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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS BELISE MARIA OLIVEIRA BEZERRA INFLUÊNCIA DAS FASES DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO DE SUÍNOS SOBRE PARÂMETROS FISIOLÓGICOS FORTALEZA-CEARÁ 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

FACULDADE DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

BELISE MARIA OLIVEIRA BEZERRA

INFLUÊNCIA DAS FASES DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO DE SUÍNOS SOBRE

PARÂMETROS FISIOLÓGICOS

FORTALEZA-CEARÁ

2014

1

BELISE MARIA OLIVEIRA BEZERRA

INFLUÊNCIA DAS FASES DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO DE SUÍNOS SOBRE PARÂMETROS FISIOLÓGICOS

FORTALEZA -CEARÁ

2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinárias da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências Veterinárias.

Área de Concentração: Reprodução e Sanidade Animal.

Linha de pesquisa: Reprodução e Sanidade de carnívoros, onívoros, herbívoros e aves.

Orientadora: Profa./Dra. Diana Célia Sousa Nunes Pinheiro.

2

3

4

A Deus e aos meus pais, Benito e Conceição,

dedico.

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AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV) pela oportunidade de

continuar estudando e me dedicando à pesquisa que tanto gosto.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de

Mestrado concedida.

À granja Xerez e seus funcionários, em especial ao Médico Veterinário, Tiago Silva Andrade,

pela recepção, ajuda e acolhimento para realização do experimento.

À minha orientadora, Diana Célia Sousa Nunes Pinheiro, por toda orientação e por ter me

inserido e apoiado na pesquisa científica desde o começo.

Ao meu co-orientador, José Nailton Bezerra Evangelista, por ter aceitado e me apoiado em

todos os momentos do projeto de pesquisa do Mestrado e por toda a sua dedicação para minha

formação.

Aos membros da banca, Deborah Temple e Maria Liduína Maia de Oliveira, por prontamente

aceitarem o convite para participar desse momento tão importante para mim.

Às amigas e colaboradoras, Ana Karine Rocha de Melo Leite e Neuza Félix Gomes Rochette,

por todos os conselhos para amadurecimento do projeto e ajuda no experimento.

Aos meus amigos e colaboradores diretos do experimento do Mestrado, Amanda Medeiros

Araújo de Oliveira, Caio Vitor Oliveira Silva e Rodrigo Fonseca de Medeiros Guedes pela

intensa dedicação e apoio em todos os momentos do experimento.

Aos meus colegas do Laboratório de Imunologia e Bioquímica Animal (LIBA) por dividirem

comigo os desafios diários da pesquisa cientifica.

À minha família, em especial, aos meus pais, Benito Costa Bezerra e Conceição de Maria

Oliveira Bezerra, e ao meu irmão, Benito Costa Bezerra Filho, pelo apoio e amor

incondicional em todos os momentos da minha vida.

Ao meu namorado, Jardel Cavalcante Lemos, por compartilhar comigo todas as dificuldades e

momentos felizes.

Aos animais, em especial aos suínos e aos meus animais de estimação, que me inspiram a

trabalhar com muita satisfação todos os dias.

A Deus, por me guiar em todos os momentos da minha vida, me trazendo muita paz,

oportunidades e discernimento.

Muito Obrigada!

6

RESUMO

O sistema de criação suíno brasileiro é caracterizado principalmente pelo sistema intensivo, e

suas fases de criação são caracterizadas por condições específicas, que podem influenciar a

fisiologia, o comportamento natural, o equilíbrio oxidativo e o bem-estar dos suínos. No

entanto, a influência dessas condições sobre a fisiologia dos animais carece de estudos. O

objetivo deste trabalho foi avaliar parâmetros hematológicos e bioquímicos de suínos nas

fases de crescimento e terminação com ênfase no estresse oxidativo. Foram utilizados 14

suínos, ambos os sexos, cruzamento Landrace x Large White x Duroc, saudáveis, alojados em

granja comercial. Os animais foram submetidos a coletas de sangue nos seguintes dias de

vida: D1 = 71 dias; D2 = 74 dias; D3 = 116 dias; D4 = 151 dias. O protocolo experimental foi

aprovado pelo CEUA/UECE (12773941-6). Os resultados foram expressos em média±desvio

padrão e foram submetidos a ANOVA seguidos pelo teste SNK ou teste t-pareado para dados

paramétricos, ou teste de Kruskall-Wallis seguido de teste de Dunn para dados não

paramétricos p<0,05. As hemácias, hemoglobina e leucócitos totais aumentaram (p<0,05) ao

longo do experimento, enquanto as plaquetas apresentaram-se reduzidas (p<0,05). Os teores

de proteínas totais, uréia e creatinina elevaram-se (p<0,05) enquanto AST diminui (p<0,05)

com o crescimento dos animais. Os valores de albumina aumentaram de acordo com o

crescimento dos animais (p<0,05), enquanto os valores de ácido úrico e bilirrubina não

variaram com o tempo (p>0,05). Os teores séricos de malondialdeído, óxido nítrico e cortisol

apresentaram-se menores no final do experimento (p<0,05). Conclui-se que os biomarcadores

observados foram alterados de acordo com as fases de crescimento e terminação, o que pode

estar relacionado com a fisiologia dos animais. Espera-se que estes dados possam contribuir

para o entendimento da fisiologia suína em sistemas de criação.

Palavras-chave: Sus domesticus. Parâmetros fisiológicos. Sistemas de criação.

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ABSTRACT

The Brazilian swine breeding system is mainly characterized by intensive creating system,

and the creation phases are characterized by specific conditions that can affect physiology,

natural behavior, oxidative balance and pigs welfare. However, the influence of those

conditions on the physiology of the animals needs to be studied. The aim of this study was to

evaluate hematological and biochemical parameters of pigs in growing and finishing with

emphasis on oxidative stress. 14 pigs, from both sexes, cross Landrace x Large White x

Duroc, healthy, housed in commercial farm were used. The animals were submitted to blood

sampling in the following days of life: D1 = 71 days; D2 = 74 days; D3 = 116 days; D4 = 151

days The experimental protocol was approved by CEUA / UECE (12773941-6). Results were

expressed as mean ± standard deviation and were analyzed by ANOVA followed by SNK test

or paired t-test for parametric data, or Kruskal-Wallis test followed by Dunn's test for

nonparametric data (p<0.05). Red blood cells, hemoglobin and white blood cell count

increased (p<0.05) throughout the experiment, while the platelets presented were reduced

(p<0.05). The levels of total protein, urea and creatinine have risen (p<0.05) while AST

decreases (p <0.05) with the growth of animals. Albumin values increased with the growth of

animals (p<0.05), while uric acid and bilirubin values did not change with time (p> 0.05). The

serum levels of malondialdehyde, nitric oxide and cortisol were lower end of the experiment

(p<0.05). We conclude that the observed biomarkers were changed according to the phases of

growing and finishing, which may be related to the physiology of animals. It is expected that

these data can contribute to the understanding of physiology in swine breeding systems.

Keywords: Sus domesticus. Parâmetros fisiológicos. Sistemas de criação.

8

LISTA DE FIGURAS

REVISÃO DE LITERATURA

Figura 1 - Fatores associados ao bem-estar animal...........................................................................14

Figura 2 - Fatores estressantes de acordo com a fase de criação dos suínos....................................17

Figura 3 - Ação dos radicais livres quando produzidos em quantidade adequada e em excesso......18

Figura 4 - Sistema enzimático e não enzimático de defesa antioxidante.........................................19

9

LISTA DE TABELAS

REVISÃO DE LITERATURA

Tabela 1 -Associação de patologias e estresse oxidativo em suínos.................................................20

ARTIGO 1

Tabela 1 - Valores mínimos e máximos de temperatura e umidade no galpão de alojamento dos

suínos experimentais em Maranguape/Ceará de acordo com o período entre as coletas de

sangue...................................................................................................................................44

Tabela 2 - Parâmetros hematológicos de suínos em fases de crescimento e terminação..................45

Tabela 3- Parâmetros bioquímicos de suínos em fases de crescimento e terminação.......................46

Tabela 4 - Parâmetros do estresse oxidativo (albumina, bilirrubina total, ácido úrico, cortisol,

MDA, óxido nítrico)...........................................................................................................................47

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AST Aspartato aminotransferase

CAT Catalase

CEUA Comitê de Ética para Uso de Animais

CK Creatina quinase

EDTA Ácido Etilenodiamino Tetra-acético

GPx Glutationa Peroxidase

He Hemácias

Hb Hemoglobina

Ht Hematócrito

Linfo Linfócios

LT Leucócitos Totais

MDA Malondialdeído

MRO Metabólitos Reativos de Oxigênio

NEU Neutrófilos

OIE Organização Internacional de Epizootias

Pl Plaquetas

PT Proteína Total

RPM Rotações por minuto

SOD Superóxido Dismutase

TBA Ácido Tiobarbitúrico

UECE Universidade Estadual do Ceará

UPL Unidade Produtora de Leitões

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................12

2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................13

2.1 BEM-ESTAR ANIMAL....................................................................................13

2.2 BEM-ESTAR ANIMAL NA SUINOCULTURA.............................................14

2.3 ESTRESSE OXIDATIVO.................................................................................16

2.4 ESTRESSE OXIDATIVO NA SUINOCULTURA..........................................19

2.5 OUTROS PARÂMETROS FISIOLÓGICOS ..................................................21

3 JUSTIFICATIVA.............................................................................................24

4 HIPÓTESE CIENTÍFICA..............................................................................25

5 OBJETIVOS.....................................................................................................26

6 CAPÍTULO 1....................................................................................................27

7 CONCLUSÕES................................................................................................48

8 PERSPECTIVAS.............................................................................................49

REFERÊNCIAS...............................................................................................50

ANEXO ............................................................................................................58

12

1 INTRODUÇÃO

A suinocultura mundial passou por profundas alterações tecnológicas nas últimas

décadas, visando principalmente, o aumento da produtividade e redução dos custos de

produção. Na suinocultura brasileira, predomina o sistema de confinamento intensivo com o

objetivo de aperfeiçoar o desempenho econômico e produtivo (BAPTISTA et al., 2011). Cada

fase de criação de suínos tem peculiaridades de manejo que podem influenciar na fisiologia

desses animais. Para continuar alcançando sucesso na produção e retorno econômico, todas

as fases de criação de suínos necessitam de planejamento e cuidados (BUSANELLO et al.,

2012).

Vários parâmetros hematológicos e bioquímicos podem ser utilizados como

marcadores de estresse, de estado energético ou nutricional de suínos. Alterações nesses

parâmetros podem repercutir na homeostase, caracterizada pelo baixo desempenho dos suínos

(BUZZARD et al., 2013). Neste sentido, existem poucos trabalhos que discutem as condições

de estresse no sistema de criação brasileiro de acordo com as fases de criação e sua influência

sobre os parâmetros sanguíneos em suínos.

Parâmetros fisiológicos são importantes para o diagnóstico do bem-estar animal,

porém existem limitações para a sua aplicação na rotina da produção animal, porém há

necessidade de seleção de indicadores fisiológicos que associados com mensurações práticas

reflitam de maneira eficiente o grau de bem-estar dos animais (BOND et al., 2012).

Uma das maneiras de avaliar a resposta fisiológica do animal ao estresse é o estresse

oxidativo. O estresse oxidativo é resultante do excesso da produção espécies reativas de

oxigênio e/ou da capacidade antioxidante deficiente do organismo (BERNABÉ et al., 2013).

O conhecimento dos parâmetros fisiológicos e das condições de bem-estar animal

relacionados ao estresse e as fases de criação dos suínos é imprescindível na suinocultura.

Esses parâmetros são pouco estudados no sistema de criação brasileiro, tornando-se

necessário o conhecimento e a divulgação desses dados para o estabelecimento de critérios de

avaliação da produção de suínos, de acordo com a realidade do nosso país.

13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 BEM ESTAR ANIMAL

O bem-estar animal tem atraído cada vez mais atenção nos últimos anos. Os esforços

de ativistas dos direitos dos animais criaram uma nova consciência de bem-estar animal que

tem incentivado mudanças na política pública e os padrões da indústria (UZEA et al., 2011).

À medida que a sociedade passa a reconhecer o sofrimento animal como um fator relevante,

pode-se inferir ao bem-estar animal um valor econômico, passando a ser parte integrante dos

cálculos do valor econômico dos produtos de origem animal (MOLENTO, 2005).

Cada definição de bem-estar animal é influenciada pelos padrões morais e éticos das

sociedades. Por isso, torna-se tão complexo definir o bem-estar animal. De uma maneira

ampla podemos considerar o seguinte conceito: Bem-estar é ausência de lesão ou de algum

comprometimento, em outras palavras, ausência de sofrimento (OHL & STAAY, 2012). Ao

avaliar o bem-estar de um indivíduo, é necessário haver de início um bom conhecimento da

biologia do animal (BROOM, MOLENTO, 2004) (Figura 1).

Figura 1 - Fatores associados ao bem-estar animal.

Fonte: Elaborado pelo autor.

14

Qualquer definição operacional de bem-estar deve indicar claramente quais dimensões

são relevantes, de modo que um conjunto complementar de indicadores pode ser selecionados

e agregados, a fim de avaliar o estado geral do bem-estar animal (TUYTTENS et al., 2010).

Para definição do bem-estar animal é sugerido um perfil de 5 liberdades que devem ser

atendidas: liberdade psicológica (de não sentir medo, ansiedade ou estresse), liberdade

comportamental (de expressar seu comportamento normal), liberdade fisiológica (de não

sentir fome ou sede), liberdade sanitária (de não estar exposto a doenças, injúrias ou dor),

liberdade ambiental (de viver em ambientes adequados, com conforto) (NÄÄS, 2008).

Estresse e bem-estar compartilham muitas características comuns, ambos os conceitos

têm sido descritos em termos de respostas fisiológicas e comportamentais e estas respostas em

grande parte se sobrepõem. A liberação de cortisol, taquicardia, susto, fuga e luta são usados

para descrever as respostas ao estresse, bem como para avaliar o estado de bem-estar

(VEISSIER & BOISSY, 2007).

Uma definição de estresse simplesmente como um estímulo ou um evento que

provoque atividade do córtex da adrenal não tem valor científico e nem prático. Um critério

preciso para o que é adverso a um animal é difícil de ser estabelecido, mas um indicador é a

existência, real ou potencial, de um efeito na adaptação biológica (BROOM & MOLENTO,

2004). Mudanças nos padrões de comportamento, muitas vezes representam o primeiro nível

de resposta de um animal a uma adversidade ou estresse ambiental (TEMPLE et al., 2011a).

Para garantir o bem-estar animal e inspirar confiança por parte dos consumidores é

necessário uma auditoria na criação dos animais, ou seja, uma aplicação de protocolo

consistente para avaliação direta do bem-estar (WEBSTER, 2005). Dentre os protocolos que

podem ser inseridos na produção animal, destaca-se o Welfare Quality®.

2.3 BEM ESTAR ANIMAL NA SUINOCULTURA

Na suinocultura brasileira predomina o sistema de confinamento intensivo com o

objetivo de aperfeiçoar o desempenho econômico e produtivo, por outro lado, os produtores

sofrem pressão da sociedade para que se valorize o bem-estar animal, sendo necessários mais

conhecimentos científicos nessa área (BAPTISTA et al., 2011). O sistema de criação

comercial utilizado nos dias de hoje altera drasticamente os comportamentos inerentes à

espécie suína, por propiciar um ambiente com situações diversas de estresse, tais como

15

separação da mãe após o desmame, o convívio social, a alta densidade, fome e baixa

qualidade das instalações (MAIA et al., 2013).

No sistema intensivo, o animal passa a vida inteira em instalações fechadas, muitas

vezes isolados de outros animais em espaços confinados, o que pode gerar várias situações de

estresse (HEMSWORTH et al., 1989). Em resposta às preocupações dos consumidores sobre

o bem-estar, existe um interesse crescente em sistemas de produção alternativos, incluindo

sistemas com cama de palha e produção ao ar livre (GUY et al., 2002).

O transporte de suínos em condições comerciais (que inclui manuseio, condução e

mudança de ambiente) representa um modelo complexo de estresse, sendo considerado

adequado para avaliação primária de biomarcadores de estresse (SOLER et al., 2013). O

transporte, como parte do manejo pré-abate, mesmo de curta duração, pode ocasionar perdas

quantitativas e qualitativas na produção da carne suína (COSTA et al., 2007).

O pós-desmame é considerado um dos mais delicados períodos de produção de suínos,

uma vez que é caracterizado pela baixa ingestão de alimentos e aumento do estresse

(AMAZAN et al., 2012). No período entre o desmame e o final da creche os leitões sofrem

com fatores estressantes (TEODORO, et al., 2008), pois esses animais ainda estão em período

de adaptação ao meio (Figura 2).

As fases de creche, crescimento e terminação de suínos também são marcadas por

vários fatores estressantes. Um dos fatores que influenciam bastante o bem-estar nessas fases

é o calor, essa forma de estresse pode provocar distúrbios de comportamento, afetar

negativamente o desempenho e a fisiologia dos suínos em crescimento (KIEFER et al., 2009).

Na fase de terminação foi observado que o grau de claudicação, juntamente com

outros fatores como densidade, capacidade de competir por comida e conforto na área de

repouso pode ser relacionado com o bem-estar do suíno no cocho (MULLAN et al., 2009). Os

animais de terminação são comumente alojados em piso ripado ou cama de palha, a palha

proporciona uma melhor ocupação comportamental e um menor risco de claudicação e

mordedura de cauda, porém sua higiene é pobre, causando problemas respiratórios e entéricos

nos animais (SCOTT et al., 2006) (Figura 2).

16

Figura 2 -Fatores estressantes de acordo com a fase de criação dos suínos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A reprodução de determinada proporção de fêmeas suínas pode ser prejudicada por

estresse prolongado com elevações constantes de cortisol plasmático (TURNER et al., 2005),

inclusive em suas gestações, por isso é muito importante a manutenção do bem-estar animal

na fase de maternidade de suínos. A meta de criação com ênfase na capacidade da

maternidade e longevidade da porca pode melhorar o bem-estar, mas com isso diminuiria o

avanço da taxa de crescimento de suínos criados para o abate (GOURDINE et al., 2010).

Para diminuir o estresse podem ser adotados objetos de enriquecimento. O

enriquecimento ambiental e a maior área disponível para os suínos podem reduzir

comportamentos anti-social e melhorar o consumo de ração, ganho de peso, conversão

alimentar, peso ao abate (BEATTIE et al., 2000). Porém, o tamanho limitado do ponto de

enriquecimento pode restringir o acesso dos suínos, causando competição, agressividade ou

agitação nos grupos de animais (VAN DE WEERD et al., 2006).

2.4 ESTRESSE OXIDATIVO E ANTIOXIDANTES

O estresse oxidativo é resultante do excesso da produção espécies reativas de oxigênio

e/ou da capacidade antioxidante deficiente do organismo (BERNABÉ et al., 2013) . Os

17

radicais livres encontram-se envolvidos na produção de energia, fagocitose, regulação do

crescimento celular, sinalização intercelular e síntese de substâncias biológicas importantes.

No entanto, o seu excesso apresenta efeitos prejudiciais, tais como, a peroxidação dos lipídios

de membrana e agressão às proteínas, enzimas, carboidratos e DNA (BARREIROS et al.,

2006) (Figura 3).

A configuração dos radicais livres faz com que eles sejam moléculas altamente

instáveis, com meia-vida curtíssima e quimicamente muito reativas. A sua formação “in vivo”

ocorre via ação catalítica das enzimas durante os processos de transferência de elétrons que

ocorrem no metabolismo celular e pela exposição a fatores exógenos (BIANCHI &

ANTUNES, 1999). Um dos radicais livres mais conhecidos é o óxido nítrico, radical livre

centrado no nitrogênio, que pode exercer um efeito pró-oxidante fraco por ele próprio ou

reagir diretamente com o radical superóxido gerando um oxidante mais potente, o

peroxinitrito (SCHNEIDER & OLIVEIRA, 2004).

A reação das espécies reativas de oxigênio com ácidos graxos poli-insaturados

presentes nas membranas celulares e nas lipoproteínas inicia um processo em cadeia

conhecido como peroxidação lipídica ou lipoperoxidação, que pode ser avaliado e utilizado

como indicador do estresse oxidativo, os seus produtos são citotóxicos e podem causar

alterações celulares associadas ao envelhecimento, câncer, artrite e aterosclerose (LIMA &

ABDALLA, 2001).

Figura 3 - Ação dos radicais livres quando produzidos em quantidade

adequada e em excesso.

Fonte: Elaborado pelo autor.

18

O equilíbrio entre oxidantes e antioxidantes proporciona ótimas condições fisiológicas

no organismo (PAJK et al., 2006). Antioxidantes nos tecidos são essenciais na prevenção de

danos celulares e peroxidação lipídica causados pelos radicais livres (SIVARAM et al., 2003).

O sistema de defesa antioxidante está dividido em enzimático e não enzimático. O

primeiro inclui as enzimas superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e glutationa

peroxidase (GPx). Já o sistema não enzimático inclui compostos sintetizados pelo organismo

como bilirrubina, ceruloplasmina, hormônios sexuais, melatonina, coenzima Q, ácido úrico e

outros, e os ingeridos através da dieta regular ou via suplementação como ácido ascórbico

(vitamina C), α-tocoferol (vitamina E), β-caroteno (precursor da vitamina A) e grupos fenóis

de plantas (flavonoides) (SCHNEIDER & OLIVEIRA, 2004) (Figura 4).

O estresse oxidativo estimula enzimas envolvidas na sua regulação (glutationa

peroxidase, superóxido dismutase), oxidação de componentes antioxidantes (glutationa, grupo

tiol de proteínas, vitaminas E,C e D) e acumulação de produtos de oxidação nos tecidos, com

aumento da quantidade de hidroperóxidos no sangue (DEBLANC et al., 2013).

Figura 4 - Sistema enzimático e não enzimático de defesa antioxidante.

Fonte: Elaborado pelo autor.

São conhecidos três sistemas enzimáticos antioxidantes: o primeiro é composto por

dois tipos de enzimas SOD, que catalisam a destruição do radical ânion superóxido O2-,

convertendo-o em oxigênio e peróxido de hidrogênio; o segundo é formado pela enzima

catalase que atua na dismutação do peróxido de oxigênio em oxigênio e água; o terceiro é

composto pela glutationa em conjunto com as enzimas glutationa peroxidase e redutase, esse

sistema também catalisa a dismutação do peróxido de hidrogênio em água e oxigênio, sendo

19

que a glutationa opera em ciclos entre sua forma oxidada e reduzida (BARREIROS et al.,

2006).

A vitamina C (ascorbato) é o principal antioxidante solúvel em água, o seu poder

redutor é utilizado em reações redox. α-tocoferol é o principal componente antioxidante da

vitamina E que reduz peroxilas a partir de, por exemplo, ácidos graxos poli-insaturados em

fosfolipídios de membrana ou lipoproteínas. O β-caroteno e outros carotenoides exercem

funções antioxidantes, tais como neutralização de oxigênio atômico e outras moléculas

eletronicamente excitadas, eles também reagem com radicais peroxil e alcoxi (SIES &

STAHL, 1995).

A atividade antioxidante da bilirrubina ocorre principalmente quando se encontra

ligada com a albumina, sendo esse complexo considerado um dos antioxidantes naturais dos

fluidos extracelulares (BARREIROS et al., 2006). O ácido úrico é o antioxidante solúvel mais

abundante em humanos e contribui em até dois terços de toda a capacidade de eliminação de

radicais livres do plasma (WARING, 2002).

2.5 ESTRESSE OXIDATIVO E ANTIOXIDANTES NA SUINOCULTURA

Em animais de produção, o estresse oxidativo pode estar envolvido em várias

condições patológicas, incluindo as condições que são relevantes para a produção animal e

bem-estar dos indivíduos (LYKKESFELDT & SVENDSEN, 2007).

A produção rentável de suínos requer um rápido aumento no peso corporal e massa

magra, aumentando a demanda sobre o sistema metabólico desses animais, o que pode levar

ao aumento do estresse oxidativo, a menos que sistemas antioxidantes sejam reforçados

através da nutrição (ROSSI et al., 2013).

O estresse oxidativo é muito estudado em suínos através das patologias que podem

acometer esses animais, quando esse é induzido pela própria infecção ou já estabelecido no

hospedeiro no momento da infecção pode participar da patogenicidade do vírus (DEBLANC

et al., 2013). É necessário o estudo do estresse oxidativo em suínos em outras condições, além

das patologias (Tabela 3).

As principais patologias de suínos relacionadas com estresse oxidativo são Pneumonia

(declínio nos níveis de ascorbato), Enterite (através do aumento da produção de nitrito no

intestino) e Sepse (declínio dos antioxidantes do organismo) (LYKKESFELDT, SVENDSEN,

2007).

20

Suínos acometidos com pneumonia têm os níveis de ascorbato diminuídos em paralelo

com a progressão da doença, tal como é identificado pelos parâmetros clínicos e marcadores

bioquímicos da infecção, após antibioticoterapia seus níveis são normalizados

(LYKKESFELDT & SVENDSEN, 2007).

A co-infecção do Mycoplasma hyopneumoniae com H1N1 induz estresse oxidativo,

assim como uma resposta a esse estresse, com aumento da glutationa peroxidase e diminuição

na proporção proteínas tiol/proteína total, indicando uma estimulação do sistema antioxidante,

a fim de eliminar os metabólitos reativos de oxigênio (MRO). Outra resposta a co-infecção foi

aumento a disponibilidade de selênio, o nível plasmático de cobre permaneceu inalterado e o

de zinco diminui após a infecção com H1N1 (DEBLANC et al., 2013).

Doenças causadas pelo circovírus suíno também são influenciadas pelo estresse

oxidativo, a suplementação de selênio na dieta pode ser um método eficaz para retardar a

progressão e reduzir a morbidade através da regulação redox dependente da replicação do

vírus (CHEN et al., 2012).

Tabela 3 - Associação de patologias e estresse oxidativo em suínos.

Doença/Agente Estresse Oxidativo Referência

Pneumonia ↓ Ascorbato LYKKESFELDT & SVENDSEN,

2007

Enterite ↑ Nitrito no intestino LYKKESFELDT & SVENDSEN,

2007

Sepse ↓ Antioxidantes LYKKESFELDT & SVENDSEN,

2007

Mycoplasma

hyopneumoniae + H1N1

↑GPx

↓tiol/proteína total

↑Selênio

DEBLANC et al., 2013

Circovírus Suplementação com

selênio CHEN et al., 2012

Tuberculose Tratamento com

antioxidante PALANISAMY et al., 2011

Fonte: Elaborado pelo autor.

21

As condições de estresse oxidativo existentes em suínos com tuberculose são as

mesmas encontradas em humanos, o tratamento com drogas antioxidantes pode ser benéfico

como adjuvante à terapia medicamentosa convencional da tuberculose com a redução dos

efeitos colaterais tóxicos dessa terapia (PALANISAMY et al., 2011).

O baixo teor de antioxidantes e a maior susceptibilidade da oxidação do LDL em

suínos pode ser uma das razões para o evento de aterosclerose precoce nesses animais, essa

informação confirma a importância da vitamina E na prevenção da oxidação de lipoproteínas

(KNIPPING et al., 1990).

A suplementação com vitamina E em água potável para porcas gestantes e leitões

aumenta a concentração sérica de α-tocoferol nos leitões, produzindo assim um melhor estado

oxidativo pós-desmame (AMAZAN et al., 2012).

A suplementação na ração de suínos vem sendo bastante utilizada, inclusive com a

adição de compostos comprovadamente antioxidantes, como é o caso do flavonoide

quercetina. A quercetina é um poupador de vitamina E que tem efeito antioxidante sobre a

peroxidação lipídica induzida pelo estresse oxidativo em suínos em crescimento, assim

demonstrando que o uso de suplementos fitogênicos na ração dos animais pode substituir

parcialmente a suplementação com vitamina E (LUEHRING et al., 2011).

O uso de frutas como maças, morangos e tomates na dieta de suínos tem mostrado ser

benéfica na redução do estresse oxidativo, com enfoque na peroxidação lipídica, induzido

pela ingestão de elevado teor de gordura (PARJ et al., 2006). Dieta contendo extratos cítricos

reduz o nível sanguíneo de colesterol total em suínos, o ácido ascórbico tem se destacado por

alterar o metabolismo do colesterol, porém o seu mecanismo ainda não é conhecido, uma das

hipóteses o associa com interferência nas reações bioquímicas que envolvem os sistemas com

oxidases e peroxidases (LANFERDINI et al., 2013).

Os usos de vitaminas e outros antioxidantes na prevenção e modulação do estresse

oxidativo precisam de definições de doses e de protocolos de tratamento, sendo necessários

mais estudos sobre o mecanismo de ação desses agentes antes de sua prescrição em larga

escala (BIANCHI & ANTUNES, 1999).

2.6 OUTROS PARÂMETROS FISIOLÓGICOS

Parâmetros fisiológicos são importantes para o diagnóstico do bem-estar animal,

porém existem limitações para a sua aplicação na rotina da produção animal, porém há

22

necessidade de seleção de indicadores fisiológicos que associados com mensurações práticas

reflitam de maneira eficiente o grau de bem-estar dos animais (BOND et al., 2012).

Vários parâmetros hematológicos e bioquímicos podem ser utilizados como

marcadores de estresse, de estado energético ou nutricional dos animais. Alterações nesses

parâmetros podem repercutir na homeostase, caracterizada pelo baixo desempenho dos suínos

(BUZZARD et al., 2013).

O hemograma pode ser realizado em animais clinicamente saudáveis como triagem, ou

em animais doentes para auxiliar no diagnóstico e determinação da severidade da doença

(HARVEY, 2012). O número de neutrófilos é um dos parâmetros determinado no

hemograma, e esse pode estar relacionado com o estresse do animal. A liberação dos

neutrófilos na corrente sanguínea é influenciada pelo estresse social e estresse térmico, que

consequentemente aumenta o número de leucócitos circulantes (MORROW-TESCH et al.,

1994). Os valores das plaquetas também podem estar associados ao estresse, o estresse tanto

agudo quanto crônico influencia diretamente a ativação das plaquetas (BRYDON et al.,

2006).

Na produção convencional de suínos, os animais são mantidos em grupos de até 20 e o

espaço disponível é geralmente restrito (JENSEN et al., 2010). O aumento da atividade

enzimática de creatina quinase (CK) e aspartato aminotransferase (AST) no sangue pode ser

associado com fadiga e exercício muscular (MIRANDA DE LA LAMA et al., 2010). O

contínuo aumento de CK em suínos com elevado tempo de transporte indica maior fadiga

muscular, o que pode ser atribuído a inquietação e perda de equilíbrio dos animais durante o

transporte (ARADOM et al., 2012).

As concentrações de cortisol não dependem apenas de estresse físico ou psicológico,

mas de condições ambientais, bem como fatores metabólicos (JASKULKE &

MANTEUFFEL, 2011). Em situação de extremo estresse, durante o manejo pré-abate, por

exemplo, os níveis de cortisol sanguíneo de suínos podem dobrar ou quadruplicar, além disso,

pode ocorrer a liberação de CK, e consequentemente de creatina, na tentativa de manter a

homeostase do animal (BERTOLONI et al., 2006). Nos músculos esqueléticos dos

vertebrados, a creatina participa nas reações metabólicas no interior das células e é

catabolizada nos músculos gerando creatinina que é então secretada pelos rins na urina

(TERJUNG et al., 2000). A creatina é o único precursor da creatinina (WYSS &

KADDURAH-DAOUK, 2000). O aumento da creatinina pode ser relacionado a resposta ao

estresse ou a maior massa e atividade muscular desses animais.

23

Os teores de ureia podem ser influenciados pela quantidade e teor de proteína nas

dietas dos animais, assim como o tempo após a alimentação (EGGUM, 1970). A uréia

plasmática pode ser reduzida através da redução de proteínas na dieta (ZERVAS &

ZIJLSTRA, 2002). A concentração de ureia plasmática é afetada pela ingestão de água e tem

forte relação com o crescimento de tecido magro no suíno, quando o efeito da ingestão de

alimentos é removido (COMA et al., 1995). A excreção urinária de nitrogênio pode ser

prevista a partir da ureia plasmática, porém essa pode não ser precisa o suficiente para

predizer a deposição de proteína para suínos com acesso restrito ou livre para se alimentar

(ZERVAS & ZIJLSTRA, 2002).

24

3 JUSTIFICATIVA

O estresse oxidativo e a ausência de bem-estar animal induzidos pelo sistema intensivo da

suinocultura podem comprometer a saúde dos animais, interferindo na sua produção.

Com isso, torna-se importante o conhecimento das possíveis alterações de marcadores

fisiológicos, com ênfase no estresse oxidativo, relacionadas com as condições inerentes às fases de

crescimento e terminação de suínos, que podem ter repercussões sobre o desequilíbrio oxidativo e a

saúde desses animais.

25

4. HIPÓTESE CIENTÍFICA

Condições de criação inerentes às fases de crescimento e terminação em sistema

intensivo da suinocultura afetam marcadores fisiológicos com ênfase no estresse oxidativo,

podendo comprometer a saúde e a produção dos suínos.

26

5 OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a influência das condições inerentes às fases de crescimento e terminação de

suínos sobre marcadores fisiológicos de suínos.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Avaliar os parâmetros hematológicos de suínos nas fases de crescimento e terminação

em um sistema de criação cearense.

• Avaliar os parâmetros bioquímicos, com ênfase no estresse oxidativo, de suínos nas

fases de crescimento e terminação em um sistema de criação cearense.

27

6 CAPÍTULO 1 - FATORES INERENTES ÀS FASES DE CRESCIMENTO E

TERMINAÇÃO INFLUENCIAM PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E

BIOQUÍMICOS DE SUÍNOS

FACTORS ASSOCIATED PHASES OF GROWING AND FINISHING INFLUENCE

HEMATOLOGICAL AND BIOCHEMICAL PARAMETERS OF SWINE.

Artigo Submetido

28

Fatores inerentes às fases de crescimento e terminação influenciam parâmetros hematológicos e bioquímicos de suínos

Autores: Belise Maria Oliveira Bezerra (1), Amanda Medeiros Araújo de Oliveira (2), Caio

Vitor Oliveira Silva (2), Rodrigo Fonseca de Medeiros Guedes (1), Jardel Cavalcante Lemos (1),

Ana Débora Nunes Pinheiro (3), Tiago Silva Andrade (4), Neuza Gomes Felix Rochette (5),

Maria Liduína Maia de Oliveira (6), José Nailton Bezerra Evangelista (2) e Diana Célia Sousa

Nunes-Pinheiro (1).

1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV), Faculdade de Veterinária

(FAVET), Universidade Estadual do Ceará (UECE). [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected]

2 Faculdade de Veterinária (FAVET), Universidade Estadual do Ceará (UECE).

[email protected], [email protected], [email protected]

3 Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Ciências Farmacêuticas,

[email protected]

4 Granja Xerez, Maranguape/Ceará, [email protected]

5 Universidade Federal do Ceará (UFC), [email protected]

6 Agência de Defesa de Agropecuária do Estado do Ceará (ADAGRI), [email protected]

Resumo

O sistema de criação suíno brasileiro é caracterizado principalmente pelo sistema intensivo, e

suas fases de criação são caracterizadas por condições específicas. No entanto, a influência

dessas condições sobre a fisiologia dos animais carece de estudos. O objetivo deste trabalho

foi avaliar parâmetros hematológicos, bioquímicos de suínos nas fases de crescimento e

29

terminação com ênfase do estresse oxidativo. Utilizou-se 14 suínos, ambos os sexos,

cruzamento Landrace x Large White x Duroc, saudáveis, alojados em granja comercial. Os

animais foram submetidos a coletas de sangue nos dias: D1 = 71 dias; D2 = 74 dias; D3 = 116

dias; D4 = 151 dias para avaliações hematológicas e bioquímicas. O protocolo experimental

foi aprovado pelo CEUA/UECE (12773941-6). Os resultados foram expressos em

média±desvio padrão e foram submetidos a ANOVA seguidos pelo teste SNK ou teste t-

pareado para dados paramétricos, ou teste de Kruskall-Wallis seguido de teste de Dunn para

dados não paramétricos p<0,05. As hemácias, hemoglobina e leucócitos totais aumentaram

(p<0,05) ao longo do experimento, enquanto as plaquetas apresentaram-se reduzidas (p<0,05).

Os teores de proteínas totais, uréia e creatinina elevaram-se (p<0,05) enquanto AST diminui

(p<0,05) com o crescimento dos animais. Os valores de albumina aumentaram de acordo com

o crescimento dos animais (p<0,05), enquanto os valores de ácido úrico e bilirrubina não

variaram com o tempo (p>0,05). Os teores séricos de malondialdeído, óxido nítrico e cortisol

apresentaram-se menores no final do experimento (p<0,05). Conclui-se que os biomarcadores

observados foram alterados de acordo com as fases de crescimento e terminação, o que pode

estar relacionado com a fisiologia dos animais. Espera-se que estes dados possam contribuir

para o entendimento da fisiologia suína em sistemas de criação.

Termos para indexação: Sus domesticus, parâmetros fisiológicos, sistemas de criação.

Factors associated phases of growing and finishing influence hematological and

biochemical parameters of swine.

Abstract

The Brazilian system of pig breeding is mainly characterized by its intensive system, and its

breeding by specific conditions. However, the influence of this conditions on animals

30

fisiology requires studies. The aim of this study was to evaluate hematological and

biochemical parameters of pigs in growing and finishing with emphasis on oxidative stress. It

was used fourteen healthy pigs, from both sexes, Landrace x Large White x Duroc, housed in

commercial farm. Blood samples from the pigs were collected at D1 = 71 days; D2 = 74 days;

D3 = 116 days; D4 = 151 days for biochemistry and hematological evaluation. The

experimental protocol was approved by CEUA / UECE (12773941-6). Results were expressed

as mean ± standard deviation and were analyzed by ANOVA followed by SNK test or paired

t-test for parametric data, or Kruskal-Wallis test followed by Dunn's test for nonparametric

data (p<0.05). Red blood cells, hemoglobin and white blood cell count increased (p<0.05)

throughout the experiment, while the platelets presented were reduced (p<0.05). The levels of

total protein, urea and creatinine have risen (p<0.05) while AST decreases (p<0.05) with the

growth of animals. Albumin values increased with the growth of animals (p<0.05), while uric

acid and bilirubin values did not change with time (p>0.05). The serum levels of

malondialdehyde, nitric oxide and cortisol were lower end of the experiment (p<0.05). We

conclude that the observed biomarkers were changed according to the phases of growing and

finishing, which may be related to the physiology of animals. It is expected that these data can

contribute to the understanding of physiology in swine breeding systems.

Index terms: Sus domesticus; physiological parameters; breeding systems.

Introdução

A suinocultura mundial passou por profundas alterações tecnológicas nas últimas

décadas, visando principalmente, o aumento da produtividade e redução dos custos de

produção. Na suinocultura brasileira, predomina o sistema de confinamento intensivo com o

objetivo de aperfeiçoar o desempenho econômico e produtivo (BAPTISTA et al., 2011).

31

Cada fase de criação de suínos tem peculiaridades de manejo que podem influenciar

na fisiologia desses animais. A alimentação é um dos fatores que muda de acordo com a fase

de criação. Na fase de crescimento é fornecida uma quantidade moderada de alimento seguido

de uma intensidade cada vez maior durante o período da terminação (OVERLAND et al.,

2000). Suínos nas fases de crescimento e terminação podem ser criados em piso concreto ou

ripado, e com espaço amplo ou restrito ao movimento. A atividade física espontânea ou

induzida podem influenciar características das fibras musculares e qualidade da carne

(GENTRY et al., 2002).

Vários parâmetros hematológicos e bioquímicos podem ser utilizados como

marcadores de estresse, de estado energético, nutricional, patológico e fisiológico Alterações

nesses parâmetros podem repercutir na homeostase, caracterizada pelo baixo desempenho dos

suínos (BUZZARD et al., 2013). Neste sentido, existem poucos trabalhos que discutem as

condições de estresse no sistema de criação brasileiro de acordo com as fases de criação e sua

influência sobre os parâmetros sanguíneos em suínos. Assim este trabalho objetivou avaliar os

parâmetros hematológicos e bioquímicos de suínos nas fases de crescimento e terminação,

com ênfase do estresse oxidaivo, em um sistema de criação cearense.

Material e Métodos

O experimento foi realizado em granja comercial localizada no Município de

Maranguape/Ceará no período de janeiro a março de 2014. A temperatura e a umidade dos

galpões onde os animais foram alojados foram mensuradas com auxílio de um termo

higrômetro. Foram utilizados 14 suínos, ambos os sexos (7 machos e 7 fêmeas), da linhagem

C20 (Landrace x Duroc x Large White), clinicamente saudáveis, selecionados aleatoriamente.

Os animais foram pesados no primeiro e no último dia do experimento.

32

Os animais foram provenientes de um mesmo lote da creche de uma unidade

produtora de leitão (UPL) na qual estavam alojados em baias (3 animais/m2) com piso

plástico e suspensas, com água e ração ad libitum, até o final da fase de creche (71 dias),

posteriormente, foram transportados para granja de terminação onde foram alojados em baias

(1 animal/m2) com piso compacto de cimento, recebendo água e ração ad libitum,

permanecendo nas mesmas até o final do experimento (151 dias). Os suínos foram divididos

em 7 baias, ficando 2 animais experimentais (um macho e uma fêmea) em um grupo de outros

18 animais em cada baia. O protocolo experimental foi realizado nos dias (D): D1 = 71 dias;

D2 = 74 dias; D3 = 116 dias; D4 = 151 dias e foi aprovado pelo CEUA/UECE sob o número

12773941-6.

As matrizes da granja foram vacinadas contra Parvovirose, Leptospirose, Erisipela,

Rinite Atrófica, Escherichia coli e Clostridium perfrigens. Os leitões, por sua vez, foram

vacinados contra Micoplasma. A conduta para prevenção de infecções nas diversas fases de

criação foi baseada no uso dos seguintes medicamentos, de acordo com o histórico da granja e

recomendações dos fabricantes: Florfenicol (20 mg/kg), em matrizes a cada dois meses;

Amoxicilina (7,5 mg/kg), em leitões pós-desmame; Doxiciclina (10 mg/kg) com Tiamulina

(15 mg/kg), em leitões na última semana da creche; Amoxicilina (7,5 mg/kg) com Sulfa e

Trimetropim (10 mg/kg), em suínos na última semana do crescimento.

Os animais com 71 dias de vida foram transportados da UPL (materninade/creche)

para a granja de crescimento/terminação em caminhões adequados ao transporte de suínos. O

deslocamento foi de curta duração (24 km; 31 minutos) em estrada do tipo rodovia, realizado

no início da manhã (7h00) no mês de janeiro de 2014. Previamente ao transporte foram

realizadas coletas de sangue (D1), assim como em D2, D3 e D4, no período da manhã, por

venopunção cefálica, sendo as amostras coletadas em tubos contendo o anticoagulante

(EDTA) e sem anticoagulante. As amostras coletadas foram devidamente acondicionadas para

33

o transporte até o laboratório para realização dos exames hematológicos e bioquímicos.

Durante as coletas, os animais foram submetidos à contenção humana (D1, D2) ou

humana/mecânica (D3, D4).

No laboratório, as amostras de sangue foram submetidas à homogeneização por 20

minutos em temperatura ambiente. As contagens de hemácias, leucócitos e plaquetas foram

realizadas em aparelho de automação hematológica (Mindray BC-2800 Vet ®). A contagem

diferencial dos leucócitos foi realizada através de esfregaço sanguíneo corado com panótico

comercial por um técnico através de microscopia óptica (1000x). Após a realização das

análises hematológicas, as amostras foram centrifugadas a 3.000 RPM, o plasma obtido foi

utilizado para determinação dos teores de AST (U/L), CK (U/L), creatinina (mg/dL) e uréia

(mg/dL). As amostras de sangue coletadas sem anticoagulante também foram centrifugadas

(3.000 RPM) para obtenção do soro, o qual foi armazenado a -80ºC até o uso para

determinações bioquímicas de albumina (g/dL), bilirrubina total (mg/dL), ácido úrico

(mg/dL). Essas dosagens foram realizadas através de kits comerciais específicos (Winner®)

em analisador de automação bioquímica (Metrolab-2300®). As proteínas totais (g/dL) foram

determinadas por refratometria.

As determinações de óxido nítrico e malondialdeído também foram realizadas através

do soro obtido. A quantificação do óxido nítrico foi realizada com metodologia modificada

em placa de ELISA (D’ÁVILA et al., 2008) através do uso de reagente de Griess (100 µL)

adicionado a 50 µL do soro e 50 µL de água destilada em cada poço da placa para obtenção

dos valores de nitrito em espectrofotômetro (550 nm). Para obtenção das quantidades de

proteínas séricas foi utilizado o reagente de Bradford (200 µL) adicionado a 4 µL do soro em

cada poço da placa e a leitura realizada em espectrofotômetro (600 nm) (BRADFORD, 1976),

os resultados foram expresso em µg nitrito/µg proteína. A quantificação do MDA foi realizada

em tubos de vidro onde foram adicionados 250 µL de soro seguido por 400 µL de ácido

34

perclórico a 35% em banho-maria (37ºC; 1 hora), a mistura foi centrifugada (1400 g; 10

minutos) e o 600 µL do sobrenadante foi adicionado a 200 µL a 1,2%, TBA, essa mistura foi

levada ao banho-maria (95ºC; 30 minutos) (545 nm). Após resfriada, a leitura foi realizada em

espectrofotômetro (535 nm). Os resultados obtidos foram expressos em nmol/mL de soro

(DRAPER & HADLEY, 1990).

Os dados foram submetidos a ANOVA seguido de teste SNK ou teste t-pareado para

dados paramétricos, ou teste de Kruskall-Wallis seguido de teste de Dunn para dados não

paramétricos (Graphpad Prism®). Os resultados foram expressos em média±desvio padrão,

sendo considerados significativos com p≤0,05.

Resultados e Discussão

Cada fase de criação de suínos tem peculiaridades de manejo que podem influenciar

na fisiologia desses animais. Para continuar alcançando sucesso na produção e retorno

econômico, todas as fases de criação de suínos necessitam de planejamento e cuidados

(BUSANELLO et al., 2012), porém ainda poucos estudos relacionam as condições de cada

fase de criação com impactos na fisiologia dos suínos. O ganho de peso dos animais é um

dado importante para avaliação dos suínos, os animais do presente estudo foram selecionados

no começo do experimento com 71 dias de vida, ao final da creche e apresentaram uma média

de peso de 24,7±3,4 Kg, caracterizando D1, e ao final do experimento, 151 dias de vida, a

média de peso dos animais foi de 101,4±6,3 Kg, caracterizando D4, mostrando que ganho de

peso dos animais estava de acordo com o esperado para suínos em crescimento. Outro fator

relevante é o conhecimento das condições climáticas do local onde os animais são alojados, a

temperatura e a umidade nos galpões experimentais foram mensuradas durante 80 dias e

encontram-se na Tabela 1, e se apresentaram como o esperado para a Região Nordeste do

Brasil.

35

Em condições normais, os elementos do sangue, principalmente sanguíneas hemácias

e leucócitos, mantêm-se em equilíbrio sempre constante, devido ao sistema hemolítico-

poético, com função de formação ou destruição das células do sangue (LIMA et al., 2001). O

hemograma é um exame que proporciona avaliação dos três componentes principais do

sangue periférico (eritrócitos, leucócitos e plaquetas), e é a base de qualquer avaliação

hematológica (DALANHOL et al., 2010). Este exame pode ser realizado em animais

clinicamente saudáveis como triagem, ou em animais doentes para auxiliar no diagnóstico e

determinação da severidade da doença, com repercussão hematológica (HARVEY, 2012). Os

resultados hematológicos do presente trabalho encontram-se na tabela 2.

As hemácias, também chamadas de eritrócitos ou glóbulos vermelhos são as células

mais numerosas do sangue, a função dos eritrócitos é desempenhada pelo seu componente

principal, a proteína hemoglobina, e consiste no transporte do oxigênio (GARCIA-

NAVARRO, 2005). A série vermelha foi avaliada através dos teores de hemácias (He),

hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht). O número de hemácias foi maior (p<0,05) nos suínos

em D3 e D4 quando comparados com D1 e D2. Os valores médios de hemoglobina foram

maiores em D4, quando comparados com os valores em D2 (p<0,05). Os valores do

hematócrito não variaram de acordo com os dias do experimento (p>0,05). A hemoglobina é

uma proteína que contém ferro presente nas células vermelhas do sangue, que transporta

oxigênio para os tecidos, e tem sido utilizada como diagnóstico para monitorar o status de

ferro em suínos (JOLLIFF & MAHAN, 2011). O aumento das hemácias e hemoglobina nos

suínos no final da fase de terminação pode estar associado ao amadurecimento e alimentação

desses animais.

Os leucócitos refletem a imunocompetência dos organismos, pois compreendem

células efetoras do sistema imune inato e adaptativo que estão diretamente envolvidas na

eliminação de patógenos (HENRYON et al., 2006).A série branca foi avaliada através das

36

contagens de leucócitos totais (LT) e da diferenciação celular em neutrófilos (Neu) e

linfócitos (Linfo) (Tabela 2). Os LT aumentaram ao longo do experimento, sendo maiores em

D3 e D4 quando comparados a D1 e D2 (p<0,05). Os linfócitos aumentaram nos animais em

D4 em relação à D1 e D2 (p<0,05), enquanto os valores de neutrófilos não variaram (p>0,05).

A linfocitose observada é característica da espécie (JAIN, 1993; MEYER & HARVEY,

2004). O número total e diferencial de leucócitos pode fornecer um critério adequado para

selecionar suínos resistentes a doenças clínicas e subclínicas (HENRYON et al., 2002). O

aumento dos leucócitos nos suínos com mais idade pode estar relacionado ao estresse pelos

quais os animais encontram-se no alojamento e os desafios imunológicos, devido a uma maior

densidade. É relatado na literatura que a liberação leucócitos na corrente sanguínea é

influenciada pelo estresse social e estresse térmico (MORROW-TESCH et al., 1994).

As plaquetas são estruturas pequenas, desprovidas de material nuclear (mamíferos),

ricas em glicogênio, encontram-se marginalizadas ou recrutadas pelo baço, e podem ser

relacionadas a processos inflamatórios (LORENZI, 2006). Nos dias avaliados, as plaquetas

foram reduzindo significativamente ao longo do experimento em D2, D3 e D4 em relação a

D1 (p≤0,05). Os valores elevados das plaquetas podem estar associados ao estresse nessas

fases, já que esses animais foram submetidos a dois fatores estressantes como o transporte e

adaptação a um novo ambiente, o estresse tanto agudo quanto crônico influencia diretamente

a ativação das plaquetas (BRYDON et al., 2006).

Os perfis bioquímicos são utilizados para avaliar a saúde dos animais e podem ser

relacionados, principalmente, as funções musculares, renais e hepáticas (THRALL, 2010). Os

resultados bioquímicos do presente trabalho encontram-se nas tabelas 3 e 4. Os valores de

AST se apresentaram maiores em D1 quando comparados aos outros dias de avaliação

(p<0,05). Esse parâmetro bioquímico também mostrou-se elevado em D2 quando comparados

a D3 e D4 (p<0,05). Os valores de CK foram menores em D2 quando comparados aos de D1

37

(p<0,05). Os teores de AST demonstraram-se maiores nos animais mais jovens, quando

comparados aos animais das outras fases. O aumento da atividade enzimática de CK e AST

no sangue pode ser associado com fadiga e exercício muscular (MIRANDA DE LA LAMA et

al., 2010). De acordo com ZHONG et al. (2011), há uma correlação positiva entre o teor de

gordura intramuscular e AST.

Nos músculos esqueléticos dos vertebrados, a creatina participa nas reações

metabólicas no interior das células e é catabolizada nos músculos gerando creatinina que é

então secretada pelos rins na urina (TERJUNG et al., 2000). A creatina é o único precursor da

creatinina (WYSS & KADDURAH-DAOUK, 2000). Os valores de creatinina foram maiores

em D4 quando comparados a D1, D2 e D3 (p<0,05). O aumento da creatinina nos suínos no

final da fase de terminação também pode ser atribuído a maior massa e atividade muscular

desses animais.

Os teores de ureia podem ser influenciados pela quantidade e teor de proteína nas

dietas dos animais, assim como o tempo após a alimentação (EGGUM, 1970). A ureia

plasmática pode ser reduzida através da redução de proteínas na dieta (ZERVAS &

ZIJLSTRA, 2002). Os valores médios de ureia foram maiores em D1 quando comparados aos

em D2, esses por sua vez sendo menores em D2 quando comparados aos de D4 (p<0,05). Por

outro lado, proteína total plasmática elevou-se significativamente ao longo do experimento,

sendo maiores em D4 quando comparados aos demais dias (p<0,05). A concentração de ureia

plasmática também é afetada pela ingestão de água e tem forte relação com o crescimento de

tecido magro no suíno, quando o efeito da ingestão de alimentos é removido (COMA et al.,

1995). O aumento de ureia no presente experimento foi acompanhado pelo aumento de

proteína total.

A bilirrubina quando ligada a albumina forma um complexo considerado um dos

antioxidantes naturais dos fluidos extracelulares (BARREIROS et al., 2006). Já ácido úrico é

38

o antioxidante solúvel mais abundante em humanos e contribui em até dois terços de toda a

capacidade de eliminacão de radicais livres do plasma (WARING, 2002). Os valores médios

de albumina aumentaram com o tempo e foram maiores em D4, quando comparados com os

valores em D1, D2, D3 (p<0,05). Já os valores de bilirrubina total não variaram ao longo do

experimento (p>0,05), assim como os valores médios de ácido úrico (p>0,05) . Os valores de

albumina aumentaram com o crescimento dos suínos. Já os valores de bilirrubina e ácido

úrico permaneceram constantes demonstrando que baseado nesses marcadores, a capacidade

antioxidante natural dos suínos é maior naqueles que se encontram no final da terminação.

A peroxidação lipídica é uma cadeia de reações mediada por radicais livres que

quando iniciada resulta na degradação oxidativa dos lipídios poli-insaturados, os alvos mais

comuns são os componentes de membranas biológicas (GROTTO et al., 2009). Esse processo

resulta em uma variedade de intermediários e produtos finais incluindo hidroperóxidos

lipídicos, aldeídos e o malondialdeído (MDA) (MOSELHY et al., 2013). Os valores médios

de malondialdeído do presente trabalho diminuíram em D3 quando comparados a D1

(p<0,05). As concentrações de MDA apresentaram-se maiores também nos animais mais

jovens, e também podem ser atribuídas as condições de estresse relacionadas com a fase de

creche.

O óxido nítrico é um radical livre centrado no nitrogênio que pode reagir diretamente

com o radical superóxido, gerando um oxidante mais potente, o peroxinitrito (SCHNEIDER

& OLIVEIRA, 2004). Os teores de óxido nítrico diminuíram em D3 quando comparados aos

de D2 (p<0,05). Os valores desse radical livre se apresentaram maiores nos animais mais

jovens, o que pode estar relacionado ao transporte e a adaptação dos animais à nova granja de

alojamento.

O estresse pode acelerar a acumulação de dano oxidativo e o envelhecimento

biológico, e o cortisol, hormônio glicocorticoide, representa um mecanismo potencialmente

39

importante na ligação do estresse crônico com o envelhecimento acelerado (ASCHBACHER

et al., 2013). O cortisol sérico dos suínos apresentou-se maior em D1 quando comparado em

D4 (p<0,05). Os valores de cortisol também se apresentaram maiores nos animais mais

jovens, podendo ser correlacionado com os parâmetros do estresse oxidativo.

Conclusão

1. Conclui-se que os biomarcadores observados foram alterados de acordo com as fases

de crescimento e terminação, o que pode estar relacionado com a fisiologia dos animais.;

2. Espera-se que estes dados possam contribuir para o entendimento da fisiologia suína

em sistemas de criação e avaliar a saúde e na doença.

Agradecimentos

À Granja Xerez situada no município de Maranguape/Ceará pelo apoio para o

desenvolvimento do experimento.

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44

Tabela 1. Valores mínimos e máximos de temperatura e umidade no galpão de alojamento

dos suínos experimentais em Maranguape/Ceará de acordo com o período entre as coletas de

sangue.

Temperatura (ºC) Umidade (%)

(71-74 dias) (74-116 dias) (116-151 dias) (71-74 dias) (74-116 dias) (116-151 dias)

Máxima

33,2±0,7

33,5±0,0 33,5±0,0 85,3±0,4 85,8±0,4 85,7±0,4

Mínima 21,1±0,1 21,1±0,0 21,1±0,0 43,5±0,9 42,2±2,0 50,7±12,4

45

Tabela 2. Parâmetros hematológicos de suínos nas fases de crescimento e terminação.

Parâmetros

hematológicos

D1

71 dias

D2

74 dias

D3

116 dias

D4

151 dias

Referência

*

He (x106/µL) 6,3±0,4a 6,2±0,2a 6,9±0,5b 7,1±0,4b 5,0-8,0

Hb (g/dL) 11,9±1,1ab 11,6±1,0a 12,4±1,2ab 13,0±1,3b 10,0-16,0

Ht (%) 34,7±1,7a 34,5±1,4a 34,9±2,8a 36,6±3,6a 32,0-50,0

LT (x103/µL) 16,5±5,4a 19,1±5,2a 18,3±2,8b 21,0±4,4b 11,0-22,0

Neu (x103/µL) 6,20±2,31a 9,06±5,21a 6,01±1,56a 7,13±3,11a 3,2-10,0

Linfo (x103/µL) 10,0±4,04a 9,53±2,89a 11,39±2,34ab 13,48±2,33b 4,5-13,0

Neu/Linfo

(x103/µL) 0,62 0,95 0,52 0,52 ---

PL (x103/µL) 914,5±120,2 a 810,6±140,2b 748,3±139,4b 565,5±121,5c 300-700

* JAIN, 1993; MEYER e HARVEY, 2004

Letras iguais indicam resultados iguais e letras diferentes, resultados diferentes na

comparação entre colunas.

46

Tabela 3. Parâmetros bioquímicos de suínos nas fases de crescimento e terminação.

Parâmetro

bioquímico

D1

71 dias

D2

74 dias

D3

116dias

D4

151 dias

Referência

*

AST (U/L) 46,3±13,0a 33,8±6,0b 24,5±4,6c 23,9±5,0c 32,0-84,0

CK (U/L) 2341,5±3346,8a 666,5±458,6b 1051,1±680,6ab 845,3±250,3ab 2,4-22,5

Creatinina

(mg/dL) 1,0±0,1ab 0,9±0,1a 1,1±0,1b 1,5±0,1c 1,0-2,7

Uréia

(mg/dL) 31,9±4,7ac 25,5±3,6b 29,6±8,0ab 36,2±6,0c 21,4-64,2

PT (g/dL) 5,8±0,3a 5,7±0,6a 6,6±1,3b 7,6±04c 6,0-8,0

* KANEKO, 1997; MEYER e HARVEY, 2004.

Letras iguais indicam resultados iguais e letras diferentes, resultados diferentes na

comparação entre colunas.

47

Tabela 4. Parâmetros do estresse oxidativo (albumina, bilirrubina total, ácido úrico, cortisol,

MDA, óxido nítrico).

Parâmetros Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Referência

Albumina (g/dL) 3,1±0,3a 3,1±0,3a 3,3±0,3a 3,6±0,2c 1,8-3,3

Bilirrubina Total

(mg/dL) 0,7±0,2a 0,6±0,2a 0,5±0,2a 0,7±0,1a 0-0,6

Ácido úrico (mg/dL) 1,0±0,2a 1,0±0,1a 1,4±0,9a 1,1±0,4a 0,5-1,9

Cortisol 6,99±3,13a - - 2,37±1,8b -

MDA

(nmol/mL de soro) 2,4±0,8a 1,9±0,4ab 1,9±1,0b 1,8±0,3ab -

Óxido Nítrico

(µg nitrito/µg

proteína)

0,02±0,01ab 0,03±0,02a 0,01±0,004b 0,01±0,006 ab -

* KANEKO, 1997; MEYER e HARVEY, 2004.

Letras iguais indicam resultados iguais e letras diferentes, resultados diferentes na

comparação entre colunas.

48

8 CONCLUSÕES

• Os fatores inerentes às condições de criação nas fases de crescimento e terminação podem

influenciar biomarcadores hematológicos, bioquímicos e do estresse oxidativo.

• Espera-se que estes dados possam contribuir para o entendimento da fisiologia suína em

sistemas de criação e contribuir para avaliar o suíno na saúde e na doença.

49

9 PERSPECTIVAS

Os resultados obtidos neste trabalho ressaltam a importância da análise de parâmetros

hematológicos, bioquímicos e do estresse oxidativo para o melhor entendimento das respostas

fisiológicas dos suínos de acordo com os desafios impostos pelos seus sistemas de criação.

O conhecimento da influência das fases de criação sobre os parâmetros fisiológicos de

suínos pode ser enriquecido com o estudo de novos marcadores hematológicos, bioquímicos e

do estresse oxidativo. O modelo desse estudo pode ser aplicado em outras fases não estudadas

nesse trabalho, como maternidade e creche em sistema de criação utilizando um modelo

experimental.

50

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