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Até que ponto realmente conhecemos as pessoas?
Vingança Mortal
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Copyright © 2014 Raquel Machado Todos os direitos reservados.
ISBN: 1495987795 ISBN-13: 978-1495987793
Raquel Machado
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"Toda ação provoca uma reação
de igual ou maior intensidade,
mesma direção
e em sentido contrário".
Terceira Lei de Newton.
Vingança Mortal
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Raquel Machado
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Carta ao Leitor
Olá querido leitor,
É um imenso prazer tê-lo em minha companhia nas
próximas páginas. Sempre acreditei que as palavras são mágicas e,
se unidas de forma correta, nos levam a outros universos.
Vingança Mortal foi escrito em 2001. Naquela época eu
não sabia bem o que esperar dessa história, mas desejava algo
envolvente, cheio de intrigas e mistérios, e que poderia levar uma
mensagem às pessoas que tomassem conhecimento dela. Assim
nasceu Vingança Mortal.
Depois de um tempo, mais precisamente doze anos, decidi
revisá-la, e vi um potencial especial. Acabei por finalizá-la em
2014.
O que espero com esse livro é que você, como eu, consiga
ter boas horas de entretenimento. Desejo que a história de Brenda e
seus amigos consigam lhe envolver, a ponto de você descobrir
quem está por trás de tudo, e o mais importante, porque de tudo
estar acontecendo, afinal toda ação tem uma reação, e às vezes ela
é maior do que imaginamos.
Adoro falar com meus leitores e ficarei muito feliz em
receber seu comentário. Você pode me encontrar no e-mail:
[email protected] ou no meu blog:
http://leiturakriativa.blogspot.com.
Boa Leitura.
Raquel Machado.
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Agradecimentos
Primeiramente quero agradecer minha amiga Elisandra
Eccher, pois foi ela quem indicou o caminho das pedras para que
eu finalmente tirasse esse livro do baú e o publicasse. Obrigada
amiga pela força, ajuda e pelo apoio.
Tenho um agradecimento especial também a fazer à minha
prima Simone Kramer, por ter revisado toda a história e dado suas
dicas importantes para que ela saísse sem erros gritantes de
português. Meus agradecimentos também a amiga Leticia Molon,
que me passou várias dicas para deixar o texto mais envolvente e
dinâmico.
Claro que também não poderia deixar de agradecer meus
pais, em especial minha mãe, por sempre me apoiar e incentivar o
hábito da leitura. E meu querido excelentíssimo Marcelo Brinker,
que sempre confiou nos meus escritos e, apesar de nem sempre
gostar dos temas, está sempre disposto a ler e opinar.
Quero agradecer também a todos que de alguma maneira
deram apoio para que esse projeto saísse do baú.
E por fim, mas não menos importante, agradecer a você
leitor, por ter dado um voto de confiança a história. Espero estar à
altura de suas expectativas.
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Prólogo
A escola é uma época primordial na vida de todos. É onde
aprendemos quem somos de verdade. A minha época de escola foi
muito feliz, eu era a menina popular, aquela que todo mundo quer
ser, e tinha minha turma de amigos inseparáveis. Alan era o astro
do time de futebol e nós nos apaixonamos assim que nos vimos,
nosso amor era tão grande que casamos após a formatura.
Ricardo e Elenor eram os certinhos, os mais inteligentes da
turma aqueles que só tiravam 10 e formavam os grupos de estudos,
e apesar de sempre discordarem, tinham uma química indiscutível.
Luis e Alice eram os festeiros, parceiros para qualquer
programa, sempre alegres e aventureiros, eram eles que agitavam a
turma para as famosas jantinhas, sempre regadas com muita
música e curtição.
Nicole era minha melhor amiga, e ela se apaixonou por
Cristian. Os dois eram o oposto de todos nós, eles não eram
populares, não tiravam notas altas e nem participavam das grandes
rodas sociais, eles eram o que chamávamos de renegados.
Mas sinceramente isso não me importava, pois gostava
muito deles. Nicole era como uma irmã para mim. Crescemos
juntas e criamos um grande laço desde a infância. E Cristian, com
o tempo ganhou minha simpatia. Eu o compreendia, apesar de seu
jeito nerd-rebelde de ser.
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Essa é a minha história. Uma história que poderia acontecer
com qualquer pessoa, e que vai te fazer pensar duas vezes antes de
menosprezar alguém.
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Capítulo 1
Depois que me casei com Alan nos mudamos para Caxias
do Sul, que é bem diferente de Lageado Grande, o lugar onde
nascemos. Lageado Grande é um vilarejo, fica localizada no
interior do Rio Grande do Sul no município de São Francisco de
Paula, e tem grandes campos a perder de vista. É ideal para quem
quer levar uma vida tranquila e gosta da natureza. Possui um povo
muito hospitaleiro e, como em toda cidade do interior, todos sabem
da vida de todo mundo. Apesar de gostarmos de viver lá, não havia
muitas oportunidades, e quando Alan recebeu uma proposta de
trabalho em Caxias do Sul, decidimos nos mudar.
Nossa lua-de-mel foi maravilhosa. Sempre fomos
perdidamente apaixonados um pelo outro, e nosso casamento foi
como um conto de fadas, com direito a igreja, vestido de noiva,
muita festa e celebração. Nós concordávamos em tudo e nunca
brigávamos. Isso até o começo desse ano.
Alan se mostrava mais distante de mim. Absorto em seu
trabalho, todos os dias chegava tarde, e saía ao raiar do sol. Nos
finais de semana ficava trancafiado no escritório, e os únicos
momentos em que eu conseguia vê-lo eram quando ele saía de casa
de manhã cedo. Não tínhamos mais tempo juntos, não íamos ao
cinema, nem tínhamos mais nenhum jantar romântico.
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Isso tudo começou depois que Alan tornou-se sócio de uma
das grandes empresas de informática de Caxias do Sul. Sua
promoção nos rendeu um apartamento no centro da cidade e uma
vida de luxo, porém não havia mais tempo para desfrutar de tudo
isso.
Quanto a mim, eu era dona de um pequeno restaurante na
cidade, que servia almoços e jantares exclusivos com pratos típicos
e exóticos, ou seja, para todos os gostos. Eu adorava a sensação de
cozinhar para várias pessoas e ver sua satisfação ao provar meus
novos pratos, isso me deixava muito feliz. Em meus planos futuros
estava a abertura de uma padaria, onde poderia colocar em prática
os quitutes aprendidos com minha mãe, que sempre deixavam
todos com água na boca.
Minha vida parecia perfeita, porém faltava alguma coisa.
Com 35 anos eu estava sentindo a famosa sensação de maternidade
bater na minha porta. Eu queria ter um filho, mas Alan não queria
nem tocar nesse assunto. Ele dizia que esse não era o momento
apropriado, e cada vez que eu comentava sobre isso nós
brigávamos, e isso começou a acontecer frequentemente.
Elenor casou-se com Ricardo e seu casamento foi
meticulosamente perfeito, como já era de se esperar. Após um ano
de casados eles já tiveram a primeira filha, Diana, e dois anos
depois nasceu Jonatan. Ricardo trabalhava o dia todo enquanto ela
cuidava da casa e das crianças, bem ao contrário de Alice que
trabalhava mais que seu marido Luis.
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Alice e Luis não tinham filhos, porém isso não me parecia
estranho. Eles sempre foram mais sociáveis, e largar a vida de
baladas e festas ia ser bem difícil, ainda mais para cuidar de uma
criança.
Agora, quem eu não conseguia entender era Nicole. Após o
colégio ela e Cristian decidiram morar juntos. Os dois nunca
falaram em se casar, muito menos em ter filhos. Há pouco tempo
atrás fiquei sabendo que Nicole andava bebendo mais do que o
normal. Além disso, ela saía todas as noites para os bares sem ele,
o que obviamente causou vários boatos e rumores.
Infelizmente com o tempo acabei perdendo contato com
todos, e tirando essas poucas notícias que tinha, eu não havia
conversado com mais ninguém. Sempre quando decidíamos ir
visitá-los, algum compromisso surgia e deixávamos para outro dia,
e esse outro dia nunca chegava.
Apesar de tudo, eu não podia reclamar. Minha vida andava
bem. Tínhamos nosso próprio apartamento, empregos estáveis e
que nos davam condições de ter alguns luxos. Tudo seguia seu
curso como deveria ser. Isso até aquele acidente, quando tudo
mudou.
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Capítulo 2
Lembro-me bem, era um dia chuvoso e frio, estávamos em
meados de junho e o inverno se aproximava lento e rigoroso. Era
uma sexta-feira e eu estava voltando do restaurante à tarde. Tinha o
restante do dia de folga e ia preparar um jantar especial. Aquela
noite seria minha e de Alan. Estava muito feliz, preparando o prato
predileto dele, quando escuto o telefone tocar e deixo cair na caixa
postal. Era a Sra. Pereira, minha antiga vizinha, a mãe de Nicole, e
a voz dela soava abalada.
_Ola, Brenda. É Suzana Pereira. Não sei se você vai se lembrar de
mim. Bem, não tenho notícias boas para te dar - escuto um soluço
- Ontem à noite aconteceu um acidente na descida da Serra, a
alguns km aqui da cidade. Encontraram um carro pendurado em
algumas árvores - novamente um momento de silêncio seguido por
outro soluço - e o corpo de Nicole estava dentro.
Deixei a tampa da panela cair e corri atender o telefone. Ela
me explicou que Nicole tinha saído de casa no final da tarde e não
havia voltado. Alguns rapazes viram o carro dela passar pela
rodovia RS-486 em alta velocidade, mas não deram muita atenção.
Quando a polícia informou no dia seguinte que seu carro foi
encontrado no pé da serra, pendurado por algumas árvores, todos
se mobilizaram para ir até o local. Infelizmente já era tarde demais,
pois Nicole estava morta.
Raquel Machado
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Desliguei o telefone prometendo comparecer ao velório que
seria no dia seguinte. Estava chocada e sem palavras, afinal o que
dizer em um momento como esse?
Lembrei-me de Nicole sorridente e jovem, de quantas vezes
eu tinha prometido a mim mesma que iria ligar para ela, isso nunca
mais iria acontecer.
Retirei as panelas do fogo, servi um copo de vinho e fui
sentar no sofá. De lá vi a velha gaveta de fotos e retirei o álbum do
colegial de dentro. Havia diversas fotos de todos nós. Em uma
delas, eu e Nicole estávamos pousando para o desfile do sete de
setembro. Em outra, estávamos sentadas à beira de um rio tomando
sol. Na próxima página tinha uma somente de Nicole, que exibia
seus cabelos roxos até o ombro, um delineador escuro e os lábios
vermelhos. Ela estava com uma saia jeans, botas de cano longo,
uma camiseta preta que parecia mais um corpete e mandava um
beijo para câmera. Ela sempre tinha sido a mais excêntrica de
todos nós.
Tentei lembrar porque me afastei dela, afinal nós éramos
tão amigas. Um sentimento de nostalgia tomou conta de mim e me
recordei daquele dia em que muita coisa aconteceu e tudo pareceu
mudar. Um dia que parecia ter acontecido há séculos atrás.
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Capítulo 3
20 anos antes.
Era uma manhã ensolarada de sexta-feira. Nicole e eu
chegamos na escola e vimos Alice descendo da moto do Luis. Era
engraçado o estilo do Luis. Ele tinha os cabelos arrepiados, sempre
com gel e usava uma jaqueta de couro, que mesmo com sol ele não
tirava. Alice era totalmente descolada, com o cabelo curto, as
unhas coloridas e um jeans marcante que deixava todo seu corpo à
mostra. E se alguém perguntasse, eles diziam que isso era ter
estilo. Quando Alice nos vê ao longe nos chama.
_Oi garotas.
_Então quais são as novas?
_Festinha, óbvio. Os pais do Luis vão viajar....
_E nós vamos aproveitar é claro - completou Luis enquanto a
agarrou pela cintura - Então tragam suas bundinhas maravilhosas
para minha casa. Amanhã à noite vai rolar a maior festança.
_Nós estaremos lá com certeza. Nicole sorriu para mim, enquanto
eu concordei, já pensando em como íamos nos acabar dançando.
O sinal tocou e nos preparamos para entrar. Luis colocou
seu capacete e gritou arrancando sua moto.
_ Espalhem a notícia.
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Nicole e Alice foram para a aula de Química, enquanto eu
me dirigi à classe de matemática. Elenor estava sentada na
primeira classe, como sempre, e tinha guardado um lugar para mim
ao seu lado. Eu ia entrando na sala, quando Ricardo quase me
atropelou e entrou antes, sentando no que supostamente devia ser o
meu lugar. Elenor não deixou por menos quando começou a
corriqueira discussão entre os dois.
_Hey, este lugar esta ocupado!
Elenor puxou o braço de Ricardo chamando sua atenção.
_Desculpe, mas não vi nenhum nome escrito nele. Ele se virou
para ela sorrindo.
_Porque você tem que ser tão terrivelmente irritante?
_Porque você tem que ser tão terrivelmente charmosa?
Eu comecei a sorrir, eles sempre discutiam daquele jeito,
mas todos sabiam que eles eram apaixonados um pelo outro,
apesar de todo teatrinho.
_Não se preocupe não, flor. Eu sento lá atrás.
_Ok, então. Ela concorda olhando brava para Ricardo que abre seu
caderno e começa a desenhar alguma coisa. Tudo certo para
amanhã à tarde na sua casa?
_Sim. Ah, quase me esqueço de te avisar, vai rolar uma festa na
casa do Luis amanhã, então já leva algumas roupas que vamos
direto da minha casa, pode ser?
_Festa? Ricardo levantou os olhos indagando curioso.
_Sim. Respondi calmamente.
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Então tive uma ideia brilhante. Elenor percebendo o que eu
estava prestes a fazer implorou com os olhos para que eu não
continuasse, porém já era tarde demais, pois não me contive em
continuar. E estão todos convidados.
_Que legal, mas acho que não vou conseguir ir.
Elenor suspirou aliviada, mas eu não consegui deixar a
oportunidade passar.
_É uma pena. Elenor vai ir e tenho certeza, que ela adoraria ter
companhia para falar sobre a teoria das estrelas.
Elenor arregalou os olhos e me repreendeu com seu olhar,
enquanto eu apenas sorrio.
Os dois se olham por um instante e vejo Ricardo olhar
novamente para ela pensativo.
_Talvez então, eu compareça.
Ela apenas virou para frente ignorando-o.
_Talvez então, eu solte os cachorros em você.
O professor entrou e fui me sentar no fundo da sala
sorrindo e pensando que depois dessa, a noite prometia ser
especial.
Raquel Machado
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Sobre a Autora
Raquel Machado é gaúcha e vive em Caxias do Sul. É
formada em Ciência da Computação, porém seu hobby está ligado
principalmente na área das artes. Faz teatro desde cedo e seu novo
desafio está na dança. Adora escrever, faz isso desde que se
conheço por gente. Acredita que o mundo dos livros é mágico,
onde é possível realizar todos os seus sonhos. Mora atualmente
com seus pais, quatro cachorros e uma estante recheada de livros.
E-mail da autora: [email protected]
Blog da autora: http://leiturakriativa.blogspot.com
“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso,
cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se
feche e a peça termine sem aplausos.”
Charles Chaplin.
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