União pela vidapara os cegonheiros de MG · web DeSigner Joélcio Simões reviSão Lílian de...

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ANO X l Nº 112 l Julho de 2013 Distribuição gratuita em postos de combustível União pela Sindicato, empresas e associações se unem pela redução de acidentes e por mais segurança para os cegonheiros de MG vida

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ANO X l Nº 112 l Julho de 2013

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União pela Sindicato, empresas

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4 Entre-Vias

Editorial

ExpedienteDiretor-gerAL/eDitorGeraldo Eugênio de [email protected]

DiretorA exeCUtivATayla [email protected]

eDitorA ChefePatricia Corrê[email protected]

imPreSSãoGráfica Del Rey

tirAgem10 mil exemplares

toDoS oS DireitoS reServADoSA reprodução total ou parcial de textos, fotos e artes é proibida sem autorização prévia.

ENTRE-VIAS não se responsabiliza por textos opinativos assinados. "As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Informes publicitários são de responsabilidade das empresas que os veiculam, assim como os anúncios são de responsabilidade das empresas anunciantes."

ENTRE-VIAS, por meio de um mailling especial, chega a empresários e executivos de empresas de transporte de cargas e às principais redes de postos de combustíveis. Autoridades, entidades de classe, sindicatos, indústrias e órgãos governamentais também recebem a publicação.

Nesta edição, a matéria de capa mostra uma ação preventiva que visa ampliar a seguran-ça do setor de transporte de veículos na estrada e ao mesmo tempo prevenir que os moto-ristas possam se envolver em acidentes e ainda ser vítimas de assaltos, que tanto prejudicam patrões e empregados. Com este objetivo, empresa, sindicato e associações de cegonheiros se dispuseram a ajudar. Um trabalho conjunto que trará excelentes frutos e tornará mais tranquila a viagem de quem percorre estradas inseguras como as de nosso país.

Também abordamos a alteração da Lei 12.619. Ela apareceu para melhorar a vida do trabalhador da estrada. Infelizmente, quando elaborada, não houve a participação de pessoas que tivessem a coragem de expor a verdadeira situação do transporte ou mesmo o com-prometimento com a verdade sobre as mortes e as demandas existentes no setor. Por esse motivo, recebeu críticas que levaram a sua reformulação.Com a aprovação do novo texto pela Comissão de Transporte, articulada para desenvolver, junto aos interessados, uma mudança que pudesse tornar a lei uma realidade dentro do setor, a categoria comemorou.

Para os que não tiveram a competência e a maturidade profissional para fazer isso logo na primeira versão da lei, resta a felicidade de saber que, apesar de tudo, a discussão foi válida. Tanto que diversas empresas já se posicionaram e realizaram mudanças significati-vas em sua operação. Tenho certeza de que o transporte começa a tomar rumo diferente em sua história. Mesmo sendo negado o seu direito de fazer paralisações, obteve apoio e sucesso nesta primeira votação. Agora basta que demais autoridades envolvidas nesse pro-cesso não retrocedam nessa conquista. Fruto de pessoas ligadas ao transporte e que que-rem, além da segurança nas estradas, a oportunidade de trabalhar dentro de sua realidade.

A Entre-Vias está do lado dos estradeiros. Estivemos juntos para lutar pela mudança da lei. Acreditamos nela. Longe de interesses inescrupulosos de pessoas que só sabem o que acontece no transporte através de suas TVs, sentadas em poltronas confortáveis. Julgam de maneira errônea todos os que defenderam a alteração da lei e seus artigos voltados a interesses do transporte. Sentem-se derrotadas diante da justiça praticada em favor dos que trafegam pelas traiçoeiras rodovias brasileiras.

ASSinAtUrAS / AnUnCiAnteSMinas GeraisRua Cremerie, 216, Jardim Petrópolis, Betim/MG. CEP: 32.655-080(31) 3052-0103 / [email protected]

UmA PUbLiCAção DA AUto geStão PUbLiCiDADe e ConSULtoriA LtDA.CNPJ: 02.841.570/0001-30Rua Cremerie, 216, Jardim Petrópolis - Betim/MGCEP: 32.655-080Tel.: (31) 3052-0103 / 3594-4245 [email protected]

entre-vias apoia: www.anjosdoasfaltomg.blogspot.com

Geraldo euGênio de assis

gerente ComerCiALPoliana Silva

DePArtAmento ComerCiALKaren Prado, Margeri Mansor,Renata Gomes e Rodrigo do Espirito [email protected]

gerente ADminiStrAtivALaís [email protected]

reDAçãoCristina Guimarães e Patricia Corrêa

eventoSAmanda Rodrigues, Mayra Assis, Iccaro Torres

fotoSArquivo Entre-Vias

DiAgrAmAçãoRoger Simões

iLUStrAçÕeSPaulo Baraky Werner - PW

web DeSignerJoélcio Simões

reviSãoLílian de Oliveira

DiStribUiçãoAntonio Carlos dos Reis

Envie sua carta para Rua Cremerie, 216, Jardim Petrópolis, Betim, MG CEP: 32655-080

[email protected]

Carta do Leitor

A você, papai e vovô,Que nos cerca de muito carinho, de muito amor. Que faz todas as nossas vontades e que nos dá tudo sem nada pedir. Você é para nós, seu filho e seus netos, um grande exemplo de experiência

de trabalho, de honestidade de fé e, principalmente, de muito amor.Que Deus continue te guardando e te protegendo nas estradas. Amamos você, papai e vovô.

De: Julio CesarPara: João Soares

6 Entre-Vias

Sumário

16 Capa Fazendo a diferença: instituições se juntam no aprimoramento dos motoristas profissionais

8 SaÚDE Fique atento aos sintomas dos transtornos de ansiedade generalizada

10 ESTRaDaS Dnit analisa propostas de empresas interessadas em duplicar a BR-381

14 ESTE pROFISSIONaL TEM HISTÓRIa Conheça a história do cegonheiro Castelinho

22 ECONOMIa Acordo bilateral para o setor automotivo entre Brasil e Argentina chega ao fim

24 INVESTIMENTO Fábrica da Iveco em Sete Lagoas começa a fabricar veículos para o Exército brasileiro

26 MObILIzaçãO Deputados aprovam mudanças na Lei do Descanso

28 FIQUE DE OLHO Rodovias paulistas vão ganhar mais de 500 radares

30 CULTURa Dez músicas para ouvir na estrada

32 LEGISLaçãO Ibama estuda mudanças para o transporte de cargas perigosas

34 EVENTO Festa na Coopercemg

40 aRTIGO Copa do Mundo de futebol de 2014

CAPA/Paulo Werner

Ilustração/Paulo Werner

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8 Entre-Vias

Saúde

Ansiedade demais não é normalConjunto de diferentes transtornos afeta cada vez mais a população. Especialistas alertam que é preciso buscar ajuda

uem nunca sentiu um frio na barri-ga, uma inquietude antes de uma entrevista de emprego, na hora do

nascimento de um filho, perto de realizar uma experiência tão desejada? A ansiedade é uma reação normal do organismo diante de situações que envolvem medo, dúvida, expectativa. Até aí, tudo normal e todo mun-do sente. Quando ela fica excessiva, persis-tente e fora de controle, é preciso buscar ajuda. A medicina identificou nas últimas décadas um aumento do que classificou transtorno de ansiedade generalizada (TAG).

Em seu catálogo digital de enfermi-dades, o médico Drauzio Varella descreve--o como “um distúrbio caracterizado pela preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, persistente, de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado de três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono”. Segundo ele, o nível de ansiedade, nesses casos, é tão desproporcional que interfere na qualidade de vida e causa sofrimento ao indivíduo. As relações familiares, sociais e profissionais também são afetadas.

Um alerta importante feito pelos médi-cos é que o TAG não tem idade para acon-tecer. Ele pode ocorrer desde o nascimento até a velhice, mas as mulheres, geralmen-te, são mais vulneráveis. Outros sintomas também podem estar associados ao trans-torno: palpitações, falta de ar, taquicardia, aumento da pressão arterial, sudorese ex-cessiva, dor de cabeça, alteração nos hábi-tos intestinais, náuseas, aperto no peito e dores musculares.

QFotomontagem/Paulo Werner

De acordo com informações da Associa-ção dos Portadores de Transtorno de Ansieda-de (Aporta), instituição formada por profissio-nais voluntários do ambulatório de ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clí-nicas da Universidade de São Paulo (FMUSP), os adultos com TAG se preocupam com frequência com circunstâncias rotineiras, como

responsabilidades no emprego, finanças, saú-de de membros da família, questões relacio-nadas aos filhos ou tarefas domésticas. A diferença para as situações normais é que a intensidade, duração ou frequência da preocupação são desproporcionais.

As pessoas com TAG, segundo a associa-ção, costumam ainda apresentar sintomas

físicos, como mãos frias, pegajosas, boca seca, suor excessivo, frequência urinária e "nó na garganta". Apresentam também sin-tomas comportamentais, como inquietação, nervosismo, irritabilidade, brancos e falta de concentração. No grupo de doenças asso-ciadas ao transtorno estão fobias, pânico e transtorno obsessivo-compulsivo.

TRANSTORNO DO PÂNICOÉ considerado um dos transtornos de ansiedade mais frequentes e, segundo estimativas médicas, atinge entre 1,5% e 2% da população. A maioria dos casos é de mulher de 18 a 35 anos. É caracterizado pela presença de ataques de pânico inesperados, seguidos de preocupação persistente por pelo menos um mês até ter um novo ataque. As situações podem ser várias: ficar sozinho e não obter socorro, estar no meio de uma multidão, permanecer numa fila, estar em uma ponte, viajar em qualquer meio de transporte. O tratamento é feito com medicação e psicoterapia.

TRANSTORNO OBSESSIVO--COMPULSIVO (TOC)Estima-se que o TOC afete 3% da população. Segundo informações da Aporta, são pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos, ideias, pensamentos, imagens ou impulsos persistentes. As situações mais comuns são pensamentos repetidos de contaminação, como por meio de um aperto de mão, ao usar transporte coletivo, pegar em dinheiro; dúvida, como imaginar se certos atos foram feitos, ter deixado a porta destrancada, não ter desligado o gás do fogão, não ter fechado as janelas. Além disso, existem situações como organizar as coisas em determinada ordem, como sofrer quando objetos estão desordenados ou dispostos de forma assimétrica, quadros tortos, móveis desalinhados, etc.; impulsos agressivos a ponto de machucar o próprio filho, por exemplo, e compulsão por ver imagens pornográficas. O tratamento também é feito com medicação e terapia comportamental.

TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICOAtinge de 1% a 2% da população e se desenvolve em qualquer período da vida, principalmente após o indivíduo passar por uma situação de risco. Não é muito divulgado, mas acarreta prejuízos e pode levar seus portadores ao abuso de álcool, depressão e até suicídio. Segundo especialistas, ele é persistente e revivido por meio de recordações, sejam elas imagens, pensamentos ou percepções, pesadelos repetidos, flashbacks e grande sofrimento quando se depara com as lembranças do trauma. Algumas situações que geram o transtorno são tortura, rapto, terrorismo, guerra, acidentes naturais, sequestros, incêndios, assaltos, agressões, risco de morte para um filho, diagnóstico de doenças, acidentes de carro e aéreos, contato com crianças mortas ou gravemente feridas, entre outros.

FOBIA SOCIALA fobia social é um problema que pode ser confundido com a timidez. Até 13% da população pode apresentar o transtorno, sendo comum o aparecimento na juventude. É um medo de situações sociais que podem até provocar ataques de pânico. Geralmente, os portadores têm preocupação excessiva com a avaliação dos outros, têm medo de falar em público, até mesmo de comer, beber ou conversar.

z O médico Drauzio Varella dá algumas recomendações para quem suspeita ter algum dos transtornos de ansiedade. Segundo ele, se a pessoa é vista como de estopim curto, “que anda sempre com os nervos à flor da pele e tem muita dificuldade para relaxar, deve procurar um médico para avaliar”. Varella também indica que as pessoas reservem um tempo para o lazer e peçam ajuda sem se envergonhar.

DUPLICAÇÃO DA BR-381

10 Entre-Vias

Estradas

ma sessão pública realizada no dia 12 de junho, na sede do Departa-mento Nacional de Infraestrutura de

Transportes (Dnit), em Brasília, marcou o que muitos ainda consideram improvável. Foram abertas as propostas das empresas que se habilitaram para duplicar a BR-381, conhe-cida como Rodovia da Morte. Foi o primeiro passo para a tão esperada reforma no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valada-res. As empreiteiras firmarão contrato com o governo federal para elaborar os projetos básicos e executivos e, posteriormente, assu-mir as obras de duplicação e ampliação da

capacidade e segurança entre os KM 155,4 (MG-020/Avenida Cristiano Machado, em BH) e 458,4 (entroncamento com a BR-116, em Valadares).

Além da duplicação de 303 km, serão construídas 99 obras de artes específicas, como pontes e viadutos, e mais cinco tú-neis. Todo o trecho foi dividido em 11 lotes. Acredita-se que em agosto as ordens de serviço já estejam assinadas para que as empresas iniciem os projetos. O Dnit já ela-borou um projeto de referência, que poderá ser aprimorado pelas empreiteiras.

Até o momento, conforme os envelopes

BR-381 perto de ser duplicada?Muitos ainda não acreditam que isso vá acontecer, mas o Dnit já está analisando as propostas das empresas que participam da licitação para as obras

Lote 11

Lote 10

Governador Valadares

Ipatinga

Belo Horizonte

NovaUnião

Ravena

Caeté

Itabira

Nova Era

Jaguaraçu

Belo Oriente

RibeirãoPrainha

João Monlevade

Lote 9

Lote 7

Lote 8

Lote 6Lote 3

Lote 2

Lote 1

Lote 5

Lote 4

Extensão: 13,4 quilômetrosPrazo: 1.170 dias

Extensão: 37,5 quilômetrosPrazo: 1.170 dias

Extensão: 37,5 quilômetrosPrazo: 1.170 dias

Extensão: 33 quilômetrosPrazo: 1.170 dias

Extensão: 20,7 quilômetrosPrazo: 810 dias

Extensão: 28,6 quilômetrosPrazo: 1.170 dias

Extensão: 18,8 quilômetrosPrazo: 810 dias

Extensão: 1,280 quilômetrosPrazo: 1.170 dias

Extensão: 28,6 quilômetrosPrazo: 1.170 dias

Extensão: 60,2 quilômetrosPrazo: 810 dias

Extensão: 825 quilômetrosPrazo: 1.170 dias

Túneis na região do Rio Piracicaba. Pistas da direita e da esquerda

Túneis próximos à cidade de Antônio Dias

Extensão: 72,8 quilômetrosPrazo: 810 dias

U

BR-381 perto de ser duplicada?que foram abertos em três sessões, as obras vão exigir investimento de R$ 887,3 mi-lhões, mas o valor ainda pode ser maior. Isso porque, conforme o regime de contratação escolhido pelo governo federal para essa lici-tação, prevê-se que o consórcio seja pontua-do de acordo com o que apresentar. Ou seja, quem apresentar um orçamento mais baixo recebe nota maior, mas a proposta técnica, em que se detalha como o serviço será rea-lizado, é avaliada sem considerar preço. Por isso, a proposta vencedora mais pontuada pode ser aquela que veio anexada ao valor maior de obra, ultrapassando as outras na pontuação, por exemplo.

O trecho a ser duplicado é um velho conhecido de quem trabalha na estrada. Muitas famílias já morreram na rodovia, o que exige dos governos uma atenção que só vinha em forma de promessa e da-tas marcadas nunca cumpridas. No fim de 2012, o governador Antonio Augusto Anas-tasia afirmou em seu programa semanal de rádio que as obras eram “prioridade zero” do seu governo. Na época, chegou a anun-ciar o edital, que teve a publicação adiada, frustrando quem trafega pelo trecho. “Esta obra é uma reivindicação de décadas, uma estrada que lamentavelmente é muito peri-gosa e tem um número imenso de aciden-tes, com muitas mortes, uma estrada que vem assombrando Minas Gerais ao longo dos anos”, destacou quando fez o anúncio.

Em setembro de 2011, a presidente

Dilma Rousseff, em visita a Belo Horizonte, prometeu que dois editais seriam abertos ainda naquele ano. Dias depois, o então ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Pas-sos, afirmou que os editais só seriam lança-dos no primeiro trimestre de 2012, o que também não ocorreu. Enquanto isso, os acidentes são sucessivos. No ano passado, foram registrados 2.564 acidentes na BR-381 no trecho entre a capital e Valadares. Foram 124 mortos e 1.779 feridos.

Em março, quando o edital foi suspenso pela segunda vez, a bancada mineira na Câ-mara dos Deputados fez uma manifestação num dos pontos mais perigosos da rodovia, perto do trevo de acesso à cidade de Caeté, na Grande BH. Eles afirmaram que vão fisca-lizar o processo de duplicação para impedir atrasos e interrupção dos trabalhos, bem como verificar a aplicação dos recursos pú-blicos. O protesto havia sido convocado pela Comissão de Viação e Transporte da Câmara e reuniu cerca de 200 pessoas em um pos-to de combustíveis às margens da rodovia. Entre eles estavam parentes de vítimas de acidentes, famílias que perderam pessoas em batidas na Rodovia da Morte, além de deputados federais e estaduais. Dias antes da manifestação, o Dnit havia informado so-bre a retomada do processo licitatório.

NOVO MODELOO modelo de licitação adotado pelo

Dnit agradou aos parlamentares. A deputa-

da federal Jô Moraes (PCdoB), que liderou a manifestação, disse que uma mudança já era esperada porque era preciso acabar com a série de problemas que levavam os processos ao cancelamento. “Agora, ques-tões importantes foram resolvidas. A alte-ração fundamental foi a adoção do RDC (Regime Diferenciado de Contratação), além da definição de que vencerá quem apresentar o melhor preço, e não o menor preço, o que trazia insegurança para as em-presas”, afirmou.

Nas propostas abertas em junho, o consórcio formado pelas empresas Isolux, Corsan e Engevix apresentou os valores menores para três lotes. A mais cara foi a Hap/Parsons (CT Main)/Convap/Planex. O vencedor ainda poderá ser chamado para renegociação de preço com o Dnit. Se não conseguir diminuir o valor, o segun-do colocado é convocado para a mesma discussão. A expectativa é de que, se as obras começarem ainda neste ano, como previsto no edital, a BR-381 esteja dupli-cada até 2016.

12 Entre-Vias

Estradas

Por melhorias na BR-040Deputados e representantes dos moradores fazem encontro em Congonhas para discutir situação da rodovia. Edital para concessão deve sair em outubro, segundo Dnit

Durante a reunião, deputados cobraram do Dnit obras emergenciais no trecho entre BH e Conselheiro Lafaiete

Willian Dias/ALMG

uem trafega pelas estradas que cortam Minas Gerais aguarda ansiosamente por melhorias na

BR-381, a conhecida Rodovia da Morte. Mas um trecho importante para o abaste-cimento e escoamento de carga do Estado oferece risco, e seus usuários pedem in-tervenções urgentes. O trecho da BR-040 entre Belo Horizonte e Juiz de Fora é peri-goso, de pista simples, tem muitas curvas e é palco de muitos acidentes. Muitos têm esperança de que ele seja duplicado, mas para isso precisa ser entregue, primeira-mente, à iniciativa privada por meio de concessão feita pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em uma au-diência realizada mês passado na Assem-bleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o engenheiro do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Da-vidson Matos Carlos garantiu que o pro-cesso ocorrerá até outubro.

Ele esteve presente em reunião da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da ALMG feita em Con-gonhas, na Região Central do Estado. A ideia era discutir a demora no processo de concessão e a situação da BR-040, principalmente no trecho que liga Belo Horizonte a Conselheiro Lafaiete. Durante a reunião, o representante do Dnit disse que a BR-040 "está sendo contemplada no programa Contratação, Restauração e Manutenção por Resultados (Crema), que tem como objetivo dar sobrevida ao pavimento até que a concessão seja reali-zada". Segundo ele, as obras começaram em maio e devem terminar em dois anos. O tempo será para recuperação funcio-nal da via e manutenção, já a cargo da iniciativa privada. Ele garantiu ainda que

a sinalização será modernizada. As infor-mações foram fornecidas por meio da as-sessoria de imprensa da ALMG.

O deputado Ivair Nogueira (PMDB), que é presidente da Comissão de Transpor-te, também participou do encontro e des-tacou que a rodovia está cheia de buracos, não há fiscalização eletrônica e acostamen-to. O deputado Juarez Távore (PV) ainda sugeriu que a rodovia fosse estadualiza-da, mas destacou que, para isso, o trecho deveria ser repassado do governo federal para o estadual em condições melhores de tráfego. "Essa privatização precisa ser feita urgentemente para que a rodovia pare de fazer vítimas e comece a trazer progresso para a região", disse. Juarez foi responsá-vel por convocar a reunião.

Durante e depois da Copa das Confe-derações, moradores de Congonhas fecha-ram a rodovia nos dois sentidos para mani-festar contra as más condições e pedir mais passarelas. Muitos levaram faixas e carta-zes com fotos de parentes que já morreram atropelados no trecho. Na reunião com os deputados, o vereador da cidade Eládio (PV) havia adiantado que o protesto ocor-reria se algo não fosse feito com urgência.

Dias depois da reunião em Congonhas, o ministro dos Transportes, César Bor-ges, anunciou que os leilões das rodovias anunciados pelo governo federal no ano passado serão feitos em cinco etapas, en-tre setembro e dezembro deste ano. Mas, segundo ele, vai tentar licitar a BR-040 e a BR-116, as duas em Minas Gerais, ainda em 2013. Para elas, a previsão é de que o edital seja publicado em 1º de novembro e o leilão, marcado para 2 de dezembro. No cronograma apresentado por ele durante balanço do Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC) 2, em Brasília, o primei-ro trecho leiloado será a BR-262 entre o Espírito Santo e Minas Gerais e a BR-050, entre Minas e Goiás. O edital deve ser pu-blicado ainda neste mês e a licitação está prevista para 20 de setembro.

Ainda serão leiloados, segundo o mi-nistro, o trecho da BR-101 que passa pela Bahia, as BRs 060, 153 e 262, entre o Dis-trito Federal, Goiás e Minas Gerais, e o tre-cho entre Tocantins e Goiás da BR-153. No quarto lote estão as BRs 163, 267 e 262, no Mato Grosso do Sul, e outro pedaço da BR-163, em Mato Grosso. Ao todo, são 7,5 mil quilômetros de rodovias federais a se-rem leiloados no país.

PEDÁGIOA primeira medida das concessionárias,

prevista em contrato, assim que recebem a rodovia do governo federal é pedagiar. Os valores são discutidos e calculados junto à ANTT. Após feita a concessão, a previsão da agência é de que o pedágio mais caro seja cobrado no lote 3 (BR-153, entre Goiás e Tocantins). Serão 11 praças de pedágio a R$ 9,48 cada uma. O valor é o teto que pode ser cobrado, segundo a ANTT, lem-brando que vence a disputa quem ofere-cer a menor tarifa. No lote 1 (BR-101 na Bahia), o teto é R$ 11,51. No lote 2 (BR-262, em Minas Gerais e Espírito Santo), o valor máximo cobrado será R$ 11,38. Os lotes 4 (BR-050) e 5 (BR-060 e parte da BR-262) terão teto de R$ 8,17 e R$ 5,43, respectivamente.

Q

Este Profissional Tem História

os 17 anos, um menino de Cato-lé da Rocha, cidade pequena no sertão da Paraíba, deixou os pais

e quatro irmãos para tentar a vida na ci-dade grande. Desembarcou de ônibus em São Paulo no dia 5 de outubro de 1974, após alguns dias de viagem. Queria oportu-nidades de trabalho e ainda tinha consigo o sonho de se formar em medicina. Foi so-zinho, sem medo e com muita esperança de vencer na vida. Os caminhos foram outros daquele sonhado, mas ele alcançou a vitó-ria. É José Manuel de Araújo, o Castelinho, de 56 anos, cegonheiro por muitos anos e, que conta sua história nesta edição.

Castelinho tem memória boa. Lem-bra-se de datas e muitos detalhes da vida, partes boas e ruins. Seu primeiro emprego na capital paulista foi como auxiliar de al-moxarifado de uma construtora, a Sangel Ltda., já extinta. Ainda não imaginava que chegaria ao ramo do transporte e de lá não sairia mais. Dois anos depois, com

José Manuel de Araújo, o Castelinho, conta como chegou a Minas Gerais e sobre a relação tão próxima com os filhos Lorraine e Thierry

Trabalhador e paizão

carteira de motorista à mão, mudou de emprego. Foi trabalhar na Transvila como condutor, empresa do grupo Armazém Vila Nova, de Poços de Caldas. Ele se lem-bra dessa empresa porque foi o primeiro contato que teve com as Minas Gerais, mesmo sem imaginar que em breve esta-ria no Estado.

Gostava de sair, desbravar o mundo, e se apaixonou pela profissão de motorista. “Não gosto de ficar preso”, conta. Na mes-ma profissão, ficou mais quatro anos na construtora Mendes Júnior e, por meio dela e a convite de um primo que já trabalhava com transporte na Grande Belo Horizonte,

chegou a Minas. O parente trabalhava na BF Transportes e o convidou para dividirem as despesas de um caminhão. Transferido pela Mendes Júnior para a capital mineira, aceitou a proposta do primo.

Os dois compraram juntos um cami-nhão a prestação. As facilidades, lembra, não eram as mesmas de hoje, mas eles fizeram uma poupança e, quando surgiu a melhor oportunidade, fizeram a compra. Ele se lembra de que o veículo, na época, custou 1,6 milhão de cruzeiros. Ele pagou 300 mil à vista e o primo, a mesma quantia. O restante, 1 milhão de cruzeiros, foi dividi-da em 18 parcelas. “A prestação era muito

ACastelinho, Sandra e Thierry no aniversário de 15 anos da filha Lorraine

Arquivo Pessoal

Trabalhador e paizãocara e naquele tempo as coisas eram mais difíceis”, lembra. O primo já tinha outro caminhão e Castelinho rodava no veículo fruto da parceria para conseguir recursos para custear as parcelas.

A Fiat Automóveis, segundo ele, não tinha a liderança de mercado que tem hoje e, por isso, não dava para ganhar tanto as-sim levando carros para o Brasil afora. Em 1985, conta, a montadora com sede brasi-leira em Betim lançou os carros Fiat Prêmio e Uno. Além de serem sucesso de venda, alavancaram os cegonheiros, que tinham muito trabalho pela frente.

Sempre econômico, gastando só o ne-cessário, juntou centavo por centavo do que ganhava para, ao fim dos 18 meses, comprar a parte do primo na sociedade. “Fui tocando o barco sozinho e as coisas foram melhorando. Os cegonheiros criaram sindicatos, associações e nós melhoramos muito juntos”, conta. Com o fim da BF, muitos profissionais seguiram para a Sada Transportes, onde estão unidos até hoje, como é o caso de Castelinho.

Entre a cidade natal e Betim, onde fica a Sada e onde mora hoje, são mais de 2 mil quilômetros de distância. Mas toda vez que pegava estrada para ir ao Nordeste dava uma passadinha em casa para ver os pais. Os irmãos foram para São Paulo, um mora em Betim com Castelinho e uma ficou na Paraíba. “Viajava o Brasil inteiro e sempre gostava de voltar para minha terra. Ia en-

tregar carro em Fortaleza, Natal, Mossoró e ia em casa ver meus pais”, recorda. Tam-bém voltou lá quando eles faleceram. O pai foi primeiro, em 1994. A mãe não suportou e morreu quatro anos depois. José Manuel de Araújo sempre gostou mesmo é de ir para o Sul do país. O clima lhe agradava mais e achava que as viagens eram menos cansativas.

FAMÍLIAEm 1987, numa das vezes que voltou à

terra natal para ver os pais, reencontrou-se com Sandra. Antes era uma menina, ami-ga de infância, vizinha da família, depois se tornou sua esposa. Eles se reaproxima-ram numa festa de São João, tradicional no sertão nordestino. E foi com as bênçãos do santo que se casaram e tiveram dois filhos. Castelinho tinha 30 anos e Sandra, 25. Com um mês de namoro, ela seguiu para a casa de uma tia em Diadema, na Grande São Paulo. Sempre que viajava para o Sul, ele passava lá na volta para se verem. Mas seis meses depois eles se casaram e Sandra veio morar com Araújo em Minas. “Nós nos casamos no dia 28 de dezembro de 1987. Na época, moramos primeiro em Ibirité, porque em Contagem e Betim era muito caro para se viver.”

Da união, nasceram Lorraine, hoje com 23 anos, e Thierry, 14. A família prosperava, eles se mudaram para Betim e os filhos es-tavam em boas escolas quando Sandra teve

um cálculo renal e faleceu quando fazia ci-rurgia para retirada, aos 45 anos. “Ela me ajudou muito, foi uma grande companheira. Acho que vou sentir falta dela para o resto da vida, é a mãe dos meus filhos”, declara.

Juntos, Castelinho, Lorraine e Thier-ry seguiram em frente, resistentes, fortes, mesmo diante de tanta dor. “Nós nos aju-damos muito. Essa hora da perda é muito difícil, mas temos de conviver com a situ-ação”, afirma. Um ano depois, Castelinho conheceu Heloísa, que mora em Contagem, e eles começaram a namorar. “Ela me deu muito apoio e me entendeu muito bem. So-mos muito felizes”, conta.

Agora, depois de tanto trabalhar para dar o melhor para os filhos, colhe os fru-tos. Lorraine se formou em direito. No iní-cio de julho, recebeu a grande notícia de que foi aprovada na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e quer estudar para prestar concurso público, sempre com apoio do pai, tão orgulhoso. Thierry está no 8º ano do ensino fundamental e ainda pen-sa no que quer fazer no futuro. Chegou a cogitar medicina, lembrando o pai do seu antigo sonho, mas não quer se precipitar. “Dou apoio, mas não forço a escolher nada. Quero é estar do lado deles para tudo e poder ajudar no que precisarem. Eles falam que sou o melhor pai do mun-do”, emociona-se, com a voz embargada. E ouvir isso, considera, é sinal de que venceu mesmo na vida.

16 Entre-Vias

Capa

Aprimorando o que há

de melhor

Entre-Vias 17

legitimidade de uma atividade pro-fissional acontece por meio do seu reconhecimento por toda a socie-

dade e com a garantia de condições dignas de trabalho. Com isso em mente, instituições do terceiro setor e empresa se reuniram para promover ações em torno do aprimoramen-to de uma das principais ocupações: moto-rista profissional de veículo pesado.

Há mais de um ano, a Sada Transporte realiza uma série de atividades visando à prevenção e à redução de acidentes. As ati-vidades estão estruturadas nos principais pilares de atuação do motorista: mecânica, segurança e formação continuada.

Na primeira diretriz, um projeto foi concluído recentemente. Em todos os caminhões, foi substituído o sistema de chave de manivela por cavaquinha de se-gurança ou sistema hidráulico. O gerente operacional da empresa, Pedro Teodoro da Silva Filho, conta que análises identifi-caram que o antigo equipamento poderia causar acidentes e, nesse sentido, a Sada mobilizou os motoristas para trocarem a peça. “Em março deste ano, 100% da frota concluiu a substituição. Foram mais de 1.200 equipamentos alterados, o que mostra a grandiosidade de nosso trabalho e a preocupação dos proprietários dos ca-minhões com a segurança.”

Sindicato, associações e empresa reúnem-se para prevenir acidentes e qualificar motoristas profissionais. Os benefícios serão colhidos por toda a sociedade

A

Divulgação

Capa

SEGURANÇA: PARCEIRA DE tODAS AS VIAGENS

Outra ação de olho na segurança, im-plementada pela Sada, foi a mudança das chamadas. Com a Lei do Descanso para Motoristas (12.619/2012), a empresa re-solveu fazer somente uma ao dia, para que os trabalhadores não fiquem cansados e ansiosos.

“Eles são o nosso bem, responsáveis pelo desenvolvimento do país. Por isso, temos sempre de promover ações para ga-rantir a sua segurança, a saúde e condições dignas de trabalho. Esse sempre será o nor-te de atuação da Sada”, enfatiza o gerente operacional.

Também acompanhando a legislação, a empresa potencializou a realização de exa-mes médicos, que agora são mais frequen-tes. Pedro explica que, se foi identificado algum problema, o profissional é encami-nhado a um especialista e a Sada monitora todo o encaminhamento, visando oferecer suporte caso necessário.

SEMPRE AO LADOAinda no quesito segurança, a em-

presa aposta na ajuda dos parceiros para prevenção e redução de acidentes. “Nos próximos meses, vamos implementar um projeto de acompanhamento em tempo real dos veículos de nossos associados. Agora, os caminhões serão monitorados 24 horas por dia. Vamos fazer um traba-lho conjunto e de maneira harmônica e, como consequência, evitaremos aciden-tes”, explica o presidente do Sindicato do Sintrauto, Carlos Roesel.

Ele conta que esse trabalho será de-senvolvido por uma empresa especializa-da nesse ramo e que não terá custo para os cegonheiros associados. Além disso, ressalta que ocorrerão inspeções contí-nuas pela Sada para verificar os itens de segurança dos veículos e que serão exigi-dos dos motoristas exames toxicológicos periodicamente.

Jesus Gontijo de Andrade, presidente da Associação de Proteção e Ajuda ao Co-lega (Apac) Norte, fala sobre a importância da parceria. “Esse projeto conjunto vai tra-zer importantes resultados para a categoria e para a sociedade. Todos ganham.”

Marcio Arantes, presidente da Associa-

18 Entre-Vias

a identificação de trechos com maior ocorrência de acidentes.

“Com base nessas informações e com os nossos dados – levantados pelos setores internos –, vamos pensar em ações para alertar os cegonheiros nas estradas com alto índice de incidentes. Já sabemos que a BR-040, sentido Rio de Janeiro, e a BR-381, até São Paulo, registram ocorrências e desenvolveremos iniciativas para esses trechos”, anuncia o gerente operacional da Sada, Pedro Teodoro.

Esse trabalho contribuirá, e muito, para a redução das fatalidades, visto que a infraestrutura rodoviária tem estreita relação com as causas dos acidentes. De acordo com a Pesquisa CNT de Rodovias 2012, quase 50% das rodovias são clas-sificadas como ruins e péssimas. Minas Gerais tem a maior malha rodoviária do Brasil, equivalente a 16% de todo o es-paço viário existente no país. No Estado, são 269.546 km de rodovias, dos quais 7.689 km correspondem a rodovias fede-rais, 23.663 km estaduais e 238.191 km municipais. A grandiosidade da extensão rodoviária divide espaço com sérios pro-blemas estruturais. O Estado abriga uma das mais perigosas estradas brasileiras – a BR-381 –, e trafe-gar em suas outras rodovias exige mui-tos cuidados.

De acordo com o Departamento Nacio-nal de Infraestrutura de Transportes (Dnit), em 4.569 km das BR-381, 040, 262, 116, 135 e 365 no Estado, há 2.670 km (58,4%) que exigem

ção Particular de Ajuda ao Colega (Apac) Sul, ressalta outro aspecto: a mudança da opinião pública quanto à imagem do moto-rista. “O cegonheiro vai provar para a so-ciedade o quanto é responsável e profissio-nal. Com a ajuda da tecnologia e de outras ações, vamos reforçar sua importância para o desenvolvimento da economia e do país.”

INFRAEStRUtURA MAPEADAAs associações, assim como o Sintra-

tuto, têm papel-chave no projeto, pois vão colaborar na mobilização dos pro-fissionais, mostrando a importância de participar das iniciativas. Além disso, os relatórios produzidos, enviados frequen-temente para a Sada, vão contribuir para

20 Entre-Vias

Capa

A cantora sertaneja Paula Fernandes aparece na TV, no rádio e nos outdoors para uma missão. Não só para cantar, mas para levar sua voz e influência entre os estradei-ros na tentativa de alertá-los para proble-mas frequentes nas rodovias. Paula e outros famosos fazem parte da campanha lançada pelo ministro das Cidades, Aguinaldo Ribei-ro, recentemente. São ações voltadas para o caminhoneiro e falam sobre consumo de drogas e bebidas alcoólicas, cansaço e a tentativa de permanecer acordado quando se está no volante. Essas, segundo o Minis-tério da Saúde, são as principais causas de

acidentes envolvendo caminhões e carretas nas rodovias brasileiras.

Somente em 2010, segundo o Minis-tério da Saúde, foram 42.844 mortes no trânsito. Os dados se referem a todo o país e, para especialistas, são alarmantes. Os caminhões estão envolvidos em 21% dos acidentes com mortes, ainda conforme o ministério. Eles correspondem a 3,1% da frota nacional, que tem 77,8 milhões de veículos registrados no Departamento Na-cional de Trânsito (Denatran). São quase 2,5 milhões de veículos de grande porte trafegando pelas rodovias.

O Ministério das Cidades também se baseou em outros números para lançar a campanha: entre 1996 e 2010, o número de acidentes envolvendo caminhões nas estradas aumentou muito (56,8%). Na escala de evolução, só perdeu para mo-tocicletas – que teve um crescimento tão exorbitante (714,7%) que mereceu outra campanha específica – e bicicletas (165%).

Outro problema enfrentado é o uso de drogas. Uma pesquisa feita pelo Instituto WCF-Brasil mostrou que 24% dos cami-

nhoneiros fazem uso de bebida alcoólica todos os dias e mais de 60% bebem pelo menos duas vezes por semana.

No estudo, apenas 3% dos motoristas declararam que fizeram uso de drogas, mas outra pesquisa feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) identificou que o uso de crack já faz parte da rotina dos caminhoneiros. A droga, segundo a PRF, é usada para que eles consigam ficar mais tempo ao volante. Os dados da pesquisa mostram que 10% das amostras de urina coletadas apresenta-ram cocaína, substância que dá origem ao crack. As anfetaminas apareceram em 63% das amostras e 12% continham maconha.

Na edição 109 da revista Entre-Vias, uma reportagem fez um alerta sobre o consumo de drogas entre os profissionais da estrada. A matéria destacou que o uso de crack, cocaína e outros entorpecentes escraviza a pessoa, chegando a destruir as relações interpessoais, o ambiente de trabalho e familiar. Em muitos casos, ainda leva à morte. Mostrou também que o crack é cinco vezes mais potente que a cocaína, além de mais barato e acessível, e está

Alerta contra álcool e drogas nas estradasCantora Paula Fernandes usa sua voz para pedir cautela aos motoristas de caminhões. Eles são alvo de ações do Ministério das Cidades para reduzir acidentes

atenção máxima. O próprio braço do Minis-tério dos Transportes encarregado de zelar pela malha rodoviária do país reconhece os problemas desses trechos, que estão em obras ou tomados por buracos, ondulações e barreiras caídas.

“Nossas rodovias são mal sinalizadas e estão em péssimo estado de conservação. Existe também uma grande falta de fiscali-zação. Acreditamos que, com as mudanças na Lei 12.619 apoiada pelo Sintrauto, po-deremos implantar um sistema de gestão em que poderemos cumprir a integridade da legislação e, consequentemente, junto a outras ações desenvolvidas, diminuir o número de acidentes nas rodovias brasilei-ras”, analisa Carlos Roesel.

MAPA PREOCUPANtESegundo o especialista em trânsito e

transporte Paulo Rogério da Silva Montei-ro, as estradas mineiras são um espelho fiel da realidade rodoviária nacional: um espaço saturado, descuidado e de riscos crescentes para todos os usuários. Elas são o testemunho de décadas de incapacidade de planejamento e investimento do Estado Brasileiro e do descompromisso da gestão pública com a segurança viária.

“Não resta dúvida de que a oferta efi-ciente de serviços públicos de infraestrutura seja um dos aspectos mais importantes das políticas de desenvolvimento econômico e social. A prestação eficiente de tais serviços condiciona significativamente a produtivi-

dade e a competitividade do sistema eco-nômico, ao mesmo tempo que melhora o bem-estar social. Portanto, uma adequada disponibilidade de infraestrutura e de seus serviços correlatos é condição indispen-sável para que o país possa desenvolver vantagens competitivas. Os investimentos em infraestrutura elevam a competitivida-de sistêmica da economia, melhorando as condições de transportes, de comunicação e de fornecimento de energia”, trecho do estudo “Infraestrutura Econômica no Brasil: diagnósticos e perspectivas para 2025”.

Atualmente, em torno de 60% das cargas transportadas nacionalmente são deslocadas pelas rodovias. Estradas bem pavimentadas reduzem os custos de manu-

Entre-Vias 21

Alerta contra álcool e drogas nas estradas sendo cada vez mais usado no Brasil, não somente por pessoas de baixo poder aquisitivo, mas por todas as classes sociais. A es-timativa é de que meio milhão de pessoas seja dependente dessa droga no país.

As substâncias contidas nas pedras fazem com que a dopamina, responsável por provocar sensações de prazer, euforia e excitação, permaneça por mais tempo no organismo. Também tem capacidade de provocar sintomas paranoicos quando consumida em altas con-centrações. Diante desses efeitos, a tendência, segundo especialistas, é que o indivíduo utilize a droga com mais frequência em busca do prazer, mas o organismo fica tolerante à substância com o tempo, o que pede quantidades cada vez maiores. Sem perceber, o usuário está viciado e caminhando para a morte. Num prazo de cinco anos, 30% perdem a vida, seja em consequência da droga no organismo seja porque ela pode levar ao suicídio, envolvimento em brigas e comportamento de risco em busca da pedra.

A campanha do Ministério das Cidades, além dos motoristas de caminhões, pretende alcançar os condutores de ônibus, vans e táxis, sejam eles empregados ou autônomos. O slogan é "Motorista, álcool e drogas podem fazer da sua viagem um caminho sem volta" e faz um apelo familiar, mostrando um profissional caminhoneiro que se despede dos parentes antes de pegar a estrada e fala sobre o medo de perder alguém. Nas campanhas veiculadas tanto na TV quanto no rádio, Paula Fernandes canta: "Quando eu te peço para tomar cuidado, quando eu te digo que estou te esperando. Quando eu te imploro para pensar na gente. Eu tô com medo de te perder. Você cruzando cada Estado, noite após noite sem nenhum descanso. Eu tô com medo de te perder". No fim do dia, revela o vídeo, o motorista consome álcool e drogas para tentar ficar acordado, mas conduz o caminhão na contramão e sofre um acidente.

tenção de caminhões e elevam a durabili-dade desses veículos, além de reduzirem o tempo de transporte de insumos e produtos e o valor dos fretes.

Nesse sentido, a existência de uma estrutura adequada permite, ao reduzir os custos de transação, que o transportador tome decisões mais apropriadas com rela-ção à recepção e à distribuição de insumos e produtos, bem como uma aplicação mais produtiva de recursos que, em outros casos, seriam utilizados para cobrir necessidades imediatas de infraestrutura.

CONHECIMENtO E ExPERIêNCIAEstradas bem sinalizadas, com boa geo-

metria, pistas para acostamento, estrutura

de apoio e pavimentação adequada. Ainda é um sonho dourado em muitas rodovias brasileiras, mas o conhecimento e a expe-riência dos motoristas profissionais fazem, sem dúvida, a diferença. Nesse sentido, os contratantes de serviços de transportes de-vem criar condições para o comportamento seguro dos profissionais que carregam suas cargas. Sintetizando, devem tomar medidas educacionais, de padronização e de fiscali-zação de suas viagens.

“Já estamos programando uma série de formações para os nossos profissio-nais em parceria com o Sintrauto e com as Apacs. Vamos identificar consultores e empresas no mercado especializados em treinamentos e ações educacionais

que abordem o universo dos cegonhei-ros. A reciclagem permanente também será uma grande aliada na prevenção e redução de acidentes”, conclui Pedro Teodoro.

22 Entre-Vias

Economia

acordo de cooperação comercial entre Argentina e Brasil para o setor automobilístico expirou em

31 de junho e não foi renovado. Isso quer dizer que, desde o dia 1º de julho, o livre--comércio bilateral entrou em vigor, confor-me anúncio do governo brasileiro. Buenos Aires, como circulou na imprensa dias antes de o acordo expirar, tentou fazer uma re-visão com regras mais protecionistas, mas rejeitou propostas feitas pelo Brasil.

Uma nova conversa ainda deve ocorrer entre as presidentes Dilma Rousseff e Cris-tina Kirchner durante a reunião de cúpula do Mercado Comum do Sul (Mercosul), em Montevidéu. Havia uma expectativa de que o prazo fosse prorrogado até que as

negociações fossem encerradas, o que não aconteceu. Para o Brasil, segundo especia-listas, o livre-comércio não deve alterar o fluxo de veículos que há hoje entre os paí-ses. O volume de importações não chega a atingir a cota estipulada hoje para isenção da cobrança do Imposto de Importação (II). Quando o regime foi instituído, em 2008, o Brasil poderia importar até US$ 1,95 em produtos automotivos para cada US$ do setor argentino. A tributação ocorreria se ultrapassasse esse limite.

Agora, a intenção do país vizinho é que o percentual seja reduzido para fomentar a fabricação de autopeças no país. Hoje, o Programa de Incentivo à Inovação Tecnoló-gica e Adensamento da Cadeia Produtiva

de Veículos Automotores (Inovar-Auto) prevê que algumas etapas do processo produtivo sejam realizadas no Mercosul, não só no Brasil. Mas a Argentina pretende monitorar o setor por empresa, e a medida causou espanto aos produtores no Brasil.

Segundo notícias publicadas recen-temente pela Agência Estado, a balança comercial bilateral do setor é superavitária para o Brasil, mas há desequilíbrio na pro-dução de autopeças. Por exemplo: o Bra-sil teve superávit de US$ 1,019 bilhão no comércio de veículos com a Argentina em 2012. No segmento autopeças, o saldo foi de US$ 2,585 bilhões para o lado brasileiro. O Brasil ainda tem acordo automotivo com o Uruguai, que vigora até 2015.

Comércio livreAcordo comercial entre Brasil e Argentina para o setor automobilístico termina e países ainda não sabem se vão renovar

O

Cristina Kirchner, presidente da Argetina, e Dilma Rousseff vão conversar novamente sobre acordo bilateral

Roberto Stuckert Filho/PR/Divulgação

24 Entre-Vias

Investimento

á 70 anos, a Iveco produz veículos de defesa na Itália. Agora, a ex-periência chegou a Minas Gerais.

A empresa inaugurou em junho, em Sete Lagoas, a primeira fábrica especializada fora do continente europeu. A unidade será responsável por construir veículos blindados VBTP-MR, chamados de Guarani, a partir de parceria com o Exército brasileiro. Para dar início à produção, uma estrutura foi monta-da em 30 mil metros quadrados, dos quais 18 mil são de área construída, no Complexo Industrial da Iveco, na cidade que fica a me-nos de 70 km de Belo Horizonte, na Região Central de Minas.

Mas os blindados do Exército não são

os primeiros especiais produzidos pela montadora no Estado. A fábrica de Sete Lagoas já entrega para o mercado ônibus, caminhões de combate a incêndio e unida-des de defesa. "A fábrica que entregamos é prova de que detemos um forte e con-solidado know-how em todas as áreas do transporte", declarou o presidente da Fiat Industrial Latin America, Marco Mazzu, du-rante a inauguração do espaço.

Os investimentos, de acordo com infor-mações da assessoria de comunicação da Iveco, somam-se a outros feitos no país re-centemente. Nos últimos seis anos, a linha de veículos comerciais leves e médios ga-nhou uma unidade produtiva de caminhões

pesados. No Complexo Industrial de Sete Lagoas, foi aberto o Centro de Desenvol-vimento do Produto, único fora da Europa. Nele, a empresa projeta veículos em sintonia com seus clientes locais. A linha de veículos comerciais também foi renovada há pouco tempo, com o lançamento da família Ecoline, cujos caminhões são mais eficientes, econô-micos e de baixos custos operacionais.

Entre os veículos especiais, a Iveco já tem mercado consolidado em várias par-tes do mundo. Aos poucos, eles vão sendo trazidos para o Brasil. Os ônibus da linha de combate a incêndio Iveco Magirus, por exemplo, começaram a ser produzidos no ano passado. Eles estarão presentes nos

Iveco brinda o governoIveco inaugura, em Sete Lagoas, fábrica para veículos blindados do Exército brasileiro, a primeira fora do continente europeu

Fotos: Iveco/Divulgação

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Entre-Vias 25

aeroportos brasileiros em 2014. Segun-do Mazzu, o Guarani tem qualidade para ser exportado e levará o nome de Minas Gerais e do país para o resto do mundo. "Ressaltamos que a produção desse tipo de blindado é apenas o primeiro passo de nossas ações com veículos de defesa no país", afirmou.

CARACtERÍStICASA parceria com as Forças Armadas co-

meçou em 2007. Em agosto de 2012, a Iveco iniciou a produção do Guarani para, agora, inaugurar a fábrica onde serão de-senvolvidos, inicialmente, 86 veículos para testes feitos pelo Exército brasileiro em campo de provas, a fim de verificar o fun-cionamento correto do veículo. No test-drive são checados itens como sistemas mecâni-

co, hidráulico, eletrônico, e toda a tecnologia disponível. Os primeiros já foram entregues em 2012. O VBTP-MR tem capacidade para transportar até 11 pessoas.

O veículo tem peso bruto total de 18 toneladas, tração 6x6 e é impulsionado por motor a diesel com 383 cavalos de potência máxima. Ainda tem transmissão automática e capacidade anfíbia. Ao todo, o Guarani tem 6,91 metros de compri-mento, 2,7 metros de largura e 2,34 me-tros de altura. Com essas características, ele pode ser transportado pela aeronave KC-390 da Embraer.

Inicialmente, o Guarani vai substituir a frota atual de blindados que transportam as tropas do Exército. Hoje, ela é forma-da pelo EE-11 Urutu. Para fabricar o veí-culo, foi firmado um contrato de R$ 282

milhões entre o Exército e a Iveco, sendo que a montadora ainda investiu mais R$ 55 milhões. O Guarani é a base para uma família de blindados médios de rodas que terá versões diferentes, como carros de so-corro, posto de comando, comunicações, oficina, ambulância, entre outras. No total, atuando em capacidade máxima, a fábri-ca poderá entregar mais de 100 veículos blindados por ano e empregar 350 pessoas diretamente e 1.400 indiretamente.

CURIOSIDADEA produção dos veículos blindados

começou em 1937, na cidade de Bolzano, Norte da Itália. A divisão de especiais era da empresa Lancia, que em 1975 se uniria a outras quatro corporações europeias para criação da Iveco.

Montadora começa a fabricar veículos de defesa em fábrica inaugurada no complexo de Sete Lagoas

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Mobilização

comissão especial criada na Câ-mara dos Deputados para alterar a Lei do Descanso para Motoristas

(12.619/2012) aprovou, no dia 3 de julho, o projeto que faz uma série de modifica-ções nessa legislação. Agora, o novo texto segue para a Secretaria Geral da Mesa para numeração, etapa em que os membros da comissão irão sugerir uma tramitação em regime de urgência para que a matéria siga para o plenário da Câmara e posteriormen-te para o Senado.

Entre as mudanças, estão o tempo de di-reção dos motoristas profissionais de quatro para seis horas e a transformação das mul-tas aplicadas desde a sanção das normas no ano passado em advertência. O novo texto também prevê que o caminhoneiro autôno-mo é obrigado a descansar 10 horas, e não mais 11 horas, entre dois dias de trabalho, que podem ser fracionadas durante o dia,

coincidindo com intervalos para refeições, desde que seja garantido a ele um descanso mínimo de oito horas ininterruptas.

Em relação à jornada dos emprega-dos, a minuta estabelece que eles poderão trabalhar oito horas diárias e mais quatro horas extras. Na Lei do Descanso em vigor, são permitidas apenas mais duas horas ex-tras. Pela proposta da comissão, eles con-tinuam tendo 11 horas de descanso, mas apenas oito terão de ser ininterruptas. As outras três poderão, inclusive, coincidir com períodos de refeição e o intervalo a cada seis horas.

A minuta ainda propõe uma redu-ção drástica na remuneração do tempo de espera. Pelo texto atual, esse tem-po deve ser indenizado num valor 30% superior à hora normal. Pela proposta aprovada na comissão, será de apenas 20% da hora normal.

COMISSÃO E AUxILIAR DO AUtôNOMO

O pagamento por comissão do cami-nhoneiro empregado volta a ser permitido se a proposta dos deputados for aprovada em plenário. Outra mudança importante é que a minuta cria o Transportador Autôno-mo de Carga Auxiliar. Ou seja, o autôno-mo pode contratar alguém para dirigir seu caminhão sem que a relação entre ambos caracterize vínculo empregatício.

EStRADAS E PONtOS DE APOIOToda a nova lei somente vai vigorar, de

acordo com o projeto, nas estradas onde haja pontos de parada adequados para seu cumprimento. O governo federal, segundo o texto, teria de homologar a primeira relação de rodovias após 180 dias da publicação da nova lei. Em mais 240 dias, o governo teria de atualizar a relação periodicamente.

Arquivo dep. Nelson Marquezelli

Nova Lei do Descanso para MotoristaMobilização dos representantes do transporte rodoviário de carga e do Legislativo colhe resultados para o setor e para a legitimidade da profissão

A

Entre-Vias 27

PELA MUDANçA NA LEI

COMO VOtARAM OS DEPUtADOS

z Celso Maldaner (PMDB/SC)z César Colnaghi (PSDB/ES)z Nilson Leitão (PSDB/MT)z Leopoldo Meyer (PSB/PR)z Sandro Alex (PPS/PR)z Nelson Marquezelli (PTB/SP)z Bernardino Barreto de Oliveira (PRB/PR)z Dr. Grilo (PSL/MG)z Jungi Abe (PSD/SP)

z Onofre Agustini (PSD/SC)z Alceu Moreira (PMDB/RS)z DarcísioPerondi (PMDS/RS)z Lázaro Botelho (PP/TO)z Márcio Junqueira (DEM/RR)z Paulo Foletto (PSB/ES)z Oziel Oliveira (PDT/BA)z Rubens Moreira Mendes (PSD/RO)

CONTRA A MUDANçA NA LEI

z Vanderlei Macris (PSDB/SP)z Hugo Leal (PSC/RJ)

z Jô Moraes (PCdoB/MG)z Vilson Covatti (PP/RS)

(Com o assessor do deputado Marquezelli, Jonas Lima)

ExAMES tOxICOLóGICOSNo texto atual, as empresas são obri-

gadas a criar programas de prevenção de drogas para seus funcionários. No projeto, os caminhoneiros terão de realizar exames obrigatórios “de larga janela de detecção específico para substâncias psicoativas que causem dependência por ocasião da admis-são do empregado na função de motorista profissional, renovado todas as vezes em que o mesmo se fizer necessário, a critério do empregador”.

OUtRAS MUDANÇASA proposta aprovada na comissão tam-

bém altera outras legislações. Uma delas é

a Resolução 3.658, da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).

Se aprovado, o projeto também vai interferir na Lei da Estadia. O texto deter-mina prazo máximo de cinco horas para carga e descarga. E estabelece que, após esse tempo, o caminhoneiro autônomo ou a transportadora terão direito a R$ 1,38 por tonelada/hora de carga.

Outra mudança proposta pela co-missão está relacionada à tolerância de peso nas balanças. O Conselho Nacional do Trânsito (Contran) vem adiando a re-dução de 7,5% para 5% da tolerância por eixo. E a comissão propõe a exten-são para 10%. Por último, o grupo de

deputados defende que os caminhões paguem o pedágio devido apenas pela unidade tratora, isentando reboques e semirreboques.

VOtAÇÃOForam 17 votos favoráveis ao novo pro-

jeto e apenas quatro contrários (veja no quadro como votaram os integran-tes). Os deputados que apoiam argumen-taram ser preciso investir em infraestrutura nas rodovias antes de mudar o tempo de direção. Por isso, fizeram a ampliação para seis horas. “Temos uma legislação de Pri-meiro Mundo, mas uma infraestrutura de Terceiro Mundo. Não temos estradas, talvez por isso aumentaram os acidentes. Nossos caminhões estão servindo de depósitos”, disse o deputado Celso Maldaner.

“Quero infraestrutura e respeito ao cami-nhoneiro”, completou o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS). Para os parlamentares favoráveis ao texto, as recentes paralisações nas estradas brasileiras reforçam a necessi-dade de aprovação da proposta.

Já o presidente da Comissão, deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), afirmou que o texto é um reflexo das necessidades do setor. “O projeto trata ainda da redução de pedágios, realização de exames toxicológi-cos para o exercício da profissão, permite que associações e cooperativas criem fun-do para dados e reparos de veículos, entre outros”, explica o deputado.

28 Entre-Vias

Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER-SP) vai encher as rodovias paulistas

de radares para controlar a velocidade dos motoristas. Um processo licitatório foi aber-to para contratação de 549 radares fixos, que serão distribuídos em todas as regiões do Estado. De acordo com informações do DER, 114 são do tipo lombada eletrônica, 124 terão dispositivo para cálculo do tem-po da viagem para cobrança ponto a ponto e o restante é do tipo pardal. Atualmente, as rodovias sob jurisdição do DER-SP ope-ram 345 radares fixos, dos quais 162 estão em rodovias concedidas pelo Estado à ini-ciativa privada. Com os novos, serão 894 medidores de velocidade.

Segundo Clodoaldo Pelissioni, superin-tendente do departamento, em entrevista dada à imprensa quando foi aberta a licita-ção, no fim de maio, o reforço no controle da velocidade visa aumentar a segurança e diminuir o número de acidentes. Ele in-formou que, no ano passado, foram regis-tradas cerca de 7 mil mortes no trânsito de São Paulo, das quais 2 mil ocorreram nas estradas estaduais. “Muitos acidentes, tal-vez, poderiam ser evitados se os limites de velocidade fossem respeitados”, afirmou. A expectativa é reduzir o número pela meta-de, até 2020, com a implantação dos par-dais e a realização de campanhas. A meta atende ao Plano Nacional de Redução de Acidentes (Parada).

Para distribuir os equipamentos, o DER realizou, entre 2005 e 2011, um levanta-mento a fim de identificar os pontos críticos onde há mais acidentes e mortes. Em 500 locais, ficou constatado que o excesso de velocidade é o principal causador de bati-

Fique de Olho

Rodovias vigiadasDER finaliza processo de licitação para instalar mais 549 radares fixos nas rodovias paulistas

O

das com vítimas. Esses pontos estão locali-zados nas 144 rodovias paulistas que ainda não têm controladores de velocidade.

A média, segundo o DER, é de um radar fixo para cada 89,6 km, sendo que o órgão administra 16,4 mil km. Já nas estradas sob concessão da iniciativa privada, a velocida-de é mais controlada. São 6,3 mil km, sen-do um equipamento fixo a cada 38,8 km.

EDItALNa abertura dos envelopes, o Consórcio

SVS apresentou o menor preço para os 14 lotes, R$ 40 milhões. Os outros concorren-tes entraram com recursos que ainda serão julgados, mas a expectativa é de que não atrase a instalação dos equipamentos, pre-vista para agosto e setembro deste ano, segundo o superintendente do DER. O con-trato deve ser assinado ainda neste mês. Cinco empresas participaram da licitação.

Os 14 lotes, segundo o DER, abrangem as regiões de Campinas, Itapetininga, Bau-ru, Araraquara, Cubatão, Taubaté, Assis, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São Paulo, Araçatuba, Presidente Prudente, Rio Claro e Barretos.

UBERLÂNDIAO Departamento Nacional de Infraes-

trutura de Transportes (Dnit) anunciou que instalará radares e barreiras eletrônicas em três rodovias federais que cortam Uberlân-dia, no Triângulo Mineiro. Serão quatro par-dais e 17 barreiras nas BRs 050, 365 e 452. As medidas foram tomadas depois de um acidente, ocorrido no mês de março dentro do município, em que quatro pessoas mor-reram e 12 ficaram feridas. No dia, uma car-reta carregada de cerveja passou por cima de vários carros e duas motos depois de, aparentemente, ter perdido os freios.

Paulo Werner

Entre-Vias 29

LÁ, POVO VALENTE, BRIGADOR. Tempos de ruas em chamas, e cai por terra o mito de que o povo brasileiro é acovardado, concor-

dado, que aqui os malfeitos ficam sem resposta. Estou feliz. Alguém disse que “mais grave que a audácia dos vândalos é o silêncio das pessoas de bem”, e tem razão, toda razão. Cada vez que um corrupto rouba milhões de reais, lá no mundo de cima, aqui, no mundo de baixo, crianças morrem de fome. É isto, nós podemos perder

mil vezes, mas voltaremos para as ruas mil e uma, e um dia “acharemos onde o mal nasce e destruiremos sua semente”. É por isso que, desta vez, trarei canções de protesto, em homenagem à história que estamos escre-vendo juntos. Vamos lá!

O

3 “Apesar de você”, de Chico Buarque

Quando chegar o momentoEsse meu sofrimentoVou cobrar com juros, juroTodo esse amor reprimidoEsse grito contidoEste samba no escuroVocê que inventou a tristezaOra, tenha a finezaDe desinventarVocê vai pagar e é dobradoCada lágrima roladaNesse meu penar

30 Entre-Vias

Cultura

1 “Cordilheira”, de Simone – Diz algo a vocês?

Eu quero ter a sensação das cordilheirasDesabando sobre as flores inocentes e rasteirasEu quero ver a procissão dos suicidasCaminhando para a morte pelo bem de nossas vidas

Eu quero crer na solução dos evangelhosObrigando os nossos moços ao poder dos nossos velhosEu quero ler o coração dos comandantesCondenando os seus soldados pela orgia dos farsantes

Eu quero apenas ser cruel naturalmenteE descobrir onde o mal nasce e destruir sua sementeEu quero apenas ser cruel naturalmenteE descobrir onde o mal nasce e destruir sua semente

2 “Cálice”, de Chico Buarque

Como beber dessa bebida amargaTragar a dor e engolir a labuta?Mesmo calada a boca resta o peitoSilêncio na cidade não se escutaDe que me vale ser filho da santa?Melhor seria ser filho da outraOutra realidade menos mortaTanta mentira, tanta força bruta...Como é difícil acordar caladoSe na calada da noite eu me danoQuero lançar um grito desumanoQue é uma maneira de ser escutadoEsse silêncio todo me atordoaAtordoado eu permaneço atentoNa arquibancada pra a qualquer momentoVer emergir o monstro da lagoa

4 “Acender as velas”, de Zé Kéti

Acender as velasJá é profissãoQuando não tem sambaTem desilusãoÉ mais um coraçãoQue deixa de baterUm anjo vai pro céuDeus me perdoeMas vou dizerO doutor chegou tarde demaisPorque no morroNão tem automóvel pra subirNão tem telefone pra chamarE não tem beleza pra se verE a gente morre sem querer morrer.

Dez músicas para ouvir na estrada

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* Estudioso de psicanálise, direito e crítico de arte – [email protected].

POR dominGos de souza noGueira neto*

5 “Que as crianças cantem livres”, de taiguara

E que as crianças cantem livres sobre os murosE ensinem sonho ao que não pode amar sem dorE que o passado abra os presentes pro futuroQue não dormiu e preparou o amanhecer

6 “xanéu nº 5”, de Fernando Anitelli (teatro Imaginário)

“Até porque não acredito no que é dito, no que é visto. Acesso é poder e o poder é a informação. Qualquer palavra satisfaz. A garota, o rapaz e a paz quem traz, tanto faz. O valor é temporário, o amor imaginário e a festa é um perjúrio... querem ensinar a fazer comida uma nação que não tem ovo na panela...”

7 “Vozes da seca”, Luiz Gonzaga e Zé Dantas

Seu doutô, os nordestino têm muita gratidãoPelo auxílio dos sulista nessa seca do sertãoMas, doutô, uma esmola a um homem qui é sãoOu lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão

8 “O meu país”, de Livardo Alves, Orlando tejo e Gilvan Chaves

Um país que crianças eliminaQue não ouve o clamor dos esquecidosOnde nunca os humildes são ouvidosE uma elite sem deus é quem dominaQue permite um estupro em cada esquinaE a certeza da dúvida infelizOnde quem tem razão baixa a cervizE massacram – se o negro e a mulherPode ser o país de quem quiserMas não é, com certeza, o meu país

10 “Brasil”, de Cazuza

Brasil!Mostra tua caraQuero ver quem pagaPra gente ficar assimBrasil!Qual é o teu negócio?O nome do teu sócio?Confia em mim...

EU QUERIA IR EMBORA, PARA OUTRA HORA, OUTRA HISTÓRIA, sem falar das músicas que falam mais que eu. Mas queria fazer um pedido, para o bem da memória: Nunca digam que esta história não valeu!

9 “Pequena memória de um tempo sem memória”, de Gonzaguinha

Memória de um tempo onde lutarPor seu direitoÉ um defeito que mataSão tantas lutas inglóriasSão histórias que a históriaQualquer dia contaráDe obscuros personagensAs passagens, as coragensSão sementes espalhadas nesse chãoDe Juvenais e de RaimundosTantos Júlios de SantanaUma crença num enorme coraçãoDos humilhados e ofendidosExplorados e oprimidos.

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Legislação

Instituto Brasileiro de Meio Am-biente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estuda mu-

danças para o transporte de produtos pe-rigosos no país. As novas regras ainda es-tão sendo desenvolvidas, mas em breve o Ibama deve realizar uma série de consultas públicas para elaborar a instrução normati-va. A primeira foi aberta no início de julho. Até o fim do mês, o órgão colhe sugestões que ajudem a sistematizar o controle am-biental do transporte marítimo e interesta-dual fluvial e terrestre de cargas perigosas.

De acordo com o Ibama, o novo Sistema Nacional de Transporte de Produtos Perigo-sos pretende propor medidas para as áreas de risco ambiental e minimizar danos ao meio ambiente. A proposta é que o sistema seja controlado por identificação das priori-dades de fiscalização, e uma área deve ser delimitada para definir onde o transporte será proibido. Também prevê agilidade no atendimento aos acidentes com cargas pe-

rigosas para evitar danos ambientais, além de integração com outros órgãos.

Segundo informações da Agência CNT, a ideia é que tudo seja informatizado para que se tenham dados sobre os transporta-dores. A forma de autorização para o trans-porte da carga será feito em duas etapas. Primeiro, a empresa recebe uma autorização provisória após fazer a solicitação via inter-net. Nesse período, ela será fiscalizada pelo Ibama e, caso nenhuma irregularidade seja encontrada, a licença de dois anos é con-cedida. Num segundo momento, a empresa deverá informar a rota de cada viagem indi-cando ainda o produto, volume, modal, por qual Estado vai passar e a classificação de risco. Também deverá apresentar um Plano de Atendimento a Emergência (PAE).

Para o Ibama, um novo sistema vai fa-zer com que o transporte de cargas perigo-sas no país seja mais seguro, já que haverá um cruzamento e armazenamento das in-formações. Com isso, o órgão terá conhe-

cimento, por exemplo, de um trecho que tem alto índice de acidentes para avaliar se pode torná-lo uma rota restrita.

A Instrução Normativa nº 5 foi publicada em 2012 para instituir a figura do Sistema Nacional de Transporte de Produtos Peri-gosos. A norma prevê que o sistema seja automatizado, interativo, simplificado de atendimento a distância e de informação, e que tenha preenchimento eletrônico via internet. O prazo era de 12 meses para que tudo estivesse funcionando. Contudo, diante de atrasos, não foi cumprido e o Ibama agora publicou a Instrução Normativa nº 7, que tem as mesmas especificações e dá prazo de mais 12 meses para implantação do sistema.

Quem quiser participar da consulta pública sobre o sistema deve acessar o site www.ibama.gov.br/servicos/consulta-publica e preencher um formulário. As questões serão enviadas posteriormente pelo [email protected].

Mudanças para transportar carga perigosa

Ibama abre consulta pública sobre novo sistema para levar

produtos especiais pelo país. Ideia é que

processo fique mais rigoroso e acidentes

sejam atendidos com rapidez

O

Paulo Werner

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Evento

A Cooperativa dos Transportado-res de Automóveis e de Consumo do Estado de Minas Gerais (Coopercemg) inaugurou, no início de junho, sua nova sede em Betim. Além de mar-car a posse da diretoria da entidade, que continua sendo presidida por José Geraldo de Faria, o Zé da Padaria, o evento teve a participação de vários associados e empresários parceiros. Quem participou da festa pôde curtir o som de bandas da região e muita animação. O encontro teve patrocínio da Ipiranga, Deva, Servceg, Treviso, Hankook, Itaipu/Scania, Sicoob.

FESTA NA COOPERCEMG

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Evento

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Evento

EsportesPOR marcel moraes*

Brasil assumiu uma grande res-ponsabilidade ao se candidatar para ser a sede da Copa do Mundo

de futebol de 2014, evento organizado pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) e que custará aos cofres do governo brasileiro mais de R$ 35 bilhões para que se cumpram as exigências de estádios de futebol, hotéis, aeroportos, melhoria da acessibilidade e da mobilidade dos torcedores nos dias de jogos.

Até o momento, já foram gastos quase R$ 30 bilhões apenas com a construção e reforma de estádios. E ainda estamos bem longe de cumprir todas as exigências es-tabelecidas pela Fifa e seu comitê organi-zador não sabe por que alguns estádios como o Mané Garrincha, em Brasília, e a Arena da Amazônia, em Manaus foram construídos para esta Copa do Mundo, um investimento bilionário que após a Copa se transformará em um grande elefante bran-co, um verdadeiro cemitério com milhares de cadeiras em volta sem nenhuma utilida-de para o futebol brasileiro, pois não temos nenhum clube na elite do futebol nacional nesses Estados. Um verdadeiro show de desperdício do dinheiro público.

Enquanto isso, as obras que realmente deixariam um legado para o povo brasileiro, como rodovias, aeroportos, metrôs, vão aos poucos sendo deixadas de lado e ficando no esquecimento. Estamos a pouco menos de um ano para o início da Copa do Mundo e sinceramente duvido muito que o governo consiga realizar as obras necessárias de mo-

Será que valeu a pena?

*Colunista esportivo associado a ANCE, trabalhou na rádio Itatiaia e na rádio Ouro Preto, colunista do jornal “O Tempo”, associado ao sindicato dosjornalistas, formado em jornalismo pela Estácio de Sá. E-mail: [email protected]

bilidade e acessibilidade urbana, melhoria das estradas e do transporte público, dei-xando alguma coisa de bom proveito para o povo após o Mundial.

Após os gastos bilionários com a cons-trução dos estádios de futebol, o governo vai repassar a gestão desses empreendimen-tos para um grupo de empresas conhecido como concessionários, que terão os direitos de exploração comercial durante aproxima-damente 25 anos, pagando uma verdadeira milharia para os cofres do governo. Por outro lado, as concessionárias já estão cobrando absurdos pelo preço dos ingressos para que o torcedor possa ir ao estádio para ver o seu time querido do coração, tirando dos campos aqueles torcedores mais fanáticos de classe mais humilde, que não têm condição de pa-gar essa pequena fortuna pelo ingresso.

Será que valeu a pena gastar tanto di-nheiro, e de maneira desordenada, para re-

alização de uma Copa do Mundo de futebol no Brasil, um país que não tem uma estrutura adequada, que teve de começar tudo do zero para cumprir as exigências da Fifa para re-alização de um evento tão importante que consegue mobilizar o Mundo inteiro para assistir aos jogos da Copa? A Seleção Brasi-leira foi campeã da Copa das Confederações, mas o que mais ficou marcado para o povo brasileiro foram as manifestações por todo o país, uma mobilização histórica que clamou por seus anseios, tais como melhores estra-das, hospitais, transporte, educação, saúde; e, principalmente, por dignidade e respeito pelo nosso povo.

Agora não temos como voltar atrás, só nos resta torcer para que a Seleção de Felipão conquiste o hexacampeonato e que o povo brasileiro mostre ao mundo todo que, apesar de tudo, somos um povo alegre e que acredi-ta que um dia nosso Brasil vai mudar.

O Mineirão

Divulgação