UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Aline Salete Turatti...
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Aline Salete Turatti Chiesorin
COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO INDICE DE
RECONHECIMENTO DA FALA REALIZADO À VIVA VOZ E COM MATERIAL GRAVADO EM PACIENTES COM PERDA AUDITIVA
NEUROSSENSORIAL DESCENDENTE
CURITIBA 2011
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COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO INDICE DE
RECONHECIMENTO DA FALA REALIZADO À VIVA VOZ E COM MATERIAL GRAVADO EM PACIENTES COM PERDA AUDITIVA
NEUROSSENSORIAL DESCENDENTE
CURITIBA
2011
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Aline Salete Turatti Chiesorin
COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO INDICE DE RECONHECIMENTO DA FALA REALIZADO À VIVA VOZ E COM
MATERIAL GRAVADO EM PACIENTES COM PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL DESCENDENTE
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de especialização Audiologia Clínica: enfoque prático e ocupacional da Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná.
Orientadora Dra. Ângela Ribas.
CURITIBA
2011
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 5
2 REVISÃO DE LITERATURA 6
2.1 LIMIAR DE RECONHECIMENTO DE FALA - LDV 6
2.2 LIMIAR DE DETECTABILIDADE DE VOZ – LDV 7
2.3 LIMIAR DE DESCONFORTO DA FALA – LDF 8
2.4 ÍNDICE DE RECONHECIMENTO DE FALA 9
3 PROCESSAMENTO AUDITIVO 11
4 PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL DESCENDENTE 13
5 MATERIAL E MÉTODO 15
6 RESULTADOS 16
7 DISCUSSÃO 17
CONCLUSÃO 19
REFERÊNCIAS 20
5
1. INTRODUÇÃO
A audição é um é um órgão sensorial importante à vida, pois constitui a
base da comunicação humana.
A audição estende-se a todas as direções e grandes distâncias,
informando-nos acerca da localização e a distância em que se encontra o
indivíduo da fonte sonora, constituindo em um mecanismo de defesa e alerta,
importante para a segurança virtual. Dependendo do indivíduo, os sons podem
provocar as mais diversas reações físicas e emocionais, como: susto, riso,
lágrimas, sensações de prazer e desprazer, participação e segurança, as quais
são partilhadas com os semelhantes, tendo como agente intermediário a
linguagem falada, adquirida principalmente pela audição (RUSSO, 1993).
A ciência que estuda a audição humana é a audiologia, sendo esta
uma das áreas de estudo da Fonoaudiologia. Ela estuda a audição humana
tendo como critérios padrões audiométricos considerados normais. Para isso
utilizam-se testes objetivos e subjetivos que quantificam os limiares auditivos
das pessoas, dentre eles a logoaudiometria (RIBAS e CALLEROS, 2009).
Segundo Ribas, (2009) a logoaudiometria é um exame complementar a
audiometria tonal, de caráter subjetivo, de fácil aplicação e que desperta o
interesse dos profissionais que trabalham na área audiológica, fornecendo
importantes informações sobre a qualidade da percepção auditiva da fala de
indivíduos avaliados audiologicamente.
O exame de logoaudiometria é importante no diagnóstico audiológico, e
tem como objetivo mensurar a habilidade de um indivíduo em perceber os sons
6
da fala (WILSON e STROUSE, 2001; FARFÁN e col., 2002; MOREIRA, 2004)
englobando tanto medidas de sensibilidade como de acuidade auditiva (RIBAS,
2009).
Os testes que compõe o exame de logoaudiometria são os seguintes:
Limiar de Reconhecimento de Fala, Índice de Reconhecimento de Fala, Limiar
de Detectabilidade de Voz e Limiar de Desconforto para a Fala (RIBAS, 2009).
O objetivo deste estudo foi comparar os resultados do Índice de
Reconhecimento da Fala obtidos através da avaliação de adultos com perda
auditiva neurossensorial descendente, em duas situações de avaliação: à viva
voz e com o material gravado. Utilizou-se o CD elaborado pelos profissionais
do curso de Fonoaudiologia da Universidade Tuiuti do Paraná (RIBAS, 2009)
2. REVISÃO DE LITERATURA
Cada um desses testes é realizado com uma série de itens, podendo
ser uma lista de palavras ou frases, foneticamente balanceadas e que fazem
parte do vocabulário usual do indivíduo (FRAZZA et al, 2000). Esses testes
podem ser realizados à viva voz, ou por meio de material gravado.
2.1. LIMIAR DE RECONHECIMENTO DE FALA – LRF
O Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF) pode ser definido como a
menor intensidade com a qual o paciente é capaz de repetir corretamente 50%
7
das palavras (MUNHOZ, 2004) e tem como objetivo confirmar limiares tonais
da via aérea (FROTA E SAMPAIO et al, 1998).
O LRF também pode servir de base para testes supraliminares que
fazem o diagnóstico diferencial de perdas auditivas (KRUGER, 2005).
Uma pessoa com perda auditiva, mesmo que mínima ou restrita às
frequências altas, pode apresentar problemas de compreensão, pois a
intensidade reduzida do som dificulta a correta interpretação da mensagem
pelo sistema nervoso central (RIBAS E MARTINS, 2009).
Wilson e Strouse (2001) relatam que os processos que reduzem as
redundâncias da mensagem sonora criam incertezas nos indivíduos sob teste e
quanto mais incertos ele estiver sobre a condição de escuta pior o seu
desempenho auditivo.
2.2. LIMIAR DE DETECTABILIDADE DE VOZ – LDV
O Limiar de Detectabilidade de Voz (LDV) significa revelar, por meio de
testes específicos, o início da sensibilidade auditiva de sons vocais de um
determinado indivíduo. Desta forma, o sujeito sob teste deve sinalizar se está
ou não sentindo a presença de um som vocal, sem necessariamente
reconhece-lo (RIBAS e KLAGENBERG, 2009).
O objetivo deste teste, segundo Ribas e Klagenberg (2009), é determinar
qual a menor quantidade de intensidade necessária para causar sensação
auditiva em um indivíduo, utilizando-se sons vocais.
8
É realizado normalmente em indivíduos que não conseguem responder
aos demais testes de logoaudiometria e na seleção do aparelho de
amplificação sonora individual (RIBAS e KLAGENBERG, 2009).
2.3. LIMIAR DE DESCONFORTO DA FALA – LDF
O Limiar de Desconforto para a Fala (LDF) entende-se o início da
sensibilidade quase dolorosa frente a determinado estímulo auditivo.
O objetivo é determinar o limiar de desconforto para sons vocais, de um
determinado indivíduo. Serve para avaliar basicamente presença do fenômeno
do recrutamento (RIBAS, 2009).
Pessoas com perda auditiva sensórioneural podem apresentar o
fenômeno do recrutamento, onde há percepção aumentada para a sensação
de intensidade. Nestes casos o limiar auditivo está alterado e o limiar de
desconforto não, o que provoca a redução do campo dinâmico da audição.
Sons fortes podem, então causar desconforto e dor (RIBAS, 2009).
A presença do recrutamento, normalmente associado a lesões
endococleares é fundamental para o diagnóstico audiológico bem como a
definição das condutas necessárias (ALMEIDA, 1998).
9
2.4. ÍNDICE DE RECONHECIMENTO DE FALA
O Índice de Reconhecimento de Fala (IRF) é a medida da fala em uma
intensidade fixa na qual o indivíduo consegue repetir corretamente o maior
número de palavras (FROTA E SAMPAIO et al, 1998).
É uma medida supraliminar que utiliza palavras monossílabas para
determinar a habilidade do individuo em compreender a fala em condições
ideais de escuta (PENROD, 1999).
Por ser um teste de fácil aplicação, baixos custos e simples
interpretações, é um dos testes mais utilizados em clínicas de audiologia
(CASARIN, ROSSI e CECHELLA, 2000).
De acordo com Casarin, Rossi e Cechella (2000), através da avaliação
e da análise de desempenho auditivo com diferentes materiais de fala, é
possível não só identificar as dificuldades perceptuais apresentadas por
indivíduos com perda auditiva, como também traçar um perfil mais sensível e
determinado das suas habilidades auditivas e predizer como será o seu
comportamento auditivo em situações diárias de comunicação.
O examinador irá apresentar um total de 25 palavras diferentes para
cada orelha, cada acerto representa 4% do total, assim, os valores de acertos
podem variar de 0 a 100%. Para o início do teste acrescentam-se 40 dB acima
da média tritonal.
Segundo Ventura e Guedes (2003), primeiramente, é apresentada uma
lista de vocábulos monossílabos. Se a porcentagem for menor que 88 % aplica-
se a lista de dissílabos. Nos casos de perdas severas com queda em agudos
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ou em pacientes que apresentem porcentagem muito baixas com
monossílabos, utiliza-se a lista de trissílabos.
As palavras monossílabas estabelecem com precisão o grau de
discriminação e são mais sensíveis, e palavras dissílabas apresentam um grau
de dificuldade médio para seu reconhecimento (POTMANN e PORTMANN,
1993). Na literatura consultada (JERGER, SPEAKS e TRAMMEL, 1968) os
valores do IRF são mensurados de acordo com as dificuldades que o indivíduo
apresentou durante o teste, conforme o quadro 1.
Quadro 1: resultados do IRF em relação à dificuldade para compreender a fala
DIFICULDADES PORCENTAGEM DE ACERTO
Nenhuma 90 a 100%
Ligeira 75 a 90%
Moderada 60 a 75%
Acentuada para Conversação 50 a 60%
Incapaz de acompanhar conversação < 50%
Fonte: Jerger, Speaks e Trammel, 1968
O resultado do IRF de acordo com Russo, Lopes, Borgianni e Brasil
(2009), é imprescindível para fornecer o topo diagnóstico, ou seja, a localização
de lesões específicas do sistema auditivo; prediz o prognóstico de uma cirurgia
otológica; prediz o valor terapêutico de procedimentos, tais como: leitura labial
e treinamento auditivo; confirma os limiares tonais; avalia a adequação social e
efetividade da comunicação do indivíduo; orienta o planejamento e avaliação
dos programas de reabilitação aural e avalia a possibilidade de seleção e
adaptação das próteses auditivas, através da determinação do campo dinâmico
de audição.
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Ribas e Rosa (2009) sugerem que indivíduos com limiares auditivos
normais devem acertar entre 88% a 100%, já que o nível de intensidade
utilizado irá suplantar a lesão que se encontra na externa ou média;
Em perdas neurossensoriais, mesmo com elevação da intensidade,
aparece maior comprometimento na inteligibilidade de fala, pois a lesão
encontra-se em nível de orelha interna ou nervo auditivo. Espera-se, portanto,
um resultado de IRF abaixo de 88%, devendo piorar na medida em que pioram
a configuração e o grau da perda.
Em perdas mistas a pontuação pode ser a mesma encontrada nas
perdas condutivas ou nas neurossensoriais, dependendo da curva
audiométrica e do grau da perda auditiva.
Portanto, o IRF auxilia no diagnóstico diferencial ou aponta para
possíveis achados.
3. PROCESSAMENTO AUDITIVO
O processamento auditivo é um conjunto de habilidades auditivas que
o indivíduo necessita para interpretar o que ouve, refere-se, ao que fazemos
com aquilo que ouvimos.
Este processo não envolve apenas a percepção dos sons, e sim os
mecanismos que são utilizados para tornar a mensagem mais clara, para
localizar o sinal percebido, a análise realizada desta informação acústica, a
forma de armazenamento utilizada e a estratégia de recobrar esta informação
auditiva (BELLIS, 2003).
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Segundo a American speech-Language-Hearing Association (ASHA),
(1996), o processamento auditivo depende dos mecanismos do sistema
auditivo e do fenômeno comportamental que o acompanha: localização e
lateralização do som; discriminação auditiva; reconhecimento de padrões
auditivos; aspectos temporais da audição, incluindo – resolução temporal,
mascaramento temporal, integração temporal, ordenação temporal;
desempenho com sinais acústicos competitivos e desempenho com sinais
acústicos degradados.
Estes mecanismos e processos são aplicados a estímulos verbais e
não verbais e podem afetar diferentes áreas, incluindo fala e linguagem.
A dificuldade em um ou mais níveis das habilidades auditivas é
possível de ser classificada como uma desordem do processamento auditivo
(DPA), esta pode estar ligada ou associada com as dificuldades em linguagem,
aprendizado e funções de comunicação.
Quando aplica-se o teste de IRF exige-se do indivíduo sob teste a
habilidade de discriminação, ou seja, de perceber pequenas diferenças entre
um e outros estímulos verbais.
Por discriminação auditiva entende-se que é a habilidade de detectar
diferenças entre os padrões de estímulo sonoros. Podem-se detectar
diferenças mínimas de frequências, intensidades e de duração de um som
(PEREIRA, 1998).
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4. PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL
A audição é fundamental para o processo de comunicação, e para a
interação interpessoal, permitindo a transmissão de conteúdos, informações,
pensamentos e desejos por meio de códigos comuns. O indivíduo com perda
auditiva tem uma diminuição na sua qualidade de vida, em decorrência da
incapacidade e da desvantagem auditiva.
A incapacidade auditiva refere-se a qualquer restrição ou falta de
habilidade para desempenhar uma atividade dentro de uma faixa considerada
normal para o ser humano, por exemplo: percepção de fala em ambientes
ruidosos, televisão, rádio, cinema, sinais sonoros de alerta, música e sons
ambientais.
As desvantagens relacionadas aos aspectos não auditivos, resultantes
da deficiência e da incapacidade auditiva, são limitações ou impedimentos do
sujeito de desempenhar adequadamente suas atividades de vida diária e fatos
que comprometem suas relações familiares, profissionais e sociais (RUSSO,
2004).
Silva et al. (2007) alertam para a noção de que a audição é um dos
canais básicos de informação do homem e por isso deve ser privilegiada como
um fator de vital importância para a qualidade de vida das populações,
constituindo uma das responsáveis pela aquisição da linguagem, processo que
envolve desenvolvimento de pensamento, memória e raciocínio.
A deficiência auditiva não apenas limita a capacidade de percepção e
discriminação dos sons, mas também influi diretamente na aquisição da
linguagem nos processos psicológicos de integração de experiências, afetando
o equilíbrio e a capacidade normal de desenvolvimento da pessoa, ensejando,
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consequentemente, efeitos deletérios sobre a evolução social, emocional,
cognitiva e acadêmica dos indivíduos (CASTRO et al. 2002).
A perda auditiva é uma patologia que ocorre em diferentes ciclos de
vida. Seja qual for à faixa etária em que a audição se torna comprometida, ela
trará consequências em maior ou menor grau para o indivíduo, pois a perda
auditiva presente desde o nascimento ou estabelecida no período pré-lingual
irá interferir significativamente no desenvolvimento da criança. Por outro lado,
numa pessoa adulta ou idosa leva a uma sensação de isolamento, podendo
torná-la dissociada de sua comunidade (SOARES, 2010).
A perda auditiva sensorioneural resulta de desordens que comprometem
a cóclea, mais precisamente o órgão de Corti e está associada a uma distorção
dificilmente compensável da sensação auditiva.
Neste trabalho enfocaremos a perda auditiva neurossensorial
descendente, muito comum na presbiacusia, mas que também afeta pacientes
jovens em decorrência de exposições a agentes otoagressores.
As mudanças da audição no envelhecimento incluem progressiva
degeneração sensorial, neural, estrial e de suporte das células da cóclea, além
do processamento neural central. Os efeitos da idade no sistema auditivo
periférico e central interagem com mudanças na diminuição do suporte
cognitivo, diminuição da percepção e elevação de limiares, redução da
compreensão de fala no ruído e ambientes reverberantes, com a consequente
interferência na percepção das mudanças rápidas na fala, e na localização do
som (BARALDI et al, 2007).
Como agentes otoagressores temos o ruído, drogas ototóxicas, fumo,
álcool, e doenças degenerativas (RUSSO, 2004).
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5. MATERIAL E MÉTODO
O presente estudo foi realizado com 30 indivíduos, de ambos os sexos,
com idade entre 30 a 60 anos, idade média de 50 anos. Todos com
audiograma apresentando perda auditiva sensórioneural com configuração
audiométrica em padrão descendente bilateral.
Foi realizada inicialmente uma anamnese, otoscopia, audiometria tonal
limiar por via aérea e por via óssea e aplicação do IRF por viva voz e por meio
de material gravado, através de uma lista de palavras monossílabas e
dissílabas.
Foi utilizada uma cabine audiométrica devidamente avaliada, um
audiômetro da marca AVS 500, um otoscópio da marca TK MISSOURI, um CD
player acoplado ao modo auxiliar do audiômetro e um CD gravado (RIBAS,
2009) com as listas de palavras em anexo.
As listas de palavras foram apresentadas separadamente a cada orelha
em 40dBNS acima do limiar médio de audibilidade.
Os dados foram registrados em planilha eletrônica e as respostas
obtidas foram organizadas em tabelas e gráficos com a finalidade de
determinar se houve ou não diferença de resultados na aplicação do IRF.
Para os resultados do material gravado e a viva voz, foi aplicado o teste
estatístico de diferença de proporções com nível de significância considerando
p = 0,03.
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6. RESULTADOS
De acordo com Longone (apud CASARIN, ROSSI e CECHELLA, 2000),
considera-se uma curva audiométrica com padrão descendente quando ocorre
um aumento progressivo do limiar de audibilidade das baixas para altas
frequências. Todos os sujeitos da amostra possuem perda auditiva com esta
configuração.
Os resultados do IRF nas duas condições de aplicação encontram-se
descritos nas tabelas 1 e 2.
Tabela 1 – Comparativo do IRF realizado com monossílabos
% de Acertos Viva Voz Material Gravado
OD OE OD OE
60 a 76% 20,00% 16,67% 16,67% 13,33%
80 a 88% 33,33% 40,00% 36,67% 33,33%
92 a 100% 46,67% 43,33% 53,33% 56,67%
TOTAL 100% 100% 100% 100% Tabela 2 – Comparativo do IRF realizado com dissílabos
% de Acertos Viva Voz Material Gravado
OD OE OD OE
60 a 76% 6,67% 3,33% - -
80 a 88% 33,33% 36,67% 30,00% 30,00%
92 a 100% 60,00% 60,00% 70,00% 70,00%
TOTAL 100% 100% 100% 100%
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Tabela 3 – Comparação dos resultados com CD e a viva voz
CONDIÇÃO DE APRESENTAÇÃO
MONOSSÍLABOS DISSÍLABOS
OD OE OD OE
60 a 76% 0,2000 0,2500
80 a 88% 0,0909 0,2000 0,1111 0,2222
92 a 100% 0,1250 0,2353 0,1429 0,1429 MÉTODO DE DIFERENÇA DE PROPORÇÕES AO NÍVEL DE SIGNIFICANCIA DE P=0,3, DE VIVAVOZ EM RELAÇÃO AO MATERIAL GRAVADO.
Considerando a diferença de proporções, verifica-se não existe uma
diferença significativa entre os resultados do IRF aplicado à viva voz e com
material gravado com pacientes com perda auditiva descendente.
7. DISCUSSÃO
Ao comparar os resultados da tabela 1 e 2 podemos nitidamente
observar que o material gravado obteve um número maior de acerto apesar de
não atingir o valor estatístico proposto.
A Logoaudiometria pode ser aplicada tanto a viva voz quanto com
material gravado, porém o melhor resultado é obtido quando se usa a
gravação, (ADAMS, BOIES, PAPARELLA, In: RIBAS, 2009).
Quando a Logoaudiometria é realizada à viva voz, o efeito de diferentes
falantes pode afetar a confiabilidade dos testes (SONCINI, 2003 In: RIBAS,
2009). A qualidade vocal de uma determinada pessoa pode variar, e tal
modificação pode ser observada em função da quantidade e qualidade dos
harmônicos produzidos nas cavidades de ressonância de seu trato vocal ou do
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padrão vibratório das pregas vocais por maior ou menor tensão muscular na
região glótica.
Os resultados revelam que os sujeitos tiveram desde uma dificuldade
moderada até nenhuma dificuldade para compreender a fala, classificados de
acordo com Jerger, Speaks e Trammell (1968), para monossílabos. Para
dissílabos com material gravado a dificuldade para compreender a fala foi
ligeira/discreta, e encontramos à viva voz 6,67% para orelha direita e 3,33%
para orelha esquerda com uma dificuldade moderada para compreender a fala.
Alguns dos indivíduos com perda auditiva descendente apresentaram o
Índice de Reconhecimento da Fala dentro dos limites da normalidade, sem
nenhuma dificuldade para compreender a fala principalmente em dissílabos
que a viva voz foi de 60% e com material gravado de 70% em ambas as
orelhas. Estes resultados estão de acordo com as afirmações de SCHOCHAT
(2001). In: CASARIN, ROSSI e CECHELLA (2000), segundo as quais nos
testes os estímulos dissílabos oferecem pistas semânticas e linguísticas que
facilitam o seu reconhecimento.
As palavras monossílabas são muito mais sensíveis e permitem
estabelecer com precisão o grau de discriminação, enquanto as palavras
dissilábicas oferecem uma dificuldade média para seu reconhecimento
(PORTMANN E PORTMANN, 1993).
É importante que na Logoaudiometria, obtenha-se resultados cada vez
mais fidedignos para ganhar credibilidade na avaliação audiológica (OLIVEIRA
E CORONA, 2006; In: RIBAS, 2009).
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CONCLUSÃO
Segundo o estudo feito com indivíduos com perda auditiva
neurossensorial podemos concluir que, no teste de diferença de proporções, o
nível de significância foi de 0,3, o que nos levou a verificar que não existe
diferença significativa entre os resultados do IRF apresentados a viva voz ou
com material gravado, apesar do método com material gravado o nível de
acertos para monossílabos e dissílabos mostrar-se maior em relação ao
método de viva voz.
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