UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE...
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE MEDICINA
INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA
DEPARTAMENTO DE EPIDEMIOLOGIA E BIOESTATÍSTICA
Tendência da mortalidade por tuberculose no Brasil, 2005 a 2014
Mortality trends due to tuberculosis in Brazil, 2005-2014
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Tendência da mortalidade por tuberculose no Brasil, 2005 a 2014
Mortality trends due to tuberculosis in Brazil, 2005-2014
Bernardo Silva de Abreu – Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFF -
Fernando Rodríguez González – Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFF-
João Pedro Fagundes de Carvalho – Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFF -
Thiago Netto Schimidt Cardoso – Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFF -
08 de Dezembro de 2016,
NITEROI/RJ
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Sumário
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................5
2. OBJETIVO ....................................................................................................................5
3. MÉTODOS....................................................................................................................5
4. RESULTADOS ..............................................................................................................6
5. DISCUSSÃO................................................................................................................11
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...................................................................................14
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Índice de Figuras e Tabelas
Figura 1: Número de óbitos por tuberculose para todas as formas. Brasil, 2005-2014 Fonte - Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde
Figura 2: Número de óbitos anuais por tuberculose por faixa etária para cada sexo, masculino e feminino, Brasil 2005-2014. Fonte – Sistema de Informação sobre
Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.
Figura 3: Taxas anuais de mortalidade por tuberculose por faixa etária e sexo, masculino
e feminino, 2005-2014. Fonte – Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.
Figura 4: Mortalidade proporcional segundo faixas etárias dos óbitos por tubérculos (todas as formas), de 2005 a 2014. Fonte – Sistema de Informações sobre Mortalidade
do Ministério da Saúde
Figura 5: Número de óbitos por tuberculose por residência para cada região brasile ira,
de 2005 a 2014. Fonte – Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde.
Figura 6: Taxas anuais brutas de mortalidade por tuberculose (todas as formas) para cada região brasileira, de 2005-2012. Fonte – Sistema de Informações sobre Tuberculose do Ministério da Saúde.
Tabela 1: Número de óbitos e taxas brutas de mortalidade por região brasileira e
unidade da federação, para os anos de 2005 a 2008. Fonte – Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.
Tabela 2: Número de óbitos e taxas brutas de mortalidade por região brasileira e unidade da federação, para os anos de 2009 a 2012. Fonte – Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.
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1. INTRODUÇÃO
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa e transmissível, causada principalmente pela micobactéria Mycobacterium tuberculosis, afetando
prioritariamente os pulmões. Apesar de tratável, curável e estar incluída no calendário nacional de vacinação, continua tendo destaque entre as doenças no Brasil. Grande parte
da população já teve contato com o bacilo em algum momento da vida, porém a maioria não desenvolveu a doença. Nos grupos de risco para a TB estão incluídos os indígenas, a população privada de liberdade e pessoas com HIV, os quais possuem chance maior
de desenvolverem a doença após o contato com o bacilo. Há, ainda, uma relação direta entre a urbanização desordenada e a tuberculose, pois condições precárias de moradia
favorecem a disseminação da micobactéria pelo ambiente.
É importante ressaltar que o tratamento é de longa duração (seis meses) e tem uma
alta taxa de abandono por parte dos enfermos, havendo necessidade de um acompanhamento médico em muitos casos. Percebe-se que há uma queda inconstante
no número de óbitos e na taxa de mortalidade por tuberculose no Brasil no período estudado, de 5,8 em 1980 para 2,8 por 100 mil habitantes, em 2004. Foi observada redução acentuada da mortalidade até 1985, mais evidente nos estados do Rio de Janeiro
e São Paulo. Houve, porém, tendência de aumento da mortalidade por tuberculose em idades mais avançada. A partir do presente trabalho verificou-se que as taxas de
mortalidade e o número de óbitos por TB sofreram redução, em ambos os sexos, entre 2005 e 2014. Além disso, foi observado que a contribuição de crianças e jovens nesse mesmo período decresceu, enquanto que os valores para a população adulta e idosa
sofreu pouca variação, de modo geral.
2. OBJETIVO
O objetivo desse trabalho é a atualização de dados com base no artigo de
referência “Tendência da mortalidade por tuberculose no Brasil, 1980 a 2004”, para os anos de 2005 a 2014 sobre mortalidade por tuberculose (todas as formas). A partir
desses novos resultados, fazer uma discussão comparando-os com os dados antigos apresentados. Assim, será possível inferir a situação do Brasil, em suas regiões, por faixa etária e por sexo, em relação à mortalidade por tuberculose, o que permite fazer
previsões para o futuro, e desenvolver maneiras de manter algum progresso.
3. MÉTODOS
Foram utilizados dados sobre a Tuberculose referentes ao período de 2005 a
2014, provenientes do grupo “Tuberculose do CID-10” do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, além de dados demográficos do
DATASUS referentes ao período de 2005 a 2012. Com base nesses dados, foram estabelecidos perfis de óbitos por ano e por
região, taxas de mortalidade por faixa etária, sexo e regiões, e proporção de óbitos entre
faixas etárias.
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4. RESULTADOS
A Figura 1 exibe o número de óbitos por todas as formas de tuberculose, ano a ano, durante todo o período indicado. Os anos que se apresentaram nos extremos para mais e para menos foram, respectivamente, 2008 com 4881 casos e 2012 com 4421
casos. É possível perceber queda constante no período de 2008 a 2012, seguida, porém, em 2013, por aumento e novamente uma queda em 2014, registrando o segundo menor
valor de óbitos no intervalo de tempo pesquisado.
A Figura 2 compara o número de óbitos anuais por tuberculose por residência
em diferentes faixas etárias, para ambos os sexos, em gráficos diferentes. É visível que em ambos gráficos as faixas etárias de 40 a 59 anos e de 60 ou mais possuem número maior que nas faixas etárias mais jovens. Os homens são mais atingidos entre 40 e 59
anos, enquanto as mulheres, a partir dos 60 anos. Ainda assim, a quantidade de óbitos de mulheres é muito menor se comparada aos óbitos de homens na mesma faixa etária.
Figura 1: Número de óbitos por tuberculose para todas as formas. Brasil, 2005-2014 Fonte - Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde
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Na figura 3, apresentamos a taxa de mortalidade anual (2005-2014) por
tuberculose por faixa etária e por sexo, em gráficos diferentes. A partir desses, é possível concluir que em ambos os casos as taxas mais altas são para a faixa etária de 60 anos ou mais, a qual vem decaindo durante o tempo de análise. Essa taxa é
expressivamente mais alta que das outras faixas etárias. Ao comparar um sexo com outro, é visível que as taxas masculinas são consideravelmente mais altas que as
femininas, sendo três vezes maior no ano de 2012 para pessoas com 60 anos ou mais.
A figura 4 mostra o gráfico da mortalidade por tuberculose proporcional
segundo grupos de idade em cada ano. Essas proporções por TB (todas as formas) no
Brasil se mostram estáveis de acordo com os grupos etários. Nos indivíduos entre zero e
Figura 2: Número de óbitos anuais por tuberculose por faixa etária para cada sexo, masculino e feminino, Brasil 2005-2014. Fonte – Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.
Figura 3: Taxas anuais de mortalidade por tuberculose por faixa etária e sexo, masculino e feminino, 2005-2014. Fonte – Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.
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19 anos, observa-se quase nenhuma contribuição, a qual praticamente não sofre
variação entre 2005 e 2014. Nas faixas etárias de 20-39 anos, a contribuição é maior,
porém apresenta pouca variação ao longo dos anos, com exceção do período entre 2009
e 2011, em que houve uma leve queda, seguida de leve aumento no período entre 2012 e
2014. Nos grupos com faixa etária 40-59 anos e 60 anos ou mais, há uma rígida
manutenção da proporcionalidade, não havendo mínima variação entre os grupos.
Ambos são os grupos com maior proporção de óbitos em cada ano, por faixa etária.
Figura 4: Mortalidade proporcional segundo faixas etárias dos óbitos por tuberculose (todas as formas), de 2005 a 2014. Fonte – Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde
A figura 5 apresenta o número de óbitos por tuberculose por residência em cada
Região brasileira durante os anos de 2005 a 2014. Torna-se evidente que, em termos numéricos, a Região Sudeste é a que apresenta maior quantidade de óbitos, seguida pela Nordeste, ainda com número elevado. As demais regiões apresentam quantidade muito
inferior às duas primeiras. Como um todo, das cinco regiões, apenas a região Norte demonstrou um leve aumento ao longo do período estudado.
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Figura 5: Número de óbitos por tuberculose por residência para cada região brasileira, de 2005 a 2014. Fonte – Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde.
A Figura 6 demonstra as taxas brutas anuais (de 2005 a 2012) de mortalidade por tuberculose por 100 mil habitantes, em cada Região Brasileira. Em quatro das cinco
regiões há diminuição da taxa, ocorrendo aumento somente na Região Norte do país. O gráfico revela uma maior da taxa da Região Nordeste, seguida de perto pelas taxas do
Norte e do Sudeste. As regiões Sul e Centro-Oeste apresentam valor inferior às três primeiras.
Figura 6: Taxas anuais brutas de mortalidade por tuberculose (todas as formas) para cada região brasileira, de 2005-2012. Fonte – Sistema de Informações sobre Tuberculose do Ministério da Saúde.
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As tabelas 1 e 2 apresentam o número de óbitos (N) e a taxa bruta de mortalidade por tuberculose para os anos de 2005 a 2008 e 2009 a 2012, respectivamente, em cada Região Brasileira e Unidade da Federação. Em geral, tanto as
taxas de mortalidade quanto o número de óbitos caíram ao longo do tempo analisado, como a Paraíba e Paraná, ou permaneceram quase constante, a exemplo de Goiás e
Mato Grosso do Sul. No entanto, há estados como Amazonas e Pará que tiveram aumento nessas variáveis, o que acarretou no acréscimo visto na Região Norte do país.
Região/Unidade da
Federação
2005 2006 2007 2008
N Taxa
Bruta
N Taxa
Bruta
N Taxa
Bruta
N Taxa
Bruta
Região Norte 344 2,34 345 2,30 348 2,27 363 2,40
.. Rondônia 30 1,95 28 1,79 25 1,57 34 2,28
.. Acre 27 4,03 23 3,35 28 3,98 16 2,35
.. Amazonas 104 3,22 107 3,23 96 2,83 113 3,38
.. Roraima 7 1,79 6 1,49 - - 3 0,73
.. Pará 152 2,18 155 2,18 169 2,33 179 2,44
.. Amapá 11 1,85 11 1,79 11 1,73 7 1,14
.. Tocantins 13 1,00 15 1,13 19 1,40 11 0,86
Região Nordeste 1570 3,08 1611 3,12 1602 3,07 1662 3,13
.. Maranhão 181 2,97 179 2,89 168 2,68 196 3,11
.. Piauí 73 2,43 72 2,37 78 2,54 84 2,69
.. Ceará 232 2,87 264 3,21 253 3,04 269 3,18
.. Rio Grande do
Norte
52 1,73 42 1,38 70 2,27 71 2,29
.. Paraíba 142 3,95 109 3,01 67 1,84 75 2,00
.. Pernambuco 398 4,73 379 4,46 418 4,87 403 4,61
.. Alagoas 76 2,52 83 2,72 85 2,76 95 3,04
.. Sergipe 41 2,08 43 2,15 35 1,72 35 1,75
.. Bahia 375 2,71 440 3,15 428 3,04 434 2,99
Região Sudeste 2087 2,66 2183 2,74 2111 2,62 2159 2,69
.. Minas Gerais 319 1,66 298 1,53 298 1,51 306 1,54
.. Es pírito Santo 51 1,50 67 1,93 67 1,90 73 2,11
.. Rio de Janeiro 789 5,13 848 5,45 825 5,24 870 5,48
.. São Paulo 928 2,29 970 2,36 921 2,21 910 2,22
Região Sul 497 1,84 472 1,73 462 1,67 501 1,82
.. Paraná 169 1,65 176 1,69 141 1,34 152 1,44
.. Santa Catarina 51 0,87 54 0,91 46 0,76 59 0,97
.. Rio Grande do Sul 277 2,55 242 2,21 275 2,48 290 2,67
Região Centro-Oeste 237 1,82 212 1,60 212 1,57 196 1,43
.. Mato Grosso do Sul 66 2,91 57 2,48 48 2,06 59 2,53
.. Mato Grosso 86 3,07 80 2,80 87 2,99 78 2,64
.. Goiás 70 1,25 65 1,13 59 1,01 50 0,86
.. Distrito Federal 15 0,64 10 0,42 18 0,74 9 0,35
Tabela 3: Número de óbitos e taxas brutas de mortalidade por região brasileira e unidade da federação, para os anos de 2005 a 2008. Fonte – Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.
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Região/Unidade da
Federação
2009 2010 2011 2012
N Taxa
Bruta
N Taxa
Bruta
N Taxa
Bruta
N Taxa
Bruta
Região Norte 374 2,43 354 2,23 426 2,65 396 2,42
.. Rondônia 20 1,33 27 1,73 25 1,59 22 1,38
.. Acre 16 2,31 15 2,04 18 2,41 8 1,05
.. Amazonas 133 3,92 110 3,16 126 3,56 125 3,48
.. Roraima 2 0,47 4 0,89 7 1,52 7 1,49
.. Pará 180 2,42 172 2,27 212 2,76 212 2,71
.. Amapá 9 1,44 13 1,94 16 2,34 14 2,00
.. Tocantins 14 1,08 13 0,94 22 1,57 8 0,56
Região Nordeste 1629 3,04 1534 2,89 1469 2,75 1426 2,65
.. Maranhão 192 3,02 187 2,84 177 2,66 143 2,13
.. Piauí 81 2,58 71 2,28 52 1,66 57 1,80
.. Ceará 276 3,23 240 2,84 236 2,77 218 2,53
.. Rio Grande do
Norte
53 1,69 61 1,93 72 2,25 64 1,98
.. Paraíba 80 2,12 86 2,28 79 2,08 74 1,94
.. Pernambuco 397 4,51 356 4,05 357 4,03 377 4,22
.. Alagoas 99 3,14 91 2,92 90 2,86 94 2,97
.. Sergipe 45 2,23 39 1,89 46 2,20 41 1,94
.. Bahia 406 2,77 403 2,88 360 2,55 358 2,53
Região Sudeste 2122 2,62 2109 2,62 2024 2,50 1990 2,44
.. Minas Gerais 315 1,57 286 1,46 271 1,37 275 1,39
.. Es pírito Santo 70 2,01 63 1,79 61 1,72 74 2,07
.. Rio de Janeiro 815 5,09 910 5,69 849 5,27 795 4,90
.. São Paulo 922 2,23 850 2,06 843 2,03 846 2,02
Região Sul 460 1,66 435 1,59 448 1,63 374 1,35
.. Paraná 122 1,14 116 1,11 125 1,19 97 0,92
.. Santa Catarina 65 1,06 61 0,98 64 1,01 47 0,74
.. Rio Grande do Sul 273 2,50 258 2,41 259 2,41 230 2,14
Região Centro-Oeste 212 1,53 227 1,61 196 1,38 235 1,63
.. Mato Grosso do Sul 67 2,84 66 2,69 57 2,30 63 2,51
.. Mato Grosso 82 2,73 98 3,23 62 2,02 82 2,63
.. Goiás 57 0,96 49 0,82 59 0,97 77 1,25
.. Distrito Federal 6 0,23 14 0,54 18 0,69 13 0,49
Tabela 4: Número de óbitos e taxas brutas de mortalidade por região brasileira e unidade da
federação, para os anos de 2009 a 2012. Fonte – Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.
5. DISCUSSÃO
No período analisado (2005-2014), por meio de dados sobre o número de óbitos e taxa de mortalidade por tuberculose, observamos uma queda, na maioria dos casos, nesses valores, ao compararmos com os apresentados pelo artigo de referência
“Tendência da mortalidade por tuberculose no Brasil, 1980 a 2004”. Essa redução varia de acordo com a faixa etária, sexo e Região ou Unidade da Federação. No entanto, a
queda não ocorre na mesma proporção para todas as variáveis, de forma que algumas apresentaram queda expressiva, enquanto outras tiveram apenas ligeira diminuição ou até certo aumento em seus valores.
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Em relação ao número de óbitos por tuberculose (todas as formas) observa-se uma tendência geral à queda no período estudado, com 4735 casos em 2005 e 4467 casos em 2014. Ao cruzar os dados presentes nesse artigo com os dados presentes no
artigo-base: “Tendência da mortalidade por tuberculose no Brasil, 1980 a 2004”, é possível notar que o número de óbitos se apresenta consideravelmente menor no
período de 2005 a 2014, cuja média é de 4669,8 casos anuais. Já o comportamento a longo prazo dos números se manteve semelhante, havendo pequenas variações de um ano para outro.
Analisando as taxas de mortalidade de tuberculose no grupo masculino, percebe-se que na faixa etária de 0 a 19 anos, durante todo o período de 2005 a 2012, a taxa é
quase nula. Entre os indivíduos de 20 a 39 anos, percebe-se que a partir de 1994, ocorre uma gradativa queda na taxa de mortalidade, passando de cerca de cinco para cada
100.000 habitantes, até aproximadamente dois para cada 100.000 habitantes em 2000. A partir desse ano, a taxa manteve-se relativamente estável até o ano de 2012, nessa faixa etária. Entre 40 e 59 anos, a taxa era estável até 1999. No entanto, a partir do ano 2000,
houve queda gradativa, atingindo um valor próximo de seis para cada 100.000 habitantes em 2012. Na faixa de 60 anos ou mais, observam-se taxas muito acima
daquelas observadas nas outras faixas etárias (acima de vinte para cada 100.000 habitantes no período anterior a 2005) e uma relativa instabilidade, como aumento da taxa entre 1996 e 1999, e queda de 1999 até 2004. A partir de 2004, a taxa para este
grupo passa a seguir um padrão de queda, embora continue alta, e acaba atingindo em 2012 um valor um pouco maior que doze para cada 100.000 habitantes.
No grupo feminino, na faixa etária de 0 a 19 anos, percebe-se uma estabilidade durante todo o período de 1994 a 2012, com a taxa sempre próxima de zero. Pessoas
entre 20 e 39 anos, apresentam um padrão de queda durante todo o período estudado, ficando abaixo de um para cada 100.000 habitantes no ano de 2012. Na faixa etária de
40 a 59 anos, também se observa um padrão de queda, com exceção dos períodos de 2005 a 2006 e 2011 a 2012 que apresentaram leves aumentos. Já na faixa etária de 60 anos ou mais, a taxa manteve-se relativamente estável até o ano de 1999, e a partir desse
ano, começou a cair, até o ano de 2011. No intervalo de 2011 a 2012 manteve-se estável, em torno de quatro para cada 100.000 habitantes.
A mortalidade proporcional por TB vem sofrendo transição de faixa etária desde 1980, atingindo progressivamente menos crianças e jovens, e mais adultos e idosos.
Entre 1980 e 2004, a mortalidade proporcional decresceu em crianças e jovens, quase atingindo valores nulos após 2005. Em contrapartida, esse decréscimo não é observado nas outras faixas etárias, as quais apresentam certo aumento da proporção entre 1980 e
2004, e manutenção após 2005. Esse cenário pode ser explicado pelo aumento populacional de idosos (resultante de melhorias nas condições de vida, saúde,
longevidade); por maiores riscos de desenvolvimento da doença, considerando um declínio da imunocompetência inerente à idade, o que também poderia desencadear maior risco de morte nessa faixa etária. A baixa mortalidade proporcional de crianças
pode ser explicada por dois fatores básicos: cobertura vacinal eficiente, e os próprios níveis diminuídos na população jovem, uma vez que eles seriam os principais
transmissores do bacilo à criança, representando os pais e familiares dos mesmos.
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Com relação à taxa bruta anual de mortalidade por todas as formas de TB para cada Região, encontramos de um modo geral a continuidade apresentada no artigo de referência, no qual ao longo dos anos houve um decréscimo desse valor. De acordo
com a figura 6, é possível visualizar algumas diferenças em relação aos valores obtidos entre 1980-2004. De acordo com Bierrenbach et al., a Região Sudeste apresentou as
maiores taxas durante todo o período estudado, variando de seis para cada 100 mil habitantes em 1980 para três para cada 100 mil habitantes em 2004. Segundo os dados do período entre 2005 e 2012, observou-se que a Região Nordeste superou os valores do
Sudeste em todos os anos, chegando a 3,13 para cada 100 mil habitantes em 2008, contra 2,69 para cada 100 mil habitantes da Região Sudeste. De forma similar, em 2012,
a Região Sul obteve uma taxa menor que a Centro-Oeste, a qual possuía os menores valores para todos os anos anteriores analisados em ambos os estudos.
Ao compararmos as tabelas 1 e 2 com a tabela 4 do artigo de referência, observamos as mudanças em cada Unidade da Federação. Assim como Bierrenbach et al. evidenciaram que as maiores taxas de mortalidade são dos estados do Rio de Janeiro
e Pernambuco, para o ano de 2004, segundo os dados de 2005 a 2012, esses continuam apresentando os valores mais elevados, apesar de pequena diminuição. Outros dados,
porém, chamam bastante atenção. Enquanto, o estado do Paraná, que em 2004 possuía taxa de 1,9 por 100 mil habitantes, apresentou diminuição da taxa para 1,14, em 2009, e 0,92 por 100 mil habitantes em 2012, o estado do Amazonas teve um acréscimo
considerável, subindo de 2,8, em 2004, para 3,92, em 2008, e 3,56 por 100 mil habitantes em 2011.
Em conclusão, o Ministério da Saúde deve atentar-se às medidas de prevenção da TB, assim como cumprir com rigor o calendário vacinal para que o número de óbitos
gerais diminua. Ações que tenham como público-alvo a população adulta e idosa devem ser implementadas, uma vez que são os mais afetados pela doença, e os últimos, aqueles
com maiores riscos de evolução ao óbito.
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6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BIERRENBACH, A. L. et al. Mortality trends due to tuberculosis in Brazil, 1980-2004.
Revista de Saúde Pública, v. 41, p. 15–23, set. 2007.
DATA SUS - Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde
(SIM/MS); Sistema de Informações Demográficas e Socioeconômicas.