Estudo de Competitividade Dos 65 Destinos Indutores Do to Turistico Regional - Gov Fed
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ... · José Agostinho Barbosa de Souza...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM TURISMO MESTRADO EM TURISMO
Jos Agostinho Barbosa de Souza
GESTO AMBIENTAL E COMPETITIVIDADE EM DESTINOS TURSTICOS:
Percepo dos gestores de pequenos meios de hospedagem de Natal/RN
sobre o uso de prticas ambientais como fator de competitividade.
Natal
2012
Jos Agostinho Barbosa de Souza
GESTO AMBIENTAL E COMPETITIVIDADE EM DESTINOS TURSTICOS:
Percepo dos gestores de pequenos meios de hospedagem de Natal/RN
sobre o uso de prticas ambientais como fator de competitividade.
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Turismo Mestrado, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obteno do ttulo de mestre em Turismo.
Orientador: Srgio Marques Jnior, Dr.
Natal
2012
Catalogao da Publicao na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Souza, Jos Agostinho Barbosa de.
Gesto ambiental e competitividade em destinos tursticos: percepo dos gestores de pequenos meios de
hospedagem de Natal/RN sobre o uso de prticas ambientais como fator de competitividade/ Jos Agostinho
Barbosa de Souza. - Natal, RN, 2012.
86 f.
Orientador: Prof Dr. Srgio Marques Jnior.
Dissertao (Mestrado em Turismo) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Cincias
Sociais Aplicadas. Programa de Ps-graduao em Turismo.
1. Turismo - Dissertao. 2. Prticas ambientais - Dissertao. 3. Competitividade Dissertao. 4. Meios
de hospedagem (Natal/RN) Pequeno porte Dissertao. I. Marques Jnior, Srgio. II. Universidade Federal
do Rio Grande do Norte. III. Ttulo.
RN/BS/CCSA CDU 338.484:502
JOS AGOSTINHO BARBOSA DE SOUZA
GESTO AMBIENTAL E COMPETITIVIDADE EM DESTINOS TURSTICOS:
Percepo dos gestores de pequenos meios de hospedagem de Natal/RN
sobre o uso de prticas ambientais como fator de competitividade.
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Turismo Mestrado, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Turismo.
Natal, 15 de maio de 2012.
Prof. Dr. Srgio Marques Jnior
(Orientador UFRN)
Prof. Dra. Lissa Valria Fernandes Ferreira
(Examinador Interno UFRN)
Prof. Dra. Marli de Ftima Ferraz da Silva
(Examinador Externo IFRN)
AGRADECIMENTOS
A Deus, agradeo pelo dom da vida, pela contnua oportunidade de
aprendizado, pela famlia e amigos que possuo.
A minha me, Ftima Inz e meu irmo Afonso Nilson pelo seu apoio e
incentivo mesmo de longe.
Ao Professor Dr. Srgio Marques Jnior, pelas orientaes, por todo
conhecimento compartilhado, pelo profissionalismo e pacincia em todos os
momentos.
Agradeo tambm a Rodrigo Acosta Pereira pelo apoio em todos os
momentos.
A amiga que conheci durante o curso, Suenia Galvo pela amizade, apoio e
parceria em publicaes.
A CAPES, pela concesso de bolsa de estudos, to importante para o
cumprimento desta meta.
A todos os professores do PPGTUR, por suas importantes contribuies na
formao dos alunos.
A secretria do PPGTUR, Juliane Medeiros, pelo seu profissionalismo,
eficincia e cordialidade para com os alunos.
Aos gestores dos Meios de Hospedagem entrevistados pela concesso das
entrevistas que possibilitaram a concluso deste trabalho.
RESUMO
O objetivo do trabalho foi investigar a percepo dos gestores de pequenos meios de hospedagem de Natal/RN sobre o uso de prticas ambientais como fator de competitividade. O estudo foi caracterizado como sendo exploratrio e descritivo no qual foi utilizada amostra probabilstica aleatria, seguida de aplicao de instrumento de coleta de dados (questionrios). Foram objetos da pesquisa os pequenos meios de hospedagem localizados no municpio de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, onde foram respondidos um total de 35 questionrios. Pode-se concluir com os dados dispostos no trabalho que dentre os indicadores apresentados, o desenvolvimento de programas ambientais no empreendimento, se mostra o menos importante para a escolha do meio de hospedagem pelos clientes, a partir da perspectiva dos empreendimentos. Como principal concluso do trabalho pode-se ento inferir que de acordo com os proprietrios e gestores entrevistados, os hspedes em sua maioria ainda no buscam por empreendimentos que implementam prticas ambientais como fator de deciso na escolha do hotel, porm mesmo assim os entrevistados acreditam que o uso destas prticas pode gerar grande vantagem competitiva em relao aos seus concorrentes. Haja vista a importncia do tema da pesquisa em pauta, as informaes obtidas por esta investigao podero contribuir com o fornecimento de dados para estabelecer um panorama atual no que diz respeito importncia atribuda pelos gestores ao uso de prticas ambientais em pequenos meios de hospedagem do municpio de Natal, onde atravs do correto uso destas informaes, podem ser geradas possibilidades de maior competitividade neste segmento.
Palavras-Chave: Prticas Ambientais, Pequenos Meios de Hospedagem,
Competitividade.
ABSTRACT
The present work aimed at investigating the small hotel managers perceptions from
Natal/RN concerning the environmental practice uses as a competitive factor. This
study is characterized as a descriptive exploratory research that used an aleatory
probabilistic sample followed by the application of collect data instrument
(questionnaire). The small hotels located in Natal/RN were the study participants and
the specific location where 35 questionnaires were answered. Based on the data and
on the mangers point of view, it is possible to comprehend that, among the
presented indicators, the development of environmental programs in the hotel
enterprise is showed as the least important for the clients choice. As the main
conclusion it is relevant to argue that, according to the small hotel managers, the
guests do not still search for hotels that implement environmental practices. On the
other side, the interviewed managers believe that the use of these practices can
generate a great competitive advantage in relation to their competitors. The
information obtained by this present research will be able to contribute to establish a
contemporary panorama in relation to the importance attributed by the managers
concerning the use of environmental practices in small hotel enterprises in Natal/RN.
In addition the correct use of this information can generate possibilities of major
competitiveness in this segment.
Key words: Environmental Practice, Small Hotel Enterprises, Competitiveness.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 4.1 Perfil da amostra quanto classificao do empreendimento quanto a sua tipologia.................................................................37
FIGURA 4.2 Perfil da amostra quanto ao nmero de unidades habitacionais................................................................................38
FIGURA 4.3 Perfil da amostra quanto ao nmero de funcionrios..................40
FIGURA 4.4 Perfil da amostra quanto localizao........................................41
FIGURA 4.5 Perfil da amostra quanto ao sexo dos entrevistados...................42
FIGURA 4.6 Perfil da amostra quanto ao nvel de escolaridade.................... 43
FIGURA 4.7 Perfil da amostra quanto faixa etria dos entrevistados...........44
FIGURA 4.8 Perfil da amostra quanto ao tempo de servio no setor de meios de hospedagem...........................................................................45
FIGURA 4.9 Perfil da amostra quanto ao tempo de servio no empreendimento pesquisado......................................................46
FIGURA 4.10 Perfil da amostra quanto hierarquia dos entrevistados............47
FIGURA 4.11 Opinio do entrevistado sobre a competio no mercado de pequenos meios de hospedagem...............................................48
FIGURA 4.12 Opinio do entrevistado sobre a importncia dada pelo cliente ao preo, na deciso de escolha de um pequeno meio de hospedagem................................................................................49
FIGURA 4.13 Opinio do entrevistado sobre a importncia dada pelo cliente qualidade dos servios oferecidos, na deciso de escolha de um pequeno meio de hospedagem.............................................50
FIGURA 4.14 Opinio do entrevistado sobre a importncia dada pelo cliente
para a localizao do empreendimento, na deciso de escolha
de um pequeno meio de hospedagem........................................52
FIGURA 4.15 Opinio do entrevistado sobre a importncia dada pelo cliente para a segurana, na deciso de escolha de um pequeno meio de hospedagem...........................................................................53
FIGURA 4.16 Opinio do entrevistado sobre a importncia dada pelo cliente
para facilidade de pagamento oferecida pelo empreendimento,
na deciso de escolha de um pequeno meio de hospedagem...54
FIGURA 4.17 Opinio do entrevistado sobre a importncia dada pelo cliente
para a imagem do empreendimento, na deciso de escolha de
um pequeno meio de hospedagem.............................................55
FIGURA 4.18 Opinio do entrevistado sobre a importncia dada pelo cliente para o desenvolvimento de programas ambientais no empreendimento, para sua deciso de escolha de um pequeno meio de hospedagem...................................................57
FIGURA 4.19 Opinio do entrevistado sobre a preocupao ambiental como
sendo vantagem competitiva para pequenos meios de
hospedagem................................................................................58
FIGURA 4.20 Resposta do entrevistado sobre a frequncia em que se hospeda
em um meio de hospedagem que valoriza o meio ambiente e
desenvolve um turismo sustentvel............................................59
FIGURA 4.21 Opinio do entrevistado sobre a eficcia da propaganda de ser
ecologicamente correto em atrair clientes na hiptese de um
pequeno meio de hospedagem localizado em Natal que usasse
esta propaganda..........................................................................60
FIGURA 4.22 Opinio do entrevistado sobre a eficcia de um projeto de marketing ambiental em pequenos meios de hospedagem para atrair clientes...............................................................................61
FIGURA 4.23 Opinio do entrevistado sobre a tempo ainda necessrio para
que as questes ambientais sejam importantes para
influenciarem os turistas na escolha de um hotel........................63
FIGURA 4.24 Opinio do entrevistado a respeito da seguinte orao: O uso de
prticas ambientais uma atividade que gera grande vantagem
competitiva para o setor hoteleiro...............................................64
FIGURA 4.25 Opinio do entrevistado sobre o grau de degradao que um
meio de hospedagem provoca no meio ambiente.......................65
FIGURA 4.26 Opinio do entrevistado sobre seu grau de interesse em gesto
ambiental em pequenos meios de hospedagem.........................66
FIGURA 4.27 Anlise de clusters nas variveis selecionadas..........................71
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Requisitos ambientais para os meios de hospedagem.............27
TABELA 2 Lista de trabalhos avaliados......................................................30
TABELA 3 Lista de variveis selecionadas para anlise de agrupamento Nvel 1.......................................................................................67
TABELA 4 Anlise de varincia obtida a partir dos agrupamentos observados com as variveis selecionadas Nvel 1...............69
TABELA 5 Lista de variveis selecionadas para anlise de agrupamentos............................................................................70
TABELA 6 Anlise de varincia obtida a partir dos agrupamentos observados com as variveis selecionadas Nvel 2...............70
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
MMA Ministrio do Meio Ambiente do Brasil
MTur Ministrio do Turismo do Brasil
OMT Organizao Mundial do Turismo
SEBRAE Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas
SETUR/RN Secretaria Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte
UH Unidade Habitacional
SUMRIO
1 INTRODUO....................................................................................... 12
1.1 Problema............................................................................................... 12
1.2 Justificativa.......................................................................................... 15
1.3 Objetivo................................................................................................. 16
2 FUNDAMENTAO TERICA............................................................. 17
2.1 Competitividade em Destinos Tursticos........................................... 17
2.2 Gesto Ambiental e Competitividade................................................. 20
2.2.1 A Tomada de Conscientizao Ambiental: um breve percurso histrico 20
2.2.2 Competitividade em Pequenos Meios de Hospedagem........................ 22
2.3 Prticas Ambientais em Meios de Hospedagem............................... 25
3 METODOLOGIA.................................................................................... 34
3.1 Tipo de Estudo..................................................................................... 34
3.2 Sujeitos da Pesquisa........................................................................... 34
3.3 Coleta de Dados................................................................................... 35
3.4 Anlise de Dados................................................................................. 36
4 RESULTADOS E DISCUSSES.......................................................... 37
4.1 Perfil do Empreendimento.................................................................. 37
4.2 Perfil do Entrevistado.......................................................................... 42
4.3 Anlise Descritiva................................................................................ 47
4.4 Anlise de Agrupamentos (Cluster)................................................... 67
5 CONCLUSES E RECOMENDAES................................................ 73
5.1 Concluses da Pesquisa de Campo.................................................. 73
5.2 Limitaes do Trabalho....................................................................... 75
5.3 Recomendaes para Estudos Futuros............................................ 76
REFERNCIAS................................................................................................ 78
APNDICE...................................................................................................... 84
12
1 INTRODUO
1.1 Problema
De acordo a Organizao Mundial do Turismo 1, publicao datada em 2011,
o turismo responsvel pela gerao de 6% a 8% do total de empregos no mundo,
sendo uma atividade de extrema importncia econmica no atual contexto global e
de importncia estratgica para a as economias dos pases ao redor do planeta. O
turismo uma das atividades de maior contribuio ao PIB do Rio Grande do Norte,
gerando cerca de 120 mil postos de trabalho atualmente (GOVERNO DO ESTADO
DO RIO GRANDE DO NORTE, 2010). Segundo a SETUR2, h no estado mais de
15000 (quinze mil) unidades habitacionais, com cerca de 45000 (quarenta e cinco
mil) leitos, sendo aproximadamente no estado 652 meios de hospedagem.
Apesar da importncia estratgica da atividade, de acordo com o relatrio do
Frum Econmico Mundial 3, referente ao ano 2011, o Brasil est classificado em
52 lugar (entre 139 pases) em competitividade e atratividade turstica em relao
aos demais destinos tursticos internacionais. O pas est em primeiro lugar quando
se trata da variedade de recursos naturais que o pas oferece e 29 lugar no que se
refere sustentabilidade ambiental. Apesar disso no subitem que se refere ao
desenvolvimento da sustentabilidade da indstria de viagens e turismo o Brasil
ocupa a posio de nmero 94. Verifica-se ento que os empreendimentos tursticos
brasileiros ainda no despertaram para a atual tendncia mundial da
sustentabilidade ambiental.
Apesar de mal posicionado quanto competitividade em relao aos
principais destinos tursticos mundiais, verifica-se que o turismo vem alcanando um
ritmo de crescimento bastante significativo no pas. Para o Ministrio do Turismo, no
1 Organizao mundial do Turismo OMT. Disponvel em: <
http://statistics.unwto.org/en/content/international-recommendations-tourism-statistics-2008-irts-2008
> Acesso em 21 nov. 2011.
2 Secretaria Estadual de Turismo do Estado do Rio Grande do Norte. Dados referentes a uma
estimativa feita para o ano 2006.
3 O World Economic Frum uma organizao internacional independente sem fins lucrativos, e que
rene intelectuais, representantes de ONGs, personalidades do mundo empresarial e lderes
mundiais Fonte: http://www.weforum.org/en/about/Our%20Organization/index.htm
http://statistics.unwto.org/en/content/international-recommendations-tourism-statistics-2008-irts-2008http://www.weforum.org/en/about/Our%20Organization/index.htm
13
ano de 2010, foi registrado o nmero de 7.871.802 desembarques de voos
internacionais em aeroportos brasileiros, o que equivale a um aumento de 20,90%
em relao a 2009 sendo que tambm os desembarques de voos nacionais
apresentaram o expressivo aumento de 20,82% em relao ao ano anterior com
67.688.090 passageiros o que caracterizou um recorde histrico para o setor no
Brasil (MINISTRIO DO TURISMO, 2011).
Outra razo para a baixa capacidade competitiva se refere ao fato de que a
infraestrutura das cidades e meios de transportes brasileiros e consequentemente
dos equipamentos tursticos em comparao aos principais destinos tursticos
mundiais ainda se mostra bastante deficitria. Apesar da precria infra-estrutura
turstica o ndice que retrata a competitividade dos preos na indstria de viagens e
turismo, o pas ocupa a posio de 114 lugar (FRUM ECONMICO MUNDIAL,
2011).
Outro fator a ser analisado se refere aos impactos ambientais causados pelo
turismo onde verifica-se que os mais evidentes so contaminao de rios, lagos e
reas costeiras, contaminao do ar (ocasionado principalmente pelos meios de
transporte), contaminao acstica (derivada de atividades de lazer para turistas e
tambm meios de transporte), congestionamentos (tanto de pedestres quanto de
veculos); poluio visual (causada por design desafortunado de hotis ou outras
instalaes, m distribuio de instalaes, ajardinamento insuficiente de centros
tursticos, publicidade esttica invasiva e antiesttica e obstruo de vistas por
construes tursticas), sujeira do ambiente (resultante da presena de turistas);
perturbao ecolgica de zonas naturais (pela presena excessiva ou uso incorreto
por turistas); danos a stios arqueolgicos e histricos e riscos ambientais como
eroso, deslizamentos de terra, ressacas, inundaes, entre outros, devido a
problemas de ordenamento do territrio derivados do mal planejamento, localizao
ou construo de instalaes tursticas (MINISTRIO DO TURISMO, 2010).
De acordo com pesquisa com o Ministrio do Meio Ambiente (MMA, 2010),
em 11 capitais brasileiras, 74% das pessoas se declaram mais motivadas a comprar
produtos que tenham sido produzidos com tcnicas de menor impacto ambiental.
Em relao disposio da populao em colaborar para a preservao ambiental,
as aes mais citadas pela mesma so: separar lixo para a reciclagem (66%),
14
eliminar o desperdcio de gua (63%) e participar de campanhas de reduo de
energia (46%). Segundo dados da SETUR/RN4, cerca de 85% dos turistas que
visitam o Rio Grande do Norte so turistas nacionais onde, de acordo com o estudo
acima fica evidente que boa parte da populao brasileira est disposta a colaborar
com a causa ambiental, informao esta que pode se tornar vantagem competitiva
se bem utilizada, no s para o setor de turismo, como para demais reas de nossa
sociedade.
De acordo com pesquisa feita pelo Sebrae5 e Ministrio do Turismo o custo da
gerao de emprego na hotelaria um dos mais baixos da economia brasileira,
exigindo um valor de produo de R$ 16 mil. Outros setores como o da construo
civil ou o txtil, observamos que o valor para gerar emprego requer quase o dobro
(cerca de R$ 28 mil). (SEBRAE & MINISTRIO DO TURISMO, 2006). Ainda de
acordo com o Sebrae, em relao ao porte dos empreendimentos, no Brasil, os
pequenos meios de hospedagem, aqueles com at 50 apartamentos, representam
uma fatia de 70% do mercado desse segmento (SEBRAE, 2010).
A palavra ambiente conceituada pelo dicionrio Michaelis (2010) como: o ar
que respiramos, o que nos cerca, o meio em que vivemos ou em que estamos,
sendo que neste trabalho o foco do termo ambiente ser direcionado para o natural,
a natureza, os recursos naturais. No contexto da contnua tomada de
conscientizao ambiental por parte da populao e m colocao dos
equipamentos tursticos no que se refere preservao ambiental pode-se definir a
seguinte questo pesquisa: Qual a importncia atribuda pelos gestores dos
pequenos meios de hospedagem de Natal/RN para as prticas ambientais como
sendo vantagem competitiva para o empreendimento?
4 Secretaria Estadual de Turismo do Estado do Rio Grande do Norte. Dados referentes ao ano 2007.
5 Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas SEBRAE. Disponvel em <
http://www.sebrae.com.br/setor/turismo > Acesso em 19 abr. 2011.
http://www.sebrae.com.br/setor/turismo
15
1.2 Justificativa
Sabe-se que o turismo setor de importncia vital para o municpio de Natal,
onde se configura como um dos setores de maior gerao de postos de trabalho. O
presente estudo surge da preocupao em manter o destino turstico Natal
competitivo, tanto nacional quanto internacionalmente, vinculando sua
competitividade com a prtica ambiental, to em evidncia no momento, e com seus
meios de hospedagem.
A questo ambiental est em voga no momento atual, sendo importante
ressaltar que a ligao desta questo com os meios de hospedagem debatida em
diversos trabalhos acadmicos, porm de maneira descontnua e esparsa no
havendo aes colaborativas entre diversas pesquisas desenvolvidas (PERTSCHI,
2006; MUSIELLO NETO 2006; SILVA, SILVA, ENDERS, 2006; VALENTE, 2007;
REIS, 2008; FREITAS & ALMEIDA; 2010). A pesquisa exploratria realizada em
rea na qual h pouco conhecimento acumulado e sistematizado (VERGARA, 2000).
Devido ao baixo grau de competitividade ambiental apresentado pelas
empresas do setor turstico brasileiro, constata-se que h a real necessidade de
dinamizar os modelos gerenciais existentes no mercado nacional, principalmente no
que diz respeito ao aspecto ambiental, que cada vez mais notrio e importante
para a construo e manuteno de uma boa imagem como empreendimento e
tambm consequentemente como destino turstico.
A complexidade do ambiente organizacional e sua atuao no mercado e na
sociedade esto em constante mudana e reconstruo, seja em conseqncia dos
efeitos da globalizao, seja em virtude da situao do contexto local. Assim, ao
identificar estratgias de desenvolvimento ambientalmente sustentvel para os
meios de hospedagem da cidade de Natal/RN, pensa-se em gerar benefcios e
facilidades para empresrios, trabalhadores locais, turistas e populao local, sendo
geradas ou por novas instalaes hoteleiras ou pela melhoria dos servios prestados
pelas j existentes, proporcionando desenvolvimento local.
Haja vista a importncia do tema da pesquisa em pauta, as informaes
obtidas por esta investigao podero contribuir com o fornecimento de dados para
estabelecer um panorama atual no que diz respeito importncia atribuda pelos
16
gestores ao uso de prticas ambientais em pequenos meios de hospedagem do
municpio de Natal, onde atravs do correto uso destas informaes gera-se
possibilidades de maior competitividade neste segmento.
Do ponto de vista terico este trabalho contribui com a formulao de
modelos tericos sobre o emprego de prticas ambientais em pequenas empresas
do ramo de meios de hospedagem. Entende-se, tambm, que o estudo poder
contribuir para a consolidao de investigaes na rea de administrao de meios
de hospedagem, competitividade e gesto turstica.
1.3 Objetivo
Investigar a percepo dos gestores de pequenos meios de hospedagem de
Natal/RN sobre o uso de prticas ambientais como fator de competitividade.
17
2. FUNDAMENTAO TERICA
2.1 Competitividade em Destinos Tursticos
Sabe-se que a competio entre destinos tursticos est cada vez mais
acirrada devido aos inmeros benefcios econmicos e sociais advindos desta
prtica econmica. A vantagem competitiva gerada e sustentada por um processo
altamente localizado. As diferenas nos valores nacionais, a cultura, as estruturas
econmicas, as instituies e a histria so fatores que contribuem para o xito
competitivo (PORTER, 2009).
De acordo com Valls (2006) pode-se definir destino turstico como,
Pas, regio ou estado, cidade ou lugar como um espao geogrfico determinado, com caractersticas de clima, razes, infra-estruturas e servios prprios, com certa capacidade administrativa para desenvolver instrumentos comuns de planejamento, que adquire centralidade atraindo turistas mediante produtos perfeitamente estruturados e adaptados s satisfaes buscadas, graas valorizao e ordenao dos atrativos disponveis, dotado de uma marca e que se comercializa tendo em conta seu carter integral (VALLS, 2006, p.16).
Para Valls (2006) a partir dos atrativos e recursos disponveis e valorizados, o
destino deve apresentar uma oferta estruturada a servio de determinadas
satisfaes dos clientes (recursos, atrativos e empresas se oferecem em conjunto).
De acordo com Porter (2009) as vantagens competitivas de uma localidade
consistem na qualidade do ambiente que ela proporciona para a consecuo de
nveis elevados e crescentes de produtividade, numa determinada rea de atuao.
Uma das funes dos destinos tursticos segundo Valls (2006) est
configurada como competitividade internacional, sendo que um dos requisitos desta
funo obter vanguarda em tecnologias e redes. cada vez mais notrio atravs
da mdia no s nacional, mas mundial a atual tendncia e preocupao no que diz
respeito sustentabilidade ambiental, sendo que a obteno da vanguarda em
tecnologias ambientais de seus equipamentos tursticos pode servir de diferencial
para qualquer destino turstico em relao a seus concorrentes. As empresas
18
domsticas e globais devem compreender a estrutura do setor, identificar as fontes
da vantagem competitiva e analisar os concorrentes (PORTER, 2009).
As infra-estruturas sustentveis adaptadas s peculiaridades do territrio so
consideradas partes da oferta turstica sendo que estas esto relacionadas
diretamente com a satisfao final sentida pelos turistas. A satisfao final ser dada
pelas satisfaes parciais obtidas, que tm a ver com uma srie de condies
(VALLS, 2006).
A imagem de destino deve refletir a rea geogrfica, bem como os atores
localizados na rea. Essa imagem deve funcionar como um guarda-chuva que liga
as empresas e outros atores para uma imagem comum (HAUGLAND, GRONSETH,
AARSTAD, 2010). O progresso tecnolgico tem proporcionado s empresas a
capacidade de reduzir, anular ou contornar muitos pontos fracos na vantagem
comparativa (PORTER, 2009).
De acordo com Valls (2006),
O sucesso da gesto do destino depender da capacidade dos diferentes agentes em desempenhar seus respectivos papis e estabelecer, entre todos, o consenso em torno do modelo de desenvolvimento turstico e da sua aplicao rigorosa ao longo do tempo (VALLS, 2006, p. 22).
Os agentes elencados por Valls (2006) so: turistas, visitantes, setor
econmico e social turstico, as administraes pblicas e a sociedade em geral. A
pouca colaborao, ou falta de cooperao, de apenas um desses agentes
comprometer o modelo (VALLS, 2006).
muito importante a preocupao, conscientizao e o comprometimento de
todos os agentes relacionados. A idia de um destino no de muito valor, se todas
as empresas e outras partes interessadas no destino s esto preocupados com a
prpria imagem da organizao e em suas comunicaes com os clientes
(HAUGLAND, GRONSETH, AARSTAD, 2010).
Segundo Porter & Kramer (2011),
Grande parte do problema est nas empresas em si, que continuam presas a uma abordagem gerao de valor surgida nas ltimas dcadas e j ultrapassada. Continuam a ver a gerao de valor de forma tacanha, otimizando o desempenho financeiro de curto prazo numa bolha e, ao mesmo tempo, ignorando as necessidades mais importantes do cliente e influncias maiores que determinam seu
19
sucesso a longo prazo. S isso explica que ignorem o bem-estar de clientes, o esgotamento de recursos naturais vitais para sua atividade, a viabilidade de fornecedores cruciais ou problemas econmicos das comunidades.
Petrocchi (2004) explana a respeito do planejamento de destinos tursticos no
Brasil,
Em geral, com base de investimentos que visam to somente ganhos a curto prazo, os destinos se expandem de forma desordenada, operam sem coordenao e perdem qualidade na oferta ao longo prazo. Ocorre, via de regra, desprezo da orientao pelos desejos dos turistas. [...] A desorganizao urbana ameaa os belssimos espaos litorneos do nordeste e de outras regies (PETROCCHI, 2004, p. 32).
Entende-se que atualmente grande parte dos empresrios do setor turstico e
tambm entidades do setor pblico se utilizam de estratgias com viso limitada de
lucro a curto prazo. Porm, segundo Valls (2006) a viso da sustentabilidade de
longo prazo, onde:
as constantes ambientais devem manter-se estveis em todas as fases do ciclo
de vida do destino,
o nmero de turistas pode evoluir exponencialmente, mas s at atingir a
capacidade de carga,
mesmo que o nmero de turistas no supere a capacidade de carga, cada
turista gera impactos que se convertem em consumo de gua, de energia, de
solo, de infra-estruturas etc. indispensveis para a satisfao.
no estudo da reduo dos impactos gerados pelos turistas nos meios de
hospedagem, principalmente na faceta ambiental que se concentrar este trabalho,
sendo este um ponto crucial para o alcance e manuteno do correto uso da
sustentabilidade no destino turstico Natal.
Um das diretrizes de um correto planejamento turstico para Valls (2006)
gerar condies de competitividade internacional no setor turstico, e nos outros,
para os empreendedores e grupos empresariais. A empresa deve liderar a
20
campanha para voltar a unir a atividade empresarial e a sociedade. preciso
reconectar o sucesso da empresa ao progresso social (PORTER, 2011).
Sabe-se a preservao dos recursos naturais um aspecto vital para a
manuteno da competitividade turstica dos destinos. No caso de Natal os atrativos
naturais e o turismo de sol e mar imperam como principal fator de atratividade de
turistas nacionais e internacionais.
Para Valls (2006),
[...] a sustentabilidade exige uma troca radical do modelo de planejamento: o nmero de visitantes no ser a medida do sucesso de um destino , como ocorreu na maioria dos destinos da costa do mediterrneo e do Caribe e em muitas outras regies que aspiram a acomodar o maior nmero de turistas possvel, reproduzindo o modelo de praia e sol surgido na dcada de 1960, sem nenhum tipo de regulamentao ambiental. Pelo contrrio, as medidas de sucesso tero a ver, muito mais, com a revalorizao do territrio e do patrimnio e com a capacidade de produzir melhores experincias no destino (VALLS, 2006, p. 50).
Os visitantes esto se desligando de destinos que tem apresentado
degradao visual seja por meio de um subdesenvolvimento poltico ou pela pobreza
de recursos de manuteno (RITCHIE, CROUCH, 2004). Entende-se que o turismo
deve adotar prticas de mnimo impacto sobre o ambiente natural, monitorando e
diminuindo efetivamente os impactos em seus aspectos paisagsticos, fsicos e
biolgicos com o intuito de garantir a perenidade dos recursos naturais existentes
nas destinaes tursticas. Todos os agentes do destino estaro envolvidos
ativamente e no podero se desligar da sustentabilidade (VALLS, 2006).
2.2 Gesto Ambiental e Competitividade
2.2.1 A Tomada de Conscientizao Ambiental: um breve percurso histrico
A Inglaterra a ptria onde nasceu a revoluo industrial e que influenciou
diretamente o estilo de vida no s da civilizao ocidental, mas como boa parte da
21
humanidade. A Revoluo Industrial, que teve seu incio no sculo XVIII, promoveu
o crescimento econmico e abriu as perspectivas de maior gerao de riqueza, que
por sua vez traria prosperidade e melhor qualidade de vida (DIAS, 2009). Como
resultados diretos da industrializao e tambm da urbanizao acelerada
(conseqncia direta da revoluo industrial), pode-se citar, por exemplo, consumo
excessivo de recursos naturais, contaminao do ar, do solo, das guas, entre
outros.
Somente a partir da segunda metade do sc. XX, ocorreu o incio da
conscientizao ambiental, formada inicialmente nos pases mais ricos, como
conseqncia direta dos problemas ambientais que comearam a aparecer de
maneira mais visvel para a populao devido ao agravamento desses mesmos
problemas.
Em 1972 criado pelo Clube de Roma6 seu primeiro relatrio intitulado Os
Limites do Crescimento que salienta as opes que se abrem para a sociedade de
conciliar o progresso sustentvel dentro das restries ambientais. Este relatrio foi
de grande impacto nos campos da poltica, economia e cincia, sendo que vendeu
mais de 12 milhes de exemplares em cerca de 30 lnguas ao redor do mundo. Esse
trabalho afirmou que nossa civilizao est esgotando os recursos dos quais
depende para a continuao de sua existncia (GIDDENS, 2010).
Conforme relata Giddens (2010) a expresso desenvolvimento sustentvel foi
introduzida em 1987 pela Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. A Comisso definiu desenvolvimento sustentvel como
desenvolvimento que atende s necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das futuras geraes atenderem a suas necessidades(GIDDENS,
2010).
No ano de 1992, ocorreu no Rio de Janeiro a Conferncia das Naes Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Eco-92, onde
6 O Clube de Roma uma organizao sem fins lucrativos, independente de quaisquer interesses
polticos, ideolgicos ou religiosos que originou-se em Roma, em 1968, a partir de um pequeno grupo de
profissionais internacionais das reas da diplomacia, da indstria, academia e sociedade civil.
Fonte: http://www.clubofrome.org/eng/about/5/
http://www.clubofrome.org/eng/about/5/
22
representantes de 179 pases discutiram os principais problemas ambientais globais
(DIAS, 2009). O desenvolvimento sustentvel foi estabelecido como uma das metas
a serem alcanadas pelos governos presentes. A Eco-92 considerada um marco
no que diz respeito conscientizao ambiental dos povos. Em 2002, em
Johanensburgo, frica do Sul, ocorreu a Cpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentvel, conhecida como Rio+10 onde procurou-se examinar e reavaliar as
concluses da Eco-92, onde tambm serviu para que os pases reafirmassem
compromissos com a sustentabilidade.
As naes tm sentido, principalmente no decorrer dos ltimos anos,
desastres ambientais e ecolgicos em uma frequncia cada vez maior, se
compararmos com os outros sculos da histria da humanidade, sendo este um
fator decisivo para o fomento do desenvolvimento sustentvel, principalmente em
seu carter ambiental. A concepo do desenvolvimento sustentvel norteia o atual
debate sobre a questo ambiental em qualquer setor das atividades humanas (DIAS,
2009).
2.2 Competitividade em Pequenos Meios de Hospedagem
Sabe-se que o empreendedorismo um grande parceiro do desenvolvimento
econmico, pois atravs de iniciativas empreendedoras que se gera
desenvolvimento, empregos e bens de consumo (DORNELAS, 2003). Est
disseminado no pas que o empreendedorismo fundamental para a gerao de
riquezas, promovendo o crescimento econmico. tambm um fator
importantssimo na gerao de empregos e renda (GRECO et al, 2010).
De acordo com a pesquisa Empreendedorismo no Brasil realizada pelo
Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade com apoio do SEBRAE o nmero
de empreendedores no Brasil cresce a cada ano sendo que em 2010, 21,1 milhes
de brasileiros eram considerados empreendedores em estgio inicial, nmero
apenas menor do que o ocorrido na China.
23
Conforme Greco (2010) desde 2003 o empreendedorismo de oportunidade
tem sido maior do que o empreendedorismo de necessidade, sendo que em 2010 a
proporo de 2,1 empreendedor por oportunidade para cada empreendedor por
necessidade.
Vale lembrar que o empreendedorismo por oportunidade mais benfico para a economia dos pases, onde os empreendedores que iniciaram o seu negcio por vislumbrarem uma oportunidade no mercado para empreender e como forma de melhorar sua condio de vida tem maiores chances de sobrevivncia e de sucesso. Em compensao h pessoas que empreendem como nica opo, ou seja pela falta de melhores alternativas profissionais so os empreendedores por necessidade. Porm, mesmo o empreendedorismo por necessidade pode gerar oportunidades de negcios e se transformar em empreendimentos por oportunidade (GRECO et al 2010, p. 39).
Os meios de hospedagem so de fundamental importncia para a atividade
turstica, setor em que h maior gerao de empregos diretos e indiretos. So
componentes fundamentais da atividade turstica, pois, sem um local para a
hospedagem, o turista no pode ficar na localidade (ALDRIGUI, 2007). Segundo a
Lei Geral do Turismo n. 11.771/08, de 17 de setembro de 2008,
Consideram-se meios de hospedagem os empreendimentos ou
estabelecimentos, independentemente de sua forma de constituio,
destinados a prestar servios de alojamento temporrio, ofertados
em unidades de freqncia individual e de uso exclusivo do
hspede, bem como outros servios necessrios aos usurios,
denominados de servios de hospedagem, mediante adoo de
instrumento contratual, tcito ou expresso, e cobrana de diria.
O governo brasileiro considera o desenvolvimento do turismo, e
consequentemente do setor especfico de meios de hospedagem, como item de
extrema importncia para o desenvolvimento da economia brasileira, conforme
indica o Manual de Conduta Hoteleira (2005),
Os Meios de Hospedagem so foco de ao do Ministrio do Turismo, pois desempenham papel fundamental no desenvolvimento da atividade turstica. Para o cumprimento eficaz desse papel, os Meios de Hospedagem devem estar alinhados com o atual modelo organizacional, que enfatiza a valorizao da sustentabilidade e qualidade dos servios.
24
De acordo com pesquisa divulgada pelo IBGE em 2012 nos meios de
hospedagem das capitais brasileiras, verificou-se que 70% dos meios de
hospedagem possuem at 49 unidades habitacionais sendo que no municpio de
Natal este nmero de 73,5% dos 212 meios de hospedagem catalogados pelo
IBGE. Com aproximadamente 70% dos meios de hospedagens possuindo no
mximo 49 unidades habitacionais, verifica-se uma intensa concorrncia neste
segmento do mercado de hospedagem, sendo necessria cada vez mais a busca de
vantagens competitivas em relao aos seus competidores.
De acordo com Clarke & Chen,
A vantagem competitiva advm do conhecimento atualizado das tendncias do ambiente e atividade concorrentes, junto com a vontade de arriscar uma vantagem atual por outra possivelmente nova. As empresas devem estar, assim, dispostas a atualizar os prprios produtos ou servios que fazem sucesso para manter a vantagem competitiva. A nica realidade da vantagem competitiva real e sustentvel no reside agora nos produtos ou servios disponveis no momento, mas na capacidade da empresa de conhecer e se adaptar s mudanas constantes das condies (CLARKE & CHEN, 2008, p 208).
Para Oliveira (2009),
Vantagem competitiva aquele algo mais que identifica os produtos e servios, bem como os mercados para os quais a empresa est, efetivamente, capacitada a atuar de forma diferenciada. o que faz o mercado comprar os produtos e servios de uma empresa, em detrimento de seus concorrentes (OLIVEIRA, 2009, p. 459).
de suma importncia a capacitao dos gestores quanto a estratgias que
gerem maior competitividade em seus empreendimentos. Sabe-se que a questo da
preservao ambiental est em voga no presente momento, tanto em estudos
acadmicos quanto na mdia em geral atingindo os mais variados pblicos. O uso de
prticas ambientais pode ser observado como gerador de vantagem competitiva e
consequente aumento da competitividade em pequenos meios de hospedagem.
25
2.3 Prticas Ambientais para os Meios de Hospedagem
A crescente presso para a conduo dos negcios de forma sustentvel vem
de vrias partes interessadas clientes, acionistas, conselhos, trabalhadores,
governos e ONGs (LEE, 2010). O turismo, por ser um setor, que afeta diretamente o
meio ambiente, e por grande parte dos impactos gerados poderem ser facilmente
visualizados, identificados e sentidos tanto pela comunidade local quanto pelos
turistas desperta cada vez mais para a importncia do pensar e do implementar
aes que proporcionem melhorias no que diz respeito aos impactos causados na
rea ambiental. A boa poltica ambiental est intimamente ligada qualidade
operacional, de modo que a empresa seja econmica, social e ambientalmente
sustentvel (CLARKE, CHEN, 2008).
Conforme Valls (2006),
Para ser competitivo, um destino deve gerar benefcios de longo prazo superiores mdia da concorrncia em trs mbitos: benefcios econmicos para os negcios da regio, de modo que atraia os melhores investidores, empresrios, trabalhadores, fornecedores, peritos, etc.; benefcios sociais, em termos de qualidade de vida, postos de trabalho de qualidade, inovao, etc.; e benefcios ambientais, de maneira que o uso turstico financie integralmente a taxa de regenerao e que no tenha que recorrer a
excepcionalidades (VALLS, 2006, p.51).
A maioria dos analistas parece concordar que o aspecto mais importante da
poltica do turismo a proteo da comunidade local e do seu meio ambiente
(SWARBROOKE, 2000). Sabe-se que quando se investiga a respeito de impactos
gerados pelo turismo a faceta mais aparente e a que mais tem sido debatida a
relativa aos impactos ambientais.
De acordo com Lohmann & Panosso Netto (2008), os impactos ambientais
negativos oriundos do turismo so:
Contaminao das nascentes de gua;
Diminuio dos espaos verdes, que passam a ser destinados construo
de infra-estrutura turstica;
Uso inadequado do solo propiciado pelos empreendimentos tursticos mal-
planejados;
26
Transformao do espao fsico dos destinos, que passam a ser orientados
apenas para o turismo;
Verticalizao dos centros urbanos impulsionados pela presso imobiliria;
Eroses em trilhas de turismo e;
Transformao da Paisagem.
Entende-se que h uma gama muito maior de impactos que podem ser
gerados pela atividade turstica. Os impactos ambientais mencionados acima podem
derivar muitos outros de acordo com as caractersticas culturais, econmicas,
sociais, polticas e ambientais da destinao turstica em foco.
As polticas governamentais podem exercer, sob vrias formas, influncias
sobre as condies da demanda, tais como regulamentos referentes aos produtos,
segurana e ao meio ambiente, impondo certos atributos aos produtos e processos
(PORTER, 2009).
impossvel negar a expanso dos negcios de hospedagem no Brasil,
mas todo esse desenvolvimento vem encontrando empecilhos em fatores como a
qualidade na prestao de servios e certa resistncia quanto ao uso da tecnologia
(ALDRIGUI, 2007). Sabe-se que ainda h resistncia de empresas do setor turstico,
entre elas os meios de hospedagem brasileiros quanto a utilizao de tecnologias
ambientais. O pensamento esttico induz as empresas a combater normas
ambientais que, na realidade, poderiam reforar a sua competitividade (PORTER,
1999).
De acordo com Porter (1999),
As normas ambientais elaboradas de forma adequada podem desencadear inovaes que reduzem os custos totais de um produto ou aumentam seu valor. Essas inovaes permitem que as empresas utilizem uma gama de insumos de maneira mais produtiva abrangendo matria prima, energia e mo-de-obra compensando assim, os custos da melhoria do impacto ambiental e resolvendo o impasse (PORTER, 1999).
A Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT em conjunto com o
Ministrio do Turismo institui a norma 15401 de novembro de 2006, onde especifica
os requisitos relativos sustentabilidade de meios de hospedagem, sendo
atualmente referncia nacional para atestar que um meio de hospedagem
27
desenvolve suas atividades de modo sustentvel. A norma citada define
sustentabilidade como uso dos recursos, de maneira ambientalmente responsvel,
socialmente justa e economicamente vivel, de forma que o atendimento das
necessidades atuais no comprometa a possibilidade de uso pelas futuras geraes,
e aspecto da sustentabilidade como elemento das atividades, produtos ou servios
de um empreendimento, que pode interagir com as dimenses da sustentabilidade
(ambiental, sociocultural e econmica). Em geral, a parceria com uma ONG, uma
universidade ou alguma outra autoridade de prestgio fundamental para uma
estratgia eficaz (UNRUH; ETTENSON, 2010). No que diz respeito aos requisitos
ambientais para o turismo sustentvel, as prticas do empreendimento devem
minimizar a degradao do meio ambiente, de acordo com as seguintes
especificaes (ABNT NBR 15401, 2006):
Tabela 1: Requisitos Ambientais para os Meios de Hospedagem.
reas Naturais, Flora
e Fauna
O empreendimento deve cumprir a legislao para implementao de
atividades tursticas em reas naturais; deve conservar rea natural
prpria empregando boas prticas de proteo e manejo; quando no
possuir uma rea natural prpria, apoiar a proteo e manejo de reas
naturais de terceiros na regio; o empreendimento deve tomar medidas
para promover a proteo da flora e da fauna como por exemplo
(quando apropriado), no permitir a comercializao de espcies de
flora e fauna silvestres no empreendimento sem autorizao legal,
preveno do uso predatrio de matria-prima proveniente de espcies
da flora e fauna silvestres, cuidados com impactos luminosos e
sonoros, de modo a minimizar possveis mudanas do comportamento
dos animais, promoo de aes educativas junto a clientes, com o
propsito de gerar conhecimento e valorizao dos ecossistemas da
regio.
Arquitetura e
impactos da
construo local
A arquitetura do empreendimento deve ser integrada paisagem,
minimizando os impactos da implantao durante a construo, a
operao e quando houver obras de reparo, ampliaes ou outros tipos
de alteraes, adequados legislao; devem ser tomadas medidas
para minimizar alteraes significativas na paisagem local provocadas
pelo projeto arquitetnico e pelos movimentos de terra, minimizar a
impermeabilizao do solo, minimizar a remoo de vegetao nativa,
evitar a interrupo da movimentao e reproduo da vida silvestre,
implementar um programa para proteger a vegetao nativa, no
utilizar materiais derivados de espcies ameaadas na construo,
acabamento ou decorao, monitorar e mitigar a eroso, assegurar
uma destinao final adequada para os resduos no aproveitados na
construo. Convm utilizar materiais de construo disponveis na
28
regio, originados de fontes sustentveis. A arquitetura das
construes deve ser compatvel com o entorno fsico e cultural onde
deve-se tomar medidas para diminuir o impacto visual da infra-estrutura
de suporte (por exemplo, recorrer ao uso de vegetao natural).
Paisagismo O planejamento e a operao do paisagismo do empreendimento
devem ser efetuados minimizando os impactos ambientais, sendo que
o paisagismo reflita o ambiente natural do entorno, inclusive com o uso
de espcies nativas.
Resduos Slidos O empreendimento deve planejar e implementar medidas para reduzir,
reutilizar ou reciclar os resduos slidos como por exemplo, aquisio
preferencial de produtos em embalagens para grandes quantidades,
quando compatvel com as condies ambientais locais, preveno do
uso de embalagens descartveis, utilizao de recipientes adequados
para a coleta, separao e coleta seletiva.
Efluentes lquidos O empreendimento deve planejar e implementar medidas para
minimizar os impactos provocados pelos efluentes lquidos ao meio
ambiente e sade pblica, por exemplo medidas para prevenir a
contaminao das guas residuais por produtos txicos ou perigosos.
Emisses para o ar
(gases e rudo)
O empreendimento deve planejar e implementar medidas para
minimizar a emisso de rudos das instalaes de maquinaria e
equipamentos, das atividades de lazer e entretenimento, de modo a
no perturbarem o ambiente natural, o conforto dos hspedes e das
comunidades locais. O empreendimento deve planejar e implementar
medidas para minimizar a emisso de gases e odores provenientes de
veculos, instalaes e equipamentos, sedo que as medidas devem
incluir: aes para eliminao de odores provenientes da preparao
de alimentos ou outras operaes do empreendimento; utilizao de
combustveis com menores impactos ambientais, como gs natural, por
exemplo; programas de manuteno para os veculos e preveno das
emisses de clorofluorcarbonetos (CFC).
Eficincia energtica O empreendimento deve planejar e implementar medidas para minimizar o consumo de energia, em particular de fontes no renovveis como , por exemplo, estabelecer metas de consumo de energia, usar fontes de energia renovveis como por exemplo a energia solar, implementar um procedimento onde assegure que as luzes e equipamentos eltricos permaneam ligados apenas quando necessrios, os procedimentos de aquisio de equipamentos que consomem energia devem incluir como critrio sua eficincia energtica. A arquitetura das construes deve utilizar as tcnicas para maximizar a eficincia energtica, tais como: ventilao natural, otimizao do uso da sobra, otimizao do uso da iluminao natural, minimizao das fugas e perdas de calor nas instalaes hidrulicas, de aquecimento e de refrigerao. O empreendimento deve informar aos clientes o seu comprometimento com a economia de energia e encorajar o se envolvimento.
Conservao e
gesto do uso de
O empreendimento deve planejar e implementar medidas para minimizar o consumo de gua e assegurar que seu uso no prejudica o abastecimento das comunidades locais, da flora, da fauna e dos
29
gua: mananciais como, por exemplo, utilizao de dispositivos para economia de gua (torneiras e vlvulas redutoras de consumo em banhieros, lavabos, chuveiros e descargas), programa especfico de troca no diria de roupa de cama e toalhas, programas de inspeo peridica nas canalizaes e sua manuteno, com vistas minimizao das fugas de gua (devem ser mantidos registros dessas inspees e reparos), captao e armazenamento de guas pluviais, preservao e revitalizao de mananciais de gua. O empreendimento deve informar aos clientes o seu comprometimento com a economia de gua e encorajar o seu envolvimento mediante campanhas de economia dirigidas aos hspedes e aos trabalhadores.
Seleo e uso dos
insumos
O empreendimento deve planejar e implementar medidas para minimizar a utilizao de insumos com potencias impactos ao meio ambiente e promover o consumo responsvel como, por exemplo, utilizar produtos de limpeza biodegradveis, sabonetes e cosmticos tanto para clientes quanto para trabalhadores tambm biodegradveis. conveniente que se use dosadores para estes produtos.
Fonte: ABNT NBR 15401, 2006
Diversas pesquisas tm buscado compreender, retratar e analisar como se d
a relao entre a administrao de meios de hospedagem, a preocupao com a
sustentabilidade ambiental e a consequente reduo de impactos ambientais no seu
entorno (PERTSCHI, 2006; MUSIELLO NETO 2006; SILVA, SILVA, ENDERS, 2006;
VALENTE, 2007; REIS, 2008; FREITAS & ALMEIDA; 2010). Para esses estudos, as
empresas necessitam compreender o papel e a significao dos negcios enquanto
prticas de transformao dos indivduos, pensando no reequilbrio social, no apoio
ao desenvolvimento da comunidade onde atuam e na preservao do meio
ambiente.
A partir da reviso bibliogrfica de estudos previamente publicados (tabela 2),
so investigados trabalhos que abordam princpios de gesto ambiental em meios
de hospedagem.
30
TABELA 2: Lista de trabalhos avaliados.
Ttulo Autores e ano de publicao
Gesto ambiental na hotelaria: um estudo da
aplicao de indicadores ambientais.
PERTSCHI, 2006
Prticas de gesto ambiental: a performance
dos gestores como fator determinante da
cultura organizacional nos empreendimentos
hoteleiros.
MUSIELLO NETO, 2006
Gesto ambiental e desempenho
organizacional: um estudo de suas relaes
no setor hoteleiro.
SILVA, SILVA, ENDERS, 2006
Meios de hospedagem e desenvolvimento
sustentvel.
VALENTE, 2007
A responsabilidade ambiental dos meios de
hospedagem do municpio de Ilhus.
REIS, 2008
Avaliao do nvel de conscincia ambiental
em meios de hospedagem: uma abordagem
exploratria.
FREITAS & ALMEIDA; 2010
Pertschi (2006) realizou sua pesquisa em Foz do Iguau-PR, pesquisa essa
baseada em um estudo de caso em trs hotis de grande porte. O autor defendeu a
multidisciplinaridade das equipes de trabalho nos meios de hospedagem. Para o
autor as solues no campo hoteleiro no que diz respeito gesto ambiental devem
ser pensadas por uma equipe multidisciplinar defendendo a cooperao entre
turismlogos e gegrafos para produzir o conhecimento necessrio em gesto
ambiental em meios de hospedagem. O referido autor conclui ainda, que de toda a
diversidade de medidas ambientais para cada indicador, apenas um pouco menos
da metade foram adotadas pela hotelaria de grande porte do municpio de Foz do
Iguau. (PERTSCHI, 2006).
31
Corroborando com o resultado acima descrito ainda de acordo com Pertschi
(2006) houveram algumas aes de cunho ambiental detectadas pela pesquisa,
porm ainda insuficientes,
A hotelaria demonstrou praticar algumas aes ambientais,
motivada por presses mercadolgicas ou legais, utilizando-se de
certificaes independentes ou no, que de fato no refletem o
processo de interao e cultura de conservao ambiental que toda
e qualquer empresa turstica deve possuir.
A amostra da pesquisa de Musiello Neto (2006) foi constituda de 35 micro e
pequenos meios de hospedagem de Joo Pessoa-PB demonstra que a maioria dos
gestores dos empreendimentos no possui conhecimentos de gesto ambiental e
compreende a gesto ambiental como fator de muita importncia para a
competitividade das organizaes. Segundo o autor,
A maioria dos gestores, cerca de 65,12% (micro) e 74,42% (pequeno) afirmaram nunca terem participado de cursos voltados para gesto ambiental, em outras palavras, muitos desses gerentes so contratados atravs de indicaes de amigos e iro gerenciar os meios de hospedagem sem qualquer tipo de treinamento eficiente que realmente possa transformar a sua gesto em algo competitivo.
Silva, Silva, Enders (2006), realizaram pesquisa com 130 donos ou gestores
de empresas do setor hoteleiro no Plo Costa das Dunas 7, no estado do Rio Grande
do Norte, onde a coleta de dados deste trabalho foi feita em 2002. De modo geral de
acordo com a pesquisa o uso de prticas ambientais no caracterstica
predominante no setor hoteleiro do Plo Costa das Dunas.
Conforme Silva, Silva, Enders (2006),
[...] foram identificados trs grupos de hoteleiros com caractersticas diferentes de uso de prticas ambientais. O menor grupo (17,9%)
7 O Plo Costa das Dunas foi criado pelo governo do estado atravs do decreto n. 18.186 em 14 de
abril de 2005 possuindo no ato de sua criao 16 municpios: Pedra Grande, So Miguel do Gostoso,
Touros, Rio do Fogo, Maxaranguape, Cear-Mirim, Extremoz, Natal, Senador Georgino Avelino,
Tibau do Sul, Baa Formosa, Canguaretama, Ars, Nsia Floresta, Parnamirim e So Gonalo do
Amarante. Fonte: http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/prodetur/polos/docs/decreto_18186_rn.pdf
http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/prodetur/polos/docs/decreto_18186_rn.pdf
32
possui os elementos de um sistema de gesto ambiental e aplicam as prticas ambientais mais avanadas. Um segundo grupo (22,8%) aplica as prticas ambientais, mas no possui os elementos de um sistema de gesto ambiental. O maior grupo (59,3%) nem aplica prticas ambientais e nem possui os elementos de um sistema de gesto ambiental.
Valente (2007) realizou pesquisa em Braslia, sendo que o corpus de seu
trabalho foram hotis de quatro e cinco estrelas da cidade, assim como tambm
1(hum) resort. Para a pesquisadora os hotis analisados no despertaram para a
sustentabilidade ambiental, tampouco para a social. A pesquisadora defende
tambm o uso de certificaes ambientais por parte dos empreendimentos
hoteleiros. A certificao ambiental a melhor opo para agir em prol do meio
ambiente e tambm ter diferencial competitivo no mercado (VALENTE, 2007).
De acordo com Reis (2008), no municpio de Ilhs-BA, em pesquisa realizada
em 60 meios de hospedagem daquele municpio constatou-se que,
H uma notvel falta de conscientizao dos empreendimentos hospedeiros, e observou-se que era uma conseqncia de uma falta de educao voltada para esse lado. A no projeo dessa questo leva a diminuio do nmero de turistas que tem o meio ambiente como atrativo, pois o entorno do ambiente onde est localizado a hospedagem tambm um chamariz.
Com o objetivo de avaliar nvel de conscincia ambiental em meios de
hospedagem Freitas & Almeida (2010) compuseram uma pesquisa
empreendimentos localizados no municpio de Campos dos Goytacazes, estado do
Rio de Janeiro, onde foram aplicados questionrios para 11 empresrios do setor de
hospedagem, dentre 18 meios de hospedagem identificados naquela localidade.
Entre os resultados da pesquisa constatou-se que a grande maioria dos empresrios
demonstra preocupao e interesse com a questo ambiental, chegando a efetuar
aes em prol do meio ambiente, porm apesar do interesse dos empresrios
verifica-se grande desconhecimento do assunto e de sistemas de prticas
ambientais neste setor.
33
A investigao das pesquisas realizadas sobre este tema foi efetuada de
forma amostral e com foco na realidade dos meios de hospedagem no Brasil.
Verificou-se que os estudos analisados foram feitos em mbito regional e local
sendo que perceptvel a necessidade de mais estudos nesta rea de pesquisa e
at de uma possvel integrao entre as instituies pesquisadoras para que se
possa realizar futuros estudos em mbitos maiores, como estaduais e at nacionais.
De acordo com os trabalhos analisados nota-se que a grande maioria dos
donos e/ou gestores de meios de hospedagem ainda no despertou para a to
difundida sustentabilidade, analisada aqui primordialmente em seu mbito ambiental.
H por parte dos gestores grande desconhecimento de sistemas ambientais que
podem ser utilizados pelos meios de hospedagem. Este mais um fator que
corrobora com a necessidade de mais pesquisas nesta rea.
Baseado na importncia do estudo das prticas ambientais em pequenos
meios de hospedagem prope-se o presente estudo a utilizar os procedimentos
metodolgicos que so apresentados a seguir:
34
3. METODOLOGIA
3.1.Tipo de estudo
Este estudo analisa os pequenos meios de hospedagem da cidade de
Natal/RN no que ao diz respeito a percepo de seus gestores quanto ao uso de
prticas ambientais como fator de competitividade nos referidos empreendimentos.
Essa investigao tem seu enfoque analtico e quantitativo.
O presente estudo se caracteriza como sendo exploratrio e descritivo no
qual foi utilizada amostra probabilstica aleatria, seguida de aplicao de
instrumento de coleta de dados (questionrios). A pesquisa exploratria realiza
descries precisas da situao e quer descobrir as relaes existentes entre os
elementos componentes da mesma (CERVO & BREVIAN, 1986). Em uma pesquisa
descritiva os fatos so observados, registrados, analisados, classificados e
interpretados, sem que o pesquisador interfira neles (ANDRADE, 2001). Entende-se
ento que neste tipo de pesquisa o pesquisador estuda os fenmenos investigados
mas no manipula os mesmos. A pesquisa descritiva expe caractersticas de
determinada populao ou de determinado fenmeno. Pode tambm estabelecer
correlaes entre variveis e definir sua natureza (VERGARA, 2000).
3.2. Sujeitos da Pesquisa
A pesquisa foi desenvolvida no municpio de Natal, capital do estado do Rio
Grande do Norte, onde foram respondidos um total de 35 questionrios. Foram
objetos desta pesquisa, os pequenos meios de hospedagem da cidade supracitada.
Entende-se por pequeno meio de hospedagem, aquele estabelecimento que possui
35
at 50 UHs (unidades habitacionais), conforme consta no Censo Qualitativo da
Hotelaria Nacional8 realizado pela ABIH, SEBRAE e Editora Abril, no ano de 2005.
Os meios de hospedagem podem ser divididos em categorias, de acordo com
sua tipologia, sendo que os meios de hospedagem amostrados foram hotis,
pousadas, flats/apart-hotis e albergues. Tradicionalmente, o hotel, o exemplo
mais utilizado de meio de hospedagem, neste aspecto a literatura especializada
normalmente se refere a hotis, no necessariamente a outros equipamentos
(ALDRIGUI, 2007).
H, no municpio de Natal, 197 meios de hospedagem de acordo com a
SETUR9, onde so caracterizados como pequenos meios de hospedagem queles
estabelecimentos que possuem nmero igual ou inferior a 50 unidades
habitacionais. Porm, no h segundo rgos oficiais potiguares e tambm de
acordo com a ABIH-RN uma estimativa de quantos estabelecimentos se encaixam
na categoria de pequenos meios de hospedagem. Desta forma a pesquisa foi feita
com uma parte representativa da populao (17,8%), denominada amostra, e no
com a totalidade dos indivduos (Cervo & Brevian, 1986).
3.3. Coleta de Dados
Para a presente pesquisa foi utilizado o instrumento questionrio com
questes em escala tipo Likert, onde o instrumento de pesquisa foi aplicado
diretamente nos estabelecimentos objetos deste estudo. Quando da impossibilidade
por parte dos proprietrios ou diretores destes estabelecimentos responderem
diretamente ao pesquisador no momento da visita, o referido questionrio foi
entregue pessoalmente no estabelecimento endereado ao proprietrio e/ou gestor
sendo agendado horrio adequado de acordo com as possibilidades do entrevistado
para a entrega do questionrio preenchido assim como esclarecimento de qualquer
8 Associao Brasileira da Indstria de Hotis. Site institucional. Disponvel em <
http://www.abih.com.br/Censo2005.php >. Acesso em 02 dez. 2010.
9 Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte. Site institucional. Disponvel em < http://www.brasil-
natal.com.br/setur_estatisticas.php > Acesso em 01 nov. 2010.
http://www.abih.com.br/Censo2005.phphttp://www.brasil-natal.com.br/setur_estatisticas.phphttp://www.brasil-natal.com.br/setur_estatisticas.php
36
dvida. A aplicao dos questionrios de pesquisa se desenvolveu no perodo
compreendido entre agosto de 2011 e fevereiro de 2012 sendo que a pesquisa foi
realizada nas zonas sul, leste e oeste de Natal/RN.
3.4. Anlise de Dados
Para anlise dos dados obtidos neste estudo foram utilizadas a estatstica
descritiva e anlise de agrupamentos (cluster). Primeiramente sero utilizadas as
tcnicas descritivas com o objetivo de conhecer melhor os dados coletados. A
estatstica descritiva descreve uma realidade a partir dos dados que a expressem.
Com os dados, o pesquisador pode organizar tabelas e grficos (COSTA, 2003).
De acordo com Costa (2003),
Tabelas e grficos ajudam o pesquisador a pr ordem nas informaes colhidas e ter assim uma primeira e razovel idia de como se comporta o fenmeno ou a situao que ele esteja examinando. Pode calcular porcentagens que expressem relaes entre varveis; pode tambm calcular mdias e desvios que o auxiliam a enxergar aspectos importantes do estudo que tenha em mente.
Aps realizada a anlise descritiva, foi realizada a anlise de agrupamentos
(cluster). O objetivo foi o de identificar agrupamentos comuns em termos de
variveis direcionadoras do interesse nas prticas de gesto ambiental em
pequenos meios de hospedagem, a partir da percepo dos empresrios e gestores
entrevistados.
Os resultados obtidos a partir dos procedimentos metodolgicos utilizados
so apresentados a seguir:
37
4. RESULTADOS E DISCUSSES
Neste captulo, so apresentados os resultados da coleta de campo e as
discusses obtidas, utilizando-se os procedimentos metodolgicos apresentados.
4.1 Perfil do Empreendimento
Na figura 4.1 apresentado o perfil da amostra quanto classificao do
empreendimento quanto a sua tipologia.
37%
43%
17%
3%
Pousada Hotel Flat Albergue
CLAS
0
2
4
6
8
10
12
14
16
No d
e o
bse
rva
es
37%
43%
17%
3%
Figura 4.1. Perfil da amostra quanto classificao do empreendimento quanto a sua
tipologia.
Conforme pode ser observado atravs da figura 4.1, 80% dos
empreendimentos entrevistados, pertence categoria de pousadas e hotis, sendo
38
43% classificados como hotis e 37% como pousadas. Durante a pesquisa notou-se
que so os empreendimentos mais numerosos presentes na cidade de Natal.
De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE em 2011, no municpio de Natal
43,9% dos meios de hospedagem esto classificados como hotis e 30,2% esto
classificados como pousadas.
De acordo com Cooper et al, 2007,
Na maioria dos pases, os hotis so operaes pequenas e empresas familiares, que se desenvolvem junto com o setor de turismo, j no incio do sculo XX e, em particular, depois de 1945. Assim o tpico hotel seria representado por estabelecimentos de at 30 apartamentos, em localidades tursticas junto ao mar ou no campo, ou nos vrios tipos de propriedades nas cidades (COOPER et al , 2007, p. 385).
Na figura 4.2, apresentado o perfil da amostra quanto ao nmero de
unidades habitacionais nos empreendimentos pesquisados.
11%
57%
31%
< 10 UHs entre 10 e 30 > 30
NHAB
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
No d
e o
bse
rva
es
11%
57%
31%
Figura 4.2. Perfil da amostra quanto ao nmero de unidades habitacionais.
39
Verifica-se que 57% dos empreendimentos pesquisados possuem entre 10 e
30 unidades habitacionais, 31% possuem entre 31 e 50 unidades habitacionais e
apenas 11% dos empreendimentos possuem menos de 10 unidades habitacionais.
Quanto ao nmero de unidades habitacionais a pesquisa realizada pela ABIH,
Sebrae e Editora Abril em 2005 classifica como pequeno meio de hospedagem
aquele empreendimento com at 50 unidades habitacionais, sendo esta pesquisa
est sendo utilizada como parmetro para determinao de pequenos meios de
hospedagem neste trabalho. O IBGE apresentou em 2012 nova pesquisa nos meios
de hospedagem das capitais brasileiras onde no define uma classificao de
tamanho do empreendimento baseado no nmero de UHs, onde apenas separa os
empreendimentos da seguinte forma: at 9 UHs, de 10 a 19 UHs, de 20 a 29 UHs,
de 30 a 49 UHs, de 50 a 99 UHs e 100 ou mais UHs.
Infelizmente devido a esta diferena de apenas 1 UH (de at 50 UH na
pesquisa de 2005 e at 49 UHs da pesquisa de 2012) no possvel comparar com
exatido o resultado das duas pesquisas, apontando que entre estas pesquisas
existe uma descontinuidade que pode prejudicar posteriores estudos cientficos
sobre o assunto.
Na figura 4.3, apresentado o perfil da amostra quanto ao nmero de
funcionrios dos empreendimentos pesquisados.
40
63%
23%
14%
menos de 10 entre 10 e 15 mais de 15
NFUN
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
No d
e o
bse
rva
es
63%
23%
14%
Figura 4.3. Perfil da amostra quanto ao nmero de funcionrios.
Observa-se atravs da figura 4.3 que a grande maioria (63%) dos
empreendimentos pesquisados possui menos de 10 funcionrios. Sabe-se que
quanto menor o nmero de funcionrios, menos servios podem ser oferecidos
aos hspedes gerando maior simplicidade no estabelecimento. importante
ressaltar tambm que diante do universo de pequenos meios de hospedagem houve
a percepo da existncia de acmulos de funes por partes dos funcionrios, que
em muitas ocasies operacionalizavam funes prticas e administrativas ao mesmo
tempo, como por exemplo, recepo e superviso dos demais funcionrios ao
mesmo tempo.
Na figura 4.4, apresentado o perfil da amostra quanto sua localizao
dentro do municpio de Natal.
41
80%
14%
6%
ZONA SUL ZONA LESTE ZONA OESTE
LOCA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
No d
e o
bse
rva
es
80%
14%
6%
Figura 4.4. Perfil da amostra quanto localizao.
Nota-se na figura 4.4 que 80% dos empreendimentos entrevistados esto
localizados na Zona Sul do municpio de Natal, mais precisamente no bairro de
Ponta Negra. Esta amostra corresponde realidade da localizao dos pequenos
meios de hospedagem do municpio, onde foi constatado que de forma comparativa
com o bairro de Ponta Negra, as outras zonas da cidade possuem menor
concentrao de pequenos meios de hospedagem. Foi constatada ainda por este
pesquisador, a existncia de grande degradao de alguns meios de hospedagem
da Zona Leste, mais precisamente no bairro da Praia do Meio e Praia dos Artistas, e
grande desgaste tambm da imagem desta regio da cidade devido principalmente
precria infraestrutura de apoio alm da insegurana atual desta rea que parece
estar em declnio em relao ao turismo.
42
4.2. Perfil do Entrevistado
Na figura 4.5, apresentado o perfil da amostra quanto ao sexo do
entrevistado.
49%
51%
Masculino Feminino
SEXO
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
No d
e o
bse
rva
es
49%
51%
Figura 4.5. Perfil da amostra quanto ao sexo dos entrevistados.
Nota-se na figura 4.5 quase a igualdade percentual em relao ao sexo dos
entrevistados, sendo que nos meios de hospedagem observados havia
trabalhadores de ambos os sexos nos cargos de chefia. Conclui-se que nos meios
de hospedagem pesquisados h grande equilbrio no que diz respeito ao gnero,
no sendo encontrado qualquer aspecto de discriminao neste sentido.
Na figura 4.6, apresentado o perfil da amostra quanto escolaridade dos
entrevistados.
43
12%
29%
3%
21%
32%
3%
Fundamental
Mdio
Tcnico
Superior Inc.
Superior
Ps-Graduao
ESCO
0
2
4
6
8
10
12
No d
e o
bse
rva
es
12%
29%
3%
21%
32%
3%
Figura 4.6. Perfil da amostra quanto ao nvel de escolaridade.
Na figura 4.6 observa-se que 29% dos entrevistados possuem apenas o nvel
mdio de ensino, tambm observa-se que 32% possuem nvel superior e que mais
21% possuem o nvel superior incompleto. Chama a ateno tambm o dado que
apenas 1 pessoa declarou possuir Ps-Graduao. Sabe-se que quanto maior o
grau de instruo dos trabalhadores melhor ser a operacionalizao do
empreendimento, sendo oferecido um servio mais qualificado gerando maior
competitividade em relao aos empreendimentos concorrentes.
Na figura 4.7, apresentado o perfil da amostra quanto faixa etria dos
entrevistados.
44
32%
26%
15%
18%
9%
< 30 30 - 40 41 - 50 51 - 60 > 60
IDAD
0
2
4
6
8
10
12
No d
e o
bse
rva
es
32%
26%
15%
18%
9%
Figura 4.7 Perfil da amostra quanto faixa etria dos entrevistados.
Na figura 4.7 verifica-se que 32% dos entrevistados possuem menos de 30
anos e 26% possuem entre 30 e 40 anos totalizando 58% dos entrevistados
possuindo at 40 anos de idade, o que pode ser considerada como uma
amostragem predominantemente jovem. Verifica-se tambm que apenas 9% dos
entrevistados possuem mais de 60 anos.
Na figura 4.8, apresentado o perfil da amostra quanto ao tempo de servio
no setor de meios de hospedagem por parte dos entrevistados.
45
32%
35%
18%
15%
< 5 anos 5 - 10 anos 11 - 15 anos > 15 anos
TSNS
0
2
4
6
8
10
12
14
No d
e o
bse
rva
es
32%
35%
18%
15%
Figura 4.8. Perfil da amostra quanto ao tempo de servio no setor de meios de hospedagem.
Conforme pode ser percebido na figura apresentada, verifica-se que 32% dos
entrevistados trabalham no setor de meios de hospedagem a menos de 5 anos, 35%
dos entrevistados trabalham neste setor pelo perodo correspondido entre 5 e 10
anos. Somando estes dois percentuais verifica-se que 67% dos entrevistados
trabalham no setor h no mximo 10 anos. Verifica-se em Natal que o turismo de
maneira geral um grande gerador de empregos, sendo que os meios de
hospedagem ocupam parcela significativa dos empregos gerados pelo setor.
Na figura 4.9 apresentado o perfil da amostra quanto ao tempo de servio
do entrevistado no estabelecimento atual de trabalho.
46
54%
29%
9% 9%
< 5 anos 5 - 10 anos 11 - 15 anos > 15 anos
TSNE
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
No d
e o
bse
rva
es
54%
29%
9% 9%
Figura 4.9. Perfil da amostra quanto ao tempo de servio no empreendimento pesquisado.
Na figura 4.9 se verifica que 54% dos entrevistados trabalham naquele
empreendimento a menos de 5 anos e 29% no perodo compreendido entre 5 e 10
anos totalizando 83%. Uma interpretao possvel destes dados aponta um indcio
de grande rotatividade neste ramo de negcios, j que apenas 17% declararam
trabalhar no mesmo empreendimento a pelo menos 11 anos.
De acordo com Buhler, 2009,
A perda de pessoas revela problemas e desafios a serem superados pela rea de recursos humanos. Significa a perda de conhecimentos, capital intelectual, inteligncia, domnio dos processos, perda de conexes com os clientes, de mercado, de negcios, de treinamento e de recursos financeiros. O alto turnover causa reduo de produtividade, de lucratividade e de falta de sade organizacional (BUHLER, 2009, p. 64).
Na figura 4.10, apresentado o perfil da amostra quanto hierarquia do
entrevistado dentro do empreendimento.
47
23%
40%
37%
Proprietrio Gerente Geral Outros
HIER
0
2
4
6
8
10
12
14
16
No d
e o
bse
rva
es
23%
40%
37%
Figura 4.10 Perfil da amostra quanto hierarquia dos entrevistados.
A figura 4.10 indica que 63% dos entrevistados ocupam o cargo de Gerente
Geral do empreendimento ou so os proprietrios dos meios de hospedagem
pesquisados. Os demais 37% dos entrevistados so funcionrios com poder de
deciso dentro dos empreendimentos e so compostos principalmente por gerentes
gerais ou gerentes de variados setores como recepo e setor comercial.
importante salientar que como a amostra se tratava de pequenas empreendimentos,
foi percebido em alguns casos a existncia de acmulo de funes onde um gerente
de um setor especfico tinha o comando do empreendimento na falta do proprietrio
ou gerente geral.
4.3 Anlise Descritiva
Neste item apresentada a anlise descritiva dos dados coletados.
48
Na figura 4.11 apresentada a opinio do entrevistado sobre a competio no
mercado de pequenos meios de hospedagem.
COMP = 35*1*normal(x; 6,2857; 2,3586)
6%
3% 3%
29%
17% 17%
6% 6%
14%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
COMP
0
2
4
6
8
10
12
No. de O
bse
rva
es
6%
3% 3%
29%
17% 17%
6% 6%
14%
Figura 4.11 Opinio do entrevistado sobre a competio no mercado de pequenos meios de
hospedagem.
A escala utilizada para os dados foi:
A mdia obtida para a distribuio foi 6,2857, valor este abaixo do esperado
(7,0). Conforme pode ser observado na figura 4.11, 49% dos entrevistados
declararam que a competio entre os pequenos meios de hospedagem pacfica e
apenas 14% declararam que a competio muito agressiva. Esta percepo de
que a competio entre os pequenos meios de hospedagem pacfica pode gerar
acomodao por parte dos gestores entrevistados, pois a falta de uma viso
competitiva do negcio pode impedir a busca de diferenciais competitivos.
Sem
competitividade Muito pacfica Pacfica Agressiva Muito agressiva
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
49
As organizaes de hoje, em todas as esferas, devem competir para criar
valor. Valor a capacidade de atender ou de superar as necessidades dos clientes,
de maneira eficiente (PORTER, 2009).
Na figura 4.12 apresentada a opinio do entrevistado sobre a importncia
dada pelo cliente ao preo na deciso de escolha de um meio de hospedagem.
IMP1 = 34*1*normal(x; 8,9706; 1,4665)
3%
9%
24%
6%
59%
5 6 7 8 9 10
IMP1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
No d
e o
bse
rva
es
3%
9%
24%
6%
59%
Figura 4.12 Opinio do entrevistado sobre a importncia dada pelo cliente ao preo, na
deciso de escolha de um pequeno meio de hospedagem.
(Escala utilizada)
A mdia obtida para a distribuio foi de 8,970, muito maior do que o
esperado (7,0). Conforme verificado na figura 4.12, 59% dos entrevistados
consideram o preo como fator muito importante para o cliente para deciso de
escolha de um meio de hospedagem. Outros 30% consideraram importante, o que
totaliza 89%.
Sem
importncia Pouco importante Pode ser importante ou no Importante
Muito
importante
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
50
Os dados acima especificam que os gestores entrevistados tm
conhecimento da grande influncia que a correta precificao dos servios tem
sobre as vendas. Uma das decises de marketing mais importantes aquela que diz
respeito precificao. O preo determina como os consumidores percebem o
produto e afeta outros elementos do mix de marketing (GOELDNER, RITCHIE,
MELNTOSH, 2002). Estabelecer o preo certo crucial para a lucratividade do
empreendimento turstico (COOPER et al, 2007).
Na figura 4.13 apresentada a opinio do entrevistado sobre a importncia
dada pelo cliente qualidade dos servios oferecidos na deciso de escolha de um
meio de hospedagem.
IMP2 = 35*1*normal(x; 8,9714; 1,4035)
3% 3% 3%
29%
9%
54%
4 5 6 7 8 9 10
IMP2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
No d
e o
bse
rva
es
3% 3% 3%
29%
9%
54%
Figura 4.13 Opinio do entrevistado sobre a importncia dada pelo cliente qualidade dos
servios oferecidos, na deciso de escolha de um pequeno meio de hospedagem.
(Escala utilizada)
Indicadores
Sem
importncia Pouco importante Pode ser importante ou no Importante
Muito
importante
Qualidade dos servios 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
51
Conforme demonstra a figura 4.13 o item muito importante foi citado em 54%
dos questionrios e o item importante foi citado em 41% dos questionrios sendo
percebido ento que a qualidade dos servios oferecidos percebida pelos
entrevistados como fator de grande peso na escolha de um meio de hospedagem
pelos clientes. A mdia obtida para a distribuio foi 8,9714, valor este acima do
esperado (7,0) sendo considerada positiva a avaliao dos entrevistados a respeito
deste quesito.
A preocupao com a qualidade e com a manuteno de uma boa imagem do
meio de hospedagem de grande importncia, pois os hspedes podero virar
crticos daquele estabelecimento, ou ento recomendarem aquele local de
hospedagem aos seus amigos e familiares, o que seria muito benfico para o
empreendimento em questo.
De acordo com Petrocchi (2004),
Aos interagir com os atrativos tursticos e os servios de apoio, cada turista se transforma em um inspetor de qualidade. E ao longo de sua permanncia, todas as impresses vo sendo colecionadas em um autntico relatrio de auditoria de qualidade, que ele revelar, quando retornar, para muitas pessoas com as quais se relaciona (PETROCCHI, 2004, p. 62).
Na figura 4.14 apresentada a opinio do entrevistado sobre a importncia
dada pelo cliente localizao do empreendimento na deciso de escolha de um
meio de hospedagem.
52
IMP3 = 35*1*normal(x; 9,0857; 1,3584)
3% 3% 3%
17%
20%
54%
4 5 6 7 8 9 10
IMP3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
No d
e o
bse
rva
es
3% 3% 3%
17%
20%
54%
Figura 4.14 Opinio do entrevistado sobre a importncia dada pelo cliente para a localizao
do empreendimento, na deciso de escolha de um pequeno meio de hospedagem.
(Escala utilizada)
Observa-se, conforme a figura 4.14 que a localizao tambm foi citada pela
maioria dos entrevistados como um fator importante ou muito importante para o
cliente na deciso de escolha de um pequeno meio de hospedagem. A mdia obtida
para a distribuio foi 9,085, valor este acima do esperado (7,0). Dos
empreendimentos avaliados, 54% dos entrevistados consideram a localizao como
fator muito importante sendo que outros 40% consideram a localizao do
empreendimento importante na deciso de escolha pelos clientes. A localizao
um atributo de fundamental importncia para qualquer tipo de hotel (ANDRADE,
BRITO, JORGE, 2007). Deve-se aqui lembrar que a grande maioria dos pequenos
meios de hospedagem de Natal esto localizados no bairro de Ponta Negra (Zona
Sul), subentendendo assim que este bairro considerado uma boa localizao pelos
empresrios deste setor.
Indicadores
Sem
importncia Pouco importante Pode ser importante ou no Importante
Muito
importante
localizao 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
53
Na figura 4.15 apresentada a opinio do entrevistado sobre a importncia
dada pelo cliente segurana na deciso de escolha de um meio de hospedagem.
IMP4 = 35*1*normal(x; 8,6286; 1,4968)
6%
9%
26%
23%
37%
5 6 7 8 9 10
IMP4
0
2
4
6
8
10
12
14
No d
e o
bse
rva
es
6%
9%
26%
23%
37%
Figura 4.15 Opinio do entrevistado sobre a importncia dada pelo cliente para a segurana,
na deciso de escolha de um pequeno meio de hospedagem.
(Escala utilizada)
Neste caso, o valor obtido pela mdia da varivel foi 8,628, valor este acima
do esperado (7,0). Verifica-se que na amostra selecionada 86% dos entrevistados
consideraram a segurana, um fator importante ou muito importante para o cliente
em sua deciso de escolha para um pequeno meio de hospedagem.
A segurana se mostrou um fator de grande importncia na opinio dos
entrevistados, sendo este resultado corroborado por Castelli (2010). O viajante
certamen