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UNIDADE I – COMPREENDENDO O ATO DE ESTUDAR
Esta unidade tem como um de seus principais objetivos apresentar aos
estudantes algumas técnicas que envolvem o ato de estudo, visando o
desenvolvimento dessa prática. Entretanto, nada se conseguirá se os iniciantes
não buscarem um envolvimento adequado, valorizando o processo e percebendo
o quanto a prática de estudo poderá trazer benefícios para seu próprio cotidiano.
Desse modo, a 1ª etapa que o estudante precisa vencer para se tornar um
estudioso é conhecer e utilizar procedimentos que facilitem os seus estudos.
Pesquisas realizadas comprovam a validade de tal afirmativa.
Severino (1994) adverte que a aprendizagem exige dos estudantes novas
atitudes para que esse processo seja alcançado com sucesso. O autor destaca dois
elementos como fundamentais:
- A autonomia no processo de aprendizagem e postura de auto-atividade
didática rigorosa, crítica e criativa; ou seja, o estudante deve torna-se responsável
por suas estratégias de modo que elas possam trazer significado real para esse
processo.
- Um projeto de trabalho intelectual individualizado, levando-se em conta
os materiais didático e científico que se constituem, basicamente, em bibliografia
especializada.
Isso nos leva à questão da formação da biblioteca pessoal dos estudantes.
Os livros são caros, tornam-se ultrapassados com alguma rapidez (pelo menos as
edições), e o hábito de utilização de cópias dificulta a formação de acervos
pessoais. Apesar disso, os estudantes devem se conscientizar de que existem
livros fundamentais nas diferentes áreas do conhecimento e que devem ser
adquiridos.
A assinatura de revistas também pode ser destacada como um hábito a ser
cultivado, uma vez que os relatórios de pesquisa e as descobertas nas diferentes
áreas do conhecimento, antes de aparecerem em livros, são publicadas em
revistas e jornais. As revistas também oferecem a oportunidade de se ampliar a
bibliografia sobre determinado assunto com novas referências.
As universidades possuem bibliotecas. O estudante pode freqüentá-las,
explorá-las. Lá se encontram obras de referência geral, periódicos, livros e
diferentes materiais que podem ajudar os estudantes em suas pesquisas e
trabalhos.
As bibliotecas estão organizadas no sentido de auxiliar os leitores e
pesquisadores. Assim, seu acervo se apresenta classificado por assunto, título e
autor, em fichas individuais reunidas em fichários por ordem alfabética. Nas
fichas, além de dados sobre a obra e o autor, está registrada a referência da obra
(código da biblioteca), por meio da qual ela é localizada nas prateleiras. Muitas
bibliotecas estão hoje informatizadas, oferecendo uma alternativa de organização
mais moderna.
1.1 Como e por que estudar? Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o
escreveu. É perceber o quando e como um conhecimento foi produzido. É buscar as
relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões do conhecimento. Estudar
é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever - tarefa de sujeito e não de
objeto. Dessa maneira, não é possível a quem estuda, numa tal condição, alienar-se
ao texto, renunciando, assim, a sua atitude crítica no mundo em que vive.
Hoje, estamos vivendo um momento em que as informações e o
conhecimento aparecem a todo tempo. O mundo do trabalho, então, busca
profissionais preparados, atentos e cientes dos acontecimentos. Esse preparo só
pode ser alcançado através da capacitação. A importância da capacitação
profissional para a vida das pessoas encontra-se na possibilidade de acesso às
oportunidades de trabalho que, por sua vez, têm suas características modificadas a
cada dia.
A capacitação não só nos oferece condições para o exercício de
determinadas profissões como também objetiva preparar-nos para o mundo do
trabalho, oferecendo a oportunidade de uma melhor adaptação ao mercado
competitivo. A pessoa deve estar pronta, com hábitos e atitudes condizentes às
exigências desse mercado. Nesse caso, estudar torna-se uma ferramenta de
superação social, capaz de oferecer novas oportunidades e novos horizontes.
O ato de estudar demanda humildade. Quando estudamos com vontade,
assumimos realmente uma posição humilde, coerente com a atitude crítica. Não nos
sentimos diminuídos se encontramos dificuldades. Isso ocorre porque o humilde e
crítico sabe que um texto, como desafio, pode estar mais além de sua capacidade de
resposta.
Nem sempre o texto se dá facilmente ao leitor. Nesse caso, o que se deve
fazer é reconhecer a necessidade de melhor se preparar e voltar ao texto para
buscar novamente condições de entendê-lo. Não adianta passar a página de um
livro se sua compreensão não foi alcançada. Impõe-se, pelo contrário, a insistência
na busca de seu entendimento. A compreensão de um texto não é algo que se
recebe de presente, mas que exige trabalho paciente de quem, por ele, se sente
problematizado.
Não se mede o estudo pelo número de páginas lidas numa noite ou pela
quantidade de livros lidos em um semestre ou em um ano. Devemos ter em mente
que estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las, fazendo
dessas um caminho para superar obstáculos.
1.2 Como e por que estudar? Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o
escreveu. É perceber o quando e como um conhecimento foi produzido. É buscar as
relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões do conhecimento. Estudar
é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever - tarefa de sujeito e não de
objeto. Desta maneira, não é possível a quem estuda, numa tal condição, alienar-se
ao texto, renunciando assim à sua atitude crítica no mundo em que vive. Devemos
então procurar espaços reservados com silêncio, isto pode nós ajudar a buscar
concentração para entendermos o que estamos estudando.
Hoje, estamos vivendo um momento onde as informações e o conhecimento
aparecem à todo tempo. O mundo do trabalho então, busca profissionais
preparados, atentos e cientes dos acontecimentos. Este preparo só se pode ser
alcançado através da capacitação. A importância da capacitação profissional para a
vida das pessoas, encontra-se na possibilidade de acesso as oportunidades de
trabalho, que por sua vez, têm suas características modificadas a cada dia.
A capacitação não só oferece a condições para o exercício de determinadas
profissões como também objetiva preparar para o mundo do trabalho, oferecendo a
oportunidade de uma melhor adaptação ao mercado competitivo, uma vez que a
pessoa deverá estar pronta, com hábitos e atitudes condizentes às exigências desse
mercado. Neste caso, estudar torna-se ema ferramenta de superação social, capaz
de oferecer novas oportunidades e novos horizontes.
O ato de estudar demanda humildade. Quando estudamos com vontade
assumimos realmente uma posição humilde, coerente com a atitude crítica, não nós
sentimos diminuído se encontramos dificuldades. Isto porque o humilde e crítico
sabe que o texto, na razão mesma em que é um desafio, pode estar mais além de
sua capacidade de resposta. Nem sempre o texto se dá facilmente ao leitor. Neste
caso, o que se deve fazer é reconhecer a necessidade de melhor se preparar e voltar
ao texto para buscar novamente condições de entendê-lo. Não adianta passar a
página de um livro se sua compreensão não foi alcançada. Impõe-se, pelo contrário,
a insistência na busca de seu entendimento. A compreensão de um texto não é algo
que se recebe de presente mas que se exige trabalho paciente de quem por ele se
sente problematizado.
Não se mede o estudo pelo número de páginas lidas numa noite ou pela
quantidade de livros lidos num semestre, ou em um ano. Isto porque devemos ter
em mente que estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las
fazendo destas um caminho para superar obstáculos.
1.3 - Organizar – Para que e por quê?
É muito comum encontrarmos pessoas que não sabem distribuir
adequadamente o tempo de que dispõem para o estudo. A prática mais comum
consiste em ir acumulando tudo e estudar às vésperas das provas ou dos concursos
que desejamos fazer. Dependendo do estudante, isto talvez seja suficiente para
safar-se da reprovação, mas não o será para produzir a fixação adequada do
conteúdo e este será esquecido pouco tempo após as provas, testes e trabalhos mais
complexos.
Desta forma, a prática correta está em estudar um pouco todos os dias.
Mesmo que não seja um estudante do tipo "fera", daqueles que cumprem um outro
expediente de estudo em casa, valerá muito mais distribuir o número de horas que
você distribuiu no decorrer da semana do que estudar às vésperas das provas
achando que o dia anterior a ela, será o suficiente. Em outras palavras, o estudante
não estará "se matando" de estudar e sua aprendizagem dar-se-á de maneira mais
sólida e com maior consistência.
É por este caminho que julgamos ser o ideal para que você possa conseguir
fazer isso com sucesso. Desta forma, aconselhamos que o estudante organize
cuidadosamente o seu tempo de estudo. Ele pode começar colocando uma hora de
estudo por semana para cada disciplina. Assim, aqueles que obtêm bons resultados
nas avaliações não estudam necessariamente mais tempo do que aqueles que não
conseguem. O segredo está em descobrir qual é a forma mais eficiente de estudar.
O que importa é a qualidade do estudo e não apenas a quantidade de horas
estudadas.
1.4 – Como tornar mais produtivo o estudo
Para que possamos tornar o estudo mais produtivo, devemos tomar certas
atitudes que possam favorecer este momento. Isto porque para que haja proveito
satisfatório do tempo reservado para o estudo, vale apenas dividi-lo - sobre tudo
para iniciantes. Para Matos (1994), esta divisão inicialmente deve ser feita por
períodos de cinqüenta minutos com paradas entre os períodos que se seguirem.
Estas paradas ajudam a quebrar a monotonia, a espantar o sono e a refrescar a
cabeça. Assim, Ribeiro (1997) nós oferece algumas dicas para elaborar melhor
nosso horário de estudos tornando esta tarefa mais proveitosa. Então:
• Reserve pelo menos duas horas de estudo diário.
• Procure estudar os conteúdos apresentados pelo professor o mais
cedo possível após a aula.
• Faça intervalos de dez minutos a cada 50 minutos de estudo.
• Estude primeiramente os conteúdos mais difíceis.
• Ao estudar um conteúdo, desligar-se das demais.
• Não esperar sentir vontade para começar a estudar na hora marcada.
• Seguir um plano de estudo até formar o hábito exemplo, hoje vou
estudar..........
• Procurar estudar alternadamente conteúdos onde haja mais ou menos
dificuldade.
• Utilizar o domingo como dia de descanso, no máximo usá-lo para a
leitura.
• Não esquecer de deixar espaço para o lazer, diversão faz muito bem
1.5- O que é a técnica e o que é método?
O ser humano contém em si uma potencialidade natural para a
aprendizagem (Rogers, 1986).
Desta forma, apresentamos aqui algumas sugestões que podem auxiliar
você neste momento. Não podemos ensinar, apenas podemos facilitar a
aprendizagem (ROGERS, 1974, p381). A aprendizagem torna-se significativa
quando o assunto é percebido pelo estudante como importante para os seus
propósitos, o que significa que o estudante aprende muito mais sabendo que este
conhecimento se tornará uma ferramenta importante para modificar sua própria
condição.
De acordo com as definições estabelecidas ensinar é a ação de comunicar
um conhecimento, habilidade ou experiência a alguém, com a finalidade de que
este o aprenda, utilizando para isso um conjunto de métodos, técnicas e
procedimentos que se consideram apropriados. Neste sentido o método é o
caminho que você irá utilizar-se para promover seus estudos. Ou seja, são as
etapas que você utilizará para garantir este processo. Já as técnicas são as passos
que você traçará para promover este processo. Assim, reunimos aqui algumas
sugestões para ajudá-los neste momento:
- Prepare um ambiente adequado para estudar, reúna o material necessário,
planeie o quanto irá estudar nesse dia e que sejam compatíveis com as metas
propostas por você. Focalize então toda a sua atenção no texto, ou disciplina que
você está interessado em estudar;
- Programe-se em relação ao tempo. Veja que anteriormente já indicamos
que você deve destinar para cada 50 minutos de estudo um intervalo de 10
minutos, procurando movimentar-se a fim de fazer circular o sangue no corpo, e
principalmente no cérebro. Este intervalo é o tempo adequado para o seu cérebro
processar toda a matéria até ali estudada e com isso ter um maior rendimento, ou
seja, poderá estudar mais horas por dia, sem com isso “cansar” a sua cabeça e
prejudicar o seu desempenho.
- Antes de cada sessão de estudo procure dar uma vista de olhos no que vai
estudar, de forma a estruturar a matéria dentro da sua cabeça e rever a que você
já havia estudado, Organize por itens ou tópicos utilizando-se de lápis coloridos
ou canetas destaque.
- Durante as sessões de estudo, procure comer frutas e beber bastante
água, evite alimentos ricos em hidratos de carbono, tais como: bolachas, pão,
bolos, etc., pois estes induzem à produção de hormonas facilitadoras do sono.
Lembre-se que o cérebro é o órgão do corpo humano que mais utiliza sangue e
que mais consome energia, portanto alimente-se adequadamente. Se for almoçar
ou jantar massas e carnes, opte por comer carne no almoço e massas à noite, pois
a carne (proteína) induz a produção de hormonas inibidoras do sono, e a massa
(hidratos de carbono) hormonas facilitadoras do sono.
- Procure dormir adequadamente, ou seja, cerca de oito horas diárias, não
invada a madrugada a estudar, pois, desta forma está a prejudicar várias funções
importantes, tanto cerebrais quanto de recuperação celular. O sono não é perda
de tempo, ele é muito importante no desempenho global, pois a “sua máquina”
precisa render ao máximo, e o máximo só se consegue cuidando bem dela.
Conheça-se bem, a si e aos seus ritmos e limites, procure respeitá-los.
- Quando você for estudar a primeira coisa que você precisa ter em mente é uma questão: O que é
que eu já sei sobre este assunto que eu pretendo estudar?? Na hora que você começar a estudar se pergunte:
Pergunte-se: o que eu já sei a respeito disto? Anote. Esta é a grande pergunta... pois tudo que você souber e
que esteja relacionado com a novidade servirá de apoio para capturar e sobretudo organizar a nova
informação. Então a técnica é simples. Basta perguntar-se a si mesmo... o que eu já sei sobre este assunto?
Aquilo que você já souber, será, provavelmente, um grande trunfo para os novos conhecimentos que você
deseja aprender.....
- Anotar é uma forma de fixar a informação. Mas você está fixando a informação num pedaço de
papel e não no cérebro. Mas já é alguma coisa. Isto porque nossa memória serve para armazenarmos
informações e depois recuperá-la. O pedaço de papel anotado tem a mesma função. Armazenar a
informação no papel e depois recuperá-la. Seja lá o que você tiver que aprender através de leituras ou de
exercícios, faça anotações para facilitar sua fixação e sua assimilação do conteúdo novo. Na hora do estudo
lembre-se dos seguintes pontos para sucesso desta ação:
1. anote pontos importantes da leitura;
2. anote suas dúvidas.
Para você anotar qualquer coisa em primeiro lugar você precisa ouvir ou ler a informação. Esta
informação será processada pelo seu cérebro, em seguida, através de suas mãos passará para o papel. Se
você anotou, você garantiu a ocorrência de um processo completo de entrada e saída da informação. Você
internalizou a informação, ou seja, ela foi processada pelo seu cérebro e depois você colocou-a no papel. Se
você conseguiu anotar significa que a informação foi captada pela sua atenção. Fazendo isto impedimos
aquela situação ilustrada pela expressão popular “Entrou por um ouvido e saiu pelo outro...” como se a
informação não tivesse passado pelo cérebro. Como se entre um ouvido e outro existisse um caminho vazio
por onde o vento e o som passam sem nenhum obstáculo.
- A compreensão é fundamental para a fixação. É muito difícil fixar a
matéria sem compreendê-la. Fixação sem compreensão é “decoreba”. A
aprendizagem (fixação) depende da compreensão. E para facilitar a fixação é
importante que se faça a revisão.
- Consulte o dicionário quando tiver dúvidas do significado das palavras.
Veja então que estas são algumas sugestões para ajudar você neste processo, mas
temos a certeza que somente você poderá criar melhor estas técnicas e métodos
que poderão fazer de você um estudante de sucesso.
UNIDADE II – COMPREENDENDO O ATO DE APRENDER
Aprender é fazer de uma informação, de um conceito uma ferramenta de
transformação de atitude ou de postura. Para entendermos mais esta afirmação,
vale pensar que desde que nascemos, aprendemos a todo o momento e
transformamos estas aprendizagens em ações e atitudes que, nos auxiliam em
ultrapassar etapas. Contudo, não aprendemos aos pedaços.
A aprendizagem é um processo contínuo e permanente onde aprendemos
todos os dias e a todo momento. Estarmos disponíveis a aprender, e a “reaprender”
torna-se então o grande diferencial para alcançarmos um nível de conhecimento
de forma que este possa nós oferecer condições de para enfrentarmos este
momento de mundo. Um mundo carregado de mudanças, e de exigências do qual
somente com conhecimentos e habilidades poderemos alcançar novos horizontes.
Então, aprender torna-se uma ferramenta indispensável para nós capacitarmos ao
enfrentamento das mudanças sociais e profissionais. Estar aberto para construção
de novos conhecimentos é modificar nosso cotidiano. É estar aberto para
novidades. Aprender é ganhar e adquirir conhecimentos que nos sirvam de suporte
para aplicar e desenvolver ações que possa reverter-se em benefícios próprios.
2.1 Entendendo a importância de aprender
Ao estarmos disposto em aprender devemos estar ciente de que este
processo é lento e muita das vezes difícil. Contudo, não podemos desistir diante
das dificuldades, isto porque temos certeza de que a própria vida é um exercício
de aprendizagem diária. Entender então se torna a chave para aprender e aplicar o
que foi aprendido. Se um tópico não foi bem entendido é aconselhável reler o
texto proposto para estudo, consultar um livro da bibliografia recomendada ou
então, discutir com um colega de classe. Assim, não tenha receio em procurar o
professor para esclarecer qualquer ponto que não esteja bem entendido. A simples
leitura das notas das aulas ou de partes deste nosso módulo ainda não são
suficiente para efetivar o aprendizado.
O aprendizado de qualquer tópico de estudo somente é eficaz quando,
durante o processo de fazer, ocorre também o processo de pensar o que se faz.
Em todos os cursos, os professores geralmente procurarão relacionar a teoria
apresentada a uma série de exemplos ou exercícios.
É importante que durante o tempo de estudo se refaçam os exemplos
apresentados pelo professor, ou no nosso caso, os propostos pelas unidades
procurando novos exemplos e resolvendo os exercícios, mesmo que já tenham
sido resolvidos em outro momento.
Ainda neste momento, vale refletir que quando não aprendemos algum
conceito não é porque nos falta inteligência, mas porque falta algo que serve de
base à nova aprendizagem. Procurar saber o que é pode contribuir para superarmos
nossas dificuldades. Isto porque o conhecimento é encadeado, ou seja, é construído
passo a passo. É como uma corrente composta por elos que se juntam para formá-
la.
2.2 O conhecimento com moeda valiosa
Vivemos um momento de profundas transformações onde surge cada vez
com mais força no contexto das organizações, a idéia do profissional
empreendedor. Este profissional, é visto como um sujeito que busca
oportunidades, planeja e realiza ações, investe no seu desenvolvimento tem visão,
e sonhos. Estar preparado, ou seja, ter se capacitado, torna-se um passo
fundamental para que possamos conquistar novos espaços profissionais. Isto
porque "o conhecimento” torna-se peça fundamental para promover este processo,
daí ser tido como moeda, ou seja, como um valioso passaporte para novos
desafios. O capital intelectual – conhecimento acumulado de cada cidadão -
tornou-se então uma das principal fonte de riqueza tanto das organizações quanto
para os indivíduos. Isto porque é a partir do conhecimento, das habilidades, e da
forma com que nós relacionamos e desempenhamos nosso trabalho, nossas
atividades, é que vamos indicar as tendências, criar novas oportunidades (ou
ameaças) de crescimento de uma empresa – e de nossa própria carreira�
profissional.��
Neste sentido, podemos afirmar que estudar torna-se uma grande
ferramenta de superação social, isto porque o conhecimento, o preparo nós
ajudam obter suporte para enfrentarmos novos desafios que hoje o mundo nós
oferece.
UNIDADE III- COMPREENDENDO A LEITURA
Dando prosseguimento aos nossos estudos, podemos observar que, na
unidade temática anterior, você, dentre outras coisas, aprendeu que existem
procedimentos específicos para um estudo proveitoso.
Nesta unidade, vamos abordar algumas técnicas de leitura, pré-requisitos
para um estudo mais aprofundado. Ler é uma das competências mais importantes a
serem trabalhadas, principalmente após recentes pesquisas que apontam ser essa
uma das principais deficiências do estudante brasileiro. Não basta identificar as
palavras, mas fazê-las ter sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter o que
for mais relevante. É com esse objetivo que esta unidade vai trazer para você, caro
estudante, algumas dicas de leitura, ato importante para o nosso processo de
aprendizagem.
3.1- A leitura
Galliano (1986) nos lembra que toda leitura é feita com um propósito.
Levamos em conta a investigação, a crítica, a comparação, a verificação, a
ampliação ou integração de conhecimentos. Para atingir esses propósitos, devemos
identificar as idéias principais do autor.
Caso o leitor não identifique o objetivo do escritor do texto, pode ocorrer a
dificuldade de compreensão. Como proceder para que o ato de leitura possa ser
prazeroso e o conteúdo de um texto seja compreendido?Mandam os especialistas
que se proceda, inicialmente, a uma leitura integral do texto e se determine a
unidade de leitura a ser estudada. Para se estabelecer a unidade de leitura, é preciso
entender que essa unidade é uma parte do texto que apresenta uma totalidade de
sentido. O texto fica, assim, dividido em etapas que vão sendo sucessivamente
estudadas. É um estudo analítico. Mas como procurar a idéia principal na unidade
de leitura?
Em algumas ocasiões, a idéia principal está explícita e é facilmente
identificada. Em outras, ela se confunde com idéias secundárias. Salomon (1994)
lembra que os elementos essenciais de uma oração são o sujeito e o predicado; eles
encerram a idéia principal. Quando se procura a idéia principal do autor em uma
obra, usam-se outras técnicas facilitadoras: a leitura do índice, dos títulos e
subtítulos, prefácio, introdução etc.
Salomon (1994) destaca, ainda, a necessidade de se identificar os detalhes
importantes, básicos para a idéia principal. Eles se manifestam através de fatos e
exemplos que constituem argumentos ou provas da idéia principal.
Como proceder ao encontrar as idéias principais? Como destacá-las no
texto? Vejamos a seguir as principais técnicas para sublinhar, esquematizar e
resumir.
3.2- As técnicas de leitura
A técnica de sublinhar
Sublinhar é sinônimo de pôr em relevo, destacar ou salientar. É um
procedimento muito usado pelos leitores. No entanto, exige cuidados para ser útil.
A primeira recomendação a ser feita é não sublinhar durante a primeira leitura. A
não ser que você já conheça bem o assunto do texto e tenha muito claro o seu
objetivo com a determinada leitura.
Quando for feita a segunda leitura, busque a idéia principal de cada capítulo
e parágrafo, identificando os detalhes significativos, os conceitos, classificações
etc. Perceba que, ao sublinhar as idéias principais do texto, você criará uma forma
fácil de compreendê-lo. Essa técnica lhe ajudará muito em seus estudos. Em suma,
ao fazer a segunda leitura, sublinhe o que for relevante para os propósitos de seu
estudo, fazendo-o de maneira que, ao reler o que foi destacado, a idéia principal
esteja clara.
Vale ressaltar que, em alguns textos, as idéias principais encontram-se no
tópico frasal do parágrafo. O tópico frasal é utilizado por alguns autores com o
objetivo de nortear o desenvolvimento de sua reflexão sobre o tema proposto. Esse
recurso pode apresentar-se no início do parágrafo ou não. A seguir temos um
exemplo de parágrafo cujo tópico encontra-se sublinhado.
“A prática da redação é muito importante para a formação profissional. Não
é apenas por causa da necessidade de redigir cartas, relatórios, ofícios, artigos que
um advogado ou administrador, por exemplo, precisa saber escrever. A prática da
redação é fundamental porque é um excelente treinamento para a organização do
raciocínio e para o desenvolvimento da capacidade de se expressar.
Mais informações sobre tópico frasal e exercícios sobre produção de textos
você pode encontrar no site do Programa de Apoio Pedagógico (PAP) da
UniverCidade, em PAP Língua Portuguesa:
http://www.univercidade.edu/html/pap/default.asp
A técnica de esquematizar
O esquema é uma representação sintética do texto por meio de gráficos,
códigos e palavras. Deve ser organizado segundo uma seqüência lógica na qual
aparecem as idéias principais e suas subordinadas. Caracteriza-se, por meio dessa
técnica, o inter-relacionamento de fatos e idéias.
A elaboração de esquemas exige a participação ativa do leitor na
assimilação do conteúdo, levando-o, também, a uma avaliação sobre a lógica do
texto. Salomon (1994) destaca as seguintes características para elaboração de um
bom esquema:
- fidelidade ao texto (manter as idéias principais do autor)
- estrutura lógica
- adequação ao assunto estudado
- utilidade
- cunho pessoal (levar em conta a sua maneira de ver os fatos)
Lembramos que existem duas maneiras principais de elaborar esquemas:
a) gráficos com chaves, colchetes ou colunas
b) numeração progressiva, letras ou algarismos romanos.
A técnica de resumir
O resumo é uma condensação do texto no qual você apresenta as idéias
essenciais. Para elaborar o resumo, devem ser usados os mesmos procedimentos
indicados para sublinhar e para elaborar esquemas. O objetivo do resumo é
abreviar as idéias do autor sem, contudo, perder de vista a essência do texto.
Quando você considerar relevante, faça transcrições de trechos do próprio autor,
colocando-os entre aspas com o número da página entre parênteses.
As observações e interpretações pessoais bem como as referências
bibliográficas, ou seja a fonte (autor e título da obra), devem ser relacionadas e
acompanham o resumo sem prejudicar a fidelidade ao texto.
O resumo esquemático
Como o nome está dizendo, é uma técnica intermediária entre o resumo e o
esquema. Estabelecendo a unidade de leitura; destacando as idéias principais e
utilizando as técnicas de sublinhar, esquematizar e resumir, você estará preparado
para fazer a leitura analítica, tema que, a seguir, iremos apresentar.
UNIDADE IV – COMPREENDENDO A PESQUISA
A crescente evolução e as rápidas mudanças nos conceitos científicos
levam o ser humano a indagar sobre os diferentes fatos que o circundam. Diante
de tantas interrogações, crenças e dúvidas, o ser humano necessitou se lançar ao
desconhecido e fazer dele um meio para superar seus próprios questionamentos.
O melhor caminho foi o da observação.
A observação, então, passa a ser um instrumento viabilizador da coleta de
informações. Essas informações, ao serem sistematizadas e processadas em suas
diferentes faces, podem oferecer possíveis soluções para as mais diferentes
questões e problemas de nosso cotidiano. Assim, pesquisar torna-se um meio
para se encontrarem explicações e respostas às dúvidas que o cotidiano nos
oferece.
Então, cabe perguntar: O que é pesquisa?
Fazer pesquisa é defender uma idéia, fundamentando-a com bibliografias
e coleta de dados. Para Gil (1995), pesquisa pode ser definida como o
procedimento racional e sistemático cujo objetivo é proporcionar respostas aos
problemas propostos.
A pesquisa é necessária quando não se dispõem de informações suficiente
para resolver um problema ou, então, quando a informação disponível se
encontra em tal estado de desordem que não possa ser, adequadamente,
relacionada ao problema.
Ainda nesse sentido, Gil (1995) afirma que a pesquisa é desenvolvida
mediante o curso dos conhecimentos disponíveis e a atualização cuidadosa de
métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa
desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a
adequação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados.
Assim, podemos afirmar que a pesquisa é o mesmo que busca ou procura.
Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar uma resposta para alguma coisa. Em se
tratando de ciência, a pesquisa passa ser a busca de solução a um problema que
alguém queira saber a resposta. Neste sentido, podemos produzir ciência através
de uma pesquisa. Pesquisa é, portanto, o caminho para se chegar à ciência, ao
conhecimento. É na pesquisa que utilizaremos diferentes instrumentos para se
chegar a uma resposta mais precisa.
Então, observamos que os conhecimentos científicos partem da
problematização de uma situação que é investigada por meio da pesquisa. Neste
cenário, observamos que a pesquisa não é neutra e tem como base coleta, análise
e interpretação de dados. Nesse tratamento de investigação dos pensamentos e
ações, busca-se um determinado conhecimento.
Assim, a pesquisa se caracteriza como pura ou aplicada. A pesquisa pura
é aquela realizada por questões de ordem intelectual; amplia-se o saber e
estabelecem-se princípios científicos. A pesquisa aplicada é realizada por
questões imediatas, de cunho prático; buscam-se soluções para problemas
concretos. Portanto, fazer pesquisa é adquirir conhecimento. Pesquisa é "... a
produção científica, ou seja, uma das atividades mais importantes para o alcance
da qualidade e da eficiência..." (Kestring, 2001: 81)
Quando estudamos sobre pesquisas, logo descobrimos que é um termo
vasto, aberto e que, para compreendê-lo, é necessário tempo de estudo e
dedicação. Existe a necessidade de entender autores e construir metodologia
própria.
As diferentes áreas do conhecimento também proporcionam diferentes
possibilidades, delineamentos e metodologias de elaboração de pesquisas. Do
material coletado e consultado, observa-se claramente a diferenciação entre as
pesquisas realizadas nas áreas de saúde, de ciências sociais e ainda de mercado.
Essa diferenciação ocorre tanto do ponto de vista da elaboração (metodologia),
quanto da análise, interpretação, rigor cientifico, generalizações e conclusões a
respeito do assunto abordado.
Desta forma, a pesquisa varia de acordo com a qualificação do
investigador; para a maioria dos autores a metodologia da pesquisa científica
engloba questões como problematização (citar questões para ilustrar a
problematização apresentada em um projeto de pesquisa), construção de
hipóteses (apresentar alguns exemplos de hipóteses), tipos ou modalidades de
pesquisas, ações diferenciadas para a realização de pesquisas.
4.1 A pesquisa como um recurso de aprendizagem
Ao trabalharmos na elaboração e confecção da pesquisa, diferentes
possibilidades de conhecimento geramos. É nesse contexto que o conhecimento
se transforma em um valioso recurso estratégico para a vida das pessoas.
Não é de hoje que o conhecimento desempenha papel fundamental na
história. Sua aquisição e aplicação sempre representaram estímulo para as
conquistas de inúmeras civilizações. As descobertas e o aprimoramento de
tecnologias são oriundos de pesquisas sistemáticas.
Partindo dessa afirmação, verificarmos que o conhecimento é um
elemento chave para assegurar o processo de aprendizagem. Estudar é trabalhar
na busca de conhecimentos mais significativos para a promoção da
aprendizagem. Logo, pesquisar é uma técnica de apoio para garantir qualidade à
aprendizagem.
Ao analisarmos essa reflexão com profundidade, atribuímos o valioso
sentido da pesquisa não só para a busca de entendimento mais profundo acerca de
um assunto, mas também para propiciar novos olhares e novas descobertas à
sociedade.
4.2 Tipos de pesquisa
A estrutura e a dinâmica da ciência assemelham-se a um imenso quebra-
cabeça em que cada peça simboliza uma nova unidade do conhecimento. O
sistema informal atua como o estágio em que os indivíduos, reunidos em torno de
objetivos comuns, promovem uma reflexão sobre os mesmos problemas na busca
de soluções. (KUHN, 1990: 74).
Diante dessas reflexões, vale dizer que diferentes autores apontam
características para os diferentes tipos de pesquisa. Assim, apresentam-se
diferentes classificações.
Pesquisa Bibliográfica – investiga o problema a partir do referencial
teórico existente em documentos e publicações. Ela é, por excelência, utilizada
na área das ciências humanas; é também utilizada como pesquisa resumo por
iniciantes. Vale ressaltar que esse tipo de pesquisa é também a primeira etapa das
pesquisas descritiva e experimental.
Pesquisa Descritiva – caracteriza-se por estudar fatos e fenômenos
físicos e humanos sem que o pesquisador interfira. Procura-se descobrir, com a
precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e
conexão com outros, sua natureza e características.
O pesquisador utiliza técnicas de observação, registro, análise e correlação de
fatos sem manipulá-los. Essa modalidade de pesquisa é utilizada, principalmente,
pelas ciências sociais e humanas; procura investigar e conhecer situações e
relações que se desenvolvem na vida política, social, econômica. Cervo (1985),
aponta subdivisões ou formas de pesquisa descritiva.
Pesquisa Exploratória – é também chamada de pesquisa quase
científica, pois não se elaboram hipóteses a serem testadas, restringindo-se a definir
objetivos e buscar maiores informações sobre determinado assunto de estudo.
Recomenda-se essa forma de pesquisa quando é necessário ampliar conhecimentos
sobre o problema a ser investigado.
Pesquisa Explicativa – ocupa –se do estudo e da descrição das
propriedades ou relações existentes na realidade pesquisada. Assim como o
estudo exploratório, auxilia a formulação clara de um problema e de hipóteses em
pesquisas mais amplas.
Pesquisa Documental – estuda a realidade atual sendo, portanto,
diferente da pesquisa histórica; investiga documentos com o objetivo de
descrever e comparar diferentes tendências, usos, costumes.
Pesquisa Experimental – caracteriza-se por manipular diretamente as
variáveis relacionadas com o objeto de estudo.
Estudo de campo – define-se por meio da observação, com a
manipulação de sofisticada amostragem resultante de coleta e mensuração de
dados; procura analisar as variáveis detectadas no comportamento do fenômeno e
chega a conclusões cientificamente satisfatórias. As ciências sociais ou humanas
se enriquecem dia após dia com tais estudos.
Estudo de caso – limita-se ao interesse de um grupo, comunidade,
pessoa, família. Estuda a interação dos fatos que produzem mudança.
Pesquisa-ação - é um tipo de pesquisa social com base empírica,
concebida e realizada em associação com uma ação ou a resolução de um
problema coletivo. Pesquisadores e participantes representativos da situação ou
problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLENT,
1986, p16).
Pesquisa Participante – tem como princípio fundamental uma forma de
participação na qual todos - pesquisadores e população - são sujeitos de um
mesmo processo de exercício de cidadania, objetivando transformação social. A
pesquisa participante insere-se na pesquisa prática, classificação apresentada por
Demo (2000) para fins de sistematização. Segundo o autor, está ligada à prática
histórica em termos de usar conhecimento científico para fins explícitos de
intervenção na realidade social.
Pesquisa Qualitativa - tipo de pesquisa realizada para aferir aspectos
qualitativos de alguma questão, como percepção de imagem, atitudes diante de
marcas e veículos, motivações. Apresenta-se como a tentativa de uma
compreensão detalhada dos significados e características situacionais
apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção meramente quantitativa
de características e comportamentos. Surgiu a partir do trabalho em antropologia
e sociologia. Sua inserção no contexto educacional, na década de 70, denuncia
que os dados quantitativos precisavam de um novo olhar.
Pesquisa Quantitativa - a pesquisa quantitativa é apropriada para medir
tanto opiniões, atitudes e preferências como comportamentos. As pesquisas
quantitativas são bastante utilizadas durante as eleições, sendo possível, partir de
uma amostragem da população, quantificar as preferências do eleitorado.
Quali X Quanti - as pesquisas quantitativas e qualitativas oferecem
perspectivas diferentes, mas não necessariamente pólos opostos. De fato,
elementos de ambas as abordagens podem ser usados conjuntamente em estudos
mistos para fornecer mais informações do que se poderia obter utilizando um dos
métodos isoladamente.
Considerando todas essas abordagens, verificamos que existem
diferentes técnicas e modalidades de pesquisas Porém, vale ressaltar que
essa variedade é um caminho para entendermos os diferentes aspectos da
realidade.
UNIDADE V-ANÁLISE TEXTUAL, TEMÁTICA E INTERPRETATIVA:
Como já discutido em unidade anterior, a leitura é um dos meios mais
importantes para a consecução de novas aprendizagens; possibilita a construção
e o fortalecimento de idéias e ações. Um detalhe merece destaque, afirma Kriegl
(2002) é que ninguém se torna leitor por um ato de obediência, ninguém nasce
gostando de leitura. A influência dos adultos como referência é bastante
importante na medida em que são vistos lendo ou escrevendo. Portanto, a prática
da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em que começamos
a "compreender" o mundo à nossa volta. Isto porque demonstramos um enorme
desejo em decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber
o mundo sob diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a que
vivemos. Assim ler e tornar-se leitor não corresponde somente a uma simples
decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e compreender o
que se lê ..........
3.1- Análise textual
A primeira leitura é o contato inicial com a unidade de leitura. Nela se
adquire uma visão de conjunto do pensamento e do estilo do autor. Nesta leitura
nada se sublinha, mas devem se assinalar nas margens, os pontos que exigem
esclarecimentos para compreensão do texto: informações sobre o autor, sentido
das palavras desconhecidas, fatos históricos, outros autores citados etc. É a
análise textual. Concluída a leitura, faz-se uma investigação para buscar as
informações, consultando-se obras de referências tais como dicionários,
enciclopédias etc.
A análise textual oferece, dentre outras, as seguintes vantagens (Severino, 1994):
- diversificar as atividades de estudo, tornando-as menos cansativas;
- oferecer informações e ampliar o conhecimento;
- tornar o texto mais acessível e a leitura mais enriquecedora.
Pode-se encerrar esta etapa, com a elaboração de um resumo esquemático
que oferece uma visão de conjunto do texto, vale ressaltar que esta técnica você
encontrará maiores sobre seu processo de elaboração nas próximas unidades.
3.2 - Análise temática
É feita com o objetivo de levar o leitor a uma compreensão da mensagem veiculada
pelo autor na unidade de leitura. Nessa etapa procura-se apreender o pensamento do
autor sem nele intervir. Este procedimento é facilitado fazendo-se uma série de
perguntas:
De que trata o texto?
Como está problematizado? Qual a dificuldade a ser resolvida?
Qual a posição do autor sobre o problema? Que idéia defende? (a resposta a esta
questão revela a idéia principal, a tese do autor).
Qual a argumentação, o raciocínio do autor para demonstrar a tese? Existem
subtemas ou temas paralelos na unidade de leitura? A análise temática, além de
permitir a elaboração de um esquema mais coerente e rigoroso, é a base para a
obtenção de resumos que sintetizam as idéias do autor ao invés de serem apenas
reduções de parágrafos.
3.3 - Análise interpretativa
Interpretar, explica Severino (1994, p. 52), é
tomar uma posição própria a respeito das idéias enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o autor a um diálogo, é explorar toda a fecundidade das idéias expostas, é cotejá-ias com outras, enfim, é dialogar com o autor.
A análise interpretativa tem papel primordial na construção do leitor sujeito, do leitor
crítico. Severino (1994, p. 52), subdivide- a nas seguintes etapas:
- situar o pensamento desenvolvido na unidade, na esfera mais ampla do
pensamento geral do autor;
- situar o autor no contexto mais amplo da cultura filosófica;
- explicitar os pressupostos que o texto implica;
- formular um juízo crítico, uma avaliação do texto em função de sua coerência
interna e da originalidade e contribuição à discussão do problema;
- fazer crítica pessoal às posições defendidas no texto, fase mais delicada da
interpretação e que exige maturidade intelectual do leitor, cuja vivência pessoal do
problema deverá ter alcançado nível que possibilite o debate da questão.
Concluídas todas as etapas da leitura analítica, o leitor encontra-se em
condições de se tornar um leitor autor, um produtor de conhecimento; poderá
ampliar os aspectos que a análise do texto apresentou e fazer novas proposições.
Estará pronto a elaborar uma síntese pessoal que se apóia na retomada de pontos
levantados nas etapas anteriores e culmina com a contribuição pessoal do leitor para
o tema.
UNIDADE VI - A ESCRITA
Desenvolvida originalmente para guardar os registros de contas e trocas comerciais, a
escrita tornou-se um instrumento de valor inestimável para a difusão de idéias e informações. Foi
na Antiga Mesopotâmia, há cerca de 6 mil anos atrás, que se desenvolveu a escrita. No início, era
feita por meio de desenhos: uma imagem estilizada de um objeto significava o próprio objeto. O
resultado era uma escrita complexa (havia pelo menos 2.000 sinais), e seu uso era bastante
complicado.
Assim, os sinais tornaram-se gradativamente mais abstratos. Finalmente, o sistema
pictográfico evoluiu para uma forma escrita totalmente abstrata, composta de uma série de
marcas na forma de cunhas, com um número muito menor de caracteres.
Embora, naquela época, fosse uma reserva exclusiva de escribas profissionais, a escrita
cuneiforme teve muito sucesso. O sucesso ocorreu parcialmente devido ao fato de que suas
matrizes em forma de cunha eram bastante adequadas para o meio em que se escrevia - o tablete
de argila. Milhares de tabletes de argila foram desenterrados contendo registros de transações
comerciais e impostos de cidades da Mesopotâmia. Foi amplamente usada no Oriente Médio,
numa vasta gama de documentos, desde registros comerciais até cartas de reis.
6.1- O surgimento do alfabeto
A origem dos alfabetos ocidentais não está nos hieróglifos egípcios, mas nas escritas
semíticas dos povos da região oriental do Mediterrâneo. Os fenícios, que viveram ao longo da
costa da Síria e do Líbano, constituíram um extenso império de navegação e comércio em volta
de todo o Mediterrâneo.
Eles utilizavam uma escrita composta de consoantes, portanto não era um alfabeto
verdadeiro. Pelo fato de serem excelentes comerciantes, os fenícios deixaram suas inscrições por
toda a área, em Chipre, Sardenha, Malta, Sicília, Espanha, Marselha, na costa setentrional da
África e na Grécia.
Os gregos usavam muitas formas diferentes de escrita para registrar sua língua, entre elas
a cipriota e a linear B, encontradas nos palácios da civilização Minóica, em Creta. Ambas eram
escritas silábicas (isto é, os sinais representavam sílabas inteiras em vez de letras individuais),
mas nenhuma consistente o suficiente como a língua grega.
Os gregos aprenderam a adaptar a escrita, usando os sinais consonantais, que eram pouco
usados na sua própria língua para representar as vogais. Esse foi um passo de importância capital;
pois, quando encontraram uma forma de representar as vogais, os gregos descobriram uma
maneira eficiente de escrever sua língua - um alfabeto havia, então, sido criado.
6.2- Do livro egípcio aos nossos tempos
Os estudos tradicionais consideravam o Egito como o berço da escrita, porém hoje está
claro que a escrita suméria é anterior a esse tempo. Foi uma criação original, nascida da
necessidade de resolver os problemas de uma completa organização social.
O sistema egípcio reproduz quase que totalmente a língua falada, reflete realidades
abstratas e concretas. Era formada por três tipos de signos: pictogramas (desenhos que
representam coisas), fonogramas (desenhos que representam sons) e outros signos determinantes.
Podemos dizer que os egípcios foram os que introduziram ao mundo clássico a forma
material do livro, com o uso do papiro em forma de rolo, o emprego da tinta e a utilização das
ilustrações como complemento explicativo do texto.
Em seguida, tem-se o nascimento do Alifato nas costas do oriente mediterrâneo (Síria,
Fenícia e Palestina) que se divide em dois subgrupos: o fenício que derivou o alfabeto grego e os
demais; e o aramaico, derivando o hebreo e o árabe. Alguns textos do Antigo Testamento foram
transcritos em aramaico.
A partir do século IX, aparece o alfabeto grego com 24 letras, incluindo as vogais. Porém,
somente na época clássica, no chamado século de Péricles, quando se estende a produção e
comércio de livros, generaliza-se a leitura individual. Graças às obras filosóficas e teatrais, a
leitura se expande e acelera-se a produção e comércio de livros na Grécia, com notícia da
existência de célebres bibliotecas públicas e privadas. No ano de 550 a C., o tirano Pisístrates
construiu uma biblioteca pública, e a célebre biblioteca de Aristóteles foi transferida para a
biblioteca de Älexandria após sua morte.
Do livro romano, assimilando os frutos da civilização grega, pouco tem-se a comentar,
somente o tipo de escrita utilizada, denominada letra capital ou maiúscula.
Em seguida, a história do livro mostra-nos os Códices, do vacábulo latino codex, que
significa um conjunto de lâminas de qualquer material unidas entre si por anéis ou tiras de couro
e protegidas por uma capa. Surgiu o Códice Bizantino, com encadernação coberta com couro,
seda ou até metais preciosos.
A bíblia, geralmente em grande formato e, às vezes, ricamente decorada com
comentários, era encontrada em todos os mosteiros. Havia também textos clássicos que os
monges utilizavam para praticar a língua latina.
Com a invasão muçulmana no ano de 711, a Espanha e toda a Europa provoca a
convivência de três culturas livreiras: que se estende até o século XII. Nesse período, as
ilustrações são ricas, pois pretendiam dar um ensino visual, já que as pessoas não sabiam ler.
Em meados do século XIII, estavam funcionando várias universidades: Paris, Montpellier,
Oxford, Cambridge, Bolonia, Salerno, Palencia e Salamanca. O ensino era em latim, e o
instrumento básico era o livro.
Devido ao desenvolvimento criado por essas universidades, houve a necessidade de
dispor novos textos corretamente escritos em um menor tempo possível e a baixo preço, criando a
figura do estacionário, pessoa encarregada de conservar os exemplares, fazendo com que a
difusão fosse realizada com a máxima fidelidade possível. As cópias eram feitas pelos próprios
estudantes ou confiadas aos encadernadores, geralmente ligados às universidades.
Começa a ser criada a profissão dedicada a confecção de livros. Desenvolve-se o ofício
das artes aplicadas: caligrafia, iluminação e encadernação. A partir daí, o livro passa a se
converter em um objeto de ostentação, criando-se verdadeiras obras de arte com a colaboração
dos mais destacados artistas da época em que o texto era relegado a segundo plano.
Em fins do século XIII, começa uma das revoluções mais transcendentes da história do
livro: a aparição do papel – uma nova tecnologia. Posteriormente, durante o século XVI, os
manuscritos luxuosos convivem com livros populares satisfazendo todos os gostos e
necessidades.
6.3- Da fala para a comunicação escrita e a interpretação do mundo
Percebemos, então, que a escrita sempre se caracterizou como uma técnica por meio da
qual o homem se comunica. Escrever é uma necessidade assim como falar. Neste mundo tão
carregado de informação, a escrita é um elemento fundamental. Escrever uma carta, ler o que está
escrito em um jornal, ler o número do ônibus são situações que mostram o quanto a escrita é
fundamental no contexto social.
A fala, enquanto manifestação da prática oral, é um elemento natural do ser humano. É
aprimorada naturalmente através do contexto informal do dia-a-dia, nas relações sociais, nos
diálogos que cultivamos com nossos colegas e familiares. Quanto à presença da escrita, pode-se
dizer que, mesmo que criada tardiamente em relação ao surgimento da oralidade, ela está
presente em quase todas as práticas sociais. É um sistema de símbolos e signos que se diferencia
dos outros.
Podemos afirmar que o processo de construção da escrita é mediado por signos
transmitidos culturalmente, considerando que, por vivermos numa sociedade letrada, todos nós
entramos em contato com esse sistema desde muito cedo.
Escrever torna-se um elemento fundamental em nosso cotidiano. Escrever bem e entender
o que está escrito torna-se fundamental para atingirmos um grau de comunicabilidade exigido
pela sociedade. É preciso sabermos fazer uso do ler e escrever, sabendo responder às exigências
de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente.
Durante muitos anos, esse critério foi baseado na mera aquisição da “tecnologia” do ler e
do escrever, ou seja, o indivíduo que sabia apenas escrever seu nome era considerado
alfabetizado. No entanto, hoje, o novo critério envolve a capacidade de usar a leitura e a escrita
para uma prática social. Na verdade, o que se está sendo avaliado é o nível de profundidade desta
leitura e não o índice de alfabetização.
Podemos, então, concluir que a leitura e a escrita são peças que se encaixam, sendo
essências para o contexto social humano. O ato de ler é incompleto sem o ato de escrever. Um
não pode existir sem o outro. Ler e escrever não apenas palavras, mas ler e escrever a vida, a
história.
Numa sociedade de privilegiados, a leitura e a escrita são um privilégio. Ensinar o
estudante apenas a escrever o nome ou assiná-lo na carteira profissional, ensiná-lo a ler alguns
letreiros na fábrica como perigo, atenção, cuidado, para que ele não provoque algum acidente e
ponha em risco o capital do patrão não é suficiente. Não basta ler a realidade. É preciso escrevê-
la de forma significativa, garantindo novos olhares para aquele que escreve.
6.4- Promovendo a escrita
Como já discutido em outro momento de nosso módulo, o mercado de trabalho torna-se
mais exigente e oportuniza para novas ações aqueles que forem qualificados em vários sentidos.
Ao contrário do que se pensa, escrever é uma habilidade extremamente exigida em nosso
cotidiano profissional. Escrever bem é uma habilidade que se aprimora na medida em que lemos
e exercitamos mais.
Sabemos que as grandes transações são feitas de forma escrita. Desta forma, cabe ao
profissional de hoje saber apresentar suas idéias de forma clara e adequada no que diz respeito à
norma padrão da língua portuguesa. Isso facilita a conquista de espaço e respeitabilidade tanto no
meio profissional quanto no acadêmico.
Para Feitosa (2000), cabe ao pesquisador o trabalho de relatar suas descobertas, pois
comunicá-las é tão importante quanto descobri-las e experimentá-las. Escrever é parte inerente ao
ofício do pesquisador. O trabalho do cientista ou do tecnólogo não se esgota nas descobertas que
faz, nos engenhos que cria. É de sua responsabilidade a comunicação do que descobriu, criou,
desenvolveu.
O mercado exige um sujeito qualificado, não só especialista na sua área, mas também
com conhecimento diversificado. O cacife dos que tiverem capacidade para criar e transferir
conhecimentos de um campo para outro será maior; também o dos que souberem se comunicar,
trabalhar em grupo, aprender várias atividades. Sobreviverão aqueles que estiverem preparados
para a era da polivalência, da multifuncionalidade. (ASSIS, 1999, p 13)
Devemos nos preparar, antes de mais nada. Seja qual for a nossa profissão, devemos levar
em consideração a realidade circundante. Não podemos ignorar o que ocorre, uma vez que as
mudanças são notórias e já afetam vários setores da sociedade.
A língua portuguesa é o nosso instrumento de comunicação. Por meio da língua escrita ou
falada expressamos nossos sentimentos, nossas idéias, nossas dúvidas e certezas, nossas alegrias
e tristezas. É por meio da língua escrita que um cientista pode divulgar suas descobertas para os
seus e para todo o mundo.
UNIDADE VII - DOCUMENTAÇÃO PESSOAL
Levando em conta a perspectiva da leitura, podemos observar que um dos grandes
problemas referentes à leitura refere-se a sua retenção. É sabido que apenas parte do que se lê
fica retida na memória. Assim, empregar certos cuidados neste momento pode nós oferecer
qualidade nas futuras ações. É levando em conta este fato que sugerimos ao estudante que,
elabore anotações. Para que a tomada de notas seja eficiente, propomos a utilização de
técnicas para que esta tarefa seja sistematizada de modo significativo para o momento.
Frequentemente se indaga acerca do quão exastivas devem ser as anotações. Como respostas,
cabe lembrar que a decisão acerca do que será anotado deve levar em conta os objetivos que
se pretende alcançar com a pesquisa, bem como a natureza do trabalho que se pretende
executar. Diante desses fatos, seguem abaixo algumas sugestões e técnicas das quais o
estudante pode elaborar para facilitar seus esforços na hora de compor seus trabalhos ou até
mesmo seu projeto final.
- Ficha de transcrição (ou de citação) - este tipo de fichamento serve para que o
estudante selecione as passagens que achar mais interessantes no decorrer da obra. É
necessário que seja reproduzido fielmente o texto do autor (cópia literal). Após a transcrição,
indica-se a referência bibliográfica cabível, ou então encabeça-se a ficha com a referência
bibliográfica completa da obra e após a(s) citação(ões), coloca(m)-se o(s) número(s) da(s)
página(s) de origem. Se o trecho for citado entre aspas duplas e no seu curso houver uma
palavra ou expressão aspeada, estas aspas deverão aparecer sob a forma de aspas simples (’).
Exemplo:
- Ficha de Resumo ( ou Conteúdo)- é uma síntese das principais idéias contidas na
obra. O pesquisador elabora esta síntese com suas próprias palavras, não sendo necessário
SCARPARO, Monica Sartori. Fertilização assistida: questão aberta: aspectos científicos e legais. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1991. 189 p.
Eis posicionamento importante, citado pela autora, sobre o início da vida e sua proteção jurídica: “A personalidade começa com o nascimento com vida, que se verifica quando o feto se separa completamente do corpo materno. Neste momento é que pode ser objeto de uma proteção jurídica independente da que concerne à mãe”. (p. 40-41).
seguir a estrutura da obra. Exemplo:
Educação da Mulher: a Perpetuação da Injustiça
Histórico do Papel da Mulher na Sociedade
.........................................................................................
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo é História, 145) O trabalho da autora baseia-se em análise de textos e na sua própria vivência nos movimentos feministas, como um relato de uma prática. A autora divide seu texto em fases históricas compreendidas entre Brasil Colônia (1500-1822), Império (1822-1889), República (1889-1930), Segunda República (1930-1964), Terceira República e o Golpe (1964-1985), o ano de 1968, Ano Internacional da Mulher (1975), além de analisar a influência externa nos movimentos feministas no Brasil. Em cada um desses períodos é lembrado os nomes das mulheres que mais se sobressaíram e suas atuações nas lutas pela libertação da mulher. A autora trabalha ainda assuntos como as mulheres da periferia de São Paulo, a participação das mulheres na luta armada, a luta por creches, violência, participação das mulheres na vida sindical e greves, o trabalho rural, saúde, sexualidade e encontros feministas. Depois de suas conclusões onde, entre outros assuntos tratados, faz uma crítica ao pós-feminismo defendido por Camile Paglia, indica alguns livros para leitura.
Exemplo disponível em: < http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met.06.html> acesso em 15/08/07.
- Ficha de síntese - em verdade os estudantes em geral elaboram resumos de texto com uma ou
duas rápidas leitura do mesmo. Entretanto, neste momento, cabe a reelaboração da mensagem
principal do texto, levando em conta os pontos principais, mas dentro de um raciocínio
pessoal, o que bem produzido e bem explorado pode se tornar um instrumento fundamental
para seu sucesso acadêmico. Exemplo:
GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record, 1997. Esclarecer o debate entre a sociologia positivista e a sociologia compreensiva é útil para situar a questão da utilização de métodos e técnicas qualitativos nas Ciências Sociais. Os adeptos da abordagem qualitativa entendem que o modelo de estudos das Ciências Naturais, baseado em processos quantificáveis que se transformam em leis e explicações gerais não são adequados à especificidade das Ciências Sociais, que pressupõe uma metodologia própria. Comte defendia a unidade de todas as ciências. Assim, segundo ele, a pesquisa nas Ciências Sociais "é uma atividade neutra e objetiva, que busca descobrir regularidades ou leis, em que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa". Para Durkheim, o fato social, externo ao indivíduo, independe da consciência humana e deve ser tomado como coisa. Via a ciência social como neutra e objetiva, pois, para ele, sujeito e objeto do conhecimento estão radicalmente separados. A sociologia compreensiva, cujas raízes estão no historicismo alemão, distingue natureza e cultura e defende procedimentos metodológicos distintos para seus estudos. Dilthey, um de seus representantes, entende que os fatos sociais não são quantificáveis, pois cada qual tem um sentido próprio necessitando ser compreendido em sua singularidade. Segundo ele, o método das Ciências Naturais – erklaren – "busca generalizações e a descoberta de regularidades" e o das Ciências Sociais – verstehen – "visa à compreensão interpretativa das experiências dos indivíduos dentro do contexto em que foram vivenciadas". (...)
UNIDADE VIII - TÉCNICA DE SEMINÁRIO
O seminário é uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate. Segundo
Lakatos & Marconi ( 1992) em geral esta técnica é empregada nos cursos de graduação e
pós-graduação com a finalidade de desenvolver no estudante o hábito de raciocínio, de
reflexão,possibilitando a elaboração clara e objetiva dos trabalhos científicos. Ainda neste
campo, observa-se que este recurso auxilia o estudante a promover sua própria aprendizagem
no momento em que ele busca suporte conceitual para elaborar seus trabalhos assim como
atitudes de honestidade, ética para com o material pesquisado. Vale ressaltar que esta técnica
empreende também a condição de partilha e responsabilidade já que necessita do grupo para
o sucesso das ações.
Em seminário, trabalhamos em grupos que variam de cinco a doze integrantes. Neste
grupo, podemos dividir as ações delegando funções para garantir a qualidade do trabalho e
customizar o tempo. Assim, teremos participantes que poderão assumir as funções de:
- Diretor ou Coordenador – responsáveis pelas estratégias organizacionais.
- Relator – apresenta o trabalho.
- Secretário – anota as estratégias parciais e finais apoiando aos demais
participantes.
- Comentador – deve estudar com antecedência o tema a ser apresentado com o
intuito de fazer críticas adequadas à exposição .
- E demais participantes reforçando as funções que estão relacionadas acima
com argumentos e contribuições.
Os seminários acontecem em geral no horário comum das aulas. As sessões todavia,
devem durar de duas a três horas para melhor aproveitamento. Esta técnica, trabalha por
temas que são parte do programa disciplinar ou temas que podem complementar a disciplina.
UNIDADE IX – A MEMÓRIA
Durante muito tempo, memorização era sinônimo de decorar conteúdos. Porém, essa
idéia se transformou e, atualmente, sabe-se que a memória é um fator primordial na
aprendizagem, diferente do "decoreba" que é considerado um inimigo da educação.
A memória é a base de todo o saber, por isso deve ser trabalhada e estimulada. É ela
que nos permite acumular experiências. A memorização é um processo consciente; já a
“decoreba” é um processo de repetição mecânica, algo passageiro que quase nunca oferece
significado para aquilo que se deseja alcançar.
Estudar é um processo contínuo quando desejamos alcançar novos horizontes. Neste
sentido, a memória passa a ser um indispensável recurso para avançarmos no campo do
conhecimento. De que forma podemos usar a memória?
9.1-Técnicas de Memorização
Para facilitar o aprendizado, existem algumas técnicas que podem agilizar o processo
de memorização e, assim, facilitar o ato de estudar. A técnica mais utilizada é a mnemônica,
que tem como característica fundamental a associação de imagens, a vivência e o repasse de
informações. A base da memória é associação; quanto mais associações relacionadas a uma
informação, mais fácil será para resgatá-la no futuro.
A técnica mnemônica trabalha com a imagem mental de grande impacto para fixar a
informação. Há três etapas: a primeira é a fixação, o registro da informação; a segunda é o
armazenamento dessa informação; e por fim, o resgate.
Na memorização de números, pode ser utilizada a técnica mnemônica ou os códigos
alfa numéricos. Esses códigos são representações de números em consoantes. Por meio dessas
representações, é possível transformar números em palavras ou frases. Em geral, é mais fácil
lembrarmos de frases do que de números.
É muito importante o repasse das idéias memorizadas, pois a memória perde 90% das
informações, caso elas não sejam resgatadas em até 24 horas do seu registro. Nas primeiras
oito horas, é muito comum perder de 40 a 50% de informações. Porém, se fizermos uma
revisão dos conteúdos nas primeiras oito horas, a mente traz à tona os conceitos estudados e
acaba retendo-os com maior facilidade.
Assim, trate bem de sua memória, levando em conta as dicas relacionadas a seguir:
9.2 – A memória em benefício do estudo
A memória é fundamental para o processo de aprendizado, mas sozinha não faz
nenhum milagre. Por isso, cabe aos estudantes, a importante tarefa de trabalhar com ela.
Substituir textos por diagramas pode ser uma boa estratégia. Nesse caso, os diagramas nos
servem como um caminho para auxiliar na tarefa de estudar.
O diagrama nada mais é do que uma forma esquemática de apresentar as idéias
principais de um texto em estudo, podendo utilizar-se de formas geométricas e lápis colorido
para sua elaboração. Esse recurso pode servir para auxiliar no gerenciamento e controle do
estudo, permitindo, de forma mais rápida, a visualização de seu andamento. Neste caso, você
pode analisar, compreender e sintetizar um texto que estiver estudando.
O estudante deve descobrir quais são as idéias principais, as idéias complementares,
os detalhes e as minúcias para transformar um texto em um diagrama. Transformar o texto em
uma imagem facilita bastante o processo de memorização e agiliza também o processo de
revisão.
A maior dificuldade enfrentada pelos estudantes é o famoso branco, manifestado em
situações de nervosismo. A dica é estudar e manter a calma. Cada um de nós adquire, durante
a vida, diversas formas e técnicas de estudo, procurando a maneira mais adequada de
aprender.
Vale ressaltar que exercitar a memória é uma ótima técnica. A leitura é um exercício
que ativa diversos tipos de memória.
Para facilitar o aprendizado e fixar na memória os conteúdos aprendidos, repetir é
importante. Porém, há outras indicações que podem ajudar:
• ler mentalmente e compreender o assunto;
• reler em voz alta;
• notar semelhanças, diferenças, relações;
• escrever os conhecimentos adquiridos (os pontos principais);
• fazer fichas com esquemas que incluam, de um lado, a
seqüência das noções principais e, do outro, detalhes
referentes a cada uma delas;
Aprender é uma operação que não se resume a adquirir noções, mas consiste em reter o que foi
lido, reproduzir e reconhecer uma série de experiências e pensamentos. Portanto, é
imprescindível educar a memória.
UNIDADE X – ÉTICA NA PESQUISA
Estamos vivendo um momento marcado pela idéia de mudanças profundas em todos os
segmentos. Na sociedade de hoje, o ritmo imposto pela lógica do mundo globalizado instiga a
população mundial a novas tomadas de decisões. A velocidade e a efemericidade em que os
eventos acontecem, indicam um novo cenário. Nesta perspectiva, o homem se encontra diante
de um desafio maior; partilhar todo este processo com seu semelhante de maneira que a
qualidade de suas relações possam estar garantidas, e que suas ações também possam atender
as novas exigências que a contemporaneidade exige.
Desde o princípio dos tempos, o homem necessita de seu semelhante para garantir sua
própria existência. São as relações que se tecem, que sustentam os indivíduos em seus núcleos,
sejam elas permeadas por aspectos biológicos, sociais, políticos, religiosos, em fim, por seus
diferentes contextos. Neste quadro, observamos o quanto esta troca retroalimentam estas
relações, já que é a partir deste convívio que o homem gera conhecimento, estratégias e
soluções para superação de seus problemas cotidianos.
Neste contexto em que as relações sociais se reorganizam e estabelecem suas metas e
seus caminhos a ciência torna-se um elemento fundamental, pois sua função é favorecer e
desvendar possibilidades para que o homem supere seus próprios desafios.Trata-se então de tê-
la como uma ferramenta capaz de apontar soluções ou de reorganizar novas alternativas para a
superação de diferentes problemas. É indubitável que a capacidade de conhecer e pensar dos
seres humanos colocam o universo ao seu alcance, dando-lhe sentido e fazendo com que tente
alcançar suas utopias. Porém, vale apontar que para estabelecermos caminhos futuros a ética
não deve ser esquecida.
Agir com respeito perante não somente àquilo que se propõe a produzir com seriedade,
mas igualmente em relação às fontes pesquisadas, às idéias consultadas, aos pensamentos,
reflexões, aos pontos de vista, propostos em estudos e pesquisas já feitas, que recorrera para
melhor ilustrar, fundamentar ou enriquecer o seu trabalho científico, é o mínimo que podemos
esperar de alguém voltado para o conhecimento.
A atitude ética acompanhada da boa-fé que tanto esperamos de qualquer estudioso,
aluno, professor, pesquisador deve pautar-se necessariamente, pelo respeito ao trabalho alheio.
Produzir conhecimento, sim, mas calcado na lisura e na decência, sem usurpação ou violação
do produto intelectual de quem quer que seja, isto porque entendemos que cabe ao pesquisador
e a todos aqueles que se propõe a criar ou trilhar novos caminhos através da investigação e da
pesquisa científicas trabalhar com criticidade levando em conta a identidade intelectual do
próximo.
Diante destas perspectivas, não resta dúvida quanto à necessidade de aprimoramento
contínuo dos conhecimentos do indivíduo, indiferentemente da função que ele esteja
exercendo. Isto porque o mundo exige profissionais cada vez mais qualificados e com
habilidade de bem relacionarem-se com seus pares e ímpares. Somente os indivíduos bem
preparados, que sabem transformar dados e informações em conhecimentos e com formação
ética, terão condições de enfrentar os desafios e ameaças e aproveitar as oportunidades em
benefício da sociedade.
Portanto, pesquisar torna-se uma necessidade vigente quando desejamos reescrever e
apontar novas oportunidades sociais , tecnológicas, políticas, e científicas porém, é oportuno
lembrar que se, por um lado, concordamos que a ética permite a possibilidade de expressão de
diversidades em um espaço público onde se reconheça "a inexistência de valores universais",
por outro lado, não podemos nos furtar a por em prática atitudes que venham assegura este
processo de modo que possamos garantir a cidadania e a ordem social.
Técnicas de Estudos e Pesquisa Atividade da Unidade 01:
Prática 1: Inicie esta tarefa elaborando um plano de estudo onde você possa utilizar esta unidade além das unidades e módulos seguintes deste curso. Para isto, procure trabalhar com o sumário. Lá você encontrará a lista de títulos e conteúdos que cada módulo trabalhará. Divida ela por dias e horário que mais lhe convier nesta tarefa e faça um esquema escrito para que você possa ir verificando seu aproveitamento. Lembre-se do uso do dicionário para buscar o significado de palavras diferentes do seu dia a dia.
Técnicas de Estudos e Pesquisa Atividade da Unidade 02:
Prática 2: Fazer a leitura; identificar os pontos principais do texto; sublinhar as
idéias principais e detalhes importantes. Agora elabore um esquema utilizando chaves ou numeração progressiva e envie para seu tutor.
Técnicas de Estudos e Pesquisa Atividade da Unidade 03:
Prática 3: Pesquisar na web um texto pequeno com no mínimo vinte linhas,
classificá-lo diante dos conceitos abordados na unidade, justificando sua escolha.
Técnicas de Estudos e Pesquisa Atividade da Unidade 10:
Prática 4: Diante das leituras que você fez neste módulo, construa um texto
crítico sobre o que é ética levando em conta o contexto social e os desafios atuais.
O CONCEITO DE CIÊNCIA
O conhecimento científico, como ficou evidente Na unidade anterior, é essencial
para que o homem entenda a realidade e a transforme. A ciência no estado atual em que
se encontra, se deve aos resultados de muitas pesquisa feitas e muitos estudos metódicos
em torno de diferentes conhecimentos. Porém, ainda assim, trata-se de um assunto
complexo e que merece maiores explicações. Então, o que é ciência?
A evolução da ciência
Para Lakatos (1995), ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou
prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a
objetos de uma mesma natureza.
Assim, são características das ciências:
- objetivo ou finalidade / distinguir características comuns, leis e princípios
que regulam os eventos;
- função / ampliar e aperfeiçoar a relação do homem com a realidade através
do conhecimento;
- objeto:
material – tudo aquilo que se pretende conhecer ou verificar;
formal – enfoque especial das diversas ciências frente ao mesmo objeto
material.
Contudo, a grande diversidade de fenômenos que ocorrem no universo levou o
homem a estudá-los com a finalidade de interpretá-los melhor.
Neste sentido, os fundadores do método científico moderno procuraram contrapor
suas idéias à visão de mundo predominante na Antigüidade e durante toda a Idade
Média. Nesses dois períodos, o conhecimento da natureza se baseava na compreensão
da interação harmônica de seus elementos. Assim, o sujeito que se propunha conhecer a
natureza, não procurava conquistá-la ou dominá-la tendo em vista o seu (dele) benefício
próprio – a realidade era vista como sendo algo intocável e divinizado.
Essa conquista e esse domínio da natureza passam a ser a nova perspectiva da ciência
a partir dos séculos XVI e XVII, quando alguns pensadores (Galileu, Newton,
Bacon, Descartes, dentre outros) lançam as bases do método científico (que
predominou até o início do século XX como paradigma da atividade científica) a
partir d retomada de alguns elementos do pensamento grego. Ou seja, a partir
daquelas áreas onde a civilização grega havia realizado os seus maiores progressos, a
saber: na matemática, na estatística e na astronomia.
Contudo, e principalmente em Descartes, o novo método científico - que colocava
a ordenação da realidade como sendo promovida pela razão - ainda se deixava
impregnar por uma entidade metafísica alheia ao objeto de estudo da ciência (o mundo
real, a extensão): a razão, consequentemente, e em última instância, era validada por
essa entidade supra-sensível, ou Deus.
Mesmo séculos depois, está noção ainda impregna o pensamento de Albert
Einstein, um dos maiores cientistas do séculos XX: ao afirmar que “Deus não joga
dados”, ainda pressupõe a existência de um ser supramundano. Porém, essa
pressuposição perde o seu significado sobretudo como o desenvolvimento da física
quântica, onde a natureza do conhecimento, o papel dos cientistas, a objetividade e o
determinismo da ciência tradicional (a que atende aos pressupostos da perspectiva
cartesiana) são profundamente questionados.
Por volta do início do século XX, uma parcela da comunidade científica se
apercebeu que, diferentemente da noção de conhecimento da realidade vigente até essa
época, não se pressupõe, mais a possibilidade de um conhecimento universal e perene,
mas sim que há apenas a alternativa de se conhecer parcelas da realidade. Ou seja,
descarta-se a possibilidade de um conhecimento absoluto da realidade, pelo fato de se
aperceber que a estrutura mesma do universo é dinâmica e instável. Isso se dá,
sobretudo, pela formulação do “princípio de incerteza” por Wener Heisenberg, no qual é
postulado que sempre que optamos em observar um aspecto da natureza, fatalmente
negligenciamos outro; o que significa dizer que, no caso específico da física quântica,
por exemplo, a impossibilidade de se conhecer simultaneamente a velocidade e a
posição de uma determinada partícula subatômica.
Desta forma, os cientistas se aperceberam também que, eventualmente, teriam que
renunciar a sua interpretação objetiva dos fenômenos da natureza, visto que, em sua
estrutura fundamental, a relação dos componentes dessa estrutura fundamental se
apresenta caracteristicamente dinâmica e indeterminada. Consequentemente, os
processos do mundo físico escapam a uma descrição precisa e objetiva, sendo possível
apenas formulá-la em termos de probabilidade.
Como se daria então o determinismo e a “materialidade” do mundo físico? Ao
reconhecerem que os processos de relação entre os componentes fundamentais da
matéria são eminentemente indeterminados e probabilísticos (caóticos), os cientistas
deram conta que a aparente solidez do objeto (da res extensa) está exatamente
fundamentada nesses processos indeterminados e probabilísticos que, não obstante, e
em determinadas condições, emergem para o macro-mundo, delegando a ele
instabilidade e imprevisibilidade.
Em função da constatação desses fatos, o papel dos cientistas diante do
conhecimento da natureza passa a ser questionado (auto-questionado pelos próprios
cientistas), pelo fato de tanto a objetividade de seus processos de observação da
realidade e o próprio (aparente) determinismo do mundo se apresentam como não
possuidores de uma fundamentação teórico-prática: o mundo e os fenômenos da
natureza se apresentam caóticos e não objetivamente e deterministicamente mensuráveis
(apenas convencional e consensualmente mensuráveis), não pelo fatos de sermos
ineptos ou de não termos uma tecnologia eficiente, mas sim por ser a própria realidade
fundamentalmente impregnada de imprevisibilidade e indeterminismo, e regida por leis
estatísticas e probabilísticas.
Em decorrência, uma das principais conseqüências dessa percepções e
constatações é que se postula a necessidade de haver uma interação “natural” entre
observador e objeto observado; ou, mais exatamente, de se admitir que há,
independentemente de nossa vontade consciente, uma participação ativa da consciência
do observador no seu “objeto” de estudo, e consequentemente, fazendo com que os
resultados da experiência estejam sujeitos, mesmo que subliminarmente, impregnados
pela subjetividade do próprio observador.
Neste cenário, Lakatos (1995), apresenta a seguinte classificação para as ciências:
- formais – a lógica e a matemática
- factuais – divididas em dois grupos;
naturais- física, química, biológico e outras
sociais - antropologia cultural, direito, economia, política, psicologia
social,
sociologia dentre outras
A diferença básica entre os dois grupos reside no objeto de estudo; as ciências
formais estudam as idéias e as ciências factuais estudam os fatos. As primeiras como se
como a matemática, por exemplo, não têm relação com os fatos da realidade e em
conseqüência não podem valer-se dos contatos com essa realidade para convalidar suas
fórmulas (LAKATOS,1995, p.25).
Em conseqüência, como a física, por exemplo estudam fatos que supõe ocorrer na
realidade e, então, podem usar a observação e a experimentação para testar hipóteses.
Contudo, vale ressaltar que esses pressupostos podem ser unir em detrimento de novos
conceitos científicos.
(.....) a finalidade da atividade científica é a obtenção da verdade, através da comprovação de hipóteses que por sua vez, são pontes entre a observação da realidade e a teoria científica, que explica a realidade. O método é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia permitem alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. (LAKATOS,1995, p27)
Desta forma, observamos que a ciência não se preocupa com casos individuais, e
sim com a generalizações. Verifica-se casos particulares para, através deles se chegar a
proposições gerais denominadas leis. A lei procura explicar os fenômenos da realidade,
os aspectos invariáveis comuns a diferentes fenômenos. Quando o conhecimento a
respeito de fatos ou de relações entre eles é amplo temos a teoria.
Em suma, este pressuposto nos leva a concluir que teoria e fato são objetos de
estudos dos cientistas; a teoria se baseia em fatos e a justaposição de fatos sem um
princípio de classificação teoria, não produziria a ciência. Desta forma, observa-se que
o desenvolvimento científico é uma inter-relação constante entre teoria e fato.
Goode e Hatt, citados por Lakatos (1995, p.90-93), comenta que o papel da teoria
em relação aos fatos se apresentam esquematicamente;
- a teoria serve de parâmetro para restringir a amplitude dos fatos a serem
estudas;
- a teoria serve como um sistema de conceptualização e de classificação dos
fatos;
- a teoria serve para resumir sinteticamente o que já se sabe sobre o objeto de
estudo, através das generalizações empíricas e das inter-relações entre
afirmações comprovadas;
- a teoria serve para baseando-se em fatos e relações já conhecidos, prever
novos fatos e relações.
- A teoria serve para indicar os fatos e as relações que ainda não estão
satisfatoriamente explicados e as áreas da realidade que demandam pesquisa.
Já os fatos por sua vez, desempenham uma função significativa na construção
das teorias. Isto porque:
- um fato novo, uma descoberta pode provocar o início de uma nova teoria,
- os fatos podem provocar rejeição ou reformulação de teorias já existentes;
- os fatos redefinem e esclarecem a teoria previamente estabelecida, no sentido
de que afirmam em por menores o que a teoria estabelece;
- os fatos descobertos e analisados pela pesquisa empírica exercem pressão
para esclarecer conceitos contidos na teoria.
Desta forma, observamos que a ciência procura a verdade como um pressuposto
básico para esclarecer e informar o homem sobre seu meio e sua realidade. Assim
como o conhecimento científico, é um instrumento mediador entre o homem e o
mundo que ele vive. Portanto, o conhecimento e a ciência são pressupostos
interrelacionados que viabilizam ao homem conhecer a si próprio e caminhar em busca
da superação dos fatos.
A DIFERENÇA ENTRE A PESQUISA CIENTÍFICA E A PESQUISA ESCOLAR
A pesquisa abrange a observação, a leitura, a análise e a interpretação de dados, e fatos,
que ocorrem em um determinado contexto. Todo material recolhido deve ser submetido a uma
triagem, a partir da qual é possível estabelecer um plano de tratamento. Neste plano, vale
apontar que diferentes métodos podem ser utilizados para relacionarem ou tratar os dados
recolhidos. É neste momento que a pesquisa ganha seu valor e sua importância. Isto porque a
seriedade dada ao tratamento dos dados recolhidos podem lhe conferir o grau de cientificidade
ou não diante dos processos utilizados para a obtenção de seus resultados. Neste sentido, o
método e a técnica irão, portanto, qualificar um estudo como pesquisa. Mas toda pesquisa é
científica? Eis um dilema ... A qualificação de uma pesquisa como científica é determinada
pelo juízo de uma comunidade de cientistas sobre a significância do objeto de estudo e o uso
adequado do método de pesquisa. Assim, por exemplo, o estudo da Astrologia não goza de
cientificidade como a Astronomia; porém, nem sempre foi assim; Astronomia e Astrologia já
compuseram uma única disciplina que, ao dividir-se, da Astrologia foi excluído o título de
ciência, pois as pesquisas astrológicas não possuíram objetos significantes para a comunidade
científica.
Uma pesquisa e seu fruto são formas de discussão com a comunidade relacionada ao
assunto do qual ela – a pesquisa - se dispõe a discutir. Apesar da relativização do que é
científico, devemos ter em mente que uma pesquisa de iniciação científica necessita ater-se
aos parâmetros de cientificidade adotados por nossas comunidades científicas e conhecê-los,
sem, no entanto, abandonar o espírito crítico que nos proporcionará, depois de iniciados, o
combustível para as rupturas com os cânones das metodologias, técnicas e objetos da ciência.
Como já observado anteriormente, são os estudo dos métodos e técnicas de pesquisa, e
o seu correto domínio que farão dela um instrumento valorado pela comunidade acadêmica.
Assim, a determinação dos objetos possíveis de estudos científicos, como dos métodos
científicos, tem motivado diversas pesquisas na Filosofia da Ciência, na História da Ciência,
Sociologia, e na Antropologia.
Mas o que difere a uma pesquisa científica da escolar? Seus métodos, seus objetivos e
os procedimentos utilizados em sua feitura. Este entendimento e estas especificidades é que
darão a pesquisa suas características e a diferenciaram uma da outra.
TÉCNICAS DE PESQUISA
Abordaremos a seguir alguns passos e técnicas a serem adotados, considerando as
necessidades do pesquisador como também o próprio contexto do qual ele esta inserido. A
utilização de técnicas para este trabalho é essencial para um resultado positivo no contexto
acadêmico, portanto, técnicas são passos que traçamos para chegarmos a elaboração da
pesquisa.
No quadro acima, levamos em conta a necessidade de elaborar um trabalho
monografia de cunho bibliográfico, contudo apresentaremos diferentes técnicas das quais o
aluno poderá selecionar para compor a pesquisa que desejar.
- Levantamento da bibliografia
Ao iniciarmos a composição do trabalho monográfico o primeiro passo é
identificarmos as fontes que poderão fornecer respostas ou esclarecimento ao nosso problema.
Desta forma, procede-se então, à coleta de material ou levantamento bibliográfico e que pode
ser feito de diferentes maneiras: através de busca em catálogos de livros e revistas técnicas,
consulta a especialistas na área etc... Aconselhamos que esta coleta seja cuidadosamente
registrada em fichas bibliográficas (autor, título da obra, local de publicação, editora, data,
acrescida de palavras- chave referentes ao tema tratado no livro). Assim como anotar o local
em que foi encontrada a obra, código da prateleira (no caso de se tratar de uma biblioteca). Este
material e estas anotações podem auxiliar ao pesquisador em compor seu estudo, assim como
minimizar transtornos futuros .
- Seleção da bibliografia
ETAPAS ATIVIDADES . Levantamento da bibliografia . Seleção de bibliografia . Leitura analítica Execução da pesquisa . Fichamento . Análise comparativa e interpretação dos dados.
Encerrada a etapa de coleta de dados, caberá a você agora a seleção das publicações
que interessam a sua pesquisa. É possível consultar o material em diferentes instituições, e por
vezes até conseguir o empréstimo das obras. Uma pesquisa bibliográfica realizada com o
objetivo de conclusão de curso ou mesmo especialização bem feita, demonstra que o aluno
iniciou-se na metodologia científica, apreendeu o espírito científico frente à realidade, sem que
seja, necessariamente, trabalhos de grandes dimensões.
- Leitura analítica
De posse do material, o pesquisador mergulha em sua leitura. Para isso recomenda-
se que você faça uma leitura analítica, ou seja uma leitura que demande técnicas para que esta
alcance realmente os objetivos propostos. Assim sendo, inicie sua leitura por três etápas:
A primeira leitura adquirimos uma visão de conjunto do pensamento e do estilo do
autor, a chamada leitura textual. Neste momento nada se sublinha, mas devemos assinalar, nas
margens, os pontos que exigem esclarecimentos para compreensão do texto: informações sobre
o autor, sentido das palavras desconhecidas, fatos históricos, outros autores citados, etc. Cabe
neste momento ao pesquisador elaborar um resumo ou um fichamento bibliográfico já que
estas estratégias serão de grande valia para produção do estudo proposto. No segundo
momento, faz-se uma análise temática. Esta tem o objetivo de levar o leitor a uma
compreensão da mensagem veiculada pelo autor. Este procedimento pode ser facilitado
levando em conta as seguintes questões: Dê que trata o texto? Como está problematizado?
Qual a dificuldade a ser resolvida? Qual a posição do autor sobre o problema? Que idéias
defende? Existem subtemas ou temas paralelos na unidade da leitura?
A análise temática, além de permitir a elaboração de um esquema mais coerente e
rigoroso, é a base para a obtenção de resumos que sistematizem as idéias do autor ao invés de
serem apenas reduções de parágrafos.
O terceiro e último passo, requer uma leitura interpretativa. E o que é uma leitura
interpretativa? Para Severino
...é tomar uma posição própria a respeito das idéias enunciadas , é superar a estreita mensagem do texto, é ler nas entre linhas , é forçar o autor a um diálogo, é explorar fecundidade das idéias expostas (1994, p52).
A análise interpretativa tem um papel fundamental na construção do leitor sujeito, do
leitor crítico. Isto porque esta modalidade estimula o pensamento geral do leitor pesquisador;
faz com que ele reconheça os pressupostos do autor facilitando na formulação de um
pensamento de juízo crítico favorecendo a avaliação do texto em função de sua coerência
interna assim como sua originalidade. Esses fatores estes essenciais para que o pesquisador se
torna maduro intelectualmente e pronto para promover novas proposições. Neste momento, o
pesquisador estará apto a elaborar uma síntese pessoal que se apóia na retomada de pontos
levantados nas etapas anteriores e culmina com a construção da própria pesquisa.
Técnicas de coleta de dados qualitativos e quantitativos
Sabemos que para elaboração de nosso trabalho monográfico, muitas são as ações
que envolvem este percurso. Desta forma, as técnicas e os instrumentos utilizados, tornam-se o
respaldo necessário para oferecer a pesquisa o grau de cientificidade que o estudo representa.
Cabe então ao pesquisador reunir dados e informações necessárias para comprovação das
hipóteses ou respostas às questões da investigação, bem como o tratamento e a qualificação
adequada para as mesmas. Mas o que seria qualificar os dados coletados? Neste campo,
Chizzotti (1995) apresenta a pesquisa subdividida em duas categorias:
Quantitativa – Esta abordagem prevêem a mensuração de variáveis
preestabelecidas, procurando verificar e explicar sua influência sobre outras variáveis,
mediante análise da freqüência de incidência e correlações estatísticas.
Qualitativas - Esta, fundamenta-se em dados coligados nas interações interpessoais,
na co-participação das situações dos informantes, analisados a partir da significação que estes
dão aos seus atos. O pesquisador participa, compreende e interpreta.
As principais técnicas para fundamentar a pesquisa quantitativa são a observação, o
questionário e a entrevista. Ainda o autor, nos relata que a observação pode ser estruturada ou
sistemática e consiste na coleta e registro de eventos observados que foram previamente
definidos. A reflexão sobre os eventos observados produz descrição baseados na freqüência
dos incidências. Neste contexto, Chizzotti (1995), explica que as observações sistemáticas
procuram superar as incertezas das percepções imediatas e construir conceitos que permitam
formular hipótese para a investigação.
O questionário é um conjunto de perguntas dispostas seqüencialmente; é elaborado
em função dos objetivos da pesquisa e das hipóteses ou questões que se investigam. Segundo o
tipo de perguntas, os questionários podem ser perguntas fechadas, abertas ou mistas.
No questionário de perguntas fechadas, as afirmações apresentam alternativas de
respostas fixas e previamente estabelecidas. No questionário de perguntas abertas, o
entrevistado responde com frases, havendo assim, maior elaboração nas respostas.No
questionário misto apresenta os dois tipos de questões elaboradas em função dos interesses da
pesquisa. Chizzotti(1995), faz as seguintes os apontamentos sobre o questionário:
Em relação ao pesquisador é necessário que saiba :
- as informações que busca o objetivo da pesquisa
- o objetivo de cada questão
- o que pretende medir
- como pretende confirmar as hipóteses.
Em relação ao informante é necessário que compreenda:
- as questões que lhe são propostas
- o conteúdo sobre o qual dará informações
Em relação ao questionário é necessário que contenha:
- Estrutura lógica:
- seja progressivo
- seja preciso
- seja corretamente articulado
- as questões e subquestões devem formar um todo lógico e ordenado.
- a linguagem deve ser simples, clara e sem ambiguidades.
A entrevista é um diálogo preparado com o objetivo definidos. É uma técnica que
permite que se concretize uma relação estreita entre pessoas. A entrevista estruturada é uma
modalidade de comunicação entre o pesquisador que deseja colher informações sobre
determinado fato e pessoa que detém a informação. É uma comunicação bidirecional. Uma
pessoa com perguntas preestabelecidas leva a outra a responder às perguntas.
Quando o entrevistador não deseja impor a sua visão, utiliza-se da entrevista não
estruturada. O tema é previamente estabelecido, mas o conteúdo da entrevista e os diálogos
vão sendo escolhidos livremente. As informações vão sendo manuscritas ou gravadas e
devem ser passíveis de codificações para serem transformadas em indicadores objetivos de
variáveis que se pretendem explorar.
A pesquisa qualitativa se realiza interativamente, num processo de idas e voltas,
nas diversas etapas de pesquisa e na interação com os sujeitos. (CHIZZOTTI,1995,p.89)
Durante a pesquisa os dados, colhidos em diferentes etapas são continuamente
analisados e avaliados. São técnicas da pesquisa qualitativa: a observação participante, a
entrevista individual e grupo focal. Neste contexto, Chizzotti (1995) nos revela que o “teatro
da espontaneidade”, o jogo de papeis, a história de vida autobiográfica, a análise de
conteúdos ou outros que apreendam as relações subjetivas, favorecem a interação dos agentes
e revela-se uma fonte rica de informações. Levando em conta que os dados coletados não
podem ser quantificados, dê que maneira poderemos garantir a veracidade dos fatos? Este
dados serão validados na medida em que o pesquisador considerar os seguintes critérios:
- fiabilidade (independência de análise ideológica do autor)
- credibilidade (garantia de qualidade relacionada à exatidão e quantidade das
observações efetuadas)
- constância interna (independência dos dados em relação à ocasionalidade
etc)
- transferibilidade (possibilidade de estender os conclusões a outros contextos)
(CHIZZOTTI,1995,p90)
Dentre as técnicas utilizadas na coleta de dados qualitativa, convêm fazer algumas
considerações em torno das técnicas da observação participante, da entrevista não diretiva e
da análise dos conteúdos resultantes das entrevistas.
Na observação participante é feito através do contato direto do pesquisador com o
fato observado visando captar as ações dos atores em seu próprio contexto. O observador
partilha de uma interação completa em todas as situações. A observação participante
necessita ser revestida de cuidados para que garanta a fiabilidade e elimine dados de emoção,
deformação e interpretação destituídas de comprovação.
A entrevista não diretiva é uma maneira de coletar dados a partir do discurso livre de
entrevistado. Apresenta limitações, tais como a grande quantidade de dados , a
emocionalidade do entrevistado etc. Além disso, é necessário que seja cercada de cuidados
para garantir a cientificidade da técnica, a credibilidade das informações recebidas etc....
A análise de conteúdo é uma técnica de tratamento e análise de informações coletados
através de documentos escritos ou de outras formas de comunicação: oral, visual, gestual.
Através da análise de conteúdos chega-se à compreensão crítica do sentido das comunicações
e seu conteúdo claro ou implícito. Existem diferentes procedimentos para explicar o
significado da comunicações. O procedimento a ser utilizado depende dos objetivos da
investigação, do tipo de material a ser analisado e também da posição ideológica e social do
analisador.
A análise do conteúdo pode ser feita de diferentes ângulos:
- análise léxica
- análise categorial
- análise daenunciação
- análise de conotações etc.
Nesta unidade você adquiriu noções gerais sobre as técnicas diretas de coletas de
dados usados nas pesquisa quantitativas e qualitativas para serem utilizadas na elaboração de
seu trabalho monográfico. Contudo esses conceitos podem ser aprofundados através de livros
de metodologia científica na medida em que você necessite utilizá-los.