Trabalho esoclar

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Fonte: http://imperioroma.blogspot.com.br/ Nascido em Córdoba entre os anos 4 e 1 a.C., Lucius Annaeus Sêneca era a própria imagem de sua época. Segundo filho de Sêneca, o Orador, e por isso também conhecido como Sêneca, o Jovem, mudou-se cedo para Roma. Tinha um vivo interesse pela filosofia dos mestres, como o estóico Átalo, ou o pitagórico Sótio. Para eles, a moral tinha prioridade absoluta. Sêneca conseguiu se destacar em uma sociedade cuja elite valorizava um mesmo ideal: ser orador. Em torno da eloqüência organizavam-se reuniões de salão e leituras públicas. Sêneca fez parte da Corte romana, e se comprazia em uma vida requintada que não combinava com seus ensinamentos. Não se deixar corromper, não ser tentado pelo luxo e pela luxúria, levar uma vida simples e honesta: essa era a sua filosofia. Mas não sua vida. Foi mais retórico que estóico, mais trapaceiro que honesto e mais ligado ao artifício que à verdade. Não foi sempre assim. Sêneca parece ter levado uma vida recatada durante a juventude. Em sua carreira de servidor do Império, o cursus honorum, galga algumas posições na magistratura, além de revelar-se brilhante advogado. Calígula, cultor ele próprio da eloqüência, tinha restrições às qualidades de Sêneca. Desprezava seu estilo estudado e elaborado, acusava seus livros, os mais populares da época, de “inconsistentes” e de serem “puras tiradas teatrais”. Às vezes, preparava respostas aos discursos do orador. Só poupou Sêneca da morte por estar convencido de que ele não chegaria à velhice devido à sua saúde frágil. Durante o principado de Cláudio e Messalina, Sêneca participava de bom grado das recepções dadas pela imperatriz. Depois, Messalina deixou de convidá-lo, alegando que ele se permitia fazer observações pouco respeitosas. Com sua eloqüência, Sêneca fascinava demais os jovens para não ser considerado perigoso. Sêneca revelou ao imperador a conduta libertina de sua esposa. Messalina se defendeu, lembrando a avareza de Sêneca e suas relações com suas serviçais do palácio, e a audácia com que ele tinha ousado insultar Calígula. Por fim, acusou-o de semear a discórdia entre ela e o imperador. Os temores de Messalina aumentaram quando suas primas Júlia e Agripina foram trazidas por Cláudio de volta do exílio a que Calígula as condenara. Sêneca se tornou amante de Júlia – que era casada – e se pôs a aconselhar Agripina, seduzida por sua capacidade de encantar a multidão. A lei condenava ao exílio todos os homens culpados de adultério. Assim, Messalina informou Cláudio do romance com Júlia. Sêneca foi mandado para a Córsega e Júlia, para a ilha de Pandateria.

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Fonte: http://imperioroma.blogspot.com.br/Nascido em Crdoba entre os anos 4 e 1 a.C., Lucius Annaeus Sneca era a prpria imagem de sua poca. Segundo filho de Sneca, o Orador, e por isso tambm conhecido como Sneca, o Jovem, mudou-se cedo para Roma. Tinha um vivo interesse pela filosofia dos mestres, como o estico talo, ou o pitagrico Stio. Para eles, a moral tinha prioridade absoluta. Sneca conseguiu se destacar em uma sociedade cuja elite valorizava um mesmo ideal: ser orador. Em torno da eloqncia organizavam-se reunies de salo e leituras pblicas. Sneca fez parte da Corte romana, e se comprazia em uma vida requintada que no combinava com seus ensinamentos. No se deixar corromper, no ser tentado pelo luxo e pela luxria, levar uma vida simples e honesta: essa era a sua filosofia. Mas no sua vida. Foi mais retrico que estico, mais trapaceiro que honesto e mais ligado ao artifcio que verdade.

No foi sempre assim. Sneca parece ter levado uma vida recatada durante a juventude. Em sua carreira de servidor do Imprio, o cursus honorum, galga algumas posies na magistratura, alm de revelar-se brilhante advogado.

Calgula, cultor ele prprio da eloqncia, tinha restries s qualidades de Sneca. Desprezava seu estilo estudado e elaborado, acusava seus livros, os mais populares da poca, de inconsistentes e de serem puras tiradas teatrais. s vezes, preparava respostas aos discursos do orador. S poupou Sneca da morte por estar convencido de que ele no chegaria velhice devido sua sade frgil.

Durante o principado de Cludio e Messalina, Sneca participava de bom grado das recepes dadas pela imperatriz. Depois, Messalina deixou de convid-lo, alegando que ele se permitia fazer observaes pouco respeitosas. Com sua eloqncia, Sneca fascinava demais os jovens para no ser considerado perigoso. Sneca revelou ao imperador a conduta libertina de sua esposa. Messalina se defendeu, lembrando a avareza de Sneca e suas relaes com suas serviais do palcio, e a audcia com que ele tinha ousado insultar Calgula. Por fim, acusou-o de semear a discrdia entre ela e o imperador.Os temores de Messalina aumentaram quando suas primas Jlia e Agripina foram trazidas por Cludio de volta do exlio a que Calgula as condenara. Sneca se tornou amante de Jlia que era casada e se ps a aconselhar Agripina, seduzida por sua capacidade de encantar a multido. A lei condenava ao exlio todos os homens culpados de adultrio. Assim, Messalina informou Cludio do romance com Jlia. Sneca foi mandado para a Crsega e Jlia, para a ilha de Pandateria.

O filsofo permaneceu no exlio por oito anos. Enviou vrias cartas aduladoras a Messalina, tentando faz-la mudar de idia. Pensando em suicdio, com a sade abalada, ningum acreditava que voltasse a Roma. Todavia, mesmo que por vezes sua conduta fosse condenvel, os romanos ainda o respeitavam, pois tomava posies firmes diante dos problemas de sua poca, no hesitando, por exemplo, em condenar os combates de gladiadores. Depois da morte de Messalina, Agripina, a Jovem (homnima de sua me), manobrou para se casar com seu tio Cludio, o que se efetivou no ano 49, e desde o incio de seu reinado imps seus caprichos. Conseguiu que Sneca fosse trazido de volta do exlio e que se tornasse pretor (ver glossrio). Confiou a Sneca a educao de seu jovem filho, Domcio, o futuro Nero. Mas Agripina se deu rapidamente conta do gosto pelo poder de Sneca e de sua habilidade de manobra. Sneca, por sua vez, logo percebeu a crueldade de Agripina e decidiu se opor a ela, aliando-se a Sextus Afranius Burrus. Os dois homens orientavam o jovem Nero: Burrus, por seus talentos militares, e Sneca, por seus ensinamentos de sabedoria. Aos 12 anos, Nero viu em Sneca um substituto do pai, Domitius Athenobarbus, que tinha morrido dez anos antes.

Com a morte de Cludio, coube a Sneca a honra de redigir o elogio fnebre proferido por Nero. A fim de exibir sua sabedoria e de fazer seu talento brilhar, Sneca tinha o costume de redigir para Nero discursos cheios de clemncia, favorecendo acusados pertencentes aos altos estratos sociais. Sneca conseguiu pouco a pouco desviar para si mesmo toda a afeio que Nero sentia pela me.

Quando Agripina tentou se reaproximar do filho para retomar sua influncia sobre ele, Sneca se apressou a enviar uma ex-escrava, Claudia Acte, para seduzir o imperador. Na verdade, estava preocupado com o futuro de sua carreira, caso Agripina conseguisse retomar as rdeas do Estado. Em 58, o advogado Suillius acusou Sneca de ser hostil aos amigos do antigo imperador, Cludio. Acrescentou ainda que, acostumado vida de estudos, Sneca tinha inveja dos que dedicavam uma eloqncia sadia defesa dos cidados.

Sneca acumulava uma fortuna de 300 milhes de sestrcios, que certamente no vinham de suas aulas de filosofia. Em Roma, caam em sua rede os testamentos dos velhotes sem herdeiros. Pela usura, esgotou a Itlia e as provncias. Como advogado no tinha direito de receber pagamentos pelo trabalho que fazia. Como resultado de ter enfrentado Sneca, Suillius foi acusado de todos os crimes e mandado para as ilhas Baleares . Entretanto, se Suillius tambm era afeito corrupo, seu mestre havia sido o prprio Sneca.Quando Nero organizou o assassinato da me, o filsofo limitou-se a lhe perguntar se deveria encarregar os soldados do assassinato, sem proferir uma nica palavra para salvar Agripina.SUICDIO Para no perder o posto, Sneca prestou-se a todas as concesses. Quando seu prncipe decidiu se misturar aos histries (ver glossrio), ele providenciou uma cena teatral. Quando quis conduzir uma biga de corrida, mandou delimitar na colina do Vaticano uma rea onde pudesse guiar seus cavalos.A morte de Burrus em 62 afetou seu poder. Muitos foram os que tentaram afastar Nero do filsofo, denunciando as imensas riquezas que ele havia acumulado durante os anos em que vivera na Corte. Sneca queria ultrapassar o imperador, pelos atrativos de seu jardim e pela magnificncia de suas casas de campo. Seu orgulho o levou a acreditar que era o melhor orador do mundo. Quanto s diverses do prncipe, depois de t-las facilitado, as lamentava. Sentindo-se ameaado, se afastou da Corte.Mesmo assim, contra sua vontade, Sneca se viu envolvido na Conspirao de Piso, organizada por Caio Calprnio Piso para assassinar Nero. Com o fracasso do compl, Nero ordenou a condenao de Sneca morte. Tiberius Plautius Silvanus Aelianus, que tambm havia feito parte da conspirao, mas tinha o pudor de no se mostrar em pblico, mandou um de seus centuries avisar Sneca da sentena fatal. Fiel no fim ao estoicismo que havia ensinado durante toda a vida, Sneca ditou seu testamento e instou os amigos que choravam a se manterem fortes. Sua esposa, Pompia Paulina, disse-lhe que estava disposta a morrer com ele. Temendo que ela fosse ultrajada depois de sua morte, Sneca no se ops. A mesma lmina cortou as veias de seus braos e dos dela. Sneca mandou que lhe abrissem tambm as veias das pernas e da parte posterior dos joelhos, porque seu sangue escorria demasiado lentamente.Nero, que no tinha nada contra Paulina e temia ver sua impopularidade aumentar se a deixasse morrer, ordenou que ela fosse salva. Paulina se deixou seduzir pelos encantos da vida. Por que morrer, se Nero no tinha nada contra ela? Quanto a Sneca, que no conseguia morrer, pediu a um amigo mdico que lhe trouxesse o veneno que j tinha providenciado havia tempos. Ele o tomou, mas em vo, pois seus membros j estavam frios. Entrou ento em uma banheira com gua quente e molhou os escravos que o cercavam, dizendo que oferecia aquela libao a Jpiter Libertador. No sabia que, instados por Nero, seus serviais acorriam volta de Paulina, reanimando-a, amarrando seus braos para estancar o sangue. Pelo contrrio, tomado pela dor, Sneca achava que Paulina suportava os piores tormentos. Sentiu-se tentado a correr ao seu quarto, para lhe pedir que no consumasse tal sacrifcio. Mas se lembrou da firmeza dela, e ordenou que o levassem a uma estufa, onde o vapor o sufocasse.Depois de morto, seu corpo foi incinerado sem qualquer pompa, como havia ordenado. Aps levar uma vida luxuosa e dissimulada na Corte, durante 13 anos, e ser um corteso disposto s piores concesses polticas; depois de se envolver em duvidosas transaes financeiras; depois de praticar a usura sem qualquer escrpulo e ser um oportunista at mesmo no ensino da moral estica, Sneca era dono de uma imensa fortuna, ao mesmo tempo em que pregava a filosofia da medida, da sabedoria e da moderao.Sua vida, assim como sua arte, oscilou entre um desregramento que por vezes beirou a luxria, e um ideal de firmeza exagerado. Sneca s foi sincero em suas convices no incio da carreira e no fim da vida.