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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA Análise deformacional Rúptil na região do Pontal do Atalaia , Arraial do Cabo, RJ. ARTHUR BURINI Mês e ano Dezembro 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE AGRONOMIA

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA

Análise deformacional Rúptil na região do Pontal do Atalaia , Arraial

do Cabo, RJ.

ARTHUR BURINI

Mês e ano

Dezembro 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE AGRONOMIA

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA

Título do Trabalho

Análise deformacional Rúptil na região do Pontal do Atalaia , Arraial do Cabo, RJ.

Nome do Aluno Arthur Burini

Nome do Orientador Alam Wanderley Albuquerque Miranda

Mês e ano

Dezembro 2015

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Sumário

Agradecimentos ............................................................................................................................... I

Índice de Figuras ............................................................................................................................ II

Índice de Tabelas........................................................................................................................... III

Resumo ......................................................................................................................................... IV

Capítulo I ........................................................................................................................................ 9

1.1. Introdução ............................................................................................................................ 9

1.2. Localização e vias de acesso ............................................................................................... 9

1.3. Objetivos ............................................................................................................................ 11

1.4. Materiais e métodos ........................................................................................................... 11

Capítulo II ..................................................................................................................................... 12

2.1. Introdução ao conceito de Falhas e Juntas......................................................................... 12

2.1.1 Juntas ........................................................................................................................... 12

2.1.2 Falhas ........................................................................................................................... 15

2.2.1. Determinação de paleotensores ...................................................................................... 19

Capítulo III .................................................................................................................................... 20

3.1. Geologia regional ............................................................................................................... 20

3.2. Tectônica Rúptil Meso-Cenozóica. ..................................................................................... 22

Capítulo IV ................................................................................................................................ 24

4.1. Analise Geométrica das Estruturas Rúpteis. ....................................................................... 24

4.1.1 Juntas ........................................................................................................................... 24

4.2. Analise Cinemática. ............................................................................................................ 29

Capítulo V ..................................................................................................................................... 36

5.1. Discussões ......................................................................................................................... 36

5.1.1 Relações temporais entre o Nefelina sienito e o desenvolvimento das falhas ............... 36

5.2. Análise Dinâmica ............................................................................................................ 39

5.3. Correlações com a formação do Alto estrutural de Cabo Frio ......................................... 41

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Agradecimentos

Os meus pais, Zélia e José Marcio, que durante todo esse período na universidade me

deram todo apoio, confiaram em mim e principalmente acreditaram no meu sonho. Vocês são os

grandes responsáveis por essa conquista. Minha irmã Kássia que mesmo a distância se fez

presente em minha caminhada com muito carinho e atenção. A Geovana, por seu carinho,

conselhos e paciência.

As meus amigos que sempre pude contar durante todo o curso Thayane, Luísa e Talles.

Aos amigos que fiz no M1/3°-135 que durante esse tempo se tornaram muito mais que

simples amigos, sempre estando ao meu lado em todas as situações. E a todos do M1/3° que de

alguma forma contribui para minha formação.

Aos professores da RURAL que contribuíram para minha formação intelectual e

profissional. Em especial meu orientador Alam, pela sua dedicação, interesse e principalmente

paciência.

Enfim, a todas outras pessoas que contribuíram para a realização deste sonho, porém,

aqui não citadas com a devida importância, os meus sinceros agradecimentos.

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Índice de Figuras

Figura 1. Figura de localização da área de estudo. A linha azul representa o trajeto percorrido

entre a UFRRJ e o Pontal do Atalaia Imagem extraída do Software Google Earth 12/08/2015 as

10:35h. .......................................................................................................................................... 10

Figura 2: Figura com ampliação da região do Pontal do Atalaia, com destaque para a área de

estudo. .......................................................................................................................................... 10

Figura 3: Critério de fraturamento de Coulomb define duas linhas retas (em vermelho) no

diagrama de Mohr. Os circulos são exemplos de estado crítico de esforço. A linha azul representa

o critério de Grifftih, a título de comparação. ................................................................................. 13

Figura 4: Modelo representativo de juntas extensionais. .............................................................. 14

Figura 5: Modelo representando juntas cisalhantes. .................................................................... 15

Figura 6: Classificação de falhas de Anderson (1942), de acordo com sua geometria. a) Falha

Normal; b) Falha Reversa; c) Falha Transcorrente; d) Falha Oblíqua. Modificado de Price &

Cosgrove (1990). ......................................................................................................................... 16

Figura 7: Bloco diagrama mostrando movimentação relativa dos blocos com a) cinemática sinistral

e b) cinemática destral. Moutinho (2011) ..................................................................................... 17

Figura 8: Modelo esquemático de cisalhamento tipo Riedel. R – Fratura Sintética; R’ – Fratura

Antitética; T – Fratura de Tração; P – Fratura de cisalhamento Sintética Secundária; X – Fratura

de cisalhamento antética Secundária Y ou D – Fraturas de cisalhamento. ................................... 19

Figura 9: Mapa tectônico da região sudeste do Brasil - 1) Cráton do São Francisco; 2) Cinturão

Brasília; 3) Terreno Cabo Frio; 4) Terreno Oriental - Domínio Costeiro; 5) Terreno Oriental – Arco

Magmático Rio Negro; 6) Klippe Paraíba do Sul; 7) Terreno Ocidental; 8) Bacia do Paraná; 9)

Corpos alcalinos do Cretáceo Superior a Eoceno; 10) Bacias do Rift Continental do Sudeste do

Brasil (RCSB): A - São Paulo; B - Taubaté; C - Resende; D - Volta Redonda; E - Macacu; F -

Itaboraí; G - Barra de São João; 11) Sedimentos cenozoicos indiferenciados; 12) Falhas reversas,

nappes; 13) Alinhamento Magmático de Cabo Frio; 14) limites de grábens do RCSB. (Modif. de

Riccomini 1989, 2004, Ferrari 1990, Mohriak e Barros 1990, Heilbron et al. 2000 e Ferrari 2001, op

cit Hasui 2010 ) ............................................................................................................................. 21

Figura 10: Diagrama de roseta representativo das juntas obtidas na área de estudo. .................. 25

Figura 11: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as juntas da

família 1 ........................................................................................................................................ 26

Figura 12: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as juntas da

família 2. ....................................................................................................................................... 26

Figura 13: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as juntas da

família 3. ....................................................................................................................................... 27

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Figura 14: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as juntas da

família 4. ....................................................................................................................................... 27

Figura 15: Diagrama de Roseta representativo das direções preferenciais das falhas. ................ 28

Figura 16: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para todas as

falhas. ........................................................................................................................................... 28

Figura 17: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para todas as

falhas da área, acompanhada das respectivas estrias. ................................................................. 29

Figura 18: Geometria sigmoidal de indicadores semelhante a pares S-C associados às falhas

normais sinistrais. ......................................................................................................................... 30

Figura 19: Geometria sigmoidal de indicadores semelhante a pares S-C associados às falhas

normais sinistrais. ......................................................................................................................... 30

Figura 20: Posicionamento de estrias com caimento para SSE em falhas normais de direção

NNW-SSE. .................................................................................................................................... 31

Figura 23: Estereograma representando as falhas e a estria e seu plano. ................................... 33

Figura 24: Falhas normais sinistrais com mergulho para SW formam um ângulo de 65° com falhas

de direção NW-SE e mergulho para NE. ....................................................................................... 34

Figura 25: Padrão em X entre as falhas normais sinistrais e normais destrais com mergulho para

SW e NE, respectivamente. .......................................................................................................... 34

Figura 26: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as falhas e

fraturas com mesma direção. ........................................................................................................ 37

Figura 27: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as falhas

encontradas na área, de acordo com a sua classificação cinemática. .......................................... 38

Figura 28: Diagrama PBT indicando os paleotensores. ................................................................ 39

Figura 30: Estereograma com os planos das falhas NNW-SSE e NW-SE. ................................... 40

Figura 31: Modelo esquemático sobre o desenvolvimento do sistema de falhas conjugadas e o

nefelina sienito. ............................................................................................................................. 40

Figura 32: Diagrama PBT para falhas normais sinistrais NE-SW. ................................................ 41

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Índice de Tabelas

Tabela 1: Dados das famílias de juntas obtidas na análise geométrica. ....................................... 24

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Resumo

O presente trabalho aborda uma análise das estruturas rúpteis, da região de Arraial do

Cabo em Cabo Frio –RJ, buscando um entendimento sobre sua cinemática, os eventos em que

está relacionado e sua formação, tentando estabelecer uma ordem em seu modelo evolutivo.

A área de estudo especificamente está localizada na borda leste de uma megaestrutura de

direção NW-SE, formada no estágio pré-rifte de abertura do Atlântico Sul, chamada de Alto de

Cabo Frio, que limita estruturalmente a bacia sedimentares de Santos e Campos.

Foram adquirido dados de estruturas planares (falhas e juntas) e lineares (estrias) que

posteriormente foram analisados em estereogramas e separados em famílias segundo suas

direções preferencial. Identificou-se quatro famílias principais de fratura, que correspondem à

NNW-SSE, NW-SE, NE-SW e ENE-WSW. As falhas possuem três direções preferencias NNW-

SSE, NE-SW e ENE-WSW.

As falhas de direção NNW-SSE possuem indicadores cinemáticos sugestivos de um

deslocamento normal sinistral. Em algumas porções, os fenocristais de feldspato potássico estão

alinhados de acordo com os planos de falha ou dispostos de forma levemente oblíqua, formando

uma geometria similar a pares S-C. Essas falhas formam um arranjo geométrico em X com as

falhas normais sinistrais com mergulho para WSW. Caso as falhas NW-SE sejam cogenéticas

com as falhas normais sinistrais, a cinemática das falhas de direção NW-SE pode ser interpretada

como normal destral. Os feldspatos são frequentemente identificados sem nenhuma similaridade

na orientação com as falhas, sendo inclusive deslocados ou fragmentados em diversas situações.

Nesse caso, os parâmetros de temperatura atingidos para o desenvolvimento das demais falhas

que ocorrem na área devem ter sido diferentes daquelas estimadas para as falhas normais

sinistrais. Isso implica em estágios distintos para a formação de falhas no sistema rúptil na região.

Caso essa hipótese seja verdadeira, o estágio inicial para a geração das falhas normais sinistrais

(NNW-SSE) ocorreu em momentos que precederam à cristalização total do nefelina sienito.

Os paleotensores foram estimada com base nas falhas que possuíam indicadores

cinemáticos conclusivos. A determinação dos eixos P,B e T ao analisar as falhas normais

sinistrais, destrais oblíquas e destrais em um mesmo estereograma permitiu posicionar o σ1

obtido, é demonstrou-se condizente com a formação das falhas normais destrais (NW-SE) que

constituem um sistema conjugado com as falhas NNW-SSE de cinemática normal sinistral.

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Capítulo I

1.1. Introdução

Esse trabalho é o requisito final para a obtenção do título de bacharel em Geociências do

curso de geologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O estudo dos

processos deformacionais é fundamental para a compreensão e aperfeiçoamento de modelos

geodinâmicos. A análise do comportamento dúctil ou rútpil das rochas em relação à deformação

deve ser considerada na evolução estrutural de uma determinada região. Em especial, a formação

de estruturas rúpteis influencia diretamente nos mais variados aspectos geológicos desenvolvidos

nas porções mais rasas da crosta, como no caso de mecanismos de subsidência mecânica

necessários para o desenvolvimento de bacias sedimentares. O estudo dos parâmetros

geométricos, cinemáticos e dinâmicos de falhas e juntas é fundamental para o entendimento do

arcabouço estrutural de áreas marginais a essas bacias. A área de estudo compreende a porção

leste da região do Pontal do Atalaia, na cidade de Arraial do Cabo. Essa região representa o

segmento continental do Alto de Cabo Frio, uma mega estrutura que divide as Bacias de Campos

e Santos Mohriak, w.u.; Barros, .A.Z.N (1990), localizadas na porção offshore.

Nesse sentido, o presente trabalho aborda uma análise das estruturas rúpteis na região

supracitada, buscando o melhor entendimento sobre suas características geométricas e

cinemáticas, juntamente com uma estimativa para os possíveis eventos tectônicos atuantes na

área, bem como propor um modelo evolutivo.

1.2. Localização e vias de acesso

A área de estudo está localizada no município de Arraial do Cabo, especificamente na

borda leste da região conhecida como Pontal do Atalaia, (Figura 1). O acesso à área, partindo da

UFRRJ, é feito pela BR-465 (antiga Estrada Rio-São Paulo), passando para BR-116 (Rodovia

Presidente Dutra) até a BR-101 (Av. Brasil), segue-se esse trajeto até a Via Lagos/Rua Vereador

Joaquim de Castro em Rio Bonito. Pegue a saída para Araruama/Iguaba Grande/Cabo Frio/Búzios

via BR-101, continue na via Lagos para Arraial do Cabo, prossiga na BR-120 até a AV. Getúlio

Vargas seguindo até o Pontal do Atalaia.

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Esse trajeto possui um total de 227 km, cujo deslocamento é feito em aproximadamente 3

horas e 20 minutos. Suas coordenadas UTM são 7455750-7454750 e 807000 -806750 (figura 2).

Figura 1. Figura de localização da área de estudo. A linha azul representa o trajeto percorrido entre a

UFRRJ e o Pontal do Atalaia Imagem extraída do Software Google Earth 12/08/2015 as 10:35h.

Figura 2: Figura com ampliação da região do Pontal do Atalaia, com destaque para a área de estudo.

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1.3. Objetivos

O objetivo deste trabalho é realizar a análise estrutural da deformação rúptil atuante na

região do Pontal do Atalaia, visando estabelecer correlações com o magmatismo do Paleógeno,

bem como entender as implicações diretas ou indiretas com Alto estrutural do Cabo Frio.

Determinar os campos de paleotensores atuantes na porção, estabelecendo uma cronologia de

eventos relacionados ao contexto geológico da área.

1.4. Materiais e métodos

Os materiais e métodos utilizados no presente trabalho seguiram as seguintes etapas,

quais sejam:

Revisão Bibliográfica: Nesse estágio foram coletados bases topográficas, mapas

geológicos e imagens de satélite disponíveis para a região. Diversos trabalhos referentes ao

estudo e análise de deformação rúptil foram adquiridos para enriquecer o conhecimento sobre o

tema da monografia, assim como, relatórios de iniciação científica, monografias e cadernetas de

campo foram incorporados ao acervo bibliográfico utilizado durante a execução do trabalho.

Etapa de campo: Essa etapa do trabalho foi dividida em dois estágios, assim

exemplificados: inicialmente foi realizado um reconhecimento da área, das características dos

afloramentos e do acesso até o local de estudo; a segunda parte consistiu no mapeamento das

estruturas rúpteis existentes na borda leste do Pontal do Atalaia, visando a caracterização das

falhas e juntas que ocorrem no local. Na ultima etapa organizou–se todos os dados.

Tratamento dos Dados: Os dados estruturais foram adquiridos através de medidas em

estruturas planares (falhas e juntas) e lineares (estrias) e, posteriormente, organizados em

planilhas eletrônicas, utilizando o software Excel. Todos os dados obtidos foram plotados em

projeções estereográficas do tipo Schimdt-Lambert (hemisfério inferior), bem como diagramas de

rosetas, utilizando softwares específicos, tais como: Win-Tensor, OpenStereo e Stereonet. Para a

determinação dos paleotensores foi utilizado o método de Angelie (1957) e o software Win-

Tensor. As juntas obtidas foram organizadas em famílias, utilizando um intervalo de 30° na

variação de direção do plano de junta para cada família.

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Capítulo II

2.1. Introdução ao conceito de Falhas e Juntas

2.1.1 Juntas

O termo junta é mais comumente usado para designar fraturas que são razoavelmente

planares e com traçados relativamente regulares, e que não apresentam movimento relativo dos

blocos. Segundo McClay (1987) é comum observar no campo fraturas com pequeno

deslocamento relativo e que podem ser classificadas genericamente como juntas. Essas

estruturas podem ser classificas como juntas sistemáticas, que possuem conjuntos com

orientação preferencial e espaçamento entre elas com algumas constância e juntas não-

sistemáticas que possuem forma, orientação e espaçamento irregulares.

As juntas são as estruturas rúpteis mais abundantes na crosta terrestre, podendo ocorrer

em escalar de afloramento e também com grandes dimensões. Sua frequência vai depender da

espessura e da competência das camadas, onde rochas menos competentes são mais afetadas

por um numero maior de juntas que as competentes e apresentam menor espaçamento em

camadas menos espessas em relação as mais espessas segundo Santos R., (2006).

As juntas são formadas como uma resposta de uma rocha em relação ao esforço, podendo

variar de acordo com a magnitude dos esforços empregados. Inicialmente a rocha acumula

deformação elástica antes de se romper, para que isto ocorra, é necessário um esforço diferencial

(σ1-σ3) que exceda a resistência da rocha e do esforço médio ((σ1+σ3)/2). A resistência da rocha

vai depender da pressão confinante, ou seja, da profundidade de soterramento. Na porção

superior e rúptil da crosta, a resistência é menor perto da superfície e aumenta com a

profundidade, com isso em profundidades maiores é necessário um maior esforço diferencial para

que a rocha se frature segundo Fossen (2010).

2.1.1.1. Critérios de cisalhamento de juntas de Coulomb

O texto desse item é fortemente baseado nos trabalhos de Anderson (1956) e Fossen

(2010). O físico francês Charles Augustin de Coulomb definiu um critério para prever o estado de

esforço no qual uma dada rocha sob compressão está próxima da ruptura, ou seja, quando a

rocha está sob esforço crítico. O critério considera o esforço crítico de cisalhamento (σs ou Ƭ) e o

esforço normal (σn) agindo em uma potencial fratura no momento da ruptura, em que ambos se

relacionam entre si pela tg Φ, que é constante, sendo que Φ é o ângulo de fricção interna:

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σs= σn tg Φ

(1)

Segundo Coulomb, o esforço de cisalhamento necessário para o início de uma fratura de

cisalhamento depende do esforço normal através do plano de cisalhamento em potencial. Assim,

quanto maior for o esforço normal, maior será o esforço de cisalhamento necessário para produzir

uma fratura de cisalhamento.

O critério de Coulomb pode ser descrito por uma linha reta no espaço de Mohr, com µ

representando sua inclinação e Φ o ângulo de inclinação. Uma fratura se forma apenas quando a

resistência interna ou coesão C da rocha for excedida. O critério completo do faturamento de

Coulomb é:

σs= C + σn tg Φ = C + σn µ

(2)

Onde, C representa o esforço crítico de cisalhamento ao longo da superfície e σn = 0. É

também conhecida como resistência coesiva, sua contra partida é a resistência crítica a tração T

da rocha (figura 3 ).

Figura 3: Critério de fraturamento de Coulomb define duas linhas retas (em vermelho) no diagrama de

Mohr. Os circulos são exemplos de estado crítico de esforço. A linha azul representa o critério de Grifftih, a

título de comparação.

Nos materiais de Coulomb, a linha que tangencia o círculo de Mohr representa o critério de

fraturamento. Ela é chamada de envoltório de ruptura de Coulomb. O ponto no qual um círculo de

Mohr toca o envoltório de ruptura representa a orientação do plano de ruptura, assim como o

esforço de cisalhamento e o esforço normal no plano no momento da ruptura. Qualquer círculo de

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Mohr que não toque a envoltória representa um estado estável de esforço, sem a possibilidade de

fraturamento.

O envoltório de ruptura de Coulomb é sempre positivo no fraturamento rúptil. Isso significa

que quanto maior for o esforço médio maior será o esforço diferencial necessário para causar o

fraturamento.

2.1.1.2. Tipos de juntas

As juntas podem ser classificadas, segundo Santos R., (2006), por diversas formas de acordo

com as suas características, quais sejam:

Juntas extensionais: Desenvolvem-se idealmente de modo perpendicular a σ3, contêm os

esforços principais máximos e intermediário. A deformação desenvolve-se de modo perpendicular

à direção de estiramento sob condições de tração, e de modo paralelo ao eixo de compressão

máxima durante os testes de compressão. Na maioria das fraturas extensionais, os eixos de

esforços e de deformação são relativamente coincidentes (Figura 4).

Figura 4: Modelo representativo de juntas extensionais.

Juntas de cisalhamento: apresentam deslizamento paralelo ao plano de fratura e

desenvolvem-se tipicamente em um ângulo de 20° a 30° em relação a σ1. As condições de

temperatura e pressão de sua formação correspondem à parte superior da crosta, porém

também podem se formar na zona de transição rúptil-dúctil, onde tendem a crescer

formando faixas mais largas ou zonas de fluxo cataclástico (figura 5).

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Figura 5: Modelo representando juntas cisalhantes.

Juntas híbridas: seu movimento de abertura é oblíquo, combina cisalhamento com

extensão.

Juntas extensionais irregulares: as extensões ocorrem em todas as direções,

geralmente originadas por fraturamento hidráulico, como resultado de alta pressão de

fluidos em ambiente de baixa pressão confinante. Apresentam padrão irregular, cujo

melhor exemplo são os stockworks de cúpulas graníticas, importante condicionamento

para mineralizações hidrotermais.

Juntas compressionais: também chamados de juntas estilolíticas, são caracterizados por

superfícies irregulares, sinuosas, originadas por dissolução de pressão, ao longo de limites

entre camadas ou de fraturas pré-existentes. Ocorrem principalmente em calcários e

arenitos finos, e mostram formas cônicas ou colunares, com amplitudes de 5 a 10 mm. Ao

longo das superfícies de dissolução são concentrados materiais argilosos ou carbonáticos,

acompanhados de resíduos insolúveis, que variam de acordo com a composição da rocha

e com o grau de dissolução. Não há dúvida de que o volume da rocha diminui ao longo das

juntas estilolíticas.

2.1.2 Falhas

O texto desse item é fortemente baseado nos trabalhos de Anderson (1956) e Fossen

(2010). Uma falha é um conjunto tabular de rocha com uma superfície central ou núcleo de

cisalhamento, onde o cisalhamento é mais intenso, envolto por um volume afetado em menor grau

por uma deformação rúptil, que tem relação espacial e genética com a falha. Possui deslocamento

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paralelo às suas paredes e dominadas por mecanismos de deformação rúptil, causando um

deslocamento visível.

A espessura de uma falha é normalmente muito menor que o rejeito, e muito muitas ordens de

grandeza menor que seu comprimento. Possui zonas complexas de deformação com múltiplos

planos de cisalhamento, fraturas subsidiárias e, em alguns casos bandas de deformação. Sua

formação requer uma complexa zona de processos com numerosas pequenas fraturas, onde

umas se conectam para formarem uma superfície de deslocamento, enquanto outras são

abandonadas.

A geometria das falhas não verticais separam o bloco superior, denominado capa ou teto, do

bloco inferior, chamado de lapa ou muro. Podem ser classificadas como: falha normal (figura 6a),

inversa (figura 6b), transcorrente (figura 6c) e Obliqua (figura 6d).

Figura 6: Classificação de falhas de Anderson (1942), de acordo com sua geometria. a) Falha Normal; b)

Falha Reversa; c) Falha Transcorrente; d) Falha Oblíqua. Modificado de Price & Cosgrove (1990).

As falhas normais são provocadas por esforços verticais e tem como resultado uma

distensiva horizontal. Neste caso o teto desce em relação ao muro.

Falhas reversas são resultantes de esforços compressivos horizontais. Neste caso o teto

desloca-se para cima do muro.

As falhas transcorrentes são marcadas por movimentos horizontais, onde os blocos se

deslocam em direções opostas. Este tipo de falha pode ainda ser classificado em destral ou

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sinistral, segundo o sentido do movimento relativo entre estes blocos. Quando o bloco da

esquerda se move em direção a um observador fixo, temos a cinemática sinistral (figura 7a). No

caso contrário, ou seja, o bloco da direita se aproxime do observador, temos a cinemática destral

(figura 7b).

As falhas oblíquas são geradas quando os vetores de deslocamentos dos blocos de falha

não são totalmente verticais ou totalmente horizontais. Em outras palavras, o deslocamento entre

os blocos de falhas se dá pela combinação de um vetor horizontal e outro vertical.

As falhas podem ser classificadas quanto ao seu ângulo de formação, quando este for menor

que 30°, é denominada falha de baixo ângulo, já com o ângulo maior que 60° a falha é de alto

ângulo. As falhar reversas de baixo ângulo são denominadas falhas de cavalgamento, isso

quando o movimento atingir dezenas ou centenas de quilômetros, falhas que se horizontalizam

com a profundidade são chamadas de falhas lístricas ou antelístricas quando o ângulo de

mergulho aumenta com a profundidade.

Figura 7: Bloco diagrama mostrando movimentação relativa dos blocos com a) cinemática sinistral e b)

cinemática destral. Moutinho (2011)

As falhas raramente são superfícies simples ou zonas de espessura constante. Na realidade,

em sua maioria, elas são estruturas complexas formadas por uma quantidade praticamente

imprevisível de elementos estruturais. Para criar um modelo simples para descrever uma falha é

útil fazer uma distinção entre o núcleo da falha (ou superfície de deslizamento) e o volume ao seu

redor, conhecido como zona de dano de falha.

As falhas em rochas com baixa porosidade ou não porosas crescem a partir de pequenas

fraturas de cisalhamento. Isso não ocorre por apenas uma fratura de cisalhamento, pois estas não

podem expandir pelo seu próprio plano. Quando a rocha atinge um nível crítico de fraturas, a

fratura principal se expande pela conexão das microfraturas de orientação favorável. Isso de

acordo com (Anderson, 1956 apud Fossen, 2010).

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18

Um fator importante a ser considerado em uma falha são seus indicadores cinemáticos, pois

nos proporcionam a identificação do sentido e da direção do movimento a qual a falha foi

submetida. As estrias são estruturas encontradas em superfície polidas denominadas espelho de

falha e são formadas devido ao atrito. Elas podem ser usadas para identificar à orientação e o

sentido do vetor de deslocamento. Em geral, considera-se que as estrias indiquem a direção do

rejeito. Onde se encontram as irregularidades podem ocorrem contrações locais formando

estruturas como estilolitos, além disso, pode haver a criação de espaços onde ocorre crescimento

de minerais, com a identificação dessas estruturas em relação à geometria da falha fornece

informações confiáveis sobre o sentido do rejeito.

Um modelo bastante particular que envolve um sistema de falhas transcorrentes é conhecido

como modelo de Riedel (Figura 8) e foi pioneiramente descrito por Riedel (1929) em um

experimento utilizando materiais de argila e areia, submetidos a tensões cisalhantes de modo a

gerar um conjunto de falhas transcorrentes segundo (Katz et al.,2004).

As relações cinemáticas entre este conjunto de fraturas subsidiárias servem como fonte de

informação para a determinação da movimentação cinemática da falha principal. A princípio este

modelo era aplicado apenas para estruturas de pequena escala, sendo hoje aplicado para

estruturas de escalas quilométricas de acordo com (Katz et al.,2004).

O modelo Riedel (Figura 8) é constituído por um par de fraturas conjugadas Sintéticas (R) e

Antitéticas (R’) em relação à falha principal Riedel, 1929 apud Petit (1987). As fraturas Sintéticas

(R) formam um ângulo de 10º a 30º com principal enquanto a Antitética (R’) forma um ângulo que

varia entre 60º e 80º em relação à principal. As fraturas T são fraturas de tração que formam um

ângulo de 45º com a fratura principal. As fraturas Y ou D são fraturas de cisalhamento sintéticas

subparalelas às fraturas principais. As fraturas P são um terceiro sistema de fraturas sintéticas

que formam um ângulo de 10º a 30º em relação á fratura principal. Por fim, o conjunto de fraturas

X é antitético, com um ângulo variando entre 60º a 80º em relação à família de fraturas principais.

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19

Figura 8: Modelo esquemático de cisalhamento tipo Riedel. R – Fratura Sintética; R’ – Fratura Antitética; T –

Fratura de Tração; P – Fratura de cisalhamento Sintética Secundária; X – Fratura de cisalhamento antética

Secundária Y ou D – Fraturas de cisalhamento.

2.2.1. Determinação de paleotensores

Segundo Angelier (1990) para quaisquer planos de falhas estriadas podem ser associados

quatro diedros retos separados pelo plano de falha e por um plano auxiliar perpendicular à estria.

Dependendo da posição da estria, dois diedros opostos deverão conter todas as posições

possíveis de σ1, sendo por isso chamados de “diedros compressionais”, enquanto que os outros

dois diedros, chamados de distensionais, deverão conter as possíveis posições de σ3.

Superpondo-se informações de diferentes falhas com mesma cinemática, sobre um mesmo

diagrama de Schmidt-Lambert, hemisfério inferior, é possível restringir zonas de compressão e

distensão, sobre as quais devem estar localizados os eixos de tensão σ1 e σ3, aplicáveis a todos

os planos de falha considerados.

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20

Capítulo III

3.1. Geologia regional

O Sistema Orogênico Mantiqueira corresponde em área à Província Mantiqueira, uma faixa

ao longo da região costeira entre o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, com extensão para o

Uruguai. Tem cerca de 3.000 km de comprimento, 200 km de largura na parte sul e 600 km na

parte norte.

O Sistema Mantiqueira foi compartimentado em três setores, referidos como setentrional,

central e meridional por Almeida e Hasui (1984). Os compartimentos são considerados como

correspondentes a três cinturões orogênicos: Araçuaí no setentrional, Ribeira no central e Tijucas

no meridional.

A área de estudo está localizado no terreno cabo frio, porção sudeste do Orógeno Ribeira

especificamente na região de Arraial do cabo. O Orógeno Ribeira estende-se por

aproximadamente 1400 km ao longo da costa do Brasil e é oriunda da formação do super

continente Gondwana (750- 500 Ma) e apresenta trend estrutural NE – SW segundo Heibron et

al.(1995). Circunda o Cráton de São Francisco na sua borda sudeste e transiciona a oeste para a

Faixa Brasília. Para norte, transiciona para a Faixa Araçuai, contemporânea em termos de

eventos. Para sudoeste, transiciona para a Faixa Apiaí. Para sudeste é recoberta pelos

sedimentos das bacias marginais do Atlântico Sul.

O Orógeno Ribeira foi dividido em quarto terrenos, sendo separadas por falhas de

empurros e zonas de cisalhamento oblíquas tanspressivas segundo Heibron et al.,2000. A maioria

deles possui um embasamento de idades pré – 1,8 Ga e foram recobertos no Proterozóico por

seqüências vulcanosedimentares de diferentes origens. No Neoproterozóico-EoPaleozóico, o

conjunto embasamento e cobertura foi intrudido por plútons de diferentes composições, idades e

grau de deformação e metamorfismo.

Os terrenos são denominadas de noroeste para sudeste como Terreno Ocidental, Terreno

Paraíba do Sul, Terreno Oriental e terreno cabo frio (figura 9) . Inicialmente foram amalgamados

os três primeiros terrenos, em 580 Ma, já o terreno cabo frio foi amalgamado em 530 Ma (Heibron

et al.,2004). Este evendo e denominado Orogenia Búzios sendo caracterizado como o evento

tectônico – metamórficos mais recente registrado nas faixas moveis brasilianas, com idade entre

525 Ma e 480 Ma. Seu metamorfismo variou de faces anfibolito alto até granulito, com pico

metamórfico entre 525 Ma a 520 Ma, isso segundo Schmtt, 2001.

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21

Figura 9: Mapa tectônico da região sudeste do Brasil - 1) Cráton do São Francisco; 2) Cinturão Brasília; 3)

Terreno Cabo Frio; 4) Terreno Oriental - Domínio Costeiro; 5) Terreno Oriental – Arco Magmático Rio Negro;

6) Klippe Paraíba do Sul; 7) Terreno Ocidental; 8) Bacia do Paraná; 9) Corpos alcalinos do Cretáceo

Superior a Eoceno; 10) Bacias do Rift Continental do Sudeste do Brasil (RCSB): A - São Paulo; B - Taubaté;

C - Resende; D - Volta Redonda; E - Macacu; F - Itaboraí; G - Barra de São João; 11) Sedimentos

cenozoicos indiferenciados; 12) Falhas reversas, nappes; 13) Alinhamento Magmático de Cabo Frio; 14)

limites de grábens do RCSB. (Modif. de Riccomini 1989, 2004, Ferrari 1990, Mohriak e Barros 1990,

Heilbron et al. 2000 e Ferrari 2001, op cit Hasui 2010 )

O Terreno Cabo Frio apresenta um evento tectono-metamórfico de idade cambriana,

sendo acrescionado tardiamente ao Terreno Oriental, através de uma falha de empurrão com

mergulho para sudeste Schmitt et al.( 2004, 2008b). Seu embasamento é composto por

ortognaisses de idade paleoproterozóica (2.03-1.96 Ga) de composição granítica a granodiorítica.

São cortados por paleodiques de ortoanfibolitos do tipo N-MORB de idade não definida.

Sobreposto tectonicamente ao embasamento tem-se uma unidade composta por granada

anfibolitos, com espessuras de até 50 metros, também com afinidade geoquímica do tipo N-

MORB (Schmitt et al., 2004).

A seqüência de cobertura é constituída por cianita silimanita-gnaisses, granada-diopsídio-

anfibolitos e ortoanfibolitos, calciossilicátias, silimanita gnaisses com camadas alternadas de

meta-pelitos interpretados como metaturbiditos, que correspondem às sucessões Búzios e

Palmital Schmitt (2001). Zircões detríticos indicam a presença de uma área fonte jovem

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neoproterozóica (630 Ma), que tem a mesma idade do Arco Magmático Rio Negro (Schmitt et. al.,

2003, 2004).

O Terreno Cabo Frio é distinto dos outros terrenos do Setor Central da Faixa Ribeira por

seu trend estrutural NW-SE, enquanto que os outros terrenos possuem trend NE-SW Fonseca et.

al. (1984). Sua história tectônica e metamórfica tem sido atribuída à Orogenia Búzios que

começou a cerca de 530 Ma com alto grau metamórfico (fácies granulito de média a alta pressão)

e tectônica de baixo ângulo com vergência das estruturas para NW, sobre o Terreno Oriental.

(Schmitt, 2001).

As rochas presentes nos afloramento são nefalinoa sienitos, alcalifeldspatos sienitos,

alcalifeldspatos sienitos com nefelina e monzonito, além de diques de fonolitos, traquitos e

lamprófilos.

3.2. Tectônica Rúptil Meso-Cenozóica.

Segundo Almeida et al.(1996) o processo de rifteamento que, do Neojurássico ao

Eucretáceo, deu origem ao oceano Atlântico Sul, foi acompanhado e sucedidos por inúmeros

eventos magmáticos nas bacias da margem continental, nos altos que as separam, bem como no

continente emerso adjacentes. Algumas correlações possibilitam determinar com mais precisão os

sucessivos regimes tectônicos pós-permiano que se implantaram na borda leste da América do

Sul, pois os registros magmáticos têm se mostrado indicadores confiáveis para tal análise.

O Alto de Cabo Frio, que separa as bacias de Campos e Santos, apresenta grande

incidência de rochas magmáticas. Mohriak et al, (1990). Assim, para esta região, com base em

dados sísmicos, petrográficos, químicos e radiométricos, propõem a sua subdivisão em três

sequências relativamente bem definidas. Na Sequência I, eocretácea pré-aptiana, os basaltos

representam a formação Cabiúras Dias et al, (1994) op cit Almeida (1996) e são datados pelo

método K/Ar entre 120 e 130 Ma. Podem ser correlacionados com a Formação Camboriú da Bacia

de Santos. A Sequência II é pouco representativa e também constituída por basaltos. Vincula-se

ao Campaniano-Turoniano (80-90 Ma), graças à sua posição estratigráfica e datações pelo

método K/Ar. A Sequência III, mais comum nesta região, contém basaltos, diabásios e rochas

vulcanoclásticas, representando vulcanismo subaquoso de conduto central, associado a

sedimentos representativos de períodos de quiescência Mizusaki & Mohriak, (1993) op cit

Almeida, (1996). As idades radiométricas K/Ar apontam valor médio entre 40 e 50 Ma, o que

caracteriza um importante evento vulcânico do Paleoceno Superior/Eoceno na região do Alto de

Cabo Frio.

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23

A linha de costa ao longo dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro apresenta tendência

geral NE, paralela às direções estruturais pré-cambrianas, com a notável exceção do trecho entre

a Bafa de Ilha Grande (Angra dos Reis) e Cabo Frio, onde ocorre uma inflexão para uma direção

aproximada leste-oeste. A linha da costa tem sido interpretada por vários autores como

decorrência da ruptura entre África e América do Sul ao longo de uma Unha de fraqueza que

condicionou a formação de zonas cisalhantes leste-oeste tanto no Brasil quanto na região costeira

de Angola Ewing et al, (1969) op cit Mohriak et al, (1990). Essas linhas de fraqueza também

teriam sido aproveitadas na formação de zonas de fraturas oceânicas. No Cretáceo Superior e

Terciário, as direções transformantes (leste-oeste) seriam reutilizadas em movimentos de reajuste

de placa durante a separação continental, em função de migrações rápidas do pólo de rotação, e

as rochas alcalinas poderiam ter penetrado a crosta através do prolongamento, continente

adentro, das zonas de fraturas e alinhamentos oceânicos (Marsh 1973 op cit Mohriak et al,

1990).

A direção leste-oeste da linha de charneira pre-aptiana, entre Ilha Grande e Cabo Frio, foi

interpretada por Bacoccoli & Aranha (1984) op cit Almeida, (1996) como resultante de uma

linha de fraqueza antiga, que, conjungada com a direção NE dos grandes falhamentos

trancorrentes da orogênese brasiliana, condicionou a formação dos depocentros originais das

Bacias de Santos e Campos, interpretadas como rombo-grábens estirados simultaneamente em

função da composição dos esforços de ruptura do Gondwana.

Poços exploratórios da Petrobrás também indicam atividade magmática intensa no

Cenozóico (vulcanismo explosivo intraplaca, pós-rifte, tendo-se perfurado, na porção sul da Bacia

de Campos, várias centenas de metros de tufos vulcânicos e rochas intrusivas básicas,

atualmente interpretadas como eocênicas, em função da identificação de marcos cronológicos

obtidos a partir da análise paleontológica e sismo-estratigráfica dos poços ao sul do Arco de Cabo

Frio (Mohriak et al 1989 op cit Almeida, 1996).

O intervalo Turoniano — Eoceno Inferior está ausente em grande parte da bacia. Grandes

discordâncias estendem-se por quase toda a região sul da Bacia de Campos (Richter 1987),

indicando que após o Eoceno Inferior houve grande atividade tectônica na bacia ou no continente,

que possibilitou um maior aporte de elásticos grossos em batimetrias anteriormente muito

elevadas (Mohriak 1988 Almeida, 1996).

Vale notar que, no Oligoceno, tanto quanto ora se sabe, parece ter cessado toda a

atividade magmática no sul-sudeste do Brasil e, supostamente, também na margem continental

vizinha, segundo (Mohriak et al., 1990).

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24

Capítulo IV

4.1. Analise Geométrica das Estruturas Rúpteis.

4.1.1 Juntas

A análise dos dados estruturais relativos às juntas permitiu a individualização de quatro famílias

de juntas, com intervalos de aproximadamente 30°, assim denominadas (figura 10):

(i) A família 1 está orientada na direção NE-SW, com intervalos de juntas orientadas entre

N0°-10°E, N10°-20°E e N20°-30°E, perfazendo uma frequência de medidas de 7,5%,

2% e 7,5%, respectivamente;

(ii) A família 2, de direção NW-SE, corresponde à juntas N40°-50°W com 3,5% das

medidas, bem como juntas N50° - 60°W e N60° - 70°W com 7,5% das medidas cada

intervalo;

(iii) A família 3 possui direção NNW-SSE com juntas distribuídas nos intervalos N0°-10°W,

N10°-20°W e N20°-30°W, atingindo as respectivas concentrações de medidas 7%,

10% e 10%;

(iv) A família 4 é marcada por juntas de direção ENE-WSW, organizadas entre N60°-70°E

com 12,73% das medidas, N70-80E com 3,5% das medidas e N80-90E com 9% das

medidas. A família 2 de direção NW-SE está contida no intervalo de 40° - 70°, onde de

40° - 50° encontra-se aproximadamente 3,5%.

Tabela 1: Dados das famílias de juntas obtidas na análise geométrica.

Famílias Direção Direção das sub-

familias

Frequência

Família 1 NE-SW

N0°-10°E 7,5%,

N10°-20°E 2%

N20°-30°E 7,5%,

Família 2

NW-SE

N40°-50°W 3,5%

N50° - 60°W 7,5%

N60° - 70°W 7,5%

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Família 3

NNW-ESE

N0°-10°W 7%

N10°-20°W 10%

N20°-30°W 10%

Família 4

ENE-WSW

N60°-70°E 12,73%

N70-80E 3,5%

N80-90E 9%

Figura 10: Diagrama de roseta representativo das juntas obtidas na área de estudo.

As juntas da família 1 (figura 11) apresentam direção preferencial NE-SW com mergulho

moderado a elevado (55°-80°) para SE e ESE. Apenas uma das juntas dessa família possui

mergulho elevado para WNW. As juntas da família 2 (figura 12) possuem direção preferencial

NW-SE com mergulho para NE. O ângulo de mergulho das estruturas é predominantemente de

70°, com algumas estruturas subverticais (>85°).

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Figura 11: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as juntas da família 1

Figura 12: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as juntas da família 2.

As juntas da família 3 (figura 13) possuem direção preferencial NNW-SSE com mergulho

moderado a elevado (60°-80°) para WSW. As juntas da família 4 (figura 14) possuem direção

preferencial W-E com mergulho para sul, enquanto poucas estruturas mergulham para norte. O

ângulo de mergulho das estruturas é preferencialmente de 80°.

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Figura 13: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as juntas da família 3.

Figura 14: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as juntas da família 4.

A análise geométrica das falhas permite a identificação de três direções preferências

(figura 15). As falhas de orientação NNW-SSE são predominantes na área. Aquelas de direção

N20-30W representam 25,93% de frequência dessas estruturas identificadas, enquanto as

demais, com orientação N10-20W e N30-40W apresentam frequências de 15% e 11%,

respectivamente. As falhas de direção NE-SW possuem valores de frequências de medidas que

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variam entre 4% e 11% de acordo com os intervalos na orientação (N20-30E, N30-40E e N40-

50E). As falhas de direção ENE-WSW compõem 4% (N80-90E) a 15 % (N60-70E) das medidas

obtidas.

Figura 15: Diagrama de Roseta representativo das direções preferenciais das falhas.

Figura 16: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para todas as falhas.

As falhas apresentam direção preferencial NNW-SSE, NE-SW e ENE-WSW (figura 16). As

feições de direção NNW-SSE possuem mergulho voltado para WSW com ângulo de mergulho

variando entre 65° e 80°. As falhas de direção NE-SW e ENE-WSW tem mergulho elevado (>75°)

para SSE e NW.

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Figura 17: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para todas as falhas da

área, acompanhada das respectivas estrias.

As falhas de direção NNW-SSE com mergulho para WSW possuem estrias com caimento

suave a moderado (60 a 65) para SSE. As falhas de orientação NE-SW possuem mergulho para

SSE, enquanto as estrias têm caimento suave a moderado para ENE (figura 17).

4.2. Analise Cinemática.

As falhas de direção NNW-SSE possuem indicadores cinemáticos sugestivos de um

deslocamento normal sinistral, quando analisados em planos aproximadamente paralelos às

estrias com caimento de 15° a 35° para SSE. Estruturas sigmoidais com geometria semelhante a

pares S-C em zonas de cisalhamento dúcteis ou rúpteis-dúcteis (figura 18). Em algumas porções,

os fenocristais de feldspato potássico estão alinhados de acordo com os planos de falha ou

dispostos de forma levemente oblíqua, formando uma geometria similar a pares S-C (figura 19).

Uma falha de mesma direção, mas com o posicionamento de ressaltos e estrias indicativo de

cinemática destral foi identificada na área (figura 20 e 21). Essa diferença de cinemática e a

interpretação serão discutidas no capitulo V.

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Figura 18: Geometria sigmoidal de indicadores semelhante a pares S-C associados às falhas normais

sinistrais.

Figura 19: Geometria sigmoidal de indicadores semelhante a pares S-C associados às falhas normais

sinistrais.

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Figura 20: Combinação de ressaltos e estrias em falhas de direção NNW-SSE sugestivos de cinemática

destral.

As falhas de orientação NE-SW têm estrias com caimento que varia entre 8° e 20° para

NE. A análise combinada das estrias com os ressaltos indica movimentação destral oblíqua para

essas estruturas. Adicionalmente, a geometria em Zigue-Zague do alojamento de um dique de

fonolito é sugestiva de cinemática destral (figuras 21 e 22).

Figura 20: Posicionamento de estrias com caimento para SSE em falhas normais

de direção NNW-SSE.

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Figura 21: Geometria em Zigue-Zague de dique de fonolito sugestivo de alojamento em condições de

deslocamento destral.

Figura 22: Plano de falha com presença de estrias e ressaltos indicando movimento obliquo.

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Na porção central da área de estudo ocorre uma falha de direção NE-SW com estrias de

orientação distintas: 100/60 e 200/30 (figura 23). Essa falha possui orientação semelhante a

outras falhas com indicadores cinemáticos conclusivos de movimentação normal destral. Dessa

forma, as estrias com caimento para SW seriam compatíveis com um deslocamento de caráter

normal destral. Em contrapartida, as estrias com caimento para ESE poderiam ser relacionadas a

atividades de ativação do plano de falha.

Figura 21: Estereograma representando as falhas e a estria e seu plano.

Duas falhas de orientação 134/80 e 140/90 não possuem indicadores cinemáticos

conclusivos, embora sejam paralelas às falhas destrais oblíquas. Nesse sentido, elas foram

tratadas nos diagramas de determinação de paleotensores como falhas de movimentação destral

oblíqua.

As falhas de direção NW-SE com mergulho moderado (50°) para NE formam um arranjo

geométrico em X com as falhas normais sinistrais com mergulho para WSW, formando um ângulo

de aproximadamente 65° entre elas (figura 24 e 25). Esse valor angular entre elas é compatível

com modelos de fraturas de cisalhamento ou falhas conjugadas. Caso as falhas NW-SE sejam

cogenéticas com as falhas normais sinistrais, a cinemática das falhas de direção NW-SE pode ser

interpretada como normal destral. As implicações da determinação da cinemática das falhas NW-

SE na ausência de indicadores cinemáticos serão analisadas no capítulo V.

N

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Figura 22: Falhas normais sinistrais com mergulho para SW formam um ângulo de 65° com falhas de

direção NW-SE e mergulho para NE.

Figura 23: Padrão em X entre as falhas normais sinistrais e normais destrais com mergulho para SW e NE,

respectivamente.

Três falhas de direção ENE-WNW são identificadas na área de estudo. Uma delas tem

indicadores cinemáticos compatíveis com movimento destral, enquanto as outras duas são

NE SW

60°

SW

NE

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condizentes com deslocamento sinstral. Algumas falhas com brechas associadas são

classificadas como indiscriminadas devido à ausência de indicadores cinemáticos. Por outro lado,

elas possuem orientação semelhante àquelas de movimentação normal sinistral.

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Capítulo V

5.1. Discussões

5.1.1 Relações temporais entre o Nefelina sienito e o desenvolvimento das falhas

A área mapeada é constituída predominantemente de Nefelina Sienito. A trama dessa

rocha é modificada parcialmente pelo desenvolvimento de falhas e juntas na região. As relações

cronológicas entre o nefelina sienito e a formação de falhas pode ser exemplificada na área de

acordo com os tipos de indicadores cinemáticos identificados e sua respectiva influência no

aspecto textural da rocha. Segundo os dados coletados em campo, as falhas normais sinistrais

(NNW-SSE) reorientam a trama da rocha, formando em algumas porções estruturas similares a

indicadores cinemáticos do tipo S-C, frequentemente encontrados em zonas de cisalhamento

dúcteis. Nesse sentido, tramas do tipo S-C são incompatíveis com estruturas formadas por

deformação rúptil (Lister & Snoke, 1984). Caso as estruturas S-C tenham sido formadas

efetivamente pela atividade tectônica associada à falha, a temperatura atuante no processo

deformacional deve ter sido superior aquele esperado para atividade tectônica de caráter rúptil.

Nessa situação, o Nefelina Sienito não estaria totalmente cristalizado no momento de

desenvolvimento da falha, permitindo condições de temperatura e viscosidade favoráveis para

orientar os minerais. Haja vista a ocorrência de pórfiros de feldspato potássico orientados na

direção das falhas normais sinistrais. A temperatura esperada para a cristalização de nefelina

sienitos varia entre 1000° a 500°, dependendo das porções de SiO2 presente na composição da

nefelina (Hamilton, 1961). Adicionalmente, as temperaturas de cristalização podem variar com

base no sistema anidro (1250° a 1050°) ou para sistemas hidratados (840° a 800°) (Heier, 1965).

Em todos os casos, as temperaturas esperadas para a cristalização de nefelina sienitos são

superiores àquelas obtidas em deformação rúptil. No entanto, o tempo de coexistência entre fases

minerais cristalizadas e o líquido é próximo do eutético para sistemas magmáticos compatíveis

com a formação de Nefelina Sienitos. Em uma situação hipotética, no qual o nefelina sienito

estivesse sob a influência do campo de tensão necessário para a formação das falhas normais

sinistrais, a viscosidade seria elevada com o aumento da pressão dirigida e diminuição da

temperatura, permitindo a orientação de parte dos pórfiros nas proximidades das falhas, bem

como uma reorganização da textura da rocha como figuras do tipo S-C, evoluindo para a

formação incipiente de brechas, após a rápida cristalização do nefelina sienito.

Em várias porções da área mapeada, as falhas modificam a trama do nefelina sienito em

condições de deformação eminentemente rúpteis. Os feldspatos são frequentemente identificados

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sem nenhuma similaridade na orientação com as falhas, sendo inclusive deslocados ou

fragmentados em diversas situações. Nesse caso, os parâmetros de temperatura atingidos para o

desenvolvimento das demais falhas que ocorrem na área devem ter sido diferentes daquelas

estimadas para as falhas normais sinistrais. Isso implica em estágios distintos para a formação de

falhas no sistema rúptil na região. Caso essa hipótese seja verdadeira, o estágio inicial para a

geração das falhas normais sinistrais (NNW-SSE) ocorreu em momentos que precederam à

cristalização total do nefelina sienito.

. Após a análise dos estereogramas, observou-se que as falhas possuem três direções

preferenciais, assim identificadas: NNW-SSE, NE-SW e ENE-WSW (figura 26). As juntas foram

divididas em famílias com padrões de orientação distintos. As falhas e juntas possuem direções

semelhantes em alguns casos. As falhas normais sinistrais (NNW-SSE) coincidem com a família

3, enquanto as falhas destrais oblíquas (NE-SW) coincidem com a família 1. As falhas de direção

ENE-WSW têm orientação condizente com as juntas da família 4 (figura 27).

Figura 24: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as falhas e fraturas

com mesma direção.

.

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Figura 25: Projeção estereográfica do tipo Schimdt-Lambert, hemisfério inferior, para as falhas encontradas

na área, de acordo com a sua classificação cinemática.

As falhas de direção NNW-SSE são classificadas quase que em sua totalidade como

normais sinistrais, entretanto foi constatada movimentação destral oblíqua em uma delas, de

acordo com a geometria dos ressaltos no plano de falha. Segundo Petit (1987), o deslocamento

atribuído a uma falha devido à rugosidade em seu plano pode não ser sempre aquela

convencionalmente adotada, isto é, cujo sentido de movimento é atribuído com base somente no

contato das mãos com a superfície que contém os ressaltos.

Para que essa interpretação seja feita é necessário à identificação de fraturas que

interceptem o plano de falha, entretanto essas estruturas, em alguns casos, somente podem ser

reconhecidas em escala microscópica. Caso elas sejam identificadas nos afloramentos, torna-se

indispensável a observação tridimensional do plano de falha para a caracterização do movimento.

Adicionalmente, a determinação de paleotensores e feições compatíveis com o sistema de

cisalhamento proposto por Riedel (1929) apud Petit (1987) são fundamentais para viabilizar o

modelo de critérios cinemáticos para a análise de ressaltos (Petit, 1987).

Os movimentos distintos entrem essas falhas de mesma direção poderia ser explicado por

uma reativação das estruturas. Um evento neotectônico de cinemática diferenciada das falhas

pretéritas.

Falha normal sinistral (Preto)

Falha normal destral (Vermelho)

Falha (Amarelo, verde e Azul)

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5.2. Análise Dinâmica

A orientação dos paleotensores foi estimada com base nas falhas que possuíam

indicadores cinemáticos conclusivos. A determinação dos eixos P,B e T ao analisar as falhas

normais sinistrais, destrais oblíquas e destrais em um mesmo estereograma permitiu a proposição

dos seguintes paleotensores: σ1= 113/26, σ2= 290/64 e σ3= 023/01 (figuras 28). O posicionamento

do σ1 obtido é condizente com a formação das falhas normais destrais (NW-SE) que constituem

um sistema conjugado com as falhas NNW-SSE de cinemática normal sinistral (figuras 24,25, 29

e 30). Deve ser ressaltado que as falhas normais destrais são aproximadamente ortogonais à

direção de extensão (σ3) encontrada na determinação dos paleotensores.

Figura 26: Diagrama PBT indicando os paleotensores.

A orientação de σ1 para a formação do sistema conjugado (figura 30) deve ser utilizada

com parcimônia, considerando-se a ausência de indicadores cinemáticos conclusivos para as

falhas NW-SE com mergulho para NE, classificadas como normais destrais. Esse sistema

deformacional estaria condicionado à geração das falhas normais sinistrais no estágio inicial do

modelo tectônico proposto para a área (figura 31), devido aos parâmetros de temperatura

discutidos no item 5.1.1. Dessa forma, as demais falhas associadas ao modelo seriam formadas

após a cristalização do nefelina sienito.

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Figura 27: Estereograma com os planos das falhas NNW-SSE e NW-SE.

Figura 28: Modelo esquemático sobre o desenvolvimento do sistema de falhas conjugadas e o nefelina

sienito.

S

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As falhas normais sinistrais de direção NE-SW possuem paleotensores com

posicionamento diferente das demais estruturas, quais sejam: σ1= 360/49, σ2= 239/24 e σ3=

134/31 (figura 32). Provavelmente, a formação dessas estruturas não está relacionada ao sistema

discutido anteriormente. Nesse caso, um outro evento de deformação rútpil, mais jovem, deve ter

sido o responsável pela formação dessas estruturas.

Figura 29: Diagrama PBT para falhas normais sinistrais NE-SW.

5.3. Correlações com a formação do Alto estrutural de Cabo Frio

As bacias marginais do sudeste são caraterizadas por falhas de direções NE-SW, E-W e

NW-SE, correspondendo a zonas de transferência segundo Musling et al., (2001) apud Moriak

et al., (2004) denominado Cruzeiro do Sul (Souza et al., 1993 apud Moriak et al.,2004). Dentre

essas feições, a de direção NW-SE é caracterizada por se estender desde a região emersa, como

o alto do Parnaíba, separando as bacias do Paraná e São Francisco (Cordani et al,. 1984 apud

Moriak et al.,2004), e a Bacia de Santos que possui zonas de transferência com essa mesma

direção, que controlaram a tectônica do sal. Essas estruturas foram formadas no processo de

rifteamento, datados do Neojurássico ao Eocretáceo com clímax no intervalo Neojurássico-

Eocretáceo (Rabinowitz & LaBrecque, 1979; Müller et al., 1997 apud Moriak et al.,2004).

O Alto de Cabo Frio, feição que separa as Bacias de Santos e Campos, apresenta

episódios de vulcanismo com idade entre 45 e 55 Ma segundo Cordani, (1970), predominância de

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nefelina sienito e se encontra em uma região notadamente proximal a Bacia de Campos de

acordo com Mohriak et al., (1990).

As estruturas descritas em campo apresentam direções preferenciais NNW-SSE, NE-SW,

ENE-WSW e NW-SE e não possuem nenhuma característica que as corelacionariam com as

feições mais antigas. As atividades deformacionais analisadas nesse trabalho sugerem que as

falhas normais sinistrais (NNW-SSE) foram formadas no estágio tardio de cristalização do nefelina

sienito, enquanto as mais jovens, posteriormente a sua cristalização. Nesse período o processo

de rifteamento já havia terminado e o mar estava estabelecido, indicando que as falhas mapeadas

foram geradas por uma tectônica mais jovem que a fase rifte nas bacias sedimentares marginais

do sudeste.

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