Zai Gezunt Nº 31

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INFORME MENSAL Zai Gezunt Ano 3 Fevereiro de 2.017 N o 31 “Shir Hashirim” (Cântico dos Cânticos), de Scholem Aleichem Abrahão Gitelman “Cântico dos Cânticos” faz parte do Velho Testamento, aceito por judeus e cristãos. Embora atribuído ao rei Salomão, alguns estudiosos opinam que se trata de versos de canções que celebravam casamentos, compostos por volta de 400 A.C., 500 anos após o seu reinado. De qualquer modo, há mais de dois milênios exerce enorme fascínio sobre boa parte da humanidade. No início do século XX, Sholem Aleichem, escreve uma obra diferente do seu padrão, uma evocação poética, e dá-lhe este título grandioso. Seria preciso muito conhecimento, muita autoconfiança para tal. Só mesmo um mestre consagrado poderia tê-la feito. Escrita em ídiche, mas com citações do Cântico no original, em hebraico. As duas línguas convivem e se completam harmoniosamente. Pela imaginação do personagem Shimek, alter ego de Sholem Aleichem, a Ucrânia em plena primavera, transfigura-se no Israel Bíblico, a “terra do leite e mel”. Nos prados, entremeados de bosques e pomares, correm gazelas, e ouvem-se trinados de pássaros. Ao longe, enxergam-se os montes Líbano, Gilead e Hermon, onde brotam cedros, pinheiros e ciprestes. No ar, perfumes de açucenas, lírios e rosas. Aleichem já contava 50 anos quando a escreveu. Portanto, é obra da maturidade. No entanto, descreve-a, no sub-título, como “A Iuguend Roman”. Romance sôbre a juventude? Para a juventude ou sobre a sua própria? Parece ser tudo isso. Traços autobiográficos ficam evidentes. Estavam enraizados no íntimo do escritor e tinham que ser exteriorizados. Catarse. Mas com que facilidade o texto nos atinge! Direto por aquela pequena ferida que nunca fecha, pois sempre remoída: a lembrança do primeiro amor. Podemos enquadrá-lo como conto, novela ou romance? Quando se começa a escrever, nem sempre fica claro quantas páginas terá o manuscrito. Aleichem já estava doente, com tuberculose, quando iniciou a obra em 1909. Depois de dois anos, sentiu que precisava terminá-la. Havia outros projetos na sua pauta. Simplificou a narrativa, não nos revelando os detalhes do tempo em que Shimek saiu de casa, para 1

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INFORME MENSAL Zai GezuntAno 3 Fevereiro de 2.017 No 31

“Shir Hashirim” (Cântico dos Cânticos), de Scholem Aleichem

Abrahão Gitelman

“Cântico dos Cânticos” faz parte do Velho Testamento, aceito por judeus e cristãos. Embora atribuído ao rei Salomão, alguns estudiosos opinam que se trata de versos de canções que celebravam casamentos, compostos por volta de 400 A.C., 500 anos após o seu reinado. De qualquer modo, há mais de dois milênios exerce enorme fascínio sobre boa parte da humanidade.No início do século XX, Sholem Aleichem, escreve uma obra diferente do seu padrão, uma evocação poética, e dá-lhe este título grandioso. Seria preciso muito conhecimento, muita autoconfiança para tal. Só mesmo um mestre consagrado poderia tê-la feito. Escrita em ídiche, mas com citações do Cântico no original, em hebraico. As duas línguas convivem e se completam harmoniosamente. Pela imaginação do personagem Shimek, alter ego de Sholem Aleichem, a Ucrânia em plena primavera, transfigura-se no Israel Bíblico, a “terra do leite e mel”. Nos prados, entremeados de bosques e pomares, correm gazelas, e ouvem-se trinados de pássaros. Ao longe, enxergam-se os montes Líbano, Gilead e Hermon, onde brotam cedros, pinheiros e ciprestes. No ar, perfumes de açucenas, lírios e rosas.

Aleichem já contava 50 anos quando a escreveu. Portanto, é obra da maturidade. No entanto, descreve-a, no sub-título, como “A Iuguend Roman”. Romance sôbre a juventude? Para a juventude ou sobre a sua própria? Parece ser tudo isso. Traços autobiográficos ficam evidentes. Estavam enraizados no íntimo do escritor e tinham que ser exteriorizados. Catarse. Mas com que facilidade o texto nos atinge! Direto por aquela pequena ferida que nunca fecha, pois sempre remoída: a lembrança do primeiro amor.

Podemos enquadrá-lo como conto, novela ou romance? Quando se começa a escrever, nem sempre fica claro quantas páginas terá o manuscrito. Aleichem já estava doente, com tuberculose, quando iniciou a obra em 1909. Depois de dois anos, sentiu que precisava terminá-la. Havia outros projetos na sua pauta. Simplificou a narrativa, não nos revelando os detalhes do tempo em que Shimek saiu de casa, para estudar noutra cidade. Em vez de romance curto, tornou-se um conto comprido. Sua tradução em português, de Jacó Guinsburg e Sime Rinski, foi publicada em “Jóias do Conto Ídiche”, Rampa SP, em 1948. Republicado novamente como conto, no volume “A paz esteja convosco”, Perspectiva SP, 1966, dedicado a Aleichem. Em 2015, a diretora Eva Neymann, da Ucrânia, transformou-o em filme. Foi exibido nos Festivais de Toronto e Karlovy Vary (Rep. Tcheca), no mesmo ano. Também selecionado para a Mostra do Filme Judaico, em Lisboa, em março de 2016.

Divide-se em 4 partes. O narrador é Shimek, ainda menino. A personagem feminina, Buzi, vive com os avós, pois perdeu os pais muito cedo. Seu pai era irmão mais velho de Shimek, que é, assim, tio de Buzi. As duas crianças crescem juntas e não obstante a idade (10 anos ou pouco mais), cria-se um clima romântico intenso. O Cântico dos Cânticos, que Shimek aprendera no heder, incendeia a sua fantasia e potencializa o sentimento que nutre por Buzi, e que é, claramente, retribuído. Nas duas últimas partes, passaram-se alguns anos (talvez uns 5). Há um hiato na narrativa, mas de forma alguma a compreensão do texto é prejudicada. O autor fornece todos os elementos.

“Tolinha”, costumava enfatizar (brincando), Shimek a sua superioridade (ilusória), sobre Buzi. Ele ia ao heder e ela não. Ele sabia das coisas, ela não. Mas justamente, por serem muito exigidas, sem acesso ao heder, mas apenas alfabetizadas em ídiche, as

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meninas judias, alem de se tornarem adultas precocemente, desenvolviam um senso de compreensão aguçado. Shimek, com a costumeira inocência , conta para Buzi, a história de uma princesa que ficará aprisionada por sete anos, até que ele, Shimek, venha resgatá-la. Buzi, não gosta desta história. É a única das histórias que Shimek lhe conta, que ela decididamente não gosta. (...) A gente não deve voar tão alto (...) Era uma premonição. Buzi pressentia que sete anos é tempo demasiado, e ela mesma (a princesa), então não mais poderia ser salva.

Numa primeira alusão à sensualidade, Buzi retira a mão quando Shimek a segura. (...) Isso não se faz. Não se deve (...) Percebe-se que Buzi já é menina-moça, mas Shimek ainda é um criançola, uma criança sonhadora (...)-Somos então estranhos? Não somos irmão e irmã?- Ah!... se fôssemos, retruca Buzi, reticente.

Passa-se o tempo. De acordo com o costume, conquanto ainda muito nova, Buzi vai se casar. Com outra pessoa que não Shimek. Quando este fica sabendo, corre de volta à cidade natal, para reafirmar que a ama e nunca a esqueceu ... mas já não é mais ouvido.

A situação mudou. Buzi responde: (...) Talvez me lembre, das cartas que eu escrevia (...) como poderia aceitar agora, tanta tolice? (...) havia compreendido de há muito, que tudo isso era de se prever, nossos caminhos eram tão diversos (...) que eu, uma judiazinha provinciana, não poderia nivelar-se a você, Shimek, que quis trilhar seu caminho e certamente iria longe, chegaria até muito alto (...). De quem se tratava, se não do próprio Scholem Aleichem?

No pensamento de Shimek, teria bastado uma simples conversa para reverter tudo, dada a ligação entre os dois. Por outro lado, ela mal devia conhecer o noivo,

em vista do costume das famílias de arranjarem os casamentos. Entretanto, vê, surpreso, que Buzi não só era linda como Sulamita do Cântico dos Cânticos, como também, prática e determinada. Shimek ainda se aferra a esperanças vãs: (...) Há nas palavras de Buzi, uma tonalidade estranha (...) Uma voz que, pelo que me parece, quer sufocar outra voz. Uma voz interior (...)

Afinal, Shimek se dá conta, que havia nos últimos anos, negligenciado seu sonho dourado. Mas, mesmo que não fosse estudar fora, teria mudado alguma coisa? Ele seria algo mais que um garoto que nunca ganhara um copeque? Muito tempo passaria até que pudesse ser considerado como “alguém”. Mesmo a instituição judaica do ”kest” (período em que o pai da esposa sustenta o casal, até que o marido complete os estudos), não estava ao seu alcance, pois o “sogro” seria seu próprio pai, de forma alguma, um homem de posses. O parentesco tio-sobrinha também não ajudava. Ainda nos dias de hoje, há quem não aceite esta união, por próxima demais.

Discretos, mas onipresentes, os pais de Shimek tudo vêem e conduzem os cordéis do destino. Ainda que Buzi continuasse a amar Shimek, (e há bons motivos, no texto, para se pensar assim), ela não iria contrariar os avós que queriam dar-lhe segurança, sem delongas.

Pobre Shimek. Não tinha a menor chance... Espera-o a seguir, uma dura realidade. Como ele próprio constata: “a adolescência para sempre perdida” e “a felicidade para sempre frustrada”. Uma névoa fria invade a atmosfera do Cântico dos Cânticos, que se torna cinzenta e triste. Para nós, leitores, restará sempre um consolo: mais uma vez, o Amor é sublimado pela Arte.

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Reflexões sobre uma viagem

Amália Davidovich

“Meu caro Jacek, estou lhe enviando minhas reflexões sobre Krasnistaw, conforme você me pediu em nosso memoravel encontro na Polônia” Assim começo minha carta ao professor e escritor polonês da

cidade de Lublin. Atendi ao seu pedido para constar do livro que ele está preparando, para contar a história dos judeus de Krasnistaw de onde meus pais vieram,

Com isso ele pretende mostrar às novas gerações o massacre bárbaro executado pelos nazistas contra uma população judaica, que fazia florescer as cidades onde vivia e não poupando esforços em enriquecer

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seus filhos com o que há de mais precioso no ser humano: o conhecimento. Estes educadores foram massacrados, sem dó nem piedade, por uma sanha perversa e amaldiçoada. E o mundo calou...

Nasci no Brasil, mas desde pequena ouvia meus pais falarem da cidadezinha de Krasnistaw, pertencente ao Estado de Lublin, cuja capital tem o nome homônimo e onde nasceram e viveram durante muitos anos. Passados mais de 70 anos, desde que emigraram para o Brasil, deixaram para trás toda uma história de vida, desta longínqua e pequena cidade, que para eles representava o seu mundo e eu, tendo absorvido todo este universo, através deles e passados tantos anos, não conseguia me desvincular das imagens que se sucediam em minha mente.

Assim, tal qual um rápido lampejo, que se irradia por todo o seu ser, eis me em Krasnistaw. Atônita, sem saber por onde começar fechei os olhos por alguns instantes, para poder sentir o pedaço de chão, sim, o chão por onde os meus avós caminharam e viveram, e, por uma ironia do destino foi lhes negado este direito. Jamais acreditavam que esta tragédia pudesse acontecer.No fundo do meu ser, havia até então em mim, uma ligeira ilusão de que algo eu iria ver e ouvir. Ledo engano, das entranhas daquelas pedras, o silêncio foi a voz mais alta que se fez ouvir. Os fantasmas ficaram estagnados no amontoado daquelas pedras. As vozes se calaram para sempre...Não há testemunha nenhuma para dizer algo que te alente, como se quisessem se livrar dos fantasmas que povoam as suas mentes. O que sobrou, se modificou, é difícil distinguir os 70 anos passados.

Saí de lá embargada, porém, com uma leve sensação de dever cumprido e ter prestado uma singela homenagem aos meus queridos avós, que um dia também sonharam em me conhecer. Do fundo da minha alma e sob grande emoção, consegui balbuciar: “Eu estou aqui”!

Krasnistaw continua Krasnistaw, mas tenho a convicção de que nunca mais será a mesma.

A Cidade da gente miuda

A cidade da gente miúda, amigo espectador, encontra-se bem no meio da abençoada “Zona de Residência” criada pelo governo Tzarista, onde os judeus foram amontoados uns sobre os outros, como arenques num barril, com ordem de crescerem e se multiplicarem. E o nome desta famosa cidade é Kasrilevke.

O habitante desta cidade não é um simples pobretão ou azarado trata-se, compreendam bem, de uma espécie de pobre que, Deus o livre, não se entrega, não se envergonha da sua pobreza, pelo contrário, ela é até uma honra. Em nossa língua isso se chama “pobre, mas alegre.

Oculta num recanto, bem longe, isolada de todo o mundo exterior, lá fica essa cidade, como que orfanada, imersa em sonhos e enfeitiçada, em si mesma. Gente miúda, muito miuda não só ignoravam tudo a respeito de automóveis, navegação aérea e aviões, como, durante muito tenpo, nem mesmo queriam ouvir falar de nossa velha e corriqueira estrada de ferro.

Nem queriam acreditar que existisse em algum lugar do mundo, urna estrada de ferro. “Qual o que!” diziam eles — “sonhos, invenções como se houvesse uma feira no céu, uma vaca voando sôbre o telhado!” E outras expressões zombeteiras.

Até que aconteceu um caso: um respeitavel cidadão dc Kasrílevke precisou ir a Moscou. Ele foi e voltou, e jurou, por tudo o que é sagrado que ele próprio fôra de trem até Moscou em apenas tres quartos de hora...Isto naturalmente, foi interpretado como uma grande mentira.

Seja como fôr, a história do trem é um fato, contra o qual não se pode dizer nada e se um judeu respeitável jura por certo não tirou essas coisas do ar; especialmente, depois que ele lhes deu a entender, com lógica, o poder da estrada de ferro, e até desenhou no papel como as rodas giram e a chaminé apita e os vagões voam e os judeus viajam para Moscou.

A gentinha miúda escutou, escutou, fingiu assentir com a cabeça, mas lá. no íntimo riam com gôsto, dizendo com seus botões: “Qual é a vantagem, as

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rodas giram, a chaminé apita, os vagões voam,- os judeus viajam para Moscou e voltam de novo.?.

Essa gentinha miuda é pobre mas contente e quando se lhe perguntam como vivem respondem de que vivemos? Não está vendo? Ha, ha, ha, vivemos... e o que é extraordinário, onde quer que os encontre estão correndo como baratas tontas, um para cá, outro para lá e nunca têm tempo. “Aonde estão correndo?” Não está vendo Ha, ha, ha! Estamos correndo. A gente espera arranjar alguma coisinha, ganhar para o sábado.0 ganhar para o sábado — eis o ideal desta gente. A semana inteira êles trabalham, mourejam a duras penas, se arrebentam de labutar, comem o pão que o diabo amassou, bebem a água dos infernos, contanto que garantam o sábado.!

Dizem —que, desde que Kasrilevke é cidade, ainda não aconteceu que um judeu, Deus nos livre, passasse fome no sábado. Pois como seria admissível que um judeu não tivesse peixe no sábado? Se não tem peixe, consegue carne. Se não consegue carne, arranja um arenque. se não arranjar arenque contenta-se com pão com cebola. E se não tiver pão com cebola, consegue-o emprestado no vizinho e no outro sábado o vizinho emprestará dele.

Decerto, você quererá saber como é Kasrílevke. É bonita como ouro, de longe então nem se fala! De longe, ela dá a impressão .de um girassol carregado de sementes, ou de uma massa de macarrão tôda cortada.

A cidade estende-se diante da gente, como num prato, e pode-se vê-la a uma milha de distância, com tôdas as suas preciosidades. Pois a própria cidade, se me compreendem, está sôbre uma colina, isto é, sobre a cidade encostou-se uma colina; e no sopé da colina, encontram-se casinhas em quantidade, uma por cima da outra, como velhas lápides.

Não se pode falar propriamente em ruas, porque as casas não foram construídas, calculadas e medidas com um metro e muito espaço entre as casas tampouco há.

E para que deixar um lugar inutilmente vazio, quando se pode aproveitá-lo para colocar outra casa em cima dêle? Pois está escrito que o mundo foi criado para morar e não para olhar. Que história é essa de olhar?

Zai Gezunt-Edição do Grupo Amigos do Ídish Editor: Eng. Samuel Belk E Mail: [email protected] Colaborador: Eng. Moysés Worcman E Mail: [email protected]

Entretanto, não se preocupe. Existem em Kasrilevke ruas grandes e ruas pequenas, ruelas e vielas. O remédio é não andar sózinho à noite, sem lanterna! Quanto à gentinha. miúda, não se preocupe. Um kasrilevkense em nunca vai se perder. Cada qual acerta o caminho para a sua casa, para a sua mulher e filhos, como um passarinho para seu ninho...

Além disso, no meio da cidade, há. uma larga praça, semicircular, ou talvez quadrada, onde ficam as lojinhas, as vendas, os açougues, as barracas e as bancas. Aí se arma a feira, tôdas as manhãs, para onde afluem muitos camponeses com tôda espécie de produtos e gêneros: peixe, cebolas, salsas e outras hortaliças. Vendem as verduras e adquirem dos judeus outros objetos necessários, e dessa maneira os kasrilevkenses ganham a vida. Não é lá grande coisa, mas sempre é um ganha-pão.

E lá mesmo se encontram, casas de estudo, com as sinagogas, com as escolas da cidade onde os meninos judeus estudam e rezam, aprendem a ler e escrever. A casa de banhos das mulheres também fica ali bem como o asilo de indigentes, onde os judeus morrem.

Não, Kasrilevke ainda não conhece esgotos, água encanada, eletricidade e outros luxos semelhantes. Mas qual a diferença? Morre-se em toda parte e se é enterrado da mema maneira, Não é mesmo? Assim dizia sempre o meu mestre Reb Israel Melach, nas festas, justo quando estava mais alegre, já bem bebido e pronto para arregaçar as abas do casaco e cair numa valsa ou lançar-se numa dança russa, a kasatchok.

Tenha saude e cresça alegre para seu casamento

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