UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC PROGRAMA...
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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO - PPGE
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
CENELI DE FREITAS GASTALDON
ESCOLHA DA PROFISSÃO NO ENSINO SUPERIOR: A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E A TEORIA DO CAPITAL HUMANO NESSE PROCESSO. ESTUDO
DE CASO NA CIDADE DE CRICIÚMA – SANTA CATARINA
CRICIÚMA, 2007
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CENELI DE FREITAS GASTALDON
ESCOLHA DA PROFISSÃO NO ENSINO SUPERIOR: A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E A TEORIA DO CAPITAL HUMANO NESSE PROCESSO. ESTUDO
DE CASO NA CIDADE DE CRICIUMA – SANTA CATARINA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação. Orientador: Prof. Dr. Paulo Rômulo de Oliveira Frota
CRICIÚMA, 2007
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BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________ Prof. Dr. Paulo Rômulo de Oliveira Frota – Orientador (UNESC)
_______________________________________________________ Prof. Drª Fernanda Cristina Barbosa Pereira Queiroz – (UNESC)
_______________________________________________________ Prof. Drª Olivette Rufino Borges Prado Aguiar (UFPI)
_____________________________________________________ Prof. Dr. Gladir da Silva Cabral (suplente - UNESC)
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À minha família, em especial aos meus
pais Ascendino e Eulódia, meu início.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao professor Paulo Rômulo de Oliveira Frota, pela disponibilidade,
incentivo e atenção na condução deste trabalho.
À professora Fernanda Pereira Queiroz, pelas colocações pontuais na banca de
qualificação e de defesa deste trabalho.
Ao professor Gladir da Silva Cabral, pela serenidade com suas contribuições e
correções na banca de qualificação.
À professora Olivette Rufino Borges Prado de Aguiar, pelas sugestões feitas ao
trabalho e a gentileza de vir de tão longe para participar da banca de defesa.
À UNESC, por possibilitar a realização desse Mestrado.
Aos amigos, que entenderam a minha ausência.
Ao Jader, Susana e seus colaboradores da Hard Shop Informática, por seu auxílio
providencial e profissional em um momento de grande aflição.
Aos alunos que participaram da pesquisa e entrevista, co-autores desta dissertação.
À minha família, pais, irmãos, sogros, cunhados e sobrinhos pela convivência.
Ao meu marido, companheiro, e principalmente ao Bruno e ao Vítor, filhos queridos,
que são o meu projeto mais perfeito.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.
E a Deus, por todos eles.
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“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”. (PAULO FREIRE).
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RESUMO
Escolher a profissão ainda é um dos grandes desafios que aparece ao final da adolescência. Antigamente, era comum essa escolha ocorrer dentro da esfera familiar, onde caberia ao jovem suceder o pai nos negócios da família. Atualmente, a oferta de diversos cursos no ensino superior acaba dificultando a escolha do adolescente, que está terminando o ensino médio, em função de sua pouca idade e experiência, vendo-se perdido em meio a tantas opções, muitas vezes desconhecidas. São freqüentes as dúvidas sobre que carreira seguir, sendo que esta decisão, em princípio, será para toda a vida. Isso se deve, principalmente, em função das diversas mudanças sociais, psicológicas e biológicas que ocorrem nessa faixa etária do ser humano que, em geral, vai dos 14 aos 18 anos de idade. Procurando discutir essa questão, este estudo se propôs a investigar as influências na escolha da profissão quando o adolescente decide fazer um curso superior, relacionando os mais procurados por eles. A metodologia utilizada na pesquisa empírica foi a realização de uma pesquisa quantitativa e qualitativa com uma população integrante de 352 estudantes do 3ª ano do Ensino médio das duas maiores instituições, uma pública e outra privada, da cidade de Criciúma - SC: Colégio Energia e Escola de Educação Básica Sebastião Toledo dos Santos (STS). A revisão bibliográfica e os resultados encontrados na pesquisa empírica apontaram para a grande dificuldade que o adolescente encontra no momento de escolher o curso superior como forma de investir em seu capital humano para realização profissional ou econômica futura. Identificou-se ainda que as influências externas são pequenas comparadas com a decisão individual do aluno, revelando que o adolescente não se deixa influenciar diretamente quando decide escolher sua profissão. Palavras-chave: Escolha profissional. Adolescência. Ensino Superior. Capital humano.
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ABSTRACT
Choosing the profession is still one of the major challenges that appear in the end of the adolescence. Formerly, it was common this choice to happen inside the family sphere, where would fall to the young to succeed his father in the family business. Currently, the offer of several courses in higher education ends up hindering the adolescents’ choice, who are finishing high school, in relationship on their little age and experience, seeing themselves lost in the middle of so many options, often unknown. The doubts in what career to proceed are frequent, and this decision, at first, will be for the lifetime. This is mainly due to the several social changes, psychological and biological that occur in this age group of human being that, in general, ranges from 14 to 18 years old. Trying to discuss this issue, this study is proposed to investigate the influences in the choice of profession when the adolescents decide to attend the higher education, listing the most wanted by them. The methodology used in this empirical research was the accomplishment of a quantitative and qualitative survey with an integral population of 352 students in the 3rd year of High School of the two largest institutions, one public and one private, in Criciúma city - SC: Energy School and the School of Basic Education Sebastião Toledo dos Santos (STS). The bibliographical review and the results found in the empirical survey aimed for the great difficulty that the adolescents find in the moment of choosing the higher education courses as a way of investing in their human capital for professional or economic achievement in the future. It was also identified that the external influences are small compared to the students’ individual decision, revealing that the adolescents don’t let to be influenced directly when they decide to choose their profession. Key-words: Professional Choosing. Adolescence. Higher Education. Human Capital.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 Escola particular: Colégio Energia Raio Sul .....................................................
66
Quadro 2 Escola pública: EEB Sebastião Toledo dos Santos ...........................................
68
Quadro 3 Cursos oferecidos pela UNESC nos vestibulares dos últimos cinco anos, por número de candidatos ........................................................................................................
81
Quadro 4 Cursos oferecidos pela UNISUL nos vestibulares dos últimos cinco anos, por número de candidatos ........................................................................................................
82
Quadro 5 Órgãos regulamentadores das profissões em Criciúma .....................................
83
Figura 1 Idade dos entrevistados .......................................................................................
86
Figura 2 Se está trabalhando ..............................................................................................
87
Figura 3 Tabela CBO 2002 – Grandes grupos ..................................................................
90
Figura 4 Nível de renda dos pais dos entrevistados ..........................................................
92
Figura 5 Se já fez teste vocacional/profissional para auxiliar na escolha da profissão .....
94
Figura 6 Principais escolhas para o vestibular ...................................................................
96
Figura 7 Se fez pesquisa a respeito do mercado de trabalho da profissão escolhida ........
101
Figura 8 Se acredita que a cidade possua um bom campo de trabalho para a área escolhida ............................................................................................................................
103
Figura 9 Instituição escolhida para fazer o vestibular .......................................................
107
Figura 10 Se conhece a rotina da profissão escolhida .......................................................
110
Figura 11 O que acha preferível ........................................................................................
111
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Escolaridade dos pais dos alunos ....................................................................
89
Tabela 2 – Profissão dos pais dos entrevistados ...............................................................
91
Tabela 3 – Quem influenciou na escolha da profissão ......................................................
99
Tabela 4 – Por que escolheu esta profissão .......................................................................
104
Tabela 5 – Se conhece alguém na profissão escolhida .....................................................
108
Tabela 6 – Percepção do aluno sobre a profissão dos pais ...............................................
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACAFE – Associação Catarinense das Fundações Educacionais
ACIC - Associação Comercial e Industrial de Criciúma
AMREC - Associação dos Municípios de Região Carbonífera
CBO – Classificação Brasileira de Ocupações
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (antigo Conselho
Nacional de Pesquisa)
CRA - Conselho Regional de Administração
CRC - Conselho Regional de Contabilidade
CREA - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CRM - Conselho Regional de Medicina
CRO - Conselho Regional de Odontologia
ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio
FGV – Fundação Getúlio Vargas
FUCRI - Fundação Educacional de Criciúma
GERED - Gerência de Educação, Ciência e Tecnologia
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
IBRE - Instituto Brasileiro de Economia
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
IPAT - Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas (UNESC)
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
OAB – Ordem dos Advogados do Brasil
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
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RAIS - Relação Anual de Informações Sociais
SED – Secretaria Estadual de Educação
STS – Sebastião Toledo dos Santos (Colegião)
UFF - Universidade Federal Fluminense
UNESC - Universidade do Extremo Sul Catarinense
UNIFACRI - União das Faculdades de Criciúma
UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina
USP - Universidade de São Paulo
ZDP - Zona de Desenvolvimento Proximal
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................
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2 O VALOR ECONÔMICO DA EDUCAÇÃO............................................................. 19 2.1 Educação como investimento pessoal – A Teoria do Capital Humano................. 21 2.1.1 Conceitos e características do Capital Humano................................................... 21 2.1.2 Primeiras críticas desfavoráveis à Teoria do Capital Humano........................... 28 2.2 A Teoria do Capital Humano e sua repercussão no Brasil..................................... 31 2.2.1 Oposições à Teoria do Capital Humano no Brasil............................................... 31 2.2.2 Apoio à Teoria do Capital Humano no Brasil...................................................... 35 2.3 A Teoria do Capital Humano como fator de motivação para a carreira profissional .......................................................................................................................
41
3 A ESCOLHA PROFISSIONAL DO ADOLESCENTE............................................ 46 3.1 Os grupos de influência no processo da escolha profissional ................................ 52 3.1.1 A influência da família............................................................................................ 54 3.1.2 A influência da mídia.............................................................................................. 58 3.1.3 A influência dos amigos, pares e professores........................................................
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4 DESCRIÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA DE CAMPO........................... 65 4.1 Descrição das escolas pesquisadas............................................................................ 65 4.2 Instrumentos e amostra da pesquisa......................................................................... 69 4.2.1Coleta de dados.........................................................................................................
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5 CRICIÚMA E SUAS PROFISSÕES. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS..............................................................................................
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5.1 Situando a questão...................................................................................................... 72 5.1.1 História .................................................................................................................... 72 5.1.2 Economia ................................................................................................................. 78 5.2 Profissões em destaque na cidade de Criciúma ...................................................... 80 5.3 Apresentação e análise dos resultados .....................................................................
85
6 CONCLUSÃO................................................................................................................
118
REFERÊNCIAS...............................................................................................................
122
APÊNDICES.....................................................................................................................
129
ANEXOS........................................................................................................................... 133
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1 INTRODUÇÃO
Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra. (ANÍSIO TEIXEIRA).
Desde muito cedo, em nossa vida, é necessário fazer escolhas; simples ou mais
difíceis, porém todas com alguma conseqüência. É um processo que está intrinsecamente
ligado ao ser humano. A decisão pela carreira profissional é uma escolha que a maioria das
pessoas, em algum momento, é compelida a fazer, e atualmente está ocorrendo cada vez mais
cedo, ou seja, no final do ensino médio com a opção para o vestibular. Essa é uma das
escolhas que, em princípio, terá reflexo por toda a vida e deveria, portanto, ser feita com
muita responsabilidade.
Entretanto, o que se constata são jovens prestes a escolher a carreira profissional sem
saber se vão optar entre a área da saúde ou a área das engenharias; vestibulandos que,
sentindo-se pressionados pelo momento da escolha, não se sentem preparados para fazê-la.
Uma dúvida freqüente entre muitos adolescentes é a incerteza do retorno financeiro que um
curso superior pode proporcionar no futuro, comparado com os investimentos feitos para
cursá-lo. No entanto, para a maioria, freqüentar um curso superior é, atualmente, condição
sine qua non para competir no mercado, pelas melhores ofertas de trabalho, mas ficam
inseguros ainda sobre quais cursos são mais vantajosos e se estes atendem aos seus anseios.
Nesse contexto, a Teoria do Capital Humano, iniciada na década de 1960 com os
estudos de Becker (1964), Schultz (1973) e Mincer (1974), veio contribuir para a inserção da
educação como forma de investimento pessoal com a finalidade de ampliar os horizontes de
escolha profissional das pessoas. (SCHULTZ, 1973).
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No Brasil, alguns estudos, entre eles o de Barros; Mendonça; Henriques (2002),
Moretto (2003), Néri (2005) e Curi (2006), demonstram a estreita relação que existe entre
educação e mercado de trabalho apontando que, quanto mais alta é a escolaridade, maiores as
chances de se conseguir ou manter um bom emprego, com melhores salários. Sobre isso, os
estudantes que estão terminando o ensino médio parecem estar convictos; contudo, outras
dúvidas costumam se manifestar nesse momento que antecede a escolha profissional, e elas
devem ser consideradas. Seguir a profissão dos pais? Investir em uma carreira que dê bons
retornos financeiros, mas não se realizar profissionalmente? Seguir a opinião dos “outros”?
Optar por um curso somente para livrar-se da pressão do vestibular? Esses e muitos outros
questionamentos são feitos no momento de escolher uma profissão.
Como menciona Lucchiari (1993, p. 12): “Em meio a esse mundo de descobertas, a
pergunta a ser feita é: ‘como, apesar de tudo, ele ainda consegue escolher? ’. E o adolescente
consegue escolher. Ele faz a escolha possível no momento”.
Imaginar o que possa resultar em satisfação pessoal ou em sucesso no trabalho é
sempre uma questão controvertida. A decisão gira em torno de vários por quês e para quês.
Talvez a remuneração seja a prioridade, ou quem sabe a realização profissional, o status, a
liderança e o poder venham em primeiro lugar. De qualquer forma, a escolha da profissão
precisa ser feita; e isso geralmente não pode ser prorrogada por muito tempo, pois a
sociedade capitalista exige uma tomada de decisão profissional para permitir a inserção no
mercado produtivo.
Dessa forma, pretende-se justificar a escolha do tema deste trabalho procurando
conhecer o perfil dos alunos de Criciúma (SC) que terminam o ensino médio e ingressarão na
faculdade, analisando se os ganhos econômicos futuros influenciam na opção pela escolha da
profissão e quais as profissões mais valorizadas por eles na cidade. Assim, o problema que
norteou esta pesquisa consiste em saber: os fatores econômicos influenciam a escolha da
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profissão por parte dos vestibulandos criciumenses e esses mantêm a continuidade
profissional na cidade?
Estabelece-se, assim, como objetivo geral deste estudo:
• Investigar as escolhas dos adolescentes relacionando a ganhos econômicos e culturais futuros por intermédio da Teoria do Capital Humano e sua relação com os fatores que influenciam a escolha da profissão.
Quanto aos objetivos específicos pretende-se:
• Apresentar os estudos referentes à escolha da profissão do adolescente, verificando as influências que se estabelecem nesse processo;
• Identificar os fatores que influenciam a escolha dos adolescentes vestibulandos da
cidade de Criciúma;
• Apontar as profissões de destaque na cidade de Criciúma e se os jovens garantem essa continuidade profissional;
• Situar Criciúma como um dos pólos de trabalho e estudo da região sul;
• Caracterizar o perfil do estudante do ensino médio da escola pública e particular da cidade de Criciúma quanto à sua escolha profissional.
Um projeto de vida, ou talvez a falta de um, pode estar presente no momento da
escolha profissional. Para alguns, essa escolha pode acontecer naturalmente, desde muito
cedo e não causar grandes problemas no vestibular. Para a maioria, porém, a opção pela
carreira profissional se torna um momento muito difícil que, não sendo bem analisada, pode
ser causa de grandes frustrações futuras, afinal, é um processo de autoconhecimento, que
também faz parte do processo da escolha.
A relevância deste trabalho decorre da contribuição dada ao ineditismo do tema, em
termos de pesquisa e referencial teórico, na cidade de Criciúma e região, servindo como
subsidio para estudos futuros, pois se preocupou em referenciar a pesquisa e a teoria com
uma extensa e reconhecida bibliografia científica.
Sendo assim, é pertinente salientar que este trabalho possui uma limitação que não
pode ser desconsiderada. Mesmo que o referencial teórico tenha abordado os estudos quanto
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às incertezas na escolha da profissão com autores nacionalmente e internacionalmente
reconhecidos pelo assunto, o principal objetivo desta pesquisa foi o de identificar as
influências no processo da escolha da profissão por parte dos estudantes do ensino médio de
Criciúma. Dessa forma, não se pode atribuir as mesmas evidências a todos os estudantes, de
maneira geral, que farão o vestibular.
Deixa-se aberto esse extenso campo de pesquisa para que novas contribuições possam
fazer parte de estudos relacionados ao tema em questão, desejando que as limitações
pertinentes a este trabalho impulsionem os outros para a realização de pesquisas cada vez
mais próximas das soluções para os problemas que se apresentarem.
Visando contemplar os objetivos apresentados, dividiu-se este estudo em seis
capítulos, sendo o primeiro e último a Introdução e a Conclusão respectivamente.
O segundo capítulo aborda os conceitos econômicos da educação, sob a ótica da
Teoria do Capital Humano, com suas críticas e aprovações como fator de motivação para a
carreira profissional, onde o arcabouço teórico que sustenta essa Teoria embasa-se em
Schultz (1973).
No terceiro capítulo procedeu-se à revisão bibliográfica da escolha da profissão, a
partir de autores que escrevem sobre esse tema, como Bianchetti (1996), Bock (2002),
Bohslavsky (1998), Lemos (2001); (2005) e Soares (2002), entre outros. Também se
apresentam e discutem-se as possíveis influências no processo de escolha da profissão.
No quarto capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos, onde se
relaciona as escolas pesquisadas, os instrumentos de amostra e a coleta dos dados.
No quinto capítulo apresenta-se o histórico de Criciúma, cidade foco deste estudo,
com ênfase em sua economia. Abordam-se também as profissões em destaque e as maiores
procuras nos vestibulares dos últimos cinco anos da Universidade do Extremo Sul
Catarinense (UNESC) e Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL – campus
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Tubarão), duas associadas da Associação Catarinense das Fundações Educacionais
(ACAFE), que contemplam o maior número de vestibulandos na cidade. Também nesse
capítulo são apresentados os resultados e a análise dos dados obtidos com a pesquisa.
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2 O VALOR ECONÔMICO DA EDUCAÇÃO
Educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento com retorno garantido. (ARTHUR LEWIS, 1915-1991).
Uma pesquisa do ano de 2005 da Fundação Getúlio Vargas (FGV) intitulada “O
retorno da Educação no Mercado de Trabalho” demonstra que o Brasil é um dos países
latino-americanos que possui o maior índice de diferença salarial entre quem freqüentou um
curso superior e os demais. Ou seja: o mercado paga mais a quem tem mais estudo.
Segundo o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), órgão ligado à
FGV, e coordenador da pesquisa, Marcelo Néri, “O principal determinante observável
isolado da renda é a educação. [...]. A analogia do capital humano com os outros tipos de
capitais é procedente. É verdade que ativos reais, ou financeiros, não ficam desempregados,
muito menos têm filhos, ou se aposentam, mas a comparação dos retornos é válida”. (NÉRI,
2005a, p. 1). O autor faz menção ao estudo de Carlos Geraldo Langoni de 19731, uma época
em que comparar capital humano com outros tipos de capitais era visto como um palavrão.
A pesquisa apresenta um ranking nacional das profissões em todas as 27 unidades
federais e nos 200 maiores municípios do país, procurando dar respostas a questões como:
em que profissão se ganha mais? Quem tem mais chance de conseguir um emprego? Qual a
profissão que tem a maior jornada de trabalho?
1 “Distribuição de renda e desenvolvimento econômico no Brasil” foi o primeiro estudo relativo às diferenças na educação como causadores de desigualdades de renda. O autor Carlos Geraldo Langoni, apoiado pelo então ministro da Fazenda Delfim Netto, faz uma comparação da distribuição de renda dos anos de 1960 a 1970, identificando, por regiões, os maiores e menores investimentos e sua contribuição para a educação. (HOFFMANN, 2001).
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O resultado da pesquisa evidencia a educação como sendo fundamental e
indispensável à construção e manutenção das profissões, comprovando que quanto mais se
estuda melhor é a remuneração.
Em uma entrevista para a revista Ensino Superior em dezembro de 2005, Marcelo
Néri fala sobre sua pesquisa junto à FGV e sustenta que a idéia de retorno está associada ao
capital humano, ou seja, ao retorno financeiro que a escolha profissional possa vir a render.
Ao mesmo tempo, segundo o autor, a pesquisa desfaz a idéia errônea de algumas
pessoas que acreditam que mesmo aqueles que possuem um curso superior não estão
empregados. Sobre isso ele justifica:
Uma coisa que a pesquisa desmistifica é a conversa de que tem tanta gente com curso superior que está subempregada, ou mesmo desempregada. A pesquisa mostra claramente que uma pessoa formada, um pessoa com mestrado ou doutorado, tem muito mais chances de conseguir um bom emprego. Educação é o mais forte diferencial competitivo. (NÉRI, 2005b, p. 19).
A pesquisa demonstra também, por meio do ranking das carreiras, as diferenças
salariais entre as várias carreiras universitárias com o objetivo de indicar quais os maiores
retornos econômicos no investimento em educação, concluindo que os melhores salários são
para quem tem mestrado ou doutorado em Administração, Medicina e Economia.
Os salários oriundos de quem freqüentou esses cursos chega a ser 1503% maior do
que quem nunca foi à escola, sendo que os pós-graduados em Administração são os melhor
remunerados, com salários na faixa de R$ 5.500,00. Entretanto, quando os fatores salários e
empregabilidade são combinados, os pós-graduados em Medicina lideram o ranking tanto em
salários quanto em chances de ocupação, com salários médios de R$ 5.091,00 e 93% de
chances de conseguir emprego. Esses fatores explicam, por exemplo, a diferença na posição
do ranking geral, onde Medicina aparece em primeiro lugar tendo um salário inferior ao de
Administração, que aparece em quarto lugar, como mostrado no anexo A.
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Isso leva a considerar que, quanto mais anos de estudo, maiores os retornos
financeiros, caracterizando também que algumas profissões são mais rentáveis que outras.
Néri (2005a, p. 3) completa:
A hierarquia dos níveis educacionais se espelha no ranking trabalhista. Mesmo no caso da alfabetização de adultos o salário é 10% maior e a chance de ocupação 66% maior do que dos adultos que nunca freqüentaram a escola. Nos desculpem os céticos, mas educação é fundamental.
Diante da temática abordada, é oportuno esclarecer que este trabalho quando se refere
a investimentos em educação, está se referindo ao investimento em ensino superior. As
referências estudadas demonstram que os anos de estudo que favorecem o investimento em
capital humano para retornos futuros são àqueles superiores ao ensino básico oferecido no
país.
Isto porque o investimento em educação fundamental no Brasil, até o ano de 2006, foi
regido pela Lei nº. 10.172/2001, que determinava obrigatoriedade à educação fundamental
gratuita a todo cidadão de 7 a 14 anos de idade e expande o ensino médio para jovens de 15 a
17 anos de idade. (BRASIL, 2001).
A partir de 2007, com a promulgação da Lei nº 11. 274, de 6 de fevereiro de 2006, o
ensino fundamental no Brasil passa a ser de nove anos, com a inclusão das crianças de 6 anos
de idade. (BRASIL, 2006a).
Ressalta-se que essa discussão em torno da ampliação do ensino fundamental para
nove anos já era prevista na Lei nº 9.394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
(BRASIL, 1996).
Estudos apontam, dentre eles Barros; Mendonça; Henriques (2002), Moretto (2003) e
Curi (2006), que investimento em educação alavanca a economia, garantindo retornos
positivos para o trabalhador, para a empresa e para o país. Investir em educação requer
22
compromisso e responsabilidade, pois começa pela qualificação dos professores e melhorias
físicas nas escolas.
Contudo, o indivíduo que decide investir em educação além dos anos básicos
oferecido pelas instituições públicas se depara com o problema da falta de recursos para
custear seus estudos, na maioria das vezes particulares. Sendo assim, a opção por buscar
novos conhecimentos requer deixar de lado outros investimentos considerados importantes.
Estabelece-se então um paradoxo: qualificar-se para entrar ou manter-se no mercado de
trabalho e saber se esse investimento realmente lhe trará o retorno esperado.
Os teóricos do capital humano, dentre eles Becker (1964), Schultz (1973), Mincer
(1974) e Crawford (1994), defendem que investir em conhecimento soma, e muito, para que
o ser humano se mantenha atualizado no mercado de trabalho. É um investimento de domínio
individual e inesgotável, fazendo com que a competitividade no trabalho lhe seja favorável.
O presente capítulo tem como finalidade apresentar a origem e os conceitos da Teoria
do Capital Humano, bem como as posições positivas e negativas que a concebem no mundo e
no Brasil, pautada nas discussões a respeito de sua utilização para a decisão profissional2.
Sendo assim, os itens seguintes abordam mais detalhadamente essas questões.
2.1 Educação como investimento pessoal – A Teoria do Capital Humano
2.1.1 Conceitos e características do capital humano
A palavra capital, na economia moderna, tem o significado de riqueza, valor,
propriedade. São “meios de produção que foram criados pelo trabalho e que são utilizados 2 Os termos profissão e vocação são utilizados, neste estudo, como sinônimos, respeitando a utilização de cada autor abordado. Sabe-se que epistemologicamente existem grandes diferenças, porém, para este estudo, essas diferenças não são significativas e não interferem em sua conclusão.
23
para a produção de outros bens”. (SANDRONI, 1994, p. 40). Para o autor, é por meio do
capital que forma-se a riqueza, o que, conseqüentemente, gera renda.
A idéia de relacionar capital ao ser humano é recente. O que antes era denominado
apenas como valor que podia ser mensurado pelo acúmulo de bens de um indivíduo, passa a
fazer parte de um contexto como valor intrínseco do ser humano, não podendo ser medido em
números, mas em qualidade de conhecimento.
Friedman (2000, p. 16 apud PONCHIROLLI, 2003, p. 117) descreve a trajetória do
“capital” para que se possa entender o conceito dado a capital humano.
DESTAQUE DA HISTÓRIA DO “CAPITAL”
1611 – Randle Cotgrave define “capital” como a riqueza possuída por um indivíduo. 1776 – 1790 – Adan Smith e Edmund Burke escrevem sobre “capital social” de uma empresa e sobre a importância de começar um empreendimento (comércio) com “capital”. 1793 – Jeremy Benthan estende a noção de capital dos níveis individual e empresarial para o nacional. 1867 – Karl Marx afirma que todo valor vem da mão de obra. 1911 – As idéias de Frederick Taylor compartimentam o trabalho, reduzindo seu valor percebido. 1979 – Theodore Schultz e Sir Arthur Lewis recebem o prêmio Nobel de Economia por seu trabalho pioneiro sobre capital humano. 1998 – Em um obituário do Chicago Tribune Theodore Schult é aclamado como o “pai do capital humano”. A noção de capital humano ganhou bastante reconhecimento, com quase dois milhões de sites sobre o assunto na internet.
A Teoria do Capital Humano surgiu em meados da década de 1960, das idéias
econômicas de Jacob Mincer (1974). Porém foi amplamente difundida e popularizada por
meio de Theodore Schultz (1973) e Gary Becker (1964), ambos ganhadores do Prêmio Nobel
de Economia em 1979 e 1992, respectivamente. A principal idéia dessa teoria é a de que o
ser humano, quando investe economicamente em educação, está investindo em si próprio,
acumulando capital: o capital humano. Esse capital, por sua vez, quando estimulado e
aprimorado, melhora o desempenho individual do trabalhador ofertando-lhe melhores
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remunerações que, conseqüentemente, contribuem para o desenvolvimento econômico na
sociedade em que ele está inserido.
A característica principal do capital humano é de que este está intrinsecamente ligado
ao homem. “É humano por quanto (sic) se acha configurado no homem, e é capital porque é
uma fonte de satisfações futuras, ou de futuros rendimentos, ou ambas as coisas.”
(SCHULTZ, 1973, p. 53).
Mincer (1974) tratou a questão do capital humano estatisticamente, mostrando que
existe uma relação positiva entre educação e rendimento no trabalho. Sua metodologia
consistia em provar que cada ano estudado correspondia a um percentual maior no aumento
salarial do indivíduo. Enfatiza que os rendimentos individuais dos trabalhadores são
originados a partir dos investimentos em capital humano. Acrescenta, ainda, que esse capital
é cumulativo e aberto a novos conhecimentos, contribuindo cada vez mais para o crescimento
de sua renda pessoal.
Na mesma linha de pensamento está Gary Becker, que esteve no Brasil em 1994 no
VII Fórum da Liberdade que trazia como tema: Novos desafios em Educação, realizado em
Porto Alegre. Nesta ocasião Becker enfatizou que “o capital humano é a maior riqueza de
uma nação”. (...). “O século XX e o próximo serão conhecidos como a época do
conhecimento humano. No mundo moderno não se atinge a prosperidade sem investimento
em capital humano.” (FÓRUM DA LIBERDADE, 1994).
Com suas pesquisas como professor na Universidade de Chicago, Becker (1964)
referenda que, quanto mais o indivíduo investe em sua própria formação ou em seu “capital
pessoal”, mais valorizado será no mercado de trabalho. As evidências mostram que os países
que mais crescem são aqueles que promovem o capital humano de maneira mais eficaz.
Afirma, ainda, que a cada dia crescem as diferenças entre os que têm o ensino superior e os
que apresentam um baixo nível de escolaridade. Segundo ele, nas décadas de 1960 e 1970 a
25
diferença de salários entre os que possuíam o ensino superior e os que possuíam o segundo
grau era de 50%. Na década de 1980, essa diferença aumentou para 80%.
Em uma entrevista à repórter Nely Caixeta do Portal Exame em 1997, Becker afirma
que: “a educação permite aos jovens das camadas pobres ascenderem no mundo, fazendo
com que se reduza a tendência de as desigualdades de riquezas se perpetuarem de uma
geração para a outra”. Os países que fizeram grandes investimentos financeiros para educar
suas populações são aqueles que obtiveram maior desenvolvimento econômico. (CAIXETA,
1997). 3
Entretanto, o autor faz ressalvas quanto à capacidade de aprender de cada um, pois
cada ser humano é dotado de capacidades diferentes e, em conseqüência, aprendizagens
diferentes. Dessa forma, caberia a cada um decidir até quando e quanto deveria investir em
seu “capital pessoal”. Somente ele próprio saberia o momento que este investimento não mais
lhe traria retorno financeiro e, portanto, o momento de parar com estes investimentos.
Schultz (1974) foi quem mais difundiu a Teoria do Capital Humano com sua obra O
capital humano: investimentos em educação e pesquisa, mostrando os benefícios de
investir financeiramente no homem.
Para o autor, quando se promove o desenvolvimento econômico com melhorias nas
áreas educacionais, está-se investindo em capital humano e, por conseguinte, auxiliando na
redução das desigualdades sociais e diminuição da pobreza, condição natural para o
desenvolvimento de uma nação.
Essa afirmação é sustentada por um estudo feito entre os anos de 1900 e 19564 nos
Estados Unidos, constatando que o trabalhador, quando possuía boas condições salariais, 3 CAIXETA, Nely. A educação iguala as oportunidades. Exame. São Paulo, set. 1997. Seção economia. Disponível em: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/1997/economia/m0052487.html. Acesso em: 23 mar. 2007. 4 Esse estudo realizado por Schultz mediu os índices de acesso dos jovens ao ensino médio e superior entre os anos de 1900 a 1956 nos Estados Unidos, a partir de questionamentos do autor em explicar o crescimento econômico na década de 1950 naquele país. Concluiu com os estudos que, em termos de valores, o aplicado em educação cresceu de 22% em 1900 para 42% em 1956, estando aí, segundo o ele, a chave para decifrar o enigma do crescimento econômico. (SCHULT, 1973, p. 41-94).
26
investia em educação, tendo como retorno, além de melhorias na qualidade de ensino, uma
melhor qualificação profissional que o tornava apto para atividades mais complexas e melhor
remuneradas. A qualidade adquirida com os investimentos em estudos se traduz em
qualificação da mão-de-obra exigida pelo mercado de trabalho, ampliando o leque de
escolhas desse trabalhador mais preparado, diante dos novos desafios que o mundo apresenta.
Em estudos posteriores e creditando méritos à Teoria do Capital Humano, Crawford
(1994) considera os trabalhos de Schultz (1973) e Becker (1964) pioneiros nos estudos sérios
sobre a necessidade de investimento pessoal para alavancar o desempenho profissional.
O autor, em seu livro Na era do capital humano, defende o investimento em capital
humano como ponto central na transformação global. Ele define capital humano como sendo
de “pessoas estudadas e especializadas” (CRAWFORD, 1994, p. 17). Para ele, embora o
conceito de capital humano seja conhecido desde o século XVIII a partir dos estudos de
Adam Smith e outros, foi somente com a obra de Becker (1964) e principalmente de Schultz
(1973) que o tema passou a ser mais aprofundado. No entanto, a abordagem de Crawford
(1994) centra-se basicamente na eficiência diária dos negócios a partir do investimento em
capital humano, como força econômica nas empresas.
Crawford (1994) diferencia conhecimento de informações para defender sua idéia de
que investimentos em informações geram conhecimentos, sendo este uma forma de capital.
No conceito do autor, conhecimento é unicamente humano. Enquanto informações podem ser
encontradas em vários objetos inanimados, o conhecimento é a capacidade de interpretar
esses objetos e se auto-reproduzir, ser substituído, transportável e compartilhado. A esse
respeito o autor esclarece:
Um conjunto de coordenadas da posição de um navio ou o mapa do oceano são informações, a habilidade para utilizar essas coordenadas e o mapa na definição de uma rota para o navio é conhecimento. As coordenadas e o mapa são as "matérias-primas" para se planejar a rota do navio. [...] Conhecimento é a capacidade de aplicar a informação a um trabalho ou a um resultado específico. Somente os seres humanos são capazes de aplicar desta forma a informação através de seu cérebro ou de suas habilidosas mãos. (CRAWFORD, 1994, p. 21).
27
A desatualização do conhecimento é constante e os investimentos em capital humano
devem estar sempre em dia. A rapidez com o desenvolvimento de conhecimentos e a
tecnologia acelerada fazem com que a atualização do trabalhador, em adquirir conhecimento
na sua área, seja uma necessidade constante. A única maneira de os trabalhadores da
sociedade do conhecimento se manterem efetivos no mercado de trabalho é renovando
constantemente seu aprendizado e investindo sempre em seu capital humano.
Peter Drucker (1909-2005), considerado o “guru” da administração de empresas
moderna, corrobora com o exposto afirmando que, em se tratando de conhecimento, esse é
marcado pela escassez e torna-se muito rapidamente obsoleto, fazendo com que os
trabalhadores que o utilizam tenham que procurar regularmente a escola. (DRUCKER, 1999).
O autor continua: “Na sociedade do conhecimento, a premissa provavelmente mais correta
para as empresas é que elas precisam dos trabalhadores do conhecimento muito mais do que
os trabalhadores do conhecimento precisam delas”. (DRUCKER, 1999, p. 86)
Mesmo que inicialmente seja vista sob uma perspectiva econômica, a idéia de
investimento em capital humano para estreitar os laços com o mercado de trabalho tem seus
fundamentos educacionais a partir de autores da qualidade de Lev S. Vigotsky. Renomado
psicólogo e estudioso da pedagogia foi um dos grandes pesquisadores do desenvolvimento
humano e sua relação com o meio. Na perspectiva vigotskiana, o ser humano é concebido
como um sujeito interativo, social e histórico, em constante mudança, portanto, dialético,
reforçando que o meio social em que este está inserido é responsável, em grande parte, por
sua aprendizagem e desenvolvimento em todas as áreas. (WERTSCH, 1988).
Em sua obra Psicologia Pedagógica, publicada na Rússia em 1926, Vigotsky (2004)
dedica um capítulo à educação pelo trabalho no qual aborda a relação deste com a educação
como algo indissolúvel, que ganha aperfeiçoamento através da transformação técnica em
transformação científica.
28
Por mais estranho que pareça, o operário comum de uma grande empresa deve caminhar passo a passo com a ciência, e nesse sentido são ilustrativas as palavras de um empresário americano: “O operário que estiver dez anos atrás do atual desenvolvimento da ciência não pode contar com uma vaga na minha fábrica”. (VIGOTSKY, 2004, p. 257).
Segundo o autor, o trabalho físico e forçado não deveria ser feito pelo homem, mas
sim pela máquina, cabendo ao homem ser o responsável intelectual pelo funcionamento
desta. Para isso, seria necessário uma formação maior, denominada por ele de politécnica,
que seria o conhecimento das particularidades que compõem um ambiente de trabalho, da
forma científica, o que, pela sua descrição, deduz-se tratar-se de uma educação comparada,
atualmente, aos cursos superiores.
[...] o trabalho se transforma em conhecimento científico cristalizado e para adquirir habilidades é efetivamente necessário dominar um imenso capital de conhecimentos acumulados sobre a natureza, que são utilizados em cada aperfeiçoamento técnico. [...]. O significado educativo desse tipo de trabalho é infinito porque, para dominá-lo plenamente, é necessário o mais pleno domínio do material da ciência acumulado por todos os séculos. (VIGOTSKY, 2004, p. 257-258, grifo nosso).
Segundo a abordagem vigotskiana as funções psíquicas do ser humano são
desenvolvidas por meio das interações do individuo em seu contexto social e cultural,
incluindo-se as relações diárias no trabalho. Dessa forma, se estabelece uma crescente
aprendizagem quando o individuo compreende os conceitos, na educação escolar, e os alia à
prática do trabalho, contribuindo para o desenvolvimento do homem enquanto cidadão que
transforma a sociedade, e ao mesmo tempo se transforma, por meio da modificação que o
trabalho, aliado a educação, proporciona.
Leontiev (1981) um dos colaboradores mais próximos de Vigotsky, contribui quando
diz que o homem é um ser histórico e, portanto, intrinsecamente ligado ao meio em que vive.
Ele realiza as funções de trabalho que lhe são atribuídas, por meio de seu aprimoramento e
desenvolvimento intelectual, onde concatena as atividades intelectuais com a ação
transformadora do trabalho. “As atividades mentais internas emergem da atividade prática
29
desenvolvida na sociedade humana com base no trabalho, e são formadas no curso da
ontogênese5 de cada pessoa em cada nova geração”. (LEONTIEV, 1981, p. 56 apud
OLIVEIRA, 1997, p. 97).
Neste contexto, infere-se que tanto Leontiev (1981) como Vigotsky (2004)
reconheciam a necessidade de aliar trabalho com educação, de forma que esta fosse a mais
qualificada possível, necessitando, para isso, de maior disponibilidade de tempo dedicado ao
aperfeiçoamento de seu capital intelectual, condição necessária para o empregado manter-se
no trabalho.
Há de ressaltar, no entanto, que como qualquer outra idéia ou teoria que se
apresentam como inovadoras, as críticas se fizeram presentes, sendo esse o assunto do item
seguinte.
2.1.2 Primeiras críticas desfavoráveis à teoria do capital humano
Mesmo com seus estudos comprobatórios quanto à eficácia de investimentos em
capital humano, Schultz (1973) se deparou com várias críticas desfavoráveis sobre sua teoria,
entre elas a carência de dados empíricos em seus estudos e, principalmente, no tratamento
dado à educação, comparando-a a um investimento produtivo. Para os “educadores
moralistas”, é repugnante a idéia de criar-se capital pela educação, pois esta deve ser cultural
e não econômica. Eles também questionavam a desconsideração ao processo de desigualdade
educacional existente que segmentava a qualidade de ensino. Afirmavam, ainda, que é uma
teoria na qual os indivíduos decidem suas escolhas profissionais apenas avaliando seus
retornos pecuniários. Dessa forma, deixam de fora seus ideais e desejos, contribuindo para
futuros conflitos e insatisfações profissionais.
5 Palavra que designa o desenvolvimento do individuo, onde o conhecimento é um processo de modificações e adaptações ao meio em que vive. (ABBAGNANO, 2000).
30
Harry G. Shaffer (1961) e Jack Wiseman (1965) eram, na década de 1960, os mais
fortes opositores a essa teoria. Shaffer discordava do conceito aplicado ao homem como
capital humano, pois reforçava a idéia de homem/produto e questionava também a idéia de
educação como investimento, pois não havia como distinguir quando as despesas em
educação eram vistas como consumo e quando eram destinadas à produção.
Outra questão levantada por Shaffer (1961) é no que tange à dificuldade em mensurar
os rendimentos feitos na educação. Questionava que as condições sociais, raça, estrutura
familiar e capacidades inatas somam enormes diferenças entre os indivíduos no mercado de
trabalho.
O autor mostrava-se preocupado que o investimento em educação particular em
capital humano deixasse de fora as classes mais prejudicadas da sociedade, como mulheres e
negros. Como investir em capital humano requer investimento monetário, a sociedade
poderia negar educação a essas classes menos privilegiadas, pois teria o retorno nas classes
mais altas.
Ao buscar maximizar os argumentos em sua defesa, Schultz (1973) admite ser difícil
mensurar quantitativamente os investimentos feitos em capital humano e seu retorno.
Todavia, apresenta dados comprobatórios de sua pesquisa comparativa entre os anos de 1900
e 1956, tomando como base o ano de 1949, com estudantes do ensino secundário, onde os
investimentos tributáveis investidos pelas autoridades na educação tiveram um retorno de
mão-de-obra especializada.
Ainda em sua defesa, o autor rebate as críticas quanto ao processo de inclusão,
dizendo que os investimentos em educação inclusiva para essas classes menos favorecida
sempre ficou abaixo da qualidade exigida, permitindo que os rendimentos dos trabalhadores
brancos sempre superassem os rendimentos dos trabalhadores negros, concordando que os
investimentos públicos em capital humano não deveriam visar somente aos retornos
31
econômicos. Dessa forma, os investimentos feitos em educação jamais negarão ao homem o
desenvolvimento pleno de suas potencialidades culturais e de cidadãos responsáveis. O
investimento em capital humano potencializaria os objetivos esperados pela educação
cultural e incrementaria a capacitação do ser humano na gerência e administração de seus
negócios.
Wiseman (1965), por sua vez, tem opiniões baseadas na economia tradicional, na qual
o “binômio carência-satisfação6 não é o derradeiro critério de valoração”, onde o homem não
transforma suas necessidades em algo final, pois cria e adapta seus valores. Argumenta que
as capacitações técnicas adquiridas que aumentam os futuros rendimentos pessoais não têm
quaisquer significações financeiras à medida que a educação muda as atitudes, os padrões de
expectativas e de preferências. Sendo assim, o que investe em capital humano hoje pode
perder o interesse no futuro.
Schultz (1973) revida a opinião de Wiseman (1965), detalhando que o acúmulo de
capital humano é fator indispensável para se manter no mercado de trabalho, e o refuta com
uma prova empírica em que exemplifica: “Quando o mercado de capital fornece empréstimos
pessoais faz distinção entre médicos, advogados e engenheiros com boas situações de
emprego, por um lado, e fazendeiros e empregados de fazendas sem maiores qualificações e
mineiros com seus empregos, por outro.” (SCHULTZ, 1973, p. 62).
Isso posto, percebe-se que mesmo em um estágio embrionário, a teoria do capital
humano já provocava discussões com argumentações contrárias às suas ações. Mesmo
discordando do conceito que se iniciava a partir das idéias de Schultz sobre o capital humano,
6 Na economia, os indivíduos que têm determinada carência (fome, frio), geram uma demanda ao mercado. Nesse mesmo mercado, existem empresários (ofertantes) que observam essas demandas e as atendem. Todavia, somente é atendida e satisfeita a demanda daqueles indivíduos que têm capacidade de compra, ou seja, renda. Dito de outra forma, o binômio carência-satisfação só se realiza para aqueles indivíduos que têm renda suficiente para atender às suas necessidades.
32
Shaffer (1961) e Wiseman (1965) não conseguiram frear a disseminação dessa teoria pelo
mundo, inclusive no Brasil, onde também encontrou posições contrárias e favoráveis a ela.
Dada a importância do assunto capital humano para este trabalho, dividiu-se o item
seguinte em duas seções, abordando-se as críticas desfavoráveis e de apoio à teoria do capital
humano no Brasil.
2.2 A Teoria do Capital Humano e sua repercussão no Brasil
2.2.1 Oposições à Teoria do Capital Humano no Brasil
No Brasil, a Teoria do Capital Humano também levantou polêmica e contradições.
Um dos fortes opositores a essa teoria até nos dias atuais é o professor Gaudêncio Frigotto,
da Universidade Federal Fluminense (UFF). Em suas críticas, Frigotto (1995) rebate a teoria
do capital humano, que, segundo ele, possui amplos aspectos do positivismo7, e foi alçada
como panacéia para todos os problemas de desigualdades educacionais do país. Para ele, a
idéia central dessa Teoria baseia-se na tese de que um pequeno acréscimo no nível de
escolaridade bastaria para que o indivíduo se destacasse dos demais, potencializando assim a
capacidade de trabalho e produção.
A partir desse quadro, Frigotto (1995) acusa a Teoria do Capital Humano de passar a
idéia de ser um dos investimentos mais rentáveis para a nação, como um todo, e também para
o indivíduo que resolve fazer esse tipo de investimento. A educação deixaria de ser um
direito dado a qualquer cidadão para ser considerada como um serviço qualquer oferecido a
quem puder pagar.
7Segundo Triviños (1995) o positivismo é uma corrente filosófica da metade do séc. XIX, baseou-se no ideário de Auguste Conte e na utilização de métodos estatísticos para explicar a natureza da ciência. Rejeita toda especulação que não seja passível de comprovação, adotando a neutralidade científica, não cabendo questionar as conseqüências das descobertas.
33
Na visão do autor, a Teoria do Capital Humano, em sua essência, mantém as mesmas
características de outras tentativas do capitalismo8 em restringir o processo de educação
escolar a uma assistida formação técnica e restrita. Ela não permite ao educando novas
oportunidades de abstração e criatividade, ficando submetidos à lógica do mercado capitalista
que segmenta e exclui. Logo, quanto mais o sistema capitalista se estrutura, menos as classes
trabalhadoras possuem direito a uma escola formativa, qualidade esta dos filhos dos mais
ricos. O que sobra, portanto, é a escola disciplinadora e adestradora que em nada colabora
para o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo.
Frigotto também participa com comentários introdutórios no livro de István
Mészáros9, outro opositor a essa teoria. Conforme Mészáros (2005, p. 27) deve-se propor
uma mudança significativa nos atuais moldes da educação “feitas às margens corretivas
interesseiras do capital” abandonando esse modelo educacional e procurando novos caminhos
de educação de qualidade.
O autor defende uma educação para além do capital, sendo que essa deve estar
baseada na não conformidade dos indivíduos, impedindo que as metas propostas pela
educação capitalista sejam internalizadas e aceitas como parte de suas próprias metas. As
reformas devem ser profundas, desmistificando tudo o que estiver visível ou obscuro,
envolvendo todos que, na sociedade, se preocupam em melhorar as condições educacionais.
Afirma, entre outras coisas, que a educação não é um negócio, é criação. Que educação não
deve qualificar para o mercado, mas para a vida.
Schultz (1973) levantou a possibilidade de o ser humano possuir muito mais do que
aptidões inatas, podendo desenvolver e construir novas habilidades por meio de 8Sistema econômico e social predominante na maioria dos países industrializados ou em industrialização. Nele, a economia baseia-se na separação entre trabalhadores livres, que vende sua força de trabalho em troca de salário, e capitalistas, que são os proprietários dos meios de produção e contratam esses trabalhadores para produzir mercadorias visando à obtenção de lucro. Significa dizer que existem patrões e empregados, classes sociais distintas, ricos e pobres. (SANDRONI, 1994, p. 42). 9 István Mészáros, professor emérito da Universidade de Sussex esteve no Brasil em 2004 para a abertura do Fórum Nacional de Educação em Porto Alegre. O ensaio que fez para esse evento deu origem ao livro A educação para além do capital.
34
investimentos na área de educação contribuindo, assim, para sua formação como ser humano,
mas também como ativos no processo econômico da sociedade em que está inserido.
Para ele, a educação era a forma de investimento mais acertada do que a maioria dos
investimentos em capital não-humano. Isto porque, segundo o autor, quando se investe em
educação secundária, esta pode servir a pessoa pelo resto de sua vida, ou no caso de quem
está no mercado de trabalho, acrescer produtivamente por 40 anos ou mais.
Pochmann (2001) e Schultz (1973) discordam quando este afirma que as pessoas mais
qualificadas podem aumentar sua renda e ter bons empregos. Para Pochmann, se isso fosse
verdade, os países desenvolvidos não teriam jovens com problemas de emprego.
O autor analisou os dados do Censo de Ensino Superior, divulgado pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em junho de 2000,
que apontam um aumento de 43% nas matrículas em universidades desde 1995, indicando
que o nível de escolaridade dos estudantes brasileiros estava em crescimento.
Os dados atuais disponíveis para consulta mostram que a procura dos estudantes pelo
curso superior do ano de 2004 para 2005 continuou em crescimento:
Os últimos dados consolidados da educação superior brasileira, do Censo da Educação Superior 2005 apontam que em 2005 foram oferecidas 2.435.987 vagas pelo sistema de educação superior, 115.566 a mais que no ano anterior (aumento de 5%). Inscreveram-se para disputar essas vagas em 2005 5.060.956 candidatos, 6.964 a mais que em 2004, representando um acréscimo de 0,14% na demanda por vagas. Efetivamente, ingressaram na educação superior 1.397.281 novos alunos, perfazendo um total de 4.453.156 matriculados. (BRASIL, 2006). 10
Contudo, Pochmann (2001) observa o crescente índice de desemprego. Mesmo com o
aumento de entrantes na educação superior, o crescimento de universitários empregados não
aumentou. Segundo suas pesquisas, os jovens permanecem cada vez mais na escola,
justamente por falta de oportunidades no mercado de trabalho. Como o índice de desemprego
10BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da Educação Superior. Referência 2005. Brasília, DF. Disponível em: http://www.inep.gov.br/superior/censosuperior/default.asp. Acesso em: 15 set. 2006.
35
no país é muito alto, a procura se torna maior, gerando assim uma oferta maior do que a
procura. Infelizmente, muitos empresários procuram contratar os empregados menos
escolarizados, pois estes tendem a trabalhar por salários menores. “Ao contrário do que
indica o senso comum, a taxa de desemprego tem sido mais expressiva para as pessoas com
escolaridade entre 4 e 7 anos do que para os trabalhadores com menos de um ano de acesso à
educação”. (POCHMANN, 2001, p. 105).
Portanto, para o autor, a tese que defende uma maior qualificação para se ter acesso e
permanência no emprego não é válida. “Embora sejamos um país de baixa escolaridade, com
média do brasileiro de 6 anos e 6 meses de estudo, nossos jovens com maior escolaridade não
encontram postos de trabalho decentes”. [...]. (POCHMANN, 2006). 11
Paralelamente às oposições criadas no Brasil, as idéias de Schultz (1973) tiveram
grande repercussão positiva entre os intelectuais dos governos militares nas décadas de 1960
e 1970 que viam, numa análise simplista, o investimento sistemático e organizado em
educação por parte do governo como solução para o desenvolvimento e a mobilidade social.
Percebeu-se mais tarde, que esse método não apresentou os resultados propagados, visto que
os investimentos feitos na área de educação foram muito inferiores aos anunciados no plano
inicial, acabando por reproduzir o status quo12 vigente, ao favorecer apenas as classes sociais
mais abastadas.
Um outro aspecto a ser considerado foi a reformulação da idéia original da Teoria do
Capital Humano pelas empresas, nas quais o investimento no capital humano de seus
trabalhadores era determinado pela necessidade e objetivos particulares da organização.
(CATTANI, 1997).
11POCHMANN, Márcio. Desemprego é a grande ameaça ao jovem entre 15 e 24 anos. Portal educacional, Jun. 2000. Disponível em: http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0027.asp. Acesso em 15 maio 2007. 12Status quo é uma expressão latina que designa o estado atual das coisas, seja em que momento for. Emprega-se esta expressão, geralmente, para definir um mau estado de coisas, com o qual se está descontente, mas que, por qualquer motivo, parece ser defendido por muita gente. (MORENO, 2007).
36
Todavia, A Teoria do Capital Humano já estava consolidada, e sua existência passou
a ser estudada, analisada e apoiada por muitos pesquisadores, que consideram incontestável
seu valor para o desenvolvimento educacional e profissional do ser humano.
2.2.2 Apoio à Teoria do Capital Humano no Brasil
Langoni (2005) foi o pioneiro no Brasil a fazer ligação entre investimentos em
educação (capital humano) e retornos financeiros maiores. Foi com seus estudos, publicados
no ano de 1973, que se iniciou o debate em torno dessa relação. Entretanto, segundo ele, a
educação não depende exclusivamente do indivíduo, pois este é dependente dos
investimentos das escolas públicas ou privadas a que ele terá acesso. De qualquer forma, para
ele, o indivíduo que tiver um nível de instrução maior terá maiores possibilidades de obter
melhores empregos e conseqüentemente maiores rendimentos.
O autor faz menção aos estudos publicados de Gary Becker em 1967 sobre o Capital
Humano e Theodore Schultz, quando este ainda não havia dado sua contribuição a esta
Teoria, mas escrevera sobre as mudanças nos setores de trabalho tradicionais e modernos dos
Estados Unidos.
O objetivo principal dos estudos de Langoni (2005) era determinar as causas da
desigualdade de renda no país e a importância da educação na vida das pessoas. Seus estudos
indicaram uma forte correlação entre o nível de escolaridade e o nível de renda. “As
mudanças ocorridas nas rendas relativas atribuídas à educação são nitidamente as mais
importantes ao longo de todo o perfil de distribuição”. (LANGONI, 2005, p. 106).
Disso pode-se inferir que a concentração de investimento em educação está entre os
principais fatores que conduzem à concentração da renda. Obviamente, outras variáveis são
levadas em consideração pelo autor, como composição etária, cor, raça e sexo entre outras.
37
Para Langoni (2005) a educação, nas décadas de 1960 a 1970, teve um grande peso no
aumento da desigualdade de distribuição de renda, pois os ganhos daqueles que investiam em
educação (curso superior) subiram consideravelmente em relação àqueles com grau de
instrução menor.
Especificamente a respeito da teoria do capital humano, Langoni (2005) diz que:
A partir da última década, com a formalização de Becker da teoria do capital humano, que sugere uma relação causal inequívoca de educação, para renda via seu impacto sobre a produtividade, começou-se a acumular evidências empíricas em diversos países, em diferentes estágios de desenvolvimento, acerca da substancial contribuição da educação para os diferenciais observados de renda. [...] com base em toda evidência empírica reunida até o presente, há indicações seguras de que, mesmo considerando o impacto da inteligência e do background familiar, a contribuição “pura” de educação ainda é substancial em qualquer função que procure explicar diferenças individuais de renda. (LANGONI, 2005, p. 117).
Vale lembrar que os estudos de Langoni (2005) se referem às décadas de 1970/1980,
porém sua posição, já naquela época, corrobora com a tese de que investir em educação traz
maiores retornos financeiros.
Partindo da mesma premissa, um estudo realizado por Barros; Mendonça e Henriques
(2002) apontam que a desigualdade de renda no país está diretamente ligada às diferenças de
escolaridade da população. Os autores apontam que as diferenças em anos de estudo recaem
diretamente no valor atribuído ao salário do trabalhador, resguardando, é claro, outras causas.
Especificamente no que se refere ao impacto da educação sobre a renda per capita e o nível de salários, vemos, por exemplo, que Lau, Jamison, Liu e Riukin (1996) estimam que um ano a mais de escolaridade da força de trabalho aumentaria a renda per capita brasileira em 20%. Barros e Mendonça (1998), por sua vez, mostram para a região metropolitana de São Paulo que cada ano adicional de educação superior aumentaria os salários, em média, em 16%. (BARROS; MENDONÇA; HENRIQUES, 2002, p. 8).
Moretto (2002) faz um amplo estudo sobre a associação entre investimentos em
educação superior como ponte para maiores rendimentos no futuro. Sua pesquisa foi feita no
estado de São Paulo em cinco universidades, uma pública e quatro particulares, totalizando
38
um número de 2.131 alunos, distribuídos em 33 diferentes cursos de graduação. Mesmo a
pesquisa tendo sido realizada no município de São Paulo, seu valor em termos de país pode
ser validado em função de este reunir o maior número de instituições e matrículas no ensino
superior do Brasil. No ano de 2001, ano da pesquisa, existiam 120 instituições e
aproximadamente 365.000 alunos matriculados, o equivalente a 12% dos universitários do
país.
Embora seus estudos tenham apontados outras variáveis que não as relacionadas com
investimento em capital humano como fator de mobilidade profissional, mas também
variáveis racionais e psicológicas, seus resultados apontaram que a decisão de cursar o ensino
superior como investimento em capital intelectual não pode ser desconsiderado.
(MORETTO, 2002).
Pereira (2003) salienta que, com a abertura da economia brasileira ao exterior em
meados da década de 1990, houve necessidade, por parte das empresas nacionais, de
competir no mercado globalizado mediante a qualificação da mão-de-obra. Dessa forma,
investir em educação como melhoria da “capacitação da força de trabalho contribuem para a
inserção das empresas no mercado globalizado e para a geração de emprego e renda”.
(PEREIRA, 2003, p. 22).
Seus estudos apontam ainda, para a influência da Teoria do Capital Humano como
critério para expandir o ensino superior no país, no período de 1960 a 1980, pois ela
estabelecia que a educação era responsável pelo aumento da produtividade e renda dos
indivíduos.
Em 2003 o Ministério da Fazenda, em um documento em que objetivava apresentar as
prioridades econômicas e estruturais do país através de sua agenda econômica, apontava o
investimento em educação como fonte para o desenvolvimento econômico, comparando a
pouca escolaridade do povo brasileiro com outras nações em desenvolvimento.
39
A força de trabalho tem contribuído pouco para o crescimento econômico brasileiro per capita ao longo dos últimos 50 anos, inclusive em períodos de crescimento elevado, como o período 1965/76. Isso se deve ao reduzido nível de escolaridade da população brasileira, o que pode ser constatado pela comparação do Brasil com outras nações desenvolvidas e em desenvolvimento. [...]. Estudos demonstram que cada ano adicional de estudo no Brasil aumenta o salário do trabalhador em torno de 12%. Menezes Filho (2001). Adicionalmente, considerando que haja equivalência entre o benefício privado e o benefício social da educação, como apontado por Krueger & Lindahl (2000), pode -se estimar que um ano a mais de escolaridade da população signifique um incremento, no longo prazo, de 6 a 8% na renda nacional. (BRASIL, 2003).
Com estudos que apontavam que o investimento em educação é requisito básico para
o desenvolvimento do país, o Ministério da Fazenda apresentava propostas visando a
melhorias em diversas áreas, feitas a partir de um diagnóstico dos diversos problemas
enfrentados nas últimas décadas, incluindo a baixa escolaridade dos brasileiros como um dos
fatores do pouco crescimento econômico.
Curi (2006) em pesquisa sobre nível de escolaridade e retorno financeiro com jovens
brasileiros, conclui que investimentos em educação, estendidos aqui remuneração de
professores e melhorias na infra-estrutura escolar, fazem com que o aluno permaneça por
mais tempo na escola, contribuindo para seu aperfeiçoamento educacional.
A autora analisa, ainda, a relação entre maiores investimentos em educação e o
aumento de sua qualidade. Mesmo concluindo que no Brasil os investimentos em educação
não signifiquem, necessariamente, maior qualidade educacional, o estudo demonstra que os
níveis de escolaridades estão diretamente ligados às diferenças salariais futuras.
Curi (2006) recorre aos estudos de Menezes Filho13 (2001 apud CURI, 2006, p. 12)
para respaldar suas afirmações acerca do investimento em Capital Humano.
O debate em torno do peso da educação como fator explicativo da desigualdade de renda existente no Brasil é intenso, destacando-se a corrente que defende que a escolaridade é o principal fator explicativo causal da desigualdade, por gerar diferenças de produtividade entre os indivíduos que vão perdurar por todo seu ciclo de vida.
13MENEZES-FILHO, Naércio. A. Educação e Desigualdade. In: LISBOA, M. B.; MENEZES FILHO, N. Microeconomia e sociedade no Brasil. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2001.
40
Curi (2006) afirma também que o Capital Humano é um dos principais determinantes
da taxa de crescimento e do nível de bem-estar de um país, e que diversos estudos
demonstram uma significativa diferença de salário que pode ser medida pelos anos de estudo
das pessoas. Mesmo que pesquisas internacionais não apontem um avanço em termos de
qualidade na educação brasileira, os anos que o indivíduo passa dentro da escola somam,
positivamente, em seus rendimentos futuros, não podendo, portanto, ser desprezados.
Essas considerações feitas por Curi (2006) são corroboradas por recente estudo
realizado por uma equipe de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA). Datada de março de 2007, o relatório técnico conta com a análise de alguns dos
maiores especialistas brasileiros sobre o tema. Entre os organizadores encontram-se Menezes
Filho e Paes de Barros. Este relatório recebeu o título: Sobre a Recente Queda da
Desigualdade de Renda no Brasil. 14 O trabalho foi submetido a um comitê, denominado
Comitê Internacional de Alto Nível, coordenado por Manuela Carneiro da Cunha, professora
de antropologia na Universidade de Chicago, em que diversas personalidades em todo o
mundo, ligadas ao assunto, avaliaram o relatório. (BRASIL, 2007a).
Os resultados desse estudo colocam que investimento em educação de qualidade é o
primeiro passo para que a desigualdade de renda continue caindo, proporcionando, assim, o
desenvolvimento econômico sustentável do país.
Ampliar o acesso à educação tem dois grandes impactos sobre a desigualdade de renda. Por um lado, maiores oportunidades educacionais tendem a elevar a escolaridade média dos mais pobres, reduzindo, com isso, a desigualdade educacional da força de trabalho e, conseqüentemente, a desigualdade de rendimentos do trabalho. Por outro lado, com uma maior oferta de mão-de-obra qualificada o prêmio por qualificação tende a diminuir, ajudando também a reduzir o dife-rencial (sic) de remuneração entre níveis de educação. Porém, é importante ressaltar que a expansão
14 De 2001 a 2004, a desigualdade de renda familiar per capita caiu de forma contínua e substancial, alcançando seu menor nível nos últimos trinta anos. Este relatório busca documentar a recente e acentuada queda na desigualdade de renda, avaliar sua magnitude e importância, identificar seus principais determinantes e, por fim, delinear propostas de políticas públicas para que seja prolongada, ou mesmo aprofundada, nos anos subseqüentes. (BRASIL, 2007a).
41
educacional somente será efetiva no combate à desigualdade de renda se for acompanhada de investimentos públicos na qualidade da educação oferecida. Caso contrário, a desigualdade de quantidade de estudo (anos de escolaridade) seria simplesmente substituída pela desigualdade de qualidade da educação. [...] Diversos estudos apontam que apenas as diferenças em anos de escolaridade explicam cerca de 30% da desigualdade de remuneração entre os trabalhadores brasileiros. Diferenças de experiência tipicamente explicam outros 10%. (BRASIL, 2007a, p. 8-32).
Entretanto, o estudo demonstra que a desigualdade no mercado de trabalho também
depende da forma como o mercado aceita essas diferenças de escolaridade. Em alguns casos,
pequenas diferenças educacionais não somam muito na hora de remunerar o trabalhador, mas
em outros casos essas mesmas diferenças podem levar a gigantescos diferenciais de
remuneração. “Portanto, a desigualdade de renda revelada pelo mercado depende tanto da
desigualdade educacional como da magnitude das diferenças de remuneração entre
trabalhadores de distintos níveis de escolaridade (diferenças de remuneração por nível
educacional)”. (BRASIL, 2007a, p. 39).
Posto isso, observa-se que a Teoria do Capital Humano, assim como tantas outras
teorias e conceitos, tanto no Brasil como em outros países, não manteve sua hegemonia sobre
outros meios de alcançar bons empregos e salários. Várias são as críticas a seu respeito, como
também posições favoráveis. O que se observa, entretanto, nos estudos apresentados é que
essa Teoria possui influência sobre a escolha do estudante na hora de optar por investir
financeiramente em seu capital intelectual na forma de um curso superior, esperando que este
venha a trazer-lhe maiores ganhos financeiros e projeções profissionais.
42
2.3 A Teoria do Capital Humano como fator de motivação para a carreira profissional
No intuito de cumprir com a temática inicial do trabalho, cabe relembrar que as
referências feitas a investimentos em educação, neste trabalho, dizem respeito à educação
superior, haja vista a obrigatoriedade da educação básica por parte do Estado e da União.
Dessa forma, ingressar no ensino superior, então, resguardando as questões
econômicas e sociais, ficaria a critério de decisão a ser tomada pelo indivíduo, não sendo
mais uma imposição legal.
Observa-se, com o referencial estudado, a importância dada à Teoria do Capital
Humano na área de educação. Conforme Moretto (2002), ainda que a educação não seja a
única forma de investir em capital humano, é, sem dúvida, a mais utilizada.
Ehremberg; Smith (2000 apud MORETTO, 2002, p. 47) salientam que os
universitários brasileiros decidem freqüentar uma universidade baseados, sim, nos preceitos
da Teoria do Capital Humano. Embora eles não conheçam o embasamento teórico, decidem
freqüentar uma universidade por entender que terão melhores chances de trabalhos e salários.
Mesmo quando o estudo superior é visto apenas como um bem de consumo a curto prazo,
satisfação de uma vida de estudante, por exemplo, é comum o estudante vislumbrar
benefícios a longo prazo; benefícios esses traduzidos em acesso a empregos mais valorizados
com salários mais altos e prestígio pessoal e profissional, pois investir no ensino superior
implica ter retorno no mínimo igual ou maior ao investido no curso superior do momento.
Schultz (1973) deixa claro que é impossível medir com exatidão os valores
empregados na educação superior e os retornos que serão garantidos por ela com o curso
escolhido, até porque uma profissão pode, muitas vezes e em diferentes circunstâncias, ser
mais rentável que outra.
43
De qualquer forma, segundo o autor, nada é perdido com o acúmulo de Capital
Humano.
A educação, sem dúvida alguma, aumenta a mobilidade de uma determinada força de trabalho. [...] o trabalho com lastro de educação tem acesso a uma área maior de informações relevantes do que o trabalho sem esse lastro. [...] há ainda a tendência de admitir que a educação superior atua no sentido de fazer melhores cidadãos, e no sentido de constituir uma melhor democracia política. (SCHULTZ, 1973, p. 176).
Não se pode descaracterizar a opção do estudante em ingressar no ensino superior
decidido apenas por motivos de satisfação pessoal, não pensando em retornos futuros.
Schultz (1973) acredita que essa opção também é válida, e lembra que independentemente do
motivo para se fazer um curso superior, seja por satisfação pessoal, seja por rendimentos
futuros, as capacitações adquiridas durante o curso, farão parte para sempre de seu capital
intelectual.
Todavia, percebe-se a importância do investimento pessoal em educação como fator
decisivo para o acesso a melhores oportunidades de trabalho; infelizmente, há de se levar em
consideração que o sistema educacional de países como o Brasil continuam não investindo o
suficiente em educação pública superior de acesso a toda a população. Dessa forma, esses
investimentos são feitos pela iniciativa privada, atendendo a uma parcela pequena da
sociedade e colaborando para aumentar a distância entre as classes sociais no país, da mesma
forma que na década de 1960 e 1970.
A vinculação entre Teoria do Capital Humano e educação superior como acesso a
maiores rendimentos salariais e oportunidades de empregos melhores passou a fazer parte de
muitos discursos, e vem despertando o interesse de muitas pessoas que vêem nessa prática
uma nova oportunidade de ascensão profissional e salarial.
Nos últimos anos, a Teoria do Capital Humano ganhou novos aliados com as
empresas investindo e administrando o conhecimento e o trabalho de seus colaboradores com
44
a teoria das Relações Humanas15 com ênfase em gestão de pessoas, que tem sido responsável
pela qualidade e pelo aporte de capital intelectual nas organizações bem sucedidas. Isso traz
benefícios para o trabalhador e principalmente retorno para as empresas com a renovação,
criação e aplicação dos conhecimentos adquiridos pelo trabalhador, em melhorias na
qualidade da organização. (CHIAVENATTO, 2005).
As empresas já não mais relacionam despesas com pessoal como fator de gastos
desnecessários e, em muitos casos, adotam o nome de investimento em Capital Humano,
sendo este considerado um de seus principais geradores de riquezas.
O mercado de trabalho cada vez mais exige profissionais qualificados para compor
seu quadro de colaboradores. A necessidade de estar constantemente atualizado com a área
de interesse faz a diferença na hora de contratar ou recolocar um novo profissional nesse
mercado. Investir em educação é investir em qualificação, desenvolvimento e novos
conhecimentos, propiciando benefícios para toda a sociedade, pois desenvolve as
potencialidades do indivíduo, podendo este, fazer parte e auxiliar em melhorias no
desenvolvimento econômico e conseqüentemente no desenvolvimento social do país.
A partir do exposto sobre a Teoria do Capital Humano, cabe aqui questionar: A quem
interessa um cidadão sem qualificação, inapto, que não questiona e não participa? Não
deveria a discussão em torno desse assunto estar direcionada em como fazer os investimentos
em capital humano chegar a todo cidadão? A procura e investimentos em educação, seja ela
particular ou pública, é fato; ela está presente em toda sociedade. A socialização desse
conhecimento a todos é que deveria pautar as discussões, sobretudo na forma correta de
administrar os recursos públicos, exigindo uma educação de qualidade.
Combater a evasão escolar no ensino fundamental e manter o aluno em uma escola
pública de qualidade é obrigação de todo governo. Dessa forma, investir ou não em seu 15 Teoria que se contrapõe à teoria clássica. A partir dela surge uma nova concepção sobre a natureza do homem, que passa a ser visto como ser social, diferente dos conceitos rígidos e mecanicistas da teoria clássica. Busca conhecer as atividades, conhecimentos e sentimentos dos trabalhadores. (CHIAVENATTO, 2005).
45
próprio Capital Humano seria escolha de cada pessoa, não havendo mais a preocupação em
como arcar com as despesas caso sua decisão fosse por continuar se aperfeiçoando. Seria
uma escolha individual e pensada, na qual o que se levaria em consideração seria a
necessidade, ou não, de adquirir novos conhecimentos; como financiá-lo não seria o foco das
preocupações. A formação de sujeitos históricos, críticos e criativos deve fazer parte de uma
educação pautada na ética e nos direitos individuais e coletivos de todos, direitos esses
assegurados pelo acesso indiscriminado à educação.
Como foi visto, alguns estudos, como o de Pochmann (2001; 2006), apontam que não
existe ligação entre melhores empregos e remuneração para quem investe em qualificação;
porém, percebe-se que a realidade do atual mercado de trabalho é outra. É sabido que a
conclusão de um curso superior não é garantia para uma imediata colocação no mercado de
trabalho. Mas é um diferencial competitivo no momento de concorrer com as melhores
ofertas de emprego e salários em empresas que, cada dia mais, necessitam de mão-de-obra
especializada.
Infere-se, portanto, que a Teoria do Capital Humano apresenta uma relação positiva
entre investimentos feitos em educação, com maiores retornos financeiros nas profissões dos
indivíduos. Ele passa a ter maiores possibilidades de ascensão no mercado de trabalho, por
sua melhor qualificação, sendo este um dos fatores que contribuem para a escolha da
profissão no vestibular, assunto que será abordado no próximo capítulo.
46
3 A ESCOLHA PROFISSIONAL DO ADOLESCENTE
Você faz o que parece ser uma simples escolha: escolhe um homem, um emprego, ou um bairro; e o que você escolheu não é um homem, um emprego, ou um bairro, mas uma vida. (JESSAMYN WEST).
O momento de optar por uma profissão ainda é causa de um grande conflito entre os
adolescentes que terminam o ensino médio. São freqüentes as dúvidas relacionadas à escolha
de uma carreira de nível superior, isto porque, para muitos, essa decisão, a princípio, será
para toda a vida. Isso ocorre, principalmente, em função das diversas mudanças sociais,
psicológicas e biológicas que sofre o ser humano nessa faixa etária que, em geral, vai dos 15
aos 18 anos de idade.
A escolha profissional é um momento em que o sujeito deve fazer uma reflexão
profunda e se propor a modificar sua postura em consonância com um projeto profissional
que firme uma relação produtiva com o mundo, regido por relações políticas, sociais
econômicas, onde esse sujeito que escolhe viverá o projeto que escolheu. (COUTINHO,
1993).
O adolescente é um ser social em constante aprendizado; e assim deve ser visto. Não
participa do processo de seu crescimento apenas como coadjuvante ou expectador dos
adultos. Sua participação é importante para o meio social em que vive, e também assim
devem ser vista as suas responsabilidades de atuação futura. Suas atitudes e posições não são
meramente reflexos dos adultos que o rodeiam, mas parte importante do aprendizado social
no grupo no qual se acha inserido e para o qual pode e deve contribuir.
Enfrentar o vestibular e o mundo do trabalho é, para muitos adolescentes, o
descolamento da infância e a entrada no mundo adulto e desconhecido. O termo trabalho
47
sempre existiu, porém, antigamente, era comum a profissão ser herdada dos pais pelos filhos.
Essa transição acontecia naturalmente; a escolha acontecia por imposição ou necessidade
dentro do ambiente familiar. Atualmente, os jovens sentem-se despreparados para, segundo
Lemos (2001, p. 16), “[...] crescer e assumir papéis adultos prematuramente, que não teriam
capacidade de acompanhar as exigências do mundo do trabalho.” Ainda nesse momento, a
opção entre escolher uma profissão que lhes traga reconhecimento profissional ou optar por
aquela que lhe garanta ganho financeiro passa a fazer parte das dúvidas freqüentes dos
adolescentes. Destaca-se, ainda, a grande diversificação de profissões atuais o que muitas
vezes traz confusão na hora de escolher uma delas.
Frota (1987) realizou uma pesquisa com 65 estudantes e egressos do curso de
Licenciatura em Física da Universidade Federal do Piauí, para entender as razões dos alunos
terem optado por tal curso e suas percepções sobre o mesmo. Quando perguntado o motivo
de terem escolhido essa profissão (professor de Física), 53% dos egressos e 45% dos
estudantes, responderam que foi por vocação. Todavia, a pesquisa revelou que 17 alunos
cursavam outra área paralelamente a essa, sendo a Engenharia Civil a preferida por 65%
deles. Segundo Frota (1987), quando questionados a respeito desta prática, dois motivos
foram levantados: “Perspectivas financeiras melhores que as do professor, oferecida pela
profissão de engenheiro, e a vocação tardia, isto é, a escolha da engenharia após cursar alguns
semestres do curso de Física”. (FROTA, 1987, p. 7).
Na verdade, o adolescente está em busca de uma profissão que traga realização
pessoal e financeira, ou seja, algo que preencha a sua vida. Nessa escolha, ele idealiza uma
profissão perfeita, ideal “e que vai responder a todas as suas aspirações e sobre a qual ele
pode projetar seus sonhos”. (LUCCHIARI, 1997, p. 87).
Todavia, quando o adolescente é confrontado com o momento de escolher uma
profissão, está em jogo muito mais do que decidir o que vai fazer. Mais do que uma opção
48
por determinado curso superior ou trabalho, está aparente a concepção de vida de que ele faz
e irá fazer parte, pois sua decisão é tomada pensando no futuro, em sua vida como
profissional e cidadão. Faz-se necessário ressaltar que essa decisão é imposta para
adolescentes de, em média, 17 anos de idade, que está terminando o ensino médio. As
escolhas equivocadas em função da pouca idade e experiência tenderão a aparecer.
Nesse sentido, Bohoslavsky (1998, p. 56) salienta:
Portanto, quem escolhe não está escolhendo somente uma carreira. Está escolhendo “com o que” trabalhar, está definindo “para que” fazê-lo, está pensando num sentido para sua vida, está escolhendo um “como”, delimitando um “quando” e “onde”, isto é, está escolhendo o inserir-se numa área específica da realidade ocupacional.
Ainda segundo o autor, esse conflito é fruto da tomada de consciência das mudanças
que necessariamente estão ocorrendo. Essas escolhas pressupõem que sua decisão foi tomada
e deverá deixar algo diferente para trás. Significa entrar no mundo adulto e abandonar a
adolescência, terreno até então conhecido e explorado. É um momento de receios, de
compadecimentos, de abandono e de luto por essas perdas.
Soares (2002) acrescenta que um dos motivos desses conflitos está na “escolha
profissional possível”, na qual o adolescente projeta um futuro profissional ideal de acordo
com seus desejos. Contudo, as dificuldades existentes no mundo real em que ele vive
dificultam ou podam esses planos. Para alguns, os fatores econômicos castram o desejo de
seguir determinada profissão; para outros, a imposição dos pais que desejam que o
adolescente dê continuidade aos negócios da família o força a optar por um curso que não
desejava fazer. Outras vezes, o adolescente escolhe um curso superior sem ter muitas
informações a respeito, apenas para prestar o vestibular ou um curso que dê prestígio e
dinheiro. “É preciso ter claro, então, que não existe uma escolha profissional ÚNICA E
DEFINITIVA. O que vai existir sempre é uma escolha possível, dentro de determinadas
possibilidades e contingências”. (SOARES, 2002, p. 95).
49
Bohoslavsky (1998) argumenta que, nesse momento, se o adolescente sabe o que quer
fazer e consegue adequar essa possibilidade à realidade em que vive, estaria fazendo uma
“escolha madura e ajustada”. Madura porque elabora seus conflitos e não os nega; ajustada
porque, possuindo controle sobre essa situação, faz coincidir seu interesse por determinada
profissão com as oportunidades exteriores. Essa seria a fórmula com maiores chances de dar
certo. Infelizmente, nem todos os adolescentes possuem esse nível de ajuste e maturidade, o
que dificulta bastante esse momento de escolha, comprometendo muitas vezes o início de sua
carreira profissional.
Essas dúvidas e incertezas quanto ao curso que irá ingressar geram conseqüências
negativas para o adolescente. Entre elas, destaca-se a evasão do curso superior, acarretando,
além de novos gastos, tempo maior para ingressar no mercado de trabalho com uma
formação específica.
Pereira (2003) faz um estudo sobre os determinantes da evasão de alunos no ensino
superior. Embora seu estudo de caso estivesse focado em uma instituição de ensino superior
privado, suas referências apontaram a equivocada escolha do curso como um dos fatores que
levam a desistência do mesmo. Segundo a autora, a partir de 1995, um seminário promovido
pelo Conselho de Reitores das Universidades brasileiras se propôs a discutir as causas da
evasão nas Instituições Federais de Ensino Superior. A comissão responsável pelo estudo
detectou três fatores responsáveis por essas evasões: fatores referentes a características
individuais do estudante, fatores internos às instituições e fatores externos às instituições.
Quanto aos fatores referentes a características individuais do estudante, a comissão
conceituou como sendo “fatores relativos à habilidade de estudo, personalidade, desencanto
com cursos escolhidos em segunda ou terceira opção, desinformação no momento da escolha
do curso”. (SESU/MEC, 1997 apud PEREIRA, 2003, p. 47).
50
Para Levenfus (1997), a escolha profissional do adolescente acarreta modificação da
sua identidade, ele que já possui muitas escolhas e certa identificação com o meio, onde se
observam diversos níveis de indecisão e conflitos. Para a autora, o ato de escolher acontece
desde muito cedo, como quando se escolhe o que comer, o que vestir e aonde ir. Isso também
se aplica às escolhas vocacionais. “Quando se escolhe se continuará ou não os estudos; se
continuar, por exemplo, o 2º grau, escolherá se cursará Magistério, Científico ou Curso
Técnico; se participará ou não de atividades extracurriculares (esportes, artes, línguas)”.
(LEVENFUS, 1997, p. 186).
Silva (1996, p. 30) coloca que as decisões sobre a escolha profissional do adolescente
são impulsionadas, entre outros aspectos, “pelo nível socioeconômico do indivíduo, pela
habilidade mental e características de personalidade e pelas oportunidades que são oferecidas
pelo meio”.
Dessa forma, nesse momento de grandes mudanças em sua vida, o adolescente
interage interna e externamente, de forma a fazer desse momento o menos traumático
possível; mesmo que essas atitudes não sejam intencionais e ele não perceba que está à
procura de informações que o auxiliem no processo de escolha.
Bolles (2000) escreveu um livro que, segundo ele, é dirigido àquelas pessoas que
estão em busca de um emprego ou desejam trocar de profissão. Em ambos os casos, e
também como conselho para os jovens que estão no ensino médio, ele alerta: “Descubra
quais são suas habilidades, descubra que espécie de trabalho quer fazer, converse com
pessoas que estão colocadas nesse tipo de emprego [...] pesquise, visite as empresas que lhe
interessam para levantar o que fazem [...]”. (BOLLES, 2000, p. 308).
Kanitz (2002), em seu artigo “escolhendo uma profissão”, faz uma análise bem
humorada e ao mesmo tempo sensata a respeito das escolhas dos jovens. Para ele, o jovem
deve, em sua vida, tomar pelo menos duas decisões importantes: “a escolha da profissão e do
51
cônjuge”. Segundo o autor, “os jovens namoram e analisam o futuro cônjuge em seus
mínimos detalhes”, mas escolhem a profissão que exercerão por toda a vida de uma forma
muito menos comprometida. “Muitos passarão mais tempo no emprego do que com suas
famílias”, continua Kanitz. Para ele, o jovem que não está ciente da profissão que quer seguir
deveria deixar essa escolha para mais tarde, quando estivesse realmente certo de sua decisão.
Nesse período, faria análises e conviveria com profissionais e profissões, sem estar atrelado a
elas. Kanitz encerra o artigo fazendo um apelo para que o jovem indeciso não comprometa o
espaço de quem decidiu o que quer fazer: “A sociedade, os excluídos e seus futuros
professores agradecerão efusivamente” [...].
Podemos nos atentar às relevantes considerações do autor acerca do tempo dedicado à
escolha profissional; porém, não podemos esquecer dos fatores sociais e econômicos que
englobam essa decisão. Infelizmente, a condição social da maioria dos jovens brasileiros não
oferece tempo para essa tomada de decisão. A necessidade de terminar os estudos e ingressar
logo no mercado de trabalho é prioridade para sua subsistência. Por outro lado, depara-se
com um grande número de jovens em que a família, e ele próprio, têm por projeto imediato
uma rápida ascensão profissional para que os retornos financeiros sejam imediatos. As
considerações de Kanitz facilitariam e muito o processo de escolha profissional, contudo a
realidade social e econômica da maioria dos jovens requer uma rápida decisão na hora de
escolher a profissão.
As colocações de Bolles (2000) e Kanitz (2002) nos remetem à idéia de interação
social preconizada por Vigotsky (2003) em relação à Zona de Desenvolvimento Proximal
(ZDP). O conceito de ZDP pode ser descrito como sendo relativo àquelas funções mentais
embrionárias que somente se desenvolvem no contato social. Dito de outra forma, aquilo que
uma criança não consegue fazer sozinha em um determinado momento, contando com a
colaboração de outras pessoas, passa a realizá-lo sozinha em outras oportunidades.
52
A teoria de Vigotsky (2003), chamada de “Teoria Histórico-Cultural”, apregoa que as
formas superiores de comportamento consciente do ser humano são encontradas nas relações
sociais que o indivíduo mantém ao longo de sua vida. Para ele, o sujeito é mais que ativo, é
interativo, e é na troca com outros sujeitos e consigo próprio que internaliza conhecimentos,
papéis e funções sociais, e permite a formação de conhecimentos e da própria consciência.
Embora os estudos de Vigotsky (1998; 2003) refiram-se principalmente às crianças, a
idéia de interação e convivência com o meio pode ser aplicada a todas as idades, no sentido
de que as diversas interações com o meio proporcionam novas aprendizagens e descortinam-
se outras perspectivas até então não visualizadas, permitindo decisões mais acertadas.
Mesmo indecisos na hora de escolher a profissão, o que acontece com freqüência em
função de vários fatores, alguns já descritos, muitos estudantes do ensino médio estão atentos
em como cometer menos equívocos com suas escolhas e porque devem fazer um curso
superior.
Conforme Ehremberg e Smith (2000 apud MORETTO, 2003), a procura por um curso
superior que possibilite retornos favoráveis é cada vez mais analisada pelos estudantes. Os
salários recebidos pelos recém-formados são observados pelos estudantes do ensino médio, e
atuam como fator decisivo para a escolha de um curso superior que lhes dê uma situação
favorável semelhante.
Para os autores, os estudantes não “param para calcular” o quanto irão investir e
quanto de retorno terão com o curso escolhido para cursar. No entanto, muitos estão atentos a
pesquisas de mercados e de índices de vestibular que apontam as profissões mais rentáveis
para seu futuro. A esses alunos, os autores chamam de “voltados para o futuro”. Ainda
segundo os autores, o número de alunos que visualizam o futuro tende a ser cada vez maior; e
em conseqüência, “a freqüência à universidade aumentará à medida que aumentar a diferença
53
entre os ganhos dos formados em universidades e os formados em colégios secundários.”
Ehremberg; Smith (2000 apud MORETTO, 2002, p. 48-49).
Ramos e Vieira (1996), utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) de 1990, corroboram com essa análise quando concordam que a decisão
de escolher um curso superior pode estar associada também aos salários recebidos pelos
formados nos mais diversos cursos. Segundo os autores, os egressos do ensino superior
recebem, em média, 20% a mais em seus salários, se comparados aos trabalhadores sem esse
nível de formação, e isso, entre outros fatores, influencia na hora da decisão.
[...] no tocante à educação há, sem dúvida, muitos fatores que influem na decisão de um indivíduo em aumentar sua escolaridade, porém a obtenção de maiores ganhos pecuniários passou a ocupar uma posição de destaque na visão dos seguidores desta vertente teórica. A decisão de estudar é, grosso modo comparada a um investimento: o indivíduo permanece na escola até o momento em que o retorno a um período adicional seja inferior ao do melhor investimento alternativo. (RAMOS; VIEIRA, 1996).
Observa-se que o adolescente, mesmo sem ter certeza de que curso escolher, está com
sua atenção voltada, entre outras coisas, para as informações sobre os rendimentos
pecuniários que um curso superior pode lhe proporcionar.
Nesse sentido, pode-se inferir que os rendimentos futuros proporcionados pela
escolha de um curso superior não pode ser ignorada quando se considera as diversas dúvidas
que sofre o adolescente ao ter que optar por uma carreira profissional no momento de prestar
o vestibular.
3.1 Os grupos de influência no processo da escolha profissional
Se, por um lado, os retornos financeiros futuros influenciam na decisão dos
adolescentes na hora de optar por um curso, outros grupos de influências também devem ser
considerados, pois a escolha da profissão recebe influência de vários fatores. É um momento
54
em que a identidade social, política, econômica e familiar está se formando. O adolescente
está se descobrindo e ao mesmo tempo tem de decidir seu futuro profissional. Abre-se, então
um espaço que tende a ser preenchido por informações externas, passando a exercer
influências nessas escolhas.
Para Bock (2002), quando o jovem pensa em uma profissão específica, ele está
relembrando mentalmente experiências e influências passadas sobre este assunto. Foi de
alguma forma a convivência com amigos, familiares, mídia, leituras, professores, entre outros
contatos físicos ou não, que o fazem, no momento, pensar em determinada profissão. Ou seja,
esta pretensão profissional está calcada em um modelo que o identifica.
Segundo Bohoslavsky (1998, p. 53), quando o indivíduo pensa uma profissão, ele
expressa que “quer ser como tal pessoa, real ou imaginada, que tem tais e tais possibilidades
ou atributos e que supostamente, os possui em virtude da posição ocupacional que exerce”.
Dessa forma, as influências podem aparecer de diversas formas e roupagens, e algumas são
mais facilmente percebidas.
Bianchetti (1996) diz que, se não houver esclarecimento no processo de influência da
escolha da profissão, de onde elas partem e que significados trazem, as dificuldades do
adolescente em fazer sua escolha serão maiores. Para o autor, o jovem que está escolhendo a
carreira que quer seguir não é sujeito de sua escolha, de sua vocação. Ele pode pensar que é,
mas as interferências que ocorrem desde cedo até o momento do vestibular são inerentes a
sua vontade e imperceptíveis ao meio. Destaca-se a família, os meios de comunicação e a
escola, entre tantos outros agentes influenciadores.
Macedo (1998), em seu livro: Seu diploma, sua prancha, faz uma metáfora entre as
escolhas profissionais com o surfista e sua prancha. De uma forma irreverente, o autor
descreve para o adolescente, indeciso ou não quanto à sua escolha, as diversas situações que
cercam uma escolha profissional e sua incursão pelo mercado de trabalho sob a
55
responsabilidade madura do crescimento, como um surfista que não nasce surfando, mas
aprende ao longo de treinos, quedas e experiência. Ressalta que no Brasil, os jovens gastam
muito pouco tempo para escolher uma profissão; ou a fazem com pouca orientação e
reflexão. “Nos Estados Unidos, usualmente as escolas em geral e as universidades dispõe de
orientadores para essa finalidade, além de existir uma imensa literatura sobre o assunto”.
(MACEDO, 1998, p. 19).
São vários os elementos sociais que determinam ou influenciam a escolha
profissional, destacando-se a família, a escola, os amigos, pares e professores e a mídia. Entre
os autores que contribuem para a discussão desse assunto destacam-se Bohoslavsky (1998),
Filomeno (1997), Macedo (1998), Bock (2002), Rappaport (2001), Soares (2002), entre
outros.
3.1.1 A influência da família
Para escolher a carreira que deseja seguir, muitos jovens encontram problemas dentro
da própria família. Essa tomada de decisão deveria ser autônoma, no sentido de não haver a
influência persuasiva dos familiares. Todavia, é comum a pressão exercida principalmente
pelos pais, desejosos de ver em seus filhos a continuação de si próprios, dificultando ainda
mais a escolha profissional.
A família, ambiente de formação da identidade do ser humano, é o principal grupo
social vivido pelo adolescente.
Para Soares (2002), a influência da família se dá desde a tenra idade, quando passa a
incentivar certas atitudes e a reprimir outras na criança. Esses incentivos ou repressões muitas
vezes acontecem de forma não intencional; são atitudes diárias de proteção e construção de
hábitos comuns em família internalizados, que acabam por ser determinantes na hora da
56
escolha; mesmo que o jovem não se dê conta disso. Contudo, a interferência no processo de
captação e apreensão da realidade nas crianças são, em parte, modificadas levando a
influenciá-los subliminarmente. A identificação profissional do adolescente é estabelecida
dentro da família pela maneira como este observa a profissão dos pais. Soares completa:
As profissões dos pais influem de forma decisiva na maneira como o jovem representa o mundo do trabalho. A formação da identidade profissional está relacionada com a sua percepção da satisfação ou insatisfação de seu pai no seu trabalho. Um jovem admirava o pai, mas de tanto escutá-lo reclamar de sua profissão passou a não gostar dela também; mais tarde, quando pôde avaliar por si só o que ela realmente significava para ele próprio, ficou surpreso. (SOARES, 2002, p. 31).
A surpresa a que a autora se refere ocorre em função do jovem sempre ter admirado a
profissão de professor, mas não ter optado por ela pelas constantes reclamações do pai.
Quando adulto, concluiu que essa era a profissão que deveria ter seguido.
Em muitos casos, o adolescente opta por determinado curso sem perceber que está
presente a influência familiar. Seguir a profissão do pai, da mãe ou de algum parente próximo
não é a única forma de detectar que há a influência da família. (FILOMENO, 1997).
Para corroborar com essa afirmação, Soares (2002), em uma pesquisa que resultou sua
tese de doutorado, relata um depoimento de um aluno quando questionado para que curso
gostaria de prestar vestibular. “Eu quero fazer medicina, pois é um curso que dá muito
dinheiro. Quando criança, a gente pedia para o pai comprar alguma coisa muito cara, ele
dizia: ‘eu não sou médico para poder te comprar o que você quer, eu não tenho dinheiro’”.
(SOARES, 2002, p. 75).
Infere-se, portanto, que a interferência pode ocorrer durante todo o período em que o
adolescente leva para chegar à idade de decidir sua profissão. Para o adolescente citado, a
profissão de médico significava riqueza material; o fim das privações que teve de passar
enquanto criança. Não significa, necessariamente, que ele se identifique com essa profissão,
porém o valor social estigmatizado ao longo dos anos foi o de uma profissão rendosa.
57
A família, em suas ações diárias, passa à criança e depois ao adolescente noções de
profissões que são rentáveis e não rentáveis, de sucesso e não-sucesso, valorizado e não
valorizado entre outros adjetivos. Forma-se, dessa maneira, o julgamento que pode,
futuramente, interferir na escolha profissional.
Gostar do que se faz é essencial para o sucesso de qualquer profissional, seja qual for
a área escolhida. Mesmo que o adolescente não saiba com certeza no que quer trabalhar, ele
sabe o que não lhe agrada. Essas incertezas podem ser compartilhadas com os familiares que
atuam em áreas diferentes e que podem servir como experiência de aprendizagem para ele.
Esse convívio diário com quem já possui certa habilidade no trabalho, pode ser de grande
valia na hora de decidir que tipo de profissão quer para si; ou ajudá-lo a definir qual profissão
não quer seguir. É comum os pais quererem que os filhos sigam as suas profissões e dêem
continuidade aos negócios ou nome da família, porém nem sempre esse desejo se concretiza.
Este estudo destaca a figura do pai e da mãe como agentes influenciadores dos filhos.
Entretanto, cabe ressaltar a interferência de outros familiares na decisão do adolescente sobre
sua carreira profissional. É comum os avós ou tios que possuem uma vida profissional de
sucesso “sugerirem” aos adolescentes que sigam seu exemplo. É necessário um redobrado
cuidado nesses casos, pois a identificação do adolescente com aquele familiar pode levá-lo a
achar que possui identificação com a profissão dele. No intuito de ajudar o adolescente a se
decidir, muitas vezes ocorre o oposto; ele sabe da importância da opinião da família, que quer
o seu bem, mas pode sentir-se pressionado e cada vez mais confuso. Para isso, é necessário
que essa troca de experiência seja leve e sem pressão, para que o adolescente possa tirar suas
dúvidas e conviver com o dia-a-dia num ambiente de trabalho. A pressão familiar, em muitos
casos, pode alterar completamente a vida profissional que o adolescente queria para si.
Soares (2002) salienta que o desejo de todos os pais é que seus filhos tenham uma
profissão que, acima de tudo, os façam felizes. Contudo, essa projeção de felicidade pode ser
58
diferente de pais para filhos. Os desejos dos pais podem estar ligados a projeções passadas
feitas para si próprios e que não conseguiram realizar. Assim, pode acontecer de os pais
proporem aos filhos uma escolha profissional que por algum motivo não puderam, eles
mesmos, seguir. Essas expectativas em relação ao futuro dos filhos trazem frustrações e
desejos que os pais, inconscientemente, querem ajustar.
Os pais constroem projetos para o futuro de seus filhos, desejam que eles correspondam à imagem projetada. Investem-no na missão de realizar os sonhos que eles mesmos não puderam realizar. Desde o nascimento, a pessoa é acompanhada pelos desejos e pelas fantasias de seus pais e familiares em relação a ela e ao seu futuro. Cada filho recebe uma carga de expectativa dos pais. Neste momento os pais também repensam sobre suas próprias escolhas. (SOARES, 2002, p. 75).
Diante desse dilema estabelecido sem o seu consentimento, caberá ao adolescente
decidir que caminho seguirá na escolha da profissão. Sua opção poderá ser de passividade,
acatando a “decisão sugerida” pela família e que muitas vezes coincidem com o desejo do
adolescente; ou poderá optar pelo claro confronto diante das projeções impostas pela família.
Bohoslavsky (1998) denomina essa recusa de identidade negativa. Isso acontece quando o
adolescente percebe a interferência e recusa-as de diversas formas: torna-se um péssimo
aluno para não ser motivo de comparação e evitar as ansiedades persecutórias daqueles que
formulam planos por ele, ou mesmo desejar inconscientemente a reprovação na escola para
prolongar o momento da decisão.
Deve-se ressaltar, também, a decisão de famílias que preferem não interferir na
escolha profissional dos filhos. Acreditam que dessa forma estarão contribuindo para que o
adolescente faça livremente sua escolha. Embora essa forma de agir pareça ser a mais
indicada, não se pode esquecer que o momento da escolha profissional acontece muito cedo,
e em momentos de construção e reconstrução na vida dos adolescentes, onde este está
percebendo a realidade social, cultural e política a sua volta. O livre arbítrio, nesse caso, pode
gerar mais incertezas na hora da decisão.
59
Percebe-se que existem obstáculos para que a família sinta-se preparada para auxiliar
os adolescentes no momento da escolha profissional. Caracterizam-se essas dificuldades, em
função dos laços afetivos que envolvem o parentesco. De acordo com Rappaport (2001), por
sua natureza histórica, o ser humano é dependente emocionalmente dos pais desde o seu
nascimento. Ele constrói sua trajetória com base nos ensinamentos e exemplos aprendidos
dentro da família. Essas referências familiares lhe darão base para construir sua forma de
pensar e agir dentro da sociedade pelo menos até o início da adolescência, quando o modelo
dos pais e familiares é substituído por outros grupos sociais como escola e amigos, que
apresentam novas relações culturais mais atraentes do que a familiar.
Não existe receita pronta para abordar o assunto da escolha profissional dentro da
família; cada uma possui diferenças que fazem o diálogo, ou não, acontecerem de forma
diferente.
A individualidade de cada família, na relação entre pais e filhos, é o que definirá a
melhor forma de tratar o assunto quanto chegar o momento da escolha profissional. Contudo,
segundo Soares (2002), não se pode eximir a participação da família no processo dessa
escolha. Ela é de fundamental importância para a escolha responsável na vida do adolescente.
3.1.2 A influência da mídia
A mídia possui forte influência na escolha da profissão. Observar diariamente, nos
seriados ou novelas, o papel de um médico rico, um jornalista badalado que freqüenta todas
as festas, homens e mulheres de negócios bem sucedidos; as revistas e jornais que endeusam
determinadas profissões, consideradas “em alta”, influenciam nas escolhas profissionais dos
adolescentes. Infelizmente, na maioria das vezes, as escolhas baseada nas aparências
mostradas pela mídia tendem a ser equivocadas. Isso porque, geralmente o que é mostrado é
60
apenas o lado positivo da profissão, como dinheiro, poder e prestígio. "O que os personagens
de novela fazem vira a visão das pessoas", diz Dulce Helena Soares. (NASCIMENTO, 2004).
O poder da mídia, designando genericamente os meios de comunicação como jornal, revista,
rádio, televisão, etc., não pode, de forma alguma, ser descartado.
Para Martinez (1982, p. 23) “A multiplicação dos meios de comunicação cria uma
rede sutil que envolve o homem onde quer que se encontre e o submete à sua influência e
poder”. Esse conceito, mesmo tendo sido formulado há mais de vinte anos, continua valendo
nos dias atuais, quando percebemos a influência da mídia em diversos setores da sociedade.
No que se refere à opção pela escolha da profissão, o INEP, no Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) de 2004, fornece dados que corroboram com a afirmação do autor,
quando revela que:
A maioria dos participantes do Enem 2004 (81,3%) afirmou que informações gerais, revistas, jornais e tevê influenciaram na decisão pela profissão, enquanto que a escola ajudou 60,1%, segundo resultados do questionário socioeconômico do exame. O Enem 2004 teve 1.035.642 participantes entre concluintes e egressos do ensino médio. Desse total, 1.002.593 entregaram o questionário com, pelo menos, uma questão respondida. Se considerarmos apenas o que influenciou muito, 45,12% dos participantes assinalaram o item informações gerais, revistas, jornais e tevê, enquanto o item escola recebeu 19,2%. (BRASIL, 2005b).
As mensagens emitidas pelos meios de comunicação possuem forte interferência na
conduta das pessoas. Os jornais, revistas, tevês e outdoors sugerem maneiras e formas de se
comportar e agir, quando diariamente bombardeia informações publicitárias que tendem a
passar um modelo e estilo ideal de se viver, que subliminarmente vão modificando a forma
de pensar do ser humano.
Em épocas de vestibular, vê-se uma quantidade enorme de propagandas sobre essa ou
aquela universidade, esse ou aquele curso que o projetará financeiramente. Todas essas
informações são abstraídas e, na maioria das vezes, agem como fatores determinantes na
escolha do adolescente.
61
Não se pode desconsiderar a importância dos meios de comunicação na formação de
vários significado sociais, que somente são possíveis devido às informações veiculadas pela
mídia. Contudo, a supremacia consumista de modelos idealizados, estereotipados, forma,
muitas vezes, cidadãos alienados.
Os adolescentes, por não estarem psicologicamente formados, tendem a captar essas
informações sem filtrar os interesses que estão por trás das propagandas que idealizam
modelos de vida e profissões fora do alcance de sua realidade.
Bock (2002), com o propósito de estabelecer relação entre a escolha da profissão e os
valores dominantes em nossa sociedade, em suas orientações sobre profissão, esclarece que,
quando questionados a partir de exposição de peças e filmes publicitários, os adolescentes
confirmam que valorizam o poder, a riqueza, o prestígio e o consumo. “Esses valores
delineiam a escolha profissional” [...]. (BOCK, 2002, p. 85). Cada vez mais, os adolescentes
vêm sendo “seduzidos” por uma gama diversificada de informações a respeito das diversas
profissões existentes. São as profissões que ditam moda ou reverenciadas pela mídia.
Segundo Lemos (2001, p. 23), esse excesso de informações, muitas vezes, confunde
mais do que ajuda, pois o adolescente “muitas vezes estabelece critérios de escolha mais
voltados para referenciais externos que para seus interesses, anseios e aspirações”. Para a
autora, muitos adolescentes têm dúvidas a respeito da profissão que querem seguir, não por
falta de informações, mas por excesso delas.
3.1.3 A influência dos amigos, pares e professores
É relevante relacionar os amigos, pares e professores como parte do processo de
influência externa na escolha profissional. O convívio diário com professores e círculos de
amizades colabora para a troca de idéias e discussões que, muitas vezes, não ocorre no
62
ambiente familiar. Diversas pesquisas sobre o assunto apontam, em seus resultados, a
menção dessas influências como Macedo (1998), Santos (2005), Pigatto e Simon (2004),
Lemos et al (2005) e Cassiano (2007).
A influência dos amigos sobre as decisões tomadas pelo adolescente está
intrinsecamente ligada às suas relações. É comum o adolescente passar mais tempo na escola
e em contato com os amigos do que com a própria família.
Sendo a adolescência um momento de afirmação emocional, o contato com pessoas
da mesma faixa etária com pensamentos e atitudes semelhantes, na qual as emoções e
conflitos podem ser compartilhados, torna os grupos de amigos de vital importância para o
adolescente. Em muitos casos, os valores ali recebidos se sobressaem aos valores familiares.
Dessa forma, as trocas de informações sobre as escolhas no vestibular acabam fazendo parte
desse dia–a–dia.
Contribuindo com essa discussão, Santos (2005) conclui em sua pesquisa que:
O adolescente sente, por um lado, que tem que ficar ligado à família e, por outro, as pressões sociais, em uma relação triádica. Quanto maior o seu vínculo com o grupo e com os pares, maior a sua indecisão – que por sua vez é agente gerador de dependência. [...]. O processo de escolha de uma profissão é baseado na realidade do adolescente, que vive em família e que convive com “outros”, seus pares; que constrói a sua história sendo influenciado por seus pais e por terceiros; que tem que se decidir e construir sua própria identidade. (SANTOS, 2005, p. 65).
Em relação à influência dos professores, Cassiano (2007) cita uma pesquisa feita no
ano de 2005, coordenada pelo Instituto Cidadania, na qual foram ouvidos 3.501 jovens entre
16 e 24 anos para compor o cenário da juventude brasileiro. Um dos questionamentos feitos
era quanto à pessoa ou instituições que mais confiavam. 98% dos jovens do ensino médio de
198 municípios citaram seus professores.
63
Observa-se o grande poder de influência que os professores detêm sobre seus alunos.
É claro que esse percentual não significa que os alunos tomarão decisões a partir dos
professores, porém em muitos casos estes são lembrados como fontes confiáveis.
Bock (apud CASSIANO, 2007) ressalta que o professor não é um conselheiro, muito
menos um orientador especializado para influenciar na escolha. Para ele, quando este
consegue transmitir seu conhecimento de uma forma que o aluno se sinta impelido a pensar
sobre determinada profissão, já está fazendo um excelente trabalho, não devendo influenciar
na decisão do aluno de decidir que carreira escolher.
Diferentemente da opinião de Bock, as professoras Martinez e Marabita (apud
CASSIANO, 2007) opinam que o professor deve vincular sua disciplina às profissões,
instigando os alunos a pensarem suas escolhas profissionais. Para as professoras, é
importante que os alunos saibam sobre a diversidade profissional e a experiência de vida do
professor, no intuito de abrir possibilidades e servir como fonte de decisão.
Para Gomes (2007), o fato de o professor compartilhar sua experiência com os alunos
já lhes garante certa tranqüilidade, e mostra a eles que é possível atingir os objetivos
planejados. Para ela, os professores são pontos de apoio e equilíbrio, pois já passaram
situações semelhantes em sua adolescência.
Na visão de Macedo (1998), os estudantes do ensino médio são levados à
universidade quase à força, sem ter a maturidade suficiente para decidir entre as várias
profissões presentes no mercado de trabalho, sugerindo que a escolha da profissão possa ficar
para depois do ingresso na universidade. Isso seria possível por meio de uma flexibilização
dos currículos nos cursos de graduação.
Ele ainda faz várias referências às influências que cercam o estudante no momento de
escolher a profissão, e para não se deixar levar pela “onda” é necessário “autoconhecer-se e
buscar informações por iniciativa própria”. (MACEDO, 1998, p. 35).
64
Segundo o autor, “[...] entre outras pessoas que certamente influenciam na escolha
profissional, podemos citar, além dos pais, professores, colegas, namorados [...]”. Ele ainda
coloca como a mídia tem forte poder de influência junto aos jovens, ressaltando que o
destaque das carreiras mais cogitadas em determinadas épocas, feitas pelos dos meios de
comunicação, passam a fazer parte do imaginário do adolescente, carente de informações,
como cenas de um filme bonito e atraente, mas muitas vezes longe da realidade.
De qualquer modo, as influências existem. Ela está presente no dia–a–dia de todas as
pessoas, independentemente de ser jovens em busca de respostas ou adultos já formados. Não
podemos deixar de ler jornais, assistir à televisão, trocar idéias com amigos ou pares, e dessa
forma estarmos sujeitos às influências. Elas estão presentes e, muitas vezes, determinam
nossa forma de comportamento social, político e familiar.
Para o jovem que busca informações sobre tudo, e neste caso específico, sobre a
carreira profissional que irá seguir, as influências externas farão parte de seu cotidiano. As
experiências ouvidas de amigos, pais, professores e pares não necessitam ser descartadas.
Deve-se levar em conta que o processo da escolha de uma profissão pelo adolescente é
baseado em sua vivência, e isso inclui, além da família, as “outras” influências, e tudo isso é
um processo que faz parte da busca de seu projeto de vida e a construção de sua identidade.
Essa escolha, que a princípio será definitiva, move a economia de toda sociedade. As
profissões existentes são frutos de escolhas, pensadas ou não, por jovens de outras épocas, e
que atualmente, desenvolvem suas carreiras no mercado de trabalho contribuindo para seu
crescimento individual, como também para o desenvolvimento econômico e social do país.
O capítulo seguinte descreve os procedimentos metodológicos utilizados, com o
propósito de demonstrar os caminhos que validaram cientificamente esta pesquisa.
65
4 DESCRIÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA DE CAMPO
Para fazer frente à temática inicial deste trabalho, que se propõem a investigar o
processo da escolha profissional dos adolescentes vestibulandos da cidade de Criciúma,
inicialmente utilizou-se a pesquisa bibliográfica, no intuito de se aprofundar sobre o tema
proposto. Nessa revisão foram utilizados livros, teses, dissertações e artigos científicos que
tratavam do assunto abordado, esclarecendo as dúvidas e fornecendo novos conhecimentos.
Gil (1999) e Severino (2002) definem a pesquisa bibliográfica como sendo
desenvolvida a partir de materiais já elaborados, principalmente livros e artigos. A vantagem,
segundo os autores, é que o pesquisador consegue um número maior de informações do que
poderia pesquisar diretamente. Para tanto é necessário que se crie ou siga uma metodologia
que não se perca durante a execução do trabalho.
Conforme Demo (1987), metodologia é o caminho de fazer ciência por meio da
pesquisa, pois ela cuida da maneira como o pesquisador trata a realidade teórica e prática
para atingir a forma científica, como estava proposto desde o início do trabalho. Ela é um
instrumento que direciona o pesquisador para atingir seus objetivos.
Para identificar as escolhas feitas no vestibular pelos alunos, bem como os fatores que
influenciaram essa decisão, o método proposto foi o de uma pesquisa feita diretamente com
esses estudantes, procurando por meio de suas respostas, responder aos objetivos propostos
nesta investigação.
Demo (2003) classifica esse tipo de pesquisa como empírica, pois observa a realidade
visível e facilita o que é visto nos referenciais teóricos, aproximando-o da prática.
66
Quanto aos objetivos da pesquisa, o método utilizado foi o descritivo, que visa
segundo Gil (1999), observar, analisar, registrar e correlacionar os fenômenos ou fatos, sem
interferir diretamente sobre eles, utilizando técnicas padronizadas de coleta de dados.
Após a aplicação dos instrumentos de coleta de dados, procedeu-se à analise
qualitativa, contando com o aporte da estatística. Embora tenhamos necessidade de
quantidade, não se pretendeu dar destaques a esse ponto, mas sim discorrer sobre o assunto
em questão qualitativamente. Goldenberg (1999) corrobora com a definição desta pesquisa
quando diz que:
A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa se opõem ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. (GOLDENBERG, 1999, p. 146).
O item seguinte apresenta as duas escolas que subsidiaram a realização da pesquisa
empírica por meio dos questionários e entrevistas, contribuindo para a realização deste
trabalho, para em seguida detalhar os resultados encontrados com a aplicação da metodologia
utilizada.
4.1 Descrição das escolas pesquisadas
Foram duas as escolas pesquisadas neste estudo. Utilizou-se como critério de escolha
as duas maiores instituições que contemplam o ensino médio em Criciúma, sendo uma
particular e outra pública. Apresenta-se nos quadros 1 e 2 as características de cada
instituição e um breve histórico.
67
Ensino fundamental 419 Ensino médio 1200 Pré-vestibular 318 Total de alunos 1937 Total de professores 83 Infra – estrutura do colégio 3 Laboratórios de informática, 2 de ciências e 1
de robótica; 3 salas de vídeo com TV de plasma de 60 polegadas; TV de 20 polegadas em todas as salas; 8 quadros digitais nas salas de aula; ginásio de esportes.
Quadro 1 Escola particular: Colégio Energia Raio Sul Fonte: Elaboração própria com dados da escola.
Foi no ano de 1995 que um grupo de professores inaugurou em Criciúma o Curso
Energia, preparatório para o vestibular.
Visando atender principalmente a demanda de jovens vestibulandos que desejavam
ingressar em cursos como medicina, odontologia e direito na Universidade Federal de Santa
Catarina, esta equipe colocava à disposição de toda a região, um sistema de ensino moderno,
dinâmico e eficaz, idêntico aos preparatórios que se encontravam na capital. Entre estes
diferenciais estavam material apostilado os quais se direcionavam para os vestibulares de
nosso estado, salas de aulas diferenciadas, serviço de orientação e informação profissional,
excelente quadro de professores, entre outras inovações.
Os principais passos tinham sido dados e a procura por um ensino médio motivador e
que preparasse os alunos para o ingresso nas melhores universidades, foi se transformando
numa realidade mais presente, que hoje chamamos de Energia raio sul, com unidades nas
cidades de Criciúma, Tubarão, Araranguá e Urussanga, onde atende do Ensino Fundamental
ao Ensino Superior e suas especializações. Essa é uma história de trabalho onde pioneirismo
e ousadia não tiveram limites. (COLÉGIO ENERGIA, 2007).
Quanto ao auxilio na escolha profissional de seus alunos, o colégio Energia conta com
apoio de um profissional em orientação profissional e realiza anualmente sua feira de
profissões, evento esse que visa auxiliar o aluno interno do Ensino Médio na escolha da
68
profissão. Nesse ano de 2007 a feira completou sua 10ª edição, contando com mais de 40
profissionais de diferentes áreas falando sobre sua profissão e o mercado de trabalho aos
alunos que, previamente, optaram pelas palestras que desejavam participar.
Os cursos oferecidos foram: Ciências Biológicas, Direito, Economia, Educação
Física, Farmácia, Jornalismo, Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia e todas as
Engenharias. As palestras foram ministradas nas salas de aula sendo que as mais disputadas
foram: Medicina, Direito, Jornalismo, Administração e Nutrição. Além disso, durante toda a
feira, diversas faculdades e universidades da região foram convidadas a expor seus cursos
para atrair os futuros calouros.
A feira desse ano aconteceu no dia 22 de agosto nas dependências do colégio, com
acesso também para as unidades do colégio Energia de Araranguá e Urussanga, com a
participação de quase 1300 alunos. (Anexos E, F, G e H). (IMPRENSA COLÉGIO
ENERGIA, 2007).
Conforme Sabrina Pacheco Bombazar, orientadora profissional e psicóloga da
unidade de Criciúma, o objetivo da feira é facilitar um pouco mais a escolha profissional dos
alunos, que sentem muita dificuldade em escolher algum curso, pelo simples fato de não
conhecerem a profissão. Para ela, o retorno que a feira oferece aos alunos indecisos é muito
bom, pois esses conseguem tirar todas as dúvidas. “Os profissionais que participam trazem
consigo toda a realidade do mercado de trabalho, vantagens e desvantagens da profissão,
perfil do profissional que os nossos alunos não têm. Eles até imaginam, mais não conhecem”.
(BOMBAZAR, 2007).
O quadro 2 descreve as características da Escola de educação Básica Sebastião Toledo
dos Santos (STS).
69
Ensino fundamental Não possui ensino fundamental Ensino médio 2.100 alunos Pré-vestibular Não há curso pré-vestibular Total de alunos 2.100 Total de professores 100 Infra – estrutura do colégio 1 sala de retro projeção, 1 laboratório
de ciências desativado, 1 biblioteca, 1 sala de vídeo, 1 laboratório de informática, quadra e ginásio de esportes.
Quadro 2 Escola pública: EEB Sebastião Toledo dos Santos Fonte: Elaboração própria com dados da escola.
Criada pelo Decreto n° 203/73 de 14/05/1973 e inaugurada em 14.05.73, recebeu logo
que começou a funcionar a denominação popular de “Colegião”. A justificativa mais
conhecida é que se tratava de ser a época do “ão”, a era do “Milagre Brasileiro” em que tudo
terminava em “ão”: mercadão, cebolão, maristão entre outros. Muitas pessoas defendem que
o nome se deu em decorrência do tamanho grandioso do colégio para a época, sendo
considerado um dos maiores da região.
A princípio foi criada com o nome de Conjunto Educacional Eng°. Sebastião Toledo
dos Santos para atender a clientela do curso normal noturno da Escola Normal Dep. Antônio
Guglielmi Sobrinho, que funcionava na Escola São Cristóvão. Também era necessário
atender as exigências da Lei nº 5692/71 que fixava as bases para os ensinos de 1º e 2º grau e
profissionalizava o ensino médio.
Ainda segundo o site com informações da instituição, o Colegião mantém a proposta
das escolas estaduais, não cobrando mensalidades, contando apenas com contribuições
voluntárias à Associação de Pais e Professores (APP), e em conformidade com as diretrizes
do MEC. (COLEGIÃOSTS, 2007).
Ainda hoje o Colegião recebe alunos de diversos bairros de Criciúma, sendo que sua
localização, diferentemente de trinta e quatro anos atrás, está localizada em uma área central
e de fácil acesso, nas proximidades do Estádio Heriberto Hülse. (Anexo I).
70
Atualmente a instituição atende pelo nome de Escola de Educação Básica Engenheiro
Sebastião Toledo dos Santos (STS), contudo continua sendo reconhecido pelo nome
“Colegião”. A escola não possui profissional que atue junto aos alunos na área de orientação
profissional, prática essa não adotada pelo governo estadual, mantenedor da instituição.
4.2 Instrumentos e amostra da pesquisa
A pesquisa qualitativa trabalha com dados descritivos, e para tanto foi aplicado um
questionário com 21 questões, sendo 19 fechadas e 2 abertas, abordando a escolha da
profissão, preferências, tendências, condições socioeconômicas e culturais. O questionário é
composto por duas partes, sendo que a primeira objetiva conhecer o público que se estava
analisando. A segunda parte trata-se de dados relacionados à escolha da profissão. (Apêndice
A).
Antes da aplicação oficial do questionário, realizou-se um pré-teste com cinco alunos
de cada instituição pesquisada, no intuito de corrigir e alterar informações que não fossem
totalmente compreendidas.
Compilado os dados, foi realizada entrevistas, com um número menor do que a
amostra utilizada, sendo onze entrevistas na escola particular e onze na pública, que
objetivou esclarecer algumas questões que não ficaram claras ou passíveis de serem descritas
na análise. (Apêndice B).
A população integrante da pesquisa foi formada por 352 estudantes do 3ª ano do
ensino médio das duas maiores instituições pública e privada da cidade de Criciúma: Colégio
Energia e EEB Sebastião Toledo dos Santos (STS).
Ressalta-se que a amostra inicial foi constituída por 530 alunos distribuídos entre as
duas escolas. Em uma primeira triagem foram descartados 72 questionários em que os alunos
71
deixaram a maioria das questões em branco ou escreveram respostas que não condiziam com
as perguntas. Após esse descarte o número de questionários que poderia ser utilizado era de
458.
Todavia, na tabulação final, uma nova análise se fez necessária, uma vez que nem
todos os questionários completaram as respostas. Isso ocorreu principalmente na questão 10,
em que os alunos não respondiam sobre cursos de graduação, e sim cursos técnicos,
contribuindo para que outras questões não fossem respondidas. Dessa forma, o total
aproveitado para análise e tabulação foi de 352 questionários, sendo que se optou em manter
um número igualitário entre as duas instituições, ou seja: 176 questionários aproveitados da
escola pública e 176 da particular.
4.2.1 Coleta de dados
A coleta de dados foi feita com questionários aplicados pela pesquisadora entre os
dias 11 e 15 de setembro de 2006. Foi permitido, pela direção e professores, que a
pesquisadora conversasse com os alunos em sala de aula explicando o motivo da pesquisa.
Em seguida, o questionário foi entregue a eles, sendo devolvido ao final para a própria
pesquisadora, que permaneceu na sala, embora alguns alunos não quisessem responder,
preferindo aguardar o término fora da sala de aula.
As entrevistas foram feitas entre os dias 6 e 10 de novembro do mesmo ano, nas
próprias escolas pesquisadas. Essas foram estruturadas com base nas respostas obtidas no
questionário, fortalecendo e/ou validando as informações.
As entrevistas foram gravadas pela pesquisadora com a permissão dos alunos, sem
que esses fossem identificados pelos nomes completos, possibilitando, assim, sua posterior
análise.
72
Segundo Selltiz et al (1987, p. 273), a entrevista "é bastante adequada para a obtenção
de informações sobre o que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam,
pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como sobre as suas explicações ou razões a respeito
das coisas precedentes”.
No intuito de conhecer o ambiente em que se realizou a pesquisa descreve-se, no
próximo capítulo, a cidade de Criciúma com sua história econômica, social, política e
profissional, apresentando-se as principais escolhas dos vestibulares e profissões em destaque
na cidade, bem como a análise dos resultados, obtida por meio da pesquisa.
73
5 CRICIÚMA E SUAS PROFISSÕES. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E
ANÁLISE DOS DADOS.
5.1 Situando a questão
5.1.1 História16
Este item relata, cronologicamente, os principais acontecimentos que fizeram a
história de Criciúma, como sua colonização, transformações políticas, sociais e econômicas.
Considera-se oficialmente como sendo o dia 6 de janeiro de 1880 a data do início da
colonização de Criciúma, com a chegada dos italianos, integrantes de 22 famílias, todos
provenientes do Norte da Itália, do Vêneto, destacando-se as famílias Barbieri, Benedet,
Billezimo, Casagrande, Dario, Darós, De Lucca, Martinello, Meller, Millanese, Milioli,
Netto, Ortolan, Pavan, Piazza, Pierini, Pizzetti, Scotti, Sonego, Tomé, Venzon e Zanette num
total de 141 pessoas.
A partir dessa etnia, as quatro outras que colonizaram Criciúma foram as etnias
polonesa, negra, alemã e portuguesa.
Essa versão oficial é contestada atualmente, inclusive com desencontros de
informações no próprio site da Câmara de Vereadores de Criciúma, onde na página de
Fragmentos Históricos, a cronologia histórica criciumense menciona que: “A terra ficou
vazia de colonizadores até 6 de janeiro de 1880, data em que se fundavam as colônias de
Criciúma, com imigrantes italianos de Veneza, Belluno e Treviso”. (CÂMARA DE
VEREADORES DE CRICIÚMA, 2007).
16 Dados obtidos no site da Câmara Municipal de Criciúma. Disponível em: http://www.camcri.com.br/. Acesso em: 03 jun. 2007.
74
No entanto o próprio texto traz a informação de que “nos primeiros tempos, muitos
colonos morreram na luta com os bugres”, denominação genérica para os primeiros
habitantes do sul do Brasil.
O professor historiador Dorval do Nascimento corrobora com essa informação quando
menciona que nas comemorações do centenário da cidade de Criciúma em 6 de janeiro de
1980, procurou-se corrigir alguns erros a respeito da colonização da cidade.
Na festa do centenário se buscou homenagear as etnias fundadoras da cidade, identificadas como italiana, alemã e polonesa. Entretanto, era preciso também contemplar o conjunto da população citadina, a maioria formada por “brasileiros”, originárias de imigrações mais antigas, espontâneas e forçadas como no caso da população negra, que haviam chegado na época da cidade carbonífera e que agora a representação das etnias procurava dar conta. (NASCIMENTO, 2007, p. 3).
Atualmente as etnias árabe e espanhola também fazem parte da cultura local de
colonização da cidade contando com expressivo grupo de descendente na cidade.
O encontro festivo dessas civilizações acontece anualmente há dezenove anos, na
Festa das Etnias, evento que tem se tornado referência estadual de integração dos povos
fundadores de Criciúma.
A microrregião geográfica de Criciúma localiza-se na planície litorânea, ao sul do
estado de Santa Catarina, distante 221 km de Florianópolis, com uma área de 250,33 km².
O município está integrado á Microrregião da Associação dos Municípios de Região
Carbonífera (AMREC) juntamente com Cocal do Sul, Forquilhinha, Içara, Lauro Muller,
Morro da Fumaça, Nova Veneza, Orleans, Siderópolis, Treviso e Urussanga.
Criciúma limita-se ao norte com Siderópolis, Cocal do Sul e Morro da Fumaça; ao sul
com Araranguá e Maracajá; ao leste com Içara, e a oeste com Nova Veneza e Forquilhinha.
O nome Criciúma, originalmente Vila ou Colônia de Cresciúma e mais tarde São José
de Criciúma, deriva de um capim em grande abundância na cidade, descoberto pelos
colonizadores à época de sua chegada. A troca do nome Cresciúma para Criciúma deu-se em
75
1943, e esta passou a ser conhecida como a Capital Brasileira do Carvão, título mantido até
os dias de hoje.
O carvão, que fez a riqueza inicial da cidade, foi descoberto no século XIX, porém era
usado somente em indústrias da região. Com o início da Primeira Guerra Mundial, o carvão
internacional ficou escasso, obrigando o governo brasileiro a incentivar a produção do carvão
nacional, iniciando, assim, a primeira fase da exploração do mineral que, em abundância,
começava a movimentar a economia local.
Em 1905, o carvão passa a ser utilizado em ferrarias para aquecer fornos. Nessa
década (1909), a população estimada na cidade era de 3.600 habitantes.
No ano de 1915 é aberta a primeira mina de carvão de Criciúma, no bairro Pio Correa,
de onde foram retiradas 400 sacas de carvão para análise, e no dia 1º de janeiro de 1923 é
inaugurada a linha de passageiros da Ferrovia Thereza Cristina.
No dia 4 de novembro de 1925, Criciúma se torna município, passando a contar com
os Poderes Executivo e Legislativo. Em 4 de dezembro do mesmo ano, por eleição, Marcos
Rovaris fica sendo o primeiro prefeito da cidade. O novo município reunia todas as
qualidades buscadas pelos imigrantes, que procuravam perspectivas para o crescimento
econômico pessoal. Nessa época, as vilas Operária e Próspera tiveram suas expansões
acentuadas, lugares em que operários, principalmente das indústrias carboníferas,
construíram seus lares.
Em 7 de abril de 1928, devido à precariedade no sistema de abastecimento de energia
elétrica e o crescimento populacional exagerado, foi inaugurada a Usina Elétrica do bairro
Próspera.
No sul do país, a extração e a venda do minério, posteriormente chamado de "Ouro
Negro", vinha sendo feita em grandes quantidades, até que, com o fim da Guerra, quando o
carvão internacional, de melhor qualidade e mais barato que o nacional, começou,
76
novamente, a entrar no mercado brasileiro, instalou-se a crise na região. Acontecia a primeira
"quebradeira" nas empresas do Sul.
Carboníferas foram à falência e centenas de operários voltaram para suas cidades, por
conta do êxodo rural. O comércio local também foi afetado. A região, que vinha num ritmo
acelerado de crescimento, passou por um período de estagnação, que só acabou na década
seguinte.
Concorrer com o carvão internacional, que era melhor e mais barato, não representava
um bom negócio para os empresários do setor. Quando já não havia mais esperanças, uma
lei17, decretada pelo presidente Getúlio Vargas, reanimou a economia local e reativou as
empresas, que tiveram de contratar mais empregados, iniciando o segundo ciclo do
crescimento da extração do "Ouro Negro".
A lei determinava que 100% do carvão nacional deveriam ser adicionados ao produto
importado, o que foi suficiente para reerguer o ânimo de quem já não esperava mais
oportunidades com o carvão. A exploração desordenada foi crescendo e a degradação do
meio ambiente só foi notada décadas mais tarde, quando as paisagens, antes nativas,
tornaram-se montanhas de rejeitos.
Na década de 1940, o município sofreu uma mudança na sua "roupagem", pois com o
crescimento econômico, o dinheiro circulava com certa facilidade, favorecendo, entre outros
setores, a construção civil. As casas da Praça Nereu Ramos deram lugar a prédios, fazendo
com que a cidade ficasse com ares de modernidade e a instalação do sistema de
abastecimento de água ajudou a amenizar alguns problemas de saúde da população.
Apostando no crescimento econômico da região e em novas oportunidades de
investimento, a Cerâmica Santa Catarina S.A. (CESACA) inaugura, em 1947, uma fábrica
17 Decreto nº 20.089 de 9 de junho de 1931, onde, obrigava a Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro e a Estrada de Ferro Central do Brasil autorizadas a contratar, em nome do Governo Federal, com as companhias nacionais de mineração de carvão, por preço e prazo que combinarem toda a produção de carvão nacional disponível. (BRASIL, 1931).
77
produtora de azulejos do Sul. A produção saía da fábrica, que funcionava onde atualmente no
centro da cidade, e ia direto para as paredes das casas de toda a região. Na época, a
construção civil de Criciúma começava a descobrir e a optar pelos prédios, o que alavancou
ainda mais a produção dos pisos cerâmicos.
Com a instalação da empresa, iniciou-se a terceira etapa no crescimento econômico da
cidade. A partir dela foram instaladas várias outras que, ainda hoje, são responsáveis por
grande parte da economia da região, além de também terem ajudado Criciúma a tornar-se
uma referência mundial no setor cerâmico.
Em 24 de outubro de 1943 é inaugurado o prédio da Prefeitura Municipal de
Criciúma, onde, atualmente, é a Casa da Cultura. Em 20 de março de 1944 é instalada a
Comarca de Criciúma e no dia 18 de junho é criada a Associação Comercial e Industrial de
Criciúma (ACIC).
Em maio de 1958, os irmãos Arnaldo e Antenor Angeloni inauguram os
supermercados Angeloni, hoje a maior rede de supermercados de Santa Catarina, a 3ª da
região Sul e a 9ª maior rede supermercadista do país.
No ano de 1966, a Cerâmica Criciúma S.A. (CECRISA), uma empresa de grande
porte no setor de pisos e azulejos, instala-se na cidade.
Na educação superior, a cidade ainda estava longe de ter uma faculdade ou
universidade. Para conseguir um diploma universitário, era necessário assistir aulas em
Tubarão ou em Florianópolis. A situação só foi resolvida no dia 22 de julho de 1968, quando
foi formada a FUCRI - Fundação Educacional de Criciúma.
Sem instalações próprias, a FUCRI usava as dependências do Colégio Madre Teresa
Michel e, já em 1970, oferecia os cursos de Matemática, Ciências Biológicas, Desenho e
Pedagogia. Na seqüência, vieram as escolas de Educação Física, Tecnologia e Ciências
Contábeis. Na década de 1990, funcionando em instalações próprias no bairro Universitário,
78
é formada a União das Faculdades de Criciúma (UNIFACRI), constituindo-se na mais
importante instituição educacional do extremo sul e, em 1997, a FUCRI é reconhecida como
universidade, surgindo, assim, a Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC).
Ainda na área econômica, em 26 de maio de 1970, Jorge Zanatta funda a empresa
Canguru com a razão social Indústria de Embalagens Plásticas Canguru Ltda., iniciando suas
atividades com 12 colaboradores. Em 1974 o mesmo grupo inicia as atividades da Imbralit
S.A.
A cidade estava em constante crescimento tanto econômico como políticos e sociais,
porém, no ano de 1974 ocorreu a grande enchente, que arrasou grande parte das residências e
comércio de Criciúma. Só na região sul, mais de 30 pessoas foram levadas pelas águas e
morreram afogadas nos rios, que transbordaram, carregando tudo o que seguia em seus
caminhos. A enchente de 74, como ficou conhecida, foi considerada a maior da história no
estado.
Bairros inteiros foram arrasados, plantações destruídas e, nos quatro dias que as
cidades ficaram submersas, as tragédias pessoais foram comovendo o país, que se mobilizou
para arrecadar alimentos para cerca de 150 mil desabrigados, que estavam espalhados por
ginásios, escolas e casas de parentes e amigos.
A BR-101, principal ligação entre a região Sul e o resto do país, ficou interditada por
quatro dias, causando congestionamentos e dificuldades de locomoção. A reconstrução não
foi fácil, durante muitos meses, as doações foram as responsáveis pela manutenção da ordem
nos locais atingidos.
No dia 17 de dezembro de 1979, alavancando o crescimento industrial da região, foi
inaugurado o Aeroporto Diomício Freitas, no distrito de Forquilhinha, hoje município.
Em 1985, em uma das maiores crises econômicas da região, a empresa CESACA
demite quatrocentos funcionários.
79
Em abril de 1986, sob a denominação de “Colombo Indústria e Comércio de Massas
Plásticas” e com uma produção de duas toneladas de massa plástica por mês, surgia a Anjo
Tintas e Solventes.
Em 1989 é fundada a Pisoforte Revestimentos Cerâmicos Ltda., derivada da Cerâmica
Veneza S.A.
A partir do início da década de 1990, a crise no setor carbonífero traz reflexos
negativos para Criciúma, desempregando mais de 14 mil mineiros em menos de dois anos.
Nessa mesma época, eclodiu a confecção. Criciúma passou a ser o terceiro pólo nacional de
jeans e o maior em confecções de Santa Catarina.
Criciúma é reconhecida popularmente como a “Fênix do sul” em alusão à ave
mitológica que tem o poder de se reconstruir a partir de suas cinzas. Isso porque a cidade se
recupera de suas crises econômicas com o surgimento de novas frentes de trabalho.
Atualmente Criciúma conta com várias empresas, em diversos setores, que
contribuem para o desenvolvimento econômico da cidade, estado e do país, e algumas fazem
parte da história da cidade, devido ao tempo em que estão atuantes. Outras surgiram em meio
às crises e recomeço econômico.
5.1.2 Economia
Criciúma possui atualmente quase 190 mil habitantes, ficando entre as maiores
cidades do estado de Santa Catarina, tanto em população quanto em economia. Destaca-se
entre os maiores produtores nacionais de revestimento cerâmicos. Sobressai-se também nas
indústrias de plásticos descartáveis, de tintas e vernizes, na produção de jeans e de
confecções, colorifícios, extração mineral, setor metal-mecânico, além de grandes redes de
80
supermercados de atuação estadual e brasileira. (CÂMARA MUNICIPAL DE CRICIÚMA,
2007).
A cerâmica, o vestuário, a metal-mecânica e o plástico são os principais segmentos. A
cerâmica tem dimensão internacional, competindo com a Itália e a Espanha no mercado
mundial. A indústria de descartáveis plásticos é a mais importante do país, respondendo por
cerca de 90% da produção nacional de copos, pratos e bandejas plásticas. O vestuário
representa o terceiro pólo de jeans do Brasil. A indústria metal-mecânica é a única de
envergadura regional.
O comércio da região é fortemente concentrado em Criciúma, que detém hoje cerca
de 2.759 estabelecimentos comerciais, ocupando 18% da mão de obra empregada
diretamente. Criciúma é um referencial de compras de produtos da região, especialmente do
setor vestuarista, junto a compradores dos mais diversos recantos do Sul do país e mesmo
vizinhos do Cone Sul.
Segundo dados repassados pela Secretaria de Administração da Prefeitura Municipal
de Criciúma, as maiores empresas ativas no município são: Grupo CECRISA, que mantém as
marcas Portinari e Eldorado; Grupo Maximiliano Gaidizinski – Eliane; Canguru Embalagens
Criciúma Ltda.; Imbralit Ltda.; TSA Química do Brasil; Indústria de Plásticos Zanatta Ltda.;
Giassi e Cia Ltda.; Bistek supermercado Ltda.; Bebidas Nuernberg Ltda.; Angeloni e Cia
Ltda.; Indústria Carbonífera Rio Deserto, entre outras. (PREFEITURA MUNICIPAL DE
CRICIÚMA, 2007).
Em 2006, classificada em 57ª lugar, no que se refere às melhores cidades brasileiras
para fazer carreira, conta com aproximadamente 7.626 empresas instaladas, sendo 38,8% no
comércio, 38,7% no setor de prestação de serviços e 22,5% no setor industrial.
Possui renda per capta de 1,6 salários mínimo. A taxa de alfabetização da população
acima de 10 anos de idade é de 95,8%. (CÂMARA MUNICIPAL DE CRICIÚMA, 2007).
81
A cidade se destaca na área educacional com nove colégios particulares e doze
escolas públicas estaduais de ensino médio. No ensino superior, conta com uma universidade
e três faculdades particulares com cursos de graduação e outras com cursos superiores a
distância e tecnólogos.
Em função dessa gama variada de setores que movimentam a economia criciumense,
a cidade, em 2002, foi classificada como a 42ª melhor cidade do Brasil para se fazer
negócios, pela Revista Exame/Agência Simonsen Associados (era a 37ª em 2001 e a 27ª em
1999/2000). (CÂMARA MUNICIPAL DE CRICIÚMA, 2007).
Em 2007, Criciúma não aparece entre as 100 melhores cidades do país, em pesquisa
publicada pela mesma revista, contudo ainda concentra uma diversidade de profissões para
atender a todos os setores produtivos que sustentam a economia local, estadual e nacional.
5.2 Profissões em destaque na cidade de Criciúma
A população da cidade de Criciúma, com suas características profissionais distintas e
grande número de estudantes no ensino médio (por volta de 8.000 alunos), norteou o
problema do presente estudo, que objetiva investigar as influências econômicas e sociais nas
escolhas para o vestibular dos alunos do ensino médio da cidade.
Para saber se as opções escolhidas pelos alunos, estão em consonância com as
profissões mais numerosas na cidade, fez-se necessário apresentar as principais profissões,
em nível de graduação, em destaque em Criciúma.
Em função de não existir na cidade nenhuma pesquisa que aborde exclusivamente
dados numéricos de cada profissão, buscou-se os maiores índices nas opções dos vestibulares
dos últimos cinco anos do sistema ACAFE, por meio de suas duas associadas que
contemplam os vestibulandos na cidade: UNESC e UNISUL (campus Tubarão), e
82
confrontou-se os dados por meio de informações nos órgãos regionais, para saber quais são
essas profissões.
Não se agrupou os cursos em grandes áreas, opção essa dada pelo Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para reunir os diversos campos do
conhecimento que possuem o mesmo objetivo em uma mesma área, evitando várias
nomenclaturas. Fez-se a opção por apresentá-los individualmente, pois, dessa forma, sabe-se,
à luz da realidade, as profissões mais procuradas, sendo que, se fosse por grandes áreas,
alguns cursos com grande procura estariam unificados, não havendo como saber o índice
exato de sua procura nos vestibulares. Exemplo disso é a área de Ciências da Saúde, que
engloba os cursos de Educação Física, Enfermagem, Odontologia, Nutrição e Farmácia,
como melhor explicitado no anexo B. (BRASIL, 2007b).
Com o propósito de comparar as maiores opções dos vestibulares com as profissões
em destaque na cidade, os quadros 3 e 4 elencam os dez cursos mais procurados, conforme
número de candidatos, dos vestibulares UNESC e UNISUL respectivamente, referentes aos
anos de 2002 a 2007 (duas entradas por ano). A relação completa dos cursos das duas
instituições é mostrada nos anexos C e D.
2002 2003 2004 2005 2006 2007 Medicina Medicina Medicina Medicina Medicina Medicina Direito Direito Direito Administração Direito Direito
Administração Administração Ed. Física Direito Administração Administração Ed. Física Ed. Física Administração Ed. Física Ed. Física Ed. Física
Ciênc.Comp. Ciênc.Comp. Ciênc.Comp. Ciênc.Biológ. Ciênc.Contábeis Ciênc.Contábeis Farmácia Enfermagem Nutrição Engª Civil Ciênc. Comp. Ciênc. Comp. Engª Civil Psicologia Ciênc.Biológ. Ciênc.Contábeis Ciênc.Biológ. Engª Civil
Enfermagem Farmácia Enfermagem Artes Visuais Artes Visuais Engª Ambiental Fisioterapia Engª Civil Engª Civil Ciênc.Comp. Psicologia Ciênc.Biológ.
Letras Fisioterapia Fisioterapia Enfermagem Enfermagem Enfermagem Quadro 3 Cursos oferecidos pela UNESC nos vestibulares dos últimos cinco anos, por número de candidatos. Fonte: Elaboração própria com dados disponíveis no site da Acafe (2007).
83
2002 2003 2004 2005 2006 2007 Medicina Medicina Medicina Medicina Medicina Medicina Direito Direito Direito Direito Direito Direito
Administração Ed. Física Com. Social Odontologia Administração Administração Farmácia Com. Social Administração Nutrição Odontologia Odontologia
Com.Social Administração Odontologia Administração Ed. Física Nutrição Odontologia Farmácia Ed. Física Ed. Física Com. Social Engª Química Fisioterapia Odontologia Farmácia Com. Social Sist.Inform. Com. Social Enfermagem Psicologia Agronomia Engª Química Enfermagem Enfermagem Psicologia Enfermagem Enfermagem Agronomia Engª Química Sist.Inform.
Engª Química Serviço Social Engª Química Enfermagem Farmácia Ed. Física Quadro 4 Cursos oferecidos pela UNISUL nos vestibulares dos últimos cinco anos, por número de candidatos. Fonte: Elaboração própria com dados disponíveis no site da Acafe (2007).
De modo geral pode-se perceber uma analogia entre as escolhas das duas instituições,
sendo que um dos dez cursos mais procurados em todos os vestibulares, Odontologia, é
oferecido apenas pela UNISUL.
As licenciaturas são opções freqüentes em todos os vestibulares e em ambas as
instituições, todavia é interessante ressaltar a demanda pelo curso de Educação Física, opção
que se manteve estável em todos os vestibulares.
Para confirmar se as opções com maior demanda dos vestibulares estavam em
consonância com as profissões em destaque na cidade, buscou-se esses números nos sites dos
órgãos regulamentadores das profissões de Criciúma e, quando não havia os dados
disponíveis neles, contataram-se os responsáveis via e-mail e telefone. Foi levado em
consideração apenas o número de profissionais inscritos.
Cabe ressaltar a dificuldade em levantar os números referentes à profissão de
professor, em suas diversas licenciaturas. Diferente da maioria das outras profissões que
possuem um conselho fiscalizador e normatizador da profissão, neste caso não existe um
órgão regulamentador que mantenha os profissionais associados ou que possuam em seus
arquivos os números de professores.
A tentativa inicial de apresentar os números de profissionais nas áreas de licenciaturas
foi procurar junto à Secretaria Estadual de Educação (SED), por meio de sua representante na
84
cidade, a Gerência de Educação, Ciência e Tecnologia (GERED). Essa gerência responde
pelo número de professores da rede estadual.
Todavia, a tarefa tornou-se infrutífera, pois a gerência não possui um banco de dados
com o número de professores separados por área, dispondo apenas de um número de
professores ativos cadastrados no sistema, sendo que muitos desses professores também
trabalham na rede municipal e particular de ensino. Dessa forma, os números estariam muito
diferentes da realidade.
A alternativa encontrada foi buscar o número de profissionais da área de ensino na
cidade de Criciúma por meio da última Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), ano
de 2005, fornecido pelo Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas (IPAT) da
UNESC. Apresentam-se apenas os professores com formação pedagógica, atuando no ensino
infantil, fundamental, médio e superior, com carteira assinada.
Os números referentes às profissões na cidade de Criciúma são apresentados no
Quadro 5.
ÓRGÃO REGULAMENTADOR NÚMERO DE INSCRITOS EM
CRICIÚMA Professores (diversas licenciaturas/pedagogia) 1.406 Ordem dos Advogados do Brasil – 7ª Subseção de Criciúma 830 Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Delegacia de Criciúma (excluiu-se os arquitetos)
769
Conselho Regional de Administração – Delegacia Regional Sul 540 Conselho Regional de Medicina – Delegacia de Criciúma 400 Conselho Regional de Odontologia – Região de Criciúma 328 Conselho Regional de Farmácia - Seccional Sul 327 Conselho Regional de Enfermagem – Subseção de Criciúma 214 Conselho Regional de Contabilidade - Macrodelegacia de Criciúma 169 Quadro 5 Órgãos regulamentadores das profissões em Criciúma Fonte: Elaboração própria com dados obtidos a partir de: Ordem dos Advogados do Brasil (2007); Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (2007); Conselho Regional de Administração (2007); Conselho Regional de Medicina (2007); Conselho Regional de Odontologia (2007); Conselho Regional de Contabilidade (2007); Ipat (2007).
Com essas informações, pode-se afirmar que as profissões em destaque na cidade de
Criciúma estão em conformidade com as escolhas do vestibular. Se analisarmos que, em
85
média, um curso tem a duração de oito semestres, para participar dos números de
profissionais apresentados anteriormente, estes teriam que ter prestado vestibular há, no
mínimo, quatro anos. Sendo assim, entre as opções dos vestibulares mais procuradas
atualmente estão também aquelas de quatro anos atrás.
Em uma enquete feita pela Empresa Catho no ano de 2000, sobre as profissões do
futuro no Brasil, uma das perguntas era sobre quais profissões são consideradas estáveis. Para
os 1.012 respondentes, Medicina, Direito, Profissões na área de finanças e engenharias foram
as mais mencionadas. (REVISTA CATHO ON-LINE, 2000).
Em 2003, uma reportagem da Folha on line apontou as dez maiores procuras no
vestibular da Universidade de São Paulo (USP), sendo que as consideradas “formações
clássicas” estavam em primeiro lugar. As campeãs foram: Engenharias, Administração,
Ciências Contábeis, Economia, Informática, Marketing, Direito, Comunicação, Química e
Medicina, que estão também entre as mais requisitadas no mercado de trabalho. (LIMA,
2003).
A expressão “formações clássicas” ou “profissões tradicionais” são aquelas profissões
que desde muito tempo se mantêm como as mais procuradas pelos vestibulandos, sendo
consideradas profissões de prestígio e muito valorizadas econômica e socialmente.
Segundo Schwartzman (1997), pode-se dividir, a partir de diferenças tradicionais,
intelectuais e profissionais, um quadro universitário em que se destacam as tradições das
profissões liberais (Medicina, Direito e Engenharias) e tradições acadêmicas (Física,
Biologia, Economia, Antropologia...). No topo dessa lista pairam as profissões tradicionais.
A reforma universitária de 1968 pretendeu consagrar o predomínio da tradição acadêmica por sobre as profissionais, pela criação dos institutos básicos e a organização das universidades através dos departamentos organizados por disciplina. No entanto, a separação se mantém como prova a preservação das faculdades de medicina, direito e engenharia como unidades autônomas e freqüentemente isoladas fisicamente dos centros de pesquisa básica, não só nas universidades brasileiras, como em todo o mundo. (SCHWARTZMAN, 1997).
86
De acordo com o INEP, as profissões mais procuradas pelos estudantes inscritos no
ENEM de 2007 são nas áreas de Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, as Engenharias e as
Ciências Tecnológicas. (BRASIL, 2007c).
Infere-se, portanto, que nos últimos anos houve poucas mudanças em relação aos
cursos mais procurados nos vestibulares e que na cidade de Criciúma, como mostrado nos
quadros 3, 4 e 5, as escolhas no atual vestibular e as profissões mais numerosas mantêm-se
em hegemonia.
5.3 Apresentação e análise dos resultados
Neste item se apresenta os principais resultados alcançados após o tratamento dos
dados originais obtidos pela aplicação e interpretação dos questionários e entrevistas feitas
em campo. Utilizaram-se gráficos e tabelas, conforme cada caso, para facilitar a visualização
dos dados.
� Perfil dos entrevistados
A primeira parte do questionário objetivava caracterizar o perfil dos entrevistados das
duas escolas pesquisadas, onde foi possível identificar a idade, se estava trabalhando, nível de
instrução dos pais, profissão dos pais e renda familiar. Os gráficos e as tabelas demonstram
esses resultados.
Em relação à idade dos entrevistados, foram apresentadas quatro opções, em anos,
para que fosse assinalada, sendo que na escola particular a totalidade dos alunos encontra-se
87
na faixa etária considerada apropriada, segundo a LDB nº 9.394/96, para encerrar o ensino
médio. No que tange à escola pública, embora a quantidade de alunos com idade superior aos
18 anos seja pouco representativa, percebe-se uma involução constante à medida que a idade
avança. Tanto é que, da amostra pesquisada, apenas 3,4% terminarão o ensino médio com
mais de 18 anos de idade, como demonstrado no gráfico da figura 1.
Figura 1 Idade dos entrevistados Fonte: Dados coletados pelo pesquisador
A diferença entre a escola particular e pública quando a questão procura saber se o
aluno está ou não trabalhando é bastante significativa. Como mostra a figura 2, enquanto na
escola particular quase a totalidade de alunos apenas estuda (94,7%), na escola pública
acontece o inverso: 69,1% dos alunos estão estudando e trabalhando.
Idade
96,6%100,0%
1,7% 1,1% 0,6%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
120,0%
Escola Pública Escola Particular
15 a 18 anos
19 a 21 anos
22 a 24 anos
Mais de 24 anos
88
Figura 2 Se está trabalhando Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.
Ainda em relação ao aspecto trabalho, é interessante apresentar algumas falas dos
alunos das duas escolas, feitas na entrevista, quando questionados do porquê estarem ou não
trabalhando (conforme haviam respondido no questionário), revelando suas percepção sobre
o assunto, o que reforça a afirmação anteriormente exposta.
� Respostas da Escola particular:
R. 15 anos (indecisa)
Não. Acho que a família não quer e eu também não. Porque acho que agora devo dar preferência pelos meus estudos.
L. 15 anos (Direito)
Não. Eu acho que... Acho que agora não é a melhor hora, mas também porque os meus pais não vêem um motivo específico pra mim trabalhar agora, pra me dedicar mais nos estudos.
Trabalha
69,1%
5,3%
94,7%
30,9%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Escola Pública Escola Particular
Sim
Não
89
D. 17 anos (Ciência da Computação) Sim. Trabalho, pois é uma opção e também uma necessidade. Trabalho com meu pai.
T. 17 anos (Engenharia Mecânica) Ah não. É porque não dá pra conciliar estudo e trabalho. É porque eu já não vou bem
na escola, daí... Se eu trabalhar, desanda de uma vez.
� Respostas da Escola pública:
M. 17 anos (Enfermagem ou Direito)
Sim, eu trabalho de balconista, no caso. Daí que é uma profissão com pessoas e eu teria que melhorar o meu vocabulário, então como balconista eu converso com pessoas e eu acho que pode ajudar no meu... Quando eu me formar, no meu campo de trabalho.
C. 17 anos (Direito) Sim. Porque é necessário. Eu acho que faz bem tu trabalhar assim... É gratificante no
fim do mês tu receber salário, pagar as contas, tudo certinho.
S. 17 anos (indeciso) Sim. Porque é preciso, né? Sou o homem da casa....
D. 16 anos (Administração) Não, eu até tentei né, já mandei curriculum e estou esperando uma resposta. Se vir
antes de terminar o... Terceiro, daí eu vou botar a cara mesmo e fazer. É preciso, né! O item do questionário que perguntava a escolaridade dos pais revelou uma
disparidade bastante significativa entre as duas escolas, possíveis de serem identificadas na
tabela 1.
90
Tabela 1 – Escolaridade dos pais dos alunos Escola particular Escola pública
pai mãe pai mãe Primeiro grau 6,3% 9,8% 58,4% 63,1% Ensino médio 19,6% 21,6% 26,2% 24,2% Ensino superior 35,5% 36,8% 9,6% 8,8% Pós-graduação 36,4% 30,8% 3,0% 2,3% N.d.a 2,3% 1,1% 2,8% 1,1% Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.
Observa-se que a incidência maior da escolaridade dos pais da escola particular está
concentrada na pós-graduação. Do total pesquisado de pais, 36,4% são pós-graduados. Em
segundo lugar, mas muito próximo, com 35,5%, aparece o “ensino superior”. Isso significa
que 71,9% dos pais têm no mínimo o nível superior. No outro extremo, a menor participação
diz respeito ao “primeiro grau”. Dos pais de alunos da escola particular apenas 6,3% possuem
o primeiro grau. Em relação ao “ensino médio”, são 19,6%.
Em relação às mães de alunos que freqüentam o ensino particular, embora os
percentuais sejam diferentes em relação aos pais, a maior concentração está no “ensino
superior”, com 36,8%, e logo em seguida, com 30,8%, aparece a pós-graduação. Agregando-
se essas duas modalidades de ensino, chega-se a 67,6% das mães com nsino superior. Assim
como no caso dos pais, a menor incidência também está no “primeiro grau”, com 9,8%,
cabendo 21,6% ao ensino médio.
Para ambas as situações na escola particular, pais e mães, os progenitores encontram-
se, no presente momento, com um grau de escolaridade que supera o dos seus filhos. O
mesmo fenômeno não se verifica em relação à escola pública. Entre os pais de alunos da
escola pública pesquisada, 58,4% têm apenas o “primeiro grau”. Portanto, os alunos que
estudam nas escolas públicas têm um grau de escolaridade superior ao dos pais.
Em relação às mães de alunos da escola pública a distância é ainda maior, pois 63,1%
delas têm somente o primeiro grau. Em relação ao ensino superior e pós-graduação, os pais
91
aparecem com 9,6% e 3% respectivamente. As mães registram um percentual levemente
inferior. Enquanto 8,8% delas têm ensino superior, com pós-graduação há apenas 2,3%.
A questão que perguntava sobre a profissão dos pais era aberta, e a multiplicidade das
ocupações apresentadas, mais de quarenta, dificultava a comparação e o estudo. Para unificá-
las sem perder a veracidade das informações, foi utilizada a tabela da Classificação Brasileira
de Ocupações (CBO), uma divisão do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que desde
1977 reconhece as ocupações existentes no Brasil.
Essa tabela possui amparo legal por meio das Portarias nº 3.654, de 24.11.1977, e nº
1.334, de 21.12.1994, sendo referência obrigatória dos registros administrativos que
informam os diversos programas da política de trabalho do País. (BRASIL, 2002b).
A figura 3 mostra resumidamente os grandes grupos da CBO para melhor
identificação das profissões, sendo que seu detalhamento está no anexo J.
CBO 2002-Grandes Grupos / Títulos 0 Forças Armadas, Policiais e Bombeiros Militares
1 Membros superiores do poder público, dirigentes de organizações de interesse público e de empresas e gerentes
2 Profissionais das ciências e das artes 3 Técnicos de nível médio 4 Trabalhadores de serviços administrativos 5 Trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados 6 Trabalhadores agropecuários, florestais, da caça e pesca 7 Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais (1) 8 Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais (2) 9 Trabalhadores de manutenção e reparação
Figura 3 Tabela CBO 2002 – Grandes grupos Fonte: Adaptada de: (BRASIL, 2002a). A tabela 2 apresenta os dados apurados pela pesquisa quanto às profissões dos pais,
podendo ser comparado com os grandes grupos apresentados na figura 3 para melhor
entendê-las.
92
Tabela 2 – Profissão dos pais dos entrevistados Escola particular Escola pública Grandes
grupos da CBO pai mãe pai mãe Grupo 0* 15,8% 20,1% 1,1% 0,6% Grupo 1 37,3% 26,0% 7,9% 1,1% Grupo 2 8,8% 3,1% 1,7% 6,3% Grupo 3 1,7% 9% 0,6% 2% Grupo 4 10,5% 13,4% 0,6% 1,1% Grupo 5 12,5% 13,1% 10,8% 8,8% Grupo 6 0,6% 0% 2,8% 1,1% Grupo 7 1,7% 0,6% 19,9% 5,7% Grupo 8 1,7% 1,1% 27,6% 6% Grupo 9** 4,3% 12,4% 20,2% 65% Fonte: Dados coletados pelo pesquisador. * Incluiu-se a profissão de advogado por não haver enquadramento claro na tabela da CBO. ** Incluiu-se a ocupação de merendeira, cozinheira, faxineira, empregada doméstica e dona de casa.
Esse item apresentou grandes diferenças entre as duas escolas, pois, na particular os
percentuais mais altos eram relativos às profissões tradicionais, que na maioria das vezes
exige formação superior, caso do grupo 1 para pai e mãe com 37,3% e 26%, respectivamente.
No entanto, quando se observam os percentuais da escola pública, as profissões mais citadas
foram as que aparecem como pertencentes ao grupo 8 para os pais e 9 para mães, profissões
que trabalham na produção e manutenção das indústrias e comércio, ocupações que não
exigem grau de instrução superior.
Corrobora para essa constatação o fato do segundo grupo mais citado para profissão
dos pais, na escola particular, também exigir um alto grau de escolaridade, no caso o grupo 0,
com 15,8% de pais e 20,1% de mães exercendo essas profissões. Todavia, ao se observar a
escola pública, verifica-se que o grupo ocupacional que vem em segundo lugar para os pais
continua exigindo um grau menor de instrução (grupos 9 e 7) com 20,2% e 19,9% de
ocupação. Com relação à segunda ocupação das mães da escola pública, é pertinente destacar
a grande diferença existente entre o primeiro grupo de ocupações, grupo 9 (65%) e os outros
grupos, sendo que em segundo lugar aparece o grupo 8, trabalhadores do comércio em geral,
com 8,8% de ocupações.
93
Para identificar o nível de renda dos pais dos alunos, as opções apresentadas foram
em salários mínimos, sendo que nesse item as diferenças entre escola pública e escola
particular, quanto à remuneração, ficaram bem evidenciadas, como apresentado na figura 4.
Figura 4 Nível de renda dos pais dos entrevistados Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.
Aparecem com destaque nesse gráfico duas situações. A primeira, a heterogeneidade
na distribuição da renda entre os pais de alunos da escola pública e a homogeneidade para o
mesmo caso para os pais de alunos da escola particular. Na escola pública, 69,8% dos pais
possuem uma renda de até 5 salários mínimos. No hiato entre 5 e 10 salários estão 23,7% dos
pais. Portanto, 93,5% dos pais pesquisados têm uma remuneração de até 10 salários mínimos.
Acima dos 10 salários mínimos estão 6,5% dos pais.
No tocante aos pais de filhos que estudam na escola particular, conforme já
mencionado, a distribuição das rendas auferidas acontece de maneira mais homogênea. Até
10 salários mínimos estão 31,5% dos pais. Entre 10 e 20 salários encontram-se 33,6%. Acima
de 20 salários mínimos estão 34,9% dos pais.
Nível de Renda dos Pais
69,8%
11,2%
20,3%23,7%
3,0%
16,1%
1,8%
17,5%
1,2%
11,9%
0,6%
23,1%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Escola Pública Escola Particular
Até 5 salários
Até 10 salários
Até 15 salários
Até 20 salários
Até 25 salários
Mais de 25 salários
94
Além da heterogeneidade na distribuição da renda entre os pais de alunos da escola
pública e a homogeneidade em relação aos pais de alunos da escola particular, há uma
segunda situação que se destaca na observação desse gráfico. Enquanto na escola pública a
maior participação de pais está entre aqueles que recebem até 5 salários mínimos e a menor
entre os que auferem mais de 25 salários, o inverso se verifica na escola particular. O
percentual de maior incidência está entre os pais que ganham mais de 25 salários, com
23,1%. Por outro lado, o percentual com menor incidência está entre os pais que têm uma
remuneração de até 5 salários.
� Escolha da profissão
Na segunda parte do questionário, as perguntas eram direcionadas à escolha da
profissão por parte dos entrevistados, e foi possível detectar, entre outras variáveis: se o aluno
fez uso de testes profissionais, qual a sua opção para o vestibular, as influências nessa
escolha, se fez pesquisa sobre o campo de trabalho de sua opção, por que optou por essa
profissão, para qual instituição prestará o vestibular, e o que pensa sobre a profissão dos pais.
Quando perguntados se já haviam feito algum teste para ajudá-los na escolha da
profissão, o que se percebe na amostra pesquisada é a falta de oportunidade que os alunos da
escola pública têm para fazer esse acompanhamento, sendo que apenas 14,5% tiveram acesso
a esses testes, e, como comprovado por meio das entrevistas, por conta própria. Na escola
particular, onde esse trabalho de orientação é oferecido, percebe-se uma diferença de apenas
12,8% entre a maioria dos alunos que fez o teste e os que não fizeram, como se verifica na
figura 5.
95
Figura 5 Se já fez teste vocacional/profissional para auxiliar na escolha da profissão Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.
Para corroborar com os números informados, transcreve-se a fala de alguns alunos das
duas escolas, obtidas na entrevista a respeito de orientação profissional.
� Respostas da Escola particular:
F. 17 anos (Oceanografia)
Sim, eu fiz. O Energia deu pra gente fazer, mas eu não tava muito a fim de estudar, daí eu fiz, porque a minha mãe tava gastando dinheiro comigo e eu não tava nem aí. Daí eu fiz o teste e foi onde eu me identifiquei. Ajudou bastante, porque eu tava em dúvida entre três cursos, Engenharia ambiental, Biologia e Oceanografia. E se nada disso der certo eu quero fazer Educação Física, porque eu tenho intimidade com várias modalidades do esporte. T. 17 anos (“meio na dúvida” entre duas opções)
Sim. Ajudou porque eu estava entre muitas dúvidas, e agora fiquei meio assim... Entre Informática ou Administração, e ajudou nesse sentido.
Teste Vocacional/profissional
56,3%
14,5%
85,5%
43,7%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Escola Pública Escola Particular
Sim
Não
96
S. 16 anos (Fisioterapia)
Não fiz. Acho que eles até ajudam, mas eles são muito amplos assim, mas pode ser que ajude alguém que esteja muito indecisa.
B. 16 anos (Indeciso)
Fiz, mas não me ajudou muito não.... Sei lá. F. 16 anos (Nutrição ou Biologia)
Não, nunca fiz, mas acho que pode auxiliar pois ali a gente vai fazendo... Com aquilo que se identifica mais né!
� Respostas da Escola pública:
A. 17 anos (Administração)
Não. Eu comecei a fazer na internet mas eu desisti, não terminei. Acho que ele pode
ajudar e complicar mais ainda ao mesmo tempo. M. 17 anos (Enfermagem ou Direito)
Assim ó... Eu às vezes tento fazer alguma coisa. Não teste mesmo desses de curso, mas na internet, brincando. Tem alguns sites, como o da Abril, editora Abril, que a gente brinca, faz pra ver. Acho que esse tipo de teste dá certeza do que eu quero. É muito bom. A. 17 anos (Enfermagem)
Não, mas teria vontade de fazer, mas nunca fiz. Acho que ele ajuda quem tá indeciso. Bastante gente que fez, que eu conheço, decidiu pelo teste vocacional. C. 17 anos (Direito)
Já fiz. Me auxiliou mais ou menos. Fiquei meio confusa no final, mas ajudou um pouco, assim... D. 17 anos (Ciências Contábeis)
Não. Não conheço. Nunca ouvi falar disso.
97
Quanto ao fator escolha para o vestibular, o comportamento dos alunos apresentado
pela pesquisa é bastante peculiar, podendo-se elaborar vários comentários. Simplesmente não
há qualquer coincidência nas escolhas para o vestibular entre os alunos da escola particular
quando comparadas com a escola pública no que se refere aos cinco cursos mais citados na
pesquisa, como sintetizada na figura 6.
Figura 6 Principais escolhas para o vestibular Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.
Também cabe registrar que enquanto na escola pública 15,7% dos entrevistados ainda
não fizeram suas escolhas para o vestibular, na escola particular esse percentual cai pela
metade, ficando em 7%. Ainda em relação a esse aspecto, no colégio público a opção pelo
“não sabe” diante da pergunta sobre a escolha do seu curso no vestibular supera todas as
demais opções. Exatamente o oposto acontece no colégio particular, ficando a opção “não
sabe” com a menor incidência.
Principais Escolhas para Vestibular
4,2%
15,7%
7,0%7,8%
12,9%12,4%
5,4%8,8%
7,6%7,1%
11,4%
4,8%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
Escola Pública Escola Particular
Direito
Medicina
Administração
Arquitetura
Nutrição
Educação Física
Psicologia
Ciências Biológicas
Não sabe
98
Na escola pública o curso que registra o maior percentual de escolha é Educação
Física, com 11,4%, enquanto entre os alunos da escola particular essa opção não faz parte das
cinco primeiras escolhas. Na escola pública os cursos de Psicologia e Ciências Biológicas
aparecem com 4,8% e 4,2%, sendo que na escola particular também não receberam a
quantidade mínima de citações que permitisse seu registro. Por outro lado, enquanto na
escola particular os cursos de Arquitetura e Nutrição receberam 7,6% e 7,1%,
respectivamente, ocupando a quarta e quinta posições, na escola pública não estão entre os
cinco mais citados.
Na escola particular aparecem em primeiro e segundo lugares os cursos de Direito e
Medicina, com 12,9% e 12,4% respectivamente. Na terceira posição aparece o curso de
Administração, com 8,8%. Aliás, essa é parcialmente a única coincidência, pois no colégio
público o curso de Administração também ocupa a terceira posição, porém com 5,4% de
citação. Ainda em relação à escola pública, o curso de Direito vem em segundo lugar, com
7,8% de preferência.
Merece registro que nenhum curso das licenciaturas está entre os cinco mais citados
pelos alunos do colégio particular, enquanto dois cursos, Educação Física e Ciências
Biológicas, ocupam a primeira e quinta posições na preferência dos alunos do colégio
público.
Finalizando, é interessante ressaltar a ausência da Medicina entre os cinco primeiros
cursos mais citados pelos estudantes do colégio público. A fala a seguir, citada durante a
entrevista na escola pública, talvez contribua para explicar a situação.
S. 17 anos (Indeciso)
Não sei o que fazer, mas quero fazer faculdade, sem dúvida. Na verdade eu sempre sonhei em fazer Medicina, mas isso... (risos) é só sonho né, professora! Pra federal a gente não passa, pois não faz cursinho e os riquinhos fazem. Nas outras... De mensalidade? Dois “conto” por mês? De que jeito?
99
Apresenta-se ainda algumas outras falas das entrevistas, quando perguntados se
tinham certeza (ou não) da escolha que haviam feito para o vestibular.
� Respostas da Escola pública:
R. 17 anos (Ed. Física)
Tenho. Tenho porque é a área que eu faço, né. Eu pratico muito esporte, né. É isso.
J. 17 anos (talvez Economia)
É como falei. Eu quero fazer Economia eu acho, mas não quero ser economista... Eu quero trabalhar na área de vendas, e como tem a ver, tipo... Como é que se fala, contas essas coisas... Bom, se eu me der bem nesse curso eu vou seguir esse curso que tem mais ramo.
� Respostas da Escola particular: L. 15 anos (Direito)
Já pensei em fazer Psicologia também, mas acho e vi que é Direito mesmo. Só não sei a área ainda que vou atuar, que vou trabalhar. D. 16 anos (Medicina) Tenho certeza! (enfático) E. 16 anos (Administração)
Eu preferia fazer Artes Cênicas, só que o vestibular é muito concorrido... Só tem uma universidade que tem artes cênicas no estado. Minha opção por enquanto tá Administração. Neste caso, tenho certeza da minha opção.
100
A tabela 3 apresenta as respostas em relação às influências na escolha da profissão. O
quesito de maior destaque foi o “ninguém influenciou”, com 39,77% entre os alunos da
escola pública e 42,61% na escola particular.
Tabela 3 – Quem influenciou na escolha da profissão* Escola particular Escola pública Pais 14,77% 11,93% Professores 1,13% 3,97% Amigos 6,81% 6,81 Sempre quis exercer essa profissão 31,38% 28,40% Mídia (jornal, TV, internet) 5,68% 6,25% Ninguém 42,61% 39,77% Fonte: Dados coletados pelo pesquisador. * As respostas eram múltiplas
Ainda nessa questão, a resposta em relação à opção “sempre quis exercer essa
profissão” aparece como a principal influência sobre a decisão tanto dos alunos da escola
particular como dos alunos da escola pública, com 31,38% e 28,4%, respectivamente.
Agregando-se os percentuais das respostas “ninguém influenciou” com “sempre quis exercer
essa profissão”, atinge-se um nível elevadíssimo, com 68,17% para as escolas públicas e
73,99% para as escolas particulares. A combinação dessas situações passa a impressão de que
a escolha da profissão é uma decisão individual, sujeita a pouquíssima influência.
Externamente ao “eu aluno”, unilateral, a influência dos pais é a que mais aparece
para ambos os casos, porém com menos força entre os alunos de escola pública. Pode
explicar essa situação o fato de os pais de alunos dessa escola terem em sua maioria um grau
de escolaridade inferior ao de seus filhos, conforme já destacado na análise da tabela 1. Por
outro lado, na escola particular o nível de escolaridade dos pais excede o dos filhos. Os
professores têm pequena influência. Praticamente nenhuma na escola particular, com
minguado 1,13% de influência na decisão dos alunos, e 3,97% entre os alunos da escola
pública.
Ainda em relação a esses dois quesitos, registre-se que mesmo ao se agregar a
influência dos pais e professores sobre a decisão profissional de seus filhos,
101
independentemente se escolas públicas ou particulares, os percentuais, a despeito de serem
exatamente iguais, são baixos: 15,9% dos estudantes das escolas pública e particular têm sua
decisão profissional influenciada pelos pais e professores.
A influência dos professores é bastante inferior à da mídia, sobretudo junto aos alunos
da escola particular. Nesse caso, para cada aluno influenciado pelo professor na sua escolha
profissional, há cinco influenciados pela mídia. Entre os alunos da escola pública, mesmo a
influência da mídia sendo maior que a exercida pelo professor, a proporção é menor, com 1,5
por 1. Por outro lado, a ascendência dos amigos supera a da mídia. Tanto entre os alunos da
escola particular como da pública os amigos aparecem com 6,81% das citações.
Por este trabalho tratar exatamente das influências na escolha da profissão, é relevante
apresentar algumas transcrições da entrevista, quando perguntados se houve influência na sua
escolha profissional.
� Respostas da Escola pública:
M. 17 anos (Enfermagem ou Direito)
Não. Isso foi... Foi desde pequininha. É assim, digamos... Eu sou apaixonada por filmes de ação, com pessoas ajudando... Eu sempre fui assim de ver coisas humanísticas, não tem? Então... Eu acho que foi escolha minha, mas a tv ajudou. M. 17 anos (Engenharia de Segurança)
Não. Foi um processo que desencadeou de mim mesmo, tipo eu só olhei o que o curso oferecia, as diversas áreas que eu poderia trabalhar, as diversas funções e foi onde eu me interessei pelo curso. A. 17 anos (Enfermagem)
Não. Quer dizer, foi assim... O meu pai ele sempre quis fazer, não tem? E eu sempre fui influenciada por ele. Eu sempre gostei desde pequenininha porque ele que influenciava.
102
� Respostas da Escola particular: L. 15 anos (Direito)
Teve. Teve vários influenciadores, principalmente o meu pai. Assim, porque eu vejo... Ai, sei lá... Ele me influencia de uma forma assim, porque eu vejo ele estudando e por ele gostar, ele acaba me contando histórias assim que me empolga muito. F. 17 anos (Oceanografia)
Acho que mais a internet, eu pesquisei um pouco, daí o meu irmão falou que pra oceanógrafo abre concurso na Petrobrás, tipo.... Tem vaga pra entrar lá... É muito difícil, mas na Petrobrás seria um sonho de qualquer um, né, porque ganha bem pra caramba. B. 16 anos (indeciso)
Pois é... Não sei o que quero ainda. Teve a feira das profissões e eu fui na palestra de Direito, Administração e Engenharia, mas não sei.
Quando questionados se já haviam feito alguma pesquisa sobre o comportamento do
mercado de trabalho em relação às suas escolhas profissionais, as respostas foram diferentes
nas duas escolas, como mostrado na figura 7.
Figura 7 Se fez pesquisa a respeito do mercado de trabalho da profissão escolhida. Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.
Mercado de Trabalho
45,6%
62,9%
37,1%
54,4%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Escola Pública Escola Particular
Sim
Não
103
O gráfico da figura 7 revela que 54,4% dos alunos da escola pública não fizeram
pesquisa de mercado em relação à sua preferência pela profissão. Na escola particular 37,1%
não fizeram esse tipo de pesquisa. Uma diferença de 17,3 pontos percentuais. Significa que a
opção, em sua maioria, não guarda relação com suas expectativas frente ao mercado. Assim
mesmo, 45,6% da escola pública fizeram alguma pesquisa sobre a situação da profissão de
sua preferência no mercado.
Os alunos da escola particular registram um comportamento oposto ao mencionado
acima. Fizeram pesquisa de mercado sobre suas profissões preferenciais 62,9% dos alunos
pesquisados. Portanto, praticamente dois entre três desses alunos têm uma noção de suas
profissões no mercado. Em termos relativos, há nesse aspecto uma coincidência: os alunos da
escola particular que fizeram pesquisa sobre suas profissões preferenciais estão 17,3 pontos
percentuais acima quando comparados com a escola pública. Mesmo diferencial da “não
pesquisa de mercado”, quando comparados os alunos da escola particular com os da escola
pública.
Independentemente de maiores pretensões e numa dedução menos complexa, pode-se
dizer que os alunos da escola particular estão 17,3% mais preocupados com suas opções no
mercado profissional, que os alunos que freqüentam a escola pública.
Em relação à pergunta que tencionava saber se em sua cidade havia campo de
trabalho para a área escolhida, os alunos da escola particular e da pública em sua maioria têm
essa informação. Todavia, como demonstra a figura 8, o percentual é bem mais elevado entre
os alunos da escola pública.
104
Figura 8 Se acredita que a cidade possui um bom campo de trabalho para a área escolhida Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.
Como se observa na figura 8, entre os alunos da escola pública, 71,7% procuraram
saber se há campo de trabalho em sua área de escolha na cidade em que residem. Isso denota
uma relativa preocupação, entre outras leituras possíveis, em exercer sua atividade
profissional na própria cidade. Junto aos alunos da escola particular esse índice cai para
51,8%.
Ainda é importante ressaltar o hiato do “interesse” frente ao “desinteresse” em saber
sobre o mercado de trabalho da sua área profissional em sua cidade, quando se compara as
respostas dadas a esse quesito pelos alunos que freqüentam a escola particular e os que
estudam na escola pública. Na escola particular, o índice de interesse em relação ao mercado
de trabalho na própria cidade, 51,8%, praticamente se equipara à ausência de interesse, que
aparece com 48,2%. O hiato nesse caso é de apenas 3,6 pontos percentuais. Na escola pública
essa distância salta para 43,1 pontos percentuais, denotando uma preocupação muito mais
elevada.
Bom Campo de Trabalho
51,8%
71,7%
28,3%
48,2%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Escola Pública Escola Particular
Sim
Não
105
A tabela 4 apresenta as respostas referentes à questão que perguntava por que
escolheu esta profissão. É importante esclarecer que as respostas a esse questionamento eram
múltiplas.
Tabela 4 – Por que escolheu esta profissão* Escola particular Escola pública Porque tem mais vagas no vestibular 3,4% 1,7% Porque tem mais vagas no mercado de trabalho 14,2% 19,9% Porque eu sempre quis ser este profissional 42% 44,9% Porque eu acho que tenho aptidão para a profissão 67% 55,1% Porque é uma profissão que dá dinheiro 22,7% 23,9% Porque é uma profissão que dá prestígio social 9,1% 13,6% Fonte: Dados coletados pelo pesquisador. * As respostas eram múltiplas
As razões apresentadas para a escolha da profissão registram a mesma hierarquia de
importância tanto para os alunos da escola pública como para os da particular. As razões mais
nobres que levaram à escolha da profissão, se assim se podem denominar, ocupam os
primeiros lugares na preferência. As motivações menos nobres e mais pragmáticas ficaram
nas últimas posições.
A principal motivação apresentada na escolha da profissão é “porque eu acho que
tenho aptidão para a profissão”, com 55,1% entre os alunos da escola pública e 67% entre os
da escola particular. Cabe aqui uma referência à tabela 3, que trata das influências na escolha
da profissão. Na tabela 3, a resposta dada pelos alunos sobre a principal influência na
determinação da sua opção profissional, embora em percentuais menores que os registrados
na tabela 4, foi “ninguém influenciou”, guardando, portanto, coerência com a resposta dada à
principal razão que o levou a escolher determinada profissão. Dito de outra forma,
provavelmente por se acharem com aptidão para o exercício da profissão, dispensam as
influências externas na decisão da sua escolha profissional.
A segunda principal motivação na escolha profissional é “porque eu sempre quis ser
este profissional”, com 42% de incidência na escola particular e 44,9% na escola pública.
Cabe aqui outra referência à tabela 3. Também na tabela 3, ocupa o segundo lugar na
106
hierarquia de influências a opção “sempre quis exercer essa profissão”. Porque “é uma
profissão que dá dinheiro” aparece em terceiro lugar para os alunos de ambas as instituições.
Isso denota que o cuidado em trabalhar na profissão que acreditam ter aptidão, ou na
realização profissional, excede a preocupação com o dinheiro. Estariam mais interessados na
realização pessoal e profissional que com a futura remuneração.
Em quarto lugar, também para os alunos de ambas as escolas estão as quantidades de
“vagas no mercado”. É evidente a preocupação com o emprego e de maneira mais intensa
entre os alunos da escola pública. Em seguida aparece a razão de a “profissão dar prestígio
social” com 9,1% entre os alunos da escola particular e 13,6% junto aos da escola pública.
Finalmente, aparecem as vagas no vestibular. Surpreendentemente, os alunos da
escola particular aparentam ter maior preocupação com essa situação que os alunos da escola
pública.
No intuito de corroborar com essas informações transcreve-se algumas falas das
entrevistas dos alunos pesquisados, quando questionados sobre o que mais chama a atenção
na profissão que escolheu seguir: status, dinheiro, vocação, possibilidade de emprego, entre
outras.
� Respostas da Escola pública:
G. 17 anos (Enfermagem)
Eu acho que é a possibilidade de trabalho, a vocação que faz atuar bem. Não adianta só trabalhar e trabalhar só por dinheiro e trabalhar naquilo que não gosta, né!
K. 17 anos (Jornalismo)
Ah... Eu acho que mais é a comunicação, vocação, pois eu sou bem comunicativa (risos)... E também o gosto assim, também gosto bastante e por isso me interessei. C. 17 anos (Direito)
107
O dinheiro em primeiro lugar, e acho que o glamour de ser conhecida, tipo... Ah! Ela é advogada, todo mundo conhecer o nome, assim.
M. 17 anos (Engenharia de Segurança)
Eu acho assim, que funciona com um todo, eu acho. Ter vasto campo de trabalho... Um belo salário e o gosto pela coisa, de ajudar a cuidar da segurança das pessoas.
� Respostas da escola particular:
D. 16 anos (Medicina)
O que me chama a atenção é que é uma profissão que eu gosto!
A. 17 anos (Administração)
Ah! Não sei, mas acho que é a questão do emprego né, porque... Acho que eu vou conseguir o meu dinheiro com isso.
B. 16 anos (indeciso)
Ah! Acho que dinheiro é bom, né! Mas tem que gostar também né?!
T. 17 anos (Engenharia Mecânica)
Ah! É o que eu gosto de fazer né! Porque a gente tem que fazer o que gosta, né?!
A questão que perguntava em qual instituição faria o vestibular era fechada, com seis
alternativas, incluindo a alternativa “outra”. O gráfico da figura 9 apresenta as escolhas dos
alunos da pesquisa.
108
Universidade
11,9%
64,0%
30,1%
56,3%
15,3%
10,8%
4,0%
17,6%
0,6%3,4%
10,8%
27,6%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Escola Pública Escola Particular
UFSC
UNESC
UNISUL
UDESC
FASC
OUTRA
Figura 9 Instituição escolhida para fazer o vestibular Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.
Cabe esclarecer que esta questão era de múltipla escolha; contudo chama a atenção a
forte opção dos alunos da escola particular pela Ufsc. A despeito de fazerem o ensino médio
em colégio particular, no momento de optar pela instituição de ensino superior, preferem a
pública, estando com o dobro das preferências registradas pela segunda colocada, que é a
Unesc, localizada em Criciúma.
A UDESC, outra instituição pública, aparece “ranqueada” em terceiro lugar. Nas
quarta e quinta posições estão a Unisul e a Fasc. Merece registro o elevado percentual
“outra”, que conjuntamente recebeu 27,6% de citações, estaria em terceiro lugar, ficando à
frente das três últimas colocadas.
As respostas fornecidas pelos alunos da escola pública divergem substancialmente das
apresentadas pelos da escola particular. Na escola pública é preferência da maioria não uma
instituição pública de ensino superior, mas sim a Unesc. Em segundo lugar, embora bastante
distanciada, está a Unisul e na terceira posição a Ufsc. É uma situação bastante diferente da
registrada pelos alunos da escola particular. Nas quarta e quinta posições estão a Udesc e a
109
Fasc. Na hipótese de se agregar todas as demais instituições de ensino superior que foram
mencionadas na opção “outra”, esta ficaria classificada em quarto lugar.
Um outro aspecto percebido na análise deste gráfico, que é de múltipla escolha,
corresponde à diferença do volume e complexidade das citações entre os estudantes da escola
particular, quando comparado com os da escola pública. O questionário apresentado aos
alunos dos dois tipos de estabelecimento de ensinos era idêntico, mas o resultado passou a
impressão de que os estudantes da escola particular teriam mais opções de escolha que os da
escola pública. Corrobora com essa afirmação o somatório das opções feitas pelos alunos da
escola particular, que atingiu 153,5 %, enquanto os da escola pública parou nos 98,9%.
Com relação ao item que perguntava se o aluno conhecia alguém na profissão
escolhida, as respostas estão elencadas na tabela 5.
Tabela 5 – Se conhece alguém na profissão escolhida* Escola particular Escola pública Pais 16,47% 3,97% Pais de amigos 17,04% 5,68% Professores 3,97% 11,36% Vizinhos 2,84% 7,38% Parentes 26,7% 16,47% Outros 43,75% 46,59% Fonte: Dados coletados pelo pesquisador. * As respostas eram múltiplas
A coincidência nas respostas está apenas na opção “parentes”. Dos alunos da escola
particular, 26,7% conhecem algum parente que exerce a profissão que desejam seguir. Entre
os alunos da escola pública, embora essa opção também seja a que mais se destaca, seu índice
é de 16,47%.
Antes de prosseguir, cumpre esclarecer que a opção “outros” não é considerada
coincidente para as respostas dos alunos da escola pública e particular, pois é composta por
um conjunto de alternativas diferentes. Cada uma dessas alternativas teve incidência distinta
110
de preferência nas respostas dos alunos. Apenas o somatório de suas opções é que coincide,
por isso foi desconsiderada como tal para essa análise.
Dos alunos da escola particular, 17,04% reconhecem nos pais de seus amigos um
sujeito exercendo a profissão que almejam para si. Muito próximo, com 16,47%, estão os
seus próprios pais. Agregando-se os percentuais dos “pais”, “pais de amigos” e “parentes”,
atinge-se 60,21% dos alunos da escola particular que identificam em alguém que lhe é
chegado o profissional que pretendem ser.
Apenas 3,97% conhecem professores que atuam na mesma profissão que um dia
planejam exercer. Por conseguinte, pode-se deduzir que somente 3,97% dos alunos da escola
particular desejam ser professores. Com relação aos “vizinhos”, entre as cinco opções mais
citadas é a que tem a menor incidência. Apenas 2,84% dos alunos da escola particular
conhecem algum vizinho que exerce a mesma carreira que pretende seguir.
Como já mencionado, entre as cinco opções referenciadas, somente a opção
“parentes” coincide entre as mais citadas pelos alunos da escola pública e particular. Todas as
demais divergem no “ranqueamento” de importância. Entre os alunos da escola pública,
11,36% desejam seguir a mesma opção profissional que seus professores, ou seja, ser um
deles no futuro.
Ainda ao se observar atentamente a tabela, percebe-se entre os alunos da escola
pública que a proximidade social tem uma relação inversa diante de algum conhecido que
exerce a profissão que pretendem seguir. Somente 7,38% dos alunos da escola pública
conhecem algum vizinho que atua na profissão escolhida. Entre os pais de amigos e os
próprios pais, os índices de conhecimento caem respectivamente para 5,68% e 3,97%. Como
o nível de escolaridade da maioria dos pais dos alunos da escola pública está aquém do de
seus filhos, é compreensível não reconhecer nas atividades laborais de seus pais a profissão
que pensam em atuar.
111
A respeito do conhecimento sobre a rotina da profissão que pretendem seguir, a
amostra pesquisada forneceu dados que permitiram construir o gráfico demonstrado na figura
10.
Figura 10 Se conhece a rotina da profissão escolhida Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.
Os alunos do colégio particular demonstram ter um conhecimento maior a respeito da
rotina da futura profissão que os da escola pública. Entre os da escola particular 40,9%
conhecem a futura rotina contra 31,6% dos alunos da escola pública. Por outro lado, com
relação à ignorância a respeito dos procedimentos da profissão, apenas 4,7% dos alunos da
escola particular afirmaram estar nessa situação, contra 10,1% da escola pública.
Ainda em relação aos dados desse gráfico, os percentuais mais elevados dizem
respeito ao conhecimento parcial das rotinas da profissão. Entre os alunos da escola pública
58,2% afirmaram conhecer “mais ou menos” suas rotinas, enquanto 54,4% da escola
particular estão nessa situação. Portanto, na realidade, existe uma carência a respeito do saber
sobre as rotinas inerentes à profissão pretendida, o que torna essa situação interessante, pois
Rotina da Profissão
31,6%
40,9%
4,7%10,1%
58,2%54,4%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Escola Pública Escola Particular
Sim
Não
Mais ou menos
112
conforme os resultados da tabela 4, a maioria diz ter escolhido sua profissão por acreditar ter
aptidão para o seu exercício, ou porque sempre quis ser este profissional.
Dessa forma, revelam por meio dessa questão suas dúvidas, incertezas e
desconhecimento sobre suas escolhas profissionais, assunto abordado no capítulo três desta
dissertação.
A questão que objetivava saber se o aluno preferia ganhar menos e trabalhar em algo
que gostasse ou trabalhar em algo que não lhe agradasse muito, porém com um bom salário,
apresentou respostas coincidentes entre as duas escolas, como mostrado na figura11.
Figura 11 O que acha preferível Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.
Para 85,1% dos alunos da escola pública e 85,4% da escola particular é preferível
ganhar menos e trabalhar no que se gosta, a ganhar mais e trabalhar em algo que não se gosta.
Esses dados levam a crer que, hipoteticamente, se na sua opção pela profissão ocorrer uma
bifurcação entre a “felicidade” e o “ter”, os alunos preferirão em sua esmagadora maioria a
primeira situação.
O que você acha preferível?
85,4%85,1%
14,9% 14,6%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Escola Pública Escola Particular
Ganhar menos e trabalhar no quegosta
Ganhar mais e trabalhar em algoque não lhe agrada
113
É oportuno lembrar que pela análise da tabela 7, que registra as respostas dadas à
razão que os levou a escolher determinada profissão, verifica-se que as opções “sempre quis
ser este profissional” e “porque tenho aptidão para a profissão” estão com destaque nas
primeiras posições, ficando para trás os aspectos mais pragmáticos. Portanto, mais uma vez
aparece a coerência nas respostas ao questionário desta Dissertação.
Para solidificar os números da amostra pesquisada, transcreve-se algumas respostas
obtidas na entrevista.
� Respostas da Escola pública:
R. 17 anos (Ed. Física)
Pra mim eu prefiro trabalhar em alguma coisa que eu gosto, que eu quero fazer... A profissão que eu quero seguir, do que ficar naquilo... Ganhando milhões e milhões e fazendo uma coisa estressante.
G. 17 anos (Enfermagem)
Eu acho assim ó, que se a gente tá optando por uma... Um trabalho a gente tem que optar pelo que gosta. Claro que o dinheiro é bom, a gente tem que ganhar um salário pra se manter, porque daqui pra frente a gente vai ser maior de idade, né... Mas eu acho que não adianta a gente trabalhar em algo que não gosta e ter que... Que trabalhar pelo dinheiro, só pelo dinheiro! Eu acho que a gente tem que trabalhar naquilo que gosta e ganhe um bom salário, que dê de trabalhar e lutar pelo que a gente quer.
J. 17 anos (talvez Economia)
Ah! Sei lá, na vida tu não espera nada né. Tu... Às vezes tu faz uma coisa obrigado, que tu não gosta, mas que aquilo ali vai te influenciar, por exemplo, vai fazer tu virar alguém na vida. E alguma coisa que tu gosta e não é... Sei lá... Bem influenciado, sabe... Tu não vai ser tão feliz também, né? Tudo depende. Sei lá, acho que é os dois!!! (enfático).
S. 17 anos (indeciso)
Ganhar muito, mesmo sem gostar muito do que tá fazendo. Com certeza! Eu hoje trabalho numa coisa que não gosto muito e ganho mal, então.... Se.... Se eu tivesse que aturar e ganhar bem eu aturava.
114
� Respostas da Escola particular:
R. 15 anos (indecisa)
É, acho que ganhar menos e trabalhar no que gosta pode ser melhor do que se trabalhar numa coisa que tu não gosta. Tu pode não trabalhar bem e isso também pode influenciar no teu salário, né, porque tu pode ser um mal profissional.
F. 16 anos (Nutrição)
Eu acho melhor a gente ganhar um pouco menos e fazer o que a gente gosta.
T. 17 anos (Engenharia Mecânica)
Ganhar menos e trabalhar numa coisa que a gente gosta né! Porque depois o cara fica estressado e fica enjoado do trabalho, né!
B. 16 anos (indeciso)
Ah! Os dois né? Trabalhar muito e ganhar pouco é pancada né. Sem dinheiro a coisa fica complicada.
Também na entrevista foi perguntado aos alunos se eles acreditam que atualmente
vale a pena investir em um curso superior. As respostas, mesmo na forma peculiar que o
jovem possui de falar, foram unânimes, tanto na escola pública quanto na particular, em
afirmar que sim, investir em um curso superior é diferencial competitivo no momento de
conseguir melhores empregos e salários. Destacou-se algumas respostas sem identificar as
escolas, por tratar-se de afirmativas semelhantes entre ambas.
Com certeza, faz diferença!
Vale a pena porque tu tem mais oportunidade assim, tu tem.... Tu se especifica mais e... Acaba passando na frente de muitas pessoas.
Com toda certeza! Vale, vale a pena. Senão... Tá ferrado! Faz muita diferença. Eu acho que tu tem muito mais chance na vida fazendo um curso
superior.
115
Faz muita diferença. É o essencial. É essencial porque é uma grande formação hoje em dia, porque o campo de trabalho tá muito disputado.
Acho que faz. Sem estudo hoje... Não tem nada de bom. Até na cerâmica... Lá.. Na
produção, eles querem segundo grau. Imagina então pra coisa melhor! A última questão do questionário se referia à percepção que o aluno tinha a respeito
da profissão dos pais. Foi dada a possibilidade de marcar mais de uma opção, o que
realmente ocorreu na quase totalidade dos questionários. Esses dados são demonstrados na
tabela 6.
Tabela 6 – Percepção do aluno sobre a profissão dos pais* Escola particular Escola pública
pai mãe pai mãe Interessante. Dá prestígio e dinheiro
40,34% 15,34% 20,45% 2,8%
Interessante. Mas não dá prestígio nem dinheiro
5,11% 12,2% 11,36% 14,7%
Sacrificante. A jornada de trabalho é muito grande
33% 25% 40% 28,4%
Agradável. A jornada de trabalho é flexível
24,4% 24,4% 17% 20,4%
É a profissão com a qual eu mais me identifico
17% 9% 7,3% 2,8%
É uma profissão com a qual eu não me identifico.
35,2% 41,4% 39,9% 41,4%
Fonte: Dados coletados pelo pesquisador. * As respostas eram múltiplas
Praticamente inexistem coincidências entre as respostas apresentadas pelos alunos da
escola pública e particular frente as suas percepções a respeito das profissões dos pais. Por
outro lado, são fortes as coincidências quando o objeto é sua percepção em relação à
profissão das mães.
Para 40,34% dos alunos da escola particular, a profissão dos seus pais é “interessante,
dá prestígio e dinheiro”. Mesmo assim, para 35,2% é uma profissão com a “qual não se
identificam”. Para 33% desses alunos, a profissão de seus pais é “sacrificante e a jornada de
trabalho é muito grande”. Percebe-se uma forte correlação entre essas duas últimas
percepções, corroborando a entender o porquê de cerca de 85% dos alunos pesquisados
116
(escola pública e particular), preferirem ganhar menos e trabalhar no que gosta, a ganhar mais
e trabalhar em algo que não lhe agrada, apresentados na figura 11.
A opção “agradável e jornada de trabalho flexível” ficou na quarta posição
classificatória. Para 24,4% dos alunos do colégio particular é assim que percebem a profissão
de seus pais. Para 17% trata-se de “uma profissão com a qual eu mais me identifico”. É nítida
a forte correlação entre “trabalho agradável e jornada flexível de trabalho” com “profissão
com a qual mais me identifico”. Fica evidenciado que os alunos se aproximam das profissões
de seus pais que são consideradas agradáveis e se afastam das consideradas sacrificantes.
Em relação aos alunos da escola pública, para 40% deles a profissão de seus pais “é
sacrificante e a jornada de trabalho muito grande” e para 39,9% trata-se de uma “profissão
com a qual não me identifico”. Para 20,45% desses alunos a profissão de seus pais “é
interessante, dá prestígio e dinheiro”, para 17% deles é “agradável e a jornada de trabalho é
flexível”, mesmo assim, apenas para 7,3% desses alunos trata-se da profissão com a “qual
mais se identificam”.
Conforme mencionado no início da análise dessa tabela, diferentemente das respostas
dos alunos de ambas as escolas em relação às percepções que têm a respeito das profissões de
seus pais, as coincidências são fortes quando se trata de suas percepções frente às profissões
das mães.
Independentemente da escola, exatamente 41,4% dos alunos pesquisados não se
identificam com as profissões exercidas por suas mães. Na segunda posição, 25% dos alunos
da escola particular e 28,4% dos da escola pública consideram que a profissão de suas mães é
“sacrificante com uma jornada de trabalho muito grande”. As coincidências continuam
aparecendo na terceira opção mais citada. Percebem como “agradável e jornada de trabalho
flexível” a profissão de suas mães 24,4% dos alunos da escola particular e 20,4% da escola
pública.
117
Nas quarta e quinta opções mais citadas surgem as divergências de percepção dos
alunos a respeito das profissões exercidas por suas mães. Enquanto que para 15,34% dos
estudantes da escola particular a profissão de suas mães “é interessante, dá prestígio e
dinheiro”, somente 2,8% dos alunos da escola pública têm tal percepção a respeito da
profissão de suas mães. Cabe lembrar que conforme apontado na tabela que registra o grau de
escolaridade das mães, entre as que têm filho na escola pública 8,8% possuem ensino
superior, quando 36,8% das que têm filho na escola particular possuem nível superior. Essa
situação se reflete na percepção sobre o prestígio da profissão das mães.
Consideram que a profissão de suas mães “é interessante, mas que não dá prestígio e
nem dinheiro” 12,2% dos alunos da escola particular e 14,7% dos alunos da escola pública.
Finalmente, na sexta e última opção para os alunos oriundos de ambas as escolas a
profissão de suas mães é “aquela com a qual eu mais me identifico”. Entretanto, essa é a
percepção de 9% entre os alunos da escola particular enquanto na escola pública cai para
2,8% apenas.
Os resultados apurados com a pesquisa forneceram subsídios para responder à
problemática e os objetivos propostos neste trabalho, permitindo, com sua análise, que se
compreendesse melhor o processo por que passa o aluno no momento em que vai escolher
uma profissão.
118
6 CONCLUSÃO
A busca de respostas para as incertezas que cercam o momento da escolha
profissional é um processo contínuo, sem prazo para terminar; ela está intrinsecamente ligada
ao ser humano, fazendo parte da construção de sua subjetividade. Essa relação de escolher ou
ser escolhido já está presente nas relações familiares desde que a criança inicia na vida
escolar. É pertinente trazer as palavras de Rubem Alves, quando diz que “Tudo começa com
os pais – ‘Meu filho, que é que você vai ser quando crescer?’”. (ALVES, 1984, p. 75). Para o
autor, a criança ainda não articula as frases corretamente, está brincando de carrinho de
bombeiros e os pais já entram na neurose do vestibular e das contas do cursinho e das
mensalidades da faculdade. (ALVES, 1984).
De uma maneira geral, pode-se considerar a escolha profissional como uma busca de
afirmação e formação de identidade onde o adolescente espera, com a profissão escolhida,
uma realização de sua vida futura.
Retomando o ponto inicial deste trabalho, que questionava saber como acontece o
processo da escolha da por parte dos vestibulandos de Criciúma, constatou-se que os
objetivos foram alcançados, na medida em que se conseguiu unir as informações necessárias,
contribuindo com novos conhecimentos, como segue detalhado.
No capítulo dois apresentou-se a Teoria do Capital Humano, demonstrando que os
investimentos de tempo e dinheiro na educação superior são fatores que decidem
positivamente no momento de escolher as melhores oportunidades de trabalho. Os
conhecimentos adquiridos e desenvolvidos pelos seres humanos por meio do capital humano
contribuem significativamente para o seu desenvolvimento individual, como também para o
crescimento econômico do país. E, diferentemente do capital físico, que pode ser
transportado, vendido e adquirido separadamente, o capital humano não pode ser separado da
119
pessoa que o fornece; é um conhecimento que, segundo Schultz (1973), se traduz em um
investimento de domínio individual e inesgotável onde, na concorrência do mercado de
trabalho, lhe será muito útil.
Apesar das críticas de oposição geradas a essa teoria, constatou-se sua consolidação
com as argumentações e demonstrações numéricas das pesquisas que corroboraram com o
referencial inicialmente explicitado. Essas pesquisas apontaram que A Teoria do Capital
Humano está ligada às escolhas profissionais dos vestibulandos, quando esses decidem
freqüentar um curso superior por entender que dessa forma terão chances de melhores
empregos e salários, no futuro.
Estabelece-se, assim, uma relação entre os capítulos dois e três, onde foi exposta
teoricamente a escolha profissional do adolescente. A dificuldade encontrada pelos
adolescentes no momento de fazer a opção no vestibular, que significa a sua carreira
profissional, é analisada e discutida por profissionais da área de orientação profissional, e
leva a concluir que os termos “dúvida e incerteza” fazem parte do cotidiano do adolescente,
nesse momento de identificação física e social que ele está enfrentando.
Quanto aos grupos que influenciam as escolhas profissionais, caracterizaram-se
aqueles em maior destaque que são: a família, a mídia, os amigos, pares e professores. Nesse
sentido, é pertinente salientar a extensa bibliografia que existe sobre a influência da família,
em detrimento dos outros agentes influenciadores. Esse contexto leva a inferir que a família
possui um grau maior de influência sobre as escolhas dos adolescentes. Todavia, esse fato
não se comprovou por meio da pesquisa empírica realizada com os estudantes do ensino
médio da cidade de Criciúma, onde a participação da família torna-se pequena diante da
decisão individual do aluno na escolha do curso.
120
O capitulo quatro detalhou a metodologia utilizada neste trabalho, permitindo
conhecer os caminhos percorridos desde o referencial teórico até os instrumentos utilizados
para a coleta e análise dos dados.
O cumprimento total dos objetivos inicialmente traçados foi alcançado por meio da
pesquisa empírica, descrita no quinto capítulo onde se apresentou a cidade pesquisada com
suas características econômicas e sociais, dando destaque às profissões mais numerosas,
necessidade essa de verificar se, por meio das escolhas dos vestibulares dos últimos cinco
anos, os estudantes dão continuidade a essas profissões.
Infere-se, com os resultados apontados, que houve poucas mudanças em relação às
profissões hegemônicas na cidade e as atuais escolhas dos alunos, prevalecendo ainda
algumas das opções tradicionais como Medicina, Direito e Administração.
Foram pesquisados, por meio de um questionário, 352 alunos de uma escola pública e
outra particular, permitindo identificar, na primeira parte, quão diferente é o perfil dos
estudantes de uma escola pública e de uma particular no que se refere, principalmente, ao
nível socioeconômico e cultural familiar, influenciando, de maneira indireta, nos cursos
pretendidos ao vestibular. Todavia, um fator comum constatado a ambos os estudantes, seja
da escola pública ou da particular, foi a grande indecisão por parte dos estudantes no que
tange à escolha da profissão, validando os referenciais teóricos estudados.
Percebeu-se também que não há grupos diretamente influenciadores nessas escolhas,
pois tanto na escola particular quanto na escola pública os resultados demonstraram que essa
decisão, como já mencionado anteriormente, é unilateral, prevalecendo a escolha por opção
própria, percebida quando os alunos respondem que sempre quiseram exercer essa profissão
ou ainda que escolheram essa profissão porque sempre quiseram ser esse profissional. Porém,
diante de outras influências, como de amigos, mídia e professores, a família é apontada como
o grupo que mais detém influência sobre as opções dos estudantes.
121
Convém ressaltar, mais uma vez, a limitação desta pesquisa, que representa uma
parcela dos estudantes que todos os semestres sentem de perto as “dores” e indecisões no
momento de assinalar a opção no vestibular que definirá sua carreira profissional.
Contudo, mesmo limitada, tencionou-se com este estudo contextualizar as diversas
variáveis que se apresentam quando o assunto discorre sobre a escolha e a indecisão
profissional, face a importância que o assunto merece. Encerra-se sem, contudo, pôr um
ponto final, pois o conhecimento e a pesquisa não se findam, apenas, paulatinamente, vão
abrindo espaço e instigando novos estudos.
E, finalizando este estudo, encontra-se, nas palavras de Eleanor Roosevelt, o que este
trabalho quis representar: A filosofia de uma pessoa não se expressa em palavras, mas em
escolhas. A longo prazo, moldamos nossas vidas e moldamos a nós mesmos. O processo
nunca termina até que morramos. E as escolhas que fizemos são, no final das contas, nossas
próprias responsabilidades.
122
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APÊNDICE A – Questionário
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
QUESTIONÁRIO PARA ALUNOS
Prezado(a) Aluno(a), Solicitamos sua colaboração no preenchimento deste questionário que servirá de subsídio para a elaboração de minha Dissertação de Mestrado. Seus dados e sua identidade permanecerão em sigilo. Cordialmente, Profª.Ceneli de Freitas Gastaldon PARTE I – IDENTIFICAÇÃO 1 Nº de matrícula/nome:_______________________________________________ 2 Sexo a) Masculino b) Feminino 3 Idade, em anos a) de 15 a 18 b) de 19 a 21 c) de 22 a 24 d) mais de 24 4 Trabalha? a) Sim b) Não 5 Qual o nível de instrução de seus pais? PAI Nível de instrução MÃE Primeiro grau Ensino médio Ensino superior Pós-graduação 6 Profissão dos pais Pai Mãe 7 Qual o nível de renda de seus pais? (em salários-mínimos) a) até 5 b) até 10 c) até 15 d) até 20 e) até 25 f) mais de 25
130
8 A principal atividade de seu pai/mãe é: PAI Profissão MÃE Empregado Empresário Comerciante Profissional liberal (autônomo) PARTE II – ESCOLHA DA PROFISSÃO 9 Você fez algum teste vocacional/profissional para saber qual a profissão em que melhor você se identifica? a) Sim b) Não 10 Qual a sua “escolha” para o vestibular? R: ___________________________________ 11 Você consegue se ver exercendo essa profissão? a) Sim b) Não 12 Quem o influenciou na escolha dessa profissão? a) meus pais b) professores c) amigos d) eu sempre quis exercer essa profissão e) mídia (jornal, tv, internet) d) ninguém 13 Você fez pesquisas a respeito do mercado de trabalho dessa profissão? a) Sim b) Não 14 Você acredita que sua cidade possui um bom campo de trabalho para a área que você escolheu? a) Sim b) Não 15 Porque que escolheu essa profissão?(marque mais de uma opção, se for o caso) a) porque tem mais vagas no vestibular; b) porque tem mais vagas no mercado de trabalho; c) porque eu sempre quis ser este profissional; d) porque eu acho que tenho aptidão para a profissão; e) porque é uma profissão que dá dinheiro; f) porque é uma profissão que dá prestígio social. 16 Você vai fazer o vestibular em que instituição? a) UFSC (federal) b) UNESC c) UNISUL d) UDSC (estadual) e) FASC e) OUTRA 17 Você conhece alguém na profissão que quer seguir? a)pais b) pais de amigos c) professor d) vizinhos e) parentes f) outros 18 Você conhece a rotina (como funciona) a profissão que pretende seguir? a) Sim b) Não c) Mais ou menos
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19 Você acha preferível: a) ganhar menos e trabalhar no que gosta; b) ganhar mais e trabalhar em algo que não lhe agrada. 20 Você possui alguma dificuldade em lidar com: a) números b) palavras c) gráficos d) pessoas 21 O que você pensa sobre a profissão de seu pai/mãe? (marcar mais de uma opção, se for o caso) PAI OPÇÃO MÃE Interessante. Dá prestígio e dinheiro Interessante, mas não dá prestígio nem dinheiro Sacrificante. A jornada de trabalho é muito grande Agradável. A jornada de trabalho é flexível É a profissão com a qual eu mais me identifico É uma profissão com a qual eu não me identifico
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APÊNDICE B – Roteiro da entrevista
ROTEIRO DA ENTREVISTA
1 Qual o motivo de você trabalhar e estudar? (se trabalha) Você não está trabalhando por vontade própria ou por não encontrar um emprego que concilie estudo e trabalho? (caso não trabalhe) 2 Por que você não fez (ou fez) o teste vocacional /profissional? Acredita que ajudou a decidir sua escolha profissional? (se fez) Acredita que ajudaria a decidir sua escolha profissional? (se não o fez) 3 Você tem certeza de sua escolha para o vestibular? Ou não? É a sua primeira opção? Por que não? 4 Acredita que houve influência nessa escolha? Por quê? Ou não teve? Por quê? 5 Você acredita que sua cidade possui um bom campo de trabalho? Ou não? 6 O que mais chama a atenção na profissão que você escolheu seguir? (Dinheiro, status, vocação, possibilidades de emprego) 7 Qual a instituição que você optou para prestar o vestibular? Por quê? 8 Você acha preferível ganhar menos e trabalhar no que gosta ou ganhar mais e trabalhar em algo que não lhe agrada. Comente. 9 Atualmente, você acredita que vale a pena investir em um curso superior? Comente isso.
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ANEXO A – Ranking das profissões Renda do Trabalho Principal - Ranking Controlado – sem filtro etário Diferenciais de salários não controlados Chance de ocupação RETORNOS DA EDUCAÇÃO Ranking
Geral Diferencial
Salário pago
em 2005 Probabilidade de
ocupação Medicina – mestrado ou Doutorado 1 2118% 5090,97 92,64%
Medicina - Graduação 2 1573% 3841,31 90,50%
Outros de Ciências Biológicas e da Saúde - Mestrado ou Doutorado 3 1279% 3166,00 88,50%
Administração - Mestrado ou Doutorado 4 2170% 5210,91 89,62%
Outros Ciências Exatas e Tecnológicas. Excl. Eng. - Mestrado ou doutorado 5 1547% 3782,11 89,29%
Ciências Agrárias - Mestrado ou Doutorado 6 1510% 3695,10 89,84%
Ciências Econômicas e Contábeis - Mestrado ou Doutorado 7 1953% 4712,12
87,35%
Engenharia - Mestrado ou Doutorado 8 2063% 4965,27
90,02%
Odontologia - Graduação 9 1062% 2666,94
87,87%
Outros de Ciências Humanas e Sociais - Mestrado ou Doutorado 10 1168% 2909,90
83,71%
Outros cursos de Mestrado ou Doutorado 11 1389% 3419,18
85,47%
Outros de Letras e Artes - Graduação 12 770% 1997,28
90,91%
Direito - Mestrado ou Doutorado 13 1843% 4459,97
83,06%
Letras e Artes - Mestrado ou Doutorado 14 962%
2438,30
80,98%
Enfermagem - Graduação 15 703%
1842,75
81,55%
Farmácia - Graduação 16 798%
2061,72
87,33%
Propaganda e Marketing - Graduação 17 1162%
2897,94
85,88%
Ciências da Computação - Graduação 18 894%
2281,89
90,13%
Pedagogia - Mestrado ou Doutorado 19 800%
2066,16
79,96%
Arquitetura e Urbanismo - Graduação 20 1017%
2564,87
85,03%
Engenharia Química e Industrial - Graduação 21 1335%
3295,32
84,61%
Outros de Ciências Biológicas e da Saúde - Graduação 22 581%
1562,73
81,01%
Engenharia Civil - Graduação 23 1440%
3534,83
87,01%
Freqüenta - mestrado ou doutorado 24 979% 2477,54
81,89%
Matemática - Graduação 25 597%
1600,43
86,24%
Outros cursos de Engenharia - Graduação 26 1672%
4068,60
84,34%
Direito - Graduação 27 1161%
2895,13
78,59%
Medicina Veterinária - Graduação 28 942%
2392,32
87,91%
Comunicação Social - Graduação 29 819%
2110,23
79,18%
Outros de Ciências Humanas e Sociais - Graduação 30 771%
1999,91
79,32%
Engenharia Mecânica - Graduação. 31 1555%
3798,71
88,08%
Engenharia Elétrica e Eletrônica - Graduação 32 1478%
3623,37
88,61%
Geologia - Graduação 33 1350%
3329,15
86,05%
Psicologia - Graduação 34 677%
1784,58
77,37%
Química - Graduação 35 805%
2076,84
84,53%
Militar 36 1700%
4133,32
67,33%
Biologia - Graduação 37 522%
1427,02
81,18%
Ciências - Graduação 38 399%
1145,30
83,10%
134
Fonte: Adaptado de (NÉRI, 2005a, p.28).
Estatística - Graduação 39 1013%
2554,62
76,98%
Administração - Graduação 40 940%
2386,56
82,66%
Serviço Social - Graduação 41 559%
1512,05
71,95%
Física - Graduação 42 866%
2217,63
84,92%
Letras - Graduação 43 461%
1288,24
77,24%
Ciências Econômicas - Graduação 44 1140%
2845,58
78,96%
Educação Física - Graduação 45 514%
1410,06
84,56%
História - Graduação 46 419%
1191,11
79,98%
Geografia - Graduação 47 417%
1186,85
80,53%
Formação Professores Disciplinas Especiais - Graduação 48 719%
1880,33
82,09%
Outros cursos de Graduação 49 657%
1737,19
79,34%
Biblioteconomia - Graduação 50 658%
1740,24
66,78%
Pedagogia - Graduação 51 425%
1204,44
72,17%
Agronomia - Graduação 52 996%
2515,00
87,69%
Artes - Graduação 53 568%
1533,48
73,13%
Ciências Contábeis e Atuariais - Graduação 54 771%
2000,37
79,77%
Outros de Ciências Exatas e Tecnológicas. exclusive Engenharia - Graduação 55 913% 2324,45 80,07%
Ciências e Estudos Sociais - Graduação 56 484% 1341,14
71,82%
Outros de Ciências Agrárias - Graduação 57 719%
1880,23
84,89%
Filosofia - Graduação 58 517%
1416,12
65,73%
Já freqüentou e não concluiu - superior – graduação 59 507%
1394,06
73,96%
Teologia - Graduação 60 415%
1183,27
77,91%
Freqüenta - superior – graduação 61 262%
831,26
63,31%
2º grau completo - já saiu da escola 62 216%
724,51
68,56%
2º grau incompleto - já saiu da escola 63 162%
600,55
62,87%
Freqüenta - supletivo (ensino médio ou 2º grau) 64 117%
498,89
64,04%
1º grau completo - já saiu da escola 65 151%
575,61
60,69%
Freqüenta - pré-vestibular 66 129%
526,25
40,07%
Freqüenta - supletivo(ensino fundamental ou 1º grau) 67 48%
339,57
49,43%
Freqüenta - pré-escolar 68 -38% 142,05
5,03%
Freqüenta - 2º grau 69 31%
301,28 35,59%
1º grau incompleto - já saiu da escola 70 65%
379,62
53,87%
Alfabetização de adultos 71 11%
255,46
51,56%
Alfabetização de adultos 72 -35%
149,88
17,27%
Freqüenta – ensino fundamental ou 1º grau 73 -23% 176,17 14,93%
Nunca Freqüentou 74 0% 229,57 -
135
ANEXO B - Grandes áreas do Conhecimento
Áreas do Conhecimento
Apresentação
As grandes áreas são:
1. Ciências Exatas e da Terra
2. Ciências Biológicas
3. Engenharias
4. Ciências da Saúde
5. Ciências Agrárias
6. Ciências Sociais Aplicadas
7. Ciências Humanas
8. Lingüística, Letras e Artes
9. Outros
Tabela das Áreas do Conhecimento
Ciências da Saúde
Número Área 4.00.00.00-1 Ciências da Saúde
4.01.00.00-6 Medicina
4.01.01.00-2 Clínica Médica 4.01.01.01-0 Angiologia 4.01.01.02-9 Dermatologia 4.01.01.03-7 Alergologia e Imunologia Clínica 4.01.01.04-5 Cancerologia 4.01.01.05-3 Hematologia 4.01.01.06-1 Endocrinologia 4.01.01.07-0 Neurologia 4.01.01.08-8 Pediatria 4.01.01.09-6 Doenças Infecciosas e Parasitárias 4.01.01.10-0 Cardiologia 4.01.01.11-8 Gastroenterologia 4.01.01.12-6 Pneumologia 4.01.01.13-4 Nefrologia 4.01.01.14-2 Reumatologia 4.01.01.15-0 Ginecologia e Obstetrícia
136
4.01.01.16-9 Fisiatria 4.01.01.17-7 Oftalmologia 4.01.01.18-6 Ortopedia 4.01.02.00-9 Cirurgia 4.01.02.01-7 Cirurgia Plástica e Restauradora 4.01.02.02-5 Cirurgia Otorrinolaringológica 4.01.02.03-3 Cirurgia Oftalmológica 4.01.02.04-1 Cirurgia Cardiovascular 4.01.02.05-0 Cirurgia Toráxica 4.01.02.06-8 Cirurgia Gastroenterologia 4.01.02.07-6 Cirurgia Pediátrica 4.01.02.08-4 Neurocirurgia 4.01.02.09-2 Cirurgia Urológica 4.01.02.10-6 Cirurgia Proctológica 4.01.02.11-4 Cirurgia Ortopédica 4.01.02.12-2 Cirurgia Traumatológica 4.01.02.13-0 Anestesiologia 4.01.02.14-9 Cirurgia Experimental 4.01.03.00-5 Saúde Materno-Infantil 4.01.04.00-1 Psiquiatria 4.01.05.00-8 Anatomia Patológica e Patologia Clínica 4.01.06.00-4 Radiologia Médica 4.01.07.00-0 Medicina Legal e Deontologia 4.02.00.00-0 Odontologia 4.02.01.00-7 Clínica Odontológica 4.02.02.00-3 Cirurgia Buco-Maxilo-Facial 4.02.03.00-0 Ortodontia 4.02.04.00-6 Odontopediatria 4.02.05.00-2 Periodontia 4.02.06.00-9 Endodontia 4.02.07.00-5 Radiologia Odontológica 4.02.08.00-1 Odontologia Social e Preventiva 4.02.09.00-8 Materiais Odontológicos 4.03.00.00-5 Farmácia 4.03.01.00-1 Farmacotecnia 4.03.02.00-8 Farmacognosia 4.03.03.00-4 Análise Toxicológica 4.03.04.00-0 Análise e Controle e Medicamentos 4.03.05.00-7 Bromatologia
4.04.00.00-0 Enfermagem 4.04.01.00-6 Enfermagem Médico-Cirúrgica 4.04.02.00-2 Enfermagem Obstétrica 4.04.03.00-9 Enfermagem Pediátrica 4.04.04.00-5 Enfermagem Psiquiátrica 4.04.05.00-1 Enfermagem de Doenças Contagiosas 4.04.06.00-8 Enfermagem de Saúde Pública 4.05.00.00-4 Nutrição 4.05.01.00-0 Bioquímica da Nutrição 4.05.02.00-7 Dietética 4.05.03.00-3 Análise Nutricional de População 4.05.04.00-0 Desnutrição e Desenvolvimento Fisiológico 4.06.00.00-9 Saúde Coletiva 4.06.01.00-5 Epidemiologia 4.06.02.00-1 Saúde Publica 4.06.03.00-8 Medicina Preventiva 4.07.00.00- 3 Fonoaudiologia 4.08.00.00-8 Fisioterapia e Terapia Ocupacional 4.09.00.00-2 Educação Física
Fonte: Adaptado de (BRASIL, 2007b)
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ANEXO E -Relieses da Feira das profissões (Colégio Energia)
Criciúma (SC), 22 de agosto de 2007.
SUCESSO NA FEIRA DAS PROFISSÕES
Encerrou hoje à tarde a 10ª Feira das Profissões, com alunos do Ensino Médio das unidades de Araranguá, Criciúma e Urussanga. As palestras da manhã encerraram às 12 horas e reiniciaram às 14 horas. O dia todo foi dedicado às dúvidas dos futuros universitários e contou com a participação de mais de 40 profissionais das mais diferentes áreas como palestrantes.
A Feira das Profissões aconteceu dentro do Colégio Energia com o evento recebendo apenas o público interno. “A feira deste ano está superando as nossas expectativas, com todas as palestras recebendo um grande número de alunos”, explica Sabrina Pacheco Bombazar, orientadora profissional e psicóloga da unidade.
Com mais de 40 profissionais das diferentes áreas falando sobre sua profissão, seu mercado de trabalho, os alunos puderam conhecer um pouco mais sobre as tão sonhadas carreiras profissionais. Os cursos oferecidos foram: Ciências Biológicas, Direito, Economia, Educação Física, Farmácia, Jornalismo, Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia e todas as Engenharias. As palestras foram ministradas nas salas de aula, onde passaram mais de 1,3 mil alunos durante todo o dia. Entre as palestras mais concorridas, destacaram-se Medicina, Direito, Jornalismo, Administração e Nutrição. Criciúma (SC), 20 de agosto de 2007.
FEIRA DAS PROFISSÕES DESPERTA VOCAÇÃO
O Colégio Energia de Criciúma promove nessa quarta-feira, 22, a 10ª Feira das Profissões, onde participam também as unidades de Araranguá e Urussanga. Criciúma participa com seus alunos do nono ano do Fundamental aos cursinhos pré-vestibulares. A unidade de Tubarão faz a sua feira, em setembro. Vai ser um dia todo ele dedicado às dúvidas dos futuros universitários e vai contar com mais de 40 profissionais das mais diferentes áreas como palestrantes.
A 10ª Feira das Profissões acontece nesta quarta-feira, durante o dia todo, das 09 horas às 17 horas, dentro do Colégio Energia de Criciúma e, neste ano o evento vai ser apenas para alunos que estudam nos colégios Energia de Araranguá Criciúma e Urussanga. “O objetivo da feira é facilitar um pouco mais a escolha profissional dos alunos, afinal eles sentem muita dificuldade em escolher algum curso, pelo simples fato de não conhecerem a profissão. Dessa forma, nosso evento ajuda neste momento tão difícil e complicado. A feira é um instrumento a mais para essa tão difícil tarefa de escolher uma profissão com apenas 16 e 17 anos”, diz Sabrina Pacheco Bombazar, orientadora profissional e psicóloga da unidade.
A feira vai contar com mais de 40 profissionais das diferentes áreas falando sobre sua profissão, seu mercado de trabalho. Os cursos oferecidos são: Ciências Biológicas, Direito, Economia, Educação Física, Farmácia, Jornalismo, Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia e todas as Engenharias. Entre as palestras mais disputadas estão Medicina, Direito, Jornalismo e as Engenharias.
Fonte: (IMPRENSA COLÉGIO ENERGIA, 2007).
140
ANEXO F - Fachada principal do Colégio Energia
Fonte: Arquivo da instituição
141
ANEXO G – Foto da feira das profissões (Colégio Energia)
Fonte: (IMPRENSA COLÉGIO ENERGIA, 2007)
142
ANEXO H – Foto da feira das profissões (Colégio Energia)
Fonte: (IMPRENSA COLÉGIO ENERGIA, 2007)
143
ANEXO I – Fachada principal da Escola de Educação Básica Sebastião Toledo dos Santos (STS)
�onte: (COLEGIÃOSTS, 2007).
144
ANEXO J – Quadro da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)
GG 1 - MEMBROS SUPERIORES DO PODER PÚBLICO, DIRIGENTES DE ORGANIZAÇÃO DE INTERESSE PÚBLICO E DE EMPRESA E GERENTES
Este grande grupo compreende profissões cujas atividades principais consistem em definir e formular políticas de governo, leis e regulamentos, fiscalizar a aplicação dos mesmos, representar as diversas esferas de governo e atuar em seu nome, preparar, orientar e coordenar as políticas e as atividades de uma empresa ou de uma instituição, seus departamentos e serviços internos. Estes profissionais não possuem um nível de competência pré-definido na Classificação Internacional Uniforme de Ocupações - CIUO 88 (1). Refletem diferentes atividades e distintos graus de autoridade, de todas as esferas de governo e esferas de organização, empresarial, institucional e religiosa do país, tais como legisladores, governadores, prefeitos, dirigentes sindicais, dirigentes de empresas, chefes de pequenas populações indígenas e dirigentes de instituições religiosas.
Este grande grupo compreende: Membros superiores e dirigentes do poder público; Dirigentes de empresas e organizações (exceto de interesse público); Dirigentes e Gerentes em empresas de serviços de saúde, de educação, ou de serviços culturais, sociais e pessoais; Gerentes.
Este grande grupo não compreende: Dirigentes das forças armadas (GG 0)
(1) Há quatro níveis de competências associados à CBO 2002. O nível 4 reúne os profissionais de nível superior constantes do GG 2. O nível 3 refere-se aos técnicos e profissionais de nível médio, constantes do GG 3. Os GGs 4, 5, 6, 7, 8 e 9 majoritariamente referem-se aos trabalhadores de nível 2. Os trabalhadores elementares (nível de competência 1) encontram-se identificados em algumas famílias dos GGs 4, 5, 6 e 9. Diferentemente da CIUO 88 que reserva o GG 9 aos trabalhadores não qualificados, a CBO 2002 destinou-o aos trabalhadores da manutenção, segmento crescente no mercado de trabalho. Há dois grandes grupos para os quais não são associados níveis de competência, dada a sua heterogeneidade: o que se refere aos dirigentes (grande grupo 1) e o que se refere às forças armadas, bombeiros e polícia militar (GG 0).
GG 2 - PROFISSIONAIS DAS CIÊNCIAS E DAS ARTES
Este grande grupo compreende as ocupações cujas atividades principais requerem para seu desempenho conhecimentos profissionais de alto nível e experiência em matéria de ciências físicas, biológicas, sociais e humanas. Também está incluído neste grande grupo pessoal das artes e desportos, cujo exercício profissional requer alto nível de competência como, por exemplo maestros, músicos, dentre outros. Suas atividades consistem em ampliar o acervo de conhecimentos científicos e intelectuais, por meio de pesquisas; aplicar conceitos e teorias para solução de problemas ou por meio da educação, assegurar a difusão sistemática desses conhecimentos. A maioria das ocupações deste grande grupo requer competências nível quatro da Classificação Internacional Uniforme de Ocupações - CIUO 88 (1).
Este grande grupo compreende: Pesquisadores e profissionais policientíficos; Profissionais das ciências exatas, físicas e da engenharia; Profissionais das ciências biológicas, da saúde e afins; Profissionais do ensino; Profissionais das ciências jurídicas; Profissionais das ciências sociais e humanas; Comunicadores, artistas e religiosos.
Este grande grupo não compreende: Trabalhadores de qualquer outro nível de competência profissional que apóia trabalhos artísticos como, por exemplo, camareira de teatro e técnico de som.
(1) Há quatro níveis de competências associados à CBO 2002. O nível 4 reúne os profissionais de nível superior constantes do GG 2. O nível 3 refere-se aos técnicos e profissionais de nível médio, constantes do GG 3. Os GGs 4, 5, 6, 7, 8 e 9 majoritariamente se referem aos trabalhadores de nível 2. Os trabalhadores elementares (nível de competência 1) encontram-se identificados em algumas famílias dos GGs 4, 5, 6 e 9. Diferentemente da CIUO 88 que reserva o GG 9 aos trabalhadores não qualificados, a CBO 2002 destinou-o aos trabalhadores da manutenção, segmento crescente no mercado de trabalho. Há dois grandes grupos para os quais não são associados níveis de competência, dada a sua heterogeneidade: o que se refere aos dirigentes (grande grupo 1) e o que se refere às forças armadas, bombeiros e polícia militar (GG 0).
145
GG 3 - TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO
Este grande grupo compreende as ocupações cujas atividades principais requerem, para seu desempenho, conhecimentos técnicos e experiência de uma ou várias disciplinas das ciências físicas e biológicas ou das ciências sociais e humanas. Essas atividades consistem em desempenhar trabalhos técnicos relacionados com a aplicação dos conceitos e métodos em relação às esferas já mencionadas referentes à educação de nível médio. A maioria das ocupações deste grande grupo relaciona-se ao nível 3 de competência da Classificação Internacional Uniforme de Ocupações - CIUO 88 (1).
Este grande grupo compreende: Técnicos polivalentes (2); Técnicos de nível médio das ciências físicas, químicas, engenharia e afins; Técnicos de nível médio das ciências biológicas, bioquímicas, da saúde e afins; Professores leigos e de nível médio; Técnicos de nível médio em serviços de transportes; Técnicos de nível médio nas ciências administrativas; Técnicos de nível médio dos serviços culturais, das comunicações e dos desportos; Outros técnicos de nível médio (3).
Este grande grupo não compreende: Profissionais de nível superior cuja denominação de "técnico" foi consagrada no mercado.
(1) Há quatro níveis de competências associados à CBO 2002. O nível 4 reúne os profissionais de nível superior constantes do GG 2. O nível 3 refere-se aos técnicos e profissionais de nível médio, constantes do GG 3. Os GGs 4, 5, 6, 7, 8 e 9 majoritariamente referem-se aos trabalhadores de nível 2. Os trabalhadores elementares (nível de competência 1) encontram-se identificados em algumas famílias dos GGs 4, 5, 6 e 9. Diferentemente da CIUO 88 que reserva o GG 9 aos trabalhadores não qualificados, a CBO 2002 destinou-o aos trabalhadores da manutenção, segmento crescente no mercado de trabalho. Há dois grandes grupos para os quais não são associados níveis de competência, dada a sua heterogeneidade: o que se refere aos dirigentes (grande grupo 1) e o que se refere às forças armadas, bombeiros e polícia militar (GG 0).
(2) Técnicos polivalentes: vários domínios de conhecimentos técnicos, por exemplo, mecatrônica.
(3) Outros técnicos de nível médio como, por exemplo, técnicos de apoio à pesquisa e desenvolvimento.
GG 4 - TRABALHADORES DE SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS
Este grande grupo compreende dois subtipos. Aqueles que realizam trabalhos burocráticos, sem contato constante com o público e trabalhadores administrativos de atendimento ao público. O primeiro subtipo compreende as ocupações cujas atividades principais requerem para seu desempenho conhecimentos e experiência necessários para ordenar, armazenar, computar e recuperar informações. As atividades consistem em realizar trabalho de secretaria, digitar e/ ou escanear e reproduzir textos e dados em computadores, realizar outros tipos de operação em equipamentos de escritório. O segundo subtipo compreende atividades de fornecimento de serviços a clientes como os realizados por auxiliares de biblioteca, documentação e correios, operadores de caixa, atendentes etc. A maioria das ocupações deste grande grupo requer competência de nível 2 da Classificação Internacional Uniforme de Ocupações - CIUO 88 (1).
Este grande grupo compreende: Escriturários; Trabalhadores de atendimento ao público.
Este grande grupo não compreende: Trabalhadores administrativos e de atendimento ao público cujas atividades são complexas e requerem aplicação de conhecimentos profissionalizantes obtidos em formação de escolas técnicas e de nível superior.
(1) Há quatro níveis de competências associados à CBO 2002. O nível 4 reúne os profissionais de nível superior constantes do GG 2. O nível 3 refere-se aos técnicos e profissionais de nível médio, constantes do GG 3. Os GGs 4, 5, 6, 7, 8 e 9 majoritariamente se referem aos trabalhadores de nível 2. Os trabalhadores elementares (nível de competência 1) encontram-se identificados em algumas famílias dos GGs 4, 5, 6 e 9. Diferentemente da CIUO 88 que reserva o GG 9 aos trabalhadores não qualificados, a CBO 2002 destinou-o aos trabalhadores da manutenção, segmento crescente no mercado de trabalho. Há dois grandes grupos para os quais não são associados níveis de competência, dada a sua heterogeneidade: o que se refere aos dirigentes (grande grupo 1) e o que se refere às forças armadas, bombeiros e polícia militar (GG 0).
146
GG 5 - TRABALHADORES DOS SERVIÇOS, VENDEDORES DO COMÉRCIO EM LOJAS E MERCADOS
Este grande grupo compreende as ocupações cujas tarefas principais requerem para seu desempenho os conhecimentos e a experiência necessários para a prestações de serviços às pessoas, serviços de proteção e segurança ou a venda de mercadorias em comércio e mercados. Tais atividades consistem em serviços relacionados a viagens, trabalhos domésticos, restaurantes e cuidados pessoais, proteção às pessoas e bens e a manutenção da ordem pública, venda de mercadorias em comércio e mercados. A maioria das ocupações deste grande grupo requer competências de nível 2 da Classificação Internacional Uniforme de Ocupações - CIUO 88 (1).
Este grande grupo compreende: Trabalhadores dos serviços; Vendedores e prestadores de serviços do comércio.
Este grande grupo não compreende: Trabalhadores de prestação de serviços e do comércio cujas atividades são complexas e requerem aplicação de conhecimentos profissionalizantes obtidos em formação de escolas técnicas ou de nível superior.
(1) Há quatro níveis de competências associados à CBO 2002. O nível 4 reúne os profissionais de nível superior constantes do GG 2. O nível 3 refere-se aos técnicos e profissionais de nível médio, constantes do GG 3. Os GGs 4, 5, 6, 7, 8 e 9 majoritariamente se referem aos trabalhadores de nível 2. Os trabalhadores elementares (nível de competência 1) encontram-se identificados em algumas famílias dos GGs 4, 5, 6 e 9. Diferentemente da CIUO 88 que reserva o GG 9 aos trabalhadores não qualificados, a CBO 2002 destinou-o aos trabalhadores da manutenção, segmento crescente no mercado de trabalho. Há dois grandes grupos para os quais não são associados níveis de competência, dada a sua heterogeneidade: o que se refere aos dirigentes (grande grupo 1) e o que se refere às forças armadas, bombeiros e polícia militar (GG 0).
GG 6 - TRABALHADORES AGROPECUÁRIOS, FLORESTAIS E DA PESCA
Este grande grupo compreende as ocupações cujas atividades principais requerem para seu desempenho os conhecimentos e a experiência necessários para a obtenção de produtos da agricultura, da silvicultura e da pesca. Suas atividades consistem em praticar a agricultura a fim de obter seus produtos, criar ou caçar animais, pescar ou criar peixes, conservar e plantar florestas e em vender, quando se trata dos trabalhadores dedicados à agricultura e à pesca comerciais, produtos a compradores, a organismos de comercialização ou em mercados. A maioria das ocupações deste grande grupo requer competências de segundo grau, segundo a definição da Classificação Internacional Uniforme de Ocupações - CIUO 88 (1).
Este grande grupo compreende: Produtores na exploração agropecuária (2); Trabalhadores na exploração agropecuária; Pescadores e extrativistas florestais; Trabalhadores da mecanização agropecuária e florestal.
Este grande grupo não compreende: Técnicos agropecuários (nível médio - GG 3); Profissionais da agricultura de nível superior (GG 2); Diretores e gerentes de atividades agropecuárias (GG 1).
(1) Há quatro níveis de competências associados à CBO 2002. O nível 4 reúne os profissionais de nível superior constantes do GG 2. O nível 3 refere-se aos técnicos e profissionais de nível médio, constantes do GG 3. Os GGs 4, 5, 6, 7, 8 e 9 majoritariamente se referem aos trabalhadores de nível 2. Os trabalhadores elementares (nível de competência 1) encontram-se identificados em algumas famílias dos GGs 4, 5, 6 e 9. Diferentemente da CIUO 88, que reserva o GG 9 aos trabalhadores não qualificados, a CBO 2002 destinou-o aos trabalhadores da manutenção, segmento crescente no mercado de trabalho. Há dois grandes grupos para os quais não são associados níveis de competência, dada a sua heterogeneidade: o que se refere aos dirigentes (grande grupo 1) e o que se refere às forças armadas, bombeiros e polícia militar (GG 0).
(2) Produtores na exploração agropecuária (que trabalham na atividade fim).
GG 7 - TRABALHADORES DA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS INDUSTRIAIS
Este grande grupo compreende as ocupações cujas atividades principais requerem para seu desempenho os conhecimentos e as atividades necessários para produzir bens e serviços industriais. O GG 7 concentra os
147
trabalhadores de produção extrativa, da construção civil e da produção industrial de processos discretos, que mobilizam habilidades psicomotoras e mentais voltadas primordialmente à forma dos produtos, enquanto no GG 8 concentram-se os trabalhadores que operam processos industriais contínuos, que demandam habilidades mentais de controle de variáveis físico-químicas de processos.
Este grande grupo compreende: Trabalhadores da indústria extrativa e da construção civil; Trabalhadores da transformação de metais e compósitos; Trabalhadores da fabricação e instalação eletroeletrônica; Montadores de aparelhos e instrumentos de precisão e musicais; Joalheiros, vidreiros, ceramistas e afins; Trabalhadores das indústrias têxtel, do curtimento, do vestuário e das artes gráficas; Trabalhadores das indústrias de madeira e do mobiliário; Trabalhadores de funções transversais (1).
Este grande grupo não compreende: Trabalhadores de produção de bens e serviços industriais e de manutenção cujas atividades são complexas e requerem aplicação de conhecimentos profissionalizantes obtidos em formação de escolas técnicas ou de nível superior. Há uma zona de sobreposição entre supervisores de primeira linha e técnicos. A CBO 2002 optou pela inclusão dos supervisores junto com os seus supervisionados, para facilitar o processo de codificação, uma vez que a maioria é oriunda das mesmas ocupações que supervisionam, após longos anos de experiência profissional.
(1) Trabalhadores de funções transversais (tais como operadores de robôs, de veículos operados e controlados remotamente, condutores de equipamento de elevação e movimentação de cargas etc.).
GG 8 - TRABALHADORES DA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS INDUSTRIAIS
Este grande grupo compreende as ocupações cujas atividades principais requerem para seu desempenho os conhecimentos e as atividades necessários para produzir bens e serviços industriais. O GG 7 concentra os trabalhadores de produção extrativa, da construção civil e da produção industrial de processos discretos, que mobilizam habilidades psicomotoras e mentais voltadas primordialmente à forma dos produtos, enquanto no GG 8 concentram-se os trabalhadores que operam processos industriais contínuos, que demandam habilidades mentais de controle de variáveis físico-químicas de processos.
Este grande grupo compreende: Trabalhadores em indústrias de processos contínuos e outras indústrias; Trabalhadores de instalações siderúrgicas e de materiais de construção; Trabalhadores de instalações e máquinas de fabricação de celulose e papel; Trabalhadores da fabricação de alimentos, bebidas e fumo; Operadores de produção, captação, tratamento e distribuição (energia, água e utilidades).
Este grande grupo não compreende: Trabalhadores de produção de bens e serviços industriais e de manutenção cujas atividades são complexas e requerem aplicação de conhecimentos profissionalizantes obtidos em formação de escolas técnicas ou de nível superior. Há uma zona de sobreposição entre supervisores de primeira linha e técnicos. A CBO 2002 optou pela inclusão dos supervisores junto com os seus supervisionados para facilitar o processo de codificação, uma vez que a maioria é oriunda das mesmas ocupações que supervisionam, após longos anos de experiência profissional.
GG 9 - TRABALHADORES DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO
Este grande grupo compreende as ocupações cujas atividades principais requerem, para seu desempenho, os conhecimentos e as atividades necessários para reparar e manter toda a sorte de bens e equipamentos, seja para uso pessoal, de instituições, empresas e do governo.
Este grande grupo compreende: Operadores de outras instalações industriais; Trabalhadores em serviços de reparação e manutenção mecânica; Polimantenedores; Outros trabalhadores da conservação, manutenção e reparação.
Este grande grupo não compreende: Trabalhadores de manutenção cujo exercício das atividades mobiliza conhecimentos técnicos profissionalizantes que são próprios da formação técnica de ensino médio ou superior.
GG 0 - MEMBROS DAS FORÇAS ARMADAS, POLICIAIS E BOMBEIROS MILITARES
148
Este grande grupo compreende as ocupações vinculadas às Forças Armadas, que é composta por pessoas que, por decisão própria ou obrigação, prestam normalmente serviços nas diferentes armas e em serviços auxiliares e não desfrutam da liberdade de aceitar um emprego civil. Integram os membros do exército, da marinha e da aeronáutica e outros serviços assim como as pessoas recrutadas compulsoriamente para cumprir o serviço militar. Também faz parte deste grande grupo policiais e bombeiros militares. Esse grande grupo é heterogêneo no que se refere ao nível de competência de seus membros, englobando diferentes esferas de autoridade.
Este grande grupo compreende: Membros das Forças Armadas; Policiais militares; Bombeiros militares.
Este grande grupo não compreende: Policiais civis; Oficiais da marinha mercante.
Fonte: Adaptado de (BRASIL, 2002a).
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