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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE HUMANIDADES E DIREITO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
"O lugar da música religiosa na construção
psicossocial da identidade de jovens presbiterianos
independentes no estado de São Paulo"
Sueli da Silva Machado
São Bernardo do Campo
2012
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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE HUMANIDADES E DIREITO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
"O lugar da música religiosa na construção
psicossocial da identidade de jovens presbiterianos
independentes no estado de São Paulo"
Orientador: Professor Dr. Leonildo Silveira Campos.
Dissertação de Mestrado apresentada em
cumprimento parcial às exigências do Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Religião da
Universidade Metodista de São Paulo, para obtenção
do grau de mestre.
São Bernardo do Campo
2012
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FICHA CATALOGRÁFICA
M18L
Machado, Sueli da Silva
O lugar da música religiosa na construção psicossocial da
identidade de jovens presbiterianos independentes no estado de
São Paulo / Sueli da Silva Machado -- São Bernardo do
Campo, 2012.
151fl.
Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) –
Faculdade de Humanidades e Direito, Programa de Pós
Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo,
São Bernardo do Campo
Bibliografia
Orientação de: Leonildo Silveira Campos
1. Música nas igrejas - Igreja Presbiteriana Independente –
São Paulo (Estado) 2. Igreja – Trabalho com jovens I.
Título
CDD 264.2
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A dissertação de mestrado sob o título “O lugar da música religiosa na
construção psicossocial da identidade de jovens presbiterianos
independentes no estado de São Paulo”, elaborada por Sueli da Silva
Machado foi apresentada e aprovada em 22 de março de 2012, perante a
banca examinadora composta por Leonildo Silveira Campos
(Presidente/UMESP), Marilia Martins Vizzotto (Titular/UMESP) e
Jaqueline Z. Dolghie (Titular/MACKENZIE).
________________________________________
Profº Dr. Leonildo Silveira Campos
Orientador e Presidente da Banca Examinadora
_________________________________________
Profº Dr. Leonildo Silveira Campos
Coordenador do Programa de Pós-Graduação
Programa em Ciências da Religião.
Área de concentração: Religião, Sociedade e Cultura.
Linha de Pesquisa: Religião e dinâmicas sócio-culturais.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus pela sua bondade durante estes anos de estudos e desafios.
Ao Prof. Dr. Leonildo Silveira Campos pela forma que nos conduziu
nesta produção científica, pela sua amizade e carinho.
Ao Prof. Dr. James Farris pelo incentivo e desafio na primeira fase
desta pesquisa.
Ao Prof. Dr. Geoval Jacinto da Silva pela motivação.
A Professora Cecília Aparecida Vaiano Farhat pela colaboração e
disponibilidade no tratamento dos dados da pesquisa.
A minha família, pela paciência, pelo apoio, pela ajuda e pela
presença sempre acolhedora.
Ao meu filho Luca George que durante todo este tempo esteve ao meu
lado em mais um ideal a ser perseguido.
A minha amiga Damares pela amizade, companheirismo e incentivo.
Aos alunos/as da Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana
Independente do Brasil, pela pesquisa realizada.
Aos adolescentes e jovens que participaram da pesquisa.
Aos amigos, Carlos Eduardo, Daniel, Emerson, João Raul, Lauana,
Lidia, Marcinha, Rodrigo, pela companhia e pelos sorrisos, mesmo,
quando eram expressão de ansiedade e preocupação.
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MACHADO, Sueli da Silva. O lugar da música religiosa na construção psicossocial
da identidade de jovens presbiterianos independentes no estado de São Paulo.
Universidade Metodista de São Paulo. Mestrado em Ciências da Religião. São Bernardo
do Campo, 2012.
RESUMO
Esta pesquisa busca estudar o lugar da música religiosa na construção psicossocial da
identidade de jovens presbiterianos independentes no estado de São Paulo. Seu objetivo
visa verificar como se desenvolveu a identidade jovem dentro das mudanças e
transformações da sociedade pós-moderna e de que maneira a música religiosa esteve
presente nessas alterações. Primeiramente, foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica,
que procurou discutir temas como “identidade”, “adolescência”, “juventude”,
“modernidade”, pós-modernidade”, “cultura hibrida”, “música” e “religião”. Na
segunda parte foi realizado a análise e discussão dos dados de uma pesquisa de campo
com 245 jovens das comunidades locais, situados na faixa etária de 15 a 25 anos. O
objetivo primordial foi o de verificar de que maneira se deu a construção dessa
identidade jovem moderna e de como a música religiosa contribuiu e influenciou. A
pretensão foi também a de verificar a construção identitária dos jovens respondentes
levando-se em consideração o grupo social em que estão inseridos e de que maneira a
cultura pós-moderna os ajudou na definição de seus gostos artísticos e musicais.
Acredita-se que esta pesquisa ajudará na compreensão de momento de tantas
transformações sociais, mudanças físicas, emocionais que experimentam as
comunidades religiosas, as novas gerações e a prática cultica em todas elas.
Palavras-chave: identidade, adolescência, juventude, música, religião.
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MACHADO, Sueli da Silva. O lugar da música religiosa na construção psicossocial
da identidade de jovens presbiterianos independentes no estado de São Paulo.
Universidade Metodista de São Paulo. Mestrado em Ciências da Religião. São Bernardo
do Campo, 2012.
ABSTRACT
This research aims to study the place of religious music in the psychosocial construction
of the identity of Independent Presbyterian youth in São Paulo state. Its objective aims
to verify how the youth identity developed within the changes and transformations of
post-modern society and in which way the religious music was present in those changes.
In a first moment a bibliographic research was developed which aimed to discuss
themes like “identity”, “adolescence”, “youth”, “modernity”, “post-modernity”, “hybrid
culture”, “music” and “religion”. In the second part the analysis and discussion of the
field research data with 245 young people from local communities, at the age of 15 up
to 25 years old, was accomplished. The paramount objective was to verify in which way
this young modern identity was constructed and how the religious music contributed
and influenced this process. There was also an intension to verify the identity
construction of the young people, considering the social group of which they are part
and how the post-modern culture helped them in the definition of their artistic and
musical tastes. It is believed that this research will help in the understanding of the
moment of so many social transformations, physical and emotional changes that
religious communities experience, the new generations and the worship practice in all of
them.
Key words: identity, adolescence, youth, music, religion.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................................................10
1 CAPITULO - A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PSICOSSOCIAL E
RELIGIOSA DOS JOVENS PRESBITERIANOS INDEPENDENTES: ASPECTOS
TEÓRICOS. ........................................................................................................ 20
Introdução........................................................................................................................20
1.1 A teoria psicológica de Mauricio Knobel sobre adolescência e identidade...............21
1.2 A teoria psicossocial de Erik Erikson sobre a identidade humana............................29
1.3 Os estágios da fé: a identidade jovem para James W. Fowler ................................ 344
1.4 A construção social da identidade jovem ............................................................... 411
1.4.1 - Identidade cultural na pós-modernidade.......................................................... 49 1.4.2 Juventude moderna e movimento estudantil ................................................... 522
1.4.3 - A identidade jovem e o momento atual ......................................................... 555
Conclusão.............................. ....................................................................................... 566
2 CAPÍTULO - A PRESENÇA DA MÚSICA NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE JOVENS EVANGÉLICOS. ................................................. 600
Introdução............ ......................................................................................................... 600
2.1 A música na formação da personalidade ............................................................... 611
2.2 A música como instrumento cognitivo e emocional .............................................. 644
2.3 A dimensão sociologica da música: a formação do gosto.........................................67
2.4 Os movimentos musicais no Brasil .......................................................................... 67
2.5 Cultura e música na pós modernidade .................................................................... 683
2.6 A produção musical da pós
modernidade..................................................................735
2.7 A tradição musical protestante versus cultura gospel................................................78
Conclusão........................................................................................................................83
3 CAPÍTULO – O JOVEM PROTESTANTE E A MÚSICA: REFLEXÕES SOBRE UMA PESQUISA DE CAMPO. ......................................................... 855
9
Introdução.............. ....................................................................................................... 855
3.1 O método.................. .............................................................................................. 855
3.2 O perfil dos participantes .......................................................................................... 86
3.3 Discutindo o gosto musical .......................................................................................94
Conclusão............. .................................................................................................... 10606
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 10808
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 1133
ANEXO 1 QUESTIONÁRIO ....................................................................... 11919
ANEXO 2 TABELAS DE FREQUENCIA ...................................................... 1222
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Introdução
Esta dissertação tem como tema “O lugar da música religiosa na
construção psicossocial da identidade de jovens presbiterianos independentes no
estado de São Paulo". A pesquisa que deu origem a este texto teve como objetivo
identificar de que maneira a presença da música religiosa contribui na construção
psicossocial da identidade desses jovens. Os termos “juventude”, “jovem”,
“adolescência”, “identidade” ou “identidade jovem” são palavras que aparecem com
freqüência nas discussões de psicólogos, sociólogos e outros cientistas do
comportamento humano, que procuram explicá-los ou conceituá-los de acordo com
suas teorias.
O período conhecido como adolescência e juventude marcado na
vida das pessoas por muitas mudanças físicas, emocionais e sociais. Estas mudanças
acontecem de forma intensa, proporcionando um estado instável na identidade do
jovem, que diante de tantas alterações, precisam superar este mundo confuso dos
hormônios em turbulência. Esse período marca a vida de muitos jovens na relação
com seus pais, com o grupo em que estão inseridos e na vida cotidiana com as pessoas
que lhes estão próximas. Além dessas mudanças há também transformações no
cenário sócio-cultural, a sociedade moderna também está em mudanças. Conforme
Stuart Hall (2005) são essas mudanças estruturais que tem influenciado o
funcionamento das classes, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade. Essas
mudanças e transformações também causam impactos nas culturas e na religião, e em
todas as esferas e estágios da vida humana.
O tema escolhido destaca a presença da música religiosa na
construção psicossocial da identidade da juventude que freqüenta comunidades
presbiterianas independentes do estado de São Paulo. Primeiro, porque a música sempre
foi considerada por algumas correntes culturais como um importante fator na formação
da personalidade do ser humano e no seu desenvolvimento físico, intelectual e
emocional humano, particularmente durante a adolescência e juventude. Esta influência
ocorre não somente por fazer surgir o lado criativo do jovem, mas porque pode
incentivar e ativar as qualidades humanas tais como: a vontade, a sensibilidade, o amor,
a inteligência e a imaginação criadora, por isto, a música é vista como um elemento
cultural indispensável. Segundo, porque a música faz parte de todas as áreas da vida
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humana, quer seja individual ou coletiva. Em se tratando de juventude, ela está presente
diariamente na vida destes jovens e adolescentes que criam a sua própria música em
grupos de amigos, imitam seus cantores preferidos, discutem música com seus pares.
Conforme Palheiros (2004) apud Merrian (l964); Hargreves ( l999) e North (1999), há
três funções psicológicas que operam na música: a cognitiva, emocional e social. Esses
mesmos autores, sugerem que as funções sociais da música podem ser manifestadas na
regulação dos estados emocionais, no desenvolvimento da identidade e das relações
interpessoais. Os jovens experimentam a música através da linguagem e do grupo em
que estão inseridos, o que Mauricio Knobel (1981) chama de tendência grupal.
A escolha deste tema está diretamente ligada a tais mudanças que a
sociedade tem experimentado ao longo destes anos e que causaram alterações no
comportamento e gosto dos jovens e adolescentes. Assim, a prática musical das igrejas
e comunidades locais foi alterada em a novos desafios que provocaram alterações no
comportamento social.
A Igreja Presbiteriana Independente (IPI) é uma instituição religiosa
organizada em 1903, como conseqüência de uma cisão ocorrida do presbiterianismo
brasileiro. Ela pertence à tradição reformada, é de confissão calvinista, portanto, faz
parte das chamadas “igrejas históricas” que se definem pelo cuidado da liturgia e na
pregação. O culto dessa igreja, desde a sua fundação tem tentado seguir moldes
instituídos pela Reforma do Século XVI. A juventude da época considerava este culto,
segundo Carl Joseph Hahn (1989) sem criatividade. Com o passar do tempo, vários
grupos foram surgindo e estabelecendo novas formas cúlticas. Como reação a estes
grupos e a insistência de que ocorressem reformas nos cultos, foi publicado o livro
“A Marcha da Mocidade” de Eduardo Pereira de Magalhães, neto do fundador
Eduardo Carlos Pereira e secretário geral da “União da Mocidade Presbiteriana
Independente”, que entre muitos apontamentos sobre a vida da igreja, o culto era o
maior alvo das tensões produzidas por esse jovem (MAGALHÂES, 1938).
Segundo Antônio Gouvêa Mendonça (1984), a vinda do
protestantismo norte americano para o Brasil trouxe uma maneira e jeito do culto norte
americano, que entrando em contato com a cultura brasileira já estabelecida, exigiu
ajustes às demandas populares, que aos poucos foram desenvolvendo elementos daquele
protestantismo, porém, com características de um novo protestantismo. Os hinos que os
missionários trouxeram tinham características avivalistas e missionárias, que logo foram
adotados pelos presbiterianos e definindo-se assim a sua musicalidade. Mas, o que se
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viu era o engessamento desta hinódia que revelou um discurso teológico oriundo do
pietismo e puritanismo da época, movimentos religiosos que enfatizavam a piedade, os
sentimentos e a moral rígida. Essa característica musical marcou todo o protestantismo
brasileiro até que movimentos modernos e secularizantes começaram a provocar
mudanças dentro destas igrejas, como foi o movimento cultural e musical conhecido por
“Tropicalismo” (1967), que tinha como proposta provocar uma intervenção crítico-
musical na cultura brasileira. Este movimento buscava desacreditar a sociedade de
consumo e a política autoritária do Brasil após o golpe de 1964. Influenciada por essas
propostas, a juventude presbiteriana independente começou a produzir e a cantar
músicas com ritmos e estilos brasileiros como o baião, o samba, etc.
Essas mudanças pelas quais passou o culto, as músicas e a juventude presbiteriana,
foram resultado das transformações relacionadas à passagem de uma sociedade rural
para uma sociedade urbana, que, na medida em que experimentavam a modernidade
também alteravam suas maneiras de se comportarem.
Para Danielle Hervièu-léger (2005) os jovens são os responsáveis
por absorver e salvaguardar toda a construção simbólica, ritos e costumes das
sociedades ou instituições nas quais eles vivem, a própria cultura passa por
interferências em todo tempo. As pessoas constroem sua identidade sócio-religiosa a
partir dos diversos recursos simbólicos colocados a sua disposição e que podem ter
acesso diante das experiências em que estão implicados. Mas, segundo Hall (2005), a
instabilidade da identidade está relacionada com as mudanças que a modernidade pode
exercer sobre as pessoas, e assim como os impactos que a globalização exerce no
surgimento e manutenção da identidade cultural.
Nesse sentido tanto os jovens como a instituição religiosa da qual
eles fazem parte, foram alcançadas por tais mudanças e sofreram os efeitos da
globalização. Estes jovens para manterem-se nas igrejas locais lançaram mão de novos
recursos simbólicos impostos por uma nova cultura globalizada. Graças a televisão, ao
rádio, a internet, eles tiveram o gosto musical alterado. Observamos ainda, que tais
mudanças promoveram entre estes jovens uma postura anti-institucional. O resultado
foi o surgimento de novas práticas religiosas, entre outras, as ligadas ao lugar da
prédica no culto, abrindo mais espaço para práticas que seriam conhecidas no
“louvorzão”.
O que encontramos, no caso da IPI, é uma instituição com
características da Reforma do Século XVI, considerada igreja tradicional, que ao
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socializar seus jovens, o faz dentro destes parâmetros litúrgicos tradicionais, mas que
teve que ajustar-se à concorrência no mercado de bens simbólicos para se usar as
expressões de Pierre Bourdieu (1983). A música, portanto, parece uma das melhores
formas que o jovem presbiteriano encontra para permanecer nestas comunidades
tradicionais, mas sem perder de vista a cultura midiática ao seu redor. A música dá a
esses jovens um sentimento de pertença ao grupo. É uma forma de sociabilizar-se e
adaptar-se a cultura da época, sem que para isso seja necessário abandonar o grupo da
qual faz parte.
A população pesquisada é composta de jovens e adolescentes, que
freqüentam as comunidades da Igreja Presbiteriana Independente. Essa Igreja
atualmente é composta por 526 comunidades locais, espalhadas por quase todos os
estados brasileiros, com um total de aproximadamente 92 mil membros, sendo 23 mil
jovens. No estado de São Paulo estão estabelecidas 254 comunidades. A nossa
pesquisa foi feita em 30 comunidades. Sendo 11 na extensão do estado, 15 na Capital
e quatro na Grande São Paulo. Essa pesquisa levantou dados fornecidos por 245
jovens 1.
Os dados usados neste trabalho foram colhidos por estudantes de
Teologia, da Faculdade de Teologia de São Paulo, matriculados nas disciplinas
“Introdução a Sociologia” e “Igreja e Sociedade”. Para avaliação semestral foi
solicitado para as duas turmas uma pesquisa sobre juventude, sociedade e igreja, a fim
de discutirem em sala de aula as mudanças ocorridas nos últimos anos. O instrumento
de investigação foi um questionário com 25 perguntas fechadas e cinco abertas (Anexo
1). Na pesquisa, participamos com o orientador, professor Leonildo Silveira Campos
das aulas, do planejamento da pesquisa e das discussões decorrentes delas. Assim
pudemos ajudar na elaboração do questionário, na realização da pesquisa, na leitura dos
dados e na tabulação dos mesmos. Participaram dela, jovens com idade entre 15 a 25
anos, dos sexos feminino e masculino, que frequentam as igrejas presbiterianas
independentes no estado e cidade de São Paulo. Os respondentes foram selecionados de
forma aleatória, considerando apenas a faixa etária estabelecida e as igrejas escolhidas
por cada aluno/a. A participação dos respondentes foi livre, dependendo da vontade e
disposição do jovem.
1 Dados fornecidos pelo Escritório Central da IPI do Brasil (WWW.ipib.org.br).
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Para delimitar a população pesquisada, utilizamos as definições e
classificações elaboradas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, E.C.A, em que
adolescente é definido para efeito de lei, as pessoas entre 12 e 18 anos de idade
(ECA, 2000, art 2º) e a Organização Mundial de Saúde, que define que adolescência é
um período que começa aos 10 anos e vai até os 19 anos se estendendo até os 24 anos,
caracterizando-se, porém, juventude esse período dos 15 a 24 anos.
Para estabelecer o estado atual da questão levantada, foi realizada
uma pesquisa bibliográfica que utilizou livros, artigos em revistas especializadas e
trabalhos acadêmicos a respeito da relação entre música e juventude nas igrejas. No
que se refere à dimensão teórica procurou abrigo nas teorias psicológicas e
sociológicas de autores como Mauricio Knobel (1980 e 1981), Erik Erikson (1976 e
1998) que afirmaram sobre a construção da identidade do adolescente e jovem. Esta
construção acontece a partir da caminhada para a vida adulta e desenvolve-se nas suas
famílias e grupos sociais em que estão inseridos. Como a população pesquisada
tratava-se de jovens de uma instituição religiosa, a abordagem religiosa do tema fez
parte do levantamento teórico. Para tanto, autor como James W. Fowler (1992) trouxe
para o conteúdo teórico o processo da construção da identidade religiosa e de que
maneira se estabelece a fé para estes jovens. Outros teóricos, estes da sociologia
também nos ajudaram na compreensão da formação social da identidade jovem e a
formação de gosto como sendo um produto da classe social que o individuo faz parte,
como Karl Mannheim (1980), Pierre Bourdieu (1992 e 1983), Peter Berger e Thomas
Luckmann (1987 e 1980) e nos estudos culturais como. Stuart Hall (2005),
Na busca de sua identidade adolescente, segundo Mauricio Knobel
(1981) a adolescência é um processo de crescimento e desenvolvimento humano,
marcado por desequilíbrios e estabilidades extremas. O "adolescer" significa assumir
o desempenho de um papel adulto que o levará a maturidade, mas que muda de uma
cultura pra outra, de uma sociedade para outra e de grupos sociais para outros.
Enquanto isso, mudanças em seu corpo estão ocorrendo de forma clara e nítida. O
adolescente vive o conflito de não ser mais criança, mas não sente que seja um adulto.
Na teoria de Knobel (1981) o autor destaca a tendência grupal pelo
seu importante significado na vida do adolescente. O adolescente deixa de considerar
temporariamente sua família de origem para viver em grupos de pares (iguais),
identificando-se com estes e participando dos movimentos de alegria, tristeza, raiva,
reivindicações sociais e ainda experiências novas com os grupos. A interação de seus
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problemas com os do grupo na qual ele vive, deve obrigar a pensar em buscar
soluções através da utilização dos grupos. A pessoa que vive o período da
adolescência recorre a um comportamento defensivo que é a busca de uniformidade,
ocorrendo um processo de superidentificação em massa, ou seja, todos são iguais, se
vestem da mesma forma, e um se identifica com o outro. Isto lhes garante a sensação
de segurança e estima pessoal.
O processo é tão intenso que por vezes as pessoas se parecem mais
com o grupo que propriamente com o grupo familiar. É no grupo que os adolescentes
encontram pessoas que possam assumir o papel substituto da figura da família. A
procura de um líder, a qual se submete, mesmo que este seja autoritário ou que assuma
as mesmas características do pai e mãe. A música é uma forma de identificação com o
grupo, mesmo as músicas que contradizem o suposto “mundo saudável dos adultos” e
o mundo sócio-político, não deixa de ser uma forma de identificação (KNOBEL,
1981).
Além de Knobel, temos na psicologia, Erik Erikson (1976) que
desenvolve sua teoria sobre identidade na tentativa de entender tal fenômemo. A
construção da identidade jovem, segundo Erikson, se dá a partir de três dimensões, a
dimensão biológica, que do ponto de vista da psicanálise, diz respeito a um poderoso
conjunto de pulsões e impulsos em que o recém nascido humano possui; a dimensão
social, dirá que o ser humano nasce com uma grande dependência social e a dimensão
individual, que alega, que nenhum individuo desenvolve personalidades idênticas,
mesmo considerando a existência de um plano básico biológico e social. O ser
humano psicologicamente é aquele que desenvolve um firme sentido de identidade,
quando consegue reconhecer que é uma pessoa única, dentro de uma determinada
sociedade, com um passado, presente e futuro. Porém, ele não pode desenvolver este
sentimento de ser único e de possuir um destino próprio e singular na ausência de uma
cultura.
Além desta teoria das dimensões, Erik Erikson (1976) dividiu o
desenvolvimento humano em oito estágios ou idades segundo as crises que o ser
humano experimenta em seu ciclo de vida. Na adolescência acontece o estágio que
corresponde à crise identidade versus confusão do papel. É na adolescência que
começamos a perceber bem o significado da lealdade, que é a capacidade de ser fiel, e
ver-se a si próprio, como um ser único integrado na sociedade. A crise pode levar o
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jovem a não entender bem que papel deve desempenhar e dessa forma não saiba como
agir porque “não sabe exatamente quem é”.
Na pesquisa procurou-se abordar a presença da religião como fator
importante na construção psicossocial da identidade. Buscamos em James W. Fowler
(1992) e em seus estudos sobre o ciclo da vida humana como esse fato ocorre. Para
Fowler o desenvolvimento humano se dá em estágios como na teoria de Erikson.
Fowler organizou e sistematizou a dinâmica do desenvolvimento da fé para ampliar a
compreensão de como acontece este processo de desafios e crises humanas.
Com Fowler temos o conceito do que seja a fé e a maneira pela
qual, uma pessoa ou grupo responde ao valor e ao poder transcendente por meio de
uma “tradição cumulativa”. Para ele, uma “tradição cumulativa” pode ser constituída
por textos de escrituras ou leis, incluindo narrativas, mitos, profecias, relatos de
revelações, símbolos visuais e de outros tipos, como tradições orais, música, dança,
ensinamentos éticos, teologias, credos, ritos, liturgias, arquitetura e muitos outros
elementos. Esses elementos e imagens são formados porque vivemos em
comunidades sociais e por isto os moldamos segundo as construções partilhadas
deste grupo ou classe (FOWLER, 1992).
A outra contribuição vem da sociologia de Peter Berger e Thomas
Luckmann (1987) conceituando a identidade como sendo uma construção social e
cultural. A identidade é formada por processos sociais e uma vez cristalizada é
mantida, modificada ou mesmo modelada por relações sociais. Os processos sociais
implicados na formação e conservação da identidade são determinados pela estrutura
social. Inversamente, as identidades produzidas pela interação do organismo, da
consciência individual e da estrutura social reagem sobre a estrutura social dada,
mantendo-a, modificando-a ou mesmo modelando-a. A identidade é, portanto, um
elemento chave da realidade subjetiva e como realidade subjetiva, deriva da dialética
entre um individuo e a sociedade. (BERGER e LUCKMANN, 1987).
Segundo Berger e Luckmann (1987), no processo de socialização,
utilizamos as tipificações para que haja interação com o restante do grupo que se faz
parte, apreendemos uns com os outros e assim adquirimos novas experiências. O que
Berger chama de tipificações, Tomaz Tadeu da Silva (2005) chamará de sistema de
representação. Este sistema está ligado com a busca de tornar o real presente, de
aprendê-lo o mais fielmente possível por meio de sistemas de significação. A
representação tem se apresentado em duas dimensões, a representação externa que se
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dá por meio de sistemas de signos como a pintura ou a própria linguagem, e a
representação interna ou mental que é a representação do real na consciência (SILVA,
2005).
A identidade do jovem na sociedade moderna foi objeto de estudo de
Karl Mannheim (1980) que, segundo a psicologia e a sociologia modernas do
adolescente, a chave para se entender este período da vida humana não está somente na
efervescência biológica de momento do desenvolvimento humano porque ele é
universal e acontece no tempo e no espaço para todos igualmente. Mas, para ele o que é
decisivo neste período é que o adolescente entra nesta fase sendo confrontado com
valorizações antagônicas que antes não tinha experimentado.
Segundo Pierre Furter (1967) e Mannheim (1980) há uma relação
direta de juventude e modernidade. Para esses autores é necessário estudarmos a
juventude dentro de uma situação global. A juventude moderna deve ser compreendida
em função da juventude do mundo e que, portanto, juventude e modernidade são dois
temas em prodigiosa expansão. Juventude como representação das múltiplas
oportunidades que são oferecidas a cada nova geração e o que se refere a modernismo e
sua necessidade de renovação, da rejeição da continuidade e das tradições (FURTER,
1967).
Com respeito às mudanças que vem ocorrendo na cultura
contemporânea, Mike Featherstone (1995), afirma que, elas podem ser compreendidas
em termos de modificações nos campos artísticos, intelectuais e acadêmicos. Essas
mudanças se deram na esfera cultural mais ampla, envolvendo novos modos de
produção, consumo e a circulação de bens simbólicos. As práticas e experiências
cotidianas de diferentes grupos que usaram regimes de significação de diferentes
maneiras estão desenvolvendo novos meios de orientação e estrutura de identidade
(FEATHERSTONE, 1995).
As práticas sociais segundo Pierre Bourdieu (1983), vinculada aos
gostos artísticos, esportivos, culinários, religiosos e literários, escondem ou revelam
representações sociais de grupos com interesse em ocupar determinado lugar na
hierarquia social. O acesso às práticas culturais são desiguais e depende da
classe/grupo social do individuo. Há práticas culturais nobres e outras em via de
legitimação. Os gostos distinguem as pessoas e os grupos. Nesse contexto, Bourdieu
enfatiza que a herança cultural provém do habitus, ou seja, do lugar social que a
pessoa ocupa na sociedade, e é por onde se estabelece determinada herança cultural.
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Nesse sentido a prática musical está ligada a movimentos geradores e propagadores
de determinados gostos.
Ao longo da pesquisa o termo “pós-modernidade” apareceu muitas
vezes. A pós-modernidade é um termo discutível no estudo da cultura contemporânea.
No centro dessa cultura contemporânea está o conceito de “hibridismo cultural” que
nos ajuda a explicar esse novo modo de vida de louvor e de participação das
atividades religiosas. Esta cultura hibrida constitui por resultar do cruzamento entre
aspectos tradicionais de ser protestante e as propostas pentecostais praticadas com
muito sucesso no meio urbano brasileiro, no avanço da ideologia do mercado de
consumo e na cultura midiática.
A cultura gospel é resultado do hibridismo cultural. A característica
dessas músicas cantadas pelos jovens possui um teor sentimental que podem levá-los a
se emocionarem e rememorar experiências individuais de conversão e comunhão. Isto
porque, estas músicas unem a melodia e a letra fazendo as pessoas experimentarem um
sentido de esperança e segurança nos atos divinos. Este estilo musical faz parte da
renovação de gêneros musicais nacionais ou mesmo estrangeiros, um processo que
acompanha a globalização, a diversidade e o pluralismo da sociedade pós moderna.
O presente texto está estruturado da seguinte forma:
No primeiro capítulo, descreveremos como ocorre o desenvolvimento da identidade
jovem na sociedade pós-moderna, considerada contemporânea. A evolução do seu
desenvolvimento da identidade como uma construção psicossocial. As teorias que
utilizamos foram de teóricos da psicologia e da sociologia, como Mauricio Knobel
(1981), Erick Erikson (1976) e James Fowler (1992) e de outros que tem se destacado
no âmbito da sociologia como Karl Manheinn (1980), Pierre Bourdieu (1983) e nos
estudos culturais de Stuart Hall (2005).
No segundo capítulo, tivemos como objetivo, verificar a presença da
música religiosa na construção psicossocial da identidade dos adolescentes e jovens.
Destacando que o gosto musical desses já é uma produção da nova prática religiosa
inserida dentro do hibridismo cultural. Uma música com nova significação de
diferentes maneiras, e que estão desenvolvendo novos meios de orientação e estrutura
de identidade.
Finalmente no terceiro capítulo, a pesquisa se deteve na discussão dos
resultados obtidos pela pesquisa de campo que teve como objetivo verificar a presença
19
da música na vida jovem das comunidades da Igreja Presbiteriana Independente no
estado de São Paulo e traçar o perfil desses jovens.
Os resultados da pesquisa de campo nos auxiliaram a constatar que os
jovens dessas comunidades experimentam o mesmo processo de desenvolvimento,
crises, conflitos e construção de suas identidades como qualquer outro adolescente e
jovem, mas o que percebemos foi uma grande alteração nas suas preferências e gosto
musical. Percebemos o quanto estes jovens estão inseridos nos movimentos religiosos
ligados às igrejas pentecostais, católicos e evangélicos. Porém, uma juventude que não
tem participado de forma ativa dos movimentos sociais da sua época. Vivem alheios a
associações ou entidades para lutar por algum ideal político, social, educacional.
20
Capitulo 1 - A construção da identidade
psicossocial e religiosa dos jovens presbiterianos
independentes: aspectos teóricos.
Introdução
Este primeiro capítulo tem por objetivo discutir as várias teorias
que podem ser aplicadas na descrição e interpretação da inserção de adolescentes e
jovens, por meio da música, em comunidades presbiterianas independentes, situadas em
cidades e do estado de São Paulo. Para isso, lançou-se mão de teóricos ligados a
psicologia como Mauricio Knobel (1981), Erik Erikson (1976) e James Fowler (1992) e
de outros que tem se destacado no âmbito da sociologia como Karl Mannheim (1982),
Pierre Bourdieu (1982 e 1983), Peter Berger e Thomas Luckmann (1987) e nos estudos
culturais de Stuart Hall (2005).
Na sua primeira parte, este capítulo terá a contribuição teórica de
Mauricio Knobel, psicanalista argentino, cuja teoria pretende descrever as
características da adolescência e as transformações fisico-emocionais que nelas
ocorrem. Na segunda parte, destaca-se a contribuição da discussão proposta por Erik
Erikson, sobre o desenvolvimento psicossocial da vida em oito estágios. Erikson dá
especial importância ao período da adolescência, devido ao fato ser a transição entre a
infância e a idade adulta, em que se verificam acontecimentos relevantes para a
personalidade adulta. A seguir, o leitor encontrará uma síntese da teoria psico-religiosa
de James Fowler, professor e pesquisador, sobre os estágios da fé e a maneira de como
se dá o desenvolvimento da fé humana. A terceira parte deste capítulo, reúne algumas
teorias expostas pelo sociólogo do conhecimento Karl Mannheim, e por teóricos como
Stuart Hall, conhecido nas ciências sociais pelos seus “estudos culturais”.
21
Este primeiro capítulo ajudou na compreensão de um novo objeto
de estudos, que se socializam no decorrer de um período situado entre o fim da infância
e o começo da vida adulta dentro dos limites dessa pequena denominação protestante.
Pressupomos que tal inserção sócio-cultural se dá a partir de um espaço eclesial
litúrgico dada aos jovens e adolescentes conhecido como “momentos de louvor” ou
simplesmente “louvorzão” . Quais são as características psicossociais desses entusiastas
participantes dos cultos dessa denominação religiosa?
1. Teorias psicológicas sobre adolescência e juventude (Knobel e Erikson).
Neste item apresentaremos duas teorias psicológicas sobre a
adolescência e juventude. A primeira é de Mauricio Knobel (1981) e a outra Erik
Erikson (1976,1998). Ambas fornecem a nosso ver, uma compreensão da adolescência e
juventude, ao enfatizar que elas se definem como identidade pessoal sugeridas pelo seu
contexto social.
1.1 A teoria psicológica de Mauricio Knobel sobre adolescência e identidade
Existe uma distinção entre adolescência e puberdade feita por
Mauricio Knobel (1981) muito oportuna na abordagem de nosso tema. Knobel
entende a adolescência como uma transformação bio-psico pela qual em que todos os
seres humanos passam. As meninas na puberdade tem mudanças anátomo-fisiológicas,
que se caracterizam por crescimento de glândulas mamárias; surgimento de pêlos nas
axilas e órgãos sexuais; aumento de gordura nas nádegas e dilatação da bacia pélvica;
e a menarca, a primeira menstruação. Já nos meninos ocorre o desenvolvimento dos
órgãos sexuais, testículos e pênis; a mudança da voz que se torna mais grave; o
aparecimento de pêlos na região púbica, em torno dos órgãos sexuais, nas axilas e na
face. Todas essas transformações são produzidas pelos neuro-hormonais e estão
ligados ao desenvolvimento da sexualidade.
Portanto, a adolescência é um período em que o ser humano, saindo
da infância, experimenta as mudanças em seu corpo adotando novos tipos de
comportamento diante das transformações corporais, influências e cobranças
impostas pela sociedade, família e cultura em que vive. Tais desequilíbrios e
22
estabilidades extremas provocam perturbação tanto neles como nos adultos. Porém,
isso é necessário para que surja uma nova identidade social. O adolescente vive um
conflito, pois não é mais criança, mas também não é adulto. Ora, esse processo se dá
através de muitas mudanças, físicas e emocionais. Para Roberto Chieza (2002), o
período é de tantas mudanças, decepções e frustrações, que talvez a maior dificuldade
seja as condições em que a família encontra-se, ou seja, os familiares nem sempre
estão preparados para ajudarem os adolescentes neste período de transição.
O adolescente neste processo experimenta três formas de luto.
Segundo Arminda Aberastury (1981), o primeiro é a perda deste corpo infantil, o
segundo é a perda da identidade infantil, ele já não é mais criança, obrigando-o a viver
uma responsabilidade que não experimentara antes e que agora passa a ter. E o terceiro
luto é a perda pelo refúgio e proteção dos pais que até agora era dispensado, mas que
daqui para frente, também em função dos pais estarem envelhecendo precisam tratar
seus filhos não mais como crianças, mas adultos ou que estão em via de ser. Quando o
adolescente começa a ver-se com um corpo em transformação, mudando e alterando a
sua identidade, ele passa a necessitar de uma nova ideologia que lhe permita a
adaptação ao mundo, ou até mesmo, a sua ação sobre ele para mudá-lo. É realmente um
período de contradições, é confuso, ambivalente, doloroso, com muitas crises e estados
patológicos.
Todas as modificações que acontecem, independente da vontade da
criança, para Aberastury (1981), exigem-se dela uma nova postura, um novo
comportamento em sociedade, que são percebidas como uma invasão ao seu mundo
infantil, evitando perdas das coisas de crianças, daí a tentativa de manter-se criança
para sempre, resultando num voltar-se para si, para que em seu íntimo se mantenha
uma ligação especial com o seu passado, e consiga enfrentar o futuro com mais
segurança. Por causa dessas mudanças corporais e de seus reflexos na transformação da
identidade de criança, ela é impulsionada a buscar novas expressões identitárias. Estas
mudanças contribuem para a sua inserção no mundo social do adulto, adotando-se novos
planos de vida e metas, assim como valores éticos, intelectuais e afetivos, implicando no
nascimento de novos ideais e na aquisição da capacidade de luta para consegui-los
(ABERASTURY, 1981).
Para isso os adolescentes precisam se desprender de seus pais. No
entanto, na vida prática eles permanecem ligados, e isso aumenta ainda mais os
conflitos, os quais são objetivados no afastamento e na recusa do contato com os pais,
23
ou na necessidade de apoio e dependência deles. Sem considerar que, todo este
processo pelo qual a criança está passando, é provocada pelo meio cultural, social e
histórico que exige por demais que meninos e meninas, principalmente os meninos
sejam independentes economicamente dos pais, e quando não, muitas vezes, é usada
como coerção para forçá-los a algum tipo de comportamento desejado.
Knobel define o período da adolescência por meio de 10
características comuns, que são eles:
busca de si mesmo e da identidade; tendência grupal; necessidade de
intelectualizara fantasia; crises religiosas, que podem ir desde o ateísmo
mais intransigente até o misticismo mais fervoroso; deslocalização
temporal, onde o pensamento adquire as características do pensamento
primário; evolução sexual manifesta, que vai do auto-erotismo até a
heterossexualismo genital adulto; atitude social reivindicatória com
tendências anti ou associais de diversas intensidade; contradições
sucessivas m todas as manifestações de conduta, dominada pela ação, que
constitui a forma de expressão conceitual mais típica deste período; uma
separação progressiva dos país; constantes flutuações do humor e do
estado de ânimo. Vejamos a seguir cada uma delas separadamente
(KNOBEL,1981, p 29).
A primeira característica proposta por Knobel refere-se “a busca de si
mesmo”. A utilização da genitália na procriação, segundo Knobel (1981), é um feito
bio-psico-dinâmico que determina uma modificação essencial no processo da conquista
da identidade. A idéia de si mesmo ou de self, é o conhecimento da individualidade
biológica e social, do seu psicofísico em seu mundo social. Sendo o self como uma
entidade psicológica que se une ao conhecimento físico e biológico da personalidade.
É necessário integrar todo o passado, o experimentado, o internalizado e
também o rejeitado, com as novas exigências do meio e com as urgências
instintivas e com as modalidades de relação objetal estabelecidas no campo
dinâminco das relações interpessoais (KNOBEL,1981, p 31).
O adolescente recorre às situações favoráveis como a uniformidade
que proporciona segurança e estima pessoal. A uniformidade é um processo de dupla
identificação em massa, na qual todos se identificam com cada um. Os adolescentes
podem ter identidade transitória, que são adotadas durante um certo tempo ou ainda as
identidades circunstanciais, que são as que conduzem à identificações parciais
transitórias e que costumam confundir os pais e as pessoas que estão perto, resultado
de ansiedades persecutórias e das capacidades auto destrutivas, que obrigam a
fragmentação do ego e dos objetos com os quais este adolescente entra em contato. A
24
identidade adolescente é a que se caracteriza pela mudança do indivíduo, com seus
pais externos e a relação com as figuras parentais internalizadas, que estão
incorporadas à personalidade do sujeito, começando desta forma o seu processo de
individuação Knobel (1981, p 36).
A tarefa principal do adolescente é resolver o conflito de identidade.
O objetivo é descobrir “quem sou eu [...]” Erikson (1998, p 165). Erikson, embora
tenha uma visão psicossocial diferente dos percussores (Aberastury e Knobel), indica
algo relevante acerca da identidade, virtudes como a fidelidade, fé, lealdade aos
amigos, companheiros e grupos de valores, faz com que se sintam seguros e cômodos
diante da possibilidade de estabelecer uma relação intima com outra pessoa. As
influências das mudanças sociais ou algum tipo de relação com outras pessoas
produzem crises ao longo da vida e essas é que farão parte da definição da
personalidade se caso não forem vencidas.
A segunda característica proposta por Knobel refere-se a “tendência
grupal”. Compreendemos que a tendência grupal acontece em um momento de troca
bastante significativa na vida do adolescente, ou seja, o adolescente deixa de
considerar temporariamente sua família de origem para viver em grupos de pares ou
de iguais, identificando-se com eles e participando dos movimentos expressões de
alegria, tristeza, raiva, reivindicações sociais e ainda experiências novas com os
grupos. Knobel (1981), aponta que a tendência grupal na adolescência e a interação
de seus problemas com os da sociedade na qual vive, obriga-o a pensar em buscar
soluções por meio da utilização dos grupos.
A pessoa que vive o período da adolescência recorre a um
comportamento defensivo, que segundo Knobel (1981), é a busca de uniformidade.
Ocorre um processo de superidentificação em massa, ou seja, todos são iguais, se
vestem da mesma forma, e um se identifica com o outro. Isto lhes garante a sensação
de segurança e estima pessoal. O processo é tão intenso que por vezes as pessoas se
parecem mais com o grupo que propriamente com o grupo familiar. É no grupo que os
adolescentes encontram pessoas que possam assumir o papel substituto da figura da
família. Alguém que faça o controle e estabeleça regras, que se aproxime da estrutura
familiar. Surge a figura de um líder, a qual se submete, mesmo que este seja
autoritário ou que assuma as mesmas características do pai e mãe.
A terceira característica proposta por Knobel refere-se a
“necessidade de intelectualizar e fantasiar”. Existe aqui uma necessidade de renunciar
25
o corpo infantil, o papel infantil, os pais da infância, a bissexualidade que acompanha
a identidade infantil, isto coloca o adolescente em confronto com o fracasso e a
impotência diante as dificuldade externas. O adolescente para Knobel recorre ao
pensamento e as fantasias para compensar as perdas ou para evitá-las se utilizando
disso, como verdadeiros mecanismos de defesa. Um destes mecanismos é a
intelectualização e a fantasia, recursos que servem para diminuir a angustia frente às
perdas.
A quarta característica proposta por Knobel refere-se a “as crises
religiosas”. O adolescente neste período se caracteriza como um ateu exacerbado ou
como um místico muito fervoroso, alcançando os extremos de cada situação, passando
de um lado pra outro com muita facilidade. A questão da religiosidade aparece nesta
fase com mais intensidade não por acaso, devido a sua angústia de viver o luto pelas
perdas que é acometido, como o corpo infantil, a possibilidade de morte e morte de
seus pais infantis. Esta busca pela divindade e de suas verdades absolutas pode
significar uma saída menos frustrante para este período. Período que para Knobel, é de
extrema importância para a construção definitiva de uma ideologia.
A quinta característica proposta por Knobel refere-se a
“deslocalização temporal”. O adolescente vive uma deslocalização temporal, converte
o tempo em presente e ativo em uma tentativa de manejá-lo (KNOBEL, 1981), ou seja
para o adolescente o que se pode esperar, o que ele prioriza e é urgente, ele deixa para
depois, utilizando um tempo maior para aquela atividade, causando no convívio com
pais e família, um desencontro temporal dificultando a relação entre os lados. Desta
maneira delimitar e discriminar o tempo é para o adolescente o mesmo que equiparar
ou que equivale, ou ainda, que coexiste sem maior dificuldade. Esta ambigüidade do
adolescente está relacionada com a irrupção da parte psicótica da personalidade.
Quando o indivíduo chega à adolescência, ele já teve oportunidades de
vivenciar as separações, morte de objetos internos e externos, de partes do ego e certa
limitação do tempo no plano vital, fundamentalmente no corpo e na relação interpessoal-
corporea. O passar deste tempo vai se tornando mais objetivo e conceitual, assim ele
define como tempo existencial, que seria o tempo em si, um tempo vivencial ou
experimental e um tempo conceitual chamado como tempo rítmico e tempo
cronológico (KNOBEL, 1981).
Para Knobel (1981), aceitar a perda da infância significa a morte de
uma parte do ego e seus objetos. Este manejo pode acontecer de forma fóbica ou
26
obsessiva, convertendo em situações psicóticas em neuróticas ou psicopáticas. Se o
adolescente teve um padrão seguro na infância, segundo John Bowlby (1990), ele terá
condições de fazer suas escolhas, profissão, grupos de amigos e aquelas de ordem
social com mais tranquilidade. E os que tiveram um padrão inseguro acabam
desenvolvendo atos de delinqüência e a experiência no uso de drogas. Quando se nega
a passagem deste tempo, ele conserva a criança dentro dele como objeto morto-vivo, é
muito freqüente este sentimento neste período. A noção temporal do adolescente tem
características fundamentalmente corporais ou rítmicas, se baseia em suas atividades
como comer, brincar, dormir, estudar e isto é o tempo vivencial ou experimental.
A sexta característica proposta por Knobel refere-se a “evolução
sexual desde o auto-erotismo até a heterossexualidade”. Nesta evolução, segundo
Knobel (1981), do auto-erotismo à heterossexualidade, o adolescente vai de ações
masturbatórias a de fato, ao manuseio genital, como forma de exploração e preparação
da genitália procriativa. Ao aceitar a sua genitália, o menino ou a menina inicia a
procura dos seus parceiros, marcando assim este período com grandes amores, com
vínculos intensos, porém, frágeis. Ao citar Freud em sua teoria, Knobel estabelece a
importância puberal para a reinstalação fática da capacidade genital do sujeito. Logo
são as mudanças biológicas da puberdade que impõem a maturidade sexual ao
indivíduo, intensificando os processos psicológicos que se vivem nesta idade.
A masturbação é uma experiência lúdica na qual as fantasias edípicas são manejadas
solitariamente, que atenta descarregar a agressividade misturada com erotismo através
da mesma e aceitando a condição de terceiro excluído. É também a tentativa maníaca
de negar a perda da bissexualidade, parte do processo de luto normal da adolescência.
A sétima característica proposta por Knobel refere-se a “Atitude
reivindicatória”. A família é considerada por Knobel (1981), como a primeira maneira
que o adolescente tem de se expressar na sociedade e esta influencia e determina
grande parte da conduta dos adolescentes, possibilitando aos pais viverem com os seus
filhos adolescentes a situação edípica, possibilitando aos pais viverem a ansiedade do
despertar da genitália dos filhos. O autor utiliza-se da teoria de ambivalência dual de
Stone e Church (1959), que afirmam que tanto pais e filhos vivem os mecanismos
projetivos e esquizo-paranoides típicos do adolescente. Para esses autores, as
primeiras identificações acontecem com as figuras parentais, mas que não tem dúvidas
de que o meio em que vive determinará novas possibilidades de identificação, quer
sejam parciais sócio-culturais e econômicas. O que vai determinar esta aceitação de
27
identidade é a relação que se tem entre o meio e o individuo, e este meio precisa fazer
o reconhecimento desta identidade. O processo básico psicodinâmico-biológico do
individuo se manifesta de diferentes formas, mas sempre de acordo com os padrões
culturais.
Portanto, conhecer os padrões culturais é importante para fazer o
manejo da adolescência, mas conhecer esta fase é essencial para que as influências
culturais possam ser mudadas ou melhores utilizadas para que não se torne patologia e
para não se criar estereótipos isolando por completo os adolescentes do mundo dos
adultos.
o adulto projeta no jovem a sua própria incapacidade em controlar o que
está acontecendo sócio-politicamente ao seu redor e tenta então
deslocalizar o adolescente da sociedade, tornando o mundo adulto
incompreensível e exigente. A burocratização das possibilidades de
emprego, as exigências de uma industrialização mal canalizada e uma
economia mal dirigida, ilógica que o adolescente tenta superar através de
crises violentas, que se pode comparar às atitudes de caráter psicopático
da adolescência. (KNOBEL, 1981, p 53).
Todas estas possibilidades podem conduzir os jovens para empresas
e aventuras destrutivas, perniciosas e patologicamente reivindicatórias. Os processos
citados por Knobel (1981), são de fundamental importância para o desenvolvimento
evolutivo do individuo, as intelectualizações, fantasias conscientes, necessidades do
ego flutuante que se reforça no ego grupal, fazem com que se transformem em
pensamento ativo, em verdadeira ação social, político e cultural.
A oitava característica proposta por Knobel (1981) refere-se as
“contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta”. Para ele , é na
adolescência que o individuo tem mais dificuldade para controlar as suas ações, que
até mesmo o pensamento precisa se tornar ação para ser controlado. Knobel utiliza-se
da figura da esponja para exemplificar que a personalidade do adolescente é
permeável, recebe tudo e projeta tudo. Neste período, os processos de projeção e
introjeção são bastante intensos, variáveis e freqüentes, o que facilita uma conduta não
determinada e como resultado uma personalidade normal, porém, com anormalidades.
A penúltima característica proposta por Knobel refere-se a
“separação progressiva dos pais”. Uma das tarefas básicas para se estabelecer a
identidade do adolescente é a de ir se separando dos pais, uma tarefa que a própria
condição biológica vai impondo neste processo de amadurecimento.
28
A necessidade de se experimentar e utilizar a genitália de forma
procriativa, segundo Knobel (1981), faz com que esta separação aconteça
naturalmente. A intensidade e a qualidade da angústia dependem da maneira pela qual
o adolescente viveu a fase genital. Os pais vivem suas angústias de quando eram
adolescentes e muitas vezes negam o crescimento dos filhos, que acabam
desenvolvendo características persecutórias mais acentuadas, principalmente, se na
fase genital prévia se desenvolveu dificuldades com as figuras dos pais que tem e teve
caracteres de indiferenciação e de persecução. Ao contrário, se a figura dos pais esta
bem definida em uma relação amorosa e criativa, os aspectos persecutórios se
convertem no modelo de vínculo genital que o adolescente terá como modelo.
É na adolescência, segundo Bowlby (1990), que os comportamentos
de apego de uma criança aos seus pais sofrem uma grande mudança, tornando-se
ainda menos visíveis, ao mesmo tempo, o vínculo com outros adultos e pessoas da
mesma idade. Alguns adolescentes desligam-se inteiramente de seus pais, outros
permanecem intensamente apegados e outros conseguem estabelecer vínculos com
outras pessoas.
A décima e última característica proposta por Knobel refere-se a
“constantes flutuações do humor e do estado de ânimo”. Os fenômenos de depressão e
luto acompanham o processo identificatório da adolescência. A quantidade e a
qualidade da elaboração dos lutos da adolescência determinarão a maior ou menor
intensidade desta expressão e destes sentimentos. “A intensidade e a freqüência dos
processos de introjeção e projeção podem obrigar os adolescentes a realizarem rápidas
modificações no seu estado de animo [...] Knobel (1981, p 58)”. Neste período a realização
das necessidades instintivas básicas que nem sempre são satisfeitas, fazendo com que
o adolescente se feche em si para alcançar esta satisfação, desenvolvendo o
sentimento de solidão.
Falamos até aqui das características apontadas por Knobel que
permitiu uma ligação importante com o tema da dissertação. As características como
uma identificação do perfil jovem, auxiliaram a verificar que muitos da população
pesquisada é adolescente ou estão no final dela. Algumas dessas são facilmente
percebidas nos resultados. O adolescente na busca pela sua identidade procura viver
em grupo. Knobel chamou de tendência grupal que é a sua capacidade de interagir
com a sociedade em que vive. Na busca de resolução de problemas, o adolescente se
agrupa com aqueles que são iguais, é a superidentificação de massa, se vestem da
29
mesma forma, um se identifica com o outro e porque não dizer gostam das mesmas
músicas. Isto lhes garante a sensação de segurança e estima pessoal.
Além destas características, Knobel aponta que o adolescente neste
período é um ateu exacerbado ou um místico muito fervoroso, alcançando os extremos
de cada situação, passando de um lado para outro com muita facilidade. A questão da
religiosidade aparece nesta fase com mais intensidade não por acaso, devido a sua
angústia de viver o luto pelas perdas que é acometido, como o corpo infantil, a
possibilidade de morte e morte de seus pais infantis. Esta busca pela divindade e de
suas verdades absolutas pode significar uma saída menos frustrante para este período.
O que pudemos perceber ainda nos resultados da pesquisa foi exatamente uma
população muito “crente”. Itens como, leitura da bíblia como leitura preferida, ter em
Jesus como ídolo, ouvir música gospel e afirmar que a música religiosa é a expressão
daquilo que estão sentindo e pensando, revela o quanto estes adolescente e jovens
usam da religião como elemento presente na busca pela suas identidades psicossocial
e religiosa.
1.2 A teoria psicossocial de Erik Erikson sobre a identidade humana.
Outra teoria sobre a identidade humana que é aplicável aos
adolescentes e jovens das comunidades presbiterianas independentes é a teoria de Erik
Erikson (1976/1998), que introduz elementos de uma teoria psicanalítica do
desenvolvimento psicossocial e desenvolvimento do ego. Esse autor enfatiza as
abordagens psicossexual e psicossocial e sua relação com o conceito de ego, a partir
daí passa a examinar como se dá o ciclo da vida, incluindo no pensamento
psicanalítico aquilo que se chamava o “mundo exterior”. Para Erickson, há, seja em
que ordem for, o processo biológico da organização hierárquica dos sistemas de
órgãos que constituem um corpo. Há também o processo psíquico que organiza a
experiência individual por meio da síntese do ego (psique), e, também, o processo
comunal da organização cultural da independência das pessoas (etos) (ERIKSON,
1998).
30
As dimensões do desenvolvimento
Para Erikson o desenvolvimento passa por várias dimensões. São
elas, a dimensão biológica, a social e a individual. Quando integradas as três, segundo
Erikson, resulta no que chamamos de personalidade. Isto é, estes três sistemas
coordenados adequadamente resultam em uma pessoa saudável, ou seja, uma pessoa
que domina ativamente seu ambiente, mostra uma certa unidade da personalidade e é
capaz de perceber corretamente o mundo e a si mesma (ERIKSON, 1976).
A dimensão biológica para Erikson é um conceito que concorda
com o ponto de vista da psicanálise no que diz respeito ao nível biológico, para ele, o
recém nascido humano possui um poderoso conjunto de pulsões e impulsos. Porém,
necessita de ordem e consistência, uma necessidade de continuidade da experiência,
para que o desenvolvimento ocorra numa sequência mais ou menos previsível e que
esta é, em parte, governada por algum tipo de mecanismo inato ou fator maturacional.
Este tipo de mecanismo é que está por trás de todo o desenvolvimento orgânico
humano ou não, que ele chama de princípio epigenético. Este princípio afirma que,
tudo que cresce tem um plano básico e é a partir deste, que se erguem as partes ou
peças componentes até que, todas surjam para formar um todo em funcionamento
(GALLATIN, 1978).
A dimensão social é um plano básico que não pode pairar em um
vazio. O ser humano nasce com uma grande dependência, a qual, não tem sentido se
não estiver inserida na dimensão social. O bebê com seus impulsos precisa ser cuidado
para que possa sobreviver. Seu sentido de ordem e consistência não pode ser mantido,
e suas potencialidades não podem ser manifestas sem a presença de outras pessoas.
Tudo que ele vier a aprender tem a ver com sua família, hábitos e necessidades.
A dimensão social do desenvolvimento da personalidade envolve
uma série de acomodações mútuas, que podem variar de acordo com a cultura, na
qual, o individuo está inserido variando de uma cultura para outra. O que é comum a
todas elas é a meta de transformar crianças dependentes em adultos maduros
(GALLATIN, 1978). Por outro lado, existe a dimensão individual, onde nenhum
individuo desenvolve personalidades idênticas, mesmo considerando a existência de
um plano básico biológico e social. Todo ser humano nasce com uma necessidade de
categorizar e organizar suas experiências, mas estas pessoas não possuem os mesmos
31
equipamentos para fazê-lo. Cada pessoa responde segundo a sua percepção de mundo
e a maneira como é vista por ele.
O ser humano é considerado psicologicamente quando consegue
desenvolver um firme sentido de identidade, e consegue se reconhecer como uma
pessoa única, dentro de uma determinada sociedade, com um passado, presente e
futuro. Os que não conseguem integrar suas experiências desta forma são menos
integrados e unificados do que os que conseguem realizar esta integração, se a
desorganização na síntese do ego é severa, eles podem tornar-se seriamente
perturbados. A personalidade depende de um firme sentido de identidade.
o sentimento consciente de se possuir uma identidade pessoal
baseia–se em duas observações simultâneas: a percepção da
uniformidade e continuidade da existência pessoal no tempo e no
espaço; e a percepção do fato de que os outros reconhecem essa
uniformidade e continuidade da pessoa. Assim, a identidade do ego,
em seu aspecto subjetivo, é a consciência do fato de que existe
uniformidade e continuidade nos métodos de sintetização do ego, o
estilo da individualidade de uma pessoa, e de que estilo coincide
com a uniformidade e continuidade do significado que a pessoa tem
para os outros significados na comunidade imediata (ERIKSON,
1976, p 49).
Portanto, a identidade como desenvolvimento da personalidade tem
uma dimensão biológica, social e individual (ego) e que para Erikson, cada ser humano
tem uma necessidade de sentir-se único, necessidade que provém do esforço
inconsciente para manter a continuidade da experiência. Porém, ele não pode
desenvolver este sentimento de ser único e de possuir um destino próprio e singular na
ausência de uma cultura. A cultura proporciona cuidados e a consistência de um ego,
fornece um conjunto de rótulos e diretrizes que permitem que o ego, a medida que se
desenvolve, formule um identidade (Gallatin, 1978).
A adolescência é o período particularmente crucial para a formação
da identidade, é neste estágio que o individuo pode localizar o seu ego no tempo e no
espaço, reconhecendo que teve passado e visualisando um futuro, também pessoal,
para si próprio. Para a formação de identidade é necessário, segundo Erikson (1976),
que o individuo desenvolva os requisitos preliminares de crescimento fisiológico,
amadurecimento mental e responsabilidade social para experimentar e atravessar a
crise de identidade.
32
compete ao ego integrar os aspectos psicossexuais e psicossociais de
um dado nível de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, integrar a
relação entre os elementos de identidade recém adicionados e o que já
existiam, isto é, compete-lhe superar as inevitáveis descontinuidades
entre os diferentes níveis de desenvolvimento da personalidade, pois
as anteriores cristalizações de identidades são passiveis de renovado
conflito quando as mudanças na qualidade do impulso, as expansões
no equipamento mental e as novas e amiúde conflitantes exigências
sociais fazem com que os ajustamentos prévios pareçam insuficientes
e, de fato, tornam suspeitas as prévias oportunidades e recompensa
(ERIKSON, 1976, p 163).
O adolescente possui aptidões necessárias para decidir-se quanto a
uma identidade. Ele também se defronta com certas pressões para que o faça. Seu ego
é capaz de sintetizar suas percepções e memórias melhor do que o ego da criança,
possuindo mais percepções e memórias para fazê-lo. Neste período, entre a transição
da infância e a idade adulta, o adolescente se torna consciente de todos os
ajustamentos pessoais, ocupacionais, sexuais e ideológicos, que serão exigidos dele
antes que atinja a maturidade Gallatin (1978, p 203).
Quando se discute identidade, não podemos separar o
desenvolvimento pessoal e a transformação comunitária, assim como não podemos
separar a crise de identidade na vida individual e a crise contemporânea no
desenvolvimento histórico porque ambas ajudam a definir à outra e estão
verdadeiramente relacionados entre si como uma espécie de relatividade psicossocial
(ERIKSON, 1976).
a instituição social é guardiã da identidade e é o que designamos
de ideologia, pois, é através de sua ideologia que os sistemas
sociais penetram na índole da geração seguinte e tentam absorver
em seu fluido vital o poder rejuvenescedor da mocidade. A
adolescência é pois, um regenerador vital no processo de evolução
social, pois a juventude pode oferecer suas lealdades e energias
tanto a conservação daquilo que continua achando verdadeiro
como a correção revolucionária do que perdeu o seu significado
regenerador (ERIKSON, 1976, p 134).
A juventude de hoje esquece que a formação de identidade é
realmente um problema de gerações. E que não podemos menosprezar o que parece ser
uma abdicação de responsabilidades por parte da geração mais velha, uma destas
responsabilidades consiste em fornecer aqueles ideais poderosos e convincentes que
devem anteceder a formação de identidade na geração seguinte, e desta maneira não
33
possibilite aos jovens se rebelar contra um bem definido ou um conjunto de valores
mais antigos (ERIKSON, 1976).
Os estágios de desenvolvimento
Erik Erikson dividiu o desenvolvimento humano em oito estágios ou
idades a partir das crises que o ser humano experimenta em seu ciclo de vida.
O primeiro estágio proposto por Erikson refere-se ao primeiro ano de
existência, correspondente ao estágio da crise confiança básica versus desconfiança
básica, caracteriza-se por uma atitude positiva de esperança, refletida pela confiança no
meio em que a criança vive e confiança no futuro. Poderá, no entanto, tornar-se
desconfiada e, por isso, temer o futuro. O evento importante deste estágio é a
alimentação.
O segundo refere-se ao segundo ano, é o estágio da crise autonomia
versus vergonha e dúvida. Este segundo ano caracteriza-se pela afirmação da vontade:
capacidade de exercer uma escolha assim como possibilidade de autodomínio;
sentimentos de autonomia e de amor-próprio que levam ao desenvolvimento da boa
vontade e do brio. Por outro lado, pode acontecer que se desenvolvam sentimentos de
perda de autodomínio ou de ser objeto de um excessivo domínio exterior. A vergonha e
dúvidas acerca do livre exercício da vontade podem ser os sentimentos resultantes. O
evento importante deste estágio é o uso do toalete.
O terceiro refere-se à fase correspondente ao espaço entre o 3º e o 5º
anos. Relaciona-se com a crise iniciativa versus culpa. Nesta fase dá-se a consolidação
da tenacidade que é a capacidade de iniciar atividades, de continuá-las e de apreciar a
sua realização. Pode, no entanto, acontecer que haja medo de castigos e sentimentos
inibitórios ou ainda um comportamento de “show-off”, ou seja, chamar a atenção
resultante daqueles. O evento importante trata-se da locomoção.
O quarto refere-se ao estádio que vai desde o 6º ano até à puberdade. A
crise aqui verificada é da produtividade versus inferioridade. Desenvolve-se a perícia:
que é a capacidade em relacionar habilidade e instrumentos; exercício da inteligência e
da destreza com o objetivo de realizar obras e de realizá-las bem. Porém, pode acontecer
que se gere um sentimento de incapacidade e um complexo de inferioridade. O evento
importante deste estágio é, sem dúvida, a escola. A adolescência constitui o momento
34
que diz respeito à crise identidade versus confusão do papel. É na adolescência que
começamos a perceber bem o significado da lealdade, que é a capacidade de ser fiel. É
também nesta altura que o adolescente se vê a si próprio como um ser único integrado
na sociedade ou ao contrário, a crise poderá levar o jovem a não entender bem que papel
deverá desempenhar, isto é, não saiba como agir porque “não sabe exatamente quem é”.
O evento mais importante deste estágio é o relacionamento a pares.
O quinto e o sexto referem-se aos primeiros anos da vida adulta. É o
sexto estádio que diz respeito à crise intimidade versus isolamento. Dá-se a capacidade
de nos darmos aos outros, amor e amizade. Por outro lado, o jovem adulto poderá
isolar-se, distanciando-se dos outros, evitando compromissos de amizade ou de amor. O
evento importante é o relacionamento de amor.
O sétimo refere-se á meia-idade, a crise verificada é a de criatividade
versus estagnação. Nesta fase de vida, dá-se um aumento dos cuidados para com aquilo
que foi criado através do amor, por necessidade ou acidentalmente: aumento de
interesse pela atividade profissional, por idéias ou aumento da atenção para com os
filhos. Se isto não acontecer, a pessoa em causa viverá sem interesses, “num deixar-se
andar”, cairá na depressão e haverá um empobrecimento nas relações com os outros.
O ultimo estágio refere-se ao da velhice, que diz respeito à crise
integridade versus desespero. A pessoa desta idade avançada pode tornar-se sábia. Ela
deixa de preocupar-se ansiosamente com a vida porque descobriu o seu sentido da
dignidade da sua vida e também haverá a aceitação da morte. Se não se atingir esta
sabedoria, isto acontece se ao olhar para trás se verifica que não se fez nada que valesse
a pena, haverá um sentimento de desgosto perante a vida e de desespero perante a
morte. Os eventos importantes deste estágio são a reflexão e a aceitação da vida.
1.3 Os estágios da fé: a identidade jovem para James W. Fowler
Muito se tem escrito, debatido, questionado e refletido acerca da fé
e ainda, sobre a fé do adolescente. James Fowler (1992) organizou e sistematizou a
dinâmica do desenvolvimento da fé, através do que ele chamou de estágios da fé.
Esses estágios procuram ampliar a compreensão do conhecimento e desenvolvimento
da fé tomando como parâmetro uma escola da psicologia do desenvolvimento,
utilizando a teoria de desenvolvimento humano de Erikson, desenvolvida
35
anteriormente. Para este autor, a teoria sobre os estágios da fé, procura considerar os
desafios e crises previsíveis no decorrer do ciclo da vida humana.
As contribuições de Fowler para os estudos das etapas religiosas
A fé é a maneira pela qual uma pessoa ou grupo responde ao valor e
poder transcendentes, conforme são percebidos e aprendidos através das formas da
tradição cumulativa. Uma tradição cumulativa pode ser constituída por textos de
escrituras ou leis, incluindo narrativas, mitos, profecias, relatos de revelações,
símbolos visuais e de outros tipos, tradições orais, música, dança, ensinamentos
éticos, teologias, credos, ritos, liturgias, arquitetura e muitos outros elementos.
Segundo Fowler (1992), a “tradição cumulativa” é renovada a medida que seus
conceitos provam ser capazes de evocar e modelar a fé de novas gerações. A fé é
despertada e nutrida pelos elementos da tradição. Quando esses elementos chegam a
expressar a fé dos novos aderentes a tradição é ampliada e modificada, ganhando
assim nova vitalidade. Fowler continua dizendo que esta explicação representa um
ideal, e que para a sociedade moderna o relacionamento da fé e religião se tornou
problemático. A fé luta para ser mantida, em muitas pessoas hoje, que sentem não ter
nenhum acesso utilizável a qualquer tradição religiosa cumulativa que seja viável
(FOWLER, 1992).
As nossas primeiras experiências de fé e fidelidade começam com o
nascimento. Somos recebidos e acolhidos com algum grau de fidelidade por aqueles
que cuidarão de nós, e segundo Fowler, é a partir da consistência em suprir as nossas
necessidades, por criarem um espaço valioso em nossas vidas, aqueles que nos
recebem providenciam uma experiência inicial de lealdade e confiabilidade.
Percebemos o quanto Fowler concorda com Erikson quando ele diz que o bebê com
seus impulsos precisa ser cuidado para que possa sobreviver. Seu sentido de ordem e
consistência não pode ser mantido e suas potencialidades não podem ser manifestas
na ausência de outras pessoas. Tudo que ele vier aprender tem a ver com sua família,
hábitos e necessidades. Dessa maneira,
antes que possamos usar a linguagem, formar conceitos ou mesmo
ser considerados conscientes, começamos a formar nossas primeiras
intuições rudimentares acerca de como é o mundo, de como ele nos
considera, e se podemos nos sentir em casa (FOWLER, 1992, p 25).
36
O que Fowler está nos indicando é o fato do individuo crer, confiar,
comprometer-se, colocar seu coração e prometer fidelidade, é mostrar que fé é um
verbo. A fé é uma forma ativa de ser e comprometer-se, um meio de adentrarmos e
modelarmos as nossas experiências de vida e que fé é sempre relacional, sempre há
um outro na fé. Na interação entre pais e filhos não só começa a se desenvolver um
vínculo de confiança e lealdade mútuas, mas a criança ao desenvolver seus vínculos,
o fará em um nível básico, sente o novo e estranho ambiente como um ambiente
confiável ou/e providente, arbitrário ou/e negligente. A fé é um empreendimento
relacional, triádico ou pactual em seu formato, ou seja, não colocamos o nosso
coração em pessoas, causas, instituições ou deuses porque simplesmente devemos
fazer, mas porque de alguma maneira o outro com a qual nos comprometemos tem
para nós, uma excelência ou valor intrínseco e porque ele pode nos conferir valor
(FOWLER, 1992).
os centros de valores e poder têm valor divino para nós, portanto,
são aqueles que nos conferem sentido e dignidade e prometem nos
sustentar em um perigoso mundo de poder. Nossos
comprometimentos e confianças moldam nossa identidade. Eles
determinam (e são determinados por) a comunidades a que
filiamos. Num sentido real, nós nos tornamos parte daquilo que
amamos e em que confiamos (FOWLER, 1992, p 27).
Em sua teoria, Fowler propõe uma visão estrutural
desenvolvimental da fé e que deve ser uma teoria do conhecer e agir pessoais. Isto
não implica uma teoria individualista, nem uma teoria que desista do compromisso
com a possibilidade de generalização. Significa um compromisso de levar a sério o
fato de que nossas decisões e ações anteriores moldam o nosso caráter, a nossa
história, imagens que vivemos e de que somos formados em comunidades sociais, e
que, nossa forma de ver o mundo são moldados pelas imagens e construções
partilhadas de nosso grupo ou classe. Significa ainda um compromisso de relacionar
os estágios estruturais da fé às crises e aos desafios previsíveis das fases de
desenvolvimento e de levar a sério as histórias de vida no estudo da fé (FOWLER,
1992).
O que Fowler está propondo é uma leitura dos estágios de
desenvolvimento humano de Erikson, para então, desenvolver ou encontrar os
estágios da fé dentro do ciclo da vida. Fowler enfatiza a posição de Erikson ao dizer
37
que não se trata de um determinismo grosseiro e que tudo é decisivo para a fé, mas
o que ocorre nos primeiros 12-60 meses de vida, a confiança versus desconfiança
básica, é o fator de qualidade da primeira mutualidade da criança com as condições
de sua existência e com as pessoas que fazem parte de sua vida. Isto ajudará a sua
definição de identidade e fé, pois suas primeiras experiências de fé terão origens na
relação com seus pais (FOWLER, 1992).
Os estágios da fé em Fowler
Assim como Erik Erikson e outros teóricos do desenvolvimento
humano como Jean Piaget, Folwer desenvolveu sua teoria também a partir da idéia
dos estágios e para ele, são seis estágios da fé.
O primeiro estágio proposto por Fowler refere-se a lactância e fé
indiferenciada. Este período é marcado pela relação estritamente mãe-bebezinho, em
que os cuidados maternos e paternos são essenciais na vida de qualquer ser humano,
pois, somos no meio animal os que não sobrevivem sem estes cuidados nos primeiros
meses de vida. Segundo Fowler (1992), começamos a desenvolver a fé também neste
período. Com o nascimento, o bebê é lançado em um novo ambiente em que será
necessário o desenvolvimento de nossas potencialidades humanas para
sobrevivermos nele. Precisamos da ativação e elaboração de nossas capacidades
adaptativas, porém, este progresso vai depender das pessoas e as condições desse
ambiente que nos recebem e nos fazem entrar em interação.
Precisamos de estímulos de comunicação suficientes para que
possamos desenvolver nossas capacidades adaptativas para relacionamentos e
vínculos amorosos e se estes estímulos não ocorrem, estas capacidades adaptativas
podem ficar retardadas ou mesmo não ativadas (FOWLER, 1992). Se nada disto
acontecer, nossa confiança no mundo e em nós mesmos pode ser desequilibrada por
desconfiança e desespero infantil. O bebê percebe a mãe, o seio materno, a
mamadeira, como uma extensão dela própria. Em torno dos oito meses é que o bebê
começa a se separar destes objetos, e ao perceber a ausência da mãe o bebê vive um
pânico pela incerteza de sua volta. Este “pânico” é tão difícil que desenvolvemos as
nossas primeiras defesas psíquicas fazendo-nos esquecer através do retorno da mãe
ou de outra pessoa que dispense cuidados.
38
Para Fowler, é desta maneira que desenvolvemos a confiança nas
outras pessoas e no ambiente cultural, grupo social em que estamos inseridos. As
primeiras imagens de Deus que temos neste período, segundo Fowler, são as
primeiras experiências de mutualidade porque somos seres indefesos e dependentes
de outros imensamente poderosos. Chama-se pré-imagens porque acontece em
grande parte e formam-se antes da linguagem, antes dos conceitos e em uma época
que coincide com o surgimento da consciência. Para Fowler, a força da fé que surge
neste estágio é o fundo de confiança básica e a experiência relacional de mutualidade
com a pessoa ou pessoas que dispensam os cuidados e amor primário (FOWLER,
1992).
Ainda, um outro momento dentro deste mesmo estágio é o que
Fowler chama em segundo lugar de fé intuitivo-projetiva. Este período é quando
começa a ocorrer a convergência de pensamento e linguagem, a criança toma posse
de um tipo qualitativamente novo e poderoso manuseio sobre o mundo da
experiência. Segundo Fowler, a criança intuitivo projetiva, cuja idade vai dos dois
aos sete anos, usa a fala e representação simbólica para organizar a sua experiência
sensória transformando-a em unidade de sentido, explora e dá nomes à coisas e
objetos, o que antes não fazia sentindo agora começa a ter. Seu pensamento ainda
não é reversível.
As relações de causa e efeito ainda são mal compreendidas. Exibem
o egocentrismo cognitivo do qual são incapazes de coordenar e comparar duas
perspectivas diferentes a respeito do mesmo objeto. Na conversa com outras crianças
intuitiva projetivas tem um caráter de monólogos, cada qual falando daquilo que
parece ser e fazer parte de seu interesse, mas conforme cada uma percebe e
experimenta na busca de ajuste e adequação. Segundo Fowler, na perspectiva do
desenvolvimento cognitivo, seu pensamento é fluido e mágico. Falta lhe a lógica
indutiva e dedutiva, segue como processos imaginativos. A educação e o ensino neste
período devem ser feitos com muito cuidado, pois é uma fase fantasiosa e imitativa e
pode ser influenciada pelo temperamento, ações e histórias de fé, visível dos adultos,
que ela mantém contatos primários. Existem tipos de pregação e ensino que
enfatizam o poder do diabo, o pecado e a necessidade urgente de conversão, levando
a criança a uma identidade precoce, assumindo muitas vezes a identidade da fé adulta
daquela confissão de fé, acarretando na vida adulta o surgimento de uma
personalidade muito rígida, frágil e autoritária (FOWLER, 1992).
39
O terceiro estágio de fé proposto por Fowler refere-se a fé mítico
literal. A criança neste período escolar, diferente dos períodos anteriores, já constrói
um mundo mais ordenado, confiável e temporalmente linear. Capaz de raciocínio
indutivo e dedutivo, se tornou um jovem empirista, capaz de investigar e testar, irá
apresentar provas para pretensões de fato. Possui uma capacidade de imaginação e
capaz de uma vida de fantasia altamente desenvolvida, mas os produtos desta
imaginação toda ficarão confinada ao mundo de brincadeira e serão submetidos e
avaliados antes de serem admitidos. Neste período a criança traz a capacidade de
ligar as experiências, formando sentido através de histórias, crenças e observâncias
que simbolizam pertença à sua comunidade (FOWLER, 1992).
Ainda no terceiro estágio Fowler fala que, juntamente à fé mítico
literal se desenvolve a fé sintético convencional. A puberdade acarreta uma revolução
na vida física e emocional. Além de ver as mudanças que estão acontecendo no seu
físico, o jovem precisa também saber a opinião de outras pessoas. Procura pessoas de
confiança para que possa ver, por meio da opinião do outro, a sua personalidade
surgindo e desta maneira obter avaliação sobre sentimentos, idéias, ansiedades e
comprometimentos que estão se formando e buscando uma forma de se expressar e
de ser aceito pelos outros. Segundo Fowler, o adolescente neste período, precisa
experimentar um Deus que conheça, aceite e confirme profundamente o próprio eu
e que sirva de garantir o infinito do eu juntamente com o mito em formação da
identidade e fé pessoal.
A autoridade está localizada externamente, residindo nas pessoas
disponíveis ou incumbidas de papeis de liderança e nas instituições. Isto não
significa que os adolescentes não façam escolhas ou que manifestem fortes
sentimentos e compromissos referentes aos seus valores e normas de comportamento,
mas significa que a despeito de seu genuíno sentimento de ter feito escolhas e auto-
imagens mediados pelos outros significativos em suas vidas, foram os adolescentes
escolhidos, o que eles fazem é esclarecer e ratificar aquelas imagens e valores que os
escolheram (FOWLER, 1992). Ainda, quando é Deus este outro significativo o
comprometimento com Deus e a auto-imagem correlata podem exercer um
poderoso efeito ordenador sobre a identidade e a perspectivas de valores do
adolescente.
Segundo Fowler, a capacidade emergente neste estágio é a formação
de um mito pessoal, o mito do próprio devir da pessoa em identidade e fé,
40
incorporando o passado e o futuro previsto em uma imagem do ambiente último
unificada por características de personalidade (FOWLER, 1992).
suas imagens de valor e poder unificador derivam se da extensão de
qualidades experimentadas em relacionamentos pessoais. É um
estágio “conformista” no sentido de que agudamente sintonizado
com as expectativas e julgamentos de outros significativos e ainda
não possui uma percepção suficientemente segura de sua própria
identidade e julgamento autônomo para construir e manter uma
perspectiva independente. Embora as crenças e valores sejam
profundamente sentidos é típico que sejam assumidos de forma
tácita, a pessoa habita neles e o mundo de sentido por eles mediado
(FOWLER, 1992, p 146).
O quarto estágio, Fowler chamou de Fé individual-reflexiva.
Este estágio que acontece já no início da fase adulta, ocorre certas tensões inevitáveis
em que a pessoa enfrenta a individualidade versus ser definido por um grupo ou pelo
fato de ser membro de um grupo. A subjetividade e o poder de sentimentos fortemente
vivenciados, mas não examinados, versus objetividade e a exigência de reflexão
crítica. “A auto realização como preocupação primária versus serviço em prol de
outros e ser para outros, a questão de estar comprometido com o relativo versus a luta
com a possibilidade de um absoluto [...] Fowler (1992, p 154)”. Ainda, o eu,
anteriormente sustentado em sua identidade e composições de fé por um circulo
interpessoal de outros significativos, agora exige uma identidade não mais definida
pelo composto dos papeis ou significados da pessoa para outras.
O quinto estágio, Fowler chamou de Fé conjuntiva.
Segundo Fowler, este estágio prevê a meia idade e a fé conjuntiva implica na
integração, no eu e na própria perspectiva, de muita coisa que foi suprimida ou não
reconhecida no interesse da auto certeza e da consciente adaptação cognitiva e
afetiva à realidade, vividas no estágio 4. Neste estágio, a pessoa passa a dar
significados conceituais aos símbolos, considerando o seu passado e dando mais voz
ao seu eu mais profundo. Acontece um reconhecimento critico do seu inconsciente
social, os mitos, imagens ideais e preconceitos profundamente embutidos no sistema
do eu em virtude da educação da pessoa dentro de determinada classe social, tradição
religiosa, grupo étnico ou coisa semelhante (FOWLER, 1992). Este estágio gera e
mantém a vulnerabilidade às estranhas verdades daqueles que são “outros”, e estará
pronto para a intimidade com o que é diferente e ameaçador para o eu e a própria
perspectiva, inclusive novas experiências em espiritualidade e revelação religiosa.
41
O sexto estágio, Fowler chamou de fé universalizante.
No estágio seis ocorre uma encarnação disciplinada, ativista, um tornar real e
tangível os imperativos do amor e da justiça, absolutos, dos quais o estágio cinco
possui apreensões reais, ou seja, no estágio seis a pessoa engaja-se em gastar e ser
gasta para a transformação da realidade atual na direção de uma realidade
transcendente. As pessoas exibem qualidades que estremecem nossos critérios usuais
de normalidade.
A sua indiferença a auto preservação e a vivacidade de seu gosto e
percepção da realidade moral e religiosa transcendente dão às suas ações e palavras
uma qualidade extraordinária frequentemente imprevisível. [...] Fowler (1992, p
169)”. Estas pessoas se tornam idealizadoras, vivendo uma participação sentida em
um poder que unifica e transforma o mundo, os universalizantes são vistos como
subversores das estruturas, inclusive das estruturas religiosas, pelas quais
sustentamos nossa sobrevivência, segurança e relevância individual e corporativa.
Estão preparados para ter comunhão com pessoas de qualquer um dos outros
estágios, e de quaisquer outras tradições de fé.
Para a nossa pesquisa Fowler auxilia a compreensão de como se dá
o desenvolvimento da fé dos adolescentes e jovens. Para ele, desenvolvemos a
confiança nas outras pessoas, no ambiente cultural e, grupo social em que estamos
inseridos por meio da confiança desenvolvida quando somos ainda crianças. As
primeiras imagens de Deus, temos neste período, segundo Fowler, são as primeiras
experiências de mutualidade porque somos seres indefesos e dependentes de outros
imensamente poderosos. Chama-se pré-imagens porque acontece em grande parte e
formam-se antes da linguagem, antes dos conceitos e em uma época que coincide
com o surgimento da consciência. A medida que se amadurece, a fé é despertada e
nutrida pelos elementos da tradição. Quando esses elementos chegam a expressar a fé
dos novos aderentes, a tradição é ampliada e modificada, ganhando assim nova
vitalidade. Os adolescentes e jovens vivem esta ampliação quando fazem hibridismo
cultural com os elementos da tradição e os novos elementos de uma cultura gospel.
1.4 A construção social da identidade jovem
Na sociologia de Peter Berger e Thomas Luckmann (2002), a
identidade é uma construção social e cultural. A identidade é formada por processos
42
sociais que uma vez cristalizada, é mantida, modificada ou mesmo modelada por
relações sociais. Os processos sociais implicados na formação e conservação da
identidade são determinados pela estrutura social. Inversamente, as identidades
produzidas pela interação do organismo, da consciência individual e da estrutura
social reagem sobre a estrutura social dada, mantendo-a, modificando-a ou mesmo
modelando-a (BERGER, 2002).
A identidade é elemento chave da realidade subjetiva e como
realidade subjetiva deriva da dialética entre um indivíduo e a sociedade. Os tipos de
identidades são produtos sociais, elementos relativamente estáveis da realidade social
objetiva. Este grau de estabilidade é determinado socialmente (BERGER, 2002). O
sentido se constitui na consciência humana que se individualizou num corpo e se
tornou pessoas através de processos sociais. Consciência, individualidade,
corporalidade específica, sociabilidade e formação histórico-social da identidade
pessoal são características essenciais de nossa espécie (BERGER, 2002).
Desde criança a pessoa está colocada em uma relação social, com
seus pais e com outras pessoas de importância relacional. Estas relações se
desenvolvem em ações reguladas, diretas e recíprocas, mas como organismo
individualizado tem capacidades corporais e conscientes inerentes a espécie humana.
A criança aprende com o agir dos adultos que possuem um reservatório do sentido de
sua sociedade. Nesses processos desenvolve progressivamente sua identidade pessoal
(BERGER, 2002).
Desta maneira a sociedade precisa ser entendida como um processo
dialético composto por três momentos: a exteriorização, objetivação e a interiorização.
Fazer parte da sociedade significa participar desta dialética, pois, ao mesmo tempo
que o indivíduo exterioriza o seu próprio mundo social, ele interioriza o mundo social
como realidade objetiva. “O individuo nasce com a predisposição para a sociabilidade
e por meio da interiorização ela dá sentido à um acontecimento objetivo dotado de
sentido. Este acontecimento é a manifestação de processos subjetivos de outro que se
tornou subjetivamente significativo também para quem o vê” Berger (2002, p 173). O
que para um é subjetividade passa a ser objetivamente acessível, para se tornar
subjetivo uma vez interiorizado. A interiorização constitui a base de compreensão de
nossos semelhantes para se tornar a apreensão do mundo como realidade social dotada
de sentido (BERGER, 2002).
43
Essa apreensão não são criações autônomas de significado por
indivíduos isolados, mas acontece quando estes indivíduos assumem o mundo no qual
outros vivem. Uma vez assumido pode ser modificado de maneira criadora ou até
mesmo recriado porque, este assumir tem um certo sentido para cada organismo
humano e o mundo.
Na interiorização não só se compreende os processos subjetivos
momentâneos do outro, mas compreende-se e passa a ser o seu próprio
mundo. Ocorre uma identificação mútua, pois além de compreender as
definições das situações partilhadas se é capaz de defini-las
reciprocamente. Vive-se um mesmo mundo e se participa um do ser do
outro (BERGER, 2002, p 175).
Este processo ontogênetico se dá por meio da socialização. A
socialização primária é a primeira que o individuo experimenta e ocorre já na infância,
tornando-o membro da sociedade, enquanto que a socialização secundária e o
processo subsequente, introduz este indivíduo já socializado em novos setores do
mundo objetivo de seu grupo social. Todo indivíduo nasce em uma estrutura social
objetiva e encontra outros significativos que se encarregam de sua socialização. Estes
outros significativos são impostos, nascem não só em uma estrutura social objetiva,
mas também em um mundo social objetivo. O que servirá de mediação são os
significativos que só farão sentido de acordo com as características individuais
encontradas na biografia de cada indivíduo (BERGER, 2002). Para Berger, o mundo
social é filtrado pela localização na estrutura e pelas características individuais. A
socialização primária implica mais no conhecimento que o sujeito adquiriu por meio
de suas experiências vividas em sociedade ou nas instituições.
A interiorização só se realiza quando há identificação, ou seja, a
criança identifica-se com outros significativos por uma multiplicidade de modos
emocionais, absorvendo papéis e as atitudes dos outros significativos, interiorizando e
tornando os seus e a criança adquire uma identidade subjetiva coerente. Ocorre uma
dialética entre a identificação pelos outros e a auto identificação entre a identidade
objetiva atribuída e a identidade subjetiva apropriada. O que Berger está dizendo é que
a apropriação subjetiva da identidade e a apropriação subjetiva do mundo social são
apenas aspectos diferentes do mesmo processo de interiorização mediatizados pelos
mesmos outros significativos. Quando ocorre a identificação ocorre não somente com
os outros concretos mas com uma generalidade de outros, a sociedade. Somente
44
quando ocorre esta identidade generalizada com a identificação consigo mesmo é que
se alcança estabilidade e continuidade.
O processo de interiorização acontece de fato quando a sociedade, a
identidade e a realidade cristalizam-se subjetivamente. Esta cristalização ocorre
juntamente com a interiorização da linguagem, importante instrumento da
socialização. Na socialização primária a sociedade define ao individuo quais são os
significativos que ele terá que aceitar se a possibilidade de optar por outro. O
individuo interioriza o mundo como sendo o único mundo existente e concebível. Os
conteúdos específicos que são interiorizados na socialização primária variam de
sociedade para sociedade e são por meios de esquemas motivacionais e interpretativos
que o são. Estes esquemas fornecem à criança programas institucionalizados para a
vida cotidiana, antecipando condutas socialmente definidas (BERGER, 2002).
A linguagem tem origem e encontra sua referencia primária na vida
cotidiana. Segundo Berger (2002), a linguagem como sistemas de sinais é objetiva.
Ela fornece a possibilidade de objetivação da experiência em desenvolvimento.
Assim, como tipifica a experiência, permite que o grupo tenha acesso a ela. Ao mesmo
tempo que tipifica ela também torna anônima a experiência, pois as experiências
tipificadas podem em principio ser repetidas por qualquer pessoa incluída na categoria
em questão.
A linguagem tem, portanto, segundo Berger (2002), a capacidade
de transcender o aqui e agora, ela estabelece pontes entre diferentes zonas dentro da
realidade da vida cotidiana e as integra em uma totalidade dotada de sentido. A
transcendência tem dimensões espaciais e sociais. Por meio da linguagem posso
transcender o que liga um ao outro do mesmo grupo. Ela pode tornar possível a
presença de uma grande variedade de objetos que estão espacial, temporal e
socialmente ausentes do aqui e agora. A linguagem constrói representação simbólica
que parece elevar-se a realidade da vida cotidiana como gigantescas presenças de
outro mundo. Ela não só é capaz de construir símbolos altamente abstraídos da
experiência diária, mas também, de fazer retornar estes símbolos, apresentando-os
como elementos objetivamente reais na vida cotidiana (BERGER, 2002).
Após ter ocorrido a socialização primária e que termina quando o
conceito do outro generalizado foi estabelecido na consciência do individuo, ele passa
a ser um membro efetivo na sociedade e possui subjetivamente uma personalidade e
um mundo. Quando se chega a este limite é necessário que a socialização secundária
45
aconteça. A socialização secundária é a interiorização sub-mundos institucionais ou
baseados em instituições. Ela é a aquisição de conhecimento de funções específicas,
funções direta ou indiretamente com raízes na divisão do trabalho. Ela exige a
aquisição de vocabulários específicos de funções, o que significa a interiorização de
campos semânticos que estruturam interpretações e condutas de rotina em um área
institucional (BERGER, 2002).
Os processos formais de socialização secundária são determinados
por seu problema fundamental a suposição de um processo precedente da socialização
primária, isto é, deve tratar com uma personalidade já formada e um mundo já
interiorizado. A realidade já interiorizada tem a tendência a persistir sejam quais
forem os novos conteúdos que devam agora ser interiorizados, estes precisam
sobrepor-se a esta realidade já presente na socialização secundária que não é
necessária estar carregada de emoção da criança com outros significativos, podem
seguir somente com a identificação mútua incluída em qualquer comunicação entre
seres humanos.
“[...] Algumas crises que acontecem depois da socialização primária
são causadas pelo reconhecimento de que o mundo dos pais não é o único mundo
existente, mas tem uma localização social muito particular tratando até de maneira
pejorativa Berger (2002, p 185)”. Porém, se a socialização pode ser imperfeita em um
mundo social, mas ser perfeita e bem sucedida em outro. Este resultado pode resultar
da heterogeneidade do pessoal socializador. Isto pode acontecer de várias maneiras e
várias situações, nas quais, todos os outros significantes da socialização primária
servem de mediadores para uma realidade comum, mas de perspectivas
consideravelmente diversas (BERGER, 2002).
A socialização do individuo religioso requer técnicas aplicadas
que destinam a intensificar a carga afetiva do processo de socialização, a imersão na
nova realidade e o devotamento a ela são institucionalmente definidos como
necessários. O relacionamento do individuo com o pessoal socializador reveste-se do
caráter de outros significantes em face do individuo que está sendo socializado. O
individuo entrega-se a nova realidade, a música, a revolução, a fé, não apenas
parcialmente, mas com o que é subjetivamente a totalidade de sua vida (BERGER,
2002).
Afirmamos anteriormente que a identidade é uma construção social
e cultural. A realidade da vida cotidiana é partilhada com outros indivíduos que na
46
relação uns com os outros se dá a interação social. Somente desta forma é que o outro
é real, porém, segundo Berger (2002), a realidade da vida cotidiana contém esquemas
tipificadores em que os outros são apreendidos e aprendemos a lidar com eles. O outro
pode ser real sem que se tenha encontrado face a face. Todas as tipificações afetam
continuamente a minha interação com o outro. Estes esquemas tipificadores podem ser
vulneráveis à interferência do outro, que em formas mais remotas de interação podem
ser através de padrões rígidos, porém, desde o inicio esta interação já é padronizada e
acontece dentro da rotina da vida.
Para Berger e Luckmann (2002), no relacionamento entre sociedade e
identidade podem ocorrer mudanças drásticas na identidade do individuo, tanto a sua
origem quanto a sua manutenção serão constituídos por um processo social. A
alternação, ou seja, a transformação é o caso extremo da modificação. Caso que
qualquer indivíduo por viver em sociedade está sujeito a sofrer. Para que ela ocorra há a
exigência de processos re-socializadores. A conversão religiosa é um exemplo clássico
de alternação. A conversão para ser bem sucedida, como a alternação, exige a inclusão
de condições sociais e conceituais. A condição social mais importante é a possibilidade
de dispor de uma estrutura efetiva de plausibilidade, isto é, uma base social que sirva de
"laboratório da transformação". Essa estrutura de plausibilidade será oferecida ao
indivíduo pelos outros significados com os quais deve estabelecer forte identificação
afetiva. Não é possível a transformação radical da realidade subjetiva, incluindo a
identidade, sem esta identificação, que inevitavelmente repete as experiências infantis
da dependência emocional com os outros significados. Estes últimos são os guias que
conduzem à nova realidade e representam a estrutura de plausibilidade nos papéis que
desempenham com relação ao indivíduo, papéis tipicamente definidos de maneira
explícita em termos de função re-socializante, e mediatizam o novo mundo para o
indivíduo. Portanto, segundo Berger e Luckamnn (1987) na alternação envolve uma
tensa situação social em que o individuo é levado a repudiar sua antiga concepção de si
mesmo e a assumir uma nova identidade, a que foi programada para ele na nova
ideologia.
Em nossas relações cotidianas a nossa subjetividade não é acessível
ao outro, mas aquilo que o outro é, é permitido acessar. Berger (2002) sugere a figura
do espelho, onde se reflete as atitudes uns dos outros. As tipificações do outro podem
sofrer interferências como também podem interferir na vida dos outros. Na vida diária
tanto pode-se aprender com o outro como interagir com ele. Pode-se ainda, influenciar
47
os outros que não estão próximos, de maneira direta ou indireta. De forma direta
quando podemos distinguir entre companheiros com os quais se teve alguma atuação
comum em situações face a face, estes se conhece suas ações, atributos, mas os que
são contemporâneos se estabelecem uma relação de confiança.
Se por um lado Berger chama de tipificações o processo de
socialização em que na interação com o outro apreendemos e aprendemos novas
experiências, Tomaz Tadeu da Silva (2005) vai chamar de sistema de representação
tudo que está ligado a busca de formas apropriadas de tornar o real presente, de
aprendê-lo o mais fielmente possível por meio de sistemas de significação. A
representação tem se apresentado em duas dimensões, a representação externa que se
dá por meio de sistemas de signos como a pintura ou a própria linguagem, e a
representação interna ou mental que é a representação do real na consciência (Silva,
2005, p 90). Porém, a representação pós-estruturalista, rejeita a conotação mentalista e
afirma que a representação é concebida unicamente em sua dimensão de significantes,
isto é, como sistema de signos. Desta maneira a representação expressa-se por meio
da pintura, fotografia, filme, texto, expressão oral, e será sempre uma marca ou traço
visível, exterior.
A definição de identidade por Kathryn Woodward (1997), é
construída por duas perspectivas, a essencialista e a não essencialista. A essencialista,
segundo Woodward (1997), diz respeito a um conjunto cristalino, autentico de
características de um grupo social que não se altera ao longo do tempo. O não
essencialista estaria mais focada nas diferenças entre os grupos sociais e étnicos. A
identidade para que se possa definir precisa saber quem pertence e quem não pertence
a um determinado grupo identitário. A identidade é vista como fixa e imutável e pode
ser também definida por estar baseada em algumas versões da identidade étnica, raça e
nas relações de parentesco e ainda em alguma versão essencialista da história e do
passado em que a história é construída ou representada como uma verdade imutável.
O essencialismo pode fundamentar suas afirmações tanto na história
quanto na biologia. O corpo é um dos locais envolvidos no estabelecimento das
fronteiras que definem quem somos, por exemplo, a nossa identidade sexual. Os
movimentos étnicos, religiosos ou nacionalistas reivindicam uma cultura ou uma
história comum como fundamento de sua identidade, porém, se discute se é necessário
reivindicar uma história para se afirmar uma identidade étnica ou nacional.
48
Muitas mudanças estão ocorrendo no campo da identidade, segundo
Woodward (1997), assim como para Hall (1997), são mudanças que chegam ao ponto
de produzir uma crise de identidade. Ao fazer parte de um grupo social o individuo
experimenta as práticas de significação e os sistemas simbólicos. É por meio dos
significados produzidos pelas representações é que se dá sentido à experiência,
facilitando a definição em que quer se tornar.
A cultura molda a identidade ao dar sentido à experiência e ao tornar
possível optar por uma identidade entre várias considerando a subjetividade de cada
um. Somos constrangidos pela variedade de representações simbólicas, mas também
pelas relações sociais. A mídia nos diz como se deve ocupar uma posição de sujeito
particular dentro da sociedade em que se faz parte. Os anúncios são eficazes porque
fornecem aos consumidores imagens com as quais eles podem se identificar.
Para se entender este universo cultural a psicologia social emprega
expressões como imagem, representação, conceito de si, quando se refere a conteúdo
como conjunto de traços, imagens, sentimentos que o individuo reconhece como
fazendo parte dele próprio. Segundo Maria da Graça Corrêa Jacques (2001), psicóloga
social,
compreender identidade implica em articular dimensões aparentemente
contraditórias como: individualidade/social,estabilidade/transformação,
igualdade/diferença, unicidade/totalidade e implica na relação interpessoal
(eu, não-eu, eu-grupo) a partir da inserção do individuo no mundo social e
através de sua atividade que se substantiva e se presentifica como atributo
do eu, eu sou trabalhador-substantivo porque exerço atividade de trabalhar-
verbo (JACQUES, 2001, p 165).
A identidade psicossocial surge, segundo Henri Tajfel, psicólogo
social, conforme interpretação de Geraldo Jose de Paiva (1977), com a percepção de
pertença a um grupo e não a outro. É uma tendência da cognição, unir em categorias ou
grupos, objetos, eventos e pessoas de acordo com suas semelhanças físicas, psíquicas,
comportamentais ou outras. A percepção social consiste em categorizar, agrupar em
categorias, pessoas possuidoras de características não possuídas por outras. As
primeiras constituem um grupo, as demais um outro que, por essa razão, se distinguem,
se contrapõe e se conflitam. A pertença a um grupo pode resultar da escolha da pessoa
mas também, uma imposição externa ou do acaso. O Importante é a percepção de
49
pertença, o que se torna relevante é o seu elemento motivacional de auto estima, que
inicia, mantém, modifica ou termina o processo de adesão ao grupo
A cultura propõe modelos de conduta, cria o quadro social das
condutas individuais, molda a atitude fundamental do homem face aos outros e do
mundo, ou seja, modela o individuo a sua imagem. A integração é realizada pela
aprendizagem da “cultura” de uma sociedade. A inserção do individuo no mundo
social, segundo Pierre Furter (1967), passa pela definição de quem é o outro. Isto é
um determinante na definição da identidade jovem, depois da descoberta do corpo e
da estruturação da inteligência. Para Furter, o aparecimento do outro permite neste
período, que problemas morais deixem de existir na vida dos adolescentes, que
passam a enfrentar os desafios da vida moral (FURTER, 1967). Os outros provocam,
obrigam a assumir responsabilidades e a assumir seus atos e atitudes em uma nova
moralidade, porém, para ele, este encontro com o outro pode também alienar sua
consciência moral.
Os psicólogos sociais por meio da teoria sobre a identidade
psicossocial definem como se estabelece a identidade dos nossos adolescentes e
jovens. O que se viu na pesquisa é um forte sentimento de pertencer ao grupo social
que fazem parte. Ao responderem sobre a importância da “turma” revela a percepção
de pertença a um grupo e não a outro. A percepção social consiste em categorizar,
agrupar em categorias, pessoas possuidoras de características não possuídas por
outras. Estes adolescentes e jovens afirmam que vivem em turmas por possuírem os
mesmos comportamentos, ideais e objetivos comuns. O importante é a percepção de
pertença. O que torna importante e relevante o elemento motivacional de auto
estima, que inicia, mantém, modifica ou termina o processo de adesão ao grupo.
1.4.1 - Identidade cultural na pós-modernidade
As sociedades modernas no final do século XX estão passando por
mudanças estruturais que provocam transformações culturais de classe, gênero,
sexualidade, etnia, raça e nacionalidade. O que tinha sido fonte de segurança e certeza
dos indivíduos sociais, agora são duvidas e inseguranças que permeiam o mundo
globalizado. A identidade do sujeito no Iluminismo era de um ser humano centrado,
unificado, dotado de capacidades racionais, de consciência e de ação, este sujeito deu
50
lugar ao sujeito sociológico que é aquele que reflete a crescente complexidade do
mundo moderno e a consciência de que a vida não girava mais em torno do núcleo
interior do sujeito, mas que agora as outras pessoas se tornaram importantes para ele,
porque, estas novas pessoas passaram a ajudá-lo a entender os novos valores, sentidos
e símbolos, a sua cultura e o mundo em que eles viviam. A identidade neste momento
se define entre o interior e o exterior, o mundo público e o mundo pessoal.
Estas transformações, portanto, mudaram as identidades pessoais,
abalando a ideia de que temos sujeitos integrados. Pois, segundo Hall (2005), o
indivíduo que vivia uma identidade unificada e estável, agora está se tornando uma
pessoa fragmentada, composta não só de uma identidade, mas de várias identidades,
algumas vezes, contraditórias ou não resolvidas. O próprio processo de identificação,
que projetamos nas identidades culturais, tornou-se mais provisório, variável e
problemático. Este processo produz o sujeito pós-moderno, um individuo que não
possui uma identidade fixa, essencial ou permanente.
“[...] O sujeito assume identidades em diferentes momentos,
identidades que não são unificadas ao redor de um "eu" coerente” (HALL, 2005, p
13). Essa instabilidade está relacionada ao caráter da mudança na modernidade tardia,
em particular, a globalização e seu impacto sobre a identidade cultural. A sociedade
moderna é, portanto, por definição, sociedades de mudanças constantes, rápidas e
permanentes. “O mais importante, segundo Hall (2005), são as transformações do
tempo e do espaço, que ele chamou de “desalojamento do sistema social” que é a
extração das relações sociais dos contextos locais de interação e sua reestruturação ao
longo de escalas indefinidas de espaço-tempo [...]”. Ainda, segundo Hall (2005),
muitos movimentos importantes no pensamento e na cultura ocidentais contribuíram
para a nova concepção de sujeito. Acontecimentos como:
a Reforma e o Protestantismo, que libertaram a consciência individual das
instituições religiosas da Igreja e a expuseram diretamente aos olhos de
Deus; o Humanismo Renascentista que colocou o homem no centro do
universo; as revoluções cientificas que conferiram ao homem a faculdade e
as capacidades para inquirir, investigar e decifrar os mistérios da natureza; e
o Iluminismo, centrado na imagem do homem racional, cientifico, libertado
do dogma e da intolerância e diante do qual se estendia a totalidade da
história humana, para ser compreendido e dominado (HALL, 2005, p 67).
Outro momento importante da psicologia do século XX, foi a
formulação da teoria do inconsciente por Freud. Essa teoria pressupõe que nossas
51
identidades, sexualidade e a estrutura dos desejos são formadas com base em
processos psíquicos e simbólicos do inconsciente, que funciona muito diferente
daquela da razão (HALL, 2005). Pelo o que se observa, aqui Hall concorda com o pai
da psicanálise, ao afirmar que identidade é realmente algo formado ao longo do
tempo, por meio de processos inconscientes e não de algo inato, existente na
consciência no momento do nascimento. A identidade então surge não somente pelo
que há dentro dos indivíduos, mas, segundo Hall, é preenchida pelo que os outros vêm
dentro deles.
Outro movimento que explodiu no século XX, especialmente nos
anos 60 é o movimento feminino, que se dirigia especificamente às mulheres,
ressaltando os direitos das minorias étnicas, e também dos homossexuais e lésbicas.
O que se tinha como pano de fundo deste movimento era a política de identidade, ou
seja, assegurar a identidade cultural das pessoas que pertenciam a um determinado
grupo oprimido ou marginalizado (WOODWARD, 1997). O movimento feminino
teve uma relação mais significativa na questão política e social, possibilitou a
subjetividade e com ela a identidade como processo de identificação como
homens/mulheres, mães/pais, filhos/filhas.
Outros movimentos surgiram na década de 60. Todos eles
compartilharam da rebelião estudantil do final daquela década, com suas idéias
voltadas ao ativismo pacifista e antibélico e as lutas pelos direitos civis. A cada novo
movimento comportamentos sociais, estruturas sociais e culturas eram
experimentadas, trazendo uma nova identidade jovem, a qual iria estabelecer como
resultado das mudanças sofridas pela globalização. Tudo isso resultou no fato de que a
identidade do ser humano, e principalmente a identidade jovem na sociedade moderna,
se tornasse objeto de estudo para as várias ciências humanas como a Psicologia,
Sociologia e a Antropologia. Todas elas com o intuito de verificar de que maneira as
mudanças influenciaram e produziram um novo perfil jovem.
Desta maneira sociólogos como Karl Mannheim (1980) tentou
elaborar um diagnóstico do seu tempo, indicando o que seria decisivo neste período do
desenvolvimento humano e construção de sua identidade. Segundo ele, o adolescente
seria confrontado com valorizações antagônicas que antes não tinha experimentado.
Portanto, o que seria normal ao mundo adulto, seria para o adolescente uma novidade
desafiadora. Enquanto que, para o adulto seria tão somente algo que ele está
acostumado e habituado e por isso o adulto aceita os conflitos com mais naturalidade.
52
No entanto, o caos adolescente se estabelece, segundo Mannheim
(1980), quando ao sair do meio familiar em que vive, onde as suas atitudes que foram
reguladas pelas tradições emocionais e intelectuais, o indivíduo jovem entra então em
contato com vizinhos, outras comunidades e esferas públicas, acaba experimentando
nova situações de vida, agora com elementos externos que antes não havia
experimentado. Segundo Mannheim (1980) são estas experiências externas que torna a
juventude apta a simpatizar-se com movimentos sociais dinâmicos que, por razões bem
diferentes das suas, estão insatisfeitos com o estado de coisas existentes.
Desta forma, os adolescentes e jovens passam a ter hábitos, costumes
e sistemas de valores diferentes dos que até então conhecia. Por isto é muito comum,
encontrarmos neste período muitos jovens revolucionários ou que lutam por reformas,
mas que assim que constituem famílias, começam a trabalhar, passam a reproduzir o
que já estava instalado. “[...] Para Mannheim (1980, p 42) a juventude é parte
importante das reservas latentes que se acham presentes em toda sociedade e que
dependerá da estrutura social dessas reservas, mobilizar e integrar estes jovens para que
exerçam esta função de mudar e alterar a sociedade em que vivem”.
O que torna o adolescente o elemento mais importante para que
mudanças ocorram na sociedade é a sua capacidade de recusar como natural a ordem
consagrada e a falta de interesses de ordem econômica ou espiritual. Segundo
Mannheim (1980), as sociedades estáticas ou de lenta transformação dispensaram a
mobilização e integração desses recursos, suprimindo tamanha potencialidade dinâmica
e desta maneira acabaram organizando efetivamente esta energia jovem. Por isso, para
ele, o movimento juvenil foi e é o elemento principal na construção de um novo mundo.
Daí ser ele a expressão de uma sociedade dinâmica nas condições modernas, até porque
mobiliza todos os recursos para o serviço de um novo ideal social.
1.4.2 Juventude moderna e movimento estudantil
Assim como os teóricos até aqui analisados, Marialice M. Forachi
(1965), vê no grupo familiar o espaço social em que o jovem visualiza seu futuro
profissional e confere a ele condições de seu destino pessoal. É na experiência familiar,
que o jovem reconheceu com antecipação as perspectivas de vida que lhe são
oferecidas, as oportunidades de êxito com que poderá contar e até mesmo as frustrações
que com certeza ele experimentará. [...] o processo de socialização atende, com efeito,
53
às necessidades imediatas de integração do imaturo ao grupo restrito que pertence
possibilitando, outrossim, que sua personalidade se desenvolva no desempenho dos
papéis que lhe são sucessivamente atribuídos (FORACHI, 1965, p 299)”.
Os efeitos integrativos são observados na socialização, segundo
Forachi (1965), quando a socialização permite uma percepção que antecipa ao jovem
visualizar a sua condição alienada. Para Forachi, quando ocorre a percepção da condição
assalariada dos seus pais, em termos de perspectivas de vida e de oportunidades
concretas de trabalho, o jovem passa a considerar que as conseqüências desta condição
sempre estiveram presentes na sua história familiar. Sua falta de condições e acesso a
cultura e preparo profissional e ocupacional, determinam suas condições que também são
alienadas pelo que ele traçou no seu projeto de conquista, mas mesmo assim ele se sente
em condição de superar toda esta situação.
Estas dimensões socializadoras de experiência familiar devem ser
consideradas integrativas, pois estimulam tanto o ajustamento do jovem em moldes
amplos, críticos e auxilia na superação das suas virtudes criadoras que o fazem aderir
prontamente aos projetos de transformação social com o objetivo de modificar a sua
realidade (FORACHI, 1965).
quando a história da família de classe média se alterna entre o desejo de
ascensão com a frustração de aspirações sociais acalentadas por muito
tempo, impregnam a dinâmica das relações familiares propondo valores e
objetivos sociais que marcam profundamente a formação da personalidade
do jovem e sugerem as possibilidades de constituição da sua consciência do
social (FORACHI, 1965, p 300).
A educação, especialmente a superior, segundo Forachi (1965), é a que
qualifica o individuo para as posições sociais superiores, conduz, consolida o processo
de ascensão que, associada aos demais processos de dinamização do sistema
(urbanização, secularização da cultura) impulsiona os movimentos individuais ou grupais
de transformação da situação de origem. Porém, para ela, a democratização da cultura é
um processo que só tem beneficiado as camadas sociais que conquistaram uma posição
estabelecida na estrutura de prestigio e de poder. O que se percebe com isto é que o
acesso às oportunidades de ascensão da pequena burguesia brasileira é manipulado e o
acesso à cultura e educação é disputado com as demais camadas e liderança do processo
de desenvolvimento.
A juventude é para Forachi, uma força social renovadora e um estilo
de existência, com uma experiência particular de descoberta da vida e da história de cada
54
individuo. A partir desta experiência particular que o individuo passa a utilizar os seus
recursos, suas potencialidades humanas e os caminhos da sua universalização são
socialmente estabelecidos, a sociedade constitui o jovem a sua própria imagem. O jovem
procura se empenhar na ampliação das oportunidades existentes de formação
profissional, mas essas, tem mostrado preocupações com as bases humanas e a maneira
que será a atuação destes profissionais, contudo, por outro lado, existem argumentos das
camadas tradicionais, que se opõem à reforma universitária e as demais reformas sociais
para conservar as tradições e manipular o jovem como seu instrumento, usando-o, contra
os seus próprios interesses sociais (FORACHI, 1965).
O movimento estudantil resulta para Forachi, da junção de três ordens
de fatores conjugados no plano histórico e social. O primeiro deles trata da problemática
da juventude que constitui o seu embasamento fundamental e permanente, que é a sua
necessidade de independência e auto expressão, que marcam esta etapa da vida com um
comportamento de rebelião, passível de revestir-se de formas extremadas de expressão
social. A reação a autoridade, seja ela definida em moldes de geração, de categorias
sociais ou de sistemas de dominação, é vivida em moldes de uma relação de recusa
(FORACHI, 1965).
O segundo dos três fatores, diz respeito às dificuldades na aceitação dos
papéis convencionais de adulto gerando uma postura de rejeição que é extrema em um
primeiro momento e impõe ao jovem a incorporação de vivências profundas para atingir
finalmente o encontro equilibrado de si enquanto agente social. A rejeição ou recusa em
aderir padrões vigentes de comportamento adulto não redunda em um conflito aberto de
geração (FORACHI, 1965).
O terceiro fator fala que o ingresso na universidade e a participação na
vida universitária representa uma situação social nova. Além de abrir novos horizontes
de participação e oportunidades, possibilitando ao jovem a convivência com outros, que
compartilham dos mesmos problemas que os seus. Envolvendo-se na busca comum das
alternativas desejadas, criando compromissos semelhantes com a condição de suas vidas
(FORACHI, 1965).
Conforme Myrian Moraes Lins de Barros (2010), a partir de uma
pesquisa realizada no Rio de Janeiro com jovens adultos, ela afirma que, um projeto de
escolarização de nível superior é um investimento que se realiza em um momento de
mudanças de padrões educacionais, econômicos, uma sociedade complexa e heterogênea
e que permanece economicamente desigual. Assim, se hoje há maior ascensão social via
55
educação, essa é apreendida e vivida de diferentes modos por jovens e suas famílias.
Para o jovem, a continuidade dos estudos no nível superior representa um esforço para a
conquista de sua autonomia e independência frente a família em uma conjuntura que lhe
não oferece garantias de continuidade desses projetos de vida (BARROS, 2010).
1.4.3 - A identidade jovem e o momento atual
Nas sociedades pré-modernas, a tradição e a continuidade estavam
estreitamente vinculada à continuidade das gerações. Segundo Giddens (2005) o ciclo
da vida tinha forte conotação de renovação, pois cada geração redescobria e revivia
modos de vida das gerações predecessoras. O curso da vida se transforma em um espaço
de experiências abertas e não de passagens ritualizadas de uma etapa para outra. Cada
fase de transição tende a ser interpretada pelo individuo como uma crise de identidade e
o curso da vida será construído em termos da necessidade antecipada de confrontar e
resolver fases de crise.
Muitos sociólogos, psicólogos, antropólogos também estão
preocupados nas maneiras como a identidade jovem está sendo construída em tempos
de pós-modernidade. Segundo Hervièu-Léger (2005), são as pessoas que constroem sua
própria identidade sócio-religiosa a partir de diversos recursos simbólicos colocados a
sua disposição. Há elementos simbólicos que garantem um processo de identificação
diante das opções culturais oferecidas pela família, comunidade e religião que nos
conduzem a diferentes cenários do ponto de vista do comportamento desses jovens, mas
a construção simbólica de uma cultura e de seus ritos tem a ver com memória e uma das
característica da sociedade moderna é a falta de memória, relegando a estes jovens uma
total fragmentação de suas origens social, cultural, religiosa. É desta maneira que os
jovens formarão sua identidade, segundo Erik Erikson, é neste período que o individuo
pode localizar o seu ego no tempo e no espaço, reconhecendo que teve passado e
visualizando um futuro, também pessoal de si próprio. A formação de identidade requer
um processo de reflexão e observação simultâneas do mundo adulto para definir a sua.
As instituições estão preocupadas com suas culturas, transmissão e
manutenção, porém, para Hervièu-Léger (2005), o afastamento destes jovens está
associado ao baixo interesse dos adultos em realizar a transmissão de suas culturas
religiosas, por acreditarem que escolha espiritual e religiosa serem uma escolha
56
individual. A construção simbólica destas culturas e de seus ritos está diretamente
ligada com a memória e como já apontamos a sociedade moderna não dá muita
importância a esta memória.
a continuidade das gerações é fundamental para assegurar a criação
cultural e a transmissão da cultura. A formação de novos agentes sociais
representa, assim, sob o ponto de vista da preservação e transmissão do
patrimônio cultural, uma garantia de continuidade e de renovação. Na
sociedade moderna a transição é difícil devido a complexidade das
formas de organização social, a variedade de vida que se oferecem para o
jovem, às contradições inerentes à passagem da família de orientação para
a família de procriação, às incertezas quanto ao próprio destino pessoal
(FORACCHI, 1972, p 22).
As pessoas constroem sua própria identidade sócio religiosa a partir
dos diversos recursos simbólicos, colocados a sua disposição e que podem ter acesso
diante das experiências em que estão implicados, mas segundo Hall (2005), a
instabilidade da identidade está relacionada com as mudanças que a modernidade pode
exercer sobre as pessoas e principalmente sobre o impacto que a globalização tem
sobre a identidade cultural. Assim como Hall, Hervièu-Léger (2005) está preocupada
de como se dará a transmissão regular das instituições e dos valores de uma geração a
outra, a sobrevivência desta sociedade no tempo diante de tantas mudanças
(HERVIÈU-LÉGER, 2005).
Para se entender as mudanças ocorridas no perfil da juventude nos
últimos anos, é necessário compreender as mudanças da própria sociedade brasileira no
que diz respeito a questão educacional, trabalhista, política e religiosa. Os jovens da
atualidade, segundo pesquisas da Fundação Perseu Abramo, estão organizados em torno
da religião. “Apenas uma pequena parcela da juventude brasileira está organizada em
alguma associação ou entidade. Os jovens evangélicos estão entre os mais pobres e os
jovens católicos, apesar de estarem em todas as classes sociais, também são numerosos
entre os empobrecidos Sofati (2007, p 42)”.
Conclusão
Podemos no final deste capítulo concluir que, a identidade jovem
começa a se definir nas primeiras mudanças corporais quando ainda era criança. Estas
mudanças contribuem para a inserção no mundo social do adulto e exige estabelecer novos
57
planos de vida como valores éticos, intelectuais e afetivos e que o ajude nesta nova
fase. Vimos também por meio das 10 características propostas por Knobel as formas
como se dá a construção da identidade jovem. Destacamos a primeira característica de
Knobel que se refere “a busca de si mesmo”, um efeito bio-psico-dinâmico que
determina uma modificação essencial no processo da conquista da identidade. O
adolescente recorre às situações favoráveis como a uniformidade, em que ocorre uma
dupla identificação em massa, na qual todos se identificam ao mesmo tempo gerando e
proporcionando segurança e estima pessoal.
A “tendência grupal”, que em muito se parece e complementa a
busca de si mesmo. Nesta característica há uma tendência grupal que acontece em um
momento de troca. O adolescente deixará de considerar temporariamente sua família
de origem para viver em grupos de pares ou de iguais, identificando-se com eles e
participando de novas experiências vividas com estes grupos. Desta maneira, ocorre
um processo de superidentificação em massa, ou seja, todos são iguais, se vestem da
mesma forma, e um se identifica com o outro. Isto lhes garante a sensação de
segurança e estima pessoal.
O adolescente nesta fase se caracteriza como um ateu exacerbado ou
como um místico muito fervoroso, alcançando os extremos de cada situação, passando
de um lado pra outro com muita facilidade. Podemos verificar que a questão da
religiosidade aparece neste período com mais intensidade por causa da angústia de viver
o luto pelas perdas que ele sofre como a perda do corpo infantil, a possibilidade de
morte e morte de seus pais infantis. Esta busca pela divindade e de suas verdades
absolutas pode significar uma saída menos frustrante para este período.
Uma característica que tem o jeito de ser adolescente é a “Atitude
reivindicatória”. A família é considerada por Knobel (1981), o primeiro espaço em que
o adolescente aprende a se expressar na sociedade. A família infuência e até determina a
maneira com que este adolescente deve se comportar. Ali, ocorrem as primeiras
identificações com as figuras parentais, mas que não tem dúvidas de que o meio em que
vive determinará novas possibilidades de identificação, quer sejam parciais sócio-
culturais e econômicas. O que vai determinar esta aceitação de identidade é a relação
que se tem entre o meio e o individuo, e este meio precisa fazer o reconhecimento desta
identidade.
Para Erik Erikson a construção da identidade jovem se dá por meio
de três dimensões, a dimensão biológica, que do ponto de vista da psicanálise em que
58
o recém nascido humano possui um poderoso conjunto de pulsões e impulsos, a
dimensão social, dirá que o ser humano nasce com uma grande dependência social e a
dimensão individual, que alega que nenhum individuo desenvolve personalidades
idênticas, mesmo considerando a existência de um plano básico biológico e social.
O ser humano psicologicamente é aquele que desenvolve um firme
sentido de identidade, quando consegue reconhecer que é uma pessoa única, dentro de
uma determinada sociedade, com um passado, presente e futuro, sem a cultura desta
sociedade o jovem não consegue desenvolver-se com ser único. É na experiência
familiar, que o jovem reconheceu com antecipação as perspectivas de vida que lhe são
oferecidas, as oportunidades de êxito com que poderá contar e até mesmo as frustrações
que com certeza ele experimentará. Forachi (1965) também vê no grupo familiar o
espaço social em que o jovem visualiza seu futuro profissional e confere a ele
condições de seu destino pessoal.
É na socialização que existem efeitos integrativos e estas dimensões
socializadoras da experiência familiar devem ser consideradas integrativas pois
estimulam tanto o ajustamento do jovem em moldes amplos, críticos e auxilia na
superação das suas virtudes criadoras. Como vimos, Erik Erikson dividiu o
desenvolvimento humano em oito estágios ou idades segundo as crises que o ser humano
experimenta em seu ciclo de vida.
Destacamos o teórico como Fowler porque este autor trabalha o
desenvolvimento da fé e isso ajuda na compreensão da realidade observada e estudada
por nós. Esses estágios procuram ampliar a compreensão do conhecimento e
desenvolvimento da fé tomando como parâmetro a teoria de desenvolvimento humano
de Erikson. Para Fowler, a teoria sobre os estágios da fé, procura considerar os
desafios e as crises que são previsíveis no decorrer do ciclo da vida humana.
Na sociologia de Peter Berger e Thomas Luckmann, a identidade é
uma construção social e cultural. Os processos sociais implicados na formação e
conservação da identidade são determinados pela estrutura social. Inversamente, as
identidades produzidas pela interação do organismo, da consciência individual e da
estrutura social reagem sobre a estrutura social dada, mantendo-a, modificando-a ou
mesmo modelando-a.
A cultura molda a identidade, porém, diante de uma cultura que
estabelece estes modelos de conduta, o sujeito assume identidades em diferentes
momentos que não são unificadas ao redor de um "eu" coerente, criando instabilidade
59
que está relacionada com as mudanças ocorridas na modernidade, em particular, a
globalização e seu impacto sobre a identidade cultural. As sociedade modernas são,
portanto, por definição, sociedades de mudanças constante, rápida e permanente.
Esses processos psicossociais cujas teorias foram explicitadas por
Knobel, Erikson, Fowler, Berger, Mannheim ajudam de maneiras diversas a
compreender o objeto de nossa pesquisa, o jovem evangélico pertencente a IPI. Este
jovem ou adolescente tal como aqueles que não fazem parte desse agrupamento
religioso, buscam um grupo (o “ministério de louvor”) e por meio da música, uma
forma de ressociabilização diante do risco de adquiri novas formas de pensar e agir.
Quando isso acontece o jovem vai de distanciando da comunidade de fé, dentro de um
fenômeno interpretado por Beger (1987) como “alternação. No próximo capítulo vamos
verificar a presença da música religiosa na formação da identidade jovem em uma
sociedade com tantas mudanças e que exercem pressão para que comportamentos
sejam ajustados conforme os valores impostos por ela. Novos bens religiosos foram
criados e oferecidos por uma mídia de consumo, obrigando praticamente a adesão
destes adolescentes e jovens.
60
Capítulo 2 - A presença da música na construção
da identidade de jovens evangélicos.
Introdução
No capítulo anterior, discutimos como ocorre o desenvolvimento da
identidade jovem na sociedade contemporânea, considerada pós-moderna. As teorias
utilizadas naquele capítulo derivaram da Psicologia, e da Sociologia, enfatizando-se as
influências culturais e religiosas na compreensão de como se dá a construção da
adolescência até ao final desse processo aqui chamado juventude.
Já, neste capítulo temos por objetivo, verificar em especifico, o lugar
da música na construção psicossocial da identidade dos adolescentes e jovens. Esta
tarefa foi desempenhada em comunidades presbiterianas independentes, situadas em
várias cidades do estado de São Paulo, de onde vieram os dados relativos ao público
alvo que foram os jovens. Porém, antes de nos lançarmos sobre esses dados foi feito
uma pesquisa bibliográfica sobre a música ao longo da história, usando-se para isso
tais autores como Pierre Bourdieu (1983 e 1982), com o conceito de formação de gosto
musical, Samuel Pfromm Netto (1977) com a teoria psicológica da relação entre
emoção, comportamento e estados emocionais que podem ser alterados pela música, e
os teóricos como David Tame (1984) e Edgard Willems (1970), que insistiram em
afirmar que a música é uma influencia em todo o processo físico, intelectual e
emocional humano, particularmente durante a adolescência e juventude. Assim,
além de Tame, Willems (1970) produziu-se um rico material didático para o
desenvolvimento do ouvido musical, aplicado em diversos países. Esse autor enfatizou a
interligação entre a música e o ser humano, relacionando o triplo aspecto, o fisiológico,
o afetivo e o mental com os elementos característicos da música como o ritmo, a
melodia e a harmonia. A metodologia de Willems propõe uma educação musical ativa e
criadora, seguindo as etapas do desenvolvimento psicológico da criança. Esse ponto de
partida nos ajuda no entendimento de como a música contribui para a formação da
61
personalidade e da identidade em suas dimensões psicológicas, influenciando a
dimensão cognitiva emocional e social desses jovens.
Usamos também as contribuições de Pierre Bourdieu (1982), com sua
teoria sobre a formação do gosto. Para ele, as práticas sociais, vinculados aos gostos
artísticos, esportivos, culinários, religiosos e literários, escondem ou revelam
representações sociais de grupos com interesse em ocupar determinado lugares na
hierarquia social. Segundo Bourdieu (1982), o acesso às práticas culturais é desigual e
depende da classe/grupo social. Há práticas culturais consideradas “nobres” e outras
“menos nobres” e atingem as pessoas por meio dos gostos que distinguem e
caracterizam as pessoas e os grupos sociais.
Por isto, procuramos destacar que a escolha musical influenciada
pelo grupo é que vai oferecer as categorias usadas para classificar o que é boa música
e o que má música, o que entra e o que não é considerado na liturgia. A música,
portanto, é uma forma de buscar identificação com o grupo. Ora, dentre as
características da adolescência, descritas por Knobel (1981), destacamos a tendência
grupal e as atitudes reivindicatórias muito marcantes no mundo jovem, entre elas está
a música, vista como arte ou um modo de comunicação bastante saudável tanto entre
os jovens como também entre os adultos.
2.1 A música na formação da personalidade
A música está presente na vida de um individuo desde muito cedo.
Pesquisas apontam que a partir do útero, os bebês já reagem aos estímulos sonoros e
apresentam reações a estes estímulos. Segundo Roland de Candé (2001), a história
universal da música segue uma seqüência aproximada de eventos: os antropóides do
terciário utilizavam batidas, com bastões, percussão corporal e objetos entrechocados;
já os hominídeos do paleolítico, expressavam-se por meio de gritos e imitação de sons
da natureza. No paleolítico médio houve o desenvolvimento do controle da altura, da
intensidade e do timbre da voz, enquanto as demais funções cognitivas se
desenvolviam, culminando com o surgimento do homo sapiens por volta de 70 a 50
mil anos atrás.
Essa teoria defende ainda que por volta de 40 mil anos atrás ocorreu
a criação dos primeiros instrumentos musicais, inicialmente para imitar os sons da
natureza depois para o desenvolvimento da linguagem falada e do canto. Desde então
até por volta de nove mil a.C teriam aparecido os primeiros instrumentos mais
62
controláveis, feitos de pedra, madeira e ossos tais como xilofones, litofones, tambores
de tronco e flautas. Um dos primeiros sinais da arte musical foi encontrado na gruta de
Trois Frères, em Ariége, França, onde está pintado um tocador de flauta ou de um
arco musical. Essa pintura foi datada como tendo sido produzida em cerca de 10 mil
anos a.C. No período Neolítico, a partir de nove mil anos a.C teria se dado a criação
de membranofones e cordofones, após o desenvolvimento de ferramentas dos
primeiros instrumentos afináveis.
A produção de instrumentos de cobre e bronze permitiram a
execução da música de forma mais sofisticada. Isso teria ocorrido por volta do ano
cinco mil a.C com o desenvolvimento da metalurgia. O estabelecimento de aldeias, o
desenvolvimento de técnicas agrícolas mais produtivas e de uma economia baseada na
divisão do trabalho, também permitiu que uma parcela da população se desligasse da
atividade de produzir alimentos e se dedicasse a música. Tais condições teriam
provocado o surgimento das primeiras civilizações musicais com sistemas próprios, as
escalas e a harmonia.
Existem registros, segundo Willems (1970), da história musical dos
povos orientais, tais como os chineses, hindus e gregos. Os gregos atribuíram uma
grande importância à música, pois acreditavam em sua união intima com a vida
religiosa e cívica, e mais, que por ela seria possível controlar a sociedade através da
música. A mitologia grega também é rica em informações sobre a importância da
música como forma de tratamento. Homero, famoso historiador que precedeu Platão,
afirmava que a música foi uma dádiva divina para o homem, com ela, poderia alegrar
a alma e assim apaziguar as perturbações de sua mente e de seu corpo.
Os gregos antigos chegaram a desenvolver um sistema bem
organizado de música como forma de terapia, baseado na influência de certos sons,
ritmos e melodias sobre o psiquismo e a capacidade de somatização do ser humano.
Esse poder que se atribuía aos sons ou à música denominava-se ethos e eram dividas
em quatro tipos baseados nas formas de temperamento humano. São eles: etho frigio,
que excita, gera coragem e mesmo furor; o etho eólio, que gera sentimentos profundos
e amor; o etho lídio, que produz sentimentos de contrição, de arrependimento, de
compaixão e de tristeza; o etho dórico, que gera estados mais profundos, de
recolhimento e de concentração.
A música, ainda segundo Willems (1970), é considerada como um
importante fator na formação da personalidade do ser humano, isso ocorre não
63
somente por fazer desabrochar um lado criativo, mas porque pode vivificar a maioria
das faculdades humanas e favorecer o desenvolvimento bio-psico-social. Depois de
um período menor preocupação com ela, a música está voltando a ser alvo de interesse
científico em diferentes áreas da saúde. Com o surgimento da musicoterapia a música
vem assumindo um papel mais ativo no tratamento de diversas doenças. Para Willems,
a música favorece o impulso da vida interior, despertando as pessoas para as
principais faculdades humanas tais como: a vontade, a sensibilidade, o amor, a
inteligência e a imaginação criadora, por isso a música é vista como um fator cultural
indispensável.
Os chineses acreditavam que, segundo Tame (1984), se alguém
quisesse saber se um reino tem um bom ou mau governo, se a sua moral é boa ou má,
bastaria verificar a qualidade de sua música, para obter a resposta. Acreditavam ainda
que os sons eram de ordem celestial e que governava o universo inteiro. A partir desta
constatação, Tame (1984), levanta questões referentes ao efeito da música sobre o
comportamento humano: Seria realmente possível a música moldar os pensamentos e
os padrões de comportamento, com seus próprios padrões íntimos de ritmo, melodia,
moral e estado de espírito? Será que conhecendo o estilo ou tipo de música de um
povo seria suficiente para conhecê-lo? Acreditava Confúcio, insiste Tame, que se a
música de um reino fosse alterada, a própria sociedade se alteraria e talvez não para
melhor. Por esse motivo ele supunha haver na música uma significação oculta que
fazia dela uma das coisas mais importantes da vida de onde procedia energia em
potencial para o bem ou para o mal.
Ainda de acordo com Tame (1984), em quase todas as civilizações
avançadas da antiguidade existiram as mesmas crenças básicas sobre a música. Como
exemplo disso podem ser citadas culturas distantes como a Mesopotâmia, a Índia e
Grécia. Apesar de distantes, esses povos concordavam em seus pontos de vista sobre o
poder da música. Nestas civilizações como em outras civilizações antigas, havia a
crença que os sons organizados de forma inteligente, representavam a mais elevada de
todas as artes. A música seria, portanto, a produção mais inteligente do som por meio
de instrumentos musicais e de cordas vocais. Daí ser esta o caminho mais poderoso de
iluminação religiosa para um governo estável e harmonioso como forma de determinar
a moral de um povo.
A música influi no caráter foi a grande inspiração das vidas criativas
dos maiores nomes das músicas clássicas e românticas. Motivados por um sincero
64
desejo de servir e espiritualizar a humanidade, os antigos viam a música como um dos
meios mais poderosos de influenciar a consciência humana e seus efeitos psicológicos
de suas melodias e ritmos. O segundo poder da música, ainda mais potente, é o
místico, uma força inaudível e invisível, já discutida e compreendida pela filosofia
antiga (TAME, 1984).
De acordo com Willems (1970), foi a partir da obra do austríaco
Eduard Hanslick, “O Belo Musical”, em 1854, que numerosos estéticos-musicógrafos
começam a se preocupar com o aspecto psicológico da música, abrem caminhos para
outros trabalhos. A música é composta por três elementos fundamentais: o ritmo, a
melodia e a harmonia. Cada um deles, por sua vez, são constituídos por elementos
primeiros: o ritmo, pelos tempos, compasso e subdivisões do tempo (binárias ou
ternárias); a melodia, pelos sons, pelos intervalos melódicos, pelas escalas, pelos
modos e a harmonia, pelos intervalos harmônicos, acordes e cadencias.
2.2 A música como instrumento cognitivo e emocional
Segundo Willems (1970), é possível encontrar o ritmo em toda parte
e em tudo, pois ele é composto por números, movimentos, proporção, forma, instinto,
força, repetição, alternância, simetria, duração, intensidade, medida, repouso, etc.
Consequentemente o verdadeiro ritmo é inato e está de fato presente em todo o ser
humano normal, assim como o andar, a respiração, as pulsações, os movimentos mais
sutis provocados por reações emotivas e pensamentos, todos estes movimentos são
instintos. Por isso, o ritmo acha-se diminuído na melodia e na harmonia, as quais, lhe
estão mais ligadas a sua natureza do que a sua estrutura. Igualmente as manifestações
rítmicas aparecem em outros planos como as de natureza afetivas e mentais. Portanto,
o ritmo, a melodia e a harmonia podem ser vistas por diversos aspectos tais como:
material fisiológico, afetivo, emotivo e mental, pois estes se caracterizariam como
movimentos.
A verdadeira melodia parte de uma emoção ou de um sentimento, e
não de um ato físico. O som, resultante de um ato físico, não é senão um elemento
pré-musical, como o ritmo (WILLEMS, 1970). Desta forma, a melodia permite atingir
as regiões mais nobres e elevadas do sentimento humano. A melodia tem várias fontes
65
de inspirações exteriores como, por exemplo, os ruídos da natureza, os gritos dos
animais, o canto das aves, etc. Mas a origem real da melodia, a origem psicológica,
encontra-se nas nossas próprias emoções e sentimentos. Assim, esta seria a verdadeira
melodia, originada de uma emoção e sentimento e não de um ato físico. A melodia,
que é de ruídos da natureza é vivificada de um lado pelo ritmo e de outro a harmonia.
A harmonia tem como elemento essencial o acorde, que é composto de uma
simultaneidade de sons, que conservam o caráter físico, sensorial. O acorde tem
valores afetivos, oriundos dos intervalos melódicos, do qual é composto.
A psicologia estuda as relações entre a emoção, comportamento e os
estados emocionais. A emoção, o comportamento emocional e os estados emocionais,
segundo Samuel Pfromm Netto (1977), são formas de expressões que explicam os
processos afetivos em geral e as suas manifestações. A emoção é uma perturbação
aguda, breve e intensa, que tem origem em uma situação psicológica e é revelada por
mudanças corporais acentuadas nas glândulas e nos músculos lisos. Enquanto que, o
humor ou disposição de ânimo, é um estado afetivo menos perturbador do que uma
emoção, menos intenso e mais duradouro, que se pode perdurar horas, dias, ou mesmo
semanas. O sentimento, estado afetivo ligado à experiência ou aprendizagem anterior é
a que apresenta uma base cognitiva ou intelectual e podem ser: sentimentos de honra, de
patriotismo, religiosos, estéticos, intelectuais, etc.
O afeto, termo usado em psiquiatria e psicologia, serve para designar
estados de ânimo intensos, patológicos e, em psicanálise, é um estado emocional devido
a conflito ou repressão. Os interesses ou aversões relacionados com atividades que
gostamos de realizar e com atividades que não gostamos de realizar, ou se possível
tratamos de evitar. Segundo Pfromm Netto (1977), é a variação das respostas
emocionais em grau de intensidade que nos leva a distinguir, a apreensão, a ansiedade, o
medo, o pânico e o terror, portanto, as emoções podem variar também em grau de
persistência.
No entanto, Pfromm Netto nos alerta que as variações individuais
também se manifestam no domínio de comportamento emocional. O mesmo estímulo
pode produzir diversas respostas em diferentes sujeitos. Eventos estimuladores de
emoção, algo no ambiente ou no organismo, ou ainda, eventos fisiológicos, regulados
pelo sistema nervoso autônomo, que causam mudanças corporais na condução elétrica
da pele, circulatória, respiratória, tensão muscular, temperatura, resposta pupilar,
secreção salivar, atividade gastro-intestinal, mudanças elétricas associadas a processos
66
cerebrais e ainda, expressões faciais, gestos, padrões complexos de respostas e
verbalizações de “experiências introspectivas” ou “conscientes que permitem
percebemos o estado emocional do sujeito”, podem contribuir para alteração emocional
do individuo (PFROMM NETO, 1977).
A forma como a música é percebida pelo cérebro é objeto de estudo da
psicologia das percepções, assim encontramos Robert Jourdain (1998), que diz em sua
teoria que as ondas sonoras são captadas pelo pavilhão auricular e chegam ao conduto
auditivo e ao tímpano, cujas vibrações atingem o ouvido médio, onde são convertidas
em impulsos nervosos. Esses impulsos são transmitidos para o cérebro pelo nervo
óptico e ali são interpretados por células nervosas altamente diferenciadas, que
identificam tais estímulos como sons. O deslocamento das vibrações sonoras acontecem
no liquido cerebrospinal e nas cavidades de ressonância no cérebro, e termina um tipo
de massagem sônica que, segundo a qualidade harmônica do som produz efeitos
positivos ou negativos, benefícios ou não ao sistema psicobioenergético.
As fibras nervosas convertem o som captado em estímulo nervoso
propriamente dito. O encadeamento de estímulos produz, então, efeitos específicos no
organismo. No caso da dor, a música melodiosa terna e serena, determina efeito
analgésico ou anestésico. Através de complexos mecanismos, os neurônios atingem
um estado de harmonia, que se traduz como repouso da célula. O efeito oposto ocorre
com sons estridentes, muito fortes, desarmônicos, que determinam hiperestimulação
das células nervosas e stress neuronial. Os efeitos agradáveis e estimulantes da
audição musical parecem ser resultado do aumento de dopamina no núcleo acumbens
e da contribuição do cerebelo na regulação das emoções. Desta forma a musica teria
grande influencia na regulação das emoções, tanto para agitar quanto para acalmar.
Diante dessa discussão oriunda da psicologia mas hoje presente em
outras áreas cientificas, não é difícil observar o comportamento de jovens evangélicos
nos ensaios para os cultos ou no decorrer da liturgia. As vezes, observamos em
diversas comunidades presbiterianas independentes verdadeiros momentos de êxtase
acontecem. É como observar jovens, especialmente moças, simular ou alcançar
estados psicóticos que aparentemente de olhos fechados, mas estão sentindo emoções
profundas.
67
2.3 A dimensão sociológica da música - formação do gosto
A presença de Pierre Bourdieu em nossa bibliografia é de extrema
importância, pois, ele nos permitiu entender como se desenvolve o simples gostar desta
ou daquela música, por onde passa a nossa preferência musical e como estes gostos são
a expressão dos processos sociais que o ser humano experimenta no espaço em que
vive. Para ele as práticas sociais, vinculados aos gostos artísticos, esportivos, culinários,
religiosos e literários, escondem ou revelam representações sociais de grupos com
interesse em ocupar determinado lugar na hierarquia social. Segundo Bourdieu (1983),
o acesso às práticas culturais é desigual e depende da classe/grupo social. Há práticas
culturais consideradas nobres e outras em via de legitimação. Os gostos distinguem as
pessoas e os grupos.
Nesse contexto Bourdieu enfatiza que a herança cultural provém o
habitus, que se estabelece por determinada herança cultural. As condições materiais de
existência, características de um determinado grupo social constituem uma mediação
fundamental na produção das estruturas do habitus. As primeiras experiências vividas
pelos indivíduos no interior do ambiente familiar estão no principio da recepção de toda
experiência posterior (BOURDIEU, 1983).
Os símbolos culturais são expressões da cultura de uma nação, época,
ou classe. Destes símbolos se procura extrair os princípios fundamentais que sustentam
tanto a escolha quanto a apresentação dos motivos, e estes, a produção e interpretação
dos motivos e das imagens, das histórias e das alegorias é que dão sentido também a
composição formal. Este sentido será resultado dos procedimentos técnicos
relacionando o sentido intrínseco da obra e com os documentos de civilização que
registram e estão ligados historicamente com esta obra ou com o grupo que produziu tal
obras (BOURDIEU, 1983). Assim,
os símbolos são os instrumentos de conhecimentos e de
comunicação, eles tornam possível o consensus acerca do sentindo do
mundo social que contribui fundamentalmente para a reprodução da
ordem social, a integração lógica, é a condição da integração moral
(BOURDIEU, 1983, p 10).
Além da formação de gosto, também nos interessa quando Bourdieu
se refere em seus escritos que a cultura dominante contribui para a integração real da
classe dominante, pois assegura uma comunicação imediata entre todos os seus
membros. Para Bourdieu este efeito ideológico produz uma cultura dominante,
68
dissimulando a função da divisão na comunicação, portanto, a cultura une mas, também
separa, enquanto se forma instrumento de distinção. Este instrumento de distinção
legitima as distinções realizadas dentro da cultura produzindo subculturas, que são
definidas pela sua distância em relação à cultura dominante.
As funções sociais desempenhadas pela religião em favor de um
grupo ou de uma classe variam de acordo com a posição que este grupo ou classe
ocupa na estrutura das relações de classe e na divisão do trabalho religioso. As
relações de transação que se estabelecem com base em interesse diferentes entre os
especialistas e os leigos, e as relações de concorrência que opõem os diferentes
especialistas no interior do campo religioso, constituem o principio da dinâmica do
campo religioso e também das transações da ideologia religiosa. A mensagem
religiosa mais eficaz para um grupo determinado de leigo é aquela que exerce sobre
ele próprio um efeito propriamente simbólico de mobilização que resulta do poder de
absolutização do relativo e de legitimação do arbitrário, ou seja, fornece um quase
sistema de justificação das propriedades que estão associados ao grupo na medida que
ele ocupa uma determinada posição na estrutura social. Esta definição parece estar
relacionada com a forma de que se revestem as práticas e as crenças religiosas em
uma dada sociedade em um dado momento do tempo e os interesses religiosos de sua
clientela neste momento (BOURDIEU, 1983).
Portanto, podemos concluir a partir da teoria de Bourdieu, de que o
gosto dos evangélicos muda do coral e da música clássica para a música gospel,
confirma estudos da Magali do Nascimento Cunha (2007).
2.4 Os movimentos musicais no Brasil
A prática musical está ligada a movimentos geradores ou
propagadores de determinados gostos como pode ser visto em Bourdieu. Assim a
música popular brasileira é resultado de interesses de grupos que queriam de alguma
maneira impor sua cultura. Na sua formação a música popular brasileira é influenciada
pelos os cantos, danças, rituais dos índios e os batuques dos escravos que eram a base
de percussão: tambores, atabaques, tantãs, palmas, apitos, etc., e as cantigas dos
europeus colonizadores que tinham origem nos burgos medievais dos séculos XII e
XIV.
69
Segundo Ricardo Cravo Albin (2004), a consolidação da música
popular constitui uma criação que é contemporânea ao aparecimento das cidades e é
uma musica acompanhada da viola, cantada, dançada como hábitos e prazeres presentes
nos tempos do império. Isto corre quando a música deixa os lugares que não eram bem
vistos como quartéis, bares e ao escapar das igrejas e da ordem social, ganha as rodas
públicas (ALBIN, 2004). Essa população agora, com ingrediente urbano demandavam
novas formas de lazer ou de produção cultural. A música foi a nova produção. Assim,
gêneros iniciais como lundu, a modinha e o maxixe, passam a fazer parte da expressão
musical de uma parcela da população brasileira, enquanto que a música ouvida pelas
elites era a opera, as operetas e a música leve de salão. (ALBIN, 2004).
Neste contexto cultural, as pessoas, em especial as pertencentes das
camadas baixas executavam e ouviam os estribilhos acompanhados por sons de palmas
e violas. A tímida classe média que começou a se formar no Segundo Império ouvia
apenas os gêneros europeus, ou seja, música dos salões da elite, a “polca”, chegada no
Brasil e a partir de 1844, a “valsa”, a “schottisch”, a “quadrilha”, a “mazurca”. Em meio
a divulgação desses estes estilos europeus, nasce o primeiro gênero musical do Brasil,
os “choros”. Enquanto isso, nasce da percussão e de palmas produzidas pelos negros
vindos de Angola e do Congo, o “samba” que nada mais era que uma dança que
seguiam o batuque do tambor e das palmas, produzindo um ritmo que mais parecia
tristeza, melancolia, assim como ao “Blues” nos Estados Unidos. O que se viu após isso
foram muitos outros músicos e gêneros musicais que iriam marcar a história musical
brasileira.
Vários movimentos foram surgindo na passagem dos anos 1920 para
aos anos 1930, inaugurando-se uma década que passaria para a história como a Era de
ouro da Música Popular Brasileira, e não por acaso, o país estava vivendo anos de
intensas mudanças. Depois daquela revolucionária década, com a fundação do Partido
Comunista do Brasil, da Semana de Arte Moderna e das revoltas tenentistas, veio a
revolução de 1930 que colocou Getúlio Vargas no poder. O país passaria de uma nação
agrária e pré-industrial a uma sociedade urbana industrial.
Getulio Vargas usou o rádio para se comunicar com as massas
desfavorecidas. Era a primeira mídia na cultura ocidental a ter acesso direto e imediato
aos lares das pessoas. A família se reunia em torno do rádio ligado na sala que se tornou
o centro gerador de modas e sonhos (1930-1940). A “Era do rádio” produzia uma
integração nacional. No inicio da década de 1940, o Brasil passava pelas dificuldades da
70
Segunda Guerra prejudicando a parte musical do povo. As emissoras que integravam
todo o pais, com suas músicas, agora se ocupavam em transmitir as noticias da guerra.
A música expressava naquele momento a dor e o sentimento.
Para consolidar esse crescimento da música popular brasileira, foram
necessárias modificações essenciais que se tornaram importantes para a projeção da
música brasileira: a mudança do sistema de gravação mecânica para a gravação elétrica,
o que permitiria o registro fonográfico das vozes de curta extensão e o aparecimento e a
espantosa expansão do primeiro veículo de comunicação de massa de nossa história, o
rádio.
Após a guerra, os Estados Unidos saiu como o principal vencedor do
confronto mundial e passou a impor a sua economia, indústria de entretenimento,
exportando tudo que representava a consolidação de hegemonia cultural no mundo. Os
objetos culturais dessa dimensão simbólica e econômica norte americana podem ser
vistos nos filmes, discos e musica pop, com todos os seus modismos, os quais se
tornaram mais sedutores por meio do marketing e da propaganda com que eram
apresentados (ALBIN, 2004).
Os brasileiros passaram a ser embalados pela MPB, nos anos (1940-
1950), agora não pelo samba canção, mas pela explosão do baião que representava uma
ruptura com os gêneros oriundos da metrópole e assim exprimia a influência da
migração nordestina para os grandes centros do Sul do pais (ALBIN, 2004). Para o
autor, o que se procurava era divulgar o gênero musical e a cultura moderna. A
diversidade se tornou a marca daquele momento, e a Música Popular Brasileira, começa
a ter vários gêneros, caracterizando a música a partir da década de 1960. Entre elas a
Bossa Nova que, se referia a um jeito de cantar e tocar samba com maneiras jazzísticos.
As letras das canções tinham temas leves e descompromissados. A Bossa Nova nasce,
fruto de encontros de jovens de classe média carioca em apartamentos ou casas
residenciais da zona sul, onde se reuniam para fazer e ouvir música (ALBIN, 2004).
A Bossa Nova surge no momento em que as transformações e o
desenvolvimento aconteciam no Brasil. O governo de Juscelino Kubitschek (1956-
1960) foi época de otimismo, esperança no futuro, fixação no presente urbano e lírico,
prometia 50 anos de desenvolvimento em cinco, começava a construção de Brasília,
abriu estradas de rodagens e a implantar parques industriais pesados, uma década de
crescimento. A música se tornou uma música de espetáculo, que se abriu para a
exportação com o concerto histórico, em 1962, no Carnegie Hall de Nova York com a
71
presença de Tom Jobim, João Gilberto, Vinicius de Moraes e outros. No público que
ouvia os músicos e vocalistas norte americanos estavam os universitários, que logo se
renderam ao novo gênero, a Bossa Nova.
Já em 1967, vivendo a ditadura militar, músicas como “Pra não dizer
que não falei de flores”, de Geraldo Vandré ou “Cálice” de Chico Buarque de Holanda,
tornavam-se hinos na luta contra a ditadura. A música de Vandré era proibida pelos
comandantes militares, mas que sempre foi cantada às escondidas como desafio à
repressão. Outras músicas surgem como resposta a ditadura militar no Brasil, como
“Sabiá” de Tom Jobim em parceria com Chico Buarque, que viria a se tornar um outro
símbolo da luta pela volta da democracia. Esta música é uma paráfrase da “Canção do
Exílio” de Gonçalves Dias. A música ganhou enorme influência como forma de protesto
e de expressão do anseio por liberdade e democracia.
Entre os anos de 1956 e 1958, nos Estados Unidos temos o fenômeno
Elvis Presley o rei do rock. A partir de 1959, um fenômeno na Inglaterra, os Beatles,
que iriam estourar na década seguinte e se tornar uma referencia musical do século XX.
Por meio de uma explosão musical, que a juventude expressava o seu desejo diante das
guerras mundiais, Guerra do Vietnã e a da Coreia, assim diante da Guerra Fria, buscava
sua identidade em algo e por meio da música. Os jovens adotavam a música que
representava o jeito de vestir e usar os cabelos colocados em moda pelos Beatles.
A cultura jovem se estruturava preparando o caminho para o final do
século XX. No Brasil como em outros países se vivia um período duro marcado pelo
controle da ditadura militar e de muitas revoluções. Na França no ano de 1968, ocorre a
insurreição da juventude, quando os estudantes ergueriam barricadas contra o exército
da República e tomam o Quartier Latin, Paris. Na Tchecoslováquia, houve a então
conhecida “Primavera de Praga”, quando boa parte da população, principalmente
estudantes, tentam impedir o avanço dos tanques russos na invasão que tinha como o
objetivo liquidar com o governo reformista de Dubcek. No Brasil, o que se absorvia era
a identidade rebelde da música estrangeira. As músicas da Bossa Nova aos poucos foi
atropelada por uma realidade hostil, enquanto o governo se tornava autoritário, os
problemas sociais se agravariam.
A música ganhava um espaço de protesto, com o engajamento
explicito de vários dos nossos artistas, na tentativa de deter o avanço do autoritarismo,
buscando resgatar o que se consideravam raízes de nossa nacionalidade ameaçada pelo
imperialismo cultural, econômico e político, mas, de um lado, segmentos da classe
72
média, para os quais o viés político da contestação pouco significava, escolheu uma
maneira mais leve de viver o dilema de ser jovem em um período dominado por formas
arcaicas de percepção cultural. A música se tornaria o instrumento dessa alternativa. A
Jovem Guarda surgiu e passou a ser mais que um estilo musical, se torna um
movimento sociocultural. A música jovem contribui para mudanças na maneira de se
vestir, de se comportar diante dos conflitos de gerações. Marcam um novo estilo de
vida, e com um poder de penetração mais intenso em segmentos da sociedade jovem de
consumo (ALBIN,2004).
A Jovem Guarda abre as portas da música de consumo para a
juventude, em quase oposição aos músicos e compositores da Bossa Nova. Na década
de 60, surgem também os primeiros roqueiros que antecederam até mesmo a Jovem
Guarda, identificando se com os hippes dos anos de rebeldia. Estes se identificavam
com os solos de guitarra e os novos recursos e instrumentos eletrônicos, que iriam
determinar o que seria produzido nas décadas seguintes. Temos que relembrar de Jimmy
Hendrix e o festival de Woodstock, em 1969, é uma marca histórica, tanto musical
quanto comportamental, que pregava três dias de amor livre, protestos contra a Guerra
do Vietnã, mas também o maior encontro de música do planeta (ALBIN, 2004).
Quase no final daquela década, em 13/12/68, foi promulgado o Ato
Institucional nº 5. O ato era a demonstração que o regime militar já não mais podia se
manter sem repressão diante da crescente oposição da sociedade. Entre estes opositores
estavam segmentos das classes médias, principalmente estudantes que se mobilizavam
contra o governo. Muitos artistas da música foram presos ou expulsos do pais e sua obra
mutilada, outros escreviam através de figuras, metáforas e assim transmitiam suas
mensagens.
Em 1967 surge o Tropicalismo, com a proposta de exercer uma
intervenção crítico musical na cultura brasileira. Este movimento buscava desacreditar a
sociedade de consumo, a política brasileira do golpe de 64. Já nos anos 70 e 80, no meio
acadêmico, o que se pretende é fazer desse movimento uma referencia e renovação de
alto impacto com a preocupação nacionalista de buscar nossas raízes e rechaçar a
influencia estrangeira repetindo ou melhor atualizando o que se tinha vivido na Semana
de Arte Moderna (1922).
Depois disto o que se vê são os fenômenos musicais como o da
música sertaneja, axé, a cultura hip-hop, funk e rap, que nasce e ganha força na e entre
as periferias, sem necessitar de consentimento das classes médias. O funk e o rap logo
73
conquistaram amplo espaço na classe média, o que demonstra um trânsito mais fácil e
aberto entre estratificações sociais. A cultura hip-hop estaria ligado a uma demanda de
inclusão social de setores em que é marcado pela ausência do Estado e de políticas
públicas. Fornecendo para estes setores o incentivo para se construir uma identidade
social autônoma, assumindo-se como excluído, como demonstrado entre outras
maneiras pela musica dos gigantescos bailes rap-funk. O hip-hop tem suas origens na
cultura desenvolvida pelas populações excluídas. Ao chegar no Brasil ganha jeito
próprio, da mesma forma que o jazz ao chegar adicionado a outros ingredientes tropicais
deu origem a Bossa Nova.
Ora, a música cantada nas comunidades evangélicas brasileiras não
poderia passar sem modificações desses períodos dinâmicos da cultura e da música
brasileira. O cântico de corinhos, que eram pequenas músicas cantadas e repetidas
pelos jovens, em especial a partir dos anos 1950, se tornariam na primeira forma de
adaptação da cultura protestante tradicional dos novos ventos culturais.
2.5 Cultura e música na pós-modernidade
Essa é das manifestações culturais a que mais exerceu influencia sobre
a juventude norte-americana e por tabela nos demais países dominados culturalmente e
economicamente pelos EUA e talvez possamos atribuir os primeiros impactos da pós
modernidade na música o aparecimento do rock e na esteira dele o movimento hippy.
Esse movimento, segundo Marialice M. Forachi (1972) representava para a sociedade
moderna parte do que foi o movimento da juventude dos anos 70, tinha em seu bojo
características do movimento de contracultura dos anos 1960, possuindo um estilo de
vida próprio, buscando novas, inéditas e chocantes formas de criação e experiência. O
movimento hippy é a extremização da problemática da juventude moderna.
Por outro lado, o movimento estudantil representava uma resposta
política a essa problemática de uma juventude em busca de saídas aos males de sua
época. A partir daí, formava-se nas sociedades desenvolvidas, um movimento de
juventude que mantinha poucas afinidades com o movimento estudantil e que carregava
no seu desenvolvimento o fardo da criação de uma nova cultura. Tratava-se de uma
minoria expressiva que não inclui, como seus participantes, estudantes ativistas ou
74
militantes, nem abrangia grupos oprimidos como os negros e os pobres, muito embora
em algumas circunstâncias deu apoio e solidariedade (FORACHI, 1972).
Nos Estados Unidos, segundo Forachi (1972) os hippies se aliaram ao
ativismo estudantil, tornando-se ainda mais significativo pela sua característica de
recusar qualquer situação que crie insegurança, que denuncie a total apatia do mundo
adulto em face das imposições da sociedade tecnocrática, ou seja, diante de uma nova
sociedade industrial que atinge seu ponto culminante da sua integração organizatória.
Surge uma nova cultura em que o esforço de criação é concentrado nos jovens e sua
implicação seria o juvenescimento das formas de contestação, se não por parte daqueles
que a elaboram, pelo menos por parte daqueles que a praticam. O lema "paz e amor" ou
“faça o amor e não a guerra” sintetiza bem a postura política dos hippies, que também
participaram de movimentos por direitos civis, igualdade e anti-militarismo nos moldes
da luta de Gandhi e Martin Luther King, embora não tão bem organizado.
Estes jovens contestadores, criadores da nova cultura, foram como
tantos outros ativistas, jovens de classe média que invadiram o mundo acadêmico,
suscitando horror e pânico. Por serem jovens e acadêmicos, sem tradição de pensamento
que lhes dessem um ponto de referência, sofreram dificuldades visíveis para esboçar um
projeto de anti-ciência que tivesse forma e que pudesse ser discutido. Os jovens sabiam
do seu poder, do seu potencial inerente à sua presença maciça na sociedade. Eles
constituíam uma das raras alavancas sociais do inconformismo. Segundo Forachi
(1972), a contracultura é que dá substância a tal estilo de contestação e é tão
radicalmente oposta às formas existentes de criação e inovação que, dificilmente, é
assimilável à noção de cultura, lembrando mais uma tentativa anárquica, bárbara ou
convulsiva de elaboração intelectual e social.
No comportamento hippy há um empenho de recriação da estrutura
da personalidade e do estilo de vida. Segundo Forachi (1972), a expansão da
personalidade não se estabelece somente pelos requintes e perspectivas que são abertos
por uma formulação intelectual especializada ou acadêmica, mas pela simples abertura à
experiência e este objetivo transcende os limites de um experimento inusitado ou
exótico que surge em um amplo movimento social.
Nos EUA o movimento hippy estaria ligado ao surgimento de uma
contracultura, geradora de novos movimentos como os Meninos de Deus, Igreja do ovo
(Jim Jones) e outros movimentos apelidados de “Jesus Revolution”.
75
Nos anos de 1980, surgem as tribos urbanas que eram agrupamentos
de jovens, como, os punks e os darks. Neste período acontece um enfraquecimento do
movimento estudantil, até porque esta identidade deixou de passar pela política como
ocorreu nos anos 60/70, ocorreu um distanciamento da militância tradicional do partido
e sindicato.
Durante este processo nasce o movimento cultural Hip-Hop. Na
década de 1990, a juventude vive um distanciamento das grandes utopias
transformadoras. As subjetividades e as condições sociais desses jovens estavam
marcadas por condições diversas e distanciadas dos métodos de realização das utopias
revolucionárias, é uma geração individualista que não abre mão de seus desejos.
Naquela época, o que ocorre de significativo é a presença dos
carapintadas no impedimento do exercício da presidência de Fernando Collor de Mello
e o movimento dos trabalhadores sem terra, considerado o único movimento que resiste
ao neoliberalismo no Brasil. O que predomina nesta década são os movimentos culturais
articulados em torno da música, do teatro e da dança.
2.6 A produção musical da pós-modernidade
A pós-modernidade é um termo discutível no estudo da cultura
contemporânea. Várias são as suas características. Uma delas é o hibridismo cultural,
que concilia a pregação religiosa tradicional e as novas mídias, estilos visados e
estratégias de markentig consolidadas pela indústria cultural. No centro dessa cultura
pós-moderna novos tipos de consumo se instalou, caracterizando pela obsolescência
planejada; por um ritmo cada vez mais veloz de mudanças na moda e no estilo; a
penetração da propaganda da TV e nos meios de comunicação. A TV produz um
excesso de imagens e informação que ameaça nosso sentido de realidade o que
provoca uma ruptura do senso de identidade do individuo. Em função dessa
quantidade de signos e imagens fragmentadas, fica prejudicado todo o senso de
continuidade entre o passado, o presente e o futuro e toda a crença teleológica de que
a vida é um projeto com um significado (FEATHERSTONE, 1995).
Mike Featherstone (1995), utiliza a teoria de Baudrillard (1983),
que diz que vivemos em uma cultura sem profundidade, de signos e imagens
flutuantes, em que a televisão é o mundo e as pessoas ficam olhando aquela
76
quantidade de imagens sem ter recursos para julgamentos morais. Afirma ainda que,
estas tendências são encontradas na vida cotidiana e nos modos de significação, nas
interações com os signos das culturas dos jovens, e em certas fusões da arte e do rock,
produzindo assim a música popular contemporânea (FEATHERSTONE, 1995).
Diante destas características próprias do hibridismo cultural, a
obsolescência e do consumo de tudo aquilo que é divulgado e estabelecido pela mídia,
a religião não ficaria de fora. Segundo Joezer de Souza Mendonça (2009), a
descentralização da religião permite um processo de desmoramento da religiosidade
institucionalizada. Em lugar da legitimação oficial das instâncias religiosas
dominantes, existe uma demanda pelas identidades religiosas locais ou particulares,
coletivas ou individuais que concedem as instituições oficiais uma autoridade não
mais total, mas parcial. Para Mendonça (2009), é cenário adequado para a
manifestação de práticas religiosas reprimidas pela tradição dominante ou surgimento
de modelos renovados de comunhão com o sagrado. Essa diluição da hierarquia
religiosa, pela autonomia do adorador e do fortalecimento da pluralidade de crenças é
uma marca das religiões cristãs na pós-modernidade.
Em sua teoria, Featherstone (1995) chama a atenção para mudanças
que vem ocorrendo na cultura contemporânea. Estas mudanças podem ser
compreendidas em termos de modificações nos campos artísticos, intelectuais e
acadêmicos; mudanças na esfera cultural mais ampla, envolvendo novos modos de
produção, consumo e circulação de bens simbólicos; mudanças nas práticas e
experiências cotidianas de diferentes grupos que, em decorrência dos processos
mencionados, usam regimes de significação de diferentes maneiras e está
desenvolvendo novos meios de orientação e estrutura de identidade
(FEATHERSTONE, 1995).
na economia dos bens culturais, os princípios de mercado, oferta, demanda,
acumulação de capital, competição e monopolização que operam dentro de
uma esfera dos estilos de vida, bens culturais e mercadorias. Os bens
materiais e sua produção devem ser comprendida no âmbito de uma matriz
cultural (FEATHERSTONE, 1995, p 121).
O que caracteriza a cultura de consumo, segundo Featherstone
(1995), é a disponibilidade de várias mercadorias, bens e experiências para serem
consumidas, conservadas, planejadas e desejadas pela população em geral. Esta cultura
77
de consumo consegue pela publicidade da mídia e das técnicas de exposição das
mercadorias, a desestabilizar a noção original de uso ou significado dos bens e afixar
neles imagens e signos novos, que pode evocar uma série de sentimentos e desejos
associados.
No entender de Mendonça (2009), a religião pós-moderna, não seria
aquela em que há apenas uma perda de autoridade oficial sobre as decisões dos fiéis,
mas, sobretudo, aquela em que a autonomia dos leigos é cada vez mais prepotente. Essa
independência do individuo tem levado as instituições a repensar e organizar os seus
códigos e tradições, a fim de evitar que seus fieis se dispersem insatisfeitos e possibilite
a chegada de novos indivíduos menos conservadores e mais acomodados no contexto
secular de costumes (MENDONÇA, 2009).
O contexto pós-moderno e religioso por ser diversificado,
multiconfessional, e interpretações plurais permitem uma explosão de aberturas de
novas igrejas, cada qual oferecendo um conjunto de dogmas pouco distintos uma das
outras, mas que passam a fazer parte de um mercado religioso de produtos
padronizados. “[...] Nestes espaços se desenvolve novas potencialidades pessoais e
culturais na busca por uma espiritualidade mais próxima às práticas esótericas ou
místicas, mesmo as igrejas de tradição protestante histórica tem abandonado seu
compromisso com o cânone bíblico-doutrinário em favor de uma experiência sensorial
Mendonça (2009, p 48)”.
O suprimento da cultura gospel se dá, portanto, nas fronteiras culturais
iniciadas dentro da sociedade capitalista e de consumo dos EUA. Segundo Mendonça
(2009), o gospel transpôs não só as fronteiras de origem americana, como também pelo
cristianismo contemporâneo, ambos globalizados, tornando se uma nova cultura
evangélica. A característica dessas músicas cantadas pelos jovens possui um teor
sentimental podem levá-los a se emocionarem e fazer rememorar experiências
individuais de conversão e comunhão. Isto porque esta música une a melodia e a letra
fazendo as pessoas experimentarem um sentido de esperança e segurança nos atos
divinos. Este estilo musical faz parte da renovação de gêneros musicais nacionais ou
mesmo estrangeiros, um processo que acompanha a globalização, a diversidade e o
pluralismo da sociedade pós-moderna.
Da mesma maneira que os antigos chineses acreditavam que a
música tinha como uma das suas principais funções na sociedade seria controlar e
mediar o relacionamento do ser humano com a divindade ou o sobrenatural,
78
Mendonça (2009) também concorda e diz que no cristianismo moderno a música
também serve como elo de comunicação entre os cristãos e Deus. Além de contribuir
para a criação de um ambiente apropriado para a expressão de adoração e emoção
coletiva.
2.7 A tradição musical protestante versus cultura gospel
Há um dado comum a todos os que estudam o cenário cultural e
religioso brasileiro. A sociedade mudou nos últimos 50 anos e com ela as suas faixas
etárias e grupos sociais. Assim como a sociedade cultural, a música popular brasileira
também passou por várias mudanças e se caracterizou pela sua diversificação. Hoje,
existe uma pluralidade e diversidade de gêneros, fontes, ritmos, acompanhando tanto a
descompressão de costumes quanto a democratização do pais. Aconteceu nessas
décadas também a consolidação da mídia eletrônica de várias maneiras associadas à
industria da música. O que prevalece hoje no Brasil é a cultura de massa. Para Albin, a
televisão no Brasil, se torna pela maioria da população, as opções de entretenimento,
cultura e reprodução, avaliação cultural, informação. Por estes motivos, os fenômenos
se universalizam com menos resistências e extrapolam a questão musical.
Dessa maneira, o cenário e as interações dentro do campo religioso
não podiam ser diferentes. Cabe, no entanto, aqui ressaltar a explosão gospel que trouxe
consigo formas de expressão artística, dotando o cenário religioso de uma nova cara.
Surge com ela novas formas de expressão artísticas, litúrgicas e coreografias no culto
evangélico. Segundo Cunha,
este processo foi iniciado nas ultimas décadas do século XX e permanece
em curso no atual momento marcado por transformações no campo sócio-
político-econômico-cultural-religioso e está estreitamente relacionado ao
avanço do capitalismo globalizado e a consolidação das culturas midiática
e urbana, filhas da modernidade (CUNHA, 2007, p 9).
Os analistas dessa cultura, especialmente Cunha e Jaqueline
Ziroldo Dolghie (2007) tem usado o conceito “hibridismo cultural” para explicar esse
novo modo de vida de louvor e de participação das atividades religiosas. Para estas
autoras, se constituem uma cultura hibrida por resultar do cruzamento de aspectos
tradicionais do modo de ser protestante com as manifestações de modernidade
especialmente nas propostas pentecostais praticadas com muito sucesso no meio
79
urbano brasileiro, no avanço da ideologia do mercado de consumo e na cultura
mídiatica (Cunha, 2007, p 10).
As pesquisas de Cunha nos auxiliam no entendimento da função da
música numa dinâmica religiosa marcada pela cultura gospel. Ela afirma que o lugar
da música nas práticas religiosas é inquestionável, até porque em tempos mais
remotos havia a concepção de que a música tinha algo divino, ou seja, a música
desempenhava um papel de mediação entre o homem e Deus. Ora, a presença da
música no culto e nos cânticos litúrgicos é bastante antiga e sua presença na música
cristã é também antiga que não é possível dizer quando foi introduzida (CUNHA,
2007).
A música tem a função de criar um estado de espírito apropriado
para que os adeptos atuem em consonância com esse estado. Nesse sentido, a música
procura produzir sentimentos e não expressá-los. O conteúdo deste tipo de música
não está somente nela, mas também fora dela, sendo a síntese dos sons que se
movem com os ouvintes e que cantando se movem (CUNHA, 2007). “[...]De todas as
artes, a música é a que dispõe de maior capacidade de nublar a inteligência, de
embriagar, de criar uma obediência cega e de provocar ânsias de morrerCunha (2007,
p 88)”.
No entanto, tal afirmação nasce de estudos no campo da Filosofia da
Arte, Sociologia da música e da Psicologia das percepções que abordam entre outras
coisas que a música tem influência sobre os indivíduos e seus corpos, emoções e nas
relações em grupo social. Portanto, os acordes, ritmos, tonalidades, intensidades têm
atuado diretamente sobre células e órgãos e indiretamente sobre as emoções,
influenciando em numerosos processos corporais (CUNHA, 2007). É pertinente dizer
que por meio da pesquisa dizer que a música cristã pode ser vista como um instrumento
favorável de se criarem novos laços afetivos nas comunidades cristãs locais.
Os estudiosos do culto protestante brasileiro entre eles Carl Joseph
Hahn (1989) afirma que o presbiterianismo herdou dos missionários a ênfase no culto
na casa de cada crente, da família e vizinhos, maneira que se adaptou facilmente às
condições naturais ao ambiente do povo do interior do Brasil. Porém, tão importante
que listas de boas maneiras e comportamentos foram produzidas ao longo da história
do culto, na tentativa de se dar o devido respeito a ele. Assim, o culto foi tornando-se,
além dos motivos teológicos, cada vez mais rígido e controlado pela prática litúrgica.
80
Vários grupos surgem em função de estabelecer novas formas cúlticas.
Em 1942, surgem os que são contrários aos símbolos de fé de Westminster e formam
uma nova igreja. Os “liberais” que tinham uma posição de adesão às doutrinas
fundamentais do cristianismo e a orientação da Reforma, mas que defendiam a postura
de rever os símbolos de fé. Estes foram convidados a se retirarem, formando-se assim
uma nova igreja. Em 1946, os que ficaram, publicam através do livro “A Marcha da
Mocidade”, um novo “Manual de Ofícios Religiosos”, em que se apresentava o modelo
que deviam seguir todos os serviços de culto da Igreja Presbiteriana Independente. O
que se observa é uma juventude presente em todos estes movimentos do protestantismo
brasileiro.
Segundo Antonio Gouvêa de Mendonça (1984), a vinda do
protestantismo norte americano para o Brasil trouxe com ele características que eram
próprias daquele, que entrando em contato com uma cultura já estabelecida,
completamente diversa e com uma estrutura social bem definida, exigiu ajustes a
demandas que aos poucos foram desenvolvendo elementos daquele protestantismo na
direção das demandas do Brasil. O que se cantava eram os hinos trazidos pelos
missionários americanos e que não fizeram questão nenhuma de manter a produção
calvinista, considerada rica e de alta qualidade teológica. Os hinos trazidos pelos
missionários tinham características avivalistas e missionárias, que logo foram adotados
pelos presbiterianos e definindo assim a sua musicalidade. O que se via era o
engessamento dessa hinódia que revelava um discurso teológico do pietismo e
puritanismo. Essa característica musical marcou todo o protestantismo brasileiro até que
movimentos modernos e secularizantes começaram a provocar mudanças dentro destas
igrejas, como foi o movimento Tropicalismo (1967), que tinha como proposta exercer
uma intervenção crítico musical na cultura brasileira. Este movimento buscava
desacreditar a sociedade de consumo, a política brasileira do golpe de 64. Assim,
influenciados por estas propostas, a juventude presbiteriana independente começa a
produzir e a cantar músicas com ritmos e estilos brasileiros como o baião, o samba, etc.
Nesse cenário a juventude protestante começou a adotar outro gênero e
ritmos no decorrer dos cultos. Essa tendência foi bem estudada por Sergio Paulo Freddi
Jr (2000) que constatou que, com o envelhecimento das igrejas protestantes brasileiras,
novas práticas musicais surgiram, especialmente nos anos 70 e 80. Os Valores culturais
começaram a ser questionados e a prática de músicas de origem mais brasileira, foram
81
introduzidos em algumas comunidades. O cristão deveria cantar a música do seu povo
e pelo seu povo foi a tendência em determinados momentos.
As questões teológicas tinham a influencia da Teologia da Libertação,
que denunciava a carência da população pobre e explorada que passou a ser cantada
como prioridade nos textos desses cânticos. Os teólogos e músicos se prontificaram a
escrever e compor músicas que trouxessem aos e evangélicos uma nova maneira de
louvar a Deus. Já nos anos 1990 surgiram outras tendências musicais compostos de
elementos musicais ligados à cultura pós-moderna global. Além dos cânticos, novas
tecnologias, sensações visuais e auditivas começaram a ser experimentadas. A liberdade
corporal cresceu e as emoções assumiram papel fundamental nas práticas respaldadas
pelas teologias que legitimavam a riqueza material como sinal de bênçãos de Deus.
(FREDDI JR, 2000).
A pesquisa de Freddi Jr (2000) aponta que as igrejas protestantes
históricas, em especial as comunidades ligadas a IPI, vêm se apresentando com uma
prática musical bastante diversificada. Embora haja respeito à tradição hinológica que
a acompanha desde os seus primórdios, ela tem experimentado essas tendências
todas. Cabe ressaltar ainda que se inseriu no seu universo litúrgico, práticas, músicas
brasileiras mais regional com letras portadoras de alguma preocupação social e
músicas presentes no universo evangélico brasileiro no qual a cultura musical “pop”
internacional fazia parte.
Para Freddi Jr (2000), com essa inculturação cresceu a liberdade
comportamental nas comunidades locais pertencentes à IPI. Com a aceitação de
elementos culturais musicais estrangeiros que haviam sido considerados “mundanos”,
torna-se incoerente a resistência às práticas culturais genuinamente brasileiras nos
costumes musicais destas comunidades. Passam a fazer parte da vida cúltica, a
guitarra elétrica usada com um aparelho amplificador de sons e ou um solo enérgico
de bateria, acompanhados com textos voltados para uma vida celestial vistos com
naturalidade em cultos das comunidades locais. Há também a presença de um repique
de samba em algumas composições musicais ou às vezes o uso de um atabaque.
Porém, os fiéis da IPI adotam estes modelos musicais da sociedade
de consumo pós-moderna, deixando de lado as raízes da música brasileira. Assim
esses jovens cantam nas comunidades locais o mesmo que se canta no seu cotidiano.
Eles aderem as mesmas modas, são atraídos por celebridades construídas de acordo
com as leis ditadas no mercado secular. O resultado deste processo foi a simpatia por
82
parte desses jovens a estes modelos musicais que são por eles adotados como
referencial de música para ser apreciada e consumida, a música gospel.
Os autores, Antonio Sousa de Mendonça (2008), Jaqueline Ziroldo
Dolghie (2007) enfatizam a ligação do canto protestante com a pedagogia religiosa.
Para eles, à música cabia o papel de auxiliar na pregação de uma mensagem nova.
Alias essa ênfase no instrumental da música vem desde Lutero. O modelo adotado
pelo protestantismo foi o mesmo usado nos cultos dos reavivamentos norte-
americano. Porém, essa estrutura não foi usada da mesma maneira, assim, o culto
protestante histórico firmou-se no principio pedagógico e racional. O culto passa a ter
duas figuras importantes, o orador e o músico (DOLGHIE, 2007).
Desta maneira, a música nas comunidades protestantes passou a ser
de competência dos agentes musicais, que se dividiam em corais, grupos vocais,
quartetos, duplas e trios, grupos musicais para conduzir os cânticos para a
congregação. Na fase mais recente dessa história o uso de play-back e outros recursos
modernizantes foram utilizados para se fazer música nas igrejas protestantes. A
variedade de produção musical no culto e sua subordinação à predica foi se
enfraquecendo com o surgimento de novos grupos musicais paraeclesiásticos e a
produção de corinhos e de novos cânticos, ditos espirituais. Para manter a
centralidade da prédica, estes novos cânticos e corinhos foram marginalizados na
liturgia oficial, produzindo uma tensão entre as novas produções musicais e a hinódia
oficial e, entre a música e a prédica (DOLGHIE, 2007).
Na década de 90, com o crescimento das igrejas neopentecostais
com a possibilidade das pessoas freqüentarem as comunidades evangélicas
alternativas, a tensão entre prédica e a música tornou se ainda maior, porque agora o
músico leigo assume muitas das novas igrejas o status de “levita”. Com a proliferação
e a expansão e o mercado da música gospel, o agente musical se tornou mais
valorizado e teve seu reconhecimento deixando a sua atividade atrelada apenas á
instituição religiosa.
Segundo Dolghie (2007), como represália a esta nova produção
musical e do seu agente ocorreu a perda de espaço no culto, porque o protestantismo é
a religião da palavra, desta forma a prédica assume uma função quase sempre
institucional, além do mais é servidora da teologia que determina o conteúdo
doutrinário do grupo. Porém, o que se viu foi uma liderança carismática promovendo
momento de “louvorzão” no culto e dividindo espaço com o pastor. Os leigos mais
83
jovens são os que legitimam essa liderança carismática e se isto acontece é porque o
modelo do culto tradicional, baseado na prédica racional, já não responde as demandas
desta faixa etária no contexto da sociedade contemporânea.
O sujeito contemporâneo, sobretudo jovem, não se contenta mais
com a forma do saber racionalizado, mas deseja sentir, tocar, reagir emocionalmente
na adoração gospel, ele é convidado a reagir e não apenas a escutar e pensar. Para
Dolghie (2007), as reações individuais é que determinam o rumo do culto ou melhor
do espetáculo. A música que é gospel está associada com as tendências sociais e
culturais da atualidade, está mudando a prática religiosa dos leigos e inculcando lhes
um novo habitus.
Conclusão
Neste capítulo procuramos verificar à luz de autores da história cultural
que lugar a música ocupa na construção psicossocial da identidade dos adolescentes e
jovens pertencentes a uma igreja evangélica. Para isso foi feito um levantamento
bibliográfico a respeito das relações entre a música e a formação da identidade jovem.
Verificamos a presença da música e sua importância na história
musical dos povos antigos. Os gregos atribuíram uma grande importância à música,
pois acreditavam em sua união com a vida religiosa e cívica, e mais, que por ela seria
possível controlar a sociedade através da música. Para eles a música era vista como
sendo uma dádiva divina para o homem, com ela, poderia alegrar a alma e assim
apaziguar as perturbações de sua mente e de seu corpo.
A música foi considerada por algumas correntes culturais como um
importante fator na formação da personalidade do ser humano, isso ocorre não
somente por fazer desabrochar um lado criativo, mas porque pode vivificar a maioria
das faculdades humanas e favorecer o desenvolvimento bio-psico-social. Faculdades
humanas tais como: a vontade, a sensibilidade, o amor, a inteligência e a imaginação
criadora, por isso a música é vista um fator cultural indispensável.
O estudo da música por ciências como a Psicologia, tem focado as
relações entre a emoção, comportamento e os estados emocionais. Para melhor
compreensão buscamos as considerações Pfromm Netto que alertou sobre as variações
individuais que acontecem sob o domínio de comportamento emocional. O mesmo
84
estímulo pode produzir diversas respostas em diferentes sujeitos. A música pode servir
como esse estímulo para produzir a resposta desejada.
A música gospel acontece porque estas músicas unem melodia e a
letra fazendo as pessoas experimentarem um sentido de esperança e segurança nos atos
divinos. Este estilo musical faz parte da renovação de gêneros musicais nacionais ou
mesmo estrangeiros, um processo que acompanha a globalização, a diversidade e o
pluralismo da sociedade pós-moderna.
O sujeito contemporâneo, sobretudo jovem, não se contenta mais
com a forma do saber racionalizado, mas deseja sentir, tocar, reagir emocionalmente
na adoração gospel, ele é convidado a reagir e não apenas a escutar e pensar. Para
Dolghie (2007), as reações individuais é que determinam o rumo do culto, ou melhor,
do espetáculo. A música gospel está associada com as tendências sociais e culturais da
atualidade, está mudando a prática religiosa dos leigos e inculcando lhes um novo
habitus.
No terceiro capítulo da nossa pesquisa trataremos os resultados da
pesquisa de campo. Considerando o conteúdo absorvido do primeiro e segundo
capítulo, vamos confrontar as respostas da população pesquisada e com os teóricos
apresentados.
85
3 Capítulo – O jovem protestante e a música:
Reflexões sobre uma pesquisa de campo.
Introdução
Nos capítulos anteriores discutimos num primeiro momento como
ocorre o desenvolvimento da identidade jovem na sociedade contemporânea. A seguir
vamos verificar como o gosto musical é expresso na prática da construção dessas
identidades jovens tornando comunidades evangélicas como cenário desse processo.
Neste terceiro e ultimo parte da dissertação reunimos reflexões e
observações sobre uma pesquisa de campo realizada em 2011 nas comunidades
presbiterianas independentes do estado de São Paulo, onde se propôs mapear o gosto
musical de jovens e adolescentes, ressaltando-se a prática musical como forma de
inserção sócio-religiosa desses jovens.
A pesquisa foi planejada e aplicada por nós como professora auxiliar
na disciplina “Introdução a Sociologia“ e “Igreja e Sociedade” na Faculdade de
Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, sediada na Rua Genebra, nº
180 em São Paulo sob a supervisão do orientador Leonildo Silveira Campos. Os
questionários foram aplicados em 30 comunidades locais da igreja presbiteriana
independente em todo o estado de São Paulo. Sendo 11 no estado, 15 na Capital e
quatro na Grande São Paulo. Foram 245 jovens e adolescentes que responderam ao
questionário.
3.1 O método
A pesquisa foi desenvolvida a partir do método histórico crítico,
pois, trata-se de investigar acontecimentos, processos e instituições do passado, que
foram ao longo do tempo, sendo influenciadas pelo contexto cultural de sua época,
86
resultando nas instituições que temos hoje e que desempenham funções na formação
desta nova sociedade.
Fazermos o levantamento histórico da sociedade, instituições e
cultura popular e religiosa de nosso tempo, permitiu entendermos esta nova realidade
social e a sua prática social. Segundo Lakatos (2007), as atuais formas de vida social, as
instituições e os costumes têm origem no passado, é importante pesquisar suas raízes
para compreender sua natureza e função (LAKATOS, 2007).
A pesquisa bibliográfica foi um dos instrumentos utilizado para
compor o conteúdo teórico. Conceitos de temas como modernidade, pós- modernidade,
globalização, secularização, religião, cultura, música, identidade permitiu entender o
universo jovem da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil no estado de São Paulo.
O segundo instrumento de investigação utilizado nesta pesquisa foi
um questionário com perguntas fechadas e perguntas abertas. Com as perguntas abertas
foram criadas categorias de pesquisa para que pudessemos identificar o perfil jovem.
Este questionário foi aplicado como uma pesquisa da qual participamos. Foi realizada
pelos/as alunos/as da Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do
Brasil, nas disciplinas: Igreja e Sociedade e Sociologia. A pesquisa tinha como objetivo
verificar a presença da música na vida jovem nas comunidades da Igreja Presbiteriana
Independente do Brasil no Estado de São Paulo e traçar o perfil destes jovens. O
questionário está anexo ao projeto de pesquisa. Foram respondentes, jovens com idade
entre 15 a 25 anos, de ambos os sexos que freqüentam as igrejas presbiterianas
independentes no estado de São Paulo. A escolha foi aleatória considerando apenas a
faixa etária estabelecida e as igrejas escolhidas pelos alunos/aplicadores dos
questionários. A participação foi livre, dependendo da vontade e disposição do jovem.
3.2 O perfil dos participantes da pesquisa
A análise dos dados envolveu inicialmente a tabulação das respostas
e suas correlações entre elas. A população estudada é composta por jovens com idades
entre 15 e 25 anos, todos fazem parte das comunidades locais da Igreja Presbiteriana
Independente do Brasil. Foram consultados 245 jovens, dos quais 42,9% do gênero
feminino e 57,1% do gênero masculino.
87
Verificou-se que a população pesquisada é constituída de 3,2% são
jovens com 15 anos, 13,06% são de 16 anos, 11,02% são de 17 anos, 8,98% são de 18
anos, 8,57% são de 19 anos, 8,16% são de 20 anos, 13,47% são de 21 anos, 10,20%
são de 22 anos, 8,16% são de 23 anos, 7,76% são de 24 anos, 7,35% são de 25 anos.
Quadro 1: Distribuição da frequência dos jovens por idade.
Quadro 2 – Distribuição da frequência dos jovens por idade conforme agrupamento por
faixas etárias.
Faixa de Idade
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
15 à 17 18 à 20 21 à 25
Faixa de idade
Idade
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Idade
88
Nessa população, 69,8% afirmaram estudar, enquanto 30,2% não
freqüentam curso nenhum. Uma porcentagem de 38% não respondeu, mas 27,8% diz
freqüentar curso superior, 3,7% freqüentam curso técnico, 22,4% frequentam o ensino
médio, 8,2% freqüentam outros cursos que são profissionalizantes como enfermagem,
informática, etc.
Tabela 1 – Distribuição da frequência dos jovens segundo o que estudam dentro das
faixas etárias.
Pergunta 3: O que você estuda?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam jovens 13 20 60 93
% Total 5,3% 8,2% 24,5% 38,0%
Graduação jovens 6 23 39 68
% Total 2,4% 9,4% 15,9% 27,8%
Ensino técnico Jovens 1 3 5 9
% Total ,4% 1,2% 2,0% 3,7%
Ensino médio jovens 42 10 3 55
% Total 17,1% 4,1% 1,2% 22,4%
Outros cursos Jovens 5 7 8 20
% Total 2,0% 2,9% 3,3% 8,2%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 2 – Distribuição da frequência dos jovens e com quem moram.
Pergunta 5: Mora com quem?
Frequencia Porcentagem Porcent Valida
Não responderam 3 1,2 1,2
Família (pais irmãos) 200 81,6 82,0
Família (avós outros) 17 6,9 7,0
Conjuge 21 8,6 8,6
outros 3 1,2 1,2
Total 244 99,6 100,0 n
ã
o
resposta 1 ,4
Total 245 100,0
A tabela 1 mostra a formação acadêmica da nossa população,
revelando uma concentração de jovens entre 21 a 25 cursando a graduação, porém,
existe nesta mesma faixa etária uma porcentagem significativa de 24,5% que não
89
respondeu quanto a sua formação acadêmica. O que nos permite concluir que não
responderam porque não estão estudando ou porque não definiram por qual profissão
seguir, ou ainda, porque vivem em situação econômica não favorável para assumirem
esse compromisso financeiro. De acordo com Myrian Moraes Lins de Barros (2010) o
investimento feito pelo jovem em um projeto de escolarização de nível superior se
realiza em um momento de mudanças de padrões educacionais e econômicos para uma
sociedade complexa e heterogênea, que permanece economicamente desigual. Através
da educação é possível ao jovem ascender socialmente. Porém, essa possibilidade é
apreendida e vivida de diferentes modos por jovens e por suas famílias e entre as suas
gerações. Essa continuidade nos estudos no nível superior representa sua autonomia e
independência diante de uma família e uma estrutura que não oferece a garantia de
continuidade desse estudo e, portanto, dos seus projetos de vida.
A tabela 2 demonstra que a nossa população vive com suas famílias.
Esta porcentagem de 81,6% vive com suas famílias (nuclear), 6,9% com seus avós e
0,8% vivem com seus companheiros, 1,2% vivem com outras pessoas. A porcentagem
de 81,6% é bastante expressiva, o que vem corroborar com a importância familiar
nesse processo de ascensão social por meio dos projetos familiares e da educação
oferecida na formação de cada jovem. O jovem reconhece com antecipação as
perspectivas de vida que lhe são oferecidas, as oportunidades de êxito com que poderá
contar e até mesmo as frustrações que terá que experimentar e superar. A medida que a
socialização acontece, permite ao jovem visualizar a sua condição social, e perceber em
que situação e condição assalariada vivem seus pais, e em termos de perspectivas de
vida e de oportunidades concretas de trabalho, o jovem passa a considerar que as
conseqüências desta condição sempre estiveram presentes na sua história familiar. Sua
falta de condições e acesso a cultura, preparo profissional e ocupacional, determinam
suas condições que também são alienadas, porém, mesmo assim ele se sente em
condição de superar toda esta situação (FORACHI, 1965).
A educação, especialmente a superior, segundo Forachi (1965), assim
como para Barros (2010) é a que qualifica e prepara o individuo para as posições
sociais superiores, conduz e consolida o processo de ascensão que, associada aos
demais processos de dinamização do sistema (urbanização, secularização da cultura)
impulsiona os movimentos individuais ou grupais de transformação da situação de
origem. Porém, a democratização da cultura é um processo que só tem beneficiado as
camadas sociais que conquistaram uma posição estabelecida na estrutura de prestigio e
90
de poder. O que se percebe com isto é que o acesso às oportunidades de ascensão da
pequena burguesia brasileira é manipulado e o acesso à cultura e educação é disputado
com as demais camadas a liderança do processo de desenvolvimento.
Ao analisarmos os resultados da pergunta sobre o gosto da leitura,
verificou-se então que 56,7% dizem gostar de ler e 41,6% dizem que não gostam de
ler. Quando foi perguntado pelo tipo de leitura que mais gosta, 2.4% disseram ser a
Bíblia, 15,9%; diz fazer leitura de textos religiosos; 0,8% a preferência são livros de
ficção. Podemos verificar nesta pergunta a freqüência destas leituras, 80,8% não
responderam, mas 3,3% disseram que leram pela ultima vez há 1 ano atrás, 1,6%,
responderam que a ultima leitura foi há 9 meses, 4,5% há 4 meses, 4,1% há 3 meses e
5,3% estavam fazendo algum tipo de leitura.
O acesso ás práticas culturais segundo Bourdieu (2003) é desigual e
depende da classe/grupo social. O gosto distingue as pessoas e os grupos sociais. As
práticas sociais, vinculadas ao gosto artístico, esportivo, culinário, religioso e literário
escondem ou revelam essas pessoas e seu grupo social, suas preferências segundo as
representações sociais que fazem e interesse em ocupar determinado lugar na hierarquia
social. Com essa definição temos a compreensão de que o acesso às práticas culturais
depende do grupo social que se faz parte e, que, portanto, o gosto pela leitura depende e
muito da maneira que esta relação com a leitura foi estabelecida desde a socialização
primária, ou seja, pela família.
Tabela 3 – Distribuição da frequência dos jovens que gostam de ler distribuídos por
faixas etárias.
Pergunta 15: Você gosta de ler?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam jovens 2 1 1 4
% Total ,8% ,4% ,4% 1,6%
Sim, jovens 30 36 73 139
% Total 12,2% 14,7% 29,8% 56,7%
não jovens 35 26 41 102
% Total 14,3% 10,6% 16,7% 41,6%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
91
Na tabela 3 pode-se perceber que não há uma diferença muito
acentuada pelo gosto da leitura ou a falta desse hábito. Nesse sentido, a teoria de
Knobel se confirma nas faixas etárias de 15 à 17 e 18 a 20, uma porcentagem de
26,9%, bastante significativa. O autor afirma em sua teoria que, na formação de sua
identidade, o adolescente vive um processo de voltar-se para si, precisando
intelectualizar aquilo que ele sente. Nesse período lê poesias, textos, como forma de
exteriorizar o seu mundo interno, se apropriando de um intelectualismo que muitas
vezes nem vive, mas, que quer entrar em contato para tentar entender o que sente.
Com relação a pergunta 15 na tabela 4, você tem a sua própria turma?
As respostas foram que 64,5% afirmaram ter sua própria turma, enquanto 27,8%
disseram que não.
Tabela 4 – Tabela de frequência dos jovens quanto a ter sua própria turma distribuídos
por faixas etárias.
Pergunta 28: Você tem a sua própria turma?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 3 5 11 19
% Total 1,2% 2,0% 4,5% 7,8%
sim Jovens 45 40 73 158
% Total 18,4% 16,3% 29,8% 64,5%
não Jovens 19 18 31 68
% Total 7,8% 7,3% 12,7% 27,8%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
A identidade do jovem é construída a partir do espaço social e
cultural que o adolescente está inserido. O jovem é um ser bio-psico-social, e que,
portanto, suas escolhas e suas ações são definidas pela cultura na qual faz parte. É
importante salientar que a música segundo Willens (1970), pode favorecer no
desenvolvimento bio-psico-social do ser humano, e que, portanto teria efeitos sobre a
formação da personalidade deste ser humano e sua maneira de ser.
O autor, Knobel (1981) ressalta que as mudanças psicológicas que
se produzem neste período estão correlacionadas às mudanças corporais, que levam o
jovem a uma nova relação com mundo, ou seja, com seu grupo social. Sendo assim, o
estabelecimento de novas relações dos jovens com os pais e com a sociedade é
92
realizado e consolidado gradativamente oscilando entre a necessidade de dependência
e independência.
Ainda com relação a pergunta ter a sua própria turma, 13,5% disse
que tem a sua própria turma pelos objetivos que essas pessoas tem em comum, 11,4%
disse que tem a sua própria turma por compartilhar ideias em comum e possuirem
comportamentos iguais.
Para verificar a maneira com que esta interação social acontece
perguntou-se sobre freqüentar outros grupos sociais que não seja o grupo de jovens, da
qual eles fazem parte, a igreja. Os que responderam que sim, foram 51,4%, enquanto
que 46,9% afirmaram que não freqüentam. Dos que responderam que sim, 7,8%
disseram que freqüentam turma da Faculdade; 6.9% do trabalho; 12,2% turma de
amigos; 1,2% turma familiar.
Tabela 5 – Distribuição da frequência dos jovens que possuem outro grupo social que
não seja a igreja.
Pergunta 24: Além da igreja você tem algum outro grupo social?
Frequencia Porcent Porcent valida
Não responde 4 1,6 1,6
sim 126 51,4 51,4
não 115 46,9 46,9
Total 245 100,0 100,0
Essa tendência do adolescente de agrupar-se faz parte da
argumentação de Knobel (1981) afirma que nesse período o jovem vive um momento
de trocas bastante significativa e acabam influenciando uns aos outros com suas
experiências. O adolescente deixa de considerar temporariamente sua família de
origem para viver em grupos de pares ou de iguais, identificando-se com eles e
participando dos momentos de alegria, tristeza, raiva, reivindicações sociais e ainda
outras experiências novas que surgirem com outros grupos. Knobel (1981), aponta
que a tendência grupal na adolescência e a interação de seus problemas com os da
sociedade na qual vive, obriga-o a pensar em buscar soluções por meio da utilização
dos grupos.
93
O autor ainda refere-se ao comportamento defensivo, que segundo
ele, é a busca de uniformidade. Ocorre um processo de superidentificação em massa,
ou seja, todos são iguais, se vestem da mesma forma, e um se identifica com o outro.
Isto lhes garante a sensação de segurança e estima pessoal. Parece que a igreja como
um grupo social tem um papel bastante importante nesse período da busca da
identidade. A promoção de saúde física, mental e afetiva, pode ser alcançada mediante
atividades que exijam essa característica de viver em grupos. Como por exemplo,
banda, passeios, estudos, jogos, etc.
No quesito ter ídolos, tivemos 36,7% que disseram que tinham,
enquanto 60,4% afirmaram não possuírem e 2,9% não responderam. Ainda foi
possível identificar dos que responderam que possuíam algum referencial para se
inspirarem, 20,0% responderam que fazem isto por meio da Divindade (Deus, Jesus);
1,6% respondeu ser o Pai; 2,4% responderam que seu ídolo é um atleta; 6,1% que é
artistas; e 69,8% não responderam. A porcentagem dos que afirmaram não possuir
esse elemento em sua vida foi expressiva, talvez porque esses jovens fazem parte de
uma religiosidade em que afirma ser “pecado” a existência de ídolos na vida dos seus
seguidores. Os que responderam Jesus repetiram uma prática comum entre esses
jovens ou porque simplesmente acreditam que se tratando de Jesus, então não é
pecado.
Tabela 6 – Distribuição da frequência dos jovens que tem ídolos distribuídos por faixas
etárias.
Pergunta 17a: Você tem algum ídolo?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam jovens 2 2 3 7
% Total ,8% ,8% 1,2% 2,9%
sim Jovens 30 22 38 90
% Total 12,2% 9,0% 15,5% 36,7%
não Jovens 35 39 74 148
% Total 14,3% 15,9% 30,2% 60,4%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Na pesquisa, portanto, observa-se que a população pesquisada
contraria a essa característica da teoria de Knobel, quando ele afirma que o adolescente
94
na busca pela sua identidade, elege um herói que pode estar perto e fazer parte de suas
relações sociais, ou, longe que pode ser um cantor, um líder religioso, um ator, etc.
Na tabela 7 observamos a porcentagem de 72,2% que não mudam de
opinião sobre temas diferentes, o que contraria a teoria de identidade, pois, segundo
Knobel, o adolescente em contato com o meio social e com questões sociais, ele
deveria mudar as suas opiniões, pois desta maneira desenvolverá a sua identidade.
Devemos destacar, porém, que a porcentagem maior encontra-se nos jovens de 21 a 25
anos. O que podemos considerar que já conseguem definir melhor em que acreditam
ou porque já passaram pela universidade ou pela sua maturidade emocional e afetiva.
Tabela 7 – Distribuição da frequência dos jovens que mudam de opinião, distribuídos
por faixas etárias.
Pergunta 22: Você costuma mudar de opinião com freqüência sobre
diferentes temas?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 2 0 0 2
% Total ,8% ,0% ,0% ,8%
Sim Jovens 21 16 28 65
% Total 8,7% 6,6% 11,6% 27,0%
não Jovens 43 46 85 174
% Total 17,8% 19,1% 35,3% 72,2%
Total Jovens 66 62 113 241
% Total 27,4% 25,7% 46,9% 100,0%
A população das faixas etárias de 15 a 17 e 18 a 20, expressam com
uma porcentagem considerável que não mudam de opinião, contrariando a teoria de
Knobel que afirma que estes mudam de opinião o tempo todo para definirem suas
identidades. Então porque a nossa população não muda? Talvez porque de alguma
maneira, tentam manter o grupo coeso alcançando a uniformidade do mesmo e assim
conseguem preservar e manter a sua identidade, bem como do grupo.
3.3 Discutindo o gosto musical
Os participantes da pesquisa quando questionados sobre seu gosto
musical, 96,3% responderam gostar de música, enquanto apenas 2,9% afirmaram não
gostar de música. Perguntados sobre o período que ouvem música, 42,9% afirmaram
95
ouvir de uma a duas horas por dia; 12,7%, de duas a 3 horas por dia; 11,4%, de três a
quatro horas por dia; 56,9% de quatro a cinco horas por dia; 13,5, de cinco a dez por
dia.
Tabela 8 – Distribuição da frequência dos jovens e o tempo que ouvem musica.
Pergunta 7: Quantas horas você costuma ouvir música por dia?
P1 Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam jovens 11 8 12 31
% Total 4,5% 3,3% 4,9% 12,7%
1 a 2 horas por dia jovens 26 24 55 105
% of Total 10,6% 9,8% 22,4% 42,9%
2 a 3 horas por dia jovens 4 7 20 31
% Total 1,6% 2,9% 8,2% 12,7%
3 a 4 horas por dia jovens 11 8 9 28
% Total 4,5% 3,3% 3,7% 11,4%
4 a 5 horas por dia jovens 8 4 5 17
% Total 3,3% 1,6% 2,0% 6,9%
5 a 10 horas por dia jovens 7 12 14 33
% Total 2,9% 4,9% 5,7% 13,5%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
A música ocupa um lugar significativo na vida das pessoas em
todos os momentos de seu desenvolvimento. Como aponta Jourdain (1998), a música
para alguns estudiosos funciona como uma linguagem universal, passada de geração
para geração. Nesse sentido, é possível entender a presença da música no cotidiano do
ser humano, em especial dos jovens. Podemos confirmar a importância da música,
quando verificamos os resultados da tabela 7, que indicam a quantidade de horas que
os adolescente ouvem música durante o dia.
Na busca de uma organização psicológica e física, o adolescente
consegue por meio da música identificar e discriminar os sentimentos/emoções que
estão experimentando. Portanto, no momento que opta por um ritmo ou estilo é como
se por meio deste gosto musical conseguisse equilibrar essa desordem sentimental que
se instalou. Neste sentido a musica é capaz de criar ordem a partir do caos, pois,
segundo Menuhim (1972), o ritmo impõe unanimidade ao divergente, a melodia
impõe continuidade ao desconhecido e a harmonia impõe compatibilidade ao
incongruente. Ouvir música freqüentemente tem o objetivo de satisfação emocional e
96
social; para passar o tempo, aliviar os aborrecimentos, a solidão, para relaxar e lidar
com problemas, melhorar o estado de espírito,etc.
Os jovens ouvem música regularmente e criam a sua própria música
em grupos de amigos, imitam seus cantores preferidos, discutem música com seus
pares. A música como podemos verificar possui funções psicológicas, cognitiva-
emocional e social. Podemos observar as funções sociais da música manifestadas na
regulação dos estados emocionais, no desenvolvimento da identidade e das relações
interpessoais. Os jovens experimentam a música através da linguagem e do grupo em
que estão inseridos. Knobel (1981) chamou de tendência grupal. A música sempre fez
parte da vida das comunidades presbiterianas, mesmo quando essas canções não
refletia muito a realidade sociocultural do momento em que os jovens viviam. Um
exemplo disso é quando na ditadura militar, a música expressava a fé e sua esperança
em um céu vindouro e na eternidade. O que percebemos é que muitas comunidades
reformadas, em especifico as Ipis, não conseguiram adaptar-se a essa nova cultura
musical, criando um distanciamento dos jovens com suas comunidades.
Foi perguntado de que maneira esses jovens ouvem música e as
respostas foram: 42,9% disseram que ouvem por meio de CD, 67,3% afirmaram que
pela internet, 13,1% escutam música pelo rádio, 2,9 % informaram que utiliza a TV,
outros 2,9% utilizam o youtube e finalmente 12,7% pelo celular.
Constatou-se que o estilo musical preferido e escutado por estes
jovens são: blues 17,1%, coutry 11,0%, eletro 36,7%, gospel 76,3%, jazz 11,8%,
samba 19,6%, salsa 2,4%, caipira 4,1%, sertaneja 46,1%, MPB 33,9%, forro 10,2 %,
Techno 11,4%, rock e roll 38,8%, pop rock 52,7%, funk 10,2%, rap 18,8%, hip hop
20,4%, reggae 28,6%, emo 8,6%, had rock 10,2% , house 9,0%, axé 7,8%, grunge
4,1%, outro estilo que foi sugerido de 8,6%.
97
Quadro 3: Distribuição da frequência dos estilos escolhidos pelos jovens.
Quando perguntado sobre qual o estilo que se ouve e canta na igreja,
os resultados foram: gospel com 89,4%, pop rock com 17,6%, hinos tradicionais
58,8%.
Quadro 4: Distribuição de frequência dos estilos que se ouve e canta na igreja.
98
Foi perguntado o que mais se ouve, 69,0% disseram gospel para
13,1% são os hinos tradicionais.
Quadro 5: Distribuição de frequência dos estilos que mais se ouve.
A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil faz parte de uma
tradição protestante reformada como abordamos anteriormente, ou seja, possui uma
estrutura litúrgica em torno da palavra e sempre valorizou sua tradição musical que
são seus hinos. Desta forma, este dado de 58,8% como preferência pelos hinos
tradicionais nos revelam ainda uma resistência enorme contra a cultura gospel pela
instituição em se manter aquilo que é memória histórica e simbólica de uma
construção de fé.
A música tem feito parte de todas as áreas da vida humana, quer
seja individual ou coletiva. A prática musical está ligada a movimentos geradores ou
propagadores de determinados gostos como foi visto em Bourdieu. Assim, a música
popular brasileira é resultado de interesses de grupos que queriam de alguma maneira
impôr sua cultura. Nas décadas finais do século XX, a música popular brasileira passou
por várias mudanças e se caracterizou pela sua diversificação. Hoje, existe uma
pluralidade e diversidade de gêneros, fontes, ritmos, acompanhando tanto a
descompressão de costumes, quanto a democratização do país. Aconteceu nessas
99
décadas também a consolidação da mídia eletrônica de várias maneiras associadas à
industria da música. O que prevalece hoje no Brasil é a cultura de massa.
Dessa maneira, o cenário e as interações dentro do campo religioso não
podiam ser diferentes. Ressaltamos a explosão gospel que trouxe consigo formas de
expressão artística dotando o cenário religioso de uma nova cara. Conceito como
“hibridismo cultural” formulado por teóricos estudiosos culturais tem usado o conceito
para explicar esse novo modo de vida de louvor e de participação das atividades
religiosas.
A pesquisa parece identificar que a grande preferência musical dessa
população jovem se trata do estilo gospel. Assim a juventude das comunidades
pesquisadas fazem ou fizeram hibridismo cultural, ou seja, mantém o vinculo com estas
comunidades tradicionais, identificadas como igrejas reformadas, porém, adicionaram à
estas igrejas a ideologia de consumo e cultura midiática. O gosto musical desses jovens
só expressam os resultados do momento histórico em que estão vivendo.
Foi questionado se estes jovens cantam na igreja o mesmo estilo que
eles escutam diariamente, a resposta foi: 42,4% cantam o que se ouve, contra 57,6%
informa que não, não cantam o mesmo estilo que escutam diariamente. O que nos leva
a pensar que a igreja não consegue responder ao gosto musical dos jovens, mesmo que
muitas dessas comunidades já se utilizem da música gospel não consegue contemplar a
todos os gostos musicais destes jovens.
Tabela 9 – Distribuição da frequência dos jovens que canta na igreja e sua preferência
musical distribuídos por faixas etárias.
Pergunta 20: Você gostaria que fosse o mesmo estilo na igreja
que você ouve?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sim jovens 27 23 54 104
% Total 11,0% 9,4% 22,0% 42,4%
Não jovens 40 40 61 141
% Total 16,3% 16,3% 24,9% 57,6%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Muitos outros movimentos musicais surgiram e se tornaram como
fenômenos musicais como o da música sertaneja, axé, a cultura hip-hop, funk e rap, que
100
nasce e ganha força na e entre as periferias, sem necessitar de consentimento das classes
médias. O funk e o rap logo conquistaram amplo espaço na classe média, o que
demonstra um trânsito mais fácil e aberto entre estratificações sociais. A cultura hip-hop
estaria ligadao a uma demanda de inclusão social de setores em que é marcado pela
ausência do Estado e de políticas públicas. Fornecendo para estes setores o incentivo
para se construir uma identidade social autônoma, assumindo-se como excluído, como
demonstrado entre outras maneiras pela musica dos gigantescos bailes rap-funk.
Tabela 11 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a preferência pelo funk
distribuídos por faixas etárias.
Pergunta 9: Qual estilo de música você mais gosta?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem
funk jovens 9 11 5 25
% Total 3,7% 4,5% 2,0% 10,2%
Não
ouvem
funk
jovens 58 52 110 220
% Total 23,7% 21,2% 44,9% 89,8%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
O hip-hop teve originou-se na cultura dos maiores centros urbanos
dos Estados Unidos. Desenvolvido pelas populações excluídas predominantemente
negras. Ao chegar no Brasil ganha cara própria, como tudo que se absorve do branco
colonizador, como o jazz que foi adicionado a outros ingredientes tropicais deu origem
a um novo estilo, a Bossa Nova.
Tabela 12 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a preferência pelo hip hop
distribuídos por faixas etárias.
Pergunta 9: Qual estilo de música você mais gosta?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem hip
hop
jovens 16 16 18 50
% Total 6,5% 6,5% 7,3% 20,4%
Não ouvem
hip hop jovens 51 47 97 195
% Total 20,8% 19,2% 39,6% 79,6%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
101
Nos anos de 1980, surgem as tribos urbanas que eram agrupamentos
de jovens, como, os punks e os darks. Neste período acontece um enfraquecimento do
movimento estudantil no Brasil, até porque esta identidade deixou de passar pela
política como ocorreu nos anos 60/70, ocorrendo um distanciamento da militância
tradicional do partido e sindicato.
Durante este processo nasce o movimento cultural hip-hop. Na década
de 1990, a juventude vive um distanciamento das grandes utopias transformadoras. As
subjetividades e as condições sociais desses jovens estavam marcadas por condições
diversas e distanciadas dos métodos de realização das utopias revolucionárias, é uma
geração individualista que não abre mão de seus desejos.
O resultado da nossa pesquisa parece nos apontar que estes estilos
musicais, em especial o hip hop, é a expressão de uma juventude que também perdeu
sua característica transformadora. Como já vimos anteriormente, é uma juventude
preocupada com suas próprias conquistas e sentimentos. Uma juventude que expressa
todas as características de uma cultura pós-moderna, principalmente o hibridismo
cultural e por isto tem em seu leque de gosto musical, todas as possibilidades de estilos
e ritmos que corresponde a preferência mundial.
A manutenção da cultura gospel acontece nas fronteiras culturais
iniciadas na sociedade capitalista e de consumo dos EUA. O gospel transpôs não só as
fronteiras de origem americana, como também pelo cristianismo contemporâneo, ambos
globalizados, tornando se uma nova cultura evangélica.
Tabela 13 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a preferência pelo gospel
distribuídos por faixas etárias.
Pergunta 9: Qual estilo de música você mais gosta?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem gospel jovens 48 44 95 187
% Total 19,6% 18,0% 38,8% 76,3%
Não ouvem
gospel jovens 19 19 20 58
% Total 7,8% 7,8% 8,2% 23,7%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
102
A característica das músicas gospel cantadas pelos jovens possui um
teor sentimental que podem levá-los a se emocionarem e fazer rememorar experiências
individuais de conversão e comunhão. Isto porque, essas músicas unem melodia e letra
e fazem com que as pessoas experimentem um sentido de esperança e segurança nos
atos divinos. Este estilo musical faz parte da renovação de gêneros musicais nacionais
ou mesmo estrangeiros, um processo que acompanha a globalização, a diversidade e o
pluralismo da sociedade pós-moderna.
O resultado da pesquisa é desafiador para tentarmos entender o que de
fato está ocorrendo nestas comunidades e sua identidade cultural. Parece haver, apesar
da grande presença da cultura gospel nestas comunidades, uma resistência para que pelo
menos parte da memória simbólica não deixe de existir.
A pesquisa continua questionando sobre o gosto musical e pergunta
se estes jovens gostam de música com mensagem social. O resultado foi o seguinte
que 76,7% afirmam gostar de música que carregam mensagem social, 20,8% afirmam
não gostar e 2,4% não responderam.
Tabela 14 – Distribuição da frequência dos jovens quanto o seu gosto por musica com
mensagem social distribuídos por faixas etárias.
Pergunta 18: Você gosta de música que traz mensagens de
consciência social?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não
responderam jovens 2 2 2 6
% Total ,8% ,8% ,8% 2,4%
Sim, jovens 49 46 93 188
% Total 20,0% 18,8% 38,0% 76,7%
Não, jovens 16 15 20 51
% Total 6,5% 6,1% 8,2% 20,8%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
A teoria de Knobel, afirma que a reivindicação social faz parte desse
momento de ser jovem. Nesta fase o jovem é visto como rebelde e aquele que se
manifesta contra o modo de vida estabelecido social e culturalmente. Nessa população é
possível identificar que 76,7% concordam com músicas com preocupação social.
Na tabela 15, constatamos que 82,4% responderam que sim, contra
15,1% disseram que não. Ao serem questionados quanto a importância de estilo/ritmo,
103
25,7% disseram que é mais importante contra 66,1% que a letra/mensagem ser mais
importante em uma música e 7,3% disseram ser tanto ritmo/estilo quanto
letra/mensagem serem importantes.
Tabela 15 – Distribuição da frequência dos jovens que ao cantar expressa o que canta
distribuído em faixas etárias.
Pergunta 26: Ao cantar você expressa o que canta?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não
responderam jovens 3 2 1 6
% Total 1,2% ,8% ,4% 2,4%
Sim, jovens 52 51 99 202
% Total 21,2% 20,8% 40,4% 82,4%
Não, jovens 12 10 15 37
% Total 4,9% 4,1% 6,1% 15,1%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
A tabela 16, verificou-se nesta população a presença da expressão
corporal ao se cantar. Constatou que 82,4% afirmaram a importância de associar o que
estão cantando com a expressão corporal. Enquanto que, 15,1% afirmaram não ser
importante esta associação.
Ao serem perguntados sobre a importância dessa prática, 68,4%
consideraram importante a expressão corporal, enquanto, 31,6% não considerar
importante. A cultura gospel traz em seu bojo a expressão corporal, ou seja, além de
se buscar experiências emocionais através das musicas, a expressão corporal vem
como mais um item desse movimento.
Tabela 16 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a importância da expressão
corporal ao cantar por faixas etárias.
Pergunta 27: É importante a expressão corporal ao cantar?
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sim, jovens 41 39 87 167
% Total 16,8% 16,0% 35,7% 68,4%
Não, jovens 25 24 28 77
% Total 10,2% 9,8% 11,5% 31,6%
Total jovens 66 63 115 244
% Total 27,0% 25,8% 47,1% 100,0%
104
Por que? 10,2% disseram que a expressão corporal ajuda na
expressão de emoção e sentimento, porém 89,8% não responderam. Outros 42,4%
responderam que se trata simplesmente de expressão.
O significado da música para estes jovens se revelou através da
pergunta o que significa a música? 29,4% disse que é lazer/prazer, 11,0% diz pela
simples fato de fazer parte da vida humana, 42,4% ser a forma de expressão e
comunicação de sentimentos, 6,5% traduz harmonia, 2.9% diz ser a musica
instrumento de comunicação, 10,2% outros motivos.
Quadro 6: Distribuição de frequência sobre o significado da música.
Em se tratando de música religiosa 57,1% diz que significa
louvor/adoração, 17,6% serve para explicar a “palavra de Deus”, 20,8% traduz
sentimento/emoção, 7,3% afirmam que música religiosa está diretamente ligada com a
igreja, 7,3% outros motivos que estão ligados a estilo, filosofia, forma de comércio,
cultura e que música pode servir de motivo de preconceito e divisão. Consideramos
essas respostas como tradução do que seja a cultura midiática. Uma cultura que se
caracteriza pelo consumo de bens religiosos.
105
Quadro 7: Distribuição de frequência o que significa a música religiosa
Esses resultados confirmam o que anteriormente falamos sobre a
população jovem. Uma porcentagem bastante expressiva nos diz que a música
religiosa significa sentimento/emoção. Conforme destacamos em nossa pesquisa
bibliográfica, esses jovens não se contentam somente com a forma do saber
racionalizado, pensado. Esses jovens estão mais desejosos de sentir, tocar, reagir
emocionalmente e na adoração gospel ele é convidado a reagir e não apenas a escutar
e pensar como faz a liturgia e pregação reformada.
A expressão corporal já faz parte das mudanças propostas para uma
nova prática cúltica anterior ao gospel. Anterior ao gospel, tivemos na década de 90 a
tentativa de muitos jovens de se introduzir as palmas, movimentos pelo corpo ao se
cantar canções consideradas mais dançantes. A utilização de ritmos brasileiros surgiram
com mais frequência nas liturgias e eventos da IPis.
Como verificamos anteriormente 58,8% ainda tem preferência por
hinos, porém, este respeito à tradição hinológica que acompanha o presbiterianismo
desde os seus primórdios, tem experimentado todas estas mudanças e tendências
musicais. Além do universo litúrgico, práticas, músicas brasileiras de cunho mais
regional com letras portadoras de alguma preocupação social, foram incluídas nas
músicas presentes no universo evangélico brasileiro no qual a cultura musical “pop”
internacional fazia parte.
106
Com esta música se mantém ainda mais a proposta de liberdade
completa de expressão corporal. O que nos parece é que a expressão corporal seja
mais expressivo entre os jovens da faixa etária dos 21 a 25 anos porque estes já
passaram daquele momento de mudanças corporais, estão mais seguros quanto a sua
corporeidade e portanto mais seguros quanto a sua própria expressão.
Acrescenta Fromm (1971), que fatores culturais podem facilitar,
encorajar ou modificar parcial ou totalmente as expressões emocionais. E ainda,
podemos inferir que as escolhas dos outros estilos musicais estejam muito mais
relacionadas com o grupo do que com a cultura. As origens dos outros estilos
basicamente são de três gêneros musicais distintos, tais como: o jazz, o country e o
blues, que foram se transformando ao longo de tempo e da cultura vigente da época,
influenciados por motivos diversos como, por exemplo, a supremacia de uma cultura
norte americana que ao longo do tempo foi estabelecendo supremacia do que se
produzia aqui no Brasil.
Entendemos que a música, para os jovens, funciona como forma de
introjeção e projeção do seu estado emocional. Neste momento é que aprenderão a
discernir cada sentimento e emoção. Nesse sentido a musica poderá servir como um
instrumento de transição para auxiliar no processo de desenvolvimento desses jovens.
Conclusão
A leitura e análise feita dos dados recolhidos da pesquisa
possibilitaram traçar o perfil dos adolescentes e jovens que participaram. As
características de Knobel foi facilmente localizadas por meio das respostas dadas.
Especificamente em se tratando de música, pudemos constatar a sua presença na vida
diária destes jovens. A música como linguagem universal do som e da emoção
proporcionou que é imprescindível estudá-la se queremos entender e conhecer o
mundo adolescente e jovem. Por meio dela expressam suas reivindicações, seus
confrontos com o grupo familiar, suas necessidades de encontro com os grupos, a
busca de uma identidade própria, a busca de um ídolo, substituindo seus pais, sua
religiosidade ou a ausência dela, a necessidade de intelectualizar e fantasiar, o modo
como a música proporciona essas fantasias e intelectualizações.
107
A música ocupa um lugar bem presente na vida das pessoas em
todos os momentos de seu desenvolvimento. Como aponta Jourdain (1998), a música
para alguns estudiosos funciona como uma linguagem universal, passada de geração
para geração. Nesse sentido, é possível entender a presença da música no cotidiano do
ser humano, em especial dos jovens. Podemos confirmar a importância da música,
quando verificamos os resultados da tabela 7, que indicam a quantidade de horas que
os adolescente ouvem música.
Os jovens ouvem música regularmente e criam a sua própria
música em grupos de amigos, imitam seus cantores preferidos, discutem música com
seus pares. Segundo Palheiros (2004) apud Merrian (1964); Hargreves (1999) e North
(1999), há três funções psicológicas da música, cognitiva-emocional e social, sugerem
que as funções sociais da música podem ser manifestadas na regulação dos estados
emocionais, e no desenvolvimento da identidade e das relações interpessoais.
Experimentam a música através da linguagem e do grupo em que estão inseridos, o
que Knobel (1981) vai chamar de tendência grupal
A pesquisa parece identificar que a grande preferência musical dessa
população jovem se trata do estilo gospel, revelando o hibridismo cultural desenvolvido
nas comunidades tradicionais, identificadas como igrejas reformadas, que tem seus bens
religiosos adicionados à ideologia de consumo e cultura midiática. O gosto musical
desses jovens só expressam os resultados do momento histórico em que estão vivendo.
Muito parecidos com a juventude dos anos 90, eles aderiram aos movimentos religiosos
ligados às igrejas pentecostais católicos e evangélicos, porém com uma diferença, uma
total ausência de participação por algum ideal político, social, educacional.
108
Considerações finais
O tema da presente dissertação tentou relacionar dois eventos bastante
significativos para a vida jovem evangélico: a identidade jovem e a música religiosa. A
escolha do tema foi porque, primeiro, a música sempre esteve e está presente na vida
dos jovens e adolescentes e como vimos no capítulo segundo, influenciando, mudando e
moldando comportamentos. A música é um importante elemento na formação da
personalidade do ser humano, no seu desenvolvimento físico, intelectual e emocional.
Portanto essas influências estão presentes em todos os segmentos desses indivíduos
jovens. Segundo, porque definir a maneira de como se constroe a identidade jovem é
alvo de muitos teóricos da psicologia, sociologia, por causa de sua complexidade. A
identidade dos indivíduos vai se definindo a partir da adolescência quando esses deixam
o grupo familiar e entram em contato com outras pessoas e outros grupos. Essa
construção é orientada pelas identificações que esses jovens vão estabelecendo com os
elementos simbólicos de cada cultura. A medida que a cultura muda, altera também a
relação com estes elementos e a identidade de seus membros. A juventude conforme
Cecília Mello e Regina Novaes (2002) é um retrato projetivo da sociedade que
expressa as angústias, os medos em relação ao presente e as possibilidades de futuro
em uma sociedade contemporânea que as mudanças acontecem de maneira mais
intensa, rápida e dinâmica.
Partimos da hipótese que estas mudanças da sociedade pós-moderna
causaram alterações no comportamento e gosto dos jovens e adolescentes, provocando
a definição de uma nova identidade. Os resultados obtidos neste trabalho
possibilitaram dados que permitiram compreender aspectos que envolvem a busca de
identidade jovem e sua relação com a fé. Nesse sentido se verificou que tanto os
jovens como a instituição religiosa da qual eles fazem parte, foram alcançadas por
tais mudanças e sofreram os efeitos da globalização. Estes jovens para manterem-se
nas igrejas locais lançaram mão de novos recursos simbólicos impostos por uma nova
cultura globalizada. Graças a televisão, ao rádio, a internet, eles tiveram o gosto
109
musical alterado. Observamos ainda, que tais mudanças produziram uma nova postura
diante da instituição o que chamaríamos de uma postura anti-institucional. O
resultado foi o surgimento de novas práticas religiosas, entre outras, as ligadas ao
lugar da prédica no culto, abrindo mais espaço para práticas que seriam conhecidas
nos “louvorzão”.
Os jovens são os responsáveis por aprender e manter toda a
construção simbólica, ritos e costumes, de sociedades ou instituições nas quais eles
vivem, conforme vimos em Hervièu-léger (2005), até porque a própria cultura está e
sofre interferências em todo tempo. Porém, essa autora afirma que as pessoas
constroem sua própria identidade sócio-religiosa a partir dos diversos recursos
simbólicos colocados a sua disposição e que podem ter acesso diante das experiências
em que estão implicados. O que não é bem assim para Hall (2005). Para ele essa
instabilidade da identidade está relacionada com as mudanças que a modernidade pode
exercer sobre as pessoas, e como os impactos que a globalização exerce no surgimento
e manutenção da identidade cultural. Por isso, é inevitável que os jovens evangélicos
tenham sofrido estes impactos da globalização e alterado os seus gostos musicais.
Como foi visto anteriormente o adolescente define a sua identidade
através do meio em que ele está inserido, pois, o jovem é um ser bio-psico-social, e
que, portanto, suas escolhas e suas ações são definidas pela cultura na qual faz parte.
Viu-se também que a música segundo Willens (1970), pode favorecer esse
desenvolvimento bio-psico-social do ser humano, e que, portanto, teria efeitos sobre a
formação da personalidade deste ser humano e sua maneira de ser. A identidade
psicossocial surge com a percepção de pertença a um grupo e não a outro. A percepção
social consiste em categorizar, agrupar em categorias, pessoas possuidoras de
características e pessoas não possuídas por outras. As primeiras constituem um grupo,
as demais, um outro que, por essa razão, se distinguem, se contrapõe e se conflitam. A
pertença a um grupo pode resultar da escolha da pessoa, mas também uma imposição
externa ou do acaso. O Importante é a percepção de pertencer e um grupo, pois, o que
se torna relevante é o seu elemento motivacional de auto estima que inicia, mantém,
modifica ou termina o processo de adesão ao grupo
Por isso, o adolescente e o jovem vivem em grupos.
Constatamos essa teoria de Knobel em nossa população quando a resposta de
pertencer a um grupo e até mais que um, revela uma característica do ser adolescente.
O adolescente recorre às situações favoráveis como a uniformidade que proporciona
110
segurança e estima pessoal. A uniformidade é um processo de dupla identificação em
massa, na qual todos se identificam com cada um. A “tendência grupal” acontece em
um momento de troca bastante significativa na vida do adolescente, ou seja, o
adolescente deixa de considerar temporariamente sua família de origem para viver em
grupos de pares ou de iguais, identificando-se com eles e participando dos
movimentos expressões de alegria, tristeza, raiva, reivindicações sociais e ainda
experiências novas com os grupos. Knobel (1981), aponta que a tendência grupal
possibilita na adolescência a interação de seus problemas com os da sociedade na qual
vive, obriga-o a pensar em buscar soluções por meio da utilização dos grupos.
Outra característica que tem grande importância para a dissertação é
que neste período o adolescente se mostra um ateu exacerbado ou um místico muito
fervoroso, alcançando os extremos de cada situação, passando de um lado para outro
com muita facilidade. A questão da religiosidade aparece nesta fase com mais
intensidade não por acaso, devido a sua angústia de viver o luto pelas perdas que é
acometido, como o corpo infantil, a possibilidade de morte e morte de seus pais
infantis. Esta busca pela divindade e de suas verdades absolutas pode significar uma
saída menos frustrante para este período. O que pudemos perceber ainda nos
resultados da pesquisa foi exatamente uma população muito fervorosos. Itens como,
leitura da bíblia como leitura preferida, ter em Jesus como ídolo, ouvir música gospel
e afirmar que a música religiosa é a expressão daquilo que estão sentindo e pensando,
revela o quanto estes adolescente e jovens usam da religião como elemento presente
na busca pela suas identidades psicossocial e religiosa.
Assim como Knobel, Erikson também vê o grupo social e sua
cultural extremamente importante para que o adolescente defina sua identidade. Como
afirmou o autor, a identidade é o desenvolvimento da personalidade que possui a
dimensão biológica, a social e a individual (ego) e que, portanto cada ser humano tem
uma necessidade de sentir-se único, necessidade que provém do esforço inconsciente
para manter a continuidade da experiência. Essa manutenção é feita por meio da
cultura que se está inserido. A cultura fornece um conjunto de rótulos e diretrizes que
permitem que o ego, a medida que se desenvolve, formule um identidade. A igreja é
um grupo social que dispõe desses elementos para oferecer aos jovens condições de
definirem sua identidade. O que pudemos constatar é que a participação nessas
comunidades locais está mais relacionada com a “turma” da igreja que, por qualquer
outro motivo. O grupo possibilita esse bem estar afirmado por Knobel.
111
O mais interessante, segundo Erikson, é que não podemos separar o
desenvolvimento pessoal da transformação comunitária. Assim como não podemos
separar a crise de identidade na vida individual e a crise contemporânea no
desenvolvimento histórico porque ambas ajudam a definir à outra e estão
verdadeiramente relacionados entre si como uma espécie de relatividade psicossocial
ERIKSON,1976). Assim como as pessoas sofreram pelas influencias da globalização,
as instituições tiveram que diante dessas mudanças rever seu bens simbólicos para
atender a esses novos indivíduos.
Muitas das nossas comunidades locais se ajustaram diante das
propostas da nova cultura que se instalou. A cultura gospel trouxe para o meio das
instituições evangélicas novos bens simbólicos e a música faz parte. Segundo Fowler
(1992) quando esses elementos chegam a expressar a fé dos novos aderentes, a
tradição é ampliada e modificada, ganhando assim nova vitalidade. Os adolescentes e
jovens vivem esta ampliação quando fazem hibridismo cultural com os elementos da
tradição e os novos elementos de uma cultura gospel, ou seja, faz o cruzamento dos
elementos daquela com os elementos dessa nova cultura e as novas mídias, estilos
visados e estratégias de marketing consolidadas pela indústria cultural. A penetração
da propaganda da TV e dos meios de comunicação foi tão intenso, com a TV
produzindo um excesso de imagens e informações que ao ameaçar nosso sentido de
realidade, provocou uma ruptura do senso de identidade do individuo, alterando a
crença na vida e seus significados.
Porém, pudemos perceber por meio de Pierre Bourdieu que fazermos
opções por determinados gostos musicais está relacionado com os processos sociais
vividos pelo grupo na qual se faz parte. Os gostos distinguem as pessoas e os grupos.
Por isso, ele afirma e enfatiza que a herança cultural provém o habitus, que se
estabelece por determinada herança cultural, e os símbolos culturais são expressões da
cultura de uma nação, época, ou classe social. A cultura gospel é uma cultura de massa,
por isso, a identificação massiva dos adolescentes e jovens da nossa pesquisa.
O que se viu foram os fiéis da IPI adotam estes modelos musicais da
sociedade de consumo pós-moderna, assim esses jovens cantam nas comunidades
locais o mesmo que se canta no seu cotidiano. Eles aderem as mesmas modas, são
atraídos por celebridades construídas de acordo com as leis ditadas no mercado
secular. O resultado deste processo foi a simpatia por parte desses jovens a estes
112
modelos musicais que são por eles adotados como referencial de música para ser
apreciada e consumida, a música gospel.
Temos um cenário resultante das mudanças culturais do século XX. A
globalização e a secularização dos bens religiosos promoveram uma nova cultura, a
gospel. O grupo é que oferece aos seus membros os bens pela qual serão elaborados
toda a sua construção simbólica. Portanto, se a própria cultura está e sofre
interferências em todo tempo, como garantir que os jovens e adolescentes consigam
construir e manter sua própria identidade sócio-religiosa a partir dos diversos recursos
simbólicos colocados a sua disposição e que podem ter acesso diante das experiências
em que estão implicados? Uma vez que também a cultura sócio-religiosa sofreu e
sofre todas as mudanças que a modernidade pode exercer sobre as pessoas, e os
impactos que a globalização exerce no surgimento e manutenção da identidade
cultural. Diante desses questionamentos, a pergunta que fica desafiando-nos para
futuras pesquisas é exatamente se a cultura que encontramos hoje conseguirá se
manter diante de futuras mudanças culturais. Esses jovens terão condições de manter e
guardar toda a construção simbólica, ritos e costumes, de sociedades ou instituições
nas quais eles vivem e pelo qual são responsáveis?
113
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Sites
http://www.adolescencia.org.br/empower/website/pdf/adoles.pdf (acesso dia 03.10.11)
as 15hs.
119
Anexo 1
120
QUESTIONÁRIO SOBRE MUSICA E JUVENTUDE EM COMUNIDADES DA IGREJA PRESBITERIANA INDEPENDENTE DO BRASIL NO ESTADO DE
SÃO PAULO
1. Data de nascimento ___/____/___
2. Gênero: ( ) fem ( ) masc
3. Você estuda? ( ) Sim ( ) Não
O que estuda, cursa? _____________.
4. Qual estado civil: ( ) casado ( ) solteiro ( ) separado ( ) divorciado
5. Mora com ( ) família (pais, irmãos) ( ) com família (avós e outros)
( ) outras pessoas Quais? __________________________________.
6. Você gosta de música? ( ) sim ( ) não
7. Quantas horas você costuma ouvir música por dia? ___________.
8. Você ouve música de que maneira? ( ) Cd ( ) MP4 ( ) baixa pela Internet
Outras maneiras? Qual ___________________________________________.
9. Qual tipo/estilo de música que você mais gosta? Pode assinalar mais de uma opção.
Blues samba forró rap house
country salsa techno hip hop axé
eletrônica, caipira rock e roll reggae grunge
gospel sertaneja pop/rock emo Hinos tradicionais
jazz MPB funk had rock
10.Outros Qual? _________ 11. Qual você mais ouve? ____________________________________ 12. Qual tipo/estilo de música que você canta na igreja? Pode assinalar mais de uma opção.
Blues samba forró rap house
country salsa techno hip hop axé
eletrônica, caipira rock e roll reggae grunge
gospel sertaneja pop/rock emo Hinos tradicionais
jazz MPB funk had rock
13.Outros Qual? _________ 14. Qual você mais ouve? ____________________________________
121
Perguntas Sim Não 15. Você gosta de ler?
Qual foi o ultimo livro que leu? Quando foi?
16. Na maioria das vezes você segue a sua vontade?
17. Você tem algum ídolo? Qual ?
18. Você gosta de música que traz mensagens de consciência social?
19. Você canta na igreja o mesmo estilo que você ouve?
20. Você gostaria que fosse o mesmo estilo na igreja e o que você
ouve?
21. Quando você ouve música é o seu estilo que predomina?
22. Você costuma mudar de opinião com freqüência sobre temas
diferentes?
23. Você costuma e/ou gosta de acompanhar seus pais nos programas
que eles fazem?
24. Além da igreja você frequenta algum outro grupo social?
Qual?
25. O que é mais importante na música? ( ) estilo/ritmo ( ) letra/mensagem 26. Ao cantar você expressa o que canta? ( ) sim ( ) não 27. É importante a expressão corporal ao cantar? ( ) sim ( ) não Por que? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 28. Você tem a sua própria turma? Qual? Por que? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 29. O que significa a música para você? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 30. O que significa a música religiosa para você?
122
ANEXO 2
123
Tabelas de frequências
Tabela 1 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias.
Idade
Frequencia Porcent Valid Porcent
Porcent
cumulada
Validos 15 a 17 67 27,3 27,3 27,3
18 a 20 63 25,7 25,7 53,1
21 a 25 115 46,9 46,9 100,0
Total 245 100,0 100,0
Tabela 2 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se estudam.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
sim jovens 60 48 63 171
% Total 24,5% 19,6% 25,7% 69,8%
não jovens 7 15 52 74
% Total 2,9% 6,1% 21,2% 30,2%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 3 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias das comunidades.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 13 20 60 93
% Total 5,3% 8,2% 24,5% 38,0%
graduação Jovens 6 23 39 68
% Total 2,4% 9,4% 15,9% 27,8%
Ensino técnico jovens 1 3 5 9
% Total ,4% 1,2% 2,0% 3,7%
Ensino médio Jovens 42 10 3 55
% Total 17,1% 4,1% 1,2% 22,4%
Outros cursos Jovens 5 7 8 20
% Total 2,0% 2,9% 3,3% 8,2%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
124
Tabela 4 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e quantas horas
ouvem música.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 11 8 12 31
% Total 4,5% 3,3% 4,9% 12,7%
1 a 2 horas por dia
Jovens 26 24 55 105
% Total 10,6% 9,8% 22,4% 42,9%
2 a 3 horas por dia Jovens 4 7 20 31
% Total 1,6% 2,9% 8,2% 12,7%
3 a 4 horas por dia Jovens 11 8 9 28
% Total 4,5% 3,3% 3,7% 11,4%
4 a 5 horas por dia Jovens 8 4 5 17
% Total 3,3% 1,6% 2,0% 6,9%
5 a 10 horas por dia Jovens 7 12 14 33
% Total 2,9% 4,9% 5,7% 13,5%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 5 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem música
pelo youtube.
Idade
Total 15 a 17 21 a 25
Ouvem jovens 2 5 7
% Total 28,6% 71,4% 100,0%
Total jovens 2 5 7
% Total 28,6% 71,4% 100,0%
Tabela 6 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem música
pelo celular.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem Jovens 13 6 12 31
% Total 41,9% 19,4% 38,7% 100,0%
Total Jovens 13 6 12 31
% Total 41,9% 19,4% 38,7% 100,0%
125
Tabela 7 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem blues.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem blues Jovens 14 10 18 42
% Total 5,7% 4,1% 7,3% 17,1%
Não ouvem blues Jovens 53 53 97 203
% Total 21,6% 21,6% 39,6% 82,9%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 8 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem coutry.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem coutry Jovens 4 11 12 27
% Total 1,6% 4,5% 4,9% 11,0%
Não ouvem coutry Jovens 63 52 103 218
% Total 25,7% 21,2% 42,0% 89,0%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 9 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem eletro.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem eletro Jovens 35 25 30 90
% Total 14,3% 10,2% 12,2% 36,7%
Não ouve eletro Jovens 32 38 85 155
% Total 13,1% 15,5% 34,7% 63,3%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
126
Tabela 10 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem gospel.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem gospel Jovens 48 44 95 187
% Total 19,6% 18,0% 38,8% 76,3%
Não ouvem gospel Jovens 19 19 20 58
% Total 7,8% 7,8% 8,2% 23,7%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 11 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem MPB.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem MPB Jovens 19 20 44 83
% Total 7,8% 8,2% 18,0% 33,9%
Não ouvem MPB Jovens 48 43 71 162
% Total 19,6% 17,6% 29,0% 66,1%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 12 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem forró.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem forró jovens 4 7 14 25
% Total 1,6% 2,9% 5,7% 10,2%
Não ouvem forró Jovens 63 56 101 220
% Total 25,7% 22,9% 41,2% 89,8%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
127
Tabela 13 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem Techno.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem techno Jovens 9 10 9 28
% Total 3,7% 4,1% 3,7% 11,4%
Não ouvem techno Jovens 58 53 106 217
% Total 23,7% 21,6% 43,3% 88,6%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 14 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem rock.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem rock e roll Jovens 28 27 40 95
% Total 11,4% 11,0% 16,3% 38,8%
Não ouvem rock e roll Jovens 39 36 75 150
% Total 15,9% 14,7% 30,6% 61,2%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 15 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem
pop/rock.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem pop/rock Jovens 37 36 55 128
% Total 15,1% 14,7% 22,4% 52,2%
Não ouvem pop/rock Jovens 30 27 60 117
% Total 12,2% 11,0% 24,5% 47,8%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
128
Tabela 16 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem funk.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem funk jovens 9 11 5 25
% Total 3,7% 4,5% 2,0% 10,2%
Não ouvem funk Jovens 58 52 110 220
% Total 23,7% 21,2% 44,9% 89,8%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 17 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem rap.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem rap Jovens 13 15 18 46
% Total 5,3% 6,1% 7,3% 18,8%
Não ouvem rap Jovens 54 48 97 199
% Total 22,0% 19,6% 39,6% 81,2%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 18 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem hip hop.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem hip hop jovens 16 16 18 50
% Total 6,5% 6,5% 7,3% 20,4%
Não ouvem hip hop Jovens 51 47 97 195
% Total 20,8% 19,2% 39,6% 79,6%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
129
Tabela 19 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem estilo
reggae.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem reggae Jovens 23 18 29 70
% Total 9,4% 7,3% 11,8% 28,6%
Não ouvem reggae Jovens 44 45 86 175
% Total 18,0% 18,4% 35,1% 71,4%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 20 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem estilo
emo.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem emo Jovens 8 10 3 21
% Total 3,3% 4,1% 1,2% 8,6%
Não ouvem emo jovens 59 53 112 224
% Total 24,1% 21,6% 45,7% 91,4%
Total jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 21 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem estilo
had rock.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem had rock Jovens 6 11 8 25
% Total 2,4% 4,5% 3,3% 10,2%
Não ouvem had rock Jovens 61 52 107 220
% Total 24,9% 21,2% 43,7% 89,8%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
130
Tabela 22 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem house.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem house Jovens 6 9 7 22
% Total 2,4% 3,7% 2,9% 9,0%
Não ouvem house Jovens 61 54 108 223
% Total 24,9% 22,0% 44,1% 91,0%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 23 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem estilo
axé.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem axé Jovens 7 6 6 19
% Total 2,9% 2,4% 2,4% 7,8%
Não ouvem axé Jovens 60 57 109 226
% Total 24,5% 23,3% 44,5% 92,2%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 24 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias que ouvem estilo
grunge.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem grunge Jovens 1 6 3 10
% Total ,4% 2,4% 1,2% 4,1%
Não ouvem grunge Jovens 66 57 112 235
% Total 26,9% 23,3% 45,7% 95,9%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
131
Tabela 25 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e que mais gosta de
ouvir estilo hinos.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Ouvem hinos jovens 10 12 35 57
% Total 4,1% 4,9% 14,3% 23,3%
Não ouvem hinos Jovens 57 51 80 188
% Total 23,3% 20,8% 32,7% 76,7%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 26 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se gosta de ler.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam jovens 2 1 1 4
% Total ,8% ,4% ,4% 1,6%
Gostam de ler Jovens 30 36 73 139
% Total 12,2% 14,7% 29,8% 56,7%
Não gostam de ler Jovens 35 26 41 102
% Total 14,3% 10,6% 16,7% 41,6%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 27 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência de
leitura.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Bíblia jovens 1 2 3 6
% Total 16,7% 33,3% 50,0% 100,0%
Total jovens 1 2 3 6
% Total 16,7% 33,3% 50,0% 100,0%
132
Tabela 28 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência por
literatura religiosa.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
literatura religiosa jovens 7 11 21 39
% Total 17,9% 28,2% 53,8% 100,0%
Total jovens 7 11 21 39
% Total 17,9% 28,2% 53,8% 100,0%
Tabela 29 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência por
literatura de ficção.
Idade
Total 15 a 17 21 a 25
Literatura ficção Jovens 1 1 2
% Total 50,0% 50,0% 100,0%
Total Jovens 1 1 2
% Total 50,0% 50,0% 100,0%
Tabela 30 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência por
literatura de aventura.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Literatura de
aventura Jovens 4 2 8 14
% Total 28,6% 14,3% 57,1% 100,0%
Total Jovens 4 2 8 14
% Total 28,6% 14,3% 57,1% 100,0%
Tabela 31 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência por
literatura de auto ajuda.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Literatura de auto
ajuda
Jovens 2 2 8 12
% Total 16,7% 16,7% 66,7% 100,0%
Total Jovens 2 2 8 12
% Total 16,7% 16,7% 66,7% 100,0%
133
Tabela 32 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e preferência por
literatura de filosofia.
Idade
Total 18 a 20 21 a 25
Literatura de
filosofia
Jovens 1 10 11
% Total 9,1% 90,9% 100,0%
Total Jovens 1 10 11
% Total 9,1% 90,9% 100,0%
Tabela 33 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o tempo da ultima
leitura.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 57 52 89 198
% Total 23,4% 21,3% 36,5% 81,1%
não lêem a 1 ano Jovens 3 1 4 8
% Total 1,2% ,4% 1,6% 3,3%
Não lêem a 9
meses
jovens 0 1 3 4
% Total ,0% ,4% 1,2% 1,6%
Não lêem a 6
meses Jovens 0 1 10 11
% Total ,0% ,4% 4,1% 4,5%
Não lêem a 3
meses Jovens 3 4 3 10
% Total 1,2% 1,6% 1,2% 4,1%
Estão atualmente
lendo Jovens 4 3 6 13
% Total 1,6% 1,2% 2,5% 5,3%
Total Jovens 67 62 115 244
% Total 27,5% 25,4% 47,1% 100,0%
Tabela 34 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se faz a sua
vontade..
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 1 2 3 6
% Total ,4% ,8% 1,2% 2,5%
Sim, fazem sempre
a sua vontade Jovens 42 40 84 166
% Total 17,2% 16,4% 34,4% 68,0%
Não, fazem sempre
a sua vontade Jovens 23 21 28 72
% Total 9,4% 8,6% 11,5% 29,5%
Total Jovens 66 63 115 244
% Total 27,0% 25,8% 47,1% 100,0%
134
Tabela 35 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se tem algum
ídolo.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 2 2 3 7
% Total ,8% ,8% 1,2% 2,9%
Tem ídolo Jovens 30 22 38 90
% Total 12,2% 9,0% 15,5% 36,7%
Não tem ídolos Jovens 35 39 74 148
% Total 14,3% 15,9% 30,2% 60,4%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 36 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e qual é o
personagem que serve como ídolo.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 40 47 84 171
% Total 16,3% 19,2% 34,3% 69,8%
Divindade Jovens 12 10 27 49
% Total 4,9% 4,1% 11,0% 20,0%
Pai Jovens 2 1 1 4
% Total ,8% ,4% ,4% 1,6%
Atleta Jovens 4 2 0 6
% Total 1,6% ,8% ,0% 2,4%
Artistas Jovens 9 3 3 15
% Total 3,7% 1,2% 1,2% 6,1%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
135
Tabela 37 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o gosto por
música com mensagem social.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 2 2 2 6
% Total ,8% ,8% ,8% 2,4%
Sim, Jovens 49 46 93 188
% Total 20,0% 18,8% 38,0% 76,7%
Não, jovens 16 15 20 51
% Total 6,5% 6,1% 8,2% 20,8%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 38 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se canta na igreja
o mesmo estilo que se ouve.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sim, Jovens 27 23 54 104
% Total 11,0% 9,4% 22,0% 42,4%
Não, Jovens 40 40 61 141
% Total 16,3% 16,3% 24,9% 57,6%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 39 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se o desejo é que
seja o mesmo ritmo na igreja.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 3 2 1 6
% Total 1,2% ,8% ,4% 2,4%
Sim, Jovens 52 51 99 202
% Total 21,2% 20,8% 40,4% 82,4%
Não, Jovens 12 10 15 37
% Total 4,9% 4,1% 6,1% 15,1%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
136
Tabela 40 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ao ouvir música e
o estilo de preferência.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 1 1 2 4
% Total ,4% ,4% ,8% 1,6%
Sim, Jovens 47 42 81 170
% Total 19,3% 17,2% 33,2% 69,7%
Não, Jovens 19 19 32 70
% Total 7,8% 7,8% 13,1% 28,7%
Total jovens 67 62 115 244
% Total 27,5% 25,4% 47,1% 100,0%
Tabela 41 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se muda de
opinião com freqüência.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 2 0 0 2
% Total ,8% ,0% ,0% ,8%
Sim, Jovens 21 16 28 65
% Total 8,7% 6,6% 11,6% 27,0%
Não, Jovens 43 46 85 174
% Total 17,8% 19,1% 35,3% 72,2%
Total Jovens 66 62 113 241
% Total 27,4% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 42 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se acompanha
seus pais nos programas deles.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 1 0 0 1
% Total ,4% ,0% ,0% ,4%
Sim, Jovens 39 37 61 137
% Total 15,9% 15,1% 24,9% 55,9%
Não, jovens 27 26 54 107
% Total 11,0% 10,6% 22,0% 43,7%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
137
Tabela 43 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se freqüenta outro
grupo social que não seja da igreja.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 0 0 4 4
% Total ,0% ,0% 1,6% 1,6%
Sim, jovens 39 32 55 126
% Total 15,9% 13,1% 22,4% 51,4%
Não, Jovens 28 31 56 115
% Total 11,4% 12,7% 22,9% 46,9%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 44 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ter turma na
faculdade.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sim, Jovens 1 6 12 19
% Total 5,3% 31,6% 63,2% 100,0%
Total jovens 1 6 12 19
% Total 5,3% 31,6% 63,2% 100,0%
Tabela 45 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ter turma no
trabalho.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sim, Jovens 2 6 9 17
% Total 11,8% 35,3% 52,9% 100,0%
Total Jovens 2 6 9 17
% Total 11,8% 35,3% 52,9% 100,0%
138
Tabela 46 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ter turma de
amigos.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sim, Jovens 5 8 17 30
% Total 16,7% 26,7% 56,7% 100,0%
Total Jovens 5 8 17 30
% Total 16,7% 26,7% 56,7% 100,0%
Tabela 47 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ter turma na
família.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sim, Jovens 1 1 1 3
% Total 33,3% 33,3% 33,3% 100,0%
Total Jovens 1 1 1 3
% Total 33,3% 33,3% 33,3% 100,0%
Tabela 48 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ter outro tipo de
turma.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sim, Jovens 17 10 14 41
% Total 41,5% 24,4% 34,1% 100,0%
Total jovens 17 10 14 41
% of
Total 41,5% 24,4% 34,1% 100,0%
139
Tabela 49 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e considerar o mais
importante na música.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 0 0 1 1
%
Total ,0% ,0% ,4% ,4%
Estilo/ritmo Jovens 18 18 27 63
%
Total 7,4% 7,4% 11,1% 25,8%
Letra/mensagem Jovens 43 41 78 162
%
Total 17,6% 16,8% 32,0% 66,4%
Estilo/ritmo e
letra/mensagem Jovens 6 3 9 18
%
Total 2,5% 1,2% 3,7% 7,4%
Total Jovens 67 62 115 244
%
Total 27,5% 25,4% 47,1% 100,0%
Tabela 50 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e ao cantar se
expressa o que canta.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 1 0 1 2
% Total ,4% ,0% ,4% ,8%
Sim, Jovens 43 47 85 175
% Total 17,6% 19,2% 34,7% 71,4%
Não, Jovens 23 15 29 67
% Total 9,4% 6,1% 11,8% 27,3%
Total Jovens 67 64 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
140
Tabela 51- Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e é importante a
expressão corporal ao cantar.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sim, jovens 41 39 87 167
% Total 16,8% 16,0% 35,7% 68,4%
Não, jovens 25 24 28 77
% Total 10,2% 9,8% 11,5% 31,6%
Total jovens 66 63 115 244
% Total 27,0% 25,8% 47,1% 100,0%
Tabelas das Categorias
Tabela 1 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e como resultado da
expressão corporal ao cantar: a emoção/sentimento.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
A expressão corporal é
importante:
em/sentimento
jovens 5 6 14 25
% Total 20,0% 24,0% 56,0% 100,0%
Total jovens 5 6 14 25
% Total 20,0% 24,0% 56,0% 100,0%
Tabela 2 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o valor da
importância de se expressar corporalmente ao cantar.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sim, expressão corporal jovens 20 26 58 104
% Total 19,2% 25,0% 55,8% 100,0%
Total jovens 20 26 58 104
% Total 19,2% 25,0% 55,8% 100,0%
141
Tabela 3 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e outros motivos pela
qual a expressão corporal ao cantar.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Outros Jovens 22 23 35 80
% Total 27,5% 28,7% 43,8% 100,0%
Total Jovens 22 23 35 80
% Total 27,5% 28,7% 43,8% 100,0%
Tabela 4 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e se possui sua
própria turma.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Não responderam Jovens 3 5 11 19
% Total 1,2% 2,0% 4,5% 7,8%
Sim, Jovens 45 40 73 158
% Total 18,4% 16,3% 29,8% 64,5%
Não, Jovens 19 18 31 68
% Total 7,8% 7,3% 12,7% 27,8%
Total Jovens 67 63 115 245
% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%
Tabela 5 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a família como sua
turma.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Família Jovens 2 1 5 8
% Total 25,0% 12,5% 62,5% 100,0%
Total Jovens 2 1 5 8
% Total 25,0% 12,5% 62,5% 100,0%
142
Tabela 6 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a faculdade como
sua turma.
Idade
Total 18 a 20 21 a 25
Faculdade Jovens 5 6 11
% Total 45,5% 54,5% 100,0%
Total Jovens 5 6 11
% Total 45,5% 54,5% 100,0%
Tabela 7 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e no trabalho onde se
encontra sua turma.
Idade
Total 18 a 20 21 a 25
Trabalho Jovens 2 5 7
% Total 28,6% 71,4% 100,0%
Total Jovens 2 5 7
% Total 28,6% 71,4% 100,0%
Tabela 8 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e na igreja local da
turma.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Igreja Jovens 14 11 36 61
% Total 23,0% 18,0% 59,0% 100,0%
Total jovens 14 11 36 61
% Total 23,0% 18,0% 59,0% 100,0%
Tabela 9 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a os amigos como
sua turma.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Amigos Jovens 14 19 31 64
% Total 21,9% 29,7% 48,4% 100,0%
Total Jovens 14 19 31 64
% Total 21,9% 29,7% 48,4% 100,0%
143
Tabela 10 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a escola como sua
turma.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
escola Jovens 7 5 4 16
% Total 43,8% 31,3% 25,0% 100,0%
Total Jovens 7 5 4 16
% Total 43,8% 31,3% 25,0% 100,0%
Tabela 11- Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a outros como sua
turma.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Outros
grupos Jovens 4 10 15 29
% Total 13,8% 34,5% 51,7% 100,0%
Total Jovens 4 10 15 29
% Total 13,8% 34,5% 51,7% 100,0%
Tabela 12 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o mesmo
objetivos iguais como motivo de se formar turma.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Mesmos
objetivos
Jovens 8 8 17 33
% Total 24,2% 24,2% 51,5% 100,0%
Total Jovens 8 8 17 33
% Total 24,2% 24,2% 51,5% 100,0%
144
Tabela 13 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e os mesmos ideais
como motivo de se formar turma.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Mesmos
ideais jovens 9 7 12 28
% Total 32,1% 25,0% 42,9% 100,0%
Total jovens 9 7 12 28
% Total 32,1% 25,0% 42,9% 100,0%
Tabela 14 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o comportamento
igual como motivo de se formar turma.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Comportamentos
iguais
Jovens 15 14 19 48
% Total 31,3% 29,2% 39,6% 100,0%
Total Jovens 15 14 19 48
% Total 31,3% 29,2% 39,6% 100,0%
Tabela 15 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o lazer e prazer
como significado da música.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Prazer e lazer Jovens 24 16 32 72
% Total 33,3% 22,2% 44,4% 100,0%
Total Jovens 24 16 32 72
% Total 33,3% 22,2% 44,4% 100,0%
Tabela 16 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a música como
algo muito importante.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Elemento
importante Jovens 8 5 14 27
% Total 29,6% 18,5% 51,9% 100,0%
Total Jovens 8 5 14 27
% Total 29,6% 18,5% 51,9% 100,0%
145
Tabela 17 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a música como
expressão e comunicação de sentimentos.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Expressão e
comunicação de
sentimentos
Jovens 26 26 52 104
% Total 25,0% 25,0% 50,0% 100,0%
Total Jovens 26 26 52 104
% Total 25,0% 25,0% 50,0% 100,0%
Tabela 18 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e a harmonia como
significado da música.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Harmonia jovens 2 5 9 16
% Total 12,5% 31,3% 56,3% 100,0%
Total Jovens 2 5 9 16
% Total 12,5% 31,3% 56,3% 100,0%
Tabela 19 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e outros motivos
como significado da música.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Outros
significados Jovens 4 9 12 25
% Total 16,0% 36,0% 48,0% 100,0%
Total Jovens 4 9 12 25
% Total 16,0% 36,0% 48,0% 100,0%
Tabela 20 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o significado da
música religiosa como louvor e adoração.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Louvor e
adoração
jovens 34 39 67 140
% Total 24,3% 27,9% 47,9% 100,0%
Total Jovens 34 39 67 140
% Total 24,3% 27,9% 47,9% 100,0%
146
Tabela 21 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o significado da
música religiosa como expressão.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Expressão Jovens 8 9 26 43
% Total 18,6% 20,9% 60,5% 100,0%
Total jovens 8 9 26 43
% Total 18,6% 20,9% 60,5% 100,0%
Tabela 22 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o significado da
música religiosa como sentimento e emoção.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sentimento e
emoção
Jovens 16 10 25 51
% Total 31,4% 19,6% 49,0% 100,0%
Total Jovens 16 10 25 51
% Total 31,4% 19,6% 49,0% 100,0%
Tabela 23 - Distribuição da frequência dos jovens por faixas etárias e o significado da
música religiosa como sinônimo de igreja.
Idade
Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25
Sinônimo de
igreja
Jovens 2 5 11 18
% Total 11,1% 27,8% 61,1% 100,0%
Total Jovens 2 5 11 18
% Total 11,1% 27,8% 61,1% 100,0%