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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
SAULO BRANDÃO DE AQUINO
ESTUDO DA INTERNACIONALIZAÇÃO EM UMA UNIVERSIDADE
BRASILEIRA BASEADO EM MOBILIDADE ACADÊMICA, ASPECTOS
INSTITUCIONAIS E CENÁRIO EXTERNO: O CASO DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DA BAHIA
Salvador
2016
SAULO BRANDÃO DE AQUINO
ESTUDO DA INTERNACIONALIZAÇÃO EM UMA UNIVERSIDADE
BRASILEIRA BASEADO EM MOBILIDADE ACADÊMICA, ASPECTOS
INSTITUCIONAIS E CENÁRIO EXTERNO: O CASO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em
Administração, Escola de Administração, Universidade
Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Administração.
Orientadora: Profa. Dra. Elsa Sousa Kraychete
Salvador
2016
Escola de Administração - UFBA
A657 Aquino, Saulo Brandão de.
Estudo da internacionalização em uma universidade brasileira baseado
em mobilidade acadêmica, aspectos institucionais e cenários externos: o
caso da Universidade Federal da Bahia / Saulo Brandão de Aquino. –
2016.
125 f.
Orientadora: Profa. Dra. Elsa Sousa Kraychete.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Escola de
Administração, Salvador, 2016.
1. Universidade Federal da Bahia – Educação - Cooperação
internacional - Estudo de casos. 2. Cooperação universitária – Administração
- Brasil. 3. Universidades e faculdades – Cooperação internacional - Estudo
comparado. I. Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração. II. Título.
CDD – 378.05
SAULO BRANDÃO DE AQUINO
ESTUDO DA INTERNACIONALIZAÇÃO EM UMA UNIVERSIDADE
BRASILEIRA BASEADO EM MOBILIDADE ACADÊMICA, ASPECTOS
INSTITUCIONAIS E CENÁRIO EXTERNO: O CASO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em
Administração, Universidade Federal da Bahia
Aprovada em 15 de agosto de 2016.
Profª. Dra. Elsa Sousa Kraychete - Orientadora Doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia
Professora Adjunta da Universidade Federal da Bahia - UFBA
Prof. Dr. Roberto Brazileiro Paixão Doutor em Administração pela Universidade Federal da Bahia
Professor Adjunto da Universidade Federal da Bahia - UFBA
Profª. Dra. Mariluce De Souza Moura Doutora em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
Professora Adjunta da Universidade Federal da Bahia – UFBA
Prof. Dr. Roberto Fernandes Silva Andrade Doutor em Física pelo Universitat Regensburg, Alemanha
Professor Titular da Universidade Federal da Bahia
Profª Dra. Elga Lessa de Almeida Doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia
Professora Adjunta da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Às minhas amadas esposa e filha, por tudo.
AGRADECIMENTOS
A Deus pela minha existência.
À minha família que constituí, por todo apoio, amor, compreensão e carinho.
Aos meus pais por todo amor, educação e valores que me foram ensinados.
Aos meus irmãos, cunhados e sobrinhos pela torcida e compreensão nos
momentos em que tive que me ausentar.
À minha orientadora pela disposição em ajudar e me motivar.
Aos professores e demais servidores da UFBA que colaboraram com a pesquisa.
Aos professores e funcionários da Escola de Administração por todo apoio.
Aos colegas de turma pelo coleguismo e ajuda mútua ao longo do curso.
In the end, it's not the years in your life that count.
It's the life in your years.
Autor desconhecido
AQUINO, Saulo Brandão de. Estudo da Internacionalização em uma Universidade Brasileira
Baseado em Mobilidade Acadêmica, Aspectos Institucionais e Cenário Externo: o Caso da
Universidade Federal da Bahia. 2016 125 f. Dissertação (Mestrado) – Escola de
Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.
RESUMO
Esta dissertação trata da investigação da internacionalização em um ambiente universitário
brasileiro, baseada em três dimensões: aspectos institucionais, mobilidade acadêmica e
cenário externo. Para tanto, foi feito um estudo de caso da Universidade Federal da Bahia a
fim de se obter dados que pudessem ajudar a explicar o panorama atual da
internacionalização. Ao longo da pesquisa foram explorados temas como benefícios,
características, críticas e desafios para a internacionalização em universidades brasileiras.
Para auxiliar a pesquisa deste estudo de caso, foram definidos 25 indicadores a serem
investigados direta ou indiretamente durante o estudo. Devido à complexidade deste estudo,
diversos tipos de dados foram coletados para entender o nível de internacionalização da
UFBA, tais como processos, documentos oficiais, organogramas, indicadores de mobilidade
acadêmica e rankings internacionais. Esta pesquisa não se limitou a fazer uma análise interna,
mas procurou realizar comparativos com outras universidades do mesmo estado, do Brasil e
do mundo. Para os comparativos internacionais, foi adotado o Times Higher Education (THE)
como ranking de referência. Para complementar o entendimento do panorama desta
universidade, foram realizadas entrevistas com setores fundamentais para a viabilização da
internacionalização.
Palavras-chave: Universidade, Internacionalização, Mobilidade Acadêmica, UFBA.
AQUINO, Saulo Brandão de. Study of Internationalization in a Brazilian University Based on
Academic Mobility, Institutional Aspects and External Scenario: The Case of Universidade
Federal da Bahia. 2016 125 f. Master’s Dissertation. Escola de Administração, Universidade
Federal da Bahia, Salvador, 2016.
ABSTRACT
This research is aimed to investigate the internationalization in a typical Brazilian university
environment based on three dimensions: institutional aspects, academic mobility and external
scenario. The Federal University of Bahia was chosen to be analyzed in a case of study in
order to obtain data that could help explain the current situation of internationalization of this
university. During this research some topics were explored such as benefits, characteristics,
reviews and challenges for internationalization in Brazilian universities. To assist research of
this case study, 25 indicators were defined to be investigated directly or indirectly during this
study. Due to the investigation’s complexity, various types of data were collected to
understand the level of internationalization of UFBA, such as processes, organization charts,
academic mobility indicators and international rankings. This research was not limited to
make an internal analysis, but also sought to make comparative to other universities in Brazil
and worldwide. For international comparisons, it was adopted the Times Higher Education
(THE) as the reference ranking. In addition to the understanding of this university’s overview,
some interviews were conducted with key sectors for the viability of internationalization.
Keywords: University, Internationalization, Academic Mobility, UFBA.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Quadro de pressupostos e suas motivações ........................................................... 22
Quadro 2 - Motivações para internacionalização .................................................................... 47
Quadro 3 - Fases da academia brasileira para cooperação internacional ................................ 50
Quadro 4 - Unidades universitárias da UFBA ........................................................................ 64
Quadro 5- Evidências de internacionalização nos sites dos programas de pós-graduação ..... 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Objetivos geral e específicos .................................................................................. 21
Figura 2 - Fluxo da pesquisa utilizando estudo de caso. ......................................................... 24
Figura 3 - Mapeamento metodológico – unidades de análise ................................................. 26
Figura 4 - Mapeamento metodológico – indicadores .............................................................. 28
Figura 5 - Mapeamento metodológico - técnicas de análise ................................................... 29
Figura 6 - Mapa mental ilustrando o resumo do tópico........................................................... 40
Figura 7 - Mapa mental ilustrando um resumo do capítulo 3.................................................. 61
Figura 8 - Organograma da Assessoria para Assuntos Internacionais ..................................... 66
Figura 9 - Processo de elaboração de um acordo de cooperação internacional na UFBA. ..... 73
Figura 10 - Processo de elaboração de um acordo de co-tutela na UFBA. ............................. 76
Figura 11 – Mapa com quantitativo de bolsistas PDSE em 2015, por país de destino ........... 89
Figura 12 – Mapa com quantitativo acumulado de bolsistas PDSE, por país de destino........ 90
Figura 13- Mapa com a quantidade de estrangeiros matriculados na UFBA em 2015, por país
de origem .................................................................................................................................. 95
Figura 14 - Mapa com a quantidade de estrangeiros matriculados na UFBA em 2015 e total
acumulado, por país de origem ................................................................................................. 95
Figura 15 - Mapa com a distribuição total de bolsas e população em relação à Bahia ......... 108
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Quantitativo de acordos de cooperação internacional da UFBA, por país,
acumulados até 2016 ................................................................................................................ 79
Gráfico 2 - Número de evidências de internacionalização nos sites dos programas de pós-
graduação da UFBA ................................................................................................................. 84
Gráfico 3 - Evolução total do programa PAEC por ano .......................................................... 87
Gráfico 4 - Evolução do número de bolsistas PDSE ............................................................... 92
Gráfico 5 - Estudantes estrangeiros na UFBA por regiões, em 2015. ..................................... 96
Gráfico 6 - Total de estudantes estrangeiros matriculados na UFBA ...................................... 98
Gráfico 7 - Quantitativo acumulado de bolsas por país de destino, até janeiro de 2016 ....... 100
Gráfico 8 - Quantitativo acumulado de bolsas por área, até janeiro de 2016 ........................ 101
Gráfico 9 - Total acumulado de bolsas por instituição na Bahia, até janeiro de 2016 ........... 103
Gráfico 10: Quantitativo acumulado de bolsas de pós-graduação por região, até janeiro de
2016 ........................................................................................................................................ 104
Gráfico 11 - Quantitativo de bolsas do programa Ciência sem Fronteiras, por estado. ........ 106
Gráfico 12 - Quantitativo de universidades presentes na lista das 200 melhores do mundo por
país, segundo a THE em 2016. ............................................................................................... 111
Gráfico 13 - Quantitativos de universidades brasileiras por faixa de ranking, segundo a THE
em 2016. ................................................................................................................................. 114
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Áreas, indicadores e pesos utilizados no THE ........................................................ 60
Tabela 2 - Quantitativo de alunos estrangeiros, bolsistas do PAEC, estudando em cursos de
pós-graduação da UFBA, por país de origem........................................................................... 85
Tabela 3 - Quantitativo de alunos estrangeiros, bolsistas do PAEC, estudando em cursos de
pós-graduação da UFBA, por programa ................................................................................... 86
Tabela 4 - Quantitativo de bolsistas de doutorado da UFBA participantes do programa PDSE,
por país de destino .................................................................................................................... 88
Tabela 5 - Quantitativo de bolsistas de doutorado da UFBA participantes do programa PDSE,
por programa selecionado ......................................................................................................... 90
Tabela 6 - Alunos estrangeiros matriculados em programas de pós-graduação da UFBA por
país de origem ........................................................................................................................... 93
Tabela 7 - Alunos estrangeiros matriculados em programas de pós-graduação da UFBA, por
programa ................................................................................................................................... 96
Tabela 8 - Quantitativo acumulado de bolsas por país de destino, até janeiro de 2016 .......... 99
Tabela 9 - Quantitativo acumulado de bolsas por área, até janeiro de 2016 .......................... 101
Tabela 10 - Total acumulado de bolsas por instituição na Bahia, até janeiro de 2016 .......... 102
Tabela 11 - Quantitativo acumulado de bolsas de pós-graduação por região, até janeiro de
2016 ........................................................................................................................................ 103
Tabela 12 - População por região .......................................................................................... 104
Tabela 13 - Quantitativo de bolsas do programa Ciência sem fronteiras, por estado. ........... 105
Tabela 14 - Participação dos Estados no PIB brasileiro. ....................................................... 107
Tabela 15 - Faixas de ranking da THE utilizada para o cálculo do ranking de 2016 ............ 109
Tabela 16 - Quantitativo de universidades presentes na lista das 200 melhores do mundo por
país, segundo a THE, 2016 ..................................................................................................... 110
Tabela 17 - Quantitativo de universidades no ranking das 200 mais internacionalizadas da
THE de 2016, agrupado por país ............................................................................................ 112
Tabela 18 - Ranking de 2016 das universidades brasileiras pelo THE .................................. 113
Tabela 19 - Quantitativo de universidades brasileiras por faixa de ranking .......................... 114
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAI Assessoria para Assuntos Internacionais
ABC Agência Brasileira de Cooperação
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
C&T Ciência e Tecnologia
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CONSEPE Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão
CsF Ciência sem Fronteiras
EAUFBA Escola de Administração
MEC Ministério da Educação
MRE Ministério das Relações Exteriores
NPGA Núcleo de Pós Graduação em Administração
NPGA Núcleo de Pós-graduação em Administração
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PAEC Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional
PDSE Programa Institucional de Bolsas de Doutorado Sanduiche no Exterior
PIB Produto Interno Bruto
PROPPG Pró-Reitoria de Ensino de Pós-Graduação
SEAD Superintendência de Educação a Distância
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SGC Secretaria Geral de Cursos
SIAC Sistema Acadêmico
STI Superintendência de Tecnologia da Informação
SUMAI Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura
SUPAC Superintendência de Administração Acadêmica
SUPAC Superintendência Acadêmica
THE Times Higher Education
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO, JUSTIFICATIVA E OBJETO DE ESTUDO .......................... 17
1.2 PROBLEMA, OBJETIVO GERAL E OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................ 20
1.3 PREMISSAS E PRESSUPOSTOS .................................................................................... 21
1.4 METODOLOGIA ADOTADA ........................................................................................... 22
2 A RELAÇÃO ENTRE A UNIVERSIDADE E A INTERNACIONALIZAÇÃO AO
LONGO DA HISTÓRIA ........................................................................................................ 31
2.1. A UNIVERSIDADE NA IDADE MÉDIA ........................................................................ 31
2.2 UNIVERSIDADES NA AMÉRICA LATINA ................................................................... 34
2.3 UNIVERSIDADES NO BRASIL ...................................................................................... 35
2.4 A UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA .................................................................... 38
3 INTERNACIONALIZAÇÃO ............................................................................................. 41
3.1 CONCEITOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ................................. 41
3.1.1 Críticas ............................................................................................................................ 43
3.1.2 Características ............................................................................................................... 45
3.2 COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO BRASIL.......................................................... 48
3.3 O PAPEL DA CAPES......................................................................................................... 53
3.4 OS DESAFIOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO NAS UNIVERSIDADES
BRASILEIRAS ........................................................................................................................ 56
3.5 RANKINGS INTERNACIONAIS ..................................................................................... 59
4 ESTUDO DE CASO DA UFBA: COLETA DE DADOS, APRESENTAÇÃO E
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ........................................................................... 62
4.1 APRESENTAÇÃO DA UFBA E DOS ASPECTOS INSTITUCIONAIS ......................... 62
4.1.1 Entrevistas ...................................................................................................................... 67
4.1.2 Processos ......................................................................................................................... 72
4.1.3 Acordos de Cooperação Internacional ......................................................................... 78
4.1.4 Planejamento .................................................................................................................. 80
4.1.5 Análise dos sites institucionais dos programas de pós-graduação da UFBA ........... 82
4.2 MOBILIDADE ACADÊMICA .......................................................................................... 84
4.3 CENÁRIO EXTERNO ..................................................................................................... 102
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 115
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 121
17
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO, JUSTIFICATIVA E OBJETO DE ESTUDO
A motivação para escolha desta temática originou-se nos estudos da cooperação
internacional para o desenvolvimento. Ao analisarmos especialmente os aspectos da
cooperação internacional acadêmica, percebemos que esta temática tem sido muito estudada
em diversas e importantes instituições internacionais, tais como a Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, além de várias renomadas instituições
internacionais de ensino.
A importância que a educação recebe das instituições globais pode ser exemplificada
no relatório UNESCO Education Strategy 2014-2021 (2014). Neste documento, evidencia-se
que a comunidade internacional está elaborando uma agenda global para o desenvolvimento
sustentável, onde tanto a UNESCO quanto a UNICEF estão liderando as consultas
relacionadas ao futuro da educação. Nesta agenda global para o desenvolvimento sustentável,
o comitê responsável teria apontado a educação como sendo um dos principais focos.
A educação do ponto de vista global mereceu destaque ao mencionar seu segundo
objetivo estratégico: capacitar aprendizes a serem cidadãos globais criativos e responsáveis.
Segundo este mesmo relatório da UNESCO, nos próximos 8 anos a instituição ampliará
consideravelmente suas ações para apoiar os países membros a desenvolver sistemas
educacionais eficazes que ajudem os estudantes a obter conhecimentos, habilidades, valores,
atitudes e comportamentos que são necessários para forjar uma sociedade mais pacífica,
inclusiva, equilibrada e sustentável. A UNESCO segue afirmando que a educação pode
capacitar tanto crianças quanto jovens e adultos a tomarem decisões em nível local, nacional e
mesmo global, e cooperar no cumprimento de desafios atuais e emergentes num mundo cada
vez mais interconectado (2014).
É importante deixar registrado que a internacionalização por si só, não significa muito
para a instituição de ensino. Sua importância não deve ser superestimada ao ponto em que se
confunda com o objetivo da instituição educacional que é a qualidade do ensino, preparando e
qualificando pessoas para tentar solucionar os problemas da sociedade. Ao invés disto, a
18
internacionalização deve ser vista como um meio, como parte de uma estratégia para atingir
seus objetivos. De fato, isto pode ser um facilitador, quando se estabelecem laços de pesquisa
com centros de excelência de outros países que estejam pesquisando soluções para problemas
similares. Vários benefícios podem ser percebidos: possibilidade de agilizar a pesquisa na
busca pela solução almejada, eficiência no uso dos recursos materiais e humanos,
compartilhamento de dados, uso de tecnologias não disponíveis no país de origem, além da
integração dos povos e projeção da imagem do país.
Já há alguns anos a internacionalização na educação superior vem sendo estudada, seja
em artigos científicos, seminários ou congressos sobre o tema. Mas não é apenas como
assunto na produção científica que ela vem assumindo cada vez mais grande importância. Na
gestão universitária a internacionalização já é reconhecida como um aspecto imprescindível
em qualquer universidade moderna, e justamente por isso, está presente nos planejamentos
estratégicos institucionais. A internacionalização também recebe destaque nas políticas
nacionais para a educação, quando são estimuladas e promovidas por meio de acordos de
cooperação internacional entre países parceiros, alinhando as iniciativas por meio de editais
que contemplam bolsas de estudo. Desta forma, as políticas acabam direcionando as
cooperações universitárias e moldando acordos conforme os interesses nacionais. Esse
direcionamento pode se dar tanto em relação à escolha dos países parceiros, quanto às áreas
de estudo que serão patrocinadas pelo Estado.
Apesar disto, há espaço para que cada universidade federal brasileira tenha seu
planejamento próprio e realize cooperação com outras instituições de ensino de outros países
conforme sua vocação.
Dentro do conceito de internacionalização nas universidades, um fator considerado
muito importante e que será tratado neste estudo é o da mobilidade acadêmica. Entender
como se dá a mobilidade acadêmica, analisando seu fluxo dentro de uma determinada
Universidade, auxilia no entendimento de suas possíveis vocações e pode tanto refletir
parcerias institucionais, projetos isolados, como até mesmo parcerias estratégicas.
O número de estudantes que desejam estudar no exterior tem aumentado à medida em
que várias instituições de ensino superior disputam pelas mentes mais brilhantes. Esta
crescente disputa pelos melhores estudantes se dá em âmbito regional, onde novos destinos
oferecem programas mais acessíveis e culturalmente interessantes em relação aos destinos
tradicionais. Dados da UNESCO apontam que, em 2013, mais de 4,1 milhões de estudantes
de todo o mundo foram estudar no exterior, o que representa um aumento de quase 100% em
19
relação aos 2 milhões de estudantes matriculados em 2000. Ainda segundo a UNESCO
(2016), este número representaria 1,8% de todas as inscrições no ensino superior, ou seja, de
cada 100 alunos matriculados, aproximadamente 2 seriam de outros países.
Mapear o panorama de internacionalização de uma determinada Universidade, por
certo, é algo muito complexo, uma vez que não há consenso ou fórmula pronta para definir
quais critérios devem ser abordados. Um bom mapeamento deve procurar entender se a
instituição propicia condições que estimulem a cooperação acadêmica com instituições de
ensino de outros países. Isto inclui verificar se a instituição possui alguma área ou setor
específico para apoiar as parcerias e disponibilizar processos, verificar se há apoio jurídico
para viabilizar legalmente as cooperações, checar se há iniciativa institucional que estimule a
criação de redes de cooperação entre pesquisadores da instituição, mapear os convênios
existentes com outras universidades, dentre outros.
No entanto, a busca pela internacionalização das universidades brasileiras é repleta de
obstáculos: a língua pode ser uma barreira, na medida em que o português é muito pouco
utilizado nas principais instituições recebedoras de alunos estrangeiros; a quantidade de
cursos proferidos em língua inglesa pelas universidades brasileiras ainda é insignificante; a
distância geográfica entre o Brasil e outros países é um limitador na escolha como país de
destino de estudantes provenientes da mobilidade acadêmica.
Por fim, não há de se falar de internacionalização sem que se mencione os rankings
acadêmicos. É importante entender como se situam as universidades brasileiras nos principais
rankings internacionais. Mas é igualmente importante entender que qualquer tentativa de
comparar instituições extremamente complexas e subjetivas entre si pode recair em
imprecisões, pois vários fatores precisam ser considerados, tais como aspectos históricos,
geopolíticos, culturais, legislações locais e suas burocracias, dentre outros. Portanto, é
fundamental que se entenda quais os principais critérios adotados para que se dê a devida
importância, sem que essa temática seja superestimada, mas que ao mesmo tempo seja
aproveitada como o que de fato é: um recurso com metodologias próprias, para auxiliar no
comparativo entre universidades, baseado em critérios bem específicos.
Apesar deste tema já ser abordado há algum tempo com muita ênfase nos meios
acadêmicos, após uma pesquisa, não verificamos um estudo sobre a internacionalização na
Universidade Federal da Bahia – UFBA. Como ambos, orientador e orientando fazemos parte
desta Universidade, achamos que esta seria uma oportunidade desafiadora para produzirmos
uma pesquisa que, ao mesmo tempo em que entendemos preencher uma lacuna acadêmica
20
sobre o assunto, podemos contribuir para evidenciar qual o panorama sobre a
internacionalização que a UFBA se encontra, entendendo desafios e oportunidades que
possam surgir deste trabalho para esta Universidade. Portanto, pretendemos fazer um estudo
de caso sobre o panorama de internacionalização na Universidade Federal da Bahia.
Todavia, cientes de que mapear um panorama deste porte é algo bastante complexo, e
que possuímos restrições de tempo e acesso aos dados, deixamos claro desde a descrição do
título, que define as três dimensões exploradas, quanto na sessão de metodologia, as
limitações e o escopo que tivemos que considerar para traçar este panorama.
Esta dissertação obedecerá às normas técnicas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) disponibilizadas no Manual de Estilo Acadêmico, elaborado por Lubisco e
Vieira (2013), recomendado pelo Núcleo de Pós-graduação em Administração (NPGA) da
UFBA.
1.2 PROBLEMA, OBJETIVO GERAL E OBJETIVOS ESPECÍFICOS
De acordo com o objeto de estudo apresentado anteriormente, foi definido o seguinte
problema de pesquisa:
Como vem se dando a internacionalização na Universidade Federal da Bahia sob o
aspecto da mobilidade acadêmica, aspectos institucionais e cenário externo, desde 2011 até o
presente momento?
Dada a importância que o tema internacionalização em universidades tem tido nos
últimos anos, e a carência de estudos acadêmicos que investiguem de forma abrangente a
internacionalização da Universidade Federal da Bahia, optou-se por escolher este problema
como questão norteadora desta pesquisa. A opção pela UFBA como objeto a ser pesquisado
em um estudo de caso deve-se não apenas pela importância desta instituição em nível
nacional, mas também por este autor fazer parte desta instituição, facilitando o acesso a
documentos institucionais e entrevistas previstas nesta pesquisa. É importante ressaltar que,
por meio dos resultados obtidos por esta dissertação, pode-se contribuir para melhoria do
processo de gestão da internacionalização da UFBA e agregar em trabalhos futuros propostas
de controle de novos indicadores bem como ferramentas para geri-los.
21
A partir da definição do problema, decidiu-se que esta pesquisa tem como objetivo
geral:
Entender o panorama atual de internacionalização na UFBA baseado na mobilidade
acadêmica, nos aspectos institucionais e no cenário externo.
A partir do objetivo geral, cabe esclarecer que, quando se cita “aspectos
institucionais”, estão sendo incluídas a investigação da estrutura organizacional, dos
processos e do planejamento institucional.
Para dar suporte a este objetivo geral, foram definidos, conforme a figura abaixo, os
seguintes objetivos específicos:
Figura 1 - Objetivos geral e específicos
1.3 PREMISSAS E PRESSUPOSTOS
Com o intuito de responder ao problema de pesquisa e seguir com o aprofundamento
teórico deste trabalho, foram considerados 1 premissa e 2 pressupostos.
Para esta pesquisa, foi adotada a seguinte premissa:
A UFBA ainda possui uma cultura incipiente sobre a internacionalização nos seus
mais diversos setores.
22
Esta premissa surgiu a partir da experiência empírica do autor desta pesquisa, ao
conversar com professores da UFBA a respeito da internacionalização da instituição. Some-
se a isto a análise de importantes rankings internacionais acadêmicos que corroboram com tal
afirmação.
Os pressupostos desta pesquisa e suas respectivas motivações são descritos no quadro
abaixo:
Quadro 1- Quadro de pressupostos e suas motivações
Pressupostos Motivações
Muitas iniciativas de cooperação entre instituições
de ensino de outros países e a UFBA ocorrem
provocadas nas unidades e departamentos desta
universidade, ou mesmo frutos de iniciativas
pessoais de professores desta instituição, portanto
de forma descentralizada.
Este pressuposto surgiu a partir da experiência
empírica do autor desta pesquisa, ao conversar
com professores da UFBA a respeito da
internacionalização da instituição. Pretende-
se confirmar este pressuposto ao investigar o
objetivo específico OE1.
O direcionamento dos acordos de cooperação da
UFBA e da mobilidade acadêmica é influenciado
pelas políticas nacionais em educação.
Este pressuposto surgiu a partir de indicadores
disponíveis no site do programa Ciência sem
Fronteiras
http://www.cienciasemfronteiras.gov.br que
mostra um crescimento expressivo na
distribuição de bolsas e doutorados sanduiche
nos últimos 4 anos. Ao longo do
aprofundamento desta pesquisa, pretende-se
confirmar esta relevância nos números,
apresentando gráficos e comparando a
evolução da UFBA com o resto do país.
Pretende-se confirmar este pressuposto ao
investigar os objetivos específicos OE4 e
OE5.
1.4 METODOLOGIA ADOTADA
Esta dissertação está fundamentada em um estudo de caso sobre a internacionalização
na Universidade Federal da Bahia. Pretende-se fazer uso de pesquisas bibliográficas para
entender o contexto, a importância, as características, os benefícios e os desafios da
internacionalização no ensino superior. Além disto, pretende-se investigar como se dá a
internacionalização no contexto atual e a importância das cooperações acadêmicas. Estas
pesquisas bibliográficas abrangem livros, artigos, teses, dissertações, documentos
institucionais, além de algumas informações disponíveis em sites e outros meios eletrônicos.
23
A metodologia do estudo de caso será fundamentada pelo livro Estudo de Casos:
Planejamento e Métodos de Robert K. Yin (2010) a fim de organizar e nortear a pesquisa que
será feita na referida universidade por meio de entrevistas, observação direta, mapeamento de
processos e análise documental.
Para efeito de organização, os 5 objetivos específicos foram classificados nas três
dimensões previstas no título desta dissertação: mobilidade acadêmica, aspectos institucionais
e cenário externo. Além disto, cada objetivo específico estará associado a unidades de análise.
A partir de cada unidade de análise serão definidos os 25 indicadores a serem coletados e
analisados nesta pesquisa. Dada a complexidade de se explicar um panorama, foram
propostos vários tipos de dados tais como dados quantitativos oriundos de sistemas e bases de
dados, gráficos, séries temporais, processos, além de análises de documentos oficiais.
Após um estudo sobre os principais métodos científicos disponíveis para se efetuar
uma pesquisa acadêmica, chegou-se à conclusão que o método mais adequado para ser
utilizado na investigação deste objeto de estudo seria o estudo de caso. Após uma verificação
deste objeto, foram feitas as seguintes constatações:
Verificou-se que o tipo de questão de pesquisa utilizado é compatível com as
questões tipicamente utilizadas em estudo de caso;
O investigador deste trabalho tem pouco controle sobre os eventos ocorridos
internamente dentro desta área de estudo, porém tem acesso para a pesquisa;
Este trabalho trata de um estudo contemporâneo sobre o panorama atual da
internacionalização da UFBA1;
Trata-se de um fenômeno organizacional, real, que abrange comportamento de
grupos, processos organizacionais e relações internacionais;
Finalmente, trata-se de uma investigação eminentemente qualitativa, mas auxiliada
e substanciada com dados quantitativos.
Tais características apontam para o uso do estudo de caso como método a ser
escolhido para esta pesquisa.
Foi adotado como modelo o fluxo de pesquisa utilizando estudo de caso, proposto por Yin
(2010), conforme figura a seguir:
1 Mesmo fazendo uma breve regressão histórica no levantamento bibliográfico, esta foi feita com o intuito de
contextualizar o objeto a ser estudado.
24
Figura 2 - Fluxo da pesquisa utilizando estudo de caso.
Fonte: Adaptado de Yin (2010)
Uma vez entendido que o estudo de caso é o método mais apropriado para a
investigação deste trabalho, a próxima etapa foi elaborar o projeto do estudo de caso. Nesta
fase é fundamental que se descreva algumas características do estudo bem como que se faça
um bom planejamento da sua pesquisa, atrelando a coleta dos dados aos objetivos
pretendidos.
Em relação às características do estudo de caso, foram feitas as seguintes observações:
Trata-se de um estudo de caso único, tendo a internacionalização na UFBA como
caso a ser estudado;
Trata-se de um caso representativo de uma universidade de reconhecida
importância regional e nacional;
É um estudo de caso integrado, pois visa a estudar diversas unidades de análise;
Seguindo as recomendações para elaboração de uma boa pesquisa, este pesquisador
teve o cuidado de mapear o caminho metodológico a ser percorrido ao longo das
investigações, desde o objetivo geral, objetivos específicos, unidades de análise, indicadores
25
até chegar aos dados a serem obtidos, incluindo as técnicas de coleta e de análise. Para tanto,
foram elaboradas três figuras que mostram a trajetória da pesquisa na busca pelas respostas
aos objetivos e ao problema, traçados inicialmente. Para elaboração deste mapeamento
metodológico foi utilizada a ferramenta “draw.io”.
26
.
Figura 3 - Mapeamento metodológico – unidades de análise
27
A figura 3 ilustra o caminho metodológico utilizado nesta pesquisa partindo desde o
objetivo geral, descrevendo os objetivos específicos e suas respectivas unidades de análise
inerentes a cada um. Como pode-se perceber, foram criados 5 objetivos específicos com
intuito de dar suporte ao objetivo geral e desta forma, responder ao problema de pesquisa.
Para cada objetivo específico foram especificadas uma ou mais unidades de análise,
totalizando 13. As unidades de análise são áreas a serem estudadas, contendo informações
úteis para investigação de cada objetivo específico.
Cada unidade de análise será investigada e fornecerá indicadores úteis que serão
vinculados por meio delas aos objetivos específicos conforme a figura 4.
Para efeito de organização, foram utilizadas as siglas “OE” seguidas de uma
numeração sequencial para identificar os objetivos específicos. Da mesma forma, foram
utilizadas as siglas “UA” seguidas de uma numeração sequencial para identificar as unidades
de análise apresentadas neste trabalho.
Além disto, os objetivos específicos e suas respectivas unidades de análise foram
organizadas de tal modo que: os três primeiros objetivos específicos (OE1, OE2 e OE3)
refletem os aspectos institucionais; o quarto objetivo específico (O4) representa a mobilidade
acadêmica e o quinto e último objetivo específico (OE5) abrange o cenário externo. Não por
acaso, representam as dimensões previstas neste estudo, aderentes ao título desta pesquisa que
já as previu.
Na figura mostrada a seguir, são apresentados os dados coletados e agrupados a partir
de cada unidade de análise. Também são listadas as fontes de evidência utilizadas para cada
coleta. De forma análoga ao que foi utilizado com as unidades de análise e com os objetivos
secundários, para efeito de organização foi criada a sigla “I” seguida de uma numeração
sequencial para identificar cada indicador utilizado.
28
Figura 4 - Mapeamento metodológico – indicadores
29
Para complementar a fase de projeto do estudo de caso, foi criada a figura abaixo
contendo as técnicas de análises previstas na coleta e tratamento dos dados a serem utilizadas.
Figura 5 - Mapeamento metodológico - técnicas de análise
30
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação está estruturada em 5 capítulos:
No primeiro capítulo, que é a própria introdução, são apresentados o título da
pesquisa, problema, objetivo geral, objetivos específicos, premissas e pressupostos, além de
uma apresentação do tipo de metodologia e estratégias de pesquisa adotadas.
Os capítulos 2 e 3 foram elaborados através de revisão de literatura produzida por
meio do levantamento do referencial teórico. O segundo capítulo faz uma breve
contextualização histórica sobre a importância da instituição “universidade” e a presença da
internacionalização ao longo dos tempos, no mundo, América Latina e no Brasil. Já o terceiro
capítulo trata da internacionalização propriamente dita, explicando sua importância,
características, benefícios, impactos, críticas, evidenciando a visão de alguns estudiosos do
tema existentes na literatura. Ao final de cada um destes capítulos, será apresentado um
mapa mental contendo um resumo dos principais temas abordados.
O quarto capítulo introduz o objeto de estudo, descreve a coleta dos 25 indicadores
previstos, e apresenta os resultados seguidos de suas respectivas análises.
Por fim, no quinto capítulo, são descritas as considerações finais. Neste capítulo, faz-
se um apanhado das interpretações dos resultados apresentados no quarto capítulo,
correlacionando o panorama da UFBA com os aspectos da internacionalização estudados ao
longo do capítulo 3.
31
2 A RELAÇÃO ENTRE A UNIVERSIDADE E A INTERNACIONALIZAÇÃO AO
LONGO DA HISTÓRIA
O objetivo deste capítulo é fazer uma breve apresentação sobre a universidade
enquanto instituição, desde sua origem até seu surgimento no Brasil, ressaltando a
importância estratégica que ela sempre teve e ainda tem, e mostrando de que forma a
internacionalização esteve presente.
Este capítulo está estruturado em quatro partes: a primeira destaca as origens da
universidade no mundo bem como suas influências políticas e eclesiásticas, sobretudo na
Europa; a segunda parte trata do surgimento da universidade na América Latina, ressaltando
as diferenças no modelo de colonização entre a Espanha e Portugal, que acabaram resultando
em políticas de educação distintas para com suas respectivas colônias; na terceira parte é
apresentado o modelo de ensino superior adotado por Portugal no Brasil, além dos impactos
gerados por esta política educacional, e mostra de que forma que se deu o surgimento das
primeiras universidades brasileiras; a quarta e última parte faz uma breve contextualização do
surgimento da UFBA enquanto universidade.
2.1. A UNIVERSIDADE NA IDADE MÉDIA
A Universidade é uma das instituições mais importantes da humanidade. Nas mais
diversas civilizações ela assumiu um papel de destaque em suas respectivas sociedades,
contribuindo decisivamente para o avanço das ciências. Pode-se considerar o surgimento da
Universidade como a resposta dos homens aos desafios enfrentados em suas épocas.
Não existe um consenso entre os pesquisadores a respeito de quando surgiu
exatamente, nem qual foi a primeira universidade do mundo. Isto varia com o próprio
conceito de Universidade adotado. Dentre as mais antigas do mundo podem ser citadas:
Universidade de Bolonha na Itália, Universidade de Paris na França, Universidade de Oxford
na Inglaterra, University of al-Qarawiyyin em Marrocos e Al Azhar University no Egito
(ESPOSITO, 2003). Independentemente de sua exata origem, pode-se perceber claramente a
influência que as religiões exerceram na origem das universidades, seja no ocidente ou no
32
oriente. Influência esta que acabou por gerar conflitos políticos entre os poderes laico e
eclesiástico. Oliveira faz a seguinte declaração ao se referir à origem das Universidades:
Os estudiosos são unânimes em afirmar que diversos acontecimentos
interferiram e estimularam o nascimento dessas instituições, como o
renascimento das cidades, o desenvolvimento das corporações de ofícios, o
florescimento do comércio, o aparecimento do mercador. Existem análises
que vinculam as universidades medievais às escolas árabes; outras afiançam
que as universidades são filhas das escolas do século XII, dentre as quais a
Vitorina e a de Pedro Abelardo. Há ainda outras interpretações, segundo as
quais as universidades somente poderiam ter nascido no século XIII, o
século das corporações de ofício. Contudo, a disputa pelo poder entre a
realeza e o papado, que reivindicavam o governo da sociedade, influenciou
sobremaneira o surgimento das universidades (OLIVEIRA,2007, p. 120) .
A Universidade de Paris, criada no século XII, serviu como exemplo para criação de
outras instituições. Moldada segundo a influência religiosa, a Universidade cresce em
importância, se beneficiando de sua localização geográfica, bem como pela presença da
administração real. Em 1150, recebe o título de Estudos Gerais e tem na Teologia o curso
mais importante de todos. No século XIII, em 1262, a Universidade já está consolidada,
dando origem à Corporação dos Mestres Parisienses ou Universitas Magistrorum et
Scholarium. Este verdadeiro centro, formado por mestres e alunos, acaba recebendo pessoas
das mais diversas nações, e não tarda a receber o reconhecimento oficial da mais alta
autoridade civil, o Papa (ROSSATO, 2005).
Já a Universidade de Bolonha seguiu outros modelo de organização e de ensino dos
Estudos Gerais, a fim de suprir as demandas municipais que carecia sobretudo de juristas e de
administradores. Sua estrutura refletia uma preponderância estudantil sobre a corporação dos
mestres, que chegava a determinar salários e métodos de ensino. As instituições que
possuíssem as quatro faculdades: Artes, Teologia, Decretos e Medicina recebiam a
denominação de Studium Generale. Seus membros possuíam privilégios de caráter universal,
bem como eclesiásticos (ROSSATO, 2005). Estas instituições eram tidas como de referência
internacional e seus acadêmicos eram encorajados a dar cursos em outras instituições. Isto
pode ser compreendido como um precursor da cultura de intercâmbio acadêmico na Europa.
Costuma-se usar o termo “idade das trevas” para se referir à Idade Média. Isto se
deve, em grande medida, ao fato de alguns historiadores considerarem que nesta época não
havia um desenvolvimento cultural relevante, pois a cultura estaria sendo monopolizada pela
Igreja Católica. De forma análoga, considerava-se que não havia uma evolução técnico-
científica pois a religião cerceava estes avanços, para que os mesmos não pudessem colidir
33
com a fé. No final do século XX, novos estudos a respeito dessa época procuraram
desmistificar esta visão de “idade das trevas”. Novas conclusões foram feitas a respeito do
desenvolvimento desta época, e percebeu-se que de fato havia uma produção científica e
cultural ricas. Oliveira (p. 115, 2007) cita em seu artigo Origem e memória das universidades
medievais: a preservação de uma instituição educacional, que era comum encontrar análises
considerando os teóricos medievais como meros representantes da igreja e do papado.
Oliveira ainda questiona o fato de algumas análises atribuírem o nascimento das ciências
modernas e do empirismo a Bacon e Descartes. Apesar de reconhecer neles uma grande
contribuição, afirma não ser possível tratar de pioneirismo sem destacar pensadores medievais
como Roger Bacon (1215-1294), Guilherme de Ockham (1285/90-1349), Jean de Salisbury
(1120-1180), Tomás de Aquino (1225-1274) e Alberto Magno (1193-1280) (OLIVEIRA,
2007).
Ainda sobre a importância da produção científica na idade medieval, Oliveira (2007)
traz a seguinte afirmação a respeito dos autores citados anteriormente:
Estes autores se dedicaram à investigação da natureza, da natureza das
coisas, valorizaram a importância das investigações empíricas e
compreenderam que, para tratar das ciências naturais, era preciso a
experiência e o conhecimento de outras autoridades além das sagradas, como
Aristóteles. (OLIVEIRA, 2007, p. 116)
As universidades medievais tiveram um papel muito importante na produção e
propagação de conhecimento dessa época. A existência destes verdadeiros grandes polos fazia
com que houvesse grande mobilidade, tanto de alunos quanto de professores, à procura de
uma ascensão social, sobretudo da nascente burguesia.
Até então, a língua padrão adotada nas principais universidades do ocidente era o
latim. Ao longo do tempo, com a expansão das Universidades pela Europa, instituições de
ensino italianas, francesas, inglesas e alemãs passaram a atrair as elites dos Estados recém-
formados na Europa Central. Neste momento, o ensino, pesquisas e publicações já eram
realizados na língua do país receptor, contribuindo para fortalecer suas instituições
(SCHWARTZMAN, 2009).
34
2.2 UNIVERSIDADES NA AMÉRICA LATINA
Na América Latina, o surgimento das Universidades remonta ao ano de 1538, quando
foi criada na cidade de Santo Domingo a Universidad Autónoma de Santo Domingo. Como
boa parte das Universidades daquela época, esta instituição teve influência eclesiástica,
recebendo autorização da Igreja Católica por meio da bula papal In Apostolatus Culmine. Em
1551, por meio de um decreto do Rei Carlos I da Espanha é criada a Universidade Nacional
Maior de São Marcos, no Peru. Em 1553 foi a vez do México ter uma Universidade, que hoje
é denominada de Universidade Autônoma do México (UNAM). Outras tantas Universidades
foram criadas na América Latina espanhola ao longo dos séculos XVI e XVII, tais como:
Universidade de Córdoba, na Argentina (1621); Universidad San Gregório Magno em Quito,
Equador (1622); Universidad del San Francisco Javier em Yucatán, México (1624);
Universidad Mayor, Real y Pontificia de San Francisco Xavier de Chuquisaca no Sucre,
Bolívia (1624); Universidad del Rosário, Colômbia (1653), dentre outras (CUNHA, 1986).
Estas Universidades foram fundadas por meio de decretos Reais da metrópole, replicando os
modelos das Universidades espanholas já existentes, sobretudo a Universidad del Salamanca,
e tinham como principal objetivo a educação das elites estabelecidas nas colônias.
Visto isto, percebe-se claramente as diferenças das políticas educacionais nos modelos
de colonização entre Espanha e Portugal. Enquanto que o primeiro deu maior importância à
criação das Universidades, Portugal obstruía a criação de instituições de ensino superior no
Brasil e incentivava a ida das elites brasileiras para concluírem seus estudos na Universidade
de Coimbra. É bem verdade que esta situação também refletia a realidade nas próprias
metrópoles, uma vez que, enquanto Portugal possuía exclusivamente a Universidade de
Coimbra, a Espanha já possuía 8 universidades: Universidade de Salamanca, Valência, Lérida,
Barcelona, Santiago de Compostela, Valladolid, Oviedo e Alcalá (CUNHA, 1980).
Segundo Rossato (2005), no século XVIII foram criadas dezenove universidades na
América Latina seguidas de mais trinta e uma no século XIX. Àquela época, quase a
totalidade dos países latino-americanos possuíam uma ou mais universidades, com exceção do
Brasil. O modelo francês influenciava fortemente outros modelos do mundo incluindo o
espanhol, que foi replicado nas Universidades latino-americanas. Aos poucos estas
universidades foram deixando de serem influenciadas pelo modelo europeu, e no século XIX
a escola norte-americana passou a exercer esta influência (ROSSATO, 2005).
35
2.3 UNIVERSIDADES NO BRASIL
No período colonial o Brasil, então colônia de Portugal, sofreu resistência para a
implantação de sua primeira universidade, tanto de Portugal pela sua política de colonização,
quanto de parte dos brasileiros, que não viam razão para implantação de tal instituição
(Fávero, 2006). Ainda segundo Fávero, já no século XVI, os jesuítas tentaram criar a
universidade na colônia brasileira, mas tiverem seu pedido negado pela coroa portuguesa.
Àquela época, acreditava-se ser mais adequado que as elites brasileiras se deslocassem para
Europa, a fim de concluírem seus estudos superiores em Coimbra ou outra universidade
europeia. Fávero conclui que todos os esforços de criação de universidades, nos períodos
colonial e monárquico, foram malogrados, o que denota uma política de controle por parte
da Metrópole de qualquer iniciativa que vislumbrasse sinais de independência cultural e
política da Colônia (FÁVERO, 2000, p. 18-19).
Segundo Neddemeyer (2002), havia uma verdadeira obstrução do desenvolvimento da
educação superior na colônia por parte de Portugal com o objetivo de possuir controle total e
hegemônico sobre o território. Os portugueses queriam desta forma, isolar qualquer
interferência externa que pudesse atrapalhar a autoridade e prejudicar o comércio português
com a colônia. Nesse sentido, não seria somente a educação, mas também a imprensa e
quaisquer outros aspectos culturais que eram boicotados. Não somente havia a obstrução da
criação do ensino superior brasileiro, como também entraves no reconhecimento de títulos de
instituições jesuítas.
A nomeação de Sebastião José de Carvalho, o Marquês de Pombal, como Ministro do
Rei, em 1750, marcou um novo período denominado “período pombalino”, que acarretou em
reformas importantes no modelo de educação português. Inspirado na ascensão inglesa com a
revolução industrial, e com a crise econômica que se abatia em Portugal, o Marquês de
Pombal promoveu uma série de reformas nas instituições portuguesas a fim de trazer a
modernização que a Inglaterra vinha vivenciando. O Brasil sentiu diretamente as
consequências destas mudanças. A Revolução Industrial estava atrelada ao Iluminismo e à
Reforma Protestante e um dos primeiros rompimentos foi com o modelo educacional vigente,
que era dominado pela Igreja Católica. Não tardou para que os Jesuítas fossem expulsos do
país e suas propriedades expropriadas (CUNHA, 2007).
Com a expulsão dos Jesuítas, o sistema educacional no Brasil colonial encontrava-se
36
num momento de desorganização. Com a vinda da família real portuguesa este sistema
educacional tomou novos rumos. No mesmo ano da vinda da Família Real para o Brasil, é
criado por decreto de 18 de fevereiro de 1808 o curso de Médico de Cirurgia na Bahia, e no
mesmo ano, em 5 de novembro, é criada a Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica no Hospital
Militar do Rio de Janeiro. Em seguida, são criados no Rio de Janeiro e Bahia dois centros
médico-cirúrgicos, matrizes das atuais Faculdades de Medicina da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA) (VILLANOVA, 1948, p.
8).
Após a implantação do curso de Médico e Cirurgia, o ensino superior público passou
por uma nova fase, pois até então só havia o ensino superior religioso.
Após a independência do Brasil, em 1822, com o surgimento do Estado Nacional,
houve a necessidade de se implementar mudanças no ensino superior vigente desde o período
colonial. Desta forma, criaram-se cursos e academias com intuito de formar burocratas para o
Estado e especialistas na produção de bens, além de formar profissionais liberais. Segundo
Cunha (1986, p. 71), o ensino superior nasceu com o Estado Nacional, gerado por ele, e para
cumprir as funções próprias dele.
Nesta época, o ensino superior deu um salto gradual, sendo fundadas as faculdades de
direito em São Paulo (1827) e Olinda (1828), bem como as Escolas Normais, que eram
destinadas à formação de professores para ensino no primário, no Rio de Janeiro (1835),
Minas Gerais (1840), Bahia (1841) e São Paulo (1846) (TRINDADE, 2008). Neddermeyer
destaca a influência que a cultura francesa tinha sobre o modelo de educação brasileiro
durante a regência de D. Pedro II (2002).
Durante o período denominado Primeira República (1889-1930), o ensino superior
brasileiro passa a ser influenciado pelo positivismo de August Comte, que defendia a
realização de estudos dos fenômenos a partir do uso de uma metodologia própria. Apesar de
ainda não contar com uma universidade, neste período o ensino superior brasileiro deu um
salto significativo. Esta expansão se deu, sobretudo, pela criação de escolas superiores
privadas, uma vez que até então o modelo educacional superior era centralizado e estatal.
Segundo Spagnolo (1989), ao final do século XIX o Brasil já tinha 40 instituições de ensino
superior, mas apesar disto, a elite brasileira continuava a procurar uma formação superior na
Europa, sobretudo em Portugal e França.
Somente no início do século XX o Brasil viu suas primeiras tentativas de criação de
37
universidades2: a Escola Universitária Livre de Manaus foi criada em 1909, que foi
renomeada em 1913 como Universidade de Manaus, e que acabou se dividindo em 1926 com
a decadência do ciclo da borracha. Em 1911 foi criada uma sociedade civil denominada
Universidade de São Paulo que agregou vários cursos tais como Odontologia e Direito. Ela
enfrentou diversas dificuldades no reconhecimento dos seus diplomas por parte do governo de
São Paulo, pois era uma instituição privada, e em 1917 essa Universidade foi dissolvida. Em
1912 foi fundada a Universidade do Paraná. Assim como as anteriores, também tratava-se de
uma instituição privada. Enfrentando dificuldade na validação de seus diplomas, acabou tendo
que se dissolver (CUNHA, 2007). Em ambos os casos relatados, tratados por Cunha (2007)
como Universidades de Vida Curta, caracterizaram-se por serem tentativas originadas da
iniciativa privada de se criar uma universidade brasileira, que posteriormente acabou
fracassando. Como legado, houve uma pressão por parte da sociedade para que o Estado
viabilizasse a criação de uma Universidade brasileira.
Nos anos 20, o Estado concedeu a denominação “Universidade” à instituição formada
por faculdades profissionais localizadas no Rio de Janeiro, que seriam a Escola Politécnica,
Escola de Medicina além de duas Escolas Livres de Direito e que viriam a dar origem à
Universidade do Rio de Janeiro. Segundo Trindade (2008), a motivação por trás dessa ação
seria a de viabilizar a concessão do título honoris causa ao Rei da Bélgica, que estaria
visitando o Brasil. Esta universidade só seria, de fato implantada em 1937. Suas escolas
seriam isoladas e profissionalizantes, com dissociação entre o ensino e a pesquisa.
Em 1927 foi fundada a Universidade de Minas Gerais, por meio de uma iniciativa
estadual, que englobava a faculdades de Engenharia, Direito, Medicina, Odontologia e
Farmácia, já existentes em Belo Horizonte. Desta vez, ao contrário das tentativas privadas
frustradas anteriores, houve um decreto que regulamentava a existência das universidades dos
estados e ditava a “perfeita autonomia administrativa, econômica e didática” (CUNHA, 1980,
pg. 191). Em ambos os casos, tratava-se, segundo Cunha, da criação de universidades por
meio de aglutinação, uma vez que se tratava da soma de faculdades já existentes e previa um
funcionamento com autonomia entre estas unidades.
A Escola de Engenharia de Porto Alegre que já se denominava internamente como
Universidade Técnica, foi reconhecida formalmente como universidade por meio de decreto
do governo em 1931. Segundo Cunha (1980), esta universidade diferenciava-se das outras
2 Muitas instituições se auto denominavam universidade, sem que tivessem a autorização oficial do governo
federal.
38
daquela época, pois enquanto era comum a outras escolas a influência franco-napoleônica,
esta tinha uma nítida inspiração no modelo universitário alemão (e posteriormente norte-
americano). Nela estavam abarcados os cursos de Engenharia Civil, Agrimensura,
Arquitetura, Engenharia de Minas, Eletrotécnica, e Química Industrial. Outra característica
marcante foi a forte existência de professores estrangeiros (em sua maioria, europeus) desde
sua concepção. Cunha (1980) classifica a criação desta universidade como sendo “por
diferenciação”, em detrimento à “aglutinação” das anteriores.
2.4 A UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
A história da educação superior na Bahia remonta há muito tempo atrás. Com a vinda
dos jesuítas para o Brasil durante o Governo Geral, vários colégios foram fundados na Bahia,
por volta de 1572 (BOAVENTURA, 2009). O Colégio do Terreiro foi um destes importantes
colégios, que ensinava Filosofia. Registra-se que várias personalidades estudaram neste
estabelecimento como por exemplo padre Antônio Vieira, Gregório de Matos, Guerra e outros
tantos (CUNHA, 1986). A qualidade do ensino desta instituição é ressaltada por alguns
pesquisadores tais como Silva (1956), quando relata um pedido feito pelo Senado da Câmara
da Cidade de Salvador da Bahia ao Rei de Portugal, para obtenção do reconhecimento dos
títulos conferidos àqueles que se formassem nesta instituição:
Nos requerimentos que esta Cidade tem feito a V. Majestade por seu
procurador, está o de pedir a mercê de que os filhos deste Estado, que
aprendem Letras, gozem os privilégios, graus e honras que V. Majestade tem
concedido à Cidade e filhos de Évora. (SILVA, 1956, p. 103)
Por circunstâncias históricas, durante as guerras napoleônicas a família real portuguesa
teve que vir ao Brasil após ter negociado com o império inglês um acordo de abertura dos
portos brasileiros em troca de proteção naval da armada inglesa. Este fato foi importante para
a criação da Escola de Cirurgia em fevereiro de 1808, considerada até hoje como o primeiro
ensino superior no Brasil. Após alguns meses deste mesmo ano a cidade de Rio de Janeiro
recebeu um curso semelhante. Em 1815 a Escola foi transformada em Colégio Médico-
Cirúrgico da Bahia (BOAVENTURA, 2009). Nos anos seguintes, diversas cadeiras foram
adicionadas ao curso, que passou a contar com Química, Anatomia, Fisiologia, Farmacologia,
dentre outras. Boa parte dos ocupantes destas cadeiras tinham sua formação na Universidade
39
de Coimbra. Em 1832, uma série de reformas foram levadas à Assembleia Geral, aprovadas, e
transformadas em lei. Com isto, o Colégio Médico-Cirúrgico transformou-se em Faculdade
de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro e passou a contar com mais autonomia, além de
aumentar o número de cadeiras para 14 e a duração do curso para 6 anos (SANTOS, 2005).
Na segunda metade do século XIX, por volta de 1877, o espanhol Miguel Navarro
funda a Academia de Belas Artes. Somente em 1943 é reconhecida pelo governo federal e
incorporada ao que viria a ser a Universidade Federal da Bahia. Nesta mesma época, com o
intuito de apoiar a indústria açucareira do Recôncavo baiano, foi criado o Imperial Instituto
Baiano de Agricultura, que depois viria a ser chamado de Escola Agrícola da Bahia, e
posteriormente dando origem à Escola de Agronomia de Cruz das Almas (BOAVENTURA,
2009).
Com o início da República Federativa, houve uma intensificação na criação de
instituições de ensino privado, as chamadas “Faculdades Livres”. Foi neste clima que foi
criada em 1891, a Faculdade Livre de Direito, considerada uma das primeiras republicanas e
que serviu em boa dose à elite baiana que estava carente na formação de gestores locais. A
Faculdade de Direito só foi integrada à UFBA em 1956 (BOAVENTURA, 2009).
Seguindo o mesmo clima de surgimento de Faculdades Livres, em 1897 eram criados
os cursos de engenharia civil e engenharia geográfica, ligados à Escola Politécnica da Bahia.
A criação desta instituição caracterizou-se por ter sido de forma extremamente rápida e
fortemente apoiada pelo estado baiano por meio do governador da época. Chegou a ser
estadualizada durante um período, mas em 1946 passou a ser federalizada, fazendo parte da
Universidade Federal da Bahia (BOAVENTURA, 2009).
Finalmente, em 1940 foi criada a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Conforme
cita Boaventura (2009), a existência deste curso era o pré-requisito exigido para que se
formasse uma Universidade, segundo o estatuto das universidades de 1931.
Em 1946 a Universidade Federal da Bahia é criada, reunindo diversas áreas de
conhecimento de diversas instituições já estabelecidas na Bahia, inclusive a recém criada
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e a já consolidada Faculdade de Medicina.
Longe de ser um modismo recente, a internacionalização esteve presente no ambiente
universitário desde sua origem. Já na idade média, devido à escassez de instituições deste
porte, as universidades eram responsáveis por atrair estudantes de várias partes do mundo,
bem como professores, o que tornava estes locais verdadeiros caldeirões culturais. Os títulos
40
que eram concedidos representavam um grande status para seu detentor, e credenciava-o para
ensinar em diversas escolas europeias. Justamente por isso, as universidades eram disputadas
pela elite burguesa.
Na América Latina, as colônias refletiam o modelo educacional dos países
colonizadores. Assim, boa parte das colônias espanholas possuíam já no século XVI, suas
próprias universidades, refletindo a importância que era dada pela Espanha. Já Portugal optou
por retardar o máximo possível a implantação desta instituição no Brasil. Isto repercutiu
durante muito tempo no sistema educacional brasileiro.
No Brasil, durante muito tempo, a única opção para se obter um ensino e titulação
universitária era enviar seus estudantes para universidades na Europa, sobretudo Portugal e
França. A criação de universidades no Brasil era deliberadamente desencorajada. Somente
com a vinda da família real Portuguesa foi que o Brasil passou a experimentar uma sensível
expansão no ensino superior. Foram diversas as escolas mundiais que influenciaram o ensino
brasileiro, tais como a francesa, alemã e posteriormente a americana.
Nas mais diversas épocas, é possível identificar aspectos de internacionalização no
meio universitário tais como presença de professores estrangeiros, mobilidade acadêmica de
estudantes e parcerias entre nações que poderiam resultar em colaboração de instituições
tradicionais de países desenvolvidos com outras instituições menos experientes de países
subdesenvolvidos ou ex-colônias. O próprio modelo universitário adotado refletia as
influências do ensino superior dos países considerados modelo.
Figura 6 - Mapa mental ilustrando o resumo do tópico
41
3 INTERNACIONALIZAÇÃO
Este capítulo está dividido em 5 partes: inicialmente serão apresentados conceitos
referentes à internacionalização na educação, incluindo críticas presentes na literatura a
respeito de aspectos financeiros e culturais, além de abordar algumas definições de tipo e
características da internacionalização propostas por alguns autores; a segunda parte trata da
cooperação internacional no Brasil, seus tipos, as diferentes fases de cooperação, além de
abordar as áreas responsáveis pela cooperação internacional em organizações; a terceira parte
apresenta a CAPES como um órgão estratégico para promoção da internacionalização no
sistema educacional brasileiro e introduz o programa Ciência sem Fronteiras como um
importante potencializador da mobilidade acadêmica na Brasil; a quarta parte elenca os
principais desafios para a internacionalização das universidades brasileiras; por fim, a quinta
parte apresenta o papel dos rankings na internacionalização, citando em especial o ranking
mantido pela Times Higher Education (THE).
3.1 CONCEITOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO
Apesar de perceber que diferentes aspectos da internacionalização já estavam
presentes desde o advento das primeiras universidades no Brasil e no mundo, nas últimas
décadas este tema tem sido tratado como um estratégico objeto de estudo.
São muitos os enfoques que são dados em relação ao conceito da internacionalização
universitária. O conceito de internacionalização sempre foi atrelado ao intercâmbio de
professores em instituições de ensino estrangeiras que retornava, e de alguma forma
incorporava suas experiências e vivências à cultura organizacional de uma universidade
nacional. Outros conceitos acrescentavam a mobilidade estudantil como um fator importante
para entender a internacionalização. Não somente os docentes, mas os discentes também
contribuiriam para agregar esta experiência internacional nas pesquisas acadêmicas.
A internacionalização também pode ser vista a partir da perspectiva organizacional de
uma universidade. Além do corpo docente e discente, existe uma série de outros fatores dentro
da instituição de ensino que dão suporte à internacionalização. Este tipo de perspectiva leva
42
em conta processos adotados, setores envolvidos, currículos utilizados, e funcionários
internos que, de alguma forma, estejam envolvidos e auxiliem na internacionalização da
instituição, sem necessariamente ter o contato com uma instituição estrangeira.
São diversos os meios para se identificar a internacionalização em uma instituição
universitária. Dentre eles, pode-se citar:
Presença de alunos estrangeiros matriculados;
Envio de alunos para cursar disciplinas em universidades de outros países;
Colaboração de professores visitantes estrangeiros;
Realização de convênios com outras instituições universitárias estrangeiras;
Participação de programas e projetos internacionais;
Existência de setores dedicados a cuidar da internacionalização da instituição,
dentre diversos outros.
Alguns pesquisadores focam na dimensão organizacional da pesquisa universitária, já
outros transcendem as discussões para temas tais como globalização e transnacionalização.
Morosini (2006) evidencia esta complexidade de enfoques envolvidos mencionando as
seguintes fases de desenvolvimento da internacionalização da educação superior:
Dimensão internacional – presente no século XX, que se caracteriza por ser uma
fase incidental mais do que organizada;
Educação internacional – atividade organizada prevalente nos Estados Unidos,
entre a segunda guerra mundial e o término da guerra fria, preferentemente por
razões políticas e de segurança nacional;
Internacionalização da educação superior, posterior à guerra fria e com
características de um processo estratégico ligado à globalização e à regionalização
das sociedades e seu impacto na educação superior.
Bartell (2003) é um dos autores que considera a internacionalização de uma
perspectiva mais abrangente, ao conceituá-la como trocas internacionais relacionadas à
educação, ao passo que a globalização seria uma fase avançada no processo que envolve a
internacionalização. Marginson e Rhoades (2002) seguem a mesma linha ao conceituar a
internacionalização como a globalização do ensino superior, o desenvolvimento de sistemas
educacionais integrados e as relações universitárias além da nação. Knight (2004) conceitua a
internacionalização como sendo o processo que integra uma dimensão global, intercultural e
internacional nos objetivos, funções e oferta da educação pós-secundária. Ele também ressalta
43
a relação entre a internacionalização e a globalização, ao citar que a internacionalização está
transformando o mundo da educação superior e a globalização está transformando o mundo
da internacionalização (KNIGHT, 2004).
A variedade de conceitos e perspectivas sobre a internacionalização é observada por
Bartell (2003), quando cita a convergência de diversos entendimentos, interpretações e
aplicações, que vão desde uma visão minimalista, instrumental e estática, como por exemplo a
busca de financiamento externo para programas de estudos no exterior, intercâmbio
internacional de estudantes, realização de pesquisas internacionalmente, até uma visão mais
complexa sobre a internacionalização, orientada por políticas e que permeia a vida, a cultura,
o currículo, o ensino assim como atividades de pesquisa, da universidade e seus membros.
Segundo Marginson e Rhodes (2002), os processos de globalização no ensino superior ainda
são pouco estudados. Apesar disso, reconhece que já existem na literatura, diversos estudos
sobre a importância do ensino superior nas políticas governamentais dos países e evidencia a
relação destas políticas com as instituições de ensino, e com suas estruturas educacionais.
Também é destacada a pressão exercida pelo mercado sobre os sistemas educacionais em
torno da demanda por estudantes e empregados. Ainda segundo estes autores, há uma
tendência de pressão dos países de um modo geral para que a educação superior seja mais
eficiente, independente e responsável. Questiona-se sobre a falta de pesquisas que
contribuam com análises a respeito das forças globais para promover um padrão de ensino
superior, sobretudo em relação à internacionalização.
3.1.1 Críticas
Os estudos sobre internacionalização não devem se resumir simplesmente em
comparativos entre instituições de ensino. Marginson e Rhodes (2002) alertam que o ensino
superior em praticamente todo o mundo é influenciado por forças da economia global, cultura
global e forças educacionais internacionais tais como instituições de ensino superior que
acabam estendendo suas influências em diversos países. Além disto, as próprias economias,
políticas e sistemas educacionais nacionais acabam sendo reformulados por blocos regionais
que fazem com que os ensinos superiores se tornem mais semelhantes entre si. A preocupação
em relação a estas influências concentra-se na preservação da legitimidade nacional para
44
proposição de políticas educacionais e preservação de seus aspectos culturais.
Altbach (2002) vai além com as críticas sobre as influências, ou mesmo interferências,
nas políticas educacionais nacionais dos países, ao advertir que as corporações multinacionais,
conglomerados de mídia e até mesmo as universidades seriam os novos neocolonialistas. Este
domínio seria provocado não somente por razões político ideológicas, mas também por causa
de objetivos comerciais. Ainda segundo Altbach (2002), as consequências deste domínio
seriam a perda de autonomia intelectual e cultural dos países menos favorecidos.
Dentre a perda desta autonomia cultural, pode-se citar o uso predominantemente da
língua inglesa, que se estabeleceu quase como um padrão internacional. Em certas situações,
isto chega se tornar um empecilho para a internacionalização de uma instituição de ensino
superior. Outros complicadores são os padrões internacionais alheios à instituição, como
normas de escrita e metodologias de pesquisa.
Outra crítica à forma de como é realizada a internacionalização atualmente, diz
respeito à valorização do aspecto comercial e financeiro, em detrimento à educação enquanto
bem público e elemento essencial e estratégico de um país. Nesta visão que é criticada,
atenta-se para a transformação da educação em um serviço comercial que seria, inclusive,
regulamentado pela OMC.
Lima e Maranhão fazem a seguintes considerações a respeito deste aspecto comercial:
Mais do que nunca, a atração de estudantes internacionais passa a
representar divisas resultantes da imposição de taxas de inscrição e
anuidades, despesas que os estudantes (por meio de bolsas de estudo ou
investimento proveniente das respectivas famílias) precisam arcar
(transporte, habitação, alimentação, saúde, lazer etc.) durante o séjour de
estudo; sem desconsiderar o potencial de promover o país de acolhimento
(língua, cultura, interesses políticos e econômicos etc.) no país de origem, ao
término da formação. (LIMA e MARANHÃO, 2009, p. 587)
Tais vantagens para o país receptor justificaria a criação de políticas de Estado para a
internacionalização da educação, bem como de órgãos responsáveis pela promoção destas
políticas.
Laus (2012) cita dois exemplos sobre esse tratamento comercial da educação superior
por parte do Estado: os casos da Austrália e do Canadá. No primeiro caso, o Estado teria
transferido a promoção da educação internacional para a Comissão de Comércio Australiana
(Austrade), agência esta responsável pelo desenvolvimento de comércio e investimentos deste
país. O outro caso relatado trata de um relatório realizado a pedido do Ministério das Relações
45
Exteriores e do Comércio Internacional do Canadá à empresa Roslyn Kunin & Associates
denominado “Economic Impact of International Education in Canadá”. Tal estudo concluiu
que os estudantes estrangeiros ajudaram significativamente a impulsionar a economia local
gerando milhares de empregos.
Altbach (2002) resume uma crítica à polarização das discussões sobre a
internacionalização ao afirmar que os que são a favor enxergam somente um futuro brilhante
de integração econômica, enquanto que os críticos focam apenas nos aspectos negativos.
Nenhum deles teria uma visão equilibrada, e ao mesmo tempo ciente das armadilhas e
desigualdades inerentes ao tema.
3.1.2 Características
A internacionalização do ensino superior, considerada na perspectiva do sistema
educacional pode ser representada por meio de modelos. Modelo de Cooperação
Internacional Tradicional (CIT) – É caracterizado pelas relações de competitividade entre
instituições de ensino superior (IES) na captação de sujeitos e consumidores. Neste modelo, a
ênfase é dada nos contatos internacionais e no fortalecimento das instituições de ensino,
principalmente na pós-graduação (BROVETTO, 1998). Além disto, a fuga das mentes
brilhantes de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento para países desenvolvidos é
uma das consequências apontadas neste modelo. Como alternativa a esta situação favorável
para os países do Norte e desfavorável para os países do Sul, foi proposta por Didriksson
(2005) um modelo de cooperação internacional para a América Latina e o Caribe denominada
Cooperação Internacional Horizontal (CIH) focado em solidariedade e na consciência
internacional. Segundo Didriksson (2005), este modelo deveria servir para fortalecer os
principais componentes de integração e articulação dos indivíduos, das instituições, agências e
recursos para assegurar um tipo de cooperação horizontal compartilhada e evitar uma
substituição da iniciativa local. Esta nova forma de cooperação deve ter como objetivo central
o desenvolvimento de uma capacidade própria, ou um empoderamento local. Isto faz com
que os atores locais sejam os protagonistas na transformação.
Em relação à perspectiva institucional, Morosini (2011) cita dois modelos de
internacionalização da educação superior: modelo central e modelo periférico. O primeiro
46
seria um processo que incorpora a dimensão internacional aos objetivos, funções,
planejamento e estrutura da instituição de ensino. Já o modelo periférico seria um processo
caracterizado pela presença de aspectos de internacionalização em alguns setores da
instituição. A partir da proposição destes dois modelos, percebe-se claramente a distinção no
que diz respeito à maturidade organizacional. Enquanto um modelo trata a internacionalização
quase que de forma esporádica, espontânea e muito provavelmente despadronizada, o outro
modelo trata de forma centralizada, consciente, planejada e padronizada.
A internacionalização também pode ser entendida como ativa ou passiva. Na forma
ativa, presume-se a iniciativa da ação com objetivos a serem atingidos, enquanto que na
passiva, há uma clara reação aos estímulos externos. Fica evidente que a internacionalização
ativa é mais presente em instituições cujo nível de maturidade da internacionalização está
mais avançado. Normalmente trata-se de universidades com mais experiência neste tema, e
com um planejamento estratégico organizacional que prevê ações em prol da
internacionalização. Nestes casos, acordos de cooperação acadêmica são feitos em áreas de
interesse da instituição que teve a iniciativa com seus pares estrangeiros. Outro exemplo que
pode ser citado é a atração de pesquisadores estrangeiros que sejam expoentes nas suas áreas
de atuação, com o intuito de preencher lacunas internas, ou mesmo impulsionar as pesquisas
com o que há de mais moderno sendo estudado. Por outro lado, na internacionalização passiva
a instituição de ensino reage a uma iniciativa externa. São algumas das características deste
tipo de instituição: normalmente tem menos experiência em lidar com aspectos de
internacionalização, respondem a propostas de acordos de cooperação acadêmica, repassam
internamente editais sobre captação de recursos humanos, não possuem objetivos
institucionais claros que englobem a internacionalização, em geral estão presentes em países
periféricos (LIMA e MARANHÂO, 2009).
Apesar de ficar evidente que se trata de dois níveis de maturidade bem distintos, a
internacionalização passiva pode ter os seus benefícios em relação a uma instituição de ensino
isolada que sequer coopera academicamente com seus pares estrangeiros.
No documento denominado O Sistema de Educação Superior Mundial: Entre a
Internacionalização Ativa e Passiva, Lima e Maranhão (2009) evocam Vuilletet (2009) para
fazer as seguintes considerações a respeito das diferenças de abordagem entre países ditos
centrais e os periféricos:
Enquanto a inserção internacional do setor educacional, existente nos países
centrais, se manifesta de forma ativa, isto é, com a implantação de políticas
47
de Estado voltadas para a atração e acolhimento de acadêmicos, a oferta de
serviços educacionais no exterior envolvendo a mobilidade de experts em
áreas de interesse estratégico, a exportação de programas e instalação de
instituições ou campi no exterior; nos países periféricos ela se manifesta de
forma diferente: observa-se a necessidade de definir criteriosa política de
emissão de acadêmicos (principalmente professores-pesquisadores) para se
formar nos grandes centros, objetivando investir no desenvolvimento de uma
elite intelectual capaz de influir sobre o processo de modernização de alguns
setores, apesar do elevado risco de perdê-la frente à reduzida capacidade de
oferecer atrativas condições de trabalho e remuneração ao término da
formação. (LIMA e MARANHÃO, 2009, p.586)
Knight (2005) fez um levantamento sobre os aspectos da internacionalização baseados
em 4 dimensões: sociocultural, político, econômico e universitário. Este levantamento
demonstra o quanto a internacionalização pode ser abrangente, lidando tanto com questões
organizacionais universitárias, quanto com políticas externas de um país e segurança nacional.
Quadro 2 - Motivações para internacionalização
Motivação3 Existente Muito Importante para
Sociocultural Identidade nacional e cultural
Compreensão intercultural
Formação de cidadania
Desenvolvimento social e vizinhança
Nível do país
Desenvolvimento de recursos
humanos
Alianças estratégicas
Geração de renda / intercâmbios
comerciais
Construção da nação /
consolidação de um modelo
Desenvolvimento sociocultural e
da compreensão mútua
Político Política exterior
Segurança Nacional
Cooperação Técnica
Paz e compreensão mútua
Identidade nacional
Identidade regional
Nível das instituições
Imagem e reputação internacional
Melhoria da qualidade
Econômico Crescimento económico e competitividade
Mercado de Trabalho e Incentivos
Financeiros
Geração de renda
Universitário Aumento de perspectivas acadêmicas
Amadurecimento institucional
Notoriedade e prestígio
Melhoria da qualidade
Padrões acadêmicos internacionais
Dimensão internacional da pesquisa e do
ensino
Expansão do horizonte universitário
Desenvolvimento dos estudantes e
professores
Alianças estratégicas
Produção de conhecimento
Fonte: Adaptado de Knight, 2005
3 Tradução literal do documento original em francês seria “razão de ser”.
48
3.2 COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO BRASIL
A cooperação internacional pode ser considerada como a materialização da própria
internacionalização, portanto deve ser entendida como algo fundamental e estratégico nas
instituições que almejem um grau elevado de internacionalização. As cooperações
internacionais podem ser de diversos níveis e tipos, variando desde cooperações entre
empresas e sociedades civis, até cooperações diplomáticas entre países.
Parcerias de alto nível normalmente criam oportunidades de cooperação em diversos
tipos e níveis. Dentre os tipos de cooperação, esta dissertação destaca a importância da
cooperação técnica e como a cooperação acadêmica se enquadra neste contexto. Celso
Amorim (AMORIM, 1993) faz algumas importantes considerações a respeito das políticas de
cooperação internacional em ciência e tecnologia (C&T). São elas:
A cooperação internacional não pode ser encarada como alternativa para o esforço
interno;
Só coopera com outros países quem já dispõe de certa base científica e tecnológica
própria;
Apelar para a cooperação como fonte exclusiva ou principal de desenvolvimento é
condenar-se à dependência e à submissão;
A cooperação só será verdadeiramente frutífera quando houver complementaridade
real de interesses.
O autor cita ainda que tal complementaridade será mais facilmente atendida quando o
nível de desenvolvimento entre as nações envolvidas for similar. De qualquer forma, isto não
seria um impeditivo para cooperações entre países cujos relacionamentos sejam menos
simétricos. Como exemplo, podem ser citados os acordos do Brasil com a República Federal
da Alemanha e com a França em temas que envolviam parcerias em tecnologias nucleares e
de gestão.
As complexidades inerentes a este tipo de cooperação, já citadas anteriormente,
envolvem certas adaptações ao aparato institucional. A cooperação em C&T não pode estar
isolada das políticas de relacionamento internacional do país. Como exemplo pode-se citar as
relações do Brasil com o Leste europeu, que durante muito tempo foram contidas devido a
questões político-ideológicas, sobretudo durante a chamada Guerra Fria. Este aspecto acaba
por tornar-se um obstáculo que dificulta em certo grau outros tipos de relacionamento e
49
cooperação além de afetar diretamente o desequilíbrio comercial, dificultando a exportação de
produtos e serviços brasileiros com maior valor tecnológico agregado.
O intercâmbio científico e cultural é desejável para quaisquer países que desejam
minimamente serem atores neste cenário globalizado. Dentro deste contexto, as universidades
têm um papel de destaque, pois perpassam as áreas da ciência bem como contempla os
aspectos culturais do país e região onde estão localizadas. Dada esta importância, reconhece-
se a necessidade de estudar o papel da universidade na cooperação acadêmica internacional.
A cooperação internacional já faz parte da agenda política de qualquer país e expressa
o trabalho conjunto entres as nações envolvidas, com o intuito de atingir objetivos em
comum.
Marcovitch ressalta a importância da universidade no contexto da cooperação
internacional ao afirmar:
A universidade pode contribuir para a formação de uma posição de consenso
de segmentos organizados da sociedade brasileira a respeito dos seus
interesses internacionais. Nesse sentido, deve ser ampliada a colaboração da
universidade com a diplomacia, e delas com a sociedade em geral.
(MARCOVITCH, 1993, p.62)
Marcovitch (1994) prossegue defendendo a importância da universidade quando
sugere a organização entre a ela e a diplomacia em think tanks para elaboração de estudos e
proposição de estratégias de âmbito estrutural, setorial ou empresarial. Fica claro o estratégico
papel da universidade no engajamento para a cooperação entre países.
O serviço de cooperação internacional de uma universidade deve ser gerido de forma
dinâmica e atuante, de modo a ter condições de aproveitar as oportunidades que vierem a
surgir, seja pela interlocução da diplomacia do país, seja pela abertura de programas de outros
países. Segundo Vilela (1994, p.16), é função da universidade manter contato, intercambiar
informações, receber estudantes e professores de outras universidades, encaminhar os seus
estudantes e professores para outras universidades, manter-se constantemente aberta para o
máximo de oxigenação de ideias e para o melhor procedimento democrático.
Do ponto de vista dos alunos e pesquisadores, percebe-se que é altamente desejável
uma complementação da formação acadêmica com conhecimentos culturais de outros países,
bem como o conhecimento de outras línguas. Isto tem sido um diferencial tanto para suprir as
demandas do mercado, quanto para a interlocução com agentes de universidades de outros
países. Desta forma, ressalta-se a importância dos intercâmbios acadêmicos, não só para as
50
instituições provedoras, mas também para os alunos que desejam participar de experiências
como esta.
Segundo Canto (2005), as estratégias adotadas pela academia brasileira para a
colaboração internacional podem ser divididas em 5 fases (Canto, 2005, pg.182):
Quadro 3 - Fases da academia brasileira para cooperação internacional
Período Característica
Até 1920 Treinamento da elite na Europa.
1930 Estabelecimento das primeiras Universidade
brasileiras com auxílio de acadêmicos
europeus.
1950 Apoio estrangeiro para o desenvolvimento do
sistema de ensino superior e para o
treinamento de estudantes no exterior.
1960 Treinamento de estudantes em áreas
prioritárias na Europa e nos Estados Unidos e
intercâmbios acadêmicos, majoritariamente
financiados pelo governo brasileiro.
A partir de 1970 Estabelecimento de programas bilaterais
financiados pelo governo brasileiro e seus
parceiros. Estabelecimento de programas
multilaterais.
Fonte: Canto, 1999
Nos últimos anos, os intercâmbios acadêmicos começaram a se intensificar no Brasil
graças a um papel cada vez mais atuante das Universidades, além de uma atuação externa
mais ousada. No final dos anos 80 e início dos anos 90, verificou-se a criação de novos
setores dentro das universidades para coordenar esta demanda. São criados, desta forma,
setores como as Assessorias Internacionais, a fim de organizar as iniciativas para uma
cooperação direta, algo novo, visto que até então este era um privilégio do próprio governo e
sua administração direta.
Em relação a isto, Chermann (1999) faz a seguinte consideração:
A universidade configura-se na tendência de se formarem redes que integrem
as associações de universidades, seja regionalmente, em blocos ou no
mundo, promovendo a figura de consórcios acadêmicos com a finalidade de
racionalizar o uso de instalações, laboratórios, infra-estrutura e demais
recursos existentes, o que é uma necessidade que se verifica no âmbito
global. Além de se criar uma rede de universidades que cooperem umas com
as outras, também criam-se associações livres intercambiando suas essências
e exercitando seus interesses recíprocos, para que, assim, cada instituição
51
possa exacerbar seus objetivos primeiros (CHERMANN, 1999, pg.18).
Já existem alguns estudos a respeito da estruturação das áreas responsáveis pela
cooperação internacional em instituições de ensino. Polo e Vasconcelos (1994) comentam as
principais formas de agrupar as atividades e decisões relacionadas à cooperação internacional
dividindo-as em funcional, geográfica, por parceiros de cooperação e por convênios.
Funcional - Neste tipo de agrupamento, os recursos humanos e materiais são
relacionados em torno de funções. Segundo Vasconcelos (1994) essa foi a alternativa
selecionada para a Gerência de Programas e Projetos de Cooperação Técnica Internacional da
UNISINOS, a qual é estruturada em: controladoria (acompanhamento e avaliação), projetista
(elaboração dos projetos), analista de dispêndio (custos, orçamentos) e corpo técnico
(execução dos projetos).
Ainda segundo Vasconcelos e Polo (1994), as principais consequências da utilização
desse tipo de estrutura são as seguintes:
Maior facilidade na formação da "memória" do centro de cooperação internacional;
Maior facilidade para a formação de capacitação em atividades de apoio à
cooperação internacional;
Tendência à especialização por área de atuação;
Eficiente utilização de recursos humanos e materiais, para evitar duplicações;
Com o tempo, torna as unidades estanques, dificultando o trabalho integrado entre
especialistas das diferentes áreas.
Geográfica - Já neste tipo de agrupamento, os recursos são organizados tendo como
critério a área geográfica por eles servida. Segundo Vasconcelos e Polo (1994), esse é o
critério utilizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), para a
departamentalização da sua Diretoria de Cooperação Internacional. Abaixo do Diretor há 24
Departamentos Regionais, cada um deles responsável pelas atividades de cooperação
internacional realizadas pelas Superintendências Regionais do SENAI.
Ainda segundo o autor, nas instituições de pesquisa, a departamentalização geográfica
de unidades de cooperação internacional pode ocorrer quando as unidades do Instituto são
geograficamente dispersas, com unidades de pesquisa localizadas fisicamente distantes umas
das outras, e que demandem, por diversas razões, a instalação de uma unidade de cooperação
internacional junto das mesmas (VASCONCELOS e POLO, 1994, p. 459).
Foi observado que, em alguns casos, pode haver necessidade de situar unidades de
52
cooperação internacional geograficamente próximas a instituições ou agências com as quais
as mesmas tenham muita interação. Como exemplo pode-se citar o caso da unidade que o
SENAI mantém em Brasília para realizar, precipuamente, atividades junto à Agência
Brasileira de Cooperação (ABC). (VASCONCELOS e POLO, 1994, pg. 459)
As principais consequências da utilização desse tipo de estrutura são as seguintes:
Maior conhecimento das características e dos problemas das diferentes regiões;
Maior integração com a unidade técnica de cada região, facilitando o atingimento
de prazos e alterações exigidas;
Risco elevado de duplicação de recursos e esforços, e de surgimento de
capacidade ociosa;
Dificulta a coordenação do CTI como um todo.
Por Parceiros de Cooperação - Nesse tipo de estruturação, os recursos são organizados
conforme os parceiros de cooperação internacional da instituição. Segundo Vasconcelos e
Polo (1994), podem ocorrer pelas seguintes principais razões:
Quando a cooperação internacional entre a instituição e cada um de seus parceiros
ou grupos distintos de parceiros demanda, por longo período de tempo e sem
grandes oscilações, a realização de significativo volume de atividades;
Quando a instituição possui significativo volume de acordos de cooperação
internacional, com poucos parceiros.
Vasconcellos e Polo (1994) listam as seguintes consequências da utilização desse tipo
de estrutura:
1. Maior compreensão e melhor atendimento das características e demandas de cada
parceiro ou grupo homogêneo de parceiros;
2. Facilidade de formar "memória" sobre os parceiros;
3. Maior integração intra-membros das unidades de cooperação internacional, por
concentrarem seus esforços em um ou poucos parceiros da instituição;
4. Risco de duplicação de recursos e esforços, e de surgimento de capacidade ociosa;
5. Risco de as unidades de cooperação internacional ficarem estanques, dificultando
trabalhos integrados;
6. Dificuldade de coordenação do CTI como um todo;
7. Perda da "visão do todo", devido à especialização em parceiros distintos.
53
Por Convênios - A estruturação baseada em Convênios é bastante similar à
estruturação baseada por Parceiros, uma vez que agrupa atividades e decisões de acordo com
os convênios de cooperação internacional da instituição. Este modelo de estrutura pode ser
implementado quando a cooperação internacional ocorre fortemente baseado em grandes
convênios, por um período longo de tempo e sem grandes oscilações.
Vasconcelos e Polo (1994) listam as seguintes consequências da utilização desse tipo
de estrutura:
Maior compreensão e melhor atendimento das características e demandas de cada
convênio;
Facilidade de formar "memória" sobre os convênios;
Maior integração intra-membros das unidades de cooperação internacional, por
concentrarem seus esforços em um convênio;
Formação de capacitação em gerência de cooperação internacional;
Risco de duplicação de recursos e esforços, e de surgimento de capacidade ociosa;
Risco de as unidades de cooperação internacional ficarem estanques, dificultando
trabalhos integrados;
Dificuldade de coordenação do CTI;
Perda da "visão do todo" devido à especialização em convênios distintos.
3.3 O PAPEL DA CAPES
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), é uma
fundação ligada ao Ministério da Educação (MEC) e desempenha papel fundamental na
expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todo o
território nacional brasileiro. Em 2007, passou também a atuar na formação de professores da
educação básica ampliando o alcance de suas ações na formação de pessoal qualificado no
Brasil e no exterior (MEC, 2015).
As atividades da Capes podem ser agrupadas nas seguintes linhas de ação, cada qual
desenvolvida por um conjunto estruturado de programas:
Avaliação da pós-graduação stricto sensu;
Acesso e divulgação da produção científica;
54
Investimentos na formação de recursos de alto nível no país e exterior;
Promoção da cooperação científica internacional;
Indução e fomento da formação inicial e continuada de professores para a
educação básica nos formatos presencial e a distância.
Em relação à concessão de bolsas de estudo no exterior, a CAPES dispõe de duas
linhas:
Candidaturas individuais (chamadas de demanda-balcão);
Concessão de bolsas inseridas em projetos de cooperação internacional, que
incluem projetos conjuntos de pesquisa e de parcerias universitárias.
Conforme já explicado, na cooperação internacional acadêmica, os acordos podem ser
firmados diretamente com instituições de outros países, ou por meio de acordos com o quadro
do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
As atividades de cooperação internacional realizadas pela CAPES são instituídas por
meio de acordos institucionais bilaterais ou multilaterais que contemplam projetos conjuntos
de pesquisa e parcerias universitárias com cerca de 40 países. Para cada projeto de pesquisa é
exigida a elaboração de um plano de trabalho previamente acordado entre as partes. Este
plano envolve a mobilidade de professores e pesquisadores por meio de missões de trabalho e,
necessariamente, deve incluir o intercâmbio de estudantes de pós-graduação ou de graduação
(CAPES, 2014).
Conforme já discutido, a cooperação internacional pode ser feita com países
desenvolvidos e parceiros tradicionais em projetos mais simétricos, além de com outros países
de forma especial, por exemplo, Cuba e países africanos. Os projetos simétricos possuem
como característica relevante, a existência de um apoio financeiro equivalente pelas partes
envolvidas, assim como um alinhamento prévio dos procedimentos acordados quanto à
seleção, análise e aprovação dos pleitos apresentados. Já os projetos considerados como sendo
de pesquisas especiais, devem corresponder com as realidades de cada cooperante individual,
sem a necessidade de adoção de procedimentos formais idênticos por ambas as partes.
Conforme a CAPES (2014), os programas de cooperação internacional e de formação
no exterior compreendem as seguintes modalidades:
Bolsistas no exterior (candidatura individual balcão);
Projetos conjuntos de pesquisa;
55
Parcerias universitárias;
Colégios doutorais binacionais;
Professores visitantes;
Escola de altos estudos;
Projetos especiais;
Internacionalização da pós-graduação.
A CAPES tem um papel fundamental no processo de internacionalização das
universidades brasileiras. Para a implementação de um plano de formação no exterior, a
CAPES definiu como áreas prioritárias as modalidades: bolsistas, projetos conjuntos de
pesquisa e parcerias universitárias (CAPES, 2014). Essas ações são vistas como essenciais
por parte da CAPES para a expansão da cooperação internacional, induzindo a participação de
pesquisadores em áreas desejadas por meio da concessão de bolsas.
Com o advento do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), a internacionalização
acadêmica brasileira teve um impulso com o financiamento federal de bolsas de estudo que
acabaram por impactar positivamente na mobilidade acadêmica das universidades.
O Ministério da Educação ressalta o esforço interministerial e faz a seguinte definição
do programa Ciência sem Fronteiras:
Um programa que busca promover a consolidação, expansão e
internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da
competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade
internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação
(MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e
Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC
(MEC, 2015).
De fato, o programa Ciência Sem Fronteiras já obteve uma grande visibilidade não
apenas em âmbito nacional, como também internacional. Pode-se reconhecer aspectos
relacionados à projeção da imagem do país, ao apoiar uma quantidade de estudantes
considerável estabelecidas nos mais diversos países onde o referido programa viabiliza
parcerias.
Segundo o MEC (2014), o projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro
anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam
estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais
competitivos em relação à tecnologia e inovação. Além de apoiar a ida de estudantes e
56
pesquisadores para o exterior, o programa também visa atrair pesquisadores do exterior que
queiram se fixar no Brasil, ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas
prioritárias definidas no Programa (MEC, 2014). Até o momento, foram utilizadas 92.880
bolsas referentes ao CsF, segundo o site oficial do programa4.
3.4 OS DESAFIOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO NAS UNIVERSIDADES
BRASILEIRAS
Se considerarmos os principais rankings internacionais, que classificam as melhores
universidades de todo o mundo, as universidades brasileiras não estariam numa posição
confortável. Independentemente das críticas relacionadas às metodologias utilizadas na
elaboração destes rankings, pode-se concluir em alguma medida em que cenário as
universidades brasileiras se situam. São muitos os desafios encontrados pelas nossas
instituições. Ter noção destas barreiras é um passo importante para elaboração de políticas
para minimizá-las e promover a internacionalização de forma sustentável.
Em dezembro de 2010, o Jornal da Unicamp publicou uma entrevista com três
especialistas em internacionalização para tentar entender os desafios a serem enfrentados
pelas universidades brasileiras e mapear quais os caminhos mais recomendados para que o
Brasil atinja um nível de internacionalização respeitável ao longo do mundo. Foram
entrevistos Ben Wildavsky, pesquisador da Kauffman Foundation, nos Estados Unidos,
autor do livro “The Great Brain Race: How Global Universities Are Reshaping the World”
e colaborador do blog “WorldWise” da publicação norteamericana “The Chronicle of Higher
Education”; Francisco Marmolejo, diretorexecutivo do Consórcio para a Colaboração no
Ensino Superior da América do Norte (Conahec), vicereitor assistente de Programas do
Hemisfério Ocidental da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, e colaborador do blog
“WorldWise”; John Douglass, pesquisador do Center for Studies in Higher Education
(CSHE) da Universidade da Califórnia (Berkeley, EUA). Foi fundador e coordenador do
Student Experience in the Research University (SERU), sistema de avaliação utilizado por 17
das melhores universidades públicas americanas, além de ter sido pesquisador visitante do
Grupo de Estudos em Ensino Superior (GEES) do Centro de Estudos Avançados (CEAv) da
4 Dados disponíveis no site oficial do programa Ciência sem Fronteiras, computados até janeiro de 2016.
57
Unicamp.
Ao ser questionado sobre o porquê das instituições latino-americanas terem grande
dificuldade para se situar entre as 200 melhores universidades, Wildavsky comentou sobre as
diferenças de metodologia entre os principais rankings mundiais e suas especificidades tais
como foco em produtividade, áreas mais valorizadas, citações e gastos com pesquisa. Além
disto, sobretudo no caso brasileiro, foi ressaltado que se houvesse uma hipotética avaliação
por departamento, poderia levar a um mapeamento bem distinto da avaliação da universidade
como um todo. Marmolejo corrobora com existência de diferentes metodologias de avaliação
dos rankings e seu caráter arbitrário de avaliação como sendo uma das barreiras para se
conseguir uma melhor colocação nos rankings. No entanto, ele acrescenta que o modelo de
desenvolvimento utilizado nas universidades sul-americanas pode ter uma influência nesta
análise. Ele cita como possíveis barreiras o acesso relativamente limitado ao ensino superior,
bem como níveis de financiamento menores em relação aos países desenvolvidos e um
modelo de governança voltado ao “assembleísmo” que dificulta a tomada de decisões em suas
instituições. Outro aspecto relacionado é a pressão demográfica na América-Latina que faz
com que o desafio de se construir novas universidades seja prioritário em relação a melhorar a
qualidade das já existentes. Finaliza mencionando a rigidez e ineficiência curricular e a
limitação dos processos de internacionalização das universidades. Quanto a isto, Douglass
reconhece que os rankings “dizem algo” a respeito da qualidade, mas tece uma crítica mais
contundente ao afirmar que são “muito mais uma imagem incompleta e tendenciosa”.
Há uma unanimidade de que processos de internacionalização mais fortes contribuem
para que as universidades possam ser mais reconhecidas e respeitadas no cenário mundial.
Wildavsky cita que a mesma globalização que chegou ao mundo dos negócios e da cultura,
chegou também ao mundo do ensino superior. Já há um entendimento de que a competição
entre universidades não se restringe em âmbito local, regional ou nacional, mas em escala
global. Por isso, evidencia-se a procura pelo capital humano por parte das universidades em
todo o mundo, por considerar isto como algo imprescindível para o crescimento econômico.
Marmolejo traz um conceito de internacionalização de uma nova perspectiva, ao afirmar que
trata-se de revisar um currículo a fim de se constatar quais conteúdos são relevantes, não
somente num contexto local, mas em um contexto global. Complementa ressaltando a
importância da mobilidade acadêmica discente e docente, para que eles entendam o mundo
em que irão trabalhar.
A publicação denominada Global Survey Report on Internationalization of Higher
58
Education, divulgada pela International Association of Universities (IAU) informou que a
América Latina e o Caribe não eram considerados lugares prioritários para envio de
estudantes e professores, por nenhuma instituição de ensino do mundo, nem mesmo por
países da região. Em relação a isto, Douglass elencou uma série de obstáculos legais e
culturais que dificultam a internacionalização das universidades no Brasil:
Pouca liberdade para ministrar aulas em inglês;
Políticas de visto restritivas;
Poucos esforços para atrair e reter talentos de todo o mundo;
Inexistência de alojamentos para alunos e visitantes estrangeiros;
Inexistência de centros para dar suporte aos visitantes estrangeiros nas
universidades brasileiras.
Uma barreira à internacionalização que merece destaque é a língua utilizada nos
cursos universitários. Diversos especialistas brasileiros e estrangeiros concordam que a língua
é um grande empecilho para a vinda de professores e alunos a instituições de ensino
brasileiras.
Em relação à importância do domínio da língua inglesa, Wildavsky fez as seguintes
considerações:
O inglês realmente tornou-se a língua do mundo acadêmico. Essa não é uma
questão em aberto. O diretor da Universidade Sciences Po, da França, disse-
me certa vez que uma instituição tem de operar em inglês se quiser ser
globalizada. Não tenho a pretensão de dizer como vocês devem agir, mas de
fato é difícil conseguir que um grande número de pessoas aprenda português
para lecionar ou estudar no Brasil. Embora isto não signifique que vocês
devam abandonar sua língua nativa, é importante estimular seus professores
a publicar em inglês e garantir que seus alunos tenham um bom
conhecimento de inglês para que possam fazer parte da comunidade
internacional de pesquisa. Fora das fronteiras nacionais, a língua usada é o
inglês. Talvez seja o chinês daqui a 50 anos, mas tenho minhas dúvidas
(MARMOLEJO; WILDAVSKY e DOUGLASS, 2010).
Marmolejo concorda com o fenômeno da padronização da língua inglesa na educação
internacional e faz as seguintes observações a respeito:
Os países que mais atraem alunos são aqueles que oferecem cursos em
inglês. Embora não gostemos, isso é uma realidade. O inglês converteuse na
língua franca do mundo contemporâneo em termos acadêmicos. Creio que o
Brasil deveria oferecer mais cursos universitários em inglês – não digo
cursos de inglês, mas cursos em inglês. Ao mesmo tempo, deveria vincular
mais o trabalho de universidades como a de Campinas ao de instituições
parceiras no exterior para que se fortaleçam os programas internacionais de
59
ensino de português. Isso faria aumentar o interesse dos estudantes
estrangeiros em aprender português e, consequentemente, em vir ao Brasil
(MARMOLEJO; WILDAVSKY e DOUGLASS, 2010).
3.5 RANKINGS INTERNACIONAIS
Este trabalho reconhece que a avaliação da qualidade do ensino superior, bem como a
avaliação da qualidade de uma universidade é algo extremamente complexo e subjetivo, e que
deve respeitar inúmeros fatores, tais como aspectos culturais, leis nacionais, aspectos
organizacionais, demandas sociais, dentre inúmeros outros. Apesar disto, esta pesquisa
entende que os rankings internacionais que classificam as melhores universidades do mundo
possuem um papel importante na tentativa de sistematizar um comparativo entre
universidades de todo o mundo e influenciar as relações entre as instituições de ensino por
todo o mundo. Segundo Fernandes (2011), os rankings internacionais têm obtido destaque
crescente nos estudos sobre a educação internacional, e por isso, tem sido objeto de estudo de
grandes instituições e renomados especialistas passaram a analisar suas metodologias e
questionar os critérios adotados. Ainda segundo Fernandes, “estas classificações têm causado
alguns constrangimentos às instituições de educação superior, mas não se podem negar os
benefícios colaterais resultantes da acirrada competitividade que também promovem”
(FERNANDES, 2011, pg. 4).
São várias as instituições internacionais que realizam rankings mundiais de
universidades, dentre elas podemos destacar a Shanghai Ranking, o QS World University
Rankings e o Times Higher Education (THE). Esta pesquisa adotará a britânica THE por ser
uma das mais renomadas do mundo.
Como metodologia para elaboração do ranking das melhores universidades do mundo,
a THE baseia-se em 13 indicadores distribuídos em 5 áreas: ensino, pesquisa, citações,
dimensão internacional e receitas da indústria.
A seguinte tabela mostra de que forma o ranking está estruturado, considerando as 5
áreas, os 13 indicadores e seus respectivos pesos na classificação final:
60
Tabela 1 - Áreas, indicadores e pesos utilizados no THE
Área Indicador Peso
Ensino Pesquisa de reputação 15,00%
Proporção de funcionários por estudantes 4,50%
Proporção de doutorado por bacharel 2,25%
Proporção de doutorados concedidos por
funcionários
6,00%
Receita institucional 2,25%
Subtotal 30,00%
Pesquisa Pesquisa de reputação 18,00%
Receita de pesquisa 6,00%
Produtividade de pesquisa 6,00%
Subtotal 30,00%
Citações Estudos universitários citados por estudantes no
mundo
30,00%
Subtotal 30,00%
Dimensão Internacional Proporção de estrangeiros por estudantes locais 2,50%
Proporção de estrangeiros por funcionários locais 2,50%
Colaboração internacional 2,50%
Subtotal 7,50%
Receitas da Indústria Receitas provenientes da indústria por quantidade de
funcionários acadêmicos
2,50%
Fonte: Dados do THE (2016)
Registra-se que o ranking das universidades mais internacionalizadas da THE, também
utilizado nesta pesquisa, baseia-se na área “Dimensão Internacional” prevista no ranking.
61
Figura 7 - Mapa mental ilustrando um resumo do capítulo 3
62
4 ESTUDO DE CASO DA UFBA: COLETA DE DADOS, APRESENTAÇÃO E
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo, será mostrado o caso a ser estudado bem como as fontes de coleta, os
meios utilizados, técnicas, além da apresentação dos resultados obtidos. Por opção
metodológica, este pesquisador resolveu incluir ao final de cada resultado apresentado a sua
respectiva interpretação dos dados, uma vez que a quantidade de indicadores e dados é
significativa e poderia acarretar em consultas frequentes entre capítulos, caso se decidisse por
separar a interpretação e análise em um capítulo distinto da apresentação.
Este capítulo está dividido em 3 partes. A primeira parte trata da apresentação da
UFBA e dos aspectos institucionais por meio de sua estrutura, dados acadêmicos e
administrativos, análise do planejamento e mapeamento de processos. Ao longo deste tópico,
será identificado e descrito o setor responsável pela internacionalização desta universidade.
Na segunda parte, serão apresentados os dados relativos à mobilidade acadêmica da UFBA.
Por fim, serão apresentados os dados referentes ao cenário externo. Estes dados consistem na
comparação da UFBA com outras instituições, seja no âmbito estadual, nacional ou
internacional.
Ressalta-se que, não por acaso, os três momentos deste capítulo coincidem com as três
dimensões previstas no título desta dissertação, e contemplam todos os objetivos específicos
previstos.
4.1 APRESENTAÇÃO DA UFBA E DOS ASPECTOS INSTITUCIONAIS
A internacionalização em instituições de ensino superior tem sido estudada já há
alguns anos. Respeitadas universidades de diversos países tem produzido documentos
científicos a respeito da importância e benefícios de se ter uma instituição conectada ao
mundo por meio dos seus pares. Apesar do número de trabalhos sobre esta temática ter se
intensificado consideravelmente nos últimos anos, não foram encontradas pesquisas que
associavam tal tema à Universidade Federal da Bahia. Isto se configurou como uma
oportunidade para que desenvolvêssemos uma pesquisa que pudesse, além de produzir um
63
trabalho acadêmico, contribuir organizacionalmente para o entendimento do panorama de
internacionalização desta universidade. Baseado nisso este trabalho propõe a seguinte
pergunta problema: “Como vem se dando a internacionalização na Universidade Federal da
Bahia desde 2011 até o presente momento? ”. Estudar este panorama é um grande desafio,
pois requer uma boa dose de análise empírica e bom senso por parte do investigador, além de
um bom mapeamento dos tipos de dados que devem ser colhidos ao longo da pesquisa para
que contribua para atingir os objetivos estabelecidos.
A UFBA tem suas raízes acadêmicas que datam de 1808, ano de fundação da Escola
de Médico e Cirurgia da Bahia, considerada o primeiro curso universitário do Brasil. Ainda
no século XIX, foram criados os cursos de Farmácia (1832), Odontologia (1864), Academia
de Belas Artes (1877), Direito (1891) e Politécnica (1896). Sob o reitorado do professor
Edgard Santos, em 1950 é instituída oficialmente a Universidade Federal da Bahia, integrando
as escolas, que até então eram isoladas, além de criar novos cursos.
Atualmente, a UFBA é composta por 3 campi, localizados nas cidades de Salvador e
Vitória da Conquista, 31 unidades universitárias, 2 hospitais universitários, 3 museus, 1
creche, 3 fazendas experimentais, 4 residências universitárias, 1 restaurante universitário, 1
centro de esportes além de 11 pavilhões de aulas (UFBA, 2015).
Em 2014 a UFBA possuiu uma média de 38.494 alunos matriculados por semestre,
sendo 33.177 em cursos de graduação e 5.317 alunos matriculados em cursos de pós-gradução
stricto senso. Em relação aos cursos de pós-graduação, a UFBA possuiu 12 mestrados
profissionais, 61 mestrados acadêmicos e 49 doutorados. Além destes, pode-se computar o
Campus em Vitória da Conquista com 2 mestrados acadêmicos e 1 doutorado.
A UFBA conta com 501 grupos de pesquisa com vínculo no CNPq. Ao todo são 2.398
linhas de pesquisa, contando com 3.662 pesquisadores, 1.915 doutores, 7.475 estudantes e
212 técnicos vinculados.
Dentre as produções acadêmicas em pesquisa e inovação, destacam-se 741 artigos
científicos publicados no Web of Science, 22 contratos de propriedade intelectual e
transferência de tecnologia, além de 1.136 trabalhos apresentados em seminários de pesquisa
e pós-graduação.
Ao longo de 2014 a UFBA, por meio da Assessoria para Assuntos Internacionais
(AAI), efetivou 19 novos convênios, renovou 10 convênios existentes, implementou 9
convênios de co-tutela e realizou 25 recepções e missões internacionais.
64
A UFBA conta no seu quadro: 1.578 docentes com doutorado, o que representa
69,36% do total de docentes; 562 com mestrado, representando 24,70% do total; 76 docentes
com especialização, representando 3,34% do total; e 59 com graduação, representando 2,59%
de todos os docentes. Ao todo a UFBA possui 2.275 docentes no seu quadro permanente.
A Universidade Federal da Bahia está estruturada em Conselhos Superiores,
Administração Central, Órgãos Estruturantes, Unidades Universitárias e “Outros Órgãos”.
Os Órgãos Estruturantes estão divididos em:
Sistema Universitário de Bibliotecas
Sistema Universitário de Saúde
Sistema Universitário de Museus
Sistema Universitário Editorial
Já as unidades universitárias estão distribuídas segundo o quadro abaixo:
Quadro 4 - Unidades universitárias da UFBA
Área Unidades
Área 1 Arquitetura
Física
Geociências
Matemática
Politécnica
Química
Área 2 Biologia
Ciências da Saúde
Enfermagem
Farmácia
Medicina da Bahia
Medicina Veterinária
Nutrição
Odontologia
Saúde Coletiva
Área 3 Administração
Ciências Contábeis
Ciências Econômicas
Ciência da Informação
Comunicação
Direito
Educação
Filosofia e Ciências Humanas
Psicologia
Área 4 Letras
Área 5 Belas Artes
Dança
Música
Teatro
Bacharelado Interdisciplinar Humanidades, Artes e Ciências Prof. Milton Santos
Unidade do Interior Multidisciplinar em Saúde
Fonte: Adaptado de UFBA, 2016
65
A Administração Central é composta por 8 Pró-Reitorias, 5 Superintendências, 3
Assessorias e 1 Ouvidoria, conforme descrição a seguir:
Reitoria
Gabinete do Reitor
Vice-Reitoria
Pró-Reitoria de Ensino de Graduação
Pró-Reitoria de Pesquisa, Criação e Inovação
Pró-Reitoria de Ensino de Pós Graduação
Pró-Reitoria de Extensão
Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento
Pró-Reitoria de Administração
Pró-Reitoria de Desenvolvimento de Pessoas
Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil
Superintendência de Administração Acadêmica – SUPAC
Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura – SUMAI
Superintendência de Educação a Distância – SEAD
Superintendência de Avaliação e Desenvolvimento Institucional – SUPAD
Superintendência de Tecnologia da Informação – STI
Assessoria de Tecnologia da Informação
Assessoria para Assuntos Internacionais
Assessoria de Comunicação Institucional
Ouvidoria Geral da UFBA
O órgão da UFBA responsável pela internacionalização da universidade faz parte da
Administração Central e é denominado Assessoria para Assuntos Internacionais (AAI). É por
meio desta assessoria que são viabilizados os convênios internacionais, acordos de
cooperação, e demais parcerias com instituições congêneres e centros de pesquisa
internacionais. A AAI também promove a mobilidade acadêmica por meio destes convênios
de cooperação, proporcionando intercâmbios discentes, docentes e estágios para os
funcionários técnico administrativos desta universidade.
Os objetivos da AAI, segundo o próprio órgão (AAI, 2016), estão descritos a seguir:
Induzir e promover a internacionalização discente, docente e técnica com
instituições estrangeiras, através de intercâmbios, cursos, eventos, bolsas de
66
estudos, estágios (remunerados ou não);
Viabilizar, em parceria com outros setores da Universidade, a concretização de
acordos de cooperação bilaterais ou multilaterais com instituições estrangeiras;
Prospectar, implementar e acompanhar acordos, convênios e programas
interuniversitários internacionais;
Gerenciar programas de intercâmbio acadêmico UFBA/universidades no exterior e
universidades no exterior/UFBA;
Divulgar oportunidades acadêmicas internacionais junto à comunidade interna e
externa da UFBA;
Realizar missões em instituições estrangeiras de ensino superior e de pesquisa;
Recepcionar missões de instituições do exterior em visita à UFBA.
Para atender a estes objetivos, esta assessoria conta com um assessor geral, um
assessor adjunto, dois coordenadores, um tradutor e três técnicos de intercâmbio estudantil,
conforme mostrado na figura a seguir:
Figura 8 - Organograma da Assessoria para Assuntos Internacionais
Fonte: AAI, 2016 Nota: Figura criada pelo autor, baseada em entrevista com os assessores geral e adjunto da AAI e nos dados
disponíveis no site institucional desta assessoria.
67
4.1.1 Entrevistas
Baseado no levantamento prévio a respeito das principais instâncias envolvidas na
internacionalização da UFBA, foram realizadas duas entrevistas com áreas estratégicas da
universidade conforme descrito a seguir:
a) Entrevista com a Pró-Reitoria de Ensino de Pós-Graduação
Por que foi escolhida - Esta Pró-Reitoria foi escolhida para entrevista, por se acreditar
que ela é uma das protagonistas da internacionalização na UFBA e que algumas informações
a respeito da mobilidade acadêmica poderiam ser esclarecidas nesta instância.
Características Metodológicas da Entrevista - Esta entrevista caracterizou-se por ser
individual, pois mesmo tendo a participação de dois representantes da PRPPG, não se tratou
de uma entrevista grupal ou grupo focal. O entrevistador não atuou como moderador e as
discussões não eram feitas entre os entrevistados.
A entrevista foi qualitativa, pois teve como intuito a investigação de processos de
gestão utilizados na própria pró-reitoria que abordavam de alguma forma a
internacionalização. Não foram aplicados quaisquer tipos de questionário que sugerisse que a
entrevista tivesse um cunho quantitativo.
A entrevista foi baseada em roteiro, pois este pesquisador teve o cuidado de registrar
em uma ferramenta de anotações eletrônicas os tópicos que norteariam a entrevista.
Por fim, foi uma entrevista de estrutura semi-aberta, pois houve um roteiro prévio
simplificado, mas com a flexibilização que a abordagem exigia, uma vez que diversos
assuntos poderiam ser tratados nesta reunião que não haviam sido previstos.
Expectativas - Almejávamos entender que mecanismos existiam por parte da PRPPG
para controle e promoção da internacionalização.
Preparativos - Para a realização desta entrevista, não houve necessidade de uma carta
de apresentação a ser encaminhada para a instituição, uma vez que o próprio pesquisador e a
orientadora trabalham nesta mesma universidade. Para viabilização da reunião, houve um
primeiro contato entre a professora orientadora desta pesquisa com o pró-reitor, fazendo uma
breve apresentação deste trabalho e explicando os motivos desta entrevista. Com a
concordância do entrevistado, a reunião ficou agendada para o dia 08 de Maio de 2015.
68
Também ficou acertado que o local escolhido para a realização da entrevista seria a própria
Pró-Reitoria de Ensino em Pós-Graduação, localizada no Canela. O entrevistador optou por
não fazer a gravação da entrevista, por achar que, apesar das vantagens de se ter o registro,
isto poderia inibir o bom desenvolvimento e fluência por parte dos entrevistados.
O roteiro foi previamente elaborado para esta reunião, baseado numa revisão
bibliográfica sobre o tema e caracterizou-se por ser propositadamente resumido para que
houvesse mais liberdade tanto nas perguntas quanto nas respostas. Tal roteiro previu os
seguintes assuntos a serem abordados:
Apresentação da pesquisa;
Cenário interno da UFBA quanto à internacionalização;
Importância da mobilidade acadêmica;
Iniciativas de internacionalização existentes;
Mobilidade acadêmica;
Rankings acadêmicos internacionais;
Existência e controle de convênios internacionais.
Execução - Conforme previsto no planejamento, a reunião ocorreu no dia 08 de Maio
de 2015 na Pró-Reitoria de Ensino em Pós-Graduação, no Canela. Estavam presentes a
assistente e o pró-reitor da PRPPG, o pesquisador / autor e a professora orientadora desta
dissertação.
Inicialmente foi feita uma apresentação da pesquisa com uma breve descrição dos seus
objetivos. Logo no início, uma premissa já foi ratificada pelo pró-reitor quando o mesmo
disse que a internacionalização ocorre, na prática, na pós-graduação e isto incluía tanto em
relação à docência quanto à discência. A importância dos rankings acadêmicos foi
relativizada frente ao verdadeiro desafio da qualidade do ensino superior. Em relação à
mobilidade acadêmica e à existência de iniciativas de internacionalização, foram abordados
dois programas que a UFBA faz parte: Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação
(PAEC) e o Programa Institucional de Bolsas de Doutorado Sanduiche no Exterior (PDSE).
Conclusão - A partir desta reunião, foi obtido com êxito dados referentes ao Programa
de Parcerias para Educação e Treinamento (PAEC) e ao Programa Institucional de Bolsas de
Doutorado Sanduiche no Exterior (PDSE) em formato digital, via email, contendo
informações desde 2012. Dados estes que serão analisados em fases seguintes desta pesquisa
e apresentados para atender aos objetivos secundários previstos anteriormente.
69
b) Entrevista com a Assessoria para Assuntos Internacionais (AAI)
Por que foi escolhida - A AAI foi escolhida para entrevista, pois é o setor que
responde especificamente pela internacionalização na UFBA e seria uma natural candidata
para agregar informações a respeito do tema em estudo.
Expectativas - As expectativas sobre esta entrevista giraram em torno do
esclarecimento a respeito da existência de processos que suportem de alguma forma a
internacionalização. Dois destes processos possuem maior ênfase: o processo de elaboração
de acordos de cooperação internacional e o processo de elaboração de convênios de co-tutela,
ambos previstos como objetivo secundário (OE3). Além disto, pretendeu-se ouvir a opinião
desta assessoria a respeito de algumas dificuldades para internacionalização, mapeadas
previamente por meio de revisão bibliográfica no tópico: “3.4 Os desafios da
internacionalização nas universidades”.
Características Metodológicas da Entrevista - Esta entrevista caracterizou-se por ser
individual, pois mesmo tendo a participação de dois representantes da AAI, não se tratou de
uma entrevista grupal ou grupo focal. O entrevistador não atuou como moderador e as
discussões não eram feitas entre os entrevistados. Pelo contrário, ambos atuaram muito mais
como complemento um do outro e sempre com posicionamento alinhado.
A entrevista foi qualitativa, pois teve como intuito a verificação da existência de
processos e o entendimento do funcionamento dos mesmos, o entendimento da visão da AAI
a respeito de algumas dificuldades já mapeadas em outras universidades, dentre outros
aspectos subjetivos. Não foram aplicados quaisquer tipos de questionário que sugerisse que a
entrevista tivesse um cunho quantitativo.
A entrevista foi baseada em roteiro, pois este pesquisador teve o cuidado de registrar
numa ferramenta de anotações eletrônicas os tópicos que norteariam a entrevista.
Por fim, foi uma entrevista de estrutura semi-aberta, pois houve um roteiro prévio com
assuntos a serem tratados, mas com a flexibilização que a abordagem exigia, uma vez que
diversos assuntos poderiam ser tratados nesta reunião que não haviam sido previstos.
Preparativos - Para a realização desta entrevista, não houve necessidade de uma carta
de apresentação a ser encaminhada para a instituição, uma vez que o próprio pesquisador
trabalha nesta mesma universidade. Para viabilização da reunião, houve um primeiro contato
via e-mail com o assessor para assuntos internacionais no dia 11 de janeiro de 2016, fazendo
70
uma breve apresentação do pesquisador deste trabalho e explicando os motivos desta
entrevista. Aproveitou-se para consultar a agenda do assessor. No dia 12 de janeiro o assessor
respondeu o e-mail confirmando a possibilidade da reunião, e sugerindo que ocorresse no dia
15 de janeiro, às 07h:30min. Também ficou acertado que o local escolhido para a realização
da entrevista foi a própria Assessoria para Assuntos Internacionais, localizada no Palácio da
Reitoria. O entrevistador optou por não fazer a gravação da entrevista, por achar que, apesar
das vantagens de se ter o registro, isto poderia inibir o bom desenvolvimento e fluência por
parte dos entrevistados.
O roteiro foi previamente elaborado para esta reunião, baseado numa revisão
bibliográfica sobre o tema e previu os seguintes assuntos a serem abordados:
Apresentação da pesquisa;
Cenário internacional;
Cenário nacional;
Importância da mobilidade acadêmica;
Importância dos rankings acadêmicos internacionais;
Impacto dos fatores geográficos;
Impacto dos fatores linguísticos;
Panorama de internacionalização da UFBA;
Existência de processos que suportem a internacionalização;
Existência e controle de convênios internacionais;
Apresentação da estrutura e dos recursos humanos da AAI.
Execução - Conforme previsto no planejamento, a entrevista ocorreu no dia 15 de
janeiro de 2016 às 7h:30min na Assessoria para Assuntos Internacionais localizada no Palácio
da Reitoria. Estavam presentes além do autor desta pesquisa, o assessor para assuntos
internacionais e o assessor adjunto para assuntos internacionais.
A entrevista começou com uma breve apresentação sobre os objetivos da pesquisa em
relação à investigação da internacionalização na UFBA para logo em seguida serem
introduzidos os temas da internacionalização das universidades no cenário internacionais,
nacional e regional.
Os assessores concordam que a internacionalização é um aspecto fundamental em
qualquer universidade moderna e que a cooperação traz benefícios inequívocos para a
instituição, sejam eles culturais, científicos e organizacionais. Em relação ao posicionamento
71
da UFBA no cenário internacional, observou-se que cada ranking internacional tem as suas
metodologias específicas e que elas devem ser entendidas com cuidado. De qualquer forma,
foi reconhecida a importância dos rankings e o esforço que pesquisadores depositam em
estabelecer critérios para uma classificação coerente.
Outro aspecto importante relatado foi que, apesar da AAI contribuir na promoção da
internacionalização na UFBA, entende-se que a internacionalização se dá, sobretudo, na pós-
graduação. Isto confirma o que já havia sido aventado pela Pró-Reitoria de Ensino de Pós-
Graduação (PRPPG) na reunião ocorrida anteriormente. Em relação a alguns fatores
complicadores, a AAI concorda que a distância geográfica dos grandes centros de ensino
mundiais pode dificultar, mas que isto pode ser amenizado com a disponibilização de bolsas
de estudo. Já em relação à língua utilizada no ensino, percebe-se que isto pode ser um
complicador tanto para alunos que queiram estudar em grandes universidades mundiais,
quanto para atrair professores estrangeiros para ensino em nossa instituição. De qualquer
forma, entende-se que a língua inglesa já é um padrão de fato e que o domínio dela é muito
importante para a realização de cursos abertos a estudantes estrangeiros. Também foi relatado
que isto não foi empecilho para universidades como a University of Macau, cuja língua do
país é majoritariamente chinesa, além do uso de português em alguns casos, tornar-se uma das
mais internacionalizadas segundo o ranking da Times Higher Education5 na edição de 2016.
A AAI também prestou informações valiosas a respeitos dos processos que suportam a
internacionalização na UFBA, sendo que dois deles foram mapeados e desenhados nesta
pesquisa. Outra fonte de dados obtida como fruto desta reunião foi o total de convênios
existentes entre a UFBA e instituições de ensino internacional. A partir destes dados, esta
pesquisa fará uma análise dos países que a UFBA mais se relaciona.
Conclusão - Ao término da entrevista, foram colhidos dados e informações
importantes para a pesquisa, como por exemplo, a forma de como é criado um novo convênio
para cooperação internacional, a existência de um ranking internacional que trata
especificamente da dimensão da internacionalização, a apresentação da equipe da AAI,
apresentação dos convênios existentes na UFBA, além da informação de que o site da
assessoria dispõe de outros dados que complementam os já repassados. Estes dados foram
tratados e analisados em etapas posteriores desta pesquisa.
5 A University of Macau foi considerada a 6ª universidade mais internacionalizada do mundo, segundo o ranking
“Top 200 most international universities in the world 2016” da Times Higher Education.
72
4.1.2 Processos
Dando continuidade à investigação da estrutura organizacional, foram feitas
investigações a respeito dos processos existentes nesta universidade que acabaram resultando
em dois mapeamentos ilustrados a seguir:
Processo de Elaboração de um Acordo de Cooperação Internacional na UFBA - O
acordo de cooperação acadêmica internacional é um instrumento importante para viabilizar as
parcerias acadêmicas com instituições estrangeiras, podendo ser bilaterais ou multilaterais.
Estes acordos devem respeitar a legislação brasileira, assim como a legislação internacional e
os demais tratados internacionais que os países tiverem porventura aderido. Por isto, há a
necessidade de formalismos e cuidados legais no processo de elaboração destes acordos. Por
padrão, a validade dos acordos é de 5 anos, podendo ser renovados quando houver interesse
pelas partes envolvidas (UFBA, AAI, 2016). Dada a importância do acordo de cooperação
internacional enquanto instrumento de internacionalização em uma universidade, escolhemos
o processo de elaboração deste acordo como um dos processos a serem estudados e mapeados
nesta pesquisa.
73
Figura 9 - Processo de elaboração de um acordo de cooperação internacional na UFBA.
Fonte: AAI, 2016 Nota: Processo criado pelo autor, baseado em entrevista com a AAI e nos dados disponíveis no site institucional
da AAI.
Na UFBA, a elaboração de um Acordo de Cooperação Internacional pode partir de
diversos atores, tais como por meio de um instituto, unidade, departamento, programa, grupo
de pesquisa, pesquisador, ou órgão da UFBA. No processo mapeado acima, este ator é
definido como propositor da cooperação.
Uma vez definida a intenção da cooperação juntamente com a instituição parceira, o
propositor por parte da UFBA deve baixar os modelos de Acordo disponibilizados pela AAI e
preenchê-los com os dados requisitados. A Assessoria para Assuntos Internacionais sugere
74
que esta requisição seja apreciada pelo setor responsável pela deliberação em sua unidade de
ensino antes que se dê andamento ao processo. Uma vez tendo sido aprovado, o propositor
deverá elaborar um ofício para ser enviado juntamente com o modelo já preenchido à AAI.
Caso o projeto de acordo preveja aporte de recursos financeiros, sendo eles nacionais ou
internacionais, além do modelo de Acordo e do ofício, o propositor também deverá elaborar
um plano de trabalho a ser encaminhado à AAI. Uma vez entregue à AAI, a proposta será
analisada e terá um parecer. A AAI abrirá um processo e encaminhará para o setor de
Convênios. Este por sua vez dará encaminhamento à análise legal e se não houver restrições,
será enviado ao Gabinete do Reitor, onde será assinado. Uma vez assinado, o documento será
devolvido à AAI que encaminhará à instituição parceira para seus trâmites internos. Ao final
do processo, a AAI publica o novo acordo em seu site.
Outro aspecto importante para a internacionalização em uma universidade são os
acordos de co-tutela. Usualmente, trata-se de doutorado, ou em casos mais incomuns,
mestrado, onde o estudante matricula-se na pós-graduação de duas universidades, e ao fim dos
estudos, ele obtém uma dupla titulação. A importância reside no fato de aproximar as
universidades e os pesquisadores com trocas de experiências, conhecimentos científicos,
metodológicos e culturais.
Por isto, o processo de elaboração de um acordo de co-tutela foi o segundo processo
selecionado nesta pesquisa.
Processo de Elaboração de um Acordo de Co-Tutela na UFBA - Na UFBA, o
documento que rege as normas para regulamentação da pós-graduação stricto sensu com
titulação simultânea com outras instituições de ensino é a Resolução 01/06, expedida pela
Câmara de Ensino de Pós Graduação e Pesquisa, do Conselho de Pesquisa, Ensino e Extensão
(CONSEPE).
Nesta resolução, é previsto que os alunos participantes de programas de co-tutela serão
regidos pela legislação e normas de pós-graduação de suas instituições de origem, além dos
convênios de co-tutela específicos para cada aluno, cujas regras devem ser obedecidas para
que a titulação simultânea seja considerada valida.
O artigo 3º desta resolução dita algumas regras a respeito do convênio de co-tutela:
Art. 3º Em Cada convênio a ser assinado pelos representantes legais das duas
instituições, pelos coordenadores do programa de pós-graduação, pelos
orientadores e pelo aluno, deverão ser especificadas matérias referentes a:
I. o conjunto de atividades a serem desenvolvidas em cada uma das
75
instituições;
II. o tempo total previsto para integralização do curso, bem como os
períodos programados para o desenvolvimento das atividades na UFBa
e na instituição estrangeira, sendo observado um mínimo de 25% do
tempo total em cada uma das instituições;
III. o(s) idioma(s) definido(s) para redação do corpo da tese e seu resumo, o
local da defesa, e demais detalhes pertinentes. Deverão ser observadas
as seguintes possibilidades:
a) quando a tese/dissertação for defendida no Brasil ela será redigida em
português, e complementada por um resumo na língua oficial da
instituição parceira da UFBA, ou em inglês;
b) quando a tese/dissertação for defendida no exterior, sua redação será na
língua oficial da instituição parceira da UFBA ou em inglês, com
resumo em português; (UFBA, 2006).
Além disto, esta resolução observa que os convênios específicos de co-tutela devem
ser homologados pelo colegiado do programa de pós-graduação na UFBA, que é responsável
pelo envio de informações acadêmicas à Secretaria Geral de Cursos (SGC), que por sua vez
tem a incumbência do registro oficial da vida acadêmica do aluno, bem como a emissão do
diploma ao término do convênio.
O processo de elaboração de um acordo de co-tutela na UFBA foi mapeado nesta
pesquisa conforme a figura a seguir:
76
Figura 10 - Processo de elaboração de um acordo de co-tutela na UFBA.
Fonte: AAI, 2016
77
O processo de criação de um convênio de co-tutela segue os seguintes passos:
O processo de elaboração de um convênio de co-tutela na UFBA é iniciado com a
manifestação formal do estudante ao orientador do programa de pós-graduação do
qual o aluno faz parte;
O professor orientador, por sua vez, emite uma manifestação formal de
consentimento com a co-tutela;
Em seguida, O estudante e o orientador entram em contato com um pesquisador de
uma universidade estrangeira, que possua linha de pesquisa compatível com o
projeto de pesquisa a ser desenvolvido;
Após o recebimento do aval por parte do pesquisador da instituição estrangeira, o
estudante deverá:
o Ler a resolução 01/2006 que rege o regime de co-tutela na UFBA, que está
disponibilizado no site da AAI;
o Baixar e preencher os modelos de convênio de co-tutela, também
disponibilizados no site da AAI.
Ambos, o estudante e o professor, devem encaminhar formalmente ao programa de
pós-graduação o modelo devidamente preenchido, juntamente com os outros
documentos;
O colegiado do programa de pós-graduação emite o parecer, e em caso positivo
encaminha a proposição de convênio para a AAI;
A AAI abre um processo, analisa a documentação e emite um parecer;
Em seguida a AAI encaminha a documentação para o Setor de Convênios da
UFBA;
O Setor de Convênios chancela a proposta de convênio e envia a documentação
para o Gabinete da Reitoria;
O Gabinete da Reitoria assina o convênio e encaminha a documentação para a AAI;
A AAI encaminha oficialmente a documentação para apreciação e assinatura da
universidade parceira;
A Universidade parceira devolve a documentação à AAI, dando início ao convênio
de co-tutela.
78
4.1.3 Acordos de Cooperação Internacional
Outro aspecto importante para a pesquisa, previsto no mapeamento metodológico, é a
existência de acordos de cooperação internacional celebrados entre a UFBA e outras
instituições de ensino estrangeiras por meio de convênios. A investigação destes dados foi
facilitada pela publicação desta informação no site da Assessoria para Assuntos Internacionais
da UFBA (AAI, 2015). No quarto trimestre de 2015, foram obtidos tais dados no referido site
e lançados numa planilha do Excel para realização de uma categorização por país. Em seguida
foi gerado um gráfico ordenado pelos países que a UFBA mais possui convênios.
A listagem completa de todos os acordos de cooperação internacional celebrados entre
a UFBA e universidades estrangeiras encontra-se nos anexos desta dissertação para consultas,
caso se faça necessário.
A seguir, é apresentado o gráfico sobre os países que a UFBA mais possui acordos de
cooperação, que foram baseados nos dados obtidos no site da AAI.
79
Gráfico 1 - Quantitativo de acordos de cooperação internacional da UFBA, por país, acumulados até
2016
Fonte: AAI, 2016
80
Um aspecto a se destacar é a diversidade de países com os quais a UFBA possui
acordos de cooperação. Ao todo, a UFBA possui convênios com 45 países distintos, contendo
representantes nos diversos continentes, mas com uma concentração de países europeus e
americanos. O quantitativo geral de acordos também merece destaque. Foram detectados ao
todo 284 acordos disponibilizados no site da AAI, um número que pode ser considerado
bastante significativo. Considerando o quantitativo de acordos de cooperação existentes por
país, destacam-se Estudos Unidos, França, Itália, Espanha e Portugal, que juntos, respondem
por quase 61% de todos os convênios existentes. Apesar dos números expressivos referentes
aos acordos de cooperação existentes, é importante notar que o convênio por si só não
significa necessariamente a cooperação propriamente dita, mas a base legal para que esta
ocorra. Conforme já apurado anteriormente, a cooperação na UFBA ocorre de forma
descentralizada, ou seja, as unidades, departamentos e, em última instância, os pesquisadores,
possuem um papel fundamental para que as parcerias internacionais floresçam e deem
significado aos convênios firmados.
4.1.4 Planejamento
Uma vez visto a estrutura organizacional da UFBA, identificado o setor responsável
pela internacionalização desta universidade, realizado entrevistas, mapeado os processos
existentes e analisado o conjunto de acordos de cooperação internacional existentes, o
próximo passo para entender de que forma a internacionalização é percebida
institucionalmente foi analisar o planejamento institucional desta universidade. Para tanto, foi
tomado como objeto de investigação o Plano de Desenvolvimento Institucional da UFBA –
2012-2016 (PDI).
De fato, percebe-se que a internacionalização está contemplada nos planos da
universidade e em certos momentos, com algum destaque. Nos objetivos institucionais, o
documento relata a importância da cooperação internacional para integração dos povos,
sobretudo os de língua portuguesa e países latino-americanos conforme o oitavo artigo do
tópico sobre objetivos institucionais, conforme a seguir:
VIII - fomentar a paz, a solidariedade e a aproximação entre nações, povos e
culturas, mediante cooperação internacional e de intercâmbio científico,
artístico e tecnológico, com especial foco nos países de língua oficial
81
portuguesa e nos países latino-americanos; (UFBA, 2012, p 12).
O PDI da UFBA também faz menção à internacionalização quando trata das diretrizes
institucionais. Neste tópico, cita-se a importância da ampliação da presença da universidade
no cenário estadual, nacional e internacional. Também cita como diretriz, a ampliação da
internacionalização em relação aos acordos de cooperação internacional e no aumento da
formação de recursos humanos conforme os artigos XIII e XVI a seguir:
XIII - fomentar a produção e disseminação da pesquisa, da criação e da
inovação de elevada qualidade, ampliando a presença da universidade no
cenário científico estadual, nacional e internacional e potencializando os
impactos sociais, tecnológicos, econômicos, científicos e ambientais da
pesquisa e da inovação para a sociedade; (...)
XVI – ampliar a internacionalização da UFBA, tanto no que se refere ao
desenvolvimento de projetos de cooperação internacional para produção e
difusão do conhecimento, quanto na formação de recursos humanos, com
base nos princípios da autonomia e reciprocidade; (UFBA, 2012, p 13).
No tópico que trata das macropolíticas institucionais, o PDI da UFBA ressalta a
ampliação da internacionalização como sendo uma das mais importantes diretrizes
estratégicas e toma pra si os objetivos do programa Ciência sem Fronteiras conforme destaque
abaixo:
(...) Incorporam-se assim a esse PDI os objetivos do Programa Ciência sem
Fronteiras, pois traduzem as políticas propostas para a UFBA em relação a
esta temática:
I - ampliar a participação e a mobilidade internacional de estudantes de
cursos de graduação e pós-graduação, docentes e técnicos para participação
em estudos, treinamentos e capacitação em instituições de excelência no
exterior; PDI 2012 – 2016 / Universidade Federal da Bahia
II - criar oportunidades de cooperação entre grupos de pesquisa da UFBA e
de universidades e centro de pesquisa estrangeiros por meio de projetos de
cooperação bilateral e programas para fixação na UFBA de pesquisadores
visitantes;
III - promover a cooperação entre a UFBA e universidades e centros de
pesquisa na área da ciência, tecnologia e inovação;
IV - implantar programa para o desenvolvimento de competência em língua
estrangeira (inglês, francês, italiano, espanhol e alemão) (UFBA, 2012, p.
26).
Por fim, ressalta-se o reconhecimento institucional de que a iniciativa da cooperação
ainda é pautada por iniciativas individuais ou de grupos de pesquisa específicos quando se
afirma:
(...) o diagnóstico do que vem sendo feito historicamente na UFBA indica
82
que as relações internacionais, fruto dos convênios firmados com instituições
parceiras, precisam migrar de um território ainda marcado pelo pesquisador
e seu grupo para um panorama no qual sejam observadas as múltiplas e
diferenciadas vocações de discentes, docentes e técnicos. (UFBA, 2012,
p.26)
Visto os aspectos mencionados acima, fica evidente o registro da preocupação
institucional com a temática da internacionalização. Além disto, percebe-se a consciência da
importância do tema e dos desafios a serem enfrentados.
4.1.5 Análise dos sites institucionais dos programas de pós-graduação da UFBA
Esse indicador consiste na análise dos sites institucionais dos programas de pós-
graduação para identificar possíveis evidências que indiquem alguma preocupação com a
internacionalização por parte de cada programa. É importante registrar que esta análise não
tem como propósito afirmar se um determinado programa de pós-graduação pratica ou não,
em alguma medida, a internacionalização. Ao invés disso, pretende-se verificar se as práticas
são divulgadas e se há meios de comunicação existentes que permitam contato com
pesquisadores e alunos estrangeiros.
Para tanto, esta pesquisa levou em consideração somente os programas com nota
CAPES igual ou superior a 5. Inicialmente, foram importados os programas de pós-
graduação da UFBA listados no site da Pró-Reitoria de Ensino de Pós-Graduação. Em uma
planilha, estes dados foram categorizados pelas notas da CAPES e selecionados somente os
programas com nota igual ou superior a 5, totalizando 18 programas.
Na investigação dos sites foram considerados seis tipos de evidência: seleção de
candidatos estrangeiros, doutorado sanduíche, cursos com parceria internacional, cooperação
internacional, contato e apresentação em eventos internacionais.
Após a análise dos sites, foram obtidos os seguintes dados:
83
Quadro 5- Evidências de internacionalização nos sites dos programas de pós-graduação
Programas de pós-
graduação
Cooperações
internacionais
Seleção de
candidatos
estrangeiros
Apresentações
em eventos
internacionais
Doutorado
sanduiche
Cursos com
parceria
internacional
Contato Número de
evidências
Saúde Coletiva X - - - - - 1
Artes Cênicas - - - - - - 0
Ecologia e
Biomonitoramento - - - - - - 0
Patologia Humana - X - - - - 1
Administração - - - - - - 0
Arquitetura e
Urbanismo - - - - - - 0
Biotecnologia
(Renorbio) - - - - - - 0
Ciências da Saúde X - X X - - 3
Ciências Sociais - X - - - - 1
Comunicação e
Cultura
Contemporâneas
- X - - - - 1
Engenharia
Industrial - - - - X - 1
Ensino, Filosofia e
História das
Ciências
- - - X - - 1
Filosofia - - - - - X 1
Imunologia - - - - - - 0
Literatura e Cultura - - - - - - 0
Medicina e Saúde - - - -
- 0
Psicologia - - - - - - 0
Química - - - - - - 0
84
Gráfico 2 - Número de evidências de internacionalização nos sites dos programas de pós-graduação da UFBA
Dos 18 programas de pós-graduação investigados, 10 não fizeram referência explícita
a qualquer um dos seis tipos de evidência relacionados, representando 55,56% dos programas
analisados. Dos 8 programas restantes, 7 fizeram referência a uma única evidência e um único
programa abordou em seu site institucional 3 evidências de preocupação com a
internacionalização. Das 6 evidências estabelecidas, a que teve maior destaque foi a seleção
de candidatos estrangeiros com 3 referências entre os 18 programas, ou 16,67% de todos os
programas. Entre os programas analisados, destaca-se o de Ciências da Saúde, com 3
evidências identificadas em seu site institucional.
É importante registrar que a ausência de evidências de internacionalização nos sites de
programas de pós-graduação da UFBA não garante que um determinado programa não tenha
iniciativas a respeito do tema. Apenas serve para verificar se tais iniciativas, caso tenham
ocorrido, foram devidamente registradas e disponibilizadas.
4.2 MOBILIDADE ACADÊMICA
A entrevista com a Pro-Reitoria de Ensino de Pós-Graduação (PROPG) possibilitou a
coleta de dados de estudantes estrangeiros que estudavam na UFBA desde 2013 até o ingresso
em 2016 por meio de bolsas do Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação
85
(PAEC). Estes dados foram enviados por esta Pro-Reitoria via email, contendo arquivos com
planilhas separadas por ano. Para fins de contabilização dos dados, foram excluídos os alunos
que constavam na lista com o status de não comparecimento. Os dados foram analisados
categorizando os países de origem e os programas de pós-graduação escolhidos por cada
bolsista participante. A ferramenta escolhida para análise dos dados foi o Excel, pois integrava
tanto a coleta, quanto a análise e apresentação dos resultados. Tais dados são apresentados
nas tabelas e gráficos abaixo:
Tabela 2 - Quantitativo de alunos estrangeiros, bolsistas do PAEC, estudando em cursos de
pós-graduação da UFBA, por país de origem
País de origem 2013 2014 2015 2016 Total
Argentina - 1 - 1 2
Bolívia - 1 2 1 4
Chile - - 2 1 3
Colômbia 2 8 7 9 26
Costa Rica - 1 1 1 3
El Salvador - 1 1 - 2
Equador - - 1 1 2
Guatemala - - 1 2 3
Haiti - 1 - - 1
Honduras - - 2 - 2
México - 4 1 1 6
Nicarágua - - 2 1 3
Paraguai 1 - - 2 3
Peru 3 1 2 1 7
República Dominicana - 1 1 - 2
Uruguai - - - 1 1
Venezuela - 1 1 4 6
Total 6 20 24 26 76
Fonte: Adaptado da planilha de PAEC do PROPG, 2016
Nota: Não foram disponibilizados dados referentes aos anos de 2011 e 2012.
86
Tabela 3 - Quantitativo de alunos estrangeiros, bolsistas do PAEC, estudando em cursos de pós-
graduação da UFBA, por programa
Programa 2013 2014 2015 2016 Total
Administração - 1 2 1 4
Arquitetura - - - 5 5
Ciência Animal 2 3 1 - 6
Ciência da Informação - - 1 - 1
Contabilidade - 1 - - 1
Dança - - 1 1 2
Direito - 1 - 2 3
Ecologia e Biomonitoramento - - 1 2 3
Educação 1 - 3 4 8
Engenharia ambiental e urbana - - 2 - 2
Engenharia Elétrica - - 2 - 2
Engenharia Industrial - 4 2 - 6
Engenharia Química - - 1 1 2
Ensino, Filosofia e História das Ciências - 3 - 2 5
Estudos Étnicos e Africanos - 4 - - 4
Geografia - 1 1 - 2
Mecatrônica - 2 - - 2
Medicina e Saúde - - 7 8 15
Zootecnia 3 - - - 3
Total 6 20 24 26 76
Fonte: Adaptado da planilha de PAEC do PROPG, 2016
Nota: Não foram disponibilizados dados referentes aos anos de 2011 e 2012.
87
Gráfico 3 - Evolução total do programa PAEC por ano
Fonte: Adaptado da planilha do PAEC do PROPG, 2016
Nota: Não foram disponibilizados dados referentes aos anos de 2011 e 2012.
Em relação aos alunos estrangeiros bolsistas do PAEC, estudando na UFBA, percebe-
se uma distribuição bastante homogênea em relação ao país de origem. Se considerarmos
desde 2013, foram observados 17 países que tiveram ao menos 1 representante estudando na
UFBA via PAEC. Se analisarmos somente em 2016, foram 13 os países representados que
totalizaram 26 alunos participantes. Destes países, o único que merece um destaque inicial
em relação ao quantitativo é a Colômbia. Enquanto em 2016 a média de alunos por país ficou
em 2 estudantes, a Colômbia enviou 9 alunos, ou mais de quatro vezes esta média. Este
destaque da Colômbia também se manteve nos dois anos anteriores.
Em relação aos programas escolhidos, também percebe-se uma distribuição regular de
estudantes estrangeiros entre os programas listados acima. O programa que merece um
destaque é o de “Medicina e Saúde” com 8 representantes em 2016, enquanto que a média
neste ano foi de 2,89.
Se analisarmos os dados gerais enquanto programa entre os anos de 2013 até 2016,
percebemos aumentos respectivos de 233%, 30% e 8%. Apesar dos números de crescimento
serem relativamente altos longo destes anos, deve-se ter ciência que, em termos absolutos, o
aumento de estudantes bolsistas no programa PAEC foi, de fato, muito pouco significativo.
Para efeito de exemplificação, os 8% de crescimento entre os anos de 2015 e 2016
representam, na verdade, um aumento de apenas dois bolsistas.
88
Assim como os dados coletados do programa PAEC, também foram coletados por
meio da entrevista com a PROPG os dados referentes aos alunos bolsistas de doutorado da
UFBA estudando em instituições de ensino estrangeiras, provenientes do Programa de
Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE). Estes dados foram encaminhados via email em
planilhas eletrônicas distintas, separadas por ano. Para fins de contabilização, foram
excluídos os dados de alunos cujos status apresentavam cancelamento ou desistência. Os
dados foram analisados utilizando a planilha do Excel por possibilitar a integração entre a
coleta, análise e apresentação dos resultados. Tais dados foram agrupados e categorizados por
país de destino escolhido pelos bolsistas da UFBA, bem como por área de atuação escolhida
para estudo. Registra-se que alguns dados tiveram que ser alterados para que a categorização
fosse realizada com efetividade, como por exemplo o nome de alguns países que eram escritos
de forma não padronizada. Já as áreas de estudo descritas nesta planilha foram mantidas
conforme preenchimento realizado pela PROPG.
Tabela 4 - Quantitativo de bolsistas de doutorado da UFBA participantes do programa PDSE, por país
de destino
Países 2012 2013 2014 2015 Total
Alemanha 3 2 3 1 9
Argentina 1 - - - 1
Austrália - - - 2 2
Áustria - - - 1 1
Bélgica - - 1 - 1
Bolívia - - - 1 1
Canadá 1 4 7 1 13
Chile - - 2 - 2
Dinamarca - - - 1 1
Equador - 1 - - 1
Escócia 1 - - - 1
Espanha 4 8 8 6 26
EUA 11 12 17 10 50
Finlândia - - 3 - 3
França 7 9 16 21 53
Holanda 1 1 1 3 6
Itália 2 2 5 2 11
Japão 1 - 1 - 2
89
Países 2012 2013 2014 2015 Total
México 1 - 3 - 4
Moçambique - 1 - - 1
Noruega 1 - - - 1
Portugal 10 21 22 16 69
Reino unido 5 6 2 6 19
Suécia 1 2 1 - 4
Suíça - - 1 1 2
Total geral 50 69 93 72 284
Fonte: Adaptado da planilha do PDSE do PROPG, 2016
Nota: Não foram disponibilizados dados referentes aos anos de 2011.
Figura 11 – Mapa com quantitativo de bolsistas PDSE em 2015, por país de destino
Fonte: Adaptado da planilha do PDSE do PROPG, 2016
90
Figura 12 – Mapa com quantitativo acumulado de bolsistas PDSE, por país de destino
Fonte: Adaptado da planilha do PDSE do PROPG, 2016
Tabela 5 - Quantitativo de bolsistas de doutorado da UFBA participantes do programa PDSE, por
programa selecionado
Programa 2012 2013 2014 2015 Total
Administração 6 3 6 1 16
Antropologia - 1 2 2 5
Arquitetura e Urbanismo 1 7 5 4 17
Artes Cênicas 4 6 3 7 20
Artes Visuais - - - 1 1
Ciência Animal nos Trópicos - - 2 1 3
Ciência da Computação 3 - 2 1 6
Ciência da Informação - 1 1 1 3
Ciências da Saúde - 1 3 1 5
Ciências Sociais - - 1 5 6
Comunicação e Cultura Contemporânea 6 5 7 3 21
Cultura e Sociedade 1 4 2 5 12
Difusão do Conhecimento - 2 - - 2
Direito - - 2 - 2
Ecologia e Biomonitoramento 4 - - 3 7
Educação 4 4 6 3 17
Energia e Ambiente 1 - 1 1 3
91
Programa 2012 2013 2014 2015 Total
Enfermagem - 1 1 1 3
Engenharia Elétrica - - 1 1 2
Engenharia Industrial 3 1 4 1 9
Engenharia Química - - 1 - 1
Ensino, Filosofia e História das Ciências 4 2 4 1 11
Estudos Étnicos e Africanos - 1 1 - 2
Est. Inter sobre Mulheres, Gênero e Femin. - 1 - 1 2
Filosofia 1 3 - - 4
Física 1 1 1 1 4
Geografia - - - 2 2
Geologia - 2 - - 2
História 2 4 2 5 13
Imunologia - 2 4 - 6
Língua e Cultura - 3 1 - 4
Literatura e Cultura - - 9 2 11
Matemática - - 3 1 4
Medicina e Saúde - - - 2 2
Multicêntrico em Biologia Molecular - - - 1 1
Música 2 1 4 2 9
Odontologia e Saúde - 1 - - 1
Patologia Humana 3 2 - - 5
Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas 1 6 2 - 9
Psicologia 1 2 3 1 7
Química - - 1 4 5
Saúde coletiva 2 2 3 3 10
Zootecnia - - 5 4 9
Total Geral 50 69 93 72 284
Fonte: Adaptado da planilha do PDSE do PROPG, 2016
Nota: Não foram disponibilizados dados referentes aos anos de 2011.
92
Gráfico 4 - Evolução do número de bolsistas PDSE
Fonte: Baseado na planilha do PDSE do PROPG, 2016
Nota: Não foram disponibilizados dados referentes aos anos de 2011.
Foram identificados 25 países escolhidos como destino por estudantes da UFBA,
participantes do programa PDSE, desde 2012. Já em 2015, foram observados 14 países
escolhidos como destino para estudo. Destes, destacam-se Estados Unidos, Portugal e França
representando aproximadamente 65% do total de bolsistas existentes no ano de 2015.
Em relação aos programas escolhidos, percebe-se uma distribuição bastante
equilibrada entre os 43 programas existentes no controle de bolsistas do PDSE. Em 2015
foram 32 programas contendo bolsistas, com uma média de 2,25 bolsistas por programa.
Destaca-se artes cênicas com 7 representantes, além de Ciências Sociais, Cultura e Sociedade
e História, ambos com 5 representantes.
Em relação à evolução do programa PDSE ao longo do tempo, detectou-se dois
consideráveis aumentos seguidos, entre os anos de 2012-2013 e 2013-2014 de
aproximadamente 38% e 34,8%, respectivamente. Destaca-se a redução de quase 22,6% no
último ano analisado de 2014-2015.
Os dados anteriores dão uma ideia sobre a mobilidade na UFBA, baseada nos
programas PDSE e PAEC. Para complementar o entendimento sobre a mobilidade acadêmica
na UFBA, foi preciso ampliar a visão com novas fontes de dados que não se restringissem a
estes programas. Para tanto, foi feita uma consulta por email à Superintendência Acadêmica
(SUPAC) da UFBA solicitando dados a respeito dos estudantes estrangeiros matriculados em
93
cursos da UFBA entre os anos de 2011 e 2015. Tal solicitação foi aprovada, e em 2 de
Fevereiro de 2016 foi enviado pela Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) um
email contendo uma planilha em formato Excel com os dados solicitados, extraídos do
Sistema Acadêmico (SIAC).
O tratamento destes dados consistiu em alguns ajustes e categorizações necessários
para obtenção do resultado esperado. Alguns dados retornaram no campo “País” o valor
“estrangeiro” e “estrangeira”. Nestes casos, os dados foram consolidados e considerados
como “Não Identificado”. Também foram feitas padronizações de alguns dados para que a
categorização fosse realizada a contento6. Uma vez feitos os devidos filtros, o pesquisador
fez uso de tabelas dinâmicas para agrupar e categorizar os dados em uma tabela dos alunos
estrangeiros matriculados em programas de pós-graduação da UFBA, organizada pela
nacionalidade dos estudantes, ao decorrer dos anos de 2011 a 2015.
Tabela 6 - Alunos estrangeiros matriculados em programas de pós-graduação da UFBA por país de
origem
País de Origem 2011 2012 2013 2014 2015 Total
Alemanha 2 1 3 6 5 17
Angola 5 4 4 4 5 22
Argentina 11 13 18 18 18 78
Beirute - - - 1 1 2
Benin 1 1 1 6 7 16
Bolívia - 1 3 4 8 16
Cabo Verde 1 1 1 2 3 8
Canadá 1 - - - - 1
Chile 7 7 6 7 11 38
Colômbia 35 38 42 51 67 233
Cuba 4 2 2 3 7 18
Dinamarca - - - - 1 1
Equador 3 4 5 6 7 25
Espanha 3 3 6 8 10 30
6 Foram identificados dados com países preenchidos como "Da Guiné-Bissau" e "Guiné Bissau". Nestes casos
foi feita a fusão para "Guiné-Bissau".
94
País de Origem 2011 2012 2013 2014 2015 Total
Estados Unidos 2 2 2 4 4 14
França 9 9 6 5 4 33
Guiné-Bissau 8 6 6 5 5 30
Haiti - - - 1 1 2
Holanda - - - - 1 1
Hungria - 1 1 1 - 3
Inglaterra 2 1 1 1 - 5
IRÃ - - 1 1 1 3
Itália 9 10 9 14 18 60
México - - - 6 9 15
Moçambique 9 9 11 8 5 42
Não identificado 6 4 3 7 12 32
Nicarágua - - - - 2 2
Nigéria - - - - 1 1
Paquistão - 1 1 1 1 4
Paraguai - - 1 2 2 5
Peru 6 6 8 11 11 42
Portugal 5 5 4 8 11 33
República Tcheca - - - - 1 1
Rússia - - - 1 1 2
São Tomé 1 - - - - 1
Suíça 1 3 4 3 3 14
Togo - - - 1 1 2
Uruguai 3 3 4 2 1 13
Venezuela 5 5 5 7 8 30
Total Geral 139 140 158 205 253 895
Fonte: Dados extraídos do SIAC, 2016
95
Figura 13- Mapa com a quantidade de estrangeiros matriculados na UFBA em 2015, por país de
origem
Fonte: Dados extraídos do SIAC, 2016
Figura 14 - Mapa com a quantidade de estrangeiros matriculados na UFBA em 2015 e total
acumulado, por país de origem
Fonte: Dados extraídos do SIAC, 2016
96
Gráfico 5 - Estudantes estrangeiros na UFBA por regiões, em 2015.
Fonte: Dados extraídos do SIAC, 2016
De forma análoga, foi criada uma tabela por meio dos dados extraídos do SIAC
contendo a quantidade de alunos estrangeiros matriculados na UFBA, organizados pelos
programas de pós-graduação que eles estavam vinculados, ao decorrer dos anos (2010 a
2015).
Tabela 7 - Alunos estrangeiros matriculados em programas de pós-graduação da UFBA, por programa
Programa 2011 2012 2013 2014 2015 Total
Administração 4 2 4 4 7 21
Alimentos, Nutrição e Saúde 2 2 2 2 1 9
Antropologia 6 5 5 5 7 28
Arquitetura e Urbanismo 6 7 5 6 6 30
Artes Cênicas 11 8 10 11 12 52
Artes Visuais 2 2 2 2 5 13
Biotecnologia - - 2 3 1 6
Biotecnologia da Rede Nordeste de Biotecnologia - - - 2 2 4
Ciência Animal nos Trópicos - - 1 1 2 4
Ciência da Computação 1 1 - - 1 3
Ciência da Informação 1 1 2 5 7 16
Ciência de Alimentos 1 1 1 - - 3
Ciências Energia e Ambiente 2 2 2 2 1 9
97
Programa 2011 2012 2013 2014 2015 Total
Ciências Sociais 10 9 12 11 9 51
Comunicação e Cultura Contemporâneas 1 - - 1 1 3
Contabilidade - - - 3 3 6
Cultura e Sociedade 7 9 9 9 7 41
Dança 1 1 - 2 2 6
Difusão do Conhecimento 2 6 8 10 9 35
Direito 4 4 3 4 2 17
Ecologia - 1 4 5 5 15
Ecologia e Biomonitoramento 4 4 3 2 3 16
Economia 1 - - - 2 3
Educação 1 3 4 5 11 24
Engenharia Ambiental Urbana 4 1 1 3 5 14
Engenharia de Estruturas 2 2 2 1 2 9
Engenharia Elétrica 3 3 3 5 8 22
Engenharia Industrial 7 9 11 13 17 57
Engenharia Química 2 2 1 2 3 10
Ensino, Filosofia e História das Ciências 2 4 4 7 10 27
Estudos Étnicos e Africanos 7 4 4 10 12 37
Estudos Interdisciplinares Mulheres, Gênero e Feminismo 1 1 1 1 2 6
Farmácia - - - 2 2 4
Filosofia 1 1 2 3 2 9
Física 1 1 4 7 10 23
Geofísica 10 9 7 10 7 43
Geografia 1 1 1 3 5 11
Geologia 2 3 3 3 3 14
Geoquímica: Petróleo e Meio Ambiente 3 - 1 1 4 9
História - - - - 1 1
Imunologia - - 1 2 3 6
Letras 3 2 - - - 5
Língua e Cultura 1 1 1 1 2 6
Literatura e Cultura 1 2 2 2 2 9
Matemática - - 2 3 2 7
Mecatrônica - - 2 4 5 11
Medicina e Saúde - - - - 6 6
Meio Ambiente, Águas e Saneamento - - - 1 2 3
98
Programa 2011 2012 2013 2014 2015 Total
Música 1 2 4 3 6 16
Patologia Humana - 1 1 4 6 12
Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas - 2 1 1 1 5
Psicologia 5 6 4 1 - 16
Química 3 3 3 2 5 16
Saúde Comunitária 3 2 3 4 3 15
Saúde Pública 9 10 7 8 8 42
Zootecnia - - 3 3 3 9
Total Geral 139 140 158 205 253 895
Fonte: Dados extraídos do SIAC, 2016
Gráfico 6 - Total de estudantes estrangeiros matriculados na UFBA
Fonte: Dados extraídos do SIAC, 2016
Desde 2011, foram identificados 39 países com estudantes matriculados na UFBA,
além dos considerados “não identificados”. Destes, destaca-se com bastante folga a Colômbia
que, em 2015, possuía 67 alunos matriculados na UFBA. Argentina e Itália vem logo em
seguida com 18 representantes cada, sendo que a média neste ano foi de aproximadamente 7
alunos por país. Ressalta-se que, dos dez países com maior quantidade de estudantes
matriculados, com exceção da Itália, todos têm como língua oficial o espanhol ou o próprio
português.
Em relação aos programas escolhidos, percebe-se uma grande distribuição em 53
99
programas distintos, no ano de 2015. Engenharia industrial, artes cênicas, estudos étnicos e
africanos são alguns dos programas com maior quantidade de estrangeiros matriculados.
Ainda investigando a mobilidade acadêmica, este pesquisador acessou em 13 de
janeiro de 2016 o Data Mart do programa Ciência Sem Fronteiras do governo federal por
meio do seu site e coletou alguns dados referentes aos países mais procurados por estudantes
bolsistas da UFBA, bem como as áreas com maior destaque. É importante ressaltar que, ao
contrário de outros dados já apresentados, estes não tratam de um programa específico de
bolsa ou incentivo, nem são apresentados de forma sumarizada por ano. Ao contrário, tratam-
se de dados acumulados e consolidados de bolsas implementadas tanto pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) quanto pela CAPES.
Tabela 8 - Quantitativo acumulado de bolsas por país de destino, até janeiro de 2016
País de Destino Bolsas
Estados Unidos 474
Reino Unido 335
Canadá 182
Alemanha 155
Austrália 121
Portugal 112
França 108
Irlanda 101
Espanha 97
Itália 47
Hungria 39
Holanda 26
Brasil 14
Finlândia 10
Coréia do Sul 9
Suécia 9
Japão 7
Bélgica 6
China 5
Noruega 5
Suiça 5
Nova Zelândia 4
100
Austria 2
Dinamarca 2
África do Sul 1
Argentina 1
Chile 1
Fonte: Dados extraídos do Data Mart do programa Ciência sem Fronteiras, 2016
Gráfico 7 - Quantitativo acumulado de bolsas por país de destino, até janeiro de 2016
Fonte: Dados extraídos do Data Mart do programa Ciência sem Fronteiras, 2016
Assim como no quantitativo de bolsas por país apresentado anteriormente, o
quantitativo de bolsas por área também foi extraído do Data Mart do programa Ciência Sem
Fronteiras e trata-se de dados acumulados ao longo do tempo e de forma integrada entre
programas de bolsas da CAPES e CNPq.
101
Tabela 9 - Quantitativo acumulado de bolsas por área, até janeiro de 2016
Áreas Quantidade de Bolsas
Engenharias e demais áreas tecnológicas 797
Biologia, Ciências Biomédicas e da Saúde 382
Indústria Criativa 252
Ciências Exatas e da Terra 145
Biotecnologia 73
Computação e Tecnologias da Informação 58
Fármacos 44
Ciências do Mar 28
Produção Agrícola Sustentável 22
Biodiversidade e Bioprospecção 20
Novas Tecnologias de Engenharia Construtiva 12
Petróleo, Gás e Carvão Mineral 12
Energias Renováveis 10
Tecnologia mineral 9
Não Informado 6
Fonte: Dados extraídos do Data Mart do programa Ciência Sem Fronteiras, 2016
Gráfico 8 - Quantitativo acumulado de bolsas por área, até janeiro de 2016
Fonte: Dados extraídos do Data Mart do programa Ciência sem Fronteiras, 2016
102
4.3 CENÁRIO EXTERNO
A seguir, serão apresentados alguns dados que expõem a realidade da UFBA em
relação a outras instituições de ensino superior tanto em âmbito regional, quanto nacional e
internacional. Estes dados são apresentados de uma forma em que se pode realizar
comparações com instituições similares. Todos estes dados foram coletados por meio do Data
Mart do Ciência Sem Fronteiras, disponibilizado no site deste programa.
Para se ter uma ideia sobre o panorama local da UFBA, será apresentada uma tabela
contendo o quantitativo acumulado de bolsas fornecidas pelo CNPQ e CAPES para cada
instituição de ensino superior da Bahia:
Tabela 10 - Total acumulado de bolsas por instituição na Bahia, até janeiro de 2016
Universidade Bolsas
Universidade Federal da Bahia 1878
Universidade Estadual de Feira de Santana 173
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia 126
Universidade Estadual de Santa Cruz 124
Universidade Salvador 124
Instituto Federal da Bahia 121
Universidade do Estado da Bahia 117
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública 58
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia 46
Universidade Católica do Salvador 16
Fundação Oswaldo Cruz 15
Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia 15
Centro Universitário Jorge Amado 14
Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC 14
Não informada 74
Fonte: Dados extraídos do Data Mart do programa Ciência sem Fronteiras, 2016
103
Gráfico 9 - Total acumulado de bolsas por instituição na Bahia, até janeiro de 2016
Fonte: Dados extraídos do Data Mart do programa Ciência sem Fronteiras, 2016
Ao analisarmos o quantitativo de bolsas distribuídas entre as instituições de ensino do
estado da Bahia, podemos perceber um destaque claro para a UFBA. Enquanto que esta
universidade possui um acumulado de 1878 bolsas, a soma de todas as outras instituições
chegou a 1037, ou pouco mais de 55% do que a UFBA recebeu. Apesar desta diferença
enorme, esse verdadeiro abismo reflete tão somente a diferença de porte entre as instituições
presentes. Também há de se registrar que várias destas instituições são relativamente novas se
comparadas à UFBA, tais como a Universidade Federal do Recôncavo, Centro Universitário
Jorge Amado, Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC, dentre outras. Justamente pelas
assimetrias detectadas, é difícil obter maiores conclusões ao se efetuar um comparativo local.
Tabela 11 - Quantitativo acumulado de bolsas de pós-graduação por região, até janeiro de 2016
Região Quantidade de Bolsas
Sudeste 6503
Sul 2608
Nordeste 1511
Centro-Oeste 601
Norte 238
Fonte: Dados extraídos do Data Mart do programa Ciência sem Fronteiras, 2016
104
Gráfico 10: Quantitativo acumulado de bolsas de pós-graduação por região, até janeiro de
2016
Fonte: Dados extraídos do Data Mart do programa Ciência sem Fronteiras, 2016
Ao analisarmos um comparativo da distribuição de bolsas entre as regiões do Brasil,
percebe-se um predomínio inconteste da região sudeste com 6503 bolsas acumuladas, ou
quase 57% de todas as bolsas distribuídas no Brasil. Em seguida temos a região sul com
quase 23% das bolsas, e só então temos a região nordeste, região na qual a UFBA faz parte,
com 13% das bolsas. As regiões centro-oeste e norte possuem 5% e 2% respectivamente.
Para uma melhor análise, é importante contextualizar as populações envolvidas
conforme tabela a seguir:
Tabela 12 - População por região
Região População
Sudeste 84.465.579
Nordeste 55.794.694
Norte 16.983.485
Centro-Oeste 14.993.194
Sul 28.795.762
Fonte: Dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD), previsão
de 2013, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), 2016
105
Os dados das bolsas da região sudeste poderiam ser relativizados pelo fato de ser a
região com maior população do Brasil. Todavia, enquanto que a população da região Sudeste
é aproximadamente 51% mais populosa que a Nordeste, a quantidade de bolsas é quase 330%
maior que as concedidas à região Nordeste. Ainda analisando os dados populacionais,
percebe-se um destaque para a região Sul, uma vez que ela recebeu aproximadamente 73% de
bolsas a mais do que a região Nordeste, embora a população desta região seja quase 94%
maior do que a Sul.
Tabela 13 - Quantitativo de bolsas do programa Ciência sem fronteiras, por estado.
Estado Quantidade de bolsas
São Paulo 19232
Minas Gerais 15925
Rio de Janeiro 8126
Rio Grande do Sul 6769
Paraná 6470
Santa Catarina 3816
Pernambuco 3598
Distrito Federal 3326
Ceará 3112
Bahia 2975
Rio Grande do Norte 2007
Paraíba 1663
Espírito Santo 1337
Pará 1313
Goiás 1312
Maranhão 959
Sergipe 667
Alagoas 622
Mato Grosso do Sul 622
Piauí 606
Amazonas 573
Mato Grosso 402
Tocantins 175
Rondônia 61
Roraima 32
Amapá 16
Acre 11
Fonte: Dados extraídos do Data Mart do programa Ciência sem Fronteiras, 2016 Nota: Foram excluídos os dados “Exterior” e “Não Informada” presentes originalmente no Data
Mart do programa Ciência sem Fronteiras
106
Gráfico 11 - Quantitativo de bolsas do programa Ciência sem Fronteiras, por estado.
Fonte: Dados extraídos do Data Mart do programa Ciência Sem Fronteiras, 2016 Nota: Foram excluídos os dados “Exterior” e “Não Informada” presentes originalmente no Data
Mart do programa Ciência sem Fronteiras
Para subsidiar a análise destes dados, foram pesquisados as populações e os PIBs dos
estados brasileiros e criada uma tabela que inclui campos com as relações entre os dados de
cada estado e os da Bahia, conforme tabela a seguir:
107
Tabela 14 - Participação dos Estados no PIB brasileiro.
Estado Quantidade
de bolsas
Quantidade de
bolsas em
relação à Bahia
População População em
relação à
Bahia
Participação
no PIB
brasileiro
(em %) -
2013
PIB em
relação
à Bahia
São Paulo 19232 6,46 43.663.672 2,90 32,1 8,45
Minas Gerais 15925 5,35 20.593.366 1,37 9,2 2,42
Rio de Janeiro 8126 2,73 16.369.178 1,09 11,8 3,11
Rio Grande do Sul 6769 2,28 11.164.050 0,74 6,2 1,63
Paraná 6470 2,17 10.997.462 0,73 6,3 1,66
Santa Catarina 3816 1,28 6.634.250 0,44 4,0 1,05
Pernambuco 3598 1,21 9.208.551 0,61 2,6 0,68
Distrito Federal 3326 1,12 2.789.761 0,19 3,3 0,87
Ceará 3112 1,05 8.778.575 0,58 2,0 0,53
Bahia 2975 1,00 15.044.127 1,00 3,8 1,00
Rio Grande do
Norte
2007 0,67 3.373.960 0,22 1,0 0,26
Paraíba 1663 0,56 3.914.418 0,26 0,9 0,24
Espírito Santo 1337 0,45 3.839.363 0,26 2,2 0,58
Pará 1313 0,44 7.969.655 0,53 2,3 0,61
Goiás 1312 0,44 6.434.052 0,43 2,8 0,74
Maranhão 959 0,32 6.794.298 0,45 1,3 0,34
Sergipe 667 0,22 2.195.662 0,15 0,7 0,18
Alagoas 622 0,21 3.300.938 0,22 0,7 0,18
Mato Grosso do
Sul
622 0,21 2.587.267 0,17 1,3 0,34
Piauí 606 0,20 3.184.165 0,21 0,6 0,16
Amazonas 573 0,19 3.807.923 0,25 1,6 0,42
Mato Grosso 402 0,14 3.182.114 0,21 1,7 0,45
Tocantins 175 0,06 1.478.163 0,10 0,4 0,11
Rondônia 61 0,02 1.728.214 0,11 0,6 0,16
Roraima 32 0,01 488.072 0,03 0,2 0,05
Amapá 16 0,01 734.995 0,05 0,2 0,05
Acre 11 0,00 776.463 0,05 0,2 0,05
Fonte: Dados das populações e PIB’s estaduais obtidos com IBGE (2013)
108
A seguinte figura foi criada para subsidiar a análise dos dados:
Figura 15 - Mapa com a distribuição total de bolsas e população em relação à Bahia
Fonte: Dados das populações e PIB’s estaduais obtidos com IBGE (2013) e quantitativo de bolsas
obtido por meio do Datamart do Ciência sem Fronteiras
Em relação ao comparativo entre os estados, constata-se que São Paulo e Minas Gerais
destacam como os estados com maior quantitativo de bolsas do Brasil, respondendo juntos
por 41% do total de bolsas concedidas. A Bahia ficou atrás de Ceará, Distrito Federal,
Pernambuco, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São
Paulo. Destes, apenas Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo são estados mais populosos
que a Bahia. Já Ceará, Distrito Federal e Pernambuco, além de serem estados menos
populosos que a Bahia, também são estados com menores PIB’s.
Para dar prosseguimento à compreensão do panorama de internacionalização da
UFBA, procurou-se obter dados que pudessem situar esta universidade em relação a outras
instituições de ensino superior internacionais, além de comparar a performance das
universidades brasileiras no que diz respeito à internacionalização. Para isto, foi escolhido o
ranking da Times Higher Education (THE) por ser uma das mais renomadas instituições deste
gênero.
109
O ranking da THE consiste no posicionamento das universidades baseado em faixas.
Da 1ª colocação até a 200ª, as universidades são posicionadas individualmente. A partir da
201ª colocação, as universidades são alocadas em faixas7 conforme tabela a seguir:
Tabela 15 - Faixas de ranking da THE utilizada para o cálculo do ranking de 2016
Intervalo Faixas
1 1 a 200
50 201 a 250
251 a 300
301 a 350
351 a 400
100 401 a 500
501 a 600
200 601 a 800
Fonte: THE, 2016
Foram coletados dados das 200 melhores universidades do mundo, segundo a Times
Higher Education, disponibilizados no site da própria organização. Estes dados foram
extraídos e exportados para o Excel, onde foram feitas categorizações por país e ajustes8 que
resultou nos dados abaixo:
7 Em condições normais, as 200 primeiras universidades ocupam posições exclusivas e sequenciais. No ranking
2015/2016, em caráter excepcional, após ajustes da própria THE, algumas instituições tiveram suas colocações
alteradas. A THE optou por não modificar as posições das demais instituições, fazendo com que algumas
universidades tivessem a mesma posição.
8 Quando a pesquisa foi realizada, em 12 de Maio de 2016, a University of York não estava atrelada a algum
país. Para que isto não interferisse nos resultados, foi preenchido manualmente, após pesquisa, como Reino
Unido (United Kingdom).
110
Tabela 16 - Quantitativo de universidades presentes na lista das 200 melhores do mundo por país,
segundo a THE, 2016
País Quantidade de Universidades no top 200
Estados Unidos 63
Reino Unido 34
Alemanha 20
Holanda 12
Austrália 8
Canadá 7
Suíça 7
Suécia 6
França 5
Bélgica 4
Coréia do Sul 4
Dinamarca 3
Hong Kong 3
Itália 3
Espanha 3
China 2
Japão 2
Noruega 2
Irlanda 2
Singapura 2
Áustria 1
Finlândia 1
Israel 1
Luxemburgo 1
Nova Zelândia 1
Rússia 1
África do Sul 1
Taiwan 1
Total Geral 200
Fonte: Criado pelo autor, 2016
Com 63 universidades presentes no ranking, os Estados Unidos dominam com grande
folga o ranking das 200 melhores universidades do mundo segundo a THE, como o país com
111
mais instituições de ensino superior presentes nesta lista. Em seguida aparece o Reino Unido
e a Alemanha com 34 e 20 instituições respectivamente. Se somarmos estes três países, eles
passam a responder por aproximadamente 59% de todas as universidades presentes no
ranking das 200 melhores da THE. O Brasil não possui representantes nesta lista.
Gráfico 12 - Quantitativo de universidades presentes na lista das 200 melhores do mundo
por país, segundo a THE em 2016.
Fonte: THE, 2016
112
A Times Higher Education também conta com um ranking das 200 universidades mais
internacionalizadas do mundo. Ao se avaliar tal ranking agrupando as instituições por país,
foi obtida a seguinte tabela:
Tabela 17 - Quantitativo de universidades no ranking das 200 mais internacionalizadas da
THE de 2016, agrupado por país
Países Quantidade de
Instituições
Reino Unido 64
Austrália 24
Canadá 13
Suíça 10
Irlanda 9
França 9
Estados Unidos 9
Holanda 8
Nova Zelândia 7
Áustria 6
Hong Kong 6
Dinamarca 6
Suécia 4
Bélgica 4
Arábia Saudita 3
Noruega 3
Singapura 2
África do Sul 2
Emirados Árabes 2
Catar 1
Finlândia 1
Hungria 1
Chipre 1
Alemanha 1
Líbano 1
Omã 1
Macau9 1
Luxemburgo 1
Total Geral 200
Fonte: THE, 2016
9 Macau foi considerado no ranking THE de forma independente da China.
113
Ao se focar no aspecto da internacionalização, os Estados Unidades reduziram o
número de universidades representantes de 63 para apenas 9. O Reino Unido assumiu a
liderança ao contar com 64 instituições presentes. Um aspecto que chama a atenção é o fato
de haver diversos países que não figuram entre aqueles com instituições de ensino
tradicionais, tais como Macau, Omã, Líbano, Finlândia, Catar, Cingapura, Noruega, Arábia
Saudita, dentre outros. Em alguns destes países, a língua poderia ser um obstáculo, mas não
parece ter sido o caso. Novamente o Brasil não possui instituições representantes neste
ranking.
Para termos uma melhor noção da situação brasileira, sobretudo da UFBA, foram
coletados dados de um ranking expandido das 800 melhores instituições, disponibilizados no
site desta instituição (THE, 2016) filtrando o país de origem para o Brasil. Os resultados
retornaram 17 instituições que foram organizadas conforme as tabelas10 a seguir:
Tabela 18 - Ranking de 2016 das universidades brasileiras pelo THE
Ranking Universidade
201-250 University of São Paulo
351-400 State University of Campinas
501-600 Federal University of Rio de Janeiro
501-600 Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-Rio)
601-800 University of Brasília
601-800 Federal University of Bahia
601-800 Federal University of Minas Gerais
601-800 Federal University of Paraná (UFPR)
601-800 Federal University of Rio Grande do Sul
601-800 Federal University of Santa Catarina
601-800 Federal University of São Carlos
601-800 Federal University of Viçosa
601-800 Federal University of Lavras
601-800 Pontifical Catholic University of Paraná
601-800 Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul (PUCRS)
601-800 Rio de Janeiro State University (UERJ)
601-800 São Paulo State University (UNESP)
Fonte: THE, 2016
10 Para efeito de organização, foram mantidos os nomes das instituições brasileiras em inglês conforme
disponibilizado pelo THE.
114
Em seguida, a partir dos dados acima, foi criada uma tabela dinâmica categorizando as
faixas de ranking das universidades brasileiras e gerado um gráfico destes dados, conforme
tabela e gráfico a seguir:
Tabela 19 - Quantitativo de universidades brasileiras por faixa de ranking
Faixa de Ranking Quantidade de
Universidades
201-250 1
351-400 1
501-600 2
601-800 13
Total Geral 17
Fonte: THE, 2016
Gráfico 13 - Quantitativos de universidades brasileiras por faixa de ranking, segundo a
THE em 2016.
Fonte: THE, 2016
As melhores universidades brasileiras segundo o ranking da THE são a Universidade
de São Paulo (USP) posicionada na faixa 201-250, seguida pela Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP) na faixa de 351-400 e Universidade Federal do Rio de Janeiro e
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), ambas na faixa de 501-600.
Todas as outras 13 instituições brasileiras estão posicionadas na última faixa de 601-800.
115
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao investigar a estrutura organizacional da UFBA, identificamos a existência de um
setor dedicado a apoiar a internacionalização, ligado diretamente ao Gabinete da Reitoria,
denominado Assessoria para Assuntos Internacionais (AAI). Esta assessoria apoia as
unidades, departamentos e pesquisadores a estabelecer acordos de cooperação internacional
com outras universidades estrangeiras. Ao analisarmos mais detalhadamente como se dá este
apoio, constatamos de forma mais evidente que a cooperação se dá, de fato, nos programas de
pós-graduação, sobretudo em iniciativas individuais ou de grupos de pesquisa, confirmando
um dos pressupostos adotados nesta pesquisa. A própria universidade demonstra estar ciente
desta questão ao reconhecer no Plano de Desenvolvimento Institucional de 2012 a 2016 que:
(...) o diagnóstico do que vem sendo feito historicamente na UFBA indica
que as relações internacionais, fruto dos convênios firmados com instituições
parceiras, precisam migrar de um território ainda marcado pelo pesquisador
e seu grupo para um panorama no qual sejam observadas as múltiplas e
diferenciadas vocações de discentes, docentes e técnicos. (UFBA, 2012, p.
37)
Todavia, deve-se registrar a participação institucional da UFBA em algumas redes de
cooperação internacional, que viabilizam a mobilidade acadêmica dos estudantes desta
universidade.
A quantidade e diversidade de convênios internacionais existentes sugerem um nível
de maturidade diferenciado. Todavia, detectamos que a gestão destes convênios fica a cargo
dos proponentes que originaram tal acordo. Isto pode dar margem à existência de convênios
em desuso, apesar de ainda ativos.
Outro aspecto considerado positivo foi a existência de processos bem definidos para
elaboração de acordos de cooperação internacional, bem como de criação de convênios de co-
tutela. Ambos estão disponibilizados no site da AAI.
O comprometimento institucional com o tema em questão não deve ser analisado tão
somente pela forma como a universidade está estruturada, mas também pelas intenções
estratégicas registradas em documentos oficiais. O PDI da UFBA deixa claro o quão
importante e estratégico a internacionalização é, para esta universidade.
116
Da forma como a UFBA está estruturada, entendemos que ela possui características
tanto de modelo periférico quanto do modelo central. Identifica-se com o modelo periférico,
pois a internacionalização é presente em apenas alguns setores da universidade ou programas
específicos de pós-graduação. Além disto, não identificamos a representação da AAI nos
diversos comitês existentes nesta universidade, o que nos diz, a princípio, que o envolvimento
do tema na prática não é tão intenso quanto poderia. Contudo, também possui características
de um modelo central, pois a internacionalização é padronizada, visto os processos existentes
e os modelos de documentos disponibilizados; e planejada, visto o Plano de Desenvolvimento
Institucional, que registra objetivos e diretrizes, contemplando com alguma ênfase o aspecto
da internacionalização.
Em relação à iniciativa, a UFBA se enquadra melhor como modelo
predominantemente passivo. Percebe-se que a grande maioria das oportunidades de
mobilidade acadêmica que são divulgadas na comunidade são, em geral, iniciativas externas
de países com programas estrangeiros que ofertam vagas para cursos no exterior. Nestes
casos, a UFBA limita-se a responder a estes estímulos. Contudo, não se pode deixar de
perceber algumas iniciativas como o programa PDSE, ainda que não sejam locais.
A mobilidade acadêmica é um aspecto fundamental na compreensão da
internacionalização de qualquer universidade. Por meio dela é possível a criação de redes
internacionais de pesquisa, estreitando laços entre pesquisadores e alunos de diferentes países
e propiciando futuros acordos de cooperação internacional. Também possibilita aos alunos e
professores a vivência externa com outras culturas e línguas enriquecendo indiretamente a
instituição de origem ao agregar esta bagagem. Por fim, e não restrito a isto, a mobilidade
acadêmica pode ser uma oportunidade para pesquisadores de um modo geral, sejam eles
estudante ou docentes, de terem contato com tecnologias de ponta que de outra forma não
teriam como conhecer. Isto traz ganhos imensuráveis uma vez que possibilita a criação de
novos núcleos, centros e laboratórios técnicos com áreas de conhecimento até então
inexploradas no país de origem.
Ao analisar os dados sobre a mobilidade acadêmica da UFBA, coletados ao longo
desta pesquisa, chegamos a algumas constatações.
A evolução do total de alunos estrangeiros matriculados na UFBA tem sido
constantemente positiva, sendo que entre 2014 e 2015 houve um crescimento de
aproximadamente 23%. Todavia, o quantitativo anual ainda é muito baixo se comparado com
outras instituições do mundo. Desde 2010 foram contabilizados 39 países com alunos
117
matriculados na UFBA. Apesar de haver uma boa diversidade de países estrangeiros, o
quantitativo médio é de apenas 7,22 alunos por país. O grande destaque é a Colômbia que
teve 67 representantes em 2015. Para efeito de comparação, o segundo colocado, Itália, tinha
apenas 18 representantes. A América Latina representou aproximadamente 60% de todos os
estrangeiros, seguidos da Europa com 21% e África com 8%. A distribuição destes alunos
estrangeiros em relação aos cursos foi homogênea e diversificada nos 53 programas
analisados.
Em se tratando de mobilidade acadêmica, ao longo desta pesquisa foram destacados o
Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação (PAEC) e o Programa de Doutorado
Sanduíche no Exterior (PDSE). Ambos não podem ser considerados como iniciativas
institucionais, portanto, apesar de serem fundamentais para a intensificação da
internacionalização, estes não podem ser considerados como internacionalização ativa. Se
considerarmos do ponto de vista nacional, o PDSE, ainda que de forma tímida, pode ser
considerado como uma iniciativa de internacionalização ativa, uma vez que possibilita
direcionamento da mobilidade acadêmica segundo interesses próprios e planejamento interno.
Ao analisar isoladamente os números dos dois programas, percebe-se que o PAEC
ainda é bastante incipiente, contando com um total de apenas 26 bolsistas estrangeiros em
2016. Apesar disto, nota-se o esforço do crescimento anual deste programa que contribui para
a integração dos povos da América Latina. Colômbia destaca-se novamente com 9
participantes em 2016, mais que o dobro do segundo colocado, Venezuela.
Já o programa PDSE representa um impacto maior com 72 bolsistas contemplados em
2015. Os países mais procurados pelos estudantes da UFBA em 2015 foram respectivamente
França, Portugal e Estados Unidos. Registra-se aqui o declínio do número de bolsas entre
2014 e 2015 de quase 22,6%.
Em relação ao cenário externo, após análises num contexto regional, nacional e
internacional foram feitas as seguintes considerações:
Ao comparar a UFBA com as demais instituições de ensino do estado da Bahia,
percebe-se um grande distanciamento da quantidade de bolsas CNPq e CAPES. Uma vez que
os dados foram disponibilizados de forma cumulativa, o peso da tradição, tempo de existência
e o fato de se tratar de uma universidade federal fez com que a soma de todas as outras
instituições chegasse a pouco mais da metade do que a UFBA sozinha conseguiu. Além disto,
verificou-se que várias instituições analisadas ainda eram relativamente recentes se
118
comparadas à UFBA. De toda forma, a pouca contribuição das outras instituições federais,
estaduais e privadas da Bahia, pode ter contribuído desfavoravelmente no comparativo da
Bahia com outros estados que possuem várias universidades com destaque.
O comparativo geral de bolsas disponibilizadas por região mostra uma absoluta
liderança do Sudeste com quase 57% de todas as bolsas disponibilizadas. Em seguida aparece
a região Sul com 23%. Esta pesquisa teve a preocupação de tentar relativizar estes dados com
a população de cada região, todavia, enquanto que a população da região Sudeste é
aproximadamente 51% mais populosa que a Nordeste, a quantidade de bolsas é quase 330%
maior que as concedidas à região Nordeste. Também destaca-se a região Sul, uma vez que ela
recebeu aproximadamente 73% de bolsas a mais do que a região nordeste, apesar da
população nordestina ser quase 94% maior do que a do Sul. Ao analisar o comparativo de
bolsas contempladas entre os estados brasileiros, constata-se que a Bahia ocupa a décima
colocação, atrás de vários estados do sul e sudeste. Dos nove estados acima da Bahia, apenas
três possuem uma população maior que a baiana. Se considerarmos apenas os estados
nordestinos, a UFBA ocuparia a terceira colocação, atrás de Pernambuco e Ceará. Estes
dados indicam uma desproporcionalidade só explicada pelo diferencial de desenvolvimento
econômico regional. Ao incluirmos os dados da participação dos PIB’s estaduais nesta análise,
verificamos um indicador que melhor se aproxima da distribuição de bolsas por estado. Ainda
assim, a diferença nas proporções é considerável. Como exemplo podemos citar Minas Gerais
que tem um PIB 142% maior que o da Bahia e possui aproximadamente 435% mais bolsas
que este estado. Outro exemplo é o caso de Pernambuco que, apesar de ter um PIB 32%
menor que o da Bahia, possuiu aproximadamente 21% mais bolsas que este estado. Apesar de
não ser objeto de estudo desta pesquisa, dois aspectos podem ajudar a explicar a distribuição
de bolsas no país: fatores políticos e quantidade e maturidade de universidades existentes em
cada estado.
Do ponto de vista internacional, tomou-se como referência o ranking da Times Higher
Education para fazer um comparativo entre as instituições de ensino superior no mundo. Após
analisar o ranking das 200 melhores universidades, constatou-se que nem a UFBA nem
qualquer universidade brasileira esteve presente. Também foi feito uma análise das 200
universidades mais internacionalizadas do mundo. Novamente não houve representante
brasileiro. Ao investigar a colocação das universidades brasileiras no ranking das 800
melhores, verificou-se que houve 17 representantes brasileiras, sendo uma delas a UFBA.
Entre as brasileiras, as duas primeiras foram USP (201-250) e Unicamp (351-400), do estado
119
de São Paulo, seguidas de UFRJ e PUC-RJ (ambas 501-600) do estado do Rio de Janeiro. As
outras 13, dentre elas a UFBA, situaram-se na última faixa do ranking da THE (601-800).
Se considerarmos que o Brasil é uma das dez maiores economias do mundo, o fato de
não ter um representante entre as duzentas melhores universidades não pode ser considerado
como algo positivo.
Entende-se que o posicionamento de instituições em um ranking não é algo que deva
ser levado em consideração de forma isolada, mas sim como uma tentativa de sistematizar
variáveis com o intuito de efetuar comparações sobre instituições complexas com
peculiaridades próprias. Contudo, o posicionamento das universidades brasileiras no ranking
da THE merece uma atenção. Uma série de fatores que dificultam a internacionalização
podem ser comuns às instituições brasileiras de ensino superior, o que explicaria este cenário
desfavorável.
A língua falada no país é um destes fatores que podem impactar decisivamente no
contexto da internacionalização. A escolha dos países de destino para efetivação da
mobilidade acadêmica pode ser impactada em função da língua falada no país de origem. Da
mesma forma, o interesse na vinda de estudantes estrangeiros pode ser seriamente
influenciado pelo mesmo motivo. No caso do Brasil, é sabido que a língua portuguesa não
figura entre as mais faladas do mundo. Isto poderia ser minimizado, caso as universidades
brasileiras oferecessem aulas em inglês, como já acontece em diversas universidades em todo
mundo onde os países não possuem o inglês como língua oficial. Pode-se citar a Arábia
Saudita, Emirados Árabes e Macau11 como exemplos de países que figuram ao menos com 1
representante na lista das 200 universidades mais internacionalizadas e que não têm a língua
inglesa como a oficial.
Apesar de carecer de um estudo específico, uma vez que não há dados centralizados a
respeito, esta pesquisa entende, ainda que empiricamente, que a quantidade de aulas ofertadas
na UFBA em inglês é insignificante.
O fator geográfico é outro aspecto que também pode influenciar na
internacionalização. A distância entre as universidades brasileiras e os principais centros
acadêmicos no mundo, sobretudo na Europa, China e EUA podem dificultar a logística e os
custos de viagem dos estudantes que pretenderem estudar aqui. É claro que este fator pode
11 No ranking da THE, Macau foi considerado como país onde se situa a University of Macau.
120
ser vencido com alguma facilidade, dependendo da tradição e importância global que esta
instituição possua.
Isto fica mais evidente ao saber que muitas das melhores universidades brasileiras
estão situadas em estados que não possuem fronteiras com outros países. Não é demais notar
que o Brasil é o único país do continente americano que fala a língua portuguesa.
Outro fator que impacta de forma generalizada a internacionalização são as políticas
do ensino superior brasileiro. Nos últimos anos a abertura e acesso ao nível superior tem sido
priorizado em detrimento a outros aspectos como a própria internacionalização. De fato, não
faria sentido em priorizar a criação e financiamento de vagas para estudantes estrangeiros,
enquanto parte da população brasileira estivesse alijada do ensino superior.
Por fim, entende-se que as universidades brasileiras, da forma como são organizadas,
possuem um alto grau de dependência das políticas de governo e de Estado. Os programas
para promoção de envio de estudantes brasileiros para o exterior, bem como programas para
atração de estudantes estrangeiros são patrocinados pelo Estado, o que acaba acarretando em
pouca margem de manobra das gestões internas das universidades brasileiras. A atração de
pesquisadores internacionais renomados que poderiam fazer a diferença na projeção e no
desenvolvimento de pesquisas de ponta nacionais também é comprometida pelo enrijecimento
das regras para estabelecimento de estrangeiros no Brasil.
Todas as dificuldades citadas podem ser vencidas ou minimizadas, na medida em que
as universidades brasileiras caminhem no sentido de se tornarem mais renomadas e
reconhecidas internacionalmente pela excelência em pelo menos algumas áreas de atuação.
A internacionalização em hipótese alguma deve ser entendida como fim ou objetivo
principal a ser atingido. Da mesma forma, um excelente posicionamento num respeitável
ranking internacional não garantirá um ensino e produção acadêmica de qualidade. Todavia, a
internacionalização pode ser considerada como uma estratégia ou meio interessante para
evolução desta qualidade, na medida em que um reconhecimento internacional poderia: abrir
as portas para parcerias com instituições internacionais de excelência, viabilizar convites para
participação de acordos bilaterais ou redes internacionais de pesquisa, bem como despertar o
interesse de estudantes estrangeiros e de pesquisadores renomados para estudar ou mesmo
atuar na instituição. Isto poderia ocasionar em um ciclo virtuoso que, este sim, contribuiria no
aumento da qualidade do ensino das nossas universidades.
121
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