Stakeholders · กับพระราชกฤษฎีกาว่าด้วยหลักเกณฑ์และวิธีการบริหารกิจการบ้านเมืองที่ดี
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UM CALL-TO-ACTION AOS
PRINCIPAIS STAKEHOLDERS
DO FUTEBOL PORTUGUÊS Como sabemos que plano de ação tomar para proteger os
nossos jogadores?
SÍNTESE O processo de tomada de
decisão na Medicina Desportiva
precisa urgentemente de ser
otimizado. Vários experts vêm
levantando a necessidade de
recolha oficial e fidedigna de
dados relativos à condição clínica
dos atletas para fomentar a
aplicação de medidas eficazes de
redução do risco de lesão de
forma consistente. É urgente que
as entidades responsáveis
facilitem, e responsabilizem, os
clubes neste processo de
salvaguarda da saúde dos
atletas, elevando o patamar de
excelência do trabalho feito pelos
clubes e respetivos
departamentos clínicos.
João Noura Fisioterapeuta
Um call-to-action aos principais stakeholders do Futebol Português
João Noura 1
Índice
Introdução ..................................................................................................................... 2
Enquadramento ............................................................................................................ 2
Eficiência Estratégica .................................................................................................... 6
Justificação e Pertinência de um Estudo Epidemiológico .............................................. 8
Intervenção nos Fatores de Risco............................................................................... 12
Aplicação de Planos de Redução do Risco de lesão .................................................. 14
Conclusão ................................................................................................................... 17
Bibliografia .................................................................................................................. 21
Tabela 1 Características de diversas lesões no futebol .................................................... 15
Tabela 2 Proposta de constituintes de um estudo epidemiológico [47] .......................... 18
Figura 1 Rede de influência do aparecimento de lesões na relação entre vários
stakeholders ................................................................................................................................ 5
Figura 2 Perspetiva Socio-Ecológica do aparecimento de lesão (adaptada de Bolling
et al. [24]) ..................................................................................................................................... 8
Figura 3 Metodologia para adoção de estratégias de redução de lesão (adaptada de
Bolling et al. [24]) ........................................................................................................................ 9
Um call-to-action aos principais stakeholders do Futebol Português
João Noura 2
Introdução
Este documento pretende ser um mobilizador da massa crítica dentro da
Medicina Desportiva, de onde se podem contar profissionais de saúde com valências
académicas altas e a quem se deve exigir a melhor conduta técnica e deontológica,
dentro das quais estão o acompanhamento da melhor evidência disponível. Enquanto
profissionais de saúde, faz também parte dos nossos deveres, quando não existe
informação suficiente, criá-la: isto implica que sejamos pioneiros e empreendedores na
busca contínua da otimização do nosso trabalho.
Em último caso, o meu grande objetivo é sensibilizar Departamentos Clínicos e
todos os profissionais que estes envolvem (desde Médicos, Fisioterapeutas,
Enfermeiros, Psicólogos, Nutricionista, etc.) para a necessidade premente de obtermos
dados concretos sobre o que se anda, de facto, a passar com os nossos atletas em
termos de lesões desportivas; sensibilizar aqueles que já dispõem destes dados, para
que os partilhem numa tentativa de cooperação e sinergia; e que aqueles que podem
ajudar na sua obtenção, que tomem medidas executivas para que este processo seja
facilitado.
Os destinatários deste documento são, em primeira análise, todos os departamentos
clínicos e respetivos profissionais de clubes que militam na 1ª e 2ª Liga. Gostava
também de salientar para o facto de que pelo menos a adoção das medidas aqui
expostas pelos clubes pode, pelo menos, ajudar os próprios clubes. Assim, e porque a
tomada da dianteira pode ser feita por todos, convido também os departamentos clínicos
de clube mais pequenos a tentar sistematizar a sua recolha de dados.
Enquadramento
As lesões de futebol têm importantes consequências para todas as entidades
desportivas, e são um importante foco de atenção e tomada de decisão por todos os
intervenientes desportivos, tendo um forte impacto em várias dimensões, desde
desportivas a financeiras, passando por complicações de participação, comprometendo
sonhos e perspetivas de carreira e até a vida e saúde dos atletas.
➢ As direções pretendem ser o mais eficientes possível, conseguindo os melhores
resultados possíveis com os menores custos associados.
➢ As equipas técnicas pretendem contar com todos os jogadores do seu plantel
de forma a que as respetivas equipas sejam mais competitivas.
➢ Os departamentos clínicos pretendem preservar a saúde e participação dos
intervenientes.
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João Noura 3
➢ Os jogadores pretendem estar disponíveis o maior tempo possível, de forma a
alcançar sucesso desportivo, pessoal e profissional sob a forma de títulos ou
progressão na carreira, sempre monitorizados e aconselhados de perto pelos
respetivos agentes desportivos.
➢ Os adeptos pagam bilhete para ver a sua equipa com os melhores jogadores no
campo, seja para ter a maior probabilidade possível de ganhar, seja pelo
espetáculo e emoções que estes têm maior tendência a proporcionar.
Quando estudamos o efeito que as lesões podem ter nestes pressupostos, é
possível estabelecer várias considerações.
É plausível haver uma forte influência da ausência de jogadores por lesão no
sucesso competitivo e classificação final das respetivas equipas [1] [2], dado que a priori
equipas que tenham os seus melhores jogadores mais vezes disponíveis, estarão mais
próximas de ganhar, mais vezes.
Em termos financeiros, há relatos de equipas de nível competitivo internacional que
gastam verbais mensais que podem chegar aos 500 mil euros com atletas lesionados
[3]. Em níveis competitivos mais próximos do comum para as equipas portuguesas,
estima-se que uma equipa profissional de 2ª Liga gaste em salários de atletas
lesionados aproximadamente 15 mil euros anuais (dados não-publicados) (ANEXO 2),
ao que acrescem ainda os custos associados à utilização de infraestruturas, ocupação
de staff, procedimentos efetuados, ativação dos seguros, entre outros.
Para os atletas, a lesão poderá ser uma barreira e um forte detrator na progressão
de carreira. Estima-se que um 1/3 dos atletas que sofrem uma lesão do Ligamento
Cruzado Anterior não conseguem permanecer no mesmo nível competitivo num follow-
up de 3 anos após a lesão [4].
No que concerne ao departamento clínico este é, por definição, o principal
departamento responsável por apresentar uma atitude de preservação da saúde, bem-
estar e participação dos atletas, começando pela adoção de medidas profiláticas mesmo
antes de ser responsável pela reabilitação e retorno à competição dos seus atletas. Isto
torna-nos, por excelência, os mediadores da influência que as lesões têm no jogo e em
todas as considerações que forma estabelecidas previamente.
Nas nossas funções podem contar-se não só a gestão das consequências a
curto/médio-prazo como a disponibilidade de todos os atletas para competição – e que
serão aquelas que são mais alvo desta reflexão – mas, e porque é importante ainda
mencionar essa questão frequentemente negligenciada, também as complicações de
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saúde a longo-prazo dos atletas, tanto a física [5] como a psicológica [6], que podem
ser resultantes da sua carreira desportiva.
No que diz respeito então à participação dos atletas na sua modalidade
desportiva, de forma a podermos corresponder e cumprir com os standards que lhes é
exigido, o departamento clínico tem ao encargo das suas obrigações e competências o
desenho de planos de redução do risco de lesão que sejam eficazes e, idealmente –
numa relação que abordaremos mais à frente – eficientes.
Mas será que existem premissas prévias que não estão cumpridas e que
impossibilitam os corpos clínicos de o fazer?
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Figura 1 Rede de influência do aparecimento de lesões na relação entre vários stakeholders
É frequente estarmos sensibilizados para as complicações que as lesões acarretam – e ainda bem - para os jogadores. Mas a verdade é que o momento da lesão, e não sendo possível preveni-lo a 100%, trará também complicações em muitas outras dinâmicas relacionais e institucionais. Quanto mais preparados estivermos então para 1) reduzir a sua incidência e 2) precaver as suas consequências, menos influência negativa elas terão.
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Eficiência Estratégica
De forma a podermos atuar como agentes ativos com uma atitude positiva e
profilática, cumprindo com as obrigações discutidas previamente, temos de nos munir
de direitos e autoridade, mas, e com isso, também de responsabilidade [7]. Temos a
obrigação deontológica de assumir um papel na linha na frente nos comités e painéis
decisores, interferindo quando necessário de forma a defender a saúde – em primeiro
lugar – e o acesso à melhor performance – em segundo lugar – dos nossos atletas.
Contudo, não poderemos fazer isto baseado em premissas assentes em opiniões, ou
na tradição. É sabido que no contexto do futebol profissional, a qualidade das tomadas
de decisões é baixa e pouco informada pela melhor evidência disponível,
providenciando aquilo a que chamamos de low-value care [8]. Isto leva a que muitas
vezes se gastem recursos económicos e tempo (talvez duas das barreiras mais
frequentemente citadas como barreiras para a tomada de decisão) com estratégias que
não apresentam valor acrescentado. Por exemplo, procuramos com a utilização de
ferramentas como o Functional Movement Screening (FMS) [9] [10] ou a avaliação por
dinamometria isocinética [11] predizer os jogadores mais em risco ou as lesões mais
prováveis, quando esse exercício parece ser logo a priori muito difícil de fazer [12].
Mudar o paradigma de um método de decisão baseado na opinião e tradição
para um método de decisão baseado em factos vai permitir-nos, entre outras coisas,
reduzir o número de erros de metodologia de treino, ponderar adequadamente os
riscos e benefícios das nossas intervenções e desafiar os nossos próprios viés,
permitindo a integração adequada das preferências dos atletas e da equipa técnica na
tomada de decisão [13]; por exemplo, conhecer o estado-da-arte vai permitir-nos ao
mesmo tempo retirar dos alongamentos o papel fulcral que muita gente acredita que
eles têm como uma ferramenta de redução do risco de lesão em atletas saudáveis [14]
– quando parece ser claro que não o é [15] [16] -, mas ao mesmo tempo compreender
que muito dificilmente estes são detrimentais para os atletas quando realizados num
contexto diário prático, uma vez que neste nunca o são feitos de forma isolada [17].
Noutro exemplo, utilizarmos uma prática baseada na melhor evidência vai permitir-nos
enquadrar a preferência de uma equipa técnica que compreende como preponderante
para o rendimento técnico-tática da equipa e dos jogadores a inclusão de espaços
curtos no microciclo de treinos, sensibilizando-a para o risco que isto acarreta pela
possível falta de exposição a estímulos de sprints longos de alta intensidade no
jogo. Assim, esta capacita-nos para promover - ou não - a utilização devida das
ferramentas à disposição dos diversos intervenientes de acordo com a
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preferência sua preferência, com vista à otimização do resultado e minimização
dos riscos consequentes.
No caso da lesão, esta é um fenómeno multifatorial que tem vários fatores
contribuintes [18], o que pode levar à reflexão de que é preciso ter uma abordagem mais
global, baseada em sistemas de tomada de decisão complexas, e não na simples
adoção de medidas isoladas [19]. Estudos recentes com a devida robustez que se exige
para tomar decisões com segurança apontam para o facto de não haver provas
conclusivas de que a implementação de planos de redução de lesão influencie o número
de lesões a que vimos testemunhando [20], o que acaba por confirmar o facto de, de
forma geral e a grande escala, a incidência e severidade não vir diminuindo [21] [22]
[23].
Mas será que o que isto quer dizer é que o que nos resta é observar
enquanto as lesões acontecem? Já estamos a fazer tudo e o melhor que sabemos
para reduzir a taxa de incidência de lesões? E se não estamos, o que temos de
fazer? E por onde começar?
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Justificação e Pertinência de um Estudo Epidemiológico
Assim, e apesar de serem logo à partida impossíveis de irradicar, as lesões
desportivas constituem um problema que deve ser intervencionado. Uma vez que este
é realmente um problema multifatorial, devem ser, conforme discutido antes, estudados
os fatores que podem predispôr a isto. No entanto, há várias questões que se colocam:
é possível extrapolar dados de lesões de outros desportos para o futebol? Todos os
países/regiões têm a mesma incidência das diversas lesões? Os fatores que contribuem
para a mesma lesão são os mesmo independentemente do país/ região em causa? O
contexto cultural, social e económico de determinado país/região é negligenciável como
contribuinte para o risco de lesão?
O primeiro passo para uma eficaz intervenção no número de lesões desportivas,
seja através de planos específicos, multimodais, ou outras estratégias como
regulamentares ou governamentais, passa pela identificação de quais as lesões cujo
aparecimento tem de ser intervencionado [24], para que de seguida possamos
explorar quais os contribuintes para o seu aparecimento, procedendo de seguida à sua
modulação.
Recorrentemente, os clubes “grandes” já têm registados os seus dados para os
estudos epidemiológicos da UEFA (ainda que os dados não sejam revelados). Contudo,
este não deve ser o (grande/único) problema para o qual estar sensibilizado - se
pretendemos de facto aumentar a igualdade de oportunidades de sucesso desportivo e
Figura 2 Perspetiva Socio-Ecológica do aparecimento de lesão (adaptada de Bolling et al. [24])
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portanto equalizar o nível competitivo pela excelência, é fulcral que a atenção esteja
também nos clubes mais pequenos, quer do primeiro escalão, quer, principalmente, de
escalões inferior, uma vez que é nestes que a falta de condições de infraestruturas,
acesso ou expertise do staff clínico irá implicar mais complicações [25], como o aumento
da taxa de recidiva, e consequentemente a perda de atletas do período competitivo. Daí
que haja por parte das instâncias superiores do Comité Médico da UEFA uma atitude
de sensibilização para a criação e operacionalização de estudos a nível nacional que
permitam estudar, registar, classificar e assim compreender os padrões de lesão
desportivos [26]. Outros dos benefícios propostos resultantes desta monitorização dos
registos clínicos são otimizar o contacto entre equipas e seleções nacionais,
desenvolver estratégias de redução do risco de lesão, e adoção de medidas
profiláticas nas regras do jogo e nas infrestruturas e modelos de atuação [27].
Transportando isto para a nossa realidade, é então absolutamente
necessário, de forma a desenhar convenientemente planos de redução do risco
de lesão baseando-os na incidência e fatores de risco que acometem a população
desportiva, específica, dos jogadores de futebol de elite a atuar em Portugal,
estudar primeiro em que medida estes são acometidos por lesões desportivas.
Figura 3 Metodologia para adoção de estratégias de redução de lesão (adaptada de Bolling et al. [24])
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Já em diversos outros países esta medida profilática de levantamento dos
registos clínicos foi realizada. Existem estudos globais, como já mencionados, como os
estudos da UEFA [23] [28], mas uma vez que as realidades globais não podem ser
diretamente extrapoladas para as realidades nacionais, já existem também estudos em
países como Holanda [29], Espanha [30] e Suécia [31] e Noruega [32] – dois dos países
de origem daqueles que mais contribuem para a realização de estudos epidemiológicos
no futebol – através de contactos aos clubes (e nos quais a larga maioria aceitou em
fornecer dados) e Itália através da consulta de uma plataforma online que dispunha dos
dados [33]. Até no Qatar (certamente propulsionado pelas perspetivas de atingir níveis
de excelência a médio-prazo e facilitado pelo cenário sócio-económico favorável e o
consequente largo investimento) isto é algo que já foi feito [34] e em Inglaterra não só
já foi feito [35] [36] como é uma prática regular e transparente, com os clubes a
reportarem aos próprios media, de forma quase indiscriminada e respeitando os seus
pressupostos éticos, as lesões que ocorrem e alguns dados com elas relacionados.
Caso disto é o site https://www.premierinjuries.com/, originalmente desenvolvido por
Ben Dinnery,
Seria plausível pedir responsabilidade aos clubes pela obtenção, registo e
tratamento destes dados. Contudo, é ingrato colocar a responsabilidade total da
obtenção destes dados exclusivamente nos clubes – não será errado assumir que o
contexto económico-financeiro vivido nos países antes mencionados promove que, com
o maior investimento, haja maior pedido de responsabilidades. Assim, e tal como
observado na Figura 2, as tomadas de decisão para reduzir o risco de lesão não podem
ter origem apenas nos clubes; outras medidas de entidades superiores têm de ser
promovidas, uma vez que estas são importantes mediadores das dinâmicas das
entidades por elas albergadas. Por exemplo, a alocação de verbas primordialmente
destinadas a este fim, ou a recompensa no caso de cumprimento exemplar de
planos de registos propostos podem ser medidas que encorajam os clubes, e respetivos
departamentos clínicos, a adotar e manter estas práticas [3]. Em última análise, estas
entidades estatais, estando ao serviço da população, têm de fazer valer-se de exemplo
e guiar-se pelas melhores práticas, para além do dever deontológico que têm de
assegurar algo tão básico como a saúde dos intervenientes numa prática tão
disseminada e tão seguida como o futebol.
A pergunta sobre como fazer este registo é extremamente pertinente e deve ser
colocada. É certo que não existe uma definição consensual sobre o que constitui uma
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“lesão” [37], apesar de esta questão ser reconhecida e abordada na literatura [38] e,
talvez por isso, já várias terminologias e classificações tenham sido propostas [39] [40]
[41].
O registo atempado e fidedigno, quando comparado com uma observação
restrospetiva, é fundamental. Por exemplo, foi visto que relato a posteriori de episódios
lesionais como método de recolha de dados para a tomada de decisão relativa a
medidas profiláticas é um método falacioso. Uma larga parte dos jogadores (cerca de
1/3) não considera relevante ou não reporta problemas moderados, e menos de 10%
indica os problemas ligeiros. Isto tem importantes implicações diretas por exemplo no
modus operandi dos clubes no mercado de transferências, uma vez que, e sendo um
dos principais fatores de risco para lesão a lesão prévia [42], é papel primordial do
departamento clínico informar a equipa técnica e quadro diretivo de quando se está a
contratar um jogador sujeito a esse risco acrescido, sendo essa informação crucial para
avançar ou não para a contratação [43]. Se na entrevista inicial o jogador, por qualquer
motivo, não reporta a lesão prévia, o departamento clínico terá o seu trabalho
condicionado; se por outro lado este registo estiver feito noutro clube, pode haver o
cruzamento de informação entre ambos – levantando questões importantes, mas
salvaguardando sempre, o direito do atleta à confidencialidade.
Mais importante ainda que esta questão, é o facto de, ao não reportar uma lesão
prévia, o atleta estar inconscientemente a deturpar o putativo efeito benéfico que a
adoção de medidas profiláticas pudessem vir a ter. Por exemplo, quando o atleta não
reporta uma entorse prévia da tibio-társica, não está a permitir ao departamento clínico
desenhar estratégias de avaliação e mitigação do risco de novas entorses ou de
intervenção em achados como instabilidade crónica do tornozelo.
Tudo isto realça a pertinência dos próprios clubes criarem, redigirem e
estabelecerem o seu método próprio de registo e monitorização dos atletas. Contudo, e
como mencionado inicialmente, nem sempre lhes é fácil operacionalizar o dia-a-dia,
sendo quase impensável propor-lhes a criação de raiz um modelo de registo que permita
ser eficaz e ao mesmo tempo fornecer os dados absolutamente pertinentes para os
transferir para a prática, conseguindo ainda depois ter recursos humanos disponíveis
para o fazer.
O modelo da UEFA desenvolvido pelo grupo de estudos escandinavo liderado
pelo ex-Vice-Presidente do Comité Médico da UEFA Prof. Jan Ekstrand é um modelo
de obtenção e registo de dados que permitiu criar um dos mais extensos e relevantes
estudos epidemiológicos para o futebol, que consistiu no desenvolvimento de um
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acompanhamento a longo-prazo (atualmente com cerca de 16 anos) das equipas que
disputavam a UEFA Champions League. Isto permitiu não só estabelecer considerações
importantes sobre o tempo de retorno à prática desportiva para as principais lesões,
como perceber a média movível do número de lesões, o que nos permite identificar
possíveis correlações entre estes números e as medidas que vimos tomando para os
alterar. Isto é o que possibilita depois estabelecer possíveis relações de causalidade,
sempre tendo em considerações depois outros fatores variáveis de que são exemplo a
congestão dos calendários [44], o aumento do nível competitivo [45], a adesão dos
jogadores aos planos de redução de risco prescritos [46] ou outros fatores contextuais,
e genéticos, que hoje possivelmente ainda não são abordados o suficiente na literatura.
De forma a auxiliar nesta medida, a metodologia utilizada para o estudo
epidemiológico das competições da UEFA [47] pode ser uma ferramenta já madura e
válida para adotar como base de registos, quando realizado apenas a nível interno.
Pode também - e neste caso com menos flexibilidade, deve - ser uma ferramenta a
recorrer caso uma instância superior como a Liga ou a Federação Portuguesa de
Futebol (FPF) decidisse um dia avançar para uma proposta/convite formal aos clubes
para registar os seus incidentes clínicos. É possível consultar os constituintes desta
proposta no ANEXO 1.
Depois de ser realizado este levantamento das lesões mais frequentes e
com maior severidade, seria então possível começar a estabelecer-se
associações entre determinados indicadores que sejam plausíveis de precipitar o
aparecimento de lesões – a estes chamam-se fatores de risco.
Intervenção nos Fatores de Risco
Estão estudados os fatores de risco gerais para a população geral de jogadores
de futebol. Estes podem ser divididos em intrínsecos e extrínsecos e modificáveis ou
não-modificáveis [42].
Normalmente, estamos sensibilizados para o estudos dos fatores intrínsecos –
especialmente para os modificáveis (que serão abordados mais à frente) –, contudo
assumimos que o estudo dos fatores de risco não-modificáveis (como a meteorologia
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ou humidade) não têm pertinência prática, ou que não é necessário estudar por exemplo
fatores associados a mecanismos de lesão diretos, uma vez que não são, na teoria,
“preveníveis”. Esta perspetiva, ainda que verosímil, é falaciosa
Em jeito de exemplo, as tentativas de desarme em carrinho por trás do jogador
na posse de bola nem sempre foram sancionadas com o cartão vermelho [48]. Contudo,
e após análise cuidada dos riscos associados a este tipo de ação (como a lesão do
Ligamento Cruzado Anterior, cujo mecanismo de lesão pode ser direto através de um
impacto por trás e/ou de lado, levando à translação anterior da tíbia e/ou valgo do joelho
em cadeia cinética fechada), foi instruído a que os árbitros sancionassem esta ação com
cartão vermelho, de forma a dissuadi-la por ser perigosa para a saúde, integridade física
e participação dos jogadores [49]. Mesmo assim, os últimos dados disponíveis
descrevem realidades (neste caso, na Noruega) onde apenas cerca de 40% dos lances
que levavam a lesão (e nos quais havia disputa de bola independentemente do
mecanismo de lesão) implicaram a marcação de falta e apenas 10% levaram a sanção
com cartão amarelo, sendo que quando avaliada a qualidade de decisão do árbitro de
acordo com as regras do jogo, estas estavam recorrentemente corretas [49]. Isto é mais
um sinal de alarme para a necessidade de se dispormos de mais dados dentro da
Medicina Desportiva de forma a poder sensibilizar as entidades responsáveis para a
adoção de medidas que possam proteger os atletas.
Noutro caso, o conhecimento de que o clima seco aumenta o risco de lesão do
Ligamento Cruzado Anterior [50] pode influenciar também outras dimensões do modus
operandi e recomendações das entidades competentes; por exemplo, criando a
obrigatoriedade de regar o relvado antes da prática desportiva [51].
Muitas destas variáveis já foram ponderadas e discutidas por Fuller et al. [52],
expondo as variáveis que poderão influenciar o estado de saúde dos atletas e mesmo
providenciando estratégias de gestão e minimização do risco nas competições da FIFA.
Assim, no contexto FIFA, e de forma a assumir estas tomadas de decisão,
atualmente unânimes e consensuais, foi necessário primeiro reportar a presença,
incidência e gravidade deste tipo de lesões, antes de se poder de seguida estudar
medidas profiláticas e a sua eficácia e adequação prática, só depois agindo em
conformidade dentro das políticas desportivas, constrangimentos ambientais e
regras de jogo, numa abordagem sócio-ecológica, conforme proposto na Figura
1. É agora necessário compreendermos como isto se enquadra, aplicando-o, ao
contexto português.
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Aplicação de Planos de Redução do Risco de lesão
O Departamento Clínico de uma equipa de futebol tem de ser um espaço
destinado à presença e discussão de Ciência aplicada ao contexto desportivo. Esta não
se faz apenas de efetividade e eficácia, mas também de eficiência. Este é um conceito
fundamental para podermos provar valor; o benchmark da nossa atuação não passa
apenas pela aplicação de medida de que resultem, mas sim pela demonstração de que
somos eficazes com o mínimo dispêndio de recursos possível.
No âmbito do desenho e aplicação de planos de exercício com o intuito de reduzir
o risco de lesão, não parece que vimos sendo muito competentes. Por exemplo, grande
parte dos clubes (internacionais, não há dados em Portugal) não utilizam nos seus
planos de redução do risco de lesão exercícios que parecem ter alguma eficácia [53].
Noutro exemplo, apesar de já sabermos que exercícios de reforço de uma forma geral
podem plausivelmente ter uma efeito de melhoria na redução do risco de lesão [54] mas
depois, como já discutido, passamos tempo a recomendar aos nossos atletas que
alonguem apesar de não haver qualquer indício que isso tenha um efeito significativo
na performance ou na redução do risco de lesão.
Foquemo-nos agora no facto de que temos alguns pequenos indicadores de que
a inclusão de alguns exercícios podem fazer sentido [55] [56] [57], quando dentro de um
plano multimodal – não só de exercício, mas de outras atitudes e comportamentos em
saúde. Há só um problema: será que se justifica o investimento de tempo nestes
programas?
Esta pergunta pode ser dividida em três:
• Estamos de facto a conseguir algo com os nossos planos quando
comparados com não fazer nada?
• Estamos a conseguir algo com os nossos planos quando comparado com
outros planos?
• Mesmo estando os nossos planos bem desenhados para o seu objetivo,
estes destinam-se a causas nas quais vale a pena intervir?
Ilustrando com um exemplo, podemos comparar algumas situações cuja
condição clínica implica o afastamento da prática desportiva no futebol.
1. Lesão muscular dos ísquio-tibiais
2. Concussão
3. Lesão da coifa dos rotadores
4. Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)
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Quando falamos de futebol, será pertinente desenhar - ou incluir medidas nos -
planos de forma a minimizar o aparecimento de todas elas?
As lesões musculares são lesões extremamente frequentes no futebol [21],
apesar de a sua severidade não ser, regra geral e com algumas exceções [58], muito
alta [23]. Por outro lado, as lesões do Ligamento Cruzado Anterior são pouco frequentes
mas implicam um tempo de ausência muito prolongado [23].
Consideremos agora as lesões da coifa dos rotadores, que são frequentemente
lesões que causam um enorme impacto funcional, ainda que não se tratem de lesões
no membro inferior. Por fim, as concussões são lesões que implicam um tempo de
ausência relativamente curto.
As grandes conclusões a tirar são as seguintes:
Lesão Incidência Prevalência Gravidade
Lesão muscular dos ísquio-tibiais Muito Alta Média Baixa
Concussão Baixa Muito Baixa Grave a Catastrófica
Lesão da coifa dos rotadores Negligenciável Alta Média
Lesão do LCA Relativamente Baixa Alta Média
Tabela 1 Características de diversas lesões no futebol
Naturalmente, a ponderação dada aos indicadores incidência, prevalência e
gravidade não pode ser a mesma. Apesar de os ísquio-tibiais serem uma estrutura cuja
lesão retira o atleta da competição durante muito tempo, as suas consequências não se
compararm com o impacto funcional a médio-prazo que lesões do LCA ou da coifa dos
rotadores pode ter na vida (futura) do atleta, e menos ainda com o risco de morte que
acarreta uma potencial concussão. Uma lesão na coifa tem um impacto grande na vida
do atleta e demora bastante tempo a ser reabilitada, mas a sua incidência é
praticamente nula.
Assim sendo, a reflexão a fazer é que enquanto profissionais de saúde e agentes
da Medicina Desportiva, estando ao nosso encargo uma parte do rendimento físico, da
saúde, e em parte, da vida do atleta, tendo de ser responsáveis por uma boa gestão dos
recursos humanos e financeiros, e tendo de demonstrar resultados que sejam
pertinentes do ponto de vista prático, sendo transferíveis para ganhos reais no nosso
contexto. Isto é saber que tipo de relação e prioridade estabelecer: será benéfico
prescrever alguns exercícios que funcionem na redução do risco ou impacto que a
concussão possa ter, dado a sua baixa incidência mas enorme severidade? E exercícios
para a coifa dos rotadores, dada a quase inexistente incidência de lesão? Ou poderá
esta quase negligente incidência de lesão transformar-se em relativamente alta, por
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exemplo, em guarda-redes, quando comparada com as lesões dos ísquio-tibais que
teriam à partida um lugar central em qualquer plano de redução do risco de lesão?
Não podemos basear-nos em opiniões para tomar decisões deste âmbito.
Precisamos de dados concretos, objetivos e o mais fidedignos possível, para que nos
possamos escudar a nós e principalmente aos nossos atletas, ajudando a nossa equipa
técnica e provando-nos como elementos preponderantes na poupança e máxima
utilização de recursos da nossa instituição, revertendo o investimento em tempo e
recursos, em benefícios demonstráveis para todos os intervenientes [59].
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Conclusão
As principais mensagens a retirar são:
✓ As lesões desportivas no futebol não vêm diminuindo. Não é possível dizer que
isto é inequivocamente fruto da forma de operar dos departamentos clínicos,
mas poderá ser hipotetizado como um dos fatores.
✓ A forma de atuar dos departamentos clínicos deve pressupor eficácia, atingindo
o objetivo a que se propõe, e eficiência, atingindo-o com o gasto dos mínimos
recursos possíveis.
✓ Todos os stakeholders se preocupam certamente com os problemas do
aparecimento de lesões. Estes acarretam uma série de perdas de entre as quais
financeiras, desportivas e pessoais.
✓ Contudo, é possível dizer também que os stakeholders responsáveis pela gestão
e tentativa de resolução deste problema o têm tentado fazer manietados: a
indisponibilidade ou ausência de dados concretos e fidedignos que auxiliem na
tomada de decisão faz com que estejamos todos a tentar resolver um problema
sem saber qual é que ele é.
✓ Apresenta-se como absolutamente mandatório realizar uma exploração
epidemiológica das lesões sofridas pelos jogadores de futebol a atuar em
Portugal: isto irá não só cumprir o pressuposto de auxiliar na tomada de decisão
acerca da prevenção de lesão, mas é um passo importante no avanço da
Medicina Desportiva em Portugal, acompanhando assim outras competências e
áreas que se vêm desenvolvendo e que nos levaram a ser campeões europeus
em 2016.
✓ Os clubes não se podem excluir da responsabilidade; antes, devem chamá-la a
si através da sensibilização das instâncias superiores, requerendo o seu apoio,
seja através da criação de uma task-force externa que cumpra com os deveres
éticos necessários, quer através da prestação de apoios ou bónus que motivem
e facilitem ao registo e manutenção de dados pertinentes às decisões clínicas,
políticas e económicas.
✓ Em último caso, as consequências de isto não realizado acabam por afetar todos
os intervenientes do jogo, com principal impacto nos resultados desportivos
obtidos pelas equipas técnicas, na carreira e vida dos jogadores, nas
performance e atuação dos departamentos clínicos, e por fim nas questões
económicas das direções executivas, comprometendo, em último caso, o
sucesso dos projetos desportivos.
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ANEXOS
Anexo 1
Constituintes do Estudo Epidemiológico da UEFA [47]
Conceito Definição/Recomendação
Desenho do Estudo Estudo de Cohort Prospetivo
Fator de Exposição Tempo (em horas) de participação
desportiva individual
Período de recolha Uma ou várias épocas desportivas
Formulários Necessários
Ficha individual com caracterização e fatores
antropométricos; relatório de exposição;
formulário de incidente (curto, 1 página)
Manual do Estudo Definições necessárias de clarificar; casos e
situações fictícias
Meio de Contacto Elemento do Corpo Clínico Responsável
pela recolha e envio dos dados
Critérios de Inclusão Jogadores com contrato com a equipa sob
estudo
Lesão Tempo de participação perdido e contraído
numa sessão de treino ou jogo
Severidade da Lesão
Baseada no tempo de ausência de
participação; Ligeira (até 3 dias), Minor
(entre 4 e 7 dias), Moderada (entre 8 e 28
dias), Severa (mais que 28 dias)
Tipo de lesão Consultar o artigo de Ekstrand et al. [23]
Local da lesão
Recidiva Mesma lesão no mesmo local no espaço de
dois meses
Reabilitação
Atleta está em reabilitação enquanto não
tiver permissão para retornar ao treino na
íntegra
Sessão de Treino
Sessões de treino orientadas por um
treinador (ou seu representante) dentro do
contexto de equipa
Outras questões metodológicas importantes podem ser consultadas no artigo original de
Hagglund et al. [47] e numa revisão de erros comuns de uma operacionalização de um
estudo epidemiológico de Bjørneboe et al. [60]
Tabela 2 Proposta de constituintes de um estudo epidemiológico [47]
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Anexo 2
Dados não publicados de 15000 euros em custos de salários em atletas da 2ª Liga
ausentes da participação por lesão recolhidos na época 2017/2018, assumindo que:
Lesão: Evento que implica a perda de participação em treino ou jogo
Salário Médio para jogador de futebol da 2ª Liga = 1500 euros
1 Mês salarial = 30 dias
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João Noura 21
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