Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

download Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

of 16

Transcript of Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    1/16

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR 256

    O conhecimento em sala de aula: a

    organizao do ensino numa perspectiva

    interdisciplinar

    Knowledge in the classroom: teaching

    organization in an interdisciplinary

    perspective

    Maria Antonia Ramos de Azevedo*

    Maria de Ftima Ramos de Andrade**

    RESUMO

    Este trabalh ua pesquisa bibligrca sbre a interdisciplinaridadee sua rgania na dinica curricular. Apresentas a cnceituada interdisciplinaridade e prps encainhaents epistic-etdlgics para a ipleenta da prtica interdisciplinar narealidade esclar. C cnclus destaca-se que a interdisciplinaridadepssibilita que a escla se trne u lugar nde se prdua de fra cletiae crtica cnhecient esclar, exigind a restrutura curricular ea fra cntinuada ds prfessres. necessria a planica e aperacinalia ds cnhecients esclares na atri curricular prei de ua diens ertical, que iplica a idia de prfundidade e

    cplexidade crescente ds cnteds, e ua diens hrintal, queestabelece a intera ds cnhecients c as utras reas/disciplinas.A idia da ipleenta de prticas interdisciplinares dee desenhar,tecer, alinhaar a erticalidade e a hrintalidade da atri curricular,para que s prfessres tenha claras as interfaces das disciplinas e aspsseis inter-relaes, criand, a partir diss, ns cnhecients defra relacinal e cntextual.Palavras-chave: interdisciplinaridade; teria de ensin; atri curricular.

    * Dutranda FE/USP. Prfessra Unifra-RS.**Dutranda PUC/SP. Prfessra Caps Salles-SP.

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    2/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR257

    ABSTRACT

    This paper is a bibligraphic research abut interdisciplinarity andits rganiatin in the curriculu. The cncept f interdisciplinarityis discussed and a few epistelgic-ethdlgical appraches areprpsed t intrduce the interdisciplinary practice in the schl rutine.As a cnclusin, it is ephasied that interdisciplinarity shuld be takenas an instruent that ay allw schl t be an enirnent where criticaland cllectie knwledge ay be prduced. T such end, curriculu shuldbe redesigned and cntinuing teacher educatin practiced. It is needed, nne hand, t plan and perate knwledge ertically thrugh the curriculuatrix, relating the idea f increasing cplexity and deepening (erticaldiensin), and in the ther hand t relate the knwledge f ne discipline

    t anther (hrintal diensin). The idea f interdisciplinarity shulddelicately bring tgether the ertical and hrintal diensins thrughcurriculu and teacher practice, t allw the eergence f new knwledgewith relatinal and cntextual eaning.Key-words:interdisciplinary; teaching; curriculu thery.

    Introduo

    os curss de fra de prfessres sfre crticas referentes baixaqualidade da fra ferecida, distanciaent entre a teria e a prticascial que lea prpria desalria d ser prfessr n und ps-dern.

    ntria a presena, ainda, ns curss de fra de prfessres,de ua prtica uit ais ltada para a disciplinaridade n dia-a-dia dscurss, apesar de discutire alr e a iprtncia da interdisciplinaridade

    c cpnente essencial para a fra de prfessres para a EducaBsica, para que s prfessres pssa se trnar ais cpetentes, crtics,criatis e reexis.

    Entretant, na prtica da sala de aula, s prfessres fradres ncnsegue estabelecer abientes de ensin e aprendiage interdisciplinares,es que a atri curricular e as prticas de ensin prpicie aberturas paraque essas prticas acntea de fat na fra de prfessres.

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    3/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR 258

    N pdes descnsiderar que existe alguas experincias sig-nificatias que busca repensar a fra de seus aluns e tab dsprpris fradres, a air integra entre a teria e a prtica, redi-

    ensinaent ds estgis na atri curricular (Diretries CurricularesNacinais) e a alria da fra cntinuada ds prfissinais deensin.

    ntria a necessidade de u air aprfundaent desta tetica,buscand, nas entrelinhas da epistelgia da interdisciplinaridade, as res-pstas e/u cainhs a sere percrrids a fi de u plen enlientds sujeits n prcess educacinal, sb a fecunda idia de intera dscnhecients nas ais diersas reas de atua e estuds.

    Metodologia

    Esta pesquisa de cunh bibligrfic busca analisar e estudar enca-inhaents epistics e etdlgics para a real ipleenta daprtica interdisciplinar, pr ei d desenlient de ua pesquisa

    qualitatia, analisand texts e dcuents que trata a quest da inter-disciplinaridade sb a tica de dierss autres nacinais e internacinais,c intuit de desistificar as questes relacinadas a esse pleit. Paraiss, cntextualia tea e, sbretud, direcina fc de bserana fra de prfessres sb a rgania interdisciplinar, para bterudanas de rde educacinal, e prl de ua air e elhr qualifi-ca dcente e discente.

    Utilias ua pesquisa bibligrfica, pis, segund man (1971,p. 32), [...] a bibligrafia pertinente ferece eis para definir, resler,

    n sente prbleas j cnhecids, c tab explrar nas reasnas quais s prbleas n se cristaliara suficienteente.

    Sentis, ent, a necessidade de trabalhar esse tea pr ei depesquisa bibligrfica, pr percebers que h ainda uitas cntrrsiasteric-prticas sbre a interdisciplinaridade, dificultand u real enten-dient de prticas interdisciplinares n interir das realidades esclares,c tab ns prpris curss de fra de prfessres.

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    4/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR259

    A interdisciplinaridade e o papel das atividades de ensino

    A interdisciplinaridade te c prpsta prer ua na frade trabalhar cnhecient, na qual haja intera entre sujeits-sciedade-cnhecients na rela prfessr-alun, prfessr-prfessr e alun-alun,de aneira que abiente esclar seja dinic e i e s cnteds e/uteas geradres seja prbleatiads e islubrads juntaente c asutras disciplinas.

    A interdisciplinaridade el de liga entre s prssinais d ensin,c fra de reciprcidade, de reex tua, e substitui cncep- fragentria d cnhecient, faend c que estes agentes d ensintenha ua atitude diferenciada perante s bstculs educacinais.

    Percebe-se, ent, que a interdisciplinaridade exige ua atitude de aber-tura e respnsabilidade. Tant Schn (1983) c Faenda (1993) cnsideraque prfessr necessita desenler ua a pereada de criticidadee reex perante alun, cnhecient, a realidade e utr, estanddispst a ienciar a dialgicidade que, segund Freire (1996), entrelaa asaes de saber uir, falar, enxergar, calar, interagir pela ia da cunica,d dilg e da trca tua.

    Neste sentid, a interdisciplinaridade resgata a iprtncia d utr,se qual n pde haer a trca tua da elu d pensaent e dalinguage, e aplia s hrintes dentr d prcess sci-histric edu-cacinal, resgatand a iprtncia d cnhecient das ptencilidades, dsliites, das diferenas e d prcess criati de cada cincia, respeitand-se,assi, a relatiidade entre elas.

    H, pis, a transfra de u pensaent lgic fral e upensaent n-linear cngurad c dialtic, prque n pressupea unica de diferentes saberes, as a cnstru incessante de relaes

    entre si.Dentr desse bit de bsera cabel perceber que a prtica

    da interdisciplinaridade est inteiraente relacinada pesquisa, cnfrepdes bserar na seguinte cita:

    o prfessr, na perspectia da interdisciplinaridade, n u errepassadr de cnhecients, as recnstrutr juntaente cseus aluns; prfessr , cnseqenteente, u pesquisadr que

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    5/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR 260

    pssibilita as aluns, tab, a prtica da pesquisa. A prbleatiac etdlgia para a recnstru de cnstruts d cndies aalun de er-se n bit das terias, das diferentes reas d saber,cnstruind a teia de relaes que ai trn-l autn diante da

    autridade d saber. o prfessr pesquisadr cnstitui-se, prtant, eagente necessri de ua fra calada na interdisciplinaridade(TOMAZETTI, 1998, p. 13).

    A perspectia epistelgica da interdisciplinaridade n pressupeunicaente a integra, as a intera das disciplinas, de seus cnceits ediretries, de sua etdlgia, de seus prcedients, suas infraes na

    rgania d ensin, en, tra a idia da n glbalia ds cntedssiplesente, as, sbretud, de trabalhar as diferenas, criand a partir dissns cainhs epistics e etdlgics c fra de cpreender eenriquecer cnhecients sbre as ais diersas reas d saber.

    A interdisciplinaridade el que pssibilita estabelecient deineras relaes das disciplinas c a realidade, nu prcess recprcde aprendiagens ltiplas e interineis. Assi, prfessr e alun deerestabelecer diferentes intercnexes entre a epistelgia ds cnhecientse und que s cerca, a de exercitar ctidianaente seus saberes e as

    relaes entre teria e prtica.Percebe-se que td prcess interdisciplinar dee estar pautad na

    reex, que pdes bserar inclusie nas cncepes de Schn (1983),que retrata a iprtncia d cnhecient na a, da reex na a e dareex sbre a a pereand as situaes educatias.

    o prcess reexi trna-se alicerce para que se cnstrua u prcessinterdisciplinar efeti n ctidian, pr ei de ua prtica pedaggicaque esteja ipregnada de pesquisa, discuss, anlise e desenlientetacgniti ds prfessres e aluns sbre cnhecient cnstrud defra indiidual e cletia.

    u prcess de desestrutura situacinal d pri, d pssud ed cnhecid, para buscar ua na estrutura d pensaent. necessriaa passage d pensaent linear lgic-fral para pensaent dialtic,e que se efetie:

    as cntradies ds fenens;

    as relaes ltiplas ds saberes;

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    6/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR261

    a prbleatia da rialidade;

    a busca pela integra d pensar + faer e/u faer + pensar;

    prcess cntnu de a reex a;

    a supera da dependncia, da passiidade e da rialidade;

    a autnia, a a reexia e a cpera.

    Quand reetis sbre papel e a iprtncia d trabalh interdisci-plinar na Escla Bsica, precis pensar a rgania d ensin, pis a frac cnhecient adquirid, reetid e rganiad dentr da atri

    curricular retrata a prpria cncep de ensin e aprendiage.Assi, estud d currcul acaba pr enler ua anlise icr e

    acr da realidade esclar, send u prcess abert que ienta a prpriarealidade educatia.

    Infeliente, a idia d currcul epregada na escla c u anualdescriti de aes a sere seguidas pels prfessres, aluns e prssinaisde ensin de fra ecnica, acrtica e destituda de sentid e signicad.

    o currcul acaba pr n se cngurar c u cnjunt de rienta-es e hipteses de trabalh, riginris de u prcess reexi pr partede tds que cpe cntext esclar.

    Quand analisas a cnstru e a ipleenta d currcul, tr-na-se necessria ua atitude reexia peranente da prpria cunidadesbre c cnhecient esclar cnstrud (para qu, pr qu, e quensinar), n esquecend jaais que ele cnstitud pela intercnex entrecnhecients cientcs e sciais.

    Entretant, n fcil estabelecer paretrs de a educatia que de-liite trabalh dcente, tant na cncep d currcul c n desenh

    da prpria atri curricular.Nesse sentid, h iners desas que precisa ser analisads. Dentreeles, destacas a iprtncia de s prfessres, nas suas prticas, a elab-rare seus planejaents de ensin, buscare estabelecer:

    a intercnex ds bjetis;

    as interfaces ds cnteds;

    a intera ds bjetis e s cnteds pr ei de atiidades

    criatias, crticas e eancipatrias.

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    7/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR 262

    o planejaent das atiidades dcentes e discentes n apenas passa pe-las questes scilgicas, epistelgicas, psiclgicas e didticas, as estasdee ser centr de anlise e reex pel qual perpassar Prjet Pltic

    Pedaggic da prpria escla.A integra d prfessr na sciedade, tend clarea de pr que e paraque ensinar, resgate ds cnhecients pris e a pr de u abienteeducati que farea a aquisi de nas idias, trabalh cleti, as dis-cusses epistelgicas e etdlgicas nas diferentes reas, tud iss deeser perseguid. Pr iss, s bjetis deer estar cnectads c s cnheci-ents ds aluns, da sciedade, das interfaces ds cnteds e da cnceplsca que deliita as cndies naturais e sciais.

    E fun d expst, a planica e a peracinalia ds cnhe-

    cients esclares na atri curricular dee prpiciar ua diens erticalque iplica a idia de prfundidade e cplexidade crescente de cnted, eua diens hrintal que estabelece a intera ds cnhecients c asutras disciplinas/reas. A idia da ipleenta de prticas interdisciplinaresdee desenhar, tecer e alinhaar a erticalidade e a hrintalidade da matriCurricular, para que s prfessres tenha claras as interfaces das disciplinase as psseis interrelaes prenientes delas.

    Assi, a integrar cnhecient esclar c as cnceits cientcs,prcedients, alres e atitudes sciais, h u ient espiral, cntnue peraente ds cntuds.

    As idias s cnsideradas fundaentais para cpreender c s ar-cs curriculares inserids ns PPPs (Prjets Pltics Pedaggics) das esclasdee estar e cnsnncia c a nalidade educatia, a lsa da escla e,dentre utras cisas, c a interlcu ds cnteds, bjetis e etdlgiacnteplads pel trabalh dcente pr ei de atiidades de ensin.

    Cntud, uitas ees s prssinais de ensin n se percebe csujeits d faer educati, deixand de cnstituir e cnstruir suas prprias

    identidades pessais e prssinais, gerand u espa islad e descnstitudde signicads.A analisars a escla, precis reetir sbre cntext que a funda-

    enta e as relaes que l s estabelecidas. Send a escla u cntext scialfrad pr pessas, est ebuda e ie das diferentes relaes huanas ques estabelecidas pr ei das ineras situaes educatias.

    C a escla u cntext scial iprtante, urge analisars asineras dienses que dee ser alriadas, respeitadas e trabalhadas, pisessas dienses s fruts e se alienta das relaes estabelecidas entre as

    pessas que cpe abiente esclar.

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    8/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR263

    As dienses s as seguintes:

    Social:relacinada c a cunidade esclar e tdas as pessas quefae parte dela;

    Fsica: deliita d aspect gegrc, histric, scilgic,antrplgic e ecnic;

    Temporal: enfca a transitriedade ds acntecients e a ipr-tncia da herana cultural e da histrica acuulada;

    Psicolgica/sociocultural: reela a interdepndencia entre cntexte as utras dienses.

    As relaes sciais estabelecidas na escla deliita uitas ees sprcesss de ensin e aprendiage, a prpria lsa da escla, PPP queela busca atingir, e as prpstas educatias inerentes a ela e a seu papel nasciedade.

    Nesse sentid, quand cnguras a escla c u cntext scial, abiente e sala de aula trna-se u espa central para a aquisi de nscnhecients e a reestrutura de utrs, ua e que estabelecida ua inte-ra entre prfessres e aluns ediads pr u prcess dialgic/discurs.

    A alria da cunica e us e a anlise d discurs n prcessdialgic trna-se necessrias para estabelecient de espas alternatis desaber uir, pensar, falar, en, de se cunicar, pr ei de turns alternatis,pssibilitand a interlcu ds sujeits, a anlise d cnted d discurs e tea a ser discutid e debatid, instruentaliand prfessres e aluns para at de interagir de fra respnsel e dinica.

    Neste prcess dialgic, as idias, s pnts de ista, as fras de pensa-ent e as ineras experincias ds prfessres e aluns acaba prtunian-d exercci d pensar e da prpria etacgni, gerand a aprendiage

    pr ei da edia ds cnits. A partilha ds signicads pela linguagegera, n cntext cunicati, a clabra tua pr ei de u trabalhque enle tutraent e grups de clabra.

    Ua sala de aula que prpicia u espa interati de dilg e c-plexidade crescente ptencialia papel d prfessr e d alun. o prfessrtrna-se tutr d prcess de cnstru ds cnhecients e ds signicadsinerentes a eles e, e parceria c s aluns, prbleatia cntext esclare scial ia grups clabratis e cperatis.

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    9/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR 264

    A desenler seu trabalh pedaggic, prfessr dee, pis, preratiidades de ensin que instigue s aluns a desenler suas ptencialidadese a superar suas diculdades, desaand-s diariaente. o prfessr manel

    orisald mura, e seu artig intitulad A atiidade de Ensin c Uni-dade Fradra, cnceitua atiidade c

    u prcess psiclgicaente caracteriad pr ua eta a que prcess se dirige (seu bjet), cincidind sepre c bjetque estiula sujeit a executar esta atiidade, ist , ti[...]atiidades que s principais e cert estgi da ida, deterinand desenlient psquic da criana, cnstruind, ainda, critri de

    udana de u estgi para utr.

    Destaca-se aqui papel fundaental d planejaent de ensin e da arespnsel e cpetente d prfessr, haja ista que ele, a diensinar s cnhe-cients esclares, deer tradui-ls e atiidades de ensin que encainhe aaes carregadas de sentid, ti e necessidades, exigind da criana que ela seaprprie de ua srie de cnhecients e trabalhe c as suas funes psquicassuperires ia a cletia ds seus pares e nas interfaces das relaes sciais epessais que pereia s abientes sciais.

    Lentie precupu-se e especicar as atiidades das crianas e cada idade,e a udana de atiidade estaria, para ele, na base da peridicidade d desenl-ient da criana e deterinaria as suas udanas psiclgicas, assi c suacnscincia, suas relaes c seu abiente e c sua ida interir e exterir.

    A atiidade n dee, pis, ser entendida apenas pel desenlient dehabilidades especcas, ua e que cnsiste nu prcess etacgniti pr eide ua situa intitulada prbleas de aprendiage.

    o prblea de aprendiage n dee ser, assi, cnfundid c u pr-blea cncret a ser reslid na prtica. Ele classicad dentr de ua rgani-a de prbleas que busca analisar s cnceits terics fundaentais a sereestruturads, rganiads e trabalhads. S a partir da anlise d cnceit tericcnstrud haer a elabra de u d de a generaliad que peritir aabrdage ds prbleas cncrets.

    Para que s prbleas de aprendiage pssa caracteriar-se c atiidadecgnitia, urge que a criana seja clcada nu abiente scialente farelpara a aprendiage, pis resultad desse trabalh cleti depender da a,

    intera e participa atia de cada u.

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    10/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR265

    Quand h cpera nas atiidades, s prcesss sciinteracinistasacaba pr prer a rgania interpessal e intrapessal de tds senlids, e as funes psquicas superires das crianas acaba pr se de-

    senler nessas atiidades de ensin.A prtica pedaggica interdisciplinar se apia na intersec da rerien-ta curricular e da fra dcente caracteriada pela fra cntinuadads prfessres, gerand desenlient pessal, prssinal e esclar.

    A partir dessa idia da recnstru curricular e da fra dcentecntnua, signicatia e reexia, ipe-se ua na cncep d cnheci-ent; ele n pde ser cnsiderad esttic, pis dinic e inacabad.

    Assi, a diens ds cnteds esclares na aprendiage n te e si esa, as te signicad quand esses cnteds se trna

    explicitadres e deseladres de ua realidade e que se pde interir.o currcul, a partir diss e nua perspectia da gest decrtica

    da escla, trna-se diretaente relacinad a cleti da prpria escla prei d planejaent participati.

    N nal da dcada de 1980, Paul Freire (1989), ent Secretri daEduca d municpi de S Paul, c s prfessres fradres de al-guas uniersidades e prfessres atuantes nas esclas unicipais, cnstruiucletiaente ua prpsta de ipleenta de a interdisciplinar degrande alr educacinal e scial.

    Nesse dcuent, a escla, a assuir u prjet que iplique a reestru-tura curricular pela ia da interdisciplinaridade e pela fra cntinuadade seus fradres, necessitaria assuir s seguintes pnts:

    deliita ds papis da cunidade, ds prfessres, ds aluns,da equipe diretia;

    prpsi de reexes cletias;

    recupera d papel d prfessr;

    cnstru de cnhecients c base na realidade;

    reis d papel da escla;

    prpiciar u abiente educati que retrate a prdu, cria eerradica de culturas;

    pririar a cnstru cletia.

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    11/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR 266

    A esclha ds teas geradres feita pels prfessres c s aluns,pr ei de discusses que lee e cnta a interpreta e a inter-reladas situaes, agrupand-as.

    Na cnstru d prgraa curricular, tea geradr te a grandefun de prduir ais e ais teas que deer se entrelaar, prduindeixs tetics que deer cnteplar:

    a is de cada rea d cnhecient;

    s fatres cgnitis, afetis, sciais e psiclgics;

    a realidade e as situaes signicatias: fatr principal na cnstrude u prgraa e sele ds cnteds;

    priilegiar a etdlgia dialgica;

    cnhecient acuulad e cnhecient cnstrud e recnstrud.

    C s eixs tetics cnteplads, s teas geradres necessitaser trabalhads pr ei de trs grandes ents:

    Primeiro:

    perceber as relaes existentes entre s teas;

    relacinar s cnteds para cpreender a realidade;

    desdbrar s cnteds prpsts e utrs.

    Segundo:

    selecinar s cnteds, analisand-s de fra interatia;

    inter-relacinar cnhecients, buscand cnexes c a realidadeprpsta.

    Terceiro:

    seriar s cnteds, denind a prfundidade de sua abrdage ecada srie/tura/dul;

    registrar prgraa a ser cpst e recpst;

    trabalhar de fra cletia, cntnua, sistetica e reexia.

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    12/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR267

    Quant a prcess aaliati dessa prpsta, dee-se lear e cntatrs aspects fundaentais:

    fun da aalia n prcess de ensin e de aprendiage;

    s prcedients de registr e acess s infraes;

    cnstru de u sistea aaliati que cnteple: discusses sbreas prticas aaliatias e rediensinaent das fras de registrdescriti sbre a prpria aalia.

    Assi, papel ds teas geradres dee:

    enunciar situaes prbleticas signicatias;

    traduir ua na rela entre currcul, escla e cunidade;

    reetir sbre a realidade glbal e interdisciplinar;

    peritir a es tep a cpreens d tea geradr a partir dcnhecient e da cria de ns cnhecients;

    lhar de fra crtica e cntextualiada a realidade lcal, gegrca,

    scial e cultural.mas, para que s teas geradres tenha a fun de priilegiar pensar e

    agir interdisciplinar, necessri que prfessr desenla, pr u lad, uaatitude interdisciplinar que retrate ua etdlgia dialgica, e, pr utr, uaclarea que lee a perceber e a trabalhar a interdisciplinaridade pr ei de uprincpi epistelgic.

    En, para encainhar a a pedaggica pela ia da interdisciplinaridade, necessri estud preliinar da realidade, a esclha de teas geradres e a

    cnstru d prgraa, selecinand e rganiand s cnhecients de fradialtica, dinica e cntnua.Nesse sentid, a idia d trabalh interdisciplinar n passa pela unica

    ds cnhecients e saberes, as pela busca incessante de trca entre eles, e nessa cnstru d saber que a interdisciplinaridade se slidica de fat, e n nsents psterires, quand se busca s saberes instituds para rgani-ls.

    Assi, prfessr realia a transpsi ds cnstruts/saberes e alunrecnstri e se aprpria ds cnstruts/saberes de ua disciplina. Junts, prfessre alun passa a estabelecer relaes c utrs saberes e c prpri ctidian,

    estabelecend relaes e cnstruind redes de cnhecients.

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    13/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR 268

    N prcess prgressi da intera disciplinar, a interdisciplinaridadeprecnia inicialente u regress as fundaents da disciplina, exigind dprfessr que ele cnhea, dine e cnstrua, na sua prpria rea, u trabalh

    disciplinar de qualidade pr ei da a e da prdu de cnhecient. necessri, para iss, u trabalh etdlgic pautad n dilg ena pesquisa, send prfessr prpri sujeit de sua a dcente c:

    prgraadr de atiidades;

    prdutr de ateriais pedaggics alternatis;

    pesquisadr e inestigadr d seu trabalh;

    prbleatiadr da prpria prtica.

    Essa prtica interdisciplinar dialgica cngura-se de fra dialtica,eergind a rela udana-resistncia udana a prpri trabalh queest send ienciad, exigind transfraes radicais nas relaes de tra-balh que cntribuir para a autnia ds diferentes prssinais de ensinnas realidades esclares.

    A ipleenta de ua a interdisciplinar iplica, ent:

    perda da acda;

    lanar-se a n;

    refrula da estrutura de ensin das diferentes disciplinas;

    transfra d trabalh pedaggic;

    ns encainhaents na rea de fra de prfessres.

    pela incia grupal que a intera entre as pessas pssibilitar prcess de desestrutura situacinal d preist, d pssud, d cert,d cnhecid, para a busca de ua na fra de se pensar e faer ensin,peritind a aprpria e desenlient d pensaent dialtic prei de nas snteses e aes, d intercbi de infraes, e de expe-rincias itais.

    Assi, a cnstru de prticas pedaggicas interdisciplinares passapels seguintes aspects:

    prfessr resgatand s aspects da recnstru prssinal e pessal;

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    14/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR269

    cnstru de eixs tetics que nrtear trabalh pedaggic naspect teric-prtic;

    eixs tetics articuland s diferentes saberes pela intercnex dsprfessres c s utrs;

    especicidade de cada cincia resgatand seus cnstruts;

    cnstru de ns cnstruts/saberes que retrate a gnese de nscnhecients, fruts d trabalh que pria pela diferena e cria;

    prssinais cpetentes quand aprfundare e peracinaliare

    pressupsts epistelgics e etdlgics na rela prssinal,na realidade esclar e c cnhecient;

    intercnexes entre he-cincia-und nu pan de fund cientcque abrdar a educa e nas prtunidades de teriar a a;

    curss de fra cntinuada tend a clarea sbre a funfratia e as reais necessidades fratias ds sujeits enlids,cnstruind e exigind ua pstura crtic-reexia das prticas

    exercidas ds prfessres, pssibilitand a recnstru sisteticada identidade d prfessr.

    A interdisciplinaridade ista, ent, c instruent que pssibilite escla trnar-se u lugar nde se prdua cletia e criticaente cnhecien-t, desacdand, para iss, pessas, exigind ds prfessres estud teric-prtic aci dessa tetica e inestient prfund d desenlientprssinal ds educadres para atuar c cpetncia e discernient peranteas incerteas e incngruncias d prpri sistea educacinal brasileir.

    Concluses

    A interdisciplinaridade n ua idia na. A ciilia cidental seprebuscu a utualidade ds saberes es sb a gide de utrs tips de bsera-, c n bit da histria da lsa, pr exepl, buscand ua psselcpreens da ttalidade.

    A interdisciplinaridade n dee ser cncebida c nic cainh para

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    15/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR 270

    que seja reslids s prbleas da educa, as sua ipleenta n siste-a educacinal de sua iprtncia, ua e que pr ela perpassa, al dasquestes etdlgicas, as de cunh pltic, tic e ecnic n ensin.

    A efetia de u trabalh interdisciplinar, tant e pesquisa quant esala de aula, ai al da integra de diferentes reas, pis a interdisciplinaridadepressupe a cnstru incessante das relaes entre dcentes, que ultrapassa asiples unica de saberes. Para iss, fa-se necessri real prssinalisd prfessr, u seja, a cpetncia e sua rea de atua, a td de seusaber (disciplina u especialidade).

    Interdisciplinaridade u princpi epistelgic e ua atitude etd-lgica. Na prtica, prieir refere-se cnstru d cnhecient de fraracinal, e na segunda h ua situa de cunica, de parceria entre s

    diferentes saberes pereada pr u trabalh etdlgic inadr.A tica da interdisciplinaridade fundaenta-se na cnstru e recnstrude saberes, pssibilitand u ast espa para cnhecient e apriraentds prpris sujeits. ua fra sepre atual de cntextualia ds saberes,pis s cnsideradas as necessidades e exigncias d ent, as seprealiceradas ns cnhecients j adquirids e signicads.

    Nesse sentid, a interdisciplinaridade n trabalha cnhecient de a-neira glbaliante, a de unicar s saberes, as busca prer intercnexesentre s saberes, tant entre prfessres e seus pares quant entre prfessres e

    aluns, trabalhand cnhecient de fra prbleatiadra e estabelecendrelaes entre as diferentes cincias, ctidian esclar e a realidade scial ehistrica e que s sujeits est enlids.

    REFERNCIAS

    FAzENDA, I. C. A.Prticas interdisciplinares na escola. 2. ed. S Paul: Crte,1993.

    _____.Integrao e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetia u idelgia.3. ed. S Paul: Lyla, 1993.

    FREIRE, P.Pedagogia da autonomia:saberes necessris prtica educatia. SPaul: Pa e Terra, 1996.

    _____. A pedaggica da escla pela ia da interdisciplinaridade. S Paul:

    Secretaria da Educa de S Paul. Cadernos de Formao,I, II e III, 1989.

  • 7/23/2019 Texto1GCH176AzevedoAndrade (1)

    16/16

    AzEvEDo, m. A. R.; ANDRADE, m. F. R. o cnhecient e sala de aula: a rgania d ensinnua perspectia interdisciplinar

    Educar, Curitiba, n. 30, p. 235-250, 2007. Editora UFPR271

    mANzo, A. J.Manual para la preparacin de monografas: una gua para presentearinfres y tesis. Buens Aires: Huanistas, 1971.

    SCHoN, D. The reective practitioner: hw prfessinals think in actin. San

    Francisc: Jssey-Bass, 1983.

    TomAzETTI, E. Estrutura conceitual para uma abordagem do signifcado dainterdisciplinaridade: u estud crtic. UFSm, n. 10, p. 1-43, 1998.

    Text recebid e 18 ut. 2006

    Text aprad e 29 jan. 2007