Trabalho Riscos-Vicente - Patrick Final
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Departamento de Geografia
Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica e Ordenamento do Território
CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA
BACIA HIDROGRÁFICA DE SÃO JOÃO – ILHA
DE SANTIAGO
Docentes: Profª. Doutora Laura Maria Soares
Prof. Doutor Carlos Valdir Bateira
Discentes: Patrick Flávio Pina da Silva - 201208365
Vicente Domingos Dauce - 201206265
Porto, Junho de 2013
1
Índice
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
2. METODOLOGIA ......................................................................................................... 4
3. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA BACIA DE SÃO JOÃO ................................ 6
4. CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS DA BACIA ............................................... 7
4.1 Classificação da bacia ............................................................................................. 7
4.2 Padrões de drenagem .............................................................................................. 7
4.3. Área da Bacia......................................................................................................... 8
4.4. Forma da bacia....................................................................................................... 8
4.4.1. Fator Forma .................................................................................................... 9
4.4.2. Índice de compacidade ................................................................................... 9
4.4.3. Índice de conformação.................................................................................. 10
4.5. Rede de drenagem ............................................................................................... 10
4.6. Densidade de drenagem ....................................................................................... 10
4.6.1. Densidade dos cursos de água: ..................................................................... 11
4.6.2. Ordem dos cursos de água ............................................................................ 12
4.6.3. Relações entre índices: ................................................................................. 13
4.7. Análise da hipsometria da bacia: ......................................................................... 15
4.7.1. Perfil Topográfico......................................................................................... 16
4.8. Análise da Declividade: ....................................................................................... 18
4.8.1. Declividade dos Cursos de água ................................................................... 19
4. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 20
5. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 21
2
Índice de Figuras:
Ilustração 1: Metodologia do trabalho .............................................................................. 5
Ilustração 2: Áreas por classes hipsométricas ................................................................ 16
Índice de Tabelas
Tabela 1: Dados básicos da Bacia .................................................................................. 10
Tabela 2: Comprimento Médio dos Canais de Cada Ordem .......................................... 13
Tabela 3: Índice de Bifurcação ....................................................................................... 13
Tabela 4: Relação Comprimento Médio dos Cursos de Água........................................ 14
Tabela 5: Relação Comprimento Médio e Índice de Bifurcação .................................... 14
Tabela 6: Valores de hipsometria por intervalos iguais ................................................. 15
Tabela 7: Declividade dos Cursos de Água. ................................................................... 19
Índice de mapas:
Mapa 1: Localização da Bacia hidrográfica de São João ................................................. 6
Mapa 2: Ordem das bacias de são João .......................................................................... 12
Mapa 3: Mapa hipsométrico e perfil Latitudinal ............................................................ 17
Mapa 4: Mapa hipsométrico e o perfil Longitudinal ...................................................... 17
Mapa 5: Mapa de Declive em graus e em Percentagem ................................................. 18
3
1. INTRODUÇÃO
Os SIG constituem uma ferramenta muito importante na gestão dos riscos naturais,
principalmente quando se fala das cheias (SANTOS, 2011) eventos estes que
“acarretam danos consideráveis em bens e pessoas” (MARAFUZ et al., 2013, p. 2,
PRADHAN et al., 2011).
O estudo das características morfométricas de uma bacia constitui um elemento
fundamental para perceber o comportamento hidrológico de uma bacia e esta tem sido
na atualidade uma preocupação enorme por parte das entidades públicas e privadas mais
também dos investigadores enquadrados na política de ordenamento do território.
Entretanto, (MONTEIRO et al., 2009) afirma que “nos dias de hoje é muito limitada a
sua integração efectiva nas políticas de ordenamento do território e nos instrumentos
normativos e operacionais de gestão territorial”. Por isso mesmo que JULIÃO et al.
(2009) estabeleceram critérios para a elaboração da cartografia de riscos, como
condicionantes nos planos de proteção civil e de ordenamento do território.
A bacia de São João é uma das maiores bacias da ilha de santiago. O curso de água da
bacia percorre o município de São Domingos e da Praia, passando justamente no centro
da cidade da praia, provocando em alguns locais cheias rápidas e inundações urbanas,
como é o caso do bairro da Várzea1 que se localiza a jusante da nossa bacia. Focou-se
nessa bacia, dado que os impactos que advém das cheias são relativamente superiores
do que as outras bacias.
Este trabalho centra-se sobretudo na caracterização morfométricas da bacia de São João,
que poderá servir de base para outros estudos hidrológicos desta e de outras bacias, mais
também demostrar as potencialidades dos SIGs para a caracterização das bacias
hidrográficas. Porém o trabalho tem como objetivos específicos:
Delimitar a da bacia hidrográfica de São João.
Extrair a rede hidrográfica a partir do modelo digital do terreno
Caracterizar a bacia hidrográfica de São João, tendo em conta os vários
parâmetros (Área, perímetro, forma, densidade de drenagem, ordem dos cursos
de água declividade média da bacia e dos cursos de água, altitude média, índice
de bifurcação, etc.:
1 O nome do bairro em referência – Várzea, foi dado pelo facto do local registar-se inundações frequentes
4
2. METODOLOGIA
A metodologia aplicada no presente trabalho passa pela elaboração de um conjunto de
cartas que nos permite obter informações acerca da caracterização das bacias, altimetria,
declividade, rede hidrográfica, etc, por forma a caracterizar a região em estudo.
Numa primeira fase com base nos dados altimétricos e planimétricos na escala um por
10.000, fornecido pela unidade de coordenação e cadastro predial cabo-verdiano -
UCCP em formato CAD - DGW, foram extraídos as curvas de níveis, os pontos
cotados, as linhas de água, as estradas, por forma a minimizar os erros do modelo, e
posteriormente estas foram utilizadas para a Construção do TIN – rede irregular de
triângulos, que basicamente serviu de base para esse trabalho, já que sem essas
informações torna-se impossível a sua realização. A equidistância das curvas de níveis
foi de 5 em 5 metros para toda ilha.
Com base no modelo digital de terreno construído anteriormente elaborou-se cartas da
hipsometria, declive, e mesmo o raster da direção do fluxo e o fluxo de acumulação.
Os dados originais, encontravam-se no sistema de coordenadas cónica secant de
Lambert, mas entretanto decidimos a trabalhar com UTM-WGS84 zona 27, que agora já
não é muito recomendado. Devido a heterogeneidade dos dados em ambos sistemas,
não era possível converter o segundo pelo primeiro, mas sim ao contrário, por isso
decidimos uniformiza-las todos para o UTM, já que os parâmetros de transformação do
de UTM para a cónica ainda não são de fácil acesso para o público por ser um sistema
local.
Com as ferramentas da extensão do ArcHidro/Hidrology foi possível delimitar as bacias
da ilha de santiago, na qual, identificou-se a bacia que continha o bairro mais
problemático em termos de cheias e inundações da cidade da praia (Várzea). Todos os
dados previamente processados foram recortados de acordo com a bacia em estudo.
De seguida, recorreu-se ao cálculo e descrição das características
fisiográficas\morfométricas da bacia que são basicamente indicadores como: área da
bacia, a forma (fator forma, índice de compacidade, índice de conformação),
declividade, elevação, declividade dos cursos de água, tipo de rede de drenagem,
densidade de drenagem e a ordem dos cursos de água etc.
5
Ilustração 1: Metodologia do trabalho
6
3. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA BACIA DE SÃO JOÃO
A bacia hidrográfica de São João, localiza-se na ilha de Santiago, nasce no concelho de
São Domingos, nas proximidades do maciço montanhoso Pico de Antónia e desagua na
praia negra, na cidade da Praia, que é o maior centro urbano do país e concentra mais de
130.271 habitantes (INE, 2010).
Mapa 1: Localização da Bacia hidrográfica de São João
7
4. CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS DA BACIA
4.1 Classificação da bacia
Segundo CHRISTOFOLETTI (1980, p. 102), as bacias de drenagem podem ser
classificadas de acordo com o escoamento global nos seguintes tipos:
A) Exorreicas – quando o escoamento das águas se faz de modo contínuo ate ao
mar ou oceano, isto é, quando as bacias desembocam diretamente no nível
marinho;
B) Endorreicas – quando as drenagens são internas e não possuem escoamento até
ao mar, desembocando em lagos ou dissipando-se nas areias do deserto, ou
perdoando-se nas depressões cársicas;
C) Arreica – quando não há nenhuma estruturação em bacias hidrográficas, como
nas áreas desérticas onde a precipitação é negligenciável e a atividade dunária é
intensa, obscurecendo as linhas e os padrões de drenagem;
D) Criptoreicas – quando as bacias são subterrâneas, como nas áreas cársicas. A
drenagem subterrânea acaba por surgir em fontes ou integrar-se em rios
subaéreos.
De acordo com os critérios acima referidos a nossa bacia é exorreica, pois, de uma
forma geral, ela desagua no mar, existindo sub-bacias que não desaguam diretamente
nas águas do mar, como acontece na bacia da várzea.
4.2 Padrões de drenagem
A análise de drenagem é um fator fundamental na interpretação estrutural da bacia,
particularmente em áreas de baixo relevo (HOWARD, 1967, p. 2246). A análise inclui a
consideração de padrões de drenagem, textura drenagem, padrões de fluxo individuais e
anomalias de drenagem. O padrão de drenagem pode-se dividir em básico e modificado,
sendo o segundo, o subgrupo do básico (HOWARD, 1967).
De acordo com a classificação de HOWARD (1967, p. 2247) e (CHRISTOFOLETTI,
1980, p. 105) a bacia hidrográfica de São João possui uma drenagem paralela, pois os
cursos de água escoam quase paralelamente, e localiza-se em áreas onde há presença de
8
vertentes com declive acentuado e é de subgrupo sub-paralelo, em que os cursos de
água assemelham-se a disposição geral do paralelismo, mais sem a regularidade na sua
configuração.
4.3. Área da Bacia
A delimitação da área da bacia em estudo foi calculada recorrendo ao software ArcGis
10.1, e da extensão ArcHidro, a partir de um Modelo Digital de Terreno - MDT,
utilizando a ferramenta hidrology para o cálculo da direção do fluxo de escoamento e
posteriormente a acumulação deste mesmo fluxo.
Para o caso da área da ilha de Santiago foram delimitadas todas as bacias, das quais foi
selecionada a bacia em estudo, visto que a nossa bacia é problemática em questões de
cheias e inundações.
A Bacia hidrográfica de são João possui uma área de 46,57 km2 e um perímetro de
50,87. A área da bacia corresponde a 4,7% do total da ilha que possui uma área de 991
km2, no entanto a área da bacia não é um critério suficiente para a classificação de uma
bacia como grande ou pequena, uma vez que duas bacias da mesma área podem
apresentar comportamentos hidrológicos totalmente distintos (PORTO et al., 1999) mais
de acordo com Visler e Brater (1964) citado por DUARTE et al. (2008, p. 55) a nossa
bacia é grande, pois possui uma área superior a 26 km2
de superfície.
4.4. Forma da bacia
As grandes bacias hidrográficas em geral apresentam forma de leque ou pera, ao passo
que as pequenas bacias apresentam formas das mais variadas possíveis, em função da
estrutura geológica do terreno. A forma que uma bacia possui, influência no escoamento
superficial e consequentemente o hidrograma resultante duma determinada chuva
(PORTO et al., 1999). De acordo com a forma da nossa bacia, ela assemelha-se a leque,
pois a bacia é mais ou menos alongada e o comprimento chega a duplicar a largura,
como pode ser verificado no mapa 1.
A caracterização da forma da bacia pode ser obtida por três índices: Fator forma, índice
de compacidade e índice de conformação e muitas vezes servem para comparar as
bacias, daí, demostrou-se importante para a bacia em estudo.
9
4.4.1. Fator Forma
O Fator Forma é a razão entre a largura média da bacia e o seu comprimento axial
(JAVED et al., 2009, p. 266 citando Horton 1932) o valore resultante do fator forma
deve ser sempre inferior a 0.7854. Quanto mais pequeno o valor do índice, mais
alongado será a bacia (JAVED et al., 2009). Para a bacia em estudo, o valor do desse
índice é 0,24, o que significa que está mais sujeita a picos de cheias de curta duração. O
índice forma é calculado pela seguinte fórmula:
O comprimento axial da bacia hidrográfica, L, é igual ao comprimento do curso d’água
principal mais a distância da sua nascente ao divisor topográfico (BARBOSA JR, s/d).
A largura média da bacia, B, é obtida dividindo-se a área da bacia pelo seu
comprimento axial. Este índice foi calculado com o intuito de fornecer parâmetros para
comparação com outras bacias que poderão eventualmente serem estudadas.
4.4.2. Índice de compacidade
O índice de compacidade relaciona a o perímetro da bacia e o perímetro de um círculo
da mesma área que a bacia (CARDOSO et al., 2006, p. 243). Esse valor varia de acordo
com a forma da bacia: quanto mais irregular for a bacia, maior será o coeficiente de
compacidade (VILLELA et al., 1975). E é calculada pela seguinte fórmula:
√
Quanto mais próxima de uma unidade mais circular e mais sujeita está a bacia de
enchentes. De acordo com os dados apresentados na tabela abaixo o índice de
compacidade é de 2.87, indicando assim que a nossa bacia não é circular e
consequentemente e de acordo com o fator forma a acima referido está sujeita a
enchentes.
10
4.4.3. Índice de conformação
Compara a área da bacia com o quadrado de lado igual ao comprimento axial, quanto
mais próximo de 1, o valor de fator de conformação, mais sujeita é a bacia para atingir
picos de cheias e inundações. O índice de conformação é dado pela seguinte fórmula:
Para a bacia de São João, este índice é de 0.55, e podemos constatar que a esta bacia
está sujeita a enchentes, pois o valor ultrapassa 50% de uma unidade, contudo, este
índice serve sobretudo para a comparação de bacias e não para a classificação de bacias
isoladas.
Tabela 1: Dados básicos da Bacia
Dados básicos da Bacia de São João
Área da bacia
(km2)
Perímetro da
Bacia (km)
Fator
Forma (Ff)
Índice de
compacidade (Kc)
índice de
conformação (Fc)
46.57 50.87 0.24 2.87 0.55
4.5. Rede de drenagem
A rede hidrográfica é constituída por um curso de água principal e seus tributários e os
cursos de água classificam-se em perenes intermitentes e efémeros. Os perenes são
aqueles que possuem água no seu leito durante todo o ano; os intermitentes são os que
possuem água somente no período chuvoso e, por conseguinte os efémeros são os que
contém água imediatamente durante o período da chuva.
4.6. Densidade de drenagem
A densidade de drenagem é um dos principais parâmetros na análise morfométrica de
bacias hidrográficas, correspondendo ao comprimento médio de canais de uma bacia
por unidade de área” (HIRUMA et al., 1994, p. 49). A densidade de drenagem foi
definida por R. E. Horton (1945) e segundo CHRISTOFOLETTI (1980) ela é calculada
pela seguinte fórmula:
11
Em que:
Dd - densidade de drenagem,
Lt - comprimento total dos canais
A - área da bacia
As bacias podem ser classificadas de acordo com o seu grau de drenagem segundo
Strahler (1979) Citado por REBELO (1999), como tendo densidade de drenagem fraca
quando os seus valores variam entre 3 e 4 Km/Km2 e densidade de drenagem média
quando varia entre 12 a 16 km/km2 e elevada quando varia entre os 30 a 40 km/km
2.
Tendo em conta essa classificação, a nossa bacia pode ser considerada como uma bacia
de drenagem fraca, pois ela possui uma densidade de drenagem cerca de 3.58 km/km2, o
que demostra realmente ser uma bacia com um sistema de drenagem com poucas
ramificações.
4.6.1. Densidade dos cursos de água:
É a relação existente entre o número dos cursos de água e a área da bacia hidrográfica,
com a finalidade de comparar a quantidade dos cursos de água existentes numa área de
tamanho padrão (HORTON, 1945). A quantidade dos rios existem numa determinada
bacia hidrográfica foi calculada utilizando o processo de Strahler e é igual a soma dos
canais da primeira ordem. A densidade dos cursos de água é calculada de seguinte
forma:
∑
Dr é a densidade dos cursos de água;
Onde n - é o número de segmentos de determinada ordem;
A - é a área da bacia.
A densidade dos cursos de água para a bacia em causa aplicando o método referido
anteriormente é de 5.67. O comprimento do canal do curso de água é uma propriedade
dimensional em que pode ser usado para compreender a rede de drenagem
(STRAHLER, 1957, p. 915)
12
4.6.2. Ordem dos cursos de água
A ordem dos cursos de água é uma classificação que reflete o grau de ramificação
dentro de uma bacia. Neste trabalho, foi aplicado a metodologia introduzida por
HORTON (1945) e modificado por STRAHLER (1957), que dividiu os segmentos em
ordens, de acordo com a sua ramificação, sendo os afluentes que não se ramificam
considerados de 1ª ordem e posteriormente a interceção de dois cursos de água da
primeira ordem dão origem a segunda ordem e assim sucessivamente, até encontrar com
uma ordem mais superior que se encontra normalmente a jusante e quanto maior a
ordem, maior é a importância hierárquica dos cursos de água, e maior é a tendência para
o pico das cheias.
De acordo com essa classificação, a nossa bacia é considerada como uma bacia de
ordem 5, o que leva-nos a concluir que possui uma boa ramificação como pode-se ver
abaixo (mapa 2).
Mapa 2: Ordem das bacias de são João
13
4.6.3. Relações entre índices:
Estabelecer relações entre o comprimento dos canais dos cursos de água e a quantidade
de cursos de cada uma das ordem e o índice de bifurcação pode nos levar a obter
resultados interessantes.
Para calcular o comprimento médio dos segmentos dos cursos de água, dividiu-se a
soma dos comprimentos de cada ordem pelo número de canais existentes na respetiva
ordem, que está sintetizado no quadro a seguir.
Tabela 2: Comprimento Médio dos Canais de Cada Ordem
Comprimento médio dos canais de Cada Ordem
Ordem
Strahler
Quantidade
Canais
Comprim
(Km)
Comprimento Médio
(km) 1ª Ordem 264 73,167 0,277 2ª Ordem 128 41,59 0,325 3ª Ordem 97 39,01 0,402 4ª Ordem 42 7,86 0,187 5ª Ordem 20 5,05 0,252
A determinação da relação de bifurcação é mais um fator importante para a
caracterização da rede de drenagem, a qual é definida como sendo a razão entre o
número total dos segmentos de uma determinada ordem e o número total de ordem
imediatamente superior (CHRISTOFOLETTI, 1980, p. 110).
Tabela 3: Índice de Bifurcação
Índice de Bifurcação (IB)
Ordem de Strahler Nº de Canais Bifurcação
1ª Ordem 264 -
2ª Ordem 128 2,06
3ª Ordem 97 1,32
4ª Ordem 42 2,31
5ª Ordem 20 2,10
A relação de comprimento médio entre os canais de ordens diferente foi inicialmente
definido por HORTON (1945), onde constatou que existe uma serie geométrica direta
entre esses comprimentos. Então para calcular a razão ou relação de comprimento
14
médio, basta dividir o comprimento médio de determinada ordem pelo comprimento
médio de ordem imediatamente inferior, sendo assim para a bacia de são João esta
relação encontra-se estabelecido na tabela abaixo:
Tabela 4: Relação Comprimento Médio dos Cursos de Água
Relação de Comprimento Médio
Ordem Nº Canais Relação Comprimento
1ª 264 -
2ª 128 0,85
3ª 97 0,81
4ª 42 2,15
5ª 20 0,74
Mais uma relação não menos importante é aquela que é feita entre o índice de
comprimento médio dos canais e a índice de bifurcação. Esta pode ser calculada através
da razão entre o índice de relação de comprimento médio de duas ordens subsequentes e
o índice de bifurcação das duas mesmas ordens.
Tabela 5: Relação Comprimento Médio e Índice de Bifurcação
Relação comprimento médio e índice de Bifurcação
Ordem Nº Canais Relação Comp. Médio –
I.Bifurcação
1 264 -
2 128 0,41
3 97 0,61
4 42 0,93
5 20 0,35
15
4.7. Análise da hipsometria da bacia:
A bacia hidrografia de São João, nasce no centro da ilha de Santiago nas proximidades
do ponto culminante denominado do maciço montanhoso pico de antónia (1.394
metros) percorre o concelho de São Domingos e desemboca na municio da praia, mais
concretamente na praia negra (cidade da praia).
A análise hipsométrica é muito importante na caracterização morfométrica das bacias
hidrográficas, principalmente quando temos informação sobre a percentagem de área
que cada classe hipsométrica apresenta, por forma a saber qual é altitude mais frequente
na bacia, isto muitas vezes permite-nos perceber o sistema de drenagem e mesmo as
condições gerais em termos pluviométricos, embora que a precipitação não depende
somente da altitude.
Para a bacia de São João, recorrendo a ferramentas do ArcGis10.1, foi elaborada um
mapa hipsométrico a partir do modelo digital do terreno e foi reclassificada em 7 classes
com intervalos iguais (106.4 metros), o que nos ajudou a perceber qual a percentagem
de cada uma das classes em relação a área total da bacia, onde concluímos que a classe
mais representativa em áreas é a da altitude compreendida entre 106.4 a 212.3 metros,
com um total de 12,8 km2 de superfície representando 27,5% do total da bacia
(46,57Km2) superando todas as outras classes que nem sequer chegam aos 10 km
2 de
superfície.
Tabela 6: Valores de hipsometria por intervalos iguais
ID Classes Nr de Ocorrência Área MEDIA Percentagem
1 0-106,43 9045558 9.046 53.21 19.42
2 106.43-212.86 12809055 12.809 159.64 27.51
3 212.86-319.29 9512119 9.512 266.071 20.43
4 319.29-425.71 8084561 8.085 372.50 17.36
5 425.71-532.14 4215694 4.216 478.93 9.05
6 532.14-638.57 2497280 2.497 585.36 5.36
7 638.57-745 405991 0.406 691.79 0.87
16
Ilustração 2: Áreas por classes hipsométricas
4.7.1. Perfil Topográfico
Um perfil topográfico permite visualizar o relevo ao longo de uma linha traçada sobre a
carta (REBELO, 1999), neste caso, para o traçado do perfil topográfico da bacia de São
João, recorreu-se ao modelo digital do terreno – Hipsometria. Foram traçados dois
perfis, um no sentido Noroeste-Sudeste (Mapa 3) e o outro no sentido Oeste-Este (Mapa
4).
O perfil representado no mapa 3 representa a altimetria da bacia desde a montante até a
jusante, diminuindo consideravelmente nos seus valores de altitude, enquanto que no
mapa 4, o perfil faz um corte das bacias, isto é, de uma forma perpendicular, por isso
apresenta mais irregularidades.
0.000
5.000
10.000
15.000
1 2 3 4 5 6 7
AREA
Classes
Altimetria Áreas por classes
hipsométricas
17
Mapa 3: Mapa hipsométrico e perfil
Latitudinal
Mapa 4: Mapa hipsométrico e o perfil
Longitudinal
Em termos gerais a bacia em estudo apresenta uma altitude mínima de 0 metros uma
vez que ela é exorreica e a altitude máxima de 745 nas proximidades de pico de
Antónia. Em média a bacia apresenta uma altitude de 252,19 metros, o que leva-nos a
concluir de acordo com o conhecimento da mesma que apresenta uma variação mais ou
menos suave, já que percorre cerca de 51,19 km tendo em conta a o percurso na ribeira
principal.
18
4.8. Análise da Declividade:
O declive é determinante no sistema de drenagem das águas pluviais, já que estas
comportam de acordo com a geomorfologia da bacia, dai que da mesma forma que a
hipsometria, demostrou-se necessário a elaboração desta carta a partir do Modelo digital
do terreno, a mesma foi calculada em graus e em percentagem, obtendo assim um
declive mínimo de 0º em regiões planas, sobretudo afastadas do cursos de água
principal e um declive máximo de 83º. Totalizando assim uma média de 12.08º na bacia
toda.
A declividade da bacia, ajuda-nos a compreender melhor o processo de escoamento e da
velocidade das aguas pluviais, já que quanto maior a declividade de uma bacia maior
será a velocidade de escoamento, o que faz dela um bom indicador para a comparação
de bacias de mais ou menos do mesmo tamanho conforme referiu PORTO et al. (1999).
Mapa 5: Mapa de Declive em graus e em Percentagem
19
4.8.1. Declividade dos Cursos de água
A declividade dos cursos de água, ainda vai a um detalhe mais especifico do que das
bacias, porque ali é determinante no processo de escoamento superficial, sendo também
quanto maior a declividade maior é a velocidade da agua, e mais rápido inicia-se uma
cheia ou enchentes. Neste caso com base nas ferramentas do ArcGis10.1, zonal
statitistic, foi calculado o declive médio de cada Ordem dos cursos de água, de acordo
com o quadro abaixo:
Tabela 7: Declividade dos Cursos de Água.
Ordem Nº de Ocorrências (1) Média (2) Média ponderada (1*2)
1 72906 1,50 109130,08
2 41240 1,39 57382,99
3 39251 1,34 52497,03
4 7850 1,21 9475,97
5 4851 1,00 4870,99
TOTAL 166098 1,4 233357,05
De acordo com o quadro anterior, podemos concluir que o declive dos cursos de agua da
bacia de São João é em média de 1.4, que foi obtida a partir da divisão do total da média
ponderada pelo total do nº de ocorrências, o que podemos concluir que de uma forma
geral que os curso de agua não são muito declivosos.
Mas também pode-se analisar a coluna média que representa o declive médio de cada
uma das ordens dos cursos de água, em que da mesma forma podemos ver que
aproximam-se muito de média e que quanto maior a ordem maior também é a
declividade média, sendo assim como já foi referido anteriormente maior também é a
velocidade da escorrência superficial, mas no entanto poderá haver diferenças por esta
não depende só daquela.
20
4. CONCLUSÃO
Em jeito de conclusão constatou-se que a caracterização morfométrica das bacias
hidrográficas nos permite perceber melhor o comportamento hidrológico, que por
conseguinte pode contribuir para um melhor planeamento e ordenamento das mesmas,
mas também muitas vezes são determinantes para a tomada de decisões no domínio de
Ordenamento do Território.
De acordo com os resultados dos índices obtidos e concluímos que a bacia de São João
está sujeita a enchentes, mas no entanto pela interpretação visual através de imagens de
google earth, direção e fluxo de acumulação percebemos que existe uma sub-bacia que
devido a acção antrópica hoje já não apresenta ligação directa com o curso de água
principal, representando assim uma das zonas mais problemáticas em termos de
inundações urbanas, que é o caso da pequena bacia que passa pela zona da várzea.
Mas ainda, os sistemas de informação geográfica possui grande capacidade para
manusear e gerir dados hidrológicos e caracterização das bacias hidrográficas, e desta
vez o ArcGis 10.1 com as suas extensões gratuitas, ArcHidro e hidrology, permitiu-nos
realizar uma conjunto de tarefas desde a delimitação até a medição e realização de
cálculos.
Com estes resultados obtidos poderíamos, poderíamos ainda realizar um conjunto de
cálculos, como tempo de concentração, caudais de pontas de cheias etc, que por motivos
de tempo não foi possível, mais pensamos que esta investigação terá uma continuidade
futura. Pensamos que as informações produzidas, servirão de base para a comparação
com outras bacias que futuramente poderão ser investigadas.
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