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Resiliência corporativa: administração e o surgimento de um novo conceito de mudança
Corporative resilience: management and the emergence of a new concept of change
Gustavo de Carvalho Lazzari – [email protected] em Administração – Unisalesiano – Lins
Prof. Me. Irso Tófoli – [email protected] – Lins
Prof. Dr. Eduardo Teraoka Tófoli – [email protected] – Lins
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RESUMO
O objetivo deste estudo é confrontar conceitos de organização e administração com as práticas administrativas modernas e observar padrões e ideais a serem adotados pelos gestores para lidar com as constantes mudanças sociais que refletem no meio corporativo, a fim de que estes obtenham os resultados almejados com eficácia. Aborda também o surgimento de um novo conceito de mudança alavancado pela crescente descarga de informações e expansão do acesso a elas pela população em geral, o que evidencia a necessidade pungente de atualização e renovação de conceitos e comportamentos dos dirigentes, face ao despreparo das estruturas atuais em absorver as inovações. Reflete sobre que a existência de uma filosofia social corporativa pode ser adotada pelos administradores, o que permite discernir situações peculiares e adotar medidas pontuais que são fundamentais para obter êxito diante das necessidades específicas. E ainda, que para tal, é imprescindível o conhecimento amplo do negócio, da estrutura interna organizacional, da tecnologia e das pessoas, implicando a necessidade de visão holística e a grande importância da ética profissional e pessoal.
Palavras chave: Administração. Sociedade. Cultura da informação. Mudança. Resiliência.
ABSTRACT
The purpose of this study is to confront concepts of organization and management with modern management practices and observe patterns and ideals to be adopted by managers to cope with the constant social changes that reflect the corporate environment in order to they obtain effectively the desired results. Also addresses the emergence of a new concept of change leveraged by the big discharge of information and the expanding access to them by the general population, highlighting the poignant need of updating and renovation concepts and behaviors of the leaders, against unpreparedness of current structures to absorb innovations. Reflects on the existence of a corporate social philosophy
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that can be adopted by administrators, allowing discern peculiar situations and adopt specific measures that are critical for success on the specific needs. And so, that for this happens is indispensable a broad business knowledge, internal organizational structure, technology and people, implying the need for holistic vision and the great importance of professional and personal ethics.
Words key: Administration. Society. Culture of Information. Change. Resilience.
INTRODUÇÃO
Este trabalho, sustentado por pesquisa bibliográfica, tem o objetivo de
analisar as dimensões que atingem os reflexos socioculturais nas práticas
administrativas atuais, principalmente àqueles relacionados ao desenvolvimento
tecnológico e à ampliação e aceleração do acesso à informação, fatos que
inundaram a sociedade nas últimas duas décadas. Busca pontuar questões
relevantes exercidas pelas influências do atual contexto sociocultural nos
empreendimentos modernos, para contrabalanceá-las com teorias existentes, induzir
a possíveis intervenções e assim gerar novas ideias e opiniões. As constantes
mudanças impostas pela atual sociedade tecnológica fazem dos administradores
pessoas extremamente versáteis, tanto no campo profissional como em suas vidas
pessoais. Obrigam a comportarem uma extensa bagagem técnica e filosófica e a
equilibrá-las com uma assertividade e lucidez razoavelmente incomuns às
características da natureza humana. Neste contexto, é imprescindível que se busque
a preparação pessoal e o conhecimento a todo instante, pois as mudanças não
ocorrem mais do dia para a noite, mas de uma hora para a outra.
1. CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
Para o desenvolvimento deste tema é essencial que se tenha como base os
princípios que norteiam os conceitos de organização e administração. Ao compulsar-
se a definições destes conceitos evidenciam-se abordagens consideradas
importantes, das quais, algumas são pertinentes destacar como subsídios para o
estudo.
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Organizações são instituições sociais e a ação desenvolvida por membros é dirigida por objetivos. São projetadas como sistemas de atividades e autoridade, deliberadamente estruturados e coordenados, elas atuam de maneira interativa com o meio ambiente que as cerca. (MORAES, 2004, p. 91).
Com esta afirmação, Moraes busca realçar a influência e interação que é
empregada ao ambiente, evidenciando as alterações que se substanciam na
sociedade e a importância desta para a atividade. Trata as organizações como
instituições sociais que são dirigidas por objetivos. Isto induz a uma reflexão sobre a
importância da organização, não só para seus membros, mas para a sociedade em
geral, que através de um relacionamento de ações recíprocas têm por objetivo
fundamental a prosperidade mútua e constante. De acordo com Meireles (2003, p.
46) “a organização é um artefato que pode ser abordado como um conjunto
articulado de pessoas, métodos e recursos materiais, projetado para um dado fim e
balizado por um conjunto de imperativos determinantes.” Ao falar sobre “imperativos
determinantes”, Meireles expõe o proeminente papel da cultura e dos valores
sociais, o que remete a uma observação sobre a sensibilidade e volatilidade do
comportamento humano em consonância com a estruturação dos ideais
corporativos.
Segundo Lacombe (2003 p. 26), “por organização, entende-se que é o
agrupamento de pessoas, que se reuniram de forma estruturada e deliberada e em
associação, traçando metas para alcançarem objetivos planejados e comuns a todos
os seus membros.” Percebe-se que ao utilizar o termo “deliberado” procura-se elevar
a necessidade de um propósito comum, da clareza e da transparência, o que é
fundamental para uma atividade saudável. Verifica-se que os conceitos possuem
maior parte do foco nas pessoas e sua sinergia, o que as colocam numa posição
fundamental para o funcionamento de uma organização. Elas são consideradas a
base do conjunto. Notável também, é que a finalidade desta reunião é o que
realmente interessa para o sistema.
Tomando por base os argumentos anteriores, pode-se entender de uma
forma ampla e genérica que a organização é um conjunto de recursos (materiais e
humanos) que se articulam e interagem de forma lógica e dinâmica, através de
mecanismos organizados em regras e diretrizes, que são determinadas por um
comando, que é norteado por uma política, que se amolda e alicerça para atingir
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objetivos de pessoas com propósitos convenientemente comuns, os quais foram
propostos por uma missão relacionada a determinados valores, influenciando o
ambiente no qual se inserem. Não seria excludente afirmar de forma extremamente
sucinta que a organização é um conjunto que interage para um determinado fim.
Porém resumir uma composição tão complexa não evidenciam os detalhes
que se revelam na prática. Nota-se, que apesar de a essência se apresentar como
uma ideia relativamente simples, as variáveis que compõem o sistema
organizacional e seus anseios são muitas, além de serem carregadas de fatores
culturais, ideológicos, econômicos, políticos, ambientais, entre outros.
Levando em consideração que os valores encabeçam a sequência dos
fatores envolvidos, pode-se considerá-los como a raiz da estrutura. Toda
organização é movida por um desejo principal que se forma a partir de determinados
valores; estes, por sua vez, precisam estar alinhados com a cultura do ambiente
para que haja consubstancialidade. A disposição de recursos aliada ao potencial de
otimização é o que fornece condições para a obtenção de resultados. Entre estes
aspectos: valores, cultura, desejos, recursos e resultados; configura-se a
necessidade de conhecimento, planejamento, organização, iniciativa, comando e
controle. Diante disto, emerge a figura do administrador com papel de ser o executor
neste processo. Como subsídios, é importante resgatar alguns conceitos sobre
administração.
Segundo Maximiano (2007), o planejamento, a organização, a liderança, a
execução e o controle são considerados decisões e/ou funções, sem as quais o ato
de administrar estaria incompleto. Com essa afirmação ele explica que o objetivo da
prática administrativa é garantir eficiência e eficácia de uma estrutura organizada e
que sem as ferramentas e princípios administrativos não haveria mecanismos para o
funcionamento adequado e o ato seria incompleto. Fayol (1916) elencou cinco
propósitos que estão envolvidos no ato de administrar:
a) Planejamento: traçar planos e examinar o futuro
b) Organização: montagem da estrutura humana e material
c) Comando: manutenção da atividade da empresa
d) Coordenação: harmonia entre atividade e esforço
e) Controle: cuidados tomados para a realização do plano
traçado
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Chiavenato (2000) aborda a administração como sendo o processo de
planejar, organizar, dirigir e controlar o uso recursos a fim de alcançar objetivos.
Chiavenato (2000, p 5) afirma também que “[...] a tarefa básica da administração é a
de fazer as coisas por meio de pessoas de maneira eficiente e eficaz.” Segundo
Peter Drucker (1998, p. 8), o trabalho do administrador pode ser definido como
“planejar, organizar, ajustar, medir e formar pessoas.” Ele explica também:
A administração constitui função social, enraizada na tradição dos valores, hábitos, crenças e sistemas governamentais e políticos. A administração é – e deve ser – condicionada pela cultura; por sua vez, a administração e os administradores moldam a cultura e a sociedade. (DRUCKER, 2006, p. 16)
Verifica-se que todas as definições tratam dos termos: planejamento,
organização, liderança e controle. São princípios fundamentais que obrigatoriamente
o gestor deve levar consigo ao exercer sua atividade, aplicando-os no seu dia-a-dia,
para manter o funcionamento adequado da engrenagem que proporciona a
obtenção dos resultados. Peter Drucker vai além; assim como Moraes se referiu à
organização como uma instituição social, Peter aborda a administração como uma
função social que sofre influências de valores culturais e sistemas governamentais.
Essa ideia mais ampla de Drucker envolve, além dos princípios anteriores, as
questões sociais e políticas, que, em um patamar mais abrangente e complexo,
geram influências no negócio; em princípio, embotadas de uma aparente candidez e
iniquidade, instituem-se rapidamente e revelam-se astuciosas e imperativas ao
transacionarem com os propósitos empresariais; seja através de alterações e
interferências nos ciclos mercadológicos, ou nas próprias pessoas; como
funcionários ou clientes, em suas culturas, ambições, valores e necessidades.
Através destes conceitos pode-se entender a prática administrativa, em geral,
como o ato de proporcionar aprimoramento da interação de recursos, através de
planejamento, comando e controle, utilizando técnicas e conhecimentos para avaliar
e tomar decisões, determinando a direção necessária para concretizar objetivos, a
fim de proporcionar evolução e desenvolvimento coletivo e obter resultados
determinados por uma missão, que se embasa em determinados valores e culturas,
e almeja a superação e aperfeiçoamento constantes.
Observa-se, assim como nos conceitos sobre organização, que o agente
principal do processo administrativo são as pessoas. Não há diferenças entre os
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conceitos, eles se completam. Na verdade, em resumo, um trata do objeto e o outro
da execução. Quando se fala em conceito de organização presume-se que há um ou
mais administradores em exercício, assim como do contrário, é óbvio que ao definir
o ato de administrar tem-se que ele ocorre em uma determinada estrutura
organizada. Somando-se a isto, fatos importantes têm surgido nos últimos anos
numa avalanche de inovações tecnológicas, mudanças socioculturais e econômicas,
aceleradas por uma sinergia de informações sem precedentes, que requerem o
aprimoramento constante da formação de opinião e dos valores éticos, da
responsabilidade social, dos conhecimentos técnicos e da capacidade de adaptação.
2. A CULTURA DA INFORMAÇÃO
A forte expansão do acesso à informação, através de meios digitais, à
população em ampla escala, alimentou o surgimento de uma cultura de informação
que há pouco tempo não existia. Para explicar, basta voltar-se numa análise das
atitudes das pessoas em geral. Verifica-se, por exemplo, grande sensibilidade das
pessoas a fatos, notícias relacionadas a desfechos negativos, os quais, ao serem
trazidos à tona, não são mais tolerados por já terem sido compulsoriamente
discutidos e estarem em declínio pelo próprio fato da publicidade e intolerância
induzirem seus autores a se precaverem com receio de sofrerem as consequências
de uma imagem negativa. Devido à autoexposição em mídias sociais, estas estão
ganhando espaço, que antes era informal, mas agora começa a ser incorporado aos
valores sociais. Por serem cada vez mais consideradas subsídios para a
classificação comportamental de seus usuários, determinam em boa parte as
definições de valores, ideais e caráter pessoal e profissional. As pessoas estão mais
sensíveis e vulneráveis, possuem mais flexibilidade e visão crítica. Há uma resposta
muito rápida da sociedade para os acontecimentos, mesmo àqueles aparentemente
irrelevantes, pois logo se tornam incisivos numa velocidade imperceptível e sem
possibilidade de contenção. Os contratempos corporativos estão sujeitos a cuidados
que antes não eram considerados muito importantes.
Há duas décadas não se tinha a ideia de que um vídeo poderia ser gravado e
compartilhado imediatamente por qualquer pessoa a partir de um aparelho celular;
há uma década, este mesmo vídeo não atingiria um número muito grande de
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pessoas. Hoje, ele pode ser gravado de qualquer lugar do mundo e postado em uma
rede social imediatamente ganhando publicidade mundial em instantes. O Facebook,
por exemplo, conta atualmente com pouco mais de um bilhão usuários de acordo
com levantamento feito pelo The Next Web (THENEXTWEB.COM, 2014). Segundo
o estudo, o número de “facers” aumentou de forma constante desde março de 2009,
saltando de 200 milhões para a marca atual. O gráfico divulgado pela The Next Web
através de seu site em 29 de janeiro de 2014 mostra esta ascensão avassaladora:
Gráfico 01 - O crescimento do Facebook para usuários ativos totais no período de março de 2009 a dezembro de 2013.Fonte: www.thenextweb.com (2014)
Ao analisar este quadro percebe-se, devido à rapidez e o volume de
crescimento, o quão complexo é mensurar o potencial de influência do Facebook,
nos últimos anos, no cotidiano das pessoas, em seus desejos e valores. Isto,
indubitavelmente, gera grandes influências em relação às políticas empresariais. A
publicação destaca ainda que os acessos via celular, no início quase inutilizável,
representa o número de 874 milhões de pessoas por mês.
Outro dado relevante é a aposta de expansão em países subdesenvolvidos, já
que a base de usuários nos EUA, Canadá e Europa, as quais representam maior
parte do seu lucro, está parando de crescer. Assim o Facebook avança para uma
estratégia de universalização em escala global visando manter-se absoluto no ramo.
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Não é novidade o fato de que é necessário acostumar-se com a evolução da
informatização digital, assim como é muito claro que os mecanismos de interação
das relações sociais serão, muito em breve, integralmente dependentes destas
tecnologias. Em entrevista à Rede Globo de televisão, no programa “Milênio” da
Globonews, no início de 2014, David Rothkopf, presidente da revista estadunidense
“Foreing Policy” lembra que o Facebook tem um bilhão de membros. E continua:
“Quantas coisas no planeta você pode dimensionar em bilhões? A igreja católica, o
mundo muçulmano, a China, a Índia e o Facebook.”. Ele vai além e diz: “Estamos
chegando ao ponto no qual praticamente todos os habitantes do mundo são parte de
um sistema individual. Quem controla esse sistema? Quais são os direitos dele?”. É
preciso, como nunca antes, preocupar-se com o poder da informação. As pessoas –
as quais formam os mercados, a sociedade e as organizações – têm algo que
ninguém pode restringir; elas têm um enorme poder: o poder da informação. E maior
ainda e mais relevante para os administradores é o que este poder proporciona: o
potencial de mobilização. Em outubro de 2013, a ONU estimou que no final daquele
ano 2,7 bilhões de pessoas estariam conectadas à Internet, em torno de 40 % da
população mundial conforme divulgação do site da Folha UOL em oito de outubro de
2013.
O número de um bilhão de pessoas (usuários do Facebook) representa nada
menos que 1/7 da população mundial, se considerar-se o relatório da Fundação
Alemã de População Mundial de 1º de janeiro de 2014, divulgado pelo site do
Diariodarussia, que aponta o número da população mundial em 7,2 bilhões.
Considerando que é justamente onde há maior poder econômico que se concentram
a maioria dos empreendimentos e é também onde as redes sociais se consolidam
mais vorazmente e o acesso à Internet é mais indispensável, é fácil deduzir que o
impacto destes novos canais de comunicação nas organizações é praticamente
absoluto. Some-se a isto o crescimento da dependência global destes canais e a
suas consequentes tendências de expansão mundial e veremos que o panorama
aponta para um crescimento de um mercado sensível e imediatista, o que implica a
grande necessidade de dinamismo para abordá-lo.
A fiscalização dos instrumentos e práticas corporativas tende a crescer
alavancada pelas exigências que se iniciam nas pessoas e rapidamente são
consolidadas no mercado. É fundamental que os gestores se mantenham
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atualizados, reavaliem seus métodos de realizar planejamentos, se preocupem
muito com a questão ética, tenham noções claras do comportamento do mercado,
das operações financeiras e tributárias e das oscilações nas economias
internacionais, compreendendo seus reflexos no ambiente macro organizacional e
em seus nichos de negócio.
3. UM NOVO CONCEITO DE MUDANÇA
Em poucos anos ocorreram mudanças contundentes na área da tecnologia da
informação e a sociedade vem refletindo-as de forma ascendente e progressiva.
Mas não é tudo, pois como toda cultura, esta da informação apenas se inicia e à
medida que se expande, com ela surgirão gigantescas mudanças comportamentais
e ideológicas que irão varrer a sociedade nos próximos anos, o que exigirá dos
empreendedores muita capacidade de percepção e adaptação. A busca por
informações importantes, não é menos relevante do que saber o que fazer com elas
e em tempo hábil.
Fusões empresariais, por exemplo, ocorrem mais frequentemente neste
cenário, impulsionadas pelas ferramentas tecnológicas e de análise modernas. Isto
reflete na sociedade e no mercado, que são influenciados reciprocamente, seja pela
alteração no poder de consumo ou na capacidade da oferta. Assim, Organizações
menores sofrem consequências, que por sua vez transmitem-nas às grandes. Neste
ínterim, o mercado em geral, ou seja, todas as organizações sofrem oscilações,
necessitando melhorar seus controles e planejamentos para rever procedimentos,
diretrizes, estoques, cadeias produtivas e questões burocráticas envolvidas. Pode-se
dizer que a estabilidade econômica está com os seus ciclos adulterados pelo
dinamismo imposto pela cultura da informação.
Não existem mais técnicas ou mecanismos gerenciais secretos. Toda
informação é, atualmente, relativamente fácil de obter. Vivemos em uma era de
adaptação às mudanças ocorridas nos últimos anos, que foram extremamente
significativas. Porém, não se sabe ainda sua extensão e, o mais importante: não se
sabe o que poderá mudar em médio prazo. Toda mudança é um processo que exige
empenho e um período de adaptação. O que está ocorrendo é um descompasso
neste funcionamento. Não há tempo suficiente entre as mudanças para assimilá-las,
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e assim, frequentemente, muitos de seus efeitos acabam sem nem mesmo terem
efetivamente ocorrido. As novas variáveis anulam as anteriores, muitas vezes, antes
destas terem sido consideradas.
Trata-se do surgimento de um novo conceito de mudança, rápido e
multiplicador, que precisa ser compreendido, levado em consideração, para
possibilitar ações precisas, que através de um consistente, redimensionado e ágil
planejamento, com limites claros e peculiaridades avaliadas, tenha igual volatilidade
em termos de resiliência.
4. RESILIÊNCIA
De acordo com o Dicionário de português online Michaeles, a palavra
resiliência significa: “Trabalho necessário para deformar um corpo até seu limite
elástico.” O Priberam dicionário define como: ”Propriedade de um corpo de
recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.” É um termo que
está sendo bastante utilizado no meio administrativo para demonstrar as
necessidades de adequação constantes frente às mudanças ocorridas em diversos
aspectos. Transpondo este conceito para o campo corporativo pode-se entendê-lo
como o potencial de precisão e de flexibilidade ao ajuste necessário para suprir a
demanda de objetivos específicos. Verifica-se que para proporcionar a precisão e
flexibilidade, antes é fundamental identificar os objetivos específicos e qual o ajuste
necessário a ser realizado. Há também certa dificuldade em manter as condições
para que a flexibilidade não distorça a originalidade demandada. A perfeição é um
ideal cada vez mais almejado por ser também cada vez mais exigido.
Em atenção ao surgimento de uma peculiaridade do mercado, por exemplo, o
gestor precisa levar em consideração o todo organizacional, uma vez que a
concorrência também está agindo dessa forma. Não é suficiente tomar apenas
medidas para estancar ou estabilizar a situação, mas sim, entender o que levou ao
surgimento da mudança e se há necessidade de uma reestruturação, dispor de
ferramentas de gestão e conhecimentos para, dentro de uma visão holística, analisar
e ter a consciência do que precisa ser feito com relação à demanda específica e agir
rapidamente; e ainda, verificar as possibilidades de utilizar tal mudança para uma
potencial alavancagem do negócio. Ou seja, é preciso estar preparado para mudar,
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em qualquer tempo e estar preparado para voltar ou para permanecer, sem causar
interferências na eficiência e eficácia. Para isso o administrador deve consolidar na
política da organização este ideal de movimento constante, transmitindo-o às
equipes, departamentos e filiais, no sentido de que estas disponham de gatilhos e
ainda tenham estrutura adequada para dispará-los.
5. A INTERNET, A TECNOLOGIA E SUAS FERRAMENTAS
A livre Internet está sofrendo consequências pela falta de regras, e, por ser
cada vez mais indispensável, há uma forte tendência de que esta falta seja suprida.
A dependência generalizada da Internet está em contraste com a ausência de
regulamentação. Os mecanismos governamentais estão avançando para um
rigoroso controle digital das transações corporativas. O paradoxo que se evidencia
é a falta de controle do mecanismo que exerce o controle em praticamente quase
tudo, e aumenta a cada dia. Há uma necessidade de sanar este déficit para
fortalecer a qualidade e confiabilidade das informações e, a partir daí, consolidar um
novo conceito de sociedade empresarial da informação; mais dinâmico, resiliente,
eficaz, ético e definitivamente globalizado. Os mercados sentem cada vez mais
estes reflexos e sofrem mais e frequentes alterações. Os empreendedores vão ter
que se preocupar não apenas com os tipos de mudanças que se possam prever,
mas também em estarem preparados para mudanças imprevisíveis de qualquer tipo.
Isso não é grande novidade, o que é novo é rapidez e o efeito multiplicador gerado
por elas.
O poder das ferramentas dos sistemas de informação tem proporcionado aos
administradores dados espetaculares pelos quais é possível realizar análises, extrair
conclusões e fazer novos planejamentos extremamente criativos. O potencial é tão
alto que é nele mesmo que se verifica o risco, ou seja, não utilizá-los significa perder
para a concorrência. As variáveis que influenciam a competitividade são muitas,
tornando-a mais brutal e esmagadora, assim como expressou Gary Hamel, em
entrevista em abril de 2008, dizendo que estamos a viver num mundo onde é a
inovação que gera riqueza. Junto à evolução dos conceitos de administração
evoluíram também os negócios, o que, consequentemente, influencia em novas
evoluções de conceitos, estabelecendo um ciclo virtuoso.
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6. O PAPEL DO ADMINISTRADOR
Diante destes fatos, nota-se, contudo, a existência de uma estrutura filosófica
que pode ser entrelaçada nos tecidos da atual conjuntura socioempresarial
permitindo o desenvolvimento da eficiência e eficácia. Para tal as pessoas
envolvidas devem estar em sintonia com este pensamento. Assim a atenção se volta
às questões de comando, liderança e participação. Usa-se muito para expressar as
ideias modernas os termos de reengenhar, reinventar, reavaliar, rever. Para Motta
(2001), a mudança é um ônus, pois requer que a pessoa reveja sua maneira de
pensar, agir, comunicar, relacionar-se e de criar significados para a própria vida.
O fluxo entre os departamentos, divisões e plantas deve estar confiável e
ajustado para receber diretrizes e fornecer o feedback de maneira eficaz e eficiente.
O gestor tem o papel de garantir essa fluidez e deter o comando para acionar
medidas de forma que estas sejam rapidamente absorvidas e praticadas. Para isso
é preciso dedicar-se ao adequado arranjo e formação de pessoas assim como à
disponibilização de ferramentas e estruturas específicas para o processo. Com a
rápida mudança nas demandas, as organizações em geral são carentes destes
dispositivos e muitas vezes não é uma tarefa simples para o administrador criar as
devidas condições necessárias. De acordo com Hamel (2008), à medida que o ritmo
das mudanças se acelera, cada vez mais empresas encontram-se na contramão da
curva da mudança. Isso pode ser explicado pela natureza humana que tende à
acomodação. O espírito empreendedor não é uma virtude natural, uma vez que deve
ser desenvolvido através do exercício da parte racional do cérebro. Porém ele pode
ser desenvolvido e aprimorado. O treinamento dos funcionários nunca foi tão
importante, assim como a escolha e alocação dos mesmos de maneira harmônica
que vise à exploração dos seus pontos fortes. Em contrapartida, proporcionar o
desenvolvimento dos seus pontos fracos não é menos relevante.
Desinchar o quadro de pessoal e qualificá-lo é um grande desafio. A
implantação de técnicas como a gerência participativa é uma boa proposta, pois
ajuda a filtrar o pessoal, evidenciando o que precisa ser alterado no aspecto de
competências e distribuição de responsabilidades de acordo com as metas
estabelecidas. No entanto há necessidade de treinar ou às vezes demitir e contratar
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novos gerentes, pois estes devem estar preparados para conduzir as mudanças.
Eles devem motivar a equipe, buscando um relacionamento de qualidade através da
aproximação, gerando condições para o crescimento individual e do grupo,
preocupando-se em manter um bom clima organizacional e ambiente confortável
com ferramentas adequadas. Deve reorganizar as funções e dar autonomia à
equipe, incentivando a capacidade de inovação individual e coletiva. Assim como
frisou Gary Hamel (2013), durante o fórum HSM Expomanagement, dizendo que
quando se encolhe a autonomia, encolhe também a capacidade de inovar; ele diz
também que experimentar é essencial e poucas empresas adotam essa ideia. É
necessário identificar os pontos de resistência às mudanças, entendê-los e traçar
metas para desentranhá-los. Dependendo da qualidade do portfólio humano, e da
disposição econômica da empresa, a implantação pode ser fácil e rápida ou mais
difícil e lenta. O importante é definir o que é que se tem e o que é necessário obter,
para, a partir daí, estabelecer um plano de mudança e colocá-lo em prática.
CONCLUSÃO
Os avanços tecnológicos, a globalização e o surgimento de mídias e canais
de informação extremamente acessíveis são as raízes das mudanças atuais que
representam o tema central deste artigo. Para lidar com elas o administrador deve
buscar atualização constante, conhecer profundamente o ambiente interno da
organização, desenvolver novas técnicas e saber o que acontece no mundo dos
negócios, tratando esse assunto como uma obrigação do seu dia-a-dia. Existem
grandes dificuldades, principalmente aquelas relacionadas à resistência das pessoas
às mudanças, sejam elas diretas ou indiretas. Surge uma nova atribuição que é a
preocupação holística ou paradigma holístico. Evidencia-se a exigência da
capacidade de resiliência dos dirigentes. As influências partem de inúmeras
variáveis muito pouco previsíveis e a antecipação a elas se transforma em um
conjunto de dispositivos abrangentes, estribados na preparação e atualização
constante para uma abertura da máquina administrativa num ângulo que
proporcione a investida necessária, em tempo adequado, de maneira precisa e
eficaz. Diante deste quadro a prática administrativa se configura através de uma
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gama de atribuições tão complexa que só pode ser decifrada por meio de uma
contínua dedicação ao conhecimento dos fatores que envolvem o negócio em
âmbitos peculiares e globais, e principalmente do autodesenvolvimento dos
gestores. Neste contexto ganha destaque a resiliência corporativa e uma incisiva
necessidade de adaptação a esta nova filosofia empresarial.
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