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TESIS - INGENIERIA CIVIL

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS

    COORDENAO DO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL (PPGECA) CAMPUS I CAMPINA GRANDE

    AVALIAO ESTRUTURAL DE SEGMENTO DA AV. FLORIANO PEIXOTO NA

    ZONA URBANA DE CAMPINA GRANDE-PB.

    por

    Ricardo Lima Rodrigues

    Dissertao apresentada ao Centro de Tecnologia e Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande Campus I Campina Grande, como parte dos requisitos necessrios para a obteno do ttulo de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL. REA DE CONCENTRAO: GEOTECNIA

    Campina Grande - Paraba

    Julho/2007

  • ii

    RICARDO LIMA RODRIGUES

    AVALIAO ESTRUTURAL DE SEGMENTO DA AV. FLORIANO PEIXOTO NA

    ZONA URBANA DE CAMPINA GRANDE-PB.

    Dissertao apresentada ao Centro de Tecnologia e Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande Campus I Campina Grande, como parte dos requisitos necessrios para a obteno do ttulo de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL. REA DE CONCENTRAO: GEOTECNIA Orientadores: Prof. Dr. JOS AFONSO G. MACDO UAEC/CTRN/UFCG E

    Prof. Dra. LICIA MOUTA DA COSTA NT/CAA/UFPE

    Campina Grande - Paraba

    Julho/2007

  • iii

    AVALIAO ESTRUTURAL DE SEGMENTO DA AV. FLORIANO PEIXOTO NA

    ZONA URBANA DE CAMPINA GRANDE-PB.

    Candidato: Engenheiro RICARDO LIMA RODRIGUES

    Dissertao apresentada ao Centro de Tecnologia e Recursos Naturais da Universidade

    Federal de Campina Grande Campus I Campina Grande, como parte dos requisitos

    necessrios para a obteno do ttulo de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL.

    Aprovada por:

    _______________________________________________

    Prof. Dr. JOS AFONSO G. MACDO UAEC /CTRN/UFCG Orientador

    _______________________________________________

    Prof. Dra. LICIA MOUTA DA COSTA NT/CAA/UFPE - Co-orientadora

    _____________________________________________

    Prof. Dr. ARIOSVALDO ALVES BARBOSA SOBRINHO DEMA/CTRN/UFCG Examinador Interno

    _____________________________________________

    Prof. Dr. NILTON PEREIRA DE ANDRADE DEC/CT/UFPB Examinador Externo

    Campina Grande - Paraba

    Julho/2007

  • iv

    Temos sempre que nos preocupar com o

    futuro, at porque viveremos nele para sempre.

    O autor

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a DEUS e a toda minha famlia, em especial, minha me, Maria de Jesus,

    pelo apoio dado em todos estes anos.

    Agradeo ao professor Jos Afonso G. Macdo por toda a ateno e dedicao a

    mim prestada durante todo este tempo de convvio no Laboratrio de Engenharia de

    Pavimentos - LEP, pelo direcionamento e orientao deste trabalho, pelo apoio, estmulo e

    ateno sempre pacientes nas horas mais difceis agindo como conselheiros com suas

    experincias de vida para nos mostrar o melhor caminho; e por confiarem em mim na

    realizao deste trabalho.

    Ao professor Ailton Alves Diniz, por ter me ensinado a manusear e operar os

    equipamentos utilizados nesta pesquisa, assim como pela sua contribuio em todos os

    ensaios aqui apresentados.

    Ao colega Fabiano Pereira Cavalcante, pelo apoio e ensinamentos prestados nos

    momentos que lhes foram solicitados.

    Aos colegas que tiveram uma importante participao neste trabalho na medida em

    que participaram junto comigo nesta empreitada, assim como aos que participaram

    indiretamente e com carinho especial a Sarah Jimena de Azevedo e Maria Sonia Pereira de

    Azevedo.

    Ao CNPq, pela concesso de uma bolsa de estudos que me proporcionou maior

    tranqilidade financeira para manter-me no programa de ps-graduao da UFCG.

  • vi

    NDICE

    CAPTULO 1 ................................................................................................................... XV

    INTRODUO .................................................................................................................... 1

    1.2 Escopo do Trabalho..................................................................................................... 3

    CAPTULO 2 ........................................................................................................................ 5

    REVISO BIBLIOGRFICA ............................................................................................ 5

    2.1 Pavimentos ................................................................................................................... 5

    2.1.1 - Base e Subbase .................................................................................................................................... 6 2.1.2 - Imprimao.......................................................................................................................................... 6 2.1.3 - Revestimento........................................................................................................................................ 7

    2.2 - Comportamento Resilinte dos Solos ......................................................................... 8

    2.2.1- Mdulo de Resilincia ........................................................................................................................ 10

    2.3 Avaliao Estrutural ................................................................................................. 12

    2.3.1 - Ensaios Destrutivos........................................................................................................................... 14 2.3.2 - Ensaio No Destutivos ...................................................................................................................... 23 2.3.3. - A Retroanlise para Obteno de Mdulos Resilientes ................................................................... 27

    2.3.3.1 - Mtodos de retroanlise ........................................................................................................... 28 2.3.3.2 - Fatores que influem no processo de retroanlise...................................................................... 30 2.3.3.3 - Retran-5L................................................................................................................................... 31

    2.4 - A Teoria das Camadas Elsticas para Avaliao de Pavimentos ........................ 33

    2.4.1 - Programas Automticos para Calculo de Tenses e Deformaes em Pavimentos....... 34

    2.5 Desempenho de Pavimentos...................................................................................... 45

    2.5.1 - A Fadiga nos Pavimentos............................................................................................................... 45 2.5.2 - A Deformao Permanente nos Pavimentos ................................................................................. 56

    CAPTULO 3 ...................................................................................................................... 69

    CARACTERIZAO DA REA E METODOLOGIA EMPREGADA..................... 69

    3.1 - A Cidade de Campina Grande no Contexto Regional ............................................ 69

    3.1.2 - Dados Estatsticos .......................................................................................................................... 71

    3.2 - A urbanidade .............................................................................................................. 72

    LISTA DE FIGURAS viii

    LISTA DE QUADROS ix

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS xi

    LISTA DE SMBOLOS xiii

    RESUMO xiv

    ABSTRACT xv

  • vii

    3.2.1 - Infraestrutura Bsica ..................................................................................................................... 72 3.2.2 - Transportes..................................................................................................................................... 73

    3.3 - Clima e Vegetao ...................................................................................................... 75

    3.4 - Projeto de Pavimentao da Via Expressa ............................................................. 75 3.4.1 - Caractersticas do Trecho em Estudo e a Importncia do Empreendimento no Contexto Regional76 3.4.2 - Especificaes do Projeto Executado.............................................................................................. 78

    3.5 - A Construo e o Controle de Qualidade Exigncias de Projeto........................ 82

    3.5.1 - Terraplenagem ............................................................................................................................... 82 3.5.2 -Pavimentao .................................................................................................................................. 83

    3.6 - Metodologia Aplicada na Pesquisa ........................................................................... 92

    3.6.1 - Materializao do Segmento ........................................................................................................... 92 3.6.2 - Coleta de Amostras e Ensaios Realizados....................................................................................... 95 3.6.3 - Levantamento Deflectomtrico........................................................................................................ 96 3.6.4 - Analise Mecanstica ......................................................................................................................... 99

    CAPITULO 4 .................................................................................................................... 103

    APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS .......................................... 103

    4.1 - Ensaios de Laboratrio............................................................................................ 103

    4.1.1 - Ensaios dos Materiais Granulares .................................................................................................. 103 4.1.2 - Ensaios Realizados com CBUQ ..................................................................................................... 108

    4.2 - Recosntituio da Dosagem Marshall do CBUQ................................................... 111

    4.3 - Ensaios de Campo .................................................................................................... 113

    4.3.1 - Ensaios Deflectomtricos ................................................................................................................ 113

    4.4 - Anlise utilizando o programa Retran-5L............................................................ 116

    4.5 - Anlise utilizando os programas ELSYM 5 e FEPAVE II................................... 118

    CAPTULO 5 .................................................................................................................... 122

    5.1 - Concluses................................................................................................................. 122

    5.2 - Sugestes ................................................................................................................... 123

    CAPTULO 6 .................................................................................................................... 124

    REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................... 124

  • viii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1: Equipamento de ensaio de resiliencia, (LEP, 2007)

    Figura 2.2: Equipamento triaxial dinmico de compresso axial( Pinto e Preussler,2002)

    Figura 2.3: Fluxograma do Programa FEPAVE, Motta (1991)

    Figura 2.4: Influncia da temperatura na vida de fadiga (Pinto, 1991) citado por Medina

    (1997)

    Figura 2.5: NFAT Nomograma da Shell para estimar a vida de fadiga de misturas

    asfalticas( SPDM, 1998)

    Figura 2.6: variao do coeficiente C do modelo do manual MS-1 do instituto de asfalto

    dos Estados Unidos com os valores VV e Vb

    Figura 3.1: Mapa do estado da Paraba (enciclopdia livre, 2005)

    Figura 3.2: Mapa de acesso rodovirio, (enciclopdia livre, 2005)

    Figura 3.3: Foto Area de Campina Grande (Google Earth, 2007)

    Figura 3.4: Seo tipo da Av. Floriano Peixoto

    Figura 3.5: Execuo da terraplenagem Av. Floriano Peixoto

    Figura 3.6: Coleta de amostras para determinao de umidade, Av. Floriano Peixoto

    Figura 3.7 : Execuo da Base, Av. Floriano Peixoto

    Figura 3.8 : Execuo da conformao da base e imprimao,Av. Floriano Peixoto

    Figura 3.9 : Execuo do revestumento,Av. Floriano Peixoto

    Figura 3.10: Foto de Campina Grande e o trecho em estudo (Google Earth, 2007)

    Figura 3.11: levantamento deflectomtrico, Av. Floriano Peixoto

    Figura 3.12: Viga Benkelman utilizada no levantamento deflectomtrico na Av. Floriano

    Peixoto

    Figura 3.13: Pontos de anlise para obteno dos parmetros de estudo do pavimento

    Figura 4.1: Curva granulomtrica, faixa C, DNIT ES 313/97.

    Figura 4.2: Curva granulomtrica, faixa C, DNIT ES 031/2006.

    Figura 4.3: Bacias de deflexes e bacia obtida pelo programa ELSYM5

  • ix

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 2.1:Valores do Coeficiente de Poisson, ( Pinto e Preussler, 2002)

    Quadro 2.2: Modelos Existentes no FEPAVE, Motta (1991)

    Quadro 2.3: Valores provveis para e , segundo Cardoso (1987)

    Quadro 3.1:Quantidade de alunos e professores do municpio Campina Grande

    ( IBGE. 2003)

    Quadro 3.2: ndice de desenvolvimento humano, Campina Grande ( PNUD, 2000)

    Quadro 3.3: Saneamento urbano, Campina Grande ( IBGE, 2000)

    Quadro 3.4: Dados Quantitativos da infra-estrutura de Campina Grande (SEPLAN,2005)

    Quadro 3.5: Frota de Veculos de Campina Grande (IBGE,2004)

    Quadro3.6:Distncias de Campina Grande para as principais cidades do

    Nordeste(SEPLAN,2005)

    Quadro 3.7: Granulometria Filler

    Quadro 3.8: Granulometria faixa C do DNIT

    Quadro 3.9: Localizao dos furos para coleta de amostras do revestimento.

    Quadro 3.10: Estaqueamento e posicionamento dos pontos para analise deflectomtrica

    Quadro 3.11: Estaqueamento e posicionamento dos pontos para analise defectomtrica

    Quadro 4.1: Resumo dos ensaios de caracterizao dos matrias granulares

    Quadro 4.2: Pares de tenso aplicados no ensaio triaxial dinmico

    Quadro 4.3: Resultados coeficientes baseado no modelo composto.

    Quadro 4.4: Mdulos mdios obtidos no programa FEPAVE II

    Quadro4.5: Resultados dos ensaios de mdulo de resilincia a cargas repetidas do

    revestimento em CBUQ.

    Quadro 4.6: Resistncia trao por compresso diametral (RT) das misturas estudadas.

    Quadro 4.7: Flexibilidade das misturas asflticas.

    Quadro 4.8: Granulometria da Mistura

    Quadro 4.9: Moldagem da Dosagem Marshall Reconstituda

  • x

    Quadro 4.10: Deflexes mximas obtidas no trecho pela viga Benkelman, sentido

    centro/ala.

    Quadro 4.11: Deflexes mximas obtidas no trecho pela viga Benkelman, sentido

    ala/centro

    Quadro 4.12: Bacias de deflexes medidas nos pontos de Dmx, D md e Dmin

    Quadro 4.13: Resumo da retroanlise pelo programa RETRAN5L

    Quadro 4.14: Deformao especifica de trao sob o revestimento obtidas com o ELSYM5.

    Quadro 4.15: Tenso vertical no topo do subleito obtidas com o ELSYM 5.

    Quadro 4.16: Resultados obtidos no programa FEPAVE II

    Quadro 4.17: Tenses sobre Subleito a partir do FEPAVE II e ELSYM5

    Quadro 4.18: Deformao especfica sob o revestimento a partir do FEPAVE II e do

    ElSYM5

  • xi

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AASHTO = American Association of State Highway and Transportation Officials

    ATECEL = Associao Tcnico-Cientfica Ernesto Luiz de Oliveira Jnior

    BG = Brita Graduada

    BGTC = Brita Graduada Tratada com Cimento

    CA = Corrente Alternada

    CAP = Cimento Asfltico de Petrleo

    CAGEPA = Companhia de gua e Esgoto do Estado da Paraba

    CBR = Califrnia Bearing Ratio ndice de Suporte Califrnia

    CBUQ = Concreto Betuminoso Usinado a Quente

    CELB = Companhia de Eletricidade da Borborema

    CHESF = Companhia Hidroeltrica de So Francisco

    COPPE = Coordenao dos Programas de Ps-graduao em Engenharia da UFRJ

    DC = Deformao controlada

    DER = Departamento de Estradas de Rodagem

    DNER = Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

    DNIT = Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre

    EA = Equivalente de Areia

    ELSYM = Elastic Layered System

    EUA = Estados Unidos da Amrica

    FE = Fator de Eixo

    FC = Fator de Carga

    FV = Fator de Veculo

    FORTRAN = Formula Translation

    FEPAV = Finite Element Analysis of Pavement Structures

    FWD = Falling Weight Deflectometer

    HRB = Highway Research Board

    HVS = Heavy Vehicle Simulator

    IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IDH = ndice de Desenvolvimento Humano

  • xii

    ISC = ndice de Suporte California

    LTPP = Long Term Pavement Performance

    LVDT = Linear Variable Differential Transformer

    ME = Mtodo de Ensaio

    MR = Mdulo de Resilincia

    N = Nmero de Projeto

    PIB = Produto Interno Bruto

    PMF = Pr Misturado a Frio

    PSR = Present Serviceability Rating

    RBV = Relao Betume-Vazios

    RETRAN2L = RETRoAnlise de sistemas com 2 camadas elsticas Lineares

    RETRAN5L = RETRoAnlise de sistemas com 5 camadas elsticas Lineares

    REVAP = Refinaria Henrique Laje

    RNA = Redes Neurais Artificiais

    RMS = Erros de Ajustamentos

    RT = Resistncia Trao

    SEPLAN = Secretaria de Planejamento

    SUPLAN = Superintendncia de Planejamento

    SHRP = Strategic Highway Research Program

    SN = Numero EStrutural

    TC = Tenso Controlada

    USACE = United States Army Corps of Engineers

    VAM = Vazios no Agregado Mineral

    VE = Valor Estrutural

  • xiii

    LISTA DE SMBOLOS

    N = Nmero de passadas do eixo padro simples em uma s direo

    C = Grau Celsius

    kPa = kilopascal

    kg = kilograma

    kgf = kilograma-fora

    MPa = Megapascal

    Rpm = Rotaes por minuto

    g = Grama

    mm = Milmetro

    SSF = Segundo Saybolt-Furol

    r = Deslocamento resiliente

    G' = Componente elstica (recupervel) do mdulo de cisalhamento complexo

    G'' = Componente viscosa (no recupervel) do mdulo de cisalhamento complexo

    Hz = Hertz

    # = Abertura de peneira

    S = Rigidez esttica

    Dmm = Dcimo de milmetro

    = Coeficiente de Poison

    t = Tenso de trao

    v = Tenso vertical

    Dmx, = Deflexo Mxima

    p = % de asfalto residual, em relao ao peso total dos agregados;

    = superfcie especifica do agregado(m2 /Kg);

    K = coeficiente denominado mdulo de riqueza

  • xiv

    RESUMO

    Este trabalho apresenta a avaliao estrutural da pavimentao do prolongamento da

    Avenida Marechal Floriano Peixoto no municpio de Campina Grande Paraba, onde

    foram coletados materiais de campo do segmento em fase final de construo, com

    pavimentos asflticos dimensionados pelo mtodo emprico do DNER. Ensaios realizados

    em laboratrio foram empregados para caracterizao fsica e mecnica dos materiais das

    camadas de base e sub-base, bem como de subleito, alm dos ensaios para a determinao

    do mdulo de resilincia e resistncia a trao nas amostras da camada betuminosa do

    pavimento, que foram obtidas atravs da extratora rotativa. Em uma segunda etapa, foram

    levantadas deflexes mximas em estacas alternadas, assim como obteno das bacias de

    deflexo nas ocorrncias de Dmx, Dmd e Dmim. Para o levantamento das deflexes utilizou-

    se a viga Benkelman, de propriedade do Departamento de Estradas e Rodagens do estado

    da Paraba DER/PB. De posse das bacias, utilizou-se a tcnica da retroanlise, com o

    auxilio do programa RETRAN5L, para identificar os mdulos de trabalho das camadas do

    pavimento e do subleito do trecho em estudo e assim serem associados aos resultados dos

    ensaios destrutivos, gerando dados suficientes para avaliar estruturalmente o

    comportamento do pavimento em anlise. Para anlise mecanstica, foram utilizados

    programas computacionais com emprego da teoria das camadas elsticas, a partir dos

    parmetros obtidos em ensaios de laboratrio; um dos programas utilizados foi o programa

    de elementos finitos FEPAVE II, empregando-se os parmetros elsticos obtidos em

    ensaios triaxiais dinmicos de carga repetida objetivando a determinao dos mdulos de

    resilincia das camadas granulares; em seguida foi utilizado o programa ELSYM5, com

    caracterstica elstico-linear, para determinao das tenses e das deformaes nos pontos

    mais crticos da estrutura fazendo-se assim uma anlise mecanstica linear da estrutura em

    estudo.

  • xv

    ABSTRACT

    This dissertation presents a structural evaluation of the pavement of Marechal

    Floriano Peixoto Avenue prolongation, located in Campina Grande - Paraba, where

    samples of the materials were collected from at final construction. The asphalt pavements

    were dimensioned by DNER empirical methods. Laboratory tests were carried out for

    physical and mechanical characterization of the subsurface layers materials, besides the

    tests for determination of resilient modulus and tension strength in samples of the pavement

    bituminous layer, which were obtained by rotating extraction. In a second step, maximum

    deflection in alternated props was measured, as well as the deflection basins in Dmax,

    Dmed and Dmim. For deflection measurements it was used a Benkelman beam from

    Parabas Road Department - DERlPB. Once the basins were defined, a retro analysis

    technique was performed by RETRAN5L program, in order to define the modulus of each

    pavement layer of the studied stretch and though to associate them to the destructive test

    results, generating sufficient data for evaluating the pavement structural behavior.

    Computational programs with elastic layers theory, using elastic parameters obtained in

    laboratory tests were adopted for mechanistic analysis. One of the programs used was the

    finite element program FEPAVE II, using the elastic parameters from repeated load

    dynamic triaxial tests aiming to establish the resilient modulus of granular layers; after that

    it was used ELSYM5 program, with elastic-linear characteristic for determination of stress

    and strains in the structure critical points, performing thus a linear mechanistic analysis of

    the structure studied.

  • 1

    CAPTULO 1

    INTRODUO

    O mtodo de dimensionamento de pavimentos flexveis que se baseia no CBR

    dos materiais, desenvolvido pelo U. S. Corps of Enginners, muito utilizado no Brasil,

    no tem como considerar explicitamente a resilincia.

    A anlise de tenses e deformaes em estruturas de pavimentos como sistemas

    de mltiplas camadas e a aplicao da teoria da elasticidade e do mtodo dos elementos

    finitos, dero ensejo considerao racional das deformaes resilientes no

    dimensionamento de pavimentos. Esta a tendncia observada a partir da dcada de 60.

    Assim, crescem em importncia a obteno dos parmetros elsticos ou resilientes dos

    solos e materiais utilizados em pavimentos.

    Os ensaios triaxiais de carga repetida para solos, assim como os de trao

    indireta por compresso diametral, tambm sob ao de carga repetida para, materiais

    asflticos e cimentados, tm proporcionado a determinao das caractersticas resilientes e

    o comportamento fadiga destes materiais sob condies que se aproximam das existentes

    no campo. Ultimamente, muitos estudos vm sendo realizados no sentido de incorporarem

    os seus resultados em procedimentos de projetos de pavimentos.

    O comportamento de solos ou materiais granulares em ensaios triaxiais de carga

    repetida tem sido estudado por muitos pesquisadores. Os solos so submetidos cargas

    repetidas de durao e freqncia comparveis as que ocorrem nos pavimentos.

    As deformaes resilientes so deformaes elsticas no sentido de que so

    recuperveis. Entretanto, no variam necessariamente de modo linear com as tenses

    aplicadas, e dependem de vrios fatores que no so considerados no conceito convencional

    de elasticidade. Segundo Preussler (1983), os principais fatores que afetam o

    comportamento resiliente dos solos granulares, so:

    - Nmero de repeties da tenso desvio

    - Histria de tenses

    - Durao e freqncia do carregamento

    - Nvel de tenso aplicada

  • 2

    O mdulo resiliente tanto aumenta como diminui com o nmero de repeties de

    tenso desvio, e esta variao depende do ndice de vazios crtico, da densidade do

    material, do grau de saturao e do valor da tenso aplicada repetidamente.

    Os materiais de pavimentos tm comportamento no linear, dependendo do

    tempo e da histria de tenses. Torna-se necessrio ento ensaia-los sob condies

    aplicveis quelas encontradas no campo. Para que uma nica amostra de solo seja ensaiada

    a vrios nveis de tenses e determinado o mdulo resiliente para cada nvel, necessrio

    eliminar ao mximo o efeito da histria de tenses no comportamento resiliente. Para isto a

    amostra deve ser previamente submetida a carregamentos repetidos variados

    (condicionamento) compatveis com os de campo, alm de eliminar as deformaes

    permanentes iniciais.

    O tempo de aplicao da carga repetida determinado em funo da velocidade

    dos veculos e da profundidade do pavimento onde se deseja calcular o mdulo resiliente. A

    freqncia de aplicao de carga funo das condies de trafego da estrada.

    O mdulo resiliente em solos granulares aumenta muito com a presso

    confinante, sendo pouco influenciado pelo valor da tenso desvio repetida, desde que esta

    tenso no cause excessiva deformao plstica.

    Uma maneira alternativa e considerada por muitos pesquisadores o mtodo que

    mais se aproxima da real situao in-situ das caractersticas resilientes das camadas de

    pavimento, seria o uso da retroanlise dos mdulos resiliente atravs de programas

    computacionais. A retroanlise dos mdulos elsticos das camadas do pavimento e do

    subleito um excelente processo de avaliao estrutural de pavimento. Ele permite inferir,

    atravs da forma e da magnitude da bacia de deformao, a capacidade estrutural de cada

    camada do pavimento e do subleito. Associada a mtodos tradicionais, a retroanlise

    constitui hoje a mais moderna e poderosa ferramenta de avaliao estrutural de pavimentos.

    O primeiro passo para a aplicao de mtodos analticos calcular a resposta do

    pavimento s cargas, ou seja, avaliar as tenses, deformaes e deslocamentos nas

    diferentes camadas do pavimento, comparando-os a valores crticos ou admissveis. A

    teoria da elasticidade tem sido o mtodo mais utilizado para estimar estes parmetros.

    Para verdade, sabe-se, que um pavimento real sujeito carga no tem s a

    parcela de deformao elstica atuando, mas tm-se tambm as parcelas plsticas, viscosas

  • 3

    ou visco-elstica. Muitos materiais apresentam uma relao tenso-deformao no linear,

    so anisotrpicos e no homogneos e tem caractersticas tenso-deformao que variam

    com o tempo. Alm disso, as condies de contorno das modelagens admitidas em cada

    programa de clculo de tenses/deformaes tm influncia nos resultados em relao

    teoria elstica clssica.

    O objetivo desta pequisa avaliar estruturalmente o pavimento, utilizando-se

    associao entre resultados de ensaios destrutivos e no destrutivos. Os objetivos

    especficos so:

    1. realizar ensaios de caracterizao dos materiais granulares constituintes do

    pavimento;

    2. realizar ensaios triaxiais com carregamento repetido nos solos das camadas e

    mistura asfltica do revestimento empregados no pavimento analisado;

    3. realizar ensaios mecnicos e fsicos na mistura asfltica;

    4. realizar ensaios defletomtricos e proceder anlise com tcnicas de retroanlise;

    5. analisar atravs de simulaes numricas, empregando programas FEPAVE II E

    ELSYM, o comportamento estrutural do pavimento.

    Finalmente busca-se, neste trabalho, prestar contribuio a engenharia rodoviria

    apresentando tecnologia disponvel no mercado, porm ainda no implantada pelos gestores

    pblicos para preservao do patrimnio pblico. Adicionalmente, procurar-se contribuir

    com mais uma fonte de pesquisa difundindo mtodos de avaliao de pavimento em

    consonncia com que vem ocorrendo nos centros de excelncia deste Pas.

    1.2 Escopo do Trabalho

    Desenvolvem-se os trabalhos em seis captulos e quatro apndices, a saber:

    Captulo 1 Contm uma introduo da pesquisa, mostrando seus objetivos e a

    organizao do trabalho.

    Captulo 2 So apresentados os conceitos bsicos utilizados na pesquisa, os tipos

    de pavimentos, as caractersticas resilientes dos materiais constituintes, avaliao estrutural,

    os mtodos computacionais para analise de pavimentos e mtodos de retroanlise. Constam

    tambm os modelos de desempenho de pavimentos.

  • 4

    Captulo 3 Apresenta as caractersticas da regio e as metodologias de ensaios

    empregados na avaliao do trecho analisado. Para o desenvolvimento deste captulo,

    foram utilizados dados constantes no projeto de pavimentao da avenida, elaborado pela

    Associao Tcnico-Cientfica Ernesto Luiz de Oliveira Jnior - ATECEL.

    Captulo 4 So apresentados e discutidos os resultados obtidos na pesquisa,

    baseados nas metodologias expostas no captulo anterior. So feitas apresentaes e analise

    dos ensaios de caracterizao, ensaios deflectomtricos, bem como a avaliao estrutural do

    trecho.

    Captulo 5 So expostas as concluses e as sugestes para futuras pesquisas.

    Captulo 6 So citadas as fontes bibliogrficas consultadas e/ou referenciadas na

    pesquisa.

    Apndice A Resumo dos estudos geotcnicos da Avenida Marechal Floriano

    Peixoto, feitos pela ATECEL na poca da construo da via expressa.

    Apndice B Relatrio de Ensaios Triaxial Dinmico.

    Apndice C Fichas Resumos da Retroanlise

    Apndice D Reconstituio da Dosagem Marshall

  • 5

    CAPTULO 2

    REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Pavimentos

    O pavimento uma estrutura constituda por uma ou mais camadas, com

    caractersticas para receber as cargas aplicadas na superfcie e distribu-las, de modo que as

    tenses resultantes fiquem abaixo das tenses admissveis dos materiais que constituem a

    estrutura. PINTO & PREUSSLER (2002).

    Os pavimentos so classificados em rgido, flexvel e semi-rgidos:

    - Rgido: aquele em que o revestimento tem uma elevada rigidez em relao s camadas

    inferiores e, portanto absorve praticamente todas as tenses provenientes do carregamento

    aplicado. Exemplo tpico: pavimento constitudo por lajes de concreto de cimento Portland.

    - Flexvel: aquele em que todas as camadas sofrem uma deformao elstica significativa

    sob o carregamento aplicado e, portanto, a carga se distribui em parcelas aproximadamente

    equivalentes entre as camadas. Exemplo tpico: pavimento constitudo por uma base de

    brita (brita graduada, macadame) ou por uma base de solo pedregulhoso, revestida por uma

    camada asfltica.

    - Semi-rgido: caracteriza-se por uma base cimentada quimicamente, como por exemplo,

    por uma camada de solo cimento revestida por uma camada asfltica.

    As terminologias relacionadas s camadas de pavimentos contidas na norma

    brasileira de pavimentao, NBR-7207/82, se encontram a seguir definidas:

    - Subleito o terreno de fundao do pavimento ou do revestimento;

    - Sub-base a camada corretiva do subleito, ou complementar base, quando por

    qualquer circunstncia no seja aconselhvel construir o pavimento diretamente sobre o

    leito obtido pela terraplenagem;

    - Base a camada destinada a resistir e distribuir os esforos verticais oriundos dos

    veculos sobre a qual se constri um revestimento; e

    - Revestimento a camada, tanto quanto possvel impermevel que recebe

    diretamente a ao do rolamento dos veculos e destinada a economia e simultaneamente:

  • 6

    a) melhorar as condies do rolamento quanto comodidade e segurana;

    b) a resistir aos esforos horizontais que nele atuam tornando mais durvel a

    superfcie de rolamento.

    A seguir sero expostas alguns aspectos importantes a respeito das camadas

    constituintes de um pavimento.

    2.1.1 - Base e Subbase

    Nos pavimentos asflticos (flexveis) a camada de base de grande importncia

    estrutural. As tenses e deformaes de flexo induzidas na camada asfltica pelas cargas

    do trfego esto associadas ao trincamento por fadiga desta camada. Se estas tenses e

    deformaes so muito elevadas, o resultado um revestimento trincado na trilha de roda.

    As tenses e deformaes de compresso nas camadas de base granulares, subbases

    e subleitos esto associadas deformao permanente e a rugosidade do pavimento que se

    desenvolvem nas camadas de base e subbase.

    As bases podem apresentar uma das seguintes constituies:

    - Granular

    Sem Aditivo (Solo; Solo-brita; Brita graduada )

    Com aditivo (Solo melhorado com cimento; Solo melhorado com cal )

    - Cimentadas

    Com ligante ativo ( Solo-cimento; Solo-cal; Concreto rolado )

    Com ligante asfltico ( Solo-asfalto; Macadame asfltico; Mistura asfltica )

    A base granular no tem coeso, praticamente no resistindo a esforos de trao,

    diluindo as tenses de compresso principalmente devido a sua espessura.

    A base cimentada dilui as tenses de compresso tambm devido a sua rigidez, que

    provoca o aparecimento de uma tenso de trao em sua face inferior.

    2.1.2-Imprimao

    Aplicao de asfalto diludo (CM 30 ou CM 70) de baixa viscosidade sobre a

    superfcie de uma base absorvente, objetivando:

  • 7

    - garantir uma certa coeso superficial;

    - impermeabilizar;

    - estabelecer a ligao entre a camada subjacente ao revestimento asfltico.

    O uso dos asfaltos diludos tipo CM-30 indicado para superfcies com textura

    fechada e o tipo CM-70 para superfcies com textura aberta.

    Antes de executar a imprimao, a camada subjacente deve estar regularizada,

    compactada e isenta de material slido. A taxa normalmente aplicada de asfalto diludo

    varia de 0,9 a 1,4 l/m2. O tempo de cura geralmente de 48 horas. A penetrao do ligante

    deve ser de 0,5 a 1,0 cm.

    2.1.3 Revestimento

    Rgido

    - O concreto de cimento portland (ou simplesmente concreto) constitudo por uma mistura

    de cimento portland + areia + agregado grado + gua;

    - Paraleleppedos rejuntados;

    Flexvel

    Revestimentos constitudos por associao de agregados e materiais betuminosos.

    Esta associao pode ser feita de duas maneiras: penetrao ou mistura.

    a) Penetrao

    - Invertida: executados atravs de uma ou mais aplicaes de material betuminoso

    seguida(s) de idntico nmero de operaes de espalhamento e compresso de camadas de

    agregados com granulometrias apropriadas. Pode ser simples (capa selante), duplo ou triplo

    conforme o nmero de camadas.

    - Direta: executado atravs do espalhamento e compactao de camadas de

    agregados com granulometria apropriada. Cada camada, aps compresso submetida a

    uma aplicao de material betuminoso. A ltima camada recebe, ainda, uma aplicao de

    agregado mido. O revestimento tpico obtido por penetrao direta o chamado

    Macadame Betuminoso. Consiste em duas aplicaes alternadas por camadas de material

    asfltico sobre agregados de tamanho e quantidade especificados.

  • 8

    b) Mistura

    O agregado pr-envolvido com o material betuminoso, antes da compresso.

    Quando o pr-envolvimento feito na usina denomina-se pr-misturado propriamente dito.

    Quando o pr-envolvimento feito na pista denomina-se pr-misturado na pista.

    - Pr-misturado frio - quando os agregados (um ou mais) e ligantes utilizados permitem

    que o espalhamento seja feito temperatura ambiente (embora a mistura tenha sido feita

    quente). O ligante emulso asfltica ou asfalto diludo.

    - Areia-asfalto frio - asfalto diludo ou emulso asfltica e agregado mido com a

    presena ou no de material de enchimento. Espalhado e comprimido frio.

    - Pr-misturado quente - quando o ligante e o agregado so misturados e espalhados ainda

    quentes. O ligante o cimento asfltico. A espessura da camada varia de 3 a 10 cm.

    - Areia-asfalto quente - agregado mido e cimento asfltico com presena ou no de

    material de enchimento. Espalhado e comprimido quente. Espessura no deve ultrapassar

    5 cm.

    - Concreto asfltico (CBUQ) - mistura quente, em usina, de agregado mineral graduado,

    material de enchimento e cimento asfltico, espalhado e comprimido quente.

    2.2 - Comportamento Resilinte dos Solos

    Adotando-se uma abordagem mecanstica ou mecanstica-emprica em projetos

    rodovirios, essencial o uso de termos como resilincia, mdulo de resilincia e ensaios

    triaxiais dinmicos realizados com um dos objetivos de definir equaes que

    exprimam o valor deste mdulo de acordo com as tenses atuantes. O Mdulo de

    Resilincia de solos e materiais de pavimentao para base e sub-base definido como a

    relao entre a tenso pulsante aplicada no ensaio triaxial (tenso desvio) e a sua

    correspondente deformao axial recupervel.

    A medida dos deslocamentos verticais sofridos por um pavimento sujeito ao de

    cargas transientes originadas pela passagem de rodas de veculos em sua superfcie foi

    realizada de forma pioneira por Porter e Barton no rgo rodovirio do estado norte

    americano da Califrnia, em 1938, atravs da instalao de sensores

    mecanoeletromagnticos dentro dos pavimentos. A esses deslocamentos, que mostravam-se

    reversveis, deu-se o nome de deflexo (MEDINA, 1997).

  • 9

    Em 1951, Francis Hveem realizou o primeiro estudo sistemtico para determinar a

    deformabilidade de pavimentos, estabelecendo valores mximos admissveis de deflexes

    para a vida de fadiga satisfatria de diferentes tipos de pavimentos. Hveem relacionou o

    trincamento progressivo dos revestimentos asflticos deformao resiliente (elstica) das

    camadas subjacentes dos pavimentos. O termo resiliente foi usado por Hveem em lugar de

    deformao elstica sob o argumento de que as deformaes nos pavimentos so muito

    maiores do que as que ocorrem nos slidos elsticos com que lida o engenheiro - concreto,

    ao, etc (MEDINA, 1997).

    Hveem havia desenvolvido, em 1946, uma primeira verso de um equipamento

    capaz de medir em laboratrio o efeito da aplicao de cargas repetidas em corpos de prova

    de materiais de pavimentao, o qual foi denominado resilimetro. As cargas repetidas,

    aplicadas axialmente, com intensidade e freqncia variveis, simulam o efeito das cargas

    das rodas dos veculos em trnsito. Na Universidade da Califrnia, na dcada de 50, Seed e

    Fead desenvolveram um equipamento triaxial dinmico, de cargas repetidas, visando a

    determinao do mdulo de resilincia para fins rodovirios e que serviu de base para os

    modelos utilizados atualmente (CHAVES, 2000).

    No Brasil, a metodologia de dimensionamento de pavimentos usualmente

    empregada caracteriza-se por enfocar a capacidade de suporte dos pavimentos em termos

    de ruptura plstica sob carregamento esttico, retratada atravs do ensaio de CBR. A

    observao constante de que boa parte da malha rodoviria de pavimentos flexveis vem

    apresentando fadiga gerada pela contnua solicitao dinmica do trfego atuante,

    contribuiu e ainda contribui para a introduo, no pas, de estudos da resilincia dos

    materiais de pavimentao.

    A primeira tentativa de agrupar os solos brasileiros segundo suas caractersticas

    resilientes foi apresentada em 1980 por Medina e Preussler (MEDINA, 1997). A

    Classificao Resiliente, adotada pelo DNER em seu Manual de Pavimentao de 1996, foi

    desenvolvida por Pinto e Preussler, sob a orientao de Medina, a fim de qualificar os solos

    quanto ao seu comportamento mecnico em termos de deformabilidade elstica (DNER,

    1996).

  • 10

    Uma tentativa tambm constante do Manual de Pavimentao do DNER (DNER,

    1996) baseia-se em uma possvel relao entre MR e CBR, tendo como parmetro

    delimitador a relao entre CBR e a percentagem total de argila.

    FERREIRA (2002) lista vrias tentativas de previso de valores de mdulos de

    resilincia que se seguiram s j citadas, a saber: a simplificao da proposta original de

    HEUKELON & KLOMP (1962) que relaciona diretamente o MR com o CBR; a obtida por

    MEDINA & PREUSSLER (1980) para solos argilosos com CBR inferior a 20% e

    utilizando tenso desvio extremamente elevada; a apresentada por Visser, Queiroz e

    Hudson, pesquisando possveis correlaes entre MR e os limites de Atterberg; as

    correlaes apresentadas por MOTTA et. al. (1985) que contemplam a anlise elstico no

    linear.

    Modernas tcnicas de modelagem de dados visando melhor entender fenmenos

    complexos, dependentes de muitas variveis, assim como a tentativa de estimar uma

    varivel dependente em funo de outras de mais fcil obteno, tem levado ao

    desenvolvimento de vrias tcnicas de anlise. Uma das mais recentes, a tcnica de Redes

    Neurais Artificiais (RNAs) foi aplicada na elaborao e anlise de toda a base de dados dos

    ensaios triaxiais dinmicos realizados na COPPE/UFRJ por FERREIRA (2002).

    2.2.1- Mdulo de Resilincia

    Como dito anteriormente o mdulo resiliente dos solos definido como a relao

    entre a tenso-desvio aplicada axial e ciclicamente em um corpo de prova e a

    correspondente deformao especfica vertical recupervel conforme a equao seguinte:

    MR = d / r (2.1)

    Sendo:

    d = tenso desvio aplicada repetidamente (d = 1 - 3)

    r = deformao especfica axial resiliente

    Dispondo-se de equipamento triaxial dinmico, como mostra a Figura 2.1, o mdulo

    resiliente pode ser determinado de acordo com Procedimentos para Execuo de Ensaios

    com Carregamento Repetido (DNER-131/94).

  • 11

    Figura 2.1: Equipamento de ensaio de resiliencia, (LEP, 2007)

    Nesta determinao, a deformao total do corpo de prova ensaiado tem uma

    componente resiliente (recupervel) e outra permanente (irrecupervel) ou plstica. a

    deformabilidade elstica ou resiliente que condiciona a vida de fadiga das camadas

    superficiais mais rijas dos pavimentos sujeitas a flexes sucessivas. No sendo os solos e

    britas materiais elsticos lineares, os mdulos resilientes dos solos dependem do estado de

    tenses atuante. O que se procura determinar nos ensaios triaxiais a relao experimental

    que descreve o comportamento dos mdulos de resilincia em funo da tenso de

    confinamento e da tenso desvio (MEDINA, 1997).

    Na falta do equipamento triaxial dinmico, os valores de mdulo de resilincia

    podem ser estimados indiretamente, para fins classificatrios, via parmetros como

    granulometria, plasticidade e CBR. Segundo VERTAMATTI (1988) esta Segunda

    condio menos criteriosa que a primeira, por estimar uma propriedade de interesse

    geotcnico a partir de parmetros clssicos que podem no refletir adequadamente as reais

    peculiaridades tecnolgicas dos solos tropicais. Desse modo, os valores de MR devem ser

    obtidos diretamente, sempre que possvel.

  • 12

    2.3 Avaliao Estrutural

    conhecida como avaliao estrutural de pavimentos o conjunto de procedimentos

    que determinam as respostas da estrutura quando sujeita s cargas do trfego, traduzida na

    forma de tenso, deformaes e deflexes em determinados pontos do pavimento, de forma

    que seja possvel verificar sua capacidade de resistir aos mecanismos responsveis pela

    degradao do pavimento. A partir deste diagnstico, torna-se possvel definir quais

    servios sero necessrios ao restabelecimento das condies admissveis aos usurios da

    rodovia (RODRIGUES, 1995).

    Estruturalmente, o comportamento dos pavimentos analisado quanto aos aspectos

    de deformabilidade e resistncia ao cisalhamento de suas camadas, os quais esto

    relacionados diretamente com a capacidade que tem o pavimento em suportar os efeitos

    deteriorantes das cargas do trfego e das aes climticas.

    O estudo de deformabilidade e tenses nos pavimentos flexveis so de fundamental

    importncia compreenso de seu comportamento, uma vez que refletem as condies

    reais da estrutura do pavimento.

    Sendo assim, pode-se dizer que a ao das cargas de trfego sobre os pavimentos

    flexveis e semi-rgidos provoca deformaes dos tipos permanentes e recuperveis. As

    deformaes permanentes so aquelas que permanecem mesmo aps cessar o efeito da

    atuao da carga, ou seja, tem carter residual. So exemplos de deformaes permanentes

    aquelas geradas nas trilhas de roda pela consolidao adicional pelo trfego, bem como as

    rupturas de natureza plstica.

    As deformaes ou deflexes recuperveis representam um indicativo do

    comportamento elstico da estrutura, deixando de existir alguns momentos aps a retirada

    da carga. As deflexes recuperveis provocam o arqueamento das camadas do pavimento, e

    segundo PINTO & PREUSSLER (2002) a sua repetio a responsvel pelo fenmeno de

    fadiga das camadas betuminosas e cimentadas.

    Em um projeto de dimensionamento de pavimentos deve-se analisar considerando o

    estado de tenses e de deformaes atuantes, compatibilizando-os com as admissveis ou

    existentes, para um perodo de projeto e condio de serventia, para que atenda todas as

  • 13

    limitaes de tenses que possam provocar ruptura por cisalhamento, deformaes

    permanentes e deformaes recuperveis ou elsticas.

    Basicamente, segundo HAAS et. al. (1994), os mtodos de avaliao estrutural de

    pavimentos so classificados em ensaios destrutivos e ensaios no-destrutivos.

    Os ensaios destrutivos so aqueles onde so removidas amostras das camadas do

    pavimento para determinao, em laboratrio, das suas caractersticas in situ. Segundo

    VILLELA & MARCON (2001), alm da amostragem destes materiais, so verificadas nos

    furos de sondagem:

    1. As espessuras das camadas;

    2. As condies dos materiais;

    3. As eventuais deformaes das camadas;

    4. Os tipos de materiais; e

    5. As condies de umidade.

    So realizados por meio de sondagens, onde so abertos poos, com o auxlio de

    ferramentas como p e picareta ou extrado rotativo, situados nos bordos do revestimento do

    pavimento (GONTIJO et. al., 1994). As sondagens objetivam o conhecimento das

    caractersticas geotcnicas das camadas do pavimento e subleito, permitindo a

    determinao das espessuras de cada camada do pavimento (SANTOS & MOREIRA,

    1987).

    Este tipo de avaliao destrutiva apresenta como desvantagens principais os

    seguintes fatores:

    1. Dificuldades de reproduo do estado de tenses e condies ambientais;

    2. Tempo demandado nesta atividade e reteno do trfego.

    Os ensaios no destrutivos possibilitam a avaliao das condies do pavimento

    sem danific-los. Para isto so usados equipamentos para a medio das bacias

    deflectomtricas. A viga Benkelman o aparelho mais divulgado para este fim, porm o

    desenvolvimento de equipamentos mais sofisticados proporciona a estas avaliaes:

    1. Aumentar a acurcia das medidas;

    2. Aumentar a produtividade em termos de nmero de ensaios por dia de trabalho;

    3. Simular, de forma mais real possvel, as condies de carregamento do trfego;

    4. Reduzir os custos dos ensaios; e

  • 14

    5. Obter, de forma simples, dados da anlise estrutural dos pavimentos.

    Geralmente, a avaliao estrutural de pavimentos feita atravs de ensaios no

    destrutivos, por oferecer maior rapidez, segurana e acurcia na obteno dos resultados

    (CARDOSO, 1995). Os ensaios no destrutivos tm como objetivo representar o

    comportamento do pavimento quando submetido a carregamentos cclicos.

    2.3.1 Ensaios Destrutivos

    Ensaios de laboratrio tm sido desenvolvidos para estudar os materiais de

    pavimentao sob condies de carregamento similares aquelas de campo, permitindo

    determinar o mdulo de elasticidade ou resiliente sob diferentes condies de umidade,

    densidade, tenso confinante, tenso desvio, freqncia do carregamento, durao e

    repetio do carregamento. Neste tpico sero descritos alguns ensaios de laboratrio que

    podem ser realizados para avaliar as propriedades mecnicas de pavimentos.

    2.3.1.1 - Ensaio de Resistncia Trao por Compresso Diametral

    O ensaio de resistncia trao por compresso diametral (RT) foi desenvolvido

    por Lobo Carneiro e Barcellos no Brasil, para determinao da resistncia trao de

    corpos de prova de concreto-cimento, por solicitaes estticas. um ensaio de ruptura,

    onde o corpo de prova posicionado horizontalmente e a carga aplicada

    progressivamente, com uma velocidade de deformao de 0,8 0,1 mm/s.

    O investigador Schmidt da Chevron, Califnia, introduziu esse ensaio para as

    misturas betuminosas sob carregamento repetido. A carga aplicada por compresso

    diametral em amostras cilndricas tipo Marshall, induzindo um estado de compresso na

    direo vertical e de trao na horizontal (PINTO & PREUSSLER, 2002).

    As misturas asflticas devem possuir flexibilidade suficiente para suportar as

    solicitaes do trfego e resistncia trao adequada para evitar rupturas precoces.

    O ensaio de compresso diametral serve para o estudo de fadiga de misturas

    asflticas. Aplicam-se vrios nveis de tenso calculada com uma porcentagem em relao

    de ruptura esttica. Esta determinada previamente em corpos-de-prova semelhante aos

    que so utilizados nos ensaios de fadiga. Determina-se o nmero de aplicaes de carga at

  • 15

    dh

    FtR

    2

    =

    o trincamento e ruptura num plano vertical. A temperatura de ensaio deve ser controlada

    mediante a utilizao de uma cmara termo-regulvel (MEDINA, 1997).

    O procedimento de ensaio para determinao da Resistncia Trao por

    Compresso Diametral (RT), baseado no DNER ME 138/94 esta resumido a seguir:

    Fazer quatro ou mais medies de altura do corpo de prova com paqumetro em

    dimetros ortogonais e tomar a mdia;

    Fazer trs medies do dimetro em trs posies da altura e tomar a mdia;

    Deixar o corpo de prova na cmara de aquecimento ou sistema de refrigerao por

    um perodo de 2 horas, de modo a se obter a temperatura especfica (25, 30, 45 ou

    60C);

    Coloca-se o corpo de prova na posio horizontal sobre o prato inferior da prensa,

    recomenda-se interpor dois frisos metlicos curvos ao longo das geratrizes de apoio

    superior e inferior;

    Ajustar os pratos da prensa dando ligeira compresso que segure o corpo de prova

    em posio;

    Aplica-se a carga progressivamente, razo de 0,8mm/s 0,1mm/s, at que se d a

    ruptura com a separao das duas metades do corpo de prova, segundo o plano

    diametral vertical. Anota-se a carga de ruptura; e

    Calcula-se a resistncia trao indireta pela equao 2.2:

    ( 2.2)

    sendo:

    tR a resistncia a trao indireta (kgf/cm2),

    F a carga de ruptura (kgf),

    d o dimetro do corpo de prova (cm) e

    h a altura do corpo de prova (cm).

  • 16

    2.3.1.2 - Ensaio de Mdulo de Resilincia em Misturas Asfalticas

    Os ensaios de carga repetida em que a fora aplicada atua sempre no mesmo sentido

    de compresso, de zero a um mximo e depois diminui at anular-se, ou atingir um patamar

    inferior, para atuar novamente aps pequeno intervalo de repouso (frao de segundo),

    procuram reproduzir as condies de campo. A amplitude e o tempo de pulso dependem da

    velocidade do veculo e da profundidade em que se calculam as tenses de deformaes

    produzidas. A freqncia espelha o fluxo (ou volume) de veculos (MEDINA, 1997).

    O ensaio para a determinao do mdulo de resilincia, ensaio de trao indireta

    com carregamento repetido, simula o comportamento mecnico da mistura asfltica, na

    zona onde ocorrem as deformaes especficas de trao, responsveis pela fadiga da

    camada.

    Os materiais que constituem a estrutura de um pavimento quando submetidos a

    carregamentos dinmicos, de curta durao e sob tenses muito abaixo de sua plastificao,

    apresentam comportamento aproximadamente elstico, no necessariamente linear. O

    trfego condiciona o conjunto pavimento-fundao de modo semelhante. O mdulo de

    elasticidade determinado atravs de ensaios laboratoriais, com equipamentos que simulem

    as condies de campo, denomina-se mdulo de resilincia (PINTO & PREUSSLER,

    1980).

    O ensaio para determinao do mdulo de resilincia realizado em um

    equipamento composto por uma prensa, sistema pneumtico com controle do tempo e

    freqncia de aplicao da carga, sistema de aplicao da carga, sistema de medio do

    deslocamento diametral horizontal do corpo de prova quando submetido carga e sistema

    de controle de temperatura, ver Figura 2.2.

  • 17

    Figura 2.2: Equipamento triaxial dinmico de compresso axial( Pinto e Preussler,2002)

    O procedimento de ensaio para determinao do Mdulo de Resilincia, baseado no

    DNER ME 133/94, esta resumido a seguir:

    Prender o quadro suporte por meio de garras nas faces externas do corpo de prova

    cilndrico que se encontra apoiado horizontalmente segundo uma diretriz;

    Posicionar o corpo de prova na base da prensa, apoiando o mesmo no friso

    cncavo inferior;

    Assentar o pisto de carga com o friso superior em contato com o corpo de prova

    diametralmente oposto ao friso inferior;

    Fixar, ajustar e calibrar dois medidores eletromecnicos tipo LVDT (Linear

    Variable Differential Transducer) que so transdutores de variveis diferenciais

    lineares, de modo a obter registros na aquisio dos dados;

    Aplicar uma carga F que produza uma tenso trao t que seja at 30% da

    resistncia da trao esttica da mistura;

    A freqncia de aplicao das cargas de 1Hz (60 ciclos por minuto) com tempo

    de carregamento de 0,1 segundo e 0,9 segundo de descarregamento; e

    Registram-se os deslocamentos horizontais durante a aplicao da carga F.

    Segundo SOUZA (1997) o tempo de aplicao de carga simula a velocidade de

    translao dos eixos dos veculos no campo enquanto a freqncia reproduz o nmero de

  • 18

    eixos que passam em determinada seo de rodovia. De acordo com a prpria concepo do

    ensaio de mdulo, este est intimamente relacionado s velocidades do trfego.

    2.3.1.3 - Ensaio de Compresso Axial Dinmico (Creep Dinmico) e Simuladores de Trfego

    Apesar de no ter sido utilizado no presente trabalho vlido comentar respeito do

    ensaio de Creep. Este ensaio tem como objetivo analisar as deformaes visco-plsticas de

    misturas asflticas, proporcionando uma anlise comparativa em termos de resistncia

    mecnica deformao permanente para diferentes misturas asflticas.

    Existem trs tendncias de modelos para previso de desempenho de misturas

    asflticas quanto formao de deformao permanente: modelos a partir de ensaios de

    comportamento reolgico tipo "creep" dinmico; modelos desenvolvidos a partir de

    resultados obtidos com equipamentos simuladores de trfego; e correlaes entre o trfego

    e o afundamento na trilha de roda. Prepondera a utilizao dos dois primeiros, uma vez que

    as correlaes de campo so limitadas s condies de similaridade da comparao. Quanto

    aos outros dois tipos, no h ainda uma tendncia definida pela comunidade tcnica

    (MERIGHI & SUZUKI, 2000).

    O ensaio de compresso axial dinmica consiste na aplicao de pulsos de carga ao

    corpo de prova, a uma determinada freqncia, com um tempo de aplicao de carga

    definido. Este ensaio permite a recuperao da deformao aps remoo do carregamento

    imposto ao corpo de prova, representando as cargas de trfego.

    O ensaio de compresso axial pode ser realizado de forma esttica ou dinmica.

    Segundo MOTTA et al. (1996) h uma tendncia mundial no sentido de se recomendar

    mais fortemente o uso dos ensaios dinmicos que o uso dos estticos, tambm na avaliao

    das deformaes permanentes, pois melhor se comparam aos resultados de campo.

    Resumidamente, tem-se a seguir o procedimento para o Ensaio de Compresso

    Axial Dinmico:

    Prender os quadros suporte superior e inferior por meio de garras na face

    cilndrica do corpo de prova que se encontra apoiado horizontalmente;

    Posicionar o corpo de prova na base da prensa;

  • 19

    R

    absesp

    h

    =

    esp

    axial

    cE

    =

    Assentar o pisto de carga com a placa superior em contato com o corpo de

    prova diametralmente oposto base;

    Fixar, ajustar e calibrar os medidores eletromecnicos tipo LVDT (Linear

    Variable Differential Transducer) de modo a obter registros na aquisio dos

    dados;

    Aplicar uma carga F que induza tenso de compresso axial, tenso essa de

    0,1MPa (1,0kgf/cm2);

    A freqncia de aplicao das cargas de 1Hz (60 ciclos por minuto) com tempo

    de carregamento de 0,1 segundo e 0,9 segundo de descarregamento. O tempo total

    de durao do ensaio de 1 hora (3600 ciclos de carregamento); e

    Registram-se os deslocamentos verticais durante a aplicao da carga F.

    A deformao permanente absoluta lida diretamente pelo LVDT. A deformao

    permanente especfica ou relativa obtida pela Equao 2.3.

    (2.3)

    Sendo;

    esp a deformao permanente especfica ou relativa (mm/mm);

    abs a deformao permanente absoluta (mm); e

    hR a altura de referncia (mm).

    O mdulo de Creep dinmico ou mdulo de fluncia dinmica calculado pela

    Equao 2.4.

    (2.4)

    Sendo;

    Ec o mdulo de Creep dinmico ou mdulo de fluncia dinmica (MPa);

  • 20

    axial a tenso axial aplicada no corpo de prova (MPa); e

    esp a deformao permanente especfica ou relativa (mm/mm).

    2.3.1.4 - Ensaio de Fadiga

    possvel dividir o comportamento estrutural dos materiais de pavimentao sob

    carregamento dinmico em duas parcelas:

    a flexo repetida que leva fadiga dos materiais e em conseqncia o

    trincamento; e

    a compresso simples repetida que leva deformao permanente e em

    conseqncia ao afundamento de trilha de roda.

    A fadiga um processo de deteriorao estrutural que sofre um material quando

    submetido a um estado de tenses e deformaes repetidas, que podem ser muito menores

    que a resistncia ltima do material, resultando em trincas, aps um nmero suficiente de

    repeties do carregamento: a perda da resistncia que sofre um material quando

    solicitado repetidamente flexo ou trao (PINTO & MOTTA, 1995).

    Segundo PINTO & PREUSSLER (2002) no ensaio de fadiga o material submetido

    solicitao ao qual ocorre a evoluo de modo irreversvel para um estgio final de

    ruptura ou estabilizao. Com o objetivo de estimar a vida de fadiga de misturas asflticas,

    dispem-se de ensaios laboratoriais que procuram simular as condies de solicitao de

    uma rodovia (ensaios executados em placas ou vigas apoiadas em suporte) e os que

    procuram uma aproximao fundamentada (ensaios laboratoriais executados em corpos de

    prova cilndricos ou prismticos, submetidos a nveis de tenses ou deformaes de modo a

    simular a condio de solicitao no campo).

    Os equipamentos laboratoriais para ensaios de carga repetida permitem a aplicao

    de carregamentos cclicos ao material sob regime de tenso constante ou controlada e de

    deformao constante ou controlada. A grande separao que se pode fazer entre os

    diferentes ensaios quanto ao modo de solicitao.

    No ensaio de tenso controlada (TC), a carga aplicada mantida constante e as

    deformaes resultantes aumentam no decorrer do ensaio. O ensaio de deformao

    controlada (DC) envolve a aplicao de cargas repetidas que produza uma deformao

    constante ao longo do ensaio, o que conduz a uma diminuio da carga aplicada, para

  • 21

    manter a deformao constante. Em ambos os ensaios h uma reduo da rigidez inicial do

    material a um nvel que pode ser pr-estabelecido, no sentido de definir o fim do ensaio

    (PINTO & PREUSSLER, 2002). A grande vantagem do ensaio de DC permitir melhor

    observao da propagao de fissuras por fadiga.

    No ensaio tenso controlada (TC), o critrio de fadiga est associado fratura da

    amostra. A tenso mantida constante ao longo do ensaio e as deformaes atingem um

    valor mximo at o estgio de colapso do corpo de prova. A vida de fadiga (N) definida

    como o nmero total de aplicaes de uma carga necessria fratura completa da amostra

    (PINTO & PREUSSLER, 2002).

    J no ensaio deformao controlada (DC) o critrio de fadiga no est

    condicionado ruptura completa do corpo de prova, pois para que a deformao seja

    mantida constante ao longo do ensaio, necessrio que haja uma diminuio no

    carregamento aplicado. A vida de fadiga neste caso ser o nmero de repeties da carga

    capaz de reduzir o desempenho ou rigidez inicial da amostra a um nvel pr-estabelecido.

    Segundo MEDINA (1997) a solicitao a tenso controlada (TC) a que ocorre em

    pavimentos de revestimento asfltico muito mais rgido do que a camada de base e que ao

    resistirem s cargas determinam a magnitude das deformaes. A solicitao a deformao

    controlada (DC) corresponde melhor a pavimentos de revestimento delgado e fraco em

    relao base; embora adicionando alguma resistncia, o revestimento tem sua deformao

    controlada pela das camadas subjacentes. Logo o comportamento tenso ou deformao

    controlada depender tanto da espessura e do mdulo de rigidez do revestimento, como do

    mdulo da estrutura subjacente.

    Como dito anteriormente, o ensaio para a caracterizao da fadiga submete uma

    amostra do material a uma aplicao de carga repetida at a sua ruptura. A ruptura pode ser

    definida por vrios critrios. A curva que representa o nmero de aplicaes de carga at a

    ruptura com a amplitude da carga aplicada conhecida como a curva de Whler,

    pesquisador que realizou os primeiros estudos fundamentais da fadiga de metais em

    laboratrio, e caracterizada por relaes do tipo (MONISMITH & BROWN, 1999;

    BENEDETTO et al., 1997; LOUREIRO, 2000):

  • 22

    1.1n

    f KN =

    2.2n

    f KN =

    (2.5)

    (2.6)

    Sendo;

    Nf = nmero de aplicaes de carga at a ruptura;

    = tenso de trao repetida atuante;

    = deformao de trao repetida;

    k1, k2 = constantes de regresso; e

    n1, n2 = constantes negativas de regresso.

    Segundo MEDINA (1997) e INSTITUTO DE ASFALTO (2002), teores de betume

    crescentes melhoram a vida de fadiga e o desgaste superficial, porm deve-se observar um

    teor adequado tambm sob o aspecto da deformao permanente que, ao contrrio aumenta

    com o teor de betume. Misturas asflticas densamente graduadas apresentam resistncia

    fadiga maior do que a das misturas de graduao aberta; agregados bem graduados

    permitem teores maiores de asfalto sem causar exsudao no pavimento compactado.

    clara a importncia que tem a temperatura na vida de fadiga da mistura asfltica.

    Um aumento de temperatura reflete-se de dois modos na vida de fadiga: diminui MR, vale

    dizer, para uma fora aplicada, a deformao especfica trao aumenta, ao mesmo tempo

    diminui a resistncia trao e a razo da tenso atuante sobre a resistncia aumenta

    (MEDINA, 1997).

    O procedimento para o Ensaio de Fadiga tenso controlada (TC) esta resumido a

    seguir:

    Posicionar o corpo de prova na base da prensa, apoiando o mesmo no friso

    cncavo inferior;

    Assentar o pisto de carga com o friso superior em contato com o corpo de prova

    diametralmente oposto ao friso inferior;

  • 23

    Aplicar uma carga F que induza tenses de traes horizontais aproximadamente

    entre 10 e 50% da tenso trao tR previamente determinada; e

    A freqncia de aplicao das cargas de 1 Hz (60 ciclos por minuto) com

    tempo de carregamento de 0,1 segundo e 0,9 segundos de descarregamento;

    2.3.2 - Ensaio No Destutivos

    A avaliao estrutural por ensaios no destrutivos (NDT) consiste na realizao de

    provas de carga insitu para a medida de parmetros de resposta da estrutura s cargas de

    roda em movimento. As respostas medidas so as deflexes (deslocamentos verticais de

    superfcie) cuja medida obtida de maneira simples e confivel, razo pela qual a

    totalidade dos equipamentos utilizados para a realizao de ensaios no destrutivos so

    deflectmetros (GONALVES, 1999).

    Os ensaios NDT provocam menores interrupes no trfego, fornecendo assim

    maior flexibilidade para a avaliao quantitativa da condio do pavimento em qualquer

    estgio de sua vida de servio e possibilita o retorno no mesmo ponto a cada avaliao.

    Dentre as principais vantagens da utilizao deste ensaio pode-se citar (MACDO, 1996):

    Determinao dos mdulos das camadas do pavimento, que possibilitam realizar

    melhor julgamento acerca da integridade estrutural das camadas de um pavimento;

    Formao de uma base de dados para os mtodos mecansticos de projeto de

    reforo estrutural do pavimento;

    Formao de uma base de dados para a utilizao em Sistemas de Gerncia de

    Pavimentos; e

    Mede-se a resposta real do pavimento ao carregamento aplicado, sem submeter

    os materiais aos distrbios causados pela retirada de amostras.

    As principais ferramentas de avaliao estrutural no destrutivas utilizadas podem

    ser classificadas conforme o tipo de solicitao imposta ao pavimento. So agrupados em

    quatro categorias: Solicitaes Estticas (Viga Benkelman, Ensaios de Placa, Viga

    Benkelman Automatizada, Curvmetro); Solicitaes por Vibrao (Dynaflect, Road

    Rater); Solicitaes por Impulso (FWD); e Solicitaes Diversas (FHWA) (HAAS, et al.,

    1994).

  • 24

    - Viga Benkelman: Foi o equipamento utilizado durante esta pesquisa pertencente

    ao DER-PB. Criada por Benkelman durante os estudos realizados na pista experimental da

    WASHO, sua concepo fcil e econmica permitiu que este equipamento se difundisse

    por todo o mundo. Sua constituio bsica compreende uma viga horizontal apoiada sobre

    trs ps, sendo um traseiro e dois dianteiros. Um brao de prova rotulado na parte frontal

    da viga de referncia fixa, tendo a sua poro maior posicionada adiante da viga, e a menor

    sob ela. A ponta do brao de prova deve tocar o pavimento no ponto a ser ensaiado,

    enquanto a outra extremidade aciona um extensmetro, solidrio viga, sensvel a 0,01mm.

    O procedimento de ensaio com a viga Benkelman, normatizado pelo DNER-ME

    24/94, descrito resumidamente a seguir (DNER, 1998). A carga de prova utilizada a

    roda dupla traseira de um caminho basculante. No Brasil, as deflexes Benkelman so

    tomadas sob carga de eixo de 8,2tf, ou carga de roda dupla de 4,1tf. Instalada a ponta de

    prova no centro de carga da roda dupla, faz-se uma leitura inicial L0 no extensmetro.

    Quando o caminho se afasta a mais de 10m do ponto de ensaio e decorrido espao de

    tempo suficiente para o pavimento recuperar a sua condio original, faz-se a segunda

    leitura Lf.

    A deflexo mxima d obtida pela Equao 2.7:

    d = ( L0 Lf )F (2.7)

    Sendo F a constante da viga, definida como a razo dos comprimentos dos braos maior e

    menor.

    Para determinar uma deformada completa, h necessidade de afastar o caminho de

    prova a pequenos intervalos, fazendo uma srie de leituras intermedirias a cada parada do

    veculo, at o limite de 3m. Cada deflexo intermediria (di) ser calculada com o mesmo

    procedimento da deflexo mxima, em funo da leitura no ponto considerado (Li), da

    leitura final (Lf) e da constante da viga:

    di = ( Li Lf )F (2.8)

  • 25

    5,1

    "

    '1

    +=

    y

    yRC

    add 25

    250 25.010

    =

    ax

    dd=

    52

    250

    1025.0

    ( )25026250

    ddRC

    =

    Calculadas todas as deflexes possvel desenhar a semibacia deflectomtrica e

    proceder a anlise das deformadas levantadas.

    A determinao do raio de curvatura da bacia de deformao, no ponto de maior

    curvatura, obtido fazendo-se uma parbola de segundo grau passar pelo ponto com maior

    curvatura e pelo ponto da deformada localizada a 25 cm a partir dele. O raio de curvatura

    definido como (ARANOVICH, 1985):

    (2.9)

    y = ax2 ; y, = 2ax e y = 2a ( equao da parbola e suas derivadas)

    ( 2.10)

    ( 2.11)

    Substituindo-se os valores de a encontrado na equao 2.11 na equao 2.9 e

    fazendo-se x=0, obtm-se:

    (2.12)

    Onde:

    RC o raio de curvatura em metros

    d0 a deflexo mxima em centsimo de milmetro

    d25 a deflexo no ponto a 0,25 m em centsimo de milmetro

    Em alguns mtodos de projeto de reforo utiliza-se o raio de curvatura como

    parmetro definidor do tipo de manuteno necessria para o pavimento.

  • 26

    - Viga Benkelman Automatizada: Este equipamento utiliza o mesmo mecanismo

    da tradicional Viga Benkelman, porm, possui dispositivo eletrnico que permite a leitura

    automtica das deflexes. A viga posicionada de forma a registrar a mxima deflexo

    produzida pela carga do semi-eixo enquanto o veculo se desloca. Este tipo de equipamento

    possibilita maior produtividade, j que o veculo pode se deslocar continuamente sem a

    necessidade de parar. Um dos modelos mais difundidos na Europa o Defletgrafo

    LaCroix. Este equipamento permite que o veculo se desloque a 3 km/h efetuando leituras

    continuamente. Na Frana tambm utilizado o Curvmetro CEBTP, que permite o

    deslocamento do veculo a 18 km/h e utiliza geofones que medem a acelerao vertical de

    um ponto sobre a superfcie entre as rodas do semieixo.

    A deflexo ento obtida pela integrao do sinal captado pelo geofone. O veculo

    utiliza tambm uma viga eletrnica para medir as deflexes estticas. Na Califrnia (EUA)

    utilizada uma Viga Benkelman totalmente automatizada montada numa carreta de

    caminho, que realiza medidas de deflexo a cada 6,22 m (20 ps) a uma velocidade de

    0,80 km/h (0,50 mi/h) (HAAS, et al., 1994).

    Outro tipo de avaliao estrutural na linha de simuladores de trfego de campo

    situa-se o veculo chamado Heavy Vehicle Simulator - HVS; Este veculo foi desenvolvido

    na frica do Sul e uma espcie de simulador mvel que permite a avaliao em grande

    escala de trechos de rodovias em qualquer lugar que se queira. O veculo tem uma srie de

    aparelhos de medies como defletmetros e extensmetros que permitem a medida de

    deflexo e irregularidade superficial automtico em qualquer trecho de rodovia que se

    queira avaliar, sem a necessidade de deslocamento de vrias equipes (HARVEY, et al,

    2000).

    Muitos pesquisadores tm tentado determinar, atravs de anlises estatsticas, uma

    correlao entre os diversos equipamentos de avaliao no destrutiva de pavimentos.

    Porm, estas correlaes quando encontradas servem apenas para os locais de onde foram

    coletados os dados, entre estes autores pode-se citar PINTO (1991) que apresenta uma a

    correlao entre a viga Benkelman e o FWD, mas o prprio autor complementa que tal

    correlao s aplicvel quelas condies estudadas e para a qual foi determinada a

    correlao, pois estas podem no ser verdadeiras em pavimentos com caractersticas

    distintas. HOFFMAN & THOMPSON (1982), num estudo cooperativo entre a

  • 27

    Universidade de Iliinois e o Departamento de Transportes de Illinois (IDOT) denominado

    de IHR-508, tentaram identificar correlao entre Road Rater, Viga Benkelman e FWD. A

    concluso obtida foi de que as deflexes medidas com o FWD e o Road Rater se

    correlacionam, porm foram estatisticamente diferentes em relao a viga Benkelman para

    todos os pavimentos testados. ROCHA & RODRIGUES (1996) dizem que a derivao de

    uma correlao entre as deflexes medidas com viga Benkelman e FWD difcil uma vez

    que as leituras so influenciadas por n fatores operacionais e ambientais e so

    dependentes das condies de aplicao do carregamento.

    2.3.3. - A Retroanlise para Obteno de Mdulos Resilientes

    Os mtodos usuais de dimensionamento de pavimentos foram desenvolvidos de

    forma emprica, tendo como principal desvantagem a limitao do seu uso, podendo ser

    utilizados s em casos similares ao do seu desenvolvimento. Com o surgimento dos

    programas computacionais, o dimensionamento passou a ser baseado na teoria da

    elasticidade, onde os principais parmetros necessrios ao clculo so o mdulo de

    resilincia e o coeficiente de Poisson (MEDINA, 1997).

    O mdulo de resilincia, que define a relao entre as tenses e as deformaes nas

    camadas do pavimento, pode ser determinado de duas formas:

    1. Em laboratrio, atravs do ensaio triaxial dinmico (solos) e de compresso diametral

    (misturas asflticas, materiais cimentados); e

    2. Analiticamente, atravs da retroanlise dos mdulos de resilincia a partir das bacias

    deflectomtricas obtidas sob a superfcie do pavimento.

    O coeficiente de Poisson define a relao entre as deformaes especficas radiais

    (horizontais) e axiais (verticais) dos materiais. Sua influncia nos valores das tenses e

    deformaes calculadas pequena, salvo no caso das deformaes radiais, as quais lhe so

    proporcionais. Na maioria das vezes este valor adotado para cada material quando so

    usados programas de clculo de tenses e deformaes em pavimentos.

    Segundo MAINA et. al. (2002), na maioria dos casos de retroanlise so adotados a

    espessura e o coeficiente de Poisson para cada camada.

    A retroanlise um processo que permite a obteno dos mdulos de resilincia das

    camadas do pavimento e subleito. Esta determinao feita a partir das bacias

  • 28

    deflectomtricas que o pavimento apresenta quando submetido ao carregamento externo,

    que simulado atravs de ensaios no-destrutivos, podendo utilizar equipamentos como a

    viga Benkelman, universalmente divulgada ou o FWD, instrumento mais sofisticado capaz

    de obter determinaes mais precisas (VILLELA & MARCON, 2001).

    O objetivo principal da retroanlise fornecer as propriedades das camadas do

    pavimento in situ, dados estes que so utilizados na manuteno e/ou restaurao das

    caractersticas aceitveis do pavimento (VILLELA & MARCON, 2001).

    A retroanlise se baseia na interpretao do formato e magnitude do deslocamento

    da superfcie do pavimento, conhecida como bacia deflectomtrica, quando esta

    submetida ao de cargas (ALBERNAZ et. al., 1995). De forma geral, a retroanlise

    realizada com os seguintes objetivos:

    1. A obteno dos mdulos de resilincia dos materiais na condio em que se encontram

    no campo; e

    2. Minimizar o nmero de sondagens para determinao das espessuras e coletas de

    amostras para determinao dos parmetros desejados, que so de difcil reproduo em

    laboratrio, alm de serem onerosas, perigosas e demoradas.

    2.3.3.1 - Mtodos de retroanlise

    Segundo FABRCIO et. al. (1994), a maioria dos mtodos de retroanlise de bacias

    deflectomtricas, em seu procedimento, converte a estrutura do pavimento real em um

    sistema de trs camadas, so elas:

    1. Subleito;

    2. Camada granular nica, com a mesma espessura das camadas granulares

    existentes (base+sub-base+reforo de subleito);

    3. Camada betuminosa nica, com a mesma espessura das camadas betuminosas

    existentes.

    Uma das questes mais intrigantes nos procedimentos de retroanlise a partir de

    bacias de deflexo que cada seo levantada possui suas prprias caractersticas, ou seja,

    mdulo de elasticidade, coeficiente de Poisson e espessuras distintas e desconhecidas. Para

    contornar este problema, geralmente so adotados valores de espessuras h das camadas,

    estimados os valores de densidade e coeficiente de Poisson , sendo calculado apenas o

  • 29

    mdulo de resilincia. Mesmo com estas simplificaes o problema continua complexo,

    pois estes valores so influenciados por vrios fatores como: umidade, temperatura e

    elasticidade no-linear das camadas granulares, por exemplo. Mesmo assim, com todas as

    simplificaes, o problema no garante uma soluo fechada. No h uma soluo nica,

    vrias configuraes estruturais podem resultar numa mesma bacia deflectomtrica

    (MEDINA et. al., 1994).

    Influem diretamente neste tipo de clculo os valores adotados para espessuras das

    camadas e os escolhidos para mdulo inicial. O critrio de convergncia usado tambm

    influi no resultado final do procedimento (MEDINA et. al., 1994).

    Como todos os procedimentos oriundos da teoria da elasticidade aplicada aos

    sistemas estratificados, a retroanlise de soluo bastante complexa. Demandava-se muito

    tempo nos seus clculos. Com o desenvolvimento da informtica, tornou-se vivel e

    possvel a resoluo dos sistemas de equao dos mtodos de retroanlise. Basicamente, os

    mtodos de retroanlise so classificados em dois grupos: iterativos e simplificados.

    - Mtodos iterativos

    Os mtodos iterativos so aqueles onde a determinao das caractersticas elsticas

    e geomtricas das camadas do pavimento so realizadas atravs da comparao entre a

    bacia deflectomtrica obtida em campo e a terica de uma srie de estruturas, at que as

    deflexes de campo sejam as mesmas que as obtidas para bacia terica, ou apresente um

    resduo admissvel, que definido no incio do processo. Entretanto, por utilizar processos

    iterativos na convergncia de sua soluo, demandam muito tempo de processamento e, em

    funo do nmero de trechos de anlise, este processo pode durar horas ou at mesmo dias

    para ser terminado (ALBERNAZ, 1995).

    Geralmente, os mtodos iterativos de retroanlise so lentos, exceto os que utilizam

    bancos de dados; estes tm sua velocidade em funo do tamanho e detalhamento do banco

    de dados, que deve conter todas as combinaes de parmetros elsticos e geomtricos de

    estruturas encontradas na prtica. Apesar de serem rpidos, os mtodos que utilizam

    equaes de regresso estatstica no apresentam boa acurcia.

  • 30

    - Mtodos simplificados

    Mtodos de retroanlise simplificados so aqueles onde a obteno das

    caractersticas elsticas da estrutura do pavimento feita atravs da utilizao de equaes,

    tabelas e grficos, entre outros procedimentos simplificados oriundos da teoria da

    elasticidade aplicada aos meios homogneos, isotrpicos e linearmente elsticos.

    De maneira geral, consistem na converso do pavimento real em estruturas

    equivalentes mais simples, de duas ou trs camadas incluindo a camada de subleito. Como

    tratam o problema de forma simplificada, so mais rpidos do que os mtodos iterativos,

    porm perdem em acurcia.

    2.3.3.2 - Fatores que influem no processo de retroanlise

    Segundo PREUSSLER et. al. (2000), existe uma gama de fatores que influem no

    resultado final do processo de retroanlise. Dentre eles:

    1. Modelagem matemtica;

    2. No considerao da elasticidade no-linear dos materiais granulares;

    3. Espessuras das camadas;

    4. Oxidao e deteriorao das camadas asflticas;

    5. Natureza dos materiais constituintes da estrutura;

    6. Presena e profundidade de camadas rgidas;

    7. Ponto de aplicao e tipo de carregamento;

    8. Confinamento das camadas;

    9. Teor de umidade; e

    10. Granulometria;

    Portanto, so muitas as variveis que influenciam no processo de retroanlise de

    mdulos de resilincia, ainda no existindo um procedimento de retroanlise capaz de

    reproduzir fielmente as condies de campo, pois so feitas muitas simplificaes para

    tornar possvel tal anlise.

    A fim de simplificar os clculos realizados na retroanlise de pavimentos, so

    admitidos que as estruturas seguem um comportamento elstico linear. Este procedimento

    normalmente aplicado porque os usurios do FWD argumentam que anlises mais

    complexas no oferecem vantagens relevantes sobre as teorias mais simples, que so

  • 31

    embasadas na teoria das camadas elstico-lineares. Desta forma, os dados obtidos a partir

    de levantamentos deflectomtricos podem ser empregados no clculo de tenses e

    deformaes crticas sob o carregamento aplicado pelo trfego (MEDINA et. al., 1994).

    Segundo ALBERNAZ et. al. (1995), uma simplificao que proporciona maior

    velocidade no clculo do problema a considerao de que o sistema elstico-linear.

    Segundo CARDOSO (1995), ainda no h um consenso quanto considerao da

    elasticidade no-linear dos materiais granulares e como us-la de forma acurada.

    Os procedimentos de retroanlise baseados no mtodo dos elementos finitos so

    mais lentos que os demais, entretanto geram resultados mais acurados, alm da

    possibilidade de tratar a elasticidade no-linear. Segundo MACDO (1996), este mtodo

    viabiliza uma abordagem elstica no-linear porque pode considerar a variao dos

    mdulos elsticos tanto na direo radial como na vertical.

    No mercado existem vrios programas utilizados para realizao de retroanalise de

    mdulos resilientes, no entanto ira-se ater apenas ao programa RETRAN5L, utilizado no

    presente estudo.

    2.3.3.3 - Retran-5L

    O programa Retran5-L foi desenvolvido pelo engenheiro Cludio Valado

    Albernaz, em 1998, a partir de seus estudos de ps-graduao na COPPE/UFRJ.

    Segundo ALBERNAZ (2004) o programa Retran5-L (Retroanlise de sistemas com

    5 camadas elsticas Lineares) efetua a retroanlise dos mdulos elsticos dos materiais de

    sistemas estratificados de at 5 (cinco) camadas, considerando todos os materiais elsticos.

    ALBERNAZ (2004) indica que de um subtrecho homogneo deve ser feita a retroanlise

    bacia por bacia, e no por meio de bacias mdias representativas. O processamento do

    programa baseado em banco de dados contendo milhares de estruturas tericas similares,

    em termos de espessuras e de quantidade de camadas, estrutura real em anlise.

    Se as espessuras e os tipos de materiais do pavimento existente forem muito

    heterogneos, de modo a no possibilitar a subdiviso do trecho em segmentos com

    estruturas de pavimento representativas, poder ser adotado o critrio de estrutura

    equivalente, com duas, trs, quatro e at cinco camadas, incluindo o subleito. Neste

    procedimento, duas ou mais camadas de materiais semelhantes podem ser associadas e

  • 32

    consideradas como uma nica camada, para fins de retroanlise. Vrios conjuntos de

    camadas associadas podem ser adotados, dependendo das caractersticas do pavimento

    existente.

    Nos casos extremos de estruturas heterogneas, as espessuras e os tipos de materiais

    do subleito e do pavimento existente no so levados em considerao na formao do

    banco de dados, sendo a retroanlise efetuada para um sistema equivalente de apenas duas

    camadas base e subleito a exemplo do procedimento inserido no programa Retran-2CL

    (ALBERNAZ, 1997) concebido para efetuar retroanlise simplificada de pavimentos.

    A formao do banco de dados para o RETRAN5L feita considerando-se faixas de

    valores modulares compatveis com os materiais das camadas dos pavimentos e do subleito

    existentes, e so definidas pelo projetista ou analista. As variaes dos mdulos das

    camadas do banco de dados so baseadas em faixas de valores normalmente admitidas para

    os tipos de materiais que constituem o pavimento e o subleito, e procuram levar em

    considerao as possveis influncias das variaes do grau de compactao, dos valores

    das espessuras executadas, dos teores de umidade e das temperaturas ambiente no

    comportamento elstico dos materiais.

    Opcionalmente, o programa Retran5-L faz a correo automtica da bacia de

    deformao medida, considerando uma possvel localizao do p dianteiro da viga no

    interior da bacia de deformao.

    O programa RETRAN5L pode emitir relatrios com o logotipo de empresas, rgos

    pblicos, universidades etc, e apresenta informaes completas relativas s bacias medidas,

    ajustadas e tericas (em forma grfica ou analtica), e os seus respectivos erros de

    ajustamento (RMS). Apresenta, ainda, os mdulos de resilincia retroanalisados, os

    coeficientes de Poisson adotados, as espessuras e a contribuio de cada camada do

    pavimento e do subleito no valor da deflexo mxima medida no ponto de aplicao da

    carga, fornecendo valiosas informaes sobre a camada ou camadas criticas do sistema

    pavimento-subleito.

    Para a elaborao da retroanlise, so necessrios os seguintes dados:

    Listagem do levantamento das bacias de deformaes (distncias radiais e

    deflexes). No caso de levantamento com equipamento tipo FWD ou viga

    eletrnica, podero ser utilizados os arquivos digitais do levantamento de campo;

  • 33

    Configurao do carregamento do pavimento utilizado na medida das bacias de

    deformao (viga Benkelmann e viga eletrnica: eixo padro de 8,2 tf ou outro;

    FWD: valor da carga nominal aplicada e raio da placa de contato);

    Temperatura do revestimento asfltico durante o levantamento deflectomtrico;

    Listagem dos segmentos homogneos quanto estru