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1 UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE HUMANIDADES E DIREITO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO "O lugar da música religiosa na construção psicossocial da identidade de jovens presbiterianos independentes no estado de São Paulo" Sueli da Silva Machado São Bernardo do Campo 2012

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE HUMANIDADES E DIREITO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

"O lugar da música religiosa na construção

psicossocial da identidade de jovens presbiterianos

independentes no estado de São Paulo"

Sueli da Silva Machado

São Bernardo do Campo

2012

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE HUMANIDADES E DIREITO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

"O lugar da música religiosa na construção

psicossocial da identidade de jovens presbiterianos

independentes no estado de São Paulo"

Orientador: Professor Dr. Leonildo Silveira Campos.

Dissertação de Mestrado apresentada em

cumprimento parcial às exigências do Programa de

Pós-Graduação em Ciências da Religião da

Universidade Metodista de São Paulo, para obtenção

do grau de mestre.

São Bernardo do Campo

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA

M18L

Machado, Sueli da Silva

O lugar da música religiosa na construção psicossocial da

identidade de jovens presbiterianos independentes no estado de

São Paulo / Sueli da Silva Machado -- São Bernardo do

Campo, 2012.

151fl.

Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) –

Faculdade de Humanidades e Direito, Programa de Pós

Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo,

São Bernardo do Campo

Bibliografia

Orientação de: Leonildo Silveira Campos

1. Música nas igrejas - Igreja Presbiteriana Independente –

São Paulo (Estado) 2. Igreja – Trabalho com jovens I.

Título

CDD 264.2

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A dissertação de mestrado sob o título “O lugar da música religiosa na

construção psicossocial da identidade de jovens presbiterianos

independentes no estado de São Paulo”, elaborada por Sueli da Silva

Machado foi apresentada e aprovada em 22 de março de 2012, perante a

banca examinadora composta por Leonildo Silveira Campos

(Presidente/UMESP), Marilia Martins Vizzotto (Titular/UMESP) e

Jaqueline Z. Dolghie (Titular/MACKENZIE).

________________________________________

Profº Dr. Leonildo Silveira Campos

Orientador e Presidente da Banca Examinadora

_________________________________________

Profº Dr. Leonildo Silveira Campos

Coordenador do Programa de Pós-Graduação

Programa em Ciências da Religião.

Área de concentração: Religião, Sociedade e Cultura.

Linha de Pesquisa: Religião e dinâmicas sócio-culturais.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela sua bondade durante estes anos de estudos e desafios.

Ao Prof. Dr. Leonildo Silveira Campos pela forma que nos conduziu

nesta produção científica, pela sua amizade e carinho.

Ao Prof. Dr. James Farris pelo incentivo e desafio na primeira fase

desta pesquisa.

Ao Prof. Dr. Geoval Jacinto da Silva pela motivação.

A Professora Cecília Aparecida Vaiano Farhat pela colaboração e

disponibilidade no tratamento dos dados da pesquisa.

A minha família, pela paciência, pelo apoio, pela ajuda e pela

presença sempre acolhedora.

Ao meu filho Luca George que durante todo este tempo esteve ao meu

lado em mais um ideal a ser perseguido.

A minha amiga Damares pela amizade, companheirismo e incentivo.

Aos alunos/as da Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana

Independente do Brasil, pela pesquisa realizada.

Aos adolescentes e jovens que participaram da pesquisa.

Aos amigos, Carlos Eduardo, Daniel, Emerson, João Raul, Lauana,

Lidia, Marcinha, Rodrigo, pela companhia e pelos sorrisos, mesmo,

quando eram expressão de ansiedade e preocupação.

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MACHADO, Sueli da Silva. O lugar da música religiosa na construção psicossocial

da identidade de jovens presbiterianos independentes no estado de São Paulo.

Universidade Metodista de São Paulo. Mestrado em Ciências da Religião. São Bernardo

do Campo, 2012.

RESUMO

Esta pesquisa busca estudar o lugar da música religiosa na construção psicossocial da

identidade de jovens presbiterianos independentes no estado de São Paulo. Seu objetivo

visa verificar como se desenvolveu a identidade jovem dentro das mudanças e

transformações da sociedade pós-moderna e de que maneira a música religiosa esteve

presente nessas alterações. Primeiramente, foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica,

que procurou discutir temas como “identidade”, “adolescência”, “juventude”,

“modernidade”, pós-modernidade”, “cultura hibrida”, “música” e “religião”. Na

segunda parte foi realizado a análise e discussão dos dados de uma pesquisa de campo

com 245 jovens das comunidades locais, situados na faixa etária de 15 a 25 anos. O

objetivo primordial foi o de verificar de que maneira se deu a construção dessa

identidade jovem moderna e de como a música religiosa contribuiu e influenciou. A

pretensão foi também a de verificar a construção identitária dos jovens respondentes

levando-se em consideração o grupo social em que estão inseridos e de que maneira a

cultura pós-moderna os ajudou na definição de seus gostos artísticos e musicais.

Acredita-se que esta pesquisa ajudará na compreensão de momento de tantas

transformações sociais, mudanças físicas, emocionais que experimentam as

comunidades religiosas, as novas gerações e a prática cultica em todas elas.

Palavras-chave: identidade, adolescência, juventude, música, religião.

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MACHADO, Sueli da Silva. O lugar da música religiosa na construção psicossocial

da identidade de jovens presbiterianos independentes no estado de São Paulo.

Universidade Metodista de São Paulo. Mestrado em Ciências da Religião. São Bernardo

do Campo, 2012.

ABSTRACT

This research aims to study the place of religious music in the psychosocial construction

of the identity of Independent Presbyterian youth in São Paulo state. Its objective aims

to verify how the youth identity developed within the changes and transformations of

post-modern society and in which way the religious music was present in those changes.

In a first moment a bibliographic research was developed which aimed to discuss

themes like “identity”, “adolescence”, “youth”, “modernity”, “post-modernity”, “hybrid

culture”, “music” and “religion”. In the second part the analysis and discussion of the

field research data with 245 young people from local communities, at the age of 15 up

to 25 years old, was accomplished. The paramount objective was to verify in which way

this young modern identity was constructed and how the religious music contributed

and influenced this process. There was also an intension to verify the identity

construction of the young people, considering the social group of which they are part

and how the post-modern culture helped them in the definition of their artistic and

musical tastes. It is believed that this research will help in the understanding of the

moment of so many social transformations, physical and emotional changes that

religious communities experience, the new generations and the worship practice in all of

them.

Key words: identity, adolescence, youth, music, religion.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................10

1 CAPITULO - A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PSICOSSOCIAL E

RELIGIOSA DOS JOVENS PRESBITERIANOS INDEPENDENTES: ASPECTOS

TEÓRICOS. ........................................................................................................ 20

Introdução........................................................................................................................20

1.1 A teoria psicológica de Mauricio Knobel sobre adolescência e identidade...............21

1.2 A teoria psicossocial de Erik Erikson sobre a identidade humana............................29

1.3 Os estágios da fé: a identidade jovem para James W. Fowler ................................ 344

1.4 A construção social da identidade jovem ............................................................... 411

1.4.1 - Identidade cultural na pós-modernidade.......................................................... 49 1.4.2 Juventude moderna e movimento estudantil ................................................... 522

1.4.3 - A identidade jovem e o momento atual ......................................................... 555

Conclusão.............................. ....................................................................................... 566

2 CAPÍTULO - A PRESENÇA DA MÚSICA NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE JOVENS EVANGÉLICOS. ................................................. 600

Introdução............ ......................................................................................................... 600

2.1 A música na formação da personalidade ............................................................... 611

2.2 A música como instrumento cognitivo e emocional .............................................. 644

2.3 A dimensão sociologica da música: a formação do gosto.........................................67

2.4 Os movimentos musicais no Brasil .......................................................................... 67

2.5 Cultura e música na pós modernidade .................................................................... 683

2.6 A produção musical da pós

modernidade..................................................................735

2.7 A tradição musical protestante versus cultura gospel................................................78

Conclusão........................................................................................................................83

3 CAPÍTULO – O JOVEM PROTESTANTE E A MÚSICA: REFLEXÕES SOBRE UMA PESQUISA DE CAMPO. ......................................................... 855

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Introdução.............. ....................................................................................................... 855

3.1 O método.................. .............................................................................................. 855

3.2 O perfil dos participantes .......................................................................................... 86

3.3 Discutindo o gosto musical .......................................................................................94

Conclusão............. .................................................................................................... 10606

CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 10808

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 1133

ANEXO 1 QUESTIONÁRIO ....................................................................... 11919

ANEXO 2 TABELAS DE FREQUENCIA ...................................................... 1222

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Introdução

Esta dissertação tem como tema “O lugar da música religiosa na

construção psicossocial da identidade de jovens presbiterianos independentes no

estado de São Paulo". A pesquisa que deu origem a este texto teve como objetivo

identificar de que maneira a presença da música religiosa contribui na construção

psicossocial da identidade desses jovens. Os termos “juventude”, “jovem”,

“adolescência”, “identidade” ou “identidade jovem” são palavras que aparecem com

freqüência nas discussões de psicólogos, sociólogos e outros cientistas do

comportamento humano, que procuram explicá-los ou conceituá-los de acordo com

suas teorias.

O período conhecido como adolescência e juventude marcado na

vida das pessoas por muitas mudanças físicas, emocionais e sociais. Estas mudanças

acontecem de forma intensa, proporcionando um estado instável na identidade do

jovem, que diante de tantas alterações, precisam superar este mundo confuso dos

hormônios em turbulência. Esse período marca a vida de muitos jovens na relação

com seus pais, com o grupo em que estão inseridos e na vida cotidiana com as pessoas

que lhes estão próximas. Além dessas mudanças há também transformações no

cenário sócio-cultural, a sociedade moderna também está em mudanças. Conforme

Stuart Hall (2005) são essas mudanças estruturais que tem influenciado o

funcionamento das classes, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade. Essas

mudanças e transformações também causam impactos nas culturas e na religião, e em

todas as esferas e estágios da vida humana.

O tema escolhido destaca a presença da música religiosa na

construção psicossocial da identidade da juventude que freqüenta comunidades

presbiterianas independentes do estado de São Paulo. Primeiro, porque a música sempre

foi considerada por algumas correntes culturais como um importante fator na formação

da personalidade do ser humano e no seu desenvolvimento físico, intelectual e

emocional humano, particularmente durante a adolescência e juventude. Esta influência

ocorre não somente por fazer surgir o lado criativo do jovem, mas porque pode

incentivar e ativar as qualidades humanas tais como: a vontade, a sensibilidade, o amor,

a inteligência e a imaginação criadora, por isto, a música é vista como um elemento

cultural indispensável. Segundo, porque a música faz parte de todas as áreas da vida

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humana, quer seja individual ou coletiva. Em se tratando de juventude, ela está presente

diariamente na vida destes jovens e adolescentes que criam a sua própria música em

grupos de amigos, imitam seus cantores preferidos, discutem música com seus pares.

Conforme Palheiros (2004) apud Merrian (l964); Hargreves ( l999) e North (1999), há

três funções psicológicas que operam na música: a cognitiva, emocional e social. Esses

mesmos autores, sugerem que as funções sociais da música podem ser manifestadas na

regulação dos estados emocionais, no desenvolvimento da identidade e das relações

interpessoais. Os jovens experimentam a música através da linguagem e do grupo em

que estão inseridos, o que Mauricio Knobel (1981) chama de tendência grupal.

A escolha deste tema está diretamente ligada a tais mudanças que a

sociedade tem experimentado ao longo destes anos e que causaram alterações no

comportamento e gosto dos jovens e adolescentes. Assim, a prática musical das igrejas

e comunidades locais foi alterada em a novos desafios que provocaram alterações no

comportamento social.

A Igreja Presbiteriana Independente (IPI) é uma instituição religiosa

organizada em 1903, como conseqüência de uma cisão ocorrida do presbiterianismo

brasileiro. Ela pertence à tradição reformada, é de confissão calvinista, portanto, faz

parte das chamadas “igrejas históricas” que se definem pelo cuidado da liturgia e na

pregação. O culto dessa igreja, desde a sua fundação tem tentado seguir moldes

instituídos pela Reforma do Século XVI. A juventude da época considerava este culto,

segundo Carl Joseph Hahn (1989) sem criatividade. Com o passar do tempo, vários

grupos foram surgindo e estabelecendo novas formas cúlticas. Como reação a estes

grupos e a insistência de que ocorressem reformas nos cultos, foi publicado o livro

“A Marcha da Mocidade” de Eduardo Pereira de Magalhães, neto do fundador

Eduardo Carlos Pereira e secretário geral da “União da Mocidade Presbiteriana

Independente”, que entre muitos apontamentos sobre a vida da igreja, o culto era o

maior alvo das tensões produzidas por esse jovem (MAGALHÂES, 1938).

Segundo Antônio Gouvêa Mendonça (1984), a vinda do

protestantismo norte americano para o Brasil trouxe uma maneira e jeito do culto norte

americano, que entrando em contato com a cultura brasileira já estabelecida, exigiu

ajustes às demandas populares, que aos poucos foram desenvolvendo elementos daquele

protestantismo, porém, com características de um novo protestantismo. Os hinos que os

missionários trouxeram tinham características avivalistas e missionárias, que logo foram

adotados pelos presbiterianos e definindo-se assim a sua musicalidade. Mas, o que se

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viu era o engessamento desta hinódia que revelou um discurso teológico oriundo do

pietismo e puritanismo da época, movimentos religiosos que enfatizavam a piedade, os

sentimentos e a moral rígida. Essa característica musical marcou todo o protestantismo

brasileiro até que movimentos modernos e secularizantes começaram a provocar

mudanças dentro destas igrejas, como foi o movimento cultural e musical conhecido por

“Tropicalismo” (1967), que tinha como proposta provocar uma intervenção crítico-

musical na cultura brasileira. Este movimento buscava desacreditar a sociedade de

consumo e a política autoritária do Brasil após o golpe de 1964. Influenciada por essas

propostas, a juventude presbiteriana independente começou a produzir e a cantar

músicas com ritmos e estilos brasileiros como o baião, o samba, etc.

Essas mudanças pelas quais passou o culto, as músicas e a juventude presbiteriana,

foram resultado das transformações relacionadas à passagem de uma sociedade rural

para uma sociedade urbana, que, na medida em que experimentavam a modernidade

também alteravam suas maneiras de se comportarem.

Para Danielle Hervièu-léger (2005) os jovens são os responsáveis

por absorver e salvaguardar toda a construção simbólica, ritos e costumes das

sociedades ou instituições nas quais eles vivem, a própria cultura passa por

interferências em todo tempo. As pessoas constroem sua identidade sócio-religiosa a

partir dos diversos recursos simbólicos colocados a sua disposição e que podem ter

acesso diante das experiências em que estão implicados. Mas, segundo Hall (2005), a

instabilidade da identidade está relacionada com as mudanças que a modernidade pode

exercer sobre as pessoas, e assim como os impactos que a globalização exerce no

surgimento e manutenção da identidade cultural.

Nesse sentido tanto os jovens como a instituição religiosa da qual

eles fazem parte, foram alcançadas por tais mudanças e sofreram os efeitos da

globalização. Estes jovens para manterem-se nas igrejas locais lançaram mão de novos

recursos simbólicos impostos por uma nova cultura globalizada. Graças a televisão, ao

rádio, a internet, eles tiveram o gosto musical alterado. Observamos ainda, que tais

mudanças promoveram entre estes jovens uma postura anti-institucional. O resultado

foi o surgimento de novas práticas religiosas, entre outras, as ligadas ao lugar da

prédica no culto, abrindo mais espaço para práticas que seriam conhecidas no

“louvorzão”.

O que encontramos, no caso da IPI, é uma instituição com

características da Reforma do Século XVI, considerada igreja tradicional, que ao

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socializar seus jovens, o faz dentro destes parâmetros litúrgicos tradicionais, mas que

teve que ajustar-se à concorrência no mercado de bens simbólicos para se usar as

expressões de Pierre Bourdieu (1983). A música, portanto, parece uma das melhores

formas que o jovem presbiteriano encontra para permanecer nestas comunidades

tradicionais, mas sem perder de vista a cultura midiática ao seu redor. A música dá a

esses jovens um sentimento de pertença ao grupo. É uma forma de sociabilizar-se e

adaptar-se a cultura da época, sem que para isso seja necessário abandonar o grupo da

qual faz parte.

A população pesquisada é composta de jovens e adolescentes, que

freqüentam as comunidades da Igreja Presbiteriana Independente. Essa Igreja

atualmente é composta por 526 comunidades locais, espalhadas por quase todos os

estados brasileiros, com um total de aproximadamente 92 mil membros, sendo 23 mil

jovens. No estado de São Paulo estão estabelecidas 254 comunidades. A nossa

pesquisa foi feita em 30 comunidades. Sendo 11 na extensão do estado, 15 na Capital

e quatro na Grande São Paulo. Essa pesquisa levantou dados fornecidos por 245

jovens 1.

Os dados usados neste trabalho foram colhidos por estudantes de

Teologia, da Faculdade de Teologia de São Paulo, matriculados nas disciplinas

“Introdução a Sociologia” e “Igreja e Sociedade”. Para avaliação semestral foi

solicitado para as duas turmas uma pesquisa sobre juventude, sociedade e igreja, a fim

de discutirem em sala de aula as mudanças ocorridas nos últimos anos. O instrumento

de investigação foi um questionário com 25 perguntas fechadas e cinco abertas (Anexo

1). Na pesquisa, participamos com o orientador, professor Leonildo Silveira Campos

das aulas, do planejamento da pesquisa e das discussões decorrentes delas. Assim

pudemos ajudar na elaboração do questionário, na realização da pesquisa, na leitura dos

dados e na tabulação dos mesmos. Participaram dela, jovens com idade entre 15 a 25

anos, dos sexos feminino e masculino, que frequentam as igrejas presbiterianas

independentes no estado e cidade de São Paulo. Os respondentes foram selecionados de

forma aleatória, considerando apenas a faixa etária estabelecida e as igrejas escolhidas

por cada aluno/a. A participação dos respondentes foi livre, dependendo da vontade e

disposição do jovem.

1 Dados fornecidos pelo Escritório Central da IPI do Brasil (WWW.ipib.org.br).

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Para delimitar a população pesquisada, utilizamos as definições e

classificações elaboradas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, E.C.A, em que

adolescente é definido para efeito de lei, as pessoas entre 12 e 18 anos de idade

(ECA, 2000, art 2º) e a Organização Mundial de Saúde, que define que adolescência é

um período que começa aos 10 anos e vai até os 19 anos se estendendo até os 24 anos,

caracterizando-se, porém, juventude esse período dos 15 a 24 anos.

Para estabelecer o estado atual da questão levantada, foi realizada

uma pesquisa bibliográfica que utilizou livros, artigos em revistas especializadas e

trabalhos acadêmicos a respeito da relação entre música e juventude nas igrejas. No

que se refere à dimensão teórica procurou abrigo nas teorias psicológicas e

sociológicas de autores como Mauricio Knobel (1980 e 1981), Erik Erikson (1976 e

1998) que afirmaram sobre a construção da identidade do adolescente e jovem. Esta

construção acontece a partir da caminhada para a vida adulta e desenvolve-se nas suas

famílias e grupos sociais em que estão inseridos. Como a população pesquisada

tratava-se de jovens de uma instituição religiosa, a abordagem religiosa do tema fez

parte do levantamento teórico. Para tanto, autor como James W. Fowler (1992) trouxe

para o conteúdo teórico o processo da construção da identidade religiosa e de que

maneira se estabelece a fé para estes jovens. Outros teóricos, estes da sociologia

também nos ajudaram na compreensão da formação social da identidade jovem e a

formação de gosto como sendo um produto da classe social que o individuo faz parte,

como Karl Mannheim (1980), Pierre Bourdieu (1992 e 1983), Peter Berger e Thomas

Luckmann (1987 e 1980) e nos estudos culturais como. Stuart Hall (2005),

Na busca de sua identidade adolescente, segundo Mauricio Knobel

(1981) a adolescência é um processo de crescimento e desenvolvimento humano,

marcado por desequilíbrios e estabilidades extremas. O "adolescer" significa assumir

o desempenho de um papel adulto que o levará a maturidade, mas que muda de uma

cultura pra outra, de uma sociedade para outra e de grupos sociais para outros.

Enquanto isso, mudanças em seu corpo estão ocorrendo de forma clara e nítida. O

adolescente vive o conflito de não ser mais criança, mas não sente que seja um adulto.

Na teoria de Knobel (1981) o autor destaca a tendência grupal pelo

seu importante significado na vida do adolescente. O adolescente deixa de considerar

temporariamente sua família de origem para viver em grupos de pares (iguais),

identificando-se com estes e participando dos movimentos de alegria, tristeza, raiva,

reivindicações sociais e ainda experiências novas com os grupos. A interação de seus

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problemas com os do grupo na qual ele vive, deve obrigar a pensar em buscar

soluções através da utilização dos grupos. A pessoa que vive o período da

adolescência recorre a um comportamento defensivo que é a busca de uniformidade,

ocorrendo um processo de superidentificação em massa, ou seja, todos são iguais, se

vestem da mesma forma, e um se identifica com o outro. Isto lhes garante a sensação

de segurança e estima pessoal.

O processo é tão intenso que por vezes as pessoas se parecem mais

com o grupo que propriamente com o grupo familiar. É no grupo que os adolescentes

encontram pessoas que possam assumir o papel substituto da figura da família. A

procura de um líder, a qual se submete, mesmo que este seja autoritário ou que assuma

as mesmas características do pai e mãe. A música é uma forma de identificação com o

grupo, mesmo as músicas que contradizem o suposto “mundo saudável dos adultos” e

o mundo sócio-político, não deixa de ser uma forma de identificação (KNOBEL,

1981).

Além de Knobel, temos na psicologia, Erik Erikson (1976) que

desenvolve sua teoria sobre identidade na tentativa de entender tal fenômemo. A

construção da identidade jovem, segundo Erikson, se dá a partir de três dimensões, a

dimensão biológica, que do ponto de vista da psicanálise, diz respeito a um poderoso

conjunto de pulsões e impulsos em que o recém nascido humano possui; a dimensão

social, dirá que o ser humano nasce com uma grande dependência social e a dimensão

individual, que alega, que nenhum individuo desenvolve personalidades idênticas,

mesmo considerando a existência de um plano básico biológico e social. O ser

humano psicologicamente é aquele que desenvolve um firme sentido de identidade,

quando consegue reconhecer que é uma pessoa única, dentro de uma determinada

sociedade, com um passado, presente e futuro. Porém, ele não pode desenvolver este

sentimento de ser único e de possuir um destino próprio e singular na ausência de uma

cultura.

Além desta teoria das dimensões, Erik Erikson (1976) dividiu o

desenvolvimento humano em oito estágios ou idades segundo as crises que o ser

humano experimenta em seu ciclo de vida. Na adolescência acontece o estágio que

corresponde à crise identidade versus confusão do papel. É na adolescência que

começamos a perceber bem o significado da lealdade, que é a capacidade de ser fiel, e

ver-se a si próprio, como um ser único integrado na sociedade. A crise pode levar o

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jovem a não entender bem que papel deve desempenhar e dessa forma não saiba como

agir porque “não sabe exatamente quem é”.

Na pesquisa procurou-se abordar a presença da religião como fator

importante na construção psicossocial da identidade. Buscamos em James W. Fowler

(1992) e em seus estudos sobre o ciclo da vida humana como esse fato ocorre. Para

Fowler o desenvolvimento humano se dá em estágios como na teoria de Erikson.

Fowler organizou e sistematizou a dinâmica do desenvolvimento da fé para ampliar a

compreensão de como acontece este processo de desafios e crises humanas.

Com Fowler temos o conceito do que seja a fé e a maneira pela

qual, uma pessoa ou grupo responde ao valor e ao poder transcendente por meio de

uma “tradição cumulativa”. Para ele, uma “tradição cumulativa” pode ser constituída

por textos de escrituras ou leis, incluindo narrativas, mitos, profecias, relatos de

revelações, símbolos visuais e de outros tipos, como tradições orais, música, dança,

ensinamentos éticos, teologias, credos, ritos, liturgias, arquitetura e muitos outros

elementos. Esses elementos e imagens são formados porque vivemos em

comunidades sociais e por isto os moldamos segundo as construções partilhadas

deste grupo ou classe (FOWLER, 1992).

A outra contribuição vem da sociologia de Peter Berger e Thomas

Luckmann (1987) conceituando a identidade como sendo uma construção social e

cultural. A identidade é formada por processos sociais e uma vez cristalizada é

mantida, modificada ou mesmo modelada por relações sociais. Os processos sociais

implicados na formação e conservação da identidade são determinados pela estrutura

social. Inversamente, as identidades produzidas pela interação do organismo, da

consciência individual e da estrutura social reagem sobre a estrutura social dada,

mantendo-a, modificando-a ou mesmo modelando-a. A identidade é, portanto, um

elemento chave da realidade subjetiva e como realidade subjetiva, deriva da dialética

entre um individuo e a sociedade. (BERGER e LUCKMANN, 1987).

Segundo Berger e Luckmann (1987), no processo de socialização,

utilizamos as tipificações para que haja interação com o restante do grupo que se faz

parte, apreendemos uns com os outros e assim adquirimos novas experiências. O que

Berger chama de tipificações, Tomaz Tadeu da Silva (2005) chamará de sistema de

representação. Este sistema está ligado com a busca de tornar o real presente, de

aprendê-lo o mais fielmente possível por meio de sistemas de significação. A

representação tem se apresentado em duas dimensões, a representação externa que se

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dá por meio de sistemas de signos como a pintura ou a própria linguagem, e a

representação interna ou mental que é a representação do real na consciência (SILVA,

2005).

A identidade do jovem na sociedade moderna foi objeto de estudo de

Karl Mannheim (1980) que, segundo a psicologia e a sociologia modernas do

adolescente, a chave para se entender este período da vida humana não está somente na

efervescência biológica de momento do desenvolvimento humano porque ele é

universal e acontece no tempo e no espaço para todos igualmente. Mas, para ele o que é

decisivo neste período é que o adolescente entra nesta fase sendo confrontado com

valorizações antagônicas que antes não tinha experimentado.

Segundo Pierre Furter (1967) e Mannheim (1980) há uma relação

direta de juventude e modernidade. Para esses autores é necessário estudarmos a

juventude dentro de uma situação global. A juventude moderna deve ser compreendida

em função da juventude do mundo e que, portanto, juventude e modernidade são dois

temas em prodigiosa expansão. Juventude como representação das múltiplas

oportunidades que são oferecidas a cada nova geração e o que se refere a modernismo e

sua necessidade de renovação, da rejeição da continuidade e das tradições (FURTER,

1967).

Com respeito às mudanças que vem ocorrendo na cultura

contemporânea, Mike Featherstone (1995), afirma que, elas podem ser compreendidas

em termos de modificações nos campos artísticos, intelectuais e acadêmicos. Essas

mudanças se deram na esfera cultural mais ampla, envolvendo novos modos de

produção, consumo e a circulação de bens simbólicos. As práticas e experiências

cotidianas de diferentes grupos que usaram regimes de significação de diferentes

maneiras estão desenvolvendo novos meios de orientação e estrutura de identidade

(FEATHERSTONE, 1995).

As práticas sociais segundo Pierre Bourdieu (1983), vinculada aos

gostos artísticos, esportivos, culinários, religiosos e literários, escondem ou revelam

representações sociais de grupos com interesse em ocupar determinado lugar na

hierarquia social. O acesso às práticas culturais são desiguais e depende da

classe/grupo social do individuo. Há práticas culturais nobres e outras em via de

legitimação. Os gostos distinguem as pessoas e os grupos. Nesse contexto, Bourdieu

enfatiza que a herança cultural provém do habitus, ou seja, do lugar social que a

pessoa ocupa na sociedade, e é por onde se estabelece determinada herança cultural.

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Nesse sentido a prática musical está ligada a movimentos geradores e propagadores

de determinados gostos.

Ao longo da pesquisa o termo “pós-modernidade” apareceu muitas

vezes. A pós-modernidade é um termo discutível no estudo da cultura contemporânea.

No centro dessa cultura contemporânea está o conceito de “hibridismo cultural” que

nos ajuda a explicar esse novo modo de vida de louvor e de participação das

atividades religiosas. Esta cultura hibrida constitui por resultar do cruzamento entre

aspectos tradicionais de ser protestante e as propostas pentecostais praticadas com

muito sucesso no meio urbano brasileiro, no avanço da ideologia do mercado de

consumo e na cultura midiática.

A cultura gospel é resultado do hibridismo cultural. A característica

dessas músicas cantadas pelos jovens possui um teor sentimental que podem levá-los a

se emocionarem e rememorar experiências individuais de conversão e comunhão. Isto

porque, estas músicas unem a melodia e a letra fazendo as pessoas experimentarem um

sentido de esperança e segurança nos atos divinos. Este estilo musical faz parte da

renovação de gêneros musicais nacionais ou mesmo estrangeiros, um processo que

acompanha a globalização, a diversidade e o pluralismo da sociedade pós moderna.

O presente texto está estruturado da seguinte forma:

No primeiro capítulo, descreveremos como ocorre o desenvolvimento da identidade

jovem na sociedade pós-moderna, considerada contemporânea. A evolução do seu

desenvolvimento da identidade como uma construção psicossocial. As teorias que

utilizamos foram de teóricos da psicologia e da sociologia, como Mauricio Knobel

(1981), Erick Erikson (1976) e James Fowler (1992) e de outros que tem se destacado

no âmbito da sociologia como Karl Manheinn (1980), Pierre Bourdieu (1983) e nos

estudos culturais de Stuart Hall (2005).

No segundo capítulo, tivemos como objetivo, verificar a presença da

música religiosa na construção psicossocial da identidade dos adolescentes e jovens.

Destacando que o gosto musical desses já é uma produção da nova prática religiosa

inserida dentro do hibridismo cultural. Uma música com nova significação de

diferentes maneiras, e que estão desenvolvendo novos meios de orientação e estrutura

de identidade.

Finalmente no terceiro capítulo, a pesquisa se deteve na discussão dos

resultados obtidos pela pesquisa de campo que teve como objetivo verificar a presença

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da música na vida jovem das comunidades da Igreja Presbiteriana Independente no

estado de São Paulo e traçar o perfil desses jovens.

Os resultados da pesquisa de campo nos auxiliaram a constatar que os

jovens dessas comunidades experimentam o mesmo processo de desenvolvimento,

crises, conflitos e construção de suas identidades como qualquer outro adolescente e

jovem, mas o que percebemos foi uma grande alteração nas suas preferências e gosto

musical. Percebemos o quanto estes jovens estão inseridos nos movimentos religiosos

ligados às igrejas pentecostais, católicos e evangélicos. Porém, uma juventude que não

tem participado de forma ativa dos movimentos sociais da sua época. Vivem alheios a

associações ou entidades para lutar por algum ideal político, social, educacional.

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Capitulo 1 - A construção da identidade

psicossocial e religiosa dos jovens presbiterianos

independentes: aspectos teóricos.

Introdução

Este primeiro capítulo tem por objetivo discutir as várias teorias

que podem ser aplicadas na descrição e interpretação da inserção de adolescentes e

jovens, por meio da música, em comunidades presbiterianas independentes, situadas em

cidades e do estado de São Paulo. Para isso, lançou-se mão de teóricos ligados a

psicologia como Mauricio Knobel (1981), Erik Erikson (1976) e James Fowler (1992) e

de outros que tem se destacado no âmbito da sociologia como Karl Mannheim (1982),

Pierre Bourdieu (1982 e 1983), Peter Berger e Thomas Luckmann (1987) e nos estudos

culturais de Stuart Hall (2005).

Na sua primeira parte, este capítulo terá a contribuição teórica de

Mauricio Knobel, psicanalista argentino, cuja teoria pretende descrever as

características da adolescência e as transformações fisico-emocionais que nelas

ocorrem. Na segunda parte, destaca-se a contribuição da discussão proposta por Erik

Erikson, sobre o desenvolvimento psicossocial da vida em oito estágios. Erikson dá

especial importância ao período da adolescência, devido ao fato ser a transição entre a

infância e a idade adulta, em que se verificam acontecimentos relevantes para a

personalidade adulta. A seguir, o leitor encontrará uma síntese da teoria psico-religiosa

de James Fowler, professor e pesquisador, sobre os estágios da fé e a maneira de como

se dá o desenvolvimento da fé humana. A terceira parte deste capítulo, reúne algumas

teorias expostas pelo sociólogo do conhecimento Karl Mannheim, e por teóricos como

Stuart Hall, conhecido nas ciências sociais pelos seus “estudos culturais”.

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Este primeiro capítulo ajudou na compreensão de um novo objeto

de estudos, que se socializam no decorrer de um período situado entre o fim da infância

e o começo da vida adulta dentro dos limites dessa pequena denominação protestante.

Pressupomos que tal inserção sócio-cultural se dá a partir de um espaço eclesial

litúrgico dada aos jovens e adolescentes conhecido como “momentos de louvor” ou

simplesmente “louvorzão” . Quais são as características psicossociais desses entusiastas

participantes dos cultos dessa denominação religiosa?

1. Teorias psicológicas sobre adolescência e juventude (Knobel e Erikson).

Neste item apresentaremos duas teorias psicológicas sobre a

adolescência e juventude. A primeira é de Mauricio Knobel (1981) e a outra Erik

Erikson (1976,1998). Ambas fornecem a nosso ver, uma compreensão da adolescência e

juventude, ao enfatizar que elas se definem como identidade pessoal sugeridas pelo seu

contexto social.

1.1 A teoria psicológica de Mauricio Knobel sobre adolescência e identidade

Existe uma distinção entre adolescência e puberdade feita por

Mauricio Knobel (1981) muito oportuna na abordagem de nosso tema. Knobel

entende a adolescência como uma transformação bio-psico pela qual em que todos os

seres humanos passam. As meninas na puberdade tem mudanças anátomo-fisiológicas,

que se caracterizam por crescimento de glândulas mamárias; surgimento de pêlos nas

axilas e órgãos sexuais; aumento de gordura nas nádegas e dilatação da bacia pélvica;

e a menarca, a primeira menstruação. Já nos meninos ocorre o desenvolvimento dos

órgãos sexuais, testículos e pênis; a mudança da voz que se torna mais grave; o

aparecimento de pêlos na região púbica, em torno dos órgãos sexuais, nas axilas e na

face. Todas essas transformações são produzidas pelos neuro-hormonais e estão

ligados ao desenvolvimento da sexualidade.

Portanto, a adolescência é um período em que o ser humano, saindo

da infância, experimenta as mudanças em seu corpo adotando novos tipos de

comportamento diante das transformações corporais, influências e cobranças

impostas pela sociedade, família e cultura em que vive. Tais desequilíbrios e

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estabilidades extremas provocam perturbação tanto neles como nos adultos. Porém,

isso é necessário para que surja uma nova identidade social. O adolescente vive um

conflito, pois não é mais criança, mas também não é adulto. Ora, esse processo se dá

através de muitas mudanças, físicas e emocionais. Para Roberto Chieza (2002), o

período é de tantas mudanças, decepções e frustrações, que talvez a maior dificuldade

seja as condições em que a família encontra-se, ou seja, os familiares nem sempre

estão preparados para ajudarem os adolescentes neste período de transição.

O adolescente neste processo experimenta três formas de luto.

Segundo Arminda Aberastury (1981), o primeiro é a perda deste corpo infantil, o

segundo é a perda da identidade infantil, ele já não é mais criança, obrigando-o a viver

uma responsabilidade que não experimentara antes e que agora passa a ter. E o terceiro

luto é a perda pelo refúgio e proteção dos pais que até agora era dispensado, mas que

daqui para frente, também em função dos pais estarem envelhecendo precisam tratar

seus filhos não mais como crianças, mas adultos ou que estão em via de ser. Quando o

adolescente começa a ver-se com um corpo em transformação, mudando e alterando a

sua identidade, ele passa a necessitar de uma nova ideologia que lhe permita a

adaptação ao mundo, ou até mesmo, a sua ação sobre ele para mudá-lo. É realmente um

período de contradições, é confuso, ambivalente, doloroso, com muitas crises e estados

patológicos.

Todas as modificações que acontecem, independente da vontade da

criança, para Aberastury (1981), exigem-se dela uma nova postura, um novo

comportamento em sociedade, que são percebidas como uma invasão ao seu mundo

infantil, evitando perdas das coisas de crianças, daí a tentativa de manter-se criança

para sempre, resultando num voltar-se para si, para que em seu íntimo se mantenha

uma ligação especial com o seu passado, e consiga enfrentar o futuro com mais

segurança. Por causa dessas mudanças corporais e de seus reflexos na transformação da

identidade de criança, ela é impulsionada a buscar novas expressões identitárias. Estas

mudanças contribuem para a sua inserção no mundo social do adulto, adotando-se novos

planos de vida e metas, assim como valores éticos, intelectuais e afetivos, implicando no

nascimento de novos ideais e na aquisição da capacidade de luta para consegui-los

(ABERASTURY, 1981).

Para isso os adolescentes precisam se desprender de seus pais. No

entanto, na vida prática eles permanecem ligados, e isso aumenta ainda mais os

conflitos, os quais são objetivados no afastamento e na recusa do contato com os pais,

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ou na necessidade de apoio e dependência deles. Sem considerar que, todo este

processo pelo qual a criança está passando, é provocada pelo meio cultural, social e

histórico que exige por demais que meninos e meninas, principalmente os meninos

sejam independentes economicamente dos pais, e quando não, muitas vezes, é usada

como coerção para forçá-los a algum tipo de comportamento desejado.

Knobel define o período da adolescência por meio de 10

características comuns, que são eles:

busca de si mesmo e da identidade; tendência grupal; necessidade de

intelectualizara fantasia; crises religiosas, que podem ir desde o ateísmo

mais intransigente até o misticismo mais fervoroso; deslocalização

temporal, onde o pensamento adquire as características do pensamento

primário; evolução sexual manifesta, que vai do auto-erotismo até a

heterossexualismo genital adulto; atitude social reivindicatória com

tendências anti ou associais de diversas intensidade; contradições

sucessivas m todas as manifestações de conduta, dominada pela ação, que

constitui a forma de expressão conceitual mais típica deste período; uma

separação progressiva dos país; constantes flutuações do humor e do

estado de ânimo. Vejamos a seguir cada uma delas separadamente

(KNOBEL,1981, p 29).

A primeira característica proposta por Knobel refere-se “a busca de si

mesmo”. A utilização da genitália na procriação, segundo Knobel (1981), é um feito

bio-psico-dinâmico que determina uma modificação essencial no processo da conquista

da identidade. A idéia de si mesmo ou de self, é o conhecimento da individualidade

biológica e social, do seu psicofísico em seu mundo social. Sendo o self como uma

entidade psicológica que se une ao conhecimento físico e biológico da personalidade.

É necessário integrar todo o passado, o experimentado, o internalizado e

também o rejeitado, com as novas exigências do meio e com as urgências

instintivas e com as modalidades de relação objetal estabelecidas no campo

dinâminco das relações interpessoais (KNOBEL,1981, p 31).

O adolescente recorre às situações favoráveis como a uniformidade

que proporciona segurança e estima pessoal. A uniformidade é um processo de dupla

identificação em massa, na qual todos se identificam com cada um. Os adolescentes

podem ter identidade transitória, que são adotadas durante um certo tempo ou ainda as

identidades circunstanciais, que são as que conduzem à identificações parciais

transitórias e que costumam confundir os pais e as pessoas que estão perto, resultado

de ansiedades persecutórias e das capacidades auto destrutivas, que obrigam a

fragmentação do ego e dos objetos com os quais este adolescente entra em contato. A

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identidade adolescente é a que se caracteriza pela mudança do indivíduo, com seus

pais externos e a relação com as figuras parentais internalizadas, que estão

incorporadas à personalidade do sujeito, começando desta forma o seu processo de

individuação Knobel (1981, p 36).

A tarefa principal do adolescente é resolver o conflito de identidade.

O objetivo é descobrir “quem sou eu [...]” Erikson (1998, p 165). Erikson, embora

tenha uma visão psicossocial diferente dos percussores (Aberastury e Knobel), indica

algo relevante acerca da identidade, virtudes como a fidelidade, fé, lealdade aos

amigos, companheiros e grupos de valores, faz com que se sintam seguros e cômodos

diante da possibilidade de estabelecer uma relação intima com outra pessoa. As

influências das mudanças sociais ou algum tipo de relação com outras pessoas

produzem crises ao longo da vida e essas é que farão parte da definição da

personalidade se caso não forem vencidas.

A segunda característica proposta por Knobel refere-se a “tendência

grupal”. Compreendemos que a tendência grupal acontece em um momento de troca

bastante significativa na vida do adolescente, ou seja, o adolescente deixa de

considerar temporariamente sua família de origem para viver em grupos de pares ou

de iguais, identificando-se com eles e participando dos movimentos expressões de

alegria, tristeza, raiva, reivindicações sociais e ainda experiências novas com os

grupos. Knobel (1981), aponta que a tendência grupal na adolescência e a interação

de seus problemas com os da sociedade na qual vive, obriga-o a pensar em buscar

soluções por meio da utilização dos grupos.

A pessoa que vive o período da adolescência recorre a um

comportamento defensivo, que segundo Knobel (1981), é a busca de uniformidade.

Ocorre um processo de superidentificação em massa, ou seja, todos são iguais, se

vestem da mesma forma, e um se identifica com o outro. Isto lhes garante a sensação

de segurança e estima pessoal. O processo é tão intenso que por vezes as pessoas se

parecem mais com o grupo que propriamente com o grupo familiar. É no grupo que os

adolescentes encontram pessoas que possam assumir o papel substituto da figura da

família. Alguém que faça o controle e estabeleça regras, que se aproxime da estrutura

familiar. Surge a figura de um líder, a qual se submete, mesmo que este seja

autoritário ou que assuma as mesmas características do pai e mãe.

A terceira característica proposta por Knobel refere-se a

“necessidade de intelectualizar e fantasiar”. Existe aqui uma necessidade de renunciar

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o corpo infantil, o papel infantil, os pais da infância, a bissexualidade que acompanha

a identidade infantil, isto coloca o adolescente em confronto com o fracasso e a

impotência diante as dificuldade externas. O adolescente para Knobel recorre ao

pensamento e as fantasias para compensar as perdas ou para evitá-las se utilizando

disso, como verdadeiros mecanismos de defesa. Um destes mecanismos é a

intelectualização e a fantasia, recursos que servem para diminuir a angustia frente às

perdas.

A quarta característica proposta por Knobel refere-se a “as crises

religiosas”. O adolescente neste período se caracteriza como um ateu exacerbado ou

como um místico muito fervoroso, alcançando os extremos de cada situação, passando

de um lado pra outro com muita facilidade. A questão da religiosidade aparece nesta

fase com mais intensidade não por acaso, devido a sua angústia de viver o luto pelas

perdas que é acometido, como o corpo infantil, a possibilidade de morte e morte de

seus pais infantis. Esta busca pela divindade e de suas verdades absolutas pode

significar uma saída menos frustrante para este período. Período que para Knobel, é de

extrema importância para a construção definitiva de uma ideologia.

A quinta característica proposta por Knobel refere-se a

“deslocalização temporal”. O adolescente vive uma deslocalização temporal, converte

o tempo em presente e ativo em uma tentativa de manejá-lo (KNOBEL, 1981), ou seja

para o adolescente o que se pode esperar, o que ele prioriza e é urgente, ele deixa para

depois, utilizando um tempo maior para aquela atividade, causando no convívio com

pais e família, um desencontro temporal dificultando a relação entre os lados. Desta

maneira delimitar e discriminar o tempo é para o adolescente o mesmo que equiparar

ou que equivale, ou ainda, que coexiste sem maior dificuldade. Esta ambigüidade do

adolescente está relacionada com a irrupção da parte psicótica da personalidade.

Quando o indivíduo chega à adolescência, ele já teve oportunidades de

vivenciar as separações, morte de objetos internos e externos, de partes do ego e certa

limitação do tempo no plano vital, fundamentalmente no corpo e na relação interpessoal-

corporea. O passar deste tempo vai se tornando mais objetivo e conceitual, assim ele

define como tempo existencial, que seria o tempo em si, um tempo vivencial ou

experimental e um tempo conceitual chamado como tempo rítmico e tempo

cronológico (KNOBEL, 1981).

Para Knobel (1981), aceitar a perda da infância significa a morte de

uma parte do ego e seus objetos. Este manejo pode acontecer de forma fóbica ou

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obsessiva, convertendo em situações psicóticas em neuróticas ou psicopáticas. Se o

adolescente teve um padrão seguro na infância, segundo John Bowlby (1990), ele terá

condições de fazer suas escolhas, profissão, grupos de amigos e aquelas de ordem

social com mais tranquilidade. E os que tiveram um padrão inseguro acabam

desenvolvendo atos de delinqüência e a experiência no uso de drogas. Quando se nega

a passagem deste tempo, ele conserva a criança dentro dele como objeto morto-vivo, é

muito freqüente este sentimento neste período. A noção temporal do adolescente tem

características fundamentalmente corporais ou rítmicas, se baseia em suas atividades

como comer, brincar, dormir, estudar e isto é o tempo vivencial ou experimental.

A sexta característica proposta por Knobel refere-se a “evolução

sexual desde o auto-erotismo até a heterossexualidade”. Nesta evolução, segundo

Knobel (1981), do auto-erotismo à heterossexualidade, o adolescente vai de ações

masturbatórias a de fato, ao manuseio genital, como forma de exploração e preparação

da genitália procriativa. Ao aceitar a sua genitália, o menino ou a menina inicia a

procura dos seus parceiros, marcando assim este período com grandes amores, com

vínculos intensos, porém, frágeis. Ao citar Freud em sua teoria, Knobel estabelece a

importância puberal para a reinstalação fática da capacidade genital do sujeito. Logo

são as mudanças biológicas da puberdade que impõem a maturidade sexual ao

indivíduo, intensificando os processos psicológicos que se vivem nesta idade.

A masturbação é uma experiência lúdica na qual as fantasias edípicas são manejadas

solitariamente, que atenta descarregar a agressividade misturada com erotismo através

da mesma e aceitando a condição de terceiro excluído. É também a tentativa maníaca

de negar a perda da bissexualidade, parte do processo de luto normal da adolescência.

A sétima característica proposta por Knobel refere-se a “Atitude

reivindicatória”. A família é considerada por Knobel (1981), como a primeira maneira

que o adolescente tem de se expressar na sociedade e esta influencia e determina

grande parte da conduta dos adolescentes, possibilitando aos pais viverem com os seus

filhos adolescentes a situação edípica, possibilitando aos pais viverem a ansiedade do

despertar da genitália dos filhos. O autor utiliza-se da teoria de ambivalência dual de

Stone e Church (1959), que afirmam que tanto pais e filhos vivem os mecanismos

projetivos e esquizo-paranoides típicos do adolescente. Para esses autores, as

primeiras identificações acontecem com as figuras parentais, mas que não tem dúvidas

de que o meio em que vive determinará novas possibilidades de identificação, quer

sejam parciais sócio-culturais e econômicas. O que vai determinar esta aceitação de

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identidade é a relação que se tem entre o meio e o individuo, e este meio precisa fazer

o reconhecimento desta identidade. O processo básico psicodinâmico-biológico do

individuo se manifesta de diferentes formas, mas sempre de acordo com os padrões

culturais.

Portanto, conhecer os padrões culturais é importante para fazer o

manejo da adolescência, mas conhecer esta fase é essencial para que as influências

culturais possam ser mudadas ou melhores utilizadas para que não se torne patologia e

para não se criar estereótipos isolando por completo os adolescentes do mundo dos

adultos.

o adulto projeta no jovem a sua própria incapacidade em controlar o que

está acontecendo sócio-politicamente ao seu redor e tenta então

deslocalizar o adolescente da sociedade, tornando o mundo adulto

incompreensível e exigente. A burocratização das possibilidades de

emprego, as exigências de uma industrialização mal canalizada e uma

economia mal dirigida, ilógica que o adolescente tenta superar através de

crises violentas, que se pode comparar às atitudes de caráter psicopático

da adolescência. (KNOBEL, 1981, p 53).

Todas estas possibilidades podem conduzir os jovens para empresas

e aventuras destrutivas, perniciosas e patologicamente reivindicatórias. Os processos

citados por Knobel (1981), são de fundamental importância para o desenvolvimento

evolutivo do individuo, as intelectualizações, fantasias conscientes, necessidades do

ego flutuante que se reforça no ego grupal, fazem com que se transformem em

pensamento ativo, em verdadeira ação social, político e cultural.

A oitava característica proposta por Knobel (1981) refere-se as

“contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta”. Para ele , é na

adolescência que o individuo tem mais dificuldade para controlar as suas ações, que

até mesmo o pensamento precisa se tornar ação para ser controlado. Knobel utiliza-se

da figura da esponja para exemplificar que a personalidade do adolescente é

permeável, recebe tudo e projeta tudo. Neste período, os processos de projeção e

introjeção são bastante intensos, variáveis e freqüentes, o que facilita uma conduta não

determinada e como resultado uma personalidade normal, porém, com anormalidades.

A penúltima característica proposta por Knobel refere-se a

“separação progressiva dos pais”. Uma das tarefas básicas para se estabelecer a

identidade do adolescente é a de ir se separando dos pais, uma tarefa que a própria

condição biológica vai impondo neste processo de amadurecimento.

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A necessidade de se experimentar e utilizar a genitália de forma

procriativa, segundo Knobel (1981), faz com que esta separação aconteça

naturalmente. A intensidade e a qualidade da angústia dependem da maneira pela qual

o adolescente viveu a fase genital. Os pais vivem suas angústias de quando eram

adolescentes e muitas vezes negam o crescimento dos filhos, que acabam

desenvolvendo características persecutórias mais acentuadas, principalmente, se na

fase genital prévia se desenvolveu dificuldades com as figuras dos pais que tem e teve

caracteres de indiferenciação e de persecução. Ao contrário, se a figura dos pais esta

bem definida em uma relação amorosa e criativa, os aspectos persecutórios se

convertem no modelo de vínculo genital que o adolescente terá como modelo.

É na adolescência, segundo Bowlby (1990), que os comportamentos

de apego de uma criança aos seus pais sofrem uma grande mudança, tornando-se

ainda menos visíveis, ao mesmo tempo, o vínculo com outros adultos e pessoas da

mesma idade. Alguns adolescentes desligam-se inteiramente de seus pais, outros

permanecem intensamente apegados e outros conseguem estabelecer vínculos com

outras pessoas.

A décima e última característica proposta por Knobel refere-se a

“constantes flutuações do humor e do estado de ânimo”. Os fenômenos de depressão e

luto acompanham o processo identificatório da adolescência. A quantidade e a

qualidade da elaboração dos lutos da adolescência determinarão a maior ou menor

intensidade desta expressão e destes sentimentos. “A intensidade e a freqüência dos

processos de introjeção e projeção podem obrigar os adolescentes a realizarem rápidas

modificações no seu estado de animo [...] Knobel (1981, p 58)”. Neste período a realização

das necessidades instintivas básicas que nem sempre são satisfeitas, fazendo com que

o adolescente se feche em si para alcançar esta satisfação, desenvolvendo o

sentimento de solidão.

Falamos até aqui das características apontadas por Knobel que

permitiu uma ligação importante com o tema da dissertação. As características como

uma identificação do perfil jovem, auxiliaram a verificar que muitos da população

pesquisada é adolescente ou estão no final dela. Algumas dessas são facilmente

percebidas nos resultados. O adolescente na busca pela sua identidade procura viver

em grupo. Knobel chamou de tendência grupal que é a sua capacidade de interagir

com a sociedade em que vive. Na busca de resolução de problemas, o adolescente se

agrupa com aqueles que são iguais, é a superidentificação de massa, se vestem da

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mesma forma, um se identifica com o outro e porque não dizer gostam das mesmas

músicas. Isto lhes garante a sensação de segurança e estima pessoal.

Além destas características, Knobel aponta que o adolescente neste

período é um ateu exacerbado ou um místico muito fervoroso, alcançando os extremos

de cada situação, passando de um lado para outro com muita facilidade. A questão da

religiosidade aparece nesta fase com mais intensidade não por acaso, devido a sua

angústia de viver o luto pelas perdas que é acometido, como o corpo infantil, a

possibilidade de morte e morte de seus pais infantis. Esta busca pela divindade e de

suas verdades absolutas pode significar uma saída menos frustrante para este período.

O que pudemos perceber ainda nos resultados da pesquisa foi exatamente uma

população muito “crente”. Itens como, leitura da bíblia como leitura preferida, ter em

Jesus como ídolo, ouvir música gospel e afirmar que a música religiosa é a expressão

daquilo que estão sentindo e pensando, revela o quanto estes adolescente e jovens

usam da religião como elemento presente na busca pela suas identidades psicossocial

e religiosa.

1.2 A teoria psicossocial de Erik Erikson sobre a identidade humana.

Outra teoria sobre a identidade humana que é aplicável aos

adolescentes e jovens das comunidades presbiterianas independentes é a teoria de Erik

Erikson (1976/1998), que introduz elementos de uma teoria psicanalítica do

desenvolvimento psicossocial e desenvolvimento do ego. Esse autor enfatiza as

abordagens psicossexual e psicossocial e sua relação com o conceito de ego, a partir

daí passa a examinar como se dá o ciclo da vida, incluindo no pensamento

psicanalítico aquilo que se chamava o “mundo exterior”. Para Erickson, há, seja em

que ordem for, o processo biológico da organização hierárquica dos sistemas de

órgãos que constituem um corpo. Há também o processo psíquico que organiza a

experiência individual por meio da síntese do ego (psique), e, também, o processo

comunal da organização cultural da independência das pessoas (etos) (ERIKSON,

1998).

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As dimensões do desenvolvimento

Para Erikson o desenvolvimento passa por várias dimensões. São

elas, a dimensão biológica, a social e a individual. Quando integradas as três, segundo

Erikson, resulta no que chamamos de personalidade. Isto é, estes três sistemas

coordenados adequadamente resultam em uma pessoa saudável, ou seja, uma pessoa

que domina ativamente seu ambiente, mostra uma certa unidade da personalidade e é

capaz de perceber corretamente o mundo e a si mesma (ERIKSON, 1976).

A dimensão biológica para Erikson é um conceito que concorda

com o ponto de vista da psicanálise no que diz respeito ao nível biológico, para ele, o

recém nascido humano possui um poderoso conjunto de pulsões e impulsos. Porém,

necessita de ordem e consistência, uma necessidade de continuidade da experiência,

para que o desenvolvimento ocorra numa sequência mais ou menos previsível e que

esta é, em parte, governada por algum tipo de mecanismo inato ou fator maturacional.

Este tipo de mecanismo é que está por trás de todo o desenvolvimento orgânico

humano ou não, que ele chama de princípio epigenético. Este princípio afirma que,

tudo que cresce tem um plano básico e é a partir deste, que se erguem as partes ou

peças componentes até que, todas surjam para formar um todo em funcionamento

(GALLATIN, 1978).

A dimensão social é um plano básico que não pode pairar em um

vazio. O ser humano nasce com uma grande dependência, a qual, não tem sentido se

não estiver inserida na dimensão social. O bebê com seus impulsos precisa ser cuidado

para que possa sobreviver. Seu sentido de ordem e consistência não pode ser mantido,

e suas potencialidades não podem ser manifestas sem a presença de outras pessoas.

Tudo que ele vier a aprender tem a ver com sua família, hábitos e necessidades.

A dimensão social do desenvolvimento da personalidade envolve

uma série de acomodações mútuas, que podem variar de acordo com a cultura, na

qual, o individuo está inserido variando de uma cultura para outra. O que é comum a

todas elas é a meta de transformar crianças dependentes em adultos maduros

(GALLATIN, 1978). Por outro lado, existe a dimensão individual, onde nenhum

individuo desenvolve personalidades idênticas, mesmo considerando a existência de

um plano básico biológico e social. Todo ser humano nasce com uma necessidade de

categorizar e organizar suas experiências, mas estas pessoas não possuem os mesmos

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equipamentos para fazê-lo. Cada pessoa responde segundo a sua percepção de mundo

e a maneira como é vista por ele.

O ser humano é considerado psicologicamente quando consegue

desenvolver um firme sentido de identidade, e consegue se reconhecer como uma

pessoa única, dentro de uma determinada sociedade, com um passado, presente e

futuro. Os que não conseguem integrar suas experiências desta forma são menos

integrados e unificados do que os que conseguem realizar esta integração, se a

desorganização na síntese do ego é severa, eles podem tornar-se seriamente

perturbados. A personalidade depende de um firme sentido de identidade.

o sentimento consciente de se possuir uma identidade pessoal

baseia–se em duas observações simultâneas: a percepção da

uniformidade e continuidade da existência pessoal no tempo e no

espaço; e a percepção do fato de que os outros reconhecem essa

uniformidade e continuidade da pessoa. Assim, a identidade do ego,

em seu aspecto subjetivo, é a consciência do fato de que existe

uniformidade e continuidade nos métodos de sintetização do ego, o

estilo da individualidade de uma pessoa, e de que estilo coincide

com a uniformidade e continuidade do significado que a pessoa tem

para os outros significados na comunidade imediata (ERIKSON,

1976, p 49).

Portanto, a identidade como desenvolvimento da personalidade tem

uma dimensão biológica, social e individual (ego) e que para Erikson, cada ser humano

tem uma necessidade de sentir-se único, necessidade que provém do esforço

inconsciente para manter a continuidade da experiência. Porém, ele não pode

desenvolver este sentimento de ser único e de possuir um destino próprio e singular na

ausência de uma cultura. A cultura proporciona cuidados e a consistência de um ego,

fornece um conjunto de rótulos e diretrizes que permitem que o ego, a medida que se

desenvolve, formule um identidade (Gallatin, 1978).

A adolescência é o período particularmente crucial para a formação

da identidade, é neste estágio que o individuo pode localizar o seu ego no tempo e no

espaço, reconhecendo que teve passado e visualisando um futuro, também pessoal,

para si próprio. Para a formação de identidade é necessário, segundo Erikson (1976),

que o individuo desenvolva os requisitos preliminares de crescimento fisiológico,

amadurecimento mental e responsabilidade social para experimentar e atravessar a

crise de identidade.

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compete ao ego integrar os aspectos psicossexuais e psicossociais de

um dado nível de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, integrar a

relação entre os elementos de identidade recém adicionados e o que já

existiam, isto é, compete-lhe superar as inevitáveis descontinuidades

entre os diferentes níveis de desenvolvimento da personalidade, pois

as anteriores cristalizações de identidades são passiveis de renovado

conflito quando as mudanças na qualidade do impulso, as expansões

no equipamento mental e as novas e amiúde conflitantes exigências

sociais fazem com que os ajustamentos prévios pareçam insuficientes

e, de fato, tornam suspeitas as prévias oportunidades e recompensa

(ERIKSON, 1976, p 163).

O adolescente possui aptidões necessárias para decidir-se quanto a

uma identidade. Ele também se defronta com certas pressões para que o faça. Seu ego

é capaz de sintetizar suas percepções e memórias melhor do que o ego da criança,

possuindo mais percepções e memórias para fazê-lo. Neste período, entre a transição

da infância e a idade adulta, o adolescente se torna consciente de todos os

ajustamentos pessoais, ocupacionais, sexuais e ideológicos, que serão exigidos dele

antes que atinja a maturidade Gallatin (1978, p 203).

Quando se discute identidade, não podemos separar o

desenvolvimento pessoal e a transformação comunitária, assim como não podemos

separar a crise de identidade na vida individual e a crise contemporânea no

desenvolvimento histórico porque ambas ajudam a definir à outra e estão

verdadeiramente relacionados entre si como uma espécie de relatividade psicossocial

(ERIKSON, 1976).

a instituição social é guardiã da identidade e é o que designamos

de ideologia, pois, é através de sua ideologia que os sistemas

sociais penetram na índole da geração seguinte e tentam absorver

em seu fluido vital o poder rejuvenescedor da mocidade. A

adolescência é pois, um regenerador vital no processo de evolução

social, pois a juventude pode oferecer suas lealdades e energias

tanto a conservação daquilo que continua achando verdadeiro

como a correção revolucionária do que perdeu o seu significado

regenerador (ERIKSON, 1976, p 134).

A juventude de hoje esquece que a formação de identidade é

realmente um problema de gerações. E que não podemos menosprezar o que parece ser

uma abdicação de responsabilidades por parte da geração mais velha, uma destas

responsabilidades consiste em fornecer aqueles ideais poderosos e convincentes que

devem anteceder a formação de identidade na geração seguinte, e desta maneira não

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possibilite aos jovens se rebelar contra um bem definido ou um conjunto de valores

mais antigos (ERIKSON, 1976).

Os estágios de desenvolvimento

Erik Erikson dividiu o desenvolvimento humano em oito estágios ou

idades a partir das crises que o ser humano experimenta em seu ciclo de vida.

O primeiro estágio proposto por Erikson refere-se ao primeiro ano de

existência, correspondente ao estágio da crise confiança básica versus desconfiança

básica, caracteriza-se por uma atitude positiva de esperança, refletida pela confiança no

meio em que a criança vive e confiança no futuro. Poderá, no entanto, tornar-se

desconfiada e, por isso, temer o futuro. O evento importante deste estágio é a

alimentação.

O segundo refere-se ao segundo ano, é o estágio da crise autonomia

versus vergonha e dúvida. Este segundo ano caracteriza-se pela afirmação da vontade:

capacidade de exercer uma escolha assim como possibilidade de autodomínio;

sentimentos de autonomia e de amor-próprio que levam ao desenvolvimento da boa

vontade e do brio. Por outro lado, pode acontecer que se desenvolvam sentimentos de

perda de autodomínio ou de ser objeto de um excessivo domínio exterior. A vergonha e

dúvidas acerca do livre exercício da vontade podem ser os sentimentos resultantes. O

evento importante deste estágio é o uso do toalete.

O terceiro refere-se à fase correspondente ao espaço entre o 3º e o 5º

anos. Relaciona-se com a crise iniciativa versus culpa. Nesta fase dá-se a consolidação

da tenacidade que é a capacidade de iniciar atividades, de continuá-las e de apreciar a

sua realização. Pode, no entanto, acontecer que haja medo de castigos e sentimentos

inibitórios ou ainda um comportamento de “show-off”, ou seja, chamar a atenção

resultante daqueles. O evento importante trata-se da locomoção.

O quarto refere-se ao estádio que vai desde o 6º ano até à puberdade. A

crise aqui verificada é da produtividade versus inferioridade. Desenvolve-se a perícia:

que é a capacidade em relacionar habilidade e instrumentos; exercício da inteligência e

da destreza com o objetivo de realizar obras e de realizá-las bem. Porém, pode acontecer

que se gere um sentimento de incapacidade e um complexo de inferioridade. O evento

importante deste estágio é, sem dúvida, a escola. A adolescência constitui o momento

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que diz respeito à crise identidade versus confusão do papel. É na adolescência que

começamos a perceber bem o significado da lealdade, que é a capacidade de ser fiel. É

também nesta altura que o adolescente se vê a si próprio como um ser único integrado

na sociedade ou ao contrário, a crise poderá levar o jovem a não entender bem que papel

deverá desempenhar, isto é, não saiba como agir porque “não sabe exatamente quem é”.

O evento mais importante deste estágio é o relacionamento a pares.

O quinto e o sexto referem-se aos primeiros anos da vida adulta. É o

sexto estádio que diz respeito à crise intimidade versus isolamento. Dá-se a capacidade

de nos darmos aos outros, amor e amizade. Por outro lado, o jovem adulto poderá

isolar-se, distanciando-se dos outros, evitando compromissos de amizade ou de amor. O

evento importante é o relacionamento de amor.

O sétimo refere-se á meia-idade, a crise verificada é a de criatividade

versus estagnação. Nesta fase de vida, dá-se um aumento dos cuidados para com aquilo

que foi criado através do amor, por necessidade ou acidentalmente: aumento de

interesse pela atividade profissional, por idéias ou aumento da atenção para com os

filhos. Se isto não acontecer, a pessoa em causa viverá sem interesses, “num deixar-se

andar”, cairá na depressão e haverá um empobrecimento nas relações com os outros.

O ultimo estágio refere-se ao da velhice, que diz respeito à crise

integridade versus desespero. A pessoa desta idade avançada pode tornar-se sábia. Ela

deixa de preocupar-se ansiosamente com a vida porque descobriu o seu sentido da

dignidade da sua vida e também haverá a aceitação da morte. Se não se atingir esta

sabedoria, isto acontece se ao olhar para trás se verifica que não se fez nada que valesse

a pena, haverá um sentimento de desgosto perante a vida e de desespero perante a

morte. Os eventos importantes deste estágio são a reflexão e a aceitação da vida.

1.3 Os estágios da fé: a identidade jovem para James W. Fowler

Muito se tem escrito, debatido, questionado e refletido acerca da fé

e ainda, sobre a fé do adolescente. James Fowler (1992) organizou e sistematizou a

dinâmica do desenvolvimento da fé, através do que ele chamou de estágios da fé.

Esses estágios procuram ampliar a compreensão do conhecimento e desenvolvimento

da fé tomando como parâmetro uma escola da psicologia do desenvolvimento,

utilizando a teoria de desenvolvimento humano de Erikson, desenvolvida

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anteriormente. Para este autor, a teoria sobre os estágios da fé, procura considerar os

desafios e crises previsíveis no decorrer do ciclo da vida humana.

As contribuições de Fowler para os estudos das etapas religiosas

A fé é a maneira pela qual uma pessoa ou grupo responde ao valor e

poder transcendentes, conforme são percebidos e aprendidos através das formas da

tradição cumulativa. Uma tradição cumulativa pode ser constituída por textos de

escrituras ou leis, incluindo narrativas, mitos, profecias, relatos de revelações,

símbolos visuais e de outros tipos, tradições orais, música, dança, ensinamentos

éticos, teologias, credos, ritos, liturgias, arquitetura e muitos outros elementos.

Segundo Fowler (1992), a “tradição cumulativa” é renovada a medida que seus

conceitos provam ser capazes de evocar e modelar a fé de novas gerações. A fé é

despertada e nutrida pelos elementos da tradição. Quando esses elementos chegam a

expressar a fé dos novos aderentes a tradição é ampliada e modificada, ganhando

assim nova vitalidade. Fowler continua dizendo que esta explicação representa um

ideal, e que para a sociedade moderna o relacionamento da fé e religião se tornou

problemático. A fé luta para ser mantida, em muitas pessoas hoje, que sentem não ter

nenhum acesso utilizável a qualquer tradição religiosa cumulativa que seja viável

(FOWLER, 1992).

As nossas primeiras experiências de fé e fidelidade começam com o

nascimento. Somos recebidos e acolhidos com algum grau de fidelidade por aqueles

que cuidarão de nós, e segundo Fowler, é a partir da consistência em suprir as nossas

necessidades, por criarem um espaço valioso em nossas vidas, aqueles que nos

recebem providenciam uma experiência inicial de lealdade e confiabilidade.

Percebemos o quanto Fowler concorda com Erikson quando ele diz que o bebê com

seus impulsos precisa ser cuidado para que possa sobreviver. Seu sentido de ordem e

consistência não pode ser mantido e suas potencialidades não podem ser manifestas

na ausência de outras pessoas. Tudo que ele vier aprender tem a ver com sua família,

hábitos e necessidades. Dessa maneira,

antes que possamos usar a linguagem, formar conceitos ou mesmo

ser considerados conscientes, começamos a formar nossas primeiras

intuições rudimentares acerca de como é o mundo, de como ele nos

considera, e se podemos nos sentir em casa (FOWLER, 1992, p 25).

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O que Fowler está nos indicando é o fato do individuo crer, confiar,

comprometer-se, colocar seu coração e prometer fidelidade, é mostrar que fé é um

verbo. A fé é uma forma ativa de ser e comprometer-se, um meio de adentrarmos e

modelarmos as nossas experiências de vida e que fé é sempre relacional, sempre há

um outro na fé. Na interação entre pais e filhos não só começa a se desenvolver um

vínculo de confiança e lealdade mútuas, mas a criança ao desenvolver seus vínculos,

o fará em um nível básico, sente o novo e estranho ambiente como um ambiente

confiável ou/e providente, arbitrário ou/e negligente. A fé é um empreendimento

relacional, triádico ou pactual em seu formato, ou seja, não colocamos o nosso

coração em pessoas, causas, instituições ou deuses porque simplesmente devemos

fazer, mas porque de alguma maneira o outro com a qual nos comprometemos tem

para nós, uma excelência ou valor intrínseco e porque ele pode nos conferir valor

(FOWLER, 1992).

os centros de valores e poder têm valor divino para nós, portanto,

são aqueles que nos conferem sentido e dignidade e prometem nos

sustentar em um perigoso mundo de poder. Nossos

comprometimentos e confianças moldam nossa identidade. Eles

determinam (e são determinados por) a comunidades a que

filiamos. Num sentido real, nós nos tornamos parte daquilo que

amamos e em que confiamos (FOWLER, 1992, p 27).

Em sua teoria, Fowler propõe uma visão estrutural

desenvolvimental da fé e que deve ser uma teoria do conhecer e agir pessoais. Isto

não implica uma teoria individualista, nem uma teoria que desista do compromisso

com a possibilidade de generalização. Significa um compromisso de levar a sério o

fato de que nossas decisões e ações anteriores moldam o nosso caráter, a nossa

história, imagens que vivemos e de que somos formados em comunidades sociais, e

que, nossa forma de ver o mundo são moldados pelas imagens e construções

partilhadas de nosso grupo ou classe. Significa ainda um compromisso de relacionar

os estágios estruturais da fé às crises e aos desafios previsíveis das fases de

desenvolvimento e de levar a sério as histórias de vida no estudo da fé (FOWLER,

1992).

O que Fowler está propondo é uma leitura dos estágios de

desenvolvimento humano de Erikson, para então, desenvolver ou encontrar os

estágios da fé dentro do ciclo da vida. Fowler enfatiza a posição de Erikson ao dizer

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que não se trata de um determinismo grosseiro e que tudo é decisivo para a fé, mas

o que ocorre nos primeiros 12-60 meses de vida, a confiança versus desconfiança

básica, é o fator de qualidade da primeira mutualidade da criança com as condições

de sua existência e com as pessoas que fazem parte de sua vida. Isto ajudará a sua

definição de identidade e fé, pois suas primeiras experiências de fé terão origens na

relação com seus pais (FOWLER, 1992).

Os estágios da fé em Fowler

Assim como Erik Erikson e outros teóricos do desenvolvimento

humano como Jean Piaget, Folwer desenvolveu sua teoria também a partir da idéia

dos estágios e para ele, são seis estágios da fé.

O primeiro estágio proposto por Fowler refere-se a lactância e fé

indiferenciada. Este período é marcado pela relação estritamente mãe-bebezinho, em

que os cuidados maternos e paternos são essenciais na vida de qualquer ser humano,

pois, somos no meio animal os que não sobrevivem sem estes cuidados nos primeiros

meses de vida. Segundo Fowler (1992), começamos a desenvolver a fé também neste

período. Com o nascimento, o bebê é lançado em um novo ambiente em que será

necessário o desenvolvimento de nossas potencialidades humanas para

sobrevivermos nele. Precisamos da ativação e elaboração de nossas capacidades

adaptativas, porém, este progresso vai depender das pessoas e as condições desse

ambiente que nos recebem e nos fazem entrar em interação.

Precisamos de estímulos de comunicação suficientes para que

possamos desenvolver nossas capacidades adaptativas para relacionamentos e

vínculos amorosos e se estes estímulos não ocorrem, estas capacidades adaptativas

podem ficar retardadas ou mesmo não ativadas (FOWLER, 1992). Se nada disto

acontecer, nossa confiança no mundo e em nós mesmos pode ser desequilibrada por

desconfiança e desespero infantil. O bebê percebe a mãe, o seio materno, a

mamadeira, como uma extensão dela própria. Em torno dos oito meses é que o bebê

começa a se separar destes objetos, e ao perceber a ausência da mãe o bebê vive um

pânico pela incerteza de sua volta. Este “pânico” é tão difícil que desenvolvemos as

nossas primeiras defesas psíquicas fazendo-nos esquecer através do retorno da mãe

ou de outra pessoa que dispense cuidados.

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Para Fowler, é desta maneira que desenvolvemos a confiança nas

outras pessoas e no ambiente cultural, grupo social em que estamos inseridos. As

primeiras imagens de Deus que temos neste período, segundo Fowler, são as

primeiras experiências de mutualidade porque somos seres indefesos e dependentes

de outros imensamente poderosos. Chama-se pré-imagens porque acontece em

grande parte e formam-se antes da linguagem, antes dos conceitos e em uma época

que coincide com o surgimento da consciência. Para Fowler, a força da fé que surge

neste estágio é o fundo de confiança básica e a experiência relacional de mutualidade

com a pessoa ou pessoas que dispensam os cuidados e amor primário (FOWLER,

1992).

Ainda, um outro momento dentro deste mesmo estágio é o que

Fowler chama em segundo lugar de fé intuitivo-projetiva. Este período é quando

começa a ocorrer a convergência de pensamento e linguagem, a criança toma posse

de um tipo qualitativamente novo e poderoso manuseio sobre o mundo da

experiência. Segundo Fowler, a criança intuitivo projetiva, cuja idade vai dos dois

aos sete anos, usa a fala e representação simbólica para organizar a sua experiência

sensória transformando-a em unidade de sentido, explora e dá nomes à coisas e

objetos, o que antes não fazia sentindo agora começa a ter. Seu pensamento ainda

não é reversível.

As relações de causa e efeito ainda são mal compreendidas. Exibem

o egocentrismo cognitivo do qual são incapazes de coordenar e comparar duas

perspectivas diferentes a respeito do mesmo objeto. Na conversa com outras crianças

intuitiva projetivas tem um caráter de monólogos, cada qual falando daquilo que

parece ser e fazer parte de seu interesse, mas conforme cada uma percebe e

experimenta na busca de ajuste e adequação. Segundo Fowler, na perspectiva do

desenvolvimento cognitivo, seu pensamento é fluido e mágico. Falta lhe a lógica

indutiva e dedutiva, segue como processos imaginativos. A educação e o ensino neste

período devem ser feitos com muito cuidado, pois é uma fase fantasiosa e imitativa e

pode ser influenciada pelo temperamento, ações e histórias de fé, visível dos adultos,

que ela mantém contatos primários. Existem tipos de pregação e ensino que

enfatizam o poder do diabo, o pecado e a necessidade urgente de conversão, levando

a criança a uma identidade precoce, assumindo muitas vezes a identidade da fé adulta

daquela confissão de fé, acarretando na vida adulta o surgimento de uma

personalidade muito rígida, frágil e autoritária (FOWLER, 1992).

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O terceiro estágio de fé proposto por Fowler refere-se a fé mítico

literal. A criança neste período escolar, diferente dos períodos anteriores, já constrói

um mundo mais ordenado, confiável e temporalmente linear. Capaz de raciocínio

indutivo e dedutivo, se tornou um jovem empirista, capaz de investigar e testar, irá

apresentar provas para pretensões de fato. Possui uma capacidade de imaginação e

capaz de uma vida de fantasia altamente desenvolvida, mas os produtos desta

imaginação toda ficarão confinada ao mundo de brincadeira e serão submetidos e

avaliados antes de serem admitidos. Neste período a criança traz a capacidade de

ligar as experiências, formando sentido através de histórias, crenças e observâncias

que simbolizam pertença à sua comunidade (FOWLER, 1992).

Ainda no terceiro estágio Fowler fala que, juntamente à fé mítico

literal se desenvolve a fé sintético convencional. A puberdade acarreta uma revolução

na vida física e emocional. Além de ver as mudanças que estão acontecendo no seu

físico, o jovem precisa também saber a opinião de outras pessoas. Procura pessoas de

confiança para que possa ver, por meio da opinião do outro, a sua personalidade

surgindo e desta maneira obter avaliação sobre sentimentos, idéias, ansiedades e

comprometimentos que estão se formando e buscando uma forma de se expressar e

de ser aceito pelos outros. Segundo Fowler, o adolescente neste período, precisa

experimentar um Deus que conheça, aceite e confirme profundamente o próprio eu

e que sirva de garantir o infinito do eu juntamente com o mito em formação da

identidade e fé pessoal.

A autoridade está localizada externamente, residindo nas pessoas

disponíveis ou incumbidas de papeis de liderança e nas instituições. Isto não

significa que os adolescentes não façam escolhas ou que manifestem fortes

sentimentos e compromissos referentes aos seus valores e normas de comportamento,

mas significa que a despeito de seu genuíno sentimento de ter feito escolhas e auto-

imagens mediados pelos outros significativos em suas vidas, foram os adolescentes

escolhidos, o que eles fazem é esclarecer e ratificar aquelas imagens e valores que os

escolheram (FOWLER, 1992). Ainda, quando é Deus este outro significativo o

comprometimento com Deus e a auto-imagem correlata podem exercer um

poderoso efeito ordenador sobre a identidade e a perspectivas de valores do

adolescente.

Segundo Fowler, a capacidade emergente neste estágio é a formação

de um mito pessoal, o mito do próprio devir da pessoa em identidade e fé,

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incorporando o passado e o futuro previsto em uma imagem do ambiente último

unificada por características de personalidade (FOWLER, 1992).

suas imagens de valor e poder unificador derivam se da extensão de

qualidades experimentadas em relacionamentos pessoais. É um

estágio “conformista” no sentido de que agudamente sintonizado

com as expectativas e julgamentos de outros significativos e ainda

não possui uma percepção suficientemente segura de sua própria

identidade e julgamento autônomo para construir e manter uma

perspectiva independente. Embora as crenças e valores sejam

profundamente sentidos é típico que sejam assumidos de forma

tácita, a pessoa habita neles e o mundo de sentido por eles mediado

(FOWLER, 1992, p 146).

O quarto estágio, Fowler chamou de Fé individual-reflexiva.

Este estágio que acontece já no início da fase adulta, ocorre certas tensões inevitáveis

em que a pessoa enfrenta a individualidade versus ser definido por um grupo ou pelo

fato de ser membro de um grupo. A subjetividade e o poder de sentimentos fortemente

vivenciados, mas não examinados, versus objetividade e a exigência de reflexão

crítica. “A auto realização como preocupação primária versus serviço em prol de

outros e ser para outros, a questão de estar comprometido com o relativo versus a luta

com a possibilidade de um absoluto [...] Fowler (1992, p 154)”. Ainda, o eu,

anteriormente sustentado em sua identidade e composições de fé por um circulo

interpessoal de outros significativos, agora exige uma identidade não mais definida

pelo composto dos papeis ou significados da pessoa para outras.

O quinto estágio, Fowler chamou de Fé conjuntiva.

Segundo Fowler, este estágio prevê a meia idade e a fé conjuntiva implica na

integração, no eu e na própria perspectiva, de muita coisa que foi suprimida ou não

reconhecida no interesse da auto certeza e da consciente adaptação cognitiva e

afetiva à realidade, vividas no estágio 4. Neste estágio, a pessoa passa a dar

significados conceituais aos símbolos, considerando o seu passado e dando mais voz

ao seu eu mais profundo. Acontece um reconhecimento critico do seu inconsciente

social, os mitos, imagens ideais e preconceitos profundamente embutidos no sistema

do eu em virtude da educação da pessoa dentro de determinada classe social, tradição

religiosa, grupo étnico ou coisa semelhante (FOWLER, 1992). Este estágio gera e

mantém a vulnerabilidade às estranhas verdades daqueles que são “outros”, e estará

pronto para a intimidade com o que é diferente e ameaçador para o eu e a própria

perspectiva, inclusive novas experiências em espiritualidade e revelação religiosa.

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O sexto estágio, Fowler chamou de fé universalizante.

No estágio seis ocorre uma encarnação disciplinada, ativista, um tornar real e

tangível os imperativos do amor e da justiça, absolutos, dos quais o estágio cinco

possui apreensões reais, ou seja, no estágio seis a pessoa engaja-se em gastar e ser

gasta para a transformação da realidade atual na direção de uma realidade

transcendente. As pessoas exibem qualidades que estremecem nossos critérios usuais

de normalidade.

A sua indiferença a auto preservação e a vivacidade de seu gosto e

percepção da realidade moral e religiosa transcendente dão às suas ações e palavras

uma qualidade extraordinária frequentemente imprevisível. [...] Fowler (1992, p

169)”. Estas pessoas se tornam idealizadoras, vivendo uma participação sentida em

um poder que unifica e transforma o mundo, os universalizantes são vistos como

subversores das estruturas, inclusive das estruturas religiosas, pelas quais

sustentamos nossa sobrevivência, segurança e relevância individual e corporativa.

Estão preparados para ter comunhão com pessoas de qualquer um dos outros

estágios, e de quaisquer outras tradições de fé.

Para a nossa pesquisa Fowler auxilia a compreensão de como se dá

o desenvolvimento da fé dos adolescentes e jovens. Para ele, desenvolvemos a

confiança nas outras pessoas, no ambiente cultural e, grupo social em que estamos

inseridos por meio da confiança desenvolvida quando somos ainda crianças. As

primeiras imagens de Deus, temos neste período, segundo Fowler, são as primeiras

experiências de mutualidade porque somos seres indefesos e dependentes de outros

imensamente poderosos. Chama-se pré-imagens porque acontece em grande parte e

formam-se antes da linguagem, antes dos conceitos e em uma época que coincide

com o surgimento da consciência. A medida que se amadurece, a fé é despertada e

nutrida pelos elementos da tradição. Quando esses elementos chegam a expressar a fé

dos novos aderentes, a tradição é ampliada e modificada, ganhando assim nova

vitalidade. Os adolescentes e jovens vivem esta ampliação quando fazem hibridismo

cultural com os elementos da tradição e os novos elementos de uma cultura gospel.

1.4 A construção social da identidade jovem

Na sociologia de Peter Berger e Thomas Luckmann (2002), a

identidade é uma construção social e cultural. A identidade é formada por processos

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sociais que uma vez cristalizada, é mantida, modificada ou mesmo modelada por

relações sociais. Os processos sociais implicados na formação e conservação da

identidade são determinados pela estrutura social. Inversamente, as identidades

produzidas pela interação do organismo, da consciência individual e da estrutura

social reagem sobre a estrutura social dada, mantendo-a, modificando-a ou mesmo

modelando-a (BERGER, 2002).

A identidade é elemento chave da realidade subjetiva e como

realidade subjetiva deriva da dialética entre um indivíduo e a sociedade. Os tipos de

identidades são produtos sociais, elementos relativamente estáveis da realidade social

objetiva. Este grau de estabilidade é determinado socialmente (BERGER, 2002). O

sentido se constitui na consciência humana que se individualizou num corpo e se

tornou pessoas através de processos sociais. Consciência, individualidade,

corporalidade específica, sociabilidade e formação histórico-social da identidade

pessoal são características essenciais de nossa espécie (BERGER, 2002).

Desde criança a pessoa está colocada em uma relação social, com

seus pais e com outras pessoas de importância relacional. Estas relações se

desenvolvem em ações reguladas, diretas e recíprocas, mas como organismo

individualizado tem capacidades corporais e conscientes inerentes a espécie humana.

A criança aprende com o agir dos adultos que possuem um reservatório do sentido de

sua sociedade. Nesses processos desenvolve progressivamente sua identidade pessoal

(BERGER, 2002).

Desta maneira a sociedade precisa ser entendida como um processo

dialético composto por três momentos: a exteriorização, objetivação e a interiorização.

Fazer parte da sociedade significa participar desta dialética, pois, ao mesmo tempo

que o indivíduo exterioriza o seu próprio mundo social, ele interioriza o mundo social

como realidade objetiva. “O individuo nasce com a predisposição para a sociabilidade

e por meio da interiorização ela dá sentido à um acontecimento objetivo dotado de

sentido. Este acontecimento é a manifestação de processos subjetivos de outro que se

tornou subjetivamente significativo também para quem o vê” Berger (2002, p 173). O

que para um é subjetividade passa a ser objetivamente acessível, para se tornar

subjetivo uma vez interiorizado. A interiorização constitui a base de compreensão de

nossos semelhantes para se tornar a apreensão do mundo como realidade social dotada

de sentido (BERGER, 2002).

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Essa apreensão não são criações autônomas de significado por

indivíduos isolados, mas acontece quando estes indivíduos assumem o mundo no qual

outros vivem. Uma vez assumido pode ser modificado de maneira criadora ou até

mesmo recriado porque, este assumir tem um certo sentido para cada organismo

humano e o mundo.

Na interiorização não só se compreende os processos subjetivos

momentâneos do outro, mas compreende-se e passa a ser o seu próprio

mundo. Ocorre uma identificação mútua, pois além de compreender as

definições das situações partilhadas se é capaz de defini-las

reciprocamente. Vive-se um mesmo mundo e se participa um do ser do

outro (BERGER, 2002, p 175).

Este processo ontogênetico se dá por meio da socialização. A

socialização primária é a primeira que o individuo experimenta e ocorre já na infância,

tornando-o membro da sociedade, enquanto que a socialização secundária e o

processo subsequente, introduz este indivíduo já socializado em novos setores do

mundo objetivo de seu grupo social. Todo indivíduo nasce em uma estrutura social

objetiva e encontra outros significativos que se encarregam de sua socialização. Estes

outros significativos são impostos, nascem não só em uma estrutura social objetiva,

mas também em um mundo social objetivo. O que servirá de mediação são os

significativos que só farão sentido de acordo com as características individuais

encontradas na biografia de cada indivíduo (BERGER, 2002). Para Berger, o mundo

social é filtrado pela localização na estrutura e pelas características individuais. A

socialização primária implica mais no conhecimento que o sujeito adquiriu por meio

de suas experiências vividas em sociedade ou nas instituições.

A interiorização só se realiza quando há identificação, ou seja, a

criança identifica-se com outros significativos por uma multiplicidade de modos

emocionais, absorvendo papéis e as atitudes dos outros significativos, interiorizando e

tornando os seus e a criança adquire uma identidade subjetiva coerente. Ocorre uma

dialética entre a identificação pelos outros e a auto identificação entre a identidade

objetiva atribuída e a identidade subjetiva apropriada. O que Berger está dizendo é que

a apropriação subjetiva da identidade e a apropriação subjetiva do mundo social são

apenas aspectos diferentes do mesmo processo de interiorização mediatizados pelos

mesmos outros significativos. Quando ocorre a identificação ocorre não somente com

os outros concretos mas com uma generalidade de outros, a sociedade. Somente

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quando ocorre esta identidade generalizada com a identificação consigo mesmo é que

se alcança estabilidade e continuidade.

O processo de interiorização acontece de fato quando a sociedade, a

identidade e a realidade cristalizam-se subjetivamente. Esta cristalização ocorre

juntamente com a interiorização da linguagem, importante instrumento da

socialização. Na socialização primária a sociedade define ao individuo quais são os

significativos que ele terá que aceitar se a possibilidade de optar por outro. O

individuo interioriza o mundo como sendo o único mundo existente e concebível. Os

conteúdos específicos que são interiorizados na socialização primária variam de

sociedade para sociedade e são por meios de esquemas motivacionais e interpretativos

que o são. Estes esquemas fornecem à criança programas institucionalizados para a

vida cotidiana, antecipando condutas socialmente definidas (BERGER, 2002).

A linguagem tem origem e encontra sua referencia primária na vida

cotidiana. Segundo Berger (2002), a linguagem como sistemas de sinais é objetiva.

Ela fornece a possibilidade de objetivação da experiência em desenvolvimento.

Assim, como tipifica a experiência, permite que o grupo tenha acesso a ela. Ao mesmo

tempo que tipifica ela também torna anônima a experiência, pois as experiências

tipificadas podem em principio ser repetidas por qualquer pessoa incluída na categoria

em questão.

A linguagem tem, portanto, segundo Berger (2002), a capacidade

de transcender o aqui e agora, ela estabelece pontes entre diferentes zonas dentro da

realidade da vida cotidiana e as integra em uma totalidade dotada de sentido. A

transcendência tem dimensões espaciais e sociais. Por meio da linguagem posso

transcender o que liga um ao outro do mesmo grupo. Ela pode tornar possível a

presença de uma grande variedade de objetos que estão espacial, temporal e

socialmente ausentes do aqui e agora. A linguagem constrói representação simbólica

que parece elevar-se a realidade da vida cotidiana como gigantescas presenças de

outro mundo. Ela não só é capaz de construir símbolos altamente abstraídos da

experiência diária, mas também, de fazer retornar estes símbolos, apresentando-os

como elementos objetivamente reais na vida cotidiana (BERGER, 2002).

Após ter ocorrido a socialização primária e que termina quando o

conceito do outro generalizado foi estabelecido na consciência do individuo, ele passa

a ser um membro efetivo na sociedade e possui subjetivamente uma personalidade e

um mundo. Quando se chega a este limite é necessário que a socialização secundária

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aconteça. A socialização secundária é a interiorização sub-mundos institucionais ou

baseados em instituições. Ela é a aquisição de conhecimento de funções específicas,

funções direta ou indiretamente com raízes na divisão do trabalho. Ela exige a

aquisição de vocabulários específicos de funções, o que significa a interiorização de

campos semânticos que estruturam interpretações e condutas de rotina em um área

institucional (BERGER, 2002).

Os processos formais de socialização secundária são determinados

por seu problema fundamental a suposição de um processo precedente da socialização

primária, isto é, deve tratar com uma personalidade já formada e um mundo já

interiorizado. A realidade já interiorizada tem a tendência a persistir sejam quais

forem os novos conteúdos que devam agora ser interiorizados, estes precisam

sobrepor-se a esta realidade já presente na socialização secundária que não é

necessária estar carregada de emoção da criança com outros significativos, podem

seguir somente com a identificação mútua incluída em qualquer comunicação entre

seres humanos.

“[...] Algumas crises que acontecem depois da socialização primária

são causadas pelo reconhecimento de que o mundo dos pais não é o único mundo

existente, mas tem uma localização social muito particular tratando até de maneira

pejorativa Berger (2002, p 185)”. Porém, se a socialização pode ser imperfeita em um

mundo social, mas ser perfeita e bem sucedida em outro. Este resultado pode resultar

da heterogeneidade do pessoal socializador. Isto pode acontecer de várias maneiras e

várias situações, nas quais, todos os outros significantes da socialização primária

servem de mediadores para uma realidade comum, mas de perspectivas

consideravelmente diversas (BERGER, 2002).

A socialização do individuo religioso requer técnicas aplicadas

que destinam a intensificar a carga afetiva do processo de socialização, a imersão na

nova realidade e o devotamento a ela são institucionalmente definidos como

necessários. O relacionamento do individuo com o pessoal socializador reveste-se do

caráter de outros significantes em face do individuo que está sendo socializado. O

individuo entrega-se a nova realidade, a música, a revolução, a fé, não apenas

parcialmente, mas com o que é subjetivamente a totalidade de sua vida (BERGER,

2002).

Afirmamos anteriormente que a identidade é uma construção social

e cultural. A realidade da vida cotidiana é partilhada com outros indivíduos que na

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relação uns com os outros se dá a interação social. Somente desta forma é que o outro

é real, porém, segundo Berger (2002), a realidade da vida cotidiana contém esquemas

tipificadores em que os outros são apreendidos e aprendemos a lidar com eles. O outro

pode ser real sem que se tenha encontrado face a face. Todas as tipificações afetam

continuamente a minha interação com o outro. Estes esquemas tipificadores podem ser

vulneráveis à interferência do outro, que em formas mais remotas de interação podem

ser através de padrões rígidos, porém, desde o inicio esta interação já é padronizada e

acontece dentro da rotina da vida.

Para Berger e Luckmann (2002), no relacionamento entre sociedade e

identidade podem ocorrer mudanças drásticas na identidade do individuo, tanto a sua

origem quanto a sua manutenção serão constituídos por um processo social. A

alternação, ou seja, a transformação é o caso extremo da modificação. Caso que

qualquer indivíduo por viver em sociedade está sujeito a sofrer. Para que ela ocorra há a

exigência de processos re-socializadores. A conversão religiosa é um exemplo clássico

de alternação. A conversão para ser bem sucedida, como a alternação, exige a inclusão

de condições sociais e conceituais. A condição social mais importante é a possibilidade

de dispor de uma estrutura efetiva de plausibilidade, isto é, uma base social que sirva de

"laboratório da transformação". Essa estrutura de plausibilidade será oferecida ao

indivíduo pelos outros significados com os quais deve estabelecer forte identificação

afetiva. Não é possível a transformação radical da realidade subjetiva, incluindo a

identidade, sem esta identificação, que inevitavelmente repete as experiências infantis

da dependência emocional com os outros significados. Estes últimos são os guias que

conduzem à nova realidade e representam a estrutura de plausibilidade nos papéis que

desempenham com relação ao indivíduo, papéis tipicamente definidos de maneira

explícita em termos de função re-socializante, e mediatizam o novo mundo para o

indivíduo. Portanto, segundo Berger e Luckamnn (1987) na alternação envolve uma

tensa situação social em que o individuo é levado a repudiar sua antiga concepção de si

mesmo e a assumir uma nova identidade, a que foi programada para ele na nova

ideologia.

Em nossas relações cotidianas a nossa subjetividade não é acessível

ao outro, mas aquilo que o outro é, é permitido acessar. Berger (2002) sugere a figura

do espelho, onde se reflete as atitudes uns dos outros. As tipificações do outro podem

sofrer interferências como também podem interferir na vida dos outros. Na vida diária

tanto pode-se aprender com o outro como interagir com ele. Pode-se ainda, influenciar

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os outros que não estão próximos, de maneira direta ou indireta. De forma direta

quando podemos distinguir entre companheiros com os quais se teve alguma atuação

comum em situações face a face, estes se conhece suas ações, atributos, mas os que

são contemporâneos se estabelecem uma relação de confiança.

Se por um lado Berger chama de tipificações o processo de

socialização em que na interação com o outro apreendemos e aprendemos novas

experiências, Tomaz Tadeu da Silva (2005) vai chamar de sistema de representação

tudo que está ligado a busca de formas apropriadas de tornar o real presente, de

aprendê-lo o mais fielmente possível por meio de sistemas de significação. A

representação tem se apresentado em duas dimensões, a representação externa que se

dá por meio de sistemas de signos como a pintura ou a própria linguagem, e a

representação interna ou mental que é a representação do real na consciência (Silva,

2005, p 90). Porém, a representação pós-estruturalista, rejeita a conotação mentalista e

afirma que a representação é concebida unicamente em sua dimensão de significantes,

isto é, como sistema de signos. Desta maneira a representação expressa-se por meio

da pintura, fotografia, filme, texto, expressão oral, e será sempre uma marca ou traço

visível, exterior.

A definição de identidade por Kathryn Woodward (1997), é

construída por duas perspectivas, a essencialista e a não essencialista. A essencialista,

segundo Woodward (1997), diz respeito a um conjunto cristalino, autentico de

características de um grupo social que não se altera ao longo do tempo. O não

essencialista estaria mais focada nas diferenças entre os grupos sociais e étnicos. A

identidade para que se possa definir precisa saber quem pertence e quem não pertence

a um determinado grupo identitário. A identidade é vista como fixa e imutável e pode

ser também definida por estar baseada em algumas versões da identidade étnica, raça e

nas relações de parentesco e ainda em alguma versão essencialista da história e do

passado em que a história é construída ou representada como uma verdade imutável.

O essencialismo pode fundamentar suas afirmações tanto na história

quanto na biologia. O corpo é um dos locais envolvidos no estabelecimento das

fronteiras que definem quem somos, por exemplo, a nossa identidade sexual. Os

movimentos étnicos, religiosos ou nacionalistas reivindicam uma cultura ou uma

história comum como fundamento de sua identidade, porém, se discute se é necessário

reivindicar uma história para se afirmar uma identidade étnica ou nacional.

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Muitas mudanças estão ocorrendo no campo da identidade, segundo

Woodward (1997), assim como para Hall (1997), são mudanças que chegam ao ponto

de produzir uma crise de identidade. Ao fazer parte de um grupo social o individuo

experimenta as práticas de significação e os sistemas simbólicos. É por meio dos

significados produzidos pelas representações é que se dá sentido à experiência,

facilitando a definição em que quer se tornar.

A cultura molda a identidade ao dar sentido à experiência e ao tornar

possível optar por uma identidade entre várias considerando a subjetividade de cada

um. Somos constrangidos pela variedade de representações simbólicas, mas também

pelas relações sociais. A mídia nos diz como se deve ocupar uma posição de sujeito

particular dentro da sociedade em que se faz parte. Os anúncios são eficazes porque

fornecem aos consumidores imagens com as quais eles podem se identificar.

Para se entender este universo cultural a psicologia social emprega

expressões como imagem, representação, conceito de si, quando se refere a conteúdo

como conjunto de traços, imagens, sentimentos que o individuo reconhece como

fazendo parte dele próprio. Segundo Maria da Graça Corrêa Jacques (2001), psicóloga

social,

compreender identidade implica em articular dimensões aparentemente

contraditórias como: individualidade/social,estabilidade/transformação,

igualdade/diferença, unicidade/totalidade e implica na relação interpessoal

(eu, não-eu, eu-grupo) a partir da inserção do individuo no mundo social e

através de sua atividade que se substantiva e se presentifica como atributo

do eu, eu sou trabalhador-substantivo porque exerço atividade de trabalhar-

verbo (JACQUES, 2001, p 165).

A identidade psicossocial surge, segundo Henri Tajfel, psicólogo

social, conforme interpretação de Geraldo Jose de Paiva (1977), com a percepção de

pertença a um grupo e não a outro. É uma tendência da cognição, unir em categorias ou

grupos, objetos, eventos e pessoas de acordo com suas semelhanças físicas, psíquicas,

comportamentais ou outras. A percepção social consiste em categorizar, agrupar em

categorias, pessoas possuidoras de características não possuídas por outras. As

primeiras constituem um grupo, as demais um outro que, por essa razão, se distinguem,

se contrapõe e se conflitam. A pertença a um grupo pode resultar da escolha da pessoa

mas também, uma imposição externa ou do acaso. O Importante é a percepção de

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pertença, o que se torna relevante é o seu elemento motivacional de auto estima, que

inicia, mantém, modifica ou termina o processo de adesão ao grupo

A cultura propõe modelos de conduta, cria o quadro social das

condutas individuais, molda a atitude fundamental do homem face aos outros e do

mundo, ou seja, modela o individuo a sua imagem. A integração é realizada pela

aprendizagem da “cultura” de uma sociedade. A inserção do individuo no mundo

social, segundo Pierre Furter (1967), passa pela definição de quem é o outro. Isto é

um determinante na definição da identidade jovem, depois da descoberta do corpo e

da estruturação da inteligência. Para Furter, o aparecimento do outro permite neste

período, que problemas morais deixem de existir na vida dos adolescentes, que

passam a enfrentar os desafios da vida moral (FURTER, 1967). Os outros provocam,

obrigam a assumir responsabilidades e a assumir seus atos e atitudes em uma nova

moralidade, porém, para ele, este encontro com o outro pode também alienar sua

consciência moral.

Os psicólogos sociais por meio da teoria sobre a identidade

psicossocial definem como se estabelece a identidade dos nossos adolescentes e

jovens. O que se viu na pesquisa é um forte sentimento de pertencer ao grupo social

que fazem parte. Ao responderem sobre a importância da “turma” revela a percepção

de pertença a um grupo e não a outro. A percepção social consiste em categorizar,

agrupar em categorias, pessoas possuidoras de características não possuídas por

outras. Estes adolescentes e jovens afirmam que vivem em turmas por possuírem os

mesmos comportamentos, ideais e objetivos comuns. O importante é a percepção de

pertença. O que torna importante e relevante o elemento motivacional de auto

estima, que inicia, mantém, modifica ou termina o processo de adesão ao grupo.

1.4.1 - Identidade cultural na pós-modernidade

As sociedades modernas no final do século XX estão passando por

mudanças estruturais que provocam transformações culturais de classe, gênero,

sexualidade, etnia, raça e nacionalidade. O que tinha sido fonte de segurança e certeza

dos indivíduos sociais, agora são duvidas e inseguranças que permeiam o mundo

globalizado. A identidade do sujeito no Iluminismo era de um ser humano centrado,

unificado, dotado de capacidades racionais, de consciência e de ação, este sujeito deu

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lugar ao sujeito sociológico que é aquele que reflete a crescente complexidade do

mundo moderno e a consciência de que a vida não girava mais em torno do núcleo

interior do sujeito, mas que agora as outras pessoas se tornaram importantes para ele,

porque, estas novas pessoas passaram a ajudá-lo a entender os novos valores, sentidos

e símbolos, a sua cultura e o mundo em que eles viviam. A identidade neste momento

se define entre o interior e o exterior, o mundo público e o mundo pessoal.

Estas transformações, portanto, mudaram as identidades pessoais,

abalando a ideia de que temos sujeitos integrados. Pois, segundo Hall (2005), o

indivíduo que vivia uma identidade unificada e estável, agora está se tornando uma

pessoa fragmentada, composta não só de uma identidade, mas de várias identidades,

algumas vezes, contraditórias ou não resolvidas. O próprio processo de identificação,

que projetamos nas identidades culturais, tornou-se mais provisório, variável e

problemático. Este processo produz o sujeito pós-moderno, um individuo que não

possui uma identidade fixa, essencial ou permanente.

“[...] O sujeito assume identidades em diferentes momentos,

identidades que não são unificadas ao redor de um "eu" coerente” (HALL, 2005, p

13). Essa instabilidade está relacionada ao caráter da mudança na modernidade tardia,

em particular, a globalização e seu impacto sobre a identidade cultural. A sociedade

moderna é, portanto, por definição, sociedades de mudanças constantes, rápidas e

permanentes. “O mais importante, segundo Hall (2005), são as transformações do

tempo e do espaço, que ele chamou de “desalojamento do sistema social” que é a

extração das relações sociais dos contextos locais de interação e sua reestruturação ao

longo de escalas indefinidas de espaço-tempo [...]”. Ainda, segundo Hall (2005),

muitos movimentos importantes no pensamento e na cultura ocidentais contribuíram

para a nova concepção de sujeito. Acontecimentos como:

a Reforma e o Protestantismo, que libertaram a consciência individual das

instituições religiosas da Igreja e a expuseram diretamente aos olhos de

Deus; o Humanismo Renascentista que colocou o homem no centro do

universo; as revoluções cientificas que conferiram ao homem a faculdade e

as capacidades para inquirir, investigar e decifrar os mistérios da natureza; e

o Iluminismo, centrado na imagem do homem racional, cientifico, libertado

do dogma e da intolerância e diante do qual se estendia a totalidade da

história humana, para ser compreendido e dominado (HALL, 2005, p 67).

Outro momento importante da psicologia do século XX, foi a

formulação da teoria do inconsciente por Freud. Essa teoria pressupõe que nossas

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identidades, sexualidade e a estrutura dos desejos são formadas com base em

processos psíquicos e simbólicos do inconsciente, que funciona muito diferente

daquela da razão (HALL, 2005). Pelo o que se observa, aqui Hall concorda com o pai

da psicanálise, ao afirmar que identidade é realmente algo formado ao longo do

tempo, por meio de processos inconscientes e não de algo inato, existente na

consciência no momento do nascimento. A identidade então surge não somente pelo

que há dentro dos indivíduos, mas, segundo Hall, é preenchida pelo que os outros vêm

dentro deles.

Outro movimento que explodiu no século XX, especialmente nos

anos 60 é o movimento feminino, que se dirigia especificamente às mulheres,

ressaltando os direitos das minorias étnicas, e também dos homossexuais e lésbicas.

O que se tinha como pano de fundo deste movimento era a política de identidade, ou

seja, assegurar a identidade cultural das pessoas que pertenciam a um determinado

grupo oprimido ou marginalizado (WOODWARD, 1997). O movimento feminino

teve uma relação mais significativa na questão política e social, possibilitou a

subjetividade e com ela a identidade como processo de identificação como

homens/mulheres, mães/pais, filhos/filhas.

Outros movimentos surgiram na década de 60. Todos eles

compartilharam da rebelião estudantil do final daquela década, com suas idéias

voltadas ao ativismo pacifista e antibélico e as lutas pelos direitos civis. A cada novo

movimento comportamentos sociais, estruturas sociais e culturas eram

experimentadas, trazendo uma nova identidade jovem, a qual iria estabelecer como

resultado das mudanças sofridas pela globalização. Tudo isso resultou no fato de que a

identidade do ser humano, e principalmente a identidade jovem na sociedade moderna,

se tornasse objeto de estudo para as várias ciências humanas como a Psicologia,

Sociologia e a Antropologia. Todas elas com o intuito de verificar de que maneira as

mudanças influenciaram e produziram um novo perfil jovem.

Desta maneira sociólogos como Karl Mannheim (1980) tentou

elaborar um diagnóstico do seu tempo, indicando o que seria decisivo neste período do

desenvolvimento humano e construção de sua identidade. Segundo ele, o adolescente

seria confrontado com valorizações antagônicas que antes não tinha experimentado.

Portanto, o que seria normal ao mundo adulto, seria para o adolescente uma novidade

desafiadora. Enquanto que, para o adulto seria tão somente algo que ele está

acostumado e habituado e por isso o adulto aceita os conflitos com mais naturalidade.

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No entanto, o caos adolescente se estabelece, segundo Mannheim

(1980), quando ao sair do meio familiar em que vive, onde as suas atitudes que foram

reguladas pelas tradições emocionais e intelectuais, o indivíduo jovem entra então em

contato com vizinhos, outras comunidades e esferas públicas, acaba experimentando

nova situações de vida, agora com elementos externos que antes não havia

experimentado. Segundo Mannheim (1980) são estas experiências externas que torna a

juventude apta a simpatizar-se com movimentos sociais dinâmicos que, por razões bem

diferentes das suas, estão insatisfeitos com o estado de coisas existentes.

Desta forma, os adolescentes e jovens passam a ter hábitos, costumes

e sistemas de valores diferentes dos que até então conhecia. Por isto é muito comum,

encontrarmos neste período muitos jovens revolucionários ou que lutam por reformas,

mas que assim que constituem famílias, começam a trabalhar, passam a reproduzir o

que já estava instalado. “[...] Para Mannheim (1980, p 42) a juventude é parte

importante das reservas latentes que se acham presentes em toda sociedade e que

dependerá da estrutura social dessas reservas, mobilizar e integrar estes jovens para que

exerçam esta função de mudar e alterar a sociedade em que vivem”.

O que torna o adolescente o elemento mais importante para que

mudanças ocorram na sociedade é a sua capacidade de recusar como natural a ordem

consagrada e a falta de interesses de ordem econômica ou espiritual. Segundo

Mannheim (1980), as sociedades estáticas ou de lenta transformação dispensaram a

mobilização e integração desses recursos, suprimindo tamanha potencialidade dinâmica

e desta maneira acabaram organizando efetivamente esta energia jovem. Por isso, para

ele, o movimento juvenil foi e é o elemento principal na construção de um novo mundo.

Daí ser ele a expressão de uma sociedade dinâmica nas condições modernas, até porque

mobiliza todos os recursos para o serviço de um novo ideal social.

1.4.2 Juventude moderna e movimento estudantil

Assim como os teóricos até aqui analisados, Marialice M. Forachi

(1965), vê no grupo familiar o espaço social em que o jovem visualiza seu futuro

profissional e confere a ele condições de seu destino pessoal. É na experiência familiar,

que o jovem reconheceu com antecipação as perspectivas de vida que lhe são

oferecidas, as oportunidades de êxito com que poderá contar e até mesmo as frustrações

que com certeza ele experimentará. [...] o processo de socialização atende, com efeito,

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às necessidades imediatas de integração do imaturo ao grupo restrito que pertence

possibilitando, outrossim, que sua personalidade se desenvolva no desempenho dos

papéis que lhe são sucessivamente atribuídos (FORACHI, 1965, p 299)”.

Os efeitos integrativos são observados na socialização, segundo

Forachi (1965), quando a socialização permite uma percepção que antecipa ao jovem

visualizar a sua condição alienada. Para Forachi, quando ocorre a percepção da condição

assalariada dos seus pais, em termos de perspectivas de vida e de oportunidades

concretas de trabalho, o jovem passa a considerar que as conseqüências desta condição

sempre estiveram presentes na sua história familiar. Sua falta de condições e acesso a

cultura e preparo profissional e ocupacional, determinam suas condições que também são

alienadas pelo que ele traçou no seu projeto de conquista, mas mesmo assim ele se sente

em condição de superar toda esta situação.

Estas dimensões socializadoras de experiência familiar devem ser

consideradas integrativas, pois estimulam tanto o ajustamento do jovem em moldes

amplos, críticos e auxilia na superação das suas virtudes criadoras que o fazem aderir

prontamente aos projetos de transformação social com o objetivo de modificar a sua

realidade (FORACHI, 1965).

quando a história da família de classe média se alterna entre o desejo de

ascensão com a frustração de aspirações sociais acalentadas por muito

tempo, impregnam a dinâmica das relações familiares propondo valores e

objetivos sociais que marcam profundamente a formação da personalidade

do jovem e sugerem as possibilidades de constituição da sua consciência do

social (FORACHI, 1965, p 300).

A educação, especialmente a superior, segundo Forachi (1965), é a que

qualifica o individuo para as posições sociais superiores, conduz, consolida o processo

de ascensão que, associada aos demais processos de dinamização do sistema

(urbanização, secularização da cultura) impulsiona os movimentos individuais ou grupais

de transformação da situação de origem. Porém, para ela, a democratização da cultura é

um processo que só tem beneficiado as camadas sociais que conquistaram uma posição

estabelecida na estrutura de prestigio e de poder. O que se percebe com isto é que o

acesso às oportunidades de ascensão da pequena burguesia brasileira é manipulado e o

acesso à cultura e educação é disputado com as demais camadas e liderança do processo

de desenvolvimento.

A juventude é para Forachi, uma força social renovadora e um estilo

de existência, com uma experiência particular de descoberta da vida e da história de cada

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individuo. A partir desta experiência particular que o individuo passa a utilizar os seus

recursos, suas potencialidades humanas e os caminhos da sua universalização são

socialmente estabelecidos, a sociedade constitui o jovem a sua própria imagem. O jovem

procura se empenhar na ampliação das oportunidades existentes de formação

profissional, mas essas, tem mostrado preocupações com as bases humanas e a maneira

que será a atuação destes profissionais, contudo, por outro lado, existem argumentos das

camadas tradicionais, que se opõem à reforma universitária e as demais reformas sociais

para conservar as tradições e manipular o jovem como seu instrumento, usando-o, contra

os seus próprios interesses sociais (FORACHI, 1965).

O movimento estudantil resulta para Forachi, da junção de três ordens

de fatores conjugados no plano histórico e social. O primeiro deles trata da problemática

da juventude que constitui o seu embasamento fundamental e permanente, que é a sua

necessidade de independência e auto expressão, que marcam esta etapa da vida com um

comportamento de rebelião, passível de revestir-se de formas extremadas de expressão

social. A reação a autoridade, seja ela definida em moldes de geração, de categorias

sociais ou de sistemas de dominação, é vivida em moldes de uma relação de recusa

(FORACHI, 1965).

O segundo dos três fatores, diz respeito às dificuldades na aceitação dos

papéis convencionais de adulto gerando uma postura de rejeição que é extrema em um

primeiro momento e impõe ao jovem a incorporação de vivências profundas para atingir

finalmente o encontro equilibrado de si enquanto agente social. A rejeição ou recusa em

aderir padrões vigentes de comportamento adulto não redunda em um conflito aberto de

geração (FORACHI, 1965).

O terceiro fator fala que o ingresso na universidade e a participação na

vida universitária representa uma situação social nova. Além de abrir novos horizontes

de participação e oportunidades, possibilitando ao jovem a convivência com outros, que

compartilham dos mesmos problemas que os seus. Envolvendo-se na busca comum das

alternativas desejadas, criando compromissos semelhantes com a condição de suas vidas

(FORACHI, 1965).

Conforme Myrian Moraes Lins de Barros (2010), a partir de uma

pesquisa realizada no Rio de Janeiro com jovens adultos, ela afirma que, um projeto de

escolarização de nível superior é um investimento que se realiza em um momento de

mudanças de padrões educacionais, econômicos, uma sociedade complexa e heterogênea

e que permanece economicamente desigual. Assim, se hoje há maior ascensão social via

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educação, essa é apreendida e vivida de diferentes modos por jovens e suas famílias.

Para o jovem, a continuidade dos estudos no nível superior representa um esforço para a

conquista de sua autonomia e independência frente a família em uma conjuntura que lhe

não oferece garantias de continuidade desses projetos de vida (BARROS, 2010).

1.4.3 - A identidade jovem e o momento atual

Nas sociedades pré-modernas, a tradição e a continuidade estavam

estreitamente vinculada à continuidade das gerações. Segundo Giddens (2005) o ciclo

da vida tinha forte conotação de renovação, pois cada geração redescobria e revivia

modos de vida das gerações predecessoras. O curso da vida se transforma em um espaço

de experiências abertas e não de passagens ritualizadas de uma etapa para outra. Cada

fase de transição tende a ser interpretada pelo individuo como uma crise de identidade e

o curso da vida será construído em termos da necessidade antecipada de confrontar e

resolver fases de crise.

Muitos sociólogos, psicólogos, antropólogos também estão

preocupados nas maneiras como a identidade jovem está sendo construída em tempos

de pós-modernidade. Segundo Hervièu-Léger (2005), são as pessoas que constroem sua

própria identidade sócio-religiosa a partir de diversos recursos simbólicos colocados a

sua disposição. Há elementos simbólicos que garantem um processo de identificação

diante das opções culturais oferecidas pela família, comunidade e religião que nos

conduzem a diferentes cenários do ponto de vista do comportamento desses jovens, mas

a construção simbólica de uma cultura e de seus ritos tem a ver com memória e uma das

característica da sociedade moderna é a falta de memória, relegando a estes jovens uma

total fragmentação de suas origens social, cultural, religiosa. É desta maneira que os

jovens formarão sua identidade, segundo Erik Erikson, é neste período que o individuo

pode localizar o seu ego no tempo e no espaço, reconhecendo que teve passado e

visualizando um futuro, também pessoal de si próprio. A formação de identidade requer

um processo de reflexão e observação simultâneas do mundo adulto para definir a sua.

As instituições estão preocupadas com suas culturas, transmissão e

manutenção, porém, para Hervièu-Léger (2005), o afastamento destes jovens está

associado ao baixo interesse dos adultos em realizar a transmissão de suas culturas

religiosas, por acreditarem que escolha espiritual e religiosa serem uma escolha

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individual. A construção simbólica destas culturas e de seus ritos está diretamente

ligada com a memória e como já apontamos a sociedade moderna não dá muita

importância a esta memória.

a continuidade das gerações é fundamental para assegurar a criação

cultural e a transmissão da cultura. A formação de novos agentes sociais

representa, assim, sob o ponto de vista da preservação e transmissão do

patrimônio cultural, uma garantia de continuidade e de renovação. Na

sociedade moderna a transição é difícil devido a complexidade das

formas de organização social, a variedade de vida que se oferecem para o

jovem, às contradições inerentes à passagem da família de orientação para

a família de procriação, às incertezas quanto ao próprio destino pessoal

(FORACCHI, 1972, p 22).

As pessoas constroem sua própria identidade sócio religiosa a partir

dos diversos recursos simbólicos, colocados a sua disposição e que podem ter acesso

diante das experiências em que estão implicados, mas segundo Hall (2005), a

instabilidade da identidade está relacionada com as mudanças que a modernidade pode

exercer sobre as pessoas e principalmente sobre o impacto que a globalização tem

sobre a identidade cultural. Assim como Hall, Hervièu-Léger (2005) está preocupada

de como se dará a transmissão regular das instituições e dos valores de uma geração a

outra, a sobrevivência desta sociedade no tempo diante de tantas mudanças

(HERVIÈU-LÉGER, 2005).

Para se entender as mudanças ocorridas no perfil da juventude nos

últimos anos, é necessário compreender as mudanças da própria sociedade brasileira no

que diz respeito a questão educacional, trabalhista, política e religiosa. Os jovens da

atualidade, segundo pesquisas da Fundação Perseu Abramo, estão organizados em torno

da religião. “Apenas uma pequena parcela da juventude brasileira está organizada em

alguma associação ou entidade. Os jovens evangélicos estão entre os mais pobres e os

jovens católicos, apesar de estarem em todas as classes sociais, também são numerosos

entre os empobrecidos Sofati (2007, p 42)”.

Conclusão

Podemos no final deste capítulo concluir que, a identidade jovem

começa a se definir nas primeiras mudanças corporais quando ainda era criança. Estas

mudanças contribuem para a inserção no mundo social do adulto e exige estabelecer novos

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planos de vida como valores éticos, intelectuais e afetivos e que o ajude nesta nova

fase. Vimos também por meio das 10 características propostas por Knobel as formas

como se dá a construção da identidade jovem. Destacamos a primeira característica de

Knobel que se refere “a busca de si mesmo”, um efeito bio-psico-dinâmico que

determina uma modificação essencial no processo da conquista da identidade. O

adolescente recorre às situações favoráveis como a uniformidade, em que ocorre uma

dupla identificação em massa, na qual todos se identificam ao mesmo tempo gerando e

proporcionando segurança e estima pessoal.

A “tendência grupal”, que em muito se parece e complementa a

busca de si mesmo. Nesta característica há uma tendência grupal que acontece em um

momento de troca. O adolescente deixará de considerar temporariamente sua família

de origem para viver em grupos de pares ou de iguais, identificando-se com eles e

participando de novas experiências vividas com estes grupos. Desta maneira, ocorre

um processo de superidentificação em massa, ou seja, todos são iguais, se vestem da

mesma forma, e um se identifica com o outro. Isto lhes garante a sensação de

segurança e estima pessoal.

O adolescente nesta fase se caracteriza como um ateu exacerbado ou

como um místico muito fervoroso, alcançando os extremos de cada situação, passando

de um lado pra outro com muita facilidade. Podemos verificar que a questão da

religiosidade aparece neste período com mais intensidade por causa da angústia de viver

o luto pelas perdas que ele sofre como a perda do corpo infantil, a possibilidade de

morte e morte de seus pais infantis. Esta busca pela divindade e de suas verdades

absolutas pode significar uma saída menos frustrante para este período.

Uma característica que tem o jeito de ser adolescente é a “Atitude

reivindicatória”. A família é considerada por Knobel (1981), o primeiro espaço em que

o adolescente aprende a se expressar na sociedade. A família infuência e até determina a

maneira com que este adolescente deve se comportar. Ali, ocorrem as primeiras

identificações com as figuras parentais, mas que não tem dúvidas de que o meio em que

vive determinará novas possibilidades de identificação, quer sejam parciais sócio-

culturais e econômicas. O que vai determinar esta aceitação de identidade é a relação

que se tem entre o meio e o individuo, e este meio precisa fazer o reconhecimento desta

identidade.

Para Erik Erikson a construção da identidade jovem se dá por meio

de três dimensões, a dimensão biológica, que do ponto de vista da psicanálise em que

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o recém nascido humano possui um poderoso conjunto de pulsões e impulsos, a

dimensão social, dirá que o ser humano nasce com uma grande dependência social e a

dimensão individual, que alega que nenhum individuo desenvolve personalidades

idênticas, mesmo considerando a existência de um plano básico biológico e social.

O ser humano psicologicamente é aquele que desenvolve um firme

sentido de identidade, quando consegue reconhecer que é uma pessoa única, dentro de

uma determinada sociedade, com um passado, presente e futuro, sem a cultura desta

sociedade o jovem não consegue desenvolver-se com ser único. É na experiência

familiar, que o jovem reconheceu com antecipação as perspectivas de vida que lhe são

oferecidas, as oportunidades de êxito com que poderá contar e até mesmo as frustrações

que com certeza ele experimentará. Forachi (1965) também vê no grupo familiar o

espaço social em que o jovem visualiza seu futuro profissional e confere a ele

condições de seu destino pessoal.

É na socialização que existem efeitos integrativos e estas dimensões

socializadoras da experiência familiar devem ser consideradas integrativas pois

estimulam tanto o ajustamento do jovem em moldes amplos, críticos e auxilia na

superação das suas virtudes criadoras. Como vimos, Erik Erikson dividiu o

desenvolvimento humano em oito estágios ou idades segundo as crises que o ser humano

experimenta em seu ciclo de vida.

Destacamos o teórico como Fowler porque este autor trabalha o

desenvolvimento da fé e isso ajuda na compreensão da realidade observada e estudada

por nós. Esses estágios procuram ampliar a compreensão do conhecimento e

desenvolvimento da fé tomando como parâmetro a teoria de desenvolvimento humano

de Erikson. Para Fowler, a teoria sobre os estágios da fé, procura considerar os

desafios e as crises que são previsíveis no decorrer do ciclo da vida humana.

Na sociologia de Peter Berger e Thomas Luckmann, a identidade é

uma construção social e cultural. Os processos sociais implicados na formação e

conservação da identidade são determinados pela estrutura social. Inversamente, as

identidades produzidas pela interação do organismo, da consciência individual e da

estrutura social reagem sobre a estrutura social dada, mantendo-a, modificando-a ou

mesmo modelando-a.

A cultura molda a identidade, porém, diante de uma cultura que

estabelece estes modelos de conduta, o sujeito assume identidades em diferentes

momentos que não são unificadas ao redor de um "eu" coerente, criando instabilidade

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que está relacionada com as mudanças ocorridas na modernidade, em particular, a

globalização e seu impacto sobre a identidade cultural. As sociedade modernas são,

portanto, por definição, sociedades de mudanças constante, rápida e permanente.

Esses processos psicossociais cujas teorias foram explicitadas por

Knobel, Erikson, Fowler, Berger, Mannheim ajudam de maneiras diversas a

compreender o objeto de nossa pesquisa, o jovem evangélico pertencente a IPI. Este

jovem ou adolescente tal como aqueles que não fazem parte desse agrupamento

religioso, buscam um grupo (o “ministério de louvor”) e por meio da música, uma

forma de ressociabilização diante do risco de adquiri novas formas de pensar e agir.

Quando isso acontece o jovem vai de distanciando da comunidade de fé, dentro de um

fenômeno interpretado por Beger (1987) como “alternação. No próximo capítulo vamos

verificar a presença da música religiosa na formação da identidade jovem em uma

sociedade com tantas mudanças e que exercem pressão para que comportamentos

sejam ajustados conforme os valores impostos por ela. Novos bens religiosos foram

criados e oferecidos por uma mídia de consumo, obrigando praticamente a adesão

destes adolescentes e jovens.

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Capítulo 2 - A presença da música na construção

da identidade de jovens evangélicos.

Introdução

No capítulo anterior, discutimos como ocorre o desenvolvimento da

identidade jovem na sociedade contemporânea, considerada pós-moderna. As teorias

utilizadas naquele capítulo derivaram da Psicologia, e da Sociologia, enfatizando-se as

influências culturais e religiosas na compreensão de como se dá a construção da

adolescência até ao final desse processo aqui chamado juventude.

Já, neste capítulo temos por objetivo, verificar em especifico, o lugar

da música na construção psicossocial da identidade dos adolescentes e jovens. Esta

tarefa foi desempenhada em comunidades presbiterianas independentes, situadas em

várias cidades do estado de São Paulo, de onde vieram os dados relativos ao público

alvo que foram os jovens. Porém, antes de nos lançarmos sobre esses dados foi feito

uma pesquisa bibliográfica sobre a música ao longo da história, usando-se para isso

tais autores como Pierre Bourdieu (1983 e 1982), com o conceito de formação de gosto

musical, Samuel Pfromm Netto (1977) com a teoria psicológica da relação entre

emoção, comportamento e estados emocionais que podem ser alterados pela música, e

os teóricos como David Tame (1984) e Edgard Willems (1970), que insistiram em

afirmar que a música é uma influencia em todo o processo físico, intelectual e

emocional humano, particularmente durante a adolescência e juventude. Assim,

além de Tame, Willems (1970) produziu-se um rico material didático para o

desenvolvimento do ouvido musical, aplicado em diversos países. Esse autor enfatizou a

interligação entre a música e o ser humano, relacionando o triplo aspecto, o fisiológico,

o afetivo e o mental com os elementos característicos da música como o ritmo, a

melodia e a harmonia. A metodologia de Willems propõe uma educação musical ativa e

criadora, seguindo as etapas do desenvolvimento psicológico da criança. Esse ponto de

partida nos ajuda no entendimento de como a música contribui para a formação da

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personalidade e da identidade em suas dimensões psicológicas, influenciando a

dimensão cognitiva emocional e social desses jovens.

Usamos também as contribuições de Pierre Bourdieu (1982), com sua

teoria sobre a formação do gosto. Para ele, as práticas sociais, vinculados aos gostos

artísticos, esportivos, culinários, religiosos e literários, escondem ou revelam

representações sociais de grupos com interesse em ocupar determinado lugares na

hierarquia social. Segundo Bourdieu (1982), o acesso às práticas culturais é desigual e

depende da classe/grupo social. Há práticas culturais consideradas “nobres” e outras

“menos nobres” e atingem as pessoas por meio dos gostos que distinguem e

caracterizam as pessoas e os grupos sociais.

Por isto, procuramos destacar que a escolha musical influenciada

pelo grupo é que vai oferecer as categorias usadas para classificar o que é boa música

e o que má música, o que entra e o que não é considerado na liturgia. A música,

portanto, é uma forma de buscar identificação com o grupo. Ora, dentre as

características da adolescência, descritas por Knobel (1981), destacamos a tendência

grupal e as atitudes reivindicatórias muito marcantes no mundo jovem, entre elas está

a música, vista como arte ou um modo de comunicação bastante saudável tanto entre

os jovens como também entre os adultos.

2.1 A música na formação da personalidade

A música está presente na vida de um individuo desde muito cedo.

Pesquisas apontam que a partir do útero, os bebês já reagem aos estímulos sonoros e

apresentam reações a estes estímulos. Segundo Roland de Candé (2001), a história

universal da música segue uma seqüência aproximada de eventos: os antropóides do

terciário utilizavam batidas, com bastões, percussão corporal e objetos entrechocados;

já os hominídeos do paleolítico, expressavam-se por meio de gritos e imitação de sons

da natureza. No paleolítico médio houve o desenvolvimento do controle da altura, da

intensidade e do timbre da voz, enquanto as demais funções cognitivas se

desenvolviam, culminando com o surgimento do homo sapiens por volta de 70 a 50

mil anos atrás.

Essa teoria defende ainda que por volta de 40 mil anos atrás ocorreu

a criação dos primeiros instrumentos musicais, inicialmente para imitar os sons da

natureza depois para o desenvolvimento da linguagem falada e do canto. Desde então

até por volta de nove mil a.C teriam aparecido os primeiros instrumentos mais

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controláveis, feitos de pedra, madeira e ossos tais como xilofones, litofones, tambores

de tronco e flautas. Um dos primeiros sinais da arte musical foi encontrado na gruta de

Trois Frères, em Ariége, França, onde está pintado um tocador de flauta ou de um

arco musical. Essa pintura foi datada como tendo sido produzida em cerca de 10 mil

anos a.C. No período Neolítico, a partir de nove mil anos a.C teria se dado a criação

de membranofones e cordofones, após o desenvolvimento de ferramentas dos

primeiros instrumentos afináveis.

A produção de instrumentos de cobre e bronze permitiram a

execução da música de forma mais sofisticada. Isso teria ocorrido por volta do ano

cinco mil a.C com o desenvolvimento da metalurgia. O estabelecimento de aldeias, o

desenvolvimento de técnicas agrícolas mais produtivas e de uma economia baseada na

divisão do trabalho, também permitiu que uma parcela da população se desligasse da

atividade de produzir alimentos e se dedicasse a música. Tais condições teriam

provocado o surgimento das primeiras civilizações musicais com sistemas próprios, as

escalas e a harmonia.

Existem registros, segundo Willems (1970), da história musical dos

povos orientais, tais como os chineses, hindus e gregos. Os gregos atribuíram uma

grande importância à música, pois acreditavam em sua união intima com a vida

religiosa e cívica, e mais, que por ela seria possível controlar a sociedade através da

música. A mitologia grega também é rica em informações sobre a importância da

música como forma de tratamento. Homero, famoso historiador que precedeu Platão,

afirmava que a música foi uma dádiva divina para o homem, com ela, poderia alegrar

a alma e assim apaziguar as perturbações de sua mente e de seu corpo.

Os gregos antigos chegaram a desenvolver um sistema bem

organizado de música como forma de terapia, baseado na influência de certos sons,

ritmos e melodias sobre o psiquismo e a capacidade de somatização do ser humano.

Esse poder que se atribuía aos sons ou à música denominava-se ethos e eram dividas

em quatro tipos baseados nas formas de temperamento humano. São eles: etho frigio,

que excita, gera coragem e mesmo furor; o etho eólio, que gera sentimentos profundos

e amor; o etho lídio, que produz sentimentos de contrição, de arrependimento, de

compaixão e de tristeza; o etho dórico, que gera estados mais profundos, de

recolhimento e de concentração.

A música, ainda segundo Willems (1970), é considerada como um

importante fator na formação da personalidade do ser humano, isso ocorre não

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somente por fazer desabrochar um lado criativo, mas porque pode vivificar a maioria

das faculdades humanas e favorecer o desenvolvimento bio-psico-social. Depois de

um período menor preocupação com ela, a música está voltando a ser alvo de interesse

científico em diferentes áreas da saúde. Com o surgimento da musicoterapia a música

vem assumindo um papel mais ativo no tratamento de diversas doenças. Para Willems,

a música favorece o impulso da vida interior, despertando as pessoas para as

principais faculdades humanas tais como: a vontade, a sensibilidade, o amor, a

inteligência e a imaginação criadora, por isso a música é vista como um fator cultural

indispensável.

Os chineses acreditavam que, segundo Tame (1984), se alguém

quisesse saber se um reino tem um bom ou mau governo, se a sua moral é boa ou má,

bastaria verificar a qualidade de sua música, para obter a resposta. Acreditavam ainda

que os sons eram de ordem celestial e que governava o universo inteiro. A partir desta

constatação, Tame (1984), levanta questões referentes ao efeito da música sobre o

comportamento humano: Seria realmente possível a música moldar os pensamentos e

os padrões de comportamento, com seus próprios padrões íntimos de ritmo, melodia,

moral e estado de espírito? Será que conhecendo o estilo ou tipo de música de um

povo seria suficiente para conhecê-lo? Acreditava Confúcio, insiste Tame, que se a

música de um reino fosse alterada, a própria sociedade se alteraria e talvez não para

melhor. Por esse motivo ele supunha haver na música uma significação oculta que

fazia dela uma das coisas mais importantes da vida de onde procedia energia em

potencial para o bem ou para o mal.

Ainda de acordo com Tame (1984), em quase todas as civilizações

avançadas da antiguidade existiram as mesmas crenças básicas sobre a música. Como

exemplo disso podem ser citadas culturas distantes como a Mesopotâmia, a Índia e

Grécia. Apesar de distantes, esses povos concordavam em seus pontos de vista sobre o

poder da música. Nestas civilizações como em outras civilizações antigas, havia a

crença que os sons organizados de forma inteligente, representavam a mais elevada de

todas as artes. A música seria, portanto, a produção mais inteligente do som por meio

de instrumentos musicais e de cordas vocais. Daí ser esta o caminho mais poderoso de

iluminação religiosa para um governo estável e harmonioso como forma de determinar

a moral de um povo.

A música influi no caráter foi a grande inspiração das vidas criativas

dos maiores nomes das músicas clássicas e românticas. Motivados por um sincero

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desejo de servir e espiritualizar a humanidade, os antigos viam a música como um dos

meios mais poderosos de influenciar a consciência humana e seus efeitos psicológicos

de suas melodias e ritmos. O segundo poder da música, ainda mais potente, é o

místico, uma força inaudível e invisível, já discutida e compreendida pela filosofia

antiga (TAME, 1984).

De acordo com Willems (1970), foi a partir da obra do austríaco

Eduard Hanslick, “O Belo Musical”, em 1854, que numerosos estéticos-musicógrafos

começam a se preocupar com o aspecto psicológico da música, abrem caminhos para

outros trabalhos. A música é composta por três elementos fundamentais: o ritmo, a

melodia e a harmonia. Cada um deles, por sua vez, são constituídos por elementos

primeiros: o ritmo, pelos tempos, compasso e subdivisões do tempo (binárias ou

ternárias); a melodia, pelos sons, pelos intervalos melódicos, pelas escalas, pelos

modos e a harmonia, pelos intervalos harmônicos, acordes e cadencias.

2.2 A música como instrumento cognitivo e emocional

Segundo Willems (1970), é possível encontrar o ritmo em toda parte

e em tudo, pois ele é composto por números, movimentos, proporção, forma, instinto,

força, repetição, alternância, simetria, duração, intensidade, medida, repouso, etc.

Consequentemente o verdadeiro ritmo é inato e está de fato presente em todo o ser

humano normal, assim como o andar, a respiração, as pulsações, os movimentos mais

sutis provocados por reações emotivas e pensamentos, todos estes movimentos são

instintos. Por isso, o ritmo acha-se diminuído na melodia e na harmonia, as quais, lhe

estão mais ligadas a sua natureza do que a sua estrutura. Igualmente as manifestações

rítmicas aparecem em outros planos como as de natureza afetivas e mentais. Portanto,

o ritmo, a melodia e a harmonia podem ser vistas por diversos aspectos tais como:

material fisiológico, afetivo, emotivo e mental, pois estes se caracterizariam como

movimentos.

A verdadeira melodia parte de uma emoção ou de um sentimento, e

não de um ato físico. O som, resultante de um ato físico, não é senão um elemento

pré-musical, como o ritmo (WILLEMS, 1970). Desta forma, a melodia permite atingir

as regiões mais nobres e elevadas do sentimento humano. A melodia tem várias fontes

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de inspirações exteriores como, por exemplo, os ruídos da natureza, os gritos dos

animais, o canto das aves, etc. Mas a origem real da melodia, a origem psicológica,

encontra-se nas nossas próprias emoções e sentimentos. Assim, esta seria a verdadeira

melodia, originada de uma emoção e sentimento e não de um ato físico. A melodia,

que é de ruídos da natureza é vivificada de um lado pelo ritmo e de outro a harmonia.

A harmonia tem como elemento essencial o acorde, que é composto de uma

simultaneidade de sons, que conservam o caráter físico, sensorial. O acorde tem

valores afetivos, oriundos dos intervalos melódicos, do qual é composto.

A psicologia estuda as relações entre a emoção, comportamento e os

estados emocionais. A emoção, o comportamento emocional e os estados emocionais,

segundo Samuel Pfromm Netto (1977), são formas de expressões que explicam os

processos afetivos em geral e as suas manifestações. A emoção é uma perturbação

aguda, breve e intensa, que tem origem em uma situação psicológica e é revelada por

mudanças corporais acentuadas nas glândulas e nos músculos lisos. Enquanto que, o

humor ou disposição de ânimo, é um estado afetivo menos perturbador do que uma

emoção, menos intenso e mais duradouro, que se pode perdurar horas, dias, ou mesmo

semanas. O sentimento, estado afetivo ligado à experiência ou aprendizagem anterior é

a que apresenta uma base cognitiva ou intelectual e podem ser: sentimentos de honra, de

patriotismo, religiosos, estéticos, intelectuais, etc.

O afeto, termo usado em psiquiatria e psicologia, serve para designar

estados de ânimo intensos, patológicos e, em psicanálise, é um estado emocional devido

a conflito ou repressão. Os interesses ou aversões relacionados com atividades que

gostamos de realizar e com atividades que não gostamos de realizar, ou se possível

tratamos de evitar. Segundo Pfromm Netto (1977), é a variação das respostas

emocionais em grau de intensidade que nos leva a distinguir, a apreensão, a ansiedade, o

medo, o pânico e o terror, portanto, as emoções podem variar também em grau de

persistência.

No entanto, Pfromm Netto nos alerta que as variações individuais

também se manifestam no domínio de comportamento emocional. O mesmo estímulo

pode produzir diversas respostas em diferentes sujeitos. Eventos estimuladores de

emoção, algo no ambiente ou no organismo, ou ainda, eventos fisiológicos, regulados

pelo sistema nervoso autônomo, que causam mudanças corporais na condução elétrica

da pele, circulatória, respiratória, tensão muscular, temperatura, resposta pupilar,

secreção salivar, atividade gastro-intestinal, mudanças elétricas associadas a processos

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cerebrais e ainda, expressões faciais, gestos, padrões complexos de respostas e

verbalizações de “experiências introspectivas” ou “conscientes que permitem

percebemos o estado emocional do sujeito”, podem contribuir para alteração emocional

do individuo (PFROMM NETO, 1977).

A forma como a música é percebida pelo cérebro é objeto de estudo da

psicologia das percepções, assim encontramos Robert Jourdain (1998), que diz em sua

teoria que as ondas sonoras são captadas pelo pavilhão auricular e chegam ao conduto

auditivo e ao tímpano, cujas vibrações atingem o ouvido médio, onde são convertidas

em impulsos nervosos. Esses impulsos são transmitidos para o cérebro pelo nervo

óptico e ali são interpretados por células nervosas altamente diferenciadas, que

identificam tais estímulos como sons. O deslocamento das vibrações sonoras acontecem

no liquido cerebrospinal e nas cavidades de ressonância no cérebro, e termina um tipo

de massagem sônica que, segundo a qualidade harmônica do som produz efeitos

positivos ou negativos, benefícios ou não ao sistema psicobioenergético.

As fibras nervosas convertem o som captado em estímulo nervoso

propriamente dito. O encadeamento de estímulos produz, então, efeitos específicos no

organismo. No caso da dor, a música melodiosa terna e serena, determina efeito

analgésico ou anestésico. Através de complexos mecanismos, os neurônios atingem

um estado de harmonia, que se traduz como repouso da célula. O efeito oposto ocorre

com sons estridentes, muito fortes, desarmônicos, que determinam hiperestimulação

das células nervosas e stress neuronial. Os efeitos agradáveis e estimulantes da

audição musical parecem ser resultado do aumento de dopamina no núcleo acumbens

e da contribuição do cerebelo na regulação das emoções. Desta forma a musica teria

grande influencia na regulação das emoções, tanto para agitar quanto para acalmar.

Diante dessa discussão oriunda da psicologia mas hoje presente em

outras áreas cientificas, não é difícil observar o comportamento de jovens evangélicos

nos ensaios para os cultos ou no decorrer da liturgia. As vezes, observamos em

diversas comunidades presbiterianas independentes verdadeiros momentos de êxtase

acontecem. É como observar jovens, especialmente moças, simular ou alcançar

estados psicóticos que aparentemente de olhos fechados, mas estão sentindo emoções

profundas.

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2.3 A dimensão sociológica da música - formação do gosto

A presença de Pierre Bourdieu em nossa bibliografia é de extrema

importância, pois, ele nos permitiu entender como se desenvolve o simples gostar desta

ou daquela música, por onde passa a nossa preferência musical e como estes gostos são

a expressão dos processos sociais que o ser humano experimenta no espaço em que

vive. Para ele as práticas sociais, vinculados aos gostos artísticos, esportivos, culinários,

religiosos e literários, escondem ou revelam representações sociais de grupos com

interesse em ocupar determinado lugar na hierarquia social. Segundo Bourdieu (1983),

o acesso às práticas culturais é desigual e depende da classe/grupo social. Há práticas

culturais consideradas nobres e outras em via de legitimação. Os gostos distinguem as

pessoas e os grupos.

Nesse contexto Bourdieu enfatiza que a herança cultural provém o

habitus, que se estabelece por determinada herança cultural. As condições materiais de

existência, características de um determinado grupo social constituem uma mediação

fundamental na produção das estruturas do habitus. As primeiras experiências vividas

pelos indivíduos no interior do ambiente familiar estão no principio da recepção de toda

experiência posterior (BOURDIEU, 1983).

Os símbolos culturais são expressões da cultura de uma nação, época,

ou classe. Destes símbolos se procura extrair os princípios fundamentais que sustentam

tanto a escolha quanto a apresentação dos motivos, e estes, a produção e interpretação

dos motivos e das imagens, das histórias e das alegorias é que dão sentido também a

composição formal. Este sentido será resultado dos procedimentos técnicos

relacionando o sentido intrínseco da obra e com os documentos de civilização que

registram e estão ligados historicamente com esta obra ou com o grupo que produziu tal

obras (BOURDIEU, 1983). Assim,

os símbolos são os instrumentos de conhecimentos e de

comunicação, eles tornam possível o consensus acerca do sentindo do

mundo social que contribui fundamentalmente para a reprodução da

ordem social, a integração lógica, é a condição da integração moral

(BOURDIEU, 1983, p 10).

Além da formação de gosto, também nos interessa quando Bourdieu

se refere em seus escritos que a cultura dominante contribui para a integração real da

classe dominante, pois assegura uma comunicação imediata entre todos os seus

membros. Para Bourdieu este efeito ideológico produz uma cultura dominante,

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dissimulando a função da divisão na comunicação, portanto, a cultura une mas, também

separa, enquanto se forma instrumento de distinção. Este instrumento de distinção

legitima as distinções realizadas dentro da cultura produzindo subculturas, que são

definidas pela sua distância em relação à cultura dominante.

As funções sociais desempenhadas pela religião em favor de um

grupo ou de uma classe variam de acordo com a posição que este grupo ou classe

ocupa na estrutura das relações de classe e na divisão do trabalho religioso. As

relações de transação que se estabelecem com base em interesse diferentes entre os

especialistas e os leigos, e as relações de concorrência que opõem os diferentes

especialistas no interior do campo religioso, constituem o principio da dinâmica do

campo religioso e também das transações da ideologia religiosa. A mensagem

religiosa mais eficaz para um grupo determinado de leigo é aquela que exerce sobre

ele próprio um efeito propriamente simbólico de mobilização que resulta do poder de

absolutização do relativo e de legitimação do arbitrário, ou seja, fornece um quase

sistema de justificação das propriedades que estão associados ao grupo na medida que

ele ocupa uma determinada posição na estrutura social. Esta definição parece estar

relacionada com a forma de que se revestem as práticas e as crenças religiosas em

uma dada sociedade em um dado momento do tempo e os interesses religiosos de sua

clientela neste momento (BOURDIEU, 1983).

Portanto, podemos concluir a partir da teoria de Bourdieu, de que o

gosto dos evangélicos muda do coral e da música clássica para a música gospel,

confirma estudos da Magali do Nascimento Cunha (2007).

2.4 Os movimentos musicais no Brasil

A prática musical está ligada a movimentos geradores ou

propagadores de determinados gostos como pode ser visto em Bourdieu. Assim a

música popular brasileira é resultado de interesses de grupos que queriam de alguma

maneira impor sua cultura. Na sua formação a música popular brasileira é influenciada

pelos os cantos, danças, rituais dos índios e os batuques dos escravos que eram a base

de percussão: tambores, atabaques, tantãs, palmas, apitos, etc., e as cantigas dos

europeus colonizadores que tinham origem nos burgos medievais dos séculos XII e

XIV.

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Segundo Ricardo Cravo Albin (2004), a consolidação da música

popular constitui uma criação que é contemporânea ao aparecimento das cidades e é

uma musica acompanhada da viola, cantada, dançada como hábitos e prazeres presentes

nos tempos do império. Isto corre quando a música deixa os lugares que não eram bem

vistos como quartéis, bares e ao escapar das igrejas e da ordem social, ganha as rodas

públicas (ALBIN, 2004). Essa população agora, com ingrediente urbano demandavam

novas formas de lazer ou de produção cultural. A música foi a nova produção. Assim,

gêneros iniciais como lundu, a modinha e o maxixe, passam a fazer parte da expressão

musical de uma parcela da população brasileira, enquanto que a música ouvida pelas

elites era a opera, as operetas e a música leve de salão. (ALBIN, 2004).

Neste contexto cultural, as pessoas, em especial as pertencentes das

camadas baixas executavam e ouviam os estribilhos acompanhados por sons de palmas

e violas. A tímida classe média que começou a se formar no Segundo Império ouvia

apenas os gêneros europeus, ou seja, música dos salões da elite, a “polca”, chegada no

Brasil e a partir de 1844, a “valsa”, a “schottisch”, a “quadrilha”, a “mazurca”. Em meio

a divulgação desses estes estilos europeus, nasce o primeiro gênero musical do Brasil,

os “choros”. Enquanto isso, nasce da percussão e de palmas produzidas pelos negros

vindos de Angola e do Congo, o “samba” que nada mais era que uma dança que

seguiam o batuque do tambor e das palmas, produzindo um ritmo que mais parecia

tristeza, melancolia, assim como ao “Blues” nos Estados Unidos. O que se viu após isso

foram muitos outros músicos e gêneros musicais que iriam marcar a história musical

brasileira.

Vários movimentos foram surgindo na passagem dos anos 1920 para

aos anos 1930, inaugurando-se uma década que passaria para a história como a Era de

ouro da Música Popular Brasileira, e não por acaso, o país estava vivendo anos de

intensas mudanças. Depois daquela revolucionária década, com a fundação do Partido

Comunista do Brasil, da Semana de Arte Moderna e das revoltas tenentistas, veio a

revolução de 1930 que colocou Getúlio Vargas no poder. O país passaria de uma nação

agrária e pré-industrial a uma sociedade urbana industrial.

Getulio Vargas usou o rádio para se comunicar com as massas

desfavorecidas. Era a primeira mídia na cultura ocidental a ter acesso direto e imediato

aos lares das pessoas. A família se reunia em torno do rádio ligado na sala que se tornou

o centro gerador de modas e sonhos (1930-1940). A “Era do rádio” produzia uma

integração nacional. No inicio da década de 1940, o Brasil passava pelas dificuldades da

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Segunda Guerra prejudicando a parte musical do povo. As emissoras que integravam

todo o pais, com suas músicas, agora se ocupavam em transmitir as noticias da guerra.

A música expressava naquele momento a dor e o sentimento.

Para consolidar esse crescimento da música popular brasileira, foram

necessárias modificações essenciais que se tornaram importantes para a projeção da

música brasileira: a mudança do sistema de gravação mecânica para a gravação elétrica,

o que permitiria o registro fonográfico das vozes de curta extensão e o aparecimento e a

espantosa expansão do primeiro veículo de comunicação de massa de nossa história, o

rádio.

Após a guerra, os Estados Unidos saiu como o principal vencedor do

confronto mundial e passou a impor a sua economia, indústria de entretenimento,

exportando tudo que representava a consolidação de hegemonia cultural no mundo. Os

objetos culturais dessa dimensão simbólica e econômica norte americana podem ser

vistos nos filmes, discos e musica pop, com todos os seus modismos, os quais se

tornaram mais sedutores por meio do marketing e da propaganda com que eram

apresentados (ALBIN, 2004).

Os brasileiros passaram a ser embalados pela MPB, nos anos (1940-

1950), agora não pelo samba canção, mas pela explosão do baião que representava uma

ruptura com os gêneros oriundos da metrópole e assim exprimia a influência da

migração nordestina para os grandes centros do Sul do pais (ALBIN, 2004). Para o

autor, o que se procurava era divulgar o gênero musical e a cultura moderna. A

diversidade se tornou a marca daquele momento, e a Música Popular Brasileira, começa

a ter vários gêneros, caracterizando a música a partir da década de 1960. Entre elas a

Bossa Nova que, se referia a um jeito de cantar e tocar samba com maneiras jazzísticos.

As letras das canções tinham temas leves e descompromissados. A Bossa Nova nasce,

fruto de encontros de jovens de classe média carioca em apartamentos ou casas

residenciais da zona sul, onde se reuniam para fazer e ouvir música (ALBIN, 2004).

A Bossa Nova surge no momento em que as transformações e o

desenvolvimento aconteciam no Brasil. O governo de Juscelino Kubitschek (1956-

1960) foi época de otimismo, esperança no futuro, fixação no presente urbano e lírico,

prometia 50 anos de desenvolvimento em cinco, começava a construção de Brasília,

abriu estradas de rodagens e a implantar parques industriais pesados, uma década de

crescimento. A música se tornou uma música de espetáculo, que se abriu para a

exportação com o concerto histórico, em 1962, no Carnegie Hall de Nova York com a

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presença de Tom Jobim, João Gilberto, Vinicius de Moraes e outros. No público que

ouvia os músicos e vocalistas norte americanos estavam os universitários, que logo se

renderam ao novo gênero, a Bossa Nova.

Já em 1967, vivendo a ditadura militar, músicas como “Pra não dizer

que não falei de flores”, de Geraldo Vandré ou “Cálice” de Chico Buarque de Holanda,

tornavam-se hinos na luta contra a ditadura. A música de Vandré era proibida pelos

comandantes militares, mas que sempre foi cantada às escondidas como desafio à

repressão. Outras músicas surgem como resposta a ditadura militar no Brasil, como

“Sabiá” de Tom Jobim em parceria com Chico Buarque, que viria a se tornar um outro

símbolo da luta pela volta da democracia. Esta música é uma paráfrase da “Canção do

Exílio” de Gonçalves Dias. A música ganhou enorme influência como forma de protesto

e de expressão do anseio por liberdade e democracia.

Entre os anos de 1956 e 1958, nos Estados Unidos temos o fenômeno

Elvis Presley o rei do rock. A partir de 1959, um fenômeno na Inglaterra, os Beatles,

que iriam estourar na década seguinte e se tornar uma referencia musical do século XX.

Por meio de uma explosão musical, que a juventude expressava o seu desejo diante das

guerras mundiais, Guerra do Vietnã e a da Coreia, assim diante da Guerra Fria, buscava

sua identidade em algo e por meio da música. Os jovens adotavam a música que

representava o jeito de vestir e usar os cabelos colocados em moda pelos Beatles.

A cultura jovem se estruturava preparando o caminho para o final do

século XX. No Brasil como em outros países se vivia um período duro marcado pelo

controle da ditadura militar e de muitas revoluções. Na França no ano de 1968, ocorre a

insurreição da juventude, quando os estudantes ergueriam barricadas contra o exército

da República e tomam o Quartier Latin, Paris. Na Tchecoslováquia, houve a então

conhecida “Primavera de Praga”, quando boa parte da população, principalmente

estudantes, tentam impedir o avanço dos tanques russos na invasão que tinha como o

objetivo liquidar com o governo reformista de Dubcek. No Brasil, o que se absorvia era

a identidade rebelde da música estrangeira. As músicas da Bossa Nova aos poucos foi

atropelada por uma realidade hostil, enquanto o governo se tornava autoritário, os

problemas sociais se agravariam.

A música ganhava um espaço de protesto, com o engajamento

explicito de vários dos nossos artistas, na tentativa de deter o avanço do autoritarismo,

buscando resgatar o que se consideravam raízes de nossa nacionalidade ameaçada pelo

imperialismo cultural, econômico e político, mas, de um lado, segmentos da classe

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média, para os quais o viés político da contestação pouco significava, escolheu uma

maneira mais leve de viver o dilema de ser jovem em um período dominado por formas

arcaicas de percepção cultural. A música se tornaria o instrumento dessa alternativa. A

Jovem Guarda surgiu e passou a ser mais que um estilo musical, se torna um

movimento sociocultural. A música jovem contribui para mudanças na maneira de se

vestir, de se comportar diante dos conflitos de gerações. Marcam um novo estilo de

vida, e com um poder de penetração mais intenso em segmentos da sociedade jovem de

consumo (ALBIN,2004).

A Jovem Guarda abre as portas da música de consumo para a

juventude, em quase oposição aos músicos e compositores da Bossa Nova. Na década

de 60, surgem também os primeiros roqueiros que antecederam até mesmo a Jovem

Guarda, identificando se com os hippes dos anos de rebeldia. Estes se identificavam

com os solos de guitarra e os novos recursos e instrumentos eletrônicos, que iriam

determinar o que seria produzido nas décadas seguintes. Temos que relembrar de Jimmy

Hendrix e o festival de Woodstock, em 1969, é uma marca histórica, tanto musical

quanto comportamental, que pregava três dias de amor livre, protestos contra a Guerra

do Vietnã, mas também o maior encontro de música do planeta (ALBIN, 2004).

Quase no final daquela década, em 13/12/68, foi promulgado o Ato

Institucional nº 5. O ato era a demonstração que o regime militar já não mais podia se

manter sem repressão diante da crescente oposição da sociedade. Entre estes opositores

estavam segmentos das classes médias, principalmente estudantes que se mobilizavam

contra o governo. Muitos artistas da música foram presos ou expulsos do pais e sua obra

mutilada, outros escreviam através de figuras, metáforas e assim transmitiam suas

mensagens.

Em 1967 surge o Tropicalismo, com a proposta de exercer uma

intervenção crítico musical na cultura brasileira. Este movimento buscava desacreditar a

sociedade de consumo, a política brasileira do golpe de 64. Já nos anos 70 e 80, no meio

acadêmico, o que se pretende é fazer desse movimento uma referencia e renovação de

alto impacto com a preocupação nacionalista de buscar nossas raízes e rechaçar a

influencia estrangeira repetindo ou melhor atualizando o que se tinha vivido na Semana

de Arte Moderna (1922).

Depois disto o que se vê são os fenômenos musicais como o da

música sertaneja, axé, a cultura hip-hop, funk e rap, que nasce e ganha força na e entre

as periferias, sem necessitar de consentimento das classes médias. O funk e o rap logo

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conquistaram amplo espaço na classe média, o que demonstra um trânsito mais fácil e

aberto entre estratificações sociais. A cultura hip-hop estaria ligado a uma demanda de

inclusão social de setores em que é marcado pela ausência do Estado e de políticas

públicas. Fornecendo para estes setores o incentivo para se construir uma identidade

social autônoma, assumindo-se como excluído, como demonstrado entre outras

maneiras pela musica dos gigantescos bailes rap-funk. O hip-hop tem suas origens na

cultura desenvolvida pelas populações excluídas. Ao chegar no Brasil ganha jeito

próprio, da mesma forma que o jazz ao chegar adicionado a outros ingredientes tropicais

deu origem a Bossa Nova.

Ora, a música cantada nas comunidades evangélicas brasileiras não

poderia passar sem modificações desses períodos dinâmicos da cultura e da música

brasileira. O cântico de corinhos, que eram pequenas músicas cantadas e repetidas

pelos jovens, em especial a partir dos anos 1950, se tornariam na primeira forma de

adaptação da cultura protestante tradicional dos novos ventos culturais.

2.5 Cultura e música na pós-modernidade

Essa é das manifestações culturais a que mais exerceu influencia sobre

a juventude norte-americana e por tabela nos demais países dominados culturalmente e

economicamente pelos EUA e talvez possamos atribuir os primeiros impactos da pós

modernidade na música o aparecimento do rock e na esteira dele o movimento hippy.

Esse movimento, segundo Marialice M. Forachi (1972) representava para a sociedade

moderna parte do que foi o movimento da juventude dos anos 70, tinha em seu bojo

características do movimento de contracultura dos anos 1960, possuindo um estilo de

vida próprio, buscando novas, inéditas e chocantes formas de criação e experiência. O

movimento hippy é a extremização da problemática da juventude moderna.

Por outro lado, o movimento estudantil representava uma resposta

política a essa problemática de uma juventude em busca de saídas aos males de sua

época. A partir daí, formava-se nas sociedades desenvolvidas, um movimento de

juventude que mantinha poucas afinidades com o movimento estudantil e que carregava

no seu desenvolvimento o fardo da criação de uma nova cultura. Tratava-se de uma

minoria expressiva que não inclui, como seus participantes, estudantes ativistas ou

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militantes, nem abrangia grupos oprimidos como os negros e os pobres, muito embora

em algumas circunstâncias deu apoio e solidariedade (FORACHI, 1972).

Nos Estados Unidos, segundo Forachi (1972) os hippies se aliaram ao

ativismo estudantil, tornando-se ainda mais significativo pela sua característica de

recusar qualquer situação que crie insegurança, que denuncie a total apatia do mundo

adulto em face das imposições da sociedade tecnocrática, ou seja, diante de uma nova

sociedade industrial que atinge seu ponto culminante da sua integração organizatória.

Surge uma nova cultura em que o esforço de criação é concentrado nos jovens e sua

implicação seria o juvenescimento das formas de contestação, se não por parte daqueles

que a elaboram, pelo menos por parte daqueles que a praticam. O lema "paz e amor" ou

“faça o amor e não a guerra” sintetiza bem a postura política dos hippies, que também

participaram de movimentos por direitos civis, igualdade e anti-militarismo nos moldes

da luta de Gandhi e Martin Luther King, embora não tão bem organizado.

Estes jovens contestadores, criadores da nova cultura, foram como

tantos outros ativistas, jovens de classe média que invadiram o mundo acadêmico,

suscitando horror e pânico. Por serem jovens e acadêmicos, sem tradição de pensamento

que lhes dessem um ponto de referência, sofreram dificuldades visíveis para esboçar um

projeto de anti-ciência que tivesse forma e que pudesse ser discutido. Os jovens sabiam

do seu poder, do seu potencial inerente à sua presença maciça na sociedade. Eles

constituíam uma das raras alavancas sociais do inconformismo. Segundo Forachi

(1972), a contracultura é que dá substância a tal estilo de contestação e é tão

radicalmente oposta às formas existentes de criação e inovação que, dificilmente, é

assimilável à noção de cultura, lembrando mais uma tentativa anárquica, bárbara ou

convulsiva de elaboração intelectual e social.

No comportamento hippy há um empenho de recriação da estrutura

da personalidade e do estilo de vida. Segundo Forachi (1972), a expansão da

personalidade não se estabelece somente pelos requintes e perspectivas que são abertos

por uma formulação intelectual especializada ou acadêmica, mas pela simples abertura à

experiência e este objetivo transcende os limites de um experimento inusitado ou

exótico que surge em um amplo movimento social.

Nos EUA o movimento hippy estaria ligado ao surgimento de uma

contracultura, geradora de novos movimentos como os Meninos de Deus, Igreja do ovo

(Jim Jones) e outros movimentos apelidados de “Jesus Revolution”.

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Nos anos de 1980, surgem as tribos urbanas que eram agrupamentos

de jovens, como, os punks e os darks. Neste período acontece um enfraquecimento do

movimento estudantil, até porque esta identidade deixou de passar pela política como

ocorreu nos anos 60/70, ocorreu um distanciamento da militância tradicional do partido

e sindicato.

Durante este processo nasce o movimento cultural Hip-Hop. Na

década de 1990, a juventude vive um distanciamento das grandes utopias

transformadoras. As subjetividades e as condições sociais desses jovens estavam

marcadas por condições diversas e distanciadas dos métodos de realização das utopias

revolucionárias, é uma geração individualista que não abre mão de seus desejos.

Naquela época, o que ocorre de significativo é a presença dos

carapintadas no impedimento do exercício da presidência de Fernando Collor de Mello

e o movimento dos trabalhadores sem terra, considerado o único movimento que resiste

ao neoliberalismo no Brasil. O que predomina nesta década são os movimentos culturais

articulados em torno da música, do teatro e da dança.

2.6 A produção musical da pós-modernidade

A pós-modernidade é um termo discutível no estudo da cultura

contemporânea. Várias são as suas características. Uma delas é o hibridismo cultural,

que concilia a pregação religiosa tradicional e as novas mídias, estilos visados e

estratégias de markentig consolidadas pela indústria cultural. No centro dessa cultura

pós-moderna novos tipos de consumo se instalou, caracterizando pela obsolescência

planejada; por um ritmo cada vez mais veloz de mudanças na moda e no estilo; a

penetração da propaganda da TV e nos meios de comunicação. A TV produz um

excesso de imagens e informação que ameaça nosso sentido de realidade o que

provoca uma ruptura do senso de identidade do individuo. Em função dessa

quantidade de signos e imagens fragmentadas, fica prejudicado todo o senso de

continuidade entre o passado, o presente e o futuro e toda a crença teleológica de que

a vida é um projeto com um significado (FEATHERSTONE, 1995).

Mike Featherstone (1995), utiliza a teoria de Baudrillard (1983),

que diz que vivemos em uma cultura sem profundidade, de signos e imagens

flutuantes, em que a televisão é o mundo e as pessoas ficam olhando aquela

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quantidade de imagens sem ter recursos para julgamentos morais. Afirma ainda que,

estas tendências são encontradas na vida cotidiana e nos modos de significação, nas

interações com os signos das culturas dos jovens, e em certas fusões da arte e do rock,

produzindo assim a música popular contemporânea (FEATHERSTONE, 1995).

Diante destas características próprias do hibridismo cultural, a

obsolescência e do consumo de tudo aquilo que é divulgado e estabelecido pela mídia,

a religião não ficaria de fora. Segundo Joezer de Souza Mendonça (2009), a

descentralização da religião permite um processo de desmoramento da religiosidade

institucionalizada. Em lugar da legitimação oficial das instâncias religiosas

dominantes, existe uma demanda pelas identidades religiosas locais ou particulares,

coletivas ou individuais que concedem as instituições oficiais uma autoridade não

mais total, mas parcial. Para Mendonça (2009), é cenário adequado para a

manifestação de práticas religiosas reprimidas pela tradição dominante ou surgimento

de modelos renovados de comunhão com o sagrado. Essa diluição da hierarquia

religiosa, pela autonomia do adorador e do fortalecimento da pluralidade de crenças é

uma marca das religiões cristãs na pós-modernidade.

Em sua teoria, Featherstone (1995) chama a atenção para mudanças

que vem ocorrendo na cultura contemporânea. Estas mudanças podem ser

compreendidas em termos de modificações nos campos artísticos, intelectuais e

acadêmicos; mudanças na esfera cultural mais ampla, envolvendo novos modos de

produção, consumo e circulação de bens simbólicos; mudanças nas práticas e

experiências cotidianas de diferentes grupos que, em decorrência dos processos

mencionados, usam regimes de significação de diferentes maneiras e está

desenvolvendo novos meios de orientação e estrutura de identidade

(FEATHERSTONE, 1995).

na economia dos bens culturais, os princípios de mercado, oferta, demanda,

acumulação de capital, competição e monopolização que operam dentro de

uma esfera dos estilos de vida, bens culturais e mercadorias. Os bens

materiais e sua produção devem ser comprendida no âmbito de uma matriz

cultural (FEATHERSTONE, 1995, p 121).

O que caracteriza a cultura de consumo, segundo Featherstone

(1995), é a disponibilidade de várias mercadorias, bens e experiências para serem

consumidas, conservadas, planejadas e desejadas pela população em geral. Esta cultura

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de consumo consegue pela publicidade da mídia e das técnicas de exposição das

mercadorias, a desestabilizar a noção original de uso ou significado dos bens e afixar

neles imagens e signos novos, que pode evocar uma série de sentimentos e desejos

associados.

No entender de Mendonça (2009), a religião pós-moderna, não seria

aquela em que há apenas uma perda de autoridade oficial sobre as decisões dos fiéis,

mas, sobretudo, aquela em que a autonomia dos leigos é cada vez mais prepotente. Essa

independência do individuo tem levado as instituições a repensar e organizar os seus

códigos e tradições, a fim de evitar que seus fieis se dispersem insatisfeitos e possibilite

a chegada de novos indivíduos menos conservadores e mais acomodados no contexto

secular de costumes (MENDONÇA, 2009).

O contexto pós-moderno e religioso por ser diversificado,

multiconfessional, e interpretações plurais permitem uma explosão de aberturas de

novas igrejas, cada qual oferecendo um conjunto de dogmas pouco distintos uma das

outras, mas que passam a fazer parte de um mercado religioso de produtos

padronizados. “[...] Nestes espaços se desenvolve novas potencialidades pessoais e

culturais na busca por uma espiritualidade mais próxima às práticas esótericas ou

místicas, mesmo as igrejas de tradição protestante histórica tem abandonado seu

compromisso com o cânone bíblico-doutrinário em favor de uma experiência sensorial

Mendonça (2009, p 48)”.

O suprimento da cultura gospel se dá, portanto, nas fronteiras culturais

iniciadas dentro da sociedade capitalista e de consumo dos EUA. Segundo Mendonça

(2009), o gospel transpôs não só as fronteiras de origem americana, como também pelo

cristianismo contemporâneo, ambos globalizados, tornando se uma nova cultura

evangélica. A característica dessas músicas cantadas pelos jovens possui um teor

sentimental podem levá-los a se emocionarem e fazer rememorar experiências

individuais de conversão e comunhão. Isto porque esta música une a melodia e a letra

fazendo as pessoas experimentarem um sentido de esperança e segurança nos atos

divinos. Este estilo musical faz parte da renovação de gêneros musicais nacionais ou

mesmo estrangeiros, um processo que acompanha a globalização, a diversidade e o

pluralismo da sociedade pós-moderna.

Da mesma maneira que os antigos chineses acreditavam que a

música tinha como uma das suas principais funções na sociedade seria controlar e

mediar o relacionamento do ser humano com a divindade ou o sobrenatural,

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Mendonça (2009) também concorda e diz que no cristianismo moderno a música

também serve como elo de comunicação entre os cristãos e Deus. Além de contribuir

para a criação de um ambiente apropriado para a expressão de adoração e emoção

coletiva.

2.7 A tradição musical protestante versus cultura gospel

Há um dado comum a todos os que estudam o cenário cultural e

religioso brasileiro. A sociedade mudou nos últimos 50 anos e com ela as suas faixas

etárias e grupos sociais. Assim como a sociedade cultural, a música popular brasileira

também passou por várias mudanças e se caracterizou pela sua diversificação. Hoje,

existe uma pluralidade e diversidade de gêneros, fontes, ritmos, acompanhando tanto a

descompressão de costumes quanto a democratização do pais. Aconteceu nessas

décadas também a consolidação da mídia eletrônica de várias maneiras associadas à

industria da música. O que prevalece hoje no Brasil é a cultura de massa. Para Albin, a

televisão no Brasil, se torna pela maioria da população, as opções de entretenimento,

cultura e reprodução, avaliação cultural, informação. Por estes motivos, os fenômenos

se universalizam com menos resistências e extrapolam a questão musical.

Dessa maneira, o cenário e as interações dentro do campo religioso

não podiam ser diferentes. Cabe, no entanto, aqui ressaltar a explosão gospel que trouxe

consigo formas de expressão artística, dotando o cenário religioso de uma nova cara.

Surge com ela novas formas de expressão artísticas, litúrgicas e coreografias no culto

evangélico. Segundo Cunha,

este processo foi iniciado nas ultimas décadas do século XX e permanece

em curso no atual momento marcado por transformações no campo sócio-

político-econômico-cultural-religioso e está estreitamente relacionado ao

avanço do capitalismo globalizado e a consolidação das culturas midiática

e urbana, filhas da modernidade (CUNHA, 2007, p 9).

Os analistas dessa cultura, especialmente Cunha e Jaqueline

Ziroldo Dolghie (2007) tem usado o conceito “hibridismo cultural” para explicar esse

novo modo de vida de louvor e de participação das atividades religiosas. Para estas

autoras, se constituem uma cultura hibrida por resultar do cruzamento de aspectos

tradicionais do modo de ser protestante com as manifestações de modernidade

especialmente nas propostas pentecostais praticadas com muito sucesso no meio

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urbano brasileiro, no avanço da ideologia do mercado de consumo e na cultura

mídiatica (Cunha, 2007, p 10).

As pesquisas de Cunha nos auxiliam no entendimento da função da

música numa dinâmica religiosa marcada pela cultura gospel. Ela afirma que o lugar

da música nas práticas religiosas é inquestionável, até porque em tempos mais

remotos havia a concepção de que a música tinha algo divino, ou seja, a música

desempenhava um papel de mediação entre o homem e Deus. Ora, a presença da

música no culto e nos cânticos litúrgicos é bastante antiga e sua presença na música

cristã é também antiga que não é possível dizer quando foi introduzida (CUNHA,

2007).

A música tem a função de criar um estado de espírito apropriado

para que os adeptos atuem em consonância com esse estado. Nesse sentido, a música

procura produzir sentimentos e não expressá-los. O conteúdo deste tipo de música

não está somente nela, mas também fora dela, sendo a síntese dos sons que se

movem com os ouvintes e que cantando se movem (CUNHA, 2007). “[...]De todas as

artes, a música é a que dispõe de maior capacidade de nublar a inteligência, de

embriagar, de criar uma obediência cega e de provocar ânsias de morrerCunha (2007,

p 88)”.

No entanto, tal afirmação nasce de estudos no campo da Filosofia da

Arte, Sociologia da música e da Psicologia das percepções que abordam entre outras

coisas que a música tem influência sobre os indivíduos e seus corpos, emoções e nas

relações em grupo social. Portanto, os acordes, ritmos, tonalidades, intensidades têm

atuado diretamente sobre células e órgãos e indiretamente sobre as emoções,

influenciando em numerosos processos corporais (CUNHA, 2007). É pertinente dizer

que por meio da pesquisa dizer que a música cristã pode ser vista como um instrumento

favorável de se criarem novos laços afetivos nas comunidades cristãs locais.

Os estudiosos do culto protestante brasileiro entre eles Carl Joseph

Hahn (1989) afirma que o presbiterianismo herdou dos missionários a ênfase no culto

na casa de cada crente, da família e vizinhos, maneira que se adaptou facilmente às

condições naturais ao ambiente do povo do interior do Brasil. Porém, tão importante

que listas de boas maneiras e comportamentos foram produzidas ao longo da história

do culto, na tentativa de se dar o devido respeito a ele. Assim, o culto foi tornando-se,

além dos motivos teológicos, cada vez mais rígido e controlado pela prática litúrgica.

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Vários grupos surgem em função de estabelecer novas formas cúlticas.

Em 1942, surgem os que são contrários aos símbolos de fé de Westminster e formam

uma nova igreja. Os “liberais” que tinham uma posição de adesão às doutrinas

fundamentais do cristianismo e a orientação da Reforma, mas que defendiam a postura

de rever os símbolos de fé. Estes foram convidados a se retirarem, formando-se assim

uma nova igreja. Em 1946, os que ficaram, publicam através do livro “A Marcha da

Mocidade”, um novo “Manual de Ofícios Religiosos”, em que se apresentava o modelo

que deviam seguir todos os serviços de culto da Igreja Presbiteriana Independente. O

que se observa é uma juventude presente em todos estes movimentos do protestantismo

brasileiro.

Segundo Antonio Gouvêa de Mendonça (1984), a vinda do

protestantismo norte americano para o Brasil trouxe com ele características que eram

próprias daquele, que entrando em contato com uma cultura já estabelecida,

completamente diversa e com uma estrutura social bem definida, exigiu ajustes a

demandas que aos poucos foram desenvolvendo elementos daquele protestantismo na

direção das demandas do Brasil. O que se cantava eram os hinos trazidos pelos

missionários americanos e que não fizeram questão nenhuma de manter a produção

calvinista, considerada rica e de alta qualidade teológica. Os hinos trazidos pelos

missionários tinham características avivalistas e missionárias, que logo foram adotados

pelos presbiterianos e definindo assim a sua musicalidade. O que se via era o

engessamento dessa hinódia que revelava um discurso teológico do pietismo e

puritanismo. Essa característica musical marcou todo o protestantismo brasileiro até que

movimentos modernos e secularizantes começaram a provocar mudanças dentro destas

igrejas, como foi o movimento Tropicalismo (1967), que tinha como proposta exercer

uma intervenção crítico musical na cultura brasileira. Este movimento buscava

desacreditar a sociedade de consumo, a política brasileira do golpe de 64. Assim,

influenciados por estas propostas, a juventude presbiteriana independente começa a

produzir e a cantar músicas com ritmos e estilos brasileiros como o baião, o samba, etc.

Nesse cenário a juventude protestante começou a adotar outro gênero e

ritmos no decorrer dos cultos. Essa tendência foi bem estudada por Sergio Paulo Freddi

Jr (2000) que constatou que, com o envelhecimento das igrejas protestantes brasileiras,

novas práticas musicais surgiram, especialmente nos anos 70 e 80. Os Valores culturais

começaram a ser questionados e a prática de músicas de origem mais brasileira, foram

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introduzidos em algumas comunidades. O cristão deveria cantar a música do seu povo

e pelo seu povo foi a tendência em determinados momentos.

As questões teológicas tinham a influencia da Teologia da Libertação,

que denunciava a carência da população pobre e explorada que passou a ser cantada

como prioridade nos textos desses cânticos. Os teólogos e músicos se prontificaram a

escrever e compor músicas que trouxessem aos e evangélicos uma nova maneira de

louvar a Deus. Já nos anos 1990 surgiram outras tendências musicais compostos de

elementos musicais ligados à cultura pós-moderna global. Além dos cânticos, novas

tecnologias, sensações visuais e auditivas começaram a ser experimentadas. A liberdade

corporal cresceu e as emoções assumiram papel fundamental nas práticas respaldadas

pelas teologias que legitimavam a riqueza material como sinal de bênçãos de Deus.

(FREDDI JR, 2000).

A pesquisa de Freddi Jr (2000) aponta que as igrejas protestantes

históricas, em especial as comunidades ligadas a IPI, vêm se apresentando com uma

prática musical bastante diversificada. Embora haja respeito à tradição hinológica que

a acompanha desde os seus primórdios, ela tem experimentado essas tendências

todas. Cabe ressaltar ainda que se inseriu no seu universo litúrgico, práticas, músicas

brasileiras mais regional com letras portadoras de alguma preocupação social e

músicas presentes no universo evangélico brasileiro no qual a cultura musical “pop”

internacional fazia parte.

Para Freddi Jr (2000), com essa inculturação cresceu a liberdade

comportamental nas comunidades locais pertencentes à IPI. Com a aceitação de

elementos culturais musicais estrangeiros que haviam sido considerados “mundanos”,

torna-se incoerente a resistência às práticas culturais genuinamente brasileiras nos

costumes musicais destas comunidades. Passam a fazer parte da vida cúltica, a

guitarra elétrica usada com um aparelho amplificador de sons e ou um solo enérgico

de bateria, acompanhados com textos voltados para uma vida celestial vistos com

naturalidade em cultos das comunidades locais. Há também a presença de um repique

de samba em algumas composições musicais ou às vezes o uso de um atabaque.

Porém, os fiéis da IPI adotam estes modelos musicais da sociedade

de consumo pós-moderna, deixando de lado as raízes da música brasileira. Assim

esses jovens cantam nas comunidades locais o mesmo que se canta no seu cotidiano.

Eles aderem as mesmas modas, são atraídos por celebridades construídas de acordo

com as leis ditadas no mercado secular. O resultado deste processo foi a simpatia por

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parte desses jovens a estes modelos musicais que são por eles adotados como

referencial de música para ser apreciada e consumida, a música gospel.

Os autores, Antonio Sousa de Mendonça (2008), Jaqueline Ziroldo

Dolghie (2007) enfatizam a ligação do canto protestante com a pedagogia religiosa.

Para eles, à música cabia o papel de auxiliar na pregação de uma mensagem nova.

Alias essa ênfase no instrumental da música vem desde Lutero. O modelo adotado

pelo protestantismo foi o mesmo usado nos cultos dos reavivamentos norte-

americano. Porém, essa estrutura não foi usada da mesma maneira, assim, o culto

protestante histórico firmou-se no principio pedagógico e racional. O culto passa a ter

duas figuras importantes, o orador e o músico (DOLGHIE, 2007).

Desta maneira, a música nas comunidades protestantes passou a ser

de competência dos agentes musicais, que se dividiam em corais, grupos vocais,

quartetos, duplas e trios, grupos musicais para conduzir os cânticos para a

congregação. Na fase mais recente dessa história o uso de play-back e outros recursos

modernizantes foram utilizados para se fazer música nas igrejas protestantes. A

variedade de produção musical no culto e sua subordinação à predica foi se

enfraquecendo com o surgimento de novos grupos musicais paraeclesiásticos e a

produção de corinhos e de novos cânticos, ditos espirituais. Para manter a

centralidade da prédica, estes novos cânticos e corinhos foram marginalizados na

liturgia oficial, produzindo uma tensão entre as novas produções musicais e a hinódia

oficial e, entre a música e a prédica (DOLGHIE, 2007).

Na década de 90, com o crescimento das igrejas neopentecostais

com a possibilidade das pessoas freqüentarem as comunidades evangélicas

alternativas, a tensão entre prédica e a música tornou se ainda maior, porque agora o

músico leigo assume muitas das novas igrejas o status de “levita”. Com a proliferação

e a expansão e o mercado da música gospel, o agente musical se tornou mais

valorizado e teve seu reconhecimento deixando a sua atividade atrelada apenas á

instituição religiosa.

Segundo Dolghie (2007), como represália a esta nova produção

musical e do seu agente ocorreu a perda de espaço no culto, porque o protestantismo é

a religião da palavra, desta forma a prédica assume uma função quase sempre

institucional, além do mais é servidora da teologia que determina o conteúdo

doutrinário do grupo. Porém, o que se viu foi uma liderança carismática promovendo

momento de “louvorzão” no culto e dividindo espaço com o pastor. Os leigos mais

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jovens são os que legitimam essa liderança carismática e se isto acontece é porque o

modelo do culto tradicional, baseado na prédica racional, já não responde as demandas

desta faixa etária no contexto da sociedade contemporânea.

O sujeito contemporâneo, sobretudo jovem, não se contenta mais

com a forma do saber racionalizado, mas deseja sentir, tocar, reagir emocionalmente

na adoração gospel, ele é convidado a reagir e não apenas a escutar e pensar. Para

Dolghie (2007), as reações individuais é que determinam o rumo do culto ou melhor

do espetáculo. A música que é gospel está associada com as tendências sociais e

culturais da atualidade, está mudando a prática religiosa dos leigos e inculcando lhes

um novo habitus.

Conclusão

Neste capítulo procuramos verificar à luz de autores da história cultural

que lugar a música ocupa na construção psicossocial da identidade dos adolescentes e

jovens pertencentes a uma igreja evangélica. Para isso foi feito um levantamento

bibliográfico a respeito das relações entre a música e a formação da identidade jovem.

Verificamos a presença da música e sua importância na história

musical dos povos antigos. Os gregos atribuíram uma grande importância à música,

pois acreditavam em sua união com a vida religiosa e cívica, e mais, que por ela seria

possível controlar a sociedade através da música. Para eles a música era vista como

sendo uma dádiva divina para o homem, com ela, poderia alegrar a alma e assim

apaziguar as perturbações de sua mente e de seu corpo.

A música foi considerada por algumas correntes culturais como um

importante fator na formação da personalidade do ser humano, isso ocorre não

somente por fazer desabrochar um lado criativo, mas porque pode vivificar a maioria

das faculdades humanas e favorecer o desenvolvimento bio-psico-social. Faculdades

humanas tais como: a vontade, a sensibilidade, o amor, a inteligência e a imaginação

criadora, por isso a música é vista um fator cultural indispensável.

O estudo da música por ciências como a Psicologia, tem focado as

relações entre a emoção, comportamento e os estados emocionais. Para melhor

compreensão buscamos as considerações Pfromm Netto que alertou sobre as variações

individuais que acontecem sob o domínio de comportamento emocional. O mesmo

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estímulo pode produzir diversas respostas em diferentes sujeitos. A música pode servir

como esse estímulo para produzir a resposta desejada.

A música gospel acontece porque estas músicas unem melodia e a

letra fazendo as pessoas experimentarem um sentido de esperança e segurança nos atos

divinos. Este estilo musical faz parte da renovação de gêneros musicais nacionais ou

mesmo estrangeiros, um processo que acompanha a globalização, a diversidade e o

pluralismo da sociedade pós-moderna.

O sujeito contemporâneo, sobretudo jovem, não se contenta mais

com a forma do saber racionalizado, mas deseja sentir, tocar, reagir emocionalmente

na adoração gospel, ele é convidado a reagir e não apenas a escutar e pensar. Para

Dolghie (2007), as reações individuais é que determinam o rumo do culto, ou melhor,

do espetáculo. A música gospel está associada com as tendências sociais e culturais da

atualidade, está mudando a prática religiosa dos leigos e inculcando lhes um novo

habitus.

No terceiro capítulo da nossa pesquisa trataremos os resultados da

pesquisa de campo. Considerando o conteúdo absorvido do primeiro e segundo

capítulo, vamos confrontar as respostas da população pesquisada e com os teóricos

apresentados.

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3 Capítulo – O jovem protestante e a música:

Reflexões sobre uma pesquisa de campo.

Introdução

Nos capítulos anteriores discutimos num primeiro momento como

ocorre o desenvolvimento da identidade jovem na sociedade contemporânea. A seguir

vamos verificar como o gosto musical é expresso na prática da construção dessas

identidades jovens tornando comunidades evangélicas como cenário desse processo.

Neste terceiro e ultimo parte da dissertação reunimos reflexões e

observações sobre uma pesquisa de campo realizada em 2011 nas comunidades

presbiterianas independentes do estado de São Paulo, onde se propôs mapear o gosto

musical de jovens e adolescentes, ressaltando-se a prática musical como forma de

inserção sócio-religiosa desses jovens.

A pesquisa foi planejada e aplicada por nós como professora auxiliar

na disciplina “Introdução a Sociologia“ e “Igreja e Sociedade” na Faculdade de

Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, sediada na Rua Genebra, nº

180 em São Paulo sob a supervisão do orientador Leonildo Silveira Campos. Os

questionários foram aplicados em 30 comunidades locais da igreja presbiteriana

independente em todo o estado de São Paulo. Sendo 11 no estado, 15 na Capital e

quatro na Grande São Paulo. Foram 245 jovens e adolescentes que responderam ao

questionário.

3.1 O método

A pesquisa foi desenvolvida a partir do método histórico crítico,

pois, trata-se de investigar acontecimentos, processos e instituições do passado, que

foram ao longo do tempo, sendo influenciadas pelo contexto cultural de sua época,

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resultando nas instituições que temos hoje e que desempenham funções na formação

desta nova sociedade.

Fazermos o levantamento histórico da sociedade, instituições e

cultura popular e religiosa de nosso tempo, permitiu entendermos esta nova realidade

social e a sua prática social. Segundo Lakatos (2007), as atuais formas de vida social, as

instituições e os costumes têm origem no passado, é importante pesquisar suas raízes

para compreender sua natureza e função (LAKATOS, 2007).

A pesquisa bibliográfica foi um dos instrumentos utilizado para

compor o conteúdo teórico. Conceitos de temas como modernidade, pós- modernidade,

globalização, secularização, religião, cultura, música, identidade permitiu entender o

universo jovem da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil no estado de São Paulo.

O segundo instrumento de investigação utilizado nesta pesquisa foi

um questionário com perguntas fechadas e perguntas abertas. Com as perguntas abertas

foram criadas categorias de pesquisa para que pudessemos identificar o perfil jovem.

Este questionário foi aplicado como uma pesquisa da qual participamos. Foi realizada

pelos/as alunos/as da Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do

Brasil, nas disciplinas: Igreja e Sociedade e Sociologia. A pesquisa tinha como objetivo

verificar a presença da música na vida jovem nas comunidades da Igreja Presbiteriana

Independente do Brasil no Estado de São Paulo e traçar o perfil destes jovens. O

questionário está anexo ao projeto de pesquisa. Foram respondentes, jovens com idade

entre 15 a 25 anos, de ambos os sexos que freqüentam as igrejas presbiterianas

independentes no estado de São Paulo. A escolha foi aleatória considerando apenas a

faixa etária estabelecida e as igrejas escolhidas pelos alunos/aplicadores dos

questionários. A participação foi livre, dependendo da vontade e disposição do jovem.

3.2 O perfil dos participantes da pesquisa

A análise dos dados envolveu inicialmente a tabulação das respostas

e suas correlações entre elas. A população estudada é composta por jovens com idades

entre 15 e 25 anos, todos fazem parte das comunidades locais da Igreja Presbiteriana

Independente do Brasil. Foram consultados 245 jovens, dos quais 42,9% do gênero

feminino e 57,1% do gênero masculino.

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Verificou-se que a população pesquisada é constituída de 3,2% são

jovens com 15 anos, 13,06% são de 16 anos, 11,02% são de 17 anos, 8,98% são de 18

anos, 8,57% são de 19 anos, 8,16% são de 20 anos, 13,47% são de 21 anos, 10,20%

são de 22 anos, 8,16% são de 23 anos, 7,76% são de 24 anos, 7,35% são de 25 anos.

Quadro 1: Distribuição da frequência dos jovens por idade.

Quadro 2 – Distribuição da frequência dos jovens por idade conforme agrupamento por

faixas etárias.

Faixa de Idade

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

15 à 17 18 à 20 21 à 25

Faixa de idade

Idade

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Idade

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Nessa população, 69,8% afirmaram estudar, enquanto 30,2% não

freqüentam curso nenhum. Uma porcentagem de 38% não respondeu, mas 27,8% diz

freqüentar curso superior, 3,7% freqüentam curso técnico, 22,4% frequentam o ensino

médio, 8,2% freqüentam outros cursos que são profissionalizantes como enfermagem,

informática, etc.

Tabela 1 – Distribuição da frequência dos jovens segundo o que estudam dentro das

faixas etárias.

Pergunta 3: O que você estuda?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam jovens 13 20 60 93

% Total 5,3% 8,2% 24,5% 38,0%

Graduação jovens 6 23 39 68

% Total 2,4% 9,4% 15,9% 27,8%

Ensino técnico Jovens 1 3 5 9

% Total ,4% 1,2% 2,0% 3,7%

Ensino médio jovens 42 10 3 55

% Total 17,1% 4,1% 1,2% 22,4%

Outros cursos Jovens 5 7 8 20

% Total 2,0% 2,9% 3,3% 8,2%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 2 – Distribuição da frequência dos jovens e com quem moram.

Pergunta 5: Mora com quem?

Frequencia Porcentagem Porcent Valida

Não responderam 3 1,2 1,2

Família (pais irmãos) 200 81,6 82,0

Família (avós outros) 17 6,9 7,0

Conjuge 21 8,6 8,6

outros 3 1,2 1,2

Total 244 99,6 100,0 n

ã

o

resposta 1 ,4

Total 245 100,0

A tabela 1 mostra a formação acadêmica da nossa população,

revelando uma concentração de jovens entre 21 a 25 cursando a graduação, porém,

existe nesta mesma faixa etária uma porcentagem significativa de 24,5% que não

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respondeu quanto a sua formação acadêmica. O que nos permite concluir que não

responderam porque não estão estudando ou porque não definiram por qual profissão

seguir, ou ainda, porque vivem em situação econômica não favorável para assumirem

esse compromisso financeiro. De acordo com Myrian Moraes Lins de Barros (2010) o

investimento feito pelo jovem em um projeto de escolarização de nível superior se

realiza em um momento de mudanças de padrões educacionais e econômicos para uma

sociedade complexa e heterogênea, que permanece economicamente desigual. Através

da educação é possível ao jovem ascender socialmente. Porém, essa possibilidade é

apreendida e vivida de diferentes modos por jovens e por suas famílias e entre as suas

gerações. Essa continuidade nos estudos no nível superior representa sua autonomia e

independência diante de uma família e uma estrutura que não oferece a garantia de

continuidade desse estudo e, portanto, dos seus projetos de vida.

A tabela 2 demonstra que a nossa população vive com suas famílias.

Esta porcentagem de 81,6% vive com suas famílias (nuclear), 6,9% com seus avós e

0,8% vivem com seus companheiros, 1,2% vivem com outras pessoas. A porcentagem

de 81,6% é bastante expressiva, o que vem corroborar com a importância familiar

nesse processo de ascensão social por meio dos projetos familiares e da educação

oferecida na formação de cada jovem. O jovem reconhece com antecipação as

perspectivas de vida que lhe são oferecidas, as oportunidades de êxito com que poderá

contar e até mesmo as frustrações que terá que experimentar e superar. A medida que a

socialização acontece, permite ao jovem visualizar a sua condição social, e perceber em

que situação e condição assalariada vivem seus pais, e em termos de perspectivas de

vida e de oportunidades concretas de trabalho, o jovem passa a considerar que as

conseqüências desta condição sempre estiveram presentes na sua história familiar. Sua

falta de condições e acesso a cultura, preparo profissional e ocupacional, determinam

suas condições que também são alienadas, porém, mesmo assim ele se sente em

condição de superar toda esta situação (FORACHI, 1965).

A educação, especialmente a superior, segundo Forachi (1965), assim

como para Barros (2010) é a que qualifica e prepara o individuo para as posições

sociais superiores, conduz e consolida o processo de ascensão que, associada aos

demais processos de dinamização do sistema (urbanização, secularização da cultura)

impulsiona os movimentos individuais ou grupais de transformação da situação de

origem. Porém, a democratização da cultura é um processo que só tem beneficiado as

camadas sociais que conquistaram uma posição estabelecida na estrutura de prestigio e

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de poder. O que se percebe com isto é que o acesso às oportunidades de ascensão da

pequena burguesia brasileira é manipulado e o acesso à cultura e educação é disputado

com as demais camadas a liderança do processo de desenvolvimento.

Ao analisarmos os resultados da pergunta sobre o gosto da leitura,

verificou-se então que 56,7% dizem gostar de ler e 41,6% dizem que não gostam de

ler. Quando foi perguntado pelo tipo de leitura que mais gosta, 2.4% disseram ser a

Bíblia, 15,9%; diz fazer leitura de textos religiosos; 0,8% a preferência são livros de

ficção. Podemos verificar nesta pergunta a freqüência destas leituras, 80,8% não

responderam, mas 3,3% disseram que leram pela ultima vez há 1 ano atrás, 1,6%,

responderam que a ultima leitura foi há 9 meses, 4,5% há 4 meses, 4,1% há 3 meses e

5,3% estavam fazendo algum tipo de leitura.

O acesso ás práticas culturais segundo Bourdieu (2003) é desigual e

depende da classe/grupo social. O gosto distingue as pessoas e os grupos sociais. As

práticas sociais, vinculadas ao gosto artístico, esportivo, culinário, religioso e literário

escondem ou revelam essas pessoas e seu grupo social, suas preferências segundo as

representações sociais que fazem e interesse em ocupar determinado lugar na hierarquia

social. Com essa definição temos a compreensão de que o acesso às práticas culturais

depende do grupo social que se faz parte e, que, portanto, o gosto pela leitura depende e

muito da maneira que esta relação com a leitura foi estabelecida desde a socialização

primária, ou seja, pela família.

Tabela 3 – Distribuição da frequência dos jovens que gostam de ler distribuídos por

faixas etárias.

Pergunta 15: Você gosta de ler?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam jovens 2 1 1 4

% Total ,8% ,4% ,4% 1,6%

Sim, jovens 30 36 73 139

% Total 12,2% 14,7% 29,8% 56,7%

não jovens 35 26 41 102

% Total 14,3% 10,6% 16,7% 41,6%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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Na tabela 3 pode-se perceber que não há uma diferença muito

acentuada pelo gosto da leitura ou a falta desse hábito. Nesse sentido, a teoria de

Knobel se confirma nas faixas etárias de 15 à 17 e 18 a 20, uma porcentagem de

26,9%, bastante significativa. O autor afirma em sua teoria que, na formação de sua

identidade, o adolescente vive um processo de voltar-se para si, precisando

intelectualizar aquilo que ele sente. Nesse período lê poesias, textos, como forma de

exteriorizar o seu mundo interno, se apropriando de um intelectualismo que muitas

vezes nem vive, mas, que quer entrar em contato para tentar entender o que sente.

Com relação a pergunta 15 na tabela 4, você tem a sua própria turma?

As respostas foram que 64,5% afirmaram ter sua própria turma, enquanto 27,8%

disseram que não.

Tabela 4 – Tabela de frequência dos jovens quanto a ter sua própria turma distribuídos

por faixas etárias.

Pergunta 28: Você tem a sua própria turma?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 3 5 11 19

% Total 1,2% 2,0% 4,5% 7,8%

sim Jovens 45 40 73 158

% Total 18,4% 16,3% 29,8% 64,5%

não Jovens 19 18 31 68

% Total 7,8% 7,3% 12,7% 27,8%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

A identidade do jovem é construída a partir do espaço social e

cultural que o adolescente está inserido. O jovem é um ser bio-psico-social, e que,

portanto, suas escolhas e suas ações são definidas pela cultura na qual faz parte. É

importante salientar que a música segundo Willens (1970), pode favorecer no

desenvolvimento bio-psico-social do ser humano, e que, portanto teria efeitos sobre a

formação da personalidade deste ser humano e sua maneira de ser.

O autor, Knobel (1981) ressalta que as mudanças psicológicas que

se produzem neste período estão correlacionadas às mudanças corporais, que levam o

jovem a uma nova relação com mundo, ou seja, com seu grupo social. Sendo assim, o

estabelecimento de novas relações dos jovens com os pais e com a sociedade é

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realizado e consolidado gradativamente oscilando entre a necessidade de dependência

e independência.

Ainda com relação a pergunta ter a sua própria turma, 13,5% disse

que tem a sua própria turma pelos objetivos que essas pessoas tem em comum, 11,4%

disse que tem a sua própria turma por compartilhar ideias em comum e possuirem

comportamentos iguais.

Para verificar a maneira com que esta interação social acontece

perguntou-se sobre freqüentar outros grupos sociais que não seja o grupo de jovens, da

qual eles fazem parte, a igreja. Os que responderam que sim, foram 51,4%, enquanto

que 46,9% afirmaram que não freqüentam. Dos que responderam que sim, 7,8%

disseram que freqüentam turma da Faculdade; 6.9% do trabalho; 12,2% turma de

amigos; 1,2% turma familiar.

Tabela 5 – Distribuição da frequência dos jovens que possuem outro grupo social que

não seja a igreja.

Pergunta 24: Além da igreja você tem algum outro grupo social?

Frequencia Porcent Porcent valida

Não responde 4 1,6 1,6

sim 126 51,4 51,4

não 115 46,9 46,9

Total 245 100,0 100,0

Essa tendência do adolescente de agrupar-se faz parte da

argumentação de Knobel (1981) afirma que nesse período o jovem vive um momento

de trocas bastante significativa e acabam influenciando uns aos outros com suas

experiências. O adolescente deixa de considerar temporariamente sua família de

origem para viver em grupos de pares ou de iguais, identificando-se com eles e

participando dos momentos de alegria, tristeza, raiva, reivindicações sociais e ainda

outras experiências novas que surgirem com outros grupos. Knobel (1981), aponta

que a tendência grupal na adolescência e a interação de seus problemas com os da

sociedade na qual vive, obriga-o a pensar em buscar soluções por meio da utilização

dos grupos.

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O autor ainda refere-se ao comportamento defensivo, que segundo

ele, é a busca de uniformidade. Ocorre um processo de superidentificação em massa,

ou seja, todos são iguais, se vestem da mesma forma, e um se identifica com o outro.

Isto lhes garante a sensação de segurança e estima pessoal. Parece que a igreja como

um grupo social tem um papel bastante importante nesse período da busca da

identidade. A promoção de saúde física, mental e afetiva, pode ser alcançada mediante

atividades que exijam essa característica de viver em grupos. Como por exemplo,

banda, passeios, estudos, jogos, etc.

No quesito ter ídolos, tivemos 36,7% que disseram que tinham,

enquanto 60,4% afirmaram não possuírem e 2,9% não responderam. Ainda foi

possível identificar dos que responderam que possuíam algum referencial para se

inspirarem, 20,0% responderam que fazem isto por meio da Divindade (Deus, Jesus);

1,6% respondeu ser o Pai; 2,4% responderam que seu ídolo é um atleta; 6,1% que é

artistas; e 69,8% não responderam. A porcentagem dos que afirmaram não possuir

esse elemento em sua vida foi expressiva, talvez porque esses jovens fazem parte de

uma religiosidade em que afirma ser “pecado” a existência de ídolos na vida dos seus

seguidores. Os que responderam Jesus repetiram uma prática comum entre esses

jovens ou porque simplesmente acreditam que se tratando de Jesus, então não é

pecado.

Tabela 6 – Distribuição da frequência dos jovens que tem ídolos distribuídos por faixas

etárias.

Pergunta 17a: Você tem algum ídolo?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam jovens 2 2 3 7

% Total ,8% ,8% 1,2% 2,9%

sim Jovens 30 22 38 90

% Total 12,2% 9,0% 15,5% 36,7%

não Jovens 35 39 74 148

% Total 14,3% 15,9% 30,2% 60,4%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Na pesquisa, portanto, observa-se que a população pesquisada

contraria a essa característica da teoria de Knobel, quando ele afirma que o adolescente

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na busca pela sua identidade, elege um herói que pode estar perto e fazer parte de suas

relações sociais, ou, longe que pode ser um cantor, um líder religioso, um ator, etc.

Na tabela 7 observamos a porcentagem de 72,2% que não mudam de

opinião sobre temas diferentes, o que contraria a teoria de identidade, pois, segundo

Knobel, o adolescente em contato com o meio social e com questões sociais, ele

deveria mudar as suas opiniões, pois desta maneira desenvolverá a sua identidade.

Devemos destacar, porém, que a porcentagem maior encontra-se nos jovens de 21 a 25

anos. O que podemos considerar que já conseguem definir melhor em que acreditam

ou porque já passaram pela universidade ou pela sua maturidade emocional e afetiva.

Tabela 7 – Distribuição da frequência dos jovens que mudam de opinião, distribuídos

por faixas etárias.

Pergunta 22: Você costuma mudar de opinião com freqüência sobre

diferentes temas?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 2 0 0 2

% Total ,8% ,0% ,0% ,8%

Sim Jovens 21 16 28 65

% Total 8,7% 6,6% 11,6% 27,0%

não Jovens 43 46 85 174

% Total 17,8% 19,1% 35,3% 72,2%

Total Jovens 66 62 113 241

% Total 27,4% 25,7% 46,9% 100,0%

A população das faixas etárias de 15 a 17 e 18 a 20, expressam com

uma porcentagem considerável que não mudam de opinião, contrariando a teoria de

Knobel que afirma que estes mudam de opinião o tempo todo para definirem suas

identidades. Então porque a nossa população não muda? Talvez porque de alguma

maneira, tentam manter o grupo coeso alcançando a uniformidade do mesmo e assim

conseguem preservar e manter a sua identidade, bem como do grupo.

3.3 Discutindo o gosto musical

Os participantes da pesquisa quando questionados sobre seu gosto

musical, 96,3% responderam gostar de música, enquanto apenas 2,9% afirmaram não

gostar de música. Perguntados sobre o período que ouvem música, 42,9% afirmaram

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ouvir de uma a duas horas por dia; 12,7%, de duas a 3 horas por dia; 11,4%, de três a

quatro horas por dia; 56,9% de quatro a cinco horas por dia; 13,5, de cinco a dez por

dia.

Tabela 8 – Distribuição da frequência dos jovens e o tempo que ouvem musica.

Pergunta 7: Quantas horas você costuma ouvir música por dia?

P1 Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam jovens 11 8 12 31

% Total 4,5% 3,3% 4,9% 12,7%

1 a 2 horas por dia jovens 26 24 55 105

% of Total 10,6% 9,8% 22,4% 42,9%

2 a 3 horas por dia jovens 4 7 20 31

% Total 1,6% 2,9% 8,2% 12,7%

3 a 4 horas por dia jovens 11 8 9 28

% Total 4,5% 3,3% 3,7% 11,4%

4 a 5 horas por dia jovens 8 4 5 17

% Total 3,3% 1,6% 2,0% 6,9%

5 a 10 horas por dia jovens 7 12 14 33

% Total 2,9% 4,9% 5,7% 13,5%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

A música ocupa um lugar significativo na vida das pessoas em

todos os momentos de seu desenvolvimento. Como aponta Jourdain (1998), a música

para alguns estudiosos funciona como uma linguagem universal, passada de geração

para geração. Nesse sentido, é possível entender a presença da música no cotidiano do

ser humano, em especial dos jovens. Podemos confirmar a importância da música,

quando verificamos os resultados da tabela 7, que indicam a quantidade de horas que

os adolescente ouvem música durante o dia.

Na busca de uma organização psicológica e física, o adolescente

consegue por meio da música identificar e discriminar os sentimentos/emoções que

estão experimentando. Portanto, no momento que opta por um ritmo ou estilo é como

se por meio deste gosto musical conseguisse equilibrar essa desordem sentimental que

se instalou. Neste sentido a musica é capaz de criar ordem a partir do caos, pois,

segundo Menuhim (1972), o ritmo impõe unanimidade ao divergente, a melodia

impõe continuidade ao desconhecido e a harmonia impõe compatibilidade ao

incongruente. Ouvir música freqüentemente tem o objetivo de satisfação emocional e

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social; para passar o tempo, aliviar os aborrecimentos, a solidão, para relaxar e lidar

com problemas, melhorar o estado de espírito,etc.

Os jovens ouvem música regularmente e criam a sua própria música

em grupos de amigos, imitam seus cantores preferidos, discutem música com seus

pares. A música como podemos verificar possui funções psicológicas, cognitiva-

emocional e social. Podemos observar as funções sociais da música manifestadas na

regulação dos estados emocionais, no desenvolvimento da identidade e das relações

interpessoais. Os jovens experimentam a música através da linguagem e do grupo em

que estão inseridos. Knobel (1981) chamou de tendência grupal. A música sempre fez

parte da vida das comunidades presbiterianas, mesmo quando essas canções não

refletia muito a realidade sociocultural do momento em que os jovens viviam. Um

exemplo disso é quando na ditadura militar, a música expressava a fé e sua esperança

em um céu vindouro e na eternidade. O que percebemos é que muitas comunidades

reformadas, em especifico as Ipis, não conseguiram adaptar-se a essa nova cultura

musical, criando um distanciamento dos jovens com suas comunidades.

Foi perguntado de que maneira esses jovens ouvem música e as

respostas foram: 42,9% disseram que ouvem por meio de CD, 67,3% afirmaram que

pela internet, 13,1% escutam música pelo rádio, 2,9 % informaram que utiliza a TV,

outros 2,9% utilizam o youtube e finalmente 12,7% pelo celular.

Constatou-se que o estilo musical preferido e escutado por estes

jovens são: blues 17,1%, coutry 11,0%, eletro 36,7%, gospel 76,3%, jazz 11,8%,

samba 19,6%, salsa 2,4%, caipira 4,1%, sertaneja 46,1%, MPB 33,9%, forro 10,2 %,

Techno 11,4%, rock e roll 38,8%, pop rock 52,7%, funk 10,2%, rap 18,8%, hip hop

20,4%, reggae 28,6%, emo 8,6%, had rock 10,2% , house 9,0%, axé 7,8%, grunge

4,1%, outro estilo que foi sugerido de 8,6%.

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Quadro 3: Distribuição da frequência dos estilos escolhidos pelos jovens.

Quando perguntado sobre qual o estilo que se ouve e canta na igreja,

os resultados foram: gospel com 89,4%, pop rock com 17,6%, hinos tradicionais

58,8%.

Quadro 4: Distribuição de frequência dos estilos que se ouve e canta na igreja.

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Foi perguntado o que mais se ouve, 69,0% disseram gospel para

13,1% são os hinos tradicionais.

Quadro 5: Distribuição de frequência dos estilos que mais se ouve.

A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil faz parte de uma

tradição protestante reformada como abordamos anteriormente, ou seja, possui uma

estrutura litúrgica em torno da palavra e sempre valorizou sua tradição musical que

são seus hinos. Desta forma, este dado de 58,8% como preferência pelos hinos

tradicionais nos revelam ainda uma resistência enorme contra a cultura gospel pela

instituição em se manter aquilo que é memória histórica e simbólica de uma

construção de fé.

A música tem feito parte de todas as áreas da vida humana, quer

seja individual ou coletiva. A prática musical está ligada a movimentos geradores ou

propagadores de determinados gostos como foi visto em Bourdieu. Assim, a música

popular brasileira é resultado de interesses de grupos que queriam de alguma maneira

impôr sua cultura. Nas décadas finais do século XX, a música popular brasileira passou

por várias mudanças e se caracterizou pela sua diversificação. Hoje, existe uma

pluralidade e diversidade de gêneros, fontes, ritmos, acompanhando tanto a

descompressão de costumes, quanto a democratização do país. Aconteceu nessas

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décadas também a consolidação da mídia eletrônica de várias maneiras associadas à

industria da música. O que prevalece hoje no Brasil é a cultura de massa.

Dessa maneira, o cenário e as interações dentro do campo religioso não

podiam ser diferentes. Ressaltamos a explosão gospel que trouxe consigo formas de

expressão artística dotando o cenário religioso de uma nova cara. Conceito como

“hibridismo cultural” formulado por teóricos estudiosos culturais tem usado o conceito

para explicar esse novo modo de vida de louvor e de participação das atividades

religiosas.

A pesquisa parece identificar que a grande preferência musical dessa

população jovem se trata do estilo gospel. Assim a juventude das comunidades

pesquisadas fazem ou fizeram hibridismo cultural, ou seja, mantém o vinculo com estas

comunidades tradicionais, identificadas como igrejas reformadas, porém, adicionaram à

estas igrejas a ideologia de consumo e cultura midiática. O gosto musical desses jovens

só expressam os resultados do momento histórico em que estão vivendo.

Foi questionado se estes jovens cantam na igreja o mesmo estilo que

eles escutam diariamente, a resposta foi: 42,4% cantam o que se ouve, contra 57,6%

informa que não, não cantam o mesmo estilo que escutam diariamente. O que nos leva

a pensar que a igreja não consegue responder ao gosto musical dos jovens, mesmo que

muitas dessas comunidades já se utilizem da música gospel não consegue contemplar a

todos os gostos musicais destes jovens.

Tabela 9 – Distribuição da frequência dos jovens que canta na igreja e sua preferência

musical distribuídos por faixas etárias.

Pergunta 20: Você gostaria que fosse o mesmo estilo na igreja

que você ouve?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sim jovens 27 23 54 104

% Total 11,0% 9,4% 22,0% 42,4%

Não jovens 40 40 61 141

% Total 16,3% 16,3% 24,9% 57,6%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Muitos outros movimentos musicais surgiram e se tornaram como

fenômenos musicais como o da música sertaneja, axé, a cultura hip-hop, funk e rap, que

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nasce e ganha força na e entre as periferias, sem necessitar de consentimento das classes

médias. O funk e o rap logo conquistaram amplo espaço na classe média, o que

demonstra um trânsito mais fácil e aberto entre estratificações sociais. A cultura hip-hop

estaria ligadao a uma demanda de inclusão social de setores em que é marcado pela

ausência do Estado e de políticas públicas. Fornecendo para estes setores o incentivo

para se construir uma identidade social autônoma, assumindo-se como excluído, como

demonstrado entre outras maneiras pela musica dos gigantescos bailes rap-funk.

Tabela 11 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a preferência pelo funk

distribuídos por faixas etárias.

Pergunta 9: Qual estilo de música você mais gosta?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem

funk jovens 9 11 5 25

% Total 3,7% 4,5% 2,0% 10,2%

Não

ouvem

funk

jovens 58 52 110 220

% Total 23,7% 21,2% 44,9% 89,8%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

O hip-hop teve originou-se na cultura dos maiores centros urbanos

dos Estados Unidos. Desenvolvido pelas populações excluídas predominantemente

negras. Ao chegar no Brasil ganha cara própria, como tudo que se absorve do branco

colonizador, como o jazz que foi adicionado a outros ingredientes tropicais deu origem

a um novo estilo, a Bossa Nova.

Tabela 12 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a preferência pelo hip hop

distribuídos por faixas etárias.

Pergunta 9: Qual estilo de música você mais gosta?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem hip

hop

jovens 16 16 18 50

% Total 6,5% 6,5% 7,3% 20,4%

Não ouvem

hip hop jovens 51 47 97 195

% Total 20,8% 19,2% 39,6% 79,6%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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Nos anos de 1980, surgem as tribos urbanas que eram agrupamentos

de jovens, como, os punks e os darks. Neste período acontece um enfraquecimento do

movimento estudantil no Brasil, até porque esta identidade deixou de passar pela

política como ocorreu nos anos 60/70, ocorrendo um distanciamento da militância

tradicional do partido e sindicato.

Durante este processo nasce o movimento cultural hip-hop. Na década

de 1990, a juventude vive um distanciamento das grandes utopias transformadoras. As

subjetividades e as condições sociais desses jovens estavam marcadas por condições

diversas e distanciadas dos métodos de realização das utopias revolucionárias, é uma

geração individualista que não abre mão de seus desejos.

O resultado da nossa pesquisa parece nos apontar que estes estilos

musicais, em especial o hip hop, é a expressão de uma juventude que também perdeu

sua característica transformadora. Como já vimos anteriormente, é uma juventude

preocupada com suas próprias conquistas e sentimentos. Uma juventude que expressa

todas as características de uma cultura pós-moderna, principalmente o hibridismo

cultural e por isto tem em seu leque de gosto musical, todas as possibilidades de estilos

e ritmos que corresponde a preferência mundial.

A manutenção da cultura gospel acontece nas fronteiras culturais

iniciadas na sociedade capitalista e de consumo dos EUA. O gospel transpôs não só as

fronteiras de origem americana, como também pelo cristianismo contemporâneo, ambos

globalizados, tornando se uma nova cultura evangélica.

Tabela 13 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a preferência pelo gospel

distribuídos por faixas etárias.

Pergunta 9: Qual estilo de música você mais gosta?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem gospel jovens 48 44 95 187

% Total 19,6% 18,0% 38,8% 76,3%

Não ouvem

gospel jovens 19 19 20 58

% Total 7,8% 7,8% 8,2% 23,7%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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A característica das músicas gospel cantadas pelos jovens possui um

teor sentimental que podem levá-los a se emocionarem e fazer rememorar experiências

individuais de conversão e comunhão. Isto porque, essas músicas unem melodia e letra

e fazem com que as pessoas experimentem um sentido de esperança e segurança nos

atos divinos. Este estilo musical faz parte da renovação de gêneros musicais nacionais

ou mesmo estrangeiros, um processo que acompanha a globalização, a diversidade e o

pluralismo da sociedade pós-moderna.

O resultado da pesquisa é desafiador para tentarmos entender o que de

fato está ocorrendo nestas comunidades e sua identidade cultural. Parece haver, apesar

da grande presença da cultura gospel nestas comunidades, uma resistência para que pelo

menos parte da memória simbólica não deixe de existir.

A pesquisa continua questionando sobre o gosto musical e pergunta

se estes jovens gostam de música com mensagem social. O resultado foi o seguinte

que 76,7% afirmam gostar de música que carregam mensagem social, 20,8% afirmam

não gostar e 2,4% não responderam.

Tabela 14 – Distribuição da frequência dos jovens quanto o seu gosto por musica com

mensagem social distribuídos por faixas etárias.

Pergunta 18: Você gosta de música que traz mensagens de

consciência social?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não

responderam jovens 2 2 2 6

% Total ,8% ,8% ,8% 2,4%

Sim, jovens 49 46 93 188

% Total 20,0% 18,8% 38,0% 76,7%

Não, jovens 16 15 20 51

% Total 6,5% 6,1% 8,2% 20,8%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

A teoria de Knobel, afirma que a reivindicação social faz parte desse

momento de ser jovem. Nesta fase o jovem é visto como rebelde e aquele que se

manifesta contra o modo de vida estabelecido social e culturalmente. Nessa população é

possível identificar que 76,7% concordam com músicas com preocupação social.

Na tabela 15, constatamos que 82,4% responderam que sim, contra

15,1% disseram que não. Ao serem questionados quanto a importância de estilo/ritmo,

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25,7% disseram que é mais importante contra 66,1% que a letra/mensagem ser mais

importante em uma música e 7,3% disseram ser tanto ritmo/estilo quanto

letra/mensagem serem importantes.

Tabela 15 – Distribuição da frequência dos jovens que ao cantar expressa o que canta

distribuído em faixas etárias.

Pergunta 26: Ao cantar você expressa o que canta?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não

responderam jovens 3 2 1 6

% Total 1,2% ,8% ,4% 2,4%

Sim, jovens 52 51 99 202

% Total 21,2% 20,8% 40,4% 82,4%

Não, jovens 12 10 15 37

% Total 4,9% 4,1% 6,1% 15,1%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

A tabela 16, verificou-se nesta população a presença da expressão

corporal ao se cantar. Constatou que 82,4% afirmaram a importância de associar o que

estão cantando com a expressão corporal. Enquanto que, 15,1% afirmaram não ser

importante esta associação.

Ao serem perguntados sobre a importância dessa prática, 68,4%

consideraram importante a expressão corporal, enquanto, 31,6% não considerar

importante. A cultura gospel traz em seu bojo a expressão corporal, ou seja, além de

se buscar experiências emocionais através das musicas, a expressão corporal vem

como mais um item desse movimento.

Tabela 16 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a importância da expressão

corporal ao cantar por faixas etárias.

Pergunta 27: É importante a expressão corporal ao cantar?

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sim, jovens 41 39 87 167

% Total 16,8% 16,0% 35,7% 68,4%

Não, jovens 25 24 28 77

% Total 10,2% 9,8% 11,5% 31,6%

Total jovens 66 63 115 244

% Total 27,0% 25,8% 47,1% 100,0%

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104

Por que? 10,2% disseram que a expressão corporal ajuda na

expressão de emoção e sentimento, porém 89,8% não responderam. Outros 42,4%

responderam que se trata simplesmente de expressão.

O significado da música para estes jovens se revelou através da

pergunta o que significa a música? 29,4% disse que é lazer/prazer, 11,0% diz pela

simples fato de fazer parte da vida humana, 42,4% ser a forma de expressão e

comunicação de sentimentos, 6,5% traduz harmonia, 2.9% diz ser a musica

instrumento de comunicação, 10,2% outros motivos.

Quadro 6: Distribuição de frequência sobre o significado da música.

Em se tratando de música religiosa 57,1% diz que significa

louvor/adoração, 17,6% serve para explicar a “palavra de Deus”, 20,8% traduz

sentimento/emoção, 7,3% afirmam que música religiosa está diretamente ligada com a

igreja, 7,3% outros motivos que estão ligados a estilo, filosofia, forma de comércio,

cultura e que música pode servir de motivo de preconceito e divisão. Consideramos

essas respostas como tradução do que seja a cultura midiática. Uma cultura que se

caracteriza pelo consumo de bens religiosos.

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Quadro 7: Distribuição de frequência o que significa a música religiosa

Esses resultados confirmam o que anteriormente falamos sobre a

população jovem. Uma porcentagem bastante expressiva nos diz que a música

religiosa significa sentimento/emoção. Conforme destacamos em nossa pesquisa

bibliográfica, esses jovens não se contentam somente com a forma do saber

racionalizado, pensado. Esses jovens estão mais desejosos de sentir, tocar, reagir

emocionalmente e na adoração gospel ele é convidado a reagir e não apenas a escutar

e pensar como faz a liturgia e pregação reformada.

A expressão corporal já faz parte das mudanças propostas para uma

nova prática cúltica anterior ao gospel. Anterior ao gospel, tivemos na década de 90 a

tentativa de muitos jovens de se introduzir as palmas, movimentos pelo corpo ao se

cantar canções consideradas mais dançantes. A utilização de ritmos brasileiros surgiram

com mais frequência nas liturgias e eventos da IPis.

Como verificamos anteriormente 58,8% ainda tem preferência por

hinos, porém, este respeito à tradição hinológica que acompanha o presbiterianismo

desde os seus primórdios, tem experimentado todas estas mudanças e tendências

musicais. Além do universo litúrgico, práticas, músicas brasileiras de cunho mais

regional com letras portadoras de alguma preocupação social, foram incluídas nas

músicas presentes no universo evangélico brasileiro no qual a cultura musical “pop”

internacional fazia parte.

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Com esta música se mantém ainda mais a proposta de liberdade

completa de expressão corporal. O que nos parece é que a expressão corporal seja

mais expressivo entre os jovens da faixa etária dos 21 a 25 anos porque estes já

passaram daquele momento de mudanças corporais, estão mais seguros quanto a sua

corporeidade e portanto mais seguros quanto a sua própria expressão.

Acrescenta Fromm (1971), que fatores culturais podem facilitar,

encorajar ou modificar parcial ou totalmente as expressões emocionais. E ainda,

podemos inferir que as escolhas dos outros estilos musicais estejam muito mais

relacionadas com o grupo do que com a cultura. As origens dos outros estilos

basicamente são de três gêneros musicais distintos, tais como: o jazz, o country e o

blues, que foram se transformando ao longo de tempo e da cultura vigente da época,

influenciados por motivos diversos como, por exemplo, a supremacia de uma cultura

norte americana que ao longo do tempo foi estabelecendo supremacia do que se

produzia aqui no Brasil.

Entendemos que a música, para os jovens, funciona como forma de

introjeção e projeção do seu estado emocional. Neste momento é que aprenderão a

discernir cada sentimento e emoção. Nesse sentido a musica poderá servir como um

instrumento de transição para auxiliar no processo de desenvolvimento desses jovens.

Conclusão

A leitura e análise feita dos dados recolhidos da pesquisa

possibilitaram traçar o perfil dos adolescentes e jovens que participaram. As

características de Knobel foi facilmente localizadas por meio das respostas dadas.

Especificamente em se tratando de música, pudemos constatar a sua presença na vida

diária destes jovens. A música como linguagem universal do som e da emoção

proporcionou que é imprescindível estudá-la se queremos entender e conhecer o

mundo adolescente e jovem. Por meio dela expressam suas reivindicações, seus

confrontos com o grupo familiar, suas necessidades de encontro com os grupos, a

busca de uma identidade própria, a busca de um ídolo, substituindo seus pais, sua

religiosidade ou a ausência dela, a necessidade de intelectualizar e fantasiar, o modo

como a música proporciona essas fantasias e intelectualizações.

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A música ocupa um lugar bem presente na vida das pessoas em

todos os momentos de seu desenvolvimento. Como aponta Jourdain (1998), a música

para alguns estudiosos funciona como uma linguagem universal, passada de geração

para geração. Nesse sentido, é possível entender a presença da música no cotidiano do

ser humano, em especial dos jovens. Podemos confirmar a importância da música,

quando verificamos os resultados da tabela 7, que indicam a quantidade de horas que

os adolescente ouvem música.

Os jovens ouvem música regularmente e criam a sua própria

música em grupos de amigos, imitam seus cantores preferidos, discutem música com

seus pares. Segundo Palheiros (2004) apud Merrian (1964); Hargreves (1999) e North

(1999), há três funções psicológicas da música, cognitiva-emocional e social, sugerem

que as funções sociais da música podem ser manifestadas na regulação dos estados

emocionais, e no desenvolvimento da identidade e das relações interpessoais.

Experimentam a música através da linguagem e do grupo em que estão inseridos, o

que Knobel (1981) vai chamar de tendência grupal

A pesquisa parece identificar que a grande preferência musical dessa

população jovem se trata do estilo gospel, revelando o hibridismo cultural desenvolvido

nas comunidades tradicionais, identificadas como igrejas reformadas, que tem seus bens

religiosos adicionados à ideologia de consumo e cultura midiática. O gosto musical

desses jovens só expressam os resultados do momento histórico em que estão vivendo.

Muito parecidos com a juventude dos anos 90, eles aderiram aos movimentos religiosos

ligados às igrejas pentecostais católicos e evangélicos, porém com uma diferença, uma

total ausência de participação por algum ideal político, social, educacional.

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Considerações finais

O tema da presente dissertação tentou relacionar dois eventos bastante

significativos para a vida jovem evangélico: a identidade jovem e a música religiosa. A

escolha do tema foi porque, primeiro, a música sempre esteve e está presente na vida

dos jovens e adolescentes e como vimos no capítulo segundo, influenciando, mudando e

moldando comportamentos. A música é um importante elemento na formação da

personalidade do ser humano, no seu desenvolvimento físico, intelectual e emocional.

Portanto essas influências estão presentes em todos os segmentos desses indivíduos

jovens. Segundo, porque definir a maneira de como se constroe a identidade jovem é

alvo de muitos teóricos da psicologia, sociologia, por causa de sua complexidade. A

identidade dos indivíduos vai se definindo a partir da adolescência quando esses deixam

o grupo familiar e entram em contato com outras pessoas e outros grupos. Essa

construção é orientada pelas identificações que esses jovens vão estabelecendo com os

elementos simbólicos de cada cultura. A medida que a cultura muda, altera também a

relação com estes elementos e a identidade de seus membros. A juventude conforme

Cecília Mello e Regina Novaes (2002) é um retrato projetivo da sociedade que

expressa as angústias, os medos em relação ao presente e as possibilidades de futuro

em uma sociedade contemporânea que as mudanças acontecem de maneira mais

intensa, rápida e dinâmica.

Partimos da hipótese que estas mudanças da sociedade pós-moderna

causaram alterações no comportamento e gosto dos jovens e adolescentes, provocando

a definição de uma nova identidade. Os resultados obtidos neste trabalho

possibilitaram dados que permitiram compreender aspectos que envolvem a busca de

identidade jovem e sua relação com a fé. Nesse sentido se verificou que tanto os

jovens como a instituição religiosa da qual eles fazem parte, foram alcançadas por

tais mudanças e sofreram os efeitos da globalização. Estes jovens para manterem-se

nas igrejas locais lançaram mão de novos recursos simbólicos impostos por uma nova

cultura globalizada. Graças a televisão, ao rádio, a internet, eles tiveram o gosto

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musical alterado. Observamos ainda, que tais mudanças produziram uma nova postura

diante da instituição o que chamaríamos de uma postura anti-institucional. O

resultado foi o surgimento de novas práticas religiosas, entre outras, as ligadas ao

lugar da prédica no culto, abrindo mais espaço para práticas que seriam conhecidas

nos “louvorzão”.

Os jovens são os responsáveis por aprender e manter toda a

construção simbólica, ritos e costumes, de sociedades ou instituições nas quais eles

vivem, conforme vimos em Hervièu-léger (2005), até porque a própria cultura está e

sofre interferências em todo tempo. Porém, essa autora afirma que as pessoas

constroem sua própria identidade sócio-religiosa a partir dos diversos recursos

simbólicos colocados a sua disposição e que podem ter acesso diante das experiências

em que estão implicados. O que não é bem assim para Hall (2005). Para ele essa

instabilidade da identidade está relacionada com as mudanças que a modernidade pode

exercer sobre as pessoas, e como os impactos que a globalização exerce no surgimento

e manutenção da identidade cultural. Por isso, é inevitável que os jovens evangélicos

tenham sofrido estes impactos da globalização e alterado os seus gostos musicais.

Como foi visto anteriormente o adolescente define a sua identidade

através do meio em que ele está inserido, pois, o jovem é um ser bio-psico-social, e

que, portanto, suas escolhas e suas ações são definidas pela cultura na qual faz parte.

Viu-se também que a música segundo Willens (1970), pode favorecer esse

desenvolvimento bio-psico-social do ser humano, e que, portanto, teria efeitos sobre a

formação da personalidade deste ser humano e sua maneira de ser. A identidade

psicossocial surge com a percepção de pertença a um grupo e não a outro. A percepção

social consiste em categorizar, agrupar em categorias, pessoas possuidoras de

características e pessoas não possuídas por outras. As primeiras constituem um grupo,

as demais, um outro que, por essa razão, se distinguem, se contrapõe e se conflitam. A

pertença a um grupo pode resultar da escolha da pessoa, mas também uma imposição

externa ou do acaso. O Importante é a percepção de pertencer e um grupo, pois, o que

se torna relevante é o seu elemento motivacional de auto estima que inicia, mantém,

modifica ou termina o processo de adesão ao grupo

Por isso, o adolescente e o jovem vivem em grupos.

Constatamos essa teoria de Knobel em nossa população quando a resposta de

pertencer a um grupo e até mais que um, revela uma característica do ser adolescente.

O adolescente recorre às situações favoráveis como a uniformidade que proporciona

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segurança e estima pessoal. A uniformidade é um processo de dupla identificação em

massa, na qual todos se identificam com cada um. A “tendência grupal” acontece em

um momento de troca bastante significativa na vida do adolescente, ou seja, o

adolescente deixa de considerar temporariamente sua família de origem para viver em

grupos de pares ou de iguais, identificando-se com eles e participando dos

movimentos expressões de alegria, tristeza, raiva, reivindicações sociais e ainda

experiências novas com os grupos. Knobel (1981), aponta que a tendência grupal

possibilita na adolescência a interação de seus problemas com os da sociedade na qual

vive, obriga-o a pensar em buscar soluções por meio da utilização dos grupos.

Outra característica que tem grande importância para a dissertação é

que neste período o adolescente se mostra um ateu exacerbado ou um místico muito

fervoroso, alcançando os extremos de cada situação, passando de um lado para outro

com muita facilidade. A questão da religiosidade aparece nesta fase com mais

intensidade não por acaso, devido a sua angústia de viver o luto pelas perdas que é

acometido, como o corpo infantil, a possibilidade de morte e morte de seus pais

infantis. Esta busca pela divindade e de suas verdades absolutas pode significar uma

saída menos frustrante para este período. O que pudemos perceber ainda nos

resultados da pesquisa foi exatamente uma população muito fervorosos. Itens como,

leitura da bíblia como leitura preferida, ter em Jesus como ídolo, ouvir música gospel

e afirmar que a música religiosa é a expressão daquilo que estão sentindo e pensando,

revela o quanto estes adolescente e jovens usam da religião como elemento presente

na busca pela suas identidades psicossocial e religiosa.

Assim como Knobel, Erikson também vê o grupo social e sua

cultural extremamente importante para que o adolescente defina sua identidade. Como

afirmou o autor, a identidade é o desenvolvimento da personalidade que possui a

dimensão biológica, a social e a individual (ego) e que, portanto cada ser humano tem

uma necessidade de sentir-se único, necessidade que provém do esforço inconsciente

para manter a continuidade da experiência. Essa manutenção é feita por meio da

cultura que se está inserido. A cultura fornece um conjunto de rótulos e diretrizes que

permitem que o ego, a medida que se desenvolve, formule um identidade. A igreja é

um grupo social que dispõe desses elementos para oferecer aos jovens condições de

definirem sua identidade. O que pudemos constatar é que a participação nessas

comunidades locais está mais relacionada com a “turma” da igreja que, por qualquer

outro motivo. O grupo possibilita esse bem estar afirmado por Knobel.

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O mais interessante, segundo Erikson, é que não podemos separar o

desenvolvimento pessoal da transformação comunitária. Assim como não podemos

separar a crise de identidade na vida individual e a crise contemporânea no

desenvolvimento histórico porque ambas ajudam a definir à outra e estão

verdadeiramente relacionados entre si como uma espécie de relatividade psicossocial

ERIKSON,1976). Assim como as pessoas sofreram pelas influencias da globalização,

as instituições tiveram que diante dessas mudanças rever seu bens simbólicos para

atender a esses novos indivíduos.

Muitas das nossas comunidades locais se ajustaram diante das

propostas da nova cultura que se instalou. A cultura gospel trouxe para o meio das

instituições evangélicas novos bens simbólicos e a música faz parte. Segundo Fowler

(1992) quando esses elementos chegam a expressar a fé dos novos aderentes, a

tradição é ampliada e modificada, ganhando assim nova vitalidade. Os adolescentes e

jovens vivem esta ampliação quando fazem hibridismo cultural com os elementos da

tradição e os novos elementos de uma cultura gospel, ou seja, faz o cruzamento dos

elementos daquela com os elementos dessa nova cultura e as novas mídias, estilos

visados e estratégias de marketing consolidadas pela indústria cultural. A penetração

da propaganda da TV e dos meios de comunicação foi tão intenso, com a TV

produzindo um excesso de imagens e informações que ao ameaçar nosso sentido de

realidade, provocou uma ruptura do senso de identidade do individuo, alterando a

crença na vida e seus significados.

Porém, pudemos perceber por meio de Pierre Bourdieu que fazermos

opções por determinados gostos musicais está relacionado com os processos sociais

vividos pelo grupo na qual se faz parte. Os gostos distinguem as pessoas e os grupos.

Por isso, ele afirma e enfatiza que a herança cultural provém o habitus, que se

estabelece por determinada herança cultural, e os símbolos culturais são expressões da

cultura de uma nação, época, ou classe social. A cultura gospel é uma cultura de massa,

por isso, a identificação massiva dos adolescentes e jovens da nossa pesquisa.

O que se viu foram os fiéis da IPI adotam estes modelos musicais da

sociedade de consumo pós-moderna, assim esses jovens cantam nas comunidades

locais o mesmo que se canta no seu cotidiano. Eles aderem as mesmas modas, são

atraídos por celebridades construídas de acordo com as leis ditadas no mercado

secular. O resultado deste processo foi a simpatia por parte desses jovens a estes

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modelos musicais que são por eles adotados como referencial de música para ser

apreciada e consumida, a música gospel.

Temos um cenário resultante das mudanças culturais do século XX. A

globalização e a secularização dos bens religiosos promoveram uma nova cultura, a

gospel. O grupo é que oferece aos seus membros os bens pela qual serão elaborados

toda a sua construção simbólica. Portanto, se a própria cultura está e sofre

interferências em todo tempo, como garantir que os jovens e adolescentes consigam

construir e manter sua própria identidade sócio-religiosa a partir dos diversos recursos

simbólicos colocados a sua disposição e que podem ter acesso diante das experiências

em que estão implicados? Uma vez que também a cultura sócio-religiosa sofreu e

sofre todas as mudanças que a modernidade pode exercer sobre as pessoas, e os

impactos que a globalização exerce no surgimento e manutenção da identidade

cultural. Diante desses questionamentos, a pergunta que fica desafiando-nos para

futuras pesquisas é exatamente se a cultura que encontramos hoje conseguirá se

manter diante de futuras mudanças culturais. Esses jovens terão condições de manter e

guardar toda a construção simbólica, ritos e costumes, de sociedades ou instituições

nas quais eles vivem e pelo qual são responsáveis?

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Anexo 1

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QUESTIONÁRIO SOBRE MUSICA E JUVENTUDE EM COMUNIDADES DA IGREJA PRESBITERIANA INDEPENDENTE DO BRASIL NO ESTADO DE

SÃO PAULO

1. Data de nascimento ___/____/___

2. Gênero: ( ) fem ( ) masc

3. Você estuda? ( ) Sim ( ) Não

O que estuda, cursa? _____________.

4. Qual estado civil: ( ) casado ( ) solteiro ( ) separado ( ) divorciado

5. Mora com ( ) família (pais, irmãos) ( ) com família (avós e outros)

( ) outras pessoas Quais? __________________________________.

6. Você gosta de música? ( ) sim ( ) não

7. Quantas horas você costuma ouvir música por dia? ___________.

8. Você ouve música de que maneira? ( ) Cd ( ) MP4 ( ) baixa pela Internet

Outras maneiras? Qual ___________________________________________.

9. Qual tipo/estilo de música que você mais gosta? Pode assinalar mais de uma opção.

Blues samba forró rap house

country salsa techno hip hop axé

eletrônica, caipira rock e roll reggae grunge

gospel sertaneja pop/rock emo Hinos tradicionais

jazz MPB funk had rock

10.Outros Qual? _________ 11. Qual você mais ouve? ____________________________________ 12. Qual tipo/estilo de música que você canta na igreja? Pode assinalar mais de uma opção.

Blues samba forró rap house

country salsa techno hip hop axé

eletrônica, caipira rock e roll reggae grunge

gospel sertaneja pop/rock emo Hinos tradicionais

jazz MPB funk had rock

13.Outros Qual? _________ 14. Qual você mais ouve? ____________________________________

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121

Perguntas Sim Não 15. Você gosta de ler?

Qual foi o ultimo livro que leu? Quando foi?

16. Na maioria das vezes você segue a sua vontade?

17. Você tem algum ídolo? Qual ?

18. Você gosta de música que traz mensagens de consciência social?

19. Você canta na igreja o mesmo estilo que você ouve?

20. Você gostaria que fosse o mesmo estilo na igreja e o que você

ouve?

21. Quando você ouve música é o seu estilo que predomina?

22. Você costuma mudar de opinião com freqüência sobre temas

diferentes?

23. Você costuma e/ou gosta de acompanhar seus pais nos programas

que eles fazem?

24. Além da igreja você frequenta algum outro grupo social?

Qual?

25. O que é mais importante na música? ( ) estilo/ritmo ( ) letra/mensagem 26. Ao cantar você expressa o que canta? ( ) sim ( ) não 27. É importante a expressão corporal ao cantar? ( ) sim ( ) não Por que? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 28. Você tem a sua própria turma? Qual? Por que? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 29. O que significa a música para você? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 30. O que significa a música religiosa para você?

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122

ANEXO 2

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123

Tabelas de frequências

Tabela 1 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias.

Idade

Frequencia Porcent Valid Porcent

Porcent

cumulada

Validos 15 a 17 67 27,3 27,3 27,3

18 a 20 63 25,7 25,7 53,1

21 a 25 115 46,9 46,9 100,0

Total 245 100,0 100,0

Tabela 2 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se estudam.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

sim jovens 60 48 63 171

% Total 24,5% 19,6% 25,7% 69,8%

não jovens 7 15 52 74

% Total 2,9% 6,1% 21,2% 30,2%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 3 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias das comunidades.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 13 20 60 93

% Total 5,3% 8,2% 24,5% 38,0%

graduação Jovens 6 23 39 68

% Total 2,4% 9,4% 15,9% 27,8%

Ensino técnico jovens 1 3 5 9

% Total ,4% 1,2% 2,0% 3,7%

Ensino médio Jovens 42 10 3 55

% Total 17,1% 4,1% 1,2% 22,4%

Outros cursos Jovens 5 7 8 20

% Total 2,0% 2,9% 3,3% 8,2%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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124

Tabela 4 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e quantas horas

ouvem música.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 11 8 12 31

% Total 4,5% 3,3% 4,9% 12,7%

1 a 2 horas por dia

Jovens 26 24 55 105

% Total 10,6% 9,8% 22,4% 42,9%

2 a 3 horas por dia Jovens 4 7 20 31

% Total 1,6% 2,9% 8,2% 12,7%

3 a 4 horas por dia Jovens 11 8 9 28

% Total 4,5% 3,3% 3,7% 11,4%

4 a 5 horas por dia Jovens 8 4 5 17

% Total 3,3% 1,6% 2,0% 6,9%

5 a 10 horas por dia Jovens 7 12 14 33

% Total 2,9% 4,9% 5,7% 13,5%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 5 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem música

pelo youtube.

Idade

Total 15 a 17 21 a 25

Ouvem jovens 2 5 7

% Total 28,6% 71,4% 100,0%

Total jovens 2 5 7

% Total 28,6% 71,4% 100,0%

Tabela 6 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem música

pelo celular.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem Jovens 13 6 12 31

% Total 41,9% 19,4% 38,7% 100,0%

Total Jovens 13 6 12 31

% Total 41,9% 19,4% 38,7% 100,0%

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Tabela 7 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem blues.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem blues Jovens 14 10 18 42

% Total 5,7% 4,1% 7,3% 17,1%

Não ouvem blues Jovens 53 53 97 203

% Total 21,6% 21,6% 39,6% 82,9%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 8 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem coutry.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem coutry Jovens 4 11 12 27

% Total 1,6% 4,5% 4,9% 11,0%

Não ouvem coutry Jovens 63 52 103 218

% Total 25,7% 21,2% 42,0% 89,0%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 9 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem eletro.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem eletro Jovens 35 25 30 90

% Total 14,3% 10,2% 12,2% 36,7%

Não ouve eletro Jovens 32 38 85 155

% Total 13,1% 15,5% 34,7% 63,3%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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Tabela 10 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem gospel.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem gospel Jovens 48 44 95 187

% Total 19,6% 18,0% 38,8% 76,3%

Não ouvem gospel Jovens 19 19 20 58

% Total 7,8% 7,8% 8,2% 23,7%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 11 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem MPB.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem MPB Jovens 19 20 44 83

% Total 7,8% 8,2% 18,0% 33,9%

Não ouvem MPB Jovens 48 43 71 162

% Total 19,6% 17,6% 29,0% 66,1%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 12 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem forró.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem forró jovens 4 7 14 25

% Total 1,6% 2,9% 5,7% 10,2%

Não ouvem forró Jovens 63 56 101 220

% Total 25,7% 22,9% 41,2% 89,8%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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Tabela 13 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem Techno.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem techno Jovens 9 10 9 28

% Total 3,7% 4,1% 3,7% 11,4%

Não ouvem techno Jovens 58 53 106 217

% Total 23,7% 21,6% 43,3% 88,6%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 14 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem rock.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem rock e roll Jovens 28 27 40 95

% Total 11,4% 11,0% 16,3% 38,8%

Não ouvem rock e roll Jovens 39 36 75 150

% Total 15,9% 14,7% 30,6% 61,2%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 15 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem

pop/rock.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem pop/rock Jovens 37 36 55 128

% Total 15,1% 14,7% 22,4% 52,2%

Não ouvem pop/rock Jovens 30 27 60 117

% Total 12,2% 11,0% 24,5% 47,8%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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128

Tabela 16 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem funk.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem funk jovens 9 11 5 25

% Total 3,7% 4,5% 2,0% 10,2%

Não ouvem funk Jovens 58 52 110 220

% Total 23,7% 21,2% 44,9% 89,8%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 17 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem rap.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem rap Jovens 13 15 18 46

% Total 5,3% 6,1% 7,3% 18,8%

Não ouvem rap Jovens 54 48 97 199

% Total 22,0% 19,6% 39,6% 81,2%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 18 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem hip hop.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem hip hop jovens 16 16 18 50

% Total 6,5% 6,5% 7,3% 20,4%

Não ouvem hip hop Jovens 51 47 97 195

% Total 20,8% 19,2% 39,6% 79,6%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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129

Tabela 19 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem estilo

reggae.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem reggae Jovens 23 18 29 70

% Total 9,4% 7,3% 11,8% 28,6%

Não ouvem reggae Jovens 44 45 86 175

% Total 18,0% 18,4% 35,1% 71,4%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 20 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem estilo

emo.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem emo Jovens 8 10 3 21

% Total 3,3% 4,1% 1,2% 8,6%

Não ouvem emo jovens 59 53 112 224

% Total 24,1% 21,6% 45,7% 91,4%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 21 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem estilo

had rock.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem had rock Jovens 6 11 8 25

% Total 2,4% 4,5% 3,3% 10,2%

Não ouvem had rock Jovens 61 52 107 220

% Total 24,9% 21,2% 43,7% 89,8%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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Tabela 22 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem house.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem house Jovens 6 9 7 22

% Total 2,4% 3,7% 2,9% 9,0%

Não ouvem house Jovens 61 54 108 223

% Total 24,9% 22,0% 44,1% 91,0%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 23 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem estilo

axé.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem axé Jovens 7 6 6 19

% Total 2,9% 2,4% 2,4% 7,8%

Não ouvem axé Jovens 60 57 109 226

% Total 24,5% 23,3% 44,5% 92,2%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 24 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem estilo

grunge.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem grunge Jovens 1 6 3 10

% Total ,4% 2,4% 1,2% 4,1%

Não ouvem grunge Jovens 66 57 112 235

% Total 26,9% 23,3% 45,7% 95,9%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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Tabela 25 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e que mais gosta de

ouvir estilo hinos.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem hinos jovens 10 12 35 57

% Total 4,1% 4,9% 14,3% 23,3%

Não ouvem hinos Jovens 57 51 80 188

% Total 23,3% 20,8% 32,7% 76,7%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 26 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se gosta de ler.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam jovens 2 1 1 4

% Total ,8% ,4% ,4% 1,6%

Gostam de ler Jovens 30 36 73 139

% Total 12,2% 14,7% 29,8% 56,7%

Não gostam de ler Jovens 35 26 41 102

% Total 14,3% 10,6% 16,7% 41,6%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 27 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência de

leitura.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Bíblia jovens 1 2 3 6

% Total 16,7% 33,3% 50,0% 100,0%

Total jovens 1 2 3 6

% Total 16,7% 33,3% 50,0% 100,0%

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Tabela 28 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência por

literatura religiosa.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

literatura religiosa jovens 7 11 21 39

% Total 17,9% 28,2% 53,8% 100,0%

Total jovens 7 11 21 39

% Total 17,9% 28,2% 53,8% 100,0%

Tabela 29 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência por

literatura de ficção.

Idade

Total 15 a 17 21 a 25

Literatura ficção Jovens 1 1 2

% Total 50,0% 50,0% 100,0%

Total Jovens 1 1 2

% Total 50,0% 50,0% 100,0%

Tabela 30 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência por

literatura de aventura.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Literatura de

aventura Jovens 4 2 8 14

% Total 28,6% 14,3% 57,1% 100,0%

Total Jovens 4 2 8 14

% Total 28,6% 14,3% 57,1% 100,0%

Tabela 31 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência por

literatura de auto ajuda.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Literatura de auto

ajuda

Jovens 2 2 8 12

% Total 16,7% 16,7% 66,7% 100,0%

Total Jovens 2 2 8 12

% Total 16,7% 16,7% 66,7% 100,0%

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Tabela 32 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência por

literatura de filosofia.

Idade

Total 18 a 20 21 a 25

Literatura de

filosofia

Jovens 1 10 11

% Total 9,1% 90,9% 100,0%

Total Jovens 1 10 11

% Total 9,1% 90,9% 100,0%

Tabela 33 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o tempo da ultima

leitura.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 57 52 89 198

% Total 23,4% 21,3% 36,5% 81,1%

não lêem a 1 ano Jovens 3 1 4 8

% Total 1,2% ,4% 1,6% 3,3%

Não lêem a 9

meses

jovens 0 1 3 4

% Total ,0% ,4% 1,2% 1,6%

Não lêem a 6

meses Jovens 0 1 10 11

% Total ,0% ,4% 4,1% 4,5%

Não lêem a 3

meses Jovens 3 4 3 10

% Total 1,2% 1,6% 1,2% 4,1%

Estão atualmente

lendo Jovens 4 3 6 13

% Total 1,6% 1,2% 2,5% 5,3%

Total Jovens 67 62 115 244

% Total 27,5% 25,4% 47,1% 100,0%

Tabela 34 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se faz a sua

vontade..

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 1 2 3 6

% Total ,4% ,8% 1,2% 2,5%

Sim, fazem sempre

a sua vontade Jovens 42 40 84 166

% Total 17,2% 16,4% 34,4% 68,0%

Não, fazem sempre

a sua vontade Jovens 23 21 28 72

% Total 9,4% 8,6% 11,5% 29,5%

Total Jovens 66 63 115 244

% Total 27,0% 25,8% 47,1% 100,0%

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134

Tabela 35 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se tem algum

ídolo.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 2 2 3 7

% Total ,8% ,8% 1,2% 2,9%

Tem ídolo Jovens 30 22 38 90

% Total 12,2% 9,0% 15,5% 36,7%

Não tem ídolos Jovens 35 39 74 148

% Total 14,3% 15,9% 30,2% 60,4%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 36 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e qual é o

personagem que serve como ídolo.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 40 47 84 171

% Total 16,3% 19,2% 34,3% 69,8%

Divindade Jovens 12 10 27 49

% Total 4,9% 4,1% 11,0% 20,0%

Pai Jovens 2 1 1 4

% Total ,8% ,4% ,4% 1,6%

Atleta Jovens 4 2 0 6

% Total 1,6% ,8% ,0% 2,4%

Artistas Jovens 9 3 3 15

% Total 3,7% 1,2% 1,2% 6,1%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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135

Tabela 37 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o gosto por

música com mensagem social.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 2 2 2 6

% Total ,8% ,8% ,8% 2,4%

Sim, Jovens 49 46 93 188

% Total 20,0% 18,8% 38,0% 76,7%

Não, jovens 16 15 20 51

% Total 6,5% 6,1% 8,2% 20,8%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 38 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se canta na igreja

o mesmo estilo que se ouve.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sim, Jovens 27 23 54 104

% Total 11,0% 9,4% 22,0% 42,4%

Não, Jovens 40 40 61 141

% Total 16,3% 16,3% 24,9% 57,6%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 39 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se o desejo é que

seja o mesmo ritmo na igreja.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 3 2 1 6

% Total 1,2% ,8% ,4% 2,4%

Sim, Jovens 52 51 99 202

% Total 21,2% 20,8% 40,4% 82,4%

Não, Jovens 12 10 15 37

% Total 4,9% 4,1% 6,1% 15,1%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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136

Tabela 40 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ao ouvir música e

o estilo de preferência.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 1 1 2 4

% Total ,4% ,4% ,8% 1,6%

Sim, Jovens 47 42 81 170

% Total 19,3% 17,2% 33,2% 69,7%

Não, Jovens 19 19 32 70

% Total 7,8% 7,8% 13,1% 28,7%

Total jovens 67 62 115 244

% Total 27,5% 25,4% 47,1% 100,0%

Tabela 41 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se muda de

opinião com freqüência.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 2 0 0 2

% Total ,8% ,0% ,0% ,8%

Sim, Jovens 21 16 28 65

% Total 8,7% 6,6% 11,6% 27,0%

Não, Jovens 43 46 85 174

% Total 17,8% 19,1% 35,3% 72,2%

Total Jovens 66 62 113 241

% Total 27,4% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 42 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se acompanha

seus pais nos programas deles.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 1 0 0 1

% Total ,4% ,0% ,0% ,4%

Sim, Jovens 39 37 61 137

% Total 15,9% 15,1% 24,9% 55,9%

Não, jovens 27 26 54 107

% Total 11,0% 10,6% 22,0% 43,7%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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137

Tabela 43 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se freqüenta outro

grupo social que não seja da igreja.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 0 0 4 4

% Total ,0% ,0% 1,6% 1,6%

Sim, jovens 39 32 55 126

% Total 15,9% 13,1% 22,4% 51,4%

Não, Jovens 28 31 56 115

% Total 11,4% 12,7% 22,9% 46,9%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 44 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ter turma na

faculdade.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sim, Jovens 1 6 12 19

% Total 5,3% 31,6% 63,2% 100,0%

Total jovens 1 6 12 19

% Total 5,3% 31,6% 63,2% 100,0%

Tabela 45 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ter turma no

trabalho.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sim, Jovens 2 6 9 17

% Total 11,8% 35,3% 52,9% 100,0%

Total Jovens 2 6 9 17

% Total 11,8% 35,3% 52,9% 100,0%

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138

Tabela 46 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ter turma de

amigos.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sim, Jovens 5 8 17 30

% Total 16,7% 26,7% 56,7% 100,0%

Total Jovens 5 8 17 30

% Total 16,7% 26,7% 56,7% 100,0%

Tabela 47 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ter turma na

família.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sim, Jovens 1 1 1 3

% Total 33,3% 33,3% 33,3% 100,0%

Total Jovens 1 1 1 3

% Total 33,3% 33,3% 33,3% 100,0%

Tabela 48 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ter outro tipo de

turma.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sim, Jovens 17 10 14 41

% Total 41,5% 24,4% 34,1% 100,0%

Total jovens 17 10 14 41

% of

Total 41,5% 24,4% 34,1% 100,0%

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139

Tabela 49 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e considerar o mais

importante na música.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 0 0 1 1

%

Total ,0% ,0% ,4% ,4%

Estilo/ritmo Jovens 18 18 27 63

%

Total 7,4% 7,4% 11,1% 25,8%

Letra/mensagem Jovens 43 41 78 162

%

Total 17,6% 16,8% 32,0% 66,4%

Estilo/ritmo e

letra/mensagem Jovens 6 3 9 18

%

Total 2,5% 1,2% 3,7% 7,4%

Total Jovens 67 62 115 244

%

Total 27,5% 25,4% 47,1% 100,0%

Tabela 50 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ao cantar se

expressa o que canta.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 1 0 1 2

% Total ,4% ,0% ,4% ,8%

Sim, Jovens 43 47 85 175

% Total 17,6% 19,2% 34,7% 71,4%

Não, Jovens 23 15 29 67

% Total 9,4% 6,1% 11,8% 27,3%

Total Jovens 67 64 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

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140

Tabela 51- Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e é importante a

expressão corporal ao cantar.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sim, jovens 41 39 87 167

% Total 16,8% 16,0% 35,7% 68,4%

Não, jovens 25 24 28 77

% Total 10,2% 9,8% 11,5% 31,6%

Total jovens 66 63 115 244

% Total 27,0% 25,8% 47,1% 100,0%

Tabelas das Categorias

Tabela 1 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e como resultado da

expressão corporal ao cantar: a emoção/sentimento.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

A expressão corporal é

importante:

em/sentimento

jovens 5 6 14 25

% Total 20,0% 24,0% 56,0% 100,0%

Total jovens 5 6 14 25

% Total 20,0% 24,0% 56,0% 100,0%

Tabela 2 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o valor da

importância de se expressar corporalmente ao cantar.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sim, expressão corporal jovens 20 26 58 104

% Total 19,2% 25,0% 55,8% 100,0%

Total jovens 20 26 58 104

% Total 19,2% 25,0% 55,8% 100,0%

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141

Tabela 3 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e outros motivos pela

qual a expressão corporal ao cantar.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Outros Jovens 22 23 35 80

% Total 27,5% 28,7% 43,8% 100,0%

Total Jovens 22 23 35 80

% Total 27,5% 28,7% 43,8% 100,0%

Tabela 4 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se possui sua

própria turma.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam Jovens 3 5 11 19

% Total 1,2% 2,0% 4,5% 7,8%

Sim, Jovens 45 40 73 158

% Total 18,4% 16,3% 29,8% 64,5%

Não, Jovens 19 18 31 68

% Total 7,8% 7,3% 12,7% 27,8%

Total Jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Tabela 5 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a família como sua

turma.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Família Jovens 2 1 5 8

% Total 25,0% 12,5% 62,5% 100,0%

Total Jovens 2 1 5 8

% Total 25,0% 12,5% 62,5% 100,0%

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142

Tabela 6 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a faculdade como

sua turma.

Idade

Total 18 a 20 21 a 25

Faculdade Jovens 5 6 11

% Total 45,5% 54,5% 100,0%

Total Jovens 5 6 11

% Total 45,5% 54,5% 100,0%

Tabela 7 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e no trabalho onde se

encontra sua turma.

Idade

Total 18 a 20 21 a 25

Trabalho Jovens 2 5 7

% Total 28,6% 71,4% 100,0%

Total Jovens 2 5 7

% Total 28,6% 71,4% 100,0%

Tabela 8 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e na igreja local da

turma.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Igreja Jovens 14 11 36 61

% Total 23,0% 18,0% 59,0% 100,0%

Total jovens 14 11 36 61

% Total 23,0% 18,0% 59,0% 100,0%

Tabela 9 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a os amigos como

sua turma.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Amigos Jovens 14 19 31 64

% Total 21,9% 29,7% 48,4% 100,0%

Total Jovens 14 19 31 64

% Total 21,9% 29,7% 48,4% 100,0%

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143

Tabela 10 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a escola como sua

turma.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

escola Jovens 7 5 4 16

% Total 43,8% 31,3% 25,0% 100,0%

Total Jovens 7 5 4 16

% Total 43,8% 31,3% 25,0% 100,0%

Tabela 11- Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a outros como sua

turma.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Outros

grupos Jovens 4 10 15 29

% Total 13,8% 34,5% 51,7% 100,0%

Total Jovens 4 10 15 29

% Total 13,8% 34,5% 51,7% 100,0%

Tabela 12 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o mesmo

objetivos iguais como motivo de se formar turma.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Mesmos

objetivos

Jovens 8 8 17 33

% Total 24,2% 24,2% 51,5% 100,0%

Total Jovens 8 8 17 33

% Total 24,2% 24,2% 51,5% 100,0%

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144

Tabela 13 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e os mesmos ideais

como motivo de se formar turma.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Mesmos

ideais jovens 9 7 12 28

% Total 32,1% 25,0% 42,9% 100,0%

Total jovens 9 7 12 28

% Total 32,1% 25,0% 42,9% 100,0%

Tabela 14 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o comportamento

igual como motivo de se formar turma.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Comportamentos

iguais

Jovens 15 14 19 48

% Total 31,3% 29,2% 39,6% 100,0%

Total Jovens 15 14 19 48

% Total 31,3% 29,2% 39,6% 100,0%

Tabela 15 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o lazer e prazer

como significado da música.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Prazer e lazer Jovens 24 16 32 72

% Total 33,3% 22,2% 44,4% 100,0%

Total Jovens 24 16 32 72

% Total 33,3% 22,2% 44,4% 100,0%

Tabela 16 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a música como

algo muito importante.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Elemento

importante Jovens 8 5 14 27

% Total 29,6% 18,5% 51,9% 100,0%

Total Jovens 8 5 14 27

% Total 29,6% 18,5% 51,9% 100,0%

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145

Tabela 17 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a música como

expressão e comunicação de sentimentos.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Expressão e

comunicação de

sentimentos

Jovens 26 26 52 104

% Total 25,0% 25,0% 50,0% 100,0%

Total Jovens 26 26 52 104

% Total 25,0% 25,0% 50,0% 100,0%

Tabela 18 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a harmonia como

significado da música.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Harmonia jovens 2 5 9 16

% Total 12,5% 31,3% 56,3% 100,0%

Total Jovens 2 5 9 16

% Total 12,5% 31,3% 56,3% 100,0%

Tabela 19 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e outros motivos

como significado da música.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Outros

significados Jovens 4 9 12 25

% Total 16,0% 36,0% 48,0% 100,0%

Total Jovens 4 9 12 25

% Total 16,0% 36,0% 48,0% 100,0%

Tabela 20 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o significado da

música religiosa como louvor e adoração.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Louvor e

adoração

jovens 34 39 67 140

% Total 24,3% 27,9% 47,9% 100,0%

Total Jovens 34 39 67 140

% Total 24,3% 27,9% 47,9% 100,0%

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146

Tabela 21 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o significado da

música religiosa como expressão.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Expressão Jovens 8 9 26 43

% Total 18,6% 20,9% 60,5% 100,0%

Total jovens 8 9 26 43

% Total 18,6% 20,9% 60,5% 100,0%

Tabela 22 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o significado da

música religiosa como sentimento e emoção.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sentimento e

emoção

Jovens 16 10 25 51

% Total 31,4% 19,6% 49,0% 100,0%

Total Jovens 16 10 25 51

% Total 31,4% 19,6% 49,0% 100,0%

Tabela 23 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o significado da

música religiosa como sinônimo de igreja.

Idade

Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25

Sinônimo de

igreja

Jovens 2 5 11 18

% Total 11,1% 27,8% 61,1% 100,0%

Total Jovens 2 5 11 18

% Total 11,1% 27,8% 61,1% 100,0%