TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO COM MÉTODO MCKENZIE NA...
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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
MARCELE MIKA SATO
TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO COM MÉTODO MCKENZIE NA DOR
LOMBAR
Tubarão
2007
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MARCELE MIKA SATO
TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO COM MÉTODO MCKENZIE NA DOR
LOMBAR
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de fisioterapeuta.
Orientador: Prof. Msc. Ralph Fernando Rosas.
Tubarão
2007
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MARCELE MIKA SATO
TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO COM MÉTODO MCKENZIE NA DOR
LOMBAR
Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia e aprovado em sua forma final pelo curso de graduação em Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina.
Tubarão, 26 de novembro de 2007.
________________________________
Prof. Ralph Fernando Rosas, Msc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
________________________________
Prof. Rafael Nascimento, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
________________________________
Prof. Aderbal da Silva Aguiar Júnior, Msc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
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Dedico este trabalho aos meus pais Mario e
Marina, que acreditaram e lutaram durante
estes anos para que conseguisse concluir
esta etapa da minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente, aos meus pais, pela vida, carinho, incentivo,
dedicação e por ter me bancado durante a faculdade;
As “misses” Enrolada (Cíntia), Atrapalhada (Mone), Bic (Vau), também a
Fabíola e Luciani, que estiveram sempre do meu lado, me ajudando, apoiando e
contribuindo para que este trabalho fosse concretizado;
Aos meninos (Gabriel, Juliano, Michell, Thiago, Henrique, Paulinho)
brigada pela força;
Aos meus irmãos Marcia, Milena (que fez meu slide) e Marcos por ter
revisado o meu trabalho e ter me ajudado e a minha cunhada Joyce por ter realizado
o meu abstract. Valeu pessoas!
Ao meu orientador Ralph, pela paciência e dedicação, muito obrigada!
Aos membros da banca por concederem seu tempo para contribuir em
meu trabalho.
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Quando nada parece ajudar, eu vou e olho o cortador de pedras martelando sua rocha talvez cem vezes sem que nem uma só rachadura apareça. No entanto, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela a que conseguiu, mas todas as que vieram antes. (Jacob Riis).
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RESUMO
A lombalgia ou dor lombossacra é um problema muito prevalente, 75% a 80% das
pessoas sofrem durante alguma época da vida e com mais da metade da população
sendo acometida por essa entidade. A sua prevalência é conhecida em vários
países atingindo valores elevados, isso faz com que a lombalgia torna um problema
de saúde pública. É um importante problema de saúde pública pela morbidade e
custos econômicos e sociais que acarreta. Neste estudo foi realizado o método
McKenzie para o tratamento de dor lombar. O método McKenzie baseia-se no
movimento migratório do núcleo pulposo como resultado da flexão e extensão da
coluna vertebral, visando quais movimentos centralizam ou eliminam a dor no
paciente. Esta pesquisa foi do tipo quantitativa e o procedimento da coleta entende-
se como quase-experimental. Objetivo geral analisar o efeito do método McKenzie
na dor lombar em estudantes do Curso de Sistema de Informação e Fisioterapia.
Materiais e métodos: 10 estudantes que preencheram o critério de inclusão na
amostra, e que foram avaliados, orientados sobre as posturas na Clínica Escola de
Fisioterapia – UNISUL e submetidos a realizar as posturas do método de Mckenzie
em sua residência durante 1 mês de intervenção. Resultado: foi feito o teste
Wilcoxon para amostras dependentes com α =0,05 onde apresentou que foi positivo,
a diminuição da dor lombar e o aumento da flexibilidade nos sujeitos da pesquisa é
estatisticamente significante.
Palavras-chave: Lombalgia. Método McKenzie. Flexibilidade.
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ABSTRACT
The low back pain or lumbosacral pain is a very occurent disease, 75% to 80% of
people suffer in sometime of life and more than half of population is being affected by
that sickness. It affects people in several countries reaching high valves, which made
this, a public health problem, because of the morbidity, social and economic costs
that brings about. In this research was applyed the McKenzie method, which is based
on the migration of pulpous nucleus as a result of extension and flexion of the spine,
trying to identify which movements centralizes on eliminates the pain. This was a
quantity kind reaseach, and the collection procedure is an almost experimental one.
The main purpose is to examine the effects of the method on the Information System
and Physiotherapy’s students who suffer of the low back pain disease. Materials and
methods: ten students to the right postures in the UNISUL’s School of Physiotherapy
Clinic. After that, they were residence’s for one month. Results: the Wilcoxon’s test
was made on the onset one’s, with α= 0,05, and gave positive, flexibility’s
improstatistically significant in this patients.
Key Words: Low back pain. McKenzie Method. Flexibility.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Inclinação anterior de pé.......................................................................22
Figura 2 - Inclinação posterior de pé .....................................................................22
Figura 3 - Inclinação anterior supina .....................................................................23
Figura 4 - Inclinação posterior de bruços ..............................................................23
Figura 5 - Teste de finger-floor. .............................................................................26
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Escala visual análoga .........................................................................33
Gráfico 2 – Tete finger-floor...................................................................................36
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................13
2 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE POSTURA SENTADA, LOMB ALGIA,
MÉTODO MCKENZIE, FLEXIBILIDADE E ALONGAMENTO ............................16
2.1 LOMBALGIA....................................................................................................16
2.2 POSTURA SENTADA .....................................................................................18
2.3 MÉTODO MCKENZIE .....................................................................................19
2.3.1 Posturas do método Mckenzie ..................................................................21
2.4 FLEXIBILIDADE ..............................................................................................23
2.4.1 Componentes limitantes da flexibilidade .................................................24
2.4.2 Teste de finger-floor ..................................................................................25
2.5 ALONGAMENTO ............................................................................................26
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................28
3.1 POPULAÇÃO/AMOSTRA ...............................................................................28
3.2 MATERIAIS.....................................................................................................29
3.3 MÉTODOS .....................................................................................................30
3.4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS...................................................31
3.5 COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP).....................................................32
4 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................33
4.1 ESCALA VISUAL ANÁLOGA (EVA)................................................................33
4.2 FLEXIBILIDADE ..............................................................................................35
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................38
REFERÊNCIAS .....................................................................................................39
APÊNDICE ............................................................................................................43
APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclare cido ..........................44
12
ANEXOS ...............................................................................................................45
ANEXO A - Questionário de Oswestry ..............................................................46
ANEXO B - Manual de orientação das posturas do méto do Mckenzie ...........49
ANEXO C - Comitê de ética em pesquisa ..........................................................51
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1 INTRODUÇÃO
O homem tornou-se o único animal da sua espécie a locomover em
postura ereta, utilizando apenas dois membros. Sofrendo uma série de adaptações
fisiológicas durante sua evolução. Essas alterações ficaram mais acentuadas nos
últimos séculos, após a revolução industrial, em que o homem passou a trabalhar
utilizando o corpo como uma alavanca e permanecendo na posição sentada para a
maior parte das atividades de vida diária. Durante esses anos, aumentaram os
distúrbios músculo esqueléticos através da utilização incorreta da biomecânica
humana, nos quais se destacam as lombalgias (LEE, 2001).
Cerca de 85% das pessoas sentem dor lombar em alguma fase de sua
vida. A lombalgia é a dor nas regiões lombares inferiores, podem ser de causa
nervosa ou muscular, mas comum em adultos jovens, em fase economicamente
ativa, chegando a 1/3 das consultas ortopédicas e sendo uma das causas mais
comuns para aposentadoria por incapacidade total ou parcial.
A dor lombar constitui uma causa freqüente de morbidade e incapacidade,
sendo sobrepujada apenas pela cefaléia na escala dos distúrbios dolorosos que
afetam o homem. Entretanto, somente 10% dos pacientes são responsáveis por
90% do custo, colocando o manejo dessa doença dentre as primeiras preocupações
na área de saúde (GARCIA FILHO, 2006).
Segundo Cecin (1997) as lombalgias e lombociatalgias tiveram um
crescimento 14 vezes maior que o crescimento da população. O resultado desta
situação é grave sob o ponto de vista socioeconômico, sendo que causa prejuízos
incalculáveis.
A lombalgia é um motivo freqüente de consulta médica em medicina geral
e familiar assim como em outras especialidades. A sua prevalência é conhecida em
vários países atingindo valores elevados, isso faz com que a lombalgia torna um
problema de saúde pública. É um importante problema de saúde pública pela
morbilidade e custos econômicos e sociais que acarreta (PONTE, 2005).
Existem várias técnicas para o tratamento da lombalgia e a fisioterapia
tem diversas opções como a cinesioterapia, a eletroterapia, a hidroterapia e outros
ainda. O método McKenzie baseia-se no movimento migratório do núcleo pulposo
14
como resultado da flexão e extensão da coluna vertebral, visando quais movimentos
centralizam ou eliminam a dor no paciente.
Em 1981, McKenzie propôs um sistema de classificação e um tratamento
para dor lombar, onde realizou o diagnóstico e o tratamento, ou simplesmente
Método McKenzie mecânico. Devido o grande número de pessoas com lombalgia,
nos últimos 20 anos fizeram com que o Método McKenzie, baseando-se nas
experiências, tivesse grandes destaques (por exemplo, a validez, a confiabilidade e
a generalidade) entre os sistemas baseados nas características clínicas e parece
conseqüentemente ser o sistema de maior execução na prática clínica (MACHADO,
2005).
Uma das contribuições mais importantes que devemos a McKenzie é o
conceito de centralização, isto é, o fenômeno pela qual a dor no membro inferior
acompanhada de dor lombar, e a dor no quadrante superior acompanhada de dor na
nuca diminuírem em resposta à execução repetida de determinadas manobras: a dor
passa a centralizar na coluna lombar e cervical, respectivamente (MALONE;
MCPOIL; NITZ, 2000).
Algumas questões são relevantes a serem estudadas sobre os benefícios
teoricamente proposto para esse método de tratamento fisioterapêutico:
1ª) O método McKenzie contribuirá para a melhora do quadro álgico da
dor lombar?
2ª) Aumentará a flexibilidade de flexão da coluna lombar?
Diante do grande número de pessoas que sentem dores lombares, a
fisioterapia auxilia na redução ou eliminação das dores, podendo o paciente assim,
voltar a fazer suas atividades da vida diária. A importância do estudo, tratamento e a
prevenção da dor lombar se justificam pela sua alta prevalência na população e pelo
expressivo impacto socioeconômico negativo gerado pelos casos de incapacidade
física temporária ou não (GREVE; AMATUZZI, p. 103).
Baseando-se nos efeitos alcançados pelo método, para o tratamento das
lombalgias, considera-se a possibilidade de trazer aos pacientes um meio de
tratamento que possa proporcionar diminuição da incapacidade que é uma
conseqüência à dor.
A permanência por um longo período na mesma posição faz com que
ocorra uma sobrecarga na coluna lombar, assim proporcionando o aparecimento de
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algias lombares, principalmente em indivíduos que permanecem por horas sentado,
como por exemplo os estudantes.
A pesquisa servirá de suporte para outras pesquisas sobre o método
McKenzie, pois ainda não foram feitos trabalhos monográficos no curso de
fisioterapia da Unisul, campus Tubarão-SC.
Sendo assim, a pesquisa tem como objetivo geral analisar o efeito do
método McKenzie na dor lombar em estudantes do Curso de Sistema de Informação
e Fisioterapia. Este estudo tem como objetivo específico verificar se a dor lombar
influencia na flexibilidade do indivíduo e verificar a dor.
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2 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE POSTURA SENTADA, LOMB ALGIA,
MÉTODO MCKENZIE, FLEXIBILIDADE E ALONGAMENTO
Neste capítulo serão discutidos os temas de postura sentada, lombalgia,
método Mckenzie, flexibilidade e alongamento.
2.1 LOMBALGIA
Lombalgias são todas as condições de dor, dolorimento, rigidez com
pouca ou sem dor, localizadas na região inferior do dorso, em uma área situada
entre o último arco costal e a prega glútea. Lombociatalgia é a dor que se irradia
daquela região acima delimitada, para um ou ambos membros inferiores (VIEL,
2000).
A lombalgia ou dor lombossacra é um problema muito prevalente, 75% a
80% das pessoas sofrem durante alguma época da vida e com mais da metade da
população sendo acometida por essa entidade (HALL, 2005).
A lombalgia aparece com maior freqüência entre homens acima de 40
anos e com maior prevalência em mulheres entre 50 e 60 anos. O quadro em geral
aparece durando em média de 1 a 7 dias, tornando-se muitas vezes repetitivo ao
longo dos anos, fazendo com que se torne crônico, como observado em indivíduos
na terceira idade, que relatam o primeiro sintoma cerca de 20, 30 e 40 anos atrás,
bem como inúmeras seqüências de tratamentos (MARRAS, 2000).
Thomé e Lemos (2003), a lombalgia pode ter origem em várias regiões,
tais como: estruturas da própria coluna, estruturas viscerais, podendo ainda ter
origem vascular ou psicogênica. Pode ser classificada como estática, quando é
causada por má postura, ou seja, vinculada a um quadro postural; e cinética quando
é decorrente de uma biomecânica incorreta ou por sobrecargas cinéticas.
Na lombalgia idiopática, na maioria das vezes, a causa da dor lombar é
de difícil determinância. Quando de natureza mecânico-degenerativa os
conhecimentos disponíveis baseiam-se em modelo teórico, que é a unidade
funcional espinal (UFE), composta por um par de vértebras adjacentes e seu
17
complexo disco-ligamentar correspondente. A eficiência da biomecânica da UFE é
dependente, em grande parte, da integridade do disco intervertebral e sua junção
com os corpos vertebrais, das articulações intervertebrais, do corpo vertebral e das
estruturas músculo-ligamentares (THOMÉ; LEMOS, 2003).
As lombalgias podem ser divididas em três grupos, com base na duração
dos sintomas: aguda (sete dias ou menos); subaguda (uma semana a três meses) e
crônica (três meses ou mais) (SALGUEIRO, 2005).
A lombalgia aguda é de aparição súbita. Na avaliação clínica se
observará uma retificação da lordose acompanhada de flexão do quadril como
posição antiálgica, tem um bom prognóstico e com tratamento adequado não poderá
se prolongar por mais de duas semanas (SILVA, 2004).
A lombalgia crônica atinge mais os homens do que as mulheres. Esta
morbidade atinge principalmente a população em idade economicamente ativa,
podendo ser altamente incapacitante e é uma das mais importantes causas de
absenteísmo. Este tipo de dor contínua e por longo período de tempo afeta muitos
aspectos da vida, podendo levar a distúrbios do sono, depressão, irritabilidade
(GABRIEL, 2001).
Altas incidências de lombalgia foram observadas em trabalhadores que ficam sentados por períodos de tempo prolongados e naqueles que não podem sentar-se de forma alguma durante o dia de trabalho. As ocupações de alto risco para o surgimento de lombalgia (em ordem de freqüência) incluem operários em geral, motoristas de caminhão, lixeiros, trabalhadores domésticos, mecânicos, auxiliares de enfermagem, lenhadores, enfermeiros práticos e trabalhadores na construção. A lombalgia acidental está associada frequentemente com o trabalho realizado em postura pouco natural, com movimentos súbitos e inesperados, e ao trabalhador com uma única mão. O trabalho que envolve movimentação dinâmica em múltiplos planos também está associado com o risco muito aumentado de vir desenvolver lombalgia (HALL, 2005, p.287).
As dores lombares podem aparecer caso o indivíduo sentado realize
posturas incorretas por longo período, com flexão anterior do tronco, falta de apoio
lombar e do antebraço, as alterações são potencializadas, sendo que a pressão
intradiscal aumenta para mais de 70% devido à sobrecarga exercida na coluna
vertebral, também as dores nas costas pode aparecer devido à longa permanência
em pé (estática prolongada). Nessa situação, a coluna vertebral está em uma
posição estática ereta e os músculos paravertebrais começam a sofrer fadiga e a
altura do disco intravertebral é reduzida.
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2.2 POSTURA SENTADA
A postura sentada gera várias alterações nas estruturas músculo-
esqueléticas da coluna lombar. O simples fato de o indivíduo passar da postura em
pé para a sentada aumenta em aproximadamente 35% a pressão interna no núcleo
do disco intervertebral e todas as estruturas (ligamentos, pequenas articulações e
nervos) que ficam na parte posterior são esticadas – isso se o sujeito estiver sentado
nas melhores condições possíveis. Além dos problemas lombares, a postura
sentada prolongada tende a reduzir a circulação de retorno dos membros inferiores,
gerando edema nos pés e tornozelos e, também, promove desconfortos na região
do pescoço e membros superiores (ZAPATER, 2004).
Caso o indivíduo sentado realize posturas incorretas por longo período –
flexão anterior do tronco, falta de apoio lombar e falta de apoio do antebraço – as
alterações são potencializadas, sendo que a pressão intradiscal aumenta para mais
de 70%. Este fato pode predispor o indivíduo a maiores índices de desconfortos
gerais, tais como dor, sensação de peso e formigamento em diferentes partes do
corpo e, principalmente, a processos degenerativos, como a hérnia de disco
(ZAPATER, 2004).
Cripa (2005) afirma que, essa posição exige atividade muscular do dorso
e do ventre. O consumo de energia é menor que na posição ortostática. Apesar da
menor exigência energética, essa posição promove uma pressão maior sobre os
discos intervertebrais lombares.
A posição sentada é uma das mais adotadas no ambiente de trabalho sua
análise é fundamental. Moro (2000 apud MORAES, 2002), classifica a partir da
posição do Centro de Gravidade (CG) do corpo, a postura sentada em três
categorias distintas: (a) postura média. O CG está diretamente acima das
tuberosidades isquiáticas e apenas 25% do peso corporal é transmitido ao solo
através dos pés. Com o corpo relaxado nessa postura, a coluna lombar permanece
alinhada ou em leve cifose. (b) postura anterior. Nesta posição o CG encontra-se
defronte às tuberosidades isquiáticas e mais de 25% do peso corporal é transmitido
ao solo pelos pés. Essa postura é assumida com a inclinação à frente do tronco,
sem ou com pouca rotação da pelve com uma cifose dorsal mais pronunciada. (c)
19
postura posterior. Nesta posição o CG encontra-se localizado atrás das
tuberosidades isquiáticas e menos de 25% do peso corporal é transmitido ao solo
através dos pés. O tronco encontra-se inclinado para trás, juntamente com a rotação
da pelve para trás, aumentando assim a cifose dorsal.
Para a postura sentada, os cuidados com os assentos deverão atender às
características do trabalho executado. É importante a existência de espaço
suficiente para as pernas ficarem em posição natural e os pés apoiados (CRIPA,
2005).
Os fatores mecânicos como posturas estáticas adaptadas no trabalho,
vibração, tarefas repetitivas e condução prolongada são consideradas fatores de
risco para a lombalgia. Há também fatores pessoais a serem considerados: a idade,
o sexo, obesidade (PONTE, 2005).
As dores nas costas acontecem, pois a maior parte do tempo
permanecemos na posição sentada, ou seja, trabalharmos sentados, nos
locomovermos sentados e depois vamos para casa sentar, assim sobrecarregando
cada vez mais a coluna lombar.
2.3 MÉTODO MCKENZIE
A técnica de McKenzie foi elaborada pelo fisioterapeuta Robin A.
McKenzie, graduado pela Faculdade de Fisioterapia da Nova Zelândia que
desenvolveu seu método por volta de 1956, onde aborda o tratamento das dores da
coluna relacionadas aos distúrbios do sistema articular da coluna vertebral. Esta
técnica de terapia manual utiliza os movimentos do próprio paciente no alívio da dor
e na recuperação da função. Ela é uma técnica de avaliação e um método
terapêutico baseado na avaliação da resposta sintomática na avaliação da dor ou
redução da deformidade tecidual (KODISK, 2001).
Aina, May e Clare (2004), a centralização pode ocorrer na coluna lombar,
cervical, e torácica.
O método McKenzie analisa a resposta sintomática e mecânica do
paciente pelo movimento cujo posicionamento deve manter um arco de movimento,
20
a fim de determinar se existe um direcionamento de movimento que determine uma
diminuição/ abolição/ centralização do sintoma (AINA, 2003).
O Dr. Robin Mckenzie acreditava que as dores lombares eram oriundas
de três mecanismos: a “Síndrome de Postura”, causada por uma deformação
mecânica dos tecidos moles adjacentes aos segmentos vertebrais; a “Síndrome de
Disfunção”, causada por um encurtamento ou aderência tecidual causada pela má
postura ou por contratura do tecido fibro-colagenoso desenvolvido após um trauma;
e o terceiro e último mecanismo, a “Síndrome do Desarranjo” causada por um
deslocamento do disco intervertebral (MACHADO, 2005).
Na síndrome postural, o paciente não costuma referir dor quando assume
a posição neutra em pé; ele não apresenta deformidades posturais e a amplitude de
movimento da coluna é praticamente integral. Makofsky (2006, p. 12) “[...] de acordo
com Mckenzie, os pacientes portadores da síndrome postural, em geral, têm menos
de 30 anos de idade e, por definição, não apresentam barreiras restritivas. Esses
desenvolvem sintomas locais e, em geral, adjacentes à coluna vertebral.” A dor se
manifesta após posicionamento prolongado, como no caso de postura prolongada
durante o trabalho. Essas posturas prolongadas começam a produzir tensão nos
elementos de tecido conjuntivo da coluna, resultando em dor.
Makofsky (2006) relata que, na síndrome da disfunção, os paciente
queixa-se de dor intermitente semelhante àquela do paciente com síndrome
postural, porém a diferença está no fato de seus tecidos moles estarem
anormalmente retraídos. Os sintomas em geral são adjacentes à coluna vertebral e
nunca se irradiam distalmente, exceto no caso de uma raiz nervosa pinçada. Pode-
se dizer simplesmente que a dor da síndrome de disfunção é produzida
imediatamente, quando os tecidos encurtados são alongados. O tratamento consiste
nas tentativas de aumentar a capacidade de extensão dos tecidos, mediante
aplicação de manobras controladas de alongamento até os extremos dolorosos
(MALONE; MCPOIL; NITZ, 2000).
Na síndrome do desarranjo, Makofsky (2006) relata que, as
características dessa síndrome podem incluir sinais e sintomas neurológicos, dor
durante o movimento, deformidade aguda, além de dor intensa e incapacitante. Os
pacientes com a síndrome do desarranjo (que ocorre principalmente nas colunas
cervical e lombar) descrevem com freqüência que seu pescoço e/ou costas estão
fora.
21
Aina (2003) determina-se que a técnica de McKenzie é muito eficaz pela
manipulação e pelo alinhamento intensivo de força.
2.3.1 Posturas do método Mckenzie
A seguir será descrito as posturas do método McKenzie conforme relata
Palmer e Epler (2000).
• Inclinação anterior de pé: O indivíduo fica de pé com os pés separados por cerca
de 30 cm e pede-se que faça deslizar suas mãos pela superfície anterior da perna,
como se fosse para tocar os pododáctilos até onde for tolerado e, em seguida, que
retorne à posição ereta.
Figura 1- Inclinação anterior de pé. Fonte: Palmer e Epler (2000).
22
• Inclinação posterior de pé: o indivíduo fica de pé com os pés separados cerca de
30 cm e as mãos colocadas na cintura. O indivíduo se inclina para trás apoiado
sobre as mãos e, em seguida, retorna à posição ereta.
Figura 2 - Inclinação posterior de pé. Fonte: Palmer e Epler (2000). • Inclinação anterior supina: o indivíduo fica na posição supina, segurando os joelhos
com as mãos. O indivíduo inclina-se para frente, tracionando os joelhos na direção
do peito. A flexão dos joelhos elimina a compressão da coluna vertebral pelo peso
corporal e a tensão exercida sobre a raiz nervosa.
Figura 3 - Inclinação anterior supina. Fonte: Palmer e Epler (2000).
• Inclinação posterior de bruços: O indivíduo deita-se de bruços com as mãos
posicionadas como se fosse para fazer hiperextensão do tronco. Pede-se ao
23
indivíduo que retire os MMSS e levante o tronco, mantendo a pelve e os MMII em
contato com a maca e, em seguida, que retorne à posição inicial. Nessa posição, a
compressão exercida pelo peso do corpo diminui e a atividade muscular dos
músculos do tronco é eliminada.
Figura 4 - Inclinação posterior de bruços Fonte: Palmer e Epler (2000).
Petersen (2003), a essência do tratamento é o desempenho auto-
mobilizações de movimentos ou sustentação nas posições em sentidos do
movimento específico, e a aplicação de pressão manual e/ou a mobilização do
terapeuta.
2.4 FLEXIBILIDADE
A flexibilidade pode ser definida como a amplitude articular máxima em
uma ou mais articulações ou pela relação existente entre o comprimento e a tensão
de um músculo alongado (VIVEIROS, 2004).
A flexibilidade é um componente essencial da aptidão física. O aumento
da flexibilidade melhora a eficiência do movimento, reduz a incidência de distensão
muscular, melhora a postura e melhora a habilidade geral em certos aspectos
(HAMILL; KNUTZEN, 1999).
24
Níveis adequados de força muscular e flexibilidade são fundamentais para
o bom funcionamento músculo-esquelético, contribuindo para a preservação de
músculos e articulações saudáveis ao longo da vida. Por outro lado, tanto o declínio
da força muscular quanto dos níveis de flexibilidade vai gradativamente dificultando
a realização de diferentes tarefas cotidianas, levando, muitas vezes, à perda
precoce da autonomia (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
A flexibilidade implica em liberdade de movimento, a capacidade de uma
articulação mover-se com fluidez em sua potência, a habilidade de uma pessoa para
mover uma parte ou partes do corpo numa grande ADM intencional, a ADM de um
tecido mole sadio em resposta ao alongamento ativo ou passivo, habilidade para
relaxar e ceder a uma força de alongamento e a habilidade para mover uma
articulação através de uma ADM normal sem estresse excessivo para a unidade
musculotendinosa (ALTER, 1999).
Um programa de treinamento de flexibilidade é definido com exercícios
planejados, deliberados e regulares que podem aumentar permanentemente e
progressivamente a amplitude de movimento conveniente de uma articulação ou
conjunto de articulações durante um período de tempo (ALTER,1999).
2.4.1 Componentes limitantes da flexibilidade
A flexibilidade é limitada por vários fatores, tais como: a) formato das
superfícies articulares; b) adesões, contraturas e cicatrizes nos tecidos moles; c)
componentes contráteis; d) ligamentos e tendões; e) tecido conectivo; f) restrição
neural.
Também pode apresentar limitações mecânicas, como o excesso de
gordura ou excesso de massa muscular.
Achour Júnior (2006) afirma em pessoas obesas pode-se observar um
limite mecânico em alguns grupos musculares por causa do volume do abdome, que
impede o tronco em aproximar-se dos membros inferiores.
A limitação mecânica ocorre em pessoas com hipertrofia muscular,
impedindo, por exemplo, uma maior flexão do cotovelo devido o volume do bíceps
25
braquial. Com o excesso de hipertrofia ocorre encurtamento muscular, a força e a
flexibilidade tornam-se limitadas funcionalmente (ACHOUR JUNIOR, 2006).
2.4.2 Teste de finger-floor
Para verificar a flexibilidade foi realizado o teste de finger-floor/teste da
distância entre a ponta dos dedos e o chão que é realizado com o paciente em pé
com os joelhos estendidos e leva os braços e as mãos estendidos em direção ao
chão, paralelamente. Mede-se então, a distância entre a ponta dos dedos e o chão,
ou indica-se a altura (joelho, meio da tíbia) alcançada pelos dedos (BUCKUP, 2000,
p. 5).
Figura 5 – Teste de finger-floor. Fonte: Hoppenfield (1999 apud Schimidt; Rosas, 2005).
“Clinicamente, a distância entre a ponta dos dedos e o chão é importante
na avaliação dos efeitos de uma terapia.” (BUCKUP, 2000, p. 6).
26
2.5 ALONGAMENTO
Alongamento é um termo geral usado para descrever qualquer manobra
terapêutica elaborada para aumentar o comprimento de (alongar) estruturas de
tecidos moles patologicamente encurtados e desse modo aumentar a amplitude de
movimento (KISNER; COLBY, 1998).
As fibras musculares são incapazes de se alongarem ou estenderem-se
sozinhas. O alongamento ocorre com uma força externa ao músculo. Entre essas
forças estão a gravidade, o momento (movimento), a força dos músculos
antagonistas no lado oposto da articulação e a força fornecida por outra pessoa. A
última pode ser realizada por um movimento de empurrar ou puxar manualmente ou
através do uso de equipamento especial (ALTER, 1999).
Alter (1999) descreve que exercícios e habilidades especiais de
alongamento foram desenvolvidos para alcançar a flexibilidade. Independente do
método empregado pode ser produzido de diversas maneiras, determinado por sua
quantidade ou intensidade, duração, freqüência de movimentos realizados e
velocidade ou natureza do alongamento. As técnicas de alongamento para aumentar
a amplitude de movimento incluem balístico, estático, passivo e dinâmico.
O alongamento balístico é um movimento composto, onde a primeira fase
constitui um movimento de força contínua, usa-se um movimento acelerado pela
contração concêntrica dos agonistas, sem o impedimento de contração dos
antagonistas, a segunda fase é um movimento em inércia, não há contração
muscular. Na amplitude final do movimento desacelera-se, deixando a resistência
por conta dos músculos e ligamentos alongados, favorecendo resposta elástica
(ACHOUR JUNIOR, 2006).
Hall (2005) relata que, no alongamento estático os movimentos são
lentos, quando a posição articular desejada é alcançada será mantida por cerca de
10 a 30 segundos. O alongamento estático é preferido ao alongamento balístico,
pois este ativa a resposta dos fusos musculares que inibem o alongamento.
O alongamento passivo é realizado com a ajuda de forças externas, por
exemplo, aparelhos ou companheiros, estando o praticante em uma posição
passiva, ou seja, com descontração muscular e com boa posição do sistema
musculoarticular (ACHOUR JUNIOR, 2006).
27
Achour Junior (2006) descreve que o alongamento dinâmico ou ativo é
determinado pelo maior alcance do movimento voluntário, utilizando das forças dos
músculos agonistas e o relaxamento dos músculos antagonistas.
28
3 MATERIAIS E MÉTODO
Segundo Gil (1995), refere-se ao planejamento da mesma em sua
dimensão ampla, ou seja, no delineamento o pesquisador estabelece os meios
técnicos da investigação, prevendo-se o tipo de estudo, a população e sua
configuração, os instrumentos e procedimentos que serão utilizados na coleta de
dados.
A abordagem da pesquisa é do tipo quantitativa, conforme Leopardi
(2002), enumeração de perguntas claramente formuladas e fecundadas, delimitando
um campo para a investigação, passando do nível objetivo e lógico do
conhecimento.
O procedimento da coleta entende-se como quase-experimental segundo
Leopardi (2002), são pesquisas em que aparecem variáveis não controláveis, ou a
amostra não é aleatória, porém é muito semelhante à pesquisa experimental.
3.1 POPULAÇÃO/AMOSTRA
A população escolhida para o estudo consta de adultos do sexo
masculino, que cursam Sistema de Informação e Fisioterapia da Universidade do Sul
de Santa Catarina – UNISUL campus Tubarão, formados por indivíduos da 6ª, 7ª e
8ª fase dos referidos cursos, sendo que a amostra foi do tipo não probabilística
intencional.
Aplicou-se o questionário de Oswestry nos acadêmicos do curso de
Sistema de Informação e Fisioterapia, sendo que vinte apresentaram dor lombar, no
entanto, apenas três do curso de Sistema de Informação aceitaram participar da
pesquisa. Já no curso de Fisioterapia dez apresentaram dor lombar e sete
participaram da pesquisa (ANEXO A).
Como critério de inclusão para a caracterização da amostra, estabeleceu-
se os seguintes parâmetros:
a) Ser do sexo masculino;
b) Possuir entre 20 e 30 anos de idade;
29
c) Ser inativo, sedentário, não realizar nenhum tipo de exercício;
d) Permanecer mais de 4 horas por dia em posição sentada;
e) Ter como tratamento apenas medicamentoso, nunca ter realizado fisioterapia;
f) Disponibilidade de tempo para realizar as intervenções fisioterapêuticas;
Foram coletados apenas pessoas do gênero masculino, devido o fato de
que o gênero feminino apresentarem fatores hormonais o quais não seriam
fidedignos quanto à resposta da intervenção.
Como menciona Enoka (2000 apud ACHOUR JÚNIOR, 2004), os fatores
hormonais também podem ser fatores contribuintes, pois o sexo feminino possui
uma maior quantidade de estrógeno provocando um menor desenvolvimento da
massa muscular e maior acúmulo de água e polissacarídeos, minimizando o atrito
entre as fibras musculares facilitando as condições de flexibilidade.
Apesar de numerosas causas e fatores de risco que estão relacionados
com a lombalgia, vários pesquisadores a caracterizam como uma doença de
pessoas com vida sedentária e, portanto, escolhemos indivíduos inativos para a
coleta de dados; a inatividade física estaria relacionada direta ou indiretamente com
dores na coluna; a maior parte da atenção dirige-se a considerá-la um subproduto
da combinação da aptidão músculo-esquelética deficiente e uma ocupação que
force essa região (TOSCANO, 2001).
Segundo Makofsky (2006) a escolha dos indivíduos estudantes é porque
a dor é provocada por deformação mecânica do tecido sadio normal, quando os
seguimentos vertebrais são submetidos a uma carga estática durante um período
prolongado.
Realizou-se o tratamento na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL –
Tubarão, onde os participantes concordaram em participar desta pesquisa, no
período de setembro a outubro de 2007.
3.2 MATERIAIS
No presente estudo utilizou-se instrumentos para a coleta de dados, tais
como:
• Questionário de Oswestry para identificar a presença da dor lombar (ANEXO A);
30
• Fita métrica para mensurar o teste dedo – chão, para verificar a flexibilidade;
• Tatame;
• Banco de madeira com 20 cm;
٠ Escala visual análoga (EVA)
3.3 MÉTODOS
O projeto da pesquisa foi apresentado para as coordenações do Curso de
Ciência da Computação e da Fisioterapia, que concordaram com a pesquisa e
depois foi explicado aos alunos sobre os procedimentos da pesquisa, os objetivos e
os benefícios, após explicado foi entregue o questionário de Oswestry aos alunos de
Sistemas de Informação e Fisioterapia, do sexo masculino com o objetivo de coletar
indivíduos que encaixem no perfil da pesquisa.
Após respondido os questionários, a pesquisadora analisou, classificou e
entrou em contato (através de e-mail e telefone) com os acadêmicos que
participaram da sua amostra.
Na primeira consulta realizou-se a avaliação na Clínica Escola de
Fisioterapia – UNISUL ocorrido no dia 4 de setembro de 2007, os sujeitos foram
submetidos à avaliação da flexibilidade de flexão da coluna lombar utilizando o teste
dedo-chão, saber o quanto de dor o estava sentindo, através da escala visual
análoga (EVA) e também foram explicadas as posturas do método de McKenzie. O
tempo que o indivíduo ficou disponível foram 15 minutos que estavam com
vestimenta adequada que não restringia os movimentos.
Para medir a flexibilidade, a examinadora se posicionava joelhada na
frente do sujeito que, estava de pé em um banco de madeira de 20 cm, pediu-se a
ele que realizasse uma flexão da coluna lombar sem forçar e sem flexionar os
joelhos e com a fita métrica foi mensurado a distância dedo-chão do indivíduo (o
teste dedo-chão foi mensurado três vezes).
Após conversarmos e realizarmos as posturas, foi entregue o termo de
consentimento livre e esclarecido aos acadêmicos (APÊNDICE A).
31
Os alunos receberam um manual de orientações sobre as posturas do
método McKenzie para serem realizado em sua própria residência durante um mês
(ANEXO B).
Segundo Thomé e Lemos (2007 apud Mckenzie, 1981) os atendimentos
devem ser realizados sempre no período da tarde, após as 14 horas, quando o
núcleo pulposo encontra-se desidratado, por isso estipulou-se que os acadêmicos
realizassem as posturas nesse período.
Foi realizada a inclinação anterior e posterior repetida, de pé e deitado
(teste de movimento repetido de McKenzie).
A inclinação repetida é utilizada para estabelecer a diferença entre o
desarranjo do disco e a disfunção mecânica de outras estruturas vertebrais. Para
todos os testes, é observado o efeito do primeiro movimento sobre a dor do
indivíduo. O efeito é normalmente observado após a realização de movimentos
repetidos (PALMER; EPLER, 2000).
As posturas eram mantidas por 5 segundos e o sujeito retornava a
posição inicial. Foram realizados 1 série de 10 repetições com intervalo de 30
segundos entre as mesmas.
Após os auto-atendimentos foi observada a diferença da distância do
teste dedo-chão e se houve diminuição da dor (do mesmo modo que foi realizado na
avaliação).
3.4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Os dados foram analisados conforme estatística descrita simples, de
forma comparativa, e expostos através de quadros e gráficos. Os testes realizados
foram os testes de Wilcoxon para amostras dependentes, sendo analisado com
significância de 5% (α=0,05) e nível de confiança de 95% (TRIOLA, 1999).
Utilizaram-se os softwares Microsoft Word® e Microsoft Excel® e Statdisk®
(Copyrigtht, 1998 de Addison- Wesley Longman, Inc.).
32
3.5 COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP)
Os indivíduos que aceitaram fazer parte da pesquisa assinaram o Termo
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A).
Este projeto foi analisado pelo Comitê de Ética da UNISUL, no dia 19
de abril de 2007 do corrente deu parecer favorável e foi devidamente documentado
no CEP com registro 07.121.4.08.III, cujo qual encontra-se uma cópia no anexo C.
33
4 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
São apresentados neste capítulo os resultados obtidos no estudo, com
dados referentes à avaliação e reavaliação da escala visual análoga e da
flexibilidade.
4.1 ESCALA VISUAL ANÁLOGA (EVA)
O gráfico 1 apresenta os resultados da avaliação e reavaliação da EVA. A
média da EVA1 na avaliação foi de 4,7 e na EVA2 que é a reavaliação foi de 2, 5,
representando uma redução de 47%.
O desvio padrão na avaliação foi de 1,9 e na reavaliação 1,5.
Foi feito o teste Wilcoxon para amostras dependentes com α =0,05 onde
apresentou que foi positivo, ou seja, a redução da dor é estatisticamente significante,
que revelou que existe diferença na dor antes e após. Este estudo sugere que o
método Mckenzie é efetivo na redução da dor lombar.
Gráfico 1- Escala Visual Análoga. Fonte: Elaboração da autora (2007).
Escala Visual Análoga
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Sujeitos
(cm) EVA1 EVA2
34
A diminuição da dor pode ser observada através do gráfico 1 sendo mais
expressiva nos pacientes 1 e 2 (redução de 4), seguidos do 5 e 9 (redução de 3), 10
e 3 (redução de 2) e 4,6,7,8 (redução de 1).
Com este estudo podemos analisar que o gráfico acima mostrou que
houve um significativo resultado em relação à redução da dor dos sujeitos da
pesquisa, os quais aplicaram as posturas de McKenzie (inclinação anterior e
posterior de pé, inclinação anterior supina e inclinação posterior de bruços), sendo
que todos os participantes da pesquisa foram orientados e ensinados a utilizar o
método em suas residências. Sugere-se que alguns indivíduos obtiveram melhora
no quadro de dor, pois utilizaram devidamente as séries diárias repassadas.
Ao permanecermos em uma mesma posição, a compressão exercida
sobre os discos intravertebrais irá ocasionar um aumento da pressão interna do
núcleo e da tensão das fibras do anel. Realizando os movimentos de flexão e
extensão, o núcleo irá se movimentar, descolando-se para trás e para frente
causando tensões diferentes para as fibras, causando assim a dor lombar.
A postura sentada gera várias alterações nas estruturas músculo
esqueléticas da coluna lombar. O simples fato de o indivíduo passar da postura em
pé para a sentada aumenta em aproximadamente 35% a pressão interna no núcleo
do disco intervertebral e todas as estruturas como os ligamentos, pequenas
articulações e nervos que ficam na parte posterior são esticadas, o acúmulo de
resíduos nos músculos paravertebrais deve-se ao suprimento sangüíneo, provocado
pela contração muscular, e isso causa desconforto e consequentemente às dores
lombares (PEQUINI, 2005).
Segundo Viel (2000, p.13) mesmo sendo os discos intravertebrais poucos
inervados, as deformações que eles impõem aos ligamentos são suficientes para
desencadear a dor. Pequini (2005) acrescenta que na posição sentada, os músculos
isquiotibiais e iliopsoas se encurtam, ocasionando a acentuação da lordose,
provocando o surgimento da dor na coluna.
Conforme os movimentos de flexão/extensão da coluna lombar que os
indivíduos da pesquisa estavam realizando (que é a aplicação do método Mckenzie)
ocorre a movimentação do núcleo pulposo assim resultando em uma deformação
quando submetido a pressão, distribuindo as forças que vão contribuir para o
equilíbrio da tensão.
35
O método McKenzie é confiável para o exame dos pacientes que
apresentam comportamento de dor e sofrimento lombar, por meio de movimentos
repetidos (KILPIKOSKI; et al, 2002). Long; Donelson e Fung, (2005) confirmam este
fato e acrescentam que o método promove uma solução imediata e duradoura na
redução da dor.
4.2 FLEXIBILIDADE
O gráfico 2 mostra os resultados da mensuração da flexibilidade pré e pós
Mackenzie.
O estudo realizado demonstrou que todos os acadêmicos com dor lombar
submetidos ao tratamento com o método McKenzie obtiveram aumento da
flexibilidade no pós teste de finger-floor. A média da avaliação foi de 29,3 e na
reavaliação foi de 25,9 apresentando uma melhora de 12%.
A flexibilidade foi avaliada antes e após 1 mês realizando as posturas,
onde pôde ser observada que houve um aumento da flexibilidade.
Aplicou-se o teste Wilcoxon verificando que há diferença estatística entre
o pré-teste e o pós-teste, com significância de 5%. Este estudo sugere que o método
Mckenzie foi efetivo no aumento da flexibilidade.
36
Gráfico 2: Teste finger-floor. Fonte: Elaboração da autora (2007).
O aumento da flexibilidade pode ser observa através do gráfico 2 sendo
mais expressiva no paciente 4 (aumento de 6cm), seguidos do 2, 5 e 9 (aumento de
4 cm), 6, 7, 8 e 10 (aumento de 3cm) e 1 e 3 (aumento de 2cm).
Devido o fato dos sujeitos da pesquisa serem sedentários, os músculos
esqueléticos apresenta um fenômeno associado à atrofia das fibras musculares e
isso influencia na flexibilidade.
A postura sentada, aliada com a falta de atividade física, é um fator crucial
na perca da flexibilidade e conseqüentemente no surgimento de lombalgia. O
sedentarismo está associado ao estilo de vida atual do homem e com o passar dos
tempos o uso da tecnologia limitou ainda mais os movimentos corporais do ser
humano, onde os meios de transporte e eletrodomésticos são os principais
responsáveis (PEQUINI, 2005).
O homem na postura sentada tenta se manter o tronco ereto, submetendo
os músculos paravertebrais a uma tensão constante, os quais são responsáveis pela
diminuição da flexibilidade do sistema locomotor (REIS; MORO; CONTIJO, 2003).
Através da manutenção de uma boa flexibilidade nas principais
articulações se verifica uma grande melhora nas dores, pois quanto mais flexível o
indivíduo for, terá menor propensão à incidência de dores musculares,
principalmente na região dorsal e lombar.
Teste de Finger -floor
0 5
10 15 20 25 30 35 40 45
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Sujeitos
(cm) Pré-teste
Pós-teste
37
Kapandji (2000, p.42) quando uma força de alongamento se exerce sobre
o disco, os platôs vertebrais tendem a separar-se, o que aumenta a espessura do
disco; ao mesmo tempo, a sua largura diminui e a tensão das fibras do anel
aumenta. O núcleo, que está ligeiramente achatado em estado de repouso, toma
uma forma mais esférica, o alongamento diminui a pressão no interior do núcleo.
De maneira geral pode-se concluir que as posturas do método McKenzie
têm influência sobre a flexibilidade da coluna lombar, sugerindo que uma limitação
mecânica pode influenciar nos resultados.
Contudo, se pode afirmar que a mobilidade aumentou e que apresentou a
redução de dor nos sujeitos da pesquisa.
38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final deste estudo, pode-se concluir que houve efetividade do Método
Mckenzie no tratamento da lombalgia apresentada pelos pacientes, resultando com
isso, a diminuição da dor e redução significativa da inabilidade funcional, além da
melhora do movimento de flexão da coluna lombar. E em razão dos resultados
obtidos, temos possivelmente indicativo de que o protocolo utilizado é um bom meio
de tratamento para a dor lombar.
39
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