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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
CAPITAL DE GIRO: ANÁLISE E PLANEJAMENTO NA
PREVISÃO E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Por: Renato Vieira Galvão
Orientador
Prof. Ms. Marco A. Larosa
Niterói
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
CAPITAL DE GIRO: ANÁLISE E PLANEJAMENTO NA
PREVISÃO E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para
conclusão do curso de pós-graduação “lato sensu”
em Auditoria e Controladoria.
Por: Renato Vieira Galvão
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos o professores do
curso pelas orientações recebidas,
bem como a todos que, contribuíram
com seu apoio para confecção deste
trabalho, principalmente a Andrea
Silva.
5
DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia a Deus por estar
presente em cada momento da minha
vida.
A minha esposa Mery Ellen, que sempre
acreditou e me incentivou em meu
aperfeiçoamento profissional.
A Minha mãe, Penha Izabel, que me
educou e me deu suporte na minha
graduação.
Aos meus sogros, Osvaldo e Dalva, que
sempre acreditaram em meu potencial.
6
RESUMO
Esta monografia tem como objetivo apresentar instrumentos para
soluções e prevenções de problemas ligados ao capital de giro nas pequenas e
médias empresas comerciais.
O tema capital de giro será discutido do ponto de vista dos gestores
destas empresas, que não deverão estar somente envolvidos em decisões
operacionais de rotina relacionadas a caixa, contas a receber ou estoques,
mas deverão saber se os recursos aplicados nessas formas de ativos estão
sendo eficientemente utilizados.
Sabendo-se que as empresas hoje vivem em um cenário complexo, em
constante mudança, onde surgem os mais diversos riscos, inclusive os
inerentes ao próprio negócio, o objetivo deste trabalho é sensibilizar os
administradores para que dêem um tratamento ao capital de giro sob a ótica de
análise e planejamento avaliando políticas que busquem prever e eliminar tais
problemas.
7
METODOLOGIA
Este trabalho monográfico foi uma pesquisa bibliográfica, tendo sido
utilizado o método teórico, buscando evidenciar ferramentas para soluções de
problemas ligados ao Capital de Giro, bem como incentivar os gestores das
empresas comerciais a tratá-lo sob a ótica de análise e planejamento nas
principais áreas correntes, tais como financiamento dos estoques,
gerenciamento da inadimplência de clientes e administração de insuficiências
de caixa.
As bases para realização do trabalho fundamentam-se em referencias
bibliográficas, buscando apresentar um estudo que permita melhor
compreensão sobre práticas de gestão do Capital de Giro, e que promovam
uma melhor situação financeira nas empresas buscando prever e eliminar
potenciais problemas.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I CONCEITOS SOBRE GESTÃO DE CAPITAL DE GIRO 10 CAPÍTULO II ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO 19 CAPÍTULO III GERENCIAMENTO DOS GRUPOS QUE INFLUENCIAM O CAPITAL DE GIRO 29 CONCLUSÃO 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38 ÍNDICE 39 ÍNDICE DE FIGURAS 41
9
INTRODUÇÃO
O Capital de Giro representa um conjunto de valores necessários para
as empresas fazerem seus negócios existirem. Em média, o capital de giro,
representa de trinta a quarenta por cento, do total dos ativos de uma empresa.
Esta representação embora demonstre uma participação menor sobre o total
dos ativos da empresa, não exime os gestores de um esforço maior do que
aquele requerido pelo capital fixo.
Essa exigência de atenção especial requerida pelo capital de giro, isto é,
seu acompanhamento e monitoramento permanente, se torna devida pelo fato
das empresas sofrerem de forma contínua, o impacto de diversas mudanças
no panorama econômico.
Ocorre, que grande parte de gestores de pequenas e médias empresas
comerciais, tem muito conhecimento dos produtos que vendem, e pouca
afinidade a números, tendo dificuldades em lidar com este lado da gestão
empresarial, ou seja, as finanças da empresa. Não é raro ouvir que “tal“
empresa fechou por problemas como capital de giro, ou que outra empresa foi
vendida, porque foi mal administrada sob o ponto de vista do capital de giro e
somente com a sua venda poderá ser recuperada.
Dentre os vários problemas de gestão do capital de giro nas pequenas e
médias empresas, ou seja, as dificuldades enfrentadas pelos gestores, estão
principalmente ligadas à ocorrência de fatores tais como: redução de vendas,
crescimento da inadimplência, aumento das despesas financeiras e aumento
de custos.
Assim, uma maior parte do tempo dos gestores, deverá ser canalizada
para a solução de problemas de capital de giro, como a formação e
10
financiamento de estoques, gerenciamento das contas a receber e
administração de déficits de caixa.
Este trabalho tem como finalidade o estudo do capital de giro
orientando-se pela análise e planejamento nas principais áreas ligadas ao
mesmo, buscando contribuir para uma gestão que valorize a prevenção de
problemas e de suas ocorrências.
11
CAPÍTULO I
CONCEITOS SOBRE GESTÃO DE CAPITAL DE GIRO
No presente capítulo serão apresentados alguns conceitos que
representam características do processo de operações das empresas
comerciais, das quais dependem as necessidades de capital de giro, e que
são bastantes úteis na sua gestão.
1.1 – Gerência do Capital de giro
O Capital de giro apesar de ter uma menor participação sobre o total
dos ativos da empresa, exige do gestor um esforço maior do que o requerido
pelo capital fixo, pois o mesmo tem uma participação relevante no
desempenho operacional da organização.
Uma situação de insolvência na empresa poderá ocorrer advinda de
sérios problemas financeiros que tiveram suas origens em uma inadequada
gestão do capital de giro. A definição do montante do capital de giro reflete
sobre a liquidez e rentabilidade das empresas, repercutindo diretamente no
sucesso dos seus negócios.
Conforme Alexandre Assaf Neto e César Augusto Tibúrcio Silva, a
importância e o volume do capital de giro para uma empresa são determinados
principalmente pelo volume de vendas, o qual é lastreado pelos estoques,
valores a receber e caixa, sazonalidades dos negócios, que determina
variações nas necessidades de recursos ao longo do tempo; fatores cíclicos da
economia, como recessão, comportamento do mercado etc; tecnologia,
principalmente aplicada aos custos e tempo de produção; e políticas de
12
negócios, centradas em alterações nas condições de venda de crédito,
produção e etc1.
A gerencia do capital de giro deverá através dos melhores processos,
permitir o melhor entendimento de como a empresa esta gerando, aplicando,
bem como gerenciando os seus recursos correntes, objetivando dar suporte as
decisões que orientem a prevenção da saúde financeira da organização.
1.2. Terminologia do Capital de Giro
Muitos são os termos referentes ao capital de giro, variando desde
definições simplistas até a algumas tecnicamente elaboradas. Entretanto, não
existem grande discordâncias entre as opiniões de seus autores, mas
colocações diferenciadas que tratam de múltiplos olhares sobre os seus
elementos e as suas características.
Referente ao capital de giro, a palavra giro faz referencia aos recursos
de curto prazo da empresa, isto é, os que são os capazes de serem
convertidos em dinheiro no prazo máximo do ciclo operacional da empresa ou
que não ultrapasse o término do exercício seguinte. Conforme Anélio Berti,
capital de giro é o montante (parcela) de recursos destinados à aplicação dos
meios, para fazer com que a empresa complete o ciclo operacional2.
Para Assaf Neto e Silva, o termo giro refere-se aos recursos correntes
(curto prazo) da empresa, geralmente identificados como aqueles capazes de
serem convertidos em caixa no prazo máximo de um ano3. Desta forma,
conforme os conceitos apresentados, verifica-se que os elementos de giro, por
serem de curto prazo, serão representados no ativo e passivo circulante das
demonstrações financeiras.
1 Assaf Neto e Silva (2002), Pg. 13 2 Anélio Berti (1999), Pg. 15 3 Assaf Neto e Silva (2002), Pg. 14
13
A definição Capital de Giro Líquido ou Capital Circulante Líquido - CCL
evidencia a forma dinâmica do capital de giro obtida pela subtração dos
recursos de curto prazo do ativo circulante pelo passivo circulante. Segundo
Assaf Neto e Silva, dentro de um conceito mais rigoroso, o CCL representa o
volume de recursos de longo prazo (exigibilidades e patrimônio líquido) que se
encontra financiando os ativos correntes (de curto prazo)4:
CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante
ou:
CCL = (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo) – (Ativo
Permanente + Realizável a Longo Prazo)
O Capital Circulante Líquido demonstra a folga financeira da empresa.
Na empresa com capital de giro líquido positivo, significa que este é oriundo
dos recursos de longo prazo excedentes direcionados para financiar o capital
de giro da organização, gerando uma folga financeira. Já na empresa com
capital de giro líquido negativo, onde o passivo circulante se apresenta maior
que o ativo circulante, demonstra que os recursos de longo prazo não estão
em suficientes níveis para cobrir suas aplicações de longo prazo, utilizando
assim recursos do passivo circulante.
Uma outra denominação prática adotada para o capital de giro é Capital
de Giro Próprio (CGP). Neste sentido, parte do capital de giro que não esta
comprometido com terceiros será da própria empresa. A apuração é
encontrada pela diminuição do patrimônio líquido pelo ativo permanente
somado ao realizável ao longo prazo:
CGP = Patrimônio líquido – (Ativo Permanente + Realizável a Longo Prazo)
4 Assaf Neto e Silva (2002), Pg. 16
14
O capital de giro próprio demonstra de certa maneira a saúde financeira
da empresa, revelando os recursos próprios que financiam as atividades
correntes da empresa, isto, porque a comparação entre capital de terceiros
com o capital próprio revela o grau de endividamento da empresa,
demonstrando neste caso, a parte do capital de giro que não será entregue a
terceiros pertencendo a própria empresa.
1.3. Balanço Patrimonial
Nas empresas comerciais a compreensão do capital de giro e suas
necessidades, se tornam mais fácil, quando da utilização de informações
oriundas da contabilidade da empresa. Assim o Balanço por ser um
demonstrativo que reflete em determinado momento à posição financeira e a
situação patrimonial da empresa, é recomendável ao gestor entender a
estrutura do balanço patrimonial de sua empresa.
O Balanço patrimonial é dividido em grupos de contas, que tem as
mesmas características, o que facilita a sua leitura, bem como sua
interpretação e análise. A Lei das Sociedades por Ações, inclusive para outros
tipos de sociedades, dispõem sobre a estrutura das contas do balanço aceita
em todo o País. Conforme o Prof. Edno Oliveira dos Santos, a respeito do
Balanço Patrimonial, podemos citar de sua obra o seguinte5: A estrutura do
balanço é composta de duas colunas. A coluna da esquerda corresponde ao
ativo. O passivo e o patrimônio líquido ficam na coluna da direita. Assim, o
balanço patrimonial contém a seguinte identidade:
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
No ativo, estão incluídos os bens (...) e os direitos da empresa,
representados pelos valores que a organização que ela tem a receber de
5 Edno Oliveira dos Santos (2001), Pg. 20, 21
15
terceiros. O ativo é composto de três subgrupos principais: ativo circulante,
ativo realizável a longo prazo e ativo permanente. Do ativo circulante constam
as disponibilidades financeiras(...), duplicatas, títulos a receber e estoques. No
ativo realizável a longo prazo, estão registrados os bens e direitos com
realização posterior ao encerramento do exercício seguinte.
O ativo permanente compõe-se de ativo imobilizado (bens móveis e
imóveis), investimentos (participações societárias) e diferido (despesas
referentes a resultados futuros). Três subgrupos compõem o passivo: passivo
circulante, passivo exigível a longo prazo e patrimônio líquido.
O passivo circulante abrange fornecedores, instituições financeiras,
salários, impostos e taxas a recolher. As exigibilidades futuras são lançadas no
passivo circulante quando seu vencimento ocorre no máximo até o
encerramento do exercício social seguinte. Do exigível a longo prazo constam
as obrigações com vencimento posterior ao encerramento do exercício social
seguinte.
Na composição do patrimônio líquido, incluímos o capital, as reservas e
os lucros suspensos. O valor do patrimônio líquido é igual ao total do ativo
subtraído do passivo exigível e, assim, indica o valor que efetivamente
pertence aos sócios da empresa.
O Prof. José Carlos Marion6, em sua obra Contabilidade Empresarial,
traz o seguinte resumo do balanço patrimonial:
6 José Carlos Marion(1997), Pg. 81
16
ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Circulante
(São contas que estão constantemente
em giro – em movimento – sendo que a
conversão em dinheiro será, no máximo,
no próximo exercício* social).
Realizável a Longo Prazo
(São Bens e Direitos, que se
transformarão em dinheiro após um ano*
do levantamento do Balanço)
Permanente
(São Bens e Direitos que não se destinam
a venda e têm vida útil, no caso de Bens,
longa).
- Investimentos
(São as inversões financeiras de caráter
permanenteque geram rendimentos e não
são necessários à manutenção da
atividade fundamental da empresa).
- Imobilizado
(São itens de natureza permanente que
serão utilizados para a manutenção da
atividade básica da empresa).
- Diferido
(São os gastos com serviços que
beneficiarão resultados de exercícios
futuros).
Circulante
(São obrigações exigíveis que serão
líquidas no próximo exercício social: nos
próximos 365* dias após o levantamento
do Balanço).
Exigível a Longo Prazo
(São as obrigações exigíveis que serão
líquidas com prazo superior a um ano* -
Dívidas a longo prazo).
Patrimônio Líquido
(São os recursos dos proprietários
aplicados na empresa. Os recursos
aplicados na empresa. Os recursos
significam o capital mais o seu rendimento
– Lucros e Reservas).
*Voltamos a insistir que, embora o conceito de Curto e Longo Prazo seja normalmente
com base em 365 dias, poderia ser diferente se o Ciclo Operacional da empresa ultrapassa um
ano. Neste caso, o curto e o Longo Prazo seriam baseados no Ciclo Operacional.
FIGURA-1
1.4. Indicadores Financeiros e Econômicos
17
Estes índices são relações que visam facilitar o trabalho de análise da
situação financeira e econômica da empresa, pois a visualização do resultado
de certas relações ou percentuais, se faz mais relevante que a apreciação de
montantes por si só.
São normalmente utilizados em avaliações externas a empresa.
Entretanto, poderão ser aplicados em avaliação da própria empresa,
principalmente, os índices que tratam de liquidez, para monitorar o
comportamento do capital de giro. Segue para visualização dos principais
indicadores a quadro abaixo, apresentado pelo Prof. Gerard7:
FIGURA-2
1.5. Equilíbrio Financeiro
7 Prof. Luciano R. Gerard (2006). Pg. 25
Estrutura de CapitalFÓRMULA 2000 2001 2002
Partic ipação de Capital de Terceiros
(PC + PELP)/(Patrim ônio
Líquido) ### ### #### < Composição do Endividamento PC/(PC + PELP) 49% 44% 60% < Imobilização do Patrimônio Líquido
AP/(Patrim ônio Líquido) ### ### 90% <
Imobilização dos Recursos não Correntes
(ARLP + AP)/(Patrim ônio Líqu ido + PELP) 68% 59% 87% <
Liquidez
Liquidez Geral(AC + ARLP)/(PC+
PELP) ## ## ### > Liquidez Corrente AC/PC
## ## ### > Liquidez Seca (AC - Estoques) / PC
## ## ### > Rentabilidade
Giro do Ativo Vendas Líquidas / A tivo 61% 72% #### >
Margem LíquidaLucro Líqu ido / Vendas
Líquidas ### ### 2,8% > Rentabilidade do Ativo Lucro Líquido / A tivo ### ### 3,4% > Rentabilidade do Patrimônio Líquido
Lucro Líqu ido / Patrim ônio Líqu ido ### ### #### >
MELHOR
18
Todas as empresas buscam obter níveis satisfatórios de capital de giro
objetivando garantir os sustento de suas atividades operacionais. Assim a
administração do capital de giro revelam-se em decisões sobre o curto prazo,
refletindo diretamente nos ativos e passivos circulantes.
O montante do capital de giro utilizado nas empresas comercial depende
do volume de suas vendas, de políticas de crédito e de níveis dos estoques
que precisam manter. Pois uma variação de um fator apenas, independente
dos outros pode causar uma expansão do capital de giro, podendo
dependendo da estratégia, ser necessário, ou a demonstração de uma
administração inadequada.
O aumento do capital de giro, advindo do aumento das vendas eleva
também o crescimento dos estoques e contas a receber, sendo considerado
um fato normal. Entretanto, quando existe um aumento de estoques, sem o
correspondente aumento das vendas, poderá estar ocorrendo uma inadequada
administração do capital de giro8.
Conforme Assaf Neto e Silva o equilíbrio financeiro de uma empresa é
verificado quando suas obrigações financeiras se encontram lastreadas em
ativos com prazos de conversão em caixa similares aos dos passivos. Em
outras palavras, o equilíbrio financeiro exige vinculação entre a liquidez dos
ativos e os desembolsos demandados pelos passivos9.
Discorrer sobre conceitos relacionados ao capital de giro, sem dúvida é
assunto extenso, não sendo esta a proposição deste capítulo. Entretanto,
foram apresentados alguns conceitos que embora de forma simples, são
bastante úteis à gestão do capital de giro, e sem os quais, não poderiam
passar-se ao próximo ponto.
8 Edno Oliveira dos Santos (2001), Pg. 23 9 Assaf Neto e Silva (2002), Pg. 24
20
ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Neste capítulo será dada ênfase a maiores detalhes da vida financeira
da empresa, através do estudo de ferramentas práticas para acompanhamento
dos recursos correntes, do cotidiano financeiro da empresa.
2.1. Ciclo operacional
O processo operacional de uma empresa comercial abrange toda a
seqüência que vai desde a compra das mercadorias, pagamento aos
fornecedores, estocagem, venda e o recebimento destas vendas. Todo o
intervalo de tempo gastos na execução de todas estas atividades é chamado
de ciclo operacional.
Conforme Assaf Neto e Silva10 é no entendimento deste processo que
se identifica, de forma natural e repetitiva, o ciclo operacional da empresa, que
se inicia na aquisição da matéria-prima para a produção – caso de uma
empresa industrial – e se finaliza no recebimento pela venda do produto final.
CICLO OPERACIONAL = 60 dias
Prazo de Pagamento = 15 dias Prazo de Recebimento = 15 dias
0 15 45 60
Compra da Pagamento Venda da Recebimento
Mercadoria da Compra Mercadoria de Vendas
Prazo de Estocagem = 45 dias
FIGURA-3
10 Assaf Neto e Silva (2002), Pg. 19
21
Prof Edno Santos11 relata que a duração de cada fase do ciclo
operacional tem influência sobre o volume de recursos financeiros consumidos
ou imobilizados na operação da empresa.
Os autores Assaf Neto e Silva12 são também da opinião que a soma
deste prazos operacionais indica o tempo médio decorrido desde a compra de
matéria-prima até o momento do recebimento do valor da venda. Quanto mais
longo se apresentar este período, maior será, evidentemente, a necessidade
de recursos para financiar o gira da empresa.
Mediante as definições podemos verificar que o ciclo operacional
representa o espaço de tempo em que não ocorrem entradas de recursos
financeiros, sendo necessário capital para financia-lo, isto porque, a entrada
de dinheiro só se dará mediante ao fim do prazo para recebimento da venda,
que se dá após a venda da mercadoria.
2.2. Ciclo financeiro
O ciclo financeiro representa o período de tempo em que a empresa
necessitará financiar suas atividades, isto é, período representado pelo
pagamento pela compra da mercadoria até o recebimento da venda da
mesma. Nas empresas comerciais o seu ciclo financeiro é definido pelo prazo
de estocagem, prazo de pagamento e recebimento.
Para o cálculo do ciclo financeiro das empresas, deve ser realizado com
o uso dos prazos médios de pagamento e de recebimento, devido a terem
prazos diferentes para pagamento de fornecedores bem como os
11 Edno Oliveira dos Santos (2001), Pg. 16 12 Assaf Neto e Silva (2002), Pg. 19
22
recebimentos de seus clientes. Conforme o Prof. Edno Santos13, o ciclo
financeiro (CF) de uma empresa, é calculado pela seguinte fórmula:
CF = PE + PR - PP
onde:
PP – prazo médio de pagamento a fornecedores
PE – prazo médio de fabricação/estocagem
PR – prazo médio de recebimento das vendas
Nas empresas comerciais deve ser considerado para o prazo médio de
estocagem o somente à idade média dos estoques, uma vez que não têm
processos de fabricação.
CICLO FINANCEIRO = 45 dias
Prazo de Pagamento = 15 dias Prazo de Recebimento = 15 dias
0 15 45 60
Compra da Pagamento Venda da Recebimento
Mercadoria da Compra Mercadoria de Vendas
Prazo de Estocagem = 45 dias
FIGURA-4
CF = PE+ PR – PP = 45+ 15 – 15 = 45 DIAS
2.3. Giro de caixa
O giro de caixa é um parâmetro utilizado para medir quantas vezes ao
longo do ano ocorre o revezamento do caixa da organização. Ele indica que
13 Edno Oliveira dos Santos (2001), Pg. 17
23
quanto menor for o ciclo financeiro, maior será o giro de caixa, sendo assim
desejável, que a empresa tenha alto giro de caixa, reduzindo as suas
necessidades de capital de giro.
Podemos perceber o desejo empresarial por esta dinâmica pela visão
de Assaf Neto e Silva14, quando nos revela que uma boa administração do
capital de giro envolve imprimir alta rotação (giro) ao circulante, tornando mais
dinâmico seu fluxo de operações. Este incremento de atividade no capital de
giro proporciona, de forma favorável à empresa, menor necessidade de
imobilização de capital no ativo circulante e conseqüente incentivo ao aumento
da rentabilidade. Considerando para efeito de cálculos 360 o número de dias
de um ano, termos o giro de caixa (GC) pela divisão entre 360 e o ciclo
financeiro (CF):
GC = 360 / CF
Utilizando-se os dados da ilustração apresentada no tópico do ciclo
financeiro podemos verificar que ao longo do ano o caixa se revezou vezes
GC = 360 / 45 = 8 vezes
2.4. Necessidades de Capital de Giro
O dimensionamento bem como a necessidade de investimentos em
capital de giro esta relacionada fundamentalmente com o volume de atividade
da empresa e seu ciclo financeiro, sendo, portanto definidos pelas
características de cada negócio.
14 Assaf Neto e Silva (2002), Pg. 19
24
Este passa ser um grande desafio para os gestores das empresas. As
decisões e medidas para eliminar impropriedades no dimensionamento,
estruturação e utilização do capital de giro, devem estar respaldadas em
perfeitas conclusões de análise financeira advindas de planejamento e efetivo
controle.
Para analisar as necessidades de capital de giro com base na
contabilidade da empresa, se torna necessário uma reclassificação do seu
balanço patrimonial, isto é, deverá ser feita uma redistribuição das contas em
grupos diferentes dos contemplados pela Lei das sociedades anônimas,
conforme mencionam os Professores Armando de Santi Filho & José Leônidas
Olinquevitch em sua obra Análise de Balanço para Controle Gerencial15.
Conforme o Prof. Edno Santos16, o cálculo será efetuado com apoio nos
seguintes parâmetros obtidos da reclassificação:
• Ativo permanente (Ap): realizável a longo prazo, investimento,
imobilizado e diferido – Itens de longo prazo do ativo.
• Ativo operacional (Ao) : estoques, duplicatas a receber e os
outros itens do ativo circulante que tem natureza permanente –
recursos utilizados nas operações que dependem da
características do seu ciclo operacional.
• Ativo Flutuante (Af): caixa, bancos e aplicações financeiras –
itens de curtíssimo prazo do ativo circulante e que não tem
vinculação direta com as operações.
• Passivo permanente (Pp): exigível a longo prazo e patrimônio
líquido – contas de longo prazo representando fonte permanente
de recursos.
15 Santi & Olinquevith (1989, Pg. 157
16 Edno Oliveira dos Santos (2001), Pg. 28
25
• Passivo operacional (Po): fornecedores, salários, encargos,
impostos e taxas - contas utilizados nas operações vinculadas ao
ciclo operacional.
• Passivo flutuante (Pf): empréstimos, financiamentos e outras
obrigações financeiras de curtíssimo prazo - itens de curtíssimo
prazo do passivo circulante e que não tem vinculação direta com
as operações.
Ø Necessidade de Capital de Giro (Ncg):
Ncg = Ao - Po
Ø Capital de Giro (Cg):
Cg = Pp – Ap
Ø Efeito Tesoura (Et):
Et = Cg - Ncg
O Efeito tesoura representa o valor do capital de giro que ultrapassa a
necessidade de capital de giro. Também poderá ser encontrado da seguinte
forma:
Et = Af – Pf
2.5 Capital de giro próprio, nulo e de terceiros:
As fontes de recursos, que são representadas pelo capital próprio e o
capital de terceiros, podem ser evidenciadas através do Balanço Patrimonial.
Pode-se identificar necessidades líquidas do capital de giro, através da análise
das fontes de recursos financeiros. Assim, o capital de giro de uma empresa,
este poderá se apresentar como uma de três situações possíveis, a saber:
26
a) Capital de giro nulo
Neste caso o Ativo Circulante aparece igual ao Passivo Circulante, isto é,
os bens e direitos correntes se apresentam na mesma proporão que as
obrigações correntes:
Aplicações de Recurso (ativo) = Fontes de Recursos (passivo)
• Nesta situação os itens duplicatas a receber, estoques, despesas
antecipadas e outras (aplicações) somam valores iguais à soma
de fornecedores, obrigações fiscais, obrigações trabalhistas e
outras (recursos).
b) Capital de giro próprio
Neste caso o Ativo Circulante se demonstra maior que o Passivo
Circulante, isto é, os bens e direitos correntes estão maiores que as
obrigações correntes:
Aplicações de Recurso (ativo) > Fontes de Recursos (passivo)
• Nesta situação os itens duplicatas a receber, estoques, despesas
antecipadas e outras (aplicações) somam valor maior que a soma
dos fornecedores, obrigações fiscais, obrigações trabalhistas e
outras (recursos).
c) Capital de giro de terceiros
Neste caso o Ativo Circulante aparece menor que o Passivo Circulante,
isto é, os bens e direitos correntes são menores que as obrigações correntes:
27
Aplicações de Recurso (ativo) < Fontes de Recursos (passivo)
• Nesta situação os itens duplicatas a receber, estoques, despesas
antecipadas e outras (aplicações) somam valores inferiores a
soma dos fornecedores, obrigações fiscais, obrigações
trabalhistas e outras (recursos).
2.6. Fatores que atuam sobre o capital de giro
No processo de planejamento e análise sobre o capital de giro, o gestor
deve levar em conta diversos fatores que afetam positivamente e
negativamente o capital de giro da empresa. Anélio Berti17 relata em sua obra
Análise do Capital de Giro – Teoria e Prática, os fatores que afetam o capital
de giro. Abaixo, segue os principais fatores, a saber:
A) Principais atividades que reduzem o capital de giro:
A.1) Prejuízos: Visto que o mesmo reduz o patrimônio liquido, tem como
reduzido também o capital de giro;
A.2) Aquisição de ativo permanente: Com a aquisição do bem imobilizado,
diminui a disponibilidade do capital de giro;
A.3) Distribuição de Lucros: Reduz o patrimônio líquido conseqüentemente
contribuindo para diminuição do capital de giro.
B) Principais atividades que aumentam o capital de giro
17 Anélio Berti (1999), Pg. 29
28
B.1) Depreciação: Sempre que a depreciação for maior que o prejuízo, o
resultado aumenta o capital de giro.
B.2) Venda de bens do ativo permanente: A venda de um bem imobilizado
aumenta a disponibilidade para capital de giro
2.7. Indicadores de liquidez
Estes índices são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento
da empresa, isto é, permitem prever a capacidade da organização liquidar
seus compromissos financeiros no vencimento, porque oferecem a
possibilidade da empresa verificar sua capacidade de controlar o seu capital de
giro no tamanho ótimo para realizar suas operações.
Esta avaliação poderá vislumbrar a capacidade em longo prazo, em
curto prazo ou num prazo imediato, fornecendo para todos os casos indicação
da capacidade da organização manter seu capital de giro em um volume
essencial para realizar suas operações. Existem vários índices de liquidez
financeira, mas neste trabalho será mostrado os que tem significado mais
relevante.
a) Liquidez corrente: Indica a capacidade da empresa liquidar seus
compromissos financeiros de curto prazo. Quanto maior o índice melhor a
situação financeira. Em geral considera-se satisfatório um índice maior que
um.
Índice de liquidez corrente= ativo circulante / passivo circulante
b) Liquidez Seca: Indica a capacidade da empresa liquidar seus
compromissos financeiros de curto prazo, considerando somente os seus
ativos de maior liquidez. Assim por se considerado de menor liquidez os
29
estoques são excluídos. Nem sempre um valor baixo é sintoma de situação
financeira apertada.
Índice de liquidez seca = ativo circulante – estoques / passivo circulante
c) Liquidez Geral: Mostra a capacidade de pagamento da empresa a longo
prazo, considerando o que se converterá em dinheiro tanto de curto quanto
longo prazo, e relacionado tudo o que foi assumido de dívida, também
considerando o curto e longo prazo.
Índice de liquidez geral = ativo circulante + realizável a longo prazo
passivo circulante + exigível de longo prazo
d) Liquidez Imediata: Mostra o quanto a empresa dispõem de forma imediata
para saldar suas dívidas de curto prazo.
Índice de liquidez Imediata = Disponível(Caixa+Bancos+Aplicações)
passivo circulante
A interpretação desses índices deverá ser feita analisando sua evolução
ao longo do tempo dentro da própria empresa. Deverá ser observado também
o seguinte:
• Associar os índices entre si, não os considerando
individualmente;
• Tentar comparar os índices encontrados com os de outras
empresas do mesmo ramo de atividade.
Este capítulo proporcionou uma analise de algumas ferramentas
práticas para acompanhar a situação do capital de giro durante o cotidiano
financeiro da empresa. Todas elas estão intrinsecamente relacionadas ao
tratamento de análise e planejamento na administração do capital de giro,
objetivando a contribuição para a prevenção de problemas de capital de giro.
30
CAPÍTULO III
GERENCIAMENTO DOS GRUPOS QUE INFLUENCIAM O
CAPITAL DE GIRO
Neste capítulo serão apresentados os grupos importantes do capital de
giro e os procedimentos operacionais pelos quais os gestores devem modelar
ou remodelar a sua gerência buscando como alvo a melhoria do nível de
liquidez na empresa.
3.1 Gestão do Caixa
Segundo o Prof. Edno Oliveira dos Santos18 – A administração de caixa
numa empresa abrange as atividades de planejamento e controle das
disponibilidades financeiras que é a parcela do ativo circulante representada
pelos depósitos nas contas correntes bancárias e aplicações financeira de
liquidez imediata.
Para Marion19, verificar o comportamento do caixa é de fundamental
importância para a empresa, pois além de indicar a origem de todo dinheiro
que entrou no Caixa e a aplicação de todo o dinheiro que saiu, ainda
demonstra resultado do fluxo financeiro.
18 Edno Oliveira dos Santos (2001), Pg. 56 19 José Carlso Marion(1997), Pg. 380
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Todas as operações financeiras da empresa estão relacionadas à
administração do caixa que por sua vez passa ser de suma responsabilidade
dos gestores que tem influencias ou são responsáveis pela administração do
capital de giro.
Devido à distinção que existe entre geração de caixa e geração de lucro,
as informações que a contabilidade da empresa se tornam insuficientes para
fazer nítida esta distinção. Uma outra deficiência da contabilidade, quanto a
administração financeira, é que aquela não precisa apurar resultados muito
curtos, dificultando o trabalho do gestor que precisa ter uma posição da
situação financeira diária.
Na administração do caixa os gestores deverão procurar então produzir
tais informações e dados sobre o disponível na organização. Desta forma, o
fluxo de caixa, se torna um instrumento que oferece basicamente as
informações necessárias para a uma efetiva administração financeira.
3.1.1. Planejamento de caixa
Para o Prof. Edno Oliveira dos Santos a administração de caixa, começa
com o planejamento de caixa, que é a atividade que consiste em estimar a
evolução de caixa da empresa20.
Conforme o Prof. Leonardo Toscano21, um bom planejamento de caixa
consegue antecipar faltas e sobras de caixa no futuro, para que se possam
minimizar as surpresas.
O Planejamento de caixa deve ser imprescindível para qualquer
empresa, tanto em situação financeira equilibradas quanto com dificuldades
20 Edno Oliveira dos Santos (2001), Pg. 57 21 Leonordo Toscano(1999), Pg. 118
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nesta área. De outra forma, também deve ser operado tanto em pequenas
quanto médias empresas.
Mediante esta necessidade a todo o tipo de empresas, o fluxo de caixa,
será o instrumento de planejamento que buscará fornecer as estimativas da
situação do caixa para o futuro22.
3.1.1.1. Fluxo de caixa
Conforme Assaf Neto e Silva23 - conceitualmente, o fluxo de caixa é um
instrumento que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos
monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo.
O Prof. Edno Oliveira dos Santos, aponta as diversas finalidades do
fluxo de caixa a saber24:
- informar a capacidade que a empresa tem para liquidar seus
compromissos financeiros a curto e longo prazo;
- planejar a contratação de empréstimos e financiamentos;
- maximizar o rendimento das aplicações das sobras de caixa;
- avaliar o impacto financeiro de variações de custos; e,
- avaliar o impacto financeiro de aumento das vendas.
Uma eficiente gestão do caixa requer que o seu fluxo seja gerido
racionalmente, procurando administrar eficientemente os recursos presentes, e
buscando de forma provisional, preocupar-se com os recursos futuros.
Assim, Assaf Neto e Silva25 menciona, que é nesse contexto que se destaca
o fluxo de caixa como um instrumento que possibilita o planejamento e o
22 Edno Oliveira dos Santos (2001), Pg. 57 23 Assaf Neto e Silva (2002), Pg. 39 24 Edno Oliveira dos Santos (2001), Pg. 57 25 Assaf Neto e Silva (2002), Pg. 39
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controle dos recursos financeiros da empresa. Gerencialmente, é indispensável
ainda em todo o processo de tomada de decisões financeiras.
Prof. Edno Oliveira dos Santos, em sua obra Administração Financeira
da Pequena e Média Empresa, apresenta um modelo de um fluxo de caixa de
curto prazo, com um prazo de cobertura para 30 dias corridos e período de
informação diário, como demonstrado abaixo26:
Elementos Dias
1. Entradas de caixa 04/01 05/0
1
... 03/0
2
04/02
Recebimento de vendas a vista
Recebimento de vendas faturadas
Recebimento de Vendas com cartão de
crédito
Recebimento de vendas pelo crediário
Operações de crédito
Resgate de aplicações financeiras
Juros de aplicações financeiras
Recebimento de aluguéis
Aporte de capital
Outras entradas de caixa
1.1 Total das entradas
2. Saídas de caixa
Fornecedores
Prestadores de Serviços
Folha de pagamento
Encargos sociais
Impostos
26 Edno Oliveira dos Santos (2001), Pg. 62
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Antecipação de pagamentos
Juros de financiamentos
Pagamento de principal
Despesas bancárias
Pagamento de aluguel
Água, luz, gás, telefone e internet
Realização de aplicações financeiras
Outras saídas
2.1 Total das saídas
3. Saldo de caixa gerado (1.1 – 2.1)
4. Saldo inicial de caixa
5. Saldo inicial de aplicação financeira
diária
6. Aplicação ou resgate
7. Saldo inicial de permanência em
bancos
8. Variação da permanência em bancos
9. Saldo final de aplicações diárias (5+6)
10. Saldo final de permanência em
bancos (7+8)
Saldo final de caixa ( 4 + 9 + 10)
FIGURA-5
O fluxo de caixa recebe dados financeiros de todos os departamentos
da empresa. Na maioria das vezes a gestão do caixa tem que fazer projeções
com base em dados presentes e relacionados a passado. De certa forma, as
principais informações para o fluxo de caixa são os seguintes:
- projeções de receita de vendas
- projeções de recebimentos de cobrança
- projeções de aquisições(mercadorias e serviços)
- projeções de despesas(administração, pessoal, comercial etc)
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- despesas financeiras.
O sincronismo entre entradas e saídas de caixa, em sua maioria é muito
precário, sofrendo influencia de vários fatores como estoques ociosos, contas
a receber em atraso, entre outros, se tornando disfunções que impedem o
perfeito sincronismo. Assim, ações de controle financeiro se torna a base da
gerencia do caixa envolvendo todos as áreas da empresa, que utilizam e
geram informações no fluxo financeiro.
3.2. Gestão de Contas a Receber
Sendo um componente significativo do capital de giro os valores a
receber, que são provenientes das vendas a prazo necessita de uma boa
administração, que se traduz em um bom planejamento e controle, para que se
alcancem resultados efetivos. Segundo Prof. Edno Santos27 - A formulação da
política de crédito e o acompanhamento de seus resultados são as funções
típicas de planejamento e controle de contas a receber.
Com objetivo de incrementar as suas vendas as empresas efetuam
vendas concedendo aos clientes créditos a partir de uma política de concessão
de crédito, que traz em si custos e riscos, que precisam ser geridas
racionalmente. Assim o gestor deverá manter controle permanente do volume
com o objetivo de evitar políticas muito flexíveis comprometendo a saúde
financeira da empresa.
Segundo Assaf Neto e Silva28 – Na política de crédito, estarão os
elementos fundamentais para a concessão, a monitoria e a cobrança do
crédito. Ainda segundo Assaf Neto e Silva, são quatro os elementos que
deverão compor a política de crédito29:
27 Edno Oliveira dos Santos (2001), Pg. 36 28 Assaf Neto e Silva (2002), Pg. 108 29 Assaf Neto e Silva (2002), Pg. 109 a 111
36
• padrão – requisitos mínimos para que seja concedido o crédito ao
cliente.
• prazo – tem sua fixação ligada a diversos fatores tais como
restrições legais, quantidades de vezes que o cliente compra a
prazo entre outros.
• desconto – redução no preço quando da efetuação do
pagamento, como por exemplo em menor prazo.
• cobrança – estratégia para o recebimento do crédito.
Hoje o gestor quando traçar a sua política de crédito deverá levar em
consideração a venda por cartão de crédito, devido a segurança e facilidade
que este oferece, na busca de incrementar as suas vendas
3.3. Gestão de Estoques
A administração dos estoques tem uma importância expressiva para os
resultados da empresa. Os estoques devem ser mensurados, visando os níveis
de venda das mercadorias, condições de fornecimento e do capital de giro,
conforme Roberto Assef30.
Para cada tipo de estoque existem características intrínsecas tais como,
grau de liquidez , obsolescência entre outras. Uma gestão racional deve
considear volume, giro e rentabilidade. Assim para uma adequada
administração dos estoques, deve buscar meios para proporcionar giros
elevados, pois a cada giro, parte do preço da venda da mercadoria permanece
na empresa incrementando o capital de giro.
Uma boa ferramenta no auxílio a gestão de estoques são os sistemas
para tal. E de acordo com o modo que opera a empresa deverá buscar o
30 Roberto Assef (1999), Pg. 10
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melhor que se ajuste as suas necessidades. Entretanto, bons sistemas com
grau de eficiência devem:
• manter o estoque em níveis ótimos
• determinar as quantidades econômicas
• agilizar a movimentação das mercadorias
• reduzir a contração do estoque
Uma outra alternativa na administração de estoques são a utilização de
técnicas tais como “kanban”, “just-in-time”, “Lote Econômico de Compra” e
“Dimensionamento do Estoque Mínimo”.
Por fim as mensurações adequadas dos níveis de estoques estão
relacionadas diretamente com a capacidade financeira e ao potencial de
vendas da empresa, buscando manter a coerência, os níveis, o giro e a
rentabilidade dos estoques, sobre uma analise periódica.
Este capítulo enfocou os alguns dos aspectos administrativos relativo as
contas que influenciam no capital de giro de uma empresa, buscando atentar
os gestores para algumas técnicas e instrumentos administrativos e de controle
que devem ser implantados nas empresas de acordo com as necessidades de
cada negócio.
38
CONCLUSÃO
O bem suceder nos negócios empresariais requer cada vez mais a
utilização de práticas financeiras e procedimentos apropriados, isto sem falar
em processos eficazes. A administração financeira das pequenas e médias
empresas comerciais até a alguns anos não tinha muito destaque na gestão
desses negócios fazendo parte da administração geral da organização.
Entretanto, esta situação não é mais a mesma, devido a grandes exigências
dos processos financeiros devido à complexidade de nossa economia e
expansão dos mercados.
Mediante pesquisa bibliográfica que abordou aspectos administrativos
e financeiros na gestão do capital de giro, o estudo buscou como objetivo
principal, a análise de algumas técnicas e instrumentos práticos de finanças,
que devem ser utilizados para buscar a máxima eficiência no gerenciamento e
a eficácia da utilização dos recursos voltados ao capital de giro.
Desta maneira, esperamos ter contribuído no auxilio a gestores de
pequenos e médios negócios comerciais na busca da sobrevivência na
competição acirrada do dia-a-dia, e que conhecimentos específicos de
finanças, principalmente sob a ótica de planejamento e controle, referentes ao
capital de giro, que ligado estreitamente a liquidez da empresa, é de vital
importância para sua continuidade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS
ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do
Capital de Giro. 3ed. São Paulo: Atlas, 2002.
ASSEAF, Roberto. Guia Prático de administração financeira: pequenas e
médias empresas. 2ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
BERTI, Anélio. Análise do Capital de Giro – Teoria e Prática. São Paulo:
Ícone, 1999.
GERARD, Luciano R. Análise das Demonstrações Contábeis. Rio de
Janeiro: A Vez do Mestre, 2006.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 6ed. São Paulo: Atlas,
1997.
PEREIRA, Heitor José. Criando seu próprio negócio: como desenvolver o
potencial empreendedor. Coordenação de Heitor José Pereira e Silvio
aparecido dos Santos. Brasília: SEBRAE, 1995.
SANTI, Armando de Filho; Olinquevitch, José Leônidas. Análise de Balanço
para controle Gerencial. 2ed. São Paulo: Atlas, 1989.
SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração financeira da pequena e média
empresa. São Paulo: Atlas, 2001.
TOSCANO, Leonardo; Vários autores. Laboratório de finanças: aprenda
com alguns dos melhores profissionais do mercado como aplicar a teoria
de finanças no dia-a-dia das organizações. São Paulo: Nobel, 1999.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10 CONCEITOS SOBRE GESTÃO DE CAPITAL DE GIRO 10 1.1. Gerência do capital de giro 10 1.2. Terminologia do Capital de Giro 11 1.3. Balanço Patrimonial 13 1.4. Índices Financeiros 16 1.5. Equilíbrio Financeiro 17 CAPÍTULO II 19 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO 19 2.1. Ciclo operacional 19 2.2. Ciclo financeiro 20 2.3. Giro de Caixa 21 2.4. Necessidades de Capital de Giro 22 2.5. Capital de giro próprio, nulo e de terceiros 24 2.6. Fatores que atuam sobre o capital de giro 26 2.7. Indicadores de liquidez 27
41
CAPÍTULO III 29 GERENCIAMENTO DOS GRUPOS QUE INFLUENCIAM O CAPITAL DE GIRO 29
3.1 Gestão do Caixa 29 3.1.1. Planejamento de caixa 30 3.1.1.1. Fluxo de caixa 31 3.2 Gestão de Contas a Receber 34 3.3. Gestão de Estoques 35
CONCLUSÃO 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38
ÍNDICE 39
ÍNDICE DE FIGURAS 41
42
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1 – Resumo do Balanço Patrimonial 15
FIGURA 2 – Quadro de indicadores Financeiros 16
FIGURA 3 – Ciclo Operacional 19
FIGURA 4 – Ciclo Financeiro 21
FIGURA 5 – Exemplo de Fluxo de Caixa 32