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Propostas pedaggicas para o ensino de Botnica nas aulas de Cincias:
diminuindo entraves
BEATRIZ MIGUEZ NASCIMENTO
Rio de Janeiro
2014
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCANTARA GOMES
DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CINCIAS E BIOLOGIA
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BEATRIZ MIGUEZ NASCIMENTO
Propostas pedaggicas para o ensino de Botnica nas aulas de Cincias:
diminuindo entraves
Monografia apresentada como requisito parcial para a
obteno do titulo de Licenciatura Plena em Cincias
Biolgicas, da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro.
Orientadora: Prof. Dr. Andra Espinola de Siqueira
Rio de Janeiro
2014
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CATALOGAO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/CBB
Autorizo, apenas para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ou parcial desta
monografia, desde que citada a fonte.
__________________________________ __________________________
Assinatura Data
Nascimento, Beatriz Miguez
Propostas pedaggicas para o ensino de Botnica nas aulas
de Cincias: diminuindo entraves / Beatriz Miguez Nascimento.
Rio de Janeiro, 2014.
36 f.
Orientadora: Andra Espinola de Siqueira.
Monografia apresentada ao Instituto de Biologia Roberto Alcntara
Gomes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como requisito para
obteno de grau de licenciada em Cincias Biolgicas.
1. Botnica. 2. Ecologia Vegetal. 3. Didtica. 4.
Aprendizagem. 5. Cincias (Ensino fundamental). I. Siqueira,
Andra Espinola de. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Instituto de Biologia Roberto Alcntara Gomes. III. Ttulo. CDU 981
N244
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Beatriz Miguez Nascimento
Propostas pedaggicas para o ensino de Botnica nas aulas de Cincias:
diminuindo entraves
Monografia apresentada como requisito parcial para a
obteno do titulo de Licenciatura Plena em Cincias
Biolgicas, da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro.
Aprovada em 07 de Janeiro de 2014.
Banca Examinadora:
________________________________________________________________
Prof. Dr. Andra Espinola de Siqueira (Presidente)
Departamento de Ensino de Cincias e Biologia (IBRAG / UERJ)
_________________________________________________________________
Prof. Dr. Magui Aparecida Vallim da Silva
Departamento de Ensino de Cincias e Biologia (IBRAG / UERJ)
_________________________________________________________________
Prof. Dr. Ana Maria Donato
Departamento de Biologia Vegetal (IBRAG / UERJ)
Rio de Janeiro
2014
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DEDICATRIA
A minha famlia, namorado e amigos, que me deram fora ao longo dessa caminhada.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente a minha famlia, mas, antes de mais nada, minha me,
presente em todos os momentos para me dar todo o apoio, o carinho e a segurana de que
precisei para fazer minhas escolhas e seguir nas minhas decises.
Ao meu namorado, Luiz Felipe, por estar sempre pronto a me ajudar e me fazer sorrir,
tendo algo positivo pra me dizer e tornar meu dia melhor at nos momentos mais difceis.
A minha to querida tia e madrinha Luzia, por todas as longas conversas, carinhos e
sorrisos. Obrigada por sempre acreditar em mim e fazer com que eu tambm acreditasse.
A minha av Olinda, por sua presena marcante durante toda minha vida, com um
sorriso no rosto e lanches to gostosos.
Ao Raphael e a Amanda, pela pacincia em me escutar e por me animar quando o que
eu mais queria era jogar tudo pro alto.
As amizades que fiz na UERJ, especialmente, a Carol, Durval, Luana e Pedro, com os
quais pude compartilhar as conquistas e as dificuldades da vida de universitria.
A todos os meus amigos, to importantes nos momentos de comemoraes, mas
tambm nos desabafos e angstias.
A minha orientadora Andra Espinola, pelos conselhos e apoio ao longo desse projeto.
Por fim, no posso deixar de mostrar minha gratido e orgulho pelo Colgio Pedro II,
onde estudei durante 12 anos e onde aprendi muito mais do que simplesmente o contedo das
disciplinas. Obrigada a todos os professores e amigos que l conheci. Foi uma das
experincias mais ricas e mais lindas da minha vida!
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Aprender por descoberta adquirir conhecimentos novos pelo uso da
prpria mente; aprender envolvendo-se ativamente no processo de aquisio
do conhecimento; participar da construo do prprio conhecimento.
CHASSOT et al., 1993
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RESUMO
NASCIMENTO, Beatriz Miguez. Propostas pedaggicas para o ensino de Botnica nas aulas
de Cincias: diminuindo entraves. 2014. 84f. Monografia de Licenciatura em Cincias
Biolgicas Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes, Universidade do Estado do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
No ensino de Cincias e Biologia, a Botnica uma das reas que apresenta maior
dificuldade de assimilao de contedos. Os fatores que geram esse quadro na Educao
Bsica so diversos, mas podemos destacar o desinteresse por parte dos alunos quando o
assunto o estudo dos vegetais, somado falta de aulas prticas e de materiais didticos que
visem facilitar esse aprendizado Apesar da importncia dos diferentes mtodos didticos no
ensino das Cincias, as aulas continuam sendo ministradas, grande parte das vezes, de modo
padronizado, se atendo fundamentalmente a resumir o contedo a frmulas, definies e
exerccios do livro didtico. Nesse contexto, esta pesquisa visou a melhoria do ensino de
Botnica numa escola pblica da rede municipal do Rio de Janeiro. Foram realizadas
capacitaes dos professores de Cincias por meio de oficinas de formao continuada da
escola, com produo de recursos didticos alternativos e propostas de utilizao de material
didtico concreto, bem como a implementao de prticas laboratoriais. Para os alunos do 7
ano do Ensino Fundamental foram aplicadas oficinas de motivao para o estudo de Botnica,
baseadas na utilizao de recursos didticos alternativos e prticas laboratoriais. A avaliao
das prticas pedaggicas aplicadas na escola nos mostra que os alunos responderam
positivamente ao uso de novos materiais e novos formatos de aula, onde tiveram a
possibilidade de interagir mais com o seu objeto de estudo. Vimos ainda que eles apontaram
como dificuldade a apresentao de suas ideias diante da turma e, em alguns momentos,
problemas de concentrao, o que j era esperado visto que se tratava de algo novo para as
turmas. Dentre as atividades propostas, os alunos destacaram a atividade no Laboratrio de
Cincias como o ponto mais interessante, destacando o uso da lupa para a observao dos
vegetais. Esperamos que essas aes facilitem o rompimento da barreira que existe entre a
Universidade e a Escola, disponibilizando os resultados de pesquisas e metodologias
desenvolvidas no meio acadmico, e estimulando o interesse dos discentes em conhecer a
diversidade vegetal do planeta, possibilitando o entendimento desses organismos na
manuteno dos servios ecolgicos nos diferentes ecossistemas.
Palavras-chave: Ensino de Cincias, Botnica, Recursos didticos.
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ABSTRACT
In the teaching of Science and Biology, Botanics is one of the areas that present the
biggest difficulty in terms of assimilating contents. The factors that generate this fact in Basic
Education are diverse, but we can point the lack of interest of the students when it comes to
studying vegetables, added to the lack of practice during the lessons and of didactic materials
which could ease this learning. In spite of the importance of different didactic methods in
Science teaching, the lessons are still being ministered, most of the times, in a standardized
way , limited to reducing the contents to formulae, definitions and exercises in the didactic
book. In this context, this research aimed at improving the teaching of Botanics in a public
municipal school in Rio de Janeiro. There were held seminars to capacitate Science teachers
by means of workshops which would give continuous formation at the school, in which
alternative teaching resources were created, and proposals of using concrete material as well
as the implementation of practice in laboratories were made. To the students in the 7th grade
motivating workshops were offered for the study of Botanics, based on the use of alternative
didactic resources and laboratory practice. The evaluation of pedagogic practice applied in
this school shows us that the students responded positively to the use of new materials and
new structures of lessons, where they had the opportunity of interacting more with the object
of learning.We also saw that they pointed as a difficulty the presentation of their ideas in front
of the class and, sometimes, problems in concentrating, which was already expected, as it was
something new to the classes. Among the activities that were held, the students pointed the
practice in the laboratory as the most interesting, specially because of the use of the
magnifying lenses for the observation of the vegetables. We hope that these actions help break
the barriers between the university and the school, making the results of researches and
methodologies developed in the academic environment available, and stimulating the interest
of students in getting to know the diversity of vegetables of the planet, making it possible to
understand these organisms in the maintenance of ecological services in the different
ecosystems.
Keywords: Teaching of Science, Botanics, Didactic materials.
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1: Fotografias das etapas do processo de preparao das folhas: antes do
descoramento (A), folhas diafanizadas (B) e folhas diafanizadas e coradas com safranina
(C).............................................................................................................................................25
Figura 2: Lminas de folhas diafanizadas (A) e lmina em detalhe (B)..................................25
Figura 3: Margem da folha diafanizada de Rosaceae em aumento de 4x...............................25
Figura 4: Lmina foliar diafanizada de Rosaceae em aumento de 10x...................................25
Figura 5: Seco transversal de um caule de Ricinus sp. em aumento de 10x........................26
Figura 6: Seco transversal de um caule de Cyperus sp. em aumento de 10x.......................26
Figura 7: Material produzido e doado escola, contendo 50 lminas: 25 diafanizadas e 25 de
cortes histolgicos................................................................................................................26
Figura 8: Observao do material produzido ao microscpio (A) e a olho nu (B).................27
Figura 9: Capa (A), CD contendo o Atlas de Botnica (B) e CD contendo as aulas
digitais(C)..................................................................................................................................28
Figura 10: Professores de Cincias durante a Oficina 2, no Laboratrio de Cincias da escola
pblica.......................................................................................................................................30
Figura 11: Oficina com os alunos no Laboratrio de Cincias...............................................32
Figura 12: Oficina com os alunos na Sala de Leitura..............................................................32
Figura 13: Bancada do Laboratrio de Cincias com material para a realizao da oficina...33
Figura 14: Apresentao dos alunos na oficina.......................................................................33
Figura 15: Grfico sobre o gosto pelo contedo de Botnica..................................................40
Figura 16: Grfico sobre os assuntos de interesse...................................................................40
Figura 17: Grfico sobre o uso da lupa....................................................................................42
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Figura 18: Grfico sobre o uso da lupa anteriormente oficina..............................................42
Figura 19: Grfico sobre a aprovao dos vdeos....................................................................43
Figura 20: Grfico sobre a relao estabelecida entre as oficinas e o cotidiano.....................44
Figura 21: Grfico das atividades preferidas...........................................................................46
Figura 22: Grfico sobre a rejeio de alguma atividade........................................................47
Figura 23: Grfico sobre a necessidade de melhorias no Laboratrio.....................................48
Figura 24: Grfico sobre as melhorias que poderiam ser feitas no Laboratrio......................49
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
DBV Departamento de Biologia Vegetal
PCN - Parmetros Curriculares Nacionais
UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro
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SUMRIO
INTRODUO.......................................................................................................................15
1. PANORAMA GERAL DO ENSINO DE BOTNICA...................................................17
2. OBJETIVOS........................................................................................................................22
2.1.Objetivos especficos.........................................................................................................22
3. METODOLOGIA...............................................................................................................23
3.1. Materiais didticos alternativos......................................................................................23
3.2. Oficinas para os professores............................................................................................26
3.3. Oficinas para os alunos....................................................................................................30
3.4. Avaliao...........................................................................................................................33
4. RESULTADOS E DISCUSSO........................................................................................34
4.1. Produo de material didtico........................................................................................34
4.2. Oficinas para os professores............................................................................................36
4.3. Oficina para os alunos.....................................................................................................37
4.4. Anlise dos questionrios aplicados aos alunos.............................................................39
5. CONSIDERAES FINAIS.............................................................................................50
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................................................51
APNDICE A Apostila elaborada para a oficina dos professores.......................................55
APNDICE B Estudo dirigido proposto para os alunos na Sala de Leitura durante as
oficinas......................................................................................................................................70
APNDICE C Folhas utilizadas nas bancadas do Laboratrio de Cincias, contendo a foto
e algumas informaes sobre os vegetais abordados na atividade............................................71
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APNDICE D Folha de apoio sobre as principais partes de um vegetal.............................80
APNDICE E Questionrio.................................................................................................81
ANEXO A Texto Aparncia que engana, utilizado na Sala de Leitura.............................82
ANEXO B Texto Um coco pra l de curioso, utilizado na Sala de Leitura.......................83
ANEXO C Texto Flor fedida?, utilizado na Sala de Leitura.............................................84
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INTRODUO
Nas disciplinas de Cincias e Biologia, os contedos relacionados ao ensino de
Botnica foram e ainda so uma dificuldade em sala de aula, tanto para alunos quanto para
professores. J em 1937, Rawitscher falava sobre o desafio de tornar a Botnica no ensino
secundrio uma disciplina menos enfadonha.
Pesquisas mostram uma averso e um grande desinteresse dos estudantes do Ensino
Bsico, fruto de uma viso e prtica de ensino voltadas unicamente para a transferncia de
conhecimento, alm da no adequao ao tempo tecnolgico em constante mudana e avano
no qual os jovens esto inseridos (GARCIA, 2000 apud PEREIRA, 2000).
Temos de um lado o desinteresse por parte dos alunos quando o assunto o estudo dos
vegetais, somado falta de aulas prticas e material didtico que visem facilitar esse
aprendizado (MELO et al., 2012). Ao mesmo tempo, encontramos professores com falta de
domnio do contedo, o que acarreta uma dificuldade de repass-lo para seus alunos
(SANTOS e CECCANTINI, 2004; SILVA, 2008), problema que se soma falta de material
apropriado para auxiliar o ensino (MINHOTO, 2003).
Apesar da importncia dos diferentes mtodos didticos no ensino das Cincias, as
aulas continuam sendo ministradas, grande parte das vezes, de modo padronizado, se atendo
fundamentalmente a resumir o contedo a frmulas, definies e exerccios do livro didtico.
Mesmo sabendo disso, ainda hoje encontramos poucos professores que buscam atividades
com mtodos didticos alternativos a fim de tornar as aulas de Cincias algo mais prximo da
realidade social dos indivduos (SANTOS et al., 2004).
O professor desempenha um papel fundamental no s na boa educao de suas
turmas como na formao de cidados; ele que participa de forma ativa no processo de
crescimento intelectual de seus alunos. Assim sendo, temos a necessidade de buscar
alternativas metodolgicas visando contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem,
conduzindo aquele que aprende compreenso da realidade em que est inserido (SILVA e
MORAES, 2011).
H uma grande contradio na educao atual; enquanto por um lado vemos a
valorizao da educao informal nos diferentes matizes, observamos tambm uma grande
desvalorizao da escola e dos profissionais da educao formal, o que gera uma crise sobre o
sentido e a funo da escola nos dias de hoje.
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Sentimos que a escola est em crise porque percebemos que ela est cada vez mais desencaixada da
sociedade. Como me referi antes, a educao escolarizada funcionou como uma imensa maquinaria
encarregada de fabricar o sujeito moderno. Foi principalmente pela via escolar que a espacialidade e a
temporalidade modernas se estabeleceram e se tornaram hegemnicas, de modo que elas funcionaram
como uma das condies de possibilidade e talvez a mais importante delas da ascenso da burguesia e
do sucesso da lgica capitalista primeiro no ocidente e, depois, na maior parte do mundo. Mas o mundo
mudou e continua mudando, rapidamente, sem que a escola esteja acompanhando tais mudanas. Com
isso, no estou sugerindo que ela deveria ter mudado junto; estou apenas reconhecendo um descompasso
que acabamos sentindo como uma crise. (VEIGA-NETO, 2003, no paginado)
Muitos livros didticos de Cincias apresentam uma viso linear e fragmentada de
contedos, acabando por gerar situaes que levam os alunos mais memorizao do que
contextualizao dos contedos (VASCONCELOS e SOUTO, 2003). O livro didtico muitas
vezes acaba por frear a criatividade do professor, impedindo que este trabalhe de acordo com
a realidade e o perfil do aluno. Quando o professor utiliza o livro como nico instrumento
pedaggico, acaba por no aproveitar as vivncias do aluno e nem estimular a sua
criatividade, o que poderia ser feito atravs de outras metodologias de ensino (DELLISOLA,
2008).
De acordo com os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1998), crticas
vm sendo feitas em relao a um ensino de Cincias centrado na memorizao dos
contedos, fora da realidade social, cultural e ambiental, ocasionando uma aprendizagem
momentnea, meramente para uma avaliao, tal qual o conhecimento de curto prazo. Por
outro lado, vemos que as aulas de Cincias mais interessantes englobam elementos variados,
que levam a diferentes interaes e vivncias, induzindo ao conhecimento da formao do
indivduo, permitindo com isso a compreenso da realidade onde ele est inserido, seja ela
global ou regional (DELIZOICOV et al., 2002).
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1. PANORAMA GERAL DO ENSINO DE BOTNICA
Flavell (1988), analisando o trabalho de Piaget, afirma que o desenvolvimento cognitivo
um processo que ocorre de forma sequencial, sendo marcado por etapas caracterizadas por
estruturas mentais diferenciadas e sucessivas. O modo como se compreende problemas e se
busca resolv-los varia de acordo com a estrutura mental que o indivduo apresenta naquele
momento, da forma como o sujeito interage com o objeto e do conhecimento prvio que se
tem, e todos esses itens so importantes para se obter sucesso no processo de ensino-
aprendizagem.
Para Amaral et al. (2006), a Botnica uma das reas que apresentam maior
dificuldade de assimilao de contedos. Os autores apontam ainda que tais dificuldades esto
vinculadas diretamente aos professores, que muitas vezes, por no terem tido capacitao
suficiente e adequada, acabam tratando os assuntos de forma muito superficial ou at
ignorando-os sob a alegao da falta de afinidade, no s deles como dos alunos.
Consequentemente, os alunos acabam por simplesmente memorizar esquemas complexos em
funo das muitas aulas tericas que tm, ocasionando em poucos dias o esquecimento dos
assuntos. Parte dessas aulas poderia ter como estratgia a observao e discusso dos aspectos
centrais da Botnica e a relao com o cotidiano dos estudantes como, por exemplo, o estudo
da flora local (BRITO, 2006), permitindo com isso tambm a sada do ambiente escolar.
Segundo Kishimoto (1996), o educador precisa avaliar o uso das prticas pedaggicas
adotando na sua realidade aquelas que trabalhem os componentes internos da aprendizagem,
que no podem ser ignorados uma vez que o objetivo a obteno de conhecimentos por
parte do aluno. Uma aula representa somente um segmento de uma perspectiva em longo
prazo que deve acontecer de forma diferenciada com estratgias e possibilidades que venham
a contribuir com a aprendizagem do aluno; preciso buscar o estabelecimento de relaes
entre aquilo que aprendido dentro da sala de aula e o que o aluno vivencia em seu dia a dia.
No que diz respeito ao ensino de Cincias especificamente, observamos que, de forma geral,
os alunos vm enfrentando dificuldades na assimilao dos contedos (ANTUNES, 2001;
TOWATA et al., 2010)
A despeito de sua importncia, do interesse que possa despertar e da variedade de temas que
envolvem, o ensino de Cincias Naturais tem sido frequentemente conduzido de forma
desinteressante e pouco compreensvel. Quando h aprendizagem significativa, a memorizao
de contedos debatidos e compreendidos pelo estudante completamente diferente daquela que
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se reduz mera repetio automtica de textos cobrada em situao de prova. (PCN, 1998,
p.26)
Complementando essa ideia, Vasconcelos e Souto reafirmam os problemas causados
por um trabalho mais ligado memorizao do que ao aprendizado propriamente dito:
A abordagem tradicional orienta a seleo e a distribuio dos contedos, gerando atividades
fundamentadas na memorizao, com raras possibilidades de contextualizao. Ao formular atividades
que no contemplam a realidade imediata dos alunos, perpetua-se o distanciamento entre os objetivos do
recurso em questo e o produto final. Formam-se ento indivduos treinados para repetir conceitos,
aplicar frmulas e armazenar termos, sem, no entanto, reconhecer possibilidades de associ-los ao seu
cotidiano. O conhecimento no construdo, e ao aluno relega-se uma posio secundria no processo de
ensino-aprendizagem. (VASCONCELOS e SOUTO, 2003, p.94)
Para Cavalcante e Silva, a experimentao no ensino de Cincias, o que engloba tanto
o ensino de Qumica e Fsica como a Biologia em si, um fator fundamental para o processo
de ensino-aprendizagem dos diversos contedos do conhecimento cientfico. Isso favorece a
construo de relaes entre a teoria e a prtica, bem como uma relao entre as concepes
prvias que cada aluno j traz consigo e as novas ideias que esto sendo trabalhadas. Nas
aulas prticas, os alunos tm a oportunidade de desenvolver habilidades e competncias,
atitudes e valores, bem como construir e reconstruir conceitos.
Desta forma, o aluno passa a ter condies para compreender de uma forma mais
ampla determinados conceitos, alm de desenvolver habilidades e competncias que facilitam
seu entendimento do mundo em que vive; da a necessidade de se estabelecer uma relao
entre o cotidiano do aluno e o que trabalhado em sala (NANNI, 2007).
Podemos somar lista de entraves para o ensino de biologia vegetal a dita cegueira
botnica. Essa expresso se refere ao fato de que, apesar da sabida importncia das plantas
para o homem, o interesse pela botnica to pequeno que as plantas raramente so
percebidas como algo mais que componentes do ambiente ou objeto para o paisagismo e
decorao (WANDERSEE et al., 2001; HERSHEY, 2002).
Contedos que estejam relacionados aos animais ou ao prprio homem acabam por
despertar um maior interesse nos alunos e so mais facilmente absorvidos. Alm disso, em um
primeiro momento no se estabelece um vnculo entre os vegetais e a realidade dos alunos
(MELO et al., 2012); aproximao esta que ocorre mais facilmente em relao aos animais,
por exemplo (SILVA, 2008). Apesar da sua funcionalidade e seu papel essencial no
ecossistema, as plantas no so vistas de forma integrada e afetuosa como os animais, que
apresentam uma maior interao com o meio por apresentar movimentos marcantes ao correr,
pular, voar, entre outras caractersticas, o que os torna seres vivos admirveis aos olhos de
quem os observa (SANTOS e MACEDO, 2012).
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Em relao aos professores, vemos um quadro recorrente onde os contedos de
Botnica acabam sendo deixados de lado e ficando para o final do ano letivo no tempo que
restar, seja esse tempo suficiente ou no (SANTOS e CECCANTINI, 2004). Podemos dizer
que isso ocorre por uma dificuldade dos professores em trabalhar com o tema, o que acaba por
desmotivar os alunos indiretamente (VIEIRA-PINTO et al., 2009).
Contudo, a aquisio do conhecimento em Botnica prejudicada no s pela falta de
estmulo em observar e interagir com as plantas, como tambm pela precariedade de
equipamentos, mtodos e tecnologias que possam ajudar no aprendizado (ARRUDA e
LABUR, 1996; CECCANTINI 2006).
Apesar de muitos docentes afirmarem saber e concordar com a importncia e
necessidade da realizao de atividades prticas em sala de aula, acreditando ser uma forma
de motivar e estimular os alunos a assistirem as aulas, alm de ser um modo fcil e prtico de
estabelecerem uma relao entre os conceitos vistos com situaes do seu dia-a-dia (LIMA,
2004) na maioria das vezes isso no acontece. De acordo com Rosa (2003), a discordncia
entre a importncia dada pelos docentes, e a pouca realizao destas atividades na prtica
pedaggica pode ser associada falta de clareza que se tem hoje quanto ao papel do
laboratrio no processo ensino-aprendizagem.
Os professores dizem encontrar muitos empecilhos na realizao de aulas menos
tradicionais. Estes vo desde a falta de estrutura fsica na escola, falta de material didtico,
nmero reduzido de aulas, grande nmero de alunos por sala, at a necessidade de algum que
os auxilie na organizao das aulas laboratoriais (LIMA, 2004). Trata-se de um quadro
alarmante que faz parte do cotidiano da Educao Bsica. Num pas como o nosso, de
dimenses continentais, que abrange uma diversidade incalculvel de fauna, mas tambm de
flora, de suma importncia que formemos estudantes com conhecimentos bsicos de
Botnica.
Atualmente, muito se tem discutido sobre a importncia da flexibilidade curricular, da
abordagem interdisciplinar e da relao entre o cotidiano escolar e a realidade do aluno, de
forma a estimular sua curiosidade e criatividade. So muitas atribuies, que dificilmente
sero cumpridas de forma satisfatria somente com o uso do livro didtico. Tudo isso serve
como incentivo para a necessidade de se pensar em outros recursos didticos, que busquem
atender s diretrizes e orientaes curriculares oficiais, sem deixar de considerar a diversidade
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cultural dos alunos e as contribuies das pesquisas educacionais (NETO e FRACALANZA,
2003).
Deve-se levar em conta ainda que a ausncia de aulas prticas pode fazer com que os
alunos levem ao p da letra aquilo que visto na teoria, incluindo simbologias e
representaes, acreditando que seja sua forma real. As aulas de Cincias devem abranger
articulaes entre trs dimenses do conhecimento: (1) o fenomenolgico ou emprico, (2) o
terico ou de modelos, (3) o representacional ou da linguagem (SILVA E ZANON, 2000).
Contudo, a realidade das aulas prticas atualmente nos mostra que muitos professores
atribuem a elas os objetivos de motivar os alunos, desenvolver atividades cientficas e
tcnicas laboratoriais, mas no atentam para a importncia da formao de conceitos e o
desenvolvimento de habilidades e competncias. Ou seja, predomina uma viso simplista de
que as aulas prticas so mais uma forma de motivao para os alunos do que um meio para o
desenvolvimento mais abrangente de raciocnio (CAVALCANTE e SILVA, 2008).
Apesar do uso de atividades prticas funcionar positivamente como uma ferramenta de
ensino, necessrio que se atente tambm para a formao dos profissionais de educao,
onde, muitas vezes, falta a familiarizao com os assuntos, a mediao pedaggica e o
questionamento dos velhos paradigmas educacionais. Todos esses problemas, se no forem
repensados e modificados, contribuem para que no ocorram elaboraes de atividades
inovadoras, levando a uma transmisso mecnica dos contedos dos livros didticos
(SANTOS e MACEDO, 2012).
Faz-se ento necessrio um debate sobre estratgias que possam permitir a melhoria da
qualidade do Ensino de Botnica (SALOMO, 2005; CAVASSAN, 2007). O ensino desta e
de outras disciplinas de Cincias e meio ambiente so imprescindveis para que as pessoas
tenham conhecimento sobre as questes ambientais e possam opinar e ter atitudes conscientes
para a sustentabilidade (SILVA e MORAES, 2011.)
Para Krasilchick (1988), necessrio possibilitar ao estudante: pensar por si mesmo,
obedecendo razo e no autoridade; ser capaz de identificar os mecanismos de controle
exercidos sobre o cidado; sistematizar o conhecimento parcial fragmentrio, adquirido em
contatos com a famlia e com os amigos; entender o papel e o significado da Cincia e da
tecnologia na sociedade contempornea, compreendendo o que se faz em cincia, por que se
faz e como se faz.
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Uma estratgia muito importante que visa a qualidade do ensino, e nesse caso no
apenas o de Botnica, mas o ensino como um todo, a formao de qualidade dos
professores, tanto inicial quanto continuada. Muitas vezes, o professor no tem domnio do
contedo especfico e tambm est desatualizado, o que acarreta uma dificuldade de se pensar
em novas estratgias didticas, que no as aulas tericas mais tradicionais (TOWATA et al.,
2010).
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2. OBJETIVOS
O presente estudo visou a melhoria do ensino de Botnica, capacitando professores de
Cincias por meio de oficinas de formao continuada, com produo de recursos didticos
alternativos e propostas de utilizao de material didtico concreto, bem como oficinas de
motivao para o estudo de Botnica para os alunos do 7 ano do Ensino Fundamental focadas
na implementao de prticas laboratoriais.
2.1.Objetivos especficos
Como objetivos especficos, prope-se:
Preparar lminas histolgicas semi-permanentes de diferentes materiais botnicos
(raiz, caule e folha) e lminas de folhas inteiras diafanizadas de forma a compor um
laminrio para uso nas aulas de Cincias;
Elaborar propostas para a aplicao do material produzido em sala de aula, buscando
abranger o segmento do Ensino Fundamental II;
Aplicar o material que foi produzido e os recursos didticos alternativos (inclusive o
Atlas de Botnica e as Aulas digitais produzidos pela equipe envolvida nessa
pesquisa);
Desenvolver e aplicar prticas laboratoriais para o ensino de Botnica, aproximando os
contedos curriculares ao cotidiano dos alunos;
Avaliar a opinio dos alunos diante de todas as prticas pedaggicas aplicadas.
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3. METODOLOGIA
O presente estudo prope a elaborao e a utilizao de materiais didticos
alternativos, que venham a compor o acervo da escola, a fim de possibilitar atividades prticas
durante as aulas de Cincias. Alm do material didtico produzido, buscou-se capacitar os
professores de Cincias de uma escola pblica da rede municipal do Rio de Janeiro para que
utilizassem novos recursos, entre os quais o prprio laminrio. A capacitao dos professores
foi feita atravs de duas oficinas. Por fim, o material foi aplicado em todas as turmas de 7
ano atravs de oficinas de motivao para o estudo de Botnica, proporcionando aos alunos
um formato de aula diferente, mais diversificado e interativo.
A unidade escolar escolhida para a aplicao desta pesquisa foi a Escola Municipal
Desembargador Oscar Tenrio, instituio onde a orientadora desta pesquisa atuou como
professora de Cincias, regente de turma no Ensino Fundamental II de 1995 a 2010. A
unidade escolar, situada no bairro da Gvea, existe h 30 anos e atendeu, no ano de 2013, a
cerca de 1.100 alunos, predominantemente oriundos da Rocinha. A escola funciona nos turnos
da manh e tarde e possua no referido ano, trinta e trs turmas, sendo vinte delas do 6 ao 9
ano, com faixa etria entre 11 e 18 anos.
3.1. Materiais didticos alternativos
As propostas utilizadas nesta pesquisa envolvem a elaborao de um laminrio,
contendo lminas com folhas inteiras diafanizadas e lminas histolgicas permanentes e semi-
permanentes.
Objetivando o estudo anatmico, foram confeccionadas as lminas de folhas
diafanizadas (Figuras 1 e 2) que, quando observadas contra a luz sob lupas de mo simples,
permitem o estudo das nervaes e de toda estrutura foliar. As folhas foram coletadas no
prprio campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, identificadas e submetidas a
um protocolo especfico para a preparao de lminas permanentes com material diafanizado
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24
(Apndice A), no Laboratrio de Anatomia Vegetal do Departamento de Biologia Vegetal da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (DBV/UERJ).
Ainda para o estudo da Anatomia Vegetal, foram preparadas lminas histolgicas, que
possibilitam a anlise da organizao interna do rgo vegetal em questo quando analisadas
em microscpio de luz. Os espcimes foram previamente identificados e em seguida foram
obtidos cortes histolgicos mo livre e submetidos a um protocolo de elaborao de lminas
semi-permanentes (Apndice A), tambm no Laboratrio de Anatomia Vegetal (DBV/UERJ).
O laminrio (Figura 7) contendo as lminas com folhas diafanizadas e as lminas com
material histolgico foi doado escola onde esta pesquisa foi aplicada, visando proporcionar
aos professores mais um recurso didtico para o estudo dos vegetais, e o enriquecimento do
acervo do Laboratrio de Cincias. Este material resistente pode ser utilizado diversas vezes e
ficar permanentemente disponvel para os professores de Cincias da escola sem que ocorra
o seu desgaste, reduzindo o nmero de coletas de material botnico e evitando que este seja
danificado durante a sua manipulao.
Tanto as lminas diafanizadas quanto as lminas de cortes histolgicos foram
registradas em fotomicrografias, utilizando-se o microscpio ptico trinocular Primo Star
Zeiss, acoplado mquina fotogrfica Canon PowerShot A620. O software de aquisio de
imagens, Axio Vision 4,5 foi utilizado para obteno das imagens. Foram utilizadas as
objetivas de 4x, 10x e 40x , e com o programa anteriormente citado foram includas as escalas
referentes em todas as fotografias.
Para possibilitar a ampla utilizao das lminas confeccionadas, uma srie de imagens
foi obtida e tratada (e.g. Figuras 3, 4, 5 e 6) de forma a compor o Atlas de Botnica
(produzido por Mylena Guedes Passeri), ricamente ilustrado e organizado de forma didtica,
permitindo que os alunos tenham acesso s imagens, mesmo na ausncia de um microscpio
na unidade escolar.
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25
Figura 1: Fotografias das etapas do processo de preparao das folhas: antes do descoramento (A), folhas
diafanizadas (B) e folhas diafanizadas e coradas com safranina (C).
Figura 2: Lminas de folhas diafanizadas (A) e lmina em detalhe (B).
Figura 3: Margem da folha diafanizada Figura 4: Lmina foliar diafanizada de Rosaceae em
Rosaceae em aumento de 4x. em aumento de 10x.
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26
Figura 5: Seco transversal de um caule de Figura 6: Seco transversal de um caule de
Ricinus sp. em aumento de 10x. Cyperus sp. em aumento de 10x.
Figura 7: Material produzido e doado escola, contendo 50 lminas: 25 diafanizadas e 25 de cortes histolgicos.
3.2. Oficinas para os professores
Foram feitas duas oficinas com os professores de Cincias da escola com o intuito de
apresentar as propostas pedaggicas diferenciadas para o ensino de Botnica e o objetivo de
cada material didtico.
Oficina 1: Atualizao dos conhecimentos com a apresentao do contedo terico das reas
Morfologia e Anatomia Vegetal para o ensino de Botnica no 7 ano do Ensino Fundamental.
Objetivo principal: Apresentar tcnicas de preparao de material microscpico e
macroscpico e tcnicas de obteno de imagem.
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27
A primeira oficina teve como motivao inicial a importncia do ensino de Botnica e
dos conhecimentos de Botnica de forma geral para a humanidade, traando relaes entre
esta rea e o nosso cotidiano. O objetivo foi mostrar como as plantas fazem parte do nosso dia
a dia desde as primeiras civilizaes, com seus benefcios em nossa alimentao, bem como
as finalidades teraputicas e medicinais. Ao final da oficina, os professores receberam uma
apostila, abordando as principais caractersticas de algumas famlias botnicas utilizadas no
laminrio, alm dos protocolos utilizados para a produo do laminrio e de informaes
sobre algumas caractersticas de folhas e fololos (Apndice A).
Essa oficina tambm tratou de um dos materiais didticos produzidos, voltado para as
aulas prticas: o laminrio. Os professores foram informados sobre os mtodos de preparao
dos materiais, de modo que tivessem informaes sobre a confeco dos recursos que seriam
utilizados ao longo do projeto. Depois de aprenderem sobre a elaborao do material, tiveram
o primeiro contato com este, podendo observar as lminas em lupas e microscpios para
analisar as diferentes estruturas que foram evidenciadas (Figura 8)
Figura 8: Observao do material produzido ao microscpio (A) e a olho nu (B).
Oficina 2: Preparao e utilizao de aulas digitais no ensino de Botnica. Hipertextos,
valorizao das imagens e plano de aula.
J na segunda oficina para os professores (Figura 10) focamos no restante do material
que seria utilizado com os alunos: o Atlas de Botnica em formato digital e as aulas digitais,
sobre o contedo de Botnica do stimo ano. Por meio de uma breve palestra, os professores
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28
de Cincias tiveram a possibilidade de observar todo o contedo disponvel, ricamente
ilustrado com imagens e vdeos, alm de textos explicativos. Foram dadas sugestes de como
o material poderia ser aplicado em sala de aula, de forma a serem relacionados aos contedos
de Cincias do 7 ano. Os professores e a escola atendida pelo projeto receberam o material na
forma de um kit de Botnica (Figura 9).
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Figura 9: Capa (A), CD contendo o Atlas de Botnica (B) e CD contendo as aulas digitais(C).
O kit contm dois CDs, tendo em um deles o Atlas de Botnica e no outro as Aulas
Digitais de Botnica. Ambos os arquivos foram redigidos de uma forma didtica, buscando
facilitar o dia a dia do professor e o entendimento dos alunos sobre os temas abordados.
Foram produzidos com o auxlio do software Microsoft Office PowerPoint 2007. Para
cada aula digital foi oferecido ao professor um plano de aula correspondente sob a forma de
arquivo *.doc (Word), buscando dar ao professor a visualizao da sntese dos contedos,
com enunciados especficos para ele, cujos objetivos foram oferecer propostas de
desdobramento para cada assunto abordado, alm de informaes complementares.
O material includo no kit foi produzido pelos professores Mylena Passeri e Frederico
Pegoraro como seus trabalhos de concluso de curso de Licenciatura em Cincias Biolgicas
(2013), sob a orientao da professora Andra Espinola (e co-orientao da professora Ana
Maria Donato na pesquisa que gerou o Atlas). Os materiais por eles produzidos foram,
respectivamente, o Atlas de Botnica e as Aulas Digitais.
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Figura 10: Professores de Cincias durante a Oficina 2, no Laboratrio de Cincias da escola pblica.
3.3. Oficinas para os alunos
A Escola Municipal Desembargador Oscar Tenrio possua, em 2013, 5 turmas de 7
ano do Ensino Fundamental, com cerca de quarenta alunos por turma. Para cada uma delas foi
aplicada uma oficina de motivao para o estudo de Botnica.
Oficina de Motivao para o estudo de Botnica: Estudando Botnica de uma forma
diferente.
Objetivo principal: Ministrar uma aula com contedo apresentado de forma digital contendo
imagens obtidas em foto microscpio e prticas laboratoriais com material didtico-
instrucional, durante dois tempos de aula (de 45 min. cada), totalizando 90 min.
As oficinas com os alunos consistiram em atividades tericas e prticas relacionadas
ao material preparado e temtica da Botnica tratada no stimo ano de uma forma mais
geral. Para facilitar a interao com os alunos, cada turma foi dividida em dois grupos, com cerca
de vinte alunos cada. Cada um dos grupos passou um tempo de aula na Sala de Leitura e o outro
tempo no Laboratrio de Cincias. Na sala de leitura (Figura 12), foi feito um trabalho terico,
relacionando a exibio de dois vdeos, o uso do dicionrio e de textos complementares como
material de apoio para um estudo dirigido sobre Biologia Vegetal.
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Iniciamos a parte terica da oficina dos alunos com a projeo do vdeo The Beauty
of Pollination, da srie Wings of life, produzida pela Disney Nature, com durao de 4
minutos e 16 segundos. O vdeo fala sobre a polinizao, mostrando o papel dos animais
nesse processo e sua importncia dentro de um ecossistema. O vdeo no tem narrao e foi
explicado aos alunos durante a sua projeo.
O objetivo deste vdeo, alm de trabalhar o tema polinizao, foi funcionar como
motivao inicial para as atividades posteriores. O vdeo possui imagens que atraem a ateno
dos alunos por sua singularidade e qualidade. Em seguida, os alunos foram questionados
sobre o significado da palavra polinizao, gerando um pequeno debate com o mediador.
Depois disso, foi solicitado aos alunos que utilizassem os mini dicionrios da Sala de Leitura
para localizar o significado da palavra polinizao (ou polinizar; plen).
O segundo vdeo exibido na Sala de Leitura mostrava a germinao de uma semente
de feijo em um pedao de algodo com gua. Nele possvel ver todo o processo em time-
lapse (onde a cmera capta apenas um fotograma a cada espao de tempo pr-determinado e
na hora de reproduzir essas imagens em sequncia, o tempo parece correr muito mais rpido,
criando essa sensao de velocidade). Foram evidenciados o surgimento do primeiro par de
folhas, a raiz e o caule a partir da semente inicial, tendo como objetivo principal mostrar aos
alunos que, a partir de uma estrutura aparentemente simples como a semente, possvel que
se forme um novo vegetal inteiro, com todas as suas diferentes partes.
Em seguida, os alunos trabalharam utilizando alguns textos de apoio para que
respondessem s questes do estudo dirigido proposto (Apndice B). Os textos utilizados
foram retirados da revista Cincia Hoje das Crianas e foram distribudos para os grupos de
aluno para a leitura. O primeiro texto, Aparncia que engana (Apndice C), fala sobre uma
planta carnvora que vive no Cerrado e que consegue, atravs dos pequenos nematdeos dos
quais se alimenta, conseguir os nutrientes que no encontra no solo pobre da regio. J o
segundo texto, Um coco pra l de curioso (Apndice D), fala sobre a semente do coco-do-
mar, a maior semente do mundo. Utilizamos ainda um terceiro texto, intitulado Flor fedida?
(Apndice E), que trouxe mais algumas curiosidades sobre as plantas para os alunos, falando
de plantas que possuem um cheiro desagradvel para atrair seus polinizadores.
As questes do estudo dirigido buscaram abranger tanto os vdeos quanto os textos,
alm de estimular a utilizao do dicionrio como recurso de aprendizagem pelos alunos.
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32
J no Laboratrio de Cincias (Figuras 11 e 13), os alunos foram divididos em trs
bancadas e tiveram contato com diversos vegetais que fazem parte de nosso cotidiano, como
flores, legumes e verduras facilmente encontrados nos mercados e residncias. Cada espcime
colocado na bancada estava acompanhado de uma folha explicativa, com sua foto, nome
vulgar, nome cientfico e uma curiosidade (Apndice F). Foram discutidas suas principais
caractersticas e curiosidades e os alunos puderam descobrir a que parte de uma planta
correspondiam tais elementos, com o uso de uma folha de apoio (Apndice G). Os alunos
utilizaram lupas para ver de perto Alm disso, foram trabalhados os chamados elementos
surpresa. Cada bancada recebeu um elemento diferente, sendo eles: as gavinhas em um galho
de parreira, um cacto e algumas exsicatas. Coube a uma dupla de cada grupo explicar aos
demais do que se tratava o seu elemento surpresa e que caractersticas peculiares ele
apresentava, diferente do que vemos habitualmente (Figura 14).
Ao final da oficina os alunos receberam um questionrio para falar sobre suas
percepes relativas ao trabalho que havia sido realizado (Apndice H). As perguntas estavam
relacionadas principalmente aos pontos que os estudantes julgaram positivos e negativos nas
atividades realizadas, e buscamos tambm saber se foi possvel estabelecer uma relao entre
o que foi estudado e o cotidiano dos alunos de uma forma geral.
Figura 11: Oficina com os alunos no Laboratrio Figura 12: Oficina com os alunos na Sala de Leitura.
de Cincias.
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33
Figura 13: Bancada do Laboratrio de Cincias com Figura 14: Apresentao dos alunos na
material para a realizao da oficina. oficina.
3.4. Avaliao do material produzido
Todo o material preparado foi doado escola parceira. Ao final das oficinas, todas as
5 turmas responderam de forma annima a um questionrio com perguntas abertas e fechadas
que tinham por objetivo levantar a opinio dos alunos em relao ao que foi proposto
(Apndice H).
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34
4. RESULTADOS E DISCUSSO
4.1. Produo de material didtico
A produo do material didtico alternativo foi realizada com sucesso. Tudo o que foi
produzido foi pensado para o ambiente escolar, buscando no s o melhor entendimento dos
alunos sobre o contedo de Botnica, como tambm algo que facilitasse a abordagem do
contedo pelo professor. Buscamos principalmente a aceitabilidade de ambas as partes, alm
da praticidade. O material que compe o laminrio resistente e possibilita a boa visualizao
e a possibilidade de manipulao por parte dos alunos sem que o mesmo seja danificado
facilmente.
Durante o processo de ensino-aprendizagem fundamental no s que se d o
desenvolvimento do aluno, mas tambm que o professor participe ativamente do processo.
Para isso, so necessrios profissionais capacitados e que disponham de recursos que venham
a propiciar o ensino, tornando o processo mais atraente tanto para alunos quanto para
professores.
Mais uma vez, preciso relembrar a importncia da Botnica em nossas vidas.
Principalmente, preciso que esse conhecimento chegue at os jovens, que so a principal
ferramenta de mudana de pensamentos e atitudes dentro de uma sociedade. Atravs do
conhecimento, possvel entender o papel de cada um dentro da biosfera e quais os riscos e
consequncias de tamanhas alteraes que nossos ecossistemas vm sofrendo. A educao
ento forma de se promover uma reflexo sobre os impactos da atividade humana sobre o
meio ambiente, de modo a buscar qualidade de vida com alternativas e atitudes conscientes
para a conservao de recursos naturais.
As recomendaes dos Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) salientam
que fundamental que o professor tenha conscincia de que o ensino de Cincias Naturais
no est restrito apenas s definies e apresentaes dos livros didticos, que normalmente
no alcanam o objetivo de ensino esperado.
Alm disso, fundamental ressaltar o fato de que devemos buscar um ensino amplo e
de qualidade, que atenda realidade vivida pelos alunos atualmente. Precisamos de um ensino
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35
que no se paute meramente no uso de livros didticos e na simples memorizao de
conceitos.
Considerando a obrigatoriedade do ensino fundamental no Brasil, no se pode pensar no ensino
de Cincias Naturais como propedutico ou preparatrio, voltado apenas para o futuro distante.
O estudante no s cidado do futuro, mas j cidado hoje, e, nesse sentido, conhecer
Cincia ampliar a sua possibilidade presente de participao social e desenvolvimento mental,
para assim viabilizar sua capacidade plena de exerccio da cidadania. (PCN, 1998, p. 23)
Com as dificuldades em se ensinar e, como consequncia, em se aprender Botnica,
ficam claros os problemas do processo de ensino-aprendizagem, para discentes e docentes. A
aquisio do conhecimento afetada pela falta de estmulo em observar e interagir com as
plantas, mas tambm pela precariedade e inadequao de equipamentos, mtodos empregados
e tecnologias que influenciam na prtica pedaggica (Arruda et al., 1998 e Ceccantini 2006).
O material preparado buscou abranger contedos tanto ligados morfologia externa de folhas,
atravs das lminas diafanizadas, bem como a anatomia vegetal, com as lminas histolgicas.
Com as lminas de folhas diafanizadas, os alunos podem observar a olho nu diversos
formatos de folhas entre as vrias famlias vegetais que foram exploradas, alm do padro de
venao das mesmas, que vo variar de acordo com as caractersticas do ambiente do qual so
originrias.
Com o auxlio de um microscpio, possvel a observao de diversas estruturas que
normalmente no evidenciamos a olho nu, gerando imagens surpreendentes e podendo levar a
novas discusses em sala de aula sobre as diferenas encontradas entre diferentes folhas.
J atravs das lminas histolgicas possvel fazer observaes com o uso do
microscpio para observar as estruturas internas das diferentes partes de um vegetal. Foram
feitas lminas para estudo de folha, caule e raiz. Nelas, o aluno poder analisar as estruturas
encontradas tipicamente em cada regio da planta, relacionando-as com suas funes dentro
do vegetal como um todo.
O material didtico utilizado deve ser diferente daquele que normalmente so
apresentados pelos manuais para serem aplicados em sala de aula. Devemos buscar oferecer
aos alunos um material que busque estabelecer relaes com o dia-a-dia dos alunos e que
privilegie o desenvolvimento do raciocnio, em vez de uma simples transmisso unidirecional
de contedo, levando, desta forma, a uma construo do conhecimento (CHASSOT et al.,
1993).
A preocupao de desenvolver atividades prticas comeou a ter presena marcante nos projetos
de ensino e nos cursos de formao de professores, tendo sido produzidos vrios materiais
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36
didticos desta tendncia. O objetivo fundamental do ensino de Cincias Naturais passou a ser
dar condies para o aluno vivenciar o que se denominava mtodo cientfico, ou seja, a partir de
observaes, levantar hipteses, test-las, refut-las e abandon-las quando fosse o caso,
trabalhando de forma a redescobrir conhecimentos. (PCN, 1998, p. 19)
Para Lima (2004), aprender Cincias no se trata simplesmente de introduzir
conceitos, mas de levar os alunos a refletir sobre o que se aprende, utilizando a
experimentao e a prtica como uma ferramenta para construir e reconstruir as ideias e o
conhecimento que so apresentados pelos alunos. MEC/SEF (1999) define Cincia como
uma elaborao humana para a compreenso do mundo. Seus procedimentos precisam
estimular uma postura reflexiva e investigativa em relao aos fenmenos da natureza e de
como a sociedade intervm, utilizando seus recursos e criando uma nova realidade social e
tecnolgica.
4.2. Oficinas para os professores
Na primeira oficina, os professores tiveram a oportunidade de conhecer o Laboratrio
de Anatomia Vegetal (DBV/IBRAG/UERJ) e receberam uma pequena palestra sobre tcnicas
de preparao de material botnico e tcnicas de obteno de imagem, alm de uma
atualizao dos conhecimentos para o ensino de Botnica no 7 ano do Ensino Fundamental.
Em seguida, foram convidados a observar lminas preparadas com material botnico ao
microscpico e lupa. Durante a oficina puderam ainda confeccionar algumas lminas de
preparo simples e rpido, com materiais facilmente encontrados, como, por exemplo, a
epiderme de cebola, que possibilita uma bela visualizao das clulas epidrmicas.
Na segunda oficina, os professores aprenderam um pouco mais sobre a preparao e
utilizao de aulas digitais no ensino de Botnica, envolvendo o uso de hipertextos, a
valorizao das imagens e planejamento de aula. Esta ocorreu no Laboratrio de Cincias da
escola parceira e teve como base a utilizao do material contido no Kit de Botnica: o Atlas e
as Aulas Digitais. Os professores puderam utilizar o material para entender seu
funcionamento e aplicao em sala de aula.
Quando nos referimos especificamente ao contedo de Botnica, encontramos um
quadro onde a desmotivao transparece tanto por parte de quem aprende quanto de quem
ensina. Trata-se de um contedo pouco trabalhado, situao esta que deve ser modificada,
tendo em vista a importncia da flora em nosso pas (RAVEN et al., 2007).
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37
A melhoria do ensino que temos em nossas escolas pblicas deve aliar recursos
pedaggicos alternativos e variados que estejam disposio dos professores a uma adequada
formao e capacitao destes profissionais. Uma formao no s inicial, mas sim de forma
continuada e permanente (NETO E FRACALANZA, 2003).
Existe amplo reconhecimento verbal da importncia do pensamento. Desejamos que nossas
crianas pensem sozinhas, que se auto-governem, que sejam ponderadas e equilibradas. No desejamos
que sejam imprudentes ou precipitadas em seus julgamentos. Em situaes novas para elas, esperamos
que sejam capazes de selecionar o certo e o errado na propaganda que se dirige a elas. Esperamos que
apresentem ideias novas, novas invenes, novos sonhos. Esperamos que tenham uma atividade de
reflexo em muitas situaes problemticas.
Por que desejamos tudo isto? Em parte, porque pensamos que a sobrevivncia depende de tais
qualidades. Talvez sejamos capazes de acreditar que os homens no podem ser, ao mesmo tempo,
estpidos e livres. A sociedade livre que tentamos construir exige inteligncias livres. Uma populao que
no possa ou no deseje pensar sobre seus problemas no ficar livre e independente por muito tempo.
(RATHS, L. et al., 1977, p. 13)
4.3. Oficina para os alunos
Foram realizadas cinco oficinas onde os alunos estudaram Botnica de uma forma
diferente. A aula ofereceu contedo apresentado de forma digital contendo imagens obtidas
em foto microscpio e prticas laboratoriais com material didtico-instrucional, visando o
atendimento de todos os alunos do 7 ano da escola. Os alunos reagiram de forma bem
positiva ao trabalho, mostrando estarem motivados e participativos diante da nova proposta.
Inicialmente, alguns estavam mais tmidos e, por isso, interagindo menos com os
professores durante as tarefas, mas, de uma forma geral, o resultado foi satisfatrio, contando
com o envolvimento positivo dos alunos.
No Laboratrio de Cincias, divididos em trs bancadas, os alunos aprenderam mais
sobre vegetais que fazem parte de seu cotidiano, como legumes, flores e folhas, alm do que
foi chamado de elemento surpresa. Em cada bancada os alunos aprenderam sobre algo que
seus colegas no viram nas outras bancadas. Em seguida, uma dupla de cada bancada
apresentou para seus amigos o que aprendeu. Os elementos utilizados foram um cacto, folhas
de parreira com gavinhas e exsicatas. Durante as apresentaes os alunos ficaram um pouco
dispersos, ainda envergonhados com a situao nova pela qual estavam passando de
ensinarem algo aos seus colegas, mas ainda assim foi uma experincia produtiva.
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38
J na Sala de Leitura, os alunos divididos em grupos realizaram um estudo dirigido e
debateram alguns temas ligados aos vegetais com os professores. Foi um trabalho mais
terico do que o realizado no Laboratrio de Cincias, e por isso teve uma aceitao um
pouco menor dos alunos que, em geral, preferiram a parte prtica. Mesmo assim, os alunos
foram participativos, atendendo s tarefas que haviam sido propostas.
A Botnica, apesar de ser uma cincia recente, abriga os conhecimentos sobre as
plantas que comearam a ser acumulados h milhares de anos, desde a necessidade dos seres
humanos primitivos utilizarem as plantas em seu ambiente natural, levando com isso a
nomear as plantas e suas possveis utilidades (Carvalho, 2001; Oliveira, 2003). Atualmente,
reconhecida como um dos temas conceituais da Biologia ensinada no Ensino Fundamental e
Mdio, tendo por objetivo permitir ao estudante desenvolver habilidades necessrias para a
compreenso do papel das plantas na natureza (MEC/SEF, 2006).
Precisamos contar ento com um ambiente escolar que englobe os contedos de
Botnica de forma a contextualiz-lo e inseri-lo no cotidiano do aluno. O ensino de Cincias
tem uma importncia interdisciplinar, que vai alm de uma questo anatmica e fisiolgica
dos vegetais, e o material didtico tem um papel crucial no processo de ensino-aprendizagem
(CAMPOS et al., 2003). O ensino de Botnica de suma importncia para que formemos
cidados conscientes da importncia da preservao ambiental para a populao como um
todo.
Krasilchik (2008) afirma que as aulas prticas e projeto so a forma mais adequada de
se vivenciar o mtodo cientfico dentre as modalidades didticas existentes. Cita ainda que
tem-se, entre as principais funes das aulas prticas, a funo de despertar e manter o
interesse dos alunos, envolver os estudantes em investigaes cientficas, desenvolver a
capacidade de resolver problemas, compreender conceitos bsicos, e desenvolver habilidades,
o que traz benefcios que vo muito alm de uma simples transmisso de contedo.
4.4. Anlise dos questionrios aplicados aos alunos
-
39
Ainda hoje, o Ensino de Botnica caracterizado como algo muito terico e pouco
valorizado dentro do Ensino de Cincias e Biologia como um todo, o que acaba
desestimulando os alunos. Nas escolas, os principais problemas encontrados so a falta de
condies na infraestrutura e a necessidade de um melhor preparo dos professores. Trata-se de
um ensino reprodutivo, assim como acontece em outras disciplinas, tendo enfoque maior na
repetio e no no questionamento. O professor a fonte principal de informao e apenas
repassa aos alunos aquilo que sabe, sem que haja contextualizao ou problematizao do
tema (KINOSHITA et al., 2006).
Este projeto buscou encontrar algumas estratgias para modificar esse quadro que
encontramos hoje no ensino. Estudamos os resultados atravs de um questionrio para
perceber se houve uma motivao dos alunos com as mudanas propostas, se eles se sentiram
interessados, o que agradou ou no e o que ainda precisa ser modificado.
Foram analisados 133 questionrios respondidos pelos alunos das turmas atendidas. A
partir da anlise das respostas dadas pelos alunos, obteve-se a seguinte interpretao dos
dados:
A questo 1 (Figuras 15 e 16) buscava saber se os alunos tinham ou no gostado de
estudar os vegetais durante as oficinas e, se a resposta fosse positiva, de que parte haviam
gostado mais.
-
40
Voc gostou de estudar os vegetais?
130
2 1
Sim 97,75%
No 1,5%
No respondeu 0,75%
Figura 15: Grfico sobre o gosto pelo contedo de Botnica.
Que assuntos voc mais gostou?
40
3925
23
185
Tudo 27%
As partes de um vegetal 25%
A semente do feijo 17%
A polinizao 15%
Os elementos surpresa 12%
Observar os vegetais com a
lupa 3%
Figura 16: Grfico sobre os assuntos de interesse.
-
41
Percebemos que cerca de 98% dos alunos gostaram de estudar assuntos relacionados
ao contedo de Botnica, o que corrobora para a ideia de que a forma como o contedo
repassado tem grande influncia sobre a aceitao e o aprendizado dos alunos.
As aulas prticas so muito importantes tambm para a aprendizagem do aluno nas
aulas de Botnica, pois so uma oportunidade de relacionar os contedos tericos com o seu
dia-a-dia e perceber que a matria aprendida nos livros no est distante do seu cotidiano
(TOWATA et al., 2010).
provvel que essas dificuldades na assimilao de contedo tenham relao com a
ausncia de atividades prticas nas aulas, assim como com a falta de preparo adequado dos
professores (PRIGOL e GIANNOTTI, 2008).
As partes bsicas de um vegetal (raiz, caule, folha, flor, fruto e semente) so uma parte
importante na base do contedo relacionado ao estudo dos vegetais, e foi uma das temticas
que mais agradou aos alunos, seguido pelo estudo da semente do feijo e da polinizao, os
quais foram trabalhados principalmente com o uso de vdeos.
Trata-se de um resultado bastante expressivo e diferente do que se espera encontrar em
uma turma que trabalhe basicamente com o livro didtico. O fato de terem tido contato direto
com o objeto de estudo, manipulando diferentes vegetais e participando de forma mais ativa
do seu processo de aprendizagem provavelmente foi um fator determinante nos resultados
encontrados.
Todos estavam bem interessados por estarem estudando em dois ambientes at ento
pouco utilizados por eles, a sala de leitura e o laboratrio de Cincias, onde puderam utilizar
lupas para observar estruturas menores e perceberem maiores detalhes.
Na questo 2 (Figuras 17 e 18) questionamos os alunos para saber se aquela era a
primeira vez que utilizavam uma lupa ou se j tinham utilizado anteriormente e, se sim, com
que objetivo.
-
42
Voc j tinha usado uma lupa antes?
6760
6
No 50%
Sim 45%
No respondeu 5%
Figura 17: Grfico sobre o uso da lupa.
Para que voc j usou uma lupa?
38
14
42 1
Ver animais ou plantas de perto
64%
Ver algo pequeno/observar
detalhes de um objeto 24%
Tentar queimar um objeto 7%
Em uma aula 3%
Em um jogo 2%
Figura 18: Grfico sobre o uso da lupa anteriormente oficina.
Percebemos que um nmero bem grande de alunos nunca tinha utilizado uma lupa. Por
mais que o vegetal de uma forma geral possa ser analisado a olho nu, o simples fato de poder
utilizar a lupa deixou os alunos bastante interessados. Era um recurso novo para a maioria
deles em uma aula e fez com que eles buscassem por si prprios encontrar os detalhes das
razes, caules, folhas, flores e frutos que estavam presentes para serem estudados. Essa
-
43
participao ativa daquele que aprende no seu processo de aprendizagem bastante vantajosa
para que tenhamos uma aprendizagem realmente significativa.
A teoria da aprendizagem, proposta por Ausubel afirma a importncia de que os
conhecimentos prvios dos alunos sejam valorizados a fim de que estes possam construir
estruturas mentais utilizando, como meio, mapas conceituais que permitem descobrir e
redescobrir outros conhecimentos, o que caracterizar uma aprendizagem prazerosa e eficaz
(PELIZZARI et al., 2002).
Durante as oficinas foram utilizados dois vdeos, um sobre a polinizao e outro sobre
a germinao de uma semente. Os vdeos tiveram como objetivo no s trabalhar os temas
propostos, bem como criar um interesse nos alunos pelo estudo do contedo. Na questo 3 os
alunos disseram o que acharam sobre os vdeos exibidos durante a oficina (Figura 19).
O que voc achou dos vdeos?
126
7
Gostei muito 95%
No achei muito interessante 5%
No gostei de nenhum deles 0%
Figura 19: Grfico sobre a aprovao dos vdeos.
Vemos que a grande maioria gostou dos vdeos, o que mostra que nossos objetivos
foram cumpridos; os alunos se sentiram interessados e o contedo foi transmitido, ainda que
no de uma forma tradicional. Para Morn, o uso de vdeos ajuda o professor, atrai os alunos,
sem modificar substancialmente a relao pedaggica. H uma aproximao da sala de aula
com o cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicao da sociedade urbana, alm
de introduzir novas questes no processo educacional.
-
44
O pensamento cientfico permeia todos os aspectos da vida moderna. Na Educao, o
trabalho escolar de ensino e aprendizagem tambm tem sido objeto de pesquisas, onde todos
os atores envolvidos com a educao tm um papel importante na produo de conhecimento
cientifico (Bortoni- Ricardo, 2008).
Os Parmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998) definem Cincia como uma
elaborao humana para a compreenso do mundo. Seus procedimentos devem estimular uma
postura reflexiva e investigativa sobre os fenmenos da natureza e de como a sociedade nela
intervm, utilizando seus recursos e criando uma nova realidade social e tecnolgica. Isso
reafirma a necessidade de novas prticas aplicadas ao ensino, buscando um aluno mais
participativo e atuante em seu processo de aprendizagem.
A questo 4 questionou se os alunos acharam que alguma das atividades das quais
participaram no laboratrio de Cincias falou sobre algo relacionado ao seu cotidiano (Figura
20). No laboratrio eles tiveram contato com legumes e verduras comumente utilizados no
preparo de alimentos, alm de flores e plantas ornamentais.
As atividades do laboratrio tm relao
com algo no seu dia-a-dia?
82
50
1
Sim 62%
No 37%
No respondeu 1%
Figura 20: Grfico sobre a relao estabelecida entre as oficinas e o cotidiano.
Um nmero elevado de alunos no estabeleceu qualquer relao entre o que foi
trabalhado e seu cotidiano, o que no era esperado, uma vez que boa parte daquilo que foi
objeto de estudo comumente encontrado at mesmo em nossas residncias.
-
45
Observamos um quadro onde os alunos no esto acostumados a estabelecer relao
entre aquilo que vivenciam no seu dia a dia e o que trabalhado em sala de aula,
provavelmente por no ser algo habitualmente trabalhado pelos professores na escola. Desta
forma, mesmo reconhecendo aquilo que esto estudando como algo que lhes familiar
acabam no relacionando o conhecimento que est sendo passado a eles como algo que pode
ser til durante a sua vida fora do ambiente escolar.
fundamental que o professor, alm do conhecimento especfico da matria ensinada,
busque acesso s mesmas fontes de informao que o seu aluno pode usar fora de sala de aula.
O professor precisa se integrar evoluo do conhecimento em sua rea de especialidade,
bem como conectar-se com a dinmica do mundo em que vive. Para o aluno importante ver
no professor mais do que a imagem de um depositrio de informaes atualizadas, mas sim
um indivduo com capacidade de analisar e relacionar variveis e fatos maiores do que aquilo
que o aluno consegue construir. Assim sendo, responsabilidade do professor proporcionar
metodologias que faam florescer a conscincia e a intuio criativa do aluno
(MARCOVITCH, 1999).
J na questo 5 a pergunta era relacionada ao uso do laboratrio de Cincias, at ento
pouco explorado pela escola. A pergunta era se eles gostariam que mais atividades fossem
realizadas naquele espao. Todos os alunos responderam que sim, mostrando a importncia
motivadora do uso de diferentes metodologias de ensino que fujam do tradicional.
Segundo os Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), dizer que o aluno
sujeito de sua aprendizagem afirmar que cabe a ele ressignificar o mundo, construindo
explicaes, contando para tal no s com a figura do professor como tambm com a
interao com outros estudantes e com instrumentos culturais prprios do conhecimento
cientfico. Para que isso ocorra fundamental a mediao do professor, visto que no se trata
de um movimento espontneo.
O Ensino de Cincias deve proporcionar a todos os alunos a chance de desenvolver
capacidades que neles despertem a inquietao diante do desconhecido, buscando explicaes
lgicas e razoveis, amparadas em elementos palpveis. O que significa que os alunos
podero criar posturas crticas, realizar julgamentos e tomar decises fundadas em critrios
objetivos, defensveis, baseados em conhecimentos compartilhados por uma comunidade
escolarizada definida de maneira ampla (BIZZO, 2002).
-
46
As questes 6 e 7 trataram sobre o que os alunos gostaram ou no durante as oficinas
(Figuras 21 e 22).
O que voc mais gostou de fazer?
60
54
22
133 2 1
Ver os vdeos 39%
Aprender sobre os vegetais no
laboratrio 35%
Usar a lupa para observar os
vegetais 14%
Tudo 8%
Estudar na sala de leitura 2%
Ter a ajuda dos professores 1%
Usar o dicionrio 1%
Figura 21: Grfico das atividades preferidas.
-
47
Teve algo nas atividades que voc no
gostou?3 3
121
3
Os vdeos 2%
O que os professores falavam
2%
No gosto desse assunto sobre
as plantas 2%
No gostei de ficar no
laboratrio de Cincias 0%
Gostei de tudo 94%
Figura 22: Grfico sobre a rejeio de alguma atividade.
Para que a Botnica seja estimulante para os alunos do ensino fundamental,
necessrio que o professor utilize metodologias que tornem as aulas interessantes e
significativas (SILVA e MORAES, 2011). Dispomos ao longo das oficinas de diferentes
recursos diferentes daqueles que so usualmente utilizados durante as aulas de Botnica.
Diversos pontos agradaram aos alunos, cada um gostou mais de determinado ponto em
detrimento de outro e nem todos os alunos gostaram de tudo aquilo que foi feito, mas a grande
maioria sim. Da a necessidade de se trabalhar com diferentes recursos; ampliando as
metodologias de ensino utilizadas em sala de aula temos uma maior chance de atrair o
interesse de boa parte dos alunos, tornando o ensino mais prazeroso e eficaz.
Por fim, a questo 8 analisou as impresses dos alunos em relao ao laboratrio de
sua escola, se era ou no necessria alguma melhoria e, se sim, quais seriam essas melhorias
(Figuras 23 e 24).
-
48
Voc acha que o laboratrio da sua escola
pode melhorar?
101
32
Sim 76%
No, ele j est bom 24%
Figura 23: Grfico sobre a necessidade de melhorias no laboratrio.
O laboratrio passou recentemente por algumas melhorias, anteriores realizao das
oficinas. Recebeu equipamentos eletrnicos, buscando tornar as aulas mais interessantes e
dinmicas, mas a estrutura bsica da sala no foi modificada. A pintura, grande parte dos
armrios e equipamentos que j se encontravam no local foram mantidos e, infelizmente, no
estavam sendo usados e no estavam em um bom estado de conservao, o que foi percebido
pelos alunos e apontado como necessidade de melhoria.
-
49
O que voc acha que deve melhorar no
laboratrio de Cincias?
43
23
23
54 1 1 Ter mais material de Cincias
43%
Ter mais aulas nele 23%
Arrumao/conservao 23%
O espao pequeno 5%
Usar mais o material que tem
nele 4%
O comportamento dos alunos
1%
Tudo 1%
Figura 24: Grfico sobre as melhorias que poderiam ser feitas no laboratrio.
Vemos ento que, alm daquilo que se ensina e da forma como se ensina, importante
tambm que se tenha um ambiente agradvel e confortvel para tornar as aulas mais didticas.
Estudos j mostraram que a produtividade e a qualidade do trabalho realizado esto
diretamente relacionadas com as boas condies do ambiente em que se est inserido durante
a execuo das atividades. preciso que se usufrua daquilo que descrito como
Conforto Ambiental (FILHO et al., 2012).
A educao um dos fatores que mais influem no desenvolvimento de um pas e a qualidade de ensino
torna-se algo de grande importncia para que esta educao seja eficiente. [...]
Uma boa qualidade de ensino no s depende da capacitao dos professores, mas tambm das condies
fsicas das salas de aulas, ambientes em que os mesmos interagem com os alunos. J que existe
relao direta da qualidade e da produtividade com o ambiente de trabalho, pode-se afirmar que as salas
de aulas precisam prover os alunos e professores de condies saudveis, garantindo a espontaneidade
de uma das atividades mais importantes para a sociedade. (FILHO et al., 2012, no paginado)
-
50
5. CONSIDERAES FINAIS
Pesquisas recentes indicam que muitas mudanas precisam ser feitas, visando a
melhoria do ensino de Botnica. A capacitao de professores de forma continuada e a busca
por novos recursos didticos so algumas das medidas que podem ser utilizadas para que essa
melhoria do ensino ocorra. O estmulo aos mais diferentes temas fundamental em um
processo de ensino-aprendizagem, tanto para alunos quanto para professores.
O contedo escasso que passado atualmente sobre essa temtica nas escolas deve ser
motivo de preocupao em um pas onde se tem uma flora to rica como a nossa. O
conhecimento o primeiro subsdio que deve ser fornecido a cada cidado visando um
cenrio de maior conservao de espcies, mantendo preservada a nossa biodiversidade.
O material didtico proposto e as prticas pedaggicas diferenciadas tiveram boa
aceitao pelos alunos. Os alunos responderam positivamente ao uso de novos materiais e
novos formatos de aula, onde tiveram a possibilidade de interagir mais com o seu objeto de
estudo. Entre as atividades desenvolvidas destaca-se a atividade prtica realizada no
Laboratrio de Cincias como ponto de maior interesse pelos alunos. Os vdeos utilizados
como motivao inicial antes de atividades de leitura e interpretao foram estimulantes para
a curiosidade e a participao dos alunos nas oficinas. O Kit de Cincias produzido neste
estudo ser distribudo gratuitamente para outras escolas da rede pblica.
Durante as atividades propostas foi possvel a facilitao da abordagem de temas
relacionados Biologia Vegetal e, ao mesmo tempo, o estmulo curiosidade e a participao
dos alunos. Esperamos com os resultados obtidos neste estudo, fornecer novos caminhos para
tornar o ensino mais prazeroso, ldico e aprofundado, alm de estabelecer a aproximao
entre Universidade e escola, utilizando os resultados obtidos no meio acadmico em prol de
melhorias na Educao Bsica.
-
51
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