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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”
ATIVIDADES PSICOMOTORAS E APRENDIZAGEM NO
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA
SYLVIA NUNES FERREIRA
ORIENTADORA: PROFª. FABIANE MUNIZ
RIO DE JANEIRO JULHO/2007
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”
Apresentação de monografia ao Conjunto Universitário Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicomotricidade.
RIO DE JANEIRO JULHO/2007
ATIVIDADES PSICOMOTORAS E APRENDIZAGEM NO
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA
SYLVIA NUNES FERREIRA
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, nosso Pai, que tudo nos permite conforme nosso merecimento. A nosso Mestre Jesus, e aos amigos espirituais, aos meus pais, professores, e as minhas crianças. Muito obrigada por me impulsionarem nesta conquista e realização, de mais uma vez procurar me superar buscando o conhecimento e a aprendizagem para meu desenvolvimento pessoal e espiritual.
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DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia as minhas queridas crianças que se encontram no plano astral, e a todas as crianças especiais que já cuidei e que muito me ensinaram e contribuíram para meu aprendizado. Que Papai do Céu os abençoe...
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho foi o método dedutivo, tendo
em vista os estudos feitos por vários autores que pesquisaram, trabalharam e
aprovaram os métodos e técnicas das atividades psicomotoras no
desenvolvimento cognitivo da criança.
Este trabalho também destina-se a todos aqueles que trabalham e
precisam de maiores informações sob a trajetória do desenvolvimento
psicomotor, a partir do nascimento da criança com a influência da maturação
do sistema nervoso e mostra a importância das experiências vividas por um
aumento de capacidade psicomotora tão importante para a assimilação das
primeiras aprendizagens.
O interesse pela pesquisa originou-se do fato de observar a
dificuldade que nós educadores, possuímos em reconhecer que as atividades
psicomotoras podem ajudar no desenvolvimento cognitivo da criança e que são
um aliado no processo ensino aprendizagem.
Assim a atividade psicomotora trabalhada na escola tem o objetivo
de ajudar o desenvolvimento e a aprendizagem da criança de forma conjunta e
plena para torná-la apta e integrada, evitando assim a dificuldade na
aprendizagem como forma de prevenção e educação psicomotora.
É esperado que esta pesquisa possa contribuir par ao aumento do
conhecimento daqueles que, porventura, possam a vir querer saber mais sobre
a psicomotricidade e seus benefícios para a saúde e desenvolvimento do ser
quanto criança até tornar-se homem pleno de suas potencialidades.
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RESUMO
Este trabalho objetiva investigar a contribuição das atividades
psicomotoras para o desenvolvimento cognitivo, psicomotor e emocional de
crianças com dificuldade e problemas de aprendizagem. A psicomotricidade,
como ciência que estuda o homem em sua totalidade, por meio das relações
que estabelece consigo e com os outros, constitui uma ferramenta pedagógica
para a prevenção e tratamento das dificuldades de aprendizagem. Nos dias
atuais, a educação psicomotora trabalha o indivíduo globalmente, nos planos
motor, cognitivo e afetivo, em vez de enfatizar as áreas com déficits no
desenvolvimento, ou seja, os exercícios mecânicos foram substituídos por
atividades psicomotoras que dão movimentos e expressões livres ou semi
dirigidas, com expressão do potencial criativo discente.
É por meio das atividades psicomotoras, que as crianças se
desenvolvem e se divertem, criando, interpretando e se relacionando com o
mundo em que vivem. Assim a psicomotricidade contribui de maneira
expressiva para a formação e estruturação corporal e tem como objetivo
principal incentivar a prática do movimento em todas as etapas de vida de uma
criança.
A educação psicomotora deve ser a base do ensino infantil, visto
que ele condiciona todas as aprendizagens pré-escolares e escolares,
favorecendo a consciência do corpo, sua lateralidade, lugar ocupado no
espaço, domínio do tempo e habilidade para coordenar os movimentos. Desse
modo, a educação psicomotora deve ser implantada desde o início da infância,
colaborando para a prevenção de transtornar de aprendizagem. Crianças que
desde pequenas são bem trabalhadas psicomotoramente ao ingressar na pré-
escola não apresentam dificuldades na aprendizagem, ao contrário realizam
com mais segurança, destreza e habilidades as atividades dadas em sala de
aula, tem mais facilidade de memorização, localização e raciocínio lógico,
assim mesmo que as atividades psicomotoras são de fundamental importância
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para o desenvolvimento psicomotor, mais principalmente cognitivo e afetivo,
pois a psicomotricidade tem a capacidade de englobar numa atividade todas as
expressões do ser humano e da criança.
As atividades psicomotoras devem ser realizadas em lugar
apropriado, com material diversificado (bolas, espaguetes, colchonetes, jogos
etc.) para a expressão das necessidades intelectuais, afetivas e motoras do
discente. A educação psicomotora solicita, um trabalho não somente com o
educando, mas também com o docente, pois este é o referencial da criança
nas suas construções de mundo, juntamente com os pais, deste modo devem
ser inseridas nesta prática, aproximando-se de seus filhos por meio de
situações lúdicas.
Assim sendo, as atividades psicomotoras tem mostrado que são
importantes para o desenvolvimento da criança e muito tem contribuído para
aquelas crianças que apresentam dificuldade na aprendizagem.
Segundo Piaget e Wallon o ser humano nasce e se desenvolve por
etapas e de acordo com o meio ao qual está inserido, e que ao se pular alguma
etapa de desenvolvimento, a criança mais tarde apresentará certa dificuldade
em alguma área.
O educador que incentiva seus alunos desde o início a se
movimentarem, buscarem serem independentes e criarem autonomia, está
contribuindo significativamente para ser desenvolvimento num todo.
Neste breve estudo será mostrado que as atividades psicomotoras
devem ser realizadas a todo momento, e de forma básica e simples pelos pais,
professores, e todos aqueles que desejem e visem o desenvolvimento e o
progresso de suas crianças, pois este estudo visa contribuir com várias áreas
multidisciplinares e todos aqueles profissionais que façam uso da transmissão
do conhecimento e desenvolvimento de suas crianças.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I
Psicomotricidade 12
CAPÍTULO II
Psicomotricidade e Educação 24
CAPÍTULO III
Sugestão de atividades psicomotoras 38
CONCLUSÃO 54
BIBLIOGRAFIA 57 ÍNDICE 58 ANEXOS 59 FOLHA DE AVALIAÇÃO 60
9
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é mostrar que a psicomotricidade como
ciência da educação, procura educar o movimento ao mesmo tempo em que
desenvolve as funções da inteligência, considerando todos os aspectos
emocionais.
Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo da
relação entre o pensamento e a ação, envolvendo a emoção, atende a todas as
áreas que trabalhem com o corpo e com a mente do ser humano.
A psicomotricidade quer juntamente destacar a relação existente
entre a motricidade, a mente, a afetividade e facilitar a abordagem global da
criança, se configurando como uma técnica, cuja aplicação se dá através da
educação psicomotora, reeducação psicomotora e terapia psicomotora.
Os familiares e educadores têm uma função, importantíssima no
desenvolvimento da criança, pois estes a todo momento estimulam e fazem
com que os movimentos da criança se dêem de forma inconsciente, fazendo-os
através de conversa, toque, apresentando objetos de cores e formas
diferentes, estimulando novas descobertas e sensações.
Na escola exige-se que a criança adapte-se às exigências impostas
e que tenha um controle sobre si mesmo, tal processo depende muito da
vontade, do comportamento e de algumas funções do sistema nervoso, no que
se refere a relacionar-se aos movimentos, movimentos estes que se
apresentam como movimento voluntário, movimento reflexo e movimento
automático.
Assim o desenvolvimento é um processo ordenado, regular e
contínuo que envolve todas as áreas do organismo e da personalidade.
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A criança desenvolve-se de maneira contínua desde os primeiros
dias de vida e os primeiros anos de vida têm uma importância fundamental; as
capacidades futuras de uma criança serão afetadas caso alguma perturbação
não seja detectada e tratada a tempo, podendo afetar a aprendizagem.
Sendo a aprendizagem entendida como a aquisição do
conhecimento ou cognição é um aspecto psicológico, dado como pensamento,
juízo ou raciocínio.
O aspecto intelectivo da aprendizagem supõe processos psíquicos,
como a abstração, a comparação e a diferenciação que viabilizam o livre jogo
das idéias ou o ato de pensar propriamente dito conduzindo a solução de
problema de maneira antecipatória.
Contudo o conhecimento, como entendimento, processa-se de
maneira diferentes, as quais exercem uma influência significatória na
aprendizagem, e todas as atividades e realizações humanas inibem os
resultados da aprendizagem.
Porém, a dificuldade de aprendizagem e os comportamentos
divergentes podem levar o aluno ao fracasso escolar e desistência de estudar.
Dificuldade de aprendizagem é um termo geral, que se refere a um
grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas
na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, leitura, escrita e do
raciocínio matemático.
Assim a dificuldade de aprendizagem afeta uma quantidade imensa
de crianças na escola e a qual os educadores não sabem detectar e nem como
ajudar e solucionar tais problemas, tendo a necessidade de buscar ajuda junto
a equipes e profissionais multidisciplinares. O professor muitas vezes não está
devidamente qualificado para lidar com estas situações.
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O papel do professor em geral e também do psicomotricista, além de
ensinar, de transmitir conhecimentos já estabelecidos e também o de facilitador
do desenvolvimento da capacidade de aprender, dando à criança tempo para
suas próprias descobertas, oferecendo situações e estímulos cada vez mais
variados, que proporcionem experiência concreta e plenamente vivida com o
corpo inteiro; e não deixa que sejam transmitidos apenas verbalmente, para
que ela própria possa construir seu desenvolvimento global.
Para que hoje haja intercâmbio entre o professor, o aluno e a
aprendizagem, o trabalho da psicomotricidade é da mais valiosa função,
principalmente a partir da criança iniciando o maternal, como depois na pré-
escola e a alfabetização, havendo um estreito paralelismo entre o
desenvolvimento das funções psíquicas, cognitivas e psicomotoras.
Sendo que a aprendizagem se dá no ser humano por etapas e de
acordo com o meio ao qual está inserido e como este consegue abstrair o
conhecimento; para Jean Piaget e Henri Wallon, o desenvolvimento no ser
humano se dá em termos cognitivos, emocionais e psicomotores por etapas
específicas de acordo com a idade e o meio social.
A psicomotricidade através de seu estudo, técnica e exercícios visa
proporcionar a homem pleno desenvolvimento de todas as suas capacidades e
aptidões.
Assim, a psicomotricidade mostra que o bom desenvolvimento
psicomotor é importante para fazer com que a criança melhore seu
desempenho escolar e crie confiança em si, aprimorando sua auto-estima e
autonomia.
A psicomotricidade tem o caráter de prevenção, reeducação e
terapêutica, ajudando com o intuito muitos profissionais, educadores e pais
para o avanço na compreensão e análise das principais dificuldades de
aprendizagem.
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CAPÍTULO I
PSICOMOTRICIDADE
Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo da
relação entre o pensamento e a ação, envolvendo a emoção, é também vista
como ciência da educação e procura educar o movimento ao mesmo tempo em
que desenvolve as funções motoras da inteligência, considerando todos os
aspectos emocionais no ser humano (SBP – Sociedade Brasileira de
Psicomotricidade, 2007).
Assim é possível entender que a psicomotricidade envolve toda a
ação realizada pelo indivíduo, que representa suas necessidades e permite sua
relação com os demais, ou seja, a integração psiquismo-maturidade.
A motricidade pode ser definida como resultado da ação do sistema
nervoso sobre a musculatura como resposta à estimulação sensorial, enquanto
que o psiquismo poderia ser considerado como o conjunto de sensações,
percepções, imagens, pensamentos e afeto, desta forma a psicomotricidade é
uma ciência considerada relativamente nova que, por ter o homem como objeto
de seu estudo, engloba várias outras áreas, como as educacionais,
pedagógicas e de saúde.
Há várias definições acerca do que seja a psicomotricidade, e o
termo evoluiu seguindo uma trajetória primeiramente teórica e depois prática,
até chegar a um meio-termo entre essas duas, e chegou-se nos dias de hoje.
Segundo Lapierre (1984), “a psicomotricidade considera o ser físico
e social em transformação permanente e em constante interação com o meio,
modificando-o e modificando-se. Na psicomotricidade é trabalhada a
globalidade do indivíduo”; é uma disciplina que estuda a implicação do corpo, a
vivência corporal, o campo semiótico das palavras e a interação entre os
objetos e o meio para realizar uma atividade.
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O desenvolvimento psicomotor acontece num processo conjunto de
todas os aspectos (motor, intelectual, emocional, expressivo), dividindo-se em
duas fases: a primeira infância (0 a 3 anos) e a segunda infância (3 a 7 anos),
completando-se maturacionalmente por volta dos 8 anos de idade.
A psicomotricidade tem por objetivo maior fazer o indivíduo.
1 – um ser de comunicação.
2 – um ser de criação.
3 – um ser de pensamento operativo, ou seja, a psicomotricidade
leva em conta o aspecto comunicativo do ser humano do corpo e da
gestualidade.
Dentro da evolução da psicomotricidade, no início deste século a
sua noção fixou-se, sobretudo no desenvolvimento motor da criança, depois foi
estudada a relação entre o atraso do desenvolvimento motor e o atraso
intelectual da criança.
Seguiram-se vários estudos sobre o desenvolvimento da habilidade
mental e de aptidões motoras em função da idade até se chegar à posição
atual da psicomotricidade: ultrapassar os problemas motores e trabalhar
também a relação entre o gesto e a afetividade e a qualidade de comunicação
por intermédio dos mesmos. Essa abordagem globalizante vem atingindo cada
vez mais os profissionais de diversas áreas.
Contudo, existe uma dificuldade muito grande desse profissional
assumir totalmente essa abordagem, visto que, implica eterno estudo das
áreas psicológicas, neurológicas, social, emocional e motora.
A psicomotricidade caminha para sua própria identidade, e a clareza
de atuação dos profissionais atualmente nela envolvidas determinará o seu
percurso e concreticidade.
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A psicomotricidade tem sua origem na medicina e por muito tempo
se estruturou no modelo médico a razão de suas práticas, e na década de
1920, fez a associação entre as dificuldades entre a aprendizagem e as
doenças.
Assim, através de estudos e pesquisas os primeiros especialistas
que se ocuparam de casos de dificuldade de aprendizagem escolar foram os
médicos, visto que diante de tais dificuldades estas crianças, necessitavam de
atendimento/tratamento médico.
Inicialmente a pesquisa teórica, no campo da psicomotricidade,
fixou-se no desenvolvimento motor da criança. Depois foi estudada a relação
entre o atraso no desenvolvimento motor e o atraso intelectual, e em seguida,
surgiram estudos sobre o desenvolvimento da habilidade manual e aptidões
motoras em função da idade cronológica.
Estes estudos facilitaram o entendimento e abriam novos
questionamentos sobre as relações existentes entre o desenvolvimento
psicomotor adequado, o desenvolvimento intelectual e a idade cronológica.
Além dos médicos, psicólogos, também se interessaram pelo
desenvolvimento psicomotor da criança, a neuropsiquiatria, educação física,
psiquiatria, psicopedagogia, pedagogia e evoluíram e reconheceram que a
melhora física e comportamental poderia ser realizada a partir do fluxo motor,
utilizando as técnicas corporais.
Os estudiosos destacaram como áreas psicomotoras: a
coordenação motora, global, ou ampla, coordenação motora fina, coordenação
motora óculo manual ou viso motora, esquema corporal, lateralidade, estrutura
espacial, estrutura temporal, ritmo, grafismo.
Estas áreas tem maior ou menor destaque, dependendo do teórico e
seu ponto de vista.
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Portanto, fica evidenciado que na história da psicomotricidade como
campo de estudo, seu início teve ênfase na doença, devido a sua origem na
medicina.
Contudo, os estudiosos não ficaram focando somente a área clínica
e oportunizaram um trabalho psicomotor educativo de base, no qual além de
ter o caráter preventivo dos desvios e defasagem no processo evolutivo de
aprendizagem escolar da criança, também pode contribuir para o
desenvolvimento psicomotor adequado desde a mais tenra idade, priorizando a
harmonia e firmeza nos movimentos e uma melhor ligação desses movimentos
com o pensamento.
Em psicomotricidade há uma educação de base chamada educação
psicomotora na qual é abordada por vários autores, sendo Jean Le Bouch o
mais ativo mistificador desta educação.
Dentre os vários aspectos da área de psicomotricidade encontra-se
as áreas psicomotoras que se classificam em estimulação psicomotora;
educação psicomotora; reeducação psicomotora e terapia psicomotora.
Alexandre Mello (1989), diz que nas áreas ou campos de atuação
psicomotora é muito importante a relação entre o profissional (terapeuta,
reeducador, educador) e a pessoa tratada.
Jean-Claude Comte (1981), afirma que o aspecto relacional e afetivo
da relação terapêutica pode ser o elemento determinante da dinâmica do
curso.
Em certos momentos os três campos de atuação se confundem,
apesar de possuírem características próprias que serão abordados a seguir:
No dicionário Michaelis (2000), encontramos as seguintes
definições:
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Terapia = terapêutica.
Terapêutica = tratamento das doenças.
Educação = desenvolvimento das faculdades do ser humano;
desenvolvimento e aperfeiçoamento de uma função pelo próprio exercício;
ensino; civilidade.
Reeducar = tornar a educar; aperfeiçoar a educação de.
Tais termos encontrados em qualquer dicionário são comuns na
área da psicomotricidade.
1.1. Estimulação psicomotora
Entende-se por estimulação psicomotora o programa que envolve
contribuições para o desenvolvimento harmonioso da criança no começo de
sua vida. Caracteriza-se por atividades que se preocupam e vão ao encontro
das condições que o indivíduo apresenta, ou seja, acima de tudo na sua
capacidade maturacional, procurando despertar o corpo e a afetividade por
meio de movimentos e jogos buscando sempre a harmonia constante.
Estimulação quer dizer despertar, desabrochar o movimento. Dirigi-
se prioritariamente a recém-natos e pré-escolares. Alguns autores referem-se à
estimulação psicomotora como estimulação precoce, assim esta é a primeira
área que antecede a educação psicomotora. (Jocian Machado Bueno, 1998).
1.2. Educação psicomotora
O desenvolvimento psicomotor é o ponto de referência para se
avaliar e diagnosticar qualquer atraso na motricidade infantil e desenvolver as
faculdades expressivas dos indivíduos e a educação psicomotora é uma área
psicomotora que se faz muito importante na vida de todo ser humano em
desenvolvimento.
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A educação psicomotora abrange todas as aprendizagens da
criança, processando-se por etapas progressivas e específicas conforme o
desenvolvimento geral de cada indivíduo. Realiza-se em todos os momentos
da vida por meio de percepção vivenciadas, com uma intervenção direta a nível
cognitivo, motor e emocional, estruturando o indivíduo como um todo.
A educação psicomotora se realiza na escola, na família e no meio
social com a participação dos educadores, dos pais e da própria sociedade a
qual está inserida.
Jean Lê Bouch um dos mais conceituados autores da área de
psicomotricidade em 1992 apresentou o objetivo da educação psicomotora
proposta pela comissão de renovação pedagógica para o 1º grau, na França:
A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação
de base na escola primária.
Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no esforço, a dominar seu tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações difíceis de corrigir quando já estruturadas (...).
Já Morizote (1979), define a educação psicomotora como:
Uma atividade através do movimento visando um desenvolvimento de capacidades básicas sensoriais, perceptivas e motoras, propiciando uma organização adequada de atividades adaptativas, atuando como agente profilático de distúrbios de aprendizagem.
A educação psicomotora é portanto, trabalhada através de uma série
de atividades, principalmente exercícios e jogos, procurando promover um
adequado desenvolvimento físico, mental, afetivo e social. Levando em conta
tais exercícios e jogos estão sempre colaborando para o desenvolvimento das
áreas psicomotoras, uma atividade psicomotora nunca trabalha somente uma
área.
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Assim a abordagem psicomotora objetiva a tomada de consciência
corporal como lugar de sensação, expressão e criação, pois toda relação
corporal implica numa relação psicológica, porque o movimento não é um
processo isolado e está em estreita relação com a conduta e a personalidade.
A educação psicomotora faz com que o indivíduo participe
ativamente, ele deve falar, compreender, corrigir, atuar e descobrir, facilitando
assim a aprendizagem escolar. O indivíduo parte do concreto para o abstrato
através de exercícios, do mais fácil para o mais difícil, repetindo esses
exercícios sempre que necessários.
Dentre as áreas psicomotoras ou habilidades motoras temos os
ajustes necessários e estímulos adequados, visando um com desenvolvimento
psicomotor.
Desta forma teremos como objetivo ao trabalhar com a educação
psicomotora, educar o movimento, tornar possível através de estímulos e
movimentos o corpo mais harmonioso e preciso.
Tornando o indivíduo mais consciente de seu corpo, estamos
tornando-o mais consciente de suas possibilidades, seus limites, seus
sentimentos, seus desejos etc.
Em um trabalho psicomotor educativo partiremos dos movimentos
dos grandes músculos para o movimento dos pequenos músculos.
Tornaremos este corpo mais habilidoso ao se movimentar, mais leve
e mais movimentos adequados, este é o papel da educação psicomotora.
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EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
DESENVOLVIMENTO PERCEPTIVO DESENVOLVIMENTO MOTOR
PERCEPÇÃO VISUAL REFLEXOS
PERCEPÇÃO AUDITIVA
PERCEPÇÃO TATIL
PERCEPÇÃO GUSTATIVA
PERCEPÇÃO CINESTÉSICA
Estas áreas ou funções psicomotoras abordadas dentro da
educação psicomotora tem por objetivo desenvolver a relação existente entre
elas e o processo de desenvolvimento humano com a aprendizagem.
Podemos concluir através da pesquisa da literatura na área da
psicomotricidade, que há certa ênfase em algumas áreas psicomotoras, como:
coordenação global, coordenação fina e óculo-manual, esquema corporal,
lateralidade, estrutura espacial, estrutura temporal, ritmo.
São essas áreas ou funções psicomotoras mais trabalhadas na
educação psicomotora.
1.3. Reeducação psicomotora
A reeducação psicomotora é a ação desenvolvida em indivíduos que
sofrem com perturbações ou distúrbios psicomotores. A reeducação
psicomotora tem como objetivo retomar as vivências anteriores com falhas ou
as fases da educação ultrapassadas inadequadamente, ou seja, em termos
gerais, reeducar significa educar o que o indivíduo não assimilou
adequadamente em etapas anteriores.
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A reeducação deve recomeçar em tempo hábil em função da
instalação das condutas psicomotoras, para que seja diagnosticado as
dificuldades a fim de se traçar um programa de reeducação.
A reeducação psicomotora segundo Mello (1989), trabalha com
portadores de sintomas de ordem psicomotora, como: debilidade psicomotora,
atraso e instabilidade psicomotora, dispraxias, distúrbios do tônus da postura,
do equilíbrio e da coordenação e deficiências perceptivo motoras.
Célia Barreto (1982) ressalta que muitas vezes os distúrbios
psicomotores não se apresentam sozinhos, mas num contexto global, onde
problemas mentais, psiquiátricos e neurológicos, podem estar presentes.
Coste (1981:10), coloca de uma forma muito clara os objetivos da
reeducação psicomotora:
A reeducação psicomotora tem por objetivo desenvolver esse aspecto comunicativo do corpo, o que equivale a dar ao indivíduo a possibilidade de dominar seu corpo, de economizar sua energia, de pensar seus gestos a fim de aumentar-lhes a eficácia e a estética, de completar e aperfeiçoar seu equilíbrio.
Tais objetivos ressaltados por Coste (op. cit.) se assemelham aos
objetivos da educação psicomotora e da terapia psicomotora.
Tanto para as crianças ditas normais que terão uma educação de
base, quanto para as crianças com perturbações de ordem patológica, a
reeducação psicomotora buscará corrigir e reeducar quaisquer defasagens e
inadaptações escolares, valorizando sempre o aspecto comunicativo e de
domínio do próprio corpo, com a economia de energia em gestos precisos e
harmoniosos, o equilíbrio global (movimento, pensamento e emoção).
O reeducador deverá sempre trabalhar visando o sintoma de ordem
psicomotora que foi diagnosticado.
21
Se o paciente (criança) apresentar outras dificuldades tais como
problemas mentais, psiquiátricos ou neurológicos, este deverá ser
encaminhado a uma avaliação por tais profissionais e se necessário trabalhará
juntamente com uma equipe multidisciplinar composta, por exemplo, por
psicólogos, psiquiatras, neurologistas e psicopedagogos.
Assim, na reeducação psicomotora, o profissional deve, por meio do
diálogo corporal e efetivo, favorecer vivências para retomar fases ou
movimentos corporais mal-estruturados em seus pacientes, clientes sejam eles
indivíduos adultos ou em crianças.
1.4. Terapia psicomotora
A terapia psicomotora é dirigida a indivíduos com conflitos mais
profundos na sua estruturação, associados aos descontroles funcionais ou com
desorganização total de sua harmonia corporal e pessoal.
Assim, a terapia psicomotora é indicada segundo André Lapierre a
Aucouturier (1980), às crianças com grandes perturbações e cuja adaptação é
de ordem patológica.
Já Vitor da Fonseca (1993) coloca como indicação para a terapia
psicomotora a debilidade motora, crianças psicóticas, deficientes motoras,
debilidade mental, deficiência visual e a reinserção profissional.
Para Fonseca (1993:83),
A terapia psicomotora constitui uma nova abordagem dos problemas da motricidade perturbada, partindo de um aspecto essencial e básico: auxiliar o indivíduo nas múltiplas ações de adaptação à vida corrente.
Assim, a vertente terapia psicomotora é destinada a crianças
normais ou portadoras de deficiências físicas que apresentam dificuldades de
comunicação, de expressão corporal e de vivência simbólica.
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Através da avaliação, diagnóstico e tratamento, tais abordagens
possibilitaram, por meio da relação terapêutica, a compreensão das patologias
psicomotoras e suas conseqüências relacionam afetivas e cognitivas, tendo
sempre como referência o desenvolvimento psicodinâmico da motricidade da
criança.
A terapia psicomotora utiliza várias contribuições da teoria
psicanalítica; exemplos disso são os inúmeros conceitos que são utilizados:
inconsciente, transferência, imagem corporal etc.
Agora os psicomotricistas estão mais atentos à vida emotiva de seus
pacientes, dando
(...) importância à emoção, à expressão e à afetividade, considerando o corpo, a motricidade e a emocionalidade como uma globalidade e uma totalidade em si mesmas” (Levin, 1995:41)
A formação do terapeuta é composta pela mesma trilogia que foi
citada e explicada na reeducação psicomotora, adicionando-se ainda, formação
continuada e supervisão permanente, pois estas é que lhe possibilitarão bases
para o desenvolvimento de sua prática (Aucouturier, Darrault e Empinet, 1986).
Uma característica importante que estes mesmos autores explicam é
que a terapia psicomotora só pode ser realizada em ambiente apropriado, ou
seja, clínica especializada em terapia, hospital psiquiátrico, grupo de ajuda
psicopedagógico ou centro médico pedagógico, sendo que a sessão de terapia
psicomotora se desenvolve individualizada, e a relação do terapeuta com o
paciente criança, adolescente, adulto se estabelece em clima de sintonia,
escuta, empatia e o seu corpo é o depósito das emoções da criança, o tempo
da sessão e de acordo com a disponibilidade da criança e com a aprovação do
responsável.
Na forma de pensar de Negrine (2002), o trabalho terapêutico, a
partir da perspectiva lúdica, requer muita disponibilidade corporal do
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psicomotricista com a criança portadora de qualquer deficiência, pois ele,
através dos estímulos e intervenções que faz constantemente, tem a
possibilidade de criar atitudes comportamentais na criança. Este nível de
intervenção do psicomotricista é que diferencia a psicomotricidade terapêutica
da educação.
Assim, nesta abordagem cabe ao terapeuta uma constante
adaptação à evolução da criança, um domínio na trilogia da formação, uma
forte capacidade de escuta e o mais importante, não impor às crianças os seus
desejos e sim ajudá-las na evolução de seus próprios desejos.
24
CAPÍTULO II
PSICOMOTRICIDADE E EDUCAÇÃO
A psicomotricidade, hoje como ciência da educação visa a
representação e a expressão motora, através da utilização psíquica e mental
do indivíduo.
Segundo Loureiro,
É a neurociência dos anos 90 que estuda a interação equilibrada dos aspectos neuro maturacionais: cognitivo-afetivo-motor na otimização corporal.
Isso significa que a mesma deixou de ser usada isoladamente e foi
enriquecida com os estudos de outras áreas numa rede interdisciplinar,
incluindo os profissionais da educação.
Desta forma, a psicomotricidade está presente em todos os
movimentos do desenvolvimento humano, ela existe nos menores gestos e em
todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando sempre
o conhecimento do seu próprio corpo.
O movimento é essencial no desenvolvimento do ser, pois este tem
a função de influenciar a maturação do sistema nervoso da criança dando a
este maturidade adequada ao desenvolvimento global e uniforme. E a
educação psicomotora e a base fundamental para o processo intelectivo e de
aprendizagem da criança.
O desenvolvimento evolui do geral para o específico, ou seja,
quando uma criança apresenta dificuldades de aprendizagem o fundo do
problema às vezes e em geral pode estar no nível das bases de
desenvolvimento psicomotor da criança.
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Durante o processo de aprendizagem os elementos básicos da
psicomotricidade são utilizados com freqüência, e são eles o desenvolvimento
do esquema corporal, lateralidade, estrutura espacial, orientação temporal, e
pré-escuta, estes são fundamentais na aprendizagem, pois se a criança
apresentar problema em algum setor deste, com certeza terá também
dificuldade na área da aprendizagem. Os três primeiros anos de vida são
considerados por vários autores de fundamental importância na vida de uma
criança, pois estes serão a base futura da capacidade psicomotora, cognitiva e
emocional da criança. Se nesta fase a criança for bem trabalhada em todos os
aspectos relativos a sua idade, maturação e desenvolvimento dentro das
possibilidades necessárias ao seu crescimento e desenvolvimento com certeza
no futuro não apresentará dificuldades na aprendizagem.
Assim, a contribuição da psicomotricidade é de fundamental
importância para a formação e estruturação do esquema corporal e tem como
objetivo maior incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de
uma criança.
É por meio das atividades, que as crianças, além de se divertirem,
criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem.
Por isso, cada vez mais os educadores recomendam que os jogos, e
as brincadeiras ocupem um lugar de destaque no programa escolar desde a
educação infantil.
A psicomotricidade nada mais é que se relacionar através da ação,
como um meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o
ser espírito, o ser natureza e o ser sociedade.
Assim vemos que a psicomotricidade está associada à afetividade e
a personalidade, porque o indivíduo utiliza o corpo para demonstrar o que
sente.
26
Já na natureza infantil vemos, que a criança busca experiência em
seu próprio corpo, tomando conceitos e organizando o esquema corporal. E é a
abordagem da psicomotricidade que irá permitir a compreensão da forma como
a criança toma consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar
por meio deste corpo, localizando-se no tempo e no espaço.
O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a
formação de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e
psicológico, dando oportunidade para que por meio de jogos, de atividades
lúdicas, se conscientize sobre seu corpo.
Assim, a educação psicomotora para ser trabalhada necessita que
sejam utilizadas as funções motoras, perceptivas, afetivas e sócio-motoras,
pois assim a criança explora o ambiente, passa por experiências concretas,
indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar
consciência de si mesmas e do mundo que a cerca.
Assim podemos constatar que a psicomotricidade é muito importante
no processo de desenvolvimento da criança e deve ser vista e utilizada na
Educação, nas escolas, como fator teórico/prático na abordagem da
aprendizagem pelos seus educadores, pais e todos aqueles que creiam que
para uma saúde global se faça necessário o desenvolvimento cognitivo e
psicomotor, associados à equilibração emocional e afetiva.
2.1. A importância da Educação do movimento
Mesmo em meio a tantos conceitos, pode se dizer que existe uma
coerência na ciência. No momento em que a psicomotricidade educa o
movimento, ela ao mesmo tempo coloca em jogo as funções da inteligência. A
partir dessa posição, observa-se a relação profunda das funções motoras
cognitivas e que, também pela afetividade encaminha o movimento.
27
Fonseca (1988) comenta que “o movimento humano é construído
em função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade
íntima, o movimento transforma-se em comportamento significante”. O
movimento humano é a parte mais ampla e significativa do comportamento do
ser humano. É obtido através de três fatores básicos: os músculos, a emoção e
os nervos, formados por um sistema de sinalização que lhes permitem atuar de
forma coordenada. O cérebro e a medula espinhal enviam aos músculos pelos
seus mecanismos cerebrais ordem para o controle da contínua atividade de
movimento com específica finalidade e dentro das condições ambientais. Essas
ordens sofrem as influências do meio e do estado emocional do ser humano
(Barros, 1999).
A unidade básica do movimento, que abrange a capacidade de
equilíbrio e assegura as posições estáticas, são as estruturas psicomotoras. As
estruturas psicomotoras definidas como básicas são: locomoção, manipulação
e tônus corporal, que interagem com a organização espaço-temporal, as
coordenações finas e amplas, coordenação óculo-segmentar, o equilíbrio, a
lateralidade, o ritmo e o relaxamento. Elas são traduzidas pelos esquemas
posturais e de movimentos, como: andar, correr, saltar, lançar, rolar, rastejar,
engatinhar, trepar, e outras consideradas superiores, como estender, elevar,
abaixar, flexionar, rolar, oscilar, suspender, inclinar, e outros movimentos que
se relacionam com os movimentos da cabeça, pescoço, mãos e pés. Esses
movimentos são conhecidos na educação física como movimentos naturais e
espontâneos na criança.
O movimento refere-se geralmente, as deslocamento do corpo como
um todo ou dos membros, produzido como uma conseqüência do padrão
espacial e temporal da contração muscular.
Assim movimento é o deslocamento de qualquer objeto e na
psicomotricidade o importante não é o movimento do corpo como o de qualquer
outro objeto, mas a ação corporal em si, a unidade biopsicomotora em ação.
28
Os movimentos podem ser involuntários ou voluntários. Movimentos
involuntários são atos reflexos, comandados pela substância cinzenta da
medula, antes de os impulsos nervosos chegarem ao cérebro. Os movimentos
involuntários são os elementos inatos adquiridos. Os inatos são aqueles com
os quais nascemos e são representados pelos reflexos, que são respostas
caracterizadas pela invariabilidade qualitativa de sua produção e execução.
Desta forma, os movimentos e expressões involuntários, muitas
vezes, estão presentes em determinadas ações sem que o executante os
perceba. Esses movimentos são desencadeados pelo corpo no momento em
que se realizam determinados atos voluntários.
As primeiras formas de movimentos voluntários são os movimentos
rudimentares, observados nos bebês, desde o nascimento até,
aproximadamente a idade de 2 anos.
As habilidades motoras rudimentares do bebê representam as
formas básicas de movimento voluntário que são necessários para a
sobrevivência.
Assim o movimento é o principal elemento no crescimento e no
desenvolvimento da criança. Pois, toda ação está pertinente a um movimento e
todo ato motor tem uma ação e um significado.
O movimento, segundo muitos autores, é visto como o facilitador dos
outros desenvolvimentos (cognitivos, afetivo, social e relacional).
2.2. O desenvolvimento cognitivo emocional e motor segundo
Jean Piaget
Jean Piaget (1896-1980) foi psicólogo, biólogo e filósofo suíço,
conhecido pelo seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Piaget
passou grande parte de sua carreira interagindo com crianças.
29
Os seus estudos tiveram um grande impacto sobre os campos da
psicologia/pedagogia. Os estudos de Jean Piaget proporcionaram uma
concepção dinâmica do que seja educação, mostrando à plasticidade da
inteligência, a sua versatilidade e formas de desenvolvimento.
Para entender o desenvolvimento da inteligência na criança em toda
a sua amplitude e dinamismo, torna-se necessário compreender antes como
ocorre o processo de conhecimento (aprendizagem). Segundo Jean Piaget, o
desenvolvimento mental inicia-se quando nascemos e encerra-se na idade
adulta, podendo ser comparado ao crescimento do corpo físico, que juntos
corpo e mente, darão harmonia e equilíbrio necessário ao ser humano.
A preocupação principal de Jean Piaget era estudar os processos de
pensamento, desde o início da infância até atingir a maturidade total.
A criança quando nasce, herda dos seus pais várias estruturas
biológicas (sensoriais e neurológicas), que são predispostos ao surgimento de
certas estruturas mentais.
Isso significa que não herdamos a inteligência pronta, pois esta se
desenvolve de acordo com o meio em que vivemos.
Piaget observou que a criança, nas diversas faixas etárias, vai
adquirindo formas diferentes de interagir com a realidade e, com isso, adquire
um conhecimento que a levará ao desenvolvimento mental, mas esta
aprendizagem será constante, assim como a adaptação que se torna
necessária durante o processo de desenvolvimento da inteligência.
Jean Piaget também se preocupou com a relação evolutiva de
psicomotricidade com a inteligência, em seus estudos já se preocupava em
também estimular as crianças de forma adequada, respeitando cada fase de
seu desenvolvimento. Assim ele redimensionou as questões da
30
psicomotricidade e não a limitou apenas a uma ação reeducativa, mas a uma
primeira instância educativa.
As etapas de desenvolvimento das crianças dentro de concepção de
Piaget são de extrema valia para o entendimento de atividade lúdica e seus
efeitos na infância.
Os períodos de desenvolvimento são:
§ Período sensório-motor (0 a 2 anos) – O desenvolvimento
ocorre a partir da atividade reflexa para a representação e soluções sensório-
motoras dos problemas.
§ Período pré-operacional (2 a 7 anos) – Aqui o
desenvolvimento ocorre a partir da representação sensório-motora para as
soluções de problemas se segue para o pensamento pré-lógico.
§ Período operacional concreto (7 a 11 anos) – O
desenvolvimento vai do pensamento pré-lógico para as soluções lógicas de
problemas concretos.
§ Período de operações formais (11 a 15 anos) – A partir de
soluções lógicas de problemas concretos para as soluções lógicas.
Desta forma, podemos observar que o desenvolvimento é contínuo,
pois cada desenvolvimento subseqüente baseia-se no desenvolvimento
anterior incorporando-o e transformando-o.
Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das
atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de
desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que
contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.
Para Piaget (1986) existe um estreito paralelismo entre o
desenvolvimento da afetividade e das funções intelectuais.
31
Não podemos esquecer nunca que a afetividade é de extrema
importância no desenvolvimento humano.
Assim vemos que em toda obra de Jean Piaget, referente a
psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, este colocava em evidência
o papel da atividade corporal no desenvolvimento das funções cognitivas.
Piaget (1936) sustentava que mediante a atividade corporal a
criança pensa, aprende, cria e enfrenta problemas.
Assim vemos que a psicomotricidade vista por Jean Piaget, decorre
da concepção fundamental de que a atividade motora e a atividade mental,
estão em constante inter-relação, podendo uma influenciar a outra, por meio de
seus dois componentes: o sócio-afetivo e o cognitivo.
Como forma de relação e comunicação, entre o EU e o outro, a
psicomotricidade de sua forma mais simples a forma mais complexa,
desenvolve-se sempre sob três planos: tônico, gestual e verbal.
Para Piaget (1974 apud Oliveira, 2002), “A inteligência não aparece
num dado momento do desenvolvimento mental, com um mecanismo todo
montado, e radicalmente distinto das que a procederam”, ou seja, ela é um
processo de construção, resultado de experiências motoras integradas e
interiorizadas.
Assim vemos que a psicomotricidade pode ajudar muito o
desenvolvimento cognitivo e juntamente com a afetividade farão a ponte
necessária para o desenvolvimento global da criança, evitando que esta venha
a ter problema na aprendizagem. É prevenindo que se evite o problema.
32
2.3. O desenvolvimento cognitivo, emocional e motor, segundo
Henri Wallon
Henri Wallon (1879-1962) nasceu em Paris. Antes de iniciar seus
estudos em Psicologia estudou Filosofia e Medicina, sendo possível identificar
em sua obra as influências desses campos do saber.
Trabalhou com crianças doentes (casos de epilepsia, retardo,
anomalias psicomotoras) e com adultos traumatizados e/ou seqüelados pela
guerra deram embasamento para suas concepções teóricas.
Wallon teve suas investigações das funções psíquicas atreladas a
infra-estrutura orgânica dessas funções. Sua teoria é fundamentada em termos
neurológicos, na perspectiva genética e na análise comparativa, utilizando a
neurologia, a psicopatologia, a antropologia e a psicologia.
Wallon mostrou em seus estudos das Síndromes Psicomotoras que
as evidentes relações no desenvolvimento infantil entre o movimento e
psiquismo é interagido com o meio social. Porém, Wallon adverte para os
riscos de se comparar o comportamento da criança com o do adulto, e assim
ele propôs estudar o desenvolvimento infantil a partir da própria criança,
compreendendo cada uma das suas manifestações, no conjunto de suas
possibilidades, levando em consideração a idade da criança.
Em sua teoria, Wallon buscou articular os fatores biológicos (atos
motores) com os fatores subjetivos (ato mental). O grande eixo é a motricidade,
pois para ele, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor, exemplo disso
é a aquisição de habilidades motoras básicas, como a preensão e a marcha
que contribuem para essa integração e desenvolvimento.
O ser humano é, então, organicamente social, porque carece da
cultura para se atualizar e o desenvolvimento de determinadas capacidades
33
intelectual dependem das interações objetivas que o sujeito estabelece com a
cultura.
Antes que a psicomotricidade possa alcançar o meio físico, ela atua
e modifica o meio social.
Na concepção de Wallon, há uma descontinuidade entre ato motor e
ato mental na medida em que o ato motor precede o ato mental, assim como, o
meio social é modificado, transformado pela expressividade humana antes que
esta possa ter efeitos sobre o meio físico.
Segundo Dantas (1992), Wallon dá ênfase a questão da motricidade,
não dissociando-a do conjunto de funcionamento da pessoa. Associa a
patologia do movimento à patologia da personalidade. Identifica duas funções
na atividade muscular:
1) Cinética ou clônica – movimento visível há uma mudança de
posição do corpo ou segmentos deste no espaço;
2) Postural ou tônica – responde pela manutenção da posição
assumida e pela mímica. Atividade do músculo parado.
Wallon dará ênfase à função tônica, embora a dimensão afetiva
ocupe um lugar central em sua teoria. Para ele, a emoção tem profundas raízes
na vida orgânica.
Para Wallon o psiquismo é uma síntese entre o orgânico e o social,
pois, este considera a pessoa como um todo. Afetividade, emoção, movimento
e espaço físico se encontram num mesmo plano, ou seja, resumidamente,
para wallon o desenvolvimento é emocional, cognitivo e motor, determinado por
fatores orgânicos e sociais.
O movimento para Wallon possui duas vertentes: a afetiva, que atua
o sujeito e a prática que atua sobre o ambiente, desta forma vemos que a
34
afetividade tem papel preponderante no desenvolvimento da pessoa, e o papel
da escola não é simplesmente trabalhar os conteúdos, mas também a ajudar a
descobrir o eu no outro.
Para Wallon o desenvolvimento é um processo descontínuo, suas
etapas são marcadas por rupturas, reviravoltas, a passagem das fases se dá
através de reformulações, ou seja, não há linearidade, já que uma etapa
reformula a outra e o momento de passagem entre as etapas se dá através de
crises que modificam o comportamento da criança.
Os estágios de desenvolvimento para Wallon são:
• Impulsivo emocional (até 3 anos) – movimentos bruscos e
desordenados; (até 12 meses) – padrões emocionais de medo, alegria e raiva.
• Sensório-motor e projetivo (1 ano a 3 anos) – exploração do
espaço físico, como agarrar, segurar, sentar, andar, acompanhado de gestos.
• Personalismo (3 a 6 anos) – exploração de si mesmo,
atividades de oposição e sedução, de imitação, com expressões eu, meu, não.
• Categorial (6 a 11 anos) – exploração mental do mundo físico,
mediante atividades, de agrupamentos, seriação, classificação, categorização.
• Puberdade e adolescência (11 anos em diante) – exploração
de si mesmo com uma identidade autônoma, mediante atividades de confronto,
auto-afirmação/domínio de categorias cognitivas de maior nível de abstração.
Wallon contribuiu com o dia-a-dia da sala de aula, com a prática do
professor, por desenvolver um estudo que considera a criança um ser
completo, para ser observada de forma global, nas suas múltiplas
manifestações. Sua pesquisa articula emoção, cognição e motricidade.
35
2.4. A psicomotricidade e o trabalho com o corpo para o
desenvolvimento cognitivo
Segundo Tubino (1982) ocorreu em 1982, o 1º Congresso Brasileiro
de Terapia Psicomotora, onde especialistas do Brasil, propuseram uma
definição que viabilizasse o entendimento comum do termo psicomotricidade,
especialmente no âmbito da Sociedade Brasileira de Terapia e
Psicomotricidade, hoje Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, associação
que congrega grande número de estudiosos do assunto.
Esse encontro também contribui para que hoje tenhamos
consciência de que a psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o
estudo do homem, através de seu corpo em movimento, nas relações com seu
mundo interno e externo.
O ser humano tem recebido várias designações: Homo Sapiens por
ter como função vital o raciocínio para aprender e conhecer o mundo; Homo
Faber por fabricar objetos e utensílios e Homo Ludens por ter a capacidade de
dedicar-se à atividade lúdica. É sobre essa busca e riqueza que os educadores
devem procurar refletir, já que o lúdico faz parte integrante da vida.
O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da
cultura humana. As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo
cada vez maior controle sobre seu corpo e se apropriando cada vez mais das
possibilidades de integração com o mundo. Engatinham, caminham,
manuseiam objetos, correm, soltam, brincam sozinhas ou em grupos, com
objetos e brinquedos, experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu
corpo e seu movimento. Ao movimentar-se, as crianças expressam
sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso
significativo de gestos e posturas corporais. O movimento humano, portanto, é
mais do que simples deslocamento do corpo no espaço: constitui-se em uma
linguagem que permitem as crianças agirem sobre o meio físico e atuarem
36
sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor
expressivo.
As maneiras de andar, correr, arremessar e saltar entre outras,
resultam das interações sociais e culturais da relação do homem com o meio.
Onde os movimentos cujos significados tem sido construídos em função das
diferentes necessidades, interesse s e possibilidades corporais humanas
presentes nas diferentes culturas em diversas épocas da história. Esses
movimentos incorporam-se aos comportamentos humanos, construindo-se
assim uma cultura corporal. Dessa forma, diferentes manifestações dessa
linguagem foram surgindo, como a dança, o jogo, as brincadeiras, as práticas
esportivas etc. nas quais se faz uso de diferentes gestos, posturas e
expressões corporais com intencionalidade.
Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças
também se apropriam do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas.
Nesse sentido, as instituições de educação infantil devem favorecer um
ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e
ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s
(1998) o “brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento
da identidade e da autonomia”. O fato de a criança desde cedo poder se
comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado
papel na brincadeira fez com que ela desenvolva sua imaginação e
criatividade.
Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas
capacidades intelectuais, cognitivas, emocionais importantes, tais como: a
atenção, a imitação, a memória e a imaginação entre outros.
A LDB estabelece que a educação infantil tem como finalidade o
“desenvolvimento integral de criança até 6 anos de idade” nos aspectos
37
emocional, cognitivo e motor, fazendo uma complementação do que é dever da
família e da comunidade.
Sendo este um processo contínuo do desenvolvimento da criança.
Assim compreender a criança pequena em processo de desenvolvimento
significa estar dando as suas reais carências e mudanças de comportamento.
Os movimentos aprendidos durante os primeiros seis anos da
infância caracterizam a fase para as aprendizagens numa fase posterior.
As habilidades motoras que a criança adquire numa fase inicial são
aperfeiçoadas na idade adulta. Desta forma se uma criança for pouco
estimulada ou apresentar deficiência no desenvolvimento motor durante os
primeiros seis anos, este será refletido em sua vida adulta, na qual os
movimentos não serão novos, mas sim, o continuar da aprendizagem anterior.
A infância é a etapa mais importante a caminho da maturidade para
a vida adulta, por isso há necessidade de garantir que esse período traga
condições propícias e pertinentes a sua evolução e desenvolvimento motor.
A presença da psicomotricidade como aspecto importante no
desenvolvimento da aprendizagem da criança se faz representar
especialmente pelas atividades psicomotoras, ,lúdicas, brincadeiras e jogos em
que o contexto original é desenvolver as habilidades psicomotora, cognitiva,
emocional e social da criança.
As atividades psicomotoras devem ser estimuladas nas crianças na
pré-escola, e principalmente até 6 anos, para que estas possam ter na fase
seguinte condições de se tornarem adultas capazes e com todas as suas
faculdades desenvolvidas e aptas a enfrentarem o cotidiano da vida.
38
CAPÍTULO III
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PSICOMOTORAS
Após falar sobre os conceitos que fundamentam a psicomotricidade
e suas áreas de atuação, bem como se processa através do desenvolvimento
humano desde o recém nascido até a fase adulta, segundo a visão de Jean
Piaget e Henri Wallon, viso neste subitem mostrar algumas atividades
psicomotoras que podem ser desenvolvidas com crianças a partir da faixa
etária de 3 anos em diante, podendo ser trabalhada com crianças especiais e
que tenha comprometimento e todos aqueles que também apresentem
dificuldade na aprendizagem e que num todo necessitem ser desenvolvidos
quanto ao seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo e emocional. As
atividades psicomotoras sugeridas encontram-se agrupados por áreas e
compõem um repertório a ser utilizado pelo psicomotricista, na escola, no
consultório, de acordo com a clientela que irá trabalhar. São atividades básicas
que irão ajudar no desenvolvimento psicomotor, cognitivo, emocional e social
da criança como um todo.
São atividades que podem ser trabalhadas pelo psicomotricista,
professor, psicólogo, professor de educação física, terapeuta ocupacional, e
todo aquele que trabalha com crianças e visem o seu desenvolvimento de
forma global e ampla.
3.1. Atividades na área de comunicação e expressão
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios fonoarticulatórios
§ Fazer caretas que expressem tristeza, alegria, raiva,
surpresa, susto etc.
39
§ Jogar beijos.
§ Fazer bochechas, com e sem água.
§ Assoprar apitos e línguas-de-sogra.
§ Assoprar penas para o ar.
§ Assoprar barquinhos de papel em bacia com água.
§ Fazer bolhas de sabão.
§ Mastigar com a boca fechada.
§ Passar a língua no céu da boca.
§ Espalhar pedacinhos de papel, assoprando neles com um
canudinho.
§ Assoprar balão de ar (bexiga).
§ Pronunciar vogais prolongadas: aaaa, eeee, oooo, uuuu.
§ Pronunciar sílabas e palavras.
§ Reproduzir sons diversos, como tossir, espirrar, bocejar, rir.
§ Imitar os sons produzidos pelos bichos.
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios respiratórios
§ Inspirar pelo nariz e expirar pela boca.
§ Inspirar e expirar pelo nariz.
§ Inspirar e expirar pela boca.
§ Inspirar e expirar com uma narina tapada. Repetir o exercício
com a outra narina tapada.
§ Assoprar o ar com força, como quem está enchendo uma
bexiga.
§ Respirar de boca aberta, bem perto de um espelho.
§ Inspirar e expirar produzindo ruídos.
§ Fechar a boca e inspirar pelo nariz, tapar o nariz e expirar
pela boca.
§ Aprender a assoar o nariz, usando um lenço e tapando ora
uma narina, ora outra.
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De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de expressão verbal gestual
§ Contar o que vê em fotos ou gravuras. Começar com
gravuras que contenham poucos elementos.
§ Contar pequenas histórias sobre figuras, flores, animais,
pessoas, vida diária.
§ Contar a história de seus próprios desenhos.
§ Comentar as atividades que realiza: que material usou, o que
sentiu.
§ Formar histórias a partir de títulos sugeridos.
§ Imitar ondas do mar, mesa, animais etc. somente com gestos.
§ Dizer palavras associadas pelo sentido: quem lembra do mar,
lembra de peixe, sal, areia etc.
§ Identificar, em fotos, no educador e nos colegas, expressões
fisionômicas e corporais que indiquem alegria, tristeza, raiva,
dor etc.
§ Brincar de “o que é e para que serve”. Uma criança diz: “É
redonda, serve para jogar e para chutar”. A resposta é: “uma
bola”.
3.2. Atividades na área de percepção
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercício de percepção tátil
§ De olhos abertos e depois fechados, sentir com as mãos,
dedos e pés, objetos diversos (tecidos, alimentos, brinquedos
etc.) pessoas conhecidas, colegas, seu próprio corpo.
§ Apalpar sacas e pacotes com as mãos, a fim de adivinhar que
objetos estão dentro.
41
§ Reconhecer colegas pelo tato.
§ Colocar os pés descalços, ora na água, ora na areia,
contando depois o que sentiu.
§ Desenhar com o dedo, tinta em papel.
§ Brincar com o “jogo pega vareta”, usando as mãos.
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de percepção gustativa
§ Experimentar coisas que têm e não têm gosto.
§ Provar alimentos em diferentes temperaturas.
§ Provar alimentos, com sabores: forte, fraco, doce, salgado,
azedo, amargo.
§ Provar alimentos sólidos, líquidos, pastosos, ralados, em pó,
rugosos, crocantes, macios, duros.
§ Lembrar alimentos de sabor semelhante. Exemplo: açúcar,
mel, chocolate em barra, sorvete são alimentos doces.
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de percepção olfativa
§ Experimentar coisas que têm e que não têm cheiro.
§ Experimentar odores fortes e fracos, agradáveis e
desagradáveis em materiais como: vinagre, álcool, café,
perfumes, sabonetes, flores.
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de percepção auditiva
42
§ Sem poder ver a fonte, identificar sons produzidos por
palmas, tosse, espirro, bocejo, abrir janela, cortar papel com
tesoura etc. Imitar esses ruídos.
§ Identificar e imitar sons e ruídos produzidos por animais e
fenômenos de natureza.
§ Acompanhar ritmos com palmas.
§ Brincar de cabra-cega.
§ Tocar instrumentos musicais.
§ Ouvir sons da natureza e tentar identificá-los, por exemplo,
água, pássaros, selva, vento (CD com esses sons).
§ Dançar movimentando-se de acordo com um ritmo proposto.
Dançar ao som da música.
§ Desenhar riscos proporcionais a sons curtos e longos, graves
e agudos.
§ Criar um ritmo de palmas para ser repetido pelos colegas.
§ Fazer rimas com palavras.
§ Falar por “cornetas” de papel de tamanhos diferentes.
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de percepção visual
§ Identificar o branco e o preto.
§ Reconhecer, entre muitos, os objetos que têm as cores
primárias – vermelho, azul, amarelo.
§ Reconhecer roxo, laranja, verde, cinza, marrom e outros
matizes.
§ Entre vários objetos, identificar os que têm forma de círculo,
quadrado, triângulo, retângulo, esfera, cubo, mesmo
nomeando as formas por palavras menos precisas, tais como
redondo, bicudo e comprido para círculo, triângulo e
retângulo.
43
§ Separar os objetos grandes de pequenos. Apontar o maior e o
menor.
§ Separa objetos altos e baixos.
§ Agrupar objetos de acordo com suas cores.
§ Agrupar objetos de acordo com suas formas.
§ Descobrir absurdos em ilustrações.
§ Descobrir o que falta em desenhar.
§ Pintar detalhes em desenhos, conforme solicitação.
§ Sem olhar para as próprias roupas, dizer como está vestido.
§ Jogar jogos de memória compostos por pares de figuras
simples.
§ Nomear tudo o que vê num determinado móvel da sala.
§ Montar um quebra-cabeça simples.
§ Fazer montagens utilizando cartões ou lâminas de madeira
recortadas em formas geométricas.
3.3. Atividades na área de coordenação
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de coordenação dinâmica global
§ Rolar sobre esteira ou grama, com os pés juntos e os braços
ao longo do corpo, para os dois lados.
§ Virar cambalhota, com o auxílio do professor, sobre esteira,
colchãozinho ou grama.
§ Sentar-se na cadeira em postura adequada para ler e
escrever: coluna ereta, cabeça erguida, braços sobre a
cadeira.
§ Sentar-se no chão como alguns índios, com as pernas e
braços cruzados.
§ Sentar-se confortavelmente sobre cadeiras, bancos, cadeiras
giratórias, troncos de árvores.
44
§ Engatinhar para frente e para traz, passando sobre
obstáculos, por baixo de mesas e cadeiras, sobre caminhos
marcados no chão.
§ Engatinhar bem rápido.
§ Andar para frente e para os lados, sobre linhas desenhadas
no chão, por dentro de caminhos (entre duas retas
desenhadas ou marcadas com corda).
§ Andar pela sala, sem esbarrar nos colegas, de início com
olhos abertos e depois de olhos fechados.
§ Andar na ponta dos pés, andar de cócoras.
§ Andar imitando animais.
§ Andar passando por obstáculos.
§ Andar em vários ritmos.
§ Correr para frente, para os lados e em zigue-zague.
§ Correr de mãos dadas com um colega.
§ Correr segurando uma bola.
§ Correr pulando dentro de pneus e bambolês.
§ Pular como coelho, com os pés juntos, para a frente e para
trás.
§ Pular sobre um colchão.
§ Pular amarelinha, com um pé no espaço único e os dois pés
no espaço duplo.
§ Dançar ao som de música de rodar: Ora palma, palma, palma
(bater palmas), ora pé, pé, pé, (bater o pé no chão), ora, roda,
roda, roda (rodopiar), caranguejo peixe é (rodopiar).
§ Dançar com fantasias e máscaras.
§ Dançar quadrilha junina.
§ Galopar em cabo de vassoura com cabeça de cavalo.
§ Chutar bolas de diferentes pesos e tamanhos.
§ Mover os dedos dos pés, pegar lápis e bolinhas com os pés.
§ Deitado no chão, empurrar com os pés os pezinhos de outra
criança deitada em frente.
§ Deitar em várias posições.
45
§ Brincar de macaco Simão, propondo: “Macaco Simão mandou
dobrar o braço, mandou franzir a testa, mandou piscar o olho
etc”
§ Arremessar bolas grandes e pequenas, sem alvo, com alvo
próximo, com alvo mais distante.
§ Arremessar bolas para um colega, argolas.
§ Jogar boliche.
§ Arremessar pedrinhas ou tampinhas em bacia com água.
§ Agarrar bolas e petecas.
§ Agachar e ficar de pé.
§ Escorregar no escorregador.
§ Tencionar e relaxar partes do corpo.
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de coordenação visomanual ou fina
Ø Exercícios gerais
§ Modelar com massa e barro.
§ Rasgar e amassar vários tipos de papel.
§ Pintar com as pontas dos dedos e com a mão toda, usando
tinta guache. Pintar com esponja.
§ Despejar água, areia e botões, de um recipiente a outro, com
e sem funil. Diminuir aos poucos o tamanho do funil.
§ Carimbar mãos e dedos (um por um) em barro e em tinta.
Carimbar usando carimbos.
§ Regar plantas.
§ Dobrar papel.
§ Embrulhar e desembrulhar objetos.
§ Imitar desenhos em caixa com areia.
§ Abrir e fechar garrafas, latas, gavetas, portas e janelas.
§ Pintar e desenhar com materiais diversos.
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§ Encaixar peças em jogos de encaixe.
§ Exercitar as mãos: deixa-las moles e duras, abertas e
fechadas, abrir uma e fechar a outra. Repetir os exercícios
ora com os olhos abertos, ora com os olhos fechados.
§ Abotoar e desabotoar botões, abrir e fechar zíperes.
§ Alinhavar.
§ Dar nó em arames e fios moles.
§ Parafusar.
§ Enfiar contas ou macarrão (de orifício grande e depois
pequeno) em fio de náilon.
§ Reproduzir círculo, quadrado, triângulo e retângulo.
§ Folhear livros e revistas, folha por folha.
Ø Exercícios específicos
v Recortar com o dedo
§ Rasgar papel livremente utilizando, de início, papéis que não
ofereçam muita resistência ao serem rasgados.
§ Rasgar papel em pedaços grandes, em tiras, em pedaços
pequenos.
v Recortar com tesoura
§ Treinar o modo de segurar a tesoura e o manuseio, cortando
o ar, sem papel.
§ Recortar vários tipos de papel com a tesoura, livremente.
§ Recortar tiras de papel largas e compridas.
§ Recortar formas geométricas e figuras simples desenhadas
em papel dobrado.
§ Recortar o contorno das figuras e dobrar nas linhas
pontilhadas.
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v Colar
§ Colar recortes em folha de papel, livremente.
§ Colar recortes sobre apenas uma linha (vertical, horizontal,
diagonal).
§ Colar recortes dentro de áreas com formas geométricas e
formas de objetos conhecidos.
§ Repetir os exercícios de colagem de papel, colando outros
objetos tais como: palitos de fósforos e de sorvete, folhas
secas, sementes, botões, retalhos de tecidos, pedaços de
fios, confetes, canudinhos.
v Modelar
§ Modelar com massa e argila formas circulares, esféricas,
achatadas nos pólos (como tomate), ovais, cônicas (como
cenoura), cilíndricas (como pau de vassoura), quadrangulares
(como tijolo) etc.
v Perfurar
§ Perfurar livremente uma folha de isopor (apoiada sobre
madeira), com estilete próprio ou outro objeto substituto, como
agulha de tricô e caneta de ponta fina sem carga.
§ Perfurar folhas de árvore com palito de fósforo, perfurar sacos
de plástico.
§ Perfurar o contorno de figuras desenhadas em cartolina e
procurar recortá-las apenas perfurando.
v Bordar
§ Pregar botões.
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§ Enfiar macarrão e contas (de plástico e de madeira) em fios
de náilon ou de plástico.
v Manchar e traçar.
§ Fazer os quatro exercícios seguintes usando inicialmente giz
de cera, e depois pincel e tinta, lápis de cor e hidrocor.
ü Fazer manchas em folha de papel, livremente.
ü Fazer manchas dentro de figuras grandes.
ü Fazer manchas sobre uma linha.
ü Fazer manchas entre linhas paralelas, de início distantes e
depois mais próximas.
§ Traçar retas na vertical completando desenho.
§ Traçar retas na horizontal completando desenhos.
§ Passar o dedo sobre pontilhados feitos a giz sobre o quadro-
negro ou chão.
§ Traçar linhas pontilhadas sobre desenhos ou letras
pontilhadas em papel sulfite.
§ Traçar retas unindo pontos.
v Pintar
§ Pintar áreas delimitadas por formas geométricas e partes de
desenhos.
§ Pintar em garrafas pet, com dedo, pincel.
v Dobrar
§ Dobrar papel e montar figura.
§ Dobrar papel formando figuras geométricas: triângulo,
quadrado, retângulo, círculo.
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De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios grafomotores
§ Passar o dedo indicador da mão dominante sobre uma reta
horizontal traçada pelo educador, com giz, no quadro. Seguir
a orientação da esquerda para a direita.
§ Com o dedo indicador traçar a mesma reta no ar, de olhos
abertos. Repetir o exercício de olhos fechados.
§ Passar giz sobre o traço feito pelo educador. Fazer outros
traços iguais, ao lado.
§ Pintar o mesmo traço em papel, com pincel grosso e tinta.
Repetir os exercícios com giz de cera e lápis preto comum.
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de coordenação visual
§ Seguir com os olhos e a cabeça o movimento de um objeto
manipulado pelo educador.
§ Andar ao redor de um objeto, sem desviar os olhos dele.
§ Fixar os olhos sobre um objeto imóvel, por alguns segundos.
§ Seguir apenas com os olhos movimentos de objetos: de baixo
para cima, da direita para a esquerda etc.
3.4. Atividades na área de orientação
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de orientação temporal
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§ Descrever o que realiza ou vê em um exato momento.
Exemplos: “Estou levantando o braço”. “Estou abrindo a
torneira”. “Estou vendo a chuva”. (noção de agora-presente).
§ Ouvir histórias ou músicas que contém histórias, e depois
contar a seqüência dos fatos.
§ Lembrar com o educador, a seqüência de atividades rotineiras
de um dia comum, desde o momento de acordar até a hora
de dormir, tendo o almoço como referencial de tempo
(lembrar tudo que acontece antes e depois desse referencial,
associando o que aconteceu nos períodos: manhã, tarde
dia/noite).
§ Observar animais (mosca, lesma, lagartixa, cachorro, gato,
tartaruga etc.) e dizer quais são os mais velozes e os mais
lentos.
§ Usando carrinhos plásticos, apostar corrida, observando quais
são os mais rápidos e os mais lentos.
§ Observar um despertador, aprender como funciona e colocá-
lo para despertar.
§ Observar um despertador e uma ampulheta e verificar como
os dois se modificam com o decorrer do tempo.
§ Plantar feijões e observar o seu crescimento. Posteriormente,
o professor e as crianças desenharão a história da vida do
feijão, passando pelas etapas de seu desenvolvimento, da
semente até a planta adulta.
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de orientação espacial
§ Andar pela sala explorando o ambiente e os objetos,
inicialmente de olhos abertos e depois de olhos fechados.
§ Brincar de guia de cego: um é o cego (vendados) e o outro é
o guia que levará o cego a explorar o ambiente. Trocar de
51
papéis para que todos experimentem as sensações de ser
cego e de ser guia.
§ Formar uma roda com todos de mãos dadas e braços
esticados. Reduzir o tamanho da roda encolhendo os braços.
Abrir de novo, observando a variação da dimensão do espaço
interno da roda.
§ Montar quebra-cabeça.
§ Jogar amarelinha.
§ Medir distâncias com fios de barbante – da porta até a parede
oposta, da mesa até a porta. Comparar os comprimentos dos
fios usados.
§ Andar pela sala e pelo pátio seguindo a direção indicada por
setas pintadas no chão.
§ Responder onde está o céu, o teto, o chão, a lâmpada, com
palavras como: em cima, atrás etc.
3.5. Atividades na área de conhecimento corporal e lateralidade
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de conhecimento corporal
§ Diante de um espelho, observar sua imagem e cantar música
que, falem sobre as partes do corpo. Apontar as partes do
corpo em si mesmo e no corpo do colega.
§ Colocar tinta ou bafo em um espelho e esfregar para ver o
que aparece.
§ Nomear partes do próprio corpo, dos colegas, do corpo de
bonecos.
§ Juntar partes de um boneco desmontável.
§ Desenhar uma figura humana no quadro ou no papel, parte
por parte.
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§ Completar o desenho de um afigura humana com o que
estiver faltando.
§ Associar partes do corpo com roupas ou objetos mostrados
pelo educador. Exemplo: bola – pés e mãos; blusa – tronco;
meia – pés.
§ Tocar o corpo de um colega “em espelho”: mão com mão,
costas com costas etc.
De acordo com a autora Gomes (1995).
Exercícios de lateralidade
§ Colocar fitas vermelhas no pulso e tornozelo do lado direito e
realizar exercícios que peçam movimentos como: erguer a
mão direita, abaixar a mão esquerda, erguer o braço direito e
abaixar o esquerdo.
§ Colocar a mão sobre contornos de mãos desenhadas no
quadro, ou cartolina, rapidamente, como se estivesse dando
uma tapa. Colocar a mão na mesma direção da mão
desenhada.
§ Arrumar uma mesa, colocando pelo menos três conjuntos de
prato, talheres, copo e guardanapos, de acordo com o
modelo, treinar a arrumação em fileira, um conjunto do lado
do outro.
§ Colocar os pés sobre contornos de pés desenhados no chão,
direito sobre direito, esquerdo sobre esquerdo.
3.6. Atividades na área de habilidades conceituais
De acordo com a autora Gomes (1995).
§ Observar uma coleção de objetos pequenos misturados:
pedrinhas, botões, conchas, grãos de milho, bolinhas de
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vidro, clipes etc. Separar esses objetos pela classe a que
pertencem: conjunto de pedras, de botões, de clipes.
§ Esvaziar uma caixa de fósforos ou palitos e armá-los em fila,
pares, ou formar figuras, observando sempre que a mesma
quantidade de objetos pode ser disposto de maneiras
diferentes.
§ Cortar frutas ao meio para dividir com um colega (dois
pedaços: um para cada um).
§ Etiquetar latas ou caixas com o numeral correspondente ao
número de objetos que elas contêm.
§ Nomear as formas geométricas.
§ Operar adição e subtração em conjuntos: 2 fichas azuis + 2
fichas azuis = 4 fichas azuis; 4 botões – 3 botões = 1 botão.
§ Pesar objetos diversos.
§ Podem ser usados ainda, jogo de dominó; pega-varetas;
dama; jogo da memória; baralho; xadrez; boliche; dados;
enfim, todos os jogos tem o objetivo de desenvolver a
memória, atenção, raciocínio lógico, cálculo, de ajudar a
criança no seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo e
emocional.
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CONCLUSÃO
O interesse e o objetivo desta pesquisa originaram-se do fato de
observar a dificuldade que nós educadores possuímos em reconhecer que as
atividades psicomotoras podem ajudar no desenvolvimento cognitivo da criança
e que são um aliado no processo ensino aprendizagem.
Com base nas leituras realizadas até o presente momento, foi
possível constatar que o desenvolvimento psicomotor começa a partir do
nascimento da criança, com a influência da maturação do sistema nervoso e
mostra a importância das experiências vividas por um aumento da capacidade
psicomotora para a assimilação das primeiras aprendizagens.
As atividades psicomotoras trabalhadas na escola têm o objetivo de
ajudar o desenvolvimento e a aprendizagem da criança de forma conjunta e
plena para torná-la apta e integrada, evitando assim a dificuldade na
aprendizagem como forma de prevenção e reeducação psicomotora.
As atividades psicomotoras são para as crianças uma valiosa
oportunidade de desenvolvê-los e fazê-los terem a convivência com as
diferenças e limitações, como compartilhar idéias, regras, superar os seus
egocentrismo e se auto-conhecerem. Desenvolver suas autonomias,
responsabilidades, fixando a aprendizagem e superando as dificuldades
inerentes a capacidade e personalidade de cada um.
O presente trabalho foi desenvolvido através de leituras e
observações feitas no cotidiano escolar e foi possível observar que a criança é
capaz de construir o seu conhecimento de acordo com sua capacidade a partir
de seus interesses. É ele agente de seu próprio desenvolvimento cognitivo.
Desta forma, podemos observar que a construção do conhecimento
no ser humano, é fator importante, principalmente nos dois primeiros anos de
55
vida, pois é nesta fase que a criança vai moldar as suas primeiras
características e experiências do mundo que a cerca, e segundo Jean Piaget,
sim a observação atenta deste período não poderia detectar no futuro problema
de formação física, mental e social na criança.
Segundo a visão walloriana o desenvolvimento é uma constante e
progressiva construção, com predominância funcional de momentos afetivos e
cognitivos, visto que Wallon contribuiu para a educação e com a prática do
professor, ressaltando por desenvolver um estudo que considera a criança um
ser completo, para ser observada de forma global, nas suas múltiplas
manifestações, sua pesquisa articulou a emoção, a cognição e a motricidade
juntamente.
Diante desse estudo podemos perceber que a psicomotricidade está
relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. E é sustentada por três
conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. E o psicomotricista
é o profissional da área de saúde e a educação que pesquisa, avalia e previne
e trata do homem na aquisição, e no desenvolvimento e nos transtornos de
integração somato-psíquica e da retrogênese, este profissional é de
fundamental importância no setor educacional, pois é ele que de forma
sistemática apresenta a educação psicomotora de forma plena e ampla as
crianças. Como educadores nós podemos acreditar que a dificuldade de
aprendizagem é responsabilidade exclusiva do aluno, ou da família, ou
somente da escola é, no mínimo, uma atitude ingênua perante a grandiosidade
que é a complexidade do aprender.
Ao atuarmos com uma criança vamos elaborando vínculos afetivos
com este ser que aprende, mesmo que não deseje aprender naquele momento,
por alguma circunstância, certamente estaremos fazendo a parte que nos cabe
prepará-lo para o operar autonomamente seu futuro usando sua cabeça para
pensar em alternativas viáveis para os problemas de sua sociedade, seu
coração para sentir as exigências e apelos sociais e suas mãos para agir em
56
prol do bem comum. Afinal, é para isso que serve a educação e a
psicomotricidade.
E as crianças são pedras preciosas que na sua simplicidade e
alegria nos ensinam a viver, e quando acreditamos no seu potencial e na sua
capacidade cognitiva elas aprendem.
57
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 3ª ed., Rio de
Janeiro: WAK, 2007.
BUENO, Jocian Machado. Psicomotricidade – teoria e prática. Estimulação,
educação e reeducação psicomotora com atividades aquáticas. São Paulo:
Lovise, 1998.
COSTALLAT, Dalila M. M. e outros. A psicomotricidade otimizando as relações
humanas. 2ª ed., São Paulo: Arte e Ciência, 2002.
GOMES, Vera Miranda. Prática Psicomotora na Pré-escola. Série Educação.
São Paulo: Ática, 1995.
LA TAILLE, Yves de. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em
discussão. São Paulo: Summus, 1992.
OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade, educação e reeducação
num enfoque psicopedagógica. 11ª ed., Petrópolis: Vozes, 1997.
OLIVIER, Lou de. Distúrbios de aprendizagem e de comportamento. 2ª ed., Rio
de Janeiro: WAK, 2006.
RELVAS, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação. 2ª ed., Rio de
Janeiro: WAK, 2007.
58
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 METODOLOGIA 05 RESUMO 06 INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I Psicomotricidade 12 1.1. Estimulação psicomotora 16 1.2. Educação 16 1.3. Reeducação 19 1.4. Terapia 21 CAPÍTULO II Psicomotricidade e Educação 24 2.1. A importância da Educação do movimento 26 2.2. O desenvolvimento cognitivo emocional e motor segundo Jean Piaget 28 2.3. O desenvolvimento cognitivo, emocional e motor, segundo Henri Wallon 32 2.4. A psicomotricidade e o trabalho como corpo para o desenvolvimento cognitivo 35 CAPÍTULO III Sugestão de atividades psicomotoras 38 3.1. Atividades na área de comunicação e expressão 38 3.2. Atividades na área de percepção 40 3.3. Atividades na área de coordenação 43 3.4. Atividades na área de orientação 49 3.5. Atividades na área de conhecimento corporal e lateralidade 51 3.6. Atividades na área de habilidades conceituais 52 CONCLUSÃO 54 BIBLIOGRAFIA 57 ANEXOS 59 FOLHA DE AVALIAÇÃO 60
59
ANEXOS
60
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas Pós-Graduação “Latu Sensu” Título da Monografia
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA Data da Entrega: ___________________________ Avaliado por: ______________________________Grau: ________________
Rio de Janeiro, ______ de ______________________ de ________ _______________________________________________________________
Coordenação do Curso