UNIOESTE - Escola de Gestão do Paraná · extensões) dificulta ainda mais a comunicação na...

43
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE Campus de Cascavel - Centro de Ciências Sociais Aplicadas ESCOLA DE GOVERNO DO PARANÁ - Gerência Executiva da Escola de Governo CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS CAPITAL SOCIAL E GESTÃO DA INFORMAÇÃO: A RÁDIO UNIVERSITÁRIA COMO FERRAMENTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA APRIMORAMENTO DA COMUNICAÇÃO NA UNIOESTE LAURA CRISTINA CHAVES ROMERO PATRICIA MICHELA BOSSO BARBOSA Cascavel NOVEMBRO - 2007

Transcript of UNIOESTE - Escola de Gestão do Paraná · extensões) dificulta ainda mais a comunicação na...

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTECampus de Cascavel - Centro de Ciências Sociais Aplicadas

ESCOLA DE GOVERNO DO PARANÁ - Gerência Executiva da Escola de Governo

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO DEPOLÍTICAS PÚBLICAS

CAPITAL SOCIAL E GESTÃO DA INFORMAÇÃO:A RÁDIO UNIVERSITÁRIA COMO FERRAMENTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS

PARA APRIMORAMENTO DA COMUNICAÇÃO NA UNIOESTE

LAURA CRISTINA CHAVES ROMEROPATRICIA MICHELA BOSSO BARBOSA

CascavelNOVEMBRO - 2007

LAURA CRISTINA CHAVES ROMEROPATRÍCIA MICHELA BOSSO BARBOSA

CAPITAL SOCIAL E GESTÃO DA INFORMAÇÃO:A RÁDIO UNIVERSITÁRIA COMO FERRAMENTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS

PARA APRIMORAMENTO DA COMUNICAÇÃO NA UNIOESTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como avaliação do Curso de Especialização em Formulação e Gestão de Políticas Públicas, sob a orientação da Professora Doutora Rosana Katia Nazzari.

UNIOESTECASCAVEL

Novembro - 2007

LAURA CRISTINA CHAVES ROMEROPATRÍCIA MICHELA BOSSO BARBOSA

CAPITAL SOCIAL E GESTÃO DA INFORMAÇÃO:A RÁDIO UNIVERSITÁRIA COMO FERRAMENTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS

PARA APRIMORAMENTO DA COMUNICAÇÃO NA UNIOESTE

Projeto apresentado como requisito parcial para obtenção do título de especialista

em Formulação e Gestão de Políticas Públicas, da UNIOESTE – Campus de

Cascavel/Escola de Governo do Paraná.

Data da aprovação:

____/_____/______

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________Profª. Drª Rosana Katia NazzariOrientadoraUniversidade Estadual do Oeste do Paraná

_________________________________

Prof. Msc. Geysler Flor BertoliniUniversidade Estadual do Oeste do Paraná

_____________________________________

Prof. Msc Sandra Mara Stocker LagoUniversidade Estadual do Oeste do Paraná

Alguns homens vêem as coisas como elas são e perguntam: "Por quê"?

Eu sonho com as coisas que nunca foram feitas e pergunto: "Por que não"?

(adaptado de George Bernard Shaw)

AGRADECIMENTOS

Ao Senhor Deus, por ter nos conduzido e permitido chegar até aqui.

Aos nossos familiares, pela compreensão quanto ausência em razão do presente

estudo de especialização.

À Universidade Estadual do Oeste do Paraná e à Escola de Governo do Estado do

Paraná, pela oportunidade de crescimento pessoal e profissional.

À nossa orientadora, professora Doutora Rosana Kátia Nazzari, pelo

acompanhamento e competência no decorrer deste estudo.

A todos aqueles nossos colegas que nos ajudaram, de uma forma ou de outra, a

realizar uma travessia como esta.

Aos nossos colegas do curso, pela amizade e companheirismo.

RESUMO

Esse estudo foi motivado pela necessidade de sistematizar um projeto que contemplasse as principais fases a serem cumpridas para a efetiva implantação de uma rádio universitária que abrangesse os cinco Campi da Unioeste, bem como as cidades de sua abrangência e outras instituições públicas de ensino superior. Assim, procura-se contribuir para a superação das lacunas existentes sobre o tema e facilitar a utilização dos meios de comunicação para o acesso da comunidade acadêmica e da comunidade externa às informações institucionais. A implementação desta ferramenta se justifica pela necessidade que a Instituição possui de melhor veicular as informações pertinentes ao seu público interno e externo, melhorando a sua qualidade na comunicação e, conseqüentemente, motivar a elevação do capital social dos seus servidores. Sabe-se da importância da comunicação para o bom desempenho institucional. Assim, o objetivo principal da rádio é agilizar e dinamizar a comunicação entre a comunidade acadêmica e externa, levando às pessoas envolvidas e comprometidas com ensino superior público informações institucionais de interesse geral e, em especial, sobre os projetos de ensino, pesquisa e extensão voltados à melhoria da qualidade de vida das pessoas e ao desenvolvimento comunitário.

Palavras-chave: Comunicação; Rádio Universitária; Capital Social.

ABSTRACT

This study was motivated by the need to systematize a project whith the main phases to be completed for the effective deployment of a university radio covering the five Campi of Unioeste, and the cities of its coverage and other public institutions of higher education. Thus, it demands is helping to overcome the gaps on the issue and facilitate the use of the media to access the academic community and the community outside the institutional information. The implementation of this tool is justified by the necessity that the institution has to better serve the information relevant to their internal and external public, improving their quality in the communication and, therefore, motivate the lifting of the share capital of its servers. It is known of the importance of communication to the performance institutions. Thus, the main objective of the radio is expedite and streamline communication between the academic community and foreign, leading to the people involved and committed to public higher education institutional information of general interest and, in particular, the projects of education, research and extension oriented to improve the quality of life and community development.

Key-words: Communication, Radio University; Capital.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................81.1 Problema ................................................................................................................8

1.2 Objetivos ...............................................................................................................10

1.2.1 Objetivo geral.....................................................................................................10

1.2.2 Objetivos específicos.........................................................................................10

1.3 Justificativa............................................................................................................11

1.4 Delimitação da pesquisa.......................................................................................11

1.5 Resultados esperados...........................................................................................12

1.6 Estrutura do trabalho.............................................................................................12

1.7 Metodologia...........................................................................................................12

2 REVISÃO TEÓRICA................................................................................................142.1 Gestão da Informação...........................................................................................14

2.2 Gestão da informação nas organizações e no setor público ...............................18

2.3 Capital social e redes de comunicação.................................................................21

2.4 Gestão da comunicação das informações nas organizações ............................. 25

3 RESULTADOS OBTIDOS.......................................................................................273.1 Perfil institucional...................................................................................................27

3.2 Abrangência e importância regional para o desenvolvimento..............................28

3.3 A comunicação na Unioeste..................................................................................30

3.4 Proposta de modelo de comunicação para Unioeste...........................................31

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................38REFERÊNCIAS...........................................................................................................40

1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema

A dificuldade de comunicação é um problema que atinge todas as fases

da vida humana e todas as organizações da sociedade. As organizações resultam

da interação entre as pessoas e visando atender às necessidades da coletividade.

Como as pessoas, cada instituição possui características únicas e um caráter que

reflete os anseios dos indivíduos que a constituem.

A comunicação é uma via de mão dupla entre as pessoas e é ainda uma

das fontes mais eficientes e eficazes de conscientizar e engajar as pessoas em uma

organização. Comunicação é interação, diálogo, e não pode ser confundida com a

simples transmissão unilateral de informações. Ela é responsável pela comunhão de

idéias, pelo sucesso dos trabalhos em equipe e pelo bom relacionamento das

pessoas nas organizações. Um processo interno eficaz de comunicação reflete-se

logo também diretamente nas relações sociais externas e influencia para uma

melhor interação com a sociedade. Esse elo é fundamental para o bom

relacionamento entre os formadores de uma imagem positiva da organização,

criando fluxos irradiadores de opinião nas organizações.

Para Aktouf (apud CURVELLO, 1997), a comunicação organizacional

deve ser conduzida de forma a “colocar em comum” para todas as questões da

instituição. A partir dessas considerações, verifica-se que é preciso resgatar a arte

de ouvir e de comunicar-se, que perdida está nos processos burocráticos e na

inacessibilidade que atinge as pessoas no conjunto que compõe a Universidade

Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).

A Unioeste é constituída por cinco campi, localizados nas cidades de

Cascavel, de Toledo, de Marechal Cândido Rondon, de Foz do Iguaçu e de

Francisco Beltrão, e possui três extensões (nas cidades de Santa Helena, de

Palotina e de Medianeira). Essa estrutura organizacional multicampi (incluindo

extensões) dificulta ainda mais a comunicação na instituição e evidencia a ineficácia

do fluxo da comunicação verbal e escrita.

No cenário da globalização, o conhecimento e a informação tornam-se

elementos indispensáveis para a gestão das políticas públicas. A necessidade de

transparência das ações das instituições públicas é critério decisivo para o bom

desempenho das suas ações e serve de estratégia para consolidar redes saudáveis

de capital social, a fim de que se possam disponibilizar as informações e orientar as

estratégias de gestão em conjunto com as comunidades em que estão inseridas.

Assim, é oportuno repensar os objetivos e as funções da gestão da comunicação

nas universidades, notadamente da Unioeste, revendo as suas estratégias de

divulgação de pesquisa, de extensão e de ensino, frente aos novos paradigmas do

conhecimento que se manifestam no século XXI. É, pois, conveniente destacar que

a principal matéria-prima das universidades é o conhecimento, que, por sua vez,

deve contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Então, como importantes

organizações de desenvolvimento regional, as universidades devem suscitar

discussões em torno de um novo modelo de gestão, baseado no conhecimento e na

valorização do capital social.

O presente projeto é requisito para a conclusão de curso (TCC) de

Especialização em Gestão de Políticas Públicas, e o seu objetivo principal é fazer

uma análise e um diagnóstico dos obstáculos que envolvem a comunicação na

universidade. Notadamente, entre os vários setores administrativos e acadêmicos da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, nos seus cinco campi (Cascavel,

Toledo, Foz do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon e Francisco Beltrão) e também

com a comunidade externa em geral em que a Universidade está implantada. Bem

como, o presente projeto poderá ser aplicado em outras IES do Paraná e/ou País

que possuem o mesmo problema relacionado aos entraves comunicacionais.

Neste contexto, a proposta é inicialmente verificar quais os reflexos na

comunidade acadêmica da utilização ou não das ferramentas comunicacionais (site,

9

jornais, murais, mídia eletrônica e outros) já disponíveis na instituição, no sentido de

fazer um diagnóstico das redes informacionais para a elevação dos estoques de

capital social na Universidade. Posteriormente, pretende-se contribuir com a

proposta de uma ferramenta de gestão pública na área da gestão da informação e

elevação dos estoques de capital social na Universidade. Para tal, propõem-se os

seguintes objetivos:

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral do presente estudo é propor a criação da rádio

universitária como um veículo de divulgação e ferramenta de gestão da informação,

para o bom desempenho das políticas públicas, a fim de contribuir com a superação

dos gargalos existentes na comunicação institucional com as comunidades interna e

externa e aprimorar a comunicação para ampliação das redes de capital social na

Unioeste.

1.2.2 Objetivos específicos

Para a realização do objetivo geral do presente trabalho, estão envolvidos

os seguintes objetivos específicos:

a) analisar os documentos e os meios utilizados no processo

comunicativo e no repasse das informações da Unioeste;

b) identificar os meios de comunicação oferecidos atualmente à

comunidade acadêmica e à comunidade externa e definir o perfil dos

usuários;

c) apontar novas formas de meios de comunicação que possam ser

implantadas no âmbito da Universidade para melhorar o fluxo de

informações.

10

1.3 Justificativa

Considerando a importância da comunicação para o bom desempenho

institucional e para o desenvolvimento das atividades da Unioeste, e, ainda,

vivenciando no cotidiano a carência de informações que permeia a vida institucional,

justifica-se realizar uma pesquisa nessa área que permita identificar, na linguagem

administrativa, as barreiras no processo de comunicação que predominam de modo

imperativo na instituição.

A intenção é mostrar que a comunicação deve ser vista como elemento

de apoio e subsídio permanente ao diálogo, proporcionando o conhecimento pleno

das atividades da Unioeste. É por meio da comunicação verbal e escrita de uma

pessoa para outra que as informações, as idéias e as diretrizes institucionais se

tornam conhecidas por toda a comunidade acadêmica e pela sociedade em geral.

A falta de informações pode gerar o desconhecimento da missão e dos

fins institucionais da Unioeste e traz, como conseqüência, a exacerbação dos

interesses individuais em detrimento dos interesses institucionais, a desmotivação

das pessoas e a ineficiência e ineficácia no desempenho das atividades. Assim, com

este estudo propõe-se uma ferramenta para superar as lacunas existentes sobre o

tema, bem como, pretende colaborar e facilitar a utilização dos meios de

comunicação disponíveis para o acesso da comunidade acadêmica e da

comunidade externa às informações institucionais.

1.4 Delimitação da pesquisa

A Unioeste é uma universidade regional, formada pelos campi de

Cascavel, de Foz do Iguaçu, de Francisco Beltrão, de Marechal Cândido Rondon e

de Toledo, além do Hospital Universitário, em Cascavel, e da Reitoria, também em

Cascavel (bem como extensões nas cidades de Medianeira, Palotina e Santa

Helena). O presente estudo deve abranger toda a Universidade. Inicialmente será

feita uma investigação no âmbito da Reitoria, mais especificamente no segmento

técnico-administrativo, composto por um grupo de 99 profissionais.

11

1.5 Resultados esperados

Dentre vários resultados possíveis, são esperados especificamente os

seguintes:

• conscientizar a comunidade acadêmica quanto à utilização dos meios

comunicacionais disponíveis no âmbito da Universidade, ou seja, criar

a cultura de busca das informações;

• facilitar o acesso às informações (jornais impressos, rádio interna e

outros) pelas comunidades interna e externa à Unioeste;

• criar novos canais de comunicação (verbal e escrita).

1.6 Estrutura do trabalho

Na parte introdutória do trabalho serão abordados o problema que motiva

a pesquisa e os seus objetivos, a justificativa, a delimitação da pesquisa e os

resultados que se espera obter, bem como a estrutura do trabalho e a metodologia

utilizada na pesquisa.

No desenvolvimento do trabalho serão abordados assuntos referentes a:

organização das informações; capital social e redes de comunicação; gestão da

comunicação das informações na universidade, a fim de buscar subsídios técnico-

científicos para a construção de uma ferramenta de gestão pública para ampliar a

eficácia da transmissão das informações nas universidades paranaenses.

Finalmente, serão descritas as considerações finais e recomendações

para um melhor aproveitamento do capital social com vistas a ampliar a eficácia da

gestão das informações na Unioeste.

1.7 Metodologia

Para operacionalizar os objetivos propostos, utilizou-se, no plano teórico,

revisão dos seguintes conceitos: gestão da informação, políticas públicas,

comunicação institucional, capital social, Unioeste.

A reflexão crítica será encaminhada em duas estratégias principais, com

procedimentos qualitativos e quantitativos. Inicialmente procura-se investigar fatos e

acontecimentos ocorridos no passado para possíveis projeções da sua influência na

12

sociedade contemporânea, aprendendo a dinâmica histórica da sua evolução,

transformação e desaparecimento, numa perspectiva que possibilitará o

conhecimento das suas causas e dos seus efeitos sobre a proposta da criação da

rádio universitária como uma ferramenta de gestão da informação.

Posteriormente à técnica metodológica de pesquisa documental, far-se-á

o levantamento dos dados existentes na instituição sobre o perfil da população

afetada. Neste sentido, a pesquisa deverá colaborar para se verificar a hipótese do

incremento das estratégias de comunicação para aprimorar o desempenho

institucional.

Os dados serão coletados na Unioeste e em estudos científicos, órgãos

oficiais e na coleta de informações.

Tendo em vista os objetivos propostos, definiu-se que a variável

contextual é a informação, que a variável independente é a comunicação e que o

desempenho institucional é a variável dependente. O capital social, por sua vez, é a

variável interveniente, porque pode ou não modificar as percepções e a leitura que a

comunidade acadêmica faz da Universidade e dos seus produtos científicos, pois,

quanto maior o capital social, maior a discussão sobre os temas de interesse da

comunidade. Essas variáveis servirão para implementar um estudo comparativo,

tentando identificar e medir as diferenças dos níveis de capital social examinados.

Estabelecidos os problemas e os meios para a solução dos entraves para

a eficácia da gestão de informação na Universidade, pretende-se verificar o

potencial dos estoques de capital social na Unioeste. Nesta direção, a seguir faz-se

uma análise sobre os efeitos da mídia na gestão pública, a fim de coletar elementos

para identificar a influência da comunicação sobre os índices de capital social dos

agentes da Unioeste.

13

2 REVISÃO TEÓRICA

2.1 Gestão da Informação

A informação também é uma necessidade social e, por isso mesmo, um

direito da sociedade, dado que constitui base para a estabilidade e o direito de uma

comunidade de solucionar os seus problemas e de promover o seu crescimento.

Assim, ao promover o intercâmbio de idéias e permitir a formação de opinião pública

livre (que constitui a base dos direitos políticos de participação e de controle das

ações das autoridades), a liberdade de informação é substancial para a democracia.

Deve-se, no entanto, observar a relação entre liberdade e responsabilidade. Para

isso é necessária ética e qualidade informativa (CABALLERO, 1999).

No seu estudo, Pimenta (2002, p. 24) coloca que a comunicação pode ser

verbal quando é feita através de palavras: “linguagem oral ou escrita, ou não verbal

quando as mensagens são transmitidas através de gestos, do tom de voz, do olhar,

da maneira de vestir”.

A linguagem, construção social da humanidade através dos tempos, é o

instrumento usado para comunicação. “Ela é histórica, ou seja, está em constante

transformação. Os fatos marcantes, as descobertas científicas, o uso de novas

tecnologias vão alterando a forma de lidar com a realidade e por isso vão alterando

a linguagem” (SILVA, 2007).

A invenção do alfabeto é que possibilitou a comunicação cumulativa,

baseada em conhecimento, segundo Castells (1999). De acordo com dados

coletados em pesquisa de Silva (2007), com a invenção da escrita, a relação que as

pessoas tinham com o tempo e com o espaço foi alterada. Utilizando a escrita, as

informações puderam ser registradas e assim transportadas de um local para outro.

O registro também tornou viável a manutenção de várias informações sobre culturas

e povos através do tempo, não se extinguindo com quem as criou. A partir daí, o

conhecimento produzido pela humanidade pôde ser acumulado e socializado.

A invenção da tipografia (há mais ou menos cinco séculos) acelerou o

processo de comunicação através da multiplicação mecânica dos exemplares dos

textos em geral, processo aperfeiçoado intensamente alguns séculos depois (entre

as décadas de 1830 a 1870 do século XIX) pela descoberta e utilização da

eletricidade através de engenhos elétricos, telégrafo e telefone.

Com isso as informações passaram a ser transmitidas com maior velocidade. Há cerca de cem anos, iniciou-se o uso de ondas eletromagnéticas nas comunicações, primeiramente no telégrafo sem fio, logo após o rádio, e, a partir da década de 1950, na televisão. Desde então, consolidou-se a ampliação da comunicação 'global' para um grande número de pessoas e a opinião pública potencializou-se como fenômeno de massa, adquirindo enorme relevância na dinâmica social. É importante ressaltar, neste contexto, a relação entre comunicação e evolução tecnológica. (SILVA, 2007, p. 1).

Para tanto, nos estudos sobre a presença e o papel dos meios de

comunicação de massa estrangeiros na América Latina, Guareschi (1994, p. 11)

argumenta que nenhuma sociedade, ou regime, consegue subsistir e se reproduzir

sem o emprego de determinados mecanismos, principalmente ideológicos, que

continuamente a justifiquem e a legitimem. Entre esses mecanismos de sustentação

e legitimação estão os meios de comunicação social.

Segundo Castells (1999), os canais de televisão, as estações de rádio, os

jornais, as revistas e a internet ocupam um lugar de prioridade. O que é válido para

uma determinada sociedade, aplica-se também para a relação entre diferentes

sociedades: assim como os meios de comunicação garantem a hegemonia de uma

classe sobre outra dentro de um país, assim também as nações cêntricas não

conseguem manter dominação e exploração sobre os seus dependentes sem o uso

desses mecanismos ideológicos de legitimação. Castells (1999) define as novas

formas de comunicação e argumenta que a cultura é transformada pelo sistema de

comunicação que está cada vez mais globalizado com as novas tecnologias.

Notadamente, é importante destacar que a influência da mídia alterou o

processo tradicional de desenvolvimento e de socialização, pelos meios de

comunicação de massa, no final do século XX, como observa Nazzari (2006).

Segundo Lastres e Albagi (1999), a inteligência e a competência humana

sempre estiveram no cerne do desenvolvimento econômico, assim como a

informação e o conhecimento sempre constituíram importantes pilares dos diferentes

modos de produção. As transformações ocorridas nas duas décadas finais do século

XX provocaram mudanças significativas nas formas de produção e de distribuição de

informações e de conhecimentos, expondo ainda mais a dificuldade dos enfoques

15

teórico-conceituais. Dentre as mudanças apresentadas, encontram-se o crescimento

cada vez mais acelerado dos setores intensivos em informação e em conhecimento.

As chamadas Tecnologias de Informação passam a ser fundamentais para os

diversos setores de gestão pública, setores que demandam, crescentemente, uma

carga cada vez maior da informação e de conhecimento para desempenharem as

suas funções.

Assim, Lastres e Albagi (1999) relatam que a razão da revolução

informacional é vista como transformando ainda mais radicalmente o modo como o

ser humano aprende, faz pesquisa, produz, trabalha, consome, se diverte e exerce a

cidadania. A análise das evidências disponíveis ressalta não apenas a localização (e

não a globalização) de informações, conhecimentos e atividades consideradas

estratégicas para empresas e países (relacionadas ao planejamento e ao controle

decisório e às atividades de pesquisa e de desenvolvimento), como, em muitos

casos, conclui-se por uma reconcentração de tais atividades, informações e

conhecimento.

As organizações vêm reestruturando as suas funções e atividades e

redefinindo e implementando novas estratégias de atuação, adotando novos

desenhos organizacionais, novos formatos, objetivando a interação interna. Assim,

baseadas crescentemente em informação e conhecimento e nas tecnologias de

informação que as organizações estão promovendo de avanço para novo patamar

de atuação no começo do século XXI.

É impossível não reconhecer os impactos sociais implicados em tais

mudanças, seja como causadores, seja como causados pelas tecnologias de

informação. Se, por um lado, as novas tecnologias de informação contribuíram para

que tais atividades pudessem ser realizadas de forma mais rápida e econômica para

todo o mundo. Por outro lado, tais sistemas procuram equacionar a necessidade de

se promover também a geração de conhecimentos que permitam utilizar as

informações disponibilizadas, por meio de estratégias que promovam o acesso a

frentes amplas de informação, assim como de aprofundar os processos de geração

de conhecimentos.

Ocorre que o indivíduo, para poder interagir e compartilhar

conhecimentos, precisa fazer parte de uma cultura organizacional que compartilhe

valores e crenças semelhantes. No seu estudo sobre os meios de comunicação,

16

Mattelart (2000, p. 162-163) observa a fatalidade da monocultura e da hegemonia

lingüística, discutida por Wells, e coloca idéias relacionadas aos

[...] fluxos culturais internacionais nas culturas locais e constataram que a existência de uma globalização da cultura não resulta na homogeneização do planeta, mas num mundo cada vez mais mestiço, verificado nas últimas décadas.

A condição de consumidor ou passageiro solitário passa por uma relação

contratual com a sociedade: “Nos não-lugares de circulação, tais como auto-

estradas e vias aéreas; de consumo (hipermercados); e de comunicação (telefone,

fax, televisão e redes), coabita-se sem haver vida em comum”. Esses não-lugares

empíricos que geram um novo pensamento e novos tipos de relações com “o mundo

pertencem à pós-modernidade, em que, diferente dos lugares da modernidade, são

triplamente simbólicos: identitários, relacionais e históricos." (MATTELART, 2000, p.

165). Também Elias (1994), no seu estudo sobre transformações ocorridas na

relação entre o indivíduo e a sociedade no final do século XX,

[...] destaca como esta relação é compreendida, bem como qual é a sua imagem, o seu habitus e a sua identidade e que está sujeita a transformações muito específicas. A identidade vive e viveu, desde pequena, numa rede de dependências que não lhe é possível modificar ou romper pelo simples giro de um anel mágico, mas somente até onde a própria estrutura dessas dependências o permita; vive num tecido de relações móveis que, a essa altura, já se precipitaram nela como seu caráter pessoal. O problema é que em cada associação de seres humanos, este contexto funcional tem uma estrutura muito específica. (ELIAS, 1994, p. 22).

Numa palavra, “cada pessoa que passa por outra, como estranhos,

aparentemente desvinculados, na rua, está ligada a outros por laços invisíveis,

sejam esses laços de trabalho e propriedade, sejam de instintos e afetos.” (ELIAS,

1994, p. 22).

Por sua vez, Stark (2000) observa que a natureza humana é autocêntrica,

e os indivíduos priorizam as suas necessidades, satisfações e desejos, que, porém,

o processo de socialização pode desenvolver sentimentos solidários. A idéia de

solidariedade é baseada no conceito de halocentrismo, que é a habilidade de

identificar-se com os outros, e pode encorajar o engajamento nas atividades sociais

cooperativas.

17

Nesta direção, podem-se destacar as implicações das comunicações na

elevação dos índices de capital social e da forte influência dos meios de

comunicação da conjuntura mundial sobre o comportamento das pessoas em geral.

Sabe-se, porém, que os meios de comunicação são fortes agências formadoras de

opinião. Em uma universidade, a qualidade das informações prestadas auxilia na

transparência e na conexão entre os diversos setores do conhecimento, das ciências

e da administração pública. Nesta direção, a mídia poderia, efetivamente, colaborar

para o incentivo e o fortalecimento dos laços de solidariedade e de confiança, o que,

por sua vez, poderia ampliar os níveis de capital social na universidade. A integração

entre professores, técnicos e acadêmicos, bem como com o pessoal atingido pelas

atividades extencionistas, por meio da mídia, poderia incentivar os indivíduos ao

desenvolvimento de uma cultura política mais participativa. Todos os envolvidos por

atividades da universidade poderiam sentir-se capazes de interagir no processo de

tomada de decisões, a fim de formarem redes de informação, de trabalho e de

associativismo, fortalecendo a democracia e ampliando as potencialidades de

geração de conhecimento científico e tecnológico.

Ocorre que é em um contexto contraditório e complexo, segundo

informações da Assessoria de Comunicação Social da Unioeste, que acontece a

gestão da informação na Universidade, bem como surge a emergência de ampliar a

igualdade de oportunidades dos membros internos e da comunidade externa, para

que a instituição possa de fato cumprir o seu papel social e pedagógico, na condição

de universidade pública. Diante disso, cabe investigar qual o perfil atitudinal que está

sendo forjado por meio da gestão de informações existentes e se ele é capaz ou não

de incrementar o capital social. Considerando a possibilidade de haver este

incremento, pode-se argumentar que isto possibilitaria o surgimento de uma

comunidade virtual e real capaz de gerar espaços sociais para revitalizar a

democracia e o capital social na Universidade.

2.2 Gestão da informação nas organizações e no setor público

No sentido de verificar as relações políticas e socioeconômicas mais

amplas, os estudos do Sustainable Development Indicator Group (2001) assinalam

18

que as categorias analisadas nos grupos estudados incluem as variáveis culturais,

as relações informais, a informação social e as instituições sociais.

Segundo Nazzari (2006a), as variáveis culturais envolvem a totalidade da

sociedade, tais como modelos e padrões de comportamentos transmitidos, crenças,

instituições e todos os outros produtos do trabalho humano e pensamento típico da

população ou da comunidade em um período de tempo (crenças, mitos e lendas,

normas sociais e valores). As relações informais são as relações casuais entre os

indivíduos fora das organizações sociais formais, incluindo amizade entre eles. Entre

as relações informais destaca-se a capacidade do sistema de produzir serviços e

experiências (cuidado, atenções, vigilância, investimento e organização pessoal).A

informação social observa a soma total de todo conhecimento derivado de estudos,

experiências ou instruções, a soma ou série que pode ser compreensão, descoberta

ou aprendizado (história, leis, conhecimento social).

E as instituições sociais são grupos de pessoas que se unem para, juntas,

terem uma proposta comum de certos privilégios, obrigações, metas ou objetivos

distintos e dependentes dos membros individuais (comunidade, organizações de

serviços comunitários, culturais, intelectuais, políticas não-governamentais e

religiosas, bem como instituições educacionais, instituições legais, vigilância

sanitária, grupos culturais e etnias, familiares próximos, vizinhos e governos).

Chauí (2003, p. 5) considera a “Universidade como a uma instituição

social e assim sendo revela de maneira determinada a estrutura e o modo de

funcionamento da sociedade como um todo”. A universidade pública sempre foi uma

instituição social fundada no reconhecimento público da sua legitimidade e das suas

responsabilidades que lhe confere o princípio de autonomia perante outras

instituições sociais. Assim, a legitimidade da universidade

[...] fundou-se na conquista da idéia de autonomia do saber em face da religião e do Estado, portanto, na idéia de um conhecimento guiado por sua própria lógica, por necessidades imanentes a ele, tanto do ponto de vista de sua invenção ou descoberta, como de sua transmissão. (CHAUÍ, 2003, p. 5).

A partir deste conceito, pode-se conceber universidade como instituição

republicana, portanto, pública e laica. Neste sentido, sabe-se que, com as

revoluções sociais do século XX, a educação e a cultura passaram a ser vistas como

constitutivas da cidadania e, portanto, como direitos dos cidadãos e, para Chauí

19

(2003), além da vocação republicana, fez com que ela se tornasse uma instituição

social inseparável da idéia de democracia e de democratização do saber: “seja para

a realização de uma idéia ou para opor-se a ela”.

Por ser uma instituição social, difere das outras, e, por ter a sua

autonomia intelectual definida, a universidade pode relacionar-se com toda uma

sociedade, pois é uma instituição que aspira à universalidade e, como tal, a

disseminação da informação torna-se extremamente importante que esteja ao

alcance de todos.

Para Santos e Cardoso (2001), existe uma preocupação de décadas

sobre os compromissos e responsabilidades das instituições perante a sociedade, a

ponto de compará-las com as organizações privadas. Há uma exigência para que

haja um melhor gerenciamento das receitas dos contribuintes.

Dentre as exigências e características desse novo cenário, destaca-se

uma maior exigência de responsabilidades dos servidores e a escassez de recursos,

assim como a consideração do público como cliente principal dos serviços prestados

pelo Estado. Deste modo, a avaliação e/ou o monitoramento do desempenho

constitui parte indispensável da gestão moderna e eficaz.

Informações adequadas sobre o funcionamento da administração pública

podem ajudar os órgãos administrativos a desenvolver as suas políticas

administrativas, os seus custos de forma mais eficiente, aumentar a efetividade e

promover a transparência da gestão pública. Tudo isso pode ampliar o grau de

accountability1.

Nesta direção, ressalta-se que o verdadeiro papel do Estado deve estar

conectado com gestões direcionadas, gestões capazes de garantir o bom

desempenho e refletir a sua probidade e integridade. Há necessidade de haver uma

adaptação e absorção das informações, haja vista a exigência, cada vez mais

apuradas pelas pressões públicas e pelas demandas da sociedade, por eficiência e

capacidade de resposta. É necessário lembrar, portanto, que sempre haverá

necessidade de diretrizes e de políticas definidas no processo de informação nas

instituições públicas, assim como uma avaliação dos resultados desse processo.

1 Accountability: Segundo Quirk citado por Santos e Cardoso (2001, p. 1), esse termo chama atenção para os três propósitos principais na Administração Pública: direcionar e orientar a ação administrativa; aferir o desempenho e os resultados; e garantir a sua probidade e integridade. A expressão também é usada no sentido de “responsabilização” dos agentes públicos, dirigentes e servidores públicos pelo resultado da sua gestão, perante os atores sociais e políticos aos quais prestam contas.

20

Segundo Santos e Cardoso (2001, p. 8),

Estes fatores têm, como conseqüência, uma análise de como as instituições estão desempenhando suas missões fundamentais, e como está sua performance, permitem identificar alternativas para que realmente cumpramos o nosso papel diante da sociedade.

Assim, o propósito fundamental no processo de modernização do Estado

é desenvolver, nas instituições públicas, uma gestão com competências e

capacidades necessárias para mobilizar os seus recursos de uma maneira mais

eficiente para alcançar resultados concretos em benefício da comunidade,

destacando-se, dentre os outros princípios, prioritariamente, a satisfação dos

usuários. Para uma gestão pública eficiente e comprometida com os resultados são

necessárias várias transformações nas suas mais variadas dimensões do

conhecimento e da boa comunicação das informações.

Segundo Mussak (2003), sabe-se que o conhecimento é o único valor que

se multiplica com a divisão, criando assim um paradoxo matemático. Nas

organizações ocorrem três tipos de comunicações: a descendente, a ascendente e a

horizontal, onde se destacam a comunicação escrita, a comunicação verbal e a

comunicação eletrônica.

É comum nas organizações ocorrer um equívoco conceitual, em que

grande investimento é feito na tecnologia da comunicação, sem que venha, porém,

acompanhado de investimentos na habilidade da comunicação, pois, sem essa

habilidade, de nada adiantará o investimento feito. Toda comunicação será tão mais

eficiente quanto melhor for a interação entre a razão e a emoção. Para Mussak

(2003, p. 158), “os diálogos bem sucedidos, internos e externos, acalmam,

amansam, amainam, aveludam, alegram. Do diálogo vem a lógica e também a

emoção”. Para tal, se faz mister uma boa dose de capital social nas instituições.

2.3 Capital social e redes de comunicação

O principal fator que explica o bom desempenho de um governo é

certamente até que ponto a vida social e política de um grupo se aproxima do ideal

da comunidade cívica. Ressalta-se que os níveis de satisfação da vida numa

21

comunidade têm relação com desempenho institucional, desenvolvimento regional e

civismo, fatores que favorecem o ideal democrático (NAZZARI, 2006b).

Para Coleman (1988), capital social é a variedade de elementos que

incluem alguns aspectos da estrutura social e facilitam as ações dos atores com

essas estruturas. O capital social é, portanto, inerente às estruturas de relações

entre atores, relações que podem promover a confiança ou a desconfiança no

cumprimento das normas e das obrigações das estruturas sociais. As normas são

importantes para pressionar a internalização de valores, junto com sanções externas

aos membros de outros grupos, para facilitar certas ações altruístas e dificultar

outras egoístas diante da natureza do bem público. Assim, normas de confiança e

obrigações em relação aos outros podem ser usadas para aproximar aqueles que

não contribuem com a existência do capital social, e gerar o bem-estar ótimo devido

às crescentes redes de engajamento cívico. No entanto, pela natureza dos bens

públicos, o capital social parte de outras diferentes formas de capital e gera a

necessidade de uma ação coletiva.

Argumenta-se que a produção de capital social para as próximas

gerações depende: primeiro, de obrigações e expectativas, ou seja, do

desenvolvimento da confiança entre as pessoas via transações cooperativas;

segundo, do potencial de informação existente nas redes de trabalho; terceiro, de

normas e sanções comunitárias efetivas; e, quarto, das relações de autoridade e

respeito mútuo.

O aprofundamento dos estudos sobre capital social ganhou força em

diferentes pesquisas realizadas em várias partes do mundo e a principal

preocupação destes estudos pauta-se em como viabilizar o bem comum no contexto

contemporâneo. Para Lin (2001), capital social é um bem individual. Este estudo

baseia-se, entretanto, na perspectiva de Coleman (1990) e Putnam (1996a),

estudiosos que, entre outros, definem o capital social como bem da comunidade.

A função econômica do capital social é a de reduzir os custos das

transações associadas com mecanismos de coordenação formal, contratos,

hierarquias, regras e burocracias entre outros, monitorando o cumprimento dos

contratos, ativando as ações coordenadas, importantes para a economia moderna,

mais complexa e tecnologicamente mais sofisticada, que viabiliza a troca de

informações. O capital social oferece vantagens de eficiência, além da coordenação

22

técnica. “Os trabalhadores são autorizados a tomarem decisões próprias ganhando

eficiência, incentivados pelo sentimento de cooperação” (FUKUYAMA, 1999, p. 4).

O crescimento das economias é indicado, segundo Peres (2002, p. 1), por

um conjunto de estoques de capitais, estoques que formam o chamado pentágono

de desenvolvimento, no qual fazem parte o capital físico (construções, tecnologia,

equipamentos, etc.), o capital financeiro (créditos, poupanças, títulos, etc.), o capital

humano (educação, saúde, etc.), o capital natural (solo, subsolo, clima, etc.) e o

capital social (redes de confiança, grupos, civilidade, etc.), em que o capital social

forma o quinto ângulo do pentágono. Assim, o capital social, na perspectiva

econômica,

[...] verifica os níveis de crescimento das regiões, que contam com algumas variáveis dos outros capitais e propicia o fortalecimento das relações sociais e amplia o envolvimento dos cidadãos nas questões políticas referentes ao bem público.

Uma revisão da literatura em torno do debate recente sobre capital social

apresenta, por um lado, elementos do culturalismo defendidos por Putnam (1996) e

a reação neo-institucionalista defendida por Evans (1996). Uma polarização nasce

deste debate. A primeira deposita na evolução histórica do sistema político a

existência de pré-requisitos desenvolvimentistas que facilitam a implantação de

políticas públicas. A outra situação considera o surgimento de autonomia

institucional inserida no cotidiano da sociedade.

Os estudiosos enfatizam a correlação entre o grau de confiança geral e as

normas de cooperação prevalecentes na sociedade. Assim, destaca-se que, quanto

menores as diferenças entre ricos e pobres, maior é o capital social, mais ampla é a

participação em associações, melhor é a renda e melhores as práticas produtivas,

na agricultura e na indústria. Assim, a cooperação com a administração pública

melhora a qualidade dos serviços públicos na educação, na saúde, entre outros.

O espaço público precisa de interesse, de participação e de demandas de

ambos os lados, tanto dos órgãos públicos, quanto da iniciativa privada. Em

contrapartida, a estrutura de organização da sociedade civil propicia a criação e o

fortalecimento de redes de trabalho social que podem colaborar para diminuir a

exclusão social e levar a estabilidade democrática aos diversos países. Para isto,

faz-se necessário levar em conta as características culturais de uma dada

23

comunidade, verificando se a mesma contribui para fomentar a propensão das

pessoas para o associativismo.

Na perspectiva cultural, capital social parte da análise de como a

sociedade incorpora crenças e valores que remetem a um comportamento

participativo na esfera política, delineando uma comunidade cívica que se organize

em torno do bem comum. Neste estudo acredita-se que ambas as abordagens são

importantes para a elevação dos índices de capital social de uma comunidade, tanto

as políticas públicas que incentivem cooperação e participação da sociedade,

quanto aspectos de cultura política de cada país.

No estudo de Morrow (1999, p. 749), destaca-se que o capital social, para

Putnam, consiste em: 1) redes de trabalho com as quais se constitui uma

comunidade cívica (instituições, meios, recursos e relações) voluntária nas esferas

pública e privada; 2) senso de comunidade cívica junto com o sentimento de

solidariedade e de igualdade com os outros membros da comunidade; 3) normas de

cooperação, de reciprocidade e de confiança no governo e no funcionamento das

instituições - networks2·; e 4) atitudes positivas em relação às instituições,

associadas à facilidade de associativismo e relacionamentos, o que constitui a

comunidade cívica e o seu bom engajamento e que envolve participação no

processo sustentado e utilizado por cada voluntário, estado interpessoal das

instituições.

Nesta direção, é importante destacar que a comunicação midiatizada nas

organizações vem contribuindo para ampliar o leque de informações nas instituições

e nas sociedades contemporâneas, colaborando para a gestão pública de qualidade,

principalmente nas universidades, que são gestoras deste conhecimento, como

destaca o próximo item.

2 Segundo Bruce Siedman, uma network é uma corrente de conexões que se cruzam em intervalos regulares envolvendo contatos e relacionamentos que podem ajudá-lo a alcançar seus objetivos. Resumindo, network é para aproximar as pessoas não só para os negócios, mas também para aumentar a rede de relacionamentos.

24

2.4 Gestão da comunicação das informações nas organizações

Sem a comunicação, todas as relações que se estabelecem entre as

pessoas e os diversos grupos humanos seriam impossíveis. A definição se torna um

tanto complexa devido à evolução tecnológica, que produz formas variadas, isto nas

palavras de Pimenta (2002). Numa linguagem tradicional, a comunicação traz a idéia

de compartilhar as informações, as idéias ou as atitudes onde os elementos

acionados são: a fonte, a mensagem e o destinatário. Esta discussão traz ao

sistema os termos “codificador” e “decodificador”.

Para Robbins (1998, p. 464), “a comunicação organizacional refere-se ao

fluxo de informação dentro da organização, através de seus canais e redes”. De

acordo com a comunidade acadêmica, numa consulta informal, a comunicação na

Unioeste, hoje, numa descrição de forma elementar (tradicional) é apenas a busca

de respostas para perguntas que traduzem a Gestão da Comunicação e Informação

no meio universitário. Quem diz o quê? Por meio de qual canal (meio)? A quem?

Com que efeito?

A comunicação não se produz num só sentido. Ela não pode se reduzir à

transmissão mecânica de informação. Toda comunicação deve estabelecer uma

relação de interação com o seu público-alvo, objetivando a participação.

A área da Comunicação Organizacional consolida-se a partir de 1960 e

recebe forte influência do modelo de Katz e Kahn, modelo que descreve a

comunicação como “fluxo de informação dentro do marco da organização”, segundo

Fonseca Jr. (apud CURVELLO, 2007).

Destaca-se que, na visão de Lindeborg (apud CURVELLO, 2007), em

Teorias da Comunicação Organizacional, que

a comunicação excelente é a comunicação administrada estrategicamente, que alcança seus objetivos e equilibra as necessidades da organização com as dos principais públicos mediante uma comunicação simétrica de duas mãos.

Na visão de Echeverria citado por Curvello (2007), os seres humanos são

lingüísticos e a linguagem é ação. Por ela é que se é modelado o futuro, se criamos

a identidade e forma-se o mundo em que se vive. A partir dos conceitos elencados,

pode-se discernir que uma organização pode ser entendida e melhorada a partir das

conversações e das trocas de informações. Assim, para Curvello (2004, p. 4), “a

25

organização é um fenômeno de comunicação e sua cultura se estabelece, se

modifica e se cristaliza por meio da comunicação.”

Na visão de Fernandez citado por Curvello (2007), a comunicação não se

limita unicamente no envio de informações, mas tem, dentre os seus objetivos, os de

coordenar as tarefas, motivar as pessoas e melhorar os comportamentos.

Considerando-se a neutralidade e a racionalidade que são características de um

ambiente organizacional, as relações tendem a ser mais favoráveis, porém há

fatores que podem constituir-se barreiras à comunicação eficaz, dos quais

destacam-se três bastantes comuns, segundo Megginson (apud PIMENTA, 2002, p.

27):

a. hierarquias e níveis organizacionais de cargos;

b. a autoridade de administração que, por vezes, cerceia a liberdade de

expressão;

c. especialização em áreas afins com linguagens próprias que dificultam

o acesso de outras áreas e sobrecarregam de informações sem filtro

ou sem qualidade.

Levando em conta a necessidade de informações de qualidade, de

liberdade de expressão e de aplicação de democracia informacional, o presente

estudo destaca as principais características de uma gestão da comunicação nas

universidades, notadamente na Unioeste.

26

3 RESULTADOS OBTIDOS

3.1 Perfil institucional

A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) é a única

instituição de ensino superior pública das regiões Oeste e Sudoeste do Estado,

habitadas por cerca de 2 milhões de pessoas, cenário de riquezas naturais

invejáveis e uma cultura rica pela diversidade.

Uma profunda identidade sociocultural, econômica e histórica fez surgir a

Unioeste em 1987, nascendo da fusão e transformação em instituição estadual, com

ensino público e gratuito, de quatro faculdades municipais: Fecivel, de Cascavel;

Facisa, de Foz do Iguaçu; Facimar, de Marechal Cândido Rondon; e Facitol, de

Toledo. Inicialmente a instituição funcionou como fundação, depois, na condição de

autarquia estadual.

O reconhecimento pelo MEC como universidade veio em dezembro de

1994, ano em que foi anunciado o projeto de expansão da sua estrutura física e de

cursos. Em 1997, passou a contar com mais um campus, o de Francisco Beltrão, no

Sudoeste do Estado. Depois ampliou ainda mais a sua atuação com a instalação de

três extensões, ou seja, nas cidades de Medianeira, de Palotina e de Santa Helena.

E, no ano de 2000, a Unioeste incorporou o Hospital Regional do Oeste do Paraná

(em Cascavel), que passou a Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP). A

sede da Reitoria da Unioeste está estabelecida também na cidade de Cascavel,

junto ao campus.

A missão da Unioeste não é apenas a de preparar profissionais para o

mercado de trabalho, mas ir além, investindo na formação de pessoas capazes de

discutir, de influir e de tomar decisões. Consciente das exigências do mundo atual, a

Unioeste incentiva o desenvolvimento do senso crítico e da abordagem crítica,

formando profissionais que analisem situações, que resolvam problemas e que

interfiram positivamente na realidade.

Em perfeita sintonia com a realidade das regiões que a acolhem (os cinco

campi ocupam uma área de 33,5 mil quilômetros quadrados, representando 16,3%

do território do Estado, divididos em 92 municípios), a Unioeste coloca em prática

um plano estratégico que atende as necessidades e expectativas das regiões Oeste

e Sudoeste do Paraná, dados estes publicados no Jornal da Unioeste. Nesse

sentido, o leque de cursos potencializa vocações das áreas de saúde e de

agroindustrialização (Cascavel), de biotecnologia e de alimentos (Toledo), de

turismo e de energia elétrica (Foz do Iguaçu), de agropecuária (Marechal Cândido

Rondon), e de agricultura baseada em minifúndios e a agroindústria (Francisco

Beltrão), além de outras áreas de conhecimento existentes nesses vários campi.

3.2 Abrangência e importância regional para o desenvolvimento

A Unioeste conta hoje com cinco campi (Toledo, Cascavel, Marechal

Cândido Rondon, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão) e as extensões de Santa

Helena, de Medianeira e de Palotina. A Universidade ainda agrega o Hospital

Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) em Cascavel, que atende a 119

municípios dos Estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, mas

recebe também pacientes da Argentina e do Paraguai, além de pacientes do interior

de São Paulo. Ainda se destaca que a Universidade oferece hoje 34 cursos de

graduação desdobrados em 63 turmas, ofertando uma média de 2.319 vagas iniciais

no seu concurso vestibular anual. Veja-se a Tabela 1 a seguir:

28

Tabela 1. Dados Gerais da Unioeste 2007:

Nº DE ALUNOS

Nº DE TURMAS

Nº DE ALUNOS

Nº DE CURSOS

EFETIVOS EM

EXERC.

TEMP.+ CC

GRAD. ESP. MEST. DOUTORES

PÓS-DOUTOR

ES

TOTAL

Campus de Cascavel 3.149 19 585 25 166 5 31 99 250 130 5 515Campus de Foz do Iguaçu 2.036 13 113 5 87 4 23 52 82 28 1 186Campus de Francisco Beltrão2 1.387 9 54 2 47 2 7 23 61 15 0 106Campus de Marechal Cândido Rondon 1.819 13 84 3 104 4 11 18 64 71 8 172Campus de Toledo 1.547 11 349 10 84 1 14 14 74 69 4 175Reitoria - - - - 100 19 - - - - 0Hospital Universitário - Regidos pela CLT/EFETIVOS ECRES1 - - 494 34 - - - 0

SUB-TOTAL 9.938 65 1.185 45 1.082 69 86 206 531 313 18 1.154

Medianeira - Administração 85 1 - - - - - - - - - -Sta.Helena - Ciências Biológicas (42),Pedagogia(41),Adm.(89) e Ed.Física (38)

210 4 - - - --

- - - - -

SUB-TOTAL 295 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Mestrado em EngªAgrícola (Cascavel) - - 45 1 - - - - - - - -Mestrado em Letras (Cascavel) - - 39 1 - - - - - - - -Doutorado em Engenharia Agrícola (Cascavel) 10 1Mestrado em Educação (Cascavel) - - 10 1 - - - - - - - -Mestrado em Geografia (F.Beltrão) - - 13 1 - - - - - - - -Mestrado em Agronomia (Marechal) - - 44 1 - - - - - - - -Mestrado em Zootecnia (Marechal) - - 12 1 - - - - - - - -Mestrado em História (Marechal) - - 27 1 0 0 0 0 0 0 0 0Mestrado em Desenvolvimento Regional eAgronegócio (Toledo)

- - 26 1 - --

- - - - -

Mestrado em Filosofia (Toledo) - - 20 1 0 0 0 0 0 0 0 0Mestrado em Engenharia Química (Toledo) - - 22 1 0 0 0 0 0 0 0 0SUB-TOTAL 0 0 268 11 0 0 0 0 0 0 0 0TOTAL 10.233 70 1.453 56 1.082 69 86 206 531 313 18 1.154TOTAL DE CURSOS 34 (Distribuídos nos cinco campi)TOTAL DE EXTENSÕES 5TOTAL DE TURMAS 65TOTAL DE DOCENTES EFETIVOS 931 8 CVEL.

TOTAL DE DOCENTES EM REGIME ESPECIAL 223 1.154 48624 BELTRÃO18

1 - Os médicos residentes do HUOP estão alocados no HUOP 27 MARECHAL HISTÓRIA D/N2 - No Campus de Francisco Beltrão está sendo considerado o Curso de 563 TOLEDO

Pedagogia do Campo

PEDAGOGIA D/N

EXTENSÃO

MESTRADO DA INSTITUIÇÃO

DADOS DETALHADOS DOS TÉCNICOS DO CURSOS DIURNO E NOTURNO / BACHARELADO E LICENCIATURATÉCNICOS EFETIVOS EM EXERCÍCIO NO HUOP

GRUPO DE PLANEJAMENTO E CONTROLE - GPCÁREA DE INFORMAÇÕES

DADOS SOBRE A UNIOESTE - AGOSTO/2007

UNIDADESGRADUAÇÃO3

PÓS-GRADUAÇÃO

LATO SENSUNº DE TÉCNICO

ADMINISTRATIVONÚMERO DE PROFESSORES EFETIVOS E

COLABORADORES

PEDAGOGIA D/N

TÉCNICOS EFETIVOS LOTADOS NO HUOP CIÊNC.BIOL. D/N

MÉDICOS RESIDENTES GEOGRAFIA B/L

TÉCNICOS TEMPORÁRIOS CRESCC´s SEM VINCULO

FILOSOFIA D/NTOTAL QUÍMICA D/N/I

Fonte: GPC (2007)

Quanto ao quadro profissional, a Unioeste conta com 1.082 funcionários

e 1.154 docentes (concursados e contratados). As atividades universitárias estão

distribuídas em 16 centros universitários, 18 órgãos suplementares, 231 laboratórios,

29

42 cursos de especialização lato sensu, 10 cursos de mestrado, 1 curso de

doutorado, 377 atividades de extensão em desenvolvimento, 882 atividades de

pesquisa em desenvolvimento, com oferta de 193 bolsas de iniciação científica.

Para atender a este público, o presente estudo busca implantar uma

ferramenta de divulgação e ferramenta de gestão da informação, para o bom

desempenho da instituição universitária denominada Unioeste.

3.3 A comunicação na Unioeste

A comunicação na Unioeste, conforme dados pesquisados junto à

Assessoria de Comunicação Social da Instituição, mais usual é a verbal, onde as

pessoas buscam e transmitem informações pessoalmente ou via telefone. Outra via

de comunicação é a página da instituição na Internet que não conta com um link

para o setor de notícias, além de jornais locais e de mídia em geral. Assim, pode-se

detectar que estes meios ainda são primários se considerarmos a atual avançada

tecnologia de informação, sendo que esses meios já não vêm mais atendendo

satisfatoriamente a comunicação na Unioeste, considerando o número de servidores

e a realidade multicampi da Universidade.

Este fator ficou bastante claro na pesquisa realizada para o Plano de

Desenvolvimento Institucional (PDI) quando das percepções registradas pela

comunidade acadêmica sobre a comunicação da universidade com a sociedade,

observou-se que os docentes em sua grande maioria (37,38%) manifestaram-se

como insatisfeitos, 29,68% não conheciam os meios priorizados institucionalmente,

e um percentual menor (24,44%) estavam parcialmente satisfeitos.

Já 31,47% dos técnico-administrativos demonstraram-se insatisfeitos,

outros 30,61% se mostraram parcialmente satisfeitos e somente 11,44% estavam

satisfeitos. Outros 26,48% desconheciam as ações políticas institucionais voltadas

para a comunicação com a sociedade. Para os acadêmicos da graduação e da pós-

graduação, o percentual que se destaca é o item falta de conhecimento das ações

voltadas para a comunidação com a sociedade (opinião de 35,64% dos acadêmicos

graduandos e de 47,64% dos mestrandos).

Estes números comprovam que mesmo nesse espaço universitário, onde

a intelectualidade predomina e onde a produção do conhecimento é foco, as

30

informações se cruzam erradas e incompletas e o acesso às informações corretas

nem sempre estão disponíveis de forma acessível aos usuários. Essa

desinformação gera conflitos, impactos e perca de tempo.

Outros meios de comunicação também disponíveis na Unioeste são

murais em locais pouco visíveis e correio eletrônico (e-mails via internet), sendo que

a este último meio, boa parcela de servidores não tem acesso, seja por falta de

equipamentos, seja por falta de conhecimento, seja por falta de tempo para acesso.

O público-alvo, geralmente servidores técnicos, docentes e acadêmicos,

conforme podemos verificar, incluindo também a comunidade externa, tem

pouquíssimo ou nenhum acesso às informações precisas sobre a Universidade, e a

mídia nessa situação imprime a idéia que deseja aos seus telespectadores, ouvintes

e leitores. Outro dado importante citar e observado no PDI é quanto ao baixo

percentual de satisfação com os serviços institucionais prestados, que contribuíram

para um resultado negativo do item comunicação (interna e externa) efetiavada na e

pela Unioeste.

É por não se conformar com essa situação que este projeto propõe uma

ferramenta (implantação de uma emissora de rádio universitária) de gestão pública

que auxilie na supressão dos gargalos na comunicação institucional e com a

comunidade externa, com vistas a aprimorar a gestão da informação para ampliação

das redes de capital social na Unioeste.

3.4 Proposta de modelo de comunicação para Unioeste

A Unioeste está entre as maiores universidades estaduais do Paraná,

porém é uma das que ainda não conta com um sistema de radiodifusão para

divulgar suas notícias. Na Universidade Estadual de Londrina, conforme informações

divulgada em seu site, a Rádio Universidade FM foi criada em 6 de junho de 1990. A

Rádio, emissora de caráter educativo, apresenta uma programação voltada

basicamente para o jornalismo e para a música. Os fatos e as notícias do dia-a-dia

da UEL, notícias e eventos culturais locais, nacionais e internacionais estão

presentes nos seus programas jornalísticos. A Rádio França Internacional também

contribui para uma maior variedade de informações aos ouvintes da Universidade

31

FM. O jornalismo da Rádio também produz programas especiais sobre diversos

assuntos, como sobre política, sobre comportamento, sobre educação, entre outros.

Os colaboradores externos também têm acesso à Universidade FM, por

meio dos seus programas, de modo que não só quem está vinculado à instituição

pode produzir e apresentar programas na Universidade de Londrina.

A Universidade Estadual de Maringá, de acordo com o site da Instituição,

também conta com a Rádio Universitária FM, emissora que entrou no ar em 4 de

dezembro de 1996. Hoje, a Rádio Universitária FM de Maringá é uma realidade,

opera com 1.000 Watts de potência e abrange inúmeras cidades da região, num raio

de aproximadamente 100 quilômetros.

Dentro do trabalho apresentado, pretende-se propor a instalação de uma

Rádio Universitária na Unioeste, emissora que tenha alcance nos municípios

circunvizinhos aos cinco campi da instituição, nas duas regiões do Estado

contempladas pela Universidade, sendo 50 cidades no Oeste e 42 no Sudoeste do

Paraná. Inicialmente pretende-se instalar a sede da Rádio no Campus de Cascavel,

sendo montada uma sucursal em cada campus a fim de realizar uma melhor

cobertura de todas as unidades, local que possibilita mais ampla cobertura do sinal

da rede de radiodifusão para as comunidades abrangidas pelos campi da

universidade.

O sistema de Rádio Universitária tem como objetivo alcançar toda a

comunidade acadêmica da Universidade, bem como a população regional em geral,

a fim de mostrar o trabalho desenvolvido por docentes, discentes e agentes

universitários.

A proposta é montar uma Rádio Universitária nos mesmos moldes com

que funcionam as rádios das Universidades de Londrina e de Maringá. A Rádio

Universitária é uma modalidade dentro das emissoras ditas educativas. Essas

chamadas emissoras educativas podem ser universitárias (quando são mantidas por

instituições de ensino superior públicas ou particulares) e não universitárias (quando

são mantidas por governos, entidades e associações).

Segundo a regulamentação do Ministério das Comunicações

universitárias ou não universitárias, todas as emissoras educativas seguem

regulamentação oficial específica, isto é, têm o comprometimento com a cultura,

com a educação, com a música de raiz e com a cultura popular brasileira. Nesta

modalidade, a rádio não pode veicular publicidade, mas, sim, apoio cultural. Estas

32

rádios podem ser pelo sistema AM ou pelo sistema FM, de acordo com o que for

solicitado no processo de concessão junto ao Ministério das Comunicações.

Nesta direção, a primeira fase para se montar uma emissora é tramitar a

solicitação de concessão no Ministério das Comunicações, quando o órgão abrir o

processo de licitação pública para a compra dos elementos pertinentes a criação da

radiodifusão. De acordo com levantamento prévio para se colocar uma rádio em

atividade o custo é de cerca de US$ 14 mil, se for analógica, ou US$ 16 mil se for

digital que é tecnicamente mais avançado. Um transmissor pode custar até US$ 8

mil o que depende de sua capacidade de alcance. Para se iniciar o processo de

instalação da rádio o custo será de aproximadamente US$ 24 mil. São necessários

os seguintes itens para a montagem do estúdio: mesa de áudio, computador,

amplificadores, estabilizador, microfones, revestimento acústico, mobiliário e outros.

Além do capital humano necessário para operacionalização da rádio, que

normalmente é composto:

a) diretor;

b) gerente geral;

c) programador musical;

d) técnico de rádio e produtor geral (comercial e cultural);

e) operador de áudio;

f) técnico geral,

g) apresentadores,

h) jornalistas e radialistas.

Ainda é preciso se montar um espaço físico para instalação da rádio

como uma sala para montagem do estúdio de gravação e operação da

aparelhagem. Também se faz necessário contabilizar despesas com salários e

custeio (telefones, água e luz). Tendo em vista estas necessidades de infra-

estrutura, para a consolidação deste trabalho, serão observadas as seguintes

etapas:

a) identificar como a comunidade acadêmica e a comunidade externa

utilizam ou não as formas disponíveis de informações na

Universidade;

33

b) realizar pesquisa de campo a fim de fazer levantamento detalhado de

como estão sendo utilizadas as ferramentas de comunicação

existentes na Universidade por meio da aplicação de instrumento

survey;

c) verificar as outras formas de comunicação que este público gostaria

que estivessem sendo criadas para melhorar o fluxo no processo de

informação;

d) propor um novo instrumento de comunicação que abranja toda a

comunidade acadêmica e externa a fim de estimular o processo de

interação dentro dos cinco campi da Universidade e com a sociedade

em geral.

QuestionárioRádio Universitária

Filtro: Você tem vínculo com a Unioeste?

Quantos anos?:______________________________________

01-Idade:......... anos.

02- Sexo: a) F ( ) b) M ( )

03- Estado Civil: __________________________________

04- Renda familiar mensal (em salários mínimos): ______________________

05-Escolaridade: _________________________________________________

06-Numa escala de 0 a 10, qual é o nível da sua confiança nas seguintes

instituições:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Poder LegislativoPoder ExecutivoPoder JudiciárioSua IgrejaIgreja CatólicaExércitoPolícia

34

Partidos políticosAssociaçõesSindicatosMovimentos sociaisONGsUniversidadesImprensa

07-De quais atividades você participa com mais freqüência?

Participa sempre

Participa às vezes

Não participa

Festas comunitáriasPasseiosBailesAssociações desportivasAssociações religiosasAssociações tradicionaisAssociações estudantisAssociações sindicaisAssociações comunitáriasONGsComíciosManifestações públicasConselhos escolaresOrçamento participativo

08-Numa escala de 0 a 10, avalie o nível da sua cooperação com as pessoas:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Na famíliaNa escolaNo trabalhoNa comunidadeCom estranhos

09-Qual é a sua opinião sobre as seguintes afirmações?

Concorda Concordaem parte

Discorda Não sabe

Os políticos são corruptos.É interessante discutir política.Os políticos não cumprem as suas promessas.

35

Democracia é a melhor forma de governo.Autoritarismo é a melhor forma de governo.Às vezes o autoritarismo é necessário.Sou indiferente à forma de governo.

10-Na sua opinião, qual é o principal problema enfrentado pelo Brasil hoje?

___________________________________________________________________

11-Qual é o grau da sua confiança nas seguintes personalidades:

Confio sempre

Confioàs vezes

Nãoconfio

Presidente da RepúblicaGovernadorPrefeitoDirigente do seu partidoDirigente da sua igrejaDiretor da sua escolaProfessoresSeu paiSua mãeSeus irmãosSeus parentesSeus colegas de trabalhoSeus amigosReitorDiretores de escolas

12-Assinale as três principais fontes onde você obtém informações sobre os

problemas da sua comunidade ou do país?

a) Escola ( ) f) TV ( )b) Trabalho ( ) g) Revistas ( )

c) Igreja ( ) h) Internet ( )

d) Jornal ( ) i) Não sabe ( )

e) Rádio ( ) j) Não procura informações ( )

13-Qual é a sua expectativa sobre as oportunidades para as pessoas nos próximos

anos?

a) Vai melhorar ( ) c) Vai ficar igual ( )

36

b) Vai piorar ( ) d) NS/NR ( )

14-Você participa de alguma associação ou de algum grêmio estudantil?

a) Sempre ( ) c) Às vezes ( )b) Nunca ( ) d) NS/NR ( )

15-Você se sente motivado para participar de atividades associativas?

a) Sempre ( ) c) Às vezes ( )b) Nunca ( ) d) NS/NR ( )

16-Assinale a principal fonte de onde você obtém informações sobre a Unioeste:

a) Jornal ( ) e) Internet ( ) i) Site ( )

b) Rádio ( ) f) Colegiado ( ) j) NS/NR ( )

c) Televisão ( ) g) Centros ( )

d) Revistas ( ) h) Assessoria ( )

17-Você está satisfeito com a gestão da informação da Unioeste?

a) muito bom ( ) b) razoável ( )c) pouca ( ) d) NS/NR ( )

18O você acha da implantação de uma Rádio Universitária na Unioeste?

a) muito importante ( ) b) importante ( )c) razoável ( ) d) dispensável ( )e) NS/NR ( )

19-Dê sugestões de melhorias para a gestão da informação da Unioeste.

R: ________________________________________________________________

___________________________________________________________________

37

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No desenvolvimento do presente projeto percebe-se que os entraves que

cercam a comunicação na Unioeste são inúmeros e que, em conseqüência disto,

trazem prejuízos aos diversos setores da instituição. Além da falta de um canal de

comunicação eficiente e eficaz na comunidade acadêmica, verificou-se que também

existe uma barreira comunicacional entre a Universidade e a comunidade externa

por falta e dificuldades de acesso ou mesmo por falta de interesse dos que não

sabem como “usufruir” dos serviços oferecidos.

Dentro da instituição percebe-se ainda que as informações são

centralizadas em alguns setores, desencontradas e que os canais formais para a

veiculação dessas informações são pouco ou não são devidamente explorados,

sendo, na sua maioria, mal utilizados até mesmo pelos seus usuários.

Diante deste cenário apresentado, sabe-se que a Universidade se

encontra com déficits na gestão de comunicação, principalmente nesta nova era da

Tecnologia das Informações. Assim, pelo presente projeto, propõe-se a criação de

ferramentas que intensifiquem os fluxos de informações e promovam uma

comunicação integrada, onde todas as áreas se relacionem com o público interno e

externo e divulguem as suas ações no sentido de promover a imagem da instituição,

do cumprimento da sua missão perante a sociedade na qual está inserida.

Neste contexto, inicia-se o processo com a implantação de um sistema

radiofônico, ou seja, uma Rádio Universitária, que abranja os cinco campi da

Unioeste, bem como toda comunidade externa. Este trabalho depende, no entanto,

não apenas de uma estrutura física, mas também de um processo cultural no qual

os agentes (comunidade acadêmica e externa) precisam “aprender” a se comunicar,

buscando e gerando um fluxo de informações integrado, além de uma política

institucional interessada nesse processo de mudança social. O projeto pode ser

implantado em instituições de ensino superior que tenham déficits semelhantes de

redes comunicacionais. A necessidade de implatanção de emissora de rádio

universitária e ou comunitária, nos Campi da Unioeste, também foi apontada na

pesquisa que originou o PDI.

Assim, eficiência, ação estratégica, serviços de qualidade, otimização e

valorização do capital humano e aplicação dos estoques de capital social no setor

público são fatores determinantes para o bom desempenho institucional e

desenvolvimento de uma comunidade.

39

REFERÊNCIAS

CABALLERO, Doris Réniz. En qué consite el compromiso de informar al receptor. Contribuiciones: publicación trimestral de la Konrad-Adenauer Stiftung A. C. CIEDLA, Buenos Aires, Argentina, v. 2, 1999.

CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura - a sociedade em rede. Vol. I. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CHAUÍ, Marilene. A universidade pública sob nova perspectiva. Rev. Bras. Educ., n. 24, p. 5-15, Sept./Dec. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/ n24/n24a02.pdf>. Acesso em: 11 set. 2007.

COLEMAN, James S. Social capital in the creation of human capital. American Journal of Sociology, v. 94, Supl, p. 95-120, 1988.

______. Foundations of social theory. Cambridge: Harvard, University Press, 1990.

CURVELO, João José Azevedo. Teorias da comunicação nas organizações. Disponível em: <http://www.acaocomunicativa.pro.br>. Acesso em: 24 set. 2007.

ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.

EVANS, Peter. Introduction: Development strategies across the public-private divide. World Development, v. 24, n. 6, p. 1033-137, 1996.

FUKUYAMA, Francis. Social Capital and civic society. The Institute of Public Policy, George Mason University, October 1, 1999. International Monetary Fund. Conference Second Generation Reforms. Disponível em: <www.imf.org/external/ pubs/ft/seminar/1999/reforms/fukuyama.htm>. Acesso em: 6 dez. 1999.

GPC - Grupo de Planejamento e Controle da Unioeste. Assessoria de Comunicação da Unioeste (2007).

JORNAL DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIOESTE. Cascavel: Edunioeste –Edição Especial – 2007.

LASTRES, Helena Maria Martins; FERRAZ, João Carlos. Economia da informação, do conhecimento e do aprendizado. In: LASTRES, Helena; ALBAGLI, Sarita (Orgs.). Informação e globalização na era do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 27-57.

LIN, Nan. Social capital: a theory of social structure and action. Cambridge: University Press, 2001.

MATTELART, Armand. A globalização da comunicação. Bauru, SP: EDUSC, 2000.

MORROW, Virginia. Conceptualizing social capital in relation to the well being of children and young people: a critical review. In: The Sociological Review, Oxford, v. 47, n. 4, p. 744-765, nov. 1999.

MUSSAK, Eugenio. Metacompetência: uma nova visão do trabalho e da realização pessoal. São Paulo: Gente, 2003.

NAZZARI, Rosana Katia. Juventude brasileira: capital social, cultura e socialização política. Cascavel: EDUNIOESTE, 2006a.

_____. Empoderamento da juventude no Brasil: capital social, família, escola e mídia. Cascavel: Coluna do Saber, 2006b.

PERES, Fernando Curi. Capital social: a nova estrela do crescimento econômico. Revista Preços Agrícolas, maio 2000. Disponível em: <http://pa.esalq.usp.br>. Acesso em: 6 nov. 2002.

PIMENTA, Maria Alzira. Comunicação empresarial. 3. ed. Campinas: Alínea, 2002.

GUARESCHI, Pedrinho A. Comunicação e poder: a presença e o papel dos meios de comunicação de massa estrangeiros na América Latina. Petrópolis: Vozes, 1994.

PUTMAN, Robert D. The strange disappearance of social capital in America. The American Prospect., n. 24 (Winter 1996a).

______. Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996b.ROBBINS, Stephen e COULTER, Mary. Administração. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1998

SANTOS, Luiz Alberto y CARDOSO, Regina Luna dos. Avaliação de desempenho da ação governamental no Brasil: problemas e perspectivas. In: Concurso de Ensayios del Clad “Control y Evaluación Del Desempeno Gubernamental”, 15.: Caracas, 2001. Anais... Caracas, 2001. p. 5-8.

SILVA, Nanci. A gestão do conhecimento na Secretaria de Receita e Controle. Disponível em: <http://www.serc.ms.gov.br/conhecimento/destaques/view.asp? id=14>. Acesso em: 5 out. 2007.

STARK, Wener. The social bond: na investigation into the basis of law-abidingness. Fordham University Press, 1978. Disponível em: <http:///wbln/0018.worldbank.org>. Acesso em: 25 set. 2000.

SUSTAINABLE DEVELOPMENT INDICATOR GROUP. Social capital: Working Draft Framework, Version 2, June 4, 1996. Disponível em: <http://www.hq.nasa.gov/iwgsdi/Social-Capital.html>. Acesso em: 6 jun. 2001.

41