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___________________________ ¹ Professora Pedagoga PDE/2010: Margarete Cristina Léchiw. ²Professora Orientadora da Instituição de Ensino Superior _ Universidade Estadual de Ponta Grossa: Ms.Mabel de Bortoli.

Trabalhos Domiciliares

Margarete Cristina Léchiw¹

Orientadora: Mabel de Bortoli²

RESUMO

A organização dos trabalhos domiciliares no Ensino Médio é um projeto, onde o pedagogo desenvolve suas atividades contemplando o ambiente escolar e o domicílio do educando, a fim de auxiliá-lo a dar continuidade às atividades escolares no momento em que se encontra afastados. A proposta da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – MEC 1996) é a de que toda criança disponha de todas as oportunidades possíveis para que o processo de desenvolvimento e aprendizagem não seja suspenso. Diante disto o pedagogo, o professor e a família devem estabelecer um vínculo envolvente, preparando-se para o desafio de atender este aluno que se encontra fragilizado. A organização dos trabalhos domiciliares para alunos que se encontram com atestado médico superior a dez dias requer reorganização dos conteúdos, flexibilizando-os de tal forma que possa atender as necessidades do momento. O desafio exige parceria entre a escola e a família com o objetivo de garantir ao aluno o acesso ao estudo. As atividades serão reorganizadas pelo professor e registradas em fichas próprias para o trabalho, onde deve constar: conteúdos, anexos, datas e valores atribuídos a cada atividade. Desta forma será assegurada a efetivação dos trabalhos e garantida à legitimidade do processo, para que não ocorram perdas consideráveis no seu aprendizado, quando o aluno retornar para a sala de aula. Através da prática deste trabalho, espera-se que o aluno possa superar as dificuldades do momento e assim não venha a fazer parte do índice de reprovação e evasão escolar, assegurando o direito que todo o aluno tem que é a continuidade de sua formação sem interrupções, que esta prevista na LDBEN.

Palavras chave: Trabalho; domiciliares; organização.

ABSTRACT The organization of work at home in high school, is a project where the teacher carries out its activities covering the school environment and address of the student in order to assist you in continuing educational activities at the moment is away. The proposal of the Law of Guidelines and Bases of National Education (LDBEN - ECM 1996) is that every child has all the opportunities possible for the process of development and learning are not suspended. The teacher, the teacher and the family must establish a link engaging, preparing for the challenge to meet this student who is frail. The organization of home-based jobs for students who meet medical

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certificate exceeding ten days requires reorganization of the contents, loosening them so they can meet the needs of the moment. The challenge requires partnership between school and family in order to assure the student access to study. The activities will be reorganized by the teacher and recorded on sheets fit for work, which shall include: content, attachments, dates and values assigned to each activity. Thus is ensured the accomplishment of the work and ensured the legitimacy of the process, to prevent any losses in their learning when students return to the classroom. Through the practice of this work, it is expected that the student can overcome the difficulties of the moment and so will not be part of the rate of failure and truancy, ensuring the right of every student has, which is the continuation of their training without interrupts, which is provided in LDBEN. Keywords: Work, home, organization.

INTRODUÇÃO

As dificuldades que o mundo contemporâneo apresenta através de sua

modernização, nos leva a ter cuidados e atenção em relação às necessidades

especiais temporárias. Principalmente aquelas que surgem na fase da adolescência,

que por sua vez gera difícil aceitação e compreensão por parte do corpo docente.

As maiores dificuldades que os adolescentes enfrentam neste período escolar

relaciona-se a: adoção, relações incestuosas, sexualidade, gravidez, depressão,

pânico, drogadição, transtornos alimentares, traumas físicos ou psicológicos e

também doenças infecto contagiosas.

Estes assuntos são delicados, e devem ser tratados por profissionais

específicos.

A escola juntamente com os responsáveis, irá administrar o aspecto legal e

pedagógico da ação dos trabalhos domiciliares.

Os alunos receberão atendimento e suporte pedagógico adequado para que,

nessa situação especial temporária, continuarão progredindo no processo de ensino

e aprendizagem. Os professores mediarão o conhecimento, avaliando este aluno no

decorrer do processo. De que forma os pais e ou/responsáveis irão interagir dentro

desse quadro.

A organização dos trabalhos domiciliares é um direito dos alunos que se

encontram em tratamento de saúde.

A legislação que especifica sua aplicação é o Decreto Lei nº1044, de 21 de

Outubro de 1969. Esta dispõe sobre o tratamento excepcional para alunos

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portadores das afecções temporárias que estão impedidos de frequentar a escola

por um período de tempo, a fim de proporcionar a continuidade da escolarização.

Considerando que a Lei assegura a todos o direito à educação, é necessário

promover ações, na escola, que favoreçam a continuidade do processo de

escolarização dos alunos que estão impedidos de frequentaram as aulas e

permanecerem no estabelecimento de ensino na proporção mínima exigida.

No Colégio Estadual Regente Feijó, essas ações são fundamentais para

atender a demanda e o índice de situações especiais temporárias, inclusive,

englobando no que se refere à gravidez na adolescência.

A ação pedagógica e a aplicação da Lei garantiram a realização dos trabalhos

junto aos alunos do Colégio Regente Feijó.

A falta de articulação entre família, professores e alunos, traz impedimentos

para as ações de atendimento adequado para todos os envolvidos na questão do

afastamento do aluno que se encontra em situação especial temporária.

A preocupação em atender dignamente a esses alunos se reflete em angustia

de realizar um trabalho eficiente.

BASE TEÓRICA

O atendimento aos alunos com necessidades especiais temporárias através de

trabalhos domiciliares é uma tentativa de responder à necessidade de continuar o

processo de escolarização mesmo quando estes se encontrarem impedidos de

permanecer ou frequentar a escola.

É fundamental que a ação pedagógica seja conjunta entre pedagogas,

responsáveis e professores, a fim de manter uma coerência entre conhecimento e

compreensão no atendimento aos alunos em situações especiais temporárias.

Contudo, vale salientar que cada convalescença deve ser assistida por

profissionais específicos de cada área, cabendo à escola a tarefa de administrar a

permanência do educando dentro do sistema, garantindo a continuidade de sua

aprendizagem.

É importante ressaltar que a adolescência é um período onde as

transformações acontecem, determinando um momento de passagem da infância ao

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tão desejado e temido mundo adulto.

Essa fase da vida é caracterizada por inúmeros fatores: saída da infância,

construção de novas identificações e formas de comunicação, reconstruindo

vínculos com os responsáveis buscando assim, a sua independência e novas formas

de se relacionar com o mundo.

Esses fatores são complicadores para um satisfatório desenvolvimento e

crescimento do adolescente, assim como explica Pereira e Pinto (2010, p.1):

A adolescência pode ser definida de diferentes formas. Trata-se de uma etapa de crescimento e desenvolvimento do ser humano, marcada por grandes transformações físicas, psíquicas e sociais. Mais precisamente, entende-se adolescência como o período de desenvolvimento situado entre a infância e a idade adulta, delimitado cronologicamente pela Organização Mundial da Saúde como a faixa dos 10 aos 19 anos de idade, esta também adotada no Brasil, pelo Ministério da Saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera, ainda, como juventude o período que se estende dos 15 aos 24 anos, identificando adolescentes jovens (de 15 a 19 anos) e adultos jovens (de 20 a 24 anos). A lei brasileira, através do Estatuto da Criança e do Adolescente, considera adolescente o indivíduo de 12 a 18 anos.

A fecundidade na adolescência também tem sido objeto de estudo para

Melhado et. Al. (2008, p. 2), pois este fator interfere na vida escolar do adolescente:

Um terço da população mundial é constituído por adolescentes e contribui efetivamente para o aumento das taxas de fecundidade e mortalidade materna e infantil. Entre os fatores biológicos o início cada vez mais precoce da puberdade e da idade da menarca tem acarretado uma antecipação da iniciação sexual. (MELHADO et. al., 2008, p.2)

A questão citada por Melhado nos remete a uma reflexão, identificando dentro

da escola, a adolescência precoce e como ela interfere no desenvolvimento do

educando dentro do processo de ensino aprendizagem.

Melhado (2008) destaca a gravidez indesejável que ocorre neste período de

escolarização, devido à presença de alguns bloqueios.

A presença de bloqueios emocionais, fatores que contribuem de forma consciente ou inconsciente no uso inadequado de métodos anticoncepcionais podem ocorrer nessa faixa etária, e os mais importantes são o pensamento mágico, isso não vai acontecer comigo. (MELHADO et al., 2008, p. 2).

A confirmação de sua fertilidade, a agressão aos pais, o sentimento de culpa

e o desejo de ser mãe são fatores que se associam a baixa autoestima, dificuldades

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no relacionamento familiar, carência afetiva, levam a adolescente a aumentar o

índice de adolescentes gravidas.

Segundo Weinberg (2001), destaca a iniciação precoce da atividade sexual

das adolescentes,

No que diz respeito à iniciação sexual dos adolescentes, pesquisas na América Latina tem verificado que mulheres com baixa escolaridade iniciam relacionamento sexual mais precocemente em relação às de maior escolaridade. Adolescente sem suporte emocional, seja pela presença de conflitos na família ou pela ausência dos pais, apresentam poucos planos e expectativas, quanto à escolaridade e a profissionalização, sendo mais vulneráveis aos fatores de risco desta faixa etária. (WEINBERG, 2001, p. 64 e 65).

Existe uma imaturidade própria da faixa etária, essa imaturidade emocional

não visa o bem estar para o futuro prejudicando a adolescência que é iniciada cada

vez mais precocemente com consequências indesejáveis e imediatas, levando ao

aumento das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e a gravidez.

Essa imaturidade, própria dessa faixa etária, é vista como um fenômeno

biológico, social e psicológico que podem ser compreendidos nas regras da cultura

em que vivem. Em cada sociedade são diferentes as proibições e permissividades

em relação à atividade sexual das adolescentes.

Os fatores psicossociais hoje determinam a proporção de alunas grávidas

usando o espaço escolar.

Cabe à escola a acolhida e a aceitação desta jovem, muitas vezes em

situação de risco, orientando-a sem julgá-la ou condená-la, excluindo-a como muitas

vezes acontece.

O autoritarismo deve dar lugar à autoridade, como sinônimo de competência

que admite a conversa e o diálogo. Os profissionais da educação devem ser

preparados para encarar o desafio de receber e orientar cada caso, com aceitação,

respeito e equilíbrio.

A proposta dos trabalhos escolares fora do espaço escolar, no domicílio do

educando, quando necessário, deve ser com muita responsabilidade e compromisso

tanto da jovem como da escola, num trabalho conjunto, que supere esta fase

delicada e que dê continuidade aos estudos, sem que ocorram perdas

consideráveis.

A legislação que ampara a questão educacional e a estudante gestante,

regulando seu período de afastamento em fase de gestação é a Lei Federal número

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6.202 de 17 de abril de 1975.

Não só as adolescentes grávidas são amparadas pela Lei, mas também

outros alunos que se encontram com necessidades especiais temporárias.

A regulamentação do regime de exercícios domiciliares instituído pelo Decreto

Lei Número 1.044 de 21 de outubro de 1969, no seu artigo 1º descreve:

Art. 1º São considerados merecedores de tratamento excepcional os alunos de qualquer nível de ensino, portadores de afecções congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismo ou outras condições mórbidas, determinando distúrbios agudos ou agudizados, caracterizados por: a) incapacidade física relativa, incompatível com a frequência aos trabalhos escolares; desde que se verifique a conservação das condições intelectuais e emocionais necessárias para o prosseguimento da atividade escolar em novos moldes; b) ocorrência isolada ou esporádica; c) duração que não ultrapasse o máximo ainda admissível, em cada caso, para a continuidade do processo pedagógico de aprendizado, atendendo a que tais características se verificam, entre outros, em casos de síndromes hemorrágicos (tais como a hemofilia), asma, cardite, pericardites, afecções osteoarticulares submetidas a correções ortopédicas, nefropatias agudas ou subagudas, afecções reumáticas, etc.

Assim fica assegurado ao educando, o atendimento de sua escolaridade no

período que se encontrar afastado, por situações que interfiram em seu estado de

saúde.

A Constituição Federal no Art. 277 afirma que é dever da família, da

sociedade, o direito a vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao lazer, a

profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência

familiar e comunitária, a família ainda deve: colocá-los a salvo de toda forma de

negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Manter a

família informada a respeito das providências que a escola irá tomar para atender

seus filhos é um dever que não pode ser negligenciado.

A Constituição Federal destaca que o Estado deve assegurar à criança e ao

adolescente, com absoluta prioridade, o direito a vida, a saúde, a alimentação e a

educação. No mesmo sentido, o Estatuto da Criança e Adolescente, no art. 53,

afirma que a criança e o adolescente “têm direito à educação, visando ao pleno

desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho, assegurando-se- lhes: igualdade de condições para o

acesso e permanência na escola” (Estatuto da Criança e do Adolescente de 13 de

julho de 1990, Artigo 53).

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Além desses dois regulamentos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB 9.394/96, Art. 3º) também destaca os direitos dos adolescentes e

enfatiza que “o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: igualdade

de condições para o acesso e permanência na escola”.

Quando os adolescentes adoecem é comum seus pais ficarem preocupados

com o estado de saúde dos mesmos e assim priorizarem no momento a

enfermidade, quando restabelecida em partes o estado de saúde e assim que o

profissional de saúde autorize se faz necessário que o responsável procure a escola

e inicia-se o processo de trabalhos domiciliares o mais rápido possível. Infelizmente

não é o que acontece, quando procuram a escola já é tarde demais ou nem

procuram a escola. O que ocasiona o crescimento do índice de evasão escolar.

Muitas vezes quando a jovem retorna aos seus estudos está fora da idade

série e com baixa autoestima, o que a leva a procurar uma escola noturna. Razão

pela qual não apresenta o rendimento necessário para dar sequência aos seus

estudos acarretando em um índice baixo de rendimento escolar.

Este projeto tem como proposta, atender cada adolescente que se encontra

em situação especial temporária (ou que apresente risco no processo de

aprendizagem), com a saúde fragilizada e situações como a gravidez, assim,

quando o estado de saúde, seja ele físico, psíquico ou emocional, atinge o educando

no desenvolvimento escolar, inserindo-o no quadro dos inválidos, dos que não

conseguiram, dos que desistiram ou daqueles que fracassaram.

Atender estes jovens em tal situação requer uma dinâmica adequada. Todo

planejamento dessas ações devem estar pautadas as necessidades imediatas

desses jovens, conhecendo seus problemas e focando no êxito da sua vida escolar.

Assim, os trabalhos domiciliares devem proporcionar ao aluno ser capaz de

adaptação ao processo, construindo significativamente o seu aprendizado.

A escola que se propõe a atender alunos com necessidades especiais

temporárias através de trabalhos domiciliares necessita de um trabalho envolvente

entre os pedagogos, os responsáveis e os professores. A contínua capacitação dos

educadores torna-os aptos a atender essa demanda, verificando junto ao processo

que o adolescente, realmente encontra-se nesse momento, com necessidades

especiais temporárias e que mesmo precisando de atendimento, ele faz parte de um

sistema, que cobra resultados espelhados em notas.

Mobilizar os educadores para que possam superar a fase que o aluno

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enfrenta, através de estratégias bem pensadas e elaboradas, resgatar esse aluno,

não permitir sua estagnação frente às dificuldades, são as metas perseguidas pela

escola nesse espaço de tempo.

A escola se preocupa em buscar novas formas de intervenção, perante as

dificuldades e desafios que se apresentam; encontrar um modelo que possa

acompanhar as necessidades, do adolescente, levando-o a recuperar o prazer de

aprender e a confiar em seus próprios recursos e a capacidades.

Orientar os professores para atender os alunos através de trabalhos

domiciliares é o ponto de partida para essa intervenção, desenvolvendo ações na

escola e com a família para que o jovem possa desenvolver seus trabalhos em

domicilio nesse período delicado, para que não haja perdas consideráveis no

processo ensino-aprendizagem.

A prática deste projeto deverá estar voltada para uma prática humanista que

envolva o ser global, e não somente para o corpo e as necessidades físicas. Deve-

se salientar o emocional, afetivo e social do indivíduo.

A inserção de trabalhos escolares no domicilio é muito importante para a

recuperação desse jovem, pois visa reduzir a ansiedade e o medo advindos do

processo de afastamento escolar, devido à necessidade especial temporária. A

escola deve ser um fator externo à patologia, porém deve assegurar o direito do

adolescente ao seu vinculo acadêmico.

O pedagogo é o promotor e mantenedor deste vínculo, assegurando ao

adolescente a continuidade dos conteúdos regulares, assim possibilitando um

retorno após a alta, sem prejuízo a sua formação.

DESENVOLVIMENTO

Ao retornar para Colégio, começamos a aplicação do projeto, nesta ocasião

foi apresentado o mesmo para a comunidade escolar, onde os professores

demonstraram interesse por este assunto, já que este tem influência direta sobre a

vida de nossos alunos.

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Figura 1 Participação da Semana Pedagógica

Assim a apresentação teve a seguinte sequência: O que são trabalhos domiciliares? São trabalhos que podem ser realizados no

domicilio do aluno quando este estiver impossibilitado de frequentar o

estabelecimento de ensino.

Os trabalhos domiciliares têm como objetivo atender os alunos de qualquer

nível de ensino que se encontram afastados da escola por motivo de doença,

gravidez, portadores de afecções congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismo

ou outras condições.

É viável enviar trabalhos para os alunos a partir do momento que se verifique

as condições intelectuais e emocionais necessárias para o prosseguimento da

Figura 2 Apresentação do Projeto aos Professores

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atividade escolar em novos moldes.

Para realizar os trabalhos domiciliares com eficiência é necessário entrar em

contato com a equipe pedagógica para apresentar atestado médico ou laudo e

assim dar início as primeiras providências.

As primeiras ações a serem tomadas são pelos responsáveis é agendar

horário de atendimento com o pedagogo responsável pela turma. Trazer o atestado

médico para validar a ação, deve constar no atestado a data de início e término do

afastamento. Preencher o Parecer Pedagógico, preencher a ficha de trabalhos

domiciliares. Manter-se atento as datas: de orientações para os trabalhos e os

períodos de entrega das atividades. Manter contato periódico com o pedagogo

responsável pelo aluno. O contato pode ser presencial ou via telefone ou e-mail.

Através de questionamentos e esclarecimentos os professores aderiram ao projeto

de forma satisfatória.

No segundo momento foi apresentada aos alunos do 3º ano do Ensino Médio

a proposta de trabalho voltada aos trabalhos domiciliares. Expusemos as leis que

amparam os estudantes que se encontram afastados da sala de aula, por um

período determinado pelo atestado médico que apresentarem. As maiores causas de

afastamento dos alunos de suas atividades de sala de aula são: doenças

infectocontagiosas – as mais comuns são as conjuntivites, gripes e suas

complicações, gravidez na adolescência, acidentes causando quebra de algum

membro que afetam a locomoção.

Seguindo as ações que devem ser tomadas de imediato para efetivar este

trabalho, os terceiros anos do Ensino Médio têm alunos que de alguma forma

vivenciaram a necessidade de interagir com os trabalhos domiciliares, quer por

experiência própria ou de algum colega, por outro lado por se tratar do último ano se

faz importante o cuidado em não perder o ritmo de estudo e também a qualidade de

ensino nesta época que está focado na conclusão do Ensino Médio, vestibular e o

mundo do trabalho.

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Figura 3 Apresentação para os alunos.

Na sequência, foi realizada a socialização dos trabalhos domiciliares com os

alunos do segundo ano do Ensino Médio, que demostraram interessados por essa

ação já que a mesma vai ampara-los no futuro, caso haja necessidade. Como fazer,

por onde começar, a quem procurar, foi algumas indagações feitas pelos alunos. Ao

longo da implementação, fomos esclarecendo as dúvidas que surgiram.

A socialização do projeto com os alunos do primeiro ano do período da tarde

ocorreu de forma satisfatória, pois os alunos atentos perceberam a importância de

comunicar a escola de suas faltas e justifica-las a tempo de comunicar sem ter

prejuízo no seu desenvolvimento escolar.

Figura 4 Trabalho realizado junto ao representante de turma com o preenchimento

das fichas.

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Todos os alunos participaram de palestra sobre o Decreto Lei nº 1.044, de 21

de Outubro de 1969, que ampara assim todos que estiverem em situação de

necessidade especial temporária. Na ocasião foi apresentado aos alunos o parecer

pedagógico e a orientação e o preenchimento do mesmo, este que justifica as faltas.

Foi apresentada a “ficha de acompanhamento pedagógico” aos alunos afastados.

Segue dois exemplos de fichas utilizadas para atender e documentar a ação

dos trabalhos domiciliares no período letivo.

Primeiro exemplo:

E a ficha de protocolo de entrega de trabalhos domiciliares. Segue o segundo

exemplo:

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Essas fichas servem como instrumento de organização para o trabalho do

pedagogo junto aos alunos que estão afastados e posteriormente serão arquivados

junto com a documentação individual, preservando a identidade e a particularidade

vivenciada daquele momento.

Foi reunido no Pavilhão do Colégio Estadual Regente Feijó os representantes

de turmas por período, para tratar de assuntos de suas turmas, bem como o

acompanhamento dos alunos que faltam muitas aulas e o levantamento daqueles

que necessitavam serem atendidos pelo projeto “Trabalhos Domiciliares”, os

representantes relataram o seu entendimento sobre o projeto e o quanto este pode

atender a necessidade de cada momento deste que se busquem as pessoas

responsáveis de cada período, desta ação nasceu também à valorização pela figura

do pedagogo que interage com os segmentos escolares e articula as melhores

medidas e ações a serem tomadas. Neste quadro destacamos a importância dos

representantes de turmas como líderes escolhidos pelos colegas, para representá-

los junto à Equipe Diretiva e Pedagógica do Colégio, estes demonstraram que

realmente estão engajados num trabalho e solidariedade e comprometimento para

com os colegas que precisam de auxílio.

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FAMÍLIA

Seguindo a implementação do Projeto “Trabalhos Domiciliares”,

apresentamos o trabalho para aos pais de nossos alunos com o tema abordado,

assim destacamos o vínculo entre a família e a escola, atendendo os alunos que

necessitam ser afastados das atividades escolares.

Na reunião foi exposto o Projeto e a importância do mesmo suprir a

necessidade de um atendimento diferenciado neste momento, onde o aluno se

encontrará em casa e assim precisará de um vínculo efetivo entre a escola e a

família, pois está servirá de ponte para que o trabalho domiciliar tenha êxito. Caso

não haja esta conexão o aluno terá muitas dificuldades, portanto:

Figura 5 Apresentação aos pais.

TRABALHOS DOMICILIARES PROFESSOR

RR

PEDAGOGO

GO

ALUNO

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Durante o trabalho uma experiência foi de muita relevância, foi desenvolvida

junto à aluna Carmen Mayara Przepiwska Santos que ficou gestante durante o ano

letivo, esta teve que ficar afastada até o bebê nascer, estava cursando o terceiro do

Curso Técnico em Secretariado sendo que retornará aos estudos para completar o

quarto ano. A aluna relatou a importância que os trabalhos domiciliares tiveram

durante o período em que esteve afastada para tratamento, sendo que esses

trabalhos propiciaram a total integração com o curso que ela escolheu como

carreira, pois caso contrário não seria possível ela ter o conteúdo escolar para dar

continuidade ao seu Curso. A aluna voltou ao Colégio no ano de 2012, e deu

sequência aos seus estudos sem prejuízo, tanto para seus estudos como para a sua

vida particular.

Relato do representante de turma que auxiliou o encaminhamento dos

trabalhos domiciliares da colega Carmem Mayra Przepiwska Santos, no período dos

anos de 2011 a 2012.

“Eu Cesar Augusto Cola, RG 12.657.977-2, 18 anos, residente na Rua Miguel

Calmon, 442, na cidade de Ponta Grossa, venho contar como foi participar do momento que viveu minha amiga de sala de aula do 3º ano do Curso Técnico em Secretariado, Carmem Mayara Przepiurska, que engravidou no ano de 2011 no primeiro bimestre. Ela se afastou das atividades do colégio, no 8° mês de gestação, em outubro de 2011 no quarto bimestre. Retornou no segundo bimestre do ano de 2012, para o 4° ano. Eu e minhas colegas de

Figura 6 - Aluna Carmen Mayara Przepiwska Santos, junto com o

representante de turma, Cesar Augusto Cola.

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sala de aula acompanhamos todos os meses da gravidez, íamos com ela comprar roupas para o bebê. Ajudava ela em alguns trabalhos e tarefas, além de acompanha-la até o terminal de ônibus. Este trabalho desenvolvido pela professora Margarete Léchiw, foi muito importante para a nossa colega Carmem, pois ela pode concluir o 3° ano através dos trabalhos domiciliares. Eu solicitava aos professores que me passassem os trabalhos e depois eu reunido com a pedagoga encaminhava aos responsáveis pela colega. A maioria dos professores colaborou, entregavam os trabalhos na data certa e com os conteúdos completos, mas alguns não passavam os trabalhos e nem os conteúdos, isso dificultava o trabalho para todos. Diante disto a pedagoga marcava um horário com os professores para planejar os trabalhos. O trabalho desenvolvido pela pedagoga Margarete ajudou muito, sem esse trabalho havia o risco da colega Carmem reprovar ou parar de estudar. Foi muito gratificante participar deste projeto, e ver como podemos ajudar uma pessoa quando todos têm boa vontade”.

Relato da aluna que engravidou no período de 2011 a 2012, Carmem

Mayara Przepiwska Santos, relata sua experiência durante o tempo que ficou em

seu domicílio, assegurada pela Lei nº 1044, realizou durante este tempo trabalhos

domiciliares:

“Eu Carmem Mayara Przepiwska Santos, RG: 12704376 6, residente na Rua Catuaba, 119 – Bairro Castanheira, na cidade de Ponta Grossa – Paraná, matriculada no Curso de Técnico em Secretariado, engravidei, no ano de 2011, foi um período muito difícil de minha vida, por várias vezes pensei em desistir de tudo, graças aos meus colegas e a Professora pedagoga e demais professores, consegui superar esta fase difícil. No 8º mês de gestação foi possível me ausentar do colégio e receber os trabalhos para fazer em casa e assim concluir o 3º ano. Em 2012 retornei às atividades do colégio no segundo bimestre, neste período retornei para a minha turma, onde todos me esperavam, este foi um momento feliz da minha vida. Foi graças aos trabalhos domiciliares que consegui vencer todos os obstáculos que a vida me impôs. Pude prosseguir a minha gravidez sem muitos problemas e “curtir” os primeiros meses do meu bebê”.

A Professora Juliane Aparecida de Biassio da disciplina de Arte relata

sobre os trabalhos domiciliares no primeiro Semestre do ano de 2012:

“Como Professora já me deparei algumas vezes com o desafio do ensino através dos trabalhos domiciliares”. Em certa ocasião esses trabalhos não tinham organização e método administrativos e pedagógicos por parte da instituição. Tal fato torna este tipo de trabalho muito complicado. Durante este ano ocorreu que em uma turma de segundo ano de ensino médio, uma aluna teve que se afastar da escola por motivo de gravidez de risco. No entanto, através o trabalho realizado pela Professora Pedagoga Margarete Cristina Léchiw, na área de trabalhos domiciliares no Colégio Estadual Regente Feijó, esta tarefa de democratização do ensino se tornou muito simples, como metodologia elaborada pela pesquisadora Margarete, existiu a efetividade de cumprimento dos prazos e conteúdos, estreitou-se o contato com a família e com os responsáveis pelo aluno. A mediação feita pela pedagoga e a sintonia existente entre todos os envolvidos no processo de educação facilitou intensamente todo o processo. Além disso, em minha opinião profissional, julgo muito importante que haja este recurso dentro da

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escola, pois é muito cruel que o processo educacional seja interrompido por motivo de doença, gestação, etc. O aluno como sujeito pode se sentir desestimulado perante certas dificuldades a continuar na escola, uma vez que o processo educacional seja interrompido o sujeito pode se ver incapaz retoma-lo por achar-se fora do padrão dos demais alunos, ou por outros motivos. Portanto a iniciativa inédita, os métodos e os documentos de validação elaborados pela Professora Pedagoga, aperfeiçoaram o processo, tornando organizado simples e concreto, no que diz respeito ao aprendizado do aluno e poderia facilmente ser padronizado nas demais escolas.

Relato de uma aluna do 2º ano do Ensino Médio que está sendo assistida

no ano de 2012, através dos trabalhos domiciliares:

“Meu nome é Gabriele Novakoski, tenho 16 anos, estou terminando o 2º ano do Ensino Médio, no momento estou de licença maternidade escolar. Estudo no Colégio Estadual Regente Feijó, e sou auxiliada pela pedagoga Margarete Léchiw, à qual me dá o maior apoio. Entrei de licença no dia 08/03/2012, vinte dias antes do nascimento da minha filha Bárbara no dia 27/03/2012. Desde então os professores me enviam trabalhos domiciliares e se preciso e sempre que possível vou até o colégio para auxílio dos professores. Tenho a ajuda também de colegas de classe, que se tornaram responsáveis por anotar os trabalhos para mim. Acho muito bom a licença maternidade, pois está me permitindo ser mãe em tempo integral e curtir esses primeiros meses de vida da minha filha. É uma época de descobrimento, principalmente para mim que sou mãe de primeira viagem. Como eu sempre digo: A licença maternidade me permite ser mãe, mulher e estudante. Ao mesmo tempo e sem cansaço! Minha licença se encerra no dia 08/07/2012, mas como já terei encerrado o bimestre com os trabalhos domiciliares, eu voltarei às aulas normais somente após as férias de julho. Enfim, serei sempre grata à Pedagoga Margarete Léchiw que me apoiou nesse momento da minha vida, me permitindo concluir o meu ensino médio sem maiores dificuldades. E recomendo para todas as “mães precoces” que não desistam dos estudos, pois a licença maternidade ajuda muito”!

CONCLUSÃO

Considerando a importância em atender os alunos que se encontram em

tratamento durante o ano letivo, surgiu a necessidade e a oportunidade de criar um

projeto que atendesse essa demanda, assim a estratégia do uso de trabalhos

domiciliares que tenta responder essas necessidades do momento, oportunizando o

educando a superar as dificuldades encontradas neste período de fragilidade que

exige a compreensão e a colaboração de todos, para desencadear um atendimento

sólido e eficiente deste educando.

Vale a pena salientar que cada convalescência deve ser atendida por

profissionais adequadas a ela, o papel da escola é atender o pedagógico, cabe à

família fazer uma ponte, que una o estudante afastado da escola. Assim a escola

que se propõem desenvolver os trabalhos domiciliares deve desenvolver uma ação

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que englobe todas as partes envolvidas na situação (aluno, professores, família,

pedagogos). A prática deste deve envolver uma ação humanista, lembrando que o

emocional, social e o afetivo estão presentes nestas situações.

Também é oportuno lembrar que ainda muitas vezes, o aluno que precisa

se afastar para tratamento temporário é visto por alguns profissionais de forma

incrédula, pois há a resistência em reorganizar os conteúdos a serem destinados ao

domicílio do aluno, alegando que os mesmos não vão dar conta de realizar as

tarefas pedidas em tempo hábil.

A escola, enquanto espaço democrático dá acesso à educação tem como

dever primeiro, prover meios de mediar à informação e o processo de construção do

conhecimento. Nós seres humanos somos passíveis de ficarmos doentes em algum

momento de nossas vidas, somos frágeis a essas situações inesperadas, mas que

podem nos acometer, então precisamos que um decreto lei nos assegure o direito

de sermos atendidos nessas circunstâncias especiais. O próprio sistema de ensino

exige que haja esse decreto, pois o regime das aulas é presencial.

Para atender essas situações contamos com profissionais conscientes de seu papel

dentro da sociedade contemporânea, viabilizando estratégias compatíveis com cada

realidade escolar que atue afim, de superar todos os obstáculos que venham

interferir no processo de ensino aprendizagem.

Educar é mais do que um desafio é um ato de amor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Anexos:

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