UseFashion Journal Janeiro/Fevereiro 2009

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ISSN 1808-6829 R$20,00 ANO 6 • Nº 60 • JAN/FEV 2009 • EDIÇÃO BRASILEIRA verão 2010 CASA DE CRIADORES RAOUDA ASSAF O PIAUÍ É AQUI RONALDO FRAGA + calçados&bolsas MODA PROFISSIONAL VESTUÁRIO CALÇADOS&BOLSAS MALHARIA JEANS INFANTIL ACESSÓRIOS LOJISTA CULTURA COMPORTAMENTO

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ISSN

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R$20,00

ANO 6 • Nº 60 • JAN/FEV 2009 • EDIÇÃO BRASILEIRA

verão 2010

CASA DE CRIADORESRAOUDA ASSAFO PIAUÍ É AQUIRONALDO FRAGA

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calçados&bolsas

MODA PROFISSIONAL

VESTUÁRIO CALÇADOS&BOLSAS MALHARIA JEANS INFANTIL ACESSÓRIOS LOJISTA CULTURA COMPORTAMENTO

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Muito mais que inspiração

A UseFashion é a mais completa fonte de informações estratégicas sobre moda. Tudo que sua empresa precisa saber para inovar a cada dia, ampliar

negócios e gerar lucros. Pesquisando no portal usefashion.com e no UseFashion Journal, a inspiração ganha cor, forma e valor.

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USEFASHION JOURNAL4 5JANEIRO/FEVEREIRO 2009

dicas da redaçãosumário

ao leitor

DICAS DA REDAÇÃO É MODA Looks comentados do Claro Rio SummerONLINESaiba quais são as novidades do portal usefashion.com para 2009VESTUÁRIO Experimentações dão o tom das coleções apre-sentadas na Casa de CriadoresMALHARIA Victoria’s Secret apresenta sua nova coleção JEANS Os lançamentos da Denim Première Verão/2011MASCULINO Como o público masculino consome modaCALÇADOS & BOLSAS A designer Raouda Assaf e suas criações INFANTILOnda setentista nas coleções infantis ACESSÓRIOS Veja o que as marcas de relógios estão preparan-do para conquistar as mulheres na temporadaACONTECE Minas Trend Preview se consolida no mercado de moda brasileiroOPINIÃOA pesquisadora Regina Machado fala da globali-zação e das relações de consumo

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PING-PONGO estilista Ivan Aguilar responde às perguntas bate-e-volta da UseFashionEDITORIALComo agir para não errar em momentos de criseLOJAS A Adrenalina, em Miami, inova e coloca o surf dentro do salão de vendasRADAR INTERNACIONAL O couro em destaqueRADAR NACIONAL As cores da estaçãoVISUAL MERCHANDISING Confira como a Stefanel, em Florença, brinca com a espacialidade em sua vitrineCOMPORTAMENTO A boneca Barbie completa 50 anos. Por Katia CantonPERFIL Ronaldo Fraga mostra por que é considerado um contador de histórias CULTURA A moda feita no PiauíCALÇADOS & BOLSAS Verão 2010: Conheça as cores, os desenhos e os estilos que marcão o temporada MEMÓRIA O retorno da diva Grace Jones

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Animados por um impulso criativo contagiante, os calçados e bolsas da estação exibem desenhos marcantes e materiais originais. Eles desequilibram a balança em favor dos complementos, que não ficam na obscuridade no conjunto do look.

A regra é ter estilo, como define o texto, na seleção de imagens que identifica o potencial das coleções internacionais.

De início, destacamos a intensidade da cartela de cores, os efeitos visuais gráficos e os novos recursos de modelagem. Na continuidade é a geometria que renova os cabedais, e as estruturas das bolsas agluti-nam todas as forças e as referências africanas.

Em seguida, cobrimos uma grande variedade de aspectos, apresentando enfeites, metais, materiais e fechamentos, até chegarmos à estrutura dos calçados, com imagens e comentários sobre saltos e solados.

Esta edição está a serviço dos melhores negócios no Verão 2010, para quem pesquisa, produz e comer-cializa a melhor moda. Ela também demonstra como os produtos de verão podem atrair a atenção da consumidora, com novidades que encantam o olhar e estimulam a criatividade.

Boa leitura e ótimos negócios!

Jorge Faccioni Diretor-Presidente

Copyright © 2008Sistema UseFashion de Informações Rua São Joaquim, 720 | Centro | São Leopoldo/RS CEP 93.010-190 | Fone: (51) 3037 9507

EXPEDIENTE

CAPA: A GEOMETRIA SENSÍVEL ESTABELECE RELAÇÕES DE CORES E EFEITOS GRÁFICOS EM GRANDE ESTILO NA COLEÇÃO DRIES VAN NOTEN.FOTOS: © AGÊNCIA FOTOSITE

NÚCLEO DE PESQUISA E COMUNICAÇÃOEditora-Chefe JournalInêz Gularte (Mtb 7.775)Subeditora PortalAline Moura (Mtb 5.717)Gerente de InovaçãoDaniel Bender (Mtb 11.540)Edição de ModaEduardo Motta (consultoria)RedaçãoAline Ebert (Mtb 13.687), Fernanda Maciel (Mtb 13.399) e Lisie Venegas (Mtb 13.688)Produção de ArteTiago Fioravante (design gráfico), Aline Romero (tratamento de imagens), Carine Hattge (revisão de imagens) e Jucéli Silva (webdesigner)Assessora de PlanejamentoAngelita ManzoniEquipe de PesquisaNájua Saleh (moda), Aline Kämpgen, Carlos Paredes, Eduardo Nipper, Juliana Nascimento e Lisiane Ramos (classificação vitrines)ConsultoresAngela Aronne (malharia retilínea, underwear e beachwear), Eduardo Motta (calçados e bolsas), Juliana Zanettini (jeanswear), Paula Visoná (malharia circular e vestuário masculino) e Renata Spiller (infantil)

Colaborou nesta ediçãoRegina Machado e Katia Canton

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UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações

Tiragem: 10.000 exemplaresImpressão: Gráfica Editora Pallotti

Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e vejacomo acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa.Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário.Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion.Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.

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Redação51 3037 [email protected]

Diretor-PresidenteJorge FaccioniDiretoraAlessandra Faccioni Diretora de RHPatrícia Santos Diretor de RedaçãoThomas HartmannDiretora de PesquisaPatrícia Souza Rodrigues

Quitanda

A marca de camisetas Quitanda nasceu da parceria entre os amigos Bruno Ost e Gustavo Werner. Criada em 2007, em Porto Alegre, a grife acaba de lançar a segunda coleção com muito grafismo e pop art na estamparia.

Veja: www.flickr.com/photos/estiloquitanda

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Catherine Malandrino

A trajetória da estilista Catherine Malandrino pode ser conferida em um livro com ilustrações e fotos do seu trabalho lança-do recentemente pela editora Assouline. A designer sempre soube misturar o chic e o street em sua moda, que além de ser superfeminina, é muito atual e sofisticada. Se você, assim como Madonna, Angelina Jolie e Halle

Berry, é fã da estilista, está aí um ótimo presente pra se dar de Natal.

Mais em: www.assouline.com

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African Textiles

O continente Africano, com suas cores, aromas e paisa-gens, sempre foi alvo de curiosidade de todos nós. Tema de inspiração de vários artistas, incluindo Van Gogh, Picasso e Modigliani. A parceria entre o Metropolitan Museum de Nova York e o Britsh Museum de Londres resultou na exposição chamada de The Essential Art of African Textile: Design Without End, que ficará até 22 de março em cartaz.

Informações: www.metmuseum.org

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Shoes Dacca

A marca de calçados Dacca tem ganho destaque devido às suas criações ecofriendlies. A estilista, a chilena Camila Labra, preocupada com as questões ambientais, deu início a um projeto que usa como matéria-prima as conhecidas sacolinhas plásticas, que tanto poluem. A partir de um proces-

so de fusão do material com calor é gerada uma lâmina que ela utiliza como base para suas criações.

Conheça: www.botasdacca.blogspot.com

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bARBARA í gONGINI

bARBARA í gONGINI é uma designer dinamarquesa que chama a atenção pelo seu trabalho diferenciado. Ela possui duas linhas de roupas femininas, uma chamada de I-rEguLar, que abusa da criatividade e peças conceituais, e a outra, a rEguLar, mais comercial, mas não menos criativa. A inspiração ela busca no minimalismo e no funcionalis-mo do design japonês e nórdico. Além disso, durante o processo de criação, conta com a cooperação de profissionais de diversas áreas, como música, artes, fotografia, o que torna seu trabalho ainda mais especial.

Site: www.barbaraigongini.dk

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A garota criou para si uma silhueta em dia com a moda e com um pé nos anos 70.O conjunto alonga a silhueta e empresta uma boa dinâmica ao look. Não tem afetação nem excessos, mas assim como no look ao lado, as tendências atuais marcam presença forte.

Jeans de lavagem

escura na boca de sino.

O comprimento é bem

calculado para ocultar o

sapato de salto que eleva

discretamente a altura.

A top Michelle Alves, entre um desfile e outro, adota o uniforme inteligente da modelo que se preza. Conforto é a palavra de ordem. Como é proibido ficar out, sobram tendências da estação em versão discreta. Uma boa referência para a maioria das mortais.

Bolsa funcional de couro

na cor café. O tamanho é

médio e a alça é fina.

Excelente top tipo regata, em malha listrada com reminiscências náuticas. O comprimento mais longo é novidade.

Quase invisíveis sob a calça, dá prá ver que os dedos estão apropriadamente expostos. Uma boa opção para comprimentos alongados.

Os óculos enormes de

lentes degradê marrom

reforçam o clima

setentista.

Os óculos enormes de

lentes degradê marrom

reforçam o clima

setentista.

Chapeuzinho de palha inspirado no modelo panamá. A Maria Bonita Extra e a Cantão colocaram nos desfiles de verão e chegou às ruas.

T-shirt branca com

coletinho preto. A

combinação é um clássico,

do tipo que não tem como

errar. No caso, o acerto

ficou nas proporções da

blusa, curta e soltinha, e

do colete bem reduzido

para não pesar no conjunto.

A sandália do momento: a

gladiador com tiras finas

na gáspea e pulseira larga

no tornozelo. Atenção

para o esmalte escuro.

Bolsa bem coordenada com a sandália e com o cinto. Nada de bolsas grandes. Para quem se alinha com a última tendência, ainda que sem fazer alarde.

Cinto fino misturando couro e metal. O modelo é dos mais disputados pelas garotas.

Óculos aviador e lente degradê. Some isso ao formato grande, e está aí tudo que importa neste nicho.

Shortinho mínimo, mas sem grudar no corpo, em jeans de lavagem clara.

Veja mais looks em Uso nas Ruas no portal usefashion.com.Foram quase 7 mil imagens (mais de 550 comentadas) apenas em 2008!

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DESTAQUE

portal usefashion.comconteúdo para assinantes

Novas possibilidades em 2009

NOVIDADES

Jovens demais para crescer

O artigo de Tribos Urbanas de janeiro trata sobre os kidults (kids + adults), ou seja, aquele pessoal com mais de 30 anos que ainda joga Atari e adora personagens infantis como Betty Boop e Hello Kitty.

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Fashion Rio e SPFW

Como sempre, a UseFashion publica neste mês os desfiles das duas principais semanas de moda nacionais acompanhados das já tradicio-nais resenhas de especialistas.

Na foto ao lado, o desfile da Neon para o verão 2009.

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SURPREENDA-SE COM O QUE O PORTAL USEFASHION.COM PODE LHE OFERECER!

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TOP 5 DE 2008

Ranking dos links mais acessados do portal UseFashion:

2ºVitrines: Praticamente um hors concours desde a inauguração do Portal, as visitas às fotos de vitrines nacionais e internacionais correspondem a 9,75% do total do site;

1ºNotícias: Misturar novidades da moda para profissionais com temas variados como ecologia, cinema, negócios e internet provou ser uma boa fórmula para a seção. Em 2008, 13% das exibições de páginas ocorreram lá;

3ºDesfiles: Com metade das visitas das notícias, as fotos em alta resolução de desfiles ficaram no terceiro lugar no ranking do ano. Destaque para as muitas novidades do período, como a Semana de Buenos Aires, Los Angeles, Barcelona e Madri;

4º Feiras: A equipe da UseFashion cobriu mais de 60 eventos em 2008. Ou seja, mais de uma por semana;

5ºReports: As análises mensais de moda de vários segmentos manti-veram uma boa visitação durante o ano todo e merecem este lugar na lista.

Tendo como meta manter o crescimento próximo de 100% em acessos registrado em 2008, o Portal UseFashion entra em uma nova fase em 2009. A grande mudança, que deve ser percebida logo no início do ano, irá aliar o melhor conteúdo às melhores práticas da internet. Entre as novidades, se destacam três.

A primeira delas é um novo layout mais clean e com mais conteúdo. Nele, as páginas destacarão o conteúdo mais relevante e atualizado do Portal em todas as seções, permitindo que o leitor navegue pelo site com mais facilidade e menos cliques. Com o novo portal, será possível acessar qualquer parte do site com apenas um clique.

A segunda novidade será a velocidade do Portal. Nosso novo sistema, aliado ao layout mais clean, permitirá navegar com maior rapidez e em qualquer browser - inclusive os disponíveis em aparelhos celulares.

A terceira novidade será o incremento da interatividade com a cria-ção de espaços para a participação do leitor. Será possível participar do Portal publicando comentários e avaliando conteúdo em tempo real. O assinante que gostou das últimas Megatendências Infantil, por exemplo, poderá deixar um elogio na página em forma de estrelas ou comentário.

CALENDÁRIO

JANEIRO 12 a 15 Couromoda

11 a 16 Fashion Rio

18 a 23 São Paulo Fashion Week

28 a 30 Pitti Filati

30 a 2 de fevereiro Bijorhca

FEVEREIRO 3 a 6 Milano Unica

8 a 10 Margin

8 a 10 Pure

13 a 20 Semana de Moda de Nova York

Em breve, novidades no layout do Portal UseFashion

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vestuárioverão 2010

A Casa de Criadores antecede as semanas de moda do Rio e São Paulo em um mês.

Esta edição, encerrada dia 10 de dezembro com mais de 20 marcas apresentando coleções, é a de Inverno e aconteceu em São Paulo.

Colocadas estas informações, vamos ao recheio da coisa.

O nome já diz, e o line up confirma, estão lá estreantes e indomados de longa data, neste que é mesmo um espaço mais generoso para a experimentação do que as semanas “oficiais”. O menor compromisso com o sistema comercial – as marcas têm estruturas menores, poucos funcionários, e somas menores estão em jogo - favorece à Casa de Criadores, que deveria funcionar como um laboratório de idéias. Como em toda situa-ção de potencial criativo estimado, cumpre-se a pro-messa em parte, mas o resultado oxigena e compensa.

Em geral, os talentos brasileiros que estão chegando ao mainstream são bem informados e aculturados pelos quase 20 anos de escola de moda no Brasil. Eles recheiam as apresentações com citações à história da moda, dominam tecnicamente a roupa que pretendem fazer e estão naquele pronto crítico em que é preciso imprimir uma gestão eficiente às suas grandes vontades e quase sempre pequenos negócios.

Destaca-se a gritante presença de propostas para o masculino, minguadas em quantidade na SPFW e no Fashion Rio, e em alguns momentos que fazem a festa em um evento de moda que se preze.

A entrada final de Walério Araújo, sobre saltos altos e exibindo um corpão feminino caricatural, tipo cinturi-nha de pilão e bunda de vênus calipígia, é um deles. Também é do Walério a menção exuberante ao velho new look. Ele e outros escancaram debochadamente a enorme zona de vida entre o que é masculino e o que é feminino.

As idéias de como conceber uma outra roupa para os rapazes são especialmente bem sucedidas. Não custa dizer que a maioria passa longe do usável. Contudo, elas nos fazem considerar a possibilidade do diferente, o que já é muito. Também trazem um tanto de humor e destempero para um terreno onde isso é quase uma heresia.

Além destas vantagens intangíveis detectadas na com-paração com a tradição, ainda sobram outras, relativas a ganhos técnicos e funcionais destinados a uma pro-vável renovação da roupa masculina.

A cobertura completa com resenhas e imagens das coleções pode ser conferida no www.usefashion.com.

Casa de CriadoresPor Fernanda Maciel

Consultoria: Eduardo Motta

EXPERIMENTAÇÃO E MASCULINO FORTE

ALGUNS TORMENTOSA marca só faz camisetas, com cuidados na mode-lagem e estampas muito boas.

Ganhou uma espécie de retrospectiva dos seus cinco anos de vida no mesmo espaço e durante a da Casa de Criadores, o shopping Frei Caneca. O talentoso Eduardo Biz (que começou a carrei-ra aqui no UseFashion) também se exercita no masculino e vai abrindo caminho no mercado com propostas personalíssimas.

Site: www.algunstormentos.com

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O estilista Walério Araújo

João Pimenta Der Metropol Marcelo Ferraz

O New Look segundo Walério Araújo Gustavo Silvestre O dramático de Roberto Dognanii O retrô da Ianire Soraluze

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MASCULINO- JOÃO PIMENTA

Um exercício consistente e surpreendentemente maduro com proporções e silhuetas. O estilista submeteu o corpo masculino a uma série de distorções, sugestivas o sufi-ciente para fazer a realidade parecer monótona e colocou na pauta a pergunta: por que não?

DER METROPOL

Mais contida, viável e ainda assim com algumas sacadas corajosas, as propostas da marca tangenciam o esporte e revelam a influência crescente do experimentalismo do Aitor Throup no masculino contemporâneo.

MASCULINO- MARCELU FERRAZ

O repertório é do hip hop, o truque é alterar as propor-ções para o maior e criar áreas de cores contrastantes que aproveitam bem estes novos espaços.

FEMININO- GUSTAVO SLVESTRE

Uma coleção interessante. Tem elementos regionais, e consegue nem ser difícil enquanto é original e atual.

ESTILOS

Dramáticos e retrôs bateram ponto mais vezes.

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malharia

O mais esperado desfile-show de lingerie, como se sabe, é o da Victoria´s Secret. Depois de congestionar a internet no passado, ele agora é transmitido pela televisão e atrai mi-lhares de telespectadores em todo o mundo. Pudera! Sem-pre recheado de corpos perfeitos, ele é prato-feito para a curiosidade das garotas, que querem conferir a forma física do time de beldades, e para o deleite dos rapazes, pelo mesmo motivo, só que com outras variáveis de interesse.

A ambientação e os adereços do espetáculo da Victoria´s Secret são de gosto pra lá de duvidoso, mas quem é que se importa, se as belas garotas obscurecem todo o resto.

A cada edição, o esperado show kitsch é reeditado com sucesso, grandiosidade e brilho, como pano de fundo para um grupo seleto de modelos, que inclui as brasileiras Alessandra Ambrósio, Adriana Lima, Ana Beatriz Barros, Isabeli Fontana, Izabel Goulart, e a estreante Emanuela de Paula, de apenas 19 anos. Completam o time Heidi Klum, Karolina Kurkova, Lara Stone, Selita Ebanks, Miranda Kerr, Marisa Miller entre outras beldades. Neste contexto, e com esta concorrência poderosa, a lingerie é quase que apenas um detalhe.

Com o tema previsível “A volta do glamour”, o desfile,

Beldades, lingerie e feticheO DESFILE KITSCH E PODEROSO DA VICTORIA S SECRET

Por Fernanda Maciel

Consultoria: Angela Aronne

realizado ao som do rapper Usher, exibiu 68 conjuntos que extrapolaram o status de roupa íntima, ressaltando estam-pas e detalhes luxuosos, com a aplicação de cristais. Como alternativa ao tradicional modelo de duas peças, bodies, corpetes e macacões justíssimos em renda entraram em cena.

A modelagem grande para as partes de baixo foi bem explorada nas cuecas femininas e nas peças de cintura alta com recortes e amarrações modelando o corpo. A mesma receita de medidas maiores serviu para as peças delicadas estilo Lolita com babados no cós e rendas sofisticadas.

Para apimentar o conjunto, a Victoria´s Secret investiu em todo um arsenal fetichista, com luvas, boleros, miniblusas, robes transparentes e tecidos metalizados.

Na linha teen da marca, a Pink, a aposta foi na malha retilínea para as peças de moda praia, tendência detectada também nas semanas de moda internacionais. Modelos divertidos e multicoloridos foram bem representados em engana-mamãe, maiô comportado e opção de duas peças. Para as misturas de padronagens com o logo da marca, motivos lúdicos e geométricos, os pontos escolhidos foram o jacquard e o intársia. Atente aos bojos estrutura-

dos pela duplicidade do painel, deixando o modelo com acabamento limpo. Na mistura de materiais, destaque para o brilho do lurex, usado de forma delicada, e ainda vale citar a sutileza dos acabamentos hand made em crochê.

O momento mais aguardado do desfile foi a apresentação do Fantasy Bra, que ficou por conta da estonteante Adriana Lima. O sutiã da linha é assinado pelo joalheiro Martin Katz, e foi cravejado com 34 rubis e milhares de diamantes negros com valor estimado em US$ 5 milhões. Em outras edições do Victoria’s Secret, Tyra Banks (apresentadora do America’s Next Top Model) e Gisele Bündchen já desfila-ram versões do milionário Fantasy Bra.

Heidi Klum encerrou o desfile em um conjunto vermelho com babados no decote e calcinha de modelagem com cintura baixa, usada com fio lateral e detalhes em pedras.

O Victorias’s Secret aconteceu no hotel Fontainebleau em Miami Beach, na Flórida, atraindo a imprensa mundial e uma platéia recheada de celebridades do cinema e do mundo da moda como Sean Diddy Combs, Gwyneth Pal-trow, Russell Simmons, Michelle Trachtenberg, John Stamos, Kim Kardashian e Kourtney, Martha Stewart, Paris Hilton e Sylvester Stallone.

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Adriana Lima Ana Beatriz Barros

Emanuela de Paula Alessandra Ambrósio

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Com o slogan Flame on (Em chamas) e a ave Fênix como símbolo, a Denim Première inaugurou a temporada prima-vera-verão 2010 para o setor no hemisfério norte (2011 para o hemisfério sul).

Embora o estilo vintage, reforçado pelas lavagens des-gastadas já tenha mostrado a cara nas últimas tempo-radas, dessa vez o conceito predomina, enriquecido por beneficiamentos que reproduzem o aspecto surrado e envelhecido sobre a base do denim. Além disso, acaba-mentos como pespontos em linhas rústicas, reprodução de patches e cerzidos, bem como a escolha por aviamentos de aspecto enferrujado e de banhos envelhecidos con-tribuíram para esta temática entre a grande maioria dos expositores.

A energia, através da luminosidade dos tecidos e das cores, reforçou os quatro conceitos-chave do evento: Extremist, Ultra Weight, Over Lightened e Hard Work.

O “Extremist” denota contrastes vibrantes nas cores do fogo, com tonalidades queimadas. Transparências e opacidades, combinações contrastantes e contraditórias. Tecidos com tecnologia bi-strecth e acabamentos que levam à transformação do tecido ao limite.

“Ultra Weight” conta com mesclas de algodão/lyocell,

Rústicos em altaDENIM PREMIÈRE APOSTA NA LINHA VINTAGE PARA O VERÃO 2011

Por Fernanda Maciel

Consultoria: Juliana Zanettini

bambu e seda em tecidos ultraleves (de 3 oz a 6 oz) e no outro extremo tecidos de 18 oz a 21 oz com acabamentos encerados e impregnados de óleo. Acessórios são feitos em materiais pesados e pedras em contraste com etique-tas em couro com impressões vazadas à laser.

“Over Lightened” mostra índigos com tonalidades páli-das, como marrom e cinza, revelando tramas de brancos e crus. Também entram o abuso nas lavagens, uniformes ou intermitentes, e as transparências de silicone nos acessórios.

De apelo rústico, o “Hard Work” trabalha com o conceito de uma roupa usada, velha e gasta. Neste caso específi-co, as tecelagens presentes apostam nas gramaturas pesa-das, inclusive confeccionados em teares de lançadeira.

Nesta terceira edição, realizada entre os dias 3 e 4 de de-zembro, o evento contou com 64 expositores selecionados entre os segmentos de tecelagem, aviamentos, acabamen-tos, lavanderia e acessórios que fornecem para marcas de peso como Marithé et François Girbaud, Diesel, Miss Sixty, Hugo Boss, Armani, Louis Vuitton, Closed e Pepe Jeans.

Quer saber mais sobre a Denim? Acesse o portal usefashion.com no link Feiras e confira 21 textos e 609 fotos. Boa pesquisa!

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Kuroki Haussmann Vip Lounge All in one

Cadica Group Pullman Hall

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Uma nova geração de consumidores se forma, quase que de modo silencioso, e trata de modificar a configuração do cenário de moda na atualidade. Esta nova geração de homens está deslocando o culto ao corpo para outro foco: o vestuário. Porém, não estamos falando de uma roupa qualquer. O estilo predominante é limpo, beira o clássico, mas, permite intervenções próprias, em uma espécie de customização discreta, quase imperceptível. É uma forma de vestir que, sem dúvida, bebe muito na cul-tura contemporânea urbana, porém, também possui fortes indícios de valorização de aspectos intelectuais. Não se trata de pedantismo, mas de um novo entendimento sobre o ser/estar do homem na sociedade.

Para Antônio César Carvalho de Oliveira, engenheiro, professor e diretor da empresa de consultoria comercial e pesquisas de mercado Acomp, um dos motivos do aumento da preocupação dos homens com a aparência é a competitividade do mercado de trabalho que exige uma boa apresentação pessoal.

“Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, houve uma simbiose: o homem assumiu algo da mulher e vice-versa. Assim como elas estão tomando posições e atitudes, que até então eram do homem, por outro lado o homem se permitiu ser mais vaidoso”, acredita. “Apesar dessa vaidade, o vestuário masculino está mais despojado. Os jovens da Internet trouxeram para o meio empresarial um jeito menos formal de se vestir, principal-mente nas sextas-feiras, o casual day. “Hoje, executivos sem terno e gravata negociam milhões de dólares”, aponta Oliveira.

No entanto, mesmo com essas mudanças no comporta-mento masculino, o consumo deles não pode ser compa-rado aos gastos femininos. A freqüência dos homens nas lojas é menor do que a das mulheres. A maioria dos con-sumidores do sexo masculino afirma que compra poucas

vezes ao ano. “Eles compram para resolver um problema, elas compram porque é prazeroso”, reforça o consultor. Mas será que com a proliferação de lojas online, o cha-mado e-commerce, o comportamento masculino diante do consumo não está sendo alterado?

Desde 1999 como a primeira camisaria virtual do Brasil, no site da Closet (www.closet.com.br), o cliente pode comprar sua camisa sob medida sem sair do conforto de casa ou sem precisar se deslocar do trabalho para a loja. Além de escolher a cor e o modelo, também pode adquirir gravatas, suspensórios, abotoaduras e barbata-nas. “A camisa é o produto mais vendido, representando atualmente 79% das vendas, e leva 15 dias úteis mais postagem para ser entregues. A entrega de acessórios (gravatas, abotoaduras, barbatanas e suspensórios) de-mora dois dias úteis mais postagem”, afirma André José da Silva, Analista Desenvolvedor de Sistemas.

A loja da Closet foi inaugurada somente após quatro anos operando apenas na web, diferente do que acontece normalmente. “O site é a principal ferramenta da empre-sa. Afinal, as vendas da loja ou de consultores externos têm os mesmos procedimentos de uma venda online, a única diferença é que têm um consultor responsável identificado”, explica André.

A Closet possui clientes de todas as faixas etárias, mas 38 anos é a idade média dos atuais consumidores da marca. Segundo André, as compras são feitas em sua maior par-te pelos próprios homens, porém, existem mulheres que compram para seus maridos, chefes, irmãos, por exem-plo. “Estatisticamente, as mulheres fazem, atualmente, apenas 8,98% das compras. Nossa experiência comprova que os homens têm preferido comprar sozinhos, porém ainda é muito comum que o homem leve a esposa até a loja para opinar sobre a camisa”, revela. “Nossa intenção é que o cliente conheça a loja, fique satisfeito com o

produto e adquira confiança para comprar apenas pela Internet, sozinho. O cliente já tem as medidas e opções cadastradas e só precisa escolher o tecido, e qualquer pequeno ajuste é fácil de fazer e o cliente já sabe que a camisa vestirá bem”, comenta.

Isso vai ao encontro do que argumenta o consultor Antônio César: “o conhecimento prévio da loja e/ou do produto, além das migrações das pessoas para outras cidades, devido à globalização, são os principais motivos que levam à compra pela internet”.

Com a proposta de oferecer oportunidades de compras a seus sócios, o site Coquelux (coquelux.com.br) foi lan-çado há menos de um ano pelos franceses Pierre-Em-manuel Joffre e Laurent Zago, profissionais experientes no mercado de luxo internacional. O site é um clube fechado para membros convidados, que buscam as marcas mais desejadas de roupas, acessórios, beleza, design e art de vivre. Toda semana, a Coquelux disponi-biliza novas oportunidades de compra – uma marca de cada vez, durante dois dias.

Para Pierre-Emmanuel Joffre, a falta de padronização das roupas é um dos grandes responsáveis pelo receio da com-pra pela internet aqui no Brasil. Diante disso, o Coquelux criou uma ferramenta exclusiva, um manequim virtual. “Os sócios podem criar até quatro manequins e, junto com o guia de medidas, que inclui comprimento das mangas, com-primento interno das pernas, cintura, tórax, ombro, circunfe-rência do pescoço, entre outros, para garantir que o produto comprado sirva perfeitamente” ressalta Joffre. Segundo Pierre-Emmanuel, o site tem público na faixa etária de 20 a 40 anos, sendo que as mulheres ainda se interessam mais pelas compras. “80% do nosso consumidor é feminino, em-bora comprando também para eles”. O site vende marcas masculinas renomadas como Dior, Yves Sant Laurent, uMa, Iódice, Zapping, O Estilista, Poko Pano, entre outras.

O culto à roupaCOMO O NOVO PÚBLICO MASCULINO CONSOME MODA

Por Fernanda Maciel

Consultoria: Paula Visoná

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calçados & bolsas

Os traços do rosto assim como o desenho dos produtos não escondem sua origem. Nascida no Líbano, Raouda Assaf veio aos 11 anos para o Brasil junto de seus pais e irmãos, fato que determinou o rumo de sua vida e carreira. Conhecida internacionalmente e respeitada como designer de calçados de luxo, Raouda recebeu a UseFashion em sua passagem pelo sul do Brasil e con-tou para nossa reportagem, em primeira mão, sobre sua coleção de inverno que está sendo desenvolvida por aqui. Também falou sobre a opção pela moda e a experiência internacional.

Formada no Brasil em arquitetura, ela conviveu com a cultura árabe dentro de casa e com a brasileira na ci-dade de Santos, onde a família Assaf se fixou. A curio-sidade e o talento plural levaram Raouda a questionar se a arquitetura era realmente o que queria fazer.

Depois de ganhar uma bolsa de estudos para aprimo-ramento em arquitetura no Egito, ela foi para Itália cursar Design. Em seguida, saiu em viagem pelo mun-do chegando até a Austrália. As andanças pelo planeta despertaram a vontade de cursar Moda e foi então que ela começou a fazer calçados e bolsas. Trabalhou para algumas marcas internacionais até que criou a sua. O ecletismo de referências e a qualidade dos produtos que ela cria não tardaram a conquistar o público fe-minino. Hoje, Raouda vende em mais de 70 pontos no mundo, entre eles Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, Itália, Austrália, Jordânia, Líbano, Dubai e Japão.

“O que é grandioso não nasce grandioso, somente com o tempo ganha esse status e é, nesse instante, que nasce a identidade, a construção de um trabalho autoral e formador de opinião”, afirma ela, que com entusiasmo conta o resultado de sua primeira coleção, desenvolvida em 2005. “Minha primeira coleção foi uma explosão de criatividade, mas devo confessar que não era nada exeqüível, vendo-a hoje, consigo abstrair infinitas referências e dali criar outras tantas coleções”.

Mesmo com os impedimentos que ela mesma iden-tifica, a coleção chamou a atenção do público e da mídia ganhando destaque na Vogue inglesa, na ala “International Designers” da maior feira do setor, a Micam, e na vitrine da Selfridges. E não é para menos, sua estética e seu método de trabalho exploram toda a bagagem cultural que ela acumulou pelo mundo. “O árabe sempre morou no deserto, que é monocromá-tico, portanto, abusa das cores para deixar sua vida mais rica e alegre. Para mim, todas as cores combinam entre si e se completam”, declara.

A designer conta que as dificuldades por vezes se sobressaíam em seu processo de produção. “Sempre que queremos fazer algo inexistente no mercado e enfrentamos resistência dos que trabalham de forma convencional. Não é fácil desconstruir algo que está sedimentado e começar o novo. O sabor de realização após essa busca é muito maior”.

A visibilidade lhe rendeu parcerias importantes, uma de-

A arquiteta de sapatosRAOUDA ASSAF: TALENTO A SERVIÇO DO MERCADO DE LUXO

Por Lisie Venegas

Colaboração: Inêz Gularte

las com a festejada dupla Basso and Brooke, que desfila em Londres e é formada por um brasileiro e um inglês.

Na sua linha, com modelos limpos, empregando couro de vaca e cabra, e primor no acabamento e nos de-talhes, ela atinge o nicho do luxo, mas tem planos de expandir o alcance da marca.

“Tenho a intenção de desenhar sapatos masculinos e também de criar uma linha anexa que vá para o lado oposto da marca Raouda Assaf, contemplando o mercado do fast fashion. Esse acesso só será possível quando a marca já existente crescer, já que é o fato da empresa ser pequena e produzir em baixa escala que torna meu poder de negociação menor e acaba resultando em sapatos mais caros e exclusivos”.

Por outro lado, pondera. “Contudo, penso que é nos momentos de crise, como o que estamos vivendo atu-almente, que você cresce e aprende a trabalhar melhor e aperfeiçoar seu core business. Esses são alguns projetos que só devem ser postos em prática quando a situação estiver estabilizada”.

Para sua coleção de inverno 2009, a designer apos-tou em uma cartela com 10 cores. Entre elas, verde, roxo, azul intenso, além dos metalizados e tecidos de tapeçaria que importou da Síria. “O salto é um detalhe à parte. Este que acabo de desenvolver, todo torcido e que me faz lembrar muito as curvas de um corpo femi-nino e traduz um desejo da mulher atual: além de ser prática e moderna, ela precisa resgatar o romantismo”.

Basso and Brooke | Londres

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infantil

Os anos 70 dão o tom das coleções de verão para a criançada. Antigas técnicas manuais ganharam novos processos, mantendo o aspecto artesanal e agora prome-tem tomar conta da moda infantil no verão 2010. Para al-gumas marcas no Brasil, o estilo já acontece, antecipando a tendência. É bom lembrar que as mães de agora eram as crianças dos anos 1970/1980. Esta vivência impacta a memória afetiva e facilita a assimilação do estilo para seus filhos no presente.

Os detalhes ganharam força na estação, principalmen-te o crochê, usado tanto nas roupas como também em acessórios. O patchwork e a técnica de tingimento tie-dye também foram adotado para realçar o ar setentista nas produções.

A grife infantil PUC, na sua linha de alto verão, apostou em modelagens mais longas e amplas, com peças reple-tas de aplicações e bordados que remetem à paz e amor,

Ar setentistaCOLEÇÕES APRESENTAM PEÇAS COM ASPECTOS ARTESANAIS

Por Fernanda MacielConsultoria: Renata SpillerColaboração: Thomas Hartmann

O CLÁSSICO

Embora não produzindo coleções inspiradas nos anos 70, a Ortopé traz de volta os clássicos dessa época. A coleção Especial Ortopé foi remodelada e com uma tecnologia própria. Os modelos, que tiveram seu auge nos anos 70 e também nos anos 80, agora trazem silhuetas mais acentuadas, design de movimento, cores e detalhes que acompanham as tendências da tempo-rada. As sandálias, nas cores verde, terra e marinho, têm fechamento em velcro ou fivela personalizada.

Campanha PUC de alto verão 2009 Nolita Pocket | Verão 2010 Nolita Pocket | Verão 2010

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bem ao estilo hippie. Para incentivar a customização, a grife criou um kit que permite diversas criações com apenas uma camiseta e tinta colorida para obter combi-nações diferentes e criativas de estampas em tie-dye.

Marcas como Nolita Pocket e Lu-Mà, desfiladas na Pitti Bimbo, mostraram forte aposta na tendência anos 70 no verão 2010. Elas abusaram das hair bands para enfeitar os cabelos das meninas, com tiras em couro, borboletas aplicadas e tecidos florais. Nas roupas, ambas apresen-taram modelagem setentista nas calças e batas. Já as sandálias ganharam cabedais mais simples com ar retrô e aparência mais rústica. As grifes Levi´s e Agatha Ruiz de La Prada apontaram a referência estampas, com degra-dês e ti-dye.

Esta tendência já foi apontada em setembro na Megaten-dência Imaginação. Para ver mais, acesse a Megatendên-cia Infantil em www.usefashion.com.

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acessórios

Tempos modernos

Os relógios femininos estão no centro das atenções, ocupando páginas e mais páginas de publicidade nas re-vistas internacionais, além de editoriais inteiros dedicados ao assunto. O interesse pelo acessório está intimamente ligado à liberação feminina, à presença da mulher no mercado de trabalho e ao seu poder de decisão na hora da compra. Os tempos mudaram e os relógios também. Para atender esse novo perfil de consumidora, o merca-do relojoeiro vem buscando especializar-se. Se antes os modelos masculinos eram adaptados para elas, hoje, os relógios são pensados levando em conta a pluralidade desta nova mulher: que trabalha, estuda, é mãe, esposa, cuida da casa e ainda encontra tempo para praticar esporte e se divertir. Uma mulher bem informada, que tem compromissos, cuida de si mesma e que valoriza seu estilo.

O embaixador da H.Stern no Brasil, Christian Hallot, diz que, normalmente, o homem leva mais em conta a tradi-ção do que a moda na hora da compra. “Ele comprará um modelo e o usará por anos a fio”. Acontece que o consumidor masculino coleciona relógios, escolhendo-os pelos mecanismos sofisticados, sem se preocupar muito com o estilo. Enquanto isso, a mulher quer uma varie-dade de modelos para acompanhar o que é tendência, para combinar o acessório com o seu guarda-roupa, sem abrir mão da funcionalidade. “A relojoaria tem de atender às necessidades das mulheres e ainda somar o gosto que elas têm de variar segundo a moda, que está enraizada em seu hábito de consumo”.

Entre os modelos que estão em destaque, Christian elege

os relógios funcionais (com cronógrafos, calendários de duplo fuso-horário, relógios digitais, à prova d’água e com funções esportivas), relógios com design sofisticado e atemporal, relógios com cores femininas, relógios com pedras preciosas, principalmente diamantes, reedição de modelos antigos, relógios com autogratificação (com segredos que só a usuária conhece) e relógios versáteis (que permitem a troca de pulseiras ou de mostradores).

Para o consultor em relojoaria e editor do site português Relógios & Relógios, César A. A. Rovel, as grandes mar-cas estão desenvolvendo modelos femininos tecnicamente mais sofisticados, com complicações antes vistas apenas em modelos masculinos. Mecanismos que trazem infor-mações astronômicas, como as fases da lua em grandes dimensões, e também cronógrafos, especialmente em modelos mais esportivos, são exemplos dessa novidade. “Prova da valorização do funcionamento das máquinas, é o lançamento de grande número de modelos femininos com aberturas no mostrador para a exibição dos meca-nismos”, exemplifica César. O consultor comenta ainda que os relógios-jóias têm a vantagem de poderem ser uti-lizados em ocasiões mais informais, em que não convém o uso de uma jóia muito vistosa. “Cristais também têm seu lugar, em modelos mais acessíveis”.

Quando falamos em pulseiras, elas estão mais femininas, coloridas, feitas em materiais sofisticados como crocodilo tingido, telas com motivos florais, ou que remetem aos símbolos de marcas de prestígio. Há ainda pulseiras em ouro e pedras preciosas e, até mesmo, modelos com pe-les exóticas, como galluchat (de arraia), chinchila e couro

RELÓGIOS MUDAM PARA CONQUISTAR PÚBLICO FEMININO

Por Inêz Gularte

Consultoria: Renata Spiller

No passado, as mulheres não precisavam ater-se aos horários, uma vez que as suas funções diárias se re-sumiam ao cuidado com o lar. No final do século XIX, principalmente na Belle Époque, alguns pequenos relógios femininos começaram a aparecer sob forma de penden-tes, relógio de lapela, ou na tradicional châtelaine, usada pelas donas de casa no final da época Vitoriana. Curiosa-mente, os mostradores eram voltados para dentro, a fim de mostrar o verso como se fosse uma jóia (em muitos casos, com pedrarias e belas gravações em esmalte).

No início do século XX, com o advento das duas Guerras Mundiais, com os homens no front e as mulheres em casa com os filhos, mais uma vez, os relógios femininos não tiveram a mesma importância que as jóias. Neste período, o crescimento da burguesia chegou ao seu auge. Novas minas de pedras foram encontradas e vieram ao encon-tro destas consumidoras que se dedicavam mais às jóias que aos relógios. Aqueles que existiam eram pequenos, apenas para lembrar os compromissos e, muitas vezes, camuflados em belas pulseiras de ouro e pedras. Eram chamados de “Montres Bijoux” e, quanto menores, mais procurados.

A Rainha Elizabeth II, usou durante a cerimônia de ca-

DÉCADAS SE PASSARAMFonte: Christian Hallot/Embaixador H.Stern

samento, o relógio com o menor mecanismo do mundo, escondido em uma fina pulseira de ouro. A reputação da “pontualidade britânica” não poderia falhar neste momen-to tão importante e, coube à manufatura Jaeger LeCoultre a confecção deste minúsculo relógio de pulso.

No pós-guerra, na década de 50 até meados dos 60, a feminilidade da mulher foi materializada por Christian Dior, Givenchy e Balenciaga entre outros grandes nomes da moda. A mulher neste período se cuidava, vivia bem, e ficava próxima de sua prole nascida no fenômeno conhecido como baby boom. O marido tinha o emprego dos sonhos e desfilava o seu automóvel “rabo de peixe”. Era o “American Dream”, que privilegiava as posses, mais do que a preocupação com o tempo. Mais uma vez para elas, as jóias tinham mais peso que os relógios. Jackie Kennedy é o retrato do final deste período que antecede uma verdadeira revolução no consumo.

A nova geração nascida do pós-guerra chega à maturida-de na segunda metade da década de 60. Revoltados com a guerra do Vietnã e as desigualdades raciais e sexuais, o que deveria ser um pequeno festival de música do interior dos Estados Unidos, onde eram esperadas 20 mil pessoas, recebeu mais de 200 mil jovens. Era o Woodstock e o

tempo dos hippies. Ali, a mulher começou a apoderar-se dos objetos masculinos e vice-versa. Surgiu a moda unis-sex. O jeans passou a ser o uniforme dos jovens e, mais tarde, de todos nós.

Passado este período na década de 70, a mulher retomou fôlego. As desigualdades foram desaparecendo e, no universo dos relógios, a mulher apoderou-se dos modelos masculinos por total falta de opção, uma vez que a posi-ção feminina no âmbito profissional ainda estava se con-solidando. Mostrar poder naquele momento era, antes de tudo, parecer-se com o homem. Yves Saint Laurent criou para a mulher o smoking feminino. Vieram os mocassins, as camisas com abotoaduras, entre outros.

Nos anos 80, houve uma retomada da feminilidade. O scarpin voltou, mas com toques bem masculinos. As ombreiras eram onipresentes nas roupas e, os relógios masculinos foram sendo apoderados. Nos anos 90, outro importante fenômeno aconteceu: a globalização. Com ela, as fronteiras caíram. As mulheres ganharam o mercado de trabalho. Hoje têm o seu próprio dinheiro, tem poder de compra e, melhor ainda, o poder de decisão de compra do casal. A igualdade chegou e a indústria relojoeira está se adequando aos novos tempos.

de avestruz. Mas, se perguntarmos se os modelos serão mais delicados, especialistas informam que a tendência de caixas e pulseiras grandes e largas deve continuar, no entanto têm seus dias contados. “A indústria relojoeira deve levar cerca de uma década para se adaptar aos pa-drões femininos, o que em joalheria é um médio prazo”, explica Christian. Ele acredita que, aos poucos, os novos relógios devem ficar mais delicados.

As caixas, apesar de ainda grandes, estão mais propor-cionais aos pulsos femininos. “Os tamanhos de 27mm a 35mmm estão entre os mais procurados”, diz Christian. Nos metais, destaque para o ouro amarelo e o rosé, que estão de volta, depois da supremacia do metal branco, na década de 90. Vale lembrar também as ligas especiais mais leves, de acordo com o consultor César.

Para Ana Paula Okamoto, gerente de relógios da Vivara, a peça se consolida como um acessório de moda que valoriza a produção, com destaque para os modelos clássicos e clean. Entre as pulseiras, Ana destaca as finas e de cor branca. E avisa: os modelos clássicos de caixas redondas são trocados, nesta coleção, por caixas quadra-das e retangulares.

Na Tissot, a tendência pede por relógios grandes e largos. Laurent Tavares, gerente de marca, diz que os re-lógios mecânicos são os preferidos, pela longa duração. Modelos vintage, em madrepérola, mais clássicos e atem-porais, e também aqueles com jóias grandes, brilhantes e diamantes, são os destaques. “Não existe mais a ditadura do fino, os relógios são redondos e com caixas altas”.

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A 3ª edição da Minas Trend Preview, que ocorreu em Belo Horizonte no mês de novembro, recebeu mais de 6 mil visitantes, entre eles compradores de países como França, Portugal, Austrália, Inglaterra e Angola. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), a expectativa de negócios para o inverno 2009, temporada apresentada no evento, é da ordem de US$ 383 mil.

Já para a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), que trouxe clientes de Dubai, Lon-dres, Alemanha, Colômbia e Áustria, a expectativa é de US$ 298 mil. O evento tem se destacado na moda nacional já que antecipa muitas coleções que serão apresentadas nas semanas de moda de São Paulo e Rio de Janeiro.

Umas das boas notícias ressaltadas pela organização do Minas Trend é que o setor de bolsas no mercado brasileiro cresce cerca de 20% a cada edição da feira. “Hoje, o volume de negócios já é comparável às vendas efetuadas em eventos de lançamento como Couromoda e Francal”, aponta o presidente do Sin-dicato de Bolsas de Minas Gerais (Sindibolsas-MG), Getúlio Guimarães.

As coleções de vestuário, que investem pesado em vestidos de múltiplos modelos, confirmaram as Me-gatendências de Inverno 2009 divulgadas há quase um ano pelo Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. A “Drama” recebeu ênfase sendo representada pelas cores P&B, além da presença das transparências em detalhes ou no look total.

No caso dos calçados e bolsas, os pêlos serão um dos hits. Sua utilização é mais freqüente nos modelos de salto alto fino, ou médio, neste com espessura mais grossa. Já nas bolsas, os pêlos aparecem como coadjuvantes, e no vestuário esbanjam ousadia ao estar no look total. A cartela de cores é variada, e vai desde tons naturais, especialmente nos pêlos de boi, até estampas de leopardo e girafa. Quando tingidos, as cores que têm predileção são preto, branco, rosa, roxo e cinza, além dos terrosos.

A UseFashion cobriu 40 estandes no Minas Trend Preview que estão disponíveis no link Feiras do portal usefashion.com. Lá você também pode conferir os desfiles. A próxima edição do evento, primavera-verão 2010, já tem data marcada: de 29 de abril a 2 de maio de 2009.

Evento se consolida como um dos principais da moda no BrasilMINAS TREND PREVIEW | INVERNO 2009 fo

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ping-pongO capixaba Ivan Aguilar desponta com suas criações em alfaiataria. Ele reinventa o clássico no guarda-roupa masculino em um misto de elegância com um certo ar despojado. Compondo o line up do Fashion Rio, é um dos grandes nomes da nova geração de estilistas brasileiros.

Ícone de moda? Vintage: Yves Saint Laurent; atual: Marc Jacobs.

Indispensável no guarda-roupa? Paletó.

Sonho de consumo? Ano sabático.

A melhor compra? Meu apê em SP.

Pior compra? Um sapato maravi-lhoso, porém muito duro.

Não usaria? Calça boca-de-sino.

Um presente marcante? Eu tinha 11 anos e estava com os dois dedi-nhos do pé quebrado e minha irmã me deu meu primeiro sapato de couro. Outro presente marcante foi meu primeiro caderno de desenhos.

Um aroma? Pode ser o cheirinho de alho queimado?

Música do momento para você? Lounge para desenhar.

Seu estilo? Livre e descompromissado.

Um livro? Rumo ao farol de Virgínia Woolf.

Uma frase? “A inquietação rouba a paz”.

Um filme? Yentl.

Um lugar? Pedra Azul, a Campos do Jordão do ES.

Uma comida? Ravioli de Mandioqui-nha do Valsugana, em Pedra Azul.

O Brasil hoje? Esperançoso e pro-pício para quem quer trabalhar.

Uma mania? Trabalho.

Uma dica? Seja feliz com o que tem.

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Verão 2009 | Fashion Rio

opiniãoREGINA MACHADO*

provocado pelas mercadorias das culturas distantes. Atu-almente, trocamos o sentido da rota e, agora, a produção brasileira tem se dedicado a apresentar as maravilhas do novo mundo a todo o mundo.

O Oriente sempre foi o outro e a alteridade faz parte do jogo da moda. A diferença cultural atiça a curiosida-de e funciona como ingrediente sedutor para o espírito romântico do consumo. No GPS ficcional de Marco Pólo podemos encontrar importantes pistas de um caminho possível para a comercialização dos produtos brasileiros.

No passado, na primeira etapa do mercantilismo, a necessidade de aumento de clientela ajudou o desenvolvi-mento da tolerância entre culturas. Hoje, com a partici-pação das missões brasileiras nas feiras do mundo árabe, verificamos que o consumo se mantém como eficiente operador da troca entre diferentes estilos de vida.

A experiência do setor joalheiro nacional tem colhido bons resultados através de uma atitude empresarial des-bravadora e perseverante.

A sabedoria de nossas avós nos aconselhou que “não colocássemos todos os ovos numa mesma cesta”. Esta é a hora de pôr em prática esses ensinamentos.

A joalheria, que nunca menospreza o conhecimento do passado, ouviu os chamados e o design do luxo brasileiro não se descuidou.

Apesar de todo o empenho que os fabricantes nacionais têm dedicado ao mercado europeu e, sobretudo, ao mercado da América do Norte, várias outras rotas de trocas têm sido implementadas. O flerte entre a produção brasileira e o mundo árabe é fruto de um empreendimen-to visionário e vem conquistando um bom posicionamento para nossas mercadorias.

Nossas jóias representam justamente uma outra joalheria. Nosso design não tem o seu preço estabelecido pelos va-lores materiais das peças, mas pela inovação no próprio conceito de joalheria. As jóias brasileiras comunicam um jeito leve de estar no mundo e prometem rejuvenescer os mais tradicionais dos looks. Por entre burcas e xadors os olhinhos das consumidoras entendem o recado e brilham.

UM MUNDO DE HERMANOS E PRIMOS

Nossa familiaridade hermana opera milagres comunica-

cionais no Mercosul, assim como, inversamente, nossa estranheza exótica suscita curiosidades irresistíveis no próspero mercado do mundo árabe. No cada vez mais global mapa geo-econômico do consumo contemporâ-neo, não passa despercebido o potencial comercial do supermarket da diversidade.

Muita coisa mudou em muito pouco tempo.

Dubai, por exemplo, passou de um lugar que ninguém nem lembrava que existia até o destino darling dos viajantes menos aventureiros e mais hedonistas de todo o mundo. Como isso se deu?

A receita dessa poção mágica é secreta e utiliza vários ingredientes em seu caldeirão. No entanto, podemos apostar que o elemento fundamental de sua alquimia é, sem dúvida, o fator simbólico do consumo que aproxima imaginários e possibilita a comunicação entre diferentes culturas.

NEOMERCANTILISMO PLANETÁRIO?

Temos cada vez mais pensado a moda e o consumo dentro de um universo espacial planetário. O imaginário contemporâneo já se habituou - vale lembrar o conceito de habitus de Pierre Bourdieu - a pensar o planeta como seu território. O caminho para o Oriente já nem é tão distante ou mesmo diferente.

O olhar moderno buscou classificar culturas através da identificação das diferenças. O olho contemporâneo estabelece semelhanças, sem abrir mão da riqueza da diversidade.

A chamada de Marco Pólo mantém até hoje a sua valida-de e permanece promovendo a aventura cognitiva con-temporânea. A distância, o desconhecido e a diferença continuam sendo os ingredientes fascinantes que estimu-lam trocas simbólicas e ritos de passagem. O consumo é o operador mágico que faz desaparecer a distância entre as culturas.

BRASIL-DUBAI: O SUPERMARKET DA DIVERSIDADE

Em sua marcha, Marco Pólo ampliou o repertório de ima-ginários que até os dias atuais povoa o mercado global. Mais do que nunca, o ambiente do consumo tem sido

* Regina Machado é doutoranda de comuni-cação da ECO/UFRJ, pesquisadora do grupo de estudos de comportamento ETHOS e do IBGM, coordenadora de Design de Jóias da Universidade Veiga de Almeida/RJ e assina a coluna Faro Fino do site www.infojoia.com.br.

NA ROTA DE MARCO PÓLOO NOVO MERCADO DAS MARAVILHAS

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“Senhores, imperadores e reis, duques e marqueses, condes, cavalheiros e burgueses e todos vós que quereis conhecer as diferentes raças de homens e a variedade das diversas regi-ões do mundo e ser informado de seus usos e costumes...”

Marco Pólo.

editorial

Em tempos de incertezas, o papel dos sistemas de informação cresce no Brasil. Em pesquisa sobre a crise, realizada com 748 profissionais de moda brasileiros entre 28 de outubro e 4 de novembro, levantamos que 76% consideram que as informações antecipadas por empresas de pesquisa como a nossa são relevantes ou muito relevantes.

Quase metade dos entrevistados concluiu que a crise já impactou negativamente seu negócio (368 respostas). A amostra foi composta por 318 fabricantes de produ-tos prontos, 172 prestadores de serviço, 171 varejistas, 61 estudantes, 15 indústrias de matéria-prima e de maquinário e 11 indústrias de componentes. Cerca de 60% trabalham com vestuário feminino, 34% com vestuário masculino, 23% com vestuário infantil. Além disso, 34% indicaram atuação em acessórios, 20% em jeans, 25% em bolsas e 26% em calçados (foi possível marcar mais de uma alternativa, por isso a soma das porcentagens ultrapassa 100%).

A idéia é não errar durante a crise. Estamos vivencian-do um período em que é crucial as empresas terem informações estratégicas sobre o futuro que se aproxi-ma. O empresário precisa, mais do que nunca, buscar fontes confiáveis para aumentar a eficácia da criação das suas coleções e maximizar seus lucros.

Líder em pesquisa de moda no Brasil, nossa empresa cresceu 20% em novembro de 2008 em comparação com o mesmo período de 2007, apesar da crise. A atual situação cambial trouxe benefícios para nossos clientes, visto que os custos para adquirir informações de outras fontes se tornaram mais dispendiosos.

Durante o mês de novembro, lançamos a campanha “Sim, nós podemos te ajudar a enfrentar a crise”, em uma alusão à estratégia adotada pelo presidente re-cém-eleito nos Estados Unidos Barack Obama. Juntos, nós podemos antecipar tendências; incentivar o pro-cesso criativo; criar algo novo todos os dias; aumentar suas vendas; reduzir riscos; minimizar custos, ampliar o valor de sua marca, maximizar seus lucros e a alcançar o sucesso.

Nossa idéia é mostrar à moda brasileira que os desa-fios impostos não são maiores do que a nossa capaci-dade técnica e criativa. Nos próximos meses, veremos queda de consumo de bens duráveis e novas janelas de vendas para bens não-duráveis, como os da cadeia da moda. Não é à toa que grifes como Hermès e Louis Vuitton estão se instalando por aqui.

Esta crise durará cerca de dois anos, e avistaremos possibilidade de maior exportação e também uma queda acentuada nas importações - notadamente dos produtos asiáticos. Projeção do Credit Suisse, por exemplo, aponta para uma queda de 17% nas impor-tações brasileiras, abrindo novos negócios para as empresas nacionais.

Onde você estará, e o que estará fazendo quando es-tas oportunidades se abrirem no horizonte? Como você vai encarar este desafio? Conte conosco.

Invista em conhecimento para não errar na crise

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Adrenalina: The Extreme StoreSURF, DENTRO DA LOJA, PARA AMANTES DE ESPORTES RADICAIS

Ondas, gente surfando e muita adrenalina. Pela descrição, logo vem à cabeça o cenário de uma praia. Mas, acredite, estamos em uma loja. A Adrenalina Store, com matriz em Miami, nos Estados Unidos, e mais três pontos-de-venda instalados em shopping centers, na Flórida, é, no mínimo, diferente. Dentro da tendência shop-o-tainment, que alia compra a entretenimento, todas as lojas da rede seguem o mesmo conceito: têm como centro das atenções e com exclusividade um compacto simulador de ondas para a prática de surf, o FlowRider®. Comum em cruzeiros de luxo, resorts e parques de diversão, é a primeira vez que o simulador é instalado no varejo. Na Adrenalina, enquanto escolhe o que vai levar, o cliente pode observar como os equipamentos, as roupas especiais e os acessórios se com-portam em ação dentro da água. Pode, inclusive, experi-mentar tudo o que comprou, ou apenas se divertir. Para os iniciantes, a loja oferece cursos ou aulas avulsas orientadas por instrutores.

Com projeto executado pelo Otto Design Group, a Adre-nalina tem ambientação e expositores em madeira e aço galvanizado. Tudo é projetado no sentido de atender às expectativas dos amantes de esportes radicais e também pensando naqueles que desejam saber mais sobre este estilo de vida. Na fachada e dentro da loja, troncos e árvores naturais remetem ao clima outdoor. Grandes janelas permitem que o FlowRider® seja visto de qualquer ponto do ambiente. O simulador de ondas é cercado por vidro vedado para não molhar os expectadores nem

deixar que a umidade danifique os produtos expostos. As lojas da rede têm em média 789 m², e o custo para a instalação do simulador é de US$ 1 milhão, enquanto que o custo total de cada loja gira em torno de US$ 1,6 e 2 milhões.

O foco principal da Adrenalina Store é a geração Y, perfeitamente ambientada e adepta das novas tecnolo-gias, além de ligada aos esportes radicais. São aquelas pessoas nascidas entre 1980 e 1990, ou como dizem algumas vertentes, entre 1975 e 1985. Apesar de ter como público-alvo principal esse segmento, o trabalho com marcas conceituadas como Billabong, Quiksilver, Zoo York e O’Neill, faz com que os produtos agradem a consumidores de diversas faixas etárias. O mesmo se pode dizer sobre a grande atração da loja. Quem não se anima a testar suas habilidades no simulador, pode parti-cipar também como expectador. E muitos se surpreendem com esse cenário pouco provável dentro de um shopping.

O sinal de que a estratégia está dando certo aparece nos planos de expansão da empresa no varejo. Estão sendo construídos pontos de venda no North Point Mall, em Alpharetta, na Georgia; no The Cherry Creek Shopping Center, em Denver, no Colorado; e no The Shops Willow Bend, em Plano, no Texas. Além disso, a empresa assinou contratos de aluguel no The Galleria, em Houston, no Texas, e no Meadowlands Xanadu, em East Rutherford, em New Jersey. As novas lojas devem ser maiores, com cerca de mil metros quadrados cada.

A IDÉIA

A Adrenalina nasceu a partir do sucesso de um pro-grama de televisão sobre esportes radicais de mesmo nome que vai ao ar no SITV, nos Estados Unidos, e no Sun Channel, em alguns países da América Latina. Enquanto apresentava o programa, em 2004, Zalman Lekach percebeu que a empresa tinha potencial para investir em um poderoso conceito de varejo. Nenhu-ma loja reunia, em um mesmo local, equipamentos e roupas específicas para a prática dos mais diversos esportes radicais. Acrescentar o simulador de ondas, pela primeira vez dentro de uma loja, e permitir que os usuários testassem os produtos, foi o diferencial.

O grupo de gerenciamento trabalhou para colocar em prática a idéia, pensando no mix de roupas, acessórios e equipamentos para a prática de surf, skate, wakebo-ard, kitesurf, skimboard, mountain bike, entre outros. Além disso, obteve os direitos de venda exclusiva do FlowRider®.

Além do programa e das lojas, a Adrenalina desenvol-ve ainda três publicações especializadas com foco no público jovem.

ADRENALINA STORE

Miami International Mall

1455 NW 107 Avenues

Por Inêz Gularte

Colaboração: Rita Azevedo

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TERRA

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Burberry | Milão

Mulberry | ParisVBH | Paris Mulberry | Paris

Brian Atwood | Milão Christian Louboutin | Paris Lanvin | ParisBottega Veneta | MilãoBruno Frisoni | ParisRoger Vivier | Paris

Marni | Milão

Valentino | Paris

Louis Vuitton | Paris

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Christopher Kane | Londres

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Uma cartela ligada às origens, às raízes, que evoca a terra, às madeiras e toda a tradição do couro, que aparece no melhor das suas qualidades. Os acabamentos são transparentes, revelam nuances de tonalidade em um amplo espectro de tons claros, médio, e saturados como um grão de café. O apelo das etnias, especialmente a África, país que alinha as referências visuais da Megaten-dência Fusão, eclode em produtos de toques sugestivos e inegável beleza, entre a sofisticação e o primitivo. Confira mais desta Megatendência no portal usefashion.com.

COLORA excelência do couro somada à força da cor: esta combinação poderosa é tiro certo para o próximo verão.A passagem vermelho/laranja-amarelo aplicada a um mesmo modelo , vai marcar presença. Uma alternativa é introduzir roxo ou azul, justapostos na mistura. O rosa e o verde vão bem sozinhos. Os tons quentes, particularmente o vermelho ligam-se diretamente à Megatendência Trans-formers e instalam uma cartela “orgânica” no coração da moda de verão.

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radar nacionalinverno 2009

Gustavo Silvestre | Casa de Criadores Corso Como Corso Como

Miezko Fause Haten

Walter Rodrigues

Cláudia Mourão

Prints I Like | Casa de Criadores

Corso Como Cristófoli

Débora Germani Margot

Patrícia MottaFause Haten

Corso Como

CORES DE INVERNONem só de preto vive a estação fria. Azuis, tons de rosa, roxos e vermelhos estabelecem outra direção para a cartela de inverno, puros ou misturados entre si. O fenô-meno do inverno colorido foi detectado tanto na Minas Trend Preview quanto na Casa de Criadores, até agora os dois principais eventos que apresentaram previews do inverno 2009 para o mercado nacional. Veja a cobertura completa dos dois no portal usefashion.com.

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comportamentopor Katia Canton*

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visual merchandising

A sugestão de objetos e espaços em 3D na vitrine é muito criativa e atra-ente. A Stefanel, em Florença, está trabalhando com essa idéia na atual coleção em todas as suas lojas. Enormes estantes são na verdade planos retos de fundo e trazem uma espacialidade muito interessante. Note ainda que criativo os expositores: imensos livros feitos em madeira e revestidos de um material cor de laranja que destacam os produtos menores e servem de bancos para os manequins. Excelentes idéias para guardar e usar quando o tema “Volta às aulas” surgir.

Em 2008, publicamos mais de 5,5 mil imagens em visual merchandising (mais de 150 delas foram comentadas) no portal usefashion.com. Acesse!

35JANEIRO/FEVEREIRO 2009

Playboy é a mais bem humorada e, ao mesmo tempo, incômoda das obras. A lendária revista vem cuidadosamente guardada numa bela caixa, como se fosse um tesouro. A artista refez a própria edição, colocando a Barbie como a grande protagonista da história.

A cada segundo, duas bonecas Barbie são vendidas em algum lugar do planeta. A estatística, revelada numa pes-quisa na internet, nos dá a idéia da potência desse mito, que ao longo dos últimos 50 anos, tornou-se o paradig-ma do ideal de beleza feminino.

Barbie foi criada no final dos anos 30, pelo casal Ruth e Eliot Handler, cuja filha, Bárbara, gostava de vestir e trocar suas bonecas.

O casal Handler, dono da empresa de brinquedos Mattel, resolveu lançá-la na Feira Anual de Brinquedos de Nova York, em 1959, vendendo-a ao preço de 3 dólares cada. A tiragem inicial de 340.000 Barbies esgotou-se rapida-mente e novos modelos se seguiram no tempo, aumen-tando exponencialmente a popularidade da boneca.

Ironia do fato histórico: a boneca surgiu em plenos anos 1960, marcados pela reivindicação das liberdades pesso-ais e pelo feminismo, que entre outras coisas, contestava a passividade da mulher-objeto. Pois, enquanto feministas norte-americanas queimavam sutiãs em praça pública, a Barbie passava a ocupar locais privilegiados nas pratelei-ras das lojas de brinquedos, com sua figura loira de olhos azuis, sexy, magérrima e ao mesmo tempo curvilínea, vestida com modelos exuberantes, preferencialmente na cor rosa.

A grande particularidade, que gerou o sucesso imediato da Barbie, é o fato dela não ser uma boneca-menina, mas sim, uma boneca-mulher. Seus criadores perceberam que, no contexto da sociedade moderna, as meninas querem crescer e se tornar adultas e desejadas o quanto antes.

Podemos pensar aqui na erotização da infância, que pro-gressivamente assola as novas gerações. Apresentadoras de programas televisivos destinados a crianças são loiras, vestem roupas sexies, etc. Ao mesmo tempo, podemos refletir também sobre uma infantilização da vida adulta.

Pois se o modelo de beleza feminina é uma boneca, cujas proporções são impossíveis de serem reproduzidas em mulheres reais, estamos todas projetando no espelho a imagem idealizada de um ser plástico, vendido juntamen-te com outros valores acoplados em seus acessórios e modelos: a roupa de grife que ela usa, a Ferrari que ela conduz, o sapato de salto altíssimo, o penteado blonde alisado e brilhante, o iPod da moda.

BARBIE

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* Katia Canton é PhD em Artes Interdisciplinares pela Universidade de Nova York e livre-docente em Teoria e Crítica de Arte pela ECA USP. É docente e curadora do Museu de Arte Contempo-rânea da USP e autora de vários livros.

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perfil

UseFashion: Você afirma em seu blog que nunca de-sejou ser estilista. A aproximação com a moda veio por causa de seus desenhos. Como tudo começou?

Ronaldo Fraga: Sempre gostei muito de desenhar e fazia todos os cursos gratuitos de desenho. Um dia, fiz um curso de desenho de moda, e aí tudo começou. Foi o desenho mesmo que me levou por esse caminho da moda.

UF: No início de sua carreira, você morou e estu-dou em Londres. Como o ambiente experimental da moda inglesa influenciou seu trabalho?

RF: A experiência em Londres foi fundamental para o início da minha carreira, foi lá que de certa forma me profissionalizei. Vendendo chapéus por lá, eu passei por uma verdadeira escola de pesquisa, desenho e venda de moda, sem contar a influência do estilo de Londres, fundamental para a escolha de uma identidade.

UF: Como é sua rotina atualmente?

RF: Tenho viajado bastante para dar palestras e tam-bém acompanhando projetos sociais. Quando estou em BH, passo a maior parte do tempo no meu atelier, cuidando das novas coleções, inclusive da Ronaldo Fraga para Filhotes. E nas pouquíssimas horas vagas, é o tempo dos meus filhos e de minha mulher, entre parques, jardins e campos de futebol.

UF: Você já afirmou que o estrangeiro valoriza muito mais nossa cultura do que nós mesmos. A que você atribui essa dificuldade do brasileiro com sua identidade?

RF: O brasileiro acha que a grama do vizinho é sem-pre mais verde. Isso é uma herança cultural, ou seja, continuamos esperando que a metrópole faça para irmos atrás. Então, só depois que o estrangeiro nos valorizar que faremos o mesmo.

UF: A música e temas regionais estão muito pre-sentes em sua trajetória como estilista. A cultura

de Minas Gerais lhe forneceu material para diver-sas coleções. Fale sobre a importância da relação com a cultura do local de origem do estilista.

RF: Minas Gerais é um estado cheio de histórias e ri-quezas que precisam ser contadas. E uma coleção de moda tem que contar uma história, dizer algo. Dessa forma, Minas é um prato cheio, por isso sempre busco nas tradições que escuto desde criança elementos que possam figurar em minha coleção. Mas eu não olho só para a cultura mineira, eu olho para a cultura brasileira, que, por acaso, tem grandes expoentes aqui no estado.

UF: O regional é mesmo universal?

RF: As pessoas costumam chamar aquilo que não conhecem de regional. O fato de uma cultura ser alocada em determinado lugar só a localiza, mas os valores, crenças e tradições são do mundo, repre-sentam sociedades que fazem parte de uma grande colcha de retalhos, que conhecemos como cultura. O ingresso no mundo moderno é a referência individual que cada um traz de onde vem.

UF: Você decidiu permanecer em Minas, ao con-trário da maioria dos estilistas de trânsito nacio-nal, que mudam para São Paulo e Rio. Conte-nos sobre esta escolha e sobre as implicações profis-sionais dela.

RF: Eu me considero um herói da resistência por não ter cedido. E BH é a cidade que amo, onde tenho os meus elementos de referência. Profissionalmente, eu montei uma estrutura para que eu pudesse trabalhar com a mesma qualidade de que se estivesse em São Paulo. E o melhor, com qualidade de vida. É uma for-ma de oxigenação, voltar para casa em uma cidade que é um misto de metrópole e província.

UF: Outra recorrência é a literatura. Entendemos que é essa aproximação com a narrativa literá-

ria é que dá forma aos seus desfiles. Como você trabalha moda e literatura?

RF: Tudo pode ser referência para a moda, desde mú-sica, histórias e, até mesmo, a literatura. Eu recorro a ela por ser um elemento fantástico, com grandes idéias, que podem ser expressas em um desfile e em toda a coleção. Principalmente se tratando de literatu-ra brasileira, que é muito rica.

UF: Você, com freqüência, é convidado a pales-trar em faculdades e cursos de moda e design. Como você vê esse crescimento do meio acadê-mico no Brasil?

RF: Acho muito bacana essa profissionalização da moda, que tem seu início com os cursos acadêmicos que crescem em todo o país. Se for para agregar qualidade, inovação e campo profissional, acho muito válido.

UF: Qual o seu olhar sobre a cópia no sistema da moda?

RF: No meio de tanta cópia, pela democratização da informação, ganha valor também a autoralidade.

UF: Você foi convidado a desfilar sua próxima coleção de inverno nas semanas de moda do Mé-xico e da Colômbia. Comente essa participação internacional.

RF: Acho muito interessante e importante qualquer convite que me possibilite um envolvimento com países tão próximos e tão distantes para os brasileiros. Vivemos de costas para a América Latina, onde muitas coisas preciosas e emocionantes estão acontecendo.

UF: Fale sobre o trabalho de algum estilista que você admira.

RF: Gosto muito de Machado de Assis, pois ele faz personagens bem vestidos, elegantes e exuberantes.

UF: Se não fosse estilista, você seria...

RF: Equilibrista.

Ser estilista nunca foi um desejo. Ele não teve mãe costureira ou imaginou que seus desenhos um dia se transformariam em coleções. Mesmo assim, o destino traçou seu caminho. A paixão pelo desenho fez com que Ronaldo Fra-ga cursasse Estilismo na Universidade Federal de Minas Gerais, no início dos anos 90. Depois passou por Londres, estudando na conceituada Central Saint Martins. Também viveu em Nova York, onde estudou na Parson’s School.

No Brasil, foi vencedor do prêmio Estilista Revelação, organizado pelo Phytoervas Fashion, e ganhou o cenário nacional. Logo ingressou na Casa de Criadores e, em 2001, passou a integrar o line up do maior evento de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week.

Suas coleções são conhecidas por não seguirem tendências, mas, baseadas em referências regionais, trazerem contemporaneidade. Nesta entrevista, ele conta sobre sua trajetória, sua paixão pelo desenho e a literatura, sobre a valorização de nossa cultura e sobre como é manter o ateliê fora do eixo Rio-São Paulo.

Ronaldo FragaUM CONTADOR DE HISTÓRIAS

Por Inêz Gularte

Colaboração: Fernanda Maciel

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SPFW | Verão 2009

SPFW | Verão 2008 SPFW | Verão 2007 Ilustração Ronaldo Fraga

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* Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plásticas e autor do livro "O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar histórico".

O país do futuro, o país continental, a oitava economia do mundo, o país das balas perdidas, de todas as raças, de Clarice Lispector, de Machado de Assis, das bossas cariocas, da Bienal do Vazio, também é o país da moda.

Nada de fashion weeks coalhadas de celebridades e imprensa internacional, estou falando da moda que se pratica em Caruaru, Divinópolis, Goiânia e Birigui.

Outro dia tomei um avião em Porto Alegre, sobrevoei a Brasília de Niemeyer, de Lucio Costa e das cidades saté-lites e pousei em Teresina. Era um dia “mais fresquinho” como disse o rapaz da van que me buscou no aeropor-to. Os termômetros marcavam 34 graus.

À noite, no Piauí Center Moda, as luzes se apagaram, o cara da técnica abriu o som e as garotas altas e magras desfilaram as últimas criações de marcas que eu, e talvez você, nunca ouvimos falar. Mas elas estão lá. Contratam estilista, modelista, costureira, pagam cachê à modelo, ao maquiador, ao iluminador e pencas de impostos. A top Shynaider é do Piauí e eu também não sabia. Os sítios arqueológicos do Estado abrigam os vestígios do primeiro homem das Américas. Disso eu tinha conhecimento, mas nunca transformei as inscrições rupestres piauienses em referência, embora já tenha trabalhado com as francesas de Lascaux em um projeto de estamparia.

Mais tarde, no quarto de hotel, passei um bom tempo pensando na Shynaider com Y, no primeiro homem, nos mistérios da genética e na máxima de que estar nos grandes centros, no coração dos acontecimentos, onde circulam as idéias e o capital faz diferença. Mas que qualidade de diferença? Quem não está lá, o provin-ciano, o caipira, como se diz pejorativamente, costuma sofrer com isso. É assim desde a antiguidade, quando os gregos corriam para Atenas, os cristãos para Jerusalém e os incas para Machu Pichu. E não é como brasilei-ros, latinos, indianos ou congoleses, aqueles que não nasceram nem se mudaram para Nova York ou Paris se sentem? Irremediavelmente periféricos em relação a europeus e americanos do norte?

De concreto mesmo é que enquanto fervemos no caldei-rão cool do internacionalismo, a moda se espalha insidio-sa pelos sertões do Brasil insular e apronta das suas. Põe comida na mesa, faz dinheiro, cultura e festa. Ás 21h30, sem horário de verão e com os termômetros indiferentes marcando os mesmos 34 graus, o público da semana de moda do Piauí aplaudia calorosamente um vestido cor-de-rosa com enorme jabô igualzinho ao Lanvin.

De volta à capital gaúcha jantei em um restaurante japonês, comprei um livro sobre design escandinavo, um outro do sociólogo Georg Simmel, para repor o que uma amiga me emprestou e esqueci no hotel de Teresi-na. Depois, em uma espécie de paroxismo de delícias urbanas entrei em uma sala de cinema. O filme era Rede de Mentiras do Ridley Scott. Em uma das últimas cenas, quando o personagem de Leonardo Di Caprio avisa ao seu superior da CIA (Russel Crowe) que preten-de ficar no Oriente Médio, porque quer, ele se surpreen-de e retruca: “Mas ninguém gosta do Oriente Médio!” e o Di Caprio, barbado e amadurecido responde: “Talvez pensar assim seja exatamente o problema.”

Esta conversa me fez lembrar de outra. Quando em o Diabo Veste Prada Miranda Priestley afirma categorica-mente para a assistente que “todo mundo quer ser como

O PIAUÍ É AQUInós”, é justo no momento em que a garota decidira que não era bem assim. É quando ela vira as costas e vai-se embora.

Não tem moral da história. Apenas a constatação de que o mundo gira forte, gira rápido, e de que o Piauí é aqui. Assim como Nova York e o Oriente Médio, o Piauí, agreste ou generoso é dentro de nós, arrogantes moradores da banda rica do Brasil, por sua vez a banda pobre do mundo.

Viajei para Teresina a convite da Semana de Moda do Piauí, representando o UseFashion. Lá fiz uma pales-tra sobre tendências de verão, enveredei por todas as considerações acima e fiz algumas visitas a fábricas e lojas. Isentas como a decisão de falar da boa moda que vi por lá.

Sobretudo, fui extremamente bem recebido.

ALGUMAS MARCAS DO PIAUÍ

Riggor

Betanea, a designer e proprietária, trabalha excepcio-nalmente bem o algodão. As peças são descomplicadas, leves, inteligentes. Cheias das últimas informações de moda, e todas muito bem adaptadas por ela ao contexto tropical e industrial.

Lados opostos

A loja tem um jeito de residência, mas tem filiais em Brasí-lia e São Luís, no Maranhão. Lá dentro os irmãos Igor e Ingrid esbanjam sintonia com o planeta fashion. Começa-ram com bolsas, incluíram o beachwear e agora o vestu-ário. Acertam em quase tudo e com um tino comercial e desenvoltura de fazer inveja ao lifestyle do Leblon.

Aline Souto

A receita da boa roupa casada com elementos regionais não é um clichê para esta estilista talentosa. Ela modela, corta e cria estampas com domínio completo do que faz. Aline dá aulas na escola de moda e também atende noivas dispostas a depurar o look tradicional em nome do bom gosto.

Soma

Referência para moda festa na cidade. A roupa é comer-cial e planejada para girar rápido, com especial cuidado nos acessórios e na cartela de cores. A modelagem é eficiente e sem grandes complicações.

culturapor Eduardo Motta*

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CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

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Primeiro Salão Mundial de Tecidos para Vestuário / Parc d’Expositions Paris-Nord Villepinte France / De terça-feira 10 a sexta-feira 13 de fevereiro de 2009 / MCR Communication Brasil Tel.: (55.11) 6847.4943 / [email protected] / www.premierevision.fr

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Com desenhos marcantes, cores destemidas e materiais persona-líssimos, os complementos desequilibram o status nos códigos do look e comandam o jogo no verão.

Não espere modelos tímidos, conformados com a obscuridade. A regra é ter estilo, e muitos deles. No mínimo, eles jogam de igual para igual com a roupa, amplificam as tendências dominantes, recusam o mimetismo com o vestuário, e tornam a experiência de usá-los um exercício criativo e estimulante. Toda esta potência tem muitas faces, que mapeamos nas páginas seguintes. Elas estão a serviço dos melhores negócios para quem pesquisa, produz e comercializa, e são um presente para a consumidora, que se depara com modelos que ela seguramente ainda não tem disponível em casa.

Calçados & Bolsasfotos de desfile e still: © Agência Fotosite

UMA QUESTÃO DE MUITOS ESTILOS

Edição de moda: Eduardo Motta

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DRIES VAN NOTEN | PARIS

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Coloridos

SERGIO ROSSI | MILÃO

SERGIO ROSSI | MILÃO

RENAUD PELLEGRINO | PARIS

BRIAN ATWOOD | MILÃO

A cor chega com intensidade à estação. As puras podem ser misturadas sem medo, e as escalas copiam as passa-gens do arco-íris, evoluindo de quentes para frias em tons fortes. Observe as justaposições entre elas e as inteligen-tes inserções de cinza e preto, anulando algumas áreas e emprestando ainda mais brilho ao conjunto.

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Pantone 3005 C

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Pantone 1805 U

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Pantone 428 C

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Pantone 5285 C

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Pantone 729 C

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Pantone 1505 C

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Pantone 7517 CPretoBrancoPantone 872 C Pantone 8003 C

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CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

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GráficosEste é um efeito novo. Aqui, explorado em estampas e em preto e branco, que oferecem um excelente resulta-do visual. Há boas variações em que o preto entra em contraste com cores ácidas. Além da possibilidade de diferenciar com a cor, as áreas ainda podem ser constru-ídas em recortes. São boas variáveis, mas é inegável o impacto luminoso destes produtos em p&b.

DRIES VAN NOTEN | PARIS

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SERGIO ROSSI | MILÃO

DRIES VAN NOTEN | PARIS

BRUNO FRISONI | PARIS FENDI | MILÃO

VIKTOR & ROLF | PARIS SERGIO ROSSI | MILÃO

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CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

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ÉtnicosComo havíamos identificado ao abordar as Megaten-dências do verão 2010, a força dos elementos africanos toma de assalto o décor e o aspecto dos materiais. Também como fora assinalado, as referências se fundem, evitando a descrição literal e evocando a força de origem. As contas redondas, as misturas de estampas e os répteis têm um papel determinante na caracterização deste estilo.

LOUIS VUITTON | PARIS

LOUIS VUITTON | PARIS

DRIES VAN NOTEN | PARIS

CHLOÉ | PARIS

JIMMY CHOO | MILÃO

LOUIS VUITTON | PARIS

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CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

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OrgânicosDa mesma maneira que no vestuário, as formas orgânicas são usadas para modelar excêntricos vo-lumes. Folheados exuberantes, pregas que inflam e arredondam o shape, ou linhas de contornos de so-lados e saltos, fazem a diferença. Há uma incidência de cores quentes, vermelho sobretudo, ressaltando a semelhança com formas do corpo humano.

SERGIO ROSSI | MILÃO

ROGER VIVIER | PARIS

MIU MIU | PARIS

SONIA RYKIEL | PARIS

VALENTINO | PARIS

MARNI | MILÃO

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GeométricosOs efeitos mais interessantes provêm dos planos recortados na modelagem, que podem ser conferi-dos nos modelos de Roger Vivier e nas moldagens inovadoras na gáspea do scarpin Nina Ricci. Mas as possibilidades não param por aí. Na Jil Sander é a linha do corte do cabedal e a planta angulosa que assumem o papel de representar a geometria. Toda a coleção Marni trabalha com recortes e planos de cores que privilegiam a idéia de construção. Na Balenciaga o efeito é explorado diretamente na estampa.

NINA RICCI | PARIS ROGER VIVIER | PARIS

MARNI | MILÃO JIL SANDER | MILÃO ROGER VIVIER | PARIS

JIL SANDER | MILÃO

BALENCIAGA | PARIS

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Art Déco

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Fonte de influência determinante na estação, a Art Decó empresta formas e conteúdos para os produtos de verão. É interessante ver como os estilistas trabalham a referên-cia, que também tem fundo geométrico, mas é tratada em ritmos criados por formas angulosas, como na san-dália Valentino, e em camadas arquitetônicas no salto da Chanel. Em alguns casos, as citações ficam distantes, mas preservam a essência dos contornos arredondados alter-nados com linhas retas, e o efeito lapidado, que pode ser conferido no fecho da bolsa Lanvin.

LANVIN | PARIS

MISSONI | MILÃO

LANVIN | PARIS BALENCIAGA | PARIS BALENCIAGA | PARIS

CHANEL | PARIS

ROBERTO CAVALLI | MILÃO

VALENTINO | PARIS

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DepuradosA relação aqui é com a Megatendência Grau Zero. É sob sua influência que assistimos a entrada destes produtos despretensiosos no que diz respeito à ostentação fácil, coisa que eles deixam de lado em favor do bom shape, da função exata e da qualidade da matéria-prima. É luxo para poucos. Perceptível apenas para quem lê a qualida-de sob tamanha discrição.

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PRADA | MILÃO

BRUNO FRISONI | PARIS

VBH | PARISMARNI | MILÃO CHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS

BALENCIAGA | PARIS DRIES VAN NOTEN | PARIS

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Estampas FOLHAGEM E ANIMAL PRINT

STELLA MCCARTNEY | PARIS

MANOLO BLAHNIK | NOVA YORKDIOR | PARISGIVENCHY | PARIS

LANVIN | PARIS JIMMY CHOO | MILÃO CHLOÉ | PARIS

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Recortes

VBH | PARIS

MARNI | MILÃO GIVENCHY | PARIS

MIU MIU | PARIS

RENAUD PELLEGRINO | PARIS

MIU MIU | PARIS

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CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

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Tramas e Tressês

VBH | PARIS

MISSONI | MILÃO

MIU MIU | PARIS

MARC JACOBS | NOVA YORK

LANVIN | PARIS

LANVIN | PARIS

GIORGIO ARMANI | MILÃO

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CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

USEFASHION JOURNAL64 65JANEIRO/FEVEREIRO 2009

Metais

CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

LOUIS VUITTON | PARIS

ROGER VIVIER | PARISCHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS

BALENCIAGA | PARIS

ROGER VIVIER | PARIS MIU MIU | PARIS

MIU MIU | PARIS

VERSACE | MILÃO

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CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

USEFASHION JOURNAL66 67JANEIRO/FEVEREIRO 2009

Materiais

CHLOÉ | PARIS

PIERRE HARDY | PARISREBECCA TAYLOR | NOVA YORK

PRADA | MILÃO

CAMURÇA

BURBERRY | MILÃO

VERNIZNEOPREME

COURO AMASSADO

MIU MIU | PARIS

JUTA

PIERRE HARDY | PARIS

TELA/TRANSPARÊNCIA

MISTURAS:

COBRA/PLÁSTICO

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USEFASHION JOURNAL68 69JANEIRO/FEVEREIRO 2009

Metalizados

BRUNO FRISONI | PARIS BRIAN ATWOOD | MILÃO CHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS GUCCI | MILÃO

PRADA | MILÃO

MIU MIU | PARISBURBERRY | MILÃOBOTTEGA VENETA | MILÃO

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CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

USEFASHION JOURNAL70 71JANEIRO/FEVEREIRO 2009

Réptil

CHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS CHRISTIAN LACROIX | PARIS VBH | PARIS

PRADA | MILÃO

MISSONI | MILÃOMISSONI | MILÃOCHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS

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FechamentosOs cabedais cheios, que dominaram as últimas esta-ções, e permanecem com a cotação alta, aumentam a área de trabalho e acionam uma série de alternativas de fechamento também para os produtos de verão. As telas transparentes ajudam na refrigeração e dão impulso extra a estas opções. Com velcros, zíperes e elásticos, que se alinham com as idéias de ajustes da modelagem das roupas, as curvas do corpo se repetem, valorizadas em menores proporções nos contornos dos pés.

SERGIO ROSSI | MILÃO EMILIO PUCCI | MILÃO

SERGIO ROSSI | MILÃO

STELLA MCCARTNEY | PARIS

PIERRE HARDY | PARIS

PIERRE HARDY | PARIS

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CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

USEFASHION JOURNAL74 75JANEIRO/FEVEREIRO 2009

Alças

CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

CHLOÉ | PARIS

BURBERRY | MILÃOYVES SAINT LAURENT | PARIS

DOLCE & GABBANA | MILÃO

VBH | PARIS

GUCCI | MILÃO VBH | PARIS

VBH | PARIS

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Saltos e SoladosHá muitas frentes de desenhos, muitos estilos. De prepon-derante apenas a inventividade e as alturas. No primeiro caso, não faltam experimentações: volumes grandes, forrações exóticas, contrastes com o cabedal, etc. No segundo, ou se está no topo ou rente ao chão. Rasteiras e saltos muito altos não fazem concessão para tamanhos médios. Na hora do lançamento, pelo menos, já que no giro de mercado é outra coisa. Mas este não é apenas um detalhe, ele diz respeito à forma como se trabalha a comunicação e a imagem, atraindo a atenção no geral para oferecer o comercial no particular. As plataformas não são mais blocos maciços, a meia pata é quase um imperativo e o desenho e o décor dos saltos incorporam a estação, ora geométricos, ora étnicos e assim por diante. Acrílico e madeira voltam a falar alto no verão 2010.

ZAC POSEN | NOVA YORK

MARC JACOBS | NOVA YORK GUCCI | MILÃO D&G | MILÃO

BOLSAS paris

MARNI | MILÃO DKNY | NOVA YORK MARNI | MILÃO

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memória

Grace Jones is Perfect“Grace is Perfect”. É assim que Andy Warhol define Grace Jones em um de seus clipes. Nascida Grace Mendoza, esta jamaicana de 60 anos não passa despercebida onde quer que vá. Personalidade forte, estilo, vozeirão. Atributos reunidos em um corpo elei-to, por muitos, como um dos mais belos do mundo.

Grace ficou conhecida pela figura exótica e andrógi-na que agitou o mundo durante as décadas de 70 e 80. Das polêmicas festas no Studio 54 às passarelas de Paris, seu estilo inspirou gerações e ajudou a defi-nir o dress code dos anos 80.

Aos 12 anos mudou-se com sua família para Nova York, e aos 20 anos passou a trabalhar como modelo. Azzedine Alaïa, com seus vestidos bandagem mode-lando exageradamente o corpo, encontrou em Grace a modelo perfeita, elegendo a bela como uma de suas favoritas. Ele não foi o único que viu em Grace o visual ideal. Ela também era a predileta de Jean Paul Gaultier, Philip Treacy e Issey Miyake.

Sua carreira de cantora teve início na década de 70, durante um desfile de Kenzo Takada. O estilista convidou a então modelo para cantar. Grace subiu ao palco e não fez feio. Para ajudar no orçamento, ela passou a se apresentar em pequenos bares e festas em Paris, onde morava. Um contrato com a Island Records lhe valeu o primeiro álbum, Portfolio (1977),

O RETORNO DA DISCO DIVA

que foi um grande sucesso.

Na década de 80, Grace adotou o visual que lhe traria fama e fortuna: andrógino, geométrico, sexual e poderoso. Foi esse estilo que ajudou a torná-la um ícone pop, ao lado de Boy George e David Bowie. Nesta mesma época, ela casou-se com o produtor, artista gráfico e fotógrafo Jean-Paul Goude, com quem veio a ter um filho. Neste período ela viveu a fase mais criativa de sua carreira.

Com o nome associado à irreverência, foi adotada como musa por ninguém menos que Andy Warhol. Junto com o produtor musical Tom Moulton, Warhol deu-lhe a visibilidade que a transformou na Diva má-xima da discotheque scene de Nova York.

Paralelo à carreira de cantora, ela levava a carreira de atriz. Atuou em Conan, O Bárbaro (1984) onde viveu Zula, uma guerreira amazona, como a Bond girl May Day em 007 - Na Mira dos Assassinos (1985), e na pele da vampira Katrina em Vamp (1986).

No mês de novembro, Grace foi capa da revista londrina, Dazed & Confused em um polêmico ensaio, clicado pelo ainda mais polêmico Chris Cunningham. Seu recente retorno à cena musical foi marcado pelo lançamento do novo álbum, “Hurricane”, e pela apre-sentação no Meltdown Festival de 2008, que dedicou uma edição inteiramente a eterna Disco Diva.

O visual andrógino e geométrico de Grace ajudou a definir o dress code da década de 80

Azzedine Alaïa encontrou em Grace o corpo ideal para exibir seus vestidos extremamente sensuais

Capa do álbum Island Life produzido pelo artista Jean-Paul Goude

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