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INSTITUTO DE AGRONOMIA
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS Laboratório de Petrografia
Monografia de Graduação
Título do Trabalho
“Aspectos da Geologia das Rochas Granítico-
Gnáissicas Ocorrentes na Região de Seropédica-RJ”
GEP (Grupo de Estudos em Petrologia) (DG/UFRRJ)
Aluno: Felipe Tinaglia Sampaio Curso de Geologia
Matrícula: 200704011-3
Orientador: Professor Dr. Rubem Porto Júnior (DG/UFRuralRJ)
Junho 2011
2
Lista de Figuras
FIGURA PÁGINA
Figura 1 Mapa de localização da área de estudo. 8 Figura 2 Destaque para a área de estudo. 9 Figura 3 Paleocontinente Gondwana com sues blocos cratônicos e os cinturões móveis
Brasilianos/PanAfricanos modificado de Powell, 1993 in Schmitt et al., 2004. 13
Figura 4 Mapa geológico simplificado do Orógeno Ribeira modificado de Heilbron et al., 2004 In: Mantesso-Neto et al., 2004.
14
Figura 5 Perfis estruturais transversais ao Orógeno Ribeira extraído de Heilbron et al., 2004 In: Mantesso-Neto et al., 2004.
15
Figura 6 Lineamentos estruturais ao redor da área de estudo e seus domínios. 20 Figura 7 Sistemas de fraturas observados em uma das frentes da pedreira. 21 Figura 8 Vista dos arredores da área de mapeamento. 21 Figura 9 Imagem da frente de mapeamento PE-F1-A, realçando contanto entre os dois
litotipos identificados no campo. 23
Figura 10 Frente PE-F1-A mostrando a interação do álcaligranito com sua encaixante. 23
Figura 11 Zoom e detalhe de um enclave surmicaceous representando resíduo refratário. 24 Figura 12 Frente de mapeamento PE-F1-B mostrando corpo diferenciado granítico e
venulações quartzo-feldspáticas na rocha encaixante. 25
Figura 13 Enriquecimento em biotita frequentemente observado no campo. 25
Figura 14 Enclaves sourmicaceos e um dique de leucogranito. 26
Figura 15 Aspecto fresco e alterado do litotipo predominante na área de estudo. 26 Figura 16 Fraturas observadas em uma das frentes da pedreira, sendo correlacionadas
aos vales estruturais das “morrarias” adjacentes. 28
Figura 17 Fraturamentos em três direções preferenciais em uma das frentes da pedreira 28
Figura 18 Falhamento normal na frente PE-F1-A com rejeito aproximado de 0,5 m. 29
Figura 19 Diagrama de rosetas das atitudes das fraturas/falhas. 29 Figura 20 Estereograma mostrando a maior densidade dos pólos da foliação. 30 Figura 21 Dobras ptigmáticas não penetrativas observadas em muitos afloramentos. 30 Figura 22 Amostra representativa PE-00. Contato entre ortognaisse migmatítico e
leucossoma granítico. 31
Figura 23 Classificação modal das amostras em diagrama QAP de Streckeisen (1976). 32 Figura 24 Fotomicrografias dos exemplares coletados no campo, realçando diferentes
características texturais e microestruturais. 34
Figura 25 Retirada do minério de uma das frentes da pedreira. 36 Figura 26 Pá carregadeira enchendo um caminhão com minério retirado em uma das
frentes. 36
Figura 27 Pá carregadeira enchendo um caminhão com rocha britada. 37 Figura 28 Planta de beneficiamento do minério. 37 Figura 29 Quebra preferencial do corpo rochoso ao longo dos planos de fraqueza. 38 Figura 30 Detalhe do fraturamento preferencial ao longo dos planos de descontinuidade. 38 Figura 31 Localização em mapa, dos diferentes locais de coleta de amostras para
análises geoquímicas. 40
Figura 32 Diagrama TAS de Irvine & Baragar (1971).
43
Figura 33 Diagrama AFM de Irvine & Baragar (1971). 44
3
Figura 34 Caráter metaluminoso a levemente peraluminoso dos litotipos analisados. 44 Figura 35 Classificação química das amostras analisadas. 45 Figura 36 Diagramas bivariantes tipo Harker para elementos maiores dos litotipos
analisados. 46
Figura 37 Padrão dos ETR’s para os ortognaisses. 47 Figura 38 Distribuição de ETR’s para os granitos. 47 Figura 39 Diagrama de classificação de ambiente tectônico segundo Pearce et al. (1984). 49 Figura 40 Diagrama de classificação de ambiente tectônico (Rb x (Y+Nb)) segundo
Pearce et al. 49
Figura 41 Diagrama multicatiônico R1xR2, segundo Batchelor & Bowden (1985). 50
Lista de Tabelas
Tabela PÁGINA
Tabela 1 Tabela 1: Composição química para os granitóides estudados - Elementos Maiores (% Peso).
41
Tabela 1 cont. Tabela 1 (continuação): Composição química para os granitóides estudados - Elementos Menores e Traços (ppm).
41/42
Tabela 2 Tabela 2: Parâmetros petroquímicos de interpretação. 42
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Sumário
CAPÍTULO PÁGINA
Capítulo 1 Aspectos Introdutórios 7
1.1 – Introdução 7
1.2 - Localização e Vias de Acesso 8
1.3 - Objetivos 9
1.4 - Metodologia 10
1.5 - Infra-estrutura 11
Capítulo 2 Geologia Regional 13
2.1 - Compartimentação Tectono-Estratigráfica 13
2.2 - O Limite Tectônico Central 17
2.3 - Geologia Estrutural e Metamorfismo 17
2.4 - O Arco Magmático Rio Negro 18
Capítulo 3 Geologia Local 20
3.1 - Aspectos Geomorfológicos 20
3.2 - Descrições de Afloramentos 22
3.3 - Geologia Estrutural 27
3.4 - Petrografia 31
3.5 - Geologia Econômica 35
Capítulo 4 Aspectos Geoquímicos 39
4.1 - Análises Químicas 39
4.2 - Interpretação Petrológica 42
4.3 – Interpretação Tectônica 48
Conclusões 51
Referências Bibliográficas 53
Anexos 55
5
Resumo
Este trabalho representa o relatório final referente à disciplina Trabalho de
Graduação (IA-243) de caráter obrigatório na grade curricular do curso de geologia
desta Universidade. O estudo concentrou-se no estudo dos litotipos graníticos,
gnaissificados ou não, ocorrentes na região correspondente ao centro da cidade de
Seropédica-RJ.
O estudo abordou, fundamentalmente, o estudo detalhado de campo
(litoestratigráfico e geológico estrutural), petrográfico (litofaciológico) e litogeoquímico.
Foram realizadas amostragens e descrições detalhadas de dez secções delgadas de
rochas, visando caracterizar os litotipos amostrados no campo, além da tentativa de
inserção da área no contexto tectônico apropriado, no domínio da Faixa Ribeira.
Foram realizadas oito análises litogeoquímicas do conjunto de rochas observado
em campo. As análises foram solicitadas de modo que pudessem complementar o
estudo petrográfico e de campo, além de fornecer subsídios para a classificação das
amostras em um ambiente geotectônico apropriado, através dos diferentes diagramas
disponíveis na literatura.
O Orógeno ou Faixa Móvel Ribeira, localizado no segmento central da Província
Mantiqueira (Cordani et al., 1973; Almeida et al., 1973), compreende um complexo
cinturão de dobramentos e empurrões de escala crustal gerados no
Neoproterozóico/Cambriano, onde os diferentes terrenos que constituem o orógeno se
inter-relacionam através de uma estruturação complexa, geradas em um
paleoambiente de colisão continental.
Além da óbvia possibilidade de treinamento dos alunos de graduação e repasse
de experiências, o estudo visou contribuir com o refinamento e geração de novos
dados de natureza geológica (petrográficos e litoestruturais) e geoquímicos no âmbito
da Faixa Ribeira central. Estudos desta natureza já vêm sendo desenvolvidos desde o
final da década de 80 do século passado na área da Cidade do Rio de Janeiro (Porto
Jr. & Valente, S.C, 1988).
6
Agradecimentos
Primeiramente, ao amigo, professor, orientador e geólogo Dr. Rubem Porto Jr.
pela paciência e dedicação aos estudos. Suas instruções e repasse de experiências
foram fundamentais para o andamento dos estudos. À Empresa de Mineração Fonte
Limpa® (EMFOL) que permitiu o acesso ao seu espaço físico onde se localizam os
melhores afloramentos rochosos estudados e onde se deu a coleta das principais
amostras para análises petrográficas e geoquímicas.
Aos alunos de graduação que auxiliaram no projeto: Lara Carneiro Matos,
Marcelo Gomes de Lima, Fábio Carvalho, Elyene Funayama, Rodrigo Restine, Willian
“Gaúcho” e Evelyn Fernandes, dando suas opiniões, comparecendo aos trabalhos de
campo e fornecendo apoio ao bom andamento dos estudos realizados. E a todos que
contribuíram, de alguma maneira, para a consolidação das idéias e do estudo, além do
CNPq e à Universidade Rural pela bolsa de iniciação científica.
Obrigado!
7
Capítulo 1 – Aspectos Introdutórios 1.1 - Introdução
Na região de Seropédica-RJ, afloram rochas do embasamento do segmento
central da Faixa Ribeira, localizada no domínio da província da Mantiqueira (Cordani et
al., 1973; Almeida et al., 1973). A área foco do presente trabalho correspondente à
ocorrência fisiográfica de ilhas do embasamento nos limites do município de
Seropédica (Folha Itaguaí e Santa Cruz (1:50.000-IBGE).
Estudos, como o aqui proposto, vêm sendo realizados desde o final da década
de 80 (Séc. XX) na área da Cidade do Rio de Janeiro (Porto Jr. & Valente, S. C. 1988).
Com eles, foi possível de serem identificados uma série de temas referentes à
pesquisa básica e aplicada que necessitam de uma abordagem mais detalhada para o
seu entendimento.
Para que possamos agregar mais informações referentes a esta tipologia de
rochas, faz-se necessário continuar a buscar na geologia de detalhe as informações
sobre as rochas ocorrentes nos limites da Cidade do Rio de Janeiro, dando
continuidade a estudos anteriormente realizados no âmbito da Faixa Ribeira por
diversos pesquisadores.
Formada durante a colagem Brasiliana, no Neoproterozóico/Cambriano, este
orógeno representa um complexo cinturão de dobramentos e empurrões tectônicos
localizados na margem SE da Faixa Brasília, na borda do Cráton do São Francisco.
Vários autores (Tupinambá, 1999; Heilbron et al., 2000; Trouw et al., 2000) propõem
que a Faixa Ribeira foi gerada pela colagem dos Terrenos Ocidental e Oriental ao
longo do Limite Tectônico Central ou CTB (Central Tectonic Boundary – Almeida et al.,
1998). O CTB comporia uma importante zona de cisalhamento e de sutura localizada
entre os Terrenos Oriental e Ocidental da Faixa Ribeira.
É proposta aqui a aquisição de dados primários de natureza geológica
(litoestruturais, litoestratigráficos e petrográficos), bem como dados de natureza
geoquímica na área correspondente ao centro da Cidade de Seropédica,
concentrando-se o estudo nos litotipos graníticos (gnaissificados ou não).
8
1.2 - Localização e Vias de Acesso
A área em questão localiza-se no município de Seropédica, inserido na região
metropolitana do Rio de Janeiro, mais precisamente na Baixada Fluminense. O acesso,
partindo da cidade do Rio de Janeiro, dá-se pela BR-116 ou Rodovia Presidente Dutra,
até a altura do trevo de Seropédica. Em seguida, toma-se a BR-465 que leva até o
município. O acesso ao local também pode ser feito através da Avenida Brasil (BR 101)
até a altura do trevo de Campo Grande (Viaduto Engenheiro Oscar Britto), onde se
deve entrar na BR-465 que leva até Seropédica.
Figura 1: Mapa de localização da área de estudo, com destaque (em preto) para o município de Seropédica-RJ. Modificado de Google Maps (acessado 02/02/2010).
9
Figura 2: Destaque para a área de estudo (Pedreira Emfol®). Modificado de Google Maps (acessado 26/08/2010).
1.3 - Objetivos
O estudo tem por objetivo principal propiciar o avanço, em campos distintos, no
conhecimento da geologia do entorno da Cidade do Rio de Janeiro, com implicações
no entendimento de sua geologia, bem como sua repercussão nas áreas limítrofes.
Implica na geração de novos dados qualitativos e quantitativos, além da óbvia
possibilidade de treinamento dos alunos de graduação envolvidos.
Foi pretendido, durante a realização dos estudos, gerar resultados diagnósticos
de modo a orientar as abordagens petrológicas futuras para áreas limítrofes no âmbito
da Faixa Ribeira. Estes dados serão integrados com aqueles disponíveis na literatura,
com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento do conhecimento da geologia da
área (até aqui inexplorado nos termos propostos), de sua evolução magmática e
metamórfica, estrutural, petrotectônica e geoquímica, bem como permitirá colocar esta
associação de rochas no contexto geotectônico correspondente à Faixa Ribeira.
As bases detalhadas, com ênfase na caracterização das litofácies e dos
aspectos estruturais, servirão, certamente, para que os órgãos públicos envolvidos com
a questão da interpretação de escorregamentos na cidade disponham de mais dados
10
que permitam tomadas de decisões em relação a planos de prevenção de acidentes
nas encostas da região.
Assim, pretende-se contribuir para a obtenção dos seguintes objetivos:
Criação da base de dados litoestratigráficos a partir de:
i) produção de perfis de detalhe de frentes de Pedreira;
ii) caracterização dos padrões de microestruturas e microtexturas a partir de
petrografia detalhada;
iii) levantamento de dados estruturais que permitam a caracterização da forma
de alojamento dos corpos magmáticos identificados;
iv) caracterização e interpretação das formas de contato entre os vários litotipos.
Refinamento da base de dados litogeoquímicos a partir de:
i) produção de novos dados químicos de rochas para elementos maiores,
menores, traços e ETRs (elementos terras raras), que sigam o rigor científico
necessário, com cuidados na coleta e preparação, bem como em sua real
representatividade;
Os itens aqui listados permitirão que se avance de maneira substancial no
conhecimento da evolução petrotectônica das rochas estudadas e tornará a região a
área com a maior e melhor base de dados da região central da Faixa Ribeira.
Considerando-se a existência de outras regiões com similitudes, a área se transformará
em elemento padrão para a interpretação petrológica para essa região.
1.4 - Metodologia O projeto abordou, fundamentalmente, o estudo de campo (litoestratigráfico e
geológico estrutural) e petrográfico (litofaciológico), além de análises químicas.
No decorrer do desenvolvimento dos estudos, foram integrados trabalhos de
campo, gabinete e laboratório. A pesquisa utilizou-se de metodologia tradicionalmente
aplicada ao tipo de estudo proposto, que pode ser descrita a partir da integração de
quatro etapas fundamentais:
i) Etapa Pré-campo
Envolveu o levantamento dos dados existentes (se existentes) do tipo
cartográficos, geoquímicos, litoestratigráficos e geocronológicos. Nesta etapa, foram
também elaborados mapas de caminhos e de acesso de modo a facilitar o
11
levantamento de campo. Realizou-se aqui, ainda, uma revisão bibliográfica detalhada
dos trabalhos de cunho local e regional.
ii) Etapa de campo
A sistemática de trabalho compreendeu a visita a afloramentos, descrição de
frentes de pedreiras, realização de perfis geológicos e coleta sistemática de amostras
de rochas para análises. A etapa de campo incluiu, ainda, a coleta de dados estruturais
e das amostras que consubstanciaram os estudos petrográficos, litoestruturais e
geoquímicos.
iii) Etapa de laboratório
Estudo petrográfico convencional sob microscópio polarizador foi aplicado aos
diferentes litotipos reconhecidos no campo, além das análises geoquímicas de oito
amostras coletadas na área de estudo, todas realizadas para elementos maiores,
menores e traços incluindo os ETR’s (elementos terras raras). Esta etapa compreendeu
a análise petrográfica macro e microscópica dos exemplares coletados na etapa de
campo, com reconhecimento mineralógico, textural, estrutural e classificação modal,
que permitiu um rígido controle petrográfico das amostras selecionadas.
iv) Etapa de gabinete
Todos os dados obtidos nas etapas anteriores foram trabalhados nesta etapa.
Os dados de campo, análises petrográficas, litoestruturais e geoquímicas receberam
aqui o tratamento interpretativo que gerou este trabalho propriamente dito.
1.5 - Infra-estrutura
A pesquisa ora apresentada é suportada por uma gama de recursos descritos a seguir:
1) Suporte institucional
12
O tema proposto está inserido em linha de pesquisa associada do GEP
(Grupo de Estudos em Petrologia) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
devidamente cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Além disso,
projetos de cooperação são desenvolvidos nesta área junto a pesquisadores da
Faculdade de Geologia (FGEL) da UERJ. Dessa forma, o trabalho contou com os
recursos administrativos, humanos, técnicos (laboratórios de petrografia e de
preparação de amostras) e materiais (viaturas, bússolas, GPS, microscópios e lupas
petrográficas, microcomputadores, softwares etc.).
2) Recursos financeiros:
Para o suporte das atividades de campo e para o custeio de preparação de
amostras e das análises geoquímicas, a pesquisa contou com diversos projetos já em
andamento, como segue:
1) Projeto de Pesquisa: Petroquímica dos Granitóides Tardi a Pós Tectônicos da parte
Sul do Estado do Rio de Janeiro. Processo FAPERJ E-26/171.658/09. Coordenação:
Dr. Rubem Porto Jr. Recursos recebidos: R$ 24.250,00.
2) Projeto de Pesquisa: Geologia e Recursos Minerais Industriais do Estado do Rio de
Janeiro: Fase III, deferido pela FAPERJ, processo E-26/151.915/2008, chamada
“Cientista do nosso Estado”. Bolsa concedida à Dra. Monica Heilbron. Recursos
recebidos: R$ 68.000,00.
13
Capítulo 2 – Geologia Regional 2.1 - Compartimentação Tectono-Estratigráfica
A Faixa Ribeira, inserida no domínio da Província Mantiqueira (Cordani et al.,
1973; Almeida et al., 1973), representa uma complexa faixa de dobramentos e
empurrões tectônicos de idade Neoptroterozóica/Cambriana gerada durante a orogenia
Brasiliana as margens do cráton do São Francisco (Heilbron, 1995) (Figura 3). Para
Heilbron (1995), a Faixa Ribeira representa a raiz de um orógeno colisional que se
encontra extremamente erodido, tendo se desenvolvido predominantemente no
Neoproterozóico, com estágios evolutivos finais no Cambriano, quando houve a colisão
tardia do Terreno Cabo Frio (Schmitt, 2001) (Figuras 4 e 5).
As litologias predominantes observadas no segmento central do orógeno Ribeira
são ortognaisses e paragnaisses metamorfisados em alto grau, dobrados e
estruturados principalmente durante o Neoproterozóico.
Figura 3: Paleocontinente Gondwana com sues blocos cratônicos e os cinturões móveis Brasilianos/PanAfricanos. Destaque para a Feixa Ribeira (Rb), Crátons: RDP, Rio de La Plata; AMZ, Amazonas; ARQ, Arequipa; WA, West African; CH, Chad; SF, São Francisco; CG, Congo; KAL, Kalahari; EAN, East Antarctica; IND,Indian; WAS, West Australian; NAS, North Australian: GAW, Gawler. Faixas Móveis: Moç, Moçambique; Zb, Zambezi; Lf, Lufilian; ROS,Ross; Kan, Kanmatoo; CF, Cape Fold; Sal, Saldania: Gar, Gariep; Dm, Damara; Kk, Kaoko; SP, Sierra Pampeanas; SA, Sierra Australes (modificado de Powell, 1993 in Schmitt et a.l, 2004 ).
14
Figura 4: Mapa geológico simplificado do Orógeno Ribeira (modificado de Heilbron et al., 2004 In: Mantesso-Neto et al., 2004), com destaque para a área de estudo. Legenda: 1-Sedimentos quaternários, 2- Sedimentos terciários, 3-Rochas alcalinas cretáceas/terciárias, Terreno Oriental (4-11) 4-Granitóides Brasilianos sin a pós-colisionais, 4-Biotita granitos pós-colisionais (510-480 Ma, G5), 5-Granitos contemporâneos às zonas de cisalhamento D3 (535-520 Ma, G4), 6-Granitos e charnockitos tardi-colisionais (ca 560 Ma, G3); 7-Granitos porfiróides sin-colisionais (590-560 Ma); 8-Leucogranitos e charnockitos tipo S ou híbridos sin-colisionais (ca. 580 Ma, G2); granitóides com idade indeterminada (9-10): 9-Hornblenda granito gnaisse; 10-Suítes Anta e São Primo; 11-Arco Magmático Rio Negro (790-620 Ma); Terreno Ocidental (12-17): Megasseqüência Andrelândia (12-14): 12-Seqüência Rio do Turvo em fácies granulito de alta P; 13-Seqüência Rio do Turvo; 14-Seqüência Carrancas; 15-Complexo Mantiqueira; 16-Fácies distais da Megasseqüência Andrelândia no Domínio Juiz de Fora; 17-Complexo Juiz de Fora; 18-Complexo Embu indiviso; Terreno Paraíba do Sul (19-20): Grupo Paraíba do Sul; 20-Complexo Quirino; (21-22): 21-Sucessão metassedimentar Italva; 22-Sucessão metassedimentar-Costeiro; Terreno Cabo Frio (23-24): 23 Sucessão Búzios e Palmital; 24-Complexo Região dos Lagos.
15
Figura 5: Perfis estruturais transversais ao Orógeno Ribeira (Heilbron et al., 2004 In: Mantesso-Neto et al., 2004). Legenda como na figura anterior.
O segmento central da Faixa Ribeira pode ser individualizado em três
associações principais de expressão regional (Heilbron et al. 1998): 1) embasamento
arqueano/paleoproterozóico; 2) cobertura metassedimentar deformada, de idade meso
a neoproterozóica, intrudida por episódios magmáticos e 3) granitóides gerados na
orogenia Brasiliana (635-480 Ma).
A região central do orógeno apresenta distintas unidades geocronológicas e
litoestratigráficas, sendo elas: 1) Um embasamento de idade inferior a 1,8 Ga (são
rochas formadas e/ou retrabalhadas no evento Transamazônico); 2) ortognaisses
indivisos e assumidos como integrantes do embasamento; 3) coberturas
metassedimentares pós 1.8 Ga e, por fim, 4) rochas granitóides que foram geradas
durante a orogenia Brasiliana. Com base nestes e em outros dados geocronológicos,
foi assumida uma ordem para os eventos ocorridos na região da Faixa Ribeira central:
período sin-colisional, entre 590 e 563 Ma; período pós-colisional (535-520 Ma.) e;
período pós-tectônico, entre 503 e 492 Ma (Heilbron et al. 1995).
A estrutura crustal do orógeno Ribeira central pode ser compartimentada em
quatro diferentes terrenos tectono-estratigráficos, imbricados em direção ao cráton do
São Francisco (Terreno Ocidental, Terreno Oriental, Klippe Paraíba do Sul e Terreno
Cabo Frio) (Heilbron et al. 2000 In: Mantesso-Neto et al. 2004). Estes terrenos por
vezes estão separados por falhas de empurrão e outras por zonas de cisalhamento
oblíquas de caráter transpressivo, ou seja, seu contato é predominantemente de
caráter tectônico. Será feita uma breve discussão sobre cada um deles:
16
1) Terreno Ocidental: este terreno representa a margem retrabalhada do cráton
do São Francisco, sendo constituído por três domínios tectônicos distintos: Domínio
Autóctone e duas “lascas” de empurrão com vergência em direção ao cráton, de
características alóctones: Domínios Andrelândia e Juiz de Fora, tendo sido gerados
durante a orogenia Brasiliana (Heilbron et al., 2000). Estes domínios estão separados
por extensas zonas de cisalhamento.
O Domínio Autóctone compreende gnaisses arqueano-paleoproterozóicos e é a
extensão sul do Cráton do São Francisco.
O Domínio Andrelândia se caracteriza por apresentar um embasamento
constituído por ortognaisses que variam de tonalíticos a graníticos e rochas
metassedimentares da Sequência Andrelândia.
O Domínio Juiz de Fora é considerado uma estrutura em duplex, de escala
crustal, resultante da amalgamação dos Terrenos Ocidental e Oriental durante a
colagem Brasiliana. Apresenta sistemas de falhas de empurrão (médio a alto ângulo),
onde ortogranulitos do embasamento (pré 1,8 Ga) ocorrem em lascas tectonicamente
interdigitadas às de paragranulitos da sequência Andrelândia (neoproterozóica) e
granitos-charnockitos neoproterozóicos, formados durante o estágio sin-colisional da
Orogênese Brasiliana na Faixa Ribeira (Heilbron et al., 1995; Duarte et al., 2000, 2003
In: Mantesso-Neto et al. 2004).
2) Terreno Oriental: Tupinambá (1999), propôs uma evolução tectono-
magmática para a região serrana do Estado do Rio de Janeiro, dentro dos limites do
Terreno Oriental, definindo um magmatismo pré-colisional de caráter juvenil. Este
Terreno seria formado principalmente pelo Arco Magmático Rio Negro, resultado de
subducção para leste da litosfera oceânica da Placa do São Francisco (Tupinambá,
1999). O ambiente tectônico aponta para uma margem ativa, onde esta teria se
aproximado gradativamente das bacias marginais do paleocontinente São Francisco,
trazendo consigo o arco e sua sequência de forearc associada.
Este terreno ocupa extensa faixa paralela à costa do Estado do Rio de Janeiro,
alcançando as regiões litorâneas do centro e do sul deste estado. Compreende, ainda,
unidades metassedimentares com intercalações de quartzitos, rochas carbonáticas e
calciossilicáticas.
3) Klippe Paraíba do Sul: é considerada por muitos autores como uma estrutura
sinformal que inclui ortognaisses e rochas metassedimentares paleoproterozóicas
apresentando metamorfismo da fácies anfibolito. O Terreno Paraíba do Sul é composto
17
pelos ortognaisses paleoproterozóicos do Complexo Quirino e pelas rochas
metassedimentares do Grupo Paraíba do Sul e;
4) Terreno Cabo Frio: ocupando principalmente a área da Região dos Lagos,
localizado no litoral do Estado do Rio de Janeiro, gerou dados obtidos por Schmitt et al.
(1999ª, 1999b, 1999c; Schmitt, 2001) que indicaram amalgamação tardia, em torno de
520 Ma.
2.2 - O Limite Tectônico Central
O Limite Tectônico Central ou CTB (Central Tectonic Boundary – Almeida et al.,
1998) compõe uma importante zona de cisalhamento e de sutura localizada entre os
Terrenos Oriental e Ocidental da Faixa Ribeira. Esta estrutura tem sido atribuída a um
empurrão do Terreno Oriental sobre o Terreno Ocidental, após a colisão continental
oblíqua que fechou o oceano Adamastor em torno de 580 Ma (Heilbron & Machado
2003).
A posição estrutural relativa entre os terrenos Oriental e Ocidental muda ao
longo do Estado do Rio de Janeiro. Mais ao sul, o Terreno Oriental encontra-se por
baixo do Terreno Ocidental enquanto que no setor norte, este está por cima.
Este contato foi ainda reativado, durante a evolução da Faixa Ribeira, resultando
em uma complexa zona milonítica dobrada. O CTB é caracterizado por uma zona de
cisalhamento com o ângulo de mergulho que varia de baixo a subvertical. Separa
metassedimentos localizados à NW de ortognaisses a SE.
Vários autores (Tupinambá, 1999; Heilbron et al., 2000; Trouw et al., 2000)
advogam que a Faixa Ribeira foi gerada pela colagem dos Terrenos Ocidental e
Oriental ao longo do Limite Tectônico Central.
2.3 - Geologia Estrutural e Metamorfismo
Segundo Heilbron et al. (1995), a deformação principal (D1 + D2) no orógeno
pode ser atribuída ao período sin-colisional, que foi responsável pelo empilhamento
tectônico, representado por empurrões dúcteis e por dobras recumbentes com
vergência em direção ao cráton do São Francisco. Esta etapa foi responsável pelo
principal encurtamento crustal, gerando as principais estruturas penetrativas.
Posteriormente, uma importante componente de movimentação oblíqua (inversa e
dextral) passou a atuar.
18
Ao período descrito anteriormente, se associa a etapa metamórfica M1 com
regime de pressão média a alta e zoneamento inverso e também, granitóides
deformados do tipo I e S. Esta etapa metamórfica principal (M1) atingiu o ápice de
temperatura durante a deformação principal D1 + D2. Na região da Serra do Mar e
costeira do Estado do Rio de Janeiro, são os locais em que se registra paragêneses
metamórficas como: cordierita + sillimanita + almandina + k-feldspato, em unidades
pelíticas (pós-1,8 Ga), sendo observado que, em geral, o metamorfismo aumenta para
SE (Heilbron et al., 1995).
O período denominado pós-colisional é representado pela fase de deformação
tardia (D3), que resolveu a compressão através do redobramento íngreme da foliação
gerada anteriormente e da implantação de zonas de cisalhamento com componente
direcional dextral. Esta etapa foi responsável pela intensa fusão parcial do
embasamento e da cobertura nas porções internas da faixa e a este período está
associado à etapa metamórfica Ma, com regime de pressão mais baixa. Como
resultado, tivemos a geração de diversos corpos granitóides, mais abundantes próximo
à região costeira do estado do Rio de Janeiro (Heilbron et al., 1995).
Heilbron et al. (1995), propõem que os compartimentos tectono-estratigráficos
descritos são separados por importantes descontinuidades estruturais. São zonas de
cisalhamento dúcteis, que variam de baixo a alto ângulo, definindo uma componente de
movimentação oblíqua (inversa e dextral). As fases de deformação tardias resultaram
na geração de importantes zonas de cisalhamento como a do rio Paraíba do Sul e de
estruturas compressivas de escala regional, como a megassinforma do rio Paraíba do
Sul e a megantiforma do Rio de Janeiro.
O período pós-tectônico marcou a transição para o regime distensional atuante
no Fanerozóico, com a geração de corpos granitóides isotrópicos, comumente
associados a rochas de composições básicas (Heilbron et al., 1995).
2.4 - O Arco Magmático Rio Negro
O estudo do magmatismo até aqui realizado no Orógeno Ribeira identificou
estágios distintos de evolução magmática em conformidade com a evolução do
orógeno. No Orógeno Ribeira, produtos que evidenciam o processo de subducção se
localizam principalmente no Terreno Oriental, além de rochas granitóides das etapas
sin a pós-colisionais. Trabalhos de Tupinambá et al. (1998) e Tupinambá (1999),
aliando mapeamento geológico de detalhe a estudos petrológicos e geocronológicos,
19
levaram à caracterização de um arco magmático Brasiliano, denominado Arco
Magmático Rio Negro, localizado no Terreno Oriental.
O ambiente tectônico proposto para a formação deste complexo é o de arcos de
ilhas, passando a características de arco continental nos litotipos mais ácidos do
complexo, representado pelo Batólito Serra dos Órgãos. Essa transição entre
ambientes pode ser resultado de um longo período de subducção e consequente
aumento da maturidade do arco (Tupinambá, 1999).
O Arco Magmático Rio Negro compreende rochas que representam plútons pré-
colisionais juvenis que foram resultado da subducção da litosfera oceânica da Placa
São Francisco para leste, num longo intervalo de tempo, entre 790 e 630 Ma.
(Tupinambá, 1999; Heilbron & Machado, 2003). Apenas a porção plutônica deste arco
está preservada atualmente, compreendendo corpos cálcio-alcalinos de ortognaisses
tonalíticos a graníticos com corpos gabróicos associados.
Apresenta uma variedade de ortognaisses bandados, migmatíticos, onde se
destacam litotipos como: (hornblenda)-biotita gnaisse porfiroblástico de composição
granítica a granodiorítica e hornblenda-biotita gnaisse tonalítico com enclaves máficos
de diorito (Eirado et al., 2006). Além disso, no interior do Complexo Rio Negro, são
documentados corpos centimétricos a métricos oriundos da fusão parcial dos
ortognaisses do Arco Rio Negro. São corpos semi-concordantes de (hornblenda)-biotita
gnaisse porfiróide e leucognaisse fino, sendo ambos de composição granítica
(Tupinambá et al., 2000 In: Eirado et al., 2006).
Corpos granitóides sin a tardi-colisionais, cuja geração e posicionamento se
deram durante os eventos D1 + D2 (período sin-colisional) e D3 (período tardi-
colisional) ocorrem em ambos os terrenos, sendo abundantes no Terreno Oriental.
Estes incluem corpos de grande expressão areal como o Batólito da Serra dos Órgãos
(Tupinambá, 1999).
Os Corpos interpretados como pós-colisionais, como exemplo, os Granitos
Parati, Nova Friburgo, Frade, Pedra Branca, Favela e Mangaratiba, representam
eventos tectono-magmáticos tardios, provavelmente relacionados ao colapso da
Orogênese Brasiliana (Heilbron et al., 1995; Tupinambá, 1999).
Dados isotópicos obtidos por Tupinambá et al. (2000) e Heilbron & Machado
(2003) sugerem pelo menos duas etapas de geração de rochas neste arco: 790 Ma e
635-620 Ma. Destaca-se que os dados isotópicos de Pb indicam ausência de herança
paleoproterozóica ou mais antiga, e que os dados de Nd indicam dois grupos de
rochas, com níveis de contaminação crustal contrastantes.
20
Capítulo 3 – Geologia Local 3.1 Aspectos Geomorfológicos
O município de Seropédica-RJ está localizado em parte da área da baixada
fluminense, região centro-sul do Estado do Rio de Janeiro. Possui predomínio de
coberturas sedimentares recentes, fluviais e marinhas. Na área do município, afloram
ilhas de rochas do embasamento de formas sinuosas e geometria convexa.
Destacam-se ao redor da área em questão, grandes lineamentos estruturais e
de cristas de colinas estruturais de direção preferencial N55°-60°E e,
subordinadamente, lineamentos de direção NW-SE (figura 6, 7 e 8). Tais lineamentos
representam as direções preferenciais de controle estrutural da Faixa Ribeira.
Os arredores da área de mapeamento podem ser divididos em dois Domínios:
Domínio de baixada e Domínio de encostas (figura 6).
Figura 6: Lineamentos estruturais ao redor da área de estudo e seus domínios: Dbx (Domínio de Baixada) e Den.(Domínio de encontas). Modificado de Google Maps (acessado em 02/02/2010).
UFRRJ
N
21
Figura 7: Sistemas de fraturas observados em uma das frentes da pedreira. Foto orientada para SW.
Figura 8: Vista dos arredores da área de mapeamento. Observar os lineamentos e cristas estruturais orientados segundo a direção NE-SW. Foto tirada para SW.
22
3.2 - Descrições de Afloramentos
Os perfis de frentes da pedreira foram confeccionados de maneira que
pudessem caracterizar melhor o contato entre os litotipos e realçar suas relações
estruturais. O estudo identificou basicamente dois litotipos que predominam largamente
na área de estudo, localizada nas dependências da pedreira Emfol® (Figura 9).
O primeiro deles, predominando tanto em área, quanto em volume, constitui o
principal litotipo observado no campo. Foi classificado através de petrografia macro e
microscópica (Streckeisen,1976) como um ortognaisse de composição monzogranítica
a granodiorítica migmatizado, representando a rocha que sofreu a fusão parcial. O
segundo litotipo foi classificado como um sienogranito a álcaligranito e interpretado
como sendo o líquido granítico resultado da fusão parcial do ortognaisse encaixante.
Este litotipo é leucocrático com presença incipiente de biotita e também é o neossoma
do migmatito (Figura 10).
Observamos na frente de mapeamento PE-F1-A um corpo tabular de
composição álcaligranítica inserido em rocha encaixante ortognáissica. É relevante a
interação entre o litotipo de alojamento posterior e o ortognaisse, sendo observado um
bolsão de mistura entre as duas rochas (Figura 10 e 11). Este bolsão sugere baixo
contraste de viscosidade e térmico entre elas, pois é claramente observada uma
interação na forma de mistura entre o neossoma leucossomático e o ortognaisse
migmatítico. A forma assimilada e pouco angulosa dos enclaves também indica que as
rochas possuíam comportamentos reológicos semelhantes (Figura 11). Texturas do
tipo Schollen em migmatitos também foram observadas em campo.
É possível observar, na frente de mapeamento PE-F1-B (figura 12), a
continuação do corpo álcaligranítico e o alto nível de venulações associado a ele,
apesar desta frente de lavra se encontrar mais alterada e fraturada em relação à frente
PE-F1-A. O álcaligranito se coloca preferencialmente paralelo à estruturação do
ortognaisse.
Este último exibe alguns enclaves surmicáceos (restitos), compostos
principalmente por biotita, podendo indicar que a temperatura não foi suficientemente
elevada para gerar expressiva fusão deste mineral, representando um resíduo
refratário (Figura 11). É concentrada principalmente em enclaves surmicaceous e
auréolas refratárias de enriquecimento deste mineral. Tais enclaves mostram geometria
discóide. Destaca-se também a presença de enclaves dentro do corpo granítico, onde
é possível observar a rocha encaixante sendo incorporada ao leucossoma. Além disso,
23
por todo o corpo rochoso, podemos ver regiões com cumulados de biotita (Figura 13 e
14). A figura 15 nos mostra o aspecto de alteração da rocha que predomina no campo.
Figura 9: Imagem da frente de mapeamento PE-F1-A, realçando contanto entre os dois litotipos
identificados no campo.
Figura 10: Frente PE-F1-A mostrando a interação do álcaligranito com sua encaixante.
1 m
25
Figura 12: Frente de mapeamento PE-F1-B mostrando corpo diferenciado granítico (Lgranito) e venulações quartzo-feldspáticas na rocha encaixante (ortognaisse migmatítico).
Figura 13: Enriquecimento em biotita frequentemente observado no campo.
26
Figura 14: Enclaves surmicáceos e um dique de leucogranito.
Figura 15: Aspecto fresco e alterado do litotipo predominante na área de estudo.
27
3.3 - Geologia Estrutural
Os lineamentos estruturais da área podem ser correlacionados às orientações
preferenciais das estruturas regionais observadas no âmbito da Faixa Ribeira. Muitos
lineamentos de direção NE e subordinadamente NW se destacam no relevo das áreas
adjacentes ou muito próximas ao local do estudo, como evidenciados no item 3.1
(aspectos geomorfológicos) deste capítulo (figura 16).
Estruturas de caráter transpressivo dominantemente dextral, formadas durante o
Ciclo Brasiliano foram reativadas no Cretáceo, porém, agora com caráter distensivo,
resultado de fragmentação do paleocontinente Gondwana e abertura do Atlântico Sul.
No local dos estudos foram observadas muitas fraturas (figura 17) e fraturas de alívio
de pressão, além de falhamentos subordinados (figura 18). É apresentando um
diagrama de rosetas estatístico com as atitudes das fraturas/falhas observadas no
campo (figura 19).
O ortognaisse encaixante sofreu intensiva deformação e recristalização, por
vezes mascarando estruturas previamente formadas. Seu estado de migmatização é
elevado, visto existirem muitas venulações e remobilização de material granítico,
resultado de fusão parcial. O corpo de álcaligranito está alojado preferencialmente
paralelo à estruturação do ortognaisse.
Estas rochas se encontravam em crosta espessada profunda no momento da
migmatização. Muitas vezes esta rocha exibe caráter compacto e em outras sua
foliação ainda é marcada. A estruturação principal observada em campo é dada pela
trama do ortognaisse, apresentando uma estrutura planar com atitudes aproximadas de
130-150º/35º (figura 20) muito inconstante, com intensa deformação e alto nível de
venulações, além de dobras ptigmáticas frequentemente observadas (figura 21).
28
Figura 16: Fraturas observadas em uma das frentes da pedreira, sendo correlacionadas aos vales
estruturais das “morrarias” adjacentes. Foto tirada para SW.
Figura 17: Fraturamentos em três direções preferenciais em uma das frentes da pedreira, foto p/ NE.
29
Figura 18: Falhamento normal na frente PE-F1-A com rejeito aproximado de 0,5 m.
Figura 19: Diagrama de rosetas das atitudes das fraturas/falhas.
30
Figura 20: Estereograma mostrando a maior densidade dos pólos da foliação.
Figura 21: Dobras ptigmáticas não penetrativas observadas em muitos afloramentos.
31
3.4 - Petrografia
Além da descrição macroscópica de um exemplar representativo (figura 22),
foram confeccionadas 10 secções delgadas (0,03mm) dos exemplares coletados na
etapa de campo. A confecção das lâminas foi executada dentro das dependências do
Departamento de Geociências da UFRuralRJ, sendo duas do contato claro entre os
dois litotipos. Posteriormente, as amostras foram classificadas com base no diagrama
QAP de Streckeisen (1976), gerando doze círculos de classificação modal para as
amostras (figura 23). Em anexo seguem as descrições microscópicas detalhadas de
cada um dos exemplares analisados, com indicação das amostras que foram também
submetidas à geoquímica.
Figura 22: Amostra representativa PE-00. Contato entre ortognaisse migmatítico e leucossoma granítico.
32
O ortognaisse (paleossoma) possui coloração natural cinza, apresenta-se
intensamente recristalizado e com fortes indícios de circulação de fluidos, mostrando
alterações hidrotermais. A sua granulação é fina a média com a média em torno de
1,3mm, apresentando foliação, quando preservada, definida principalmente pela
orientação de cristais de biotita (figura 24-a e b). Os minerais formadores da rocha são:
biotita, quartzo, plagioclásio e microclina, em ordem crescente de abundância. Por
vezes o plagioclásio é mais abundante do que o k-feldaspato, o que o faz variar um
pouco sua classificação modal, variando de gnaisses monzograníticos até termos
próximos aos granodioritos. Biotita é o mineral máfico presente, ocorrendo em grãos
planares e subédricos (predomínio), de granulação fina-média, eventualmente
alterados para clorita e perfazendo cerca de 10% do volume da rocha. O quartzo é
granular, anédrico, límpido e recristalizado, ocorrendo em grãos individualizados na
matriz ou como inclusões arredondadas de granulação fina (Figura 24-c).
Frequentemente este mineral apresenta extinção ondulante e microfraturamentos por
vezes preenchidos por minerais de alta birrefringência. Perfaz cerca de 25% do volume
da rocha (Figura 24-d). O plagioclásio tem grãos tabulares, subédricos de granulação
média, saussuritizados, perfazendo 30% do volume (Figura 24-e). Algumas vezes
mostram geminação em linhas bem definida (Figura 24-f), por vezes complexa, em
outros casos inconstante ou ausente. Algumas vezes ocorre incluso, indicando
formação precoce. Microclina mostra cristais tabulares, subédricos de granulação
média, com inclusões de quartzo residual e eventualmente de biotita e plagioclásio,
perfazendo cerca de 35% do volume. Por vezes mostra cristais menores neoformados
Figura 23: Classificação modal das amostras em diagrama QAP de Streckeisen (1976).
33
resultado de anatexia (Figura 24-g e h). Como minerais acessórios tem-se zircão,
apatita, minerais opacos e titanita.
O álcaligranito a sienogranito (neossoma) possui coloração natural rósea
esbranquiçada de granulação grossa homogênea, às vezes com textura pegmatítica,
com a média calculada em torno de 3,0mm. É formado por plagioclásio, quartzo e
microclina, em ordem crescente em abundância, biotita é praticamente ausente.
Microclina se sobressai devido à granulação e volume. Ocupa um volume de 60-70%
da rocha e mostra geminação em tartan. Possui hábito tabular subédrico e foram
observadas texturas mirmequíticas nos bordos de alguns cristais. Alguns cristais estão
sericitizados e fraturados. Quartzo representa cerca de 20% em volume, apresentando
hábito granular anédrico. Alguns cristais possuem extinção ondulante. Está
microfraturado e estas fraturas estão preenchidas por minerais de alta birrefringência.
Plagioclásio possui hábito tabular subédrico ocupando um volume variável, mas em
torno de 10% na rocha. Devido a esse volume variável, as rochas podem plotar em
campos distindo, tanto como álcaligranitos quanto como granitos. Seus cristais se
encontram bastante alterados para saussurita, mais alterados quando comparados ao
feldspato potássico.
35
Figura 24: Fotomicrografias dos exemplares coletados no campo, realçando diferentes características texturais e microestruturais. As fotomicrografias foram tiradas na objetiva vermelha (5,0 mm de diâmetro). a) textura e estrutura recristalizada do ortognaisse. b) foliação metamórfica ainda preservada, dada pela orientação de cristais de biotita. c) deformação em cristal de microclina possuindo inclusão de quartzo residual. d) quartzo recristalizado mostrando extinção ondulante e inclusão de plagioclásio. e) cristal de plagioclásio muito alterado mostrando geminação ainda preservada. f) aspecto límpido de cristal de plagiolcásio em contato com cristal de microclina. g) cristal de microclina mostrando inclusão de cristal de plagioclásio previamente cristalizado. h) aspecto intensamente recristalizado da rocha e cristal de plagioclásio com geminação observável no bordo esquerdo do cristal.
3.5 - Geologia Econômica
Os agregados, ou seja, materiais naturais tais como areia, cascalho e rocha
britada são os bens minerais mais amplamente lavrados pela “pequena” mineração.
Chamamos de pequena mineração as empresas que lavram até 3.000 Ton/dia.
Resultado da intensa demanda da construção civil (atualmente em escala crescente),
os agregados são, no Rio de Janeiro, bens minerais amplamente solicitados pelo setor
de infra-estrutura e construção civil.
Ortognaisses e paragnaisses, alguns granitos e rochas alcalinas são as
principais litologias extraídas como rocha britada no estado do Rio de Janeiro. As
rochas alcalinas são extraídas na pedreira Vigné®, no município de Nova Iguaçú,
também inserido na baixada fluminense, vizinho ao município de Seropédica.
Atualmente, com 32 pedreiras operando em todo o Estado, o DRM-RJ estuda
novas áreas para expansão de retirada de agregados, principalmente na região
metropolitana do Rio de Janeiro. Os custos envolvidos com o transporte da brita não
podem exceder o valor do produto, sendo a distância máxima aproximada da lavra até
a demanda de 100 km. Muitas vezes, a chegada da população ao entorno da lavra,
devido ao intenso crescimento urbano, limita ou até inviabiliza a extração do minério. O
barulho e as vibrações sísmicas são um incômodo à população e são regulamentados
pelo INEA.
O local dos estudos está dentro das dependências da Empresa de Mineração
Fonte Limpa® (EMFOL), que faz a retirada de agregados (figuras 25 e 26), mais
especificamente de rocha britada (figuras 27 e 28), para o setor da construção civil.
Novas estradas, portos e obras de infra-estrutura básica em todo o estado do Rio de
Janeiro, como o Arco Metropolitano, tendem a aumentar a demanda por rocha britada e
de outros agregados.
Vale ressaltar que os aspectos estruturais das rochas ocorrentes no local
condicionam o tipo de fraturamento no corpo rochoso, resultado das tensões radiais e
36
tangenciais impostas pelo explosivo utilizado, geralmente a base de nitrato de amônio.
Veios e pequenos corpos tabulares ou condutos preenchidos por leucogranito são
locais preferenciais de quebra do corpo rochoso (figura 29 e 30).
Figura 25: Retirada do minério de uma das frentes da pedreira.
Figura 26: Pá carregadeira enchendo um caminhão com minério retirado em uma das frentes.
37
Figura 27: Pá carregadeira enchendo um caminhão com rocha britada.
Figura 28: Planta de beneficiamento do minério.
38
Figura 29: Quebra preferencial do corpo rochoso ao longo dos planos de fraqueza.
Figura 30: Detalhe do fraturamento preferencial ao longo dos planos de descontinuidade.
Quebra Prefencial
Quebra preferencial
39
Capítulo 4 - Aspectos Geoquímicos:
4.1 - Análises Químicas
O conjunto de rochas estudadas foi submetido a análises litogeoquímicas para
melhor caracterização dos exemplares coletados em campo. Com estes dados foi
possível realizar a complementação das descrições petrográficas e ainda a tentativa de
inserção destas rochas em um ambiente geotectônico apropriado, através dos diversos
diagramas de interpretação petrológica presentes na literatura. O laboratório solicitado
para a realização das análises litogeoquímicas foi o ACTLABS, sediado no Canadá e
utilizou a técnica ICP-AES (Inductively Coupled Plasma – Atomic Emission
Spectrometry).
No total, oito amostras foram analisadas para elementos maiores, menores e
traços, incluindo, neste caso, os ETRs (elementos terras-raras). Foram utilizados na
interpretação geoquímica vários parâmetros petroquímicos (tabela 2), como: ∑ETR;
(Eu/Eu*)n; (La/Yb)n e FMMT (soma das concentrações de Fe2O3, FeO, MgO, MnO e
TiO2). No caso do (Eu/Eu*)n sua concentração foi normalizada pelo condrito de
Boynton (1984) e dividida pela metade da soma do conteúdo normalizado de Sm mais
o conteúdo normalizado do Gd e, no caso (La/Yb)n foi feita a divisão entre o conteúdo
normalizado de La pelo condrito, pelo conteúdo de Yb normalizado pelo mesmo
condrito.
Foram escolhidas cinco amostras da rocha encaixante ortognáissica (a rocha
que sofreu a fusão parcial), sendo que duas delas (PS-11 e PS-12) foram coletadas
fora das dependências da pedreira Emfol®. As mesmas foram coletadas na Pedreira
“Suellen”, uma pedreira desativada, localizada no centro da Cidade de Seropédica,
distando cerca de 4,0 Km da área onde se concentrou o estudo (figura 31). Esta
pedreira também nos fornece bons afloramentos, mostrando as relações entre os
diferentes litotipos.
A coleta em diferentes pontos foi realizada para efeito de comparação entre as
diferentes litologias gnáissico-migmatíticas observadas na área correspondente ao
centro da Cidade de Seropédica. Sendo as rochas bastante semelhantes
petrograficamente, não foi realizada laminação para estas amostras, mas vale ressaltar
que estas amostras parecem representar um nível crustal inferior, devido ao seu
empobrecimento em SiO2 e enriquecimento em biotita, comparativamente às outras
40
amostras. As outras seis correspondem aos tipos litológicos descritos na seção de
petrografia (PE-01, PE-03, PE-04, PE-06, PE-07 e PE-10), sendo as amostras PE-06,
PE-07 e PE-10 correspondentes à fusão parcial mais diferenciada.
A Tabela 1 mostra os resultados obtidos pelas análises geoquímicas das
amostras selecionadas. Os resultados foram organizados de modo a apresentar uma
ordem crescente em teor de sílica. Deve-se observar que todas as análises estão
absolutamente dentro dos valores de fechamento aceitáveis, neste caso, 0,5% para
mais ou para menos, considerando a perda ao fogo (LOI). Os valores dos elementos
maiores encontram-se em porcentagem peso e os menores e traço em partes por
milhão (ppm). Foram sugeridas classificações para as rochas com base na sua
composição química, levando em consideração principalmente o teor de sílica das
rochas. As amostras analisadas foram as mais representativas possíveis, além de
terem sido evitadas as rochas afetadas por migmatização intensa.
Figura 31: Localização em mapa, dos diferentes locais de coleta de amostras para análises
geoquímicas. Modificado de google maps (acessado em 08/06/2011).
41
Tabela 1: Composição química para os granitóides estudados - Elementos Maiores (% Peso):
Amostra Tipo de rocha SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 FeO MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 LOI Total
PS-12 Granodiorito/Tonalito 59,76 1,32 14,90 2,45 5,20 0,08 2,96 5,60 2,85 3,10 0,75 0,70 99,67
PS-11 Granodiorito/Tonalito 61,64 1,65 15,12 4,10 2,44 0,30 1,85 3,88 3,76 3,34 0,88 0,80 99,76
PE-01 Granodiorito 62,71 1,48 14,89 4,84 2,23 0,10 2,44 4,16 3,15 3,12 0,70 0,24 100,06
PE-04 Granodiorito 63,23 1,74 14,43 2,06 3,03 0,05 2,20 5,32 3,24 3,45 0,60 0,55 99,90
PE-03 Granodiorito 63,86 1,52 14,76 2,73 3,21 0,03 1,67 4,54 3,05 3,01 0,67 0,76 99,81
PE-06 Granito 71,60 0,45 15,16 1,83 0,04 0,04 0,14 1,21 3,20 5,68 0,12 0,69 100,16
PE-07 Granito 71,64 0,43 14,91 1,55 0,10 0,01 0,12 1,10 2,96 6,41 0,11 0,71 100,05
PE-10 Granito/Pegmatito 74,26 0,30 14,24 0,89 0,03 0,04 0,03 1.02 3,13 6,54 0,07 0,29 99,82
Tabela 1 (continuação): Composição química para os granitóides estudados - Elementos Menores e Traços (ppm):
Amostra Rb Ba Sr Nb Zr Y Hf Ta Th U V Co Zn Pb
PS-12 145,00 2980,00 1154,00 31,00 447,00 49,00 15,30 1,40 15,80 1,90 175,00 25,00 128,00 55,00
PS-11 129,00 1451,00 667,00 59,00 339,00 38,00 12,70 1,93 32,00 1,30 146,00 23,00 73,00 24,00
PE-01 150,55 1646,00 745,00 33,53 480,00 30,00 11,80 1,63 23,36 1,85 103,00 13,00 93,00 52,00
PE-04 158,00 3321,00 1287,00 36,00 541,00 55,00 13,10 1,60 14,60 1,30 154,00 23,00 129,00 59,00
PE-03 198,00 1381,00 650,00 27,45 378,00 23,00 15,20 1,00 37,20 1,50 42,00 31,00 21,00 43,00
PE-06 234,00 1559,00 402,00 15,20 332,00 34,00 13,40 1,20 38,90 1,20 35,00 29,00 25,00 35,00
PE-07 210,00 1290,00 561,00 25,01 458,00 17,00 19,40 0,90 33,23 1,34 54,00 30,00 26,00 54,00
PE-10 222,00 2016,00 432,00 23,40 368,00 22,00 15,20 1,10 46,00 1,10 33,00 38,00 34,00 37,00
42
Amostra La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
PS-12 159,00 238,00 24,65 132,00 14,60 3,98 12,76 1,65 7,30 1,43 3,45 0,43 2,61 0,38
PS-11 190,20 154,10 43,00 117,00 12,83 2,46 10,38 1,46 4,14 1,06 2,37 0,22 2,31 0,26
PE-01 129,90 253,06 30,02 103,85 15,35 3,18 10,80 1,25 5,85 1,02 2,61 0,33 2,04 0,28
PE-04 165,00 245,00 28,80 126,00 15,80 4,24 13,33 1,61 7,59 1,58 3,20 0,31 2,55 0,35
PE-03 210,60 329,90 32,09 153,90 13,67 1,54 7,81 0,65 3,12 0,75 1,88 0,21 1,21 0,16
PE-06 221,89 365,40 32,80 171,10 14,21 1,47 7,65 0,81 3,15 0,85 2,10 0,22 1,35 0,15
PE-07 197,30 309,12 31,90 167,23 14,65 1,73 8,21 0,75 3,43 0,81 1,98 0,31 1,34 0,17
PE-10 8,34 16,32 1,35 6,09 0,98 1,36 1,07 0,17 0,75 0,11 0,35 0,02 0,26 0,05
Tabela 2: Parâmetros petroquímicos de interpretação:
Amostra ∑ETR (Eu/Eu)n Razão La/Yb FMMT
PE-01 559,54 11,22 94,59 11,09
PE-03 757,49 8,04 258,16 9,16
PE-04 615,36 13,87 95,98 9,08
PS-12 602,24 13,31 90,36 12,01
PS-11 541,79 10,76 122,13 10,34
PE-06 823,15 7,86 243,79 2,50
PE-07 738,93 8,45 218,39 2,21
PE-10(peg) 37,22 3,85 47,58 1,29
4.2 - Interpretação Petrológica
Os litotipos estudados correspondem a um conjunto de ortognaisses
migmatizados que se classificam no campo subalcalino (figura 32) e mostram evolução
ao longo de uma tendência cálcio-alcalina (figura 33) de caráter metaluminoso a
levemente peraluminoso (figura 34). As rochas podem ser agrupadas em dois
conjuntos: o primeiro mostra acidez intermediária, apresentando teor de sílica que varia
43
de 59,76% até 63,86% (amostras vermelhas nos diagramas). O segundo grupo mostra-
se mais evoluído e mais enriquecido em SiO2, são rochas ácidas (amostras azuis nos
diagramas), com valores superiores a 70%, correspondendo principalmente à fusão
granítica.
A Tabela 2 nos mostra que os ortognaisses são mais enriquecidos em óxidos de
elementos incompatíveis, como o Ferro e o Magnésio, sendo observável na última
coluna da tabela, e que as rochas graníticas são comparativamente empobrecidas
nestes elementos. Isto nos mostra que biotita foi concentrada na fonte, pois representa
o mineral refratário no processo de fusão parcial destas rochas, corroborando os dados
coletados nos perfis de campo, onde foram observados cumulados e enclaves máficos
deste mineral.
35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 850
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
SiO2 (% Peso)
Na2O
+ K
2O
(%
Peso)
Alcalino
SubAlcalino
Figura 32: Diagrama TAS de Irvine & Baragar (1971).
44
O elemento Európio tende a se concentrar em feldspatos e mais
especificamente no plagioclásio. A Tabela 2 mostra que os ortognaisses são mais
enriquecidos em Eu. Isso é indicativo de concentração de plagioclásio na fonte, em
detrimento dos líquidos graníticos gerados no processo de fusão parcial, onde
microclina possui maior representatividade. A razão La/Yb nos mostra que os granitos
Na2O + K2O MgO
FeO*
Toleiítico
Cálcio-Alcalino
Figura 33: Diagrama AFM de Irvine & Baragar (1971), mostrando trend cálcio-alcalino dos exemplares estudados.
1 2
1
2
3
Al2O3/(CaO + Na2O + K2O)
Al2
O3/(
Na2O
+ K
2O
)
Metaluminoso Peraluminoso
Peralcalino
Figura 34: Caráter metaluminoso a levemente peraluminoso dos litotipos analisados, segundo Maniar & Piccoli (1989).
45
são mais enriquecidos em ETR’s leves em comparação com os ortognaisses,
excetuando-se a amostra PE-10, que representa uma fácies granítica pegmatítica bem
diferenciada, com plagioclásio praticamente ausente.
Ao observarmos a classificação química para as rochas (figura 35), vemos que
as mesmas encontram-se plotadas em campos suavemente distintos das
classificações petrográficas através do diagrama QAP. No primeiro caso, os gnaisses
que predominam em volume e área, e que sofreram a fusão parcial variam de quartzo-
monzonitos, tonalitos até granodioritos, e na petrografia todas estão plotadas no campo
dos monzogranitos. Já para os granitos, resultado da anatexia, plotam todos no campo
dos granitos, assim como nas classificações petrográficas, com exceção de uma
amostra, que foi classificada na petrografia como álcaligranito, devido ao seu alto
conteúdo de microclina e que corresponde à amostra PE-10.
Ao analisarmos mais atentamente os diagramas bivariantes do tipo Harker para
Ti, Ca, Mg e Fe e outros elementos (figura 36), fica bem clara a separação do conjunto
de rochas em dois grupos distintos marcada pela presença de um “gap” composicional,
o que é indicativo da não cogeneticidade das rochas.
Percebemos que, apesar destas suaves discordâncias, a interpretação
petrológica bem como do ambiente tectônico de formação das rochas não fica
comprometida, visto que estas sutilezas aparecem devido às diferenças dos
parâmetros levados em consideração pela química, em relação aos parâmetros
mineralógicos levados em consideração pela petrografia, que conseqüentemente
plotam as amostras em campos ligeiramente distintos.
35 45 55 65 750
5
10
15
SiO2 (% Peso)
Na2O
+ K
2O
(%
Peso)
Figura 35: Classificação química das amostras analisadas segundo Le Maitre (ed.), 1989.
Granitos
Granodiorito
Tonalito
Quartzo-
Monzonito
46
SiO2 x TiO2
0
0,5
1
1,5
2
50 55 60 65 70 75 80
SiO2 (%Peso)
TiO
2 (
%P
es
o)
SiO2 x Al2O3
14
14,2
14,4
14,6
14,8
15
15,2
15,4
50 55 60 65 70 75 80
SiO2 (%Peso)
Al2
O3
(%
Pe
so
)
SiO2 x Fe2O3
0
1
2
3
4
5
6
50 55 60 65 70 75 80
SiO2 (%Peso)
Fe2O
3 (%
Peso
)
SiO2 x FeO
0
1
2
3
4
5
6
50 55 60 65 70 75 80
SiO2 (%Peso)
FeO
(%
Peso
)
SiO2 x MgO
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
50 55 60 65 70 75 80
SiO2 (%Peso)
Mg
O (%
Pe
so
)
SiO2 x CaO
0
1
2
3
4
5
6
50 55 60 65 70 75 80
SiO2 (%Peso)
CaO
(%
Peso
)
SiO2 x Na2O
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
50 55 60 65 70 75 80
SiO2 (%Peso)
Na
2O
(%
Pe
so
)
SiO2 x K2O
0
1
2
3
4
5
6
7
50 55 60 65 70 75 80
SiO2 (%Peso)
K2O
(%
Peso
)
SiO2 x P2O5
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
50 55 60 65 70 75 80
SiO2 (%Peso)
P2
O5
(%
Pe
so
)
SiO2 x MnO
0,01
0,1
1
50 55 60 65 70 75 80
SiO2 (%Peso)
Mn
O (
%P
es
o)
Lo
g
Figura 36: Diagramas bivariantes tipo Harker para elementos maiores dos litotipos analisados.
47
O padrão dos elementos terras raras é mostrado nas figuras 37 e 38, onde é
possível perceber o comportamento destes elementos nos diferentes litotipos. Os
ortognaisses mostram-se enriquecidos em ETR’s leves em comparação aos pesados e
em alguns casos é perceptível uma suave anomalia negativa de Európio. No caso dos
granitos (figura 38), vemos que o padrão de distribuição dos ETR’s é bem semelhante
aos dos ortognaisses onde é evidente o enriquecimento em terras raras leves. As
amostras PE-06 e PE-07 apresentam uma leve anomalia negativa de Európio, podendo
indicar que houve uma retenção de plagioclásio na fonte. Já a amostra PE-10
apresenta uma anomalia positiva para este elemento. Isto acontece porque a amostra
PE-10 é uma fácies pegmatítica do granito anatético, tendo abundante presença de
microclina que pode hospedar o Európio e gerar uma anomalia positiva.
Norm: SUN
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
. 1
1
10
100
1000
PE-12 PE-11 PE - 01 PE - 04 PE -03
Figura 37: Padrão dos ETR’s para os ortognaisses.
Norm: SUN
La Ce Pr Nd SmEu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu .1
1
10
100
1000
PE - 06 PE -10
Figura 38: Distribuição de ETR’s para os granitos.
48
4.3 - Interpretação Tectônica
Os diagramas de interpretação tectônica nos mostram que o conjunto estudado
encontra-se classificado no campo das rochas formadas em ambiente pré-colisional e
intraplaca (WPG), variando até tipos sin-colisionais gerados em arco magmático
continental ou oceânico (VAG) (figuras 39 e 40). Os ortognaisses migmatíticos
(amostras vermelhas) plotam predominantemente no campo das rochas pré-colisionais
colocados em ambiente intraplaca. Já as rochas que se mostram mais diferenciadas
(amostras azuis), são classificadas como rochas sin-colisionais a pós-orogênicas,
geradas em ambiente de arco magmático continental ou oceânico. No entanto, os
parâmetros de campo, petrográficos e químicos apontam de maneira objetiva e
sistemática para formação em condições de arco magmático continental,
possivelmente representando áreas profundas e retrabalhadas do orógeno Ribeira, a
qual se relaciona. Este fato se deve à composição mais evoluída dos granitóides, com
biotita sendo o único mineral máfico na moda da rocha e sua composição média sendo
granodiorítica. Se estas rochas fossem geradas em arco magmático oceânico tipo
Japão, esperaríamos observar rochas menos evoluídas, de composição diorítica, com
hornblenda na moda da rocha.
Segundo Pearce et al. (1984), os granitóides intraplaca podem ser subdividos
em três tipos distintos, são eles: 1) introduzidos em crosta continental de espessura
normal; 2) introduzidos em crosta continental atenuada; e 3) introduzidos em crosta
continental oceânica. No presente estudo a similaridade se dá com os granitóides do
tipo 2, pois apresentam características de serem cálcio-alcalinos e metaluminosos a
levemente peraluminosos para os tipos mais evoluídos. Os granitóides gerados em
ambiente de arco são, por sua vez, subdivididos em dois tipos: 1) gerados em crosta
continental; e 2) gerado em crosta oceânica. A estes ambientes três tipos de
granitóides são associados. Os aqui estudados se enquadram naqueles gerados em
arcos calcio-alcalinos continentais e que apresentam variação petrográfica pelos tipos
qtz-monzonito-tonalito-granodiorito-granito, e que apresentam biotita na moda da
rocha. O conjunto de amostras pode representar o campo de variação associado a uma
orogênese do tipo Caledoniana.
49
O diagrama multicatiônico R1xR2 de Batchelor & Bowden (1985), mostrado na
figura 41, exibe a classificação dos exemplares estudados. Na interpretação dos
autores, a variação composicional de granitóides, desde os pré-colisionais até os tardi-
1 10 100 10001
10
100
1000
Y (ppm)
Nb (
ppm
)
ORG
Granitóides Intraplaca
VAG +syn COLG (Granitóides de Arco)
Figura 39: Diagrama de classificação de ambiente tectônico segundo Pearce et al. (1984).
1 10 100 1000
10
100
1000
Y + Nb (ppm)
Rb (
ppm
)
ORG
Granitos de Arco Vulcânico
Granitóides Intraplaca
SynCOLG
Figura 40: Diagrama de classificação de ambiente tectônico (Rb x (Y+Nb)) segundo Pearce et al. (1984).
50
orogênicos, reflete um aumento de disponibilidade de K e Na, além de representarem a
tendência de uma evolução dita normal da fonte durante uma orogênese, corroborando
e confirmando os dados obtidos em campo, onde as rochas mais evoluídas se mostram
mais enriquecidas em microclina, quartzo e plagioclásio sódico. Estas rochas podem
ter sido geradas em um ambiente análogo ao atual arco vulcânico continental Chileno,
sendo, posteriormente, intensamente deformadas e migmatizadas em um contexto de
colisão continental, no âmbito do Gondwana oriental.
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 32500
500
1000
1500
2000
2500
R1 = 4Si - 11(Na + K) - 2(Fe + Ti)
R2 =
6C
a +
2M
g +
Al
1
1 - Fracionados Mantélicos
2
2 - Pré-Colisionais
3
3 - Pós-Soerguimento
4
4 - Tardi Orogênicos
5
5 - Anorogênicos
6
6 - Sin-Colisionais
7
7 - Pós-Orogênicos
Figura 41: Diagrama multicatiônico R1xR2, segundo Batchelor & Bowden (1985).
51
Conclusões
Resultado de intensa deformação e metamorfismo em crosta profunda, sob alta
pressão de H2O, é possível sugerir que estas rochas foram submetidas à anatexia in
situ, tendo sido atingido o mínimo granítico (~ 570ºC). Consequentemente, houve a
geração de líquidos graníticos que se alojaram principalmente paralelos à foliação
gnáissica. Estes líquidos remobilizados possuem características mais diferenciadas em
relação ao seu protólito que sofreu a fusão parcial, apresentando acidez e teor de
álcalis superiores. Tais fatos nos indicam que estas rochas foram migmatizadas em
crosta profunda, talvez superior a 30 km de profundidade, no campo dúctil, e foram
alçadas para superfície devido ao intenso processo erosivo de remoção de material
rochoso atuante em todo o Fanerozóico e relacionado ao soerguimento da Serra do
Mar em tempos mais recentes.
Os litotipos analisados neste trabalho foram correlacionados às rochas do
denominado Arco Magmático Rio Negro, que apresenta rochas plutônicas
ortognáissicas, migmatíticas e granitóides sin a pós-colisionais (Tupinambá, 1999). A
estrutura predominante observada em campo é dada pela foliação do ortognaisse
migmatítico, com atitudes médias de 130-150º/30º. Um sistema de fraturas tardio se
impõe aos litotipos presentes gerando uma complexa estruturação combinada, com
direções N-NE e N-NW que, em união com a foliação principal, é capaz de isolar, no
campo, grandes blocos dos litotipos mapeados.
Os dados geoquímicos, com base na classificação através dos diversos
diagramas presentes na literatura, mostram evolução destas rochas ao longo de uma
tendência cálcio-alcalina de caráter metaluminoso a levemente peraluminoso,
principalmente para os litotipos mais evoluídos observados no campo. Além disso,
estes últimos correspondem às rochas graníticas geradas pela fusão parcial dos
ortognaisses encaixantes, tendo sido claramente individualizados ao longo dos perfis
de frentes de pedreira.
As rochas mostram-se enriquecidas em ETR’s leves em comparação aos
pesados e em alguns casos há uma suave anomalia negativa para Európio, com
exceção da amostra PE-10 que representa a fácies granítica pegmatítica.
Quanto ao ambiente tectônico possível de formação destas rochas, os dados
mostram de forma sistemática que as mesmas foram colocadas em ambiente
intraplaca, evoluindo para ambiente de arco vulcânico continental semelhante ao do
Chile, classificação válida para os ortognaisses, sendo este fato corroborado pelas
52
características de campo, petrográficas e químicas. Quanto aos granitos resultantes da
anatexia, foram classificados como gerados em ambiente de arco continental,
passando para ambiente de colisão continental até tipos pós-colisionais, sugerindo uma
tendência evolutiva dita normal para o amadurecimento deste arco.
O estudo aqui apresentado é pioneiro, em suas características, na aplicação das
técnicas de mapeamento de detalhe (levantamento de frentes de pedreira e
mapeamento detalhado) e nas análises geoquímicas na região alvo do estudo. Inseriu-
se, ainda, em um contexto de continuidade da aplicação de técnicas metodológicas
desenvolvidas pelo Grupo de Estudos em Petrologia da UFRRJ (GEP) nos últimos 20
anos, dando continuidade às pesquisas geológicas básicas (litoestrutural e
petrográfica) que vêm sendo desenvolvidas na região do entorno da Cidade do Rio de
Janeiro.
Tais estudos nos permitiram inserir e classificar os afloramentos conforme os
compartimentos da Faixa Ribeira, um cinturão orogênico correspondente ao Ciclo
Brasiliano/Pan-Africano de idade predominantemente Neoproterozóica. Além disso,
foram gerados os primeiros dados geoquímicos da área em questão, já servindo de
base para novos estudos nas áreas limítrofes. A proximidade do Campus da
UFRuralRJ com permissão de acesso a mais importante área de afloramento destas
rochas na região de Seropédica, fez com que conseguíssemos um bom desenrolar
deste estudo. O mesmo esteve calcado nas ocorrências de rochas magmáticas
(ganissificadas ou não), através de exaustivo programa levantamento de detalhe
realizado no campo (frentes de pedreiras e mapeamento de detalhe), de análises de
microtexturas e microestruturas bem como de análises de dados geoquímicos com
auxílio dos diferentes diagramas de interpretação presentes na literatura. Finalmente,
os objetivos propostos neste trabalho foram alcançados.
53
Referências Bibliográficas BATCHELOR, R.A. & BOWDEN, P. (1985). Petrogenetic Interpretation of Granitoid Rock Series Using Multicationic Parameters. Chem. Geol. 48: 43-55. EIRADO, L.G.; HEILBRON, M. & ALMEIDA, J.C.H. (2006). Os Terrenos Tectônicos da Faixa Ribeira na Serra da Bocaina e na Baía de Ilha Grande, Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Geociências, 36 (3), p.426-436. HEILBRON, M. (1995). O Segmento Central da Faixa Ribeira: Síntese Geológica e Ensaio de Evolução Geotectônica. Tese de Livre Docência, UERJ. 115p. HEILBRON, M.; VALERIANO, C.M.; VALLADARES, C.S. & MACHADO, N. (1995). A Orogênese Brasiliana no seguimento central da Faixa Ribeira, Brasil. Revista Brasileira de Geociências 25(4): 245-266. HEILBRON, M,; VALERIANO, C.; ALMEIDA, J.; TUPINAMBÁ, M.; VALLADARES, C.; DUARTE, B.P.; EIRADO, L.G.; JUNHO, M.C. & SCHMITT, R. (2000a). Tectonic Map of the Central Ribeira Orogenic Belt. International Geology Congress, 20, Rio de Janeiro, RJ, 2000a. Abstracts, SBG. HEILBRON, M.; MACHADO, N.; SIMONETTI, A.; DUARTE, B.P. (2003). A Paleoproterozoic orogen reworked within the Neoproterozoic Ribeira Belt, Southeastern Brazil. IV South American Symposium on Isotope Geology. Short Papers, 1, 186-189. HEILBRON, M, & MACHADO, N. (2003). Timing of terrane accretion in the Neoproterozoic-Eopaleozoic Ribeira orogen (SE Brazil). Precambrian Research, 125: 87-112. HELMBOLD, R.; VALENÇA, J.G. & LEONARDOS JR., O.H. (1965) – Mapa geológico do Estado da Guanabara. esc. 1: 50.000. 3 Folhas. MME/DNPM. IRVINE, T.N. & BARAGAR, W.R.A. (1971). A guide to the chemical classification of the common volcanic rocks, Canadian Journal of Earth Sciences, vol.8, pp.523-548. LE MAITRE, R.W. (ed.) (1989). A Classification of Igneous Rocks and Glossary of Terms, Blackwell, Oxford, 193 pp. MANIAR, P.D. & PICCOLI, P.M. (1989). Tectonic discrimination of granitoids, Geological Society of America Bulletin, vol.101, pp.635-643. MANTESSO-NETO, V.; BARTORELLI, A.; CARNEIRO, C.D.R.; BRITO-NEVES, B.B. (2004). Geologia do Continente Sul-Americano: Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. São Paulo, Beca, 2004, 647p. PEARCE, J.A.; HARRIS, N.B.W. & TINDLE, A.G. (1984). Trace Element Discrimination Diagrams for the Tectonic Interpretation of Granitic Rocks. J. Petrol., 25 (4): 956-983. PETERNEL, R.; TROUW, R.A.J. & SCHMITT, R.S. (2005). Interferência entre duas faixas móveis Neoproterozóicas: o caso das faixas Brasília e Ribeira no Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Geociências, 35(3): p.297-310. PORTO JR., R. & VALENTE, S.C. (1988). As rochas granitóides do norte da Serra da Pedra Branca e suas relações com as encaixantes gnáissicas na região de Bangu, Rio de Janeiro, RJ. Anais do 35º Congresso Brasileiro de Geologia, Belém, 3: 1066-1079.
54
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Anexos
Descrições Microscópicas
Lâmina: PE-O1 (Análise química realizada).
Rocha ortoderivada, apresentando foliação definida principalmente pela orientação
preferencial de cristais planares de biotita. A sua granulação pode ser dita de fina a média com
a média em torno de 1,3mm. Os menores cristais observados são comumente de biotita,
enquando os maiores são predominantemente de quarto e, menos comumente, microclina. Os
minerais formadores são: biotita, quartzo, plagioclásio e microclina.
Biotita é o único mineral máfico presente nesta rocha, possuindo hábito planar
predominantemente subédrico, preenchendo cerca de 10% em volume. Encontra-se
comumente inclusa nos outros minerais e encontra-se associada eventualmente a minerais
opacos.
Quartzo ocupa cerca de 25% em volume preenchendo os interstícios dos outros
minerais, possuindo hábito granular anédrico recristalizado. Muitos cristais mostram extinção
ondulante (30° em alguns casos), enquanto outros levemente ondulante.
Plagioclásio ocupa cerca de 27% em volume, possuindo hábito tabular subédrico.
Algumas vezes mostram geminação característica em linhas bem definida, em outros casos
inconstante e por vezes complexa. Comumente está em contato com a microclina.
Microclina ocupa cerca de 38% em volume exibindo geminação tartan característica.
Seus cristais são tabulares a quadráticos, subédricos predominantemente. Texturas do tipo
mirmequitas foram observadas nas bordas de alguns cristais.
Como minerais acessórios foram observados zircão, apatita e minerais opacos. Como
minerais de alteração vemos espécies com alta birrefringência, principalmente sobre os
feldspatos. O plagioclásio se encontra saussuritizado em alguns casos e a microclina
sericitizada. Foram observadas microfraturas preenchidas por minerais de alta birrefringência
inclusive cortando cristais de quartzo.
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Ortognaisse Monzogranítico
Migmatizado.
Lâmina: PE-02
Rocha ortoderivada, mostrando granulação variando de fina a média com a média em
torno de 1,1mm. A rocha é leucocrática, tendo como único mineral máfico formador a biotita. A
lâmina mostra algumas alterações hidrotermais, evidências de circulação de fluidos bem como
microfraturas preenchidas. Os minerais formadores da rocha são, em ordem crescente de
abundância: biotita, quartzo, plagioclásio e microclina.
Biotita ocupa cerca de 10% em volume, possuindo hábito planar subédrico. Além disso,
alguns cristais são anédricos e outros euédricos. Seus cristais exibem um tamanho médio de
1,0mm.
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Quartzo apresenta-se em grandes cristais anédricos intersticial ou como inclusões nos
feldspatos. Representa um volume da ordem de 26% e algumas vezes mostram extinção
ondulante.
Plagioclásio ocupa cerca de 30% em volume, possuindo hábito tabular subédrico
(predomínio) a euédrico. Seus cristais, alguma vezes, mostram inclusões de biotita e quartzo
residual. Sua geminação varia de muito fina em tiras, outras vezes mais larga e espaçada e por
vezes ausente. Alguns cristais estão sujos e alterados hidrotermalmente para saussurita.
Outros cristais exibem geminação do tipo complexa.
K-feldspato encontra-se sobre a forma de microclina, mostrando geminação tartan
característica. Ocupa cerca de 34% em volume na rocha. Seus cristais mostram hábito tabular
a quadrático subédrico a euédrico e ainda foram observadas texturas mirmequíticas nas bordas
de alguns cristais. Este mineral possui incluões de biotita e quartzo residual, se mostrando
também alterado hidrotermalmente em alguns casos.
Zircão, minerais opacos e apatita são os principais minerais acessórios. Microfraturas
preenchidas por minerais de alta birrefringência também foram observadas. As alterações
hidrotermais são: sericitização da microclina e saussuritização do plagioclásio.
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Ortognaisse Monzogranítico
Migmatizado.
Lâmina: PE-03 (Análise geoquímica realizada).
Rocha com granulação variando de fina a média com média em torno de 1,3mm. A
rocha possui foliação definida principalmente pela orientação preferencial de cristais de biotita.
Os minerais formadores são: biotita, quartzo, plagioclásio e microclina, em rodem crescente em
volume.
Biotita é o único mineral máfico formador desta rocha, apresentando hábito planar
subédrico a anédrico. Apresenta inclusões de zircão e ocupa um volume em torno de 10%.
Comumente este mineral possui os menores cristais formadores da rocha. Está associada a
minerais opacos.
Quartzo mostra cristais granulares anédricos ocupando um volume aproximado de 23%.
Encontra-se nos interstícios dos outros minerais ou como bolhas de inclusão.
Plagioclásio ocupa um volume da ordem de 30%, possuindo hábito tabular subédrico.
Por vezes exibe geminação bem marcada e em outros casos, inconstante ou ausente. Foram
observadas alterações hidrotermais em seus cristais. Por vezes este mineral exibe geminação
do tipo complexa.
K-feldspato está sob a forma de microclina, possuindo hábito tabular subédrico. Ocupa
cerca de 37% em volume na rocha e alguns cristais mostram alterações hidrotermais, talvez
resultado de sericitização.
Minerais acessórios são zircão, apatita e minerais opacos. Minerais de alteração são:
saussurita alterando o plagioclásio e sericita alterando a microclina.
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Ortognaisse Monzogranítico
Migmatizado.
Lâmina: PE-04 (Análise geoquímica realizada)
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Rocha ortoderivada apresentando granulação variando de fina a média com a média
calculada em torno de 1,4mm. A rocha é leucocrática mostrando uma foliação definida
principalmente pela orientação de cristais de biotita. Os minerais formadores da rocha são:
biotira, quartzo, plagioclásio e microclina.
Biotita ocupa um volume da ordem de 10%. Seus cristais são planares
predominantemente subédricos. Alguns cristais encontram-se alterados para clorita e também
encontramos minerais opacos associados.
Quartzo ocupa cerca de 25% em volume, sendo intersticial anédrico.
Plagioclásio ocupa cerca de 30% em volume, possuindo hábito tabular hipidiomórfico.
Seus cristais mostram geminação variável, ora presente e bem definida e outras vezes
inconstante ou ausente. Mostram-se alterados por soluções hidrotermais. Os minerais de
alteração possuem alta birrefringência e provavelmente o processo ocorrido foi a
saussuritização. Alguns cristais possuem inclusões de biotita e quartzo residual.
Microclina ocupa aproximadamente 35% em volume na rocha, possuindo hábito tabular
subédrico. Exibe geminação tartan e alguns cristais chegam a 2,0mm de granulação. Foram
observadas texturas simplectíticas do tipo mirmequita nas bordas de alguns cristais, Em outros
casos, foram vistas alterações hidrotermais sericíticas com núcleos de alta birrefringência.
Alguns exemplares possuem inclusões de biotita e quartzo residual.
Minerais acessórios são zircão, apatita e minerais opacos.
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Ortognaisse Monzogranítico
Migmatizado.
Lâmina: PE-05
Rocha ortoderivada apresentando granulação variando de fina a média com a média em
torno de 1,3mm. O índice de coloração do protólito pode ser dito leucocrático, tendo como
único mineral ferromagnesiano formador a biotita. A rocha ainda apresenta uma foliação
definida principalmente pela orientação preferencial de cristais de biotita. Os minerais
formadores são: biotita, quartzo, plagioclásio e k-feldspato.
Biotita ocupa cerca de 10% em volume, tendo hábito planar hipidiomórfico,
predominantemente. Seus cristais muitas vezes se encontram inclusos em cristais de quartzo e
k-feldspato. Por vezes altera-se para clorita.
Quartzo ocupa cerca de 25% em volume. Seus cristais são granulares anédricos e
atingem, muitas vezes, a maior granulação observada nesta lâmina (apox. 2,5mm). Outras
vezes aparecem como “bolhas” de inclusão e alguns cristais mostram extinção ondulante.
Plagioclásio representa cerca de 32% em volume, possuindo hábito tabular subédrico.
Sua geminação é variável e por vezes ausente. Mostra-se alterado para saussurita em alguns
casos, principalmente ao longo de sua geminação.
K-feldspato se apresenta de duas formas: microclina, exibindo geminação cruzada
característica e ortoclásio, por vezes geminado por carslbad. Texturas de intercrescimento do
tipo mirmequita também foram documentadas, além de alterações sericíticas em alguns casos.
Microclina ocupa cerca de 23% em volume e ortoclásio cerca de 10%.
Os minerais acessórios são: zircão, minerais opacos e apatita.
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Ortognaisse Monzogranítico
Migmatizado.
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Lâmina: PE-06 (Análise geoquímica realizada)
Rocha ortoderivada apresentando granulação variando de fina a média com a média
por volta de 1,1mm. A rocha mostra foliação definida pela orientação preferencial de cristais de
biotita e feldspatos orientados. Os contatos entre os minerais formadores geralmente são retos.
Os minerais formadores da rocha são: biotita, quartzo, microclina e plagioclásio.
Biotita define uma paragênese com o mineral titanita, ocupando cerca de 10% em
volume. Possui hábito planar subédrico a anédrico e está comumente inclusa principalmente
em cristais de plagioclásio. Altera-se eventualmente para clorita. Possui minerais opacos
associados e frequentemente exibe os menores cristais formadores da rocha.
Quartzo ocupa cerca de 25% em volume, possuindo hábito granular anédrico,
preenchendo os interstícios dos outros minerais ou como inclusão nos feldspatos. Exibe
extinção ondulante frequente e recristalização.
Microclina ocupa cerca de 30% do volume da rocha e possui hábito tabular subédrico,
apresentando geminação em tartan. Foram observadas texturas do tipo mirmequita nas bordas
de alguns cristais. Comumente este mineral apresenta inclusões de quartzo residual e também
foram observadas alterações para sericita.
Plagioclásio ocupa cerca de 35% em volume apresentando hábito tabular subédrico.
Não mostra geminação muito constante e algumas vezes esta é ausente. Possui o maior cristal
observado nesta lâmina, chegando a quase 5,0mm. Está consideravelmente mais alterado em
relação à microclina, estando saussuritizado principalmente nas zonas de fraqueza, como
direções de geminação ou fraturas.
Como minerais acessórios observamos: minerais opacos, zircão e apatita.
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Ortognaisse Monzogranítico
Migmatizado.
Lâmina: PE-07 (Análise geoquímica realizada)
Rocha ortoderivada apresentando granulação variando de fina a média com média em
torno de 1,4 mm, sendo os contatos entre os grãos predominantemente retos. Esta lâmina
mostra alterações hidrotermais, evidências de circulação de fluidos, deformação de cristais,
bem como recristalização mineral. Sua mineralogia é constituída por: biotita, plagioclásio,
quartzo e microclina.
Biotita ocupa um volume da ordem de 8%. Apresenta hábito planar subédrico e
eventualmente se altera para clorita. Encontra-se por vezes inclusa em cristais de quartzo,
principalmente.
Plagioclásio apresenta hábito tabular subédrico, ocupando cerca de 27% em volume. A
geminação dos seus cristais é variável, por vezes não sendo bem marcada. Foi observado halo
de crescimento metamórfico em alguns cristais. Por vezes alguns cristais se encontram
saussuritizados, dando origem a minerais de alta birrefringência. Foram observados também
que alguns cristais menores deste mineral estavam inclusos em cristais de microclina.
Quartzo ocupa aproximadamente 30% em volume e possui hábito granular anédrico.
Alguns cristais apresentam extinção ondulante e outros encontram-se como inclusões na forma
de “bolhas”.
Microclina ocupa cerca de 35% em volume, sendo seu hábito tabular subédrico. Está
menos alterado hidrotermalmente que o plagioclásio e o tipo de alteração é a sericítica.
Minerais acessórios são: zircão, apatita e minerais opacos.
59
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Ortognaisse Monzogranítico
Migmatizado.
Lâmina: PE-08 (Contato Litológico)
Esta lâmina nos mostra um contato litológico entre o que foi reconhecido como o
paleossoma de um ortognaisse migmatítico e seu neossoma leucossomático segregado.
Diferenças básicas entre as duas litologias é que ocorre um forte aumento da granulação dos
cristais do paleossoma para o neossoma e que o mineral biotita é praticamente ausente neste
segundo litotipo.
O Paleossoma possui granulação fina a média com a média em torno de 1,3 mm.
Apresenta uma foliação definida pela orientação de cristais de biotita. Os minerais formadores
da rocha são: biotita, quartzo, plagioclásio e microclina.
Biotita possui hábito planar subédrico e ocupa cerca de 15% em volume. Eventualmente
altera-se para clorita.
Quartzo ocupa cerca de 20% em volume sendo de aspecto granular anédrico. Mostra
extinção reta na maioria dos casos.
Plagioclásio possui hábito tabular subédrico a anédrico, ocupando cerca de 25% em
volume. Seus cristais mostram geminação em muitos casos, mas em outros esta é inconstante
ou ausente. Algumas vezes seus cristais estão saussuritizados.
Microclina ocupa cerca de 40% em volume apresentando geminação em tartan. Possui
hábito tabular subédrico. Algumas vezes está alterado para sericita. Foram observadas
texturas tipo mirmequita.
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Ortognaisse Monzogranítico
Migmatizado.
Na porção da lâmina onde se encontra o neossoma leucossomático a granulação é
grossa com a média em torno de 6,0mm. Alguns cristais de microclina atingem facilmente
1,0cm. Os minerais formadores da rocha são: biotita, plagioclásio, quartzo e microclina.
Biotita quase não está presente, com destaque para um cristal que se mostra levemente
dobrado, sendo observável através de sua clivagem deformada. Representa 1,0% em volume.
Plagioclásio ocupa um volume de aproximadamente 4%, sendo pouco expressivo.
Quartzo exibe grandes cristais fraturados e preenchidos por minerais de alta
birrefringência. Ocupa cerca de 25% em volume e possui hábito granular anédrico. Apresenta
extinção levemente ondulante.
Microclina é o mineral mais abundante e o que mais se destaca, ocupando cerca de
70% em volume. Possui hábito tabular subédrico, mostra geminação em tartan e está fraturado
na maioria dos casos. Está comumente alterado para sericita com destaque para um cristal
bem arrasado. Foram observadas texturas tipo mirmequita nos bordos de alguns cristais.
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Álcaligranito.
Lâmina: PE-09
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Rocha ortoderivada exibindo foliação e estrutura definida pela orientação de cristais de
biotita, cristais tabulares de feldspatos e maior eixo de cristais de quartzo. A granulação varia
de fina a média com a média em torno de 1,1mm. Os minerais formadores são: biotita, quartzo
plagioclásio e k-feldspato.
Biotita ocupa cerca de 10% em volume, possuindo hábito planar subédrico a anédrico.
Encontra-se também associada a minerais opacos, que ocorrem nos núcleos e bordas de
determinados cristais. A média de tamanho de seus grãos é de 1,0mm e seus cristais
eventualmente estão alterados para clorita.
Quartzo ocupa cerca de 30% em volume sendo granular anédrico. Encontra-se
preenchendo os interstícios dos outros minerais e está alongado segundo a trama da rocha.
Outras vezes se encontra como “bolhas” de inclusão nos feldspatos. Possui extinção
ondulante e fraturamentos em muitos casos.
Plagioclásio preenche cerca de 30% em volume possuindo hábito tabular subédrico. Em
alguns cristais há uma geminação bem marcada, enquanto em outros é ausente ou esparsa.
Está alterado para saussurita em alguns casos.
Microclina ocupa cerca de 30% em volume. Seus cristais possuem hábito tabular
subédrico e mostram texturas tipo mirmequita nas bordas de alguns cristais. Este mineral
mostrou o maior cristal observado nesta lâmina, chegando a 5,0mm. Algumas vezes foram
observadas alterações para sericita.
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Ortognaisse Monzogranítico
Migmatizado.
Lâmina: PE-10 (Contato litológico) (Análise geoquímica realizada para o Neossoma)
Esta lâmina nos mostra um contato litológico entre o paleossoma e o neossoma
leucossomático de um ortognaisse migmatítico. O contato entre os litotipos é brusco, ocorrendo
desaparecimento do mineral biotita e grande aumento da granulação do paleossoma para o
neossoma.
O paleossoma possui granulação variando de fina a média com a média por volta de
1,1mm. Constituindo sua mineralogia temos: biotita, microclina, quartzo e plagioclásio.
Biotita ocupa cerca de 10% em volume, possuindo hábito planar subédrico a anédrico.
Microclina ocupa cerca de 25% em volume, possui hábito tabular subédrico. Foram
observadas texturas de intercrescimento do tipo mirmequita. Eventualmente este mineral
encontra-se sericitizado.
Quartzo representa cerca de 28% em volume, possuindo hábito granular anédrico.
Apresenta extinção ondulante em alguns casos.
Plagioclásio possui hábito tabular subédrico ocupando cerca de 37% em volume. Sua
geminação é variável, ora presente, ora ausente ou mal marcada. Mostra-se
consideravelmente mais alterado que a microclina, estando saussuritizado em muitos casos.
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Ortognaisse Monzogranítico
Migmatizado.
Representando o neossoma temos um tipo de granulação grossa com a média
calculada em torno de 3,0mm. Cristais de microclina atingem facilmente os 5,0mm. Este litotipo
é constituído por: plagioclásio, quartzo e microclina.
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Plagioclásio possui hábito tabular subédrico ocupando cerca de 20% em volume na
rocha. Seus cristais se encontram bastante alterados para saussurita, mais alterados em
relação ao feldspato potássico.
Quartzo representa cerca de 20% em volume, apresentando hábito granular
xenomórfico. Alguns cristais possuem extinção ondulante. Está microfraturado e estas fraturas
estão preenchidas por minerais de alta birrefringência.
Microclina se sobressai devido à granulação e volume. Ocupa cerca de 60% da rocha e
mostra geminação em “tartan”. Possui hábito tabular hipidiomórfico e texturas mirmequíticas
foram observadas. Alguns cristais estão sericitizados e fraturados.
CLASSIFICAÇÃO (Segundo Streckeisen 1976): Sienogranito.