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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS LECIANDRO CARVALHO DA SILVA PORTO E MEIO AMBIENTE: NOVOS PROJETOS PARA O PORTO DE SANTOS GUARUJÁ SP BRASIL DEZEMBRO/ 2008

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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO DE

EMPRESAS

LECIANDRO CARVALHO DA SILVA

PORTO E MEIO AMBIENTE:

NOVOS PROJETOS PARA O PORTO DE SANTOS

GUARUJÁ – SP – BRASIL

DEZEMBRO/ 2008

LECIANDRO CARVALHO DA SILVA

PORTO E MEIO AMBIENTE:

NOVOS PROJETOS PARA O PORTO DE

SANTOS

Monografia de Graduação apresentada à Universidade

de Ribeirão Preto – Campus Guarujá, como exigência

parcial para a obtenção do título de Bacharel em

Administração de Empresas, sob a orientação do Prof.

Ms. André Bezerra da Silva

GUARUJÁ

2008

LECIANDRO CARVALHO DA SILVA

PORTO E MEIO AMBIENTE:

NOVOS PROJETOS PARA O PORTO DE SANTOS

Monografia de Graduação apresentada à

Universidade de Ribeirão Preto – Campus

Guarujá, como exigência parcial para a obtenção

do título de Bacharel em Administração de

Empresas, sob a orientação do Prof. Ms. André

Bezerra da Silva

Este exemplar corresponde à redação final da

monografia defendida e aprovada pela Banca

Examinadora em _____ / _______ / _______.

Banca:

Prof. Ms. André Bezerra da Silva

Orientador(a)

Prof. Dr. Rubens Carneiro Ulbanere

Convidado(a)

Prof. José Romanutti Neto

Prof.(a) Indicado(a) pelo Curso

Guarujá – São Paulo – Brasil

Dezembro / 2008

RESUMO

Esta pesquisa aborda a importância de um porto organizado e utiliza como referência

análises sobre o funcionamento do Porto de Santos, descrevendo a sua importância para a

cidade, região e país, num contexto ambiental e social, considerando suas influências para a

população local e as possibilidades do desenvolvimento portuário condicionado ao

desenvolvimento social e humano e a preservação do meio ambiente. A pesquisa inclui um

perfil histórico do Porto de Santos, abordando ainda a degradação ambiental e novos projetos

para desenvolvimento do porto e região que são fatores que geram grande atenção e

preocupação de autoridades políticas e portuárias, além do envolvimento da sociedade local,

que condiciona seu dia-a-dia aos movimentos portuários. Os objetivos desta pesquisa

analisam o funcionamento do Porto de Santos como porto organizado sob o enfoque da

degradação do meio ambiente, processos de recuperação e interação Porto-Cidade e

apresentam alternativas para atrelar o desenvolvimento portuário ao desenvolvimento

humano, cultural e econômico. A metodologia adotada para elaboração desta pesquisa

classifica-se como bibliográfica exploratória, onde foi possível verificar que os projetos de

expansão e desenvolvimento do Porto de Santos consideram medidas adotadas por grandes

portos, como Roterdã, Antuérpia e Hong Kong, que apresentam que uma cidade portuária trás

consigo desenvolvimentos ligados ao lazer e entretenimento, além de impulsionar a economia

e a construção civil.

Palavras chave: História dos Portos, Gestão Ambiental de Portos, Projetos Portuários.

ABSTRACT

This research addresses the importance of an organized port and uses as a benchmark

analysis on the operation of the port of Santos, describing its importance to the city, region

and country, an environmental and social context, considering their influence to the local

population and the possibilities the port development conditional on human and social

development and environmental preservation. The research includes a historical profile of the

Port of Santos, still addressing environmental degradation and new projects for developing the

port and region are factors that generate great attention and concern of political authorities

and port, in addition to the involvement of local society, which makes its day-to-day

movements to port. The objectives of this research examining the operation of the port of

Santos as port organized under the focus of the degradation of the environment, processes of

recovery and interaction Port-City and present alternatives to tow the port development to

human development, cultural and economic. The methodology for preparation of this research

are to be treated as exploratory literature, where it was possible to verify that the projects for

expansion and development of the Port of Santos consider measures adopted by major ports

such as Rotterdam, Antwerp and Hong Kong, showing that a port city back to developments

related to leisure and entertainment, in addition to boosting the economy and construction.

Key words: History of the Ports, Environmental Management of Ports, Port Project.

SUMÁRIO

Apresentação ................................................................................................................... 01

1. Capítulo I - Aspectos Históricos do Porto de Santos, Projetos e Influência .................... 04

1.1 A abertura dos portos no Brasil ....................................................................... 04

1.2 O Porto de Santos ........................................................................................... 05

1.3 Histórico do Plano de Desenvolvimento do Porto de Santos ............................ 08

1.4 Hinterlândia .................................................................................................... 11

1.5 Capacidade de movimentação ......................................................................... 17

1.6 Principais Acessos ao Porto de Santos ............................................................. 18

1.6.1 Rodoviário ............................................................................................ 18

1.6.2 Ferroviário ............................................................................................ 19

1.6.3 Hidroviário............................................................................................. 23

1.6.4 Dutoviário ............................................................................................. 24

2. Capítulo II Aspectos Ambientais e Instalações Portuárias e do Porto de Santos .............. 25

2.1 Principais aspectos, relações e impactos .......................................................... 25

2.1.1 Localização de Algumas Unidades Marítimas Portuárias ...................... 27

2.1.2 Fases do Envolvimento Organizacional ................................................ 28

2.2 O projeto portuário ......................................................................................... 29

2.2.1 Abrangência ou escala .......................................................................... 29

2.2.2 Dimensões............................................................................................ 30

2.2.3 Influências ou externalidades ................................................................ 30

2.3 As Macrovariáveis .......................................................................................... 32

2.4 Meio Ambiente do Porto de Santos ................................................................. 32

2.5 Diretrizes, Temporalidade e Planejamento....................................................... 33

2.5.1 Qualidade Ambiental e Desenvolvimento Portuário ........................... 34

2.5.2 Manguezais ........................................................................................ 35

2.5.3 Passivos Ambientais ........................................................................... 36

2.5.4 Áreas Públicas ................................................................................... 36

2.5.5 Patrimônio Histórico e Cultural .......................................................... 37

2.5.6 Habitação e Meio Ambiente ............................................................... 38

2.5.7 Interface Porto Cidade ......................................................................... 38

2.5.8 Qualidade Empresarial ........................................................................ 39

2.5.9 Resíduos Sólidos ................................................................................. 39

2.5.10 Saneamento Portuário ....................................................................... 40

2.5.11 Segurança Ambiental ........................................................................ 41

2.5.12 Ecoturismo ........................................................................................ 41

2.5.13 Educação Ambiental/ Responsabilidade Social .................................. 42

2.5.14 Considerações ................................................................................... 42

2.6 Os principais Elementos do Controle Ambiental ............................................. 43

2.6.1 ISO 14000 ........................................................................................... 45

2.7 ISPS CODE .................................................................................................... 46

3. Capítulo III – Principais Projetos para Desenvolvimento do Porto de Santos e da Região da Baixada

Santista ............................................................................................................................. 49

3.1 Projetos de Infra-estrutura Terrestre ................................................................ 49

3.1.1 Projetos propostos no PDZPS (2006) ................................................. 49

3.2 Aeroporto Civil-Metropolitano ....................................................................... 52

3.3 Rodoanel ........................................................................................................ 54

3.4 Ferroanel ........................................................................................................ 55

3.5 Revitalização .................................................................................................. 56

3.5.1 Conceito de Revitalização Portuária ................................................... 57

3.5.2 Atividades Associadas ....................................................................... 58

3.5.3 Áreas Invadidas .................................................................................. 59

3.5.4 Diretrizes para sanar problemas com a comunidade ............................ 59

Considerações Finais ........................................................................................................ 63

Referências ...................................................................................................................... 65

1

APRESENTAÇÃO

Os Portos são geralmente componentes importantes das áreas litorâneas devido ao seu

caráter estratégico no comércio nacional e internacional, além de afetar diretamente a

economia regional e local. Segundo Porto e Teixeira (2002), suas atividades influenciam

fortemente o meio ambiente, como por exemplo: podem desviar correntes marítimas e assim

modificar áreas de mangues e berçários marítimos. Também sofrem influências dos elementos

naturais como por exemplo o assoreamento, além disso, a eficácia de um porto marítimo

depende da sua acessibilidade, por esta razão as zonas portuárias devem ter uma profundidade

adequada do leito do mar.

Para manter ou ampliar e modernizar portos são necessárias obras de dragagem além

de modificações de ecossistemas próximos. Sem contar que, é cada vez mais comum utilizar

navios maiores como maneira de economizar em escalas. Geralmente os portos são

localizados em baías e estuários, até como fator de segurança, isso é: o porto sofrerá menos

com as intempéries naturais, porém causa sérios danos ao ambiente, pois nesses locais

principalmente no Brasil onde temos um rico ecossistema denominado mangue que é um

berçário natural da vida marinha e uma importante zona de transição entre ambiente terrestre

e marinho. O fato é que ao criar instalações portuárias, essas áreas são invadidas, as correntes

marítimas e ciclos marítimos são modificados fazendo com que tenhamos perdas enormes na

parte ambiental (PORTO E TEIXEIRA, 2002).

Outro elemento importante é que ao modificar esse meio, aumenta se a sedimentação e

o assoreamento, o que requer uma maior atividade de dragagem a fim de obter a profundidade

necessária e, por conseqüência, uma grande quantidade de elementos dragados a serem

eliminados. Tem-se ainda o problema de contaminação de parte deste montante por

substâncias químicas perigosas, tais como PCB, PCDD, PCDF e metais pesados (Pb, Cd, Hg,

Cu, Zn, etc), foram introduzidos em quantidades tóxicas para o meio ambiente (OLIVEIRA,

2007).

Sendo assim, a localização torna os locais suscetíveis a estes

contaminantes, provenientes de efluentes de zonas urbanas e industriais, resíduos domésticos

locais e outras fontes diversas (vazamentos e acidentes).

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Já na parte de implementação de novos projetos, para Oliveira (2007), a cidade-Porto

de Santos é geograficamente privilegiada para inúmeros projetos que a possam desenvolver

em nível de portos conhecidos mundialmente por sua qualidade e competência, como

Roterdã, Antuérpia e Hong Kong. Alguns problemas impedem esse crescimento como o fato

do Porto de Santos ser estatizado, sob uma espécie de monopólio sindical, que inibe

investimentos privados e evitam que, como nos portos citados acima, aconteça a ampla

competição que estimula a livre iniciativa.

Segundo o site ogmo-santos (2008), o Porto de Santos conta com o OGMO (Orgão

Gestor de Mão de Obra), suas principais atribuições são:

Administrar o fornecimento de mão de obra;

Manter com exclusividade o cadastro de registro do trabalhador portuário;

Promover o treinamento e a habilitação profissional;

Selecionar e registrar o trabalhador avulso portuário;

Arrecadar e repassar, os valores devidos ao trabalhador, relativos a remuneração e

encargos;

Zelar pelas normas de saúde, higiene e segurança do trabalho portuário avulso.

Para Gonçalves e Nunes (2008), o desenvolvimento dos novos projetos portuários

tende a gerar uma série de impactos na cidade, onde se pode citar:

a) Aumento de produtividade no processo de embarque e desembarque de cargas;

b) Crescimento de mão de obra especializada e aumento da população local;

c) Desenvolvimento da cultura e lazer na cidade;

d) O avanço e participação de coligadas, como sindicatos e cooperativas;

e) O afastamento do município de algumas decisões relativas ao porto, conforme

previsto em contrato de concessão do porto.

A escolha deste tema se deu em função da grande atenção voltada aos grandes projetos

e desenvolvimento do Porto de Santos como porto organizado que, segundo a Lei Nr. 8.630

de 25 de fevereiro de 1993 em seu Artigo 1º, define Porto ogranizado – O porto construído e

aparelhado para atender às necessidades da navegação e da movimentação e armazenagem de

mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam

sob a jurisdição de uma autoridade portuária, e em conseqüência as cidades componentes da

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Baixada Santista, onde não se esclarece perfeitamente o equilíbrio entre a degradação e o

desenvolvimento.

Esta pesquisa tem como objetivos analisar o funcionamento do Porto de Santos como

porto organizado sob o enfoque da degradação do meio ambiente, processos de recuperação

e interação Porto-Cidade e apresentar alternativas para atrelar o desenvolvimento portuário

ao desenvolvimento humano, cultural e econômico.

A metodologia adotada para esta pesquisa classifica-se como bibliográfica

exploratória. Em se tratando da sua forma de abordagem, representa uma pesquisa quali-

quantitativa, pois utiliza alguns métodos, os quais, permitem identificar elementos tanto

qualitativos quanto quantitativos.

A pesquisa foi elaborada utilizando processamento das informações através de um micro-

computador Pentium 3Ghz, com 1 Gb de memória e HD de 160 Gb. As informações obtidas

foram digitalizadas no programa Office 2007, no sistema operacional Windows XP,

utilizando-se o programa Microsof Word.

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CAPÍTULO I

ASPECTOS HISTÓRICOS DO PORTO DE SANTOS

PROJETOS, CAPACIDADES E INFLUÊNCIA

“Logo após a fundação (por Martim Afonso de Souza) da cidade de São Vicente, cellula

mater da nacionalidade, Brás Cubas foi procurar um ponto mais abrigado na atual costa

paulista para atracação de caravelas. E fundou Santos, do outro lado da ilha de São Vicente,

vislumbrando no estuário santista, onde se fixou, o porto ideal” (MENDES, 1992).

1.1 A abertura dos portos no Brasil

Segundo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos (PDZPS),

como não podia deixar de ser, a “Abertura dos Portos do Brasil às Nações Amigas”,

determinada pela Carta Régia de 28 de janeiro de 1808, sugerida ao Príncipe Regente pelo

ilustre jurista baiano José da Silva Lisboa, futuro Visconde de Cairú, que foi o responsável

pelo início de um movimento comercial crescente entre o Brasil e a Europa, fazendo com que

os trapiches (decks de madeira) se multiplicassem às centenas, ao longo de toda a costa

brasileira, e dos rios navegáveis de vertente oceânica.

Ainda acrescenta que essa “proliferação” portuária foi motivada pela necessidade de

atender o mais próximo possível dos centros produtores, então espalhados pelo litoral, às

embarcações que acorriam em grande número ao Brasil, cuja “produção” de matérias primas

extrativas e também agrícolas tinha grande aceitação na Europa, uma vez que quase não

existiam estradas carroçáveis que permitissem uma interligação terrestre satisfatória.

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Como os rios eram “os caminhos naturais” mais utilizados para alcançar o interior,

seguindo as trilhas e percursos abertos pelos Bandeirantes e pelas expedições oficiais que

penetraram o território à procura de novas riquezas, de norte a sul do país, desenvolveram-se

também, às suas margens, uma enorme quantidade de “portos fluviais” (PDZPS, 2006).

1.2 O Porto de Santos

Segundo PDZPS, na costa da Província de São Paulo, ao ser fundada por Martim

Afonso de Souza a Capitania de São Vicente, graças às observações e pesquisas do feitor Brás

Cubas, que integrava sua expedição chegada em 1531, foi iniciada a construção de trapiches

em sua boca norte, hoje denominada Estuário de Santos, no local conhecido como

Enguaguaçu, fronteiro ao acesso do Canal da Bertioga, demonstra que foi sua melhor

condição para servir como ancoradouro, por ser bem protegido dos ventos, da agitação

marinha e também do ataque dos piratas que costumavam visitar e saquear as vilas costeiras.

Em torno desse ancoradouro desenvolveu-se o povoado de Santos e a infraestrutura de

apoio aos serviços necessários à operação do porto e à manipulação das mercadorias

movimentadas pelo comércio com as Vilas implantadas no Planalto de Piratininga - Santo

André da Borda do Campo e São Paulo de Piratininga, tendo sido instalada em 1550 a sua

primeira Alfândega, então denominada Mesa de Renda.

A execução das obras projetadas foi confiada, por Contrato de Concessão, ao Governo

da Província de São Paulo, pelo Decreto nº 8.800, de 16 de dezembro de 1882, tendo sido

declarado encerrado pelo Decreto nº 9.573, de 27 de março se 1886, depois de várias

prorrogações, em função da incapacidade demonstrada pelo Governo Provincial, apesar da

garantia do pagamento de juros de 8% a.a. sobre os capitais aplicados, conforme a Lei nº

3.341, de 16 de outubro de 1886.

Imediatamente, o Governo Imperial decidiu abrir concorrência pública para a

construção do porto segundo o projeto elaborado pelo Engo Domingos Sérgio de Sabóia e

Silva. Esse projeto definia a execução de cerca de 840 metros de cais corrido entre a “ponte

velha” da Estrada de Ferro e a Rua Brás Cubas, a construção de armazéns para guarda de

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mercadorias e de linhas férreas duplas com bitola de 1,60 m, bem como o aparelhamento com

guindastes hidráulicos.

Foi vencedora a proposta apresentada por José Pinto de Oliveira, Cândido Gafreé,

Eduardo Palassin Guinle, João Gomes Ribeiro de Avelar, Alfredo Camillo Valdetaro,

Benedicto António da Silva e a firma Ribeiro, Barros & Braga, e com eles assinado um

Contrato de Concessão pelo prazo de 39 anos, aprovado pelo Decreto nº 9.979, de 12 de julho

de 1888, assinado por D. Isabel, Princesa Imperial Regente.

Em 15 de setembro de 1888, pelo Decreto nº 10.040, a firma Ribeiro, Barros & Braga

foi substituída por Francisco Justiniano de Castro Rebello e Hyppolito Velloso Pederneiras,

passando o grupo de concessionários a ser representado pela empresa por eles constituída e

denominada Gaffrée, Guinle & Companhia.

Em 7 de novembro de 1890 o Governo Provisório da República assinou uma revisão

do Contrato de Concessão, que foi aprovada pelo Decreto nº 966, estendendo as obras do cais

inicialmente projetado, pela construção de mais 1130 metros de cais, até o Paquetá, incluindo

a execução de uma doca destinada ao mercado de peixe. Foi elevado o prazo da Concessão

para 90 anos, a contar daquela data.

Em 2 de fevereiro de 1892, foram entregues festivamente os primeiros 260 metros de

cais, construídos no Valongo, com a atracação do vapor “Nasmith”, da companhia inglesa

Lamport & Holt, registrando o momento histórico em que o modesto atracadouro se tornava o

primeiro porto organizado do Brasil.

À vista do desempenho satisfatório da concessionária e da qualidade das obras

executadas, em julho de 1892, pelo Decreto nº 942/92, foi então autorizado o prolongamento

do cais, de Paquetá até Outeirinhos. Com mais esta ampliação autorizada, a extensão do cais

já tinha previsão de 5.021 metros, incluindo-se aí trecho contratado para execução na Ilha do

Barnabé, de 301 metros.

Em 16 de novembro de 1892, foi reconhecida a transformação da empresa Gaffrée,

Guinle & Companhia em Sociedade Anônima, sob a designação de Companhia Docas de

Santos, e em 17 de fevereiro de 1893, pelo Decreto nº 1.286, foi aprovado o seu regulamento,

sendo nele especificadas todas as taxas que podiam ser cobradas no porto.

Sob a direção técnica do eminente Engo Benjamim Weinschenk, a quem devemos

render justa homenagem, o Porto de Santos cresceu e se expandiu pelo estuário de Santos de

forma exemplar, tornando-se não apenas o maior porto do Brasil a partir de 1950, como

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também o maior porto do Hemisfério Sul em 1965 – orgulho da Engenharia Nacional e

motivo de alegria e mérito dos seus sócios, engenheiros e demais empregados da

Concessionária, única dentre todas a concluir satisfatoriamente seu Contrato de Concessão

com o Governo Federal (PDZPS, 2006).

Para Mendes (1992), é impreciso definir se foi a economia paulista ou o local bastante

favorável que culminou o crescimento e desenvolvimento do porto e da cidade de Santos. É

fato que o desenvolvimento do Porto de Santos está ligado a expansão econômica regional,

acompanhando-a desde os tempos do comércio cafeeiro, através da importação de insumos

básicos para a indústria e da exportação de manufaturados.

O autor reitera que a partir de 1850, em razão da riqueza cafeeira controlar aos poucos

as antigas áreas canavieiras, tornando-se cada vez maior o número de barcos em demanda de

Santos. Esse movimento se ampliou ainda mais depois de 1867, quando inauguraram a São

Paulo Railway, a primeira ligação por ferrovia do litoral paulista para o planalto, passando

pela capital paulista como incremento da exportação de café. Em 1854, Santos já exportava

quase 80% do café Brasileiro.

Já para Gonçalves (2008), é um fator de grande importância a existência do Porto de

Santos, pelo parque industrial que foi desenvolvido e sediado na cidade vizinha de Cubatão,

porém, trata-se de uma vantagem competitiva, não um fator de desenvolvimento absoluto,

considerando que a sinergia de porto-indústria não tenha sido tão intensa.

A história do Porto de Santos foi marcada por muitos atos sindicais, como comenta

Gonçalves (2008), com relatos de grandes greves, com trabalhadores da estiva,

descarregadores de café nos anos de 1877 e 1878, e culminando com a primeira greve em

favor de revisão de remuneração para os trabalhadores do porto.

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1.3 Histórico do Plano de Desenvolvimento do Porto de Santos

Plano de 1897 – Em 1892 foi instituída a Companhia Docas de Santos (CDS), a fim de

monitorar as dificuldades técnicas das obras de construção das muralhas de pedra no cais, que

foram iniciadas por volta de 1890. Pelo Decreto n.º 942, a então CDS foi autorizada a

expandir suas instalações até Outeirinhos, época que começaram os primeiros planos de

expansão;

Plano de 1929 – Em 1909 foram concluídas as obras até Outeirinhos. Mas, a crescente

movimentação de cargas obrigava a melhoria e facilidade do processo. Assim foram

construídas as áreas para abrigar as oficinas de manutenção (mecânica, carpintaria, fundição,

almoxarifado e oficina de locomotivas e vagões). Na ilha de Barnabé foi construído o

primeiro terminal para granéis líquidos do país, na margem esquerda do estuário. Construíram

6 grandes armazéns para café e um armazém frigorífico para conservação de frutas, carnes e

peixes, o que consagrou essa fase do Porto de Santos.

Face ao crescente movimento de cargas, iniciaram-se estudos para ampliação do cais

de acostagem, que passaria dos 5km de extensão para mais de 11km, propiciando inclusive

maiores profundidades para os navios. Nesta mesma época se inicia a ocupação da margem

esquerda do porto correspondente ao Conceiçãozinha no município de Guarujá. Este foi

considerado por muitos o primeiro plano de desenvolvimento do Porto de Santos.

Plano de 1951 – Os planos de desenvolvimento eram causados sempre pelo aumento

na movimentação, onde a CDS optou por expandir suas instalações em direção ao Saboó,

permitindo uma melhor acomodação de carga para transporte por via férrea. Nesta época

também foi iniciada a implantação do terminal da Alamoa, para a implantação da linha de

oleoduto submersa, com 1.150 metros de extensão, que interligaria o Saboó a ilha de Barnabé,

alavancando uma das mais importantes fases do porto – a do petróleo.

Plano de 1969 – Período do inicio das construções das refinarias Presidente Bernardes

em Cubatão e União em Capuava, atingindo expressivas movimentações de granel liquido,

determinando a duplicação da capacidade de movimentações de cargas pelo porto, atingindo

16,5 milhões de toneladas neste ano.

Nesta época também se iniciou a construção do cais do Macuco, no bairro da Ponta da

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Praia em Santos, colaborando para o esgotamento das reservas naturais, em função da

ocupação de terras para fins de cais na margem direita.

A partir deste episódio, foi desenvolvido o “Plano Diretor do Porto de Santos”, que

visava a ocupação portuária em direção a cidade de Cubatão, em função do inicio de

operações no cais da Cosipa.

Plano de 1976 – Durante o período dos anos de 1969 a 1976, o porto começa a

enfrentar grandes congestionamentos de navios. A fim de sanar este problema, deram inicio as

obras do que posteriormente seria um dos maiores terminais de containeres do Brasil e do

mundo, na região do bairro Conceiçãozinha, na margem esquerda do estuário, no município

de Guarujá e que naquele momento constituía a melhor e maior reserva de terras para

expansão. Nesta época também foi implantado os terminais de fertilizantes.

O PDZPS ainda aborda que foram estabelecidos os corredores de exportação, na ponta

da praia e no bairro da Alamoa o terminal de granéis líquidos. Iniciaram então os estudos para

alargamento de cais do Valongo ao Paquetá, local onde nasceu o Porto de Santos. Apesar de

existirem alguns terminais especializados, era tamanha a movimentação de produtos ao longo

do cais, as chamadas descargas diretas para caminhão e vagão.

Em novembro de 1980, encerrou a concessão do Porto de Santos à Companhia Docas

de Santos, foi criada a Companhia Docas do Estado de São Paulo – CODESP, sob

administração do governo federal.

Conforme PDZPS o Porto de Santos se consagrava como um grande pólo de atracação

e intercâmbio marítimo comercial. Despertava o interesse de envolver atividades industriais

as portuárias, sendo desenvolvido então o projeto SPIC – Sistema Portuário Industrial de

Cubatão, que expandiria o porto naquela direção e possibilitaria a integração porto - indústria.

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Figura1 – Zona de influência do Porto de Santos

A figura 1 demonstra a zona internacional de influência e alcance do Porto de Santos,

considerando suas possíveis rotas que demonstradas em setas amarelas percorrem todos os

continentes.

Segundo PDZPS, a localização do Porto de Santos é privilegiada, por estar no estado

de São Paulo, na região sudeste do Brasil, tornando-se complexo definir sua área de

influência. O Porto de Santos pode ser considerado “A grande porta de saída do Comércio

Exterior Brasileiro”, onde praticamente todos os estados brasileiros, em maior ou menor grau

utilizam-no para viabilizar suas transações comerciais internacionais.

Em 2004 o cais Santista movimentou perto de 68 milhões de toneladas, registrando um

valor de exportação de US$ 26,90 bilhões, correspondendo a 27,9% do total nacional. Já as

importações atingiram US$ 16 bilhões, ou seja, 25,5% das importações brasileiras.

É importante ressaltar, que Santos não movimenta apenas um ou dois produtos

específicos, mas é responsável por um leque completo de insumos e manufaturados, desde

carga geral solta ou conteinerizada, automóveis, graneis sólidos e líquidos. Toda essa pujança

ocorre, por ser um porto centenário, o maior da América Latina e pela sua posição geográfica

e via de conseqüência, zona de influência.

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1.4 Hinterlândia

Figura 2 – Área de influência (hinterlândia) do Porto de Santos

A figura 2 apresenta a região do interior do continente sul americano que pode

ser abrangida pelo Porto de Santos por vias primárias de acesso, destacadas por

vértices e zona de abrangência destacada na cor cinza.

De acordo com PDZPS, a hinterlândia é a área de mercado de um porto, ou seja, a sua

zona de influência. A hinterlândia atualmente conhecida do Porto de Santos faz referência ao

Estado de São Paulo, norte do Paraná, sul de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, sul do Mato

Grosso e Goiás. O Porto de Santos está situado em uma das regiões do país cujo mercado

corresponde a 55% do PIB nacional, 45% do mercado consumidor, e 49% da população do

país, constituindo-se assim num porto estratégico para o desenvolvimento do comércio

exterior, ou seja, exige que o Porto de Santos, por ser o mais próximo do centro econômico do

país, possua melhor acessibilidade do que outros portos brasileiros, garantindo aos seus

usuários eficiência em tempo, segurança, e produtividade. Fatores estes que são importantes

na composição dos custos dos produtos que são comercializados nesta região.

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PDZPS reitera que a demanda de transporte que tem origem no comércio do Estado de

São Paulo entre os demais estados brasileiros, é caracterizada pelo predomínio da exportação

comparativamente à importação, apesar de importar grandes volumes de insumos industriais.

Os principais mercados que utilizam, atualmente, o Porto de Santos para exportação e

importação de seus produtos são:

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Quadro 1 – Mercados que importam e exportam pelo Porto de Santos

Fonte: PDZPS, 2006

O quadro 1 demonstra a participação dos estados no comercio de produtos específicos

através do Porto de Santos, que atende vários mercados, desde agrícola até aviação.

Muito ainda se tem falado, no sentido do Porto de Santos tornar-se o “hub-port”

nacional que, aliado ao crescimento da cabotagem traria operações de “transhipment” e

“feeders services”, fazendo com que sua zona de influência passe a ter dimensões nacionais

(PDZPS, 2006).

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Segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA,

órgão do Ministério do Planejamento, no ano de 2004, denominado “Atração de Cargas para o

Porto de Santos: Perspectivas e Crescimento Sustentável”, foram identificados inúmeros

produtos negociados no comércio exterior, com origem ou destino em municípios

pertencentes à área de influência do Porto de Santos e que, por algum motivo, não utilizaram

o Porto de Santos.

Já de acordo com PDZPS (2006), o primeiro critério adotado para definir a área de

influência do Porto de Santos foi constatar a importância econômica dos maiores produtos

movimentados nos sentidos exportação e importação, no ano de 2003. Constatou-se que vinte

produtos representam 60% do total exportado e setenta produtos representam 60% do total

importado.

O passo seguinte foi determinar o destino ou a origem, conforme o caso, de cada um

desses produtos, por município e, por conseqüência, unidades da federação. Definiu-se o valor

de cinco milhões de dólares (movimentados anualmente) como o mínimo de cada unidade da

federação para ser considerado como área de influência, e posteriormente, objetivando uma

análise mais rigorosa, ampliou-se esse valor para US$ 10 milhões. Em outras palavras: o valor

total por unidade da federação dos vinte produtos selecionados para exportação tem que ser

superior a este montante para que o estado seja enquadrado como pertencente à área de

influência. O mesmo raciocínio foi usado para os setenta produtos de importação. Observou-

se que, por este critério, os mesmos estados que aparecem como exportadores, pelo Porto de

Santos, são os importadores. São 11 unidades da federação que atenderam a esses critérios

(PDZPS, 2006).

15

Tabela 1 – Estados de Influência do Porto de Santos

Ranking Unidade da Federação Total Exportado e Importado

(US$ milhões)

1º São Paulo 14.564,00

2º Minas Gerais 1.064,60

3º Goiás 386,30

4º Mato Grosso 344,60

5º Rio de Janeiro 256,60

6º Paraná 200,70

7º Rio Grande do Sul 130,00

8º Mato Grosso do Sul 80,10

9º Espírito Santo 53,40

10º Bahia 52,80

11º Santa Catarina 32,40

Fonte: PDZPS, 2006

A tabela 1 demonstra o ranking dos estados brasileiros na média de exportação e

importação em US$ via Porto de Santos, onde pode-se notar o estado de São Paulo numa

liderança considerável, comparado a participação dos outros estados.

16

Figura 3 – Área de influência Revista do Porto de Santos

A figura 3 demonstra a área de influência revista do Porto de Santos, considerando sua

hinterlândia primária, representada nos estados em azul e sua hinterlândia de alcance

secundário, representada nos estados em verde.

17

1.5 Capacidade de movimentação

Resumo estatístico dos último cinco anos (Segundo site portodesantos.com.br)

Tabela 2 – Capacidade de movimentação do Porto de Santos (em toneladas)

2003 2004 2005 2006 2007

TOTAL 60.077.073 67.609.753 71.902.494 76.297.193 80.775.867

EXPORTAÇÃO 39.126.666 45.809.828 50.399.621 52.243.709 53.843.434

IMPORTAÇÃO 20.950.407 21.799.925 21.502.873 24.053.484 26.932.433

MOVIMENTO DE NAVIOS (em unidades)

2003 2004 2005 2006 2007

TOTAL 4.703 4.995 5.535 5.614 5.741

MOVIMENTO DE CONTÊINERES (em unidades)

2003 2004 2005 2006 2007

TOTAL 1.037.371 1.247.130 1.478.428 1.603.868 1.654.713

PRINCIPAIS MERCADORIAS MOVIMENTADAS (em toneladas)

MERCADORIA 2003 2004 2005 2006 2007

AÇÚCAR (granel / sacas) (E) 8.321.930 10.825.987 12.475.450 12.889.085 13.337.348

CAFÉ (E) 322.709 599.060 722.059 926.472 899.796

SUCOS CÍTRICOS (granel/tambor) (E) 1.323.692 1.576.565 1.588.199 1.623.515 1.952.216

SOJA EM GRÃO (E) 5.600.220 5.688.541 7.509.739 7.238.861 5.317.806

FARELOS (E) 3.560.892 4.624.282 4.624.282 2.306.947 2.346.059

ÁLCOOL (E) 308.343 859.252 1.284.400 1.908.870 2.009.559

TRIGO (I) 1.877.502 1.082.647 1.240.697 1.439.017 1.617.821

SAL (cabotagem) 741.255 727.265 736.883 730.604 803.967

FERTILIZANTE (I) 2.943.769 3.067.253 2.788.925 2.278.602 3.321.277

CARNE (E) 214.792 578.476 769.906 678.983 770.683

GLP (E e I) 570.105 334.198 324.167 520.199 469.445

ÓLEO DIESEL (E) 1.600.874 1.517.604 1.869.033 1.747.323 1.931.214

MILHO (E) (**) (**) (**) 35.075 2.973.327

E = CARGAS DE EXPORTAÇÃO

I = CARGAS DE IMPORTAÇÃO

Fonte: Porto de Santos, 2008

18

A tabela 2 demonstra a capacidade de movimentação do Porto de Santos em vários

segmentos nos anos de 2003 a 2007, com destaque as 3 maiores movimentações de açúcar,

soja e fertilizantes.

1.6 Principais Acessos

1.6.1 Rodoviário

Figura 4 – Acesso Rodoviário

A figura 4 demonstra os principais acessos rodoviários (destacados em vermelho),

ferroviários (destacadas em tracejado) e hidroviários (destacados em azul) ao Porto de Santos.

Demonstrando também na figura de navios os principais portos do país.

19

1.6.2 Ferroviário

Figura 5 – Principais corredores ferroviários

A figura 5 demonstra os principais corredores ferroviários que interligam o Porto de

Santos a outros estados e países. Corredor 1 (destacado em preto), liga ao Vale do Ribeira,

corredor 2 (destacado em azul) liga a Goiás, corredor 3 (destacado em rosa) liga a Mato

Grosso do Sul, corredor 4 (destacado em verde) liga a Bolívia, corredor 5 (destacado em

vermelho) liga a Presidente Epitáfio.

20

Quadro 2 – Movimentações dos Corredores Ferroviários

Fonte: PDZPS, 2006

O quadro 2 demonstra as movimentações dos corredores ferroviários que são

conectados ao Porto de Santos e as regiões que são atendidas pelo serviço das empresas MRS

Logística (corredor 1), Ferrovia Centro Atlântica (corredor 2), Ferronorte/ Ferroban (corredor

3), Novoeste Ferroban (corredor 4) e América Latina Logística (corredor 5).

21

Figura 6 – Acessos Ferroviários ao Porto de Santos

A figura 6 demonstra as empresas que administram as ferrovias próximas ao Porto de

Santos. Destacadas as empresas administradoras das vias de acesso, em laranja a CPTM, em

verde a Ferroban, em vermelho a MRS e em roxo a Portofer.

22

Tabela 3 – Movimentação média via Férrea em TU

Fonte: PDZPS, 2006

A tabela 3 demonstra a movimentção férrea média em TU no ano de 2004,

aparesentando complexo de grãos com movimentação muito superior a açúcar, papel

(celulose) e containers.

23

1.6.3 Hidroviário

Figura 7 - Hidrovia Tietê – Paraná

A figura 7 demonstra a complexidade da hidrovia Tietê – Paraná. Com sua nascente

em São Paulo e percurso privilegiado pelo interior paulista, atingindo Minas Gerais, Goiás e

Paraná.

24

1.6.4 Dutoviário

Figura 8 – Sistema Dutoviário de Acesso ao Litoral Paulista

A figura 8 aborda o sistema dutoviário de acesso ao litoral paulista e sua

complexidade, que abrange do modal aéreo ao marítimo, sendo ligado por vários terminais

durante o processo de transporte.

25

CAPÍTULO II

ASPECTOS AMBIENTAIS DAS INSTALAÇÕES

PORTUÁRIAS E DO PORTO DE SANTOS

“A nova consciência ambiental, surgida no bojo das transformações culturais que

ocorreram nas décadas de 1960 e 1970, ganhou dimensão e situou a proteção do meio

ambiente como um dos princípios mais fundamentais do homem moderno” Denis Donaire

(1994).

2.1 Principais Aspectos, Relações e Impactos

Segundo Porto e Teixeira (2002), a preservação ambiental esta cada vez mais

difundida entre os vários segmentos econômicos, de modo a tornar-se cada vez mais

relevante, causando influência em processos decisórios e dentro de diversas áreas produtivas,

em especial nessas ultimas décadas, o porto. Dentro do aspecto portuário de planejamento e

inserção de novos projetos portuários, alguns aspectos de preservação do meio ambiente têm

sido relevantes, por causar alterações nos sítios portuários. Contudo a internalização integral

dos portos brasileiros ainda é carente de autoridades com atribuições para ambientes

portuários, considerando que seu atual estágio não agrega princípios e valores dessa natureza

e a principio reage com resistência em ter ações julgadas por um tribunal da natureza. A

atividade portuária brasileira considera apenas a apropriação da riqueza, sem ainda, considerar

espaço para linguagem ambiental.

26

De acordo com Donaire (1994), o grau de conscientização ambiental dentro de uma

empresa esta relacionado ao controle ambiental das práticas e processos industriais, que

podem ser analisados através da integração do controle ambiental com a gestão

administrativa, projetando nas mais altas esferas de decisão as respostas setoriais, o olhar

futuro e o planejamento corporativo.

Conforme Porto e Teixeira (2002), analisando em especial o porto japonês, pode-se

perceber o modelo de proteção ambiental praticado, levando em consideração o alto volume

de atividade portuária em sua zona costeira, tiveram a mais tempo que tratar da questão

ambiental, desenvolvendo leis gerenciais e operacionais para o cumprimento da proteção

ambiental, conservação e recuperação desde os anos 70. A atividade portuária dentro de

ambientes “industriais” como nos maiores portos do mundo, esta elaborada em economia de

escala, voltada para grandes fluxos de cargas que são processados em sua maioria em

pequenas extensões de território, o que torna a intervenção ambiental critica, uma vez que

esse quadro tende a proporcionar uma ameaça ofensiva ao meio ambiente, além disso, deve-se

tratar a necessidade de trânsito de recursos energéticos, como gás natural e não natural,

petróleo, recursos minerais e outras cargas que são potencialmente perigosas para o meio

ambiente.

Ainda cita que, a atividade portuária impacta diretamente o meio ambiente em que é

inserida, por se tratar anteriormente um patrimônio ambiental, tais como, baias, lagoas e

outras zonas litorâneas, esse tipo de intervenção leva a grandes alterações geoeconômicas ao

meio ambiente, numa escala determinada pela característica do projeto. Como totalidade de

um porto, considera-se todo seu conjunto de instalações com funções de abrigo, atracação,

armazenagem e circulação em terra e mar, denominado, sítio portuário.

27

2.1.1 Localização de Algumas Unidades Marítimas Portuárias

Quadro 3 – Localização de Portos e Terminais Marítimos

Localização Portos e Terminais Marítimos

No litoral

Porto de Fortaleza/CE, Porto de Pecém/CE, Porto de Suapê/PE, Porto de

Imbituba/SC, Porto de São Francisco do Sul/SC, Terminal de Praia Mole/ES

Baías

Porto de Belém/PA, Porto de Itaqui/MA, Terminal de Ponta da Madeira/MA,

Porto de Salvador/BA, Porto de Aratu/BA, Porto do Rio de Janeiro/RJ, Porto

de Sepetiba/RJ, Porto de São Sebastião/SP, Porto de Angra dos Reis/RJ, Porto

de Paranaguá/PR, Terminal de Ponte São Felix/PR

Estuários ou Rios Porto de Macapá/AP, Porto de Manaus/AM, Porto, Porto de Vila do

Conde/PA, Porto de Recife/PE, Porto de Santos/SP, Porto de Itajaí/SC, Porto

de Porto Alegre/RS

Lagoas Porto de Pelotas/RS, Porto de Rio Grande/RS

Fonte: Anuário Estatístico Portuário - MT

O quadro 3 apresenta a localização dos portos e terminais marítimos brasileiros, com

destaque as baías e estuários ou rios, pelo número de lugares com essas disponibilidades

geográficas.

28

2.1.2 Fases de Conscientização Organizacional

Quadro 4 – Fases de envolvimento organizacional no processo de conscientização

NÍVEL

ORGANIZACIONAL

FASE 1

FASE 2

FASE3

CÚPULA

Reconhece importância na

política organizacional;

Escreve e comunica essa

importância aos grupos

externos;

Desenvolve projetos especiais

internos.

Obtém conhecimento;

Contrata assessoria

especializada.

Obtém compromissos

organizacionais;

Modifica padrões de

desempenho organizacional.

ASSESSORIA

ESPECIALIZADA

Soluciona problemas

técnicos;

Desenvolve sistema de

aprendizado nos níveis

técnicos/ administrativos;

Desenvolve sistema de

interpretação do ambiente

externo;

Representa a organização

externamente.

Provoca alterações nas

unidades operacionais;

Aplica os dados

desenvolvidos na avaliação

do desempenho

organizacional.

UNIDADE

ADMINISTRATIVA

Incorpora a função na

atividade linha da estrutura

organizacional;

Modifica os processos e

investe recursos;

Dissemina a

responsabilidade por toda a

organização (insere na

cultura).

Fase 1: Preocupação social existe, mas não está especificamente ligada com a organização (PERCEPÇÃO)

Fase 2: Fica clara a implicação da organização, mas a obrigatoriedade da ação é reduzida (COMPROMISSO)

Fase 3: Exige ações específicas da organização e torna-se possível a ocorrência de sanções (AÇÃO)

(Adaptado ACKERMAN, R., BAUER, R. – Corporate Social Responsiveness: The modern Dilema. P. 128)

29

O quadro 4 apresenta a conscientização social das organizações divididas em 3 setores

(cúpula, assessoria especializada e unidade administrativa) e em 3 fases de processos

(percepção, compromisso e ação).

2.2 O projeto portuário

Como citado por Porto e Teixeira (2002), o desenho de um projeto portuário, seja de

médio ou grande porte, é definido por três fatores:

Abrangência;

Dimensão;

Influências

2.2.1 Abrangência ou escala

Segundo Porto e Teixeira (2002) A abrangência ou escala de um projeto diz respeito a

sua amplitude, a sua arquitetura, as suas características da planta portuária para atendimento a

demanda por processo industrial e tipo de carga, que pode ser regional, nacional e

internacional. Alguns projetos portuários são elaborados com o objetivo de abastecer as

necessidades de um mercado exterior, como por exemplo, o porto de Vila do Conde no Pará,

que faz processamento de bauxita e alumina para exportar alumínio para o mercado japonês.

Vários outros terminais marítimos trabalham com abastecimento a outros países. O Brasil,

juntamente com a África do Sul e a Austrália, é um dos maiores países de expedição de

granéis pelos seus portos, atualmente especializado nesse ramo. Ainda existem outras

unidades portuárias que tem facilidade dada à cabotagem, outras que são de abastecimento de

produtos energéticos como combustíveis, gases, etc., atendendo a uma circulação interna de

insumos de produção.

Cita ainda que o projeto, independentemente de sua abrangência, normalmente

30

promove desenvolvimento regional a cidade que sedia o porto. Os projetos são respondidos

pelo interesse da comunidade em se habilitar para trabalhar no porto, em obter crescimento

profissional que os capacite a desenvolver-se junto às empresas portuárias, seguindo planos de

carreira e especializações na área, onde a comunidade procura desenvolvimento e crescimento

em conhecimento, e a cidade passa a crescer em estrutura e em desenvolvimento humano.

Partindo desse cenário, se faz necessário também a melhoria das vias de transito, a melhoria

logística, melhorias no processo de produção e de distribuição, melhorias na qualidade de vida

da comunidade, que com um número maior de empregados passa a consumir mais e assim

interagir positivamente a favor de um número maior de melhorias para a cidade.

2.2.2 Dimensões

Trata-se do território a ser abrangido pelo projeto, de seu uso e estudos para a

destinação do espaço físico. Num dimensionamento de projeto, considera-se áreas de

circulação, estacionamentos, pátios de manuseios, armazéns, etc., para áreas de expansão do

projeto ou uso indireto (induzido, agregado), como os terminais restroportuários e as Estações

Aduaneiras Interiores, conhecidas pelas siglas Eadi. Portanto essas são as áreas principais de

atendimento de um projeto portuário, por considerar todo o espaço possível de atendimento

ou viabilização do projeto, incluindo suas áreas adjacentes como acesso, de segurança ou

proteção (PORTO E TEIXEIRA, 2002).

2.2.3 Influências ou Externalidades

As influências dizem respeito às alterações que o projeto introduz num ambiente

natural e significam os resultados que o projeto pode trazer, tanto positivos, de ganhos para a

sociedade, para as empresas, para o país em geral, como os negativos que muitas vezes são

inevitáveis e exigem medidas corretivas e compensatórias.

As principais externalidades são aquelas ligadas às perturbações ambientais, que

podem não ter sido pesquisadas ou consideradas antes da implementação do projeto, em

alguns casos a responsabilidade pela ofensa ambiental tem seu ônus transferido para a

sociedade, sendo dessa forma necessário uma maior investigação e controle desse tipo de

31

externalidade.

Outro grande exemplo de externalidade são os dejetos tóxicos lançados por algumas

indústrias portuárias ao ambiente, em algumas vezes altamente efluentes e tóxicos por se

tratar de empresas químicas ou de papel, e necessitam de tratamentos especiais antes de serem

lançados aos rios ou mar. Algo relevante e extremamente prejudicial em função disso é a

perturbação de natureza socioeconômica, como a redução da quantidade de peixes, mariscos e

outros seres vivos, que são fonte de renda e sobrevivência de muitas comunidades locais.

É de grande importância que as influências ou externalidades sejam consideradas e

contabilizadas no projeto portuário, para que o custo de uma possível perturbação ambiental

em níveis maiores, não tome por responsável ou não seja custeada pela sociedade. Deve ser

considerado que um projeto dessa dimensão modifica todo seu sítio habitacional, de formas

irreversíveis, cujos valores podem ser filosóficos e cuja decisão foge a parâmetros técnicos,

por se tratar de bens de valor humano, tipos de vida que não trazem lucro, espaços verdes que

preservam espécies de vida, que muitas vezes são únicas e de características daquela região,

contribuindo para o crescimento e desenvolvimento de muitos parâmetros e pra erradicação

de espécies, se não for considerado todos esses quesitos no projeto inicial.

Um último importante ponto de externalidade é conhecido como trade-off , ou seja,

uma opção onde um projeto anula outro projeto, quando se considera a escolha entre um

porto, uma área residencial a beira-mar, ou outra situação ambiental, que pode oferecer riscos

ao meio ambiente. É um caso a ser repassado para a sociedade.

A questão ambiental relacionada a portos não esta apenas voltada para as influências

sobre aumentos de calados ou desequilíbrios causados pelo tráfego de embarcações ou

impactos ambientais gerados pelas atividades primárias, que são as de cargas e descargas de

mercadorias nos portos. Deve-se considerar também, o crescimento e desenvolvimento da

região que margeia o porto, como o crescimento demográfico não planejado, devido a

migração de mão de obra advinda de outros estados.

Cabe ressaltar que a carência de infra-estrutura em áreas portuárias é um fator

influente na degradação das áreas urbanas próximas ao porto, as quais passam a sofrer

problemas de vários gêneros, como perturbações causadas pelo trânsito de caminhões que

causam transtornos, pequenos acidentes, atrasos, danos a estrutura das vias, além de

problemas relacionados a segurança, por ser comum o alto nível de violência em áreas

próximas a portos serem alvos de furtos diversos (PORTO E TEIXEIRA, 2002).

32

2.3 As macrovariáveis

Segundo Porto e Teixeira (2002), um projeto portuário tem as seguintes variáveis a

serem estudadas segundo fatores macros:

Comércio – Num contexto histórico é possível afirmar que o comércio portuário existe

muito tempo antes do porto propriamente dito, com todo o seu espaço e conjunto de

instalações. Naquela época os navegantes saiam em busca de lugares geograficamente

satisfatórios ao desembarque das mercadorias, onde as águas tivessem um nível baixo e

favorecessem a atracação. O comércio era efetuado de forma desorganizada e precária, sem

preparo adequado de ambiente e em situações de pouca segurança, o que favoreciam os furtos

de mercadorias. Sua utilidade era e continua sendo a mesma, trazer e levar mercadorias

obtidas em mercados distantes, tanto que com o desenvolvimento dos portos, sua navegação

costeira passou a ser oceânica, tornando o porto um fator de desenvolvimento e

nacionalização. O porto é de fundamental importância para o equilíbrio da balança de

pagamentos do país, por considerar sua venda e entrega de produtos ao exterior (PORTO E

TEIXEIRA, 2002).

Tecnologia – A tecnologia diz respeito aos processos e recursos que são

disponibilizados e aplicados na prestação dos serviços portuários, relativos ao manuseio e

trânsito de cargas pelo terminal. Os projetos para desenvolvimento tecnológico dos portos são

desenvolvidos com intuito de atender a economia de escala (PORTO E TEIXEIRA, 2002).

2.4 Meio Ambiente do Porto de Santos

Segundo PDZPS, o Porto de Santos tem uma história de 500 anos. Mas, todo esse

tempo ainda não proporcionou o crescimento esperado, que torna o Porto de Santos carente de

investimentos e novos projetos visando seu desenvolvimento. Durante os 113 anos que

33

separaram a construção dos primeiros duzentos metros de cais acostável, aos atuais 13Km, até

quase o fim da década de 90, a questão ambiental no Porto de Santos não era considerada

relevante no que dizia respeito ao planejamento e desenvolvimento portuário. Após a inserção

da legislação ambiental brasileira, passou a buscar meios de harmonizar a atividade portuária

à proteção ambiental.

O projteto ainda demonstra que a atividade portuária está intimamente ligada ao

ambiente que a cerca. Representando a infra-estrutura necessária para a integração entre os

modais de transporte terrestre e aquaviário, isso implica na interferência nos ecossistemas

existentes na zona costeira limítrofe. Essa característica torna a riqueza e a fragilidade dos

ecossistemas costeiros ainda mais degradada, de acordo como nível das atividades portuárias

desenvolvidas, o grau de tecnologia, gerenciamento logístico e normas administrativas

ambientais, entre outras observadas.

Atualmente, considerando a globalização, o trânsito de mercadorias entre mercado

doméstico e resto do mundo via porto, atinge quantidades expressivas, e tende cada vez mais

ao aumento das movimentações de carga em menor tempo. O que faz com que a infra-

estrutura portuária necessite de projetos de adequação as novas situações de mercado,

acompanhando a evolução, modernizando-se para os transportes de mercadorias com maior

rapidez e eficácia, sobretudo com respeito ao meio ambiente. Para tanto, é necessário traçar os

caminhos a serem percorridos a fim de se tornar um porto ambientalmente correto. (PDZPS)

2.5 Diretrizes, temporalidade e planejamento do PDZPS

Conforme PDZPS, até o ano de 1999, no Porto de Santos, não existia um plano ou

setor de Meio Ambiente, todas as ações pertinentes ao Meio Ambiente eram desenvolvidas

num contexto de urgência tendo em vista a falta de estrutura existente na época.

O planejamento do Porto de Santos visa estabelecer diretrizes que permitam o

desenvolvimento e execução de ações no curto prazo (2 anos), no médio prazo (5 anos) e,

aquelas diretrizes que por seu grau de complexidade ou razões estratégicas, deverão ser

executadas a longo prazo (acima de 10 anos).

34

Diretrizes para curto prazo (2 anos) – São essenciais para a correta evolução e

planejamento do Porto. São subdividas em:

1 – Diagnóstico detalhado das realidades ambientais, sanitárias, patrimoniais e sociais

nas áreas do porto e as que sofrem sua influência diretamente;

2 – Elaboração dos planos para remediação, manejo ou melhorias destas realidades,

acompanhadas de cronogramas onde constarão suas principais etapas;

3 – Conformidade à legislação ambiental.

Diretrizes para médio prazo (5 anos) – Norteiam essencialmente a implantação e a

operacionalização dos diferentes planos elaborados a curto prazo. Cabe ressaltar que a

implantação e operacionalização são as partes mais difíceis de qualquer projeto. Significa tirar

regras dos documentos e aplicá-las à realidade e fazer com que elas sejam respeitadas e

implementadas até serem totalmente incorporadas pelo conjunto da comunidade portuária.

Diretrizes para longo prazo (Acima de 10 anos) –São aquelas que não são

consideradas indispensáveis ao bom andamento da atividade portuária. Entretanto, agregam

valores em qualidade ambiental e melhorias sociais, trazendo um incremento importante a

qualquer projeto.

As diretrizes apresentam forma adequada de elaboração e prazo para serem efetuadas,

considerando toda a complexidade e dificuldade de inserção de planos e projetos num cenário

de porto antigo com altos níveis de degradação do meio ambiente.

2.5.1 Qualidade Ambiental e Desenvolvimento Portuário

Qualidade Ambiental conforme PDZPS:

Diretrizes

- Diagnosticar, controlar e reduzir níveis de poluição de ar, água, sonora, visual e do

solo e criar banco de dados;

- Diagnosticar níveis de poluição atmosférica oriunda da movimentação de granéis

sólidos;

- Definir tipos de equipamentos a serem utilizados na movimentação de granéis

35

sólidos;

- Monitorar índices de poluição do ar;

- Padronizar os tipos de construções portuárias;

- Exigir a manutenção do aspecto estético dos armazéns;

- Diagnosticar a amplitude da presença das espécies exóticas vindas através da água de

lastro no estuário;

- Elaborar em conjunto com as entidades responsáveis um plano de gestão de água de

lastro;

- Normalizar o lastramento e deslastramento de navios na área do Porto Organizado;

- Implantar o tratamento de águas de lastro no Porto de Santos;

- Analisar a capacidade de suporte ambiental do estuário de Santos.

As diretrizes de qualidade ambiental e desenvolvimento se referem desde a qualidade

do ar até as construções, revitalizações e capacidades. São diretrizes baseadas em estudos e

grandes conceitos de planejamento e inserção.

2.5.2 Manguezais

Diretrizes adotadas:

- Limpar os manguezais;

- Fiscalizar e controlar de forma efetiva a freqüência, invasão e desmatamento dos

manguezais em áreas portuárias;

- Diagnosticar o nível de degradação dos manguezais bem como a sua importância

para os ecossistemas existentes na região do estuário;

- Preservar as áreas contínuas de manguezais;

- Fazer o replantio de manguezais;

- Estudar os impactos de desmatamentos sobre os recursos pesqueiros da região.

As diretrizes relacionadas aos manguezais demonstram a importância do mangue para

toda a região, no que diz respeito à continuidade das espécies, onde programas especiais de

36

combate a esse tipo de degradação serão inseridos.

2.5.3 Passivos Ambientais

- Convém ressaltar tratar-se dos passivos detectados. Por ser uma região onde foi

muito impactada nas décadas de 60,70 e 80, não há diagnóstico sobre a totalidade da área do

Porto Organizado visando detectar a existência de outros passivos ambientais.

Diretrizes

- Remediação/ eliminação dos passivos ambientais detectados na área do Porto

Organizado;

- Monitoramento destas áreas mesmo após as remediações;

- Recuperar, quando possível, as áreas atingidas por passivos.

As diretrizes relacionadas aos passivos ambientais requerem medidas rápidas e severas

quanto ao policiamento das eliminações de passivos ao meio ambiente, levando em conta que

o ambiente do Porto de Santos já é considerado insatisfatório no que diz respeito a

preservação.

2.5.4 Áreas Públicas

Diretrizes

- Manter e ampliar a arborização das ruas;

- Criar faixas verdes, ampliando as áreas verdes permeáveis;

- Elevar o espaço público como fator de recuperação do meio ambiente;

- Melhorar significativamente a qualidade de vida portuária através das condições

ambientais;

- Estimular a recuperação dos espaços verdes na área Portuária;

- Fomentar a plantação de árvores ou arbustos nativos;

37

- Trocar gradativamente os pisos inadequados por revestimentos mais favoráveis à

limpeza;

- Cadastrar e fiscalizar a presença de ambulantes na área portuária;

- Exigir que a comercialização de produtos alimentícios se fizesse apenas em locais

devidamente autorizados pela vigência sanitária;

- Aumentar a sinalização tanto ambiental, como de tráfego em toda extensão do porto

organizado;

- Aumentar a vigência nestas áreas;

- Buscar parcerias junto à iniciativa privada;

- Fiscalizar a ocupação desordenada e ilegal destas áreas;

- Prever a integração dos espaços públicos com seu entorno.

As diretrizes elaboradas para as áreas públicas são uma busca de integralização entre

porto e sociedade e esta projetada no intuito de firmar essa interligação passo a passo,

considerando todos os fatores relevantes, desde a arborização até a integração de espaços

públicos.

2.5.5 Patrimônio Histórico e Cultural

Diretrizes

- Normalizar a preservação de bens históricos e referências culturais;

- Preservar a identidade portuária pela valorização de sua história, sociedade e cultura;

- Valorizar e incentivar a preservação, reciclagem e revitalização do patrimônio

histórico-cultural;

- Educar e sensibilizar a opinião pública sobre a importância e necessidade de

preservação do patrimônio portuário.

As diretrizes histórico culturais prevêem uma reeducação que será iniciada em escolas,

com as crianças, a fim de demonstrar a identidade portuária, sua valorização e sensibilizar a

opinião pública, que no caso do Porto de Santos, são os santistas, e demais moradores de

cidades vizinhas.

38

2.5.6 Habitação e Meio Ambiente

Diretrizes

- Cadastrar sócio-economicamente a população que vive nas áreas ocupadas;

- Trabalhar a questão do descarte aleatório de resíduos nas regiões do porto;

- Criar parcerias com a população ribeirinha;

- Desenvolver ações de cunho social com a população;

- Conscientizar e explicar a importância da atividade portuária para a região;

- Desenvolver solução específica para cada caso, conjuntamente com as Prefeituras e

Ministério das Cidades visando o reassentamento ou a urbanização destas favelas.

As diretrizes de habitação e meio ambiente requerem um grau maior de complexidade

e dispêndio de tempo, por dependerem de outras autoridades e prefeituras locais e por contar

com cadastro e combate à poluição das comunidades ribeirinhas, além, de sua posterior

retirada dos ambientes de preservação ambiental e áreas destinadas a expansão portuária.

2.5.7 Interface Porto-Cidade

Diretrizes

- Desenvolver nas fronteiras entre Porto e Cidade espaços de integração;

- Integrar nos projetos, mecanismos de minimização dos impactos ao entorno mais

próximo;

- Ampliar a participação social na tomada de decisão sobre o desenvolvimento

portuário;

- Estreitar laços entre Porto, Prefeituras e Comunidade através de fóruns adequados

quando da atualização do PDZ.

As diretrizes de Interface Porto-Cidade são focadas em integração e ampliação da

participação social, que participará mais avidamente, uma vez que prevê uma maior

divulgação de informações à sociedade.

39

2.5.8 Qualidade Empresarial

A CODESP firmou contratos de arrendamento com diferentes empresas privadas.

Estas empresas estão comprometidas através de cláusula contratual a obterem a ISO 9000,

ISO 14001 e OSHAS 18001 num prazo de até cinco anos após a assinatura do contrato.

Diretrizes

- Incentivar a busca da melhoria continua pelas empresas;

- Obtenção pela Autoridade Portuária das três certificações;

- Incentivar uma movimentação mais limpa e a ecoeficiente;

- Intermediar relações com demais órgãos públicos;

- Coibir a ocupação do solo em áreas não autorizadas sem prévio Licenciamento

Ambiental;

- Criar novo zoneamento atendendo solicitações empresariais, quando da renovação

dos contratos de arrendamento;

- Aumentar a capacidade de áreas para desenvolvimento de atividades retro portuárias;

- Incentivar o desenvolvimento de áreas industriais trazendo valor agregado ao

produto;

- Exigir apresentação de planos de combate a todo tipo de poluição.

As diretrizes de qualidade empresarial baseadas em contratos firmados pela CODESP,

demonstram grande interesse da companhia em buscar aprimoramento e capacidade ambiental

e auto - sustentável, visando aumentar as capacidades do Porto de Santos juntamente com a

capacidade de preservação ambiental.

2.5.9 Resíduos Sólidos

Diretrizes

- Implantar e operacionalizar PGRS;

- Normatizar a retirada de resíduos sólidos dos navios;

40

- Reciclar 100% do material passível de ser reciclado;

- Implantar coleta seletiva na totalidade do Porto (inclusive terminais);

- Implantar usina de tratamento de resíduos sólidos para o porto e seus usuários;

- Acompanhar a geração de resíduos e destinação final dos mesmos pelos

arrendatários;

- Criar banco de dados sobre geração de resíduos portuários;

- Promover ações sociais ligadas a reciclagem.

As diretrizes para resíduos sólidos são baseadas em uma melhor organização e

treinamento de pessoal, o que será concluído após as ações sociais ligadas à reciclagem e

informativos para treinamento no futuro sistema.

2.5.10 Saneamento Portuário

Diretrizes

- Diagnosticar infestação dos pombos, aedes, vetores em geral e suas conseqüências

para os trabalhadores;

- Elaborar plano de combate a vetores;

- Instituir campanhas informativas para caminhoneiros e mão de obra avulsa;

- Instituir campanhas de prevenção para os funcionários da CODESP;

- Implantar o Núcleo de Prevenção da Dengue;

- Instituir campanhas de prevenção em conjunto com a ANVISA.

As diretrizes de saneamento portuário não constam exatamente como planos ou

projetos para desenvolvimento, considerando que já vêem sendo abordadas nos combates às

doenças e treinamentos de pessoal.

41

2.5.11 Segurança Ambiental

Diretrizes

- Elaborar e implantar o Plano Emergencial Individual – PEI;

- Integrar todas as empresas a um PAM;

- Diminuir tempo e falhas no atendimento a emergências;

- Atualizar PCE;

- Acompanhar o andamento da implantação dos planos de emergência nos diferentes

terminais.

As diretrizes de segurança ambiental foram elaboradas a fim de tornar todas as outras

diretrizes e implementações mais seguras, por intermédio de um programa de segurança

especialmente elaborado ou personalizado.

2.5.12 Ecoturismo

Diretrizes

- Elaborar roteiro da região portuária a partir dos pontos e atividades de maior

interesse ecológico e turístico;

- Integrar o porto aos roteiros turísticos municipais;

- Valorizar o patrimônio histórico e natural da região portuária através do ecoturismo;

- Mesclar atividades turísticas às portuárias;

- Trabalhar o roteiro turístico como público alvo os passageiros de Cruzeiros atracados

no porto.

As diretrizes sobre ecoturismo como o próprio nome revela, são destinadas ao turismo

portuário, integração de roteiros turísticos municipais e programas de valorização histórica e

natural.

42

2.5.13 Educação Ambiental/ Responsabilidade Social

Diretrizes

- Criar Núcleo de Educação Ambiental para o porto;

- Criar projetos ambientais voltados para as áreas de saúde, segurança, resíduos sólidos

e recuperação de manguezais;

- Integrar Porto e Cidade através de ações sociais e ambientais envolvendo as

populações residentes na faixa lindeira ao porto.

As diretrizes sobre educação ambiental e responsabilidade social têm por objetivo um

aculturamento especial por meio de núcleos de educação ambiental específica pra porto e

integrações Porto-Cidade.

2.5.14 Considerações gerais das diretrizes

Cabe a Autoridade Portuária, desenvolver projetos em diferentes áreas, relacionadas

ao Meio Ambiente.

Entretanto, essas ações não devem nunca perder de vista:

- O planejamento nacional, regional e municipal;

- O planejamento empresarial;

- O trabalho em parceria com os diversos “players”.

As considerações gerais das diretrizes demonstram a interação que deve ocorrer entre

as autoridades políticas, as portuárias, as empresariais e os demais colaboradores para com o

meio ambiente portuário, que é de interesse de todos.

43

2.6 Os Principais Elementos de Controle Ambiental

Segundo Porto (2006) os principais elementos de controle ambiental são:

Poeira – Trata-se de um elemento sólido presente no ar, que ocorre em função da

atividade portuária, sendo lançado pelo movimento da carga ou sua transformação, que

acontecem em instalações do porto organizado. Acarreta danos a saúde, as edificações,

reduzindo a qualidade do ar com efeitos visuais desagradáveis. No ser humano pode produzir

alergias, doenças do sistema respiratório e outras enfermidades.

Dentro de instalações portuárias, como silos e armazéns, certas poeiras podem causar

explosões, o que não é incomum se tratando de grãos agrícolas. É, principalmente produzida

quando há inadequação dos equipamentos portuários, por falta de manutenção ao manuseio de

grãos agrícolas.

Um dos principais cuidados que devem ser observados relativos a poeira são os

trabalhos de manuseio de carga granelizada dentro dos porões das embarcações. Esse

confinamento de carga produz um ar extremamente carregado com partículas sólidas, que

afeta a visibilidade do trabalhador portuário, que muitas vezes opera equipamentos dentro do

porão das embarcações. As operações derechego, quando se junta a carga para melhor

trabalho dos equipamentos de cais, é extremamente poluidora nesse aspecto.

Ruído – O ruído e sua intensidade nas atividades portuárias são provenientes das

operações de carga e descarga de embarcações e o tráfego de veículos no porto. Além de

aspectos de transporte, há nos ambientes portuários inúmeras indústrias que produzem ruídos

desagradáveis. Não se trata de um fator preponderante na atividade portuária, mas deve ser

observado.

Contaminação do solo – Além de contaminação do solo, deve-se considerar a

contaminação do subsolo, lençóis freáticos, poços, etc.

A contaminação do solo ocorre por acidentes no trato com a carga portuária, perda e

acúmulos de substâncias poluentes, por elementos químicos, por organismos ou por seres

vivos.

Em função da atividade portuária, o solo, subsolo e outros elementos ambientais são

contaminados. A principio, na construção de uma instalação portuária não existe

contaminação.

44

A contaminação então ocorre por acidentes ou inadequado manuseio de carga ou ainda

pelo péssimo estado das instalações de armazenagem. Essa contaminação pode vir por

intermédio de embarcações ou das instalações comerciais de superfície. São contaminantes os

metais pesados, substâncias oleosas, químicos orgânicos e inorgânicos, como ácidos ou seres

vivos, como bactérias e micro organismos.

Contaminação ou Poluição do Ar – É um elemento a ser controlado no porto e em sua

área de influência. A poluição do ar pode ser gerada em função da operação de carga e

descarga como atividade industrial nele instalada e esta relacionada ao manuseio de alguns

granéis sólidos como carvão, a soja em farelo, os fertilizantes, a bauxita e outros. Através do

manuseio destas cargas, é lançado no ar partículas sólidas. Neste caso, para reduzir a poluição

do ar, utiliza-se equipamentos com melhor regulagem para o manuseio do produto, com

aspiradores em pilhas e correias e evitando utilizar caçambas e outros dispositivos de baixo

rendimento.

O tipo de poluição provocada pelas indústrias e os controles que utilizam para eliminar

ou minimizar a poluição que elas originam são os mesmos das indústrias com alto potencial

poluidor, localizadas fora das áreas portuárias. Seria um controle por eliminação ou

diminuição do lançamento de gases e partículas sólidas na atmosfera.

O empreendedor portuário deve ser cuidadoso quanto a presença de indústrias

químicas, termo-elétricas e outras processadoras de insumos energéticos nas proximidades do

porto organizado.

Outro fator agravante de poluição é o tráfego de veículos. A atividade portuária exige

um fluxo alto de veículos (carros de passeio, ônibus e veículos de carga), a emissão dos

poluentes destes elementos de transporte é do mesmo padrão da poluição causada em

ambientes não portuários.

Dragagem e material dragado – Consiste na retirada de um terreno natural, sob um

sistema de lâmina d´água para dar lugar ou não, dependendo do objetivo do projeto, a outro

solo importado. Quando não se dá a substituição por outro solo, fica como função para a

dragagem, retirar obstáculos para a passagem de embarcações ou para a atracação.

As dragagens podem ser realizadas nos leitos dos rios, mares ou nas proximidades das

praias. Servem para implantar canais de acesso ao porto, bacias de evolução, zonas de

atracação e manter a profundidade do canal ao longo da vida útil do porto. A dragagem de

manutenção é necessária para combater o assoreamento, retirando materiais que ficam de

45

alguma forma causando bloqueio.

Os materiais a serem dragados devem ser analisados primordialmente a fim de se

evitar danos ao meio ambiente onde será depositado. Normalmente são depositados em áreas

abertas e mar aberto, sendo sempre previamente determinadas. O local ideal de deposição de

material dragado deve ter condições de confinamento desse material de modo a conter

também as alterações ambientais que possam ocorrer.

Os impactos ambientais decorrentes de dragagem incluem:

alterações hidráulicas e sedimentológicas do escoamento, alterando os

padrões e circulação e mistura da água, da salinidade, turbidez, etc.;

alteração das condições do local de lançamento do material dragado;

poluição decorrente de substâncias tóxicas existentes no material de

dragagem, com alteração da qualidade da água;

impactos indiretos sobre a fauna aquática, podendo afetar a pesca da

região.

2.6.1 ISO 14000

Segundo artigo citado no site da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária), as normas ISO 14000 facultam a planificação ambiental, que inclui planos

dirigidos a tomadas de decisões que favoreçam a prevenção ou mitigação de impactos

ambientais de caráter compartimental e inter-compartimental, tais como, contaminações de

solo, água, ar flora e fauna, além de processos escolhidos como signficativos no contexto

ambiental.

As normas ISO 14001 estabelece o sistema de gestão ambiental da organização e,

assim:

1. Avalia as conseqüências ambientais das atividades, produtos e serviços da

organização;

2. Atende a demanda da sociedade;

3. Define políticas e objetivos baseados em indicadores ambientais definidos pela

organização que podem retratar necessidades desde a redução de emissões de

poluentes até a utilização racional dos recursos naturais;

46

4. Implicam na redução de custos, na prestação de serviços e em prevenção;

5. É aplicada às atividades com potencial de efeito no meio ambiente;

6. É aplicável à organização como um todo.

2.7 ISPS CODE

Segundo o site portos do Brasil (2008), o ISPS CODE (Código Internacional de

Proteção de Embarcações e Instalações Portuárias) é um sistema que estabelece regras que

tornam navios e instalações portuárias mais seguras. Pode-se destacar as seguintes:

Estabelecimento de maior controle de entrada e saída de pessoas e veículos nas

instalações portuárias;

Delimitação do perímetro do porto;

Instalação de sistema de vigilância dos limites do perímetro do porto e do cais; e

Necessidade de cadastramento de pessoas e veículos que entram na instalação

portuária.

O sistema ISPS CODE foi criado após o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001

e passou a ser implementado no Brasil em 2004, e até o presente momento (2008), foi

parcialmente inserido no Porto de Santos e não se comenta em qual momento será

finalizado.

47

CAPÍTULO III

PRINCIPAIS PROJETOS PARA DESENVOLVIMENTO DO

PORTO DE SANTOS E REGIÃO

A transformação da sociedade não se dá apenas do ponto de

vista dos avanços tecnológicos e da reestruturação produtiva, inerentes

às transformações do próprio capitalismo, mas se cristaliza nas

mudanças culturais decorrentes de novos arranjos que, em última

análise, buscam satisfazer novas demandas, não só econômicas, mas

também de caráter social, político e ambiental, neste último caso

principalmente a partir da década de 80. Cada um dos agentes que

participam desse processo tem seu papel na transformação da

sociedade (Gonçalves e Nunes, 2008).

Segundo PDZPS O planejamento de um porto ou de projetos relacionados a um porto

são tarefas complexas, por serem de grande importância estratégica para o Brasil, no comercio

local, regional e internacional. O Porto de Santos atualmente é responsável por 27% da

Balança Comercial Brasileira, possui a maior infra-estrutura terrestre e aquaviária e esta

localizado a apenas 70 Km da maior capital do País, a cidade de São Paulo.

Reitera que as mudanças nas políticas portuárias de um país ou região influenciam

diretamente no crescimento, desenvolvimento, modernização e história de um porto,

evidenciando os acertos e os erros da política portuária adotada, se foram medidas positivas

ou negativas para o porto.

O projeto ainda aborda que em todos os portos ao redor do mundo foi introduzido um

conceito de Autoridade Portuária, que tem por objetivo alavancar resultados sócio-

econômicos desejáveis, demonstrando o porto como uma unidade de negócio, dentro do

sistema de comércio globalizado.

48

Acessos aquaviários e terrestres, com o reconhecimento da área de influência do porto,

suas vias internas de circulação, sistemas de abastecimento de água doce e de esgoto, sistema

elétrico, seus aspectos alfandegário e de informática, comentários sobre os arrendamentos e

movimentação de carga e perspectivas para cabotagem e “hub-port”, considerações sobre as

áreas de revitalização portuária, entre outros são os temas ora abordados. Para elaboração e

implementação dos projetos de desenvolvimento do Porto de Santos, utilizaram como base o

diálogo, a fim de tornar o projeto mais confiável, foram feitas audiências públicas, com

agentes envolvidos no trabalho portuário, foram ouvidos governos municipais e estadual,

associações comerciais das áreas afetadas pelo porto, agências de desenvolvimento regional,

universidades, especialistas nos temas, operadoras de sistemas rodoviários e ferroviários,

Conselho da Autoridade Portuária e organismos ambientais (oficiais e não governamentais),

onde foram colhidas sugestões para o projeto.

Segundo a International Port Cargo Distribution Association of Japan1, um Plano

Diretor (do inglês “Master Plan”) é necessário quando o governo opta pela implantação de um

porto, e leva em consideração, principalmente, aspectos de interesse da nação, o que acaba

determinando sua localização e a importância relativa de seu posterior desenvolvimento.

Conforme PDZPS, o objetivo final dos projetos do Porto de Santos é formular ou

constituir uma ferramenta estratégica de Autoridade Administradora Portuária de Santos. No

caso do Porto de Santos, por ser um porto já implantado a muitos anos, densamente ocupado,

a visão mais adequada e pra onde voltam-se os projetos de desenvolvimento é a orientação

logística, pois, os esforços e as necessidades do Porto de Santos estão voltadas para a

atracação de embarcações, carga e descarga de mercadorias, ou seja, deve ser estabelecido um

plano de ações de marketing.

O projeto ainda aborda que a área de influência do Porto de Santos são os modais de

transporte ao porto, e como eles podem atender as indústrias, que vão desde manufaturas até

processamento e agrícolas, na região abrangente, objetivando reconhecer que cargas podem

ser atraídas.

O Porto de Santos é um pólo gerador de negócios, reconhecido internacionalmente e

conceituado como cidade portuária, e de região em desenvolvimento tecnológico e humano.

Seu projeto de desenvolvimento considera as seguintes hipóteses:

Análise da situação existente, e

Elaboração de propostas

49

Tratam de documentos que contém, propostas e informações gerais precisas e

atualizadas, o que faz com que seu prazo de validade seja muito curto, tornando-as carantes de

revisões, adequações e atualizações, de acordo com o Conselho da Autoridade Portuária

CAP.

3.1 Projetos de Infra Estrutura Terrestre

3.1.1 Projetos propostos no PDZPS (2006)

Avenida Perimetral da Margem Direita

Tendo em vista as modernizações nos aspectos que envolvem a malha ferroviária de

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, da conclusão da segunda pista da Rodovia dos

Imigrantes, quem colaborou e muito para o desafogamento do trânsito de caminhões na

Rodovia Anchieta, da construção do Rodoanel de São Paulo, do crescimento da produção da

soja e do açúcar, o Porto de Santos, que já havia realizado um processo de modernização

através da privatização dos seus terminais, participa agora de um novo ciclo, um crescente

aumento de volume de cargas movimentadas. Diante desse quadro foi necessário ser

implantada as Avenidas Perimetrais Portuárias. Foi desenvolvida para o atendimento do

volume de tráfego no porto em apoio a logística mar-terra com o objetivo de manter a

competitividade comercial de Santos.

Tratando-se de um porto de forma linear, limitado pelo crescimento urbano, a

construção da Avenida Perimetral, deverá atender as interferências urbanas existentes, além

dos terrenos já consolidados. Essa avenida se estende desde o viaduto da Via Anchieta, no

bairro da Alamoa, até a Ponta da Praia em Santos, num total de 8 km para a margem direita e

4 km para a margem esquerda situada no distrito de Vicente de Carvalho no município de

Guarujá. Todo esse cenário demonstra a importância da obra de construção e remodelação das

Avenidas Perimetrais.

O projeto para a Margem Direita, face as dificuldades de licenciamento ambiental,

deverá ser composto por 2 pistas de 10 metros de largura cada e 1 viaduto, estando assim,

50

acessível pela pista da Alamoa. Ainda a se considerar para a próxima fase do projeto, o

projeto de Mergulhão, que será uma pista com passagem inferior ao acesso rodoviário.

Avenida Perimetral da Margem Esquerda

Já a Avenida Perimetral da Margem Esquerda do Porto de Santos, a ser implantada no

Distrito de Vicente de Carvalho, no município de Guarujá, será uma obra destinada a resolver

os problemas de acesso ao porto, eliminando o conflito com o ambiente urbano, que se dá em

face ao acesso único dos caminhoneiros ao porto pela Rua Idalino Pires. Em sua primeira fase

de implantação, o novo acesso planejado terá por objetivo minimizar o congestionamento

existente na Rua Idalino Pires, evitando o confronto com a manobra ferroviária. Já em sua

segunda fase de implementação, objetiva-se construir um viaduto sobre o pátio ferroviário

transpondo a Avenida Santos Dumont, descendo sobre o terrno existente próximo ao Hospital

Ana Costa, conectando a Avenida Perimetral com a Rodovia Cônico Domênico Rangoni,

evitando interferências com o ambiente urbano.

A Avenida Perimetral da Margem Esquerda também será composta por 2 pistas, assim

como a da Avenida Perimetral da Margem Direita, com 10 metros de largura cada, além de

calçadas laterais e da ilha central contando um total de 4 km de extensão, além de rotatórias

que facilitarão o acesso e interface com o sistema ferroviário. Para sua implementação plena

far-se-á necessário a construção de novas avenidas internas e um pequeno remanejamento

ferroviário.

Túnel sob o canal do estuário

Este projeto prevê, futuramente, a interligação entre as margens direita e esquerda do

Porto de Santos, por um túnel subterrâneo. Devido à grandeza desta obra, a CODESP planeja

a construção por meio de parceria público-privada.

51

Estacionamento

A partir de dados da ECOVIAS, concessionária responsável pela administração do

Sistema Anchieta – Imigrantes, composto também pelas rodovias Cônico Domênico Rangoni

e Padre Manoel da Nobrega, cerca de 53% do movimento de caminhões que circulam pelas

estradas locais, tem origem ou destino no Porto de Santos.

Considerando esta situação, estabeleceu-se que deveriam ser indicados locais para

estacionamento de caminhões em áreas próximas as rodovias desta região. Um dos locais

indicados foi a área lateral à interligação Anchieta – Imigrantes, Km 40 da SP-150, onde seria

possível abrigar toda a frota de caminhões com destino ao porto, podendo desta forma, ser

executado e gerenciado pela ECOVIAS.

Esta proposta prevê o descongestionamento do trânsito de caminhões no Porto de

Santos, assim como a conservação das vias de acesso a ser mantida pela ECOVIAS. Outra

proposta é a criação de mais dois locais de estacionamento, que são:

- Área de posse da Petrobrás próxima ao acesso para Cubatão,

- Triângulo Via Anchieta- Vila Natal- Pedro Taques,

- Área da ex – RFFSA, junto a Vila dos Pescadores, em Cubatão.

Na forma como se encontra as áreas pertencentes ao Porto Organizado, na Margem

Direita, são exíguas as perspectivas de ser criar áreas de estacionamento. Ainda assim,

encontram-se nesse perímetro, pequenos terrenos que serviriam de pulmões para eventuais

emergências ocorridas no tempo de embarque e desembarque das cargas. Já em relação a

Margem Esquerda, o Complexo Intermodal de Cubatão (CINCU), localizado na área da Vila

Parisi, onde já esta implementado um pátio, que acomoda dois mil caminhões, com toda infra

estrutura adequada para a permanência desses veículos.

Com a construção dos pátios de estacionamento acima citados os problemas de

permanência dos caminhões nas vias internas do Porto, assim como nos terminais portuários,

serão resolvidos.

O déficit de armazenagem vivido pelo Brasil alcança o patamar dos 37 milhões de

toneladas, e na região indicada pela hinterlândia do Porto de Santos este número é de 23

milhões, o que significa que 62% deste déficit está diretamente ligado ao Porto de Santos,

apenas para os grãos como: soja, açúcar, farelos e outros.

52

O resultado disto são as imensas filas de caminhões que se formam ao longo do porto

a espera do carregamento ou descarregamento. O mais indicado é que a logística opere de

forma integrada, num estilo “Just in time”, o que certamente diminuiria a demanda por pontos

de estacionamento.

3.2 Aeroporto Civil Metropolitano

Sugeriram para a Margem Esquerda do Porto de Santos, terreno de propriedade da

União, concedido a Força Aérea Brasileira a proposta de construção do Aeroporto Civil

Metropolitano. Este aeroporto já conta com hangares, oficinas e demais instalações, torre de

controle de tráfego aéreo, num terreno de 1.320.000 m2, com 1.390 metros de pista, com 43

metros de largura e capacidade de receber aviões do tipo Fokker-100 e Boing 737. Esta

localizado muito próximo a área portuária e não tem contato com vizinhanças, devido seu

posicionamento geográfico e dissociação das atividades em curso.

A base aérea de Santos possuí exemplar escola de pilotos de helicópteros da FAB e

tem servido ao nosso país na função de aeroporto militar. Todavia, considerando o

desenvolvimento em nível nacional e regional, existência de infra estrutura satisfatória,

localização estratégica privilegiada e principalmente ao trinômio “Porto-Indústria-Aeroporto”,

os estudos de viabilidade para a implantação do aeroporto civil, na região metropolitana da

Baixada Santista impulsionarão as atividades socioeconômicas da região.

Sendo viabilizado o aeroporto na área do Porto de Santos, resultará numa nova

facilidade e um novo conceito de logística, devido as operações aeroportuárias possíveis,

como atendimento ao transporte de passageiros e principalmente ao transporte de cargas, além

de promover a junção das modalidades comerciais que demonstram interesses pelo projeto.

53

Foto 1 – Proposta Aeroporto Civil Metropolitano

A foto 1 é uma panorâmica que abrange toda a pista e espaço disponível para a

implementação do projeto do aeroporto civil metropolitano de Santos, administrada e

utilizada pela força aérea brasileira.

54

3.3 Rodoanel

Figura 9 – Rodoanel

A figura 9 apresenta o projeto do rodoanel de São Paulo, que será dividido em 4 fases,

algumas já em construção, com intuito de ligar o litoral ao interior sem a necessidade de

atravessar a capital.

Cerca de 10% do PIB do país é formado por empresas localizadas na região de

Campinas – Sorocaba, São José dos Campos e Santos – onde existe um crescimento contínuo

de instalações de armazenagem, com denominações de centros de distribuição e logística. A

região que aprenseta o maior PIB do país é a cidade de São Paulo e junto com as cidades que

compõe seu interior se beneficiará com a inauguração do Rodoanel.

O projeto rodoanel considera alguns outros projetos de integração dos modais de

transporte, como uma maior utilização das ferrovias, criação do ferroanel, integração com

portos e hidrovias. Essas diretrizes para os próximos 20 anos estão inseridas no Projeto

Diretor de Desenvolvimento de Transportes da Secretaria Estadual dos Transportes, embora

55

empresários do setor estejam levantando capital para colaborar para concretização desses

projetos.

Este projeto Rodoanel servirá às cargas de passagem pelo estado de São Paulo, ao

“agrobusiness”, com rumo ao Porto de Santos e às cargas regionais, que circulam dentro do

estado. Empresas estão se instalando ao redor das grandes cidades do interior, como Ribeirão

Preto, Araçatuba, São José do Rio Preto e Franca, com maior intensidade de mão-de-obra e de

menor investimento de tecnologias, e também vão se utilizar do rodoanel para atingir o Porto

de Santos.

3.4 Ferroanel

Atualmente, 93,1% do transporte de cargas no estado de São Paulo é feito através das

rodovias. Somente 5,2% passam pelas ferrovias. A projeção para 2020, com a criação do

ferroanel, é que a participação das ferrovias cresça para 31,3% e a rodovia decline para

65,4%.

Figura 10 – Ferroanel

A figura 10 apresenta o projeto ferroanel, que tem o mesmo objetivo do rodoanel, mas

no segmento ferroviário, com o objetivo de interligar as vias férreas e otimizar o transporte.

56

Com a implementação dos projetos para o sistema rodoviário, faz-se necessário

investimentos no setor ferroviário, a fim de buscar uma possiblidade de superação da

capacidade incialmente projetada, pois esse trabalho mutuo dos projetos permitirão a

movimentação de cargas via férrea entre o Planalto e a Baixada Santista em um percentual de

70% da totalidade da carga destinada ao porto, buscando a inversão da matriz rodoviária para

a ferroviária.

Diretrizes:

· Construção das Avenidas Perimetrais da Margem Esquerda e Direita

· Conclusão do EIA-RIMA e construção do túnel de interligação entre as

Margens

· Construção de Estacionamentos Rotativos

· Construção Aeroporto Civil na Margem Esquerda

· Construção do Rodoanel Tramo Sul

· Construção do Ferroanel Tramo Sul

3.5 Revitalização

Segundo PDZPS, na margem direita, na partes das instalações existentes entre a Ponta

da Praia e o Saboó, deverá ser destinada a movimentação de carga geral diversificada com a

proposta de revitalização da parte não arrendada do cais do Valongo ao Paquetá, na região do

centro da cidade da Santos, em região cujos berços para atracação comercial de navios, face

às precárias condições de conservação e de baixa profundidade daqueles pontos de atracação,

estão desativados há tempos.

57

3.5.1 Conceito de revitalização portuária

Naturalmente, os portos estão junto ao mar em áreas próximas à cidades ou em áreas

apropriadas para suas expansões. Muitos países hoje renovam áreas portuárias consideradas

obsoletas, com o objetivo de sua revitalização ou modernização. Nessa direção, os

planejadores portuários não só estão preocupados com a movimentação de carga, sendo mais

realístico implantar nessas regiões, uma variedade de atividades, que podem revigorar todo o

seu ambiente portuário.

Um projeto de revitalização, deve ter como oportunidades a beleza e o valor histórico

do local, considerando ainda a recuperação do ambiente, o empreendimento para a região e o

conhecimento tecnológico, e deve também possibilitar alianças e acordos, que visem:

Gerar oportunidade de uso de parte da área do porto para uso misto

portuáriourbano

Fomentar a recuperação da atividade comercial da região

Reconversão de área

Fortalecimento da relação porto-cidade

Criação de pólo de turismo e de áreas de desenvolvimento social

Contribuição para a preservação da memória histórica

Reabilitação e valorização econômica

Inclusão de Santos em roteiros turísticos nacionais

Projetos assim forma idealizados e implantados em diversos portos, destacando-se

Porto Madero, na Argentina, Docas de Londres, portos de Copenhagen, Gênova, Duisburg

(Alemanha), Chelsea Pier e Long Island (Nova York) e Docas do Pará. Nessa condição, o

Porto de Santos, como proposta, tem a região entre os armazéns 1 a 8, no Valongo, destinada

a programas de revitalização. Essa região é provavelmente o espaço de maior importância

histórica e cultural de Santos – nascedouro do Porto de Santos, e que deve gerar imensa

expectativa de revitalização.

O cais de acostagem antigo conta com uma estrutura inadequada para suportar cargas

de peso elevado e de baixa oferta de retroárea, tornando a operação clássica portuária de

58

movimentação de carga uma tarefa quase impossível de se concluir. As obras de alargamento

de cais decorreriam em impactos ambientais e valores de implantação elevados, mesmo assim

ainda haveria pouca oferta de retroárea.

Um programa de revitalização compreende a implantação de complexo cultural

portuário, demonstrando a importância histórica do local, além das oportunidades de

emprego, revitalização comercial, atrativos turísticos, valorização imobiliária, enriquecimento

da região, além de revitalizar uma área sem utilização. Seria necessário para a gestão,

parcerias do poder público e empresas privadas em conjunto com a Autoridade Portuária, que

favorecerá o aspecto comercial, social e cultural. Será realizada conexões entre o centro

urbano de Santos e a orla estuariana, onde se explorará a diversidade e qualidade dos espaços

abertos. Será realizada a recuperação de edificações portuárias históricas e inserção de outras

que mantenham uma homogeneidade da arquitetura antiga, com reordenação da área para

recuperá-la do abandono e revigorar seu carter urbano.

A Prefeitura Municipal de Santos já iniciou projeto de recuperação e reciclagem de

edifícios, monumentos e equipamentos na região antiga e esquecida do porto, colocando o

projeto de revitalização portuária em sintonia com o projeto do município.

Já a margem esquerda do estuário, existem projetos de integração em desenvolvimento

pela Prefeitura Municipal do Guarujá, que consideram a revitalização dos terrenos juntos à

cabeceira da ponte ferroviária.

3.5.2 Atividades Associadas

Na margem esquerda do Porto de Santos existem áreas que por suas características de

localização, não permitem adequadamente a atividades de movimentação de carga comercial.

São áreas junto a Vicente de Carvalho, localizadas entre a linha férrea de acesso à

Conceiçãozinha e o estuário – portanto de acesso difícil e muito próximas a área urbana.

Entretanto, estas áreas estão sendo designadas como área para Atividade Associadas. Prestam-

se à implantação de facilidades aos usuários do porto, tais como abastecimento de água à

navios, terminais de utilidades diversas, estaleiros para pequenas embarcações e pequenos

terminais para atendimento à embarcações. Também servem para a implantação de bases para

projetos de pesquisa.

59

3.5.3 Áreas invadidas

Algumas áreas do Porto de Santos foram invadidas, e nelas se formaram comunidades

como o Conceiçãozinha no TECON 2, na margem esquerda e na Ponta da Praia, na margem

direita do estuário.

3.5.4 Diretriz para sanar os problemas com essas comunidades

Levantamento e cadastramento das comunidades que se instalaram nessas regiões,

para posterior estudo de recolocação. Essa atividade já está sendo realizada pela Prefeitura

Municipal do Guarujá, no que diz respeito aquele município, objetivando implantação de

terminais portuários (granel sólido de origem vegetal –carga geral) nas áreas invadidas.

Como projetos de expansão da área portuária, existem:

O aproveitamento da área BARNABÉ-BAGRES

Barnabé-Bagres é uma região onde foram efetuados levantamentos e constatado que a

região possui uma área total, incluindo a conquistada no Largo de Santa Rita, que totaliza 6

milhões de metros quadrados, a partir da faixa de domínio do Ramal de Conceiçãozinha,

suficiente para abrigar até 28 novos berços previstos, cujo Retroporto deverá ocupar uma área

pouco inferior a 4 milhões de metros quadrados.

A área destinada a ocupação com novas instalações portuárias proporcionará ao Porto

de Santos a exata complementação de oferta de que ele necessita para atender adequadamente

a demanda prevista para os anos futuros. Mesmo trazendo os problemas ambientais em função

desta expansão, considera-se esta ocupação prioritária sobre as demais do interior do Estuário,

pelos seguintes motivos:

– Situar-se afastada de todos os centros urbanos da região, reduzindo os eventuais

impactos negativos sobre o meio ambiente que afetariam a população;

– Ser constituída em grande parte de terrenos conquistados ao estuário (atualmente

“superfície molhada”), reduzindo os impactos negativos sobre a fauna e a flora, pela

necessidade de ocupação de menos área atualmente coberta por manguezais e permitindo a

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construção menos onerosa de novos cais em “píeres e dárcenas”;

– Localizar-se em continuação às áreas já ocupadas da Ilha Barnabé, no município de

Santos, o mais carente de empregos dentre todos os que compõem a Região Metropolitana da

Baixada Santista, aumentando com isso os benefícios sociais;

– Possuir na sua retaguarda, entre o Ramal de Conceiçãozinha e a rodovia Piaçaguera-

Guarujá, ampla área onde pode ser programada a implantação tanto de Complexos de

Beneficiamento quanto de Projetos de Compensação Ambiental;

– Possuir franco acesso terrestre, tanto rodoviário quanto ferroviário, permitindo

imediata integração com os demais modais de transporte de que obrigatoriamente necessitará

para constituir-se em Elo da Cadeia Logística que comanda o Comércio Exterior.

Pode ser considerado como o projeto do Porto de Santos para o século 21.

Terminal Embraport – Empresa Brasileira de Terminais Portuários

Trata-se de um terminal fora do porto organizado, difernete dos berços de atracação

estão abaixo do paralelo delimitador, este projeto esta sob análise direta o Ministério dos

Transportes, conforme a Lei 8.630, e é formado por uma empresa privada entre o Banco Boa

Vista e o Grupo Coimex.

Figura 11 – Impressão Artistica do Terminal da Embraport

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A figura 11 apresenta o projeto terminal da Embraport, que será inserido na ilha

Barnabé Bagres como um mini porto com perspectivas de aumentar a capacidade do Porto de

Santos.

Está localizado na Ilha Diana, à jusante da Ilha do Barnabé, em área de cerca de

500.000 m2, e tem previsão de movimentar até:

· 320.000 contêineres

· 100.000 veículos

· t de açúcar (a granel e ensacado)

· 300.00 t de soja em grãos

· 110.000 t de papel

· 800.000 t de granel líquido

Este projeto encontra-se atualmente em análise pelas Autoridades Ambientais.

Figura 12 – Lay-out final da proposta final de realocação dos terminais

A figura 12 apresenta o Lay-out final, demonstrando toda alocação dos projetos

previstos para o Porto de Santos, abrangendo todo estuário, desde a Ponta da Praia e

Conceiçãozinha até a Alamoa. Apresenta as zonas de revitalização do Valongo a Alamoa e as

áreas destinadas a preservação destacadas em verde.

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Segundo Gonçalves e Nunes (2008), implementando os novos projetos no Porto de

Santos, sua viabilização trará maiores oportunidades de emprego, crescimento cultural e

desenvolvimento, considerando-se de que da década de 80 até a presente data, muito se

comenta a respeito da preservação ambiental, e os novos projetos contam com todo esse

amparo referentes a nova legislação pertinente.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme os objetivos propostos para elaboração deste trabalho pode-se considerar

que os portos no mundo, como Roterdã, Antuérpia e Hong Kong já contam com conceituados

planos de desenvolvimento e zoneamento, entre eles o Porto de Santos, objetivo alvo desta

análise, onde se transcreve um aparato de informações pertinentes ao desenvolvimento

portuário da região, que apresenta que uma cidade portuária traz consigo desenvolvimentos

em níveis sociais, como educação, turismo, lazer, entretenimento, além de impulsionar a

economia e a construção civil.

A análise também demonstra que a dificuldade de se constituir um porto sem que

ocorra grande degradação ambiental. No caso de Santos, ocorre uma infelicidade ainda maior,

o crescimento inicial livre de qualquer articulação ambiental, onde muito da sua natureza

original foi irremediavelmente perdido.

Após a inserção de departamentos competentes – Autoridade Portuária, CODESP,

Prefeituras, Estado, União – para a gestão ambiental no porto, os projetos foram criados,

articulados e revistos, a fim de elaborá-los de acordo com as normas que visam uma

degradação menos intensiva ao meio ambiente, que visa locais mais apropriados para

inserções e derramamento de possíveis agentes agressores ou poluentes.

Este trabalho ainda demonstra que existem parcerias entre o Porto, a CODESP, a

Prefeitura Municipal de Santos, as Prefeituras Municipais das demais cidades que compõe a

Baixada Santista, as forças armadas como Aeronáutica, Exército e Marinha, além de apoio

governamental. Mesmo com todas essas alianças favoráveis, muitos dos projetos há alguns

anos, aguardam uma demorada aprovação ambiental governamental, que acaba por inúmeros

motivos, entre eles lentidão de sistema, averiguação de projeto, análise dos ambientes

afetados e outros emolumentos pertinentes, barrando o desenvolvimento da região.

O Porto de Santos, o maior porto do país, necessita de políticas coerentes com sua

relevância, evitando-se perder competitividade, sendo que existem muitas áreas e bons

projetos para serem inseridos, e que além de todo aparato profissional, possui demanda

suficiente para a implantação de tais projetos, o mais breve possível, colaborando assim para

o desenvolvimento de toda a região e não apenas Santos, Guarujá e Baixada Santista, gerando

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o crescimento e força em nível de Estado e País.

Foi possível ainda verificar toda a abordagem e planejamento bem como as diretrizes

que visam às formas como devem ser implantados os novos projetos no Porto de Santos, sua

revitalização, sua valorização histórica, o turismo portuário, a integração com a sociedade e,

além disso, as novas informatizações, treinamentos e palestras educativas em toda a Baixada

Santista. Esses fatos tendem a repercutir bem em várias camadas da sociedade local,

conscientizando a população e as autoridades para os valores ambientais e caracterizando uma

administração melhor desse patrimônio que possuí um bem grandioso a todos: O meio

ambiente que permeia o Porto de Santos.

A principal dificuldade para elaboração desta pesquisa foi o posicionamento das

entidades, autoridades e empresas envolvidas nos projetos e aquelas que têm interesse em sua

implementação, onde muito se discute a respeito das novas implementações, mas não se toma

o posicionamento adequado para que as mesmas sejam efetuadas rapidamente, dando a

compreensão de que estes acontecimentos ficaram presos ao papel por falta de acordo entre as

autoridades e os empresários interessados, e um posicionamento que seja rijo a fim de

contornar essa burocracia desinteressada e viabilizar os projetos que demonstram ser possível

tornar o Porto de Santos ainda mais competitivo.

Um exemplo da falta de comprometimento dos envolvidos é o aeroporto civil

metropolitano, que provando sua viabilidade nos projetos aguarda ainda segundo o

presidente da Infraero Sérgio Gaudence em entrevista ao Jornal Último Segundo as verbas

suficientes para sua implementação, através das possíveis alianças entre o governo e o

estado, a prefeitura, as entidades e autoridades portuárias e empresários, que burocratizam e

atrasam o projeto.

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REFERÊNCIAS

Bibliográficas

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PORTO, M. M. Portos e o Desenvolvimento.

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São Paulo – SP, 2007 pág. 27, 36, 73

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Acesso em 11 de nov. de 2008.

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Acesso em 01 de out. 2008.

MENDES, C As instalações inauguradas em 1981: Histórias de Santos TECON

Disponível em www.novomilenio.inf.br/santos/h0160e.htm.

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http://www.ogmo-santos.com.br/institucional/pricipaisatribuicoes.htm

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Último Segundo: Cai limite para atraso de vôos, São Paulo (2008). Disponível em

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2008/04/02/cai_limite_para_atraso_de_voos_1255436.html

Acesso em 30 de dez. 2008.