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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A expansão do ensino teológico de base bíblico-cristã, sob a
forma de EAD, nas regiões Norte/RJ e Sul/MG
Por: Leonel Alcantara Moreira
Orientador
Profª Adélia Araújo
Rio de Janeiro
2006
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
AS NOVAS TECNOLOGIAS DE EAD E A DIFUSÃO DO ENSINO DE
BASE CRISTÃ
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes – Instituto A Vez do Mestre, como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em
Tecnologia Educacional.
Por: Leonel Alcantara Moreira
AGRADECIMENTOS
...a Deus em primeiríssimo lugar, à minha
esposa e companheira; aos nossos filhos,
herança de Deus; aos irmãos, parentes e
amigos, que são, igualmente, fontes de
inspiração para prosseguir sempre.
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DEDICATÓRIA
...dedico a Maria Ester, Leonardo e Livia.
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RESUMO
O presente trabalho levou-nos a constatar que há uma necessidade
urgente de se expandir o uso das modernas tecnologias educacionais na direção
de todos os segmentos da sociedade, em especial daqueles segmentos com
maior dificuldade de acesso a elas, inclusive, com políticas de incentivo aos
telecentros.
A pesquisa empreendida confirmou a necessidade de se carrear recursos
financeiros, tecnológicos e pedagógicos, públicos e privados, para a modalidade
de ensino a distância, visando alcançar uma população localizada fora do
perímetro urbano da Cidade do Rio de Janeiro, incluindo-a num universo digital
cada vez mais sofisticado, em face do desenvolvimento, cada dia mais crescente,
das novas tecnologias educacionais.
Todos os segmentos da sociedade têm responsabilidades com a
distribuição democrática de todos os bens disponíveis, sejam materiais, sejam
intelectuais, sejam espirituais. Nossa pesquisa através de vários sites da Internet,
constatou que várias ONGs estão envolvidas em projetos importantes, de
natureza a mais diversa – preservação da criança contra a exploração sexual,
busca de métodos mais humanizantes para o nascimento do bebê, entre outros.
Da mesma forma, o ensino de base cristã em EAD é uma necessidade, em
face da transcendência de questões que têm tomado lugar na mídia em geral,
pois cristãos e não-cristãos, que residem nas cidades do interior, sem contar com
um ambiente formal de aprendizagem com valores bem definidos, poderão dispor
de um espaço alternativo, para compartilhar suas dúvidas e interesses, e
desenvolver uma fé sob um caráter cristão autêntico, sem vínculo religioso
exclusivo.
Todos podem utilizar-se livremente do desenvolvimento tecnológico,
mediante a utilização dirigida da comunicação educacional multimídia já
disponível no mercado ( mídia eletrônica, digital, livro, CD, vídeo, internet, chat ),
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para construir seu próprio conhecimento, a partir da meditação bíblica, sem rótulo
religioso, com excelente suporte tecnológico e pedagógico-cristão.
A distância dos grandes centros mais desenvolvidos não pode constituir-se
em obstáculo para que se incentive a democratização progressiva do uso, e da
exploração de cunho educacional, das últimas conquistas da tecnologia.
Palavras-chaves: EAD, novas tecnologias educacionais, inclusão digital,
educação de base bíblico-cristã, caráter cristão.
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METODOLOGIA
Pesquisa de caráter exploratório, pela leitura de livros, revistas,
artigos, jornais, matérias disponíveis na Internet e visita de ambientes
virtuais de aprendizagem.
Coleta de dados junto a alunos, professores, gestores e
especialistas em determinadas disciplinas de cursos em EAD ( web-
designer, por exemplo ), profissionais portadores de experiências
enriquecedoras para um novo projeto pedagógico a distância.
Análise dos dados coletados e avaliação da concepção mais
apropriada, em face dos objetivos de um novo projeto de EAD, quanto à
definição do formato, dos conteúdos (currículo do curso), da interatividade
do projeto, da produção de materiais e da participação dos alunos e
professores numa proposta pedagógica de ensino a distância.
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SUMÁRIO
Capítulo I - As novas tecnologias educacionais
1.1- EAD e as novas tecnologias educacionais
1.2 - Breve história da EAD no Brasil e no mundo
Capítulo II - Como explorar produtivamente o novo espaço da comunicação multimídia
Capítulo III - A relação entre tecnologia e educação e o seu impacto na
sociedade e no indivíduo
3.1 – A tecnologia como ferramenta para a democratização do ensino de base cristã 3.2 – Espaço para uma proposta de educação on- line de base cristã
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INTRODUÇÃO
Entendemos que nossa proposta beira as raias do desafio, pela sua
dificuldade, qual seja: numa única proposta de trabalho monográfico trazer à
evidência dois temas deveras fascinantes, como educação e cristianismo. Eis o
desafio: num único ensaio acadêmico, abordar as possibilidades do atual modelo
de educação à distância, com todos os seus requintes tecnológicos, estruturais e
pedagógicos da modernidade, pautada, todavia, em milenares princípios cristãos,
sólidos e genuínos.
Definitivamente, não falaremos de religião. Afinal, este não é o foro
apropriado. De minha parte, confesso uma certa aversão ao tema e, todo o tipo
de discussão que o envolve, com todas as suas injunções e inconsistências.
Julgamos ser oportuno este esclarecimento inicial, uma vez que o título da
pesquisa pode sugerir, falsamente, ao leitor mais afoito, esta conclusão.
Ainda fazemos parte daqueles que acreditam na vocação: a) Vocação da
Educação e todo o seu potencial, como instrumento eficiente para mudar um
status quo, por mais adverso. b) Vocação do Cristianismo para inspirar e suprir
de princípios e, principalmente, de lições de vida, uma educação que pretenda
fazer diferença na vida de qualquer cidadão, que põe em prática esses singelos
princípios e essas simples lições.
Para ilustrar essa nossa crença na eficácia da função educacional, que
adicionada a princípios mais sólidos, como o princípio do amor cristão ( o maior
deles ) pode fazer diferença, tomamos um exemplo clássico, tirado do livro As 7
Leis do Aprendizado, do Professor Dr. Bruce H. Wilkinson ( WILKINSON, 1998, p.
37 ). Trata-se da história do menino Teddy Stallard:
“TeddyStallard certamente era um dos ”pequeninos”.
Desinteressado na escola, usava roupas sujas e
amarrotadas, o cabelo sempre despenteado. Os olhos de
peixe morto, com um olhar “perdido” num rosto sem
expressão. Quando a professora, a Srª Thompson, se dirigia
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a Teddy, ele sempre respondia por monossílabos... ...Ela
não tinha admiração pelo menino e, sempre que corrigia
seus trabalhos, sentia certo prazer em marcar com X as
respostas erradas. Durante 4 anos os registros escolares
registraram a difícil situação de Teddy; a mãe doente vem a
falecer, o pai sem o mínimo interesse e, o resultado: um
fraco desempenho do menino.
Até que às vésperas da celebração de um Natal,
Teddy, igualmente aos demais meninos da classe, trouxe
um presente para a professora:“Do Teddy para a Srª
Thompson” – uma velha pulseira faltando pedras, que
imitavam diamantes, que pertenceu a sua mãe e um
perfume barato...
A professora abriu o embrulho, pôs a pulseira no braço,
mostrou e elogiou o presente e, depois fez o mesmo com o
perfume: abriu, passou no braço, cheirou, deixou as demais
crianças cheirarem e agradeceu a Teddy pelos presentes.
Teddy exclamou: que bom que a senhora gostou dos
presentes. A senhora ficou muito bonita com a pulseira da
minha mãe.
Depois que ele foi embora a Srª Thompson. [ ...] A
partir daquela data Teddy fez um progresso tremendo,
superando alguns dos seus colegas no desempenho.
Reproduzimos abaixo, 3 bilhetes recebidos pela Srª
Thompson e assinados por Teddy, em momentos diferentes:
1º) ‘Querida Srª Thompson, quero que a senhora seja a
primeira a saber que estou me formando, no segundo lugar
da classe. Com amor, Teddy Stallard’
2º) Quatro anos mais tarde: ‘Querida Srª Thompson, vou
me formar este ano e acabo de saber que tirei o primeiro
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lugar da turma. Faço questão que a senhora seja a primeira
a saber. Com amor, Teddy Stallard’
3º) Quatro anos depois: ‘Querida Srª Thompson, a partir de
hoje sou Dr. Theodore Stallard, médico. Vou me casar no
mês que vem, no dia 27. Gostaria que a senhora ocupasse
o lugar que seria da minha mãe. A senhora é a única que
considero como minha família. Com amor, Teddy Stallard’
Pretendemos mostrar desde o primeiro capítulo, que as novas tecnologias
educacionais são uma realidade irrefutável em grande número de escolas
públicas e privadas e, que vencidas algumas barreiras, restrições e resistências,
que ainda refletem uma elevada exclusão digital, a tendência é que o fenômeno
da globalização crie as condições para eliminar essa exclusão.
Ainda no primeiro capítulo enfocamos também a tremenda expansão da
EAD no Brasil e no mundo e, destacamos os marcos brasileiros desta evolução
do ensino a distância; além de mostrar o papel da Internet e o processo de
formação de professores de EAD.
Por fim, o capítulo três abordará as possibilidades e a necessidade da
democratização das modernas tecnologias educacionais, potencializando a
reflexão e a discussão, primeiramente numa proposta de Projeto Político-
Pedagógico e, em seguida através de um curso on-line, via Internet, de temas
voltados para a formação do caráter cristão das populações distantes dos
grandes centros culturais.
Pretendemos mostrar que é plenamente compatível o uso qualitativo das
modernas tecnologias educacionais no ensino bíblico-cristão de qualidade, sem
qualquer cunho religioso.
Todos sabemos, mesmo que não tenhamos prestado muita atenção, que
as referências a iniciativas utilizando a EAD como modalidade de
ensino/educação não é novidade no cenário pedagógico e, podem ser situadas
há mais de um século, em variados países.
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Com efeito, data do final do século XX, a descoberta da EAD como um
filão de mercado, pelas universidades de todo o mundo e, é esta mesma EAD
que ressurge no cenário atual, como uma ferramenta aparentemente poderosa e
capaz de solucionar os desafios impostos pela nova ordem econômico-social do
mundo tecnológico. Será ela, de fato, a solução? ( SANCHO, 2001, p. 40 )
Este trabalho nasceu da necessidade de se empreender uma pesquisa
bibliográfica de caráter exploratório. E quando nos propomos a compulsar e
analisar a vasta bibliografia, verificamos a presença de computadores e demais
tecnologias afins nas escolas e nas salas de aula, e percebemos que essa
realidade carece de ser construída na sua plenitude, não sendo aceita uma
adesão irracional ao uso do computador como ferramenta instrucional, sem
avaliar a validade e a oportunidade e o alcance da sua contribuição. ( SANCHO,
2001, p. 40 )
.
Não há mais espaço para o modelo linear, tradicional de transmissão de
informação, pois a construção do conhecimento caminha através da
interatividade da escola do futuro. O pensar sistêmico é o espaço da
interatividade, cujo suporte informacional, no dizer de Marco Silva (SILVA, 2005 ),
dispõe de flexibilidade e de disposição para a intervenção do usuário; o pensar
sistêmico para Paul Watzlawick ( WATZLAWICK, 2004, p. 41 ) é o espaço de
comunicação não linear, o espaço da significação ou ainda, da ressignificação,
sem que, necessariamente, o evento “a” preceda “b” ou vice-versa, pois o
princípio e o fim reúnem-se no todo: “Eu sou o princípio e o fim” ( Apocalipse, 22,
13 ). No dizer de Adair Neitzel ( NEITZEL, 2005 ) o pensar sistêmico é o
espaço dos vôos do hipertexto eletrônico, “aqui entendido como a atualização de
uma vontade, de uma idéia, de uma aspiração de expandir os limites que
cercearam a produção do conhecimento humano.”
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CAPÍTULO I
AS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
O CONCEITO
A tecnologia aparece na cena educacional como algo imprescindível e
temível ao mesmo tempo. Frente à tecnologia existem diferentes propostas: os
que a elogiam sem considerar seus riscos e limitações; e os que a criticam sem
resgatar seus aspectos positivos. Portanto, cabem as questões: Qual o lugar das
novas tecnologias nas escolas? É preciso ensinar informática? É preciso pôr
vídeos? Para alcançar que objetivos? Qual o impacto das novas tecnologias da
informação, da comunicação e outras sobre os professores e alunos? Que
ligações observamos entre produção de conhecimento, tecnologia educacional e
sua inserção num projeto pedagógico? Estejamos, portanto, atentos a todos
esses mitos da inovação tecnológica e da modernização pedagógica quando da
escolha, definição e implantação de um modelo de projeto pedagógico. ( LION,
2001, pp. 23/24 )
Evidentemente, que a escola não pode ignorar o que se passa no mundo.
Tendo em vista que as NTICs estão transformando espetacularmente não só a
nossa maneira de comunicar, mas também de trabalhar, de decidir e de pensar,
torna-se difícil, muitas vezes, distinguir entre as propostas lúcidas e
desinteressadas, dos modismos e das estratégias mercantis ( PERRENOUD,
2000, p. 136 )
Quando nos propomos a falar das novas tecnologias educacionais não
podemos, de forma alguma, deixar de mencionar o caminho percorrido até aqui.
A incorporação e a internalização das novas tecnologias como ferramentas
instrucionais ainda constitui um desafio para muitos de nós professores, que
muitas vezes nos sentimos despreparados, inseguros e com pouca habilidade e
capacitação para utilizar as novas TICs, como ferramentas instrucionais.
( NOGUEIRA, 2002, p. 21 )
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A incorporação, pela educação, das novas tecnologias da informação e
comunicação tem conseqüências tanto para a prática docente quanto para os
processos de aprendizagem. Mas a determinação dessas conseqüências, só são
possíveis mediante o exame das condições políticas e sociais que estruturam a
prática pedagógica, em face de uma ideologia dominante.
Em cinco ou dez anos, as tecnologias terão evoluído ainda mais. Os
especialistas da indústria praticam a “vigília tecnológica”. Melhor seria que os
professores, antes de mais nada, exercessem uma vigília cultural, sociológica,
pedagógica e didática, para compreenderem do que será feita a escola de
amanhã, seu público e seus programas. ( PERRENOUD, 2000, p. 136 )
No debate sobre tecnologia educacional hoje ganham força as
preocupações ideológico-políticas e ético-filosóficas como crítica e superação de
marca tecnicista no momento de seu nascimento. ( LITWIN, 2001, p. 5 op.cit. )
Quanto ao seu aspecto conceitual podemos dizer que a tecnologia
educacional
”é uma maneira sistemática de elaborar, levar a cabo e
avaliar todo o processo de aprendizagem em termos de
objetivos específicos, baseados na investigação da
aprendizagem e da comunicação humana, empregando uma
combinação de recursos humanos e materiais para
conseguir uma aprendizagem mais efetiva.” ( Declaração
formulada pela Comissão sobre Tecnologia educacional dos EUA, em
1970 )
No conceito da Professora Edith Litwin, tecnologia educacional é o corpo
de conhecimentos que, baseando-se em disciplinas científicas encaminhadas
para as práticas do ensino, incorpora todos os meios ao seu alcance e responde
à realização de fins nos contextos sócio-históricos, que lhe conferem significado.
A tecnologia educacional preocupa-se com o exame da teoria da comunicação e
dos novos desenvolvimentos tecnológicos: a informática, hoje em primeiro lugar,
o vídeo, a tv, o rádio, o áudio e os impressos, velhos ou novos, desde livros até
cartazes. ( LITWIN, 2001, p.112 )
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1.1 - EAD e as novas tecnologias educacionais
“A chamada sociedade da informação desafia as instituições
de ensino a repensarem suas práticas pedagógicas,
principalmente superando uma metodologia reprodutiva e
conservadora, que, mantém a ação pedagógica assentada
na repetição e na cópia, e transformando-a em práticas, que
instiguem a interpretação e produção de novas informações
com criatividade; ou seja, que motive o professor a ser
mediador, articulador e criativo no processo pedagógico.”
(BEHRENS, 1999. Apud, RODRIGUES, 2003)
A educação a distância que conhecemos hoje nasceu e se desenvolveu
como resposta a um acúmulo importante de necessidades educacionais
( alfabetização, incorporação cada vez mais precoce ao mundo do trabalho,
população isolada nos centros urbanos ou impossibilitada de ter acesso, por
diversos motivos, às formas convencionais de ensino ) ( MANSUR, 2001, p. 153 )
A popularização do uso da Internet deu novas formas à educação à
distância e às relações pessoais, por meio da troca de informações entre pessoas
que, possivelmente, não teriam oportunidade de um contato pessoal; diminuiu
distâncias, tornando o computador uma ferramenta que, paradoxalmente,
caracteriza e padroniza diferentes culturas e costumes existentes no planeta.
Segundo palavras do diretor da ABED – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
ENSINO A DISTÂNCIA - em entrevista à Revista Guia do Ensino à Distância, o
crescimento da educação a distância no Brasil, tanto quantitativa, quanto
qualitativamente, vem seguindo de perto uma tendência mundial de expansão.
Mas para que a expansão da EAD seja marcada pelo crescimento da qualidade,
precisamos de pesquisadores e profissionais qualificados e atualizados.
( MONTEIRO, 2005 )
A ABED tem pouco mais de 10 anos de funcionamento e, lembra que está
investindo na formação de professores do ensino de nível médio e fundamental,
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nas áreas Biologia e Matemática, para fazer frente à necessidade de formação de
aproximadamente cem mil professores, que precisam estar graduados até 2008,
para atender a exigência da LDB, de que os professores possuam graduação em
nível superior. ( MONTEIRO, 2005 )
O que já temos disponível é suficiente para um salto significativo no uso
dos processos de aprendizagem a distância. Aparentemente, dois fatores têm
freado o desenvolvimento da EAD no país. De um lado, os estímulos
governamentais têm sido espasmódicos, sem continuidade no tempo, nas
orientações políticas e nas formas e mecanismos de estímulo. Por outro lado,
faltam recursos humanos habilitados para o uso das modernas técnicas de
produção e utilização dos meios de ensino.
1.1.1 - A formação de professores
Não só os alunos, mas também os professores estão cercados por todos
os lados pelas tecnologias e pelas mudanças que elas imprimem no mundo e, em
especial na vida profissional do professor.
Tendo seu campo de ação na educação, que por vocação deve voltar-se
para a democratização do acesso ao conhecimento, produção e interpretação
das tecnologias e sua linguagem, o professor também precisa ser preparado para
utilizar-se pedagogicamente dessas tecnologias, na formação dos alunos
( cidadãos ), que deverão interpretar as novas linguagens do mundo atual e
futuro. O professor não pode colocar-se à margem do progresso tecnológico de
seu tempo, sob pena de perder a oportunidade de participar da construção da
sociedade contemporânea. ( PERRENOUD, 2000, p. 138 )
Os professores atentos às implicações sociológicas e pedagógicas das
novas tecnologias educacionais, sabem o que as novidades tecnológicas
aportam, bem como seus perigos e limites, podendo decidir com conhecimento
de causa, dar-lhes um amplo espaço em suas aulas, ou utilizá-las de modo
bastante marginal. ( PERRENOUD, 2000, p 138 )
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O site educacaotecnologia.blogspot.com ( 19/11/05 ) chama a atenção
para o tópico “A NECESSIDADE DE SE FORMAR PROFESSORES
PESQUISADORES”, onde Périssé, no seu livro Educador Aprendedor reforça
tese de que todo professor deve ter obrigação de estar envolvido com pesquisa,
porque, por meio dela terá condições de aprender de forma autônoma e
independente, estando, desta forma preparado para lidar com a educação
continuada. Somente quando o educador estiver capacitado para conduzir sua
própria formação e pensar por conta própria, o professor terá condições de
ensinar seus alunos a aprenderem a aprender. O Projeto Pessoal de Investigação
Técnica ( PPIT ), adotado pela equipe pedagógica do Professor Périssé, é um
trabalho de iniciativa voluntária, onde o professor deve escolher um tema do seu
interesse a ser pesquisado durante determinado tempo. Os resultados da
pesquisa são compartilhados com todos do grupo e cada um pode contribuir de
alguma forma com a pesquisa do colega, formando assim, uma rede cooperativa
de pesquisa.
Com o advento das NTICs tornou-se possível ao professor, mesmo à
distância, prestar todo o acompanhamento requerido pelos alunos no curso
presencial, e até mesmo prestar assessoramento num projeto cooperativo
professor-aluno, pois entre as competências necessárias para o docente em
EAD, uma é estar se dedicando à pesquisa, buscando maneiras de motivar os
alunos, e não apenas à sala de aula.
Merece destaque também nesse aspecto o trabalho realizado pelo ProInfo
– Programa Nacional de Informática na Educação - em relação à capacitação de
professores para trabalhar com as TIC em sala de aula, inclusive participando
de projeto com o Ministério de Ciência e tecnologia, para a aquisição de laptop,
para alunos e professores brasileiros. Coordenador de Grupo de Trabalho do
MEC, juntamente com 50 outros participantes, estiveram fazendo abordagens
pedagógicas, metodológicas, de conteúdo, de usabilidade do laptop.
O Projeto Veredas, da UFMG, tem apresentado excelentes resultados,
como programa de capacitação de docentes de escolas públicas por meio de
universidades , centros universitários e faculdades isoladas.
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1.1.2 - A Internet
A Internet é uma rede mundial de computadores interconectados entre si,
criada pelos Estados Unidos, para interligar centros de investigação e defesa
norte-americanos espalhados pelo planeta. Essa intrincada comunicação é feita
através de satélites e inúmeras redes locais, além de sistemas de convenções
técnicas, que homogeneízam as mensagens e as formas de comunicação.
Há um paradoxo, no entanto, pois a Rede Mundial de Informações –
Internet completou em 2005, dez anos de funcionamento em escala comercial no
Brasil, e apenas 11% de toda a população está ligada a ela. Apesar do jovem
brasileiro ter ganho do comitê internacional da Internet o prêmio pelo melhor
desempenho na navegação na rede, com uma média de 18 horas navegadas, no
mês de outubro/2005. Apesar de o Brasil ser o 9º país do mundo e o 1º da
América do Sul em número de servidores ligados à Internet – segundo
informações da Network Wizards, dados da Secretaria de Política de Informática
do MCT confirmam que 163 milhões de pessoas não têm acesso à Rede
Internacional ou não sabem como utilizar os recursos tecnológicos que
revolucionam a comunicação na sociedade moderna. ( REVISTA, 2005 )
Entre as metas do Governo Eletrônico, programa do Governo Federal, que
previa até dezembro de 2001, uma inclusão digital em grande escala, incluindo a
ampliação de acesso à Internet ( toda localidade brasileira com mais de 600
habitantes deveria dispor de, pelo menos, um acesso público à rede
internacional ); está prevista a ligação à Internet de todas as escolas públicas
com ensino médio ( cerca de 13 escolas ). Essas metas ainda não foram
alcançadas. (REVISTA, 2005)
A FINEP e o Ministério de Ciência e Tecnologia iniciaram este ano projeto
de criação das REDECOMEP – Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa,
que irão permitir a troca de conhecimento entre as instituições de ensino e
pesquisa dos 26 estados e do Distrito Federal, em altíssima velocidade.
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Esta rede está planejada para operar com velocidades muitíssimo
superiores ao que se tem hoje nas conexões de banda larga, comuns em grande
número de residências. Esta será a nova geração da atual rede de educação e
pesquisa, num projeto que incluirá todas as regiões do país na era digital,
contribuindo, inclusive, para a inclusão social das regiões brasileiras. (REVISTA,
2005)
1.2 – Breve história da EAD no Brasil e no mundo
O conceito de EAD, da forma como ela é reconhecida hoje é, de fato, um
conceito moderno, uma vez que faz uso de tecnologias que lhe emprestam estas
características. Mas, na verdade, a EAD é uma forma de auto-instrução que
remonta o início da era cristã ( SARAIVA, 1996 ), quando os missivistas no afã de
propagar as boas novas do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, não se
limitaram a empreender viagens transoceânicas e transcontinentais – as
chamada viagens missionárias – no cumprimento desse mister, mas lançaram
mão do recurso disponível na época, a carta escrita e distribuída, para a leitura e
a instrução de todas as comunidades cristãs espalhadas por todo o mundo
contemporâneo, chegando até nós a sua mensagem.
Esta abordagem da educação tão antiga, a EAD, está recebendo um novo
impulso com as novas tecnologias da informação e da comunicação e, já é, sem
sombra de dúvida, o setor educacional que mais cresce no Brasil e no mundo.
Mesmo no Brasil, não se pode afirmar que a modalidade de educação a
distância, enquanto metodologia, seja nova. Ao contrário, são conhecidos os
exemplos do seu emprego desde o século passado.
O estouro na expansão da EAD no Brasil, em face da utilização das NTICs,
deu-se no período de 1924-2002, incrementada pela utilização da Internet, a
criação de legislação apropriada, o credenciamento de instituições de ensino, a
pesquisa acadêmica, a autorização para funcionamento e finalmente, pela
criação da Universidade Virtual. ( SARAIVA, 1996 )
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Apesar de algumas iniciativas arrojadas e criativas que encontramos,
podemos dizer que no Brasil ainda estamos atrasados. Há experiências isoladas
que merecem todo o crédito, como o curso de especialização a distância, que se
desenvolve na Cátedra Unesco de EAD existente na Universidade de Brasília e o
inteligente projeto de EAD – Laboratório de Educação a Distância – LED,
desenvolvido no Curso de Mestrado pela Faculdade de Engenharia da
Universidade Federal de Santa Catarina, com incentivos financeiros do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Da pesquisa do professor Francisco José Silveira Lobo Neto, retiramos as
informações para traçar um itinerário da evolução histórica da educação a
distância ( SARAIVA, 1996 ):
Em 20 de março de 1728, o anúncio publicado na Gazeta de Boston, pelo
professor de taquigrafia Cauleb Phillips: “Toda pessoa da região, desejosa de
aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser
perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston.” ( SARAIVA,
1996 )
Em 1833, um anúncio publicado na Suécia já se referia ao ensino por
correspondência: um marco histórico que é um futuro ainda distante.
Em 1840, na Inglaterra, Isaac Pitman sintetiza os princípios da taquigrafia
em cartões postais que trocava com seus alunos: ainda não é uma ação
institucionalizada de EAD, mas já um início.
Em 1856, em Berlim, por iniciativa de Charles Toussaint e Gustav
Langenscheidt, é criada a primeira escola de línguas por correspondência.
Finalmente está institucionalizada a EAD e pronta para ganhar o mundo.
Em 1873, em Boston, Anna Eliot Ticknor funda a Society to Encourage
Study at Home. Mais uma iniciativa precursora da EAD nos Estados Unidos.
Mas o desenvolvimento de uma ação institucionalizada de educação a
distância tem início a partir da metade do século XIX.
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Em 1891, Thomas J. Foster, em Scarnton (Pennsylvania), inicia, com um
curso sobre medidas de segurança no trabalho de mineração, o Internacional
Correspondence Institute.
Em 1891, a administração da Universidade de Wisconsin aprova proposta
apresentada pelos professores de organização de cursos por correspondência
nos serviços de extensão universitária.
Em 1892, foi criada uma Divisão de Ensino por Correspondência, no
Departamento de Extensão da Universidade de Chicago, por iniciativa do Reitor
William R. Harper, que já havia experimentado a utilização da correspondência
para preparar docentes de escolas dominicais.
Em 1895, em Oxford, Joseph W. Knipe, através de correspondência
preparou seis e depois 30 estudantes para o Certificated Teacher’s Examination,
dando início aos cursos de Wolsey Hall.
Em 1898, em Malmoe (Suécia), Hans Hermod, diretor de uma escola que
ministrava cursos de línguas e cursos comerciais, publicou o primeiro curso por
correspondência, dando início ao famoso Instituto Hermod.
Adentrando o século XX, observa-se movimento contínuo de consolidação
e expansão da educação a distância, confirmando, de certo modo,
Em 1886 William Harper escreve:
“Chegará o dia em que o volume da instrução recebida por
correspondência será maior do que o transmitido nas aulas
de nossas academias e escolas; em que o número dos
estudantes por correspondência ultrapassará o dos
presenciais;...”
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1.2.1 - A educação a distância no Brasil
A evolução histórica da EAD no Brasil é marcada pelo surgimento e
disseminação dos meios de comunicação, começando pelo ensino por
correspondência, passamos pela transmissão radiofônica e, depois, televisiva,
para em seguida adotarmos a informática, até os atuais processos de utilização
conjugada de meios – a telemática e a multimídia. ( SARAIVA, 1996 ):
- O ano 1924 pode ser considerado como marco inicial, com a criação por
Roquete-Pinto da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e de um plano sistemático
de utilização educacional da radiodifusão como forma de ampliar o acesso à
educação.
- A Marinha utiliza ensino por correspondência desde 1939.
- Fundado em outubro de 1941, o Instituto Universal Brasileiro, como entidade
de ensino livre, oferece cursos por correspondência, e pode ser considerado
como um dos primeiros em nosso país.
Na década de 60 é que se encontram registros, alguns sem avaliação, de
programas de EAD. Algumas ações foram desenvolvidas ministrando aulas pelo
rádio.
- Criação do Programa Nacional de Teleducação (Prontel), pelo Ministério da
Educação e Cultura, a quem competia coordenar e apoiar a teleducação no
Brasil.
- Concebido e operacionalizado, em caráter experimental, de 1967 a 1974, por
iniciativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Projeto Saci -
Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares, tinha como objetivo
estabelecer um sistema nacional de teleducação com o uso do satélite. A partir
de 1975, o Inpe retirou-se e, o projeto foi absorvido pelo Estado do Rio Grande do
Norte. Em 1976, o projeto piloto foi encerrado, com saldo altamente positivo.
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- Em 1969 teve início o sistema de Televisão Educativa (TVE) do Maranhão e até
hoje oferece, em recepção organizada, estudos de 5ª a 8ª séries do ensino
fundamental, utilizando programas de televisão e material impresso, que
permitem aprofundar os conteúdos trabalhados e realizar pesquisas.
- A TVE do Ceará teve início em 1974. Desenvolve o programa Tele - Ensino para
alunos de 5ª a 8ª séries, principalmente no interior do estado. Em 1995, o
sistema de televisão educativa do Ceará atendeu 195.559 alunos de 5ª a 8ª
séries, em 7.322 telessalas, localizadas em 161 municípios.
- Desde a década de 70, a IOB - Informações Objetivas Publicações Jurídicas,
com sede em São Paulo, desenvolve em todo o país, através do ensino por
correspondência, um programa de atualização destinado a pessoas que estão na
força de trabalho, com predominância em ocupações da área terciária e de
serviços.
- Em 1976, o SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial iniciou suas
atividades em EAD com a criação de um Sistema Nacional de Teleducação. De
1976 a 1988 foram oferecidos cerca de 40 cursos, utilizando material instrucional.
Em 1991 o Senac, após avaliação, promoveu uma reestruturação geral do seu
programa de EAD. Em 1995, o Centro Nacional de Ensino a Distância atendeu
cerca de 2 milhões de alunos através da EAD.
- O Centro Brasileiro de Televisão Educativa Gilson Amado, a partir de 1990
denominado Fundação Roquete-Pinto, teve papel de destaque na história da
EAD no Brasil. Seu criador, Gilson Amado, foi um pioneiro na utilização da
televisão no processo educativo.
- Iniciada em 1979, a Universidade de Brasília (na Coordenadoria de Educação a
Distância) tem uma experiência de mais de quinze anos em EAD através de
cursos de extensão, oferecendo mais de 20 cursos, seis dos quais traduzidos da
Open University. Mais de 50 mil pessoas inscreveram-se formalmente nos cursos
a distância da UnB. O Programa de Ensino a Distância da UnB transformou-se na
Coordenadoria de Educação a Distância, em 1985.
24
- Com início na década de 80, a Associação Brasileira de Tecnologia Educacional
(ABT), oferece cursos direcionados ao aperfeiçoamento de recursos humanos
utilizando material instrucional, que permite acompanhamento personalizado, com
tutoria. Passaram, até agora, pelos cursos da ABT, cerca de 30 mil pessoas.
- Em 1989, a Coordenadoria de Educação a Distância da UnB transformou-se no
CEAD - Centro de Educação Aberta Continuada a Distância. Hoje, o CEAD
conta com um grupo de especialistas nessa área, que já utilizam recursos de
multimídia e estão produzindo cursos apresentados em CD-ROM. O CEAD tem
se destacado com ações que visam à consolidação da educação a distância no
Brasil.
- Em 1989, várias universidades públicas, reunidas em Brasília, lançaram a Rede
Brasileira de Educação Superior a Distância.
- Em 1992 foi criada a Coordenadoria Nacional de Educação a Distância na
estrutura do MEC e, a partir de 1995, a Secretaria de Educação a Distância.
- A partir de 1993, o SENAI do Rio de Janeiro, criou o Centro de Educação a
Distância. Utilizando material impresso, com alguns momentos presenciais, deu
início às suas atividades com os cursos de Noções Básicas de Qualidade Total e
Elaboração de Material Didático Impresso, atendendo, até agora, mais de 16 mil
pessoas.
- Em 1994, em parceria com a Unesco e o Instituto Nacional de Educação a
Distância ( INED ), criaram o Fórum de Educação a Distância do Distrito Federal
e, nesse mesmo ano, ainda com o INED, lançaram a revista Educação a
Distância – INED.
- Em 1995, organizaram a 1ª Conferência Interamericana de Educação a
Distância (Cread), no Distrito Federal.
- Com início em 1995, a empresa de multimeios da Prefeitura do Rio de Janeiro,
a Multirio, já faz parte da história da EAD no Brasil, pelo trabalho que vem
realizando, dirigido a alunos e professores de 5a a 8a série do sistema municipal
25
de ensino. Além dos programas televisivos que concebe e produz, elabora
material impresso de apoio. A utilização pedagógica nas escolas da rede é da
responsabilidade da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro.
- Criado em 1999 – o NEAD – Núcleo de Educação a Distância – UFPR – nasceu
com a responsabilidade de organizar toda a estrutura necessária para a
implantação da EAD da Universidade, com uma equipe de 9 docentes e 2
técnicos administrativos.
- A UniRede – Universidade Virtual Pública do Brasil nasceu no ano 2000 –
formada por um consórcio de 61 instituições públicas de ensino superior ( IPES ),
com o objetivo de fomentar o ensino a distância entre as universidades federais,
estaduais e Cefets. A UniRede oferece os seguintes cursos: TV na Escola e os
desafios de Hoje; Constituições Brasileiras; Capacitação em Educação
Distância.
- A UVB – Universidade Virtual Brasileira – é uma rede de cooperação
universitária voltada para a pesquisa e criação de estratégias pedagógicas,
visando a oferta de cursos de EAD. A proposta pedagógica da UVB.BR para
ensino a distância, estimula o aprendizado interativo, cooperativo, colaborativo e
a auto-aprendizagem.
Várias rádios e televisões universitárias têm produzido e veiculado
programas educativos. Entre muitos projetos, alguns lamentavelmente, sem
registro. Foram selecionados alguns que pontuam a trajetória da teleducação no
Brasil ( SARAIVA, 1996 ):
- A Telescola da Fundação Padre Anchieta, de São Paulo, produziu e veiculou,
durante muitos anos, programas de apoio a alunos e professores das últimas
séries do ensino de 1º grau.
- A Rádio MEC, da Fundação Roquete-Pinto, tem uma história de décadas de
apoio à educação, através de inúmeros programas por ela concebidos,
produzidos e veiculados.
26
- A Fundação Padre Landell de Moura (RS) desenvolveu expressiva programação
educativa utilizando rádio e televisão, interiorizando as oportunidades
educacionais.
- O Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb) ocupa lugar de destaque
na história da teleducação brasileira. Concebeu, produziu e veiculou inúmeros
programas de rádio e televisão educativo.
- A Fundação Roberto Marinho (FRM) vem desenvolvendo vários programas.
Inicialmente, o Telecurso do 2º Grau e o Supletivo do 1º Grau (televisão e
material impresso adquirido em bancas de jornal) prepararam milhares de alunos
para os exames supletivos.
- O Telecurso 2000, para 1º e 2º graus, em convênio com a Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Senai e Sesi de São Paulo, é
composto de 1.140 programas televisivos. Como apoio às atividades de estudo
individual ou em grupo, os alunos têm à sua disposição, nas bancas de jornais e
revistas, os livros das disciplinas de 1º e 2º graus e do curso de Mecânica.
- A FRM desenvolve ainda um projeto com as Secretarias de Educação para
formação de videotecas, com apoio da Fundação Banco do Brasil.
- Centro Educacional de Niterói iniciou suas atividades utilizando a EAD em 1979.
Oferece vários cursos, utilizando módulos instrucionais com tutoria e momentos
presenciais, através de convênios com Secretarias de Educação e empresas.
- O Colégio Anglo-Americano, com sede no Rio de Janeiro, vem desenvolvendo
desde o final da década de 70, em 28 países, cursos por correspondência, com
tutoria, em nível de 1º e 2º graus, para brasileiros que residem, temporariamente,
fora do país.
- O Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) do Rio de Janeiro está
desenvolvendo, numa iniciativa conjunta com a Secretaria de Educação Média e
Tecnológica do MEC, um curso de especialização didática aplicada à educação
tecnológica. Utilizando a modalidade de EAD, através de estudo individualizado,
27
possibilita ao professor cursista o acesso a alguns referenciais teórico-práticos
indispensáveis à fundamentação do repensar de sua prática docente diante dos
avanços científico-tecnológicos.
- O Senai do Rio de Janeiro atende a inúmeras empresas localizadas em quase
todos os estados, ministrando os dois cursos a distância. A partir de junho de
1997, passou a ministrar cursos a distância para empresas, na Argentina e
Venezuela.
- A Aeronáutica está implantando a Universidade da Força Aérea, utilizando
programa de EAD para atualização de oficiais.
Merecem destaque dois programas: Um salto para o futuro e TV Escola.
Um salto para o futuro é um programa concebido, produzido e veiculado pela
Fundação Roquete-Pinto, destinado à atualização de professores. É utilizado,
ainda, como apoio aos cursos de formação de professores que irão atuar nas
primeiras séries do ensino fundamental. O programa utiliza multimeios (material
impresso, rádio, televisão, fax e telefone). Ao programa televisivo, com duração
de uma hora, integra-se um boletim impresso, que tem o objetivo de aprofundar
os conteúdos trabalhados no programa. Por sua estrutura e pela utilização do
satélite, o programa tem momentos interativos que permitem aos professores
cursistas, reunidos em telepostos, formular questões ou apresentar suas
experiências, ao vivo ou via telefone e fax, à equipe de professores –
especialistas presentes nos estúdios da TVE do Rio de Janeiro - que as
respondem ou comentam. Durante esta hora, os cursistas continuam formulando
perguntas aos professores especialistas, por fax, rádio ou telefone, recebendo
imediatamente as respostas.
Desde sua fase inicial, realizada no período de agosto a dezembro de
1991, o programa Um salto para o futuro é permanentemente avaliado em nível
nacional. A partir de setembro de 1995, passou a integrar a grade de
programação da TV Escola.
28
Pode-se dizer que esse programa representa um marco importante na
história da EAD e da televisão educativa brasileira, pela abrangência nacional da
utilização, pela concepção e formato do programa, que permite a interatividade,
pela ação integrada e coordenada de vários órgãos, além de constituir-se um
instrumento eficaz para o atingimento de uma das metas da política educacional
– a educação continuada dos professores do ensino fundamental, com vista à
sua permanente atualização, à melhoria da produtividade do sistema escolar e à
garantia da qualidade da educação. ( SARAIVA, 1996 )
CAPÍTULO II
COMO EXPLORAR PRODUTIVAMENTE O NOVO ESPAÇO
DA COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA?
“Toda tecnologia educacional será ultimídia. Não porque o
termo ‘multimídia’ passe a ser aplicado com significados
diferentes como de fato tem acontecido, mas porque as
máquinas irão se comunicar com os indivíduos através de
29
imagens, sons e gráficos.” (PINA, in SANCHO, 2001, p.
208).
Convergência das mídias é o nome que recebeu a mais nova tecnologia
que permite a hibridização de tecnologias e linguagens, a partir de diversos
suportes, como do tipo CD-Rom: de entretenimentos, de obras de referência, de
produtos ludo-educativos ( eduversão ) e obras artístico-literárias.( SANTAELLA,
2004, p. 175 )
HIPERMÍDIA – significa, sobretudo, enorme concentração de informação.
É a nova sensação da tecnologia moderna, que pode ser a portadora da
linguagem que irá revolucionar a nova sala de aula, com hiperdocumentos
integrados em tecnologias, que são capazes de produzir e disponibilizar som,
fala, ruído, gráfico, desenhos, fotos, vídeos, etc.; são informações em linguagens
hipertextuais, os chamados, nós de informação; são as máquinas tentando se
comunicar com as pessoas.
Seja qual for o nome da tecnologia que irá mediá-lo, o fato é que existe um
novo espaço para a aprendizagem, um novo espaço onde as atividades
acadêmicas ganham nova dimensão no ciberespaço, como espaço da
comunicação, como um espaço livre para a autoria de alunos e professores no
processo de ensino-aprendizagem. ( MORAN, 2004 )
Sabemos que, como diz ( NOGUEIRA, 2005, p. 37 ) a “Internet ainda está
em seu momento de ‘deslumbre’, pois os alunos nunca acessaram tantas
informações e dados com tanta rapidez e de forma tão amigável e motivante.”
Da mesma forma, os professores estão fascinados com uma biblioteca
virtual tão completa e abrangente, muito embora, na sua maioria, ainda
desconheçam todas as múltiplas possibilidades de explorar o ciberespaço,
utilizando-se da Internet como ferramenta, para suas pesquisas e coleta de
informações.
Para que alunos e professores não se tornem reféns das avançadas
tecnologias, vindo a ser manipulados por quem quer que seja, e possam extrair
30
delas os melhores benefícios na sua utilização, é necessário o desenvolvimento
de espírito crítico e competências aguçadas. ( PERRENOUD, 2000, p. 136 )
“Cada vez mais os CD-ROMs e os sites multimídia farão uma séria
concorrência com os professores, se estes não quiserem ou não souberem
utilizá-los para enriquecer seu próprio ensino.” Convém, portanto, que os
professores mantenham uma cultura tecnológica de base, para poderem pensar
as relações entre os instrumentos de informática e, minimamente, atualizarem
suas competências intelectuais, em face do saber que a escola pretende formar.
( PERRENOUD, 2000, p. 138 )
É a Professora Lúcia Santaella quem nos explica o surgimento de um novo
modo de leitura hipertextual por meio de redes remissivas interligadas, os links,
conduzindo o leitor a um delírio de possibilidades. “O funcionamento da máquina
hipertextual coloca em ação, por meio de conexões, um contexto dinâmico de
leitura comutável entre vários níveis midiáticos.” ( SANTAELLA, 2004, p. 175 )
Alguns autores, como ( NOGUEIRA, 2002 ) acreditam que a falta de
conhecimento mais amplo da Internet e de todas as suas possibilidades,
principalmente no que tange às novas tecnologias da comunicação e da
informação – NTIC, pode ser um dos empecilhos para o educador explorá-la
adequadamente, como ferramenta pedagógica.
Cremos que a colaboração maior vem através do ensino de ( MORAN,
2004 ) quando nos instrui que, mediante os desafios pedagógicos trazidos pela
Internet e pelas novas tecnologias educacionais, nós os professores precisamos
aprender a gerencias vários espaços educacionais e a integrá-los de forma
aberta, equilibrada e inovadora.
Ao explicitar o seu ensino, Moran identifica três desses espaços, definindo
o primeiro espaço como uma nova sala de aula, equipada e com possibilidades
de atividades diferentes; um laboratório conectado à Internet, para o
desenvolvimento de atividades de pesquisa e também ambientes virtuais de
31
aprendizagem, conectados à Internet e, possibilitando o aprendizado continuado
a distância, reunindo alunos e professores.
Segundo esclarece o Professor José Manuel Moran, os novos conteúdos,
as novas histórias e as linguagens trazidas pelo cinema, rádio e televisão foram
sempre incorporadas marginalmente, apenas como complemento, como
ilustração do conteúdo. Da mesma forma, o computador trouxe suas novidades,
como a facilidade e a rapidez no realizar tarefas, mas de contínuo foi, igualmente,
utilizado como ferramenta de apoio ao professor e ao aluno.
Ocorre que o ato de educar hoje se tornou muito mais complexo, pois há
informações demais, fontes infinitas e visões de mundo as mais diferentes, soltas
no ciberespaço e, ao alcance tanto do estudante quanto do professor.
“Do ponto de vista metodológico o professor precisa
aprender a equilibrar processos de organização e de
‘provocação’ [...] Uma das dimensões fundamentais do
educar é ajudar a encontrar uma lógica dentro do caos de
informações que temos, organizar numa síntese coerente
( mesmo que momentânea ) as informações dentro de uma
área de conhecimento. Compreender é organizar,
sistematizar, comparar, avaliar, contextualizar.” ( MORAN,
2004 )
Esse nível de compreensão depois de atingido, deverá também ser
questionado e tensionado, avançando para novas sínteses e novos formatos de
compreensão: “Uma segunda dimensão pedagógica procura questionar essa
compreensão, criar uma tensão para superá-la, para modificá-la, para avançar
para novas sínteses.” ( MORAN, 2004 )
Do ponto de vista metodológico ainda, o Professor Moran destaca a
importância da Internet na construção colaborativa de um trabalho conjunto de
professores e alunos, através das atividades virtuais da pesquisa, da
comunicação e da produção mediada pelo professor, quando os temas
produzidos pelas pesquisas individuais serão comunicados e debatidos no
32
ambiente on-line do fórum e depois de uma nova edição, divulgados sob o
formato mutimídia, hipertextual, para os colegas e a comunidade, isto é,
socializados.
Em suma, só poderemos falar em qualidade na educação, especialmente,
em qualidade de uma nova didática on-line, quando nos conscientizarmos de que
as novas tecnologias trouxeram grandes desafios pedagógicos, entre outros, que
precisam ser enfrentados pela escola, pela universidade e pelos professores, que
desejam criar situações de aprendizagem mais significativa para seus alunos.
Tornou-se ainda mais fundamental o planejamento, a organização e a
flexibilização dos currículos, integrando teoria e prática, compreensão e vivência,
fazer e refletir, formato e conteúdo, visando proporcionar aos alunos
oportunidades de fazer pontes entre o que aprendem intelectualmente e as
situações reais e experimentais da vida.
Que nós professores não venhamos a nos apropriar das modernas
tecnologias, de maneira egoísta, para a nossa própria comodidade, mas que o
compartilhamento do conhecimento prevaleça sempre em nossa atividade
docente, e que o desconforto e as dificuldades a serem enfrentadas pelos alunos,
possam se reverter em experiências enriquecedoras, que resultem na construção
de novos e significativos conhecimentos.
CAPÍTULO III
A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO E O
SEU IMPACTO NA SOCIEDADE E NO INDIVÍDUO
33
Há uma crença generalizada de que somente as máquinas de construção
mais recentes, como por exemplo, os computadores, são tecnologia e, ainda, que
a tecnologia desumaniza e, que a melhor forma de lutar contra a tecnologia é não
usar o computador e outros instrumentos que são novidades, que provocam
medo em nós.
“Algo que diferencia substancialmente a espécie
humana do resto dos seres vivos é a sua capacidade de
gerar esquemas de ação sistemáticos, aperfeiçoá-los,
aprendê-los e transferi-los para grupos distantes no espaço
e no tempo, para avaliar os seus prós e contras e tomar
decisões sobre a conveniência, utilidade ( para uns ou para
muitos ) de avançar em direção a alguns ou outros
caminhos. Ou seja, a sua capacidade não só de desenvolver
utensílios, aparelhos, ferramentas, técnicas e tecnologias
instrumentais, mas também de diferentes tecnologias
simbólicas: linguagem, escritura, sistemas de representação
icônica e simbólica, sistemas de pensamento... e
organizadoras: gestão da atividade produtiva, das relações
humanas, técnicas de mercado...
Neste sentido, podemos dizer que a tecnologia é uma
produção basicamente humana, entendendo aqui este termo
no sentido de ‘pertencente à espécie humana, próprio da
mesma’.” ( SANCHO, 2001, pp 25/26 )
Portanto, não podemos ter medo das máquinas a ponto de repudiar o uso
de computadores, como se a mesma tecnologia que nos possibilita oportunidades
ilimitadas de acesso ao fluxo informações disponíveis, fosse a responsável pelo
cenário de violência, injustiça social e exacerbação do espírito de corrupção que
grassa sobre nossa sociedade “pós-moderna”, juntamente com inúmeros outros
paradoxos, tais como os que nos aponta ( SANCHO, 2001, p 35 )
34
1. O primeiro paradoxo tem origem na nossa incapacidade, enquanto indivíduo,
de dar crédito à informação, visto que, desde o final dos anos 70, notícias não
param de surgir na imprensa, dando conta que:
a) Cientistas divulgam descobertas fraudulentas, como a
descoberta da vacina contra o vírus da AIDS e da fusão nuclear,
ainda não confirmadas até agora.
b) Pesquisadores famosos como Eisenck e Papert, no final dos
anos 80, divulgam falsos resultados de suas pesquisas,
respectivamente, sobre a adicção à nicotina e sobre o valor
educativo dos videogames, para favorecer o interesse dos seus
financiadores, Malboro e Nintendo.
c) Prestigiadas universidades americanas divulgam experiências
realizadas em laboratórios com seres humanos, sem o seu
consentimento, o que afronta de forma brutal, a ética profissional e
desrespeita os direitos humanos.
2. O segundo paradoxo reside no fato de que a nossa facilidade de acesso à
informação não nos garante o direito nem nos capacita a nos pronunciarmos
sobre o valor e o verdadeiro sentido das modernas descobertas e suas
conseqüências, visando explorar, resolver ou agravar os problemas sociais.
3. E ainda o terceiro paradoxo surge da busca de respostas a questões do tipo:
Quem pode tomar decisões? Qual a validade de ter tanta informação e elaborar
pensamento crítico sobre algo que não posso agir? Assim, indivíduos e grupos
dependem cada vez mais de “mediadores” e desenvolvem cada vez menos sua
capacidade de deliberação e exercício de julgamento crítico, sendo levados
muitas vezes, ao desassossego, ao desinteresse, ao cinismo.
Ecoam, por fim, as perguntas que não querem calar na nossa garganta:
Será verdade o que os pesquisadores e cientistas estão afirmando? Quais serão
as verdadeiras conseqüências das mais modernas tecnologias e descobertas?
Como seremos afetados por tais tecnologias? Quem tem poder e capacidade
para avaliar o desenvolvimento técnico e científico? Até que ponto as tecnologias
estão subordinadas a importantes valores sociais e direitos individuais, como a
política, a cultura e a educação? ( SANCHO, 2001 pp. 25/26 )
35
A natureza inteligente do homem permite-lhe transformar, pela técnica, a
realidade natural em uma realidade artificial.
“Segundo Aristóteles, a téchne é superior à
experiência, mas inferior ao raciocínio no sentido de ‘puro
pensamento’, mesmo quando o mesmo pensamento requer,
também regras. No entanto a tecnologia não é simples fazer,
é fazer com logos ( raciocínio ).
“Se a tecnologia é um instrumento ideológico, social e
politicamente neutro, não é responsável pelo uso que se
faça dela. Schaff ( 1985, p.29 ) resume esta postura com o
seguinte argumento: ‘Nenhum avanço do conhecimento
humano é reacionário ou prejudicial em si mesmo, já que
tudo depende do uso que o homem fizer dele como ser
social: uma mesma descoberta pode ser empregada para
alcançar um novo paraíso ou um inferno muito pior que o
que conhecemos até agora.”
Mediante questões preponderantes como as colocadas por Sancho e
Schaff, devemos, isto sim, perguntar e ao mesmo tempo buscar responder alto e
de bom som, se a escola nos moldes em que se apresenta hoje, envolvida com a
tarefa de acompanhar a todo custo os últimos avanços tecnológicos, de modo a
atrair os seus alunos, é a escola mais adequada para responder aos graves
problemas do ensino, quais sejam:
Seria o computador ou a informática a grande vilã, juntamente com todo o
aparato tecnológico de que se faz acompanhar, nas modernas salas de aula, ou
nos auditórios, laboratórios ou espaços virtuais de aprendizagem?
3.1 - A tecnologia como ferramenta para a democratização do
ensino de base cristã
Ora, com o advento da Internet, qualquer pessoa que estiver plugada à
rede internacional de comunicação, em qualquer ponto do Brasil ou do mundo,
36
pode sem grande esforço: encontrar amigos, fazer compras, pagar contas, tomar
dinheiro emprestado, ler e escrever livro on-line, fazer pesquisa, participar de
debate, etc. ( NOGUEIRA, 2005, p. 15 )
Hoje, com a infra-estrutura de telecomunicações disponível e com o
avanço alcançado na interconexão por redes de informática, o país já domina
toda a tecnologia necessária ao planejamento, à implantação e ao
desenvolvimento de projetos educacionais a distância, que podem responder
alternativamente às diversas necessidades educacionais. ( NOGUEIRA, 2005, p.
15 )
São essas mesmas tecnologias que também se colocam a serviço de um
tipo de ensino que, desde a sua origem, traz consigo uma vocação de alcançar
toda a população de um mundo, sem fronteiras, ou “os quatro cantos do mundo”,
no dizer do Mestre Jesus. ( MATEUS, 24.14 )
Com todos os recursos e possibilidades disponibilizadas pela Internet, não
vemos porque as pessoas que, dispondo de condições de explorar as NTICs em
seu próprio favor e de sua família, continuar recebendo, passivamente, toda a
carga de informações e imagens duvidosas, que trafegam através das mais
diversas mídias, inclusive via Internet, e não fazer uso desses mesmos canais,
mediante programas e recursos alternativos, que tragam à discussão e ao
questionamento, todos esses comportamentos e valores aceitos como padrão.
Afinal, a Internet não pode ser reduzida a um espaço que se preste
unicamente ao entretenimento, à construção do conhecimento e ao exercício da
inteligência do internauta, mas, igualmente, deve ser explorada com a sabedoria
de quem sabe que existem valores nem tão retumbantes e tão facilmente
acessíveis, pois não dão “Ibope”, mas que, por isto mesmo precisam ser
buscados até ser encontrados, vez que eles mesmos não são tão difíceis de ser
achados, mas a dificuldade está posta dentro de nós. ( NOGUEIRA, 2005, p. 16 )
Como a Internet pode ser utilizada para a democratização do ensino de
base cristã? Simplesmente, pelo acesso a livros, arquivos e bibliotecas virtuais?
Pelo compartilhamento e pelo debate sobre descobertas e verdades que
37
envolvem atitudes? Pela execução de projetos instrucionais, que envolvam a
discussão no âmbito acadêmico, de valores ou lições evangelísticas, próprias da
experiência do Cristo? Pela aprendizagem colaborativa, mediada através de
FÓRUNS, que abra espaço à autoria coletiva, enfocando temas tirados da mídia,
que contrastam frontalmente com valores cristãos genuínos?
3.2 - Espaço para uma proposta de educação on-line de base cristã
A inserção da modalidade EAD nas universidades presenciais é tarefa
difícil. Talvez o primeiro obstáculo a ser vencido neste empreendimento seja o
preconceito contra a EAD por parte do seu público-alvo, principalmente, em face
do seu desconhecimento.
Um dos principais desafios para a nossa universidade, na visão de
( MANSUR, 2001 ) consiste na necessidade de oferecer novas formas de acesso
ao conhecimento, favorecendo a compreensão de idéias e o pensamento
analítico e crítico, através do uso das novas tecnologias da informação em
resposta a uma exigência da sociedade.
Segundo Mansur, em um contexto histórico que inclui diferentes países da
América Latina ( TLC e Mercosul ) é necessário criar redes cooperativas de
colaboração entre grupos acadêmicos, de produção e distribuição de
conhecimentos e, os novos suportes podem contribuir para e sua implantação.
O advento da Internet possibilitou a interconexão permanente e continuada entre
universidades e outras instituições acadêmicas, facilitando o intercâmbio de
“bens” acadêmicos e o compartilhamento de avanços de pesquisas e novas
buscas e, consultas bibliográficas, não importando em que parte do mundo se
encontrem os alunos, professores e pesquisadores. ( MANSUR, 2001 )
Em sua reflexão sobre o futuro da informática educativa, Cristina Alonso
Cano ( in SANCHO, 1998, p. 181, ) diz que precisamos buscar com calma um
espaço, pois há ainda muito caminho a ser percorrido, até superar um dos
maiores obstáculos, que é a integração curricular dos recursos informáticos.
Todavia ela acredita que o futuro virá marcado por uma ação muito mais calma e
38
meditada... e que descobriremos algo silencioso no ar e, recuperaremos uma
calma que parecia irremediavelmente perdida.
3.3 - O que é a educação
A ignorância pode conduzir à intolerância e ao preconceito extremados; daí
a importância da educação ser cada vez mais dimensionada, numa sociedade
interdependente, na qual a informação é transmitida globalmente por uma
tecnologia altamente sofisticada e cada vez mais abrangente.
A prática educacional existia antes da reflexão sobre a educação. As
próprias escolas são uma tecnologia; uma solução à necessidade de
proporcionar educação a todos os cidadãos, de toda e qualquer idade. A escola é
uma tecnologia da educação, no mesmo sentido em que os carros são uma
tecnologia dos transportes.( SANCHO, 1998, p.39 )
Quando o MEC define educação na forma, abaixo, certamente está
buscado expressar, como em vezes anteriores, uma idéia consensual:
“Educação. Do latim ‘educere’, que significa extrair,
tirar, desenvolver. Consiste, essencialmente, na formação
do homem de caráter. A educação é um processo vital,
para o qual, concorrem forças naturais e espirituais,
conjugadas pela ação consciente do educador e pela
vontade livre do educando. Não pode, pois, ser confundida
com o simples desenvolvimento ou crescimento dos seres
vivos, nem com a mera adaptação do indivíduo ao meio. É
atividade criadora, que visa a levar o ser humano a realizar
suas potencialidades físicas, morais, espirituais e
intelectuais. Não se reduz à preparação para fins
exclusivamente utilitários, como uma profissão, nem para
desenvolvimento de características parciais da
personalidade, como um dom artístico, mas abrange o
homem integral, em todos os aspectos do seu corpo e de
39
sua alma, ou seja, em toda extensão de sua vida sensível,
espiritual, intelectual, moral, individual, doméstica e social,
para elevá-la, regulá-la e aperfeiçoá-la. É processo
contínuo que começa nas origens do ser humano e se
estende até à morte”( BRANDÃO, 2005 )
E quando falamos de consenso em educação, até pelas evidências,
lembramo-nos, de imediato, do Professor Paulo Freire e do Mestre Jesus.
Eximimo-nos de destacar aqui, a reconhecida obra pedagógica de Jesus Cristo,
para chamarmos à atenção para a exuberante pedagogia paulofreireana, de
sucesso reconhecido internacionalmente, talvez não, enquanto método eficiente e
eficaz, pronto e acabado, mas como uma proposta deixada a todo professor, que
como o próprio Paulo Freire, reconhece que todo professor precisa ter esperança.
Concordamos que esperança precisa ser a palavra-chave na atividade
profissional do professor que deseja andar nas pegadas de mestres da
pedagogia e andragogia ( FILATRO, 2004, p. 19), como o Professor Paulo Freire
e o Mestre Jesus.
Neste passo, porque não evidenciar aqui um paralelo que se estabelece
naturalmente entre a pedagogia do educador Paulo Freire e o Mestre Jesus
Cristo? Porque não ressaltar a identificação no fio condutor na pedagogia e na
vida de ambos os educadores, que consolidaram suas escolas sobre princípios
como a esperança, o amor, a generosidade e o altruísmo? Tanto a obra
educacional de Jesus, como a obra paulofreireana, não se constituem de um
conjunto linear de partes estanques, mas de um todo holístico, de um eco-
sistema, que atua na busca do equilíbrio biológico, e porque não dizer familiar,
ambos os mestres aplicando com toda maestria a metodologia fundamental do
diálogo e da aproximação do objeto da aprendizagem.
Porque não comparar a experiência de Paulo Freire na África, ao se
perceber andando de mãos dadas com outro homem no pátio da Universidade,
com o toque curador do Mestre Jesus sobre o leproso ( Mateus 8.2 e 3 ), que
deveria ser rechaçado ao esboçar qualquer aproximação de alguém? Porque não
evidenciar a visão solidária de conhecimento desses dois símbolos da educação
40
em todos os tempos, com a atitude oposta da nossa prática atual ( talvez não
quanto ao discurso ), sob a justificativa da urgência dos tempos? Afinal, para que
é que o ser humano aprende?
Todos utilizam alguma tecnologia em suas aulas. Em geral, a tecnologia foi
utilizada em todos os sistemas educacionais e não pode ser confundida hoje,
com os aparelhos, as máquinas e as ferramentas.
Na visão de (SANCHO, 1998, p.39), as funções básicas da educação
correspondem à necessidade, por um lado, de transmitir conhecimentos,
habilidades e técnicas desenvolvidas durante anos e, por outro, para garantir uma
certa continuidade e controle social, mediante transmissão e promoção de uma
série de valores e atitudes considerados socialmente convenientes, respeitáveis e
valiosos.
“A atual conjuntura política e econômica do país e do mundo
caracteriza-se pela minimização do papel do estado em
matéria de políticas sociais e, em particular, em política
educacional, e por possibilitar ao setor privado, empresarial
e aos organismos internacionais sua forte incidência na
determinação das metas e dos fins da educação” (
LIGUORI, in LITWIN, 2001; p. 83 )
Neste contexto, os projetos educativos, no dizer de ( LIGUORI, in LITWIN,
2001; p. 83 ) gravitam em torno de uma dupla problemática:
a) responder às demandas do sistema produtivo em função dos avanços
científicos e tecnológicos atuais;
b) elaborar um currículo ( no sentido amplo do termo ) que garanta uma
formação básica de qualidade para todos os cidadãos.
Por que ou para que um ensino de base cristã? Por que um ensino de
base cristã, voltado para um homem, que já foi dissecado na sua estrutura, no
seu caráter e na sua personalidade, desde mais de dois mil anos atrás? A
resposta é que, o ensino secular busca preparar o homem para ser bem sucedido
41
na vida profissional, emocional e familiar, enquanto o ensino de base cristã, em
última análise, visa preparar o homem para a vida plena, incluindo a eterna.
Ao ensino de base cristã qualquer um é bem-vindo, sendo de somenos
importância o “status inicial” do aluno. Isto mesmo; embora devamos estar
cientes dos critérios pedagógicos que devem presidir a escolha dos meios, o
modo de produzir materiais, a organização da veiculação e dos canais de
comunicação à distância entre professores e alunos, durante todo o processo,
devemos ignorar que mais determinante ainda e, mais significativo, será o status
final a ser alcançado, pela agregação de valores cristãos autênticos a uma
tecnologia educacional voltada para o diálogo e para a formação cidadã, integral,
mas antes de tudo, cristã.
Num mundo onde as inteligências são tão decantadas, temos que
reconhecer a importância e a necessidade de pensar, repensar, avaliar e
reavaliar a necessidade de uma volta do nosso olhar para o espelho, de
preferência, para um espelho interior; desviando o olhar um pouco do exterior, do
fashion, da vitrine, do modismo; talvez não para deter-se num mea-culpa
interminável, mas pelo menos, para perguntar-se: Para que todo esse “glamour”?
Para uma revisão, ou para uma guinada, dessa magnitude, somente com a
utilização de ferramentas poderosas como as NTIC. Com esta afirmação
queremos enfatizar a magnitude da visão, e a dimensão ilimitada do projeto de
propagação do ensino de base cristã, ensino que teve início humilde,
remotamente, com uma primeira classe de 12 homens de cultura, escolaridade e
até de caráter duvidosos, mas que trilhou e continua trilhando uma próspera
carreira e, sobrepujando a todo tipo de percalço, independentemente, de sua
origem e natureza.
Para o leitor cristão, especialmente para o estudante das Escrituras
Sagradas ocorre a contextualização da comunicação de mensagens escritas há
aproximadamente 2.000 e até 4.000 anos atrás. E não se trata de
PSICOGRAFIA. Dá-se isto, pelo fato de toda a Escritura ter a mesma inspiração,
tornando-se possível a aproximação do “autor” no momento da leitura,
estabelecendo-se uma parceria com o leitor no entendimento/revelação dos
42
enunciados, na medida que houver interesse e curiosidade da parte do leitor, pois
sabemos que o interesse precede o conhecimento. ( RODRIGUES, 2005, p. 13 )
Neste nosso espaço de reflexão pairam ainda no ar algumas questões:
que escolha iremos fazer quanto ao uso de todo o aparato tecnológico que tem
resultado das pesquisas? Como vamos nos apropriar de todos esses recursos
midiáticos? Como vamos dispor de todo esse ferramental informacional? O que
faremos com eles na sala de aula? Apenas desfilaremos nossos ricos figurinos
tecnológicos diante dos nossos embevecidos alunos, nos moldes das nossas
escolas de samba campeãs do primeiro grupo, no sambódromo carioca? Ou
faremos uma opção de qualidade e, de bom senso, buscando adequar os nossos
reais objetivos a serem alcançados, fruto de um planejamento sério e consciente
das dificuldades? Afinal, a melhor tecnologia não é, e nunca será peça
decorativa para uma sala de aula ou para um ambiente virtual de aprendizagem.
Para que servem todos os recursos tecnológico de última geração – data-show,
dvd , rede de significados, animações, simulações, ambientes virtuais de
aprendizagem, etc? Para que toda tecnologia de ponta, se nossas cabeças
pensantes, estão contaminadas, doentias, viciadas, dominadas pelos bichinhos
da mediocridade, da recorrência, do egoísmo, do oportunismo, da insensatez, da
ganância e, o que é pior, pela corrupção e pela fraude, em toda sua amplitude?
O nosso apelo é de que nós, professores, diretores e gestores, usemos de toda a
criatividade que recebemos, gratuitamente, de Deus, sem qualquer parcimônia;
mas jamais o façamos, sem o discernimento necessário de que, se a educação e
os educadores falharem no seu importantíssimo mister de ajudar e até
proporcionar melhores condições aos alunos que ainda lhes restam, e não se
preocuparem, num ato reflexivo, em parar e, rever os antigos limites, e resgatar
valores que nunca perderão o seu real valor...
Como será a sala de aula, o laboratório de informática, a sala de leitura, o
laboratório de imagens e sons? Haverá interação de fato, entre o aluno e a
escola? Finalmente chegou a hora do planejamento, da definição dos objetivos
da Proposta; chegou a hora da efetiva participação, da intervenção no projeto
educacional que se deseja implantar, quando estarão sendo definidos aspectos
fundamentais quanto à orientação, sobre os fundamentos pedagógicos, os
fundamentos tecnológicos, sobre os aspectos cognitivos da aprendizagem, sobre
43
os fundamentos da educação on-line, sobre a metodologia, sobre o ambiente
virtual de aprendizagem, sobre o modelo de interação aluno-professor-aluno ( a
interatividade ), sobre a interdisciplinaridade do projeto, os padrões ético-filosófico
e ideológico-político e o design instrucional. Finalmente chegou a hora de
escolher entre um leque de opções, as novas tecnologias a serem adotadas e a
sua utilização racional, na consecução dos objetivos do projeto pedagógico. Qual
será o nível do respeito e da valorização pessoal e profissional das figuras dos
alunos e professores? Qual será o modelo de gestão em EAD, nos âmbitos
administrativo (tutoria, instrutoria, logística), e técnico-pedagógico ( a
metodologia, o programa de avaliação, o web-designer )? Que tipo de material
didático será utilizado?
A aprendizagem significativa, na visão de Paulo Freire, não se restringe à
acumulação de informações, de dados, de fatos, de datas e outros conteúdos,
visto que, na condição de seres inacabados, continuaremos a aprender, para o
resto da nossa existência. Afinal, para o que é que o ser humano aprende?
3.4 - Nossa proposta de projeto político-pedagógico
No momento de definir uma proposta de educação on-line de base cristã,
isto é, de formular uma PROPOSTA DE PROJETO POLITICO-PEDAGÓGICO,
com vistas a atender necessidades educacionais levantadas durante a execução
do nosso Projeto de Pesquisa, é mais do que oportuno um questionamento,
mesmo breve, sobre possíveis leituras e interpretações do mundo, ou de
diferentes projetos de vida, ainda calcado na visão emancipadora da escola
cidadã de Paulo Freire, presente na sua Pedagogia do Oprimido. Afinal, para que
o sujeito aprende? Em que contexto o conteúdo a ser aprendido está inserido?
Quais são as opções de vida do aluno e seus familiares, em face da sua forma
personalíssima de interpretar a realidade? Quais são os reais anseios daquele
que é o objeto da aprendizagem a ser proposta? Quais as suas experiências?
Respondidas estas perguntas de caráter inicial, o processo de busca por
uma proposta educacional poderá seguir seu curso normal, através de
44
investigações, envolvendo todos os seguimentos da sociedade próximos à
realidade do aluno e seus familiares, até alcançarmos uma versão satisfatória,
para que pelo prazo de aproximadamente três anos, constitua-se no nosso
PROJETO POLITICO-PEDAGÓGICO.
Quando a escola pretende assumir o seu papel e preservar um espaço,
que por natureza, está dedicado quase que exclusivamente a ela ( apesar de toda
já antiga discussão sobre a desnecessidade dessa escola, em face do advento
da era da comunicação ) para atuar objetivamente na compreensão crítica da
realidade, visando a formação de cidadãos conscientes e capazes de
compreender criticamente esta mesma realidade, é o momento de se trabalhar
intensamente num PROJETO POLITICO-PEDAGÓGICO e, esta é, portanto, a
nossa proposta aqui neste espaço.
I - IDENTIFICAÇÃO E PROPÓSITO
Propomos a instituição de uma Unidade Educacional com o fim de
proporcionar ao seu público-alvo, ensino a distância, de base bíblico-cristã, para
atender basicamente duas necessidades constatadas:
a) a democratização do uso dos crescentes avanços da tecnologia
educacional, através de um projeto de educação a distância dirigido a regiões
distantes da Cidade do Rio de Janeiro, como o Norte/RJ e o Sul/MG.
b) a necessidade de se suprir uma lacuna observada quanto à exploração
dos recursos da informática e da moderna tecnologia educacional, na formação
do caráter cristão de jovens e adultos.
A proposta consiste na estruturação de um curso de formação cristã on-
line, em nível de ensino médio e bacharelado, que, como já dissemos, representa
uma atitude objetiva, no sentido de preencher lacuna observada e confirmada, a
partir da execução de Projeto de Pesquisa, sobre a viabilidade da democratização
da utilização das novas tecnologias educacionais nas regiões do norte fluminense
e sul de Minas Gerais.
45
O vulto da proposta exige o envolvimento de um patrono, além de outros
parceiros dispostos a viabilizar financeiramente e atuar num projeto cooperativo,
visando atender a uma carência, confirmada, de acesso daquela população a
institutos bíblicos ou a seminários cristãos, isto é, a uma escola que, além da
formação geral, proporcione aos seus alunos uma orientação cristã, biblicamente
sadia.
A preocupação dirigida a uma área geográfica especificada deve-se,
principalmente, à dificuldade, num primeiro momento do projeto, de alargar o seu
alcance a direções muito amplas, o que poderia onerar um programa educacional
emergente, quase experimental, visto que trata-se de uma área de condições
econômicas favoráveis, onde, a priori, identificamos o perfil do aluno ideal, em
face do desenho proposto para o curso.
No sentido de que a presente proposta não se revista de características
elitistas e, se inviabilize de pronto, porque impede a participação de pessoas, que
não possuem as condições mínimas necessárias - computador, moden, linha
telefônica - para o seu acompanhamento, sugerimos que no seu diagnóstico,
buscando formatar o desenho pedagógico e estrutural do programa a ser
implantado, um dos itens seja a criação, mediante parceria oficial, de
Telecentros, com terminais públicos de acesso à rede mundial de computadores,
aproveitando uma política de incentivos já existente em nível governamental.
Afinal, as pesquisas já comprovam a necessidade de iniciativas dessa natureza,
quando apontam que, na região sudeste, 88% da população não tem computador
e 92% não tem acesso à Internet.
II - INTRODUÇÃO
Este projeto singelo tem um alvo educacional muito alto, mas que
evidentemente, não alcança a dimensão dos pensamentos de Deus, na qualidade
de pedagogo e andragogo, qual seja: Ele deseja tornar-se uma instituição
educacional de referência, que atuará na formação de jovens e adultos, com
valores éticos fortes, que se realizem como pessoa, como indivíduos e, que
46
façam a diferença não apenas pela sua inteligência ou outras referências, mas
pelo amor àquilo que faz, porque o faz como se fizesse para Deus, como se
construísse um templo.
De início, declaramos que nossa proposta através desse projeto é reunir
em torno dele e seus objetivos, todos os homens e mulheres, jovens e adultos,
que tenham suas mentes voltadas para a educação, como instrumento de
inclusão social; conscientes da importância da educação neste momento de
transição, numa conjuntura de mudanças rápidas de paradigmas, que afetam a
vida de nossa sociedade como um todo, muito em particular o indivíduo. A idéia
é de uma convocação de lideranças da comunidade carioca, para um debate
aberto, franco e honesto, sobre as reais necessidades do nosso tempo, com suas
mudanças radicais, e sobre as reais possibilidades de realização de um projeto
cooperativo de educação a distância, com orientação bíblico-cristã, que abarque
toda essa conjuntura num fórum legitimado por homens e mulheres, de alguma
forma envolvidos com a educação: professores, alunos e seus familiares,
profissionais de educação, conselhos escolares, pesquisadores na área,
comunicadores, administradores, diretores, homens de negócio, autoridades
constituídas e associações representativas da comunidade.
Evidentemente que não cabem neste espaço todos os sonhos, ideais e
anseios, que velamos, às vezes, silenciosamente, no íntimo, mas a pretensão
desta proposta é trazer à discussão, refletir e levar a plenário todos esses
incômodos pessoais, todas as carências da sociedade, toda a perplexidade dos
nossos familiares e dos nossos vizinhos, de perto e de longe, todos os anseios da
escola cidadã que buscamos, lançando um desafio de retorno à simplicidade do
Professor Paulo Freire e, dizendo não à falácia, não ao discurso vazio, não ao
lugar comum, não à hipocrisia, não ao discurso progressista, com atitude
retrógrada, ao discurso pelo discurso, ao discurso desacompanhado da prática
correspondente, numa atitude digna de uma autêntica contracultura cristã, no
dizer de John Stott:
“Creio que ele desejava que o seu Sermão do Monte fosse
obedecido. De fato, se a Igreja tivesse aceitado
realisticamente os seus padrões e valores, como aqui
47
demonstrados, e tivesse vivido segundo eles, ela teria sido
a sociedade alternativa que sempre tencionou ser, e
poderia oferecer ao mundo uma autêntica contracultura
cristã”. ( STOTT, 2001, x )
A situação conjuntural, na qual se insere a atual proposta de projeto
político-pedagógico é de crise e perplexidade: crise social, crise econômica, crise
política e, lamentavelmente, crise de caráter. Há uma perplexidade ante a
celeridade dos tempos e das mudanças bruscas de paradigmas. Perplexidade
ante a quebra de valores pétreos e pela simples troca de novos e efêmeros
valores, por valores milenares, de eficácia provada e comprovada.
III - IDEAL
Nossa aspiração e a nossa ambição é atuar de forma decisiva na
transformação de nossos jovens e adultos, cristãos e não cristãos, ajudando-os a
adaptarem-se ao status quo atual da sociedade e, aclimatarem-se à cultura
prevalecente num tempo de crise, manifestando, todavia, o seu inconformismo
com essa cultura, no que for de abominável, desprezível, superficial e
preconceituoso.
IV - FUNDAMENTO TEÓRICO
Pretendemos trabalhar na formação de um cidadão. Queremos participar
ativamente na formação de jovens ou de adultos, que possam construir
juntamente com os pedagogos, técnicos, funcionários e familiares que formam a
nossa instituição, uma escola cidadã, enriquecida de todos os nutrientes que
compõem a escola voltada para autonomia, para a cidadania, para o diálogo e
para a esperança, nos moldes da escola idealizada pelo professor Paulo Freire:
“Esta transitividade da consciência permeabiliza o homem.
Leva-o a vencer o seu incompromisso com a existência,
característico da consciência intransitiva e o compromete
48
quase totalmente. Por isso mesmo que, existir, é um
conceito dinâmico. Implica numa dialogação eterna do
homem com o homem. Do homem com o mundo. Do
homem com o seu Criador. É essa dialogação do homem
sobre o mundo e com o mundo, mesmo, sobre os desafios
e problemas, que o faz histórico”. ( FREIRE, 1969, p. 60 )
O professor Howard Gardner inclui na sua Teoria de Inteligências
Múltiplas um novo tipo de inteligência - a Inteligência Existencial. Ele mesmo
sugere que há necessidade de se buscar respostas para perguntas básicas da
vida, como: Quem somos? De onde viemos? Para onde está indo a humanidade?
Qual o sentido disso tudo? ( ARMSTRONG, 2001, p. 164 )
Segundo Gardner, as grandes controvérsias científicas atuais –
clonagem, o desenvolvimento das armas nucleares - são oportunidades para
refletirmos profundamente sobre a natureza e o destino da humanidade.
“Dialogar com membros da comunidade de aprendizagem
( pais, professores, administradores, alunos, membros do
conselho ) sobre uma maior integração da inteligência
existencial ao currículo escolar.” (ARMSTRONG, 2001,
p.168)
A Professora Edith Litwin reconhece as novas tecnologias como
ferramenta de utilidade ilimitada, para a construção de conhecimentos e, nos
incentiva a buscar pelos meios disponíveis, ampliar o avanço da modalidade de
ensino à distância, agregando valor à formação do aluno, pela implementação da
comunicação educacional multimídia e pela interatividade, que aproxima
professor e aluno. ( LITWIN, 2001)
Os projetos pedagógicos pressupõem uma ação cooperativa, que não
necessariamente denota a atuação de uma equipe de objetivos comuns. A
atividade pedagógica que envolve a criação de uma oficina aberta, por exemplo,
49
lança mão dessa ação cooperativa, para realizar um empreendimento que
ninguém tem força ou vontade de fazer sozinho; e ela se encerra no momento em
que o projeto é concluído. ( PERRENOUD, 2000, p. 138 )
V - NOSSO CONCEITO DE EDUCAÇÃO
O planejamento é um processo educativo; por isto, é importante buscar
compreender o ato de educar e a educação como um conjunto de recursos,
situações e ações, para que mais facilmente aconteça o educar-se.
“A observação preliminar a essa conceituação é de que é
inútil e prejudicial buscar compreender o ato de educar: é
óbvia a conclusão de Paulo Freire de que ninguém educa
ninguém (ninguém se educa sozinho; todos nos educamos
no relacionamento.)” ( GANDIN, 2004, p. 101 )
Reconhecemos o valor e a importância da contribuição histórica do modelo
de educação tradicional seqüencial, com os seus objetivos.
Reconhecemos também os novos paradigmas que o desenvolvimento
tecnológico trouxe para a educação, criando um novo tipo de sociedade
educacional, a chamada sociedade do conhecimento.
Mas nós queremos uma escola que possa educar, de fato; como numa
família, cujos membros, mesmo distantes, em face do perfil desterritorializado da
educação on-line, permaneçam unidos, por muitos elos de ligação, como a
consciência da realidade, o desejo de aprender, a busca da transformação e do
crescimento, o inconformismo e a indignação com a perversidade social, a busca
de competências para a defesa de valores não descartáveis, e sobretudo pelo elo
do amor, que consolida uma consciência cristã, para atuar na sociedade.
VI - FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS
50
A contextualização de um projeto que pretende ser inovador quanto à
aplicação eficiente e eficaz das novas tecnologias da informação e comunicação,
adotando a modalidade de educação a distância, precisa seguir uma concepção
igualmente moderna, no planejamento e na definição do papel das estruturas
lógicas do pensamento, na construção do conhecimento.
É essencial uma abordagem consistente da teoria educacional a ser
adotada. Daí entendermos que se enquadra a este novo paradigma da educação
a distância, a perspectiva socioconstrutivista da aprendizagem, que, identifica a
aprendizagem significativa, como sendo aquela que se dá pela cooperação entre
os sistemas inter e intrapsicológico, isto é, dá-se na experiência e na troca de
experiência e, consolida-se na socialização dessas experiências.
Compartilhamos da visão de Pierre Lévy, de que a ampliação da
aprendizagem intelectual supõe a integração de saberes novos com saberes
outros, já sedimentados na experiência do ser humano/cidadão, cabendo aos
educadores e às instituições educacionais explorar e potencializar os novos
espaços da comunicação educacional multimídia.” ( LÉVY, 2002 )
A moderna educação on-line que explora ilimitadamente, o ciberespaço, na
construção do conhecimento, através do hipertexto eletrônico, encontra na teoria
vigotskiana do socioconstrutivismo, o fundamento por excelência, que sugere ao
professor a criação de situações de aprendizagem produtiva, para desenvolver o
conhecimento, que se dá pela prática e pela interação social dessa prática.
VII - DIAGNÓSTICO DA REALIDADE
Há uma população que precisa ser atingida pelo projeto e seus objetivos,
conjugados com as espectativas da sociedade, de conquistar um espaço para o
exercício da autonomia, pela reflexão necessária à construção de uma nova
realidade sócio-educacional.
51
São mulheres e homens que desejam e precisam ser ajudados a
romperem suas próprias resistências, suas próprias barreiras, além das demais
impostas pela sociedade e pelas circunstâncias, em relação às novas práticas
educativas do ensino a distância, enquanto modalidade de ensino
desterritorializado, isto é, sem o seu referencial físico da unidade escolar próxima.
É fundamental que haja um laboratório de informática, com micros
suficientes, todos ligados à Internet e, disponíveis a todos os alunos,
especialmente para os menos familiarizados com essas novas tecnologias.
Também faz-se necessário que todos os alunos recebam informação de como
utilizar as ferramentas, para pesquisar ou para seus estudos.
Os alunos contarão com acompanhamento gerencial de tutores e
professores. No laboratório e nos ambientes virtuais de aprendizagem, o
professor deverá orientar os alunos a navegar na plataforma de ensino a
distância adotada ( de preferência software livre ), a fazer suas pesquisa na
Internet, e a encontrar os materiais significativos para as respectivas áreas de
conhecimento.
Telecentros deverão ser criados, em parceria com Prefeituras Municipais,
ONGs ou outras empresas, voltadas para a responsabilidade social; onde serão
mantidos terminais públicos de acesso à rede mundial de computadores, e
disponibilizados para a população, dentro da política nacional de inclusão digital.
Haverá, necessariamente uma biblioteca virtual, onde e-books, em número
aproximado de cinco mil títulos, estarão disponíveis, além de listas de sites e
opções de pesquisa oferecidas através das mídias adotadas.
Manter acervo de material didático-pedagógico disponível, contendo
bancos de dados e informações relevantes, para utilização nas aulas presenciais
obrigatórias.
VIII - OBJETIVOS
52
A compreensão precisa do que venham a ser os objetivos em seus
diversos níveis ( de longo, médio e curto prazo ) parece-nos essencial, para o
planejamento de uma escola que pretende cumprir o seu papel de contribuir para
o bem global de uma comunidade, e não apenas transmitir conhecimentos.
Os objetivos são ações concretas. A fixação de objetivos claros e
exeqüíveis depende se os mesmos aproximam a realidade existente da realidade
desejada, pois os critérios básicos para a fixação de objetivos são a necessidade
e a exeqüibilidade, no tempo de duração do plano.
“É importante ressaltar, ainda que, num processo educativo
que se propõe transformador, os objetivos de ensino
precisarão estar voltados eminentemente para a
reelaboração e produção de conhecimentos. Para tanto,
deverão expressar ações, tais como reflexão crítica, a
curiosidade científica , a investigação e a criatividade.”
( LOPES, 1995, p. 47 )
Em se tratando de uma proposta para uma instituição de educação a
distância, de base bíblico-cristã, sugerimos, inicialmente, um objetivo geral ( de
médio prazo ) e dois objetivos específicos ( de curto prazo ):
OBJETIVO GERAL
- Desenvolver o seu projeto criativo a partir das tecnologias, técnicas e
práticas mais adequadas à instrução de cunho universal, bem assim do
ensino de base bíblico-cristã, através de EAD.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Explorar os recursos da informática e da moderna tecnologia
educacional, na formação do caráter cristão de alunos, jovens e adultos,
localizados num raio máximo de 500 km de distância do centro da
Cidade do Rio de Janeiro.
53
- Explorar educativamente as modernas tecnologias disponíveis no
mercado, oferecendo uma opção de ensino de qualidade, através da
Internet.
À título de ADENDO, inserimos neste espaço, alguns referenciais de
qualidade de “EAD” de cursos de graduação a distância. São dez itens básicos
de que devem merecer a atenção das instituições que preparam seus
programas de graduação a distância:
1- Integração com políticas, diretrizes e padrões de qualidade definidos para
o ensino superior como um todo e para o curso específico;
2- Desenho do projeto: a identidade da educação a distância;
3- Equipe profissional multidisciplinar;
4- Comunicação/interatividade entre professor e aluno;
5- Qualidade dos recursos educacionais;
6- Infra-estrutura de apoio;
7- Avaliação de qualidade contínua e abrangente;
8- Convênios e parcerias;
9- Edital e informações sobre o curso de graduação a distância;
10-Custos de implementação e manutenção da graduação a distância.
IX - ESTRUTURA DA ESCOLA
3 Diretoria Geral
4 Diretoria Administrativa
5 Diretoria Pedagógica
6 Orientação Educacional
7 Coordenação de área
8 Secretaria
9 Conselho escolar
10 Corpo docente
11 Corpo discente
12 Corpo de funcionários
54
X - CURRÍCULO
O currículo será organizado levando em consideração os procedimentos
que melhor possibilitarem aos alunos uma aprendizagem significativa dos
conteúdos (disciplinas ou temas), considerando basicamente os seguintes
elementos: a) o modelo de aprendizagem; b) a função dos professores; c) o
modelo curricular; d) o papel dos alunos; e) as técnicas de trabalho; f) a
avaliação.
Quanto aos conteúdos a serem trabalhados, estes deverão ser definidos,
de forma participativa, mediante intensa discussão, para que estejam diretamente
vinculados ao contexto social da escola e à experiência de vida dos alunos e,
atendam aos objetivos educacionais propostos para cada curso.
“Em vista disso, os conteúdos a serem trabalhados através
do currículo escolar precisarão estar estreitamente
relacionados com a experiência de vida dos alunos. Essa
relação, inclusive, mostra-se como condição necessária para
que, ao mesmo tempo em que ocorra a transmissão de
conhecimentos, proceda-se a sua reelaboração com vistas à
produção de novos conhecimentos. O resultado dessa
relação dialética será a busca da aplicação dos
conhecimentos aprendidos sobre a realidade, no sentido de
transformá-la. ( LOPES, 1995, p. 44 )
Um modelo participativo de currículo, fruto da discussão de todos os setores
envolvidos na sua execução, deverá também, além do seu padrão
multidisciplinar, abrir um novo espaço para a interdisciplinaridade, dando lugar a
uma visão da totalidade do conhecimento e do crescimento do ser humano (
aluno e professor ).
“O novo modelo curricular, de base interdisciplinar,
exige uma nova visão de escola, criativa, ousada e com uma
nova concepção de divisão do saber, pois a especificidade
55
de cada conteúdo precisa ser garantida paralelamente à sua
integração num todo harmonioso e significativo.”
( ANDRADE, 1995, p. 8 )
“interdisciplinaridade acontece quando duas ou mais
disciplinas relacionam seus conteúdos, para aprofundar o
conhecimento. Dessa forma, o professor de Geografia ao
falar da localização do Cristo Redentor, poderá utilizar um
texto poético, assim como, o de Ciências analisaria a história
da ocupação da cidade, para entender os impactos
ambientais no entorno.” ( SANTOMÉ, 2004, p. 275 )
É oportuna uma discussão, neste espaço, sobre o uso do computador no
processo de ensino-aprendizagem. Segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais ( PCNs ) é importante que se leve informação em linguagem digital na
escola, uma vez que ter acesso ou não à informação pode constituir-se numa
forma de discriminação.
“Ainda de acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais ( PCNs, 1988 ), em particular, o computador,
permite novas formas de trabalho, possibilitando a criação
de ambientes de aprendizagem em que os alunos
pesquisam, fazem antecipações e simulações, confirmam
idéias prévias, experimentam, criam soluções e constroem
novas formas de representação mental.” ( BETTEGA, 2004,
p. )
XI - AVALIAÇÃO
A melhoria do sistema educacional depende, em grande parte, da
concepção do processo de ensino-aprendizagem, do modelo e da qualidade da
avaliação do conhecimento construído pelos alunos.
56
A avaliação deverá coincidir com os pressupostos pedagógicos
estabelecidos pela escola. Algumas das tendências atuais vêem a necessidade
de superar o modelo de avaliação por objetivos, centrado na observação de
resultados. No caso das teorias interacionistas, de base dialética, estas entendem
a formação do conhecimento como resultado das relações: sujeito x objeto x
meio.
“A avaliação da aprendizagem, por outro lado, tem sido
resumida ao ritual das provas periódicas, através das quais
é verificada a quantidade de conteúdos assimilada pelo
aluno.” ( LOPES, 1995, p. 41 )
Acreditamos que a avaliação permite-nos observar as competências do
aluno e refletir sobre elas, e sobre a possibilidade de aprimorá-las ou desenvolvê-
las.
A avaliação qualitativa e quantitativa não fugirá aos parâmetros traçados
pela LDB e pelo Ministério da Educação e Cultura: avaliação bimestral do
aproveitamento, que meça o desempenho do aluno na realização das tarefas
propostas.
A avaliação permanente deverá alcançar a eficiência e a eficácia de todos
os recursos tecnológicos utilizados, inclusive o design instrucional, os ambientes
virtuais de aprendizagem, bem assim da abordagem metodológica dos cursos.
XII - BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, Rosa Maria Calaes de. Interdisciplinaridade – Um novo
paradigma curricular. Revista de Educação CEAP – nº 14.
FILATRO, Andréa. Design instrucional contextualizado: educação e
tecnologia. SP: Senac, 2004.
57
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 2ª ed. RJ: Paz e Terra,
1969.
GADOTTI, Moacir. Escola cidadã. Cortez. 10ª ed. SP. 2004
GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. Loyola. 14ª ed. SP,
2004
LOPES, Antonia Osima. Planejamento do ensino numa perspectiva crítica de
educação. In: VEIGA, Ilma Passos (coord). Repensando a Didática.
Campinas: Papirus, 1995.
SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e Interdisciplinaridade. São Paulo: Artmed, 1995.
CONCLUSÃO
58
Entendemos que num ciclo determinado de não sei precisamente quanto
tempo, depois de alguma reflexão sobre o seu próprio mister, todo professor
deveria reorientar o rumo de sua vida profissional, em seguida rearrumar seus
pensamentos, com vistas a um up-grade do seu padrão de trabalho e, quem
sabe, até admitir uma mudança radical de paradigma, que o torne mais eficiente
e eficaz como professor.
Com este pensamento, procurando entender o cenário educacional
contemporâneo e, como as novas tecnologias participam do processo de
comunicação e formação do aluno, na escola e, do indivíduo, no seu dia-a-dia,
seguimos a orientação dos nossos mestres da “pós”, sempre próximos, aplicando
os conhecimentos recém-construídos, na busca de respostas consistentes.
Cotidianamente a mesma questão despertava nossa curiosidade: como se
dá a formação ( geral e especial ) de um sujeito localizado a milhas de distância
do seu professor, contrariando a metodologia do professor Paulo Freire, da
aproximação do objeto? Como acreditar na eficácia da EAD, quase sem conhecer
o professor, sem poder tocá-lo, sem abraçá-lo, sem ouvi-lo com freqüência,
fazendo interface apenas pela sua escrita? Então lembrávamos do nosso
relacionamento com Deus...
E começando a necessária investigação, compulsamos vasta bibliografia
( que veja ), Monografias, Revistas, Teses de Mestrado e diversas anotações.
Visitamos sites, formulamos muitas questões, preparamos e aplicamos extenso
questionário ( anexo ), participamos de congressos, telecongresso, defesa de
tese, participamos de cursos on-line, preparamos projetos de cursos on-line,
visitamos plataformas de EAD ( Ilog, Em@d, LMS Web-aula ) do SESI, SENAC,
A Vez do Mestre, CEDERJ e plataformas livres. Conversamos com professores e
alunos, tutores, coordenadores e administradores de EAD e, felizmente,
chegamos à conclusão da eficiência e da eficácia de um curso de EAD,
formatado segundo a orientação dos nossos melhores mestres e especialistas
em tecnologia educacional a distância ( a modalidade de ensino que mais cresce
no Brasil ).
59
Esta certeza é o que desejamos socializar como conclusão: a telemática e
a moderna multimídia, juntamente com todas as demais mídias disponíveis no
mercado, têm estabelecido relacionamentos sadios e aproximado pessoas, às
vezes não tão distantes fisicamente e, também pessoas separadas por um
oceano, através da Internet, com imagens, sons, conversas diretas, fóruns, etc.
Descobrimos que na comunicação a distância, às vezes mais do que no
modelo tradicional de ensino, existe espaço para uma proposta pedagógica que
estimule o aprendizado interativo, cooperativo, colaborativo e a auto-
aprendizagem, isto é; o processo formativo pode ocorrer naturalmente.
Descobrimos como se dá o processo formativo do sujeito num espaço de
redes, ou ciberespaço e, chegamos à conclusão, que pode ser nova para muitos
leitores, de que ocorre, de fato, a aprendizagem significativa em espaços virtuais
e, a escola e o professor têm a importantíssima função de promover a interação
desses espaços, de administrar as experiências nestes espaços, usando a
tecnologia como suporte para a produção e a socialização do conhecimento na
sala, na Internet, no museu, em casa, onde quer que seja.
Descobrimos que através de telecentros oficiais, criados com objetivos
definidos, há espaço para a valorização da pessoa e a formação de opinião do
sujeito, com atividades colaborativas, visando sua inclusão e de sua comunidade.
Portanto, é possível e viável a inclusão de cristãos na sociedade do
conhecimento, consolidando o seu caráter e, estimulando através das tecnologias
educacionais, sua efetiva participação, para a transformação da sociedade em
que habitam, mesmo que eles estejam distantes dos grandes centros culturais.
Outra importante conclusão a que chegamos, para entender o fenômeno
da EAD, é que mesmo a uma remotíssima distância física, sem voz audível e sem
contato palpável, seguindo as palavras de mestres como Paulo Freire e o Mestre
Jesus, podemos ter experiências de aprendizagem significativa, para toda a vida.
60
Neste passo, o mestre Jesus tem a primazia, pois pretendemos concluir
pela eficácia da sua pedagogia e das possibilidades de se formar, mesmo a
distância, personalidades e caracteres, impregnados de princípios milenares
sadios, se, como discípulos, seguirmos as orientações do nosso mestre por
excelência, o Mestre Jesus Cristo.
Aqui não é necessária metodologia, nem hipótese formulada, pois é caso
de certeza absoluta: Trata-se de um depoimento. Um estudo de caso. Uma
experiência pessoal: O ensino a distância pode formar o caráter e, transformar
emocional, familiar, espiritual e materialmente, a vida de qualquer aluno curioso e
desejoso de conhecer a potencialidade dos ensinos do Mestre Jesus.
61
ANEXO
UCAM - INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PRODUÇÃO DE MONOGRAFIA PARA O CURSO DE
TECNOLOGIA EDUCACIONAL
PESQUISA DE CAMPO – Visita a plataformas de EAD
QUESTIONÁRIO DE INVESTIGAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DE CURSOS E
DAS PLATAFORMAS DE EAD ( AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM ):
I- UERJ/CEDERJII- UNISESIIII- SENACIV- FIOCRUZV- PETROBRÁS
1- Há quanto tempo funcionam os cursos de EAD?
2- Quando foi credenciado pelo MEC?
3- Que tipo de ambiente virtual é utilizado ( modalidade de cursos )?
a) ( ) 100% VIRTUALb) ( ) 100% ON LINEc) ( ) 80% EADd) ( ) 50% ON LINEe) ( ) SEMIPRESENCIAL
4- Quanto cursos são oferecidos? Quais os principais? Como funcionam?
5- Quantos alunos estão freqüentando ( matriculados ou não )?
6- Quantos professores estão envolvidos diretamente?
7- Quantos por disciplina?
8- Quantos tutores no total?
62
9- Quantos monitores?
10- Quantos administradores?
11- Quantos coordenadores?
12- Como são feitos os conteúdos?
13- Como são feitas as inscrições?
14- Existe um manual de procedimentos da gestão de EAD?
15- Qual é a plataforma utilizada? Ela está atendendo satisfatoriamente?
16- Como foi feita a escolha da plataforma?
17- Quais as principais funções da plataforma?
18- Quais os softwares utilizados?
19- Com que freqüência a plataforma exige manutenção?
20- Os cursos são ( re ) planejados com que freqüência?
21- A AVALIAÇÃO é à distancia ou presencial?
22- Qual tem sido a avaliação dos alunos? O que eles têm destacado?
23- Como é a interação professor X aluno?
24- Há interatividade, de fato, na estruturação dos cursos?
25- Há uma orientação pedagógica que possa ser Identificada? Qual? 26- Em termos de TEC EDUC, quais são as principais ferramentas utilizadas?
27- Houve interdisciplinaridade na estruturação dos cursos?
Obs.: O presente questionário foi aplicado, oralmente, a apenas três das
instituições acima. O resultado da aplicação foi utilizado exclusivamente, para a
orientação da pesquisa e da produção da Monografia, não tendo sido tabulado,
em face da quantidade de itens e da natureza das respostas.
63
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. 12ª impressão. RJ: Juerp, 1996.
ANDREOLA, Balduino Antonio. O andarilho da esperança. In.: Coleção
memória da pedagogia, nº 4; Paulo Freire: a utopia do saber. RJ: Ediouro;
SP: Segmento-Duetto, 2005.
ARMSTRONG, Thomas. Inteligências múltiplas na sala de aula / trad. Maria
Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: ArtMed. 2001.
BETTEGA, Maria Helena. Educação continuada na era digital. São Paulo:
Cortez. 2004.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense,
2005.
CANO, Cristina Alonso. Os recursos da informática e os contextos do ensino
e aprendizagem. In: SANCHO, Juana M, org. Para uma tecnologia
educacional. Porto Alegre. ArtMed, 2001.
CARNEIRO, Raquel, Informática na educação. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2002
COSCARELLI, Carla Viana, org. Novas tecnologias, novos textos, novas
formas de pensar. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
FILATRO, Andréa. Design instrucional contextualizado: educação e
tecnologia. SP: Senac, 2004.
FREIRE, Fernanda Maria Pereira e VALENTE, José Armando, Aprendendo para
a vida: os computadores na sala de aula. São Paulo: Cortez, 2005.
64
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 2ª ed. RJ: Paz e Terra.
1969.
GADOTTI, Moacir. Escola cidadã. 10ª ed. SP: Cortez, 2004.
GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. 14ª ed. SP: Loyola,
2004.
LAROSA, Marco Antonio e AIRES, Fernando Arduini. Como produzir uma
monografia passo a passo. 4ª ed. RJ: Wak, 2005.
LEFEVER, Marlene D. Estilos de aprendizagem / trad. Hans Udo Fuchs e
Kleber Cruz. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
LEITE, Ligia Silva e SAMPAIO, Marisa Narcizo. Alfabetização tecnológica do
professor. 4ª ed. Petrópolis. Vozes. 2004
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: editora 34, 2002
LIMA, Lauro de Oliveira. Mutações em educação segundo McLuhan. 8ª ed.
Petrópolis. Vozes, 1975
LION, Carina Gabriela. Mitos e realidades na tecnologia educacional. In:
SANCHO, Juana M, (org.). Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre.
ArtMed, 2001.
LITWIN, Edith, org. Educação a Distância. Porto Alegre. ArtMed, 2001
LITWIN, Edith, org. Tecnologia Educacional: política, histórias e propostas.
Porto Alegre: ArtMed, 2001.
LOBO NETO, Francisco José da Silveira (Org). Educação a Distância
referências e trajetórias. Brasília: Plano, 2001.
65
MANSUR, Anahí. A utilização das mensagens dos meios na escola.. In:
SANCHO, Juana M, (org.). Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre.
ArtMed, 2001.
MONTEIRO, Paula. Expansão da EAD segue tendência mundial. In.:
Educação a Distância. São Paulo: ed Segmento, Ano 2, nº 2, 2005.
MORAES, Maria Cândida (Org.). Educação a Distância fundamentos e
práticas. Campinas: Unicamp/Nied, 2002.
MORAN, Manuel José. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 8ª ed.
Campinas: Papirus, 2004.
NEITZEL, Adair de Aguiar. Do texto ao
[email protected]. Pesquisado em março/2005.
NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. O professor atuando no ciberespaço. 8ª ed. São
Paulo: Érica. 2005.
PERRENOUD, Philippe, 10 Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre:
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2005.
RICHARDS, Laurence O. Teologia da educação cristã / trad. Hans Udo Fuchs.
São Paulo: Vida Nova, 1996.
RODRIGUES, Elisa. O que é teologia? Rio de Janeiro. MK Editora. 2005.
RUMBLE, Greville. A gestão dos sistemas de ensino a distância. Tradução de
Marília Fonseca. Brasília. Ed. UNB:UNESCO, 2003.
66
SANCHO, Juana M, org. Para uma tecnologia educacional / trad. Beatriz
Affonso Neves. Porto Alegre. ArtMed, 2001.
SANTAELLA, Lúcia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor
imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.
SARAIVA, Terezinha. Educação a distância no Brasil: lições da história. In:
EM ABERTO, Brasília, ano 16, n. 70, abr./jun. 1996.
SILVA, Marco. Interatividade uma mudança fundamental do esquema
clássico da comunicação. http:www.senac.br/informativo/BTS/263
boltec263c.htm. Pesquisado em março/2005.
TAJRA, Sanmya Feitosa. Internet na educação: o professor na era digital. São
Paulo: Érica, 2002.
VALENTE, José Armando ( Org. ). Formação de educadores para o uso da
informática na escola. Campinas: Unicamp/Nied, 2003.
WILKINSON, Bruce. As 7 leis do aprendizado. 1ª ed. Venda Nova, MG: Betânia,
1998.
ÍNDICE
67
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I As novas tecnologias educacionais 13
1.1 EAD e as novas tecnologias educacionais 15
1.1.1 A formação de professores 16
1.1.2 A Internet 18
1.2 Breve história da EAD no Brasil e no Mundo 19
1.2.1 A educação a distância no Brasil 22
CAPÍTULO II Como explorar o espaço da comunicação 29
CAPÍTULO III A relação entre a tecnologia e educação 33
3.1 A tecnologia como ferramenta para democratização
do ensino de base cristã 36
3.2 Espaço para uma proposta de educação on-line 37
3.3 O que é a educação 38
3.4 Proposta de projeto político-pedagógico 39
CONCLUSÃO 58
ANEXO 61
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 64
ÍNDICE 67
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
68
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: