do dia", digo. Quase simultaneamente, os
três rejeitaram a ideia. "O que está acontecendo?" Pergunto. "Qual é
a dessa depressão hoje à noite?" Ninguém me responde. Eddie e
Gavin olham um para o outro. Eddie parece que está prestes a chorar
e Gavin a beija na testa, mas apenas continuam a comer. Olho para
Lake e está apenas olhando para seu prato, remexendo seu
macarrão. "E você, Baby? O que há de errado?" Digo a ela.
"Nada. Sério, não é nada", diz ela, tentando, sem sucesso, me
convencer de que ela está bem. Ela sorri para mim e agarra os
nossos copos e vai para a cozinha para enchê-los novamente.
"Desculpe, Will", diz Gavin. "Eddie e eu não queremos ser grosseiros.
Nós estamos com a cabeça cheia de coisas ultimamente.”
"Sem problemas", digo. "Alguma coisa que eu possa fazer para
ajudar?"
Ambos abanam a cabeça. "Você vai para o slam Quinta à noite?"
Gavin pergunta, mudando de assunto.
Nós não temos ido há algumas semanas. Desde antes do Natal, eu
acho. "Não sei, acho que podíamos ir.” Dirijo-me a Lake. "Você
quer?"
Ela encolhe os ombros. "Parece divertido. Mas teremos que ver se
alguém pode cuidar de Kel e Caulder.”
Eddie limpava os lugares dela e de Gavin na mesa, enquanto Gavin
colocava seu casaco.
"Nos encontramos lá, então. Obrigado pelo jantar. Nós não seremos
tão entediantes da próxima vez.”
"Está tudo bem", digo. "Todo mundo tem direito a ter um dia ruim de
vez em quando."
Depois que saíram, fechei as embalagens de comida para viagem e
comecei a colocá-los na geladeira enquanto Lake lavava os pratos na
pia. Andei até ela e a abracei.
"Você tem certeza que está bem?" Pergunto.
Ela se virou e me abraçou de volta, colocando a cabeça no meu peito.
"Eu estou bem, Will. É só...” Ela para de falar. Levantou o rosto para
me olhar e parecia estar tentando segurar as lágrimas.
Coloquei a minha mão na parte de trás da cabeça dela e a puxei para
mim. "O que há de errado?"
Ela começou a chorar silenciosamente contra minha camisa. Acho que
ela estava tentando novamente parar a si mesma. Gostaria que ela
não fosse tão dura consigo mesma, quando está triste.
"É só o dia de hoje", diz ela. "Seria o aniversário deles.”
Percebo que ela está falando da mãe e do pai dela, então não disse
mais nada. Só a abraço mais apertado e dou um beijo na sua testa.
"Sei que é bobagem estar tão chateada. Estou principalmente
chateada com o fato de que ainda sou capaz de me sentir tão
chateada com tudo o que aconteceu", diz ela.
Coloquei minhas mãos em seu rosto e puxei para fixar seu olhar nos
meus. "Isso não é bobagem, Lake. Não sei por que você fica tão
brava com você mesma quando está triste. Não há problema em
chorar às vezes.”
Ela sorriu e me deu um beijo, em seguida, afastou-se, ainda tentando
afastar a tristeza. "Eu e Eddie vamos sair amanhã à noite. Quarta-
feira eu tenho um grupo de estudo, por isso não vou vê-lo até quinta-
feira. Você providencia uma babá, ou eu providencio?", Ela
perguntou.
"Você realmente acha que precisa de uma? Kel já fez onze anos e
daqui a dois meses será Caulder. Você não acha que eles já podem
ficar em casa por algumas horas sozinhos?"
Ela acenou com a cabeça. "Acho que sim. Acho que vou pedir a
Sherry se ela pode pelo menos servir o jantar e dar uma olhada
neles. Eu poderia dar-lhe algum dinheiro.”
"Eu gosto dessa ideia", digo.
Ela chamou Kel depois de vestir o casaco e calçar os sapatos, em
seguida, caminhou de volta para a cozinha e coloca os braços em
volta de mim. "Mais noventa e três horas", diz ela, plantando um
beijo no meu pescoço. "Eu te amo."
"Me escuta", falei com o olhar fixo nos olhos dela. "Não tem problema
ficar triste, Lake. Pare de tentar esculpir tantas abóboras de uma vez.
E eu também te amo.” Beijei-a uma última vez e tranquei a porta
atrás deles quando saíram.
Esta noite foi realmente estranha. Toda ela havia uma vibração
estranha. Então, decidi, já que vamos para o slam vou tentar colocar
meus pensamentos no papel. Acho que vou surpreender Lake e fazer
uma poesia para ela esta semana. Talvez a ajude a se sentir melhor.
Por razões além da minha compreensão, Vaughn sentou-se ao meu
lado novamente na quarta-feira. Você poderia pensar que depois da
nossa pequena desavença na segunda-feira que teria aberto mão até
aqui. Pelo menos era o que eu estava esperando, de qualquer
maneira.
Ela puxou seu notebook para fora e abriu seu livro de onde paramos
na segunda. Não olhou para mim neste momento. Na verdade, nem
sequer falou durante todo o tempo de aula. Estou feliz que ela não
esteja falando comigo, mas ao mesmo tempo me sinto um pouco
culpado por ser tão rude com ela. Mas não o suficiente para pedir
desculpas por isso, no entanto. Ela mereceu.
Enquanto guardávamos nossas coisas, ainda sem falar nada, ela
deslizou algo do outro lado da mesa para mim, então foi embora. Me
debati se deveria jogar o bilhete no lixo sem ler, mas a minha
curiosidade foi maior. Esperei até estar sentado na minha próxima
aula para abri-lo.
Will,
Você pode querer não ouvir isso, mas preciso falar. Eu realmente
sinto muito. Romper com você foi um dos meus maiores
arrependimentos na vida até agora. Especialmente ter terminado
tudo com você naquele momento, como eu fiz. Não era justo com
você, percebo isso agora, mas eu era jovem e estava com medo.
Você não pode agir como se o que tivemos entre nós não significou
nada. Eu amei você e sei que me amava. Pelo menos você me deve a
gentileza de conversar comigo. Só quero a chance de te pedir
desculpas pessoalmente. Não consigo deixar pra lá as coisas pelo
modo que terminaram entre nós. Deixe-me pedir desculpas.
Vaughn
Dobrei o bilhete e coloquei no bolso, em seguida, abaixei a minha
cabeça sobre a mesa e suspirei. Ela não vai esquecer. Mas, não quero
pensar nisso agora, então não penso. Vou me preocupar com isso
mais tarde.
Na noite seguinte, não penso em outra coisa senão em Lake. Vou
pegá-la dentro de uma hora, apressei minhas atividades de casa e
corri para o chuveiro. Dei uma passada no quarto de Caulder no
caminho. Ele e Kel estavam jogando videogame.
"Por que não podemos ir com você? Você mesmo disse que não havia
um limite de idade", disse Kel.
Fiz uma pausa e dei um passo de volta para sua entrada. "Vocês
realmente querem ir? Vocês sabem que é poesia, não é?" Eles
parecem entusiasmados com a possibilidade de realmente ir.
"Tudo bem, me deixa conversar com Lake antes para ter certeza que
está tudo bem.” Saí pela porta da frente e atravessei para o outro
lado da rua. Quando abri a porta da casa dela, ela gritou.
"Will! Vire-se!” Eu me virei, mas não antes de vê-la. Deveria ter
acabado de sair do banho, porque estava de pé na sala de estar
completamente nua.
"Oh meu Deus, pensei que tivesse trancado a porta. Ninguém nesse
mundo bate à porta?”
Eu ri. "Bem-vinda ao meu mundo", digo.
"Você pode virar agora", diz ela.
Quando me viro, ela está envolvida em uma toalha. “Ando até ela e
enlaço meus braços em torno de sua cintura, tirei-a do chão e girei
em meu colo.” Mais vinte e quatro horas", falei quando seus pés
tocaram o chão novamente. "Você está nervosa?"
"Não, nem um pouco. Como disse antes ... Estou em boas mãos.”
Queria beijá-la, mas não beijei. A toalha era demais para aguentar,
então me afastei dela e perguntei o que vim para perguntar. "Kel e
Caulder querem saber se está tudo bem se eles forem com a gente
esta noite. Eles estão curiosos”, falei.
"Sério? Isso é estranho... mas não me importo se você não se
importar", diz ela.
"Ok, então. Vou dizer a eles.” Andei de volta para a porta. "E Lake?
Obrigado por me dar outra prévia." Ela pareceu um pouco
envergonhada, dei uma piscada para ela e fechei a porta atrás de
mim. Estas serão as 24 horas mais longas de minha vida.
Sentamos num lugar na parte de trás do clube com Gavin e Eddie. Na
verdade, é a mesma cabine que Lake e eu sentamos no nosso
primeiro encontro. Kiersten quis vir também, então o ajuste estava
um pouco apertado.
Sherry deve confiar muito na gente. No entanto, fez um monte de
perguntas sobre o slam antes de concordar em deixar Kiersten vir. No
final da sessão de perguntas/respostas, Sherry parecia intrigada. Mas
disse que seria bom para Kiersten ver um slam. Kiersten disse que
participar de um slam seria bom para o seu portfólio, então ela
trouxe uma caneta e um caderno para tomar notas.
"Ok, quem está com sede?" Decorei os pedidos de bebida e segui
para o bar antes da trupe subir ao palco para a apresentação.
Expliquei as regras para todas as crianças no caminho até aqui, então
acho que eles entenderam bem. Porém, não disse a eles que vou
participar. Quero que seja uma surpresa. Lake também não sabe,
então, antes de levar as bebidas de volta à mesa, fui pagar a minha
taxa de inscrição.
"Isso é tão legal", Kiersten disse quando voltei para a cabine. "Vocês
são os pais mais legais do mundo.”
"Não, eles não são", disse Kel. "Eles não nos deixam xingar.” Lake os
fez silenciar quando o primeiro performer deu alguns passos até o
microfone. Reconheci o cara, o vi participar aqui um monte de vezes.
Ele é muito bom. Coloquei meu braço ao redor de Lake e ele começou
seu poema.
"Meu nome é Edmund Davis-Quinn e esta é uma peça que escrevi
chamada Escrever Mal.”
Escrever Mal.
chato
escrever péssimo
terrivelmente
aterrador
Não se importe
Desligue o editor interno
Deixe-se escrever
Deixe fluir
Permita-se falhar
Fazer algo louco
Escrever cinquenta mil palavras, no mês de novembro.
Eu fiz isso.
Foi divertido, foi insano eram 1.667 palavras por dia.
Foi possível
Mas, você tem que desligar a sua autocrítica.
Completamente.
Basta escrever.
Rapidamente.
Como explosões.
Com alegria.
Se você não pode escrever, fuja por um tempo.
Volte.
Escreva novamente.
Escrever é como qualquer outra coisa.
Você não vai ficar bom nisso imediatamente.
É um ofício que você tem que aprimorar diariamente.
Você não chega a Julliard, a menos que pratique.
Se você quer chegar ao Carnegie Hall, prática, prática, prática.
... Ou entregue a eles um monte de dinheiro.
Como qualquer outra coisa que leva 10.000 horas para chegar à
maestria.
Assim como Malcolm Gladwell diz.
Então escreva.
Falhe.
Organize seus pensamentos.
Deixe descansar.
Deixe marinar.
Em seguida, edite.
Mas não edite enquanto você digita,
isso apenas retarda o funcionamento do cérebro.
Encontre uma prática diária,
Para mim é blogar todos os dias.
E é divertido.
Quanto mais você escreve, mais fácil fica. Quanto mais a coisa flui,
menos uma preocupação. Não é para a escola, não é por pontos, é
apenas para organizar seus pensamentos.
Você sabe que eles querem sair.
Assim, vigore. Torne uma prática. E escrever mal, escrever muito,
escrever com abandono pode acabar sendo
realmente
realmente
bom.
Quando a multidão começou a aplaudir olhei para as crianças.
Estavam simplesmente olhando para o palco. "Puta merda", disse
Kiersten. "Isto é incrível. Isso foi incrível.”
"Por que você só nos trouxe agora, Will? Isso é tão legal!", Disse
Caulder.
Estou surpreso que todos eles pareçam gostar tanto assim. Eles
permaneceram relativamente tranquilos o resto da noite, enquanto
assistiam os artistas. Kiersten continua escrevendo em seu notebook.
Não tenho certeza que tipo de anotações está tomando, mas posso
ver que está empenhada. Fiz uma nota mental para dar a ela alguns
dos meus poemas mais antigos mais tarde.
"Próxima apresentação, Will Cooper", diz o apresentador. Todos na
mesa olham para mim, surpresos.
"Você fará uma apresentação aqui?", Disse Lake. Eu apenas sorrio
para ela e concordo, levantando-me e afastando-me da mesa.
Costumava ficar nervoso quando ia realizar uma apresentação. Uma
pequena parte de mim ainda fica, mas acho que é mais o fluxo de
adrenalina do que qualquer coisa. A primeira vez que vim aqui foi
com meu pai. Ele era realmente voltado para as artes. Música,
poesia, pintura, leitura, escrita. Tudo no mundo das artes. Eu o vi
realizar uma performance aqui pela primeira vez quando eu tinha
quinze anos. Fiquei viciado desde então. Odeio o fato de que Caulder
nunca tenha chegado a conhecer esse lado dele. Mantive o máximo
dos escritos do meu pai que pude encontrar, até mesmo algumas
pinturas antigas. Algum dia vou dar-lhes todos ao Caulder. Algum
dia, quando for velho o suficiente para apreciá-lo.
Subi ao palco e caminhei até o microfone, ajustando a altura do
mesmo. Meu poema não vai fazer sentido para ninguém além de
Lake. Esse é só para ela.
"Minha peça é chamada de Ponto de Retirada", Falei ao microfone. O
foco de luz estava muito claro, então não consegui vê-la daqui de
cima, mas tinha uma leve ideia de que ela está sorrindo. Não me
apressei com as palavras do poema, executei devagar para que ela
pudesse absorver cada palavra.
Vinte e duas horas e começa a nossa guerra.
Nossa guerra de membros
e de lábios
e de mãos ...
O ponto de retirada
Não é mais um fator
Quando ambos os lados da linha
Concordarem em se render
Eu não posso te dizer quantas vezes eu perdi...
Ou seria quantas vezes você já ganhou?
Este jogo que estamos jogando por 59 semanas
Eu diria que a pontuação
é
zero
a
zero.
Vinte e duas horas e começa a nossa guerra
Nossa guerra de membros
e de lábios
e de mãos ...
A melhor parte de finalmente
Não sair em retirada?
Os chuveiros acima de nós
A chover sobre os nossos pés
Enquanto as bombas estão explodindo e as armas de fogo fazendo
as suas rondas. Antes que os dois entrem em colapso no chão.
Antes da batalha, antes da guerra...
Você precisa saber
Eu iria cinquenta e nove mais.
O que for preciso para deixá-la ganhar.
Recuaria tudo
e tudo
e mais uma vez
novamente.
Afastei o microfone e encontrei as escadas. Não estava nem na
metade do caminho para a cabine quando Lake jogou os braços em
volta do meu pescoço e me beijou.
"Obrigada", ela sussurrou em meu ouvido.
Quando deslizei para dentro da cabine, Caulder revirou os olhos.
"Você poderia ter nos avisado, Will. Teríamos nos escondido no
banheiro.”
"Achei muito lindo", disse Kiersten.
Só depois das nove começou a segunda rodada. "Vamos crianças,
vocês têm escola amanhã. Precisamos ir", disse. Todos reclamaram
um a um ao deslizarem para fora da cabine.
Assim que chegamos em casa, as crianças seguiram para as casas e
Lake e eu seguimos para a garagem, abraçados. Está ficando cada
vez mais difícil me manter separado dela durante a noite, sabendo
que ela está a poucos metros de distância. Tornou-se uma luta
noturna não enviar uma mensagem a ela e implorar para vir rastejar
na cama comigo. Agora que a nossa promessa com Julia foi
cumprida, tenho um pressentimento de que nada vai nos parar
depois de amanhã à noite. Bem, além do fato de que estamos
tentando dar um bom exemplo para Kel e Caulder. Mas há maneiras
de burlar tudo isso.
Deslizei minhas mãos nas costas de sua camisa para aquecê-las.
Estavam congelando. Aparentemente ela percebeu e começou a se
contorcer, tentando sair do meu alcance.
"Suas mãos estão congelando!" ela riu, ainda tentando se afastar de
mim.
Eu só espremo mais apertado. "Eu sei. Por isso que você precisa ficar
quieta para que eu possa aquecê-las.” Esfreguei contra a sua pele,
tentando impedir que as imagens mentais de amanhã à noite tomem
conta dos meus pensamentos agora. É tão perturbador. Removi
minhas mãos por baixo da blusa e entrelacei meus braços em torno
dela.
"Então. Você quer a notícia boa ou a má notícia primeiro?" perguntei.
Ela me lançou um olhar de raiva. "Você quer um soco na cara ou no
saco?"
Eu ri, mas me preparei para defesa, apenas no caso. "Meus avós
estão preocupados se os meninos vão ficar entediados em sua casa,
então eles querem mantê-los na minha casa, em vez disso. A boa
notícia é que não podemos ficar na sua casa agora, então reservei
duas noites em um hotel em Detroit.”
"Isso não é uma má notícia. Não me assuste assim ", disse ela.
"Pensei que você ficaria um pouco apreensiva sobre ver minha avó.
Sei como você se sente sobre ela.”
Ela olhou para mim e franziu a testa. "Não, Will. Você sabe muito
bem que não é como eu me sinto sobre ela. Mas sim que ela me
odeia!"
"Ela não te odeia", digo. "Ela quer me proteger.” Envolvi-a em meus
braços ainda mais apertados e tentei tirar essa ideia da sua cabeça,
beijando sua orelha.
"Bem, de qualquer maneira, a culpa é sua se ela me odeia.”
Me balancei para trás e olhei para ela. "A culpa é minha? Como é que
a culpa é minha?"
Ela revirou os olhos. "Na sua formatura? Você não se lembra do que
disse na primeira noite em que a conheci?"
Não me lembro. Não sei do que ela está falando. Tento lembrar-me,
mas nada vem à mente.
"Será que, nós estávamos completamente envolvidos. Após sua
formatura, quando todos nós saímos para comer, você mal podia
falar sem me beijar. Isso estava deixando sua avó muito
desconfortável. Quando ela perguntou há quanto tempo estávamos
namorando, você disse a ela 18 horas! Como você acha que isso me
fez parecer?"
Ahhh, me lembro agora. Esse jantar foi muito divertido. Foi ótimo não
ser eticamente proibido de colocar minhas mãos sobre ela, então isso
foi tudo o que fiz durante toda a noite.
"Mas é uma espécie de verdade", falei. "Nós estávamos oficialmente
namorando há 18 horas."
Lake me bateu no braço. "Ela acha que sou uma vagabunda, Will! É
constrangedor!"
Toquei meus lábios contra seu ouvido novamente. "Ainda não, você
não é", brinquei.
Ela me empurrou e apontou para si mesma. "Você não terá mais
nada disso aqui pelas próximas 24 horas.” Ela riu e começou a andar
para os fundos até sua garagem.
"Vinte e um", a corrigi.
Ela chegou à porta da frente e entrou, sem nem um beijo de boa
noite. O que é uma provocação! Ela não sairá com a vantagem essa
noite. Corri até a garagem e abri a porta da frente, puxando-a de
volta para fora. Empurrei-a contra o tijolo da parede na entrada e a
olhei nos olhos enquanto pressionava o meu corpo contra o dela. Ela
ainda tentava parecer brava, mas observei no canto de sua boca um
sorriso. Nossas mãos estavam entrelaçadas acima de sua cabeça e eu
pressionava contra a parede.
"Me escute com muito cuidado", sussurrei. Continuei a olhá-la nos
olhos. Ela me observava. Gosta quando tento intimidá-la. "Não quero
que você arrume as malas. Quero que use exatamente o que você
estava usando na noite de sexta-feira. Você ainda tem aquela camisa
feia?"
Ela sorriu e concordou. Não acho que ela pudesse falar agora, mesmo
se quisesse.
"Ótimo. O que você estava vestindo aquele dia e quando sairmos
amanhã à noite é a única coisa que está autorizada a trazer. Nada de
pijamas.... sem roupas extras. Nada. Quero que você me encontre na
minha casa às sete horas amanhã à noite. Você entendeu?"
Ela assentiu com a cabeça novamente. Seu pulso estava correndo
contra o meu peito e posso dizer pelo olhar em seus olhos que ela
precisa de um beijo meu. Minhas mãos permaneciam unidas com as
dela contra a parede, movi minha boca mais perto de seus lábios.
Mas hesitei no último minuto e decidi não beijá-la. Deixei minhas
mãos caírem lentamente para trás e para longe dela e fiz o meu
caminho de volta para casa. Quando cheguei a minha porta da frente,
me virei e ela ainda estava encostada no tijolo na mesma posição.
Bom. Dessa vez saí com a vantagem.
Sexta-feira 20 de janeiro, 2012.
Lake nunca vai ler meu diário, então posso dizer o que realmente
está na minha cabeça, certo? Mesmo se ela ler isso, vai ser depois
que eu morrer, quando fizer uma triagem através de minhas coisas.
Assim tecnicamente, talvez um dia ela vá realmente ler isso. Mas não
importa até então, porque estarei morto.
Então, Lake... se você estiver lendo isso ... Desculpe-me, estou
morto.
Mas, por agora, neste momento... Ainda estou vivo. Estou muito vivo.
É Hoje a noite. Valeu a pena a espera. Todas as semanas, cinquenta
e nove no total. (Mais de setenta, se contarmos a partir de nosso
primeiro encontro)
Então, vou dizer o que está na minha mente, ok?
Sexo.
Sexo, sexo, sexo. Vou fazer sexo hoje à noite. Fazer amor. Borboleta.
Ou qualquer outra coisa que você quiser chamar, vamos fazer.
E mal posso esperar de pânico.
Capítulo Seis
Eu quero que hoje seja perfeito, então decidi não ir à escola, limpar a
casa e finalizar nossos planos antes de meus avós chegarem. Não
posso acreditar em como estou nervoso. Ou talvez seja emoção. Não
sei o que é, só sei que quero que o dia passe depressa.
No caminho entre pegar os meninos na escola e ir para casa,
paramos em um armazém para comprar algumas coisas para o
jantar. Nós não vamos sair até as sete, então mando uma mensagem
de texto para meu avô e digo que estou cozinhando para eles. Estou
assando basanha. Julia disse para esperar por um dia bom para fazê-
la de novo... e hoje é definitivamente um bom dia. Estou atrasado e
correndo, quando vejo os faróis através da janela da sala de estar. Eu
nem sequer tomei banho ainda e preciso cozinhar os palitos de pão.
"Caulder, vovó e vovô estão aqui, vá abrir a porta!"
Não precisa, eles abrem a porta de qualquer maneira. Sem bater, é
claro. Minha avó entra primeiro, eu ando até ela para beijá-la no
rosto.
"Oi, querido", ela diz. "O que cheira tão bem?"
"Basanha." ando até meu avô e lhe dou um abraço.
"Basanha?", Diz ela.
Eu balanço minha cabeça e rio. "Quer dizer, Lasanha."
Minha avó sorri para mim e isso me lembra de minha mãe. Elas eram
quase idênticas. Ela e meu avô são altos e magros, assim como a
minha mãe. Muitas pessoas acham que a minha avó é intimidante,
mas acho meio difícil ser intimidado por ela. Passei muito tempo com
ela, isso faz com que ela sinta como se fosse minha mãe às vezes.
Meu avô coloca as malas perto da porta da frente e eles me seguem
para cozinha. "Will, você já ouviu falar do Twitter?" Ele traz os óculos
para a ponta do seu nariz e olha para o seu celular.
Minha avó olha para mim e balança a cabeça. "Ele tem um desses
telefones inteligentes. Agora ele está tentando tutar com o
Presidente."
"Smartphone", eu a corrijo. "E é tweetar, não tutar."
"Ele me segue," meu avô diz, defensivamente. "Eu não estou
brincando, ele realmente me segue! Recebi uma mensagem ontem
que dizia: 'O Presidente está seguindo você."
"Isso é legal, vovô. Mas não, eu não tweeto."
"Bem, você deveria. Um jovem da sua idade precisa ficar antenado
quando se trata de redes sociais."
"Eu vou ficar bem", asseguro-lhe. Coloquei os palitos de pão no forno
e começo a tirar os pratos do armário.
"Deixe-me fazer isso, Will," minha avó diz, puxando os pratos das
minhas mãos.
"Hey vovó, vovô", diz Caulder correndo até a cozinha para abraçá-
los. "Vovô, você se lembra do jogo que brincamos na última vez que
esteve aqui?"
Meu avô concorda. "Você quer dizer aquele em que eu matei vinte e
seis soldados inimigos?"
"Sim, esse mesmo. Kel ganhou a versão mais nova em seu
aniversário. Você quer jogar com a gente?"
"Pode apostar que sim!" Diz ele, seguindo Caulder para seu quarto.
O engraçado é que o meu avô não está fingindo para agradar
Caulder. Ele realmente quer jogar.
Minha avó puxa uma pilha de copos do armário e se vira para
mim. "Ele está ficando pior, sabe", diz ela.
"Como assim?"
"Ele comprou uma dessas coisinhas de jogo. Ele está gastando tudo
nessas coisas da tecnologia. Agora ele está no Twitter!" Ela balança a
cabeça. "Ele está sempre me dizendo coisas que ele tutou para as
pessoas. Eu não entendo nada disso, Will. É como uma espécie de
crise de meia-vida, vinte anos atrasada."
"É tweetou. E acho que é legal. Dá a ele e Caulder uma maneira de
se relacionar."
Ela termina enchendo os copos com gelo e caminha de volta para o
bar. "Devo colocar um lugar para Layken, também?", diz ela sem
rodeios. Posso dizer pelo seu tom de voz que ela está esperando que
eu diga não.
"Sim, você deve", digo com firmeza.
Ela me fulmina com o olhar. "Will, estou apenas falando."
Ai cara, aqui vamos nós.
"Não é apropriado que os dois simplesmente fujam durante o fim de
semana dessa maneira. Você não está comprometido ainda, muito
menos casado. Eu só acho que vocês dois estão indo muito rápido,
isso me deixa preocupada."
Coloco minhas mãos sobre os ombros da minha avó e dou um sorriso
tranquilizador para ela.
"Vovó, não estamos apressando as coisas, acredite em mim. E você
precisa dar-lhe uma chance, ela é incrível. Agora me prometa que
você vai pelo menos fingir que gosta dela quando ela chegar. E seja
legal!"
Ela suspira. "Não é que eu não goste dela, Will. Apenas me deixa
desconfortável a maneira como vocês agem juntos. Parece apenas
que vocês estão... Eu não sei... muito apaixonados."
Eu levo a assadeira de basanha para a mesa enquanto respondo. "Se
a sua única queixa sobre ela é que estamos muito apaixonados, acho
que vou aceitá-la."
Ela coloca um lugar extra à mesa mais um copo para Lake.
"Ainda preciso tomar banho, não vou demorar muito", digo. "Os
palitos de pão devem estar prontos em poucos minutos, se você
puder tirá-los."
Ela concorda e vou para o meu quarto arrumar algumas coisas antes
de ir para o chuveiro. Me abaixo ao lado da cama para pegar minha
mochila e coloco-a sobre o edredom. Quando abro o zíper, observo
que minhas mãos estão tremendo. Por que diabos estou tão
nervoso? Não é como se eu nunca tivesse feito isso antes. Então,
percebo, é Lake. Noto que quando estou empurrando a última peça
das minhas roupas na mochila, estou sorrindo como um completo
idiota. Eu realmente preciso de um banho frio.
Pego minha muda de roupa e corro para o banheiro quando ouço uma
batida na porta da frente. Sorrio. Ela está tentando impressionar a
minha avó, então ela bate desta vez. É fofo. Ela está se esforçando.
"Oh meu Deus! Olha quem é!" Ouço a minha avó gritando quando
abre a porta da frente. "Paul! Venha ver quem está aqui!"
Eu reviro os olhos. Sei que pedi para ser educada com Lake, mas não
esperava que ela fizesse um espetáculo. Abro a porta e caminho para
a sala de estar. Ela vai ficar chateada se eu deixá-la por conta própria
enquanto tomo banho.
Merda! Merda, merda, merda! Que diabos ela está fazendo aqui?
Ela está abraçando o meu avô quando me vê de pé no corredor. "Ei,
Will", ela sorri.
Eu não devolvo o sorriso.
"Vaughn, não te vejo há anos", diz minha avó. "Fique para o jantar,
está quase pronto. Vou colocar mais um prato."
"Não!" Grito, provavelmente, com um pouco de raiva.
Minha avó se vira para mim e franze a testa. "Will, isso não foi muito
agradável", diz ela.
Eu a ignoro. "Vaughn? Posso falar com você, por favor?" Aceno para
ela se juntar a mim no quarto. Preciso me livrar dela, agora. Ela
caminha até meu quarto e eu fecho a porta atrás de mim. "O que
você está fazendo aqui?"
Ela se senta na beira da cama. "Eu te disse, só preciso falar com
você." Ela está com o cabelo loiro puxado para trás em um coque
novamente. Está olhando para mim de forma inocente, tentando
ganhar minha simpatia.
"Vaughn, não é realmente uma boa hora."
Ela cruza os braços sobre o peito e balança a cabeça. "Eu não vou
embora até você falar comigo. Tudo o que tem feito é me evitar."
"Eu não posso falar agora, estou saindo daqui meia hora. Tenho um
monte de coisa para fazer e não vou estar de volta até segunda-
feira. Vou falar com você depois da aula de quarta-feira. Apenas, por
favor, saia."
Ela não se move. Olha para as mãos e começa a chorar. Meu Deus,
ela está chorando. Eu ergo minhas mãos no ar em frustração, vou até
a cama e sento ao lado dela. Isto é horrível. Isso é muito ruim.
Estamos quase exatamente na mesma situação que estávamos há
três anos. Sentados nesta mesma cama, quando ela terminou
comigo. Ela disse que não podia se imaginar com dezenove anos e
criando um filho, seria muita responsabilidade. Eu estava tão
chateado com ela por me deixar no pior momento da minha
vida. Estou quase tão chateado com ela agora, mas desta vez é
porque ela não quer me deixar.
"Will, eu sinto sua falta. Tenho saudades do Caulder. Desde que o vi
no primeiro dia de aula, não tenho feito nada além de pensar em
você e como as coisas terminaram. Eu estava errada. Por favor,
apenas me deixe falar."
Eu suspiro e me jogo na cama cobrindo meus olhos com os
braços. Ela não poderia ter escolhido um momento pior. Lake vai
estar aqui em menos de quinze minutos. Preciso me livrar dela agora.
"Tudo bem, fale. Faça isso rápido", digo.
Ela limpa a garganta e enxuga as lágrimas de seus olhos. É estranho
como não me importo que ela esteja chorando. Como pude amar
tanto alguém por tanto tempo e então não ter absolutamente
nenhuma simpatia por ela?
"Eu sei que você tem uma namorada. Mas também sei que você não
está com ela, tanto tempo quanto você e eu namoramos. E sei sobre
seus pais e que ela está criando seu irmão. As pessoas falam, Will."
"Aonde você quer chegar?" digo.
"Acho que você está com ela por todas as razões erradas. Talvez
você só sinta pena dela, uma vez que está passando o que você
passou com sua família. Não é justo com ela, se é por isso que estão
juntos. Acho que você deve se afastar dela e nos dar outra chance.
Para saber onde o seu coração realmente está."
Sento-me na cama. Quero gritar com ela, mas respiro fundo e me
acalmo. Sinto muito por ela, realmente. "Vaughn, ouça. Você está
certa, eu te amei. Amei é a palavra-chave aqui. Estou apaixonado por
Lake. Nunca faria nada para machucá-la. E você estar aqui, irá
machucá-la. É por isso que quero que você saia. Me desculpe, sei que
isso não é o que quer ouvir. Mas você fez a sua escolha e eu mudei a
minha. Agora você precisa seguir em frente, também. Por favor,
faça-nos um favor e apenas vá embora."
Eu me levanto e caminho até a porta do quarto e espero que ela faça
o mesmo. Ela levanta-se, mas em vez de me seguir até a porta ela
começa a chorar novamente. Balanço minha cabeça e caminho para
ela. "Vaughn, pare. Pare de chorar. Sinto muito", digo, colocando
meus braços ao seu redor. Talvez tenha sido muito duro com ela. Sei
que demorou muito para ela vir aqui e pedir desculpas. Se ela
realmente ainda me ama, não deveria estar agindo como um idiota.
Ela se afasta. "Está tudo bem, Will", diz ela, enxugando os olhos. "Eu
estou bem com isso, é sério. Eu não deveria colocá-lo nesta situação,
de qualquer maneira. Odeio ter te machucado e queria dizer que
sinto muito pessoalmente. Eu vou", diz ela. "Realmente quero que
seja feliz. Você merece ser feliz."
Posso dizer pelo tom da sua voz e de seu olhar, que ela está sendo
sincera. Finalmente. Sei que ela é uma boa pessoa, caso contrário eu
não teria passado dois anos da minha vida com ela. Mas também sei
do seu lado egoísta e sou grato que este lado não ganhou esta noite.
Tiro o cabelo de seu rosto e enxugo as lágrimas de suas bochechas.
"Obrigado, Vaughn."
Ela sorri e me dá um abraço de adeus. Vou admitir, é bom finalmente
concluir isso entre nós. Sinto que tive o encerramento já faz tempo,
mas talvez ela ainda precisasse disso.
Talvez estar na sala de aula com ela não vai ser tão insuportável
agora. Dou-lhe um rápido beijo na testa quando nos separamos e
viro para a porta.
E é quando tudo acontece... o mundo desaba ao meu redor.
Ela está de pé na porta, nos observando, com a boca aberta como se
estivesse prestes a dizer alguma coisa, mas não pode. Caulder
esbarra nela quando vê Vaughn de pé atrás de mim. "Vaughn!", diz
ele animadamente enquanto corre para abraçá-la.
Lake olha nos meus olhos e eu vejo... Vejo seu coração partir.
Não consigo encontrar minhas palavras. Lake sacode lentamente a
cabeça, como se estivesse tentando dar sentido a tudo o que ela está
vendo. Ela afasta seu olhar de mim, vira e sai. Eu corro atrás dela,
mas ela já está fora da porta da frente. Coloco meus sapatos e
empurro a porta aberta.
"Lake", grito assim que saio. Eu a alcanço quando já está na
rua. Agarro seu braço e a viro para me enfrentar. Não sei o que
dizer. O que digo?
Ela está chorando. Tento puxá-la para mim, mas ela me bate. Ela me
empurra para trás e começa a me bater no peito, sem dizer uma
palavra. Não para de me bater. Agarro suas mãos e a puxo para
mim, mas ela continua a tentar lutar contra mim. Continuo
segurando-a até que vai ficando mais fraca em meus braços e
começa a cair no chão. Ao invés de segurá-la, escorrego para rua
coberta de neve com ela e a abraço enquanto chora.
"Lake, não é nada. Eu juro. Não é nada."
"Eu vi você, Will. Eu vi você abraçando-a. Era alguma coisa", ela
chora. "Você a beijou na testa! Por que você faria isso?" Ela continua
a chorar. Não está tentando segurar as lágrimas dessa vez.
"Sinto muito, Lake. Sinto muito. Isso não quer dizer nada. Eu estava
pedindo para ela sair."
Ela se afasta de mim, levanta-se e caminha em direção a sua
casa. Eu a sigo. "Lake, deixe-me explicar. Por favor."
Ela entra na casa e bate a porta na minha cara... e a tranca. Coloco
minhas mãos em ambos os lados do batente da porta e penduro
minha cabeça para baixo. Estraguei tudo novamente. Realmente
estraguei tudo dessa vez.
"Will, eu sinto muito, de verdade," diz Vaughn atrás de mim.
"Realmente, eu não queria causar problemas."
Não me viro quando respondo. "Vaughn, apenas vá. Por favor."
"Tudo bem", diz ela. "Mas, só mais uma coisa. Sei que você não quer
ouvir isso agora, mas você não estava na aula de hoje. Ele marcou a
nossa primeira prova para quarta-feira. Copiei minhas anotações para
você e deixei em sua mesa de café. Vejo você na quarta-feira." Ouço
o barulho da neve sob seus pés desaparecerem enquanto ela
caminha de volta para seu carro.
A trava desaparece e Lake lentamente abre a porta da frente. Deixa
aberta apenas o suficiente para que eu possa ver seu rosto quando
ela me olha nos olhos.
"Ela está em sua classe?", Diz ela em voz baixa.
Não respondo. Todo o meu corpo se encolhe quando ela bate a porta
na minha cara. Ela não apenas a tranca desta vez, ela tranca e apaga
a luz da porta de entrada. Eu me inclino contra a porta e fecho os
olhos, fazendo o meu melhor para segurar minhas lágrimas.
"Querido, está tudo bem. Nós estamos levando o “box” com a gente,
assim eles não vão se entediar. Nós não nos importamos, de
verdade", minha avó diz enquanto arruma suas coisas no carro.
"Não é um “box” vovó, é um X-box", diz Caulder. Ele e Kel sobem no
banco traseiro.
"Agora vá descansar um pouco. Você já teve estresse o suficiente
para uma noite", diz ela. Inclina-se e me beija na bochecha. "Você
pode pegá-los na segunda-feira."
Meu avô me abraça antes de entrar no carro. "Se você precisar
conversar, pode me Tweetar.", diz ele.
Eu os vejo saírem de carro. Ao invés de entrar e descansar um pouco
volto para casa de Lake e bato na porta, esperando que ela esteja
pronta para conversar. Bato por cinco minutos, até que a luz de seu
quarto é desligada. Volto para a noite e caminho para minha casa.
Deixo a luz da frente acesa e a porta destrancada, no caso dela
mudar de ideia e quiser conversar. Também decido dormir no sofá
em vez do meu quarto. Se ela bater, quero ser capaz de ouvi-la. Fico
ali por cerca de meia hora, me xingando. Não posso acreditar que
isso está acontecendo agora. Não é como eu imaginava adormecer
hoje à noite. Culpo a maldita basanha.
Eu pulo, quando a porta da frente é empurrada. Ela não olha para
mim enquanto caminha até o outro lado da sala. Ela para na estante
e coloca sua mão dentro do vaso e pega uma estrela, então se vira e
volta para a porta da frente.
"Lake, espere", imploro. Ela bate a porta. Saio do sofá e corro atrás
dela. "Por favor, me espere. Deixe-me explicar tudo." Fazemos nosso
caminho pela rua novamente. Ela continua andando até que chega a
sua porta, em seguida, se vira para mim.
"Como é que você vai explicar isso?", Diz ela. Suas bochechas estão
manchadas com o rímel.
Ela está com o coração partido e é tudo culpa minha. "A única garota
que você teve relações sexuais, estava sentada na sala de aula com
você todos os dias, por mais de duas semanas! Por que você não
explica isso? E na mesma noite em que estou prestes a sair com
você... fazer amor com você... Eu te encontro no seu quarto com ela?
E você está beijando-a na maldita testa."
Ela começa a chorar novamente enquanto a abraço. Não posso vê-la
chorar sem abraçá-la. No entanto, ela não me abraça de volta.
Afasta-se de mim e me olha com dor em seus olhos.
"Esse é o beijo que eu mais amo e você deu a ela", diz em voz baixa.
"Você tirou isso de mim, e deu a ela", ela grita. "Obrigado por
permitir que eu possa ver como você é de verdade, antes de cometer
o maior erro da minha vida!"
Ela bate a porta na minha cara e depois abre de novo.
"E onde diabos está meu irmão?"
"Em Detroit," sussurro. "Ele estará de volta segunda-feira."
Ela bate a porta na minha cara novamente.
Eu me viro para voltar para minha casa quando Sherry aparece do
nada. "Está tudo bem? Ouvi Layken gritando."
Passo por ela sem responder. Quando chego à minha casa, bato
minha própria porta. Mas não bati forte o suficiente, então abro e
bato novamente. Faço isso duas ou três vezes até que percebo que
vou ter que pagar se quebrar. Em vez disso, fecho a porta e dou um
soco. Sou um idiota. Sou um imbecil, um idiota, um idiota, um
idiota... Eu desisto e me jogo no sofá.
Quando ela chora, parte meu coração. Odeio vê-la triste. Mas o fato
de que suas lágrimas são por minha causa agora? Que as minhas
próprias ações são responsáveis pelo seu coração partir? Essa é uma
nova emoção que nunca tinha experimentado antes. Uma que eu não
sei como lidar. Não sei o que fazer. Não sei o que posso dizer a ela.
Se ela apenas me deixasse explicar. Mas isso não iria nem mesmo
ajudar neste momento. Ela está certa. Não me acusou de qualquer
coisa que eu realmente não tenha feito. Deus, preciso do meu pai
agora. Preciso tanto de seu conselho.
Conselhos! Vou ao vaso e puxo uma das estrelas. Sento-me no sofá,
desdobro e leio as palavras escritas nela.
"Às vezes, duas pessoas têm que se separar, para perceber o quanto
elas precisam estar juntas novamente." ~ Autor Desconhecido
Dobro a estrela e coloco de volta dentro do vaso. Espero que Lake
pegue esta.
Sábado, 21 janeiro, 2012
Merda de vida.
Capítulo Sete
Não consegui dormir na noite passada. Com cada barulho que ouvia
eu levantava do sofá, na esperança de que era Lake. E nunca era.
Fiz uma xícara de café e caminhei até a janela. Sua casa estava
tranquila e estava tudo escuro. Seu carro estava na garagem, então
sei que ela está em casa. Estava tão acostumado a ver os gnomos na
linha da calçada ao lado de seu carro. Mas eles não estão mais
lá. Depois que sua mãe morreu, Lake juntou todos os gnomos e os
jogou no lixo. Ela não fazia ideia, mas peguei um e guardei. Aquele
com o chapéu vermelho quebrado.
Lembro-me de sair da minha casa na manhã depois que ela se
mudou para cá e a vi sair pela porta da frente sem casaco e com
pantufas. Sabia que assim que os sapatos pisassem na calçada, ela ia
cair de bunda no chão. E caiu. Não pude deixar de rir. Sulistas
parecem subestimar o poder do tempo frio.
Odiava que ela tivesse se cortado quando caiu no gnomo, mas estava
tão feliz que tinha a desculpa para gastar aqueles poucos minutos
com ela naquela manhã. Depois que coloquei o curativo nela e ela foi
embora, passei o dia inteiro no trabalho em transe. Não conseguia
parar de pensar nela. Estava tão nervoso que a minha vida e as
minhas responsabilidades iriam assusta-la antes que eu tivesse a
chance de conhecê-la. Não queria contar a ela sobre isso
imediatamente, mas na noite do nosso primeiro encontro sabia que
tinha que dizer a ela. Havia algo sobre ela que era muito mais do que
todas as outras meninas que eu conhecia. Ela tinha essa resiliência e
confiança sobre ela.
Queria ter certeza de que Lake soubesse como a minha vida era
naquela noite. Queria que ela soubesse sobre os meus pais, sobre
Caulder, sobre a minha paixão. Precisava que ela soubesse a verdade
e entendesse quem eu era antes de levarmos adiante. Enquanto ela
via a primeira apresentação naquela noite, não conseguia tirar os
olhos dela. Vi a paixão e a profundidade em seus olhos enquanto ela
observava o palco e de imediato me apaixonei por ela. Eu a amei em
cada segundo depois disso.
É por isso que me recuso a deixá-la desistir.
Estou na minha quarta xícara de café quando Kiersten entra. Ela não
procura para ver se Caulder está aqui, simplesmente vai direto para o
sofá e estatela-se ao meu lado.
"Hey," diz sem rodeios.
"Hey."
"O que está acontecendo com você e Lake?", pergunta. Ela me olha
como se merecesse uma resposta.
"Kiersten? Sua mãe já lhe disse que é grosseiro ser intrometido?"
Ela balança a cabeça. "Não, ela diz que a única maneira de conseguir
os fatos é fazendo perguntas."
"Bem, você pode fazer quantas perguntas quiser. Isso não significa
que eu tenha que responder."
"Tudo bem", diz ela, levantando-se. "Eu vou perguntar a Layken."
"Boa sorte para conseguir que ela abra a porta."
Kiersten levanta e vai para a janela. Ela vai até o meio da minha
garagem, vira e volta para a minha porta da frente. Quando ela passa
na minha janela, olha para mim com piedade e lentamente balança a
cabeça. Abre a porta da frente e vem para dentro. "Há algo em
especial que você quer que eu lhe pergunte? Eu posso trazer um
relatório de volta para você."
Eu amo essa garota. "Sim, boa ideia Kiersten." Penso por um
segundo. "Eu não sei, apenas analise seu humor. Ela está chorando?
Ela ficou louca? Aja como se você não soubesse que nós estamos
brigados e pergunte-lhe sobre mim... veja o que ela diz."
Kiersten balança a cabeça e começa a fechar a porta da frente.
"Espere, mais uma coisa. Eu quero saber o que ela está vestindo,
também."
Kiersten me olha com curiosidade.
"Apenas sua blusa. Quero saber que blusa ela está vestindo."
Espero na janela e vejo como Kiersten anda pela rua e bate na
porta. Por que ela bate na porta de Lake e não na minha? A porta se
abre quase imediatamente. Kiersten entra e fecha a porta atrás dela.
Ando pela sala e bebo uma xícara de café, olhando para fora da
janela, esperando por Kiersten surgir da casa de Lake. Meia hora
passa e a porta da frente finalmente se abre. Kiersten sai e vira à
esquerda e vai para a casa dela, em vez de caminhar para o outro
lado da rua.
Dou-lhe um tempo. Talvez ela tivesse que ir para casa para almoçar
ou algo assim. Depois de uma hora, não posso esperar mais. Faço o
caminho mais curto para a casa de Kiersten e bato na porta.
"Ei, Will, entra", diz Sherry. Ela dá um passo para o lado e entro para
a sala. Kiersten está assistindo TV. Antes de bombardear Kiersten,
dirijo-me a Sherry.
"Na noite passada... Eu sinto muito. Não estava tentando ser bruto."
"Oh, pare com isso. Eu só estava sendo intrometida", diz ela. "Você
quer algo para beber?"
"Não. Eu só preciso falar com Kiersten."
Kiersten olha para mim do sofá e me dá um olhar desprezível. "Você
é um idiota, Will.", diz ela.
Acho que Lake não superou. Sento-me ao lado dela no sofá e coloco
minhas mãos entre os joelhos. "Será que você pelo menos pode me
falar o que ela disse?" Isso é tão patético. Estou confiando meu
relacionamento em uma garota de onze anos de idade.
"Tem certeza que você quer saber? Eu provavelmente deveria avisá-
lo, tenho uma excelente memória. Mamãe diz que sou capaz de citar
conversas inteiras desde que eu tinha três anos de idade."
"Certo. Quero saber tudo o que ela disse."
Kiersten suspira e puxa as pernas em cima do sofá e se vira para
mim. "Ela pensa que você é um idiota. Ela disse que você era um
cretino, um paspalho, um bas-"
"Um bastardo. Eu sei, eu entendo. O que mais ela disse?"
"Ela não me disse por que estava com raiva de você... mas ela está
muito brava com você. Olha, não sei o que você fez, mas ela está
agora limpando a casa como uma psicopata! Quando ela abriu a
porta, tinha centenas de fichas por todo o chão da sala. Eles
pareciam receitas ou algo assim."
"Oh Deus, ela vai organizar tudo por ordem alfabética", digo. Isso é
pior do que eu pensava. "Kiersten, ela não vai atender a porta, se eu
for para lá. Você pode bater para ela abrir a porta? Eu realmente
preciso para falar com ela."
Kiersten pressiona os lábios enquanto pensa sobre a minha pergunta.
"Você está me pedindo para enganá-la? Para basicamente mentir
para ela?"
Encolho os ombros e concordo.
"Deixe-me pegar meu casaco."
Eu me levanto e Sherry vem da cozinha e estende a mão. Abro a
palma da mão e ela coloca algo nela e dobra os dedos sobre
aquilo. "Se não seguir o que você está esperando, tome-os com um
pouco de água. Você parece uma merda."
Ela pode ver a hesitação na minha cara e sorri. "Não se preocupe, eu
que fiz. Isto é completamente legal."
Eu realmente não tenho um plano de ataque. Estou me escondendo
contra a parede em frente da casa de Lake quando Kiersten bate.
Meu coração está batendo tão rápido, que parece que estou prestes a
cometer um roubo ou algo assim. Tomo uma respiração profunda
quando ouço a porta abrir. Kiersten dá um passo ao lado e eu passo
por ela e entro na casa de Lake mais rápido do que ela pode perceber
o que aconteceu.
"Saia, Will", diz ela, enquanto mantém a porta aberta.
"Eu não vou sair até que você fale comigo", digo. Ela volta para a
sala de estar.
"Saia, saia, saia, saia!"
Faço o que qualquer homem sensato faria nesta situação, corro pelo
corredor e me tranco em seu quarto. Percebo que ainda não tenho
um plano. Não sei como posso falar com ela se estou trancado em
seu quarto. Mas pelo menos ela não pode me expulsar de sua casa
agora.
Vou ficar aqui o dia todo se for preciso.
Ouvi a porta da frente bater e em poucos segundos ela está do lado
de fora da porta do quarto.
Esperei que ela dissesse alguma coisa ou começasse a gritar para
mim, mas ela não faz nada. Vejo a sombra de seus pés
desaparecerem à medida que ela se afasta.
E agora? Se abrir a porta, ela vai tentar me chutar para fora
novamente. Por que eu não formulei um plano melhor? Eu sou um
idiota. Sou um idiota pirando! Pense Will. Pense.
Vejo a sombra de seus pés reaparecerem e ela para em frente à
porta do quarto novamente.
"Will? Abra a porta. Eu vou falar com você."
Ela não parece com raiva. Meu plano idiota realmente funcionou?
Abro a porta do quarto para ela e assim que eu a abro
completamente, sou completamente encharcado de água. Ela jogou
água em mim! Ela jogou uma jarra inteira de água no meu rosto!
"Oh," ela diz. "Você parece um pouco molhado, Will. É melhor ir para
casa e mudar de roupa antes de você ficar doente." Ela calmamente
se vira e vai embora.
Eu sou um idiota e ela não está pronta para conversar, então faço a
caminhada da vergonha pelo seu corredor, pela porta da frente e
para o outro lado da rua para a minha casa. É congelante. Ela nem
sequer se incomodou em aquecer a água antes dela jogar em mim.
Eu tiro a roupa e entro no chuveiro. Um banho quente nesse
momento.
O chuveiro não ajuda em nada. Sinto-me um lixo completo. Cinco
xícaras de café, a noite não dormida e um estômago vazio não fazem
um grande começo para o dia. É quase duas horas da tarde. Se eu
não fosse tão idiota, gostaria de saber de Lake o que ela gostaria de
estar fazendo agora? Quem estou enganando? Eu sei o que
estaríamos fazendo agora. Minha reflexão sobre o rumo dos
acontecimentos ao longo das últimas 24 horas faz minha cabeça
doer. Pego minhas calças no chão do quarto e retiro de dentro do
bolso o comprimido que Sherry me deu. Vou para a cozinha e tomo o
comprimido com um copo inteiro de água antes de ir para o sofá.
Está escuro quando acordo. Nem me lembro de ter deitado. Sento-
me no sofá e vejo um bilhete sobre a mesa de café. Estendo a mão
para agarra-lo e começar a lê-lo. Meu coração afunda quando
percebo que não é de Lake.
Will,
Ia avisá-lo para não dirigir depois de tomar o remédio ... mas vejo
que você já tomou. Então, não importa.
~ Sherry
PS: Eu tive uma conversa com Layken hoje. Você realmente deveria
pedir desculpas sabe. Você foi um babaca. Se precisar de mais algum
comprimido, sabe onde eu moro.
Jogo o bilhete de volta para a mesa. Esse rosto sorridente é
realmente necessário? Estremeço quando as dores no meu estômago
se intensificam. Quando foi a última vez que comi alguma
coisa? Sinceramente não me lembro. Abro a geladeira e vejo a
lasanha da noite anterior.
Infelizmente, agora é a noite perfeita para basanha. Cortei uma fatia
e a coloquei no microondas. Quando estou enchendo um copo com
refrigerante, a porta da frente se abre.
Ela está andando pela sala, indo para a estante. Vou para a sala. Ela
ainda está me ignorando. Ao invés de pegar uma única estrela agora,
ela pega todo o vaso da estante.
Ela não vai levar este vaso com ela. Se levar o vaso com ela, não terá
mais razão para voltar. Pego o vaso de suas mãos, mas ela não vai
deixar ir. Nós puxamos para frente e para trás, mas não vou deixar
ir. Não vou deixá-la levá-lo. Ela finalmente entende e cruza os braços
sobre o peito enquanto olha para mim.
"Dê-me o vaso Will. Minha mãe fez isso e eu quero levá-lo para casa
comigo."
Volto para a cozinha com o vaso... ela me segue. Coloco-o no canto
da bancada contra a parede, me viro colocando meus braços em
ambos os lados de modo que ela não pode alcançá-lo.
"Sua mãe fez para nós dois. Conheço você, Lake. Se você levar para
casa vai abrir todos eles esta noite. Você vai ficar abrindo estrelas
toda a noite como foi quando você esculpiu abóboras."
Ela joga as mãos no ar. "Pare de dizer isso! Por favor! Eu não vou
mais esculpir abóboras!"
Não posso acreditar que ela acha que não esculpe mais
abóboras. "Você não vai? Sério? Você está esculpindo-as agora, Lake.
Passou 24 horas e você ainda não vai me deixar falar com você sobre
isso."
Ela aperta as mãos em punhos e pisa os pés em frustração. "Ugh!",
grita. Ela parece que quer bater em alguma coisa. Ou alguém. Deus,
ela é tão bonita.
"Pare de me olhar assim!", Ela grunhiu.
"Assim como?"
"Você tem aquele olhar em seus olhos novamente. Basta parar!"
Não tenho absolutamente nenhuma ideia de que olhar que ela está
falando, mas desvio minha atenção dela. Não quero fazer nada para
irritá-la ainda mais.
"Você já comeu alguma coisa hoje?" pergunto. Pego meu prato no
microondas, mas ela não me responde. Ela está na cozinha apenas
com os braços cruzados sobre o peito.
Puxo a travessa de lasanha fora da geladeira, dobro o papel alumínio.
"Você está comendo basanha? Que apropriado", diz ela.
Não é a conversa que eu estava esperando que teríamos, mas é uma
conversa, no entanto.
Corto outro quadrado de basanha e coloco no microondas. Nenhum
de nós diz nada enquanto ele aquece. Ela apenas fica ali, olhando
para o chão. E eu apenas fico aqui, olhando para o microondas.
Quando termina, coloco nossos pratos no balcão e faço outra bebida.
Nós dois sentamos e comemos em silêncio. Um silêncio muito
desconfortável.
Quando terminamos, limpo o balcão e me sento na frente dela para
que possa vê-la melhor. Espero que ela fale primeiro. Ela tem os
cotovelos apoiados sobre o balcão, enquanto ela olha para baixo para
suas unhas, cutucando cada uma, tentando parecer desinteressada.
"Então, vamos conversar", diz ela, sem olhar para mim.
Estico minhas mãos para frente para tocar a dela, mas ela as puxa e
se inclina para trás em sua cadeira. Não gosto da barreira do balcão
entre nós, então levanto e caminho até a sala de estar.
"Vem se sentar", digo para ela. Ela caminha até a sala e senta-se no
mesmo sofá que eu, mas na extremidade oposta. Esfrego meu rosto
com as mãos, tentando descobrir exatamente como vou fazer com
que ela me perdoe. Puxo minha perna em cima do sofá e viro o rosto
para ela.
"Lake, eu te amo. A última coisa no mundo que quero fazer é te
machucar. Você sabe disso."
"Bem, parabéns", diz ela. "Então você conseguiu apenas realizar a
última coisa no mundo que você queria fazer."
Inclino a minha cabeça de volta para o sofá. Isso vai ser mais difícil
do que pensava. Ela é osso duro de roer.
"Me desculpe, não te contei que ela estava na minha classe. Não
quero que você se preocupe."
"Preocupar-me com o que, Will? Ela estar na sala de aula com você é
algo com que eu deveria me preocupar? Porque se não é nada como
você diz que é, por que eu iria precisar me preocupar?"
Jesus! Estou escolhendo as piores formas do mundo para me
desculpar ou ela é muito boa? Se ela nunca deixar de estar brava
comigo, vou falar para ela que acho que finalmente descobriu sua
vocação; ser advogada.
"Lake, eu não sinto mais nada em relação à Vaughn. Estava
pensando em te contar sobre ela estar na minha classe na próxima
semana... Só não queria falar antes da nossa escapada."
"Oh. Então você queria ter certeza de que você transasse antes de
me irritar. Ótimo plano" diz ela com sarcasmo.
Dou um tapa na minha testa com a mão e fecho os olhos. Não existe
uma luta que esta menina não possa ganhar.
"Pense nisso, Will. Ponha-se no meu lugar. Digamos que eu fiz sexo
com um cara antes de te conhecer. Depois quando você e eu
estávamos prestes a ter relações sexuais, você entra em meu quarto
e eu estou abraçando esse cara. Então você me vê beijá-lo... no
pescoço; seu lugar favorito para beijar. Então você descobre que eu
tenho visto esse cara todos os dias por semanas e eu tenho mantido
isso em segredo. O que você faria? Huh?"
Ela não está mais olhando suas unhas. Ela está olhando direto para
mim, esperando minha resposta.
"Bem", digo. "Eu iria te dar a chance de explicar sem interrompê-lo a
cada cinco segundos."
Ela me empurra e sai do sofá e começa ir em direção à porta da
frente. Agarro o braço dela quando ela passa por mim e a puxo de
volta para o sofá. Quando ela cai em um local próximo a mim,
envolvo meus braços em torno dela e pressiono a cabeça no meu
peito. Tento não deixá-la ir. Não quero que ela vá. "Lake, por favor.
Apenas me dê uma chance, vou contar-lhe tudo. Não me deixe de
novo."
Ela não luta para se afastar. Ela não luta comigo, também. Apenas
relaxa no meu peito e deixa-me segurá-la enquanto falo.
"Eu não sabia que você sequer sabia sobre Vaughn. Sei o quanto
você odeia falar sobre relacionamentos passados, então pensei que
seria pior se eu falasse do que se não o fizesse. Por isso não falei
nada. Vê-la novamente não significou nada para mim. Não queria que
isso significasse nada para você, também."
Corro meus dedos através de seu cabelo e ela suspira, então começa
a chorar em minha blusa.
"Eu quero acreditar em você, Will. Quero muito acreditar em
você. Mas por que ela estava aqui ontem à noite? Se ela não significa
algo para você, por que você estava segurando ela?"
Eu a beijei no topo da cabeça. "Lake, estava pedindo a ela para
sair. Ela estava chorando, então eu abracei."
Ela puxa o rosto do meu peito e olha para mim, com medo. "Ela
estava chorando? Por que ela estava chorando? Will, ela ainda te
ama?"
Eu suspiro. Como posso responder isso sem me portar como um
idiota de novo? Nada que estou dizendo agora está ajudando na
minha causa. Absolutamente nada.
Ela senta-se e foge para longe de mim para que ela possa olhar nos
meus olhos, enquanto ela fala. "Will, você é o único que queria
conversar. Eu quero que você me conte tudo. Eu quero saber por que
ela estava aqui, o que você estava fazendo no seu quarto com ela,
por que você estava abraçando ela, por que ela estava chorando ...
tudo."
Tentei pegar a mão dela, mas ela puxou de volta. "Conte-me", diz
ela.
Tento pensar por onde começar. Inalo uma respiração profunda e
expiro devagar, preparando-me para ser interrompido um milhão de
vezes mais.
"Ela me escreveu um bilhete na sala de aula no outro dia e perguntou
se poderíamos conversar. Eu disse que não, que não havia nada a
falar. Ela só apareceu na noite passada do nada. Eu não a convidei,
Lake. Eu estava no meu quarto quando ela chegou aqui. Eu nunca iria
deixá-la entrar" Eu a olho nos olhos quando digo isso, porque é a
verdade.
"Minha avó queria que ela comesse com a gente e eu disse que não e
disse que precisava falar com ela. Eu só queria que ela saísse. Ela
começou a chorar e me disse que odiava como ela terminou as coisas
comigo. Disse que sabia sobre você e toda a nossa situação com
nossos pais e nós, criando nossos irmãos. Ela disse que eu devia isso
a você para descobrir onde meu coração realmente se encontra e que
talvez eu estivesse com você, porque senti pena de você, pois estive
no seu lugar antes. Ela queria me dar outra chance, para ver se eu
estava com você pelos motivos certos. Eu disse que não. Falei que te
amava, Lake. Pedi para sair e ela começou a chorar novamente,
então eu a abracei. Senti como se estivesse sendo um idiota, isso é a
única razão pela qual eu abracei."
Espero por algum tipo de reação à minha confissão, mas ela só olha
para o seu colo e sou incapaz de ver seu rosto. "Por que você a
beijou na testa?", Ela pergunta em voz baixa.
Eu suspiro e acaricio seu rosto com as costas da minha mão,
puxando-a de volta na minha direção. "Lake, eu não sei. Você tem
que entender que a namorei por mais de dois anos. Há algumas
coisas que, não importa quanto tempo isso tenha passado, é apenas
um hábito. Não significa nada, era apenas hábito. Estava apenas
tentando consolá-la."
Lake está de volta para o braço do sofá e fica olhando para o teto
enquanto ela pensa.
Tudo o que posso fazer é deixá-la pensar. Contei-lhe tudo. Vejo como
ela deita lá, sem dizer uma palavra. Quero deitar ao lado dela e
abraçá-la. Isso está me matando. Eu não posso.
"Você acha que há uma chance de ela estar certa?", Ela pergunta,
ainda olhando para o teto.
"Certa de quê? Que ela me ama? Talvez, eu não sei. Eu não me
importo. Isso não muda nada."
"Não quis dizer isso. É óbvio que ela ainda quer ficar com você, ela
mesma disse. Eu quero dizer, que você acha que há uma chance de
que ela poderia estar certa sobre a outra coisa? Sobre a possibilidade
de você estar comigo por causa da nossa situação? Porque você sente
pena de mim."
Eu salto para frente no sofá e subo em cima dela e seguro o seu
queixo, puxando-a para olhar para mim. "Não, Lake. Não se atreva a
pensar nisso nem por um segundo!"
Ela aperta os olhos e as lágrimas deslizam sobre as têmporas, em
seu cabelo. Eu beijo elas. Beijo seu rosto, as lágrimas, os olhos, as
bochechas, os lábios. Preciso que ela saiba que isso não é verdade.
Preciso que ela saiba o quanto eu a amo.
"Will, pare", diz ela com a voz fraca. Posso ouvir o seu grito sendo
suprimido em sua garganta, posso ver em seu rosto. Ela duvida de
mim.
"Baby, não. Não acredite nisso. Favor, não acredite nisso." Pressiono
minha cabeça na fenda entre o ombro e o pescoço. "Eu te amo por
causa de você."
Nunca precisei que ninguém acreditasse em nada mais em toda a
minha vida. Preciso que ela acredite em mim. Quando ela começa a
resistir e empurra contra mim, deslizo meu braço por baixo de seu
pescoço e a puxo para mais perto. "Lake, pare com isso. Por favor,
não vá", imploro. Percebo que estou falando e que a minha voz está
tremendo. Nunca estive tão assustado que estava prestes a perder
alguma coisa em toda a minha vida, que perdesse completamente o
controle. Começo a chorar.
"Will, você não entende isso?", ela diz. "Como você sabe? Como você
realmente sabe? Você não poderia me deixar agora, mesmo se você
quisesse. Seu coração é bom demais para isso, você nunca faria isso
comigo. Então, como posso saber se realmente estaríamos aqui se
nossas circunstâncias fossem diferentes? Se nossos pais estivessem
vivos e não tivéssemos Kel e Caulder. Como você saberia que você
me ama?"
Fecho a minha mão sobre sua boca. "Não! Pare de dizer isso, Lake.
Por Favor." Ela fecha os olhos e as lágrimas começam a fluir ainda
mais rápido. Eu as beijo novamente. Beijo sua bochecha, beijo sua
testa e beijo seus lábios. Agarro a parte de trás de sua cabeça e a
beijo com mais desespero do que já beijei antes. Ela coloca as mãos
no meu pescoço e me beija de volta.
Ela está me beijando de volta.
Nós dois estamos ainda chorando, freneticamente tentando segurar o
último pedaço de sanidade entre nós.
Ela empurra contra mim. Ela ainda está me beijando, mas quer que
eu me sente, então eu faço. Eu me inclino de volta para o sofá e ela
desliza para o meu colo e acaricia o meu rosto com as mãos. Nós
paramos de beijar por um breve momento e olhamos um para o
outro. Enxugo as lágrimas do seu rosto e ela faz o mesmo por mim.
Ainda posso ver o sofrimento em seus olhos, mas ela espreme-os
fechados e trás os lábios de volta para os meus. Eu a puxo para mim
tão perto que faz com que seja difícil respirar. Nós dois estamos com
falta de ar enquanto tentamos encontrar um ritmo constante em
meio a nossa luta frenética. Nunca precisei dela com mais intensidade
do que preciso agora. Ela puxa a minha blusa e me inclino para
frente, permitindo que ela deslize-a sobre a minha cabeça. Quando
seus lábios são separados dos meus, ela cruza os braços e agarra a
bainha de sua camisa e puxa-a sobre sua cabeça. Ajudo-a. Quando
sua camisa está em cima da minha no chão, envolvo meus braços em
torno dela, colocando as mãos sobre a pele nua de suas costas e a
puxo para mim.
"Eu te amo, Lake. Sinto muito. Estou tão triste. Eu te amo muito."
Ela se afasta e me olha nos olhos. "Eu quero que você faça amor
comigo, Will."
Envolvo meus braços firmemente em torno de suas costas e levanto
enquanto ela se agarra no meu pescoço. Ela envolve as pernas ao
redor da minha cintura e eu a levo para o meu quarto e nos jogamos
na cama. Suas mãos encontram o botão da minha calça jeans e ela
os desabotoa enquanto minha boca se move lentamente de seus
lábios para o queixo e pelo pescoço. Não posso acreditar que isso
está acontecendo de verdade. Não me permito tempo para duvidar
de minhas próprias ações. Deslizo meus dedos sob as alças do sutiã
para puxá-los para fora de seus ombros. Ela desliza os braços para
fora das tiras e movo meus lábios ao longo da borda de seu sutiã,
quando ela começa a lutar com o botão em seus próprios jeans.
Levanto para ajudá-la, então guio suas mãos para desliza-los e atirá-
los no chão. Ela sobe mais para cima na cama até que sua cabeça
encontra os travesseiros. Puxo as cobertas para fora debaixo dela e
deslizo em cima dela, em seguida, puxo as cobertas em cima de nós.
Quando nossos olhos se encontram, vejo a mágoa na expressão dela
e as lágrimas ainda escorrendo pelo rosto.
Ela agarra na cintura da minha calça e começa a deslizar para baixo.
Ela está sofrendo muito. Ainda está com o coração partido. Não posso
deixá-la fazer isso. Ela ainda não confia em mim.
"Lake, eu não posso." Rolo para longe dela e tento recuperar o
fôlego. "Não assim. Você está chateada. Não deveria ser assim."
Ela não diz nada... simplesmente continua chorando. Ambos ficam
lado a lado por vários minutos sem dizer uma única palavra. Chego
mais perto para colocar a minha mão em cima da dela, mas ela a
puxa e desliza para fora da cama. Pega seu jeans do chão e caminha
de volta para a sala de estar. Eu a sigo e assisto enquanto ela coloca
a camisa e as calças de volta. Ela luta com algumas respirações em
uma tentativa de conter as lágrimas.
"Você está indo embora?" pergunto hesitante. "Eu não quero que
você vá. Fique comigo."
Ela não responde. Vai até a porta e desliza em seus sapatos, então a
jaqueta. Caminho até ela e envolvo meus braços em torno dela.
"Você não pode ficar com raiva de mim por isso. Você não está
pensando claramente, Lake. Se fizermos isso, enquanto você está
com raiva, você vai se arrepender amanhã. Então você vai ficar com
raiva de si mesma, também. Você entende isso, não é?"
Ela enxuga as lágrimas dos olhos e se distancia de mim. "Você já
teve relações sexuais com ela, Will. Como posso superar isso? Como
faço para passar o fato de que você já fez amor com Vaughn, mas
você não vai fazer amor comigo? Você não sabe como é a sensação
de ser rejeitada. Você se sente como um merda. Você só me fez
sentir como uma merda."
"Lake, isto é um absurdo! Não estou rejeitando você. Eu te amo
demais para não ser perfeito para você. Não estou prestes a fazer
sexo com você pela primeira vez, enquanto você está chorando. Se
fizermos isso agora, nós dois vamos nos sentir uma merda."
Ela esfrega as mãos sobre os olhos novamente e olha para o chão,
tentando não chorar. Nós estamos em silêncio na sala, nenhum de
nós tendo certeza do que vai acontecer em seguida. Eu disse tudo o
que podia dizer. Só preciso que ela acredite em mim, então vou dar-
lhe tempo para pensar.
"Will?" Ela traz lentamente os olhos para trás até encontrar o meu.
Parece quase como se machucasse sequer olhar para mim. "Não
tenho certeza se posso fazer isso", diz ela.
O olhar em seus olhos faz com que meu coração pareça como se
estivesse parado literalmente. Eu já vi esse olhar em uma garota
antes. Ela está prestes a terminar comigo.
"Quero dizer... não tenho certeza se nós podemos fazer isso", diz ela.
"Estou tentando muito, mas não sei como passar por isso. Como sei
que esta vida é a que você quer? Como você sabe que é isso que
você quer? Você precisa de tempo, Will. Precisamos de tempo para
pensar sobre isso. Temos que questionar tudo."
Não respondo. Não posso. Tudo que falo sai errado.
Ela não está mais chorando. "Vou para casa agora. Preciso que você
me deixe ir. Apenas deixe-me ir, ok?"
É evidente a dor por trás da sua voz e a calma, a expressão razoável
em seus olhos que rasgam meu coração para fora do meu peito. Ela
se vira para sair e tudo o que posso fazer é deixa-la ir. Acabei de
deixá-la ir.
Depois de uma hora de perfurar tudo que posso encontrar para bater,
limpar tudo o que puder encontrar para limpar e gritando cada
maldição que posso pensar em gritar, bato na porta de Sherry.
Quando ela abre, olha para mim e não diz uma palavra. Ela se vira
para dentro, volta um momento depois e estende a mão. Abro minha
mão e ela joga os comprimidos na minha mão e me olha com
piedade. Odeio piedade.
Quando estou de volta dentro da minha casa, engulo os comprimidos
e me deito no sofá, desejando distância de tudo.
"Will."
Tento abrir meus olhos, para dar sentido à voz que estou ouvindo.
Tento acordar, mas meu corpo inteiro parece concreto.
"Cara, acorda."
Estou desnorteado. Sento-me no sofá e esfrego os olhos, tentando
abri-los... com medo da luz solar. Quando finalmente consigo abri-
los, não é brilhante em tudo, ainda está escuro. Olho ao redor da sala
e vejo Gavin sentado no sofá em frente a mim.
"Que horas são? Que dia é hoje?" Pergunto a ele.
"É ainda hoje. Sábado. É depois das dez, eu acho. Quanto tempo
você esteve dormindo?"
Penso sobre essa pergunta. Foi depois das sete quando Lake e eu
comemos lasanha. Depois das oito quando a deixei ir. Quando a
deixei ir. Deito no sofá e não respondo a Gavin com a cena de apenas
duas horas atrás fazendo replays na minha cabeça.
"Você quer falar sobre isso?" pergunta Gavin.
Balanço minha cabeça novamente. Eu realmente não quero falar
sobre isso.
"Eddie está na casa de Layken. Ela parecia muito chateada. Foi um
pouco estranho, então pensei em vir me esconder aqui. Você quer
que eu vá embora?"
Balancei minha cabeça novamente. "Há lasanha na geladeira, se você
estiver com fome."
"Eu estou, na verdade", diz ele. Ele sai do sofá e vai para a cozinha.
"Você precisa de algo para beber?"
Preciso de uma bebida. Ando para a cozinha e pressiono a mão
contra minha testa.
Minha cabeça está latejando. Chego em cima da geladeira e movo as
caixas de cereais para fora do caminho para chegar ao gabinete por
trás dele. Retiro a garrafa de tequila e pego um copo de vidro e me
sirvo uma dose.
"Estava pensando mais ao longo das linhas de um refrigerante,"
Gavin diz, enquanto se senta no bar e me observa.
"Boa ideia." Abro a geladeira e retiro um refrigerante. Pego um copo
ainda maior e misturo a soda com a tequila. Não é o melhor mix, mas
ajuda descer mais suave.
"Será? Eu nunca te vi assim. Tem certeza de que está tudo certo?"
Inclino a cabeça para trás e termino toda a bebida, em seguida,
coloco o copo na pia. Escolho em não lhe responder. Se eu disser que
sim, ele vai saber que estou mentindo. Se eu disser que não, ele vai
me perguntar por quê. Então apenas me sento ao lado dele enquanto
ele come e não digo nada.
"Eddie e eu queríamos falar com você e Layken juntos. Acho que
agora isso não vai acontecer, então ..." A voz de Gavin hesita e ele
dá outra mordida de lasanha.
"Falar-nos sobre o quê?"
Ele limpa a boca com um guardanapo e suspira. Ele traz o seu braço
direito até a mesa, segurando o garfo com a mão com tanta força
que os nós dos dedos ficam brancos. "Eddie está grávida."
Não confio em meus próprios ouvidos neste momento. Minha cabeça
ainda está batendo e o álcool misturado com a mistura caseira que
Sherry me deu, me fazendo ver dois Gavin.
"Grávida? Como grávida?" pergunto.
"Muito grávida", diz ele.
"Merda." Eu me levanto e agarro a tequila fora do balcão e volto a
encher o copo. Normalmente não sou a favor de dar bebida para um
menor de idade, mas há momentos em que, ocasionalmente, até
mesmo eu, empurro meus limites. Coloco a dose na frente dele e ele
vira.
"Qual é o plano?", pergunto.
Ele anda até a sala e se senta novamente no terceiro sofá. Quando
recebi um terceiro sofá? Pego a garrafa de tequila do balcão e esfrego
os olhos enquanto faço o meu caminho para a sala de estar. Quando
os abro, existem apenas dois sofás novamente. Corro para me sentar
antes que caia.
"Nós não temos um plano. Quer dizer, o mesmo plano. Eddie quer
mantê-lo. Isso me assusta, Will. Estamos apenas com dezenove
anos. Nós não estamos preparados para tudo isso."
Infelizmente, sei exatamente como ele se sente.
"Você quer mantê-lo?", pergunto.
Domingo, 21 de janeiro... eu acho. Pode ainda ser noite de
sábado. Que seja.
Lake ... Lake, Lake, Lake, Lake. Eu pegaria uma montanha e depois
preciso de outra bebida. Mas eu te amo muito. Sim, acho que preciso
de mais tequila ... e mais remédio. Eu te amo, eu sinto muito. Eu não
estou com sede. Mas não estou com fome, apenas sede. Mas eu
nunca vou beber outro cheeseburger novamente eu te amo tanto.
Capítulo Oito
Eddie está grávida. Gavin está com medo. Deixei Lake ir. Isso é tudo
que lembro sobre a noite passada.
O sol está mais brilhante do que nunca. Lanço as cobertas ao ar e
vou ao banheiro.
Quando chego através do corredor, tento abrir a porta, mas está
trancada. Por que diabos o meu banheiro trancado? Bato, me
sentindo muito estranho, batendo na minha própria porta do banheiro
quando deveria ser a única pessoa na minha casa.
"Apenas um segundo!" Ouço alguém gritar. É um cara. E não é
Gavin. Que diabos está acontecendo? Caminho até a sala de estar e
vejo um cobertor e um travesseiro no sofá. Há sapatos na porta da
frente, ao lado de uma mala. Estou coçando a cabeça quando a porta
do banheiro abre, então me viro.
"Reece?"
"Bom dia", diz ele.
"O que você está fazendo aqui?" pergunto.
Ele me lança um olhar confuso enquanto caminha até o sofá e se
senta. "Você está brincando?", pergunta.
Por que estaria brincando? Como estaria brincando sobre isso? Eu
não o vejo há mais de um ano.
"Não. O que você está fazendo aqui? Quando você chegou aqui?"
Ele balança a cabeça com a mesma expressão perplexa no rosto.
"Will, você não se lembra de nada da noite passada?"
Sento-me e tento me lembrar. Eddie está grávida. Gavin está com
medo. Deixei Lake ir. Isso é tudo que lembro. Ele pode ver a luta na
minha cara que preciso que refresquem minha memória.
"Eu voltei na última sexta-feira. Minha mãe me expulsou? Eu
precisava de um lugar para ficar na noite passada e você me disse
que poderia ficar aqui. Você realmente não se lembra?"
Balancei minha cabeça. "Sinto muito, Reece. Eu não me lembro
disso."
Ele ri. "Cara, quanto é que você bebeu na noite passada?"
Lembrei da tequila, daí lembrei do medicamento que Sherry me deu.
"Não acho que foi apenas o álcool."
Ele se levanta e olha desajeitadamente ao redor da sala. "Bem, se
você quiser que eu vá ..."
"Não, eu não me importo de você ficar aqui, você sabe disso. Eu só
não me lembro. Nunca apaguei antes. "
"Você não estava falando coisa com coisa quando cheguei aqui, isso é
certo. Você não parava de dizer algo sobre uma estrela ... e Lake.
Pensei que você estava alucinando. Você não está alucinando?"
Eu rio. "Não. Eu não estou alucinando. Estou tendo um fim de
semana realmente de merda. O pior deles. E não, não sinto vontade
de falar sobre isso."
"Bem, desde que você não se lembra de nada da noite passada...
você meio que me disse que eu poderia morar aqui? Durante um mês
ou dois? Será que isso refresca alguma coisa?" Reece levanta as
sobrancelhas e espera por minha reação.
Agora sei por que nunca bebo. Sempre acabo concordando com
coisas que normalmente não concordaria quando estou sóbrio.
Realmente não posso pensar em uma razão para não deixá-lo ficar
aqui. Nós temos um quarto extra. Ele praticamente morava aqui
quando estávamos crescendo. Embora não tenha visto desde a sua
última pausa das aulas, ainda o considero meu melhor amigo.
"Fique o tempo que você precisa", digo. "Só não espere que eu seja
muito divertido. Não estou tendo uma semana muito boa."
"Isto é óbvio." Ele pega suas malas e sapatos e os leva pelo corredor
para o quarto. Ando até a janela e olho do outro lado da rua, na casa
de Lake. O carro dela não está. Onde ela estaria? Ela realmente não
ia a nenhum lugar no domingo. Esse é seu dia de ver filmes e de
comer aquele lixo de comida. Ainda estou olhando para fora da janela
quando Reece caminha de volta na sala de estar.
"Você não tem nada para comer", diz ele. "Estou com fome. Você
quer que eu pegue alguma coisa na loja?"
Balancei minha cabeça. "Não estou com vontade de comer", digo. "É
só pegar o que quiser. Provavelmente vou lá mais tarde, de qualquer
maneira. Preciso de algumas coisas antes de Caulder voltar amanhã."
"Ah, sim, onde ele está?"
"Detroit."
Reece desliza seus sapatos e seu casaco e sai pela porta da frente.
Ando para a cozinha para fazer o café, mas já existe uma garrafa
cheia. Legal.
Assim que saio do chuveiro, ouço a porta da frente abrir. Não sei se é
Reece ou Lake, então corro para puxar as calças para ver se é Lake.
Ao entrar no corredor, ela está segurando o vaso nas mãos, fazendo
o seu caminho até a porta da frente. Quando ela me vê, ela corre.
"Droga, Lake!" Corro para perto dela. "Você não vai levar isso. Não
me faça esconder isso de você."
Ela tenta empurrar o seu caminho através de mim, mas eu a bloqueio
novamente. "Você não tem o direito de mantê-los em sua casa, Will!
É apenas a sua desculpa para me fazer continuar vindo aqui!"
Ela está certa. Ela está absolutamente certa... mas não me importo.
"Não, quero eles aqui porque não confio que você não vai abrir
todos."
Ela me lança um olhar desprezível. "Já que estamos no assunto de
confiança, você está sabotando estas estrelas? Você está colocando
as falsas aqui, tentando me fazer perdoá-lo?"
Eu rio. Ela deve estar recebendo alguns bons conselhos de sua mãe,
se ela pensa que estou sabotando as estrelas. "Talvez você deva
ouvir os conselhos de sua mãe, Lake."
Ela tenta me empurrar novamente e eu pego o vaso de suas mãos.
Ela me empurra mais forte do que esperava e o vaso cai no chão,
derramando dezenas de pequenas estrelas no tapete. Ela se abaixa e
começa a pegá-las. Suas mãos estão cheias e posso ver em seu rosto
que ela não sabe onde colocá-las por que sua calça não tem bolsos.
Ela puxa a gola de sua camisa para fora e começa a empurrá-las para
dentro por punhado. Ela está determinada.
Pego suas mãos e as puxo longe de sua camisa. "Lake, pare com
isso! Você está agindo como uma criança de 10 anos de idade!"
Coloco o vaso na posição vertical e começo a jogar o resto delas
dentro tão rápido quanto ela está agarrando, colocando-as dentro de
sua camisa. Faço a única coisa que posso... coloco minha mão
debaixo de sua camisa e começo a pegar de volta. Ela dá um tapa em
minhas mãos e tenta engatinhar para trás, mas pego as costas da
camisa para detê-la. Ela continua a ir para trás e eu continuo
segurando sua camisa até que ela desliza sobre sua cabeça e ela fica
em minhas mãos. Ela reúne mais estrelas e vai em direção a porta da
frente com as mãos em seu sutiã, ainda tentando segurá-las.
"Lake, você não vai sair sem camisa", digo. Ela é implacável.
"Ah é? Então olhe para mim!", Diz ela. Salto para cima dela e envolvo
meus braços ao redor da cintura e a pego.
Assim quando estou prestes a lançá-la sobre o sofá, a porta da frente
foi aberta. Olho sobre meu ombro e Reece entra com um punhado de
mantimentos. Ele para e olha para nós de olhos arregalados.
Lake ainda está tentando lutar para libertar-se da minha mão,
ignorando o fato de que alguém que ela ainda não conhece tem um
assento na primeira fila para a birra. A única coisa que posso pensar
é o fato de que ela está só de sutiã na frente de outro cara. Eu a
pego e a coloco atrás do encosto do sofá. Tão rápido quanto ela foi,
ela está de volta novamente, tentando fazer o seu caminho através
de mim. Ela finalmente percebe Reece na porta.
"Quem diabos é você?" Ela grita enquanto ela dá um tapa no meu
braço que está segurando suas costas.
Ele responde com cautela. "Reece? Eu moro aqui?", Diz ele.
Lake para de se debater e dobra seus braços sobre o peito com um
olhar envergonhado em seu rosto. Aproveito a oportunidade para
agarrar a maioria das estrelas de suas mãos e as lanço de volta em
direção ao vaso. Estendo a mão, pego sua camisa e a coloco na sua
frente. "Coloque sua camisa!" rosno.
"Ugh!" Ela joga o resto das estrelas no chão e vira sua camisa do
avesso.
"Você é um idiota, Will! Você não tem o direito de mantê-las aqui!"
Ela puxa sua camisa sobre a cabeça e se vira para Reece. "E quando
diabos você conseguiu um colega de quarto?"
Reece apenas olha para ela, ainda de olhos arregalados. Ele não tem
ideia do que fazer com a cena que acontece diante dele. Lake
caminha de volta para o centro da sala e pega um pequeno punhado
de estrelas, então se vira e corre em direção à porta da frente. Reece
fica de lado quando ela passa por ele e vai para fora. Nós dois
olhamos enquanto ela atravessa a rua, parando duas vezes para
pegar as estrelas que caem na neve. Quando fecha a porta atrás
dela, Reece vira para mim.
"Cara, ela é mal-humorada. E bonita ", diz ele.
"E é minha", respondo.
Enquanto Reece estava cozinhando o almoço, rastejei ao redor da
sala e peguei todas as estrelas que caíram. Depois que acho que
peguei todas, levo o vaso para a cozinha para escondê-lo no armário.
Se ela não puder encontrá-lo, vai ter que falar comigo e me
perguntar onde ele está.
"O que é isso, afinal?" pergunta Reece.
"Eles são de sua mãe," eu digo. "É uma longa história."
Ela pode encontrá-las muito facilmente se eu escondê-las em um
lugar óbvio. Tiro o cereal novamente e coloco o vaso logo atrás da
tequila.
"Então essa garota é a sua namorada?", Diz Reece.
Não tenho certeza de como responder a sua pergunta. Não sei como
intitular o que está acontecendo entre nós. "Sim", digo.
Ele inclina a cabeça para mim. "Cara, não parece que ela gosta muito
de você."
"Ela me ama. Ela só não gosta de mim agora."
Ele ri. "Qual é o nome dela?"
"Layken. Eu a chamo de Lake" digo quando derramo uma bebida em
um copo. Bebida não alcoólica neste momento.
Ele ri. "Isso explica a sua choradeira incoerente na última noite." Ele
serve algumas colheres de massa em nossas tigelas e nos sentamos
à mesa para comer.
"Então, o que você fez para irritá-la tanto?"
Descanso os cotovelos sobre a mesa e largo o garfo na minha tigela.
Acho que agora é uma boa hora para atualizá-lo sobre o último ano
da minha vida. Ele tem sido meu melhor amigo desde que tínhamos
dez anos, menos no último ano. Nós meio que crescemos separados
depois que ele se alistou no exército. Mas ainda confio nele. Então,
lhe conto tudo. Toda a história. A partir do dia que nos encontramos,
para seu primeiro dia na escola, a nossa luta sobre Vaughn, todo o
caminho até a última noite. Quando termino, ele está em sua
segunda tigela de macarrão e eu nem sequer toquei o meu.
"Então", diz ele, mexendo o macarrão em torno de sua tigela. "Você
acha que superou a Vaughn?"
De todas as coisas que disse a ele, por que ele se concentra nisso?
Eu rio. "Eu esqueci absolutamente Vaughn."
Ele desloca-se na cadeira e olha para mim. "Apenas me diga se isso
não for legal para você, mas... Você se importa se eu a convidasse
para sair? Se você disser não, eu não vou cara. Eu juro."
Ha, ele não mudou nem um pouco. Claro que isto é a única coisa que
ele iria pegar da minha confissão inteira. A menina.
"Reece? Honestamente não poderia me importar menos o que você
faz com Vaughn. Honestamente. Só não traga ela aqui. Essa é uma
regra que não pode quebrar. Ela não é permitida nesta casa."
Ele sorri. "Eu posso viver com isso."
As próximas horas são gastas terminando a lição de casa e estudando
as notas deixadas por Vaughn para mim. A primeira coisa que faço é
reescrevê-las e jogar suas anotações originais fora. Odeio ficar
olhando para a letra dela.
Diminuí a minha espionagem por cerca de uma vez por hora agora.
Não quero que Reece pense que sou louco, então só olho para fora da
janela quando ele sai da sala. Estou na mesa de estudo e ele está
assistindo TV quando Kiersten entra, sem bater, é claro.
"Quem diabos é você?", Diz ela para Reece enquanto anda pela sala
de estar.
"Você tem mesmo idade suficiente para falar assim?", Ele pergunta.
Ela revira os olhos e caminha até a cozinha e se senta na minha
frente. Ela coloca os cotovelos na mesa e repousa o queixo entre as
mãos, olhando-me estudar.
"Você viu Lake hoje?" pergunto sem olhar para cima das minhas
notas.
"Sim."
"E então?"
"Assistimos a filmes. E comemos um monte de porcalhada."
Claro. É domingo. "Ela disse alguma coisa sobre mim?"
Kiersten cruza os braços sobre a mesa e se inclina mais perto.
"Sabe, Will. Se eu tiver que trabalhar para você, acho que é um bom
momento para negociar uma compensação justa."
Coloco minhas notas em cima da mesa e olho para ela. "Você está
concordando em me ajudar?"
"Você está concordando em me pagar?"
"Acho que nós poderíamos fazer um acordo", digo. "Não com moeda,
é claro. Mas talvez pudesse ajudá-la a construir seu portfolio."
Ela se inclina para trás em sua cadeira e me olha com curiosidade.
"Continue falando."
"Tenho muita experiência de performance, você sabe. Eu poderia dar-
lhe um pouco da minha poesia... ajudá-la a se preparar para um
slam."
Posso ver seus pensamentos agitando atrás da sua expressão. "Leve-
me para o slam. Toda quinta-feira por pelo menos um mês. Há um
show de talentos chegando na escola em algumas semanas que eu
quero entrar, então preciso de toda a exposição que puder
conseguir."
"Um mês inteiro? De jeito nenhum. Esta reconciliação entre Lake e eu
é melhor acontecer antes de quatro semanas! Não posso passar por
isso por um mês inteiro."
"Você realmente é um idiota, não é?" Ela se levanta e empurra sua
cadeira. "Sem minha ajuda, você vai ter sorte se ela te perdoar este
ano."
Ela se vira para ir embora.
"Tudo bem! Eu vou fazer isso. Vou levá-la!", digo.
Ela se vira e sorri para mim. "Boa escolha", diz ela. "Agora... tem
alguma coisa que você quer plantar em sua cabeça, enquanto
começo o trabalho?"
Penso sobre isso por um momento. Qual é a melhor maneira de
ganhar Lake de volta? O que no mundo posso dizer para fazê-la ver o
quanto eu realmente a amo? O que poderia pedir para Kiersten fazer?
Salto quando a ideia surge. "Sim! Kiersten, você precisa pedir a ela
para levá-la para o slam. Diga-lhe que me recusei a levá-la e que eu
disse que nunca vou voltar. Implore a ela para levá-la se for preciso.
Se existe alguma maneira que eu possa fazê-la acreditar em mim, é
quando estou no palco."
Ela me dá um sorriso maligno. "Maquiavélico... eu adorei!" Kiersten
sai e começa o trabalho.
"Quem é ela?", Disse Reece.
"Ela é minha nova melhor amiga."
Sem contar a luta que tivemos sobre as estrelas hoje, dei a Lake todo
o tempo sozinha que pude, eventualmente, dar a ela. Kiersten estava
relatando de volta mim e disse que Lake concordou em levá-la na
quinta-feira, após uma sessão intensa de implorar por parte de
Kiersten. Eu a recompensei com um dos meus velhos poemas.
É depois das dez agora. Sei que não deveria, mas não consigo ir para
a cama sem tentar falar com ela, pelo menos, mais uma vez. Não
consigo decidir se a melhor opção é deixá-la sozinha ou persegui-la
neste momento. Decido que é hora de outra estrela. Realmente odeio
isso de estarmos abrindo tão rápido, mas considero isso uma
emergência.
Quando chego à cozinha, estou chocado ao ver Lake olhando em um
dos armários. Ela está ficando sorrateira. Quando passo por ela, ela
pula. Não digo nada enquanto chego ao gabinete e retiro o vaso que
ela estava procurando. Coloco-o em cima do balcão e tiro uma das
estrelas. Ela olha para mim como se estivesse esperando por mim
para gritar com ela novamente. Seguro o vaso para cima e ela chega
perto e agarra sua própria estrela. Nós dois estamos em extremos
opostos do balcão, enquanto nós os abrimos e os lemos em silêncio
para nós mesmos.
Adote o ritmo da natureza: seu segredo é a paciência. ~ Ralph Waldo
Emerson
E faço justamente isso... pratico a paciência. Não falo com ela
enquanto lê a dela. Por mais que queira correr até ela e beijá-la e
fazer tudo melhor, decido ser paciente.
Ela franze a testa enquanto lê o papel na mão. Ela o amassa e o joga
no balcão, em seguida, vai embora. E novamente, eu a deixo ir.
Quando tenho certeza que ela se foi, agarro o pedaço de papel do
balcão e leio.
“Então, se você pudesse encontrar isto em seu coração
Para dar a um homem uma segunda chance
Eu prometo que as coisas não irão acabar da mesma forma"
~ The Avett Brothers
Eu não poderia ter dito melhor se tivesse escrito isso sozinho.
"Obrigada, Julia," sussurro.
Segunda-feira, 23 de janeiro, 2012
Eu não vou desistir
Você não está dando uma chance
Esta batalha vai se transformar em uma guerra
Antes de deixar isso chegar a um fim.
Capítulo Nove
Sei que Lake não gosta de mim agora, mas ela definitivamente não
me odeia também. Deixo de pensar se devo recuar e dar-lhe o
espaço que ela está pedindo. Uma parte de mim quer respeitar isso,
mas parte de mim está com medo de que se recuar, ela pode decidir
que gosta do espaço. Tenho pavor disso. Então, talvez não vou dar-
lhe o espaço. Gostaria de saber onde traçar a linha entre o desespero
e a asfixia.
Reece está na cozinha tomando café. Não via muito dele, mas o fato
dele sempre ter café pronto quase vale a pena tê-lo aqui.
"Quais são os seus planos para hoje?", Diz ele, quando entro na
cozinha.
"Tenho que ir a Detroit para pegar os meninos. Você quer ir comigo?"
Ele balança a cabeça. "Não vai dar. Tenho planos com... er, tenho
planos para hoje." Ele olha para o lado nervosamente enquanto lava
sua xícara de café.
Eu rio e pego o meu próprio copo do armário. "Você não tem que
esconder isso. Já disse que estava bem com isso."
Ele coloca o copo de cabeça para baixo no filtro e se vira para me
encarar. "Ainda é um pouco estranho. Quer dizer, não quero que você
pense que eu estava tentando ficar com ela enquanto vocês dois
estavam juntos. Não foi assim."
"Pare de se preocupar com isso, Reece. É sério. Por incrível que
pareça, não é estranho para mim. O que é um pouco estranho, é que
apenas alguns dias atrás ela estava confessando seu amor por mim,
mas agora ela está prestes a passar o dia com você. Será que isso
não te incomoda um pouco?"
Ele sorri para mim quando pega sua carteira e as chaves do balcão e
sai da cozinha.
"Acredite em mim, Will. Tenho habilidades. Quando Vaughn estiver
comigo, você vai ser a última coisa em sua mente."
Reece nunca foi muito de modéstia. Ele coloca o casaco e vai em
direção à porta da frente para sair. Assim que a porta se fecha, meu
telefone vibra. Eu o retiro do bolso e sorrio. É um texto de Lake.
Que horas Kel estará em casa hoje? Tenho que ir pegar um
manual sobre pedidos pendentes e não estarei em casa por
um tempo.
O texto parece muito impessoal. Li algumas vezes, tentando ganhar
dicas de qualquer significado oculto nele. Infelizmente, estou certo
que seu texto afirma exatamente o que ela pretendia dizer. Então
digito de volta, na esperança de alguma forma, convencê-la a ir
comigo para pegar os meninos.
Onde é que você vai pegar o livro didático? Detroit?
Tenho certeza que a livraria que ela vai é em Detroit. Sei que é um
tiro no escuro, mas estou esperando que possa prendê-la para andar
comigo em vez de ir em seu próprio carro. Ela responde quase
imediatamente.
Sim. Que horas Kel vai estar em casa?
Ela é osso duro de roer. Odeio suas respostas curtas.
Vou para Detroit para buscá-los mais tarde. Por que você não
vem comigo? Posso te dar uma carona para conseguir o seu
livro.
Isso pode ser bom. Ter uma longa viagem para falar sobre as coisas
realmente poderia me dar uma chance de convencê-la de que as
coisas precisam voltar a ser como eram.
Acho que não é uma boa ideia. Sinto muito.
Ou não. Por que ela tem que ser tão difícil? Jogo meu celular no sofá
e nem sequer me preocupo em mandar uma mensagem de texto de
volta. Ando até a janela e olho pateticamente para sua casa
novamente. No início, pensei que ela iria superar isso muito rápido,
mas já faz tantos dias.
Odeio o fato de que sua necessidade de espaço é mais forte do que a
sua necessidade por mim. Eu realmente preciso que ela vá para
Detroit comigo hoje.
Não posso acreditar que estou fazendo isso. Quando estou
atravessando a rua, verifico para ter certeza de que ela não está
espreitando pela janela. Ela vai ficar tão puta se me pegar fazendo
isso. Rapidamente abro a porta do carro e empurro a alavanca para
abrir o capô. Tenho que trabalhar rápido. Então decido que a melhor
maneira de desativar seu jeep é desconectar a bateria. É
provavelmente o mais óbvio, mas ela nunca notaria considerando a
falta de conhecimento mecânico. Assim que consigo o meu objetivo,
olho para a janela novamente, em seguida, faço uma corrida louca
para casa. Quando fechei a porta atrás de mim, quase me arrependo
do que fiz. Quase.
Espero que ela saia de sua casa naquela tarde antes de eu sair. Vejo
quando ela tenta ligar seu carro, mas o carro não arranca.
Obviamente. Ela bate no volante com frustração e abre a porta do
carro. Esta é a minha oportunidade. Pego minhas coisas e vou para
meu carro, fingindo não notá-la. Quando dou a ré e vou para a rua,
ela coloca o seu capuz. Paro na frente de sua garagem e abaixo
minha janela.
"O que há de errado? O carro não funciona?"
Ela fica na frente do capô e balança a cabeça. Paro meu carro para
dar uma “olhadela”. Ela dá um passo para o lado e me permite sem
falar nada. Mexo alguns fios aqui e ali para fingir que estou tentando
consertar o seu carro. O tempo todo, ela está apenas em pé
silenciosamente ao meu lado.
"Parece que é sua bateria”, minto. "Se você quiser, posso escolher
uma nova para você enquanto estou em Detroit. Ou... você poderia
apenas ir comigo para conseguir o seu livro." Sorrio para ela,
esperando que ela concorde.
Ela olha de volta para sua casa, depois para mim. Ela parece
preocupada. "Não, vou pedir para Eddie. Acho que ela não tem planos
de hoje."
Isso não era o que eu queria que ela respondesse. Isso não está
acontecendo como tinha planejado. Brincar é legal, Will.
"Eu só estou te oferecendo uma carona. Nós dois precisamos ir a
Detroit de qualquer maneira. É ridículo envolver Eddie só porque você
não quer falar comigo agora." Eu uso o tom autoritário que
aperfeiçoei com ela. Normalmente ele funciona.
Ela hesita.
"Lake, você pode esculpir abóboras toda a viagem. Tudo o que você
quiser. Basta entrar no carro", digo.
Ela fecha a cara para mim e depois se vira e pega a bolsa no jipe.
"Tudo bem. Mas não ache que isso significa alguma coisa." Ela
caminha pela calçada e na direção do meu carro.
Estou feliz dela estar na minha frente, mas não posso esconder
minha emoção ao dar um soco no ar. Um dia inteiro juntos é
exatamente o que precisamos.
Assim que nos afastamos, ela coloca o Avett Brothers no som do
carro, deixando-me saber que ela está esculpindo abóboras. Os
primeiros quilômetros para Detroit são difíceis. Continuo querendo
começar a conversar, mas não sei como. Kel e Caulder estarão
conosco no caminho de volta para casa, então sei que se quiser
colocar tudo em pratos limpos, tenho que fazer isso agora.
Abaixo o volume. Ela tem o pé apoiado no painel e está olhando pela
janela, na tentativa de evitar o confronto, como ela sempre faz.
Quando ela percebe que baixei o volume, olha para mim e fica me
encarando, em seguida, retorna a sua atenção de volta para fora da
janela. "Não, Will. Eu te disse... precisamos de tempo. Não quero
falar sobre isso."
Caramba! Ela é tão frustrante. Suspiro e balanço a cabeça, sentindo
mais uma rodada de derrota chegando. "Você poderia pelo menos me
dar uma estimativa de quanto tempo você vai esculpir abóboras?
Seria bom saber quanto tempo tenho que sofrer", digo. Não tento
mascarar meu sofrimento. Essa coisa de espaço está realmente
começando a me irritar. Posso dizer pela sua reação física que eu
disse a coisa errada novamente.
"Eu sabia que isso era uma má ideia", ela murmura.
Minhas mãos seguram o volante ainda mais apertado. Você pensaria
que depois de um ano eu teria encontrado uma maneira de chegar
até ela, ou para manipulá-la de alguma forma. Ela é quase
impenetrável. Tenho que me lembrar de que sua vontade indomável
é uma das razões que me apaixonei por ela, em primeiro lugar.
Nenhum de nós disse uma palavra durante o restante da viagem. Não
ajudou que nenhum de nós ligou a musica de volta, também. Toda a
viagem foi incrivelmente estranha enquanto eu tentava o meu melhor
para procurar a coisa certa a dizer e ela tentava o seu melhor para
fingir que eu não existo.
Assim que chegamos à livraria em Detroit e estaciono, ela abre a
porta do carro e corre para dentro. Gostaria de pensar que ela está
correndo contra o frio, mas sei que ela está fugindo de mim. Do
confronto.
Enquanto ela está lá dentro, recebo um SMS do meu avô informando
que minha avó está cozinhando o jantar. Seu texto termina com a
palavra "assado."
"Ótimo," murmuro para mim mesmo. Sei que Lake não tem nenhuma
intenção de passar a noite com meus avós. Assim, mando um SMS ao
meu avô para avisar que estamos quase lá e ela volta para o carro.
"Eles estão preparando o jantar para nós. Não vamos ficar muito
tempo", digo.
Ela suspira. "Como isso é conveniente. Bem, então leve-me para
comprar uma nova bateria em primeiro lugar, para que possamos
acabar logo com isso."
Não respondo, saio da livraria e sigo em direção a casa do meu avô.
Ela tinha ido na casa deles algumas vezes antes, então ela sabe que
nos aproximamos e que não tenho nenhuma intenção de parar na
loja.
"Você passou por três lojas que vendem baterias", diz ela.
"Precisamos comprar uma agora no caso de que seja tarde demais na
nossa volta."
"Você não precisa de uma bateria. A bateria está boa", digo.
Evito olhar para ela, mas posso vê-la olhando para mim, esperando
por uma explicação.
Não respondo imediatamente. Ligo a seta e viro para a rua do meu
avô.
Quando estaciono, desligo o carro e conto para ela a verdade. Que
mal poderia fazer agora?
"Eu tirei o cabo da bateria antes de você sair hoje." Não esperei sua
reação e saí do carro e bati a porta. Não tenho certeza porque bati a
porta do carro.
Não estou bravo com ela, só estou frustrado. Frustrado que ela
duvida de mim depois de todo esse tempo.
"Você o quê?", Ela grita. Quando ela sai do carro, bate a porta
intencionalmente.
Continuo andando, me protegendo do vento e da neve com minha
jaqueta até chegar à porta da frente.
Ela corre atrás de mim. Quase entro sem bater, mas me lembro,
então bato.
"Eu disse que soltei o cabo da bateria. De que outra forma iria
convencê-la a vir comigo?"
"Oh, isso é muito maduro, Will." Ela se encolhe mais perto da porta
da frente, mais longe do vento. Ouço passos se aproximando da
porta de entrada, quando ela se vira para mim. Ela abre a boca como
se estivesse prestes a dizer algo mais, então revira os olhos e fica à
distância. A porta da frente se abre e minha avó fica de lado para nos
deixar entrar.
"Oi Sara," Lake diz com um sorriso falso enquanto abraça minha avó.
Minha avó retorna seu abraço e ando atrás delas.
"Vocês chegaram na hora certa. Kel e Caulder estão arrumando a
mesa", diz ela. "Will, leve ambas as jaquetas e vá colocá-las na
máquina de secar para tirar a neve."
Minha avó caminha de volta para a cozinha e retiro o meu casaco e
vou para a lavanderia, sem oferecer levar a de Lake. Sorrio quando
ouço ela pisando com raiva atrás de mim. Ser o cara legal,
obviamente, não tem ajudado o meu caso em tudo, então acho que
vou começar a ser o idiota. Jogo minha jaqueta para o secador e me
afasto para que ela possa fazer o mesmo. Depois que ela empurra o
casaco para dentro, bate a porta da secadora e a liga.
Ela tenta sair da lavanderia, mas estou bloqueando seu caminho. Ela
me lança um olhar desprezível e tenta passar, mas não me movo. Ela
dá um passo para trás e cruza seus braços sobre o peito e olha para
o lado, dando-me o tratamento do silêncio. Ela vai ficar aqui até eu
sair de seu caminho. Vou ficar aqui até que ela fale comigo. Acho que
nós vamos ficar aqui a noite toda.
Ela aperta seu rabo de cavalo e se inclina contra a secadora,
cruzando as pernas na altura dos tornozelos. Eu me inclino contra a
porta da lavanderia e fico na mesma posição encarando-a, esperando
por algo. Não tenho certeza o que é que estou tentando fazer, só
quero que ela fale comigo.
Ela limpa a neve do ombro de sua camisa. Ela está vestindo a camisa
dos Avett que comprei no concerto que fomos um mês atrás. Aquela
noite foi mágica, nunca teria imaginado que estaríamos na situação
que estamos agora.
Finalmente cedo e falo primeiro. "Sabe, para alguém que dá o
tratamento do silêncio como uma criança de cinco anos de idade,
você com certeza é rápida em me acusar de ser imaturo."
Ela ergue as sobrancelhas para mim e ri. "Sério? Você me prendeu
em uma lavandaria, Will! Quem está sendo imaturo?"
Ela tenta passar por mim novamente, mas continuo a bloquear o
caminho dela. Ela está encostada em mim agora enquanto
pateticamente tenta empurrar meu peito. Tenho que lutar contra a
vontade de envolver meus braços em torno dela. Estamos
praticamente cara a cara quando ela finalmente desiste e para de me
empurrar. Ela está a centímetros de mim agora, olhando para o chão,
à espera de sair de seu caminho. Ela pode ter suas dúvidas sobre os
meus sentimentos por ela, mas de jeito nenhum ela pode duvidar da
tensão sexual entre nós. Seguro seu queixo na minha mão e puxo
delicadamente o rosto para o meu.
"Lake", sussurro. "Não sinto pelo que fiz para o seu carro. Estou
desesperado. Faria tudo neste exato momento só para estar com
você. Estou com saudades."
Ela olha para o lado e levanto minha outra mão em seu rosto para
obrigá-la a me olhar nos olhos. Ela tenta puxar minhas mãos, mas
me recuso a deixar. A tensão entre nós aumenta à medida que temos
o olhar no outro. Posso falar que ela quer me odiar agora, mas ela
me ama muito. Há uma luta de emoção em seus olhos. Ela não pode
decidir se quer me bater ou me beijar.
Aproveito seu momento de fraqueza e, lentamente, inclino-me para
tocar seus lábios. Ela pressiona as mãos contra o peito e sem
entusiasmo tenta me empurrar para longe, mas não puxa a boca
longe da minha. Em vez de honrar seu pedido de 'Espaço', me inclino
em seus lábios. Suas mãos enfraquecem sua pressão contra o meu
peito enquanto, finalmente, ela deixa-me beijá-la.
Coloco minha mão na parte de trás de sua cabeça e movo lentamente
meus lábios no ritmo dela.
Nosso beijo é diferente desta vez. Ao invés de empurrá-lo até o ponto
de retirada, como temos feito, continuamos a beijar lentamente,
parando a cada poucos segundos para olhar um para o outro. É
quase como se nenhum de nós acreditasse que isso está
acontecendo. Sinto que esse beijo é a minha última chance de
remover qualquer dúvida de sua cabeça, então derramo cada emoção
que tenho nele. Agora que a tenho de volta em meus braços, tenho
medo de deixá-la ir. Dou um passo para frente e ela dá um passo
para trás, até que batemos contra a secadora. A situação em que
estamos me lembra da última vez que estivemos juntos e sozinhos
em uma lavanderia mais de um ano atrás.
Era o dia depois de seu beijo com Javi no Club N9NE. O momento em
que passei por sua caminhonete e vi a sua boca na dela,
imediatamente senti um ciúme juntamente com uma intensa dor
como nada que já experimentei. Eu nunca tinha estado em uma briga
física antes.
O fato de que ele foi meu aluno e eu era seu professor não importava
para mim. Não sei o que teria acontecido se não fosse Gavin separar
a briga.
O dia após a luta quando ouvi Lake dizer a sua versão dos
acontecimentos, me senti como um idiota pois realmente acreditava
que ela tinha beijado-o de volta. Eu a conhecia melhor do que isso e
me odiava por assumir o pior. Foi tão difícil esse dia para permitir que
ela continuasse a acreditar que tinha escolhido a minha carreira ao
invés dela, sabia que era a coisa certa a fazer no momento. Naquela
noite na lavanderia, porém, deixei minhas emoções tomarem controle
sobre a minha consciência e quase estraguei a melhor coisa que já
aconteceu para mim.
Empurro o medo de perdê-la novamente para fora da minha mente
enquanto continuo a beijá-la. Ela move as mãos no meu pescoço,
arrepiando todo o meu corpo. Era devagar e mantínhamos sempre o
ritmo. Quando ela passa as mãos pelo meu cabelo, envia-me sobre a
borda. Eu a agarro pela cintura e a levanto até que está sentada na
secadora. De todos os beijos que já compartilhamos, este é de longe
o melhor. Coloco minhas mãos na parte exterior de suas coxas para
puxá-la para a extremidade da secadora e ela envolve suas pernas ao
meu redor. Assim quando os meus lábios se encontram no local logo
abaixo da orelha, ela engasga e empurra contra meu peito.
"Eh, aham," minha avó faz com a garganta grosseiramente
interrompendo um dos melhores momentos da minha vida.
Lake salta imediatamente fora da secadora e eu para trás. Minha avó
está de pé na porta com os braços cruzados, olhando para nós. Lake
ajeita a blusa e olha para os seus pés, envergonhada.
"Bem, é bom ver que vocês dois fizeram as pazes", minha avó diz,
olhando-me com desaprovação. "O jantar está pronto quando você
encontrar o tempo para se juntar a nós na mesa."
Ela se vira e vai embora.
Assim que ela se foi, volto para Lake e envolvo meus braços em torno
dela novamente. "Baby, senti tanta saudade."
"Pare", diz ela, se afastando de mim. "Por favor para."
Sua hostilidade súbita é inesperada... e confusa. "O que quer dizer
parar? Você estava me beijando de volta, Lake!"
Ela olha para mim, agitada. Parece decepcionada consigo mesma.
"Acho que tive um momento de fraqueza ", diz ela em um tom
zombeteiro.
Reconheço a frase e mereço a reação dela.
"Lake, pare de fazer isso para si mesma. Sei que você me ama."
Ela solta um suspiro, como se estivesse tentando sem sucesso
explicar a uma criança. "Will, eu não estou lutando com o fato de que
eu te amo. É sobre você realmente me amar ou não."
Ela se dirige para a sala de jantar, me deixando para trás novamente
em outra lavanderia.
Soco a parede, frustrado com o que aconteceu entre nós. Pensei por
um segundo que finalmente consegui falar com ela. Não sei quanto
tempo mais posso aceitar. Isto está começando a me irritar.
"Este assado esta delicioso, Sara," Lake diz a minha avó. "Você vai
ter que me dar a receita."
Pego a travessa de batatas da mesa na minha frente e
silenciosamente me sirvo um pouco.
Lake é tão casualmente amável com minha avó. Não tenho apetite,
mas me sirvo de comida. Conheço minha avó e se eu não comer, ela
vai ficar ofendida. Coloco outra colher de batatas no meu prato, em
seguida, sirvo uma colher exagerada e solto no prato de Lake, bem
em cima de seu assado. Ela está sentada ao meu lado, fazendo o seu
melhor para fingir que nada está errado com ela e olha o monte de
batatas na frente dela. Não sei se ela está colocando essa cara falsa
de felicidade para o meus avós ou para Kel e Caulder. Talvez por
causa de todos eles.
"Layken, você sabia que Vovô Paul tocava em uma banda?" Kel diz.
"Não, eu não sabia. E você o chama de Vovô Paul?" Lake diz.
"Sim! Esse é o meu novo nome para ele."
"Eu gosto", diz meu avô. "Posso te chamar de Netinho Kel?"
Kel sorri e acena para ele.
"Você vai me chamar de Netinho Caulder?" Caulder pergunta.
"Claro", diz ele.
"Qual era o nome de sua banda Paul?" Lake pergunta.
É quase assustador quão boa ela era. Faço uma nota mental para que
me lembre desse pequeno detalhe sobre ela para referência futura.
"Bem, estive em várias na verdade", ele responde. "Era apenas um
hobby, quando era mais jovem. Eu tocava violão."
"Isso é ótimo", diz ela. Ela abocanha um garfo com sua comida e fala
com a boca cheia. "Sabe, Kel sempre quis aprender a tocar violão. Eu
estive pensando em colocá-lo na escola." Ela limpa a boca e toma um
gole de água.
"Por quê? Você deve apenas pedir a Will para ensiná-lo", diz Paul.
Lake vira e olha para mim. "Não sabia que Will sabia tocar o violão",
ela diz em um tom um pouco acusatório.
Acho que nunca compartilhei isso com ela. Não estava tentando
esconder isso, só não tenho tocado há alguns anos. Claro, tenho
certeza que ela pensa que é apenas mais um segredo que venho
escondendo dela.
"Você nunca tocou para ela?" ele me pergunta.
Eu dou de ombros. "Não tenho um violão."
Lake ainda está olhando para mim. "Isso é realmente interessante,
Will", diz ela com sarcasmo. "Com certeza tem muita coisa sobre
você que eu não sei."
Olho para ela a enfrentando em linha reta. "Na verdade, Baby ... não
tem. Você sabe tudo sobre mim."
Ela balança a cabeça e coloca os cotovelos na mesa, aperta os olhos
para mim e coloca aquele sorriso falso que realmente odeio. "Não,
querido. Acho que não sei tudo sobre você." Ela diz isso em um tom
que pude reconhecer como seu falso entusiasmo. "Não sabia que
você tocava violão. Também não sabia que estava recebendo um
companheiro de quarto. De fato, este "Reece" parece ter sido uma
parte muito grande da sua vida e você nunca sequer o mencionou...
juntamente com alguns outros "velhos amigos" que surgiram
recentemente."
Deixo o garfo no meu prato e limpo a boca com o guardanapo. Todos
estão olhando para mim, esperando que eu falasse. Sorrio para
minha avó, que parece alheia ao que está acontecendo entre Lake e
eu. Ela sorri para mim, interessada em minha resposta. Decido
aumentar as apostas, então envolvo meu braço em torno de Lake
para puxá-la mais perto de mim e beijá-la na testa.
"Você está certa, Layken". Digo a ela seu primeiro nome com o
mesmo entusiasmo fingido. Sei o quanto isso vai irrita-la. "Eu deixei
de mencionar alguns velhos amigos do meu passado. Acho que isso
significa que vamos ter que gastar muito mais tempo juntos,
conhecendo todos os aspectos da vida um do outro." Belisco-lhe o
queixo com o polegar e o indicador e sorrio para ela enquanto ela
estreita os olhos para mim.
"Reece está de volta? Ele está morando com a gente?" Caulder
pergunta.
Concordo com a cabeça. "Ele precisava de um lugar para ficar por um
mês ou coisa parecida."
"Por que ele não fica com a sua mãe?" minha avó fala.
"Ela se casou de novo, enquanto ele estava no exterior. Ele não se dá
bem com o seu novo padrasto, por isso que ele está procurando o
seu próprio lugar", digo.
Lake se inclina para frente, na tentativa de remover discretamente
meu braço que está envolto em torno de seu ombro. Em vez disso,
aperto mais forte e puxo minha cadeira para mais perto dela.
"Lake com certeza teve uma boa primeira impressão quando
conheceu Reece," digo, me referindo a birra sem camisa na minha
sala de estar. "Não é mesmo querida?"
Ela pressiona o salto de sua bota em cima do meu pé e sorri de volta
para mim. "Certo", diz ela. Ela empurra a cadeira para trás e se
levanta. "Desculpe-me, preciso ir ao banheiro." Ela bateu o
guardanapo em cima da mesa e me olha enquanto anda.
Todo mundo na mesa está alheio à sua raiva.
"Vocês dois parecem ter superado seu desentendimento da semana
passada," meu avô diz depois que ela desapareceu no corredor.
"Sim, superamos muito bem...", respondo. Enfio uma colher de
batatas na minha boca.
Lake permanece no banheiro por um bom tempo. Quando ela volta,
não fala muito. Kel e Caulder estão em uma discussão sobre
videogames com Vovô Paul enquanto Lake e eu terminamos nossas
refeições em silêncio.
"Será que você pode me ajudar na cozinha?" minha avó diz.
Minha avó é a última pessoa que iria pedir ajuda na cozinha. Ou
estou prestes a mudar uma lâmpada ou vou receber um sermão.
Levanto-me da mesa e seguro os pratos de Lake e o meu, sigo-a pela
porta da cozinha.
"O que foi isso?" ela diz ao raspar o alimento fora dos pratos na
lixeira.
"E o que é que foi o que?" respondo.
Ela limpa as mãos no pano de prato e se inclina sobre o balcão. "Ela
não está muito feliz com você, Will. Posso estar velha, mas conheço o
desprezo de uma mulher quando vejo um. Você quer conversar sobre
isto?"
Ela é mais observadora do que lhe dava crédito.
"Acho que não custa nada nesta altura", digo, encostado no balcão da
cozinha ao lado dela. "Ela está chateada comigo. A coisa toda com
Vaughn na semana passada, ela começou a duvidar. Agora acha que
estou com ela só porque sinto pena dela e Kel."
"Por que você está com ela?" minha avó pergunta.
"Porque sim. Estou apaixonado por ela", digo.
"Bem, sugiro que você demonstre melhor", ela diz. Ela pega o pano e
começa a limpar.
"Não sei como. Não sei quantas vezes falei com ela. Não posso
perfurar sua cabeça para ela entender. Agora ela quer que eu a deixe
em paz para que ela possa pensar. Estou ficando tão frustrado, não
sei mais o que posso fazer."
Minha avó revira os olhos em minha ignorância percebida. "Um
homem pode dizer a uma garota que ele está apaixonado por ela até
que fique enjoada. As palavras não significam nada para uma mulher
quando sua cabeça está cheia de dúvidas. Você tem que mostrar a
ela."
"Como? O que mais posso fazer? Para a senhora ter noção, desativei
o carro dela, para que ela fosse obrigada a vir aqui comigo hoje. Não
sei o que mais posso fazer para lhe mostrar."
Minha confissão patética atraiu um olhar de desaprovação dela. "Isso
está mais como uma boa forma de se colocar na cadeia, não
reconquistar o coração da garota que você está apaixonado!", ela diz.
"Eu sei. Foi estúpido. Estava desesperado. Estou sem ideias."
Ela caminha até a geladeira e pega uma torta. Coloca no balcão ao
meu lado e começa a cortar fatias. "Acho que o primeiro passo é
parar um tempo para se questionar porque está apaixonado por ela,
então descobrir uma maneira de transmitir isso a ela. Mas, é preciso
dar-lhe o espaço que ela precisa. Estou surpresa que com o
espetáculo que você fez no jantar ela não te deu um soco."
"A noite ainda é uma criança."
Minha avó riu e colocou uma fatia de torta sobre um prato, em
seguida, virou-se para mim. "Eu gosto dela, Will. É melhor não
estragar tudo. Ela é boa para Caulder."
O comentário da minha avó me surpreendeu. "Sério? Achava que
você não gostava muito dela."
Ela continua cortando os pedaços da torta. "Sei que você pensa isso,
mas eu gosto dela. O que não gosto é do jeito que você está sempre
em cima dela quando você está próximo. Algumas coisas são melhor
deixar em particular. E estou me referindo ao quarto, não a
lavanderia", diz e franze o cenho para mim.
Não sabia como estava ostentando publicamente meus sentimentos
por Lake. Agora que minha avó falou nisso, é meio constrangedor.
Acho que o incidente na lavanderia mais cedo também não ajudou a
dissuadir a opinião de Lake sobre o que minha avó pensa dela.
"Vovó?" pergunto enquanto pego a minha sobremesa. Ela não me
deu um garfo então eu arranco um pedaço da crosta e coloco na
minha boca.
"Hum?" Ela me vê comendo com as mãos, vai até a gaveta, retira um
garfo e ele cai no meu prato.
"Ela ainda é virgem, sabe."
Os olhos de minha avó se arregalam e ela se volta para a torta para
cortar outro pedaço. "Will, isso não é da minha conta!"
"Eu sei," digo. "Só quero que você saiba. Não quero que você pense
mal dela."
Ela se vira e me dá mais dois pratos de sobremesa, então pega dois
em sua mão e vira a cabeça na direção da porta da cozinha. "Você
tem um bom coração, Will. Ela virá para você. Você só precisa dar-
lhe tempo."
Lake senta no banco de trás com Kel no caminho de casa e Caulder
na frente comigo.
Os três falam toda a volta para casa. Kel e Caulder estão zumbindo
sobre tudo o que eles fizeram. Eu não disse uma palavra. Apenas
dirijo em silêncio.
Depois que paro na minha garagem e todos nós saímos do carro, sigo
Lake e Kel. Ela se dirige para dentro sem dizer uma palavra. Abro o
capô do seu jipe, reconecto a bateria e volto para minha casa.
Ainda não é nem dez horas da noite. Não estou cansado. Caulder
está na cama e Reece provavelmente ainda está com Vaughn. Sento-
me no sofá e ligo a TV quando alguém bate à porta.
Quem estaria vindo tão tarde? Quem iria bater ? Abro a porta e meu
estômago vira quando vejo Lake tremendo na varanda. Ela não
parece com raiva, o que é um bom sinal. Suas mãos estão puxando
seu casaco firmemente em torno de seu pescoço. Ela tem suas botas
de neve sobre suas calças de pijama. Ela parece ridícula ... e linda.
"Hey," digo, um pouco ansioso. "Outra estrela?" Passo para o lado e
ela caminha para dentro.
"Por que você bateu?" Pergunto, fechando a porta atrás dela.
Odeio que ela bateu na minha porta. Ela nunca bate. Esse pequeno
gesto revela algum tipo de mudança no nosso relacionamento que
não consigo identificar, mas sei que não gosto.
Ela simplesmente dá de ombros. "Posso falar com você?"
"Eu desejo que você fale comigo", digo. Nós dois fazemos o nosso
caminho para o sofá. Normalmente, ela se enrola perto de mim e
senta-se em seus pés. Desta vez, ela garante que há muito espaço
entre nós e fica no extremo oposto do sofá. Se aprendi alguma coisa
esta semana, é o fato de que odeio espaço. Espaço é uma merda.
Ela olha para mim e tenta sorrir, mas isto não vem direito. Parece
mais como se ela estivesse tentando não ter pena de mim.
"Primeiro prometa-me que você vai me ouvir sem discutir", diz ela.
"Eu gostaria de ter uma conversa madura com você."
"Lake, você não pode sentar e dizer que não a ouço. É impossível
ouvi-la quando você está esculpindo abóboras todo o maldito tempo!"
“Tá vendo? Não faça isso", diz ela.
Pego a almofada ao meu lado e cubro o meu rosto com ela para
abafar um gemido frustrado. Ela é impossível. Trago a almofada de
volta, descanso meu cotovelo nela e me preparo para seu sermão.
"Estou ouvindo", eu digo.
"Acho que você não entende né. Você não tem ideia por que tenho
dúvidas, não é?"
Ela tem razão, eu não sei. "Clareie as informações", digo.
Ela tira seu casaco e joga sobre as costas do sofá e fica confortável.
Eu estava errado, ela não está aqui para me dar um sermão, posso
garantir pelo jeito que ela está falando comigo. Ela está aqui para ter
uma conversa séria, então decido respeitosamente ouvi-la.
"Sei que você me ama, Will. Eu estava errada em falar isso antes. Sei
que você me ama. E eu te amo, também."
É óbvio que essa confissão é apenas um prefácio para outra coisa que
ela está prestes a dizer.
Algo que eu não queria ouvir.
"Mas depois de ouvir as coisas que Vaughn disse a você, me fez olhar
para a nossa relação de um jeito diferente." Ela puxa as pernas em
cima do sofá e senta-se em estilo indiano, de frente para mim.
"Pense sobre isso. Comecei a pensar novamente naquela noite no
Slam no ano passado, quando eu finalmente lhe disse como eu me
sentia. E se eu não tivesse aparecido naquela noite? E se eu não
tivesse chegado até você e lhe dissesse o quanto eu te amo? Você
nunca teria sequer lido para mim seu poema. Você teria aceitado o
emprego no ginásio e nós provavelmente não ficaríamos mesmo
juntos. Assim, você pode ver onde a minha dúvida entra em jogo,
certo? Parece que você só queria sentar e deixar as fichas. Você não
lutou por mim. Você estava indo só para me deixar ir. Você tinha me
deixado ir."
Eu a deixei ir, mas não pelas razões que ela está falando. Ela sabe
disso. Por que ela duvida disso agora? Faço o meu melhor para ser
paciente quando respondo, mas minhas emoções estão todas
desordenadas. Estou frustrado, estou chateado, estou feliz que ela
está aqui. É cansativo. Odeio continuar lutando.
"Você sabe por que tive que deixá-la ir, Lake. Havia coisas mais
importantes acontecendo no ano passado do que nós. Sua mãe
precisava de você! Ela não sabia quanto tempo tinha. A maneira que
nós sentimos um pelo outro teria interferido com o seu tempo de
sobra com ela e você teria me odiado por isso mais tarde. Essa é a
única razão pela qual eu desisti e você sabe disso."
Ela balança a cabeça em desacordo. "É mais do que isso, Will. Nós
dois experimentamos mais sofrimento nos últimos dois anos do que a
maioria das pessoas experimenta em uma vida. Pense no efeito que
tinha sobre nós. Quando finalmente nos encontramos a nossa tristeza
é como nos relacionamos. Então, quando descobrimos que não
poderíamos ficar juntos, ficou ainda pior. Especialmente desde que
Kel e Caulder eram melhores amigos até então. Tivemos que interagir
constantemente o que tornou ainda mais difícil de desligar nossos
sentimentos. E depois ainda por cima, minha mãe acabou tendo
câncer e eu estava prestes a me tornar uma guardiã, como você. É
assim que nos relacionamos. Havia todas essas influências externas
em jogo. Quase como se a vida nos forçasse a ficar juntos."
Eu a deixei continuar sem interromper porque ela pediu, mas só
quero gritar de pura frustração. Não tenho certeza a que ponto ela
está chegando, mas parece que está pensando muito.
"Remova todos os fatores externos", diz ela. "Imagine se as coisas
fossem assim: seus pais estão vivos. Minha mãe está viva. Kel e
Caulder não são os melhores amigos. Nós não somos os guardiões
com responsabilidades enormes. Nós não temos nenhum senso de
obrigação de ajudar uns aos outros. Você nunca foi meu professor,
portanto, nunca teve de experimentar esses meses de tortura
emocional. Nós somos apenas um casal jovem com absolutamente
nenhuma responsabilidade ou experiências de vida nos amarrando
juntos. Agora me diga, se tudo o que fosse nossa realidade atual, o
que sobre mim que você ama? Por que você quer ficar comigo?"
"Isso é ridículo", murmuro. "Essa não é nossa realidade, Lake. Talvez
algumas dessas coisas sejam o motivo de estarmos apaixonados. O
que há de errado com isso? Por que isso importa? O amor é o amor."
Ela fica perto de mim no sofá e toma minhas mãos nas dela, olhando-
me diretamente nos olhos. "Importa, Will. É importante porque em
cinco ou dez anos a partir de agora, aqueles fatores externos não vão
mais estar em jogo na nossa relação. Só vai ser você e eu. Meu
maior medo é que você acorde um dia e perceba que todas as razões
de que você está apaixonado por mim sumiram. Kel e Caulder não
estarão dependendo de qualquer um de nós. Nossos pais vão ser
uma memória fugaz. Nós dois teremos carreiras que poderiam nos
apoiar individualmente. Se estas são as razões que você me ama,
não vai haver nada para prendê-lo em mim que não a sua
consciência. E sabendo como você é, você viveria com ela
internamente, porque você é muito bom para quebrar meu coração.
Eu não quero ser a razão pela qual você vai acabar se arrependendo."
Ela se levanta e coloca o casaco de volta. Começo a protestar contra
tudo o que ela diz, mas assim que abro a minha boca, ela me
interrompe. "Não", ela diz com um olhar sério em seu rosto. "Eu
quero que você pense sobre isso antes de fazer objeções. Eu não me
importo se você leva dias ou semanas ou meses. Eu não quero ouvir
de você novamente até que você possa ser completamente real
comigo. Você deve isso a mim, Will. Você deve isso a mim para se
certificar de que não estamos prestes a viver uma vida juntos que um
dia você vai se arrepender."
Ela sai pela porta e calmamente a fecha atrás dela.
Meses? Ela acabou de falar que ela não se importa se eu levar
meses?
Ela falou. Ela falou meses.
Meu Deus, tudo o que ela disse faz sentido. Ela está completamente
errada, mas faz sentido.
Eu entendo. Posso ver porque ela está questionando tudo. Posso ver
porque ela duvida de mim agora.
Meia hora se passa antes mesmo de eu sequer mover um músculo.
Estou completamente perdido em pensamentos. Quando finalmente
me liberto do transe em que estou, chego a apenas uma conclusão.
Minha avó está certa. Lake precisa que eu mostre a ela porque eu a
amo.
Começo a formular um plano quando decido primeiro pegar uma
inspiração do vaso. Desdobro a estrela e leio.
"A vida é dura. É ainda mais difícil quando você é estúpido."
John Wayne
Eu suspiro. Sinto falta do senso de humor de Julia.
Terça-feira 24 de janeiro, 2012
O coração de um homem
Não é um coração
Se o seu coração não é amado por uma mulher.
O coração de uma mulher
Há coração em tudo
Se seu coração não está amando um homem.
Mas o coração de um homem e uma mulher apaixonada
Pode ser pior do que não ter um coração
Porque, pelo menos, se você não tem coração em tudo
Ela não pode morrer quando se rompe.
Capítulo Dez
É terça-feira e até agora passei a maior parte do dia estudando.
Apenas uma porção dele foi gasto sendo paranoico. Paranoico que
alguém vai me ver esgueirando na casa de Lake. Uma vez lá dentro,
procuro em torno de tudo que preciso e rapidamente volto pela porta
da frente antes de todo mundo chegar em casa da escola. Lanço
minha mochila sobre meu ombro e ajoelho para esconder a chave de
Lake de volta sob o pote.
"O que você está fazendo?"
Pulo para trás e quase tropeço na mureta de concreto. Controlo meu
equilíbrio, me apoio na viga e olho para cima. Sherry está em pé na
calçada de Lake com as mãos nos quadris. Rapidamente tento
inventar uma desculpa a respeito do porque estou saindo
furtivamente da casa de Lake.
"Eu ... eu só estava ..."
"Estou brincando", ela ri, andando na minha direção.
Atiro-lhe um olhar sórdido por quase me dar um ataque de coração.
"Eu precisava de algumas coisas de sua casa", falo sem entrar em
detalhes. "O que está acontecendo?"
"Nada", diz ela. Ela tem uma pá nas mãos e olho para trás para ver
parte da calçada de Lake limpa. "Eu só estou passando tempo...
esperando meu marido chegar em casa. Nós temos coisas para
fazer."
Viro minha cabeça para ela. "Você tem marido?" Pergunto
demonstrando pouco entusiasmo. Não quero parecer surpreso, mas
estou. Nunca tinha visto ele antes.
Ela ri com a minha resposta. "Não, Will. Meus filhos são o resultado
da imaculada concepção."
Eu rio. Ela tem um grande senso de humor. Isso lembra minha mãe.
E Julia.
E Lake. Como era sortudo por estar rodeado por essas mulheres
incríveis?
"Desculpe," digo. "É que eu nunca o vi antes."
"Ele trabalha muito. Principalmente fora do estado... vai a viagens de
negócios e afins. Ele estará em casa daqui duas semanas. Eu
realmente gostaria que você o conhecesse."
Não me agrada estarmos em pé na frente da casa de Lake. Ela vai
chegar em casa logo. Começo a andar para longe da casa, enquanto
respondo. "Bem, se Kel e Kiersten casarem-se algum dia, vamos ser
tecnicamente sogros, então acho que deveria conhecê-lo."
"Isso supondo que você e Kel terem um tipo diferente de
relacionamento até então", diz ela. "Você está pensando em fazer
uma proposta?" Ela começa a caminhar comigo em direção a casa
dela. Acho que ela percebeu. Só quero estar fora da propriedade de
Lake antes que eles voltem para casa.
"Eu tinha planejado isso," digo. "Só não estou tão certo agora de qual
seria a resposta de Lake."
Sherry se vira e inclina a cabeça, em seguida, suspira. Ela está
olhando para mim com pena novamente.
"Venha para dentro por um segundo. Quero lhe mostrar uma coisa."
Continuo a segui-la em sua casa. "Sente-se no sofá", diz ela. "Você
tem alguns minutos?"
"Tenho mais do que alguns."
Ela caminha pelo corredor e retorna um tempo depois com um DVD
nas mãos. Depois ela insere no aparelho de DVD, senta no sofá ao
meu lado e liga a televisão com o controle remoto.
"O que é isso?" pergunto.
"Um close de eu dando à luz Kiersten."
Eu já ia saltar para cima em sinal de protesto e ela revirou os olhos e
riu. "Sente-se, Will. Estou brincando."
Relutantemente me sento. "Isso não foi engraçado", falo.
Ela pressiona no controle remoto da televisão e é interrompida por
um breve segundo de estática, em seguida, corta para uma cena de
uma Sherry muito mais jovem. Ela parece ter cerca de dezenove ou
vinte anos na filmagem. Ela está sentada em um balanço rindo na
varanda, escondendo o rosto da câmera de vídeo com as mãos. A
pessoa que segura a câmera está rindo também. Suponho que seja o
agora marido dela. Quando ele sobe os degraus da varanda, ele volta
e senta-se ao lado dela, focando a lente em ambos. Sherry descobre
o rosto e inclina a cabeça dela contra a dele com sorrisos.
"Por que você está nos filmando, Jim?" Sherry diz para a câmera.
"Eu quero que você se lembre deste momento para sempre", diz ele.
A câmera embaralha novamente e chega a um descanso no que é,
provavelmente, uma mesa. Está direcionada em ambos agora quando
ele se ajoelha na frente dela e coloca suas mãos ao seu lado. É óbvio
que ele está prestes a propor casamento, mas você pode ver a
tentativa de Sherry suprimir sua excitação. Quando ele puxa uma
pequena caixa para fora do bolso, ela suspira e imediatamente
começa a chorar. Ele leva a mão ao rosto, enxuga suas lágrimas e
depois se inclina ligeiramente para frente e a beija.
Quando ele resolve voltar para seu joelho, ele enxuga uma lágrima
de seus olhos. "Sherry, até conhecer você, eu não sabia o que era a
vida. Não tinha ideia de que não estava mesmo vivo até então.
Parece que você apareceu e acordou a minha alma." Ele está olhando
diretamente para ela enquanto fala. Ele não parece nervoso no todo,
como está determinado a provar a ela o quão sério ele é. Ele toma
uma respiração profunda e, em seguida, continua. "Eu nunca vou ser
capaz de lhe dar tudo o que você merece, mas definitivamente vou
passar o resto da minha vida tentando."
Ele puxa o anel da caixa e desliza em seu dedo. "Não estou pedindo
para você casar comigo, Sherry. Estou dizendo para você se casar
comigo, porque não posso viver sem você."
Sherry envolve seus braços em volta do pescoço, segura entre si e
chora. "Ok", ela finalmente diz. Quando eles começam a se beijar,
sua mão desliga a câmera.
A televisão fica preta.
Sherry pressiona o botão de energia no controle remoto e fica em
silêncio por um momento. Posso garantir que o vídeo trouxe de volta
um monte de emoções dentro dela. "O que você viu no vídeo?", Diz
ela. "A ligação que Jim e eu tínhamos? Esse é o verdadeiro amor,
Will. Eu vi você e Layken juntos e ela te ama assim. Ela realmente te
ama."
A porta da frente da casa de Sherry abre e um homem entra,
sacudindo a neve de seu cabelo. Sherry parece nervosa, enquanto
pula para cima e bate “eject” no DVD player e o coloca de volta
dentro da caixa.
"Ei, querido", ela diz a ele. Ela faz um gesto para me levantar, então
levanto. "Este é Will", diz ela. "Ele é irmão mais velho de Caulder do
outro lado da rua."
O homem caminha pela sala e estendo a minha mão para ele. Assim
que olho no olho dele, o nervosismo repentino de Sherry é explicado.
Este não é Jim. Este é um homem completamente diferente de quem
quer que fosse que vi propor casamento a Sherry nesse DVD.
"Eu sou David. Prazer em conhecê-lo. Ouvi muito sobre você."
"Da mesma forma," digo. É claro que estou mentindo.
"Eu estava dando um conselho de relacionamento a Will", diz Sherry.
"Ah, é?", Diz ele. Ele sorri para mim. "Espero que você o siga, Will.
Sherry pensa que é uma guru de verdade." Ele se inclina e beija
Sherry na bochecha.
"Bem, ela é muito inteligente", digo.
"Ela é", diz ele, quando senta no sofá. "Mas nunca aceite qualquer de
suas misturas medicinais. Você vai se arrepender."
Tarde demais para isso.
"É melhor eu ir", digo. "Prazer em conhecê-lo, David."
"Vou te acompanhar lá para fora", diz Sherry.
Uma vez que estamos do lado de fora, seu sorriso desaparece depois
que ela fecha a porta atrás dela.
"Você precisa entender que amo o meu marido, Will. Mas há poucas
pessoas neste mundo com a sorte de experimentar o amor no mesmo
nível que tive no passado... no mesmo nível que você e Layken têm.
Não vou entrar em detalhes do por que o meu não deu certo, mas
acredite em alguém que já viveu isso antes... você não quer deixá-la
escapar. Lute por ela."
Ela dá um passo para trás dentro de sua casa e fecha a porta.
"Isso é o que estou tentando fazer", sussurro.
"Podemos ter pizza hoje à noite?" Caulder diz logo que entra pela
porta da frente.
"É terça-feira. Gavin pode nos levar na terça-feira especial que vem
com a pizza de sobremesa."
"Tudo bem. Não estou a fim de cozinhar, de qualquer jeito." Mando
um SMS para Gavin e peço para ele trazer a pizza quando sair do
trabalho.
Já são quase oito horas e tenho a casa cheia. Kiersten e Kel
chegaram em algum momento. Gavin e Eddie chegam com a pizza e
todos se sentam à mesa para comer. A única ausente é Lake.
"Você convidou Lake?" Pergunto a Eddie quando atiro uma pilha de
pratos de papel sobre a mesa.
Eddie olha para mim e balança a cabeça. "Mandei uma mensagem
para ela. Ela disse que não está com fome."
Sento-me à mesa e pego um dos pratos de papel e coloco uma fatia
nele. Mordo um pedaço e solto a pizza de volta. De repente não estou
com nenhuma fome.
"Obrigado por me trazer uma pizza de queijo, Gavin", diz Kiersten.
"Pelo menos alguém aqui respeita o fato de eu não comer carne."
Não tenho nada para jogar nela. Então atiro meu olhar desprezível no
lugar.
"Qual é o plano de ataque para quinta-feira?" Kiersten me pergunta.
Olho para Eddie e ela está olhando diretamente para mim. "O que
acontecerá na quinta-feira?" Eddie diz.
"Nada", respondo. Não quero que Eddie arruíne isso. Tenho medo que
ela vai avisar Lake.
"Se você acha que vou contar a ela tudo o que você está planejando
fazer, você está errado. Ninguém quer que os dois resolvam as coisas
mais do que eu, acredite em mim." Ela dá uma mordida na sua pizza.
Ela parece realmente séria, embora eu não saiba porquê.
"Ele está fazendo um slam para ela", Kiersten deixa escapar.
Eddie olha para mim. "Sério? Como? Você não vai conseguir
convencê-la a ir."
"Ele não precisa", diz Kiersten. "Eu falei para ela ir."
Eddie olha para Kiersten e sorri para ela. "Você é uma coisinha
maliciosa. E como você está planejando segurar ela lá?" Eddie olha
para mim. "Assim que ela te ver vai ficar louca da vida e sair."
"Não, se eu roubar sua bolsa e as chaves", diz Kel.
"Boa idéia, Kel!" digo. Assim que falo isso, a realidade do momento
me atinge. Estou sentado aqui elogiando um garoto de onze anos de
idade por roubar e mentir para a minha namorada. Que tipo de
modelo eu sou?
"E nós podemos sentar naquela cabine que sentamos na última vez",
diz Caulder. "Garantimos que Lake entre primeiro, daí podemos
prendê-la dentro quando você começar a fazer a sua performance e
ela não vai conseguir levantar. Ela vai ter que ver você."
"Ótima ideia", digo. Posso não ser um modelo, mas pelo menos estou
criando filhos inteligentes.
"Eu quero ir", diz Eddie. Ela se vira para Gavin. "Podemos ir? Você
não está de folga na quinta? Quero ver Will e Layken fazerem as
pazes."
"Sim, nós podemos ir. Mas como vamos chegar lá, se ela não sabe
que você está indo, Will? Nós não cabemos no carro de Layken. Eu
realmente não tenho condições de dirigir para Detroit depois de todas
as entregas que tenho que fazer."
"Você pode vir comigo", digo. "Eddie pode falar para Lake que você
está trabalhando ou coisa parecida. O resto pode ir com Lake."
Todo mundo parece concordar com os planos. O fato de que todos
eles parecem determinados em me ajudar reconquistá-la me dá uma
sensação de esperança. Se todo mundo nesta sala pode ver o quanto
precisamos estar juntos, certamente Lake vai ver isso também.
Pego outro prato e jogo três fatias de pizza sobre ele, em seguida,
levo para a cozinha. Olho por cima do ombro para me certificar de
que ninguém está prestando atenção. Alcanço o gabinete, puxo uma
estrela e a coloco com uma das fatias de pizza antes de embrulhar.
"Eddie, você pode levar isso para Lake? Garanta que ela coma
alguma coisa, por favor?"
Eddie pega o prato e sorri para mim, então sai pela porta da frente.
"As crianças, limpam a mesa. Coloquem a pizza de volta na
geladeira", digo. Gavin e eu andamos para sala e sentamos no sofá.
Ele deita no sofá e descansa a cabeça sobre o braço dele. Ele aperta
a testa com sua mão e fecha os olhos.
"Dor de cabeça?" pergunto.
Ele balança a cabeça. "Estresse."
"Vocês decidiram alguma coisa?"
Ele ficou quieto por um tempo. Ele inala uma lenta respiração
profunda e exala ainda mais lento. "Eu te falei que estava nervoso na
outra noite. Contei que acho necessário pesar nossas opções. Ela
ficou muito chateada", fala. Ele senta-se sobre o sofá e coloca os
cotovelos sobre os joelhos. "Ela me acusou de pensar que ela seria
uma péssima mãe. Isso não é o que penso de verdade, Will. Acho
que ela seria uma ótima mãe. Só acho que ela seria uma mãe ainda
melhor se esperássemos até que estivéssemos prontos. Agora ela
está com raiva de mim. A gente não fala sobre isso desde então. Nós
dois estamos apenas fingindo que não está acontecendo nada ou algo
assim. É estranho."
"Então vocês estão esculpindo abóboras?" pergunto.
Gavin olha para mim. "Eu ainda não entendi essa analogia."
Acho que ele não entenderia. Gostaria de ter um melhor conselho
para ele.
Kiersten entra na sala e senta-se ao lado de Gavin. "Sabe o que eu
acho?", diz ela.
Gavin olha para ela, agitado. "Você não sabe do que estamos falando,
Kiersten. Vá brincar com seus brinquedos."
Ela olha para ele. "Vou fazer de conta que não ouvi este insulto,
porque eu sei que você está de mau humor. Mas, apenas para
referência futura, eu não brinco com brinquedos." Ela olha para ele
para ter certeza que ele não tinha uma resposta e, em seguida,
continua a falar. "De qualquer forma, acho que você deveria parar de
sentir pena de si mesmo. Você está agindo como uma putinha. Não é
você que está grávida Gavin. Como você acha que Eddie se sente?
Sinto muito, mas, tanto quanto o cara gosta de pensar que ele tem
um papel igual nesses tipos de situações, ele está errado. Você errou
quando a engravidou em primeiro lugar. Agora você precisa calar sua
boca e estar lá para ela. Para o que ela decidir fazer." Ela se levanta
e caminha para a frente da porta. "E Gavin? Às vezes acontecem
coisas na vida que você não planeja. Tudo o que você pode fazer
agora é começar a traçar um novo plano."
Ela fecha a porta atrás dela, deixando Gavin e eu mudos.
"Você contou pra ela que Eddie está grávida?" finalmente consigo
perguntar.
Ele balança a cabeça, ainda olhando para a porta. "Não", diz ele. Ele
continua a olhar para a porta com o pensamento profundo.
"Droga!" ele grita. "Eu sou um idiota! Sou um idiota egoísta!" Ele
salta para cima do sofá e veste sua jaqueta. "Vou te ligar na quinta-
feira, Will. Agora tenho que ir descobrir como fazer isso direito."
"Boa sorte", digo. Assim quando Gavin abre a porta da frente para
sair, Reece entra.
"Oi-Reece-Tchau-Reece," Gavin diz quando ele passa por Reece.
Reece se vira e olha Gavin correr pela rua.
"Você tem amigos estranhos", diz ele.
Não discuto. "Tem pizza na geladeira se você quer um pedaço."
"Não. Estou aqui apenas para pegar algumas roupas. Eu já comi", diz
ele enquanto caminha pelo corredor.
É terça-feira. Tenho certeza de que ele e Vaughn saíram pela
primeira vez ontem. Não que me incomode, mas as coisas parecem
estar progredindo um pouco rápido com os dois. Reece caminha de
volta pela sala em direção à porta da frente. "Você acertou as coisas
com Layken?" Ele está empurrando uma calça em sua mochila.
"Quase", digo, olhando para sua mala. "Você e Vaughn parecem estar
se dando bem, muito bem."
Ele sorri para mim e anda para fora da porta. "Como eu disse, tenho
habilidades."
Fico sentando no sofá e reflito sobre a minha situação. Tenho um
velho amigo que está namorando a garota que passei dois anos de
minha vida. Meu novo melhor amigo está pirando sobre se tornar um
pai. Minha namorada não está falando comigo. Tenho aula de manhã
com a simples razão de que minha namorada não está falando
comigo. Minha vizinha de onze anos de idade dá um melhor conselho
que eu. Estou me sentindo um pouquinho derrotado agora. Deito no
sofá e tento pensar em alguma coisa certa na minha vida. Nada.
Kel e Caulder caminham para a sala e sentam-se no outro sofá.
"Você com errado de há que o?" Kel diz para trás.
"Errado está não que o?" suspiro.
"Estou muito cansado para conversar ao contrário", diz Caulder. "Vou
apenas falar de frente para trás. Será que ... você pode vir para a
minha escola na próxima quinta-feira e sentar-se comigo na hora do
almoço? É o suposto dia do pai, mas meu pai está morto e não vai
poder ir."
Fecho meus olhos. Odeio que ele é tão casual sobre não ter um pai
agora. Ou talvez eu esteja contente que ele é tão casual sobre isso.
De qualquer maneira, odeio isso por ele. "Claro. Apenas me avise que
horas preciso estar lá."
"As onze", diz enquanto se levanta. "Eu vou para a cama agora. Te
vejo mais tarde, Kel."
Caulder caminha em direção ao seu quarto e Kel se levanta. Vejo
como ele atravessa a sala de estar. Ele parece tão derrotado quanto
eu agora, enquanto ele vai para a porta da frente. Quando a porta se
fecha atrás dele, dou um tapa na testa. Você é um idiota, Will!
Pulo do sofá e sigo Kel lá fora. "Kel!" Grito quando abro a porta da
frente. Ele se vira na rua e começa a caminhar em direção a mim.
Nós nos encontramos no meu quintal da frente.
"E você?" digo. "Posso almoçar com você também?"
Kel tenta reprimir um sorriso, assim como sua irmã. Ele encolhe os
ombros. "Se você quiser", diz ele.
Isso arrepia os cabelos. "Eu ficaria honrado," digo.
"Obrigado, Will." Ele se vira e caminha de volta para sua casa.
Quando vejo ele fechar a porta da frente atrás dele, ocorre-me que
se as coisas não derem certo entre Lake e eu, não é apenas ela que
tenho medo de perder.
Não sei como vai ser hoje. Quando chego à minha primeira aula, tudo
o que posso fazer é esperar.
Espero que ela não sente perto de mim. Com certeza ela sabe disso.
A maioria dos alunos chegam e, finalmente, o professor entra com os
testes nas mãos. A aula já começou a dez minutos e Vaughn ainda
não apareceu. Finalmente solto um suspiro de alívio e começo a me
concentrar na aula, quando ela entra pela porta. Ela nunca foi de
muita sutileza. Claro que, depois que ela pega seu teste, vem em
linha reta e senta-se ao meu lado. Claro que ela faz isso.
"Hey," sussurra. Ela está sorrindo. Parece feliz. Estou esperando que
tenha tudo a ver com Reece e nada a ver comigo.
Ela revira os olhos. "Não se preocupe. Este é o último dia que estou
sentando com você", diz ela.
Acho que ela podia ver o desapontamento claramente escrito no meu
rosto, quando se aproxima.
"Eu só queria dizer que sinto muito sobre a semana passada.
Também queria dizer obrigado por ser tão tranquilo sobre Reece e eu
namorarmos novamente." Ela pega sua bolsa em cima da mesa e
começa a vasculhar, então pega uma caneta.
"Outra vez?" sussurro.
"Sim. Quer dizer, pensei que você ia ficar puto que começamos a
namorar logo depois que você e eu terminamos na última vez. Antes
de sair para o exército? Na verdade, é uma espécie de aborrecimento
isso não te chatear", diz ela com um olhar estranho em seus olhos.
"De qualquer forma, decidimos nos dar outra chance. Mas isso é tudo
o que eu queria falar."
Ela vira a sua atenção para o teste na frente dela.
Outra vez? Quero pedir para ela repetir tudo o que disse, mas isso
significaria que estava convidativo a uma conversa, então é melhor
não. Mas, outra vez? Eu poderia jurar que ela apenas falou que eles
tinham namorado antes dele ir para o exército. Reece se alistou para
os militares, dois meses depois que meus pais morreram. Se ele e
Vaughn tinham namorado antes que ... isso significa apenas uma
coisa... ele estava namorando ela logo depois que ela quebrou meu
coração. Ele estava namorando com ela? O tempo todo eu estava
desabafando para ele sobre ela e ele estava namorando com ela?
Aquele idiota. Espero que ele e Vaughn tenham começado a conhecer
um ao outro muito bem nesses três dias... porque ele está prestes a
precisar de um novo lugar para morar.
Espero para enfrentar Reece sobre isso quando chego em casa, mas
ele não está. A noite inteira foi relativamente calma. Kel e Caulder
estão gastando a maior parte da noite na casa de Lake.
Kiersten também, eu acho. É apenas eu e meus pensamentos. Uso o
resto da noite para aperfeiçoar o que quero falar amanhã à noite.
É quinta-feira de manhã ... o dia que Lake vai me perdoar.
Espero. Caulder e Kel já saíram com Lake. Ouço Reece na cozinha
fazendo café e decido que agora seria uma boa hora para ir ter uma
conversa com ele. Para agradecer-lhe por ser um grande amigo todos
esses anos. Idiota.
Quando entro na cozinha pronto para enfrentá-lo, não é Reece
fazendo café. Não é Lake, também. Vaughn está em pé na minha
cozinha de costas para mim. Em seu sutiã .
Fazendo café na minha cozinha.
Usando minha cafeteira. Em minha casa. Apenas de sutiã. Fazendo o
café na minha cozinha. Usando o meu pote de café. Na minha casa. E
de sutiã.
Por que diabos isso acontece na minha vida?
"Que diabos você está fazendo aqui, Vaughn?"
Ela pula e gira. "Eu... eu não sabia que você estava aqui", ela
engasga. "Reece disse que você não estava aqui ontem à noite."
"Ugh!" grito, frustrado. Viro as costas para ela e esfrego meu rosto
com as mãos, tentando decidir como corrigir esta situação de “colega
de quarto”. Assim que estou prestes a chutar Vaughn para fora,
Reece entra na cozinha.
"Mas que inferno, Reece? Eu te falei para não trazer ela aqui!"
"Relaxa, Will. O que que tem? Você estava dormindo. Você nem sabia
que ela estava aqui."
Ele casualmente caminha até o armário e pega uma xícara de café.
Ele está vestindo um bermudão.
E ela está de sutiã. Não posso imaginar o que Lake pensaria se ela
entrasse agora e visse Vaughn na minha cozinha apenas com seu
sutiã. Justo agora que estou tão perto em fazer Lake me perdoar.
Isso iria atrapalhar meu plano inteiro.
"Saiam! Vocês dois sumam daqui!" grito.
Nenhum deles se move. Vaughn olha para Reece, esperando que ele
dissesse alguma coisa... ou fizesse alguma coisa. Reece olha para
mim e revira os olhos. "Deixa eu te dar um pequeno conselho, Will.
Qualquer garota que faz você tão miserável como você esteve esta
semana não vale a pena. Você está sendo um idiota. Você precisa
largar essa garota. Seguir em frente. Se você me perguntar, ela não
vale a pena."
Este pequeno conselho, vindo deste homem que poderia me importar
menos que qualquer um, mas assim mesmo, me tira do sério. Nem
sei o que me incomoda mais. Não sei se é o comentário sobre Lake
não valer a pena, ou o fato de que agora estou consciente de que ele
mentiu para mim por meses. De qualquer maneira, eu soco a merda
fora dele. Logo que meu punho encontra seu rosto, é agonia. Vaughn
está gritando para mim quando volto novamente nele, segurando
meu punho com a outra mão.
Jesus! Nos filmes sempre parece que quem foi atingido é o único
ferido. Eles nunca mostram o dano que realmente faz para as mãos
de quem bate.
"Mas que porra é essa?" Reece grita, segurando a mandíbula.
Aguardo ele tentar me bater de volta, mas ele não faz. Talvez, no
fundo, ele sabe que merece.
"Não me diga que ela não vale a pena", digo, virando para a
geladeira. Pego dois sacos de gelo. Lanço um para Reece e coloco o
outro no meu punho. "E obrigada Reece .... por ser um grande
amigo. Depois que meus pais morreram e ela terminou comigo..."
Aponto para Vaughn quando eu digo 'ela'. "Você foi o único disposto a
ficar ao meu lado e me ajudar a superar isso. Pena que eu não sabia
que você estava ajudando ela, também."
Reece olha para Vaughn. "Você contou pra ele?", diz ele.
Vaughn parece confusa. "Eu pensei que ele sabia", diz ela
defensivamente.
Quando Reece percebe que agora eu sabia que ele tinha namorado
Vaughn durante o ponto mais baixo da minha vida, ele fica confuso.
"Will, eu sinto muito. Não queria que isso acontecesse. Simplesmente
aconteceu."
Balancei minha cabeça. "Coisas assim não acontecem por acaso,
Reece. Nós fomos melhores amigos desde que tínhamos dez anos!
Todo o meu maldito mundo desabou ao meu redor. Durante um mês
inteiro você agiu como se estivesse tentando me ajudar a recuperá-
la, mas em vez disso você estava trepando com ela!"
Nenhum deles pode me olhar nos olhos. "Sei que disse que ia deixar
você ficar aqui, mas as coisas são diferentes agora." jogo o saco de
gelo em cima do balcão e caminho em direção ao corredor. "Quero
vocês dois fora daqui. Agora!"
Fecho a porta do quarto atrás de mim e vou para a cama.
Provavelmente posso contar os amigos que tenho agora em uma
mão. Na verdade, posso contar em um dedo. Fico deitado lá por mais
algum tempo, pensando em como poderia ter sido tão cego. Ouvi
Reece caminhar até o quarto de hóspedes, depois o banheiro,
arrumando suas coisas. Não volto para fora do quarto até que tenho
certeza que eles foram embora. Quando ouço o carro dele se afastar,
ando até a cozinha e me sirvo uma xícara de café. Acho que vou ter
que começar a fazer meu próprio café novamente.
Este não é um bom começo para o dia. Chego no armário e pego uma
estrela fora do vaso.
"Eu quero ter amigos que possa confiar, que me amam como o
homem que eu me tornei ... não o homem que eu era. "-The Avett
Brothers.
Assim que li, olho por cima do ombro... meio que esperando Julia
estar lá sorrindo.
É estranho, às vezes, como essas citações se encaixam na situação.
Quase como se ela estivesse escrevendo enquanto a vida está
acontecendo...
Quinta-feira, 26 janeiro, 2012.
Só espero que a próxima coisa que eu escrever nesse diário depois
do meu desempenho esta noite seja algo parecido com isto:
Agora que tenho você de volta, eu nunca vou deixar você ir.
Isso é uma promessa. Eu não vou te deixar de novo.
Capítulo Onze
Gavin entra pela porta da frente justamente por volta das sete horas.
É a primeira vez que ele entrou sem bater. Isso deve ser contagioso.
Pode-se dizer que estou uma pilha de nervos, assim que ele me vê
diz. "Acabaram de sair. Devemos deixá-las ir primeiro."
"Boa ideia," digo. Dando outra volta pela casa, confirmo se não estou
esquecendo de colocar algo na mochila. Certifico-me que já tenho
tudo. Quando finalmente saio, aviso Gavin. Não serei uma companhia
muito comunicativa durante o percurso. Felizmente, ele entende. Ele
sempre entende. Isso é o que melhores amigos fazem, eu acho.
Durante o percurso, revejo mentalmente tudo o que eu precisarei
falar. Tenho o poema pronto. Já falei com os rapazes do clube
N9NE... está tudo preparado. Infelizmente, só terei uma chance...
então terei que fazer valer a pena.
Quando chegamos, Gavin entra primeiro. Menos de um minuto depois
ele me envia uma mensagem de texto me garantindo que o plano
está em vigor. Dirijo-me para dentro com minha mochila em meu
ombro e espero minha vez para entrar. Não quero que ela me veja.
Se me vir antes do tempo, ficará com raiva e vai embora.
Os segundos se transformam em minutos e os minutos se
transformam em uma eternidade. Odeio isso. Nunca estive tão
nervoso antes de uma apresentação. Acho que é porque quando eu
me apresento normalmente, não há nada em jogo. O desempenho
nesta noite poderia muito bem determinar o rumo da minha vida.
Respiro profundamente e tento estabilizar os meus nervos quando o
apresentador pega o microfone.
"Temos algo especial planejado para esta noite. Então, sem mais
cerimônia...” ele sai do palco.
É isso. Agora ou nunca.
Todo mundo na plateia tem seus olhos colados ao palco assim ando
despercebidamente ao longo da parede à direita da sala e faço o meu
caminho para frente. Logo antes de caminhar para o palco, olho para
a cabine onde eles estão todos sentados. Lake está bem no meio sem
ter para onde ir. Ela está olhando para o celular. Ela não tem ideia do
que está prestes a acontecer. Já me preparei para a sua reação... ela
ficará puta.
Só preciso que ela me ouça tempo suficiente para fazê-la entender.
Ela é cabeça dura, mas é também razoável.
O foco escurece e se concentra em um banquinho no palco, assim
como eu havia instruído que o técnico de iluminação fizesse. Não
gosto das luzes brilhantes que impedem minha visão do público,
então garanti que tudo fosse desligado. Quero ver o rosto de Lake o
tempo todo. Preciso ser capaz de olhá-la nos olhos, então ela saberá
o quão sério estou sendo.
Antes de subir as escadas, alongo meu pescoço e braços para aliviar
a apreensão que se acumulou dentro de mim. Forço algumas
respirações, em seguida, subo ao palco.
Ando até o banco, sento-me colocando a minha mochila no chão.
Removo o microfone fora do pedestal e olho diretamente para Lake,
que finalmente olha por cima do celular. Assim que ela me vê, franze
a testa e balança a cabeça. Ela está chateada. Diz algo para Caulder,
que está sentado no lado dela no limite do banco, ela aponta para a
porta. Ele balança a cabeça e não se move. Vejo como ela agita as
mãos a sua volta procurando sua bolsa. Ela não consegue encontrá-
la. Ela aponta para Kiersten que está sentada do outro lado do banco
e Kiersten balança a cabeça, também. Lake olha para Gavin e Eddie,
depois para Kiersten novamente, então ela percebe que todos eles
planejaram algo. Depois de aceitar o fato de que eles não vão deixá-
la sair, ela cruza os braços sobre o peito e retorna seu foco de volta
ao palco. Fixando-se em mim.
"Você ainda está tentando fugir?" digo para o microfone. "Porque
tenho algumas coisas que gostaria de dizer a você."
O público se vira e procura a pessoa com quem estou falando.
Quando Lake percebe está todo mundo olhando para ela, ela esconde
o rosto nas mãos.
Trago a atenção do público de volta para mim. "Estou quebrando as
regras esta noite", digo. "Sei que não posso trazer objetos, mas
tenho alguns que preciso usar. É uma emergência.”
Abaixo e pego a minha mochila trazendo-a para cima, em seguida,
coloco-a no banco. Coloquei o microfone de volta no pedestal e deixei
posicionado na altura certa.
"Lake? Eu sei que você me disse que queria que eu avaliasse sobre
tudo o que você disse na outra noite. Sei que se passaram apenas
dois dias, mas, sinceramente, eu nem sequer preciso de dois
segundos. Então em vez de passar os últimos dois dias pensando em
algo que já sei a resposta, decidi fazer isso ao invés de pensar. Não é
um slam tradicional, mas acho que você não será tão exigente. Minha
apresentação esta noite chama-se "Por causa de você".
Eu inspiro e sorrio para ela antes de começar.
"Há momentos em todas as relações que definem quando duas
pessoas começam a se apaixonar.
Um primeiro olhar
Um primeiro sorriso
Um primeiro beijo
Uma primeira queda..."
(Retiro as pantufas do Darth Vader da minha mochila e olho para
elas.)
"Você estava usando isto durante um desses momentos.
Um dos momentos que comecei a me apaixonar por você.
O jeito que você me deixou naquela manhã não tinha
absolutamente nada a ver com qualquer outra pessoa
e tudo a ver com você.
Eu estava apaixonando-me por você naquela manhã
por causa de você."
(Pego o próximo item tirando-o da mochila. Quando eu o tiro para
fora e ela olha para cima, traz mãos à boca, chocada.)
"Este pequeno e horroroso gnomo com este pequeno sorriso
presunçoso...
Ele é a razão pela qual eu tinha uma desculpa para convidá-la para ir
à minha casa.
A minha vida.
Você o agrediu várias vezes ao longo desses meses.
Eu assistia da minha janela como você o chutava cada vez que
passava por ele.
Pobre rapaz.
Você foi tão tenaz.
Esse seu lado mal humorado, seu lado agressivo, seu
temperamento forte...
O lado que se recusou a ficar com a porcaria deste gnomo de
concreto?
O seu lado que se recusou a assumir a
minha porcaria.
Eu me apaixonei por esse seu lado
por causa de você."
(Largo o gnomo no palco e pego o cd)
"Este é o seu cd favorito
'merda de Layken’.
Embora agora eu saiba que você não liga em ser possessiva,
em vez de descritiva.
Quando o banjo começou a tocar nos alto-falantes do seu carro
eu imediatamente reconheci a minha banda favorita.
Então, quando eu percebi que era a sua banda favorita, também?
O fato de que essas mesmas letras nos inspiram?
Eu me apaixonei por você.
Que não tinha absolutamente nada a ver com qualquer coisa.
Eu me apaixonei por você
por causa de você."
(Pego um pedaço de papel tirando-o para fora da mochila e o seguro.
Quando olho para ela, vejo Eddie deslizando-lhe um guardanapo. Eu
não posso garantir daqui de cima, mas isso só pode significar que ela
está chorando.)
"Este é um recibo que guardei.
Só porque o item que comprei naquela noite beirava o ridículo.
Leite com chocolate e gelo? Quem pede isso?
Você era diferente, e você não se importou.
Você estava sendo você.
Um pedaço de mim se apaixonou por você, naquele momento, por
causa de você."
"Isto?" (Pego outra folha de papel.)
"Isso eu realmente não gostei muito.
É o poema que você escreveu a meu respeito. O qual você intitulou...
posso falar?
Eu acho que nunca te disse... mas você tirou um zero.
E então eu o mantive para me lembrar de todas as coisas que eu não
devo ser com você."
(Puxo a camisa da minha mochila. Quando a seguro expondo-a na
luz, suspiro no microfone.)
"Isto é a camisa feia que você veste.
Realmente não tem nada a ver com isso o motivo pelo qual eu me
apaixonei por você.
Eu só a vi em sua casa e pensei em roubá-la."
(Puxo o segundo último item da minha bolsa. Seu grampo de cabelo
roxo. Ela me disse uma vez o quanto ele significava para ela, e por
que ela sempre o guardava.)
"Este grampo de cabelo roxo?
Realmente é mágico... assim como seu pai lhe disse que era.
É mágico porque, não importa quantas vezes você caia... você
continua a ter esperança em si mesma.
Você se mantém confiante.
Não importa quantas vezes tudo dá errado em sua vida,
Você nunca desiste.
Assim como você nunca desistiu de mim.
Adoro isso em você,
por causa de você."
(Largo-o de volta à mochila e tiro de dentro uma tira de papel
desdobrando-a.)
"Sua mãe."
(Eu suspiro)
"Sua mãe era uma mulher incrível, Lake.
Eu sou abençoado por tê-la conhecido,
E ela foi uma parte da minha vida também.
Eu a amei como minha própria mãe... assim como ela também
amava Caulder como se fosse dela própria.
Eu não a amava por causa de você, Lake.
Eu a amava por causa dela.
Então, obrigado por compartilhar ela com a gente.
Ela tinha mais conselhos sobre a
Vida e amor e felicidade e sofrimento do que qualquer um que
já conheci.
Mas o melhor conselho que já me deu?
O melhor conselho que ela já deu a nós?"
(Eu li a citação em minhas mãos)
"Às vezes, duas pessoas têm que desmoronar, para perceber o
quanto eles precisam para voltar a estar juntos.”
(Ela está definitivamente chorando agora. Coloco de volta para
dentro da bolsa e dou um passo mais próximo da borda do palco
quando eu me fixo em seu olhar.)
"O último item que tenho não caberia, porque na verdade você está
sentado nele.
Essa mesa.
Você está sentada no mesmo lugar que você sentou-se na primeira
vez que veio assistir a minha apresentação.
A maneira como você assistiu a este palco com paixão em seus
olhos... Eu nunca vou esquecer aquele momento.
É o momento em que sabia que já era tarde demais.
Eu estava muito longe até então.
Eu estava apaixonado por você.
Eu já amava você por causa de você.
(Volto e me sento no banco atrás de mim, ainda fixando-me em seu
olhar.)
Eu poderia lembrá-la de todas as noites, Lake.
Eu poderia falar sobre todas as razões do por que estou apaixonado
por você.
E você sabe o quê? Algumas delas são as coisas que a vida tem
jogado em nosso caminho.
Eu não te amo porque você é a única pessoa que eu sei que entende
a minha situação.
Eu te amo porque nós dois sabemos o que é perder mãe e pai.
Eu não te amo porque você está criando o seu irmãozinho, assim
como eu estou o meu.
Eu te amo pelo que você passou com sua mãe.
Eu te amo por causa do que nós passamos com sua mãe.
Eu amo o jeito que você ama Kel.
Eu amo o jeito que você ama Caulder.
E eu amo o jeito que eu amo Kel.
Então, não vou pedir desculpas por amar todas essas coisas sobre
você, não importa os motivos ou as circunstâncias por trás deles.
E não, eu não preciso de dias, ou semanas, ou meses para
pensar por que eu te amo.
É uma resposta fácil para mim.
Eu te amo por causa de você.
Por causa de
cada
única
coisa
sobre você. "
Dou um passo para trás do microfone quando termino. Mantenho
meus olhos fixos nos dela, não tenho certeza, porque ela está muito
longe, mas acho que ela gesticula com a boca, "Eu amo você." As
luzes do palco voltam a ser acessas e eu momentaneamente fico
cego. Não consigo mais vê-la.
Reúno os itens e os coloco de volta dentro da minha mochila e pulo
para fora do palco. Correndo imediatamente de volta ao salão.
Quando chego lá, ela se foi. Kel e Caulder ambos estão de pé. Eles a
deixaram sair. Deixaram-na ir embora! Eddie vê a confusão no meu
rosto e me mostra que ela está com a bolsa de Lake e sacode. "Não
se preocupe, Will. Ainda tenho as chaves. Ela só foi lá fora, disse que
precisava de ar.”
Vou para a saída empurrando a porta. Ela está no estacionamento ao
lado do meu carro de costas para mim, olhando para o céu. Ela está
deixando a neve cair em seu rosto enquanto apenas está ali. Fico
parado observando-a por um minuto, perguntando o que ela está
pensando. Meu maior medo é ter interpretado mal a sua reação
quando estava em cima do palco e tudo o que disse não ter
significado nada para ela. Deslizo minhas mãos nos bolsos do casaco
e começo a caminhar em sua direção.
Quando ela ouve o barulho de neve debaixo dos meus pés, ela se
vira. O olhar em seus olhos me diz tudo que preciso saber. Antes de
dar mais um passo, ela corre para mim e joga seus braços em volta
do meu pescoço, quase me derrubando para trás.
"Eu sinto muito, Will. Estou tão arrependida." Ela me beija no rosto,
no pescoço, nos lábios, no nariz, no queixo. Ela continua dizendo que
se arrepende muito repetidas vezes entre cada beijo. Envolvo meus
braços em sua volta puxando-a contra mim, dando-lhe o maior
abraço que já dei a ela. Quando a ponho de volta no chão, ela pega o
meu rosto com as mãos e olha em meus olhos. Eu não vejo mais... a
mágoa. Ela não está mais com o coração partido. Eu me sinto como
se o peso do mundo fosse retirado dos meus ombros e finalmente
posso respirar novamente.
"Não posso acreditar que você guardou esse maldito gnomo", ela
sussurra.
"Não posso acreditar que você o jogou fora", digo.
Continuamos a olhar um para o outro, nenhum de nós totalmente
confiante que o momento é real.
Ou que ele irá durar.
"Lake?" Acaricio os seus cabelos, afastando-o para o lado de seu
rosto. "Eu sinto muito que tenha levado tanto tempo para tê-la de
volta. Foi minha culpa que você tivesse dúvidas. Prometo que não
haverá um dia que se passe a partir de agora que não vou mostrar a
você o quanto você significa para mim.”
Uma lágrima rola pelo seu rosto. "Eu também", diz ela.
Meu coração infla em meu peito. Não é porque estou nervoso. Nem
mesmo porque quero muito mais do que já a queria antes. Está
batendo contra o meu peito, porque percebo que nunca estive tão
certo sobre o resto da minha vida do que estou neste exato
momento. Esta menina é o resto da minha vida. Inclino-me e a beijo.
Nenhum de nós fecha os olhos. Não acho que iremos querer perder
um único segundo deste momento.
Estamos a dois metros do meu carro, então caminho com ela até a
traseira do meu carro e a pressiono contra ele. "Eu amo você”, de
alguma forma murmuro enquanto meus lábios ainda estão presos aos
dela. “Eu te amo tanto”, digo novamente. "Deus, eu te amo."
Ela se afasta de mim e sorri. Seus polegares passam em minhas
bochechas e ela enxuga as lágrimas que nem percebi que estavam
escorrendo pelo meu rosto. "Eu amo você”, diz ela. "Agora que já
resolvemos isso, você vai calar a boca e me beijar?"
E assim eu faço.
Após vários minutos compensando todos os beijos que faltaram na
última semana, a fria temperatura começa a nos afetar. O lábio
inferior de Lake começa a tremer. "Você esta com frio", digo. "Você
quer entrar no carro comigo ou devemos voltar lá para dentro?"
Estou esperando que ela escolha o carro.
"O carro", ela diz e sorri.
Dou um passo em direção à porta do carro quando percebo que
deixei minha mochila na mesa onde todos estão sentados. "Merda",
digo, me virando para Lake e envolvendo meus braços em torno dela.
"Minhas chaves estão lá dentro." Seu corpo inteiro está tremendo
contra mim agora, quando mais sente frio.
"Então vamos quebrar a sua janela de “borboleta” e abrir a porta",
ela brinca.
"A janela quebrada iria contra o objetivo de tentar mantê-la
aquecida", digo. Fazendo o meu melhor para aquecê-la, pressionando
meu rosto contra seu pescoço.
"Acho que você vai ter que tentar manter-me quente de outras
formas."
Sua sugestão quase me faz quebrar a maldita janela. Em vez disso,
pego sua mão na minha e puxo-a em direção à entrada. Assim
enquanto nós caminhamos para dentro, mas antes de passar através
da porta da entrada, me viro para beijá-la mais uma vez antes de
irmos para a nossa mesa. Estava indo para um beijo rápido, mas ela
me puxa e me beija demoradamente.
"Obrigada", diz ela, enquanto se afasta. "Pelo que você fez lá em
cima nesta noite. E por ter me prendido na mesa, daí não poderia
sair. Você me conhece muito bem.”
"Obrigado por me ouvir", digo.
Voltamos à mesa de mãos dadas. Quando Kiersten nos vê
caminhando juntos, ela começa a bater palmas.
"Funcionou!" ela grita. Todos eles abrem espaço para que Lake e eu
possamos nos sentar no centro da cabine.
"Will, isso significa que você me deve mais poemas", diz Kiersten.
Lake olha para mim e depois para Kiersten. "Espere. Quer dizer que
vocês dois estavam conspirando o tempo todo?”, diz ela. "Kiersten,
ele te colocou até me implorando para trazê-la aqui hoje à noite?”
Kiersten me lança um olhar e nós dois rimos.
"E no último fim de semana!" Lake diz. "Será que você bateu na
minha porta só para que ele pudesse entrar na minha casa?”
Kiersten não responde enquanto olha novamente para mim. "Você
me deve uma taxa por ter voltado com ela mais cedo do que o
combinado", ela diz. "Acho que vinte dólares devem dar pro
gasto." Ela estende a palma da mão.
"Nós não concordamos com compensação monetária, se bem me
lembro", digo, puxando vinte dólares da minha carteira. "Mas eu
pagaria o triplo."
Ela pega o dinheiro da minha mão e o coloca no bolso com um olhar
de satisfação no seu rosto. "Eu teria feito de graça."
"Sinto-me usada", diz Lake.
Coloco meu braço em volta dela e beijo sua testa. "Sim, sinto muito
por isso. Mas, é muito difícil manipular você. Tive que reunir forças.”
Ela olha para mim e aproveito a oportunidade para dar-lhe um rápido
beijo na boca. Não posso resistir. Toda vez que seus lábios estão
próximos aos meus, é impossível não beijá-los.
"Eu gostava mais quando vocês não estavam se falando", diz
Caulder.
"Digo o mesmo", diz Kel. "Esqueci o quão bruto é isto."
"Acho que estou passando mal", diz Eddie.
Ri achando que Eddie estava fazendo uma piada sobre a nossa
demonstração pública de afeto.
Ela não estava. Ela cobriu a boca com a mão e os olhos ficaram
arregalados. Lake empurrou-se contra mim e eu pulei para fora do
assento, seguido por Lake e Kiersten. Eddie corre para longe da mesa
ainda com a mão sobre a sua boca correndo loucamente até o
banheiro. Lake corre atrás dela.
"O que há de errado com ela?" Kiersten pergunta. "Ela está tendo
náuseas?"
"Sim," Gavin diz categoricamente. "Constantemente."
"Bem, você não parece muito preocupado com ela", diz Kiersten.
Gavin revira os olhos e não responde. Nós nos sentamos em silêncio
um assistindo o comportamento do outro quando noto Gavin
acompanhar o corredor com um olhar preocupado no rosto. "Will, dá
licença. Preciso ir ver como ela está”, diz ele.
Kiersten e eu levantamo-nos dos assentos permitindo que Gavin saia.
Pego a bolsa de Lake e minha mochila e todos nós o seguimos.
"Kiersten vá lá para dentro e veja se ela precisa de mim", diz Gavin.
Kiersten abre a porta do banheiro das mulheres. Um minuto depois,
ela volta.
"Ela disse que ficará bem. Layken disse para todos os meninos
seguirem em frente e ir para casa e nós três partiremos em poucos
minutos. Mas Layken precisa de sua bolsa."
Entrego a bolsa à Kiersten. Estou um pouco chateado que Lake não
irá comigo, mas acho que ela quer dirigir o seu carro. Estou ansioso
para voltar a Ypsilanti. Voltar para nossas casas. Definitivamente
entrarei sorrateiramente em seu quarto esta noite.
Encaminhamos-nos para fora em direção ao meu carro. Começo a
limpar a neve das janelas depois ando até o carro de Lake e limpo a
neve de suas janelas também. Quando volto para o meu carro, as
três estão percorrendo o caminho para fora.
"Você está bem?" Pergunto a Eddie. Ela apenas balança a cabeça.
Vou até Lake e lhe dou um rápido beijo na bochecha enquanto ela
destrava a porta. "Vou acompanhar vocês em caso dela passar mal
novamente e você precisar encostar."
"Obrigado, Baby", ela diz, abrindo as portas para todos os outros. Ela
se vira e me dá um abraço antes de subir em seu carro.
"Os meninos ficarão na minha casa hoje à noite," sussurro em seu
ouvido. "Depois que eles dormirem, irei à sua casa. Vista sua camisa
feia, ok?”
Ela sorri. "Eu não poderei. Você roubou, lembra?"
"Oh sim," sussurro. "Nesse caso... acho que você não deve usar
nada." Pisco para ela e caminho de volta para o meu carro.
"Ela está bem?" Gavin pergunta quando volto para dentro do carro.
"Eu acho que sim", digo. "Você quer ir com elas?"
Gavin balança a cabeça e suspira. "Ela não quer que eu esteja junto.
Ela ainda está com raiva de mim."
Eu me sinto mal. Odiei o que Lake e eu acabamos de fazer na frente
deles. "Isto passará”, digo, quando saímos do estacionamento.
"Por que vocês se incomodam mesmo com as meninas?" Kel
pergunta. "Vocês dois têm estado miseráveis durante dias. Isso é
patético.”
"Um dia você vai saber, Kel", diz Gavin. "Você vai ver."
Ele está certo. Estar com Lake esta noite mais tarde vai fazer toda
esta semana infernal valer a pena cada segundo. No fundo, sei o que
vai acontecer hoje à noite. Nós dois estamos muito além do ponto de
retirada. De repente, fico nervoso com a ideia.
"Kel, você quer ficar na minha casa hoje à noite?" Tento parecer
casual com o meu plano para encurralar os meninos na minha casa.
Sinto como se Kel pudesse ver através de mim, apesar de saber que
ele não pode.
"Claro", diz ele. "Mas amanhã temos aula cedo e Lake nos leva para a
escola às sextas-feiras. Por que simplesmente Caulder não fica
comigo?”
Não pensei nisso. Acho que Lake poderia esgueirar-se para a minha
casa depois que os meninos estiverem dormindo na casa dela. "Tanto
faz", digo. "Pode ser, realmente não importa aonde."
Gavin ri. "Eu sei o que você está fazendo", ele sussurra.
Apenas sorrio.
Estamos no meio do caminho de casa quando a neve começa a cair
muito fortemente. Felizmente, Lake é uma motorista bastante
cautelosa. Ainda estou seguindo atrás dela, embora eu normalmente
conduzisse cerca de dez quilômetros por hora mais rápido do que
isso. É uma coisa boa Eddie não estar dirigindo, pois, todos nós
estaríamos em apuros.
"Gavin, você está acordado?" Ele está olhando para fora da janela e
não falou muito desde que saímos de Detroit. Não posso dizer se ele
está perdido em seus pensamentos ou desmaiou.
Ele resmunga uma resposta, informando-me que ainda está
acordado.
"Você e Eddie não se falam desde que saíram da minha casa na outra
noite?"
Ele se espreguiça em seu banco e boceja, em seguida, coloca as
mãos atrás da cabeça e se inclina. "Ainda não. Trabalhei dois turnos
ontem. Nós dois estávamos na escola durante todo o dia de hoje e
nem sequer vimos um ao outro até a noite, mas estávamos com
Layken. Puxei-a de lado mais cedo e disse que queria conversar com
ela mais tarde. Tenho a sensação de que ela pensa que será algo
ruim. Ela não falou muito comigo desde então.”
"Bem, ela vai ficar-"
"Will!" Gavin grita. Meu primeiro instinto é pisar nos freios, mas não
sei por que estou pisando em intervalos nos freios. Olho para Gavin e
seus olhos estão colados no tráfego em algo que se aproxima pela
pista à nossa esquerda. Viro minha cabeça e vejo, assim quando o
caminhão atravessa a pista e bate no carro que está na nossa frente.
O carro de Lake.
PARTE DOIS
Quinta-feira, 26 de janeiro, 2012
Capítulo Doze
Abro os olhos, mas não ouço nada imediatamente. Mas está frio.
Sinto vento. E vidros. Os vidros estão na minha camisa. Então ouço
Caulder.
"Will!" ele grita.
Eu me viro. Caulder e Kel ambos parecem bem, mas eles estão em
pânico tentando tirar seus cintos de segurança. Kel parece
aterrorizado. Ele está chorando e chutando a porta do carro.
"Kel, não saia do carro. Fique no banco de trás." Minha mão vai até o
meu olho e deslizo meus dedos sobre ele e sinto o sangue.
Não tenho certeza o que aconteceu. Devemos ter sido atingidos. Ou
nós corremos para fora da estrada. O para-brisa traseiro está
estilhaçado e há vidro por todo o carro. Os meninos não parecem
estar machucados em qualquer lugar. Olho para Gavin e ele está
balançando a porta aberta. Ele tenta saltar para fora do carro, mas
está preso em seu cinto de segurança. Ele está desesperado,
tentando soltar-se. Me aproximo e empurro o botão, soltando o cinto
de segurança para ele. Ele tropeça quando esta se levantando para
sair fora do carro, mas se equilibra com as mãos agarrando-se à
porta para não cair e começa a correr, por que ele está fugindo?
Meus olhos o seguem enquanto ele corre contornando o carro ao
nosso lado. Ele se foi. Não consigo vê-lo. Inclino a minha cabeça de
volta para o encosto de cabeça e fecho os olhos. Que diabos
aconteceu?
"Lake!" grito assim que desperto. Abro a porta do carro e fico preso
no cinto de segurança, assim como Gavin. Quando me liberto, corro.
Não sei para onde estou correndo, mas estou correndo.
Está escuro, está nevando e há carros por todos os lados. Faróis
estão em toda parte.
"Senhor, você está bem? Você precisa sentar-se, você está ferido."
Um homem agarra meu braço e tenta puxar-me de lado, mas puxo o
meu braço para longe dele e continuo correndo. Há pedaços de vidro
e metal por toda a rodovia. Meus olhos percorrem de um lado da
estrada para o outro, mas não posso fazer nada. Olho para o meu
carro e para o espaço na frente de nós, onde o carro do Lake deveria
estar. Meus olhos seguem o caminho do vidro quebrado na margem
da rodovia. Então o vejo. O carro dela.
Saio em uma corrida até chegar ao carro. Gavin está no lado do
passageiro. Ele está puxando Eddie para fora do carro, então corro
para ajudá-lo. Seus olhos estão fechados, mas ela estremece quando
puxo o seu braço. Ela está bem. Olho para dentro do carro, mas Lake
não está lá. Sua porta está aberta. A sensação de alívio paira sobre
mim quando percebo que ela deve estar bem se foi capaz de sair do
carro. Meus olhos viram para o banco de trás e vejo Kiersten. Assim,
quando Eddie está deitada no chão, vou ao banco traseiro e tento
acordar Kiersten.
"Kiersten", digo. Ela não responde. Tem sangue nela, mas não tenho
certeza de onde ele está vindo. "Kiersten!" grito. Ela ainda não
responde. Seguro o pulso dela e o mantenho entre meus dedos.
Gavin sobe no banco de trás comigo e me vê verificando seu pulso.
Ele olha para mim com terror em seus olhos.
"Ela tem pulso," digo. "Ajude-me a tirá-la daqui." Ele desafivela o
cinto de segurança quando coloco minhas mãos por baixo de seus
braços e a puxo sobre o banco da frente. Gavin sai primeiro
agarrando as pernas e me ajuda a puxá-la para fora do carro. Nós a
colocamos ao lado de Eddie. Próximo a uma multidão crescente de
espectadores interessados. Olho para todos eles, mas nenhum deles
é Lake.
"Onde diabos ela foi?" Eu me levanto e procuro ao redor. "Fique com
elas," digo a Gavin. "Eu preciso encontrar Lake. Ela provavelmente
está procurando por Kel."
Gavin concorda.
Ando em torno de vários veículos e passo pelo caminhão que os
atingiu. Ou o que sobrou do caminhão, de qualquer maneira. Há
várias pessoas que o rodeiam, conversando com o motorista que
ainda esta lá dentro, dizendo-lhe para esperar por ajuda antes de ele
sair. Estou no meio da estrada, chamando-a pelo nome. Para onde
ela foi? Corro de volta para o meu carro e Kel e Caulder ainda estão
lá dentro.
"Ela está bem?" Kel pergunta. "Layken está ok?" Ele está chorando.
"Sim, acho que sim.” Afastando-me. “Eu ainda não consegui
encontrá-la. Fiquem aqui, eu já voltarei."
Finalmente ouço as sirenes, enquanto estou andando de volta para o
carro de Lake. Quando as ambulâncias se aproximam, suas luzes
iluminam todo o caos... destacando tudo. Olho para Gavin. Ele está
pairando sobre Kiersten verificando seu pulso novamente.
Os sons das sirenes desapareceram enquanto assisto tudo ao meu
redor se mover em câmera lenta.
Tudo que posso ouvir é o som da minha própria respiração.
Uma ambulância estaciona ao meu lado e as luzes lentamente, fazem
o seu caminho circular... como se a utilidade das luzes fosse exibir o
perímetro do dano. Sigo com os meus olhos quando uma das luzes
vermelhas ilumina lentamente o meu carro, então o carro ao lado
dele, então logo acima do carro de Lake, em seguida, logo acima o
caminhão que os atingiu, depois disso vejo Lake deitada na neve.
Lake! Assim que os círculos de luz vermelha iluminam outro local, fica
escuro e não a vejo mais. Eu corro.
Tento gritar o nome dela, mas não sai nada. Há pessoas no meu
caminho, mas eu só cruzo por eles. Continuo correndo e correndo,
mas parece que a distância entre nós fica cada vez mais e mais
distante.
"Will!" Ouço Gavin gritar. Ele levantou-se do chão e está correndo
atrás de mim.
Quando finalmente a alcanço, ela está lá deitada na neve com os
olhos fechados. Há sangue na sua cabeça. Muito sangue. Arranco o
meu casaco e o jogo na neve, retiro a minha camisa. Começo
limpando o sangue de seu rosto com ela, tentando
desesperadamente encontrar seus ferimentos.
"Lake! Não, não, não. Lake, não." Toco seu rosto com minha mão,
tentando conseguir algum tipo de reação dela. Está fria. Ela está tão
fria. Assim que coloco minhas mãos sob seus ombros para puxá-la
para o meu colo, alguém me puxa para trás. Os paramédicos estão
examinando-a enquanto estou sendo puxado para longe dela. Não
posso mais vê-la! Não posso vê-la!!
"Will!" Gavin grita. Ele está na minha cara. Ele está me sacudindo.
"Will! Precisamos ir para o hospital. Eles vão levá-la para lá. Nós
precisamos ir.”
Ele está tentando me afastar para longe dela. Não consigo falar então
balanço minha cabeça e o afasto para fora do meu caminho. Começo
a correr de volta para eles. Correndo para ela. Ele me puxa de volta.
"Will, não! Deixe-os ajudá-la.”
Eu me viro e o empurro, em seguida, corro de volta para ela. Eles
estão movendo-a para uma maca quando derrapo na neve parando
ao lado dela. "Lake!"
Um dos paramédicos me empurra para trás enquanto os outros a
erguem e a levam para a ambulância. "Preciso ficar com ela!" grito.
"Deixe-me ir!" O paramédico não me permite ir com eles, fechando
as portas. A ambulância se afasta. Assim como as suas luzes
desaparecem distanciando-se, eu caio de joelhos.
Eu não posso respirar.
Eu não consigo respirar.
Eu ainda não consigo respirar.
Quinta-feira, 26 janeiro, 2012.
Capítulo Treze
Quando abro meus olhos, imediatamente tenho que fechá-los
novamente. Está tão brilhante. Estou tremendo. Meu corpo inteiro
está tremendo. Na verdade, não só meu corpo que está tremendo,
todos estão. Qualquer coisa que encontro está tremendo.
"Will? Você está bem?"
Ouço a voz de Caulder. Abro os olhos e o vejo sentado ao meu lado.
Estamos em uma ambulância. Ele está chorando. Tento sentar-me
para abraçá-lo, mas alguém me empurra de volta para baixo.
"Acalme-se, Senhor. Você tem um péssimo corte no qual estou
trabalhando aqui."
Olho para a pessoa que falou comigo. É o paramédico que estava me
segurando. "Ela está bem?" Sinto-me sucumbir ao pânico novamente.
"Onde ela está? Ela está bem?"
Ele coloca a mão no meu ombro para me segurar e ainda coloca uma
gaze sobre o meu olho. "Eu gostaria de saber algo... mas eu não sei.
Sinto muito. Só sei que preciso fazer alguma coisa para fechar esta
lesão do seu rosto. Vamos conseguir mais informações quando
chegarmos lá."
Olho em volta da ambulância, mas não vejo Kel. "Onde está Kel?"
"Eles o colocaram junto com Gavin na outra ambulância para
examiná-los. Eles disseram que iríamos vê-los no hospital", diz
Caulder.
Jogo minha cabeça para trás, fechando os olhos e rezo.
Assim que as portas da ambulância se abrem eles me puxam para
fora, pulo fora da maca.
"Senhor volte aqui! Você precisa de pontos!"
Continuo correndo. Olho para trás para me certificar que Caulder está
me seguindo. Ele está, assim continuo seguindo em frente. Quando
entro, Gavin e Kel estão parados no posto de enfermagem. "Kel!"
grito. Kel corre para mim e me abraça. Pegando-o ele envolve seus
braços em volta do meu pescoço. "Onde elas estão?" pergunto a
Gavin. "Onde eles as levaram?"
"Eu não consigo encontrar ninguém", diz Gavin. Parecendo tão
apavorado quanto eu. Ele vê uma enfermeira no canto e corre até
ela. "Estamos à procura de três meninas que foram recentemente
trazidas para cá?”
Ela olha para todos nós, então anda em torno da mesa até o seu
computador. "Vocês são familiares?”
Gavin olha para mim, depois de volta para ela. "Sim," ele diz.
Ela olha para Gavin e pega o telefone. "A família está aqui", diz ela.
Ela escuta. "Sim, senhor."
Ela desliga o telefone e se levanta. "Siga-me", diz ela. Ela nos leva a
um quarto na esquina. "O Dr. estará com você o mais breve
possível." Ela se vira e vai embora.
Pedi a Kel para sentar-se numa cadeira. Caulder se sentou ao lado
dele. Gavin tira o casaco e me dá. Olho para baixo e percebo, pela
primeira vez desde que voltei à realidade, que não estou vestindo
uma camisa. Pego o casaco. Gavin e eu andamos pela sala. Vários
minutos se passam e não aguento mais.
"Eu tenho que encontrá-la", digo. Começo a caminhar para fora da
sala e Gavin me puxa para trás. "Só dê-lhes um minuto, Will. Se eles
tentarem encontrá-lo, você não estará aqui. Basta dar-lhes um
minuto.”
Começo a andar novamente. De vez em quando me inclino para
abraçar Kel, que ainda está chorando.
Ele não disse nada. Nem uma única palavra.
Ela tem que estar bem. Ela tem que estar.
Olho através do corredor e vejo um banheiro. Vou até lá, entrando
assim que fecho a porta atrás de mim, eu imediatamente passo mal.
Me inclino sobre o vaso sanitário e começo a vomitar. Quando acho
que estou acabando, lavo minhas mãos na pia e lavo a boca. Me
seguro na borda da pia e respiro profundamente, tentando me
acalmar. Preciso me acalmar para Kel. Ele não precisa me ver assim.
Quando me olho no espelho, nem me reconheço. Há sangue seco por
todo o lado do meu rosto. A bandagem que o paramédico havia
colocado em cima do meu olho já está encharcada novamente. Pego
uma toalha de papel e tento limpar um pouco do sangue. Enquanto
estou me limpando, encontro-me desejando que tivesse alguns dos
remédios de Sherry.
Sherry. "Sherry!" grito. Saio correndo escancarando a porta do
banheiro. "Gavin! Temos que ligar para Sherry! Onde está o seu
celular?”
Gavin bate nos bolsos. "Acho que está na minha jaqueta", diz ele.
"Preciso ligar para Joel."
Colocando as mãos nos bolsos de sua jaqueta retiro o seu celular.
"Merda! Eu não sei o número dela, está salvo no meu celular."
"Eu sei o número dela. Dá para mim, eu vou discar", diz Kel. Ele
limpa os olhos e estende a mão para pegar o telefone, então entrego
para ele. Quando ele digita os números me devolve o telefone, de
repente passo mal novamente.
Sherry atende no segundo toque. "Alô?"
Eu não posso falar. O que devo dizer?
"Alô?" ela diz novamente.
"Sherry", digo. Minha voz sai falhada.
"Will?”, diz ela. "Will? O que há de errado?"
"Sherry", digo novamente. "Estamos no hospital... elas..."
"Will! Ela está bem? Kiersten está bem?"
Não consigo responder. Estou passando mal novamente. Gavin retira
o telefone da minha mão e eu corro novamente para o banheiro.
Há uma batida na porta do banheiro poucos minutos depois. Estou
sentado no chão contra a parede com os olhos fechados. Não
respondo à batida. Quando a porta se abre, olho para cima. É o
paramédico.
"Nós ainda temos que costurar você", diz ele. "Você tem um corte
muito feio." Ele se abaixa e oferece sua mão. Eu aceito e ele me puxa
para cima. O sigo até o corredor e em uma sala de exames, onde ele
me instrui a deitar sobre a mesa. "Seu amigo disse que você teve
algumas náuseas. Você provavelmente teve mais do que uma
concussão. Fique aqui, a enfermeira estará aqui em um minuto.”
Depois dele ter me costurado e me dado instruções sobre como
cuidar da concussão que eu aparentemente tive, me disseram para ir
para o posto de enfermagem para preencher a papelada. Quando
cheguei até o posto de enfermagem, a enfermeira pegou uma
prancheta e me entregou. "Qual paciente é sua esposa?", ela
perguntou. Fico olhando para ela.
"A minha mulher?" Em seguida, isto faz sentido para mim, Gavin
havia dito a ela que éramos familiares. Achei que fosse melhor se
eles continuassem achando isso. Conseguiria mais informações dessa
forma. "Layken Cohen... Cooper. Layken Cooper."
"Preencha os formulários e traga-os de volta para mim. E se você não
se importar, leve estes formulários para o outro cavalheiro com você.
E sobre a menina? Ela tem alguma relação com vocês?”
Balancei minha cabeça. "Ela é minha vizinha. Sua mãe está a
caminho."
Peguei a papelada e voltei para a sala de espera.
"Alguma novidade?" perguntei, entregando à Gavin sua prancheta.
Gavin apenas balançou a cabeça.
"Estamos aqui há quase uma hora! Onde está todo mundo?" Coloco
minha prancheta sobre a cadeira. Assim quando sento na cadeira, um
homem com um jaleco branco surge no canto e caminha em nossa
direção, seguido por uma Sherry frenética. Eu pulo da cadeira.
"Will!”, ela grita. Ela está chorando. "Onde ela está? Onde está
Kiersten? Ela está machucada?"
Ando até Sherry e coloco meus braços em torno dela, em seguida
olho para o médico para obter respostas desde que não tenho
nenhuma. Ele olha para Sherry. "É a menina que você está
procurando?”, ele pergunta.
Sherry concorda. "Ela vai ficar bem. Tem um braço quebrado, porém
ela foi atingida duramente na cabeça. Nós ainda estamos esperando
alguns resultados dos testes, mas você está autorizada para ir vê-la.
Acabei de colocá-la no quarto 212. Se você for ao posto de
enfermagem, as enfermeiras poderão encaminhá-la até ela.”
"Oh, graças a Deus", digo. Sherry me solta e sai correndo em direção
ao posto das enfermeiras.
"Qual de vocês está com a outra mocinha?”, ele pergunta.
Gavin e eu olhamos para o outro. A singular referência do médico faz
meu coração parar.
"Há duas!" grito frenético. "Há duas delas!"
Ele parece entender o que estou gritando com ele. "Sinto muito", diz
ele. "Somente me foi trazida uma menina e uma jovem. Às vezes,
quando eles vão direto para a cirurgia, eles não trazem para mim
primeiramente. Só tenho notícias sobre uma jovem com o cabelo
loiro.”
"Eddie! Ela está bem?" Gavin pergunta.
"Ela está estável. Eles ainda estão fazendo alguns testes, então você
não pode vê-la ainda."
"E o bebê? O bebê está bem?"
"É por isso que eles estão fazendo testes Senhor. Estarei de volta
assim que souber mais."
Ele começa a se afastar quando corro atrás dele, alcançando-o no
corredor. "Espere!" digo. "E Lake? Não ouvi nada. Ela está bem? Ela
está na cirurgia? Por que ela esta na cirurgia?"
Ele olha para mim com piedade em seus olhos. Isso me faz querer
dar um soco nele.
"Sinto muito, Senhor. Só tratei das outras duas. Vou fazer o meu
melhor para encontrar algumas respostas e estarei de volta assim
que puder." Ele partiu apressadamente.
Eles não estão dizendo nada! Eles não estão me dizendo nenhuma
maldita coisa! Eu me inclino contra a parede do corredor e deslizo
para baixo no chão. Puxo meus joelhos para cima e descanso meus
cotovelos sobre eles enterrando meu rosto em minhas mãos.
"Will?" Olho para cima e Kel está olhando para mim. "Por que eles
apenas não nos dizem se ela está bem ou não?"
Pego sua mão e o puxo para o chão comigo. Coloco meu braço em
volta dele e ele me abraça. Acaricio o seu cabelo e beijo no topo da
sua cabeça, porque sei que é o que Lake faria. "Eu não sei, Kel. Eu
não sei." Eu o seguro enquanto ele chora. Por mais que eu tenha
vontade de gritar, por mais vontade que tenha de chorar, quando o
meu mundo está desabando ao meu redor... Preciso dar segurança a
este menino. Não consigo sequer imaginar o que ele está
sentindo. Como ele deve estar assustado. Lake é a única pessoa que
ele tem neste mundo. Eu o abraço, beijo sua cabeça enquanto ele
chora até adormecer.
"Will?"
Olho para cima e Sherry está de pé na minha frente. Começo a
levantar-me, mas ela balança a cabeça e aponta para Kel que
adormeceu em meu colo. Ela senta-se no chão ao meu lado.
"Como esta Kiersten?" pergunto.
"Ela ficará bem. Está dormindo. Pode ser que eles nem a mantenham
aqui durante a noite." Ela acaricia os cabelos de Kel. "Gavin disse que
vocês ainda não ouviram nada sobre Layken?”
Assenti balançando a minha cabeça. "Foi há mais de uma hora,
Sherry." Viro a cabeça e olho para ela. "Por que eles não estão me
dizendo alguma coisa? Eles nem sequer me dizem se ela está..." Não
posso terminar a frase. Inalo uma respiração profunda, tentando o
meu melhor para manter a compostura por causa de Kel.
"Será que... se fosse esse o caso, alguém viria dizer-lhe alguma
coisa. Isso significa que eles estão fazendo tudo o que podem.”
Eu sei que ela está apenas tentando ajudar, mas seu depoimento me
atinge duramente. Pego Kel e o levo de volta para a sala de espera
colocando-o sentado em uma cadeira ao lado de Gavin.
"Já volto," digo. Corro pelo corredor até o posto de enfermagem,
mas, naturalmente, não há ninguém lá. As portas que levam às salas
de emergência permanecem bloqueadas, elas não cedem quando
tento abri-las. Olho em volta a procura de alguém. Existem algumas
pessoas olhando para mim na área geral de espera, mas ninguém se
oferece para me ajudar. Ando na área atrás do posto das enfermeiras
e olho ao redor até encontrar o botão que abre as portas. Pressiono o
botão e depois me afasto rapidamente da mesa correndo através das
portas assim que estas se abrem.
"Posso ajudar?" Uma enfermeira pergunta quando passo por ela no
corredor. Continuo correndo. Em um canto vejo uma placa que indica
os quartos dos pacientes para a direita e cirurgia para a esquerda.
Dirijo-me para a esquerda.
Assim quando vejo as portas duplas que levam às salas de cirurgia,
pressiono o botão junto à parede para abri-las. Antes mesmo que
elas se abram o suficiente, tento me espremer através delas, mas um
homem me empurra para trás.
"Você não pode entrar aqui", ele diz.
"Não! Preciso entrar!" Continuo a tentar empurrar passando por ele.
Ele é muito mais forte do que eu. Ele me empurra contra a parede e
levanta a perna, chutando o botão com o pé. As portas se fecham
atrás dele. "Você não tem permissão para entrar lá", diz ele
calmamente. "Agora o que você está procurando?" Ele me libera de
seus braços apertados soltando-me.
"Minha namorada", digo. Estou sem fôlego. Inclino-me para frente e
coloco minhas mãos em meus joelhos. "Preciso saber se ela está
bem."
"Eu tenho uma paciente... uma jovem que acabou de ser trazida há
cerca de uma hora atrás. E dela que você está se referindo?"
Concordo com a cabeça. "Ela está bem?"
Ele passa por mim e inclina-se contra a parede ao meu lado. Ele
desliza as mãos nos bolsos de seu casaco branco e puxa um de seus
joelhos para cima, fixando-se o seu pé contra a parede atrás dele.
"Ela está ferida. Ela tem um hematoma epidural que vai exigir uma
cirurgia imediata.”
"O que é isso? O que significa isso? Será que ela vai ficar bem?”
"Ela experimentou um trauma grave na cabeça que provocou um
sangramento em seu cérebro. É muito cedo para lhe dar mais alguma
informação neste momento. Até que a levamos para a cirurgia, não
saberemos a extensão de seus ferimentos. Eu estava indo para falar
com a família. Você precisa de mim para ir transmitir essa informação
a seus pais?”
Balancei minha cabeça. "Ela não tem nenhum. Ela não tem ninguém.
Eu sou tudo que ela tem.”
Ele endireita-se e caminha de volta para as portas e aperta o botão.
Ele se vira assim que elas se abrem. "Qual é o seu nome?", Ele
pergunta.
"Will."
Ele me olha nos olhos. "Eu sou o Dr. Bradshaw", diz ele. "Eu vou
fazer tudo que puder por ela, Will. Nesse meio tempo, volte para a
sala de espera. Vou te encontrar assim que souber de alguma coisa."
Ele se vira e as portas se fecham atrás dele.
Caio no chão. Ela está viva.
Quando volto para a sala de espera, Kel e Caulder são os únicos lá.
"Onde está o Gavin?" pergunto.
"Joel ligou. Gavin saiu para encontrá-lo", diz Caulder.
"Você soube de alguma coisa?" Kel pergunta.
Concordo com a cabeça. "Ela está em cirurgia."
"Então ela está viva? Ela está viva?" Ele salta para cima e envolve
seus braços em minha volta. Volto a abraçá-lo.
"Ela está viva", sussurro. Sento-me e o guio suavemente para trás
em sua cadeira. "Kel, ela está muito ferida. É muito cedo para saber
qualquer coisa neste momento... mas eles vão nos manter
atualizados, certo?" aproximo-me e pego um lenço de papel de uma
das muitas caixas de lenços espalhados ao redor da sala e entrego
um para ele. Ele limpa o nariz.
Nós todos sentamo-nos em silêncio. Fecho meus olhos e penso na
conversa que tive com o médico. Havia alguma dica em sua
expressão? Em sua voz? Eu sei que ele sabe mais do que está me
contando, o que me deixa miserável. E se algo acontecer com ela?
Não posso nem pensar nisso. Não pensarei. Ela ficará bem. Ela tem
que ficar.
"Alguma coisa?" Gavin pergunta assim que ele e Joel entram na sala
de espera. “Pedi a Joel que lhe trouxesse uma camisa", diz ele,
entregando-me.
"Obrigado." Devolvo a Gavin sua jaqueta e coloco a camisa. "Lake
está em cirurgia. Ela tem um ferimento na cabeça. Eles não sabem
nada ainda. Isso é tudo que sei.”
Gavin concorda.
"Como está Eddie?" pergunto. "Você já ouviu falar mais alguma
coisa? O bebê está bem?”
Gavin olha para mim com os olhos arregalados.
Joel pula. "Bebê??", ele grita. "Do que diabos ele está falando,
Gavin?"
Gavin se levanta. "Nós iríamos lhe contar, Joel. Ainda é muito cedo...
nós... nós não tivemos uma chance."
Joel saiu furiosamente e Gavin o segue imediatamente.
Eu sou um idiota.
"Podemos ir ver Kiersten?" Pergunta Kel.
Concordo com a cabeça. "Não fique muito tempo. Ela precisa
descansar.”
Ambos saem.
Estou sozinho. Fecho meus olhos e inclino minha cabeça contra a
parede. Respiro profundamente repetidas vezes, mas a pressão em
meu peito somente aumenta cada vez mais. Tento manter tudo
dentro de mim. Tento mantê-lo da mesma maneira que Lake faria.
Não posso. Trago minhas mãos para o meu rosto e desabo. Eu não
apenas choro. Eu soluço. Eu choro. Eu grito.
Quinta-feira ou sexta-feira 26 ou 27 de janeiro de 2012.
Agora que tenho você de volta, eu nunca vou deixar você ir. Isso é
uma promessa. Eu não vou deixar você partir novamente.
Capítulo Quatorze
Estou no banheiro enquanto jogo água em meu rosto quando ouço
alguém falar atrás da porta. Abro a porta para ver se é o médico,
mas é apenas Gavin e Joel. Começo a fechar a porta novamente
quando Gavin coloca a sua mão e me para.
"Will, seus avós estão aqui. Eles estão procurando por você.”
"Meus avôs? Quem ligou para eles?”
"Eu liguei", diz ele. "Pensei que talvez eles pudessem cuidar de Kel e
Caulder por você."
Eu saio do banheiro. "Onde eles estão?"
"Virando a esquina", diz ele.
Viro a esquina e vejo meus avôs em pé no corredor. Meu avô tem o
casaco dobrado sobre suas mãos. Ele está falando algo à minha avó,
quando percebe eu me aproximar.
"Will!" Ambos correm em minha direção.
"Você está bem?" Minha avó pergunta, passando os dedos contra os
curativos em minha testa. Afasto minha cabeça para longe dela.
"Eu estou bem", falo.
Ela me abraça. "Você já ouviu alguma coisa?"
Balancei minha cabeça. Estou ficando muito cansado dessa pergunta.
"Onde estão os meninos?"
"Eles estão no quarto de Kiersten", digo.
"Kiersten? Ela estava envolvida também?”
Concordo com a cabeça.
"Will, a enfermeira está perguntando sobre a papelada. Eles precisam
disso. Você já terminou de preenchê-las?”, diz meu avô.
Nego minha cabeça. "Eu não comecei ainda. Não sinto vontade de
preencher a papelada agora." Começo a caminhar de volta para a
sala de espera. Precisando sentar.
Gavin e Joel estão sentados na sala de espera novamente. Acho que
Joel está temporariamente esculpindo abóboras sobre a gravidez de
Eddie. Gavin parece horrível. Eu não notei antes, mas seu braço está
em uma tipoia.
"Você está bem?" pergunto, cutucando minha cabeça na direção à
tipoia.
"Sim."
Sento-me e sustento minhas pernas em cima da mesa à minha frente
e inclino minha cabeça contra a parte atrás da cadeira. Meu avô
senta-se no assento junto à parede na minha frente.
Todo mundo está olhando para mim. Sinto que todos estão
esperando por mim. Não sei o que eles estão esperando. Esperando
que eu chore, talvez? Grite? Bata em alguma coisa?
"O quê!" grito com todos eles. Minha avó recua. Eu imediatamente
me sinto culpado, mas não me desculpo. Fecho meus olhos e puxo
uma profunda respiração, tentando descobrir a ordem dos
acontecimentos. Lembro-me de conversar com Gavin sobre Eddie e
lembro de Gavin gritando. Lembro-me ainda de pisar nos freios, mas
não me lembro por quê. Não consigo me lembrar de nada depois
disso... até abrir os olhos no carro.
Trago minhas pernas para fora da mesa e me viro para Gavin. "O que
aconteceu, Gavin? Eu não me lembro."
Ele faz uma cara como se estivesse cansado de explicar. Mas ele
explica de qualquer maneira. "Um caminhão cruzou a pista e bateu
no seu carro. Você pisou nos freios, por isso não fomos envolvidos
nesse acidente. Mas quando você pisou nos freios, fomos atingidos
por trás. O outro veículo nos jogou para fora da pista. Assim que saí
do carro, corri para o carro de Layken. Vi-a sair, então pensei que ela
estava bem... foi quando fui verificar Eddie."
"Então, você a viu? Ela saiu por conta própria? Ela não foi jogada
para fora do carro?”
Ele balança a cabeça. "Não, acho que ela estava confusa e deve ter
desmaiado. Mas eu a vi andando."
Não sei se o fato dela ter saído por conta própria ainda fazia
diferença, mas de alguma forma acalmava um pouco a minha mente.
Meu avô se inclinou para frente em sua cadeira e olhou para mim.
"Will. Sei que você não quer lidar com isso agora, mas eles precisam
tanto das informações que você pode lhes dar. Eles nem sequer
sabem o nome dela. Eles precisam saber se ela é alérgica a alguma
coisa, se possui seguro? Se você lhes der seu número do seguro
social, eles poderão descobrir um monte de destas informações.”
Eu suspiro. "Eu não sei. Não sei se ela possui seguro. Não sei o
número do seu seguro social. Não sei se ela é alérgica a alguma
coisa. Ela não tem ninguém além de mim e eu não sei porra
nenhuma!" Coloco minha cabeça entre minhas mãos, quase
envergonhado do fato de que Lake e eu nunca sequer discutimos
nada disso antes. Não aprendemos nada? Não aprendemos nada com
a morte do meu pai? Desde a morte de Julia? Aqui estou eu,
possivelmente enfrentando o meu passado de novo em minha
cabeça… despreparado e oprimido.
Meu avô caminha até mim e envolve seus braços em minha volta.
"Sinto muito, Will. Vamos descobrir isso.”
Outra hora se passa sem nenhuma palavra. Nem mesmo sobre Eddie.
Joel vai com a minha avó para levar Kel e Caulder para o refeitório
para comer. Gavin fica comigo.
Acho que Gavin se cansa de sentar-se nas cadeiras, porque ele se
levanta e se senta no chão. Parece uma boa ideia, então faço a
mesma coisa. Coloquei minhas mãos debaixo da minha cabeça e
coloquei os pés em cima em uma cadeira.
"Estou tentando não pensar sobre isso, Will. Mas, se o bebê não
estiver bem... Eddie... "
Ouço o medo em sua voz. Ele não consegue nem terminar a frase.
"Gavin... pare. Pare de pensar nisso. Vamos apenas pensar em outra
coisa por um tempo. Ficaremos loucos se não fizermos isso.”
"É...", diz ele.
Nós dois ficamos em silêncio, então sei que nós dois estamos ainda
pensando nisso. Tento pensar em qualquer outra coisa.
"Eu chutei Reece esta manhã", falo, fazendo o meu melhor para levar
nossas mentes para longe da realidade.
"Por quê? Eu pensei que vocês eram melhores amigos", diz. Ele
parece aliviado por estar falando sobre outra coisa, também.
"Nós costumávamos ser. As coisas mudam. As pessoas mudam. As
pessoas fazem novos melhores amigos”, digo.
"Isso é o que elas fazem."
Nós dois ficamos tranquilos novamente por um tempo. Minha mente
começa a pensar novamente em Lake, então me concentro
novamente "Eu dei um soco nele", digo. "Sério, no maxilar. Foi lindo.
Gostaria que você pudesse ter visto.”
Gavin ri. "Bom. Eu nunca gostei dele.”
"Não tenho tanta certeza se alguma vez eu gostei dele," digo. "É
apenas uma daquelas coisas que você se sente obrigado a ter
amizade, eu acho.”
"Esse é o pior tipo", diz ele.
Ficamos em silêncio novamente. De vez em quando, um de nós
levanta a cabeça quando ouvimos alguém passar. Nós finalmente
ficamos cansados até mesmo de fazer isso. Começo a adormecer
quando sou trazido de volta para a realidade.
"Senhor?" Alguém diz da porta. Gavin e eu pulamos ficando em pé.
"Ela está em um quarto agora", a enfermeira diz à Gavin. "Você pode
ir vê-la. Quarto 207.”
"Ela está bem? O bebê está bem?”
A enfermeira acena para ele e sorri.
Ele rapidamente sai em direção ao quarto.
A enfermeira se vira para mim. "Dr. Bradshaw queria que eu te
avisasse que ela ainda está em cirurgia. Ele não tem nenhuma
atualização ainda, mas vamos informá-lo assim que tivermos mais
informações.”
"Obrigado", digo.
Meu avô está finalmente de volta com Kel e Caulder. Meu avô e Kel
estão tentando preencher os formulários de Lake da melhor forma
possível. Não existiam dúvidas sobre os formulários que eu poderia
responder e Kel também não tinha as respostas. Deixamos a maioria
das perguntas em branco. Meu avô levou os formulários para o posto
de enfermagem e retornou com uma caixa.
"Estes são alguns dos itens pessoais que foram encontrados nos
veículos", disse ele para mim.
"Pegue o que é seu e de Layken e deixe o resto na caixa. Vou levá-lo
de volta.”
Inclinei-me para frente para olhar dentro da caixa. Minha mochila
está em cima, então a pego. A bolsa de Lake estava lá. Junto com o
meu celular e meu casaco. Eu não vi o celular dela. O que não queria
dizer nada... provavelmente ela só o perdeu de novo. Abri a bolsa e
retirei a sua carteira e a entreguei ao meu avô.
"Olha aí. Ela pode ter um cartão de seguro ou algo assim.”
Ele pegou a carteira das minhas mãos e a abriu. Eles já devem ter
entregado as coisas de Eddie para Gavin, porque não havia nada na
caixa.
"É tarde", diz a minha avó. "Levaremos os meninos para casa
conosco, para que possam descansar. Precisa de alguma coisa antes
de irmos?”, pergunta ela.
"Eu não quero ir", disse Kel.
"Kel, querido. Você precisa de um pouco de descanso. Aqui não há
nenhum lugar que você possa dormir”, diz ela.
Kel olha para mim e silenciosamente implora.
"Ele pode ficar comigo", digo.
Minha avó pega sua bolsa e casaco. Os segui para fora, caminhando
pelo corredor com eles. Quando cheguei ao final do corredor parei e
dei um abraço em Caulder. "Ligarei para você assim que descobrir
alguma coisa”, disse a ele. Meus avôs me abraçam despedindo-se e
partiram. Levando toda a minha família.
Estou quase dormindo quando sinto alguém apertando meu ombro.
Levanto-me e olho ao redor, esperando que alguém tenha alguma
novidade. É apenas Kel.
"Estou com sede", diz ele.
Olho para o meu relógio. Passa da meia-noite agora. Por que eles não
me disseram nada ainda? Coloco a minha mão no bolso e pego minha
carteira. "Aqui", disse, entregando-lhe algum dinheiro. "Traga-me um
café." Kel pega o dinheiro e sai, assim quando Gavin caminha de
volta para a sala. Ele olha para mim pedindo respostas, mas eu
simplesmente balanço a cabeça deixando-o saber que ainda não sei
de nada. Ele se senta no banco ao meu lado.
"Então está tudo bem com Eddie?" pergunto.
"Sim. Ela está machucada, mas está bem”, diz ele.
Nós dois ficamos em silêncio por um tempo. Estou cansado demais
para manter qualquer conversa. Gavin preenche silenciosamente o
vazio.
"Ela está mais adiantada do que nós pensamos que ela estava", diz
ele. "Está com cerca de 16 semanas. Eles nos deixaram ver o bebê
em um monitor. Eles tem certeza que é uma menina."
"Ah, é?" digo. Ainda não sei como Gavin se sente sobre a coisa toda,
então me abstenho de parabenizá-lo. Não sinto que seja uma boa
ocasião para felicitá-lo corretamente agora.
"Eu vi o coração batendo", diz ele.
"De quem? Eddie?”
Ele balança a cabeça e sorri para mim. "Não. Da minha menina."
Seus olhos enchem-se de lágrimas e ele olha para o lado.
Eu sorrio. "Parabéns!"
Kel entra no quarto com dois cafés. Ele me entregou um e estatela-se
na cadeira tomando um gole do outro.
"Você está bebendo café?" pergunto.
Ele acena com a cabeça. "Não tente tirar isso de mim, também. Eu
fujo.”
Eu rio. "Ok, então", digo. Trago o café até a minha boca, mas antes
de tomar um gole, Dr. Bradshaw caminha em nossa direção, eu salto
para cima e o café respinga na minha camisa. Ou a camisa do Joel.
Ou de Gavin. De quem quer que seja a maldita camisa que estou
usando agora, tem café sobre toda ela.
"Will? Vem comigo?" Dr. Bradshaw indica com a cabeça em direção
ao corredor.
"Espere aqui Kel, eu já volto." Coloquei o café em cima da mesa e
saio.
Caminhamos para o final do corredor antes que ele me diga qualquer
coisa. Tenho que me escorar contra a parede... sinto-me como se
estivesse prestes a ruir.
"Ela fez a cirurgia, mas não estamos perto de ter um diagnóstico
preciso ainda. Ela tinha uma grande hemorragia. Alguns inchaços. Eu
fiz o que pude, sem ter que remover uma parte de seu osso
parietal... agora tudo o que podemos fazer é observar e esperar.”
Meu coração está batendo forte contra meu peito. É difícil prestar
atenção quando tenho um milhão de perguntas na ponta da minha
língua. "O que é que estamos esperando? Se chegou até aqui, quais
são os perigos?”
Ele se inclina contra a parede ao meu lado. Nós dois estamos olhando
para os nossos pés, quase como se ele estivesse tentando evitar me
olhar nos olhos. Eu sei que ele odeia essa parte de seu trabalho. Eu
odeio esta parte de seu trabalho. É por isso que não o olho nos
olhos... sinto que talvez alivie a pressão para e ele.
"Nós não sabemos exatamente a extensão das lesões. Nós não
saberemos até que possamos realizar exames mais aprofundados,
mas por agora, vamos mantê-la sob anestesia. Esperemos que, pela
manhã, teremos mais uma ideia do que estamos lidando.”
"Eu posso vê-la?"
Ele suspirou. "Ainda não. Ela ficará em recuperação durante toda a
noite. Deixarei você saber logo que a levarmos para a UTI." Ele se
levantou colocando as mãos nos bolsos do seu jaleco.
"Você tem mais alguma pergunta, Will?"
Eu olho nos olhos dele. "Um milhão", respondo.
Ele interpreta a minha resposta como retórica e vai embora.
Quando ando de volta para a sala, Gavin ainda está sentado com Kel.
Kel pula e corre em minha direção. "Ela está bem?"
"Ela saiu da cirurgia," digo. "Mas eles ainda não sabem nada até
amanhã."
"Saber alguma coisa sobre o quê?" Kel pergunta.
Sento-me e me viro para Kel fazendo-o sentar-se ao meu lado. Faço
uma pausa por um momento para que possa encontrar as palavras
certas. Quero contar a ele de uma forma que ele entenda. "Quando
ela bateu a cabeça, machucou o cérebro, Kel. Até que eles possam
fazer exames, eles não saberão se há algum dano, ou se está bem.”
Gavin se levanta. "Eu vou contar isso a Eddie. Ela está histérica”, diz
Gavin.
Quando ele sai da sala relaxo por um momento. Sinto como se um
peso fosse retirado dos meus ombros depois de finalmente obter as
respostas, mas não me sinto assim completamente. É uma sensação
ruim. Sinto-me mal. Eu só quero vê-la.
"Will?", Diz Kel.
"Sim", respondo. Estou cansado demais para sequer olhar para ele.
Não posso nem manter meus olhos abertos.
"O que vai acontecer comigo? Se... ela não puder cuidar de mim?
Para onde irei?”
Consigo abrir os olhos e olhar para ele. Assim quando nós fazemos
contato com os olhos, ele começa a chorar. Inclino-me e envolvo
meus braços em torno dele e coloco a sua cabeça no meu peito.
"Você não vai a lugar nenhum, Kel. Estamos nisso juntos. Você e eu."
Puxo-o próximo a mim e olho em seus olhos. "Eu quero isso. Não
importa o que acontecer...”
Sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Kel,
Não sei o que vai acontecer em nossas vidas. Queria ter feito. Deus,
eu queria ter feito.
Tive sorte o suficiente para ter dezenove anos quando perdi meus
pais, você tem apenas onze. Falta muito para você crescer e faz falta
um pai para um garotinho.
Mas aconteça o que acontecer... qualquer caminho que você tomará
quando deixarmos este hospital... nós levaremos isso juntos.
Eu vou fazer o meu melhor para ajudá-lo a terminar de crescer com a
coisa mais próxima de um pai que puder ter. Eu vou fazer o meu
melhor.
Não sei o que está prestes a acontecer em nossas vidas. Eu desejo o
que fiz. Deus, eu queria ter feito.
Mas aconteça o que acontecer, eu vou te amar. Eu posso prometer-
lhe isso.
Capítulo Quinze
"Will."
Tento abrir meus olhos, mas apenas um deles se abre. Estou no chão
de novo. Fecho meus olhos antes de toda minha cabeça explodir.
"Will acorda."
Sento-me e passo minhas mãos ao longo das cadeiras ao meu lado,
puxando-me em alguém pelo braço. Eu ainda não consigo abrir o
meu outro olho. Protejo as luzes fluorescentes com as mãos e viro
minha cabeça na direção da voz.
"Will, preciso que você me escute."
Finalmente reconheci a voz de Sherry. "Estou ouvindo", sussurro.
Parece que se eu falasse qualquer coisa em um tom mais alto, seria
muito doloroso. Toda minha cabeça dói. Trago a minha mão para o
curativo no meu olho, em seguida para o meu olho. Está inchado.
Não é a toa que não posso abri-lo.
"Vou pedir à enfermeira para lhe trazer algum medicamento. Você
precisa comer alguma coisa. Eles não manterão Kiersten aqui, por
isso vamos para casa em breve. Estarei de volta com Kel depois que
eu levá-la para o carro. Vou trazê-lo de volta aqui durante o dia, só
acho que ele precisa descansar um pouco. Há alguma coisa que você
precisa de sua casa? Além de uma muda de roupa?"
Balancei minha cabeça. Dói menos do que realmente falar.
"Ok. Ligue se você pensar em qualquer coisa."
"Sherry", digo assim que ela sai. Quando falo o nome dela, percebo
que nada audível sai da minha boca. "Sherry" falo mais alto. Quando
falo isso, estremeço. Por que a minha cabeça está doendo tanto?
Ela volta para a porta.
"Há um vaso no meu armário. Em cima da geladeira. Eu preciso
dele."
Ela confirma o que eu disse com um aceno de cabeça e se vira para
sair novamente.
"Kel", digo, acordando-o. "Eu vou pegar algo para beber. Você quer
alguma coisa?"
Ele acena com a cabeça. "Café."
Ele não deve ser uma pessoa matutina... assim como sua irmã.
Quando passo pela sala das enfermeiras, uma das enfermeiras chama
meu nome. Volto para trás e ela segura minha mão. "Isso vai ajudar
a sua cabeça", diz ela. "Sua mãe disse que você precisava disso."
Eu rio. Minha mãe. Coloco os comprimidos na minha boca e engulo,
depois saio para encontrar o café. As portas duplas no lobby se
abrem enquanto passo, enviando uma nuvem de ar frio em torno de
mim. Paro e olho para fora, em seguida, decido que um pouco de ar
fresco pode me fazer bem. Tomo um lugar em um banco sob o toldo.
Tudo é tão branco. A neve ainda está caindo. Eu me pergunto o quão
ruim as nossas calçadas estarão até nós voltarmos para casa?
Não sei como isso acontece, como o pensamento ainda se arrasta em
minha cabeça... mas por um segundo me pergunto o que aconteceria
com tudo na casa de Lake se ela morrer. Ela não tem família para
concluir qualquer coisa por ela. Para finalizar suas contas bancárias,
seu seguro, seus bens. Não estamos casados e Kel tem apenas onze
anos. Será que eles ainda me deixariam fazer isso por ela? Será que
eu tinha permissão legal? Eu tenho a permissão legal para manter
Kel? Assim como os pensamentos surgem em minha mente, forço-os
de volta.
Não tem sentido pensar assim, porque isso não vai acontecer. Fico
chateado comigo mesmo por ter deixado minha mente divagar, assim
volto para dentro para pegar o café.
Quando volto à sala de espera, o Dr. Bradshaw está sentado com Kel.
Eles não me notam de imediato. Ele está contando a Kel uma
história. Kel estava rindo e não posso interrompê-lo. Era bom ouvir
Kel rindo. Permaneço do lado de fora e escuto.
"Então, quando minha mãe me disse para ir buscar a caixa para
enterrar o gato, eu disse a ela que não havia necessidade. Já tinha
trazido o gato à vida", diz o Dr. Bradshaw. "Foi nesse momento,
depois de ressuscitar aquele gatinho, que sabia que queria ser
médico quando crescesse."
"Então você salvou o gatinho?" Kel perguntou.
Dr. Bradshaw ri. "Não. Ele morreu novamente alguns minutos depois.
Mas eu já tinha a minha cabeça feita na época", diz ele.
Kel riu. "Bem, pelo menos você não quer ser um veterinário."
"Não, eu não fui feito para os animais."
"Alguma novidade?" Entro na sala e entrego a Kel seu café. Dr.
Bradshaw se levanta.
"Ela ainda está em coma induzido. Conseguimos fazer alguns
exames. Eu ainda estou esperando os resultados, mas você pode vê-
la por alguns minutos."
"Agora? Podemos vê-la? Agora?" Recolho minhas coisas enquanto
respondo.
"Will... Eu não posso deixar mais ninguém entrar", ele diz. E olha
para Kel, depois de volta para mim. "Ela não foi transferida da
recuperação ainda... não deveria sequer deixar você entrar, mas
estou fazendo algumas visitas pelo hospital e pensei em deixar você
ir comigo."
Olho para Kel. Queria pedir ao Dr. Bradshaw para deixar levar Kel
com a gente, mas sei que ele já está me fazendo um grande favor.
"Kel, se quando eu voltar você não tiver saído com Sherry, vou
chamá-lo."
Ele concorda com a cabeça. Esperei ele discutir sobre não poder ir
comigo, mas acho que ele entendeu. O fato de que ele está sendo tão
sensato me enche com uma sensação de orgulho. Eu me curvo, dou
um abraço e beijo o topo da cabeça. "Eu ligo para você. Assim que
ouvir qualquer coisa, eu te ligo." Ele balança a cabeça novamente.
Estendo a mão e pego uma coisa da minha mochila, em seguida,
volto para a porta.
Sigo o Dr. Bradshaw, passando a sala de enfermagem, através das
portas e pelo corredor até as portas duplas que levam à área da
cirurgia. Antes de irmos mais longe, ele me leva para uma sala onde
nós dois lavamos as mãos. Quando chegamos até a porta, mal posso
recuperar o fôlego. Estou tão nervoso. Meu coração está prestes a
explodir em meu peito.
"Will ... você precisa saber algumas coisas primeiro. Ela está em um
respirador artificial para ajudar a respirar, mas só porque a
mantemos em um coma induzido. Não há nenhuma possibilidade dela
acordar agora com a quantidade de medicamento que estamos lhe
dando. A maior parte da sua cabeça está enfaixada. Ela parece pior
do que realmente está... vamos mantê-la confortável. Vou permitir-
lhe alguns minutos com ela, mas isso é tudo que eu posso te dar
agora. Entendeu?"
Concordo com a cabeça.
Ele abre a porta e me deixa entrar.
Assim quando a vejo, luto para respirar. É como se todo o ar dos
meus pulmões fosse retirado quando a realidade do momento me
atinge. O ventilador aspira em uma corrente de ar e o libera
novamente. Com cada som repetitivo da máquina, é como se a minha
esperança estivesse sendo empurrada para fora de mim.
Ando para a cama e lhe seguro a mão. Está fria. Beijo sua testa.
Beijo um milhão de vezes.
Apenas quero deitar com ela, abraçá-la. Há muitos fios e tubos e
cabos correndo por toda parte. Puxo a cadeira ao lado da cama e
intercalo seus dedos com os meus. Está ficando difícil vê-la através
das minhas lágrimas, por isso tenho de limpar meus olhos em minha
camisa. Ela parece tão tranquila... como se estivesse apenas tirando
um cochilo.
"Eu te amo, Lake," sussurro. Beijo sua mão.
"Eu te amo", sussurro novamente.
"Eu te amo."
As cobertas estão colocadas firmemente em torno dela e ela está
vestindo uma roupa de hospital. Sua cabeça está embrulhada em
uma bandagem, mas a maior parte de seu cabelo está pendendo no
pescoço. Fico aliviado que não cortaram todo o seu cabelo. Ela ficaria
puta. O tubo de ventilação é segurado com uma fita sobre a boca,
então tudo o que posso fazer é beijar sua bochecha. Sei que ela não
pode me ouvir, mas converso com ela de qualquer maneira.
"Lake, você tem que sair disso. Tem que sair." Acaricio sua mão. "Eu
não posso viver sem você." Viro sua mão e beijo a palma, em
seguida, pressiono-a contra minha bochecha. A sensação de sua pele
contra a minha é surreal. Por um momento, não tinha certeza se
poderia sentir isso novamente. Fecho meus olhos e beijo sua mão de
novo e de novo. Fico sentando ali chorando e beijando as únicas
partes dela que posso mais e mais.
"Will," diz o Dr. Bradshaw. "Temos que ir agora."
Levanto-me e a beijo na testa. Dou um passo para trás, em seguida,
dou um passo a frente novamente e beijo-lhe a mão. Dou dois passos
para trás, em seguida, caminho dois passos em direção a ela
novamente e beijo sua bochecha.
Dr. Bradshaw segura meu braço. "Will, precisamos ir."
Viro-me e dou alguns passos em direção à porta. "Espere", digo.
Ponho a mão no meu bolso. Pego seu grampo de cabelo roxo e ando
de volta para sua cama. Abro sua mão e o coloco na palma da mão e
fecho seus dedos sobre ele, depois beijo na testa novamente antes
de sair.
O resto da manhã se arrastou. Kel saiu com Sherry. Eddie estava
acabada. Ela queria ficar comigo, mas Gavin e Joel não deixaram.
Tudo que podia fazer agora é esperar.
Esperar e pensar. Pensar e esperar. Isso é tudo que posso fazer. Isso
é tudo o que faço.
Vagueio pelos corredores por um tempo. Não consigo ficar sentado
na sala de espera. Gastei muito da minha vida lá dentro... e neste
hospital. Fiquei aqui seis dias inteiros depois dos meus pais morrerem
quando fiquei com Caulder. Não me lembro muito dos seis dias.
Nós dois estávamos muito atordoados, realmente não acreditando no
que estava acontecendo. Caulder bateu com a cabeça no acidente e
quebrou o braço. Não tenho certeza se seus ferimentos foram fortes
o suficiente para justificar ficar internado seis dias no hospital, mas
parecia que a equipe não se sentia confortável em simplesmente
deixá-los partir. Dois órfãos, no mundo.
Caulder tinha apenas sete anos na época, então o mais difícil foi
todas as perguntas que ele tinha. Não conseguia explicar que nós não
iríamos vê-los novamente. Acho que por causa dos seis dias de
estadia no hospital me fez odiar a compaixão, a piedade. Todas as
pessoas que falaram comigo, sentiram pena de mim e via isso em
seus olhos. Podia ouvir em suas vozes.
Fiquei aqui com Lake por dois meses quando Julia estava doente.
Enquanto Kel e Caulder ficaram com meus avós, Lake e eu
acompanhamos Julia. Lake que permaneceu na maioria das noites, na
verdade. Quando Kel não estava comigo, ele estava aqui com elas.
Até o final da primeira semana de Julia aqui, Lake acabou trazendo
um colchão inflável.
As camas hospitalares são horríveis. Eles nos pediram para retirar o
colchão do quarto algumas vezes. Ao invés disso, apenas
esvaziávamos todas as manhãs e depois enchíamos novamente todas
as noites. Percebemos que não eram tão rápidos em nos pedir para
retirá-lo quando estávamos dormindo nele.
De todas as noites que gastei aqui, dessa vez, havia algo diferente
sobre o assunto.
Uma coisa pior. Talvez seja a ausência de um fim lógico... a falta de
conhecimento. Pelo menos, logo quando meus pais morreram e
Caulder estava aqui, não questionei nada. Sabia que eles estavam
mortos e sabia que Caulder ia ficar bem. Mesmo com Julia, sabíamos
que sua morte era inevitável. Nós não tínhamos dúvidas enquanto
esperávamos... sabíamos o que estava acontecendo. Mas desta vez...
desta vez é muito mais difícil. É tão duro não saber.
Assim que comecei a cochilar, o Dr. Bradshaw entrou e de imediato
levanto da minha cadeira, mas ele se senta ao meu lado para que eu
acompanhe.
"Nós a levamos para um quarto na UTI. Você poderá visitá-la no
horário de visita. Os exames aparentemente são bons. Vamos tentar
diminuir a sedação devagar e ver o que acontece. É somente tocá-la
e ir, Will. Tudo pode acontecer neste momento. Para nós, fazê-la
reagir é a nossa prioridade agora."
Posso sentir o banho de alívio sobre mim, mas uma nova sensação de
preocupação chega rápido.
"Será que..." Parece que minha garganta está fechada quando tento
falar. Agarro a garrafa de água em cima da mesa na minha frente e
tomo um gole, em seguida, tento novamente falar. "Ela tem chance?
Na recuperação?"
Ele suspira. "Eu não posso responder a isso. O cérebro é o órgão
mais sensível do corpo. Neste momento, os exames mostraram
atividade normal, mas isso pode significar nada quando se trata de
tentar acordá-la. Ou então, isso poderia significar que ela vai ficar
perfeitamente bem. Até isto acontecer, nós não sabemos." Ele se
levanta. "Ela está na sala cinco na UTI. Espere um tempo antes de ir
para lá."
Concordo com a cabeça. "Obrigado."
Assim que ele vira a esquina, pego minhas coisas e corro o mais
rápido que posso na direção oposta para a UTI. A enfermeira não faz
nenhuma pergunta quando entro, ajo como se soubesse exatamente
o que estou fazendo e vou direto para a sala cinco.
Não existem tantos fios agora. Ela ainda está conectada ao ventilador
e tem um intravenoso em seu pulso esquerdo. Circulo a cama para o
lado direito e puxo a grade para baixo. Subo na cama com ela e
envolvo meu braço em volta dela e coloco minha perna por cima de
suas pernas. Tomo sua mão na minha e fecho meus olhos...
"Will", diz Sherry. Abro meus olhos assustado e ela está de pé no
outro lado da cama de Lake.
Espreguiço meus braços acima da cabeça. "Hey," eu sussurro.
"Eu trouxe-lhe algumas roupas. E o seu vaso. Kel ainda estava
dormindo, então eu apenas o deixei dormindo. Espero que esteja
tudo bem. Vou trazê-lo de volta mais tarde, quando acordar."
"Sim, isso é bom. Que horas são?"
Ela olha para o relógio. "Quase cinco", diz. "A enfermeira disse que
você está aqui dormindo há algumas horas."
Empurro meu cotovelo na cama e me espreguiço. Meu braço está
dormindo. Deslizo para fora da cama e me espreguiço novamente.
"Você sabe que os visitantes são permitidos apenas por 15 minutos",
diz ela. "Eles devem gostar de você."
Eu rio. "Eu gostaria que eles tentassem me expulsar", digo. Vou até a
cadeira e sento-me. A pior coisa nos hospitais são os móveis. As
camas são muito pequenas para duas pessoas. As cadeiras são muito
duras para qualquer pessoa. E nunca tem mais que uma cadeira. Se
eles tivessem apenas uma poltrona, não iria odiar tanto.
"Você já comeu alguma coisa hoje?", pergunta ela.
Balancei minha cabeça.
"Vamos descer comigo. Vou comprar alguma coisa para comer."
"Eu não posso. Não quero deixá-la", digo. "Eles estão reduzindo seus
sedativos. Poderá acordar a qualquer momento."
"Bem, você precisa comer. Vou pegar alguma coisa e trazer para cá."
"Obrigado", digo.
"Você deve pelo menos tomar um banho. Tem sangue seco em cima
de você. Isto é nojento." Ela sorri para mim e passa pela porta.
"Sherry. Não me traga hambúrguer, ok?"
Ela ri.
Depois que ela se foi, me levanto e caminho até o vaso. Pego uma
estrela e rastejo de volta na cama com Lake. "Essa é para você,
Baby." Desdobro a estrela e leio.
"Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir
e um laxante na mesma noite."
Reviro os olhos. "Jesus, Julia! Agora não é hora de ser engraçada!"
Estendo a mão e pego outra estrela, em seguida, deitou-me
novamente.
"Vamos tentar isso de novo, Baby."
"A força não provém da capacidade física. Ela vem de uma vontade
indomável." ― Mahatma Gandhi
Eu me inclino e sussurro em seu ouvido. "Você ouviu isso, Lake?
Vontade indomável. Isso é uma das coisas que eu amo em você."
Devo ter caído no sono novamente. A enfermeira me sacode para
acordar. "Senhor, você pode sair por um instante?"
"Está tudo bem?" me levanto somente quando o Dr. Bradshaw entra
na sala. "Ela está bem?" Pergunto a ele.
"Estamos removendo o ventilador agora. O sedativo foi cortado
completamente e a única coisa que ela está recebendo agora são os
remédios contra a dor via intravenoso." Ele caminha até a cama e
levanta a grade de volta. "Só saia por alguns minutos. Prometo que
vou deixar você voltar", ele sorri.
Ele está sorrindo. Isso é bom. Eles estão tirando-a do ventilador. Isso
é bom. Ele também já está me olhando nos olhos. Isso é muito bom.
Saio e espero com impaciência.
Ando pelo corredor por quinze minutos antes dele sair do quarto.
"Seus sinais vitais parecem bons. Ela está respirando sozinha. Agora
vamos esperar", diz. Ele me dá um tapinha no ombro e se vira para ir
embora.
Volto ao quarto e rastejo de volta na cama com ela. Coloco meu
ouvido próximo à boca e ouço sua respiração. É o som mais lindo do
mundo. Eu a beijo. Claro que a beijo. Eu a beijo um milhão de vezes.
Sherry me fez tomar banho quando voltou com a nossa comida.
Gavin e Eddie apareceram por volta das seis horas e ficaram por uma
hora. Eddie chorava o tempo todo, assim Gavin ficou preocupado e a
fez ir embora. Sherry voltou com Kel antes do horário de visitas
acabar. Ele não chorou, mas acho que ele estava aborrecido em vê-la
assim, porque não ficou muito tempo. Tenho dado a minha avó
atualizações toda hora, embora nada tenha mudado.
Agora deve ser mais ou menos meia-noite e estou apenas sentado
aqui. Esperando. Pensando.
Esperando e pensando. Fico imaginando que vejo o dedão do pé
movimentando. Ou seu pé. Isto está me deixando louco, então paro
de olhar. Começo a pensar em tudo o que aconteceu na noite de
quinta. Nossos carros. Onde estão nossos carros? Provavelmente
deveria ligar para a seguradora. E a escola? Perdi a aula hoje. Ou foi
ontem? Sequer sei se é sábado ainda. Provavelmente não
frequentarei a aula na próxima semana, também. Eu deveria
descobrir quem são os professores de Lake e avisá-los que ela
também não vai. Provavelmente deveria deixar meus professores
saberem também. E o fundamental. O que eu digo a eles? Não sei
quando os meninos vão voltar. Se Lake ainda estiver no hospital na
semana que vem, sei que Kel não vai querer ir para a escola. Mas ele
já perdeu uma semana inteira de aula. Ele não pode perder muito
mais. E quanto a Caulder? Onde Kel e Caulder vão ficar enquanto
Lake e eu estivermos aqui? Não vou deixar o hospital sem Lake. Não
posso sequer sair com Lake se não descobrir o que fazer com o carro.
Meu carro. Onde está o meu carro?
"Will."
Olho para a porta. Ninguém está lá. Agora dei para ouvir coisas. Acho
que muitos pensamentos estão confundindo minha cabeça. Será que
Sherry colocou algum remédio na comida? Aposto que sim. Ela
provavelmente jogou na minha comida.
"Will."
Salto da cadeira e olho para Lake. Seus olhos estão fechados. Ela não
está se mexendo. Sei que ouvi o meu nome. Sei que ouvi! Corro para
ela e toco em seu rosto. "Lake?"
Ela se encolhe. Ela se encolhe! Oh meu Deus! Oh meu Deus! "Lake!"
Seus lábios se abrem e ela diz novamente. "Will?"
Ela aperta os olhos. Ela está tentando abri-los! Meu Deus! Desligo a
lâmpada ao lado da cama e desligo a luz do teto. Sei o quanto essas
luzes fluorescentes machucam.
"Lake", sussurro. Puxo a grade para baixo e subo na cama com ela.
Beijo seus lábios. Beijo sua testa. "Não tente falar se doer. Você está
bem. Estou aqui. Você está bem." Ela mexe a mão e suponho que
está procurando a minha. "Você pode sentir a minha mão?"
Ela acena com a cabeça. Não é um grande aceno de cabeça, mas é
um aceno.
"Está tudo bem", digo. Continuo falando mais e mais até que estou
chorando. "Você está bem."
A porta de seu quarto se abre e uma enfermeira entra.
"Ela disse meu nome!"
Ela olha para mim, então corre para fora da sala novamente para
procurar Dr. Bradshaw.
"Levanta Will", diz ele quando entra na sala. "Vamos fazer alguns
testes. Nós deixaremos você voltar em breve."
"Ela disse meu nome", digo enquanto saio da cama. "Ela disse meu
nome!"
Ele sorri para mim. "Saia."
E assim saio. Durante mais de meia hora ninguém saiu da sala e
ninguém entrou e foi uma meia hora enlouquecedora. Bato na porta e
a enfermeira abre uma fresta. Tento espiar atrás, mas ela não abre a
porta suficientemente. "Só mais alguns minutos", diz ela.
Reflito se devo avisar a todos, mas decido que não. Só preciso me
certificar de que não estava ouvindo coisas, mas sei que ela me
ouviu. Ela falou comigo. Ela se mexeu.
Dr. Bradshaw abre a porta e sai com as enfermeiras seguindo-o.
"Eu a ouvi, certo? Ela está bem? Ela disse meu nome!"
"Acalme-se, Will. Você precisa se acalmar. Eles não vão deixar você
ficar aqui se você continuar pirando desse jeito."
Acalmar? Ele não tem ideia do quão calmo que estou sendo!
"Ela está respondendo", diz ele. "Suas respostas físicas foram muito
boas. Ela não lembra o que aconteceu. Pode não se lembrar de um
monte de coisas imediatamente. Ela precisa de descanso, Will. Vou
deixá-lo voltar para lá, mas você precisa deixá-la descansar."
"Ok, eu vou. Prometo. Juro. Juro."
"Eu sei. Agora vai", diz ele.
Quando abro a porta, ela está me encarando. Ela sorri um sorriso
aparentemente doloroso.
"Hey," sussurro. Caminho para a cama e acaricio seu rosto.
"Hey," ela sussurra de volta.
"Hey."
"Hey," ela diz novamente.
"Hey."
"Para com isso", diz ela. Ela tenta rir, mas deve doer, pois fecha os
olhos.
Puxo para baixo a grade e pulo de volta para a cama com ela. Seguro
sua mão na minha e enterro meu rosto no lugar entre seu ombro e
pescoço... e choro.
Nas próximas horas, ela entra e sai da consciência, assim como Dr.
Bradshaw disse que iria. Toda vez que ela acorda, diz o meu nome.
Toda vez que diz meu nome, lhe digo para fechar os olhos e
descansar um pouco. Toda vez que digo para fechar os olhos e
descansar um pouco, ela faz.
Dr. Bradshaw entra algumas vezes para ver como ela está. Eles
reduzem a dose no soro. Mais uma vez para que ela possa ficar
acordada por mais tempo. Opto por não avisar ninguém. Ainda é
muito cedo e não quero ninguém bombardeando de perguntas agora.
Só quero que ela descanse.
São quase sete horas da manhã e estou saindo do banheiro quando
ela finalmente diz algo além do meu nome.
"O que aconteceu?", pergunta.
Puxo uma cadeira ao lado da cama. Ela rolou para o lado esquerdo
para que eu descanse meu queixo na grade e acaricie seu braço
enquanto encaro-a. "Nós sofremos um acidente."
Ela parece confusa, então uma expressão de terror passa por ela. "As
crianças..."
"Todo mundo está bem", tranquilizo. "Todo mundo está bem."
Ela dá um suspiro de alívio. "Quando? Que dia foi isso? Que dia é
hoje?"
"É sábado. Isso aconteceu na noite de quinta. Qual é a última coisa
que você lembra?"
Ela fecha os olhos. Estico o braço e acendo a luz acima de sua cama e
desligo em seguida. Não sei por que se ligaria isso. Que paciente
internado em um hospital quer uma lâmpada fluorescente a um
metro de sua cabeça?
"Lembro-me de ir para o slam”, diz ela. "Lembro-me de seu poema...
mas isso é tudo... Isso é tudo que lembro." Abre os olhos e olha para
mim. "Eu te perdoei?"
Eu rio. "Sim, você me perdoou. E você me ama. Um montão."
Ela sorri. "Bom."
"Você estava ferida, Baby. Eles tiveram que levá-la para a cirurgia."
"Eu sei. O médico me disse isso."
Acaricio seu rosto com as costas da minha mão. "Vou contar tudo o
que aconteceu depois, ok? Agora você precisa descansar. Vou lá fora
para avisar a todos. Kel está preocupado. Eddie, também. Já já eu
volto, ok?"
Ela balança a cabeça e fecha os olhos novamente. Inclino-me para
frente e beijo sua testa. "Eu te amo, Lake." Pego meu celular em
cima da mesa e fico em pé.
"De novo", ela sussurra.
"Eu te amo."
O horário de visitas é estritamente cumprido quando todo mundo
começa a chegar. Eles me fazem aguardar na sala de espera, assim
como todos os outros. Apenas uma pessoa é permitida por vez.
Eddie e Gavin chegaram aqui primeiro, então Eddie está com ela
agora. Kel aparece com Sherry quase ao mesmo tempo em que meu
avô aparece com Caulder.
"Posso ir vê-la?" pergunta Kel.
"Com certeza. Ela sempre pergunta por você. Eddie está com ela
agora. Está na UTI então só pode receber visitas de 15 minutos cada,
mas você é o próximo."
"Quer dizer que ela está falando? Ela está bem? Se lembra de mim?"
"Claro. Ela está perfeita", digo.
Vovô Paul caminha para Kel e coloca a mão em seu ombro. "Vamos
netinho Kel, vamos buscar um pouco de café antes de ir vê-la."
Kel segura a mão do meu avô e vai com Caulder para a lanchonete.
Digo a eles para me trazer alguma coisa... finalmente tenho apetite
agora.
"O que você acha de Eddie ficar na sua casa com os meninos por
alguns dias?" pergunta Gavin.
“Melhor não. Pelo menos não agora. Meus avós estão cuidando deles
por alguns dias. Não quero que eles percam muito da escola, apesar
de tudo isso."
"Eles podem ficar comigo", diz Sherry. "Vou mandar Kiersten de volta
à escola na quarta-feira. Se seus avós voltarem para casa na terça,
eles podem ficar comigo até que Layken se recupere."
"Obrigado, pessoal," digo para os dois.
Eddie entra na sala de espera. Ela está enxugando os olhos e
fungando. Sento-me na cadeira e Gavin se levanta e segura o braço
de Eddie guiando-a a um assento. Ela olha para ele e revira os olhos.
"Gavin, eu estou grávida de quatro meses... pare de me tratar como
se eu fosse uma inválida."
Depois de ela estar sentada, Gavin toma a assento ao lado. "Sinto
muito, Baby. Eu apenas me preocupo com você." Ele se inclina e
beija sua barriga. "Os dois."
Eddie sorri e beija sua bochecha.
É bom ver que ele aceitou seu novo papel de pai. Sei que eles têm
um monte de barreiras pela frente, mas tenho fé que eles vão
conseguir. Acho que Lake e eu poderíamos começar a adaptar todas
as estrelas para eles, apenas no caso de precisar.
"E aí, o que você acha da Lake?" pergunto.
Eddie encolhe os ombros. "Uma merda", diz ela. "Ela tem apenas um
corte enorme na cabeça, isso já justifica qualquer coisa. Mas contei
tudo a ela sobre o acidente. Ficou muito mal quando descobriu que
era ela que estava dirigindo. Eu disse que não foi culpa dela, mas
disse que preferia que você estivesse dirigindo. Assim, poderia culpar
você pelos seus ferimentos."
Eu rio. "Ela pode me culpar se quiser, se isso a fizer se sentir
melhor."
"Vamos voltar a tarde," Eddie diz quando se levanta e agarra a mão
de Gavin. "Ela realmente precisa de amor e carinho no departamento
de maquiagem. É às 14 horas, certo? Alguém tem tempo de folga
ainda?"
Balancei minha cabeça. "Vejo vocês às 14."
Antes de saírem, Eddie chega perto e me dá um abraço. Um anormal
longo e demorado abraço.
Depois que ela e Gavin saem, olho para o meu relógio. Kel será o
próximo, em seguida, Sherry. Minha avó pode querer vê-la também.
Acho que vou ter que esperar até depois do almoço, até me deixarem
voltar.
"Você tem bons amigos", diz Sherry.
Levanto as sobrancelhas para ela. "Você não acha que são estranhos?
A maioria das pessoas acha que os meus amigos são estranhos."
"Sim, acho. É por isso que eles são ótimos", diz ela.
Sorrio e caio no meu assento até que minha cabeça está descansando
no encosto da cadeira e fecho meus olhos. "Você é bem esquisita
também, Sherry."
Ela ri. "Você também."
Não consigo ficar confortável na cadeira, então recorro ao chão
novamente. Estico meus braços acima da minha cabeça e suspiro. O
chão está começando a ficar confortável. Agora que sei que Lake está
bem, estou começando a não desprezar tanto este hospital.
"Will?", Diz Sherry.
Abro os olhos e olho para ela. Mas ela não está olhando para mim.
Ela está com as pernas cruzadas na cadeira e está brincando com
costura da calça jeans.
"O que foi agora?", respondo.
Ela olha para mim e sorri. "Você fez um excelente trabalho", diz em
voz baixa. "Eu sei que foi duro me ligar por causa de Kiersten. E
cuidar dos garotos durante tudo isso. A forma como você lidou com
tudo em relação à Layken. Você é muito jovem para ter tanta
responsabilidade, mas está fazendo um bom trabalho. Espero que
você saiba disso. Seus pais ficariam orgulhosos."
Fecho meus olhos e inspiro. Não sabia o quanto precisava ouvir isso
até agora. Às vezes é bom ter os seus maiores medos reduzidos com
um simples elogio. "Obrigado."
Ela sai da cadeira e se deita ao meu lado no chão. Olho para ela e
seus olhos estão fechados, mas parece que ela está tentando não
chorar. Olho para longe e tento não prestar atenção para isto. Às
vezes as mulheres só precisam chorar.
Ficamos em silêncio por um tempo. Ela sopra um suspiro profundo,
como se estivesse tentando sufocar as lágrimas. "Ele morreu um ano
depois. Um ano depois que propôs. Em um acidente de carro", diz.
Percebo que ela está me contando a história sobre Jim. Viro e encaro-
a, descansando minha cabeça no meu cotovelo. Eu realmente não sei
o que falar, então prefiro ficar calado.
"Estou bem", diz ela. Ela olha para mim e sorri. Desta vez parece que
está tentando não se lamentar. "Faz um bom tempo. Amo a minha
família e não trocaria por nada no mundo. Mas às vezes ainda é
difícil. Momentos como estes... "
Ela se levanta e senta estilo indiano no chão e começa a brincar com
a costura da calça novamente. "Eu estava com tanto medo por você,
Will. Estava com medo que ela não sobrevivesse a isso. Te ver passar
por isso foi difícil para mim e trouxe de volta muitas lembranças. É
por isso que não estive muito aqui."
Entendo a expressão em seus olhos e a tristeza em sua voz. Entendo
e detesto isso por ela. "Está tudo bem", eu digo. "Não esperava que
você ficasse. Você tinha Kiersten para se preocupar."
"Sei que você não esperava que eu ficasse. Não conseguiria ajudar
em nada. Mas me preocupo com você. Preocupo-me com todos
vocês. Kel, Caulder, você, Layken. Veja, até gosto de seus amigos
esquisitos e vou ter que me preocupar com eles também”, ela ri.
Sorrio para ela. "É bom estar preocupado, Sherry. Obrigado."
Domingo, 29 de janeiro, 2012.
Eu aprendi algo sobre o meu coração.
Ele pode quebrar.
Ele pode ser dilacerado.
Ele pode endurecer e congelar.
Ele pode parar. Completamente.
Ele pode quebrar em um milhão de pedaços.
Ele pode explodir.
Ele pode morrer.
A única coisa que o fez começar a bater de novo?
O momento em que você abriu os olhos.
Capítulo Dezesseis
Todas as visitas desgastaram Lake e ela dormiu a maior parte da
tarde. Dormiu durante a segunda visita de Eddie, o que
provavelmente foi bom por causa de Lake. A enfermeira trouxe a
sopa na hora do jantar e tomou a maior parte. Foi a primeira coisa
que ela comeu desde quinta-feira.
Fez mais perguntas sobre o que aconteceu na noite do acidente. Ela
queria saber principalmente sobre ela ter me perdoado e feito as
pazes. Contei tudo o que aconteceu. Na maior parte fui honesto, mas
floreei um pouco a cena para dar uma maior ênfase.
É domingo e o fato dela estar no hospital não a impede de manter
sua rotina. Entro em seu quarto e jogo a sacola de filmes e o saco de
batata frita e doces na cadeira.
Lake está sentada ao lado da cama e a enfermeira está trabalhando
com o soro.
"Ah, que bom. Você ganhou dessa vez", diz a enfermeira. "Ela não
quer um banho de esponja, quer um banho normal. Estava prestes a
ajudá-la no banheiro, mas se preferir, você pode fazer isso." Ela
desprende o soro, as agulhas e depois as fitas no final da mão de
Lake.
Lake e eu nos olhamos. Não que nunca tinha visto, hã nua... apenas
por muito tempo. E... com as luzes acesas.
"Eu... Eu não sei", murmuro. "Você quer que eu te ajude?" pergunto
a Lake.
Lake encolhe os ombros. "Não seria a primeira vez que você iria me
colocar em um chuveiro. Embora, espero que você me ajude a tirar a
roupa dessa vez." Ela ri de sua própria piada. Mas lamenta por ter
sorrido logo em seguida. Sua mão vai até a cabeça e estremece.
A enfermeira pode sentir o leve desconforto entre nós. "Sinto muito.
Achei que vocês eram casados. Ele disse em sua ficha que era seu
marido."
"Ah... sobre isso", digo. "Ainda não."
"Tudo bem", diz a enfermeira. "Se você simplesmente voltar para a
sala de espera, te aviso quando terminar."
"Não", diz Lake. "Ele vai me ajudar." Lake olha para mim. "Você vai
me ajudar." A enfermeira olha para mim e eu concordo com a
cabeça. Ela dá alguns itens e sai da sala.
"Você já caminhou mais hoje?" Estendo o braço para ela e ajudo a
levantá-la da cama.
Ela acena com a cabeça. "Sim. Eles me fizeram caminhar pelo
corredor entre as visitas de novo. Eu me sinto melhor do que ontem,
apenas um pouco tonta."
A enfermeira entra novamente no quarto com uma toalha. "Só não
deixe ela molhar a cabeça. Tem um chuveirinho portátil no chuveiro
ou ela pode usar a banheira. A banheira pode ser melhor porque ela
pode ficar sentada." A enfermeira deixa a toalha na cadeira e sai do
quarto.
Lake anda lentamente e eu ajudo a chegar ao banheiro. Depois que
entramos, tranco a porta atrás de nós.
"Isso é tão constrangedor", diz ela.
"Lake, você me pediu para ficar. Se você quiser, posso ir buscar a
enfermeira."
"Não. Digo isso porque preciso fazer xixi."
"Oh. Aqui." Dou a volta nela e seguro o outro braço, enquanto ela
apoia. Ela agarra a barra de metal presa à parede e me olha.
"Vira", diz ela.
Eu me viro e encaro a direção oposta. "Baby, se você já está me
evitando olhar vai ser meio difícil ajudá-la no banho. Você nem está
nua ainda."
"Isso é diferente. Só não quero que você me assista fazendo xixi."
Eu rio. E espero. E espero um pouco mais. Nada acontece.
"Talvez você precise sair um pouquinho", diz ela.
Balanço a cabeça e saio do banheiro. "Não tente se levantar sem
mim." Deixo a porta aberta alguns centímetros para que possa ouvi-
la se precisar de mim. Quando termina, entro novamente no banheiro
e ajudo a levantar-se.
"Chuveiro ou banheira?" pergunto.
"Banheira. Acho que não consigo ficar em pé muito tempo para um
banho."
Confirmo que ela está segurando a barra antes de soltar o braço.
Ajusto a torneira da banheira até que a água fique quente. Pego a
toalhinha e molho um pouco e deixo ao lado da banheira. É uma
banheira alta, com dois degraus para facilitar o acesso. Quando me
levanto, seguro o braço de Lake novamente e levo-a para a banheira.
Fico atrás dela, enrolo o cabelo por cima do ombro e desfaço o laço
na parte superior da sua camisola. Quando abro a camisola, tenho
que conter um gemido. Ela tem hematomas por toda parte. Tem mais
um laço em sua camisola, então puxo a fita até a camisola abrir.
Ela retira a camisola. Coloco a mão na corrente de água para verificar
a temperatura, em seguida, seguro-lhe o braço e ajudo a subir os
degraus e entrar na banheira. Depois que está sentada, ela puxa os
joelhos até o peito e envolve seus braços ao seu redor e então
descansa a cabeça sobre eles.
"Obrigada", diz ela. "Porque não tenta passar a toalhinha em mim
agora?"
Sorrio para ela. "Não me agradeça ainda. Nós apenas começamos."
Mergulho a toalha na água e me ajoelho ao lado da banheira. Alguns
lugares estão um pouco longe, por isso fica difícil alcançar sem pairar
sobre ela. Ela pega a toalha da minha mão e começa a lavar seu
braço.
"É estranho quanta energia preciso para tudo isso. Parece que meus
braços pesam cem quilos."
Abro o pacote do sabonete e entrego a ela, mas ele escorrega pela
banheira. Ela procura pela banheira até encontrá-lo, então esfrega na
toalhinha.
"Você sabe quando eles me deixarão ir para casa?", pergunta.
"Espero que até quarta-feira. O Dr. disse que a recuperação pode
levar alguns dias ou semanas, dependendo de como o ferimento
cicatriza. Parece que você está indo muito bem."
Ela franze a testa. "Não acho que estou indo bem."
"Você está indo muito bem", confirmo.
Ela sorri e devolve a toalhinha para mim e envolve seus braços em
volta dos joelhos novamente. "Tenho que descansar um pouco", diz.
"Vou passar no outro braço em um minuto."
Ela fecha os olhos. Parece tão cansada. Estendo a mão e ligo a água,
em seguida, levanto e tiro meus sapatos, minha camiseta, mas deixo
minhas calças. "Afasta", digo a ela.
Ela se encolhe e eu entro na banheira logo atrás dela. Coloco minhas
pernas em cada lado dela e deitou-a gentilmente no meu peito. Pego
a toalhinha e passo no braço que estava cansada demais para
alcançar.
"Você é louco", diz em voz baixa.
Beijo em cima da cabeça. "Então você é também."
Nós dois ficamos em silêncio enquanto a lavo. Ela descansa em meu
peito até que falo para ela inclinar para frente para que eu possa
levá-la nas costas. Quando ela se inclina para frente, passo mais
sabonete na toalhinha e suavemente toco sua pele. Ela está tão
machucada que tenho medo de machucá-la ainda mais.
"Você realmente ficou machucada. As suas costas doem?"
"Tudo dói."
Lavo sua pele o mais suavemente que posso. Não quero que as
coisas piorem. Enquanto cobria cada centímetro, me inclinava para
frente e beijava suas costas, bem em cima do seu hematoma. Beijo
outro hematoma e seu outro hematoma e seu outro machucado.
Beijo todas as manchas nas costas que está ferida. Quando ela se
inclina para trás contra o meu peito, ergo seu braço e beijo os
machucados no braço também. Então faço o mesmo com o outro
braço. Quando beijei todas as contusões que eu pudesse encontrar,
dou-lhe um abraço por trás na água. "Pronto. Novinha em folha",
digo. Enrolo meus braços em torno dela e beijo sua bochecha. Ela
fecha os olhos e simplesmente fica sentada por um tempo.
"Isto não é como eu imaginava no nosso primeiro banho juntos", diz
ela.
Eu rio. "Sério? Porque isso é exatamente como eu imaginei. Com
calça e tudo."
Ela inspira profundamente e exala, em seguida, inclina a cabeça para
trás contra o meu peito e me olha nos olhos. "Eu te amo, Will."
Beijo sua testa. "Diga isso de novo."
"Eu te amo, Will."
"Mais uma vez."
"Eu te amo."
Lake finalmente está de alta hoje depois de cinco dias no hospital.
Felizmente, ontem que fui capaz de concluir os relatórios com a
Seguradora. O Jipe de Lake foi destruído. Já os danos no meu carro
não foram tão ruins assim, mas fiquei com um reserva até que o meu
seja consertado.
Dr. Bradshaw está muito satisfeito com o progresso de Lake. Ela tem
uma consulta de retorno em duas semanas. Nesse meio tempo, ela
deve ficar de repouso absoluto. Ela está super animada, porque sabe
que isso significa que dormirá na minha cama confortável todas as
noites. Também estou animado, porque isso significa que terei que
passar duas semanas inteiras com ela na minha casa.
Acabo retirando-a de todas as aulas no semestre. Ela ficou louca,
mas ela não precisava do estresse adicional com a escola agora.
Disse que ela só precisa se concentrar em melhorar. Eu também tirei
o resto da semana de folga, mas estou pensando em voltar para a
aula na segunda-feira, dependendo de como ela estiver se sentindo.
Por enquanto, porém... temos quase uma semana inteira de nada
para fazer, além de assistir a filmes e comer besteiras.
Kel e Caulder trazem seus pratos para a mesa de centro da sala e
colocam ao lado do meu. Lake está deitada no sofá por isso nós
comemos na sala de estar, em vez de na mesa.
"Hora do pior e melhor", diz Caulder. Ele cruza as pernas e se
encolhe embaixo da mesa de centro, assim estamos todos sentados
em um círculo incluindo Lake. "O meu pior é que tenho que voltar
para a escola amanhã", diz ele. "Meu melhor é que Layken finalmente
está em casa."
Ela sorri. "Ah, obrigada Caulder. Isso foi meigo", diz ela.
"É a minha vez", diz Kel. "Meu pior é que tenho que voltar para a
escola amanhã. Meu melhor é que Layken está finalmente em casa."
Ela torce o nariz para Kel. "Imitador!"
Eu rio. "Bem, o meu pior hoje, é que a minha namorada me fez
alugar seis filmes diferentes com Johnny Depp. Meu melhor agora
é..." Inclino e beijo sua testa. Kel e Caulder não se opõem ao meu
melhor esta noite. Acho que eles estão se acostumando a isso.
"Bem, meu pior é óbvio. Tenho pontos na minha cabeça", diz Lake.
Ela olha para mim e sorri, então seus olhos desviam para Kel e
Caulder enquanto ela assiste eles comendo.
"E qual é o seu melhor?" Caulder diz com a boca cheia de comida.
Lake olha para ele por um instante. "Vocês", diz ela. "Vocês três!"
O silêncio se instala por um minuto, depois Kel pega uma batata frita
e joga para ela. "Deixe de ser cafona", diz ele.
Lake agarra a batata frita e joga de volta para ele.
"Hey," Kiersten diz enquanto entra pela porta. "Desculpe o atraso."
Ela vai para a cozinha e começa a fazer um prato de comida para ela.
Ela está prestes a ficar puta novamente porque eu não sabia que ela
viria. Acho que vai ter que comer pão de novo.
"Você precisa de ajuda?" pergunto a ela. Ela tem apenas um braço
ileso, mas parece estar se virando muito bem.
"Não... já consegui." Ela traz seu prato para a sala e senta-se no
chão. Nós todos encaramos enquanto ela dá uma mordida enorme
em um pedaço de frango.
"Oh meu Deus, é tão boooom", diz ela e empurra o resto na boca.
"Kiersten, isso é carne. Você está comendo carne", digo.
Ela acena com a cabeça. "Eu sei. Isso é uma coisa muito estranha.
Estava morrendo de vontade de vir aqui, já que vocês sempre têm
em casa, para que eu pudesse experimentar." Ela dá uma mordida.
"É o paraíso!", diz ela com a boca cheia. Ela pula e vai para a
cozinha. "É bom com catchup?" Pega o catchup e traz para a sala de
estar e esguicha um pouco em seu prato.
"Por que a súbita mudança querida?" Lake pergunta.
Ela termina de mastigar e engole a comida. "Ok, quando estávamos
prestes a ser atingido por aquele caminhão... tudo o que eu
conseguia pensar era em como estava prestes a morrer e nunca
provei carne antes. Esse era o meu único arrependimento na vida."
Nós todos rimos. Ela pega o frango do meu prato e joga no dela.
"Will, você ainda vai para o Dia do Pai na quinta-feira?" Caulder
pergunta.
Lake olha para mim. "Dia do Pai?"
"Não sei Caulder. Não sei ainda se me sinto à vontade em deixar
Lake sozinha" digo.
"Dia do Pai? O que é o dia do pai?" Lake pergunta novamente.
"É o dia de homenagear o pai na nossa escola", diz Kiersten. "Vai ter
um almoço. As crianças ficam para almoçar com seu pai no ginásio. O
Dia da Mãe acho que é no próximo mês."
"Mas o que acontece com as crianças que não têm pais? O que elas
fazem? Isso não é justo."
"As crianças que não têm pais apenas vão com Will", diz Kel.
Lake olha para mim novamente. Ela não gosta de estar de fora do
círculo.
"Perguntei a Kel se ele queria comer comigo também",
"Você vai comer comigo também?" pergunta Kiersten. "Meu pai não
estará de volta até sábado."
Concordo com a cabeça. "Se eu for," eu digo. "Eu não sei se consigo
ir."
"Vá", disse Lake. "Eu vou ficar bem. Você precisa parar de me mimar
tanto."
Eu me inclino para frente e beijo-a. "Mas você é o meu bebê", digo.
Não tenho certeza de que direção vem, provavelmente de todos, mas
fui atingido na cabeça com batatas fritas.
Ajudo Lake a deitar na cama e puxo as cobertas sobre ela. "Você
quer algo para beber?"
"Eu estou bem", ela diz.
Apago a luz e pulo para o outro lado da cama. Encosto perto dela e
descanso minha cabeça no travesseiro e embrulho meu braço ao
redor dela. Seus curativos serão retirados em sua próxima consulta
com o médico. Ela está muito preocupada com a quantidade de
cabelo que terá que cortar. Continuo dizendo a ela para não se
preocupar com isso. Tenho certeza que eles não cortarão muito e a
incisão é na parte de trás de sua cabeça por isso não será tão visível.
Dói quando não está deitada de lado, então ela está de frente para
mim. Seus lábios estão próximos com os meus, então é claro que
tenho que beijá-los. Coloco minha cabeça de volta em seu travesseiro
e acaricio o cabelo atrás da orelha com os dedos.
Toda esta semana que passou foi um inferno. Mentalmente e
fisicamente. Mas, sobretudo mentalmente. Cheguei tão perto de
perdê-la. Tão perto. Às vezes, quando tudo está tranquilo, minha
mente vagueia para a possibilidade de tê-la perdido e o que eu teria
feito. Começo a entrar em pânico tendo que me lembrar de que ela
está bem. Que todo mundo está bem.
Acho que não fosse possível, mas tudo que Lake e eu temos passado
por este último mês, de alguma forma me fez amá-la ainda mais.
Não consigo nem começar a imaginar a minha vida sem ela. Lembro
do vídeo que Sherry mostrou e no que Jim disse a ela.
"Parece que você apareceu e acordou minha alma."
Isso é exatamente o que Lake fez para mim: acordou minha alma. Eu
me inclino e beijo-a mais uma vez. Mas não um beijo longo, porque
sinto que ela está muito frágil.
"Isso é péssimo", diz ela. "Você percebe como vai ser difícil dormir na
mesma cama com você? Tem certeza que ele especificou um mês
inteiro? Temos que repousar por um mês inteiro?"
"Bem, tecnicamente, ele disse quatro semanas", eu disse,
acariciando-lhe o braço com a mão. "Acho que nós poderíamos
aguentar quatro semanas, já que são alguns dias a menos do que um
mês inteiro."
"Tá vendo? Você deveria ter aproveitado a oferta quando teve a
chance. Agora temos que esperar mais quatro semanas", ela diz.
"Quantas semanas são nesse total?"
"Serão sessenta e cinco," respondo rapidamente. "Não que eu esteja
contando. Mas quatro semanas a partir de hoje será dia 28 de
fevereiro. Não que eu esteja contando isso também."
Ela ri. "28 de fevereiro? Mas vai ser uma terça-feira. Quem é que
quer perder a virgindade em uma terça-feira? Vamos fazer isso na
sexta-feira antes, ou seja, 24 de fevereiro. Vamos levar Kel e Caulder
para ficar com seu avô de novo."
"Não... Quatro semanas. São ordens médicas!", digo. "Vamos fazer
um acordo. Vou buscar o meu avô para cuidar dos meninos e
podemos fazer isso no dia 02 de março. Será uma sexta-feira, mas
depois de ter completado quatro semanas."
"02 de março é uma quinta-feira!"
"É ano bissexto."
"Ugh! Ótimo. 02 março", diz ela. "Mas eu quero uma suíte da hora
viu. Uma grande."
"Você que manda."
"Com chocolates. E flores."
"É isso aí", digo. Ergo minha cabeça do seu travesseiro, dou um beijo
e capoto novamente.
"E uma bandeja de frutas. Com morangos."
"Você que manda", digo novamente. Bocejo alto e puxo as cobertas
sobre minha cabeça.
"E eu quero um desses roupões macios de hotéis. Para nós dois.
Assim poderemos usá-los todo fim de semana."
"Tudo o que você quiser, Lake. Agora vá dormir. Você precisa
descansar."
Durante esses cinco dias ela não fez nada além de dormir, por isso
não estou surpreso que está acordada. Para mim, por outro lado, têm
sido cinco dias de sono zero. Mal conseguia manter os olhos abertos
hoje. É tão bom estar de volta em casa, na minha cama. E
principalmente saber que Lake está bem próximo a mim.
"Will", ela sussurra.
"Sim?"
"Eu tenho que fazer xixi."
"Tem certeza que você vai ficar bem?" Pergunto pela décima vez esta
manhã.
"Eu vou ficar bem", diz ela. Ela segura o celular bem na minha cara
para mostrar que está do lado dela.
"Ok. Sherry está em casa se você precisar dela. Volto em uma hora,
o almoço não deve durar muito tempo."
"Baby, estou bem. Juro."
Beijo sua testa. "Eu sei."
E eu sei que ela está bem. Está mais do que bem. Está tão
concentrada e determinada a ficar melhor que está fazendo muita
coisa sozinha. Até mesmo coisas que não deveria estar fazendo sem
ajuda e é por isso que me preocupo. A vontade indomável dela por
qual me apaixonei me irrita pra caramba também.
Quando entro no ginásio, vasculho a área procurando os meninos.
Vejo Caulder acenando e caminho à sua mesa.
"Onde está Kel e Kiersten?" pergunto enquanto sento no meu lugar.
"A Sra. Brill não quis deixar eles virem", diz ele.
"Por quê?" Vasculho o ginásio procurando a Sra. Brill.
"Ela disse que eles estavam usando este almoço como uma desculpa
para sair da sala de aula. Ela os fez ir almoçar normal, às 10:45. Kel
disse para ela que você ficaria louco."
"Bem, Kel está certíssimo", digo. "Já volto."
Saio do ginásio e viro à esquerda para ir ao refeitório. Quando entro,
o barulho penetra meus tímpanos. Meu Deus! Esqueci como as
crianças são barulhentas. Também esqueci o quanto minha cabeça
ainda dói. Olho para todas as mesas, mas tem tanta criança que não
consigo identificar nenhum deles. Vou até uma mulher que parece
que está monitorando o refeitório.
"Você pode me dizer onde Kel Cohen está?"
"Quem?", Diz ela. "Está muito barulho aqui, não consegui ouvir."
Digo mais alto. "Kel Cohen!"
Ela acena com a cabeça e aponta para uma mesa no outro lado do
refeitório. Antes de chegar à mesa Kel acena. Kiersten está sentada
ao lado dele, limpando a sua blusa com um maço de guardanapos
molhados. Os dois se levantam quando chego à mesa.
"O que aconteceu com sua blusa?" Pergunto a Kiersten.
Ela olha para Kel e balança a cabeça. "Garotos estúpidos", diz ela. Ela
aponta para a mesa em frente a deles. Viro-me e olho. Há três
garotos que parecem um pouco mais velhos do que ela e Kel. Estão
todos rindo.
"Eles fizeram alguma coisa para você?" pergunto.
Ela revira os olhos. "Quando é que eles não fazem? Se não é
achocolatado, é purê de maçã. Ou pudim. Ou gelatina."
"É verdade, normalmente é gelatina", diz Kel.
"Não se preocupe com isso, Will. Estou acostumada com isso agora.
Sempre tenho uma roupa extra na minha mochila só para garantir."
"Como assim 'não se preocupe com isso'?" Pergunto. "Por que diabos
uma coisa dessas está acontecendo e ninguém resolve? Você já falou
com um professor?"
Ela acena com a cabeça. "Eles nunca veem quando isso acontece. Até
piorou depois da suspensão. Agora, eles só jogam as coisas em mim
quando têm certeza que o monitor não está olhando. Mas tudo bem,
Will. Sério. Tenho Abby e Kel e Caulder. Amigos é tudo o que
preciso."
Estou irritado. Não posso acreditar que ela tem que passar por isso
todos os dias! Eu olho para Kel. "Qual é o grupo que Caulder estava
falando? Os Idiotas?" Kel apontou para o menino sentado à cabeceira
da mesa.
"Vocês fiquem aqui." Eu me viro e ando na direção da mesa dos
Idiotas. Quando eu fico mais perto deles, suas risadas ficam altas à
procura de confusão. Pego uma das cadeiras vazias na sua mesa e
deslizo ao lado da cadeira do idiota, giro e sento nas costas da
cadeira e fico de frente para ele.
"Hey," digo. Ele só me olha confuso, depois olha para seus amigos.
"Posso te ajudar?", Diz ele sarcasticamente. Seus amigos riem.
"Sim. Na verdade, você pode ", digo. "Qual é o seu nome?"
Ele ri novamente. Tenho certeza que ele está tentando fazer o papel
de durão e bad boy de doze anos de idade. Ele me faz lembrar de
Reece nessa idade. Mas ele não consegue esconder o nervosismo em
seu rosto.
"Mark", diz.
"Bem, oi, Mark. Eu sou Will." Estendo minha mão e ele
relutantemente cumprimenta.
"Agora que já fomos formalmente apresentados, acho seguro afirmar
que podemos ser sinceros um com o outro. Podemos fazer isso,
Mark? Você é forte o suficiente para assumir um pouco de
sinceridade?"
Ele ri uma risada nervosa. "Sim, eu sou durão."
"Ótimo. Você vê aquela garota ali?" Aponto para Kiersten. Mark olha
por cima do ombro para ela, em seguida, olha para mim e balança a
cabeça.
"Deixe-me ser sincero com você. Essa menina é muito importante
para mim. Muuuito importante. Quando coisas ruins acontecem com
pessoas importantes na minha vida, não levo muito bem sabe. Acho
que posso garantir que tenho pouca paciência sabe." Encosto minha
cadeira mais perto dele e olho diretamente nos olhos. "Agora,
enquanto estamos sendo sincero um com o outro... acho interessante
você saber que eu costumava ser professor. Você sabe por que eu
não sou um professor mais, Mark?"
Ele não está mais sorrindo. Ele nega com a cabeça.
"Não sou mais professor, porque um dos meus alunos idiotas decidiu
se meter com uma das minhas pessoas importantes. Ah, isso não
terminou muito bem."
Os três meninos estavam olhando para mim, com os olhos
arregalados.
"Você pode encarar isso como uma ameaça, se você quiser, Mark.
Mas sinceramente, não tenho nenhuma intenção de te machucar.
Afinal, você tem apenas doze anos. Quando se trata de chutar a
bunda de alguém, costumo estabelecer um limite de idade em
quatorze anos. Mas vou te falar uma coisa ... esse fato de você
intimidar as pessoas? E aliás, as meninas? Meninas mais jovens do
que você?" Balanço a cabeça em desgosto.
"Isto só vai mostrar o ser humano patético que você vai passar a ser.
Mas isso não é o pior de tudo", digo. Viro-me e olho para seus
amigos. "O pior de tudo são as pessoas que seguem você. Porque
qualquer fraco o suficiente para deixar alguém tão patético como
você ser o seu líder é ainda pior do que patético."
Olho para Mark e sorrio. "Foi um prazer conhecer você, Mark." Eu me
levanto e giro a cadeira de volta ao redor da mesa, então debruço
meu corpo sobre a mesa em frente a ele. "Vou manter contato."
Olho os três nos olhos enquanto me afasto da mesa, em seguida,
volto para Kiersten e Kel. "Vamos lá. Caulder está esperando por
nós."
Quando nós três voltamos para o ginásio, vamos para a mesa de
Caulder e sentamos. Não ficamos sentados por dois minutos, quando
a Sra. Brill caminha marchando com uma carranca no rosto. Logo
antes dela abrir a boca para falar alguma coisa, me levanto e estendo
a mão para ela. "Sra. Brill," digo com um sorriso no rosto. "Foi tão
bom a Sra. permitir que Kiersten e os meninos almocem comigo hoje.
Realmente significa muito que você reconhece o fato de que há
famílias neste mundo com situações não tradicionais. Eu amo essas
crianças como se fossem minhas. O fato de você respeitar a nossa
relação apesar de eu não ser um pai normal, realmente diz muito
sobre seu caráter. Então, apenas queria dizer obrigado."
Sra. Brill solta a minha mão e recua. Ela olha para Kiersten e Kel, em
seguida, olha para mim. "Seja bem-vindo", diz ela. "Espero que todos
gostem do almoço." Ela se vira e vai embora sem dizer uma palavra.
"Bem", diz Kel. "Isso definitivamente foi o meu melhor."
Quinta-feira, 16 fevereiro, 2012
Mais um dia...
Capítulo Dezessete
"Então, qual é o prejuízo?" Lake pergunta ao Dr. Bradshaw.
"Para quem? Você?" Ele ri enquanto lentamente desenfaixa a
bandagem em torno de sua cabeça.
"Para o meu cabelo", diz ela. "Quanto você cortou?"
"Bem", diz ele. "Tivemos que cortar a sua cabeça, você sabe disso.
Tentamos salvar o máximo de cabelo que pudemos, mas fomos
confrontados com uma decisão muito difícil... seu cabelo ou a sua
vida.”
Ela ri. "Bem, acho que vou te perdoar, então."
Assim que chegamos em casa depois da visita ao médico, ela vai
direto para o chuveiro para lavar o cabelo. Ela está morrendo de
vontade de lavar o cabelo. Estou bastante confortável para poder sair
de sua casa agora, ir pegar os meninos. Esqueci que estavam me
esperando há mais de uma hora na saída da escola, então envio uma
mensagem de texto à Lake para que ela saiba que me atrasarei. O
show de talentos da escola será amanhã a noite, os estudantes que
se inscreveram para se apresentar estão ensaiando. Kiersten e
Caulder ambos se inscreveram, mas nenhum dos dois estão nos
dando dicas sobre o que eles irão fazer. Dei à Kiersten uma cópia de
todos os meus poemas. Ela diz que precisava deles para a pesquisa.
Não questionei. Não existe nenhum assunto que se possa ganhar em
argumentação com Kiersten.
Quando os meninos e eu finalmente chegamos em casa, Lake ainda
está no banheiro. Sei que ela está cansada de me ter a mimando,
mas vou ver como ela está de qualquer maneira. O fato de que ela
está lá por tanto tempo preocupa-me. Quando bato na porta, ela me
diz para ir embora. Ela não parece feliz, o que significa que não irei
embora.
"Lake abra a porta", digo. Forço a maçaneta da porta, mas está
trancada.
"Will, eu só preciso de um minuto", ela grita.
Ela está chorando.
"Lake. Abra a porta!” Agora estou realmente preocupado. Sei como
ela é teimosa e se estiver magoada provavelmente está tentando
esconder isso. Bato na porta e forço a maçaneta novamente.
Nenhum som. Ela não responde. "Lake", grito.
A maçaneta gira e a porta se abre lentamente. Ela está olhando para
o chão, chorando.
"Estou bem", diz ela. Ela enxuga os olhos com um chumaço de papel
higiênico. "Você realmente precisa parar de pirar, Will.”
Entro no banheiro e a abraço. "Por que você está chorando?"
Ela se afasta de mim e balança a cabeça, em seguida, senta-se no
banco em frente ao espelho do banheiro. "É estúpido," ela diz.
"Você está com dor? Sua cabeça dói?”
Ela balança a cabeça e limpa os olhos novamente. Levanta o braço e
puxa o elástico do cabelo fazendo seu cabelo cair sobre o seu ombro.
"É o meu cabelo."
O cabelo dela. Ela está chorando sobre o seu maldito cabelo! Forço
um suspiro de alívio. "Ele voltará a crescer, Lake. Está tudo bem." Me
movo por trás dela e puxo seu cabelo longe de seus ombros. Ela tem
uma área na parte de trás de sua cabeça que foi raspada. Não pode
ser coberta, porque é bem no meio do seu cabelo. Corro meus dedos
sobre ele. "Acho que você ficaria bonita com o cabelo curto. Espere
até que ele cresça um pouco mais e você poderá cortá-lo."
Ela balança a cabeça. "Isso demorará uma eternidade. Eu não irei a
lugar nenhum assim. Não sairei desta casa durante um mês”, diz ela.
Sei que ela não quer dizer realmente isso, mas eu ainda odeio que
ela esteja tão chateada. "Eu acho que está bonito," digo, correndo os
dedos sobre a cicatriz. "É o que salvou sua vida." Movo-me em sua
volta e abro as portas do armário debaixo da pia.
"O que você está fazendo? Você não vai cortar o resto do meu
cabelo, Will.”
De dentro do armário puxo uma caixa preta que contém os meus
aparadores de cabelos. "Eu não vou cortar o seu cabelo," digo.
Conecto o cabo e retiro a proteção o ligando. Posiciono o aparelho
atrás da minha cabeça e o pressiono contra a parte de trás do meu
cabelo em um golpe rápido. Quando trago de volta o aparelho, puxo
os pedaços do meu cabelo, jogando-os no lixo.
"Não irei. Agora combinamos," digo.
Ela se move em volta do seu assento. "Will! Mas que diabos? Por que
você acabou de fazer isso?”
"É apenas cabelo, Baby." Sorrio para ela.
Ela leva o chumaço de papel higiênico de volta para os seus olhos e
se vira, olhando o nosso reflexo no espelho. Ela balança a cabeça e ri.
"É ridículo", diz ela.
"Assim como você."
Além de ir ao médico ontem, hoje é a primeira vez que Lake sairá de
casa.
Após o show de talentos, Sherry cuidará dos garotos por algumas
horas, para que possamos ter um encontro. Claro, Lake ficou
chateada quando eu disse a ela sobre o nosso encontro. "Você nunca
me pede, você sempre me comunica", ela reclamou. Então é claro
que eu tinha que ficar de joelhos e pedir-lhe para termos um
encontro. E, claro, estou fazendo uma surpresa novamente. Ela não
tem ideia do que planejei para esta noite, nenhuma pista.
Eddie e Gavin já estão no ginásio da escola para a apresentação com
Sherry e David quando chegamos. Deixei Lake sentar ao lado de
Eddie e eu me sento ao lado de Sherry. Lake conseguiu puxar o
cabelo para trás em um rabo de cavalo e escondeu a maior parte de
sua cicatriz. Eu não tive tanta sorte.
"Hummm... Will? Isso é algum tipo de nova tendência que eu não
estou ciente?" Sherry pergunta quando ela vê o meu cabelo.
Lake ri. "Está vendo? Você parece ridículo.”
Sherry se inclina para mim e sussurra. "Você pode me dar uma dica
sobre o que Kiersten fará hoje à noite?”
Dou de ombros. "Eu não sei o que ela está aprontando. Presumo que
seja um poema. Ela não o leu para vocês?”
Sherry e David abanam a cabeça. "Ela está muito reservada sobre
isso", David diz.
"Como Caulder", digo. "Não tenho ideia do que ele vai fazer. Nem
acho que ele tenha um talento.”
A cortina se abre e a Diretora Brill caminha até o microfone e faz os
agradecimentos abrindo o show. Para cada criança que se
apresentará, há um diferente pai segurando uma câmera de vídeo na
frente do público. Por que não trouxe a minha câmera? Sou um
idiota. Um verdadeiro pai teria trazido uma câmera. Logo Kiersten é
finalmente chamada ao palco, Lake pega dentro de sua bolsa uma
câmera. Claro que ela faz.
A Diretora Brill apresenta Kiersten, em seguida, caminha para fora do
palco. Kiersten não parece nervosa. Ela realmente é uma versão em
miniatura de Eddie. Há um pequeno saco envolto do seu pulso junto à
tipoia. Ela levanta o braço bom para abaixar o microfone.
"Hoje farei algo chamado de Slam. É um tipo de poesia à qual fui
apresentada este ano por um amigo meu. Obrigado, Will.”
Eu sorrio.
Kiersten respira fundo e diz: "Meu poema hoje é chamado de
Borboletas você”
Lake e eu olhamos um para o outro. Sei que ela está pensando a
mesma coisa que eu estou pensando, que é, "Oh, não."
“Borboleta.
Que bela palavra
Que delicada criatura.
Delicada como as palavras cruéis que correm direto em sua boca
e os alimentos que voam justamente fora de suas mãos ...
Isso faz você se sentir melhor?
Isso faz você se sentir bem?
Será que mexendo com uma menina o torna mais homem?
Bem, eu estou me mantendo em pé
Como eu deveria ter feito antes
Não vou aturar mais
a sua borboleta."
(Kiersten desliza o saco removendo-o do pulso abrindo-o, tirando um
punhado de borboletas feitas à mão. Ela pega o microfone do suporte
e começa a descer as escadas enquanto ela continua a falar.)
"Eu gostaria de estender aos outros o que os outros estenderam para
mim."
(Ela caminha até a Sra. Brill primeiro e estende uma borboleta)
“Borboleta, Sra. Brill.”
(A Sra. Brill sorri para ela, pegando uma borboleta de suas mãos.
Lake ri alto e eu tenho que empurrá-la levemente para que ela fique
quieta. Kiersten caminha ao redor da sala, entregando borboletas
para vários alunos, incluindo os três do refeitório.)
" Borboleta você, Mark.
Borboleta você , Brendan.
Borboleta você, Colby."
(Quando ela termina de entregar as borboletas, ela caminha de volta
para o palco e posiciona o microfone de volta no lugar.)
"Eu tenho uma coisa a dizer a vocês
E não estou me referindo aos valentões
Ou os que perseguem.
Estou me referindo àqueles que apenas ficam de braços cruzados
Os que não se preocupam com aqueles de nós que clamam
Aqueles de vocês que só... fingem-se de cegos.
Afinal, não é com você que está acontecendo
Você não é o que está sendo intimidado
E você não é o único a ser rude
Não é a sua mão que está jogando a comida
Mas... é a sua boca que não fala
São seus pés que não tomam uma posição
É o seu braço não dando uma mão
É o seu coração
Não dando à mínima.
Portanto, assuma como se fosse você mesmo
Assuma como se fossem os seus amigos
Eu desafio você a ser alguém
Quem não ceder
Não ceder
Não deixe que eles ganhem."
Assim quando um 'não dando à mínima' sai da boca de Kiersten, a
Sra. Brill está marchando para o palco.
Felizmente, Kiersten termina seu poema e corre para fora do palco
antes que a Sra. Brill chegue até ela. O público está em choque. Bem,
a maioria da plateia. Todo mundo na nossa linha de cadeiras está lhe
dando uma ovação em pé.
Quando a Sra. Brill anuncia a próxima apresentação e voltamos para
nossos lugares, Sherry sussurra para mim: "Eu não entendi a coisa
do ‘Borboleta’, mas o resto foi muito bom."
"Sim, foi", concordo. "Foi ‘borboletamente’ excelente."
Caulder é chamado ao palco em seguida. Ele parece nervoso. Estou
nervoso por ele. Lake esta nervosa, também. Gostaria de saber o que
ele estava fazendo para que pudesse ter lhe dado alguns conselhos
antes que ele chegasse lá em cima. Lake focaliza a câmera e se
concentra em Caulder. Respiro profundamente, esperando que ele
possa passar por isso sem xingar. Sra. Brill já está de olho em nós.
Caulder caminha até o microfone e apresenta seu talento.
"Sou Caulder. Também vou fazer um Slam esta noite. É o chamado
‘O melhor e o pior’.”
Oh não, lá vamos nós de novo.
“Eu tive um monte de pior na vida
Um monte
Meus pais morreram há quase quatro anos, logo que completei sete
anos
A cada dia que passa eu me lembro deles menos e menos
Como era a minha mãe... Eu me lembro que ela costumava cantar.
Ela sempre estava feliz,
sempre dançando.
Além do que eu vi dela em fotos, eu realmente não me lembro como
ela se parece.
Ou qual era o seu cheiro
Ou como ela parecia
E o meu pai
Lembro-me de mais coisas sobre ele, mas só porque eu achava que
ele era o mais
incrível homem no mundo.
Ele era inteligente. Ele sabia a resposta para tudo.
E ele era forte.
E ele tocava violão.
Eu adorava ficar deitado na cama à noite, ouvindo a música que
vinha da sala de estar.
Sinto falta da maior parte.
Sua música.
Depois que eles morreram, fui morar com minha avó e Vovô Paul.
Não me interpretem mal ... Eu amo meus avós.
Mas eu amo a minha casa ainda mais.
Ela lembra eles.
Da minha mãe e meu pai.
Meu irmão tinha acabado de começar a faculdade no ano em que eles
morreram.
Ele sabia o quanto eu queria estar em casa.
Ele sabia o quanto isso significava para mim,
por isso ele fez isso acontecer.
Eu tinha apenas sete anos na época, então eu o deixei fazer isso.
Eu o deixei desistir da sua vida inteira apenas para que eu pudesse
estar em casa.
Só assim eu não seria tão triste.
Se eu pudesse fazer tudo de novo, eu nunca o deixaria me levar.
Ele merecia uma chance também. A chance de ser jovem.
Mas às vezes, quando você tem sete anos, o mundo não é em 3-D.
Então,
Devo muito ao meu irmão.
Um monte de 'muito obrigado'
Um monte de "eu sinto muito'
Um monte de "eu te amo'
Eu devo muito a você, Will
Por fazer o pior na minha vida um pouco menos dolorido
E o meu melhor?
A, meu melhor é agora.
Gostaria de saber se uma pessoa pode chorar muito? Se pode, eu
definitivamente estou alcançando a minha cota este mês. Eu me
levanto e faço o meu caminho passando por Sherry e David saindo
pelo corredor.
Quando Caulder desce os degraus para o palco, o pego e dou-lhe o
maior maldito abraço que já lhe dei.
"Eu te amo, Caulder."
Não ficamos para a premiação. Os garotos estão animados para
passar a noite com Sherry e David, então eles estavam todos com
pressa para sair. Kiersten e Caulder parecem não se importar quem
ganhou, o que me deixou um pouco orgulhoso. Afinal de contas,
tenho a citação de Allan Wolf martelando em minha cabeça
lembrando-me de cada vez que eu dava a Kiersten conselhos sobre a
poesia. “A pontuação não é o objetivo; o objetivo é a poesia.”
Depois que David e Sherry entram no carro com os meninos, Lake e
eu andamos até o carro e abro a porta para ela.
"Onde vamos comer? Estou com fome”, diz ela.
Não respondo. Fechando a porta e me dirigindo para o lado do
motorista. Alcanço o banco de trás e pego dois sacos do piso e
estendo um para ela. "Nós não temos tempo para parar e comer.
Preparei queijo grelhado.”
Ela sorri quando ela abre a sacola e tira seu sanduíche e refrigerante.
Posso garantir que pelo olhar em seu rosto que ela se lembra. Estava
esperando que ela fosse se lembrar.
"Teremos uma longa viagem", digo. "Conheço uma brincadeira que
podemos brincar, é chamado de 'você prefere.' Alguma vez você já
brincou antes?"
Ela sorri para mim e balança a cabeça. "Apenas uma vez, com um
cara realmente quente. Mas isso foi há muito tempo atrás. Talvez
você deva começar para refrescar minha memória.”
"OK. Mas, primeiro, há algo que preciso fazer." Abro o meu console e
retiro uma venda. "Nosso destino é uma espécie de surpresa, então
preciso que você coloque isso."
"Você vai me vendar? Sério?" Ela revira os olhos e se inclina para
frente.
Envolvendo-a com a venda em torno da cabeça e ajusto sobre os
olhos. "Não tire. Não espie." Ligo o carro, começo a sair do
estacionamento, em seguida, faço a primeira pergunta. "Ok. Com
quem você prefere que eu pareça: Hugh Jackman ou George
Clooney?”
"Johnny Depp", diz ela.
Ela responde um pouco rápido demais para o meu gosto. "Que
diabos, Lake? Você deveria dizer que devo me parecer comigo
mesmo!”
"Mas você não era uma das opções", diz ela.
"Nem Johnny Depp era!"
Ela ri. "Minha vez. Você prefere ter constantes arrotos incontroláveis
ou você prefere ter que latir toda vez que você ouviu a palavra faça?"
"Latir como um cão?"
"Sim."
“Arrotos incontroláveis," digo.
"Oh isto foi grosseiro." Ela franze o nariz. "Eu poderia viver com seu
latido, mas não sei sobre os constantes arrotos.”
"Bem, nesse caso, mudo minha resposta. Minha vez de novo. Você
prefere ser abduzida por alienígenas ou ter de sair em turnê com
Nickelback?”
"Eu prefiro ser abduzida por The Avett Brothers."
"Laaake, esta não é uma opção."
Ela ri. "Tudo bem, aliens. Você prefere ser um homem velho e rico,
com apenas um ano para se viver? Ou um jovem, pobre homem
triste com 50 anos para viver?”
"Eu prefiro ser Johnny Depp."
Ela ri. "Você é muito ruim nisso.", ela brinca.
Estendo a mão e meus dedos se entrelaçam com os dela. Ela está
recostada no banco rindo sem nenhuma pista no mundo para onde
estamos indo. Ela está prestes a ficar irritada... mas espero que
apenas por pouco tempo. Dirijo um pouco mais de tempo, enquanto
nós continuamos a nossa brincadeira. Honestamente eu poderia
brincar assim durante toda a noite com ela, mas não vou. Nós
finalmente chegamos ao nosso destino e eu pulo para fora do
carro. Abro a porta e a ajudo a levantar-se.
"Segure minhas mãos. Eu vou conduzi-la.”
"Você está me deixando nervosa, Will. Por que você sempre tem que
ser tão misterioso, quando se trata dos nossos encontros?”
"Não sou misterioso, adoro surpreender você. Um pouco mais e
deixarei você tirar sua venda." Nós entramos e a posiciono
exatamente onde queria. Não me ajuda, mas sorrio sabendo como
ela reagirá quando tirar a venda. "Estou prestes a tirá-la, mas antes
de tirar... basta lembrar o quanto você me ama, ok?”
"Eu não posso prometer nada", diz ela.
Chego por trás dela e desato a venda removendo-a de seus olhos. Ela
os abre e olha em volta. Sim, ela está chateada.
"Que diabos, Will! Você me trouxe em um encontro para a sua casa
de novo? Por que você sempre faz isso?”
Eu rio. "Estou arrependido." Jogo a venda na mesa de centro e coloco
os braços em volta dela. "É só que algumas coisas não precisam ser
feitas em um palco. Algumas coisas precisam ser feitas em ambientes
privados. Este é uma delas.”
“O que é uma delas?" Ela parece nervosa.
Beijo-a na testa. "Sente-se, estarei de volta." Movo-me para ela se
sentar no sofá, então ela senta.
Vou até o meu quarto, abrindo o armário e retiro a sua surpresa. Eu
a coloco em meu bolso e caminho de volta para a sala de estar. Ligo
o aparelho de som e programo para repetir a musica ‘I Love You’, é a
sua canção favorita.
"É melhor você me falar agora, antes que eu comece a chorar de
novo... será que isto tem alguma coisa a ver com minha mãe? Porque
você disse que as estrelas eram a última coisa."
"Elas eram a última coisa, eu prometo." Sento-me ao lado dela no
sofá e pego a sua mão juntando a minha, olhando-a diretamente nos
olhos. "Lake, tenho algo a falar e quero que você me escute sem me
interromper, ok?”
"Eu não sou a única que interrompe!", diz ela, defensivamente.
"Está vendo? Bem aí. Não faça isso.”
Ela ri. "Tudo bem. Fale".
Começo a falar o que preciso dizer, mas algo não me faz sentir bem.
Não gosto de como estamos tão formalmente sentados. Não somos
nós. Eu agarro a sua perna e o seu braço e a puxo para o meu colo.
Ela se atravessa, envolvendo suas pernas em minha volta. Ela desliza
as mãos vagarosamente em volta do meu pescoço e me olha nos
olhos. Começo a falar de novo, mas sou cortado.
"Will?"
"Você está me interrompendo, Lake."
Ela me dá um meio sorriso e leva as mãos ao rosto. "Eu te amo", diz.
"Obrigada por cuidar tão bem de mim."
Ela está me distraindo, mas é bom. Eu lentamente deslizo minhas
mãos por seus braços e descanso em seus ombros. "Você faria o
mesmo por mim, Lake. É o que fazemos."
Ela sorri. Uma lágrima corre em sua bochecha e ela nem sequer tenta
segurá-la ou limpá-la. "Sim", ela diz. "É o que fazemos."
Tomo suas mãos nas minhas e levo-as à boca e beijando-as. "Lake,
você significa o mundo para mim. Você trouxe tantas coisas para
minha vida... bem quando eu mais precisei. Desejava que pudesse
saber o quão sem esperanças eu estava antes de te conhecer, assim
você perceberia o quanto você me mudou."
"Eu sei Will. Eu também estava sem esperanças."
"Você está interrompendo novamente."
Ela sorri e balança a cabeça. "Eu não me importo."
Dou uma risada e a empurro para baixo no sofá ficando em cima
dela. Pressiono minhas mãos no sofá ao lado de sua cabeça para me
apoiar sobre ela. "Você tem alguma ideia de quanto você me frustra,
às vezes?”
"Isso é uma pergunta retórica? Porque você só me disse para parar
de interrompê-lo, por isso faço, não tenho certeza se você quer que
eu responda isso.”
"Oh meu Deus, você é impossível, Lake. Não posso nem falar duas
frases!”
Ela ri e pega a gola da minha camisa. "Estou ouvindo", ela sussurra.
"Prometo."
Começo a acreditar nela, mas assim que começo a falar novamente,
ela esmaga os seus lábios nos meus.
Por um momento, esqueço completamente do meu objetivo hoje. De
repente sou consumido pelo gosto de sua boca e a sensação de suas
mãos fazendo o seu caminho em minha volta. Abaixo o meu corpo
sobre o dela e a deixo me desviar um pouco mais. Após vários
minutos de ter intensamente perdido o controle, sou de alguma
forma capaz de me afastar de suas mãos e sentar-me no sofá.
"Droga, Lake. Você vai me deixar fazer isso ou não?" Tomo suas
mãos e puxo de volta para a posição sentada, então saio do sofá e
ajoelho-me no chão em frente a ela.
Até este momento, acho que ela não tinha nenhuma ideia do que
esta noite seria. Ela me olha com um misto de emoções em sua
expressão. Medo, esperança, entusiasmo, apreensão. Estou
compartilhando as mesmas emoções com ela. Tomo suas mãos nas
minhas e respiro profundamente.
"Eu disse que as estrelas eram o último presente da sua mãe e
tecnicamente elas eram."
"Espere, tecnicamente?”, diz ela. Ela percebe que está me
interrompendo novamente quando eu a encaro. "Ah, sim, me
desculpe." Ela gesticula o dedo em sua boca, indicando que estava
zipando sua boca e que não vai dizer qualquer outra coisa.
"Sim, tecnicamente. Eu disse que as estrelas eram a última coisa que
ela nos deu e foram. Mas ela me deu uma estrela que não está no
vaso. Ela queria que eu desse à você quando estivesse pronto.
Quando você estivesse pronta. Então ... espero que você esteja
pronta."
Coloquei minha mão no bolso e tiro a estrela. Lentamente desdobro o
papel e quando o faço, a aliança desliza para fora na minha mão.
Quando ela vê a aliança de casamento de sua mãe, suas mãos vão
até a sua boca e ela suga uma respiração profunda.
"Eu sei que somos jovens, Lake. Nós temos uma vida inteira pela
frente para fazer coisas como nos casar. Mas às vezes as coisas na
vida das pessoas não acontecem em ordem cronológica como
deveriam. Especialmente em nossas vidas. Nossa ordem cronológica
se misturou há muito tempo."
Pego a sua mão na minha. Ela estende os dedos e suas mãos estão
tremendo... assim como as minhas. Deslizo o anel em seu dedo. Ele
se ajusta perfeitamente. Ela enxuga minhas lágrimas com a mão livre
e me beija na testa. Seus lábios aproximam-se um pouco perto
demais dos meus, então tenho que parar o que estou dizendo e a
beijo. Ela coloca a mão na parte de trás da minha cabeça e fecha os
lábios sobre os meus, enquanto desliza no sofá subindo no meu colo.
Perco meu equilíbrio caindo para trás. Ela não afasta a sua cabeça da
minha e nossos lábios nunca se separam, enquanto ela continua a me
dar o melhor beijo que já me deu.
"Eu te amo, Will", ela murmura na minha boca. "Eu te amo, eu te
amo, eu te amo."
Afasto o meu rosto do dela e digo rindo. "Eu não terminei ainda," eu
rio. "Pare “borboletamente” de me interromper!" Rolo-a de costas e
me sustento no cotovelo ao lado dela.
Ela começa a chutar as pernas para cima e para baixo em um ataque.
"Vai logo e me pede já, estou morrendo aqui!”
Balanço a minha cabeça rindo. "É isso mesmo, Lake. Não estou
pedindo para você se casar comigo..."
Antes que eu possa terminar a minha frase, um olhar de horror
atravessa todo o seu rosto. Imediatamente coloco meu dedo sobre os
seus lábios e a calo antes que ela me interrompa novamente.
"Eu sei como você gostaria de ser pedida e eu não pedi. Mas não
estou pedindo para você se casar comigo." Rolo em cima dela e me
aproximo tão perto quanto posso, enquanto ainda estou olhando-a
nos olhos. Baixo minha voz para um sussurro. "Eu estou dizendo que
você vai se casar comigo, Lake... porque não posso viver sem você.”
Ela começa a chorar de novo... e rindo. Ela está rindo e chorando e
me beijando, tudo ao mesmo tempo. Nós dois estamos.
"Eu estava tão errada", diz ela entre beijos. "Às vezes uma garota
gosta de ser somente comunicada.”
"Você está grávida?" Eddie perguntou à Lake.
"Não, Eddie. Isto aconteceu com você."
Estamos todos sentados na sala de estar. Lake não pode esperar para
contar a Eddie que chamou imediatamente para dar a notícia. Eddie e
Gavin chegaram aqui dentro de uma hora.
"Não me interpretem mal, estou super animada por você. Somente
não entendo. Porque tão repentinamente? 02 de março é daqui a
apenas duas semanas."
Lake olha para mim e pisca. Aconchegando-se ao meu lado, sentada
em cima dos pés. Eu me inclino e beijo seus lábios. Como disse, eu
não posso ajudá-la.
Lake se volta para Eddie e responde. "Por que eu iria querer um
casamento tradicional, Eddie? Nada em nossas vidas é tradicional.
Nenhum de nossos pais estaria lá. Você e Gavin seriam nossos únicos
convidados. Os avôs do Will, provavelmente, nem sequer
apareceriam... sua avó me odeia.”
"Ah, esqueci de falar," digo. "Minha avó realmente gosta de você.
Muito. Ela na verdade não estava muito feliz comigo."
"Sério?" Lake diz. "Como você sabe?"
"Ela me disse."
"Huh." Ela sorri. "É bom saber."
"Viu?" Eddie diz. "Eles vão aparecer. E também Sherry e David. Isso
daria nove pessoas.”
Lake revira os olhos para Eddie. "Nove pessoas? Você espera que
paguemos um casamento com nove convidados?”
Eddie suspira e cai no colo de Gavin derrotada. "Acho que você está
certa. É que eu estava ansiosa para planejar um grande casamento
um dia.”
"Bem, você ainda pode programar o seu próprio", diz ela. Lake olha
para Gavin. "Quantos minutos mais até você propor, Gavin?"
Gavin não deixa escapar. "Cerca de trezentos mil ou menos."
"Viu, Eddie? Além disso, ainda preciso que você faça meu cabelo e
maquiagem", diz Lake. "Precisamos de testemunhas, também. Você e
Gavin podem vir e Kel e Caulder estarão lá.”
Eddie sorri. Ela finalmente parece um pouco mais animada depois
que ela descobre que é convidada.
Estava hesitante no início, com o plano de Lake, também. Mas depois
de ouvir a sua lógica... e, especialmente, depois de ouvir o quanto de
dinheiro irá nos poupar em não ter um casamento, fui facilmente
convencido. A data do casamento estava determinada.
"E sobre as casas? Em qual vocês vão viver?" Gavin pergunta.
Lake olha para mim e balança a cabeça. Nós temos conversado sobre
isso a duas semanas, antes mesmo da proposta de hoje à noite.
Depois de ter ficado aqui, nós dois sabíamos que não seria impossível
viver em casas separadas novamente. Nós elaboramos um plano há
cerca de uma semana atrás, mas hoje parece ser a noite perfeita
para compartilhá-lo.
"Essa é uma das razões que queríamos que vocês viessem", digo.
"Minha hipoteca ainda tinha três anos para acabar e, nada menos do
que duas semanas após a Julia falecer, o título de quitação chegou
pelo correio. Ela quitou antes de morrer. Ela pagou o aluguel na casa
de Lake até setembro, que é quando a locação terá que ser renovada.
Então, agora nós vamos ter uma casa vazia com seis meses de
aluguel pago. Sabemos que vocês estão procurando um lugar antes
do bebê nascer... por isso estamos oferecendo-lhe a casa que era de
Lake. Até setembro, de qualquer maneira... então vocês terão que
assinar o seu próprio contrato."
Nenhum deles disse nada. Eles só olham para nós em estado de
choque. Gavin balança a cabeça e começa a protestar. Eddie bateu a
mão sobre sua boca e se vira para mim. "Nós vamos aceitar! Vamos
aceitar, vamos aceitar, vamos aceitar!" Ela começa a bater palmas e
pula abraçando Lake, então me abraça. "Oh meu Deus vocês são os
melhores amigos para sempre! Eles não são Gavin?"
Ele sorri, não realmente querendo parecer desesperado, mas eu sei o
quanto eles precisam de um lugar só deles. A excitação de Eddie
eventualmente supera a modéstia de Gavin e ele não pode mais se
conter. Ele abraça Lake, em seguida, me abraça então abraça Eddie,
em seguida, me abraça novamente. Quando eles finalmente se
acalmam e sentam-se no sofá, o sorriso de Gavin desaparece.
"Você sabe o que isso significa?", Diz a Eddie. "Kirsten está prestes a
ser a nossa vizinha"
Sexta - feira, 2 de março de 2012.
Vale a pena todas as dores,
Todas as lágrimas,
Os erros...
O coração de um homem e uma mulher apaixonada?
Vale a pena todo o sofrimento no mundo.
Capítulo Dezoito
Passei as duas últimas semanas dando-lhe todas as oportunidades de
optar por fazer as coisas de outra maneira. Lake insiste que não quer
um casamento tradicional, mas eu não quero que ela se arrependa da
sua decisão um dia. A maioria das meninas passam anos planejando
como gostariam que seu casamento fosse. Mas, novamente, a
maioria das meninas não se parece com Lake.
Respiro profundamente, sem entender por que estou tão nervoso.
Estou contente por ser assim tão informal. Não posso imaginar como
meu nervosismo apareceria nas filmagens se tivéssemos mais
convidados. Minhas mãos não param de suar, então as limpo em
meus jeans. Ela insistiu para que eu usasse jeans, disse que não
queria me ver em um smoking. Não sei o que ela escolheu para vestir
hoje, mas não quis usar um vestido de noiva. Ela não viu nenhuma
razão para comprar um, pois, ela o vestiria apenas uma vez.
Nós não estamos fazendo a tradicional caminhada pelo corredor,
também. Na verdade, nada disso é tradicional. Tenho certeza de que
ela e Eddie estão agora no banheiro público do Cartório fazendo a
maquiagem. Parece tudo tão surreal... casar com o amor de sua vida
no mesmo edifício onde você pode registrar um carro. Mas,
honestamente, não importa onde nos casamos... Ficaria da mesma
forma tão animado... e tão nervoso.
Quando as portas são abertas, não há nenhuma música. Nenhuma
menina carregando flores ou portando o anel. Apenas Eddie.
Ela entra e se senta em uma das cadeiras ao lado de Kel. O juiz entra
logo depois de Eddie, sentando-se e me dá um formulário para
assinar.
"Você se esqueceu até da data de hoje", diz ele.
Ele me dá uma caneta para eu assinar o formulário colocando-o na
mesa a minha frente datando-o. 2 de março de 2012. Esse é o nosso
dia. Meu dia e de Lake. Entrego o papel de volta para ele e a porta da
sala do tribunal abre-se novamente. Quando me viro, Lake anda em
minha direção, sorrindo. Assim que coloco meus olhos nela, uma
onda de alívio me invade. Imediatamente me acalmo. Ela tem esse
efeito sobre mim.
Ela está linda. Está vestindo calça jeans também. Rio quando vejo a
camisa que ela está usando. Ela está vestindo aquela maldita camisa
feia. Eu amo odiar. Se pudesse ter escolhido a dedo o que ela usaria
no dia do nosso casamento, seria exatamente isso.
Quando ela caminha até mim, meus braços a envolvem, prendendo-a
e a girando em volta.
Quando a coloco de volta no chão, ela sussurra em meu ouvido.
"Mais duas horas."
Ela não está se referindo ao casamento, ela está se referindo a lua de
mel. Seguro seu rosto beijando-a. Todo mundo na sala desaparece no
tempo em que nos beijamos... mas apenas por um segundo.
"Eh-hem." Olho para cima e o oficial está parado em nossa frente
com um olhar nada divertido em seu rosto. "Nós não chegamos ao
beijo da noiva ainda", diz ele.
Eu rio e pego a mão de Lake quando nos posicionamos em frente a
ele. Quando ele começa a ler o seu sermão de casamento, Lake leva
a mão até a minha bochecha puxando o meu rosto me fazendo olhar
em sua direção, longe do oficial. Viro-me para ela pegando suas
mãos aproximando-me mantendo nossas mãos unidas. Tenho certeza
que o oficial ainda está falando e que deveria provavelmente estar
prestando atenção, mas não posso pensar em qualquer outra coisa
agora que devesse estar prestando atenção. Ela sorri para mim e eu
posso ver que ela não está prestando atenção a nada ao nosso redor,
também. É somente ela e eu agora. Sei que ainda não é hora, mas
vou em frente e a beijo de qualquer maneira. Não ouvi uma única
palavra do sermão de casamento enquanto nós continuamos a nos
beijar. Em menos de um minuto, esta mulher está prestes a tornar-se
minha esposa. Minha vida.
Lake ri e diz: "eu aceito", sem se afastar da minha boca. Eu nem
percebi que tínhamos chegado a essa parte ainda. Ela fecha os olhos
de novo e entra no ritmo comigo. Sei que os casamentos são muito
importantes para algumas pessoas, mas tenho que lutar contra o
desejo de pegá-la e levá-la para fora daqui ainda mais. Após mais
alguns segundos, ela começa a rir de novo e diz: "Ele aceita."
Quando percebo que ela acabou de dizer a minha fala, meus lábios
separam-se dos dela e olho para o oficial. "Ela está certa, eu aceito."
Viro as costas e continuo de onde paramos.
"Bem, então, parabéns. Eu vos declaro marido e mulher. Você pode
continuar beijando sua noiva.”
E assim que eu faço.
"Depois de você, Sra. Cooper," digo quando saímos do elevador.
Ela sorri. "Eu gosto disso. Soa bem para mim.”
"Estou feliz que você pense assim, pois é um pouco tarde para mudar
de ideia agora."
Quando as portas do elevador se fecham atrás de nós, pego a chave
do quarto no meu bolso e verifico o número do quarto novamente. "É
por aqui", digo, apontando para a direita. Tomo a sua mão na minha
e começo a andar pelo corredor. Sou obrigado a uma parada
bruscamente, quando sua mão me detém.
"Espere", diz ela. "Você deveria me levar no colo. Isso é o que os
maridos fazem.”
Antes que eu possa curvar-me e pegá-la em meus braços da maneira
tradicional, ela coloca os braços sobre os meus ombros e pula para
cima, envolvendo suas pernas em volta da minha cintura. Tenho que
agarrar suas coxas antes que ela caia. Seus lábios estão bem
próximos aos meus agora, então eles brevemente me beijam. Ela
sorri e passa as mãos pela parte de trás do meu cabelo, forçando
minha boca contra a dela novamente. Tento agarrar suas pernas com
uma mão e sua cintura com a outra, mas parece que ela está
escorregando, então dou dois passos rápidos até que ela está
encostada na porta do quarto do hotel. Não é a nossa porta, mas ela
serve para o trabalho. Assim que ela está pressionada contra a porta,
ela geme. Lembro-me das contusões de algumas semanas atrás e
acho que posso tê-la ferido. Separo-me dela com um olhar
preocupado em meu rosto.
"Você está bem? Machuquei suas costas?”
Ela sorri. "Não. Foi um gemido bom."
A intensidade em seus olhos é magnética. Sou incapaz de quebrar o
nosso olhar enquanto estou segurando-a contra a porta. Pego-a
debaixo de suas coxas com as mãos e puxo-a ainda mais,
pressionando meu corpo contra o dela procurando maior atrito.
"Cinco minutos mais", digo.
Sorrio e inclino-me para beijá-la novamente, mas ela de repente se
afasta. Assim que percebo que a porta do quarto do hotel que
estamos encostados está se abrindo atrás dela, faço o meu melhor
para segurá-la. Em vez disso, caio no chão com ela e ambos
acabamos empilhados no chão do quarto de hotel de alguém. Ela
ainda tem os braços em volta do meu pescoço e ela esta rindo até
que ela olha para cima e vê um homem e duas crianças olhando para
nós. Ele não parece muito satisfeito.
"Corra!", sussurro. Nós dois rastejamos para fora do quarto do hotel
e nos levantamos. Pego a sua mão na minha e corremos pelo
corredor até encontrar o nosso quarto. Deslizo a chave no leitor, mas
antes de abrir a porta, ela se posiciona na minha frente e me
enfrenta.
"Mais três minutos", diz ela. Ela chega à frente e me afasta da porta
para que ela possa manusear e empurrar a porta abrindo-a. "Agora
me pegue no colo, marido."
Eu me curvo, agarro-a por trás dos joelhos e pego-a, jogando-a por
cima do meu ombro. Ela grita e eu empurro a porta com os pés. Dou
um passo e atravesso o quarto com a minha esposa.
A porta se fecha atrás de nós e a levo para a cama.
"Sinto cheiro de chocolate. E flores”, diz ela. "Bom trabalho, marido."
Levanto sua perna tirando seu sapato. "Obrigado, Esposa." Levanto a
sua outra perna para cima e tiro o seu outro sapato, também.
"Lembrei-me também das frutas. E dos roupões."
Ela pisca para mim atraindo-me para a cama, se mexendo sobre
cama. Quando ela se estabelece, se inclina para frente agarrando
minha mão, me puxando em direção a ela. "Vem cá, marido", ela
sussurra.
Começo a me dirigir até a cama e paro quando fico cara a cara com
sua camisa. "Eu gostaria que você tirasse essa coisa feia agora",
digo.
"Você é o único que a odeia tanto. Então você tira.”
E assim que eu faço. Começo pela parte de baixo neste momento e
pressiono meus lábios contra sua pele onde sua barriga se encontra
com o topo de suas calças, fazendo-a se contorcer. Ela é delicada lá.
Bom saber. Eu desabotoo o botão afastando-a e movo lentamente
meus lábios até um centímetro de seu umbigo. Beijo-a. Ela deixa
escapar outro gemido, mas não me preocupo neste momento.
Continuo beijando cada centímetro seu até a feia camisa estar
finalmente fora e abandonada no chão.
Quando meus lábios encontram o seu caminho de volta nela, paro e a
olho nos olhos para lhe perguntar uma última vez.
"Esposa? Tem certeza que você está pronta para não pedir para
parar? Agora?”
Ela envolve suas pernas em mim me puxando mais perto. "Estou
‘borboletamente’ pronta", diz ela.
E assim, nós não paramos.
Fim
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