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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS INSTITUTO BIOMÉDICO Graduação em Biomedicina Habilitação em Pesquisa Científica JULIANA BARRETO DE ALBUQUERQUE Caracterização da expressão de TACI, BCMA, APRIL e BAFF na infecção murina por Trypanosoma cruzi. Orientação: Carla Eponina de Carvalho Pinto Juliana de Meis Niterói 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS

INSTITUTO BIOMÉDICO

Graduação em Biomedicina

Habilitação em Pesquisa Científica

JULIANA BARRETO DE ALBUQUERQUE

Caracterização da expressão de TACI, BCMA,

APRIL e BAFF na infecção murina

por Trypanosoma cruzi.

Orientação: Carla Eponina de Carvalho Pinto

Juliana de Meis

Niterói

2010

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II

JULIANA BARRETO DE ALBUQUERQUE

Caracterização da expressão de TACI, BCMA, APRIL e BAFF na

infecção murina por Trypanosoma cruzi.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

Curso de Graduação em Biomedicina da

Universidade Federal Fluminense como requisito

para obtenção do Grau de Bacharel. Área de

Concentração: Pesquisa Científica com Habilitação

em Microbiologia e Parasitologia

Orientadoras:

Prof. Dra. Carla Eponina de Carvalho Pinto

Dra. Juliana de Meis

Banca examinadora:

Prof. Drª. Carla Eponina de Carvalho Pinto

___________________________________

Prof. Drª. Maria de Fátima Brandão Pinho

___________________________________

Msc. Désio Aurélio Faria de Oliveira

___________________________________

Suplente:

Drª. Déa Maria Serra Villa Verde

___________________________________

Niterói

2010

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III

Este trabalho foi realizado no Laboratório de Pesquisas sobre o Timo (LPT),

Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

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IV

A345 Albuquerque, Juliana Barreto de

Caracterização da expressão de TACI, BCMA, APRIL e

BAFF na infecção murina por Trypanosoma cruzi / Juliana

Barreto de Albuquerque. - Niterói: [s.n.], 2010

xiv, 52 f. :il.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação em

Biomedicina) - Universidade Federal Fluminense, 2010

1. Trypanosoma cruzi. 2. Doença de Chagas. 3. Linfócitos.

I. Título

CDD 616.9363

CDD 616.079

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V

“Aos meus pais que sempre me apoiaram

e investiram no meu futuro.”

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VI

"Weisheit ist nicht das Ergebnis der Schulbildung,

sondern des lebenslangen Versuchs,

sie zu erwerben."

"A sabedoria não é resultado de uma formação escolar,

porém é a tentativa de uma vida inteira

em alcançá-la."

Albert Einstein

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VII

Agradecimentos

A Deus pela minha vida e por eu ser capaz de chegar até aqui.

Aos meus pais, David e Ana, por estarem sempre ao meu lado me apoiando,

investindo no meu futuro e acreditando em mim.

A toda minha família, em especial às tias Marisa pelos almoços e ajuda com

livros e Madalena pelas caronas ao longo da graduação, além também do apoio.

A Rafael, mais que um namorado, também amigo, que me aguentou durante a

tensão pré e durante TCC, e mais que isso, esteve sempre ao meu lado, me ouvindo,

incentivando e acreditando em mim.

As minhas amigas desde os velhos e bons tempos, Luana, Larissa, Tati, Carol,

Chaianny e Amanda.

A Carla e a Juliana, minhas orientadoras, que me receberam nesse finalzinho da

graduação e me ajudaram MUITO nesse trabalho que tinha tão POUCO tempo para ser

realizado. Obrigada por me incentivar e apoiar.

Ao Dr. Wilson Savino por me receber em seu laboratório e permitir a realização

desse trabalho.

Ao Dr. Michael Hahne, nosso colaborador, quem caracterizou APRIL e cedeu os

camundongos transgênicos ao nosso grupo.

A Cláudia, minha tutora, que me escutou e aconselhou bastante nos últimos

períodos da faculdade.

A Fátima, por ter me ajudado com a análise das células B e por ter aceitado

participar da minha banca.

A Désio, por me incentivar, infectar os camundongos e aceitar participar na

minha banca.

A Cecília, que mesmo do outro lado do Atlântico, me deu várias dicas e

conselhos.

A Douglas por me ajudar com os anticorpos e com as complexas células B.

A Dani e Luiz que me ajudaram com as parasitemias e com os experimentos de

citometria.

A Alexandre Morrot e Ailin pela ajuda com a PCR em tempo real.

A minha querida turma 107.48 (carinhosamente, a PATOTA) pelos ótimos

momentos durante os últimos anos. Em especial, a Alice, Thaysse, Helena, Thiago,

Aline, Stephanie, Matheus, Gabriel, Ana Paula e Vivian.

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VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACK – tampão de lise cloreto de amônio (Ammonium-Chloride lysing buffer)

ADCC - citotoxicidade mediada por célula dependente de anticorpo (Antibody-

Dependent Cell-Mediated Cytotoxicity)

AICD - morte celular induzida por ativação (Activation-Induced Cell Death)

APC – aloficocianina (Allophycocinin)

APRIL – ligante indutor de proliferação (A Proliferation Inducing Ligand)

BAFF – fator ativador de célula B (B-cell activation factor)

Bax - Bcl-2–associated X protein

Bcl-2 - linfoma associado à célula B-2 (B-cell lymphoma-2)

Bcl-xl - B-cell lymphoma-extra large

BCMA – antígeno de maturação de célula B (B Cell maturation antigen)

BLyS – estimulador de célula B (B-lymphocyte stimulator)

CAML - Calcium modulator cyclophilin ligand

CD – marcadores de superfície celular (Clusters of differentiation)

cDNA - Ácido desoxirribonucléico complementar (complementary deoxyribonucleic

acid)

CO2 – Dióxido de Carbono

dNTP – desoxinucleosídeo trifosfatado (Deoxynucleoside triphosphates)

DTT - Dithiothreitol

ERK - quinase reguladora de sinal extracelular (Extracellular signal–regulatory

kinase)

FACS – Fluorescence activated cell sorter

FasL - Ligante de Fas

Fas - também chamado CD95, é um membro da família TNF (TNFRSf6)

FITC – isotiocianato de fluoresceína (Fluorescein isothiocyanate)

GAPDH - desidrogenase gliceraldeído 3-fosfato (Glyceraldehyde 3-phosphate

dehydrogenases)

HSPG - proteoglincanas de heparan-sulfato (Heparan sulfate proteoglycans)

IFN-γ - Interferon-gama

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IX

Ig – Imunglobulina

IL – Interleucina

JNK - c-Jun N-terminal kinase

MAPK - Mitogen-activated protein kinase

Mcl-1 - Induced myeloid leukemia cell differentiation protein

MHC – complexo principal de histocompatibilidade (Major histocompatibility

complex)

mm – Milímetro

NF-kB - Nuclear factor kappa-light-chain-enhancer of activated B cells

NK – células “assassinas” naturais (Natural Killer cells)

PBS – salina tamponada com fosfato (Phosphate Buffered Saline)

PCR – reação em cadeia da polimerase (Polymerase chain reaction)

PE – ficoeritrina (Phycoeritrin)

PercP – proteína piridina de clorofila (Piridin-chlorophyll-a-protein)

RPM – Rotações por minuto

RPMI - Roswell Park Memorial Institute

SBF – soro bovino fetal

SPF – livre de patógeno específico (Specific pathogen free)

TACI – Transmembrane activator and CAML interactor

TCR – receptor de células T (T cell receptor)

TGF-beta - Transforming growth factor beta

Th – célula T auxiliadora (T helper cell)

TNF – fator de necrose tumoral (Turmor necrosis factor)

TNF-R - receptor do fator de necrose tumoral (Tumor necrosis factor receptor)

TRAF - Fator Associado ao TNF-R (TNF Receptor Associated Factor)

XIAP - X-linked Inhibitor of Apoptosis Protein

μL – Microlitro

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X

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Distribuição geográfica da Doença de Chagas no mundo........................... 2

Figura 2. Ciclo biológico do protozoário flagelado Trypanosoma cruzi.................... 3

Figura 3. Funções biológicas de APRIL (a proliferation-inducing ligand) em

células normais e malignas.......................................................................... 13

Figura 4. Sinalização intracelular através dos receptores para APRIL....................... 14

Figura 5. Variação da parasitemia e celularidade dos diferentes compartimentos

linfoides........................................................................................................ 24

Figura 6. Esquema representativo da análise das subpopulações de linfócitos T e B. 26

Figura 7. Análise por citomeria de fluxo das subpopulações de linfócitos T............. 27

Figura 8. Análise por citomeria de fluxo das subpopulações de linfócitos B............. 28

Figura 9. Análise por citometria de fluxo do percentual de células TACI+................ 29

Figura 10. Análise por citometria de fluxo do percentual de TACI em linfócitos........ 30

Figura 11. Número de células TACI+ dentro de diferentes subpopulações de células

T e B............................................................................................................ 31

Figura 12. Análise por PCR em tempo real da expressão gênica (2-Δct

) de TACI,

BCMA APRIL e BAFF............................................................................... 33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tampão de lise ACK (Amonium-Chloride Lysing buffer) pH 7,2 – 7,4......... 19

Tabela 2. Preparação do mix para PCR.......................................................................... 23

Tabela 3. Sequências dos primers utilizados.................................................................. 23

Tabela 4. Variações nos compartimentos linfoides na infecção chagásica murina........ 40

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XI

RESUMO

APRIL, BAFF e seus receptores TACI e BCMA não haviam sido ainda estudados dentro

do contexto da doença de Chagas. Esta enfermidade, causada pelo Trypanosoma cruzi

(T. cruzi), é endêmica em vários países da América Latina e é considerada um problema

de saúde pública. Ao longo da infecção experimental murina, o sistema imunológico

desencadeia ativação da resposta imune inata e adaptativa, sendo observada uma

imunossupressão acompanhada de ativação policlonal de linfócitos T e B. APRIL e

BAFF, indutores de processos biológicos tais como proliferação, diferenciação,

sobrevivência e morte celulares, podem ligar-se a dois receptores: BCMA e TACI. Tanto

BCMA como TACI são expressos por células B, enquanto que as células T expressam

apenas TACI. Portanto, este trabalho buscou caracterizar a expressão de TACI e BCMA

e seus ligantes APRIL e BAFF nos linfonodos subcutâneos e mesentéricos, baço e

líquido peritoneal de camundongos BALB/c infectados por T. cruzi (cepa Tulahuén).

Após colhermos as células desses órgãos verificamos através da citometria de fluxo a

expressão de um dos receptores, o TACI, nas diferentes subpopulações de células T e B.

Ainda amplificamos por PCR quantitativa em tempo real de mRNA APRIL, BAFF, e os

receptores TACI e BCMA das células destes compartimentos para observarmos a

expressão gênica destas proteínas comparando animais infectados com não infectados.

Nossos resultados preliminares indicam uma resposta diferenciada em cada órgão

envolvido na infecção murina por T. cruzi. E com relação à expressão de TACI, BCMA,

APRIL e BAFF, podemos sugerir que BAFF, mais que APRIL, possivelmente é o

principal ligante modulado na infecção. E mais, a cavidade peritoneal é o compartimento

que apresenta variações mais evidentes de todas essas moléculas.

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XII

ABSTRACT

APRIL, BAFF and its receptors TACI and BCMA had not yet been studied within the

context of Chagas disease. This disease, caused by Trypanosoma cruzi (T. cruzi) is

endemic in several countries in Latin America and is considered a public health

problem. Throughout the experimental murine infection, the immune system leads to

the activation of innate and adaptive immune response. That response envolves an

immunosuppression and a polyclonal activation of T and B lymphocytes. APRIL and

BAFF, that induce biological processes such as proliferation, differentiation, survival

and cell death, can bind to two receptors, BCMA and TACI, expressed in T and B cells.

Both BCMA and TACI are expressed by B cells, whereas T cells only express TACI.

Therefore, this study aimed to characterize the expression of TACI, BCMA and its

ligands APRIL and BAFF in subcutaneous and mesenteric lymph nodes, spleen and

peritoneal fluid of BALB/c mice infected by T. cruzi (Tulahuen strain). After harvesting

the cells of these organs, we verified by flow cytometry the expression of the receptor,

TACI, in the different subpopulations of T and B cells. Also, by real-time quantitative

PCR, we amplified the APRIL, BAFF, and the receptors TACI and BCMA mRNA of

the cells obtained from these compartments to observe the gene expression of these

proteins, comparing infected animals with uninfected. Thus, our preliminary results

indicate a differential response in each compartment involved in murine T. cruzi

infection. And with respect to the expression of TACI, BCMA, BAFF and APRIL, we

suggest that BAFF, but not APRIL, is possibly the main ligand modulated in this

infection. Moreover, the peritoneal cavity is the one that presents the most apparent

variations of all these molecules.

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XIII

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS IX

LISTA DE FIGURAS IX

LISTA DE TABELAS XI

RESUMO XII

ABSTRACT XIII

1. INTRODUÇÃO 1

1.1. Doença de Chagas 1

1.1.1. Epidemiologia 1

1.1.2. Ciclo da Doença de Chagas 2

1.1.3. Manifestações clínicas 4

1.2. Modelo experimental da doença 5

1.3. Sistema Imune na doença de Chagas 5

1.3.1.Comportamento dos órgãos linfoides 8

1.4. Família dos Fatores de Necrose Tumoral (TNF – tumor necrosis factor) 11

1.5. APRIL (A PRoliferation-Inducing Ligand) 11

1.5.1. Processamento de APRIL 12

1.5.2. APRIL e seus receptores 13

2. JUSTIFICATIVA 17

3. OBJETIVOS 17

3.1. Objetivo geral 17

3.2. Objetivos específicos 17

4. MATERIAIS E MÉTODOS 18

4.1. Animais e infecção 18

4.2. Obtenção das células 18

4.3. Citometria de fluxo 19

4.4. Extração do RNA 20

4.5. Obtenção do cDNA 20

4.6. PCR em tempo real 22

4.7. Análises estatísticas 22

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XIV

5. RESULTADOS 24

5.1. Curva de parasitemia e celularidade. 24

5.2. Comparação entre subpopulações de células T e B. 25

5.3 Expressão de TACI em linfócitos T e B. 28

5.4 Expressão gênica de APRIL, BAFF e seus receptores TACI e BCMA. 31

6. DISCUSSÃO 34

7. CONCLUSÃO 41

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Doença de Chagas

1.1.1. Epidemiologia

A doença de Chagas (também conhecida como tripanosomíase americana), cujo

agente etiológico é o parasita intracelular Trypanosoma cruzi (T. cruzi), é a maior causa

de infecção cardíaca na América Latina, sendo endêmica em vários países nessa região

(WHO, 2005). A Organização Mundial de Saúde relata que existam em torno de 18

milhões de pessoas infectadas e mais de 100 milhões em risco de infecção no mundo

(WHO, 2007) (Figura 1).

A infecção pelo T. cruzi é considerada um problema de saúde pública em vários

países e uma doença tropical negligenciada com deficiências de tratamento, ausência de

vacinas apropriadas e disseminação mundial (Hotez et al., 2006; Savino et al., 2007)

(Figura 1). Nos países onde a doença é endêmica, é principalmente transmitida pelo

vetor, seja durante a hematofagia ou por transmissão oral através da ingestão de

alimentos contaminados (Gascón et al., 2007; Valente et al., 1999; Prata et al., 2001).

Esta última provocou os episódios de surto epidêmico de quadro agudo da doença de

Chagas em vários estados como Amazonas, Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina,

corroborando com o fato de que esta enfermidade ainda representa um importante

problema de saúde pública no país (De Meis et al., 2009; Nóbrega et al., 2009; Dias et

al., 2008; Marcili et al., 2009). Por outro lado nos paises não endêmicos, as transfusões

sanguíneas e transplantes de órgãos são as formas que representam maior risco de

transmissão, devido ao elevado números de imigrantes (Milei et al., 2009). Apesar de

apresentar menor relevância epidemiológica, há também a transmissão acidental em

laboratórios e a infecção congênita (Dias et al., 2000; Milei et al., 2009) .

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2

Figura 1. Distribuição geográfica da Doença de Chagas no mundo. A endemicidade é

observada principalmente na América Latina, sendo que o aumento do número de casos

nos países mais desenvolvidos ocorre devido ao elevado número de imigrantes

(http://www.revistapesquisa.fapesp.br/arq/r/pt/924/memoria2_mapa.jpg).

1.1.2. Ciclo da Doença de Chagas

No decorrer do seu ciclo biológico, o parasita apresenta diferentes formas. No

triatomíneo, o parasito replica-se sob a forma epimastigota no intestino anterior e

diferencia-se, no intestino posterior, em tripomastigota metacíclico flagelado, forma

infectante para o vertebrado que é encontrada nas fezes do barbeiro (Garcia &

Azambuja, 1991). Durante ou logo após a hematofagia, o inseto deposita suas fezes no

local da picada, e através da região da picada, o parasita chega a corrente sanguínea do

hospedeiro vertebrado (Revisado por Rey, 2002). Neste, o tripomastigota sanguíneo

entra em contato com diferentes tecidos e pode infectar uma grande variedade de

células, incluindo macrófagos, fibroblastos, células musculares esqueléticas, células

epiteliais e neuronais (Gutierrez et al., 2009). No interior dessas células o T. cruzi

diferencia-se para a forma amastigota (que não apresenta flagelo livre) e replica-se no

citoplasma, escapando de vacúolos fagocíticos. Antes de romper a célula hospedeira, a

forma amastigota diferencia-se em tripomastigota sanguíneo, forma infectante para o

inseto vetor e outras células do hospedeiro (Buscaglia & Di Noia, 2003) (Figura 2).

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3

Figura 2. Ciclo biológico do protozoário flagelado Trypanosoma cruzi. 1) O

triatomíneo alimenta-se de sangue e deixa no local as fezes contendo tripomastigotas

metacíclicos que entram pelo local da picada ou membrana mucosa. 2) Tripomastigotas

metacíclicos penetram em várias células no local da picada, incluindo macrófagos,

fibroblastos, células musculares esqueléticas, células epiteliais e neuronais. No interior

destas, proliferam sob a forma amastigota. 3) Amastigotas multiplicam-se por divisão

binária nas células infectadas. 4) Amastigotas intracelulares transformam-se em

tripomastigotas, destroem a célula e vão para a corrente sanguínea. Tripomastigotas

podem infectar outras células e transformam-se em amastigotas intracelulares em novos

sítios de infecção. 5) O triatomíneo alimenta-se do sangue, ingerindo os tripomastigotas.

6-7) Epimastigotas multiplicam-se no intestino médio. 8) Posteriormente, diferenciam-

se em tripomastigotas metacíclicos no intestino posterior (Adaptado do site do CDC -

Centers for Disease Control and Prevention).

Estágios no triatomíneo

Estágios em mamíferos

Estágio infectante

Estágio diagnóstico

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1.1.3. Manifestações clínicas

A doença de Chagas possui duas fases clínicas: aguda e crônica.

Fase aguda

A fase aguda tem início logo após o inóculo do parasita no hospedeiro. Quando a

infecção ocorre através da picada do inseto vetor, pode ocorrer uma reação inflamatória

local, conhecida como Chagoma de Inoculação (Sinal de Romana), podendo apresentar

edema e linfadenopatia local em torno de 7-14 dias (Revisado por Rey, 2002). Essa fase

caracteriza-se pela presença de tripomastigotas sanguíneos liberados devido à intensa

multiplicação do parasita nos tecidos. Desta forma, durante a fase aguda são comumente

observados nas células musculares e da glia, ninhos de amastigotas (Tanowitz et al,

1992; Prata et al., 2001). A fase aguda pode ser assintomática em 95% dos casos, e nos

sintomáticos, as manifestações clínicas são febre, dores musculares e nas articulações,

sonolência, diarreia, linfadenomegalia, hepatomegalia, distúrbios respiratórios, cianose

e coma (Revisado por Teixeira et al., 2006). Um sintoma importante dessa fase é a

miocardite causada pelo parasitismo das fibras do miocárdio que levam a uma intensa

resposta inflamatória, destruindo, portanto, tanto o tecido infectado como o não

infectado (Luppi et al, 1998; Dias et al., 2000). Há pacientes infectados que morrem

nessa fase da doença devido às complicações da miocardite e meningoencefalite, mas a

maioria apresenta recuperação espontânea em 3-4 meses (Teixeira et al., 2006). O

desenvolvimento da fase aguda pode variar de acordo com a cepa de T. cruzi e a

resistência do hospedeiro (Kierszenbaum & Sztein, 1990). Posteriormente, a doença

torna-se assintomática e latente por até 20 anos após infecção e pode ou não evoluir

para fase crônica (Vitelli-Alvelar et al., 2006). Cerca de um terço dos indivíduos

infectados evoluem para uma fase crônica sintomática e passam a apresentar

morbidades como cardiomiopatia, megacólon ou megaesôfago. Em geral, esses

pacientes possuem uma expectativa de vida reduzida em 9 anos (Punukollu et al.,

2007).

Fase crônica

Dois terços das 18 milhões de pessoas na fase crônica da infecção não

apresentam manifestações clínicas detectáveis da doença de Chagas. Dos sintomáticos,

94,5% dos pacientes apresentam doença cardíaca e os 4,5% restantes apresentam a

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síndrome dos mega (megaesôfago e megacólon) (Meneghelli et al., 1982). A

cardiomiopatia chagásica crônica é um dos sintomas mais importantes na doença e a

principal causa de morte nos pacientes. Essa cardite pode gerar cardiomegalia, arritmia e

falência do órgão (Higuchi et al., 2003).

1.2. Modelo experimental da doença

Devido à dificuldade de estudos mais aprofundados em pacientes, os modelos

experimentais da doença de Chagas são amplamente utilizados para analisar os vários

aspectos do processo infeccioso. Grande parte do conhecimento que se tem sobre a

biologia da infecção foi inicialmente obtida a partir do modelo murino experimental. Na

fase aguda, os camundongos apresentam intensa ativação das respostas inata e

adaptativa. Assim como observado em pacientes, camundongos infectados apresentam,

na fase aguda, esplenomegalia e hipertrofia dos linfonodos subcutâneos (Minoprio,

2001; Minoprio et al., 1986, 1988). Ainda no modelo murino, achados anteriores do

nosso laboratório demonstraram que os linfonodos mesentéricos e o timo sofrem um

atrofia na infecção (Savino et al., 1989; De Meis et al., 2006; Savino, 2006).

1.3. Sistema Imune na doença de Chagas

Ao longo da infecção pelo T. cruzi, são observadas diversas variações no sistema

imune e a evolução dessa infecção depende das características genéticas do hospedeiro

e do parasita (Kierszenbaum & Sztein, 1990). Sendo assim, existem particularidades

imunológicas relacionadas a esta doença.

Células do sistema imune inato são capazes de responder contra patógenos

intracelulares como o T. cruzi, em particular, macrófagos e células dendríticas. Estas

células quando ativadas tornam-se potentes apresentadoras de antígenos e ativadoras da

resposta imune adaptativa. Elas iniciam uma ação microbicida através da produção

exacerbada de IFN-γ e TNF-α bem como ativação de células Natural Killer (NK)

através de IL (interleucina)-12, estimulando uma grande produção de óxido nítrico que

contribuem para o controle inicial da infecção (Lima-Martins et al., 1985).

Sensibilizam, também, células não-hematopoéticas, em particular miócitos e adipócitos

(Revisado por Tarleton, 2007).

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Na fase aguda, observa-se uma intensa ativação policlonal de células T CD4+ e

CD8+ e B, que são expandidas em órgãos linfoides periféricos persistindo até a fase

crônica da doença (Minoprio et al., 1986).

Essa ativação é seguida de imunossupressão de linfócitos, mediada por células

T e macrófagos, que controla o escape e a permanência do parasita nos tecidos

(Tarleton, 1988). Além disso, o aumento na produção de óxido nítrico estimula a

produção de Fas e FasL em linfócitos levando-os à apoptose e promovendo lesões

teciduais progressivas características da doença, como a miocardite (Martins et al.,

1999). Foi observada também uma deficiência da produção de IL-2 e uma menor

expressão de CD25 (cadeia alfa do receptor para IL-2) em células T também contribuem

para essa imunossupressão (Tarleton, 1988).

Na fase aguda, são observados numerosos parasitas circulantes, resultando em

uma ativação das respostas imunes humoral e celular (Dorn et al., 2007). O controle

imunológico da parasitemia é essencial para evitar as lesões crônicas no coração,

esôfago, cólon e sistema nervoso periférico (Tarleton et al., 2007). Estudos em

camundongos deficientes de MHC de classe I ou de classe II revelaram uma elevada

susceptibilidade a infecção e morte desses animais, demonstrando assim que linfócitos

T CD4+ e CD8

+ são importantes no controle da doença (Hotez et al., 2006; Savino et

al., 2007). Outros grupos também demonstraram o papel das citocinas produzidas por

células CD4+ e CD8

+ na resistência e susceptibilidade à infecção por T. cruzi. Desse

modo, citocinas do tipo Th1 (IFN-γ, TNF-α e IL-12) estão relacionadas com resistência

à infecção, aumentando a capacidade microbicida dos macrófagos (Abrahamsohn &

Coffman, 1996; Silva et al., 1995). Por outro lado as citocinas do tipo Th2 (IL-10 e IL-

4) aumentam a susceptibilidade à infecção por T. cruzi (Kumar & Tarleton, 2001;

Barbosa-de-Olveira et al., 1996).

As respostas inata e adaptativa são desencadeadas pelo parasita e suas moléculas

de superfície. Durante a fase aguda, há uma exacerbada produção de citocinas

inflamatórias, incluindo IL-12, TNF-α e IFN-γ. Estudos mostraram que camundongos

deficientes de IFNγ e TNF-R (receptor) são mais susceptíveis a infecção que os

selvagens, portanto a produção destas citocinas pode estar associada à proteção contra o

parasita (Aliberti et al., 2001; Bilate et al., 2008). Entretanto, camundongos deficientes

de IL-10, apesar do eficiente controle da infecção, desenvolvem uma síndrome similar

ao choque endotóxico provocada pela elevada produção de TNF-α e IFN-γ, mostrando

que a ausência das citocinas anti-inflamatórias tem efeitos prejudiciais (Holscher et al.,

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2000). Os altos níveis de TNF-α estão associados à elevada parasitemia, perda de peso e

mortalidade. Sendo assim, essa citocina em altas concentrações pode apresentar um

papel negativo na fase aguda (Bilate et al., 2007; De Meis et al., 2006). Trabalhos

recentes relatam o papel do TGF-β na infecção por T. cruzi. A inibição do receptor

dessa citocina dificulta a invasão do cardiomiócito e a diferenciação e liberação de

tripomastigotas, reduzindo então o número de parasitas por células infectadas (Waghabi

et al., 2007). Esses dados sugerem que o TGF-β pode ser um potencial alvo terapêutico

para tratamento da enfermidade (Waghabi et al., 2007; Bilate et al., 2008). Deste modo,

as citocinas pró-inflamatórias são essenciais para o controle da disseminação do parasita

ao passo que as anti-inflamatórias são necessárias para promover uma regulação dos

efeitos destrutivos da inflamação exacerbada a qual promove danos teciduais. Desta

forma, um balanço entre essas citocinas é essencial para manter a homeostasia tecidual

(Bilate et al., 2008).

As células B são relevantes no controle da parasitemia. Sendo assim, a depleção

de células B leva a uma elevada susceptibilidade a infecção, e a transferência de

imunoglobulinas (Ig) purificadas de camundongos infectados protege o receptor contra

infecção letal (Devera et al., 2003; Punukollu et al., 2007). Nos camundongos

infectados por T. cruzi ocorre uma ativação policlonal de células B na fase aguda, que

persiste na fase crônica. Esta ativação causa uma hipergamaglobulina poliisotípica

significativa, sendo caracterizada por um aumento considerável de imunoglobulinas e

uma resposta específica ao parasita. Durante a resposta, é comum detectar altas

concentrações de IgG2a e IgG2b entre os anticorpos específicos a T. cruzi, e IgG2a

entre os inespecíficos. Esta ativação policlonal das células B foi bem demonstrada no

modelo murino, mas ainda não está totalmente estabelecida em humanos (Spinella et

al., 1992; El Bouhdidi et al., 1994). Além do mais, a produção de anticorpos

autorreativos tem sido relacionada às células B-1 CD5+, já que há um aumento destas

no baço durante a infecção por T. cruzi (Minoprio et al., 1989). A participação dos

anticorpos no controle da infecção envolve os processos de opsonização, citoxicidade

mediada por anticorpos (ADCC - Antibody-Dependent Cell-Mediated Cytotoxicity),

ativação da via clássica do complemento e inibição de invasão da célula hospedeira

(Kumar & Tarleton, 1998; Spinella et al., 1992; Almeida et al., 1991; Mota & Umekita,

1989; Lima-Martins et al., 1985; Scott & Moyes, 1982).

No entanto, trabalhos recentes do nosso grupo demonstram que o perfil de

resposta ao parasita pode variar dependendo do órgão (linfonodos subcutâneos,

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linfonodos mesentéricos e baço), sugerindo que a análise da capacidade proliferativa e

da produção de citocinas de linfócitos deva ocorrer de forma compartimentalizada (De

Meis et al., 2006; 2009).

1.3.1. Comportamento dos órgãos linfoides

A infecção por Trypanosoma cruzi promove alterações estruturais e fisiológicas

em diferentes tecidos do sistema imune. Nos camundongos, são observados diferentes

padrões de resposta nos distintos compartimentos do sistema imune e a infecção

desencadeia uma forte ativação da resposta imune inata e adaptativa (Revisado por De

Meis et al., 2009) .

Linfonodos

Os linfonodos são órgãos linfoides secundários distribuídos pelo corpo,

especialmente em áreas de drenagem de tecidos (Fu & Chaplin, 1999). No trato

gastrointestinal e na pele, são encontrados os linfonodos mesentéricos e subcutâneos

(por exemplo, axilar, braquial e inguinal) respectivamente (Van-der-Valk & Meijer,

1987). Apresentam organização tecidual relacionada com os eventos de ativação de

linfócitos T e B. Os cordões medulares e seios linfáticos são ricos em macrófagos e

células dendríticas que são responsáveis pelo processamento de antígenos transportados

pela linfa (Van-der-Valk & Meijer, 1987). Além disso, na região paracortical, os

linfócitos T CD4+ e T CD8

+ são ativados por macrófagos e células dendríticas que

captaram o antígeno e apresentaram a essas células (van Eijik et al., 2001a). Essas

células T ativadas proliferam e uma parte vai atuar em focos inflamatórios pelo

organismo, enquanto as T CD4+ ativadas migram para a periferia da região folicular

onde ativam os linfócitos B específicos para o antígeno. Estes, após a proliferação,

tornam-se plasmócitos (Luster et al., 2002; van Eijk et al., 2001a).

A infecção por T. cruzi leva ao aumento significativo do tamanho dos linfonodos

subcutâneos (LSC) como resultado de uma intensa proliferação de linfócitos T e B

encontrada na fase aguda e crônica tanto em camundongos como em pacientes. Estudos

realizados em camundongos demonstraram que a infecção leva a um aumento de

linfócitos T em proliferação nos LSC, capazes de produzir IL-2 e proliferar após

ativação in vitro (De Meis et al., 2008) e que ocorre uma ativação policlonal de

linfócitos T e B no LSC (Minoprio, 2001; Minoprio et al., 1986, 1988). Esses linfócitos

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T ativados secretam citocinas do tipo 1 como IFN-γ e do tipo 2 como IL-4 e IL-10.

Além disso, em uma fase mais tardia da infecção, linfócitos T e B dos LSC também

sofrem apoptose por AICD (Activation-Induced Cell Death) (De Meis et al., 2006;

Revisado por De Meis et al., 2009).

Em modelos murinos de experimentação animal, a infecção por T. cruzi induz

diversas alterações nos tecidos linfoides associados ao intestino. As placas de Peyer

apresentam uma redução de número, tamanho e celularidade devido ao aumento da

depleção de linfócitos T e B (Antunez et al., 1997). Ao mesmo tempo, os linfonodos

mesentéricos (LMs) sofrem atrofia na infecção aguda por T. cruzi (Caraujo-Jorge et al.,

1993; De Meis et al., 2006). Camundongos submetidos à cirurgia de remoção dos LMs

são mais susceptíveis à infecção, com elevada parasitemia quando comparados ao grupo

controle, sugerindo então, que a resposta imune desenvolvida pelos LMs contribui para

o controle da parasitemia no curso da infecção (De Meis et al., 2008). A apoptose de

células T e B de LM ocorre no curso da infecção por T. cruzi (De Meis et al., 2006).

Corroborando com esse dado, foi observado um aumento de células positivas para

anexina-V (molécula que se liga a fosfatidilserina presente na parte externa da

membrana de células em apoptose) nos LMs de camundongos infectados (De Meis et

al., 2008). Quanto à produção de citocinas, os linfócitos T dos LMs produzem

principalmente citocinas do tipo-1 (IFN-γ), havendo uma redução da produção de IL-2,

IL-4 e IL-10 pelos linfócitos T ativados (De Meis et al., 2006, 2008). Ao contrário dos

LSCs, a infecção aguda por T. cruzi promove atrofia da cadeia de LMs com apoptose

precoce dos linfócitos T e B através das vias de Fas e TNF-R 1 (De Meis et al., 2006).

Baço

Órgão no qual os linfócitos respondem a antígenos vindos do sangue. Assim

como os linfonodos, o baço é organizado em zona de células B (folículos) e zona de

células T, onde ocorre maturação das células dendríticas. As células dendríticas

foliculares residem na zona de células B e ativam as mesmas durante a resposta humoral

(Abbas et al., 2007).

A infecção promove a ativação e expansão das células T e B do baço, levando à

esplenomegalia (Revisado por De Meis et al., 2009). Apesar de proteínas do parasita

serem capazes de induzir a expansão de células B, a contribuição dessas células na

resistência adquirida à infecção por T. cruzi permanece em discussão (Acosta Rodriguez

et al., 2007). Camundongos deficientes de células B apresentam maiores taxas de

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mortalidade nos estágios mais avançados da infecção e um aumento tardio da

parasitemia, com dificuldade de remover os tripomastigotas sanguíneos da circulação

(Kierszenbaum et al., 1976). Linfócitos T ativados do baço de camundongos infectados

por T. cruzi secretam IFN-γ, IL-4 e IL-10, sugerindo um perfil misto de secreção de

citocinas tipo Th1 e tipo Th2, semelhante ao LSC. No entanto, é observada uma

diminuição da produção de IL-2. Apesar de diversos estudos sobre o comportamento do

baço em camundongos infectados por T. cruzi, há poucos relatos do envolvimento do

baço em pacientes chagásicos, e o que já foi descrito é baseado em autópsias realizadas

na fase crônica (Revisado por De Meis et al., 2009).

Cavidade peritoneal

A cavidade peritoneal é delimitada por uma membrana, o peritônio, e abriga

células do sistema imunológico, como macrófagos, células B e T. É preenchida por

fluido e contém vários órgãos, como o baço, o fígado, o trato gastro-intestinal e outras

vísceras (Zhang et al., 2008). Essa cavidade é importante no estudo de células B devido

à existência de uma subpopulação única conhecida como células B-1, subdivididas em

B-1a e B-1b além das convencionais B-2 (Dorshkind et al., 2007; Ray et al., 2010). As

células B-1(que se originam em sua maioria no fígado fetal) são importante fonte de

IgM natural, específica para antígenos polissacarídicos e lipídicos, mesmo na ausência

de infecção, promovendo assim proteção inicial contra uma variedade de patógenos

(Boes et al., 1998; Abbas et al., 2007). Estas células são autorreativas por natureza

(Mercolino et al., 1988), entretanto, o mecanismo pelo qual elas são controladas para

prevenir autoimunidade ainda não está completamente compreendido (O'Garra et al.,

1992). Quanto às B-2, estas originam-se na medula óssea e são as células B

convencionais, como foi mencionado, as quais produzem anticorpos específicos ao

antígeno (Abbas et al., 2007).

Durante a infecção por T. cruzi, nessa cavidade, há uma marcada redução de

células B CD19+

devido à diferenciação em plasmócitos, e não à morte celular. Tanto as

células B-1 com as células B-2 peritoneais apresentam uma redução ao longo da

infecção, mas em cinéticas diferentes. As células B-2 começam a diminuir cerca de 4

dias pós-infecção e as células B-1, 12-15 dias pós-infecção. Com relação às células T,

há aumento tanto das CD4+, como CD8

+ em camundongos infectados por T. cruzi

(Merino et al., 2010). Esses dados demonstram que há uma alteração na composição

celular desta cavidade.

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1.4. Família dos Fatores de Necrose Tumoral (TNF – tumor necrosis factor)

As proteínas da família TNF são citocinas, ligantes e receptores (TNF-R) que

possuem papel importante na indução de diversos processos biológicos como

proliferação, diferenciação, sobrevivência e morte celulares (Aggarwall, 2003).

A manutenção da homeostasia do sistema imunológico depende, dentre outros

fatores, de sinais gerados por membros dessa superfamília. Além da homeostasia

tecidual, estão envolvidos na regulação de infecções, processos inflamatórios e

organogênese. No entanto, esses mesmos membros são responsáveis por efeitos danosos

observados na sepse, caquexia e doenças autoimunes (Hehlgans et al., 2005; Smith et

al, 1994). Os ligantes dessa família podem atuar ligados à superfície da membrana ou

na forma de citocinas solúveis, de maneira autócrina, parácrina ou endócrina indicando

a diversidade de funções atribuídas a essas proteínas (Smith et al., 1994).

1.5. APRIL (A PRoliferation-Inducing Ligand)

Em 1998, Hahne et al. descreveram um novo ligante da superfamília do TNF,

APRIL, também conhecido como TNFSF13A, Tall-2, TRDL-1 e CD256, que estimula a

proliferação de células tumorais in vitro e in vivo, motivo pelo qual foi denominada de

APRIL. Esta proteína foi identificada após o mapeamento genético, seguido de

alinhamentos múltiplos em bancos de dados para sequências semelhantes a outros

ligantes da família já conhecidos. Desta forma, obtiveram a estrutura primária de

APRIL que é codificada pela região cromossômica 17p13, e constitui-se de 250

aminoácidos (Hahne et al., 1998).

APRIL é expresso por tecidos tumorais, células B em desenvolvimento na

medula óssea, células B ativadas, células B-1 em repouso, monócitos, macrófagos,

células dendríticas, neutrófilos, células epiteliais, células T e por algumas células não

pertencentes ao sistema imune, como os osteoclastos, megacariócitos e células

estromais da medula óssea (Kimberley et al., 2009a; Dillon et al., 2006). Além de

estimular células tumorais, foi descrito que APRIL recombinante atua como co-

estimulador de células primárias B e T in vitro e estimula a produção de IgM por células

B de sangue periférico in vitro (Marsters et al., 2000; Yu et al., 2000). O envolvimento

de APRIL na regulação do crescimento tumoral pode não ser apenas como fator de

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crescimento no estabelecimento do tumor, mas também induz a formação do tumor

(Planelles et al., 2004). APRIL atua em células B normais e malignas, promovendo

aumento da sobrevivência, proliferação e apresentação de antígenos e também troca de

classe de imunoglobulina em vários estágios de desenvolvimento das células B (Dillon

et al., 2006).

Para maior compreensão dos efeitos da proteína in vivo e mais especificamente,

na fisiologia e patologias do sistema imune, foi de fundamental importância a criação

dos camundongos transgênicos para APRIL (Stein et al., 2002) (Figura 3).

1.5.1. Processamento de APRIL

APRIL é clivado intracelularmente e depois secretado. Não se liga à membrana,

sendo, portanto, encontrado apenas na forma solúvel no meio extracelular. A clivagem

ocorre no aparato de Golgi por uma furina, pro-proteína convertase que promove

ativação de proteínas por clivagem e processa muitos precursores inativos incluindo

hormônios, fatores de crescimento e receptores (Lopez-Fraga et al., 2001; Molloy et al.,

1999).

Figura 3. Funções biológicas de APRIL (a proliferation-inducing ligand) em células

normais e malignas. APRIL é produzido por uma variedade de tipos celulares, como

Aumenta a apresentação

antigênica de linfócitos B.

Aumenta a sobrevivência de

plasmócitos.

Linfócito B

virgem

Co-estimula a

proliferação de

linfócitos B.

Co-estimula proliferação

de linfócitos T ?

Células tumorais, monócitos, macrófagos,

células dendríticas, linfócitos, neutrófilos,

osteoclastos, células estromais da medula

óssea e megacariócitos.

Aumenta a proliferação e

sobrevivência de células

tumorais.

Induz mundança de classe

de anticorpos para IgA e

IgG.

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células tumorais, monócitos, macrófagos, células dendríticas, linfócitos, neutrófilos,

osteoclastos, células estromais da medula óssea e megacariócitos. Pode atuar tanto em

células B normais como malignas aumentando sua sobrevivência, proliferação, função

de apresentação de antígeno e troca de classe de imunoglobulina em vários estágios de

desenvolvimento das células B. Parece aumentar a sobrevivência e proliferação de

vários carcinomas e, assim como Blys (B lymphocyte stimulator) co-estimular células T

sob determinadas condições (Adaptado de Dillon et al., 2006).

1.5.2. APRIL e seus receptores

APRIL é capaz de ligar-se a dois receptores já caracterizados, TACI

(transmembrane activator and calcium modulator cyclophilin ligand interactor) e

BCMA (B cell maturation antigen), assim como a citocina BAFF (B-cell activating

factor, também chamado de Blys – B lymphocyte stimulator), outro membro da mesma

subfamília de TNF (Mackay et al., 2006), devido ao fato de ambos possuírem uma

grande semelhança estrutural. Sabe-se que APRIL liga-se com maior afinidade a

BCMA, ao passo que BAFF possui maior afinidade por TACI (Marsters et al., 2000).

Tanto BCMA como TACI são expressos por células B, enquanto que as células T

expressam apenas TACI (Mackay et al., 2003). Inicialmente, TACI foi descrito, apenas

em células T ativadas (von Bülow & Bram, 1997). Os estudos sobre o efeito de APRIL

em linfócitos T ainda não estão bem compreendidos, no entanto foi visto que a proteína

parece ser fundamental para a sobrevivência destas células (Mackay & Leung, 2006).

Recentemente foi demonstrado que em camundongos, linfócitos T CD4+ e CD8

+ de

baço, linfonodos mesentéricos e subcutâneos, assim como de lavado peritoneal,

expressam o receptor TACI constitutivamente (Hardenberg et al., 2008). BAFF possui

um terceiro receptor, BR3 (BAFF-R), e este não é dividido com APRIL (Thompson et

al., 2001). Por outro lado, foi descrito que APRIL liga-se também a outro receptor ainda

não caracterizado expresso em células tumorais, pois algumas células tumorais de

linfoma de células T humano (Jurkat) proliferam em resposta à proteína, mas não

possuem os receptores TACI e BCMA (Hahne et al., 1998; Rennert et al., 2000). Foi

observado que APRIL liga-se especificamente a proteoglicanos de heparan sulfato

(HSPG – heparan sulfate proteoglycan) na superfície de células tumorais, sugerindo

então, que HSPG seja o terceiro receptor de APRIL (Hendriks et al., 2005). A

administração de BCMA-Fc não afeta a ligação entre APRIL e HSPG, sugerindo que a

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seqüência protéica envolvida nesta ligação é diferente daquela necessária para a ligação

com BCMA e TACI, sendo assim, uma ligação específica para HSPG (Ingold et al.,

2005).

A ligação com BCMA e TACI influencia a atividade das células B, pois

promove ativação destes receptores, aumentando a sobrevivência celular, proliferação, a

expressão de moléculas co-estimulatórias, a apresentação antigênica, assim como induz

mudança de classe de imunoglobulinas para IgG e IgA, e formação de centro

germinativo (Yang et al., 2005; Dillon et al., 2006).

As vias de transdução de sinais (Figura 4) utilizadas por estes estão parcialmente

caracterizadas. Até o momento, sabe-se que TACI e BCMA ativam a via clássica do

fator de transcrição NF-kB (nuclear factor kappa-light-chain-enhancer of activated B

cells) (Marsters et al., 2000). Esta ativação promove, principalmente, a produção de

anticorpos e o aumento de sobrevivência em linfócitos através da interação com os

membros da família TRAF (TNF Receptor Associated Factor) (Kimberley et al.,

2009a). O efeito de APRIL na inibição de morte foi descrito como resultado da

modulação de proteínas evolvidas com apoptose, pois estimula o aumento de fatores

anti-apoptóticos e leva à diminuição dos pró-apoptóticos (Stein et al., 2002, He et al.,

2004; Kern et al., 2004; Belnoue et al., 2008). Entretanto, ainda não se sabe se a

interação entre HSPG e APRIL ativa algum sinal intracelular. Essa interação com

APRIL auxiliaria o acúmulo da proteína na membrana facilitando, assim, a sinalização

através dos outros receptores (Kimberley et al., 2009b). As vias envolvidas com o

receptor BCMA associam-se aos fatores TRAF1, TRAF2 e TRAF3 resultando na

ativação de NF-kB, Elk 1, JNK (c-Jun N-terminal kinase) e p38 (Mukhopadhyay et al.,

1999; Hatzoglou et al., 2000; Marsters et al., 2000). Enquanto o domínio intracelular do

receptor TACI interage com os fatores TRAF2, TRAF5 e TRAF6 ativando, NF-kB e

JNK (Xia et al., 2000). Diminuindo então, os níveis das proteínas pró-apoptóticas Bim,

Bax (Bcl-2–associated X protein) e p53, e, paralelamente, aumentando a expressão de

proteínas anti-apoptóticas Bcl-2 (B-cell lymphoma 2), Bcl-xL (B-cell lymphoma-extra

large), Mcl-1 (Induced myeloid leukemia cell differentiation protein), XIAP (X-linked

Inhibitor of Apoptosis Protein) (He et al., 2004; Kimberley et al., 2009a). As vias

responsáveis pelas demais funções de APRIL ainda não estão totalmente caracterizadas,

no entanto, sabe-se que os receptores dessa proteína ativam diferentes vias que levam ao

aumento da sobrevivência (Belnoue et al., 2008).

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Figura 4. Sinalização intracelular através dos receptores para APRIL. APRIL pode

ligar-se a TACI, BCMA e HSPG. No entanto não se sabe se este último leva a uma

sinalização intracelular. BCMA e TACI recrutam diferentes TRAFs, sendo que TRAF-2

pode ligar-se a ambos. A principal via de sobrevivência descrita para estes receptores é

a do NF- kB, com ativação de vários fatores de transcrição e resultando na modulação

de proteínas anti- e pró-apoptóticas. Ao final, há um aumento da sobrevivência e

possivelmente de proliferação. Além destes, em células B, TACI pode levar a troca de

classe de imunoglobulina e produção de IgA (Modificado de Kimberley et al., 2009a).

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2. JUSTIFICATIVA

APRIL e BAFF possuem dois receptores em comum, TACI e BCMA. Com relação

a BAFF, já foram descritos níveis séricos elevados na infecção por T. cruzi e que essa

proteína poderia possuir efeito na ativação policlonal de células B na infecção chagásica

experimental murina. No entanto, neste contexto, não há relatos referentes às demais

moléculas. APRIL, por exemplo, tem sido principalmente relacionado a neoplasias e

doenças autoimunes. Sabemos que diferentes moléculas estão envolvidas na resposta

imunológica da doença de Chagas, a qual promove alterações em células linfoides do

hospedeiro. Portanto, considerou-se relevante verificar o comportamento desses ligantes e

receptores nessa enfermidade que acomete milhões de pessoas na América Latina.

3. OBJETIVOS

Objetivo geral:

Caracterizar a expressão de TACI e BCMA e seus ligantes APRIL e BAFF nos

linfonodos subcutâneos e mesentéricos, baço e células da cavidade peritoneal de

camundongos BALB/c infectados por T. cruzi comparados com animais não infectados.

Objetivos específicos:

Caracterizar por citometria de fluxo a expressão de TACI em linfócitos T e B

de linfonodos subcutâneos e mesentéricos, baço e cavidade peritoneal.

Avaliar por PCR em tempo real a expressão gênica do mRNA de TACI, BCMA,

APRIL e BAFF em células totais de linfonodos subcutâneos e mesentéricos, baço e

cavidade peritoneal

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Animais e infecção

Foram utilizados camundongos BALB/c machos de 6-8 semanas de idade

obtidos no biotério central da Fundação Oswaldo - RJ (CECAL) e mantidos no biotério

experimental do Pavilhão Leônidas Deane em condições SPF (Specific Pathogen Free)

Foram estabelecidas culturas de células Vero, com partida de 2x104 células/mL.

Após 24 horas, estas culturas foram infectadas com 20 parasitas/célula (8 horas) por

tripomastigotas da cepa Tulahuén de T. cruzi isoladas de sangue de camundongos

BALB/c machos com 7-8 semanas. Posteriormente ao período de infecção, os parasitas

livres foram retirados do sobrenadante por repetidos banhos em PBS. Após cinco dias

em co-cultivo com as células Vero, os parasitas liberados foram recolhidos, lavados por

centrifugação (800g) e contados em câmara de Neubauer

A infecção foi realizada por inoculação intraperitoneal de 10² tripomastigotas.

Todos os protocolos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética de uso de

animais da FIOCRUZ (Licença CEUAL-0024/07).

A eficácia da infecção foi confirmada através da realização da parasitemia,

utilizando 5 μL de sangue isolados da porção distal da cauda do camundongo, sendo em

seguida, quantificados os parasitas presentes em 50 campos entre lâmina e lamínula

(18x18mm).

4.2. Obtenção das células

Os animais controles e infectados foram eutanasiados, 14 dias pós infecção, em

câmara de CO2 de acordo com as orientações éticas para uso de animais na

experimentação e os linfonodos subcutâneos (inguinal, axilar e braquial) e

mesentéricos, baço e células da cavidade peritoneal foram removidos.

Linfonodos subcutâneos e mesentéricos

Os linfonodos subcutâneos e mesentéricos de cada animal depois de retirados

foram mantidos em meio RPMI com 10% de SBF mantido a 4°C. Em seguida foram

macerados em potter de vidro, sendo as suspensões celulares centrifugadas a 450 g por

5 minutos, 4°C. O sobrenadante foi desprezado, e as células ressuspedindas em 1mL de

meio RMPI suplementado com 10% de SBF para contagem. Durante esse

procedimento, o material foi conservado e trabalhado a 4°C.

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18

Baço

Os baços foram imersos em PBS à temperatura ambiente. Após macerados,

foram colocados em tubos Falcon de 15 mL e centrifugados 450 g por 5 minutos. O

sobrenadante foi retirado e os esplenócitos ressuspendidos em 1 mL de tampão ACK

para lise das hemácias. Após homogeneizar lentamente, as células com solução ACK

foram mantidas em repouso por 7 minutos em temperatura ambiente. Posteriormente a

outra homogeneização, os resíduos da cápsula do órgão foram retirados e a suspensão

celular em ACK permaneceu mais 2 minutos em repouso em temperatura ambiente. Em

seguida, foram adicionados 10 mL de meio PBS, as amostras foram centrifugadas a 450

g por 5 minutos e o sobrenadante desprezado. Foram adicionados 10 mL de PBS e após

nova centrifugação a 450 g por 5 minutos, o sobrenadante foi desprezado. Em seguida

para contagem dos esplenócitos, foi adicionado então 1 mL meio RPMI com 10% de

SBF. Na etapa final, após a lise com ACK, o material foi mantido a 4°C.

Reagente Quantidade

NH4Cl 01,5M 8,29g

KHCO3 mM 1g

EDTA 0,1mM 200mL

Água destilada Volume até completar 1 litro

Tabela 1. Tampão de lise ACK (Amonium-Chloride Lysing buffer) pH 7,2 – 7,4

Cavidade peritoneal

As células peritoneais foram obtidas a partir de um lavado injetando-se na

cavidade 3 mL de meio RPMI com 10% de SBF. Após realizar uma massagem na

região para que o meio alcançasse a maior quantidade possível de células da cavidade,

recolheu-se a suspensão celular com a seringa. A amostra foi centrifugada a 450 g por 5

minutos, 4ºC e o sobrenadante desprezado. As células foram ressuspendidas em 1mL de

RMPI com 10% de SBF para contagem. Sempre mantendo o material a 4°C.

Contagem celular

A análise da viabilidade celular das amostras foi realizada por exclusão das

células não viáveis através do corante Azul de Trypan (0,04%) em câmara de Neubauer.

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19

4.3. Citometria de fluxo

Essa técnica foi realizada para analisar diferentes subpopulações de linfócitos T

e B presentes nos órgãos estudados e a expressão de TACI, receptor para APRIL e

BAFF, na superfície destas células.

Para os estudos da população de linfócitos T foram utilizados os anticorpos

monoclonais anti-TCRβ conjugado a FITC (BD - Becton Dickinson, EUA) em diluição

1:50; anti-CD4 conjugado a APC (BD, EUA) em diluição 1:50 e anti-CD8 conjugado a

PercP (BD, EUA) em diluição 1:50. Para estudo da população de linfócitos B, foram

utilizados os anticorpos monoclonais anti-CD19 conjugado a APC (Pharmingen, EUA)

em diluição 1:100; anti-IgD conjugado a FITC (Pharmingen, EUA) em diluição 1:100 e

anti-CD5 biotinilado (Pharmingen, EUA) em diluição 1:50 + estreptavidina PECy5.5

(Pharmingen, EUA) em diluição 1:100 . Todas as amostras celulares foram marcadas

com o anticorpo monoclonal anti-TACI conjugado a PE (R&D Systems, EUA) em

diluição 1:10 para avaliação da expressão deste receptor. Como controle isotípico do

anti-TACI PE foi utilizado IgG2a rat conjugado a PE (BD, EUA) em diluição 1:10.

Após contagem das células dos órgãos utilizados, 106 células foram distribuídas

por poço de uma placa de 96 poços de fundo “V”. Em seguida, foram lavadas por

centrifugação a 450 g por 5 minutos, 4 °C. O sobrenadante foi desprezado e 2 μL de

soro normal de camundongo foram adicionados em cada poço para bloqueio de

receptores Fc expressos na superfície das células. Após agitar a placa, as amostras em

soro mantidas no gelo foram incubadas por 15 minutos. Após a adição de 10 μL das

combinações específicas de anticorpos em cada poço, as amostras foram incubadas no

gelo por 20-30 minutos protegidas da luz. Realizou-se uma lavagem com 100μL meio

RPMI com 10% de SBF. Posteriormente, a placa foi colocada na centrífuga a 450 g por

5 minutos a 4°C e o sobrenadante desprezado. Foi acrescida estreptavidina APC nos

poços que continham anti-CD5 biotinilado e novamente incubou-se por 15-20 minutos

no gelo. Após nova centrifugação a 450 g por 5 minutos a 4 °C , o sobrenadante foi

desprezado e as amostras foram transferidas para tubos de FACS com 300 μL de PBS

com 1% formol para fixação. Até a aquisição no citômetro de fluxo (FACSCalibur), as

amostras foram estocadas a 4°C protegidas da luz.

Os dados foram analisados utilizando os programas FlowJo Flow Cytometry

Software versão 7.5.5 (Tree Star, Inc; EUA) e Summit versão 4.3.2 (Dako, Colorado).

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20

4.4. Extração do RNA

Assim como para a citometria de fluxo, foram utilizados camundongos BALB/c

machos infectados com 102 formas tripomastigotas de Trypanosoma cruzi, cepa

Tulahuén, com idade aproximada de seis semanas. Após 14 dias de infecção os

linfonodos subcutâneos, mesentéricos, lavado da cavidade peritoneal e baço foram

obtidos para análise de expressão gênica por PCR em tempo real de TACI, BCMA,

APRIL e BAFF.

Todas as análises foram realizadas após a formação de um pool de órgãos, a

partir do qual foi realizada a extração de RNA através de uma solução de lise de

tiocianato de guanidina*. Para tal, todas as amostras foram mecanicamente processadas

junto à solução de lise em um homogeneizador de tecidos e conservadas congeladas à -

20°C até o momento da extração de RNA, cujo protocolo está descrito a seguir:

*Solução de Tiocinato de Guanidina

4 M de tiocinato de guanidina

2% de Sarcosil

50 mM de Tris (pH7,6%)

10 mM EDTA

1% β-mercaptoetanol

Após homogeneizadas em 3 mL da solução de lise, 1 mL de cada amostra foi

centrifugada a 800 g, por 5 minutos a 4°C e 500 μL do sobrenadante foram retirados e

colocados em outro tubo. Em seguida, os seguintes reagentes foram adicionados na

ordem e volume indicados: 0.1 V de acetato de sódio 2M, pH 4; 1 V de fenol-DECP;

0.3 V de clorofórmio:álcool iso-amil (49:1), sendo V igual ao volume de sobrenadante

utilizado (500 μL). As amostras foram homogeneizadas por agitação em vortex, sendo

posteriormente incubadas em banho de gelo por 20 minutos. As amostras foram

centrifugadas a 14.000 rpm por 25 minutos a 4°C para separação das fases. A fase

superior aquosa foi transferida para um novo tubo cuidadosamente para não contaminar

com a camada inferior a esta. A cada tubo adicionou-se 1,1 V de isopropanol e

permaneceram em incubação overnight a -20°C para precipitação do ácido nucléico.

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21

As amostras foram centrifugadas a 14.000 rpm por 25 minutos a 4°C e o

sobrenadante descartado cuidadosamente. Para lavagem das amostras adicionou-se 1mL

de etanol 70% e em seguida, verteu-se desprezando o mesmo. Para melhor retirada do

etanol 70%, foi realizado um short spin até 14000 rpm e o sobrenadante retirado com

auxílio de uma pipeta. Posteriormente, foram adicionados 30 µl de água RNase-free

para dissolução do RNA.

4.5. Obtenção do cDNA

Inicialmente, o total de RNA extraído foi quantificado por análise

espectrofotométrica no Nanodrop 2000 (Thermo Scientific) no comprimento de onda de

260 nm. Em seguida, para degradação de possíveis moléculas de DNA na amostra, foi

transferido para outro tubo o volume correspondente a 2 μg de RNA e adicionados 1 μL

de tampão para reação, 2 μL de DNase (Invitrogen) e água RNase-free (QIAGEN) até

completar 10 μL. A mistura foi mantida por 30 minutos a 37°C, sendo posteriormente

adicionado 1 μL de solução de stop (Invitrogen), por 10 minutos a 65°C para bloquear a

ação da DNase.

Para obtenção do cDNA (DNA complementar), primeiramente foi preparada

uma mistura com 5 μL da solução contendo RNA, 1 μL de mix dNTP, 1 μL de

hexâmero (primer randômico) e 3 μL de água RNase-free, totalizando 10 μL para cada

amostra separadamente. As amostras foram incubadas a 65° por 5 minutos e depois

colocadas no mínimo 1 minuto no gelo. Em seguida, foram adicionados 2 μL de tampão

10X, 4 μL de MgCl2 25 mM, 2 μL de DTT (dithiotreithol) 0,1 M, 1 μL de inibidor de

RNase e 1 μL da enzima transcriptase reversa. As amostras foram transferidas para

tubos próprios para PCR (polymerase chain reaction – reação em cadeia da polimerase)

e colocadas no termociclador cuja programação foi para o seguinte ciclo: 50 minutos a

42°; 15 minutos a 70°C; e resfriar até 4°C. Posteriormente, permaneceram a -20°C até a

realização da PCR em tempo real.

4.6. PCR quantitativa em tempo real

Essa técnica foi utilizada para comparar a expressão de mRNA de APRIL,

BAFF, TACI e BCMA em camundongos infectados em relação aos controles não

infectados. A amplificação dos cDNAs foi realizada pela PCR em tempo real utilizando

o kit Power SYBR Green Mix 2X (Applied Biosystems).

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22

Para preparação do mix acrescentado às amostras, foram utilizados os seguintes

reagentes:

reagente volume

SYBR 2x 27,5μL

cDNA 2,2 μL

Sense primer¹ 1,0 μL

Antisense primer² 1,0 μL

H2O Mili-Q 23,3μL

Total 55 μL

Tabela 2. Preparação do mix para PCR.

Cada amostra foi colocada em duplicata na placa de leitura (25µl/poço) e o

volume final de cDNA/poço foi 1µl contendo uma quantidade final entre 20-100ng de

ácido nucléico. Para cada gene analisado foi feito um controle sem amostra (NTC - non-

template control) correspondente para verificar a ausência de contaminação da amostras

analisadas. Para controle interno foi utilizada a expressão do gene constitutivo GAPDH

(Glyceraldehyde 3-phosphate dehydrogenase), a partir do qual obtivemos o Δct de cada

amostra para a expressão dos genes de APRIL, BAFF, TACI e BCMA. Após

centrifugar a placa por 2 minutos a 800 g, a mesma foi colocada no Real Time PCR

7500 (Applied Biosystems). Todas as análises foram realizadas com base na equação 2-

Δct.

Sense primer Antisense primer

APRIL GGG-GAA-GGA-GTG-TCA-GAG-TG

GCA-GGG-AGG-GTG-GGA-ATA-TG

BAFF GG-CTG-GAA-GAA-GGA-GAT-GAG

CAG-AGA-AGA-CGA-GGG-AAG-GG

TACI GTG-TGG-CCA-CTT-CTG-TGA-GA

GGG -TAG-TCG-ATT-GTGC-TGA-TT

BCMA ATC-TTC-TTG-GGG-CTG-ACC-TT

TAG-CGC-AAG- ATG -CTT-AGC-AC

GAPDH GGG-TGT-GAA-CCA-CGA-GAA-AT CGC-GTT-GGC-CAT-GAC-AAT-CT

Tabela 3. Sequências dos primers utilizados.

4.7. Análises estatísticas

As análises estatísticas foram realizadas pelo Teste t no programa GraphPad

Prism 5.

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23

5. RESULTADOS

5.1. Curva de parasitemia e celularidade.

Para acompanhamento da evolução da infecção, a parasitemia foi monitorada até

19 dias pós-infecção (Figura 5A). Assim, foi detectada a presença do parasita no sangue

dos camundongos infectados a partir de 11 dpi (dias pós infecção).

Para os experimentos foi escolhido o 14º dia após a infecção, pois nesta fase há

aparente parasitemia, modulação dos órgãos linfóides e viabilidade do animal (Figura 5ª

e B). Sendo assim, para efeito de comparação entre animais infectados e não infectados

realizou-se a contagem das células dos diferentes compartimentos linfoides utilizados

(linfonodos subcutâneos, linfonodos mesentéricos, baço e cavidade peritoneal). A partir

da análise da celularidade (Figura 5B), foi possível evidenciar nos animais infectados

um aumento significativo do número de células nos linfonodos subcutâneos (LSC) e

uma tendência de aumento no baço (B). Na cavidade peritoneal (CP), não observamos

variações na celularidade (B), enquanto que nos linfonodos mesentéricos (LM) houve

uma diminuição significativa nos animais infectados com relação aos controles.

Figura 5. Variação da parasitemia e celularidade dos diferentes compartimentos

linfoides. Camundongos BALB/c foram infectados com 10² tripomastigotas da cepa

Tulahuén de T. cruzi por via intraperitoneal. A) Demonstra a cinética da parasitemia em

diferentes dias pós infecção (11 dpi, n = 3; 14 dpi, n = 7; 19 dpi n= 6). A parasitemia

foi obtida pela contagem dos parasitas presentes em 5 microlitros de sangue observados

em 50 campos em uma área de lamínula 18 x 18 mm. B) Evidencia a celularidade por

exclusão das células inviáveis por azul de trypan em linfonodos subcutâneos (LSC) e

mesentéricos (LM) e cavidade peritoneal (CP) entre os animais infectados (n = 14) e

0

10

20

75

100

125

150

Controle

Infectado

***

*

mero

de c

élu

las (

x10

6)

LSC LM CP B

A

0 2 40

100

200

300

400

10 12 14 16 18 20

dias pós infecção

mero

de p

ara

sit

as / 5

0 c

am

po

s

B

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24

seus controles (n = 9) após 14 dias pós-infecção. No caso do baço, foram utilizados 5

infectados e 4 controles. *p<0,05; ***p<0,001

5.2. Comparação entre subpopulações de células T e B.

Com o objetivo de avaliar se a variação da celularidade observada estava

relacionada com uma população de linfócito específica, foram utilizadas análises por

citometria de fluxo para as subpopulações de linfócitos T e B. A figura 6 é ilustrativa, e

exemplifica com as células do LM, como foram analisados estes tipos celulares nos

diferentes compartimentos estudados na infecção murina pelo T. cruzi.

5.2.1 Células T.

Os valores relativos e absolutos das células TCRβ+CD4

+e TCRβ

+CD8

+ (Figura

7) foram analisados. As células TCRβ+CD4

+ apresentaram nos LSC dos animais

infectados uma diminuição percentual significativa quando comparados com as dos

controles, mas houve um aumento significativo em número absoluto (Figura 7A e C).

Entretanto, nos LM e baço, os percentuais destas células não apresentaram grandes

variações no grupo de animais que utilizamos, sendo o número de TCRβ+CD4

+ nos

infectados significativamente menor nos LMs e com tendência de aumento no baço

(Figura 7A e C). Na cavidade peritoneal, notou-se que os linfócitos TCRβ+CD4

+ nos

camundongos infectados estavam percentualmente e em números absolutos

aumentados. Por outro lado, as células TCRβ+CD8

+ não apresentaram grandes variações

em números relativos nos LSC, LM e baço, porém na cavidade peritoneal houve um

aumento significativo nos camundongos infectados (Figura7B e D). Enquanto que, em

números absolutos, estas células encontravam-se aumentadas significativamente nos

LSC e CP, com diminuição significativa nos LM e tendência de aumento no baço.

5.2.2 Células B.

Como APRIL tem sido descrito mostrando-se capaz de modular linfócitos B,

decidimos estudar estas células na infecção murina por T. cruzi (Medema et al., 2003;

Belnoue et al., 2008; He et al., 2007).

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25

A Figura 8 mostra os valores relativos e absolutos de células CD19+IgD

low,

consideradas segundo a literatura como os linfócitos B-1 e

as CD19+IgD

high os

linfócitos B-2 (Dorshkind et al., 2007). As células B-1 e B-2 apresentaram percentuais

significativamente elevados nos LSC e baço, quando se comparou os animais infectados

com os controles e, na cavidade peritoneal, os valores relativos da população B1

tiveram redução significativa e B-2 tenderam a reduzir nos infectados (Figura 8A e B).

Enquanto que, nos LM, o percentual das B-1 não apresentou diferenças e as B-2

tenderam a diminuir (Figura 8A e B). Com relação aos valores absolutos destas células

observou-se nos animais infectados um aumento significativo nos LSC e baço de ambas

subpopulações de B (Figura 8C e D). As células B-1 da cavidade peritoneal

apresentaram uma tendência de redução em número absoluto nos infectados, enquanto

nas B-2 não houve variação. Quanto aos LM, a celularidade dos linfócitos B-1 e B-2

tendeu a reduzir (Figura 8C e D).

Figura 6. Esquema representativo da análise das subpopulações de linfócitos T e

B. Exemplo referente a linfonodos mesentéricos infectados. As células obtidas de um

camundongo infectado por 10² tripomastigotas da cepa Tulahuén de T. cruzi com 14

dias após a infecção. A) Seleção da população (linfócitos viáveis - gate) a ser estudada

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com base nos parâmetros morfológicos de tamanho (eixo y) e granulosidade (eixo x). B

e C) linfócitos TCRβ+CD4

+ e TCRβ

+CD8

+ dentro da população de linfócitos viáveis.

D) Linfócitos CD19+IgD

low (R10) CD19

+IgD

high (R9) dentro da população de linfócitos

viáveis.

TCRβ+CD4

+ TCRβ

+CD8

+

Figura 7. Análise por citomeria de fluxo das subpopulações de linfócitos T. Os

órgãos utilizados foram linfonodos subcutâneos (LSC) e mesentéricos (LM) e cavidade

peritoneal (CP) de camundongos BALB/c infectados (n = 14) e controles não

infectados (n = 9) com 10² tripomastigos da cepa Tulahuén de T. cruzi, sendo que para

o baço foram 5 infectados e 4 controles. A e C) Valores relativos e absolutos de células

TCRβ+CD4

+. B e D) Valores relativos e absolutos de células TCRβ

+CD8

+. *p<0,05;

**p<0,01; ***p<0,001.

0

20

40

60

80

100

***

***

Perc

en

tual

de c

élu

las

0

20

40

60

80

100

***

Perc

en

tual

de c

élu

las

0.00

0.25

0.50

20

40

60

**

***

mero

de c

élu

las (

x10

6)

0.0

0.1

0.2

5

10

15

20

** ****

mero

de c

élu

las (

x10

6)

LSC LM CP B

LSC LM CP B

A B

C D

LSC LM CP B

LSC LM CP B

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CD19+IgD

low CD19

+IgD

high

C

Figura 8. Análise por citomeria de fluxo das subpopulações de linfócitos B. Os

órgãos utilizados foram linfonodos subcutâneos (LSC) e mesentéricos (LM), cavidade

peritoneal (CP) e baço (B) de camundongos BALB/c machos controles infectados (n =

14) e não infectados (n = 9) com 10² tripomastigos da cepa Tulahuén de T. cruzi, sendo

que para o baço foram 4 controles e 5 infectados. A e C) Valores relativos e absolutos

de células CD19+IgD

low, B-1. B e D) Valores relativos e absolutos de células

CD19+IgD

high, B-2. *p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001

5.3 Expressão de TACI em linfócitos T e B.

Os resultados obtidos na análise pelo FACS da expressão de TACI, receptor para

APRIL, nas subpopulações de linfócitos T e B dos compartimentos linfoides estudados,

são mostrados nas figura 9, 10 e 11. Observamos que os LSC, LM e baço não

apresentaram grandes variações no percentual de células TACI+

dentro do gate de

linfócitos viáveis, enquanto que na CP há uma tendência a diminuição nos

C

LSC LM CP B

0.00

0.25

0.50

2

4

6

8

Controle

Infectado

***

*

mero

de c

élu

las (

x10

6)

D

LSC LM CP B 0

1

2

20

40

60Controle

Infectado

**

*N

úm

ero

de c

élu

las (

x10

6)

A

LSC LM CP B

0

2

4

6

20

40

60

80

100

Controle

Infectado

**

**

*

Perc

en

tual

de c

élu

las

B

LSC LM CP B

0

25

50

75

100Controle

Infectado

***

Perc

en

tual

de c

élu

las

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28

camundongos infectados por T. cruzi quando comparados com os não infectados

(Figura 9).

Conforme a figura 10, nos LSC, a tendência é de aumento em ambas

subpopulações de linfócitos T. Nas células fenotipicamente identificadas como B-1 e B-

2 não foram observadas variações. Nos LMs, TCRβ+CD4

+ e B-1 tenderam a aumento, já

TCRβ+CD8

+ e B-2 não apresentaram grandes variações. Na cavidade peritoneal, todas

as subpopulações de linfócitos tenderam a redução da expressão deste receptor,

enquanto que os linfócitos B não apresentaram grandes variações nos infectados. No

entanto, no baço sugere-se que não houve expressão de TACI em linfócitos T, porém o

percentual de TACI+ neste órgão para B-1 e B-2 diminuiu como se pode notar na figura

10C e D.

A avaliação dos valores absolutos de células TACI+ em TCRβ

+CD4

+,

TCRβ+CD8

+, CD19

+IgD

low (B-1) e CD19

+IgD

high (B-2) mostrou que apenas B-1 e B-2

tenderam a aumentar nos LSC infectados. Nos LMs, em nenhuma das subpopulações

estudadas, o número de células TACI+ apresentou variação. Na cavidade peritoneal,

houve tendência de aumento em todas em TCRβ+CD4

+ e

TCRβ

+CD8

+, enquanto que

em B-1 e B-2 não houve variação. No baço, não houve expressão de TACI em T, mas a

relação foi de tendência de aumento das B-1 e B-2 nos camundongos do grupo

experimentado (Figura 11).

Figura 9. Análise por citometria de fluxo do percentual de células TACI+. Para a

realização desses experimentos foram utilizadas células obtidas de linfonodos

subcutâneos (LSC) e mesentéricos (LM), cavidade peritoneal (CP) e baço (B) de

animais infectados por 10² tripomastigotas da cepa Tulahuén de T. cruzi com 14 dpi e

controles. p>0,05.

LSC LM CP B0

1

220

40

60

80

100Controle

Infectado

Perc

en

tual

de c

élu

las

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29

Figura 10. Análise por citometria de fluxo do percentual de TACI em linfócitos.

Para a realização desses experimentos foram utilizadas células obtidas de linfonodos

subcutâneos (LSC) e mesentéricos (LM) e cavidade peritoneal (CP) de animais

controles (n = 9) e animais infectados (n = 14) e por 10² tripomastigotas da cepa

Tulahuén de T. cruzi com 14 dias após a infecção. Sendo que para o baço (B), foram 4

controles e 5 infectados. A) Valor relativo das células TCRβ+CD4

+ que são TACI

+. B)

Valor relativo das células TCRβ+CD8

+ que são TACI

+. C) Valor relativo das células

CD19+IgD

low que são TACI

+. D) Valor relativo das células CD19

+IgD

high que são

TACI+. Barras pretas representam os infectados e as barras brancas, os controles.

p>0,05.

0.0

0.1

0.220

40

60

80

100

Perc

en

tual

de c

élu

las

0.00

0.25

0.50

20

60

100

Perc

en

tual

de c

élu

las

0

5

1020

60

100

Perc

en

tual

de c

élu

las

0.0

2.5

5.0

40

70

100

Perc

en

tual

de c

élu

las

% TACI+ em CD19

+IgD

low % TACI

+ em CD19

+IgD

high

% TACI+ em TCRβ

+CD4

+ %

TACI

+ em TCRβ

+CD8

+

A B

C D

LSC LM CP B LSC LM CP B

LSC LM CP B LSC LM CP B

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30

Figura 11. Número de células TACI+ dentro de diferentes subpopulações de células

T e B. Foi realizada análise por citometria de fluxo de linfócitos de animais controles

não infectados (n = 9) e infectados (n = 14) com 10² tripomastigotas da cepa Tulahuén

de T. cruzi com 14 dias após a infecção, sendo que para o baço foram 4 controles e 5

infectados. A) Valor absoluto das células TCRβ+CD4

+ que são TACI

+. B) Valor

absoluto das células TCRβ+CD8

+ que são TACI

+. C) Valor absoluto das células

CD19+IgD

low que são TACI

+. D) Valor absoluto das células CD19

+IgD

high que são

TACI+. Para a realização desses experimentos foram utilizadas células obtidas de

linfonodos subcutâneos (LSC) e mesentéricos (LM), cavidade peritoneal (CP) e baço

(B) de animais controles e infectados. Barras pretas representam os infectados e brancas

os controles. p>0,05.

5.4 Expressão gênica de APRIL, BAFF e seus receptores TACI e BCMA.

Como as variações observadas na expressão de TACI em linfócitos T e B nos

diferentes órgãos linfoides de camundongos normais e infectados não foram

conclusivas, consideramos importante confirmar por análise em tempo real de mRNA

para TACI. Entretanto, no mesmo ensaio, para uma melhor compreensão do possível

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

mero

de c

élu

las (

x10

6)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

mero

de c

élu

las (

x10

6)

TACI+ em CD19

+IgD

low TACI

+ em CD19

+IgD

high

0.0

0.2

0.4

2

4

6

mero

de c

élu

las (

x10

6)

0.00

0.04

0.08

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

mero

de c

élu

las (

x10

6)

LSC LM CP B LSC LM CP B

LSC LM CP B LSC LM CP B

TACI+ em TCRβ

+CD4

+ TACI

+ em TCRβ

+CD8

+

A B

C D

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31

modulação não somente de APRIL, mas também, de seu competidor, BAFF na infecção

por T. cruzi, foram quantificados, ainda, os mRNAs destas proteínas e do outro

receptor, BCMA, que pode estar ativado em células B.

Sendo assim, comparamos a quantidade gênica de mRNA de TACI, BCMA,

APRIL e BAFF proveniente das células totais obtidas de cada órgão/região de

camundongos infectados e seus respectivos controles (Figura 12). Nos LSC e LM, não

houve grande variação na expressão gênica de TACI. Enquanto que na CP houve uma

redução da transcrição de mRNA de TACI após 14 dias de infecção, e no baço a relação

foi inversa, aumentou a expressão do mRNA deste receptor (Figura 12A).

Nos LSC, não foi observada variação dos valores de 2-Δct

de APRIL, mas para

BAFF e BCMA houve um aumento discreto nos animais infectados em comparação

com os controles não infectados. Nos LM, a infecção promove uma ligeira diminuição

para APRIL e BCMA, e para BAFF não variação. Já na CP, observamos uma

diminuição de mRNA de APRIL e BCMA, mas um aumento considerável para BAFF.

No baço, encontramos uma redução discreta de mRNA de APRIL, e para BAFF, essa

redução nos infectados em relação ao controles é mais evidente, no entanto não

observamos variação na expressão gênica de BCMA (Figura 12B, C e D).

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32

Figura 12. Análise por PCR em tempo real da expressão gênica (2-Δct

) de TACI,

BCMA APRIL e BAFF. Foi realizado um pool de células de linfonodos subcutâneos

(LSC) e mesentéricos (LM), cavidade peritoneal (CP) e baço (B) de camundongos

BALB/c controles não infectados e infectados por 10² tripomastigotas da cepa

Tulahuén de T. cruzi com 14 dias após a infecção. A) Expressão gênica de TACI. B)

Expressão gênica de BCMA. C) Expressão gênica de APRIL. D) Expressão gênica de

BAFF.

LSC LM CP B LSC LM CP B

TACI

0.0

0.4

0.8

1.2Controle

Infectado

valo

r d

e e

xp

ressão

gên

ica (

2-

ct )

BCMA

0

2

4

6

8Controle

Infectado

valo

r d

e e

xp

ressão

gên

ica (

2-

ct )

APRIL

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4Controle

Infectado

valo

r d

e e

xp

ressão

gên

ica (

2-

ct )

BAFF

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20Controle

Infectadovalo

r d

e e

xp

ressão

gên

ica (

2-

ct )

LSC LM CP B LSC LM CP B

C D

A B

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33

6. DISCUSSÃO

APRIL tem sido relacionado principalmente a doenças autoimunes e tumores

(Hahne et al., 1998; Planelles et al., 2004; Mackay et al., 2007). No momento, os

únicos trabalhos que estudam o papel de APRIL com patógenos, resumem-se aos

estudos de 1) APRIL facilitando a eritroleucemia induzida pelo vírus MLV (Friend

Murine Leukemia vírus) e 2) a interação de TLR.em células epiteliais intestinais com

Salmonella typhimurium e bactérias da microbiota intestinal aumentando a secreção de

APRIL e produção e IgA2 (He et al., 2007; Hardenberg et al., 2008). No entanto, ainda

não existem trabalhos relacionando APRIL e doença de Chagas.

Os estudos relacionados à doença de Chagas ainda são alvo de investimentos por

ser um problema de saúde pública (Dias et al., 2008). A resposta imune é essencial para

o controle da infecção pelo Trypanosoma cruzi (T. cruzi), e sabe-se que esta

enfermidade promove alterações em tecidos e células linfoides no hospedeiro (Revisado

por De Meis et al., 2009). Nesse sentido, decidimos avaliar a expressão de TACI

(receptor para APRIL) no contexto da doença de Chagas. Este receptor está presente na

superfície de células T e B, e nesse estudo verificamos sua expressão nas subpopulações

celulares em compartimentos envolvidos na resposta imunológica.

Utilizando camundongos BALB/c infectados com 100 formas tripomastigotas da

cepa Tulahuén do T. cruzi, por via intraperitoneal, realizamos uma análise da

parasitemia desses animais (Figura. 5A). Para tal, monitoramos durante o curso da

infecção a aprtir do 11º dpi até o 19º dpi, evidenciando que os parasitas começaram a

aparecer na corrente sanguínea com 11 dpi. Corroborando com nossos dados, outro

grupo encontrou resultados similares de parasitemia, cuja inoculação foi por via

subcutânea com a mesma cepa e inóculo em camundongos (Roggero et al., 2002).

Assim como estes autores, encontramos com 14 dpi uma média de 40-50 parasitas/50

campos, e do 19º ao 21º dia após a infecção, esses valores podem alcançar em média

300 parasitas/50 campos ou mais (Roggero et al., 2002).

Para melhor compreensão do comportamento dos compartimentos linfoides,

analisamos as diferenças de celularidade (Figura 5B) e subpopulações de linfócitos T e

B nos linfonodos subcutâneos e mesentéricos, cavidade peritoneal e baço. Buscamos

nas células T e B um possível papel para APRIL na doença através da expressão de

TACI nessas subpopulações. Os resultados demonstraram que na fase aguda, com 14

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dias após a infecção, os animais infectados pelo T. cruzi apresentaram aumento de

celularidade nos linfonodos subcutâneos e baço, uma redução nos linfonodos

mesentéricos, mas não houve variação na cavidade peritoneal (Figura 5B). Os achados

nos linfonodos estão de acordo com resultados anteriores do nosso grupo que

demonstrou as mesmas diferenças utilizando a cepa Colombiana, isto é, expansão das

células dos linfonodos subcutâneos e atrofia dos mesentéricos na infecção (De Meis et

al., 2006). Na necropsia encontramos uma esplenomegalia acentuada, com aumento do

número de células, apesar de não ser significativo, provavelmente pelo reduzido número

de animais cujo baço foi analisado e por ainda não ser o pico de parasitemia. Os dados

de hipertrofia nos linfonodos subcutâneos e da esplenomegalia estão de acordo com o

que foi visto por Minoprio e colaboradores em 1986. Quanto à cavidade peritoneal, não

observamos alteração da celularidade do lavado após 14 dias de infecção. No entanto,

Merino e colaboradores (2010), encontraram uma significativa redução do número de

células nessa cavidade após 15 dias de infecção de BALB/c por 500 tripomastigotas

sanguíneos da cepa Tulahuén de T. cruzi via intraperitoneal. Essa diferença de

resultados pode ter ocorrido pela diferença do inóculo, os autores, também, não

deixaram explicito o sexo dos camundongos e a forma pela qual obtiveram as células.

Diante dessa análise comparativa, reiteramos a importância do estudo da resposta imune

na doença de Chagas de forma compartimentalizada, uma vez que se observou um

comportamento diferencial entre os órgãos analisados (Minoprio et al., 1986; De Meis

et al., 2006; Merino et al., 2010).

A expansão celular observada nos nossos experimentos com linfonodos

subcutâneos (axilar, braquial e inguinal) foi acompanhada pelo aumento da quantidade

de células T CD4+ e CD8

+, B-1 e B-2 (Figuras 7C e D e 8C e D). Esta ocorre devido a

uma ativação policlonal de linfócitos T e B nesses gânglios (Revisado por De Meis et

al., 2009). Da mesma forma, a hiperplasia encontrada no baço estava relacionada ao

aumento no número de células das subpopulações celulares estudadas ou tendência no

caso das T CD4+ e T CD8

+ (Figuras 7C e D e 8C e D) assim como observaram

Minoprio e colaboradores, em 1986. Houve uma redução no número das células T CD4+

e CD8+ e tendência de redução de B-1 e B-2 nos linfonodos mesentéricos, sendo que De

Meis e colaboradores (2006) haviam encontrado este mesmo resultado nos linfócitos T,

enquanto que nas B, descreveram uma redução total, porém sem fenotiparem B-1 e B-2.

Ainda demonstraram que este fato era por uma menor taxa proliferativa e aumento de

morte celular.

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35

Resolvemos estudar as subpopulações da cavidade peritonal, importante no

estudo das células B, porque APRIL, ligante de TACI (presente em células T e B), tem

sido citado em experimentos com os camundongos transgênicos para esse ligante, sendo

que estes animais apresentam aumento das células B-1 nesse compartimento (Planelles

et al., 2004). Nossos resultados não foram totalmente compatíveis com dados da

literatura descritos por Merino e colaboradores (2010), conforme foi comentado nos

achados de celularidade da cavidade peritoneal (Figura 5B). Segundo este grupo, há um

aumento de T CD4+ e CD8

+ no peritônio de camundongos infectados por T. cruzi, como

também observamos (Figuras 7C e D). Eles notaram que o número absoluto de células

B CD19+ peritoneais diminuiu significativamente após 15 dias de infecção, sendo esse

perfil de redução também aplicado às subpopulações de B. No entanto, não encontramos

alteração do número de células B-1 e B-2 na cavidade peritoneal (Figura 8C e D) de

camundongos infectados por T. cruzi. Eles demonstraram ao mesmo tempo, que a

infecção por T. cruzi não induz uma forte apoptose das células B-1 e B-2 peritoneais,

contrariando o aumento de morte celular como causa da redução do número destas

células na cavidade peritoneal. E ainda, concluíram, que na verdade, essa redução

ocorria devido à diferenciação destas células em plasmócitos secretores de

imunoglobulinas, sendo observado em 15 dpi uma secreção significativa de IgM, IgG1,

IgG2a, IgG2b e IgG3, contribuindo para o controle do parasita. A redução do número de

células B-1 e B-2 peritoneais apresentaram cinéticas diferentes, iniciando com 4 dpi

para as B-2 e 12-15 dpi para as B-1, deste modo, com 15 dpi, ambas já estavam

reduzidas. (Merino et al., 2010). Portanto, na infecção murina por T. cruzi houve

variações não somente na celularidade, mas também na composição celular dos

diferentes compartimentos observados.

Vale ressaltar para o estudo das subpopulações de células B na doença de

Chagas, seria importante incluir as CD5+ para uma melhor definição em relação à

APRIL, pois no camundongo transgênico foi visto um aumento do número de células B-

1 CD5+ (Planelles et al., 2004). Porém, não foi possível obter resultados conclusivos

com essa molécula em nossos ensaios. O que teria sido interessante, pois sabemos que o

fenótipo da superfície celular pode alterar dependendo do microambiente (modulação de

citocinas, quimiocinas e sinalização do BCR), e a expressão de determinadas moléculas

de superfície que irá indicar a subpopulação funcional específica (Hardy, 2006).

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36

A partir da definição das subpopulações de células T e B avaliamos a presença

de TACI, receptor de APRIL e BAFF, na superfície destas células para saber se a

infecção modulava a expressão desta molécula. De acordo com a literatura, sabe-se que

ele é expresso principalmente em células B (cerca de 31% em B-1 e 21% em B-2 na

cavidade peritoneal) e recentemente foi demonstrado que linfócitos T CD4+ e CD8

+ de

baço, linfonodos mesentéricos e subcutâneos, assim como de lavado peritoneal,

expressam o receptor TACI constitutivamente. Nos linfonodos e no baço cerca de 2%

das células T expressam TACI e na cavidade peritoneal, essa expressão é em cerca de

20% destas células (Revisado por Salzer et al., 2007; Hardenberg et al., 2008). Ao

observarmos o percentual de expressão de TACI nos compartimentos estudados sem

diferenciarmos as supopulações de T e B, vimos que não apresentou grandes variações

nos linfonodos subcutâneos, mesentéricos e baço, enquanto na cavidade peritoneal o

percentual teve uma tendência a diminuir (Fig. 9). Analisando essa expressão

especificamente nas subpopulações de interesse neste trabalho, pode-se notar que apesar

desses percentuais gerais não terem variado muito, dentro das subpopulações aparece

uma tendência de variação. Nos linfonodos subcutâneos, parece ter ocorrido uma

tendência de modulação positiva de TACI na infecção, mesmo que discreta, em todas as

subpopulações celulares estudadas, exceto nas células T CD4+ (Figura 11). No entanto,

acreditamos que o número de animais utilizados não nos permitiu a ter uma estatística

significativa nos ensaios. Nos linfonodos mesentéricos, nenhuma das subpopulações

apresentou variação da expressão de TACI (Figura 11). Contudo, na cavidade peritoneal

houve uma tendência de aumento de TACI em todas as subpopulações de T, e tendeu a

reduzir em B-1 (Figura 11C). No baço, praticamente, não houve marcação de TACI em

células T, para T CD4+ encontrou-se uma positividade muito baixa apenas no controle e

para T CD8+, ao contrário, apenas no infectado (Figura 11A e B). Como foi revisado

por Mackay e colaboradores (2008), TACI era principalmente expresso em células B,

mas já foi relatada a expressão também em células T, e dois estudos separados

confirmaram uma forte expressão de TACI no baço e no timo. No entanto, anticorpos

monoclonais específicos para TACI tanto humano como de camundongo falharam na

detecção de TACI na superfície de células T humanas e murinas (Mackay et al., 2006).

Este achado, não excluiu a possibilidade de expressão de TACI em subpopulações de

células T (Revisado por Mackay et al., 2008). Há dados na literatura de que TACI tem

sua expressão fortemente aumentada em células B após ativação destas, e no contexto

da infecção chagásica ocorre principalmente nos linfonodos subcutâneos e no baço

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(Revisado por Salzer et al., 2007; Revisado por De Meis et al., 2009). Assim, nossos

dados sugerem um possível aumento de TACI em B-1 e B-2 de animais infectados,

estando assim compatíveis com o estado de ativação das células nesses tecidos.

Buscando uma melhor compreensão da participação de TACI na infecção

chagásica realizamos PCR em tempo real para quantificar a expressão gênica destas

moléculas, assim como de BCMA, outro possível receptor envolvido, e dos ligantes

APRIL e BAFF em células totais dos compartimentos linfoides utilizados neste

trabalho.

A quantidade de mRNA para TACI nos linfonodos subcutâneos e mesentéricos

não apresentou modulação, mas houve redução na cavidade peritoneal dos animais

infectados em relação ao controles. No baço, ao contrário do que vimos na citometria

(onde os animais infectados apresentaram uma expressão de TACI similar aos não

infectados), houve um aumento na expressão gênica deste receptor. Entretanto, quanto à

relevante redução da expressão gênica de TACI nas células totais da cavidade peritoneal

não se pode discutir se era nas células B-1, conforme observamos através da marcação

para esta subpopulação pelas análises citofluorimétricas. A separação das

subpopulações de B e T não foi feita antes da análise por PCR em tempo real, então,

não é possível afirmar que são as B-1, características da cavidade peritoneal, que

estariam com a expressão gênica de TACI sendo modulada (Ray et al., 2010). Para

avaliar se as células destes órgãos/regiões poderiam ter APRIL e BAFF, assim como

seu outro receptor, BCMA modulados a nível transcricional, nós quantificamos também

a produção de mRNA destas moléculas. Para BCMA encontramos que os linfonodos

subcutâneos dos animais infectados apresentaram um aumento desta, mas para TACI

houve uma redução. Os dados, portanto, sugeriram que neste compartimento o receptor

modulado na infecção poderia ser BCMA. Nos linfonodos mesentéricos e na cavidade

peritoneal a variação dos níveis de mRNA de BCMA nos infectados apresentou um

perfil de redução semelhante ao TACI, sendo a redução nos linfonodos mesentéricos

mais discreta. No baço, não houve grandes variações na expressão gênica de BCMA

diferentemente como havíamos dito para TACI. Vale ressaltar que também se tem

discutido a ligação de APRIL a proteoglicanas de heparan sulfato (HSPG) (Revisado

por Kimberley et al., 2009b).

Ao analisarmos a quantificação de mRNA para APRIL e BAFF nos linfonodos

subcutâneos, observamos um discreto aumento de mRNA de BAFF. Por outro lado,

APRIL não apresentou variação nestes gânglios, sugerindo que BAFF, e não APRIL,

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possa ser relevante na hiperplasia dos linfonodos subcutâneos. Nos linfonodos

mesentéricos, BAFF não apresentou grandes variações e APRIL, teve uma ligeira

redução. Curiosamente, a expressão gênica de BAFF na cavidade peritoneal aumentou

quatro vezes, mas para APRIL observamos uma pequena diminuição. No entanto, o

baço apresentou uma diminuição da expressão gênica de BAFF na infecção, enquanto

que para APRIL esse efeito foi menos evidente.

Considerando que não há dados publicados envolvendo APRIL e seus

receptores, TACI e BCMA, na infecção por T. cruzi experimental e humana, este

trabalho tem uma especial importância, pois esta sendo pioneiro no que diz respeito às

análises destas moléculas no contexto da doença de Chagas murina. Por outro lado, foi

descrito recentemente que BAFF encontrava-se elevado no soro de camundongos

infectados a partir de 11 dpi, e que BAFF é crucial para a sobrevivência de células B

periféricas (Bermejo et al., 2010). Porém, esta citocina em excesso leva ao

desenvolvimento de autoimunidades em modelos animais (Revisado por Bermejo et al.,

2010). Segundo estes autores, BAFF pode estar participando da resposta policlonal de

células B observada na doença de Chagas. Esse grupo observou as células provenientes

do baço e medula óssea obtidos de camundongos infectados por T. cruzi com 15 dias de

infecção, mas não as dos linfonodos e cavidade peritoneal, que quando cultivadas na

ausência de estímulo, secretavam maiores concentrações de BAFF em comparação com

os controles. Nossos resultados corroboram com essa hipótese, uma vez que BAFF foi a

proteína mais modulada nos nossos ensaios. Além disso, no que se refere a APRIL, esta

modulação não foi tão evidente na infecção.

Atualmente, ainda não somos capazes de concluir se as alterações observadas

por citometria de fluxo e/ou RT-PCR representam mudanças na função de TACI e

BCMA nestes órgãos, uma vez que não foram realizados ensaios funcionais com seus

respectivos ligantes.

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Linfonodos

subcutâneos

Linfonodos

mesentéricos

Cavidade

peritoneal

Baço

Celularidade

-

TCRβ+CD4

+

TCRβ+CD8

+

B-1

B-2

-

TCRβ+CD4

+

TACI+

-

-

-

TCRβ+CD8

+

TACI+

-

-

-

B-1 TACI+

-

-

B-2 TACI+

-

-

mRNA TACI

-

-

mRNA BCMA

-

-

mRNA APRIL

-

mRNA BAFF

-

Tabela 4. Variações nos compartimentos linfoides na infecção chagásica murina. Seta

pequena indica variação discreta. Seta média, variação. Seta grande e vermelha, variação

evidente.

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7. CONCLUSÃO

Nossas conclusões indicam uma resposta diferenciada entre linfonodos

subcutâneos, mesentéricos, cavidade peritoneal e baço de camundongos infectados por

T. cruzi. Com relação à expressão de TACI, BCMA, APRIL e BAFF, podemos sugerir

que BAFF, mais que APRIL, possivelmente é o principal ligante modulado na infecção

e a cavidade peritoneal apresentou variações mais evidentes de todas essas moléculas.

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41

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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