TERRITÓRIO E INDÚSTRIA: AS EMPRESAS … · Ao meu querido amigo, professor e MESTRE José...
Transcript of TERRITÓRIO E INDÚSTRIA: AS EMPRESAS … · Ao meu querido amigo, professor e MESTRE José...
DULCINÉIA APARECIDA RISSATTI RAMOS
TERRITÓRIO E INDÚSTRIA: AS EMPRESAS METALOMECÂNICAS EM SERTÃOZINHO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Presidente Prudente 2008
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
Campus de Presidente Prudente
Território e Indústria: as empresas metalomecânicas em Sertãozinho
Dulcinéia Aparecida Rissatti Ramos
Orientador: Prof.º Dr.º José Gilberto de Souza Co-orientador: Prof.ª Dr.ª Ana Cláudia Giannini Borges
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Geografia – Área de Concentração: Desenvolvimento Regional e Planejamento Ambiental, da Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.
Presidente Prudente 2008
Ramos, Dulcinéia Aparecida Rissatti.
R142t Território e indústria: as empresas metalomecânicas em Sertãozinho / Dulcinéia Aparecida Rissatti Ramos. - Presidente Prudente: [s.n], 2008
xiv, 136 f. : il. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Ciências e Tecnologia Orientador: José Gilberto de Souza Banca: Everaldo Santos Melazzo, Paulo Fernando Cirino Mourão Inclui bibliografia 1. Território. 2. Metalomecânica. 3. Competitividade. I. Autor. II. Título.
III. Presidente Prudente - Faculdade de Ciências e Tecnologia. CDD(18.ed.) 910
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Campus de Presidente Prudente.
IV
DEDICATÓRIA
Ao meu querido Pai, que há 35 anos dedica
sua vida ao subsetor metalomecânico na mesma empresa,
para quem o trabalho tem sentido de construção humana. Uma história de amor,
de pertencimento àquilo que se pode chamar de
paixão pelo que faz. Sem a sua colaboração
e as relações de amizade que construiu em seu ofício, nosso trabalho de campo não teria se completado.
V
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-graduação em Geografia FCT/Unesp – Presidente Prudente.
Aos amigos Roberto, Baiano e Ventania ( in Memorian) que sempre torceram por
mim e sempre souberam dos meus sonhos. Apesar da ausência física, no coração a
presença será eterna.
Ao meu querido amigo, professor e MESTRE José Gilberto de Souza, pelo carinho,
contribuições que possibilitaram a concretização desse trabalho.
À professora e co-orientadora Ana Cláudia Giannini Borges pelo apoio nas leituras
e na consecução desse trabalho.
À minha mãe Nildete Cerqueira Rissatti e meu avô José Cerqueira Rodrigues que
com muito carinho cuidaram da pequena Sophia enquanto estive ausente.
Ao meu querido esposo Valmir Ramos, companheiro, amigo de jornada, que
sempre me apoiou.
Ao meu irmão Rodrigo Roberto Rissatti pelos apoios em relação ao Hardware.
Ao amigo Leandro Bruno dos Santos pela confecção dos mapas desse trabalho.
Ao amigo Rodrigo Savegnago pela ajuda quanto a construção de gráficos e
quadros.
Ao Senhor Oswaldo Alonso, Assessor Técnico - CANAOESTE-Associação dos
Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo -, pela ajuda quanto aos dados junto
às usinas e destilarias.
VI
Ao Secretário da Indústria e Comércio Marcelo Pelegrini, a Beth e ao Sr. João
Palmieri que fazem parte da Secretaria da Indústria e Agricultura e que muito colaboraram
na realização desse trabalho.
Ao Dr.º Oswaldo José Pelá, Stela e Juracy pelo apoio na realização deste trabalho.
A todos os meus amigos que estiveram do meu lado e me auxiliaram no
cumprimento dessa tarefa.
E finalmente e nunca em último lugar a minha pequenina Sophia que sempre me
iluminou e me deu fôlego para os percalços que enfrentei até a finalização desse trabalho.
VII
SUMÁRIO
ÍNDICE ...................................................................................................................... VIII
LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................. X
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... X
LISTA QUADROS .................................................................................................... XI
LISTA FIGURAS ...................................................................................................... XII
LISTA DE MAPAS ................................................................................................... XII
RESUMO ................................................................................................................... XIII
1- APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 1
2- REFERENCIAIS TEÓRICOS ............................................................................. 4
3- ASPECTOS METODOLÓGICOS ...................................................................... 37
4- O COMPLEXO AGROINDUSTRIAL SUCROALCOOLEIRO ........................ 41
5- O MUNICÍPIO DE SERTÃOZINHO, UM BREVE HISTÓRICO ..................... 57
6- DETERMINANTES DE COMPETITIVIDADE DO SUBSETOR METALOMECÂNICO NO MUNICÍPIO DE SERTÃOZINHO ........................
76
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 145
8- BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 154
APÊNDICE ................................................................................................................ 165
VIII
ÍNDICE
PÁG.
1- APRESENTAÇÃO 1
2- REFERENCIAIS TEÓRICOS ............................................................................. 4
2.1- Indústria, território e poder ........................................................................... 4
2.2- Determinantes de Competitividade .............................................................. 15
2.3- Coordenação e competitividade ................................................................... 21
2.4- Inovação ....................................................................................................... 25
2.5- Diversificação ............................................................................................... 30
2.6- Diferenciação ................................................................................................ 34
3- ASPECTOS METODOLÓGICOS ...................................................................... 37
4- O COMPLEXO AGROINDUSTRIAL SUCROALCOOLEIRO ....................... 41
4.1- As fases do Proálcool ................................................................................... 46
4.1.1- A primeira fase do Proálcool (1975/1979) ........................................ 46
4.1.2- A segunda fase do Proálcool (1980/1985) ......................................... 48
4.1.3- A terceira fase do Proálcool (1985/ 1990) ......................................... 49
4.1.4- Uma quarta fase do Proálcool? (Pós – 1990) ..................................... 51
5- O MUNICÍPIO DE SERTÃOZINHO, UM BREVE HISTÓRICO .................... 57
5.1- O município de Sertãozinho e a cultura de cana-de-açúcar ......................... 60
5.2- Início da metalurgia em Sertãozinho ............................................................ 68
5.2.1- Oficina Paschoal ................................................................................ 70
5.2.2- Ferraria Saran ..................................................................................... 71
5.3- Oficina Zanini ............................................................................................... 72
6- DETERMINANTES DE COMPETITIVIDADE DO SUBSETOR METALOMECÂNICO NO MUNICÍPIO DE SERTÃOZINHO .......................
76
6.1- Condições de fatores (insumos) .................................................................... 77
6.2- Condições de demanda ................................................................................. 96
6.3- Indústrias correlatas e de apoio .................................................................... 108
6.4- Contexto para estratégias, estrutura e rivalidade .......................................... 117
6.5- Estado ........................................................................................................... 137
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 145
IX
8- BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 154
X
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO PÁG.
1- Produção de álcool de Sertãozinho no período de 1970 a 2007 ........................... 64
2- Produção de açúcar de Sertãozinho no período de 1970 a 2007 .......................... 65
3- Produto Interno Bruto Per Capta* – Sertãozinho – SP 1999 – 2005 .................. 89
4- Valor adicionado por setores de atividade econômica– Sertãozinho – SP 1999 – 2005 ...................................................................................................................
90
LISTA DE TABELAS
TABELA PÁG.
1- Número de estabelecimentos dos subsetores da indústria da transformação de Sertãozinho-SP 2006 ...........................................................................................
39
2- Vendas internas de veículos nacionais movidos a álcool e bi-combustível – Brasil 2008 ...........................................................................................................
54
3- Produção das principais culturas em Sertãozinho em toneladas .......................... 62
4- Cana esmagada/ moída no período de 1998 a 2007 no município de Sertãozinho-SP ....................................................................................................
66
5- Número de Estabelecimentos e Empregos para os subsetores da Indústria de Transformação de Sertãozinho – SP de 1975 a 1987 ..........................................
83
6- Número de Estabelecimentos e Empregos para os subsetores da Indústria de Transformação de Sertãozinho – SP de 1988 a 1991 ..........................................
83
7- Número de Estabelecimentos e Empregos para os subsetores da Indústria de Transformação de Sertãozinho – SP de 1992 a 1995 ..........................................
84
8- Número de Estabelecimentos e Empregos para os subsetores da Indústria de Transformação de Sertãozinho – SP de 1996 a 1998 ..........................................
84
9- Número de Estabelecimentos e Empregos para os subsetores da Indústria de Transformação de Sertãozinho – SP de 1999 a 2002 ..........................................
85
10- Número de Estabelecimentos e Empregos para os subsetores da Indústria de Transformação de Sertãozinho – SP de 2003 a 2006 ..........................................
85
11- Origem dos Capitais das Empresas – Sertãozinho – SP 2008 ............................. 92
12- Composição social do capital das empresas de Sertãozinho – SP 2008 .............. 92
13- Classificação das empresas por porte de faturamento- Sertãozinho – SP 2007 .. 94
14- Volume, valor e preço das exportações brasileiras de Açúcar – 1989 – 2007 .... 97
15- Volume, valor e preço médio das exportações de Álcool Brasileiro de 1980 – 2007 .....................................................................................................................
98
16- Maiores importadores de álcool brasileiro – 2006 – 2007 .................................. 100
17- Consumo Nacional de Álcool 1982 – 2007 ......................................................... 101
18- Número de empresas com investimentos em modernização nos últimos cinco anos – Sertãozinho – SP – 2008 ..........................................................................
102
XI
19- Agroindústrias em atividade e projeção de instalação para o ano de 2012 – Brasil ....................................................................................................................
107
20- Aluguel de equipamentos – Sertãozinho-SP/ 2008 ............................................. 111
21- Empresas associadas a entidades – Sertãozinho – SP/2008 ................................ 111
22- Especialidade das empresas pesquisadas – Sertãozinho – SP/ 2008 ................... 123
23- Grau de dependência das empresas Metalomecânicas no município de Sertãozinho em relação aos setores de atividades das Indústrias de Transformação .....................................................................................................
126
24- O ramo de atuação na origem da empresa - Sertãozinho – SP/ 2008 .................. 135
25- Desembolsos do BNDES no Setor Sucroalcooleiro na Micro-Região de Ribeirão Preto de 1997 a 2002 (R$) ....................................................................
139
26- Desembolsos do BNDES no Setor Sucroalcooleiro na Micro-Região de Ribeirão Preto de 2003 a 2007 (R$) ....................................................................
140
27- Desembolsos do BNDES no Setor de Metalurgia na Micro-Região de Ribeirão Preto de 1997 a 2002 (R$)....................................................................................
142
28- Desembolsos do BNDES no Setor de Metalurgia na Micro-Região de Ribeirão Preto de 2003 a 2007 (R$) ...................................................................................
142
29- Desembolsos do BNDES no Setor de Máquinas e Equipamentos na Micro-Região de Ribeirão Preto de 1997 a 2002 (R$) ...................................................
143
30- Desembolsos do BNDES no Setor de Máquinas e Equipamentos na Micro-Região de Ribeirão Preto de 2003 a 2007 (R$) ...................................................
143
LISTA DE QUADROS
QUADRO PÁG.
1- Cronologia das Usinas no Município de Sertãozinho de ..................................... 61
2- Cronologia de empresas em Sertãozinho de 1901 a 1974 ................................... 69
3- Número empresas exportadoras por setor de atividade e volume de faturamento - Sertãozinho 2001-2007 .................................................................
104
4- Localidades receptoras da produção metalomecânica do Município de Sertãozinho – SP ..................................................................................................
106
5- Subsetor metalomecânico - materiais utilizados e sua procedência Sertãozinho – SP ......................................................................................................................
110
6- Empresas originadas na incubadora de empresas de Sertãozinho SP ................. 116
7- Início das atividades das empresas entrevistadas – Sertãozinho – SP ................. 118
8- Motivação para se tornar empresário do setor Sertãozinho – SP ........................ 120
9- Localização da concorrência – Sertãozinho – SP ................................................ 121
10- Há troca de informações, parcerias, cordialidade entre os concorrentes – Sertãozinho – SP ..................................................................................................
121
11- Relação de consórcio entre as empresas ............................................................. 130
XII
12- O Estado e a propaganda do etanol ..................................................................... 141
LISTA DE FIGURAS
FIGURA PÁG.
1- Imagem da Rodovia Armando de Salles Oliveira- Sertãozinho-SP ..................... 80
2- Imagem aérea da Incubadora de empresas em Sertãozinho – SP ........................ 117
3- Empresas que se originaram a partir da empresa Zanini Equipamentos Pesados S/A ........................................................................................................................
122
4- Arranjo produtivo das empresas metalomecânicas em Sertãozinho SP ............... 129
5- Empresa Brumazi e suas parceiras multinacionais – Sertãozinho – SP ............... 130
6- Relações setoriais no subsetor metalomecânico de Sertãozinho – SP ................. 132
LISTA DE MAPAS
MAPA PÁG
1- Localização de Sertãozinho em relação a capital paulista - Sertãozinho – SP -2008......................................................................................................................
59
2- Localização das Usinas e Destilarias no Município de Sertãozinho ................... 63
3- Municípios fornecedores de cana-de-açúcar para as usinas e destilarias em Sertãozinho-SP .....................................................................................................
67
4- Localização das empresas metalomecânicas pesquisadas no município de Sertãozinho-SP/ 2008 ..........................................................................................
79
5- Localização das Principais Rodovias de acesso a Sertãozinho – SP/ 2008 ......... 81
6- Localização da FENASUCRO - Feira Internacional das Indústrias Sucroalcooleiras – Sertãozinho – SP/2008 ..........................................................
114
XIII
RESUMO: Este trabalho analisa o subsetor metalomecânico no município de Sertãozinho e sua dependência em relação ao setor sucroalcooleiro, que possuem uma ligação intrínseca desde os primeiros engenhos, na origem do município, às grandes plantas das agroindústrias produtoras de açúcar, álcool e outros subprodutos da cana-de- açúcar, nos dias atuais. O município se desponta pela participação de sete agroindústrias processadoras de cana e várias empresas do subsetor metalomecânico, recorte dessa pesquisa, especializadas em usinagem, caldeiraria, fundição, produtoras de peças e equipamentos e prestação de serviços ao setor sucroalcooleiro. A rápida expansão da cultura de cana-de-açúcar na região, a presença das unidades processadoras, conferiu uma territorialização e especialização produtiva por parte dessas empresas metalomecânicas, que por sua vez, estabelecem relações entre si, instituições e poder público como estratégia de ampliar a capacidade produtiva. Dentro desse contexto, como forma de entender os condicionantes de competitividade utilizou-se a Teoria do Diamante de Porter (1999) que aborda os quatro determinantes e o Governo (Estado), criando um ambiente onde as empresas competem. São eles: Condições de Fatores (insumos) verificou-se a presença de eficiente infra-estrutura viária, a criação de distritos industriais pelo poder público local, fator terra com elevado grau de ocupação do solo pela cultura de cana, existência de mão-de-obra qualificada, composta também pela participação dos proprietários no processo de produção, e a presença de instituições de ensino para a qualificação profissional. Condições de Demanda constatou-se uma demanda crescente por açúcar e álcool no mercado internacional e ampliação do mercado interno para o álcool, em conseqüência desses fatores observou-se investimentos por parte das empresas em modernização (ampliação da área construída, compra de equipamentos etc.), direcionamento destas para o mercado externo e aquecimento na produção para o mercado interno em função da instalação de novas unidades processadoras e manutenção das já existentes, Setores Correlatos e de Apoio observou-se uma sinergia existente entre as metalomecânicas e as agroindústrias para a manutenção e produção de peças e equipamentos completos; presença de fornecedores e empresas prestadoras de serviços (aluguel de equipamentos) e a atuação de entidades e instituições de apoio ao subsetor. Contexto para a Estratégia e Rivalidade da Empresa averiguou-se a existência de habilidades e especificidades entre as empresas onde uma pode se sobrepor a outra; relações de produção entre as empresas por meio de parcerias, consórcios e terceirizações não excluindo nesse tipo de atividade a presença de rivalidade no conjunto do subsetor metalomecânico. Estado que influencia direta e indiretamente via investimentos tanto para o setor sucroalcooleiro como o subsetor metalomecânico. A análise desses determinantes permitiu apreender o processo de competitividade entre as empresas metalomecânicas com graus diferenciados em potencial tecnológico e organizacional analisando como os fatores externos aliados aos internos condicionam a formação de estratégias competitivas como forma de adaptação e permanência ao meio do qual estão inseridas e seu grau de vinculação ao setor sucroalcooleiro que consolida a cana-de-açúcar como cultura dominante no município. PALAVRAS-CHAVE: Território, subsetor metalomecânico, competitividade, setor sucroalcooleiro.
XIV
ABSTRACT: This work analyses the metal-mechanic production subsector in Sertãozinho’s municipality and its dependency in relation to the sugar-alcohol production sector. These two sectors have an intrinsic link beginning with the first machines created in the municipality since its origin until the current sugar, alcohol and other sugarcane agro-industries. The municipality gains importance because of the participation of seven sugarcane agro-industries and many metal-mechanic enterprises. These ones are specialised in machining, boiling, iron foundry, engine pieces and equipments production, and services relating to the sugar-alcohol sector. The fast expansion of sugarcane in Sertãozinho’s region and the presence of processors unities have territorialised and specialised the production of the metal-mechanic enterprises. These enterprises, in their turn, have established relations with each other and with different institutions and the public power as a strategy of expanding the productive capacity. In this context, it was used the Diamond’s theory of Porter (1999) aiming to understand the competitiveness conditionings. This theory focuses in four determinants and government (State) in order to create an environment of enterprise competition. They are: Factors Conditions (inputs), to verify the presence of efficient Road infrastructure, creation of industrial districts by local public power, high occupation of soil by sugarcane, qualified workmanship (with proprietary’s participation in production process) and presence of professional qualifying teaching institutions. Demand Conditions, to find a rising demand for sugar and alcohol in the international market and an increase of internal alcohol market. As a consequence of these factors, it was observed enterprise investments in modernisation (growth of built area, equipments acquisition etc.), direction to foreign market and intensification of production focussed on the home market due to the installation of new processor unities and maintenance of the existing ones. Correlate and Support Sector, to observe an existing synergy between metal-mechanic and agrarian industries for safeguarding and production of pieces and complete equipments, presence of suppliers and service enterprise providers (rent of equipments), and metal-mechanic support entities and institutions acting. Context for Enterprise Strategy and Rivalry, to investigate the existence of abilities and specificities amongst the enterprises belonging to a situation of superposition, relations of production amongst enterprises through partnerships, consortiums and outsourcings. In this sort of activity, it is not excluded the presence of competition in the metal-mechanic sector. State that directly and indirectly influences both the sugar-alcohol and the metal-mechanic production sectors with investments. The analysis of these determining points has permitted to apprehend the competition process amongst the metal-mechanic enterprises with different degrees of technological and organisational potentials. It has also allowed the examination of how external and internal factors can condition the formation of competitive strategies as a way of adaptation and permanence in their environment as well as their link degree to the sugar-alcohol sector which consolidates the sugarcane as a dominant cultivation in the municipality. KEYWORDS: Territory, metal-mechanic production sector, competitiveness, sugar-alcohol production sector.
2
O município de Sertãozinho possui aproximadamente 103 mil habitantes, está
inserido no pólo Regional Centro-Leste da Região Administrativa de Ribeirão Preto
(IBGE, 2005). Sua base econômica, até meados da década de 30, do século XX, estava
vinculada a cultura do café, com esparsas plantações de cana-de-açúcar destinadas a
alimentação animal, engenhos de aguardente e duas usinas de açúcar.
A proposta deste trabalho é identificar e compreender o caráter hegemônico do
setor sucroalcooleiro no processo de industrialização do município de Sertãozinho e o grau
de dependência dessa industrialização, com um recorte para as empresas metalomecânicas
e os elementos de competitividade inseridos nesse setor, tendo como embasamento teórico,
a teoria do Diamante formulada por Michael Porter (1999).
Com a crise da cafeicultura, houve paulatinamente um deslocamento para a
produção da cultura de cana-de-açúcar. Após a criação do IAA (1933), a região Centro-sul
tornou-se a maior produtora de cana-de-açúcar, suprindo as necessidades da região sudeste
quanto ao provimento do açúcar, constituindo assim, inicialmente, uma produção para o
mercado interno.
Com o decorrer dos anos e a presença de políticas públicas de subsídios ao
setor sucroalcooleiro, garantiu-se condições extremamente favoráveis à expansão da
cultura de cana-de-açúcar que se consolidou em atividade agrícola dominante na Região de
Ribeirão Preto e, consequentemente, à economia do município de Sertãozinho, por possuir
um conjunto de empresas metalomecânicas fabricantes de peças e equipamentos para as
agroindústrias processadoras dessa cultura. Desta feita, compreender esta relação intrínseca
entre o subsetor da indústria de transformação (metalomecânico) e o avanço do setor
sucroalcooleiro, permite identificar as questões apontadas com relação ao grau de
dependência e perfil de competitividade deste subsetor, bem como verificar a
sustentabilidade econômica do município diante das possibilidades de inflexão neste setor.
3
Para tanto, este trabalho se estrutura em sete partes, considerando esta
apresentação. No capítulo dois, são apresentados os principais referênciais teóricos desta
pesquisa, ao apontar a particularidade do desenvolvimento industrial em países periféricos
que não se estabelecem homogeneamente a partir de uma centralidade urbana, mas se
constituem a partir do rural, da territorialidade e poder de suas atividades econômicas
agrárias, derivadas da participação e papel do Brasil no contexto econômico internacional,
como produtor de commodities. Em um segundo momento, são apontados os elementos de
competitividade, baseados em Porter (1999) e as estratégias que podem ser utilizadas pelas
empresas para competir no mercado: coordenação, inovação, diversificação e diferenciação
produtivas.
O capítulo três reúne os aspectos metodológicos desta pesquisa. Na
composição da base de dados secundários, na definição da amostra e período de análise,
bem como no levantamento de campo e sua sistematização. Questões relacionadas ao setor
sucroalcooleiro e seu processo de desenvolvimento a partir das políticas públicas
(Proálcool, por exemplo) são apontadas no capítulo quatro, indicando um questionamento
sobre a possibilidade de se pensar em uma nova fase da produção sucroalcooleira no
Brasil, por meio da consolidação do álcool combustível como uma nova commoditie no
mercado internacional.
O processo de desenvolvimento e consolidação industrial articulado ao setor
sucroalcooleiro em Sertãozinho é apresentado no capítulo 5. Em seguida, são apresentados,
no capítulo seis, os determinantes de competitividade das empresas metalomecânicas à luz
da teoria do “diamante” de Porter (1999). No capítulo sete, apresenta-se as considerações
finais desta pesquisa, objetivando efetivamente contribuir para a reflexão sobre os
processos de industrialização dependente e seu grau de vulnerabilidade em municípios com
economias pautadas em uma única atividade produtiva.
5
As análises realizadas sobre o processo de industrialização como fenômeno do
desenvolvimento do modo capitalista de produção, no que tange à dimensão espacial,
articulam-se diretamente à urbanização, como representação e síntese da concentração das
atividades de coordenação econômica, política e social no território.
Estas discussões, sobretudo na perspectiva do materialismo histórico Lipietz
(1988), Castells (2008), Beltrão Spósito (1988) estabelecem um movimento de
determinação do urbano para o rural, diante de elementos clássicos marxistas de reflexão
sobre a divisão entre trabalho manual e intelectual. Neste processo, ao longo do
desenvolvimento do modo de produção capitalista, a materialidade da industrialização
urbana (DE DECCA, 1996) acaba por configurar uma especialização funcional da cidade
como uma manifestação da divisão territorial do trabalho, como lócus, da produção
capitalista (BELTRÃO SPÓSITO, 1988).
É Lefebvre (1991) que assume uma posição sobre o caráter particular da
industrialização como elemento urbano ao consignar a cidade como palco para produção.
Por sua vez, no âmbito das economias emergentes, de capitalismo tardio (MELLO, 1983),
esse processo se estabelece de forma diferenciada, diante dos mecanismos de sua
articulação ao capitalismo mundial. Ou seja, defende-se aqui que o papel periférico destas
economias no cenário do capitalismo internacional, produziria novos determinantes no
processo de industrialização e que responderiam diretamente aos seus mecanismos de
inserção subordinada.
No caso dos países da América Latina embora alguns setores econômicos
apresentem alguma capacidade de inserção econômica internacional, a base econômica
está fortemente atrelada àqueles setores de reduzido dinamismo econômico, produção de
commodities, que se consubstancia em reduzidas autonomia e agregação tecnológica.
6
Como é amplamente reconhecido, a adoção das recomendações baseadas no
Consenso de Washington não acelerou o crescimento na América Latina. Ao contrário das
expectativas, apesar dos inegáveis avanços em diversas áreas, a percepção generalizada no
começo do século XXI é de desencanto com o desempenho macroeconômico no
continente, com a possível exceção do Chile e em alguns casos setoriais, o Brasil.
O tema continua a despertar interesse com a discussão das reformas de segunda
geração1, do reconhecimento quanto ao papel de instituições apropriadas para o
desenvolvimento econômico e da necessidade de levar-se em conta as especificidades e
características nacionais. Esse processo de segunda geração é marcado pela etapa de
inserção dependente destas economias no capitalismo financeiro e dos acentuados
processos de abertura comercial. Identificam, ao mesmo tempo, a capacidade de alguns
setores industriais sobreviverem a exposição concorrencial a qual foram submetidos.
(CARNEIRO, 2002).
A passagem da indústria ‘nascente’ para a ‘sobrevivente’ revela, obviamente, no caso do Brasil e de inúmeros outros países, a existência de marcantes diferenças quanto aos níveis de produtividade, competitividade, variedade tecnológica e gama de bens produzidos. Em que medida as políticas de competitividade foram importantes para essa mudança é algo que continua a atrair, e dividir, a atenção dos analistas. (BONELLI, 2006, p. 2)
Nesta perspectiva, o processo de diversificação industrial pelo qual atravessa e
atravessou determinadas economias emergentes, está relacionado, segundo Batista (1982),
ao ajustamento ao Consenso de Washington, pois este recomendara que a inserção
internacional do país fosse feita pela revalorização da agricultura de exportação “uma
1 Segundo Souza e Carvalho (1999) o primeiro estágio das reformas neoliberais, denominado de primeira geração, esteve focado na abertura de mercados, na desregulamentação e privatização. As reformas de segunda geração são pautadas pelas tentativas de construção e reconstrução das capacidades administrativas e institucionais, cuja crise que adentrou às nossas portas denotam a incapacidade dos mercados e dos pressupostos neoliberais em realizarem tais tarefas.
7
sugestão de volta ao passado, de inversão do processo nacional de industrialização.”
(BATISTA, 1982, p.6).
Para Souza (2008) a presunção do Consenso de Washington parecia ser a de
que os países latino-americanos teriam condições de competir na exportação de produtos
primários e com isso, resolver suas questões estruturais de desenvolvimento, sem dar-se
conta do acentuado processo de deterioração dos termos de troca. Uma visão naturalista
como se tais países possuíssem uma vocação natural e/ou em produtos manufaturados
sobre a base de mão-de-obra não qualificada e de baixos salários.
Como se fosse possível, ou desejável, perpetuar vantagens comparativas baseadas numa situação socialmente injusta e economicamente retrógrada e, ao mesmo tempo, enfrentar as visíveis práticas protecionistas que constantemente se esboçam nos documentos e normas técnicas dos mercados dos países economicamente centrais. (SOUZA, 2008, p.7).
Batista Junior (1998, p.125) afirma que
difundiu-se a percepção de que há processos em curso que dominam de maneira inexorável a economia mundial e tendem a destruir as fronteiras nacionais. Os Estados nacionais estariam em crise ou declínio irreversível. Em fase de extinção, segundo as versões mais extremadas. Assim entendida, a “Globalização” é um mito. Um fenômeno ideológico nem sempre muito sofisticado que serve a propósitos variados [...]. Nos planos econômicos e políticos, contribui para apanhar países ingênuos e despreparados na malha dos interesses internacionais dominantes. Não há dúvida de que, como toda ideologia de sucesso, a ideologia da globalização tem um substrato de realidade, alguma conexão com os fatos que lhe confere certa plausibilidade.
Assim, é notório que a industrialização brasileira se assegura em patamares
fortemente vinculados à produção rural ou ao extrativismo, que se evidencia, em um
modelo denominado por Castells (2008), como dependente. Embora o autor em sua
8
seminal obra Sociedade em Rede estabeleça os mecanismos de relações e
interdependências entre os países do globo, o que caracteriza o título de seu trabalho,
Castells (2008), afirma que esse processo apresenta determinadas secções, sobretudo no
que se refere à tecnologia.
Como tecnologia entendo [...] o uso de conhecimento científicos para especificar as vias de se fazerem as coisas de uma maneira reproduzível. Entre as tecnologias da informação incluo, como todos, o conjunto convergente de tecnologias de microeletrônica, computação (software e hardware) telecomunicações/ radiodifusão e optoeletrônica. (CASTELLS, 2008, p.67)
Desta feita, considera-se que nos segmentos de maior dinamismo, o controle
tecnico-econômico apresenta-se vinculado aos países centrais, o que diferencia, portanto,
seu processo industrial e consequentemente, sua trajetória de urbanização.
Por sua vez, cabe ressaltar que o dinamismo particular das economias
emergentes se sustenta em uma diversificação e diferenciação industrial em base produtiva
primária, o que tem sido ressaltado nos últimos anos, reforçando as questões apontadas
anteriormente sobre especialização espacial da produção.
Assim como afirma Santos (2006), os lugares se especializam em função de
suas virtualidades naturais, de sua realidade técnica, de suas vantagens de ordem social.
Isso responde à exigência de maior segurança e rentabilidade para capitais obrigados a uma
competitividade sempre crescente, que se manifesta territorialmente sob as formas de
arranjos econômicos.
Uma especialização espacial da produção, no caso do Brasil, está associada ao
rural, ou às atividades e relações socioeconômicas de caráter agrícola, que em
determinados lugares e circunstâncias, são protagonizadoras de padrões industriais e
9
configuram relações de poder, considerando a dinâmica territorial destes setores (SOUZA,
2008).
Uma escolha política de desenvolvimento é definida para descartar qualquer
naturalismo e historicismo a este processo. Esta escolha política de desenvolvimento, tem
origem na consolidação de uma hegemonia nas redes produtivas, nos empregos e nas
ocupações locais, nas estratégias de diversificação e diferenciação produtiva e nos graus de
dependência da dinâmica econômica local a esses setores, ou setor, hegemônicos.
Neste caso, cabe destacar aqui o principal objeto teórico de Gramsci (1978), a
questão do poder, em que, para o autor, trata-se da capacidade efetiva de modificação das
relações de força a partir de uma situação econômica objetiva. Embora Gramsci faça uma
reflexão teórica de especificidade política, é essa especificidade política do poder que se
coloca como problema para o entendimento e consolidação da hegemonia. Não por acaso,
o autor aproxima hegemonia de cultura, embora na perspectiva de resistência, mas é
preciso ressaltar que ela é também o arquétipo de legitimação da governabilidade
consensual do capitalismo no Brasil e do que se passa a consolidar como paradigma de
desenvolvimento baseada no agronegócio.
Neste aspecto, hegemonia não se coloca como um sistema fechado, mas trata-
se de valores organizados com significados específicos e dominantes que se expressam
materialmente sobre o território, essa é a expressão do setor sucroalcooleiro na sua
trajetória de homogeneização do uso do solo no território paulista, por exemplo. (SOUZA,
2008).
O autor afirma ainda que os padrões hegemônicos de domínio territorial
evidenciam as práticas sócio-espaciais, articuladas a um modelo de desenvolvimento, cujos
fatores essenciais a analisar, são seus desdobramentos concretos e lógicas conceituais que
dão amparo prático e ideológico à sua determinação.
10
Santos (2006), indica que despontam novos fixos, que são implantados e suas
articulações espaciais são garantidas através das redes de comunicação, introduzindo uma
maior velocidade nas transações comerciais e financeiras, aumentando a rapidez e o
volume dos fluxos. Desta forma, o processo industrial se constitui em exemplo empírico,
de hegemonia. Seus desdobramentos concretos e lógicas conceituais são reflexos de sua
forma de apropriação territorial.
Tais condições, como afirmam Santos & Silveira (2008), propiciam a
especialização do trabalho nos lugares, remodelando assim, o território nas áreas que já são
portadoras das densidades técnicas.
Santos (2006, p. 248) ressalta que:
Assim como se fala de produtividade de uma máquina, de uma plantação, de uma empresa, podemos, também falar de produtividade espacial ou produtividade geográfica, noção que se aplica a um lugar, mas em função de uma determinada atividade ou conjunto de atividades. Essa categoria se refere mais ao espaço produtivo, isto é, ao “trabalho” do espaço. Sem minimizar a importância das condições naturais, são as condições artificialmente criadas que sobressaem, enquanto expressão dos processos técnicos e dos suportes geográficos da informação.
Embora se entenda a perspectiva estrutural e ontológica de Santos (2006) sobre
o espaço, não se considera aqui uma relação direta de sua compreensão de “trabalho do
espaço”, mas de trabalho espacializado, territorializado pela complexa gama de estruturas e
redes que promovem o desenvolvimento/crescimento industrial.
Para compreendermos os processos que orientam os usos e formas de domínio
do território, é necessário atentarmos para o fato de que áreas que possuem tecnologia e
riqueza tenderão a aprofundar sua hegemonia em experiências de desenvolvimento,
conferindo uma dimensão política de mobilidade e de competição à lógica espacial,
dinâmicas estas que se tornam cada vez mais desenvolvidas. (SANTOS, 2006)
11
Santos & Silveira (2008), afirmam que por território entende-se, geralmente, a
extensão apropriada e usada. O uso do território pode ser definido pela implantação de
infra-estruturas, mas também pelo dinamismo da economia e da sociedade. É a mobilidade
da população, a distribuição da agricultura, da indústria e dos serviços, as ações
normativas, incluídas a legislação civil, fiscal e financeira que, juntamente com o alcance e
a extensão da cidadania, delineiam as funções do novo espaço geográfico.
Segundo Neil Smith (1998, p.219),
a implantação de valores de usos produtivos no território seria comandada pelas necessidades do valor econômico, ou seja, pelas necessidades de geração de lucro para a acumulação do capital. Essa implantação levaria à produção de um espaço marcado pelo desenvolvimento desigual no território, onde alguns pontos seriam privilegiados em detrimento de outros, obedecendo à lógica do capital e não da sociedade.
Souza (2008) destaca a importância que o fator de produção terra apresenta na
trajetória de desenvolvimento dos países periféricos e, baseado em Marx (1982), explicita a
natureza do valor que ela encerra na dinâmica de apropriação capitalista.
A terra, como natureza, é valorizada na relação estabelecida pela sociedade em seu processo de produção do espaço. Essa natureza incorporada à vida humana no âmbito de suas necessidades, tem uma denominação em Marx de valor de uso. Porém, sua concretude histórica, mediada pelas formas de apropriação, como resultado do metabolismo societal materializa-se em novo conceito, transforma sua natureza interior e é subsumida pelo valor atribuído pela sociedade no âmbito das relações sociais de produção (mercantis).
Está completa a mistificação do modo de produção capitalista, adverte Marx (1982), terra mercadoria, como característica imediata das relações de produção. O valor de uso se expressando como valor de troca (riqueza social), este é o valor da natureza no capitalismo quando se converte em dinheiro.
Numa palavra: renda. Em suas diferentes formas, separadas entre produção e exploração, considerando que no sistema capitalista a natureza é
12
ainda valorizada não apenas pela sua transformação em mercadoria (terra e valor de troca), mas como meio de produção valoriza-se pelo produto mercantil a ser gerado. (SOUZA, 2008, p. 85).
Portanto, a valorização de um território se amplia com os investimentos
empresariais e das possibilidades da técnica e da informática na produção,
desenvolvimento e escoamento de novos produtos e a organização de redes de apoio e
troca de informações.
Esses fatores garantem a ligação do local com o global, conferindo um
diferencial na execução e circulação de seus produtos, implicando ganhos significativos de
produtividade e competitividade e ampliando suas áreas de atuação. Assim, constitui-se
uma lógica de competição entre as empresas, conduzindo-as a disputarem até a menor fatia
do mercado, por mínimos que elas sejam, porque a perda destas fatias significa perda de
poder.
A maximização dos ganhos através da inovação em produtos diferenciados e a
busca constante de novos mercados de atuação nacional e global, é marcada pela lógica da
competitividade. Tal como destacada por Santos (2006), o que faz com que, cada empresa
busque aumentar sua esfera de influência e de ação e, nesse contexto, todos os mercados,
por menores que sejam, são fundamentais.
Por sua vez, esta é uma perspectiva que toma a competitividade como uma
lógica exclusivamente de mercado. Uma lógica estabelecida a partir dos anos 1990, com os
mecanismos de desregulamentação e de redução do papel do Estado, que passou a
considerar esse agente como tendo um papel secundário na produção do espaço e na
determinação de políticas territoriais. (BECKER, 1983; RAFFESTIN, 1993).
13
Becker (1991), afirma ainda que a flexibilização do Estado em relação ao
território corresponde, portanto, a um processo de emergência de novos usos políticos do
território. É o seu uso, e não o território em si mesmo, que faz dele objeto de análise.
Nesse processo de transição – das transformações da reforma do Estado -
convivem, simultaneamente, ações do Estado nacional, que coordenam a implantação de
macroprogramas de desenvolvimento, com a delegação de poderes e ou convivência em
parcerias com capitais privados e iniciativas da sociedade civil.
Ainda de acordo com Becker, (1983) e Raffestin, (1993) a
multidimensionalidade do poder é definida no sentido de que diferentes agentes produzem
o espaço, (re)estruturam o território através da ativação de poderes, políticas, programas
estratégicos, gestão territorial, e outras formas de ação coletiva.
O emprego de ações e programas que contêm um caráter (re)estruturante e/ou
com capacidade de alavancagem de desenvolvimento endógeno, imprimem novos usos ao
território. Isto significa que esse desenvolvimento territorial está relacionado à capacidade
dos diversos agentes, tanto do Estado, como os múltiplos agentes do/no poder, de gerirem,
de implantarem políticas econômicas e tecnológicas que incidem estrategicamente no
território. Desse modo, podemos ver o território não apenas como produto unicamente das
ações do Estado, nem apenas das lógicas de mercado, mas dos diferentes agentes sociais no
território a manifestação das disputas por poder em cada área específica.
Cabe ressaltar que apesar das concepções neoliberais, defensoras do Estado
mínimo, é crescente a atuação do Estado no modo de produção capitalista contemporâneo.
Hirst & Thompson (1998), por meio de dados coletados para países “desenvolvidos”,
mostram o aumento do gasto total dos governos, o que revela seu papel como coordenador
e regulador dos papéis e funções de acumulação na economia capitalista. A disputa por
14
parcelas desses recursos públicos é significativa e complexa, dinamizando a produção do
espaço e conseqüentemente na reprodução do capital.
Segundo Raffestin (1993), o território é produto das ações dos agentes sociais:
são esses agentes que produzem o território, partindo da realidade inicial dada, que é o
espaço. Há, portanto, um processo no território, onde se manifestam todas as espécies de
relações de poder, que se traduzem por malhas, redes e centralidades. A apropriação de um
espaço, a territorialização como resultado da ação conduzida por agentes coletivos, resulta
no fato de que o Estado, a empresa ou outras organizações, reestruturam o território através
da implantação de novos recortes e ligações.
A discussão sobre o conceito de território tem sido ampliada nos últimos anos
para abordar uma infinidade de questões pertinentes ao controle físico ou simbólico de
determinada área. De acordo com Souza (1995), território é um espaço definido e
delimitado por e a partir de relações de poder, o que nos possibilita a entender o território
como uma área de influência e sob o domínio de um grupo social e econômico.
Esta linha de influência, poder territorial, se exprime no sistema capitalista e
seus mecanismos de acumulação e formas de produção cada vez mais apoiadas na
revolução tecnológica em curso. Assim, o processo de produção atual apresenta um modo
de desenvolvimento com determinados arranjos tecnológicos, através dos quais o trabalho
transforma a matéria para gerar um produto, de forma a obter o excedente a partir de uma
maior produtividade.
Neste aspecto, a produtividade encerra dois mecanismos importantes diante do
quadro de relações de força estabelecidos. Estes mecanismos expressam efetivamente as
condições concretas de domínio e manutenção sobre o território exercido pelas empresas.
O primeiro mecanismo denomina-se competitividade e as estratégias estabelecidas pela sua
manutenção; o segundo mecanismo denomina-se diferenciação e diversificação produtivas,
15
como elementos concretos de amálgama de manutenção das relações de poder econômico
das empresas, face às conjunturas dos mercados em que atuam, e o grau de
competitividade intra-setorial em que estão imersas. Esse processo é que confere
importância à análise geográfica sobre a competitividade, porque ela não é uma
manifestação da empresa, ou setor econômico, mas seu movimento impele transformações
nas relações sócio-espaciais e agudizam os enfrentamentos de classe nas relações sociais
de produção e de suas formas de territorialização.
2.2 Determinantes de Competitividade
Embora o conceito de competitividade não seja de discussão comum na
Geografia, considerando que muitas vezes este conceito é referenciado em um plano
micro-econômico, que se distancia da tradição e fundamentação teórica do pensamento
geográfico, é importante reconhecer seus desdobramentos do ponto de vista da construção
sócio-espacial.
O padrão de competitividade tem desdobramentos concretos no plano setorial
ou inter-setorial, que podem reconfigurar a localização espacial empresarial. No plano
setorial, ou intra-setorial, revelam-se as relações concorrenciais, de coordenação e
cooperação entre as empresas (no plano micro-econômico altera decisões de investimentos
e continuidade no setor); no que se refere ao plano inter-setorial, revelam-se as
composições de clusters, aglomerações e ou arranjos produtivos, alterando, portanto, as
escalas e dando uma configuração espacial clara sobre o conceito.
Santos (2006, p. 249) afirma:
que as possibilidades dos lugares são hoje mais facilmente conhecidas à escala do mundo, sua escolha para o exercício dessa ou daquela atividade torna-se mais precisa. Disso, aliás, depende o sucesso dos empresários. É desse modo que os
16
lugares se tornam competitivos. O dogma da competitividade não se impõe apenas à economia, mas, também, à Geografia.
Mas como asseveramos, competitividade se exprime ainda como modelo de
enfrentamento de empresas e capitais, às lógicas de concentração, no atual estágio de
monopolização do capitalismo e, por sua vez, determinam dinâmicas nas relações sociais
de produção e no enfrentamento das classes, configurando dimensões claras de apropriação
do território e na consolidação de territorialidades. A competitividade constitui estratégias
de integração e desintegração de capitais e trabalhadores, sob a lógica de sua constituição
como mercadoria, marcados por um processo de especialização e diversificação produtiva.
Ações competitivas que se integram às estratégias de superação de suas concorrências ou,
simplesmente, de ratificação de seus modelos de consumo.
Nesse sentido, é constante o processo de melhorias e inovações produtivas,
organizacionais, institucionais e tecnológicas, que resultam na manutenção ou na
ampliação da vantagem competitiva em âmbito local, nacional e internacional.
Borges (2004), salienta que as políticas nacionais, os crescimentos e crises
econômicas podem afetar empresas em qualquer parte do mundo, devido à
interdependência entre nações e regiões. Sendo assim, a competitividade não deve
considerar somente a empresa, seu setor e a cadeia de produção na qual está inserida, mas
também todo o ambiente mundial.
A empresa não deve se preocupar apenas com o valor de suas mercadorias, mas
buscar conhecimentos e informações mais amplos, abrangendo as preferências de seus
clientes, os sistemas de comunicação, as relações de produção e as informações de
mercado, entre outros, que possam promover melhorias e inovações contínuas seja para a
17
inserção de novos produtos e ou processos de produção, sendo necessário todo um
conjunto de dados para concorrer com preços e maximizar os lucros. (BORGES, 2004).
Assim,
aqueles que reúnem as condições para subsistir, num mundo marcado por uma inovação galopante e uma concorrência selvagem, são os mais velozes. Daí essa vontade de suprimir todo obstáculo à livre circulação das mercadorias, da informação e do dinheiro, a pretexto de garantir a livre-concorrência e assegurar a primazia do mercado, tornado um mercado global. (SANTOS, 2006, p. 275)
O ambiente nacional (regional ou local) no qual as empresas competem, pode
promover a criação de vantagens competitivas que definem o contexto para o crescimento,
a inovação e a produtividade.
Para Porter (1999), há quatro áreas ou determinantes, de um conjunto do qual
ele comparou e denominou de diamante: condições dos fatores (insumos); as condições de
demanda; o contexto para a rivalidade, estrutura e estratégias e, os setores correlatos e de
apoio, todos são interligados e modelam o ambiente nacional, e que por sua vez, podem
promover o êxito de uma indústria nacional. O autor destaca ainda dois outros elementos: o
acaso e o governo.
Para Porter (1993), as quatro áreas que compõem o diamante são mutuamente
fortalecedoras.
São necessárias vantagens por todo o “diamante” para obter e manter o sucesso competitivo nas indústrias que exigem conhecimento intensivo e constituem a espinha dorsal das economias adiantadas. A vantagem em todo determinante não é pré-condição para a vantagem competitiva numa indústria. O jogo mútuo das vantagens em muitos determinantes proporciona benefícios autofortalecedores que os rivais estrangeiros têm muita dificuldade para neutralizar, ou reproduzir. (PORTER, 1993, p. 89).
18
Esses determinantes podem existir nos locais ou eles podem ser criados,
promovendo um contexto onde as empresas nascem ou competem. A fim de
compreendermos as características do “diamante”, que podem trazer vantagem competitiva
nacional ou regional, se faz necessário analisar cada área ou determinante isoladamente.
De acordo com Porter (1999, p.342) a primeira área se refere a condições dos
fatores (insumos), são eles: a terra, o trabalho, o capital, a infra-estrutura física, a infra-
estrutura comercial e administrativa, os recursos naturais e o conhecimento científico, que
constituem os determinantes e a seguridade da vantagem competitiva. Tais vantagens se
baseiam na qualidade dos insumos e, sobretudo, dos insumos especializados, como o
conjunto de habilidades, a infra-estrutura física, os regimes regulamentários, os processos
legais, a informação e as fontes de capital amoldadas às necessidades dos setores
específicos. Esses fatores só serão positivos aliados aos investimentos governamentais e
privados, portanto países e regiões não herdam os fatores de produção mais importantes
para a competição sofisticada, ao contrário, devem criá-los.
A outra área seria o contexto para estratégia e rivalidade e refere-se ao
ambiente onde as empresas são criadas, organizadas e dirigidas. Esse ambiente pode
proporcionar vantagens em termos de competição pela produtividade se o contexto das
regras, dos costumes sociais e dos incentivos vigentes, fomentarem os investimentos
sustentados, de forma apropriada a um determinado setor. O sistema tributário, as normas
de propriedade industrial e a estabilidade do ambiente macroeconômico e político, exercem
uma nítida influência sobre o clima de investimento da localidade, demonstrando a forma
como as empresas agem frente à competitividade. Dentro de uma localidade, a rivalidade
interna aliada ao clima de investimentos favoráveis, constituem um sistema em que a busca
constante de melhorias e inovações se tornam vitais para a garantia e manutenção das
vantagens competitivas.
19
A terceira delas, condições de demanda se caracteriza pela natureza do
mercado local, a clientela exigente pressiona a empresa a atingir elevados padrões de
inovação constituindo numa oportunidade, instigando-as, a inovar e a se deslocar para
segmentos mais avançados. Na competição pela produtividade, a natureza do mercado
reflete as necessidades, os níveis de sofisticação, o poder de compra e até mesmo as
afinidades por determinados produtos sendo muitas vezes um prenunciador, constituindo
um fator positivo para a empresa, pois pode vir a ser um modelador ou indicador precoce
de necessidades que podem se generalizar, tanto no mercado interno como no externo,
dando sinais das tendências dos mercados globais.
A quarta área constitui os setores correlatos de apoio é decorrente da presença
de fornecedores especializados e correlatos, vale destacar que essa proximidade não é
imprescindível, ao contrário, emana da eficiência, do conhecimento e da capacidade de
inovação. Na verdade, a presença desses fornecedores locais reduz os custos de transação
muitas vezes vultosos, assim como os atrasos decorrentes das importações e das
negociações com vendedores distantes. Contribuindo também em atividades de P&D,
distribuição e propaganda. No entanto, os ganhos auferidos são menos significativos do
que os benefícios em termos de inovação e dinamismo.
Duas outras variáveis podem vir a influenciar o sistema nacional de maneira
importante, configurando-se na ampliação da vantagem. Trata-se, portanto, do acaso e do
governo. O acaso se refere aos acontecimentos fora do âmbito de poder da empresa e
também do governo, a exemplo das mudanças climáticas inesperadas, que podem afetar a
produção das safras, acontecimentos na política internacional, demandas inesperadas de
outros países e por fim descobertas em tecnologias básicas. Por último, o Governo que
pode influenciar em todos os níveis da competitividade nacional através de políticas
econômicas, fiscais e monetárias. Tais regulamentações podem mudar as condições de
20
demanda interna. Para Porter (1993, p. 89) o governo pode melhorar ou piorar a vantagem
nacional. Esse papel é visto mais claramente quando examinamos cada um dos
determinantes. Assim, as ações implementadas pelo Governo podem ser capazes de
fortalecer ou enfraquecer as vantagens competitivas.
Juntas, Porter (1999), destaca que as vantagens que aparecem no “diamante”
constituem um sistema dinâmico onde cada área influencia as demais, não sendo eficiente
aqueles que trabalham com fatores isolados, favorecendo a inovação e à obtenção de uma
posição privilegiada, constituindo elos, ou como destaca SANTOS (2006) um conjunto de
objetos técnicos, que se reforçam mutuamente com grande intensidade.
Neste trabalho, como asseveramos, optamos pela abordagem proposta por
Porter (1999), denominada de Teoria do “Diamante”, que considera quatro elementos no
padrão de competitividade de um país ou região, que são: condições de fatores; condições
de demanda; indústrias correlatas, de apoio e estratégia; estrutura e rivalidade entre
empresas. Incluindo ainda o acaso e o Governo.
Por sua vez, cabe registrar alguns elementos críticos à teoria de Porter (1999).
O primeiro elemento trata-se de reconhecer que ele elaborou um modelo de
desenvolvimento comercial endógeno para economias desenvolvidas e, neste caso,
considera-se que os elementos de competitividade devem ser observados como processos
simultâneos e estão articulados a uma escala nacional e regional, o que requer um
redimensionamento de seus conceitos, na medida em que se trabalha em um nível de
articulação reduzido de caráter setorial e microrregional.
Outro fator importante é que o autor estabelece um nível de desenvolvimento
por redes técnicas formais que atuam na formação/escolarização de produtores,
trabalhadores e demais agentes do sistema, ao passo que a agricultura muitas vezes, se
inicia e se desenvolve por estratégias de reprodução social mais imediatas, sem qualquer
21
tipo de formação e formalização da atividade. Considerando ainda que o nível de
coordenação e composição de agentes se apresenta na agricultura brasileira como um todo,
em um processo de estruturação.
Uma terceira ressalva é que Porter dá reduzida importância ao processo
histórico na consolidação de redes, complexos ou sistemas sócio-técnicos de produção,
bem como apresenta o Governo com papel coadjuvante neste processo de
desenvolvimento, clusterização (agrupamento) ou arranjo produtivo local. Neste caso,
deve-se considerar que não se parte dos efeitos de mercado, condições de demanda e
produção, por exemplo, para análise deste setor, mas ao contrário, exatamente da análise
do papel do Estado na indução de uma atividade econômica, tendo em vista o perfil social
de seus agentes.
Para este item cabem ainda duas considerações: a primeira se refere ao
conceito de Governo que neste caso será tratado como Estado, considerando que o
primeiro revela uma dimensão temporal restrita a um grupo de gestores com atuação
pública e o segundo termo, Estado, refere-se ao agente social e econômico público que
planeja e interfere nas trajetórias de desenvolvimento de um país. O Estado apresenta papel
crucial no desempenho de políticas públicas em economias emergentes, sejam como
medidas compensatórias, mitigadoras das condições de pobreza e exclusão social
vivenciadas, seja como estratégia de intervenção, desenvolvimentista ou restritiva, em
determinada atividade econômica.
2. 3 Coordenação e Competitividade
A adoção de novas tecnologias, novas formas organizacionais (Coordenação) e
estratégicas, como a diversificação e diferenciação de produtos representam meios para
dinamizar as ações das empresas e ampliar ou manter a participação no mercado. Por sua
22
vez, Penrose (2006) e Porter (1986), afirmam que as empresas lutam pela obtenção de
diferenciais competitivos e criam barreiras à entrada e à mobilidade de capitais em um
dado segmento. Assim, demonstram que as empresas buscam uma constante manutenção e
expansão de poder sobre os mercados e conseqüente ampliação do capital.
Nesse ambiente, como ressalta Borges (2004), justificando o comportamento
dos agentes, salienta-se a necessidade de coordenação das atividades internas à empresa,
com as externas – cadeia de produção – e com o meio no qual a empresa está inserida, não
desconsiderando a economia e a política nacional e externa, ou seja, o ambiente macro.
Para Farina (1997), em um ambiente de constantes mudanças, a capacidade de
transformar as ameaças externas em oportunidades lucrativas, depende da existência de um
sistema de coordenação capaz de transmitir informações, estímulos e controle ao longo da
cadeia produtiva.
Dentro desse processo de coordenação das atividades, cabe destacar a
integração vertical, que possui um papel preponderante no crescimento de uma empresa.
Esta integração envolve a produção de produtos intermediários produzidos pela própria
empresa para seu próprio uso.
Uma única empresa pode integrar atividades econômicas relacionadas a vários
estágios sucessivos do processo total de produção, que vai desde a produção da matéria-
prima até a destinação do produto acabado nas mãos do consumidor final, dessa forma
concentrando o capital.
Embora as várias fases do processo de produção de uma empresa possam integrar normalmente diferentes atividades, esta integração ocorre com maior intensidade quando a empresa decide empreender certas funções, que antecedem ou sucedem sua atividade principal, e que poderiam ser desenvolvidas separadamente por outras empresas. (KON, 1999 p. 24)
23
A retirada de custos desnecessários do mercado constitui-se em uma questão
fundamental da política de integração vertical. Custos como, as despesas físicas e
financeiras de estocagem de certos insumos, além de diminuir os riscos inerentes à
manutenção desses estoques, são reduzidos por meio destas estratégias.
No entanto, são observadas algumas desvantagens associadas à verticalização
das empresas, com a ocorrência de disparidades entre as capacidades produtivas dos
diferentes estágios de operação, que pode resultar em escassez ou excesso de produção em
relação à demanda das várias etapas do processo. Além disso, observam-se também: a
possibilidade de perda das vantagens de especialização; a incapacidade de um ajuste rápido
nos níveis de produção como resposta a mudanças no ambiente econômico; a perda de
controle sobre o gerenciamento da empresa, ou ainda ineficiências tendo em vista a não-
concorrência em certas atividades. (KON, 1999).
Como salienta Kon (1999), a integração vertical pode ser necessária nos
estágios iniciais do desenvolvimento de um mercado, mas a expansão do mercado tende a
facilitar o aumento da especialização de funções e, assim, a substituição da verticalização
pela terceirização dos serviços.
Assim, quando a empresa atinge um certo tamanho, muitas de suas atividades
internas podem ser delegadas a outras com maior especialidade. Torna-se mais rentável o
suprimento, por outras firmas, de equipamentos e matérias-primas, do marketing do
produto, bem como a utilização de subprodutos e o treinamento da mão-de-obra
qualificada. (KON, 1999).
Ainda de acordo com a autora, tem se observado a partir da década de 70 nos
países industrializados, e mais recentemente nos demais países em processo de formação
do parque industrial, que a crescente complexidade dos sistemas organizacionais e dos
equipamentos levam a um aumento desproporcional da necessidade de prestação de
24
serviços auxiliares, e o atendimento desses serviços por meio de departamentos internos às
empresas passou a tornar-se, em muitos casos, oneroso e ineficiente, levando a necessidade
de novas formas de organizações, com estruturas mais simples. Neste contexto, a
terceirização dos serviços tem-se propagado, através da transferência a terceiros das
atividades burocráticas, e outras como a alimentação e serviços médicos/ hospitalares,
como também a manutenção de equipamentos, máquinas e veículos, serviços de
transportes e também serviços avançados financeiros, contábeis, jurídicos, e de auditoria,
entre outros. Muitas vezes, os próprios funcionários especializados são estimulado a
criarem empresas próprias de prestação de serviços para a empresa da qual trabalhavam.
(KON, 1999).
Castells (2008), destaca duas formas de flexibilidade organizacional
caracterizada por conexões entre empresas:
o modelo de redes multidirecionais posto em prática por empresas de pequeno e médio porte e o modelo de licenciamento e subcontratação de produção sob o controle de uma grande empresa. [...] pequenas e médias empresas muitas vezes ficam sob o controle de sistemas de subcontratação ou sob o domínio financeiro/ tecnológico de empresas de grande porte. No entanto, também frequentemente, tomam a iniciativa de estabelecer relações em redes com várias empresas grandes e/ou com outras menores e médias, encontrando nichos de mercado e empreendimentos cooperativos. [...] organização em redes é uma forma intermediária de arranjo entre a desintegração vertical por meio dos sistemas de subcontratação de uma grande empresa e as redes horizontais das pequenas empresas. (CASTELLS, 2008, p.218- 219)
Como destaca Schumpeter (1982), a realização de novas combinações no
interior de uma empresa, afeta toda a sua estrutura produtiva, concorrendo com uma nova
situação competitiva, que sendo bem sucedida, se tornará uma cópia para as outras,
alterando novamente a sua estrutura.
25
Ainda segundo o autor, isso ocorre em função de o capitalismo, por natureza,
ser uma forma ou método de transformação econômica revestindo-se de um caráter
evolutivo e não estacionário, considerando que este caráter evolutivo não se deve ao
aumento automático da população e do capital nem das variações do sistema monetário,
mas:
O impulso fundamental que põe e mantém em funcionamento a máquina capitalista procede dos novos bens de consumo, dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados e das novas formas de organização industrial criadas pela empresa capitalista. (SCHUMPETER, 1984 p. 112).
Schumpeter (1984), afirma ainda que essas características decorrem pela
economia estar vinculada ao ambiente social, que frequentemente muda e exige mudanças
na organização industrial. Portanto, o processo competitivo é dinâmico e ocorre ao longo
do tempo, com uma incessante lógica de mudanças estruturais, características do
capitalismo que não pode ser tratado como estático, mas evolutivo, dinâmico e conflituoso.
Tais concepções nos demonstram perspectivas que exigem mudanças na
estrutura organizacional das empresas e estas, por sua vez, numa lógica de permanência no
mercado, definem estratégias de diversificação e diferenciação dentro do seu processo de
produção.
2.4 Inovação
As empresas inovadoras têm que demonstrar competências para promover
rupturas através de processos, habilidades e materiais capazes de romper com o antigo,
com o tradicional e, se possível, antecipar as necessidades do mercado configurando a
priori num processo que pode se apresentar oneroso, mas necessário para a sua
26
manutenção de participação no mercado, conforme a lógica apresentada por Schumpeter
(1982).
Ainda de acordo com o autor, no processo de produção através da introdução
de inovações produtivas e tecnológicas, temos o papel do empresário como indutor no
sistema produtivo. Assim, o empresário é aquele capaz de realizar combinações entre o
crédito e os meios de produção, ou seja, aquele que está disposto a correr riscos ao inovar,
não sendo necessário ser o proprietário dos meios de produção e nem ter capital próprio
para investir, pois basta ter acesso ao crédito. (SCHUMPETER 1982).
O autor considera que a função do empresário é por um determinado período
de tempo, ou seja, apenas uma parte de sua vida, só enquanto realiza novas combinações
de produção, perdendo sua característica assim que a empresa está composta e em
atividade, passando apenas a comandar os negócios.
Schumpeter (1982) ainda destaca que ser “empresário” é algo temporário, ou
seja,
[...] alguém só é um empresário quando efetivamente “levar a cabo novas combinações”, e perde esse caráter assim que tiver montado o seu negócio, quando dedicar-se a dirigi-lo, como outras pessoas dirigem seus negócios. Essa é a regra, certamente, e assim é tão raro alguém permanecer sempre como empresário através das décadas de sua vida ativa, quando é raro um homem de negócios nunca passar por um momento em que seja empresário, mesmo que seja em menor grau.
Como ser um empresário não é uma profissão nem em geral uma condição duradoura, os empresários não formam uma classe social no sentido técnico, como, por exemplo, o fazem os proprietários de terra, os capitalistas ou trabalhadores. Evidentemente a função empresarial levará o empresário bem sucedido e sua família a certas posições de classe. (SCHUMPETER, 1982, p. 56).
27
Assim, a partir do momento em que o empresário passa apenas a gerenciar os
negócios ou alguém realizar essa função por ele, este deixa de ser empresário e se torna o
capitalista.
Para um efetivo desenvolvimento empresarial cabe destacar a capacidade da
empresa de se manter competitiva, sobrepondo-se aos vários fatores exógenos, aos quais
está exposta, que se relacionam diretamente a forma como ela é gerenciada, determinando
assim a sua manutenção e permanência no mercado.
Os investimentos em tecnologia e melhorias nos processos de produção podem
levar a um aumento da produtividade, sendo essenciais em relação aos concorrentes, esses
por sua vez, não dependem de fatores locacionais clássicos.
Porter (1999), faz uma análise dos fatores locacionais a partir de uma
perspectiva mais dinâmica. Assim:
[...] as vantagens comparativas duradouras numa economia global são, em geral intensamente locais, emanando das concentrações de conhecimentos e qualificações bastante especializados de instituições, de sinais, de empresas correlatas e de clientes sofisticados num determinado país ou região. A proximidade em termos geográficos, culturais e institucionais possibilita acessos e relacionamentos especiais, melhores informações, incentivos poderosos e outras vantagens para a produtividade e para o crescimento da produtividade que são de difícil aproveitamento à distância. (PORTER, 1999, p. 251).
A adoção de inovações no processo de produção deve ser cautelosa, pois estas
podem romper com as expectativas dos clientes por impactar de forma diferenciada para
cada um deles, uma vez que as inovações de um produto (final ou intermediário) possuem
diferentes potenciais de difusão e aceitação nos diferentes setores de atuação de cada
empresa. (BORGES, 2004).
28
Segundo Porter (1993) há alguns fatores mais comuns que estimulam as
inovações: aparecimento de novas tecnologias; mudanças nas necessidades do mercado
consumidor; surgimento de novo segmento da indústria; variação no custo ou na
disponibilidade de insumos; mudanças na postura reguladora do governo – quanto ao meio
ambiente, às barreiras comerciais, aos padrões e aos requisitos de produtos.
A empresa apresenta uma maior possibilidade para inovar se houver uma
melhor relação entre as atividades internas da empresa e com os seus fornecedores, clientes
e distribuidores, principalmente, se houver uma coordenação dessas atividades internas e
externas à empresa, ou seja, ao longo da cadeia de produção.
Para Farina (1997) e Borges (2004) que utilizam como base o trabalho de
Porter e de Coutinho e Ferraz (1994), a competitividade deve ser compreendida como
sistêmica. A noção de competitividade sistêmica parece ser adequadamente expressa
quando
[...] o desempenho empresarial depende e é também resultado de fatores situados fora do âmbito das empresas e da estrutura industrial da qual fazem parte, como a ordenação macroeconômica, as infra-estruturas, o sistema político-institucional e as características sócio-econômicas dos mercados nacionais. Todos estes são específicos a cada contexto nacional e devem ser explicitamente considerados nas ações públicas ou privadas de indução de competitividade. (COUTINHO; FERRAZ, 1994, p. 17).
Por sua vez, podemos visualizar uma interdependência entre os agentes de uma
da cadeia produtiva, envolvendo concorrentes, fornecedores, compradores, fabricantes de
produtos e o Estado.
A economia brasileira, ao longo dos anos, apresentou um cenário de forte
instabilidade, de fraco crescimento e de ajustes estruturais bastante profundos, neste
contexto, vale destacar que as várias mudanças ocorridas, como a exigência de produtos
29
com maior qualidade, demandando produtos novos e diferenciados, consequentemente,
provocou uma maior variedade de produtos e um crescimento no mercado. Tais mudanças
são decorrentes da formação desse novo sistema produtivo, que alteram o ambiente
competitivo, a partir de então, as empresas, dependendo do seu ambiente, necessitam
apresentar condições favoráveis no que diz respeito ao preço, à qualidade e à inovação
(BORGES, 2004).
Assim, a concorrência se modificou, não priorizando a produção em massa –
que viabilizava preços reduzidos – e a hierarquia, mas sim a segmentação do mercado e a
diferenciação de produtos, obtidos com a flexibilização organizacional, com uma estrutura
visando a resolução de problemas e a integração das atividades (FARINA, 1997). Portanto,
essas modificações nas características da concorrência, promovem alterações no potencial
competitivo das empresas.
Coutinho e Ferraz (1994) e Porter (1993), apontam a concorrência como ativa
que evolui continuamente e consideram que o sucesso de uma empresa depende da
capacidade desta de criar e renovar as vantagens competitivas, em função das
especificidades do mercado e do ambiente econômico. Essa concepção aproxima-se da
postura de Schumpeter (1984) no que diz respeito à lógica do desenvolvimento capitalista,
o qual ele denomina “destruição criadora”.
Todo esse movimento tem o propósito de lidar com as incertezas causadas
[...] pelo ritmo veloz das mudanças no ambiente econômico, institucional e tecnológico da empresa, aumentando a flexibilidade em produção, gerenciamento e marketing.
Muitas transformações organizacionais visavam redefinir os processos de trabalho e as práticas de emprego, introduzindo o modelo da “produção enxuta” com o objetivo de economizar mão-de-obra mediante a automação de trabalhos, eliminação de tarefas e supressão de camadas administrativas. (CASTELLS, 2008, p. 211).
30
Nesse novo contexto industrial, social, econômico e político, as empresas
adotam políticas competitivas diversas, tais como: diferenciação e diversificação de
produto; redução dos custos sem interferir na qualidade; parcerias; consórcios,
terceirização; entre outras. Constituindo assim, estratégias competitivas em ações ofensivas
e defensivas, de acordo com Porter (1991), como forma de confrontar os desafios da
influência dos fatores do ambiente geral das empresas, adotando processos de melhoria
organizacional e produtiva que afetarão a cadeia de valor como um todo.
Os conceitos de diversificação e diferenciação, embora de caráter inicial micro-
econômico, são elementos de competitividade que interferem em escalas superiores
determinando a configuração espacial industrial local, regional e nacional.
Diversificação e diferenciação neste caso, em economias emergentes e em
realidade claramente articulada à produção rural, denotam graus de dependência
econômica setorial. A capacidade de diversificação e diferenciação industrial pode
determinar níveis de enfrentamento local, em situações de inflexão econômica geral e ou
setorial, revelando brechas hegemônicas de capitais, sobretudo de capitais tradicionais,
como é o caso do setor sucroalcooleiro no município de Sertãozinho.
No processo capitalista, competitivo, a introdução de novas tecnologias e
novos processos de produção podem modificar a estrutura de preço e variedade de
produtos. Cabe distinguir duas formas de modificação da linha de produtos de uma
empresa: a diversificação e a diferenciação.
2.5 Diversificação
A análise de diversificação de Penrose (2006), foi pioneira no estudo da
diversificação como forma de atenuar as flutuações cíclicas do mercado. Para a autora, as
empresas se diversificam quando se deparam com obstáculos ao seu crescimento contínuo,
31
se perceberem que possuem recursos produtivos ociosos na produção, distribuição ou
suprimento dos produtos que já possuem, gerando novas fontes de receita e reduzindo
custos.
A diversificação ocorre em direção a atividades correlatas às já existentes,
dentro de uma dada área de especialização técnica e organizacional, contemplando os
serviços produtivos e conhecimentos no interior da empresa.
Para Penrose (2006, p. 176)
a diversificação pode ocorrer dentro das áreas de especialização já existentes na firma ou pode resultar do encaminhamento para novas áreas, em qualquer momento, uma firma ocupa uma posição em certos tipos de produção e de mercado, os quais recebem a denominação conjunta de “áreas de especialização” da empresa.
De acordo com Brito (2002, p. 307)
O fenômeno da diversificação refere-se à expansão da empresa para novos mercados distintos de sua área original de atuação. A diversificação é uma alternativa extremamente interessante para viabilizar o crescimento da empresa, na medida em que lhe permite superar os limites de seus mercados correntes, ao mesmo tempo em que possibilita, através da gestão de um conjunto de diversas atividades ampliar seu potencial de acumulação que influencia a dinâmica do crescimento empresarial.
De acordo com as análises, uma empresa pode modificar a sua linha de
produção através da inclusão de uma mercadoria que será vendida em um mercado no qual
ainda não participa, ou mesmo ainda, a comercialização de um produto que já faz parte de
seu rol de mercadorias, conferindo um movimento que vai além de seu mercado corrente
ou original para investir em um novo segmento e também pode ser um novo produto no
mesmo mercado que atua.
32
Outro fato importante conforme assinala Penrose (2006), é a chamada base
produtiva ou base tecnológica da empresa, que se refere ao conjunto formado pelos
maquinários, processos, qualificações e matérias-primas complementares entre si e que são
interligados uns aos outros no processo produtivo, que se distingue de uma empresa para
outra, onde a atuação para um novo segmento requer a obtenção de uma competência
diversa daquela que a empresa possui.
As oportunidades para a geração de novas mercadorias e busca de novos
mercados têm seu cerne não apenas nas atividades produtivas de uma empresa, incluindo
as pesquisas tecnológicas, mas também a comercialização, ou seja, a definição de novas
oportunidades de negócios a serem explorados como forma de resposta face aos estímulos
competitivos provenientes do meio externo. De acordo com Brito (2002, p. 327)
[...] podemos conceber as empresas como organizações dotadas de competências específicas, as quais evoluem ao longo do tempo como resultado de processos internos de aprendizado e em função de mudanças adaptativas realizadas face a alterações nas condições ambientais.
No que se refere aos esforços de vendas e comercialização dos produtos, frente
ao movimento para novos setores de mercado, requer das empresas o desenvolvimento de
novos programas de vendas, para tanto afirma Penrose (2006, p. 185):
[...] é importante para todos os tipos de firmas, mas talvez seja de maior importância para firmas cujos os processos produtivos são altamente especializados no que se refere aos tipos de produtos a que se adéquam, ou que são simples e facilmente imitados e de um tipo para os quais as pesquisas têm pouco a contribuir em termos de oferecer vantagens competitivas para determinadas firmas.
33
Outro mecanismo importante no processo de diversificação refere-se às
aquisições. Esse método de expansão se apresenta com vantagens particulares como uma
alternativa para assumir a produção de novos produtos.
A aquisição de uma firma operante por outra pode representar um papel relevante no processo de diversificação desde que por um lado, os custos de montagem das empresas são economizados, e, por outro, as dificuldades técnicas e administrativas são diminuídas, tendo em vista a capacidade e experiência gerencial e tecnológica, ou ainda o treinamento da mão-de-obra já existente, bem como a posição já adquirida no mercado. (KON, 1999, p. 95)
Por sua vez, os custos serão substancialmente reduzidos se uma empresa
conseguir adquirir outra em atividade, a introdução do produto por uma nova firma seria
mais oneroso e demorado, assim o dispêndio não imediato de capital facilita a
diversificação, embora a empresa tenha disponibilizado recursos para a aquisição.
Contudo, todas essas vantagens não representam soluções para as empresas
bem sucedidas e tão pouco para as menos capitalizadas, apresentando limitações à
expansão da empresa imposta principalmente pelas pressões competitivas. Para Penrose
(2006, p. 202)
uma firma que tenta diversificar-se e crescer deste modo não consegue escapar inteiramente das limitações quer da intensidade, quer do sentido da expansão imposta pelos seus próprios recursos. Mesmo o crescimento externo pressupõe a existência de certos tipos de qualidades empresariais internas à firma, e a integração bem sucedida das firmas adquirinte e adquirida numa única nova, no sentido usado neste estudo, requer serviços administrativos da firma adquirinte.
Perante as incertezas no mercado, muitas empresas utilizam-se da
diversificação para lidar com as flutuações ocasionais da demanda, que são esperáveis, mas
não podem ser estimadas com suficiente previsão.
34
Quando o principal motivo de diversificação de uma empresa for o de
assegurar a estabilidade geral de suas receitas em relação às incertezas gerais vigentes, ela
estará preocupada tanto com possíveis mudanças adversas a longo prazo na demanda de
quaisquer produtos, como no que se refere a possíveis flutuações. (PENROSE, 2006).
Assim, para muitas empresas, a diversificação pode representar não apenas uma condição
de crescimento contínuo, mas a sua permanência no mercado, conferindo um meio de
proteção contra questões negativas que possam afetar a sua produção e conseqüentemente,
seus lucros.
2.6 Diferenciação
As empresas estão constantemente buscando oportunidades para ampliação de
seus mercados elaborando ações que possam conferir certa peculiaridade aos seus produtos
ou serviços. Dentre essas ações, podemos destacar a diferenciação de um produto ou
serviço que diz respeito à introdução de uma nova mercadoria ou serviço que possuam
características de ser substituto próximo de outro anteriormente por ela ofertado, e que será
comercializado nos mercados por ela supridos.
A grande influência conferida a peculiaridade de um produto, pode ser auferida
dos consumidores por considerarem o produto ou serviço de uma empresa melhor do que
os outros já existentes. Assim, afirma Kon (1999, p. 88):
Essa diferenciação pode estabelecer-se não só através de determinados traços próprios ao produto, ou características exclusivas que são patenteadas, mas também por marcas registradas ou marcas industriais que adquirem uma conotação de prestígio.
Guimarães, (1987, p.37) salienta que o conceito de nova mercadoria deve ser
precisado:
35
em primeiro lugar, cabe observar que qualquer mudança nas características de um produto, tais como uma modificação em sua especificação ou melhoria de qualidade dá origem a um novo produto (nesse sentido, um produto diferente é um produto novo). Além disso, uma mercadoria nova na linha de produtos de uma firma não é necessariamente um produto novo no mercado, uma vez que pode já ser produzido por algum de seus concorrentes.
Incorporar a diferenciação do produto como uma estratégia possível é
relevante, uma vez que as empresas produzem uma grande variedade de bens e serviços e
muitos produtos são multidimensionais, o que facilita a utilização desse mecanismo.
De acordo com Losekann & Gutierrez (2002 p. 93),
em linhas gerais os produtos são diferenciados conforme os seguintes atributos: especificações técnicas; desempenho ou confiabilidade; durabilidade; ergonomia e design; custo de utilização do produto; imagem e marca; formas de comercialização; assistência técnica e suporte ao usuário; financiamento aos usuários.
A diferenciação do produto dentro de uma empresa tem a conotação de uma
estratégia de crescimento através de uma nova forma de competição no interior da
indústria, na busca de expansão do mercado ou da manutenção de sua participação nesse
mercado, visando atrair diferentes segmentos. Porém,
a capacidade de diferenciação é afetada pelo estado de conhecimento tecnológico, pelo ritmo de desenvolvimento deste conhecimento e pelas características tecnológicas próprias de cada processo de produção, que podem facilitar ou barrar o processo de inovação destinado a diferenciar o produto como recurso para a competição entre as empresas. (KON, 1999, p. 89)
A diferenciação pode conferir às empresas uma nova forma de competição no
interior da indústria, resultando num esforço destas para aumentar suas taxas de lucro,
através da expansão do mercado, do incremento ou a defesa se suas participações nesse
36
mercado. No entanto, cabe considerar que a opção pela diferenciação pode levar a custos
que podem comprometer a sua permanência no mercado.
Tendo em vista que uma empresa representa um conjunto de recursos cuja
utilização é organizada em uma estrutura administrativa, os produtos finais representam
algumas das várias formas de combinação e organização dos recursos, neste contexto a
diversificação e a diferenciação configuram um rearranjo na utilização dos mesmos, e,
neste sentido, vem se constituindo num método de crescimento considerável.
38
Para alcançar os objetivos expostos, várias foram as etapas de investigação
científica. Após levantamentos realizados junto a Biblioteca da USP Universidade de São
Paulo - Ribeirão Preto, UNESP/Universidade Estadual Paulista - Campus - Presidente
Prudente, UNESP- Campus Jaboticabal, iniciamos nossa pesquisa bibliográfica que nos
forneceu o embasamento teórico.
Também foram realizadas pesquisas junto à Biblioteca Municipal de
Sertãozinho e a Casa da Cultura, sempre com o intuito do levantamento histórico de
Sertãozinho.
Vários foram os procedimentos e técnicas de pesquisa no levantamento de
dados, o mais importante foi a identificação do número de estabelecimentos industriais.
Utilizou-se como base, os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)
fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), período de 1985 a 2006 e para
os dados referentes ao ano de 1975 colhemos informações junto ao posto do IBGE local.
O período de analise se justifica tendo em vista as transformações ocorridas no
setor sucroalcooleiro desde a implementação do Proálcool, aos processos de
desregulamentação do setor, passando por transformações na base organizacional com as
estratégias de terceirização e as inflexões vividas a partir de 1998, em relação ao mercado
internacional de açúcar e as crises internas brasileiras, que alteraram as demandas por
álcool anidro, bem como as iniciativas de constituição desse produto como commoditie.
Desta feita, foram assim consolidadas as informações da Indústria de
Transformação no município, quanto ao número de estabelecimentos e postos de trabalho
dos principais subsetores, sendo que o subsetor metalomecânico totaliza 197
estabelecimentos para o ano de 2006. (Tabela 1).
39
Tabela 1 Número de estabelecimentos dos subsetores da indústria da transformação de Sertãozinho-SP. 2006
Subsetores Nº de
Estabelecimentos Percentual
%
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 43 12,57
Indústria de calçados 01 0,29
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 15 4,38
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfum 25 7,30
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 16 4,67
Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 09 2,63
Indústria da madeira e do mobiliário 15 4,38
Indústria do material de transporte 10 2,92
Indústria do material elétrico e de comunicações 10 2,92
Indústria mecânica 117 34,21
Indústria metalúrgica 80 23,39
Indústria de produtos minerais não metálicos 12 3,50
Total 342 100%
Fonte: RAIS/ MTE Org. Dulcinéia Ap. Rissatti Ramos
Para a composição da amostra foi utilizado base de dados fornecida pela
Prefeitura Municipal de Sertãozinho que tem como referência o cálculo do Valor
Adicionado (V.A.). Estes dados confirmaram que o número de estabelecimentos
apresentado pela RAIS-MTE, era superior ao existente no município.
Analisando as listagens do valor adicionado identificou-se que várias empresas
possuíam várias Inscrições Estaduais (I.E.) e de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
(CNPJ). Constatou-se empiricamente a existência de sete serralherias, três empresas de
estruturas metálicas, dezesseis empresas de automação industrial, quatro usinas e três
40
destilarias, juntas somam trinta e três empresas que, retiradas do total, constituem um
número de 164 empresas efetivamente vinculadas ao subsetor metalomecânico,
representando o universo da pesquisa.
Segundo Gil (2000) para um universo desta grandeza, uma amostra de 20%
permite confiabilidade aos trabalhos de Ciências Sociais Aplicadas. Neste caso, a amostra
foi composta por 45 empresas, que representam 27,4% dos estabelecimentos. Com base no
cadastro da Prefeitura Municipal, as empresas foram contatadas segundo o número de
funcionários e faturamento em ordem decrescente, o que permitiria identificar o grau de
dependência em relação ao setor sucroalcooleiro, do ponto de vista da empregabilidade e
da demanda de atividades produtivas.
Posteriormente, elaborou-se o questionário com perguntas abertas e fechadas,
buscando identificar as características e estratégias das empresas, as relações comerciais e
grau de dependência com o setor sucroalcooleiro.
A aplicação do questionário ocorreu no período de julho a outubro de 2008.
Durante a pesquisa enfrentou-se várias dificuldades, tais como resistência para viabilizar as
entrevistas, cancelamentos, horas de espera e receio em fornecer algumas informações. Os
dados obtidos foram tabulados e organizados em gráficos e tabelas por meio de estatística
descritiva.
42
O Setor Sucroalcooleiro é um dos que mais se destaca na economia brasileira e,
em particular, para a economia da Região de Ribeirão Preto. A expansão territorial
sucroalcooleira se intensifica nessa região desde a crise de 1929, quando as grandes
fazendas produtoras de café foram aos poucos se tornando produtoras de cana-de-açúcar.
A orientação de substituição das lavouras de café pelos cafeicultores paulistas
pela plantação de cana-de-açúcar, como forma de reduzir os efeitos da conjuntura externa
desfavorável, deu origem a um período de rápida expansão da produção paulista e início
aos primeiros conflitos de interesse com os produtores nordestinos. Tal competição levou a
sucessivas crises e quedas de preços ocasionadas pela falta de entendimento quanto a
estocagem, financiamento e controle da produção (VIAN, 2003).
Em conseqüência, o Estado fora chamado a mediar o conflito e a intervir na
atividade através da publicação de alguns dispositivos legais instituídos, entre eles
destacamos a publicação de uma resolução do Ministério da Agricultura criando a
Comissão de Estudos sobre o Álcool Motor – CEAM, em 15 de setembro de 1931, com
vistas a estudar e incentivar a produção de álcool anidro para misturar à gasolina, com o
objetivo de reduzir o excedente de açúcar e diminuir a importação de derivados do
petróleo. Também foi criada a CPDA – Comissão de Defesa da Produção de Açúcar - com
o objetivo de elaborar estatísticas de produção e sugerir medidas para a manutenção do
equilíbrio do mercado.
No entanto, tais dispositivos não puderam ser postos em prática até então, em
função da ausência de infra-estrutura tecnológica em decorrência do estágio de
industrialização vigente e, em parte, a falta dos estímulos econômicos oferecidos pelo
Governo pela inadequação de uma política de preços (SZMRECSÁNYI, 1979).
O intervencionismo estatal no setor açucareiro sempre foi marcante e acentuou
essa característica após a Revolução de 1930, com a publicação de vários decretos, que se
43
mostraram insuficientes diante das dificuldades daquele momento, e principalmente, a
partir da criação do IAA - Instituto do Açúcar e Álcool, através do decreto n. 22.789, de
01/06/19332. A intervenção governamental, que antes era exercida em caráter provisório
por órgãos de emergência, passou a ser definida e atribuída a um órgão permanente
(SZMRECSÁNYI, 1979).
O decreto de criação do IAA não deixa dúvidas, entre outras palavras, da
promoção e estímulo à agroindústria açucareira e solução ao problema do álcool
combustível, que são retratados nas seguintes alíneas:
a. assegurar o equilíbrio do mercado interno entre as safras anuais de cana e o consumo de açúcar, mediante a aplicação obrigatória de matéria-prima, a determinar o fabrico do álcool;
b. fomentar a fabricação do álcool anidro, mediante a instalação de destilarias centrais nos pontos mais aconselháveis, ou auxiliando as cooperativas e sindicatos de usineiros que para tal fim se organizarem, ou os usineiros individualmente, a instalar destilarias ou melhorar suas instalações atuais.
c. estimular a fabricação do álcool anidro durante todo ano, mediante a utilização de quaisquer outras matérias-primas (além da cana), de acordo com as condições econômicas de cada região3 (SZMRECSÁNYI, 1979, p. 180).
O Estado, através do IAA, exercia influência sobre o mercado interno, fixando
preços, monopolizando compras, regulamentando inclusive o transporte, manuseio e a
armazenagem do açúcar, CARVALHO (2001). É a afirmação do modelo intervencionista
do governo, ficando o processo produtivo determinado pelo protecionismo da instituição
governamental.
2 Tal decreto só veio assumir uma forma definitiva através do Decreto n. 22.981, de 25/07/1933. Este último decreto, não apenas regulamentou, mas também modificou o primeiro, revogando vários de seus dispositivos, e acrescentando outros de grande importância (SZMRECSÁNYI, 1979, p. 180). 3 Esse decreto marca o surgimento da destinação de uma parte da produção de cana à fabricação de álcool em épocas de superprodução de açúcar e do financiamento governamental à implantação de destilarias anexas às usinas. Esta produção foi irregular ao longo do tempo, só se firmando após o advento do Proálcool em 1975 (Vian, 2003, p. 74).
44
A Segunda Guerra Mundial foi decisiva na concretização do complexo
sucroalcooleiro na Região de Ribeirão Preto, pois garantiu aos produtores no Estado de
São Paulo o mercado interno da região Sudeste, tendo em vista que o açúcar produzido
pelo Nordeste brasileiro, estava impedido fisicamente de ser comercializado no País.
O planejamento do setor por meio do IAA, abrangia o controle da produção de
açúcar, a implantação e expansão da indústria de álcool anidro, a ampliação da
agroindústria canavieira, o aumento das exportações e dos incentivos à modernização
tecnológica do setor sucroalcooleiro nacional.
Todavia, essa modernização tecnológica foi decisiva para a consolidação do
desenvolvimento capitalista, resultando no decreto Lei no 1186 de 1971, que estimulou a
fusão e incorporação de usinas e "legalizou" os mecanismos de concentração de terras e
rendas no setor agroindustrial canavieiro nacional (BRAY, FERREIRA, RUAS, 2000)
Contudo, essa fase modernizadora representada pelo avanço do capital
monopolista no setor agroindustrial canavieiro, encontrou o seu grande obstáculo na crise
exportadora de açúcar em 1974, onde fatores conjunturais externos anularam as pretensões
brasileiras de firmar-se como país exportador de açúcar. A queda do produto foi
conseqüência do Brasil ter perdido o Mercado Preferencial Norte-Americano em 1974,
bem como se tornou sem efeito o acordo açucareiro da Comunidade Britânica, com o
ingresso da Grã-Bretanha no Mercado Comum Europeu (SZMRECSÁNYI, 1979).
Até então, podemos considerar que a ação pública para o setor canavieiro se
configura numa política agrícola dirigida a determinado ramo produtivo, não sendo
suficiente para impedir o deslocamento relativo da produção setorial do Nordeste em favor
do Centro-Sul, especialmente para o Estado de São Paulo e, consequentemente, para a
Região de Ribeirão Preto.
45
Szmrecsányi (1979), afirma que a partir dos anos de 1960, quando o avanço
tecnológico foi decisivamente incorporado no planejamento do complexo, o Estado,
deliberadamente, passou a incentivar a encampação de unidades menores ou menos
eficientes por grandes agroindústrias, argumentando ser essa a maneira de se obterem
maiores racionalidade e produtividade setoriais, não conseguindo assim, evitar uma
centralidade produtiva em favor do Centro-Sul.
Durante esse período, a produção de álcool apresentava uma importância
secundária, embora em muitos momentos fosse encarada como uma alternativa às crises do
mercado de açúcar, pois desde a década de 1930, havia uma legislação que estabelecia um
percentual de 5% de álcool a ser adicionado à gasolina.
Para Bray, Ferreira, Ruas, (2000, p.48), a crise energética mundial a partir de
1973, devido a elevação dos preços do petróleo, provocou uma ruptura em relação à
economia brasileira e seu desempenho durante os anos 1968 a 1973, dentro dessa
conjuntura, as pressões dos grupos de usineiros - em face à crise que adentrava no sub-
setor - juntamente com os interesses dos fabricantes de equipamentos industriais do ramo,
e reforçados pela integração da indústria automobilística, levou o governo Federal a
elaborar o Programa Nacional do Álcool (PNA ou Proálcool) no final de 1975, entre eles
pode-se destacar, os grupos de usineiros e fabricantes de equipamentos industriais do
subsetor - Zanini (Sertãozinho) e Dedini "Codistil" (Piracicaba) - juntamente com o
governo federal buscaram uma saída de substituição de energia através da agricultura
canavieira.
Entretanto, o Proálcool em 1975, apresentou-se com a sua fórmula milagrosa
retomando a continuidade do processo de expansão capitalista da agroindústria açucareira-
alcooleira nacional, iniciando nesse mesmo ano o processo de implantação das novas
destilarias anexas e autônomas no Estado (BRAY, 1985).
46
Szmrecsányi (1991) ressalta que o Proálcool fora formulado e estabelecido
muito menos como uma solução para a “crise energética” do país, mas uma alternativa
para previsível capacidade ociosa da agroindústria canavieira, à beira de uma
superprodução de cana e de açúcar, mesmo que a justificativa oficial tenha sido a produção
de um combustível alternativo como forma de aliviar as pressões sobre a balança
comercial, em decorrência da alta do petróleo, até então predominantemente importado.
Com o Proálcool, abriu-se espaço para um novo tipo de empreendimento agro-
industrial, que ficou sendo conhecido como destilaria autônoma, desvinculada da produção
açucareira, produzindo o álcool diretamente da cana-de-açúcar.
O Proálcool, administrado pelo Ministério da Indústria e Comércio através da
CENAL – Comissão Executiva Nacional do Álcool concedia crédito subsidiado aos
projetos. Foram editadas normas e concedidos diversos benefícios públicos para: financiar,
com juros negativos, investimentos na lavoura canavieira e na ampliação e construção de
usinas e destilarias; subsidiar o preço ao consumidor do álcool; aumentar a porcentagem de
mistura do álcool anidro à gasolina; incentivar a produção e a venda de carros movidos a
álcool hidratado (BACCARIN, 2005).
A seguir faremos uma breve caracterização seguindo a primeira fase de 1975 a
1979, após a segunda de 1980 a 1985, depois a terceira de 1986 a 1990 e posteriormente
uma interpretação do período após 1990.
4.1 As fases do Proálcool
4.1.1 A primeira fase do Proálcool (1975 a 1979)
A partir de 1975, com o Proálcool, o álcool anidro carburante deixou de ser
apenas um subproduto do açúcar, passando a ocorrer a intensificação de sua fabricação
diretamente da cana-de-açúcar. Nesta fase inicial do programa, o Estado de São Paulo
47
recebeu em torno de 30% do total dos financiamentos destinado a todos os Estados da
Federação. Isso também se verificou em relação às destilarias anexas às usinas tradicionais
de açúcar e álcool, que receberam mais investimentos do que as novas destilarias
autônomas.
Após o final de 1979, dos projetos aprovados para a instalação das destilarias
autônomas e anexas nas áreas canavieiras do estado de São Paulo, a maioria deles foram
implantados nas tradicionais áreas canavieiras paulistas de Piracicaba, na Depressão
Periférica, Sertãozinho, Ribeirão Preto, Araraquara, Jaú e Vale do Paranapanema, no Alto
e Médio Planalto Ocidental Paulista (BRAY, 1985).
O crédito subsidiado, concedido aos projetos aprovados pelo PNA, foi o
principal instrumento utilizado pelo governo federal para estimular a produção da cana-de-
açúcar e a capacidade industrial de transformação do álcool, o que contribuiu para a
especialização das áreas tradicionalmente produtoras no estado de São Paulo.
No período de 1976 e 1980, São Paulo foi o responsável por 55% do aumento
verificado da área colhida de cana-de-açúcar, seguido pelos Estados de Alagoas com
20,9%, Paraíba com 6,6%, Rio de Janeiro e Pernambuco 5,9%. O Estado de São Paulo, que
em 1976 possuía 34,5% da área plantada com cana-de-açúcar do país, ficava em 1980, com
39,3%, e com quase 50% da produção total nacional desse produto, (BRAY, FERREIRA,
RUAS, 2000). Os referidos dados demonstram o papel que o Estado de São Paulo vinha
desempenhando na produção alcooleira nacional.
Nesse período, em relação ao álcool, observa-se o crescimento apenas da
produção de álcool anidro, usado como aditivo à gasolina. Não houve a produção de carros
à álcool nessa fase, vale ressaltar que os carros desse tipo que então circulavam, eram
adaptados e serviam como experiência piloto (BACCARIN, 2005).
48
Em virtude do Segundo Choque do Petróleo, em 1979, os estímulos públicos
foram reforçados e o Proálcool passou por um processo de transformação, ganhou novas
características e procurou romper com a primeira fase (1975 a 1979) que envolvia a
solução da crise dos produtores do subsetor passando a ser um programa mais dirigido para
uma alternativa de substituição de energia líquida (BRAY, 1985).
4.1.2 A segunda fase do Proálcool (1980 a 1985)
Com a crise do petróleo em 1979, o preço do barril passou de US$ 12 para US$
18. A partir desse contexto, a Comissão Executiva Nacional do Álcool - CENAL traçou o
objetivo de quadruplicar a produção de álcool até 1985, estabelecendo assim a Segunda
fase do PNA.
Os financiamentos cobriam até 80% dos investimentos produtivos, quanto à
parte agrícola, os financiamentos atingiram 100% do valor do orçamento. Nessa fase, o
programa passou a desempenhar uma importância maior, e de certa forma rompeu com a
questão da primeira fase (1975 a 1979), que envolvia apenas a solução dos problemas dos
produtores devido à crise açucareira e passou a ser um programa efetivamente alternativo
quanto à substituição de energia.
Destilarias autônomas, dedicadas exclusivamente à produção de álcool, foram
instaladas, novas áreas e estados foram incorporados à produção canavieira. Assim,
verifica-se a expansão acentuada da produção de álcool hidratado em virtude do
desenvolvimento da tecnologia dos motores a álcool4.
Para atingir a produção almejada em 1985, o Proálcool só aprovou projetos de
destilarias com produção superior a 60 mil litros/dia, justificando que essa é a capacidade
4 Por meio dos estudos do Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) de São José dos Campos e
do maior engajamento da indústria automobilística brasileira.
49
econômica mínima. Com essa medida, a proposta de implantação de mini-destilarias com
capacidade de 5000 litros/dia, apesar de possuir vários defensores neste período, acabou
sucumbindo (BRAY; FERREIRA; RUAS; 2000).
Devido a capacidade produtiva das novas destilarias autônomas, observou-se
um grande crescimento da produção alcooleira. No período de 1979 a 80, por ter recebido
os maiores investimentos do Proálcool através de seu parque açucareiro/alcooleiro
instalado, o estado de São Paulo foi o responsável por 72,79% da produção nacional.
Ao final de sua segunda fase, o Proálcool conseguiu uma produção que
extrapolou os 10,7 bilhões de litros programados. No fim do ano de 1985, o Governo
Federal constituiu a Comissão Interministerial de Avaliação do Proálcool sob a
coordenação da Secretaria Executiva da CENAL.
Em relação a primeira fase, a expansão do setor sucroalcooleiro muda suas
características com o avanço dos canaviais em direção a outras regiões, o crescimento do
número de destilarias autônomas e uma maior produção do álcool hidratado usado como
combustível em automóveis. O uso da tecnologia de motores a álcool acrescido dos
incentivos tributários para compra de carros, fez com que, nos meados da década de 1980,
estes veículos passassem a representar aproximadamente 90% do total de carros novos
comercializados no país.
4.1.3 A terceira fase do Proálcool (1986 a 1990)
Estima-se que os créditos ao Proálcool, entre 1975 a 85, destinados aos
investimentos agroindustrial e agrícola e de custeio embutiram, neste período, subsídios de
até 90%. Além disso, especialmente a partir de 1984, os subsídios à comercialização de
álcool hidratado aumentaram de forma considerável, pressionando o déficit público
(BACCARIN, 1994).
50
Neste contexto, os créditos subsidiados para investimentos foram cortados.
Todas as destilarias em funcionamento, assim como as que passaram a funcionar a partir
de 1986, tiveram que se adaptar às novas condições do mercado alcooleiro e também às
novas políticas para o setor traçadas pelo governo da Nova República. Nesta fase, o
Proálcool continuou como grande programa energético alternativo, mas com um perfil
pouco definido e uma estagnação na produção alcooleira nacional (BRAY; FERREIRA;
RUAS, 2000, p.70).
Durante a década de 1980, os preços internacionais do petróleo tenderam a
cair, contrariando o ocorrido na década anterior, além disso, o Brasil reduziu sua
dependência externa do produto, com o aumento da produção nacional.
Diante dos baixos preços do petróleo, a viabilidade do álcool combustível, em
substituição à gasolina, dependia do aumento dos subsídios públicos ao seu consumo,
porém a década de 1980 foi marcada por uma profunda crise fiscal e pelo acirramento do
processo inflacionário, o que restringiu as possibilidades desse aumento.
Além disso, o que prevaleceu foi um ajuste orçamentário, que entre outras
medidas, realizou cortes nos subsídios destinados a agricultura, especialmente para o setor
sucroalcooleiro, onde foram eliminados os financiamentos subsidiados para investimento e
definido os reajustes aos preços de álcool.
A redução dos incentivos do Proálcool resultou na estagnação da produção e no
desabastecimento do mercado consumidor, como conseqüência, nos anos de 1989 e 1990,
chegou a se observar falta de álcool nos postos de combustíveis e houve a necessidade de
importação do produto (BACCARIN, 2005).
Segundo Bray; Ferreira; Ruas (2000), a partir do final da década de 1980 e,
principalmente, após a extinção do IAA (Instituto do Açúcar e Álcool), ocorrida em março
de 1990, o controle e o planejamento do setor sucroalcooleiro ficaram a cargo da Secretaria
51
de Desenvolvimento Regional da Presidência da República e, posteriormente, com o
Conselho Interministerial do Álcool (CIMA), presidido pelo Ministério da Indústria e
Comércio até 1999, quando passou para o Ministério da Agricultura.
Todo este contexto revela uma mudança de paradigma na produção, em que
podemos observar uma busca por um maior desenvolvimento tecnológico das estruturas
produtivas, seja no âmbito agrícola, industrial e/ou administrativo, demarcando outra
dinâmica nesse processo de evolução da agroindústria canavieira no Brasil.
Shikida (1997), ressalta o uso de avançadas tecnologias agrícolas e industriais e
novas formas de gestão o que evidencia a preocupação em reduzir custos, como com o
aproveitamento econômico dos subprodutos derivados da cana.
4.1.4 Uma quarta fase do Proálcool? (Pós 1990)
A possibilidade de pensar em uma nova fase do Proálcool no Brasil pode ser
caracterizada por alguns elementos internos de reestruturação do setor, como a presença de
capital internacional, de políticas de retomada de demanda do álcool como combustível
automotor, o que confere novo patamar de intervenção estatal no setor, e de estratégias de
consolidação do álcool anidro com uma commodity no comércio internacional.
Tal ambiente exprime uma mudança do padrão de intervenção governamental
direta para outro, de caráter mais regulatório, em que os interesses do setor sucroalcooleiro
têm como principal local de defesa o Congresso Nacional e não mais um órgão específico
do próprio aparelho de Estado. “Assim, o lócus de pressão do setor, do interior do Estado,
desloca-se para o Congresso e para a sociedade civil, o que incentiva a criação de lobbies e
a defesa de interesses regionais sobre os do setor” (ALVES, 2002, p. 327).
A saída do Estado da regulamentação do setor e o processo de abertura
comercial brasileira são elementos essenciais para a adoção de diferentes estratégias de
52
concorrência pelas empresas do setor. As agroindústrias orientaram suas ações para a
inovação técnico-produtiva de produtos diferenciados quanto ao tipo e qualidade, para
atender aos mercados interno e externo.
Tal situação ocorreu concomitantemente com a estagnação da produção de
álcool e com o deslocamento da matéria-prima (cana-de-açúcar) para a fabricação de
açúcar, apresentando um crescimento constante. Esta produção era destinada
principalmente para atender o mercado externo.
Por outro lado, paralelamente a este processo de estagnação da produção
alcooleira, também ocorreu a desativação do IAA e o esvaziamento contínuo do principal
órgão de pesquisa canavieira do Brasil, o PLANALSUCAR (Programa Nacional de
Melhoramento da Cana-de-açúcar) 5.
Dentre as medidas para extinção do IAA, a principal para o setor açucareiro foi
a saída do Estado na comercialização do açúcar no mercado internacional, permitindo que
as próprias usinas ou grupos de usinas passassem a exportar diretamente. Como a região
Centro-Sul, o estado de São Paulo sempre apresentou custos de produção baixos em
relação aos custos nacionais, o que proporcionou vantagens na exportação do açúcar, em
detrimento da produção de álcool.
À medida que o complexo agroindustrial sucroalcooleiro perde seu órgão de
representação no interior do Estado (IAA) e, portanto, se encontra desamparado da
proteção do Estado pela falta de uma política agrícola geral e específica para o complexo,
cresce a necessidade de apoio na sociedade civil. Nessa medida, é observada maior
participação tanto da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (ÚNICA) quanto de
5 dado seu crescimento transformou-se no principal órgão de pesquisa canavieira com abrangência nacional, até a sua extinção no ano de 1990.
53
usinas em órgãos de planejamento regional, como Comitê das Bacias Hidrográficas e
demais fóruns voltados para o desenvolvimento regional.
Toda essa conjuntura provocou uma mudança significativa no interior do
complexo, passando a ocorrer uma competição mais acirrada entre as empresas
processadoras de cana-de-açúcar do que acontecia quando o Estado administrava os
preços. A concorrência passa a ser por mercado, por capacidade de produção a custos mais
baixos e também por produtos diferenciados. Assim, objetivam atingir outros mercados
como o segmento das indústrias de alimentos e bebidas6 com a fabricação e fornecimento
do açúcar líquido.
Atualmente, o setor sucroalcooleiro tem apresentado produtos bastante
competitivos no mercado internacional devido a atributos como: qualidade, preço e
distribuição que resultam das diferentes estratégias de produção que as empresas que
compõem o setor canavieiro têm buscado após a desregulamentação.
Como reação à desestruturação das agroindústrias brasileiras, causada pelas
dificuldades de adaptação a nova situação econômica, houve o fortalecimento de empresas
transnacionais que expandiram sua atuação na cadeia produtiva do açúcar. Alves e
Assumpção (2002), destacam que as transnacionais adotam estratégias que articulam os
mecanismos de financiamento de atividades às processadoras, como a compra do açúcar e
os investimentos em atividades complementares aquelas que desenvolvem para uso do
açúcar como bem intermediário.
6 É esse segmento, alimentos e bebidas, que sofre grande mudança provocada pela abertura comercial, a qual provoca a instalação no Brasil de filiais de grandes empresas ou grupos transnacionais. A vinda dessas empresas para o Brasil está provocando uma nova articulação de capitais no complexo canavieiro, onde começam a ocorrer alianças estratégicas entre estas empresas e grupos econômicos atuantes no complexo, ou mesmo na compra de usinas por essas empresas transnacionais. Estas alianças dão-se para garantir o fornecimento de novos produtos para essas indústrias (açúcar líquido, açúcar invertido, ácido cítrico etc.) e as fusões ou compras se dão para garantir bases mais sólidas para o processo produtivo dessas empresas no país ALVES, 2002, p.332.
54
Ainda segundo os autores, a transformação do açúcar em formas diferenciadas
tem sido viabilizada pela diversificação produtiva, tecnológica e mercadológica entre as
agroindústrias e as empresas transnacionais com as quais estas se relacionam. Tais alianças
entre as agroindústrias e as empresas transnacionais, ocorrem em função destas últimas
fornecerem o capital necessário para investimentos na diversificação produtiva industrial.
Outro fato importante refere-se ao álcool hidratado, com a comercialização de
veículos do ciclo Otto7 “flex-fluel” ou multicombustíveis, criados em 2003. De acordo
com dados da ANFAVEA (Tabela 2), os veículos “flex-fluel” têm impulsionado a
demanda interna pelo álcool em função do aumento das vendas do número de veículos.
Tabela 2 - Vendas Internas De Veículos Nacionais Movidos a Álcool e Bi-Combustivel – Brasil 2008
Total
Veículos Combustível
Ano Fabricados Álcool Flex Fuel Empresas Fabricantes
1999 10.947 10.947 * Fiat; Volkswagen
2000 10.292 10.292 * Fiat; General Motors; Volkswagen
2001 18.335 18.335 * Fiat; General Motors; Volkswagen
2002 55.961 55.961 * Fiat; General Motors; Volkswagen
2003 84.558 36.380 48.178 Fiat; General Motors; Volkswagen
2004 379.329 50.950 328.379 Fiat; Ford; General Motors; Renault; Volkswagen
2005 844.461 32.357 812.104 Daimler Chrysler; Fiat; Ford; General Motors; Peugeot Citroen; Renault; Volkswagen
2006 1.432.197 1.863 1.430.334Fiat; Ford; General Motors; Honda; Peugeot Citroen; Renault; Volkswagen
2007 1.995.197 107 1.995.090Fiat; Ford; General Motors; Honda; Peugeot Citroen; Renault; Toyota; Volkswagen
Fonte: ANFAVEA/ÚNICA/2008
O desenvolvimento de veículos multicombustíveis tem dado impulso e
consolidação ao álcool como combustível automotivo, esse novo mecanismo inibe o receio
do mercado consumidor frente a um desabastecimento. A garantia de que, em uma
eventual escassez de álcool, a gasolina será um substituto adequado, tem resultado numa
7 São automóveis que possuem motores que usam combustíveis leves como a gasolina, álcool e gás natural ou a mistura de ambos.
55
grande transformação no setor energético, com impulso na produção, sustentado pela
demanda interna.
Outro fator favorável é a comercialização de álcool para alguns países, que por
questões ambientais, vem utilizando o álcool como aditivo à gasolina. (BACCARIN,
2005). Essa necessidade busca atender ao Protocolo de Quioto8, pois esses países
consideram os biocombustíveis uma boa alternativa para a redução da emissão de gases
poluentes na atmosfera. Tal fato, de acordo com dados da ALCOPAR (2008), em 2003, o
Brasil exportou 605,7 milhões de litros de álcool, em 2004 exportou 2.408,2 milhões de
litros, saltando para 3.530,1 no ano de 2007 (Tabela 2).
Cabe destacar também que no mercado internacional de açúcar, com a elevação
do volume exportado, o Brasil se transformou no principal exportador mundial
(BACCARIN, 2005). Também, conseguiu diversificar as nações de destino do açúcar
brasileiro, o que possibilitou a superação do protecionismo praticado pelos Estados Unidos
e países europeus. Segundo dados da ÚNICA (2008), o Brasil exportou, no ano de 2007,
um montante de 19.364,5 milhões de toneladas de açúcar para 124 países com destaque
para Rússia, Emirados Árabes Unidos, Irã, Nigéria, Arábia Saudita, Argélia, Malásia e
Canadá.
Outros fatores têm contribuído para a retomada do crescimento do Setor
Sucroalcooleiro, como por exemplo, a compra de álcool para a constituição de estoques
públicos, que contribuiu para reduzir o excesso de oferta existente no mercado (1998/1999)
8 Conferência das Partes Signatárias da Convenção Quadro sobre Mudanças Climáticas, realizada em 1997 no Japão, como proposta concreta de início do processo de estabilização das emissões de gases de efeito estufa. De acordo com o Protocolo de Quioto os países mais industrializados, grandes emissores de CO2,
ficam obrigados a reduzir suas emissões de gases geradores de efeito estufa (TETTI, 2002).
56
e, portanto, para recuperar o seu preço. Além disso houve a aprovação, entre 2001 e 2002,
das chamadas leis da CIDE e do Álcool9
Baccarin (2005), ressalta que o novo dinamismo setorial caracterizado pelo
crescimento da produção de seus principais produtos, vêm refletindo nas decisões privadas,
através da realização de investimentos em novas plantas agroindustriais.
Diante de todas essas questões, podemos observar um aumento na demanda
nacional pela produção de cana-de-açúcar, culminando em novas áreas de cultivo. Esse
cenário tem resultado no desenvolvimento de novas tecnologias como forma de ampliar a
produtividade, reduzir custos e garantir a estabilidade da oferta.
9 CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) Lei 10.336/2001 estabelece a concessão de subsídio ao preço e ao transporte de álcool. “Lei do Álcool” n. 10.453 estabelece que as subvenções ao álcool “serão concedidas diretamente, ou por meio de convênios com os estados, aos produtores ou a suas entidades representativas, inclusive cooperativas centralizadoras de vendas, ou ainda aos produtores de matéria-prima, por meio de medidas de política econômica de apoio a produção e à comercialização do produto” (BACCARIN, 2005).
58
Precedendo a análise do processo de industrialização do município de
Sertãozinho-SP, faz-se necessário um breve histórico a cerca de sua origem e evolução
econômica. Sendo assim, pretende-se analisá-lo a partir de suas principais características,
históricas, culturais e econômicas.
O município de Sertãozinho possui 403,9 Km² de área territorial e está a 349
km da capital paulista, como pode ser observado no mapa 1. Segundo dados do IBGE
(2007) o município possui cerca de 103 mil habitantes. Concentra um setor industrial
metal-mecânico bastante expressivo e de acordo com a RAIS (2006), esse subsetor
representa aproximadamente 58% do total de estabelecimentos industriais.
Desde o início do século XX, a principal atividade econômica era a cafeeira,
constituídas de fazendas voltadas para a produção e exportação do café, nelas haviam
também, pequenas áreas produtoras de alimentos para consumo como arroz, feijão, milho,
mandioca e cana-de-açúcar que era utilizada para a alimentação animal e para os engenhos
para a produção de aguardente.
Devido ao isolamento, ou seja, a distância, em relação às localidades mais
desenvolvidas, provedoras de materiais necessários às atividades produtivas, se fazia
necessário que dentro das fazendas, se fabricassem ou consertassem arreios, cangas,
carroças, engenhos, ferraduras, instrumentos agrícolas e móveis. Essas atividades foram
dando origem às primeiras oficinas com habilidade no metal no município.
60
5.1 O município de Sertãozinho e a cultura de cana-de-açúcar
Atribuir à cafeicultura exclusividade ao desenvolvimento de Sertãozinho, seria
incorreto, uma vez que pode-se observar, desde sua origem, a presença da cultura
canavieira.
Segundo Hasse (1996), Francisco Schmidt (1850-1924), conhecido também
como grande cafeicultor, o imigrante foi um dos pioneiros da indústria do açúcar na região
de Ribeirão Preto. Para montar o primeiro grande engenho regional, Schmidt contou com o
apoio do poder público local, que em 17 de novembro de 1900, a Câmara Municipal de
Sertãozinho, aprovou uma lei de incentivo fiscal à implantação da agroindústria canavieira
nas terras do município. O projeto fora apresentado por Aprígio de Araujo intendente
(prefeito) com os seguintes dizeres:
"Considerando que este Município presta-se admiravelmente à cultura da cana;
Considerando que os lavradores, amedrontados pela baixa do café, empregaram suas atividades no cultivo da cana e se encontram em sérias dificuldades, devido ao barateamento do aguardente;
Considerando que a cana preserva-se da geada mais facilmente que o café;
Considerando que seria possível utilizar toda a cana que se possa formar no município construindo um Engenho Central, etc.,
proponho: 1) - que se isente de impostos, pelo
prazo de 20 anos, a pessoa ou companhia que montar um Engenho Central, que tenha as proporções de utilizar toda a cana do município na fabricação de açúcar, álcool e aguardente.
- como medida de urgência imediata e auxiliadora, fica revogado o imposto sobre exportação de aguardente constante da lei no 14 Tab.E.(FURLAN JUNIOR, s/d, p.103).
Elaborada para atender a Francisco Schmidt, a Lei Aprígio antecipou em
muitos anos a intervenção protetora do Estado sobre a atividade açucareira.
61
Ainda de acordo com o autor, o Engenho Central foi inaugurado em 1906,
constituiu-se num centro de formação de inúmeros trabalhadores rurais, mecânicos,
gerentes e administradores, permitiu também, a muitos sitiantes na época, um negócio
novo, o plantio da cana-de-açúcar para venda.
Após a sua inauguração, a cana deixou de ser uma simples cultura dentro das
fazendas de café, passou a ser uma alternativa econômica mesmo antes de superar a
cafeicultura em área plantada10, onde podemos observar o início das atividades de três
usinas no município e outras após a Segunda Guerra Mundial, como podemos ver no
quadro 1:
Quadro 1: Cronologia das Usinas no Município de Sertãozinho-SP/ 1916 a 1974
Ano de Fundação Nome da Usina Situação
1916 Usina Albertina Em atividade
1922 Usina Barbacena Desativada
1936 Usina Santa Elisa Em atividade
1945 Usina São Francisco Em atividade
1946 Usina Santo Antonio Em atividade
1947 Usina São Geraldo Absorvida pela Usina Santa Elisa
* Usina Sant’Anna Absorvida pela Usina Santo Antonio
1947 Usina Santa Lúcia Absorvida pela Usina Santa Elisa
Fonte: Hasse, 1996 e informações fornecidas pelas usinas. Nota: * dado não encontrado
As atividades do Engenho Central foram desativadas em 1964, posteriormente,
foi adquirido pelo Grupo Biagi que utilizava suas instalações como base de apoio
operacional da Usina Santa Elisa, atualmente foi tombado como patrimônio histórico-
cultural do município de Sertãozinho.
10 O que ocorreu em 1944 a área plantada de cana-de-açúcar superou a de café (Hasse, 1996).
62
Atualmente, o município possui quatro usinas em atividade e três destilarias,
Usina Santa Elisa, Usina Santo Antonio, Usina São Francisco, Usina Albertina, Usina São
Geraldo (desativada) 11, Destilaria Santa Inês, Destilaria Pignata e Destilaria Lopes, como
podemos observar no mapa 2.
A retração do mercado causada pela crise mundial de 1929 e a superprodução
do café, foram os maiores responsáveis pela extinção quase total da produção cafeeira
local, tal situação concorreu com a adoção da policultura como forma de subsistência de
muitas propriedades, que passaram a comercializar os excedentes, com destaque para a
produção de algodão.
A inflexão econômica ocorrida com a cultura cafeeira promoveu ao longo dos
anos um impulso na cultura de cana-de-açúcar que até então era basicamente utilizada para
o trato animal e para os engenhos de pinga. Nesse contexto, a cana-de-açúcar se consolida
em monocultura na região e fortalece a economia local.
Com os dados da tabela 3 podemos observar o domínio quase absoluto da
cana-de-açúcar na economia rural de Sertãozinho, ainda que essa produção tenha sido
reduzida nos últimos anos em função do aumento da malha urbana, construção de estradas
e outros.
Tabela 3 - Produção das Principais Culturas em Sertãozinho em toneladas CULTURAS 1977 1979 1980 1985 1990 2000 2006
cana de açúcar 1.948.172 2.250.437 1.914.906 2.342.812 2.057.296 2.542.000 2.400.000café 88 37 0 3 188 24 16
amendoim 2.206 5.787 4.173 2.103 5.278 6.500 7.200arroz 265 440 422 820 630 0 0feijão 28 110 52 9 127 0 0milho 1.199 436 605 2.089 1.043 960 1.200soja 0 352 100 272 741 2.400 2.880
algodão 130 0 0 0 0 0 0
Produção total 1.954.065 2.259.578 1.922.238 2.350.093 2.067.293 2.553.884 2.413.302Fonte: IBGE/ 2008
11 sua estrutura em máquinas e equipamentos foram transferidos para a unidade da Usina Santa Elisa na cidade de Castilho-SP, no local ainda estão presentes a estrutura predial e a área se transformou num pesqueiro particular.
64
Outra cultura que vai apresentar expansão significativa é a soja e o amendoim,
utilizados, fundamentalmente, na rotação de cultura da cana, decrescendo desse modo a
importância do milho, mas que ainda assim apresenta em 2006 um aumento na produção.
Destaca-se que culturas de amendoim e soja são realizadas de forma integrada ao processo
de produção da cana-de-açúcar com o objetivo de fixação biológica de nitrogênio ao solo.
Os dados disponibilizados pelo censo agropecuário do IBGE (2006),
demonstram o predomínio da cultura canavieira, uma vez, que outras culturas que
apresentavam alguma importância têm sua produção erradicada, como é o caso do arroz,
feijão e algodão. Ainda, segundo o IBGE (2006), a área agrícola de Sertãozinho passou de
43.825 ha. em 1985, para 39.641 ha. em 1996 e 33.876 ha. em 2006. A redução pode ser
atribuída em função de alguns fatores, como a perda de áreas agrícolas para áreas urbanas.
Concorrendo com a redução de área plantada, observa-se em Sertãozinho um
aumento expressivo na produção de açúcar e álcool que pode ser observado nos gráficos 1
e 2.
Gráfico 1: Produção de álcool* de Sertãozinho no período de 1970 - 2007
0
100.000.000
200.000.000
300.000.000
400.000.000
500.000.000
600.000.000
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Nota:* produção em litros Fonte: dados fornecidos pelas Usinas e Destilarias
65
Gráfico 2: Produção de açúcar* de Sertãozinho no período de 1970 - 2007
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Nota:* produção em sacas de 50Kg Fonte: dados fornecidos pelas Usinas
Analisando os gráficos 1 e 2 podemos observar que os valores apresentados são
ascendentes, com pequenas oscilações durante os anos tanto em álcool como no açúcar,
exceto o ano de 2000, que apresenta queda, reflexo da superprodução nas safras de
1998/1999.
A produção da área plantada de cana-de-açúcar em Sertãozinho apresenta
2.413.302 toneladas, de acordo com os dados do IBGE/2006, enquanto que os dados
fornecidos pelas agroindústrias sobre quantidade de cana esmagada, para o mesmo ano,
representa 11.162.225 t., tal fato nos demonstra uma demanda de processamento das usinas
e destilarias por áreas de produção dos municípios circunvizinhos, conforme o mapa 3.
A tabela 4 demonstra o volume de cana moída nas usinas e destilarias
instaladas no município de Sertãozinho:
66
Tabela 4: Cana esmagada/ moída no período de 1998 a 2007 no município de Sertãozinho-SP
Ano Total
1998 12.029.301,55
1999 11.615.165,16
2000 9.076.554,31
2001 10.211.399,40
2002 10.358.453,00
2003 10.684.717,00
2004 11.338.165,00
2005 11.839.218,00
2006 11.162.225,00
2007 11.044.243,00Fonte: dados fornecidos pelas Usinas e Destilarias
Analisando a tabela, pode-se observar que o montante de cana-de-açúcar
processado é elevado para o ano de 1998, reflexo da supersafra para este ano, os valores
apresentados a partir de 1999 são declinantes que se estende até 2003, quando no ano de
2004 os valores tendem a se elevar em função da demanda por álcool tanto no mercado
interno quanto no externo. A redução apresentada para os anos de 2006 e 2007, pode ser
atribuída a instalação de duas usinas nas áreas que fornecem cana para as agroindústrias
em Sertãozinho, uma pertencente ao grupo Guarani e outra pertencente ao grupo Santa
Elisa, essa situação concorre com o deslocamento da produção de matéria-prima para estas
novas unidades instaladas.
67
Mapa 3 – Municípios* fornecedores de cana-de-açúcar para as usinas e destilarias em Sertãozinho-SP
Nota*: dados fornecidos pelas agroindústrias
68
A facilidade de recepção e escoamento é propiciada pela localização de
Sertãozinho em um entroncamento rodoviário que possibilita o acesso fácil e rápido para
as agroindústrias, fato determinante no fornecimento da matéria-prima e destinação dos
subprodutos. Essa facilidade tem proporcionado a geração de renda nesses municípios,
onde muitos produtores rurais tem substituído culturas menos rentáveis economicamente
pela cultura canavieira, tornando-se fornecedores e arrendatários de terra para a produção
sucroalcooleira. Tal situação concorre com a expansão da monocultura de cana-de-açúcar
nesses municípios, que por sua vez, destinam sua produção para o município de
Sertãozinho, que congrega sete agroindústrias, situação esta que não é apresentada em
nenhuma outra localidade da região de Ribeirão Preto, conferindo uma especialidade no
processamento de cana.
5.2 Início da metalurgia em Sertãozinho
Atualmente, o parque industrial de Sertãozinho é significativamente dinâmico,
possui estabelecimentos que atuam em diversos setores da indústria de transformação, e é
composto por empresas de diversos tamanhos, com destaque para as empresas
metalomecânicas.
A habilidade com o metal está inserida na história industrial do município, com
suas oficinas começando pelos tempos das serrarias e oficinas. Hasse (1996), afirma que
todos aqueles que aprendiam a dominar o ofício de malhar o ferro através da produção e
conserto de utensílios, tinham objetivo de se preservar a manutenção desse labor que era
passado de pai para filho, para os parentes, vizinhos ou conhecidos que eram ensinados a
manter viva a tradição.
A presença em Sertãozinho das agroindústrias a iniciar com os engenhos de
aguardente, presentes desde a origem do município, estas unidades processadoras sempre
69
necessitavam de manutenção nos seus equipamentos, e a partir desse momento que surgem
as primeiras “oficinas” metalomecânicas, muitas vezes de fundo de quintal.
De acordo com Hasse (1996) o quadro 2 nos demonstra o ano de origem de
várias metalomecânicas, no período de 1901 a 1974. Já para o ano de 1975, Ramos e Souza
(2004), ressaltam que, de acordo com os dados colhidos junto ao posto do IBGE local,
existiam 213 estabelecimentos. Segundo o funcionário, naquela ocasião, foi realizada uma
pesquisa de campo de porta em porta e todo habitante que possuía qualquer equipamento
em sua residência e prestasse serviços a alguma empresa ou oficina, era caracterizado
como um estabelecimento, isto explica o número elevado para o referido ano.
Quadro 2: Cronologia de empresas em Sertãozinho de 1901 a 1974 Ano de Fundação Empresa Ramo de Atividade
1901 Oficina Saran Usinagem
1905 Irmãos Gaiofato Ferraria e Marcenaria
1950 Oficina Zanini Usinagem
1960 Moreno Fundição
1962 Samperfil Perfilados
1964 DMB Implementos Agrícolas
1964 Tecomil Usinagem
1968 Golive Fabricação de Trucks
1968 M. Paschoal e Irmãos Caldeiraria
1972 Caldema Calderaria
1972 Camaq Calderaria
1974 Imcas Fabricação e Manutenção
Fonte: Hasse (1996)
A partir de Hasse (1996) e Miceli (1984), realizamos um recorte histórico
sobre o processo de origem e organização de empresas no município de Sertãozinho,
destacamos três delas como exemplos de desenvolvimento do subsetor metalomecânico,
das quais, atualmente, várias das unidades fabris presentes no parque industrial do
70
município, seus proprietários ou operários fizeram parte do quadro funcional de alguma
delas:
5.2.1 Oficina Paschoal
Um dos pioneiros da metalurgia sertanezina foi o italiano Vicente Paschoal
(1873- 1928). Iniciou suas atividades a Rua Barão do Rio Branco era residência na frente e
oficina nos fundos, consertando e fabricando utensílios de folhas de flandres: canecas,
lamparinas, formas de pão, camas de ferro.
O ofício com tubos metálicos o levou a ser solicitado para consertar engenhos
de pinga. Remendava a tubulação dos alambiques e fazia manutenção de moendas, sua
habilidade o levou a consertar caldeiras das usinas.
A oficina Paschoal trabalhava com ferro e madeira matérias-primas afins, onde
no início a manipulação do ferro se fazia por caldeamento, a madeira era o combustível da
forja.
Mesmo sendo uma típica “fundo de quintal” a oficina foi a empresa
metalúrgica de maior dinamicidade até os anos de 1950, tendo cumprido a função de
“escola prática” de fundição e caldeiraria. Era conhecida como ponto de encontro, troca de
idéias entre aqueles que lidavam com o metal, sua produção oscilava de acordo com a
demanda de fazendas, engenhos e usinas.
Na década de 40, durante o período da 2ª Guerra Mundial, a oficina B.
Paschoal e Irmão foi a única do município a receber licença do governo para fabricar
aparelhos de gasogênio, o combustível alternativo à gasolina importada.
Em pouco tempo Sertãozinho tinha vários mecânicos aptos a montar, instalar e
consertar aqueles aparelhos. Isso foi suficiente para capitalizar a empresa e esta, por sua
vez, investir em maquinários, preparando-se para acompanhar o deslanche da agroindústria
71
canavieira na região. Finda a Guerra12 e várias foram as usinas instaladas, e a oficina
participou como fornecedora de equipamentos. Contrariando o original da francesa Fives
Lille, que os fazia em ferro fundido fabricou castelos de moenda em chapas de ferro.
Em 1969, a oficina muda suas instalações junto a Rodovia Armando de Salles
Oliveira com outro nome M. Paschoal & Irmãos. Era um momento de crise econômica,
falta de negócios, desde as maiores empresas às pequenas oficinas de “fundo de quintal”.
Até 1975,
(ano que marca o início do Proálcool), a oficina encontrava-se em concordata, mas mesmo
assim cresceu e o galpão ficou pequeno, transferiu então suas instalações para uma área
maior na mesma rodovia. No ano de 1977 admite novos sócios e muda o nome novamente
para MEPPAM (Metalúrgica Paschoal, Pagnano e Mamed) não durou um ano e foi
absorvida pela Zanini em outubro do mesmo ano. Em 1992, como parte do processo de
fusão da Zanini com a Dedini, deu lugar a Sermatec.
5.2.2 Ferraria Saran
Em 1901, o italiano Luiz Saran (1866-1931), deu início às atividades da
oficina, a ferraria Saran. Era voltada para conserto e fabricação de instrumentos agrícolas,
especialmente machadinho para poda dos cafeeiros, foices para colher arroz e podões para
corte da cana-de-açúcar. Atualmente seus principais produtos são facas para picadores de
cana e podões, desde o início feitas de encomenda, de acordo com especificações
particulares a cada usina de açúcar ou destilaria de álcool. Seu quadro funcional não
ultrapassa 25 pessoas, somente por volta dos anos 80 em função do Proálcool, chegou em
torno de 45 funcionários. Hoje se constitui na mais antiga empresa metalomecânica de
Sertãozinho.
12 Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
72
5.3. Oficina Zanini
O mecânico Ettore Zanini produzia lamparinas, regadores de jardim, bacias,
canecas e trabalhos de solda. Era capaz de reproduzir qualquer peça de metal a partir de
um simples exame visual, dedicava-se também a fabricação de pequenos equipamentos
para os engenhos e as usinas.
Fazer equipamentos maiores, como aqueles que vinham de Piracicaba (Dedini)
ou do exterior, representava uma oportunidade de crescimento. Foi então, que aceitou a
sociedade com Maurílio Biagi. Em agosto de 1950, formalizaram a sociedade, um acordo
entre um mecânico e um usineiro, A dependência da Dedini (Piracicaba) para a
manutenção da Usina Santa Elisa, e a promessa de seus amigos usineiros da região em
destinar a manutenção de suas agroindústrias para a oficina foram a motivação para criação
da Oficina Zanini Ltda.
Suas instalações foram construídas com recursos próprios, numa época em que
muitos empreendimentos realizados no país contavam com o apoio financeiro do governo
federal. Em abril de 1962, a empresa entregou um projeto ao BNDE (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico), com objetivo de angariar recursos para a conclusão de uma
área destinada à fundição. O projeto fora aprovado, no entanto, os recursos não chegaram.
Somente em fevereiro de 1966, quatro anos após a aprovação do projeto, os
recursos foram concedidos. Foram então utilizados para finalizar a construção da
Companhia Açucareira Vale do Rosário, de Morro Agudo, que se tornou a primeira usina
completa produzida pela Zanini.
Em meados de 1974, Ettore Zanini deixa a empresa e vai para a recém-criada
Caldema de propriedade de seus dois genros.
73
Maurílio Biagi, viveria ainda a tempo de inaugurar a destilaria anexa à Usina
Santa Elisa13, em meados de 1977, com a presença do então ministro Ângelo Calmon de
Sá, da Indústria e do Comércio. Foi a primeira planta do Programa Nacional do Álcool
(Proálcool). Em fevereiro de 1978, falece Maurílio Biagi e a Zanini então, se constituía
numa grande oficina de manutenção de usinas e uma fábrica preparada para fornecer
equipamentos a diversos setores como Cimento, Mineradoras, Hidroelétricas, Papel e
Celulose e outros. A atuação para outros seguimentos industriais deu início em 1970.
A existência de possíveis relações institucionais com o Estado (Governo) a
levara a contratar um militar, o coronel carioca Câmara Senna, para fazer lobby no âmbito
federal14. Vitoriosa na concorrência internacional para o fornecimento de grandes
equipamentos de movimentação de minério no porto de Sepetiba, no litoral do Rio de
Janeiro, a empresa recebeu também encomendas de máquinas gigantescas para os portos
da companhia Vale do Rio Doce no Espírito Santo e no Maranhão.
Assumindo o marketing do Proálcool, os Biagi distribuíram bonés e camisetas
com a divisa nacionalista “Vista Essa Camisa, Faça Álcool”. No final da década de 70, a
Zanini S.A. Equipamentos Pesados apareceu no ranking das 100 maiores empresas
brasileiras com vendas superiores a US$ 100 milhões anuais e mais de três mil
empregados. Liderava um grupo econômico do qual faziam parte 37 empresas, algumas
criadas exclusivamente para auferir vantagens fiscais15.
Enquanto o grupo esteve capitalizado vários foram os negócios, principalmente
na aquisição de tecnologia para concorrer com a Codistil, subsidiária do grupo Dedini.
A falta de recursos no Brasil para o financiamento de novas destilarias foi
contornada em 1983 mediante um empréstimo de US$ 250 milhões de dólares feito pelo
13 Sempre fora utilizada como uma espécie de laboratório, todo equipamento novo que era fabricado na Zanini era testado na Usina Santa Elisa. 14 Hasse, ibdem 15 Hasse, 1996 p. 171.
74
Banco Mundial. As concorrências, disputadas por vários consórcios de que participaram
praticamente todas as indústrias brasileiras de bens de capital, foram ganhas na maior parte
pela Zanini, que estabeleceu valores bem inferiores aos da matriz de preços da Comissão
Executiva do Programa Nacional do Álcool (CENAL). Essa defasagem foi uma das fontes
das dificuldades operacionais da Zanini, que começou a incorrer em atrasos e perder
clientes16.
O esvaziamento do Proálcool, na segunda metade dos anos 80, foi compensado
pela alta dos preços do açúcar no mercado internacional. Diversas destilarias autônomas,
que só produziam álcool, equiparam-se para produzir também açúcar. A indústria de bens
de capital teve um alento com essa nova fase de encomendas, chegando a vislumbrar novos
tempos.
No entanto, em meados de 1990, Zanini e Dedini emitiram uma nota oficial
manifestando a vontade de fazer uma fusão. Após vários acordos, foi formalizada a união
nasce em 1992 a DZ. O período da união até 1994 foi marcado por vários desajustes, a
cisão foi assinada em 31 de dezembro de 1994, coube a Dedini uma indenização de US$
25 milhões para ficar sozinha com a DZ. À Zanini S.A. Equipamentos Pesados restaram os
prédios (cedidos por cinco anos à DZ), a Sermatec, a Renk-Zanini e a Zanini
Internacional17.
Outro fato importante foi a criação do Centro de Treinamento Zanini,
conhecido popularmente como “Escolinha da Zanini” iniciada nos anos 70 e desativada em
1982. Ela capacitava pessoas nas áreas de usinagem e caldeiraria e foi responsável pela
formação de inúmeros profissionais, dos quais vários deles constituíram suas próprias
empresas.
16 Hasse, 1996 p. 195. 17 Hasse, 1996 p. 202.
75
Várias foram as empresas que fizeram história em Sertãozinho como a IMCAS
– Indústria Mecânica e Caldeiraria Sertãozinho (1974-1979), TECOMIL - Técnica
Construtora de Máquinas Industriais (1964-1990) e a SAMPERFIL – Sociedade Artística e
Moderna de Perfilados Ltda. (1962-1982). Todas encerraram suas atividades e vários
foram os motivos que levaram a isso – entre eles a concorrência com a Zanini
Equipamentos Pesados, recessão econômica e desentendimento entre os sócios.
77
No sentido de atingir o objetivo central do trabalho, qual seja a
determinação/compreensão do caráter hegemônico do setor sucroalcooleiro no processo de
industrialização do município de Sertãozinho e o grau de dependência dessa
industrialização, fundamentar-se-a esta análise sob os elementos de competitividade
consolidados pelo setor no município tendo como referência a teoria do diamante,
formulada por Porter (1999).
Parte-se do princípio que esta análise permite identificar o que se denomina de
“desdobramentos concretos” que evidenciam a territorialização da hegemonia
sucroalcooleira no setor industrial sertanezino.
A teoria do diamante formulada por Porter (1999) consiste, como apontado
anteriormente, em reconhecer os quatro elementos determinantes: condições de fatores;
condições de demanda; indústrias correlatas e de apoio; estratégia, estrutura e rivalidade
entre empresas; e ainda a variável Governo (Estado).
6.1. Condições dos fatores (insumos)
Para Porter (1999) estas condições focalizam o país ou região em relação aos
fatores de produção como: recursos humanos especializados; condições edáficas;
quantidade de instituições com nível superior; infra-estrutura, principalmente portos,
aeroportos, ferrovias, hidrovias e estradas modernizados para escoamento adequado da
produção, disponibilidade de energia elétrica e telecomunicações, todos necessários à
competitividade da produção, entre outros.
Considerando a infra-estrutura, verifica-se a localização das empresas
sugerindo um padrão de disposição espacial de caráter concentrado nos distritos
industriais, não eximindo aquelas que se localizam no interior da malha urbana e junto às
vias marginais da Rodovia Armando de Salles Oliveira (Mapa 4, pag. 79) e (Figura 1, pag.
78
80). Bem como os principais corredores de distribuição e acesso, demonstrando as
principais rodovias de acesso a Sertãozinho, e que integram sua malha central às diversas
vicinais, permitindo o acesso a usinas e destilarias na região. (Mapa 5, pag. 81)
Estas vias facilitam o recebimento de fatores de produção para as indústrias de
transformação e conseqüente escoamento e distribuição de seus produtos, confirmando a
acessibilidade às fontes de matérias-primas agrícolas e metalomecânicas e ao mercado
consumidor.
Em Sertãozinho verifica-se uma atuação do poder público municipal na
implantação de infra-estrutura de transportes e de apoio com a instalação da rede elétrica,
água e galerias de esgoto. No decorrer da década de 70, em frente a Rodovia Armando de
Salles Oliveira foram instaladas as primeiras empresas a começar pela antiga Oficina
Zanini.
A consolidação de uma área específica para a criação e implantação do
primeiro distrito industrial ocorreu em 1995, através da Lei 3.068, de 31 de julho. A partir
de então, outros distritos foram sendo consolidados, mas por meio da iniciativa privada. No
entorno deste primeiro distrito denominado Maria Luiza Biagi, foram consolidados os
Distritos 1, 2 e 3, este último, implementado a partir do ano de 2005.(Mapa 4, pág. 79).
O poder público reaparece na implementação de mais um distrito industrial,
que foi instalado em Cruz das Posses (Distrito urbano de Sertãozinho) criado por meio do
decreto 4.572 de 28 de agosto de 2006. Assim, o poder local se recoloca como agente de
produção espacial ao instalar os equipamentos urbanos para a localização industrial.
79
Mapa 4: Localização das empresas metalomecânicas pesquisadas no município de Sertãozinho-SP/ 2008
80
Cabe destacar que mesmo que tenha havido a criação de áreas de localização
industrial a instalação de empresas nas marginais frente à rodovia e em bairros próximos a
este eixo urbano ainda é maior. Áreas que reúnem as empresas mais antigas e tradicionais
do município.
Como destacado por Porter (1999), quando uma região não dispõe de alguns
fatores, eles tendem a ser criados como forma de garantir a competitividade. Este processo
de criação sobretudo no caso brasileiro é, muitas vezes, mediado pelo agente público (nas
esferas federal, estadual e municipal).
Trata-se de uma lógica de apropriação de bens e serviços públicos que ampliam
as potencialidades das empresas, seja como fator de produção ou como mecanismo de
composição patrimonial (doação de terras públicas). Outra forma de apropriação pela
valorização de bens imóveis é a partir das contribuições de melhorias, normalmente não
capitalizadas por taxas ou impostos pelo setor público (isenções fiscais nos processos de
instalação das plantas industriais).
Figura 1: Imagem da Rodovia Armando de Salles Oliveira- Sertãozinho-SP
Fonte: Ceise-Br
82
Outro fator de produção apontado por Porter (1999) refere-se aos recursos
humanos disponíveis em uma dada região. Ramos e Souza (2004) destacam que, o período
referente 1975 a 1985, marcado por políticas públicas de subsídios ao setor
sucroalcooleiro, sofre alternâncias de expansão e retração em relação ao número de pessoal
empregado, sobretudo aqueles ligados ao setor metalomecânico, uma vez que as
agroindústrias em plena produção exigiam a manutenção, recuperação e reposição de peças
e equipamentos industriais, demandando grande quantidade de mão-de-obra.
O setor da Indústria de Transformação instalado em Sertãozinho de acordo
com os dados da RAIS-MTE (tabela 9, pág. 85), apresenta em 1999, o menor número de
pessoal ocupado. Este período é marcado por uma trajetória de recessão na economia
brasileira, concomitantemente à crise do setor sucroalcooleiro que se estenderá de forma
mais aguda até o final do ano 2001.
Neste período, o setor sucroalcooleiro reúne uma situação particular: de um
lado a recessão afeta o nível de atividade econômica e impacta diretamente o consumo de
álcool combustível; e de outro, a trajetória negativa de preços internacionais do açúcar
comprometem ainda mais o setor que passava por um processo de superprodução.
(BACCARIN, 2005)
Não obstante, Ramos e Souza (2004) afirmam que esta conjuntura negativa
imediatamente se reverte nos anos posteriores face aos questionamentos sobre os impactos
ambientais dos combustíveis fósseis, recolocando as estratégias alternativas de produção
de combustíveis como o etanol, no foco do consumo nacional.
Analisando as tabelas 5 a 10, nos apresenta um novo período de expansão tanto
em número de empregos como de estabelecimentos, que inicia-se a partir de 2000 e pode
ser observado nas Tabelas 9 e 10.
83
Fonte: Ministério de Trabalho e Emprego – 2006 * IBGE (Posto Local)
Fonte: Ministério de Trabalho e Emprego – 2006
Tabela 5: Número de Estabelecimentos e Empregos para os Subsetores da Indústria de Transformação de Sertãozinho – SP de 1975 a 1987
*1975 1985 1986 1987 SUBSETORES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇAO. Estab. Empr. Estab. Empr. Estab. Empr. Estab. Empr.
Indústria de produtos minerais não metálicos 15 47 6 17 7 40 7 13
Indústria metalúrgica 39 675 18 301 24 460 28 451
Indústria mecânica 74 1464 24 4.979 22 4.029 24 3.794Indústria do material elétrico e de comunicações 4 88 1 21 1 32 1 32
Indústria do material de transporte 8 134 6 90 9 116 8 128
Indústria da madeira e do mobiliário 13 55 14 103 12 104 14 88Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 16 118 5 80 5 71 5 32Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 1 1 4 63 7 123 13 170Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 7 38 5 70 5 64 9 94Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 4 49 1 1 2 5 3 8
Indústria de calçados 0 0 0 0 0 0 0 0Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 32 908 17 3.364 16 3.149 13 2.799
Total 213 3577 101 9.089 110 8.193 125 7.609
Tabela 6: Número de Estabelecimentos e Empregos para os Subsetores da Indústria de Transformação de Sertãozinho – SP de 1988 a 1991
1988 1989 1990 1991 SUBSETORES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇAO. Estab. Empr. Estab. Empr. Estab. Empr. Estab. Empr.
Indústria de produtos minerais não metálicos 4 11 5 15 6 18 7 21
Indústria metalúrgica 26 466 32 618 32 455 30 456
Indústria mecânica 25 4.096 27 3.595 28 3.013 30 3.065Indústria do material elétrico e de comunicações 2 33 3 37 3 28 4 28
Indústria do material de transporte 9 98 7 139 6 88 7 95
Indústria da madeira e do mobiliário 14 83 13 79 16 108 16 81Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 4 21 5 59 6 35 5 31Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 14 113 16 144 13 125 14 101Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 11 75 11 77 13 96 13 76Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 5 19 4 15 9 29 10 23
Indústria de calçados 0 0 1 1 1 2 1 1Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 14 2.977 14 3.537 17 3.674 19 3.397
Total 128 7.992 138 8.316 150 7.671 156 7.375
84
Tabela 7: Número de Estabelecimentos e Empregos para os Subsetores da Indústria de Transformação de Sertãozinho – SP de 1992 a 1995
1992 1993 1994 1995 SUBSETORES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇAO. Estab. Empr. Estab. Empr. Estab. Empr. Estab. Empr.
Indústria de produtos minerais não metálicos 6 16 8 20 3 12 7 29
Indústria metalúrgica 29 322 29 346 42 1.096 46 1.091
Indústria mecânica 32 2.741 35 2.548 30 2.093 35 1.502Indústria do material elétrico e de comunicações 7 54 9 63 8 23 10 37
Indústria do material de transporte 6 56 6 64 3 36 8 37
Indústria da madeira e do mobiliário 17 87 15 90 13 55 18 111Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 4 8 3 4 6 8 2 4Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 13 85 11 93 6 101 5 719Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 14 97 11 100 22 166 21 185Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 5 18 6 25 5 2 6 21
Indústria de calçados 2 2 1 1 0 0 0 0Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 17 2.846 17 2.021 26 3.871 26 3.654
Total 152 6.332 151 5.375 164 7.463 184 7.390Fonte: Ministério de Trabalho e Emprego – 2006
Tabela 8: Número de Estabelecimentos e Empregos para os Subsetores da Indústria de Transformação de Sertãozinho – SP de 1996 a 1998
1996 1997 1998 SUBSETORES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇAO. Estab. Empr. Estab. Empr. Estab. Empr.
Indústria de produtos minerais não metálicos 6 29 7 41 9 58
Indústria metalúrgica 54 868 54 1.022 51 1.107
Indústria mecânica 34 1.455 44 1.472 41 1.139 Indústria do material elétrico e de comunicações 10 34 10 25 9 27
Indústria do material de transporte 9 41 8 172 9 199
Indústria da madeira e do mobiliário 22 119 25 110 23 116 Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 6 9 7 15 8 21 Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 8 737 9 714 8 710 Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 19 152 20 178 18 185 Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 4 10 4 30 5 22
Indústria de calçados 0 0 0 0 0 0 Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 25 5.202 27 2.651 27 3.721
Total 197 8.656 215 6.430 208 7.305 Fonte: Ministério de Trabalho e Emprego – 2006
85
Tabela 9: Número de Estabelecimentos e Empregos para os Subsetores da Indústria de Transformação de Sertãozinho – SP de 1999 a 2002
1999 2000 2001 2002 SUBSETORES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇAO. Estab. Empr. Estab. Empr. Estab. Empr. Estab. Empr.
Indústria de produtos minerais não metálicos 12 61 13 59 18 100 16 99
Indústria metalúrgica 59 1.265 56 1.532 68 1.784 69 2.100
Indústria mecânica 49 1.018 59 1.911 63 2.323 70 2.597Indústria do material elétrico e de comunicações 8 21 8 36 7 26 12 73
Indústria do material de transporte 8 55 9 60 8 100 9 105
Indústria da madeira e do mobiliário 23 111 19 94 17 102 17 93Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 10 20 9 30 10 55 10 48Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 8 676 9 701 10 798 8 951Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 22 186 24 222 25 231 25 260Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 6 27 11 70 11 98 12 94
Indústria de calçados 1 1 1 0 0 0 0 0Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 27 2.235 26 2.060 25 2.226 29 4.471
Total 233 5.676 244 6.775 262 7.843 277 10.891Fonte: Ministério de Trabalho e Emprego - 2006
Tabela 10: Número de Estabelecimentos e Empregos para os Subsetores da Indústria de
Transformação de Sertãozinho – SP de 2003 a 2006
2003 2004 2005 2006 SUBSETORES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇAO. Estab. Empr. Estab. Empr. Estab. Empr. Estab. Empr.
Indústria de produtos minerais não metálicos 15 125 15 120 14 105 12 88
Indústria metalúrgica 74 2.520 84 2.330 85 2.655 80 3.040
Indústria mecânica 75 2.517 86 2.892 101 2.678 117 5.169Indústria do material elétrico e de comunicações 6 67 7 59 9 614 10 155
Indústria do material de transporte 11 72 11 114 9 80 10 178
Indústria da madeira e do mobiliário 17 100 18 104 18 100 15 93Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 11 53 8 54 9 67 9 54Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 9 1.027 10 1.137 13 1.163 16 1.159Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 28 290 28 278 28 307 25 355Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 14 153 15 190 17 207 15 228
Indústria de calçados 0 0 0 0 1 2 1 5Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 30 6.704 33 7.405 38 4.702 43 8.090
Total 290 13.628 315 14.683 342 12.680 353 18.614Fonte: Ministério de Trabalho e Emprego - 2006
86
Destaca-se que esta conjuntura de expansão pode ser pensada no “quarto
período de desenvolvimento do setor sucroalcooleiro”. Ao reunir elementos característicos
pós- primeira fase das reformas neoliberais que, neste caso, estaria marcada pela
desregulamentação do setor, extinção do IAA.
Este quarto período estaria mais ligado a segunda fase de reformas neoliberais
diante do rearranjo econômico estampado pelas estratégias de fusão e aquisição,
internacionalização e abertura de capitais em um cenário de ajustes administrativos e
institucionais (BORGES; SOUZA, 2008), vis a vis a expansão do setor, mesmo que
sustentada pela participação pública, por meio do BNDES, como será apresentado adiante.
Esta segunda fase, do ponto de vista da ocupação e emprego apresenta segundo
os dados da RAIS, em 1999, um total de 5.676 postos de trabalho e de 233
estabelecimentos empresariais. Nas tabelas 9 e 10 observa-se um linha de crescimento
geral da oferta de emprego no município, bem como dos estabelecimentos. No período de
1999 a 2006 a taxa média anual de crescimento do estabelecimento foi de 4,74%, e para o
número de empregos de 6,12%.
Destaca-se, para nossa análise que dois subsetores apresentam importância
singular. De forma mais geral o subsetor de indústria de alimentos que congrega as usinas
e destilarias, é responsável por 39% do total de empregos para o ano de 1999, e em 2006
compõe um resultado de 43%.
O outro subsetor de relevância, este mais diretamente vinculado à temática
desta dissertação, o metalomecânico, representava 40% do total de empregos no ano de
1999 e passou a apresentar um constante crescimento, atingindo 44% do total de empregos
no ano de 2006 com uma taxa média anual de crescimento superior a 11%.
87
Esses processos se relacionam diretamente às questões apontadas acerca da
crise energética que tem pautado a produção de álcool como uma alternativa possível,
concorrendo, portanto, com as taxas de crescimento apresentadas.
Com relação ao número de estabelecimentos observa-se um número sempre
crescente dos mesmos. Ramos e Souza (2004), indicaram que em períodos de crise
econômica após a desregulamentação verifica-se a dispensa de funcionários que por falta
de alternativa e de possibilidade de crescimento setorial investem em negócio próprio. Esse
processo pode ser observado durante a pesquisa de campo. Vários empresários
entrevistados, quando questionados sobre o início das atividades e a motivação de seus
negócios, relataram que a crise do setor, reduzia os novos investimentos das agroindústrias
e ampliava a oferta de pequenos serviços de reparos e manutenção, fazendo com que
micros e pequenos empresários conseguissem espaço para atividade frente às grandes
empresas do setor.
De outra forma, este período é também marcado por uma forte tendência de
terceirização que abateu o setor como estratégia de redução de encargos sociais
trabalhistas, alterando as posições de custos em um período de forte estagnação.
Quanto ao período referente às tabelas 9 e 10, o subsetor indústria de produtos
alimentícios, bebidas e álcool etílico, onde se inserem as usinas e destilarias, apresentava o
montante de 11% do total do número de estabelecimentos para o ano de 1999, e em 2006,
12%. No caso do subsetor metalomecânico, este representava 46% do número de
estabelecimentos em 1999, seguindo um constante crescimento, atingindo no ano de 2006
uma participação de 58% do total.
Esse processo de crescimento, embora em uma conjuntura inversa às
oscilações vivenciadas nos anos 1980 e 1990, é resultado da expansão do setor, fazendo
com que ex-funcionários deem início a micros e pequenas empresas prestadoras de
88
serviços inclusive para os seus ex-patrões, configurando um reflexo de terceirização e
segmentação da produção. Estes pequenos empresários representam para as grandes
empresas metalomecânicas, que assumem contratos de execução de grandes plantas,
maiores reduções no preço de seu produto final.
Ainda em relação ao número de estabelecimentos o subsetor da indústria de
alimentos no ano de 2005, reunia um total de 38 estabelecimentos. No entanto, é preciso
relativizar estes dados, pois o setor possui 7 agroindústrias no município. Desta feita,
observando a base de dados de Valor Adicionado (VA) fornecida pela Prefeitura
Municipal, verificou-se que estas empresas possuíam várias inscrições estaduais e quando
consultadas junto ao SINTEGRA1, cada uma delas também reunia vários números de
CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) apresentando um número total de
estabelecimentos superior às estruturas físicas existentes, o que na verdade se configura em
apenas uma empresa, que utiliza tal subterfúgio fiscal.
A ampliação do número de empregos e estabelecimentos tem contribuído para
a composição do PIB per capta do município que pode ser observado no gráfico 3 e
consequentemente sobre o valor adicionado2 por setores de atividade econômica (VA)
(indústria, agropecuária e serviços).
Libone e Toneto Júnior (2008), ao analisarem a trajetória do PIB do município
de Sertãozinho identificaram a participação de 43% do total pela indústria e uma redução
do PIB da agricultura, embora o município se localize em uma região de elevado
dinamismo agrícola.
1 Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadoria e Serviços 2 De acordo com a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo o Valor Adicionado (VA) corresponde, para cada Município, ao valor das mercadorias saídas e dos serviços de comunicação e transporte prestados no seu território, deduzido do valor das mercadorias entradas e dos serviços de transporte e de comunicação adquiridos, em cada ano civil imediatamente anterior ao da apuração.
89
Gráfico 3: Produto Interno Bruto Per Capta* – Sertãozinho – SP 1999 - 2005
0,00
5.000,00
10.000,00
15.000,00
20.000,00
25.000,00
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
P IB percapta
Fonte: SEADE/ 2008 Nota: Valores em Reais corrigidos IGP-DI (FGV) base 12/2007
Por sua vez é no valor adicionado que se tem maior clareza sobre o dinamismo
econômico do município. (Gráfico 4). Observa-se a oscilação (retração e expansão) dos
índices, o que denota instabilidade na sua composição. A oscilação observada no setor
agropecuário, em constante inflexão negativa a partir de 2002, se relaciona à redução da
área agrícola do município como já foi mencionado, bem como a trajetória de preços pagos
ao produtor (fornecedor de cana-de-açúcar), face à expansão da produção em outras
regiões do estado de São Paulo, ainda que em alguns períodos iniciais da safra os preços
por tonelada de açúcares recuperáveis totais (ATR) tivesse atingido valores mais
significativos, estes preços não se sustentaram ao longo do ano.
No caso da indústria, estas oscilações se relacionam basicamente a situações de
expansão e retração de consumo e oferta de seus dois principais produtos que determinam
os graus de crescimento do setor industrial em Sertãozinho. Levando-se em conta que o
açúcar está consolidado como commodity, este processo não se estabeleceu em relação ao
etanol, como poderá ser observada nas discussões acerca das demandas que impulsionam o
setor, denotando uma fase de indecisão quanto a esta trajetória do álcool combustível.
90
Gráfico 4: Valor adicionado por setores de atividade econômica* – Sertãozinho – SP 1999 - 2005
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Indústria
Agropecuária
Serviços
Fonte: SEADE/ 2008 Nota: Valores em Reais corrigidos IGP-DI (FGV) base 12/2007
Esta fase de indecisão pode ser observada na curva de preços internacionais
desses produtos que sofrem ainda fortes influências das taxas de câmbio e que
apresentaram oscilações acentuadas nos últimos 2 anos.
O setor de serviços, a partir de 2004, é o que apresenta uma tendência de
crescimento mais sustentável e que pode ser associada à taxa de urbanização do município
que atinge patamar de 97,25%. (LIBONE; TONETO JÚNIOR, 2008).
Durante a pesquisa de campo, abordando ainda questões relativas à força de
trabalho como fator determinante de competitividade industrial em Sertãozinho, muitas
empresas quando questionadas informalmente sobre a contratação e qualificação
profissional, foram unânimes em apontar: em primeiro lugar a necessidade de ampliação
de seu quadro de funcionários e, em segundo, sobre a necessidade de “importar” força de
trabalho qualificada de outras regiões.
Estes trabalhadores tem como origem regiões que apresentam trajetória de
disponibilização de força-de-trabalho e ou estagnação no setor metalomecânico, como por
91
exemplo na região metropolitana da capital paulista. Este fato pode ser exemplificado pelo
número de trabalhadores contratados por empresas do setor através de prestadoras de
serviços (terceirizadas) que alugam casas para acomodar os trabalhadores vindos de outras
localidades.
Outro fato destacado nas entrevistas refere a rotatividade da força de trabalho
nas empresas. A ausência de mão-de-obra no setor metalomecânico, faz com que aumente
a disputa por trabalhadores qualificados que normalmente migram para outras empresas
buscando maiores benefícios. Esse elemento revela a importância da força de trabalho na
determinação do perfil de competitividade da atividade metalomecânica.
Em alguns casos, mesmo quando existe a contratação de pessoal qualificado,
apresenta-se a demanda de formação profissional dada à especificidade das atividades
realizadas para atender ao setor sucroalcooleiro. Neste aspecto um outro elemento, também
considerado por Porter (1999), refere-se às redes de instituições que capacitam e ou
operam na modernização do setor elevando sua capacidade competitiva.
No caso de Sertãozinho muitas empresas qualificam seus profissionais junto ao
SENAI e outras instituições3 de ensino, como apontado por ELIAS (2003). O hiato entre as
necessidades da produção e a capacitação profissional na Região de Ribeirão Preto tem
levado a criação de vários estabelecimentos de ensino, seja no nível técnico ou no superior,
o que pode proporcionar maior mobilidade funcional de trabalhadores entre as empresas.
Embora exista essa lacuna em relação ao preenchimento das vagas de trabalho,
por outro lado, pode-se observar uma significativa presença de pessoas altamente
capacitadas e elevado grau de envolvimento dos proprietários com o processo de produção.
Isso confere a cada uma das empresas uma resposta diferente às pressões competitivas,
3 Centro de Treinamento SENAI “Ettore Zanini”, CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica, FATEC – Faculdade de Tecnologia de São Paulo cujas instalações já estam sendo construídas, Escola Tecno-Sert, Tecno-Tig escola de soldagem, Faculdade Unicastelo, Faculdade Anhanguera.
92
uma vez que estas estão baseadas nas especializações de seus dirigentes onde a maioria foi
funcionário de outras empresas do mesmo setor no município, e, muitos deles se
convertem em força de trabalho em seu próprio estabelecimento.
Este fator se relaciona diretamente à comprovação da origem do capital das
empresas que atuam no município de Sertãozinho. As entrevistas permitiram identificar
que quarenta e duas delas - 94%, - são constituídas por capital local (Tabela 11),
confirmando a tradição de Sertãozinho no ofício metalomecânico, o que pode ser também
observada na composição social do capital da empresa, das quais 67% são caracterizadas
como empresas familiares. (Tabela 12).
Tabela 11: Origem dos Capitais das Empresas – Sertãozinho – SP. 2008
Capital Quantidade %
Local 42 94
Nacional 02 04
Regional 01 02
Internacional 00 00
Total 45 100 Fonte: Pesquisa de Campo
Tabela 12: Composição social do capital das empresas de Sertãozinho – SP. 2008
Empresa Quantidade %
Familiar 30 67
Firma Individual 00 00
Limitada (Ltda.) 14 31
Sociedade Anônima (S.A.) 01 02
Total 45 100 Fonte: Pesquisa de Campo
93
Portanto, a lacuna existente, com relação aos postos de trabalho, é suprida,
muitas vezes, pelos aspectos pessoais e internos de cada empresa que lhes conferem as
diferenças produtivas e organizacionais no processo de produção de cada uma delas. Tal
fato é atribuído aos proprietários por utilizarem suas habilidades e especialidades para
suprir as necessidades da empresa quanto ao preenchimento das vagas e fazer frente ao
mercado competitivo.
Estes proprietários de acordo com Schumpeter (1982) podem ser
caracterizados como empresários, uma vez que continuam presentes no processo de
produção desde o início das atividades das empresas mas pode ser que em algum dia esta
posição se altere. Apenas duas empresas entrevistadas fazem parte de grupos empresariais
representada pela Dedini Indústrias de Base, que pertence ao Grupo Dedini de Piracicaba,
e a Sermatec Industriais e Montagens Industriais Ltda, que faz parte do Grupo Santa Elisa,
são gerenciadas por funcionários sem a participação direta dos proprietários, caracterizados
de acordo com o autor como capitalistas.
Como destacado, sobre a origem do capital, apresenta-se a classificação das
empresas por porte de faturamento. A Tabela 13, foi elaborada a partir da classificação do
BNDES. Embora exista a classificação segundo a Lei nº 123, de 14 de dezembro de 20064
que institui o estatuto da microempresa e da empresa de pequeno porte, utilizada pelo
SEBRAE-SP e outras instituições, considera-se que estas classificações não se estabelecem
como mero elemento taxonômico, pois tais legislações conferem mecanismos de redução
4 No caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-
calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais). No caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).
94
de alíquotas de impostos, o que explica a enorme quantidade de empresas com diversos
números de inscrição estadual (I.E) e CNPJ.
Tabela 13: Classificação das empresas por porte de faturamento*- Sertãozinho – SP 2007.
Porte Faturamento Quantidade % Microempresas Até R$ 1.200.000,00 00 00 Empresas de Pequeno Porte
Superior a R$ 1.200.000,00 até R$ 10.500.000,00 10 22
Médio Porte Superior a R$ 10.500.000,00 até R$ 60.000.000,00 23 51
Grande Porte Superior a R$ 60.000.000,00 12 27 Total 45 100 Fonte: Pesquisa de Campo Nota: *Classificação segundo Carta Circular do BNDES nº 64/02 de 14 de outubro de 2002
As empresas quando ultrapassam faturamento de R$ 2.400.000,00 mudam de
faixas de tributação e obrigações declaratórias. Assim, muitos se utilizam de brechas na lei
de cobrança de impostos e utilizam o mesmo endereço com numeração predial diferente.
Tais empresas ocupam diferentes terrenos onde são construídas suas instalações, em áreas
contíguas ou distantes.
Percebe-se que entre as empresas pesquisadas não houve nenhuma
caracterizada, segundo o BNDES, como microempresa e verifica-se a incidência de 10
empresas, 22% do total, na faixa de pequeno porte, com um faturamento que atinge até R$
10.500.000,00. O maior grupo de concentração está nas empresas de médio e grande porte
que juntas configuram 78% do total. Dentre elas estão as 12 maiores do município, são as
mais antigas, mais tradicionais e possuem maior área de produção e consequentemente
maior volume de capital.
Outro fator importante apresentado por Porter (1999) é o que faz referência à
terra. Embora as discussões apontem para redução da importância desse fator no processo
de produção, sobretudo no que se refere à produção agrícola, considerando que este fator
95
juntamente com o trabalho são constantemente condicionados ao fator de capital, é preciso
considerar o grau de ocupação do uso do solo na região de Ribeirão Preto.
Souza (2008), ao analisar o padrão de homogeneização do uso do solo no
território rural paulista, indica que nos EDRs considerados como regiões tradicionais de
exploração sucroalcooleira, tais como Ribeirão Preto (onde se insere Sertãozinho),
Piracicaba, Jaú e Jaboticabal, o percentual de uso e ocupação do solo agrícola para
produção de cana-de-açúcar, para o ano de 2006, atinge patamares de 74,1%, 71,8%,
70,5% e 58,4%, respectivamente. Esse aspecto demonstra o grau de articulação territorial
do setor no processo de apropriação capitalista da terra nestas regiões, sem considerar as
trajetórias de expansão da cana sobre outras atividades rurais, tais como laranja, soja e
pecuária, também demonstrados pelo autor, em regiões de reduzida tradição na produção
sucroalcooleira.
Ainda que a Teoria Econômica, de maneira geral, tem apontado a perda de
importância do fator locacional da matéria-prima no processo de produção e, por sua vez,
na determinação locacional das indústrias, pode-se considerar, no entanto, no setor
sucroalcooleiro, que as fontes de matéria-prima apresentam importância, tendo em vista
que o fornecimento da cana-de-açúcar se coloca como elemento estratégico e competitivo,
dada a especificidade de ativo temporal (AZEVEDO, 1997).
Borges e Souza (2008) indicam que o raio de ação das empresas processadoras
pode atingir até 80 km na obtenção de cana-de-açúcar, embora as análises de custo
indiquem 25 a 30 km como limite de rentabilidade para o corte, carregamento e transporte
da matéria-prima.
Nesse sentido, vale destacar a quantidade de cana processada em Sertãozinho.
De acordo com os dados do IBGE, em 2006, o município produziu cerca de 2.413.302
toneladas, mas segundo as usinas e destilarias, para o mesmo ano, o processamento foi de
96
11.162.225 t. de cana-de-açúcar, portanto um valor superior em relação a área plantada,
demonstrando a utilização de matéria-prima produzida em municípios vizinhos. (Tabela 4
p.66).
O subsetor metalomecânico não apresenta uma dinâmica locacional idêntica,
uma vez que seus fatores de produção não são os mesmos das usinas e destilarias. No
entanto, a localização destas agroindústrias (dependência e a perecibilidade de seu insumo
- cana-de-açúcar), consolida um ambiente de negócios e demanda de serviços para estes
setores industriais.
O fator locacional das usinas concorre ainda com a potencialização da geração
de inovações de equipamentos, peças e serviços destinados ao setor sucroalcooleiro,
evidenciando, portanto, o que Porter (1999) denomina de condições de demanda.
6.2. Condições de demanda
A natureza de demanda interna ajuda as empresas a perceberem com
antecipação as necessidades dos clientes. Caso a empresa tenha uma base de clientes
exigente e sofisticada, poderá, também, antecipar a procura externa. Este processo provoca
inovações e pode garantir vantagens contra os rivais.
Embora a teoria trabalhe que nas condições de demanda o mercado local
pressiona a empresa ou setor a buscar meios perante a competitividade, neste caso não é
somente o mercado local mas também o externo que impulsiona o setor, o que pode ser
observado nas tabelas 14 e 15 através das exportações de açúcar e álcool. Neste caso as
condições de demanda para o setor metalomecânico se processa de forma indireta,
dependente das trajetórias do setor sucroalcooleiro, como poderá ser demonstrado.
Verifica-se que as vendas externas têm sido ascendentes tanto no álcool como
no açúcar, no entanto, a receita sobre estas vendas tem sido flutuante devido aos preços no
97
mercado internacional, conforme apontado anteriormente nas discussões sobre as inflexões
do valor adicionado.
O açúcar brasileiro se consolida no comércio internacional, uma vez que seus
custos de produção é um dos mais baixos do mundo, e mesmo enfrentando barreiras
comerciais impostas pelos mercados dos Estados Unidos e países europeus, o setor tem
encontrado espaço em outros mercados.
Tabela 14: Volume, valor e preço das exportações brasileiras de Açúcar – 1989 - 2007
Volume Valor Preço*
Ano (t) US$ FOB Médio
1989 1.052.819 305.508.138 290,18
1990 1.540.536 525.486.296 341,11
1991 1.655.112 440.302.868 266,03
1992 2.410.963 598.472.281 248,23
1993 3.029.831 778.941.851 257,09
1994 3.432.541 991.469.680 288,84
1995 6.238.624 1.918.198.177 307,47
1996 5.420.630 1.611.494.186 297,29
1997 6.377.481 1.771.323.690 277,75
1998 8.372.602 1.940.836.750 231,81
1999 12.124.224 1.909.746.379 157,51
2000 6.506.359 1.199.110.875 184,30
2001 11.173.214 2.279.058.288 203,98
2002 13.354.331 2.093.643.745 156,78
2003 12.914.410 2.140.022.403 165,71
2004 15.763.929 2.640.229.033 167,49
2005 18.147.062 3.918.849.505 215,95
2006 18.870.167 6.167.015.107 326,81
2007 19.359.022 5.100.530.281 263,47 Fonte: Alcopar/ 2008 *US$/Ton.
Percebe-se que, no primeiro período, de 1989 a 1996, o volume exportado era
menor, mas os preços mais elevados. A partir de 1997, pode-se observar um volume maior
nas exportações com queda brusca na quantidade exportada em 2000, e no ano de 2001 há
uma recuperação do volume exportado com uma melhora nos preços para o mesmo ano.
98
Durante todo o período apresentado verifica-se grande variação nos preços
internacionais porém, o volume exportado é ascendente, atribuído ao aumento do consumo
mundial de açúcar e também ao aumento das exportações para União Européia, motivada
pela queda nos subsídios para o açúcar por imposição da Organização Mundial do
Comércio (OMC). No que se refere ao preço médio por tonelada, observa-se uma
recuperação a partir do ano de 2005, com tendência de queda no último ano, 2007.
Tabela 15: Volume, valor e preço médio das exportações de Álcool Brasileiro de 1980 - 2007
Volume Valor Preço Médio
Anos (litros) US$ Unid. US$/l
1980 308.205.249 133.445.390 0,43
1981 133.154.771 68.417.772 0,51
1982 245.734.063 82.396.004 0,34
1983 278.662.775 79.825.729 0,29
1984 722.582.309 193.045.431 0,27
1985 346.437.896 97.937.904 0,28
1986 244.365.459 69.229.856 0,28
1987 29.739.238 8.398.882 0,28
1988 96.375.479 26.042.664 0,27
1989 31.211.053 9.187.980 0,29
1990 29.772.337 7.406.862 0,25
1991 7.110.753 2.275.592 0,32
1992 166.717.396 55.910.579 0,34
1993 213.087.502 78.534.338 0,37
1994 234.590.201 88.293.788 0,38
1995 256.065.043 106.919.401 0,42
1996 209.046.315 95.420.391 0,46
1997 117.275.175 54.128.755 0,46
1998 94.340.565 35.520.255 0,38
1999 325.772.929 65.847.662 0,20
2000 181.806.324 34.785.662 0,19
2001 255.928.957 92.145.846 0,36
2002 607.213.349 168.995.928 0,28
2003 605.695.324 157.826.797 0,28
2004 2.408.292.014 497.740.226 0,21
2005 2.600.617.428 765.529.199 0,29
2006 3.416.554.591 1.604.730.220 0,47
2007 3.530.144.786 1.477.645.917 0,42 Fonte: Alcopar/ 2008
99
Em relação as exportações de álcool, pode-se observar que este produto não
apresentava capacidade de inserção no mercado externo, diante do reduzido volume,
sobretudo de 1983 a 2003. Apresenta-se um mercado inexpressivo, destinado basicamente
à exportação de álcool para a indústria farmacêutica, química, cosméticos, bebidas e outros
como matéria-prima para a sua produção.(Tabela 15).
A partir de 2004, o volume passou a ser significativo em função do aumento da
demanda no mercado externo ser atribuído às exigências ambientais do Protocolo de
Kyoto, onde alguns países passaram a adicionar o álcool anidro à gasolina, a exemplo das
experiências realizadas no Brasil.
Países como Canadá, Peru, Venezuela, Colômbia, Paraguai passaram a
adicionar na proporção de 10% de álcool à gasolina, enquanto alguns países como Estados
Unidos, Japão, Índia e países membros da União Européia adotaram índices menores. (O
ÁLCOOL QUE..., 2005).
Segundo Abramovay citado por Souza (2008), a União Européia (UE)
aprovou uma diretriz que prevê a substituição de 5,75% dos combustíveis fósseis por
biocombustíveis no setor de transportes a partir de 2010. Cada país do bloco vem
adotando estratégias e medidas distintas para o cumprimento desta meta, que em geral
inclui grandes expectativas de importação e, portanto, tem forte reflexo nos países em
desenvolvimento.
Para se ter uma idéia, a demanda de importação da UE por biocombustíveis
deve ultrapassar os 10 bilhões de litros por ano em 2010. Tal medida pode vir a refletir
diretamente sobre o mercado brasileiro de produção de álcool. No entanto as resistências
quanto a inserção do álcool brasileiro no mercado internacional ainda são significativas,
seja por práticas protecionistas dos mercados internos, seja por questões relacionadas às
100
formas de produção no Brasil, pois são frequentemente questionados fatores de ordem
ambiental e das condições sociais de trabalho no setor.
A tabela 16 apresenta os seis maiores importadores de álcool do Brasil, países
como Estados Unidos e Suécia reduziram suas importações no ano 2007. Este fato não
resultou em efeito negativo, pois o volume exportado teve pequeno aumento, em função de
importadores como Holanda e Japão que ampliaram suas demandas em 43,01% e 61,99%,
respectivamente.
Tabela 16: Maiores importadores de álcool* brasileiro – 2006 - 2007
País Ano 2006 Ano 2007
Estados Unidos 1.749.214.570 849.692.339
Holanda 344.471.284 800.931.351
Japão 227.662.176 367.246.230
Suécia 201.338.875 128.518.980
El Salvador 182.693.906 226.816.993
Jamaica 133.005.446 312.095.691
Demais países 2.838.386.257 2.685.301.584
Total 3.416.554.588. 3.530.144.786 Fonte: Alcopar/ 2008 Nota*: em litros
A oscilação nos índices de exportação entre os países se deve ao fato de nações
como os Estados Unidos apresentarem restrições a importação do álcool brasileiro, o que
explica sua redução entre 2006 e 2007. No entanto, cabe destacar que há entrada de álcool
brasileiro no mercado americano de forma indireta. Ocorre um processo de triangulação
realizado pelos países da América Central que tem firmado acordos comerciais bilaterais
com os Estados Unidos, sendo que as importações de El Salvador e Jamaica passam por
101
um processo de retirada da água do álcool brasileiro e, posteriormente sua comercialização
com os EUA como se fosse produto destes países.
No caso da Holanda, a ampliação do volume se explica pela entrada do álcool
no país pelo porto de Rotterdam se configurando em um entreposto de comercialização
com toda a Europa.
Mas, é de fato, o mercado nacional de combustível o grande responsável pela
demanda de produção do setor sucroalcooleiro. Os programas nacionais de
desenvolvimento de produção de combustíveis que se iniciaram com o Próalcool e
posteriormente com as políticas de produção de biocombustíveis, representam buscas de
alternativas energéticas no país.
Tabela 17: Consumo Nacional de Álcool* 1982 - 2007
1982 3.681.697 1983 5.146.667 1984 6.550.122 1985 8.052.781 1986 10.668.365 1987 10.654.878 1988 11.630.312 1989 12.603.926 1990 11.505.622 1991 11.897.737 1992 11.529.764 1993 11.952.657 1994 12.588.604 1995 13.089.789 1996 13.807.201 1997 13.071.140 1998 12.733.851 1999 13.053.070 2000 11.787.319 2001 11.150.174 2002 11.027.430 2003 11.548.061 2004 12.080.296 2005 12.612.651 2006 12.698.954 2007 16.204.090 Fonte: Alcopar/ 2008 Nota: valor em m³
102
O mercado interno é impulsionado pelo aumento do consumo doméstico
(Tabela 17), propiciado pelo preço competitivo do combustível em relação à gasolina.
Paralelo a esse fato, pode-se citar também a criação do carro bicombustível, veículos
movidos tanto a álcool como à gasolina que contribuíram para eliminar os riscos de
desabastecimento; a ampliação das vendas de veículos, conforme já apontado
anteriormente que associada ao preço, contribuíram para um aumento na demanda interna.
Outro fator de relevância refere-se à adição do percentual de 25% de álcool a gasolina.
Todas estas informações elucidam os índices da produção de álcool e açúcar no
município de Sertãozinho, como apontadas nos gráficos 1 e 2 que encontra-se na faixa de
494.641/ litros anuais para álcool e 34.395 toneladas anuais para o açúcar.
Este fato explicita ainda que os fatores de demanda da produção de álcool e
açúcar pelas usinas e destilarias do município implicam diretamente no aumento das
atividades do setor metalomecânico sertanezino.
Indicador desta demanda se apresenta na expectativa das 45 empresas
entrevistadas sobre a ampliação e modernização de suas estruturas nos últimos cincos anos.
Verificou-se nas respostas que, 95% do total aumentaram sua área de produção, adquiriram
mais equipamentos e ampliaram seu quadro de funcionários em função da expansão do
setor sucroalcooleiro para a produção de bens de capital para as agroindústrias.
Tabela 18: Número de empresas com investimentos em modernização nos últimos cinco anos – Sertãozinho – SP - 2008
Respostas Quantidade %
Sim, foram realizados investimentos 43 95,5
Não realizaram investimentos 02 4,5
Total 45 100 Fonte: Pesquisa de Campo
103
Cabe salientar que as empresas entrevistadas realizaram ações de ampliação de
sua capacidade produtiva, principalmente com a aquisição de máquinas operatrizes. Estes
equipamentos são em grande parte de segunda mão (usados). Houve o relato de uma
empresa que adquiriu uma máquina no Canadá porém, sua origem é Polonesa. Tal fato nos
demonstra que embora o setor metalomecânico possa produzir equipamentos de última
geração, estes têm sido confeccionados por máquinas usadas, mas com perfil tecnológico
superior as existentes no país. Esta questão se associa a um processo de modernização
tardia e dependente (MELLO, 1983) da indústria em Sertãozinho.
Outro fator de demanda que atua na modernização e ampliação das atividades
industriais metalomecânicas é a expansão das atividades de produção para a exportação. O
Quadro 3 demonstra aumento na participação das empresas de Sertãozinho nas
exportações de açúcar e álcool, peças, equipamentos e serviços de automação industrial
para outros países, segundo as faixas de faturamento. Há um processo de transferência da
tecnologia de produção sucroalcooleira brasileira considerada pioneira neste segmento,
com instalação de usinas e destilarias em territórios de outras nações.
Verificou-se ainda que muitos dados não estão consolidados como atividades
exportadoras de Sertãozinho, considerando que as empresas informaram a realização das
atividades de exportação através de tradings e que estas se localizam em outros
municípios, Ribeirão Preto-SP por exemplo, sendo assim contabilizadas estas saídas junto
a outras localidades.
104
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – SECEX- Secretaria do Comércio Exterior
A partir do referido quadro pode-se perceber que em 2001, 12 empresas
metalomecânicas exportaram até US$ 1.000.000,00, atingindo, algumas empresas, nos
anos posteriores as faixas de US$ 10.000.000,00 até US$ 50.000.000,00. No subsetor de
Automação Industrial, apresenta-se uma pequena oscilação que gira em torno de 3 e 4
empresas por ano, mas esta mudança de faixa não se estabeleceu de forma sustentada.
Ainda que, de forma pouco expressiva, o subsetor de automação possui uma
estreita ligação com o subsetor metalomecânico, uma vez que atuam fornecendo
componentes para instrumentação e controles de processos de produção que, muitas vezes,
acompanham os equipamentos.
Em relação às Usinas, inicialmente em 2001, 6 empresas estavam concentradas
na faixa de até US$ 1.000.000,00. No decorrer dos anos até 2007, as empresas migraram
Quadro 3: Número Empresas Exportadoras por setor de atividade e volume de faturamento - Sertãozinho 2001-2007
Setor Vol 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 A 12 8 10 10 11 11 11 B 0 3 6 4 6 5 7 Metal
Mecânico C 0 0 0 1 1 3 3
Total 12 11 16 15 17 19 21 A 4 2 2 2 3 2 3 B 0 1 2 3 0 0 1 Automação
Industrial C 0 0 0 0 0 0 0
Total 4 3 4 5 3 2 4 A 6 1 1 1 0 0 0 B 0 2 2 2 2 0 2 Usinas C 0 2 0 3 3 5 4
Total 6 5 3 6 5 5 6 A 5 3 4 6 6 6 5 B 0 0 0 0 1 0 0 Outras
Atividades C 0 0 0 0 0 0 0
Total 5 3 4 6 7 6 5
A - até 1 milhão de US$
B- entre 1 e 10 milhões US$
C- entre 10 e 50 milhões US$
105
para outras faixas, acompanhando o que foi afirmado em relação às exportações brasileiras
de açúcar e álcool.
Quanto ao item Outras atividades, este se apresenta estável, com pequena
oscilação, e se concentra quase que totalmente na faixa de menor valor de exportação.
Ainda na análise do quadro 3, o ano de 2007 apresenta um panorama das
exportações de Sertãozinho denotando a expressividade do setor metalomecânico, com 21
empresas das quais 155 compõem a base de dados da pesquisa de campo.
No entanto, em termos de produção e faturamento é o mercado interno o mais
relevante para o setor metalomecânico. O Quadro 4 reúne os três principais destinos da
produção no estado de São Paulo, no país e mundo, com base na amostra da pesquisa.
5 Empresas entrevistas e exportadoras de acordo com informações SECEX: J W Indústria E Comércio de Equipamentos em Aço Inox, Fundição Moreno Ltda., Planusi Equipamentos Industriais Ltda., Eco-Sand Sistemas e Equipamentos Industriais, Simex - Simioni Importadora e Exportadora Ltda. (Tradyng que pertence a empresa Simisa), TGM Transmissões Indústria e Comércio de Redutores Ltda, Sandvik Mining And Construction Do Brasil S/A (empresa que possui suas atividades dentro da empresa Brumazi), Sermatec Industria e Montagens Ltda, Dedini S/A Industrias de Base, Equipalcool Sistemas Ltda., Simisa Simioni Metalúrgica Ltda., Herom Indústria e Comércio Ltda., T.G.M. Turbinas Indústria e Comércio Ltda., DMB Máquinas e Implementos Agrícolas Ltda., ADDN Assistência Técnica Comercio e Industria Ltda.
106
Quadro 4: Localidades receptoras da produção metalomecânica do Município de Sertãozinho – 2008.
Estado de São Paulo Outros Estados Internacional Catanduva, Paraguaçu Paulista, Presidente Prudente, Novo Horizonte, Maracaí, Ariranha, Naramdiba, Lençóis Paulista, Quatá, Araçatuba, Promissão, Morro Agudo, Sandovalina, Orlândia, São Joaquim da Barra, Jaboticabal Pradópolis, Ribeirão Preto, Batatais, Jardinópolis, Piracicaba, Luiz Antonio, Barretos, Colina, Colômbia, Bebedouro, Castilho, José Bonifácio, Marília, Monções, Sorocaba, Queiroz, Vinhedo, Luiz Antonio, Jacareí, Agudos, Boituva, Americana, Jundiaí, Guarulhos, Jaú.
Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Alagoas e Pernambuco.
Peru, Paraguai, Honduras, Bolívia, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, México, Equador, Argentina, Chile, México, Venezuela, Costa Rica, Cuba, Colômbia, Angola, Estados Unidos, Canadá, Suíça, Alemanha, Áustria, Suécia , Finlândia, Índia.
Fonte: Pesquisa de Campo
Os números indicados poderiam ser ainda maiores, pois as empresas
destacaram apenas os três mais importantes mercados de cada categoria (regional, nacional
e internacional). Isso se deve principalmente em função da ampliação do número de usinas
que estão sendo produzidas por estas empresas e também da manutenção das plantas já
instaladas que somam 376 no Brasil, concorrendo com uma demanda de produção
industrial de peças e equipamentos em todo o território nacional.
107
Tabela 19: Agroindústrias em atividade e projeção de instalação para o ano de 2012 - Brasil.
Estados Em atividade % Projetadas para 2012 %
Goiás 21 5 52 43
Mato Grosso do Sul 12 3 23 18
Minas Gerais 31 8 17 14
Paraná 31 8 04 3
São Paulo 178 48 26 22
Demais Estados 103 28 00 00
Total 376 100 122 100
Fonte: UDOP- União dos Produtores de Bioenergia
Pode-se observar na tabela 19 o montante de agroindústrias em atividade e a
projeção de mais 122 novas unidades das quais várias estão sendo produzidas. O estado de
São Paulo se destaca compondo 178 usinas instaladas e 26 projetadas, representando uma
participação de 48% e 22%, respectivamente. Vale ressaltar que o estado de Goiás
apresenta o maior percentual de projeção (43%). As empresas pesquisadas indicaram
apresentar compromissos fechados até 2010 para a produção de novas plantas industriais
completas, afirmando que a finalização de uma unidade processadora leva em média dois
anos.
Os elementos destacados acima como o mercado de açúcar, álcool, a instalação
de novas unidades processadoras, e, consequentemente a produção de equipamentos
contemplam o fator de demanda que, pressionam as empresas do setor metalomecânico a
buscarem uma constante inovação em desenvolvimento de novos processos de produção
em equipamentos, diante do dinamismo do setor sucroalcooleiro.
108
Tal fato denota o ambiente concorrencial no qual se encontram estas empresas,
elevando o padrão de competitividade entre as mesmas. Com a atual proporção do mercado
interno e destinação de parte de sua estrutura ao atendimento do mercado externo, este
processo acaba se convertendo em vantagem competitiva para o setor.
As empresas metalomecânicas em Sertãozinho reúnem know-how na produção
de bens de capital para o processamento no setor sucroalcooleiro, concorrendo com a
necessidade de relações com fornecedores, empresas prestadoras de serviços e instituições
de apoio.
6.3. Indústrias correlatas e de apoio
As questões apontadas para o item de indústrias correlatas e de apoio referem-
se a presença de fornecedores em escala nacional dotados de qualidade. Estes podem
contribuir para o processo de inovação principalmente se inseridos em uma competição
internacional, fornecendo fatores de produção com menores custos e maior agilidade.
A proximidade entre fornecedores e usuários finais permitirá uma comunicação
mais direta e eficiente, com troca de informações e um constante intercâmbio de idéias e
inovações.
Nesta área destaca-se a importância das empresas metalomecânicas, por
estarem ligadas desde a sua origem ao setor sucroalcooleiro, com a instalação dos
primeiros engenhos no município. Confere esse processo um elevado grau de
especialização técnica e produtiva, pois são fornecedoras de equipamentos e peças para as
agroindústrias tanto no município de Sertãozinho como em outros municípios, outros
estados e outros países.
Essa estreita ligação com o setor sucroalcooleiro conferiu às empresas
metalomecânicas habilidade de desenvolvimento de completa linha de produtos para um
109
maior aproveitamento da cana-de-açúcar, pois as agroindústrias têm adotado equipamentos
diferenciados e novos processos de produção.
Tal estratégia revela sinergia entre as unidades processadoras e os fornecedores
de peças e equipamentos. Muitas vezes as próprias agroindústrias ajudam no
desenvolvimento de inovações e testes de novos componentes. Este é o caso da Usina
Santa Elisa de Sertãozinho, que em sua unidade eram testados os equipamentos produzidos
pela Zanini Equipamentos Pesados (atual Dedini).
As próprias usinas apresentam setores de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D),
mas muitas empresas de grande porte do setor metalomecânico, tais como TGM
Transmissões Indústria e Comércio de Redutores Ltda, Sermatec Indústria E Montagens
Ltda, Dedini S/A Indústrias de Base, Equipalcool Sistemas Ltda., Simisa Simioni
Metalúrgica Ltda., Herom Indústria e Comércio Ltda., possuem setores específicos para
geração de novas tecnologias e produtos como apontado nas pesquisas de campo.
Outro aspecto importante refere-se a utilização dos materiais para o processo
de produção. As empresas utilizam materiais específicos, como apresentado no quadro 5,
diante da especificidade de cada encomenda.
Quando questionadas sobre a procedência desses materiais, verificou-se a
presença de vários fornecedores e um processo de intermediação tendo em vista o volume
de compra das empresas. Localizados, em sua maioria em São Paulo, capital, as grandes
empresas que atingem cotas de consumo obtêm preços mais competitivos. Porém, mesmo
as empresas menores também adquirem produtos em São Paulo pela qualidade, preço,
prazo de entrega, prazo de pagamento e sobretudo, a certificação desses materiais.
Destaca-se, por exemplo, a empresa ADDN Assistência Técnica Industrial
Ltda. que adquire de um fornecedor localizado no México, aço fundido, diferenciado pelo
maior grau de dureza que confere ao seu produto final, maior durabilidade e resistência.
110
Ainda que a distância e a diferenciação do produto possam promover impactos nos custos,
segundo a empresa, a qualidade dos produtos gerados se sobrepõe a estes fatores,
destacando a facilidade de transporte marítimo ao porto de Santos e o deslocamento viário
até Sertãozinho como elementos competitivos, o que ratifica as condições de fatores.
Quanto a compra com fornecedores de Ribeirão Preto, ela apenas se realiza na
falta de produto em estoque ou na necessidade de cumprimento de entrega de curto prazo.
Duas empresas indicaram nas entrevistas, a aquisição de matéria-prima com representantes
de Piracicaba e São Paulo, mas que se estabelecem por relações de confiança e amizade.
Fonte: Pesquisa de Campo
Quanto aos equipamentos utilizados nos processos de produção, algumas
empresas recorrem ao aluguel de máquinas e equipamentos (tabela 20) para atender suas
demandas. Conforme o Tabela 20, 21 empresas (47%) realizam a locação de
equipamentos. Destas, 16 (76%) realizam apenas com a ampliação da demanda e 5
empresas (24%), frequentemente.
Os equipamentos alugados são: guinchos, equipamentos de gás, elevadores,
compressores de ar, muncks e outros. A especificidade destes ativos, o valor e os custos de
manutenção inviabilizam sua aquisição. (Tabela 20)
Quadro 5: Setor metalomecânico - materiais utilizados e sua procedência – Sertãozinho-SP
Materiais utilizados Qual a procedência? Representantes de São Paulo, Ribeirão Preto, Piracicaba, México. Por que busca nessa localidade?
Chapas de aço carbono, chapas de aço inox, chapas de alumínio, chapas de ferro, chapas de bronze, tubos, aço forjado, aço fundido, discos abrasivos, vigas, cantoneiras, ligas especiais, resíduos de metalúrgicas, sucatas de ferro, bronze e alumínio
Qualidade; Material com certificação; Preço; Prazo de pagamento; Prazo de entrega.
111
Por sua vez, este fator denota uma inter-relação entre as empresas de serviços,
correlação de sua base de apoio na consecução das atividades das empresas
metalomecânicas.
Tabela 20: Aluguel de equipamentos – Sertãozinho-SP/ 2008
Sim % Não %
21 47 24 53
Por demanda % Frequentemente %
16 76 5 24 Fonte: Pesquisa de Campo
Cabe destacar também a atuação das entidades ou instituições de apoio, tabela
21. Existe um elevado grau de associação por parte das empresas, e estas destacaram sua
importância principalmente em relação ao Centro Nacional das Indústrias do Setor
Sucroalcooleiro e Energético - CEISE-Br. Esta instituição apresentou organização e
representatividade nas negociações trabalhistas, junto aos sindicatos e aos poderes
governamentais.
Tabela 21: Empresas associadas a entidades – Sertãozinho – SP/2008
Entidades Quantidade %
CEISE-Br 34 75
SEBRAE 02 04
SENAI 34 75
SESI 34 75 Associação Comercial e Industrial 23 51
Outros 02 04 Fonte: Pesquisa de Campo
112
Quanto ao SESI e SENAI, foram destacadas importância na promoção do lazer
e na qualificação profissional dos trabalhadores, respectivamente. Grande parte dos
entrevistados destacou a redução do papel dos sindicatos dos trabalhadores, seja por conta
de um mercado de trabalho em expansão, ou por uma conjuntura diferenciada em relação
aos anos 80, quando os enfrentamentos de classe eram mais agudos, o que fez com que os
empresários constituíssem o Ceise Br como instrumento de negociação patronal.
Atualmente, segundo os empresários, o sindicato dos empregados tem como função a
promoção do lazer, cursos profissionalizantes e a representação dos trabalhadores
pontualmente nos períodos de dissídio coletivo.
Verificou-se que toda empresa apresenta alguma ligação com algumas destas
entidades de classe. Existe um vínculo de 75% com o CEISE-Br (Centro Nacional das
Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético), ao SESI, ao SENAI, e 51% em relação a
ACIS- Associação Comercial e Industrial de Sertãozinho. Esta entidade quando procurada
para composição do cadastro de empresas do município argumentou que o mesmo é antigo
e não foi informatizado e que poucas empresas metalomecânicas estariam vinculadas à
ACIS. Este fato acabou se confirmando pela reduzida filiação, sendo que as empresas
apontaram para a inocuidade da entidade para este setor.
Nesse momento cabe destacar a importância do Ceise Br, fundado em 1980.
Surge como órgão mediador frente a greve dos metalúrgicos. Naquele período a
Associação Comercial e Industrial de Sertãozinho (ACIS) tradicionalmente voltada para o
comércio não possuía condições de dialogar com os sindicatos. Foi então que os
empresários criaram o CEISE, hoje Centro Nacional das Indústrias do Setor
Sucroalcooleiro e Energético (CEISE Br).
Durante os anos 80, possuía pouco mais de doze associados, tornando-se um
mero escritório da delegacia regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
113
(CIESP) em Ribeirão Preto. No entanto, sua ínfima representação industrial evoluiu
perante a recessão econômica a ponto de se tornar, em 1994, uma das quarenta e seis
delegacias regionais do CIESP.
Um momento muito importante para o CEISE, foi a criação da Sucroálcool no
ano de 1985; em 1993, passou a ser chamada FENASUCRO – Feira Internacional das
Indústrias Sucroalcooleiras (Mapa 6, p. 114). Um espaço temporário como afirma Ramos e
Souza (2006), para a comercialização de peças e equipamentos industriais, projetos,
sistemas elétricos e automação industrial e foi constituída como uma alternativa de
enfrentamento ao período de recessão econômica, vivenciados com o corte dos subsídios.
A FENASUCRO propiciou a Sertãozinho no decorrer dos anos a consolidação
na especialização do subsetor metalomecânico para a prestação de serviços e produção de
peças e equipamentos para o setor sucroalcooleiro, tornando-se referência internacional
neste segmento.
Em 2003 teve início outra feira importante para o setor, a AGROCANA -
Feira de Negócios e Tecnologia da Agricultura de Cana-de-Açúcar - voltada para
produtores e profissionais que atuam na área agrícola das usinas. No ano de 2005, passou a
ser realizada simultaneamente à Fenasucro.
114
Mapa 6: Localização da FENASUCRO - Feira Internacional das Indústrias Sucroalcooleiras – Sertãozinho – SP/2008
Des. Leandro Bruno dos Santos
115
Ressalta-se a For Ind – Feira de Fornecedores Industriais do Interior do Estado
de São Paulo – iniciada em julho de 2007. Realizada no mesmo local onde ocorre a
Fenasucro, essa feira marca mais uma ação do CEISE-Br em parceria com a Múltiplus6,
com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE-
SP, Prefeitura Municipal, Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos
- ABIMAQ e Sistema de Crédito Cooperativo – SICRED. É uma feira destinada em
aproximar micro, pequenos, médios e grandes fornecedores de serviços, peças e
equipamentos industriais instalados em um raio de 200 km a partir de Sertãozinho,
apresentando seus produtos e serviços a grandes grupos empresariais.
Outro destaque é o projeto METALTEC – Programa de Apoio à
Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias do Setor Metalomecânico de
Sertãozinho, que tem como objetivo atender as micros e pequenas empresas atuantes nos
seguimentos de metalurgia, como por exemplo: caldeiraria, estruturas metálicas, serralheria
e usinagem com faturamento anual de até R$ 2.400.000,00. Trata-se de uma parceria entre
o CEISE-Br, SEBRAE-SP, Associação Comercial e Industrial, Incubadora de Empresas e a
Prefeitura Municipal.
Esse projeto foi criado para atender a uma lacuna existente nessa faixa de
empresas que apresentam dificuldades de gestão e alta mortalidade, segundo entrevista
com Agente de Desenvolvimento do SEBRAE. Com o propósito de reduzir esses eventos, o
projeto tem por objetivo auxiliar os empresários no planejamento de suas atividades.
A Incubadora de Empresas de Sertãozinho, criada através da Lei 3272/97, de
29 de outubro de 1997, pela Prefeitura Municipal, iniciou suas atividades em setembro de
1998, com a finalidade de desenvolver as micros e pequenas empresas em vários setores de
atividade. Ela realiza parcerias com a Prefeitura Municipal, o SEBRAE-SP e universidades
6 Empresa também organizadora da FENASUCRO.
116
(UNESP e UNICAMP), que viabilizam programas de assistência temporária às novas e às
empresas estabelecidas por um período de até três anos, recebendo todo o suporte
necessário ao desenvolvimento de suas atividades.
A Incubadora ocupa uma área com um espaço físico subdivido em quinze
módulos que variam de 50m² à 115m² (Figura 2), que são ocupados pelas empresas.
O quadro 6 apresenta as empresas que tiveram origem no ambiente da
Incubadora compondo um total de vinte e sete empresas ligadas a vários setores de
atividade.
Quadro 6: Empresas originadas na incubadora de empresas de Sertãozinho - SP
ADILSON JOSÉ DOS SANTOS SERTÃOZINHO ME (Adisysten Informática)
M&F DIRECT INFORMÁTICA LTDA ME
ADRIANO CARLOS MARI SERTÃOZINHO ME ( Finit)
MARIA APARECIDA COELHO USINAGEM ME (Reformag)
ANGELOTTI´S IND. E COM. DE EQUIP. IND.E AGRIC. LTDA ME
MECA SERT COMÉRCIO DE PEÇAS E SERVIÇOS LTDA ME
ASTÉCNICA INSTR. ELETRÔNICA LTDA ME NÔMADE SERV. COM. MQS. MANDRILHADORAS PORTÁTEIS LTDA ME
AUTHOMATHIKA SISTEMAS CONTROLE LTDA ROCHIA SERTÃOZINHO IND. E COM. LTDA
BRASFOOD EQUIPAMENTOS FRIGORÍFICOS LTDA
SAD TECNOLOGIA E SERVIÇOS LTDA EPP
CLÁUDIO LUIZ DOMINGUES SERTÃOZINHO ME (CLD)
STAMP INDÚSTRIA E COM. LTDA ME
DANILO MUCCI ME ( D`Mucci) STARMIL MONTAGENS DE EMBALAGENS P/ TRANSPORTE LTDA ME
DECORAÇÕES CHAPEUZINHO VERMELHO LTDA ME
TAQUIONS NOR AUTOMAÇÃO IND. LTDA
FERNAVAN COMÉRCIO INTERNACIONAL LTDA EPP
USISERT USINAGENS LTDA ME
INTELLISYSTEM COMÉRCIO E INFORMÁTICA SERTÃOZINHO LTDA ME
VALÉRIA CRISTINA VISQUETO BERTUOLLO ME (Classificados & Cia )
J.C. DOMENICCI SERTÃOZINHO ME FABRICIO DA COSTA RACCO ME (FCR Illumine)
LUCIA GOMES CARRASCAL ME (Vidrebox) PAULO SERGIO MELONI ME
LUIZ LOPES BATISTA SERTÃOZINHO ME ( LB INSPEÇÃO)
Fonte. Incubadora de empresa – Sertãozinho - 2008
117
Figura 2: Imagem aérea da Incubadora de empresas em Sertãozinho - SP
Fonte. Casa da Cultura de Sertãozinho
Na relação empresa metalomecânica e seus clientes, o uso de determinado
equipamento implica conseqüentemente a prestação de serviços, seja por meio da
manutenção e reposição de peças, seja pela fabricação de equipamentos novos completos
estabelecendo assim uma mútua dependência entre os mesmos.
Por sua vez, cabe destacar que as relações contratuais estão restritas às
empresas de grande porte, na consecução de plantas completas de usinas. As ações
correlatas de produção, seja por sistema de consórcio e ou terceirização, em muitos casos,
sobretudo para as pequenas e médias empresas se estabelecem por meio de relações
informais.
6.4. Contexto para estratégia, estrutura e rivalidade.
A competitividade de determinado setor de um país ou região é resultante das
condições e formas como as empresas são originadas, organizadas e dirigidas, enfim, são
118
dependentes dos modelos organizacionais adotados, das práticas gerenciais, dos objetivos
empresariais, da qualidade, do comprometimento dos trabalhadores e de uma forte
concorrência.
A rivalidade doméstica capacitada e competitiva permite menores custos,
maior qualidade, resultando em inovação, novos processos e novos produtos. A rivalidade
também anula as vantagens tradicionais da localização de uma determinada região ou país,
gera vantagens sustentáveis. (PORTER, 1999)
Dado ao ambiente de insegurança econômica e a demanda constante por
aumento da produtividade interna (aumento dos lucros) e externa (clientes mais exigentes),
as empresas buscam a criação de produtos novos e diferenciados adotando medidas de
minimização de custos sem a perda da qualidade. Como ressalta Porter (1993), as empresas
adotam estratégias competitivas que se convertem em ações ofensivas e defensivas, para
fazer frente a influência dos fatores do ambiente geral da indústria.
A rivalidade entre as empresas de um mesmo setor deixa de ser baseada apenas
pela oscilação de preço, apresenta outros fatores importantes como a qualidade, as
características, o desempenho do produto e o empenho nas vendas. (BORGES, 2004).
Em muitos casos o tempo de existência e atuação no mercado pode ser um
elemento diferencial no processo de inserção e na capacidade de atuação. A origem do
capital local, a estrutura familiar das empresas e a forma como se desenvolveram, são
características muito particulares do processo industrial sertanezino.
Quadro 7: Início das atividades das empresas entrevistadas – Sertãozinho - SP
Décadas 1900 1960 1970 1980 1990 2000 Nº de Empresas Fundadas 01 02 05 15 13 09
Fonte: Pesquisa de Campo
119
Pode-se verificar os períodos de criação das empresas pesquisadas. A Saran ,
sinônimo de empresa familiar, fundada em 1900 está na quarta geração. É a mais antiga do
setor. Produz podões (facões) para o corte de cana quase artesanal, pois consideram este
produto a imagem da empresa frente ao mercado. Mesmo sendo um dos produtos de maior
preço, supera a concorrência em decorrência da qualidade e durabilidade. Atualmente a
empresa reúne um mix de equipamentos ligados ao setor, com características artesanais,
destacando ferramentas como martelos e facas de máquinas picadeiras de cana-de-açúcar.
No Quadro 7 percebe-se que entre as décadas de 1960 e 1970, surgiram 7
estabelecimentos (16%). No entanto, pode-se inserir uma empresa para a década de 1950.
A Zanini Equipamentos Pesados, cujas instalações ainda estão em atividade, mas por um
processo de fusão e aquisição, em 1992, esta empresa passou a compor o Grupo Dedini
Indústrias de Base, inserida na década de 90. Nos anos 1980 foram fundadas 15 empresas
(34%), nos anos 1990, 13 (29%), e nos anos 2000, 9 empresas (20%).
As empresas, dos anos 1990 e anos 2000, em sua maioria, apresentam
estruturas de pequeno porte, nesse intervalo apenas três são consideradas de médio porte
enquanto que as empresas de médio e grande porte, classificadas pelo faturamento, têm,
em sua maioria, o início de suas atividades entre as décadas de 1960, 1970 e 1980. Este
fato se coaduna com os apontamentos de que as empresas de pequeno porte derivam
fortemente de conjunturas marcadas pelos processos de terceirização e segmentação e,
notadamente, as grandes corporações, dos anos 1990, revelam os efeitos típicos de segunda
geração das políticas neoliberais que também atingem o setor metalomecânico,
exemplificado pela F & A (Fusão e Aquisição) realizada pelo grupo Dedini.
O Quadro 8 indica o perfil motivacional dos empresários em relação a sua
atividade. Observa-se que 45% responderam que optaram por “trabalho conta-própria”.
Este grupo se vincula, por maioria, a um período de expansão do setor, com fortes
120
subsídios governamentais. Um outro grupo, “arriscar o negócio”, ainda que aparentemente
tenha a mesma significação de “trabalho conta-própria”, tem esta decisão marcada por um
período de crise. Muitos iniciaram atividades após processo de demissão.
Neste momento, como salientado, as usinas demandavam elevado número de
atividades de reparo e manutenção e em menor quantidade a contratação de grandes
plantas industriais. O “arriscar o negócio”, neste período, se configurava em efetivo risco,
mas com melhores condições de enfrentamento às barreiras de entrada dos períodos de
expansão, que demandam maiores investimentos em máquinas e equipamentos. Ao
contrário, este grupo inicia suas atividades com equipamentos usados e leves o que facilita
sua entrada no setor.
As outras empresas apontadas no Quadro 8, se classificam da seguinte forma:
quatro empresas já eram de propriedade da família; três não responderam e duas empresas
são de propriedade de profissionais aposentados.
Quadro 8: Motivação para se tornar empresário do setor Sertãozinho – SP.
Quantidade Motivação
04 Empresa da família
20 Trabalho conta-própria
16 Arriscar o negócio
02 Aposentadoria
03 Não responderam
45 Total Fonte: Pesquisa de Campo
Durante o trabalho de campo notou-se um ambiente competitivo marcante em
Sertãozinho. As empresas quando questionadas sobre a localização da concorrência
121
argumentaram que ela é próxima, e a troca de informações e parcerias é praticamente nula
só havendo reciprocidade a respeito da pesquisa salarial e uso de maquinário utilizado no
processo de produção. Disseram ainda que a concorrência é acirrada, oportunista e muitas
vezes desleal, mas se constitui em um instrumento importante para a produção de novos
produtos e inclusive a busca por novos mercados em setores diferentes.
Quadro 9: Localização da Concorrência – Sertãozinho - SP
Próxima 42
Distante 27 Fonte: Pesquisa de Campo
Quadro 10: Há troca de informações, parcerias, cordialidade entre os concorrentes – Sertãozinho - SP
Sim 06
Não 39 Fonte: Pesquisa de Campo
Em relação à criação e concorrência cabe destacar a importância da empresa
Zanini Equipamentos Pesados, atualmente Dedini Indústrias de Base, que foi local de
concentração de até cinco mil funcionários com uma produção verticalizada. Maurílio
Biagi, quando proprietário, defendia a idéia de que toda a produção deveria ser realizada
pela empresa. Ela serviu de escola para muitos funcionários. No organograma apresentado
na Figura 3 pode-se observar que das 45 empresas pesquisadas, em 28 delas (63%) seus
proprietários tem como origem esta unidade fabril. Ao abrirem seu próprio negócio, de
colegas de trabalho passaram a ser concorrentes.
122
Figura 3: Empresas que se originaram a partir da empresa Zanini Equipamentos Pesados S/A
Fonte: Pesquisa de Campo
ZANINI 1950
MORENO 1962
CALDEMA 1972
EQUIPALCOOL 1983
HERON 1985
ASTEFA 1985
USIMETA 1986
VEMAG 1986
ROMASUL 1986
FERRUZI 1988
BRUMAZI 1988
RG SERTAL 1989
FAV- FUNDIÇÃO
1989
EG TURBINAS
1989
TGM- TURBINAS
1991
ENGEVAP 1991
ADDN 1993
PROMOEN 1995
JW CALDEIRARIA
1995
SERT INOX 1997
PLANUSI 2000
ECO SAND 2002
DIMAGRI 2004
DZ 1992
DEDINI 1994
USIMAP 1995
STARMIL 1995
F.A. SERVICE
1996
CCM 1998
V.V. CALDEIRARIA
2001
VRZ 2004
123
A figura permite identificar questões apontadas anteriormente, no que se refere
aos períodos de constituição de novas empresas por “trabalho conta-própria” , e “ arriscar o
negócio” considerando os anos de formação das mesmas.
A intensificação da rivalidade ou competição tem forçado as empresas a uma
rápida absorção de novas tecnologias para manter ou ampliar seus mercados e continuarem
competitivas. Nesse contexto, o desempenho econômico local, regional e nacional vai
depender fundamentalmente do grau de utilização das bases existentes de tecnologia,
especialização profissional, pesquisas científicas, políticas e recursos financeiros por parte
do Estado, seja na esfera local seja na federal. A disputa dos concorrentes para ampliar a
participação no mercado leva a cada um deles determinadas habilidades onde um pode se
sobrepor ao outro dentro de determinada especificidade.
Tabela 22: Especialidade das empresas pesquisadas – Sertãozinho - SP
Ramos de atividade Empresas %
Caldeiraria 18 40
Usinagem 17 38
Fundição 04 09
Outros 06 13
Total 45 100 Fonte: Pesquisa de Campo
A Tabela 22 demonstra a especialidade de cada empresa pesquisada,
percebendo-se que os itens caldeiraria e usinagem (78%) são os que se sobressaem. Essas
empresas produzem uma larga variedade de peças e equipamentos para a indústria de
transformação, levando-se em consideração que uma planta industrial completa de uma
usina de processamento de cana-de-açúcar possui uma infinidade de componentes. Cabe
124
destacar que as empresas, embora sejam especialistas, muitas podem realizar diversos
serviços de usinagem e caldeiraria. No entanto, o que acontece é que muitas delas por
serem especialistas em determinada área acabam repassando parte do serviço para outras
empresas, seguimentando o processo de produção.
As especialidades são:
• Fundição: processo de fabricação inicial, ocorre a partir do
derretimento de lingotes de aço, ferro, bronze, alumínio e sucatas que vêm das
metalúrgicas. Em estado líquido vai para os moldes que podem ser de isopor ou
madeira que é o tipo de molde mais antigo, precede importantes processos de
fabricação como a usinagem e a soldagem. Uma empresa cuja especialidade é a
fundição apresenta um processo de fabricação bem rudimentar, não existem
maquinários sofisticados a não ser aquelas que realizam serviços de usinagem;
• Usinagem: utiliza produtos semi-acabados como barras, tubos,
chapas e blocos moldados pela fundição, consistindo em um processo que vai
conferir à peça o acabamento, a usinagem modela;
• Caldeiraria: lida com a forma, modela, e utiliza insumos como
chapas, tubos, cantoneiras e outros;
• Outras atividades: referem-se às empresas cuja especialidade é a
assistência técnica industrial, distribuição de tubos, manutenção e reposição de
peças e equipamentos novos e usados.
Identifica-se intensa rivalidade entre as empresas, vivenciada pelo atual estágio
de investimentos no setor sucroalcooleiro. Como ressalta Porter (1999), essa rivalidade se
125
configura em vantagem poderosa, uma vez que o ambiente local pressiona aprimoramento
constante, fazendo com que as empresas obtenham sucesso no mercado interno e externo.
Considerando o número de empresas que realizam exportação com base nos
dados fornecidos pela SECEX, das 21 apontadas no Quadro 3 (pág. 104), verificou-se que
15 empresas que compuseram a amostra de campo, exportavam diretamente ou por
intermédio de tradings.
Diante da insegurança econômica vivida pelas empresas, estas, por sua vez,
adotam ações ofensivas e defensivas para fazer frente à instabilidade, direcionando a sua
produção para outros setores. Neste caso, a possibilidade de direcionamento é de estrema
importância frente a relação intrínseca que o subsetor metalomecânico sertanezino tem
com o setor sucroalcooleiro.
Observa-se uma diversidade de setores de atuação. Das 45 empresas
pesquisadas, 79% apresentam faturamento vinculado ao setor sucroalcooleiro em mais
50%, denotando um grau de concentração e dependência elevado e, por assim dizer, uma
efetiva vulnerabilidade considerando o impacto do setor na empregabilidade local. (Tabela
23).
Embora para algumas empresas, setores como mineração, papel e celulose,
apresentem percentuais de 35% e 33%, respectivamente, sua representatividade é ínfima,
uma vez que a média não ultrapassa os 25% do faturamento.
Pode-se inferir que embora as empresas tenham procurado direcionar sua
produção de peças e equipamentos para outros subsetores da indústria de transformação,
sua base de dependência não se altera, pois não atingem os demais setores com percentuais
superiores a 15%.
126
Fonte: Pesquisa de Campo Org. Dulcinéia Ap. Rissatti Ramos
Algumas empresas, quando questionadas em relação a esta insegurança,
disseram estar aptas a redirecionar suas atividades para outros seguimentos, não atentando
que uma ruptura no setor sucroalcooleiro vai imprimir efeitos negativos no que diz
respeito, principalmente, aos postos de trabalho. Uma vez que somente as empresas
entrevistadas somam 10.332 postos para o ano de 2008, denota-se que uma instabilidade
promoveria um elevado número de demissões.
O número de 42 empresas com faturamento vinculado ao setor sucroalcooleiro,
das quais metade apresenta volume superior a 80%, revela que o nível de atividade para
Tabela 23: Grau de dependência das empresas Metalomecânicas no município de Sertãozinho em relação aos setores de atividades das Indústrias de Transformação.
Percentual de participação no Faturamento Setor
0 - 5 6 - 15 16 - 25 26 - 50 51 - 60 61 - 80 81 - 100 Total
Sucroalcooleiro E - - - 6 5 10 21 42
% - - - 13 11 22 46
Mineração E 7 3 3 1 2 1 - 17
% 15 6 6 2 4 2 -
Papel e Celulose E 9 5 1 - - - - 15
% 20 11 2 - - - -
Siderúrgico E 7 3 1 - - - - 11
% 15 6 2 - - - -
Alimentos E 7 5 1 - - - - 13 % 15 11 2 - - - -
Hidroelétrico E 4 2 - - - - - 6 % 8 4 - - - - -
Automotivo E 1 2 - - - - - 3
% 2 4 - - - - -
Cimento E 1 2 - - - - - 3 % 2 4 - - - - -
Sucos E 2 1 - 1 - - - 4 % 4 2 - 2 - - -
Bebidas E 1 1 - - - - 1 3
% 2 2 - - - - 2
Petroquímico E 4 2 - - - - - 6
% 8 4 - - - - -
Co-geração E 5 1 - 1 2 - - 9
% 11 2 - 2 4 - -
Fundição E - - - - - - 3 3
% - - - - - - 6
Outros E 13 07 - - 1 - - 21
% 28 15 - - 2 - -
127
este setor é superior ao das demais, comprovadamente pelo percentual de participação no
total de empregos que em 1999, era de 39% e em 2006 atingiu 43% do total, denotando
que o município encontrasse em um patamar de elevada vulnerabilidade e baixa
sustentabilidade.
Observa-se que as empresas buscam estratégias de competitividade para
dinamizar suas ações com vistas à produtividade. Nesse ambiente, as empresas têm
buscado meios para minimizar custos e se manterem ativas e presentes no mercado.
A partir da análise da Figura 4 pode-se perceber um grau de vinculação
elevado entre as empresas dentro do processo de produção/manutenção. De acordo com as
informações, do total de 45, 18 empresas (40%) realizam a manutenção e fabricação de
peças para equipamentos industriais e 27 (60%) o desenvolvimento, fabricação e
montagem de equipamentos industriais completos. Um grupo fabrica, faz reparos e
manutenção em peças menores de grandes equipamentos por não possuir área, máquinas
operatrizes e capital suficiente para atuar em grandes plantas.
Outro grupo fabrica equipamentos completos, como caldeira e seus
componentes, por possuir uma maior estrutura tanto em área quanto em maquinário e
volume de capital. Nesse mesmo grupo, observa-se a presença de 6 empresas (22%)
consideradas líderes, que demandam serviços às empresas de pequeno, médio e grande
porte (através de consórcios e parcerias). Constituem-se em porta de entrada de produção
para várias outras empresas, onde normalmente o processo de produção integra diferentes
atividades para se constituir o produto final.
Entre o total de empresas cabe destacar ainda que 10 (23%) realizam parcerias
e consórcios, sendo 9 de caráter ocasional, ou seja, por tempo determinado. A Camaq
Caldeiraria e Máquinas Industriais de Sertãozinho é única empresa que realiza parceria de
128
caráter permanente com uma empresa de desenvolvimento de projetos industriais, por não
possuir este setor em sua unidade.
129
Figura 4: Arranjo produtivo das empresas metalomecânicas em Sertaozinho-SP
Fonte: Pesquisa de Campo
Empresas que realizam a manutenção e fabricação de peças para equipamentos
Industriais (18)
Empresas que realizam o desenvolvimento, fabricação e montagem de equipamentos
industriais completos (27)
PARCERIAS E CONSÓRCIOS
PRODUÇÃO E MANUTENÇÃO
Empresas líderes que geram demanda de produção e serviços para empresas menores (06)
Empresas que realizam parcerias e consórcios (10)
Empresas que não realizam parcerias e consórcios (35)
Ocasionais (09)
Permanentes (01)
Empresas que segmentam as etapas do processo de produção (27)
Empresas que concentram as etapas do processo de produção (18)
Por demanda (21)
Permanentes (06)
TERCEIRIZAÇÃO
São terceirizadas por outras empresas. (19)
Não são terceirizadas por outras empresas (26)
EMPRESAS
45
SEGMENTAÇÃO E CONCENTRAÇÃO
130
As empresas que possuem consórcios, como relatado pela Simisa – Simioni
Metalúrgica Ltda, buscam esta forma de relação por não exigir um contrato formal com
todas as cláusulas e registro em cartório, o que traria custos operacionais às mesmas,
valendo-se de relação de confiança.
No Quadro 11, apresenta-se informação obtida no site da empresa que
demonstra como a atividade de consórcio está presente em Sertãozinho.
Quadro 11: Relação de consórcio entre as empresas Simisa-Interunion fecha contrato com a CAAEZ
CONSÓRCIO SIMISA-INTERUNION, composto pelas empresas SIMISA, INTERUNION COMÉRCIO INTERNACIONAL, EMPRAL, NG METALURGICA, SINER, CALDEMA, WBA, FERTRON E PLANUSI, representadas pela empresa líder do consórcio, INTERUNION, assinou com o COMPLEJO AGROINDUSTRIAL AZUCARERO “EZEQUIEL ZAMORA” S. A. – CAAEZ -, em 05 de Setembro de 2005, na cidade de Sabaneta, Estado de Barinas, Venezuela, contrato para a venda de uma nova usina de açúcar de 7000 toneladas de capacidade de moagem diária e uma refinaria de 600 toneladas dia, completa, com equipamentos de última geração tecnológica. Fonte: www.simisa.com.br/ Notícias
Ressalta-se o sistema de parceria desenvolvido pela empresa Brumazi Soluções
Industriais (Figura 5) com as quatro empresas estrangeiras, é realizado de maneira formal
lavrado em cartório.
Figura 5: Empresa Brumazi e suas parceiras multinacionais – Sertãozinho - SP
Fonte: Pesquisa de Campo
BRUMAZI 1988
HOWDEN VENTILADORES
1999
SANDVIK MINING CONSTRUCTION
2002
KHS INDÚSTRIA DE MÁQUINAS
2002
FIVES LILLE/ FIVES CAIL 2004
131
Retomando as análises da (figura 4, pág. 89) que apresenta as relações de
produção, verifica-se que do total 35 empresas (77%) não realizam esquemas de parcerias
ou consórcios no processo de produção, atividade mais restrita as empresas maiores.
Muitas empresas apresentam estratégias de segmentação ou concentração das
etapas de produção. Do total, 27 (60%) realizam ações de segmentação, das quais 21
(77%) por demanda, quando as encomendas ultrapassam sua capacidade produtiva e 06
(23%), permanentes. Considerando que em muitos casos estas etapas produtivas não são
vantajosas em termos de investimentos de capitais e manutenção de funcionários. Nesse
processo, 18 empresas (40%) concentram as etapas do processo de produção. A maioria de
pequeno porte não repassa os serviços por desenvolverem atividades específicas
terceirizadas de empresas de médio e grande porte.
No que tange a terceirização, observa-se que 19 empresas (42%), em sua
maioria de pequeno e médio porte, são terceirizadas por outras em atividades de
manutenção, reposição e fabricação de peças para equipamentos industriais e que 26
empresas (58%) não são terceirizadas por outras, representam empresas de médio e
grande porte, que por sua vez, repassam serviços para empresas especializadas,
normalmente não concorrenciais.
132
Figura 6: Relações setoriais no subsetor metalomecânico de Sertãozinho - SP
Fonte: Pesquisa de Campo
COMERCIALIZAÇÃO DA
PRODUÇÃO
Mercado Externo Exportação
Direta e
Via Trading
Mercado Interno Vendedores
Representantes e Filiais
DEMONSTRAÇÃO DOS PRODUTOS
Catálogos, Mostruários e páginas na Internet
Projetos
Feiras • Em Sertãozinho(Fenasucro/
Forind/Agrocana); • Pelo estado de São Paulo; • Em outros estados.
GARANTIAS
Vendas através de nota fiscal e recibo de
entrega
Vendas através de contratos formais com cláusulas
contratuais
CLIENTES
Sertãozinho
Todo estado de São Paulo
Outros estados
Em outros países
EMPRESAS METALOMECÂNICAS
ORIGEM DOS METAIS
Piracicaba
Ribeirão Preto
São Paulo
Representantes
México
133
Analisando ainda as relações produtivas das empresas demonstradas na figura
6, verifica-se que estas utilizam materiais específicos desde metais de fundição a outros
produtos (eletrôdos, parafusos, discos abrasivos, etc) utilizados na fabricação e
manutenção de peças como relatado nas entrevistas, são comprados de representantes em
São Paulo, Ribeirão Preto, Piracicaba e México.
Outro fato importante refere-se a geração de oportunidades de negócios que
são implementadas pelas empresas por meio da comercialização de sua produção. Para as
empresas além da inovação verifica-se a importância das estratégias de vendas, ou seja,
definir e explorar novos programas de comercialização como resposta aos estímulos
provenientes do meio externo, como afirmado por Penrose (2006).
Nas empresas metalomecânicas identificou-se diferentes estratégias de vendas
no mercado interno, realizadas por vendedores que atuam dentro e fora da empresa e por
proprietários. Ocorre ainda por parte de algumas empresas a implantação de filiais7 e de
representantes em outras localidades no estado de São Paulo e em outros estados.
As vendas por meio de representantes e filiais só ocorrem entre as empresas de
médio e grande porte. Já a comercialização da produção no mercado externo pode ocorrer
de forma direta realizada pela própria empresa ou indireta via trading. Foi observado que
as vendas para o mercado externo são realizadas pelas empresas de médio e grande porte.
A demonstração dos produtos é realizada por meio de catálogos, mostruários,
páginas na internet, feiras como a FENASUCRO, com destaque para os projetos, toda a
produção é por meio de desenhos industriais, dependendo das dimensões da planta
industrial da qual aquela peça ou equipamento irá fazer parte.
Identificou-se nas entrevistas três formas de acordos de compra e venda de
produtos e serviços. Sistema de “caderneta” ou seja, a empresa vende ou presta serviços, 7 Cinco empresas reponderam possuir filiais em localidades como Maceió(AL), Recife (PE), Cabo de Santo Agostinho (PE), Itaúna (MG), Piracicaba (SP) e Nurnberg na Alemanha.
134
anota e depois cobra, o que denota informalidade. A emissão de nota fiscal e recibo de
entrega, para protestar ou ajuizar o cliente devedor, enquanto uma terceira forma se
estabelece por contratos formais, tal fato demonstrado pelas empresas de maior porte, e
pela negociação de produtos e serviços em grandes plantas industriais.
Nesse sentido verificamos certo grau de fragilidade dessas empresas quanto a
possíveis prejuízos em decorrência do não cumprimento das regras pelo cliente. Muitas
delas se amparam somente pela nota fiscal, ou seja, com o serviço finalizado, não atentam
as partes para possibilidade de rompimento dos acordos realizados.
Em relação a destinação da produção podemos perceber que esta extrapola os
limites do município de Sertãozinho atingindo, como já foi mencionado, várias localidades
inclusive outros países.
Ainda discutindo o determinante rivalidade, estrutura e estratégia, ressaltando o
que foi apontado por Porter (1993) sobre as ações ofensivas e defensivas, cabe destacar a
diversificação e a diferenciação.
As empresas constituem um lugar central de acumulação de capital e
constantemente são impulsionadas a buscar novas oportunidades de crescimento, seja para
a ampliação do capital acumulado ou para a manutenção de sua permanência no mercado,
caso ocorra um período de inflexão econômica.
Questionadas quanto a diversificação, várias empresas responderam que
partiram para atendimento de outros setores da Indústria de Transformação em função das
questões cíclicas econômicas do setor sucroalcooleiro, procurando garantir suas receitas
minimizando as incertezas.
Verificou-se que 74% das empresas pesquisadas (tabela 24, p. 135) iniciaram
suas atividades no setor sucroalcooleiro e, 26% delas atuando em outros ramos de
135
atividade. Tal fato confere às metalomecânicas um elevado grau de vinculação ao setor
sucroalcooleiro na origem de suas atividades.
Em relação a diversificação, 78% das empresas responderam ter diversificado
para outros seguimentos industriais. No entanto, como demonstrado (Tabela 23, p. 126),
embora as empresas tenham se direcionado para outros seguimentos, elas ainda possuem
um elevado grau de vinculação ao setor sucroalcooleiro conferindo ao subsetor
metalomecânico insegurança econômica perante as incertezas do mercado.
Tabela 24: O ramo de atuação na origem da empresa-Sertãozinho - SP
Ramos de atividade Quantidade %
Sucroalcooleiro 32 74
Saneamento Básico 01 2
Bebidas 01 2
Estatal 01 2
Cemitério 01 2
Automotivo 01 2
Fundição 01 2
Papel e Celulose 01 2
Automação 01 2
Geração de energia 01 2
Calçadista 01 2
Carrocerias 01 2
Montagens Industriais 01 2
Guinchos mecânicos 01 2
Total 45 100 Fonte: Pesquisa de Campo
136
Com o intuito de manter e ampliar sua carteira de clientes algumas empresas
adotam estratégia de diferenciação do produto. Para Losekann e Gutierrez (2002) a
diferenciação consiste nos diferentes atributos seja no produto, na forma como ele é
produzido e nas ações realizadas pelas empresas até o consumidor final.
Verificou-se que 60% das empresas disseram que buscam a diferenciação da
produção e 40% responderam que não realizam esse tipo de atividade no seu processo
produtivo.
Com relação ao registro de patentes8, verificou-se que 27% possuem patentes,
o que garante uma situação de monopólio durante o tempo de patente para produtos e
processos, demonstrando que algumas empresas disponibilizam recursos, ou seja, possuem
áreas de P & D (Pesquisa & Desenvolvimento), com características diferentes dos
concorrentes.
Outro item a ser destacado em relação às empresas possuidoras de patentes, é
que elas se encontram entre as de médio e grande porte, uma vez que o desenvolvimento,
obtenção e manutenção de patente é algo oneroso, sendo dispendioso para as empresas
menos capitalizadas. Assim, o que diferencia o produto ou serviço de uma empresa para
outra são os anos de aprendizagem, onde a contínua realização das atividades leva a
melhoria dos processos.
Em relação a diferenciação nos produtos cabe ressaltar a empresa ADDN que
utiliza um aço importado do México. Este confere um diferencial na fabricação de
engrenagens para moendas dando maior resistência a esse produto.
8 De acordo com o INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial - Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgados pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente. Durante o prazo de vigência da patente, o titular tem o direito de excluir terceiros, sem sua prévia autorização, de atos relativos à matéria protegida, tais como fabricação, comercialização, importação, uso, venda, etc. INPI (2008).
137
Algumas empresas utilizam produtos e serviços específicos e para isso
precisam pagar royalties9; elas representam 12%, das empresas entrevistadas, sendo as de
médio e grande porte. Esse caso se refere especificamente às empresas que utilizam
tecnologia de países, como a França e Itália, em seu processo de produção, com o objetivo
de aumentar a capacidade e a eficiência dos processos a que seus produtos são destinados.
Para outras empresas diferenciação se estabelece pela prestação de serviços
pós-venda, garantia de prazo de entrega, assistência técnica e compra de equipamentos que
testam a qualidade de seus produtos.
As análises realizadas acerca das estratégias e a rivalidade entre as empresas do
setor metalomecânico nos leva a identificar uma acirrada concorrência que fomentam e
pressionam a criação de meios para continuarem presentes e atuantes no mercado. Um
outro fator que cabe destaque e pode influenciar no desempenho de uma empresa é o
Governo (Estado) por meio das políticas públicas seja de forma positiva ou negativa.
6.5. Estado
A evolução histórica e os condicionantes culturais das sociedades revelam uma
estreita ligação com o Estado. Segundo Porter (1993), o papel do governo é influenciar o
diamante, sendo extremamente importante no desempenho dos determinantes, como já foi
destacado, reforçando-os ou enfraquecendo-os.
Em nosso país existe uma longa tradição de participação do Estado na
definição de políticas de desenvolvimento setorial, bem como na atuação de agentes
econômicos privados junto ao governo, buscando acumular privilégios ou melhorar a sua
9 Royalties é uma palavra de origem inglesa que se refere a uma importância cobrada pelo proprietário de uma patente de produto, processo de produção, marca, entre outros, ou pelo autor de uma obra, para permitir seu uso ou comercialização.
138
posição em relação aos concorrentes. Assim, o Estado funciona como um sujeito a quem se
recorre como parceiro na regulação ou na atuação em diferentes graus.
Por certo, vale destacar que, em Sertãozinho, a atividade econômica da cana-
de-açúcar se constitui no pólo agregador do processo industrial e já no início do cultivo, se
fez presente estratégias da ação pública de apoio ao setor. Em 17 de novembro de 1900,
por exemplo, a Câmara Municipal aprovou uma lei de incentivo fiscal à implantação da
agroindústria canavieira nas terras do município, esta por sua vez, foi feita para atender
Francisco Schmidt, um dos pioneiros da indústria do açúcar na região. (HASSE, 1996).
Essa Lei antecipou em muitos anos a intervenção protetora do governo sobre a
atividade açucareira. A ação iniciada pelo poder local em 1900, voltou a ser concretizada
nos anos 1970 pelo governo federal, com a implantação do Proálcool, como solução para a
crise do açúcar no mercado mundial e como um programa de alternativa energética o que
permitiu a ampliação da cultura de cana-de-açúcar no estado de São Paulo.
Esse apresentou reflexos no município de Sertãozinho, promovendo a expansão
e modernização de uma base estruturada no processamento da matéria-prima, favorecendo
a ampliação da capacidade produtiva das usinas e instalação das destilarias autônomas.
Com a instituição do Proálcool, o município já contava com toda uma infra-
estrutura de manutenção às agroindústrias composta por empresas metalomecânicas de
manutenção e fabricação de peças e equipamentos para a produção de bens de capital
destinados às indústrias de transformação de cana-de-açúcar.
O setor metalomecânico foi, dessa forma, indiretamente um grande
beneficiário do Proálcool, ratificando o que Porter (1993) menciona sobre políticas bem
sucedidas que atuam sobre as empresas e onde os determinantes subjacentes da vantagem
nacional estão presentes e o governo os reforça positivamente.
139
Cabe destacar que os subsídios e créditos federais, se apresentaram como uma
fórmula milagrosa de acordo (FERREIRA e BRAY 1984), onde grupos de usineiros e
fabricantes de equipamentos industriais do subsetor, juntamente com o governo federal,
buscaram uma saída de substituição de energia através da agricultura canavieira.
Considerando o término deste programa (Próalcool) e os diversos estágios
pelos quais passou o setor sucroalcooleiro nos últimos anos, sobretudo a partir da
desregulamentação no início dos anos 1990, mesmo assim, verifica-se uma presença
significativa do Estado, desde as políticas que ampliam a demanda de produtos do setor,
como a adição de álcool anidro na gasolina, ao apoio a setores de produção de carros
bicombustíveis, entre outras, que revelam esse grau de articulação entre estes agentes
econômicos (setor e Estado).
Neste aspecto, se estabelece uma análise das ações implementadas por meio do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) junto aos subsetores
da indústria de transformação na Micro-região de Ribeirão Preto, destacando a posição do
município de Sertãozinho neste processo.
Tabela 25: Desembolsos do BNDES no Setor Sucroalcooleiro na Micro-Região de Ribeirão Preto10 de 1997 a 2002 (R$)*.
MUNICÍPIOS 1997 1998 1999 2000 2001 2002
CRAVINHOS 2.108.485,80
JARDINOPOLIS 898.266,22 1.055.968,32 427.858,92
LUIS ANTONIO 1.311.505,02 4.262.494,69 2.242.484,29
PONTAL 3.478.302,78 5.681.908,81 1.791.760,21 4.825.390,69 4.691.393,36 5.300.072,64
PRADOPOLIS 12.283.097,39 6.047.851,61 9.446.349,21 3.019.436,65 4.919.800,20
RIBEIRAO PRETO 1.557.211,46 988.326,88 2.513.281,81 STA. ROSA DO VITERBO 375.093,98 3.312.858,26 823.782,74
SERRANA 5.781.011,75 11.082.908,82 2.563.990,51 13.301.146,52
SERTAOZINHO 7.879.058,27 34.442.582,49 3.672.524,55 27.059.645,57 12.726.031,07 90.181.578,07
TOTAL 31.876.947,87 59.674.640,91 21.164.632,96 33.196.541,28 28.087.129,02 118.053.567,52Fonte: BNDES- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Nota*: Valores em Reais corrigidos IGP-DI (FGV) base 12/2007
10 A Micro-região de Ribeirão Preto de acordo com informações do BNDES é composta pelos municípios de Barrinha, Brodowski, Cravinhos, Dumont, Guatapará, Jardinópolis, Luis Antonio, Pontal, Pradópolis, Ribeirão Preto, Santa Rosa do Viterbo, São Simão, Serra Azul, Serrana e Sertãozinho.
140
Tabela 26: Desembolsos do BNDES no Setor Sucroalcooleiro na Micro-Região de Ribeirão Preto de 2003 a 2007 (R$)*.
MUNICÍPIOS 2003 2004 2005 2006 2007
BARRINHA 217.090,00
BRODOWSKI 57.830,17
CRAVINHOS 258.397,77 1.795.750,00
DUMONT 348.336,19 370.000,00
GUATAPARA 5.843.948,46 56.653,40 177.147,34 480.000,00
JARDINOPOLIS 337.925,46 675.496,35 4.399.920,00
LUIS ANTONIO 3.840.888,48 702.411,17 3.695.048,86 13.668.598,38 10.150.600,00
PONTAL 14.812.533,80 5.113.573,94 14.701.515,03 7.192.060,47 19.428.310,00
PRADOPOLIS 14.349.408,12 11.298.515,27 31.026.037,24 14.975.973,33 62.580.536,00
RIBEIRAO PRETO 773.759,12 2.462.666,57 621.538,85 1.004.596,00 STA. ROSA DO VITERBO 60.748,28 172.986,19 1.016.503,41 2.045.121,00
SAO SIMAO 220.113,30 19.598,78 86.000,00
SERRA AZUL 20.000,00
SERRANA 28.386.348,84 12.556.897,06 4.926.877,51 7.736.058,82 10.961.609,00
SERTAOZINHO 21.077.013,53 13.022.105,90 8.062.079,86 16.608.673,71 31.419.132,00
TOTAL 89.144.648,63 42.693.503,34 65.978.131,36 63.039.985,63 144.958.664,00 Fonte: BNDES- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Nota*: Valores em Reais corrigidos IGP-DI (FGV) base 12/2007
As Tabelas 25 e 26 apresentam os aportes do BNDES no setor sucroalcooleiro
na micro-região e observa-se que os recursos destinados a Sertãozinho, a partir do ano de
1998 até 2004 (Tabela 26), foram superiores aos valores destinados a todos os outros
municípios, notadamente no ano de 2002 que atingiu o percentual de aproximadamente
76%.
As cifras destinadas ao setor sucroalcooleiro marcam a partir do ano de 2002,
os reflexos do aumento das exportações de açúcar, quando o Brasil conseguiu ampliar o
volume destinado ao mercado externo, e também pelo aumento nas exportações e consumo
do mercado interno de álcool a partir de 2002.
Este fato se reflete na ampliação das estruturas de produção e na consolidação
de novas unidades, como demonstrado, amparadas por recursos públicos, aumentando a
capacidade de processamento e produção deste setor. Verifica-se que esta fase, pós 2002,
apresenta resultados de investimentos muito mais significativos que o período anterior
141
(1997-2001), quando o setor apresentava oscilações e marcadamente um período de crise
que se entendeu até o final de 2001.
O apoio dado ao setor sucroalcooleiro via Estado pode ser ratificado a partir
das propagandas de apoio ao etanol realizadas pelo Presidente da República Luiz Inácio
Lula da Silva, em suas viagens ao exterior, como pode ser observado no quadro abaixo:
Quadro 12: O Estado e a propaganda do etanol
Lula abre Conferência com defesa do etanol
De acordo com a BBC, o presidente afirmou que a campanha internacional do governo a favor do etanol brasileiro é “uma guerra necessária” para o Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em Roma, que o objetivo principal do Brasil na Conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre Segurança Alimentar, Mudanças Climáticas e Bioenergia, que começa amanhã na capital italiana, será convencer os parceiros internacionais que o etanol brasileiro não ameaça a produção de alimentos.
De acordo com a BBC, o presidente afirmou que a campanha internacional do governo a favor do etanol brasileiro é “uma guerra necessária” para o Brasil. Segundo ele, ONGs, fazendeiros europeus e a indústria automobilística da Europa estão entre os que fazem campanha contra o etanol. “Não é o etanol que faz subir o preço dos alimentos, porque o Brasil, que produz mais biocombustíveis, também produz mais alimentos”, afirmou. Segundo Lula, a conferência será uma oportunidade de o Brasil dar seqüência ao debate sobre combustíveis alternativos para as próximas décadas. “Estamos convencidos de que o mundo pode relutar, mas vai ter de assumir a responsabilidade de usar outros combustíveis”, afirmou o presidente na embaixada do Brasil.
Fonte: http://blogs.universia.com.br/agronegocios/2008/06/04/lula-abre-conferencia-com-defesa-do-etanol/
Como demonstrou-se o setor metalomecânico de Sertãozinho está diretamente
vinculado às agroindústrias; este, por sua vez, é beneficiado indiretamente por estas
políticas de expansão, no aumento da demanda por serviços e no volume de novos
investimentos em maquinários e insumos.
Os desembolsos diretos ao setor de metalurgia, realizados pelo BNDES, são
demonstrados nas Tabelas 27 e 28. Observa-se que para o período de 1997 a 2002, estes
recursos estão direcionados a Ribeirão Preto e Cravinhos, municípios que possuem base
metalomecânica, mas que provavelmente atenderam outros setores produtivos,
considerando as características do setor sucroalcooleiro para esse período. Por sua vez, o
período subseqüente, 2003 a 2007, apresenta destinação de recursos ao município de
Sertãozinho, que acompanha as evoluções positivas realizadas no setor sucroalcooleiro,
142
decorrente de políticas de incentivo a ampliação e a instalação de novas empresas em
novas áreas.
Assim, o volume de crédito desembolsado em 2007, chega a superar o total
investido ao longo do período analisado.
Tabela 27: Desembolsos do BNDES no Setor de Metalurgia na Micro-Região de Ribeirão Preto de 1997 a 2002 (R$)*.
MUNICÍPIOS 1997 1998 1999 2000 2001 2002
CRAVINHOS 377.988,50 612.040,85
RIBEIRAO PRETO 196.656,99 432.018,81 239.215,59 596.319,74 52.249,08 61.028,01
TOTAL 196.656,99 810.007,31 239.215,59 596.319,74 664.289,93 61.028,01Fonte: BNDES- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Nota*: Valores em Reais corrigidos IGP-DI (FGV) base 12/2007
Tabela 28: Desembolsos do BNDES no Setor de Metalurgia na Micro-Região
de Ribeirão Preto de 2003 a 2007 (R$)*. MUNICÍPIOS 2003 2004 2005 2006 2007
CRAVINHOS 60.760,87
RIBEIRAO PRETO 661.477,44 4.746.959,00
SERTAOZINHO 743.474,51 386.157,62 241.198,00
TOTAL 743.474,51 0,00 386.157,62 722.238,31 4.988.157,00 Fonte: BNDES- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Nota*: Valores em Reais corrigidos IGP-DI (FGV) base 12/2007
Os desembolsos realizados ao subsetor de máquinas e equipamentos, são
destinados especificamente para a aquisição de máquinas de bens de capital. Percebe-se
uma participação constante do município de Sertãozinho, quanto a busca desses aportes.
Os valores são oscilantes ao longo do período de 1997 a 2005. Observa-se que
a partir de 2006 ocorre significativo aumento nos valores contratados. (Tabelas 29 e 30). O
que reforça as constatações em pesquisa de campo. Quando questionados sobre os
investimentos em modernização nos últimos anos, as empresas confirmaram grandes
volumes de recursos no ano de 2006; outras indicaram que esse processo se realiza há uma
década.
143
Tabela 29: Desembolsos do BNDES no Setor de Máquinas e Equipamentos na Micro-Região de Ribeirão Preto de 1997 à 2002 (R$)*.
MUNICÍPIOS 1997 1998 1999 2000 2001 2002
CRAVINHOS 357.230,12 503.414,77 3.618,77
PONTAL 40.660,59 94.749,06 22.827,77 31.594,96
PRADOPOLIS 278.588,61
RIBEIRAO PRETO 88.513,69 228.075,43 721.538,59 3.037.903,85 964.073,88 1.603.656,67SANTA ROSA DE VITERBO 195.374,15
SERTAOZINHO 1.497.799,40 276.492,04 443.322,11 866.997,81 3.278.629,80 1.163.113,86
TOTAL 1.943.543,21 740.602,21 1.668.275,47 4.380.269,49 4.265.531,45 3.076.954,10Fonte: BNDES- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Nota*: Valores em Reais corrigidos IGP-DI (FGV) base 12/2007
Tabela 30: Desembolsos do BNDES no Setor de Máquinas e Equipamentos na Micro-
Região de Ribeirão Preto de 2003 a 2007 (R$)*. MUNICÍPIOS 2003 2004 2005 2006 2007
CRAVINHOS 2.324.178,99 279.534,38 888.890,00
DUMONT 991.908,00
PONTAL 32.429,73 20.000,00
RIBEIRAO PRETO 270.271,00 2.991.541,44 3.343.503,81 1.209.124,00
SANTA ROSA DE VITERBO 96.695,00
SERRANA 141.173,52 1.270.351,00
SERTAOZINHO 317.279,94 15.316,91 397.537,61 7.550.295,03 8.487.627,00
TOTAL 587.550,94 15.316,91 5.745.687,77 11.314.506,74 12.964.595,00Fonte: BNDES- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Nota*: Valores em Reais corrigidos IGP-DI (FGV) base 12/2007
Como destacado por Porter (1993) os quatro determinantes influenciam o
ambiente em que as empresas estão inseridas, promovendo ou impedindo a criação da
vantagem competitiva. Neste caso, as políticas públicas voltadas ao setor contribuem para
dinamizar a vantagem nacional. No que se refere ao setor metalomecânico percebe-se que
há uma influência direta dos recursos do BNDES no subsetor metalomecânico e também
indiretamente por meio de políticas de apoio ao setor sucroalcooleiro, reforçando ambiente
de ampliação produtiva e a busca de novas tecnologias e processos, presentes no setor
metalomecânico de Sertãozinho.
Não obstante, cabe considerar ainda, que desde a lei de 1900, que já
configurava um mecanismo de apoio do poder local ao desenvolvimento da atividade
144
sucroalcooleira, verificou-se ainda no âmbito da infra-estrutura o envolvimento do poder
local na consolidação dos distritos industriais. Destaca-se ainda a atuação do poder local na
consolidação de cursos técnicos (estaduais e federais) que se articulam na formação e
capacitação da força de trabalho, bem como na consolidação de infra-estrutura urbana.
146
O estabelecimento e desenvolvimento do subsetor metalomecânico em
Sertãozinho, município de pequeno porte no interior do estado de São Paulo, distante de
várias áreas industrializadas no interior do próprio estado, pode ser considerado reflexo da
manifestação concreta das relações sociais e de produção, pautadas na articulação dos
vários agentes envolvidos, que conferiram a esta localidade uma especialização produtiva.
Tal processo de industrialização e estratégia de especialização está associado ao setor
sucroalcooleiro, que em nosso país difere-se dos de outras nações por produzir açúcar e
álcool em larga escala industrial. Uma produção agroindustrial baseada no aproveitamento
máximo da matéria-prima, a cana-de-açúcar, conferindo-lhe uma multiplicidade de
produtos.
Atualmente, podemos verificar um elevado grau de integração entre a produção
agrícola, as agroindústrias e as empresas fabricantes de peças e equipamentos industriais.
A articulação entre o poder público e os vários agentes econômicos confere ao subsetor
metalomecânico um grande dinamismo.
Esse cenário se apresenta de forma peculiar no município de Sertãozinho por
possuir sete agroindústrias e um conjunto de empresas metalomecânicas produtoras de
peças e equipamentos para o setor sucroalcooleiro. O avanço do setor sucroalcooleiro
impingiu uma nova dinâmica territorial ao município que resultou na substituição dos
cafezais pela cana-de-açúcar, concorrendo com a instalação e ampliação das agroindústrias
incrementando o subsetor metalomecânico.
Entretanto, esse processo restringiu o município em uma especialidade
produtiva, demonstrada no que diz respeito à produção de açúcar e álcool e a fabricação/
manutenção em bens de capital, determinando um caráter dependente de sua economia
industrial à base produtiva primária: a cana-de-açúcar. Nesse contexto coube a Sertãozinho
uma relativa singularidade, por estar em uma região do estado de São Paulo onde outros
147
municípios próximos, de porte semelhante, não desenvolveram tal industrialização. Cabe
destacar o papel dos proprietários/funcionários locais como organizadores do processo
produtivo que ao longo dos anos acumularam conhecimento a partir de suas experiências
pessoais no ramo metalomecânico e foram capazes de dar início às unidades fabris. Não
obstante, cabe destacar, que o processo de produção, dessas metalomecânicas, apresenta
uma dependência tecnológica dos países centrais, seja pela condição de importação de bens
de capital, seja pela condição de recondicionamento apresentada pelos mesmos.
A territorialização do subsetor metalomecânico, em nosso trabalho, é
observada a partir da Teoria do Diamante que utiliza como elemento explicativo para o
crescimento e competitividade de um setor os quatro determinantes: Condições de Fatores
(insumos); Condições de Demanda, Setores Correlatos e de Apoio, Contexto para a
Estratégia e Rivalidade da Empresa e o Governo.
A partir das condições de fatores podemos observar durante a pesquisa, a
existência das vias de circulação tanto para o escoamento da produção como para recepção
de matérias-primas; assim como da implantação dos distritos industriais, seja no perímetro
urbano de Sertãozinho e outro no distrito de Cruz das Posses pelo poder público local e
iniciativa privada.
Quanto ao fator recursos humanos que se refere a mão-de-obra destaca-se que
o período que antecede ao anos 90 marcado pelas políticas creditícias do governo por meio
do Proálcool, passa por alterações no que diz respeito a ampliação e redução nos postos de
trabalho. No final dos anos 90, com o processo de abertura econômica, o subsetor
apresenta o menor número de pessoal ocupado que prolonga até 2001. Após esse período
inicia-se uma nova trajetória com um aumento do número de pessoal ocupado nos
estabelecimentos, e podemos observar a presença de novas relações de trabalho e de
produção pautadas pela terceirização em que os antigos funcionários embutidos do
148
acúmulo de conhecimento deram início a novas micros e pequenas empresas com a
prestação de serviços inclusive para os seus ex-patrões, essas novas relações resultam em
custos menores na produção.
Um fato importante é quanto ao número de estabelecimentos percebidos por
meio das relações fornecidas pelo MTE se apresentar maior que o número real, uma vez
que, observando a base de dados do Valor Adicionado fornecido pela Prefeitura Municipal
várias empresas possuírem CNPJ e razão social diferentes, aquilo que pode configurar em
várias empresas na verdade se refere a apenas uma, fato que foi confirmado informalmente
pelos proprietários nas entrevistas como uma medida de subterfúgio fiscal.
Com relação ainda à mão-de-obra, que representa um fator determinante de
competitividade industrial para o município, cabe destacar o grande desafio enfrentado
pelas empresas uma vez que estas possuem funcionários altamente qualificados, o que
afirma a especialidade produtiva do subsetor metalomecânico em Sertãozinho. Porém estas
unidades fabris muitas vezes se veem obrigadas a buscar mão-de-obra qualificada em
outras localidades, causando inclusive uma rotatividade da força de trabalho entre as
mesmas reflexo da busca desses profissionais qualificados por maiores benefícios
trabalhistas.
Ainda que exista essa lacuna quanto ao preenchimento de vagas, por outro
lado, observou-se um grau elevado de participação dos proprietários no processo produtivo
que, dotados de suas especializações devido ao longo tempo de experiência no setor
acabam tendo de suprir a necessidade de mão-de-obra se convertendo em força de trabalho,
o que configura para muitas dessas empresas, condições essenciais para a manutenção e
permanência no mercado, onde muitas delas são constituídas por capital local e familiar,
inclusive.
149
Em relação ao fator terra destacado por Porter (1999) cabe considerar que o
uso do solo na Região de Ribeirão Preto na qual está inserido Sertãozinho, 74,1% é
destinado a produção de cana-de-açúcar caracterizando, como destaca Souza (2008), numa
homogeneização produtiva.
O município possui sete unidades processadoras de cana-de-açúcar, por sua
vez, a proximidade com a matéria-prima, embora a Teoria Econômica aponte para perda de
importância do fator locacional, ao contrário ela é determinante devido a perecibilidade do
produto. Sertãozinho de acordo com os dados fornecidos pelas agroindústrias processou
uma quantidade maior do que a produção em área agrícola, determinando uma necessidade
de uso de matérias-primas vindas de localidades vizinhas.
Em relação às condições de demanda, expressa na potencialização da produção
nesse caso cabe destacar que ela se processa de forma indireta, dependente das trajetórias
do setor sucroalcooleiro, observado no aumento das vendas do açúcar no mercado
internacional e ampliação na comercialização do álcool tanto no mercado externo como no
interno.
Essa ampliação na demanda tanto por açúcar como por álcool, tem relação
direta com o subsetor metalomecânico via ampliação das unidades produtivas
processadoras de cana-de-açúcar no país e também da transferência da tecnologia
sucroalcooleira para outros países. Tal fato se expressa no aumento da produção de peças e
equipamentos industriais para a implantação de novas usinas e destilarias e manutenção
das já existentes por parte dessas empresas metalomecânicas.
Todos esses fatos representam para as empresas um aumento na capacidade
produtiva e estas por sua vez, visando dinamizar a sua participação, admitiram durante as
entrevistas ter investido em modernização no que diz respeito à compra de novos
maquinários, novos processos produtivos e ampliação da área produtiva.
150
Quanto as indústrias correlatas de apoio referem-se a presença de fornecedores
e instituições de apoio. As empresas metalomecânicas possuem uma ligação intrínseca com
o setor sucroalcooleiro, desde a origem dos primeiros engenhos no município, conferindo-
lhe uma elevada especialização produtiva em uma linha completa de produtos (peças e
equipamentos industriais) para um maior aproveitamento da matéria-prima, revelando
inclusive uma cooperação entre o setor e o subsetor no desenvolvimento de inovações e
testes para novos equipamentos e componentes industriais.
Durante o trabalho de campo percebeu-se apenas nas empresas de médio e
grande porte, a existência de setores de pesquisa e desenvolvimento para a geração de
novas tecnologias. Outro fato relevante é o uso de materiais específicos para cada
encomenda vindos de fornecedores, em sua maioria, localizados em São Paulo, onde
quanto maior a cota de consumo, melhores serão preços. A compra em fornecedores de
localidades como Ribeirão Preto se realiza somente perante a falta do produto em estoque
ou na necessidade de cumprimento de entrega em curto prazo. Observou-se também a
compra em fornecedores de outros países por parte de uma empresa devido a especialidade
conferida ao produto.
Outro aspecto importante refere-se ao aluguel de máquinas e equipamentos
locados, em sua maioria devido ao aumento na demanda de serviços por parte dessas
empresas ou em função das especialidades desses equipamentos e custos que
impossibilitam a sua aquisição.
Destaca-se também a atuação das entidades ou instituições de apoio
demonstrado no elevado nível de associativismo por parte das empresas metalomecânicas
em relação a essas estruturas institucionais.
A articulação existente entre essas instituições e as empresas metalomecânicas,
em âmbito local, tem produzido ao longo dos anos algumas ações que resultaram na
151
criação de feiras direcionadas a vários setores com destaque para o setor sucroalcooleiro; a
criação de projetos de apoio a micro e pequenas empresas com carência de experiência
administrativa; a criação de um espaço para o desenvolvimento de micro e pequenas
empresas.
Quanto ao item contexto para estratégia, estrutura e rivalidade observou-se
uma busca por parte das empresas em novos métodos de atendimento e produção,
desenvolvimento de novos produtos como forma de manutenção da sua competitividade.
Cabe destacar uma particularidade no município uma vez que o início das
atividades dessas empresas deu-se em virtude da experiência auferida ao longo dos anos
por partes de seus fundadores, muitas delas, inclusive, constituídas por capital familiar. Tal
especialidade produtiva, confere um ambiente de intensa rivalidade entre as empresas em
que a troca de informações e parcerias é quase nula. Admitiram que existem concorrentes
distantes mas que a concorrência maior está bem próxima e que ela é muito válida, o que
faz com que grande maioria delas busque ampliar seu leque de produtos e serviços e até a
atuação em outros setores da indústria de transformação.
Muitos desses proprietários concorrentes, no passado, foram colegas de
trabalho, na empresa Zanini Equipamentos Pesados S/A que serviu de escola para muitos
profissionais em um tempo em que não havia cursos profissionalizantes no município cuja
habilidade era conquistada com a prática. Essa prática trouxe a esses profissionais
especialidades produtivas em usinagem, caldeiraria, fundição e outras habilidades. A
atividade de suas empresas baseia em suas especialidades, porém também realizam a
atividade contraria em menor escala, quando a produção extrapola a capacidade, esta, por
sua vez terceiriza o serviço para outra.
Dentro do ambiente de competitividade das empresas observou-se um
direcionamento ao mercado externo, seja por exportação direta ou indireta via Tradyng.
152
Cabe destacar também as estratégias que as empresas estabelecem dentro do seu processo
de produção de uma grande planta industrial (usina), por exemplo. É precedido de uma
divisão de tarefas, enquanto um grupo de empresas realiza o desenvolvimento, fabricação,
montagem e manutenção de equipamentos completos, que pertencem a empresas de médio
e grande porte. O outro grupo, empresas de pequeno e médio porte, se encarrega da
manutenção e fabricação apenas de peças para equipamentos indústrias, cada qual com a
sua especialidade. Percebemos também relações de parcerias e consórcios entre elas,
restrito às empresas de médio e grande porte, às de pequeno porte cabe a terceirização
conferindo a esse processo todo um ambiente de intensa rivalidade entre essas empresas.
Quando uma grande empresa fecha um contrato ou extrapola a sua produção, todos querem
participar com uma fatia da produção.
Verificou-se por parte de algumas empresas a atuação em outros setores de
atividade, foram vários os setores mencionados por elas, porém, a grande maioria
permanece vinculada ao setor Sucroalcooleiro.
A análise desses determinantes permitiu apreender o processo de
competitividade entre as empresas metalomecânicas e seu grau de vinculação ao setor
sucroalcooleiro que se consolida como atividade econômica hegemônica na região.
Como pode ser verificado a variável Governo (Estado) foi determinante no
processo de territorialização desse subsetor, num primeiro momento com a política de
créditos ao setor sucroalcooleiro com a instituição do Proálcool que por sua vez foi
beneficiado de forma indireta, uma vez que as agroindústrias estavam ampliando sua
capacidade produtiva e, num segundo momento, por meio do BNDES com investimentos
que vão influenciar diretamente na competitividade das empresas.
O setor sucroalcooleiro se apresenta de forma hegemônica na região onde se
localiza o município de Sertãozinho e, embora como foi exposto, exista uma intensa
153
relação entre as empresas metalomecânicas (as inter-relações entre as empresas do mesmo
setor), as instituições e o poder público, denota-se também, um elevado grau de
vulnerabilidade do subsetor, apesar das estratégias de diversificação e diferenciação ainda
muito reduzidas e que possam dar sustentabilidade econômica à Sertãozinho no caso de
uma inflexão do setor sucroalcooleiro.
155
ALCOPAR – ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE BIOENERGIA DO ESTADO DO PARANÁ. Consumo aparente de Álcool Carburante. Disponível em < http://www.alcopar.org.br/estatisticas/consalcool.htm > acesso em 12 de set. de 2008.
ALCOPAR – ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE BIOENERGIA DO ESTADO DO PARANÁ. Exportações Brasileiras de Açúcar. Disponível em < http://www.alcopar.org.br/estatisticas/expacucabr.htm > acesso em 12 de set. de 2008.
ALCOPAR – ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE BIOENERGIA DO ESTADO DO PARANÁ. Principais países importadores do açúcar brasileiro. Disponível em < http://www.alcopar.org.br/estatisticas/paises_imp.htm > acesso em 12 de set. de 2008.
ALCOPAR – ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE BIOENERGIA DO ESTADO DO PARANÁ. Exportações Brasileiras de Álcool Etílico. Disponível em < http://www.alcopar.org.br/estatisticas/exp_alcetilico.htm > acesso em 12 de set. de 2008.
ALVES, F.; ASSUMPÇÃO M. R. Reestruturação e Desregulamentação do Complexo Sucroalcooleiro: Disfunções e Propostas de Políticas Públicas In; PAULINO, L.M.; ALVES F. Reestruturação agroindustrial. Políticas Públicas e Segurança Alimentar Regional. São Carlos: Edufscar, 2002
ANFAVEA – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. Vendas Atacado Mercado Interno Brasileiro. Disponível em < http://www.anfavea.com.br/tabelas2007/autoveiculos/tabela08_vendas.pdf > acesso em 14de abril de 2008.
AZEVEDO, P. F. Economia dos custos de transação. In: FARINA, E. M. M. Q. et al. Competitividade: mercado, Estado e organizações. São Paulo: Singular, 1997. cap. 3, p. 81-87.
AZZONI, C. R. A lógica da Dispersão da Indústria no Estado de São Paulo. In: Estudo Econômicos. São Paulo: IPEA-USP, 1986, nº 16.
BATISTA, P.N. O Consenso de Washington. Uma visão neoliberal dos problemas latino-americanos. São Paulo:CESP, 55p. (Cadernos de Debates 1). 1982.
BATISTA JUNIOR, P. N.. “Mitos da Globalização”. Revista Estudos Avançados. São Paulo: USP, 32 v.12, p. 125 – 211, 1998.
BACCARIN, J. G. A Constituição da Nova Regulamentação Sucroalcooleira. São Paulo, Ed. UNESP. V. 5 n. 22, 2005.
156
BELTRÃO SPOSITO, M.E. Capitalismo e urbanização. São Paulo, Ed. Contexto, 1988
______ Centro e as formas de expressão da centralidade urbana. Revista de Geografia. Presidente Prudente, v.10, p. 1 -18, 1991.
BECKER, Bertha K. O uso do território: questões a partir de uma visão do terceiro mundo. In: Becker, Bertha k. ; Costa, Rogério H. da.; Silveira, Carmen B.. (Orgs). Abordagens políticas da espacialidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 1983. p. 1-8.
______ Modernidade e gestão do território no Brasil: da integração nacional à integração competitiva. Espaço e Debates, São Paulo, n. 31,p.47-56,1991.
BORGES, A. C. G. Competitividade e Coordenação do Agronegócio Citrícola. Araraquara: UNESP, 2004. (Tese de Doutorado em Sociologia).
BORGES, A. C. G.; SOUZA, J. G. Estratégias nas atividades de comercialização das agroindústrias do setor sucroalcooleiro pós desregulamentação. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 15. , 2008, Bauru.
BRAY, S. C.; FERREIRA, E. R.; RUAS, D.G.G. As Políticas da Agroindústria Canavieira e o Proálcool no Brasil. Marília, SP: Unesp Marília Publicações, 2000. p. 55-70.
BRAY, S. C.. As Políticas do Instituto do Açúcar e do Álcool e do Programa Nacional Álcool e suas Influências na área açucareira – alcooleira de Catanduva. Geografia, Rio Claro, v. 10, no. 20, p. 99-123, out. 1985.
BRITTO, J. Diversificação, competências e coerência produtiva. In: KUPFER, D; HASENCLEVER, L. Economia industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2002. cap. 14, p.307-341.
CANO, W. Perspectiva do Desenvolvimento Econômico do Interior Paulista. In: TARTÁGLIA, J.C. e OLIVEIRA, O.L. Modernização do Interior de São Paulo. São Paulo, ed. Da Unesp, pp. 39 – 68, 1988.
CARNEIRO, R. Desenvolvimento em crise: a economia brasileira no último quarto do século XX. São Paulo: Ed.Unesp;IE-Unicamp, 2002.
157
CARVALHO, D. F. A indústria mineral não-metálica e seus índices de encadeamento produtivo na economia da região norte: uma abordagem a partir das matrizes de insumo- produto e de contabilidade social dos anos de 1985 e 1999. Amazônia: CI. & Desenv; Belém, v. 1, n. 2, jan./ jun. 2005.
CARVALHO, L. C. C. C. Etanol: Perspectivas do Mercado. In., MORAES, M. A. F. D., SHIKIDA, P. F. A. Agroindústria canavieira no Brasil. São Paulo: Atlas, 2001.
CASTELLS, M. A era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, v. 1, 11ª ed. 2008. p. 207- 229.
CASTRO, C. A . A pequena e média propriedade e o processo de concentração fundiária e evasão fiscal no município de Guariba-SP. Jaboticabal-SP: Fcav/UNESP. 2003. (Trabalho de Graduação em Agronomia).
CORRÊA, R.L. Trajetórias Geográficas . Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.
_____ Espaço: um conceito-chave da Geografia. In.: CASTRO, Iná et al. (Orgs.) Geografia: conceitos e temas . Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
COUTINHO, L. G.; FERRAZ, J. C. (Coord.) Estudo da Competitividade da indústria brasileira. Campinas: Papirus, 1994. 510 p.
DECCA, E. S. O Nascimento das Fábricas. 12. ed. SÃO PAULO: Brasiliense, 1996. v. 1. 90 p.
DEAN, Warren. A industrialização de São Paulo. 2ª ed. São Paulo, Difel, s/d
DÍAZ, F. L. C. Competitividade e coordenação na avicultura de corte: análise de empresas (São Paulo – Brasil e Lima – Peru). Dissertação (Mestrado em Zootecnia), FCAV/UNESP, Jaboticabal, 2007.
DUNDES, A. C. O processo de (Dês) Industrialização e o Discurso Desenvolvimentista em Presidente Prudente – SP. Dissertação (Mestrado em Geografia), FCT/UNESP, Presidente Prudente, 1988.
BONELL, R. Da Indústria Nascente à Indústria Sobrevivente. Ecostrat, 2006 . Disponível em: <http://www.ecostrat.net/files/DA_INDUSTRIA_NASCENTE.pdf > Acesso em set. 2008.
158
ELIAS, D. Globalização e Agricultura: A região de Ribeirão Preto – SP. São Paulo: Ed. Edusp, 2003
FARINA, E. M. M. Q. Regulamentação, política antitruste e política industrial. In.: FARINA, E. M. M. Q.; AZEVEDO, P. F.; SAES, M. S. M. Competitividade: mercado, estado e organizações. São Paulo: Editora Singular, 1997. p. 115- 162.
FERREIRA, Enéas Rente; BRAY, Sílvio Carlos. As influências do Pró-Álcool e do Pró-Oeste nas transformações das áreas canavieiras do Estado de São Paulo. Geografia, Rio Claro, v.9, no. 17 – 18, p. 101 – 113, out. 1984.
FURLAN JR, Antonio. Documentário Histórico de Sertãozinho. Sertãozinho: Adelino Ricciardi, s/d
GIDDENS, Anthony. Política, sociologia e teoria social. São Paulo: Editora UNESP, 1998.
GIL, A.C. Técnicas de pesquisa em economia. São Paulo: Atlas, 2000.
GRAMSCI, A. Concepção dialética da história. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1978.
GUIMARÃES, E. A. Os padrões de competição em diferentes indústrias. In: ______. Acumulação e crescimento da firma: um estudo de organização industrial. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. cap. 3, p. 36-40.
HAESBAERT, R. “O mito da desterritorialização e as “regiões-rede” Anais V Congresso Brasileiro de Geógrafos. Curitiba:AGB. 1994. p.206-214.
______ Desterritorialização: entre as redes e os aglomerados da exclusão. In.: CASTRO, Iná et al. (Orgs.) Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 77-116.
INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL – INPI. O que é patente? Disponível em < http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/patente/pasta_oquee > acesso em 16 de nov. de 2008
HASSE, Geraldo. Filhos do Fogo. Memória Industrial de Sertãozinho 1896 – 1996. Ribeirão Preto - SP: Céu e Terra, 1996. p. 27-110.
159
HIRST, P.; Thompson, G. Globalização em questão – Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
KON, A. . Economia Industrial. SAO PAULO: NOBEL, 1999. 212 p.
LEITE, S. Análise do Financiamento da política de Crédito rural no Brasil.(1980-1996). Revista Estudo Sociedade e Agricultura. Rio de Janeiro – RJ: Cultura Brasil, 2001. p. 164 – 184.
LEFEBVRE, H. O Direito à Cidade. Trad. Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Moraes, 1991
_____. A revolução urbana. Trad. S.Martins. Belo Horizonte: Ed.UFMG, 1999.
LENCIONE, S. Reestruturação urbano-industrial no Estado de São Paulo: a região metrópole desconcentrada. In: SANTOS, Milton. (Orgs.) Território: Globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec/Anpur, 1994, p. 198 – 210.
LIPIETZ, Alain. O Capital e seu espaço. São Paulo, Nobel, 1988.
LIBONE, L. B.;TONETO JUNIOR, R. A indústria de equipamentos para o setor sucroalcooleiro.In.Coletânea de artigos. Observatório do Setor Sucroalcooleiro. Rib. Preto: v.01 abr/2008,p. 150-184.
LOSEKANN, L.; GUTIERREZ, M. Diferenciação de produtos. In: KUPFER, D; HASENCLEVER, L. Economia industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2002. cap. 05, p. 91-94.
MAZZALI, L. O processo recente de reorganização agroindustrial: do complexo à organização “em rede”. São Paulo, Ed. UNESP, 2000.
MAMIGONIAN, Armen. O Processo de industrialização em São Paulo. Boletim Paulista de Geografia. São Paulo, AGB, 50, 1976, p. 83-101.
_____. Localização Industrial no Brasil (Notas Metodológicas e exemplos). Boletim Paulista de Geografia. São Paulo, AGB, 51, 1976, p. 83-6
MARX, R. O Capital. Critica da Economia Política. São Paulo: Nova Cultural, 1985. (vol II). (Os economistas). 306p.
160
MATTOSO, J. O Brasil desempregado. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 1999.
MELLO, J.M.C.. O capitalismo Tardio. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983. 184 páginas.
MICELI, P.C. Era uma vez em Sertãozinho. Certa histórias de uma história que é o trabalho: pessoas, fatos e feitos. São Paulo: Ed. Nobel, 1984.
MORAES, M. A. F. D. A desregulamentação do setor sucroalcooleiro do Brasil. Americana/Piracicaba: Caminho Editorial/Cepea/Esalq/USP, 2000.
NEGRI, Barjas. A Interiorização da Indústria Paulista (1920 – 1980). A Interiorização do Desenvolvimento Econômico no Estado de São Paulo. Coleção Economia Paulista, São Paulo, SEADE, 1988. 2 v. p. 26.
O ÁLCOOL QUE O MUNDO QUER. Revista Idea News. p 5, ed. 58, ano, 2005.
PENROSE, E. A economia da diversificação. In: A teoria do crescimento da firma. Campinas: editora da Unicamp, 2006. cap. 7, p. 169-230.
POCHMANN, M. O emprego na globalização. São Paulo: Boitempo, 2001.
PORTER, M. E. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e de concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986.
______ Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
______ A vantagem competitiva das nações. Rio de Janeiro: Campus, 1993.
______ Competição/ On Competition: Estratégias Competitivas Essenciais. Rio de Janeiro: Campus, 4ª ed, 1999.
RAFFESTIN.C. Por um a Geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993.
161
RAMOS, D. A. As Transformações da Indústrias no Município de Sertãozinho. (Curso de Especialização), Presidente Prudente: FCT/UNESP, 2002.
RAMOS, D. A. R. SOUZA, J. G. Transformações da estrutura agroindustrial no município de Sertãozinho-SP: um estudo de caso de "linkages" In: Anais I Seminário Internacional - O desenvolvimento local na integração: estratégias, instituições e políticas, Rio Claro - SP., I Seminário Internacional - O desenvolvimento local na integração: estratégias, instituições e políticas. Unesp - IGCE, 2004.
______ As transformações Agroindustriais no Município de Sertãozinho. Pré-projeto de pesquisa (Mestrado em Geografia), Presidente Prudente: FCT/UNESP, 2005.
______ Políticas macroeconômicas e setoriais e suas determinações na mobilidade da força de trabalho assalariada no município de Sertãozinho-SP In: X EGAL - Encontro de Geógrafos da América Latina, São Paulo, Anais X EGAL - Encontro de Geógrafos da América Latina. USP/EGAL, 2005.
RAMOS, D. A. R. ; SOUZA . Considerações teórico-empíricas sobre as localidades centrais provisórias: uma análise das feiras do agronegócio sucroalcooleiro. In: XVIII Encontro Nacional de Geografia Agrária, 2006, Rio de Janeiro. Anais do XVIII Encontro Nacional de Geografia Agrária - Perspectivas Teórico Metodológicas da Geografia Agrária. Rio de Janeiro - RJ : UERJ/AGB-Nacional, 2006. v. 1.
RAMOS, P. Heterogeneidade e integração produtiva na evolução recente da agroindústria canavieira do centro-sul (1985-2000). In., MORAES, M. A. F. D., SHIKIDA, P. F. A. Agroindústria canavieira no Brasil. São Paulo: Atlas, 2002.
RAMOS, P. Situação atual, problemas e perspectivas da agroindústria canavieira de São Paulo. Informações Econômicas, São Paulo, v. 29, no. 10, out. 1999.
RECEITA FEDERAL. Lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Disponível em < http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/LeisComplementares/2006/leicp123.htm > acesso 26 de jun. de 2008.
SANTOS, M. Metamorfose do espaço habitado – fundamentos teóricos e metodológicos da Geografia. São Paulo: Hucitec, 1988.
______ Por uma economia política da cidade. O caso de São Paulo. São Paulo: Hucitec/EDUC, 1994.
162
______ O retorno do território In: Santos, Milton et al. (Orgs.) Território: Globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec/Anpur, 1994, p. 15-28.
______ Técnica, espaço, tempo. Globalização e meio técnico científico informacional. São Paulo: Hucitec, 1997.
______ Da Totalidade ao Lugar. São Paulo: EDUSP, 2005.
______ A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. São Paulo: Edusp. 4ª ed. 3ª reimpr. 2006, 384 p.
______ BECKER, B. K. Território, Territórios: ensaios sobre o ordenamento territorial. São Paulo: Lamparina, 2005.
_______ Silveira, Maria Laura. O Brasil. Território e sociedade no início do século XXI. 6ª ed. São Paulo: Editora Record, 2008. 473p.
SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juros e o ciclo econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982. (Os economistas). 169p.
______ Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro, Zahar, 1984.
SERRA, J. Ciclos e mudanças estruturais na economia brasileira no pós-guerra. In.: BELUZZO, L.G.M.; COUTINHO, R. Desenvolvimento Capitalista no Brasil. São Paulo: Ed.Brasiliense, 1982. pp. 56-121.
SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE SÃO PAULO. Proder Programa De Emprego E Renda. Diagnóstico Municipal e Plano de Ação Sertãozinho. Ribeirão Preto. abr. 1999. 80 p.
SHIKIDA, P. F. A. A dinâmica tecnológica da agroindústria canavieira do Paraná: estudos de caso das Usinas Sabarálcool e Perobálcool. Cascavel: Edunioeste, 2001.
SHIKIDA, Pery Francisco Assis e MORAES, Márcia ª F. D. (Coord.). Agroindústria Canavieira no Brasil. São Paulo: Atlas, 2002.
163
SHIKIDA, P. F. A. A evolução diferenciada da agroindústria canavieira no Brasil de 1975 a 1995. Tese (Doutorado) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba. 1997.
SMITH, Neil. Desenvolvimento Desigual – Natureza, Capital e a Produção do Espaço. Trad. E. de A. Navarro. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988.
______ Contornos de uma política espacializada: veículos dos sem-teto e a produção de escala geográfica. In: ARANTES, Antonio A. (org.) O espaço da diferença. Campinas: Papirus, 2000a. p. 132-159.
SOJA, E. W. Geografias pós-modernas. A reafirmação do espaço na teoria social crítica. 2ª ed. Trad. V. Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
SOUZA, C.;CARVALHO, I. M. M. Reforma do Estado, descentralização e desigualdades. Lua Nova. Nº 48. 1999, p.187-122.
SOUZA, J.G. O comportamento do ITR segundo o uso predominante do solo e o valor da produção em regiões do estado de São Paulo - Brasil. Jaboticabal:FCAV-Unesp, 2007. (Relatório de Pesquisa – FAPESP).
SOUZA, J.G. Questão de Método: a homogeneização do território rural paulista. Jaboticabal-SP: FCAV- Unesp.Tese (Livre Docência em Ciências Humanas). Unesp., 2008. 161p.
SOUZA, M.J.L. “O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento” In: Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro, Editora Bertrand Brasil, 1995. p. 77-116.
SUZIGAN, W. Industrialização Brasileira. Origem e Desenvolvimento. São Paulo, Braziliense, 1975. 403 p.
______ A industrialização de São Paulo: 1930 – 1945. Rev. Brasileira de Economia. Rio de Janeiro, n. 25, v. 2, abr/jun, 1971.
SZMRECSÁNYI, T. Efeitos e Desafios das Novas Tecnologias na Agroindústria Canavieira. In., MORAES, M. A. F. D., SHIKIDA, P. F. A. Agroindústria canavieria no Brasil. São Paulo: Atlas, 2002.
SZMRECSÁNYI, T. O planejamento da agroindústria canavieira do Brasil (1930-1975). São Paulo: Hucitec: Unicamp, 1979. 540p.
164
TARTÁGLIA, José Carlos; OLIVEIRA, Osvaldo Luiz. Modernização e Desenvolvimento No Interior de São Paulo. São Paulo, Unesp, 1988, p. 23.
TETTI, Laura Maria Regina. Protocolo de Kyoto: Oportunidades para o Brasil com Base em seu Setor Sucroalcooleiro: Um Pouco da História da Questão “Mudanças Climáticas e Efeito Estufa”. In: SHIKIDA, Pery Francisco Assis e MORAES, Márcia ª F. D. (Coord.). Agroindústria Canavieira no Brasil. São Paulo: Atlas, 2002, p. 199-213.
UNIÃO DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR. ÚNICA. Vendas de Automóvel e Veículos Leves no Brasil. Disponível em < http://www.unica.com.br/downloads/estatisticas/vendaveiculosbrasil.xls > acesso em 14 de abril de 2008.
VIAN, C. E. F. Agroindústria canavieira: estratégias competitivas e modernização. Campinas: Átomo, 2003a.
166
Questionário
Prezado (a) Senhor (a)
Este questionário se constitui em um instrumento de pesquisa da Dissertação de Mestrado de
Dulcinéia Aparecida Rissatti Ramos sob a orientação da Profª Dra. Ana Cláudia Giannini Borges, junto ao
programa de Pós- Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia – Campus Presidente
Prudente, São Paulo.
IDENTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS METALOMECÂNICAS NO MUNICÍPIO DE
SERTÃOZINHO
Data: _____/_____/_______
Nome da Empresa: ________________________________________________________________________
Endereço: _______________________________________________________________________________
Telefone: ________________________ Responsável pelas informações: __________________________
Cargo: ________________________________________ e-mail:___________________________________
I – CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA
1. Ano de início das atividades: ____________________ Número de empregados __________________
2- Composição social do capital: ________ (1) Familiar (2) S/A (3) Firma Individual (4) Ltda. (5) outros
_______________________________________________________________________________________
3- Qual a origem do capital?: _____ (1) local (2) Nacional (3) Regional (4) Internacional
4- Possui Filiais?___________ (1) sim (2) não
Caso positivo: quantas?____________Onde?___________________________________________________
5- A unidade faz parte de algum grupo:____ (1) Não (2) Sim.
Caso positivo, qual grupo? _________________________________________________________________
Cidade onde se localiza a matriz do grupo:
_______________________________________________________________________________________
6- Qual faturamento da empresa (anual)? Classifique sua empresa.
Porte Faturamento ( ) Microempresas Até R$ 1.200.000,00 ( ) Empresas de Pequeno Porte Superior a R$ 1.200.000,00 até R$ 10.500.000,00 ( ) Médio Porte Superior a R$ 10.500.000,00 até R$ 60.000.000,00 ( ) Grande Porte Superior a R$ 60.000.000,00
Quanto as exportações representam no faturamento da empresa?____________________________________
167
7. Já participou de algum processo de fusão e aquisição?_____ (1) sim (2) não. Caso positivo, por quê_____
_______________________________________________________________________________________
Com qual empresa?_______________________________________________________________________
8- A empresa possui associações ou convênios com entidades: ___________________ (1) CEISE (2) FIESP
(3) Sindicatos (4) SEBRAE (5) SENAI (6) SESI (7) Associação Comercial e Industrial (8) outros
_______________________________________________________________________________________
8.1- Quais são os benefícios dessas associações estarem em Sertãozinho? ____________________________
II – EMPRESÁRIO
1- Número de sócios_______________________________________________________________________
2- O(s) fundador(es) ou sócios foram funcionários de alguma outra empresa antes de se tornar
empresário?______ (1) Não (2) Sim. Caso positivo de qual empresa?_______________________________
Como foi esse processo? O que motivou? ______________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
III - PRODUÇÃO e PRODUTOS
1. No processo de produção quais são os materiais utilizados? _____________________________________
_______________________________________________________________________________________
1.1- Qual a procedência desse material? _______________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
1.2- Por que busca nesta localidade? __________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
1.3- Qual a especialidade da empresa? Qual a porcentagem?
(1) Usinagem (____%)
(2) Fundição (_____%)
(3) Caldeiraria (_____%)
(4) Montagem Industrial (_____%)
(5) Manutenção, reposição e assistência téc.industrial (_____%)
(6) Prestação de Serviços (_____%)
(7) Outros ___________________________
2- No processo de produção possui parcerias, consórcios, vínculos com outras empresas para a execução de
uma obra?_______ (1) Sim (2) Não.
Caso positivo, Onde? (1) Em Sertãozinho (2) em outra localidade? __________________________________
2.2- Essas parcerias, consórcios, vínculos... são:
( ) ocasionais
( ) permanentes.
2.3 A empresa terceiriza outras empresas para finalizar sua produção? _________ (1) sim (2) Não
2.4- A empresa é terceirizada por outra(s) empresa(s) de maior ou menor porte. ___________ (1) sim (2) Não
3- Aluga alguns equipamentos ou máquinas para execução de atividades dentro ou fora da empresa:________
(1) Sim (2) Não
168
3.1 Se positivo, quais? ____________________________________________________________________
3.2- Qual a freqüência? ____________ (1) por demanda (2) sempre
4- A empresa tem realizado adaptações técnico-produtivas ou organizacionais no seu processo de produção?
________ (1) Sim (2) Não
______________________________
_________________________________________________________________
______
__________________________________
nas e destilarias completas (5) Filtros (6) Difusores (7)
o desenho de produtos
Gestão
_______________________________________________________
_____________________________________________________
________________________________________________
dos? ________________________
4.1 Quais adaptações?______________________________________________________________________
_________________________________________________________
4.2 Desde quando? _______________________________________________________________________
______________________
4.3- Houve investimentos na modernização dos maquinários nos últimos 5 anos? ________ (1) Sim (2) Não
4.3.1 Qual motivo? _________ (1) Atender ao cliente (2) Concorrência (3) Inovação (4) Outros __________
_______________________________________________________________________________________
5. No processo de produção a empresa utiliza tecnologia de outros países?________ (1) sim (2) não
5.1- Em caso positivo, quais países? __________________________________________________________
6. – Paga royalties por algum produto?_________(1) sim (2) não
6.1- Caso positivo, quais?___________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
7. Possue patentes? ___________ (1) sim (2) não
7.1- Quais? Há quanto tempo?_____________________________
_______________________________________________________________________________________
8- Que produtos são oferecidos (fabricados) atualmente:
(1) Moendas (2) Caldeiras (3) Turbinas (4) Usi
Cozedores de açúcar (8) Outros ____________________________________________________________
9- Que ações a empresa tem realizado quanto a introdução de inovações? Assinale abaixo as principais
características:
( ) Produção de novos produtos
( ) Processos tecnológicos novos para a empresa e para o setor de atuação
( ) Criação ou melhoria do modo de acondicionamento dos produtos, embalagens, transporte e etc.
( ) Inovações n
( ) Implementação de técnicas de
( ) Mudanças nas práticas de comercialização
( ) Implantação das normas de certificação (ISO 9000, ISO 14000, etc.)
( ) Outros _______________________
10. Por quê? ________________________
_______________________________________
11. Na origem da empresa, qual era o ramo de atuação e produtos produzi
_______________________________________________________________________________________
11.1 Desde a criação da empresa tem diversificado seus produtos ou áreas (ramos) de atuação?
____________ (1) sim (2) não.
11.2 Caso positivo, especificar. ______________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
169
12. Dentro do seu processo produtivo a empresa tem buscado a diferenciação de seus produtos? __________
(1) sim (2) não.
12.1- Caso positivo, especificar. _____________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
IV – MERCADO (Clientes e Concorrentes)
) Outros estados brasileiros (5.1) Cite os três principais ________________________________________
_________________________________________________
________________________
________________________________________________________________________
na unidade?______ (1) Sim (2) Não.
____(1) Sim (2) Não. Quantos? _______________________________
es em outras localidades (município, estado): ___________ (1) Sim (2) Não
_______________________________________________________________
és de tradyng ?_________ (1) Não (2) Sim
são as garantias de recebimento?_________________
com cláusulas contratuais)
________________________
_______
1- Quais são seus principais mercados, ou seja, raio de atuação das vendas:
(1) Sertãozinho
(4) no Est. De São Paulo (4.1) Cite as três principais cidades _____________________________________
_______________________________________________________________________________________
(5
______________________________________
(6) Internacional (6.1) Quais países? _________________________________
_______________
2- Em quais setores a empresa atua? Qual o percentual de importância (faturamento):
(1) Sucroalcooleiro (_____%)
(2) Mineração (,minério de ferro, bauxita, etc.) (_____%)
(3) Papel e Celulose (____%)
(4) Siderúrgico (_____%)
(5) Alimentos (_____%)
(6) Hidráulicos (_____%)
(7) Petroquímico (_____%)
(8) Co-geração de energia (_____%)
(9) Cimento (_____%)
(10) Construção (_____%)
(11) Bebidas (_____%)
(12) Outros (_____%)
3- As vendas são realizadas
3.1- Possui vendedores externos?____
3.2- Possui representant
Onde? ___________________
3.3-Realiza vendas atrav
4. No pós venda, quais
(1) vendas informais através de pedidos/Nota Fiscal (2) formal (
5- A demonstração de seus produtos, é feita por: ______ (1) Mostruário (2) Projeto (3) Outros ___________
5.1- Participa de alguma Feira de Exposição?____________ (1) Sim (2) Não
Quais?__________________________________________________________________________________
6. A concorrência está:____________ (1) Próxima (2) Distante
6.1 Se distante, qual a localidade?____________________________________
6.2 Como entende essa concorrência, há troca de informações, parcerias, cordialidade?_________
170
(1) Sim (2) Não (3) Outros
6.3- Explique. ___________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
________________________
___________________________________
( ) qualidade da matéria-prima e outros insumos
( ) Qualidade da mão-de-obra
____________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
8. Quais fatores são determinantes para a empresa manter a capacidade competitiva:
( ) Custo de mão-de-obra
( ) Nível tecnológico dos equipamentos
( ) Capacidade de introdução de novos produtos e processos
( ) Estratégias de comercialização
( ) Capacidade no atendimento ( prazo e volume)
( ) Qualidade no produto