Trabalho de Conclusão
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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS
UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO - LINHA DE FORMAÇÃO ESPECÍFICA:
COMÉRCIO EXTERIOR
MÁRCIO DE SOUSA DOS SANTOS
A LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO AÉREA CUJA ORIGEM É A ESTAÇÃO
ADUANEIRA INTERIOR BANRISUL ARMAZÉNS GERAIS
SÃO LEOPOLDO
2016
Márcio de Sousa dos Santos
A LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO AÉREA CUJA ORIGEM É A ESTAÇÃO
ADUANEIRA INTERIOR BANRISUL ARMAZÉNS GERAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração, pelo Curso de Administração - Linha de Formação Específica: Comércio Exterior da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS
Orientador: Prof. MS. Rafael Vescovi Bassani
São Leopoldo
2016
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar à minha mãe pelo apoio incondicional em todos os
momentos. Obrigado por incutir em mim, desde o início, o valor e a importância dos
estudos como o principal meio para as minhas conquistas.
Gostaria de agradecer ao meu orientador, Professor Ms. Rafael Vescovi
Bassani, cujos conhecimentos, disponibilidade e paciência foram essenciais para a
realização desta pesquisa. Agradeço também equipe da Biblioteca Unisinos que
presta auxílio aos alunos em relação às normas da ABNT. A ajuda de vocês também
foi crucial.
Por fim, mas não menos importante, agradeço imensamente a todo o pessoal
da BAGERGS, em especial aqueles que tão gentilmente aceitaram ceder um espaço
do seu dia de trabalho para conversar comigo. As suas contribuições foram
inestimáveis para a realização desta pesquisa. Muito obrigado Cláudia e Evandro,
despachantes; aos Srs. Emir e Nauro, da BAGERGS; e Algimiro e Ederson, da
transportadora Westcargo.
RESUMO
A globalização proporcionou uma interação maior entre os países, o que
possibilitou também a expansão do comércio internacional. Este, por sua vez,
encontra na logística um grande facilitador da troca de mercadorias, sendo que o
modal de transporte aéreo de cargas, do qual esta pesquisa se trata, desempenha um
importante papel no comércio exterior. Sendo assim, este trabalho teve por objetivo
geral analisar a logística de exportação aérea cuja origem é a estação alfandegária
secundária situada em Canoas, Rio Grande do Sul. A abordagem deste assunto se
deu pela necessidade de explorar de forma detalhada o processo de exportação aérea
e todas as etapas e trâmites envolvidos nos embarques. Por meio de assuntos chave
como características do transporte aéreo, documentação de exportação, embalagens,
armazenamento, liberação aduaneira e transporte rodoviário, a pesquisa teve como
autores principais Keedi (2007), Castro (2011), Banzato e Moura (1997), Banzato et
al. (2010), Ballou (2006), Werneck (2011) e o regulamento aduaneiro (BRASIL, 2009).
Constituindo um estudo de caso, este trabalho se utilizou de pesquisa exploratória
com abordagem qualitativa, em que foram utilizadas entrevistas abertas e
semiestruturadas como técnica de coleta de dados, dados estes analisados
posteriormente por meio da análise de conteúdo. Ao analisar as informações obtidas
na etapa de coleta de dados, em que foram entrevistados profissionais que atuam na
estação alfandegada em Canoas, foi possível detalhar todo o processo de exportação
aérea, explorando suas características e particularidades, bem como identificar pontos
críticos que atualmente representam gargalos para os embarques e que podem ser
aprimorados. Identificados esses pontos críticos, foram feitas sugestões de melhorias
nos âmbitos de processos, infraestrutura e operação. Algumas das propostas
englobam questões operacionais e administrativas, tais como a implementação de um
sistema de localização de cargas no armazém de exportação; aumento do número de
operadores logísticos buscando alternativas para a contratação destes funcionários;
mudanças nos procedimentos de etiquetagem e recebimento das cargas no armazém;
entre outras. Por fim, são apresentados os resultados desta pesquisa, por meio dos
quais foram atendidos os objetivos do estudo estipulados, assim como são levantados
temas para estudos futuros, como a comparação do processo de exportação que
ocorre atualmente na estação alfandegada secundária com outras zonas, primárias e
secundárias, de embarque do estado do Rio Grande do Sul e de outras localidades
do Brasil.
Palavras-chave: Logística. Transporte aéreo. Armazenamento. Desembaraço.
ABSTRACT
Globalization has proportioned a greater interaction between countries, which
also allowed the expansion of international trade. Foreign trade, in turn, finds in
logistics an enabler of the exchange of goods, and the air mode of transport, which this
research is about, represents an important role in foreign trade. This academic paper
had for overall objective to analyze the logistics of air export which origin is the
secondary customs station located in Canoas, Rio Grande do Sul. The subject of this
research was chosen because of the necessity to know in details the process of air
export and all the steps and procedures involved in the shipment. By means of key
issues such as characteristics of air transport, export documentation, packaging,
storage, customs clearance and road transportation, the research had as main authors
Keedi (2007), Castro (2011), Banzato e Moura (1997), Banzato et al. (2010), Ballou
(2006), Werneck (2011) and the Brazilian customs regulation (BRASIL, 2009). This
paper is a case study, in which was used exploratory and qualitative research. The
collecting data method was the semi structured and open interviews, and the data were
analyzed by content analysis. The interviews were conducted with people that work at
the customs station in Canoas and with the data collected, it was possible to detail all
the air export process, exploring its characteristics and especial features, as well as to
identify critic points that currently represent problems that slow the shipments and that
can be improved. Once these critical points were identified, suggestions for
improvements were made in the process, infrastructure and operating areas. Some of
the proposals cover operational and administrative issues, such as the implementation
of a cargo tracking system in the export warehouse; increasing the number of logistics
operators, seeking alternatives to hire these employees; changes in labeling
procedures and receipt of cargo in the warehouse; among others. Lastly, the results of
the research are presented and it is possible to confirm that they fulfill the objectives
that were stablished for this study. It is also formulated issues for future studies, such
as comparing the air export process that currently occur at the secondary customs
station with other shipment zones, primary or secondary, of the state of Rio Grande do
Sul and other locations of Brazil.
Key words: Logistics. Air transport. Storage. Cutoms clearance.
LISTA DE SIGLAS
AWB Airway Bill
BAGERGS Banrisul Armazéns Gerais
CE Comprovante de Exportação
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
CO Certificado de Origem
DDE Declaração de Despacho de Exportação
DSE Declaração Simplificada de Exportação
DTA Regime de Trânsito Aduaneiro
EDI Electronic Data Interchange
ERP Enterprise Resource Planning
HAWB House Airway Bill
IATA International Air Transport Association
MAWB Master Airway Bill
MDIC Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio
NCM Nomenclatura Comum do Mercosul
NF Nota Fiscal
RADAR Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros
RDI Radio Frequency Identification
RE Registro de Exportação
RES Registro de Exportação Simplificado
SECEX Secretaria de Comércio Exterior
SISCOMEX Sistema Integrado de Comércio Exterior
SRF Secretaria da Receita Federal
TECA Terminais de Carga
ULD Unity Load Device (equipamento de unitização de carga)
WMS Warehouse Management System
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
1.1 Definição do Tema ............................................................................................ 11
1.2 Problema ............................................................................................................ 12
1.3 Delimitações do Trabalho ................................................................................. 12
1.4 Objetivos ............................................................................................................ 12
1.4.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 12
1.4.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 13
1.5 Justificativa ........................................................................................................ 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 16
2.1 Transporte Aéreo: Características, Vantagens e Desvantagens .................. 16
2.1.1 Vantagens ........................................................................................................ 17
2.1.2 Desvantagens .................................................................................................. 18
2.1.3 Expectativas em Relação ao Transporte Aéreo ............................................... 19
2.2 Documentação na Exportação Aérea .............................................................. 21
2.3 Embalagens e Procedimentos para Cargas de Exportação Aérea ............... 27
2.3.1 Unitização ......................................................................................................... 28
2.4 Processos de Armazenagem ............................................................................ 32
2.5 Despacho Aduaneiro de Exportação: Conceitos e Características .............. 43
2.5.1 Procedimentos de Desembaraço de Exportação ............................................. 45
2.6 Trânsito Aduaneiro: Da Unidade Alfandegada ao Aeroporto de Embarque 48
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 52
3.1 Modalidade: Estudo de Caso ........................................................................... 52
3.2 Modelo de Pesquisa: Exploratória ................................................................... 53
3.3 Abordagem da Pesquisa: Qualitativa .............................................................. 54
3.4 Técnica de Coleta de Dados: Entrevista ......................................................... 56
3.4.1 Entrevistados .................................................................................................... 60
3.5 Técnica de Análise: Análise de Conteúdo ...................................................... 61
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 63
4.1 Análise dos Dados da Categoria 1: Processos .............................................. 63
4.2 Análise dos Dados da Categoria 2: Infraestrutura ......................................... 78
4.3 Análise dos Dados da Categoria 3: Operações .............................................. 88
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 107
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 111
APÊNDICE A – ENTREVISTA CATEGORIA 1: PROCESSOS ............................. 114
APÊNDICE B – ENTREVISTA CATEGORIA 2: INFRAESTRUTURA ................... 115
APÊNDICE C – ENTREVISTA CATEGORIA 3: OPERAÇÃO ............................... 116
9
1 INTRODUÇÃO
Por definição, o termo globalização começou a ser utilizado para indicar a
integração econômica das nações a partir da década de 1980, porém seu significado
abrange questões não só econômicas, mas também históricas, socioculturais,
geográficas, entre outras. O conceito socioeconômico abrange três processos
distintos que envolvem a expansão do fluxo de bens, serviços e capitais; a
concorrência acirrada entre os mercados internacionais; e a integração dos sistemas
econômicos nacionais. (PRADO, 2001). Os impactos da globalização podem ser
identificados nos mais diversos âmbitos da sociedade mundial, como por exemplo as
mudanças radicais sofridas nas estruturas dos processos produtivos por meio do que
se conhece hoje como cadeia de valor agregado. Este conceito está ligado “[...] aos
avanços nas tecnologias da informação, pelo declínio nos custos de transporte e pelo
surgimento de novas formas de organizar a produção [...].” (CESAR; SATO, 2012, p.
175). Além disso, a globalização também redefiniu os conceitos de espaço geográfico,
possibilitando que a estruturas produtivas se dispersassem e expandindo a gama de
produtos comercializados, não se restringindo mais somente a commodities e
produtos acabados. Assim, pode-se dizer que um dos resultados da globalização são
as drásticas mudanças que o comércio internacional tem visto ao longo dos últimos
anos. (CESAR; SATO, 2012).
A globalização tem promovido uma aproximação entre os mercados nacionais
dos países, que ocasionou o aumento do fluxo de trocas, fato esse comprovado
quando se analisa o volume do comércio internacional ao longo do tempo. “Entre 1947
e 2001, o volume de comércio tornou-se aproximadamente 22 vezes maior,
englobando serviços além de commodities e produtos manufaturados.” (CESAR;
SATO, 2012, p. 174). Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio, somente no ano de 2014 o volume de comércio internacional foi de quase
19 bilhões de dólares. O Brasil apresenta participação de 1,22% nas exportações
mundiais, tendo atingido a marca de 225,1 bilhões de dólares em exportações e 229,1
bilhões de dólares em importações, representando 9,8% de participação nas
importações. (BRASIL, 2015a). O comércio internacional se define como as relações
de compra e venda entre os países, sendo uma parte o exportador (vendedor) e a
outra parte o importador (comprador). (MAIA, 2010). A compra e venda são uma
necessidade das nações, necessidade essa motivada por características inerentes de
10
cada país, como por exemplo a disponibilidade de recursos, as características físicas
e climáticas de cada lugar, as diferenças nos estágios de desenvolvimento econômico
dessas nações, além, é claro, da integração econômica dos países, que tem crescido
cada vez mais, fazendo com que o comércio exterior também se expanda. (MAIA,
2010). O comércio exterior então possibilita que compradores e vendedores das mais
variadas localidades do mundo se relacionem, sendo fator fundamental para essa
troca o transporte dos bens comprados e vendidos. (KEEDI, 2007).
Em se tratando do transporte das mercadorias, a logística desempenha papel
importante, pois aliando os diversos modais de transporte a fatores como
armazenagem, movimentação de cargas, tempo, custo, entre outros, é possível
transportar os bens desde a fábrica do exportador (vendedor) até a porta do
comprador (importador). A logística sempre esteve presente, acompanhando a
humanidade enquanto a mesma se desenvolvia, visto que ela consiste basicamente
em transportar determinado objeto ou mercadoria de um lugar a outro. Com a
evolução dos meios de transporte e instrumentos que auxiliam na movimentação de
cargas, a logística passa de uma atividade rudimentar, desempenhada com tração
humana e animal, para um transporte muito mais aprimorado, resultado do
desenvolvimento de barcos a vela, barcos a vapor, trem, a indústria automobilística,
estradas de ferro e rodovias, até finalmente a invenção do avião. (KEEDI, 2007).
A introdução do modal aéreo na logística de transporte trouxe um avanço
significativo no transporte internacional de cargas, principalmente por sua rapidez e
eficiência, o que permite levar mercadorias de um ponto a outro do planeta em
pouquíssimo tempo. (KEEDI, 2007). Essas características impactam diretamente nas
estratégias de empresas, pois permitem a elas receber ou enviar mercadorias em
tempo menor do que outros modais de transportes, com mais segurança,
principalmente para cargas de muito valor agregado, ou volumes pequenos e
amostras. Além disso, o acesso ao transporte aéreo é mais fácil, pois os aeroportos
geralmente estão concentrados nos grandes centros, enquanto que os portos ficam
localizados em áreas mais afastadas. (VIEIRA, 2001). Apesar de apresentar pequena
parcela no transporte de cargas, tanto em termos de volume quanto de custo e receita,
o modal aéreo se configura como uma ferramenta importante para as empresas que
querem se tornar competitivas em suas aéreas, dada sua dinâmica e eficiência.
(KEEDI, 2007).
11
1.1 Definição do Tema
A logística impacta diretamente nas decisões das empresas, independente se a
venda ou compra ocorre de mercados nacionais ou internacionais. O transporte das
mercadorias, bem como todos os fluxos envolvidos nesse processo, deve ser levado em
consideração, e a logística trata justamente disso: da administração eficiente dos fluxos
entre funções de negócio. Hoje, este setor abrange não somente as entradas de
matérias-primas ou as saídas dos produtos acabados para o cliente final. Agora a
logística engloba toda a movimentação de mercadorias e informações, tanto dos agentes
externos quanto internos, envolvidos no processo. (DORNIER et al., 2012).
Cada vez mais as empresas têm buscado diversificar seus mercados de
atuação e uma das alternativas tem sido o investimento na internacionalização dos
negócios por meio de importações e exportações. Focando especificamente em
exportações, as empresas buscam com ela ganho financeiro, marketing e status para
seus produtos, desenvolver sua linha de produção e aumentar a qualidade dos bens
tanto para a venda externa quanto interna, entre outras motivações. (CASTRO, 2011).
Tanto é que até agosto de 2015 “[...] a balança comercial registrou superávit de US$
699 milhões, resultado de exportações no valor de US$ 3,822 bilhões e importações
de US$ 3,123 bilhões.” (BRASIL, 2015b).
Existem diversas questões relacionadas à logística que devem ser definidas a
fim de exportar e uma delas é o local de entrega da mercadoria onde serão
transferidos custos e responsabilidades, conforme a negociação entre exportador e
importador. (KEED, 2007). Esses locais podem ser zonas primárias ou secundárias,
em que a primeira é o próprio aeroporto ou porto de embarque da mercadoria para o
exterior. (LINKMEX, 2011). Já as zonas secundárias, também conhecidas como
portos secos, “[...] são recintos alfandegados de uso público nos quais são executadas
operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e
bagagem, sob controle aduaneiro.” (BRASIL, 2009).
O Banrisul Armazéns Gerais (BAGERGS) é um desses portos secos, sediado
em Canoas, RS, cujas atividades envolvem a movimentação e armazenagem de
cargas destinadas à exportação e também provenientes da importação. A BAGERGS
serve também como Entreposto Aduaneiro de Importação e Exportação e pode atuar
como Armazém Alfandegado Público. O local, fundado em 12 de novembro de 1953,
é hoje a maior área de armazenamento alfandegado do Estado do Rio Grande do Sul,
12
contando com uma aérea total de 77.300 m², sendo 33.000 m² de área coberta para
armazenagem, 12.200 m² de armazéns gerais, pátio para contêineres, entre outros
recursos estruturais destinados a atender as demandas de empresas exportadoras e
importadoras. (BANRISUL ARMAZÉNS GERAIS, 2015a; BANRISUL ARMAZÉNS
GERAIS, 2015b).
1.2 Problema
Tendo em vista o cenário logístico relacionado à exportação aérea, cujo
processo de embarque se dá em zonas secundárias, no caso do Rio Grande do Sul,
a BAGERGS, a questão que fica é: como ocorre a logística de exportação aérea cuja
origem é estação aduaneira interior BAGERGS?
1.3 Delimitações do Trabalho
Este trabalho foi desenvolvido tendo como foco principal a logística de
exportação aérea cuja origem é a estação alfandegária BAGERGS, situada em
Canoas, no estado do Rio Grande do Sul. Foram abordados temas relativos a tudo
que envolve o processo de exportação aérea, desde a fase de preparação das cargas
e documentação de exportação, passando pela entrega das mercadorias na estação
alfandegada, atracação e seu armazenamento dentro da BAGERGS, terminando com
a liberação aduaneira e carregamento dos produtos nos caminhões que os levarão
para os aeroportos de efetivo embarque para fora do Brasil, sejam eles Guarulhos ou
Viracopos.
1.4 Objetivos
1.4.1 Objetivo Geral
Analisar a logística de exportação aérea cuja origem é a estação aduaneira
interior BAGERGS.
13
1.4.2 Objetivos Específicos
a) descrever o processo de registro de exportação aérea, atracação e liberação
de mercadorias na BAGERGS;
b) detalhar o layout e o funcionamento dos armazéns da estação aduaneira
interior BAGERGS;
c) apresentar o processo logístico rodoviário das remoções das cargas da
BAGERGS para os aeroportos de Guarulhos e Viracopos;
d) propor alternativas que visem otimizar a logística de exportação aérea
dentro da estação aduaneira interior BAGERGS.
1.5 Justificativa
Para Cunha, Faria e Felipe (2013) a justificativa significa as motivações que
levaram o autor a escrever sobre a questão problema formulada. Devem ser
destacadas quais as contribuições que o trabalho trará nos âmbitos pessoal, social
(para a comunidade relacionada ao tema), científico (ligado aos conhecimentos
científicos para a área) e institucional (a contribuição para a academia). Costa (2003,
p. 12) complementa que na justificativa o autor “[...] deverá dizer da importância e
atualidade da pesquisa e das exposições de seus resultados (da monografia
acadêmica) para fora do trabalho, ou para além do trabalho em si [...].”
A realização desta pesquisa representa uma oportunidade para que o
pesquisador passe a conhecer o processo de exportação aérea de forma mais
profunda e detalhada. Apesar da experiência com embarques aéreos adquirida por
meio de terceiros com quem o pesquisador trabalhou ou trabalha, agregar mais
conhecimento nunca é demais. O pesquisador vê neste assunto uma forma de
explorar mais detalhadamente todas as partes que compõem o processo logístico de
exportação, uma vez que hoje, no ambiente de trabalho, a vivência em relação ao
transporte está restrita a procedimentos realizados dentro do escritório relacionados
à confecção e emissão de documentos de embarque, conversas por correio eletrônico
e contatos telefônicos com transportadoras, companhias aéreas e outros
fornecedores. Entretanto, o pesquisador sente necessidade de conhecer todas as
etapas envolvidas em uma exportação aérea, desde a preparação da mercadoria e
documentos, até o momento que ela é entregue na unidade alfandegária secundária
14
para armazenamento e liberação e posterior transporte até o aeroporto de efetivo
embarque para fora do país. Essas são questões que influenciam no dia a dia
enquanto funcionário de um escritório de agenciamento de cargas. Este trabalho
também representa para a universidade, seus alunos e qualquer outra pessoa que
trabalhe ou que queira trabalhar com logística internacional, uma oportunidade de
conhecer o que acontece com mercadorias que têm seu processo de exportação
iniciado no EADI Canoas. Por se localizar às margens da BR-116 em Canoas, cujo
fluxo de trânsito é intenso durante todo o dia, muitas pessoas devem se perguntar o
que ocorre lá dentro e porque existem tantos veículos e contêineres estacionados nos
pátios. A realização desta pesquisa sanará as dúvidas de quem quer que se interesse
por logística, transportes e comércio internacional. Para a BAGERGS, o fato de existir
um pesquisador de fora da unidade alfandegada interessado em acompanhar o
processo logístico e aprender melhor o que ocorre e como ocorre a exportação dentro
dos armazéns, pode auxiliá-los a terem uma visão mais ampla do trabalho realizado.
Analisando determinando assunto sobre a perspectiva de outra pessoa permite que
se identifique questões que antes passavam despercebidas.
Para o pesquisador, a maior contribuição em realizar este estudo se dará no
âmbito profissional, visto que, enquanto auxiliar de exportação aérea dentro de um
escritório de agenciamento de cargas, ter conhecimento de todo o processo logístico
é fundamental. Mesmo atuando na área há mais de dois anos, nem sempre é possível
participar de todas as etapas de uma exportação presencialmente. Realizar este
estudo contribuirá para que, ao final dele, o pesquisador tenha conhecimento pleno
de tudo o que ocorre não só no pré-embarque, mas também durante o processo de
armazenamento e liberação aduaneira da carga dentro da BAGERGS e as etapas
pós-desembaraço, com a remoção das mercadorias pelas transportadoras para os
devidos aeroportos de embarque. Este estudo é uma contribuição para a comunidade
acadêmica pois explora também o lado operacional dos processos de logística
internacional. É importante ter um planejamento estratégico de logística para realizar
uma exportação, porém também é necessário que se entenda o que é uma operação,
como ela ocorre, quais as etapas que podem ser gargalos, quais os prazos devem ser
cumpridos e o motivo deles existirem. O pesquisador acredita que aliando o
conhecimento operacional com o planejamento estratégico, a gerência do processo
se torna mais completa e assertiva. Em relação à BAGERGS, este estudo contribuirá
para que a organização entenda ainda mais a importância do trabalho prestado às
15
empresas exportadoras, bem como para todas as outras partes envolvidas no
processo de exportação.
Discutir este assunto é importante principalmente porque ele irá explorar temas
que nem sempre estão detalhados em livros, teses, artigos entre outros materiais.
Para o pesquisador, estudar o processo logístico de exportação aérea dentro da
BAGERGS é mais uma forma de obter conhecimento sobre algo que é importante,
que faz parte do cotidiano de trabalho, mas que não é trabalhado dentro das empresas
ou dentro da sala de aula. Para a comunidade acadêmica, a importância se dá da
mesma forma, visto que é necessário dedicar espaço dentro da graduação para
questões operacionais, que ensinem como se ocorre um embarque de exportação no
âmbito logístico o que está envolvido nas etapas deste processo. É importante para a
BAGERGS existirem estudos sobre o trabalho realizado dentro dos armazéns, de
forma que a comunidade externa, compostas por clientes, agentes de carga,
transportadoras, despachantes, saibam quais os procedimentos e etapas cumpridos
até que material esteja pronto para ser transportado para os aeroportos de embarque.
16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A bibliografia que segue abordará temas que permeiam o âmbito da logística
internacional de exportação aérea cuja origem se dá em um armazém alfandegado.
Os temas discutidos envolveram as características, vantagens e desvantagens do
transporte aéreo como modal; a documentação envolvida em um processo de
exportação aérea; procedimentos de embalagem e unitização de cargas; o
funcionamento de um armazém e os processos que envolvem a armazenagem de
mercadorias; a etapa de liberação aduaneira; e por fim o transporte em Regime de
Trânsito Aduaneiro (DTA) que leva as cargas da unidade alfandegada até o aeroporto
de embarque.
2.1 Transporte Aéreo: Características, Vantagens e Desvantagens
Conhecer os diversos modos de transporte é um dos fatores fundamentais para
se desenvolver um processo logístico adequado. Para tanto, deve ser levado em
consideração o tipo de veículo que será utilizado para transportar determinado tipo de
mercadoria. Tendo essa questão em mente, define-se então qual modo de transporte
atenderá de fora mais adequada a necessidade: modo aquaviário, que compreende o
transporte marítimo, fluvial e lacustre; o modo terrestre, dividido em transporte
ferroviário e rodoviário; e por fim o modo aéreo. (KEEDI, 2007).
Segundo Keedi (2007), o modo de transporte aéreo é o mais novo dentre todos os
outros conhecidos. Seu surgimento data do início do século XX, resultado de muitos
experimentos realizados no século anterior. O transporte aéreo se desenvolveu de forma
rápida e eficiente, o que possibilitou sua utilização em operações logísticas que necessitam
transportar cargas em pequenos espaços de tempo. Isto demonstra que a utilização do
avião deixou de ser uma estratégia bélica e passou, anos mais tarde, a representar um
avanço no que diz respeito ao comércio mundial. Ferreira (2003) defende que o avanço
extraordinário do modal aéreo o torna o mais dinâmico de todos. O dinamismo nos dias
atuais é indispensável, uma vez que o comércio internacional está cada vez mais integrado
com o mundo virtual veloz que existe atualmente.
Uma vez que o assunto principal deste trabalho é a exportação aérea, é necessário
que se faça um apanhado sobre o que é o transporte aéreo e as suas características
principais, de forma a justificar a importância deste modal para o comércio internacional. A
17
seguir serão indicadas as vantagens na utilização do transporte aéreo como o modal para
a logística de transporte das mercadorias.
2.1.1 Vantagens
Dentre as vantagens na utilização deste modo de transporte, Keedi (2007, p. 38)
cita “[...] a rapidez, bem como sua característica de voar e, principalmente, sua
capacidade de multiplicação do espaço, que faz dele um modo de grande capacidade de
carga [...].” Todavia, as aeronaves apresentam limitações de espaço, sendo assim eles
configuram um modo de transporte que comporta mais volume de cargas que um veículo
rodoviário, por exemplo. (KEEDI, 2007). Vieira (2001) complementa ainda que a
vantagem da rapidez proporcionada pelo transporte aéreo auxilia empresas que fazem
uso de estratégias como o just in time, o que impacta diretamente na redução dos custos
com estoques.
Segundo Vieira (2001), o modal aéreo é ideal para o transporte de cargas cujo
peso ou volume não sejam muito grandes, amostras de mercadorias ou cargas que
precisam ser entregues com urgência em seus destinos. “Outra vantagem é a sua
segurança, o que possibilita uma redução no custo das embalagens e a contratação
de um seguro geralmente mais barato que o marítimo.” (VIEIRA, 2001, p. 109).
Outro ponto a ser destacado em relação ao transporte aéreo é o fácil acesso
que exportadores e importadores têm aos aeroportos quando se utilizam deste modo
como forma de transportar suas mercadorias. O fato de os aeroportos estarem
concentrados nos centros das grandes cidades impacta diretamente na redução de
custos com transporte rodoviário no momento da entrega ou retirada de suas cargas.
Vieira (2001) destaca que os portos geralmente estão em zonas mais afastadas, o
que exige que as empresas contratem transportadoras para levarem ou trazerem seus
bens por uma distância que muitas vezes é maior do que do aeroporto mais próximo.
Isso representa uma adição de custo à operação logística, o que pode tornar o
transporte aéreo mais vantajoso.
Para Ferreira (2003), o aspecto que mais se destaca no momento da escolha
do modal de transporte aéreo o tempo de disponibilização dos bens no local indicado
pelo comprador como ponto de entrega da mercadoria. Assim como Vieira (2001), ele
também complementa que este modal é o mais indicado para o transporte de materiais
como amostras, cargas perecíveis, cargas urgentes necessárias à linha de produção,
18
entre outros. Ainda afirma que a abrangência do transporte aéreo é outro ponto de
destaque, dada a sua capacidade de atender diversas cidades no mundo, mesmo
aquelas que se concentram no interior dos continentes, ao contrário do transporte
marítimo, que só consegue atender regiões litorâneas.
É importante apresentar as características positivas do transporte aéreo para
que fique claro aos exportadores os benefícios desse modal para os negócios da
empresa, em termos de agilidade, segurança e eficiência. Apesar disso, o transporte
aéreo também apresenta desvantagens, e este é o assunto abordado no tópico a
seguir.
2.1.2 Desvantagens
Em contrapartida, o modo aéreo tem como principal desvantagem, segundo
Keedi (2007), o custo alto do frete, se o mesmo for analisado isoladamente. Ampliando
a visão para uma operação logística completa, o transporte aéreo de mercadorias tem
como uma de suas características a movimentação de cargas valiosas, o que permite
que este custo seja agregado e diluído dentro do preço do produto pelas empresas
que optam por ele. Já Vieira (2001, p. 110) aponta como principal desvantagem do
transporte aéreo a “[...] pouca capacidade de carga, devido o pequeno espaço
disponível nas aeronaves.” Este é um tema recorrente quando se trata do transporte
aéreo. Keedi (2007, p. 39) afirma ainda que a capacidade de carga “[...] depende do
tipo e da configuração da aeronave [...].” Keedi (2007) complementa que existem
aeronaves que comportam quantidades razoáveis de carga, mas deve-se levar em
conta também a frota de aviões como um todo, que consegue transportar grandes
volumes de bens dada a sua velocidade e tempo curto de viagens. Em relação a isso
Ferreira (2003) destaca que mesmo tendo a capacidade reduzida, o transporte aéreo
compensa na agilidade da entrega, cujo intervalo de tempo entre saída do aeroporto
de origem e entrega no aeroporto de destino é muito menor que em outros modais,
como marítimo ou rodoviário. Afirma ainda que cada vez mais as companhias aéreas
têm investido na construção de aeronaves com maior capacidade para o transporte
de cargas.
Para Vieira (2001), a capacidade reduzida de transporte de cargas é o motivo
que faz com que o frete aéreo seja muito mais caro do que o marítimo, salvo casos
em que a carga é bem pequena. Por outro lado, ele também afirma que o custo do
19
frete não pode ser analisado de forma isolada, visto que esta é apenas uma parte do
custo total de uma operação logística. Isso porque a utilização de outros modais de
transporte implica na ocorrência de custos como o valor do seguro internacional,
manipulação da carga, a taxa Adicional ao Frete para Renovação da Marinha
Mercante, no caso dos transportes marítimos, bem como o transporte rodoviário para
os casos em que o porto se encontra distante da fábrica do exportador/importador.
Neste tópico foram apresentadas desvantagens no uso de aeronaves como
veículos para o transporte de mercadorias. Mesmo com todas as características
positivas, é importante que as empresas saibam também quais os pontos negativos e
como isso pode impactar nos negócios. O tópico a seguir trata das expectativas em
relação ao transporte aéreo, isto é, o que exportadores, importadores, agentes de
carga e outros usuários esperam em relação a este modal.
2.1.3 Expectativas em Relação ao Transporte Aéreo
Apontadas as vantagens e desvantagens de se utilizar o transporte aéreo,
deve-se levar em conta também quais outras motivações levam as empresas a
optarem por transportar suas mercadorias por meio de aeronaves.
Um dos aspectos principais é a confiança no modal aéreo, medida não só pelo
cumprimento do contrato de transporte e prazos de embarque (entre saída e
chegada), mas também em relação à segurança na movimentação das mercadorias.
De fato, o prêmio do seguro internacional para cargas transportadas em aeronaves
tem um valor muito menor se comparado a outros modais de transporte, visto que o
índice de avarias e extravios das cargas é baixíssimo no modal aéreo. (FERREIRA,
2003).
Outro aspecto recorrente é o preço cobrado pelo frete aéreo. Apesar de ser o
mais alto dentre os modais, cada vez mais empresas têm optado por esse transporte
pois passam a analisar o custo de forma mais ampla, observando toda a cadeia de
suprimentos. Com a agilidade proporcionada pelo transporte aéreo, os custos com a
movimentação podem ser diluídos em outros setores das empresas, como a não
necessidade de manter grandes estoques (que reduz o custo com capital imobilizado),
além da agilidade no fluxo de produção e reposição de insumos. A rápida
disponibilização do produto para o consumidor final também é uma forma de ratear o
custo do frete aéreo, visto que se isso se torna uma estratégia para empresa que a
20
faz se sobressair em relação aos demais concorrentes, facilmente a organização
assumirá o controle do mercado. (FERREIRA, 2003).
Apesar da pequena parcela de participação do transporte aéreo na
movimentação de cargas, a frequência dos voos e a disponibilidade de espaço
proporcionam às empresas mais uma fonte de vantagem competitiva, nos casos em
que o foco estratégico da empresa é responder à demanda rapidamente. Aliado a
isso, tem-se também a abrangência da malha aérea, que atende cada vez mais
aeroportos em diversas localidades do planeta, aumentando a oferta do transporte
aéreo para as empresas. (FERREIRA, 2003).
Os sistemas informatizados integrados atuam de forma a possibilitar que seja
feito um acompanhamento total da carga desde o momento da sua expedição até a
entrega no cliente final. As empresas encontram no transporte aéreo uma forma de se
manterem atualizadas de forma mais precisa quanto à movimentação de suas
mercadorias, visto que as companhias aéreas disponibilizam ferramentas que
fornecem status sempre precisos e atualizados em relação aos embarques.
(FERREIRA, 2003).
Por fim, Ferreira (2003) destaca também que o atendimento personalizado aos
clientes é outro ponto que chama a atenção das empresas no momento de optarem
pelo transporte aéreo. Cada vez mais as companhias aéreas estão se adaptando de
forma a atender exigências específicas de seus clientes, desenvolvendo ferramentas
que possibilitem o transporte das mercadorias. Isso se torna mais um atrativo, que
possibilitou as empresas aéreas chegarem a mercados que antes eram inalcançáveis.
Neste tópico foram abordadas as principais expectativas em relação ao
transporte aéreo internacional de cargas, com o intuito de explicar melhor o que mais
se busca quando se opta por realizar o transporte das mercadorias por meio de
aeronaves. No capítulo seguinte será detalhada toda a documentação necessária
para realizar um embarque de exportação aérea, incluindo documentos que devem
ser preparados tanto pelo exportador, quanto pelo agente de cargas.
21
2.2 Documentação na Exportação Aérea
Existem diversas razões que podem motivar uma empresa a destinar seus
produtos para o exterior. Além da mais óbvia delas, que é aumentar a receita para a
empresa, exportar significa também melhorias financeiras asseguradas por diversos
mecanismos que auxiliam no recebimento do pagamento; status de qualidade para os
produtos, não só no mercado internacional mas também no doméstico, além de
visibilidade para a empresa; aumento da competitividade, produtividade e
lucratividade por meio do desenvolvimento e melhoria da produção, visando atender
aos padrões externos e, consequentemente, alcançar destaque no mercado interno;
aumento da estabilidade e diminuição do risco, uma vez que ao diversificar os
mercados, a empresa consegue assegurar ganho na eventualidade de algum deles
entrar em crise ou sofrer algum abalo na economia; propicia para a empresa
exportadora uma gama maior de mercados e possibilidade de economia de escala,
visando atender a demanda externa; traz para dentro da empresa know-how
adquirido, muitas vezes de fora, visando aprimorar o produto conforme a necessidade
do importador. (CASTRO, 2011).
Assim, decidindo-se exportar, existem documentos que precisam ser emitidos,
registros que devem ser feitos e etapas que necessitam ser cumpridas a fim de que
se consiga exportar a mercadoria.
A documentação necessária na exportação pode variar conforme o tipo de
produto, destino da mercadoria e operação, sendo eles emitidos por diversas partes
envolvidas no processo de exportação. (CASTRO, 2011).
Uma dessas partes é o Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX).
O SISCOMEX foi implantado na exportação em 1993 e na importação em 1997, com
o intuito de informatizar o processamento e o controle das operações de comércio
exterior no Brasil. (CASTRO, 2011). “O SISCOMEX é o instrumento administrativo que
integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de
comércio exterior, mediante fluxo único, computadorizado, de informações.” (BRASIL,
1992). O SISCOMEX é administrado pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior),
pela Secretaria da Receita Federal (SRF) e por diversos outros órgãos
governamentais, chamados de anuentes. Este sistema permite que qualquer
importador, exportador ou outro usuário cadastrado que exerce atividade de comércio
22
exterior consiga acompanhar de forma eletrônica o andamento de seus processos.
(CASTRO, 2011).
Dentre esses documentos, o primeiro exemplo é o Registro de Exportação
(RE). Esse registro é emitido via SISCOMEX e, segundo Castro (2011, p. 59), o RE
“[...] representa um conjunto de informações de natureza comercial, cambial,
financeira e fiscal da operação de exportação de mercadorias.” A via de regra, o RE
deve ser emitido antes do embarque da mercadoria para fora do Brasil e antes do
desembaraço aduaneiro. Em caráter excepcional, o RE poderá ser emitido após o
embarque nas operações de fornecimento de bens para consumo a bordo de navios
ou aviões em trânsito internacional, e também na comercialização de pedras
preciosas e semipreciosas para pessoas que não residem no Brasil e cujo pagamento
for realizado em moeda estrangeira. Porém o RE, mesmo para estes casos, necessita
ser emitido antes da Declaração para Despacho de Exportação (DDE). O RE
apresenta prazo de validade de 60 dias a contar da data de registro no SISCOMEX.
Decorrido esse tempo, o mesmo pode ser prorrogado e, caso não o seja, o RE é
cancelado automaticamente. Isso não implica em multas ou punições ao exportador,
apenas o possível custo para o registro de um novo RE. (CASTRO, 2011).
O Registro de Exportação Simplificado (RES) é uma alternativa ao uso da RE
para embarques de mercadorias de valor US$ 50,000.00 e que se enquadram como
exportação normal. O RES também é emitido via SISCOMEX, porém sua validade
para embarque é de cinco dias e, decorrido esse prazo sem ter sido utilizado, ele é
cancelado automaticamente. (CASTRO, 2011).
A DDE também é emitida via SISCOMEX e sua confecção se dá após a
emissão do RE ou RES e antes do embarque da mercadoria para o exterior, salvo
alguma exceção. Segundo Castro (2011, p. 40), a DDE “[...] formaliza o início do
despacho aduaneiro de exportação, sob o aspecto físico e/ou documental, informando
a presença e a localização da mercadoria.”
Assim como o RE, a DDE também apresenta uma alternativa, sendo esta
chamada de Declaração Simplificada de Exportação, mais conhecida como DSE. A
DSE pode ser utilizada nos embarques de mercadorias cujo valor comercial seja de
até US$ 50,000.00. Também emitida via SISCOMEX, sua finalidade é a mesma da
DDE: identificar o início do processo de desembaraço aduaneiro. A diferença é que,
com a utilização de DSE, não é necessário emitir RE ou RSE, porém a mesma deve
ocorrer também antes do embarque da mercadoria para o exterior. (CASTRO, 2011).
23
Dentre as outras partes que participam da emissão de documentação para
exportação, existem determinados documentos cuja responsabilidade é do próprio
vendedor/exportador. Um deles é a fatura Pro forma, ou Proforma Invoice, que “[...]
desempenha a função de proposta comercial, contendo dados e informações sobre o
produto que se deseja exportar, preço, prazo de entrega, condições de pagamento e
venda, etc.” (CASTRO, 2011, p. 41). Este documento tem praticamente a mesma
finalidade de uma fatura comercial, porém a fatura pro forma não apresenta valor legal.
(CASTRO, 2011).
A fatura comercial, ou Commercial Invoice, é considerado um dos documentos
mais importantes em uma operação de exportação, visto que é com ele que o
importador conseguirá liberar a mercadoria junto à aduana no país de destino.
(CASTRO, 2011). De acordo com Castro (2011, p. 41):
Possui as mesmas características e função da fatura comercial utilizada no mercado interno. Confeccionada pelo exportador, normalmente em inglês, espanhol ou no idioma do país-importador, menciona as condições comerciais da operação, tais como: descrição da mercadoria, quantidades, pesos, valor na moeda estrangeira, condições de venda (Incoterms), prazos de entrega e formas de pagamento negociadas.
O Romaneio de Embarque, mais conhecido como Packing List, é mais um
documento cujo emissor responsável é o exportador/vendedor. Nele, são listadas
especificações da carga, como quantidades, pesos, volumes, conteúdos, porém sem
mencionar qualquer informação a respeito de valores. Não é um documento
obrigatório, porém pode se tornar quando exigido em embarques realizados sob carta
de crédito, por exemplo. (CASTRO, 2011).
Outro documento importantíssimo nos embarques internacionais é o
conhecimento de embarque aéreo, ou Airway Bill (AWB). Assim como a fatura
comercial, ele também é exigido pela aduana do país de destino para a liberação da
mercadoria, e sua emissão é de responsabilidade do agente de cargas que está
realizando o transporte da mercadoria. (CASTRO 2011). O AWB “[...] formaliza e
define a data de embarque da mercadoria para o exterior, assim com identifica quem
é o proprietário legal da carga.” (CASTRO, 2011, p. 42).
Vieira (2001) ainda complementa que o conhecimento de embarque aéreo pode
ser de três tipos: o AWB que é um conhecimento da companhia aérea, emitido por ela
ou pelo agente embarcador em nome do exportador, utilizado em embarques não
consolidados, isto é, em exportações feitas diretamente do exportador para o
24
importador sem intermédio de um agente de cargas no destino; existe também o
Master Airway Bill (MAWB), que se caracteriza por ser um conhecimento emitido
diretamente para a companhia aérea pelo agente de cargas em casos de embarques
consolidados, em que o agente unifica em único documento cargas de diferentes
exportadores. Esse documento não é entregue aos exportadores, pois para eles existe
House Airway Bill (HAWB) que representa cada carga individual. O HAWB, portanto,
“[...] trata-se do Conhecimento de Embarque emitido pelo agente de cargas e entregue
a cada embarcador, correspondente a parte ou fração da carga total consolidada no
MAWB.” (VIEIRA, 2001, p. 113). Esses contratos de transporte possuem números que
identificam os Conhecimentos de Embarque. Para os MAWBs, a formatação desses
números é padrão, sendo o mesmo composto de 11 dígitos. Os três primeiros
identificam a companhia área que irá transportar a mercadoria. Os sete números
seguintes são uma sequência numérica de talonário e o último número é o dígito
verificador. Já para os HAWBs, não segue nenhuma regra ou padrão estipulado,
apenas tendo que se restringir a no máximo 11 dígitos, sendo eles letras, números ou
outros caracteres. (FERREIRA, 2003).
Entre as muitas finalidades do AWB, o conhecimento de embarque aéreo serve
como comprovante de entrega da mercadoria por parte do exportador (por meio de
seu agente de cargas) à companhia aérea para o transporte internacional. Assim, o
AWB funciona como recibo de entrega para os casos em que é necessário comprovar
a entrega da mercadoria para o importador para receber o pagamento pela exportação
(crédito documentário). O AWB também é a formalização do contrato de transporte
entre o agente embarcador e a companhia aérea. (VIEIRA, 2001). Ainda segundo
Vieira (2001, p. 113-114), o AWB tem por função:
[…] representar um título de propriedade da mercadoria (transferível e negociável). O Conhecimento de Embarque Aéreo serve também como fatura de frete, contendo dados da mercadoria, descrição do vôo, tipos de tarifa e cálculo de seu valor e como certificado de seguro, nos casos em que a mercadoria é segurada através da companhia aérea.
O conhecimento de embarque aéreo é composto por três vias originais que
possuem destinatários diferentes. A primeira via é sempre dada à companhia aérea;
a segunda via original acompanha carga durante o voo e é entregue ao importador no
destino, pois é com esse documento que ele entrará com o processo de liberação da
mercadoria; e a terceira via original fica com o agente embarcador, que posteriormente
25
o entrega ao exportador. Este, por sua vez, o repassa ao banco como comprovação
de que cumpriu com a obrigação de embarcar o material e que agora pode receber
seu pagamento. São emitidas também cópias dos AWBs, que são entregues às outras
partes envolvidas nos embarques, como agentes de carga, aduana, aeroportos de
transbordo e destino, entre outros. (VIEIRA, 2001).
Outro documento utilizado nas exportações é o Certificado de Origem. “O
Certificado de Origem é um documento que atesta a origem da mercadoria exportada
e concede benefícios ao importador, como redução ou isenção de impostos”
(FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS E DE SERVIÇOS DO RIO
GRANDE DO SUL (FEDERASUL), 2015). Este documento geralmente é utilizado nos
embarques com destino a países pertencentes a determinados blocos econômicos,
como o Mercosul e Aladi, sendo seu preenchimento realizado pela empresa
exportadora e sua emissão é de responsabilidade dos órgãos credenciados pelo
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). (CASTRO, 2011).
Como último documento de exigência obrigatória, lista-se a Nota Fiscal (NF).
Este documento é sempre emitido em português, em moeda nacional e contra o
destinatário da mercadoria no exterior. A NF acompanha a carga durante o trajeto
desde a saída da fábrica do exportador até o aeroporto de embarque da mesma para
fora do Brasil. (CASTRO, 2011).
Castro (2011) ressalta também que existem diversas similaridades entre a
documentação que se utiliza numa venda para o mercado interno e uma exportação,
isso porque muitos dos documentos que são utilizados na exportação têm seus
equivalentes nas negociações do mercado doméstico. Por exemplo, uma proposta de
venda no mercado interno tem a mesma função que uma fatura pro forma; um
conhecimento de embarque terrestre possui a mesma finalidade de um AWB; a nota
fiscal também é utilizada da mesma maneira nos dois tipos de transações. Ele ressalta
ainda que, por causa dessa similaridade, não se pode atribuir a falta de interesse em
exportar à burocracia envolvida nas documentações de uma operação de exportação,
visto que as exigências para o comércio nacional em relação à documentão são
praticamente as mesmas, salvos os casos em que o país importador exige
documentos mais específicos.
É importante conhecer a documentação de embarque e os itens obrigatórios
que devem ser enviados junto com a carga para que não haja problemas no momento
do embarque, nem com a aduana brasileira, nem com a companhia aérea que fará o
26
transporte da carga. Além da documentação, o estado físico da carga também precisa
ser levado em conta. O próximo capítulo trata da preparação da mercadoria para
embarque, tanto em termos de unitização das cargas quanto de embalagens.
27
2.3 Embalagens e Procedimentos para Cargas de Exportação Aérea
O processo de preparação da carga para embarque deve ser feito com cuidado
e atenção, visando deixar o material apto para embarcar sem que o mesmo esteja
exposto a riscos durante o transporte. Essa se configura como a etapa inicial de um
embarque de exportação, começando no setor de expedição da fábrica do exportador,
em que deve ser escolhida o melhor tipo de embalagem para a carga. (FERREIRA,
2003). Segundo Ferreira (2003, p. 61) “[…] a escolha da(s) embalagem(s) deverá ser
pensada visando preservar, identificar, facilitar o manuseio, ou seja, permitir que as
movimentações com a carga não afetem seu conteúdo.”
Segundo Banzato e Moura (1997), para se definir o material do qual será
constituído a embalagem, deve-se conhecer detalhadamente as especificações e
características dos produtos, o processo de distribuição física e o cliente final. Os
materiais que compõem a embalagem podem passar por diversos tratamentos a fim
de aumentar sua resistência, o que garante mais proteção ao produto interno. Desta
forma, existem cinco grandes grupos de embalagens que são utilizados no
acondicionamento dos produtos, sendo eles madeira, papel e cartão, metal, vidro e
plásticos.
A madeira foi por muito tempo um dos materiais mais utilizados na confecção
de embalagens, isso por ser resistente, durável e garantir maior proteção para o
produto. Porém, com o aumento do desmatamento e o surgimento de outros materiais
concorrentes, tais como o papel ondulado, ela vem perdendo espaço. Este, por sua
vez, é o que mais tem sido usado na indústria de embalagens, uma vez que tem baixo
custo, baixo peso e é de fácil processamento, além de ser econômico e versátil.
Atualmente, o papel ondulado (que é composto de um miolo ondulado fixado a duas
capas planas) é a embalagem mais comum utilizada nos transportes. O metal também
é bastante utilizado como embalagem, principalmente no seu formato cilíndrico, uma
vez que é resistente a golpes e a altas temperaturas, permite conservação do produto,
evita corrosão e garante impermeabilidade ao produto interno. O vidro também é uma
embalagem de baixo custo, porém apresenta características que dão ao produto
aparência mais atraente, além de também serem resistentes ao tempo, calor, entre
outros fatores. De fato, a característica mais importante das embalagens de vidro é a
proteção interna, desde que bem-feita, esta embalagem pode proteger o produto de
28
quase todos os agentes externos, à exceção da luz. O plástico pode apresentar
diferentes densidades e espessuras, porém sua característica principal é por ser leve,
de grande durabilidade, e por ser flexível, podendo se moldar aos mais diversos tipos
de produtos, desde aqueles que necessitam ser envazados em garrafas ou potes até
produtos perecíveis que precisar viajar embalados à vácuo. (BANZATO; MOURA,
1997).
Neste tópico foi apresentado a importância de uma boa preparação de
embalagem para o transporte das mercadorias e os principais tipos de materiais
utilizados nessas embalagens a fim de garantir a segurança do produto interno. A
seguir será explicado o conceito de unitização e a importância desse processo para o
transporte das mercadorias.
2.3.1 Unitização
De acordo com Ferreira (2003, p. 61), as embalagens podem ser do tipo
primárias ou de consumo, que:
Protegem diretamente o produto, podendo inclusive apresentar-se na forma e condição de exposição e venda (ex.: displays, galões, etc.), inclusive com as informações de identificação do produto, suas características, informações quanto a utilização e ainda utilizando-se de estratégias e recursos de marketing.
Ainda segundo Ferreira (2003), as embalagens primárias impactam
diretamente no custo da entrega do produto final, visto que elas devem ser
desenvolvidas visando otimizar o espaço para transporte das mercadorias,
principalmente em se tratando do transporte aéreo, cujo espaço é reduzido e bem
concorrido. Assim, quanto maior o aproveitamento do espaço, menor será o custo
deste transporte. Além disso, cada vez mais exportadores do mundo todo têm se
preocupado com a ocupação e aproveitamento do espaço ocupado por suas cargas
no transporte, adaptando as embalagens e/ou produtos de forma que sejam reduzidos
ao máximo os espaços não aproveitados entre eles (desperdício de espaço).
Existem também as embalagens secundárias, também chamadas de
transporte, cuja função é “[...] proteger a embalagem primária, proporcionando
acondicionamento adequado, segurança e agilidade em sua manipulação,
movimentação, transporte e estocagem.” (FERREIRA, 2003, p. 62). As embalagens
29
secundárias assumem a finalidade de unitizar e agrupar as embalagens primárias, o
que impacta diretamente na redução de custos que podem ser percebidos ao longo
de todo o processo logístico, desde o transporte (tarifa de frete), até custos
relacionados a extravios e avarias. Tem aumentado consideravelmente a utilização
de embalagens secundárias do tipo amarrado, que usam filmes encolhíveis ou
esticáveis para unitizar as unidades individuais (embalagens primárias) em um único
volume, o que fornece mais segurança para os bens transportados. (FERREIRA,
2003).
No momento da entrega da carga para o transporte, ela pode ser apresentada
ao transportador de forma avulsa (volumes soltos) ou unitizada (agrupada). Por
unitização, entende-se que todos os volumes serão entregues em uma única Unity
Load Device (ULD), ou unidade de entrega de cargas. Segundo Vieira (2001, p. 112)
“Entende-se por equipamento de unitização de carga (Unit Load Device – ULD)
qualquer tipo de pallet ou contêiner, utilizado no transporte aéreo, que permita o
transporte de um lote de materiais.” Os ULDs podem pertencer tanto aos próprios
transportadores quanto aos embarcadores ou empresas de leasing. Quando de
propriedade da própria companhia aérea, os ULDs se encaixam perfeitamente ao
espaço interno da aeronave, o que permite uma otimização por completo. Quando de
terceiros, as ULDs precisam estar em conformidade com o que é exigido pela
International Air Transport Association (IATA). (VIEIRA, 2001).
A unitização das cargas, então, significa a entrega de dois ou mais volumes em
uma única ULD. A consolidação de várias cargas em um único MAWB também é uma
forma de unitizar os bens no momento do embarque. O agrupamento das cargas
facilita a movimentação dos volumes nas transições entre os modais, quando é
necessário utilizar mais de um tipo de meio de transporte na exportação. (FERREIRA,
2003). Segundo Banzato e Moura (1997), a unitização de mercadorias significa o
acondicionamento de diversos volumes, podendo estes estarem embalados ou não,
em unidades maiores padronizados, o que possibilita a movimentação mais segura
das cargas ao longo da cadeia de transportes. Keedi (2008) complementa que cargas
unitizadas agilizam as etapas de embarque e desembarque, fazendo com que elas
ocorram mais rapidamente, uma vez que os volumes podem chegar até 4,5 toneladas.
Essas unidades podem ser dos mais diversos formatos e tamanhos, isso porque na
grande maioria das vezes, elas são feitas para atender as demandas do exportador,
30
ao contrário do marítimo, em que se utilizam os containers, isto é, as embalagens
utilizadas na exportação aérea não necessariamente precisam seguir um padrão.
Vieira (2001, p. 112) afirma ainda que:
A unitização de cargas possibilita um aproveitamento mais eficiente da capacidade das aeronaves; facilita o manuseio da carga, pois reduz o número de volumes soltos; minimiza os riscos e furtos e danos à carga por exposição às intempéries e pelo próprio manuseio dos volumes e permite uma redução de fretes para o usuário, já que a carga consolidada pode ser tarifada em uma faixa superior de peso.
Um aspecto importante em relação às embalagens são suas marcações, que
visam não somente indicar qual o destino e o destinatário da mercadoria, mas também
orientar o modo como o volume deve ser manuseado ao longo do transporte. Além
disso, para os casos em que o produto interno é perigoso, as marcações indicam o
grau de periculosidade do produto. A falta dessas marcações pode levar quem está
transportando a mercadoria a violar os volumes para checar se o conteúdo interno
está de acordo com o packing list, além de implicar também em possíveis atrasos na
entrega. (BANZATO; MOURA, 1997). Para fins de exportação aérea, os volumes
devem estar etiquetados, independentemente de serem cargas unitizadas ou
fracionadas, e nestas estas etiquetas devem constar informações do aeroporto de
origem, destino, número do AWB ou MAWB e HAWB (para o caso de cargas
consolidadas), bem como quantidade de volumes e o peso bruto total da carga. É
necessário que haja redobrada atenção por parte do expedidor ou agente de cargas
no momento de fazer a identificação dos volumes, a fim de evitar que ocorra troca das
etiquetas entre os lotes que estão sendo embarcados, principalmente nos casos de
embarques consolidados (cargas de diferentes exportadores embarcadas sob um
mesmo MAWB). Embalagens feitas de madeira, tambores ou outros tipos cujas
superfícies sejam engorduradas podem representar problemas para a etiquetagem, já
que o material prejudica a afixação e as etiquetas podem se desprender durante o
trajeto da mercadoria. Isso dificulta a identificação das cargas no destino final, o que
pode causar problemas no momento da liberação da carga junto à aduana local. É
necessário então investir em outras formas de identificação do volume, outros tipos
de etiquetas, e fazer o acompanhamento do material ao longo de todo o transporte.
(FERREIRA, 2003)
Em relação às dimensões, Keedi (2008) afirma que diferentemente do container
no modal marítimo, os ULDs utilizados no aéreo são padronizados em polegadas
31
(unidades de medida), enquanto que os containers são medidos em pés. Uma ULD
no modal aéreo tem por medida base 125' x 86', o que corresponde a
aproximadamente 317 cm por 218 cm de comprimento e largura, respectivamente.
Em relação à altura, esta depende muito do tipo de aeronave no qual a carga
embarcará, podendo ela ser de 1,60 m para aviões passageiros e até 3,0 m em aviões
cargueiros. Quanto aos tipos de aeronaves, existem três principais: de passageiros
(full pax); apenas de cargas (full cargo); e as mistas, que combinam cargas e
passageiros, chamadas de combi. (KEEDI, 2008).
Existem ainda diversos tipos de equipamentos auxiliares no transporte aéreo,
utilizados no momento de carregar o avião com as cargas de exportação. “Entre eles
temos os Loaders, MainDecks, esteiras, rebocadores e seus Dolleys ou carretas,
empilhadeiras, carros porta-paletes [...].” (FERREIRA, 2003, p. 66). Além deles,
existem também equipamentos que permitem integração com o modal rodoviário no
momento da descarga dos caminhões, como as plataformas de docagem com rampas
de nivelamento, presentes na maioria dos armazéns. Em determinados terminais
existem ainda equipamentos utilizados na movimentação dos materiais que permitem
uma manipulação mais cuidadosa e sem impactos no momento do carregamento da
aeronave, como por exemplo esteiras “roletadas”, que fazem as cargas deslizarem
até o local de destino. (FERREIRA, 2003). Os aeroportos também necessitam estar
devidamente equipados para receber as aeronaves, o que exige uma estrutura
adequada. Parte do que compõe essa estrutura são os terminais de carga (TECA),
que são utilizados para o armazenamento das cargas de exportação e importação.
(KEEDI, 2008).
Este capítulo tratou basicamente dos processos de embalagem e unitização de
mercadorias e a grande importância dessa etapa para o transporte. É necessário que
o departamento de expedição da empresa exportadora analise bem o tipo de produto
que será transportado e as condições de transporte a fim de definir qual o melhor tipo
de embalagem para cada mercadoria. O próximo capítulo tratará da armazenagem
das cargas dentro do armazém alfandegado, bem como da infraestrutura do local e
sistema utilizados para o controle das mercadorias que entram e saem do recinto.
32
2.4 Processos de Armazenagem
Em se tratando de embarques de exportação aérea cuja origem se dá em
armazéns alfandegados, faz-se necessário explorar também a armazenagem das
mercadorias e seus processos. Segundo Banzato et al. (2010), a armazenagem tem
como função principal a administração do espaço e do tempo, de forma que a
utilização do espaço seja efetiva e o tempo, que é bem mais difícil de ser controlado,
seja otimizado o máximo possível. Asteggiano e Silva (2010, p. 11) definem
armazenagem como “[...] um conjunto de atividades que são realizadas em um local
específico dentro da cadeia logística, vinculando estas atividades à estocagem e à
movimentação de mercadorias que estão à espera de uma utilização posterior [...].”
Moura (1997, p. 3) complementa que armazenagem é a “[...] atividade que diz respeito
à estocagem ordenada e à distribuição de produtos acabados dentro da própria fábrica
ou em locais destinados a este fim, pelos fabricantes, ou através de um processo de
distribuição.”
Os armazéns alfandegados, também conhecidos como portos secos, “[...] são
recintos alfandegados de uso público nos quais são executadas operações de
movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e de bagagem,
sob controle aduaneiro.” (BRASIL, 2009). Também caracterizados como zonas
secundárias, Werneck (2001, p. 56) afirma que as mesmas são “[...] unidades para
armazenamento de mercadorias importadas ou a exportar e os depósitos de remessas
postais internacionais.” Nesses locais em que a mercadoria fica armazenada
aguardando liberação e embarque, há a cobrança da armazenagem pelo depositário
em função do tempo de estadia da mercadoria no armazém, da área ocupada, do tipo
de carga, entre outros fatores. (WERNECK, 2001).
A atividade de armazenagem é antiga, tendo seus primeiros registros nos livros
bíblicos como forma de reservatório de abastecimento para as grandes cidades.
Atualmente, existem outros motivos que justificam o armazenamento de bens, mas o
propósito inicial ainda pode ser verificado em diversos casos. No decorrer da história,
a armazenagem evoluiu de um mero local de estocagem para uma forma de
consolidação de cargas, o que possibilitou a economia de transporte, uma vez que ao
unir diversos volumes em um mesmo local de coleta, entrega e distribuição, reduz-se
o custo total do transporte. Ao longo do século 20 houve um aumento no número de
33
centros de distribuição inaugurados, de forma a melhorar os serviços de entrega para
o cliente final. (BANZATO et al. 2010). Vale destacar ainda que a armazenagem “[...]
engloba uma série de atividades que são realizadas nas estruturas físicas destinadas
à guarda de mercadorias, quer sejam mercadorias prontas, matérias-primas ou
insumos, e que envolvam a movimentação ou não de mercadorias.” (ASTEGGIANO;
SILVA, 2010, p. 11).
É importante ressaltar que existe diferença entre os conceitos de armazenagem
e estocagem, uma vez que esta última é uma das atividades desenvolvidas dentro da
armazenagem. A armazenagem envolve atividades de movimentação de cargas que
incluem o recebimento, conferência, expedição, estocagem do material, contagem,
etc., e por estocagem entende-se somente o processo de guarda estática do material,
enquanto que a armazenagem é uma atividade dinâmica da logística. (BALLOU,
2006). Para Moura (1997, p. 4) estocagem “É uma das atividades do fluxo de materiais
no armazém e o ponto destinado à locação estática dos materiais. Dentro de um
armazém, podem existir vários pontos de estocagem.”
Em relação à administração do espaço em armazéns, a tecnologia hoje
proporciona hardwares e softwares que auxiliam no controle do espaço, utilizando-se
de ferramentas de localização e reporte sobre as condições do espaço. Porém, mais
que um sistema de última geração, é necessário que haja disciplina dentro do
armazém. Isso quer dizer que os operadores logísticos que trabalham dentro do local
devem manter o sistema sempre atualizado, de forma que não existam furos nem falta
de informação a respeito dos bens armazenados, o que pode causar falha no sistema
localizador. Assim, toda vez que algo é guardado dentro do armazém, sua exata
localização deve ser registrada no sistema; caso o bem saia do armazém, o espaço
vazio deve ser registrado, e assim por diante. (BANZATO et al., 2010). “Os executivos
de logística vêem a tecnologia de informação como uma fonte importante de melhoria
de produtividade e competitividade.” (BOWERSOX; CLOSS, 2010). Segundo Banzato
et al. (2010, p. 10):
Existem sistemas localizadores fixos e aleatórios. Num sistema fixo, o espaço é reservado para cada item numa base permanente. O sistema aleatório permite que as pessoas selecionem um local para cada item e sistemas aleatórios certamente funcionam melhor com suporte do computador. O objetivo é uma combinação, utilizando locais fixos num corredor de separação de pedidos e locais aleatórios nas áreas de estocagem de reserva.
34
Dentre os sistemas de softwares mais utilizados, Asteggiano e Silva (2010)
destacam os Enterprise Resource Planning (ERP), os Electronic Data Interchange
(EDI), os Radio Frequency Identification – radiofrequência – (RDI), e os Warehouse
Management System (WMS).
Os ERP são sistemas que “[...] planejam, executam e controlam todas a
necessidades da empresa, incorporando as atividades de recursos humanos,
finanças, produção, estoque e integram a maioria dos processos de negócio da
empresa [...].” (ASTEGGIANO; SILVA, 2010, p. 33). Os ERP são sistemas
desenvolvidos por empresas especializadas em softwares e o principal objetivo deles
é centralizar as operações da organização. (ASTEGGIANO; SILVA, 2010).
O EDI funciona como um sistema para integrar a comunicação entre duas
empresas de forma eletrônica, dispensando assim o uso de recursos como correio,
courier, entre outros. (BOWERSOX; CLOSS, 2010). Segundo Bowersox e Closs
(2010, p. 191), o EDI apresenta vantagens que incluem: “[...] (1) aumento da
produtividade interna, (2) relacionamentos mais eficazes no canal, (3) aumento da
produtividade externa, (4) aumento da capacidade de competir internacionalmente e
(5) redução do custo operacional”.
Os EDI são bem mais que um sistema informatizado de trocas online. Eles
representam uma forma de interação de toda a cadeia de suprimentos que obedece
a padrões internacionais em relação ao intercâmbio de informações. Os EDI possuem
determinadas características, tais quais a flexibilidade do sistema de distribuição, que
facilita o processamento das informações ao longo da cadeia por aproximar seus elos;
a minimização de erros pois permite maior acuracidade em informações como local
de entrega, data, quantidade, etc.; informações atualizadas em tempo real; permite
operações administrativas melhores e maior controle da gestão vertical da
organização. (ASTEGGIANO; SILVA, 2010).
A utilização do código de barras e leitura óptica como importantes para a coleta
e troca de informações, permitindo assim saber os trâmites realizados com as cargas
dentro dos armazéns, sua localização, atividades ocorridas no local de estocagem,
entre outros benefícios. Os equipamentos utilizados nos armazéns, coletores e os
leitores de dados, se diferenciam na questão do processamento dos dados, em que o
primeiro tem capacidade autônoma para armazenar os dados devido a um software
interno, enquanto que o outro só lê os dados e os envia a um computador que se
encarrega de processar e armazenar as informações. (BOWERSOX; CLOSS, 2010).
35
Segundo Asteggiano e Silva (2010, p. 36), a radiofrequência:
[...] consiste na utilização de uma etiqueta inteligente, que na verdade é um chip ou tag, contendo determinada informação, que quando entra em contato com o campo magnético, geralmente emitido por uma antena de radiofrequência, recebe uma carga magnética que o energiza e faz transmitir de forma automática, sem nenhuma interferência humana, as informações que estejam em seu interior.
A utilização da RFID na armazenagem, mesmo que em pequena proporção,
traz vantagens em relação à agilidade na movimentação das mercadorias e a redução
de erros dentro do armazém; traz maior segurança aos bens armazenados;
atualização constante do registro das cargas armazenadas; maior controle sobre os
prazos de validade dos bens guardados; otimização da atividade de separação e
utilização do espaço para estocagem; e controle sempre atualizado das mercadorias
estocadas. (BEZERRA; MONTEIRO, 2003).
Os WMS evoluíram dos antigos sistemas de controle de armazéns, que tiveram
funções incrementadas para melhorar a qualidade da gestão. Até então, os sistemas
somente conseguiam fazer o controle daquilo que entrava ou saída do armazém. Com
o aprimoramento dos sistemas, foi possível desenvolver outras funcionalidades, como
a capacidade de localização da mercadoria dentro do armazém, o que possibilitou a
estocagem das cargas em diversas localidades de acordo com a disponibilidade de
espaço. Assim, nasceram nos Estados Unidos na década de 1970 os WMS que
permitiam rastrear os materiais em tempo real e gerenciar os armazéns. (BARROS,
2005). Para Banzato (1998) o sistema WMS é um software de gestão, que otimiza as
atividades tanto operacionais quanto burocráticos, englobando todas as etapas do
processo de armazenagem, desde o recebimento até a expedição e emissão de
documentos. Os sistemas de gerenciamento de armazenagem controlam de forma
eletrônica todas as operações desenvolvidas dentro do armazém, utilizando-se de
diversas ferramentas para atribuir mais acuracidade às informações, diminuir a
intervenção humana e minimizar ao máximo erros dentro do processo de
armazenagem.
É necessário que haja um bom planejamento do espaço de estocagem e os
sistemas localizadores podem ser grandes parceiros nesta questão, visto que muitas
vezes o local de armazenamento é decido pelo operador que está fazendo o manuseio
do material. É inegável que os operadores dos armazéns executam bem suas
atividades, porém os mesmos não são treinados para planejar o espaço, e se essa
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questão não for controlada o resultado será um layout de estocagem ruim. (BANZATO
et al. 2010). A unitização de materiais no momento da estocagem e armazenamento
também é um fator que auxilia na otimização do espaço dentro do armazém, sendo
bastante comum utilizar paletes, que podem ser feitos dos mais diversos tipos de
material, como madeira, plástico, ferro, etc., que facilitam a movimentação vertical e
horizontal dos bens guardados. (ASTEGGIANO; SILVA, 2010).
Asteggiano e Silva (2010) comentam que existem alguns tipos de recursos
estruturais que devem ser utilizados a fim de garantir uma boa performance do
armazém, a começar pelas estruturas prediais. Dentre os tipos mais comuns pode-se
citar os silos, utilizados com a finalidade de estocagem de grãos, etc. Existem também
os depósitos, que são os mais usados na armazenagem de matérias-primas e bens
acabados. Seu conceito pode ser confundido com centro de distribuição, porém eles
se diferem, pois, o centro de distribuição é construído próximo aos clientes finais
visando agilidade na entrega. Já os depósitos possuem caráter de armazenamento
de matérias primas e mercadorias acabadas, que podem ser distribuídas tanto para
outras unidades da empresa quanto para os clientes finais.
Os sistemas de codificação, sendo o mais utilizado o sistema de código de
barras, proporciona ao armazém maior controle sobre as operações realizadas, o que
auxilia na redução de custos e aumento da qualidade de serviço prestado ao cliente.
O sistema de código de barras serve principalmente para aprimorar as atividades
relativas ao controle das mercadorias que entram e saem do armazém, sendo ideal
para armazéns que possuem grande volume de operações. (BECKEDORFF;
GÄRTNER, 2008)
Segundo Asteggiano e Silva (2010), os armazéns contam com estruturas que
auxiliam na verticalização dos estoques. Algumas delas são:
a) porta paletes: basicamente é uma estrutura cuja finalidade é armazenar
mercadorias unitizadas em um palete, podendo este ter as mais variadas
formas e tamanhos;
b) drive in: também é uma estrutura destinada ao armazenamento de
mercadorias em paletes, porém seu diferencial fica nos termos de altura e
profundidade. É utilizado somente um corredor para todas as ruas e as
saídas das mercadorias se dão por um único lado;
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c) drive in dinâmico: esta estrutura armazena os paletes em roletes que
permitem o deslocamento mais rápido dos bens para os locais de saídas.
Para o acesso às ruas são necessários somente dois corredores;
d) porta paletes deslizantes: é uma estrutura automatizada que consiste em
estruturas que se deslocam sobre trilhos no piso à comando dos operadores.
A vantagem dessa estrutura é que ela permite aproveitar até 85% do espaço
destinado à estocagem, pois reduz o número de corredores do armazém;
e) push back: esta estrutura é composta por estantes que possuem carrinhos
que operam no sistema de rodízios. Assim, quando um deles fica vazio, o
carrinho fica de frente para o corredor e conforme vai recebendo as cargas,
o mesmo empurra os demais carrinhos para trás;
f) cantilever: são estantes que possuem espécies de braços que servem de
suporte, chamados de “mão francesa”, ideais para o armazenamento e
material com tamanhos e formas variados, tais como tubos, madeiras, etc.;
g) flow rack: esta estrutura é composta por trilhos que permitem o
deslocamento das mercadorias até o local onde será feita a separação dos
materiais, sendo ideal para a armazenagem de bens pequenos, fracionados
e que possuem alto giro;
h) estantes: as estantes são estruturas mais simples, porém muito utilizadas,
no momento de armazenar mercadorias que sejam leves e fáceis de
manusear, permitindo fácil acesso dos operadores aos bens.
Existem equipamentos que auxiliam na movimentação das cargas dentro dos
armazéns, sendo eles de dois tipos: movimentação horizontal e movimentação
vertical. Os equipamentos de movimentação horizontal podem ser carrinhos,
paleteiras, paleteiras elétricas e rebocadores, todos eles operados por pessoas. Os
equipamentos que dispensa o controle de operadores são as correias
transportadoras, sistemas de roletes, transportadores aéreas e os AGV. (BALLOU,
2006).
Os equipamentos de movimentação vertical podem ser transpaleteiras com
torre, mais utilizadas para pequenas alturas, empilhadeiras contrabalanceadas à
combustão, usadas em locais abertos ou de baixa elevação, empilhadeiras elétricas
retrateis e empilhadeiras elétricas pantográficas. Vale destacar que todos esses
equipamentos são manuseados por operadores. É muito importante ao selecionar os
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equipamentos de movimentação vertical verificar o layout do armazém, larguras dos
corredores, altura das estantes e as características dos materiais que serão
manuseados. (BALLOU, 2006).
O controle do tempo de serviço dentro de um armazém é bem mais complicado
de ser feito do que a administração do espaço, uma vez que não é possível
acompanhar todas as atividades realizadas dentro do armazém. O que se pode ter é
uma aproximada da duração do serviço é algo importante, além do estabelecimento
de indicadores de serviço que devem levar em conta também o tempo de realização.
A otimização do tempo depende muito dos operadores logísticos que trabalham dentro
do armazém e da disposição deles em realizar as atividades de estocagem,
carregamento, expedição, etc. Desta forma, se os funcionários estão motivados, a
produtividade no armazém é maior o que implica na utilização mais dinâmica do
tempo. Os fatores motivação e produtividade impactam também na qualidade do
serviço prestado aos clientes do armazém, portanto este é um indicador
importantíssimo no momento de mensurar os resultados do armazém. (BANZATO et
al., 2010).
Em relação às pessoas, Asteggiano e Silva (2010, p. 65) afirmam que “Surge a
necessidade de gestores e operadores mais qualificados, o que também demanda um
nível de remuneração mais adequado [...].” Segundo eles, a atividade humana sempre
foi essencial à armazenagem, porém o que se nota é a demanda cada vez maior por
mão-de-obra qualificada, em tempos em que a tecnologia e a automação estão
dominando o segmento de armazenagem. Os autores afirmam que falta à alta
gerência reconhecer que o perfil dos colaboradores envolvidos na logística mudou e
que isso demanda também renovação no sistema de remuneração, do contrário a falta
de profissionais e a ineficiência continuará a afetar as atividades de armazenagem.
(ASTEGGIANO; SILVA, 2010).
Mesmo considerados obsoletos em épocas em que se fala de estratégias just
in time, os armazéns ainda são um grande parceiro da logística, visto que ele serve
também como centro para consolidação e distribuição de mercadorias. Muitos estudos
são feitos de forma a otimizar os armazéns, trazendo inovações em tecnologia, layout,
ferramentas, sistemas de gerenciamento, etc. Assim, a empresa deve primeiro fazer
uma análise de custo x benefício a fim de verificar a real necessidade de se ter um
armazém e como isso vai impactar nos negócios em relação a custos logísticos de
qualidade de serviço para o cliente. Desta forma, os armazéns precisam ser cada vez
39
mais flexíveis a fim de atender as necessidades dos clientes. Uma vez que as
demandas dos clientes são muito voláteis, os armazéns precisam estar aptos a
receber e armazenar os mais diversos tipos de bens. Para tanto, os sistemas de
gerenciamento de armazéns devem estar em constante atualizados quanto às
exigências dos consumidores, de forma que eles estejam sempre preparados para
receber qualquer tipo de produto. Isso quer dizer que os armazéns precisam estar
configurados de forma que eles estejam sempre à frente daquilo que o cliente pode
exigir e não se basear somente em necessidades típicas. A flexibilidade precisa estar
presente em todos os componentes de um armazém, incluindo o recebimento,
expedição, rotulagem e embalagem, sistema de gerenciamento do armazém e
pessoal, pois somente assim é possível garantir as vantagens competitivas.
(BANZATO et al., 2010).
Dentre as vantagens que podem ressaltar a importância da armazenagem
pode-se destacar a economia no transporte, uma vez que é possível transportar
cargas completas de diversos clientes de uma única vez por estarem consolidados
em único local; condições tributárias melhores em função dos armazéns alfandegados
destinados ao armazenamento de mercadorias e matérias-primas importadas; em
atividades de transbordo e unitização de mercadorias, entre outras. (BALLOU, 2006).
Um armazém alfandegado precisa estar apto a receber todos os tipos de
mercadorias, uma vez que embarques internacionais não estão restringidos a
determinados produtos. Assim, neste tipo de armazém a flexibilidade é primordial visto
que é necessário fazer o manuseio, estocagem e transporte de produtos de forma
rápida e precisa. Para tanto, é necessário que o local conte com determinados
atributos que possibilitem a flexibilidade desejada, dentre eles equipamentos que
suportem o manuseio de produtos diversificados em termos de pesos, dimensões e
formatos. (BANZATO et al., 2010).
Também é possível aumentar a flexibilidade de um armazém por meio das
técnicas de estocagem, em que se pode classificar os tipos de produto e a melhor
forma de fazer o armazenamento dos mesmos. Além disso, a escolha do sistema de
gerenciamento, visto que isso permite a estocagem de diversos tipos de produtos em
diferentes locais. Banzato et al. (2010, p. 24) complementa ainda que:
Ao avaliar as alternativas de equipamentos, considere a economia de qualquer possível reajuste futuro. A flexibilidade total no armazém exige o mesmo de cada um de seus componentes. Um método de estocagem
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dominante atualmente é a utilização de equipamentos modulares, que permitem fácil adaptação a qualquer rearranjo no futuro. Dê preferência a equipamentos de estocagem com aberturas (vão livres) e tamanhos de contentores flexíveis. Além disso procure incorporar mezaninos no projeto, pois mesmo que eles não sejam necessários no momento, são meios econômicos de viabilizar flexibilidade futura.
A flexibilidade também pode ser atingida por meio dos equipamentos utilizados
dentro do armazém. Eles devem abranger o manuseio tanto de materiais e grande
porte quanto pequenos e a escolha destes equipamentos é feita com base no tipo de
estrutura do armazém, desde que se observe o complexo como um todo e não
somente características isoladas, como tamanho do prédio, forma, espaçamento das
colunas, etc. A flexibilidade é definida em grande parte pelo layout do armazém. Desta
forma, é importante que haja uma variedade ampla de produtos, pois isso proporciona
maior aproveitamento dos espaços e da estrutura do armazém. (BANZATO et al.,
2010).
Em relação aos processos de armazenagem, eles podem ser divididos em duas
categorias principais: processos de entrada, ou in bound, que envolvem as atividades
de recebimento, conferência, movimentação e abastecimento, encerrando-se no
momento em que as mercadorias estão estocadas em seus devidos lugares; e
processos de saída, também conhecidos como out bound, que se iniciam com a
separação dos materiais, ressuprimento, consolidação, conferência, embalagem e a
expedição. (ASTEGGIANO; SILVA, 2010).
O recebimento se dá de forma fiscal e física. O âmbito fiscal refere-se ao
recebimento das informações sobre a carga antes que a mesma seja fisicamente
entregue no armazém, de forma que possa ocorrer uma verificação antecipada dos
dados da NF que possibilitem saber se o material que será entregue está de acordo.
Qualquer discrepância encontrada poderá ser sanada antes mesmo que ocorra a
movimentação física da mercadoria, o que poupará tempo e custos. O recebimento
físico trata da descarga e paletização do material, e essa etapa está diretamente
ligada à conferência, que é outra atividade referente ao processo de armazenagem.
Na conferência ocorre a verificação das informações contidos na documentação com
o que está sendo recebido do veículo dentro do armazém, bem como são avaliados o
estado e validade da mercadoria. Se as informações de contagem estiverem de
acordo, o material é recebido e o motorista do veículo é liberado mediante a entrega
do recibo. Caso contrário, são realizadas novas contagens e se persistirem as
41
divergências deve ocorrer o ajuste junto aos fornecedores e clientes. A movimentação
refere-se basicamente ao deslocamento da carga até o local onde ela ficará
armazenada após seu recebimento físico e inclusão das informações no sistema. O
abastecimento é a alocação, em armazéns com estocagem verticalizada, das
mercadorias em locais elevados para movimentação futura ou mais próximo ao chão,
de forma que fiquem disponíveis para separação. A estocagem são as mercadorias
guardadas em determinados locais que aguardam movimentação futura. Esses locais
simulam os elementos de uma cidade, em que o armazém possui ruas, prédios,
andares e apartamentos. Com a estocagem encerra-se o processo de entrada e a
saída vai ser reflexo da qualidade do serviço prestado nesta etapa de acordo com as
informações alimentadas no sistema. (ASTEGGIANO; SILVA, 2010).
O processo de saída, ou out bound, tem início com a separação, que é a
retirada do material estocado conforme uma lista de separação, ou picking list, com o
objetivo de atender alguma demanda recebida dos clientes. Esta atividade é de
extrema importância e é que mais demanda controle por parte da organização, visto
que o fracionamento excessivo do que é retirado do estoque em relação às cargas
unitizadas que entram no armazém podem trazer dificuldades e possibilidade de erros.
O ressuprimento é ato de baixar mercadorias estocadas (nos casos de estoques
verticalizados) para níveis mais baixos e próximos ao chão a fim de deixá-los
disponíveis para a separação e facilitar o acesso aos mesmos. A consolidação
consiste em juntar mercadorias de diferentes lotes em um único para fins de
conferência, embalagem, expedição e transporte. A embalagem é feita após a
consolidação e conferência da mercadoria, com finalidade de proteger as
mercadorias, reduzir o número de volumes a serem transportados e facilitar o
carregamento e entrega. Na etapa de expedição é feita a conferência final das
mercadorias, estando esta etapa relacionada às atividades de roteirização das
entregas, carregamento de veículo e tudo que envolve o transporte entrega das
cargas para os clientes finais. Por fim, a contagem serve de apoio à atividade de
armazenagem e nela ocorrem contagens diárias de estoque com a finalidade de
melhorar os serviços dentro do armazém bem como manter controle da informação
de estoque. (ASTEGGIANO; SILVA, 2010).
É importante discutir sobre armazenagem e os processos que ocorrem dentro
dos armazéns pois grande parte do processo de exportação aérea acontece dentro
BAGERGS, uma vez que é lá que são recebidas as cargas, onde ela é preparada para
42
embarque, onde ocorre a liberação aduaneira, entre outros processos. O capítulo
seguinte tratará justamente da etapa de liberação aduaneira, englobando conceitos e
outras particularidades deste processo.
43
2.5 Despacho Aduaneiro de Exportação: Conceitos e Características
Uma das últimas etapas em um processo de exportação é a liberação
aduaneira da mercadoria pela SRF. “É a SRF que concretamente nacionaliza ou
desnacionaliza uma mercadoria, ao final do despacho de importação ou de
exportação.” (WERNECK, 2011, p. 22). Desta forma, um exportador pode estar apto
a exportar mercadorias devido ao RE, porém é a SRF, por meio da Aduana, que a
desembaraça para seguir com os trâmites de embarque. (WERNECK, 2011). Castro
(2011, p. 61) conceitua o despacho aduaneiro como o “[...] procedimento
administrativo por meio do qual o fiscal aduaneiro da Receita Federal do Brasil efetua
a conferência documental e/ou vistoria física na mercadoria a ser exportada, com
vistas a autorizar e legalizar sua saída para o exterior [...].” “Às medidas adotadas para
nacionalizar ou transferir uma carga sob controle aduaneiro dá-se o nome de
Despacho Aduaneiro.” (FERREIRA, 2003, p. 43). Werneck (2011, p. 17) complementa
ainda que:
Despacho aduaneiro é o procedimento fiscal mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador ou exportador em relação à mercadoria, aos documentos apresentados e à legislação vigente, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro (ver o art. 3 da IN SRF 69/96 e o § 2º do art. 1º da INSRF 28/94).
O tipo de conferência é determinado pelo SISCOMEX no momento da
parametrização, que é a seleção do canal de conferência aduaneira. (CASTRO,
2011). A parametrização, isto é, a seleção do canal de verificação ocorre de forma
aleatória com base em filtros estabelecidos pela SRF e programados no sistema. “Os
parâmetros ditados poderão ser: a situação de regularidade e históricos do CNPJ
importador/exportador, o capítulo, posição ou subposição da NCM objeto da
transação, a procedência ou destino da mercadoria [...].” (FERREIRA, 2003, p. 98).
Os canais podem ser de três tipos: verde, no qual a mercadoria está livre para
embarcar sem nenhum tipo de conferência; amarelo, no qual o fiscal faz somente a
conferência dos documentos de exportação; e o canal vermelho, em que ocorre não
só a conferência documental, mas também física da mercadoria. (CASTRO, 2011).
No canal vermelho o fiscal da SRF confronta os dados físicos da mercadoria com o
que está declarado na documentação. No canal amarelo (que também é conhecido
44
como canal laranja) a documentação é verificada, porém pode ocorrer também a
verificação da mercadoria caso o fiscal julgue necessário. E por fim, caso a mercadoria
caia em canal verde, ela está liberada, entretanto também pode passar por
conferência física e documental se for da vontade do agente aduanal. (FERREIRA,
2003).
O processo de liberação da mercadoria pode ser efetuado tanto pelo próprio
exportador quanto por um despachante aduaneiro, desde que este esteja
devidamente credenciado no Rastreamento da Atuação dos Intervenientes
Aduaneiros (RADAR) da empresa. (CASTRO, 2011). O RADAR permite que a SRF
monitore o tempo todo as atividades de comércio exterior do Brasil, disponibilizando
informações de natureza aduaneira, contábil e fiscal de todas as empresas. Esse
rastreio é possível pois para se ter acesso ao SISCOMEX é preciso também ter
cadastro no RADAR, do contrário não é possível fazer RE ou DDE. Quando o
exportador ou importador efetua o cadastro no RADAR a SRF o habilita para que ele
possa credenciar os despachantes aduaneiros no SISCOMEX. (ARAÚJO, 2009).
Resumidamente “O Despachante Aduaneiro é um profissional, registrado na
Secretaria da Receita Federal, que pode representar, perante a Receita, o importador
ou o exportador no desembaraço de suas mercadorias.” (WERNECK, 2001, p. 17). O
despachante aduaneiro é um representante legal do importador ou exportador junto à
SRF e cabe a ele efetuar todos os procedimentos que envolvem o despacho
aduaneiro, desde a elaboração e registro de RE e DDE até a entrega ou retirada da
mercadoria. É de responsabilidade do despachante aduaneiro iniciar e concluir o
desembaraço de exportação ou importação na unidade de despacho, tanto primária
quanto secundária. (FERREIRA, 2003).
Para exercer as atividades de despachante aduaneiro, é necessário que o
mesmo esteja legalmente credenciado junto à SRF. Inicialmente, a pessoa
interessada adquire o registro de Ajudante de Despachante Aduaneiro, no qual ele
deve estar vinculado a um Despachante que já seja credenciado. Após dois anos
como ajudante e tendo exercido atividade em pelo menos três importações, a pessoa
pode solicitar então o registro como Despachante Aduaneiro, estando então
autorizado para exercer todas as atividades de despacho aduaneiro. (FERRERIA,
2003).
O ajudante de despachante aduaneiro pode desempenhar inúmeras atividades,
dentre elas preparar a documentação necessária ao desembaraço, dar entrada com
45
a mesma na SRF e acompanhar a tramitação do processo de despacho; acompanhar
e dar suporte no momento da verificação física e documental; receber mercadorias
liberadas, solicitar e dar suporte à vistoria aduaneira. Já o despachante pode
desempenhar todas essas atividades e ainda solicitar a desistência de vistoria
aduaneira, subscrever documentos que servem de base ao desembaraço, atuar como
recebedor de intimações, atuações, notificações etc., além de subscrever termos de
responsabilidade. (WERNECK, 2001).
Nesta seção foram apresentados alguns conceitos acerca da liberação
aduaneira e dos processos envolvidos na desnacionalização de mercadorias para
serem exportadas. Este tópico é importante pois ajuda aclarar algumas
particularidades do desembaraço aduaneiro e desmistificar um pouco este processo
em termos de documentação e das etapas da liberação. A seguir serão discutidos
alguns dos procedimentos envolvidos na liberação aduaneira de mercadorias no
comércio exterior.
2.5.1 Procedimentos de Desembaraço de Exportação
Segundo Werneck (2001, p. 118) “O despacho aduaneiro de exportação é o
procedimento fiscal para desembaraçar a mercadoria destinada ao exterior, seja
exportada, seja reexportada por ter sido importada a título não definitivo.” O
regulamento aduaneiro informa que “Desembaraço aduaneiro na exportação é o ato
pelo qual é registrada a conclusão da conferência aduaneira, e autorizado o embarque
ou transposição de fronteira da mercadoria.” (BRASIL, 2009). O início do processo de
despacho de exportação envolve o registro do RE e depois a formulação da DDE,
sendo que esta pode englobar vários REs. (WERNECK, 2001).
Conforme o Regulamento Aduaneiro o RE compreende uma série de
informações de cunho comercial, financeiro, cambial e fiscal que são necessários à
operação de exportação, e o mesmo deve ser registrado conforme as normais da SRF.
Desta forma, o RE registrado no SISCOMEX é indispensável nas exportações, salvo
casos específicos, para embarques de quaisquer mercadorias, sejam elas nacionais,
nacionalizadas ou bens que estejam sendo reexportados. (BRASIL, 2009). A DDE é
o documento que serve de base para o desembaraço de exportação. Uma vez
registrado, a declaração de exportação só pode ser alterada ou cancelada por alguma
autoridade aduaneira. (BRASIL, 2009).
46
Quando da entrega da mercadoria no armazém alfandegado ou terminal de
carga (no caso dos aeroportos), é necessário que o depositário confirme que recebeu
a carga. A isso se dá o nome de presença de carga e a mesma é acusada via
SISCOMEX. Nos casos em que o local de armazenagem não é alfandegado, o próprio
despachante pode solicitar a presença de carga. (WERNECK, 2001). Quando a
presença de carga é informada, o despachante deve apresentar à Unidade da SRF
do armazém alfandegado ou aeroporto um conjunto de documentos composto pelo
extrato da DDE ou DSE, uma cópia da NF, uma via original do Conhecimento de
Embarque (HAWB ou AWB direto) entre outros documentos que possam ser
solicitados pela SRF ou pela legislação. (CASTRO, 2011).
Após recepcionado, o despacho passa por uma rápida conferência pela Receita
e então ele é recepcionado na unidade de despacho via sistema. A finalidade dessa
verificação é checar se os dados lançados no SISCOMEX batem com o que está
declarado na documentação. Após isso ocorre a seleção do canal de verificação
(parametrização), podendo estes ser o verde, amarelo (laranja) ou o vermelho. A partir
daí o despachante, ou quem quer que esteja responsável pelo desembaraço, precisa
consultar o status do desembaraço e verificar se a mercadoria já está liberada para
seguir embarque. (WERNECK, 2001).
Em relação à verificação aduaneira, o regulamento informa que “[...] tem por
finalidade identificar o exportador, verificar a mercadoria e a correção das informações
relativas à sua natureza, classificação fiscal, quantificação e preço [...]” (BRASIL,
2009). É desta forma que a SRF consegue checar se o exportador cumpriu com todas
as obrigações, sejam elas fiscais ou de outro tipo, necessárias à realização das
exportações. (BRASIL, 2009).
O desembaraço de exportação é finalizado quando a carga efetivamente sai do
país por meio do aeroporto de embarque. É neste momento que ocorre a averbação
do RE, RES ou da DSE. A averbação é realizada pelo fiscal via SISCOMEX.
(CASTRO, 2011). Ainda sobre a averbação, Werneck (2011, p. 132) complementa:
Se essa informação sobre as mercadorias embarcadas coincidir com os quantitativos de mercadorias desembaraçadas, o SISCOMEX averbará automaticamente o despacho. Se houver alguma divergência – embarque a maior ou a menor – o interessado procura novamente a Receita e regulariza o despacho, fazendo a ‘Averbação com Divergência’. Num embarque a menor, por exemplo, poderá ser exigida a apresentação da Nota Fiscal de entrada, para o retorno da mercadoria deixada.
47
Para fins de confirmação de embarque, o exportador pode ainda solicitar à SRF
da unidade de despacho o Comprovante de Exportação (CE) que é um documento
comprobatório da exportação emitido via SISCOMEX. (CASTRO 2011).
Esta seção discorreu sobre os procedimentos envolvidos na liberação
aduaneira, envolvendo documentação, registros no SISCOMEX, processos e etapas
cumpridos pela SRF, entre outros. Assim, fica mais claro para exportadores e agentes
de carga o caminho percorrido pelo não só pela carga, mas também pela DDE, pela
documentação de exportação, etc. o próximo capítulo falará sobre uma das últimas
etapas da exportação aérea cuja origem são armazéns alfandegados.
48
2.6 Trânsito Aduaneiro: Da Unidade Alfandegada ao Aeroporto de Embarque
Com a carga liberada pela SRF, a mesma está pronta para embarcar. Nos
casos em que a unidade de despacho é uma zona secundária, faz-se necessário o
transporte dos bens até a unidade de embarque, isto é, o aeroporto de onde o material
embarcará para o exterior. A este transporte rodoviário dá-se o nome de trânsito
aduaneiro (DTA). Segundo o Regulamento Aduaneiro “O regime especial de trânsito
aduaneiro é o que permite o transporte de mercadoria, sob controle aduaneiro, de um
ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão do pagamento de tributos.”
(BRASIL, 2009).
Rocha complementa ainda (2003, p. 113):
Em todos os casos que se necessite de um deslocamento de um ponto outro, de veículos e mercadorias que estejam sob controle aduaneiro, é necessário a prévia solicitação do regime aduaneiro, ou seja, quando veículos estrangeiros estejam de passagem pelo território nacional e de mercadorias estrangeiras não nacionalizadas (ou seja, que estejam com impostos de importação suspensos ou que já se considerem exportadas) que necessitem de deslocamento. Deve ser lembrado que as mercadorias nacionais tornam-se estrangeiras para os efeitos da legislação, após o despacho de exportação.
A DTA pode ser dividia em três tipos principais. O primeiro é o Trânsito
Automático, que se refere ao caminho que uma embarcação ou aeronave percorre
dentro de território aduaneiro até o primeiro ponto de chegada e não há necessidade
de autorizações formais por parte da SRF. Outro tipo é o Trânsito Imediato que se
aplica aos bens que, ao chegarem a porto ou aeroporto, devem ser transportados para
determinado local alfandegado que deve estar discriminado no manifesto de carga ou
conhecimento de embarque. Para tanto é necessário que o transportador comunique
ao operador logístico local o tratamento dessas mercadorias e a destinação das
mesmas. Existe ainda o Regime de Trânsito Aduaneiro Normal é o trânsito entre duas
estações alfandegas com a suspensão dos tributos incidentes. Esse regime é
concedido pela autoridade aduaneira do local de origem do trânsito e está sujeita à
concessão conforme cumprimento do regulamento. (ROCHA, 2003).
Segundo o Regulamento Aduaneiro, o regime de DTA perdura desde o local de
origem até o local de destino, sendo finalizada no momento que a unidade destino
conclui o trânsito aduaneiro. O local de origem é definido pelo regulamento aduaneiro
49
como o ponto no qual se inicia o trânsito aduaneiro e o local de destino é o ponto final
no itinerário de trânsito. Por unidade de origem entende-se que é o local onde é feito
o despacho para início do trânsito aduaneiro e a unidade de destino é a localidade
onde ocorre a conclusão do trânsito. (BRASIL, 2009).
Segundo Werneck (2001) o trânsito aduaneiro é aplicado nos seguintes casos:
a) a mercadorias procedentes do exterior que estejam em viagem
internacional, até o local de descarga da mercadoria e deste ponto até onde
deva ocorrer novo despacho;
b) nos casos de mercadorias desembaraçadas para exportação ou
reexportação, da unidade de despacho até a unidade de embarque, de onde
o material é transportado em outro veículo para fora do país;
c) mercadorias estrangeiras que estejam sendo transportadas entre recintos
alfandegados;
d) mercadorias vindas e com destino ao exterior que estejam de passagem
pelo território aduaneiro.
O trânsito de passagem engloba bens que procedam do exterior ou estejam
destinadas a ele e que passem pelo território aduaneiro. Esses bens podem ser
materiais destinados a embarcações ou a aeronaves que estejam estacionados ou de
passagem pelo território aduaneiro e cuja função seja reposição, conserto,
manutenção, etc. Também se incluem nesses bens bagagens acompanhadas de
viajantes e partes e peças de reposição e reparo para embarcações em viagem
internacional. (BRASIL, 2009).
A DTA se aplica a mercadorias estrangeiras ou desnacionalizadas, sejam elas
de importação ou exportação. Nos casos em que as mercadorias chegam do exterior
ao nosso país a uma zona primária, seja porto ou aeroporto, porém o importador
deseja liberar a mercadoria em uma zona secundária próxima à fábrica, os bens
importados são transportados dessa unidade primária até a secundária por meio do
trânsito aduaneiro. (WERNECK, 2001).
Já no caso da exportação, Werneck (2001, p. 76) afirma que “[...] quando um
exportador despacha a sua mercadoria em local diverso do local de embarque, a
mercadoria, já desnacionalizada, segue em trânsito aduaneiro do local de
desembaraço até local de embarque.”
50
Podem se beneficiar deste regime o importador, nas modalidades em que há o
transporte dentro do território aduaneiro de mercadorias provenientes do exterior; o
exportador, nos casos de bens despachados para o exterior que saiam de uma
unidade alfandegada para posterior embarque; o depositante, para mercadorias que
transitem de um recinto alfandegado para o outro, desde que situado em uma zona
secundária; o representante de exportador ou importador situado fora do Brasil, para
os casos de materiais que estejam de passagem pelo território aduaneiro advindos do
exterior ou com destino a ele; e o permissionário ou concessionário. Além disso,
podem usufruir do regime de DTA operadores de transporte multimodal,
transportadores que estejam habilitados junto à SRF e agentes autorizados a operar
dentro dos recintos com o manuseio de cargas alfandegadas. (BRASIL, 2009).
Esse regime especial não se aplica a embarcações ou aeronaves que estejam
transportando mercadorias e que façam escalas no território aduaneiro brasileiro, bem
como outros equipamentos que estejam a bordo desses veículos ou os pertences dos
passageiros e tripulação. Existe essa exceção pois seria extremamente trabalhoso
realizar uma vistoria aduaneira em uma embarcação ou aeronave em trânsito para
outro país. (WERNECK, 2001).
A DTA só pode ser realizada por transportadoras habilitadas junto à SRF e a
mesma deve ser aprovada antes do transporte das mercadorias. A concessão ou
renovação da habilitação obedece a determinados critérios ligados a aspectos ficais,
conveniência administrativa, situação financeira e econômica da empresa
transportadora bem como sua tradição no mercado. (BRASIL, 2009).
A DTA inicia com o registro da Declaração para Trânsito que posteriormente
passa pela autoridade aduaneira para fiscalização e aprovação. Uma vez realizada a
conferência para trânsito e os outros procedimentos necessários, como lacração do
caminhão, aplicação dos selos de controle e acompanhamento, o material estará
desembaraçado e pronto para transporte. Quando a mercadoria chega ao local de
destino, isto é, depois de executada a DTA por transportador autorizado pela SRF, o
mesmo será concluído, que deve ser apresentada também ao ponto de origem.
(ROCHA, 2003).
Neste capítulo foi descrito o processo de DTA, ou o transporte aduaneiro das
mercadorias já liberadas pela SRF desde a unidade alfandegada até o aeroporto de
embarque. Esse capítulo se fez necessário dada a essencialidade do processo de
DTA para a conclusão das exportações cuja origem é a BAGERGS, uma vez que o
51
transporte rodoviário é o único meio dessas mercadorias chegarem aos aeroportos.
Com o que foi descrito pode-se conhecer um pouco mais do regime DTA, suas
regulamentações, etapas, entre outros.
52
3 METODOLOGIA
Os componentes da metodologia de pesquisa utilizados neste trabalho serão
apresentados nos tópicos a seguir. A técnica de pesquisa utilizada neste trabalho é o
estudo de caso, com nível exploratório e abordagem qualitativa. Para tanto, as
técnicas de coleta aplicadas foram entrevistas semiestruturadas e abertas. Por fim, os
dados obtidos foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo.
3.1 Modalidade: Estudo de Caso
Existem diversos tipos de estratégias de pesquisa para investigar um assunto,
que devem ser escolhidas com base nas características de cada pesquisa, no controle
que o pesquisador tem sobre o ambiente comportamental e o foco da pesquisa em
relação a eventos contemporâneos x eventos históricos. O estudo de caso é mais
indicado quanto a pesquisa visa responder questionamentos de “como” e “por que”
determinada situação acontece, quando o pesquisador tem pouco controle sobre o
fenômeno pesquisado e quando o foco da pesquisa está sobre eventos
contemporâneos associados a determinados aspectos da vida real. (YIN, 2001).
“Assim, utiliza-se a estratégia do estudo de caso para lidar com condições contextuais
consideradas pertinentes ao fenômeno estudado. O estudo de caso compreende uma
estratégia de pesquisa que abrange tudo [...].” (AZEVEDO; MACHADO; SILVA, 2011,
p. 57).
Gil (2008, p. 58) complementa que “O estudo de caso é caracterizado pelo
estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu
conhecimento amplo e detalhado [...].” O autor informa ainda que esta modalidade de
estudo é utilizada quando se busca estudar algum evento que esteja inserido em um
contexto da realidade, quando não há uma grande divisão entre o fenômeno e a
realidade e quando existe um grande número de fontes de evidências a serem
utilizadas. Ainda em relação ao seu uso, o estudo de caso vem sendo aplicado em
pesquisas cujos propósitos podem variar, sendo que os mais comuns são a
exploração de assuntos reais com limites pouco definidos; descrever o contexto geral
do ambiente no qual está ocorrendo a pesquisa; e com a finalidade de explicar
determinadas variáveis que não podem ser discutidas por outros tipos de
levantamentos ou experimentos. (GIL, 2008). O estudo de caso também pode ser
53
utilizado para pesquisas que sejam mais explanatórias, isto é, que busquem explorar
questões operacionais e históricas que necessitem análise ao longo do tempo. (YIN,
2001).
3.2 Modelo de Pesquisa: Exploratória
Dentre os modelos de pesquisa, as mais comumente conhecidas são as
exploratórias, descritivas e explicativas. (GIL, 2008). Neste trabalho, o modelo
utilizado foi a pesquisa exploratória que tem “[...] como principal finalidade
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação
de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores.”
(GIL, 2008, p. 27). Segundo Gil (2008), as pesquisas exploratórias são as mais rígidas
e exigem também consultas bibliográficas e documentas, entrevistas não-
padronizadas e o uso de estudo de caso. Para este tipo de pesquisa geralmente não
são utilizados processos de amostragem e coletas de dados quantitativas. Azevedo,
Machado e Silva (2011, p. 49) complementam ainda que “As pesquisas exploratórias
são estudos realizados quando se tem a necessidade de identificar, conhecer,
levantar ou descobrir informações sobre um determinado tema.” Segundo Malhotra
(2006, p. 100) “[...] o objetivo da pesquisa exploratória é explorar ou fazer uma busca
em um problema ou em uma situação para prover critérios e maior compreensão.”
Gil afirma que (2008, p. 27):
Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipótese precisas e operacionalizáveis.
As pesquisas exploratórias visam auxiliar o pesquisador que não possui
entendimento suficiente para seguir adiante com a pesquisa e suas características
principais são a versatilidade e flexibilidade, uma vez que não são usados
instrumentos formais para a realização da pesquisa. (MALHOTRA, 2006). “Raramente
envolve questionários estruturados, grandes amostras e planos de amostragem por
probabilidade. Em vez disso, os pesquisadores estão sempre alerta para novas idéias
e percepções à medida que procedem com a pesquisa.” (MALHOTRA, 2006, p. 100).
A pesquisa exploratória concede ao pesquisador habilidade para alterar o rumo da
54
pesquisa conforme os isights fornecidos pelo ambiente da pesquisa, o que exige do
pesquisador criatividade e engenhosidade ao realizar o estudo. (MALHOTRA, 2006).
Desta forma a pesquisa exploratória tem por objetivo o “[...] aprimoramento de ideias
ou a descoberta e intuições. Seu planejamento é bastante flexível, de modo que que
possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.”
(AZEVEDO; MACHADO; SILVA, 2011, p. 49).
Pesquisas exploratórias são geralmente o início de um estudo bem mais amplo
e nos casos em que o assunto é genérico, faz-se necessário complementar a pesquisa
com revisão bibliográfica, discussão do assunto com especialistas, entre outros
procedimentos. Atendidos esses requisitos tem-se ao final da investigação um
problema aprofundado e bem esclarecido. (GIL, 2008). Com a realização de uma
pesquisa exploratória, é possível não só adquirir conhecimento acerca de um assunto,
mas também ampliar e complementar os conhecimentos relacionados ao tema que
está sendo discutido. (AZEVEDO; MACHADO; SILVA, 2011).
3.3 Abordagem da Pesquisa: Qualitativa
Nos casos de pesquisas que se usam do estudo de caso o procedimento
analítico indicado é a abordagem qualitativa. (GIL, 2008). Creswell afirma que (2007,
p. 35):
[...] uma técnica qualitativa é aquela em que o investigador sempre faz alegações de conhecimento com base principalmente ou em perspectivas construtivistas (ou seja, significados múltiplos das experiências individuais, significados social e historicamente construídos, com o objetivo de desenvolver uma teoria ou um padrão) ou em perspectivas reivindicatórias/participatórias (ou seja, políticas, orientadas para a questão; ou colaborativas, orientadas para a mudança” ou em ambas. [...] O pesquisador coleta dados emergentes abertos com o objetivo principal de desenvolver temas a partir dos dados.
Azevedo, Machado e Silva (2011, p. 47) complementam que “o método
qualitativo procura o que é comum, mas permanece aberto para perceber a
individualidade e os significados múltiplos, procurando descrever a realidade
investigada [...].” A pesquisa qualitativa não se preocupa em analisar determinado
conteúdo com base em dados estatísticos e sim compreender um fenômeno social
por meio de outros instrumentos que sejam mais adequados. (AZEVEDO, MACHADO,
SILVA, 2001). A pesquisa qualitativa tem diversas finalidades, podendo servir para
55
“[...] descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de
certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos
sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo [...]” entre outros
fatores. (AZEVEDO, MACHADO, SILVA, 2001, p. 48).
Diferentemente da pesquisa quantitativa, o pesquisador ao se utilizar da
pesquisa qualitativa se baseia em textos e imagens para fazer a análise dos dados
coletados, além de utilizar outras ferramentas para essa análise e possuir diferentes
métodos de investigação. (CRESWELL, 2007).
Dentre as características da pesquisa qualitativa, Creswell (2007) ressalta que
ela ocorre principalmente em cenários naturais, isto é, o pesquisador realiza a coleta
dos dados no ambiente do participante, o que permite a ele uma vivência maior da
realidade. Os métodos para a obtenção dos dados são muitos e cada vez mais há a
necessidade de envolvimento dos participantes durante a pesquisa, de forma que eles
estejam em harmonia com o estudo. A coleta dos dados não está mais restrita a
entrevistas, observação e documentação, mas há uma gama muito maior de materiais
que podem ser consultados afim de se obter os dados da pesquisa. A pesquisa
qualitativa não é pré-configurada, o que quer dizer que ela pode sofrer alterações à
medida que o estudo ocorre e o pesquisador descobre o que e para quem deve
perguntar sobre determinados assuntos. O resultado da pesquisa depende da
interpretação do pesquisador e na capacidade dele de traçar temas e categorias dos
dados obtidos através da análise das pessoas e cenários consultados. Por ser uma
interpretação fica implícito à pesquisa qualitativa a interpretação pessoal do
pesquisador sobre o assunto estudado. Com a pesquisa qualitativa, o pesquisador
busca um entendimento integral do assunto estudado, portanto a análise geralmente
é mais complexa e abrangente. Somam-se a essas características os aspectos
pessoais do pesquisador, uma vez que esta técnica também leva em consideração os
valores do indivíduo que realiza a pesquisa, o que confere à pesquisa honestidade e
abertura.
Gil (2008) afirma que ao fazer uso da pesquisa qualitativa, existem três etapas
que geralmente são seguidas para seu desenvolvimento. O primeiro deles é a
redução, que consiste em selecionar os dados obtidos na coleta e categorizá-los de
acordo com padrões definidos previamente. Essa etapa inicial de filtro deve ocorrer
durante todo o processo de análise dos dados coletados. É muito importante
estabelecer categorias que auxiliem para o agrupamento das informações a fim de
56
obter as conclusões necessárias para o estudo. A etapa seguinte é a apresentação,
que consiste na seleção das informações com base em suas semelhanças e
diferenças para uma análise crítica. Essa seleção pode tomar forma de textos,
diagramas, mapas, matrizes ou outras ferramentas que permitam organizar a
informação que será analisada. Por fim, existe a etapa conclusão ou verificação, que
se resume em revisar as informações a fim de obter um significado delas, sendo que
o processo de revisão deve ser repetido quantas vezes forem necessárias. Após a
obtenção dos dados e tiradas as conclusões dos mesmos, os resultados devem ser
analisados a fim de verificar sua validade, isto é, sua credibilidade, se eles podem ser
defendidos e se são irrefutáveis.
3.4 Técnica de Coleta de Dados: Entrevista
A coleta de dados deste trabalho se deu por meio de entrevistas. Segundo Gil
(2008, 109) “Pode-se definir entrevista com a técnica em que o investigador se
apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com o objetivo de obtenção
dos dados que interessam à investigação.” A entrevista nada mais é que uma
interação social, em que o entrevistador (pesquisador) está em busca de dados e o
entrevistado é a fonte de consulta. (GIL, 2008). “Por meio da entrevista, podem-se
formular perguntas e realizar questionamentos com a finalidade de obter informações
atualizadas e precisas sobre o tema em questão.” (AZEVEDO; MACHADO; SILVA,
2011, p. 68). Essa técnica é muito utilizada quando o objetivo é levantar aquilo que as
pessoas sabem, acreditam, esperam, desejam e sentem, quais suas intenções e
expectativas. As entrevistas são flexíveis e contribuíram muito para o desenvolvimento
das ciências sociais. (GIL, 2008).
Dentre suas vantagens, Gil (2008) cita a abrangência das entrevistas, que
conseguem captar dados sobre os mais diversos âmbitos da vida social; a
profundidade que a mesma alcança sobre o comportamento os indivíduos; e a
possibilidade de classificar e quantificar os dados coletados. Além destes, se
comparada à técnica de aplicação de questionários, a entrevista apresenta mais
pontos positivos, como a não exigência de que o entrevistado seja alfabetizado; mais
chances de obtenção de resposta, visto que é mais fácil ignorar um questionário a
uma pergunta; a flexibilidade que a entrevista concedo tanto ao entrevistador quanto
57
ao entrevistado; e a entrevista possibilita captar outros aspectos dos indivíduos
entrevistados, tais como seu comportamento, tom de voz, expressão fácil, etc.
As entrevistas também apresentam desvantagens que, segundo Gil (2008),
podem ser a não compreensão ou falta de vontade do entrevistado no momento de
responder as perguntas; respostas que não condizem com a verdade, o que pode ser
motivado por diversas razões; problemas do indivíduo em responder adequadamente
às perguntas em decorrência de dificuldades de comunicação; a influência do próprio
entrevistador sobre o entrevistado, podendo ser relativas ao aspecto pessoal ou às
opiniões de quem está realizando a entrevista; e o custo para a realização da
entrevista, em termos de capacitação dos entrevistadores e aplicação.
Apesar de expostos esses pontos negativos, dada à flexibilidade das
entrevistas é possível contornar muitos desses problemas. Para tanto, deve haver um
planejamento em relação ao treinamento que será dado aos entrevistadores, visto que
muito dos resultados das entrevistas originam-se da boa interação entre o
entrevistador e o entrevistado. (GIL, 2008).
As entrevistas podem diferir quanto ao grau de estruturação. Neste trabalho foi
utilizada a entrevista semiestruturada que possui “[...] um roteiro prévio, constituído
por perguntas abertas ou tópicos de interesse, mas o pesquisador pode acrescentar,
retirar ou reformular uma pergunta, de acordo com o andamento da conversa.”
(AZEVEDO; MACHADO; SILVA, 2011, p. 69). As perguntas abertas permitem ao
pesquisador entender e captar os pontos abordados pelos entrevistados, porém exige
muita atenção do entrevistador para que a pesquisa aborde todos os tópicos
desejados. (AZEVEDO; MACHADO; SILVA, 2011). Ainda em relação a perguntas
abertas, Parker e Rea (2002, p. 47) afirmam que “As perguntas abertas são usadas
pelos pesquisadores em situações nas quais as restrições às perguntas fechadas
superam as inconveniências das abertas, tanto para o pesquisador quanto para o
entrevistado.” Azevedo, Machado e Silva (2011, p. 75) complementam que “Questões
abertas são as que permitem ao informante responder livremente, usando linguagem
própria e emitir opiniões.” Mesmo que as perguntas abertas tenham determinadas
vantagens, seu uso também traz desvantagens, como o grande volume de
informações, podendo estas serem irrelevantes ou repetitivas; as perguntas podem
originar respostas de difícil compreensão por parte dos entrevistados; exige do
pesquisador uma padronização dos dados de forma que se possa interpretar as
informações obtidas; e por fim, as perguntas abertas tomam mais tempo do
58
entrevistado, o que pode causar sua recusa em responder as perguntas. (PARKER;
REA, 2002).
Para a realização deste trabalho, as entrevistas foram estruturadas em
categorias de acordo com cada área para a qual são destinadas as perguntas. As
perguntas estão divididas em três áreas, a saber: processos; infraestrutura; e
operação. As entrevistas foram divididas nestes grupos pois assim comtemplam de
forma mais ampla os departamentos envolvidos na operação de exportação aérea da
BAGERGS. A categoria 1 engloba as questões relativas a processos, isto é, tudo o
que se relaciona a RE, DDE, DSE, desembaraço aduaneiro, documentação de
exportação, bem como os processos dentro da zona secundária; a categoria 2,
infraestrutura, trata especificamente dos armazéns da BAGERGS e do funcionamento
dos mesmos, englobando assuntos como o manuseio das cargas dentro do recinto
alfandegado e as etapas pelas quais elas passam desde o recebimento até a entrega
para a transportadora; por fim, a categoria 3, operação, trata do transporte rodoviário
das mercadorias para os aeroportos de embarque. Nesta categoria foram abordadas
perguntas sobre as operações de carregamento, alocação das cargas,
descarregamento nos aeroportos de destino, entre outros.
O quadro a seguir exemplifica a estrutura das entrevistas dividas por
categorias, bem como condensa as informações sobre o conteúdo de cada entrevista.
Quadro 1 - Estrutura das entrevistas
CATEGORIA DENOMINAÇÃO PERGUNTAS
1 PROCESSOS 1 – Fale brevemente sobre sua experiência
profissional, destacando o tempo de atuação na
aérea, principais funções, etc.
2 – Descreva o processo de confecção do RE,
DDE, detalhando a documentação e dados
necessários para obter os registros;
3 – Quais os problemas mais comuns em relação
ao desembaraço?
4 – Fale um pouco sobre os canais de
parametrização. Existe algum tipo de carga cuja
probabilidade é maior de parametrizar em algum
canal que não seja o verde?
5 – Quais os procedimentos para liberação de
cargas parametrizadas em canal amarelo ou
vermelho?
59
6 – Descreva em detalhes o processo de
atracação das cargas que chegam na BAGERGS.
Qual(is) a(s) documentação(ões) necessária(s)
para que a carga possa ser armazenada?
7 – Após o descarregamento, quais os
procedimentos realizados com a carga até que
ela seja entregue para carregamento da
transportadora?
8 – Quais os problemas mais comuns que
acontecem durante o processo de atracação e
armazenagem da carga?
9 – Descreva o processo de organização da
documentação da carga para o transporte
rodoviário.
10 – Na sua opinião, existe algum processo que
poderia ser melhorado visando otimizar o trabalho
dos despachantes aduaneiros dentro da
BAGERGS?
2 INFRAESTRUTURA 1 – Fale brevemente sobre sua experiência
profissional, destacando o tempo de atuação na
aérea, principais funções, etc.
2 – Descreva detalhadamente o processo de
descarregamento das cargas que chegam na
BAGERGS;
3 – Quais os tipos de carga mais comuns que são
recebidos na BAGERGS? (Entre carga geral,
carga perecível, DGD...)
4 – Descreva o processo de armazenagem das
cargas conforme sua composição e destinação.
Existe algum critério utilizado para armazenagem
das cargas? (Como é decidido o local no qual a
carga vai ficar até que esteja pronta para
remoção?)
5 – Como ocorre o processo de liberação das
cargas com início de transito quanto são liberadas
em canal verde pela SRF?
6 – Se a carga parametriza em canal laranja ou
vermelho, onde elas ficam armazenadas
aguardando conferência do fiscal?
7 – Existe algum aspecto da BAGERGS que deveria ser melhorado, levando em conta estrutura, processos de armazenagem, burocracia...?
3 OPERAÇÃO 1 – Fale brevemente sobre sua experiência
profissional, destacando o tempo de atuação na
aérea, principais funções, etc.
2 – Uma vez liberadas pela SRF, como ocorre o
processo de carregamento das cargas nos
60
caminhões? Existe alguma diferença no
carregamento de acordo com o aeroporto de
embarque?
3 – Explique em detalhes o layout de
carregamento das cargas e como as mesmas são
alocadas dentro dos veículos.
4 – Existem cargas que necessitam de
procedimentos especiais para carregamento?
Quais os mais comuns? Existe algum tipo de
carga que não pode ser transportada?
5 – Como funciona a “parceria” das
transportadoras com as cias aéreas?
6 – Quais os problemas mais comuns nas etapas
de carregamento/transporte/entrega das cargas
nos aeroportos de destino?
7 – Como funciona o processo e entrega das
cargas às companhias aéreas quando o
caminhão chega a Guarulhos/Viracopos/Galeão?
8 – Na sua opinião, existe algum processo que
possa ser alterado visando otimizar os serviços
das transportadoras dentro da BAGERGS?
Fonte: Elaborado pelo autor.
3.4.1 Entrevistados
Em relação aos entrevistados, foram escolhidos profissionais que trabalham
diretamente com os processos dentro da BAGERGS. Para a categoria 1, os
entrevistados são despachantes aduaneiros, que se envolvem tanto nos processos
de liberação aduaneira quanto no acompanhamento das cargas de exportação. As
perguntas da categoria 2 foram respondidas por um funcionário da própria BAGERGS
com conhecimento sobre o funcionamento dos armazéns e dos processos internos de
manuseio e armazenagem das cargas. A entrevista da categoria 3 foi realizada junto
a funcionários de uma transportadora que opera nos transportes DTA das cargas
liberadas na BAGERGS e que embarcam pelos aeroportos de Guarulhos e Viracopos.
O quadro a seguir mostra a lista de entrevistados que participaram das
entrevistas, fornecendo mais informações a respeito de sua profissão, tempo de
atuação na área em que trabalham, empresa, entre outros.
61
Quadro 2 - Entrevistados
ENTREVISTADO FUNÇÃO NOME EMPRESA TEMPO DE EMPRESA
A Despachante aduaneiro
Claudia Autônomo 16 anos
B Despachante aduaneiro
Evandro Autônomo 10 anos
C Fiel depositário
Nauro BAGERGS 37 anos aproximadamente
D Supervisor Algimiro Westcargo 5 anos
E Encarregado operacional
Ederson Westcargo 10 anos
Fonte: Elaborado pelo autor.
O conjunto de perguntas dispostas na categoria 1 foi aplicado junto aos
entrevistados A e B, cujas atividades dentro da BAGERGS referem-se aos processos
de registro de RE, DDE, recepção de carga, entre outros. As perguntas referentes à
categoria 2 foram aplicadas junto ao entrevistado C. Por fim, as perguntas dispostas
na categoria 3 foram aplicadas junto aos entrevistados D e E, referentes à operação
do transporte rodoviário.
3.5 Técnica de Análise: Análise de Conteúdo
A técnica de análise que foi utilizada neste trabalho é a análise de conteúdo.
Segundo Bardin (1995, p. 42) a análise de conteúdo é “Um conjunto de técnicas de
análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos
de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos [...].” Roesch (2009, p.170) complementa que
o método de análise de conteúdo “[...] busca classificar palavras, frases, ou mesmo
parágrafos em categorias de conteúdo.”
Gomes (1979, p. 13) complementa o conceito de análise de conteúdo:
A análise de conteúdo é uma enumeração estatística de temas e figuras de uma comunicação escrita ou falada, quer dizer, a análise documental quantitativa refere-se a um grupo de técnicas destinadas a determinar certas características da comunicação verbal, seja escrita ou oral. (Entrevistado A).
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Conforme Bardin (1995), pertencem a essa técnica toda e qualquer ferramenta
utilizada para explicar e sistematizar o conteúdo das informações coletadas. A
principal finalidade da análise de conteúdo é deduzir e tirar conclusões lógicas das
mensagens à disposição do pesquisador, levando em consideração a origem dessas
informações, seus emissores ou o contexto geral no qual elas estão inseridas. Para
tanto, estão à disposição do pesquisador diversas ferramentas que possibilitam essa
análise, que podem ser usadas isoladamente ou em conjunto a fim de enriquecer os
resultados obtidos com a pesquisa e fundamentar melhor o estudo. Gomes (1979, p.
14) afirma ainda que “[...] na análise de conteúdo a coleta de dados é fácil e pouco
custosa. Os dados podem ser analisados inúmeras vezes, se for necessário, o que
permite melhores níveis de segurança quanto à validade dos resultados.” Por outro
lado, Gomes (1979) complementa que a dificuldade maior em se utilizar da análise de
conteúdo é particionar o texto de algum documento em unidades menores a fim de
contá-las.
Roesch (2009) afirma que para a interpretação dos dados são utilizadas desde
técnicas simples a mais complexas, além de softwares que identificam palavras-chave
e com que frequência elas aparecem no texto. Porém, cabe ao pesquisador interpretar
e codificar o texto utilizando-se do seu intelecto. Ainda segundo a autora, o
pesquisador deverá interpretar e explicar os resultados da pesquisa com base em
indicadores quantitativos obtidos da análise de conteúdo. Após definidas questões
relativas aos tópicos do estudo, teorias relevantes, pesquisas já realizadas e os textos
que o pesquisador deseja classificar, então realiza-se a análise do conteúdo por meio
de algum sistema de codificação.
63
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Este capítulo tratará da apresentação e análise dos dados relativos ao processo
de exportação aérea cuja origem é a BAGERGS, situada em Canoas, Rio Grande do
Sul. O método de coleta utilizado foi a entrevista aberta e semiestruturada e a mesma
foi dividida em três categorias sendo a primeira identificada como 1 e denominada de
processos, a segunda identificada como 2 e denominada de infraestrutura e a terceira
identificada como 3 e denominada de operações. Os resultados dessas entrevistas
serão apresentados a seguir.
4.1 Análise dos Dados da Categoria 1: Processos
Nesse subcapítulo, será realizada a análise dos dados das perguntas que
compõem a categoria 1. A primeira pergunta da categoria indicada teve por objetivo
relatar as experiências profissionais dos entrevistados, sendo que o entrevistado A
trabalha há 16 anos na BAGERGS e mesmo tentando atuar em outras zonas
alfandegadas, tais como aeroporto e a zona secundária em Novo Hamburgo, o
entrevistado acredita ter se adaptado melhor à BAGERGS. Isso se deve, segundo o
entrevistado, ao ambiente mais calmo e flexível, ao acesso à SRF, etc. O entrevistado
B atua na BAGERGS há 10 anos aproximadamente e também só trabalha ali. Mesmo
já tendo trabalhado no aeroporto também, ele acredita não ser possível atender de
forma eficiente dois lugares ao mesmo tempo. Para tanto, ambos os entrevistados
apostam em parcerias com outros despachantes para atender clientes que são
usualmente da BAGERGS mas que eventualmente exportam suas cargas por outros
locais, indicando parcerias confiáveis para realizar os embarques.
Para atuar na mesma área a qual pertence os entrevistados A e B é necessário,
pelo menos, uma formação de segundo grau, sendo o mais indicado uma graduação
em Comércio Exterior, uma vez que existem muitos termos, legislações, regras, etc.,
que são estudadas ao longo do curso e que contribuem para o desenvolvimento das
atividades. Ademais, é necessário que esses profissionais tenham um perfil que saiba
lidar com pessoas e que estejam preparados para trabalhar com diferentes tipos de
indivíduos, pois eles interagem diretamente com a administração da BAGERGS, os
fiscais da SRF, as transportadoras, motoristas, agentes de cargas, exportadores,
importadores, entre outras partes envolvidas no processo. Além de um bom
64
relacionamento interpessoal, a habilidade de negociação é um importante aspecto
desses profissionais, visto que em diversas situações eles precisam interagir e mediar
conflitos de interesses visando atender as demandas dos clientes, seja junto à SRF
para agilizar alguma liberação, ou a uma transportadora para alocar espaço no
caminhão, entre outros.
A segunda pergunta referiu-se ao processo de confecção de RE e DDE, no qual
foi solicitado que os entrevistados descrevessem a documentação necessária, os
principais dados utilizados, entre outras informações pertinentes. Os entrevistados A
e B informaram que a documentação ideal para a confecção desse registro são a NF
e a fatura do exportador, ou Comercial Invoice. Dessa documentação são retiradas as
informações necessárias para confeccionar o RE, tais como a descrição do produto,
que deve estar sempre bem detalhada, o valor da mercadoria em moeda estrangeira,
a condição de venda da mercadoria (incoterm), entre outros. Isso vai ao encontro do
que diz Castro (2011), que informa que a commercial invoice tem a mesma finalidade
da fatura comercial utilizada no mercado doméstico e deve trazer toda as informações
pertinentes à carga. As informações pertinentes ao RE também estão previstas no
regulamento aduaneiro (BRASIL, 2009). Os entrevistados ressaltam que essa
documentação já deve vir pronta do exportador, uma vez que é de responsabilidade
dele criar tal documento (CASTRO, 2011). Porém, eles sempre fazem uma breve
análise e, caso encontrem alguma divergência e ainda haja tempo hábil para efetuar
correções, eles alertam os exportadores para que alterem seus documentos.
A terceira pergunta, esta em relação ao o processo de liberação aduaneira,
visou investigar qual(is) era(m) o(s) problema(s) mais comum(s) nesta etapa. Ambos
os entrevistados relataram que o problema mais comum se refere à classificação fiscal
do produto (NCM), isto é, o que está declarado na documentação não está de acordo
com a carga que foi recebida na BAGERGS para embarque. Os entrevistados
informam que é muito importante que o material físico corresponda às informações
que constam na documentação, pois o desembaraço aduaneiro consiste basicamente
no processo de verificação entre o que está declarado nos documentos e o material
que está sendo exportado ou importado. (WERNECK, 2011). Os entrevistados A e B
informaram que, caso haja divergência entre as informações na documentação e
carga física, o embarque seguirá desta forma, pois quando a DDE é parametrizada
em canal verde, o fiscal da SRF somente confere a DDE com o manifesto da
transportadora e a quantidade de volumes. Isso também é ressaltado por Castro
65
(2011), em que ele afirma que no canal verde a mercadoria está livre para embarcar
sem nenhum tipo de conferência. Assim, a carga seguirá errada até o seu destino
final, cabendo ao exportador responder diretamente ao importador em caso de
problemas. Quando perguntado sobre a frequência com que isso acontece, o
entrevistado A informa que os despachantes nem sempre ficam sabendo sobre o
ocorrido, já que na parametrização em canal verde, a carga não passa por qualquer
tipo de verificação por estar, teoricamente, de acordo para embarque.
É necessário que haja uma atenção especial dos responsáveis dentro da
empresa exportadora que confeccionam os documentos de utilizar sempre a
classificação fiscal que contemple o máximo possível o produto que está sendo
exportador. Além disso, o departamento de expedição da empresa, responsável pela
preparação da carga para embarque, deve estar sempre atento ao material que estão
entregando para a transportadora, uma vez que, como foi mencionado, podem ocorrer
casos de envio de mercadorias que não condizem com verdadeira mercadoria que foi
comprada pelo importador.
Ainda em relação à etapa de liberação aduaneira, o fato de haverem poucos
horários de parametrização de cargas junto à SRF na BAGERGS também é um
problema. Atualmente os horários se concentram principalmente na parte da manhã,
porém caso houvessem mais horários na parte da tarde, seria possível distribuir o
volume de cargas que precisam ser liberadas durante o dia. Isso facilitaria não só a
organização dos despachantes em relação à preparação da documentação, como
também beneficiaria as transportadoras, pois assim elas já teriam uma noção do
volume e cargas que estariam liberadas para transporte no dia seguinte. Uma vez que
as cargas que são liberadas até o meio-dia são transportadas no mesmo dia, no
caminhão que sai à tarde, os materiais que fossem parametrizados em canal verde
após o meio-dia automaticamente já estariam prontos para o carregamento no
próximo dia.
A quarta pergunta tratou justamente dos canais de parametrização, com o
objetivo de identificar se existe algum padrão para as cargas que parametrizam em
canal laranja ou vermelho e quais os tipos de cargas que mais comumente são
selecionadas pela SRF para verificação, seja documental e/ou física. O entrevistado
B ressaltou que exportações sem cobertura cambial, no caso de envio de amostras,
são sempre selecionadas para conferência. O entrevistado A destaca os casos de
reexportações e processos de exportação temporária. Ambos os entrevistados
66
destacam as mercadorias que são exportadas para feiras no exterior ou concertos,
uma vez que o fiscal da SRF é obrigado a conferir o material. Para as mercadorias
que serão enviadas para feiras no exterior, a mesma deve estar munida de
documentos como a NF, fotos do material, folder, cronograma do evento, extrato do
RE, embasamento legal que solicite o prazo dessa exportação temporária. Com toda
essa documentação é aberto um processo administrativo junto à SRF. É obrigatório
que se cumpra com o prazo de retorno estabelecido pela SRF, do contrário incorrerá
multa de 5% sobre o valor aduaneiro. Os entrevistados ressaltaram que existe a
possibilidade de estender o prazo dos casos de exportação temporária, desde que o
mesmo seja solicitado dentro do prazo vigente do processo, havendo a possibilidade
do mesmo ser indeferido pela SRF. Essas informações vão todas ao encontro do que
consta no regulamento aduaneiro (BRASIL, 2009) do que diz Werneck (20110), que
ressaltam que as mercadorias a serem exportadas passar pela etapa de desembaraço
aduaneiro, independente do regime ao qual estão submetidas. Os entrevistados
informaram que, além desses casos específicos, existe o caráter de aleatoriedade,
isto é, as DDEs, ao serem enviadas para despacho via SISCOMEX, são selecionadas
de forma aleatória. Araújo (2009) ressalta a questão da utilização do SISCOMEX pelo
despachante aduaneiro nas atividades de liberação. Hoje, na BAGERGS, o
entrevistado A informa que de 100, 20 a 30% das DDEs são selecionadas para
verificação, seja só documental ou documental e física. Os entrevistados também
ressaltaram que o tipo de classificação fiscal pode influenciar nessa seleção, sendo
que classificações para maquinário e partes e peças têm maior tendência em não ser
liberadas em canal verde. As informações relativas aos filtros utilizados pela SRF para
a seleção dos canais de parametrização são destacadas por Ferreira (2003).
Apesar do processo de parametrização, a princípio, parecer aleatório, existem
sim filtros utilizados pela SRF que selecionam as mercadorias para canal amarelo ou
vermelho. Salvo os casos que foram destacados pelos entrevistados, como as
mercadorias sob regimes de exportação temporária por exemplo, ainda assim parece
não haver um padrão para a seleção das cargas. Mesmo exportações usuais e que
normalmente são liberadas em canal verde às vezes são selecionadas para
conferência do fiscal da SRF, pegando de surpresa despachantes, exportadores e
agentes de carga, visto que isso causa atraso na liberação da mercadoria para
embarque. Felizmente o processo de liberação na BAGERGS é mais ágil do que em
outros locais, como aeroporto de Porto Alegre e de Guarulhos, porém uma mercadoria
67
parametrizada em canal amarelo ou vermelho sem que as partes envolvidas o estejam
esperando é bem prejudicial, visto que, na maioria dos casos, ocasiona perda da saída
do caminhão. Isso impacta no acréscimo de três a quatro dias no tempo de trânsito
do embarque, o que, em uma situação de embarque emergencial, prejudica muito o
importador que está aguardando a mercadoria.
A quinta pergunta tratou da liberação das mercadorias parametrizadas em
canal amarelo ou vermelho, com o objetivo de identificar os procedimentos que devem
ser adotados junto à SRF para liberar as mercadorias. O entrevistado A informou que,
uma vez que a DDE, após ter sido enviada para despacho, parametriza em canal
vermelho ou amarelo, ele é notificado, seja pelo despachante (nos casos em que não
são os próprios despachantes na BAGERGS que estão realizando o desembaraço),
agente de carga ou o próprio exportador, montam um processo e o apresentam para
análise da SRF. Esse processo consiste em reunir extrato do RE, da DDE e cópia da
NF. O entrevistado B ressaltou que na BAGERGS, especificamente, são necessários
somente esses documentos, mas que em outras aduanas são exigidos também
cópias da Commercial Invoice, Packing List, cópia do conhecimento de embarque
(AWB ou HAWB), podendo esse conjunto de documentos variar conforme a aduana.
Na BAGERGS, segundo informado pelo entrevistado A, o fiscal realiza sua
conferência com base no que consta na NF. Aliás, ele ressaltou que os fiscais da SRF
sempre solicitam que o RE seja feito na mesma sequência da NF, isto é, que a ordem
dos itens que aparecem na NF seja igual à que consta no RE. Os entrevistados
ressaltaram que isso facilita o trabalho dos fiscais no momento da conferência,
havendo inclusive, segundo o entrevistado B, uma instrução normativa do
regulamento aduaneiro que normatiza esse procedimento. Essas informações vão ao
encontro do que diz Castro (2011), ao esclarecer sobre o que são cada um dos canais
de parametrização
Ainda em relação ao envolvimento dos despachantes na liberação das cargas,
o entrevistado A informou que, além da preparação da documentação para análise do
fiscal, eles também têm que posicionar a carga para conferência física, nos casos em
que a mercadoria parametriza em canal vermelho. Segundo o entrevistado B, o canal
laranja (também chamado de amarelo) refere-se somente à conferência documental,
porém se surgirem dúvidas para o fiscal, ele pode direcionar essa carga para canal
vermelho e solicitar a conferência física da mercadoria também. Essa informação
também é destacada por Ferreira (2003). Na etapa de conferência física, após a
68
verificação documental, os despachantes agendam um horário com o fiscal da SRF,
localizam a carga dentro do armazém e abrem os volumes, tantos quantos o fiscal
solicitar. Esse procedimento é todo feito pelo despachante e os fiscais só realizam a
conferência física estando na presença dele. Caso o fiscal tenha alguma dúvida em
relação a carga, os entrevistados informaram que na maioria dos casos repassam aos
clientes solicitando orientações. Salvo os casos em que têm algum conhecimento
sobre a mercadoria por já trabalharem a bastante tempo com determinado cliente,
normalmente as dúvidas dos fiscais são esclarecidas pelos próprios exportadores.
A pergunta seguinte tratou do processo de atracação da mercadoria na
BAGERGS, em que o autor buscou identificar como ocorre esta etapa e qual a
documentação necessária para o material ser recebido no armazém. De pronto os
entrevistados informaram que o único documento necessário para a atracação da
carga é a cópia da NF. Por atracação entende-se o recebimento da mercadoria na
BAGERGS. Segundo o entrevistado A, o veículo que traz o material se apresenta na
portaria da BAGERGS, informa quem é o despachante responsável e este o
encaminha para o armazém 2 da BAGERGS, destinado às cargas de exportação, e
eles informam que o material está sendo baixado. O entrevistado B informou que a
BAGERGS emite uma lista com as cargas recebidas e é por ela que os despachantes
consultam quais são os seus embarques. Nessa lista constam informações de quem
é o exportador, quantidade de volumes, peso bruto, valor da NF, etc., e os
despachantes devem preencher nela quem será o responsável pelo pagamento da
armazenagem, o número da DDE, para que então seja dada a presença de carga no
sistema, qual a modalidade de embarque. Uma cópia das NFs recebidas fica
disponível para os despachantes e eles se orientam pelos clientes que estão
acostumados a embarcar. O entrevistado A ressaltou que é importante que seja
sempre informado com antecedência sobre as cargas que estão chegando para que
os despachantes fiquem preparados para recebê-las. Isso evita que eles acabem
pegando a NF de outros despachantes e atrasando a entrada da carga e presença, já
que um exportador pode trabalhar com mais de um despachante e em alguns casos
a liberação aduaneira pode ser com um despachante e o processo de agenciamento
com outro.
O processo de atracação na BAGERGS é um dos mais ágeis e práticos, já que
somente a cópia da NF é suficiente para que o material seja recebido e descarregado
no armazém, não havendo necessidade de etiquetas, conhecimento de embarque,
69
RE, DDE, como nos aeroportos, por exemplo. Uma vez que esse documento precisa
viajar como material, isto é, deve estar em posse do motorista, nunca vai acontecer
de a mercadoria não poder ser recebida por falta de documentação, como às vezes
acontece no Aeroporto de Porto Alegre e Aeroporto de Guarulhos. Esse fator
apresenta tanto vantagens quanto desvantagens. É bom pois agiliza o processo de
entrega da carga, evitando assim que as transportadoras fiquem com seus veículos
parados aguardando o descarregamento e, consequentemente, gerando custos de
estadia. Por outro lado, o material é baixado no armazém sem qualquer identificação
além da NF, sendo necessário que o despachante tenha que procurá-lo para realizar
os procedimentos de etiquetagem e conferência da carga, o que pode gerar dispêndio
de tempo. Para tanto, uma solução seria os despachantes acompanharem também o
processo de descarregamento da carga dentro do armazém de exportação da
BAGERGS para já saberem onde ela foi armazenada. Assim, quando o despachante
precisar localizá-la, não irá precisar de tanto tempo.
A sétima pergunta tratou da etapa pós-descarregamento, cujo intuito foi
investigar o processo pelo qual a carga passa até que seja entregue para a
transportadora. O entrevistado A informou que após a parametrização da carga e
liberação pela SRF, a etapa seguinte é o agenciamento, que consiste basicamente na
etiquetagem da carga que está armazenada. E realizada a etiquetagem, depois se
reúne a documentação e a mesma é apresentada para a transportadora. Quando
questionado sobre o tempo para realizar a etapa de etiquetagem, o entrevistado A
informa que o processo de etiquetar a mercadoria é rápido, porém algumas situações
podem causar demora para realizar esse serviço.
Os entrevistados A e B mencionam que um dos fatores que causam tal demora
é localizar a carga dentro do armazém de exportação. Existem casos também em que
o material é armazenado com uma NF em que o produtor não é o mesmo que o
exportador, o que é comum acontecer em exportações feitas por meio de tradings. Os
entrevistados ressaltam que muitas vezes o material é entregue na BAGERGS porém
eles encontram dificuldades para localizá-lo e fazer a etiquetagem pelo fato do
material não estar devidamente identificado. Quando questionados sobre como
localizam as cargas dentro do armazém, o entrevistado A informou que é basicamente
por garimpo, isto é, andar à esmo dentro do armazém até encontrar a mercadoria. O
entrevistado B informou que por já estar familiarizado com as embalagens dos
exportadores o processo de localização das cargas fica mais fácil, mas que quando
70
surge um exportador novo ele realmente precisa ir para o armazém e procurar até
encontrar uma embalagem que seja diferente das que está acostumado.
O entrevistado A informou que eles se orientam também pelo número da NF,
uma vez que as cargas são baixadas com uma cópia do documento. Isso vai ao
encontro do que destaca Castro (2011) quando informa que a NF acompanha carga
desde a saída da fábrica do exportador até o momento do embarque. O entrevistado
B destacou que nesta etapa da etiquetagem é imprescindível conferir se os volumes
que estão sendo identificados de fato pertencem ao embarque. Banzato e Moura
(1997) também destacam a importância das marcações nos volumes. Para tanto, o
entrevistado B deu o exemplo de dois volumes do mesmo exportador, que possuem
as mesmas características na embalagem, porém uma vai embarcar para os Estados
Unidos e outro para Alemanha. Assim, ele prefere despender mais tempo tentando
identificar qual volume pertence à qual embarque do que etiquetar errado. Isso vai ao
encontro do que diz Ferreira (2003) ao tratar da identificação das embalagens. O
entrevistado A informou que nos casos em que tem dificuldade para fazer a
identificação do material, eles optam por parar o processo até que venha instrução
mais clara do exportador e, caso o mesmo tenha urgência no embarque, eles pedem
que alguém do próprio cliente venha realizar a etapa de etiquetagem, ou que autorize
por escrito, conforme informado pelo entrevistado B. Quando questionados sobre a
frequência com que isso ocorre, o entrevistado A informou que não costuma acontecer
e eles procuram descobrir por meio de questionamentos aos clientes, mas que já
houve casos em que a mercadoria que estava na BAGERGS para ser etiquetada não
condizia com o material destinado para o embarque, mas que os volumes eram
parecidos.
O processo da etiquetagem na BAGERGS é bem ágil. No que diz respeito ao
destacado pelos entrevistados, algumas medidas podem ser adotadas antes da
entrega da carga da carga no armazém para agilizar ainda mais este processo,
evitando demora na etiquetagem. Uma delas seria uma preocupação maior dos
exportadores em prepararem suas embalagens com identificações claras para o
transporte que indiquem para onde o material será embarcado. Além disso, notificar
os despachantes do material que será descarregado para que, assim que for
armazenado, eles já possam ir até o armazém identificar onde a mercadoria foi
armazenada.
71
Outra solução seria que os volumes já fossem descarregados na BAGERGS
com as etiquetas de embarque, tal como ocorre nos aeroportos. Assim, no momento
em que o material é recebido na BAGERGS, a etiquetagem dos volumes é feita antes
mesmo da mercadoria ser descarregada. O problema nesse processo é que a entrega
da carga deixa de ser flexível, pois a documentação de embarque já teria que estar
pronta e na mão dos despachantes antes mesmo da carga chegar à BAGERGS. Uma
das características principais dos embarques de exportação aérea da BAGERGS é a
possibilidade de os exportadores entregarem a carga a hora que quiserem e somente
com a cópia da NF, e isso evita demoras no processo de descarregamento. Caso a
alternativa de etiquetagem da mercadoria antes do descarregamento fosse uma
saída, os despachantes teriam que estar com essa documentação pronta para não
atrasarem o processo.
A oitava pergunta tratou sobre os problemas mais comuns em relação aos
processos de atracação, armazenagem e manuseio da carga dentro da BAGERGS.
Com esta questão o autor buscou investigar situações de irregularidade que podem
ocorrer durante a preparação da carga para embarque, desde a chegada na
BAGERGS até o período em que é alocada dentro do veículo de transporte. O
entrevistado A informou que no momento da chegada o problema mais recorrente são
as avarias nas cargas. Isso é identificado pela própria BAGERGS pois, para todas as
cargas que chegam para descarregar, é feita uma breve conferência pelos
encarregados do armazém com o intuito de verificar a integridade física do material,
conforme dito pelo entrevistado B. Segundo o entrevistado A, quando alguma carga
chega com avaria, o responsável da BAGERGS questiona aos despachantes quem
está coordenando o embarque e caso ninguém se pronuncie, o material fica parado
ou é enviado de volta para a fábrica sem ser recebido, conforme ressaltou o
entrevistado B. Quando questionados sobre os tipos de avarias mais comuns que
encontram nas cargas, os entrevistados A e B destacaram rasgos nas embalagens,
faltas de volumes em relação ao que está destacado na NF, furos de lança de
empilhadeira, etc. Ferreira (2003) destaca a importância na escolha das embalagens
para preservar o produto de tais avarias, assim como Banzato e Moura (1997). O
entrevistado A destacou que essas avarias acontecem às vezes no setor de expedição
da fábrica exportadora e então a BAGERGS não pode receber os volumes pois, após
o descarregamento, a carga passa a ser responsabilidade do armazém e justamente
por isso dispendem esse tempo para fazer a conferência das mercadorias. O
72
entrevistado B ressaltou que a quantidade de volumes às vezes está divergente do
que consta na NF. O entrevistado A complementou que o tipo de volume também
pode estar diferente, dando exemplo de volumes que chegam avulsos no veículo, mas
que na NF constam como paletizados. Ferreira (2003) e Vieira (2011) também
ressaltam a questão dos volumes paletizados/unitizados para embarque. Quando
questionados sobre os problemas que ocorrem quando a carga já está sob
responsabilidade da BAGERGS, o entrevistado A informou que eles não são comuns,
mas que já aconteceram. O entrevistado B destacou queda de pallets ou outros tipos
de volumes enquanto são manuseados pelas empilhadeiras, mas que isso se
configura como um acidente. A utilização de equipamentos auxiliares no transporte é
destacada por Ferreira (2003). O entrevistado A informou que não é possível
acompanhar todas as cargas que descarregam e que são manuseadas pela
BAGERGS, até porque isso é de responsabilidade do armazém, mas que quando é
identificado que o volume foi avariado, eles notificam. O entrevistado B ressaltou a
diferença no processo em relação ao aeroporto, no qual o despachante acompanha o
processo do descarregamento do material.
Após o que foi relatado pelos entrevistados, percebe-se que é de suma
importância que seja realizado uma pesquisa pelo departamento responsável no
exportador a respeito das embalagens, para que estas sejam fortes o suficiente para
serem manuseadas e não comprometer o produto interno, assim como também é
destacado pelos autores. As cargas passam por diversas situações em seu trajeto
desde a porta do exportador até o importador no país de destino, começando pelo
carregamento na expedição, alocação dentro do veículo, o transporte até a
BAGERGS. Uma vez no armazém, a mesma é descarregada, armazenada, depois
carregada de novo nos veículos da transportadora que a levará até o aeroporto de
embarque, onde ocorre um novo descarregamento, manuseio dentro do armazém no
aeroporto e carregada e alocada dentro da aeronave. O material passa pelas mãos
de muitas equipes e, infelizmente, nem sempre todas são tão cuidadosas. Assim, para
que o produto interno não sofra nenhuma avaria é necessário que a embalagem
utilizada seja de boa qualidade, que contenha indicações específicas em casos de
objetos frágeis e/ou que precisam ser posicionados de forma específica, com o intuito
de prevenir ao máximo sinistros.
É de responsabilidade também das partes envolvidas no manuseio da carga
que o façam da forma mais segura possível. Para tanto, é necessário um
73
planejamento por parte da equipe responsável a respeito das mercadorias a serem
posicionadas para embarque/transporte, buscando utilizar equipamentos que
suportem as cargas sem o mínimo risco de comprometimento da mesma, evitando
assim que elas caiam de empilhadeiras, por exemplo, como o caso relatado por um
dos entrevistados. Os exportadores confiam suas cargas a terceiros para que estes
transportem suas mercadorias para os clientes no exterior, esperando também
confiabilidade nesse serviço.
A nona pergunta referiu-se à preparação dos documentos para entrega na
transportadora. O objetivo foi identificar os documentos que devem ser entregues à
transportadora que levará a carga da BAGERGS até o aeroporto de embarque. O
entrevistado B informou que não existe uma ordem específica na organização dos
documentos. Os mesmos são colocados dentro de um envelope para entrega na
transportadora, sendo que normalmente são afixadas do lado de fora uma ou duas
cópias do MAWB e do HAWB, conforme destacado pelo entrevistado A. Ferreira
(2003) e Vieira (2001) destacam a importância dos conhecimentos de embarque no
transporte aéreo. Ambos os entrevistados ressaltam que essas cópias são utilizadas
pela SRF para a conclusão da DTA no momento em que o veículo chega ao aeroporto
de embarque, enquanto que o jogo de HAWB originais fica dentro do envelope. O
entrevistado B complementou ainda que utiliza uma das cópias do conhecimento de
embarque para realizar a etiquetagem da carga e conferir com a mercadora.
Além dos AWBs, o entrevistado A ainda ressalta que deve ser enviado dentro
do envelope a carta de segurança exigida pela companhia aérea, conforme modelo
específico, e a documentação da carga (Commercial Invoice, Packing List, CO). Em
alguns casos esses documentos são enviados diretamente pelo exportador ao
importador via courier, portanto a carga segue somente com o conhecimento de
embarque. O entrevistado A informa que não fica com nenhuma cópia dos
documentos e que talvez a transportadora fique com algum, porém somente cópias,
os originais seguem sempre com a mercadoria, seja do MAWB ou HAWB. Isso vai
encontro do que diz Vieira (2001) ao tratar da destinação dos conhecimentos de
embarque.
Em relação aos documentos, é sempre importante que os mesmos sejam
enviados todos com a carga, ao invés do que foi ressaltado pelo entrevistado A sobre
casos em que a documentação é enviada via courrier diretamente ao importador. Isso
porque pode ocorrer do courrier atrasar e comprometer a liberação da carga no
74
destino, uma vez que em determinados países é necessária a documentação original
para fazer o despacho. Quando a documentação é enviada no envelope que segue
com a carga, no momento em que o material é descarregado no aeroporto os
documentos já ficam disponíveis para retirada no escritório da companhia aérea no
aeroporto.
Podem haver casos de extravios na documentação durante o embarque, o que,
infelizmente, é bem comum, principalmente nos embarques de importação da China.
Nos casos de exportação, o autor teve poucas experiências com documentação
extraviada, sendo que as medidas adotadas pelas companhias aéreas para tentar
localizar o envelope perdido não foram bem-sucedidas. Para tanto, o autor acredita
ser importante enviar sempre cópia de toda a documentação original assinada por
correio eletrônico para o importador e seu respectivo despachante aduaneiro, visto
que muitos países atualmente permitem que o material seja liberado com cópias dos
documentos.
Na décima pergunta foi questionado aos entrevistados o que poderia ser
melhorado na BAGERGS visando otimizar o trabalho dos despachantes. O intuito
dessa pergunta foi identificar, na opinião dos despachantes, aspectos do
funcionamento da BAGERGS que precisam de melhorias de forma que o trabalho
deles seja facilitado. O entrevistado B mencionou que uma das grandes dificuldades
hoje é a localizar as cargas dentro do armazém de exportação e que a BAGERGS
poderia criar uma ferramenta que indicasse aos despachantes onde estão localizadas
as cargas dentro do armazém. Atualmente não há um critério específico para a
armazenagem das cargas, ou seja, a alocação é aleatória e o material é baixado onde
há espaço. O entrevistado A concordo com essa ressalva e complementa que deveria
haver uma pessoa coordenando um sistema que indicasse a quadra na qual foi
armazenada a mercadoria. O entrevistado B sugere que essa localização poderia ser
informada logo no momento em que é dada a presença de carga. Eles informaram
também que o processo de armazenagem sempre se deu dessa forma.
Atualmente existe um sistema de localização de lotes mas que é utilizado nos
armazéns de importação. Os entrevistados acreditam que não há preocupação da
BAGERGS em implantar este sistema no armazém de exportação pelo fato da carga
de exportação ser dinâmica, isto é, ela não costuma ficar muito tempo armazenada,
sendo, na maioria dos casos, recebida no armazém na parte da manhã e entregue à
transportadora para carregamento à tarde, ficando o período de algumas horas. Ainda
75
assim, os entrevistados A e B concordaram que uma ferramenta de localização
facilitaria a identificação das cargas, tanto para realizar a etiquetagem quanto para os
casos em que a carga parametriza em canal vermelho, em que ocorre também a
verificação física da mercadoria. O entrevistado B ressaltou que a localização da carga
demanda tempo e essa etapa se agrava quando a carga pertence a um exportador
novo, o qual não conhecem a embalagem, conforme destacou o entrevistado A. O
entrevistado A destaca ainda que na conferência física a localização da carga também
é feita por eles, sendo que isso também toma tempo dos fiscais da SRF. Segundo o
entrevistado B, caso o fiscal perceba que o despachante não consegue encontrar a
mercadoria, alguns nem esperam. O entrevistado A informou que a BAGERGS
procura alocar determinados tipos de cargas sempre no mesmo local, mas o
entrevistado B contestou, informando que agora as mercadorias estão sendo
misturadas. Bowersox e Closs (2010), Bezerra e Monteiro (2003), Barros (2005), e
Banzato et al. (2010) destacam a utilização de softwares nos armazéns para o controle
dos produtos armazenados.
Os entrevistados concordaram que a BAGERGS melhorou bastante do que era
antigamente para o que é hoje. Ambos destacaram que o aspecto que mais evolui foi
no setor de infraestrutura, que vem melhorando a cada ano. O entrevistado A destacou
que existe projeto para tentar trazer para a BAGERGS também armazenagem de
medicamentos e cosméticos, enquanto que o entrevistado B ressaltou que atualmente
existe mais organização dentro da BAGERGS. A diversificação buscada pela
BAGERGS nesse sentido vai ao encontro do que informa Banzato et al. (2010). O
entrevistado A complementou que o armazém fez investimentos na área de inspeção
e ambos os entrevistados deram ênfase na questão da segurança como mudança
positiva, sendo que o entrevistado B destacou a instalação de câmeras de
monitoramento. Ambos concordaram que existem ainda aspectos a serem
melhorados, como o citado anteriormente, mas atribuem a demora em tais mudanças
à crise. Os entrevistados mencionaram que as duas últimas diretorias que estiverem
à frente da BAGERGS contribuíram bastante para a evolução dos armazéns,
investindo em maquinários, ampliando o estacionamento de caminhões, mudanças
na infraestrutura, etc.
Quando questionados sobre o funcionamento da SRF dentro da BAGERGS, o
entrevistado B informou que a SRF lá é muito boa, não havendo motivos para reclamar
do serviço prestado pela entidade, enquanto que o entrevistado B ressaltou o fácil
76
acesso que eles têm aos fiscais. Ele ainda comentou o fato de a SRF dar grande
auxílio aos despachantes por meios de dicas, como efetuar determinadas correções,
ao passo que em outros lugares a SRF não tem tanto envolvimento. O entrevistado B
destacou a relação de confiança criada entre os despachantes, que no caso dele já
atua na BAGERGS há bastante tempo, e os fiscais da SRF. O entrevistado A
mencionou que inclusive alertam a SRF de cargas e/ou empresas que consideram
suspeitas, o que foi reforçado por ambos, já que, para eles, é fundamental serem
claros quanto aos clientes que eles representam, não arriscando suas reputações
junto a SRF para prestar serviços a empresas que podem não estar em conformidade.
Os entrevistados fizeram questão de deixar claro que a SRF dentro da BAGERGS não
facilita, mas sim cumpre seu papel como entidade reguladora do comércio exterior de
forma eficiente.
O funcionamento da BAGERGS como um todo é muito eficiente porém o fator
destacado pelos entrevistados realmente configura um gargalo no processo de
embarque, uma vez que o armazém 2, destinado às cargas de exportação, é imenso
e concentra diversas mercadorias de diferentes tamanhos, pesos, tipos de
embalagem, etc., todas alocadas aleatoriamente ao longo do armazém, à exceção de
mercadorias perigosas, que são armazenadas em um local específico fora do
armazém 2. Isso foi constado no momento da visita ao armazém. Se houvesse um
sistema de localização que orientasse os despachantes sobre o local exato onde as
cargas de seus embarques estão, isso facilitaria muito o trabalho não só dos
despachantes, como os entrevistados A e B, mas também da transportadora, pois eles
também precisam localizar dentro do armazém os materiais que vão carregar para os
aeroportos de Guarulhos e Viracopos. Esse aspecto realmente merece uma atenção
por parte da BAGERGS, que deveria buscar uma maneira de desenvolver o sistema,
ou aprimorar o sistema que já existe para os armazéns de importação, estendendo
esse recurso para as mercadorias armazenadas no setor de exportação.
O quadro a seguir busca apresentar a ideia principal de cada pergunta realizada
na categoria 1 e com quais autores se relacionam os dados obtidos nas respostas dos
entrevistados.
77
Quadro 3 - Resumo da categoria 1: Processos
ENTREVISTADOS PERGUNTA IDEIA CENTRAL BIBLIOGRAFIA
“A” e “B” Breve resumo sobre experiência profissional de cada um dos entrevistados.
Entrevistados trabalham há mais dez anos na BAGERGS, já tendo atuado em outros locais, como aeroporto de Porto Alegre a zona secundária em Novo Hamburgo. Porém, informaram que se adaptaram melhor à BAGERGS, principalmente pela flexibilidade que encontram lá.
-
“A” e “B” Confecção de RE e DDE
Feitos com base na NF e fatura do exportador, ou comercial invoice. Os entrevistados prestam, quando podem, auxílio aos exportadores no esclarecimento de dúvidas quanto aos dados desses documentos.
(CASTRO, 2011) (BRASIL, 2009)
“A” e “B” Problemas em relação ao desembaraço aduaneiro.
Principal problema é discrepância entre os dados declarados na documentação e carga, principalmente no que concerne à classificação da mercadoria.
(WERNECK, 2001) (CASTRO, 2011)
“A” e “B” Canais de parametrização e suas particularidades.
Cargas sem cobertura cambial (amostras) sempre parametrizam em canal amarelo ou vermelho. Outros tipos de carga, a parametrização é aleatória, porém existe um número (uma em cada cinco) que parametrizam em canal diferente do verde.
(BRASIL, 2009) (WERNECK, 2001) (ARAÚJO 2009) (FERREIRA, 2003)
“A” e “B” Procedimentos para cargas parametriza-das em canal amarelo ou vermelho.
É montado um processo com os extratos de RE, DDE e cópia da NF, e entrega-se para análise do fiscal. Os despachantes encaminham a documentação e posicionam a carga para conferência física. Em caso e discrepâncias apontadas pelo fiscal, é solicitada correção de documentos e/ou carga.
(CASTRO, 2011) (FERREIRA, 2003)
“A” e “B” Descrição do processo de atracação da carga.
Veículo se apresenta na portaria, identifica-se de qual exportador é a carga, é realizado um cadastro e depois a carga é descarregada no armazém de exportação. É necessário somente copia da NF para a realização desta etapa.
-
78
“A” e “B” Etapa de agenciamento.
O agenciamento ocorre após a liberação da carga, em que o despachante localiza o material no armazém de exportação, etiqueta e entrega a documentação para a transportadora.
(CASTRO, 2011) (BANZARO; MOURA, 1997) (FERREIRA, 2003)
“A” e “B” Problemas nos processos de atracação e armazenagem de cargas.
Cargas avariadas (com caixas furadas, rasgadas, etc.) e discrepância entre a carga e a documentação.
(FERREIRA, 2003) (BANZATO; MOURA, 1997) (VIEIRA, 2001)
“A” e “B” Preparação da documentação para entrega à transportadora.
É preparado envelope contendo a documentação original (AWBs, comercial invoice, packing list). Do lado de fora, anexa-se cópia dos AWBs para a conclusão do trânsito.
(FERREIRA, 2003) (VIEIRA, 2001)
“A” e “B” Sugestão de melhorias.
Implantação de sistema de localização de cargas dentro do armazém de exportação.
(BOWERSOX; CLOSS, 2010) (BEZERRA; MONTEIRO, 2003) (BARROS, 2005) (BANZATO et al., 2010)
Fonte: Elaborado pelo autor
O subcapítulo a seguir tratará da análise das perguntas feitas na categoria 2,
denominada infraestrutura, que foi realizada junto a um funcionário da BAGERGS.
4.2 Análise dos Dados da Categoria 2: Infraestrutura
Nesse subcapítulo, será realizada a análise dos dados das perguntas que
compõem a categoria 2. A primeira pergunta da categoria indicada teve por objetivo
relatar as experiências profissionais do entrevistado C, que desempenha a função de
fiel depositário dentro da BAGERGS. O entrevistado atua na BAGERGS desde 1 de
novembro de 1978, totalizando mais de 37 anos de empresa, e quase sempre
desempenhou a função citada. O entrevistado informou que a BAGERGS cresceu
muito desde a época em que se juntou à empresa, tendo ele mesmo evoluído também,
e que sua primeira função era varrer os armazéns e após dez anos, ele se tornou fiel
depositário, focado no setor de importação, mas já tendo atuado em diversos outros
setores até chegar ao que está agora. O entrevistado narrou um pouco do crescimento
dos armazéns. Quando ele iniciou na BAGERGS, a mesma contava com dois
79
armazéns. Em 1978 foi construído mais um, em 1980 foi construído outro, em 1982
foram criados mais dois e na década de 90 foram construídos mais quatro. Atualmente
a BAGERS conta com nove armazéns ao todo.
É fundamental possuir uma formação acadêmica para atuar na aérea do
comércio exterior. Dependendo da função, o grau de exigência intelectual pode ser
maior do que outras, porém isso não exime os indivíduos de terem um nível de
instrução considerado básico. Há muitos anos atrás, como ocorreu no caso do
entrevistado C, não havia a necessidade de pessoas tão bem qualificadas como a que
o mercado exige hoje. As pessoas que se interessam pela aérea de comércio
internacional, logística e afins devem estar preparadas com, pelo menos, o segundo
grau completo, para que tenham um entendimento básico das operações. Porém, para
aqueles que almejam cargos de liderança dentro das empresas, é indispensável a
formação em algum curso superior dessa área, pois é por meio dele que os indivíduos
poderão ampliar suas visões acerca das particularidades da logística.
A segunda pergunta desta categoria tratou do processo de
descarregamento/atracação das mercadorias que chegam à BAGERGS. Esse
questionamento tem o objetivo de especificar os procedimentos envolvidos no
processo de descarga dos materiais que vão ser exportados a partir do armazém
alfandegado. O entrevistado relatou que os veículos chegam e, na portaria, os
motoristas se apresentam e informam que estão trazendo carga de determinado
exportador e que a mesma é destinada à exportação. Então é feito um cadastro dele
na portaria e após finalizada essa parte ele se dirige ao armazém 2. Lá o motorista
entrega a NF para um responsável, que faz uma cópia do documento, e então o
material é descarregado para que o motorista seja liberado para ir embora. Asteggiano
e Silva (2010) destacam a etapa de conferência entre os dados declarados na NF e a
carga física que está sendo recebida no armazém. O entrevistado C informou que o
descarregamento dessas mercadorias é feito pelos funcionários do armazém. Todo o
processo de entrada escrito pelo entrevistado C está de acordo com o destacado por
Asteggiano e Silva (2010), ao discursarem sobre esta etapa, a qual chamam também
de in bound. Se o material está em pallets, por exemplo, são utilizados equipamentos,
tais como a empilhadeira. Ballou (2006) também ressalta os equipamentos de
movimentação vertical utilizados no manuseio de cargas. Sendo carga batida, isto é,
caixas avulsas, como por exemplo caixas contendo calçados, são necessários então
quatro ou cinco funcionários para retirar as caixas do veículo, remontar em pallets
80
para então as empilhadeiras alocarem esses pallets dentro do armazém. Esse
procedimento vai ao encontro do que diz Asteggiano e Silva (2010) sobre a unitização
de cargas para maximizar a utilização do espaço. As informações relatadas pelo
entrevistado C também estão de acordo com o que foi apontado pelos entrevistados
A e B na questão de número 6 da categoria 1.
O processo de atracação das cargas na BAGERGS é bem ágil, conforme foi
relatado pelos entrevistados A, B e C nas entrevistas. O fato de ser necessário
somente uma cópia da NF que acompanha a carga para que a mesma seja
recepcionada no armazém, baixada e armazenada poupa muito tempo dos agentes
de carga e despachantes, não havendo a necessidade de deixar toda a documentação
de embarque e os registros de RE e DDE prontos para que só então o material entre
no recinto, tal qual acontece nos aeroportos.
Contudo, a falta de critério na alocação das mercadorias no momento do
descarregamento, isto é, o material ser baixado e armazenado onde há espaço é um
problema. Assim, uma sugestão para a administração do armazém alfandegado é
desenvolver critérios para armazenagem das cargas, de forma que elas sejam de fácil
localização dentro do armazém 2, poupando tempo de despachantes, fiscais da SRF
e transportadoras.
A terceira pergunta da categoria 2 tratou dos tipos de mercadorias recebidos
na BAGERGS. O objetivo desta pergunta é identificar quais os materiais que são mais
comumente entregues na BAGERGS para exportação e qual a espécie dessas
cargas, isto é, se se enquadram como carga geral, carga perigosa, carga perecível,
etc. O entrevistado C informou que as cargas recebidas na BAGERGS são bem
diversificadas, existindo, porém, mercadorias mais comuns, tais como couro
preparado para a confecção de calçados; as cargas de sapato em si; maquinários;
implementos agrícolas; entre outros. O entrevistado ainda ressaltou que atualmente o
armazém tem pouco volume de cargas perigosas, mas que possuem estrutura para
atender esse tipo de carga, sendo que recentemente haviam operado um embarque
com grande lote de produto químico perigoso, mas que geralmente os exportadores
preferem embarcar diretamente pelo porto de Rio Grande ou algum aeroporto, como
Porto Alegre ou Guarulhos. Em relação a embarques de cargas perecíveis, isto, que
exigem na maioria dos casos controle de temperatura para manter a integridade do
produto, o entrevistado informou que não há área refrigerada para o armazém de
exportação, somente para o de importação, que consiste numa aérea refrigerada com
81
temperatura controlada até 25°C. Nos casos de mercadorias perecíveis exportadas
da BAGERGS, a mercadoria fica armazenada dentro do próprio veículo com
equipamento de refrigeração e o processo de liberação da SRF ocorre no veículo. Por
ser um ambiente apto a receber diversos tipos de cargas, a BAGERS está de acordo
com o destacado por Banzato et al. (2010) no que diz respeito à flexibilidade.
No que diz respeito aos tipos de carga armazenados pela BAGERGS, de fato
o que mais se encontra no armazém de exportação são partes e peças de máquinas,
cargas de sapato, maquinários, etc., conforme relato pelo entrevistado. No entanto, a
BAGERGS recebe menos variedade de cargas do que o aeroporto de Porto Alegre,
por exemplo, tendo em vista que o fluxo de cargas perigosas que são exportadas pelo
aeroporto é bem maior, bem como o volume de cargas perecíveis. Isso ocorre
principalmente pela falta de estrutura da BAGERGS para atender esse tipo de carga
e, muito provavelmente, pelo interesse dos exportadores em embarcar essas cargas
especiais da forma mais rápida possível. Uma vez que a DTA dura em torno de três
dias entre o início e a conclusão do trânsito, é inviável enviar uma carga perecível de
caminhão, a não ser, é claro, que se esteja utilizando um veículo com equipamento
especial. Ainda assim o tempo de trânsito aumenta consideravelmente, existindo
também risco de problemas no veículo durante o trajeto, assaltos aos caminhões,
entre outros sinistros.
A BAGERGS, em termos de cargas de exportação, recebe uma variedade
grande de mercadorias que se enquadram na categoria de carga geral, principalmente
porque, devido à pequena capacidade de transporte das aeronaves que atendem o
aeroporto de Porto Alegre, cargas grandes em termos de peso e dimensões não têm
outra saída do Rio Grande do Sul que não seja por caminhão. É nesse quesito que a
BAGERGS se destaca por receber inúmeros tipos de carga, desde pequenas caixas
contendo móveis a lotes grandes de calçados e maquinários com excesso de peso e
dimensões.
A quarta pergunta falou sobre o processo de armazenagem e teve por objetivo
identificar os critérios, se é que havia algum, para armazenagem das mercadorias
dentro do armazém 2, isto é, se a composição, destinação e tipo de mercadoria
influenciavam no momento da alocação da carga no armazém. O entrevistado C
informou que não há critérios para armazenagem. Ele justificou que, uma vez que a
BAGERGS só possui um armazém dedicado às cargas de exportação, as mercadorias
são descarregas e armazenadas conforme a disponibilidade de espaço. Ele afirmou
82
que se houvesse algum filtro para o processo facilitaria o trabalho, porém como já
estão acostumados a trabalhar desta forma, não há tanta dificuldade. Contudo, foi
constatado em visita ao armazém que mercadorias consideradas perigosas, tais como
líquidos inflamáveis, são armazenadas em um outro local, fora do armazém 2. Lá são
armazenadas todas as mercadorias deste tipo. Quando questionado sobre a
capacidade de armazenamento, o entrevistado informou que todos os armazéns
comportam o mesmo volume de cargas, a diferença entre eles (no caso, entre os
armazéns de exportação e o de importação) é o tempo que a mercadoria permanece
armazenada. O tempo de permanência das cargas de exportação no armazém 2 é
muito curto, uma vez que grande parte das cargas são descarregadas, armazenadas
e liberadas pela SRF na parte da manhã e carregadas pela transportadora à tarde, ao
passo que as cargas de importação chegam à BAGERGS e ficam armazenadas por
muito mais tempo que isso, aguardando o processo de liberação. Isso requer mais
espaço e, consequentemente, mais armazéns. O que não ocorre no armazém de
exportação, uma vez que são poucos os casos de cargas que ficam de um dia para o
outro aguardando remoção. O processo de armazenagem descrito pelo entrevistado
vai ao encontro dos conceitos discutidos por Asteggiano e Silva (2010), Banzato et al.
(2010) e Banzato e Moura (1997).
O processo de armazenagem das cargas de exportação, conforme ressaltado
tanto pelos entrevistados A e B quanto pelo entrevistado C, não ocorre mediante
critérios e sim conforme há espaço para armazenamento. Há aí uma oportunidade de
otimizar a disposição dos volumes dentro do armazém conforme o aeroporto de
destino, por exemplo. Ao acompanhar o processo de carregamento das cargas que
cujo aeroportos de embarque são Guarulhos e Viracopos, constatou-se que os
operadores das empilhadeiras precisam se movimentar de um lado a outro do
armazém buscando as cargas que seriam carregadas nos veículos de transporte. Se
existissem áreas específicas dentro do armazém com locais destinados somente para
cargas que vão para determinado aeroporto, esse processo poderia ser bem mais
rápido. Assim, no momento do descarregamento, o aeroporto de embarque seria
identificado e a carga seria armazenada na área de acordo. A frequência de saídas
para o aeroporto de Viracopos é menor que para o aeroporto de Guarulhos, ocorrendo
somente duas vezes por semana, portanto essa área seria menor. Percebeu-se que,
durante o carregamento das cargas que seguem para Guarulhos, a maioria delas
estavam próximas à rampa de carregamento, o que otimiza o tempo dos operadores
83
no momento do carregamento. O mesmo poderia ser feito para os volumes destinados
ao aeroporto de Viracopos, sendo alocados próximo de outra saída que não tenha
tanto fluxo de mercadorias.
A quinta pergunta tratou da liberação das mercadorias para carregamento da
transportadora, com o intuito de verificar como ocorre este processo para os materiais
liberados em canal verde pela SRF, ou seja, que não precisam passar por conferência
documental e/ou física. O entrevistado C informou que antes do carregamento
começar a SRF recebe uma lista da transportadora onde estão discriminadas todas
as cargas que serão carregadas para Guarulhos e/ou Viracopos no dia. Com essa
lista, a SRF verifica quais destas cargas foram parametrizadas em canal verde e tira
os materiais que parametrizaram em outro canal. Então essa listagem é liberada para
os encarregados da BAGERGS e o carregamento é feito conforme o que está na lista.
Como já foi ressaltado pelos entrevistados A e B na entrevista anterior e pelo
entrevistado C, na maioria dos casos a carga é baixada na parte da manhã e o
processo de liberação ocorre no mesmo período, ficando disponível para
carregamento à tarde. O processo de saída descrito pelo entrevistado vai ao encontro
do que diz Asteggiano e Silva (2010) sobre a etapa out bound. Em alguns casos a
mercadoria é carregada no dia seguinte, ou depois, podendo ser por solicitação do
cliente, por preferir pagar armazenagem da BAGERGS a pagar em Guarulhos ou
Viracopos em embarques cuja saída do aeroporto pode demorar por falta de
disponibilidade de espaço no voo, ou nos casos em que a mercadora precisará passar
por conferência do fiscal da SRF antes de ser liberada para transporte.
A sexta pergunta tratou das mercadorias armazenadas e que precisam passar
por conferencia dos fiscais da SRF. O objetivo deste questionamento é entender o
que ocorre com as mercadorias que precisam ficar armazenadas aguardando a
verificação física e/ou documental até o carregamento. O entrevistado C informou que
as mercadorias ficam armazenadas também no armazém dois aguardando
conferência, ou seja, não há um local específico destinado para essas cargas. O
entrevistado C complementou que faz uma listagem das mercadorias que
parametrizaram nos canais amarelo e vermelho se dirigem ao armazém, todos os dias
no início da tarde, e conferem a mercadoria, solicitando abertura dos volumes e
verificando se o conteúdo físico está de acordo com o que consta na documentação,
principalmente na NF, e se estiver, eles liberam. Se estiver divergente, eles abrem
mais alguns volumes para confirmar que de fato a carga está divergente e então
84
suspendem o carregamento, solicitando a correção da documentação. Quando
questionado sobre quais são as correções mais comuns, o entrevistado destacou que
algumas correções são feitas antes mesmo da carga ser entregue para a SRF. Por
exemplo, quando existe divergência na quantidade de volumes, a BAGERGS procura
acertar diretamente com o despachante, se haverá correção da nota, se a fábrica
enviará os volumes faltantes ou se a mercadoria será retornada para o exportador. O
entrevistado destacou que o problema ocorre quando a SRF abre a mercadoria e o
que está dentro da embalagem não está de acordo com o declaro na NF, dando o
exemplo de uma carga de sapato, em que dentro da caixa consta um calçado de certa
numeração que não corresponde com o item declarado na NF. Então é solicitada a
correção do documento.
No que se refere à carga física, a BAGERGS faz uma avaliação do material no
momento da chegada da mercadoria conforme já havia sido destacado pelos
entrevistados A e B na entrevista anterior. O entrevistado C informou que é nessa
etapa que ocorre a primeira identificação de problemas, tais como falta ou excesso de
mercadoria em relação à quantidade declarada na NF e então são tomadas
providências junto ao despachante. Nessa avaliação são identificados e registrados
quaisquer problemas que a carga possa apresentar fisicamente, como falta ou
excesso de carga e também avarias. Quando algo do tipo é identificado, é feito um
documento de avaria ou falta, esse documento é repassado ao despachante, que
conversa com o cliente e este autoriza ou não o embarque da mercadoria como está.
Nos casos de avarias ocorridas dentro da BAGERGS também é feito um relatório da
avaria e apresentado ao cliente, sendo responsabilidade do armazém tomar as
providências necessárias para ajustar o material e deixa-lo apto para embarque.
Para facilitar o trabalho dos fiscais da SRF no momento da conferência física,
as mercadorias parametrizadas em canal deveriam ser realocadas dentro do
armazém para uma área específica, evitando assim o dispêndio de tempo dos
despachantes e também dos ficais em localizar a mercadoria dentro do armazém de
exportação. Conforme foi destacado pelos entrevistados, o fato de não haver um
sistema de localização que indique onde está a mercadoria exige que os
despachantes tenham que procurar o material dentro do armazém. Se no momento
em que a BAGERGS recebesse a listagem das cargas que precisam passar por
verificação física movessem essas cargas para determinado local, os despachantes
poderiam localizar o material com mais facilidade, poupando assim tempo dos
85
despachantes e dos fiscais. Quando liberadas, os materiais poderiam ficar nesse
mesmo local aguardando carregamento da transportadora.
Na sétima e última pergunta foi questionado sobre possíveis melhorias que
deveriam ser implantadas na BAGERGS. A finalidade deste questionamento é
identificar, na opinião do entrevistado, aspectos que necessitam ser aprimorados de
forma que o trabalho dentro dos armazéns melhore, seja em questões de estrutura,
equipe, burocracia, etc. O entrevistado C destacou o pequeno número de funcionários
que compõem a equipe que trabalha nos armazéns e a dificuldade em admitir mais
colaboradores. Ele informa que os funcionários são admitidos na BAGERGS por meio
de concursos públicos e a cada concurso ingressa determinado número de pessoas,
porém constantemente há funcionários deixando a equipe, seja porque passaram em
algum outro concurso, ou se mudam, ou simplesmente se demitem. Assim, a equipe
está sempre restrita e não existe a possibilidade de contração de funcionários por fora,
como ocorre em uma empresa privada convencional. O entrevistado C acredita que a
dificuldade na contratação de pessoas é um grande problema atualmente, uma vez
que o processo de admissão por concurso é demorado, burocrático, depende do
governo do Estado e na atual situação, o mesmo não tem autorizado a abertura de
novos editais para concurso. A burocracia na contratação de pessoal é um fator que
complica e muito as atividades na BAGERGS, pois eles são obrigados a utilizar a
equipe restrita para a realização de todas as atividades no armazém. Segundo o
entrevistado C, fica um sentimento de divisão, uma vez que eles desejam que o
volume de cargas aumente, mas por outro lado isso sobrecarregaria a equipe
pequena. Desta forma, eles são obrigados a trabalhar com os funcionários que têm e,
ao contrário de outros setores ligados ao governo, a renda da BAGERGS é fruto
daquilo que é realizado dentro dos armazéns, ou seja, nas palavras do entrevistado
“Se a BAGERGS plantar, a BAGERGS colhe. Se a BAGERGS não plantar, a
BAGERGS não colhe”. O entrevistado explicou que a BAGERGS é uma empresa
privada mas leva o nome de empresa mista, sendo que grande parte das ações são
do banco e por isso o armazém leva o nome do mesmo.
Outro aspecto negativo que foi destacado pelo entrevistado C é a constante
troca de gestão da BAGERGS. Ele informou que isso é algo que o insatisfaz desde
sempre e explicou que, com a troca de governo a cada quatro anos, muda também a
equipe diretiva da BAGERGS. Para o restante dos funcionários (concursados) isso é
ruim, uma vez que os diretores são nomeados e leva um longo tempo para que eles
86
entendam por completo o funcionamento da BAGERGS. O entrevistado ressaltou que
a grande maioria não vem preparada para assumir as atividades do armazém e
ressalta que isso não é culpa deles, mas que ao serem nomeados para assumir a
direção da BAGERS, muitos não têm conhecimento sobre o trabalho desenvolvido ali.
Segundo o entrevistado C, o processo de adaptação e entendimento das atividades é
demorado, havendo sempre problemas de assimilação por causa das diferentes
opiniões entre quem já trabalha na BAGERGS há bastante tempo e os novos
diretores, pois muitos não possuem a experiência necessária, encontrando
dificuldades para tomarem decisões, expressar suas ideias, etc. O entrevistado
informou que cada nova direção tem um modo de visualizar os processos, “[...] de
planejar as coisas [...]”, e que isso dificulta muito o trabalho dentro da BAGERGS. Ao
longo do tempo isso melhora, segundo ele, pois a direção aprimora seu entendimento
sobre os processos do armazém, mas que quando isso finalmente acontece,
geralmente já é época de novas eleições e, consequentemente, da troca de direção.
Órgãos que estejam de alguma forma ligados ao governo sempre costumam
ter processos muito burocráticos. Na BAGERGS, cujas ações pertencem ao banco do
Estado, não é diferente e pelo que foi apontado pelo entrevistado C, a burocracia no
que diz respeito à contratação de funcionários afeta muito o dia a dia de trabalho
dentro dos armazéns. Infelizmente essa não é uma questão fácil de discutir, uma vez
que a admissão de funcionários está diretamente associada à realização de concursos
que somente são autorizados pelo governo do Rio Grande do Sul. A administração
atual da BAGERGS deveria realizar um estudo sobre o tamanho do impacto negativo
de uma equipe pequena nos negócios do armazém, principalmente em termos de
tempo de carregamento e descarregamento, armazenagem, entre outras atividades.
O estudo realizado deve ser apresentado de forma a justificar a realização de
concurso mais periódicos, ou até desenvolver um método de seleção que seja mais
rápido e ágil. Além disso o entrevistado C ressaltou que o número de funcionários que
deixam a BAGERGS é grande e constante e isso contribui para que a equipe esteja
sempre pequena. Um outro poderia ser desenvolvido buscando identificar as
principais razões pelas quais os funcionários deixam a BAGERGS e fazer um
levantamento do que pode ser melhorado em termos de salários e benefícios com o
intuito de manter os colaboradores que já trabalham na BAGERGS e também os que
possam vir a entrar.
87
Quanto à direção, de fato, as entidades ligadas ao governo sofrem desse
problema, isto é, diretores que são nomeados para assumir determinado lugar e
infelizmente, na maioria dos casos, não têm conhecimento das atividades
desenvolvidas no local. É de responsabilidade dos governos que fazem tais
nomeações que promovam cursos preparatórios para os novos diretores, de forma
que eles se familiarizem com a entidade que vão comandar. O mais indicado, na
verdade, é que não haja uma mudança tão frequente nesses cargos, uma vez que
leva tempo até a direção finalmente entrar no ritmo do restante da empresa. A troca
de gestão prejudica muito as atividades, independentemente do tipo de empresa, já
que isso interrompe o fluxo de planejamento dos projetos, tanto dos que já estão em
curso para implementação quanto daqueles que estão sendo desenvolvidos. O mais
indicado é não haver a mudança de direção tão frequente, até porque o restante da
equipe também leva tempo para se acostumar aos novos diretores, uma vez que o
relacionamento precisa ser novamente estabelecido.
O quadro a seguir busca apresentar a ideia principal de cada pergunta realizada
na categoria 2 e com quais autores se relacionam os dados obtidos nas respostas do
entrevistado.
Quadro 4 - Resumo da categoria 2: Infraestrutura
ENTREVISTADO PERGUNTA IDEIA CENTRAL BIBLIOGRAFIA
“C” Breve resumo sobre experiência profissional entrevistado.
O entrevistado trabalho há aproximadamente 37 anos na BAGERGS. Desenvolveu diversas atividades ao longo do tempo, exercendo hoje a função de fiel depositário junto à SRF.
-
“C” Descrever o processo de descarregamento.
Mercadoria chega à BAGERGS, são realizados cadastros da carga, o material é descarregado no armazém dois e o veículo é liberado.
(ASTEGGIANO; SILVA, 2010)
“C” Tipos mais comuns de cargas recebidas e armazenadas na BAGERGS
Mercadorias bem diversificadas, principalmente couro preparado, calçados, implementos agrícolas, maquinário. A BAGERGS recebe também cargas perigosas, mas atualmente não possui estrutura para atender embarques de cargas perecíveis.
(BANZATO et al., 2010)
88
“C” Descrever o processo de armazenamento das cargas dentro do armazém de exportação
Não há qualquer critério para o armazenamento. As cargas são alocadas no armazém de exportação conforme a disponibilidade de espaço. Somente cargas consideradas perigosas são armazenadas em local específico.
(ASTEGGIANO; SILVA, 2010) (BANZTO et al., 2010)
“C” Detalhar o processo de liberação das mercadorias para carregamento da transportadora
A liberação das cargas é feita mediante lista recebida da SRF que contém todas as mercadorias parametrizadas em canal verde e que foram reservadas junto à transportadora para carregamento na data.
(ASTEGGIANO; SILVA, 2010)
“C” Armazenamento das cargas que aguardam conferência documental e/ou física
Ficam armazenadas no mesmo local (armazém e exportação). Fiscais da SRF se dirigem ao armazém para a conferência física. Material localizados pelos despachantes responsáveis pelo embarque.
-
“C” Sugestão de melhorias.
Equipe de trabalho operacional restrita e trocas constantes de direção.
-
Fonte: Elaborada pelo autor.
O subcapítulo a seguir tratará da análise das perguntas feitas na categoria 3,
denominada operações, que foi realizada junto a dois funcionários de uma
transportadora autorizada a operar no regime DTA na BAGERGS.
4.3 Análise dos Dados da Categoria 3: Operações
Nesse subcapítulo, será realizada a análise dos dados das perguntas que
compõem a categoria 3. A primeira pergunta da categoria indicada teve por objetivo
relatar as experiências profissionais do entrevistados D e E, a começar pelo
entrevistado D, que exerce a função de supervisor da base da transportadora na
BAGERGS. O entrevistado informou que trabalha na área de logística há 33 anos e
na atual transportadora há cinco anos, a serem completados em novembro próximo.
Ele ressaltou que sempre atuou no setor de transporte de cargas, já tendo trabalhado
também em companhia aérea durante vinte anos. Ele iniciou sua carreira profissional
no modal rodoviário, depois migrou para o transporte aérea e por fim retornou ao
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transporte terrestre, por meio da transportadora na qual está agora. O entrevistado E
informou que já trabalha na empresa há dez anos e ressalta o aprendizado adquirido
durante todo este tempo. Ele destaca que a unção de carregamento dos veículos não
se resume a somente encher o caminhão de cargas. O processo demanda
planejamento em como alocar e distribuir a mercadoria dentro do veículo e que um
carregamento sempre difere do outro.
A área da logística na qual atuam os entrevistados D e E requer que os
profissionais tenham formação acadêmica, principalmente para aprimorar seus
conhecimentos sobre o processo logístico como um todo. Porém, o que ocorre em
muitos casos é que os profissionais aprendem sobre a profissão trabalhando, isto é,
exercendo a função no dia a dia. Muitas vezes seus conhecimentos resultam da
prática, em que ao longo do tempo, de tanto realizarem determinada atividade,
adquirem um know how que dificilmente será aprendido dentro de sala de aula. O
conhecimento desenvolvido por esses profissionais sobre a atividade de
carregamento, por exemplo, vai além do que se pode redigir em um livro, pois,
conforme foi ressaltado pelo entrevistado E, os carregamentos são todos diferentes
um do outro e a cada dia podem surgir situações novas que dependem, muitas vezes,
da percepção individual de cada um sobre a ocorrência. Uma formação acadêmica
básica, como segundo grau do ensino médio, é um requisito mínimo a ser exigido
desses profissionais e um curso superior focado na área da logística pode contribuir
e muito para ampliar a visão dos profissionais da área, de forma que eles possam
olhar o processo logístico como um todo.
A segunda pergunta tratou do processo de carregamento das cargas liberadas
pela SRF nos veículos, cujo objetivo foi identificar como funciona essa etapa e se há
alguma diferença entre os carregamentos das cargas que vão para os aeroportos de
Guarulhos e Viracopos. O entrevistado D informou que os carregamentos são
realizados separados, isto é, as cargas com destino aeroporto de Guarulhos são todas
carregadas dentro de um único veículo (ou mais de um, dependendo do volume) e as
mercadorias que vão embarcar pelo aeroporto de Viracopos são carregadas em outro
caminhão. O entrevistado ressaltou que o fluxo para Viracopos é bem menor que o de
Guarulhos e isso se reflete nas saídas dos veículos para os aeroportos, em que
Guarulhos a frequência é diária (salvo os dias em que não há volume de cargas
suficientes que justifiquem a saída) e Viracopos, em que atualmente as saídas
ocorrem duas vezes por semana, geralmente nas terças-feiras e quintas-feiras. O
90
entrevistado informou que atualmente não há fluxo para o aeroporto do Galeão, no
Rio de Janeiro, mas que antigamente haviam saídas para lá também.
Esse processo é diferente dos carregamentos de importação, por exemplo, em
que o veículo é segregado, isto é, uma mesmo caminhão transporta as cargas que
chegaram ao país pelo aeroporto de Guarulhos com destino aos aeroportos de
Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. Nesses casos, a segregação do veículo
acontece conforme o aeroporto de descarregamento, em que a primeira base a ser
carregada será o último aeroporto em que a mercadoria será descarregada.
Exemplificando, se o aeroporto de Porto Alegre é a última base de descarregamento
do veículo, então as mercadorias com destino a esse aeroporto são as primeiras a
serem carregadas.
Os entrevistados foram questionados também sobre a possibilidade de existir
diferença entre o processo de alocação de cargas dentro dos veículos entre um
aeroporto e outro. O entrevistado D ressaltou que não há, somente a questão dos
veículos separados, ressaltando que existe sempre o cuidado com a distribuição do
peso dentro do veículo.
A terceira pergunta referiu-se ao layout de carregamento, cujo intuito foi
detalhar o processo de alocação das mercadorias dentro dos veículos de transporte e
identificar os procedimentos desta etapa. O entrevistado D informou que o critério
mais observado no momento de construir o layout é distribuir bem o peso dentro do
veículo. Além disso, segundo o entrevistado D, há um cuidado especial para não
causar avarias na carga nesta etapa, buscando alocá-la dentro do veículo de forma
que não ocorram avarias durante o transporte, evitando assim que caixas de papelão
chegue rasgadas ou caixas de madeira destruídas ao aeroporto de embarque. O
entrevistado D comentou que são muito comuns os casos de embarques de móveis
cuja embalagem é uma caixa de madeira muito frágil e de má qualidade, com
facilidade avaria. Esse tipo de embalagem exige muito cuidado e sua alocação dentro
do veículo deve ser bem planejada, pois se o volume for colocado muito atrás, após
os eixos, ele pode ficar solto dentro do veículo, balançando conforme o movimento e
causando avaria. Assim, há a preocupação de colocar esse tipo de carga mais à frente
dos eixos ou, caso não seja possível, amarrar o volume para evitar que ele se mexa
durante o trajeto até o aeroporto de embarque.
O entrevistado D informou que quando recebem as reservas do dia eles se
dirigem ao armazém de exportação para fazer uma revisão das cargas previstas para
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serem transportadas. Nessa análise eles já identificam, pela experiência que têm,
quais cargas precisam de mais cuidado, além daquelas que já vêm identificadas como
frágeis. Banzato e Moura (1997) também destacam a importância das marcações nas
embalagens. O entrevistado E ressaltou que nesta etapa é possível verificar quais
cargas podem ser remontadas, isto é, colocadas uma sobre a outra para otimizar o
espaço no veículo, tendo sempre o cuidado de nunca colocar uma caixa pesada sobre
uma mais leve. O entrevistado E também apontou que são observadas as dimensões
dos volumes, com o intuito de verificar se não há nenhuma carga com excesso e que
necessite de veículo especial e/ou exclusivo; possíveis avarias que a carga possa
apresentar; e se os volumes estão devidamente etiquetados para embarque. Ferreira
(2003) também ressalta a questão das etiquetas.
O entrevistado D informou que a transportadora faz uma vistoria nas cargas em
busca de avarias, sendo esta conferência até mais criteriosa que a realizada pela
BAGERGS no momento em que a carga é recebida no armazém 2. O entrevistado E
complementou que antes do carregamento é feita a contagem dos volumes, é
verificado se a mesma contém as etiquetas necessárias para embarque e se há
alguma avaria. Caso seja constatada, a administração do armazém é notificada e a
transportadora solicita para a BAGERGS o termo de avaria, ao mesmo tempo que
notifica o cliente sobre os danos apresentados pela carga. Juntamente a isso o
despachante responsável pelo embarque analisa a carga e informa a transportadora
se a mercadoria pode ser transportada como está. Caso não possa e o exportador
necessite consertar a embalagens, a carga é retirada da lista da transportadora e
transferida para a saída do dia seguinte. Os apontamentos feitos pelos entrevistados,
principalmente em relação às embalagens, vão ao encontro do que dizem Ferreira
(2003) e Banzato e Moura (1997).
O processo de alocação descrito pelos entrevistados D e E está completamente
de acordo com o que se espera de um carregamento eficiente, uma vez que o cuidado
maior é evitar ao máximo que qualquer avaria ocorra com os volumes. Foi possível
acompanhar, durante o desenvolvimento da pesquisa, o processo de carregamento
dos veículos que levam as cargas tanto para o aeroporto de Guarulhos quanto para o
aeroporto de Viracopos. O método adotado para a alocação dos volumes nos
caminhões visa otimizar o espaço interno de forma que as cargas fiquem o mais
próximo possível umas das outras, evitando assim que existam lacunas que
possibilitem a movimentação da carga durante o transporte, deixando margem para
92
uma possível avaria. A remontagem mencionada pelo entrevistado E funciona
principalmente com as cargas avulsas, isto é, caixas soltas (como ocorre nas cargas
de sapato), pois elas podem ser encaixadas umas sobre as outras preenchendo
grande parte do espaço dentro do veículo. Assim, elas servem como um apoio
também para o restante dos volumes. A otimização do espaço é algo surpreendente,
uma vez que os encarregados alocam as cargas de forma que os veículos ficam
completamente preenchidos, não sobrando quase nada de espaço que permita a
movimentação dessas mercadorias dentro do caminhão.
As cargas transportadas até o aeroporto de Guarulhos possuem uma certa
uniformidade em termos de formato, isto é, a maioria delas são caixas de sapato,
paletes de madeira e caixas cuja anatomia permitem que elas se encaixem umas com
as outras. Já as cargas que seguem para o aeroporto de Viracopos aparentaram ser
mais disformes, isto é, são volumes pesados e grandes em termos dimensionais, com
formatos variados e que exigem um planejamento maior por parte dos responsáveis
pelo carregamento. Enquanto os volumes eram alocados no caminhão cujo destino
era o aeroporto de Viracopos, percebeu-se que algumas vezes determinadas cargas
eram movidas dentro do veículo por meio de uma paleteira manual, em que o operador
buscava ajustar da melhor forma possível o volume de acordo com o restante da
carga. Também foi necessário, em alguns casos, retirar uma mercadoria que já estava
dentro do caminhão com o intuito de colocar outra no lugar, objetivando assim otimizar
ainda mais o espaço.
Nas fotografias a seguir, registradas durante a etapa de carregamento dos
veículos cujos destinos são os aeroportos de Guarulhos e Viracopos, pode-se
observar melhor como ocorre esse processo.
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Fotografia 1 - Carregamento do veículo para o Aeroporto de Guarulhos
Fonte: Registrado pelo autor.
Fotografia 2 - Alocação das mercadorias dentro do veículo para Guarulhos
94
Fonte: Registrado pelo autor
Fotografia 3 - Carregamento do veículo para o Aeroporto de Viracopos
95
Fonte: Registrado pelo autor
Fotografia 4 - Veículo carregado para o Aeroporto de Viracopos
Fonte: Elaborada pelo autor
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Na quarta pergunta foi questionado aos entrevistados sobre procedimentos
especiais no carregamento conforme o tipo de carga, visando investigar se existem
mercadorias que necessitam de cuidados especiais no manuseio e no veículo, além
de identificar possíveis mercadorias que não podem ser transportadas nos caminhões.
Os entrevistados D e E destacaram de pronto cargas perigosas e com dimensões
muito grandes. Por dimensões grandes o entrevistado E se referiu aos volumes que
ultrapassam as dimensões das portas do baú. O entrevistado D complementou que é
feito um trabalho junto aos clientes que transportam mercadorias pela transportadora
no qual eles solicitam que, no momento da solicitação da reserva, sejam sempre
informadas as dimensões do volume. Assim eles podem identificar se a mercadoria é
compatível com o veículo baú ou se será necessário um caminhão sider, em que é
possível abrir as laterais do veículo visto que as paredes são feitas de lona. Keedi
(2008) também destaca a questão das dimensões dos volumes para embarque aéreo.
No que se relaciona a produto perigosos, os cuidados ressaltados pelos entrevistados
vão ao encontro do que dizem Banzato e Moura (1997).
O entrevistado D informou que materiais radioativos não são transportados via
modal rodoviário pela transportadora, assim como as transportadoras concorrentes
que atuam na BAGERGS, pois segundo ele existem transportadoras especializadas
no transporte deste tipo de produto. O entrevistado D justificou que a equipe de
planejamento de risco não autoriza o manuseio dessas cargas principalmente por
causa do tempo de exposição dos envolvidos à radiação, já que o trecho
BAGERGS/Aeroporto de Guarulhos costuma levar em torno de dois a três dias para
ser percorrido e que essas cargas geralmente são embarcadas via modal aéreo, pois
o tempo de trânsito entre os trechos é bem menor.
O tipo e composição de cada carga influencia na forma como a mesma será
manuseada. Como destacado pelos entrevistados, cargas perigosas necessitam de
atenção redobrada no momento do seu manuseio e alocação dentro do veículo.
Sendo assim é muito importante que esse tipo de mercadoria venha da fábrica do
exportador devidamente etiquetada e que nela conste todas as informações indicando
que tipo de produto está armazenado ali, até porque isso também é uma exigência da
IATA para o transporte aéreo de cargas perigosas. A identificação nas embalagens é
essencial para que as transportadoras consigam fazer o transporte dessas
97
mercadorias, pois somente assim será possível planejar o espaço de forma que a
carga esteja segura.
O mesmo vale para volumes com dimensões grandes. É importante informar
logo no momento da reserva quais as medidas (comprimento x largura x altura) dos
volumes, pois assim a transportadora consegue estimar o quanto de espaço os
volumes vão ocupar no caminhão. Além disso, a preocupação com as dimensões não
se refere somente ao transporte rodoviário, mas principalmente ao aéreo, uma vez
que dependendo das medidas da mercadoria é necessário que a carga embarque em
aeronaves cargueiras. Hoje são poucos os aeroportos no Brasil com infraestrutura
para operações de aeronaves cargueiras e a transportadora entrevistada atende um
deles, o aeroporto de Viracopos, que é um dos que mais recebe esse tipo de
aeronave. O mais indicado é que a transportadora conscientize seus clientes obre a
importância dos dados da carga no momento da reserva e como a falta dessa
informação pode impactar negativamente na eficiência da operação de carregamento.
A quinta pergunta tratou da parceria entre a transportadora e as companhias
aéreas. O intuito deste questionamento foi investigar como funciona essa parceria,
qual sua origem e as condições para que os clientes se utilizem dela. O entrevistado
D informou que o serviço de transporte rodoviário foi oferecido às companhias aéreas
uma vez que aeronaves de grande porte não operam no aeroporto de Porto Alegre
por causa da pista, considerada muito curta. Na época da Copa do Mundo foi estudada
a possibilidade de aumentar a pista, o que não ocorreu e muito provavelmente não vai
ocorrer, ressaltou o entrevistado. Ele ainda comentou sobre o projeto de um novo
aeroporto na região metropolitana cuja estrutura esteja dentro dos padrões exigidos
para a operação de aeronaves cargueiras. Os tipos de aeronaves são destacados
também por Keedi (2008).
O entrevistado D também ressaltou que a operação de aviões nos aeroportos,
tanto de passageiros quanto cargueiros, é muito onerosa para as companhias aéreas,
uma vez que as administradoras dos aeroportos cobram pelos pousos e pelas
decolagens; pelo handling, que se configura como o processo de carregamento e
descarregamento de bagagens e mercadorias nas aeronaves; o combustível, entre
outros. Assim, não há interesse por parte das companhias aéreas, principalmente as
estrangeiras, em operar em todos os aeroportos. Por conta de todos esses motivos,
abriu-se um leque de oportunidades para as transportadoras, que passaram a
98
oferecer seus serviços para transportar as mercadorias até os aeroportos
considerados centrais.
É dessa oportunidade que surgiu o acordo entre transportadora e companhia
aérea. Segundo o entrevistado D, esse acordo vem na forma de uma tarifa cobrada
por quilo e que já está inclusa na tarifa de frete internacional cobrada pelas
companhias aéreas, geralmente no valor de US$ 0.18/Kg ou US$ 0.20/Kg. A
transportadora na qual trabalha o entrevistado D tem acordo com praticamente todas
as companhias aéreas que operam no Brasil, tanto as estrangeiras quanto as
nacionais e que o fluxo de saídas é bem frequente.
Foi questionado também para o entrevistado D se existe alguma reserva de
espaço dentro dos veículos que fica destinada às companhias aéreas com as quais a
transportadora tem parceria. O entrevistado informou que o espaço nos veículos é
reservado conforme a ordem de reserva, ou seja, basicamente por ordem de chegada.
As solicitações de reserva devem ser enviadas para o correio eletrônico específico
para a solicitação de reservas. Nessa solicitação, o cliente deve informar o exportador
da mercadoria, o número da DDE, a quantidade e tipo de volume, peso bruto, as
dimensões e quem será responsável pelo pagamento do frete. Ele ressalta ainda que
a solicitação deve ser enviada para o e-mail da transportadora no máximo até as
11h40, pois após esse prazo a transportadora monta a lista que será liberada para a
SRF.
O acordo das transportadoras com as companhias aéreas é importantíssimo
para o comércio exterior do Rio Grande do Sul, tanto para empresas exportadoras
quanto para as importadoras. Infelizmente o aeroporto de Porto Alegre opera
basicamente com aeronaves de pequeno porte, sendo que destas, somente umas
poucas atendem destinos no exterior diretamente. A maioria faz uma conexão no
aeroporto de Guarulhos primeiro e depois embarca para o país de destino.
Com este acordo é possível realizar os embarques internacionais para quase
todos os tipos de carga, pois os veículos do modal terrestre têm capacidade para
transportar cargas dos mais variados pesos e dimensões. Os pontos negativos são o
tempo de trânsito, que sofre um acréscimo de quase três dias, e o adicional na tarifa
do frete internacional para o pagamento do trecho realizado com a transportadora.
Muitas vezes os exportadores preferem contratar uma transportadora à parte para
levar a mercadoria até o aeroporto de Guarulhos, pois conseguem transportar a carga
99
até São Paulo por um preço competitivo, e realizar o desembaraço aduaneiro em
Guarulhos, ao invés de entregar a carga na BAGERGS e transportá-la via DTA.
O serviço prestado pela transportadora contribui para o fluxo das mercadorias
de exportação e importação, uma vez possuem uma frequência regular e raramente
existem problemas de espaço. Ainda assim, é de se estudar a possibilidade de haver
um espaço dedicado às companhias aéreas que utilizam os serviços da
transportadora, para os casos de cargas cujo lote é muito grande, ou volumes com
pesos e dimensões com excesso, que em alguns casos podem precisar ser alocados
em caráter de urgência nos veículos. Além disso, é interessante verificar a utilização
de veículos especiais, como os refrigerados, para o transporte de cargas perecíveis.
A sexta pergunta referiu-se aos problemas mais comuns que ocorrem na etapa
de carregamento, transporte e entrega das cargas nos aeroportos de embarque. Este
questionamento teve por objetivo identificar os fatores que podem interferir no bom
andamento do processo de transporte, seja no início, durante ou no final. O
entrevistado D destacou que existem problemas, porém eles são poucos, se for
comparar com a grande quantidade de cargas que são transportadas. Na etapa de
carregamento, ele destaca que o problema mais comum é a falta de etiquetas de
embarque nas mercadorias. Essas etiquetas devem levar as informações de números
dos AWBs, origem e destino, quantidade de volumes do lote, peso bruto, etc. O
entrevistado D informou que muitas vezes eles iniciam o processo de carregamento
dos veículos e se deparam com lotes de grandes sem as etiquetas, fazendo com que
o carregamento pare.
O entrevistado E informou que durante o transporte o problema mais recorrente
são possíveis atrasos que o caminhão pode sofrer no decorrer do trajeto, causado
principalmente por congestionamentos no caminho. Esses atrasos se refletem na
entrega da carga no aeroporto de embarque, uma vez que o caminhão chega ao
destino no final do dia, às vezes à noite, já não sendo mais possível fazer o deslacre
e a conclusão do trânsito, realizados pela SRF. Assim, esses processos só podem ser
feitos no outro dia, comprometendo a liberação da carga para as companhias aéreas.
Ao chegarem aos aeroportos de embarque, o entrevistado D ressaltou o
acúmulo de cargas, que impacta na demora para a conclusão de trânsito,
principalmente no aeroporto de Guarulhos, que é um dos principais aeroportos do país
em movimentação de cargas. O entrevistado D explicou como ocorre o processo de
recepção das cargas e o impacto negativo gerado pelo acúmulo de cargas. Após a
100
chegada do veículo ao aeroporto, a primeira etapa é o descarregamento de todos os
volumes para a plataforma de recebimento. A administradora do aeroporto precisa
receber em seu sistema todas as mercadorias e entregar para a transportadora um
documento comprobatório do recebimento, ao qual o entrevistado D se referiu como
print de recebimento. Esse recibo é anexado junto ao restante da documentação da
carga, que contém também o extrato da DDE com início de trânsito, e então é entregue
ao fiscal da SRF para que ele providencie a conclusão do trânsito. O entrevistado
comentou que, se a plataforma estiver cheia, a transportadora não pode descarregar
os veículos, tendo que esperar até que haja espaço disponível para efetuar a desova
dos caminhões. Assim, um veículo que chega ao meio dia pode descarregar somente
à noite, ou às vezes precisa aguardar até o dia seguinte. O entrevistado D ainda
destaca que, além do problema de acúmulo de cargas, a etapa de conclusão de
trânsito pode demorar mais por causa dos fiscais da SRF. Isso porque é comum os
casos em que eles demoram a chegar no aeroporto; os ficais trabalham em plantões,
não sendo sempre o mesmo fiscal a receber os documentos para realizar a conclusão
do trânsito; casos em que os mesmos não cumprem com horários fixos para atender
as transportadoras, entre outros. As observações em relação ao trânsito aduaneiro
vão encontro do que consta no regulamento aduaneiro (BRASIL, 2009).
O entrevistado D ressaltou que em alguns casos é possível solicitar uma
prioridade no recebimento, para embarques urgentes em que a carga corre o risco de
não cumprir com o prazo máximo dado pelas companhias aéreas. Porém, o que
sempre é orientado para os agentes de carga é que programem as saídas do
aeroporto de Guarulhos para dois dias após o início de trânsito na BAGERGS. O
entrevistado D comentou ainda que o tempo de trânsito para entregar a carga em
Guarulhos pode levar até três dias, englobando tanto o transporte quanto a etapa de
descarregamento e conclusão do trânsito no aeroporto. Assim, os agentes de carga e
exportadores precisam ter consciência desse prazo e de que não é possível pular
etapas para acelerar esse processo.
O processo de carregamento e transporte das mercadorias desde a BAGERGS
até o aeroporto de embarque é relativamente simples, não apresentando etapas
complexas que ofereçam grandes riscos a mercadoria. De fato, o problema que mais
afeta o bom andamento dos embarques é o tempo de trânsito e a liberação da carga
para as companhias aéreas nos aeroportos, principalmente em Guarulhos.
101
O tempo de trânsito, conforme informado pelo entrevistado D, leva em torno de
três dias. Esse prazo pode se alongar por diversos motivos, tais como
engarrafamentos nas estradas, bloqueios, entre outros, portanto é importante que os
agentes de carga, responsáveis pelas reservas junto às companhias aéreas, tenham
consciência de que podem haver atrasos. Além do mais, é necessário que os
clientes/exportadores também conheçam as limitações do transporte rodoviário em
termos de tempo e que infelizmente certas etapas não podem ser aceleradas. A
distância percorrida pelos veículos é longa e, para as cargas que embarcam pelo
aeroporto de Guarulhos, há ainda o processo de recebimento dessas mercadorias,
que pode demorar. O volume de cargas que embarcam por esse aeroporto é muito
grande e o aeroporto ainda não possui uma estrutura grande o suficiente para receber
essa quantidade de forma rápida e eficiente, evitando atrasos na entrega dessas
mercadorias às suas respectivas companhias aéreas.
O aeroporto de Guarulhos desenvolveu recentemente um sistema de pré-
cadastro das cargas que vão ser entregues no TECA de exportação. Assim, quando
a mercadoria está para ser entregue, o agente de cargas responsável pelo embarque
precisa cadastrar esse material nesse sistema, imputando informações dos números
dos AWBs, origem e destino das mercadorias, os dados da carga, entre outras
informações. O objetivo do uso desse sistema ainda não está completamente claro,
mas ele deve servir à administração do aeroporto como uma ferramenta para saberem
o volume de cargas que será recebido no dia, mas infelizmente ainda ocorrem
problemas de congestionamento no aeroporto, que geram atrasos no
descarregamento.
Quanto ao recebimento das mercadorias no sistema do aeroporto e a
conclusão de trânsito, esses são fatores que dependem exclusivamente da
administração de Guarulhos e da SRF em implantarem ferramentas que otimizem
essas etapas. Agentes de carga, transportadores e companhias aéreas não têm
controle sobre a realização dessas atividades, de forma que precisam que os
responsáveis estudem e desenvolvam métodos buscando agilizar essas etapas, uma
vez que elas são as que mais comprometem os embarques no momento da chegada
das mercadorias ao aeroporto.
A sétima pergunta tratou da entrega da carga pela transportadora à companhia
aérea, em que se buscou detalhar as particularidades desse processo. O entrevistado
D ressaltou que a etapa de entrega das cargas para as companhias aéreas ocorre da
102
mesma forma nos aeroportos. Primeiro ocorre o processo de recebimento das cargas
no terminal de cargas de exportação, no qual um conferente da transportadora no
aeroporto confere as cargas que chegaram no aeroporto com a lista das cargas que
foram carregadas na BAGERGS, e depois há uma nova conferência, sendo esta
realizada por um conferente do próprio aeroporto. Após essa verificação a carga é
recebida. Em relação à documentação de embarque, que é entregue à transportadora
no início do carregamento na BAGERGS, o entrevistado D informou que após a
conclusão do trânsito por parte da SRF, é anexado junto ao envelope um print (recibo)
da conclusão e então os envelopes com os documentos são distribuídos para as
companhias aéreas. No ato do recebimento, as companhias aéreas emitem um
protocolo comprovando a entrega. O entrevistado E complementou que após o
recebimento dos documentos a companhia aérea solicita para a administração do
aeroporto que as mercadorias destinadas aos embarques lhes sejam entregues. Esse
processo é conhecido no ramo do comércio exterior como push da carga.
Como ficou claro, o processo de entrega dos documentos para a companhia
aérea depende quase que exclusivamente da conclusão de trânsito concedida pela
SRF, pois é somente com o print da conclusão que as companhias aéreas podem
solicitar o push das cargas para que as mesmas sejam carregadas nas aeronaves.
De novo, para que esta etapa seja otimizada, a SRF precisaria desenvolver
ferramentas que acelerassem esse processo no momento da chegada no aeroporto.
Quanto a entrega dos documentos para as companhias aéreas, esse é um
procedimento padrão e simples, que consiste basicamente na distribuição dos
envelopes nos guichês de cada companhia aérea. Seria interessante que, assim da
entrega, a transportadora notificasse os agentes de carga, enviando também o
protocolo de recebimento dos envelopes. Desta forma, os agentes saberiam
exatamente quando os documentos foram e entregues e se essa entrega ocorreu
dentro do prazo estipulado pelas companhias aéreas. Além do mais, os agentes de
carga podem acionar as companhias aéreas caso percebam que os documentos não
serão entregues no tempo exigido, caso a entrega seja causa pelos motivos citados,
podendo assim negociar uma extensão no prazo.
Na oitava pergunta, foi questionado aos entrevistados quais os pontos que
necessitam ser aprimorados na BAGERGS visando otimizar o serviço das
transportadoras dentro do recinto alfandegado. O entrevistado E respondeu que o
processo de etiquetagem das cargas deveria funcionar tal qual ocorre no aeroporto,
103
em que os despachantes etiquetam os volumes no momento da entrega do material
no terminal de cargas de exportação, antes mesmo de ela ser armazenada. Conforme
descrito pelos entrevistados A e B na entrevista da categoria 1, a etiquetagem na
BAGERGS ocorre depois que os volumes são baixados e alocados dentro do
armazém de exportação. O entrevistado E justificou que isso pode causar atrasos no
momento do carregamento, pois como foi comentado pelo entrevistado D, às vezes a
transportadora precisa carregar um lote grande de mercadorias, porém percebe no
momento do carregamento que os volumes ainda não estão devidamente
identificados, obrigando a transportadora a reorganizar o espaço para alocar os
volumes que estão em conformidade.
Os entrevistados D e E comentaram que outro fator crítico é o pequeno número
de funcionários da BAGERGS trabalhando nos armazéns atualmente, assim como foi
destacado pelo entrevistado C na entrevista da categoria 2. O entrevistado E informou
que na BAGERGS os responsáveis pelo carregamento dos veículos são os próprios
colaboradores da BAGERGS, enquanto que nas bases dos aeroportos, quem trabalha
nesta etapa são encarregados da própria transportadora. O entrevistado D ressaltou
que os funcionários que trabalham no processo de carregamento no armazém
também são admitidos por meio de concursos públicos e que há a necessidade de
realizar um novo processo seletivo de operadores logísticos, cujas funções básicas
são, segundo o entrevistado D, manusear as cargas no armazém, carregar e
descarregar os caminhões, desovar contêineres, etc. Ele complementou ainda que
houve uma admissão grande de colaboradores há dois anos mas que logo no
primeiros meses, muitos funcionários deixaram a BAGERGS, além de alguns que
foram dispensados, o que deixou o armazém com um número limitado de operadores
logísticos.
O entrevistado E ressaltou que o número restrito de colaboradores se reflete
em demora no momento do carregamento dos veículos, uma vez que a transportadora
tem horário a cumprir junto à SRF para o lacre dos veículos e o início de trânsito.
Segundo o entrevistado D, mesmo que o horário acordado para o lacre dos veículos
seja ás 17h, por volta das 16h30min os fiscais já se preparam para ir embora. Desta
forma, a transportadora precisou se adaptar a esses horários para poder cumpri-los.
Quando foram questionados sobre como ocorre a localização dos materiais dentro do
armazém para o carregamento, o entrevistado D confirmou que eles também têm que
procurar os volumes, assim como fazem os entrevistados A e B. É por isso que, por
104
volta das 10h, segundo o entrevistado D, a transportadora se dirige ao armazém para
identificar as cargas das quais já foram recebidas as reservas. Ele informou que as
reservas podem ser recebidas até, no máximo, às 11h40min, uma vez que às
11h45min geralmente a lista das cargas já está pronta. O entrevistado E
complementou que antigamente a transportadora entregava para os encarregados do
armazém uma lista prévia das cargas que já estavam reservadas para transporte, o
que ocorria geralmente às 10h30min e depois às 11h era entregue mais uma lista e
às 12h a lista definitiva. Com essas listas, os encarregados no armazém iniciavam
uma separação das mercadorias em um local em que houvessem espaços livres.
Entretanto, em decorrência do acúmulo de serviços e a quantidade reduzida de
colaboradores, esse processo deixou de ser feito, cabendo agora à transportadora se
dirigir ao armazém e identificar as mercadorias. O entrevistado E acredita que a
BAGERGS deveria prestar este serviço novamente às transportadoras, mas entende
que devido à atual limitação, não há essa possibilidade.
As observações feitas em relação à etiquetagem das cargas vão encontro
também do que foi destacado pelos entrevistados A e B. Isto significa que, de fato,
esse processo compromete etapas do embarque das mercadorias. A única forma de
otimizar a etiquetagem é adotar o procedimento realizado no aeroporto de Porto
Alegre. Contudo, isso descaracteriza a agilidade do descarregamento na BAGERGS,
que hoje é realizado somente com a cópia da NF. Porém, se esse um problema tão
crítico, medidas devem ser adotadas para corrigi-lo e assim evitar maiores atrasos no
processo de carregamento.
Quanto ao que foi comentado pelos entrevistados D e E sobre o número de
colaboradores pequeno atualmente, o mesmo já havia sido destacado pelo
entrevistado C. Uma vez que a contratação de novos funcionários ocorre mediante
concursos públicos, não há outra alternativa para solucionar este problema a não ser
a realização de um novo concurso. Cabe à administração da BAGERGS insistir junto
ao órgão do governo responsável que ocorra um novo processo seletivo logo,
apresentando os impactos negativos que a falta de funcionários causa no andamento
do processo.
O quadro a seguir busca apresentar a ideia principal de cada pergunta realizada
na categoria 3 e com quais autores se relacionam os dados obtidos nas respostas dos
entrevistados.
105
Quadro 5 - Resumo da categoria 3: Operação
ENTREVISTADO PERGUNTA IDEIA CENTRAL BIBLIOGRAFIA
“D” e “E” Breve resumo sobre experiência profissional dos entrevistados.
Entrevistado D é supervisor da base e atua na transportadora há 5 anos, já tendo trabalho por 20 anos em uma companhia aérea. O entrevistado E, encarregado operacional, trabalha na transportadora há 10 anos.
-
“D” Processo de carregamento das cargas liberadas e particularidades do processo.
Mercadorias são carregadas em veículos diferentes, cada um para um aeroporto diferente. Há o cuidado de alocar as mercadorias de forma que o peso seja distribuído dentro do caminhão.
-
“D” e “E” Layout de carregamento dos veículo e métodos de alocação das mercadorias nos veículos.
Para definição do layout, são observadas principalmente as dimensões. Cuidado no manuseio para evitar avarias e na alocação de volumes pesados em partes estratégicas do veículo.
(BANZATO; MOURA, 1997) (FERREIRA, 2003)
“D” e “E” Cargas que necessitam de procedimentos especiais para transporte e mercadorias que não podem ser transportadas.
Mercadorias perigosas e cargas com dimensões muito grandes. Material radioativo não é transportado por causa do tempo de exposição aos funcionários.
(KEEDI, 2008) (BANZATO; MOURA, 1997)
“D” Parceria entre as companhias aéreas e as transportadoras.
Surgiu como forma de atender embarques de cargas muito pesadas/grandes que não são aceitas pelas aeronaves que operam no aeroporto. Serve também às companhias estrangeiras que só departem dos aeroportos de Guarulhos e Viracopos.
(KEEDI, 2008)
“D” e “E” Problemas comuns nas etapas de carregamento, transporte e entrega das cargas.
Respectivamente: lotes de cargas sem etiquetas de embarque; engarrafamentos nas estradas, que ocasionam aumento no tempo de trânsito; e acúmulo de cargas no momento da entrega das mercadorias nos aeroportos de destino.
(BRASIL, 2009)
106
“D” e “E” Entrega das mercadorias às companhias aéreas nos aeroportos de destino/embarque.
É anexado o extrato da DDE com trânsito concluído junto ao restante da documentação e a mesma é distribuída para companhias aéreas.
-
“D” e “E” Sugestão de melhorias.
Otimização da etapa de etiquetagem, cuja falta prejudica o carregamento; e equipe restrita na BAGERGS para efetuar o carregamento, ocasionando demora nesta etapa.
-
Fonte: Elaborada pelo autor
Neste capítulo foram apresentados os dados obtidos nas entrevistas realizadas
junto às pessoas que executam diferentes atividades dentro da BAGERGS. O próximo
capítulo tratará da conclusão da pesquisa, na qual será verificado se os objetivos
deste trabalho foram atingidos.
107
5 CONCLUSÃO
Com a análise dos dados realizada no capítulo anterior, faz-se necessário
agora identificar se os objetivos estabelecidos para esta pesquisa foram atendidos.
Para tanto, no capítulo que se segue será feita uma breve retomada de cada um dos
objetivos da pesquisa, geral e específicos, bem como será verificado se as
informações obtidas com a pesquisa satisfazem as metas estabelecidas inicialmente
para a realização deste trabalho.
Iniciando pelos objetivos específicos, o primeiro deles tinha por finalidade
descrever o processo de registro de exportação no modal aéreo e as etapas de
atracação e liberação aduaneira das mercadorias na BAGERGS. Entende-se que
esse objetivo foi atendido, pois com as informações obtidas junto aos entrevistados A
e B, foi possível identificar todos os processos que envolvem as confecções de RE e
DDE, além de esclarecer como ocorre a descarga, armazenagem e liberação das
cargas recebidas na BAGERGS. Para o pesquisador, o atingimento satisfatório desse
objetivo representa grande importância, pois detalha o início da exportação aérea das
mercadorias que embarcam na BAGERGS. Isso facilita a compreensão daqueles que
operam com esses embarques, esclarecendo as etapas pelas quais a carga precisa
passar até que seja liberada pela SRF.
O segundo objetivo específico desta pesquisa é detalhar o layout e o
funcionamento do armazém destinado às cargas de exportação da BAGERGS. Este
objetivo também foi atendido tendo em vista os dados obtidos junto ao entrevistado
C, cuja função é desenvolvida dentro de um dos armazéns da estação alfandegada
de Canoas. Com essa entrevista foi possível aprender um pouco sobre as atividades
desenvolvidas nos armazéns da BAGERGS, uma vez que lá existem locais destinados
às cargas de exportação, importação e armazéns gerais. O foco desta pesquisa é a
exportação aérea, portanto a entrevista foi direcionada para essa área buscando
assim um melhor entendimento sobre a infraestrutura da BAGERGS e o
funcionamento do armazém de exportação, denominado internamente como
armazém 2. O pesquisador acredita que o estabelecimento desse objetivo como
norteador da pesquisa foi fundamental pois, em um processo de exportação aérea
cuja origem se dá em uma zona secundária, o embarque se inicia dentro do armazém,
pois é lá que a carga fica aguardando a liberação aduaneira e posterior remoção via
DTA para o aeroporto de embarque. Portanto, faz-se necessário conhecer o que o
108
ocorre dentro do armazém e como ele se organiza para atender esse tipo de
embarque.
O objetivo específico seguinte busca apresentar o processo logístico rodoviário
das remoções das cargas da BAGERGS para os aeroportos de Guarulhos e
Viracopos. Este objetivo também foi atendido de forma satisfatória, pois, ao realizar a
entrevista junto aos entrevistados D e E, foram obtidas as informações necessárias
para conhecer e entender a operação de transporte das mercadorias desde a zona
secundária em Canoas, Rio Grande do Sul, até seus respectivos aeroportos de
embarque. Os dados coletados na entrevista serviram para detalhar cada etapa
envolvida no processo de carregamento, transporte e entrega das cargas nos
aeroportos de embarque, informações essas que dificilmente serão encontradas em
alguma bibliografia. O pesquisador acredita que esse objetivo contribuiu para
esclarecer as etapas envolvidas na DTA e os diversos fatores que estão envolvidos
na realização do transporte entre a BAGERGS e o aeroporto de embarque, incluindo
a SRF, as administradoras dos aeroportos, entre outros. É importante conhecer de
forma detalhada esta operação pois existem etapas que não dependem da
transportadora que está fazendo a remoção das cargas e sim de terceiros, podendo
estas causar atrasos no transporte.
O quarto e último objetivo específico buscou propor alternativas que visem
otimizar a logística de exportação aérea dentro da unidade alfandegada em Canoas.
Assim como os outros, este objetivo também foi atendido, uma vez que ao longo da
análise dos dados foram levantadas também informações junto aos entrevistados a
respeito de pontos de melhorias. Ao final de cada entrevista, houve a preocupação de
questionar a cada um dos entrevistados o que, na visão deles, poderia ser melhorado
para que a sua atividade dentro da BAGERGS fosse otimizada. Com essas
informações obtidas, foram feitas sugestões para que esses obstáculos fossem
contornados, utilizando-se de ferramentas, estudos e outros procedimentos viáveis
para analisar precisamente o impacto desses problemas no cotidiano dos funcionários
da BAGERGS e como a solução desses empecilhos pode beneficiar e otimizar os
embarques de exportação aérea. O pesquisador entende que esse objetivo foi
importante para a realização da pesquisa pois assim foi possível compreender de
forma mais ampla o processo da exportação. Os problemas apontados pelos
entrevistados de certa forma não aparecem para aqueles que não operam no dia a
dia na BAGERGS, isto é, são questões que aparentemente não impactam agentes e
109
carga e exportadores. Porém, ao realizar as entrevistas, o pesquisador percebeu que
existem aspectos que até então pareciam vantagens, com o fato de a mercadoria não
precisar estar etiquetada para embarque para ser recebida e armazenada, que podem
se tornar obstáculos que ocasionam atrasos, tanto para transportadoras quanto para
os despachantes. Desta forma, investigar in loco o processo permitiu conhecer a
realidade do embarque aéreo na BAGERGS, com todo os seus prós e contras.
Por fim, o objetivo geral da pesquisa é analisar a logística de exportação aérea
cuja origem é a estação aduaneira interior BAGERGS. Entende-se que esse objetivo
também foi atendido, pois com a análise dos objetivos específicos estabelecidos, é
possível entender todo o processo de exportação aérea, desde a preparação da
documentação necessária para embarque, da importância das embalagens da
mercadoria no momento em que a mesma sai da fábrica do exportador, até o momento
em que essa carga é entregue, desembaraçada, para a companhia aérea no
aeroporto de embarque, seja ele Guarulhos ou Viracopos. Existem muitas outras
etapas envolvidas na logística de exportação e todas elas foram identificadas e
analisadas na pesquisa, pois ela também contemplou informações sobre as fases de
armazenagem, liberação aduaneira, carregamento e transporte em regime de DTA,
entre outros. Na visão do pesquisador, essa pesquisa teve seus objetivos
contemplados satisfatoriamente pois houve um envolvimento grande na realização da
mesma, desde a seleção da bibliografia no desenvolvimento da fundamentação
teórica até a realização das entrevistas, que ocorreram diretamente na BAGERGS.
Com isso, foi possível adquirir um conhecimento inestimável e que, de outra forma,
não seria possível para entender como um todo o processo de exportação aérea das
cargas que saem da zona secundária em Canoas.
Com a realização e conclusão desta pesquisa, abre-se também um leque para
estudos futuros. Estes podem ser comparações entre a logística de exportação aérea
cuja origem é a BAGERGS e outras zonas, sejam elas primárias ou secundárias, e
que podem também estar localizadas em outros lugares.
Uma primeira sugestão seria comparar o processo de exportação aérea da
BAGERGS com o que ocorre no aeroporto de Porto Alegre. Com isso, seria possível
identificar similaridades e dissonâncias entre as duas zonas, uma vez que a
BAGERGS é uma zona secundária e o aeroporto, uma zona primária. Além disso, há
a possibilidade de sugerir adaptações entre os processos de exportação, isto é,
110
estendendo e adaptando aquilo que há de positivo na BAGERGS ao aeroporto e vice-
versa.
Pode-se também estudar a logística de exportação em outras zonas
secundárias do estado do Rio Grande do Sul, como em Novo Hamburgo e Caxias do
Sul. Assim, seriam verificados também pontos positivos e negativos de cada um dos
locais, identificando se existem diferenças significativas no funcionamento das zonas
secundárias no estado. Com esse levantamento, sugestões de melhorias entre as
localidades poderiam ser feitas, analisando quesitos de operação, infraestrutura e
processos.
Por fim, uma comparação mais ampla poderia ser feita entre a logística de
exportação aérea cuja origem é a BAGERGS e a logística que ocorre diretamente nos
aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo. As diferenças devem ser
muitas, principalmente porque esses dois estados concentram os maiores aeroportos
do Brasil em termos de movimentação de cargas. Porém, uma investigação como a
realizada neste trabalho pode ajudar a identificar gargalos que necessitam melhorias,
bem como aclarar para a comunidade acadêmica e a sociedade como um todo o que
ocorre nesses aeroportos desde o momento em que a mercadoria é entregue nos
Terminais de Carga de Exportação e quais as etapas se sucedem até o momento em
que a mercadoria é alocada dentro da aeronave.
111
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114
APÊNDICE A – ENTREVISTA CATEGORIA 1: PROCESSOS
CATEGORIA 1 – PROCESSOS: descrever o processo de registro de
exportação aérea, atracação e liberação de mercadorias na BAGERGS;
Entrevistado: despachante aduaneiro, despachante na BAGERGS
1 - Fale brevemente sobre sua formação e experiência profissional, destacando
tempo de atuação na área, principais funções, etc.
2 - Descreva o processo de confecção do RE, DDE, detalhando a
documentação e dados necessários para obter os registros;
3 - Quais os problemas mais comuns em relação ao desembaraço?
4 - Fale um pouco sobre os canais de parametrização. Existe algum tipo de
carga cuja probabilidade é maior de parametrizar em algum canal que não seja o
verde?
5 - Quais os procedimentos para liberação de cargas parametrizadas em canal
amarelo ou vermelho?
6 - Descreve em detalhes o processo de atracação da carga que chega na
BAGERGS. Qual(is) a(s) documentação(ões) necessária(s) para que a carga possa
ser armazenada?
7 - Após o descarregamento, quais os procedimentos realizados com a carga
até que ela seja entregue para carregamento da transportadora?
8 - Quais os problemas mais comuns que acontecem durante o processo de
atracação e armazenagem da carga?
9 - Descreva o processo de organização da documentação da carga para o
transporte rodoviário. Tem alguma ordem específica?
10 - Na sua opinião, existe algum processo que poderia ser melhorado visando
otimizar o trabalho dos despachantes aduaneiros dentro da BAGERGS?
115
APÊNDICE B – ENTREVISTA CATEGORIA 2: INFRAESTRUTURA
CATEGORIA 2 – INFRAESTRTURUA: detalhar o layout e o funcionamento
dos armazéns da estação aduaneira interior BAGERGS;
1 - Fale um pouco sobre sua formação e carreira profissional, dando ênfase
para o tempo de atuação na área em que está agora, etc.
2 - Descreva detalhadamente o processo de descarregamento das cargas que
chegam na Bagergs;
3 - Quais os tipos de carga mais comuns que são recebidos na BAGERGS?
(entre carga geral, carga perecível, DG...)
4 - Descreva o processo de armazenagem das cargas. Qual o critério utilizado
para armazenagem das cargas? (Como é decidido o local no qual a carga vai ficar até
que esteja pronta para remoção?)
5 - Como ocorre o processo de liberação das cargas com início de transito
quanto são liberadas em canal verde pela SRF?
6 - Se a carga parametriza em canal laranja ou vermelho, onde elas ficam
armazenadas aguardando conferência do fiscal?
7 - Existe algum aspecto da BAGERGS que deveria ser melhorado, levando
em conta estrutura, processos de armazenagem, burocracia...?
116
APÊNDICE C – ENTREVISTA CATEGORIA 3: OPERAÇÃO
CATEGORIA 3 – OPERAÇÃO: apresentar o processo logístico rodoviário
das remoções das cargas da BAGERGS para os aeroportos de Guarulhos e
Viracopos.
1 - Primeiramente, fale um pouco sobre você, sua formação profissional, há
quanto tempo atua na área...
2 - Uma vez liberadas pela SRF, como ocorre o processo de carregamento das
cargas nos caminhões? Existe alguma diferença no carregamento de acordo com o
aeroporto de embarque?
3 - Explique em detalhes o layout de carregamento das cargas e como as
mesmas são alocadas dentro dos veículos.
4 - Existem cargas que necessitam de procedimentos especiais para
carregamento? Quais os mais comuns? Existe algum tipo de carga que não pode ser
transportada?
5 - Como funciona a “parceria” das transportadoras com as cias aéreas?
6 - Quais os problemas mais comuns nas etapas de
carregamento/transporte/entrega das cargas nos aeroportos de destino?
7 - Como funciona o processo e entrega das cargas às companhias aéreas
quando o caminhão chega a Guarulhos/Viracopos?
8 - Na sua opinião, existe algum processo que possa ser alterado visando
otimizar os serviços das transportadoras dentro da BAGERGS?