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Universidade Federal do Rio de Janeiro
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO PARA SÍTIOS NUCLEARES ATRAVÉS DA
ANÁLISE GEOESPACIAL DE CRITÉRIOS DE TRANSPORTE
Vinicius Antunes Dantas
2011
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PROPOSTA DE AVALIAÇÃO PARA SÍTIOS NUCLEARES ATRAVÉS DA
ANÁLISE GEOESPACIAL DE CRITÉRIOS DE TRANSPORTE
Vinicius Antunes Dantas
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia de
Transportes, COPPE, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Engenharia de Transportes.
Orientadora: Suzana Kahn Ribeiro
Rio de Janeiro
Outubro de 2011
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PROPOSTA DE AVALIAÇÃO PARA SÍTIOS NUCLEARES ATRAVÉS DA
ANÁLISE GEOESPACIAL DE CRITÉRIOS DE TRANSPORTE
Vinicius Antunes Dantas
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO
LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA
(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES.
Examinada por:
________________________________________________ Profa. Suzana Kahn Ribeiro, D.Sc.
________________________________________________ Prof. Márcio Peixoto de Sequeira Santos, Ph.D.
________________________________________________ Prof. Carlos Alberto Nunes Cosenza, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
OUTUBRO DE 2011
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Dantas, Vinicius Antunes
Proposta de avaliação para sítios nucleares através da
análise geoespacial de critérios de transporte/ Vinicius
Antunes Dantas – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011.
VIII, 158 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadora: Suzana Kahn Ribeiro
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia de Transportes, 2011.
Referencias Bibliográficas: p. 144-158.
1. Energia Nuclear. 2. Seleção de sítios. 3. Critérios de
transporte. I. Ribeiro, Suzana Kahn. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de
Engenharia de Transportes. III. Titulo.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus pela força e saúde, a minha família, em
especial aos meus pais, Fátima Regina e Luiz Cezar Dantas, que sempre estiveram ao
meu lado durante todo o processo dando apoio e motivação. Agradeço a minhas irmãs
Vivian e Livia pelo apoio constante ao meu desenvolvimento intelectual e crescimento
pessoal.
Gostaria de agradecer à pessoa que mais incentivou o meu ingresso no curso de
mestrado, Eduardo Granato de Carvalho. Seu apoio resultou em uma mudança radical
em minha carreira profissional e a descoberta de novos horizontes de trabalho. Muito
obrigado.
Agradeço a todos os colegas de trabalho do Grupo de Análise de Risco
Tecnológico Ambiental (GARTA), pelo suporte e compreensão, em especial a Sônia de
Carvalho, pela ajuda no processo seletivo e no ingresso no curso de mestrado. Sem a
ajuda de vocês não seria possível a realização desta pesquisa, obrigado.
Um agradecimento em especial aos amigos Luiz Marcelo Granato pela ajuda e
compreensão, Eloisa Pereira, Victor Pereira e Lucas Figueira, amigos e geógrafos que
muito contribuíram na realização da análise geoespacial e no desenvolvimento do
Sistema de Informação Geográfica.
Gostaria de agradecer a três pessoas muito especiais, que foram essenciais para a
conclusão do curso, Ieda Elizabete Borges Viot, Jane Correa de Souza e Maria Helena
Santos Oliveira. Obrigado por todo o carinho e dedicação em me auxiliar.
Agradeço aos colegas da turma do mestrado de 2008, pelos momentos que
ficarão guardados para sempre comigo.
v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO PARA SÍTIOS NUCLEARES ATRAVÉS DA
ANALISE GEOESPACIAL DE CRITÉRIOS DE TRANSPORTE
Vinicius Antunes Dantas
Outubro/2011
Orientadora: Suzana Kahn Ribeiro
Programa: Engenharia de Transportes
Este trabalho desenvolve uma proposta de avaliação de novos sítios nucleares
através da análise geoespacial dos critérios de transporte. A proposta tem base na
pesquisa das metodologias de seleção de sítios nucleares existentes e disponíveis em
base pública. Foram destacados os critérios pertinentes à análise dos transportes e suas
diversas áreas de interferência no ambiente de influência de uma Planta Nuclear. Um
Sistema de Informação Geográfica foi desenvolvido para a análise dos critérios de
transporte identificados, de maneira a se obter melhor visão analítica dos dados
referentes a estes critérios e da área proposta para o estudo de caso, a Região Nordeste
do Brasil.
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
PROPOSAL OF EVALUATION FOR NUCLEAR SITES THROUGH GEOSPATIAL
ANALYSIS OF TRANSPORT CRITERIAS
Vinicius Antunes Dantas
October/2011
Advisor: Suzana Kahn Ribeiro
Department: Transport Engineering
This dissertation develops a proposal for evaluating new nuclear sites by
geospatial analysis of the transport criteria. The proposal is based on a research of
existent and available in public database nuclear sites selection methodologies. It is
highlighted the relevant transport criteria analysis and its interference in several areas of
environment influence of a Nuclear Plant. A Geographic Information System was
developed for the analysis of the transportation criteria identified in order to obtain
better analytical overview of data on these criteria and the area proposed for the case
study, the Northeast of Brazil.
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SUMÁRIO
Capítulo I. Introdução .................................................................................................... 1
1.1. Objetivo ............................................................................................................. 2
1.2. Justificativa ........................................................................................................ 3
Capítulo II. Panorama da Energia no Mundo ............................................................. 4
2.1. Matriz Energética Mundial ................................................................................ 4
2.2. Energia Nuclear ................................................................................................. 8
2.2.1. Energia Nuclear no Mundo....................................................................... 10
2.2.2. A Energia Nuclear no Brasil ..................................................................... 14
2.2.2.1. Parque Brasileiro ................................................................................... 17
2.2.2.2. Perspectivas para o Uso da Energia Nuclear no Brasil ......................... 18
Capítulo III. Seleção de Sítios para Empreendimentos Nucleares .......................... 20
3.1. Avaliação dos Critérios de Transporte ............................................................. 22
3.2. Revisão Metodológica ..................................................................................... 23
3.2.1. Normatização Internacional ...................................................................... 24
3.2.2. Análise dos Países Produtores .................................................................. 25
3.2.2.1. Estados Unidos ...................................................................................... 25
3.2.2.2. França .................................................................................................... 33
3.2.2.3. Canadá ................................................................................................... 37
3.2.2.4. Reino Unido ........................................................................................... 40
3.2.3. Metodologia Brasileira para a Seleção de Sítios Nucleares ..................... 45
3.2.3.1. Experiência Brasileira............................................................................ 47
3.2.3.2. Avaliação dos Critérios de Transporte .................................................. 49
Capítulo IV. Detalhamento das Variáveis e Critérios de Transporte ..................... 51
4.1. Infraestrutura e Recursos Significativos/ Instalações Existentes ..................... 52
4.2. Rotas de Transporte ......................................................................................... 53
4.2.1. Rodovias ................................................................................................... 54
4.2.2. Ferrovias ................................................................................................... 54
4.2.3. Hidrovias .................................................................................................. 55
4.2.4. Aerovias .................................................................................................... 55
4.3. Fatores de Risco Associados aos Transportes ................................................. 58
4.3.1. Avaliação das Vias Aéreas ....................................................................... 58
4.3.2. Segurança nos Transportes ....................................................................... 59
4.3.3. Planejamento de Emergências .................................................................. 61
4.4. População Afetada pelo Empreendimento Nuclear ......................................... 64
4.5. Topografia da Região ....................................................................................... 67
viii
Capítulo V. Proposta de Avaliação para Sítios Nucleares Através de Análise Geoespacial de Critérios de Transporte ..................................................................... 69
5.1. Metodologia de Pesquisa ................................................................................. 69
5.2. Metodologia Proposta ...................................................................................... 74
5.2.1. Análise dos Critérios e suas Variáveis .................................................... 75
5.2.1.1. Detalhamento da Análise dos Critérios de Transporte .......................... 76
5.2.1.2. Identificação das Variáveis para Análise............................................... 88
5.2.2. Coleta de Dados ........................................................................................ 91
5.2.3. Construção de um Sistema de Informações Geográficas (SIG) ............... 93
5.2.4. Entrada e Armazenamento de Dados........................................................ 94
5.2.5. Visualização e Análise Geoespacial dos Critérios de Transporte ............ 97
5.2.6. Conclusão ................................................................................................. 97
Capítulo VI. Estudo de Caso ....................................................................................... 99
6.1. Identificação da Área de Interesse ................................................................... 99
6.2. Análise dos Critérios de Transporte e suas Variáveis .................................... 101
6.3. Coleta de Dados ............................................................................................. 101
6.4. Construção de um Sistema de Informação Geográfica/ Entrada e Armazenamento de Dados ........................................................................................ 103
6.5. Visualização e Análise Geoespacial dos Critérios de Transporte .................. 108
6.5.1. Critérios Essenciais ................................................................................ 108
6.5.1.1. Fonte de Água para Refrigeração ........................................................ 108
6.5.1.2. Critério Demografia ............................................................................. 109
6.5.1.3. Resultados ............................................................................................ 111
6.5.2. Critérios de Transporte ........................................................................... 115
6.5.2.1. Infraestrutura e Recursos Significativos .............................................. 115
6.5.2.2. Rotas de Transporte ............................................................................. 116
6.5.2.3. Avaliação das Rotas Aéreas ................................................................ 120
6.5.2.4. Segurança nos Transportes .................................................................. 123
6.5.2.5. Planejamento de Emergências ............................................................. 126
6.6. Resultados ...................................................................................................... 130
6.6.1. Identificação das Áreas com Potencial para Instalação de uma Central Nuclear Segundo a Avaliação dos Critérios de Transporte .................................. 131
6.7. Discussão ....................................................................................................... 136
Capítulo VII. Conclusões e Propostas para Trabalhos Futuros ............................ 140
7.1. Conclusões ..................................................................................................... 140
7.2. Propostas para Trabalhos Futuros .................................................................. 142
Capítulo VIII. Referências Bibliográficas ................................................................ 144
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Capítulo I. Introdução
A energia nuclear, juntamente com as fontes renováveis, forma uma alternativa
ao uso dos combustíveis fósseis no suprimento das demandas atuais de geração de
energia (DA SILVA, 2008). Dados recentes da Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL) indicam a representatividade de apenas 1,70% da fonte nuclear na matriz de
energia elétrica brasileira, com uma participação de apenas duas usinas nucleares
instaladas e em funcionamento.
O impacto de uma nova central pode ter um efeito catalisador no
desenvolvimento econômico de uma região, já que os investimentos e o progresso
resultantes da nova geração nuclear também impulsionam o crescimento dos mais
diversos setores da sociedade (CAMARGO, 2009).
Por isso, a etapa de seleção das localidades com potencial para receberem um
empreendimento nuclear ganhou importância estratégica para o desenvolvimento dos
novos projetos. A região escolhida, além de receber investimentos para a construção da
nova central nuclear, obtém melhorias em sua infraestrutura e consequente crescimento
regional.
A avaliação da área de interesse deve ser criteriosa e realizada de maneira que a
escolha gere benefícios para todos os envolvidos, a sociedade e os investidores que
buscam, cada vez mais, menores prazos e custo de construção, algo que o processo de
seleção pode lhes garantir.
Segundo Guimarães (2010), o processo de seleção de um novo sítio nuclear deve
escolher a localidade que apresente a maior probabilidade de ser licenciado em prazo
limitado e resulte em menores impactos sobre os custos de construção e operação da
central nuclear.
A presente dissertação está dividida em oito capítulos. No Capítulo I, é
apresentada uma introdução sobre a proposta de abordagem e avaliação dos critérios de
transporte na seleção de sítios nucleares no Brasil, os objetivos específicos desta
dissertação e as justificativas para a escolha e desenvolvimento deste tema.
O Capítulo II apresenta um panorama da questão energética no mundo, situando
a energia nuclear neste contexto. O Brasil é contextualizado na questão nuclear,
2
detalhando a experiência do país com o uso desta tecnologia e as perspectivas para o
futuro.
No Capítulo III foi realizada a revisão bibliográfica das metodologias de seleção
de sítios nucleares, destacando os critérios de transporte identificados em cada uma
delas.
No Capítulo IV são aprofundados os critérios de transporte identificados na
pesquisa do “estado da arte”, detalhando os pontos de vista de cada país e de outras
fontes de relevância para a análise destes critérios.
O Capítulo V mostra a metodologia proposta, detalhando as ferramentas a serem
utilizadas e a abordagem dada a avaliação dos critérios de transporte no Brasil.
No Capítulo VI é apresentado o estudo de caso, com um detalhamento da área
estudada e o andamento e desafios da aplicação da metodologia proposta. Também são
mostrados os resultados encontrados a partir do estudo de caso.
O Capítulo VII traz as conclusões resultantes do desenvolvimento da dissertação
e algumas propostas para trabalhos futuros.
Por último, o Capítulo VIII traz as referências bibliográficas pesquisadas e
utilizadas no desenvolvimento da dissertação.
1.1. Objetivo
O objetivo desta dissertação é propor uma metodologia determinística e não
automatizada de seleção de novos sítios nucleares para utilização em território
brasileiro, considerando os critérios de transporte existentes e suas respectivas variáveis
para a seleção de áreas candidatas e sítios nucleares potenciais.
A pesquisa irá estudar a área compreendida pelos Estados da Região Nordeste
do Brasil, escolhendo uma área específica para o estudo de caso. Esta Região brasileira
foi incluída no Plano Nacional de Energia, PNE 2030, que considerou a instalação de
dois novos empreendimentos nucleares na região como parte das ações de retomada do
Programa Nuclear Brasileiro.
Devido a não existência de um guia brasileiro para a realização de tal atividade,
será realizada uma busca do "estado da arte", ou seja, o atual estado das pesquisas
científicas sobre o processo de seleção de sítios nucleares. Um dos principais objetivos
será adequar às metodologias encontradas para a realidade brasileira, sobretudo no que
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diz respeito à legislação vigente, a disponibilidade dos dados geográficos e referentes à
situação dos transportes no Brasil.
Este trabalho deverá privilegiar as fontes de dados de bases públicas, que
disponibilizam informações atualizadas sobre os aspectos a serem analisados, já que não
está sendo considerada a visitação das localidades para a obtenção de informações que
possam vir a ser necessárias.
Em seguida, estes dados deverão serão organizados em uma base eletrônica e
georreferenciada através do desenvolvimento de Sistema de Informação Geográfica
específico para a avaliação dos critérios de transporte buscando, dessa maneira, facilitar
o processo de análise e organização espacial dos dados recolhidos.
1.2. Justificativa
A localização de empreendimentos de alta interferência, como neste caso uma
usina nuclear, atrai a atenção da sociedade para as possíveis consequências trazidas com
a sua instalação. A segurança ambiental deve estar na mais alta prioridade do planejador
e com isso, nota-se a necessidade de uma avaliação acurada das condições das
localidades de interesse.
Os critérios identificados como relativos aos transportes estão diretamente
relacionados à manutenção da segurança institucional e ambiental das centrais
nucleares. Suas ramificações na planta nuclear e nas áreas periféricas se estendem nas
mais diversas áreas e atividades, necessitando um estudo profundo das infraestruturas
locais e da organização social nas áreas de interesse.
Estes critérios não são destacados da maneira devida nas metodologias de
seleção de sítios nucleares, sendo aplicados, basicamente, nas fases finais do processo
decisório. Uma metodologia específica para análise destes critérios daria destaque a
estas questões relevantes ao planejamento da segurança urbana, social e
consequentemente das atividades de transporte envolvidas no funcionamento de uma
central nuclear.
No capítulo seguinte, será mostrado o panorama da matriz energética do mundo
e do Brasil, com destaque para a energia nuclear. São destacadas as características do
parque nuclear brasileiro e as perspectivas futuras para esse energético no Brasil.
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Capítulo II. Panorama da Energia no Mundo
2.1. Matriz Energética Mundial
A saúde de uma economia depende essencialmente da energia. Um plano de
política econômica já não pode ser feito sem considerar o seu impacto sobre o setor
energético. O planejamento energético não pode ser feito sem ter em conta as suas
repercussões na economia. No entanto, há pouca concordância sobre a natureza, a força
e a importância das interligações entre os diversos tipos de energia e a economia. Faz-se
necessário um estudo integrado, para analisar de forma coerente e realista os efeitos, em
longo prazo, da escassez de energia e os crescentes custos da energia sobre o
investimento, o crescimento econômico, o desemprego, o nível de vida e a inflação
(STERMAN, 1980).
Segundo EIA (2010*), a recessão econômica mundial, que começou em 2008 e
continuou em 2009, teve um profundo impacto na renda mundial (medida pelo PIB) e
consequentemente no padrão mundial de consumo de energia. Com a desaceleração do
crescimento do PIB mundial, a ampliação do consumo de energia no mundo
acompanhou o mesmo ritmo, se desacelerando de maneira progressiva. A recuperação
em países em desenvolvimento se deu de maneira mais rápida, tornando-os líderes no
processo de recuperação global.
O fortalecimento das economias emergentes e o consequente aumento de suas
demandas por energia aparecem nas projeções do documento International Energy
Outlook 2010. Segundo o mesmo, o consumo mundial de energia comercializada
aumentaria em 49 por cento de 2007 a 2035, sendo que, o maior aumento de demanda
projetado ocorreria em economias não pertencentes a OCDE (EIA, 2010*). A
Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD) representa 34
países1 incluindo os Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido, alguns dos países
mais ricos do mundo. As grandes potências emergentes como China, Índia e Brasil e
outras economias em desenvolvimento na África, Ásia, América Latina e no Caribe, não
pertencem ao grupo (OECD, 2011). 1 Países membros da OECD: Austrália, Áustria, Bélgica, Canada, Chile, Republica Checa, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França. Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Israel, Itália, Japão, Coréia, Luxemburgo, México, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, Eslováquia, Eslovênia, Espanha., Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.
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O Gráfico 2.1 abaixo mostra a evolução do consumo de energia entre o período
de 1973 e 2007. Nota-se que o consumo de energia se tornou menos desigual ao longo
deste período de 35 anos. As regiões que comportam países emergentes se tornaram
mais participativas no consumo de energia, diminuindo a parcela que representa os
países mais ricos pertencentes a OECD.
Gráfico 2.1 - Oferta de Energia por Região
Fonte: EPE, 2010.
A questão energética sempre teve um papel fundamental no desenvolvimento e
no crescimento de um país. No contexto atual, as discussões acerca do modelo de
desenvolvimento energético vigente apontam para uma possível escassez das fontes
fósseis de energia, as chamadas não renováveis, levando aos líderes mundiais a
45,7%
2,7% 5,2% 4,6%
11,4%
16,4%
1,0% 8,5%
4,6%
2007
OECD
Bunker marítimo
Africa
América Latina
Asia (exceto a China)
China
Europa (exceto a OECD)
Antiga União Soviética
Oriente Médio
61,3%
1,9% 3,5%
3,7%
5,6%
7,1%
1,6% 14,2%
1,1%
1973
OECD
Bunker marítimo
Africa
América Latina
Asia (exceto a China)
China
Europa (exceto a OECD)
Antiga União Soviética
Oriente Médio
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repensarem os seus investimentos e estratégias futuras para o setor energético (SILVA
et al, 2007).
O crescente aumento da demanda por energia elétrica nos últimos trinta e cinco
anos levou diversos países, como o Brasil, a repensarem suas matrizes energéticas e
realizarem significativas alterações estruturais. No Brasil houve forte aumento na
participação da energia hidráulica e do gás natural e nos países da OECD houve forte
incremento da energia nuclear, seguida do gás natural. Na maioria dos países, percebe-
se as mesmas tendências de redução das participações de petróleo e hidráulica e
aumento das participações de gás, urânio e biomassa (MME, 2010).
A perda de 15,2 pontos percentuais do petróleo e derivados na matriz energética
da OECD, conforme mostra a Tabela 2.1. , entre 1973 e 2007, reflete o enorme esforço
de substituição desses produtos, decorrente, principalmente, dos choques nos preços de
petróleo ocorridos em 1973 (de US$ 3 o barril para US$ 12) e em 1979 (de US$ 12 para
US$ 40) (MME, 2010).
Tabela 2.1- Oferta Interna de Energia Elétrica no mundo (% e TWh)
Fonte: MME, 2010.
ESPECIFICAÇÃO BRASIL MUNDO 1973 2009 1973 2007
PETRÓLEO 7,3 2,5 24,7 5,6 GÁS 0,0 2,6 12,1 20,9 CARVÃO 1,7 1,0 38,3 41,5 NUCLEAR 0,0 2,6 3,3 13,8 HIDRÁULICA 89,4 85,1 21,0 15,6 BIOMASSA/OUTRAS 1,7 6,1 0,6 2,6 TOTAL (%) 100,0 100,0 100,0 100,0 TOTAL - TWh 65 506 6116 19771
Comparativamente ao mundo, nota-se que o Brasil apresenta uma significativa
diferença na participação da energia hidráulica, de 85% (2009) contra um pouco mais de
15% no mundo. Tal dinâmica contrasta com menores participações no Brasil da geração
a energia nuclear, a gás natural e a carvão mineral (MME, 2010).
Segundo Guimarães (2010), o consumo de eletricidade per capita do brasileiro é
pequeno e está abaixo da média mundial. Grande parte dos lares do país ou não
consome ou usa menos energia elétrica do que necessitaria para uma qualidade de vida
minimamente aceitável. Para atender às necessidades sociais básicas, ainda inacessíveis
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a uma grande parcela dos brasileiros, é necessário aumentar a oferta de serviços e de
empregos, crescer a capacidade do parque industrial e torna-los uma parcela ativa da
sociedade consumidora. Para isso, será necessário superar o desafio de manter o
abastecimento de energia constante e confiável o bastante, para não ocorrer a
interrupção do processo de desenvolvimento econômico.
A disponibilidade energética deve se manter em equilíbrio com o aumento do
consumo, comumente provocado por um novo ciclo de crescimento econômico
observado, principalmente, em países em desenvolvimento como o Brasil (ANEEL,
2008).
A atividade de produção de energia e, particularmente, da energia elétrica
ingressou no século XXI, na busca por um desenvolvimento sustentável, conceito que
alia a expansão da oferta, consumo consciente, preservação do meio ambiente e
melhoria da qualidade de vida. É o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da
geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras
gerações, não esgotando os recursos naturais e reduzindo o impacto ambiental (ANEEL,
2008).
Segundo Mattos (2008):
“No Brasil, a falta da energia em 2001 indicou claramente a vulnerabilidade do
sistema elétrico brasileiro, que é baseado na água, uma fonte de energia
renovável com uma vantagem indiscutível, mas que inclui também um risco:
depende dos ciclos naturais para sua renovação e estes ciclos apresentam
sucessões entre períodos mais secos e chuvosos. Consequentemente, a fim
conferir confiabilidade ao sistema elétrico brasileiro é vital contar com um
portfólio de fontes de energia diferentes. A fonte nuclear é certamente uma das
opções para compor este portfólio, uma vez que as centrais de Angra I e II
tiveram um papel chave para suportar a demanda de eletricidade e para mitigar
o impacto da falta da energia em 2001”.
Outros importantes fatores para a ampliação do uso da matriz nuclear são a
crescente preocupação com questões ambientais que envolvem as emissões de gases do
efeito estufa e a insatisfação popular com os resultados causados pela volatilidade dos
preços dos combustíveis fósseis e a extrema dependência destes recursos. A soma destes
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e outros fatores está conduzindo um renascimento da fonte nuclear de energia ao redor
do mundo (EPRI, 2007).
2.2. Energia Nuclear
Na década de 1950 a atenção se voltou para esta tecnologia que aproveitaria o
poder do átomo de uma forma controlada, tanto para fins militares quanto para a
geração de eletricidade (WNA, 2009c). Foi desenvolvida inicialmente na década de
1940, sendo que, durante a Segunda Guerra Mundial sua pesquisa concentrou-se na
produção de bombas através da divisão dos átomos de urânio ou plutónio. A tecnologia
nuclear usa a energia liberada pela divisão dos átomos de certos elementos (WNA,
2009a).
O processo de fissão nuclear baseou-se na possibilidade se dividir o núcleo de
um átomo "pesado”, isto é, com muitos prótons e nêutrons (urânio-235), em dois
núcleos menores, através do impacto de um nêutron (CNEN, 2008).
Segundo WNA, (1996) um reator nuclear produz e controla essa liberação de
energia que ocorre a partir da divisão dos átomos de elementos, tais como o urânio e o
plutônio. Em um reator nuclear, a energia liberada por fissão contínua dos átomos do
combustível é liberada, em sua maior parte, na forma de energia térmica (CNEN, 2008),
e é usada para fazer vapor. O vapor é usado para acionar as turbinas que produzem
eletricidade (como na maioria das instalações que utilizam combustível fóssil), mas sem
a queima de combustíveis e as emissões de gases que contribuem para o efeito estufa
(WNA, 1996).
A energia nuclear é uma tecnologia de produção de eletricidade com baixa
emissão de CO2 capaz de fornecer quantidades confiáveis de eletricidade a fim de
impulsionar um crescimento econômico. Os custos de produção da eletricidade em uma
planta nuclear são projetados para estarem entre os mais baixos de todas as fontes de
geração (TERBUSH, T., SCHIMMOLLER, B., 2009). Esta matriz energética é, em
muitos lugares, competitiva em relação aos combustíveis fósseis na geração de
eletricidade, apesar dos custos de produção relativamente elevados e da necessidade de
se internalizar toda a eliminação de rejeitos radioativos e dos custos associados ao
fechamento da planta (WNA, 2009b).
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As primeiras centrais nucleares foram projetadas para uma vida útil de cerca de
30 anos, embora alguns se mostrassem capazes de continuar muito além dessa previsão
(WNA, 2010). Com um gerenciamento de riscos competente estas unidades de geração
nucleoelétricas estão conseguindo uma extensão de sua vida útil para 60 anos, com
previsão futura de funcionarem por, até, 80 anos (GUIMARÃES, L. S., 2003).
Segundo IEA (2004), ao final de sua vida útil, as instalações nucleares devem
ser desativadas, descontaminadas e demolidas para que o sítio esteja disponível para
outros usos com segurança, removendo todos os materiais associados que podem vir a
prejudicar as gerações futuras e aqueles que já vivem nestas localidades.
Por essa razão, a escolha do sítio nuclear é extremamente importante durante
processo de instalação de um novo empreendimento. Essa nova localidade recebe um
grande investimento financeiro e, por isso, deve oferecer garantias básicas de
infraestrutura e segurança para sua população, para o empreendimento e para o meio
ambiente local. Segundo ANEEL (2008), das formas de produção de eletricidade, a
usina nuclear é uma das menos agressivas ao meio ambiente. Ainda assim, a
possibilidade de a unidade provocar grande impacto socioambiental é um dos aspectos
mais controversos de sua construção e operação.
Segundo MRS (2007), uma usina nuclear introduz um risco de acidente
radiológico para a localidade onde é instalada, significando um risco de causar um
impacto ambiental por contaminação radioativa. O perigo operacional dos reatores
nucleares é representado pela alta radioatividade de suas matérias-primas e o risco de
liberação para o meio ambiente. (CNEN, 2008). A probabilidade de este perigo
potencial vir a causar dano é significativamente baixa, mas não nula (MRS, 2007). Por
esse motivo, a construção de uma usina nuclear envolve a avaliação de diversos
aspectos de segurança (CNEN, 2008).
Os possíveis riscos e impactos ambientais nas áreas candidatas a receberem o
empreendimento, quando analisados previamente, podem influenciar diretamente na
escolha mais adequada do sítio nuclear, acelerando o seu processo licitatório, sua
construção e proporcionando o funcionamento seguro desse empreendimento, O
desenvolvimento e crescimento da região do empreendimento é algo inevitável e, por
isso, a região de um sítio nuclear deve oferecer garantias básicas de infraestrutura e
segurança para sua população, para o empreendimento e para o meio ambiente local.
10
As incertezas sobre a segurança no funcionamento das centrais nucleares e nas
operações de disposição e armazenamento dos rejeitos radioativos resultante de sua
produção de eletricidade contribuem para os questionamentos quanto a instalações de
novos reatores nucleares. O enfrentamento desta tecnologia com a opinião pública,
muitas vezes contrária à instalação de novos empreendimentos nucleares, desacelera o
processo de ampliação das matrizes energéticas nucleares no mundo.
2.2.1. Energia Nuclear no Mundo
Durante o período que começou em meados dos anos 60 até o final dos anos 70,
o mercado das usinas nucleares viveu um vigoroso ciclo de crescimento. A interrupção
deste ciclo ocorreu em função de elementos negativos que coincidiram no tempo: a
ocorrência de dois acidentes (Three Mille Island e Chernobyl), a falta de solução
definitiva para os rejeitos de sua produção e os elevados investimentos necessários à
instalação de uma central (EPE, 2007).
Recentemente, após este período de estagnação na construção de novas usinas
nos países industrializados, a geração nuclear de energia elétrica viveu um novo ciclo de
expansão. Além de novas unidades em construção, era grande o número de países que
buscavam aderir a essa tecnologia ou expandir o parque já instalado (ANEEL, 2008). O
interesse por esta fonte de geração de eletricidade cresceu, principalmente quando se
considera o volume de energia que ser gerada sem maiores emissões de poluentes, e em
um espaço físico reduzido (ELETRONUCLEAR, 2009 (d)). A Figura 2.1 mostra a
distribuição dos reatores nucleares no mundo.
Figura 2.1 - Distribuição de reatores nucleares em operação.
Fonte: INSC, 2005.
11
No dia 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude nove atingiu a costa
noroeste do Japão, onde esta localizada a central nuclear de Fukushima, no Japão. A
interrupção do fornecimento de energia elétrica externa a usina resultou na inicialização
automática dos geradores a diesel, que mantiveram em funcionamento as bombas de
resfriamento dos reatores. Com a interrupção do funcionamento destes geradores, a
temperatura e a pressão dentro dos reatores aumentou de tal maneira que as barras de
urânio radioativo ficaram expostas, liberando radioatividade ao meio ambiente externo
(TEPCO, 2011).
Este incidente trouxe à tona a discussão sobre o uso da energia nuclear,
revelando as dúvidas existentes sobre a eficiência de suas medidas protetoras à saúde e
segurança da população e do meio ambiente em que estas se localizam.
Um dos grandes desafios da expansão da energia nuclear é a relação das
autoridades com a sociedade. Em um cenário em que se prevê a expansão da atividade
nuclear no mundo e no Brasil, são notórios os desafios pela frente. A começar por uma
ampla campanha de esclarecimento da opinião pública sobre os reais benefícios desta
atividade.
A possibilidade de expansão e uso da fonte nuclear para a geração de
eletricidade é reforçada pela existência de abundantes reservas de urânio no planeta – o
que, a médio e longo prazo, garantiria o suprimento deste energético. Também, segundo
EPE (2007), a possibilidade de independência externa de energia pode favorecer a
exploração desta tecnologia no mundo.
Segundo dados da International Energy Agency mostrados no Gráfico 2.1, a
seguir, pode-se perceber a evolução da energia nuclear no mundo no período entre os
anos de 1973 e 2008. De acordo com IEA (2010), em 1973, este energético tinha
participação de 3,3% na produção de eletricidade no mundo.
Já no ano de 2008, a energia nuclear ocupou o quarto lugar entre as principais
formas para produção de energia elétrica do mundo, com sua participação aumentando
para 13,5% da produção total de energia elétrica, conforme destacado no Gráfico 2.2.
12
Gráfico 2.2 - Participação dos combustíveis na geração de Eletricidade Fonte: IEA, 2010.
Ainda segundo os dados de IEA (2010), mostrados na Tabela 2.2, abaixo, os
maiores produtores de energia nuclear no mundo são respectivamente, em primeiro
lugar os Estado Unidos, com 30,7 % do total da produção mundial de energia nuclear,
seguido por França, Japão, Rússia, Coréia, Alemanha, Canadá, Ucrânia, China, Suécia e
Reino Unido.
Tabela 2.2 - Produtores de Energia Nuclear – Dados de 2008
Fonte: IEA, 2010.
Produtores TWh % do total
mundial Capacidade
Instalada GW País (maiores produtores)
% da energia
nuclear no total de
geração de eletricidade
Estados Unidos 838 30,7 Estados Unidos 101 França 77,1 França 439 16,1 França 63 Ucrânia 46,7 Japão 258 9,4 Japão 48 Suécia 42,6 Rússia 163 6 Rússia 23 Coréia 34 Coréia 151 5,5 Alemanha 20 Japão 24
Alemanha 148 5,4 Coréia 18 Alemanha 23,5 Canadá 94 3,4 Canadá 13 Estados Unidos 19,3 Ucrânia 90 3,3 Ucrânia 13 Rússia 15,7 China 68 2,5 Reino Unido 11 Canadá 14,4 Suécia 64 2,3 Suécia 9 China 2
Resto do Mundo 418 15,4 Resto do Mundo 53 Resto do Mundo 11,9 Mundo 2731 100 Mundo 372 Mundo 13,5
38,3%
24,7%
21,0%
12,1%
3,3% 0,6% 1973 Coal/PeatOilHydroGasNuclearOther
6.116 TWh
41,0%
5,5% 15,9%
21,3%
13,5% 2,8% 2008 Coal/Peat
OilHydroGasNuclearOther
20.181 TWh
13
Segundo dados de ANEEL, (2008), em 2007, um total de 439 reatores nucleares,
distribuídos por 31 países, estava em operação em todo o mundo. Veja a Tabela 2.3
abaixo:
Tabela 2.3 - Os dez países com maior número de centrais nucleares em 2007.
Fonte: ANEEL, 2008. País Unidades MW
1o Estados Unidos 104 100.582 2o França 59 63.260 3o Japão 55 47.587 4o Rússia 31 21.743 5o Alemanha 17 20.470 6o Coréia 20 17.451 7o Ucrânia 15 13.107 8o Canadá 18 12.621 9o Reino Unido 19 10.222 10o Suécia 10 9.014 23o Brasil 2 2.007
Total 439 372.100
Atualmente, há uma incerteza quanto ao futuro da energia nuclear: a EIA/DOE
projeta cenários variando de 297 GW de potência instalada em 2025, cenário de energia
nuclear fraco, até 570 GW, cenário de intensa retomada (EIA/DOE, 2005). Pesquisas
intensas têm sido feitas e novas gerações de reatores (chamadas de Geração III+ e IV)
deverão estar disponíveis na próxima década, com maior segurança e custos mais
baixos. Certamente, a energia nuclear terá um importante papel a cumprir nas próximas
décadas na geração de energia elétrica, embora haja dúvidas quanto à sua magnitude
(NEA e IAEA, 2004). Muitos países estão reexaminando sua estratégia neste ponto
(EPE, 2007).
De acordo com os cenários mais otimistas da Agência de Energia Nuclear
(NEA), a participação nuclear na geração energética do planeta pode chegar a 22% até
2050 devido ao aumento da demanda por energia em países como China e Índia. Desta
forma, nesse período, 1.400 reatores estariam em operação, produzindo quatro vezes o
montante de energia nuclear gerado hoje (ELETRONUCLEAR, 2009 (d)).
Segundo o PNE 2030, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a
configuração de qualquer um desses cenários dependerá de vários fatores. Entre eles:
competitividade do custo de geração, disponibilidade de urânio, segurança no
14
fornecimento de outros combustíveis e aceitação pela sociedade da segurança das
unidades nucleares.
No Brasil, a participação da energia nuclear na matriz energética é ainda
pequena, o que ainda permite a expansão desta atividade no país. A experiência
adquirida com as usinas já existentes e a possibilidade de um aprendizado com a
experiência de outros países produtores pode auxiliar no desenvolvimento de novas
centrais nucleares no país.
2.2.2. A Energia Nuclear no Brasil
A energia nuclear surge no Brasil como uma alternativa de geração de energia
elétrica para o país, tendo seu projeto iniciado no ano de 1975 a partir de um Acordo
Nuclear com a Alemanha. O acordo obedeceu a uma política que priorizaria o uso desta
energia de maneira crescente no país, apesar da energia hidroelétrica abundante, mais
barata, a ser aproveitada no território nacional (ROSA et al, 1988) Segundo Duarte
(1988), a opção nuclear foi determinada por um grupo que ocupava o poder, sem a
participação ativa da comunidade científica e outros segmentos da sociedade.
O uso da energia nuclear no Brasil sempre foi cercado de discussões, muitas
vezes prejudicada pela excessiva emoção que provocavam ou pelo viés ideológico que
assumiam. O país ocupa uma posição de destaque em termos de recursos de urânio, uma
das dez maiores reservas mundiais, capaz de sustentar a geração doméstica em longo
prazo (EPE, 2007).
Com apenas 25% do território prospectado em busca do minério, o país ainda
ocupa o 7o lugar do ranking, com 278,7 mil toneladas em reservas conhecidas e
correspondentes a cerca de 6% do volume total mundial, vide a Tabela 2.4. As jazidas
estão localizadas principalmente na Bahia, Ceará, Paraná e Minas Gerais, conforme
informações de Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A principal delas, em Caetité,
Bahia, possui 100 mil toneladas, volume suficiente para abastecer o complexo nuclear
de Angra I, II e III por 100 anos (ANELL, 2008).
15
Tabela 2.4 - Reservas Mundiais de Urânio Fonte: ANEEL, 2008.
PAÍS TU
Austrália 1.143.000 Cazaquistão 816.099
Canadá 443.800 Estados Unidos 342.000 África do Sul 340.596
Namíbia 282.359 Brasil 278.700 Nigéria 225.459 Rússia 172.402
Uzbequistão 89.836 Jordânia 78.975
Índia 64.840 Mongólia 61.950
China 59.723 Outros Países 227.588
Total 4.627.327
No Brasil, a máxima participação do petróleo e seus derivados na matriz ocorreu
em 1979, quando atingiu 50,4%. A redução de 8 pontos percentuais, entre 1973 e 2009,
evidencia que o país, seguindo a tendência mundial, desenvolveu, também, esforço
significativo de substituição desses energéticos (MME, 2010).
Segundo EPE (2010), pode-se observar que o Brasil apresenta uma matriz de
geração elétrica de origem predominantemente renovável, sendo que a geração interna
hidráulica responde por montante superior a 76% da oferta interna, vide o Gráfico 2.3
abaixo. Enquanto isso, a energia nuclear ocupa o penúltimo lugar entre as fontes de
energia elétrica no país, com participação de 2,5% na oferta interna de eletricidade.
Gráfico 2.3 - Oferta Interna de Energia Elétrica por fonte – 2009.
Fonte: EPE, 2010.
77,0%
8,1%
5,4% 0,2%
2,6% 2,9% 2,5% 1,3% Hidráulica
Importação
Biomassa
Eólica
Gás Natural
Derivados do Petróleo
Nuclear
Carvão e derivados
16
Espera-se um forte crescimento econômico até 2030, conforme dados do
International Energy Outlook 2008, e, da mesma forma, grande aumento do consumo
de energia elétrica (Eletronuclear, 2009, d). A Energy Information Administration (EIA)
projeta em sua publicação “International Energy Outlook 2005” (EIA, 2005), quatro
cenários para o crescimento da geração de energia elétrica por fissão nuclear: referência,
forte retomada da energia nuclear, fraco uso da energia nuclear e Protocolo de Quioto.
As projeções para o Brasil estão no Gráfico 2.4, a seguir.
Gráfico 2.4 - Cenários EIA para a energia nuclear no Brasil.
Fonte: EPE, 2007 a partir de EIA/DOE, 2005.
Nota: O cenário de referência e o cenário Protocolo de Quioto são iguais.
Segundo EPE (2007), a grande reserva brasileira de urânio possibilita uma
projeção de suas possibilidades para o investimento no parque nuclear brasileiro. O país
domina todo o ciclo de fabricação do combustível nuclear, necessitando de um
investimento complementar para iniciar-se o enriquecimento no país.
Em uma projeção realizada pelo Plano Nacional de Energia - PNE 2030, o
potencial de geração nuclear foi calculado considerando os avanços na extensão de vida
útil das usinas nucleares e o potencial já utilizado nas usinas de Angra I, Angra II e
Angra III. Assim sendo, foram obtidos os resultados apresentados na Tabela 2.5.
Tabela 2.5 - Potencial de geração nuclear, em MW.
Fonte: EPE, 2007.
Cenário Volume de Reservas Potencial total Potencial das novas usinas
tU3O8 MW MW Unidades A 66.200 7.800 4.500 3 B 177.500 20.800 17.500 14 C 309.370 36.400 33.000 25
Nota: 1- Os valores do potencial estão arredondados; 2 – O potencial de novas usinas exclui a potência instalada em Angra I e II e na futura Angra III; 3 – Para cálculo do número de unidades considerou-se a potência de referência de 1.300 MW.
17
Estes resultados preveem um futuro otimista para a geração nuclear de
eletricidade no Brasil, onde o nível de conhecimento atual das reservas de urânio e o
domínio interno da tecnologia permitiriam considerar a opção nuclear como alternativa
efetiva no horizonte futuro.
2.2.2.1. Parque Brasileiro
O Brasil dispõe de duas usinas nucleares em operação vide a Tabela 2.6.
Localizadas na praia de Itaorna, município de Angra dos Reis, no Estado do Rio de
Janeiro, as usinas Angra 1 (PWR, 657 MW) e Angra 2 (PWR, 1350 MW) formam a
Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), cuja produção de eletricidade, em
2008, foi de 14 TWh ou 3,12% da energia elétrica do país (Eletronuclear 2009, d). A
central teve sua construção iniciada em maio de 1971, foi conectada à rede elétrica em
abril de 1982 e iniciou sua operação comercial em janeiro de 1985 (PNE 2030).
Uma terceira unidade foi planejada para a CNAAA, Angra 3, vide a Tabela 2.7.
O processo de construção da nova usina parou por um longo período, apesar do
fornecimento de cerca de 70% dos seus componentes. A Eletronuclear, empresa
responsável pela operação e construção de usinas termonucleares no Brasil, aguarda a
aprovação final para a conclusão do empreendimento que terá uma potência bruta
elétrica de 1.405 MWe e que poderia entrar em operação comercial no final de 2014
(WNN, 2009 (d)).
Tabela 2.6 - Usinas nucleares em operação no Brasil
Fonte: ANEEL, 2010 (a). USINAS do tipo Nuclear em Operação
Usina Potência
Fiscalizada (KW)
Destino da
Energia Proprietário Município Comb. Classe
Comb.
Angra I (Usina Nuclear Almirante Álvaro
Alberto - Unidade I) 657.000 Serviço
Público 100% para Eletrobrás
Termonuclear S/A. Angra dos Reis - RJ Urânio Nuclear
Angra II (Usina Nuclear Almirante Álvaro Alberto -
Unidade II)
1.350.000 Serviço Público
100% para Eletrobrás Termonuclear S/A.
Angra dos Reis - RJ Urânio Nuclear
Total: 2 Usina(s) Potência Total: 2.007.000 KW *comb. – combustível
18
Tabela 2.7 - Usinas nucleares em construção no Brasil Fonte: ANEEL, 2010 (b).
USINAS do tipo Nuclear em Construção
Usina Potência (KW)
Destino da
Energia Proprietário Município Tipo de Geração
Angra III (Usina Nuclear Almirante Álvaro Alberto -
Unidade III)
1.350.000 Serviço Público
100% para Eletrobrás Termonuclear S/A.
Angra dos Reis - RJ UTN
Total: 1 Usina Potência Total: 1.350.000 KW
2.2.2.2. Perspectivas para o Uso da Energia Nuclear no Brasil
Segundo EPE (2007), em 2030, a população brasileira será maior em 55 milhões
de pessoas e, por isso, a demanda de energia per capita também evoluirá. Nessa visão
prospectiva, o Brasil conseguirá manter um grau relativamente baixo de dependência
externa de energia e a diversificação da matriz energética estará incorporada à dinâmica
de evolução do país.
O início das operações da Usina, Angra 3, prevista para o ano de 2014, será de
extrema importância para o país e para o complexo nuclear de Angra dos Reis que
passará a ter capacidade para gerar aproximadamente 26 milhões de MW/h por
ano, contribuindo para o programa brasileiro de geração de novas fontes de
abastecimento de energia (ELETRONUCLEAR, 2008a).
O plano estratégico da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o PNE 2030
considera a instalação de 5.345 MW em usinas nucleares nas regiões Sudeste e Nordeste
(Angra 3 e mais quatro centrais de 1.000 MW, cada) como parte das ações de retomada
do Programa Nuclear Brasileiro.
Segundo Guimarães (2010), o Conselho de Desenvolvimento do “Programa
Nuclear Brasileiro” (CDPNB), criado por decreto do Presidente da República em 18 de
junho de 2008, estabeleceu como meta a implantação, até 2030, de 2 Usinas
Termonucleares (UTNs) no Nordeste e 2 UTNs no Sudeste, vide a Tabela 2.8. A
perspectiva seria de 21 anos de investimentos no setor energético, podendo, em longo
prazo, o país vir a contar com até oito usinas nucleares em funcionamento (BATISTA,
2009). Na tabela abaixo, está o cronograma tentativa que considera novas usinas
termonucleares no horizonte de planejamento 2015-2030 (GUIMARÃES, L. S., 2010):
19
Tabela 2.8 - Cronograma de novas usinas termonucleares. Fonte: Guimarães, L. S., 2010.
Período (2015-2030) 2019 2021 2023 2025
Central Nuclear do Nordeste UTN (NE-1) UTN (NE-2) Central Nuclear do Sudeste UTN (SE-1) UTN (SE-2)
No capítulo seguinte são mostradas as normas internacionais, as metodologias
para seleção de sítios nucleares utilizadas como referência na pesquisa e as
características dos países que as utilizam. Também é mostrada a experiência brasileira
na escolha de sítios nucleares, com destaque para a avaliação dos transportes nesta
seleção e para as condições da atividade de transporte no sítio nuclear brasileiro de
Angra dos Reis.
20
Capítulo III. Seleção de Sítios para Empreendimentos
Nucleares
A construção de qualquer instalação de risco nuclear passa, em um primeiro
estágio, pela busca e seleção de um sítio que, segundo a definição do código 50-C-S da
Agência Internacional de Energia Atômica se caracteriza como: “zona na qual se
encontra a central, cujo perímetro é delimitado e se encontra sob o controle efetivo da
direção da central.” Essa escolha se efetua, antes de tudo, em função de limites técnicos
e da existência de certos fatores favoráveis (GUIMARÃES, 2010).
O sucesso de um empreendimento nuclear de potência, ou seja, uma central
nuclear produtora de energia elétrica, compreende as etapas de seleção de sítio, seleção
de tecnologia, estruturação econômica, obtenção de financiamento, construção,
operação e depende de um adequado controle dos riscos em cada uma destas etapas
(ATALA, D. L., 2009). A necessidade de assegurar a disponibilidade e a aceitabilidade
dos locais com potencial, desde o início do processo de lançamento de um projeto de
energia nuclear, é um componente fundamental para o bom andamento da implantação
de uma usina ou uma central nuclear.
As necessidades do uso da terra para uma Usina Termonuclear variam ao longo
do seu ciclo de vida, nas etapas de construção, operação e desativação
(descomissionamento). A disponibilidade de terra é de particular relevância no contexto
do planejamento de segurança necessário para os sítios nucleares (BERR, 2008).
O processo de implantação de uma instalação nuclear, em geral, consiste na
investigação de uma grande região para se, então, selecionar um ou mais sítios
candidatos, seguido por uma avaliação detalhada destas localidades candidatas. A
avaliação destas localidades candidatas, geralmente, exige um nível de detalhamento
técnico maior do que em casos de outros tipos de instalações de alta potência (IAEA,
2003).
Na década de 80, os parâmetros para controle da qualidade ambiental entraram
no contexto das avaliações de projetos industriais. A partir de uma demanda social em
nível mundial a estrutura da produção foi sendo alterada, de modo a inserir o equilíbrio
dos ecossistemas entre os objetivos a serem alcançados para que a instalação fosse
considerada eficiente (DUARTE, 1990).
21
Uma avaliação detalhada e metódica da localidade candidata é essencial na
elaboração de estratégias de mitigação, incluindo planos de resposta de emergência que
irão proteger adequadamente os funcionários da central nuclear, o público, e o meio
ambiente. O principal objetivo da avaliação do local é garantir que a central nuclear
construída não crie um risco excessivo ao público ou ao meio ambiente (CNSC, 2008).
Avaliação da adequação de um sítio considera os seguintes aspectos (CNSC,
2008):
1. As características do sítio que poderiam ter um impacto no público ou no
meio ambiente;
2. A densidade populacional, distribuição e outras características da zona de
proteção que pode ter um impacto sobre a implementação de medidas de
emergência ou na avaliação dos riscos para os indivíduos, a população em
geral, e do ambiente;
3. Os efeitos das catástrofes naturais ou acontecimentos externos induzidos
pelo homem que ocorrem no ambiente do local.
A avaliação das localidades candidatas e seus critérios levam em consideração
todas as fases do ciclo de vida das centrais nucleares, desde a preparação do local até o
seu abandono ou descomissionamento (CNSC, 2007). Em média, o tempo da vida útil
de uma usina nuclear é de 50 anos.
O principal objetivo da avaliação do local para as instalações nucleares em
termos de segurança nuclear é proteção do público e do meio ambiente das possíveis
consequências de liberações radiológicas. Dependendo do nível de risco representado
pela instalação, pode ser exigido um menor refinamento dos dados e as áreas de
cobertura desta análise, o que agilizaria a escolha do sítio e consequentemente todas as
etapas subsequentes dessa decisão (IAEA, 2003).
As informações recolhidas durante o processo de avaliação dos sítios podem ser
úteis durante o processo de avaliação ambiental, auxiliando na liberação de licenças e a
realização do Estudo de Impactos Ambientais da Instalação (CNSC, 2007). Além de
fornecer a base técnica para o relatório de análise de segurança a ser apresentado ao
órgão regulador nuclear, as informações técnicas obtidas nesta avaliação também serão
úteis no cumprimento dos requisitos ambientais e na avaliação de impacto ambiental do
empreendimento (IAEA, 2003).
22
3.1. Avaliação dos Critérios de Transporte
Os transportes estão diretamente associados ao funcionamento de uma central
nuclear e a observação de seus sistemas integrados é importante para o sucesso de um
empreendimento desta magnitude, em todas as suas fases. Por isso, a avaliação dos
sistemas de transportes nas localidades de interesse é de importância estratégica para a
seleção de um sítio nuclear.
As cidades são sistemas urbanos compostos de diferentes partes (zonas de uso
do solo) interligadas através de um conjunto de vias, que por sua vez compõe um
sistema de transportes (CAMPOS, M, M., 2005). Estas redes integradas de transporte
são formadas por infraestruturas como as vias e os terminais intermodais, sendo
essenciais para se garantir o acesso aos locais onde à demanda por bens e serviços
acontece. (CNT, 2011). São responsáveis por interligar as atividades urbanas, por se
constituir suporte físico à circulação de pessoas e mercadorias (CAMPOS, M, M.,
2005).
A avaliação e a gestão das atividades de transporte consistem a administração da
movimentação física de pessoas e bens entre pontos diferentes, utilizando sistemas
avançados de comunicação e informação para o recolhimento de dados a serem
aplicados na melhoria das operações entre os veículos e as instalações atendidas por eles
(CHOWDHURY et al., 2003, p. 42).
Um processo de planejamento dos transportes deve ser sistemático e bem
definido de forma a permitir que as diversas entidades envolvidas nesta tarefa possam
desenvolver ações que vão de encontro às expectativas do planejador para o sistema de
transportes (ROSE et al., 2005, p. 12). Por sua vez, a avaliação prévia das localidades de
interesse para a instalação de uma central nuclear permite ao planejador escolher as
áreas, com características do sistema de transporte já existente, mais adequadas para a
instalação de uma central nuclear. Dessa maneira, podem ser escolhidas as áreas que
demandem menor investimento em infraestrutura e que não necessitem alterações no
panorama dos transportes estabelecido na região.
Os transportes tem um papel fundamental de interligar o ambiente de trabalho e
as comunidades vizinhas ao central, trazendo tecnologia, mão de obra e
desenvolvimento a área escolhida para abrigar uma central nuclear. Toda a
23
infraestrutura local é afetada pela instalação de uma central nuclear, e o sistema de
transportes sofre consequências diretas com o aumento na circulação viária local.
Segundo BERR (2008), o estudo ambiental de um sítio nuclear tem como um de
seus objetivos evitar impactos adversos sobre a atividade e a eficácia da infraestrutura
estratégica de transporte da usina nuclear.
No que diz respeito à segurança da atividade nuclear, os transportes estão
diretamente relacionados à prevenção de acidentes. Os transportes podem ser um fator
de risco para a população local. Desde o transporte de materiais perigosos pela região
escolhida até o risco de um acidente na central nuclear causado por um veículo, devem
ser avaliados para se evitar os possíveis efeitos danosos de um vazamento radiológico.
As boas condições e a infraestrutura disponível no sistema de transportes
possibilitam a realização de operações de emergência em casos de acidentes nucleares e
por isso, devem ser consideradas durante a escolha de um novo sítio.
Dentre as metodologias pesquisadas neste trabalho, as avaliações de sítios para a
instalação de uma central nuclear consideram os critérios de avaliação dos transportes
como fatores relevantes para uma análise local. Essa etapa ocorre após a definição das
áreas candidatas e necessita uma investigação detalhada e minuciosa das características
locais de urbanização e acessibilidade, resultando dados conclusivos para a escolha do
sítio nuclear.
3.2. Revisão Metodológica
Neste trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica de algumas metodologias
para seleção de sítios nucleares já existentes e, como no caso do Brasil, que não possui
uma metodologia clara para esta finalidade, foi descrita sua norma específica para este
tipo de atividade.
Inicialmente foram analisadas as características de produção de energia elétrica
no mundo, mais especificamente a energia Nuclear. Dessa maneira, foi estabelecida
uma ordem de relevância das metodologias disponíveis para a pesquisa, privilegiando os
maiores produtores de Energia Termonuclear.
Seguindo a ordem dos maiores produtores mundiais de energia nuclear e
limitados pelas informações disponíveis ao público em geral, foram revisadas as
metodologias dos seguintes países: Estados Unidos, França, Canadá, Reino Unido.
24
O Brasil foi analisado devido ao interesse desta dissertação em estudar o seu
caso com maior detalhamento, já que se a análise fosse considerar sua posição no
ranking mundial de produtores de energia elétrica pela fonte nuclear, sua posição não o
colocaria entre os países com relevância e experiência suficiente na seleção de sítios
nucleares.
Também foi pesquisado um possível padrão metodológico mundialmente
estabelecido, por algum organismo internacional de regulamentação nuclear. Neste caso
foi encontrada uma publicação da International Atomic Energy Agency (IAEA), a (NS-
R-3), Site Evaluation for Nuclear Installations, bastante referenciada pelas
metodologias encontradas.
Foi realizada uma breve descrição da situação de cada país no desenvolvimento
e produção de Energia Nuclear, seguido pela descrição da sua metodologia de avaliação
de sítios nucleares, mais especificamente, dos critérios considerados relevantes para a
análise dos transportes neste processo de seleção de novos sítios nucleares.
3.2.1. Normatização Internacional
A normatização por meio de um organismo internacional estabelece padrões
comuns a diversos países para o uso da energia nuclear. A Agência Internacional de
Energia Atômica (IAEA), em seu documento NS-R-3 (IAEA, 2003), da série de padrões
de segurança da IAEA, destaca a avaliação de sítios para instalações nucleares.
“Uma das funções estatutárias da IAEA é estabelecer ou adotar
normas de segurança para a proteção da saúde, vida e propriedade no
desenvolvimento e aplicação da energia nuclear para fins pacíficos, e
prever a aplicação destas normas às suas próprias operações, bem como a
operações de assistência e, a pedido das partes, para operações no âmbito de
qualquer acordo bilateral ou multilateral, ou, a pedido de um Estado, a
qualquer atividade do mesmo no campo da energia nuclear” (IAEA, 2003).
Segundo IAEA (2003), o documento NS-R-3, foi elaborado pela Agência
Internacional de Energia Atômica em seu programa direcionado as normas de segurança
das instalações nucleares e estabelece os requisitos e critérios necessários para garantir a
segurança na avaliação dos sítios nucleares.
25
3.2.2. Análise dos Países Produtores
3.2.2.1. Estados Unidos
Os Estados Unidos são o país proprietário do maior parque nuclear do mundo,
com 104 usinas em operação em 31 Estados, operadas por 30 empresas diferentes,
assim como está demonstrada na disposição dos pontos vermelhos no mapa da Figura
3.1 (WNA, 2010 (a)). Isto corresponde a uma capacidade instalada de 106.476 MW,
com produção no ano de 2008 de 842.360 GWh (e). Este valor é quase o dobro do que
foi produzido no Brasil por todas as fontes disponíveis no mesmo período
(ELETRONUCLEAR, 2009 (d)).
Os EUA é o maior produtor mundial de energia nuclear, responsável por mais de
30% da geração nuclear no mundo da eletricidade. O país foi pioneiro no
desenvolvimento da energia nuclear, onde a empresa Westinghouse desenvolveu o
primeiro reator totalmente comercial, que começou a operar em 1960 e terminou seu
ciclo no ano de 1992 (WNA, 2010 (a)).
Figura 3.1 - Distribuição dos Reatores Nucleares nos Estados Unidos
Fonte: WNA, 2010 (a).
O país ficou sem construir novas usinas por mais de 30 anos, desde 1977, algo
que foi agravado com o aumento do sentimento de insegurança após o acidente de Three
26
Mile Island em 1979. Apesar desse período sem novos investimentos, a dependência
dos EUA para com a energia nuclear tem continuado a crescer (WNA, 2010 (a)).
Segundo Eletronuclear, (2009 (d)), nos últimos anos, houve um grande aumento
da capacidade instalada nos E.U.A. devido à ampliação da capacidade das usinas, ainda
que nenhuma nova unidade tivesse sido construída. Houve o aumento da vida útil das
usinas que está sendo estendida para 60 anos. Neste caso já são 50 unidades com vida
útil ampliada, equivalente a cerca de 43.500 MW funcionando por mais vinte anos, sem
os custos de capital para a construção.
O governo americano prevê um aumento da participação nuclear até 2020 com a
existência de um plano estratégico para acelerar o reinício da indústria nuclear, com a
existência de um programa para a escolha de novos sítios para as usinas nucleares
(”Nuclear Power 2010“). Neste contexto existem 26 usinas novas em processo de
licenciamento com suas COL (Construction and Operation License) em avaliação pelo
órgão licenciador – o NRC (ELETRONUCLEAR, 2009 (d)).
3.2.2.1.a. Metodologia Americana
A metodologia Americana para seleção de sítios nucleares foi publicada em
2002 pela Electric Power Research Institute (EPRI), e é chamada “Siting Guide: Site
Selection and Evaluation Criteria for an Early Site Permit Application”.
Recentemente este estudo foi publicado no Brasil pela Associação Brasileira
para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), sendo chamado “Usinas
Nucleoelétricas: Escolha de Local”, trabalho de Drausio Lima Atala baseado na
publicação americana original.
Segundo Atala (2009):
“O guia da EPRI tem como objetivo estabelecer os padrões para seleção e
desenvolvimento de critérios de avaliação de novos sítios nucleares. Este guia
de seleção descreve um processo em quatro etapas, envolvendo aplicação
sequencial de critérios de exclusão, evitação e adequação, bem como o
desenvolvimento de fatores de ponderação a serem aplicados sobre os critérios
de adequação. Os critérios incorporam todas as considerações necessárias para
o assentamento de uma unidade nuclear de geração de eletricidade em um sítio
considerado excelente, contribuindo, dessa maneira, para a mitigação dos
riscos do empreendimento”.
27
Segundo EPRI (2002), o guia parte do pressuposto que existe a necessidade de
obtenção de um uma licença prévia do sítio e que uma região de interesse ou área
geográfica em que o site deve ser localizado já tenha sido identificada. A região de
interesse será determinada através de decisões empresariais fundamentais para a
viabilidade econômica de uma usina nuclear, da existência de um mercado para esta
produção e a área geográfica geral onde os equipamentos devem ser implantados para
atender o mercado consumidor.
Além de introduzir o processo de seleção em etapas, o guia americano para
seleção de sítios nucleares apresenta uma lista de critérios necessários para cada etapa
do processo e os descreve detalhadamente, assim como mostra a Tabela 3.1. Os critérios
estão classificados em quatro naturezas de assuntos:
• Saúde e segurança
• Ambiental
• Uso de terras e socioeconômico
• Engenharia e custos correlatos
28
Tabela 3.1 - Critérios para avaliação de sítios nucleares do EPRI Siting Guide. Fonte: EPRI, 2002.
Etapas Seção Critério 1 2 3 4
3.1 Critérios de Saúde e Segurança 3.1.1 Relacionado com Causas de Acidentes 3.1.1.1 Geologia/Sismologia 3.1.1.1.1 Movimento Vibratório do Solo E E S S 3.1.1.1.2 Falhas Capazes E & A E & A S S 3.1.1.1.3 Falha de Superfície e Deformação A A S S 3.1.1.1.4 Perigos Geológicos A A S S 3.1.1.1.5 Estabilidade do Solo A E & A S 3.1.1.2 Requisitos de Sistema de Refrigeração 3.1.1.2.1 Suprimento de Água de Refrigeração A A S S 3.1.1.2.2 Temperatura Ambiente E 3.1.1.3 Inundação E E S S 3.1.1.4 Uso Perigoso de Terras nas Proximidades 3.1.1.4.1 Instalações Existentes A S S 3.1.1.4.2 Instalações Programadas S 3.1.1.5 Condições Meteorológicas Extremas 3.1.1.5.1 Ventos E & A S 3.1.1.5.2 Precipitação E & A 3.1.2 Relacionado com Efeito de Acidentes 3.1.2.1 População E E S S 3.1.2.2 Plano de Emergência S S 3.1.2.3 Dispersão Atmosférica E E S 3.1.3 Efeito Relacionado com Efeitos da Operação 3.1.3.1 Água de Superfície – Caminho de Radionuclídeos 3.1.3.1.1 Capacidade de Diluição S S 3.1.3.1.2 Base de Dados de Cargas S S 3.1.3.1.3 Proximidade de Uso para Consumo S 3.1.3.2 Caminho de Radionuclídeos por Águas Subterrâneas A A S S 3.1.3.3 Caminho de Radionuclídeos por via aérea 3.1.3.3.1 Efeitos Topográficos S S 3.1.3.3.2 Dispersão Atmosférica E E S 3.1.3.4 Caminho de Ingestão de Alimentos - Ar S 3.1.3.5 Água de Superfície - Caminho de Radionuclídeos em Alimentos S S 3.1.3.6 Segurança no Transporte S 3.2 Critérios Ambientais 3.2.1 Efeitos Relacionados a Construção Sobre a Ecologia Aquática 3.2.1.1 Perturbação de Espécies e Habitats Importantes E A S S 3.2.1.2 Efeitos da Ruptura de Sedimentos de Fundo 3.2.1.2.1 Grau de Contaminação S S 3.2.1.2.2 Tamanho do Sedimento S S
29
3.2.2 Efeitos Relacionados a Construção sobre a Ecologia Terrestre 3.2.2.1 Perturbação de Espécies, Habitats e Áreas Alagadas Importantes 3.2.2.1.1 Espécies e Habitats Importantes S S 3.2.2.1.2 Cobertura do Solo/ Habitat S S 3.2.2.1.3 Áreas Alagadas E E S S 3.2.2.2 Efeitos do Esvaziamento de Áreas Alagadas Adjacentes 3.2.2.2.1 Profundidade do Lençol Freático A & S S 3.2.2.2.2 Áreas Alagadas Próximas S S 3.2.3 Efeitos Operacionais Relacionados com a Ecologia Aquática 3.2.3.1 Efeitos das Descargas Térmicas 3.2.3.1.1 Efeitos Sobre as Espécies Migratórias S S 3.2.3.1.2 Disruption of Important Species/Habitats S S 3.2.3.1.3 Qualidade da Água S S 3.2.3.2 Arrastamento/ Efeitos do Impacto 3.2.3.2.1 Organismos do Arrastamento S S 3.2.3.3 Dragagem/Efeitos da Disposição 3.2.3.3.1 Fonte de Contaminação a Montante S S 3.2.3.3.2 Taxas de Sedimentação S S 3.2.4 Efeitos Operacionais Relacionados com a Ecologia Terrestre 3.2.4.1 Efeitos do Acúmulo em Áreas Vizinhas 3.2.4.1.1 Espécies Importantes/ Áreas de Habitats S S 3.2.4.1.2 Adequação da Fonte de Água S S 3.3 Critérios Socioeconômicos 3.3.1 Efeitos Socioeconômicos Relacionados com a Construção S S 3.3.2 Efeitos Socioeconômicos Relacionados com a Operação S 3.3.3 Justiça Ambiental S S 3.3.4 Uso de Terras 3.3.4.1 Efeitos Relacionados com a Construção e a Operação E E & A S S 3.4 Critérios Relacionados com a Engenharia e Custos 3.4.1 Critérios Relacionados com a Saúde e Segurança 3.4.1.1 Suprimento de Água S S 3.4.1.2 Distância de Bombeamento A A S S 3.4.1.3 Inundação S S 3.4.1.4 Movimento Vibratório do Solo 3.4.1.5 Estabilidade do Solo S S 3.4.1.6 Recuperação Industrial do Sítio S S 3.4.2 Critérios Relacionados com o Transporte e Transmissão 3.4.2.1 Acesso Ferroviário S S 3.4.2.2 Acesso Rodoviário S S 3.4.2.3 Acesso Hidroviário S S 3.4.2.4 Diferenças nos Custos de Transmissão e Preços de Mercado 3.4.2.4.1 Construção - Transmissão S 3.4.2.4.2 Diferencial de Preços do Mercado Elétrico S S
30
3.4.3 Critérios Relacionados com a Questão Socioeconômica - Uso da Terra
3.4.3.1 Topografia E A S S 3.4.3.2 Direitos Sobre a Terra S S 3.4.3.3 Remunerações pelo Trabalho S S
Key
E Exclusionary (Exclusão) A Avoidance (Evitação) S Suitability (Adequação)
A metodologia empregada nos Estados Unidos descreve um processo de quatro
etapas, envolvendo aplicação sequencial de critérios de exclusão, evitação e adequação,
tendo como princípio a determinação e análise de várias áreas candidatas, com posterior
eliminação das menos aptas, até a seleção do sítio que reúna as condições mais
adequadas.
As etapas de seleção 1 e 2 do EPRI Siting Guide são de natureza geográfica e
tem por objetivo identificar vários locais discretos com área suficiente para a instalação
de empreendimentos nucleares de potência. Sendo assim, são empregadas técnicas de
geoprocessamento para o desenvolvimento de um Sistema de Informação Geográfica,
que auxilia na organização dos dados obtidos nos mapeamentos das áreas avaliadas.
As etapas seguintes do processo requerem a coleta e interpretação de dados
específicos das áreas candidatas e posterior eliminação das áreas menos adequadas, até
a indicação do sítio com melhores condições segundo os critérios avaliados.
A medida que o processo de localização se desenrola, o nível de detalhamento
das informações e o nível de confiança nas caracterizações da localidade devem
aumentam continuamente. Sendo assim, as conclusões anteriores devem ser reavaliadas
em cada etapa do processo para garantir que os dados permaneçam válidos, à luz de
novos dados. (EPRI, 2002). O Fluxograma 3.1, a seguir, ilustra a árvore de decisão do
processo de seleção de sítios nucleares americano.
31
Fluxograma 3.1 - Árvore de decisão do EPRI Siting Guide. Fonte: EPRI, 2002.
As etapas finais da avaliação requerem a coleta e interpretação de dados
específicos das áreas candidatas, interpretação dos graus de adequação dos critérios e
posterior eliminação das áreas menos adequadas, até a indicação de um sítio excelente
por cada um dos estados. Dentre estas, será escolhida a área mais adequada. Nesta etapa
de maior especificidade estão os critérios considerados relevantes para a análise dos
transportes na região de interesse.
32
O Fluxograma 3.1 mostra que as etapas finais, onde se encontram os critérios da
avaliação dos transportes, exigem um maior refinamento e precisão dos dados obtidos.
A análise deve se adequar as características específicas da localidade e, a partir disso,
identificar aquele que melhor se adequa aos padrões ideias dos critérios e seus
requisitos.
3.2.2.1.b. Critérios de Avaliação dos Transportes na Metodologia Americana
Dentre os critérios apresentados pelo EPRI Siting Guide, guia americano para
seleção de sítios nucleares, os critérios de avaliação identificados como relevantes para
a análise dos transportes e sua influência na seleção de um novo sítio nuclear estão
demonstrados na Tabela 3.2, sendo eles os seguintes:
Tabela 3.2 - Critérios do EPRI Siting Guide relacionados aos transportes Fonte: EPRI, 2002.
Etapas Seção Critério 1 2 3 4 3.1 Critérios de Saúde e Segurança 3.1.2 Relacionado com Efeito de Acidentes 3.1.2.2 Plano de Emergência S S 3.1.3 Efeito Relacionado com Efeitos da Operação 3.1.3.6 Segurança no Transporte S 3.4 Critérios Relacionados com a Engenharia e Custos 3.4.2 Critérios Relacionados com o Transporte e Transmissão 3.4.2.1 Acesso Ferroviário S S 3.4.2.2 Acesso Rodoviário S S 3.4.2.3 Acesso Hidroviário S S 3.4.3 Critérios Relacionados com a Questão Socioeconômica - Uso da Terra 3.4.3.1 Topografia E A S S
Como explicado anteriormente, os critérios identificados como sendo
importantes para a análise dos transportes fazem parte das etapas finais do processo
decisório, etapas 3 e 4 no fluxo de atividades. Nestas etapas a região de interesse, os
sítios candidatos e a escala de precisão necessária para a avaliação devem ter sido
previamente definidos.
33
Na Tabela 3.2, extraída do documento americano, a letra “S” representa
suitability ou, em língua portuguesa, o mesmo que adequação das áreas analisadas. Esta
adequação, faz referência a uma avaliação das áreas, previamente, determinadas como
candidatas a receberem um empreendimento nuclear.
3.2.2.2. França
A energia nuclear é a fonte primária de eletricidade na França. Segundo
Eletronuclear (2009 (d)), a França possui 59 usinas nucleares em operação e 11
desligadas por término de vida útil. Esse parque de geração termonuclear, mostrado na
Figura 3.2, foi implantado num período de aproximadamente de 25 anos e cerca e 10
anos se passaram sem a construção de novas usinas, que estão agora sendo retomadas.
Figura 3.2 - Distribuição dos Reatores Nucleares na França
Fonte: WNA, 2010 (b).
A França tem sido muito ativa no desenvolvimento de tecnologia nuclear.
Reatores, combustíveis e serviços são importantes mercadorias de exportação. (WNA,
2010 (b)). O país já é o maior exportador de energia elétrica do mundo, exportando 18%
do seu total produzido. Este mercado da energia elétrica, largamente dominado pela
empresa estatal EDF, é marcado pela importância do setor nuclear, secundado pela
hidroeletricidade, e pelo crescimento contínuo do consumo (GUIMARÃES, 2010). Em
2008, a energia elétrica produzida por fonte nuclear na França representou 86% de todo
o consumo doméstico que foi de 486,1 TWh (Eletronuclear, 2009 (d)).
34
A opção pela matriz elétrica com ênfase em geração nuclear foi tomada pela
França em 1974, após o primeiro choque de preços do petróleo, como forma de reduzir
a vulnerabilidade do país em face de volatilidade do preço dos combustíveis fósseis
(GUIMARÃES, 2010).
Como resultado da decisão de 1974, atualmente a França possui um nível
substancial de independência energética e uma dos custos mais baixos de eletricidade na
Europa. A produção de electricidade do país alcançou um nível extremamente baixo de
emissões de CO2 per capita, uma vez que mais de 90% de sua eletricidade é de origem
nuclear ou hídrica (WNA, 2010 (b)).
Em meados de 2010 a Agência Internacional de Energia requisitou que o país
cada vez mais exerça um papel estratégico como fornecedor de energia de baixo custo e
de baixa emissão de carbono para toda a Europa ao invés de concentrar-se apenas em
sua independência energética (WNA, 2010 (b)).
No país, a opção pela priorização da fonte nuclear e as informações técnicas
ligadas à análise de segurança de sítios nucleares são definidas pelo Institut de
Protection et Súrété Nucleaire (IPSN). A AREVA é a fornecedora francesa de bens e
serviços nucleares e EDF é a empresa francesa de energia que opera todos os reatores
nucleares do país.
3.2.2.2.a. Metodologia Francesa
Na França, antes de se pedir uma autorização de criação de projeto, aquele com
interesse de explorar uma central nuclear no país informa à administração dos sítios
candidatos sobre o interesse de se construir uma Instalação Nuclear de Base (INB).
Assim, é possível examinar desde muito cedo as principais características das
localidades escolhidas (GUIMARÃES, 2010).
Essa avaliação ocorre em relação aos aspectos socioeconômicos e de segurança
envolvidos ao projeto da INB. Se o projeto visa à produção de energia elétrica, a
Direção Geral de Energia e das Matérias Primas do Ministério da Indústria Francês
permanece estreitamente ligado a ela. Este órgão público analisa as características dos
sítios ligadas à segurança: sismicidade, hidrologia, ambiente industrial, fontes de água
fria, etc. (GUIMARÃES, 2010).
35
A metodologia utilizada para esta análise não foi encontrada a disposição em seu
formato original. Foi utilizada como referencia um estudo realizado no Brasil por
Leonam dos Santos Guimarães e publicado pela ABDAN, Associação Brasileira para o
Desenvolvimento das Atividades Nucleares. Neste manual, o autor realiza uma
compilação de informações técnicas ligadas à análise de segurança de sítios nucleares
desenvolvidas pelo Institut de Protection et Sûrétè Nucleaire (IPSN) da França,
atualmente denominado Institut de Radioprotection et Sûrétè Nucleaire (IRSN).
Na bibliografia de referência, Guimarães (2010), foram utilizados como
referência três documentos franceses que constituíram a base sobre qual foi elaborada a
publicação. Eles são:
• Approche de la Sûrétè des Sites Nucleaires, Institut de Protection et Sûrétè
Nucleaire (Fontenay-aux-Roses, France), por Jean Fauré, publicado em
1995;
• Éléments de sûreté nucléaire, Institut de Protection et Sûrétè Nucleaire
(Fontenay-aux-Roses, France), por Jacques Libmann, publicado em 1996;
• Approche et analyse de la sûrétè des reacteurs a eau sous pression, Institut
national des sciences et techniques nucleaires (Gif-sur-Yvette, France), por
Jacques Libmann, publicado em 1987.
O manual apresenta os aspectos mais relevantes a serem analisados para esta
escolha, tendo como fundamentos para a seleção a realização de uma análise específica
dos requisitos de segurança para a indústria nuclear.
Segundo Guimarães (2010), esta análise se baseia em uma classificação das
várias agressões externas que, advindas do meio ambiente, ameaçam a instalação e
requer o exame das características do meio para que se estimem os riscos que a
instalação pode criar em seu entorno.
Estas ações da indústria nuclear francesa estão em conformidade com a Agência
Internacional de Energia Atômica que sugere:
“... a utilização de uma análise metódica atribuindo “notas de aceitabilidade” e
determinando “cotas de mérito” por cada um dos critérios eleitos na seleção.
Isso significa “atribuir notas” aos sismos, inundações, fenômenos
meteorológicos extremos, a proximidade de instalações perigosas, a queda de
aeronaves, os efeitos da instalação sobre o meio ambiente, a repartição das
36
populações... Em seguida, as notas e cotas são reunidas. Sua agregação serve
para a triagem e a escolha do melhor entre os sítios selecionados. Trata-se
assim de uma análise multi-criteriosa com o objetivo de ajudar na decisão”
(GUIMARÃES, 2010).
Resumidamente, o procedimento para a escolha de sítios comporta três etapas
(GUIMARÃES, 2010):
1 - Etapa de seleção:
A fase preliminar, que comporta essencialmente a consulta de diversos mapas e
documentos, conduz à elaboração de um inventário de possíveis sítios. Trata-se
inicialmente, em função das particularidades da instalação prevista, de procurar zonas
que apresentem um ambiente favorável e, em seguida, no interior de cada uma delas,
escolher e estudar os sítios ao menos de forma sumária. Frequentemente, ela aparenta
ser muito mais uma justificativa da escolha feita pelos operadores do que o resultado de
pesquisas sistemáticas.
2 - Etapa de qualificação:
A fase de pré-projeto consiste num exame mais aprofundado do conjunto das
características dos sítios pré-selecionados. Solicita-se a apreciação dos vários
especialistas. São iniciadas pesquisas de campo em torno de alguns sítios que parecem
mais interessantes.
3 - Etapa de confirmação:
Depois de uma nova triagem dos sítios qualificados, o sítio escolhido é objeto de
investigações detalhadas comportando diversas análises em todas as dimensões.
3.2.2.2.b. Critérios de avaliação dos transportes na metodologia Francesa
Em Guimarães (2010), foram identificados na análise de segurança de sítios
nucleares os fatores diretamente relacionados aos transportes e sua relação com os sítios
nucleares. Nota-se que estes fatores, quando respeitados na escolha de um novo sítio
nuclear, favorecem a realização das ações de proteção e manutenção da segurança da
população e das instalações da central.
O primeiro fator identificado e que se relaciona com diversos aspectos de análise
do sítio é a demografia da área. Segundo Guimarães, (2010) várias análises são
37
utilizáveis para levar em conta o fator demográfico na escolha do sítio de uma
instalação. É possível utilizar unicamente os dados demográficos ou combiná-los com
outros dados relativos às características da região. A distribuição dos habitantes em
torno dos sítios é um fator essencial na colocação em prática dos planos de intervenção
dos socorros exteriores. Na hipótese de ocorrência de um acidente numa instalação
importante, diversos tipos de ações podem ser necessários para assegurar uma proteção
apropriada das populações, como a evacuação.
É preciso levar em conta outros fatores como a topografia, a natureza da
população, onde e como estão repartidos os habitantes e sua mobilidade. Eles
influenciarão na possibilidade de realizar eventuais ações de proteção, confinamento no
local ou evacuação dos habitantes. Essas informações tem um papel importante na
escolha de sítios, relativa à natureza e à localização das vias públicas locais. Na prática,
a eficácia de um plano de intervenção depende muito da densidade da população e dos
meios de alerta, de comunicação e de transporte para as áreas vizinhas ao sítio e do
tempo tomado pelo aviso inicial (GUIMARÃES, 2010).
Outro fator de destaque diz respeito à análise das rotas de voo nas áreas em
estudo para a instalação da central nuclear. Segundo Guimarães, (2010) o possível risco
à segurança da usina no caso de um acidente aéreo em seu perímetro deve ser avaliado.
O estudo das quedas de aviões passa, em um primeiro momento, pelo conhecimento do
tráfego aéreo na região de interesse correspondente.
De maneira geral, foram identificados os seguintes fatores de avaliação
relacionados aos transportes e as medidas protetoras de segurança.
• Demografia
• Topografia
• Vias de transporte terrestre
• Rotas de voos
3.2.2.3. Canadá
Por muitos anos o Canadá vem sendo um líder na pesquisa e desenvolvimento da
tecnologia nuclear, exportando sistemas de reatores desenvolvidos no país. Cerca de
15% da eletricidade do país provém da energia nuclear produzida pelos 18 reatores em
38
operação. Distribuídos entre três províncias canadenses os reatores fornecem mais de
12.600 MW de capacidade de energia para o país (WNA, 2010 (c)).
Atualmente está em estudo e processo de licenciamento o desenvolvimento de
três novas centrais nucleares no Canadá. A previsão é de que cada central nuclear conte
com quatro usinas em sua área ocupada (Eletronuclear 2009, d).
3.2.2.3.a. Metodologia Canadense
O documento regulamentar RD-346, “Avaliação do local para novas plantas
nucleares”, representa o modelo de avaliação adotado pela Comissão Canadense de
Segurança Nuclear (CNSC). O modelo é uma adaptação dos princípios estabelecidos
pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em seu documento NS-R-3,
“Avaliação do local para Instalações Nucleares”, referenciado como IAEA (2003).
Este documento define as expectativas da Comissão Canadense de Segurança
Nuclear (CNSC) no que diz respeito à avaliação dos locais para novas usinas nucleares
(centrais nucleares) antes mesmo dos processos de licenciamento e da requisição dos
estudos de impacto ambiental. Como primeiro passo no estabelecimento de uma nova
central, a avaliação do site leva em consideração todas as fases do ciclo de vida de
centrais nucleares, desde a preparação do local até o seu abandono (CNSC, 2008).
Segundo CNSC (2008), o documento canadense RD-346 propõe uma avaliação
mais abrangente do que aquela do seu documento de referência, o NS-R-3. Vários
aspectos de análise dos novos sítios nucleares referentes à proteção do ambiente,
segurança da localidade e da proteção dos equipamentos a serem instalados, não
abordados pela AIEA em NS-R-3, estão presentes na metodologia canadense. Isso
ocorre porque além do RD-346 considerar todas as fases do licenciamento de uma
planta, as informações recolhidas durante o processo de avaliação das localidades
candidatas auxiliam na realização dos estudos de impacto ambiental, contribuem para o
desenvolvimento do projeto da planta e, por consequência, facilitam os processos para
obtenção das novas licenças.
O processo de avaliação das localidades envolve a realização de uma pesquisa
para identificar um ou mais sítios candidatos e, em seguida, uma avaliação detalhada
destas localidades preferenciais, com o objetivo de:
1. Minimizar os efeitos da central nuclear sobre o meio ambiente;
39
2. Minimizar os efeitos do meio-ambiente sobre a capacidade da central nuclear
de operar dentro dos padrões de segurança operacional definidos;
3. Identificar as estratégias de mitigação necessárias para reduzir os riscos à
segurança nacional, a saúde e a segurança das pessoas e do ambiente (CNSC,
2008).
Segundo CNSC (2008), a quantidade de atenção dada às características de um
sítio dependerá de sua capacidade de influenciar eventos de interesse geral, contribuir
para o aumento do risco de impactos negativos sobre o meio ambiente ou a saúde e a
segurança da população, ou de prejudicar a execução das medidas de emergência.
3.2.2.3.b. Critérios de Avaliação dos Transportes na Metodologia Canadense
Os critérios para a avaliação dos transportes encontrados na metodologia
Canadense de avaliação de sítios nucleares foram identificados em categorias de
avaliação distintas:
• Avaliação de eventos externos, não malévolos e induzidos pelo homem;
• Considerações de segurança.
Na categoria “Avaliação de eventos externos, não malévolos e induzidos pelo
homem” foram identificados dois eventos relevantes à análise dos transportes, sendo
eles: quedas de aeronaves e outros riscos no transporte.
Nesta categoria de avaliação, se espera que o proponente elabore, documente e
implemente uma abordagem sistemática para identificar todos os eventos externos
induzidos pelo homem na localidade de interesse (CNSC, 2008).
Na categoria “Considerações de segurança” foram identificados dois critérios a
serem considerados na análise dos transportes, sendo que cada um deles . São eles:
proteção física e rotas de transporte.
No critério “proteção física” a análise tem o objetivo de garantir que a detecção,
os possíveis atrasos e a resposta em situações de risco sejam considerados na escolha do
sítio. Os requisitos do projeto relacionados à proteção física são influenciados pela
localização. Por exemplo, centrais nucleares localizadas em uma área remota,
fronteiriça a uma população com baixa densidade populacional, pode exigir diferentes
considerações de proteção física do que as centrais nucleares localizadas em uma grande
40
área urbana com uma infraestrutura de transportes complexa. As áreas remotas são
avaliadas em relação ao tempo necessário para a implementação dos serviços essenciais
de resposta a emergências. A avaliação dos sítios aborda as dimensões físicas da planta
Nuclear e seu ambiente circundante, incluindo:
• A topologia da área que pode ser considerada um componente a mais para
barreira de segurança;
• A proximidade de elementos de infraestrutura que poderiam, pela sua
natureza adversa, afetar a proteção física como, por exemplo, um aeroporto
que ofereça tráfego aéreo significativo nas proximidades do sítio (CNSC,
2008).
Quanto ao critério “rotas de transporte”, se objetiva cobrir com a análise todas as
vias de ligação com o ambiente externo encontradas na localidade de interesse, sendo
elas hidrovias, rotas terrestres ou rotas de voo do espaço aéreo da área de estudo.
A análise das rotas de transporte nas imediações do local de interesse é parte da
avaliação do novo sítio nuclear. Dessa maneira, busca-se garantir que estas infraestruras
viárias sejam devidamente consideradas para as atividades de desenvolvimento do sítio
nuclear (CNSC, 2008). A Tabela 3.3, a seguir, resume estes critérios.
Tabela 3.3 - Critérios de Transporte da Metodologia Canadense Avaliação de Eventos Externos, não Malévolos e Induzidos pelo Homem Considerações de Segurança
Proteção Física Rotas de Transporte
Quedas de aeronaves Topologia da área e
áreas remotas
Hidrovias
Outros riscos no transporte Rotas terrestres
Espaço aéreo
3.2.2.4. Reino Unido
No final dos anos 90, as usinas nucleares contribuíam com cerca de 25% da
produção total de eletricidade anual no Reino Unido. Esse cenário foi se modificando à
medida que, gradualmente, as plantas antigas foram encerrando suas atividades e
problemas relacionados com o envelhecimento do inventário foram afetando o
abastecimento (WNA, 2010 (d)).
41
No documento publicado em Janeiro de 2008, White Paper on Nuclear Power, o
Governo Britânico afirmou que acredita ser de interesse público que novas centrais
nucleares participem da oferta futura de energia no Reino Unido futuro ao lado de
outras fontes de eletricidade com baixa emissão de carbono. O Governo também
afirmou a sua convicção de que seria do interesse público permitir que empresas de
energia optem pelo investimento em novas centrais nucleares (BERR, 2008).
A Inglaterra possui 19 reatores nucleares em operação, que correspondeu a
13,5% da energia do país e apesar da indefinição na construção de novos reatores, várias
empresas avançam com os estudos de localização. O governo, através do seu
Departamento de Energia e Mudanças Climáticas, identificou 11 sítios possíveis para a
construção de novas usinas nucleares, parte da política de redução de emissões de
carbono vigente no país e, que devem começar a operar até 2017 (Eletronuclear, 2009
(d)).
3.2.2.4.a. Metodologia Britânica
Em 2008, uma consulta foi realizada sobre a proposta de realização de uma
“Avaliação para a Localização Estratégica” de novos sítios nucleares ou no original
Strategic Siting Assessment (SSA), processo de identificação dos locais mais adequados
para novas usinas nucleares a serem construídas até o final de 2025. Os sítios escolhidos
através da (SSA) e identificados como estrategicamente adequados para as novas
plantas nucleares, seriam listados na “Nuclear National Policy Statement” (Nuclear
NPS) ou em português, Declaração Nacional sobre a Política Nuclear (WNA, 2010 (d)).
No Reino Unido, o Governo reconhece a importância das decisões sobre a
localização centrais nucleares e, por isso, decidiu realizar esta Avaliação para a
Localização Estratégica. A “SSA” é um processo em que o Governo busca determinar
se os sítios para novas centrais nucleares indicados por terceiros, são locais
estrategicamente adequados para o desenvolvimento da planta (BERR, 2008).
Nos estágios iniciais do desenvolvimento dos critérios de avaliação de sítios
nucleares, uma vasta gama de documentos jurídicos e técnicos foi revisada. Os
seguintes documentos foram particularmente úteis na identificação de possíveis critérios
(BERR, 2008):
42
• U.S. Nuclear Regulatory Commission (U.S. NRC) 10CFR100. O documento
10CFR100 estabelece os requisitos de localização para o licensiamento de
estações de energia nuclear nos EUA. O foco da 10CFR100 é sobre os
perigos externos à planta segurança.
• International Atomic Energy Agency (IAEA) Safety Standards Guides and
Safety Requirements. Este Guia com instruções e requisitos de segurança
estabelece um modelo internacional para a regulação da segurança nuclear.
• Electric Power Research Institute (EPRI) Siting Guide (com referência a
10CFR100). O guia de localização nuclear da EPRI é um guia para
desenvolvedores na seleção dos locais adequados para o desenvolvimento
nuclear. Os aspectos de segurança deste guia fazem referencia às exigências
do documento 10CFR100 da U.S. Nuclear Regulatory Commission.
O Governo propõe dois tipos de critérios (vide Tabela 3.4) para a avaliação da
adequação estratégica das áreas de interesse. Eles são os seguintes:
• Critérios de exclusão são os critérios que por razões de segurança,
regulamentares ou outras excluem uma localidade de uma análise mais
aprofundada na SSA.
• Critérios discricionários são aqueles que o Governo considera, por variadas
razões a um nível estratégico, tornarem a localidade imprópria para o
desenvolvimento de uma nova usina nuclear (BERR, 2008).
A Tabela 3.4 relaciona os critérios propostos pelo Department for Business
Enterprise & Regulatory Reform para a avaliação de novos sítios nucleares na
Avaliação para a Localização Estratégica (SSA). O Governo considera estes critérios
como questões-chave para avaliar a adequação estratégica dos sítios a nível nacional.
Tabela 3.4 - Critérios Propostos pela SSA
Fonte: BERR, 2008. Critérios relacionados à situação da segurança nuclear Status 1.1 Risco sísmico (movimento vibratório do solo) Exclusão 1.2 Falha Capaz Exclusão 1.4 Inundações Discricionário 1.5 Tsunami, tempestades e eventos costeiros Discricionário 1.7 Proximidade de instalações industriais perigosas e as operações Discricionário 1.8 Proximidade de movimentos de aeronaves civis Discricionário
43
1.10 Demografia Exclusão
1.12 Proximidade com atividades militares Exclusão e Discricionário
Critérios relacionados com a proteção do ambiente 2.1 Locais Internacionalmente designados de importância ecológica Discricionário 2.2 Locais Nacionalmente designados de importância ecológica Discricionário Critérios relacionados com as questões sociais 3.1 Áreas de lazer, património cultural e paisagístico Discricionário Critérios relacionados com os requisitos operacionais
4.1 Tamanho do local para acomodar a construção, operação e descomissionamento Discricionário
4.2 O acesso a fontes adequadas de refrigeração Discricionário
A Tabela 3.5 enumera os critérios locais a serem considerados na avaliação. Foi
identificada uma série de critérios que, em grande parte, devido à necessidade de
investigações detalhadas dos dados, sejam mais adequadamente avaliadas a nível local.
Segundo a metodologia britânica, estes critérios locais devem ser destacados como
sendo importantes para considerações locais (BERR, 2008).
Tabela 3.5 - Critérios Locais
Fonte: BERR, 2008. Questões relativas a segurança nuclear Status
1.3 Condições não sísmicas do solo Sinalizar para consideração local
1.6 Condições meteorológicas Sinalizar para consideração local
1.8 Proximidade de movimentos de aeronaves civis Sinalizar para consideração local
1.9 Proximidade da mineração, perfuração e outras operações subterrâneas
Sinalizar para consideração local
1.11 Planejamento de emergência Sinalizar para consideração local
Questões sociais Sinalizar para consideração local
3.2 Infraestrutura / recursos significativos Sinalizar para consideração local
Questões relacionadas com as necessidades operacionais Sinalizar para consideração local
4.3 Acesso à infraestrutura de transmissão Sinalizar para consideração local
3.2.2.4.b. Critérios de Transporte Identificados na Metodologia Britânica
No Reino Unido, o Governo reconhece que as questões dos transportes,
particularmente durante a fase de construção e desenvolvimento de uma central nuclear,
podem ter impactos significativos na infraestrutura estratégica e local do projeto.
44
Acredita-se que estas questões devem ser analisadas com detalhamento pelos
desenvolvedores, à medida que os planejamentos da produção e localização são
preparados para a avaliação do órgão responsável. Por esta razão, o Governo não propôs
critérios específicos de transporte para a avaliação dos possíveis sítios nucleares. Foi
considerado que em relação a essas questões, a análise deve ser realizada de maneira
específica, de acordo com as propostas específicas de desenvolvimento e seu contexto
de trabalho (BERR, 2008).
Ainda segundo o guia para seleção de sítios do Reino Unido, os principais
problemas associados com o transporte em novas usinas nucleares estão relacionados a:
• transporte de grandes componentes durante a fase de construção;
• transporte do combustível nuclear e mão-de-obra durante a fase de
exploração;
• transporte do combustível já utilizado e outros resíduos durante as fases de
exploração e descomissionamento.
Nas fases iniciais do projeto, não se sabe os locais de fabricação dos grandes
componentes e as decisões em torno do local para a gestão dos resíduos ainda não foram
tomadas. Por esta razão, o Governo do Reino Unido não acredita na possibilidade da
Avaliação para a Localização Estratégica (SSA) chegar a conclusões sobre os possíveis
impactos ambientais causados pelos movimentos dos transportes resultantes da escolha
dos sítios para Usinas Nucleares e por isso, decidiu não desenvolver critérios para essas
questões (BERR, 2008).
Mesmo assim, é possível identificar a questão dos transportes em outros critérios
da Avaliação para a Localização Estratégica (SSA). Eles são os seguintes:
• Proximidade de Movimentos de Aeronaves Civis – critério discricionário
• Demografia – critério de exclusão
• Planejamento de Emergência – critério local
• Infraestrutura / Recursos significativos – critério local
- Proximidade de Movimentos de Aeronaves Civis: Segundo BERR (2008),
acidentes com aeronaves de grande porte são acontecimentos raros no Reino Unido, no
entanto, o risco de tais eventos em todo o país não é uniforme. As áreas identificadas
como de maior risco são definidas para se proteger a infraestrutura da central nuclear e a
população de possíveis baixas humanas no caso de evento como este.
45
A avaliação deste critério contribui diretamente para a redução dos riscos à
segurança da central nuclear e seu carácter discricionário permite que os potenciais
impactos adversos não sejam descartados no processo de seleção do sítio. Este critério
permite que seja evitada uma possível interrupção das operações aeroportuárias que
podem resultar do desenvolvimento da nova Planta Nuclear.
- Demografia: O Governo Britânico possui uma política de longa data sobre a
demografia local, que seria limitar as consequências radiológicas para o público no
evento improvável de um grave acidente nuclear Influenciando nas decisões de
planejamento sobre a adequação dos locais para a instalação de novas centrais
nucleares.
Quando apresentado com indicações das localidades candidatas o Governo
avalia se as características demográficas dos sítios indicados atenderem o critério,
excluindo da apreciação as áreas onde a densidade populacional local excede o limite
estabelecido (BERR, 2008). Este critério está diretamente relacionado com o próximo
critério de analise, o planejamento de emergências.
- Planejamento de Emergência: O desenvolvimento de planos de emergência
adequados, em conformidade com os requisitos para obtenção da licença de instalação
do empreendimento nuclear está diretamente relacionado com os objetivos de
manutenção da saúde humana nas localidades candidatas a receberem uma central
nuclear (BERR, 2008).
- Infraestrutura / Recursos significativos: Segundo BERR (2008), este critério
diretamente relacionado com a protecção das infraestruturas importantes e os bens
materiais (tais como a infraestrutura de transporte estratégico).
3.2.3. Metodologia Brasileira para a seleção de sítios nucleares
As normas brasileiras, estabelecidas no ano de 1969, especificam os critérios sob
os quais a Comissão Nacional de Energia Nuclear aprovará os locais propostos para
instalação de reatores de potência. Estas normas têm como finalidade o auxílio na
identificação de fatores a serem considerados pela CNEN na avaliação de locais para a
instalação de reatores de potência e posterior indicação para aprovação desses sítios.
46
Os sítios nucleares escolhidos obrigatoriamente devem passar por estudos de
impactos ambientais, necessários para o licenciamento de obras e empreendimentos de
grande porte no Brasil. Segundo o ART. 13, Na avaliação de locais para instalação de
reatores de potência devem ser considerados fatores relacionados Às características
gerais do projeto do reator, bem como as características peculiares as localidades
candidatas (CNEN, 1969).
Atualmente, foi iniciado um processo de seleção de sítios nucleares, visando
atender as perspectivas de demanda por energia elétrica projetadas pelo PNE-2030, que
considera a necessidade de implementação, até 2030, de mais quatro UTNs em território
brasileiro.
O processo de seleção de sítios nucleares implementado pela Eletronuclear -
Eletrobrás Termonuclear S.A. vem utilizando uma metodologia baseada na proposta
americana para esta finalidade, o EPRI Siting Guide, que considera cerca de 50 critérios
de exclusão, evitação e adequação na escolha da localidade.
Segundo Guimarães (2010), o objetivo dessa seleção é selecionar o sítio que
apresente a maior probabilidade de ser licenciado em prazo limitado e resulte nos
menores impactos sobre os custos de construção e operação. Uma UTN representa um
dos empreendimentos industriais mais intensivos em capital. Esse capital é submetido a
diferentes riscos ao longo das respectivas etapas de implantação. A determinação destes
riscos, sua quantificação e o desenvolvimento de contramedidas para minimizá-los
constitui fator determinante para o sucesso desses empreendimentos.
A fase inicial de exequibilidade desses novos empreendimentos deverá ser
desenvolvida obedecendo às seguintes etapas:
a) seleção de sítios;
b) seleção de tecnologia;
c) desenvolvimento de planejamento e cronograma de licenciamento nuclear
e ambiental;
d) desenvolvimento de opções de estrutura de capital;
e) estabelecimento de alternativas de financiamento;
f) desenvolvimento de perfil de riscos do empreendimento.
A etapa de seleção das localidades com potencial para receberem um
empreendimento nuclear de potência representa o início de um processo que quando
47
bem encaminhado, pode resultar em menores prazos e diminuição do custo do
empreendimento. Toda a cadeia de ações a serem tomadas após esta escolha sofrerá
consequências diretas e, por isso, deve-se avaliar os sítios de maneira cuidadosa,
respeitando os mais diversos critérios de avaliação.
Recentemente, a empresa Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás, iniciou suas
operações no Estado do Recife com o objetivo de conduzir estudos para a implantação
de uma nova planta nuclear na região Nordeste. A previsão é de que estas atividades
devam consumir 20 meses. Os locais serão depois selecionados de acordo com um
critério de seleção do local (WNN, 2009 (d)).
Segundo Guimarães (2010):
“Por determinação da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento
Energético do MME, ao final de 2008 foram iniciados os estudos de localização
da central nuclear do Nordeste, cuja região considerada “de interesse” fica na
faixa litorânea compreendida entre Salvador e Recife. Os sítios serão
selecionados considerando futuras expansões da central nuclear para até seis
unidades de aproximadamente 1000 MWe, cada. Os estudos deverão ser
realizados conforme os princípios estabelecidos pela Norma para Escolha de
Locais para Instalação de Reatores de Potencia – CNEN-09/69; pelas normas
da Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA que regem e pelo Siting
Guide: Site Selection and Evaluation Criteria for an Early Site Permit
Application do Electric Power Research Institute – EPRI (EUA)”.
A primeira fase dos estudos de localização para seleção do novo sítio nuclear
brasileiro já foi iniciada pela Eletronuclear, através de convênio com o Grupo de
Análise de Risco Tecnológico e Ambiental – GARTA da COPPE/UFRJ. Nesta fase,
foram aplicados os critérios de exclusão definidos com base em normas internacionais à
região de interesse, a Região Nordeste do Brasil, de forma a identificar de 15 a 20 sítios
tecnicamente viáveis (GUIMARÃES, 2010).
3.2.3.1. Experiência Brasileira
Segundo MRS, (2005), a experiência brasileira na escolha do sítio da usina
nuclear Angra 1 foi precedida de um estudo de alternativas ao longo do litoral, de
48
dezoito meses de duração e obedeceu à “Norma para Escolha de Locais para Instalação
de Reatores de Potência”, objeto da Resolução CNEN – 09/69, de 25 de junho de 1969.
A localidade de Itaorna, situada no município de Angra dos Reis, Estado do Rio
de Janeiro, foi escolhida por estar situada em uma baía protegida, em área de baixa
densidade populacional, de condições geológicas favoráveis e próximas aos principais
centros de abastecimento e consumo de energia elétrica do país (133 km da cidade do
Rio de Janeiro e 216 km da cidade de São Paulo).
Todavia, as características gerais, geológicas e topográficas encontradas na
região, tornaram as obras de infraestrutura de transportes onerosa e de relativa
complexidade. O volume de tráfego planejado para um M.C.U. (Movimento Coletivo de
Urgência) ou evacuação emergencial não é facilmente administrável nas condições
topográficas e características das vias de circulação da região da central nuclear
(SOUZA JÚNIOR, M. D., 1990).
Do ponto de vista da circulação necessária em uma evacuação emergencial a
rodovia BR-101 (Rio-Santos), principal componente da malha rodoviária que serve a
região, constitui-se em um fator complicador. A estrada apresenta pontos críticos,
sofrendo processos de acomodação do terreno que tornam o tráfego mais lento e
perigoso. Durante as estações das chuvas (dezembro, janeiro e fevereiro) as condições
de circulação são bastante incertas, com a possibilidade de bloqueios que podem
estender-se por mais de 24 horas (SOUZA JÚNIOR, M. D., 1990).
A Rio-Santos é o único acesso às usinas nucleares Angra 1 e 2 e constantemente
sofre com quedas de barreiras em vários trechos ao longo de sua extensão. Em Janeiro
de 2010 a rodovia chegou a ficar interditada por quase um mês devido à queda de
barreiras (AGÊNCIA BRASIL, 2010a).
Ainda segundo a Agência Brasil (2010b), cinco deslizamentos de terra num
trecho de 70 quilômetros entre Angra dos Reis e Paraty provocaram a interdição total da
rodovia, nos dois sentidos, isolando as vítimas das tragédias causadas pela chuva em
Angra dos Reis em Janeiro de 2010. No socorro às vítimas, atuaram as equipes da
Defesa Civil, dos Bombeiros, da Polícia Rodoviária e da Eletronuclear. Parte da ação foi
facilitada pelo fato de duas vezes por ano as mesmas instituições promoverem
simulações de acidente nuclear em Angra dos Reis.
Nesta estrada existem vários gargalos onde um veículo de grande porte, como
um ônibus ou caminhão, que ficasse danificado, comprometeria todo o fluxo de
49
veículos. A malha capilar de circulação é precária e reflete o desordenado crescimento
urbano da região onde nota-se a presença de diversas concentrações populacionais ao
longo da BR-101. Qualquer convulsão social ou colapso na circulação para fora das
Z.P.E’s (Zona de Proteção Especial) transformaria o movimento coletivo de fuga numa
ação de alto risco, podendo potencialmente tornar-se uma segunda catástrofe além do
acidente severo (SOUZA JÚNIOR, M. D., 1990).
Constatou-se nesta localidade que um tumultuado processo político, a ausência
de instrumental metodológico e a deficiência de planejamento e investimentos públicos
de natureza social marcaram o processo de deformação da dinâmica local. O próprio
processo de implementação da central nuclear contribuiu para colapsar suas próprias
condições de segurança. Este fato revela de forma clara que a metodologia então
utilizada para estudar a inserção local do empreendimento tornou-se obsoleta diante dos
novos conceitos e critérios existentes (SOUZA JÚNIOR, M. D., 1990).
Em 2009, o IBAMA ao conceder a licença para instalação da nova usina da
Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, a Angra 3, fez ressalvas quanto ao sistema
de transportes local, exigindo garantia de melhorias na segurança do tráfego da BR-101
que passa ao lado do parque nuclear. Segundo IBAMA (2009), para a obtenção da
Licença de Instalação, as seguintes condições deveriam ser respeitadas:
“2.13. Monitorar as áreas classificadas como de maior risco de eventos de
escorregamentos de massa em taludes ou encostas e as que apresentarem
feições de movimentação devem sofrer intervenção para sanar estes problemas.
2.14. Apresentar mapa de risco de escorregamento de taludes e encostas no
entorno do CNAAA e na rodovia BR 101 entre dois trevos e outras rodovias que
podem ser utilizados como rota de fuga em caso de emergência” (IBAMA,
2009).
3.2.3.2. Avaliação dos Critérios de Transporte
No Brasil, na resolução 09/69 da CNEN, no Capítulo IV, “Dos Fatores para
Avaliação de Locais” no Artigo 15, que determina os fatores a serem considerados pela
Comissão Nacional de Energia Nuclear para aceitação de um local para instalação de
50
um reator nuclear de potência, o item “2” faz menção às “vias de acesso existente ou
propostas”.
Mesmo assim, no momento de se decidir a localização do primeiro sítio nuclear
Brasileiro, em Itaorna, Angra dos Reis (RJ) foram considerados outros critérios como
sendo prioritários, deixando em segundo plano a avaliação das condições do sistema de
transporte local e os possíveis impactos da atividade das usinas do meio ambiente local.
Por isso, ao longo dos anos, este sítio enfrentou desafios no planejamento dos
transportes, assim como desafios no planejamento urbano das áreas vizinhas ao
empreendimento, que cresceram de maneira desordenada.
O atual processo de seleção de sítios nucleares empregado no Brasil, Siting
Guide: Site Selection and Evaluation Criteria for an Early Site Permit Application do
Electric Power Research Institute (EPRI), dos Estados Unidos, aborda questões
relevantes à análise dos transportes e seus aspectos influenciadores no processo
decisório das novas localidades para as instalações nucleares na Região Nordeste do
país, vide a Tabela 3.1, mostrada anteriormente.
No capítulo seguinte serão detalhados os critérios de transporte identificados
através da revisão bibliográfica das metodologias de seleção de sítios nucleares.
51
Capítulo IV. Detalhamento das Variáveis e Critérios de
Transporte
Os critérios relacionados neste item são resultado de uma compilação da análise
das metodologias apresentadas anteriormente, conjugando fatores comuns entre as
mesmas e acrescentando detalhamentos e especificações da abordagem de cada
metodologia.
Inicialmente foram identificadas as variáveis relevantes para a análise dos
transportes no contexto da instalação de uma central nuclear. Cada metodologia
analisada apresentava características de análise específicas do país nas quais foram
desenvolvidas e aplicadas, necessitando, em alguns casos, de uma adaptação ao local de
estudo.
Estas variáveis foram agrupadas em critérios de transportes de acordo com a
necessidade e relevância de cada dado para o estudo dos transportes. Após a revisão
metodológica, os critérios foram divididos da seguinte maneira:
• Infraestrutura e recursos significativos
• Rotas de transporte
o Rodovias
o Ferrovias
o Hidrovias
o Aerovias
• Avaliação das Rotas Aéreas
• Segurança nos transportes
• Planejamento de emergências
o Base de dados
o Rotas de evacuação
• População afetada pelo Empreendimento Nuclear
• Topografia
A identificação e o detalhamento dos critérios de transporte permitem que o
planejador adeque e direcione o estudo das áreas candidatas de maneira clara, com foco
na análise das regiões de interesse e nas suas características específicas, como
52
disponibilidade de dados e possíveis fatores de impedimento para a instalação de uma
central nuclear.
Nos itens a seguir, são apresentados os detalhamentos da análise de cada critério.
Nestes, as metodologias de referência são utilizadas como exemplo na identificação das
diferentes vertentes, características e objetivos da análise em cada país onde, a mesma,
já foi aplicada.
4.1. Infraestrutura e Recursos Significativos/ Instalações Existentes
Segundo BERR (2008), este critério está diretamente relacionado com a
proteção de importantes infraestruturas e bens materiais (tais como a infraestrutura de
transporte estratégico). No Reino Unido o sistema de planejamento visa proteger,
sempre que possível, os locais e estruturas, incluindo:
• Vias expressas
• Rede ferroviária estratégica
• Rede de transporte de gás
• Eletricidade da rede de transmissão
• Aeroportos
• Portos
O Governo Britânico reconhece a importância do acesso às informações sobre a
infraestrutura do local de interesse, se tornando um importante fator para as avaliações
de viabilidade dos desenvolvedores. Entende-se que para uma melhor compreenssão do
impacto potencial do empreendimento nuclear nestas importantes infraestruturas,
deverão ser realizadas avaliações detalhadas e específicas do projeto.
Segundo Atala (2009), devem ser mapeadas como áreas evitáveis as localidades
dentro de um raio de 16 quilômetros de grandes aeroportos e dentro de 8 km de
distância de instalações ou áreas com atividades consideradas perigosas tais como:
• Bases militares e áreas de testes militares
• Rotas terrestres e marítimas de transporte de materiais perigosos
• Docas e ancoradouros de materiais perigosos
Nos casos onde houver grande interesse por um sítio localizado dentro das
distâncias especificadas, o mesmo deverá passar por uma avaliação detalhada a fim de
53
se averiguar o grau de risco imposto por cada instalação encontrada. De maneira
simplificada, ao se avaliar estas variáveis relativas a infraestruturas de transporte, busca-
se alcançar a menor interferência possível nas atividades locais já estabelecidas.
4.2. Rotas de Transporte
Segundo CNSC (2008), a identificação das rotas de transporte nas imediações de
uma localidade de interesse nuclear deve ser considerada como parte da avaliação e
escolha de novos sítios. A existência de infraestruturas de transporte nas localidades
avaliadas contribui para o processo de seleção ao permitir a identificação das áreas com
menor custo associado à instalação e funcionamento deste novo empreendimento.
A análise deste item na metodologia americana aborda o ponto de vista das
condições das vias de transporte de acomodarem o transporte dos equipamentos e
insumos da atividade nuclear.
Segundo Atala (2009), os empreendedores devem revisar as áreas e sítios em
consideração para confirmar que as rotas de acesso são capazes de acomodar estes
requisitos (quer já existam ou estejam sob consideração para serem instalados ou
melhorados). Qualquer sítio que falhe em atender estes critérios deve ser eliminado.
Esta avaliação deve ser compatibilizada com a opção futura de tecnologia de geração.
Portanto, a revisão das rotas de acesso deve considerar os modos de transporte
mais adequados ao projeto escolhido e que eventualmente venha a ser construído. As
seguintes características, mostradas na Tabela 4.1, devem ser atendidas pelas vias de
acesso as centrais nucleares com uso de tecnologia ALWR (Reatores de água
Pressurizada).
Tabela 4.1 - Características da carga a ser transportada
Fonte: EPRI, 2002. PPE Section Requisitos Composite 1993 ALWR Value
29.1.1 Dimensões dos módulos de construção 22(altura) x 21(largura) x 67(comprimento) (valores em pés)
29.1.2 Maior peso da carga de construção 1,546,000 libras.
A avaliação deste critério permite a identificação de sítios nucleares candidatos
localizados em áreas próximas a rotas de transporte capazes de acomodar as diversas
atividades durante o desenvolvimento e funcionamento do futuro sítio nuclear.
54
Outro fator a ser considerado é a manutenção da segurança das atividades de
transporte nas localidades de interesse. Devem ser identificados os possíveis fatores de
risco associados à presenção do modal na localidade de interesse. Sendo assim, as rotas
a serem avaliadas incluem hidrovias, rotas terrestres e aéreas.
4.2.1. Rodovias
A identificação das rodovias na avaliação das áreas de interesse nuclear propicia
ao empreendedor a realização de um planejamento estratégico para a construção do
empreendimento. Em casos onde a infraestrutura de acesso rodoviário é precária ou
inexistente deve-se buscar alternativas para esta escolha ou planejar a preparação da
área para receber o empreendimento.
Segundo EPRI (2002), deve-se calcular o custo de construção de estradas a partir
do local de acesso mais próximo ao limite do sítio candidato, considerando-se as
condições do local de interesse, através de mapas topográficos e outras informações.
Essa estimativa deverá incluir todos os custos inerentes ao desenvolvimento das
estradas de acesso, o uso da terra e os custos de aquisição ou arrendamento de terra. Os
custos de construção podem ser estimados, acrescentando quando necessário os valores
agravados por condições que podem ser específicas de cada localidade.
O reconhecimento prévio dos sítios candidatos e das características de sua
infraestrutura rodoviária possibilita a escolha de áreas com acessos viários já existentes,
reduzindo o custo geral da construção da usina nuclear.
4.2.2. Ferrovias
Segundo EPRI (2002), o custo da construção de uma ferrovia ligando o local
mais próximo já servido por uma linha e o sítio potencial deve ser estimado. Essa
estimativa deverá incluir todos os custos inerentes ao desenvolvimento do
empreendimento, tais como os custos de aquisição ou locação da terra, custos de
realocação e os custos de construção, já considerando a topografia da região. Os custos
de construção podem ser estimados utilizando dados normatizados de “custo/km de
construção” devidamente adequado às condições específicas de cada sítio (por exemplo,
os custos salariais).
55
4.2.3. Hidrovias
Segundo EPRI (2002), os dois componentes dessa avaliação se referem aos
custos. A primeira é uma estimativa do custo de construção de um terminal de barcaças.
Essa estimativa deverá incluir todos os custos inerentes à instalação de barcaças,
incluindo a aquisição ou locação de terras, custos de deslocamento, custos de dragagem,
e os custos associados com o desenvolvimento das infraestruturas (por exemplo,
equipamentos de transferência de carga) no terminal. O segundo componente seria
obtido ao se calcular o custo adicional de qualquer nova infraestrutura, estradas ou
ferrovias, necessárias para se fornecer acesso do terminal de barcaças até o sítio nuclear.
Segundo CNSC (2008), a metodologia Canadense analisa este critério pelo
ponto de vista da segurança do sítio nuclear e a busca pela sua proteção física. Para isso,
mais uma vez a avaliação do sitio deve realizar uma análise de todas as vias de
transporte existentes nas imediações do sítio candidato. O planejador deve estar
preparado para uma potencial ameaça à central nuclear oferecida por uma embarcação,
sua tripulação ou carga, de maneira que possa estar preparado para desativar as
operações, os equipamentos ou sistemas no caso de um ato de sabotagem que poderia
ter implicações radiológicas.
4.2.4. Aerovias
A análise das rotas de voo nas áreas em estudo para a instalação de uma central
nuclear surge de uma série de estudos revela o possível risco a segurança da usina no
caso de um acidente aéreo no perímetro de uma central nuclear.
Segundo BERR (2008), há um risco para todas as instalações nucleares com
relação à queda de aeronaves sobre ou nas imediações de seu terreno e, por isso, uma
avaliação do tráfego aéreo na região da planta nuclear pode contribuir para a redução
dos riscos à segurança local. Este critério também oferece alguma proteção contra
possíveis interrupções das atividades aeroportuárias, que poderiam ocorrer a partir da
instalação das novas centrais nucleares. Todas as questões relacionadas com a
proximidade dos sítios propostos aos movimentos de aeronaves deverão ser apreciadas
para efeitos da seleção do sítio.
56
Segundo Guimarães (2010), os estudos da agencia francesa de Energia nuclear
também citam a necessidade de se avaliar as rotas áreas e os possíveis riscos oferecidos
pelo fluxo de aeronaves às atividades nucleares. Em um primeiro momento, o estudo da
probabilidade da ocorrência de acidentes causados por queda de aeronaves passaria pelo
conhecimento dos tráfegos correspondentes e do espaço aéreo nas localidades das
usinas nucleares. A Figura 4.1 exemplifica a divisão do espaço aéreo em um cenário
com a presença de uma central nuclear.
Figura 4.1 - Divisão do espaço aéreo inferior
Fonte: Guimarães, 2010.
Os tráfegos aéreos são classificados em três grupos diferentes de acordo com a
convenção de Chicago de 1947, vide a Figura 4.2. O primeiro corresponde à aviação
comercial, ou seja, todas as aeronaves de massa superior a 5,7 toneladas, com os aviões
de transporte de passageiros, de frete, os aviões postais. O segundo grupo se refere à
aviação chamada de geral e reúne os aparelhos pequenos e os aviões de massa inferior a
5,7 toneladas. O terceiro grupo é o da aviação militar, aviões de armas ou de escola de
armas, de transporte de pessoal, aparelhos de observação, helicópteros (GUIMARÃES,
2010).
57
Figura 4.2 - Divisão do tráfego aéreo por aeronaves
Fonte: Guimarães, 2010.
Segundo Guimarães (2010):
“A frequência dos acidentes da aviação comercial é de um a dois por milhão de
voos. A raridade dos impactos no solo não permite fazer uma repartição
geográfica fina, embora a proximidade dos aeródromos pareça um fator
preponderante. A frequência das quedas é aproximadamente cem vezes mais
elevada para a aviação geral, menos submetida que a aviação comercial às
exigências e controles de segurança. Na realidade, uma boa parte ocorre nas
pistas de levantamento de voo e ainda outros, como aterrissagens em
descampados, causam danos leves. Os cinquenta impactos importantes
correspondem a quedas próximas dos aeródromos. Como estes são 400, todo o
território é afetado de maneira bem uniforme”.
Segundo CNSC (2008), devem ser consideradas as ameaças e os riscos
associados com a atividade dos aeroportos comerciais, incluindo as rotas de voo
associadas. Esta questão deve ser discutida entre os governos municipal, estadual e
federal para se estabelecer as medidas necessárias para se impedir a entrada no espaço
aéreo identificado como sendo de "alto risco" para o sitio.
Ainda segundo BERR (2008), mais de 75% dos acidentes aéreos ocorrem
durante a subida da descolagem, inicial, a abordagem inicial, aproximação final ou
landing. Conseqüentemente, as áreas sob a pista abordagens têm um maior risco de
sofrer um acidente de avião. O plano de salvaguarda do aeródromo poderá ser utilizado
para definir limites para a construção de usinas nucleares nos arredores do aeródromo.
Todos os aeródromos licenciados e não licenciados têm muitos aeroportos no espaço
58
aéreo circundante ao aeródromo protegido por zonas previstas para permitir uma
operação segura para, a partir de e em torno do aeródromo.
4.3 Fatores de Risco Associados aos Transportes
Neste item de análise busca-se entender as possíveis variáveis associadas aos
transportes e suas características de perigo para o funcionamento das atividades da usina
nuclear. Os modais serão analisados considerando os riscos associados à sua presença
na localidade de interesse.
4.3.1. Avaliação das Vias Aéreas
Segundo BERR (2008), para todas as instalações nucleares existe um risco
relacionado a queda de aeronaves na planta nuclear ou em suas proximidades. No caso
do sítio de interesse para abrigar a nova central nuclear estar localizado em uma área de
alta densidade de voos, considera-se que o risco de um acidente causado pela queda de
um avião nesta região aumentaria.
Segundo IAEA (2003), o potencial para colisões de aeronaves no local deve ser
avaliado com tomada em consideração, na medida do possível, das características do
tráfego aéreo futuro e aeronaves. Se a avaliação mostra que existe um potencial para um
acidente de avião em um sítio que poderia afetar a segurança da instalação, em seguida,
uma avaliação dos riscos deve ser feita. Os perigos associados a um acidente de
aeronave a serem considerados na análise devem incluir um possível impacto seguido
por fogo e explosões. Se a avaliação indicar que os riscos são inaceitáveis e a não
disponibilidade de soluções práticas, então a localidade será considerada inadequada.
Segundo CNSC (2008), na metodologia Canadense o potencial para colisões de
aeronaves no local é avaliado, tendo em conta as características do provável futuro do
tráfego aéreo e das aeronaves. Se a avaliação revela uma razoável probabilidade de um
acidente aéreo no site, em seguida, uma avaliação dos riscos associados, incluindo o
impacto, incêndio e risco de explosão, é conduzida. Os efeitos potenciais sobre a
execução do plano de emergência também são consideradas.
59
Como no caso de qualquer agressão de origem humana, o planejador se encontra
diante de uma alternativa, ou proibir ou pelo menos diminuir a atividade de sobrevoo do
sítio e das redondezas ou prever a instalação para resistir ao impacto dos aviões. A
primeira solução, que levaria a fixar regras estritas do sobrevoo, é de uso delicado
(GUIMARÃES, 2010). A interrupção das atividades aeroportuárias causaria grande
impacto nas atividades locais, sendo que a melhor opção seria a escolha de uma
localidade distante de tal atividade.
Segundo Guimarães (2010):
“Uma proteção totalmente eficaz suporia uma proibir uma zona vasta, de um
raio da ordem de 10 km ao redor do sítio nuclear. Certamente, uma restrição
menos drástica diminuiria o risco, mas em proporções que as avaliações são
incapazes de apreciar com exatidão”.
4.3.2. Segurança nos Transportes
A manutenção da segurança nas áreas vizinhas a uma usina nuclear também
observa a atividade dos transportes próxima ao empreendimento. Foram observados
dois enfoques de análise para este item, sendo que ambos visam à proteção da área da
usina nuclear contra possíveis acidentes causados por veículos transportadores de cargas
perigosas.
Segundo CNSC (2008), todas as vias de acesso para veículos terrestres nas
proximidades do sítio de interesse devem ser avaliadas para se determinar as possíveis
ameaças que podem oferecer às localidades com potencial de receberam as futuras
instalações nucleares. As características das áreas vizinhas ao sítio candidato devem ser
consideradas como uma possível barreira natural para a redução destes riscos, podendo
se estabelecer perímetros de restrição para o uso de veículos terrestres.
Segundo IAEA (2003), na análise para determinar a adequação do local, devem
ser examinadas às questões relativas à segurança em atividades como o transporte de
materiais de entrada e de saída na atividade nuclear (minério de urânio, UO2 UF6, etc.),
o transporte de combustível fresco e irradiado e de resíduos radioativos, ou seja,
resíduos e produtos perigosos.
As rotas de transporte terrestres já existentes ou propostas para a região de
interesse devem ser avaliadas com relação ao potencial de colisão de veículos ou dos
60
impactos dos possíveis acidentes causados pela atividade de transporte com a central
nuclear como a geração de explosões, vazamentos químicos, radiológicos e, até mesmo,
a ignição de incêndios. Os efeitos potenciais sobre a execução do plano de emergência,
incluindo os possíveis efeitos causados ao plano de evacuação também devem ser
considerados na avaliação (CNSC, 2008).
Somente em 1983 surge no Brasil uma legislação federal regulamentando e
disciplinando a circulação de veículos, caminhões ou carretas que estejam transportando
combustíveis, ácidos, explosivos ou produtos radioativos. Existe uma grande
preocupação entre as autoridades quanto ao deslocamento destas cargas ao longo e
rodovias e em centros urbanos em razão da possibilidade de ocorrência de acidentes
com consequências imprevisíveis (CETSP, 1987).
Segundo Benazzi (2008), as principais causas dos acidentes são a falta de
treinamento de motoristas, a má conservação das estradas e ferrovias e a falta de vistoria
da unidade de transporte, tanto pelo transportador como pelo expedidor. Nota-se que
todos os envolvidos são responsáveis pelo transporte da carga perigosa.
A regulamentação de transporte rodoviário, aprovado pelo Decreto 96044/88,
cita em alguns artigos as responsabilidades do transportador, do expedidor, do
destinatário bem como a obrigatoriedade de atendimento as Normas Brasileiras
elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Benazzi destaca
alguns artigos, dentre os tais o seguinte:
“Art. 22 – Sem prejuízo do disposto na legislação, de transporte, de trânsito, e
relativa ao produto transportado, os veículos que estejam transportando
produtos perigosos ou os equipamentos relacionados com essa finalidade só
poderão circular pelas vias públicas portando os seguintes documentos:
certificado de capacitação para o transporte de produtos perigosos a granel
expedido pelo Inmetro; documento fiscal do produto transportado, constando,
nome apropriado para embarque, NO ONU, classe/ subclasse do produto,
declaração da qualidade da embalagem (homologação da embalagem) e grupo
de embalagem (Resolução 420/04 da ANTT e suas atualizações); Ficha de
emergência e envelope para transporte” (ABNT/NBR 7503).
Por sua vez, Atala (2009), em sua revisão da metodologia americana de seleção
de sítios nucleares, EPRI Siting Guide, mostra que este critério deve identificar as áreas
61
com maior frequência em apresentarem condições climáticas não adequadas para o
transporte associado ao empreendimento nuclear.
Os fatores associados ao não seguimento ou adequação das normas brasileiras
para este tipo de transporte, como um possível erro humano causado pelo despreparo de
um condutor, associado a fatores que fogem do controle humano, como condições
climáticas desfavoráveis podem resultar em acidentes indesejáveis nas proximidades da
planta nuclear. Sendo assim, a análise deste critério buscará unificar estas duas
importantes variáveis de análise da segurança dos transportes nestas áreas, evitando
aquelas onde as condições conjuntas para a realização do transporte de cargas perigosas
oferecerem maior risco à segurança da central nuclear.
4.3.3. Planejamento de Emergências
Uma usina nuclear introduz um risco de acidente radiológico, o que significa
dizer que podem causar um impacto ambiental por contaminação radioativa. Os
acidentes em usinas nucleares se caracterizam pela liberação para o ambiente de
significativa quantidade de material radioativo, gerado no processo de fissão nuclear do
reator, e que nele permanece enquanto adequadamente resfriado. A probabilidade de
esse perigo potencial vir a causar dano é significativamente baixa, mas não nula (MRS,
2005). O vazamento de radiação no acidente radioativo japonês ocorrido em março de
2011 mostra que o planejamento contra emergências nucleares não deve ser ignorado.
O planejamento de emergências corresponde a um conjunto de ações de
emergência com o objetivo de mitigar as consequências do acidente, isto é, minimizar a
gravidade dos efeitos potenciais do evento indesejado, após sua ocorrência (Guimarães,
L. S., 2003).
Segundo IAEA (2003), uma zona de proteção externa ao local proposto para
abrigar uma central nuclear deve ser estabelecida. Devem ser considerados o potencial
para ocorrência de acidentes radiológicos, a população possivelmente a ser afetada, a
viabilidade de implementação de planos de emergência, bem como de quaisquer eventos
externos ou fenômenos que podem dificultar a sua implementação. Antes do início da
construção e operação da planta nuclear deve ser confirmado que não haverá
dificuldades intransponíveis em se estabelecer um plano de emergência para a zona
externa.
62
Em qualquer tipo de acidente, vidas podem ser salvas se a população estiver
preparada para as ações de emergências e souberem que atitudes tomarem nestes casos.
O plano de evacuação é fundamental para as fases de preparação e resposta do
gerenciamento de uma emergência. O maior problema para o planejamento de uma
evacuação é a coleta de dados relativos à população ameaçada e à rede viária existente
(OLIVEIRA, E. D., 1989).
Outro desafio em uma evacuação em larga escala é o fato de que as rotas
localizadas na área a ser evacuada são frequentemente limitadas em número ou com
incapazes de acomodarem o tráfego incomum resultante do movimento de fuga (HAN,
D. H., et al, 2007).
Segundo Atala (2009), as normas brasileiras e internacionais requerem que os
sítios de usinas nucleares tenham características tais que planos adequados para proteger
os membros do público em emergências possam ser desenvolvidos. A metodologia
americana sugere a classificação dos sítios candidatos de acordo com o nível de
dificuldade para evacuação ou, pelo número de restrições para a execução do plano de
emergência. As características do sítio que devem ser consideradas nesta análise
incluem:
• Capacidade do tráfego;
• Número de acessos alternativos;
• Tipo de infraestrutura: rodovias, ruas urbanas, estradas rurais;
• Características do terreno
• Condições climáticas
Segundo EPRI (2002), as restrições físicas, tais como a topografia, devem ter
maior peso do que as condições climáticas, porque esta só afetará a rota de evacuação
caso um acidente ocorra coincidentemente com condições meteorológicas severas,
enquanto que as características topográficas são permanentes.
Segundo Guimarães (2010):
“... é imperativo que a inserção de um sítio nuclear no contexto local e regional
seja estudada sob todos os aspectos relativos à segurança. Por essa razão, os
problemas examinados são múltiplos”.
Ainda segundo Guimarães (2010), deve-se considerar a evolução local em torno
do sítio, sendo preciso levar em conta, de uma maneira ou de outra, fatores como a
63
topografia, a natureza da população e sua mobilidade. Eles influenciarão na
possibilidade de realizar eventuais ações de proteção, confinamento no local ou
evacuação dos habitantes. É a capacidade de poder colocar em ação os planos de
intervenção apropriados.
Segundo BERR (2008), na Grã-Bretanha, para satisfazer as condições de
licenciamento de um sítio nuclear, é requerido de todos os operadores nucleares fazer e
implementar as medidas adequadas para lidar com um incidente ou emergência que
surgem no local e seus efeitos. O desenvolvimento de planos de emergência adequados
ao licenciamento do sítio nuclear requer uma compreensão detalhada da natureza da
população local residencial e de trabalho, a capacidade e redundância da infraestrutura
local e da capacidade dos serviços de emergência locais.
Segundo CNSC (2008), a área além dos limites controlados pela central nuclear
precisa ser considerada em relação à execução das medidas de emergência. Isto inclui a
consideração de questões tais como distribuição e densidade populacional, uso da terra e
da água, estradas, evacuação planejamento e análise das conseqüências. As
características físicas do sítio candidato podem impedir o desenvolvimento e a
implementação de planos de emergência e, por isso, precisam ser avaliadas.
Como parte das áreas de abrangência identificadas, existem outros atributos
associados e que compõem os cenários mapeados, cuja importância para o mapeamento
em questão, apresenta-se como fundamental, uma vez que integram as informações para
um planejamento de emergências. São as vias de acesso e os sistemas de transporte.
Tais atributos são responsáveis pela circulação no território e a sua identificação auxilia
no planejamento de emergências, através da análise de vias, com o estabelecimento de
rotas de fuga, indicações para a interrupção de locais de tráfego intenso e o melhor
caminho em direção a locais de abrigo. Neste sentido, a tomada de decisão a partir da
execução de um possível plano de evacuação necessita desse tipo de informação, na
qual sua identificação é imprescindível (SILVA, 2007).
As informações processadas em um Sistema de Informação Geográfica (SIG) e o
conhecimento das áreas mapeadas a partir da delimitação de cenários específicos
permitem no planejamento da emergência estimar, de acordo com o alcance do acidente,
a sua abrangência, identificando o quantitativo de equipamentos existentes no raio
analisado. Tal informação, cruzada com outros dados, entre eles demográficos, poderá
permitir, por exemplo, radiografar a situação do raio abrangido em termos de população
64
e o conjunto de equipamentos existentes, e com isso, auxiliar na ação do sistema de
evacuação da área específica (SILVA, 2007).
Um Sistema de Informação bem realizado permite ao tomador de decisão, fazer
projeções em relação aos eventos de acidentes e, também com base nas informações do
SIG, colocar em prática um plano de evacuação para as áreas afetadas, seja em situações
críticas ou em exercícios de simulações de acidentes (SILVA, 2007).
Segundo BERR (2008), o fato de este critério ser classificado como sendo de
"apreciação local" não significa que não serão utilizados para influenciar a localização
das centrais nucleares. Pelo contrário, esse problema deverá ser tratado pelas entidades
reguladoras, como parte de um pedido de licença de instalação nuclear. Para satisfazer
as condições de segurança exigidas no licenciamento de um sítio nuclear, todas as
instituições que compõe este planejamento devem participar, de forma integrada e
ordenada, na implementação das medidas de adequação. Dessa maneira, as diversas
tarefas a serem executadas, no caso de um acidente ou emergência local, serão
facilitadas.
4.4. População Afetada pelo Empreendimento Nuclear
A localização das áreas para a realização de empreendimentos nucleares deve
considerar os efeitos à população das áreas candidatas e seus possíveis impactos em
suas vidas. A escolha correta do local dos reatores virá a facilitar o planejamento das
ações de emergência, bem como, reduzir as potenciais doses de contaminação e danos
às propriedades, no caso de um acidente grave. Ao selecionar um local para uma usina
nuclear, deverá ser demonstrado que o sítio proposto atende a uma série de condições
relativas às características demográficas da região em estudo.
Segundo EPRI (2002), devem-se utilizar os dados do senso nacional para se
mapear as áreas dentro de distâncias específicas de centros populacionais. A seguir, a
Tabela 4.2 exemplifica os valores referentes a distancias consideradas adequadas.
Tabela 4.2 - Relação entre distancia populacional e localização do empreendimento nuclear Fonte: EPRI, 2002.
Tamanho da População Distância de mínima (Km) 25.000 6,437
100.000 16,093 500.000 32,186
1.000.000 48,280
65
Segundo U.S.N.R.C. (1998), referenciado em EPRI (2002), um reator deve ser
preferencialmente localizado de maneira que, desde o momento da aprovação inicial do
sítio até os cinco anos subsequentes, a densidade demográfica, incluindo a população
em trânsito, não deve exceder 500 pessoas por 1,609 km2 em qualquer direção até um
raio de 32,186 km, vide a Figura 4.3.
Figura 4.3 - Densidade demográfica ótima para área do sítio nuclear
Se a densidade demográfica exceder os limites aceitáveis, outros critérios podem
ser utilizados na escolha da mesma localidade. A avaliação de fatores econômicos,
ambientais e de segurança (por exemplo, características sísmicas superiores, melhor
acesso, menores linhas de transmissão e menores impactos ambientais sobre
ecossistemas sensíveis) pode resultar na escolha de sítios de densidade um pouco mais
elevada, porém ainda aceitável.
Segundo CNSC (2008), o critério demografia esta relacionado à execução dos
planos de emergência da central nuclear. A criação de uma zona de proteção ao redor da
central deve considerar adensidade e distribuição populacional durante a vida útil da
central nuclear. A avaliação considera os dados populacionais e o planejamento de
emergência local como importantes fatores para se alcançar as metas de segurança.
Segundo IAEA (2003), deve ser determinada a distribuição da população na
região de interesse e o raio dentro do qual os dados devem ser escolhidos e coletados
com base em práticas nacionais de pesquisa. Os resultados do censo mais recente para a
região do estudo também são utilizados para melhor se conhecer a população local.
66
Estes dados devem ser analisados, de maneira que, se conheça a distribuição da
população em termos de direção e distância da planta.
Deve ser considerada a distribuição da densidade populacional e população e
outros características da zona externa, na medida em que possam afectar a
possibilidade de implementação de medidas de emergência e à necessidade de avaliar os
riscos para os indivíduos e para a população. As regiões propostas serão analisadas a
respeito da situação presente e as previsões futuras, caracterizadas pela distribuição da
população na região.
Segundo Guimarães (2010), a distribuição dos habitantes em torno dos sítios é
um fator essencial na colocação em prática dos planos de intervenção e socorro
exteriores na hipótese de ocorrência de um acidente em uma instalação importante.
Segundo BERR (2008), o critério demografia contribui diretamente para a
redução dos riscos para o público em matéria de acidentes nucleares e por isso é
consistente com os objetivos relativos à preservação da saúde humana. A aceitabilidade
dos sítios para uma central nuclear no Reino Unido é determinada tendo como
referência conjuntos de critérios demográficos. Estes critérios incluem fatores de
ponderação para determinar os limites aceitáveis de densidade populacional em todo o
sítio. A Figura 4.4 exemplifica os critérios utilizados para a análise demográfica de um
sítio nuclear, considerados nas decisões de planejamento para as áreas próximas à futura
central nuclear.
Figura 4.4 - Análise dos sítios segundo o critério demografia na metodologia Britânica Fonte: BERR, 2008.
Segundo BERR (2008), o procedimento para a avaliação e requisição de uma
licença para a instalação de uma central nuclear deve considerar as características da
67
população do local proposto, a fim de estabelecer a aceitabilidade dos riscos inerentes à
instalação e ao funcionamento da unidade produtora de energia proposta para a
população local.
Segundo Guimarães (2010), a aplicação das medidas de confinamento e de
evacuação, demandam o conhecimento, com precisão, de onde e como estão repartidos
os habitantes. A eficácia de um plano de intervenção depende muito da densidade da
população e dos meios de alerta, de comunicação e de transporte para as áreas vizinhas
ao sítio e do tempo tomado pelo aviso inicial.
A organização de sistemas de resposta para emergências aparece como medida
mitigadora no planejamento das atividades para diminuir os efeitos dos acidentes de
grande porte que tem, como um de seus objetivos, a redução do impacto sobre um maior
número de pessoas. Diante disso, percebe-se que, na realidade brasileira, a falta de um
planejamento urbano e territorial e da execução de políticas públicas para o controle
social vem causando uma ocupação desordenada nas proximidades de áreas industriais
de risco, fator que torna as comunidades, ali localizadas, vulneráveis e expostas à
ocorrência de acidentes (SILVA, 2007).
É absolutamente necessária a avaliação da vulnerabilidade de áreas periféricas, a
qual exige a consideração de variáveis diferenciadas, tais como dados de população,
levantamento da infraestrutura existente, sistema de transporte, avaliação
socioeconômica, dentre outras. Esse conjunto de informações permite um entendimento
amplo da região em estudo e um conjunto de dados para realizar uma análise de risco
muito mais acurada, proporcionando um planejamento mais eficiente no que diz
respeito ao gerenciamento do risco e às ações de resposta à emergência para a
população (FREITAS E GOMES, 2003).
4.5. Topografia da Região
A topografia de uma região ou área afeta tanto as características de dispersão do
sítio, quanto também, impacta em sua operação de instalação, podendo gerar custos
adicionais para a preparação do sítio. Em geral, quanto mais acidentado o terreno, mais
provável que as condições ideais para a instalação de uma usina nuclear não sejam
atendidas.
68
Segundo EPRI (2002), grandes áreas caracterizadas por terreno montanhoso,
com inclinação maior que 12% ou maiores que, aproximadamente, 122 metros de
aclive, devem ser mapeados como áreas de exclusão devido à inadequação do terreno.
O objetivo deste critério é identificar quaisquer características topográficas que
constituam diferenças entre as áreas candidatas que possam se transformar em custos
adicionais para a preparação do sítio nuclear.
As características topográficas podem influenciar diretamente nas ações
emergenciais resultantes de possíveis acidentes nucleares. O tempo de evacuação da
população local pode ser afetado em casos de quedas de barreiras nas vias de acesso
próximas as instalações nucleares e, por estas razões, as áreas caracterizadas por terreno
montanhoso devem ser evitadas no processo de localização de sítios.
Diante desta revisão dos critérios de transporte identificados pela pesquisa
bibliográfica em conjunto com a identificação de suas características e variáveis
relevantes para a avaliação, foi elaborada uma proposta de avaliação de áreas de
interesse para receberem central nuclear.
No capítulo a seguir, serão mostradas as metodologias utilizadas no
desenvolvimento da pesquisa e na construção da metodologia proposta, com os
resultados alcançados ao final da atividade. O destaque é para o detalhamento das etapas
de aplicação da metodologia proposta para a avaliação de sítios nucleares através da
análise de critérios de transporte.
69
Capítulo V. Proposta de Avaliação para Sítios Nucleares
Através de Análise Geoespacial de Critérios de Transporte
A proposta deste capítulo é apresentar a metodologia de pesquisa adotada no
desenvolvimento desta proposta de avaliação para sítios nucleares através da análise de
critérios de transporte. A proposta metodológica final será empregada no estudo de caso
a ser desenvolvido no capítulo seguinte.
5.1. Metodologia de Pesquisa
A metodologia empregada na pesquisa para o desenvolvimento desta dissertação
seguiu as etapas descritas no Fluxograma 5.1 mostrado a seguir.
Gráfico 5.1 - Metodologia da pesquisa aplicada
70
Etapa 1 - A partir da definição do objetivo de se avaliar novos sítios nucleares a
partir da identificação e análise de características ambientais e sociais relacionadas aos
transportes e suas atividades associadas foi iniciado o processo de definição da
metodologia de pesquisa a ser empregada.
Etapa 2 - A metodologia proposta para a avaliação de critérios de transporte em
um processo de seleção de sítios nucleares no Brasil surge de uma pesquisa
bibliográfica das metodologias existentes, já demonstrada anteriormente. Após, foram
identificados os critérios relacionados aos transportes presentes nos modelos para
avaliação de sítios nucleares da International Atomic Energy Agency (IAEA) e dos
seguintes países: Estados Unidos, França, Canadá, e Grã-Bretanha.
A metodologia identificada como a mais referenciada e, por isso, de maior
influencia no desenvolvimento das metodologias de avaliação de sítios nucleares foi
aquela desenvolvida pela International Atomic Energy Agency (IAEA) no ano de 2003.
Logo após, está o EPRI Siting Guide, desenvolvido pelo Electric Power Research
Institute (EPRI) para ser utilizado nos Estados Unidos. Este último foi o escolhido pela
empresa brasileira que controla as atividades nucleares, Eletronuclear, para ser a
metodologia de referencia na escolha dos novos sítios nucleares brasileiros.
Também foram identificados os critérios de avaliação dos sítios nucleares
comuns a todas as metodologias pesquisadas. As metodologias de França, Canada e
Grã-Bretanha apresentaram um critério comum, não encontrado na metodologia
Americana, a avaliação do sistema de transporte aéreo presente nas áreas candidatas.
Etapa 3 – Após a obtenção do referencial teórico, foram selecionados os
critérios considerados de maior relevância para a avaliação dos transportes, aqueles com
características capazes de influenciarem a seleção de um novo sítio nuclear. Todas as
metodologias foram utilizadas como referencia na construção desta proposta de analise,
assim como mostra a Tabela 5.1.
71
Tabela 5.1 - Metodologias utilizadas como referencia na construção da proposta de analise
ORGANIZAÇÃO/ PAÍS METODOLOGIA
CRITÉRIOS DE TRANSPORTE
REFERÊNCIAS Considerações de Segurança
Custos e Engenharia
Eventos Externos Induzidos
pelo homem
Questões Sociais
IAEA (International Atomic
Energy Agency)
IAEA Safety Standards Series: Site Evaluation for
Nuclear Installations – Safety Requirements
(No. NS-R-3)
Planejamento de Emergência
- Quedas de Aviões - - População
Segurança no Transporte
Estados Unidos
Siting Guide: Site Selection
and Evaluation Criteria for an Early Site Permit
Application (EPRI, 2002)
Plano de Emergência Topografia
- - US Nuclear Regulatory Document - 10 CFR 100
População Acessos
Ferroviários, Hidroviários e Rodoviários
Instalações Existentes
Segurança no Transporte
França Análise de Segurança de
Sítios Nucleares (Eletronuclear, 2010)
Avaliação de rotas aéreas
- - -
Approche de la Sûrétè des Sites Nucleaires, Institut de Protection et Sûrétè
Nucleaire
População
Éléments de sûreté nucléaire, Institut de Protection et Sûrétè
Nucleaire
-
Approche et analyse de la sûrétè des reacteurs a eau
sous pression, Institut national des sciences et techniques nucleaires
72
Canadá
Regulatory Document RD-346 - Site Evaluation for
New Nuclear Power Plants (CNSC, 2008)
População e Planejamento de emergência
-
Quedas de Aviões
- Site Evaluation for
Nuclear Installations - NS-R-3 (IAEA, 2003)
Proteção Física: Topologia da área e áreas remotas
Perigos no Transporte Rotas de Transporte:
hidrovias, rotas terrestres e espaço aéreo
Grã-Bretanha
Strategic Site Assessment (BERR, 2008)
Proximidade de movimentos de aeronaves civis
-
-
Infraestrutura e Recursos
Significativos
US Nuclear Regulatory Document - 10 CFR 100
Planejamento de Emergência
Siting Guide: Site Selection and Evaluation Criteria for an Early Site
Permit Application (EPRI, 2002)
Demografia Site Evaluation for
Nuclear Installations - NS-R-3 (IAEA, 2003)
73
A análise dos transportes na avaliação de um novo sítio nuclear se divide em
categorias de critérios, estando estes relacionados a variáveis ligadas ao meio ambiente,
segurança, infraestrutura, e as atividades do funcionamento de uma central nuclear. Os
transportes estão presentes nas mais diversas atividades de uma usina nuclear, em todas
as suas fases de funcionamento e no seu ambiente social de influência.
Etapa 4 - A relação direta dos transportes com o ambiente social de influência
da atividade nuclear demanda uma adaptação dos modelos de avaliação dos critérios de
transporte identificados em metodologias estrangeiras para o uso na realidade do país
onde será aplicada. No caso desta dissertação, ao Brasil.
Etapa 5 - Ainda foram identificadas as variáveis de análise necessárias para a
coleta dos dados relativos aos critérios de transporte e a ferramenta técnica a ser
utilizada para a organização destes dados em informações úteis para a avaliação da área
de interesse.
Etapa 6 – Com a conclusão da pesquisa metodológica inicia-se a montagem da
proposta a qual esta dissertação se propôs, construir uma metodologia de avaliação para
Sítios Nucleares Através de Análise Geoespacial de Critérios de Transporte.
Etapa 7 - A realização de um estudo de caso com a aplicação da metodologia
desenvolvida busca analisar as etapas do processo desenvolvido. Seguindo a
metodologia criada, esta etapa da pesquisa será desenvolvida em ambiente digital,
utilizando uma ferramenta de gestão e análise de dados assistida por um software
disponível no mercado.
Etapa 8 - Por fim, serão discutidas as etapas de elaboração da pesquisa, a
eficiência da metodologia desenvolvida e possíveis sugestões futuras para sua aplicação.
74
5.2. Metodologia Proposta
A multiplicação dos sítios nucleares teve, por consequência, o aumento das
investigações que lhes dizem respeito, permitindo um maior refinamento e
aperfeiçoamento dos métodos relacionados a esta atividade (GUIMARÃES, 2010).
Sendo assim, foram utilizadas como referencias metodologias já existentes, adaptadas
ao objetivo desta proposta de avaliação para sítios nucleares.
A metodologia proposta tem como objetivo a avaliação de áreas de interesse
para a instalação de possíveis sítios nucleares através da análise dos critérios de
transporte. Portanto, ao iniciar a aplicação da metodologia, deve-se escolher uma região
específica de abrangência da pesquisa. Essa escolha irá influenciar em todas as etapas
seguintes da avaliação, descritas no Fluxograma 5.2, a seguir:
Fluxograma 5.2 - Etapas da avaliação da metodologia desenvolvida
75
5.2.1. Análise dos Critérios e suas Variáveis
Inicialmente, serão identificados os critérios considerados limitadores à
implementação de um projeto nuclear, mesmo que estes não estejam relacionados aos
transportes, foco principal desta proposta de avaliação.
Tendo como base os preceitos de funcionamento de uma central nuclear, que
necessita de uma fonte segura de fornecimento de água para o resfriamento de seus
reatores, a avaliação dos sítios nucleares deve ser iniciada pela identificação das áreas
capazes de fornecerem água para refrigeração. Segundo EPRI, 2002, as distâncias entre
a fonte de água e a central nuclear não devem passar de 30 km, devido aos custos
relacionados a construção da infraestrutura de bombeamento em locais mais distantes e
por isso, áreas mais distantes das fontes de água serão excluídas, antes mesmo do início,
da avaliação dos critérios de transporte.
Recentemente, no acidente nuclear de Fukushima no Japão, pode-se notar a
importância da refrigeração dos reatores para a segurança de toda a central nuclear. Não
faria sentido iniciar um processo de avaliação de sítios nucleares sem a análise deste
critério de extrema importância para o funcionamento seguro de uma central nuclear.
Após a identificação das áreas capazes de abastecerem a central nuclear com
água para refrigeração, será analisado outro critério considerado de extrema importância
para a segurança local, o critério “demografia”. Este critério foi inserido na proposta de
avaliação devido a sua influência direta nas demandas associadas ao deslocamento em
casos de emergência nuclear e inicia o processo de avaliação dos critérios de
transportes.
Finalmente, serão analisados os critérios de transporte identificados nas
metodologias de referência e que foram divididos da seguinte maneira:
• Demografia
• Infraestrutura e recursos significativos
• Rotas de transporte
o Rodovias
o Ferrovias
o Hidrovias
• Avaliação das Rotas Aéreas
• Segurança nos transportes
76
• Planejamento de emergências
A seguir, os critérios serão detalhados e apresentados de acordo com a
abordagem escolhida para a realização da avaliação dos critérios de transporte no Brasil.
5.2.1.1. Detalhamento da Análise dos Critérios de Transporte
5.2.1.1.a. Demografia
A localização das áreas para a realização de empreendimentos nucleares deve
considerar os efeitos à população das Áreas Candidatas e seus possíveis impactos em
suas vidas. A escolha correta do local dos reatores virá a facilitar o planejamento das
ações de emergência, bem como, reduzir as potenciais doses de contaminação e danos
às propriedades, no caso de um acidente grave.
Ao selecionar um local para uma usina nuclear, deverá ser demonstrado que o
sítio proposto atende à condição ideal relativa às características demográficas da região
em estudo. Serão utilizadas como referência as distâncias fornecidas pelo EPRI Siting
Guide, EPRI (2002), relativas aos índices de densidade populacional das cidades
localizadas na área considerada de interesse.
Para cada índice populacional máximo, serão estabelecidas distâncias radiais e
concêntricas À sede municipal, o que resultará em circunferências representativas das
áreas de proteção À saúde e segurança da população destas localidades. A tabela (x),
apresentada no capítulo (x), mostra as distâncias mínimas a serem estabelecidas entre as
sedes municipais e a futura central nuclear.
5.2.1.1.b. Infraestrutura e Recursos Significativos
O mapeamento dos locais caracterizados como sendo relevantes para a
infraestrutura estratégica de transporte nacional ocorrerá através do uso da ferramenta
SIG, que permite a delimitação das áreas a serem excluídas do processo de seleção de
um sítio nuclear.
Seguindo a metodologia americana do EPRI Siting Guide, serão excluídas as
áreas localizadas em um perímetro de 16 km destas importantes infraestruturas de
77
transportes e aquelas localizadas em um perímetro de 8 km de instalações ou áreas com
atividades de transporte consideradas perigosas.
• Serão identificadas, como recursos estratégicos da infraestrutura de
transportes nacional, as seguintes estruturas: gasodutos, aeroportos e portos;
• Serão delimitadas por uma circunferência de 8 km as seguintes estruturas
consideradas perigosas: bases militares com pistas de aviação, rotas
terrestres de materiais perigosos.
Com a utilização da ferramenta SIG, serão criadas áreas em forma de
circunferências concêntricas a localização do ponto identificado, excluindo as áreas
abrangidas pela mesma das áreas consideradas candidatas a abrigarem uma central
nuclear.
5.2.1.1.c. Rotas de Transporte
A identificação das rotas de transporte existentes na área de interesse para a
instalação de uma central nuclear vem atender uma série de avaliações importantes para
a seleção de sítios nucleares. Estas informações possibilitam que se identifiquem as
possíveis rotas de evacuação em caso de emergências, as possíveis vias de
abastecimento de insumos e equipamentos, escoamento de rejeitos, transporte de mão
de obra e também os possíveis riscos à segurança da planta nuclear trazidos pela
presença destes meios de transporte. Serão analisados os seguintes modais de
transporte:
• Rodovias
• Ferrovias
• Hidrovias
• Malha Aérea
A principal analise identificada com relação às rotas de transporte aborda a
capacidade das vias de acomodarem o transporte dos equipamentos utilizados na
montagem da infraestrutura das usinas nucleares, estando diretamente relacionados com
a tecnologia escolhida. Esta caracteriza as dimensões mínimas necessárias para a
acomodação dos equipamentos nas vias e no modal de transporte disponível.
78
No Brasil, a matriz de transporte é predominantemente rodoviária, com esta
modalidade correspondendo a cerca de 96,2% da matriz de transporte de passageiros e
61,8% da matriz de transporte de cargas (CNT, 2006). Por ser o modal mais difundido,
serão analisados os requisitos necessários para o transporte de equipamentos no modal
rodoviário.
Foram utilizados como referencia para os valores dimensionais e de peso dos
equipamentos a serem transportados, os dados disponibilizados pela metodologia
escolhida pela empresa controladora da atividade nuclear no Brasil, a Eletronuclear. A
metodologia EPRI, (2002), utiliza os valores da tabela (X) como referencias para a
acomodação exigida das vias de transporte. Estes valores são os seguintes em metros:
• 6,7 metros de altura (22 pés)
• 6,4 metros de largura (21 pés)
• 20,42 metros de comprimento (67 pés)
Os modais ferroviário e hidroviário não devem ser descartados da análise, já que
algumas tecnologias como, por exemplo, o projeto de usina nuclear da empresa Westing
House, a AP-1000, são modularizados possibilitando serem totalmente transportados
por ferrovias. Outros projetos podem requerer acesso hidroviário através do uso de
barcaças (por exemplo, para transporte do vaso do reator ou geradores de vapor)
(ATALA, D. L., 2009).
As informações relativas às condições de alocação das rodovias brasileiras para
o transporte dos equipamentos da central nuclear serão obtidas via diferentes fontes de
dados brasileiras. Será realizada uma análise conjunta para se determinar as vias com
condições de alocarem o transporte de tais peças. As dimensões das peças transportadas
serão referência para a determinação em mapa das rodovias e trechos capazes de
alocarem tal transporte.
Serão utilizadas como referencia, na identificação das rodovias capazes de
alocarem as dimensões dos equipamentos, as medidas padrão de cada faixa de
rolamento segundo as normas brasileiras do DNER, e as informações das condições de
infraestrutura das rodovias fornecidas com atualizações constantes pelo DNIT em seu
website.
79
Dimensionamento das faixas de rolamento
Uma faixa de rolamento é uma faixa longitudinal da pista, designada e projetada
para uma fila de veículos em movimento contínuo. Consiste da parcela da área
pavimentada da plataforma, designada e projetada para a utilização de veículos em
movimento. A largura da faixa de rolamento é obtida adicionando à largura do veículo
de projeto adotado a largura de uma faixa de segurança, função da velocidade diretriz e
da categoria da via. Os valores situam-se entre 3,00 m e 3,75 m (SOUSA, M. T. R.,
2007.).
A Tabela 5.2, abaixo, mostra os tipos de classificação dos projetos rodoviários e
identifica o número de pistas ou, faixas rolamento, para cada um destes projetos. A
Tabela 5.3 identifica as dimensões padrão das faixas para cada tipo de projeto.
Tabela 5.2 - Classes de projeto Fonte: DNER, 1975 apud SOUSA, M. T. R. 2007.
CLASSE DE
PROJETO
CARACTER
ÍSTICAS CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO
0 Vias
Expressas Controle Total de Acesso Decisão Administrativa
IA Pista Dupla Controle Parcial de Acesso. O volume de tráfego previsto reduziria o
nível de serviço em uma rodovia de pista simples (C)
I B Pista Simples Volume horário de projeto VHP maior que 200 – Volumes médios
diário. VMD maior que 1.400
II Pista Simples Volume médio diário. VMD 700 - 1.400
III Pista Simples Volume médio diário. VMD 300 – 700
IV Pista Simples Volume médio diário. VMD menor que 300
Tabela 5.3 - Largura das faixas de rolamento
Fonte: DNER, 1975 apud SOUSA, M. T. R. 2007. CLASSE DE
PROJETO
LARGURA NO
PLANO
LARGURA EM
ONDULADO
LARGURA EM
MONTANHOSO
Classe 0 3,75 3,75 3,6
Classe I 3,6 3,6 3,6
Classe II 3,6 3,6 3,5
Classe III 3,6 3,5 3,3
Classe IV 3,50 – 3,30 3,50 – 3,30 3,30 – 3,00
Seguindo os valores de referencia da Tabela 5.3, pode-se alcançar o
dimensionamento padrão das faixas de rolamento em estradas brasileiras e com isso, se
80
estabelecer uma média padrão para a identificação daquelas capazes de transportarem a
carga de infraestrutura nuclear. Pelos padrões dimensionais das rodovias brasileiras,
pode-se concluir que somente as rodovias com, no mínimo, pista dupla poderiam
transportar as cargas de equipamentos das usinas nucleares.
Caracterização das rodovias brasileiras
As informações relativas às condições das rodovias estão disponibilizadas pelo
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em sua página de internet,
oferecendo dados atualizados relativos às características de pavimentação e alocação
nas estradas federais. A Tabela 5.4 extraída da página de internet do órgão exemplifica
o detalhamento dados as condições da rodovia BR-110 nos trechos localizados no
Estado brasileiro de Pernambuco, representado pela Figura 5.1.
Figura 5.1 - Infraestrutura Rodoviária no Estado de Pernambuco
Fonte: DNIT, 2011.
Tabela 5.4 - Condição da Rodovia BR-110 no Estado de Pernambuco Fonte: DNIT, 2011.
ALERTA TRECHO KM CONDIÇÃO OBS:
DIV PB/PE - ENTR PE-320 (SÃO JOSÉ
DO EGITO)
0 ao 24,6
Segmento concedido ao Governo do Estado de Pernambuco. -
DIV PB/PE - ENTR PE-280 (SERTÂNIA)
71,4 ao 87,7
Segmento concedido ao Governo do Estado de Pernambuco. -
ENTR PE-280 (SERTÂNIA) - ENTR BR-232 (CRUZEIRO
DO NORDESTE)
87,7 ao 119,7
Segmento concedido ao Governo do Estado de Pernambuco. -
81
ENTR BR-232 (CRUZEIRO DO
NORDESTE) - ENTR PE-290/312/360
(IBIMIRIM)
119,7 ao 173,4
Pista simples em boas condições de conservação. Acostamentos
em boas condições de conservação. Sinalização
horizontal e vertical em boas condições de conservação.
Localidades interceptadas neste segmento: Cruzeiro
do Nordeste ,Ibimirim
ENTR PE-290/312/360
(IBIMIRIM) - ENTR BR-316(B)
(P/FLORESTA)
173,4 ao 245
Segmento sem revestimento asfáltico. Do km 173,4 ao km
203,6 com razoáveis condições Do km 203,6 - km 245,0 com condições ruins Trecho não
recomendado para tráfego de veículos de pequeno porte.
Localidades interceptadas:
Ibimirim, Petrolândia.
ENTR BR-316(B) (P/FLORESTA) - DIV
PE/AL
245 ao 286,1
Pista simples e acostamentos em boas condições de conservação. Sinalização horizontal e vertical
em boas condições.
Localidades interceptadas neste
segmento: Petrolândia.
Legenda:
Boa Viagem
Atenção
Cuidado
Sem Informação
Transporte de cargas indivisíveis e em peso excedente
O planejamento para uma operação de cargas excepcionais requer um trabalho
minucioso em avaliar os possíveis itinerários e a infraestrutura viária, de modo a
identificar rotas possíveis e econômicas, assim como localizar os possíveis pontos
críticos e de risco, do trajeto. O transporte de cargas especiais requer que os
profissionais envolvidos no processo tenham profundo conhecimento sobre a
infraestrutura rodoviária (capaz de ser representada em mapa georreferenciado), da frota
e que estejam capacitados a obterem a autorização especial de trânsito.
Segundo DNIT (2009), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes,
o transporte de cargas indivisíveis excedentes em peso e dimensões, bem como o
trânsito de veículos especiais, só poderá ser realizado nas rodovias federais mediante
porte de Autorização Especial de Trânsito – AET.
O transporte de cargas excepcionais e o trânsito de veículos especiais devem
atender além do disposto no Código de Trânsito Brasileiro, às instruções para o
transporte de cargas indivisíveis e excedentes em peso e/ou dimensões e para o trânsito
de veículos especiais constantes da Resolução nº 2.264/81 do Conselho de
Administração do DNIT.
Segundo DENATRAN (2008), o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) diz em
seu Art. 101:
82
“Ao veículo ou combinação de veículos utilizado no transporte de carga
indivisível, que não se enquadre nos limites de peso e dimensões estabelecidos
pelo CONTRAN, poderá ser concedida, pela autoridade com circunscrição
sobre a via, autorização especial de trânsito, com prazo certo, válida para cada
viagem, atendidas as medidas de segurança consideradas necessárias”.
Estes são os procedimentos necessários para o transporte dos equipamentos das
usinas nucleares em rodovias brasileiras. A identificação destas rodovias nos mapas
permite o melhor planejamento desta atividade e qualquer sítio que falhe em atender
estes critérios deve ser eliminado.
5.2.1.1.d. Avaliação das Rotas Aéreas
A avaliação das rotas aéreas tem o objetivo de identificar o tráfego aéreo na
região de interesse e com isso, buscar a manutenção da segurança e diminuição do risco
de acidentes na área da planta nuclear. A partir da identificação das rotas de voo
existentes na área de interesse, podem-se evitar acidentes envolvendo quedas de
aeronaves no perímetro de segurança da planta nuclear.
A identificação dos aeroportos nos mapas da região de interesse também
possibilita que se evitem os locais próximos a esta importante infraestrutura de
transporte, diretamente conectada ao tráfego aéreo a ser evitado. Para isso, serão
desenhadas no mapa áreas de exclusão concêntricas ao ponto de localização dos
aeroportos, classificados como infraestrutura e recursos significativos. Segundo o
critério explicado anteriormente, a distância mínima entre os aeroportos e o sítio nuclear
deve ser de 16 km de raio, em uma circunferência de exclusão.
Segundo Guimarães (2010), para se garantir uma proteção totalmente eficaz
contra acidentes causados pela queda de aeronaves, deveria se proibir o tráfego aéreo a
uma distância de 10 km do sítio nuclear. Por isso, serão identificadas a rotas aéreas
presentes na localidade de interesse, sendo criada uma área de exclusão com raio de 10
km a partir do seu traçado original.
As áreas dentro do raio de 16 km de distância de aeroportos e 10 km de distância
do traçado das rotas aéreas deverão ser desconsideradas do processo de seleção dos
novos sítios nucleares, sendo identificadas no mapa georreferenciado através de
polígonos representativos de suas áreas.
83
5.2.1.1.e. Segurança nos Transportes
Com o critério que analisa a segurança nos transportes foi utilizado o bom senso
e adaptou-se a metodologia americana de maneira a torná-la pertinente a localização
geográfica da área de interesse, o Brasil. Serão analisados os eventos climáticos
passíveis de oferecerem risco ao transporte na área da central nuclear. No Brasil, estes
eventos serão identificados pela apreciação de dados climáticos referentes a temperatura
ambiente, precipitação e velocidade dos ventos.
A análise dos dados referentes às médias de temperatura locais possibilita que se
excluam áreas com médias de temperatura baixas, podendo oferecer risco de geadas e
até mesmo neve, o que ofereceria grande risco de acidentes ao transporte na localidade
da planta nuclear. O Brasil apresenta poucas áreas com médias de temperaturas tão
baixas, mas estas deverão ser consideradas e excluídas das áreas candidatas a receberem
uma central nuclear.
Os índices pluviométricos das regiões de interesse para a implementação de uma
central nuclear possibilitam a identificação de áreas com volume de chuva acima da
média considerada ideal para a planta nuclear. O risco oferecido pelo grande volume de
chuva esta na ocorrência de enchentes, deslizamento de barreiras nas estradas e vias
próximas as usinas e acidentes provocados por derrapagens na pista.
A caracterização da velocidade média do vento na área de interesse auxilia na
identificação de áreas passíveis de sofrerem eventos climáticos severos, como tornados
e ciclones extratropicais, com ventos tão fortes que seriam capazes de interferirem na
segurança dos transportes.
5.2.1.1.f. Planejamento de Emergências
Os programas de gerenciamento e planejamento de emergências são
desenvolvidos e executados com a análise da informação. A maior parte dessas
informações é espacial e pode ser traçada através do seu levantamento e mapeamento.
Uma vez que a informação é traçada e os dados estão ligados a um mapa, o
planejamento ganha um suporte de análise espacial, com a combinação de diversos
atributos com os cenários específicos de perigo, a partir dos quais os responsáveis
podem começar a formular ações de mitigação, preparação, resposta e recuperação, de
acordo com as necessidades do programa de emergência específico (SILVA, C., 2007).
84
As tecnologias de geoprocessamento baseadas em Sistemas de Informação
Geográfica e caracterizadas como sistemas de suporte a decisão são instrumentos
eficientes para auxiliar a gestão e o planejamento de emergências. Os sistemas de
resposta que incorporam os dados de um SIG permitem analisar a abrangência do
espaço local e até mesmo regional para a determinação dos cenários de acidentes. Desta
forma, o mapeamento das áreas próximas às instalações industriais, apresenta-se como
objeto de grande importância a fim de mensurar, quantificar e classificar espaços
característicos, potencializando a compreensão e análise para efeitos de planejamento de
emergência (SILVA, C., 2007).
Nesta perspectiva, a análise deste critério tem como finalidade demonstrar os
sistemas de informação geográfica como ferramentas de apoio à tomada de decisão para
o planejamento de emergências em áreas externas às plantas das centrais nucleares. Esta
contribuição está baseada na geração de um banco de dados georreferenciados, para dar
suporte à avaliação das áreas candidatas. No contexto dessas atividades, a adoção de
sistemas de resposta a emergências tem se caracterizado como importante instrumento
de tomada de decisão no seu planejamento.
Pela legislação, os empreendimentos industriais devem possuir métodos que
projetam a análise dos riscos que poderão impactar o ambiente localizado no entorno da
instalação industrial. Os principais resultados de uma análise de riscos são a
identificação de cenários de acidentes, suas frequências esperadas de ocorrência e a
magnitude das possíveis consequências (FEPAM, 2001 apud SILVA, C., 2007).
A organização de sistemas de resposta para emergências aparece como medida
mitigadora. O planejamento das atividades para diminuir os efeitos dos acidentes de
grande porte tem o objetivo de reduzir o impacto sobre um maior número de pessoas,
atenuando desta forma o risco. Nesta perspectiva, nota-se que é necessário um grande
número de informações para a construção de um plano de emergência, o qual deve
contemplar uma estrutura para orientar o desenvolvimento de ações e uma estrutura de
resposta para combater acidentes e sua abrangência em áreas situadas no entorno do
empreendimento (SILVA, C., 2007).
A definição dos limites das ações emergenciais deve considerar dois aspectos
relacionados aos objetivos de radioproteção: o entendimento do acidente e a dinâmica
sócio espacial da região para qual se planeja as ações de emergência (SOUZA JUNIOR,
1990). Segundo Souza Júnior (2002), estas áreas periféricas instalação correspondem ao
perímetro crítico dos acidentes e áreas receptoras, conforme veremos a seguir:
85
a) Perímetro Crítico de Acidentes - Corresponde à área caracterizada sob
impacto potencial em função dos cenários de acidentes, constituindo-se no
espaço vulnerável, por situar-se nas proximidades do empreendimento e, por
esta razão, apresenta um nível maior de exposição à ocorrência de desastres.
Sua delimitação abrange o perímetro que, de acordo com os cenários do
Processo APELL, vai do empreendimento até a distância de 1000 m.
Geralmente esta avaliação depende da análise de risco e vulnerabilidade que
apontam os cenários dos acidentes de acordo com as instalações do
empreendimento e suas respectivas avaliações.
b) Áreas de Segurança - Corresponde à delimitação situada a partir do limite do
perímetro crítico, neste caso, de 1000 m. São caracterizadas como locais
propícios para o deslocamento das populações situadas no perímetro crítico
de acidente e constituem-se como áreas receptoras destas populações em
situações de perigo.
As potencialidades que o SIG apresenta em relação à identificação dessas áreas,
através da interpolação e cruzamento dos dados, demonstram as suas características e
fornece a infraestrutura nelas existente, o que dá o devido suporte ao planejamento e à
ação de emergência, uma vez que, identificados os pontos notáveis de interesse e as
principais rotas que chegam até elas, a ação poderá ser mais bem planejada.
Nestas áreas de abrangência do planejamento de emergência outros importantes
atributos irão compor os cenários a serem mapeados, uma vez que integram as
informações para um planejamento de emergências. São as vias de acesso e os sistemas
de transporte. Estes atributos são responsáveis pela circulação no território e a sua
identificação auxilia no planejamento de emergências, através da análise de vias, com o
estabelecimento de rotas de fuga, indicações para a interrupção de locais de tráfego
intenso e o melhor caminho em direção a locais de abrigagem. Neste sentido, para a
execução de um plano de evacuação a identificação desse tipo de informação é
imprescindível (SILVA, C., 2007).
Genericamente, as informações necessárias para o planejamento dos M.C.U’s
(Movimentos Coletivos Urgentes) ou evacuação, dividem-se em dois blocos. No
primeiro procura-se caracterizar a dinâmica ambiental fisiográfica. As características
geológicas, geomorfológicas e climatológicas são algumas das componentes do
primeiro bloco, que busca identificar se algumas destas características da região de
86
interesse possam interferir com a regularidade de fluxo e o traçado das rodovias. Em
outra região onde existam planícies e sob regime de monções, os aspectos climáticos
tenderiam a ser mais destacados. Este bloco permite aos planejadores que se
familiarizem com o conjunto fisiográfico que será o “teatro” de toda a ação,
identificando sua dinâmica e as limitações que possam oferecer ao processo de
evacuação (SOUZA JUNIOR, 1990). Para esta análise foram elencados dois fatores, a
declividade do terreno e a sua topografia.
A fim de mapear as áreas onde as principais vias de acesso e circulação estejam
susceptíveis a deslizamentos ou enchentes, será analisada uma característica intrínseca
ao terreno e capaz de ser identificada com o mapeamento da área, a sua declividade.
Encostas muito íngremes são muito susceptíveis a deslizamentos, porém, não
podemos considerar somente o seu ângulo de inclinação como um fator determinante
para a ocorrência de deslizamentos. Com a análise desta variável consegue-se, apenas,
identificar áreas com maior propensão a ocorrência deste evento de risco.
Segundo Guerra (2008), alguns fatores contribuem para que certas áreas erodam
mais que outras, sendo elas, erosividade da chuva, propriedades do solo, cobertura
vegetal e características da encosta. Esta última pode afetar a erodibilidade do solo por
meio da declividade, do comprimento e da forma da encosta. A escolha do fator
declividade para análise ocorreu devido a disponibilidade de dados em bases públicas
que não permitiram uma maior elaboração da pesquisa.
Para a caracterização deste variável foram encontradas duas referencias.
Segundo IPT (2007), quando um talude ou encosta se enquadrar numa declividade entre
média a alta, portanto, rampas com declividade superior a 30%, este se caracterizaria
como um fator de perigo para as regiões vizinhas a ele. Por sua vez, Silva L.P. apud da
Costa, V. C. (2006), caracteriza as áreas com relevo do tipo forte ondulado e
montanhoso, como aquelas com forte suscetibilidade erosiva.
O relevo forte ondulado se caracteriza por superfícies de topografia
movimentada, formada por outeiros e morros (elevações de 50 a 100m e de 100 a 200 m
de altitudes relativas) e colinas com declives fortes, variando de 45 a 75%. O relevo
montanhoso se caracteriza por superfícies de topografia vigorosa, com predomínio de
formas acidentadas, usualmente constituída por morros, montanhas, maciços
montanhosos e alinhamentos montanhosos, com declividade forte, variando de 45 a
75% (EMBRAPA, 1999).
87
Estas áreas deverão ser identificadas e excluídas do processo de escolha dos
sítios nucleares. Além do risco de deslizamentos e consequente interrupção do fluxo
resultante do movimento de evacuação emergencial, o terreno com topografia acentuada
impõe dificuldade natural à sua transposição, fator agravante em casos de deslocamento
populacional.
A análise da topografia da região de interesse afeta tanto as características de
dispersão do sítio, quanto também, impacta em sua operação de instalação, podendo
gerar custos adicionais para a preparação do sítio. Em geral, quanto mais acidentado o
terreno, mais provável que as condições ideais para a instalação sejam inadequadas.
As áreas com risco de alagamento são aquelas urbanizadas as margens fluviais,
com registro de ocorrência de eventos pluviais intensos. Sua identificação ocorre com a
identificação da menor curva de nível existente para o terreno, segundo as bases
cartográficas utilizadas e também através de verificações in loco com informações
fornecidas por moradores das áreas já atingidas. Neste caso, serão identificadas as áreas
com cota de menor valor localizadas as margens dos rios capazes de provocar enchentes
(CRISTO e HERRMANN, 2004).
O segundo bloco de informações refere-se às características socioeconômicas e
culturais, que permitirão a compreensão da dinâmica de ocupação e controle do espaço
habitado. Os aspectos mais elementares deste conhecimento são as estatísticas
demográficas da população atingida ou as densidades demográficas das Zonas de
Proteção Especiais (Z.P.E.’s), que são os dados básicos para a estimativa dos recursos
necessários para a implantação e execução do plano de emergência (SOUZA JUNIOR,
1990).
Segundo SESDEC (2008), na situação de um acidente nuclear na central nuclear
brasileira de Angra dos Reis, a fim de hierarquizar os riscos, bem como facilitar o
planejamento e a implementação das medidas de proteção, de acordo com as
recomendações da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), foi adotado o
conceito de Zonas de Planejamento de Emergência (ZPE). Essas ZPE foram
subdivididas em coroas circulares concêntricas a CNAA de raios de 3, 5, 10 e 15 Km. A
evacuação preventiva da população é uma medida eficaz até um raio de 5 Km em torno
da usina. A partir desta distância não será obtido nenhum benefício com a evacuação
preventiva.
De maneira preventiva, a escolha da localidade para instalação de uma central
nuclear deve escolher localidades com menores concentrações populacionais, assim
88
como na análise do critério “Demografia” item (5.2.1.1.a), que estabelece distâncias
protetoras a partir das concentrações populacionais já existentes na região de interesse.
Com as informações de elevação resultantes da análise das curvas de nível da
área de interesse, o software da ferramenta SIG irá gerar áreas sobre o mapa
georreferenciado relativas as elevações médias de cada região. A partir desta análise em
mapa, onde grandes áreas caracterizadas por terreno montanhoso serão mapeadas,
deverá ser realizada a exclusão destas áreas devido à inadequação do terreno para a
atividade de transporte resultante das instalações nucleares e para o transporte da
população quando houver necessidade de se evacuar a área em risco.
5.2.1.2. Identificação das Variáveis para Análise
Para se realizar a avaliação dos critérios de transporte no processo de escolha de
um novo sítio nuclear devem ser identificados, inicialmente os vetores, e/ ou variáveis
que caracterizam cada critério.
Infraestrutura e Recursos Significativos:
• Vias expressas
• Rede ferroviária estratégica
• Rede de transporte de gás
• Eletricidade da rede de transmissão
• Aeroportos (raio de 16 quilômetros de grandes aeroportos)
• Portos
Segundo Atala (2009), devem ser mapeadas como áreas evitáveis as localidades
dentro de um raio de 16 quilômetros de grandes aeroportos e dentro de 8 km de
distância de instalações ou áreas com atividades consideradas perigosas tais como:
• Bases militares e áreas de testes militares (raio de 8 quilômetros)
• Rotas terrestres e marítimas de transporte de materiais perigosos (raio de 8
quilômetros)
• Docas e ancoradouros de materiais perigosos (raio de 8 quilômetros)
89
Rotas de Transporte:
• Identificação das infraestruturas de transporte existentes nas proximidades da
localidade de interesse.
• Identificação de vias de rodovias com pista dupla. (rodovias)
Rodovias:
• Calculo do custo de construção de novas estradas de acordo com as
condições viárias e de acesso das áreas de interesse.
• Deve-se avaliar se alguma rodovia ofereceria risco a segurança da planta
nuclear. No caso, deve-se estar atento a localização de rodovias
determinadas ao transporte de cargas perigosas. Assim como no critério de
Infraestrutura e recursos significativos, as rotas terrestres e marítimas de
transporte de materiais perigosos devem ser mantidas a uma distância com
raio de 8 quilômetros.
Ferrovias:
• Calculo do custo de construção de novas ferrovias, de acordo com as
condições locais de disponibilidade de terras e possíveis dificuldades para o
processo de construção da nova linha férrea.
• Deve-se identificar as áreas já cobertas por um sistema ferroviário, evitando
assim custos extras com a nova estrutura de transporte.
Hidrovias:
• Calculo do custo de construção da nova infraestrutura de terminais para as
embarcações em caso de não existência desta estrutura na localidade de
interesse.
• Deve-se identificar as áreas já cobertas por um sistema ferroviário, evitando
assim custos extras com a nova estrutura de transporte.
90
Aerovias:
• Identificação das rotas de voo na região de interesse.
• Identificação dos aeroportos e pistas de pouso na região de interesse.
• Deve-se evitar as áreas dentro de um raio de 16 quilômetros de aeroportos,
assim como determinado pelo critério Infraestrutura e recursos
significativos
• Deve-se restringir os voos a uma distância com raio de 10 km ao redor do
sítio nuclear. De maneira inversa, serão determinadas áreas de exclusão com
raio de 10km a partir do traçado das linhas aéreas encontradas na região de
interesse. Dessa maneira, serão evitadas as áreas com potencial de colisões
de aeronaves antes mesmo da escolha do sitio nuclear.
Segurança no Transporte:
Deve-se identificar as áreas que apresentem condições climáticas não adequadas
para o transporte associado ao empreendimento nuclear. Serão avaliados as seguintes
variáveis climáticas:
• Temperaturas ambientes
• Velocidade do vento
• Índice pluviométrico
Planejamento de Emergências:
Deve-se identificar as áreas na região de interesse com as condições mais
favoráveis a implementação de um conjunto de ações de emergência, incluindo a
evacuação em caso de acidentes nucleares. Serão avaliados os seguintes vetores com
influência no processo de evacuação emergencial:
• Densidade populacional: Áreas com alta densidade populacional podem
dificultar o processo de evacuação. Os dados demográficos, neste caso,
contribuem para a análise do critério Planejamento de Emergências.
• Identificação dos tipos de infraestrutura: Deve-se identificar as rodovias,
ruas urbanas, estradas rurais e priorizar as áreas com vias pavimentadas e
91
com rodovias nas proximidades. Dessa maneira o deslocamento da
população em um movimento coletivo de urgência é facilitado.
• Características da dinâmica ambiental e fisiográfica da região: Identificar os
possíveis fatores impeditórios para a evacuação através das vias de
transporte em caso de acidente nuclear. Para esta análise, serão elencados
dois fatores para a observação das característica do relevo, topografia e
declividade. De maneira geral, será possível identificar as áreas com maior
propensão a alagamentos e deslizamentos de terra.
• Condições climáticas: Identificar as características climáticas na localidade,
capazes de influenciar negativamente a evacuação pelas vias de transporte
existentes. O índice pluviométrico será analisado já que quando associado a
certas características do relevo pode resultar em alagamentos e
deslizamentos e terra nas vias de transporte locais.
5.2.2. Coleta de Dados
A criação de um banco de dados para a avaliação de um país com dimensões
continentais e uma grande quantidade de áreas não ocupadas, como o Brasil, requer uma
adaptação na aplicação dos critérios quando comparada com as metodologias Europeias
e até mesmo a americana.
O banco de dados de um SIG contém dados referentes às características de uma
determinada região ou área do globo terrestre e pode ser dividido em duas partes: um
banco de dados geoespacial, descrevendo a posição e a forma dos elementos da
superfície em estudo e um banco de dados contendo os atributos desses elementos. A
grande diferença encontrada em um SIG é o valor adicionado aos dados pelo
georreferenciamento associado a eles (SILVA, 2007).
A ferramenta SIG permite a computação de dados, difíceis de serem processados
manualmente, através da informatização do processo de gerenciamento das
informações. A abordagem frequentemente superpõe mapas com temas distintos para
obter uma composição de fatores de adequação do sítio. Os dados, mapeados durante o
processo, são compilados em mapas, de bases padronizadas, das áreas avaliadas e são
transferidos para o SIG através da digitalização dos mesmos ou da reformatação dos
dados já existentes (ATALA, D. L., 2009).
92
Um software SIG é projetado para permitir a análise dos dados espaciais e de
atributos ao mesmo tempo. O usuário se torna capaz de pesquisar os dados de atributo e
relacionando-os aos dados espaciais, e vice versa (KORTE, 1997).
Segundo EPRI (2002), através de um SIG, as seguintes operações podem ser
realizadas nos dados mapeados:
• Aritmética: soma, subtração, divisão e multiplicação de mapas;
• Lógica boleana: comparação de dois ou mais mapas para obter máximos,
mínimos, interseções, união e outros resultados;
• Operações espaciais: determinação de distâncias, modelagem de rede;
• Operações topográficas: inclinação, aspecto, visibilidade e outros modelos
que considerem mudanças na elevação do terreno.
O processo de análise das redes de transporte através da ferramenta SIG está
sendo proposto para a seleção de sítios nucleares. Nota-se que a muitas questões a
serem avaliadas estão relacionadas a uma caracterização do sistema de transporte da
localidade de interesse e às condições ambientais que podem influenciar nessas ações de
emergência.
Em um SIG, o processo de análise de redes se faz útil em situações onde é
necessário se administrar ou utilizar um sistema em rede, tal como os sistemas de
transporte. Os três principais tipos de analise de rede são: rastreamento, roteamento e
alocação de redes.
O rastreamento de rede permite a identificação das vias de transporte e a
determinação de seus caminhos pelo sistema de transporte local. O roteamento permite
que se determine o caminho ideal ao longo de uma rede linear, verificando possíveis
restrições de rota e os possíveis impactos a fim de se evitar conflitos. Esta análise
suporta o direcionamento de veículos, planejamento de trânsito, serviços de emergência
e o planejamento do sistema de transportes.
A alocação de rede permite que se caracterizem certas partes da rede como
centros de oferta de serviços ou pontos de destino visando a otimização da operação de
transporte. O roteamento de alocação pode ser usado para determinar as áreas de
cobertura do transporte público, suas distâncias e o tempo de resposta do serviço de
emergência (KORTE, 1997).
93
Deve ser ressaltada a importância do tratamento da informação geográfica que,
num país de dimensão continental como o Brasil, ainda apresenta carência de
informações adequadas para a tomada de decisões sobre os diversos problemas
socioambientais, urbanos e rurais, dentre vários outros. Neste campo de aplicações as
tecnologias digitais de geoprocessamento proporcionam um enorme avanço na
potencialização de ações e operações humanas (SILVA 2007).
5.2.3. Construção de um Sistema de Informações Geográficas (SIG)
O geoprocessamento atualmente é uma poderosa ferramenta para diferentes
áreas do conhecimento. Qualquer informação que seja representada espacialmente,
mapas temáticos, imagens, banco de dados e outros que possam receber um sistema de
coordenadas, podem ser manipulados (alterada/comparada) a qualquer momento e com
extrema agilidade por esse sistema (TAMANINI, 2008).
Atividades complexas como a organização do espaço nas sociedades em
processo de desenvolvimento requerem uma previsão criteriosa das situações que
possam oferecer algum risco tecnológico e o planejamento se constitui como uma
importante tarefa, marcada pela interdisciplinaridade de suas fontes de dados (DUARTE
1990).
Segundo IAEA (2003), o nível de detalhamento necessário para uma avaliação
de novos sítios irá variar de acordo com o tipo de instalação a ser localizada. As usinas
nucleares, geralmente, exigem o mais elevado nível de detalhamento. Dependendo do
nível de risco representado pela instalação, menos detalhes e pequenas áreas de
cobertura podem ser suficientes para se cumprir os requisitos de avaliação.
Por essa razão, está sendo proposto o desenvolvimento de um Sistema de
Informação Geográfica (SIG) para o armazenamento e análise das informações da área a
ser avaliada. Esta ferramenta de suporte a análise permitirá a avaliação conjunta de
todos os critérios, conferindo ao processo seletivo uma maior facilidade na manipulação
dos dados. Com a criação de um banco de dados informatizado e georreferenciado,
consegue-se uma melhor organização das informações e o aumento da capacidade
analítica do processo de seleção.
94
Segundo Chrisman (1997), uma das definições mais abragentes sobre o Sistema
de Informação Geográfica foi desenvolvida por um consenso entre 30 especialistas:
“Um sistema de hardware, software, dados, pessoas, organizações e arranjos
institucionais para coletar, armazenar, analisar e disseminar informações sobre
as áreas de terra” (Dueker e Kjerne apud Chrisman, 1997).
Segundo EPRI (2002), por causa da sobreposição de mapas e operações
analíticas disponíveis em SIGs modernos, eles são excelentes ferramentas para a
realização da triagem e avaliação de um local. As abordagens para a avaliação de um
local, muitas vezes, seguem o processo de sobreposição de temas para, assim, se chegar
a um mapa otimizado para a análise dos critérios. Desde o início dos anos 1970, o SIG
tem sido aplicado na escolha de novos sítios para as instalações de energia nuclear e
carvão.
5.2.4. Entrada e Armazenamento de Dados
Os mapas são ferramentas de dados espaciais, geralmente consistindo em
representações bidimensionais e geometricamente exatas de um espaço tridimensional,
sendo um importante instrumento de planejamento territorial (Monmonier apud
MATOS, 2006). Na cartografia, os mapas destacam-se pela realização deste tipo de
planejamento territorial, já que representam padrões espaciais associados aos atributos
de entidades geográficas.
Além disso, os tradicionais mapas de referência mostram como diferentes
entidades geográficas se distribuem na superfície terrestre (OTTOSON apud MATOS,
2006). Em muitas aplicações tradicionais da ferramenta SIG, os mapas são
desenvolvidos com uma série de camadas independentes, onde cada uma delas
representa uma diferente fonte de dados, podendo ser ligado e desligado no mapa
(ESRI, 2010).
As informações sobre o mundo armazenadas em um SIG sob a forma de mapas
temáticos, ou layers, podem ser apresentados separadamente ou unidos. Este conceito
simples, mas extremamente poderoso, tem se mostrado muito valioso na solução de
vários problemas reais. A Figura 5.2 exemplifica a separação em camadas possibilitada
pela ferramenta SIG (ESRI, 1999).
95
Figura 5.2 - Mapas formados por múltiplas camadas.
Fonte: Modificado de ESRI, 2010.
A complexidade dos dados e as limitações impostas pelos sistemas
computadorizados irão causar algum grau de generalização em todos os dados
geográficos, tanto ao nível das formas geométricas como em relação a seus atributos
(MATOS, 2006).
A princípio os dados podem ser gráficos, correspondentes a uma base
cartográfica, na qual as entidades como pontos, linhas e polígonos representam os
diversos aspectos existentes e possíveis de serem mapeados, assim como mostra a
Tabela 5.5.
Há também os dados não gráficos (tabelas) que são os dados textuais ou
numéricos, de caráter descritivo (SILVA, 1999 apud ROCHA, S. P., 2005).
96
Tabela 5.5 - Representação em formas geométricas dos dados espaciais Fonte: ROCHA, S. P., 2005.
Como dito anteriormente, as informações espaciais contidas dentro de um mapa
são descritas graficamente como um conjunto de pontos, linhas e áreas (ESRI, 1995).
Abaixo, estão descritas as funções de representação geográfica deste conjunto:
• Pontos: definem as posições discretas em um mapa de fenômenos
geográficos, sendo estes pequenos demais para serem representados como
linhas ou áreas, assim como locais, postes e prédios. Os pontos também
podem representar locais que não possuem área, tais como os picos das
montanhas.
• Linhas: representam as formas de características geográficas muito estreitas
para serem representadas como áreas (por exemplo, ruas e córregos) ou que
tenham características lineares de comprimento, mas nenhuma área, tais
como curvas de nível.
• Áreas: são figuras fechadas que representam a forma e localização das
características homogêneas, como estados, municípios, as parcelas, os tipos
de solo ou zoneamentos de uso da terra.
Os mapas de um Sistema de Informação Geográfica apresentam informações
descritivas sobre as características geográficas de uma localidade. Algumas maneiras
97
comuns de se retratar informações descritivas em mapas estão representadas a seguir
(ESRI, 1995):
• Estradas são desenhadas com larguras diferentes, padrões e cores para
representar as classes de caminhos diferentes (por exemplo, rodovias
interestaduais são largas, sólidas linhas vermelhas).
• Córregos e corpos d'água são normalmente desenhados em azul para indicar
água.
• Pontos de símbolos especiais são usados para designar locais como
aeroportos, por exemplo,
• Ruas da cidade são rotuladas com nomes e muitas vezes as informações de
endereço intervalo.
5.2.5. Visualização e Análise Geoespacial dos Critérios de Transporte
A exploração visual das áreas de interesse preenchidas com as informações
relevantes a análise dos critérios de transporte possibilitará a identificações das regiões
com menos fatores de impedimento para a instalação e funcionamento de um
empreendimento de alta complexidade e de alta interferência como uma central nuclear.
Alguns critérios não poderão ser representados em mapas, sobre formas
geométricas, ou áreas específicas de identificação. Para estes critérios, serão
representadas no mapa as informações necessárias para a realização de sua avaliação,
mesmo que o critério não seja passível de representação geoespacial.
A utilização dos recursos de subtração de áreas, linhas e polígonos apresentados
em softwares de SIG, permite que se consiga um resultado final bastante claro das áreas
que estão dentro dos parâmetros considerados ideais para a instalação de centrais
nucleares. Partindo da área inicial de interesse e subtraindo as áreas identificadas como
impróprias, consegue-se identificar as regiões ótimas sobre o ponto de vista específico
dos critérios avaliados.
5.2.6. Conclusão
Após a pesquisa do estado da arte referente às metodologias de avaliação de
sítios nucleares, foi constatado que a avaliação dos critérios de transportes, em sua
maioria, ocorre nas etapas finais da avaliação dos sítios candidatos. Nestas etapas finais,
98
o processo de identificação das áreas favoráveis à instalação de uma central nuclear já
haverá excluído grandes áreas através da análise dos critérios considerados limitadores à
implementação de um projeto nuclear. Estes critérios são os seguintes: Fontes de água
de refrigeração, distância de bombeamento e demografia.
Esta proposta metodológica de seleção de sítios nucleares busca demonstrar a
representação dos critérios de transporte na ferramenta analítica SIG, identificando as
melhores maneiras de representá-los geograficamente em mapas georreferenciados, sem
o compromisso de seguir uma ordem específica de análise. Naturalmente, não se pode
esquecer a importância dos critérios limitadores citados anteriormente, sendo estes,
grandes responsáveis pela diminuição da área disponível e, consequentemente, pelo
aumento da escala de análise. O aumento do nível de detalhes e da escala de
aproximação das áreas é de extrema importância para o sucesso da avaliação dos
critérios de transporte.
Para o estudo de caso, alguns critérios não serão analisados em sua totalidade
devido à necessidade de se obter informações mais precisas e elaboradas do que aquelas
encontradas nas fontes públicas de dados. Algumas análises necessitam estudos
relativos aos novos investimentos em infraestrutura e a seus custos de execução, o que
se torna inviável sem um aprofundamento técnico com o auxílio de outros especialistas
e de uma visita ao local de estudo.
O capítulo a seguir mostra a realização do estudo de caso destacando as
características da região escolhida, a metodologia proposta e o detalhamento de suas
etapas de aplicação. Ao final, serão mostrados os resultados alcançados e uma breve
discussão dos temas relevantes para a melhor compreensão da realização desta
atividade.
99
Capítulo VI. Estudo de Caso
6.1. Identificação da Área de Interesse
O estudo de caso ocorrerá na região escolhida para a instalação da próxima
central nuclear brasileira, a Região Nordeste do país, onde, segundo Guimarães (2010),
o Conselho de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB) estabeleceu
como meta a implantação, até 2030, de duas usinas nucleares de 1.000 MWe. Os sítios
serão selecionados considerando futuras expansões da central nuclear para até seis
unidades geradoras de energia.
Segundo CNT, 2009 (b), a Região Nordeste apresenta uma população estimada de
51 milhões de habitantes, aproximadamente 28% da população brasileira, sendo a
segunda Região mais populosa do país. Possui o maior número de estados que as
demais regiões: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio
Grande do Norte e Sergipe. A área do Nordeste brasileiro é de aproximadamente 1,6
milhão de km2, equivalente a 18% do território nacional, assim como mostra a Figura
6.1.
Figura 6.1 - Divisão geográfica da região nordeste do Brasil
Fonte IBGE, 2011.
100
Em relação à infraestrutura de transportes na Região, na faixa litorânea, existem
13 portos marítimos, por meio dos quais são movimentadas cargas da navegação de
cabotagem e de longo curso. O porto de Itaqui, no Maranhão, possui movimentação
anual de aproximadamente 77 milhões de toneladas, sendo responsável por 85% da
carga de granel sólido na Região. O porto de Suape, em Pernambuco, foi considerado o
terceiro porto do país com melhor desempenho por uma pesquisa realizada pela UFRJ
que considerou a operação, a estrutura de armazenamento e as facilidades de acesso
rodoviário e ferroviário.
Na classificação, a primeira e segunda colocações foram atribuídas aos terminais
privados de Ponta da Madeira, no Maranhão, e Tubarão, no Espírito Santo. Atualmente,
a movimentação de cargas é de aproximadamente cinco milhões de toneladas por ano,
destacando-se os granéis líquidos e as cargas conteinerizadas (CNT, 2009 (b)).
O transporte hidroviário é realizado pelas hidrovias dos rios São Francisco e
Parnaíba. A hidrovia do São Francisco é a uma das formas mais econômicas de ligação
entre o Centro-Sul e o Nordeste. Os dois trechos navegáveis compreendem cerca de
1.371 km de extensão, entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA) / Petrolina (PE) e 208 km,
entre Piranhas (AL) e a foz do rio, no Oceano Atlântico. A hidrovia do Parnaíba
delimita os estados do Piauí e Maranhão sendo navegável entre a foz e o município de
Santa Filomena, em uma extensão de 1.175 km (CNT, 2009 (b)).
A malha rodoviária da região tem 51,9 mil km de rodovias pavimentadas,
porém, segundo a Pesquisa Rodoviária CNT 2007, 86,3% (21.839 km) da extensão
pesquisada estão em condições regulares, ruins ou péssimas. As principais vias de
escoamento, considerando-se o volume de tráfego, são as rodovias BR-116 e a BR101,
que atravessam a Região nas proximidades do litoral. Podem-se destacar também as
rodovias que fazem ligação com a Região Norte: a BR-222, que passa pelos estados do
Maranhão, Piauí e Ceará, e a BR-242, que atravessa a Bahia (CNT, 2009 (b)).
O sistema ferroviário é composto pelas ferrovias concedidas à Ferrovia Centro-
Atlântica (FCA), Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), Estrada de Ferro Carajás
(EFC) e a Ferrovia Norte-Sul, ainda em construção, que juntas totalizam cerca de 6.000
km de malha ferroviária. Quanto ao sistema metroviário, somente está presente nas
capitais, Recife e Fortaleza (CNT, 2009 (b)).
A infraestrutura aeroportuária é muito importante para a Região, pois nela há
diversos centros urbanos com vocação turística. Os aeroportos do Recife, Salvador,
101
Fortaleza e Natal operam voos internacionais regulares e recebem anualmente milhões
de turistas do país e do exterior (CNT, 2009 (b)).
6.2. Análise dos Critérios de Transporte e suas Variáveis
O Brasil é um país de dimensões continentais e possui um grande número de
áreas ainda não ocupadas. Esta característica demanda uma adaptação das metodologias
de referência encontradas, já que, a quantidade de áreas disponíveis para a implantação
de um projeto nuclear permite uma avaliação mais rígida e generalista dos critérios,
transformando critérios, até então, considerados de evitação em critérios de exclusão.
A avaliação de grandes extensões territoriais ocorre através de um estudo inicial
onde são avaliados os critérios de grande relevância para a atividade nuclear, como o
caso das fontes de água de refrigeração, essencial para o funcionamento de uma usina
nuclear. A exclusão de grandes áreas do território de interesse permite uma maior
precisão e detalhamento, necessários durante a avaliação de sítios para
empreendimentos nucleares.
Outro critério, este incluído na análise dos transportes, é a demografia regional.
A avaliação deste critério resulta na identificação de grandes áreas consideradas
impróprias para a instalação de uma central nuclear e, consequentemente, uma melhor
visualização daquelas com melhores condições de receberem o empreendimento.
Em seguida, são identificadas as áreas disponíveis e, então, inicia-se a busca por
dados pertinentes a avaliação dos critérios de transportes da região de interesse.
6.3. Coleta de Dados
Com o auxílio da ferramenta SIG, as áreas remanescentes serão identificadas e
mapeadas. A realização deste trabalho envolve uma extensa coleta de dados na base
pública de órgãos locais, regionais e federais e sua adequação à metodologia de análise
escolhida. A Tabela 6.1, abaixo, exemplifica alguns temas e seus dados necessários para
a análise dos critérios de transportes, assim como, suas fontes públicas de dados.
102
Tabela 6.1 - Temas e suas bases públicas de dados.
Tema Camada Escalas
Disponíveis
Principais Fontes de
Dados
Demografia
Regiões 1:1.000.000 IBGE
Estados 1:1.000.000 IBGE
Municípios Divisão política 1:250.000 IBGE
População 1:250.000 IBGE
Sedes municipais 1:50.000 IBGE
Áreas urbanas 1:50.000 Órgãos locais e regionais
IBGE
Transporte
Malha rodoviária 1:1.000.000 DNIT
Malha ferroviária 1:1.000.000 DNIT
Malha aquaviária
Eclusas 1:1.000.000 ANTAQ
Portos 1:1.000.000 ANTAQ
Terminais 1:1.000.000 ANTAQ
Hidrovias 1:1.000.000 ANTAQ
Relevo
Tipos de relevo 1:1.000.000 CPRM
Planimetria (curvas de nível) 1:250.000 Órgãos locais e regionais
1:125.000 IBGE
Altimetria (DTM)
1:1.000.000 Órgãos locais e regionais
1:250.000 IBGE
NASA
Pontos culminantes (picos, serras etc.) 1:250.000 IBGE
Hidrografia
Bacias hidrográficas 1:250.000 ANA
Rios (eixos) 1:250.000 ANA
Rios intermitentes (eixos) 1:250.000 ANA
Grandes rios (margem dupla) 1:250.000 ANA
Corpos d'água (margem dupla) 1:250.000 ANA
Linha de costa 1:250.000 IBGE
Aquíferos 1:250.000 ANA
Áreas alagáveis 1:250.000 IBGE
103
Energia
Usinas hidrelétricas (UHE) 1:10.000 ANEEL
ONS
Pequenas centrais hidrelétricas (PCH) 1:10.000 ANEEL
Linhas de transmissão 1:250.000 ANEEL
ONS
Clima Índice Pluviométrico - INMET
Imageamentos Imagens de satélite de baixa resolução
(Landsat etc.) 1:250.000
INPE
NASA
6.4. Construção de um Sistema de Informação Geográfica/ Entrada e Armazenamento de Dados
A manipulação e a transformação dos dados referentes à análise das localidades
de interesse ocorrerão em uma base digital e georreferenciada, através da utilização da
ferramenta Geographic Information System (GIS) ou Sistema de Informações
Geográficas (SIG).
Para o desenvolvimento e operação dessa base de dados será utilizado o software
ArcGIS Desktop 9.3, ferramenta de geoprocessamento consolidada mundialmente na
criação de Sistema de Informação Geográfica. Nesta interface digital, os dados podem
ser analisados sobre uma mesma base de representação espacial. Dessa maneira é
possível uma análise completa e detalhada da região de interesse, seguindo
criteriosamente as etapas de avaliação de sítios.
Estes dados foram organizados e agrupados em camadas temáticas, de acordo
com a necessidade analítica estabelecida para cada critério. As Figuras 6.2, 6.3, 6.4, 6.5,
6.6, 6.7, 6.8, 6.9, a seguir, mostram a organização em camadas destes dados com o
software ArcGIS Desktop 9.3.
Figura 6.2 - Camadas temáticas das fontes de água para refrigeração
104
Figura 6.3 - Camadas temáticas com as variáveis para a avaliação do critério “Demografia”
Figura 6.4 - Camadas temáticas com as variáveis para a avaliação do critério “Infraestrutura de
Transporte e Recursos Significativos”
105
Figura 6.5 - Camadas temáticas com as variáveis para a avaliação do critério “Rotas de
Transporte”
Figura 6.6 - Camadas temáticas com as variáveis para a avaliação do critério “Avaliação das Rotas
Aéreas”
106
Figura 6.7 - Camadas temáticas com as variáveis para a avaliação do critério “Segurança nos
Transportes”
107
Figura 6.8 - Camadas temáticas com as variáveis para a avaliação do critério “Planejamento de Emergências”
Figura 6.9 - Camadas temáticas com as variáveis da divisão política do Brasil
108
Seguindo a metodologia proposta e os padrões ideais de cada critério de
transporte analisado, a avaliação dos critérios transformou os dados obtidos em fontes
públicas em mapas georreferenciados para a identificação das áreas propícias a
instalação de uma central nuclear. Estes locais deverão ter área suficiente para a
instalação de empreendimentos nucleares de potência.
6.5. Visualização e Análise Geoespacial dos Critérios de Transporte
6.5.1. Critérios Essenciais
6.5.1.1. Fonte de Água para Refrigeração
Seguindo os preceitos traçados pelo documento da EPRI, serão inicialmente
identificadas as principais fontes de água para refrigeração na região nordeste do Brasil
e a partir da disponibilidade de desse recurso essencial para o funcionamento de um
empreendimento nuclear, será iniciado o processo de análise dos critérios de transporte.
Figura 6.10 - Fontes de água de Refrigeração no Nordeste Brasileiro
Como se pode ver na Figura 6.10, foram identificados no mapa o Oceano
Atlântico e os rios localizados na região Nordeste. Dentre estes, deve-se verificar a
109
capacidade de manutenção permanente do abastecimento de água para refrigeração de
uma central nuclear, que pode abrigar até seis reatores nucleares.
Nesta avaliação, são analisadas as características de suprimento da fonte de água
associadas as suas condições de baixo fluxo, resultantes de alocações para outros usos
ou devido a diminuição sazonal da vazão dos rios durante o período de operação do
empreendimento. Devem ser geradas hipóteses conservativas baseadas em projeções
oficiais de utilização da água.
Segundo EPRI (2002), a vazão da fonte de água para refrigeração necessária
para o resfriamento de um reator nuclear deve ser de 69, 399 m3/s, sendo que, deste
volume, apenas 10% é utilizado com este objetivo.
6.5.1.2. Critério Demografia
Em seguida, foi analisado o critério “demografia”, no qual se espera excluir
grandes áreas disponíveis da região Nordeste, aumentando o nível de detalhamento da
avaliação da área de interesse e gerando grupos menores de áreas candidatas. Este
critério está incluído na analise dos transportes, mas devido a sua característica
limitadora à implementação do empreendimento nuclear, sua análise foi realizada de
maneira prévia aos demais critérios.
Através dos valores de densidades demográfica, mostrados nas Figuras 6.11 e
6.12, pode-se notar a grande concentração populacional nas áreas litorâneas da Região
Nordeste do Brasil, o que inviabiliza grandes partes do litoral para instalação de uma
central nuclear.
Figura 6.11 - Densidade Demográfica do Brasil
Fonte: IBGE, 2011.
110
Figura 6.12 - Áreas de exclusão segundo a aplicação do critério demografia na Região Nordeste Fonte: IBGE, 2011.
A busca por áreas apropriadas na grande extensão da faixa litorânea nordestina é
questionável, e por sua vez, volta-se o olhar para a grande disponibilidade de Rios em
toda a região Nordeste. Foi abandonada a possibilidade de uso da água do Oceano
Atlântico como fonte para a refrigeração dos reatores nucleares.
111
6.5.1.3. Resultados
Após a sobreposição das áreas resultantes da aplicação destes dois critérios,
foram identificadas as áreas disponíveis na Região Nordeste. A partir destas áreas, foi
identificada uma área específica para a aplicação dos outros critérios com uma escala de
aproximação e um nível de detalhamento maior.
Foi escolhida a mesorregião do São Francisco Pernambucano que é uma das
cinco mesorregiões do estado brasileiro de Pernambuco sendo formada por duas
microrregiões e abrangendo 15 municípios, vide a Figura 6.13. A região tem as
melhores condições de vida segundo especialista do estado por conta da umidade do Rio
São Francisco.
Figura 6.13 - Mesorregião do São Francisco Pernambucano
A cidade de Petrolina é a capital regional dessa mesorregião, possuindo um
importante porto fluvial e um aeroporto internacional para exportações, é um polo
agroindustrial, financeiro e comercial. Esta região possui um posicionamento
estratégico, já que, se localiza no centro Sul do estado de Pernambuco, fazendo divisa
com os estados do Piauí, Bahia e Alagoas e sendo, em sua maior parte, abastecida pelo
Rio São Francisco, vide Figura 6.14.
112
Figura 6.14 - Municípios da Mesorregião do São Francisco Pernambucano
No trecho da abrangência da Mesorregião em estudo, o Rio São Francisco
apresenta uma vazão, referente a 95% da curva de permanência e confiabilidade,
suficiente para abastecer uma central com seis reatores nucleares, vide a Tabela 6.2.
Tabela 6.2 - Vazão do Rio São Francisco
Fonte: ANA, 2005.
Rio Município Curva de
Permanência Q95% (m3/s)
Período Quantidade de Usinas
São Francisco Petrolândia 1448 1977-1987 6
Belém de São Francisco 1449 1977-2006 6 Santa Maria da Boa Vista 1437 1977-2006 6
Nas proximidades estão localizadas o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso e
a Usina Hidrelétrica de Sobradinho, ambos localizados no Estado da Bahia e as margens
do Rio São Francisco, sendo estes, dois importantes centro de distribuição de energia
elétrica para o nordeste brasileiro.
No início da década de 70, inicia-se a construção da barragem de Sobradinho,
que forma o lago homônimo e desloca 70.000 pessoas, criando um grande processo de
migração dentro da área do Médio São Francisco, que vai ser aprofundado no período
seguinte, com a construção de novas barragens (MDA, 2010).
113
A Figura 6.15 mostra a linhas de transmissão de energia existentes nas
proximidades da região. Esta característica local favorece a instalação de uma central
nuclear devido à facilidade de distribuição da energia elétrica produzida e devido à
diminuição dos custos envolvidos no projeto.
Figura 6.15 - Mapa com a localização das linhas de transmissão no Estado de Pernambuco
Partindo desta região específica do Estado do Nordeste, a mesorregião do São
Francisco Pernambucano, será iniciada a aplicação dos critérios de transporte para
suporte à decisão da melhor localidade para a implantação de uma central nuclear.
A Figura 6.16, a seguir, exemplifica a utilização de fontes públicas de dados no
desenvolvimento do SIG para a análise dos critérios de Transporte. A partir do mapa
informativo do Estado de Pernambuco, disponibilizado pelo IBGE em seu website,
foram conseguidas informações valiosas para a aplicação da metodologia proposta.
O mapa disponibiliza informações sobre: topografia, rotas de transporte,
densidade populacional e infraestruturas importantes. Estes e outros dados de fontes
públicas abastecerão o Sistema de Informação Geográfica desenvolvido para a avalição
dos critérios de transporte das áreas de interesse.
115
6.5.2. Critérios de Transporte 6.5.2.1. Infraestrutura e Recursos Significativos
Figura 6.17 - Georreferenciamento das variáveis do critério infraestrutura e recursos significativos
Na análise deste critério, mostrada na Figura 6.17, foram identificadas diversas
variáveis de interesse estratégico na mesorregião do São Francisco Pernambucano, das
quais, algumas, como as estradas, ferrovias e linhas de transmissão de energia
favorecem a instalação de um empreendimento nuclear.
A presença de estradas e ferrovias permite o acesso à mão de obra e de matérias
primas e equipamentos. A existência de linhas de transmissão de energia favorece a
escolha dessa região devido à possibilidade de redução dos custos envolvidos no
projeto.
Essa avaliação também identificou áreas sensíveis à instalação de uma central
nuclear. Os aeroportos identificados no município pernambucano de Petrolina e na
cidade baiana de Paulo Afonso representam a infraestrutura de transportes estratégica
para a região, e por isso, a interrupção de suas atividades seria uma medida muito
difícil. Neste caso, serão buscados sítios distantes da área de influencia da atividade
aeroportuária regional.
116
6.5.2.2. Rotas de Transporte
Figura 6.18 - Georreferenciamento das variáveis do critério rotas de transporte
Figura 6.19 - Identificação das Rodovias localizadas na área de estudo
117
Figura 6.20 - Identificação das ferrovias localizadas na área de estudo
Figura 6.21 - Identificação das hidrovias localizadas na área de estudo
Na avaliação deste critério, mostrada nas Figuras 6.18, 6.19, 6.20, 6.21, foram
encontradas diversas vias de transporte local que poderiam ser utilizadas nas atividades
resultantes do empreendimento nuclear em suas diversas etapas.
118
Foram identificadas as seguintes estradas federais: BR-210, BR-116, BR-122,
BR-232, BR-235, BR-316, BR-407, BR-428. As seguintes estradas estaduais: PE-340,
PE-345, PE-355, PE-30, PE-374, PE-390, PE-422, PE-423, PE-460, PE-483, PE-555,
PE-630, PE-635. Todas estas estradas apresentam pista simples, fora do padrão
estabelecido para a acomodação e transporte das cargas especiais com peças de
dimensões específicas para a montagem da usina nuclear. Para a utilização dessa vias,
seria necessária a realização de obras de adequação e ampliação de suas capacidades.
Outra opção para o transporte seria o modal ferroviário. Através de uma
integração entre os modais ferroviário e hidroviário, podem-se ampliar as possibilidades
de interceptação da carga, através da integração com o Porto do Recife, capital do
Estado Pernambucano ou com o Porto de Suape, ambos, integrados com a rede
ferroviária do Estado.
A hidrovia do Rio São Francisco seria outra uma opção para o transporte destas
cargas especiais, necessitando apenas a construção de terminais para o recebimento e
distribuição destes equipamentos. A integração dos modais ferroviário e hidroviário
permitiria o transporte dos equipamentos desde portos marítimos ate o sítio nuclear da
Mesorregião do São Francisco Pernambucano.
Figura 6.22 - Intermodalidade de transportes na área do estudo de caso
119
Os portos de Aracaju, no Estado do Sergipe e o porto de Maceió, no estado de
Alagoas estão localizados próximos à rede ferroviária local, que poderia ser utilizada no
transporte dos equipamentos até terminais de embarque instalados no Rio São
Francisco, uma hidrovia capaz de acomodar o deslocamento de tais equipamentos até a
mesorregião do São Francisco Pernambucano.
A Figura 6.22 destaca os trajetos para o transporte destes equipamentos,
assumindo que tais peças chegariam ao país via transporte marítimo, com desembarque
em um terminal portuário.
As áreas destacadas 1, 2, 3 e 4 mostram a possível intermodalidade entre os
transportes marítimo e ferroviário, através da ligação entre os portos dos Estados de
Sergipe, Alagoas e Pernambuco com a rede já instalada de transporte por trens. A área
5, mostra que o cruzamento da linha férrea com o rio São Francisco permite a utilização
da integração entre os trens e embarcações para o deslocamento dos equipamentos via
rede hidroviária.
As áreas 6, 10, 11 e 12 mostram a proximidade entre a Ferrovia Transnordestina
e as rodovias já existentes na Mesorregião. A integração através do uso da malha
rodoviária demandaria investimentos e melhorias na infraestrutura das estradas, já que,
um dos fatores identificados para tal transporte seria o uso de rodovias com pistas
duplas. Estes investimentos podem ser menores, caso, se opte pela integração, já que a
necessidade de deslocamento por rodovia diminuiria com o transporte via rede
ferroviária ou pela hidrovia do São Francisco.
As áreas 7, 8 e 9 mostram localidades próximas ao leito do Rio conectadas a
rodovias. Esta proximidade é um fator de extrema importância para o processo de
instalação de uma central nuclear, já que diminuiria a distância necessária para o
bombeamento da água utilizada na refrigeração dos reatores. Dessa maneira, reforça-se
a grande vantagem do sítio estar próximo ao leito do rio São Francisco.
Segundo a análise deste critério, as regiões 7, 8 e 9 são as que apresentam
melhores condições para a instalação de uma usina nuclear devido à existência de vias
de transporte integradas nas suas proximidades e pela proximidade a fonte de
abastecimento de água.
120
6.5.2.3. Avaliação das Rotas Aéreas
Na análise deste critério foram identificados dois aeroportos de voos regulares;
um localizado na área de estudo, o aeroporto de Petrolina e, outro, localizado no estado
da Bahia, o aeroporto de Paulo Afonso, localizado próximo à mesorregião do São
Francisco Pernambucano, assim como mostra a Figura 6.23.
Figura 6.23 - Localização dos aeroportos na área do estudo de caso
Foram estabelecidos dois perímetros de segurança de 16 km a partir da
localização dos aeroportos encontrados, vide Figura 6.24. Essas áreas, por apresentarem
interesse estratégico para as atividades de transporte e para o desenvolvimento regional,
foram preservadas e tiveram sua atividade assegurada com esse afastamento, em caso de
acidente na central nuclear.
Esta área de evitação com 16 km também garante a central nuclear segurança
para seu funcionamento, já que as atividades de pouso e decolagem, que oferecem um
risco de impacto as áreas vizinhas ao aeroporto, ocorrerão em locais distantes do
possível sítio nuclear.
121
Figura 6.24 - Perímetro de segurança dos aeroportos na área do estudo de caso
A Figura 6.25 mostra o trajeto das rotas de voo que chegam e partem dos
aeroportos de Petrolina (PE) e de Paulo Afonso (BA).
Figura 6.25 - Posicionamento geográfico das rotas aéreas com deslocamento sobre a área do estudo
de caso
122
Figura 6.26 - Perímetro de segurança a partir da localização das rotas aéreas na área do estudo de
caso
A partir do traçado das rotas de voo com deslocamento sobre a área do estudo de
caso, foi criado um perímetro de segurança com raio de 10 km, onde não poderia ser
instalado o empreendimento nuclear. Assim como mostra a Figura 6.26, estas áreas
foram destacadas e excluídas do processo de análise da mesorregião para a escolha de
um novo sítio nuclear.
Foram excluídas grandes porções dos municípios de Petrolina, Lagoa Grande,
Floresta, Petrolândia, Jatobá e Tacaratu.
123
6.5.2.4. Segurança nos Transportes
Figura 6.27 - Índice Pluviométrico: média anual de precipitação na área do estudo de caso
A média anual de chuvas da região da mesorregião do São Francisco ficou entre
300 e 1220 mm, vide a Figura 6.27. Segundo INMET (2011), durante um período do
ano, as chuvas se intensificam, podendo resultar na ocorrência de fatores impeditórios
para o deslocamento em vias de transporte local. A Figura 6.28, fornecida pelo INMET,
mostra a área do estudo de caso, nos meses entre maio e julho, sendo caracterizada
como muito chuvosa.
Figura 6.28 - Precipitação trimestral brasileira (maio a julho de 2011).
Fonte: INMET, 2011
124
A região do estudo de caso apresenta um período de chuva intensa e por isso,
deve-se observar características físicas locais que possam influenciar em quedas de
barreiras e enchentes. O critério “planejamento de emergência” irá analisar as condições
de relevo e características do solo locais, capazes de identificar áreas sensíveis a grandes
quantidades de chuvas.
A análise da velocidade dos ventos busca identificar possíveis eventos
meteorológicos com capacidade de impedir o transporte local e provocar acidentes na
área do estudo de caso. Na região nordeste do Brasil, não se identificou a alta
velocidade de ventos, assim como mostra a Figura 6.29.
Figura 6.29 – Velocidade média dos ventos na área do estudo de caso
A Figura 6.30 mostra que também não foram identificadas temperaturas
características de formação de geadas ou neve na área de estudo. Estas características
locais podem causar acidentes e ou, impedir o transporte pelas vias de transportes
locais. No caso das estradas com o risco de acidentes causados por derrapagem e nas
hidrovias através do congelamento de suas águas.
126
6.5.2.5. Planejamento de Emergências
6.5.2.5.a. Análise da Dinâmica Ambiental Fisiográfica
A avaliação deste critério busca analisar as variáveis capazes de oferecerem
risco ao processo de evacuação emergencial da população, necessário em caso de
emergência nuclear.
A análise da dinâmica ambiental fisiográfica analisou apenas duas variáveis, das
muitas capazes de caracterizar uma localidade como sendo de risco, para evitar as áreas
com possibilidade de sofrerem com quedas de barreiras e interrupção do tráfego local.
Foram analisadas a declividade e a topografia da Mesorregião do São Francisco
Pernambucano.
A variável declividade, vide as Figuras 6.31, 6.32, 6.33 e 6.34, mostra que a
região do estudo de caso apresenta, em sua maior parte, áreas planas, com declividade
de 0 a 3% apenas. Em alguns municípios foram encontradas áreas com declividade
acentuada, ou escarpada. Na avaliação das áreas para a instalação do empreendimento
nuclear, foram excluídas as áreas com declividade diferente da plana, ou seja, com
declividade acima de 3%.
Figura 6.31 - Declividade da área do estudo de caso
127
Figura 6.32 - Declividade nos municípios de Afrânio, Dormentes, Petrolina, Lagoa Grande e Santa
Maria da Boa Vista
Figura 6.33 - Declividade nos municípios de Lagoa Grande , Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Cabrobó, Terra Nova, Belém de São Francisco, Carnaubeira da Penha, Itacuruba e Floresta
128
Figura 6.34 - Declividade nos municípios de Belém de São Francisco, Carnaubeira da Penha,
Itacuruba, Floresta, Petrolândia, Tacaratu e Jatobá
A análise topográfica da área de estudo, mostrada na Figura 6.35, privilegiou os
locais de menor altitude. Percebe-se que nas margens do rio São Francisco encontram-
se algumas áreas com topografia mínima, ideais para a instalação da usina nuclear.
Figura 6.35 - Topografia da área do estudo de caso
129
O Rio é caracterizado por formações rochosas em seu leito, também chamadas
de cânions e, estas áreas não foram consideradas ideais na análise. Também foram
localizadas regiões com topografia acentuada, mais distantes do leito do rio e
desconsideradas como áreas favoráveis a instalação do empreendimento nuclear.
Os municípios com relevo baixo, condição considerada ideal para a execução do
plano de emergência local, foram Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Belém do São
Francisco, Itacuruba Floresta, Petrolândia e Jatobá, vide a Figura 6.36.
Figura 6.36 - Área de relevo plano na área do estudo de caso
6.5.2.5.b. Fatores Climáticos
A análise dos fatores climáticos realizada, anteriormente, no item , demonstrou
que o grande volume de chuvas entre os meses de maio e de julho associado às
condições da dinâmica ambiental fisiográfica da área de estudo, podem resultar em
eventos capazes de interromper o fluxo de veículos e pessoas nesta região.
Para evitar este tipo de ocorrência, se optou por evitar as áreas considerando as
variáveis declividade e topografia demonstradas no item anterior.
130
6.5.2.5.c. Densidade Demográfica
A análise do adensamento populacional na área do estudo de caso permite que se
evite as áreas capazes de gerar uma maior demanda por transportes em casos de eventos
acidentais. O processo de evacuação em massa resultante de um acidente nuclear se
utiliza dos meios de transportes locais e de suas vias para o deslocamento da população
para áreas seguras.
Foram utilizadas como referência as distâncias mínimas para a implementação
de um empreendimento nuclear relativas a proximidade de segurança para cada faixa de
densidade demográfica, assim como, citado, anteriormente, na dissertação. A partir das
sedes municipais foram criadas as áreas de exclusão. Na mesorregião do São Francisco
Pernambucano foram identificadas três faixas populacionais:
• Até 25.000 habitantes, com os municípios de Afrânio, Dormentes, Lagoa
Grande, Orocó, Terra Nova, Belém do São Francisco, Carnaubeira da Penha,
Belém do São Francisco, Itacuruba, Floresta, Petrolândia, Jatobá e Tacaratú;
• De 25.000 a 100.000 habitantes, com os municípios de Santa Maria da Boa
Vista e Cabrobó;
• De 100.001 a 500.000 habitantes, representado pelo município de Petrolina.
A Figura 6.37 mostra estas áreas de exclusão, que deverão ser desconsideradas
na avaliação das regiões para um novo sítio nuclear.
Figura 6.37 - Áreas de exclusão segundo o critério da densidade demográfica
131
6.6. Resultados 6.6.1. Identificação das Áreas com Potencial para a Instalação de uma Central
Nuclear Segundo a Avaliação dos Critérios de Transporte
O cruzamento dos dados e suas variáveis através da interpolação das camadas
temáticas mostraram as áreas que, segundo a avaliação dos critérios de transportes,
apresentam melhores condições de receberem um empreendimento nuclear.
A Figura 6.38 mostra a primeira etapa desta fase de exclusão, onde as áreas
identificadas como não aptas segundo a avaliação dos critérios, “demografia” e
“avaliação das rotas aéreas” foram excluídas da área do estudo de caso.
Figura 6.38 - Áreas disponíveis após a primeira etapa de exclusão
Em seguida, tendo como base a área resultante da primeira etapa de exclusão, foi
identificada a área considerada apta segundo a análise do critério “planejamento de
emergências”. A avaliação deste critério identificou as áreas de relevo plano como as
mais favoráveis para a instalação do empreendimento nuclear e por isso, áreas com
relevo diferente de plano, foram excluídas da área resultante da primeira etapa de
exclusão, assim como mostra a Figura 6.39, a seguir.
132
Figura 6.39 - Áreas disponíveis após a segunda etapa de exclusão
A partir da exclusão das áreas consideradas não aptas ou não ideais, e pela
avaliação das características identificadas na Mesorregião do São Francisco, foram
identificadas áreas para a instalação da central nuclear nordestina em nove municípios:
Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Cabrobó, Belém do São Francisco, Itacuruba,
Floresta, Petrolândia, Jatobá e Tacaratú, vide a figura (x) mostrada anteriormente.
Decidiu-se privilegiar as áreas com acesso direto ao leito do Rio São Francisco
e, por isso, as áreas dos municípios Jatobá e Itacaratú foram abandonadas e
desconsideradas para a instalação do empreendimento.
Foram observadas novamente as características de declividade, dessa vez,
apenas nas localidades restantes, sendo privilegiadas aquelas com maiores proporções
de áreas com declividade entre 0 e 3%, áreas com menores possibilidades de
interferências ao deslocamento. A Figura 6.40 mostra esta análise a seguir.
133
Figura 6.40 - Análise da declividade nas áreas disponíveis após a segunda etapa de exclusão
As áreas candidatas dos municípios Floresta e Petrolândia foram identificadas
como sendo predominantemente formados por relevo “suave ondulado” e “ondulado” e
por isso foram excluídos do processo de avaliação para a seleção de novos sítios
nucleares.
Dentre as áreas restantes, existem aquelas com melhores condições de receberem
a instalação do empreendimento, segundo a avaliação dos critérios de transportes.
Quando analisadas as facilidades de integração modal dos transportes em cada um
destes municípios, alguns se mostram em melhores condições. Os municípios de Santa
Maria da Boa Vista, Oricó, Cabrobó e Belém do São Francisco, se encontram mais
próximos da rede ferroviária Transnordestina e, por isso, podem, mais facilmente, se
comunicar com fontes de matérias primas, mão de obra e diminuir os custos envolvidos
nos transportes de seus equipamentos.
A partir desta etapa o refinamento na análise dos dados será o fator determinante
para a seleção de um sítio nuclear na Mesorregião do São Francisco. A aquisição de
imagens de satélite com alta definição permite uma análise em escala mais aproximada
e, por consequência, o confrontamento dos dados já obtidos em bases públicas
disponíveis e a realizações de correções quando necessárias.
134
Este estudo de caso, inicialmente focado em avaliar áreas com melhores
condições para a instalação de uma central nuclear, a primeira em planejamento para a
região Nordeste do Brasil, encontrou três áreas para tal finalidade no Estado de
Pernambuco. Estas áreas serão chamadas pelos nomes dos seus respectivos municípios
de origem, vide a Figura 6.41, a seguir:
Figura 6.41 - Imagem de satélite das áreas candidatas
Nota-se que mesmo com a utilização de imagens de satélite, a investigação deve
ser concluída com a visita a localidade e um conhecimento maior das características
específicas de cada região.
A tarefa de identificar áreas favoráveis para a instalação de uma central nuclear
na região nordeste foi atendida à medida que identificou quatro municípios com essa
possibilidade e eles são, Santa Maria da Boa Vista, vide Figura 6.42, Orocó, vide Figura
6.43, e Belém de São Francisco e Itacuruba, vide Figura 6.44.
135
Figura 6.42 - Imagem de satélite das áreas candidatas do município Santa Maria da Boa Vista
Figura 6.43 - Imagem de satélite das áreas candidatas do município Orocó
136
Figura 6.44 - Imagem de satélite das áreas candidatas dos municípios Belém de São Francisco e
Itacuruba
6.7 Discussão
As metodologias existentes para a seleção de sítios nucleares buscam, em geral,
facilitar o processo de instalação dos reatores em uma localidade. Através de uma
análise criteriosa das variáveis socioambientais e econômicas envolvidas no
desenvolvimento e funcionamento de uma planta nuclear tais metodologias buscam
alcançar o menor impacto ambiental com o menor desgaste social possível.
A atividade nuclear ainda é recebida pela população com rejeição e, por isso, o
trabalho prévio de preparação e planejamento do empreendimento torna-se objeto de
estudo dos planejadores que, cada vez mais, desenvolvem conteúdos específicos de
referência, como os utilizados para esta dissertação.
Através de uma análise conservadora e, em muitos casos, generalista dos
critérios e suas variáveis, consegue-se excluir grandes áreas do processo de seleção,
concentrando a atenção nas localidades com características mais favoráveis, segundo a
metodologia proposta, para a instalação de uma central nuclear.
O conjunto de informações referentes as variáveis identificadas para avaliação
dos critérios de transporte foi coletado em bases públicas de dados e a extensão da
137
análise de cada critério foi limitada pela disponibilidade e acuracidade de suas fontes de
pesquisa.
Ao iniciar o processo de escolha das áreas para a instalação de um sítio nuclear,
percebe-se que a análise refinada, com alto nível de detalhamento dos dados, não seria
eficiente ou sequer mostraria o resultado esperado.
O número de municípios a serem caracterizados com tal nível de detalhamento
faria com que a realização desta atividade se estendesse por um longo período. No caso
de uma atividade sem a limitação de banco de dados, como a proposta desta dissertação,
o resultado seria o aumento do custo e a utilização de mais mão de obra.
Logo foi introduzido um critério considerado de alta relevância para a instalação
e funcionamento de uma usina nuclear e que limitaria as porções disponíveis da área de
interesse. A identificação de fontes de água para refrigeração dos reatores nucleares não
esta relacionada a avaliação dos critérios de transporte mas, sua identificação se fez
necessária para que se aumentasse o nível de detalhamento através da redução da escala
de estudo.
Na sequencia, foi analisado outro critério que reduziria ainda mais as áreas
disponíveis da região de interesse. A caracterização das densidades demográficas de
cada município faz parte da avaliação dos critérios de transporte e possibilitou que
fossem identificadas regiões menores para dar continuidade a avaliação dos transportes.
Com a adaptação das metodologias de referencias para a aplicação em um
estudo de caso no Brasil, especificamente na Região Nordeste do país, percebeu-se que
a disponibilidade de informações e um banco de dados público eficiente e atualizados
seria um grande desafio e limitação para a realização da atividade.
Outro fator limitador é a necessidade de buscar informações e gerar respostas
conclusivas nas mais diversas áreas de conhecimento. Um exemplo disso é a análise do
critério que identifica as rotas de transporte. Nas metodologias de referência esse
critério objetivava a identificação desta infraestrutura existente e, nos casos em que ela
fosse insuficiente ou até mesmo, inexistente, era proposto o cálculo dos custos relativos
a sua construção.
Para a aplicação no estudo de caso aqui proposto, esse critério foi limitado a
apenas identificar e georreferenciar a infraestrutura de transportes existente na área do
estudo de caso e em seu perímetro geopolítico.
O critério que busca o entendimento dos fatores relacionados a um planejamento
de emergências também inclui em sua análise a demanda por conhecimento em áreas
138
específicas do conhecimento. Em uma aplicação da metodologia sem limitações de
fontes de dados e recursos, o uso da consultoria de especialistas seria de grande valia
para uma análise mais completa de questões como características geológicas e
geomorfológicas da localidade, por exemplo.
Para este estudo de caso, foram escolhidas as variáveis que permitissem a
realização de uma análise mais simplificada, porém, eficiente dos fatores
caracterizadores do critério.
Em muitos casos, a avaliação dos critérios de transportes e suas variáveis
demanda a criação de um banco de dados complexo e uma abordagem mais ampla de
cada critério. Alguns critérios demandam um nível de refinamento das informações não
atendido com o acesso ao banco de dados pré-existente. Algumas características locais
dos municípios como, dados do sistema de transportes e as características e condições
de suas vias de deslocamento não foram encontradas em bases públicas de informações.
Por isso, em alguns casos, a análise dos critérios foi reduzida.
Uma análise integrada das variáveis que caracterizam os critérios de transportes
auxilia o processo de decisão e a identificação das áreas com as melhores condições
para receberem o empreendimento nuclear. A eficiência desta análise integrada se deve,
em grande parte, a utilização e desenvolvimento de um sistema de informação
geográfica, ferramenta de estudo que permite a catalogação e o armazenamento dos
dados de maneira georreferenciada e em meio digital.
A possibilidade da visualização destes dados em camadas sobrepostas permite
ao planejador identificar as áreas livres de possíveis fatores de risco e condições não
favoráveis a instalação da usina nuclear, assim como, analisar as áreas disponíveis para
o desenvolvimento do seu projeto.
A escolha definitiva do novo sítio nuclear depende de uma análise em loco, que
incluiria uma visita ao município para a avaliação de suas reais condições. As
informações disponibilizadas pelas bases de dados públicas e utilizadas nesta pesquisa,
premissa para a realização do estudo de caso, devem ser confrontadas com a realidade
das condições locais.
Entende-se que a força política aplicada no processo seletivo poderia favorecer a
escolha de áreas desprezadas durante a aplicação da metodologia proposta nessa
dissertação. A atividade dos transportes está diretamente relacionada ao investimento
público em infraestrutura. Por isso, condições, estabelecidas através da análise dos
dados obtidos em bases públicas, como não favoráveis ou de exclusão, poderiam ser
139
minimizadas ou inseridas em um plano de investimentos pertinentes ao favorecimento
de uma área específica e de interesse estratégico para receber o empreendimento
nuclear.
Em geral, se analisada a área inicial do estudo de caso, a região Nordeste do
Brasil, a aplicação da metodologia proposta nesta dissertação alcançou uma escala
bastante aproximada de análise ao se identificar áreas favoráveis a instalação de uma
central nuclear em quatro municípios do Estado de Pernambuco.
140
Capítulo VII. Conclusões e Propostas para Trabalhos Futuros
7.1. Conclusões
• A revisão bibliográfica das metodologias para seleção de sítios nucleares
mostrou que não existe uma método específico para a avaliação dos
transportes no processo de escolha de uma localidade.
• A metodologia americana para avaliação e seleção de sítios nucleares foi
aquela que apresentou um modelo de avaliação mais aproximado ao
utilizado na realização do estudo de caso para esta dissertação, introduzindo
o uso de um Sistema de Informações Geográficas na análise.
• Os critérios de transportes identificados, em alguns casos, não estão
explicitamente relacionados à atividade dos transportes, mas sim, a fatores e
variáveis com influência direta na execução de suas atividades.
• Alguns critérios não obtiveram um bom resultado de análise na transposição
para a realidade brasileira, já que, as variáveis que caracterizavam a
avaliação em seus respectivos países não eram fatores de influência
relevantes na área de estudo de caso, e em alguns casos, no Brasil.
• Fatores climáticos se mostraram limitados quando transpostos para a
realidade brasileira. O fator climático de maior influência para a análise de
áreas candidatas em nosso território foi o índice pluviométrico ou a média
anula de chuvas.
• A intermodalidade foi utilizada como um recurso de validação para a
atividade de transportes de cargas e equipamentos da atividade nuclear, já
que, a limitação nas condições das vias existentes reduziria a disponibilidade
de diversas localidades da área do estudo de caso.
141
• A definição do traçado das rotas aéreas com passagem pela região do estudo
de caso foi baseada em dados disponibilizados pela Comissão Nacional dos
Transportes (CNT). Sabe-se que a manutenção de um traçado retilíneo, como
aquele projetado no estudo de caso, não pode ser garantido como uma
informação de alta acuracidade e, por isso, esta análise pode excluir áreas
fora da área de influência da rota de voo local.
• A transposição das variáveis para a análise dos transportes em áreas de
exclusão, utilizando-se de formas geométricas para a representação
geoespacial, é uma generalização das características locais e é uma forma
conservadora de se selecionar áreas seguras para a instalação de uma central
nuclear.
• A análise geoespacial da região de interesse permite que sejam excluídas
grandes áreas disponíveis sem que sejam necessários investimentos maiores
em estudo locais, como visitas ao campo, por exemplo. Consegue-se uma
diminuição da escala de estudo através do georreferenciamento dos dados
limitadores a atividade nuclear, como os critérios demografia e a
disponibilidade de água para refrigeração dos reatores.
• Percebe-se que a análise dos critérios de transportes é uma ferramenta
melhor aproveitada em escalas mais aproximadas da avaliação e, por isso,
esta análise deveria complementar a análise de outros critérios para a seleção
de sítios nucleares em etapas finais, onde áreas candidatas já estivessem pré-
selecionadas.
• A utilização de imagens de satélite auxilia no confrontamento dos dados
georreferenciados disponibilizadas em bases de dados públicas. Notou-se,
em alguns casos, uma desatualização dos dados quando estes foram
sobrepostos ás imagens de satélite.
• O estudo de caso realizado na Mesorregião do São Francisco Pernambucano
encontro áreas com alta potencialidade de receberem o primeiro
empreendimento nuclear da região Nordeste do Brasil. Para a escolha final
142
de um novo sítio nuclear seria necessária uma visita a campo para uma
identificação e o recolhimento de maiores informações não disponibilizadas
em base pública de dados.
7.2. Propostas para Trabalhos Futuros
As análises e discussões resultantes desta proposta metodológica para a
avaliação de novos sítios nucleares com a análise de critérios de transporte permitem
que sejam formuladas novas propostas de estudo possibilitando um aprofundamento das
questões, sendo alcançados resultados mais precisos nesta escolha.
As propostas para a continuidade desta pesquisa são apresentadas a seguir:
1) Realizar uma pesquisa de campo nas localidades identificadas a partir da
metodologia proposta nesta dissertação para o reconhecimento da área e a
identificação de características locais não obtidas em bases de dados
públicas.
2) Desenvolver e aplicar um modelo para a organização e operação dos dados
de maneira que se alcance uma ordenação dos territórios disponíveis para
orientar o investigador em seu processo de seleção.
3) Avaliar os critérios de seleção, fatores influenciadores na localização, com
valores relativos aos graus de importância pré-estabelecidos por experts ou
consultores especializados.
4) Aplicar uma técnica para apoio à decisão em ambientes de incerteza. A
utilização do método fuzzy ou lógica fuzzy permitiria que fossem obtidas
informações mais aproximadas e significantes para a tomada de decisão, já
que faz parte de uma área de pesquisa e uma família de modelos
matemáticos dedicados ao tratamento da incerteza. Esta lógica, ao invés de
permitir somente dois valores lógicos [FALSO (0) e o VERDADEIRO (1);
NÃO APTO (0) e APTO (1)], permite uma gama infinita de valores de
pertinência compreendidos entre os graus mínimo e máximo da
aceitabilidade. Características verificadas nos SIG podem levar à utilização
143
dos conjuntos fuzzy como uma forma de representação da incerteza contida
na informação coletada. A utilização dos conjuntos fuzzy, como em banco de
dados fuzzy, objetos geográficos fuzzy e em outras áreas de desenvolvimento
vem sendo exploradas para solucionar problemas não somente a
representação da informação geográfica, como também o gerenciamento,
acesso e modelagem de tal informação. Quanto mais complexo se mostra o
SIG, melhor o desempenho dos métodos baseados na lógica fuzzy na
abordagem da solução dos problemas.
5) Desenvolver um mapa com a graduação da oferta pelo fator “localização”
expresso em valores ou notas interpretadas em níveis ou faixas de
classificação.
144
Capítulo VIII. Referências Bibliográficas
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Águas (ANA). Disponível em:
http://hidroweb.ana.gov.br/HidroWeb.asp?TocItem=1080&TipoReg=7&MostraCon=fal
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Acesso em: 16 de março de 2009.
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