UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CURSO DE PÓS ... Argenti Alv… · microrganismos Gram...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA
Sarah Argenti Alvarenga
PERFIL DE SUSCEPTIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS DA
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DO HOSPITAL SÃO LUIZ NA CIDADE
DE CÁCERES-MT.
Orientador: Profa. Dra. Inês Stranieri
Cáceres-MT
2016
Sarah Argenti Alvarenga
PERFIL DE SUSCEPTIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS DA
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DO HOSPITAL SÃO LUIZ NA CIDADE
DE CÁCERES-MT.
Monografia apresentado para o
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em
Microbiologia, oferecido pela
Universidade Federal de Mato Grosso
Cuiabá – MT, sob orientação da Profa.
Dra. Inês Stranieri como requisito parcial
para obtenção do título Especialista
em Microbiologia.
M
T
Cáceres-MT
2016
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,
PARAFINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATOGRÁFICA
Prevalência dos microrganismos identificados por culturas e seu perfil de sensibilidade
por topografia dos pacientes da Unidade de Terapia Intensiva adulto do Hospital São
Luiz na cidade de Cáceres-MT no período de 12 meses (julho/2015 a julho/2016).
Monografia para o Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Microbiologia, oferecido pela
Universidade Federal de Mato Grosso Cuiabá – MT, sob orientação da Prof. Dra. Inês Stranieri como
requisito parcial para obtenção do título Especialista em Microbiologia.
Dedico este trabalho primeiramente meu Deus,
pela saúde, sabedoria e paciência.
A minha família por todo apoio, incentivo e por
terem sonhado junto comigo
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por todas as conquistas que me proporciona.
Agradeço a todos que contribuíram para construção do que eu sou hoje.
À minha família, que de forma direta ou indireta contribuíram para a conclusão
de mais uma etapa em minha vida.
A todos os funcionários do Hospital São Luiz e do Laboratório São Matheus
pelo apoio e prontidão em colaborar com a pesquisa.
À Prof. Dra. Inês Stranieri - pela orientação e principalmente pelo incentivo,
apoio, confiança e conhecimento, ingredientes que possibilitaram a realização deste
trabalho.
A todos os professores pelo conhecimento transmitido.
Resumo em Português
Resumo: A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é constantemente desafiada por
infecções relacionadas a procedimentos invasivos, que resultam no aumento da
morbimortalidade, no tempo de internação e dos custos. Por isso verificamos que na
UTI ocorre a maior incidência de bactérias que possuem mecanismos de resistência aos
antibióticos comumente utilizados no tratamento desses pacientes (ANVISA, 2006).
Nosso estudo tem por objetivo levantar a prevalência dos microrganismos identificados
por culturas e seu perfil de sensibilidade aos antimicrobianos por topografia dos
pacientes da Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital São Luiz no período de
Junho de 2015 a Junho de 2016. Método: as bactérias são identificadas através de
equipamentos automatizados sendo o BACTEC 9050 para as hemoculturas e para as
demais culturas usa-se o BD Phoenex, o teste de sensibilidade foi realizado no BD
Phoenix através da concentração inibitória mínima. Durante o mês de setembro foram
analisadas 256 culturas no período de estudo, 99 deles tiveram resultados positivos. As
culturas positivas foram separados pela Coloração de Gram e topografia e pelo perfil de
sensibilidade aos antimicrobianos. Resultados: Foram analisadas 256 amostras
biológicas, destas 99 foram positivas (38,67%). As infecções urinárias foram mais
prevalentes 62,62% seguida da infecção da corrente sanguínea 22,22% e das vias
respiratórias 10,10%, as outras culturas representam somente 5,05%. Os
microrganismos Gram negativos foram os mais isolados. Staphylococcus aureus foi o
microrganismo prevalente (36,36%) nas hemoculturas, seguido por Eschirichia coli
(22,72%) e Staphylococcus haemolyticus (18,18%). A resistência aos antibióticos foi de
25% para Oxacilina e 60% para as cefalosporinas de 3° e 4° geração. Nas uroculturas a
Eschirichia coli foi o microrganismo mais isolado (37,09%), seguido por Candida spp
(24,19%) e Klebisiela pneumonaie (17,74%). A resistência das E.coli e da Klebisiela
pneumonaie foi de 43,47% e 100%, respectivamente para as cefalosporinas de 3° e 4°
geração, ambas as bactérias foram sensíveis a carbapenêmicos. Os aspirado traqueal
teve a Pseudomonas aeruginosa como microrganismo mais frequente apresentando
resistência de 33,33% a cefalosporinas de 3° e 4° geração e resistência de 16,66% aos
carbapenêmicos. Conclusão: o estudo demonstrou que o as bactérias Gram negativas
são isoladas com maior frequência na UTI, sendo a E. coli o microrganismo de maior
incidência nas uroculturas com resistência de 43,47% as cefalosporinas de 3° e 4°
geração sendo que esta classe de antimicrobianos ainda representa uma alternativa para
esquema inicial de tratamento.
Palavras Chaves: perfil de sensibilidade, bactérias, culturas e Unidade de Terapia
Intensiva.
Resumo em Inglês
Resume: The Intensive Care Unit (ICU) is a place that is constantly challenged by
infections related to invasive procedures, which result in increased morbidity and
mortality, length of hospitalization and costs. Therefore, we verified that in the ICU
there is a higher incidence of bacteria that have mechanisms of resistance to the
antibiotics commonly used in the treatment of these patients (ANVISA, 2006). The
present study aims to study the prevalence of microorganisms identified by cultures and
their antimicrobial susceptibility profile by topography of patients from the Adult
Intensive Care Unit of the São Luiz Hospital from June 2015 to June 2016. Method:
The blood cultures are identified by the apparatus by BACTEC 9050 and for other
cultures BD Phoenex is used. The antimicrobial susceptibility test is also performed on
this equipment through the minimum inhibitory concentration. During the month of
September, 256 cultures were analyzed in the study period, 99 of them had positive
results. Positive cultures were separated by Gram staining and topography and
antimicrobial susceptibility profile. Results: 256 biological samples were analyzed, of
which 99 were positive (38.67%). Urinary infections were more prevalent 62.62%
followed by bloodstream infection 22.22% and respiratory tract 10.10%; other cultures
represented only 5.05%. Gram negative microorganisms were the most isolated.
Staphylococcus aureus was the predominant microorganism (36.36%) in blood cultures,
followed by Eschirichia coli (22.72%) and Staphylococcus haemolyticus (18.18%).
Resistance to antibiotics was 25% for oxacillin and 60% for cephalosporins of 3rd and
4th generation. Eschirichia coli was the most isolated microorganism (37.09%),
followed by Candida spp (24.19%) and Klebisiela pneumonae (17.74%). The resistance
of E.coli and Klebisiela pneumonae was 43.47% and 100% respectively for the 3rd and
4th generation cephalosporins, both bacteria were sensitive to carbapenems. The
tracheal aspirate had Pseudomonas aeruginosa as the most frequent microorganism
presenting resistance of 33.33% to cephalosporins of 3rd and 4th generation and
resistance of 16.66% to carbapenems. Conclusion: the study demonstrated that Gram
negative bacteria are more frequently isolated in the ICU, with E. coli being the
microorganism with the highest incidence in urocultures with resistance of 43.47%, the
3rd and 4th generation cephalosporins, Class of antimicrobials still represents an
alternative to initial treatment regimen.
Keywords: sensitivity profile, bacteria, cultures and Intensive Care Unit.
Lista de figuras
Gráfico 01 - Percentual das culturas positivas realizadas nos pacientes da UTI adulto do Hospital São
Luiz no período de 01 julho de 2015 a 01 de julho de 2016 quanto a sua coloração de gram.
Gráfico 02 - Percentual das culturas positivas realizadas nos pacientes da UTI adulto do Hospital São
Luiz no período de 01 julho de 2015 a 01 de julho de 2016 quanto a sua coloração a sua topografia.
Lista de tabelas
Tabela 01 – Microrganismos isolados nas uroculturas realizadas nos pacientes da UTI adulto do Hospital
São Luiz no período de 01 julho de 2015 a 01 de julho de 2016.
Tabela 03 – Perfil de sensibilidade dos antibióticos testados nos microrganismos prevalentes isolados nas
uroculturas realizadas nos pacientes da UTI adulto do Hospital São Luiz no período de 01 julho de 2015 a
01 de julho de 2016.
Tabela 03 – Microrganismos isolados nas hemoculturas realizadas nos pacientes da UTI adulto do
Hospital São Luiz no período de 01 julho de 2015 a 01 de julho de 2016.
Tabela 04 – Perfil de sensibilidade dos antibióticos testados nas hemoculturas realizadas nos pacientes da
UTI adulto do Hospital São Luiz no período de 01 julho de 2015 a 01 de julho de 2016.
Tabela 05 – Microrganismos isolados em aspirado traqueal realizadas nos pacientes da UTI adulto do
Hospital São Luiz no período de 01 julho de 2015 a 01 de julho de 2016.
Tabela 06 – Perfil de sensibilidade dos antibióticos testados nos microrganismos prevalentes isolados em
aspirado traqueal realizadas nos pacientes da UTI adulto do Hospital São Luiz no período de 01 julho de
2015 a 01 de julho de 2016.
Lista de abreviaturas e siglas
ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
CMCI – Comissão Municipal de Controle de Infecção Hospitalar
EPI – Equipamento de Proteção Individual
HSL – Hospital São Luiz
IRAS – Infecção Relacionada a Assistência à Saúde
ITU – Infecção do Trato Urinário
KPC – Klebisiella pneumoniae Cabapenase
LCR – Líquido cefalorraquidiano
MDR – Multidrug-resistant
MR – Multirresistente
MRSA – Staphylococcus resistente à vancomicina
NDM – New Deli Metallobetalactamase
OMS – Organização Mundial de Saúde
SCIH – Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
SPM-1 – São Paulo Metalo-beta-lactamase
TSA – Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos
UTI – Unidade de Terapia Intensiva Adulto
XDR – Extensively drug-resistant
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO……………………………………………………………….………. 12
REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 14
1. MICORGANISMO MULTIRRESISTENTE .................................................... 14
2. PRINCIPAIS MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTE ENVOLVIDO
NAS INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTENCIA A SAÚDE............. 16
2.1. Staphylococcus aureus meticilino-resistente (MRSA) ............................... 16
2.2. Enterococcus resistente à vancomicina (VRE) ........................................... 17
2.3. Aacinetobacter baumannii .......................................................................... 17
2.4. Pseudomonas aeroginosas .......................................................................... 17
2.5. Enterobactérias ........................................................................................... 18
3. CULTURAS DE VIGILÂNCIA ....................................................................... 18
4. INFECÇÕES RELACIONADAS A ASSISTENCIA A SAÚDE .................... 20
4.1. Infecção urinária ......................................................................................... 21
4.2. Pneumonia .................................................................................................. 22
4.3. Ferida cirúrgica ........................................................................................... 22
4.4. Dispositivos invasivos ................................................................................ 23
5. CUIDADOS COM PACIENTES COLONIZADOS E/OU INFECTADOS POR
MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES ............................................ 23
JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 25
OBJETIVOS .................................................................................................................. 25
Objetivo geral .................................................................................................... 25
Objetivo específico ............................................................................................ 25
METODOLOGIA ......................................................................................................... 26
RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 28
CONCLUSÃO .............................................................................................................. 35
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 36
INTRODUÇÃO
A unidade de terapia intensiva (UTI) é um local para o monitoramento de
pacientes graves que necessitam de cuidados intensivos 24 horas por dia. Seja por
patologias ou por seus cuidados, esta unidade é constantemente desafiada por infecções
relacionadas a procedimentos invasivos, que resultam no aumento da morbimortalidade,
do tempo de internação e dos custos. Por isso a UTI é classificada como um local que
se verifica a maior incidência de bactérias que possuem mecanismos de resistência aos
antibióticos comumente utilizados no tratamento desses pacientes (ANVISA, 2006).
A utilização de diversos tipos de procedimentos invasivos em pacientes
internados nas UTIs favorece e atua como fatores de risco para o desenvolvimento de
mecanismos de resistência bacteriana, uma vez que na maioria das vezes os pacientes já
são portadores de múltiplas patologias que os tornam imunodeprimidos.
De acordo com estudos realizados pela ANVISA em 2006, a maior
preocupação dos profissionais de saúde é conter a proliferação bacteriana das Unidades
de Terapia Intensiva. O estudo mostra que as bactérias de maior relevância clínica e
epidemiológica encontradas são: Staphylococcus aureus, as bactérias da família
Enterobacteriaceae como Klebsiella spp., Escherichia coli e Enterobacter spp.
Como afirma Tavares (2000), a resistência bacteriana pode ser adquirida pela
genética, por mutações ou por transferência de outra bactéria. Estas causas estão ligadas
à utilização indiscriminada, empírica e cotidiana de antimicrobianos.
O uso em larga escala e sem o devido controle dos antimicrobianos teve como
consequência, a longo prazo, o surgimento de bactérias resistentes, justificado por estes
seres terem grande potencial para sofrerem pequenas mutações ou recombinações dos
seus genes com o intuito de resistir à ação dos antibióticos (ANDRADE; LEOPOLDO;
HAAS, 2006).
Os organismos multirresistentes trouxeram grande preocupação para os
profissionais de saúde, pois a assistência novamente está comprometida, gerando
expectativas sombrias para o futuro se medidas urgentes não forem providenciadas
(BRITO; CORDEIRO, 2012).
Os pacientes internados em UTI possuem maior probabilidade de aquisição de
infecções relacionas a assistência à saúde (IRAS), pois estão expostos a fatores de risco
como procedimentos invasivos, cirurgia complexa, drogas imunossupressoras e o uso
de antibióticos assim como também os cuidados da equipe de saúde ou qualquer
partícula capaz de transportar germes patogênicos (MOURA et al., 2007).
Podemos classificar como infecção hospitalar o quadro sintomatológico
adquirido após 72 horas de admissão hospitalar do paciente que não apresentava este
quando realizado o exame clínico de admissão ou antes de 72 horas quando pode se
associar o quadro aos procedimentos terapêuticos e diagnósticos realizados (BRASIL,
2007). Em contraposição, segundo a portaria MS. N° 930/ 1992 a infecção comunitária
é aquela que está presente ou em incubação no momento de admissão do paciente desde
que não possa ser relacionada com internação anterior no mesmo local. Cabe também
neste critério à infecção com complicação ou extensão do processo patogênico já
presente na admissão, a menos que haja troca de microorganismos ou sinais ou
sintomas fortemente sugestivos da aquisição de nova contaminação. Ou, ainda, no
contagio em recém-nascido por transmissão do patógeno ao feto por via transplacentária
e manifestada a sintomatologia logo após o nascimento.
Uma das maiores causas de óbitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) são
as infecções. Localizar o foco da infecção e determinar o microrganismo são extrema
importância, porém, devido as especificidades do exame, não muito raro, esse fato fica
impossibilitado, mesmo após exaustivas investigações, levando o intensivista a iniciar
de maneira empírica o tratamento antimicrobiano (MORAES e SANTOS, 2003). Ainda
de acordo com Moraes e Santos (2003) é essencial determinar a microbiota de cada
UTI, pois torna-se mais dirigido e racional o uso do antibiótico. De acordo com os
dados do Center for Diseases Control (CDC), Pseudomonas aeruginosa é o agente mais
prevalente em UTI, representando 13%, seguida por S. aureus(12%), Staphylococos
coagulase negativa (10%), Enterococcus sp (9%), Enterobactersp (8%) e 10% para
Candida sp. Alberte e colaboradores fizeram um estudo descritivo em 29 centros de
terapia intensiva de 8 países da Europa que demonstrou predominância de cocos gram
positivos (61%), seguido por bacilos gram negativos (31%).
REFERENCIAL TEÓRICO
1. MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES
Os patógenos multirresistentes são um problema de saúde mundial por
apresentar uma grande capacidade de disseminação para outras áreas, mecanismos de
infecção e colonização de seus hospedeiros, dispositivos de mutagênese e aquisição de
resistência contra as barreiras naturais e artificiais (CENTER FOR DISEASE
CONTROL AND PREVENTION, 2013).
Segundo a Anvisa (2010) a resistência microbiana é um fenômeno mundial,
que ocorre de forma natural, onde os microrganismos vem desenvolvendo resistência a
maior parte dos antimicrobianos, que eram indicados para o seu tratamento. As bactérias
são consideradas Multirresistentes (MR) observando critérios epidemiológicos, clínicos
e laboratoriais. Atualmente, os MR estão classificados em três categorias:,
MDR (“Multidrug - resistant”) quando são resistentes a um ou mais
antimicrobiano de três ou mais categorias testadas.
XDR (“Extensively drug-resistant”) quando são resistentes a um ou mais
antimicrobiano em quase todas categorias (exceto uma ou duas).
PDR (“Pandrug-resistant”) resistente a todos os agentes antimicrobianos
testados.
De acordo com os estudos realizados pela comunidade científica internacional
são considerados patógenos multirresistentes causadores de infecções/colonizações
relacionadas à assistência em saúde: Enterococcus spp. resistentes aos glicopeptídeos,
Staphylococcus spp. resistentes ou com sensibilidade intermediária à vancomicina,
Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii, e Enterobactérias resistentes a
carbapenêmicos (ertapenem, meropenem ou imipenem). Observa-se um aumento dos
casos de enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos em vários centros brasileiros.
Estas bactérias produzem uma enzima (carbapenemase) que inativa todos os antibióticos
beta-lactâmicos, incluindo os carbapenêmicos ( ANVISA, 2010).
A pressão seletiva realizada pelo uso de antimicrobianos, algumas vezes de
forma indevida, tem levado a expansão da resistência microbiana. Nas unidades de
cuidados intensivos (UTIs) locais de maior ocorrência, pois se tratando de pacientes
críticos são necessários mais procedimentos invasivos. Estes procedimentos (intubação,
acessos venosos, sondagem vesical entre outros) são uma porta de entrada para
ocorrência de infecções graves, as quais irão demandar o uso de antimicrobianos de
amplo espectro, aumentando a pressão seletiva sobre o microrganismo. A partir do
ambiente hospitalar os MR também podem se espalhar para a comunidade (ANVISA,
2013).
Um microrganismo multirresistente também pode ser introduzido no ambiente
hospitalar através da admissão de um novo paciente colonizado e/ou infectado,
proveniente da comunidade ou, mais frequentemente, proveniente de outra instituição.
A identificação precoce dos pacientes colonizados e/ou infectados por MR é primordial
para evitar a disseminação destes agentes. Quando na suspeita de colonização e/ou
infecção por MR devem ser instituídas de imediato barreiras de precauções (ANVISA,
2010).
FONTE: Manual de microrganismos multirresistente – Hospital Universitário de Maringá.
Segundo Anvisa (2010) a Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) é uma
enzima que foi identificada inicialmente em Klebsiella pneumoniae pela primeira vez
em 2001, nos Estados Unidos, mas pode ser produzida por outras enterobactérias. Com
isso, as medidas de controle de microrganismos multirresistentes aqui preconizadas
aplicam-se, não somente às bactérias portadoras do gene KPC, mas aos demais
microrganismos multirresistentes.
2. PRINCIPAIS MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES
ENVOLVIDOS NAS INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À
SAÚDE
Vivemos em país que apresenta uma grande disparidade social e econômica,
este fato, influencia diretamente, na realidade financeira das instituições hospitares.
Neste contexto o problema das Infecções Relacionadas a Assistência a Saúde tem
importância tanto qualitativamente quanto quantitativamente, pois o elevado consumo
de antimicrobianos de amplo espectro dentro dos hospitais, contribui em larga escala
para o aumento dos microrganismos multirresistentes (CMCI,2014)
Os principais microrganismos multirresistentes envolvidos nas Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde são:
2.1 Staphylococcus aureus Meticilino-resistente (MRSA)
Segundo CMCI (2014) o Staphylococcus aureus é um patógeno muito
importante no ambiente hospitalar, sendo a primeira causa de infecção de pele e tecidos
e a segunda causa de infecção do trato respiratório inferior. Estudos mostram que no
Brasil, temos 1 clone de MRSA amplamente disseminado e este possui um perfil de
susceptibilidade bem característico, mantendo susceptibilidade aos glicopeptídeos,
apesar de alguns relatos de susceptibilidade reduzida à vancomicina. A metodologia
utilizada para determinar a concentração inibitória mínima, influencia neste
procedimento, pois o meio de cultura é um fator que importante no resultado.
A linezolida também se mantém ativa contra os MRSA com raros relatos de
resistência. A taxa de infecção por MRSA nos hospitais brasileiros variam entre 30-
60%. Raramente, um MRSA adquirido na comunidade é isolado como responsável por
alguma infecção (CMCI, 2014)
2.2 Enterococcus Resistente à Vancomicina (VRE)
A epidemiologia do Enterococcus faecalis mostra que os primeiros casos
surgiram no final da década de 90, causando grande apreensão, pois nos Estados Unidos
e Europa tinha-se o agravante a dissiminação do VRE associada aos reservatórios
ambientais devido ao uso de avoparcina que é um promotor de crescimento em suínos.
Assim, as diferenças epidemiológicas entre Europa, Estados Unidos e Brasil, devem
estar associadas a este fato, já que no Brasil a avoparcina não foi utilizada (CMCI,
2014).
Para a CMCI (2014) Com o passar dos anos o perfil epidemiológico do VRE
tem mudado no Brasil, pois agora a espécie E. faecium é que tem sido isolada na
maioria dos casos. Estudos de tipagem molecular não têm demonstrado relação genética
entre as cepas isoladas no Brasil com a de outros países.
2.3 Acinetobacter baumannii
Um importante patógeno nosocomial em Ascenção é o a Acinetobacter
baumannii, responsável por diversos surtos principalmente em UTIs. O Acinetobacter
baumannii possui uma elevada capacidade para aquisição de mecanismos de
resistência, sua disseminação necessita de controle especial devido às poucas opções
terapêuticas existentes. O principal mecanismo de resistência neste patógeno está
associado a expressão de oxacilinases capazes de degradarem os carbapenêmicos, que
normalmente são utilizados para tratar infecções graves. As taxas de resistência aos
carbapenêmicos variam muito em cada hospital podendo chegar até a 100% em algumas
instituições (CMCI, 2014).
Os dispositivos invasivos, a realização de procedimento cirúrgico, trauma e uso
prévio de antibióticos caracterizam–se como fatores de risco para infecção ou
colonização por Acinetobacter resistente aos carbapenêmicos (CMCI, 2014)
2.4 Pseudomonas aeruginosa
De acordo com os estudos da CMCI (2014) as Pseudomonas aeruginosa é a
primeira causa de pneumonia nosocomial no Brasil. Com isso produz elevadas taxas de
resistência aos carbapenêmicos e a disseminação de um clone predominante, produtor
de São Paulo Metalo-beta-lactamase (SPM-1) já foi descrita em vários estados. SPM-1 é
uma Metalo-beta-lactamase capaz de degradar todos os antibióticos betalactâmicos com
exceção do aztreonam. Essa enzima foi identificada primeiramente em São Paulo e até o
momento se mantém restrita a isolados de origem brasileira. Outras beta-lactamases
também podem estar envolvidas na resistência aos carbapenêmicos, bem como outros
mecanismos de resistência, exemplo disso, a perda da porina OprD cuja função é
permitir a entrada do imipenem na célula bacteriana.
2.5 Enterobactérias
As enterobactérias que possuem uma alta relevância como causadoras de
infecções nosocomiais sendo que E. coli e K. pneumoniae se destacam dentro deste
grupo. A emergência de beta-lactamases de espectro ampliado (ESBL) nas
enterobactérias estimulou a ampla utilização dos carbapenêmicos o que acabou por
selecionar cepas resistentes a esses
antimicrobianos. Assim, atualmente, a produção de KPC (Klebsiella pneumoniae
carbapenemase) e NDM (New Deli Metallobetalactamase), enzimas que degradam
todos os beta-lactâmicos incluindo os carbapenêmicos e que têm sido encontradas em
diferentes gêneros e espécies de enterobactérias, são o principal problema deste grupo
de microrganismos (CMCI,2014).
3. CULTURAS DE VIGILÂNCIA
O controle de forma efetiva dos microrganismos multirresistentes dever
realizada através da vigilância, pois permite a detecção de patógenos emergentes, a
monitoração das tendências epidemiológicas e mensurar a eficácia das intervenções. As
estratégias variam desde a vigilância de resultados obtidos através de cultura clínica
(atendimento de rotina) até a realização de culturas de vigilância ativa, para detectar a
colonização assintomática (CDC, 2007).
No manual de Medidas para identificação prevenção e controle de Infecção
Relacionada a Assistência à Saúde (IRAS) por microrganismos multirresistentes da
Anvisa (2010) define a cultura como sendo a forma mais simples de vigilância, pois
consegue detectar microrganismos emergentes, tanto no ambiente assistencial quanto na
comunidade. Além disso os dados obtidos podem gerar relatórios que permitem
monitorar mudanças nos padrões de resistência conhecidos, além de fornecer
informações para orientar as práticas de prescrição de antimicrobianos. Já as culturas de
Vigilância Ativa tem pôr objetivo identificar pacientes colonizados.
De acordo com as orientações do CDC (2007) os programas de cultura de
vigilância ativa são reconhecidamente eficazes para reduzir a propagação de infecção
em locais de surto, particularmente MRSA. Em situações endêmicas, a realização de
cultura de vigilância ativa ainda é questionável. Mais estudos são necessários para
determinar as circunstâncias em que essas culturas são benéficas. A necessidade de
implantar a coleta de culturas de vigilância deve ser avaliada conforme o perfil
epidemiológico da instituição e, antes de incluir a cultura de vigilância ativa no
programa de controle de microrganismos multirresistentes, os seguintes aspectos devem
ser considerados:
Necessidade de um apoio adicional para a implementação bem-sucedida, que
inclui: pessoal para coleta adequada das culturas, laboratório de microbiologia
para processar as culturas, mecanismo para comunicação de resultados, o uso de
isolamento de contato e mecanismos para assegurar a adesão às medidas.
População alvo: a decisão sobre essa população deve ser feita com base no
contexto de determinações locais de prevalência e incidência de microrganismos
multirresistentes.
Tempo ótimo e intervalo: ainda não estão bem definidos. Alguns hospitais
coletam no momento da admissão do paciente ao hospital ou unidade, ou no
momento de transferência para unidades designadas. Ocorre ainda a obtenção de
culturas periodicamente, para detecção de transmissão silenciosa; ou culturas
baseadas no acompanhamento sobre a presença de determinados fatores de risco
para colonização, como por exemplo, exposição a antibióticos.
Para Muto et al (2003) o Controle de Infecção deve selecionar essa população
considerando a epidemiologia local, bem como os principais fatores de risco (internação
em UTI, uso prolongado de antimicrobianos, uso de dispositivos invasivos) para
microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos multirresistentes. Os métodos para
obtenção das culturas variam dependendo do microrganismo multirresistente de
interesse. Recomenda-se a realização de culturas de vigilância de áreas de ruptura da
pele e feridas drenantes, além dos seguintes sítios, conforme o microrganismo de
interesse:
MRSA: amostragem das narinas anteriores é suficiente.
VRE: culturas de fezes, anal ou retal.
Microrganismos multirresistentes Gram-negativos não fermentadores
(Pseudomonas, Acinetobacter): peri-retal, orofaringe, pele (inguinal), feridas.
Bactérias produtoras deESBL: peri-retal, orofaringe e endotraqueal, inguinal,
feridas.
Enterobactérias produtoras de carbapenemase: cultura retal.
Devido ao aumento de cepas produtoras de outras carbapenemases em diversos
países, recomenda-se que, todo paciente que esteve hospitalizado há mais de 72 horas
proveniente de outra unidade de saúde, seja mantido em Precaução de Contato e
coletado swab retal para cultura de vigilância. As precauções de contato devem ser
mantidas até que seja descartada a suspeita de colonização ou infecção por essas
bactérias (ANVISA, 2010).
Culturas de profissionais de saúde indicada somente quando há evidência
epidemiológica que implique o profissional de saúde como fonte de transmissão
contínua. Culturas de ambiente há indicação somente quando há evidencia
epidemiológica de que uma fonte ambiental está associada com a transmissão do
microrganismo investigado (CDC, 2007).
Apenas a realização de culturas de vigilância não são o suficiente para a
prevenção da disseminação de patógenos multirresistentes é necessário também a
participação administrativa, higienização adequada do ambiente, equipamentos e
superfícies, medidas de educação dos profissionais de saúde, uso criterioso de
antimicrobianos e aplicação adequada das medidas de bloqueio epidemiológico (CMCI,
2014).
4. INFECÇÕES RELACIONADA A ASSISTENCIA A SAÚDE
A Portaria n. 2.616, de 12/5/1998, orienta o programa e as comissões de
controle de infeção hospitalar na unidade de saúde, define Infecção Hospitalar (IH)
como toda infecção adquirida durante a internação do paciente, podendo se manifestar
durante a internação ou após a alta e quando puder ser relacionada à internação ou
procedimentos hospitalares.
Os estudos mostram que cerca de um terço das infecções hospitalares poderiam
ser evitado com programas de controle de infecção efetivos, contendo quatro itens
principais: programa de vigilância, um profissional de controle de IH para cada 250
leitos, pelo menos um epidemiologista treinado e treinamento para cirurgiões sobre
risco de infecção em sítio cirúrgico (VILELA, 2009).
Muitos dos pacientes chegam à UTI com algum tipo de infecção de origem
comunitária, isto é, já presente ou incubada na época da admissão hospitalar, ou
nosocomial, definida pelo aparecimento após quarenta e oito (48) a setenta e duas (72)
horas de internação e, a absoluta maioria, é submetida a procedimentos invasivos ou
imunossupressivos com finalidades diagnostica e terapêutica (PEREIRA ET. AL 2000).
De acordo com Pereira et al (2000) a associação de doenças, procedimentos
invasivos e fatores iatrogênicos por parte da equipe fazem com que os pacientes sejam
mais acometidos de infecções. A resposta imunológica do paciente em terapia intensiva
frente ao processo infeccioso é deficiente. A sua imunidade, mecanismos de defesa
estão comprometidos tanto pela doença motivadora da hospitalização quanto pelas
intervenções necessárias para o diagnóstico e tratamento.
O que define as principais causas das infecções são as condições clinicas do
paciente, doenças de base, números elevados de procedimentos invasivos e falhas nas
medidas e controle e prevenções das infecções; urinárias, pneumonias, feridas
cirúrgicas, e os métodos invasivos, como os cateteres, a ventilação mecânica e cateteres
intravasculares, sendo estes os responsáveis por grande número das infecções (DEVID,
1998).
4.1 Infecção urinária:
Segundo a Anvisa (2000) consideram-se infecções urinárias as infecções
nosocomiais, ou seja, adquiridas no ambiente hospitalar, é uma das doenças mais
frequentes na UTI acometem 2% dos pacientes internados, sendo responsáveis por 35%
a 45% das infecções hospitalares. Aproximadamente 80% dos pacientes que contraem
infecção urinária fazem uso de cateteres urinários, mesmo com emprego de técnica
adequada de inserção do cateter vesical e uso de sistema de drenagem fechado, a
colonização da urina na bexiga irá ocorrer em torno de 50% dos pacientes após 10 a 14
dias de cateterização.
Para Lichy e Marques (2002), a maioria das infecções urinárias é causada por
bactérias, porém fungos e vírus, agentes mais raros, aparecem em situações especiais. o
índice de mortalidade em decorrência do uso de cateter vesical é de 3,03%, índice este
associado a permanência do paciente por mais de 10 dias na UTI. As enterobactérias
(Escherichia coli, Staphylococcus saprophiticus, Proteus sp, Klebsiella sp), são os
microrganismos mais comuns na UTI e podem atingir o trato urinário por via retrógrada
(ascendente), hematogênica ou linfática. A manipulação urológica através do
cateterismo, endoscópios ou cirurgia podem levar os microrganismos para o interior do
trato urinário e, neste caso, a fisiopatogênia e a flora responsável são muito diferentes
(LOPES E TAVARES 2005).
4.2 Pneumonia
É a infecção que mais acomete os pacientes internados em UTI, podendo ser de
origem comunitária ou nosocomial, associada a ventilação mecânica, é definida como
infecção do trato respiratório inferior, com envolvimento do parênquima pulmonar,
adquirida em ambiente hospitalar, após 48 a 72 horas de hospitalização (CARRILHO
2004).
Quando se faz o diagnóstico de pneumonia simplesmente com base em
critérios clínicos, pode ocorrer grande probabilidade de risco, da utilização inadequada
de antimicrobianos, devido a esse fato, faz-se necessário a realização de técnicas mais
sensíveis e específicas, tais como as culturas quantitativas de secreção traqueal
(bronquinho) para uma precisão no diagnóstico e terapêutica (CARRILHO 2004). A
pneumonia associada a ventilação mecânica também pode ser adquirida através de
outros focos extrapulmonares como infecções pélvicas, feridas cirúrgicas e infecções a
partir de cateteres vasculares. (ANGELINO 2010).
4.3 Ferida cirúrgica
Segundo Anvisa (2010) a ferida cirúrgica pode ser classificada em superficial,
profunda e de órgão ou cavidade, conforme definição:
Superficial: é aquela que ocorre nos primeiros trinta dias do pós operatório e
envolve unicamente pele e/ou tecido celular subcutâneo.
Profunda: apresenta-se dentro dos primeiros trinta dias e, em caso de colocação
de prótese, pode manifestar-se até um ano após o procedimento, podendo
envolver tecidos moles e mais profundos, fáscia e músculos.
Cavidade ou órgão: inclui qualquer sítio anatômico relacionado com o
procedimento, exceto a área da incisão cirúrgica.
Maia (2009) refere que a infecção da ferida operatória é um risco inerente ao
ato cirúrgico, sendo também sua complicação mais comum. Quase toda infecção de
ferida cirúrgica é adquirida durante o ato cirúrgico, e a manifestação da infecção da
ferida operatória se dá, em média, quatro a seis dias após o procedimento, observando-
se edema, eritema e dor no sítio da incisão com drenagem de secreção de aspecto
purulento.
4.4 Dispositivos invasivos (Cateteres)
Os cateteres são de grande utilização hospitalar, particularmente em UTI
sendo, no entanto, importante fonte de infecção da corrente sanguínea, causa mais
frequente de morbimortalidade (PEREIRA, et al 2000).
Segundo Lichy e Marques (2002) a causa da infecção por cateteres possui
múltiplas causas podendo ser proveniente da via de acesso, pelo tempo de permanência
do cateter, pelas mãos dos trabalhadores da saúde, pela flora da pele ou pela
contaminação de uma outra parte anatômica. A troca dos cateteres periféricos a cada 72
a 96 horas, se faz necessário, pois reduz o risco de colonização e flebite, para os
cateteres centrais, esta troca rotineira não é benéfica à troca do sistema de infusão deve
ser realizada a cada 72 horas, exceto quando forem feito a infusão de sangue e
derivados, emulsões lipídicas e outras soluções que favoreçam crescimento microbiano,
quando os cateteres são inseridos usando mecanismos para segurança do profissional e
do paciente como máscara, gorro, luvas estéreis, a diferença de casos é significante.
A ventilação mecânica invasiva trata-se de um procedimento que traz
significativas repercussões sobre os vários órgãos e sistemas do paciente submetido à
mesma, bem como está diretamente relacionada a complicações frequentes, algumas
podendo ser potencialmente fatais, as sinusites, bronqueolites, broncopneumonias,
traqueobronquite e pneumonia, são as complicações mais comumente relacionadas à
ventilação mecânica (CINTRA, 2008)
5. CUIDADOS COM PACIENTES COLONIZADOS E/OU INFECTADOS
POR MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES
De acordo com o Manual de Microrganismo MR da CMCI (2014) a equipe
multiprofissional presta assistência ao paciente, cabe organizar os cuidados
imediatamente a seguir da identificação do paciente como colonizado/infectado por
MR, destacando os tópicos a seguir:
Reforçar as orientações sobre higienização das mãos, reconhecida como a
principal medida para reduzir a disseminação de patógenos no ambiente hospitalar. As
recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a higienização das mãos
englobam cinco indicações, sendo justificadas pelos riscos de transmissão de
microrganismos.
Para a maior parte dos pacientes colonizados/infectados por MR devem ser
adotadas precauções de contato e mantido o uso de máscara cirúrgica na situação de
possibilidade de respingos, assim como os demais EPIs recomendados para manter
precauções padrão.
Manter o paciente em quarto privativo, quando não for possível, deve-se
providenciar uma Área Isolada ou Coorte conforme recomendação do manual de
Prevenção de Transmissão de Agentes Infecciosos no Ambiente Hospitalar.
Colocar na porta do quarto ou em local próximo ao leito do paciente a Ficha com
Instrução para as Precauções Anti-infecciosas a serem adotadas e também a placa de
identificação de MR na cabeceira do leito;
Materiais e equipamentos para aferir sinais vitais (termômetros, estetoscópio e
esfigmomanômetro) devem ser de uso exclusivo do paciente, devendo realizar a
desinfecção com álcool a 70% diariamente. Após a alta do paciente devem ser
submetidos à rigorosa limpeza e desinfecção, inclusive encaminhar a braçadeira
esfigmomanômetro de tecido para a lavanderia;
Não fazer estoque de materiais (pacotes gazes, compressas, esparadrapos, fitas e
outros) no quarto do paciente, pois os mesmos no final de isolamento devem ser
desprezados quando alta, transferência externa e óbito. Nos casos de transferências
internas (ex. UTIs p/ enfermarias) encaminhar com o paciente.
Manter a disponibilidade dos EPIs recomendados (luvas de procedimento,
avental descartável e máscara), para serem dispostos próximo à enfermaria do paciente,
se possível utilizando uma mesa auxiliar, garantindo acondicionamento adequado dos
mesmos.
Manter a disponibilidade de sabão com Clorhexidine para higienização das mãos
nas pias próximas ao local de alojamento do paciente com MR
Orientar o paciente, seus acompanhantes e os profissionais do setor sobre as
precauções necessárias;
Orientar os profissionais das áreas de apoio, que realizam atendimento na área
de internação do paciente, sobre a necessidade de utilizar as precauções recomendadas e
garantir a rigorosidade na higienização das mãos.
Júlio (2013) reforça que a transmissão e persistência da resistência aos
antibióticos são determinadas por diversos fatores. Entre eles, está a vulnerabilidade dos
pacientes, a não adesão às medidas de prevenção, a transmissão cruzada e a pressão
seletiva exercida pelos antibióticos.
As infecções causadas por bactérias resistentes são muito parecidas com as
infecções causadas por bactérias sensíveis aos antibióticos. O que diferencia uma
infecção da outra é o tratamento, que fica extremamente limitado para a infecção
causada por MR. As infecções hospitalares causadas por germes multirresistentes
necessitam o uso de tratamentos que, além de caros para as instituições, apresentam alto
índice de toxidade para o paciente. Por isso, é extremamente importante o controle da
disseminação dos MR para outros pacientes bem como para os profissionais
responsáveis pelo seu cuidado (ANVISA, 2002).
JUSTIFICATIVA
Este estudo pretende mostrar a prevalência dos microrganismos isolados em
culturas por topografia e seu perfil de sensibilidade aos antimicrobianos dos pacientes
da Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital São Luiz na cidade de Cáceres-MT
no período de 12 meses (Julho/2015 a Julho/2016),
Demonstraremos a importância do levantamento das infecções bacterianas por
sítio de infecção, como também traçar o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos
para que a terapêutica possa ser melhor estudada e conduzida.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Estimar o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos dos pacientes da
Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital São Luiz na cidade de Cáceres-MT
por um período de 12 meses.
Objetivos específicos
1- Identificar quais os microrganismos de maior incidência.
2- Levantar a topografia das infecções de maior prevalência.
METODOLOGIA
Este trabalho tratasse de um estudo descritivo e retrospectivo obtido por
verificação de dados armazenados nos arquivos do laboratório de microbiologia do
Hospital São Luiz (Laboratório São Matheus) através do sistema MV. Os arquivos
continham as informações das culturas feitas no período de julho de 2015 a julho de
2016 com a identificação e o crescimento do agente infeccioso, bactérias isoladas,
resistência e sensibilidade aos antibióticos. No total foram analisadas 256 culturas de 55
pacientes, de um total de 620 pacientes internados na UTI do HSL nesse período de 12
meses.
Foram consideradas culturas de sangue (hemocultura), aspirado traqueal, urina
(uroculturas) e outras culturas em geral como: lesão cutânea e ferida cirúrgica. Foram
desconsideradas culturas de ponta de cateter venoso central e sonda vesical de demora,
secreção uretral, e cultura de líquidos pleural, ascítico, pericárdico e cefalorraquidiano
(LCR).
As hemoculturas foram coletadas em duas amostras de pontos diferentes no
intervalo de 1 hora entre as colheitas, utilizando o equipamento Bactec 9050®, que é
um sistema automatizado desenvolvido para detectar o crescimento de microrganismos
em amostras de sangue, não é invasivos e monitora, agita e incuba frascos simultânea e
continuamente. A metodologia é baseada na detecção da fluorescência emitida por um
sensor nos frascos com meios de cultura. O sistema é de ultra sensibilidade e monitora,
em intervalos de 10 minutos, as amostras de hemocultura, acelerando o tempo de
detecção e fornecendo alarmes tanto visuais quanto sonoros, no caso de amostras
positivas (DMED,2016). As amostras das hemoculturas foram coletadas seguindo as
normas estabelecidas pela comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) do
Hospital São Luiz.
As amostras brônquicas foram colhidas utilizando um coletor de secreção de
vias aéreas (bronquinho) através de uma técnica asséptica de aspiração e armazenado
em um coletor estéril.
As uroculturas seguiram as orientações de higiene íntima antes da coleta, para os
pacientes sondados com as orientações da SCIH, através do clampeamento da sonda
do paciente 30 minutos antes da realização da retirada da amostra,
posteriormente realizou-se assepsia com álcool 70% no local apropriado para punção do
sistema fechado de sondagem (silicone para coleta de urina),
a punção foi realizada com agulha 25x7 e seringa de 10 ml no silicone para coleta de
urina, aspirou-se cerca de 10 ml de diurese vinda de bexiga (não da bolsa), após
encaminhar ao laboratório. Foi informado ao laboratório o tipo de diurese se sondada ou
não, se está em uso de antibiótico ou não.
Para a cultura de material proveniente de lesões cutâneas como úlcera de
decúbito, lesão de queimaduras e outras feridas abertas, preferencialmente utilizou-se
biópsia de tecido. Na sua impossibilidade, foi feita limpeza do sítio com soro fisiológico
estéril e coleta com do material com swab contendo meio de transporte.
Todas as amostras utilizam o método para identificação e teste de sensibilidade
aos antimicrobianos BD PHOENEX que é um equipamento que destina-se
à identificação rápida de bactérias clinicamente significantes e à realização de TSA para
essas bactérias. O sistema fornece resultados rápidos sobre a maioria das bactérias
aeróbias e anaeróbias facultativas, Gram-positivas e Gram-negativas que infectam
humanos. A porção de identificação do painel do sistema utiliza diversos testes
bioquímicos convencionais, cromogênicos e fluorogênicos para identificar o organismo.
O método de teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA) consiste em um teste de
microdiluição em caldo, com concentração inibitória mínima. O sistema utiliza um
indicador de redox para detectar o metabolismo bacteriano no meio contendo agente
antimicrobiano. Para determinar o crescimento bacteriano, utilizam-se medições
contínuas das mudanças ocorridas no indicador, assim como a turbidez do meio
(DMED, 2016).
Com base nos laudos dos resultados liberados no sistema, os dados coletados
foram distribuídos em tabelas de Excel e após análise construídos gráficos e tabelas
representativas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Durante o período analisado foram realizadas no setor de UTI adulto 256
culturas de acordo com relatório coletado do sistema MV, destas 157 foram negativas e
99 culturas positivas. Estas culturas positivas que serão objeto de análise deste trabalho.
Gráfico 01 – Percentual da classificação das culturas positivas realizadas nos pacientes da UTI adulto do
Hospital São Luiz no período de julho/15 a julho/16 quanto a sua coloração de gram.
Das culturas positivas analisadas quanto a coloração de gram observamos que 68,68%
são gram negativas e apenas 16,16% são de coloração gram positiva, e 15,15% das
culturas positivaram para leveduras. De acordo com Tuon (2012), O mecanismo da
coloração de Gram se refere à composição da parede celular, sendo que as Gram-
positivas possuem uma espessa camada de peptideoglicano e ácido teicóico, e as Gram-
negativas, uma fina camada de peptideoglicano, sobre a qual se encontra uma camada
composta por lipoproteínas, fosfolipídeos, proteínas e lipopolissacarídeos. Durante o
processo de coloração, o tratamento com álcool-acetona extrai os lipídeos, daí
resultando uma porosidade ou permeabilidade aumentada da parede celular das
bactérias Gram-negativas.
Candidemia pode ser definida como a ocorrência de dois (2), ou mais, culturas
positivas para a mesma espécie de Candida, provenientes de amostras diferentes,
coletadas após 72 h da admissão. Infecção invasiva por Candida pode ser também
considerada quando há isolamento de Candida a partir de sítio normalmente, estéril
associado a pelo menos, um outro sinal de infecção. A sensibilidade de hemocultura
para Candida é baixa; aproximadamente, 50% dos pacientes com infecção invasiva por
Cândida podem ter culturas negativas. Além disso, se houver infecção bacteriana
concomitante, pode diminuir a chance do isolamento de cândida. Os fatores
reconhecidos de risco para infecção invasiva por cândida são: permanência maior que
quatro (4) dias em UTI, antibioticoterapia de largo espectro, cirurgia abdominal,
cateterização venosa central, nutrição parenteral total, imunodepressão, índice
APACHE II menor que dez (10), ventilação mecânica por mais de quarenta e oito horas,
neutropenia e quimioterapia citotóxica. Durante as quatro últimas décadas
assistimos a um aumento da incidência das infecções causadas pelas espécies de
Candida em pacientes graves. Muitos relatos da literatura indicam uma correlação entre
a candidíase hospitalar, particularmente a candidemia, e altas taxas de letalidade
(JIMENEZ,1998).
Gráfico 02 – Percentual de culturas positivas realizadas nos pacientes da UTI adulto do Hospital São
Luiz no período de julho/15 a julho/16 quanto a sua topografia.
De acordo com as culturas positivas a topografia de maior positividade foi o sítio
urinário representando 62,62% do total de culturas positivas seguida da corrente
sanguínea com 22,22% e as vias respiratórias com 10,10%, as outras culturas
representam apenas 5,05% desse montante.
Nos países em desenvolvimento a ITU é uma importante causa de infecção
hospitalar. Em um estudo multicêntrico de prevalência transversal na Turquia,
observou-se 16% de infecções do trato urinário, correspondendo à terceira causa de
infecção, após pneumonia associada à ventilação mecânica e infecção da corrente
sanguínea. (ESEN, 2004).
Tabela 01 – Microrganismos isolados nas uroculturas realizadas nos pacientes da UTI adulto do Hospital
São Luiz no período de 01 julho/15 a de julho/16.
MICRORGANISMO Nº PERCENTUAL
Klebisiella pneumoniae 11 17,74%
Eschirichia coli 23 37,09%
Proteus mirabilis 4 6,45%
Candida 15 24,19%
Enterococcus faecalis 2 3,22%
Serratia 1 1,61%
Staphylococcus aureus 1 1,61%
Pseudomonas aeruginosas 3 4,83%
Enterobacter cloacae 1 1,61%
Providencia stuartii 1 1,61%
Total 62 100%
As uroculturas positivas mostram que dentre as espécies isoladas a Eschirichia
coli foi prevalente (37,09%), seguida da Candida spp (24,19%), Klebisiella
pneumoniae (17,74%), Proteus mirabilis (6,45%), Pseudomonas aeruginosas (4,83%) e
Enterococcus faecalis (3,22), os demais microrganismos representaram 6,44% do total.
De acordo com Oliveira (2010), a frequência dos germes causadores de ITU
varia na dependência de onde foi adquirida a infecção, intra ou extra-hospitalar e
também difere em cada ambiente hospitalar considerado. Os maiores responsáveis pela
infecção do trato urinário (ITU) são os germes gram-negativos entéricos especialmente
a E.coli, que é o mais frequente independente da série estudada, seguido dos demais
gram-negativos como Klebsiella, Enterobacter, Acinetobacter, Proteus, Pseudomonas,
etc. Além destes, na maioria das séries americanas, o Staphylococcus saprophyticus, um
germe gram-positivo, tem sido apontado como segunda causa mais frequente de ITU
não complicada.
Tabela 02 – Perfil de sensibilidade dos antibióticos testados nas uroculturas realizadas nos pacientes da
UTI adulto do Hospital São Luiz no período de 01 julho/15 a julho/16.
Eschirichia coli Klebisiella pneumoniae
Antibiótico Resistente Sensível Antibiótico Resistente Sensível
Cefalosporina 3° e
4° geração
43,47% 52,17% Cefalosporina 3° e
4° geração
100% 0
Carbapenêmicos 0 100% Carbapenêmicos 0 100¨%
A tabela 02 mostra o perfil de sensibilidade das uroculturas prevalentes na UTI
é de resistência da Eschirichia coli é de 43,47% a cefalosporinas de 3° e 4° geração e
100% das amostras sensíveis a carbapenêmicos, o segundo microrganismo mais
presente é a Candida porém os resultados das culturas não apresenta perfil de
sensibilidade dos antifúngicos. Dessa forma analisamos a segunda bactéria de maior
incidência que é a Klebisiella pneumoniae que apresentou resistência 100% de
resistência a cefalosporinas de 3° e 4° geração.
De acordo com Filho et al (2010), a ITU é complicada quando estão presentes
alterações estruturais ou funcionais do trato urinário ou quando se desenvolve em
ambiente hospitalar. Na ITU não complicada, a Escherichia coli é a bactéria responsável
pela maioria das infecções enquanto nas ITUs complicadas o espectro de bactérias
envolvido é bem mais amplo incluindo bactérias Gram positivas e Gram negativas e
com elevada frequência organismos multirresistentes. ITU é definida pela presença de
100.000 ufc/mL. Os sinais e sintomas associados à ITU incluem polaciúria, urgência
miccional, disúria, hematúria e piúria. Ainda sendo Filho et al (2010) a escolha da
terapia antimicrobiana para a ITU varia de acordo com a apresentação da infecção,
hospedeiro e agente. Estratégias envolvendo diferentes esquemas terapêuticos de acordo
com grupos específicos de pacientes aumentam os benefícios terapêuticos, além de
reduzir os custos, as incidências de efeitos adversos e o surgimento de microrganismos
resistentes.
Tabela 03 – Microrganismos isolados nas hemoculturas realizadas nos pacientes da UTI adulto do
Hospital São Luiz no período de julho/15 a de julho/16.
MICRORGANISMO Nº PERCENTUAL
Klebisiella pneumoniae 3 13,63%
Eschirichia coli 5 22,72%
Acinetobacter baumanii 1 4,54%
Staphylococcus haemolyticus 4 18,18%
Staphylococcus aureus 8 36,36%
Pseudomonas aeruginosas 1 4,54%
Total 22 100%
Tabela 04 – Perfil de sensibilidade dos antibióticos testados nas hemoculturas realizadas nos pacientes da
UTI adulto do Hospital São Luiz no período de julho/15 a de julho/16.
Staphylococcus Aureus Eschirichia coli
Antibiótico Resistente Sensível Antibiótico Resistente Sensível
Oxacilina 25% 75% Cefalosporina 3° e
4° geração
60% 40%
Vancomicina 0 100% carbapenêmicos 0 100¨%
Na tabela 04 observamos a prevalência do microrganismo Staphylococcus
aureus (36,36%), seguidos da Eschirichia coli (22,72%), Staphylococcus haemolyticus
(18,18%), Klebisiella pneumoniae (13,63%) e Acinetobacter baumanii e Pseudomonas
aeruginosas (4,54% cada uma). O perfil de sensibilidade dos dois microrganismos
prevalentes é de resistência de 25% a Oxacilina e nenhum apresentou resistência a
vancomicina para os Staphylococcus aureus. Para a Eschirichia coli observamos uma
resistência em 60% a cefalosporina de 3° e 4° geração e nenhum apresentou resistência
a carbapenêmicos.
Para Alves et al (2012) a identificação bacteriana em hemoculturas e a análise
de suscetibilidade das mesmas fornecem importantes indicadores para a redução da
mortalidade através de uma terapêutica antibacteriana racional. Cabral e Poveda (2008)
afirmam que a decisão da terapia antimicrobiana é um dos fatores mais importantes a
serem levados em consideração, já que muitos microrganismos desenvolvem resistência
aos antibacterianos, como as várias cepas de Staphylococcus sp em relação à maioria
dos antibióticos.
Alves et al (2012) em seus estudos relata que as infecções causadas por
patógenos na circulação sanguínea tem sido de grande impacto sobre o diagnóstico e
cuidados terapêutico em pacientes. A identificação do microrganismo ocorre através
de análise bacteriológica no sangue pela hemocultura e tem valor preditivo quanto
ao diagnóstico, monitoramento e triagem nos casos de septicemia. No entanto, os
exames de hemoculturas podem estar sujeitos às alterações devido a diversos
fatores, mas, destacam-se os resultados positivos por contaminação no procedimento
de coleta, e a utilização indevida de antibióticos proporcionando o surgimento de
novas cepas bacterianas, fatos estes que aumentam o custo hospitalar e
consequentemente prolongam o tratamento do paciente.
Tabela 05 – Microrganismos isolados em aspirado traqueal realizado nos pacientes da UTI adulto do
Hospital São Luiz no período de julho/15 a de julho/16.
MICRORGANISMO F PERCENTUAL
Klebisiella pneumoniae 1 10%
Eschirichia coli 1 10%
Proteus mirabilis 1 10%
Acinetobacter baumanii 1 10%
Pseudomonas aeruginosas 6 60%
Total 10 100%
Tabela 06 – Perfil de sensibilidade dos antibióticos testados nos microrganismos prevalentes isolados no
aspirado traqueal realizado nos pacientes da UTI adulto do Hospital São Luiz no período de julho/15 a
julho/16.
Microrganismo Pseudomonas aeroginosas
Antibiótico F Resistente F Sensível
Cefalosporina 3° e
4° geração
2 33,33% 4 66,97%
carbapenêmicos 1 16,66% 5 83,34%
A Pseudomonas aeruginosa é o microrganismo prevalente (60%) nas culturas
positivas em aspirado traqueal conforme tabela 04 seguido da seguidos da Eschirichia
coli, Klebisiella pneumoniae, Acinetobacter baumanii e Proteus mirabilis (10% cada
uma). O perfil de sensibilidade dos dois microrganismos prevalentes é de resistência de
33,33% a cefalospirinas de 3° e 4° geração e 16,66% a carbapenêmicos.
Souza (2011) cita em seu trabalho que se estima que a incidência de PAV
em adultos ultrapasse 10%. Entre os pacientes pediátricos, a maior incidência ocorre
na idade entre 2 meses e 1 ano, e a bactéria mais comumente implicada na PAV é a
Pseudômonas aeruginosa. A pneumonia é uma infecção provocada por agentes
infecciosos que se instalam nos parênquimas pulmonares, sendo mais comum em UTIs,
ocorrendo em paciente submetido a procedimentos invasivos. A pneumonia associada à
ventilação mecânica (PAV) é a segunda maior causa de IH, sendo constatada em
pacientes intubados, ventilados mecanicamente, após mais de 48 horas de ventilação
mecânica.
CONCLUSÃO
Os resultados das culturas, de modo geral, apresentaram semelhança aos
achados na literatura. O método para colheita e identificação das culturas mostrou-se
eficaz.
Os microrganismos Gram negativos são de maior incidência na unidade de
terapia intensiva do Hospital São Luiz, a infecção urinária teve maior positividade e o
microrganismo prevalente foi a Eschirichia coli, sensível a cefalosporinas de 3° e 4 °
gerações em aproximadamente 50% dos casos e sensibilidade de 100% aos
carbapenêmicos.
Nas infecções da corrente sanguínea, o microrganismo prevalente foi o
Staphylococcus aureus com resistência de 25% a Oxacilina e em nenhum dos casos
apresentou resistência a Vancomicina.
A Pseudomonas aeruginosa foi o microrganismo prevalente nas culturas das
vias respiratórias e apresentaram resistência a cefalosporinas de 3° e 4° gerações em
33,33% dos casos e 16,66% resistência aos carbapenêmicos.
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