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INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO
ESTADO DE SÃO PAULO - IPT
UMA AGENDA DE COMPETITIVIDADE PARA A INDÚSTRIA PAULISTA
SETOR DE TRANSFORMAÇÃO DE PLÁSTICOS
Consultoras: Profa. Dra. Maria Carolina A. F. de Souza
Profa. Msc. Daniela Salomão Gorayeb
(As notas técnicas foram elaboradas por especialistas setoriais e o seu conteúdo é de
responsabilidade de cada consultor. Não refletem a opinião do IPT e as prioridades de
políticas da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo).
SÃO PAULO
FEVEREIRO/2008
ÍNDICE
1. Setor de Transformação de Plásticos: 3a. Geração da Cadeia Petroquímica. ___________2
2. Caracterização do setor de transformados plásticos.______________________________8
2.1 Caracterização do setor no mundo _______________________________________8
2.2 Caracterização do setor no Brasil e no Estado de São Paulo.__________________18
3. Fatores críticos à competitividade do setor ____________________________________54
4. Competitividade do Setor de Transformados Plásticos no Estado de São Paulo:
Restrições e Oportunidades ____________________________________________________78
5. Propostas de ação do Governo do Estado de São Paulo para o desenvolvimento do
setor de transformados plásticos ________________________________________________88
5.1 Propostas__________________________________________________________95
5.2 Matriz de Avaliação da Capacidade Competitiva e de Recomendações de
Políticas Públicas para o Desenvolvimento Produtivo e Tecnológico da Cadeia/Setor no
Estado de São Paulo_______________________________________________________102
6. Referências bibliográficas ________________________________________________105
1
SETOR DE TRANSFORMAÇÃO DE PLÁSTICOS
Consultoras: Profa. Dra. Maria Carolina A. F. de Souza
Profa. Msc. Daniela Salomão Gorayeb1
1 As autoras agradecem a colaboração de Mario Ulisses Souza na viabilização de contatos e na pesquisa de campo.
2
1. SETOR DE TRANSFORMAÇÃO DE PLÁSTICOS: 3A. GERAÇÃO DA
CADEIA PETROQUÍMICA.
A indústria de produtos transformados plásticos2, pertencente à chamada 3a. Geração da
Cadeia Petroquímica, engloba o conjunto de empresas que atuam com processos por
meio dos quais resinas (polímeros) são transformadas em produtos plásticos diversos. O
termo “terceira geração da cadeia petroquímica” é bastante utilizado quando se refere a
essa indústria, mas com o desenvolvimento de resinas a partir de bases não derivadas do
petróleo (ainda que em fase muito incipiente, produtos de plásticos já estão sendo
obtidos a partir de resinas que não têm a nafta como matéria-prima), a denominação
pode não ser tão adequada. Entretanto, é de se esperar que por longo tempo ainda as
empresas voltadas para o processo de polimerização que resulta nos termoplásticos e
termofixos (estes últimos tendem a ser cada vez menos utilizados, de acordo com
especialistas em plásticos), que constituem a segunda geração da cadeia, continuem
localizadas em pólos petroquímicos integrados organizados a partir das grandes centrais
de matéria-prima. As principais resinas termoplásticas utilizadas na etapa da
transformação são: polietileno de baixa ou alta densidade (PEBD/PEAD), o
polipropileno (PP), o policloreto de vinila (PVC), o poliestireno (PS) e o polietileno
tereftalato (PET).
É comum que se incluam também as empresas beneficiadoras de resinas, especializadas
no desenvolvimento de resinas de maior valor agregado a partir da combinação de dois
ou mais polímeros, processo importante nos plásticos de engenharia e para a obtenção
de produtos diferenciados. Tal qual na segunda geração, a produção de termoplásticos
reforçados e de alto desempenho (alguns com marcas próprias), requer elevados
investimentos, o que leva à forte presença de grandes empresas, como GE Plastics,
Borealis, Rhodia, etc. Há ainda que se considerar os investimentos em nanomateriais,
para os quais se estima que a demanda mundial em 2006 tenha sido de US$ 1bi, do qual
50% oriunda da indústria de eletrônicos, e 14% do setor de cuidados médicos. Previsões
2 Uma dificuldade metodológica para a comparação internacional advém do fato de a literatura internacional sobre plásticos muitas vezes apresentar sob a denominação materiais plásticos dados relativos tanto aos transformados plásticos quanto às resinas termoplásticas, sem desagregá-los.
3
para 2011 indicam demanda de US$ 4,bi, evidenciando a importância de investimentos
nessa área.
Enquanto na produção de resinas destacam-se grandes empresas multinacionais
verticalmente integradas, a principal indústria demandante, transformados plásticos, é
caracterizada por um enorme número de empresas (a maioria das quais de pequeno e
médio portes) com atuação em uma grande variedade de mercados distintos
(embalagens, materiais de construção e calçados, são apenas alguns exemplos).
Tendo como insumos as resinas termoplásticas, a indústria de transformados é capaz de
gerar uma imensa gama de produtos para diversos mercados a partir de bases produtivas
(processos) comuns. Dentre outros processos, destacam-se: injeção (confecção de
utensílios plásticos em geral, como bacias, tampas, caixas, pára-choques, calotas, etc.);
extrusão (principalmente para obtenção de filmes de PEBD, para uso como saco
plástico, ou tubos de PVC ou PE); sopro (na confecção de peças ocas, como bolsas,
frascos ou garrafas, etc.); rotomoldagem (produção de caixas d’água e tanques);
termoformagem (produção de embalagens rígidas), Vacuum Forming (produção de
protetores de cárter, pára-choques, etc.).
Os produtos obtidos por meio da transformação de resinas plásticas destinam-se a
diversos usos e mercados, seja como produtos a serem utilizados nos processos
produtivos de outras indústrias e setores de atividades (autopeças, partes de
computadores, celulares, eletroeletrônicos e eletrodomésticos, embalagens para as
indústrias de alimentos e bebidas, de higiene e limpeza, de cosméticos, farmacêutica,
produtos para a área médica, produtos para escritório, produtos para a construção civil,
para gravadoras, para o cinema, para a indústria moveleira, têxtil e calçadista,
embalagens e recipientes em geral, etc.), seja voltados ao consumo final (sacos e
sacolas, sacos de lixo, embalagens e recipientes de uso final, brinquedos, utilidades
domésticas, objetos de decoração e acessórios para a casa, objetos de uso pessoal,
presentes, artigos escolares, artigos de jardinagem, para lazer e esportes, etc.). A
considerar ainda que parte da transformação é destinada ao uso interno de empresas de
diversos setores, como automotivo, cosméticos, alimentos, produtores de instrumentos
4
de medição, etc., que, portanto não aparecem nas estatísticas da indústria de
transformados plásticos.
Os setores mais dinâmicos, ou seja, aqueles cuja taxa de inovação em produtos e
processos é mais elevada, são os setores de transformação de plásticos fornecedores
para as indústrias automotiva e de eletroeletrônico, para a área médica e de saúde, para a
agricultura e também o setor de embalagem. Em geral, nos novos produtos criados
nesses setores são utilizados os plásticos técnicos a partir da formulação de novas
combinações de resinas e outros elementos. Nesses setores, embora seja fundamental
conhecimentos e capacitações em design e relacionamento com o cliente, a interação
com os produtores de resinas e compósitos ou a produção própria de resinas técnicas
constituem a chave para a capacidade de inovação.
Para o setor automotivo, a indústria de transformação deve ser altamente inovadora para
fornecer peças técnicas com plásticos de engenharia com alto conteúdo tecnológico
dado que as peças com novos compósitos estarão propiciando maior resistência à
corrosão, redução de peso, oferecendo maior segurança, inclusive no que se refere à
resistência ao fogo, o que o torna funcional não só para os painéis, mas também para as
caixas que vão acomodar os componentes eletrônicos, etc.
Para o setor produtor de eletroeletrônicos, as inovações nos plásticos aparecem no
design (estética e funcionalidade), na eliminação de algumas etapas do processo de
produção, algumas etapas da pintura, resistência à corrosão, redução do peso, e do
tamanho em geral (aspecto importante para o padrão atual das residências, por exemplo,
apartamentos cada vez menores).
Na área médica e dos cuidados com a saúde em geral há um espaço claro para os
plásticos biodegradáveis, pela característica de não se poder reciclar esses materiais
hospitalares. Novamente, a característica de versatilidade, leveza, maleabilidade,
amplia as possibilidades do uso do plástico em diversos produtos para o setor (para
seringas, cateteres, próteses ortopédicas, próteses dentárias, bolsas de sangue, etc).
5
Alguns tipos de embalagens mais sofisticadas para a indústria de cosméticos, associado
ao desenvolvimento de moldes mais sofisticados, permitem design funcional e estético,
que valoriza os produtos.
Na agricultura, o potencial para o uso dos plásticos ainda não foi totalmente explorado
(nas coberturas, nas embalagens para defensivos agrícolas, nos contêineres, no
transporte e manutenção de alimentos, etc.).
Essas áreas serão cada vez mais importantes para o dinamismo do setor de
transformados, enquanto algumas áreas tradicionais, como os sacos e sacolas plásticas
tendem a perder terreno, com diversos países já impondo severas restrições ao seu uso
(mesmo em material biodegradável).
As características dos plásticos, tais como, leveza, resistência e, especialmente, a
versatilidade, oferecem amplas possibilidades de diferenciação e de diversificação.
Além disso, relativamente a outros materiais oferece benefícios em termos de custos de
obtenção e na produção, desempenho e flexibilidade. Esse conjunto de vantagens torna
os plásticos um produto substituto para um número cada vez maior de materiais.
Significativo a esse respeito é o crescente uso de plásticos na área médica e cuidados
com a saúde em geral3, e também o uso de plásticos de engenharia na produção de
componentes e partes de diferentes produtos como geladeiras, computadores, aviões e
automóveis, etc.
Entretanto, a durabilidade, outra forte característica, traz vantagens, mas também é a
fonte da principal crítica à indústria: os efeitos nocivos ao meio ambiente por se tratar
de materiais de logo período para a degradação. O peso sobre o setor dessa
característica dos plásticos torna cada vez mais essenciais investimentos em pesquisa
para o desenvolvimento de novas tecnologias de reuso, economia e geração de energia,
reciclagem, ações para a conscientização quanto ao uso e ao descarte corretos dos
materiais.
3 A importância fica clara com dados da demanda dos EUA por plásticos na área média, com valor estimado de US$ 5,0 bi em 2008, principalmente para aplicações em cateteres para angioplastia, implantes ortopédicos, etc.
6
Adicionalmente, a característica de não degradáveis dos plásticos estimula diversas
pesquisas na busca de resinas degradáveis. À medida que mais pesquisas forem bem
sucedidas e bioplásticos (tendo como base diversas fontes renováveis, incluindo o
etanol, e de diversos ciclos de degradação) mostrem-se viáveis em escala comercial, à
característica diversificação de produtos finais, e à variedade de processos por meio dos
quais as resinas são transformadas em produtos de plásticos, poderá ser agregada a
diversificação também no que tange à origem dos polímeros, base da indústria de
transformados plásticos. Dessa forma, à lista de principais resinas deverão ser
adicionados os bioplásticos e, em alguns casos, vantagem adicional – o fato de serem
biodegradáveis. A tendência é de crescimento. O mercado global para polímeros
biodegradáveis evoluiu de 27,27 milhões de toneladas em 2000 (das quais, 14,57
milhões em embalagens) para 51,36 milhões de toneladas em 2005 (das quais, 23,63
milhões em embalagens) e previsão de 94,54 milhões (43,63 milhões em embalagens)
em 2010 (Business Comunications Co. Inc. in Plastics News, fevereiro de 2006).
Não obstante tal vantagem, ao mesmo tempo em que as pesquisas na busca de plásticos
biodegradáveis se multiplicam, há vários artigos advertindo que os bioplásticos podem
não ser tão amigáveis ao meio ambiente, principalmente se levarem ao uso não racional,
com o pressuposto de que se degradam, e que, portanto podem ser consumidos sem
“culpa” (a esse respeito vale mencionar a taxação de sacolas plásticas, como na Irlanda,
o pagamento pelo uso, e mesmo a tendência à proibição em alguns países). Nesses
artigos, a ênfase recai sobre a importância do uso racional dos plásticos e massificação
da reciclagem, que poderia reduzir drasticamente os indesejáveis efeitos colaterais do
crescimento no consumo mundial de produtos de plástico. Assim, um conjunto de ações
voltadas para o setor deverá reservar um espaço significativo para as questões
envolvidas na reciclagem.
O presente trabalho analisa o setor de transformação de plásticos tendo como foco a
posição do setor na cadeia na qual se insere, a competitividade no Brasil vis-à-vis os
competidores externos e algumas questões que afetam o setor atualmente como a da
reciclagem e a dos novos plásticos. Sempre que possível, a posição competitiva das
empresas do Estado de São Paulo será enfatizada. O recorte sobre o Estado de São
7
Paulo é feito tendo como base os dados secundários do setor e também algumas
entrevistas com empresas e institutos de pesquisas situados no estado.
8
2. CARACTERIZAÇÃO DO SETOR DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS.
2.1 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR NO MUNDO
A produção mundial de plásticos (resinas) evoluiu de 1,5 milhão de toneladas em 1950
para estimados 245 milhões de toneladas em 2006 (PlasticsEurope, EuPC, 2008). Esse
volume pode ser considerado como um indicador da produção mundial de
transformados plásticos dado que, em geral, resinas são destinadas à transformação (e
considerando-se que não haja estoques relevantes de produtos finais nos produtores de
resinas e de matérias-primas, resinas, no conjunto das empresas transformadoras de
plásticos). Desse total, a Ásia responde por cerca de 40% (China, 14,5%, Japão, 6%);
Europa (UE 25 mais Noruega e Suíça) aproximadamente 25% (Alemanha, 8%; Bélgica,
Holanda e Luxemburgo, 5%; França, 3%; Itália, 2%; Espanha, 1,5%; Reino Unido,
1,5%); Estados Unidos, aproximadamente 23%; América Latina, cerca de 4% (Brasil,
3%).
Na Europa, o volume transformado de resinas (com produção estimada de 60 milhões
de toneladas) foi, em 2006, de estimadas 49,5 milhões de toneladas (crescimento de 4%
relativamente a 2005) das quais Alemanha e Itália juntas representam 40%. O
crescimento médio da demanda por resinas plásticas foi de 3,5%, chegando a 6% em
alguns países como Áustria, Alemanha e Portugal e a 12% em alguns dos novos
membros da União Européia como Polônia e República Tcheca, indicando o grande
potencial de crescimento, para o que contribuiu a integração na União Européia
(PlasticsEurope, EuPC, 2008).
A demanda por resinas plásticas (crescimento acentuado para grades de polietileno) foi
beneficiada pela recuperação da economia européia, tendo como principal motor a
Alemanha com significativos investimentos e volume de exportações. Foi beneficiada
igualmente pelo crescimento da Europa Central, onde os transformadores locais nem
sempre conseguem atender rapidamente a demanda, em especial por embalagens, e por
alguns produtos de maior conteúdo tecnológico. É fato que parte da produção de
plásticos padronizados, de baixo custo e mais intensivos em mão-de-obra vem sendo
transferida para países de menor custo da mão-de-obra, alguns da Europa Central e
Leste Europeu, no entanto, produtos de maior complexidade tecnológica continuam a
9
ser produzidos na Europa Ocidental; a Alemanha em particular tem vantagens não só no
que se refere à evidente vantagem da proximidade geográfica no caso de demanda da
própria Europa, mas, especialmente, pelas competências acumuladas em produtos mais
sofisticados (plastemart.com; www.plastimart.com, acesso em 28/12/2007).
Quanto à participação, do consumo global de produtos plásticos, EUA representam
27%; Japão, 8%, Alemanha, 8%. No que se refere ao uso final, o setor de embalagens
continua a ter peso importante no consumo de resinas. Nos EUA: embalagens, 31%;
construção, 18%; consumo e institucional, 18%, transportes, 5%. No Japão:
embalagens, 36,8%; construção, 25,8%; eletroeletrônicos, 9,9%; automotiva, 7%; Na
Europa: embalagens, 37%; construção, 21%; automotiva, 6%, eletroeletrônicos, 8%.
Considerando-se a análise do conjunto de fatores que influenciam a competitividade da
indústria e os pontos destacados na análise do setor de transformados plásticos no
Brasil, pode-se conjeturar que parte das dificuldades recorrentemente apontadas para o
setor tem origem em variáveis sobre as quais o poder de gestão dos dirigentes das
empresas é baixo, em alguns casos, praticamente nulo, e que são sentidas também pelas
empresas do setor mesmo nos principais países produtores.
Recentemente, uma dessas dificuldades vem sendo sintetizada como o “fator China”,
que aparece em análises do setor na União Européia, dos EUA, etc. e que se torna muito
perceptível (“eclode”) a partir do início deste século. A esse respeito vale notar que em
análises anteriores a 2000, EUA, Alemanha e Japão aparecem como os grandes países
atores na indústria mundial de transformados plásticos.
Em análises mais recentes, a China aparece como o grande ator, o grande fator de
pressão, e gerador de reações, pelas notáveis cifras em volume de produção, consumo
interno, exportações, importações (principalmente de resinas) e pelas altas taxas de
crescimento. São cada vez comuns frases do tipo: “… o poder da União Européia no
comércio mundial da indústria dos plásticos diminuiu em favor de novas zonas
produtoras. A participação dos países da UE nas exportações mundiais de plásticos
passou de 62% em 1990 para 48% em 2001. Paralelamente, a participação dos países
asiáticos, a China, em particular, nas exportações mundiais cresceu fortemente: de 12%
em 1990 para 21% em 2001” (SESSI, 2004).
10
O impacto da forte presença da China nas exportações mundiais é sentido também pelo
setor nos EUA. Em um dos gráficos da apresentação “Focus on the Future”, da SPI –
Sociedade da Indústria do Plástico, o marco inicial (em 2000) do acentuado aumento do
déficit na balança comercial dos artigos de plástico, aparece marcado com realce e com
a denominação “The China Factor”). A percepção dos efeitos do fator China sobre a
indústria de plásticos nos EUA fez com que a The Society of the Plastics Industry (SPI)
levasse a questão ao Congresso, já no início de 2003, apoiada em uma petição assinada
por mais de 11000 empregados dessa indústria, e em dados sobre emprego (1,5 milhão),
faturamento (US$ 320 bi) e resultado da Balança Comercial, que havia passado de
superávit de US$ 894 milhões a um déficit de US$ 1,4 bi4, em 2002, em grande medida
atribuído ao “fator China”5 . O objetivo foi o de comunicar amplamente que a indústria
passava por situação crítica e precisava da ajuda dos congressistas, na forma de um
programa amplo não só para essa indústria, mas para a indústria manufatureira dos EUA
como um todo, que deveria abranger, entre outros aspectos, a defesa do livre comércio,
preço do gás natural, política tributária para encorajar investimentos, isto é,
reivindicações que não se distanciam das usuais. A contrapartida da indústria ao apoio
do Governo seria o enfrentamento do desafio de continuar a inovar e a aumentar a
produtividade. O que os produtores desejavam, nos termos do representante do SPI era
um ambiente para concorrer com igualdade de condições (plasticsindustry.org, acesso
em 03/02/2008).
No Brasil não é diferente, conforme fica claro pela preocupação expressada em
entrevista para este projeto pelo presidente da Abiplast, Sr. Merheg Cachum, quanto ao
avanço dos produtos chineses no Brasil (movimento sem dúvida favorecido ainda mais
pela atual situação do câmbio, outra variável sobre a qual dirigentes de empresas não
têm poder de gestão), que do abastecimento a pequenas lojas de R$ 1,99 se expandem a
passos largos para as prateleiras e araras de grandes lojas e supermercados, alguns já de
4 Ampliado para US$ 14 bi, de acordo com o manifesto, se consideradas as aplicações de plásticos em produtos de outras indústrias, como automóveis, eletrônicos, linha branca, etc. 5 Interessante observar que diante da atribuição de parte substancial desse cenário à ofensiva da China, um dos congressistas contra argumentou que o problema não era a China, mas o fato de não haver uma estratégia para a indústria.
11
maior valor agregado. O avanço já começa a ser sentido de forma mais perceptível no
segmento dos moldes (não só no Brasil), nesse caso favorecido adicionalmente pela
difusão das tecnologias de informação, que viabilizam o envio de desenhos, planos,
resultados de testes pilotos, pela Internet, ficando a movimentação física, etapa em que a
distância é relevante, para o estágio de transporte do molde acabado.
O que fica evidente pelos exemplos mencionados é que o “fator China” tem impactos
sentidos de forma geral, torna-se quase um “dado”, resulta de estratégia deliberada de
política industrial e de desenvolvimento do Governo chinês, e desse ponto de vista não
está sob poder de gestão de empresas, nem mesmo de outros países. Entretanto, reações
estão sendo esboçadas, como na Europa com a adoção de medidas antidumping.
Verifica-se também a reação de caráter oligopólico de empresas instalando plantas na
China para se beneficiar das mesmas vantagens competitivas, não só o custo da mão-de-
obra, mas também o benefício de ter presença física em um mercado de proporções
gigantes e que, pelo relativo baixo consumo, ainda tem muito a crescer. Reações de
outra natureza podem ter como núcleo investimentos em design, tecnologia, inovação,
ou seja, diferenciação na direção de produtos de maior valor agregado.
Se é muito difícil concorrer com a “grande fábrica mundial chinesa” (ainda com
estratégia de baixo custo), as condições de concorrência têm de ser buscadas no
caminho do design, da qualidade, das especialidades, da diferenciação. Em algum
momento, como parte da política de desenvolvimento, esse caminho será trilhado
também pela China, visando uma inserção mais forte nas exportações mundiais de
produtos de maior valor agregado.
Interessante assinalar que do lado da China, a grande fonte de pressão para a indústria
mundial de plásticos, também são sentidas e apontadas dificuldades e desafios para a
indústria local, tanto no que se refere aos impactos das medidas anti dumping, quanto à
dependência da importação de resinas, quanto à defasagem tecnológica na produção de
máquinas (e mesmo de moldes), quanto ao baixo valor agregado dos produtos
exportados (em contraste com a importação de produtos de maior valor agregado), etc.
Essa preocupação é claramente explicitada em texto do Sr. Liao Zhengpin, President of
China Plastics Processing Industry (LIÃO, 2005), que embora enfatizando o resultado
12
favorável da balança comercial de produtos plásticos (exportações de US$ 9,74 bilhões
e importações de US$ 5,52 bilhões, em 2003), manifesta preocupação com o fato de tal
resultado dever-se principalmente ao aumento do volume exportado, posto que produtos
de alto valor agregado e de alta tecnologia ainda são pouco presentes na pauta das
exportações, e concentrados em limitado número de países e regiões (o preço médio da
tonelada dos produtos exportados foi de US$ 1097,4 e o dos produtos importados, de
US$ 2789,2). Além disso, destaca boa parte das empresas não tem experiência em
estratégias de negócios internacionais. A partir dessas considerações propõe que para
desenvolver novos tipos de produtos plásticos e aumentar a qualidade, será necessário
dar mais atenção ao desenvolvimento e produção de máquinas, moldes e ferramentas (a
notar que se o nome do país não estivesse anotado, a preocupação poderia ser
facilmente atribuída a um representante do setor no Brasil).
Nos EUA, de acordo com dados do U.S. Census Bureau, o número de empresas na
indústria de transformados plásticos (não incluindo calçados e móveis de plásticos) era,
em 2005, de 9901, com 12455 estabelecimentos empregando, no total, 739.862 pessoas
(Tabela ). As empresas com até 99 funcionários representavam 83% desse total (os
estabelecimentos representavam 67,2%) e 22% do total de empregados nessa indústria.
Isto é, 16,8% das empresas (32,8% dos estabelecimentos) representavam 78% do total
do emprego na indústria de transformados plásticos. A média de empregados por
empresa era de 20 pessoas nos estabelecimentos até 100 empregados; de 140 nos
estabelecimentos com mais de 100 empregados, e de 59 na média dessa indústria (na
indústria de transformação como um todo, a média era de 41 empregados por
estabelecimento). Vale observar que no total de estabelecimentos não estão incluídos os
estabelecimentos sem empregados que somavam 5451 no NAIC 326 – produtos de
plásticos e produtos de borracha (não há o número para cada um dos setores em
separado).
13
Tabela 1 – Número de empresas, empregados, pagamento anual, EUA, 2005 (não inclui calçados e móveis de plásticos)
Faixas de no.de empregados
No. empresas
% s/ total ind. transf.
plást.
% s/ total Ind.
Transf.nos EUA
No. estab.
% s/ total ind.
transf. plást.
% s/ total Ind.
Transf.nos EUA
No. empreg.
% s/ total ind.
transf. plást.
% s/ total Ind.
Transf.nos EUA
No. médio
empreg. por
estab.
Pagamento anual aos
empreg.(1000 US$)
% s/ total ind.
transf. plást.
% s/ total Ind.
Transf.nos EUA
Pagamento médio por empregado
na inds. transf.
plast.(1000 US$)
1 - 4 empreg. 2277 23,0% 1% 2281 18,3% 1% 4317 1% 0,03% 2 215577 1% 0,04% 49,94 5 - 9 empreg. 1451 14,7% 1% 1452 11,7% 0,4% 9809 1% 0,07% 7 311150 1% 0,05% 31,72
10- 19 empreg. 1599 16,1% 1% 1603 12,9% 0,5% 22110 3% 0,16% 14 723515 3% 0,12% 32,72 20- 99 empreg. 2915 29,4% 1% 3030 24,3% 1% 129919 18% 0,95% 43 4377729 16% 0,73% 33,70
Sub total 1 8242 83,2% 3% 8366 67,2% 3% 166155 22% 1,22% 20 5627971 21% 0,94% 33,87 100 - 499 empreg.
1122 11,3% 0% 1689 13,6% 1% 181937 25% 1,33% 108 6288374 24% 1,05% 34,56
500 ou mais empreg.
537 5,4% 0% 2400 19,3% 1% 391770 53% 2,87% 163 14731876 55% 2,45% 37,60
Sub total 2 1659 16,8% 1% 4089 32,8% 1% 573707 78% 4,20% 140 21020250 79% 3,50% 36,64 Total inds.
transf. plást. 9901 100% 3% 12455 100% 4% 739862 100% 5,41% 59 26648221 100% 4,44% 36,02
Total Indústria Transformação
nos EUA 288568 100% 333460 100% 13667337 100% 41 600696305 100,0% 43,95
Fonte: elaboração própria a partir de dados de United States of America. Census Bureau, County Business Patterns (2006)
14
No Japão, em 2005, havia, de acordo com dados do Ministério da Economia, Comércio
e Indústria, 16.616 estabelecimentos (acima de 4 empregados), com um total de 436.897
empregados (Tabela ). Os estabelecimentos com até 99 funcionários representavam
95,3% desse total e 65,6% do total de empregados nessa indústria, média de 26 pessoas
ocupadas por estabelecimento. Ou seja, 4,7% dos estabelecimentos respondiam por
37,4% do total do emprego na indústria de transformados plásticos, evidência da
concentração, apesar da atomização. Enquanto nos estabelecimentos com até 99
funcionários a média era de 17 empregados por unidade, nos estabelecimentos acima de
100 empregados era de 209 empregados por estabelecimento (na indústria de
transformação, como um todo, a média era de 29 pessoas por estabelecimento). Como
no Brasil, EUA e Japão, a atomização (com concentração) é traço marcante na estrutura
industrial dessa indústria em outros países produtores, o que leva a outra evidente
característica, a heterogeneidade.
Na China, estima-se que das estimadas 8.237 Companhias com razoável escala de
produção (pelos dados do Censo de 2004 são mais de 70.000 figuras legais, conforme
aparece na Tabela ) apenas 527 têm receitas acima de 100 milhões de Yuan, isto é, 6,3%
das Companhias são responsáveis por 47,7% da receita total em produtos de plásticos.
Só 15 Companhias têm receitas acima de 1 bilhão de Yuan, e 3 com faturamento acima
de 3 bilhões. Com o rápido desenvolvimento da indústria, tem aumentado o número de
Companhias com escala de produção relevante, em 2004 já eram 8981. (LIÃO, 2005).
Na Índia (CIPAD, 2006), só entre 10% e 15% do total de empresas podem ser
consideradas de médio e grande porte e as 100 maiores representam apenas 0,3% do
total, mas geram 20% do total do faturamento.
Na França, convivendo com os grandes grupos do setor, as empresas de menos de 250
empregados, são 9, entre 10 (SESSI: Service des études et des statistiques industrielles,
2005). Na Europa, a indústria de transformação engloba mais de 40000 empresas,
empregando mais de 1,7 milhão de empregados (média de 42 pessoas ocupadas por
empresa).
15
Tabela 2 - Número de estabelecimentos, de empregados, pagamento anual em transformados plásticos no Japão (2005)
Faixas por no. de empregados Estabelecimentos
% s/ total ind de transf plásticos
% s/ total da Indústria Empregados
% s/ total ind de transf plásticos
% s/ total da Indústria
No. médio empreg. por estab.
Remuneração (em mil Yen)
% s/ total ind de transf plásticos
% s/ total da Indústria
Remuneração média (em mil Yen)
Valor matérias-primas,comb., eletricidade, etc. (em mil Yen)
% s/ total ind de transf plásticos
% s/ total da Indústria
Faturamento dos prod. de plásticos (em mil Yen)
% s/ total ind de transf plásticos
% s/ total da Indústria
Valor da produção (em mil Yen)
% s/ valor da prod. da indús. transf. plásticos
valor adicionado (em mil Yen)
% s/ total ind de transf plásticos
% s/ total da Indústria
4 a 9 empreg. 7.739 46,6 2,8 47.369 10,8 0,6 6,1 126.347 7,6 0,4 2,67 225.809 3,8 0,0 496.398 4,6 0,0 257.732 5,8 0,2
10 a 19 empreg. 3.669 22,1 1,3 50.959 11,7 0,6 13,9 159.207 9,6 0,4 3,12 368.543 6,2 0,0 746.375 6,8 0,0 746.793 7,2 359.925 8,1 0,3
20 a 49 empreg. 3.319 20,0 1,2 98.230 22,5 1,2 29,6 338.739 20,4 0,9 3,45 1.084.664 18,2 0,1 1.965.271 18,0 0,1 1.967.811 18,8 810.544 18,3 0,8
50 a 99 empreg. 1.105 6,7 0,4 76.785 17,6 0,9 69,5 286.957 17,3 0,8 3,74 1.131.356 19,0 0,1 1.973.851 18,1 0,1 1.978.886 19,0 740.159 16,7 0,7
Sub total 1 15.832 95,3 5,7 273.343 62,6 3,4 17,3 911.250 55,0 2,5 12,98 2.810.372 47,2 16,1 ###### 47,5 17,5 #### 45,0 2.168.360 49,0 2,1
100 a 199 empreg. 513 3,1 0,2 69.204 15,8 0,8 134,9 285.625 17,2 0,8 4,13 1.117.443 18,8 0,1 2.065.642 18,9 0,1 2.074.023 19,9 840.582 19,0 0,8
200 a 299 empreg. 138 0,8 0,0 32.797 7,5 0,4 237,7 144.229 8,7 0,4 4,40 592.978 10,0 0,0 1.098.909 10,1 0,0 1.107.578 10,6 448.303 10,1 0,4
300 a 499 empreg. 97 0,6 0,0 36.277 8,3 0,4 374,0 174.725 10,5 0,5 4,82 844.456 14,2 0,0 1.467.016 13,5 0,0 1.471.489 14,1 534.333 12,1 0,5
500 a 999 empreg. 32 0,2 0,0 20.484 4,7 0,3 640,1 111.336 6,7 0,3 5,44 476.469 8,0 0,0 887.727 8,1 0,0 891.880 8,5 360.122 8,1 0,3
1000 ou mais empreg. 4 0,0 0,0 4.792 1,1 0,1 1198,0 29.893 1,8 0,1 6,24 114.623 1,9 0,0 204.683 1,9 0,0 203.019 1,9 76.604 1,7 0,1
Sub total 2 784 4,7 0,3 163.554 37,4 2,0 208,6 745.808 45,0 2,1 25,01 3.145.969 52,8 18,0 ###### 52,5 19,4 #### 55,0 ###### 51,0 2,2 Total na inds de transf. Plástico 16.616 100,0 6,0 436.897 100,0 5,4 26,3 1.657.058 100,0 4,6 3,79 5.956.341 100,0 0,3 ###### 100,0 0,4 #### 100,0 ###### 100,0 4,2
Total na Indústria 276.716 100,0 8.159.364 0,0 100,0 29,5 35.739.493 100,0 1.749.338.697 100,0 ######## 100,0 104.236.276 0,0 100,0
Fonte: Japan. Ministry of Economy, Trade and Industry (METI).Statistics
16
Tabela 3 - Número de empresas, de empregados, e outros dados da Indústria de Transformação de Plásticos nos principais países produtores
País No. de empr./ estabelecimentos No. de empreg. No. médio de
empreg./estab./empresa
Toneladas processadas por empreg.
(dados de 2002)
Prod. de
resinas (em
milhões de ton.)
Consumo resinas (em milhões de
ton.) Faturamento
% volume transf. na produção
mundial de resinas (245 mi
ton 2006)
Exportações (em US$1000,
em 2005)
Importações(em US$ 1000, em
2005)
Consumo por
habitante (kg)
EUA (2005) 12.473 (estab. com empreg.; não inclui calçados e móveis); 9.901
empresas 743.600
60 (por estab.); 75 (por empresa)
42 55,7 45,7 (2005) US$171 bi (2005) 18,4 16.555 21.253 150
China (Censo 2004) 73.000 (faturamento anual acima de 5 milhões de yuans;US$ 618.818)
3.022.000 41 40 22 41,5 (em 2005) US$ 32,1bi
(2003) 8,9 13.769 7.104 24
Alemanha 2.800 (empresas com mais de 20
empregados) 282.500 101 48 20,8 14,5 (em 2005)
US$ 61,5 bi (2006)
4,6 22.910 11.699 176
Japão (2005) 16.616 (estab.mais de 40 empreg.) 436.897 26 44 18,2 13,5 (2005) US$ 99 bi 4,6 8.214 5.133 106 Itália (2005) 5.350 119.000 22 54 4,1 8,6 (2005) US$ 18 bi 3,2 9.875 4.747 148
França (dados 2005) 4.052 estab.; 1.419 (empresas com
mais de 20 empregados); 3.750 empr. no total.
151.808 37 (por estab); 40 por
empr. 35 8,1 8,7 (em 2005) US$ 36,3 bi 2,2 7.415 9.875 137
Bélgica (2006) 859 estab e 800 empr (inclui
plásticos e borracha - dados 2000)
30.994 (inclui plásticos e borracha
- dados 2000); 22841estab.
(plásticos em 2004)
36 3,5 1,8 (2005) US$ 6,3 bi 1,0 6.631 5.197 173
Espanha (2006) 3934 88908 23 4,6 (2006) US$ 20,4 bi
(2005) 1,9 3.257 4.374 113
Canadá (2005) 2.405 93.000 39 5,4 (2006) US$18,3 (bi) 2,2 6.216 5.768 160
Brasil 8.844 (estabelecimentos, todos os
tamanhos) 252.931 30 19 4,9 4,5
US$ 18,3 bi (2006)
1,8 614 916 24,4
México 3.140 152.600 48 21 2,9 4,5 US$ 12,5 1,8 3.069 9.075 43
India (2005) 22.000 400.000 18 4,0 US$ 5,6 bi (2006) 1,5 1,2US$ bi
(2006) 4
Fonte: elaboração própria a partir de diversas fontes. EUA: U.S. Census Bureau, 2005 e SPI (in CIPAD, 2007); China: National Bureau of Statistics of China, e China Year Book, 2006; Alemanha: IESE, 2005; Japão: Ministry of Economy, Trade and Industry (METI) e JPIF (in CIPAD, 2007); Itália: PlasticsEurope (in CIPAD, 2007); França: Panorama de la Plasturgie, 2007; Bélgica: http://goliath.ecnext.com/coms2/gi_0199-5207670/Plastics-top-sector-for-Belgium, e Direction Générale Statisitique et Information Économique – production industrielle et construction; Espanha: Spanish Plastics Industry Association (in CIPAD, 2007), INE; Canada: Canadian Plastics Industry Association (in CIPAD, 2007); Brasil – ABIPLAST. Perfil da Indústria Brasileira de Transformação de Material Plástico, Maio, 2007; México: National Plastics Industry Association, TIJERA (2005), e SHASTRI e VEJA (2007); India: Pastindia Foundation. Indian Plastic Industry. Review & Outlook, in CIPAD, 2006; plasticsnews fórum 2007 .
17
Outra característica da indústria de transformados plásticos nos principais países
produtores, que também se verifica no Brasil, é a presença de concentração de empresas
(diversos elos) e conjunto de instituições de apoio em determinadas localizações
geográficas.
As concentrações geográficas de empresas são características nos principais países
produtores. Nos EUA, Erie, na Pensilvânia, um dos principais centros da indústria do
plástico nos EUA e é reconhecida tanto no setor de moldes quanto na produção de
embalagens, em especial para a indústria de higiene e limpeza. Responsável por mais de
10% do total da produção de plásticos por injeção dos EUA, lá estão instaladas 4 das 50
maiores empresas de plásticos do país.
Na França, um dos mais importantes e completos centros produtores da Europa,
Oyonnax, na região de Rhône-Alpes, a mais importante na produção de plásticos, em
emprego e em valor agregado, da França. Parte significativa da produção é voltada,
como no ABC Paulista, para a indústria automobilística, embora diversificada
estendendo-se do fornecimento para a indústria de móveis à aeronáutica, com peças
complexas; a região concentra cerca de 1000 empresas e emprega em torno de 27000
pessoas. A plasturgia de Rhône-Alpes obtém pouco mais de um quarto de seu
faturamento das exportações, média acima da nacional e no período de 2000 a 2004
concentrava 16% do total de investimentos acumulados na plasturgia na França. O pólo
da plasturgia como é conhecida a região, pôs em marcha um ambicioso plano de
desenvolvimento para 3 anos (2007- 2009) visando a ampliação da diversificação de
mercados, buscando outros clientes industriais para os plásticos (principalmente
indústria farmacêutica e área médica, construção, indústria do esporte), de forma a
superar os efeitos da erosão dos contratos com a indústria automobilística. Considera-
se que a inovação e busca de produtos de maior valor agregado constituem vantagens
competitivas decisivas para o futuro da indústria no pólo. O pólo de competitividade
viabilizado em 2005 em Oyonnax, engloba atividades de concepção de materiais;
design; transformadores; fabricantes de máquinas e ferramentas; centros técnicos, de
estudos, de ensino e pesquisas, de testes e ensaios, etc. A missão é a incentivar as
pequenas empresas da cadeia produtiva local a desenvolver inovação. Para tanto, as
18
atividades do pólo se organizam em torno de 6 eixos: materiais/formulação; processos e
procedimentos; compósitos; plásticos “inteligentes” (funcionais); embalagens
biodegradáveis; propriedades sensoriais. Aderiram 120 empresas, das quais 85% PME,
e há mais 130 outras empresas que participam das atividades do pólo. Houve a adesão
também de 20 laboratórios de pesquisa (Les Chambres de Commerce et d’Industrie
Rhône-Alpes, 2007).
Na Alemanha, as regiões de Rhur e de Baden-Wuerttemberg detêm em torno de 40% do
total da indústria de transformação de plásticos do país. Na Itália, a região de Emília-
Romagna concentra parte considerável dos produtores de embalagem e, na indústria em
que é mais conhecida, a de bens de capital, há presença de empresas voltadas para a
fabricação de máquinas para a indústria de transformação de plásticos. Na Espanha, a
partir de uma empresa de mecânica de precisão, desenvolveu-se uma concentração
setorial em Saragoça, com foco na produção de moldes e ferramentas (SESSI, 2004;
IESE, 2005).
Mesmo a imensa China tem a sua “capital” ou “reino” do plástico em Taizhou,
província de Zhejiang (CPMIA, 2007). A presença dessas aglomerações setoriais
(clusters) é sempre amplamente divulgada como um fator de competitividade para a
indústria de transformação de plásticos do país.
2.2 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR NO BRASIL E NO ESTADO DE SÃO PAULO .
Dados da ABIPLAST (Associação Brasileira da Indústria do Plástico)
A Associação Brasileira das Indústrias do Plástico (ABIPLAST) realiza periodicamente
uma série de estimativas com relação à dimensão e evolução do setor de transformação
de plásticos no Brasil.
Em sua mais recente publicação (Abiplast, 2006), observa-se que o Consumo Aparente
de Artefatos Plásticos (definido por: Consumo Nacional de Resinas + Importação de
Artefatos – Exportação de Artefatos), em milhares de toneladas, apresentou um
crescimento, entre 2000 e 2006, de apenas 14,2% no total do período ou 2,2% ao ano,
em média (Tabela 4). Esse resultado bastante fraco contribuiu para o crescimento
insignificante do consumo per capita (4% no total do período ou 0,6% ao ano). A partir
19
dessa tabela, observe-se também a baixa participação das exportações e das importações
no consumo aparente de artefatos plásticos (em torno de 7%). Isso ocorre em função dos
altos custos de transporte do material transformado plástico e da necessidade de
proximidade com o cliente, constituindo uma espécie de barreira natural às importações,
apesar de não intransponível como evidencia o aumento das importações da China.
Tabela 4 - Brasil: Consumo aparente de artefatos plásticos, 2000-2006, em milhares de toneladas e
em kg por habitante
Ano Consumo Nacional de Resinas
Importação de Artefatos
Exportação de Artefatos
Consumo Aparente de
Artefatos Plásticos
Consumo Per Capita de Plástico no Brasil (kg/hab)
2000 3.888 252 142 3.998 23,5
2001 3.822 234 156 3.900 22,7
2002 3.916 221 142 3.995 22,8
2003 3.817 230 200 3.847 21,8
2004 4.220 300 248 4.273 23,6
2005 4.213 325 275 4.263 23,2
2006 4.536 352 323 4.564 24,4
Cresc. Total (%) 16,7 39,6 127,8 14,2 4,0
Cresc ao ano (%) 2,6 5,7 14,7 2,2 0,6
Fonte: ABIPLAST(2006)
Entre as resinas mais consumidas no Brasil, em 2006, estão o Polipropileno (PP), o
Polietileno de Alta Densidade (PEAD) e o Policloreto de Vinila (PVC). Em todos os
casos, observa-se o território brasileiro como fonte principal produtora das resinas
termoplásticas consumidas no país. A importação de resinas possui uma participação
maior no consumo aparente de Polietileno de Baixa Densidade Linear (PEBDL) e de
Polietileno Tereftalato (PET). As exportações de resinas constituem 23,9% do total
produzido no Brasil, dessas resinas selecionadas (Tabela 5).
20
Tabela 5 - Consumo aparente de resinas termoplásticas selecionadas, 2006, em milhares de
toneladas.
Resina Produção Importação Exportação Saldo Consumo Aparente %
PP 1.235 105 223 118 1.117 24,6
PEAD 1.018 111 354 243 776 17,1
PVC 676 127 51 -76 752 16,6
PEBD 681 11 149 138 542 12,0
PEBDL 635 174 295 121 514 11,3
PET 307 172 30 -142 449 9,9
PS 361 30 57 27 333 7,3
EVA 72 14 34 20 52 1,1
TOTAL 4.985 744 1.193 449 4.535 100,0
Fonte: ABIPLAST(2006)
A ABIPLAST também realiza uma estimativa do faturamento do setor de transformados
plásticos no Brasil. Pelos seus cálculos, em 2006, o setor apresentou um faturamento
próximo de R$ 40 bilhões, 123% maior que o de 2000, em termos nominais. No
entanto, a série deflacionada pelo IGP-OG (matérias plásticas) mostra uma estagnação
em termos reais, com forte decréscimo entre os anos de 2000 e 2003 (Tabela 6).
Tabela 6 - Faturamento do setor de transformação de plásticos, 2000-2006
Ano (R$) milhões correntes
(R$) milhões constantes de 2005 (US$) milhões correntes
2000 18.176 37.995 10.042
2001 12.171 21.034 6.688
2002 18.996 25.940 8.083
2003 27.384 36.342 9.346
2004 40.441 35.822 13.173
2005 38.754 38.754 15.948
2006 40.593 18.661
Fonte: ABIPLAST(2006)
Pesquisa Industrial Anual (PIA – IBGE)– 2000 – 2005.
A Pesquisa Industrial Anual fornece dados importantes para a análise do setor de
transformados plásticos, como o Valor da Produção Industrial¸ o Valor da
Transformação Industrial (uma proxy do valor adicionado), o Custo Operacional Bruto,
o número de empresas, número de funcionários, Valor dos Salários Pagos pela indústria
e outros indicadores. Cabe ressaltar que essa pesquisa utiliza como base de informações
apenas as empresas com mais de 4 funcionários.
21
O Valor da Produção Industrial brasileira de transformados plásticos (série
deflacionada), no período entre 1996 e 2005, passou de R$ 21,3 bilhões para R$ 31,9
bilhões, apresentando um crescimento de 49,3% no período ou de 4,5% ao ano, em
média. O Estado de São Paulo obteve um desempenho pior nesse indicador. No mesmo
período, a produção industrial paulista, nesse setor, cresceu 25,4% (ou 2,5% ao ano).
Em razão do menor ritmo de crescimento, a participação do Estado de São Paulo (ESP)
no valor da produção total do Brasil que era de 61,5% em 1996 se reduziu para 51,6%.
No último ano da série (2005), houve uma pequena recuperação da participação da
indústria paulista no total (aumento de 1,3 ponto percentual), o que poderia indicar uma
recuperação da indústria paulista relativamente a outros estados (Tabela 7).
Tabela 7 - Brasil e Estado de São Paulo - Setor de Transformados Plásticos - Valor da Produção
Industrial (R$ mil de 2005) - Deflator (deflator indústria de transformação - Contas Nacionais).
Brasil Estado de São Paulo Participação ESP/Brasil (%)
1996 21.351.456 13.122.548 61,5
1997 22.375.712 13.760.047 61,5
1998 22.771.371 12.946.040 56,9
1999 24.010.546 14.180.516 59,1
2000 29.440.130 16.999.376 57,7
2001 26.978.589 15.085.794 55,9
2002 26.342.725 14.297.601 54,3
2003 29.101.421 15.429.672 53,0
2004 30.162.991 15.164.640 50,3
2005 31.872.572 16.454.329 51,6
Cresc. Total (%) 49,3 25,4 -16,0
Cresc. ao ano (%) 4,6 2,5 -1,9
Fonte: PIA - IBGE
Nas duas regiões analisadas (Brasil e ESP), o número de unidades produtivas (unidades
locais) aumentou, embora o ritmo de crescimento também tenha sido maior no Brasil do
que em São Paulo (aumento de 63% no Brasil e de 39,5% no ESP). Dadas essas
diferenças no percentual de crescimento, a participação do ESP, em número de unidades
produtivas no setor de transformados plásticos no Brasil, que era de 56,1% em 1996 se
reduziu para 48% em 2005 (Tabela 9).
Ao realizar a comparação do valor da produção industrial com o número de unidades
locais, observa-se que o crescimento do primeiro é menor que o do segundo, o que
22
resulta em um Valor da Produção Industrial Médio decrescente ao longo dos anos (tanto
no Brasil como no ESP). Esse indicador denota uma diminuição no porte das empresas
nesse setor (Tabela 8). A diminuição do porte das empresas também pode ser
evidenciada pela relação entre o número de unidades locais e o número de funcionários
do setor (Tabela 9).
O porte médio dos estabelecimentos (número de empregados por unidade local) nas
duas regiões, ao longo do período analisado, é equivalente. Tanto no Brasil como no
ESP, em 1996, havia em torno de 47 funcionários por estabelecimento e, em 2005, ao
redor de 40 funcionários, em média, por estabelecimento (Tabela 9). O porte médio das
unidades locais se reduziu, nas duas regiões, em função do aumento maior do número
de estabelecimentos do que do número de ocupações no setor. Como as grandes e
médias empresas do setor possuem um alto nível de mecanização nas fábricas e,
portanto, as possibilidades de substituição de homens por máquinas são pequenas, a
melhor explicação para a queda do porte médio nas duas regiões estaria associada ao
aumento do número microempresas e empresas de pequeno porte.
Tabela 8 - Brasil e Estado de São Paulo - Setor de Transformados Plásticos - Valor da Produção
Industrial Médio (por unidade local) - (R$ mil de 2005) - Deflator (deflator indústria de
transformação - Contas Nacionais)
Brasil Estado de São Paulo
1996 5.649 6.193
1997 5.427 5.890
1998 5.510 5.686
1999 5.269 5.807
2000 5.968 6.612
2001 5.165 5.536
2002 4.778 5.143
2003 4.972 5.216
2004 4.925 4.917
2005 5.172 5.566
Cresc. Total (%) -8,4 -10,1
Cresc. ao ano (%) -1,0 -1,2
Fonte: PIA - IBGE
23
O número de funcionários (Pessoal Ocupado) nos estabelecimentos do setor de
transformados plásticos aumentou nesse período nas duas regiões analisadas. Também
nessa variável o setor de transformados plásticos apresentou um desempenho melhor no
Brasil do que no ESP (Tabela 9).
O número de pessoas trabalhando no setor no Brasil passou de 177 mil para 249 mil
pessoas (crescimento de 40,6% no total do período ou 3,9% ao ano) e, no Estado de São
Paulo, o emprego no setor passou de 99 mil para em torno de 120 mil pessoas
(crescimento de 21,1% no total do período ou 2,1% ao ano). Essas diferenças no ritmo
de crescimento do emprego no setor resultaram na diminuição da participação do ESP
no total das pessoas ocupadas no setor no Brasil (de 55,9% em 1996 para 48,1% em
2005).
Tabela 9 - Brasil e Estado de São Paulo - Setor de Transformados Plásticos - Pessoal Ocupado e
Porte Médio das Unidades Locais (UL/PO)
Unidades Locais (UL) Pessoal Ocupado (PO) Porte Médio (PO/UL)
Brasil Estado de São
Paulo Brasil Estado de São
Paulo Brasil Estado de São
Paulo
1996 3.780 2.119 177.400 99.146 46,9 46,8
1997 4.123 2.336 186.397 105.008 45,2 45,0
1998 4.133 2.277 183.918 94.148 44,5 41,3
1999 4.557 2.442 191.762 102.263 42,1 41,9
2000 4.933 2.571 211.162 108.217 42,8 42,1
2001 5.223 2.725 203.534 104.737 39,0 38,4
2002 5.513 2.780 203.267 103.177 36,9 37,1
2003 5.853 2.958 222.875 108.578 38,1 36,7
2004 6.124 3.084 233.816 104.796 38,2 34,0
2005 6.163 2.956 249.438 120.051 40,5 40,6
Cresc. Total (%) 63,0 39,5 40,6 21,1 -13,8 -13,2
Cresc. ao ano (%) 5,6 3,8 3,9 2,1 -1,6 -1,6
Fonte: PIA - IBGE
Com relação ao Valor da Transformação Industrial (VTI), o desempenho do setor em
São Paulo também foi pior que o do total do Brasil. Enquanto o VTI da indústria
brasileira de transformados plásticos cresceu 14,2% no total do período (1,5% ao ano),
no Estado de São Paulo houve um pequeno crescimento do VTI nesse período (2,2% no
24
total ou 0,2% ao ano). Graças ao desempenho do setor no último ano, o VTI do ESP de
2005 não mostrou redução com relação a 1996 (Tabela 10).
Aparentemente, o setor em São Paulo perde competitividade relativamente ao resto do
Brasil em algum aspecto dos produtos e não nos processos produtivos. Afinal,
observando o valor do Custo das Operações Industriais (COI), nota-se que houve um
aumento de 82,4% no Brasil (6,9% ao ano), enquanto que no Estado de São Paulo o
crescimento do COI foi de 47,4% entre 1996 e 2005 (ou 4,4% ao ano). Por esse motivo,
a participação do ESP no Custo das Operações Industriais do total do Brasil que era de
61,2% em 1996 diminuiu para 49,5% em 2005 (Tabela 11).
Tabela 10 - Brasil e Estado de São Paulo - Setor de Transformados Plásticos - Valor da
Transformação Industrial (R$ mil de 2005) - Deflator (deflator indústria de transformação - Contas
Nacionais).
Brasil Estado de São
Paulo Participação
ESP/Brasil (%)
1996 10.360.928 6.391.234 61,7
1997 10.471.462 6.619.286 63,2
1998 9.937.540 5.777.452 58,1
1999 10.361.072 6.222.692 60,1
2000 10.720.778 6.281.761 58,6
2001 10.153.855 5.675.716 55,9
2002 10.196.934 5.669.096 55,6
2003 10.495.738 5.483.728 52,2
2004 10.972.971 5.732.722 52,2
2005 11.828.237 6.531.973 55,2
Cresc. Total (%) 14,2 2,2 -10,5
Cresc. ao ano (%) 1,5 0,2 -1,2
Fonte: PIA - IBGE
25
Tabela 11 - Brasil e Estado de São Paulo - Setor de Transformados Plásticos - Custo das Operações
Industriais (R$ mil de 2005) - Deflator (deflator indústria de transformação - Contas Nacionais).
Brasil Estado de São
Paulo Participação
ESP/Brasil (%)
1996 10.990.525 6.731.314 61,2
1997 11.904.249 7.140.761 60,0
1998 12.833.828 7.168.588 55,9
1999 13.649.476 7.957.826 58,3
2000 18.719.352 10.717.616 57,3
2001 16.824.733 9.410.078 55,9
2002 16.145.792 8.628.505 53,4
2003 18.605.681 9.945.944 53,5
2004 19.190.020 9.431.917 49,2
2005 20.043.407 9.921.959 49,5
Cresc. Total (%) 82,4 47,4 -19,2
Cresc. ao ano (%) 6,9 4,4 -2,3
Fonte: PIA - IBGE
A hipótese de que as unidades produtivas do ESP possam ter aumentado sua eficiência
produtiva relativamente mais do que as unidades do Brasil é reforçada quando analisado
o indicador de produtividade da mão-de-obra (Valor da Transformação Industrial/
Pessoal Ocupado). Apesar das duas regiões terem apresentado uma queda nesse
indicador, no ESP a diminuição foi um pouco menor (-18,8% no Brasil, -19,3% no
Brasil sem o ESP e -15,6% no ESP). Com isso, a produtividade das unidades do ESP,
em 1996, era 10% maior que a produtividade das unidades do Brasil (ou 27% maior que
as do Brasil sem o ESP), e em 2005, era 15% e 33% maior, respectivamente (Tabela
12).
26
Tabela 12 - Brasil, Brasil (exclusive Estado de São Paulo) e Estado de São Paulo - Setor de
Transformados Plásticos - Produtividade Industrial (Valor da Transformação Industrial / Pessoal
Ocupado). (R$ mil de 2005) - Deflator (deflator indústria de transformação - Contas Nacionais).
Brasil
Brasil (excl. o Estado de São
Paulo) Estado de São
Paulo ESP/Brasil ESP/Brasil (excl. ESP)
1996 58,4 50,7 64,5 1,10 1,27
1997 56,2 47,3 63,0 1,12 1,33
1998 54,0 46,3 61,4 1,14 1,32
1999 54,0 46,2 60,8 1,13 1,32
2000 50,8 43,1 58,0 1,14 1,35
2001 49,9 45,3 54,2 1,09 1,20
2002 50,2 45,2 54,9 1,10 1,21
2003 47,1 43,9 50,5 1,07 1,15
2004 46,9 40,6 54,7 1,17 1,35
2005 47,4 40,9 54,4 1,15 1,33
Cresc. Total (%) -18,8 -19,3 -15,6 4,0 4,6
Cresc. ao ano (%) -2,3 -2,4 -1,9 0,4 0,5
Fonte: PIA - IBGE
Vale ressaltar que esse mesmo indicador para o total da Indústria da Transformação no
Brasil aumentou de R$78 mil para R$80,3 mil por empregado e, no Estado de São
Paulo, a produtividade da Indústria total diminuiu de R$91,8 mil para R$89,7 mil por
empregado (queda de 2,3% no período) (Tabela 13). A comparação da produtividade do
total da indústria (R$80,3 mil por empregado) com a do setor de transformados plásticos
(R$47,4 mil por empregado) revela que, a despeito da elevada mecanização em alguns
segmentos do setor de transformação de plástico, a atividade ainda pode ser definida de
baixa produtividade e intensiva em mão-de-obra.
27
Tabela 13 - Brasil, Brasil (exclusive Estado de São Paulo) e Estado de São Paulo - Setor Industrial
Total - Produtividade Industrial (Valor da Transfor mação Industrial / Pessoal Ocupado). (R$ mil
de 2005) - Deflator (deflator indústria de transformação - Contas Nacionais).
Brasil Brasil (excl. o Estado
de São Paulo) Estado de São
Paulo ESP/Brasil ESP/Brasil (excl.
ESP)
1996 78,0 68,0 91,8 1,18 1,35
1997 80,5 69,1 96,7 1,20 1,40
1998 81,4 68,9 99,9 1,23 1,45
1999 80,1 70,8 94,4 1,18 1,33
2000 82,9 74,5 96,3 1,16 1,29
2001 83,6 75,3 97,1 1,16 1,29
2002 74,7 68,3 85,6 1,15 1,25
2003 78,6 72,9 88,6 1,13 1,21
2004 77,3 72,5 85,7 1,11 1,18
2005 80,3 75,0 89,7 1,12 1,19
Cresc. Total (%) 2,9 10,3 -2,4 -5,1 -11,5
Cresc. ao ano (%) 0,3 1,1 -0,3 -0,6 -1,3
Fonte: PIA – IBGE
No Estado de São Paulo, o ônus da queda da produtividade no setor de transformados
plásticos foi repassado para a mão-de-obra. Isso porque o montante de salários, retiradas
e outras remunerações pagos por esse setor, ao longo desse período, diminuiu 11%. No
Brasil, a massa de rendimento do trabalho nesse setor aumentou muito pouco (1,2% no
total do período). Nas duas regiões, a remuneração média real diminuiu
significativamente (28,0% no Brasil e 26,4% no ESP). Note-se que, em 2005, a
remuneração média real da mão-de-obra no ESP era 21% maior do que a do Brasil e
49% maior que a do Brasil excluindo os valores do ESP6 (Tabela 14).
Considerando o Excedente Operacional Bruto (EOB) como a diferença entre o Valor da
Transformação Industrial e o Valor dos Salários, Retiradas e outras Remunerações do
Trabalho, observa-se que o valor dessa variável (proxy do lucro bruto), no setor de
transformados plásticos, aumentou nas duas regiões analisadas, embora o tenha feito
com menor intensidade no ESP (20,6% no Brasil, 37,1% no Brasil excluindo o ESP e
6 A queda das remunerações médias do trabalho na indústria como um todo também aparece no Brasil e no Estado de São Paulo (28,9% e 27,2%, respectivamente).
28
9,4% no ESP). A participação do EOB do Estado de São Paulo no total do Brasil que
era de 59,6% em 1996, passou para 54% em 2005 (Tabela 15).
Tabela 14 - Brasil, Brasil (exclusive Estado de São Paulo) e Estado de São Paulo - Setor de
Transformados Plásticos - Valor dos Salários, Retiradas e Outras Remunerações e Valor da
Remuneração Média (Remunerações / Pessoal Ocupado) (R$ mil de 2005) - Deflator indústria de
transformação - Contas Nacionais.
Salários, Retiradas e Outras
Remunerações Remuneração Média (Remunerações / Pessoal Ocupado)
Brasil Estado de São
Paulo Brasil
Brasil (excl. o Estado de São
Paulo) Estado de São
Paulo ESP/ Brasil ESP/ Brasil (excl. ESP)
1996 3.425.471 2.256.696 19,3 14,9 22,8 1,2 1,5
1997 3.700.535 2.451.927 19,9 15,3 23,3 1,2 1,5
1998 3.479.984 2.120.778 18,9 15,1 22,5 1,2 1,5
1999 3.246.242 2.041.111 16,9 13,5 20,0 1,2 1,5
2000 3.386.782 2.091.663 16,0 12,6 19,3 1,2 1,5
2001 3.165.947 1.895.593 15,6 12,9 18,1 1,2 1,4
2002 3.133.194 1.906.083 15,4 12,3 18,5 1,2 1,5
2003 3.097.619 1.798.982 13,9 11,4 16,6 1,2 1,5
2004 3.178.899 1.781.441 13,6 10,8 17,0 1,3 1,6
2005 3.465.666 2.010.382 13,9 11,2 16,7 1,2 1,5
Cresc. Total (%) 1,2 -10,9 -28,0 -24,7 -26,4 2,2 -2,3
Cresc. ao ano (%)
0,1 -1,3 -3,6 -3,1 -3,4 0,2 -0,3
Fonte: PIA – IBGE
Tabela 15 - Brasil e Estado de São Paulo - Setor de Transformados Plásticos - Excedente
Operacional Bruto (Diferença entre o Valor da Transformação Industrial e o Valor das
Remunerações) (R$ mil de 2005) - Deflator indústria de transformação - Contas Nacionais.
Brasil Estado de São
Paulo Participação
ESP/Brasil (%)
1996 6.935.457 4.134.538 59,6
1997 6.770.927 4.167.359 61,5
1998 6.457.556 3.656.675 56,6
1999 7.114.830 4.181.581 58,8
2000 7.333.996 4.190.098 57,1
2001 6.987.908 3.780.122 54,1
2002 7.063.740 3.763.013 53,3
2003 7.398.120 3.684.746 49,8
2004 7.794.072 3.951.282 50,7
2005 8.362.571 4.521.591 54,1 Cresc. Total (%) 20,6 9,4 -9,3 Cresc. ao ano (%) 2,1 1,0 -1,1
Fonte: PIA – IBGE
29
Em resumo (Tabela 16), a análise dos dados da PIA- IBGE revelou que o setor de
transformados plásticos no ESP apresentou um desempenho relativamente inferior ao
do setor no Brasil como um todo no período entre 1996 e 2005. Excetuando-se os
indicadores de Custo Operacional Industrial e Produtividade, nos demais houve perda
de participação do setor no ESP no total do setor no Brasil (em torno de 14%).
30
Tabela 16 - Participação do Estado de São Paulo no Brasil (%) em vários indicadores - Setor de Transformados Plásticos.
Número de
Unidades Locais Pessoal Ocupado
Valor da Produção Industrial
Valor da Transformação
Industrial
Custo Operacional Industrial
Salários, retiradas e outras rem.
Excedente Operacional Bruto
(proxy) Produtividade
(VTI/PO)
1996 56,1 55,9 61,5 61,7 61,2 53,9 59,6 0,97
1997 56,7 56,3 61,5 63,2 60,0 53,8 61,5 1,03
1998 55,1 51,2 56,9 58,1 55,9 53,4 56,6 1,01
1999 53,6 53,3 59,1 60,1 58,3 52,5 58,8 1,01
2000 52,1 51,2 57,7 58,6 57,3 51,6 57,1 1,00
2001 52,2 51,5 55,9 55,9 55,9 51,0 54,1 0,97
2002 50,4 50,8 54,3 55,6 53,4 49,3 53,3 1,00
2003 50,5 48,7 53,0 52,2 53,5 48,9 49,8 0,93
2004 50,4 44,8 50,3 52,2 49,2 47,8 50,7 1,03
2005 48,0 48,1 51,6 55,2 49,5 47,2 54,1 1,09
Cresc. Total (%) -14,4 -13,9 -16,0 -10,5 -19,2 -12,4 -9,3 12,2
Cresc. ao ano (%) -1,7 -1,6 -1,9 -1,2 -2,3 -1,5 -1,1 1,3
Fonte: PIA - IBGE
31
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS- MTE) – 2000 – 2005.
As esperadas dificuldades para a permanência no mercado das empresas de menor porte
não desestimulam o surgimento de novas unidades, levando-se em conta os dados da
RAIS. No Brasil, o crescimento no total de estabelecimentos entre 2000 e 2005 foi de
26,3% (de 7.003 unidades em 2000 para 8.844 em 2005). Só no estrato de 0 a 49
vínculos ativos o aumento foi de 1.610 estabelecimentos (26,5%). Estabelecimentos
desse porte (com até 49 funcionários) representavam, em 2005, 86,8% do total de
estabelecimentos do setor no Brasil. Com até 4 funcionários, havia 32,5% do total de
estabelecimentos; estabelecimentos com até 99 empregados representavam 94,1%
(Tabela 17).
No Estado de São Paulo (Tabela ), a evolução do número de estabelecimentos, embora
positiva (17,4%, com 3.521 estabelecimentos em 2000 e 4.136 em 2005) foi bem
inferior à do Brasil, com conseqüente perda de participação no total de
estabelecimentos, de 50,3% em 2000 para 46,8% em 2005 (Tabela 19). Apenas nos
estratos por vínculos ativos de 50 a 99 e de 250 a 499 a participação relativa aumentou;
respectivamente de 50,9% para 53,8% e de 47,7% para 49,1%. Ressalte-se que a
participação relativa do ESP no estrato por vínculo ativo de 500 a 999 diminuiu de 47%
para 29%. Isso ocorreu não pela diminuição de estabelecimentos nesse estrato no ESP,
mas pelo aumento do número de estabelecimentos em outros estados. No estrato acima
de 1000 vínculos ativos o único estabelecimento em 2005 estava localizado em São
Paulo.
Tabela 17 - Brasil: Número de estabelecimentos por vínculo ativo, 2000 e 2005
Ano 2000 % 2005 % Nenhum vínculo ativo 381 5,4 498 5,6 Até 4 vínculos ativos 1.972 28,2 2.376 26,9
De 5 a 9 vínculos ativos 1.272 18,2 1.603 18,1 De 10 a 19 vínculos ativos 1.296 18,5 1.696 19,2 De 20 a 49 vínculos ativos 1.148 16,4 1.506 17,0 De 50 a 99 vínculos ativos 521 7,4 649 7,3
De 100 a 249 vínculos ativos 305 4,4 367 4,1 De 250 a 499 vínculos ativos 86 1,2 114 1,3 De 500 a 999 vínculos ativos 21 0,3 34 0,4 1000 ou mais vínculos ativos 1 0,0 1 0,0
Total 7.003 100,0 8.844 100,0
Fonte: RAIS – MTE
32
No ESP, as empresas de pequeno porte também são a grande maioria do setor, embora a
participação das empresas médias e grandes seja maior nessa região do que no total do
Brasil. Os estabelecimentos com até 4 funcionários representavam, em 2005, 29,8% do
total do ESP e aqueles com até 49 funcionários representavam 86,1%.
Tabela 18 - São Paulo: Número de estabelecimentos por vínculo ativo, 2000 e 2005
Ano 2000 % 2005 %
Nenhum vínculo ativo 152 4,3 179 4,3
Até 4 vínculos ativos 979 27,8 1.055 25,5
De 5 a 9 vínculos ativos 649 18,4 758 18,3
De 10 a 19 vínculos ativos 711 20,2 833 20,1
De 20 a 49 vínculos ativos 570 16,2 737 17,8
De 50 a 99 vínculos ativos 265 7,5 349 8,4
De 100 a 249 vínculos ativos 143 4,1 158 3,8
De 250 a 499 vínculos ativos 41 1,2 56 1,4
De 500 a 999 vínculos ativos 10 0,3 10 0,2
1000 ou mais vínculos ativos 1 0,0 1 0,0
Total 3.521 100,0 4.136 100,0
Fonte: RAIS – MTE
Tabela 19 - Participação (%) de São Paulo no número de estabelecimentos do setor de
transformados plásticos no Brasil, 2000 e 2005
Ano 2000 (%) 2005 (%)
Nenhum vínculo ativo 39,9 35,9
Até 4 vínculos ativos 49,6 44,4
De 5 a 9 vínculos ativos 51,0 47,3
De 10 a 19 vínculos ativos 54,9 49,1
De 20 a 49 vínculos ativos 49,7 48,9
De 50 a 99 vínculos ativos 50,9 53,8
De 100 a 249 vínculos ativos 46,9 43,1
De 250 a 499 vínculos ativos 47,7 49,1
De 500 a 999 vínculos ativos 47,6 29,4
1000 ou mais vínculos ativos 100,0 100,0
Total 50,3 46,8
Fonte: RAIS – MTE
Com relação ao número de empregados formais (Tabela 20), as duas regiões
selecionadas, Brasil e o Estado de São Paulo, apresentaram crescimento nessa variável,
embora a primeira região tenha mostrado um desempenho um pouco superior (29,1% de
aumento) ao da segunda (21,4%). Pelos dados da RAIS o porte médio dos
33
estabelecimentos (considerando o número médio de empregados formais por
estabelecimentos) do Brasil e do ESP é o mesmo, ou seja, em torno de 28 funcionários
por estabelecimento, em média.
Tabela 20 - Brasil e São Paulo: Número de estabelecimentos e de empregados e participação
relativa do Estado de São Paulo, de 2000 a 2005.
Brasil São Paulo Porte Médio (empr/estab)
Estab. Emprego Estab. Emprego Brasil São Paulo
2000 7.003 195.938 3.521 96.980 28,0 27,5
2001 7.487 202.537 3.713 99.796 27,1 26,9
2002 7.898 210.606 3.858 100.528 26,7 26,1
2003 8.213 214.694 3.927 102.192 26,1 26,0
2004 8.523 240.466 3.997 112.926 28,2 28,3
2005 8.844 252.931 4.136 117.757 28,6 28,5
Var(%) 2000-2005
26,3 29,1 17,5 21,4 2,2 3,4
Fonte: RAIS-MTE
As próximas tabelas mostram o avanço que o setor de transformados plásticos nessas
duas regiões apresentou com relação ao grau de instrução dos funcionários. No Brasil,
em 2000, os empregados com o segundo grau completo eram 20,5% do total e, em
2005, já eram 37,1% do total. Se somados a esses os funcionários com grau superior
incompleto e superior completo, o percentual passa de 26,7% em 2000 para 44,4% em
2005. Nos estratos com menor nível de instrução (de analfabetos a 8a. série completa),
houve diminuição significativa no número de funcionários (de 120 mil para 109 mil
empregados). No Estado de São Paulo, o avanço no grau de instrução da mão-de-obra
foi equivalente. Os funcionários com 2o. grau completo, superior incompleto e superior
completo representavam, em 2000, 27,5% e, em 2005, 46,6%, uma participação apenas
um pouco maior que a do Brasil7.
7 Se for subtraída dos dados do Brasil a parcela do Estado de São Paulo, os outros estados brasileiros, em seu conjunto, apresentavam, em 2005, 42,5% de funcionários nesse setor com 8a série completa, superior incompleto e superior completo. De qualquer forma, não representa uma participação significativamente menor que a de São Paulo.
34
Nas duas regiões analisadas o número de empregados com até a 8a. série incompleta
diminuiu substancialmente entre os anos de 2000 e 2005. No Brasil, o número de
funcionários analfabetos reduziu-se 65% e, em São Paulo, 71%. A faixa de instrução
com o maior crescimento, tanto no Brasil, quanto em São Paulo, foi a de funcionário
com 2o. grau completo (crescimento de 133% para o Brasil, e 132% em São Paulo. O
número de empregados com superior incompleto e completo aumentou 52% no Brasil e
29% em São Paulo (Tabela 21 e Tabela 22).
Tabela 21 - Brasil: Número de empregados no setor de transformação de plástico, segundo o nível
de instrução, 2000 e 2005. Nível de instrução 2000 % 2005 % Var (%)
Analfabeto 1.624 0,8 569 0,2 -65,0 4ª série incompleta 8.130 4,1 6.271 2,5 -22,9 4ª série completa 21.285 10,9 14.758 5,8 -30,7
8ª série incompleta 40.902 20,9 32.713 12,9 -20,0 8ª série completa 49.054 25,0 55.461 21,9 13,1
Subtotal 120.995 61,8 109.772 43,4 -9,3 2º grau incompleto 22.584 11,5 30.795 12,2 36,4 2º grau completo 40.133 20,5 93.747 37,1 133,6
Subtotal 62.717 32,0 124.542 49,2 98,6 Superior incompleto 4.973 2,5 7.810 3,1 57,0 Superior completo 7.253 3,7 10.807 4,3 49,0
Subtotal 12.226 6,2 18.617 7,4 52,3 Total 195.938 100,0 252.931 100,0 29,1
Fonte: RAIS – MTE
Tabela 22 - São Paulo: Número de empregados no setor de transformação de plástico, segundo o
nível de instrução, 2000 e 2005.
Nível de instrução 2000 % 2005 % Var (%)
Analfabeto 898 0,9 258 0,2 -71,3
4ª série incompleta 4.517 4,7 2.946 2,5 -34,8
4ª série completa 11.678 12,0 7.549 6,4 -35,4
8ª série incompleta 18.517 19,1 13.856 11,8 -25,2
8ª série completa 23.788 24,5 25.014 21,2 5,2
Subtotal 59.398 61,2 49.623 42,1 -16,5
2º grau incompleto 10.895 11,2 13.236 11,2 21,5
2º grau completo 19.759 20,4 45.958 39,0 132,6
Subtotal 30.654 31,6 59.194 50,3 93,1
Superior incompleto 2.689 2,8 3.508 3,0 30,5
Superior completo 4.239 4,4 5.432 4,6 28,1
Subtotal 6.928 7,1 8.940 7,6 29,0
Total 96.980 100,0 117.757 100,0 21,4
Fonte: RAIS – MTE
A substancial melhora nos indicadores do nível de instrução dos empregados no setor de
transformados plásticos entre 2000 e 2005, na verdade, apenas segue o movimento geral
35
que ocorreu na indústria de transformação (Tabela 23 e Tabela 24). Embora em menor
grau do que no setor de transformados plásticos, tanto no Brasil quanto em São Paulo, o
número de empregados com baixos níveis de instrução (de analfabetos até 8a série
incompleta) também se reduziu (-3% no Brasil e 14% no ESP) e o número de
empregados com superior completo e incompleto também aumentou (47% no Brasil e
35% no ESP). Ou seja, a melhora no grau de escolaridade dos funcionários entre 2000 e
2005 não foi privilégio do setor de transformação de plásticos, porém esse movimento
ocorreu com maior intensidade nesse setor em comparação com o total da indústria de
transformação.
Além disso, a participação do número de funcionários com níveis de escolaridade
maiores (maior que a 8a. série completa) é mais elevada no setor de transformados
plásticos do que na indústria de transformação no Brasil. Enquanto a participação de
empregados com mais do que a 8a série completa em 2005 era de 56,6% no setor de
transformação de plástico, no total da indústria de transformação era de 51,7%). No
ESP, essas participações em 2005 eram praticamente equivalentes (57,9% no setor de
transformados plásticos e 58,8% na indústria de transformação).
Tabela 23 - Brasil: Número de empregados na indústria da transformação, segundo nível de
instrução, em 2000 e 2005.
Nível de instrução 2000 % 2005 % Var(%) 2000-05 Analfabeto 94.740 1,9 63.889 1,0 -32,6
4ª série incompleta 325.589 6,7 315.704 5,1 -3,0 4ª série completa 634.444 13,0 503.138 8,2 -20,7
8ª série incompleta 985.041 20,2 896.219 14,6 -9,0 8ª série completa 1.015.124 20,8 1.180.143 19,2 16,3
Subtotal 3.054.938 62,5 2.959.093 48,2 -3,1 2º grau incompleto 524.244 10,7 691.246 11,3 31,9 2º grau completo 924.463 18,9 1.922.161 31,3 107,9
Subtotal 1.448.707 29,7 2.613.407 42,6 80,4 Superior incompleto 136.449 2,8 200.691 3,3 47,1 Superior completo 245.267 5,0 360.270 5,9 46,9
Subtotal 381.716 7,8 560.961 9,1 47,0 Total 4.885.361 100,0 6.133.461 100,0 25,5
Fonte: RAIS
36
Tabela 24 - São Paulo: Número de empregados na indústria de transformação, segundo nível de
instrução, em 2000 e 2005.
Nível de instrução 2000 % 2005 % Var(%) 2000-05 Analfabeto 18.534 1,0 6.890 0,3 -62,8
4ª série incompleta 89.771 4,9 70.373 3,2 -21,6 4ª série completa 222.445 12,0 155.756 7,1 -30,0
8ª série incompleta 321.686 17,4 249.488 11,4 -22,4 8ª série completa 401.521 21,7 418.883 19,1 4,3
Subtotal 1.053.957 57,0 901.390 41,1 -14,5 2º grau incompleto 200.336 10,8 227.707 10,4 13,7 2º grau completo 391.441 21,2 787.547 35,9 101,2
Subtotal 591.777 32,0 1.015.254 46,3 71,6 Superior incompleto 69.395 3,8 84.199 3,8 21,3 Superior completo 134.112 7,3 190.858 8,7 42,3
Subtotal 203.507 11,0 275.057 12,5 35,2 Total 1.849.241 100,0 2.191.701 100,0 18,5
Fonte: RAIS
Dividindo a massa das remunerações dos trabalhadores no setor pelo número de
empregados formais, obtém-se a remuneração média do setor. A Tabela 25 mostra os
valores das remunerações, por trabalhador, já deflacionados pelo IPCA. O que se
observa é, tanto para o Brasil como para o ESP, uma estagnação da remuneração média.
Na verdade, houve uma ligeira queda nessas duas regiões (decréscimo de 0,4% de 2000
a 2005 no Brasil e redução real de 2,8% no ESP no mesmo período). A remuneração
média em São Paulo permaneceu em todo o período em torno de 18% maior que a
remuneração média do total do Brasil.
Tabela 25 - Brasil e São Paulo: Remuneração média real, de 2000 a 2005. Dados corrigidos pelo
IPCA, com base em valores de 2005.
Brasil (R$ de 2005)
São Paulo (R$ de 2005)
SP/ Brasil
2000 1.005 1.196 1,19 2001 1.026 1.220 1,19 2002 948 1.116 1,18 2003 963 1.130 1,17 2004 997 1.173 1,18 2005 1.001 1.162 1,16
Var(%) 2000-05
-0,4 -2,8 -2,4
Fonte: RAIS
A localização do setor no Estado de São Paulo pode ser observada a partir da Tabela 26.
As quatro regiões administrativas com maior representatividade no setor, em termos do
número de estabelecimentos, são, em ordem decrescente: São Paulo (com 2.624
estabelecimentos e 74.431 empregados); Campinas (com 685 estabelecimentos e 21.758
empregados); Sorocaba (com 205 estabelecimentos e 7.369 empregados) e São José dos
37
Campos (com 113 estabelecimentos e 4.527 empregados). Interessante notar que a
remuneração média dos funcionários é bastante equivalente entre essas 4 regiões, muito
embora fosse esperado que a região administrativa de São Paulo, pelo seu maior custo
de vida, apresentasse uma remuneração média maior. Nessas quatro regiões, a
remuneração média, em 2005, girou em torno de R$1.200,00. Com exceção da região
administrativa de Marília, cuja remuneração média era de R$1.079,00, as demais
regiões apresentaram remunerações bastante abaixo (quase a metade) das remunerações
médias das quatro regiões administrativas mais representativas do setor de
transformados plásticos.
Tabela 26 - Número de estabelecimentos, empregos e remuneração média, no setor de
transformados plásticos, por regiões administrativas do Estado de São Paulo, 2005.
Regiões Administrativas Estabel. % Empregos % Rem. Média (R$) Araçatuba 43 1,0 576 0,5 660,8 Barretos 8 0,2 355 0,3 705,7 Bauru 85 2,1 2.308 2,0 841,7
Campinas 685 16,6 21.758 18,5 1.144,9 Central 67 1,6 1.605 1,4 810,5 Franca 43 1,0 847 0,7 750,4 Marilia 53 1,3 1.427 1,2 1.079,5
Presidente Prudente 21 0,5 300 0,3 681,3 Registro 1 0,0 15 0,0 653,6
Ribeirão Preto 67 1,6 1.048 0,9 803,2 São José dos Campos 113 2,7 4.527 3,8 1.263,0
Santos 13 0,3 118 0,1 668,3 São Paulo 2.624 63,4 74.431 63,2 1.202,7
São José do Rio Preto 108 2,6 1.073 0,9 670,8 Sorocaba 205 5,0 7.369 6,3 1.192,1
Total do Estado 4.136 100,0 117.757 100,0 1.162,0
Fonte: RAIS – MTE
Das 4 principais regiões administrativas para o setor de transformados plásticos em
termos do número de estabelecimentos, as tabelas a seguir mostram os municípios mais
relevantes para o setor, também considerando o número de estabelecimentos.
Na região administrativa de São Paulo (63% dos estabelecimentos e do emprego do
setor de transformação de plásticos no Estado de São Paulo), sobressaem-se os
seguintes municípios: São Paulo, com 1.418 estabelecimentos e 30.404 empregados em
2005, Guarulhos, com 207 estabelecimentos e 7.473 empregados em 2005, Diadema,
com 192 estabelecimentos e 6.952 empregados em 2005, além de São Bernardo do
Campo, Barueri e Santo André. Desses municípios, deve-se destacar o crescimento do
número de estabelecimentos entre 2000 e 2005 em Guarulhos e também ressaltar a
38
variação positiva do emprego no setor em todos eles (com exceção de Barueri cujo
número de empregos permaneceu praticamente estável).
Tabela 27 – Estabelecimentos, empregos e porte médio, por município, da região administrativa de
São Paulo, em 2000 e 2005.
Estabelecimentos Empregos Participação(%) 2005 2000 2005
Var(%) 2000-2005 2000 2005
Var(%) 2000-2005 Estabel. Empregos
Porte Médio (emp/est) em 2005
São Paulo 1.430 1418 -0,8 28.989 30.404 4,9 34,3 25,8 21,4 Guarulhos 155 207 33,5 6.409 7.473 16,6 5,0 6,3 36,1 Diadema 167 192 15,0 6.361 6.952 9,3 4,6 5,9 36,2
São Bernardo do Campo 96 102 6,3 4.326 4.625 6,9 2,5 3,9 45,3 Barueri 73 83 13,7 3.235 3.242 0,2 2,0 2,8 39,1
Santo André 53 64 20,8 902 1.164 29,0 1,5 1,0 18,2 Taboão da Serra 42 62 47,6 917 1.557 69,8 1,5 1,3 25,1
Cotia 42 48 14,3 767 1.880 145,1 1,2 1,6 39,2 São Caetano do Sul 43 47 9,3 824 1.166 41,5 1,1 1,0 24,8
Osasco 44 42 -4,5 1.674 1.738 3,8 1,0 1,5 41,4 Santana de Parnaíba 31 41 32,3 730 1.272 74,2 1,0 1,1 31,0
Mauá 21 32 52,4 881 1.027 16,6 0,8 0,9 32,1 Itaquaquecetuba 32 31 -3,1 1.760 1.862 5,8 0,7 1,6 60,1
Caieiras 27 28 3,7 948 1.221 28,8 0,7 1,0 43,6
Embu 19 23 21,1 1.379 1.469 6,5 0,6 1,2 63,9
Carapicuíba 20 22 10,0 646 829 28,3 0,5 0,7 37,7
Suzano 11 19 72,7 546 672 23,1 0,5 0,6 35,4
Arujá 10 18 80,0 496 1.185 138,9 0,4 1,0 65,8
Cajamar 20 16 -20,0 416 637 53,1 0,4 0,5 39,8
Mogi das Cruzes 6 16 166,7 169 249 47,3 0,4 0,2 15,6 Ferraz de
Vasconcelos 11 15 36,4 428 482 12,6 0,4 0,4 32,1
Franco da Rocha 16 14 -12,5 465 765 64,5 0,3 0,6 54,6 Vargem Grande
Paulista 3 14 366,7 58 290 400,0 0,3 0,2 20,7
Ribeirão Pires 16 11 -31,3 361 314 -13,0 0,3 0,3 28,5
Outros* 30 59 96,7 1.718 1.956 13,9 1,4 1,7 33,2 Total da R.A de São
Paulo 2.418 2624 8,5 65.405 74.431 13,8 63,4 63,2
28,4 Total do Estado de
São Paulo 3521 4136 17,5 96.980 117.757 21,4 100,0 100,0
28,5
Fonte: RAIS
* Municípios com menos de 10 estabelecimentos em 2005
Na região administrativa de Campinas (16,6% dos estabelecimentos e 18,5% do
emprego do setor de transformação de plásticos no Estado de São Paulo), o destaque,
em número de estabelecimentos, aparece nos seguintes municípios: Campinas, com 74
estabelecimentos e 1.306 empregados em 2005, Jundiaí, com 45 estabelecimentos e
4.395 empregados em 2005, Americana, com 40 estabelecimentos e 506 empregados
em 2005 e Limeira, com 38 estabelecimentos e 510 empregados em 2005. Jundiaí
apresenta estabelecimentos que empregam, em média, 97,7 funcionários, o que indica a
39
presença de grandes empresas nesse município. Destaque-se também que Americana,
Limeira e Indaiatuba mais do que dobraram o número de empregados no setor no
período que decorreu entre os anos de 2000 e 2005 (Tabela 28).
Tabela 28 – Estabelecimentos, empregos e porte médio, por município, da região administrativa de
Campinas, em 2000 e 2005
Estabelecimentos Empregos Participação(%) 2005
2000 2005 Var(%)
2000-2005 2000 2005 Var(%)
2000-2005 Estabel. Empregos
Porte Médio (emp/est) em
2005
Campinas 67 74 10,4 1.148 1.306 13,8 1,8 1,1 17,6
Jundiaí 39 45 15,4 3.448 4.395 27,5 1,1 3,7 97,7
Americana 25 40 60,0 223 506 126,9 1,0 0,4 12,7
Limeira 24 38 58,3 232 510 119,8 0,9 0,4 13,4
Indaiatuba 14 34 142,9 370 781 111,1 0,8 0,7 23,0
Valinhos 27 30 11,1 548 982 79,2 0,7 0,8 32,7
Pedreira 19 26 36,8 452 824 82,3 0,6 0,7 31,7
Piracicaba 27 25 -7,4 345 417 20,9 0,6 0,4 16,7
Rio Claro 21 24 14,3 1.843 793 -57,0 0,6 0,7 33,0 Santa Bárbara
D´oeste 18 23 27,8 500 777 55,4 0,6 0,7 33,8
Sumaré 13 22 69,2 720 967 34,3 0,5 0,8 44,0
Itupeva 13 20 53,8 369 619 67,8 0,5 0,5 31,0
Atibaia 9 19 111,1 145 319 120,0 0,5 0,3 16,8
Bragança Paulista 14 19 35,7 305 467 53,1 0,5 0,4 24,6
Araras 19 18 -5,3 555 719 29,5 0,4 0,6 39,9
Itatiba 11 18 63,6 109 356 226,6 0,4 0,3 19,8
Jaguariúna 12 16 33,3 1.042 886 -15,0 0,4 0,8 55,4
Louveira 16 15 -6,3 349 381 9,2 0,4 0,3 25,4
Vinhedo 9 14 55,6 135 414 206,7 0,3 0,4 29,6
Várzea Paulista 6 13 116,7 54 220 307,4 0,3 0,2 16,9
Hortolândia 8 12 50,0 264 379 43,6 0,3 0,3 31,6 São José do Rio
Pardo 4 11 175,0 110 308 180,0 0,3 0,3 28,0
Outros* 96 129 34,4 2.883 4.432 53,7 3,1 3,8 34,4 Total da RA de
Campinas 511 685 34,1 16.149 21.758 34,7 16,6 18,5 31,8 Total do Estado de
São Paulo 3521 4136 17,5 96.980 117.757 21,4
100,0 100,0 28,5
Fonte: RAIS
* Municípios com menos de 10 estabelecimentos em 2005
A região administrativa de Sorocaba (5% dos estabelecimentos e 6,3% do emprego do
setor de transformação de plásticos no Estado de São Paulo), terceira mais
representativa no Estado de São Paulo em número de estabelecimentos no setor de
transformados plásticos, apresenta apenas o município de Sorocaba com alguma
expressão no setor. Em 2005, essa cidade contava com 51 estabelecimentos e 1.718
empregados no setor. O porte médio dos estabelecimentos do município de Votorantim
40
é relativamente alto (70,8 empregados por estabelecimento), denotando a presença de,
pelo menos, uma empresa de grande porte (Tabela 29).
Tabela 29 – Estabelecimentos, empregos e porte médio, por município, da região administrativa de
Sorocaba, em 2000 e 2005.
Estabelecimentos Empregos Participação(%) 2005
2000 2005
Var(%) 2000-2005 2000 2005
Var(%) 2000-2005 Estabel. Empregos
Porte Médio (emp/est) em
2005
Sorocaba 41 51 24,4 1.210 1.718 42,0 1,2 1,5 33,7
Itu 15 20 33,3 267 295 10,5 0,5 0,3 14,8
Avaré 9 16 77,8 259 425 64,1 0,4 0,4 26,6
Botucatu 7 15 114,3 334 637 90,7 0,4 0,5 42,5
Salto 4 13 225,0 25 581 2224,0 0,3 0,5 44,7
Votorantim 6 13 116,7 491 921 87,6 0,3 0,8 70,8
Boituva 6 11 83,3 114 265 132,5 0,3 0,2 24,1
Iperó 8 11 37,5 286 283 -1,05 0,3 0,2 25,7
Outros 52 55 5,8 2010 2.244 11,6 1,3 1,9 40,8 Total da RA de
Sorocaba 148 205 38,5 4.996 7.369 47,5 5,0 6,3 35,9 Total do Estado de
São Paulo 3521 4136 17,5 96.980 117.757 21,4
100,0 100,0 28,5
Fonte: RAIS
* Municípios com menos de 10 estabelecimentos em 2005
Na região administrativa de São José dos Campos (2,7% dos estabelecimentos e 3,8%
do emprego do setor de transformação de plásticos no Estado de São Paulo), apenas os
municípios de São José dos Campos e Lorena possuem significância para o setor de
transformados plásticos. São José dos Campos contava com 27 estabelecimentos e 582
empregados e Lorena com 25 estabelecimentos e 1.182 empregados em 2005 no setor
de transformados plásticos (Tabela 30).
Tabela 30 – Estabelecimentos, empregos e porte médio, por município, da região administrativa de
São José dos Campos, em 2000 e 2005.
Estabelecimentos Empregos Participação(%) 2005
2000 2005 Var(%)
2000-2005 2000 2005 Var(%)
2000-2005 Estabel. Empregos
Porte Médio (emp/est) em
2005
São Jose dos Campos 23 27 17,4 525 582 10,9 0,7 0,5 21,6
Lorena 19 25 31,6 811 1.182 45,7 0,6 1,0 47,3
Pindamonhangaba 6 10 66,7 210 436 107,6 0,2 0,4 43,6
Taubaté 4 10 150,0 156 729 367,3 0,2 0,6 72,9
Outros 36 41 13,9 1.491 1.598 7,2 1,0 1,4 39,0 Total da RA de S.J. dos
Campos 88 113 28,4 3.193 4.527 41,8 2,7 3,8 40,1 Total do Estado de São
Paulo 3521 4136 17,5 96.980 117.757 21,4
100,0 100,0 28,5
Fonte: RAIS
* Municípios com menos de 10 estabelecimentos em 2005
41
A base de dados da RAIS apresenta 3 subsetores que compreendem as empresas de
transformação de plásticos, a saber, subsetor de Laminados Planos e Tubulares de
Plástico, subsetor de Embalagem de Plástico e subsetor de Artefatos Diversos de
Plástico. No Brasil (Tabela 31), em 2005, os estabelecimentos e emprego no setor
estavam divididos da seguinte forma:
• O subsetor de Laminados Planos e Tubulares de Plástico abrigava 4%
dos estabelecimentos e 5% dos empregos do setor.
• O subsetor de Embalagem de Plástico abrigava 30% dos
estabelecimentos e 36% do emprego do setor.
• O subsetor de Artefatos Diversos de Plástico – pela sua ampla
abrangência – abrigava 65% dos estabelecimentos e 58% do emprego do
setor.
Tanto em número de estabelecimentos, quanto em número de empregos, o subsetor que
apresentou maior crescimento percentual entre 2000 e 2005 foi o subsetor de
Embalagens (28% e 34% no período, respectivamente). Os outros dois subsetores
também mostraram crescimento significativo no período.
O maior porte médio dos estabelecimentos aparece no subsetor de Laminados Planos e
Tubulares de Plástico (37,7 empregados, em média, por estabelecimento em 2005),
embora esse tenha se reduzido no último ano da série em razão do alto crescimento do
número de estabelecimentos. No subsetor de Artefatos Diversos de Plásticos,
novamente, por sua ampla abrangência no tipo de produto e tipo de empresa, aparecem
os estabelecimentos de menor porte (25,4 empregados, em média por estabelecimento
em 2005).
A remuneração média nominal nos três subsetores elevou-se em torno de 50% no
período analisado (2000-2005). O subsetor de Laminados Planos e Tubulares de
Plástico apresentou o menor crescimento (41,7%), mas possui remuneração 24% maior
que a média do setor.
Em São Paulo, os números do setor são muito parecidos com o que se apresentou para o
total do Brasil (Tabela 32). Há apenas dois destaques a serem mencionados:
42
• O crescimento do emprego no subsetor de Laminados Planos e Tubulares
de Plástico, entre 2000 e 2005, foi muito aquém da média do crescimento
do emprego no total do setor no Estado de São Paulo (5% versus 21%).
• A remuneração média dos empregados no subsetor de Laminados Planos
e Tubulares de Plástico é 35% maior que a média do setor no Estado de
São Paulo.
43
Tabela 31 - Brasil: Número de estabelecimentos, emprego e remuneração média, por subsetor de transformados plásticos, de 2000 a 2005.
Laminados planos e tubulares de plástico Embalagem de plástico Artefatos diversos de plástico Total
Ano Estab. Emprego Rem. Média
(R$) Porte Médio Estab. Emprego
Rem. Média (R$)
Porte Médio
Estab. Emprego Rem. Média
(R$) Porte Médio Estab. Emprego
Rem. Média (R$)
Porte Médio
2000 269 11.209 878,9 41,7 2.089 68.281 655,2 32,7 4.645 116.448 654,0 25,1 7.003 195.938 667,3 28,0 2001 294 13.386 1.148,6 45,5 2.214 70.098 718,3 31,7 4.979 119.053 695,9 23,9 7.487 202.537 733,6 27,1 2002 283 10.453 957,3 36,9 2.402 75.646 765,6 31,5 5.213 124.507 744,3 23,9 7.898 210.606 762,5 26,7 2003 292 11.019 1.054,5 37,7 2.508 76.683 840,9 30,6 5.413 126.992 832,7 23,5 8.213 214.694 847,0 26,1 2004 329 13.207 1.204,5 40,1 2.591 87.100 916,7 33,6 5.603 140.159 934,7 25,0 8.523 240.466 943,0 28,2 2005 344 12.970 1.245,0 37,7 2.688 92.064 985,0 34,3 5.812 147.897 990,3 25,4 8.844 252.931 1.001,5 28,6
Var (%) 2000-05 27,9 15,7 41,7 -9,5 28,7 34,8 50,3 4,8 25,1 27,0 51,4 1,5 26,3 29,1 50,1 2,2 Part (%) em 2005 3,9 5,1 124,3 30,4 36,4 98,4 65,7 58,5 98,9 100,0 100,0 100,0
Fonte: RAIS
Tabela 32 - São Paulo: Número de estabelecimentos, emprego e remuneração média, por subsetor de transformados plásticos, de 2000 a 2005.
Laminados planos e tubulares de plástico Embalagem de plástico Artefatos diversos de plástico Total
Ano Estab. Emprego Rem. Média
(R$) Porte Médio Estab. Emprego
Rem. Média (R$)
Porte Médio
Estab. Emprego Rem. Média
(R$) Porte Médio
Estab. Emprego Rem. Média (R$) Porte Médio
2000 136 6.148 1.076,0 45,2 907 31.436 825,5 34,7 2.478 59.396 748,8 24,0 3.521 96.980 794,4 27,5 2001 142 8.331 1.394,5 58,7 964 31.680 900,9 32,9 2.607 59.785 783,7 22,9 3.713 99.796 871,9 26,9 2002 132 5.411 1.192,9 41,0 1.024 33.290 969,9 32,5 2702 61.827 832,7 22,9 3.858 100.528 897,5 26,1 2003 138 5.501 1.287,9 39,9 1.043 33.329 1.071,7 32,0 2746 63.362 927,0 23,1 3.927 102.192 993,6 26,0 2004 158 6.647 1.538,4 42,1 1.056 35.959 1.191,5 34,1 2783 70.320 1.028,2 25,3 3.997 112.926 1.110,2 28,3 2005 166 6.449 1.579,3 38,8 1.099 39.360 1.243,9 35,8 2871 71.948 1.079,9 25,1 4.136 117.757 1.162,0 28,5
Var(%) 2000-05 22,06 4,90 46,77 -14,06 21,17 25,21 50,68 3,33 15,86 21,13 44,21 4,55 17,47 21,42 46,27 3,37 Part (%) em 2005 4,0 5,5 135,9 26,6 33,4 107,0 69,4 61,1 92,9 100,0 100,0 100,0
Fonte: RAIS
44
Dados de comércio exterior a partir dos dados da SECEX
A análise dos dados de comércio exterior de produtos transformados plásticos apresenta
algumas dificuldades. A principal delas diz respeito à subestimação que se faz com
relação aos valores exportados e importados. Isso porque o plástico participa da
composição de outros produtos (como das autopeças, dos componentes
microeletrônicos, dos brinquedos) que estão classificados em categorias diversas e
diferentes da que geralmente se utiliza para avaliar o comércio exterior de produtos de
plástico (capítulo 39 da NCM). Assim, acredita-se que os valores de exportação e de
importação de produtos de plástico devam ser significativamente maiores daqueles que
freqüentemente se atribui ao setor e conforme será observado a seguir.
De qualquer forma, cabe mencionar que alguns produtos de plásticos são de difícil
comercialização internacional. Os tubos e os frascos médios e grandes, por exemplo,
tendem apresentar baixos valores de comércio em função da sua baixa densidade (pouco
conteúdo ocupando um espaço grande nos contêineres). Ademais, os produtos de
plásticos que constituem partes de outros produtos (acessórios, peças e embalagens)
tendem a não ser comercializados por conta da necessidade de proximidade física do
cliente com o fornecedor (são ilustrativos os exemplos de empresas transformadoras que
possuem seu processo produtivo dentro da empresa do cliente). Assim, esses segmentos
estão mais protegidos da concorrência internacional, no que se refere apenas às
importações. Afinal, as empresas de capital nacional podem ser ameaçadas com a vinda
dos fornecedores globais dos clientes de capital estrangeiro.
Realizados esses comentários, segue-se a análise dos dados de comércio exterior
fornecidos pela SECEX.
O setor de transformação de plásticos tem apresentado recorrentes déficits comerciais,
embora esse tenha diminuído no período compreendido entre 2000 e 2006. A redução
do déficit brasileiro de produtos de plásticos deve-se ao crescimento das exportações (de
149%) superior à elevação das importações (52,3%). Em 2006, enquanto o país
exportou US$ 734 milhões, as importações somaram US$ 1.034 milhões, o que
produziu um déficit de US$ 300 milhões, 22% menor que o do ano 2000 (Tabela 33).
45
Tabela 33 - Exportações, importações e saldo comercial do setor de transformados plásticos, no
Brasil e no Estado de São Paulo, em 2000 e 2006, em mil dólares.
Brasil São Paulo 2000 2006
Var (%) 2000-06 2000 2006
Var (%) 2000-06
Exportações 294.853 734.090 149,0 183.597 456.282 148,5
Importações 679.306 1.034.413 52,3 399.714 553.337 38,4
Saldo -384.453 -300.324 -21,9 -216.116 -97.055 -55,1
Fonte: Secex
Os dados da Tabela 34 mostram a importância de São Paulo no que se refere às
exportações de transformados plásticos, com participação de 62,1% no total das
exportações do setor. Mostram ainda que o ritmo de crescimento das exportações e das
importações de transformados plásticos foi maior que o das exportações e importações
do total dos produtos da indústria de transformação no Brasil. Desse modo, a
participação do setor no total do comércio exterior da indústria de transformação
aumentou de 2000 para 2006. No Brasil, as exportações de plásticos passaram de 0,65%
em 2000 para 0,70% em 2006 das exportações da indústria de transformação e, em São
Paulo, o incremento foi equivalente (em 2000, as exportações de plásticos equivaliam a
0,97% das exportações da indústria de transformação e, em 2006, a participação
aumentou para 1,07%). O mesmo ocorreu para as importações.
Com relação ao total exportado e importado pelo Brasil (considerando todos os setores
produtivos de bens tangíveis), a participação do setor de transformados plásticos caiu,
embora em pequeno percentual. Em 2006, as exportações de plástico equivaliam a 0,5%
do total exportado pelo Brasil e 1% do total exportado pelo estado de São Paulo. As
importações, no mesmo ano, representavam 1,1% do total importado pelo Brasil e 1,5%
do importado pelo ESP8.
8 Cabe salientar que as exportações são registradas com base na sede da empresa produtora do produto exportado, ao passo que as importações são registradas com base na sede da empresa importadora e, não necessariamente, a empresa que consumirá o produto importado.
46
Tabela 34 - Participação (%) das exportações e importações do setor de transformados plásticos na
indústria de transformação e no total do Brasil e do Estado de São Paulo, 2000 e 2006.
Brasil São Paulo 2000 2006 2000 2006
Ind. De transformação 0,65 0,70 0,97 1,04 Exportações
Total 0,54 0,53 0,93 0,99 Ind. De transformação 1,39 1,41 1,66 1,76
Importações Total 1,22 1,13 1,56 1,49
Fonte: Secex
Os principais destinos das exportações de transformados plásticos do Brasil, em 2006,
foram: Argentina, EUA, Chile e México, com participação sobre as exportações totais
de, respectivamente, 16,6%, 11,4%, 5,9% e 3,9% (Tabela 35). Entre 2000 e 2006, houve
aumento das exportações para esses países (algo em torno de 100%, com exceção do
México, para o qual as exportações aumentaram 302% nesse período). No entanto,
como a taxa de crescimento das exportações foi maior para outros países, houve uma
maior diversificação das exportações, no que se refere ao seu destino. Em 2000, 83,9%
das exportações brasileiras se concentravam nos 10 principais países de destino. Em
2006, os 10 principais destinos correspondiam a 71,8% das exportações totais de
plásticos (Tabela 35). Ainda assim, pode-se considerar que há uma elevada
concentração das exportações em alguns países, sobretudo em alguns da América Latina
(como Argentina, Chile, México, Colômbia, Venezuela, Paraguai e Uruguai)9.
Tabela 35 - Brasil: Total de exportações do setor de transformados plásticos aos principais destinos
de 2006, valores em mil dólares, 2000 e 2006.
2000 % 2006 % Var(%) 2000-06 Argentina 94.341 32,0 172.227 23,5 82,6
Estados Unidos 53.665 18,2 118.354 16,1 120,5 Chile 31.560 10,7 60.876 8,3 92,9
México 9.984 3,4 40.140 5,5 302,0 Venezuela 6.111 2,1 27.364 3,7 347,8 Colômbia 3.345 1,1 27.250 3,7 714,8 Paraguai 20.861 7,1 23.252 3,2 11,5 Uruguai 14.342 4,9 22.304 3,0 55,5
Países Baixos 670 0,2 18.893 2,6 2718,1 Espanha 1.097 0,4 16.535 2,3 1408,0 Outros 58.879 20,0 206.895 28,2 251,4 Total 294.853 100,0 734.090 100,0 149,0
Fonte: Secex
9 Em 2006, esses países foram o destino de metade das exportações brasileiras de transformados plásticos.
47
Tabela 36 - Brasil: Total de exportações do setor de transformados plásticos aos 10 principais
destinos de 2000 e de 2006, valores em mil dólares, 2000 e 2006.
2000 Mil US$ % 2006 Mil US$ %
Argentina 94.341 32,0 Argentina 172.227 23,5
Estados Unidos 53.665 18,2 Estados Unidos 118.354 16,1
Chile 31.560 10,7 Chile 60.876 8,3
Paraguai 20.861 7,1 México 40.140 5,5
Uruguai 14.342 4,9 Venezuela 27.364 3,7
México 9.984 3,4 Colômbia 27.250 3,7
Cayman,Ilhas 6.846 2,3 Paraguai 23.252 3,2
Bolívia 6.337 2,1 Uruguai 22.304 3,0
Venezuela 6.111 2,1 Países Baixos 18.893 2,6
Itália 3.352 1,1 Espanha 16.535 2,3
Outros 47.455 16,1 Outros 206.895 28,2
Total 294.853 100,0 Total 734.090 100,0
Fonte: Secex
No estado de São Paulo, a concentração das exportações nos 10 principais países de
destino é equivalente ao total do Brasil (em torno de 70%). O mesmo movimento de
diversificação das exportações (quanto aos países de destino) também ocorreu para as
empresas exportadoras de plásticos do estado de São Paulo (Tabela 37).
Tabela 37 - São Paulo: Total de exportações do setor de transformados plásticos aos 10 principais
destinos de 2000 e de 2006, valores em mil dólares, 2000 e 2006.
2000 Mil US$ % 2006 Mil US$ %
Argentina 65.516 35,7 Argentina 123.798 27,1
Estados Unidos 32.336 17,6 Estados Unidos 71.459 15,7
Chile 22.435 12,2 Chile 33.735 7,4
Paraguai 8.793 4,8 México 28.617 6,3
México 8.330 4,5 Venezuela 20.087 4,4
Uruguai 8.040 4,4 Colômbia 14.196 3,1
Venezuela 3.950 2,2 Uruguai 10.339 2,3
Bolívia 3.598 2,0 Paraguai 9.458 2,1
Hong Kong 2.774 1,5 Alemanha 8.881 1,9
Bélgica 2.738 1,5 Guatemala 8.032 1,8
Outros 25.087 13,7 Outros 127.679 28,0
Total 183.597 100,0 Total 456.282 100,0
Fonte: Secex
As importações de transformados plásticos também estão concentradas em alguns países
de origem. Em 2006, 76,8% das importações de plásticos do Brasil eram oriundas de
48
apenas 10 países, com destaque para os países europeus (sobretudo Alemanha, França,
Itália e Espanha) e para os países asiáticos (China, Japão e Coréia do Sul). Entre 2000 e
2006, desses 10 principais países, as importações aumentaram significativamente (com
exceção das importações dos EUA, cujo aumento foi de apenas 1% no período). O
destaque do crescimento das importações vai para a China, de onde vieram US$10
milhões em produto de plástico em 2000 e US$ 72 milhões em 200610 (Tabela 38).
Tabela 38 - Brasil: Total de importações do setor de transformados plásticos, a partir dos
principais países de origem de 2006, valores em mil dólares, 2000 e 2006.
2000 % 2006 % Var(%) 2000-06
Estados Unidos 223.276 32,9 225.594 21,8 1,0
Argentina 57.334 8,4 121.226 11,7 111,4
Alemanha 67.074 9,9 100.702 9,7 50,1
Uruguai 34.623 5,1 79.973 7,7 131,0
China 10.494 1,5 71.946 7,0 585,6
França 37.385 5,5 49.244 4,8 31,7
Itália 41.772 6,1 47.443 4,6 13,6
Japão 16.185 2,4 47.072 4,6 190,8
Espanha 23.491 3,5 25.617 2,5 9,1
Coréia do Sul 10.096 1,5 25.305 2,4 150,6
Outros 157.575 23,2 240.291 23,2 52,5
Total 679.306 100,0 1.034.413 100,0 52,3
Fonte: Secex
As importações de transformados plásticos realizadas por empresas do Estado de São
Paulo são provenientes dos mesmos países que as importações do Brasil. Há uma
concentração um pouco maior das importações oriundas dos EUA (30% do total
importado em 2006) no ESP do que no Brasil (21,8%).
10 Cabe ressaltar que as exportações brasileiras de plásticos para a China, em 2006, foram de apenas US$ 9 milhões.
49
Tabela 39 - Estado de São Paulo: Total de importações do setor de transformados plásticos, a partir
dos principais países de origem de 2006, valores em mil dólares, 2000 e 2006.
2000 % 2006 % Var(%) 2000-06
Estados Unidos 158.753 39,7 167.021 30,2 5,2
Alemanha 32.641 8,2 60.651 11,0 85,8
Argentina 34.556 8,6 57.741 10,4 67,1
China 4.859 1,2 29.213 5,3 501,3
Japão 10.183 2,5 27.220 4,9 167,3
Itália 19.981 5,0 21.817 3,9 9,2
França 18.831 4,7 19.672 3,6 4,5
Espanha 13.709 3,4 13.069 2,4 -4,7
Reino Unido 11.413 2,9 12.078 2,2 5,8
México 6.641 1,7 11.609 2,1 74,8
Outros 88.149 22,1 133.247 24,1 51,2
Total 399.714 100 553.337 100 38,4
Fonte: Secex
Dada a concentração das exportações de transformados plásticos para países da América
Latina e das importações dos países da Europa, América do Norte e Ásia, o saldo do
comércio exterior de plásticos brasileiro é positivo com os países da América Latina e
negativo com os países desenvolvidos. Como mostram as tabelas a seguir, os maiores
superávits comerciais do Brasil no comércio de plásticos, em 2006, aparecem com a
Argentina (US$ 51 milhões), Chile (US$ 45 mi), Venezuela (US$ 27 mi), Colômbia
(US$ 24 mi) e México (US$ 22 mi) e os maiores déficits comerciais com os Estados
Unidos (US$ 107 milhões), Alemanha (US$ 89 mi), China (US$ 62 mi), Uruguai (US$
57 mi) e Japão (US$ 46 mi) (Tabela 40 e Tabela 41).
50
Tabela 40 - Principais superávits comerciais brasileiros, no setor de transformados plásticos, em
2006 e em mil dólares.
País Saldo comercial (em mil dólares)
Argentina 51.001
Chile 45.407
Venezuela 27.259
Colômbia 24.555
México 22.860
Paraguai 19.221
Bolívia 14.151
Angola 12.067
Países Baixos 9.090
Austrália 8.565
Guatemala 8.406
África do Sul 8.197
Rep.Dominicana 5.867
Peru 5.803
El Salvador 5.446
Porto Rico 5.138
Costa Rica 4.920
Honduras 4.475
Cuba 4.420
Equador 4.386
Fonte: SECEX
51
Tabela 41 - Principais déficits comerciais brasileiros, no setor de transformados plásticos, em 2006
e em mil dólares.
País Saldo Comercial (em mil dólares)
Estados Unidos -107.240
Alemanha -89.813
China -62.869
Uruguai -57.669
Japão -46.320
França -42.951
Itália -40.544
Coréia do Sul -24.372
Taiwan (Formosa) -18.344
Índia -16.265
Suíça -12.935
Reino Unido -11.797
Dinamarca -10.866
Suécia -9.412
Espanha -9.082
Singapura -7.285
Hong Kong -5.656
Canadá -5.261
Bélgica -4.933
Tailândia -4.899
Israel -4.552
Áustria -3.856
Fonte: SECEX
Embora as exportações brasileiras de plástico tenham crescido significativamente entre
2001 e 2005 (89%11, segundo as categorias consideradas pela UNCTAD), o país ainda
apresenta números muito tímidos perante outros países. Em 2005, o Brasil ficou na 33a.
posição entre os maiores exportadores de transformados plásticos do mundo, com US$
614 milhões, 0,4% do total das exportações mundiais e 2,7% das exportações da
Alemanha, primeira colocada no ranking dos maiores exportadores do produto (US$ 22
bilhões e 14% das exportações mundiais). Os Estados Unidos aparecem na segunda
posição (com US$ 16 bilhões) e a China na terceira posição em 2005 (com US$ 13
11 O crescimento das exportações brasileiras de plástico foi um pouco maior que a variação das exportações mundiais do produto (67,9%)
52
bilhões). Ressalte-se o intenso crescimento das exportações chinesas nesse período
144% (a variação percentual entre os países selecionados consta na Tabela 42).
Tabela 42 - Principais países exportadores de transformados plásticos do mundo, em 2005, em
milhões de dólares.
País 2001 % 2005 %
VAR (%) 01-05
1º Alemanha 12.881 14,1 22.910 14,9 77,9
2º Estados Unidos 13.254 14,5 16.555 10,8 24,9
3º China 5.629 6,2 13.769 9,0 144,6
4º Itália 6.104 6,7 9.875 6,4 61,8
5º Japão 3.821 4,2 8.214 5,4 114,9
6º França 4.520 4,9 7.415 4,8 64,0
7º Bélgica 4.260 4,7 6.631 4,3 55,6
8º Canadá 4.175 4,6 6.216 4,1 48,9
9º Reino Unido 3.886 4,3 5.930 3,9 52,6
10º Holanda 2.755 3,0 4.855 3,2 76,2
11º Hong Kong 4.361 4,8 4.220 2,8 -3,2
12º Coréia do Sul 1.991 2,2 3.571 2,3 79,3
13º Espanha 2.005 2,2 3.257 2,1 62,4
14º Áustria 1.719 1,9 3.103 2,0 80,5
15º México 2.114 2,3 3.069 2,0 45,2
33º Brasil 324 0,4 614 0,4 89,4
Outros 17.578 19,2 33.197 21,6 88,9
Total 91.379 100 153.402 100,0 67,9
Fonte: Unctad Nota: Os valores totais compreendem a soma dos subsetores classificados nos códigos (SITC Rev3): 581 (tubos, canos e mangueiras de plásticos); 582 (chapas, lâminas e filmes); 583 (monofilamentos de plásticos) e 893 (artigos diversos de plástico).
Entre os maiores importadores de transformados plásticos do mundo em 2005 estão os
Estados Unidos (com US$ 21 bilhões, 13% das importações mundiais), Alemanha (com
US$ 11 bilhões, 7% do total importado), França, México, Reino Unido e China (com,
respectivamente, 6,4%, 5,9%, 5,5% e 4,6% do total importado no mundo). Entre os
países exibidos na tabela, China e Coréia do Sul apresentam o maior crescimento das
importações do produto nesse período (137% e 156%, respectivamente). O Brasil se
situa na 33a. posição, com apenas 0,6% do total importado pelo mundo (Tabela 43).
53
Tabela 43 - Principais países importadores transformados plásticos do mundo em 2005, em milhões
de dólares.
País 2001 % 2005 %
VAR(%) 01-05
1º Estados Unidos 13.071 13,9 21.254 13,7 62,60 2º Alemanha 7.138 7,6 11.699 7,6 63,91 3º França 5.999 6,4 9.876 6,4 64,62 4º México 6.766 7,2 9.075 5,9 34,12 5º Reino Unido 5.103 5,4 8.446 5,5 65,51 6º China 2.988 3,2 7.104 4,6 137,72 7º Canadá 4.018 4,3 5.769 3,7 43,59 8º Bélgica 3.250 3,5 5.197 3,4 59,90 9º Japão 3.342 3,6 5.133 3,3 53,58 10º Itália 2.828 3,0 4.748 3,1 67,88 11º Espanha 2.372 2,5 4.374 2,8 84,39 12º Holanda 2.705 2,9 4.059 2,6 50,06 13º Hong Kong 3.888 4,1 3.879 2,5 -0,25 14º Polônia 1.620 1,7 3.164 2,0 95,23 15º Coréia do Sul 1.135 1,2 2.912 1,9 156,57 33º Brasil 643 0,7 917 0,6 42,52 Outros 26.932 28,7 47.121 30,5 74,96 Total 93.800 100,0 154.727 100,0 64,95
Fonte: Unctad Nota: Os valores totais compreendem a soma dos subsetores classificados nos códigos (SITC Rev3): 581(tubos, canos e mangueiras de
plásticos); 582 (chapas, lâminas e filmes); 583 (monofilamentos de plásticos) e 893 (artigos diversos de plástico).
54
3. FATORES CRÍTICOS À COMPETITIVIDADE DO SETOR
Os determinantes da competitividade variam de um setor para o outro, mas de modo
geral, são considerados fatores relevantes: capital e capacidade de investimento; escala;
tecnologia e capacitação tecnológica (escala de produção, processos, maleabilidade para
mudanças em materiais, processos e produtos, isto é flexibilidade); inovação
(desenvolvimento e adoção de inovações); capacidade de desenvolvimento de design e
projetos próprios; qualidade; prazos de entrega; custos ao longo da cadeia; capacidade
de negociação e de articulação/relacionamento com fornecedores e clientes (condições
de negociação, custos das matérias-primas, custos de troca de fornecedores, custos de
troca de clientes, grau de “aprisionamento”); localização (mercados consumidores e
fornecedores); logística e distribuição (distâncias e condições de acesso); capacidade de
diferenciação e de diversificação (por investimentos em desenvolvimento ou por meio
de acordos ou aquisições de empresas); enfim, capacidade de produzir a preços
competitivos no mercado nacional e internacional. Ou seja, a competitividade de uma
indústria depende de vários fatores relacionados não só aos fatores internos e estratégias
de cada uma das empresas constituintes da indústria, mas também às características do
ambiente em que as empresas operam.
Quanto à estrutura do setor, observa-se, como mencionado anteriormente, que o setor de
transformados plásticos é caracterizado pela presença e liderança de algumas grandes
empresas em mercados específicos (calçados de plástico, autopeças, tubos e conexões e
embalagens, por exemplo) e de uma grande massa de pequenas e médias empresas, que
constituem parte significativa do tecido industrial. Apesar da dispersão há um número
expressivo de empresas geograficamente concentradas, como é o caso do ABC paulista.
O grande número de empresas concorrendo torna intensa a rivalidade entre as empresas,
o que tem reflexos tanto positivos quanto negativos.
Essa rivalidade, especialmente em preços, dificulta o estabelecimento de acordos entre
empresas e a definição de estratégias e políticas coesas em termos de ações que gerem
benefícios coletivos (aliar concorrência e colaboração) e aumento da competitividade
setorial. Por outro lado, os efeitos negativos do grande número de empresas dispersas
podem ser atenuados pela diferenciação de produtos, e pela focalização em
55
determinadas regiões e segmentos de demanda. Uma das principais formas é a busca de
oportunidades na fabricação sob encomenda, o que permite aliar de forma coerente
especialização (nos processos, por exemplo, extrusão) e diversificação (produtos e
mercados).
Além disso, acordos de cooperação entre empresas podem facilitar a superação de
alguns gargalos típicos das empresas de menor porte, como os relacionados à
distribuição, ao acesso a linhas de financiamento, e mesmo a programas de apoio ao
fortalecimento do setor e de empresas. Acordos podem ser facilitados pela proximidade
de localização das empresas, mas com o avanço das tecnologias de informação (TI)
mesmo empresas distantes fisicamente podem estabelecer acordos para o
desenvolvimento conjunto de diversas atividades, como sites compartilhados, divisão de
custos de participação em feiras internacionais, prospecção de clientes no mercado
doméstico e internacional, (em especial no caso de empresas que têm
complementaridades), treinamento de mão-de-obra e para capacitação gerencial,
algumas negociações com fornecedores e clientes comuns, reivindicações conjuntas
junto a órgãos públicos, etc.
Políticas visando ampliar a competitividade para setores como o de transformados
plásticos têm de ter como um dos alvos o estímulo a estratégias dessa natureza e,
adicionalmente, à exploração de sinergias possíveis entre as empresas que se encontram
aglomeradas geograficamente.
As características da estrutura industrial do setor de transformação de plásticos não o
favorecem no que se refere às forças competitivas. Em parte considerável dos
segmentos não há grandes barreiras à entrada12 de novos concorrentes; o poder de
negociação com fornecedores (segunda geração da petroquímica e seus distribuidores) e
com os compradores (em especial quando se trata das grandes montadoras e seus
fornecedores de primeira linha) é limitado. Entretanto, essas observações não podem ser
12 As barreiras mais relevantes estão ligadas principalmente às possibilidades de diferenciação do produto e à importância da experiência acumulada quanto a design, produtos, processos e distribuição - o que
representa vantagem para as empresas já estabelecidas com relação a potenciais entrantes. Em alguns segmentos, no entanto, máquinas e moldes sofisticados constituem um empecilho significativo à abertura de novas empresas.
56
generalizadas, pois o setor é bastante heterogêneo, em processos e tipos de produção –
linha própria, subcontratação - produtos, segmentos atendidos, complexidade
tecnológica dos produtos, produtos, tamanho e poder de mercado das empresas. Por
suas características, coloca algumas restrições ao fortalecimento e a processos de
expansão e diversificação de empresas que destinam seus produtos ao consumidor final.
O canal de distribuição utilizado é, em geral, o varejo constituído por pequenas lojas,
como as inúmeras R$1,99, mas também pelo grande varejo, como supermercados,
grandes lojas de departamentos, etc., muitas vezes com maior poder de negociação,
comprimindo as margens de fornecedores de produtos de plásticos de menor porte. A
essa pressão a montante, agregam-se os efeitos do fato de que embora o padrão de
consumo não se distancie muito do verificado em países desenvolvidos, a elevada
concentração de renda brasileira leva a uma escala de vendas relativamente baixa, o que
torna inviável (da ótica da racionalidade empresarial) o investimento em moldes,
máquinas e resinas técnicas para a produção de produtos de mais alto valor agregado.
A estratégia de algumas empresas transformadoras tem sido a de concentrar-se na
produção de produtos de menor valor (que requerem menos investimentos em moldes e
resinas) e complementar sua carteira de produtos com a importação de produtos (não
mais só os sofisticados) para os quais a escala nacional é considerada insuficiente. Ou
seja, a reduzida escala no consumo constitui forte impeditivo para avanços em design e
em mais sofisticação do produto brasileiro.
Quanto à demanda no caso de componentes e peças, também é usual clientes com poder
de mercado e de barganha superior ao dos fornecedores (os transformadores) e, é
crescente a concorrência de fornecedores globais, favorecida inclusive pelo avanço das
tecnologias de informação, que torna relativa parte das vantagens da proximidade
cliente/fornecedor.
A dotação de fatores (mão-de-obra e recursos naturais) não parece ser um fator limitante
da competitividade da indústria nacional de transformados plásticos. Quanto à força de
trabalho, tanto os comentários de representantes do setor, quanto à avaliação da infra-
estrutura brasileira de formação de mão-de-obra especializada em plásticos indicam
níveis razoáveis de qualificação da mão-de-obra em âmbito nacional. Entretanto,
57
especialmente para as empresas fornecedoras de partes e peças técnicas para outros
setores industriais, é fundamental um corpo de funcionários altamente capacitado em
atividades de ferramentaria. Essas empresas, muitas vezes, transformam os plásticos
com o uso dos moldes dos clientes e, portanto, devem garantir a sua qualidade e seu
tempo de utilização. Portanto, investimentos na formação de mão-de-obra técnica no
setor de metal-mecânica (ferramentaria, em especial) são cruciais para a determinação
da competitividade das empresas transformadoras fornecedoras.
Quanto aos recursos naturais, pode-se afirmar que a presença de petróleo (elo inicial da
cadeia de transformados) só representa vantagem competitiva se conjugada à existência
de uma segunda geração consolidada e competitiva. As empresas produtoras de resinas
garantem o abastecimento das transformadoras com a matéria-prima básica, mas não
chegam a configurar-se como um diferencial positivo, uma vez que os preços tendem a
ser superiores, ou, no máximo, equipararam-se aos preços internacionais13 (não havendo
qualquer vantagem em custo). Adicionalmente, os fornecedores de resinas plásticas, a
segunda geração, assim como as empresas enriquecimento de materiais plásticos, têm,
no geral maior poder de negociação que os clientes, evidenciando a fragilidade do elo
terceira geração da cadeia, os transformadores.
Essa característica não é restrita ao setor no Brasil, mas geral, como ilustra o comentário
a respeito do setor de plásticos na Europa, que destaca a importância das empresas de
transformação, que representam 60% do faturamento de todo o setor de plásticos na
Europa14, mas são o elemento mais frágil da cadeia. São dependentes do fornecimento
de matérias-primas, em mãos de poucas grandes multinacionais, com poder de fixação
de preços (em alguns segmentos, as cinco maiores empresas fornecedoras chegam a
deter mais de 90% do mercado, de acordo com informações da PlasticsEurope). Estão
também sob pressão dos clientes, em grande parte grandes montadoras do setor
automobilístico, eletro-eletrônicos, alimentos e outros. Note-se que essa posição relativa
mais frágil não vale para o setor como um todo, pois apesar da atomização, com
13 Segundo informações obtidas em entrevistas realizadas para este trabalho, as resinas plásticas no Brasil têm preços, em média, 20% superiores aos do mercado internacional. 14 Ministère de l’ Économie, des Finances e de l’ Industrie, 2004, apud, IESE, 2005
58
predominância de pequenas empresas, as grandes empresas representam boa parte do
total de empregos, da produção e do faturamento, com tendência à concentração,
característica do setor, em geral, não só no Brasil. Há empresas nesse setor industrial
que possuem competência técnica para adequar-se às demandas dos transformadores,
inovando quando necessário.
Um dos argumentos utilizados para explicar as lacunas na produção local de máquinas e
moldes mais sofisticados é a insuficiente escala do mercado nacional. Com isso,
demandas específicas de máquinas ou moldes muitas vezes não podem ser atendidas.
Nesses casos, resta aos transformadores importar as ferramentas, moldes, máquinas e
equipamentos demandados (alguns entrevistados mencionaram que muitos moldes já
vêm sendo importados da China). O mesmo ocorre com alguns tipos de aditivos,
produzidos apenas internacionalmente. Segundo entrevistados, a maior proximidade dos
produtores estrangeiros dos fabricantes desses insumos especiais traz claras vantagens
aos estrangeiros em termos de rapidez no desenvolvimento e lançamento de novos
produtos.
A atomização, com presença predominante de empresas de pequeno porte,
freqüentemente concorrendo em preços torna intensa a rivalidade. As dificuldades para
atuar aliando concorrência e cooperação tendem a reforçar esse comportamento
competitivo. A pressão de produtos substitutos é a força competitiva à qual o setor é
menos vulnerável. Sobre esse aspecto, comente-se que o momento é particularmente
favorável ao setor de produtos de plástico porque vive um estágio no qual o consumo de
plástico está sendo ampliado pelo desenvolvimento de novos usos e pela substituição a
outros materiais. Por outro lado, a potencialidade de substituição e de ampliação do
mercado torna o setor atrativo a investimentos (em estratégias de diversificação) de
empresas de setores substitutos, como o de papel e vidro (caso do grupo Saint Gobain),
tendência já apontada em estudos internacionais sobre a indústria de plásticos.
De acordo com a percepção de alguns entrevistados e a partir das informações
analisadas neste estudo, o setor de transformados plásticos no Brasil apresenta uma
situação intermediária no que concerne à tecnologia/ capacitação tecnológica/inovação.
Apesar de haver muitas empresas que não detêm tecnologia de ponta, algumas (em geral
59
de grande porte) que têm acesso à tecnologia da fronteira seja em processos, máquinas
ou moldes.
Quanto ao capital e à capacidade de investimento, o setor (com exceção das grandes
empresas líderes) encontra-se em posição desfavorável relativamente aos concorrentes
internacionais tanto pela menor disponibilidade de capital e por seu maior custo, quanto
pelas dificuldades de acesso ao financiamento. De fato, os impactos não são exclusivos
ao setor de transformados, mas como neste são predominantes (em número de unidades)
as pequenas empresas, o diferencial negativo é expressivo comparativamente ao setor
em outros países. No que concerne à escala, o setor encontra-se também em situação
desfavorável. O mercado consumidor é muito restrito a uma pequena parcela da
população, e o excedente não é direcionado com facilidade para o exterior e são raros os
casos de empresas operando no Brasil que têm a maior parte da produção destinada para
a venda em mercados externos.
No que tange à qualidade dos produtos pode-se dizer que o setor apresenta uma situação
intermediária. Enquanto algumas empresas estão capacitadas a atender a rigorosas
especificações técnicas e padrão de qualidade dos clientes, parte significativa das
empresas ainda está bastante defasada em termos de tecnologia, processos, práticas
organizacionais e de relacionamento com clientes. As dificuldades na esfera operacional
refletem-se na dificuldade de cumprir os prazos de entrega, uma das falhas mais
apontadas por clientes, e reconhecida pelos produtores. Quanto a preços, ao menos de
acordo com a argumentação dos representantes do setor, os produtores nacionais estão
em desvantagem em função dos custos mais elevados (especialmente, os custos de
matéria-prima, financeiros, tributários).
Quanto às condições de distribuição, embora parte dos produtores seja beneficiada pela
proximidade aos grandes mercados consumidores, isso não se aplica ao conjunto de
produtores como um todo e, ademais, ainda são necessários vultosos investimentos em
infra-estrutura rodoviária, ferroviária e portuária, para que a distribuição das empresas
possa representar um dos fatores competitivos. Essas restrições têm impactos tanto no
mercado interno – dificultando a concorrência com produtos importados – quanto nas
60
exportações – conquista de mercados, cujas condições internas são mais adequadas que
as brasileiras.
O setor ressente-se ainda da falta de políticas setoriais e, com a difusão do
reconhecimento da importância da preservação do meio ambiente, o poder da opinião
pública não o favorece daí a relevância da intensificação de ações do setor voltadas para
o aumento da reciclagem pós-consumo dos produtos de plásticos. Temas relacionados à
questão ambiental são crescentemente postos em pauta e ligados à dinâmica e
competitividade da indústria dos plásticos, e ganham espaços próprios em estudos
nacionais e internacionais sobre a indústria. Capacidade de pesquisa e desenvolvimento
em bioplásticos e em formas de tratar a reciclagem e o lixo gerado pela indústria e no
pós-consumo agrega-se às clássicas 5 forças competitivas propostas por Porter. O
mesmo vale para a atenção atribuída pelas autoridades públicas à questão e à
“qualidade” do conjunto de leis e normas a ela relacionadas. Nesse ponto, fica clara a
importância do desenvolvimento de relações mais continuadas e sólidas de empresas e
Universidades, Institutos de pesquisa e órgãos de apoio e de financiamento à pesquisa.
No Brasil, o número de empresas na indústria de transformados plásticos é considerado
excessivo e vem sendo citado por representantes do segmento como um problema,
especialmente no que tange à atualização tecnológica do setor. Como se viu, não é pelo
número de empresas em si que o Brasil teria diferencial negativo, pois é próximo ao de
muitos outros países, no total e na média (cerca de 40) de empregados por empresa, em
2005. Cabe observar que a competitividade de uma indústria não pressupõe que todas as
empresas estejam na fronteira tecnológica, mas sim que haja um conjunto relevante
capacitado nesse sentido. As pequenas empresas têm determinada funcionalidade nas
diferentes indústrias em que há espaços para sua inserção, mas a dinâmica da indústria
na grande maioria das vezes não depende delas.
A possível restrição à competitividade advém não do número de empresas, mas do fato
de a indústria ser constituída por grande número de empresas, muitas funcionando em
condições muito próximas à total informalidade, e concorrendo basicamente em preços,
sem condições de inovação, operando com máquinas tecnologicamente obsoletas, e com
61
produtos de baixa qualidade. É esse quadro, se generalizado, que pode gerar uma das
restrições ao desenvolvimento do setor com feições mais modernas.
A isso se alia a já recorrente (afetando, inclusive, os principais países produtores)
ameaça da importação de produtos chineses de diferentes níveis em termos de uso e de
qualidade, com os indesejáveis efeitos sociais, principalmente no que diz respeito ao
emprego. Empresas nacionais, inclusive as de utilidades domésticas estão optando por
importar determinados produtos acabados da China para complementar suas linhas de
produtos ao invés de produzi-los internamente. Os argumentos, também já recorrentes
centram-se na falta de condições para competir com os chineses, tendo em vista os
custos mais elevados (relativamente aos concorrentes internacionais, de acordo com os
representantes do setor) da mão-de-obra, custo interno das matérias-primas, custo do
capital, dificuldades de acesso a financiamentos e impostos.
São fortes obstáculos considerando-se que os mencionados determinantes da
competitividade têm peso que varia de um segmento para outro, mas de modo geral,
estão presentes em todos eles. Por exemplo, enquanto escala e liderança em custo são
fundamentais para produtos mais próximos a commodities, a diferenciação é a estratégia
competitiva adequada para empresas do segmento de utilidades domésticas, materiais
para escritório, etc. Entretanto, mesmo em commodities a diferenciação, em termos
amplos, é cada vez mais um requisito competitivo, assim como empresas com produtos
diferenciados podem buscar simultaneamente a liderança em custos.
Ainda no que tange às características estruturais e às estratégias das empresas do setor,
nota-se crescente tendência à concentração, da qual é sintomático o movimento de
fusões e aquisições (já marcante na segunda geração) envolvendo empresas
transformadoras de capital nacional, como a Votocel, uma das líderes em seu segmento
(comprada por grupo internacional), e estrangeiras como a GE Plastics do segmento de
beneficiamento de resinas (comprada por empresa árabe, aparentemente como parte de
estratégia de diversificação via verticalização para a frente).
Em parte, a justificativa para a venda de negócios pode ser encontrada no fato de que a
contribuição das unidades vendidas era pouco representativa para o faturamento global
do grupo. Para a empresa compradora trata-se de uma estratégia de expansão, muitas
62
vezes via diversificação, visando ampliar as condições de competitividade.
Diversificação, como estratégia de expansão, e diferenciação, e, em vários casos, escala
e liderança em custos, como estratégias de competição, criam condições favoráveis ao
surgimento de inovações, mesmo que incrementais, o que pode representar vantagens
competitivas relevantes. A diversificação nesse caso significa ter fôlego financeiro para
arcar com custos de pesquisa constantes visando o desenvolvimento de novos
compostos, incluindo a nano tecnologia, uma das fortes tendências da indústria mundial
de transformação de plásticos.
De acordo com dados apresentados na Plastics News, julho de 2007 (Plastics News,
julho de 2007; P&M Corporate Finance, LLC, 2006), houve, em âmbito mundial, em
2004, 359 fusões e aquisições no setor de transformados plásticos; 418 em 2005, e em
2006 foram 428, das quais 317 estratégicas e 111 financeiras, principalmente nos
segmentos de embalagens, bens de consumo e produtos para área medica. A tendência
expande-se também no elo da distribuição de resinas, no Brasil e no exterior (por
exemplo, a aliança de quatro principais distribuidores do Canadá – Plastique Polyfab,
Plastique Alto, Redwood Plastics, e Warehoused Plastic Sales – formando a Prisma
Plastics).
Seja qual for a justificativa em termos de lógica empresarial, os movimentos de fusões e
aquisições reforçam a tendência à concentração nos diversos níveis da cadeia na qual se
insere a indústria de produtos transformados plásticos, incluindo o elo com
característica atomização. Com isso, associada à heterogeneidade em número e tamanho
de empresas, mercados de destino dos produtos, a heterogeneidade também no que
tange às condições de competitividade das empresas tende a se acentuar.
Há um pequeno número de empresas que conseguiram reunir condições para
investimentos em atualizações tecnológicas e para competir em mercados
internacionais. Nos segmentos de produção de plásticos com maior valor agregado, a
presença predominante é de grandes empresas estrangeiras, situação que tende a se
acentuar tendo em vista o mencionado movimento de aquisições. No fornecimento a
grandes empresas multinacionais, a maior parte é atendida por fornecedores globais. Daí
63
a importância da capacidade de internacionalização produtiva para as empresas de
capital nacional que queiram fazer parte desse grupo seleto de fornecedores globais.
É, portanto, no processo (e tudo o que ele envolve, da gestão ao pós-venda) que reside o
núcleo da competitividade dessa indústria o que, em decorrência, torna crucial o sistema
de gestão, não só na esfera das decisões de produção e qualidade, mas também na esfera
da comercialização. Daí a importância do foco na produtividade, qualidade e
custos/preços. A relevância da gestão de processos torna-se mais clara quando se tem
presente que as inovações e fontes de melhorias estão, em geral, nas etapas anteriores da
cadeia produtiva, nas resinas e materiais resultantes de diversas combinações, nas
máquinas, e nos moldes. A qualidade dos produtos está vinculada à qualidade dos
processos nas empresas transformadoras (incluindo qualificação da mão-de-obra), às
características das máquinas e qualidade no uso (incluindo manutenção) dos
equipamentos e moldes.
Cabe às empresas transformadoras, no que diz respeito à inovação, o design. No
entanto, em diversos casos, mesmo o design fica a cargo de outro elo, o dos clientes,
como ocorre, em geral, no caso de empresas que exercem as atividades de fornecedoras
de peças, componentes, etc. para outras empresas. Ficam evidentes as inerentes inter-
relações de empresas com os fornecedores de resinas (uso adequado e rendimento,
novas especificações, aperfeiçoamentos, novos usos, etc.), com os fabricantes das
máquinas e, principalmente, no elo moldes/transformação, que é parte integrante do
processo de transformação15.
Sinalizador dessa importância é o fato de que diante da constatação de lacunas,
incluindo as relativas a aspectos técnicos, ao não cumprimento de prazos, várias
empresas transformadoras estão se diversificando via integração vertical para trás,
15 A esse respeito vale mencionar que nos EUA, o SPI, Society of the Plastics Industry, Inc. refere-se à indústria de plásticos incluindo os processadores de plásticos, os produtores de máquinas e equipamentos e os fornecedores de resinas. Os dados relativos a número de empresas e número de empregados nessa indústria obtidos nessa fonte são importantes, mas comparações com a indústria no Brasil devem levar em conta esse fato. Dados do US Bureau of Statistics são mais adequados permitindo comparação por porte de estabelecimento.
64
passando a fabricar os próprios moldes, utilizando essa capacitação adicional como um
diferencial na conquista e retenção de clientes.
Em alguns casos, os dirigentes consideram que nos moldes de fato está o segredo da
competitividade da empresa, e, portanto, a opção é pela fabricação interna, ao menos
durante certo período. A esse respeito, vale apontar que em uma das empresas visitadas,
o entrevistado comentou que desenvolveu durante alguns anos os moldes em uma
ferramentaria “de confiança”, mas essa opção revelou-se não acertada quando a
ferramentaria, de um particular “saber fazer” moldes aprendidos em conjunto com o
cliente, passou a oferecer a fabricação de moldes especiais para concorrentes da parceira
de aprendizagem de longos anos; a pareceria foi desfeita, a fabricação de moldes
internalizada, mas parte do conhecimento específico havia sido já difundido, via
ferramentaria, entre concorrentes; como a produção de moldes pode variar em detalhes
não houve como alegar quebra de contrato judicialmente, até porque não havia patente
requerida (note-se, apesar das perdas para a empresa participante da pesquisa, e do uso
de certa forma mal intencionado, ou, no mínimo oportunista, tratou-se de caso bem
sucedido de compartilhamento e difusão de conhecimentos).
Em outras empresas, o início das atividades foi com a produção de moldes e,
posteriormente decidiu-se pela diversificação como estratégia de expansão, via
verticalização para a produção de produtos de plásticos, viabilizando-a com
investimentos em novas plantas ou pela aquisição de empresas já atuantes como
transformadoras. Essa estratégia de expansão também marca a história de empresas
estrangeiras como a Plastek, que desde 2000 tem planta no município de Indaiatuba
(www.plastekbrasil.com.br, acesso em 30 de setembro de 2007). A empresa tem sede
em Erie, Pensilvânia, e foi pioneira no desenvolvimento de embalagens para
desodorantes e uma das principais fornecedoras classe mundial do produto
(www.plastekgroup.com, acesso em 30 de setembro de 2007).
Fica evidente igualmente a potencial vulnerabilidade das empresas de menor porte tanto
no que diz respeito às relações com clientes, quanto no que diz respeito às relações com
fornecedores, incluindo-se as distribuidoras, às quais muitas sequer têm acesso. Essa é
65
uma considerável restrição à competitividade, posto que implica custos mais elevados
de matéria-prima.
Sobre os Bioplásticos
Independentemente das eventuais ressalvas, os avanços nas pesquisas para
desenvolvimento de bioplásticos levaram à obtenção em escala de laboratório e,
posteriormente, em escala industrial, de resinas obtidas de outra fontes que não a
primeira geração da indústria petroquímica.
Na busca de opções aos plásticos que requerem longo tempo para se degradarem (“não
degradáveis”) vêm sendo desenvolvidas diversos estudos em Universidades em Centros
de Pesquisa, muitos no estado de São Paulo. Os resultados apontam tanto para
possibilidades de aceleração do processo de degradação quanto para materiais
biodegradáveis. Quanto à primeira possibilidade, pode-se mencionar pesquisa de
GIESSE (2003) que patenteou o plástico degradável com luz solar. O material consiste
em uma mistura do polietileno com um polímero orgânico que fica disperso na estrutura
do plástico e atua como acelerador do processo de degradação. Enquanto o plástico
convencional se desfaz no período de 20 a 30 anos, o plástico foto degradável o faz na
metade do tempo. Esse processo (que também recebeu críticas por parte de alguns dos
entrevistados) pode ser incluído nas soluções a médio prazo para o impacto ambiental
causado pelos plásticos derivados do petróleo, deixando a reciclagem como uma
solução imediata e os plásticos biodegradáveis como uma solução a longo prazo.
Quanto às possibilidades de obtenção de plásticos biodegradáveis, pode-se citar
pesquisa de ROZ (2006) sobre o amido termoplástico como alternativa biodegradável
para o plástico. O amido de milho, quando misturado com diversos glicóis, processado
em um misturador intensivo e prensado, submetido a análises, inclusive mecânicas,
pode apresentar características semelhantes aos plásticos convencionais, com a
vantagem de ter um custo menor que os produtos obtidos a partir do petróleo, além de
ser biodegradável e poder ser processado nos mesmos equipamentos utilizados no
processamento dos plásticos convencionais.
66
Um exemplo de bioplástico é o Amidoplast®, desenvolvido por SEBIO E CHANG
(2005), trata-se de um laminado termoplástico biodegradável à base de amido e gelatina
e plastificado com água e glicerol, obtido pelo processo de extrusão de dupla rosca.
Pode ser termoformado e moldado por injeção para diversas aplicações. Estudos de
laminados obtidos após o processo de extrusão visando avaliar suas propriedades
mecânicas de tração e barreira, tais como resistência máxima à tração, percentagem de
alongamento, elasticidade, permeabilidade ao vapor de água e índice de desintegração
em água mostraram que o material apresenta as características adequadas para substituir
os plásticos convencionais. Ademais, tem a vantagem de menor impacto no meio
ambiente, pois pode ser metabolizado em qualquer organismo dos seres vivos.
Outro exemplo é o Polihidroxibutirato (PHB), do qual pode ainda derivar um
copolímero polihidroxibutirato-valerato (PHB- HV); ambos pertencem à família dos
polihidroxialconoatos, os dois descritos como poliésteres de origem natural similar16. A
tecnologia foi desenvolvida (sob coordenação de PRADELLA, 1998) no Laboratório de
Biotecnologia Industrial (LBI) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado ao
Governo do Estado de São Paulo. Concluídos os testes de laboratório (em 1994) e
identificado o potencial econômico, a tecnologia foi transferida para a empresa PHB
Industrial, atualmente proprietária do material sob a marca BYOCICLE®. De início, a
empresa está explorando o potencial econômico para o mercado internacional. De
acordo com o diretor executivo da empresa, Sylvio Ortega Filho (matéria publicada no
site http://diariodonordeste.globo.com, acesso em 26/09/2007), o material atende a
diversas técnicas produtivas, como injeção, extrusão, termoformagem e prensagem - só
não foi possível ainda a aplicação para a produção de filme (saco plástico). O
BYOCICLE® pode ser utilizado, por exemplo, na produção de embalagens de
cosméticos, alimentos, defensivos agrícolas, e em diversos usos na área médica. Essa é
16 A marca BYOCICLE® é propriedade da empresa PHB Industrial, controlada pelas empresas Irmãos Biagi S.A- Açúcar e Álcool e grupo Balbo, que atuam há mais de 70 anos no setor sucroalcooleiro. A planta piloto de produção do BYOCICLE® fica anexa à Usina da Pedra, no município de Serrana, na região de Ribeirão Preto, SP (informações obtidas no site http://www.biocycle.com.br/site.htm, acesso em 26/09/2007).
67
uma das áreas para as quais se defende o uso dos plásticos biodegradáveis, mesmo em
artigos que relativizam as vantagens de tais materiais.
Outro exemplo de aplicação de plástico biodegradável é o notebook com corpo de
plástico degradável, já oferecido pela Fujitsu no Japão. O material é obtido a partir do
amido de milho (pode ser também obtido a partir da batata e do trigo, por exemplo),
resultando em emissões de carbono 15% mais baixas. A empresa já havia utilizado esse
tipo de plástico em celulares. Espera-se que tal material se decomponha em alguns
meses quando exposto ao ambiente (http://idgnow.uol.com.br, 21 de agosto de 2007,
acesso em 03/11/2007). De fato, os bioplásticos já são conhecidos há muito tempo. O
polilactídeo (PLA) é comercializado desde 1990, sendo utilizado na produção de potes
para plantas, tigelas e implantes médicos. Uma das explicações para o uso restrito é o
custo ainda relativamente elevado.
Em uma situação de alto preço do petróleo e de crescente percepção da crucialidade da
generalização dos cuidados com o ambiente, associadas à disponibilidade de novos
conhecimentos em pesquisa, é natural a multiplicação de investimentos na busca de
novos materiais (não só na indústria de transformação de plásticos), mas a justificativa
central não deve ser a vantagem da rápida degradação (algumas vezes contestada com
argumentos irrefutáveis). O foco deve estar, segundo boa parte da literatura e de
especialistas ouvidos para este trabalho, na sustentabilidade dos produtos de plásticos, já
que a justificativa social é inquestionável.
Sobre a Reciclagem
Ao longo dos anos, as evidentes vantagens, inclusive ambientais, do plástico foram
sendo relativizadas pelo grande calcanhar de Aquiles: “o não ser degradável”. Dado que
o plástico é um substituto para uma ampla gama de materiais, e que nada há a sinalizar
que vá deixar de o ser, cabe focar fortemente na reciclagem. Como os bioplásticos (de
rápida degradação ou não), a reciclagem é um dos grandes temas atuais na indústria de
transformados em âmbito mundial, e tem motivado estudos e projetos. Plásticos
degradáveis devem ser largamente utilizados quando são o material mais indicado. Nos
demais casos, o consumo sustentável - economia, conservação, uso racional,
aproveitamento, geração de energia na queima, reutilização, reciclagem, deposição
68
correta nos aterros, pesquisas para identificar e desenvolver processos economicamente
viáveis – deve ser o eixo principal das discussões sobre o plástico e seu uso. Portanto,
são importantes projetos e ações voltados para o educar, mas também ações e
investimentos na própria “sub cadeia” da reciclagem, como a disposição pós uso
adequada, a coleta, o processamento, a transformação, a comercialização, a forma de
integração das pessoas envolvidas nas diversas etapas.
A reciclagem de plásticos tem sido alvo de estudos e projetos não só porque é um dos
elos da cadeia dos plásticos, com capítulo próprio nas estatísticas, mas também pela
constatação de seus benefícios em termos ecológicos, sociais e econômicos, incluindo o
potencial de rentabilidade tanto para os recicladores quanto para os transformadores. O
processo utiliza 10% do valor energético do processo primário (energia utilizada para
processar o material virgem).
No Brasil, a reciclagem já alcança taxas expressivas, mas ainda se dá de forma pouco
organizada e coordenada. Segundo textos e especialistas consultados, o lixo brasileiro
tem de 5 a 10% de plásticos, dos quais apenas 15% são reciclados, pela grande
variedade de plásticos e desorganização na coleta dos materiais. Todo material plástico
deve conter o símbolo representado por três setas e o numero de identificação da
variedade do plástico ao centro; no caso do PET, por exemplo, o número de
identificação é 1. Entretanto, não é raro encontrar-se peças plásticas, principalmente
embalagens, que não apresentam essa simbologia e precisam, portanto, ser submetidos a
testes práticos de identificação por especialistas, o que dificulta sua reciclagem.
São três os processos que podem ser utilizados na reciclagem de plásticos: reciclagem
mecânica, reciclagem química, e reciclagem energética.
A reciclagem mecânica é o processo mais conhecido. Consiste na conversão de
descartes plásticos pós-industriais e pós-consumo em grânulos que podem ser utilizados
na produção de outros produtos plásticos. Após coletados, os materiais plásticos são
manualmente separados por sua composição, etapa que é facilitada pela identificação
das peças com o símbolo dos plásticos. Após separados, os diferentes materiais são
compactados e enfardados, sendo encaminhados para a reciclagem, na qual são moídos
e lavados, retirando-se as impurezas. Por último, o material moído é seco, extrusado
69
(formando o espaguete) e granulado (formando os pellets), podendo ser utilizado
novamente em processos de injeção, extrusão, sopro, gerando novos produtos plásticos.
Por envolver somente etapas de separação e lavagem com água, exige um material
inicialmente limpo para gerar produtos de qualidade. A utilização de descartes plásticos
oriundos de coleta seletiva e indústrias é mais indicada do que a utilização dos descartes
alocados em aterros ou lixões.
A reciclagem química é o processo mais indicado para a reutilização de plásticos em
embalagens para alimentos, pois consiste no reprocessamento de plásticos em
petroquímicos básicos, como monômeros e hidrocarbonetos, que podem ser utilizados
como produtos químicos ou para a produção de novos plásticos. O processo tem custo
elevado, porém resulta em resinas de elevada qualidade, com características similares às
resinas virgens. É um processo apropriado para países como o Brasil, pois oferece alta
flexibilidade no reprocessamento de materiais compostos como blendas poliméricas de
PE e PP. Os monômeros resultantes do processo são destinados, como matérias-primas,
a refinarias e centrais petroquímicas. Além disso, esse processo possibilita uma redução
de custo e facilitação nos processos de pré-tratamento, separação e coleta dos plásticos,
visto que os novos desenvolvimentos do processo permitem certo grau de
contaminantes, como papéis, tintas e outros materiais. Os principais processos de
reciclagem química são hidrogenação (gera compostos puros aproveitáveis por
refinarias), gaseificação (gera o gás de síntese, hidrogênio e monóxido de carbono,
utilizado na formação de metanol pela indústria de combustíveis), quimólise (gera
monômeros) e pirólise (gera frações de hidrocarbonetos).
A reciclagem energética consiste na recuperação de energia dos plásticos por meio de
processos térmicos, podendo gerar energia elétrica e térmica, o que a diferencia dos
convencionais processos de incineração. O método se baseia no aproveitamento da
energia presente no plástico, equivalente à energia contida em quantidades iguais de
óleo combustível. Outra vantagem do processo é a redução da quantidade do resíduo em
até 90%, restando 10% de resíduo inerte esterilizado. O quadro a seguir apresenta
diferentes funções que os plásticos virgens e reciclados podem ter.
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Quadro 1- Possíveis usos para os plásticos reciclados
Plástico Usos para o plástico virgem Usos para o plástico reciclado
PET Embalagem de bebidas e água mineral Camisetas, carpetes, capas de travesseiros, jaquetas
HDPE Engradados de leite, frascos de xampu e
condicionador, embalagem de leite e cremes Caixas para depósito de cereais, canos para agricultura, engradados,
madeira plástica, cones, brinquedos, mobílias para quintal
PVC Flexível Canos, cabos e tubulações, solado de calçados Mangueira de jardim, pisos
LDPE/LLDPE Filmes laminados e embalagens de leite e óleo Sacos e caixas plásticas de lixo
PP Potes de sorvete, baterias e sacos de tecido Engradados, móveis, bagageiros
PS Potes de Iogurte, talheres de plástico Cabides, acessórios para escritório, caixas de CDs e vídeos
Fonte: LEVY (2006)
No Brasil, cerca de 20% do plástico produzido é reciclado, o que equivale a 200 mil
toneladas por ano, enquanto na Europa, onde a reciclagem é controlada por leis, há anos
esse valor está estabilizado em 22%. O Brasil ocupa o 4º lugar na reciclagem mecânica
(ou primária) de plásticos, a mais comum no país, ficando atrás da Alemanha, Áustria e
EUA.
Em 1997, foi criado no Brasil o projeto de lei 3750, visando regulamentar a situação da
reciclagem de plásticos no Brasil. Entre outros pontos, o projeto trata da
responsabilidade das empresas produtoras e distribuidoras de bebidas, cosméticos,
produtos de higiene e limpeza e óleos lubrificantes, combustíveis e outros, pelas
embalagens plásticas utilizadas na comercialização desses produtos. O projeto de lei
trata também de processos de recompra das embalagens, da utilização de plásticos
reciclados em embalagens alimentícias, do patrocínio da educação ambiental da
população pelas empresas citadas, do descarte inapropriado de plásticos e do aumento
do IPI sobre sacos e sacolas e de polietileno e embalagens de PET.
Um fator bastante relevante no Brasil é a questão social associada à reciclagem, visto
que o lixo reciclado é, na maioria das vezes, coletado por trabalhadores não-registrados
com baixas condições sócio-econômicas. Essa situação pode ser modificada com a
adoção de medidas consistentes para a gestão adequada da coleta de recicláveis,
tomando como um dos elementos da equação a presença dessas pessoas. Portanto, a
organização do setor de reciclagem no Brasil envolve, além de criação de opções para o
recolhimento do lixo, a geração de opções de inserção e de renda para os atuais
catadores.
71
Ainda no âmbito social, poderiam ser estabelecidas parcerias entre escolas e projetos
ambientais, educando as novas gerações, seus pais e os funcionários dessas instituições,
e promovendo o maior contato entre as crianças e o meio ambiente. Pode-se também
associar postos de saúde, médicos, hospitais e empresas a campanhas ambientais. O lixo
é responsável por diversas doenças e boa parte das empresas já adota políticas
ambientais, podendo ser estimuladas a participar com palestras sobre o tema e
patrocinar iniciativas na área.
O maior instituto ambiental de plásticos no Brasil é o Plastivida, criado em 1994, com o
intuito de promover a utilização ambientalmente correta dos plásticos, e seu
desenvolvimento no país. O instituto já é uma referência na área de plásticos,
articulando a comunicação entre governo, sociedade e indústria com informações sobre
coleta seletiva e reciclagem.
Um projeto de reciclagem de plásticos que pode ser citado é o Ítalo-Brasileiro, que visa
divulgar o modelo italiano de reciclagem de plásticos às prefeituras do Brasil, iniciando
o trabalho com a prefeitura do Estado de São Paulo (sub-prefeitura da Sé), e estabelecer
a colaboração entre os dois países no desenvolvimento de novas tecnologias de
reciclagem e re-utilização de matérias pós-consumo.
De forma geral, na Europa são cobrados tributos sobre a embalagem primária, recaindo
somente sobre o produtor. Porém, na Itália, o modelo se baseia na imposição de taxas
não somente para o produtor, mas também para o consumidor, que “repassa” o dinheiro
ao produtor, responsável por “repassá-lo” ao município para fazer a coleta seletiva, ou
contratar uma empresa (ou cooperativa) que o faça. Basicamente, a idéia é criar leis que
tornem obrigatória a reciclagem de plásticos, além de definir quem irá pagar por essa
reciclagem e quanto irá pagar.
Outras iniciativas também vêm sendo adotadas em todo o país. Um exemplo é o projeto
Reciclagem Cidadã, criado pela prefeitura de São José dos Campos, com o objetivo de
atuar junto aos catadores de materiais recicláveis, unindo-os em cooperativas de
trabalho do projeto. Para tornar o projeto viável e interessante para os catadores, a
prefeitura da cidade realizou pesquisas com 171 catadores de lixo, que, em sua maioria,
demonstraram grande interesse em formar cooperativas, pois acreditavam que desta
72
forma a concorrência entre eles seria reduzida, e o transporte e separação do material
seriam facilitados. Os catadores de lixo ao se unirem poderiam aumentar sua
lucratividade, pois costumavam vender os materiais por preços muito baixos. Após
avaliação dos resultados da pesquisa, a prefeitura cadastrou todos os catadores, que
passariam a fazer a venda de seus materiais diretamente para a empresa recicladora, ao
invés de vender para sucateiros. Além disso, os passariam por um processo de
capacitação profissional e participariam de cursos e palestras sobre cooperativismo, suas
vantagens e deveres com a sociedade. Em Campinas há experiência semelhante com as
incubadoras de reciclagem, projeto na UNICAMP, com apoio de recursos da FINEP, e
participação da Prefeitura.
Algumas iniciativas também são tomadas por faculdades, com programas de estímulo à
reciclagem por parte de alunos e funcionários, e também com cursos sobre a
importância dos cuidados com o meio ambiente. Um exemplo é o projeto Reciclar,
criado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), que visa o envolvimento da
comunidade universitária na coleta seletiva de materiais potencialmente recicláveis e no
destino final deles. O projeto também engloba a aprendizagem sobre quais são os
materiais recicláveis, educação preventiva, limpeza e preservação do Campus, gerando
recursos para a Assistência Social.
Outros projetos são direcionados por empresas, que divulgam e apóiam a venda de
alguns produtos elaborados a partir de materiais reciclados. Um desses projetos é o
recicla Três Rios, que incentiva a venda de “vassouras ecológicas” fabricadas por
comunidades menos favorecidas da cidade de Três rios (RJ) e confeccionadas a partir
do reaproveitamento de garrafas PET. Outro exemplo é o projeto Reciclar, criado pela
Usina termelétrica Santa Cruz, que visa reciclar os resíduos de todos os setores da
empresa, além de ensinar aos funcionários e moradores da cidade a importância da
reciclagem e a lucratividade que esse procedimento pode fornecer.
Exemplo adicional é do Tetra Pak, que a partir de estudos preliminares para avaliar as
possibilidades de reciclagem das embalagens tetra, foi investindo significativamente em
pesquisa e desenvolvimento nessa área, culminando com a criação de unidade de
negócio com atuação voltada especificamente para a reciclagem das embalagens.
73
Atualmente, de acordo com diretor dessa unidade Tetra Pak entrevistado para este
projeto, em São Paulo há 8 empresas que a partir das embalagens Tetra Pak (TP)
recicladas produzem telhas. Das 8 empresas, 6 estão localizadas nas proximidades de
Campinas e de Jundiaí. Quanto ao porte, 5 têm menos que 10 empregados; 1 emprega
15 pessoas; 1 emprega 30 pessoas; 1 emprega 40 pessoas. Das 8 empresas, 4 têm
produção mensal de 20 toneladas; 1 produção de 15 toneladas; 1 com produção de 30
toneladas; 1 com 40 toneladas (para 1, não há informações sobre o volume produzido).
Uma das observações ao longo da entrevista foi quanto às dificuldades dessas empresas,
em geral de pequeno porte e que além das restrições comuns a pequenas empresas têm
de lidar com o fato de que o ICMS que recai sobre o produto é de 22%, enquanto sobre
telhas de amianto (com restrições à produção em diversos países) a incidência é de
apenas 8%.
Como no caso dos componentes das embalagens tetra, um dos quais o filme de plástico,
alguns projetos de reciclagem consistem em direcionar a coleta para esses materiais
separadamente, chamada de coleta extra-seletiva, de forma a facilitar a reciclagem
mecânica, dos processos, o de menor custo. Dois materiais plásticos consumidos em alta
escala no Brasil são o PET e o PVC. O uso das embalagens PET vem crescendo
constantemente, substituindo embalagens como latas de flandres, vidros,
multilaminados e outros plásticos, mas também aumentando os problemas ambientais
causados por elas. Do percentual de 5 a10% de plástico presente no lixo urbano, cerca
de 6% são formados por PVC, o plástico utilizado para a fabricação de cabos, fios,
embalagens, filmes e muitos outros itens.
A reciclagem do PET é feita pelo processo mecânico, resultando em produtos variados,
como fibra poliéster, tecidos, resinas, fitas e embalagens (exceto alimentícias). O grande
desafio no Brasil é utilizar o PET reciclado em embalagens alimentícias, já que essa é a
principal utilização do PET. Em outros países já está sendo utilizada a tecnologia de
monocamada, que consiste, basicamente, em uma lavagem descontaminante do material
reciclado, assegurando-lhe o mesmo nível de limpeza do material virgem.
No Brasil, essa tecnologia ainda não está sendo utilizada e a Anvisa só permite a
utilização do PET reciclado em embalagens alimentícias multicamadas, ou seja, que
74
tenham camadas virgens em contato direto com o alimento, o que garante a segurança
do alimento, porém consome baixa quantidade do PET reciclado. A restrição de
utilização de PET reciclado em alimentos se deve aos perigos de uma contaminação por
produtos não alimentícios, como pesticidas e químicos sanitários em geral, que tenham
sido armazenados na garrafa PET anteriormente à sua reciclagem.
O plástico PVC é renovável, pois é composto por 57% de cloro, derivado do sal
marinho, e 43% de eteno, derivado do petróleo, o que resulta em uma necessidade de
cerca de 0,3% da quantidade total de petróleo extraído no mundo. Além disso, seu
processo de reciclagem já é realizado há bastante tempo e a quantidade presente em
resíduos urbanos é baixa, pois ele é utilizado em produtos de longa vida útil, como
cabos e fios. No Brasil, a tecnologia utilizada para reciclagem desse item é um pouco
diferente da tradicional, pois as etapas de lavagem e aglutinação não costumam ser
realizadas para que o produto reciclado se torne competitivo. O problema é que esse
método alternativo exige matérias-primas mais puras, requerendo menor teor de
contaminantes e exigindo a adição de aditivos que, algumas vezes, podem tornar o
produto mais caro e reduzir sua qualidade quando mal manipulados.
Estudo de PIVA et al. (1999) sobre o mercado brasileiro de reciclagem do PVC apontou
diversas dificuldades enfrentadas pelo setor. As principais foram a falta de um resíduo
puro e confiável por descaso com a coleta seletiva, a cobrança de altos impostos como
ICM e IPI (sobretaxados), dificuldades no tratamento da água utilizada no processo e na
manutenção da qualidade dos produtos. Além disso, constataram que os recicladores
preferem utilizar o resíduo industrial (40% do total de PVC descartado) ao pós-consumo
(60% do total de PVC descartado), por ser mais limpo e de composição mais constante.
Apontaram também que ao longo da pesquisa ouviram questionamentos sobre o IPI
cobrado sobre PVC reciclado, já que este é o único plástico reciclável sobre o qual a
taxa é imposta.
Na Europa, assim como em países como EUA e China, a demanda por plásticos também
vem crescendo, e com ela, a necessidade de reciclar. Em cada um desses países, as
tendências e os modelos de reciclagem são diferentes.
75
Na Europa, são produzidos 21 milhões de toneladas de plástico pós-consumo; a
indústria de embalagens é a maior consumidora de plásticos, e, dessa quantidade,
apenas 16,5% são reciclados. A tendência na Europa é a de que o sucesso de ações de
reciclagem depende da participação do consumidor e de projetos do governo. Na
Alemanha, por exemplo, após o lançamento de campanhas pelo governo, a participação
dos consumidores no processo de reciclagem aumentou. Em outros países da União
Européia, as taxas de reciclagem aumentaram quando se uniram e se adequaram à
legislação da U.E., segundo a qual os fabricantes de plásticos são responsáveis pelo
pagamento de impostos ao governo, que são destinados à coleta seletiva.
Pesquisas feitas em países europeus constataram que os consumidores estão dispostos a
utilizar materiais reciclados, desde que apresentem as mesmas características de
aparência, qualidade e preço dos materiais tradicionais. Uma das dificuldades para tanto
está relacionada à variedade, pois o custo do processo é elevado pela necessidade de
separação, muitas vezes manual dos polímeros, que têm diferentes propriedades e
necessitam de diferentes metodologias de reciclagem. Visando superar essa dificuldade,
foi desenvolvido o projeto NOVPOL, com um processo capaz de reciclar até 5
polímeros diferentes concomitantemente (no processo tradicional, apenas 0,01% de
contaminação cruzada poderia prejudicar o produto final). O projeto foi desenvolvido
pela empresa italiana Filtri Clean Técnica e facilita o processo de reciclagem de
plásticos, tornando-o economicamente viável e criando um termoplástico com
características adequadas, tanto mecânicas quanto para processamento.
Nos Estados Unidos, ao contrário da União Européia, a comodidade é preferida à
reciclagem, o que situa os padrões de reciclagem pós-consumo dos americanos muito
abaixo dos padrões europeus. Ademais, não existem benefícios econômicos capazes de
incentivar o mercado de reciclagem no país, tornando os próprios produtores os maiores
recicladores dos plásticos que sobram de processamentos na própria indústria. A
principal tendência que tem contribuído com a reciclagem nos EUA é a da
sustentabilidade baseada no impacto ao meio ambiente; o ciclo de nenhum produto deve
afetar sua fonte ou o próprio ambiente. Outras duas tendências também vêm se
acentuando nos EUA: uma baseada na recuperação de energia e redução da emissão de
76
gases estufa para a atmosfera; e a outra, os plásticos bio derivados, opção aos derivados
do petróleo, obtidos por fontes renováveis.
Na China, durante muitos anos a indústria de plásticos focou o crescimento e
desenvolvimento de novas tecnologias, mas atualmente o foco tem se voltado ao
desenvolvimento industrial ligado à proteção ambiental. Existem poucas
regulamentações que incentivem a reciclagem na China e, assim como nos EUA, pela
falta de apoio do governo, poucas empresas apresentam interesse em patrocinar grandes
iniciativas de reciclagem. Ademais, a educação ambiental ainda é incipiente no país,
com o que, a percepção quanto aos benefícios da reciclagem, é relativamente baixa. No
entanto, o avanço da reciclagem é fundamental para o país, principalmente
considerando-se que a importação de resinas, representa cerca de 50% do volume de
resinas consumido.
A maioria da empresas recicladoras chinesas é de pequeno a médio porte e, como o
governo não lançou um programa de educação ambiental no país, são elas as
responsáveis por difundir a importância do cuidado com o ambiente e da reciclagem. O
setor informal de coleta ocupa espaço importante na China, assim como no Brasil,
econômica e ambientalmente, e não existem leis que regulamentem o setor de
reciclagem como ocorre na Europa, ou seja, não está definido no país quem deverá
pagar pela reciclagem. Apesar disso, por ser o maior exportador de produtos de plástico,
maior produtor e consumidor mundial de filmes sintéticos para a agricultura e pelo
baixo custo da mão-de-obra dos catadores urbanos e rurais, a China recicla cerca de 9%
do material produzido. É também o maior importador mundial de resíduos plásticos,
principalmente de fonte industrial, destinando os resíduos ao mercado de reciclagem e
utilizando-os em mistura com a resina primária (não-reciclada) em diversos produtos,
porém ainda em proporções menores do que seria possível, exatamente por falta da
resina secundária (reciclada).
Há claras diferenças entre os modelos de reciclagem, dos EUA, da União Européia e da
China. O primeiro se baseia no conceito de sustentabilidade ambiental pelo ciclo de vida
dos plásticos; o segundo se baseia na responsabilização dos fabricantes e, no caso da
Itália, consumidores de materiais plásticos pelo pagamento de impostos para coleta, e o
77
terceiro ainda se apóia em base informal, de catadores (como ocorre no Brasil), e é entre
os três é o menos organizado. O interesse e o envolvimento do governo no processo de
reciclagem são evidentes e destacadamente superiores na União Européia, relativamente
a EUA e China.
78
4. COMPETITIVIDADE DO SETOR DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS
NO ESTADO DE SÃO PAULO: RESTRIÇÕES E OPORTUNIDADES
Como apresentado no item anterior, o Estado de São Paulo (ESP) concentra cerca de
50% de toda a indústria transformadora de plásticos. A despeito de não haver dados
precisos, representantes do setor acreditam que o ESP abrigue, em número significativo,
todos os segmentos de mercado da indústria transformadora de plásticos (peças técnicas
para outras indústrias, embalagem, filmes, utensílios domésticos, móveis, etc.). Isso
porque um dos principais fatores de competitividade desse setor é a proximidade com os
clientes, dado o elevado custo do transporte e a necessária interação com clientes de
outras indústrias, quando a empresa transformadora é fornecedora de peças técnicas.
Como no ESP estão concentrados, tanto o consumidor final, como vários subsetores
industriais (consumidores de peças e embalagens de plásticos), o setor de transformados
plásticos inevitavelmente precisará montar suas principal base de operações no ESP.
Desse modo, acredita-se que, enquanto no ESP concentrar-se grande parte do mercado
consumidor final e um número substantivo de empresas industriais de segmentos
variados, a importância do ESP para o setor será sempre elevada. É nessa correlação
entre presença de clientes e presença de empresas transformadoras de plásticos que
parece residir a explicação para a diminuição do peso do ESP no setor, nesses últimos 5
anos. A transferência para ou a abertura de novas plantas industriais de setores
demandantes da indústria de transformados plásticos para outros estados brasileiros tem
como resultado a ida de empresas fornecedoras; dentre elas, as empresas
transformadoras de plásticos (tanto as especializadas em peças técnicas como as
produtoras de embalagens). Outra explicação para a diminuição da participação relativa
de São Paulo é o bom desempenho da agropecuária no período recente.
Um segmento importante da indústria de transformação de plásticos tem como cliente a
atividade da agropecuária. Assim, a transformação de plásticos se expandiu também
para essas áreas de avanço da agricultura e pecuária (plasticultura). Outra área
geográfica que atrai os transformadores de plásticos, em função da necessidade de
proximidade com o cliente, é a Zona Franca de Manaus. Nessa região estão presentes
muitas empresas montadoras de eletro-eletrônicos e, portanto, também empresas
79
fornecedoras de peças de plástico. Quando o setor de eletro-eletrônicos se expande, a
produção de plásticos e a importância dessa região para o setor de transformados
plásticos se expandem igualmente.
O Estado de São Paulo, nesse período, segundo apontam resultados preliminares desta
pesquisa, manteve seu enorme peso e provavelmente ganhou participação, relativamente
a outros estados brasileiros, na área de pesquisa de novos plásticos, sobretudo os
chamados bioplásticos, conforme ilustram os exemplos detalhados ao longo deste
relatório. Aqui reside uma evidente potencialidade para o estado: o de construir uma
rede extensa de pesquisa em plásticos. Afinal, o estado já conta com um avançado
parque de laboratórios nas Universidades e Centros de pesquisa, e com pesquisadores
com trabalhos importantes na área de desenvolvimento de novos plásticos
biodegradáveis, que transformados em produtos finais podem constituir um interessante
segmento para exportação.
A infra-estrutura de pesquisa e de formação de mão-de-obra especializada no ESP na
área de plásticos é extremamente rica, pelo menos, em relação a outros estados.
Universidades como UFSCAR, USP, UNESP e UNICAMP oferecem cursos de
graduação e pós-graduação em Engenharia de Materiais (ainda mais relacionado a
plásticos do que os cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Química, Engenharia
de Alimentos e o curso de Química que, por sua vez, também podem ser aproveitados
pelas empresas transformadoras de plásticos, no momento da busca por profissionais)
.Para cursos técnicos em plásticos, o estado conta com instituições como a FATEC
(Paula Souza, Mauá e ABC), Oswaldo Cruz e UniABC. Para cursos de treinamento e
especialização em plásticos, a diversidade e o número de cursos são maiores.
Oferecendo cursos para esse fim, podem ser citadas a UNICAMP (através do
COTUCA), a UFSCAR, as escolas do SENAI (das unidades de Jundiaí, Marília, São
Bernardo do Campo, Sorocaba e Taubaté)e várias escolas particulares. Dada a
importância crescente da atividade de ferramentaria para a determinação da
competitividade das empresas, é necessário, na próxima deste estudo, realizar um
mapeamento dos cursos voltados para a formação de ferramenteiros.
80
Cabe salientar que o Estado de São Paulo também pode assumir posição de referência
nas ações articuladas para a reciclagem, que, ademais, contribuiriam para atenuar uma
das cenas mais distantes de um cartão postal, o imenso número de garrafas PET boiando
nos Rios que cortam o município de São Paulo em dias de chuvas torrenciais. Além
disso, há que considerar a oportunidade representada pela situação privilegiada do
estado, posto que nele há presença significativa de todos as indústrias/segmentos
demandantes dos produtos da indústria de transformados plásticos, das grandes
montadoras a grandes empresas da agroindústria.
As reflexões e os resultados das entrevistas com dirigentes e representantes de empresas
e da indústria apontam para claras potencialidades que o setor de transformados
plásticos oferece ao desenvolvimento do Estado de São Paulo (no aumento da densidade
e competitividade de vários setores industriais presentes no estado e com as perspectivas
de geração de vários desenvolvimentos tecnológicos). O estado pode oferecer também
contribuições significativas para o aumento da competitividade do setor (como a
ampliação das pesquisas em novos plásticos, a montagem de um setor de reciclagem de
plásticos, a oferta especializada de profissionais nas áreas de materiais e de metal-
mecânica, além do maior mercado consumidor do país).
No que concerne à estrutura da demanda final, a presença de um parque industrial
relativamente completo e integrado favorece a competitividade das empresas
fornecedoras a outros setores industriais. O estado conta com importante estrutura de
fornecimento aliada à vantagem da proximidade como mercado consumidor, tanto o
setor de transformação, quanto o mercado final. Adicionalmente representa um mercado
final atrativo (pela população e razoável nível de renda) para todos os produtos, dos
mais populares aos mais sofisticados. Conta também com a presença de todos os
segmentos organizacionais demandantes, dos mais variados setores industriais aos
segmentos de serviços (material de escritório, equipamentos de informática, etc.) e
comércio (para equipamentos de informática e embalagens de todos os tipos). No
entanto, há que se citar que ao longo das entrevistas foram muito mencionadas as
dificuldades do trânsito, sempre congestionado, que fazem com que curtas distâncias
demorem horas para serem percorridas e, adicionalmente, em condições de precária
81
segurança, o que encarece os custos e reduz acentuadamente uma das vantagens da
localização em São Paulo: a localização próxima a clientes e fornecedores. Vários
entrevistados ao responderem a questão sobre as vantagens da localização em São
Paulo, responderam enfaticamente: nenhuma.
A presença de produtores de máquinas e moldes, por seu turno, pode constituir
importante fator de competitividade. Representantes do setor argumentam, como já
mencionado, que, ao menos em parte, há equivalência em termos de qualidade dos
produtos e tecnologia, entre os produtores nacionais de máquinas e moldes e os
localizados nos grandes mercados de países desenvolvidos. A despeito disso,
consideram que o segmento de fabricação de moldes no Brasil e no estado de São Paulo,
onde se concentra um dos principais centros de produção, no ABC, ainda não conseguiu
reunir as condições necessárias para que possa ser considerado competitivo seja no que
tange ao mercado internacional, seja no que tange ao mercado interno.
Os fatores de competitividade usualmente apontados para a produção de moldes estão
relacionados principalmente à capacidade de investimento em atualização tecnológica;
de atender às especificações dos clientes, com qualidade e cumprimento dos prazos; de
oferecer assistência pós-venda, em questões técnicas e na manutenção dos moldes. A
produção de moldes é complexa e envolve um conjunto de atividades com
características de “interdisciplinaridade”, que exige máquinas especializadas e mão-de-
obra com qualificação.
Na área técnica são requeridos, conhecimentos profundos em design, projetos técnicos,
mecânica, metalurgia, automação, transformação de plásticos, resinas e compósitos,
entre outros, de tal forma que a empresa tenha flexibilidade para atender rapidamente
diferentes especificações. Na área administrativa, conhecimentos profundos na área de
comercialização, em prospecção de novos mercados e clientes, cálculo de custos,
especialmente, capacidade de relacionamento, de negociação com clientes, de prestação
de um leque amplo de serviços, posto que a produção de moldes é sob encomenda.
Esses fatores ganham maior importância na medida em que a China vem representando
crescente ameaça para os tradicionais países produtores de moldes, como Portugal,
Itália, Canadá,etc. O segmento de moldes nesses países está sendo obrigado a buscar
82
novos modelos de negócios de maneira a se adaptar à nova realidade, com maior
importação de moldes da China por parte de seus tradicionais clientes. No caso do setor
em Portugal, por exemplo, o novo cenário torna o setor bastante frágil, visto que cerca
de 90% da produção é para exportação.
Uma das evidentes reações para os países mais afetados pelo avanço da China também
nos moldes é procurar ampliar as vendas no mercado interno (que pode ser limitado) e
buscar novos mercados para exportação. Países da América Latina que têm uma
indústria de transformação relevante, como é o caso do Brasil, passam a ser atrativos. A
produção de moldes no Brasil ainda não conseguiu construir uma imagem, isto é estar
associada a alguma competência específica. Como a concorrência mundial está
aumentando, os produtores locais, em geral menos competitivos, terão de lidar, de um
lado com a continuidade de importações da China, que está ameaçando mesmo os
produtores mais sólidos. De outro, com as tentativas desses produtores (competitivos,
mas que perderam espaços de mercado para a China) de entrar em novos mercados
como reação à perda de mercado para a China em parte de seus mercados tradicionais.
Para a indústria de transformação de plásticos esse aumento da concorrência no setor de
moldes pode ser vista, ao menos em uma análise de curto prazo, como benéfica, pela
pressão para reduções de preços. Entretanto, uma opção à generalização da importação
de moldes pode ser o planejamento e a execução de um conjunto de medidas que
estimulem e viabilizem uma articulação maior entre fabricantes locais de moldes e a
indústria de transformação. A essencialidade das relações entre esses elos, como um dos
fatores de competitividade, explica-se pelo peso dos moldes no total dos custos, e,
portanto, como um dos principais fatores de competitividade na indústria de
transformação de plásticos.
No caso do Brasil e mais especificamente no caso de estados com aglomerações
geográficas de produtores de moldes, como São Paulo, essa opção é viável e justifica-se
não só pelo potencial do mercado interno, e pelos benefícios (emprego e renda) de se
manter um setor industrial ativo, mas também pela própria lógica dos ganhos
empresariais. A concentração de empresas de um mesmo setor em localidades próximas
potencialmente oferece vantagens derivadas das redes de relações (caso se formem
83
efetivamente), além das vantagens naturalmente da concentração geográfica como a
disponibilidade de mão-de-obra, redes de serviços e difusão voluntária ou não de
informações. No âmbito desses centros já foram feitos investimentos de certa monta e já
há conhecimentos e experiência acumulada, que embora possam não ser suficientes
representam um passo já dado para tornar o setor mais competitivo. Com isso haverá
benefícios para o setor cliente, o de transformados plásticos, posto que nos moldes
(assim como nas resinas, nos compósitos e nas máquinas) encontra-se a fonte de boa
parte do conteúdo de inovação dos produtos finais. As potenciais vantagens são
alargadas quando se tem simultaneamente a concentração de empresas clientes e
fornecedoras como é o caso do ABC.
O desenvolvimento de um novo modelo nas relações fornecedor/cliente pode atenuar ou
eliminar parte considerável dos gargalos apontados para a ainda baixa competitividade
do setor de moldes, principalmente no que se refere ao design, à capacidade de
atendimento das especificações no caso de moldes mais complexos e ao cumprimento
de prazos de entrega. Serão necessários esforços de ambas as partes principalmente no
que se refere ao compartilhamento de conhecimentos, à maior qualificação da mão-de-
obra nas novas competências requeridas (em particular em automação e design) e
investimentos em máquinas mais avançadas. Os custos serão reduzidos e os resultados
agilizados se, de forma articulada, houver a ampliação de cursos ofertados pela rede
pública de cursos técnicos e faculdades (cursos de design em moldes, por exemplo) já
disponíveis; a maior abertura e integração de centros de pesquisa e empresas
(fabricantes de moldes e transformadoras); ampliação da atuação de instituições de
apoio à pesquisa (por exemplo, via PIPE da FAPESP e acesso mais facilitado ao
PRUMO do IPT).
Do ponto de vista do governo do estado de São Paulo, no âmbito de uma agenda de
competitividade de cadeias produtivas, o setor de moldes deve ser considerado como
parte importante para a ampliação da competitividade do setor de transformados
plásticos, ele próprio também pressionado pelo avanço das importações da China. Além
disso, com forte presença da cadeia petroquímica e como o principal produtor de
transformados plásticos deve contar igualmente com um setor de moldes cuja relevância
84
vá bem além da participação no total de empresas e no total do emprego (cerca de 60%),
isto é, tenha condições de competir ao menos no mercado nacional.
Estima-se que haja cerca de 40.000 empresas de moldes e que a produção mundial de
moldes tenha sido de 30 bilhões de euros em 2005. Os principais países produtores são
China, EUA, Japão, Alemanha, mas outros produtores também se destacam como
Canadá, Espanha e Portugal (cuja produção é 90% voltada para exportação). As taxas
de crescimento do setor na China (no qual há um forte componente de capital
estrangeiro) têm contribuído para uma situação de sobrecapacidade instalada, levando a
uma redução no número de empresas e no emprego em alguns dos países produtores
(Soares, 2006), o que, por sua vez, obriga à definição de ações visando adaptar o setor
ao novo cenário concorrencial.
A preocupação em fortalecer o setor e torná-lo mais resistente à ameaça das
importações da China tem levado à proposição de ações específicas para o setor nos
principais países produtores. Não há porque ser diferente no estado de São Paulo, até
pelos dados globais do setor. Relativamente a alguns desses países produtores de
moldes, Portugal, por exemplo, o setor no Brasil e no estado de São Paulo tem a
vantagem de contar com mercado interno bastante significativo, que, todavia, também é
atrativo e alvo para empresas de fora. Como o saldo na importação/exportação de
moldes já é negativo, e boa parte das importações é de moldes de maior valor agregado,
ao contrário das exportações, se o setor não se tornar mais competitivo, os déficits
tendem a aumentar.
Tendo como base a análise dos fatores de competitividade desenvolvida para o setor no
Brasil, e considerando-se o perfil do setor no estado de São Paulo (pelos dados, pelas
informações de pesquisa bibliográfica e pelas entrevistas com representantes da
indústria em São Paulo), pode-se fazer uma síntese avaliando os diversos fatores que
afetam a competitividade da indústria de transformados plásticos no estado. Os itens
podem ser organizados em 4 grupos, conforme feito por SHASTRI, R., VEJA (2007)
tendo como referência a difundida análise de Porter (1985), em cuidadosa análise da
indústria de transformados plásticos no México.
85
Quanto ao grupo que engloba os itens relativos à estrutura do setor e às estratégias das
empresas, tais como: número, tamanho e dispersão/aglomeração das empresas;
especialização, natureza da rivalidade, perfil da gestão, estratégia e práticas
competitivas das empresas, etc., as empresas, em grande número, estão dispersas,
embora haja algumas claras concentrações geográficas. A ameaça à competitividade não
é pelo número de empresas, até porque é uma característica presente também nos outros
países produtores, mas pela “qualidade das empresas e o padrão de concorrência entre
elas, de tal forma, que é um obstáculo a ações conjuntas mesmo em aglomerações
geográficas. Em grande medida são empresas familiares, e há heterogeneidade nas
práticas de gestão; as empresas que operam como fornecedoras de partes e componentes
para grandes empresas são induzidas a melhorar a estrutura organizacional e adotar
práticas mais modernas de gestão; assim também as empresas (pela complexidade
administrativa) de linha própria para o mercado interno e externo. Na outra ponta
encontram-se pequenas empresas com tecnologia e estrutura organizacional
rudimentares.
Esses itens são relacionados a empresas e às suas decisões estratégicas e não a uma
determinada localização. Entretanto, a competitividade do setor está associada não ao
todo, mas à presença de um conjunto relevante de empresas competitivas, quesito no
qual a indústria no estado de São Paulo tem vantagens perceptíveis. Ademais, conta
com a presença de grandes empresas nacionais e multinacionais da cadeia petroquímica
e do ele da transformação de plásticos.
Adiciona-se ainda a presença de uma das principais aglomerações geográficas, no ABC
e outras aglomerações menos delimitadas, mas não menos importantes, como na região
de Campinas (plásticos técnicos, beneficiamento de resinas, fornecimento para
montadoras, para empresas de alimentos, de higiene e limpeza, entre outros), e em
Pompéia (em torno da Jacto, e com forte ênfase nos produtos para a agricultura).
Quanto aos itens agrupados em perfil da demanda, tais como: tamanho e crescimento do
mercado; poder de compra e padrão de exigências dos clientes/consumidores (qualidade
dos consumidores/clientes); sofisticação dos produtos/aplicações; normas e padrões para
os produtos; cadeias de fornecimento bem estabelecidas, etc., o estado de São Paulo tem
86
grande potencial de mercado no que tange ao consumo final; dispõe de grande
capacidade de produção e nele estão localizadas grandes empresas clientes, com
exigências de qualidade compatíveis com padrões internacionais.
Os elos entre empresas clientes e fornecedoras são considerados cada vez mais
estratégicos e favorecem a difusão e adoção de novas tecnologias, pelo relacionamento,
e pela necessidade de a qualidade estender-se á cadeia como um todo, para que o
produto final seja de qualidade. Portanto, como essas vantagens não são copiáveis
facilmente, o estado tem vantagens, que, no entanto, exigem esforços direcionados à sua
preservação e ampliação. É fato que não basta um estado querer a instalação de uma
grande planta produtiva, pois a decisão muitas vezes sequer é tomada na filial do país,
no caso de multinacionais. Mas é fato também, que pela lógica empresarial que não se
guia pelos vínculos ao local, mas pelas efetivas vantagens que propicia, ofertas de
instalação de plantas em outros estados podem ser irrecusáveis em termos econômicos.
Há ainda a considerar que não está havendo um expressivo movimento de saída de
empresas do estado. Entretanto, a opção de uma montadora em outro estado significará
a instalação de um conjunto de fornecedores, dentre eles, transformadores de plásticos
(interessante apontar que há estudos mostrando que a Ford instalada na Bahia, não
compra grandes volumes das empresas transformadoras locais). Note-se que o próprio
Governo com os grandes hospitais públicos é um grande demandante em um dos
segmentos mais importantes e para o qual estão voltadas muitas pesquisas nos principais
países produtores, a área médica. Esse é, sem dúvida, um potencial a explorar e para o
qual o apoio do estado pode ser fundamental.
Quanto aos itens relacionados ao perfil das indústrias fornecedoras, de serviços de
apoio, como: fornecedores de matérias-primas, bens de capital, moldes e ferramentas;
fornecedores de serviços de apoio; centros de P&D; assistência técnica, design;
consultorias especializadas; capacitação técnica, etc. No estado de São Paulo estão
localizadas plantas de grandes fornecedoras de resinas, não só as do pólo de Capuava.
Com a bacia de Santos, o estado será relevante também no petróleo; embora as decisões
estratégicas e gestão sejam de outra esfera, o estado receberá benefícios que poderão ser
direcionados para pesquisas de novos materiais, processo, etc. ampliando as atuais
87
vantagens. No estado estão instaladas grandes empresas beneficiadoras de resinas; de
fabricação de bens de capital (e escritórios de comercialização de líderes mundiais);
empresas de design; centros de apoio; enfim, também nesse conjunto de itens o estado
se destaca.
Quanto aos itens relativos a fatores locais, como localização geográfica, capital humano,
estrutura educativa/científica; incentivos governamentais; infra-estrutura básica; sistema
jurídico; ambiente para negócios; estabilidade, etc. Nesse conjunto reside o grande
diferencial do estado, com evidentes vantagens competitivas. O estado tem infra-
estrutura de transportes e logística que reconhecidamente são fatores decisivos na
escolha de localização das empresas. Tem várias universidades públicas, federais e
estaduais com pesquisas reconhecidas na área de plásticos, inclusive bioplásticos,
biodegradáveis e tecnologias de reciclagem; centros de pesquisa nas próprias
universidades ou em institutos do estado como o Ital, no qual se insere o CETEA de
reconhecida competência na área de embalagens, mas que opera no limite da capacidade
de atendimento; cursos técnicos em colégios técnicos do estado e privados; uma das
principais fundações de amparo à pesquisa, etc. São vantagens relevantes, apesar de
algumas delas estarem mais em estágio potencial do que efetivamente acionadas
diretamente para a indústria de transformação de plásticos.
88
5. PROPOSTAS DE AÇÃO DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PARA O DESENVOLVIMENTO DO SETOR DE TRANSFORMADOS
PLÁSTICOS
Com base na análise da indústria de transformados plásticos realizada tendo como
referência dados e informações, podem-se identificar temas relevantes e algumas das
principais tendências. De maneira geral, essa indústria é caracterizada por uma estrutura
atomizada no que diz respeito ao número de empresas, mas com concentração, no que
se refere à participação e poder de mercado. O elo da transformação de plásticos recebe
pressões tanto de fornecedores quanto de clientes. Outra característica bastante realçada
em estudos internacionais e no Brasil é a organização das empresas em clusters. França,
principalmente, Alemanha, Estados Unidos, Espanha, Itália, e a própria China têm
exemplos de aglomerações geográficas de empresas da indústria do plástico. No Brasil
não é diferente e o ABC Paulista, além de outras regiões com expressiva concentração
de empresas transformadoras e das indústrias e segmentos de apoio, são ilustrativas a
esse respeito.
Tendência à concentração; estratégias de verticalização para a frente por parte das
grandes fornecedoras de resinas; estratégias de diversificação por parte de grandes
empresas de produtos que foram e continuam a ser substituídos pelos plásticos (caso de
grandes fabricantes de vidro e de papel); o grande e temido avanço (visto por alguns dos
como avassalador) da indústria chinesa dos plásticos no mercado internacional (grande
importadora de resinas, inclusive recicladas e grande exportadora de uma enorme
variedade de artigos de plásticos, muitos de baixo valor agregado, mas não só); a
própria tendência de parte dos transformadores a adotar práticas de intensa rivalidade,
sintetizam as ameaças às empresas já instaladas na indústria. Do outro lado, a reação
deve vir via investimentos em melhorias dos processos, dado que eles (na esfera da
produção e da comercialização) constituem o núcleo dessa indústria e é neles que
podem ser identificadas fontes de construção de vantagens competitivas. Ademais, as
inovações são no design (muitas vezes propriedade das empresas clientes), nas resinas,
particularmente nas novas combinações, nas máquinas, que com o avanço tecnológico
levam a mudanças significativas no elo da transformação de plásticos. Por exemplo, as
89
modernas máquinas de fabricação de moldes, à medida que for sendo difundida levará a
alterações nos requisitos quanto à qualificação da mão-de-obra. Os moldes sairão das
máquinas muito próximas da versão final e o ferramenteiro terá de reunir entre as
competências básicas excelentes conhecimentos de máquinas automatizadas.
As tendências mais apontadas para a indústria de transformados abrangem e que
orientam as estratégias, e em parte delas são derivadas, abrangem entre outros:
- Novas tecnologias de reciclagem e novos usos para o material reciclado;
- Bioplásticos;
- Criação de novas resinas;
- Pesquisas e desenvolvimento de novos compostos;
- Novos produtos com plásticos;
- Novas tecnologias de processamento (máquinas);
- Uso crescente da nanotecnologia;
- Conservação de energia;
- Reciclagem (com educação para a economia e minimização dos desperdícios e para a
redução do lixo);
- Concentração dos compradores (indústria ou comércio);
- Concentração dos fornecedores de resinas;
- Concentração na indústria (apesar da atomização);
- Estratégia de expansão das empresas com instalação de plantas em países de baixo
custo de fabricação (principalmente mão-de-obra, mas não só) e subcontratação, com
mais destaque para a China, mas no caso das empresas européias também para os países
do Leste Europeu. Isso não significa necessariamente abandonar os investimentos nos
países de origem, isto é, trata-se de uma política de reorganização da produção: para
produtos padronizados, tendência à subcontratação internacional, o que de fato não
chega a ser novidade; para produtos de maior densidade tecnológica, investimentos na
90
matriz, buscando obter as vantagens concorrência em custos e as da concorrência por
diferenciação, com produtos maior valor agregado;
- Sofisticação dos moldes e novas tecnologias de fabricação, que permitem maior
precisão;
- Expansão das redes de subcontratação; cadeias mais integradas e com maiores
exigências em termos de competências das empresas subcontratadas, em consonância
com o contínuo desenvolvimento de novas resinas, novos compostos, evolução nos
plásticos de engenharia, nos quais países como a China e Índia estão investindo
consistentemente;
- Novas exigências (em parte decorrentes do item anterior) em termos de gestão;
importância de desenvolver competências na esfera da comercialização (incluindo a
prospecção de novas oportunidades) e distribuição (a tempo e com a qualidade
requerida) e “aprender a fazer negócios” com grandes contratantes no mercado nacional
e internacional, mais relevante diante do avanço do “fator China” (é claro que do ponto
de vista estrito da racionalidade empresarial, a importação pode ser vista como a saída,
mas a que custo, para as próprias empresas e, principalmente o custo social?);
- Formação de alianças entre empresas do mesmo país ou de diferentes países, algumas
no âmbito de programas oficiais dos Governos, exemplo do Governo de Singapura que
está promovendo junto a fornecedores europeus interessados em entrar no mercado
chinês, a parceria com subfornecedores locais respeitados que já estão já operando na
China, prometendo a garanti da propriedade intelectual (o que não elimina a difusão dos
conhecimentos).
- Organização das empresas em clusters; criação de “pólos” que integram todos os elos
da cadeia, organizações de apoio, instituições de classe; universidades e institutos de
pesquisa, um dos mais ativos o de plasturgia na região Rhône-Alpes na França.
- Atuação de organizações governamentais com políticas setoriais, seja promoção, como
no mencionado exemplo de Singapura, seja com medidas de apoio à reciclagem, seja
com medidas de restrição ao uso de determinados produtos (atualmente as sacolas de
plástico tem sido estado entre os principais protagonistas), seja com a criação de fundos
91
governamentais de tecnologia e desenvolvimento, como, por exemplo, na Índia (Global
Plastics Letter, março, 2009);
- Expansão das redes de subcontratação (cadeias mais integradas e com maiores
exigências em termos de competências das empresas subcontratadas);
-Impactos (e reações, como medidas antidumping) da posição da indústria de
transformação de plásticos chinesa no cenário mundial.
Sugestões para a indústria no Brasil devem ter como base essas tendências, além, é
claro, de levar em conta os fatores de competitividade, as especificidades da
região/estado para as quais estão sendo pensadas, e as expectativas e reivindicações dos
dirigentes de empresas e representantes da indústria (o que não significa que
necessariamente serão atendidas com as ações).
No caso de São Paulo, as necessidades identificadas para o setor e as oportunidades que
pode haver para o setor no estado estão relacionadas principalmente ao aproveitamento,
e agilidade na ampliação quando necessário, da já existente completa infra-estrutura de
apoio (formação de mão-de-obra) e de pesquisa (universidades e centros de pesquisa de
reconhecida excelência); completa infra-estrutura de apoio (formação de mão-de-obra) e
de pesquisa (universidades e centros de pesquisa); da presença de um parque industrial
completo e de todos os elos da cadeia (matérias-primas; resinas; máquinas; moldes,
clientes); da presença de empresas capazes de atender os diversos segmentos de
mercado. Esses diferenciais são valiosos no que tange a uma das principais lacunas do
setor: a frágil integração com os clientes e com os produtores de resinas e moldes.
A oportunidade nesse aspecto é representada pela possibilidade de coordenação do
processo de criação de centros de excelência em criação, produção e distribuição de
produtos transformados plásticos (explorando as vantagens da proximidade a segmentos
demandantes, como: montadoras; agroindústria; alimentos; cosméticos, etc.). A
contribuição do estado pode ser identificada em ações pertinentes ao âmbito do Governo
de São Paulo, para a criação de um ambiente mais favorável ao segmento
(evidentemente, com as necessárias contrapartidas das empresas no que se refere à
contribuição para o desenvolvimento).
92
Ações conjuntas entre empresas em atividades nas quais haja complementaridades
(pesquisa e desenvolvimento, consórcios de exportação, marketing e etc.) constituem
uma forma relevante de obter competitividade, embora ainda fracamente reconhecida
pelos empresários, causa principal da pouca aplicação prática. Decorre daí, a
importância de apoiar e ampliar a divulgação de experiências com êxito. Caso arranjos
desse tipo consigam se consolidar nas áreas em que se verifica concentração de
produtores de transformados plásticos, eles podem vir a representar um forte fator de
competitividade da indústria na localidade e no estado. Note-se que isso não significa
privilegiar o apoio a empresas aglutinadas localmente em detrimento de ações voltadas
para empresas individuais. (até porque no estado de São Paulo verificam-se algumas
concentrações geográficas importantes, mas também um grande número de empresas
dispersas). De fato, são dois caminhos igualmente relevantes em uma agenda de
competitividade setorial.
Os comentários de representantes de empresas entrevistados para este trabalho também
apontam a carência de mão-de-obra bem qualificada para as atividades de impressão,
parte essencial do processo produtivo em empresas de embalagens, por exemplo. Além
disso, vale ressaltar, que atividades como as de desenvolvimento de novos produtos e de
design, essenciais quando se busca maior diferenciação, demandam profissionais com
formação técnica adequada, ou ao menos com uma sólida formação básica para que
possam ser treinados posteriormente pelas próprias empresas.
Nas entrevistas para este trabalho foi muito ressaltado que ainda há muito que evoluir
no que tange aos moldes. Carências quanto a esse importante elo da cadeia chegaram a
ser apontadas como um efetivo gargalo na busca de competitividade, seja pelo peso
(custo do molde e sua manutenção em condições adequadas) no custo total dos produtos
transformados plásticos, seja pelas dificuldades de encontrar fornecedores capazes de
desenvolvê-los com a necessária qualidade. O fato de que algumas transformadoras vêm
internalizando a fabricação de moldes é ilustrativo a esse respeito. Observou-se também
nas empresas pesquisadas, casos de diversificação por verticalização para trás, com a
fabricação própria de moldes. A proposta de organização de centros de excelência
poderia contribuir não só para reduzir parte dos problemas apontados no que se refere
93
aos moldes, pela articulação produtor de moldes/ cliente (o elo da transformação de
plásticos), mas também seria funcional como uma barreira não tarifária (e local) à
importação de moldes. A integração dos diversos elos em um local com ampla infra-
estrutura destinada para essa indústria especificamente, teria, entre outros benefícios, a
redução de custos, imediatos e de longo prazo, contribuindo para a competitividade dos
produtos do centro de excelência. Obviamente, as mesmas observações aplicam-se ao
desenvolvimento de design, um dos fatores cruciais para a competitividade da indústria
da transformação de plásticos.
Ao longo da pesquisa de campo constatou-se que empresas transformadoras que estão
investindo em desenvolvimento de beneficiamento próprio de resinas, inclusive
utilizando nanotecnologia, para aumentar as possibilidades de diferenciação dos
produtos, com um atendimento mais personalizado aos clientes. Nesse aspecto fica
evidente a potencial contribuição de relações mais estreitas com universidades e
institutos de pesquisa (a exemplo do papel já exercido e consolidado pelo CETEA do
ITAL em Campinas). Portanto, uma das ações do Governo do estado para essa indústria
deve estar voltada para o apoio, incluindo programas de financiamento para viabilizar e
acelerar as pesquisas nessa direção. Tal programa poderia estar ser também um meio de
parceria entre instituições públicas e empresas. Por exemplo, o financiamento poderia
ter como contrapartida da empresa o oferecimento de estágios remunerados para
estudantes de Colégios Técnicos, com ganhos para os dois lados.
No Brasil, o mercado de reciclagem se apóia, como na China, em grande parte no
trabalho informal, e muitas vezes desorganizado, dos catadores. Porém os pressupostos
do projeto de lei 3750 aproximam-se do que é feito atualmente na Europa. Por ser
desorganizada e depender do trabalho informal de pessoas que vivem da coleta seletiva,
a implementação da reciclagem no Brasil, não só de plásticos, mas de todos os outros
resíduos, deve ser associada a outras políticas ambientais e energéticas, além de contar
com o apoio conjunto de órgãos de educação, saúde, empresas e, logicamente, dos
governos nacional e local. Os produtos de plástico não são os causadores dos problemas
ambientais; produtores e consumidores o são. Para reduzir os possíveis prejuízos
ambientais, é importante ampliar as ações que beneficiem o processo de reciclagem e
94
utilização dos plásticos, principalmente pós-consumo, para algum fim, seja esse a
formação de novos itens plásticos ou a utilização como fonte energética para processos.
Projetos apropriados de reciclagem devem englobar iniciativas ambientais,
governamentais e sociais (tendo presente que a coleta seletiva no Brasil ainda é centrada
em catadores que dependem desse trabalho). Em simultâneo, devem ser ampliados
também os estímulos a pesquisas sobre a utilização de fontes renováveis para a
obtenção de plásticos de qualidade. Mas, como os plásticos comuns, os plásticos obtidos
por fontes renováveis devem fechar um ciclo, ou seja, devem ter um destino como
compostagem ou utilização como fonte energética. O “modelo” a ser adotado pode se
beneficiar da observação dos pontos fortes e fracos dos modelos já mais consolidados,
como os da União Européia. Por exemplo, a regulamentação e o apoio governamental
europeus poderiam ser associados às iniciativas norte-americanas, como o plástico
bioderivado. Quanto à forma de inserção da mão-de-obra envolvida, uma das opções é a
organização em cooperativas, para o que o apoio governamental federal, e
especialmente o local, pode ser bastante relevante.
Finalmente cabe observar enfaticamente que mais que iniciar um conjunto de ações e
interrompe-las sem que a elas tenha sido dedicado devido tempo para o ciclo necessário
até sua consolidação e obtenção de resultados concretos (sempre frustrante e um
obstáculo à disponibilidade de adesão a futuras propostas), vale escolher alguma ou
algumas e trata-las como um projeto de longa duração, persistindo e adotando
necessárias ações derivadas até obter ao menos parte considerável dos resultados
esperados. Nesse aspecto, ações para a reciclagem e para investimentos em bioplasticos
e nanopartículas podem encabeçar a lista. Isso porque estão mais ao alcance da esfera
estadual (articulada com a municipal), já um conjunto de recursos (pessoas, infra-
estrutura de ensino e pesquisa, disponibilidade de agências de apoio e financiamento,
etc.). Além disso, resultados alcançados terão efeitos sociais evidentes e contribuirão
para levar a indústria de transformados (com os respectivos elos) no estado de São
Paulo a patamar mais próximo daquele dos principais produtores mundiais. A
considerar ainda que são tendências do setor no mundo, que, portanto, inevitavelmente
terão de ser adotadas, com ou sem a contribuição de órgãos governamentais, mas esta,
95
se efetiva, contribuirá para acelerar o processo. O apoio para a constituição dos Centros
de Excelência em plásticos, embora requeiram certo período para maturação deve estar
entre as prioridades, pois podem dar novas feições ao setor de transformados no estado
e representar “lócus” privilegiado para os necessários avanços no design, um dos fatores
nucleares para a competitividade do setor.
O apoio a iniciativas já existentes de forma a consolidá-las também pode ser acionado
no curto prazo. Observe-se que boa parte das ações propostas para o setor em estudo
realizado no ABC há 10 anos e referendadas em diversos seminários na região,
continuam a ser retomadas na pauta de proposições de novos projetos, o que evidencia a
distância entre as propostas no papel e sua realização, que requer persistência.
5.1 PROPOSTAS
Proposta 1
Apoio a iniciativas/empresas com departamentos de pesquisa e desenvolvimento já
estruturados ou que venham a desenvolvê-los; que investem em novas tecnologias,
como novos compostos (por exemplo, uma das empresas pesquisadas já está investindo
em pesquisas para desenvolvimento próprio de compostos com nanopartículas).
Estímulos a transformadoras instaladas no estado com capacidade de inovar e de
produzir itens até agora importados. Especial atenção à produção de itens da área
médica, o que pode contribuir para a redução dos custos de diversos produtos nos
hospitais públicos.
Proposta 2
Programa de pesquisa em bioplásticos e nano tecnologia aplicada a materiais plásticos,
fortes tendências no âmbito dos principais países produtores. Nesse caso, com forte
apoio dos órgãos estaduais de apoio e financiamento à pesquisa. No estado de São
Paulo já estão sendo desenvolvidas várias pesquisas em bioplásticos, muitas delas em
universidades públicas do estado. Entretanto, ainda não se obteve a necessária
articulação entre os centros/laboratórios de pesquisa, entre os pesquisadores. A difusão
para as empresas também pode ser intensificada, especialmente no caso de resultados de
pesquisas que contribuam para viabilizar a redução dos custos, visto que esse é
96
considerado por especialistas um dos principais fatores restritivos ao uso mais intensivo
dos bioplásticos. A despeito dessa limitação, os bioplásticos (nos quais se incluem os
plásticos verdes, como os derivados de etanol nos quais empresas líderes do setor de
resinas, como a Braskem, por exemplo, vêm investindo fortemente) estão tendo uso
crescente, no caso de alguns países, como conseqüência de legislação ambiental mais
severa, portanto, não há como ignorar tal tendência.
Proposta 3
Programas voltados para a reciclagem dos diversos materiais e nas suas diversas formas.
Por exemplo, rever o ICMS de produtos fabricados a partir de materiais reciclados, caso
das telhas a partir da reciclagem de caixas tetrapak sobre as quais incide ICMS de 22%,
enquanto para as telhas de amianto (já proibidas em diversos países), o ICMS é de 8%.
Apoio do estado, articulado aos municípios, para a construção de várias mini usinas de
reciclagem (distribuídas por município e por regiões/bairros no caso de municípios
maiores). Contribuição importante pode ser obtida pela cooperação com o Plastivida
para intensificação das ações, já amplamente reconhecidas. A articulação e a
cooperação estado/municípios são essenciais para o sucesso e continuidade de qualquer
programa de reciclagem, que depende de um esquema muito bem organizado de coleta,
tarefa a ser definida no âmbito dos municípios/regionais. Ademais, a cooperação
estado/município deve abranger o apoio necessário para a criação/ativação dos
Conselhos Ambientais nos municípios. Devem ser desenvolvidas campanhas em
conjunto com empresas destacando a importância do uso racional e da reutilização de
sacolas plásticas em consonância com a tendência mundial. O mesmo vale para o
incentivo para que empresas produtoras tornem-se responsáveis, ou ao menos parceiras
em iniciativas, pela reciclagem dos produtos após o uso. Essa é outra tendência
mundial; empresas estão investindo em plantas específicas para a reciclagem, como
ilustra o mencionado caso da Tetra Pak e o investimento da Coca Cola em planta
específica para a reciclagem em alguns países como México, EUA, etc. Investimentos
dessa natureza contribuem para a geração de empregos e de renda nas localidades em
que se efetivam. Um projeto articulado de reciclagem da coleta à transformação tem
potencial econômico e social tanto por uma forma mais adequada de inserção dos
97
coletadores, quanto pelo fato de que alguns produtos finais resultantes da reciclagem
podem ser usados para construções de moradias. Particular ênfase vem sendo atribuída
à reciclagem energética, com estímulo ao desenvolvimento de tecnologias, que
intensificada pode representar uma significativa forma de obtenção de energia. Novas
tecnologias em reciclagem são outra forte tendência do setor no âmbito dos principais
países produtores.
Proposta 4
Programa de investimentos em P&D com apoio da FAPESP para bioplásticos,
nanotecnologia, etc. Nesse caso, o IPT tem papel fundamental, mas deve ser como um
dos agentes principais agentes coordenadores e como parte da infra-estrutura e não
como único. Isto é, os investimentos e demais iniciativas devem ter em primeiro lugar o
interesse de um conjunto relevante de empresas (poderia haver algo como uma chamada
pública on line para a participação no programa, ou a partir da identificação de
iniciativas já existentes, articulá-las buscando sinergias e incluir Fapesp, IPT,
Universidades, Institutos de pesquisa, cada qual com seus conhecimentos e experiência
acumulados).
Proposta 5
Criação de novos cursos e reestruturação dos atuais, com foco nas efetivas necessidades
de qualificação de mão-de-obra para o setor de transformados plásticos. Para isso, é
fundamental uma pesquisa junto às empresas de transformados para o levantamento
dessas necessidades, que se estendem de necessidades técnicas a carências na área de
gestão empresarial. Por exemplo, ao longo da pesquisa, constatou-se que há carências
no que se refere à mão-de-obra para impressão (uma das atividades importantes na
transformação, em especial no caso das embalagens). Outra constatação da pesquisa foi
a necessidade de formação de ferramenteiros e técnicos com novas competências, posto
que a evolução tecnológica das máquinas exigirá um novo perfil desses profissionais.
Além disso, podem ser organizados cursos com foco em novas tecnologias de processos
e temas atuais de gestão (incluindo novas técnicas de comercialização, prospecção de
novas oportunidades, relações com clientes, aspectos econômicos, etc.), particularmente
para empresários e dirigentes de pequenas empresas; o cuidado deve ser o de não
98
oferecer cursos de “prateleiras”, sem antes avaliar que tipo de conhecimento está sendo
efetivamente demandado.
Proposta 6
Apoio aos Arranjos Produtivos Locais já existentes.
Proposta 7
Centros de Excelência em plásticos, integrando Institutos de P&D; Institutos de
Metrologia e Normas Técnicas; Universidades, design (no sentido amplo, englobando a
elaboração do projeto em interação com o cliente); moldes (com certa especialização,
ou ao menos foco nos moldes requeridos pelos produtores de plásticos locais e com
amplo leque de oferta dos serviços associados, como manutenção); máquinas;
distribuição das resinas; empresas beneficiadoras; transformação; reciclagem. O estado
de São Paulo tem como uma das principais vantagens à presença de todos os elos da
cadeia com empresas relevantes, Universidades e Institutos públicos de pesquisas com
várias pesquisas voltadas para o segmento; escolas técnicas; faculdades, etc. Esse
conjunto, no entanto, não está adequadamente articulado. Os Centros de Excelência
poderão ser articulados em torno de uma empresa (transformadora, cliente, fornecedora
de máquinas, etc.) ou de um Instituto de pesquisa (particularmente importante se o
objetivo for o estímulo à inovação), ou de uma Escola Técnica. O foco na transformação
deve estar voltado para as especificidades da região (agricultura, automobilística, eletro
eletrônicos, alimentos, cosméticos, farmacêutica, área médica). Para o conjunto
articulado seriam desenvolvidos os necessários programas de apoio, sem produtos de
prateleira e sem imposição de cima para baixo; os programas devem ter objetivo claro e
totalmente compatível com o propósito de cada Centro. A partir daí, FAPESP, etc.
ofereceriam apoio com mais flexibilidade (utilizando critérios apropriados a cada
Centro e não estritamente acadêmicos, sempre, óbvio, com foco na pesquisa e
desenvolvimento).
99
O ABC paulista17, já alvo de diversas iniciativas, pode ser a base para um dos Centros.
No entanto, é importante que outras regiões sejam mapeadas e analisadas, pois há outras
concentrações de empresas no estado além do ABC (com 10,8% do total de
estabelecimentos do setor no estado de São Paulo e 13% do total de empregados).
Campinas, por exemplo, pode ser o núcleo para a constituição de outros desses centros
(Campinas e cidades do entorno participam com 6,5% do total de estabelecimentos e
6,0% do total de empregados do setor no estado, percentuais que se ampliam para
10,0% e 11,6% respectivamente, incluindo-se Pedreira, Limeira, Jundiaí, Itupeva e
Itatiba); a região de Pompéia, Tupã, etc. na Região Administrativa de Marília
(participação de 1,3% no total de estabelecimentos e 1,2% do total do emprego do setor
no estado), também tem várias empresas, nesse caso voltadas para a Agricultura e, e
certa forma, em torno da Unipac (Jacto). Tanto na região de Campinas (com Holambra,
circuito das frutas, etc.), quanto na de Marília, são evidentes as oportunidades para a
Plasticultura, segmento de mercado importante para a indústria de transformados
plásticos.
Proposta 8
Estímulo à subcontratação intra estado de São Paulo; entre outras justificativas, porque
essa é uma via importante para a difusão de tecnologia.
17 Uma das iniciativas que vem sendo articulada há cerca de 10 anos ganhou novo fôlego recentemente no âmbito da organização do APL ABC (e com a ampliação do pólo petroquímico local) do qual participam a FIESP, prefeituras locais, em especial a de Santo André, sindicatos e empresas locais. O projeto tem apoio da Suzano Petroquímica e tem a adesão de cerca de 50 empresas do segmento de transformação de plástico da região, que participarão, entre outros, de programas de capacitação; já houve também apoio à participação na maior feira do setor na Alemanha. Em paralelo, estão sendo dados passos para a concretização de um “condomínio industrial”; Além disso, o sindicato dos químicos continua a atuando na capacitação de mão-de-obra (o programa que tem apoio do FAT e vem sendo desenvolvido há cerca de 10 anos, inicialmente recebeu o nome de Alquimia). De acordo com informações obtidas em entrevista com representante do sindicato, formou nova turma em 2007. Segundo informações do mesmo entrevistado, o sindicato também atuou no sentido de obter a ampliação do Cartão do BNDES, anteriormente utilizado quase que exclusivamente para a compra de maquinário e passa a valer também para a compra de matérias-primas para as empresas transformadoras (esse beneficio foi expandido para todas as empresas do Brasil) por meio de empresas conveniadas ao BNDES.
100
Proposta 9
Desenvolvimento de linhas de financiamento específicas para a compra de máquinas
atualizadas tecnologicamente, utilizando a Caixa Econômica do Estado e coordenando,
via Secretaria de Desenvolvimento do Estado, a busca de linhas de financiamento, de
acesso facilitado. Tão importante quanto às máquinas é a atualização em processos. O
IPT, principalmente via Projeto de Unidades Móveis (PRUMO), mas não só, tem
competências acumuladas e, portanto, pode desempenhar papel fundamental.
Proposta 10
Criação de barreiras não-tarifárias (por exemplo, requisitos para produtos importados,
com atenção aos contaminantes) e de normas e procedimentos que restrinjam a
concorrência por meios desleais.
Proposta 11
Apoio às empresas que já aderiram ao Programa Export Plastic e ações que facilitem a
adesão de novas empresas como uma forma de canalizar para o estado os benefícios da
experiência já acumulada pelo Programa. Ações acessórias podem ser adotadas de
forma a se contrapor aos efeitos negativos do câmbio atual (sobre o qual o poder de
gestão de empresas e de governos estaduais é limitado).
Proposta 12
Mapear e sistematizar, criando um banco de dados acessível a empresas, sobre as
pesquisas (que já podem ser tornadas públicas) que estão em desenvolvimento ou já
foram desenvolvidas nas Universidades e Institutos de pesquisa e que podem ser
disponibilizadas para uso nas empresas. Essa pode ser a base para a construção de um
“Portal dos Plásticos” com informações, que pode ter espaços abertos para pesquisa e
espaços “fechados” nos quais demandantes e ofertantes podem dar os primeiros passos
para a realização de negócios.Além disso, pode se transformar em uma via de oferta “on
line” de serviços a empresas do setor18. Ao IPT em conjunto com Universidades e
18. O projeto de criação de um Centro de Serviço Virtual (CVP) de serviços e recursos destinado às PMEs do setor de plásticos na Espanha, Portugal e Sul da França pode servir referência (a ser adaptado às
101
Institutos de pesquisa caberia papel relevante na implementação de projeto dessa
natureza.
Proposta 13
Campanhas de divulgação e valorização do setor em São Paulo, tendo como um dos
focos as vantagens do estar em São Paulo (lembrando que a maioria dos entrevistados
enfatizou que não vê qualquer vantagem em estar localizado em São Paulo e,
especificamente no caso da Região Metropolitana foram citados os fortes gargalos no
trânsito, que eliminam parte das vantagens de localização próxima a clientes, e a
violência). Campanhas devem ser pensadas tendo como centro argumentos para
justificar o ICMS mais alto no estado de São Paulo (outra forte crítica dos entrevistados
e reivindicação para que seja equiparado ao dos demais estados; alguns entrevistados
destacaram que estão pensando em transferir a produção para cidades próximas a São
Paulo, mas já em outros estados, caso de Extrema, em Minas Gerais), mostrando que o
diferencial do imposto é utilizado para propiciar vantagens à sociedade e às empresas
instaladas no estado. Como já mencionado anteriormente, as vantagens de São Paulo
estão relacionadas à proximidade com o mercado consumidor, à infra-estrutura
rodoviária e portuária relativamente mais estruturada que a de outros estados, à presença
de mão-de-obra qualificada e à existência de centros de pesquisa e formação com
reconhecida excelência. Essas vantagens devem ser ressaltadas e o estado de São Paulo
deve investir continuamente para mantê-las e ampliá-las, caso contrário, o diferencial
para mais do imposto fica sem muitas justificativas.
especificidades do setor em São Paulo). O conceito CVP foi testado nessas regiões com apoio do Programa Interreg III-B Sudoe, destinado à promoção do desenvolvimento regional. Os resultados positivos levaram a uma forma de sua continuidade com o projeto e_SeSME (Serviços eletrônicos para PMEs na Cadeia de Fornecimento de Plásticos). O orçamento total é de 1,8 milhões de Euros, dos quais 890.000 Euros contribuição da Comissão Europeia via Programa e-Ten. O objetivo é ampliar o potencial de desenvolvimento e inovação das empresas européias do setor. Via Portal, serão vendidos serviços tecnológicos especializados de a empresas da Europa, através de uma plataforma de Internet simples, funcional e rentável (espera-se). Entre os serviços on-line previstos destacam-se: engenharia (simulação, concepção, custos); cursos especializados; informação técnica; serviços digitais (bases de dados, links, programas inteligentes); conhecimentos competitivos, (tecnologia, ambiente, mercado, concorrência), etc. www.cefamol.pt//Noticias (acesso, 12/01/2008).
102
5.2 MATRIZ DE AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE COMPETITIVA E DE RECOMENDAÇÕES
DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO E
TECNOLÓGICO DA CADEIA /SETOR NO ESTADO DE SÃO PAULO
Na matriz exibida a seguir, encontram-se os principais fatores de competitividade que
afetam o setor de transformados plásticos. Na primeira coluna, foi atribuído o grau de
importância do fator de competitividade para o setor. Na segunda coluna, avaliou-se a
eficácia dos fatores no Brasil, incluindo a existência de instrumentos que desenvolvam e
fortaleçam os fatores. Na terceira coluna, foi determinado se o Estado de São Paulo
possui algum diferencial competitivo naquele fator, relativamente ao restante do país.
Na quarta e na quinta coluna, estão descritos as propostas e os agentes responsáveis por
sua execução para aqueles fatores de competitividade cujo grau de importância para o
setor tenha sido considerado elevado.
1. Grau de Importância do
fator/Instrumento para a
Competitividade do Setor no Brasil
- Pouco - Médio -Muito
2. Eficácia do fator/Instrumento
no Brasil
- Pouco - Médio -Muito
3. Diferencial Competitivo
do ESP
- Pouco - Médio -Muito
4. Recomendações de Ações de curto,
médio e longo prazos
5. Instituições Públicas e Privadas
Responsáveis ou Envolvidas
(Quem Faz e Qual o
Horizonte de Tempo)
Dimensões 1. Investimento
1.1 Financiamento (custo, prazo, acesso, garantias, capilaridade, equalização de juros)
Muito Pouco Pouco Ver Proposta 9 Bancos Públicos (Médio Prazo)
1.2 Proximidade do mercado Muito Pouco Muito Ver Proposta 13 Governo do Estado (Curto Prazo)
1.3. Universidades, Agências de Fomento e Centros de pesquisa
Muito Pouco Muito Ver Proposta 7 Universidades, Agências de Fomento e Centros de pesquisa (Médio Prazo)
1.4. Qualificação e disponibilidade de mão-de-obra
Médio Médio Muito
1.5. Custo da mão de obra Médio Médio Médio 1.6. Infra-estrutura de transporte e logística Muito Pouco Médio Ver Proposta 13 Governo do
Estado (Curto Prazo)
1.7. Infra-estrutura de energia Pouco Médio Muito 1.8. Incentivos fiscais Pouco Pouco Pouco 1.9. Poder de compra público Pouco Pouco Pouco
1.10. Poder de compra privado Muito Pouco Médio Ver Proposta 6 Agentes que integram Arranjos Produtivos Locais (Médio Prazo)
1.11. Marco regulatório Muito Médio Médio Ver Proposta 10 Governo do Estado (Médio Prazo)
1.12. Parceria Público-Privada Pouco Pouco Pouco
103
1. Grau de Importância do
fator/Instrumento para a
Competitividade do Setor no Brasil
- Pouco - Médio -Muito
2. Eficácia do fator/Instrumento
no Brasil
- Pouco - Médio -Muito
3. Diferencial Competitivo
do ESP
- Pouco - Médio -Muito
4. Recomendações de Ações de curto,
médio e longo prazos
5. Instituições Públicas e Privadas
Responsáveis ou Envolvidas
(Quem Faz e Qual o
Horizonte de Tempo)
Dimensões 1.13. Barreiras institucionais (Burocracia e Sindicatos)
Pouco Médio Médio
2. Comércio Exterior
2.1. Exportações 2.1.1. Câmbio Muito Pouco Pouco Ver Proposta 11 Governo do
Estado (Curto Prazo).
2.1.2.Crédito Fiscal e Draw Back Médio Pouco Pouco 2.1.3. Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC)
Pouco Pouco Pouco
2.1.4. Infra-estrutura de transporte e logística Muito Pouco Muito Ver Proposta 13. Governo do Estado (Médio Prazo).
2.1.5. Questões tributárias e fiscais Muito Pouco Pouco Ver Proposta 13. Governo do Estado (Médio Prazo).
2.1.6. Financiamento (custo, prazo, acesso, garantias, capilaridade, equalização etc.).
Muito Pouco Pouco Ver Proposta 11. Governo do Estado, APEX e demais organizações já envolvidas no Programa e Nossa Caixa. (Curto Prazo).
2.1.7. Barreiras institucionais (Burocracia e Sindicatos)
Pouco Médio Médio
3. Custo de produção 3.1. Custo de mão-de-obra Médio Médio Médio 3.2 Fornecedores:
- Máquinas: - Moldes: - Resinas:
Muito Muito Muito
Médio Médio Médio
Médio Médio Médio
Ver Proposta 7, Proposta 9.
Governo do Estado, empresas e organizações setoriais (Curto e Médio Prazos).
3.3. Escala Muito Pouco Pouco Ver Proposta 6 e Proposta 8
Agentes que integram os Arranjos Produtivos Locais (Médio Prazo).
3.4. Energia (disponibilidade e custo) Médio Médio Médio 3.5. Carga tributária Médio Médio Pouco 3.6. Grau de utilização da capacidade Muito Médio Médio Ver Proposta 6 Arranjos
Produtivos Locais (Médio Prazo).
3.7. Financiamento Médio Pouco Pouco 3.8. Barreiras institucionais (Burocracia e Sindicatos)
Pouco Médio Médio
4. Capacitação Tecnológica e Inovação 4.1. Financiamento (custo, prazo, acesso, garantias, capilaridade, equalização etc.).
Muito Pouco Pouco Ver Proposta 1, Proposta 2 e Proposta 4.
Bancos Públicos estaduais.
4.2. Mão-de-obra qualificada (disponibilidade) Muito Pouco Muito Ver Proposta 5. Governo do Estado, Instituições de Pesquisa e de Formação de
104
1. Grau de Importância do
fator/Instrumento para a
Competitividade do Setor no Brasil
- Pouco - Médio -Muito
2. Eficácia do fator/Instrumento
no Brasil
- Pouco - Médio -Muito
3. Diferencial Competitivo
do ESP
- Pouco - Médio -Muito
4. Recomendações de Ações de curto,
médio e longo prazos
5. Instituições Públicas e Privadas
Responsáveis ou Envolvidas
(Quem Faz e Qual o
Horizonte de Tempo)
Dimensões Mão-de-obra; Empresas transformadoras e de moldes. (Médio Prazo)
4.3. Universidades, Fatecs, Agências de Fomento e Centros e Institutos de pesquisa.
Muito Médio Muito Ver Propostas 1, 2, 4, 7 e 12.
Governo do Estado, Instituições de Pesquisa e de Formação de Mão-de-obra.
4.4. Infra-estrutura de qualidade e metrologia Muito Médio Médio Ver Propostas 7 e 10.
Organizações que integram os Centros de Excelência e demais organizações pertinentes.
4.5. Incentivos fiscais e tributários Muito Pouco Pouco Ver Propostas 1, 2 e 4..
Governo do Estado (Médio Prazo)
4.6. Barreiras institucionais (Burocracia e Sindicatos)
Pouco Médio Médio
4.7. Relação com os fornecedores: - De moldes: - De máquinas: - De resinas:
Muito Médio Muito
Pouco Pouco Pouco
Pouco Pouco Pouco
Ver Proposta 7. Ver Proposta 7.
Entidades setoriais e Governo do estado. (Médio Prazo)
4.8. Relação com os usuários/clientes Muito Pouco Pouco Ver Proposta 8. 4.9. Inovações organizacionais: o papel das ações coletivas e de conteúdo cooperativo.
Muito Pouco Médio Ver Proposta 6. Agentes que integram Arranjos Produtivos Locais (Médio Prazo)
4.10. Novos materiais (bioplásticos, nanotecnologias, plásticos de engenharia, etc.).
Muito Pouco Médio Ver Propostas 1, 2, 4 e 12.
Institutos de Pesquisa, Governo do Estado e Entidades Setoriais (Médio Prazo)
5. Meio Ambiente 5.1. Legislação Muito Pouco Pouco Ver Proposta 3. Governo do
Estado e Entidades Setoriais (Curto Prazo).
5.2. Instrumentos financeiros (crédito carbono) Médio Médio Médio 5.3. Barreiras institucionais (Burocracia e Sindicatos)
Médio Pouco Pouco
. 5.4. Reciclagem Muito Pouco Pouco Ver Proposta 3. Governo do Estado e Entidades Setoriais (Curto Prazo).
105
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