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Fundamentos de Administrao

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ANTECEDENTES HISTRICOS DA ADMINISTRAO A Administrao constitui o resultado histrico e integrado da contribuio cumulativa de numerosos precursores, filsofos, fsicos, economistas, estadistas e empresrios que, no decorrer dos tempos, foram, cada qual em seu campo de atividades, desenvolvendo e divulgando suas obras e teorias. Por isso, a moderna Administrao utiliza conceitos e princpios empregados nas Cincias Matemticas, Cincias Humanas (como a Psicologia, Sociologia, Biologia, Educao etc), como tambm no Direito, Engenharia etc. A histria mostra que a maioria dos empreendimentos militares, sociais, polticos, econmicos e religiosos teve uma estrutura orgnica piramidal que retrata uma estrutura hierrquica, concentrando no vrtice as funes de poder e deciso. A teoria da estrutura hierrquica no nova: Plato, Aristteles e Hamurabi j tratavam dela. A bblia relata os conselhos de Jetro, sogro de Moiss e sacerdote de Midi, que, notando as dificuldades do genro em atender ao povo e julgar suas lides, aps aguardar o lder durante o dia inteiro em uma fila, espera de suas decises para cada caso, disse a Moiss: Representa o povo perante Deus. Leva a Deus as suas causas, ensina-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o caminho em que devem andar e a obra que devem fazer. Procura dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, aos quais aborrea a avareza. Pe-nos sobre elas, por chefes de 1.000, chefes de 100, chefes de 50 e chefes de 10, para que julguem este povo em todo tempo. Se isso fizeres, e assim Deus te mandar, poders ento suportar e, assim, tambm, todo esse povo tornar em paz ao seu lugar. Referncias pr-histricas acerca das magnificas construes erigidas durante a Antigidade no Egito, na Mesopotmia, na Assria, testemunharam a existncia, em pocas remotas, de dirigentes capazes de planejar e guiar os esforos de militares de trabalhadores em monumentais obras que perduram at nossos dias. Os papiros egpcios atribudos poca de 1.300 a.C. j indicam a importncia da organizao e administrao da burocracia pblica no antigo Egito. Apesar dos progressos no conhecimento humano, a chamada Cincia da Administrao somente surgiu no despontar do sculo XX. A TGA uma rea nova e recente do conhecimento humano. Para que ela surgisse foram necessrios sculos de preparao e antecedentes histricos capazes de permitir e viabilizar as condies indispensveis a seu aparecimento. No decorrer da histria da humanidade, a Administrao se desenvolveu com uma lentido impressionante. Somente a partir do sculo XX que ela surgiu e apresentou um desenvolvimento de notvel pujana e inovao. Nos dias de hoje a sociedade tpica dos pases desenvolvidos uma sociedade pluralista de organizaes, na qual a maior parte das obrigaes sociais (como a produo de bens ou servios em geral) confiada na organizao (como indstrias, universidades e escolas, hospitais, comrcio, comunicaes, servios pblicos etc.) que so administradas por dirigentes para se tornar mais eficientes e eficazes. No final do sculo XIX, contudo, a sociedade era completamente diferente. As organizaes eram poucas e pequenas: predominavam as pequenas oficinas, artesos independentes, pequenas escolas, profissionais autnomos (como mdicos, advogados, que trabalhavam por conta prpria), o lavrador, o armazm das esquinas etc. Apesar de o trabalho sempre ter existido na histria da humanidade, a histria das organizaes e de sua administrao um captulo que teve seu incio h pouco tempo. INFLUNCIA DOS FILSOFOS A Administrao recebeu influncia da Filosofia desde os tempos da Antigidade. O filsofo grego Scrates (470 a.C. 399 a.C.), em sua discusso com Nicomaquides, expe seu ponto de vista sobre a Administrao como uma habilidade de pessoal separada do conhecimento tcnico e da experincia. Plato (429 a.C. 347 a.C.), filsofo grego, discpulo de Scrates, analisou os problemas polticos e sociais decorrentes do desenvolvimento social e cultural do povo grego. Em sua obra, A Repblica, expe a forma democrtica de governo e de administrao dos negcios pblicos. Aristteles (384 a.C. 322 a.C.), discpulo de Plato, deu o impulso inicial filosofia, Cosmologia, Nosologia, Metafsica, Lgica e Cincias Naturais, abrindo as perspectivas do conhecimento humano. No livro, Poltica, sobre a organizao do Estado, distingue as trs formas de administrao pblica:

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Monarquia ou governo de um s (que pode redundar a tirania) Aristocracia ou governo de uma elite (que pode descambar em oligarquia) Democracia ou governo do povo (que pode degenerar em anarquia).

Durante os sculos que vo da antigidade ao incio da Idade Moderna, a filosofia voltou-se para uma variedade de preocupaes distanciadas dos problemas administrativos. Francis Bacon (1561-1626), filsofo e estadista ingls e fundador da Lgica Moderna baseada no mtodo experimental e indutivo, mostra a preocupao bsica de se separar experimentalmente o que essencial do que acidental ou acessrio. Ren Descartes (1596-1650), filsofo, matemtico e fsico francs, considerado o fundador da Filosofia Moderna, criou as coordenadas cartesianas e deu impulso a Matemtica e Geometria da poca. Na Filosofia, celebrizou-se pelo livro O Discurso do Mtodo, no qual descreve seu mtodo filosfico denominado mtodo cartesiano cujos princpios so:

1. Princpio da Dvida Sistemtica ou da Evidncia: consiste em no aceitar como verdadeira coisaalguma enquanto no se souber com evidncia clara e distintamente aquilo que realmente verdadeiro. Com essa dvida sistemtica evita-se a preveno e a precipitao. 2. Princpio da Anlise ou de Decomposio: dividir e decompor cada dificuldade ou problema em tantas partes quantas sejam possveis e necessrias sua adequao e soluo e resolv-las cada uma. 3. Princpio da Sntese ou da Composio: conduzir ordenadamente nossos pensamentos e nosso raciocnio, comeando pelos objetivos e assuntos mais fceis e simples para, gradualmente os mais difceis. 4. Princpio da Enumerao ou da Verificao: consiste em fazer recontagens, verificaes e revises to gerais que se fiquem seguro de nada haver omitido ou deixado parte. Vrios princpios da Administrao, como os da diviso de trabalho, da ordem e do controle, esto contidos nos princpios cartesianos. Thomas Hobbes (1588-1679), filsofo poltico ingls, defende o governo absoluto em funo de sua funo pessimista da humanidade. Na ausncia do governo, os indivduos tendem a viver em guerra permanente e conflito interminvel para obteno de meios de subsistncia. Kal Marx (1818-1883) e Friedrick Engels (1820-1895) propem uma teoria da origem econmica do Estado. O poder poltico e do Estado nada mais do que o fruto da dominao econmica do homem pelo homem. O Estado vem a ser uma ordem coativa imposta por uma classe social exploradora. No Manifesto Comunista, afirma que a histria da humanidade uma histria de lutas e classes. Homens livres e escravos, patrcios e plebeus, nobres e servos, mestres e artesos, em uma palavra, exploradores e explorados, sempre mantiveram uma luta, oculta ou manifesta. Com a Filosofia Moderna, a Administrao deixa de receber contribuies e influncias, pois o campo de estudo filosfico passa a se afastar dos problemas organizacionais. INFLUNCIA DA ORGANIZAO DA IGREJA CATLICA Atravs dos sculos, as normas administrativas e os princpios de organizao pblica foram se transferindo das instituies dos Estados (como era o caso de Atenas, Roma etc.) para as instituies da Igreja Catlica e da organizao Militar. Essa transferncia se fez lentamente porque a unidade de propsitos e objetivos princpios fundamentais na organizao eclesistica e militar nem sempre encontrada na ao poltica que se desenvolvia nos Estados, movida por objetos contraditrios de cada partido, ou classe social. Ao longo dos sculos, a Igreja Catlica estruturou sua organizao, com uma hierarquia de autoridade, um estado-maior (assessoria) e a coordenao funcional para assegurar a integrao. A organizao hierrquica da igreja to simples e eficiente que sua enorme organizao mundial pode operar sob o comando de uma s cabea executiva: o Papa, cuja autoridade coordenadora lhe foi delegada de forma mediada por uma autoridade divina superior. A estrutura da organizao eclesistica serviu de modelo para as organizaes.

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INFLUNCIA DA ORGANIZAO MILITAR A organizao militar influenciou o aparecimento das Teorias da Administrao. A Organizao Linear tem suas origens na organizao militar dos exrcitos das Antigidades e da poca Medieval. O princpio da unidade de comando (pelo qual cada subordinado s pode ter um superior) o ncleo das organizaes militares. A escala hierrquica ou seja, os escales hierrquicos de comando com graus de autoridade e responsabilidade um aspecto tpico da organizao militar utilizado em outras organizaes. Com o passar dos tempos, na medida em que o volume de operaes militares aumenta, cresce tambm a necessidade de se delegar autoridade para os nveis mais baixos da organizao militar. Ainda na poca de Napoleo (1769-1821). Com as guerras de maior alcance e de mbito continental, o comando das operaes exigiu novos princpios de organizao e um planejamento e controle centralizados em paralelo com operaes descentralizadas, ou seja, passou-se centralizao do comando e descentralizao da execuo. Outra contribuio da organizao militar o princpio da direo, que preceitua que todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e o que ele deve fazer. Mesmo Napoleo, o general mais autocrata da histria militar, nunca deu uma ordem sem seu objetivo e certificar-se de que haviam compreendido corretamente, pois a obedincia cega jamais leva a uma execuo inteligente. INFLUNCIA DA REVOLUO INDUSTRIAL Com a inveno da maquina a vapor por James Watt (1736-1819) e sua aplicao produo, surgiu uma nova concepo de trabalho que modificou completamente a estrutura social e comercial da poca, provocando profundas e rpidas mudanas de ordem econmica, poltica e social que, em um lapso de um sculo, foram maiores que as mudanas ocorridas em todo o milnio anterior. a chamada Revoluo Industrial, que se iniciou na Inglaterra e que pode ser dividida em duas pocas: 1780 a 1860: 1 Revoluo Industrial ou revoluo do carvo e do ferro. 1860 a 1914: 2 Revoluo Industrial ou do ao e da eletricidade. A Revoluo Industrial alcanou todo o seu mpeto a partir do sculo XIX. Ela surgiu como uma bola de neve em acelerao crescente. A 1 Revoluo Industrial passou por quatro fases: 1 fase Mecanizao da Indstria e da agricultura: em fins do sculo XVIII, com a mquina de fiar (inventada pelo ingls Hargreaves em 1767), ,do tear hidrulico (por Arkwringht em 1769), do tear mecnico (por Cartwright em 1785) e do descaroador de algodo (por Whitney em 1792), que substituram o trabalho do homem e a fora motriz muscular do homem, ,do animal ou da roda de gua. 2 fase A Aplicao da Fora Motriz Indstria: a fora elstica do vapor descoberta por Dnis Papin no sculo XVII ficou sem aplicao at 1776, quanto Watt inventou a mquina a vapor. Com a aplicao do vapor s mquinas, iniciam-se grandes transformaes nas oficinas (que se convertem em fbricas), nos transportes, nas comunicaes e na agricultura. 3 fase O Desenvolvimento do Sistema Fabril: o arteso e sua pequena oficina patronal desapareceram para ceder lugar ao operrio e s fbricas e usinas baseadas na diviso do trabalho. A migrao de massas humanas das reas agrcolas para as proximidades das fbricas provoca a urbanizao. 4 fase Um Espetacular Aceleramento dos Transportes e das Comunicaes: a navegao a vapor surgiu com Robert Fulton (1807) e logo depois as rodas propulsoras foram substitudas por hlices. A locomotiva a vapor foi aperfeioada por Stephenson, surgindo a primeira estrada de ferro na Inglaterra (1825) e logo depois nos Estados Unidos (1829) e no Japo (1832). Esse novo meio de transporte propagou-se vertiginosamente. Outros meios de comunicao apareceram com rapidez surpreendente: Morse inventa o telgrafo eltrico (1835), o selo postal (1840), Graham Bell inventa o telefone (1876). J se esboam os primeiros sintomas do enorme desenvolvimento econmico, social, tecnolgico e industrial e as profundas mudanas. A partir de 1860, a Revoluo Industrial entrou em segunda fase: a 2 Revoluo Industrial, provocada por trs fatos importantes: o aparecimento do processo de fabricao do ao (1856); o aperfeioamento do dnamo (1873) e a inveno do motor de combusto interna (1873) por Daimler. As caractersticas da segunda Revoluo Industrial so as seguintes:

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Substituio do ferro pelo ao como material industrial bsico ; Substituio do vapor pela eletricidade e derivados do petrleo como fontes de energia. Desenvolvimento da maquinaria automtica e da especializao do trabalhado. Crescente domnio da Indstria pela Cincia. Transformaes radicais nos transportes e nas comunicaes. As vias frreas so ampliadas. A partir de 1880, Daimler e Benz constroem automveis na Alemanha, Dunlop aperfeioa o pneumtico em 1888 e Henry Ford inicia a produo de seu modelo T em 1908. Em 1906, Santos Drumont , a primeira experincia com o avio. 6. Desenvolvimento de novas formas de organizao capitalista. As firmas de scios solidrios - formas tpicas de organizao comercial cujo capital provinha dos lucros auferidos (capitalismo industrial), e que tomavam parte ativa na direo dos negcios deram lugar ao chamado capitalismo financeiro. 7. Expanso da industrializao desde a Europa at o Extremo Oriente. A organizao e a empresa moderna nasceram com a Revoluo Industrial graas a vrios fatores: a) A ruptura das estruturas corporativas da Idade Mdia. b) O avano tecnolgico e a aplicao dos progressos cientficos produo, a descoberta de novas formas de energia e a enorme ampliao de mercados. c) A substituio do tipo artesanal por um tipo industrial de produo. INFLUNCIA DOS PIONEIROS E EMPREENDEDORES O sculo XIX assistiu a um monumental desfile de inovaes e mudanas no cenrio empresarial. Nos Estados Unidos, ao redor de 1820 o maior negcio empresarial, foram as estradas de ferro, empreendimentos privados e que constituram um poderoso ncleo de investimentos de toda uma classe de investidores. Foi a partir das estradas de ferro que as aes de investimento e o ramo de seguros se tornaram populares. As ferrovias permitiram o desbravamento do territrio e provocaram o fenmeno da urbanizao que criou novas necessidades de habilitao, alimentao, roupa, luz e aquecimento, o que se traduziu em um rpido crescimento das empresas voltadas para o consumo direto. Antes de 1850, poucas empresas tinham uma estrutura administrativa que exigisse os servios de um administrador em tempo integral, pois as empresas industriais eram pequenas. As empresas da poca faziam parte de um contexto predominantemente rural, que no conhecia a administrao de empresa. O presidente era o tesoureiro, o comprador ou o vendedor e atendia aos agentes comissionados. Em 1871, a Inglaterra era a maior potncia econmica mundial. Em 1865, John D. Rockefeller (1839-1937) funda a Standard Oil. Em 1890, Carnegie funda o truste de ao, ultrapassando rapidamente a produo de toda a Inglaterra. Swift e Armour formaram o trustes de conservas. Guggenheim forma o truste do vertical nas empresas. Surgiram os primitivos imprios industriais, aglomerados de empresas que se tornaram grandes demais para serem dirigidos pelos pequenos grupos familiares. Logo apareceram os gerentes profissionais, os primeiros organizadores que se preocupavam mais com a fbrica do que com vendas ou compras. Na dcada de 1880, a Westinghouse e a General Eletric dominavam o ramo de bens durveis e criaram organizaes prprias de vendas com vendedores treinados, dando incio ao que hoje denominamos marketing. Ambas assumiram a organizao do tipo funcional que seria adotada pela maioria das empresas americanas, a saber: 1. Um departamento de produo para cuidar da manufatura de fbricas isoladas. 2. Um departamento de vendas para administrar um sistema nacional de escritrios distritais com vendedores. 3. Um departamento tcnico de engenharia para desenhar e desenvolver produtos. 4. Um departamento financeiro. Estas unidade deixaram de ser dirigidas pelos antigos donos ou famlias associadas e passaram administradas por gerentes assalariados. Assim fizeram as grandes corporaes americanas como a Standard Oil e a American Bell Telephone.

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Na virada do sculo XX, grandes corporaes sucumbiram financeiramente. que dirigir grandes empresas no era apenas uma questo de habilidade pessoal, como muitos empreendedores pensavam. Estavam criadas as condies para o aparecimento dos grandes organizadores da empresa moderna. Os capites das indstrias pioneiros e empreendedores cederam seu lugar para os organizadores. Estava chegando a era da competio e da concorrncia como decorrncia de fatores como:

1. Desenvolvimento tecnolgico, que proporcionou um crescente nmero de empresas e naes2. 3. concorrendo nos mercados mundiais. Livre comrcio. Mudana nos mercados vendedores para mercados compradores. Aumento da capacidade de investimento de capital e elevao dos nveis de ponto de equilbrio. Rapidez do ritmo de mudanas tecnolgicas que rapidamente torna obsoleto um produto ou reduz drasticamente seus custos de produo. Crescimento dos negcios e das empresas.

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Todos esses fatores iriam completar as condies propcias para a busca de bases cientficas para a melhoria da prtica empresarial e para o surgimento da teoria administrativa.