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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ- REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A ‘VEZ DO MESTRE’ A UTILIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA VISUAL ADQUIRIDA (DOS 6 AOS 12 ANOS ) SABRINA NUNES DE SOUZA Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Psicomotricidade. RIO DE JANEIRO FEVEREIRO DE 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A ‘VEZ DO MESTRE’

A UTILIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA VISUAL ADQUIRIDA

(DOS 6 AOS 12 ANOS )

SABRINA NUNES DE SOUZA

Monografia apresentada como

requisito parcial para obtenção do Grau

de Especialista em Psicomotricidade.

RIO DE JANEIRO

FEVEREIRO DE 2003

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‘’Dedico este trabalho a meus pais ( Sandra e Marcos ) e ao meu

noivo ( Eduardo ), que sempre me deram ajuda e incentivo para meu

crescimento emocional e profissional.’’

Com muito amor e gratidão,

Sabrina .

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‘’A criança é um casulo, apenas . E não há entomologia que possa

dizer, pelo aspecto exterior desse casulo, as cores do inseto que

palpita lá dentro .’’

Humberto de campos ( 1886-1934 )

Memórias, Prefácio .

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SUMÁRIO

Introdução

I ) Capítulo I – Caracterização da deficiência visual ------------------------------------07

1.1-Conceito

1.2-Classificação

1.3-olho e a sua visão

1.4-A visão

1.5-Etiologia

II ) Capítulo II – O que é psicomotricidade ------------------------------------------------12

2.1-- Os fundamentos da aprendizagem psicomotora

2.2-- A psicomotricidade no desenvolvimento da criança

2.3-- Elementos básicos das atividades psicomotoras

III ) Capítulo III – A importância da psicomotricidade no portador deficiência

visual ------------------------------------------------------------------------------------------------18

IV ) Capítulo IV – A importância da visão --------------------------------------------------19

V ) Capítulo V – A criança portadora de deficiência visual adquirida --------------20

VI ) Capítulo VI – A importância das AVD’S na educação e reabilitação nas

crianças portadoras de deficiência visual --------------------------------------------------27

VII ) Capítulo VII – A assistência fisioterápica a criança portadora de deficiência

visual ------------------------------------------------------------------------------------------------29

VIII ) Capítulo VIII – Algumas atividades lúdicas aplicadas em crianças

portadoras de deficiência visual ------------------------------------------------------------32

Conclusão

Referências bibliográficas

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INTRODUÇÃO

Este trabalho foi elaborado com a pretensão de abordar,

especificamente, a problemática do portador da deficiência visual, considerando

suas possibilidades de participação ativa no meio social. Visa fornecer

conhecimentos e despertar nas pessoas atenção e interesse sobre os portadores

de deficiência visual. Todos precisam saber, que eles apresentam condições de

se realizar socialmente. Isso é sempre possível quando esses deficientes têm a

oportunidade de mostrar suas potencialidades.

A comunidade em geral, e mesmo a família em particular, nem

sempre tem o esclarecimento necessário para uma atividade apropriada para

com as pessoas cegas ou de visão sub-normal. Essas, geralmente, são

prejudicadas pôr super proteção, segregação, descrença ou valorização

exageradas de suas reais possibilidades, criando condições desfavoráveis para

seu ajustamento e integração no meio social.

Os temas desenvolvidos nesse trabalho, irão informar conhecimentos

básicos sobre a deficiência visual, e proporcionar ao deficiente visual condições

para que, dentro de suas potencialidades, possam formar hábitos de auto-

suficiência que lhes permitam participar ativamente do ambiente em que vivem,

através de atividades psicomotoras.

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RESUMO

Esta monografia aborda um tema que foi escolhido para chamar a atenção do

mundo para a problemática das crianças portadoras de deficiência visual .Não

só as dificuldades enfrentadas pela falta de visão ,mas também pelas

dificuldades das pessoas mal informadas pelo assunto .Nela aborda-se a

explicação dos vários tipos de cegueira e como podemos tratar dela para que

essas crianças possam Ter uma vida ‘’normal’’ através da psicomotricidade

.Explica também a psicomotricidade para que os leitores desta monografia

possam entender do que se trata .Junto os dois tópicos e surge a formação de

atividades lúdicas para uma melhora de vida para essas crianças portadoras de

deficiência visual , para que estas possam Ter suas vidas felizes e fazerem suas

atividades diárias e em sociedade o mais independente da ajuda de outras

pessoas. . .

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CAPÍTULO I

Caracterização da deficiência visual

1.1)Conceito

A deficiência visual se caracteriza pela incapacidade total ou parcial

de seus portadores utilizarem o sentido da visão nas atividades normais da vida

e pela capacidade de superarem sua deficiência, valendo-se dos sentidos

remanescentes.

A cegueira pode ser congênita ou adquirida. Diz-se que a cegueira é

congênita ou precoce, quando a perda de visão ocorre no período compreendido

do nascimento à idade de 5 ou 6 anos. Já a adquirida, é quando ocorre a perda

da visão a partir dos 7 anos de idade. Nesse caso, as pessoas cegas são

capazes de se recordar das experiências visuais anteriores à perda da visão:

fatos, imagens, ambientes ,etc.

Temos que ter a distinção entre dois aspectos que marcam os que são

atingidos pôr distúrbios sensoriais ou físicos : a incapacidade ou deficiência

propriamente dita.

A incapacidade refere-se à condição peculiar e uma pessoa, sendo

determinada e descrita através de uma avaliação médica. Já a deficiência refere-

se às naturais limitações que impedem ou dificultam a pessoa incapacitada à

realização plena de suas atividades.

Então, a incapacidade visual determina uma deficiência que deve ser

considerada, apenas, como fator que restringe e limita certas ações humanas,

mas que, nem pôr isso, impede a realização de um grande número de atividades

que garantem ao deficiente de visão, a sua independência e auto realização

como membro participantes de suas atividades.

1.2) Classificação

Os deficientes visuais são freqüentemente classificados em dois

grupos: pessoas cegas e pessoas de visão Sub normal. Essa classificação pode

ser determinada através de dois conceitos: médico e educacional.

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O conceito médico toma como base duas características: a acuidade

visual e / ou limitação do campo de visão.

Sob o ponto de vista médico: - As pessoas cegas são aquelas que se encontram

em uma das seguintes situações: acuidade visual do melhor dos seus olhos,

após correção, seja menor que 1/10 ( um décimo) da visão considerada normal

ou campo de visão do melhor dos seus olhos, com diâmetro correspondendo a

um arco máximo de 20 graus. Dentro dessas características, uma pessoa pode

ter visão residual, ou seja, um grau máximo de acuidade de visão.

Já as pessoas de visão sub-normal, também chamadas de

amblíopedes ou de visão reduzida, são aquelas que têm acuidade visual dentro

dos limites de 1/10 ( um décimo) e 3/10 ( três décimos) considerada normal.

Sendo assim, elas apresentam uma acuidade de visão superior a 1/10 ( um

décimo) e igual ou menor que 3/10 ( três décimos) de visão considerada normal.

Sob o ponto de vista educativo: - É considerada uma pessoa cega

aquela que apresenta perda total da visão ou baixa visão residual, em tal grau

que, necessite do método Braille como meio de leitura / escrita e / ou de outros

métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para suas educação.

Já as pessoas com visão sub-normal, são aquelas que, embora com

distúrbios de visão, possuem resíduos visuais, em tal grau, que lhe permitam ler

textos impressos em tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e

equipamentos especiais para sua educação.

Em síntese, os portadores de cegueira, classificados nos dois grupos,

quer pôr qualquer um dos conceitos citados acima, são todos que não podem

desempenhar uma profissão ou uma tarefa de modo satisfatório, para cuja

execução seja imprescindível o emprego de recursos visuais.

1.3 ) O olho e sua visão

Os olhos são órgãos responsáveis pela visão.

Temos dois globos oculares, onde cada um apresenta uma parede

formada pôr três membranas. São elas: esclerótica, coróide e retina.

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A esclerótica é a membrana mais externa, de cor branca e opaca, e

que te, como função a proteção do globo ocular. Na parte da esclerótica,

apresenta-se uma saliência transparente que recebe o nome de córnea.

Anteriormente a córnea, temos a conjuntiva, que é uma camada de proteção

delgada e transparente, e posteriormente temos um orifício pôr onde o nervo

óptico penetra no globo ocular.

A córnea permite a chegada dos raios luminosos a retina. É

responsável pela sensibilidade à corpos estranhos e filtra os raios ultra violeta.

Já a conjuntiva, contém glândulas especiais para a produção de lágrimas e

também reveste a face interna das pálpebras.

A coróide, localizada sob a esclerótica, é muito rica em vasos

sangüíneos, e o sangue que circula nessa membrana nutre as células do olho.

Como a esclerótica, a coróide também apresenta um orifício pôr onde passa o

nervo óptico.

Anteriormente à coróide, tem um orifício circular, a pupila. Essa, é

rodeada pela faixa circular da coróide, que é denominada íris, que pode ser:

azul, castanha ou verde. É pela pupila que ocorre a entrada de luz e a íris

funciona como um diafragma regulável, ou seja, ela ajusta o tamanho da pupila,

permitindo a entrada de mais ou menos luz nos olhos: - sob a luz forte, a pupila

diminui, enquanto que, na penumbra ela se dilata. Isso ocorre devido à ação de

dois músculos: o dilatador da pupila e o esfíncter da pupila.

A retina é a camada mais interna e sensível do globo ocular. É

formada pôr um prolongamento do nervo óptico, que se insere no cérebro e

penetra no olho, atravessando a esclerótica e a coróide. Sua função é focalizar a

luz proveniente dos objetos para que possamos enxergar.

A parte mais importante da retina é a fóvea. Na fóvea a visão tem a

máxima nitidez, que ocorre pela ação de seus foto receptores - os cones e

bastonetes. Existe também o nervo óptico ponto cego, onde não há percepção e

é exatamente o ponto no qual sofre expansão para formar a retina.

O interior dos olhos é formado pôr três elementos: cristalino, humor

aquoso e humor vítreo.

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O cristalino, é uma espécie de lente biconvexa, vascular, incolor e

quase totalmente transparente, situado atrás da íris. Sua função é dar nitidez e

foco à imagem luminosa, projetando-a sobre a retina.

O humor aquoso, localiza-se anteriormente ao cristalino, isto é,

preenche o espaço entre a córnea e o cristalino, e é produzido pelo corpo ciliar.

O humor vítreo é uma espécie de gelatina que preenche todo globo

ocular desde a face posterior do cristalino até a retina. Tem papel importante na

transparência e na forma do olho.

Existem também, os anexos do globo ocular. São eles: cílios,

pálpebras, sobrancelhas, glândulas lacrimais e músculos oculares.

As pálpebras são duas dobras de pele revestidas internamente pela

conjuntiva (como já foi dito anteriormente) e servem para proteger os olhos e

espalhar sobre eles o líquido que conhecemos como lágrima.

Os cílios impedem a entrada de poeira nos olhos.

As sobrancelhas impedem a descida do suor da testa para o interior

dos olhos.

As glândulas lacrimais produzem lágrimas, que lavam e lubrificam os

olhos.

E pôr fim, temos os músculos que são responsáveis pela

movimentação do globo ocular. São eles:

1) Músculo reto superior = elevação do globo ocular

2) Músculo reto inferior = depressão do globo ocular

3) Músculo reto lateral = abdução do globo ocular

4) Músculo reto medial = adução do globo ocular

5) Músculo oblíquo superior = move o globo ocular para baixo e para dentro.

(Músculo de leitura)

6) Músculo oblíquo inferior = move o globo ocular para cima e para dentro.

1.4 ) A visão

Os raios luminosos atravessam a córnea, o cristalino, o humor aquoso

e o humor vítreo até atingirem a retina. Esses raios luminosos, provenientes de

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objetos, são focalizados na retina, que estimulará seus fotorreceptores: os cones

e os bastonetes. Os cones são responsáveis pela visão de cores e os bastonetes

pelo preto e branco.

A retina, então, formará uma imagem invertida, que será transmitida

através de impulsos nervosos, pelo nervo óptico, até o cérebro. Esta irá

interpretar e permitir ver os objetos nas posições em que realmente se

encontram, ou seja, nosso cérebro reúne os impulsos nervosos em uma só

imagem.

A capacidade do aparelho visual humano perceber os relevos, deve-

se ao fato de serem diferentes às imagens que cada olho enviará ao cérebro.

Com somente um dos olhos, temos a noção de largura e altura, já com os dois,

passamos a ter noção de terceira dimensão e da profundidade .

1.5 ) Etiologia

Algumas das etiologias mais comuns são:

- Blenorragia ou gonorréia;

- Sífilis;

- Casamento consangüíneo;

- Tracoma ( conjuntivite virótica );

- Oncocercose ( causada pôr um parasita ) ;

- Glaucoma;

- Catarata ( opacidade do cristalino );

- Hanseníase ( lepra );

- Diabetes;

- Xeroftalmia ( carência de vitamina A );

- Sarampo ;

- Acidentes de trabalho ;

- Varíola ;

- Escarlatina;

- Tifo .

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CAPÍTULO II

O que é Psicomotricidade

A psicomotricidade consiste na unidade dinâmica das atividades , dos

gestos ,das atitudes e posturas ,enquanto sistema expressivo ,realizador e

representativo do ‘’ser em ação’’ e da ‘’coexistência com outrem’’.( Jacques

Chazaud).

A psicomotricidade envolve toda a ação realizada pelo indivíduo ,que

represente suas necessidades e permitem sua relação com os demais .É a

integração psiquismotricidade .

De uma maneira estática ,a motricidade pode ser definida como o

resultado da ação do sistema nervoso sobre a musculatura , como resposta é a

estimulação sensorial .

Psiquismo poderia ser considerado como conjunto de sensações,

percepções ,imagens ,pensamentos ,afetos ,etc .

A mobilidade deve ser compreendida em sua evolução ,a partir dos

movimentos reflexos e incoordenados que tem finalidade e os gestos ,de valor

simbólico .

A função psicomotora ,no entanto ,não pode ser estudada senão como

uma unidade onde se integram a incitação , a preparação ,a organização

temporal , a memória ,a motivação ,a atenção ,etc .

Cada elemento da motricidade deve ser considerada no conjunto e na

história que lhe dá significado .

A psicomotricidade deve ser compreendida em sua integridade

,partindo de fenômenos que envolvem o desejar e o querer .

Resumidamente o que iremos abordar dentro da psicomotricidade é:

1) A formação do eu da personalidade da criança, isto é, o desenvolvimento do

esquema corporal, através do qual a criança toma consciência de seu corpo

e das possibilidades de expressar-se por meio desse corpo;

2) A criança percebe que seus membros não reagem da mesma forma, como

por exemplo, ela pode pular com o pé esquerdo mas não com o direito. Isso

sedá à dominância lateral, daí o estudo da lateralidade;

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3) A maneira como a criança se localiza no espaço que a circunda e como

situa as coisas, umas em relação as outras, isso é a estruturação espacial.

E como exemplo: Eu estou em cima da cadeira e a bola está embaixo

da cadeira;

4) Temos a orientação corporal que diz respeito à maneira que a criança

se situa no tempo. Exemplo: ontem, amanhã,

5) E, por último, como a criança se expressa também através do desenho,e

completa-se o estudo com o domínio progressivo do desenho e do grafismo.

2.1) Os fundamentos da aprendizagem psicomotora

A educação psicomotora é uma técnica.

Como utilizá-la para que uma criança adquira noção de esquema

corporal ou uma outra noção indispensável a seu desenvolvimento ?

- Iremos usar os mesmos caminhos da aprendizagem natural, etapa por etapa.

- Primeiro, usaremos os exercícios motores, isto é, exercícios em que o

corpo se desloca e o sujeito percebe as diferentes noções de maneira interna.

Depois, através de exercícios sensório motores, em virtude dos quais a

manipulação de objetos possibilita a percepção de diversas noções.

Evidentemente, o tato é muito importante. E finalmente, através de exercícios

perceptomotores, em que as manipulações são mais sutis e a percepção visual,

muito importante ,domina as outras partes.

2.2) A psicomotricidade no desenvolvimento da criança

O movimento ,assim como os exercícios é de fundamental importância

no desenvolvimento físico ,intelectual e emocional da criança. Estimula a

respiração e a circulação ,de modo que ,nutre as células e promove a eliminação

de detritos celulares .

Graças ao exercício são fortalecidos os músculos e os ossos .

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O movimento permite à criança explorar o mundo exterior através de

experiências concretas , sobre as quais são construídas as noções básicas para

o desenvolvimento intelectual

É a exploração que desenvolve na criança a consciência de si

mesmo e do mundo exterior .

O desenvolvimento é contínuo .A criança se desenvolve de maneira

contínua , desde os primeiros dias de vida .

A harmonia do desenvolvimento com todos os seus componentes é

tão importante quanto a aquisição de tantas performances numa determinada

idade ,ou de tantos centímetros .Não se trata para a criança de realizar uma

corrida de obstáculos , o mais rapidamente possível ,mas desenvolver seu corpo

e sua mente de maneira equilibrada .Entretanto ,no momento em que certas

aquisições , tais como a linguagem ,por exemplo,se desenvolvem rapidamente

,os progressos em outras áreas se estacionam : é preciso compreender que a

criança não pode centrar seus esforços em todos os setores ao mesmo tempo .

Cada criança é única .O esquema do desenvolvimento é comum a

todas as crianças ,mas as diferenças de caráter ,as possibilidades físicas ,o meio

e o ambiente familiar explicam que com a mesma idade crianças perfeitamente

‘’normais’’ possam comportar-se de maneiras diferentes ; o bebê que anda com

11 meses não está mais perto do normal que aquele que anda com 16 meses .A

criança que progrediu inicialmente muito rápido vai reduzir o ritmo de suas

aquisições e vai ser alcançada por aquela criança que parecia ‘’atrasada’’

alguns meses antes.

Desta maneira , julgar um bom desenvolvimento de uma criança é

muito mais complexo do que parece : não é suficiente apreciar ,baseado num

manual a conformidade ou não de referenciais indicados ,é preciso ter em vista o

conjunto da criança e de suas condições de vida familiar e não se preocupar com

uma anomalia isolada .

A criança se sentirá bem a medida em que seu corpo lhe

obedece, em que o conhece bem, em que pode utilizá-lo não somente para

movimentar-se mas também para agir.

‘’(Wallon H., Évolution psychologique de enfant, Collin, Paris, 1968. )’’

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2.3) Elementos básicos das atividades psicomotoras

-Coordenação Motora

a) coordenação motora global ou ampla :

A coordenação motora global diz respeito à atividade dos

grandes músculos . Através da movimentação e da experimentação , o indivíduo

procura seu eixo corporal ,vai se adaptando e buscando um equilíbrio cada vez

melhor . Consequentemente ,vai coordenando seus movimentos ,vai se

conscientizando de seu corpo a das suas posturas . Quanto maior o equilíbrio

,mais econômica será a atividade do sujeito e mais coordenadas serão as suas

ações .

Quanto maior o equilíbrio ,mais econômica será a atividade do

sujeito e mais coordenadas serão suas ações .

Diversas atividades levam à conscientização global do corpo

,como andar ,que é um ato neuromuscular que requer equilíbrio e coordenação ;

correr que requer ,além destes resistência e força muscular; e outras como

saltar ,rolar ,pular ,arrastar-se ,nadar ,sentar, lançar ,pegar ,etc .

b)coordenação motora fina e óculo-manual

A coordenação motora fina diz respeito ã habilidade e destreza

manual e constitui um aspecto particular da coordenação motora global .

É necessário que haja também um controle ocular ,isto é,a

visão acompanhando os gestos da mão .Chamamos a isto de coordenação

óculo-manual ou viso-motora .Esta coordenação é essencial para a escrita .

c)esquema corporal

O corpo é uma forma de expressão da individualidade .A

criança percebe-se e percebe as coisas que a cercam em função de seu próprio

corpo .Isto significa que ,conhecendo-o ,terá maior habilidade para se diferenciar

,para sentir diferenças .

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O desenvolvimento de uma criança é o resultado da interação

do seu corpo com os objetos de seu meio ,com as pessoas com quem convive e

com omundo onde estabelece ligações afetivas e emocionais .

O corpo ,portanto , é sua maneira de ser .É através dele que

estabelece contato com as entidades do mundo ,que se engaja no mundo ,que

compreende os outros .

d) lateralidade

A lateralidade é a propensão que o ser humano possui de

utilizar preferencialmente mais um lado do corpo do que o outro em três níveis:

mão ,olho e pé .Isto significa que existe um predomínio motor ,ou melhor ,uma

dominância de um dos lados .O lado dominante apresenta maior força muscular

,mais precisão e mais rapidez .É ele que inicia e executa a ação principal .O

outro lado auxilia a ação e é igualmente importante .Na realidade os dois não

funcionam isoladamente ,mas de forma complementar ,

A criança precisa experimentar os dois lados sem

interferências .Ela precisa se descobrir .Não devemos direcioná-la.

Destra : lado direito (três níveis – olho ,mão e pé ;

Canhota : lado esquerdo (três níveis – olho ,mão e pé ;

Ambidestra : (lado esquerdo e direito )

Lateralidade cruzada : (tudo desencontrado)

e)estrutura espacial

Em primeiro lugar ,portanto ,a criança percebe a posição de seu

próprio corpo no espaço .Depois ,a posição dos objetos em relação a si mesma e

,por fim ,aprende a perceber as relações das posições dos objetos entre si .

Para que uma criança perceba a posição dos objetos no espaço

,precisa ,principalmente ,Ter uma boa imagem corporal ,pois usa seu corpo

como ponto de referência .Ela só se organiza quando possui um domínio de seu

corpo no espaço .

f) estrutura temporal

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As noções de corpo ,espaço e tempo tem que estar intimamente

ligadas se quisermos entender o movimento humano .O corpo coordena-se

,movimenta-se continuamente dentro de um espaço determinado ,em função do

tempo ,em relação a um sistema de referências .

Para uma criança aprender a ler ,é necessário que possua domínio

do ritmo , uma sucessão de sons no tempo ,uma memorização auditiva , uma

diferenciação de sons ,um reconhecimento das freqüências e das durações dos

sons das palavras .um indivíduo deve Ter capacidade para lidar com conceitos

de ontem ,hoje e amanhã .uma criança pequena não consegue extrapolar suas

ações para o passado ou o futuro .

É a orientação temporal que lhe garantirá uma experiência de

localização dos acontecimentos passados ,e uma capacidade de projetar-se para

o futuro ,fazendo planos e decidindo sobre sua vida .

g) ritmo

É um doas conceitos mais importantes da orientação temporal .O

ritmo não envolve ,porém ,somente as noções de tempo ,mas está ligado ao

espaço também .a combinação dos dois da origem ao movimento .O ritmo não é

movimento ,mas o movimento é meio de expressão do ritmo .

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CAPÍTULO III

A importância da psicomotricidade no portador de deficiência visual.

Nos primeiros meses de vida, o ser humano adquire noções

básicas de extrema importância no seu desenvolvimento psicomotor. De acordo

com correntes científicas largamente respeitadas, o homem, durante os dois

primeiros anos de vida, repete os passos de sua ancestralidade animal; vem da

simples célula, passando por peixe, quadrúpede, macaco, até assumir a postura

de bípede.

Nessa recapitulação filogenética, milhares e milhares de anos são

transpostos em pouco tempo de vida. Ao nascer, um ser humano, puramente

reflexo; aos dois anos de idade, já anda e se expressa através de linguagem

falada. Esta capacidade de aprendizado do indivíduo humano nas primeiras

etapas da vida parecem confirmar tais teorias.

No nosso entender, os profissionais envolvidos com a pediatria

devem Ter plena consciência do valor da atividade motora no processo de

desenvolvimento, assim como também da importância de poder detectar e

intervir precocemente em presença de qualquer alteração nessa área.

O bebê cego; apresenta alto risco em sua evolução. O déficit

visual impõe uma grande dificuldade na troca com o meio, uma vez que, 80%

das informações são recebidas pela visão.

O desenvolvimento é fruto de contínua troca entre os estímulos

ambientais e as respostas orgânicas. Deste modo, é fácil compreender a

importância da estimulação, desde os primeiros dias de vida para a criança cega

congênita, como forma de prevenir a instalação de outras alterações além da

cegueira.

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CAPÍTULO IV

A importância da visão

A visão não pode ser considerada isoladamente, mas

somente conforme a sua contribuição ao funcionamento sensorial total.

A visão é o nosso elo primário de ligação com o mundo

objetivo, proporcionando informações constantes e verificação imediata, e

permitindo que os elementos sejam apreendidos em forma já integrada, ou

seja, é o mais sofisticado e objetivo dos sentidos, permite o reconhecimento

do mundo externo e fornece um relato minucioso, registrando

simultaneamente posição, forma, cor, tamanho e distância.

A percepção visual é uma função bastante complexa, que

ocorre em três fases: primária, secundária e terciária.

Na fase primária há captação da imagem pelos receptores

foto sensíveis localizados na retina.

Na fase secundária ocorre o reconhecimento da imagem

projetada, ela passa a ter um significado.

Na fase terciária ocorre uma integração cortical desta imagem

reconhecida com todos outros sentidos. Portanto, a visão está

estreitamente correlacionada com as outras atividades sensoriais.

Faltando a visão, os sentidos restantes: audição, tato, olfato e

paladar, têm de funcionar sem a informação e a integração que a visão

proporciona. Por conseguinte os dados originados dos outros sentidos são

intermitentes, fugidos, seqüenciais e necessariamente recebidos de forma

fragmentada. Não existe uma compensação sensorial mágica

(Gibson,1969).

Com efeito, os outros sentidos parecem inicialmente os outros

sentidos parecem diminuídos na ausência da visão, e as crianças cegas

freqüentemente parecem não ter a percepção de seu ambiente e

necessitam de estimulação adicional.

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CAPÍTULO V

A criança portadora de deficiência visual adquirida

Levaremos em conta, que essas crianças já possuíram a visão

durante as primeiras etapas de vida. Este fator é de grande importância na

organização das diversas estruturas mentais que irão intervir no

desenvolvimento sensório motor e na intervenção social destas crianças. Mesmo

que elas não tenham imagens visuais úteis, utilizarão estruturas mentais ainda

baseadas na visão, pois esta monitora todos os outros órgãos sensoriais.

A criança cega não é capaz de se orientar, nem realizar adaptações

em seu sistema muscular de acordo com as variações posição, distância,

tamanho e forma. Pela ausência da visão, as combinações auto corretivas de

reforço mútuo entre a visão e as respostas motoras ficam muito comprometidas.

Não existe substituição de um sentido por outro. O conjunto sensorial funciona

em sinergismo onde nenhum dos sentidos realiza suas funções de forma isolada,

eles se retro alimentam.

A deficiência visual torna impossível o reconhecimento do mundo

através de imagens visuais. Por isso, a criança cega é tão dependente do tato

que fica difícil projetar imagens além da periferia de seu alcance. Além disso, a

cegueira impõe um maior grau de dificuldade na percepção do próprio corpo.

A criança cega não conta com a visão para fazer a distinção

fundamental entre seu anatômico e todas essas contingências ambientais. As

noções de distância e de espaço, são adquiridas através dos deslocamentos

corporais. Isso se inicia no arrastar, engatinhar e posteriormente na marcha.

Desta forma, a criança passa a compreender objetivos mais remotos e as

distâncias percorridas. Já a criança cega, apresentará maior dificuldade de se

deslocar devido à falta de estímulo visual para despertar-lhe o interesse, e

também pela sensação de insegurança que apresenta. Sua locomoção é restrita,

sua orientação espacial ficará prejudicada. Desenvolver contato ativo nestas

crianças é fundamental. Desta forma, elas poderão explorar o ambiente,

contornos e formas, formarão imagens táteis não se sentindo tão inseguras e

desinteressadas pelo meio externo, passando a tomar conhecimento de detalhes

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mais sutis de distância e das relações espaciais, facilitando sua locomoção no

espaço e sua integração com o meio.

A chave para o uso do tato está no conhecimento de seu

desenvolvimento, sintetizado em atividades que visem à estimulação apropriada

e à aquisição de destreza. A finalidade, é explorar o desenvolvimento da

modalidade tátil, e proporcionar aplicações práticas dos aspectos relativos à

evolução desta modalidade.

A ausência da modalidade visual, exige experiências alternativas do

desenvolvimento, afim de cultivar a inteligência e promover capacidades sócio-

adaptativas. O ponto central desses esforços é a exploração do pleno

desenvolvimento tátil. Nesse processo, fica implícita uma compreensão das

seqüências do desenvolvimento dentro da modalidade tátil. Todas essas fases

contêm níveis variados de aquisição de habilidades relativas ao

desenvolvimento.

São divididas em quatro fases, que se apresentam da seguinte

maneira:

Primeira fase: Consciência da qualidade tátil

O sentido do tato começa com atenção prestada a texturas,

temperaturas, superfícieis vibráteis e diferentes consistências. Pelos movimentos

das mãos, as crianças cegas se dão conta das texturas, da presença de

materiais, e das inconcistências das substâncias. Também, através dos

movimentos das mãos, as crianças cegas podem aprender os contornos,

tamanhos e pesos. Essas informações são recebidas sucessivamente, passando

dos movimentos manuais grossos à exploração mais detalhada dos objetos.

Segunda fase: Conceito e reconhecimento de forma.

No segundo nível do reconhecimento tátil é o conceito e o

reconhecimento do relacionamento do todo com as partes. Em estudos feitos por

Vurpillot (1976), descobriu-se que antes dos três anos de idade, crianças não

deficientes não têm modelos de representação separados das ações sobre um

objeto. Este período de modelo de ação é semelhante ao esquema sensorial

motor de Piaget. Após os três anos, porém, os objetos podem ser comparados

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num esquema mais do tipo mediação. A criança pode comparar o que é

lembrado com o que é percebido. Vurpillot que a transferência intra-modal tátil-

tátil ocorre tardiamente e produz desempenho inferior, se comparando com a

transferência visual-visual. Uma explicação para este desempenho inferior está

em que o sistema visual permite a experiência da informação, ao passo que o

sistema tátil proporciona apenas uma experiência limitada da informação, de

maneira sucessiva.

Terceira fase: Representação gráfica.

Depois da exploração da forma e das partes interrelacionadas dos

objetos, é a representação gráfica. A perspectiva espacial nesta fase difere das

perspectivas espaciais do manuseio de objetos.

Ao passar para um nível mais abstrato de representação gráfica, a

criança cega deve se familiarizar com formas geométricas tridimensionais pelo

manuseio dos objetos sólidos antes de evoluir para a representação

bidimensional dos objetos. Uma vez que a forma já seja conhecida, ela deve ser

apresentada em vários tamanhos, para ajudar a criança a generalizar.

Quarta fase: Sistema de simbologia

A combinação de um sistema de simbologia vem a ser o passo final do

desenvolvimento da modalidade tátil. Um dos sistemas comuns é o Braille, um

sistema de pontos perceptíveis pelo tato, que representam os elementos da

linguagem. Pesquisa sobre o Braille, indicam que os caracteres mais legíveis são

os que têm o menor número de pontos. Há também estudos que mostram que as

seguintes condições causam erros na leitura de Braille.

São elas, em ordem decrescentes: palavras abreviadas, múltiplas

contrações na cela, contrações na parte superior e inferior da cela, palavras

escritas por extenso e palavras que designam o alfabeto (Nolan & Kederis,1969).

Além do tato, outro sentido importante para o reconhecimento do meio

para a criança cega, é a audição, apesar de não compensar a ausência da visão.

Na criança com visão normal, a audição, monitorizada pelos olhos, é um sentido

de distância, para a criança cega é um sentido subjetivo, por isso, deve ser

educada para que adquira objetividade, localização e noção de distância.

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A cegueira não é apenas a perda de um sentido isolado: é a perda do

sentido que gera a integração de todos os outros. Apesar disto, a criança cega

tem uma capacidade progressiva de ir se adaptando à sua deficiência. Se for

bem orientada desenvolverá sua potencialidades permanentes. A deficiência

visual não pode ser considerada como agente etiológico de alterações cognitivas

motoras e psíquicas, mas sim como um fator predisponente à instalação deste

quadro.

Em cada etapa do desenvolvimento, uma capacidade surge e é

trabalhada pelo organismo, passando a ser integrada em uma escala crescente

de desenvolvimento. Para que isto ocorra, a criança necessita ser encorajada e

reforçada por seus pais. Se não há esforço e motivação, esta criança será

invadida por uma sensação de insegurança e medo.

O desenvolvimento psicomotor se realiza pela combinação de prazer

que a criança sente por ter experimentado algo novo (uma aquisição motora e/ou

sensorial) e o reforço familiar à aquisição feita por seu filho.

Lowenfild dentre outros investigadores coincidem ao manifestar as

grandes dificuldades, o alto risco e a vulnerabilidade que a criança cega

apresenta em seu desenvolvimento.

Os estudos de Gomulicki, sobre o desenvolvimento de percepção em

crianças cegas com 07 (sete) anos de idade, nos mostram uma notável

inferioridade em relação as crianças videntes da mesma idade nas habilidades

do tato, da audição, da manipulação e motoras.

Gomulicki afirma que a ausência da função integradora da visão dificulta

a utilização dos outros sentidos. O desenvolvimento se dá através das vivências,

experiências que vão sendo adquiridas.

A visão é uma janela para o mundo. Estabelece uma porta de entrada

para todos os estímulos que irão motivar a criança a se lançar em novas

experiências e conquistas. Nas crianças cegas, estas experiências são mais

restritas e limitadas e isto pode causar uma lentidão e até mesmo anomalias no

seu processo de maturação.

A criança cega não tem motivação para descobrir o mundo externo. A

cegueira lhe impõe duas limitações básicas: na quantidade e variedade de

experiências e na mobilidade e domínio de espaços desconhecidos.

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A visão proporciona um mundo atraente com milhares de formas, cores,

situações e experiências. Fornece uma verificação imediata e a impressão de

elementos que estimulam a curiosidade e o interesse da criança. Já vimos, que

as informações que recebemos do meio através deste sentido, constituem 80%

de total recebido. A visão desempenha um papel fundamental na função de

síntese e na formação de imagens no pensamento.

A criança cega, ouve sons em sua volta, e vai elaborando uma série de

conhecimentos. Ouvir, proporciona certa orientação de direção e de distância do

objeto sonoro, mas fornece pouca informação sobre suas diferentes

características (forma, tamanho, cor, posição no espaço et.). O profissional deve

orientar os pais de forma que eles compreendam a importância de fornecer a

informação auditiva a mais rica possível para o seu filho, para que ele vá

organizando suas experiências. Deve escutar os passos de sua mão, sua voz

dizendo que vai pegá-lo nos braços, perceber o seu cheiro, sentir o afeto pela

suavidade de sua voz, seu calor, a pressão do corpo materno sobre o seu. Tudo

isso, configura uma experiência global na criança cega irá adquirindo percepção

corporal e tomando conhecimento das coisas ao redor.

Através de estudos, ficou comprovado que a criança cega necessita de

estimulação auditiva na organização de suas percepções, como se a audição

atuasse monitorando as outras experiências perceptivas.

Fica caracterizada a importância da conscientização dos pais da

necessidade de conversar com a criança, dizendo para ela o que está

acontecendo nas suas atividades da vida diária: alimentação, banho, passeio,

fazer carinho etc.

A percepção tátil nas crianças cegas tem significado completamente

diferente. Suas imagens são formadas através de percepções táteis e auditivas,

enquanto a que as do vidente são formadas predominantemente através de

impressões visuais.

As crianças cegas devem ter a oportunidade de vivenciar experiências

totais de forma inteligente, ampla e generalizada que não somente

compreendam conhecimento verbal e tátil dos objetos, mas sua posição no

espaço e no tempo, suas relações com a criança e com outros

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seres e objetos. Desta forma ela irá se organizando, conhecendo e sentindo-se

segura e confiante para se lançar em novas experiências.

Depender do conhecimento prévio de um espaço ou de outra pessoa,

em certas situações, gera ansiedade e angústia. Na nossa experiência podemos

observar pessoas cegas que superam estes sentimentos e apresentam bom

controle do espaço.

A mobilidade ou capacidade de movimento depende de dois fatores

essenciais para a mobilidade e estão intimamente relacionados:

a) Orientação mental que é uma habilidade de uma pessoa reconhecer o

espaço a sua volta e as relações espaço-temporais em relação à si mesma;

b) Locomoção física que é o movimento de um organismo em deslocamento,

conferindo significado a este mecanismo orgânico.

A criança cega que deseja dirigir-se a um determinado lugar, deverá

formar um mapa mental em seu pensamento, enquanto se desloca para seu

objetivo. Sua memória motriz e seu sentido auditivo estarão constantemente em

atividade, procurando captar todos os sons que possam informá-las a respeito

das variações encontradas em sua volta e os perigos que dela derivam. Assim

mesmo, procurará interpretar os diferentes sinais recolhidos no ambiente, que

servem de pontos de referência para verificar se seu deslocamento está correto.

Terá sua atenção voltada aos odores, mudanças de temperatura, correntes de

ar, alterações do piso, distância em relação ao tempo que leva para alcançar seu

objetivo e também aos diferentes ruídos durante o percurso.

O equilíbrio e o sentido cinestésico também se acham implicados. O

equilíbrio é sempre difícil quando não há visão para lhe proporcionar informações

sensoriais que lhe permitam um feedback postural. A criança tem que encontrar

esse equilíbrio em si mesma, desenvolvendo melhor coordenação e reflexos. O

sentido cinestésico, que nos facilita informações referentes à configuração do

movimento do corpo no espaço, deve ser educado no cego a fim de ajustar

movimentos e deslocamentos.

Os movimentos nos primeiros anos de vida têm importância

fundamental. A criança cega está restrita em seus movimentos muito

precocemente. As crianças de visão normal têm um desejo inato de colocar em

uso imediatamente e os movimentos que vão adquirindo, sentem prazer no

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aperfeiçoamento de suas habilidades motoras. Na criança cega, este desejo é

inibido pela ausência de estímulo visual. As formas e cores não lhe provocam

qualquer interesse de aproximação, além disso sente medo diante do vazio. Não

tem domínio do espaço à sua volta e não tem a menor idéia do que pode

encontrar.

Se a criança cega, não for educada precocemente, tende a ser

passiva. Este comportamento pode originar alterações musculares (hipotonia) ,

na coordenação e no equilíbrio estático e dinâmico.

A criança cega não realiza as reações protetoras, principalmente

porque não enxerga o solo, por isso, não tem porque estender os braços para

proteger-se da queda. Ela deve ser ensinada a perceber a continuidade das

superfícieis através do tato, vendo com as mãos.

As reações de indireitamento também são afetadas em virtude da

importância da visão na orientação postural. Com a ausência da informação

visual, os receptores proprioceptivos, táteis e principalmente labirínticos terão

que ser acessados. Isto pode ser feito através da cinesioterapia. Nada melhor do

que o movimento para ajudar na consciência corporal necessária a uma boa

orientação postural.

É preciso despertar seu interesse através dos estímulos,

principalmente auditivos, para que sinta prazer em elevar sua cabeça e, desta

forma, interagir com o ambiente. O controle da cabeça é primordial no processo

do desenvolvimento motor, ele é a base de um processo que ocorre de forma

crânio caudal.

A fisioterapia através da estimulação poderá propiciar uma

reorganização sensorial logo nas primeiras etapas da vida, evitando atraso no

desenvolvimento psicomotor e com isso prevenindo alterações do equilíbrio

estático e dinâmico.

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CAPÍTULO VI

A importância das AVD’S na educação e na reabilitação da criança

portadora de deficiência visual

A) OBJETIVO

Na educação da criança cega ou portadora de visão sub normal ,cabe

ressaltar a importância da Atividade da Vida diária (AVD‘S) cujo objetivo é

proporcionar à criança condições para que, dentro de suas potencialidades, possa

formar hábitos de auto suficiência que lhe permitam participar ativamente do

ambiente em que vive.

Em relação à criança cega ou portadora de visão sub normal, como

isso ocorre ?

Se os hábitos à mesa, a postura, a adequação para se vestir e a

higiene pessoal são comportamentos adaptativos, há necessidade de um

treinamento intensivo, porque a criança cega pode apresentar atitudes

inadequadas em algumas dessas situações. Sem dúvida, ela, no espaço maior ou

menor de tempo, acabará por realizar as mesmas tarefas que as de visão normal,

tomando-se em conta, é claro, as diferenças individuais e a restrita capacidade de

limitação de quem não vê.

Muitos pais, diante das dificuldades de seus filhos, tornam-se super

protetores e, assim, impedem a criança de vivenciar experiências que contribuirão

para a autonomia dela. É de grande importância a realização de um trabalho com

os pais, paralelamente com que é feito com seus filhos, através de encontros e /

ou reuniões, dando a oportunidade da prática das (AVD’S) que são desenvolvidas

com eles.

B) ATIVIDADE DA VIDA DIÁRIA (AVD)

A criança só aprende aquilo que vive concretamente. É importante

que ela faça suas próprias descobertas através da manipulação, exploração do

ambiente físico-social. Para isso podem e devem ser exploradas situações

referentes à alimentação, higiene pessoal, saúde, segurança, às atividades

domésticas e ao vestuário.

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Assim, através do treinamento em AVD, a criança cega e de visão sub

normal aprende, entre outras coisas: localizar os alimentos no prato; cortar

alimentos; controlar a quantidade de comida do prato, cortar alimentos; controlar a

quantidade de comida do prato sem derramar; controlar a quantidade de comida

no talher; servir-se à mesa; encher copos e garrafas; receber visitas; vestir-se;

cuidar de sua aparência visual, caminhar, sentar e gesticular de maneira

adequada; prevenir-se contra acidentes e remediá-los.

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CAPÍTULO VII

A assistência fisioterápica à criança portadora de deficiência visual

adquirida

A assistência fisioterápica à criança cega se justifica, por ser o

fisioterapeuta portador de conhecimentos técnicos e científicos sobre o

desenvolvimento psicomotor, assim como das implicações que a ausência

da visão pode acarretar a este processo. O fisioterapeuta está apto a

diagnosticar e intervir de forma adequada, com intuito de prevenir a

instalação de alterações motoras na criança deficiente visual.

A melhor ajuda que a fisioterapia pode prestar, é através da

estimulação motora. A criança deve aprender a se movimentar, a conhecer

seu corpo e ter prazer em se deslocar para descobrir o mundo que a cerca

e dominar o espaço. A passividade imprimida pela ausência da visão pode

implicar em alterações nas seguintes áreas:

- tônus muscular;

- postura;

- coordenação motora;

- psíquica;

- equilíbrio;

- orientação espacial;

- cinestésica;

- social.

Nosso objetivo principal é desenvolver habilidades sensoriais,

para que a privação do sentido da visão não inviabilize o processo de

interação com o meio, responsável pelo amadurecimento psicomotor.

O recurso mais apropriado é a cinesioterapia através de

exercícios passivos, ativos assistidos e ativos livres, de acordo com o

propósito em questão. A cinesioterapia, ou seja, terapêutica pelo movimento

pode ser realizada através da estimulação auditiva, olfativa, gustativa, tátil,

propioceptiva e cinestésica, visando desenvolver a consciência corporal,

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coordenação motora, equilíbrio, correção postural, marcha e orientação no

espaço.

Os exercícios têm como objetivo, estimular as vias sensoriais

remanescentes para que, através destas, a criança consiga se integrar

plenamente com o meio, alcançar independência e felicidade.

Pelos movimentos ocorrerá a estimulação dos receptores do tato,

propiocepção, pressão, temperatura etc., localizados nas diversas regiões do

corpo.

O fisioterapeuta, inicialmente, fará uma avaliação dos padrões

motores e da postura objetivando uma orientação e manejo mais adequado no

que diz respeito a estes aspectos.

A motricidade não pode ser vista isoladamente, mas como o

desejo para ação, favorecendo o conhecimento e domínio do próprio corpo,

sempre procurando proporcionar a participação afetiva da criança. Um dos

aspectos mais ricos que a criança possui para aprender suas tarefas

evolutivas é o brinquedo, ou seja, o jogo.

A atividade lúdica na vida da criança ocupa, em importância, o

mesmo lugar do trabalho na vida de um adulto. Este aspecto constitui o eixo

principal da nossa atividade técnica em função de que os estímulos serão

oferecidos através de brinquedos e atividades lúdicas.

Estimular não é bombardear a criança para que ela faça alguma

coisa. Estimular é oferecer situações, pessoas, objetos etc., que tenham um

significado para a criança, despertando desta forma seu desejo para agir

sobre os estímulos que lhe foram oferecidos. Trabalharemos estimulando :

- Consciência das mãos para propiciar atividades que despertem o interesse

da criança para esta parte do corpo;

- Desenvolver as habilidades táteis, assim como a coordenação auditiva

manual. Devem ser trabalhadas para que possa explorar e efetuar imagens

mentais das pessoas e objetos a sua volta;

- Desenvolver características de cada parte da casa;

- Desenvolver atividades corporais, com atividades que promovam o

reconhecimento dos seus contornos físicos através de estímulos táteis,

propioceptivos e auditivos;

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- Estimular deslocamentos, onde podemos usar estímulos sonoros para

motivação;

- Desenvolver senso de orientação e mobilidade com atividades lúdicas que

propiciam deslocamentos com autonomia no espaço;

- Desenvolver habilidades auditivas que podem ser feitas com exercícios de

adivinhação, nos quais reconhecerão sons familiares e alcançarão a fonte

auditiva, onde com isso alcançará também sua capacidade de orientação;

- Desenvolver autonomia de locomoção, onde é interessante usar um bastão

nas atividades, com o objetivo de integrar esse objeto que será de

fundamental importância para sua orientação e mobilidade;

- Prestar atenção sempre na criança portadora de deficiência visual, pois não

tendo a quem imitar poderá assumir posturas anômalas.

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CAPÍTULO VIII

Algumas atividades lúdicas aplicadas em crianças portadoras de

deficiência visual.

A) ESQUEMA CORPORAL

- grande motricidade:

- treinar marcha;

- andar de quatro;

- andar de joelhos;

- brincar de trenzinho;

- brincar de roda, um brinca sentado do lado do outro ou em pé,passando a

bola um para o outro;

- passar de uma cadeira para outra;

- pular num pé só;

- jogos de estátua.

a) Motricidade Refinada

: - brincar com carrinhos;

- enfiar miçangas;

- amassar papel;

- embrulhar objetos miúdos.

-

b) Percepção das Partes do Corpo

- tocar nas diversas partes do corpo com o comando;

- brincar de aplausos;

- fazer buraco na areia com o dedo;

- colocar cotovelo nos joelhos;

- andar de joelhos;

- tapar os ouvidos;

- estalar a língua;

c) Orientação Espaço-Temporal

- reconhecimento olfativo com cheiros diferentes;

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- reconhecimento gustativo com vários sabores;

- reconhecimento auditivo, com uso de apitos, guitarra, tambor;

- reconhecimento tátil, perceber o que é macio, áspero, dar bolinha,

garfo etc.;

- reconhecimento interno ou proprioceptivo pedindo que levante o braço

direito, depois a perna esquerda, empurrar para saber se é pesado ou leve;

- ensinar posições para que possa reconhecer e expressá-las, orientaremos

para que fique de pé, sentado, de pé com as mãos nos ombros. Fará o que o

terapeuta solicitar.

d) Organização Espaço-Temporal

- trabalhar coordenação, destreza e equilíbrio. Usaremos brincadeiras de tudo

que seu mestre mandar;

- mandaremos levantar a perna direita junto com o braço esquerdo, depois

inverte (coordenação);

- pular num pé só, cruzar as pernas, andar em plano inclinado(equilíbrio);

- jogo de morto vivo (coordenação), - dobrar papel, enrolar uma corda

(destreza).

B) LATERALIDADE

- pular num pé só, A criança pulará na perna que tem mais firmeza;

- manter-se em equilíbrio em um pé, depois no outro;

- bater num tamborim;

- tocar piano;

- abotoar e desabotoar;

- enfiar miçangas.

C) ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL

- Conhecer o espaço imediato;

- mostrar o espaço em que ela vive, para que possa andar sem esbarrar;

- reconhecer sua cadeira;

- jogos cantados, como: um atrás do outro, igual um gafanhoto...;

- trabalhar diferentes noções como dentro e fora, triângulo e quadrado, grande

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e pequeno... Trabalharemos mostrando os objetos para as crianças, elas

terão que tocá-los.

Orientação Espacial

- aprender noção de fila, frente a frente, costas contra costas... Usaremos

canções, tudo que seu mestre mandar, dançar...

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CONCLUSÃO

Fornecer conselhos e orientações seguras para as crianças

portadoras de deficiência visual, será o nosso objetivo como fisioterapeutas.

Não existem regras rígidas, tampouco há receitas, pois a nossa

função é respeitar a individualidade de cada criança.

Temos a sabedoria e a competência de assegurar que, antes de

qualquer orientação à essas crianças que na realidade não são deficientes, e sim

eficientes, vem o amor, a paciência, a dedicação, pois sem esses conceitos, os

melhores ensinamentos de nada valerão.

Precisamos compreender a criança, para conhecer suas motivações,

seus atos e seus procedimentos.

A educação da criança portadora de deficiência visual exige

abnegação e energia.

Não podemos esquecer que a criança precisa ser educada para a

vida, para poder enfrentá-la, apesar de sua deficiência.

Não é apenas o círculo restrito da família no qual a criança precisa

aprender a viver, é o mundo.

Ela deverá conhecer os obstáculos que terá que enfrentar, a

incompreensão de terceiros, e a adversidade que fará parte da sua existência

num mundo de videntes.

A criança deve aprender que todo mundo tem seus problemas, que a

vida exige de nós uma atitude corajosa e uma boa dose de otimismo para se

existir nela.

Existem limites, mas existe também a possibilidade de despertar na

alma da criança tudo que existe de bom, de cultivar seus talentos e de formar

seu caráter.

Enfim, esse será o nosso dever de profissional! Proporcionar à estas

crianças uma qualidade de vida melhor e sua integração ao meio.

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Porto alegre, Artes Médicas, 1986.

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Brasil, 1968.

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tratamento neuro psicológico do lactente e na criança pequena: o normal e o

patológico; São Paulo; 1990; Editora Ateneu.

HALIDAY, CAROL. Crescimento , aprendizagem e desenvolvimento da criança

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para o livro do cego no Brasil, 1975.

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LE CLAIRE, S.; O corpo e a letra; São Paulo; Martins fontes; 1989.

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Editora Scipione.

MASSON, SUZANNE. Generalidades sobre a reeducação psicomotora e o

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STAES, ª DE MEUR & L.; Psicomotricidade, educação e reeducação; São Paulo;

1984; Editora Manole.

Foram feitas algumas extrações da revista Benjamin Constant; ano 1996;

publicação técnico científica do Centro de Pesquisa, Documentação e

Informação do Instituto Benjamin Constant (IBCENTRO/MEC).

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