Tema: A Mediunidade Psicográfica

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1 o EEMED-1994 1 o . ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDIUNIDADE TEMA: A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA Em 26 de junho de 1994 A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA “Tudo está em observar com cuidado e isso todos podem fazer nós, desde que se não limitem a observar efeitos, sem lhes procurarem as causas. Se a nossa fé se fortalece, de dia para dia, é porque compreendemos. Tratai, pois, de compreenderdes, se quiserdes fazer prosélitos sérios.” ALLAN KARDEC “O LIVRO DOS MÉDIUNS” - item 149

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1o E E M E D - 1 9 9 4 1o. ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDIUNIDADE

TEMA: A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA Em 26 de junho de 1994

A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA

“Tudo está em observar com cuidado e isso todos podem fazer

nós, desde que se não limitem a observar efeitos, sem lhes procurarem

as causas. Se a nossa fé se fortalece, de dia para dia, é porque

compreendemos. Tratai, pois, de compreenderdes, se quiserdes fazer

prosélitos sérios.”

ALLAN KARDEC

“O LIVRO DOS MÉDIUNS” - item 149

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SUMÁRIO

CONTEÚDO PÁGINA

Temário para o 1o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade (1o. EEMED) 003

Explicações sobre a Apostila 004

Programa para o 1o. EEMED De 005 a 006

Índice 007

Mensagens psicográficas dos Diretores Espirituais do CELD para o

Encontro

De 008 a 014

Roteiro para o estudo:

- Conceito e definições kardequianas

- Manifestações dos Espíritos

- Comunicações dos Espíritos

- Tipos de comunicações

- Quadro sinóptico dos diferentes modos de manifestação e comunicação

dos Espíritos

De 015 a 019

Comunicações através da escrita:

- A Escrita Direta ou Pneumatografia

- A Psicografia ou Escrita Manual

De 020 a 032

Kardec e a Mediunidade Psicográfica:

- Primeiros contatos

- Os médiuns psicógrafos e as revelações sobre a missão de Kardec

- Os médiuns psicógrafos e as orientações sobre a conclusão do trabalho da

Codificação

- A Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e seus Médiuns

De 032 a 038

Estudo sobre as variedades dos médiuns escreventes, segundo Kardec (*)

A Prática da Mediunidade Psicográfica:

- Desenvolvimento Mediúnico

- Dificuldades

- Tipos de médiuns escreventes

- Quadro sinóptico das variedades dos médiuns escreventes

- A obsessão na Psicografia

De 039 a 051

Mecanismo da Mediunidade e Médium sem o Saber

Mecanismos da Psicografia:

- Introdução

- Pensamentos e Ondas

- Transmissão

- Comunicação entre os Homens

- Os tipos de médiuns psicógrafos e os Mecanismos da Comunicação

- A Comprovação pela Grafoscopia

De 052 a 081

Desenvolvimento do Programa para o 1o. EEMED

Roteiro para o Estudo dos Médiuns Escreventes

Conclusão

De 082 a 147

Dados Históricos De 148 a 154

Avaliação do 1o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade De 155 a 156

(*) Ver o Quadro sinóptico das variedades dos médiuns escreventes, inserido às pp. 044 a 047

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TEMÁRIO

Tema Geral

A Mediunidade Psicográfica

Tema 1:

Kardec e a Mediunidade Psicográfica

Tema 2:

A Psicografia, a Pneumatografia e os Médiuns Psicográficos

Tema 3:

Mecanismo da Mediunidade Psicográfica

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CELD - CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

1o. ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE A MEDIUNIDADE EM 26/06/1994

TEMA: A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA

A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA

“Tudo está em observar com cuidado e isso todos podem fazer como nós, desde que se não

limitem a observar efeitos, sem lhes procurarem as causas. SE A NOSSA FÉ SE FORTALECE DIA

PARA DIA, É PORQUE COMPREENDEMOS. TRATAI, POIS, DE COMPREENDER, SE

QUISERDES FAZER PROSÉLITOS SÉRIOS (grifo nosso). Ainda outro resultado decorre da

compreensão das causas: o de deixar riscada uma linha divisória entre a verdade e a

superstição.” (Kardec, LM item 149)

APOSTILA DO DINAMIZADOR

Este trabalho é resultado da pesquisa sobre a Mediunidade Psicográfica realizada pelo Grupo

de Planejamento do 1o. EEMED.

Destina-se também a fornecer subsídio para a dinamização dos Temas.

NÃO EXCLUI O ESTUDO DA BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

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Programa para o 1o. EEMED

1o. Encontro Espírita sobre a Mediunidade – 26/06/1994

Tema: A Mediunidade Psicográfica

1.1 Definição

1.2 Variedades de tipos de médiuns escreventes (LM, itens 178/184)

1.2.1 Destaque para mediunidade receitista (LM, item 193)

1.3 Da natureza das comunicações (LM, itens133/138)

1.4 Pneumatografia (LM, itens 149/177)

- (Ernesto Bozzano 1 (monografias ditadas em LUCE E OMBRA, a principal revista

italiana de Espiritismo, tradução de Francisco Klörs Werneck, edição O CLARIM – Matão)

“ O Caso Jonathan Koons”

- (Bases Científicas do Espiritismo – Epes Sargent – FEB) Capítulo I, p. 29

- (Fatos Espíritas – William Crookes – FEB, p. 43)

2. Os Médiuns Psicógrafos

2.1 Os médiuns imperfeitos e Bons Médiuns

2.2 Da influência moral do médium

2.3.1 A influência moralizadora que os bons médiuns exercem sobre o público através da

ação deles próprios na Sociedade em que vivem.

2.3.2 A influência moralizadora que os médiuns exercem sobre os trabalhadores espíritas

[SEMPRE através da psicografia]

2.4 Os grandes médiuns psicógrafos que mexeram com o público mas por não serem

espíritas não deixaram uma mensagem que modificasse a mente do público para as obras do Bem.

2.5 A prática da mediunidade psicográfica

2.5.1 Sinais de chamada (LM, itens 152/158)

- Desenvolvimento

- Dificuldades

- Diferenciação entre: (LM, itens 178/183)

- Médiuns mecânicos

- Médiuns semi-mecânicos

- Médiuns intuitivos

- Médiuns receitistas (LM, item 193)

2.5.2 O medo de ser considerado

- Charlatão

- Falso

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- Mentiroso

- De só dizer o que sabe

2.5.3 A obsessão na psicografia

- Escrever sem parar

- Livros ruins

- Livros ditados por obsessores

- Livros que a nada conduzem

- Livros atribuídos aos Espíritos quando são apenas frutos do trabalho do

homem (conhecer a personalidade do comunicante)

2.5.4 A vitória

- Ter sido útil ao próximo

- Ter servido a Jesus

- Ter sido instrumento dócil nas mãos dos Bons Espíritos

3. Níveis de atuação da mediunidade psicográfica

3.1 Atingir os pontos de direção de uma Casa Espírita trazendo instruções gerais e

particulares (Exemplo:Yvonne Pereira)

3.2 Atingir instruções conceituais sobre pontos doutrinários obscuros

(Exemplo: Erasto/Sr. D’Ambel)

3.3 Atingir os seres humanos através instruções moralizadoras e de caráter pessoal

(Exemplo: Chico Xavier)

3.4 O socorro a pessoas estranhas ao meio Espírita

- Mensagens de força

- Mensagens instrutivas para uma determinada situação

- Mensagens de consolação (sobre desencarnados ou pessoais)

- Mensagens que mudam o rumo das pessoas

- Mensagens que mudam o rumo das situações

- Mensagens que causam surpresa mas não transformação

4. Bases Científicas

(Perandréa - A Psicografia à Luz da Grafoscopia)

4.1 Como os Espíritos atuam no cérebro mediúnico

4.2 Como os Espíritos conduzem o braço

4.3 Como os Espíritos se fazem conhecidos

4.4 Como os Espíritos transmitem “as imagens” que querem transmitir ao público

4.5 O desgaste orgânico (fluídico) e o neuronal

5. Estímulo ao trabalho

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ÍNDICE

01. Mensagem psicográfica dos Diretores Espirituais do CELD para o 1o. EEMED.

Demais mensagens.

02. Programa para o 1o. EEMED

03. Roteiro para o estudo

Conceito e definições kardequianos

04. Manifestações dos Espíritos

05. Comunicações dos Espíritos

06. Tipos de comunicações

07. Quadro sinóptico dos diferentes modos de manifestações e comunicações dos

Espíritos.

08. Comunicações através da escrita: A Escrita direta ou Pneumatografia

09. Comunicações através da Escrita : - A Psicografia ou Escrita Manual.

10. Kardec e a mediunidade psicográfica

- Primeiros contatos: com a mediunidade

com a escrita direta

com a psicografia

- Os médiuns psicógrafos e o Livro dos Espíritos

- Os médiuns psicógrafos e as revelações sobre a missão de Kardec

- Os médiuns psicógrafos e as orientações sobre a conclusão do trabalho da Codificação

(época do aparecimento das obras, revisão dos livros, auto-de-fé de Barcelona, a

publicação da Revista Espírita)

- A Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE) e seus médiuns

11. Estudo sobre as variedades dos médiuns escreventes, segundo Kardec, apresentado em o

LM (O Livro dos Médiuns) e complementado com informações da Revista Espírita (RE).

12.. A Prática da Mediunidade Psicográfica

- Desenvolvimento mediúnico

- Dificuldades

- Tipos de médiuns escreventes ou psicógrafos

- A Obsessão na Psicografia

13. Mecanismos da psicografia

14. Dados Históricos.

15. Conclusão e avaliação.

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Mensagem para o Encontro

1a Mensagem

Meus irmãos!

Na oportunidade da realização do 1o. Encontro sobre a Mediunidade dirigimo-nos a todos

estimulando-os ao estudo e sua conseqüência imediata que é o trabalho no Bem.

Trabalhadores: mediunidade é sublime desenvolvimento das forças da alma. Todos os

homens são chamados a desenvolver, ou seja, a sensibilizar os dons de comunicação entre os seres.

Para isso, primeiramente devemos orar e pedir a Jesus que nos ajude neste ministério.

Com o senso de elevação melhorado, dirigiremos nossas antenas psíquicas para os seres e os

pontos elevados impedindo o acesso de forças más, indiferentes ou perversas.

Trabalharemos nossa sensibilidade e nossa vontade para alcançarmos os dons desejados. A

luz se apresenta para todos mas só os que sabem utilizá-la convenientemente são capazes de tirar

proveito dela.

No que refere ao trabalho específico da mediunidade psicográfica, entendemos que é dom dos

mais sublimes, por permitir a livre difusão de idéias, dos conceitos e dos conhecimentos.

Preferentemente dirigida às classes mais conscientes, a psicografia perpetua,

convenientemente, os ideais e a cultura espiritual além da consolação. Através dela sublima-se no

homem o estudo e a conscientização.

Estudemos sempre a mensagem confortadora, a de paz e a de luz e teremos precioso auxiliar

do progresso.

Neste 1o. Encontro, desejamos que todos entendam que a psicografia é a porta aberta para as

comunicações estáveis e duradouras destinadas a perpetuar o pensamento da espiritualidade.

LUIZ, BALTAZAR, HERMANN e outros Espíritos do Bem

(Mensagem psicografada, em 16/04/94, pelo médium Altivo Pamphiro)

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2a. Mensagem

Em todos os tempos o homem se apropriou do Invisível para transmitir seus próprios

sentimentos atribuindo a Deus ou aos Espíritos os seus conceitos pessoais.

Em todas as épocas o Mundo dos Espíritos surgiu apresentado como maravilhoso e por falta

de conhecimentos atribuíram-se aos Espíritos valores que estes não possuem realmente.

Com Kardec os fenômenos analisados nos mostram um mundo palpável, com limites de ação

e uma extrema simplicidade.

Os meios de se comunicar ficaram mais definidos.

Os sentimentos dos Espíritos comunicantes foram levados em conta.

Os valores morais dos médiuns passaram a contar.

O ambiente das sessões passou a ser lugar de maiores cuidados e comunicantes e ouvintes

passaram a ser vistos com outros olhos - os da conclusão do conteúdo das mensagens e aplicação

dos bons frutos.

A Doutrina Espírita explicando e mostrando onde o médium pode e deve atuar tem esta

vantagem. Limita a ação daqueles que não fazem o trabalho corretamente e abre novas e poderosas

frentes de ação para aqueles que muito desejam produzir.

Estudemos o Livro dos Médiuns, verdadeiro manancial de valores do conhecimento, e

aplicando-o na atividade mediúnica da Casa Espírita teremos, resplandecendo, um poderoso meio

de instrução para todos nós.

Luiz

(Mensagem psicográfica em .... /05/94, pelo médium Altivo Pamphiro)

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1a. Vibração para o 1o Encontro Espírita sobre Mediunidade

Trata-se de uma experiência impar no campo do estudo da Mediunidade, esta a de que vocês

irão participar.

Por isso será o centro de atenção de muitas pessoas. Criaturas irão observar não só o

conteúdo como também o próprio comportamento dos dinamizadores, monitores, participantes de

um modo em geral que deverão passar de forma sucinta mas eficiente, demonstrando conhecimento,

aquilo que sabem sobre a mediunidade psicográfica.

Tentaremos liberar algumas idéias, alguns preconceitos, algumas conceituações errôneas sobre

o assunto e, simultaneamente, iremos demonstrar às pessoas que nos buscarem como devem agir

perante o fato mediúnico psicográfico.

Por isso, não só todo o cuidado no conteúdo, como também o cuidado na exposição, a fim de

ensinar sem ferir, e mostrar os erros sem agredir.

Culminando com o trabalho, lembrem-se de que a Bondade de Jesus que a todos socorre e

ampara, abre caminho para aqueles médiuns mesmo que ainda estão em fase de adaptação,

mostrando que tais médiuns iniciantes terão uma oportunidade de serviço adequado, na medida que

se dedicarem ao trabalho.

Que, portanto, ninguém diminua o valor de ninguém, mesmo encontrando erros ou

absurdidades naqueles que vos falarem.

Mas procurem agir com prudência, ensinando adequadamente a todos que estiverem desejosos

de aprender.

Agora, ao terminar o encontro desta vibração pedimos a todos que orem a Jesus, buscando

forças para se dedicarem completamente ao serviço que vai ser realizado brevemente.

Que Deus ilumine a todos, fortaleça a todos e a todos conduza agora e sempre.

Graças a Deus.

Que assim seja.

Hermann

(Mensagem psicofônica, em 08/06/94, transmitida pelo médium Altivo Pamphiro)

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2a. Vibração para o 1o. Encontro sobre Mediunidade

A finalidade das nossas vibrações em torno do trabalho que se há de fazer, recordemos a

necessidade de uma confiança muito grande por parte de todos os monitores durante o Encontro e

também por parte de todos os dinamizadores.

Alguns temem falar de algum assunto que não é do pleno domínio da criatura; provoca uma

sensação de mal estar falar de algum assunto que não é do pleno domínio da criatura; provoca uma

sensação de mal estar falar de um assunto eminentemente técnico e com isso provoca um estado de

ânimo descompensado. Creio que todos devem manter a confiança em Deus, em Jesus, estudar e

partir confiantemente para a realização da tarefa que lhe está proposta. Não tema. Caminhe.

Todas as dificuldades serão naturalmente resolvidas, desde que vocês estudem, leiam e

estudem o material que lhes foi dado. Algumas vezes, é certo, falta o conhecimento a vocês, mas

se aquele que não estudou (devido a uma) dificuldade real, aquele que não pode melhorar o

conhecimento, por dificuldade explicável, para esses estaremos nós, juntos, socorrendo pela

inspiração para que as palavras saiam explicadas e explicadoras sem maiores dificuldades. Acredito

que se o coração de vocês se colocar definitivamente ao lado do Cristo e decididamente ao lado da

Doutrina Espírita todo o trabalho transcorrerá em clima de paz e de realizações. Portanto, nossa

palavra aos dinamizadores, aos monitores e a todos os demais companheiros é que mantenham

intacta em vocês a idéia do trabalho no Bem, com firmeza de propósito.

Que o Senhor da Vida nos ajude agora e sempre.

Hermann

(Mensagem psicofônica, em 15/06/94, transmitida pelo médium Altivo Pamphiro)

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3a. Vibração para o 1o. Encontro sobre Mediunidade

Meus prezados irmãos, prontos para a oportunidade de servir, devemos estar sempre

preparados para o serviço que é fruto do esforço de cada um. Saber conviver com as dificuldades,

com as lutas e as perguntas que fizerem a vocês é resultado de uma espécie de experiência, de uma

espécie de convivência com as dificuldades para que a gente saiba responder convenientemente as

dúvidas daqueles que nos falam.

Estar ligado com a Espiritualidade é também o resultado de um esforço contínuo por parte de

cada um de nós, esforço esse que resulta da vontade, do conhecimento e do merecimento também,

porque não dizer.

Assim, todos aqueles que aqui estão devem estar conscientizados de que junto à vontade de

servir, junto aos conhecimentos devem procurar desenvolver a convivência, a experiência com a

convivência e também devem procurar sustentar a própria fé num convívio mais efetivo com os seu

Mentores Espirituais, pelo menos até o dia do trabalho.

De nossa parte estamos todos prontos, da parte de vocês evidentemente, há algumas pessoas

que não estão devidamente preparadas, mas peço a todos que aproveitem esses dias restantes para

estudarem e se prepararem intimamente para que o Encontro corresponda ao atendimento daqueles

que aqui vêm retirar da conversa com vocês novos conceitos, novas oportunidades de

aprendizagem.

Não esqueçam, conheçam, estudem, porque muito naturalmente alguns dos que visitarão

vocês podem até ter alguma experiência a mais do que alguns dos dinamizadores. Por isso que o

estudo será conveniente ser levado às conseqüências.

Que Deus ajude a vocês, ampare, proteja, prepare, ensine a Humildade e que cada um seja

muito feliz no trabalho do Bem.

Que Deus fique com vocês agora e sempre.

Muita Paz para seus espíritos.

Hermann

(Mensagem psicofônica, em 22/06/94, transmitida pelo médium Altivo Pamphiro)

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4a. Vibração para o 1o. Encontro sobre Mediunidade

Não só para proteger o trabalho, mas também para estimular todos aqueles que de uma

maneira ou de outra desejam participar dos trabalhos a serem feitos nos Encontros, envolvemos

inúmeros Espíritos integrados às espécies da transmissão do conhecimento doutrinário, nas reuniões

públicas. Além desses, juntamos companheiros encarregados do socorro, no trabalho da

misericórdia e também aqueles inúmeros médicos espirituais que ajudam no processo da cura de

doenças nas reuniões de estudos, nos cursos, aqueles que dedicam-se a ensinar.

Atendendo a um desejo de todos movimentamos recursos de acordo coma solicitação.

Assim, convidamos vocês todos a orar e a decidir pelo trabalho, pela integração do trabalho

no Bem, porque se assim o fizerem haverá resposta da Espiritualidade.

Não esperem de nossa parte que venhamos apenas convocar, pelo contrario; compareceremos

segundo a intensidade de seus pensamentos.

Para o próximo Encontro intensifiquem em vós mesmos o desejo de estudar e o Plano Maior

com os Bons Espíritos acorrerão ao chamamento.

Que todos orem, se preparem bem, estudem mais para o bom andamento do próximo trabalho.

Hermann

(Mensagem psicofônica, em 25/06/94, transmitida pelo médium Altivo Pamphiro)

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Mensagem para o 1o. Encontro sobre a Mediunidade

Meus amigos, Jesus nos ajude e abençoe agora e sempre.

No âmbito das atividades de um Centro existe a tarefa de um Encontro, trabalho feito com

carinho e dedicação dos trabalhadores encarnados e desencarnados, usando promover a educação

simultaneamente a convivência fraternal em torno de um assunto.

Seres afins se unem pelos valores que os tornam iguais, sentimento gerando sentimento,

conhecimento gerando conhecimento, amizade criando amizade e trabalho atraindo trabalho.

Assim, cada Encontro deve ser encarado como a uma oportunidade impar para todos aqueles

que dele participam.

De nossa parte vemos com satisfação a aproximação dos homens encarnados e tenham a

certeza que todos aqueles que trabalham vêem com satisfação a aproximação de Espíritos

Benfeitores que hão de conduzi-los, ajudá-los sempre.

A mais importante é a tarefa da convivência como elemento que criou o clima de trabalho.

Assim no Livro dos Espíritos temos a beleza, a tranquilidade, a certeza da presença das

vibrações de Allan Kardec por nós. No encontro de Eurípides Barsanulfo, o encontro de Léon

Denis, de Bezerra e de todos os demais Encontros também temos a certeza da presença, da vibração

de todos esses generosos Amigos.

E tudo isso por que? Para criar em cada ser não só o conhecimento, para criar em cada ser

não só a cultura capaz de conduzi-los naquele sentido de aprendizado, mas principalmente, criar a

condição de viver ao lado dos inspiradores dos Encontros.

Assim caros filhos, entendo que nos dias de Encontro não somente estudamos, mas

principalmente vivemos o clima mental daqueles que estão crescendo, desse modo, aproveitam essa

oportunidade. É a chance de encontrarmos com homens generosos que lutaram, cresceram e

fizeram crescer muitas outras criaturas.

É o momento de Luz do qual não podemos perder a oportunidade de participar.

Que Deus os ajudem e sua Luz os abençoe e os conduza agora e sempre.

Vosso irmão

Antonio de Aquino

(Mensagem psicofônica transmitida pelo médium Altivo Pamphiro, na reunião de 25.06.64, no CELD)

Page 15: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Introdução ao estudo da Mediunidade Psicográfica

Definições kardequianas:

1o. MANIFESTAÇÃO DOS ESPÍRITOS

O que é?

Quais são os tipos conhecidos?

2o. COMUNICAÇÕES DOS ESPÍRITOS

O que é?

Como são classificadas?

Sematologia

Tiptologia Alfabética

Interior

Psicografia Direta ou Manual ou Escrita Involuntária

Indireta

Espiritografia ou Pneumatografia ou Escrita Direta

Espiritologia Mediata

Direta (Pneumatofonia)

SISTEMATIZAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES ESPÍRITAS SEGUNDO ALLAN KARDEC

Page 16: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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MANIFESTAÇÕES

“Os Espíritos atestam sua presença de várias maneiras, conforme sua aptidão, vontade e maior

ou menor elevação ... Para facilitar a compreensão dos fatos julgamos, pois, um dever ... [fazer] um

quadro das diversas formas de manifestações:

1o. Ação oculta

2o. Ação patente ou manifestação

3o. Manifestações físicas ou materiais

4o. Manifestações visuais ou aparições

5o. Manifestações inteligentes

6o. As comunicações

Ação oculta; nada tem de ostensivo. Exemplos: as inspirações ou sugestões de pensamentos,

os avisos íntimos, a influência sobre os acontecimentos, etc. ...

Ação patente ou manifestação: é a maneira provável [possível].do espírito atestar sua

presença.

Manifestações físicas ou materiais: se traduzem por fenômenos sensíveis, tais como ruídos,

aparecimentos ou deslocamentos de objetos. Não trazem freqüentemente nenhuma mensagem; só

tem por fim chamar a atenção para qualquer coisa e nos convencer da presença de um poder

sobre-humano.

Manifestações visuais ou aparições: o Espírito se mostra sob uma forma qualquer, sem

nenhuma das propriedades conhecidas da matéria.

Manifestações inteligentes: revelam um pensamento. Tem sentido. Mesmo quando não passa

de simples movimento ou ruído, ao acusar certa liberdade de ação, corresponde a um pensamento ou

obedece a uma vontade, é uma manifestação inteligente. As há em todos os graus.

COMUNICAÇÕES

Comunicações: manifestações inteligentes com permuta regular e continuada de pensamentos

entre o homem e os espíritos.

Classificação das comunicações:

1o. Frívolas: procedem de espíritos levianos, zombeteiros e travessos, mais malandros que

maus.

Nada de indecoroso encerram.

Compõe-se de tiradas espirituosas e mordazes, e por entre facécias vulgares dizem, não raro,

duras verdades, que quase sempre ferem com justeza.

As pessoas que geralmente se comprazem nesse gênero de comunicações naturalmente dão

acesso aos Espíritos levianos e falaciosos.

Não há preocupação com a verdade por parte do comunicante.

Page 17: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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OBS.: (LE 103) Espíritos levianos vulgarmente taxados de demônios, trasgos, diabretes,

gnomos.

2o. Grosseiras: procedem de Espíritos inferiores (OBS.: LE 101).

Na linguagem de que usam se lhes revela o caráter. Todo espírito que, em suas

comunicações, trai um pensamento, pode ser classificado na terceira ordem. Conseguintemente,

todo mal pensamento que nos é sugerido vem de um Espírito desta ordem.

Chocam o decoro.

3o. Sérias: procedem de Espíritos sérios, isto é, são ponderosas quanto ao assunto e elevadas

quanto à forma. Toda comunicação, que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil,

ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato, uma comunicação séria. Entretanto como

nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos podem enganar-se de boa-fé. A razão e a

mais rigorosa lógica serão os crivos a que se submetam todas as comunicações.

Espíritos presunçosos, ou pseudo-sábios, procuram conseguir a prevalência das mais falsas

idéias e dos mais absurdos sistemas, à sombra da elevação da linguagem e adornando-se com os

mais respeitáveis nomes e até com os mais venerados. Esse um dos maiores escolhos da ciência

prática. (Estudar LM Cap. XXXI Comunicações Apócrifas).

4o. Instrutivas: são comunicações sérias cujo principal objetivo consiste num ensinamento

qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos

profundas, conforme o grau de elevação, de desmaterialização do Espírito. Para se retirarem frutos

reais dessas comunicações, preciso é que elas sejam regulares e continuadas com perseverança

(grifo nosso).

“UNICAMENTE PELA REGULARIDADE E FREQUÊNCIA DAQUELAS COMUNICAÇÕES

[INSTRUTIVAS] SE PODE APRECIAR O VALOR MORAL E INTELECTUAL DOS ESPÍRITOS

QUE AS DÃO E A CONFIANÇA QUE ELES MERECEM” (grifo nosso).

“São variadíssimos os meios de comunicação: aparições, impressões tangíveis, visíveis, ou

ocultas, ruídos, odores sem causa conhecida.

O que devemos examinar com cuidado são os diversos meios de obterem comunicações, isto

é, uma permuta regular e continuada de pensamentos.

Esses meios são: as pancadas, a palavra e a escrita.”

Referências bibliográficas:

- (RE) janeiro de 1958, editora EDICEL, p. 06, - Diferentes formas de manifestações

- Livro dos Médiuns (LM):

Cap. X da Natureza das Comunicações

Cap. XXXI Dissertações Espíritas (Comunicações Apócrifas)

- Livro dos Espíritos (LE): Escala Espírita, item 100 e seguintes

Page 18: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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VÁRIOS MODOS DE COMUNICAÇÃO

“Primeiro modo de comunicação”

“Os sinais consistem no movimento significativo de certos objetos e, mais freqüentemente,

nos ruídos ou golpes vibrados. Daremos a este modo de comunicação o nome de SEMATOLOGIA

ESPÍRITA, expressão que dá uma perfeita idéia e compreende todas as variedades de comunicação

por sinais, movimento de corpos ou pancadas. À comunicação primeiro de pancadas dá-se o

nome de TIPTOLOGIA.

Chama-se TIPTOLOGIA ALFABÉTICA às que consiste em serem as letras do alfabeto

indicadas por pancadas. Chama-se TIPTOLOGIA INTERIOR às pancadas produzidas na própria

madeira da mesa, usada nas manifestações, sem nenhuma espécie de movimento”. (Para maiores detalhes ver LM Cap. XI Da Sematologia e da Tiptologia)

“O segundo modo de comunicações é a escrita doravante designada PSICOGRAFIA”

Pode ser DIRETA ou MANUAL ou ESCRITA INVOLUNTÁRIA quando é obtida pela mão

do médium que segura diretamente o lápis. Chama-se PSICOGRAFIA INDIRETA aquela obtida

pela imposição da mão do médium sobre um objeto colocado de modo conveniente e munido de um

lápis ou qualquer outro instrumento para escrever (pranchetas, cestas, etc.)

Os Espíritos transmitem por vezes certas comunicações escritas sem intervenção direta (do

médium). Os caracteres são traçados espontaneamente por um poder extra-humano, visível ou não.

Chamaremos a tal modo de comunicação escrita ESPIRITOGRAFIA ou PNEUMATOGRAFIA ou

ESCRITA DIRETA.

“O terceiro modo de comunicação é a palavra”

Certas pessoas sofrem nos órgãos vocais a influência de um poder oculto, semelhante ao que

faz se sentir na mão dos que escrevem. Transmitem pela palavra tudo aquilo que os outros fazem

pela escrita. Chama-se ESPIRITOLOGIA MEDIATA a este gênero de comunicação.

Como as escritas, as comunicações verbais se dão por vezes sem a mediação corpórea.

Palavras e frases podem soar nos nossos ouvidos e em nossos cérebros sem causa física aparente.

Os Espíritos também podem aparecer em sonho ou em estado de vigília e dirigirem-nos a palavra

para nos darem avisos e instruções. Chamaremos ESPIRITOLOGIA DIRETA à palavra que

provem diretamente do Espírito.

Em o LM (item 150) Kardec designa como PNEUMATOFONIA o gênero de

ESPIRITOLOGIA DIRETA em que os Espíritos podem fazer se ouçam (no estado de vigília) gritos

de toda espécie e sons vocais que imitam a voz humana.

Os SONS PNEUMATOFÔNICOS exprimem pensamentos e nisso está o que nos faz

reconhecer que são devidos a uma causa inteligente e não acidental.

Pode se estabelecer, como princípio, que os efeitos notoriamente inteligentes são os únicos

capazes de atestar a intervenção dos Espíritos.

Referências bibliográficas:

- RE, janeiro de 1858, p. 06, editora EDICEL, Vários modos de comunicação

- LM: Cap. XI Da Sematologia e da Tiptologia

Cap. XII Da Pneumatografia ou Escrita direta e da Pneumatofonia

Cap. XIII Da Psicografia

Page 19: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 19 -

QUADRO SINÓPTICO DOS DIFERENTES MODOS DE MANIFESTAÇÕES

E COMUNICAÇÕES DOS ESPÍRITOS (SEGUNDO KARDEC)

Tiptologia

Manifestações

Ação oculta

Ação Patente ou Manifestações

Manifestações Físicas ou Materiais

Manifestações Visuais ou Aparições

Manifestações Inteligentes

Comunicações

Sematologia

Psicografia

Alfabética

Interior

Direta ou Manual ou Escrita Involuntária

Indireta

Pneumatografia ou Escrita Direta ou Espiritografia

Espiritologia Mediata

Direta (Pneumatofonia)

Page 20: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 20 -

COMUNICAÇÕES ESPÍRITAS ATRAVÉS DA ESCRITA

“A ciência espírita há progredido como todas as outras ciências e mais rapidamente do que

estas. Alguns anos apenas nos separam da época em que se empregavam esses meios primitivos e

incompletos, a que trivialmente se dava o nome de “mesas falantes”, e já nos achamos em

condições de comunicar com os Espíritos tão fácil e rapidamente, como o fazem os homens entre

si e pelos mesmos meios: a escrita e a palavra. A escrita, sobretudo, tem a vantagem de assinalar,

de modo mais material, a intervenção de uma força oculta e de deixar traços que se podem

conservar, como fazemos com a nossa correspondência.” (LM, item 152)

COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DA ESCRITA

Introdução

Meio de comunicação entre os homens e os Espíritos que utiliza a escrita.

Permite exame e re-exame. Serve de prova da intervenção de uma força oculta, inteligente,

independente dos médiuns e assistentes. Repete a caligrafia e mesmo a assinatura que o

comunicante tinha em vida tornando-se poderoso meio de identificação do Espírito. Deixa traços

que se podem comprovar.

Sistematização das comunicações escritas:

I. Pneumatografia ou Escrita direta ou Espiritografia (LM, itens146/149)

a) Definição

b) Exemplos históricos

c) Resumo das considerações de Kardec sobre a escrita direta

d) Resumo do estudo de Epes Sargent sobre a escrita direta em sua obra: “BASES

CIENTÍFICAS DO ESPIRITISMO”, editora FEB, (cap. I - As bases - a

clarividência e a escrita direta p. 43)

e) Resumo de outros estudos sobre a escrita direta:

- William Crookes em “FATOS ESPÍRITAS”, editora FEB, à p. 43.

- “ERNESTO BOZZANO 1”, Ernesto Bozzano, O caso Jonathan Koons à p. 43,

editora O CLARIM

f) Resumo sobre a Pneumatografia

II. Psicografia (LM itens152/159) direta ou manual ou involuntária

indireta

Page 21: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 21 -

PNEUMATOGRAFIA

Definição

A pneumatografia é a escrita produzida diretamente pelo Espírito, sem intermediário algum;

difere da psicografia, por ser esta a transmissão do pensamento do Espírito, mediante a escrita feita

com a mão do médium.

Exemplos históricos de escrita direta

BÍBLIA DE JERUSALÉM

Livro do Êxodo 24:12

Então disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim no monte, e fica lá: e dar-te-ei tábuas de pedra, e

a lei, e os mandamentos que tenho escrito, para os ensinar.

Êxodo 31:18

“Quando ele terminou de falar com Moisés no Monte Sinai, entregou-lhe duas tábuas do

Testemunho, tábuas de pedra escrita pelo dedo de Deus.”

Êxodo 32: 15,16

“Moisés voltou-se e desceu a montanha com as duas tábuas do Testemunho nas mãos, tábuas

escritas nos dois lados: estavam escritas em uma e outra superfície. As tábuas eram obras de Deus,

e as escrituras eram obra de Deus, gravadas nas tábuas.”

Deuteronômio 4:13

Ele vos revelou a Aliança que vos ordenara cumprir: as Dez Palavras, escrevendo-as em duas

tábuas de pedra.”

Deuteronômio 5:22

“Tais foram as palavras que, em alta voz, Iaweh dirigia a toda vossa assembléia no monte, do

meio do fogo, em meio as trevas, nuvens e escuridão. Sem nada acrescentar, escreveu sobre duas

tábuas de pedra e as entregou a mim.”

Page 22: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 22 -

Deuteronômio 9:10

“Iaweh deu-me então as duas tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus. Sobre elas estavam

todas as palavras que Iaweh falara convosco na montanha, do meio do fogo, no dia da assembléia.”

Deuteronômio 10: 1-5

“Iaweh disse-me então: “Corta duas tábuas de pedra como as primeiras e sobe até a mim, na

montanha. Faze também uma arca de madeira. Escreverei sobre as tábuas as palavras que estavam

sobre as primeiras tábuas que quebraste e tu as colocarás na arca.” Fiz um arca de madeira de

acácia, cortei duas tábuas como as primeiras e subi à montanha, com as duas tábuas na mão. Ele,

então, escreveu sobre as tábuas o mesmo texto que havia escrito antes, as Dez Palavras que Iaweh

vos tinha falado na montanha, do meio do fogo, no dia da Assembléia. A seguir Iaweh entregou-as

a mim. Depois voltei-me, desci da montanha e coloquei as duas tábuas na arca que eu havia feito.

E elas permanecem lá, conforme Iaweh me ordenara.”

Daniel 5:5

“De repente, apareceram dedos de mão humana que se puseram a escrever, por detrás do

lampadário, sobre o estuque da parede do palácio real, e o rei viu a palma da mão que escrevia.”

Daniel 5: 25, 26, 27, 28

“A inscrição assim traçada, é a seguinte: Mane, Mane, Tecel, Parsin. E esta é a interpretação

da coisa: Mane: Deus mediu o teu reino e deu-lhe fim; Tecel: Tu foste pesado na balança e foste

julgado deficiente; Persin: Teu reino foi dividido e entregue aos medos e aos persas.”

Resumo das considerações de Kardec sobre a escrita direta

A escrita direta ou pneumatografia

Obtida, como, em geral, a maior parte das manifestações espíritas NÃO ESPONTÂNEAS,

(isto é, provocadas, ver LM itens 60 e 62), por meio da concentração, da prece e da evocação.

É relatado por Kardec (LM, item 147) o aparecimento das três palavras célebres, na sala do

festim de Baltazar como um dos primeiros registros históricos de escrita direta. Entretanto, sendo a

possibilidade de escrever sem intermediário um dos atributos do Espírito (ver LM “Ação do Espírito

sobre a matéria” - Cap. I da 2a. Parte, itens 52 a 59), uma vez que os Espíritos sempre existiram desde todos

os tempos e que desde todos os tempos se hão produzidos os diversos fenômenos que conhecemos,

o da escrita direta igualmente se há de ter operado na antiguidade, tanto quanto nos dias atuais.

No século XIX foram registrados por Kardec os seguintes casos de escrita direta:

a) na RE, agosto de 1859, editora EDICEL, p. 229 - as experiências obtidas pelo Abade

Faria, em 1800;

b) na RE, maio de 1860, editora EDICEL, p. 163 - as comunicações de Channing à Srta.

Huet e ao Sr. X em 11/12/1863;

Page 23: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 23 -

c) na RE julho de 1861, editora EDICEL, p. 212 - o relato de escrita direta sobre ardósia

produzido por um Espírito vivo durante momento de emancipação e que ocasionou o salvamento

das vítimas de um naufrágio em 1825.

Num médium escrevente a mão é um instrumento, mas a sua alma, o Espírito nele encarnado,

é o intermediário, o agente, o intérprete do Espírito estranho, que se comunica; na Pneumatografia é

o próprio Espírito estranho quem escreve diretamente, sem intermediário.

O Barão de Guldenstubbé foi o primeiro estudioso sério da escrita direta em sua obra “A

REALIDADE DOS ESPÍRITOS E DE SUAS MANIFESTAÇÕES, DEMONSTRADA

MEDIANTE O FENÔMENO DA ESCRITA DIRETA” (La Realité des Esprits et de leurs manifestations,

démonstrée par le phenomène de l’ecriture directe - RE, agosto de 1859, pp. 228/233).

Médiuns pneumatógrafos são os que têm aptidão para obter a escrita direta, o que não é

possível a todos os médiuns escreventes (LM, item 177). É faculdade muito rara. Conforme seja

maior ou menor o poder (fluídico) do médium obtém-se simples traços, sinais, letras, palavras,

frases e mesmo páginas inteiras. Encontra-se entre as variedades de médiuns especiais para os

efeitos físicos pois que “a ação do médium é aqui toda material, ao passo que no médium

escrevente, ainda que completamente mecânico, o cérebro desempenha sempre um papel ativo.”

“OS EFEITOS INTELIGENTES SÃO AQUELES PARA CUJA PRODUÇÃO O ESPÍRITO

SE SERVE DOS MATERIAIS EXISTENTES NO CÉREBRO DO MÉDIUM, O QUE NÃO SE

DÁ NA ESCRITA DIRETA” (LM, item 189)

“Para escrever dessa maneira, o Espírito não se serve das mesmas substâncias, nem dos

nossos instrumentos. Ele próprio fabrica a matéria e o instrumento de que lhe é mister, tirando

para isso, os materiais precisos, do elemento primitivo universal, que, pela ação da sua vontade,

sofre as modificações necessárias à produção do efeito desejado. Possível lhe é, portanto, fabricar

tanto o lápis vermelho, a tinta de imprimir, a tinta comum, como o lápis preto, ou, até, caracteres

tipográficos bastante resistentes para darem relevo à escrita” (LM, item 148). (Para estudo do mecanismo da comunicação, ver LM Cap. VIII “Do Laboratório do Mundo Invisível”, itens 127,

128).

Podemos assim resumir o mecanismo da pneumatografia:

“O Espírito atua sobre a matéria; da matéria cósmica universal tira os elementos de que

necessita para formar, a seu bel-prazer, objetos que tenham a aparência dos diversos corpos

existentes na Terra. Pode igualmente, pela ação da sua vontade, operar na matéria elementar uma

transformação íntima que lhe confira determinadas propriedades. Esta faculdade é inerente à

natureza do Espírito, que muitas vezes a exerce de modo instintivo, quando necessário, sem disso se

aperceber. Os objetos que o Espírito forma, tem existência temporária, subordinada à sua vontade

ou a uma necessidade que ele experimenta. Pode faze-los e desfaze-los livremente.” (LM, item 129).

“Os traços da escrita direta não desaparecem por se tratar de sinais que, por ser útil

conserva-los, são conservados.” (LM, item 128, 18a.)

A escrita direta foi minuciosamente estudada a partir de 13 de agosto de 1856, pelo Barão

Luis Guldenstubbé, falecido em 27 de maio de 1873, na sua residência em Paris, 29 Rue de Trévise,

aos 53 anos de idade. Suas investigações e experiências pneumatográficas estão documentadas em

sua principal obra “La Realité des Esprits et le Phenomène merveilleux de leur l’écriture directe” (A

Realidade dos Espíritos e fenômeno maravilhoso de suas escrita direta), 1o. volume in-8º , com 15

estampas e 93 fac-símiles, publicado em Paris por Dr. Franck em 1857.

Page 24: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Resumo do estudo de Epes Sargent

Epes Sargent em sua obra “BASES CIENTÍFICAS DO ESPIRITISMO”, editora FEB,

capítulo I (As bases - a clarividência e a escrita direta) traz extensos extratos da obra, assim como

dados biográficos do autor.

As considerações seguintes foram extraídas livremente do capítulo e obra supracitada.

Alicerçado em mais de quinhentas experiências de pneumatografia obtidas sem a presença de

médiuns conhecidos, em diferentes locais (no Louvre, na catedral de São Denis, em diferentes

igrejas e cemitérios de Paris, bem como na própria residência de Guldesntubbé, na Chemin de

Versailles, 74); em folhas de papel fornecidas por mais de cinquentas pessoas diferentes; a sós ou,

em presença de ilustres e honras testemunhas, como o Conde d’Ourches e o General Barão de

Bréwern o autor declara: “Toda a minha vida tem sido consagrada ao estudo do sobrenatural e

das suas relações com a natureza visível e material. Escolhi para único fim e objeto da minha vida

a irrevogável demonstração da imortalidade da alma, da intercessão direta dos Espíritos, da

revelação e do milagre pelo método experimental.”

Todas (ess)as manifestações (os fenômenos da inspiração, do transe, da invisível atração

mediúnica, dos misteriosos golpezinhos, e o movimento dos objetos inertes e inanimados) estavam

longe de serem conclusivos, podendo, no máximo, revelar-nos a existência de forças e de leis ainda

desconhecidas. Somente a escrita direta nos revela a realidade de um mundo invisível, donde

emanam as revelações religiosas e os milagres. A esperança renasce, portanto, agora no coração da

humanidade, ficando plenamente firmadas suas idéias religiosas a respeito da imortalidade da alma,

base de todas as verdades. ...

...........................................................................................................................

“A descoberta da escrita diretamente sobrenatural (?) é mais preciosa, porque poderá ser

provada por experiências repetidas pelo autor na presença dos incrédulos, os quais podem mesmo

fornecer o papel, a fim de afastar a absurda objeção que o materialismo céptico tem apresentado

quanto à probabilidade de o papel empregado ter sido quimicamente preparado. E precisamente

na aplicação do método experimental aos fenômenos diretos sobrenaturais (?) ou milagres, que

reside a originalidade e a força desta descoberta, sem precedente nos anais da Humanidade, pois

que não tem a pretensão de ser admitida como uma revivência dos milagres.

“Hoje, quando todas as ciências procedem pelo método experimental, os resultados da

observação mais perfeitamente verificados e os mais fortes testemunhos se mostram impotentes,

tratando-se desse fenômeno extraordinário, que não pode ser explicado pelas leis físicas do mundo.

O homem transviado pelas experiências palpáveis dos físicos, não dá mais crédito ao testemunho

histórico, principalmente quando se refere aos misteriosos fenômenos reveladores da existência de

potências invisíveis e superiores às forças e às leis da matéria inerte”.

“Hoje, tanto no que refere à moral como às ciências exatas, todos querem fatos, e nós os

damos em abundância.”

........................................................................................................................

“O público letrado bem sabe que as ciência naturais não tinham feito verdadeiro progresso

enquanto não interrogaram a Natureza pelo método experimental. O mesmo se dá com o

Espiritismo; esta experiência das causa invisíveis só se tornará ciência positiva seguindo o

caminho experimental. Cumpre-nos recorrer a esse método para suplantar e reduzir ao silêncio a

arrogância dos físicos, que presumem poder usurpar o domínio das ciências morais e da mais alta

filosofia. Certamente nada pode haver mais absurda que a posição de juizes competentes, que os

físicos desejam assumir nas questões metafísicas e psicológicas.

..........................................................................................................................

Page 25: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 25 -

Sargent afirma que Guldenstubbé não se considerava médium, apesar dos fenômenos

pneumatográficos e outros que se produzira em sua presença. Suas primeiras experiências para

obter a escrita direta eram precedidas de interessantes preces, julgando-as um elemento próprio para

provar-lhe a imortalidade da alma.

..........................................................................................................................

Guldenstubbé a ninguém havia confiado sua intenção de obter o fenômeno da escrita direta.

“Depositou alguns pedaços de papel e um lápis aguçado em uma caixinha que fechou,

guardando sempre consigo a chave. Em vão esperou durante doze dias. Nem o menor traço de

lápis apareceu no papel.

“Qual não foi, porém, o seu espanto, quando, no dia 13 de agosto de 1856, descobriu certos

caracteres misteriosos traçados no papel !

“Por dez vezes, durante esse dia, com intervalos de hora e meia, conseguiu o mesmo

resultado, substituindo de cada vez o papel.

“Em 14 de agosto de 1856 obteve o mesmo fenômeno por vinte vezes, conservando a caixinha

aberta e sem afastá-la de sua vista. Foi então que notou estarem os caracteres e as palavras, na

linguagem estônia, formados ou gravados no papel sem o emprego do lápis. Desde então,

parecendo-lhe supérfluo o lápis, deixou de colocá-lo sobre o papel, limitando-se a por um pedaço

de papel branco sobre a mesa do seu próprio quarto, ou sobre o pedestal de uma estátua antiga, ou

de uma urna, no Louvre, em São Denis e em outras igrejas. O resultado foi idêntico quanto às

experiências feitas nos diversos cemitérios de Paris.”

Quatro anos antes da primeira edição de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, são

notáveis as semelhanças entre as hipóteses aventadas por Guldenstubbé para explicar o mecanismo

da pneumatografia e aquelas apresentadas em o LM (Cap. VII da 2a. Parte - “Do Laboratório do Mundo

Invisível”, itens 127, 128 (18a.), 129).

Relatos de Guldenstubbé:

“Apesar dos efeitos da influência dos Espíritos livres corresponderem aos efeitos produzidos

pelos Espíritos encarnados, devemos confessar que seus meios de ação podem diferir dos nossos,

visto não serem embaraçados pela matéria.”

“É provável que a ação e a influência dos Espíritos ofereçam alguma analogia com os

fenômenos da criação, visto serem eles apenas imagens finitas de Deus que é Espírito Absoluto por

excelência.

“Certamente, num estado de existência em que o tempo se abisma na eternidade e o espaço

desaparece no Infinito, não se pode fazer questão dos meios capazes de produzirem efeito material

qualquer, como a escrita direta, etc. A vontade criadora basta para agir sobre a matéria {(mens

agitat molem - a mente (a inteligência) agita (move) a matéria (a montanha)}. O Espírito do

homem, depois de libertar-se do corpo físico pela morte e repelir os liames da matéria entra em um

estado menos imperfeito.”

“Neste caso, é racional supor-se que os serem tem poderes sobre os elementos da Natureza e

os seus conhecimentos das leis que a governam, devem estar ampliados.”

“É, contudo, possível que os Espíritos, que se envolvem freqüentemente em uma substância

sutil, com um corpo etéreo, segundo todas as tradições da autoridade (o que torna explicável a

realidade objetiva das aparições), possam concentrar, por sua força de vontade e auxílio de seu

corpo sutil, uma corrente de eletricidade sobre um objeto qualquer, tal como um pedaço de papel, e

neste gravar letras, justamente como a luz do Sol imprime a imagem dos objetos na chapa

fotográfica.

“Por isso, Moisés, referindo-se às tábuas do Decálogo (Êxodo, 32: 15-16), disse: “As tábuas

foram escritas de ambos os lados pelo próprio Deus; a escrita foi gravada por Deus.”

Page 26: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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“A maior parte dos escritos diretos dos Espíritos, por mim obtidos, parece ter sido feita com

lápis; em cerca de trinta, parece que foi empregada uma tinta azul escura.”

..........................................................................................................................

Ainda Guldenstubbé:

“O reflexo dos pensamentos (dos médiuns) em nada influi nos fenômenos. Em primeiro

lugar, o Espírito que desejamos, geralmente não se apresenta para escrever; vem em seu lugar um

outro no qual não pensamos e cujo nome, às vezes, nem mesmo nos é conhecido. Quanto aos

Espíritos simpáticos, eles dificilmente se apresentam nessas experiências. Os Espíritos

freqüentemente escreviam páginas inteiras, ora com um lápis comum, ora com a tinta, quando eu

me ocupava de outras coisas. A idéia da ação reflexa contradiz minhas quinhentas experiências,

porque, geralmente, eu não evocava um determinado Espírito.”

“Nenhum raciocínio, diz ele, poderá persuadir-nos da não existência de um fato

completamente provado; com certeza, nenhum cristão deve recusar tal prova, ao mesmo tempo

moral e material, da imortalidade da alma, como nos fornece a escrita direta espiritual. Os fatos

maravilhosos que apresento, são análogos aos fenômenos sobre os quais se basearam todas as

tradições sagradas e todas as mitologias das nações.

“As minhas conclusões estão de acordo com as crenças de dezesseis séculos: foi somente no

décimo oitavo e no décimo nono séculos que se começou a professar idéias diametralmente opostas

ao Espiritismo. Assevero que assentei os primeiros fundamentos da ciência positiva do Espiritismo

em fatos irrefutáveis...

“Certamente há de chegar o dia em que a Humanidade abandonará com compassivo desdém

esses materialistas que se acreditam os únicos conhecedores das leis da Natureza, mas que só

conhecem as manifestações materiais.

“Infelizmente, a demonofobia dos sacerdotes e dos pastores, de um lado, e do outro o

materialismo, o cepticismo, o racionalismo e o excessivo estudo das ciências ditas exatas, quase

extirparam do coração do homem os germens do sentimento religioso. Há verdadeiramente,

porém, um fenômeno direto, ao mesmo tempo inteligente e material, independente da vontade e da

imaginação, como a escrita direta dos Espíritos, vindos sem serem evocados, que pode

fornecer-nos um prova irrecusável da existência de um mundo super-sensorial.”

No seu esclarecedor livro “Bases Científicas do Espiritismo” Epes Sargent refere-se a outros

precursores da escrita direta, desde 1 848. Diz que antes dos fenômenos ocorrerem em Paris foram

verificados em diversas localidades americanas tais como Hydesville, Rochester, Buffalo e Auburn.

A escrita direta parece ter sido fenômeno tão popular quanto os “raps” àquela época.

Henry Slade, o Dr. Francis W. Monck, o Sr. Carlos E. Watkins são alguns dos médiuns em

cuja presença deu-se o fenômeno presenciado por dezenas de honradas testemunhas.

Alfred Russell Wallace, eminente naturalista inglês e Zöllner, cientista alemão, foram

testemunhas e estudiosos dos fenômenos ocorridos com Slade. Escreveu o Dr. George Wyld, de

Londres (obra “Theosophy and the Higher Life”- Frübuer - Cia., 1880):

“Não há fenômeno espírita que mais poderosamente me tenha impressionado que o da escrita

direta na lousa. Slade e suas escritas na lousa foram para mim objeto de absorvente interesse.

Tudo se passou publicamente e foi exposto à luz. A certeza de ser a escrita produzida por

uma Inteligência espiritual sem interseção de mãos humanas, foi esmagadora, e, diante dele, o

materialismo de três mil anos foi refutado em cinco minutos.”

Page 27: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Resumo de outros estudos sobre a escrita direta

1o - William Crookes em “FATOS ESPÍRITAS” (editora FEB), à p. 43, traz sua contribuição

ao estudo da escrita direta que foi por ele presenciado em diversas ocasiões, durante o estudo da

mediunidade da Sra. Fox. Refere ter obtido por várias vezes “palavras e comunicações escritas em

papel marcado com o seu sinete particular.” Em outra ocasião “mão luminosa desceu do teto da

sala e, ... tomou(-lhe) o lápis, escrevendo rapidamente numa folha de papel.”

2o - Jonathan Koons, proprietário de uma granja no condado de Athens, Ohio, pai de 8 filhos,

a partir de 1852, tornou-se alvo da curiosidade geral, na América devido aos ostensivos fenômenos

mediúnicos que ocorriam na sua presença e de Nahoun, seu filho de 18 anos. Manifestações de

efeitos físicos, pneumatografia, pneumatofonia e materializações estão muito bem documentados

por Ernesto Bozzano na monografia “O Caso Jonathan Koons” em ERNESTO BOZZANO 1

(editora O CLARIM).

Nesse relato, Bozzano data de 1850 o primeiro fenômeno de “escrita direta” registrado na

casa do Hon. James F. Simmons, Senador dos EUA para o distrito de Rhode Island.

“Os “Espíritos-guias” responsáveis pelas manifestações no círculo de Koons diziam ter

estado encarnados milhares de anos antes da época assinalada na história pela lenda de Adão e

Eva; faziam-se chamar pelo nome genérico de Kings (Reis), porque se achavam na direção de

diversas hierarquias espirituais. Informaram terem recebido a missão de encaminhar os homens

para a demonstração experimental da existência e sobrevivência da alma. Disseram ainda que,

levando em conta a falta de preparo espiritual dos homens, não viam outro meio para atingir o seu

fim senão o de ferir antes a sua imaginação por meio de fenômenos psíquicos diversos e potentes e

que, com esse propósito, haviam reunido falanges de espíritos inferiores, muito materializados e

atraídos pelo mundo dos vivos, porque só eles estavam em condições de manipular os fluídos que se

desprendiam dos médiuns, empregando-os na produção dos fenômenos, sob a direção e a

vigilância de espíritos superiores. ... O chefe das falanges desses espíritos inferiores disse ter

vivido na Inglaterra no tempo de Carlos III, de ter sido um famoso corsário de sobrenome

“Morgan” e falecido como cavaleiro da Coroa Inglesa e governador da Jamaica. Tomava o nome

de “John King.” Teria sido o mesmo que se manifestou mais tarde pelo médium a Srta. Florence

Cook, declarando-se pai de Katie King.

“Os Espíritos-guias tiveram o cuidado de avisar que as manifestações objetivas não tinham

nenhum calor do ponto-de-vista de missão espiritual que lhes havia sido confiado, exceto como

uma introdução necessária à missão mesma. Elas não estavam destinadas senão a impressionar os

homens de maneira a abalar-lhes o cepticismo e a leva-los a refletir sobre os mistérios do ser.

John King diz ter escolhido Jonathan Koons como médium por causa das faculdades

mediúnicas, magnéticas e clarividentes que o mesmo possuía. Isto permitiria aos espíritos exprimir,

de viva voz ou por escrito os seus pensamentos, sem expor muito a vê-los deformados pelas idéias

preconcebidas dos médiuns ou mal transmitidas por causa de sua ignorância.

As mensagens obtidas por “escrita direta”, de teor moral, didático, científico e filosófico eram

levadas pelas consulentes. Certo número delas foi publicada por Dr. J. Everett. O próprio Koons

publicou, por sua vez, um resumo geral dos ensinamentos nelas contidos.

Essas mensagens concordam, admiravelmente, com as conclusões às quais chegou-se mais

tarde, relativamente à solução mais racional de alguns enigmas do mediunismo.

Page 28: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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“No círculo de Koons as mensagens pneumatográficas eram obtidas através de u’a mão

materializada e fosforescente que tomava do lápis, e escrevia na frente de numerosas testemunhas.

A mão se deixava tocar, mostrava-se tão sólida quanto a de um vivo, ainda que mortalmente fria e

dissolvia-se em vapor, logo se reconstituindo se tentavam aprisioná-la.”

“Os “espíritos-guias” alinham dificuldades que interferem na obtenção das mensagens

espirituais:

1a. A dificuldade do espírito transmitir, aos vivos sem nenhuma alteração, o seu pensamento,

porque os órgãos cerebrais de que servem não estão sempre em condições de assimilar as idéias

espirituais que lhe são transmitidas, seja por causa da cultura geral deficiente dos médiuns ou dos

preconceitos enraizados na sua mente.

2a. A linguagem humana é um meio muito imperfeito para transmissão de concepções

espirituais.

3a. Os espíritos, situados há muito tempos nas esferas, perdem o hábito de se exprimir pela

linguagem humana.

4a. O magnetismo do médium limita e deforma os pensamentos transmitidos pelos espíritos,

mesmo no caso da “escrita direta”, isso, embora, aparentemente, toda participação da faculdades

intelectuais dos médiuns, nessa operação pareça estar excluida.”

“Em resumo: os “espíritos-guias” afirmavam que as mensagens espirituais transmitidas aos

vivos tem muito da mentalidade do médium, às vezes, pela forma e às vezes pela substância, como

as feições de uma forma materializada se assemelham quase sempre às do médium” (Esta última

analogia é de Bozzano).

Page 29: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Resumo dos conceitos sobre a ESCRITA DIRETA ou PNEUMATOGRAFIA

Definição

É manifestação espírita não espontânea, isto é, provocada por meio da concentração, da prece

e da evocação (LM, Item 62).

É escrita produzida diretamente pelo Espírito, sem intermediário algum (LM, item 146).

Médium psicógrafo

São os que têm aptidão de obter a escrita direta. Faculdade muito rara.

A produção varia com o maior ou menor poder do médium (LM, item 74, 19a.). Obtém-se simples

traços, sinais, letras, palavras, frases e mesmo páginas inteiras.

A prece e o recolhimento são condições essenciais.

Pertence a categoria dos médiuns de efeitos físicos (Nota de Kardec ao item 189 do LM).

Mecanismo do fenômeno

O mesmo das manifestações de efeitos físicos quando há participação mediúnica (LM, Cap. II,

item 74, 14a., 15a.).

“O fluido próprio do médium se combina com o fluido universal que o Espírito acumula.

Muitas pessoas, sem que o suspeitem, servem de auxiliares aos Espíritos. Delas haurem os

Espíritos, como de uma fonte, o fluido animalizado de que necessitam.

“Sobre os elementos materiais disseminados por todos os pontos do espaço, na nossa

atmosfera, tem os Espíritos um poder que estais longe de suspeitar. Podem, pois, eles concentrar à

sua vontade esses elementos e dar-lhes a forma aparente que corresponda à dos objetos materiais” (LM Cap. VIII, item 128, 4a.).

“Poderia o Espírito extrair do elemento universal os materiais que lhe são necessários à

produção da escrita” (LM Cap. VIII, item 128, 17ª).

Registros históricos da escrita direta

1. Moisés no Monte Sinai, ao receber as tábuas de pedra “escritas” pelo dedo de Deus

2. A inscrição que surgiu no festim de Baltazar

3. O caso de Jonathan Koons (1852/1856)

4. As experiências do Barão de Guldenstubbé, a partir de 13/08/1856

5. Relatos de Kardec nas RE, de agosto de 1859, de maio de 1860, de julho de 1861 (editora

EDICEL)

6. O médium Slade estudado pelo Dr. Zöllner

Page 30: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 30 -

Importância da pneumatografia

“Somente a escrita direta nos revela a realidade de um mundo invisível, donde emanam as

revelações religiosas e os milagres... A esperança renasce portanto, agora, no coração da

Humanidade, ficando plenamente firmadas suas idéias religiosas a respeito da imortalidade da

alma, base de todas as verdades...” (Guldenstubbé)

Pode ser provocada, experimentalmente.

As condições da experimentação podem ser controladas pelo observador, isto é,:

1a. lacre das folhas de papel em local reservado; lacres de lousa de ardósia, etc.

2a. independência do pneumatografado;

3a. arquivo do material (mensagem) o que possibilita o estudo e re-exame à vontade.

Conclusão:

“A pneumatografia dá-nos a evidência de uma força inteligente produzindo mensagens

escritas.

“A conclusão legítima é que há, em todos os homens, um organismo natural e um espiritual, e

que este último só se manifesta em certas condições, anormais ou excepcionais.

“Convencidos da existência de uma ação inteligente e extra-corporal, independente dos

músculos mortais, de um cérebro materialmente palpável, ou de qualquer esforço físico conhecido,

podemos racionalmente concluir que ela não se limita a produzir os dois principais fenômenos (a

clarividência e a escrita direta), porém, que coexiste com a vida, e a sua continuação não está na

dependência de nenhum organismo materialmente visível. Outros fenômenos transcendentais dão a

isso ampla confirmação e provam que as manifestações da vida e da alma são variadas quão

inexplicáveis, se não admitirmos a existência de uma força diversa da que pode normalmente

proceder do nosso organismo material. De um simples osso Cerrier deduzir a osteologia do animal

a que esqueleto pertença; do mesmo modo, de um fenômeno do Espiritismo, rigorosamente

demonstrado, pode ser cientificamente deduzido o grande fato da existência de uma força

inteligente, independente de qualquer organismo visível.

“Se ele (o Espiritismo) for uma verdade, tornar-se-á o maior evento da história do mundo, e

virá dar imperecível lustre de glória ao século décimo nono ... Se as pretensões do Espiritismo tem

fundamento racional, nenhum trabalho mais importante poderá ser pelo homem empreendido que

não seja a sua verificação (Scientific American - N. York)”

“Os fenômenos da escrita direta e da clarividência foram escolhidos para servir de base

científica, porque não se encontra brecha, nem dúvida concebivel, no método experimentativo pelo

qual eles foram e são claramente verificados e confirmados.

“Pode haver outros fenômenos mais surpreendentes, a cujo conhecimento uma cabal

convicção destes nos pode com segurança levar; nenhum, porém, que o saibamos, impressionará

melhor os sentidos e a razão do cientista que busca a sua confirmação.” (grifo nosso)

Sejam todos os médiuns da escrita direta apanhados em fraude, isso não invalidará os

fenômenos, até provar-se que um prestidigitador perito, sem ter faculdades mediúnicas, possa

produzi-los em idênticas condições. Isso, pela natureza do fato, não se pode dar, visto envolver o

exercício de uma faculdade, ao mesmo tempo anormal e transcendente, sem a qual o fato seria

inexplicável.” (Epes Sargent, “BASES CIENTÍFICAS DO ESPIRITISMO”, editora FEB, Cap. I e II - 1880).

Page 31: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 31 -

A PSICOGRAFIA

Definição

História do Espiritismo

- Kardec e a mediunidade psicográfica

- Primeiros contatos com a mediunidade (as mesas girantes), a escrita direta e a psicografia.

- Os médiuns psicógrafos e O Livro dos Espíritos

- A mediunidade psicográfica e as orientações para o trabalho da Codificação (época do

aparecimento de obras, revisão de livros, auto-de-fé de Barcelona, a publicação da Revista

Espírita)

- A Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE) e seus médiuns.

“Salute física, stima publica, pace in famiglia, fiorente condizioni economiche, grado sociale,

soddisfazioni e trionfi, nula di tutto ciò che ci occupa e ci preoccupa ogni giorno, e per cui tolliamo

come di cose senza della quali la vita sarebbe un tormento, nulla può assumere il valore che ha il

sapere che cosa avverrà di noi dopo la morte”

Gino Trespioli

“Saúde física, estima pública, paz em família, florescentes condições econômicas, dignidade

social, satisfações e triunfos, nada do que nos ocupa e preocupa todos os dias e por que lutamos

como por coisas sem as quais a vida seria um tormento, nada pode representar o valor que há em

saber-se o que nos sucederá depois da morte.”

Tradução de Carlos Imbassahy

(A MISSÃO DE ALLAN KARDEC, Carlos Imbassahy, Edição da Federação Espírita do Paraná, 1988)

Page 32: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 32 -

A PSICOGRAFIA

“De todos os meios de comunicação, a escrita manual é o mais simples , mais cômodo e,

sobretudo, mais completo. Para ele devem tender todos os esforços, porquanto permite se

estabeleçam, com os Espíritos, relações tão continuadas e regulares, como as que existem entre

nós. Com tanto mais afinco deve ser empregado, quanto é por ele que os Espíritos revelam melhor

sua natureza e o grau de seu aperfeiçoamento, ou da sua inferioridade. Pela facilidade que

encontram em exprimir-se por esse meio, eles nos revelam seus mais íntimos pensamentos e nos

facultam julgá-los e apreciar-lhes o valor.

Para o médium a faculdade de escrever é, além disso, a mais suscetível de desenvolver-se

pelo exercício.” (LM, item 178)

Natureza das comunicações (RE, janeiro de 1858, pp. 6 e 8, editora EDICEL)

Definição de Mediunidade Psicográfica:

É a comunicação dos Espíritos pela escrita. (RE, janeiro de 1858, p. 9, editora EDICEL)

Pode ser direta ou indireta.

A psicografia direta ou manual é obtida pela mão do médium.

O Espírito que se comunica atua sobre o médium que, debaixo dessa influência, move

maquinalmente o braço e a mão para escrever, sem ter (é pelo menos o caso mais comum) a menor

consciência do que escreve. ...

De todos os meios de comunicação a escrita manual, que alguns denominam escrita

involuntária, é, sem contestação, a mais simples, a mais fácil e a mais cômoda, porque nenhum

preparativo exige e se presta, como a escrita corrente, aos maiores desenvolvimentos (LM, item 157).

Chama-se psicografia indireta a escrita obtida pela só imposição das mãos do médium sobre

um objeto colocado de modo conveniente e munido de um lápis ou qualquer outro instrumento para

escrever. Os objetos mais geralmente empregados são as pranchetas ou as cestas convenientemente

preparadas. A força oculta que age sobre a pessoa transmite-se ao objeto, o qual se torna, destarte,

uma espécie de apêndice da mão e lhe imprime um movimento necessário para traçar os caracteres (RE, janeiro de 1858, p. 09, Editora EDICEL).

“O que importa se conheça não é a natureza do instrumento e, sim, o modo de obtenção. Se

a comunicação vem por meio da escrita, qualquer que seja o aparelho que sustente o lápis, o que

há, para nós, é psicografia”. (LM, item 158)

Os Espíritos transmitem por vezes certas comunicações espíritas sem intervenção direta.

Neste caso os caracteres são traçados espontaneamente por um poder extra-humano, visível ou não.

Chamaremos a tal modo de comunicação de escrita espiritografia para distinguir da psicografia ou

escrita obtida por um médium. Na psicografia a alma do médium representa, necessariamente, um

certo papel, pelo menos como intermediário (RE, janeiro de 1858, pp. 09 e 10, editora EDICEL).

Page 33: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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KARDEC E A MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA

Primeiros contatos de Kardec com a mediunidade psicográfica

HISTÓRICO

Em 1854 Rivail ouve falar pela primeira vez, das “mesas girantes”, através do Sr. Fortier,

magnetizador, com o qual mantinha relações devido aos seus estudos sobre magnetismo. O amigo

lhe diz que as mesas não só giram, como falam respondendo inteligentemente às questões que se

lhes façam.

Rivail replica que só acreditaria no fenômeno vendo com seu próprios olhos e quando lhe

provassem que uma mesa teria cérebro para pensar, nervos para sentir e poderia tornar-se

sonâmbula.

Pelo mês de maio de 1855, em casa da Sra. Roger, sonâmbula, em companhia do Sr. Fortier,

seu magnetizador, encontrou o Sr. Pâtier e o Sr. Plainemaison que residia à rua Grange-Batelière nº.

18, onde se realizavam sessões espíritas nas quais testemunhou o fenômeno das mesas girantes e

assistiu a alguns ensaios muito imperfeitos de escrita mediúnica sobre uma lousa, com auxílio de

uma cesta.

Em casa da Sra. Plainemaison conheceu a família Baudin, que habitava então na Rua

Rochechouart. As senhoritas Baudin, adolescentes que escreviam com o auxílio de uma cesta,

chamada carrapeta. Eram as médiuns através das quais ocorriam os fenômenos e das quais Rivail se

utilizou para verificar se as comunicações dos Espíritos reunidas em mais de cinquenta cadernos,

obtidas nos últimos cinco anos pelos amigos Carlotti, René Tallandier, Tildeman-Manthèse,

Victorian Sardou, Didier, eram concordantes com as respostas obtidas em casa da família Baudin (“VIDA E OBRA DE ALLAN KARDEC” - André Moreil, editora Edicel).

“Muitas vezes nos foram dirigidas perguntas sobre a maneira por que foram obtidas as

comunicações (grifo nosso) que constituem O Livro dos Espíritos ... Tudo foi obtido pela escrita,

por intermédio de diversos médiuns psicógrafos. Nós mesmos preparamos as perguntas e

coordenamos o conjunto da obra; as respostas são textualmente (grifo nosso), as que nos deram os

Espíritos. A maior parte delas foram escritas sob as nossas vistas, outras foram todas por

correspondentes ou que colhemos aqui e ali, onde estivemos fazendo estudos”.

Os primeiros médiuns que concorreram para o nosso trabalho foram as senhoritas Baudin,

cuja boa vontade jamais nos faltou. O livro foi quase todo escrito por seu intermédio e em presença

de numeroso público que assistia as sessões, nas quais tinha o mais vivo interesse. Mais tarde os

Espíritos recomendaram uma revisão completa em sessões particulares, tendo-se feito, então, todas

as adições e correções julgadas necessárias. Esta parte essencial do trabalho foi feita com o

concurso da senhorita Japhet (rua Tiquetonne, 14) a qual se prestou com a melhor boa vontade e o

mais completo desinteresse a todas as exigências dos Espíritos, porque eles que marcavam o dia e a

hora para suas lições. A senhorita Japhet é também uma notável sonâmbula”. (RE, janeiro de 1858, pp.

34 e 35, editora EDICEL)

As comunicações eram transmitidas com auxílio da cesta de bico (psicografia indireta).

Pelos fins do ano de 1856, as duas senhoritas se casaram e a família se dispersou.

(OBRAS PÓSTUMAS - A minha iniciação no Espiritismo, pp. 270/271, editora LAKE).

Page 34: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Até a fundação da SPEE em 1o. de abril de 1858, realizaram-se reuniões em casa de Allan

Kardec, na rua dos Mártires,18, com a senhorita Ermance Dufaux, como médium principal, na

presença de até trinta pessoas. (O PRINCIPIANTE ESPÍRITA - biografia de Kardec por Henri Sausse, edição LAKE)

A senhorita Dufaux, era boa médium psicógrafa e escrevia com grande facilidade tendo

recebido na idade de catorze anos a “História de Joana d’Arc ditada por ela própria”. A faculdade da

senhorita Dufaux se prestava a evocação de qualquer Espírito. Comunicações pessoais foram

transmitidas a Kardec através de sua mediunidade. Mas, sua especialidade era a História. Ela

escreveu do mesmo modo a de Luís XI e a de Carlos VIII (RE janeiro de 1858, p. 30, editora EDICEL).

{Médiuns historiadores: os que revelam aptidão especial para as explanações históricas.

Esta faculdade, como todas as demais, independe de conhecimento do médium, por quanto não é

raro verem-se pessoas sem instrução e até crianças tratar de assuntos que lhes não estão ao seu

alcance. Variedade rara dos médiuns positivos (LM, item 193)

Médiuns positivos: suas comunicações têm, geralmente, um cunho de nitidez e precisão, que

muito se presta às minúcias circunstanciadas, aos informes exatos. Muito raros (LM, item193)}

“A senhorita Defaux recebeu a instrução das meninas de família decente, educadas com

cuidado, mas, ainda quando tivesse uma memória fenomenal, não seria nos livros clássicos que iria

encontrar documentos íntimos, dificilmente encontradiços nos arquivos da época. A História de

Joana d’Arc ditada por ela própria à senhorita Ermance Dufaux é uma narração completa e

seguida, como o faria um historiador, e contendo uma infinidade de detalhes pouco ou nada

conhecidos sobre a vida da heroína.

Para nós, que vimos o médium operar, a origem do livro, não pode ser posta em dúvida”.

Sobre a história de Luís XI ditada por ele mesmo à senhorita Dufaux, Kardec registrou na RE

março de 1858 à partir da p. 73, editora EDICEL:

“Bastaram quinze dias para ditar a matéria de um grosso volume. É notável a lembrança tão

precisa que pode um Espírito conservar de acontecimentos da vida terrena. Este trabalho, um dos

mais precisos no gênero, contem documentos precisos do ponto de vista histórico. Nele Luís XI se

mostra o profundo político que conhecemos; além disso, dá-nos a chave de vários fatos até aqui

inexplicáveis sob o ponto de vista da História e do fenômeno das manifestações a obra de Ermance

Dufaux é notável. A vida desse rei tal qual foi ditada por ele próprio, é incontestavelmente o mais

completo que possuímos e, podemos dizer, a mais imparcial. O estado do Espírito Luís XI lhe

permite hoje apreciar as coisas em seu justo valor”.

A RE dezembro de 1859 à p. 387 traz a primeira comunicação de Carlos IX à Ermance aonde

pergunta-se-lhe se poderia escrever a história de seu reino através do médium como fizera Luís IX e

outras. Fica assentada então a realização da obra.

Com Ermance passou-se um curioso fenômeno. A princípio, era boa médium psicógrafo e

escrevia com grande facilidade; pouco a pouco tornou-se médium falante e, à medida que esta

faculdade se desenvolveu, a primeira se atenua; hoje escreve pouco e com dificuldade; mais o que é

original é que, falando, sente a necessidade de estar com um lápis na mão e fingir que escreve. É

necessário uma outra pessoa para registrar suas palavras, como as da Sibila. Como todos os

médiuns favorecidos pelos bons Espíritos, jamais recebeu comunicações que não fossem de ordem

elevada. (RE janeiro de 1858, p. 30, editora EDICEL)

Page 35: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 35 -

A mediunidade psicográfica foi a mais estudada por Kardec. Toda a sua obra foi obtida dessa

maneira, através de diversos médiuns.

Através da psicografia obteve importantes revelações sobre sua vida passada, segundo relato

de Imbassahy em “A MISSÃO DE ALLAN KARDEC” (à p. 42):

“A notícia de que Allan Kardec tivera uma existência ao tempo de Julio Cesar data de 1856;

a de ter sido João Huss veio em 1857. Ambas por via mediúnica: a primeira pela cestinha

escrevente de Baudin, com a médium Caroline; a última por psicografia de Ermance Dufaux.”

Da mesma forma Kardec tomou conhecimento de sua missão e da proteção espiritual que o

envolve e dirige para a realização de sua tarefa.

Page 36: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Resumo da Vida Espírita de Allan Kardec

Dezembro de 1854 - encontra com o Sr. Fortier, magnetizador.

Convite para sessão da mesa girante em casa da Sra. Roger, sonâmbula lúcida, vidente.

06 de janeiro de 1855 - encontro com Antonio Carlótti.

Convite para sessão de mesa girante.

01 de maio de 1855 - encontro com o Sr. Pâtier, magnetizador, com a Sra. Plainemaison,

médium auditivo inspirado, em casa da Sra. Roger.

08 de maio de 1855 - reunião em casa da Sra. Plainemaison, na Rue Grange-Batelière 18,

reunião de efeitos físicos, ensaios de Pneumatografia.

01 de agosto de 1855 - contato com as reuniões na residência de Émile-Charles Baudin.

Caroline, 18 anos, e Julie, 16 anos, filhas do Sr. Baudin e Clémentine eram as médiuns que às

quartas e sábados, na Rue Rochechouart, serviam de intermediárias aos fenômenos de psicografia

indireta, servindo-se da cesta de bico ou “tupia”.

As meninas Baudin foram responsáveis por mais de um ano pela elaboração das repostas às

questões que Kardec fazia aos Espíritos nestas reuniões. O conjunto deste trabalho constitui a

essência dos ensinamentos espíritas contidas em O Livro dos Espíritos. (grifo nosso) Caroline e

Ruth eram médiuns psicógrafas mecânicas.

Em casa do Sr. Baudin Kardec travou conhecimento com o casal Canu, ele, médium

inconsciente, ela, médium falante. Aí, ainda conheceu o casal Leclerc e Clèment. A Sra. Clèment

era médium falante e vidente. Foi o Sr. Leclerc que o levou à casa do Sr. Japhet, à Rue Tiquetonne

14.

11 de dezembro de 1855 - o Sr. Baudin transmite à Kardec mensagem de Zèphyr sobre a

existência de “um homem justo de muita sabedoria” que é o seu anjo de guarda e protetor.

1856 - contato com a família Japhet, residente à Rue Tiquetonne 14; o Sr. Japhet era médium

intuitivo. Sua filha Ruth-Celine, foi responsável pela revisão de O Livro dos Espíritos realizada

entre junho e dezembro de 1856, nos dias e horas marcados pelos Espíritos para essa finalidade.

25 de março de 1856 - através da Srta. Baudin Kardec entra em contato com o Espírito

Verdade, diretor da codificação da Doutrina Espírita.

09 de abril de 1856 - através da Srta. Baudin o Espírito Verdade anuncia pela primeira vez a

divulgação futura dos ensinos Espíritas.

30 de abril de 1856 - Em casa do Sr. Roustain, pela médium Srta. Japhet, é dada a Kardec a

Primeira Revelação da missão dele.

07 de maio de 1856 - em casa do Sr. Roustain, magnetizador, a Srta Japhet revela-lhe a sua

missão de Codificador da Nova Revelação.

12 de junho de 1856 - a Srta. Aline Carlótti, filha do Sr. Carlótti, é a portadora da

confirmação da missão de Kardec sendo intermediária do Espírito Verdade.

Page 37: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 37 -

Durante todo o ano de 1856 Kardec recebe em casa do Sr. Baudin comunicações do Espírito

Verdade e orientações para o plano de O Livro os Espíritos.

06 de maio de 1857 - em casa da Sra. de Cardone, quiromante, frequentadora das sessões do

Sr.Roustain, novo aviso sobre sua missão especial.

O ano de 1857 encontra Kardec em contato com a mediunidade de Ermance Dufaux.

Page 38: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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A SOCIEDADE PARISIENSE DE ESTUDOS ESPÍRITAS E SEUS MÉDIUNS

Fundada em 1o. de abril de 1858 realizou reuniões todas as terças-feiras em compartimento

alugado no Palais Royal, galeria de Valois, durante um ano. Surgiu da superlotação das sessões

realizadas em casa de Kardec, à rua dos Mártires (rue des Martyrs), no semestre anterior, onde a

Srta. Ermance Dufaux era o médium principal.

Após um ano transferiu-se para um dos salões do restaurante Donix, no mesmo Palais Royal,

galeria Montpensier, onde as sessões se realizavam às sextas-feiras até 1o. de abril de 1860.

Nesta data instalou-se em sede própria à rua Passagem Sant’Ana, 59.

O Espírito São Luís assume a presidência espiritual da Sociedade (RE, fevereiro de 1861, editora

EDICEL, p. 38).

Ermance Dufaux é a médium que freqüentemente traz suas comunicações filosófica,

moralistas e religiosas. As mensagens obtidas e/ou estudadas na sessões da SPEE são um dos

elementos essenciais das obras sobre o Espiritismo: foram aproveitadas em o LE e o LM, nas quais

são classificadas segundo o assunto (RE, fevereiro de 1861,editora EDICEL, pp. 39 e 40)

A RE de agosto de 1858 estuda a mediunidade de Victorien Sardou, médium desenhista,

responsável por notáveis desenhos de Júpiter, sob a inspiração de Bernard Palissy, célebre oleiro do

século XVI, habitante de Júpiter.

A mediunidade psicográfica dos Srs. Adrien, Roget e Cardun são também estudadas nesse

volume. O Sr. D. (Didier ?) revelou-se hábil psicógrafo polígrafo. Sua caligrafia natural é muito

má. Sob a influência dos Espíritos adquire um caráter especial, distinto conforme o Espírito que se

manifesta (p. 204). O Sr. D. é considerado um dos médiuns mais completos para receber ditados

psicográficos, não só pela grande facilidade de execução, como por sua aptidão em servir de

intérprete a todos os Espíritos, mesmo os das mais elevadas categorias. É, portanto, médium

psicógrafo, polígrafo, maleável, e bom médium. Sua psicografia reproduz a escrita que o Espírito

tinha em vida. É médium mecânico.

Antes do auto-de-fé de Barcelona (09.10.1861) Kardec consultou o Espírito Verdade através

do Sr. d’A (d’Ambel ?), médium de Erasto, em 21.09.1861, sobre a melhor atitude a tomar quando

da apreensão pelo bispo de Barcelona, das obras espíritas enviadas àquela cidade aos cuidados do

Sr. Lachâtre.

O Sr. d’A foi o intermediário de diversas comunicações orientadoras sobre a marcha da

Doutrina Espírita, sobre a necessidade de um sucessor de Kardec na orientação da Doutrina, sobre a

época de dar publicidade aos novos livros que iam sendo compostos; à medida em que se

avolumavam as informações e ensinos dos Espíritos sobre determinado ponto doutrinário.

Outros médiuns, anônimos, em Paris, em Lion, na SPEE prestaram-se ao papel de

mensageiros das instruções dos Bons Espíritos a Kardec sobre a marcha do Espiritismo.

(Consultar a sequência de mensagens incluídas na 2a. parte do livro OBRAS PÓSTUMAS).

Page 39: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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A PRÁTICA DA MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA

- Desenvolvimento mediúnico

- Dificuldades

- Tipos de médiuns escreventes ou psicógrafos

- A Obsessão na Psicografia

Desenvolvimento mediúnico

... “Por nenhum diagnóstico se pode inferir, ainda que aproximadamente, que alguém possa

ter essa faculdade. Os sinais físicos, em os quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada têm de

infalíveis.” ... “Só existe um meio de lhe comprovar a existência. É experimentar.”

“...O processo é dos mais simples: consiste unicamente em a pessoa tomar de um lápis e de

papel e colocar-se na posição de quem escreve, sem qualquer outro preparativo. Entretanto, para

que alcance bom êxito, muitas recomendações se fazem indispensáveis.” (LM, item 200).

“Como disposição material, recomendamos se evite tudo o que possa embaraçar o

movimento da mão. É mesmo preferível que esta não descanse no papel. A ponta do lápis deve

encostar neste o bastante para traçar alguma coisa, mas não tanto que ofereça resistência. Todas

essas precauções se tornam inúteis, desde que se tenha chegado a escrever correntemente, porque

então nenhum obstáculo detém mais a mão. São meras preliminares par o aprendiz.” (LM, item 201)

“É indiferente que se use da pena ou do lápis.” (LM, item 202)

“Todo aspirante a médium deve, porém, moderar a sua impaciência de poder confabular com

os Espíritos das pessoas que lhe são caras; porquanto a comunicação com determinado Espírito

apresenta muitas vezes dificuldades materiais que a tornam impossível ao principiante. Para que

um Espírito possa comunicar-se, preciso é que haja entre ele e o médium relações fluídicas, que

nem sempre se estabelecem instantaneamente. Só à medida que a faculdade se desenvolve, é que o

médium adquire pouco a pouco a aptidão necessária para pôr-se em comunicação com o Espírito

que se apresente. Pode dar-se, pois, que aquele com quem o médium deseje comunicar-se, não

esteja em condições propícias a fazê-lo, embora se ache presente, como também pode acontecer

que não tenha possibilidade, nem permissão para acudir ao chamado que lhe é dirigido. Convém,

por isso, que no começo ninguém se obstine em chamar determinado Espírito, com exclusão de

qualquer outro, pois amiúde sucede não ser com esse que as relações fluídicas se estabelecem mais

facilmente, por maior que seja a simpatia que lhe vote o encarnado. Antes, pois, de pensar em

obter comunicações de tal ou tal Espírito, importa que o aspirante leve a efeito o desenvolvimento

de sua faculdade, para o que deve fazer um apelo geral e dirigir-se principalmente ao seu anjo

guardião.”

“Não há para esse fim, nenhuma fórmula sacramental. ... “Contudo, a evocação deve sempre

ser feita em nome de Deus.”... “Formulada a súplica, é esperar que um Espírito se manifeste,

fazendo escrever alguma coisa. Pode acontecer venha aquele que o impetrante deseja, como pode

ocorrer também venha um Espírito desconhecido ou o anjo de guarda. Qualquer que ele seja, em

todo caso, dar-se-á a conhecer, escrevendo o seu nome.”

“Quando queira chamar determinados Espíritos, é essencial que o médium comece por se

dirigir somente aos que ele sabe serem bons e simpáticos e que podem ter motivos para acudir ao

apelo, como parentes, ou amigos.” ... “Não é menos necessário que as primeiras perguntas sejam

concebidas de tal sorte que as respostas possam ser dadas por um sim ou não, como por exemplo:

Estás aí? Queres responder-me? Podes fazer-me escrever? etc. Mais tarde essa precaução se

torna inútil. No princípio, trata-se de estabelecer assim uma relação. O essencial é que a

pergunta não seja fútil, não diga respeito a coisas de interesse particular e, sobretudo, seja a

Page 40: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 40 -

expressão de um sentimento de benevolência e simpatia para com o Espírito a quem é dirigida.” (LM, item 203)

O Cap. XVII (Da Formação dos Médiuns) traz ainda outras recomendações kardequianas para

o desenvolvimento da mediunidade psicográfica mecânica.

1o. “calma, e o recolhimento;

2o. “desejo ardente e firme vontade de conseguir-se o intuito;

3o. “vontade séria, perseverante, contínua, sem impaciência, sem febricitação

“A solidão, o silêncio e o afastamento de tudo o que possa ser causa de distração favorecem

o recolhimento. Então, uma só coisa resta a fazer: renovar todos os dias a tentativa, por dez

minutos, ou um quarto de hora, no máximo, de cada vez, durante quinze dias, um mês, dois meses

ou mais, se for preciso.” (LM, item 204)

Para se evitarem tentativas inúteis, pode consultar-se, por outro médium, um Espírito sério e

adiantado”... “... aconselhamos se dirigir o interrogante (com questões diretas, específicas) a

Espíritos esclarecidos, que, geralmente, respondem de boa-vontade a essas perguntas e indicam o

melhor caminho a seguir-se, desde que haja possibilidade de bom êxito.” (LM, item 205)

“Pode empregar-se, como auxiliar de ocasião, um bom médium escrevente, maleável já

formado”. A magnetização da mão e do braço do aspirante à mediunidade psicográfica favorece a

eclosão da faculdade. A ação da faculdade do magnetizador desempenha também papel

importante no fenômeno.

“O concurso de um guia experimentado é, além disso, muito útil, às vezes, para apontar ao

principiante uma porção de precauçõezinhas que ele freqüentemente despreza, em detrimento da

rapidez de seus progressos.” (LM, item 206)

O desenvolvimento da mediunidade pode ser tentada em conjunto por vários candidatos.

“Os que se reúnem com um intento comum formam um todo coletivo, cuja força e

sensibilidade se encontram acrescidas por uma espécie de influência magnética, para auxiliar o

desenvolvimento da faculdade. Entre os Espíritos atraídos para esse concurso de vontades estarão,

provavelmente, alguns que descobrirão nos assistentes o instrumento que lhes convenha. ...

“Este meio deve sobretudo ser empregado nos grupos espíritas a que faltam médiuns, ou que

não o possuam em número suficiente.” (LM, item 207)

“O primeiro indício de disposição para escrever é uma espécie de frêmito no braço e na mão.

Pouco a pouco, a mão é arrastada por uma impulsão que ela não logra dominar. Muitas vezes,

não traça senão riscos insignificantes; depois, os caracteres se desenham cada vez mais

nitidamente e a escrita acaba por adquirir a rapidez da escrita ordinária. Em todos os casos, deve-

se entregar a mão ao seu movimento natural e não oferecer resistência, nem propeli-la .

“As primeiras comunicações obtidas devem considerar-se meros exercícios, tarefa que é

confiada a Espírito secundários. Não se lhes deve dar muita importância, visto que procedem de

Espíritos empregados, por assim dizer, como mestres de escrita, para desembaraçarem o médium

principiante. Não creiais sejam alguma vez Espíritos elevados os que se aplicam a fazer com o

médium esses exercícios preparatórios; acontece, porém, que se esse médium não colima um fim

sério, esses Espíritos continuam e acabam ligando-se-lhe. Quase todos os médiuns passaram por

esse cadinho, para se desenvolverem; cabe-lhes fazer o que seja preciso a captarem a simpatia dos

Espíritos verdadeiramente superiores.” (LM, item 210)

Page 41: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Dificuldades

“O escolho com que topa a maioria dos médiuns principiantes é o de terem de haver-se com

Espíritos inferiores e devem dar-se por felizes quando não são Espíritos levianos. Toda atenção

precisam por em que tais Espíritos não assumam predomínio, porquanto, em acontecendo isso, nem

sempre lhes será fácil desembaraçar-se deles.”

“A primeira condição é colocar-se o médium, com fé sincera, sob a proteção de Deus e

solicitar a assistência do seu anjo de guarda, que é sempre bom, ao passo que os Espíritos

familiares, por simpatizarem com as suas boas ou má qualidades, podem ser levianos ou mesmo

maus.”

“A segunda condição é aplicar-se, com meticuloso cuidado, a reconhecer, por todos os

indícios que a experiência faculta, de que natureza são os primeiros Espíritos que se comunicam e

dos quais manda a prudência sempre se desconfie. Se forem suspeitos esses indícios, dirigir

fervoroso apelo ao seu anjo de guarda e repelir, com todas as forças, o mau Espírito, provando-lhe

que não conseguirá enganar, a fim de que ele desanime. Por isso é que indispensável se faz o

estudo prévio da teoria, para todo aquele que queira evitar os inconvenientes peculiares à

experiência.” ... “Além da linguagem, podem considerar-se provas infalíveis da inferioridade dos

Espíritos: todos o sinais, figuras, emblemas inúteis, ou pueris; toda escrita bizarra, irregular,

intencionalmente torturada, de exageradas dimensões, apresentando formas ridículas e

desusadas.” (LM, item 211)

“Se é importante não cair o médium, sem o querer, na dependência de maus Espíritos, ainda

mais importante é que não caia por espontânea vontade. Preciso, pois, se torna que imoderado

desejo de escrever não o leve a considerar indiferente dirigir-se ao primeiro que apareça, salvo

para mais tarde se livrar dele, caso não convenha, por isso que ninguém pedirá impunemente, seja

para o que for, a assistência de um mau Espírito, o qual pode fazer que o imprudente lhe pague

caro os serviços.” (LM, item 212)

“Quando a escrita é habitualmente ilegível, mesmo para o médium, este chega quase sempre

a obtê-la mais nítida, por meio de exercícios frequentes e demorados pondo nisso uma vontade

forte e rogando com fervor ao Espírito que seja mais correto.” (LM, item 213)

O Cap. XXV de O LM (Das Evocações) discute as vantagens e desvantagens das

comunicações espontâneas e das provocada por evocação de determinado Espírito. Contribui para a

compreensão de outras dificuldades da prática da mediunidade tais como:

1o. causas que podem impedir (a manifestação de um Espírito): (LM, itens 275 e 277)

1.1 as ocupações e missões que esteja desempenhando e das quais não pode afastar-se,

para ceder aos nossos desejos;

1.2 o estado de encarnação pode representar obstáculo à manifestação de Espíritos

habitantes de mundos superiores à Terra ou ainda pouco desmaterializado;

1.3 a natureza do médium

1.4 a intenção dos assistentes à comunicação

1.5 o meio à comunicação

Page 42: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 42 -

1.6 o objetivo da comunicação

1.7 o desenvolvimento da faculdade mediúnica

2o. necessidade do estabelecimento de relações entre médium flexível e comunicante para que

se estabeleçam as comunicações regulares; (LM, item 272)

3o. respeito devido aos comunicantes (LM, item 273 e Nota de Kardec ao item, 282, 20a.)

“Se é importante não cair o médium, sem o querer, na dependência de maus Espíritos, ainda

mais importante é que não caia por espontânea vontade. Preciso, pois, se torna que imoderado

desejo de escrever não o leve a considerar indiferente dirigir-se ao primeiro que apareça, salvo

para mais tarde se livrar dele, caso não convenha, por isso que ninguém pedirá impunemente, seja

para o que for, a assistência de um mau Espírito, o qual pode fazer que o imprudente lhe pague

caro os serviços.” (LM, item 212)

“Quando a escrita é habitualmente ilegível, mesmo para o médium, este chega quase sempre

a obtê-la mais nítida, por meio de exercícios frequentes e demorados pondo nisso uma vontade

forte e rogando com fervor ao Espírito que seja mais correto.” (LM, item 213)

Tipos de médiuns escreventes ou psicógrafos

“Todas as instruções anteriores se aplicam à escrita mecânica. Isto é, a atuação direta do

Espírito sobre a mão do médium. O Espírito lhe dá uma impulsão de todo independente da vontade

deste último. Ela se move sem interrupção e sem embargo do médium, enquanto o Espírito tem

alguma coisa que dizer, e pára, assim que acaba.

Nesta circunstância, o que caracteriza o fenômeno é que o médium não tem a menor

consciência do que escreve. Quando se dá, no caso, a inconsciência absoluta, tem-se os médiuns

chamados passivos ou mecânicos. É preciosa esta faculdade, por não permitir dúvida alguma

sobre a independência do pensamento daquele que escreve.” (LM, itens 178 e 189)

“Porém, raríssimo é o mecanismo puro; a ele se acha freqüentemente associada, mais ou

menos, a intuição.” (LM, item 214)

“A transmissão do pensamento também se dá por meio do Espírito do médium, ou melhor, de

sua alma, pois que por este nome designamos o Espírito encarnado. O Espírito livre, neste caso,

atua sobre a alma. A alma, sob esse impulso, dirige a mão e esta dirige o lápis. ... O Espírito livre

não se substitui à alma. ... Domina-a, mau grado seu, e lhe imprime a sua vontade. Em tal

circunstância, o papel da alma não é de inteira passividade; ela recebe o pensamento do Espírito

livre e o transmite. Nessa situação, o médium tem consciência do que escreve, embora não exprima

o seu próprio pensamento. É o que se chama médium intuitivo.” (LM, item 180)

“Tendo consciência do que escreve, o médium é naturalmente levado a duvidar da sua

faculdade; não sabe se o que lhe sai do lápis vem do seu próprio, ou de outro Espírito. Não tem

absolutamente que se preocupar com isso e, não obstante, deve prosseguir. Se se observar a si

mesmo com atenção, facilmente descobrirá no que escreve uma porção de coisas que lhe não

passavam pela mente, e que até são contrárias às suas idéias, prova evidente de que tais coisas não

provêm do seu Espírito. Continue, portanto, e com a experiência, a dúvida se dissipará.” (LM, item

214)

Page 43: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 43 -

“Desde que, após inúteis experimentações, efetuadas seguidamente durante algum tempo,

nenhum indício de movimento involuntário se produz, ou os que se produzem são por demais fracos

para dar resultado, não deve ele hesitar em escrever o primeiro pensamento que lhe for sugerido,

sem se preocupar com o saber se esse pensamento promana do seu Espírito, se de uma fonte

diversa: a experiência lhe ensinará a distinguir.

“Dissemos acima haver casos em que é indiferente saber o médium se o pensamento vem de

si próprio, ou de outro Espírito. Isso ocorre quando, sendo ele puramente intuitivo ou inspirado,

executa por si mesmo um trabalho de imaginação. Pouco importa atribua si próprio um

pensamento que lhe foi sugerido; se lhe acodem boas idéias, agradeça ao seu bom gênio, que não

deixará de lhe sugerir outras. Tal a inspiração dos poetas, dos filósofos e dos sábios.” (LM, item

215)

“Todo aquele que, tanto no estado normal, como no de êxtase, recebe, pelo pensamento,

comunicações estranhas às suas idéias preconcebidas, por ser incluído na categoria de médiuns

inspirados. Estes, como se vê, formam uma variedade da mediunidade intuitiva, com a diferença

que a intervenção de uma força oculta é aí muito menos sensível, por isso que, ao inspirado, ainda

é mais difícil distinguir, o pensamento próprio do que lhe é sugerido. ... A prova de que a idéia que

sobrevem, é estranha à pessoa de quem se trate está em que, se tal idéia se lhe existira na mente,

essa pessoa seria senhora de, a qualquer momento, utilizá-la e não haveria razão para que ela se

não manifestasse à vontade.

“Também se podem incluir nesta categoria as pessoas que, sem serem dotadas de inteligência

fora do comum e sem saírem do estado normal, tem relâmpagos de uma lucidez intelectual que lhes

dá momentaneamente desabitual facilidade de concepção e de elocução e, em certos casos, o

pressentimento de coisas futuras. Nesses momentos, que com acerto se chamam de inspiração, as

idéias abundam, sob um impulso involuntário e quase febril. Parece que uma inteligência superior

nos vem ajudar e que o nosso espírito se desembaraçou de um fardo.” (LM, item 182)

“Os médiuns de pressentimentos constituem uma variedade dos médiuns inspirados.” (LM,

item 184)

“No médium puramente mecânico, o movimento da mão independe da vontade; no médium

intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo; o pensamento procede-o. O médium

semi-mecânico participa de ambos os gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada, mau

grado seu, mas ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se

formam. Estes médiuns são os mais numerosos.” (LM, item 181)

Page 44: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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QUADRO SINÓPTICO DAS VARIEDADES DOS MÉDIUNS ESCREVENTES

SEGUNDO O MODO DE EXECUÇÃO

Escreventes ou psicógrafos

Escreventes mecânicos

Escreventes semimecânicos

Escreventes intuitivos

Escreventes polígrafos (RE julho de 1858 pp. 185 e 204, Sr. D)

Escreventes poliglotas

Escreventes e iletrados

SEGUNDO O DESENVOLVIMENTO DA FACULDADE

Médiuns novatos

Médiuns improdutivos

Médiuns feitos ou formados

Médiuns lacônicos

Médiuns explícitos (Sra. Cazemajoux)

Médiuns experimentados

Médiuns maleáveis (para evocação) (RE fevereiro de1861 p. 64, Srta. Eugênia)

Médiuns exclusivos

Médiuns para evocação (RE abril de 1862, p. 118, Sra. Cazemajoux)

Médiuns para ditados espontâneos (RE abril de 1859, p. 105, Sr. Croz)

SEGUNDO O GÊNERO E A PARTICULARIDADE DAS COMUNICAÇÕES

Médiuns versejadores (RE abril de 1862 p 120 Sra. Cazemajoux; RE junho, julho, agosto de

1866 Sr. Vavasseur)

Médiuns poéticos (RE janeiro de 1862, p. 26, comunicações Béranger)

Médiuns positivos historiadores (RE 1858, janeiro p. 30; março p. 73; dezembro de 1859

p. 387, Srta. Ermance Dufaux)

Médiuns literatos

Médiuns incorretos

Médiuns historiadores (RE 1858 Srta. Ermance Dufaux)

Médiuns científicos (RE, setembro de 1862, Camille Flammarion)

Médiuns receitistas (RE 1862, p. 301, Sra. Condessa de Clerambert Adèle)

Médiuns religiosos (RE janeiro de 1862, p. 27, Sra. H. Dozen)

Médiuns filósofos e moralistas (RE fevereiro de 1862, p. 54, Sra. Cazemajoux)

(“Todos estes matizes constituem variedades de aptidões dos médiuns bons.” (LM, item 193, Erasto)

Médiuns de comunicações triviais e obscenas (LM, item 193)

Page 45: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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SEGUNDO AS QUALIDADES FÍSICAS DO MÉDIUM

Médiuns calmos

Médiuns velozes (RE fevereiro de 1861, p. 64, Srta. Eugênia)

Médiuns convulsivos (RE fevereiro de 1861, pp. 49 e 50, Sr. Bach)

SEGUNDO AS QUALIDADES MORAIS DO MÉDIUM

Médiuns imperfeitos

obsidiados

fascinados

subjugados

levianos

indiferentes

presunçosos

orgulhosos

suscetíveis

mercenários

ambiciosos

de má-fé

egoístas

invejosos

Bons médiuns

sérios

modestos

devotados

seguros

“Todas estas variedades de médiuns apresentam uma infinidade de graus em sua intensidade.

Muitos há que, a bem dizer, apenas constituem matizes, mas que, nem por isso, deixam de ser

efeito de aptidões especiais. Concebe-se que há de ser muito raro esteja a faculdade de um médium

rigorosamente circunscrita a um só gênero. Um médium, pode sem dúvida, ter muitas aptidões,

havendo, porém, sempre uma dominante. Ao cultivo dessa é que, se for útil, deve ele aplicar-se.

Em erro grave incorre quem queira forçar de todo modo o desenvolvimento de uma faculdade que

não possua. Deve a pessoa cultivar todas aquelas de que reconheça possuir os germens. Procurar

ter as outras é, acima de tudo, perder tempo e, em segundo lugar, perder talvez, enfraquecer com

certeza, as de que seja dotado.” (LM, item 198)

“O estudo da especialidade dos médiuns não só lhes é necessário, como também ao

evocador. Conforme a natureza do Espírito que se deseja chamar e as perguntas que se lhe quer

dirigir, convém se escolha o médium mais apto ao que se tem em vista. Interrogar o primeiro que

apareça é expor-se a receber respostas incompletas, ou errôneas.

“Cumpre, além disso, notar que os matizes que a mediunidade apresenta e aos quais outros

mais se poderiam acrescentar, nem sempre guardam relação com o caráter do médium. Assim, por

exemplo, um médium naturalmente alegre, jovial, pode obter comumente comunicações graves,

mesmo severas e vice-versa. É ainda uma prova evidente de que ele age sob a impulsão de uma

influenciação estranha.” (LM, item 199)

Page 46: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Em o Livro dos Médiuns, Kardec comenta a “Teoria de todos os gêneros de manifestações, os

meios de comunicações com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade”, etc., baseado

nas observações do trabalho dos médiuns psicógrafos que teve oportunidade de acompanhar.

A notável classificação dos Médiuns Escreventes encontrada no cap. XVII e que se estende

dos itens 191 a 197, foi elaborada a partir de observação do trabalho de diversos médiuns.

Page 47: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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MÉDIUNS ESPECIAIS(Capítulo XVI)

SENSITIVOS, NATURAISE FACULTATIVOS

(Item 188)

EFEITOS FÍSICOS(Item 189)

• TiptólogosMotoresTranslação-SuspensãoEfeitos MusicaisApariçõesTransporteNoturnosPneumatógrafosCuradoresExcitadores

•••••••••EFEITOS INTELECTUAIS

(Item 187)

ESCREVENTES

Segundo o modode Execução(Item 191)

• Escreventes ou Psicógrafos• Escreventes Mecânicos• Escreventes Semimecânicos• Intuitivos• Polígrafos• Poliglotas• Iletrados

Segundo oDesenvolvimentoda Faculdade(Item 192)

• Novatos• Improdutivos • Feitos ou Formados • Lacônicos• Explícitos• Experimentados• Maleáveis• Exclusivos • Para Evocação• Para Ditados Espontâneos

Segundo o Gêneroe a Particularidadedas Comunicações(Item 193)

• Versejadores• Poéticos• Positivos • Literários• Incorretos• Historiadores• Científicos• Receitistas• Religiosos• Filósofos e Moralistas• Comunicações Triviais e Obscenas

Segundo asQualidades Físicasdo Médium(Item 194)

• Calmos• Velozes• Convulsivos

APTIDÕES DIVERSAS(Item 190)

• Audientes• Falantes• Videntes• Inspirados• Pressentimentos• Proféticos• Sonâmbulos• Extáticos• Pintores ou Desenhistas• Músicos

Segundo asQualidades Moraisdos Médiuns(Item 195)

Médiuns Imperfeitos(Item 196)

• Obsidiados• Fascinados• Subjugados• Levianos• Indiferentes• Presunçosos

Bons Médiuns

• Sérios• Modestos• Devotados• Seguros

(Item 197)

• Orgulhosos• Suscetíveis• Mercenários• Ambiciosos• De má-fé• Egoístas• Invejosos

CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS MEDIÚNICOS

Quadro sinóptico das diferentes espécies de médiuns

“O Livro dos Médiuns”, Cap. XVI.

Page 48: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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A Obsessão na Psicografia

“A obsessão ... é um dos maiores escolhos da mediunidade e também um dos mais frequentes.

Por isso mesmo, não serão demais todos os esforços que se empreguem para combatê-la,

porquanto, além dos inconvenientes pessoais que acarreta, é um obstáculo absoluto à bondade e a

veracidade das comunicações. A obsessão, de qualquer grau, sendo sempre efeito de um

constrangimento e este não podendo jamais ser exercido por um bom Espírito, segue-se que toda

comunicação dada por um médium obsidiado é de origem suspeita e nenhuma confiança merece.

Se nelas alguma coisa de bom se encontrar, guarde-se isso e rejeite-se tudo o que for simplesmente

duvidoso.” (LM, item 242)

“Reconhece-se a obsessão pelas seguintes características:

1ª. Persistência de um Espírito em se comunicar, bom ou mau grado, pela escrita, pela

audição, pela tiptologia, etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam;

2ª. Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e

o ridículo das comunicações que recebe;

3ª. Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que,

sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas ou absurdas;

4ª. Confiança do médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que por ele se

comunicam;

5ª. Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis;

6ª. Tomar a mal a crítica das comunicações que recebe;

7ª. Necessidade incessante e inoportuna de escrever;

8ª. Constrangimento físico qualquer, dominando-lhe a vontade e forçando-o a agir ou falar

a seu mau grado;

9ª. Rumores e desordens persistentes ao redor do médium, sendo ele de tudo a causa, ou o

objeto. (LM, item 243)

“A fascinação e a subjugação corporal quando exercidos sobre o médium psicógrafo

apresentam características específicas.

“A fascinação pode levá-lo a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas,

como se fossem a única expressão da verdade (LM, item 239)

“Há Espíritos obsessores sem maldade, mas, dominados pelo orgulho do falso saber. Têm

suas idéias, seus sistemas sobre as ciências, a economia social, a moral, a religião, a filosofia, e

querem fazer que suas opiniões prevaleçam. Para esse efeito, procuram médiuns bastante crédulos

para os aceitar de olhos fechados e que eles fascinam, a fim de os impedir de discernirem o

verdadeiro do falso. São os mais perigosos, porque os sofismas nada lhes custam e podem tomar

cridas as mais ridículas utopias. Como conhecem o prestígio dos grandes nomes, não

escrupulizam em se adornarem com um daqueles diante dos quais todos se inclinam, e não recuam

sequer ante o sacrilégio de se dizerem Jesus, a Virgem Maria, ou um santo venerado. Procuram

deslumbrar por meio de uma linguagem empolada, mais pretensiosa do que profunda, eriçada de

termos técnicos e recheada das retumbantes palavras - caridade e moral. Cuidadosamente

evitarão dar um mau conselho porque bem sabem que seriam repelidos. Daí vem que os que são

por eles enganados os defendem, dizendo: Bem vedes que nada dizem de mau. A moral, porém,

para esses Espíritos é simples passaporte, é o que menos o preocupa. O que querem, acima de

tudo, é impor suas idéias por mais disparatadas que sejam (LM, item 246) (Ler o LM, item 247).

“A subjugação é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a

seu mau grado. Numa palavra: O paciente fica sob um verdadeiro jugo.

Page 49: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, ... é como uma fascinação.

No segundo caso, o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários.

Traduz-se, no médium escrevente, por uma necessidade de escrever, ainda nos momentos menos

oportunos. Vimos alguns que, à falta de pena ou lápis, simulavam escrever com o dedo, onde quer

que se encontrassem, mesmo nas ruas, nas portas, nas paredes (LM, item 240)

A RE, outubro de 1858, editora EDICEL, a partir da p. 276, no artigo “Obsedados e

subjugados” estuda minuciosamente a obsessão na psicografia. Destacamos as seguintes

observações de Kardec:

“O Espiritismo apresenta um perigo real: (a obsessão). É aos próprios adeptos, àqueles que

o praticam, pois que para estes é que há perigo. Para quem quer que esteja bem informado da

Ciência, tal perigo não existe; existe apenas para aqueles que tem a presunção de saber, isto é,

como em todas as coisas, para aqueles que não possuem a necessária experiência.

“Um desejo muito natural em todos aqueles que começam a se ocupar do Espiritismo é ser

médium, principalmente, psicógrafo. É realmente o gênero que tem mais atração, dada a

facilidade das comunicações e por ser o que melhor se desenvolve com o exercício. Compreende-se

a satisfação que deve experimentar quem pela primeira vez vê a própria mão formar letras, depois

palavras, depois frases em respostas aos seus pensamentos. Essas respostas que traça

maquinalmente, sem saber o que faz, o mais das vezes estão fora de qualquer idéia pessoal, não lhe

podem deixar nenhuma dúvida quanto a intervenção de uma inteligência oculta”.

Kardec adverte que da alegria muito natural de poder entreter-se com os seres de além-túmulo,

parentes e amigos, conversas com eles, saber se são felizes, conhecer aquilo que fazem, desejam e

trocam amabilidades, enfim, compreendem que a separação não é eterna, e o intenso desejo de tudo

conhecer através de perguntas dirigidas aos Espíritos vai curta distância.

“Quem quer que se dê ao trabalho de estudar a Ciência Espírita jamais se deixará seduzir

por esses sonhos de explorar os Espíritos em benefício de sua fortuna”.

Três pontos são indispensáveis à compreensão do exercício da mediunidade:

1º. o conhecimento da relatividade do poder e sabedoria dos Espíritos. “Como não passam

de almas humanas desembaraçadas de seu invólucro corporal, ainda apresentam uma variedade

maior que a que encontramos entre os homens na Terra, por isso que vêm de todos os mundos, e

porque entre os mundos a Terra nem é o mais atrasado, nem o mais adiantado”;

2º. a natureza, e

3º. o objetivo das relações que se podem estabelecer com os Espíritos.

Estando incessantemente cercado por nuvens de testemunhas invisíveis o homem tem ao seu

lado Espírito que espiam seus atos, lêem seus pensamentos e influenciam para o bem ou para o mal

de acordo com seus sentimentos.

Pela posição de nosso globo na hierarquia dos mundos, os Espíritos inferiores aqui são mais

numerosos que os superiores.

“Entre os Espíritos que nos cercam, há os que se ligam a nós, que agem mais

particularmente sobre o nosso pensamento, aconselhando-nos, e cujo impulso seguimos sem nos

apercebermos; felizes se escutarmos a voz dos bons.

“Em alguns médiuns o progresso da faculdade é lento, mesmo muito lento; por vezes se

submetem à prova a sua paciência. Noutros, é rápido, e em pouco tempo chega ao médium a

escrever com tanta facilidade e, às vezes, com mais presteza do que o faria sem condições

Page 50: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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ordinárias.” Daí advir o perigoso entusiasmo que secundados por uma convicção e uma confiança

que lhe permitem vencer todos os obstáculos conduz o médium à crença cega e irrefletida na

superioridade dos Espíritos que se comunicam. Daí à confiança cega nos ditados dos Espíritos vai

um passo.

“Os Espíritos hipócritas vendo o entusiasmo e o amor próprio do médium, ou ainda

fascinando-o usam de diversos subterfúgios para serem acreditados. Nomes venerandos, títulos

pomposos, doçuras nas frases, meiguice, expressões carinhosas, protestos de dedicação tudo é

utilizado de forma a captar a confiança do médium nos conselhos do Espírito. Onde está o perigo?

“O perigo está nos conselhos perniciosos que dão, aparentando benevolência, nos movimentos

ridículos, intempestivos ou funestos, que nos levam a empreender”.

Observando as etapas do processo obsessivo em mergulhou o Sr. F. e a luta de Kardec contra

o Espírito obsessor, François Dillois, atentemos às conclusões:

“Grave erro seria pensar que os Espíritos não exercem sua influência senão pelas

comunicações verbais ou escritas. Essa influência é constante e a ela, tanto quanto os outros,

acham-se expostos aqueles que não acreditam, pois não tem contrapeso.

“Regra geral: Quem quer que obtenha más comunicações Espíritas orais ou escritas,

acham-se sob má influência. Esta se exerce sobre ele, quer escreve, quer não, isto é, seja ou não

médium”.

“A escrita oferece um meio de assegurarmos da natureza dos Espíritos que atuam sobre ele e

de os combater, o que, se faz com tanto maior sucesso quanto mais é conhecido o motivo que o leve

a agir. Se ele for bastante cego para não o compreender, outros podem abrir-lhe os olhos. Aliás

não é necessário ser médium para escrever absurdos. E quem nos diz que entre essas elocuções

ridículas ou perigosas não haverá algumas cujos autores são impulsionados por Espíritos

malévolos? Três quartas partes de nossas ações más e de nossos pensamentos são partes dessa

sugestão oculta”.

“Toda criatura de boa vontade e simpática aos bons Espíritos podem sempre, com o auxílio

destes, paralisar uma influência perniciosa. Dizemos que deve ser simpática aos bons Espíritos

porque se ela atrai os inferiores, é evidente que lobo não come lobo.”

“Em resumo, o perigo não está propriamente no Espiritismo, desde que este, ao contrário,

pode servir de controle, preservando-nos daquilo a que malgrado nosso, estamos expostos; o

perigo está na presunção de certos médiuns para mui levianamente, se crerem instrumentos

exclusivos de Espíritos superiores e da espécie de fascinação que não os deixa compreender as

tolices de que são intérpretes. Aqueles mesmos que não são médiuns podem ser arrastados”.

Recomenda Kardec:

“Todo médium deve prevenir-se contra o inevitável empolgamento que o leva a escrever sem

cessar e até mesmo em momento inoportuno; deve ser senhor de si e não só escrever senão quando

o quer.

“Não dominamos os Espíritos superiores, nem mesmo aqueles que, não sendo superiores,

são bons e benevolentes; mas podemos dominar e domar os Espíritos inferiores. Aquele que não é

senhor de si não o pode ser dos Espíritos.

“Os Espíritos, como os homens, são julgados por sua linguagem, a toda expressão, todo

pensamento, todo conceito, toda teoria moral ou científica que choque o bem senso ou não

corresponda à idéia que fazemos e um Espírito puro e elevado, emana de um Espírito mais ou

menos inferior.

“Os Espíritos superiores tem sempre a mesma linguagem com a mesma pessoa e jamais se

contradizem.

Page 51: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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“Não devemos julgar os Espíritos por sua forma material nem pela correção da linguagem,

mas sondar-lhes o íntimo, perscrutar sua palavras, pesá-las friamente e sem prevenção: qualquer

folga ao bom senso, à razão e à sabedoria, não pode deixar dúvidas quanto à sua origem, seja qual

for o nome com que se mascare Espírito.

“Aquele que em tudo age tendo em sua vista o bem, eleva-se acima das vaidades humanas,

expele do coração o egoísmo, o orgulho, a inveja, o ciúme e o ódio e perdoa aos seus inimigos,

pondo em prática esta máxima do Cristo: “Fazer aos outros o que quereria fosse feito a si

mesmo” simpatiza com os bons Espíritos, enquanto que os maus o temem e dele se afastam.”

Em o LM (Cap. XX, item 230) Erasto adverte para o reflexo da influência moral do

médium sobre o seu trabalho do seguinte modo:

“Onde, porém, a influência moral do médium se faz realmente sentir, é quando ele substitui,

pelas que lhe são pessoais, as idéias que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir e também quando

tira de sua imaginação teorias fantásticas que, de boa-fé, julga resultarem de uma comunicação

intuitiva. É de apostar-se então mil contra um que isso não passa de reflexo do próprio Espírito do

médium. Dá-se mesmo o fato curioso de mover-se a mão do médium, quase mecanicamente, às

vezes, impelida por um Espírito secundário e zombeteiro. É essa a pedra de toque contra qual vem

quebrar-se as imaginações ardentes; por isso que arrebatados pelos ímpetos de suas próprias

idéias, pelas lantejoulas de seus conhecimentos literários, os médiuns desconhecem o ditado

modesto de um Espírito criterioso e, abandonando a presa pela sombra, o substituem por uma

paráfrase empolada. Contra esse escolho terrível vem igualmente chocar-se as personalidades

ambiciosas que, em falta das comunicações que os bons Espíritos lhes recusam apresentam suas

próprias obras como sendo desses Espíritos. Daí a necessidade de serem, os diretores dos Grupos

Espíritas, dotados de fino trato, de rara sagacidade, para discernir as comunicações autênticas das

que não o são e para não ferir os que se iludem a si mesmos”.

Page 52: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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MECANISMO DA MEDIUNIDADE

“De todos os gêneros de médiuns, o mais comum é o psicógrafo: e isso por ser a modalidade

mais fácil de se adquirir pelo exercício. Eis por que, e com razão, para ele se dirigem geralmente os

desejos e os esforços dos aspirantes. Também apresenta duas variedades, igualmente encontradas

nas outras categorias: os escreventes mecânicos e os escreventes intuitivos.

Nos primeiros o impulso da mão independe da vontade: ela se move por si, sem que o

médium tenha consciência de que escreve; seu pensamento pode até mesmo ser dirigido para outra

coisa. No médium intuitivo o Espírito age sobre o cérebro: seu pensamento atravessa, se assim

podemos dizer, o pensamento do médium, sem que haja confusão. Em conseqüência, ele tem

consciência do que escreve, mesmo uma consciência prévia, porque a intuição precede o movimento

da mão, entretanto, o pensamento expresso não é o do médium. Uma comparação muito simples nos

dá a compreender o fenômeno. Quando queremos conversar com alguém cuja língua não sabemos,

servimo-nos de um intérprete; este tem consciência do pensamento dos interlocutores; ele deve

entendê-lo, para o poder expressar e, portanto esse pensamento não é dele. Assim o papel do

médium intuitivo é o mesmo de um intérprete entre nós e o Espírito.

Com o médium intuitivo a dificuldade está em se distinguir os seus pensamentos daqueles que

lhe são sugeridos. Essa dificuldade existe também para ele. O pensamento sugerido lhe parece tão

natural que ele o toma às vezes por seu e põe em dúvida a sua faculdade. O meio de o convencer e

convencer aos outros é um exercício freqüente. Então, no número das evocações de que participará

se apresentarão mil e uma circunstâncias, uma porção de comunicações íntimas, de particularidades

das quais não poderia ter nenhum conhecimento prévio e que, de maneira irrecusável, demonstrarão

a inteira independência do seu Espírito.” (Revista Espírita, março de 1859, p. 61,- Estudo sobre os médiuns -, editora: EDICEL)

MÉDIUNS SEM O SABER

“Aliás constantemente os Espíritos que nos cercam, que exercem sobre nós, malgrado nosso,

uma influência incessante, aproveitam as disposições que encontram em certos indivíduos para as

transformar em instrumentos das idéias que querem exprimir e levar ao conhecimento dos homens.

Tais indivíduos são, sem o saber, verdadeiros médiuns, e para isto não necessitam possuir a

mediunidade mecânica. Todos os homens de gênio, poetas, pintores e músicos estão neste caso;

certamente seu próprio Espírito pode produzir por si mesmo, caso seja bastante adiantado para tal;

mas muitas idéias também lhe podem vir de uma fonte estranha. Pedindo inspiração, não parece que

estejam fazendo um apelo? Ora, o que é a inspiração senão uma idéia sugerida? Aquilo que tiramos

do nosso próprio íntimo não é inspirado: possuímo-lo e não temos necessidade de o receber. Se o

homem de gênio tirasse tudo de si mesmo, porque então lhe faltariam idéias exatamente no

momento em que as busca? Não seria ele capaz de as tirar de seu cérebro, como aquele que tem

dinheiro o tira de seu bolso? Se nada encontra em dado momento é porque nada tem. Porque,

quando menos espera, as idéias brotam como por si mesmas?

Segundo a Doutrina Espírita, o cérebro pode sempre produzir aquilo que está dentro dele. Por

isso é que o homem mais inepto acha sempre alguma coisa a dizer, mesmo que seja uma tolice. Mas

as idéias das quais não somos os donos, não são nossas, elas nos são sugeridas; quando a inspiração

não vem é porque o inspirador não está presente ou não julga conveniente inspirar...

Poder-se-ia objetar que o cérebro não produzindo não devia fatigar-se. Isto seria um erro: o

cérebro não deixa de ser o canal por onde passam as idéias estranhas, o instrumento que executa. O

cantor não fatiga seus órgãos vocais, embora a música não seja de sua autoria? Porque não se

Page 53: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 53 -

fatigaria o cérebro ao exprimir idéias que está encarregado de transmitir, embora não as tenha

produzido? Sem dúvida é para lhes dar repouso necessário à aquisição de novas forças, que o

inspirador lhe impõe um intervalo.

Pode ainda objetar-se que esse sistema tira ao produtor o mérito pessoal, ao lhe atribuir idéias

de uma fonte estranha. A isto respondemos que, se as coisas assim se passassem, não saberíamos o

que fazer e não teríamos muita necessidade de nos enfeitar com penas de pavão. Mas essa objeção

não é séria, porque de início não dissemos que o homem de gênio nada possa de si mesmo; em

segundo lugar, porque as idéias que lhe são sugeridas se confundem com as suas próprias e nada as

distingue. De modo que ele não é censurado por atribuir a sua paternidade, a menos que as tenha

recebido a título de comunicação espírita constatada e quisesse ter a glória das mesmas. Isto,

entretanto, poderia levar os Espíritos a fazê-lo passar por algumas decepções. Diremos, enfim, que

se os Espíritos sugerem grandes idéias a um homem, dessas idéias que caracterizam o gênio, é

porque o julgam capaz de as compreender, de as elaborar e de as transmitir. Eles não tomariam um

imbecil para seu intérprete.

Podemos, pois, sentir-nos honrados de receber uma grande e bela missão, sobretudo se o

orgulho não a desviar do seu objetivo louvável e não nos fizer perder o seu mérito.” (Revista Espírita, novembro de 1859, p. 316, editora: EDICEL).

Page 54: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 54 -

MECANISMOS DA PSICOGRAFIA

1. INTRODUÇÃO

“DÍNAMO ESPIRITUAL - Ainda mesmo que a Ciência na Terra, por longo tempo,

recalcitre contra as realidades do Espírito, é imperioso convir que, no comando das associações

atômicas, sob a perquirição do homem, prevalecem as associações inteligentes de matéria mental.

O Espírito, encarnado ou desencarnado, na essência, pode ser comparado a um dínamo

complexo, em que se verifica a transubstanciação do trabalho psicofísico em forças

mento-eletromagnéticas, forças essas que guardam consigo no laboratório das células em que

circulam e se harmonizam, a propriedades de agentes emissores e receptores, conservadores e

regeneradores de energia.

Para que nos façamos mais simplesmente compreendidos, imaginemo-lo como sendo um

dínamo gerador, indutor, transformador e coletor, ao mesmo tempo, com capacidade de assimilar

correntes contínuas de força e exteriorizá-las simultaneamente.” (André Luiz - “MECANISMOS DA

MEDIUNIDADE”, editora: FEB, Cap. V -.Corrente Elétrica e Corrente Mental)

A comunicação entre encarnados e desencarnados sempre esteve presente na História da

Humanidade, embora muitos não admitam essa realidade. A nós espíritas cabe o dever de alertá-los

para o fato de que, esses fenômenos são tão maravilhosos quanto uma transmissão de rádio,

televisão ou qualquer outro meio de comunicação à distância, como por exemplo o telex, o telefone,

o fax e etc. Em todos há em comum a emissão de um sinal (som e/ou imagem) modificado ou não, o

seu transporte, por meio físico ou pelo espaço, a sua recepção e finalmente a sua reconstituição à

forma original. A grande diferença está na superioridade da máquina humana em comparação com

os dispositivos criados pelo Homem, o cérebro é ao mesmo tempo emissor e receptor. Possui ainda

um sistema de conversão de sinais e um banco de memória com capacidade infinita de

armazenamento ao qual chamamos perispírito, é através dele que ocorrem todos os fenômenos

relacionados com a mediunidade. Gerenciando todo o sistema está o Espírito, que é o grande

responsável por esse complexo, “o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa”, como

bem definiu Kardec no livro “Obras Póstumas”.

Para entender esses mecanismos, é necessário ver o pensamento como um fluxo de ondas de

múltiplas freqüências que podem ser transmitidas, captadas e decodificadas pelas criaturas, desde

que haja sintonia.

Page 55: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 55 -

2. PENSAMENTOS E ONDAS (1)

“ONDA HERTZIANA - Examinando sumariamente as forças corpusculares de que se

constituem todas as correntes atômicas do Plano Físico, podemos compreender, sem dificuldade, no

pensamento ou radiação mental, a substância de todos os fenômenos no espírito, a expressar-se por

ondas de múltiplas freqüências.

Valendo-se de idéia imperfeita, podemos compará-lo , de início, à onda hertziana, tomando o

cérebro como sendo um aparelho emissor e receptor ao mesmo tempo”. (André Luiz - “MECANISMOS

DA MEDIUNIDADE”, Cap. XI – Fluxo Mental)

Do fluido elementar e da matéria mental dos seres criados, estudamos o pensamento ou fluxo

energético de cada uma dessas criaturas, a se graduarem nos mais diversos tipos de ondas, desde os

raios super-ultra-curtos, em que se exprimem os seres angélicos, através de processos ainda

inacessíveis à nossa observação, passando pelas oscilações curtas, médias e longas e que se

exterioriza a mente humana, até às ondas fragmentárias dos animais, cuja vida psíquica ainda em

germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios descontínuos.

Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o

pensamento por agente essência. Entretanto, ele ainda é matéria, - a matéria mental, em que as leis

de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem sob novo sentido,

compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos e no qual

surpreendemos elementos que transcendem o sistema periódico dos elementos conhecidos no

mundo.

Temos, ainda aqui, as formações corpusculares , com bases nos sistemas atômicos em

diferentes condições vibratórias, considerando os átomos, tanto no plano físico, quanto no plano

mental, como associações de cargas positivas e negativas.

Isso nos compele naturalmente a denominar tais princípios de “núcleos, prótons, nêutrons,

posítrons, elétrons ou fótons mentais”, em vista da ausência de terminologia analógica para

estruturação mais seguras de nossos apontamentos

Assim é que o halo vital ou aura de cada criatura permanece tecido de correntes atômicas

sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais, dentro de normas que correspondem à lei

dos “quanta de energia” e aos princípios da mecânica ondulatória, que lhes imprimem freqüência e

cor peculiares.

Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou estado de agitação pelos impulsos da

vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria.

Em condições normais a criatura humana produz uma excitação normal nos átomos mentais,

emitindo assim ondas longas, ou seja, de grande comprimento e de baixa freqüência,

conseqüentemente, de baixa energia, ondas de simples sustentação da individualidade

correspondendo à manutenção do calor. Em estados menos comuns da mente, quais sejam os de

atenção ou tensão pacífica em virtude de reflexão ou oração natural, o campo dos pensamentos, por

força da agitação causada pelos elétrons mentais, nas órbitas da mesma natureza, vai se expressar

em ondas de comprimento médio (maior freqüência e energia do que as longas), representando

aquisição de experiência por parte da alma, correspondendo à produção de luz interior.

E se a excitação nasce dos diminutos núcleos atômicos, em situações extraordinárias da

mente, quais sejam, as emoções profundas, as dores indizíveis, as laboriosas e persistentes

concentrações de força mental ou as súplicas aflitivas, o domínio dos pensamentos emitirá raios

mais curtos (pequeno comprimento de onda, alta freqüência e alta energia) ou de imenso poder

transformador do campo espiritual, teoricamente semelhantes aos que se aproxima dos raios gama.

Assim considerando, a matéria mental, embora em aspectos fundamentalmente diversos,

obedece a princípios idênticos àqueles que regem as associações atômicas, na esfera física,

demonstrando a divina unidade de plano do Universo.

Page 56: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 56 -

Para um melhor entendimento acerca da indução mental, imaginemos a criatura emitindo

conscientemente seus pensamentos, visando influenciar as outras criaturas.

Essa corrente de partículas mentais exterioriza-se de cada Espírito com qualidade de indução

mental, tanto maior quanto mais amplos se evidenciem as faculdades de concentração e o teor de

persistência no rumo dos objetivos que demande.

Tanto quanto, no domínio da energia elétrica, a indução significa o processo através do qual

um corpo que detenha propriedades eletromagnéticas pode transmiti-las a outro corpo sem contacto

visível, no reino dos poderes mentais a indução exprime processo idêntico, porquanto a corrente

mental é suscetível de reproduzir as suas próprias peculiaridades em outra corrente mental que se

lhe sintonize. E tanto na eletricidade quanto no mentalismo, o fenômeno obedece à conjugação de

ondas, enquanto perdure a sustentação do fluxo energético.

Compreendemos assim, perfeitamente, que a matéria mental é o instrumento sutil da vontade,

atuando nas formações da matéria física, gerando as motivações de prazer ou desgosto, alegria ou

dor, otimismo ou desespero, que não se reduzem efetivamente a abstrações, por representarem

turbilhões de força em que a alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para

si mesma os agentes (por enquanto imponderáveis na Terra), de luz ou sombra, vitória ou derrota,

infortúnio ou felicidade.

E é por esse mecanismo que as criaturas influenciam e são influenciadas, obedecendo sempre

à lei de afinidade. Essa influenciação magnética pode ser exercida de perto ou de longe, tanto no

plano visível quanto no invisível, quer por Espíritos encarnados ou por desencarnados.

O magnetismo, considerado em seu aspecto geral é a utilização, sob o nome de fluído

magnético da força psíquica, por aqueles que abundantemente a possuem.

É pois a qualidade dos nossos pensamentos que determina o tipo de ondas que emitimos, e em

conseqüência a nossa faixa de sintonia.

Observemos o resumo nos quadros anexos.

(1) Esse texto é baseado no Cap. IV - Matéria Mental - do livro “MECANISMOS DA

MEDIUNIDADE”, de André Luiz)

Page 57: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Deus, Espírito e Matéria

Matéria – modificação do elemento material primitivo

Molécula – modificação da molécula elementar

O Homem – ser integral

Figura 3.1

Espírito

Perispírito

Corpo Físico

Page 58: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 58 -

TÚNICA ELETROMAGNÉTICA

Page 59: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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MEDIUNIDADE E ELETROMAGNETISMO

SPINS OPOSTOS

CAMPO MAGNÉTICO NULO

SPINS PARALELOS

CAMPO MAGNÉTICO ATIVO

Os pares de elétron tem movimentos de translação chamados de órbita e movimentos de rotação chamados “SPINS”. Se o movimento de spin dos elétrons giram no mesmo sentido, formam pequenos domínios

magnéticos, que têm como resultado um campo magnético ativo - Ímãs.

Se giram em sentido contrário, o campo magnético formado é nulo, matematicamente quase zero –

Outros materiais. Descompensação vibratória – “Sem obstáculo, reconhecemos que a mediunidade ou capacidade de sintonia está em todas as criaturas, porque todas as criaturas são dotadas de campo magnético particular, campo esse, porém, que é sempre mais pronunciado naquelas que estejam em regime de “descompensação vibratória”. (Mecanismos da Mediunidade – André Luis)

Page 60: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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(+) = (1) (2) (3)

(-) = (3) (2) (1)

1 - ÁTOMO

2 - ELÉTRON

EEELÉTRON

EELÉTRON 3 - NÚCLEO

PENSAMENTO - é um fluxo energético produzido pelas

criaturas, através da excitação da matéria mental, em seus vários

níveis.

POSIÇÃO MENTAL COMUM.

SUSTENTAÇÃO DA

INDIVIDUALIDADE E MANUTENÇÃO

DE CALOR .

ATENÇÃO OU TENSÃO PACÍFICA.

AQUISIÇÃO DE EXPERIÊNCIA DA

ALMA COM PRODUÇÃO DE LUZ

INTERIOR.

EMOÇÕES PROFUNDAS, DORES

INDIZÍVEIS, LABORIOSAS

CONCENTRAÇÕES MENTAIS OU

SÚPLICAS AFLITIVAS.

TRANSFORMAÇÃO DO CAMPO

ESPIRITUAL.

Page 61: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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3. TRANSMISSÃO

“HOMENS E ONDAS” – Simplificando conceitos em torno da escala das ondas,

recordemos que, oscilando de maneira integral, sacudidas simplesmente nos elétrons de suas

órbitas ou excitados apenas em seus núcleos, os átomos lançam de si ondas que produzem calor e

som, luz e raios gama, através de inumeráveis combinações. Assim é que entre as ondas da corrente

alternada para objetivos industriais, as ondas do rádio, as da luz e dos raios X, tanto quanto as que

definem os raios cósmicos e as que se superpõem além deles, não existe qualquer diferença de

natureza, mas sim de freqüência, considerado o modo em que se exprimem.

E o homem, colocado na faixa desse imenso domínio, em que a matéria quanto mais estudada

mais se revela qual feixe de forças em temporária associação, somente assinala as ondas que se lhe

afinam com o seu modo de ser.

Temo-lo, dessa maneira, como viajante do Cosmo, respirando num vastíssimo império de

ondas que se comportam como massa ou vice-versa, condicionado, nas suas percepções, à escala do

progresso que já alcançou, progresso esse que se mostra sempre acrescentando pelo patrimônio de

experiência em que se gradua, no campo mental que lhe é característico, em cujas dimensões revela

o que a vida já lhe deu, ou tempo de evolução, e aquilo que ele próprio já deu à vida, ou o tempo

de esforço pessoal na construção do destino. Para a valorização e enriquecimento do caminho

que lhe compete percorrer, recebe dessa mesma vida, que o acalenta e a que deve servir, o tesouro

do cérebro, por intermediário do qual exterioriza as ondas que lhe marcam a individualidade, no

concerto das forças universais, e absorve aquelas que com as quais pode entrar em sintonia,

ampliando os recursos do seu cabedal de conhecimento, e das quais se deve aproveitar, no

aprimoramento intensivo de si mesmo, no trabalho da própria sublimação”.

(André Luiz – “MECANISMOS DA MEDIUNIDADE”, Cap I - Ondas e Percepção)

3.1 Conceitos Básicos

Onda – é uma perturbação (vibração) que se propaga em um meio. As características

de uma onda são: amplitude, comprimento de onda e freqüência.

Amplitude – é o tamanho da oscilação, é o que determina a força da onda.

Comprimento de onda – é a distância entre duas oscilações, medida entre duas cristas

consecutivas.

Freqüência – é o número de vezes que ocorre o fenômeno na unidade de tempo; suas

unidades são: rotação por minuto (RPM) e ciclos por segundos, chamada de Hertz

(Hz).

Faixa de freqüência audível para o ser humano – 20Hz a 20KHz.

Faixa de operação do AM – 540KHz a 1600KHz.

Faixa de operação do FM – 88MHz a 108 MHz.

Antena – equipamento utilizado para transmitir ou receber os sinais.

Page 62: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 62 -

3.2 - Meios de Transmissão de um Sinal

Quando se deseja escolher um meio de transmissão, alguns fatores devem se analisados para

uma correta adequação do meio aos objetivos desejados. Desta forma, devemos levar em

consideração o número de canais a serem transmitidos, a distância ente os locais que desejam se

comunicar, as características geométricas e também a confiabilidade do sistema ideal.

Basicamente podemos dividi-los em dois grupos:

a) Via rádio (espaço)

b) Via linha (meio físico)

3.2.1 - Configuração Básica de um sistema de Transmissão Via rádio (espaço)

O esquema mostrado na figura a seguir, expõe a configuração básica da ligação entre duas

localidades feitas por meio de um sistema de rádio.

A estação de rádio é composta basicamente de um transmissor, um receptor, um modulador,

um demodulador e as antenas de transmissão e recepção.

O transmissor produz vibrações eletromagnéticas que são enviadas ao espaço pela antena

transmissora. A antena receptora se sensibiliza com estas vibrações e envia esta informação para o

equipamento receptor, estabelecendo assim a comunicação.

Para que a informação seja enviada ao espaço, é necessário que esteja preparada para tal.

Assim sendo, o transmissor enviará para o espaço ondas eletromagnéticas com frequência fixa, de

tal forma que um receptor sintonizado nesta frequência saiba que o transmissor está em

funcionamento.

A esta onda eletromagnética damos o nome de portadora. Porém, esta onda apenas estabelece

o contacto, através do espaço, entre o transmissor e o receptor, não possuindo informação a ser

transmitida.

Para que possamos transmitir o sinal que contém a informação é preciso modular este sinal. A

modulação consiste em variarmos um das características da onda portadora (amplitude, freqüência

ou fase), de acordo com as variações do sinal que contém a informação, chamada de sinal

modulante. Desta forma a modulação em amplitude (AM) é obtida fazendo-se a amplitude da

portadora variar proporcionalmente as variações do sinal modulante. S sinal obtido após este

Page 63: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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processo chama-se sinal modulado, sendo então enviado à estação receptora. O equipamento que

produz o sinal modulado é o modulador. Na estação receptora, quem reconstitui a informação

original em função das variações da portadora é o demodulador.

Visualizando o processo como um todo, temos a informação original processada pelo

modulador transmissor, fazendo com que tenhamos uma onda portadora modulada na antena da

transmissora. Esta onda é captada pela antena da receptora, sendo processada pelo receptor

demodulador, reconstituindo a informação original.

3.2.2.1 Classificação dos Sistemas de Rádio

A propagação das ondas eletromagnéticas varia de acordo com sua freqüência e com a camada

da atmosfera em que ela se propaga. Valendo-se destas características foram desenvolvidos meios

de transmissão para a propagação de sinal de um ponto a outro, sub-divididos em faixas de

freqüências que definem a utilização destes sinais. O quadro a seguir mostra a classificação

internacional destas faixas de freqüências.

Faixa de

freqüência

Designação

Técnica

Designação

Leiga

Propagação

300Hz - 3 KHz E.L.E. Ondas extremamente

longas

Terrestre

3KHz - 30KHz V.L.F. Ondas muito longas Terrestre

30KHz - 300KHz L.F. Ondas longas Terrestre

300KHz - 3MHz M.F. Ondas médias Ionosférica

3MKz - 30MKz H.F. Ondas curtas Ionosférica

30MKz - 300MKz V.H.F. - Troposférica e Radar

300MKz - 3GHz U.H.F. - Troposférica e Radar

3GHz - 300GHz S.H.F. Microondas Troposférica e Radar

300 GHz - 3THz E.F.F. Microondas Troposférica e Radar

300THz - 3000THz Infra-vermelho - Troposférica e Radar

Propagação terrestre

A antena transmissora emite ondas esféricas que se propagam em todas as direções

acompanhando a curvatura da terra, são freqüências baixas, por isso com longo alcance e muita

freqüência.

Propagação ionosférica

As ondas que se propagam em direção ao espaço se expandem e encontram a ionosfera a uma

altura de aproximadamente 80 a 150 km da superfície da Terra. As ondas retornam à Terra devido a

refração ionosférica por mudança de índice de refração. Este processo é chamado de “Reflexão

Ionosférica”.

Page 64: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Propagação do sistema VHF/UHF

Ao se utilizar faixas de freqüências mais elevadas, as características de propagação se

modificam. Quando se trabalha nas faixas de VHF (30 a 300MHz) e UHF baixa (300 a 900MHz), a

ionosfera passa a ser transparente para estas freqüências, não refratando o sinal para a Terra. Nestas

freqüências as ondas de rádio se comportam como a luz, isto é, propagam-se em linha reta e

refletem-se em obstáculos. Tais características permitem que estas ondas somente sejam

focalizadas por antenas convenientes, portanto, o mecanismo de comunicação envolve a colocação

de antenas de tal forma que a antena receptora esteja na linha de vista da antena transmissora.

Propagação em microondas

Quando se opera na região de microondas (900 a 30.000 MHz), as ondas de rádio assumem

características de propagação, praticamente idênticas às características de propagação das ondas de

luz. Esta forma propaga-se em linha reta e pode ser focalizada por antenas convenientes. O

processo envolve a colocação de antenas distanciadas de no máximo 50 a 60 km, colocadas em

pontos elevados de tal forma que não haja intercepção do feixe por obstáculos.

Sistema rádio tropo-difusão

Embora seja um sistema de microondas, não utiliza a vista direta. Emprega a troposfera para

refletir as suas ondas.

Sistema de satélite

Este sistema utiliza como repetidora um satélite artificial em órbita estacionária com a Terra.

Esta órbita estacionária é conseguida fazendo-se com que o satélite gire com a mesma velocidade

angular que a Terra. Desta forma o satélite permanece estacionário a uma altura de 36000km da

superfície. Nos satélites estão instalados receptores e transmissores que recebem, ampliam e

retransmitem os sinais de volta à Terra.

3.2.2 Configuração Básica de um Sistema de Transmissão Via Linha (meio físico)

São divididas em bifiliares e coaxiais. Fisicamente as linhas bifiliares são constituidas por

dois condutores idênticos e paralelos, usualmente de cobre ou alumínio, separados por um material

isolante. As linhas coaxiais são constituidas por um condutor interno, envolvido por outro externo,

ambos de forma cilíndrica, separados por um isolante; normalmente os condutores são de cobre e o

material isolante o polietileno.

Nos sistemas de transmissão de rádio, a informação original necessitava ser modulado para ser

transmitido. Nas linhas físicas transmite-se diretamente a própria informação original.

3.3 Gravação de dados

Tudo começou da necessidade que o homem tinha em armazenar informações, pois até então

o único meio utilizado era o da escrita (papel e etc.). Então o que fazer para documentar

informações, ocupando menos espaço, utilizando um método mais eficiente e rápido? Vários

aparelhos apareceram, porém o mais simples e eficiente que se tem notícia foi o de Thomas Edson.

Page 65: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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É simples; se tratava de um cilindro de cera, que girava fixado em um eixo, tocando na superfície do

cilindro atinha uma agulha bem fina, que era fixada em um funil. Conforme a pessoa ia falando na

boca do funil, a agulha sensibilizava a superfície do cilindro, assim era a gravação. Na reprodução,

passava-se novamente a agulha sobre o que havia sido gravado e as ondas sonoras eram

reconstituídas e ouvidas através do funil. Certamente esse foi o primeiro gramofone. Este método é

utilizado até hoje nos LP’s (disco vinil), só que bem mais aperfeiçoado. Fitas magnéticas e CD’s,

também são utilizados em gravações de audio e vídeo. Para o armazenamento de dados são

utilizadas fitas magnéticas, disquetes, cartuchos, discos rígidos e etc.

3.4 Codificação de dados

Basicamente o processo é sempre o mesmo. Tem-se um codificador que modula a informação

de tal forma que, somente um decodificador específico poderá reconstituir a informação original, ou

seja, há uma correlação entre um sinal emitido e um caracter ou um comando. É assim que se

processa a relação homem X computador; para que o computador execute uma operação desejada,

temos que emitir um sinal que esteja associado a tal operação. Quando montamos vários arquivos

na memória do equipamento, eles são identificados com sinais característicos (onmes) e gravados

em locais distintos (diretórios). Esses arquivos só serão acessados quando chamados pelos nomes

correspondentes dentro do ambiente em que se encontram.

Page 66: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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4. COMUNICAÇÃO ENTRE OS HOMENS

Gerador do cérebro - “Erguendo-se sobre os vários departamentos do corpo, a

funcionarem por motores de sustentação, o cérebro, com as células especiais que lhe são próprias,

detém verdadeiras usinas microscópicas, das quais as pequenas partículas de germânio, na

construção do transistor, nos conjuntos radiofônicos miniaturizados, podem oferecer imperfeita

expressão

É aí, nesse microcosmo prodigioso, que a matéria mental, ao impulso do Espírito, é

manipulada e expressa, em movimento constante, produzindo correntes que se exteriorizam, no

espaço e no tempo, conservando mais amplo poder na aura personalidade em que se exprime,

através de ação e ração permanentes, como acontece no gerador comum, em que o fluxo energético

atinge o valor máximo, segundo a resistência integral do campo, diminuindo de intensidade na

curva de saturação.

Nas reentrâncias de semelhante cabine, de cuja intimidade a criatura expede as ordens e

decisões com que traça o próprio destino, temos, no córtex, os centros da visão, da audição, do tato,

do olfato, do gosto, da palavra falada e escrita, da memória e de múltiplos automatismos, em

conexão com os mecanismos da mente, configurando os poderes da memória profunda, do

discernimento, da análise, da reflexão, do entendimento e dos multiformes valores morais de que o

ser se enriquece no trabalho da própria sublimação.” (André Luiz - “MECANISMOS DA MEDIUNIDADE”, Cap IX – Cérebro e Energia)

4.1 Vocalização

A fala particularmente envolve o sistema respiratório, mas compreende também os centros

específicos de controle da fala no córtex cerebral, os centros respiratórios do tronco cerebral, as

estruturas de articulação e ressonância da boca e as cavidades nasais.

Basicamente, a fala se compõe de duas funções mecânicas distintas:

Fonação - realizada pela laringe;

Articulação - realizada pelas estruturas da boca.

4.1.1 Fonação

A laringe está especialmente adaptada para agir como um vibrador. O elemento vibrátil é

constituído pelas cordas vocais, que são pregas situadas ao longo das paredes laterais da laringe,

estiradas e posicionadas por vários músculos específicos, nos limites da própria laringe.

Cada corda vocal está estirada entre as cartilagens tireóide e aritenóide.

4.1.1.1 Vibração das cordas vocais

Poder-se-ia suspeitar de que as cordas vocais deveriam vibrar na direção do fluxo do ar.

Entretanto, não é esse o caso. Pelo contrário, elas vibram lateralmente. A causa da vibração é a

seguinte: quando as cordas vocais são aproximadas e o ar é expirado, a pressão do ar, proveniente

de baixo, empurra e separa as cordas vocais, o que permite o fluxo rápido de ar entre suas margens.

A seguir, o fluxo rápido do ar cria, imediatamente, um vácuo parcial entre as cordas vocais, que

tende a aproximá-las novamente. Isso faz para o fluxo de ar, surge uma certa pressão através das

cordas e estas se abrem novamente, persistindo, assim, em um padrão de vibração.

Page 67: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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4.1.1.2 Freqüência de vibração

A altura do som emitido pela laringe pode ser mudada de duas diferentes maneiras:

a) Pelo estiramento ou relaxamento das cordas vocais

Toda a laringe se move para cima pela ação dos músculos laríngeos externos que ajudam a

esticar as cordas quando se deseja emitir um som de freqüência muito alta, e a laringe se move para

baixo, com relaxamento correspondente das cordas vocais, quando se deseja emitir um som muito

baixo.

b) Alteração da forma e do volume das cordas vocais

Quando se emite sons de freqüência muito alta, as bordas das cordas vocais tornam-se finas e

agudas, enquanto que, quando as freqüências baixas são emitidas, as bordas tornam-se irregulares e

de grande volume se aproximam.

4.1.2 Articulação e ressonância

Os três órgãos principais da articulação são: os lábios, a língua e o palato mole.

Os ressonadores incluem a boca, o nariz com os seios nasais associados, a faringe, e até

mesmo a própria cavidade torácica.

A função dos ressonadores nasais é ilustrada pela mudança na qualidade da voz quando uma

pessoa está com resfriado intenso que bloqueia as passagens aéreas para esses ressonadores.

(inserir, aqui, a figura que está na folha original)

4.2 Sentido da audição

4.2.1 Membrana timpânica e sistema ossicular

Condução de sons da membrana timpânica à cóclea

A membrana timpânica (comumente denominada tímpano), tem forma cônica, com a

concavidade para baixo e para fora em direção ao canal auditivo. Aderido ao centro da membrana

timpânica está o cabo do martelo. Este, acha-se firmemente unido por ligamentos, pelo seu outro

extremo, à bigorna, de maneira que, sempre que o martelo se move, a bigorna move-se em sincronia

com ele. O extremo oposto da bigorna articula-se com a haste do estribo, e a sua base descansa

sobre o labirinto membranoso na abertura da janela oval, onde as ondas sonoras são transmitidas ao

ouvido interno, ou seja, à cóclea . Os ossículos do ouvido médio são suspensos por ligamentos, de

tal maneira que o martelo e a bigorna atuam juntos como uma só alavanca. A articulação da bigorna

com o estribo faz com que este último avance contra o líquido coclear, cada vez que o cabo do

martelo se movimenta para dentro e para fora da base, ao nível da janela oval. O cabo do martelo é

tracionado constantemente para dentro por ligamentos e pelo músculo tensor do tímpano, que

Page 68: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 68 -

mantém a membrana timpânica. Isto permite que as vibrações sonoras em qualquer porção da

membrana timpânica sejam transmitidas ao martelo,o que não ocorreria se ela estivesse relaxada.

(atenção: incluir aqui a figura f.61.1 A membrana timpânica....)

4.2.2 Cóclea

Anatomia funcional da cóclea

A cóclea é um sistema de tubos enrolados, com três tubos diferentes enrolados, uma ao lado

do outro, denominados: escala vestibular, escala média e escala timpânica. A escala vestibular e a

escala média são separadas entre si pela membrana de Reissner (também denominada membrana

vestibular), e a escala timpânica e a escala média são separadas uma da oura pela membrana

basilar. Na superfície da membrana basilar encontra-se uma estrutura, o órgão de Corti, que contém

uma série de células sensíveis a estímulos mecânicos chamadas células ciliadas. Estas células

constituem os órgãos receptores que geram impulsos nervosos em resposta às vibrações sonoras. A

membrana de Reissner é importante porque mantém um líquido especial, na escala média, que é

necessário para o funcionamento normal das células ciliadas receptoras de som. As vibrações

sonoras penetram na escala vestibular pela base do estribo ao nível da janela oval. A base cobre

essa janela e está conectada às bordas da mesma por um ligamento anular relativamente frouxo, de

modo que pode se moer para dentro e para fora, de acordo com as vibrações sonoras. O movimento

para dentro faz com que o líquido se mova no sentido das escalas vestibular e média, o que

imediatamente aumenta a pressão em toda a cóclea, causando protusão da janela redonda para fora.

As partes distais das escalas vestibular e timpânica se comunicam entre si através de uma abertura, o

helicotrema. Quando o estribo se move muito lentamente para dentro, o líquido da escala vestibular

é empurrado através do helicotrema para a escala timpânica, e isso faz com que a janela redonda

sofra uma protusão para fora. Entretanto, se o estribo vibrar rapidamente em ambas as direções, o

líquido simplesmente não terá tempo de passar através do helicotrema, chegar à janela oval e voltar

à janela oval entre duas vibrações sucessivas. Ao invés disso, a onda líquida toma um atalho

através da membrana basilar, fazendo-a arquear-se a cada vibração sonora.

(inserir aqui as figuras de nos. 51-4 e 61.3 sobre esta matéria e que está na folha original)

Transmissão de ondas sonoras na cóclea - “onda viajante”

Se a base do estribo se move instantaneamente para dentro, a janela redonda também deve

fazer proeminência instantânea para fora, porque a cóclea é limitada em todos os seus lados pro

paredes ósseas. Como a onda líquida não terá tempo de percorrer todo de percorrer o caminho da

janela oval até o helicotrema e de volta à janela redonda, o efeito inicial é fazer a membrana basilar

se arquear, bem na base da cóclea, em direção à janela redonda. Contudo,a tensão elástica

desenvolvida nas fibras basilares, quando elas se dobram em direção à janela redonda, inicia uma

onda que “viaja” ao longo da membrana basilar para o helicotrema.

Padrão de vibração da membrana basilar para sons de diferentes freqüências

Existem vários padrões de transmissão para ondas sonoras de diferentes freqüências. Cada

onda é relativamente débil no início, porém torna-se potente quando alcança a porção da membrana

basilar, que tem uma freqüência do som correspondente. Nesse ponto, a membrana basilar pode

vibrar com tal facilidade que a energia da onda se dissipa por completo. Em conseqüência, a onda

termina nesse ponto e já não viaja o resto da distância ao longo da membrana basilar. Assim, uma

onda sonora antes de alta freqüência viaja apenas a uma pequena distância ao longo da membrana

Page 69: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 69 -

basilar antes de alcançar o seu ponto de ressonância e desaparecer. Uma onda sonora de freqüência

média viaja cerca da metade da distância e então desaparece; e por fim, uma onda sonora de

freqüência muito baixa, viaja toda a distância ao longo da membrana.

Função do Órgão de Corti

O órgão de Corti, é o órgão receptor que gera impulsos nervosos em resposta à vibração da

membrana basilar. Ele encontra-sena superfície das fibras basilares e da membrana basilar. Os

verdadeiros receptores sensoriais do Órgão de Corti são as células internas e as externas.

4.3 Mecanismos auditivos centrais

Função do córtex cerebral na audição

O córtex auditivo situa-se, principalmente, no lobo temporal. Neste, existem duas áreas

distintas, o córtex auditivo primário e o córtex de associação auditiva (também denominado córtex

auditivo secundário). O córtex auditivo primário é diretamente excitado por projeções nervosas,

enquanto o córtex auditivo secundário é executado secundariamente por impulsos nervosos do

córtex auditivo primário.

4.4 A função do cérebro na comunicação e na audição

Mecanismo

1. Recepção na área auditiva primária dos sinais sonoros que codificam a palavra.

2. Interpretação da palavra na área de Wernicke, porção temporal da área

interpretativa geral – são áreas de associação somática visual e auditiva, e encontra-se

mais desenvolvida do lado esquerdo.

3. Determinação da emissão da palavra, que também ocorre na área de Wernicke.

4. Transmissão de sinais da área de Wernicke para a área de Broca que situa-se na

região facial pré-motora do córtex, feita pelo fascículo arqueado.

5. Ativação dos programas motores especializados na área de Broca para o controle da

formação de palavras.

6. Transmissão dos sinais apropriados ao córtex motor para controlar os músculos da

fala.

Analisando estas informações, podemos observar que, mesmo na comunicação de encarnado

para encarnado há emissão, recepção e decodificação de ondas; tudo isso serve para encararmos

mais naturalmente o fenômeno da comunicação mediúnica e também para confirmar o quanto

maravilhosa é esta máquina chamada corpo humano.

Page 70: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 70 -

5. OS TIPOS DE MÉDIUNS PSICÓGRAFOS E OS MECANISMOS DAS

COMUNICAÇÕES

“Em todos os processos medianímicos não podemos esquecera máquina cerebral como órgão

de manifestação da mente”. ...

“Bastar-nos-á sucinto exame da vida intracraniana, onde estão assentadas as chaves de

comunicação entre o mundo mental e o mundo físico”. (Instrutor Áulus)

“Centralizando a atenção, através de pequenina lente que Áulus nos estendeu, o cérebro de

nossa amiga pareceu-nos poderosa estação radiofônica, reunindo milhares de antenas e condutos,

resistências e ligações de tamanho microscópico, à disposição das células especializadas em

serviços diversos, a funcionarem como detectores e estimulantes, transformadores e ampliadores da

sensação e da idéias,cujas vibrações fulguravam aí dentro como raios incessantes, iluminando um

firmamento minúsculo.

O Assistente observou conosco aquele precioso labirinto, em que a epífise brilhava como

pequenino sol azul, e falou:

- Não nos convém relacionar minudências relativas ao cérebro e ao sistema nervoso em geral,

com as quais se encontram vocês familiarizados nos conhecimentos humanos comuns.

Nesse instante, reparei admirado os feixes de associação entre as células corticais, vibrando

com a passagem do fluxo magnético do pensamento.” (André Luiz – “NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE”. editora FEB, Cap. 3 – Equipagem mediúnica)

Os Espíritos utilizam constantemente como exemplo as transmissões de rádio e televisão, com

a finalidade de nos fazer entender os mecanismos envolvidos nas comunicações mediúnicas. O

mecanismo de chegada das informações é o mesmo para a mediunidade de efeitos intelectuais, o

que há de diferente é a forma de exteriorização utilizada, que pode sr oral ou escrita.

E é por esta associação de idéias, ainda que incompletas, que observaremos o fenômeno da

escrita mediúnica.

As comunicações psicográficas podem ser transmitidas basicamente de duas formas:

a) Por transmissão das ondas pensamento via espaço, tendo como meio de propagação o

fluido cósmico universal e como receptor o chakra coronário (idem transmissão de rádio).

b) Por transmissão das ondas pensamento via ligação direta, tendo como ponto de contato

o chakra umeral, que comanda os movimentos dos braços, antebraços e dedos (idem transmissão via

cabo).

Em ambos os casos o fenômeno ocorre no corpo espiritual, ou seja, no perispírito. Como

numa transmissão comum, temos que analisar também o aparelho receptor, pois é pela sua

característica que é definido o tipo de transmissão mais adequada.

Page 71: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 71 -

5.1 Tipos de médiuns psicógrafos (O Livro dos Médiuns)

a) Médiuns mecânicos

‘Quando atua diretamente sobre a mão, o Espírito lhe dá uma impulsão de todo independente

da vontade deste último (o médium). Ela se move sem interrupção e sem embargo do médium,

enquanto o Espírito tem alguma coisa que dizer, e pára, assim ele acaba.

Nesta circunstância, o que caracteriza o fenômeno é que o médium não tem a menor

consciência do que escreve. Quando se dá, no caso, a inconsciência absoluta, têm-se os médiuns

chamados passivos ou mecânicos.” (LM, item 179)

b) Médiuns intuitivos

“A transmissão do pensamento também se dá por meio do Espírito do médium, ou melhor, de

sua alma, pois que por este nome designamos o Espírito encarnado. O Espírito livre, neste caso,

não atua sobre a mão, para fazê-la escrever; não a toma, não a guia. Atua sobre a alma, com a qual

se identifica. A alma, sob esse impulso, dirige a mão e esta dirige o lápis”. (LM, item 180)

c) Médiuns semimecânicos

“No médium puramente mecânico, o movimento da mão independe da vontade: no médium

intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semimecânico participa de ambos

esses gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo,

tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. No primeiro, o pensamento

vem depois do ato da escrita: no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha-o. Estes últimos

médiuns são os mais numerosos.” (LM, item 181).

Por essas definições vemos que no caso do médium mecânico e do semimecânico a

transmissão é por meio de ligação direta, sendo que o primeiro é inconsciente e o segundo pode ter

ou não consciência da mensagem recebida. Já com o médium intuitivo a transmissão é de

pensamento a pensamento através do espaço, atendo o médium consciência da mensagem.

5.2 Aparelho receptor - o homem/o médium

Analisando o homem segundo a ótica da Doutrina Espírita, reconheceremos três elementos

básicos:

Espírito - princípio inteligente, com uma constituição que desconhecemos.

Corpo físico - que é matéria, e como tal constituída de moléculas, átomos e etc.

Perispírito - que é também matéria, porém numa apresentação mais etérea, menos

densa, sendo constituída consequentemente por moléculas mais sutis.

Segundo André Luiz o corpo espiritual, ainda retrata em si o corpo mental que preside a sua

formação e tem ainda um envoltório mais denso ligando-o ao corpo físico, chamado duplo etérico

ou corpo etérico.

Do mesmo modo que a ciência, a cada dia, penetra nas profundezas da estrutura atômica,

descobrindo novas partículas, os Espíritos nos revelam que entre o Espírito e o corpo físico, há

camadas intermediárias compostas de matéria com diferentes densidades, e que na verdade o

Page 72: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 72 -

perispírito é um conjunto que envolve o princípio inteligente, e é constituído de vários corpos.

Então, temos ainda:

Corpo mental - envoltório sutil do mente.

Corpo etéreo ou duplo etérico - corpo formado de eflúvios vitais na sua maior parte

emanados do neuropsiquismo do corpo físico. Desaparece após a morte.

É através dessas camadas, representadas na figura abaixo, que ocorrem as comunicações

mediúnicas.

Por analogia devido à constituição material deste envoltório, temos a presença de elétrons, que

formam pelos seus movimentos denominados “SPINS”, campos magnéticos que podem estar

anulados (pessoas com sensibilidade normal) ou não (médiuns), dependendo da constituição íntima

da matéria, tal como acontece no magnetismo mineral. Mas temos uma diferença fundamental

quando se trata de magnetismo humano, que é a presença do princípio inteligente modificando seu

envoltório sutil através de pensamentos palavras e atos, dando um caráter dinâmico ao campo

magnético formado podendo torná-lo ativo ou não, de acordo com as circunstâncias do momento.

Cada um de nós emite radiações que variam de intensidade e amplitude de acordo com as

nossas disposições mentais. Essas radiações formam em torno de nós, camadas concêntricas que

constituem uma espécie de atmosfera fluídica, é o que chamamos de Aura Humana.

Observamos através da fotografia Kirlian, que todos os corpos dos três reinos possuem um

envoltório, o qual chamamos de Aura Material, que é o produto da vibração da matéria.

Para maior esclarecimento e sustentação, transcrevemos dois textos de André Luiz

Page 73: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 73 -

Aura Humana

“Considerando-se toda célula em ação por unidade viva, qual motor microscópico, em

conexão com a usina mental, é claramente compreensível que todas as agregações celulares emitam

radiações e que essas radiações se articulem, através de sinergias funcionais, a se constituírem de

recursos que podemos nomear por “tecidos de força”, em torno dos corpos que as exteriorizam.

“Todos o seres vivos, por isso, dos mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um

“halo energético” que lhes corresponde à natureza

“No homem, contudo, semelhante projeção surge profundamente enriquecida e modificada

pelos fatores do pensamento contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe

modelam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo de algumas

escolas espiritualistas, duplicata mais ou menos radiante da criatura.

“Nas reentrâncias e ligações sutis dessa túnica eletromagnética de que o homem se entraja,

circula o pensamento, colorindo-a com as vibrações e imagens de que se constitui, aí exibindo, em

primeira mão, as solicitações e os quadros que improvisa, antes de irradiá-los no rumo dos objetos e

das metas que demanda.

“Aí temos, nessa conjugação de forças fisico-químicas e mentais, a aura humana, peculiar a

cada indivíduo, interpenetrando-o, ao mesmo tempo que parece emergir dele, à maneira de campo

ovóide, não obstante a feição irregular em que se configura, valendo por espelho sensível em que

todos os estados da alma se estampam com sinais característicos e em que todas as idéias se

evidenciam, plasmando telas vivas, quando perduram em vigor e semelhança, como no

cinematógrafo comum.

“Fotosfera psíquica, entretecida em elementos dinâmicos, atende à cromática variada, segundo

a onda mental que emitimos, retratando-nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos

respondem aos objetivos e escolhas, enobrecedores ou deprimentes.” (André Luiz, “Evolução em Dois Mundos” editora FEB, Cap. XVII - Mediunidade e Corpo Espiritual)

Campo da Aura

“Articulando, ao redor de si mesma, as radiações das sinergias funcionais das agregações

celulares do campo físico ou do psicossomático, a alma encarnada ou desencarnada está envolvida

na própria aura ou túnica de forças eletromagnéticas, em cuja tessitura circulam as irradiações que

lhe são peculiares.

“Evidenciam essa irradiações, de maneira condensada, até um ponto determinado de

saturação, contendo as essências e imagens que lhe configuram os desejos no mundo íntimo, em

processo espontâneo de auto-exteriorização, ponto esse do qual a sua onda mental se alonga adiante,

atuando sobre todos os que com ela se afinem e recolhendo naturalmente a atuação de todos os que

se lhe revelem simpáticos.

E, desse modo, estende a própria influência que, à feição do campo, proposto por Eisntein,

diminui com a distância do fulcro consciencial emissor, tornando-se cada vez menor, mas a

espraiar-se no Universo infinito.” (André Luiz, “MECANISMOS DA MEDIUNIDADE”, editora FEB, Cap. X Fluxo Mental)

Como vimos, todos nós temos esse campo magnético, que pode estar nulo ou não. Nas

pessoas com sensibilidade comum esse campo está reduzido, pois os movimentos dos elétrons estão

em sentido contrário (spins opostos). Nos médiuns ele apresenta-se ativo, devido a uma

“descompensação vibratória”, ou seja, os elétrons apresentam movimentos no mesmo sentido (spins

paralelos). Sendo assim, a mediunidade ou capacidade de sintonia, está em todas as criaturas,

porque todas têm campo magnético particular, só que é mais pronunciada nos chamados médiuns,

que funcionam como verdadeiras antenas. Esta descompensação é fruto das atividades do Espírito

nas diversas encarnações, tem como causa a constância do trabalho no bem ou ainda a persistência

Page 74: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 74 -

no caminho do mal. Pela evolução moral dos habitantes do nosso planeta, é fácil concluir que

poucos possuem mediunidade de caráter missionário. Como nós ainda não fazemos parte desse

grupo de Espíritos, que descem à Terra para ajudar a humanidade a evoluir, devemos ver na nossa

mediunidade uma grande oportunidade para nos rearmonizarmos com as leis divinas.

5.3 O papel de algumas peças importantes no mecanismo

Chakras – através dos chakras (centros de força que atravessam todas as camadas perispirituais)

que o Espírito comunica-se com o corpo físico, utilizando-se da sua linguagem – o pensamento,

que como já foi visto, são ondas de múltiplas freqüências. Os órgãos recebem essas radiações

pelos plexos, completando assim a ligação.

Chakra coronário – é o sintonizador das ondas do plano mental, vindas dos Espíritos

desencarnados ou da própria criatura encarnada. Está situado no alto da cabeça.

Chakra umeral – comanda os movimentos dos braços, antebraços, mãos e dedos. Está situado

entre os omoplatas.

Plexos – pontos de entrelaçamento de células nervosas, formando uma espécie de rede

compacta. São pontos de contato entre os chakras e o corpo físico.

Plexo braquial – enerva toda a região das espáduas, dos braços, das mãos, com suas fibras

motoras e sensitivas.

Epífise – é glândula da vida espiritual do homem, ponto de contato entre o chakra coronário e o

corpo físico. Recebe as ordens da mente, por princípios eletromagnéticos, e as passa para os

departamentos celulares através das redes nervosas. É também a ponte de ligação entre todas as

nossas existências. O médium, por ter o seu campo eletromagnético ativado, é uma verdadeira

antena. Na atividade mediúnica a epífise representa o papel mais importante. É através das suas

forças equilibradas, que a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de ondas da

esfera espiritual. A epífise funciona de forma semelhante à galena, material utilizado na

recepção de ondas hertizianas.

Mente – órgão do corpo mental que emite vibrações provocadas pelo pensamento do Espírito.

É a sede da memória integral do Espírito, é uma molécula única e permanente.

Cérebro – órgão material usado pelo Espírito para coordenar o corpo físico. É o local onde são

armazenados os conhecimentos da existência atual, que posteriormente são transferidos para a

memória integral do Espírito.

Córtex cerebral – capa que envolve o cérebro, composta de neurônios (corticais), onde

situam-se as células em que são gravadas as experiências da vida atual.

Neurônios – células nervosas que executam todo o processo de comunicação entre o cérebro e

os demais órgãos. São como fios condutores de ondas eletromagnéticas.

Tálamo – corpo cinzento ovalado situado em cada um dos hemisférios cerebrais. É ele que

permite ou não que o impulso recebido pelo córtex seja conscientizado pelo encarnado, funciona

como um “relais”. O Espírito comanda-o através do corpo espiritual.

Page 75: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 75 -

5.4 O mecanismo das comunicações

5.4.1 Na transmissão de pensamento via espaço

Este mecanismo é característico dos médiuns intuitivos.

Sintonia

Como já foi visto, o primeiro passo a ser dado para que uma comunicação ocorra, é

estabelecera sintonia entre transmissor e receptor. Isto equivale a dizer que o Espírito comunicante

e o médium têm que estar emitindo pensamentos coma mesma freqüência. Geralmente

encontramos o médium tentando elevar seus pensamentos através da prece, e o Espírito

comunicante baixando seu teor vibratório, revestindo-se de matéria mais densa, sendo que esta

funciona como um atenuador das ondas emitidas. Se o comunicante é um Espírito de grande

elevação, um ou mais Espíritos podem agir como se fossem ondas repetidoras, recebendo a

mensagem e repassando-a com uma freqüência mais baixa.

Transmissão

O Espírito comunicante emite o seu pensamento, que é irradiado por todas as direções. Este

propaga-se pelo espaço, com as características de uma onda de rádio cuja freqüência depende da

elevação do pensamento emitido e cuja amplitude é proporcional à força deste. É por este motivo

que vários médiuns podem receber a mesma mensagem no mesmo instante, até estando em lugares

diferentes.

Recepção

As ondas pensamento emitidas pelo Espírito comunicante, são captadas pelo Espírito do

médium (alma) através da mente e transmitidas para a epífise pelo chakra coronário.

Interpretação

A idéia do pensamento recebido é interpretada pelo Espírito do médium, que vai dar-lhe uma

característica própria, de acordo com o banco de dados disponível na sua memória atual (gravada no

córtex) e/ou na (memória) integral (gravada no corpo mental).

Mensagem

O cérebro do médium envia sinais eletromagnéticos através dos neurônios, comandando assim

os músculos da mão. A comunicação transforma-se em mensagem escrita,cuja forma apresentará

características do médium, mesmo que as idéias transmitidas lhe sejam alheias.

Page 76: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 76 -

Mecanismo da mediunidade intuitiva

Neste tipo de comunicação o médium é sempre consciente. A mensagem recebida passa pelo

córtex, impressionando os neurônios e fazendo com que o médium tenha registro da mensagem na

consciência atual. Devido a sutileza deste mecanismo, o médium muitas vezes toma como seu o

pensamento do Espírito comunicante.

O fato de o médium possuir no cérebro conhecimentos adquiridos na vida atual e o Espírito

rico em conhecimentos latentes, facilita as comunicações e dá ao Espírito comunicante, material

para que o seu pensamento (do Espírito comunicante) seja transmitido com maior fidelidade.

5.4.2 Na transmissão de pensamento via ligação direta

Este mecanismo é característico da mediunidade mecânica e da semimecânica, com alguma

diferença.

Sintonia

São válidos os mesmo princípios da transmissão de pensamento via espaço.

Transmissão

O Espírito comunicante liga-se fluidicamente ao médium, através do chakra umeral. Via

plexo braquial passa a comandar a mão do médium, escrevendo contra a vontade deste. O Espírito

comunicante utiliza-se dos arquivos do médium (o atual e o integral) à sua revelia.

Sendo assim, o pensamento emitido, embora estranho ao médium, sempre será revestido com

as características inerentes à sua personalidade. É por este motivo, que mesmo na mediunidade

mecânica, o conteúdo da mensagem na maioria das vezes faz parte do arquivo do médium, pois em

caso contrário, a mensagem teria que se transmitida palavra por palavra, e se ainda estas lá não

estiverem, letra por letra. Daí conclui-se que quanto mais conhecimentos possuir a “Alma” do

médium, mais fácil torna-se o trabalho dos Espíritos.

Page 77: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 77 -

Mecanismo da mediunidade semi-mecânica

Mecanismo da mediunidade mecânica

Page 78: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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No médium semimecânico o Espírito comunicante impulsiona-lhe a mão, contra a sua

vontade, não mais através do chakra umeral e sim através do cérebro do médium.

Como a mensagem passa pelo seu cérebro, o médium pode ter consciência do seu conteúdo,

no momento em que a palavra é escrita. O Espírito comunicante pode atuar no tálamo do médium,

impedindo que a mensagem passe pelo córtex, não permitindo assim, a sua gravação na memorial

atual. Alguns médiuns possuem naturalmente este mecanismo de inibição, e só têm consciência da

mensagem recebida, quando esta chega ao fim.

QUADRO SINÓPTICO

SITUAÇÃO INTUITIVO SEMIMECÂNICO MECÂNICO

Mensagem passa pelo

cérebro do médium?

Sim pode passar ou não Não

Quando tem

consciência da

mensagem?

Antes da escrita durante a escrita após a escrita

O controle da mão

depende da vontade do

médium?

Sim Não não

Caligrafia não muda admite mudança admite mudança

Progresso intelectual

(do médium)

Facilita facilita facilita

Page 79: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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6. A COMPROVAÇÃO PELA GRAFOSCOPIA

“Mudança da caligrafia – Um fenômeno muito comum nos médiuns escreventes é a

mudança de caligrafia, conforme os Espíritos que se comunicam. E o que há de mais notável é que

uma certa caligrafia se reproduz constantemente com determinado Espírito, sendo às vezes idêntica

à que este tinha em vida. Veremos mais tarde as conseqüências que daí pode se tirar, com relação à

identidade dos Espíritos. A mudança de caligrafia só se dá com os médiuns mecânicos ou

semimecânicos, porque neles é involuntário o movimento da mão e dirigido unicamente pelo

Espírito. O mesmo não sucede com os médiuns puramente intuitivos, visto que, neste caso, o

Espírito apenas atua sobre o pensamento, sendo a mão dirigida, como nas circunstâncias ordinárias,

pela vontade do médium. Mas, a uniformidade da caligrafia, mesmo em se tratando de um médium

mecânico, nada absolutamente prova a sua faculdade, porquanto a variação da forma da escrita não

é condição absoluta, na manifestação dos Espíritos: deriva de um aptidão especial de que nem

sempre são dotados os médiuns, ainda os mais mecânicos. Aos que a possuem damos a

denominação de médiuns polígrafos.” (LM, item 219)

“Da identidade dos Espíritos - ... Igualmente se pode incluir entre as provas de identidade a

semelhança da caligrafia. ... mas, além de que nem a todos os médiuns é dado obter esse resultado,

ele não representa, invariavelmente, uma garantia bastante. Há falsários no mundo dos Espíritos,

como os há neste. Aí não se tem, pois, mais do que uma presunção de identidade, que só adquire

valor pelas circunstâncias que a acompanhem..”... (LM, item 260)

6.1 Definição de grafoscopia

“Pode se definida como um conjunto de conhecimentos norteadores dos exames gráficos, que

verifica as causas geradoras e modificadoras da escrita, através de metodologia apropriada, para a

determinação da autenticidade gráfica e da autoria gráfica.

Dois são, portanto os objetivos da grafoscopia:

Exames para verificação de autenticidade, que podem resultar em falsidade gráfica ou

autenticidade gráfica.

Exames para verificação da autoria, aplicáveis para a determinação da autoria de

grafismos naturais, grafismos disfarçados e grafismos imitados.”

(Extraído do livro “A PSICOGRAFIA À LUZ DA GRAFOSCOPIA”, de Carlos Augusto Perandréa, editora

FOLHA ESPÍRITA)

6.2 A escrita como forma de identificação

A grafoscopia é um valioso instrumento de identificação do autor da escrita, esteja ele

encarnado ou não, devido ao fato de que a análise grafoscópica, não procura igualdade perfeita dos

traços, e sim, igualdade nas características presentes na produção da escrita.

Quando se trata de assinaturas, há uma premissa básica que diz o seguinte: se duas assinaturas

são perfeitamente iguais, uma das duas é falsa ou as duas são cópias de uma terceira, que é a

original. Isto porque o ato de escrever não é puramente mecânico. Os comandos são dados pelo

“cérebro”, o que torna as produções gráficas da criatura, um traço característico, pois ninguém

consegue repetir um determinado momento mental, no ato da escrita. Observemos que apesar de

Page 80: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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não ter a visão de que o cérebro é um instrumento, que transmite as ordens do Espírito, a

grafoscopia admite a característica de individualidade , mesmo achando que as ordens tem origem

no cérebro.

A escrita do médium

Um dos problemas encontrados na análise de mensagens psicografadas, é a presença de traços

característicos do médium, misturados com os do Espírito comunicante. Este fato pode ser

entendido, a partir do que acontece nos casos de escrita com mão guiada e mão auxiliada.

A interferência dos conhecimentos do médium

Este problema também pode se melhor entendido, observando-se que o fato de termos a

presença de traços característicos do médium em algumas mensagens, é sinal da interferência do

médium (Alma ou Espírito), e está ligado ao fato dele possuir conhecimentos sobre o conteúdo da

mensagem. Para melhor esclarecimento vamos transcrever o relato de experiências feitas pelo prof.

Perandréa, no livro citado.

6.3 Experiências com mão guiada e mão auxiliada

a) Mão guiada

As experiências são realizadas com escritores (guia e guiado) de igual cultura gráfica e

condições físicas normais O guiado é orientado no sentido de manter a mão inerte, não interferindo

no ato de escrever. São três as situações:

O guiado desconhece o teor do texto, e não se atém ao ato de escrever - A escrita apresenta

características gráficas genéticas do punho do guia, com relativas alterações da forma, em virtude da

situação anormal.

O guiado desconhece o teor do texto mas fica atento ao ato de escrever - As características

da gênese gráfica ainda é do guia, e as alterações formais acentuam-se nos momentos em que o

guiado, conscientizando-se do andamento da mensagem, dificulta os movimentos

inconscientemente.

O guiado conhece o teor do texto - Características genéticas também do guia, com

frequência maior de distorções formais ocasionadas pelo guiado, em decorrência do conhecimento

prévio da mensagem a ser grafada. O guiado, mesmo orientado para não intervir, interfere quase

num impulso natural, como que desejando participar, sem no entanto faze-lo, mas ocasionando uma

interferência que fica registrada graficamente, com aumento de distorções formais, ocasionadas pela

resistência momentânea.

b) Mão auxiliada

Experiências realizadas com escritores (auxiliar e auxiliado) de igual cultura gráfica em

condições físicas normais, mas com simulação por parte do auxiliado, como se necessitasse de

ajuda, tendo um braço amparado. São três as situações:

Page 81: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 81 -

O auxiliar desconhece o teor do texto e não se concentra no desenvolvimento da

mensagem ao ser grafada - A escrita apresenta características gráficas do auxiliado, com

deformações, inclusive com simplificação dos gestos gráficos, ocasionada pela situação anormal.

O auxiliar desconhece o teor do texto, mas acompanha o desenvolvimento da mensagem

ao ser grafada - As resultantes são as mesmas anteriores, com aumento das deformações nos

instante em que o auxiliar, conscientizando-se do conteúdo da mensagem, freava em alguns

instantes os movimentos.

O auxiliar conhece o teor do texto e acompanha o desenrolar da mensagem ao ser

grafada - As mesmas resultantes do item anterior, mas com aumento significativo das deformações,

em decorrência dos impulsos do auxiliar.

Em nova experiência, na mesma situação, o auxiliado foi orientado para tentar acompanhar o

ritmo rápido do ditado, o que resultou em hibridismo em alguns trechos, com características gráficas

de ambos os escritores, principalmente quando foram ditadas, em trechos diferentes, as palavras

“wolkswagen”e “beckenbauer”.

6.4 A imitação da escrita

A análise superficial de uma produção gráfica, pode levar o examinador a um laudo errado, e

isto acontece com muita freqüência até mesmo com pessoas que lidam diariamente com conferência

de escrita. Um exemplo, é a quantidade de assinaturas falsas em cheques, que são aceitas até nos

próprios estabelecimentos bancários, isto porque a maioria dos caixas, por ainda não terem noções

de grafoscopia, procuram a perfeita igualdade das assinaturas e dão por verdadeiras assinaturas

falsas. Há muitas técnicas de falsificação e também muitas pessoas com habilidade para executá-las

com perfeição. As falsificações são descobertas, quando são analisadas as características da grafia

do falsificador vai aparecer no meio do texto, toda vez que ele, por descuido, escrever liberando as

suas características normais, e isso quase sempre ocorre, mesmo que seja em poucas letras, o que já

é suficiente para um laudo. Como no plano espiritual estas pessoas continuarão a executar essas

peripécias, até o dia em que se conscientizarem do erro, corremos o mesmo risco, quando tratamos

de mensagens psicográficas. A maior facilidade de identificação ocorre quando lidamos com

mensagens de Espíritos contemporâneos, por termos mais material para servir como padrão gráfico.

De qualquer modo só pelo fato de ser um método científico de análise, reconhecido

oficialmente como identificador de autoria, e por admitir a individualidade da produção gráfica de

cada um de nós, a grafoscopia já presta um grande serviço à psicografia.

Page 82: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 82 -

PROGRAMA PARA O 1o EEMED

1. Estudo dos conceitos e definições kardequianas sobre a Mediunidade que fundamentem a

discussão sobre Mediunidade Psicográfica.

2. O papel da Mediunidade Psicográfica na Doutrina Espírita.

Análise a partir dos históricos que permitem a avaliação da Literatura Mediúnica no

contexto doutrinário.

3. Estudo sobre os médiuns escreventes.

A partir das definições kardequianas

4. A prática da Mediunidade Psicográfica

5. Estudo dos médiuns escreventes

Fernando de Lacerda

Francisco Cândido Xavier

Psicógrafos Espíritas Divaldo Pereira Franco

Zilda Gama

Yvonne A Pereira

Alayde de Assunção e Silva Médiuns do

Lúcia Maria Secron Pinto Espírito

Irene Pacheco Machado Luiz Sérgio

Psicógrafos Receitistas Espíritas Frederico Júnior

Ignácio Bittencourt

Eurípedes Barsanulfo

Psicógrafos não espíritas Stainton.Moses

Anthony Borgia

Vale Owen

6. O mecanismo da Mediunidade Psicográfica.

7. Conclusões.

Page 83: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 83 -

ROTEIRO PARA O ESTUDO DOS MÉDIUNS ESCREVENTES

1. Dados biográficos (Retrato falado)

Análise / informação dos sinais de chamada ao trabalho mediúnico.

2. O desenvolvimento mediúnico

2.1 - Modo de trabalho do médium (isolado X em instituições)

2.2- Temores do médium principiante (o medo de ser considerado charlatão, falso,

mentiroso)

2.3 - Os Espíritos comunicantes (interelacionam o médium, compromisso

pré-reencarnatório)

2.4 - A mensagem (idéia diretora do trabalho)

2.5 - As dificuldades encontradas pela repercussão do seu trabalho sobre a sociedade e as

idéias de seu tempo.

3. A produção mediúnica

3.1 - Tipo de obras

3.2 - Gênero de mensagem

3.3 - Temas principais.

4. Níveis de atuação da mediunidade psicográfica.

4.1 - Fora do meio Espírita.

Mensagens de força

Mensagens para uma determinada situação

Mensagens de consolo (noticia de desencarnados, conselhos pessoais)

Mensagens que mudam o rumo das pessoas

Mensagens que causam surpresa, mas não transformação.

4.2 - Dentro do meio Espírita

Mensagens que determinam diretrizes para as organizações e direção de uma Casa

Espírita e/ou tarefas assistenciais, etc.

Mensagens sobre pontos doutrinários obscuros

4.3 - Mensagens que atingem a todas as criaturas por seu teor moralizante e de orientação

para a conduta pessoal

5. A influência moralizadora que os bons médiuns exercem sobre o publico através da ação

deles próprios na Sociedade em que vivem

6. A influência moralizadora que os médiuns exercem sobre os trabalhadores espíritas

7. Conclusão

7.1 LM, Cap. XX, itens 226, 227 e 228

7.2 LM, Cap. XVI, itens 196 e 197

LM, Cap. XX, item 230

7.3 LM, Cap. XX, item 229

Page 84: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 84 -

MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS

FERNANDO DE LACERDA

DADOS BIOGRÁFICOS

Fernando Augusto de Lacerda e Melo nasceu às 7 horas do dia 06 de agosto de 1865, em

Loures, Portugal. Foi o primogênito da prole de doze filhos do casal Francisco Augusto de Lacerda

e Melo e Maria de Gertrudes Rita. O pai foi merceeiro(1) e tabelião. (1) merceeiro – dono de mercearia

Seu tio Joaquim Ciríaco acolhe-o em Lisboa dos 13 aos 19 anos para ajudá-lo nos estudos.

Torna-se militante republicano mas afasta-se do Partido, aos 18 anos ao “incitar-lhe alguém um dia

a que roubasse um seu tio em casa de quem morava”.

Em 1884 retorna a Loures colaborando na educação dos irmãos mais novos, órfãos de mãe.

Viu desencarnar oito irmãos durante a sua vida. Além das atividades profissionais que garantem o

sustento dos seus, funda a Associação de Bombeiros Voluntários de Loures e colabora em vários

jornais do país, o Bejense e o Jornal do Bombeiro. É bem-quisto e respeitado, pelo caráter reto,

altruísta e responsável.

É professor em classe de alfabetização gratuita para bombeiros voluntários.

Em 1899 está estabelecido em Lisboa, como comerciante, a gerenciar a Fábrica a Vapor de

Baguetes e Galerias, inicialmente situada à Costa do Castelo nos. 79 a 92, herança do tio Joaquim.

Ao transferir o negócio para o Largo do Intendente, 35 (edifício conhecido pelo Palácio do

Conde da Graça) estabelece moradia em quartos da própria fábrica com entrada pela Travessa do

Maldonado e Travessa da Cruz dos Anjos, nos. 1 e 28.

Em 1898 ingressava como contínuo no Serviço Público, na polícia administrativa do Governo

Civil.

De 1886 a 1 891 é colaborador em jornais.

A partir de 1899 aparece a mediunidade psicográfica mecânica. E, em 1906, traz a psicografia

consoladora e esclarecedora através das cartas que figuras conhecidíssimas em Portugal e no mundo

inteiro dirigem à Sociedade que deixaram pelo mecanismo da morte.

Por mérito havia Fernando de Lacerda chegado à posição de subinspetor de polícia em Lisboa.

O ano de 1908, ano do regicídio de D. Carlos e do príncipe herdeiro D. Luis Felipe, traz a

queda de Monarquias e estabelecimento de República. Com mudanças, os ................, as lutas de

interesse mesquinho, as perseguições pessoais de que Fernando de Lacerda não escapou.

Fernão do Amaral Botto Machado, jornalista, deputado às Constituintes e outras legislaturas,

solicitador encartado(2) é o desencadeador da campanha pública de descrédito contra Fernando de

Lacerda.

(2) solicitador encartado: procurador habilitado legalmente para requerer em juízo ou promover o andamento de

negócios forenses. (Lello Universal, vol. IV)

Tenta pela calúnia, ligá-lo a irregularidades administrativas do organismo policial. O móvel é

o ódio gratuito pela probidade de Fernando Pessoa.

O subinspetor põe seu cargo à disposição e solicita inquérito administrativo para apuração das

denúncias.

Licenciado, embarca para o Brasil em 10.07.1911. À 24.07.1911 recebe a notícia de sua

demissão.

Page 85: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 85 -

Desta época até o seu desencarne em 07.08.1918 é o exílio, a saudade, as dores físicas e

morais acarretadas pela miséria, constantes em sua vida. Mesmo o carinho e o apoio das famílias

espíritas brasileiras não logra suavizar o quadro doloroso.

Entretanto o médium permanece fielmente em seu posto, curando e orientando Espíritos em

reuniões de esclarecimento, publicando estudos espíritas nos maiores jornais da época e ditando as

mensagens que sem interrupção lhe chegam “Do País da Luz”.

2. O DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO

A partir de 1899 surge a mediunidade psicográfica mecânica debaixo do assédio de um

Espírito inferior que havia conhecido em sua vida e que o obriga, mesmo contra a sua vontade, a

traçar escritos, mensagens, cujo conteúdo é a malevolência e a injúria dirigida contra o que lhe é

mais caro. A assinatura e a letra permitiram a identificação do comunicante que o assedia por mais

ou menos 6 anos.

Dispunha de outras faculdades: a clariaudiência, a vidência e de cura. Era doutrinador em

reuniões de desobsessão ministrando passes com regularidade em compartimento para este fim,

destinado em sua casa.

Em 28.10.1906 começa a fase consoladora e esclarecedora da sua mediunidade mecânica.

É Camilo Castelo Branco que inaugura esta fase que haveria de tornar o trabalho do médium

lido e discutido em todo lugar que falasse Português. Os contatos entre Camilo e Fernando de

Lacerda estão descritos na obra “MEMÓRIAS DE UM SUICIDA”, psicografia de Yvonne do A

Pereira, às pp. 175, 176, 377/378 e 386/389. Estabelecidas a relação entre o comunicante e médium

durante os momentos de sono do corpo físico resolve Camilo, “antes de tudo, voltar a esclarecer

aos antigos amigos, colegas, editores, e até aos adversários, que o suicídio não lograra decepar-me

a vida, a inteligência e a ação”.

Após o assassínio do Rei D. Carlos, a mudança do regime é acompanhada de intensas

convulsões políticas, nas idéias, etc. A República estabelece-se na Pátria de Camões acompanhada

pela negação da idéia de Deus, pelo Positivismo. A calúnia, a difamação fazem vítimas entre gente

honesta, e ocorre a maior época de suicídios em Portugal.

A produção psicográfica de Fernando de Lacerda editada em quatro volumes, intituladas “DO

PAÍS DA LUZ” (editora: FEB), é a coletânea de mensagens, cartas pessoais dirigidas ao médium e a

outras pessoas, poesias que incitam à religação com a idéia de Deus, à revivência dos padrões

morais, à negação da idéia do nada.

Espíritos que foram homens conhecidos em Portugal e em todo mundo de vida pública,

muitos deles suicidas, vêm através da mediunidade polígrafa de Fernando provar a sobrevivência da

alma e relatam as condições atuais da sua existência ultra-tumba.

3. A REPERCUSSÃO DA OBRA DE FERNANDO DE LACERDA

Fernando de Lacerda foi o médium português mais discutido que até hoje apareceu.

Os jornais da época criticaram, negaram, aceitaram e defenderam simultaneamente sua

mediunidade. Foi injuriado, tachado de mistificador, etc.

Os próprios comunicantes, em várias oportunidades, vêm animar o médium descoroçoado

frente às situações que se vê obrigado a retratar.

“Perdes facilmente a serenidade, amigo!...

“Pois queres discussão e não queres ser discutido?

Page 86: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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“Pois queres entrar de chofre no mundo com cartas, tuas ou de outrem, de uma singular

contextura, revelando bem estranhas e singulares formas de pensar e de dizer, e não queres que

esses que vais despertar da sua sonolência e atacar no seu conservantismo ou na sua filáucia(3) te

respondam com dúvidas, com repelões, com vaias ou com insultos?...

“És um ingênuo!

“O sucesso será a discussão; será o ataque à troça..., o insulto, a perseguição”. (Cap. I, 1o. volume de “DO PAÍS DA LUZ” – Eça de Queiroz)

(3) filáucia: amor-próprio, egoísmo, vaidade, presunção

As edições se sucedem a partir de 1907 e o médium, ingenuamente se presta a demonstrações

públicas de sua mediunidade.

Solicita abertamente aos críticos e literatos da época a opinião do seu trabalho. Mas como

relatou Fialho de Almeida, Espírito, em uma comunicação mais tarde na série, a propósito da reação

da inteligência da época:

“A cambada recuou de medo. Não de medo de você, não se desvaneça, mas medo das

conclusões que o assunto prometia.” (Cap. VII, 4o. volume de “DO PAÍS DA LUZ” – Fialho de Almeida).

4. A INFLUÊNCIA MORALIZADORA QUE OS BONS MÉDIUNS EXERCEM

- sobre o público através da ação deles próprios na sociedade em que vive

Se a obra psicografada era debatida, atacada, desacreditada o mesmo não sucedia ao médium.

Sua probidade e honradez eram sobejamente conhecidas.

A 04.10.1908 o jornal “A Palavra” publica:

“É geralmente conhecido o Sr. Fernando Lacerda pelo “passa culpas”(4).

“Multas ... paga-as do seu bolso quando não pode livrar delas os desgraçados.

“Órfãos, não só os protege, como os tem em casa, dando-lhes leite, pão, instrução e

educação.

“Não se lhe conhece um acto indigno. Nunca ninguém o procurou em vão para uma obra

piedosa.

“Profundamente religioso, é profundamente justo. Todos os desgraçados quando mais aflitos,

vão colher uma esperança e um alento junto dele.

“Dá colocação aos sem-trabalho, esmolas valiosas e constantes aos que dele se abeiram

envoltos em lágrimas,... às vezes de crocodilo.

“Ajuda todos como pode, sem os sugar – o que é raro.

“Pode ter entrada nos lares honestos. Nunca os manchou... por causa da grande teoria

do“amor livre”.

“Nunca protegeu mulher nenhuma, para lhe impor uma torpeza.

“É digno, é puro, é bom.

“Tão inteligente como honesto, os próprios inimigos que afinal, são poucos, não lhe negam

nenhuma daquelas qualidades.

“Um “defeito” lhe apontam: ser fraco pela sensibilidade que o leva à maior abnegação”.

(Do livro: “FERNANDO DE LACERDA O MÉDIUM PORTUGUÊS” autora: Manuela

Vasconcelos; editora: Comunhão Espírita Cristã de Lisboa, 1992)

(4) passa culpas – pessoa que desculpa com facilidade, que é muito indulgente.

Page 87: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 87 -

Desejo mostrar a independência entre o médium e a obra presta-se a todo tipo de provas.

Procure a opinião de estudiosos da Doutrina como Dr. José Alberto de Souza Couto, advogado,

fundador e diretor da Revista “Estudos Psíquicos” (21.05.1909), que prefaciou os 2 primeiros

volumes da série, analisando, no 1o. volume minuciosamente o médium e o fenômeno com absoluta

isenção. Particularmente, no 2o. volume analisa os críticos à repressão da obra.

- sobre os trabalhadores espíritas

Exilado no Brasil, em 1911, após a campanha de difamação que lhe moveu Fernão Botto

Machado, é recebido pela Comunidade Espírita Brasileira, agradecida pelas lindas obras.

Sua presença no Rio de Janeiro estimula a publicação de mensagens psicografadas no

“Correio da Manhã”, assim como livros que estudam as conseqüências espirituais do suicídio: suas

causas e seus efeitos.

O 4o. volume da série de aprendizado é publicado após seu desencarne.

5. O SOCORRO A PESSOAS ESTRANHAS AO MEIO ESPÍRITA

Mensagens psicografadas por Fernando de Lacerda e publicadas em 4 volumes intitulados

“DO PAÍS DA LUZ” (editora: FEB)

5.1 Mensagens de consolação

(livros: “FERNANDO DE LACERDA O MÉDIUM PORTUGUÊS”, Manoela Vasconcelos,

pp. 71/74, e “DO PAÍS DA LUZ”, de Fernando de Lacerda, pp. 76 e 236, vol. 1).

Comunicação dada pelo Espírito que em vida “fora um desdenhoso da imortalidade da alma

do homem”.

“O Espírito pediu ao Sr. Fernando de Lacerda para procurar a Sra. Dna. Angelina Vidal e

transmitir-lhe algumas palavras confidenciais.

“À proporção que Fernando de Lacerda falava, aquela escritora subia de comoção, em parte

incompreensível para o Sr. Fernando de Lacerda. É que a comoção daquela senhora era enorme,

extraordinária, profunda, intensíssima, indescritível.

“E o Sr. Fernando de Lacerda soube, depois, a razão daquele tamanho espanto: - é que a

comunicação feita pelo Sr. Fernando de Lacerda à Sra. Dona Angelina Vidal, incluía uma

referência que só podia ser conhecida desta senhora e do espírito em questão”.

“De mais ninguém.

“Deste ato, conclui-se que o episódio ali narrado deve ser autêntico, e que realmente, o

espírito da pessoa falecida aparecera e falara ao Sr. Fernando de Lacerda, pois este nunca vira a

pessoa do que narrara, não o conhecia, e por completo ignorava que a Sra. Dna. Angelina Vidal

estivesse com essa pessoa em determinado dia e hora, e que com ele tivesse especial conversa” (jornal “O País”, 22.11.1906, 2a. página).

O comunicante foi Heliodoro Salgado {08.07.1861 (Bougado, Santo Tirso) – 12.11.1906}.

Maçom, livre-pensador, jornalista, colaborador de quase todos os jornais da sua época.

Republicano.

Em notas à p. 76 do 1o volume da série “DO PAÍS DA LUZ” Fernando de Lacerda refere-se a

H.S. do seguinte modo:

“Ele era o porta estandarte do ateísmo, o mais denodado defensor da negação, ... interesse

de conhecer o estado da alma de um ateísta desencarnado”.

Page 88: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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5.2. Mensagens que mudam o rumo das pessoas, que mudam o rumo das atitudes

Comunicações de Camilo Castelo Branco a Manuel da Silva Pinto iniciados em 28.10.1906.

Manoel José da Silva Pinto nascido em Lisboa a 14.04.1848, republicano, jornalista, literato

foi amigo pessoal, querido e estimado do suicida Camilo que por diversas vezes, em cartas abertas

vem adverti-lo das conseqüências típicas do suicídio na alma. Foi diretor da Casa de Correção para

crianças.

Essas comunicações encontradas em “DO PAÍS DA LUZ”, (vol. 1, caps. II, V, X, XVIII; vol.

2 cap. XXXVI), a mensagem de Camilo a Silva Pinto agora convicto da imortalidade da alma,

solicita:

“Ainda lhe falta alguma coisa, ainda lhe falta; - é o dizer estentorosamente como ele sabe

fazê-lo, por modo que se repercuta pelas gerações como o eco pelas quebradas, aquilo que a sua

alma proclama, em cântico de missa nova no templo do seu cérebro, e a sua boca diz baixinho ao

receptáculo íntimo das pessoas amigas.

“Diga isso; confesse às gerações apedantadas de efebos(5) intelectuais, que crê na existência

de Deus, na existência da Alma, na existência da Justiça, na existência da Bondade, e poderá

adormecer tranquilo sobre a montueira das suas heresias, sobre a peçonha da sua crítica, que o

despertar lhe será mais ledo(6) e tranqüilo do que foi o meu”.

(5) efebo – homem jovem, mancebo

(6) ledo – risonho, contente, alegre, jubiloso

A carta do Exmo. Sr. Silva Pinto ao Sr. Fernando de Lacerda que integra páginas iniciais do

volume 2 de “DO PAÍS DA LUZ”, é a confissão pública de conversão à crença na sobrevivência da

alma, de repúdio ao ateísmo, que evitou que Silva Pinto seguisse na morte o caminho de Camilo.

5.3. Mensagens que causam surpresas, mas não transformação

A psicografia de Fernando de Lacerda foi um fenômeno conhecido por todos que liam em

português. A surpresa de sua época publicava e comentava as cartas por ele recebidas. As edições

de “DO PAÍS DA LUZ” se sucediam; grande best-seller à sua época.

Entretanto tantos que presenciaram a recepção das mensagens, que sobre elas se detiveram

assim comentaram:

“Os fatos chamados de espiritismo não são novos... mas o que é indubitável, parece, é que

esses fenômenos, por mais insensatos que se afigurem à nossa inteligência de hoje, existem

realmente...

“Ficamos neutrais limitando-nos à apuração de episódios que nos últimos dias, a propósito

de fatos recentes sucedidos em Lisboa, a que vagamente nos referimos, nos tem enviado muitos

leitores...

“A crítica, deixamo-la ao leitor entendido... crente ou descrente. Falta-nos autoridade, tanto

para combater como para defender, quando sábios como Crookes, Lombroso, Wallace,

Flammarion, Richet, etc., defendem, não podemos nós lealmente contestar e quando sábios como

Hartman e outros, atacam, não nos é lícito, pelo mesmo modo, defendê-la.

“Narremos somente.’’ (artigo publicado em “O País”, de 16.11.1906, e transcrito no livro “FERNANDO

DE LACERDA O MÉDIUM PORTUGUÊS”).

O mesmo livro traz relato de “O País”, de 20.11.1906

Page 89: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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“Relatemos agora o episódio sensacional... por mais extraordinário que ele seja e, por mais

insensato que ele pareça em fase dos nossos atuais conhecimentos científicos, não podemos lícito e

dignamente ocultá-lo desde que os fatos correlacionando-se, afirmam sua autenticidade, e dos que,

também, mais de uma pessoa, com a sua boa-fé e a sua sinceridade, abonam esses fatos.

“O articulista reconhece a realidade dos fatos mediúnicos, o testemunho comprado de

diversas pessoas, a comoção em reencontrar nas mensagens amigos de outras épocas, estuantes de

lógica, mas,“Como explicar o fenômeno? E também é certo que, pela nossa parte, isto é, pela parte

de quem isto escreve, nós nada temos de espíritas, nada, absolutamente nada”. (“FERNANDO DE

LACERDA O MÉDIUM PORTUGUÊS”, p. 70)

Tipos de mediunidade de Fernando de Lacerda

Audiente Psicografia mecânica Vidência Cura

especular

Sua ação pessoal, digna, honesta, foi penhor do seu trabalho. Respeitando o homem não se

pode levianamente julgar os fenômenos.

Sua fidelidade à tarefa é exemplo para todo trabalhador espírita.

Page 90: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

DADOS BIOGRÁFICOS

“Nascido em 02.04.1910, na pequena cidade Pedro Leopoldo, Minas Gerais, e filho de um

operário pobre e inculto que viveu 90 anos e faleceu em 06.12.1960, chamado João Cândido Xavier

e de uma lavadeira chamada Maria João de Deus, morta em 29.09.1915, quando o filho contava

apenas cinco anos de idade. Como órfão de mãe em tenra idade, o menino sofreu muito em casa de

pessoas de coração duro”. (“PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, editora: IDE)

2. SINAIS DE CHAMADA

Chico Xavier foi residir com a madrinha Rita, já que seu pai não tinha recursos para cuidar de

nove filhos. Rita dava-lhe 3 surras por dia, com hora marcada e quando Chico teve seu contato com

a mãe desencarnada e falou para a madrinha sobre o que acontecera, passou a levar surra extra e

pagar penitência de mil Ave-Marias, sendo esta a orientação do padre Sebastião Scarzolli, com

quem Chico se confessava de 2 em 2 meses.

A madrinha de Chico Xavier, quando ele ainda era pequeno, “castigava-o colocando garfos

amarrados em sua barriga, de tal maneira que as pontas dos garfos lhe penetravam na carne.

Ferido, acabavam-se transformando em calos doloridos.”

“Certa ocasião, tendo o filho da madrinha uma ferida na perna, alguém dissera que se um

cachorro lambesse a ferida, esta sararia. Chico foi obrigado a lamber a ferida nas três semanas

seguintes, em completo jejum. Antes de cumprir a tarefa, desesperado, ele ia ao quintal procurar a

ajuda da mãe. Ele conseguiu conforto e quando iniciava a atividade que a madrinha lhe obrigava

a fazer, via sua mãe colocando um pó na ferida, que aos poucos fechou.” (“CHICO XAVIER E OS GRANDES GÊNIOS”, Ranieri (Rafael Américo Ranieri), p. 13, editora: ECO, e “NO

MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, p. 27, editora: IDE).

A permanência de Chico Xavier com a madrinha durou dois anos. Seu pai casou-se

novamente com uma moça humilde chamada Cidália, que fez questão de reunir sob suas asas os

filhos do primeiro casamento do Sr. João Cândido Xavier, mudou-se e foram mais ou menos dez

anos de compreensão e muito carinho, apesar de ter que trabalhar desde os oito anos de idade, sendo

aprendiz em uma fábrica de fiação de tecelagem, servente de cozinha no bar de Claudovino Rocha e

caixeiro do armazém do Sr. José Felizardo Sobrinho.

“Vale ressaltar que somente em 1933 o administrador da fazenda Modelo, do Ministério da

Fazenda, em Pedro Leopoldo, Dr. Rômulo Joviano, deu ao jovem Xavier uma modesta função na

fazenda e lá se tornou ele pequeno funcionário público e trabalhou até 17 de janeiro de 1961,

quando foi afastado como inválido, por sofrer uma doença incurável nos olhos; aposentado, vive

até hoje da pensão da aposentadoria como amblíope”. (“PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 13/14, editora: IDE)

Chico Xavier coloca com simplicidade as suas lutas no campo do estudo:

“Nunca pude aprender senão alguns rendimentos de aritmética, história e vernáculo, como o

são, as lições das escolas primárias. É verdade que em casa, sempre estudei o que pude, mas meu

Page 91: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 91 -

pai era completamente avesso à minha vocação para as letras e muitas vezes, tive o desprazer de

ver os meus livros e revistas queimados”, isso afirma Chico Xavier, sem reclamar, “apenas

declarando da sua passagem pelo Grupo Escolar São José e suas tentativas de busca do

conhecimento, com dificuldades com as quais convivi no meio familiar”.

Sempre foi considerado um menino estranho, pois relatava suas experiências em relação ao

Mundo Espiritual e era chamado de mentiroso ou perturbado mental, sendo repreendido por seu pai.

Certa vez, havendo um concurso instituido pelo governo de Minas para os alunos da rede

escola sobre “Brasil”, em comemoração ao centenário da Independência, Chico pega a caneta para

escrever e um vulto de homem ao seu lado, passa a ditar. “O menino, em sua honestidade, consulta

a professora Dona Rosália. Ela não sabe o que dizer e manda que ele prossiga a sua prova....

Mais tarde, quando o júri do concurso confere ao Chico Xavier uma menção honrosa, os

estudantes de Pedro Leopoldo passaram a acusar aquele estranho menino. Muita discussão se travou

e a classe pediu a professora que fizesse um exame público com o pequeno Francisco Xavier.

“Nesse exato instante, tornei a ver o homem que os outros não viam e ele me disse: estás pronto

para escrever?”

O tema seria “areia”. Na lousa, o pequeno Chico Xavier escreve: “Meus filhos, ninguém

escarneça da criação. O grão de areia é quase nada, mas parece uma estrela pequenina refletindo

o sol de Deus...” (“PINGA FOGO COM CHICO XAVIER”, p. 22 editora: EDICEL, e “NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, pp.

13 e 14)

Na verdade, sua mediunidade manifestou-se, quando ele estava com 4 anos de idade, pela

clarividência e clariaudiência, dialogando inclusive com sua própria genitora, passando a ser a

maior dificuldade de Chico Xavier, considerar a doutrina católica, que lhe era imposta, com as

primeiras informações que passou a ter, com o tempo, sobre o Espiritismo.

Apesar da opinião geral e até mesmo da família, Chico recebia apoio de diferentes formas,

como de sua própria madrasta, Dona Cidália Batista, que o adotara por filho do coração:

“Chico, do que você escute ou veja fora da vida natural, nada conte a seu pai ou às outras

pessoas a não ser ao Padre Sebastião, que nos confessa perante Deus, e a mim, que me sinto sua

mãe. Você não é louco, nem está perturbado. Não compreendo bem o que você me descreve, mas o

padre saberá entender o que você diz... Não se aflija. Alguma pessoa no futuro saberá o que vem a

ser tudo isto que nós não compreendemos. É preciso esperar” (“LUZ BENDITA”, Rubens Silvio

Germinhasi, p. 9, editora: IDEAL).

“Ressaltamos, que Francisco Cândido Xavier recorda que o próprio Padre Sebastião, apesar

das penitências indicadas, sempre o tratava paternalmente e a ele “ensinava a rezar e a confiar em

Deus, a respeitar a escola e cultivar o trabalho, a fazer novenas pelo descanso dos mortos e a

esquecer as más palavras dos espíritos infelizes quando as escutava.”

“Diz Chico Xavier: - “Lembro-me de que uma vez debaixo da perseguição de um espírito

sofredor, quando eu ia completar quinze anos chorei muito na confissão, rogando a ele para

livrar-me... Ele interrompeu as minhas palavras e mandou que eu esperasse... me disse que eu não

devia chorar ou desesperar-me com as visões e vozes que me procuravam e acrescentou que se elas

viessem da parte de Deus, que Deus abençoaria e me daria forças para fazer o que devia ser

feito...”

(Acrescentar depoimento constante do livro “LUZ BENDITA”, p. 226 - O confessor de Chico Xavier, Padre

Sebastião Scarzolli - e o do “NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 27/28).

A própria professora, D. Rosália Laranjeira, apesar de não ter conhecimentos espíritas era

católica fervorosa, com profunda compreensão mostrava e dava ao seu aluno escritos católicos para

Page 92: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 92 -

ele, infundia-lhe profundo respeito aos ofícios da religião, o argüia sobre o catolicismo e o ensinava

a orar. “Preocupada com Chico Xavier, ela o ouvia sempre com bondade e sem preconceitos.

Coloca o médium, que quando estava perto da professora, só via e ouvia espíritos amigos e nobres,

com abençoados ensinamentos e colocações”, para ele próprio. (“NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 29/30)

3. INICIAÇÃO NA DOUTRINA ESPÍRITA

Com todas essas circunstâncias, a partir dos 17 anos é que o médium em pauta, começa a ler

sobre a doutrina dos espíritos, ao mesmo tempo em que a sua 2a. mãe retorna à Pátria Espiritual,

sendo o episódio decisivo que originou a opção de Chico Xavier ao Espiritismo, a obsessão sofrida

por uma de suas irmãs, D. Maria Xavier Pena.

Nessa oportunidade, em contato mais direto com o casal Perácio, espíritas convictos, não só

alcançam a cura da irmã de Chico, como ele e familiares passam a freqüentar reuniões de estudos e

tratamento.

Chega 21.06.1927 e forma-se o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, passando

o Sr. José Hermínio Perácio e sua esposa D. Carmen Pena Perácio, a residir na cidade, por

orientação do Plano Espiritual, objetivando a iniciação do mandato mediúnico de Chico Xavier.

Eles saíram da Fazenda de Maquiné, no município de Curvelo, onde moravam e praticavam a

mediunidade com Jesus.

4. A ECLOSÃO DA MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA

“... nessas reuniões que me desenvolvi como médium escrevente, semimecânico, sentindo-me

muito feliz... datando daí o ingresso do meu humilde nome nos jornais espíritas, para onde comecei

a escrever sob a inspiração dos bondosos mentores espirituais que nos assistiam...”

“Fala Chico Xavier: - Meu irmão José Cândido Xavier e alguns amigos de Pedro Leopoldo,

como por exemplo, Ataliba Ribeiro Vianna, achavam que as páginas deviam ser publicadas com o

meu nome, já que não traziam assinaturas e essas publicações começaram no jornal espírita

“Aurora” do RJ, que era dirigido, nessa época pelo nosso confrade Ignácio Bittencourt a quem

Ataliba escreveu perguntando se havia inconveniente em lançar as citadas páginas com meu

nome...”

O “Jornal das Moças”, do Rio, o “Almanaque de Lembranças”, de Portugal, o Suplemento

Literário de “O Jornal”, foram órgãos não espíritas que também publicavam muitas dessas páginas e

sonetos.

Diz Elias Barbosa em “PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, pp. 84/86, que “... surgiu a

colaboração de F. Xavier, como poeta e escrevendo também algumas crônicas.” ... “Para nós, F.

Xavier era o poeta espírita que desabrochava em Pedro Leopoldo, com seus dezessete anos de

idade, publicando os seus trabalhos em três órgãos , na então capital da República: “Aurora”,

“Gazeta de Notícias” e “Jornal das Moças”. O soneto RENASCER, dedicado ao adorado Espírito

de Stefania Rocha; ROSAS DO PERDÃO, para o ilustre amigo José Tosta”. ... “sonetos do poeta

médium que vinham surgindo na beleza de sua modéstia”.

Publicações de páginas e sonetos psicografados pelo médium: o soneto “Nossa Senhora da

Amargura”, do Espírito Auta de Souza, e outros.

Page 93: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Vale lembrar que a sessão de 08.07.1927 marcou a vida mediúnica de Chico Xavier, que lá

recebeu a primeira mensagem. A sessão foi presidida pelo Sr. Perácio tendo D. Carmen como

auxiliar mediúnica; graças a sua mediunidade de vidência, então em desenvolvimento. Ressalta D.

Carmen, que foi o Espírito Emannuel quem lhe transmitiu a ordem de dizer a Chico que pegasse o

lápis..., “foram 17 páginas psicografadas sob título “Deveres Espíritas”.

O Sr. Antonio Barbosa Chaves, com 76 anos, quase cego, morando na mesma cidade,

participava daquela reunião e pôde declarar, ainda agora, aos confrades do jornal “O Espírita

Mineiro”: “Eu vi o Chico receber a primeira mensagem”.

Assim de 1927 a 1931, Chico Xavier recebeu centenas de mensagens que foram inutilizadas

depois, a pedido do Espírito Emmanuel, “por se destinarem apenas a exercícios de psicografia,

faculdade importante para o trabalho mediúnico que a espiritualidade planejara”. (“LUZ BENDITA”, Rubens Germinhasi, pp. 213/217; Revista PLANETA, 4a. edição; “PINGA FOGO COM

CHICO XAVIER”, p. 23 editora: EDICEL e “NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, p. 14)

Portanto, “durante 6 anos o casal Perácio morou em Pedro Leopoldo realizando sessões com

Chico, e D. Carmen conta que os fenômenos de transporte de pétalas de rosa e de perfume já se

verificavam naquele tempo. Por motivos particulares, o casal teve de mudar-se para Belo

Horizonte, ficando na presidência do Centro Espírita Luiz Gonzaga, o irmão de Chico de nome José

Cândido Xavier, até o ano de 1939 quando desencarnou, deixando a esposa Geni e filhos sob os

cuidados de Chico Xavier”. (“PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, p. 149)

Com o tempo, passam a chegar os poemas transcritos na 1a. obra psicografada pelo médium e

editada em 1932: “PARNASO DE ALÉM-TÚMULO”, onde Chico Xavier demonstra a existência

da alma e da sua individualidade e as possibilidades de comunicação do mundo invisível com o

mundo visível, trazendo versos da autoria de poetas famosos já desencarnados.

5. PRIMEIRAS PUBLICAÇÕES

Fala-nos o General Michelena (Roberto Pedro Michelena), em “PRESENÇA DE CHICO

XAVIER”, Elias Barbosa, p. 37, o seguinte:

“Em 1931, enquanto ultimávamos o Curso do Instituto Geográfico Militar, desfrutávamos a

preciosa amizade de Manoel Quintão, vice-presidente da Federação Espírita Brasileira. Um dia,

após o almoço conjunto, fomos à sala daquela instituição, onde ele atendia o receituário

homeopático a seu cargo e que secretariávamos. Na correspondência, sobre a mesa, um enorme

envelope recheado, despertando-nos a curiosidade. Aberto, verificou-se ser o remetente, um jovem

mineiro de 21 anos de idade. Dizia ele: “Sr Quintão: tenho deficiente instrução primária, o que

não me impede de perpetrar alguns versos de pé quebrado. Sucede, porém, que, há alguns anos,

mas especialmente agora, ao termo das sessões mediúnicas de cura de um parente próximo, venho

recebendo vasta coletânea de versos cuja autoria não é minha, mesmo porque, em suas assinaturas,

figuram nomes de consagrados poetas brasileiros e portugueses, já mortos. Sabendo-o filólogo e

também poeta, venho pedir-lhe valioso testemunho seu, em relação à eventual fidelidade dos

variados estilos daqueles autores. Isso porque, repito, os versos, em absoluto, não são meus - uma

vez que nenhum esforço mental me exigiram, salvo quanto à simples grafia intuitiva e

semi-mecânica”.

Quintão, pela primeira vez, no Rio, leu para nós aquelas jóias poéticas de um Augusto dos

Anjos, um Casimiro, um Guerra Junqueiro, um Castro Alves. ... Entusiasmado, saiu pelas salas

contíguas, a deliciar, com aquelas primícias, os companheiros presentes. Resposta para o Chico: -

“Mande tudo que tiver aí! São legítimos os estilos dos versos. Quero-os para a primeira edição do

PARNASO DE ALÉM-TÚMULO, que, se Deus quiser, sairá muito em breve!”

Page 94: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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6. A REPERCUSSÃO

Por todas essas informações, acopladas a todos os depoimentos quanto a atividade mediúnica

de Francisco Cândido Xavier, é ele considerado pelos literatos de renome, um fenômeno, visto que

o estilo, a forma, a pontuação exata, as reticências, os termos empregados não poderiam ser de um

homem com cultura simples e humilde.

“Desconheço os fenômenos, mas reconheço os estilos. Isso espanta-me mas encanta-me!”,

coloca Zeferino Brasil em sua crônica dominical no “Correio do Povo” em Porto Alegre. (“PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, p. 38)

“PARNASO DE ALÉM-TÚMULO”, uma coletânea de 56 poesias ditadas por 14 nomes

famosos da literatura brasileira ... Hoje em dia, somadas às centenas de novas edições enviadas ao

médium no decorrer dos anos, o Parnaso compõe-se de 259 poesias atribuídas a 56 poetas.

Alguns poucos especialistas, como o romancista mineiro João Dornas Filho, duvidam da

autenticidade dos poemas psicografados por Chico.

Em 1935, recebeu textos psicografados, do escritor brasileiro Humberto de Campos. Um dos

melhores amigos de Humberto em vida, Agrippino Grieco, declarou publicamente que o estilo das

obras era “puro Humberto”. A viúva do escritor reclamou direitos autorais e Chico Xavier foi

chamado a depor, sugerindo então ao juiz, uma sessão pública de psicografia, para poder provar a

situação. O magistrado recusou e encerrou o caso declarando: os mortos não tinham direitos. Muita

polêmica foi estabelecida na época, pois pagar os direitos à viúva, era aceitar a comunicação com os

espíritos e não fazê-lo era consagrar Chico Xavier, como fenômeno literário e ter lugar na Academia

Brasileira de Letras, garantido.

Humberto de Campos, passa portanto, a assinar suas obras enviadas via mediunidade

psicográfica de Chico sob o pseudônimo de Irmão X, lembrando o Conselheiro de suas crônicas em

vida. (“LUZ BENDITA”, acrescentar os depoimentos de Humberto de Campos em vida e do filho, às pp. 165 e 180,

respectivamente, e das pp. 213/217; Revista PLANETA, 4a. edição, p. 47)

Nos livros “CHICO XAVIER MEDIUNIDADE E CORAÇÃO”, editora IDEAL, Carlos A

Bacelli (Carlos Antonio Bacelli), à p. 19; e Ranieri, em “O PRISIONEIRO DO CRISTO, fatos da

vida de Francisco Cândido Xavier”, p. 141, editora LAKE, os autores nos informam:

Humberto de Campos - gente, em sua coluna literária do “Diário Carioca”, quando era o

Presidente da Academia Brasileira de Letras declarava solenemente, em 10 de julho de 1932, na

crônica “Poetas do outro mundo”:

“Eu faltaria, entretanto, ao dever que me é imposto pela consciência, se não confessasse que,

fazendo versos pela pena do Sr. Francisco Cândido Xavier, os poetas de que ele é intérprete

apresentam as mesmas características de inspiração e expressão que os identificam neste planeta.

Os temas abordados são os que os preocuparam nesta vida. O gosto é o mesmo e o verso obedece,

ordinariamente, à mesma pauta musical.

Frouxo e ingênuo em Casimiro, largo e sonoro em Castro Alves, sarcástico e variado em

Junqueiro, fúnebre e grave em Antero, filosófico e profundo em Augusto dos Anjos - sente-se, ao ler

cada um dos autores que veio do outro mundo para cantar neste instante, a inclinação do Sr.

Francisco Cândido Xavier para escrever à la maniere de ... ou para traduzir o que aqueles altos

espíritos sopraram ao seu”.

Page 95: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Várias e diversificadas opiniões a respeito de Chico Xavier foram vinculadas.

Reproduziremos o depoimento de Mario Donato, jornalista e membro da Associação Brasileira de

Escritores:

“Dei-me ao trabalho de examinar grande número de mensagens psicografadas por Chico

Xavier e vários médiuns; e francamente, como não posso admitir que um homem, por mais

ilustrado que seja, consiga “pastichar” tão magnificamente autores como Humberto de Campos,

Antero de Quental, Augusto dos Anjos, Guerra Junqueiro e, se não me engano, Vitor Hugo e

Napoleão Bonaparte, opto pela explicação sobrenatural, que não satisfaz à minha consciência, é

verdade, mas apazigua a minha humaníssima vaidade de literato.” (“PRESENÇA DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 140/141).

É pública, que não só nas letras, sua presença é considerada como de respeito e merecedora de

consideração. Em outubro de 1979, o jornal “Folha Espírita”, divulgava: “o juiz aceitou o

depoimento psicografado e absolveu o réu”. Tratava-se do caso do jovem José Divino Nunes, que

três anos antes matara seu amigo Maurício Henriques com um disparo de revolver em Goiana de

Campinas, próximo à capital. Os pais do jovem, receberam uma mensagem através de Chico

Xavier, onde Maurício inocentava o amigo. O processo contra José Divino seguiu normalmente até

que a mensagem da vítima chegou às mãos do Juiz, que absolveu o réu com base naquele

documento. (Revista PLANETA, 4a. edição)

Ao se referir a Chico Xavier, D. Benedito Ulhoa Vieira, arcebispo de Uberaba, fez-lhe

restrições doutrinárias; no entanto, não pode deixar de reconhecer que ele “goza de estima geral e o

seu conceito é o de um homem bom, que se interessa pelos pobres...”

É verdade que este reconhecimento não é unânime: o velho presidente da Academia Brasileira

de Letras, Austregésilo de Athayde (Belarmino Maria Austregésilo de Athayde), declarava

solenemente: “Aqui na Academia, não conheço ninguém que se interesse pelos livros dele”.

7. FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E O DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE

O processo de desenvolvimento e exercício da mediunidade, o próprio Chico Xavier

considera passível da divisão em 3 períodos:

a) 1915 a 1927

“O primeiro, de incompreensão para mim, é aquele, dos cinco anos de idade, quando via a

minha mãe desencarnada, a proteger-me, até os dezessete anos, época em que me via sob influência

de entidades felizes e infelizes, até que a Doutrina Espírita, por intermédio do Senhor, penetrou

nossa casa, em maio de 1927 (“NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 18/19)

Portanto, uma fase inicial, com as primeiras manifestações, ansiedades, medos, dúvidas e

instabilidade. Ocorre a clarividência, clariaudiência. Sua genitora é o Espírito que Chico

mais de perto percebe.

b) 1927 a 1931

“... aprendizagens e ensaios ..., psicografei centenas de mensagens que os Benfeitores

Espirituais mais tarde, determinaram fossem inutilizados porque, na opinião deles, essas

mensagens eram esboços e exercícios de entidades diversas que, caridosamente, me adestravam

para as tarefas em perspectiva.” (“NO MUNDO DE CHICO XAVIER ’’, Elias Barbosa, pp. 18/19)

Page 96: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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8. EMMANUEL, DIRETOR DA MEDIUNIDADE DE CHICO XAVIER

D. Carmem Perácio relata que o Espírito Emmanuel, tanto em 08.07.1927 como em

10.07.1927, se faz presente à ela: primeiro para transmitir a ordem de Chico pegar o lápis,

psicografar as mensagens sobre deveres espíritas; da segunda vez, para trazer as idéias de D. Maria

João de Deus, mãe de Chico Xavier. Já para o médium ...

... “lembro-me de que, em 1931 numa de nossas reuniões habituais, vi ao meu lado, pela

primeira vez, o bondoso Espírito Emmanuel. Eu psicografava, naquela época, as produções do 1o.

livro mediúnico concebido através de minhas humildes faculdades...

“Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na

suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia

visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz. Às minhas

perguntas naturais, respondeu o bondoso guia: - “Descansa! Quando te sentires mais forte,

pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espiritualista. Tenho seguido sempre os teus

passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos

pelos laços mais santos da vida e o sentimento afetivo que me impele para o teu coração tem suas

raízes na noite profunda dos séculos...”

Essa afirmativa foi para mim imenso consolo e desde esta época, sinto constantemente a

presença desse amigo invisível que, dirigindo as minhas atividades mediúnicas, está sempre ao

nosso lado, em todas as horas difíceis, ajudando-nos a raciocinar melhor no caminho da existência

terrestre...” (“EMMANUEL”, Francisco Cândido Xavier, pp. 14/15, editora: FEB)

Coloca-nos Clóvis Tavares, em “AMOR E SABEDORIA DE EMMANUEL”, pp. 20/21

(editora: IDE):

“Esclareceu-nos o abnegado médium que sua primeira visão de Emmanuel se deu numa

reunião de preces que costumava ele fazer, às vezes em companhia de duas confreiras de Pedro

Leopoldo, já desencarnadas, D. Joaninha Gomes e D. Ornélia Gomes de Paula – nas tardes de

domingo, ao ar livre, em local próximo ao Ribeirão da Mata. Quando as duas irmãs não podiam

comparecer, o jovem lá ia sozinho até aquele bucólico recanto das proximidades do Açude, para o

espiritual encontro com os Amigos da Eternidade”.

“Emannuel não apareceu a Chico com o aspecto com que atualmente se apresenta, de

Públius Lentulus, que o famoso retrato de Delfino Filho tão amplamente difundiu. Apareceu-lhe

com a expressão de sua última encarnação terrestre.

“Segundo as lembranças do caro médium conforme me revelou, foi um pouco antes da

psicografia do livro “Há Dois Mil Anos” que se deu, gradativamente, a transição. E a

personalidade de Públius Lentulus se fixou na clarividência de Chico”.

Assim sendo, a partir daí, a mediunidade psicográfica de Chico Xavier passou da fase da

indecisão para a fase de segurança, bem como, todo o desenvolvimento mediúnico consegue

ser dirigido e educado, sempre nos parâmetros da Doutrina Espírita.

Fala-nos Chico: “Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo, Emmanuel me

preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de

tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e disse mais, que, se um dia,

ele Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e

Kardec, que devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.” (“NO MUNDO DE

CHICO XAVIER”, pp. 44/46/47)

Page 97: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Ressaltamos que, em 18.01.1929, D. Carmem Perácio torna a dar informações a Chico Xavier

sobre a sua missão, ao contar após a sessão do Centro Espírita Luiz Gonzaga, o quadro espiritual

que tivera: “... vira muitos livros em torno de mim, trazidos por amigos desencarnados...”

c) Então, através da psicografia a partir de 1931, na 3a. fase das atividades mediúnicas de

Chico Xavier, com a direção direta do Espírito Emmanuel, vamos encontrar as obras:

“PARNASO DE ALÉM-TÚMULO” (diversas poesias de autores famosos)

“CARTAS DE UMA MORTA”, 1935 (mensagens da mãe de Chico, D. Maria João de Deus)

“PALAVRAS DO INFINITO”, 1936

“CRÔNICAS DE ALÉM-TÚMULO”, 1937 (dissertações de Humberto de Campos)

“EMMANUEL”, 1938, ... e tantas outras até nossos dias.

(“TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER”, Clóvis Tavares, p. 47, editora: IDE).

“... quando o Espírito Emmanuel assumiu o comando de minhas modestas faculdades, tudo

ficou mais claro, mais firme. Ele apareceu em minha vida mediúnica assim como alguém que viesse

completar a minha visão real da vida. Tenho a idéia de que até a chegada de Emmanuel, minha

tarefa mediúnica era semelhante a uma cerâmica em fase de experiência, sem um técnico eficiente

na direção. Depois dele, veio, a orientação precisa, com o discernimento e a segurança de que eu

necessitava e de que aliás todos nós precisávamos em Pedro Leopoldo” (“NO MUNDO DE CHICO

XAVIER”, Elias Barbosa, p. 20).

9. OUTRAS FACULDADES MEDIÚNICAS

Bem, assim foram caminhando as faculdades mediúnicas de Chico Xavier:

“À medida que fui trabalhando na psicografia os Benfeitores Espirituais a pouco e pouco, me

abriram outras possibilidades de observação, como sejam as que se relacionam com a

clarividência e a clariaudiência, a psicofonia, as faculdades curativas e o serviço espiritual à

distância, conquanto Emmanuel, o instrutor que nos orienta desde 1931, considere que a

psicografia é o meu setor particular de trabalho, da qual não devo desviar a atenção.”

Fala-nos Chico Xavier que a mediunidade psicográfica, ele não sabe definir tecnicamente:

“Sei apenas que os Espíritos amigos tomam o meu braço e escrevem o que desejam e, de

1931 para cá, sempre sob a supervisão de Emmanuel... Quando escrevo psicograficamente, vejo,

ouço e sinto o Espírito desencarnado que está trabalhando por meu braço, e muitas vezes, registro

a presença do comunicante sem tomar qualquer conhecimento da matéria sobre a qual está ele

escrevendo.” (“NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, p. 121)

“Devo explicar que sou também médium para serviço de doutrinação a entidades

perturbadas e sofredoras. Desde 1928, freqüento sessões de desobsessão e, há muitos anos, esse

meu esforço é semanal. Em Pedro Leopoldo, participei das reuniões dessa modalidade que se

realizavam no Centro Espírita Luiz Gonzaga e, depois no Grupo Espírita Meimei. Atualmente

(1967), nas noites de quarta-feira, partilho as sessões para desobsessão que se efetuam na

Comunhão Espírita Cristã, aqui em Uberaba.

“Um dia, em Pedro Leopoldo, três soldados traziam com muito esforço, um possesso que

resistia de maneira impressionante. Vi o Chico aproximar-se e mansamente colocar a mão sobre a

cabeça do louco, que se transformou num cordeiro, de tão tranqüilo. Confesso que fiquei

Page 98: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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profundamente admirado, quase não acreditava no que via. A força que emana desse homem, de

sua bondade de santo, é algo inexplicável. Ele afirma que Emmanuel é que lhe dá tamanha força”.

Tais dizeres são de Clóvis Tavares, pessoa que conviveu com Chico Xavier (“AMOR E

SABEDORIA DE EMMANUEL”, Clóvis Tavares, p. 56 editora: IDE).

Obs.: Acrescentar o caso contado em “TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER”, Clóvis

Tavares, editora: IDE, às pp. 56/59, 132/137, 142/144 e 234/235

Exemplos no campo de clarividência, clariaudiência, pp. 104/107 do livro “CHICO XAVIER,

40 ANOS NO MUNDO DA MEDIUNIDADE”, Roque Jacinto, editora: LUZ NO LAR.

Recordemos que, a mediundade de efeitos físicos de Chico Xavier, apesar de ser

experimentadas com bons resultados nas reuniões íntimas de 1952 a 1954, foi orientada por

Emmanuel para que fosse encerrada, da forma como vinha sendo conduzida: “Acrescentou, ainda,

que o serviço do livro mediúnico, em que me encontro, é também, tarefa de materialização – a

materialização dos pensamentos do Mundo Espiritual.” (“NO MUNDO DE CHICO XAVIER”, Elias Barbosa, pp. 47 e 80)

Obs.: Acrescentar o caso “CHICO XAVIER, O SANTO DOS NOSSOS DIAS”, Ranieri, pp.

56 e 58, (editora: ECO); “CHICO XAVIER, 40 ANOS NO MUNDO DA MEDIUNIDADE”,

Roque Jacintho (editora: LUZ NO LAR), pp. 115 a 114 no caso de trabalhos de passe/desobsessão e

Mediunidade de Transporte: pp. 115 a 120, quanto a Materialização.

10. FASES DA PRODUÇÃO PSICOGRÁFICA DE CHICO XAVIER

1a. Fase: “PARNASO DE ALÉM-TÚMULO”

Páginas inéditas de conhecidos autores desencarnados que através da mediunidade polígrafa

de Chico Xavier atestam a continuidade da vida, a comunicabilidade dos chamados mortos.

A repercussão é semelhante àquela provocada por Fernando de Lacerda e sua obra “DO PAÍS

DA LUZ”.

O caso Humberto de Campos:

a) Ver “NOVAS MENSAGENS”, editora: FEB (comentário de Almerindo Martins de Castro

sobre o comunicante e o médium – os 2 artigos finais).

b) Em “LUZ BENDITA”, temos:

- Testemunho de Agrippino Grieco, p. 165

- Comentários de Humberto de Campos, encarnado, sobre a mediunidade de Chico

Xavier.

- À p. 171, Monteiro Lobato (José Bento Monteiro Lobato) atesta a impressão produzida

por estas obras:

“Se o homem produziu tudo aquilo por conta própria, então ele pode ocupar quanta cadeiras

quiser na Academia.”

2a. Fase – “Emmanuel, o quinto evangelista”

Page 99: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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3a. Fase – Revelações sobre a realidade do Mundo Espiritual

A cargo de André Luiz e suas obras:

Estas revelações incompreendidas por muito tempo viriam solidificar o raciocínio

sobre a continuidade natural entre a vida terrena e o além-túmulo.

4a. Fase – Mensagens identificadoras de desencarnados

5a. Fase – O convite ao trabalho junto ao próximo

11. O SOCORRO A PESSOAS ESTRANHAS AO MEIO ESPÍRITA

11.1. Mensagens de consolação

Livro: “AMOR E LUZ”, de Rubens Germinhasi, editora: IDEAL

Testemunho de Lélia de Amorim Nogueira, pg. 48.

“A nossa alegria é constante, pois quando sentimos saudades, recorremos às mensagens e

nos reanimamos com as palavras que nos dão força para o trabalho. Não que nos faltem outras

fontes de sustentação, mas ali estão representadas as presenças de suas imagens.”

11.2. Mensagens que mudam o rumo das atitudes e das pessoas

Livro: “AMOR E LUZ” de Rubens Germinhasi (editora: IDEAL)

Testemunho de Wady Abrahão, p. 28

“Pessoa muito amiga e conhecedora do nosso problema (desencarne do filho), sugeriu à

Axima, minha filha, que procurássemos Chico Xavier... Ela, temerosa, não sabia como nos falar,

pois católicos que éramos e sem conhecermos nada de espiritismo, achou que não aceitaríamos a

sugestão. Ao, contrário, Jandira, minha esposa, numa ansiedade atroz, queria a todo custo

encontrar algo que nos tirasse daquele sofrimento. Havíamos até combinado em pôr termo à nossa

existência. Dentro do meu descontrole, cheguei a dormir dentro do jazigo com meu filho.

“À noite desculpava-me com os meus familiares e dizia ir à minha indústria e desviava-me

para o cemitério. Ludibriava o vigia e sorrateiramente introduzia-me em sua sepultura,

deitando-me na lápide superior. Ficava horas junto dele. Achava que Wadizinho tinha medo de

dormir sozinho. Várias vezes fui surpreendido, traído pela fumaça dos cigarros que fumava

durante o tempo que ali ficava. Certa feita até a Rádio Patrulha foi solicitada, quando tive de

justificar minha atitude.

“No meu sofrimento não admitia e não aceitava nada. Além do que não tinha interesse em

dialogar com ninguém...

“Com a experiência adquirida na minha juventude e no transcorrer de minha vida, em vista

de minha mãe ter estado doente por mais de 13 anos, vi-me obrigado a percorrer e procurar tudo o

que fosse possível para restabelecê-la. Fui a lugares inimagináveis. Coisas absurdas me

apareceram.

“Mesmo assim, fiquei no firme propósito que nenhum de nós falasse ou comentasse algum

ponto sobre o desencarne, com qualquer pessoa. Muito menos com Chico. Meus familiares, fiz

questão de que ficassem junto de mim, para que pudesse fiscalizá-los. No hotel, coloquei o telefone

Page 100: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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perto de minha cama, sem que percebessem meu intento, pois achava que poderiam telefonar para

alguém. Tomei todas as providências para que não houvesse o mínimo contato.

... “Chico psicografou. Quando terminou e leu a mensagem ficamos muito surpresos.

Wadizinho trazia sua mensagem. Seu conteúdo era todo esperança, dissipava a saudade,

mostrava-nos a realidade.

“Pedia que transmitíssemos seus agradecimentos aos colegas do Colégio e do grupo da

Comunidade Unida a Cristo, na qual era coordenador.

“Incentivava-nos a construirmos um Natal Feliz, junto às criancinhas, pois sabíamos de sua

programação no Orfanato Irmã Albertina.

“Na qualidade de pai que sabe o que representa o amor a um filho, o incentivo para a vida

me foi devolvido! Chico na sua mediunidade mostrou-me, apesar de toda a experiência e vivência

que pensávamos ter, que meu filho está entre nós mais do que nunca”.

11.3. Mensagens que causam surpresas, mas não transformação

Livro: “CHICO XAVIER, MEDIUNIDADE E AÇÃO” (autor: Carlos A. Bacelli, editora:

IDEAL)

David Nasser, repórter, Jean Manzon, fotógrafo, e Henrique Natividade, piloto de avião,

dirigem-se incógnitos à cidade de Uberaba para entrevistar Francisco Cândido Xavier. O

repórter e o fotógrafo se fazem passar por correspondentes estrangeiros da Imprensa, servindo o

piloto supostamente de intérprete. Ninguém os conhecia. Seus nomes verdadeiros não são

declinados.

Recebem do Chico Xavier livros autografados ao se retirar da cidade.

Já no Rio de Janeiro ao abrir os livros encontram psicografia de mensagem-dedicatória de

Emmanuel chamando-os pelos respectivos nomes.

Os três profissionais produziram e vincularam através da revista “O Cruzeiro” reportagem

injuriosa sobre a figura do médium tentando lançar descrédito sobre o Espiritismo.

O inexplicado fato não modificou-lhes a atitude preconceituosa em relação à mediunidade ou

à Doutrina Espírita.

12. A INFLUÊNCIA MORALIZADORA QUE OS BONS MÉDIUNS EXERCEM

12.1 - sobre o público através da ação deles próprios na sociedade em que vivem

Exemplos: Obras Assistenciais no trabalho de Chico Xavier

Livro “AMOR E LUZ”, depoimento de Alberto Ferrante Filho (p. 166)

Trabalho assistencial com Franca desenvolvido a partir da observação da peregrinação

semanal de Chico Xavier.

“Amigos, depois que conheci Chico, minha vida transformou-se por completo. Do gênio

violento que eu tinha, passei a compreender melhor as coisas, dedicando-me mais aos necessitados.

Sim, ali estava o verdadeiro sentido, o exemplo vindo do Evangelho aplicado. Para os que o

conhecem há muito tempo, vêem nele sempre o mesmo exemplo de conduta moral, de amor, de

trabalho, de tolerância, na humildade que gostaríamos de exemplificar em nossa vida.”

Page 101: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 101 -

12.2 - sobre os trabalhadores espíritas

a) livro “AMOR E LUZ”, p. 203, depoimento de José Gonçalves Pereira:

“Motivado por todo este aprendizado e exemplos de amor e dedicação de Chico Xavier e,

através das mensagens recebidas dos nossos Benfeitores Espirituais, trouxe-nos a necessidade de

ampliarmos nosso programa da Federação Espírita do Estado de São Paulo, levando-nos a criação

da Casa Transitória, baseada nas obras mediúnicas de André Luiz, nos volumes do “Nosso Lar” e

“Obreiros da Vida Eterna”, quando recebemos a mensagem de Batuíra, que nos trouxe orientação

e incentivo mencionando a necessidade urgente da construção desta obra.”

b) livro: “LUZ BENDITA”, p. 23, depoimento de Detzi de Oliveira

“Era espírita, criado por pais espíritas, mas, depois da convivência, mais adulto e lendo os

livros psicografados por Chico Xavier, interessei-me ainda mais pela Doutrina Espírita, com os

preceitos trazidos como ensinamentos por Emmanuel, Maria Dolores, André Luiz e tantos outros

mestres Espirituais.”

12.3 - mensagens orientadoras das tarefas da Casa Espírita

Livro: “AMOR E LUZ”, depoimento de Jorge Manuel Gaio à p. 210:

“A mediunidade de Chico, muito nos tem ajudado nos trabalhos da Fundação (Marieta Gaio)

pois, através dela nos chegaram vários bilhetes de Dr. Bezerra de Menezes, trazendo recados de

minha mãe, na orientação de nossa obra.

“Com sua mensagem e seus recados, conscientizamo-nos ainda mais, que a nossa

responsabilidade para com a obra, se fez patente...”

12.4 - mensagens renovadoras de caráter pessoal

Livro: “AMOR E LUZ”, p. 104, depoimento de Ediné Almeida de Paiva

“Quando da morte de Lúcio (marido), apesar de ser espírita, desesperei-me chegando mesmo

a pensar diariamente em suicídio. Não entendia o porque daquela provação. Achava injusta a

passagem de Lúcio.

“... Quando Chico recebeu sua mensagem, chorei muito. O público ali presente ficou

impressionado, em presenciar a profundidade e o número de páginas psicografadas, totalizando 94

páginas.

“Lúcio tinha o dom da oratória, e gostava muito de escrever. Acredito que foi o motivo pelo

qual o Chico sofreu todo esse tempo de hora e meia, para trazer a mensagem.

“Depois disso, senti-me completamente reabilitada, conformada.

“Tive a convicção de que Lúcio estava bem. Criei novas forças.”

Page 102: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 102 -

Fontes de pesquisa:

AMOR E LUZ, Rubens Silvio Germinhasi, editora IDEAL

AMOR E SABEDORIA DE EMMANUEL, Clóvis Tavares, editora IDE

CHICO XAVIER, MEDIUNIDADE E AÇÃO, Carlos A Bacelli, editora IDEAL

CHICO XAVIER MEDIUNIDADE E CORAÇÃO, Carlos A Bacelli, editora IDEAL

CHICO XAVIER E OS GRANDES GÊNIOS, Ranieri, editora ECO

CHICO XAVIER, 40 ANOS NO MUNDO DA MEDIUNIDADE, Roque Jacintho, editora

LUZ NO LAR

CHICO XAVIER, O SANTO DOS NOSSOS DIAS, Ranieri, editora ECO

EMMANUEL, Francisco Cândido Xavier, editora FEB

LUZ BENDITA, Rubens Silvio Germinhasi, editora IDEAL

NO MUNDO DE CHICO XAVIER, Elias Barbosa, editora IDE

NOVAS MENSAGENS, Irmão X, editora FEB

O PRISIONEIRO DE CRISTO, fatos da vida de Francisco Cândido Xavier, Ranieri, editora

LAKE

PINGA FOGO COM CHICO XAVIER, editora EDICEL

PRESENÇA DE CHICO XAVIER, Elias Barbosa, editora IDE

REVISTA PLANETA, 4a. edição, editora TRES

TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER, Clóvis Tavares, editora IDE

REVISTA PLANETA Nº 94, Julho de 1980, editora TRES

Page 103: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS

DIVALDO PEDREIRA FRANCO

DADOS BIOGRÁFICOS

Divaldo Pereira Franco nasceu em Feira de Santana, na Bahia, em 05.05.1927. Caçula de uma

família humilde, teve 13 irmãos. Seus pais Francisco Pereira Franco e Ana Alves Franco

trabalhavam: ele era negociante de fumo, ela cuidava do lar. Eram católicos praticantes. Divaldo

chegou a ser coroinha da Igreja que freqüentavam.

Estudou o curso primário e ginasial. No ano de 1943 entrou para a Escola Normal Rural de

Feira de Santana e formou-se em professor primário, obtendo licença para lecionar em escolas

interioranas. Por falta de recursos financeiros não deu prosseguimento aos estudos.

2. MANIFESTAÇÕES VISUAIS

Sua mediunidade manifestou-se aos 4 anos quando começou a ver a figura de uma senhora

que se apresentava como D. Senhorinha Rodrigues e dizia ser sua avó materna. Esta senhora

insistia para que Divaldo desse um recado à sua mãe, D. Ana, mas sempre que o menino falava no

assunto sua mãe não acreditava e achava que era imaginação de criança. O menino descrevia sua

avó com riqueza de detalhes, mas D. Ana não havia conhecido sua mãe. D. Senhorinha

desencarnara ao dar à luz a D. Ana. De tanto o menino insistir, D. Ana o levou à casa de sua irmã

mais velha, D. Edwiges, e lá o menino descreveu sua avó com riqueza de detalhes. Sua tia se

admirou, pois a descrição correspondia a de sua mãe antes de desencarnar, e disse que não poderia

ser imaginação de criança, pois não havia nem uma fotografia de sua mãe. Só podia mesmo ser sua

mãe, D. Senhorinha Rodrigues.

Outro espírito que sempre aparecia era o de um menino índio de nome Jaguaraçu

(Onça-Grande). Este menino se tornou uma presença constante; sempre aparecia para brincar com

Divaldo. Quando Divaldo fez 12 anos, seu amigo apareceu muito triste dizendo que precisava

reencarnar, despediu-se e não mais voltou. O menino Divaldo não entendeu o que se passava e

achou que o amigo tinha se aborrecido com ele.

3. ECLOSÃO DA MEDIUNIDADE

Após o desencarne de seu irmão José, Divaldo começou a adoecer. Apareceu-lhe uma

semi-paralisia, febre alta, que aos poucos deixou-o imobilizado, completamente preso no leito. Os

médicos tentaram de tudo que estava ao seu alcance, e o jovem de 17 anos, não dava sinais de

melhora. Eles então desistiram e desenganaram o paciente. O corpo doía, sentia calafrios, e a febre

provocava delírios e pesadelos. Era a mediunidade que estava em desequilíbrio querendo eclodir.

Depois de muito sofrer, a família recebeu a visita de uma amiga, Ana Ribeiro Borges, médium

dotada de grandes dons (vidência, psicofonia, sonambúlica, intuição), que ao vê-lo, reconhece que

sua doença é de fundo obsessivo, e esclarece a família dizendo que Divaldo é médium de

incorporação, e, o que está acontecendo, é que seu irmão José desencarnou, mas, não tomou

conhecimento deste fato e se apegou ao irmão que é extremamente sensível e bloqueou-lhe o centro

dos movimentos. Ana então fez uma prece e viu quando os amigos do Plano Espiritual vieram

buscar José para afastá-lo de Divaldo. É feito, então, o desligamento dos dois. Em seguida,

mandou que Divaldo andasse pelo quarto. Após alguns momentos de indecisão, passos trôpegos,

Divaldo voltou a andar normalmente, para espanto da família que rezava o tempo todo.

Page 104: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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A família era de crença católica e achou que o menino estava possuído pelo Demônio. D. Ana

Borges esclareceu então o que estava acontecendo e convidou Divaldo para comparecer a uma

reunião no Centro Espírita. Divaldo aceita o convite e vai acompanhado de sua mãe. Durante todo

o caminho permanece rezando e não larga o terço. Quando o presidente inicia a sessão, lê a prece

de Cáritas, e Divaldo entra em transe com a beleza dos dizeres e incorpora seu irmão José. Após

conversar um pouco com sua mãe, José diz: “a morte não existe”. Após tudo retornar ao normal é

explicado a Divaldo o processo de incorporação e ele é convidado a freqüentar o centro.

Quando completa 18 anos, Divaldo viaja para a capital Salvador, e se hospeda na casa de D.

Ana Borges.

4. DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO

Divaldo começa a participar de sessões espirituais na casa do professor Malézio de Paula e

sua esposa Maurina.

Começaram a fazer sessões também na casa de D. Ana Borges, mas o número de participantes

estava aumentando. D. Etelvina Perroni cedeu uma ampla sala para que fizessem as sessões com

mais espaço e comodidade.

Em agosto de 1945 o Espírito Manoel da Silva assistia Divaldo, como seu Mentor Espiritual,

e veio em incorporação pelo próprio assistido e avisou o grupo que a partir de então iria reencarnar,

mas que outro Espírito iria se responsabilizar pela tarefa. E logo após outro Espírito se incorporou

em Divaldo e começou a falar sobre o Cristo e o seu Amor pela humanidade. No final da reunião

apresentou-se como “Um Espírito Amigo”. A impressão que todos tiveram foi de um espírito dócil,

generoso, e Divaldo percebeu em sua tela mental, uma marca luminosa, como um vulto deslizando

suavemente em volta. Sentiu-se ligado a esse espírito por uma amizade profunda.

Em março de 1947 Divaldo fez sua primeira conferência em Aracaju. Aconteceu que ele

havia estudado uma página de Humberto de Campos “A Lenda da Guerra”, psicografada por Chico

Xavier, mas na hora em que foi chamado a dar início a reunião, Divaldo esqueceu tudo o que havia

estudado, sentou-se novamente e tentou se concentrar. Neste instante apareceu um Espírito e se

apresentou a ele como o próprio Humberto de Campos e lhe disse que todo aquele que deseja servir

ao Cristo não pode ficar de cabeça baixa, que ele se levantasse, pois o próprio Humberto iria

ajudá-lo a falar. Após a conferência esse Espírito aconselhou Divaldo a escrever para Chico Xavier,

e lhe disse que a ética do dever espírita era a responsabilidade, por isso deveria se preparar pelo

conhecimento, e pela vivência.

Os amigos conseguiam fazer uma boa divulgação da Doutrina Espírita juntamente com

Divaldo, e foi através de várias campanhas que conseguiram comprar uma propriedade, uma casa

simples, porém acolhedora. Transferiram para esta casa o novo centro espírita. No dia 07.09.1947

foi fundado o Centro Espírita Caminho da Redenção.

No dia da sua fundação o guia de Divaldo, Um Espírito Amigo, diz aos presentes que a

palavra deveria estar respaldada no trabalho. Recomendou a Divaldo que lesse o “Livro dos

Espíritos” de Allan Kardec.

Na noite de 19.09.1947 apareceu-lhe um Espírito dizendo ser Auta de Souza e lhe pediu que

fosse visitar as famílias carentes de Alagoas para levar-lhes víveres, evangelização e preces, e assim

foi criada a Caravana Auta de Souza, para dar assistência aos flagelados da seca.

5. DESDOBRAMENTO

No ano de 1948 Divaldo estava voltando de uma viagem de trem, quando teve um

desdobramento onde se via idoso, em uma área arborizada, rodeado de crianças... ouviu então uma

voz que lhe disse que aquela era a sua tarefa a ser executada junto às crianças.

Page 105: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Em 1949, em uma sessão mediúnica, o guia de Divaldo incorporou e fez uma abordagem das

tarefas a serem executadas junto ao menor carente. Por inspiração da Entidade foi dado o nome de

Mansão do Caminho. Neste local deveriam ser recebidas crianças em adoção.

Divaldo conheceu Chico Xavier pessoalmente em 1950. Durante 3 anos travaram

correspondências.

6. EXERCÍCIO DA FACULDADE

Em fevereiro de 1949, Divaldo já estava caminhando na Doutrina e na tarefa espírita. Foi

convidado pelos amigos Hilda e Rafael Veiga a passar o período do carnaval em sua casa, em

Muritiba.

No domingo de carnaval Divaldo amanheceu com uma dor muito forte no braço direito. Era

uma sensação de cãibra, semelhante ao re a fazerem uma prece. Todos sentaram-se em volta da

mesa e o Sr. Abel pediu que fosse providenciado papel e lápis. Na residência não havia papel

ofício, foi improvisado então um bloco feito com papel de pão. Começaram então a ler o

“Evangelho Segundo o Espiritismo” com muita concentração e começaram a orar. Enquanto a

prece era proferida, a mão de Divaldo não parava quieta. Lembrando-se da posição de Chico Xavier

ao psicografar, Divaldo sentiu que ia fazer o mesmo naquele momento; colocou a mão esquerda na

testa e começou a escrever no papel que estava à sua frente com uma velocidade que surpreendeu a

todos, até a ele próprio, pois estava escrevendo sobre um assunto de que não tinha nenhum

conhecimento. Após escrever várias páginas, o Espírito que escrevia por seu intermédio assinou o

nome de Marco Prisco. A mensagem foi “Na Subtração e na Soma” e está no livro “EMENTÁRIO

ESPÍRITA”.

Neste mesmo ano de 1949, um outro Espírito certa noite apareceu para Divaldo. Durante esta

aparição Divaldo ouvia uma música de uma beleza indefinível, tocada por uma espécie de cítara. O

Espírito se apresentou como Rabindranath Tagore, disse que era poeta na Índia, e desejava que

Divaldo grafasse alguns pensamentos. Divaldo pegou o material e começou a trabalhar. Enquanto

escrevia os versos de Tagore ouvia uma melodia penetrante e bela, que a partir desta noite, durante

todo tempo que Tagore vinha ditar seus pensamentos, se repetia. Esses pensamentos constituíram

seu primeiro livro “FILIGRANAS DE LUZ”, que só foi publicado em 1965.

7. AS DIFICULDADES

Quando Divaldo estava com 18 anos foi para a capital Salvador. Pretendia trabalhar para

ajudar a família. Seguiu acompanhado de D. Ana Borges, e em sua casa se hospedou.

Empregou-se em uma companhia de seguros marítimos. Após trabalhar 13 dias foi demitido

junto com outros funcionários. O abalo que sentiu foi muito forte. Desgostoso e desesperado,

tornou-se receptivo à idéia do suicídio. Assim sendo, subiu no elevador Lacerda e aproximou-se do

parapeito com a intenção de se atirar. No momento que vai consumar o ato lhe aparece o Espírito

de sua irmã Nair, que se suicidara em 1939 ingerindo dose fatal de tóxico, e lhe diz com voz

autoritária para que ele não faça isso, que a morte não existe e o suicídio não resolve nada. Após

essa visão Divaldo desmaia e é socorrido por pessoas que estavam visitando o ponto turístico.

Divaldo está já em tarefas e, em 1957, tinha ligado a ele um Espírito que o ameaçava de na

primeira oportunidade exterminar-lhe o corpo físico. Tal Espírito tinha a capacidade de transmitir a

visão de um incêndio. Em uma noite conseguiu transmitir esse pensamento a Divaldo, que

dominado pelo pavor viu o quarto onde dormia em chamas. Neste quarto dormia um outro amigo

seu. Divaldo se desesperou, pois não queria morrer queimado. Viu então a janela aberta, e sentiu

Page 106: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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que aquela era a única saída; pular a janela e escapar. Só que para fazê-lo teria que pisar na cama e

depois pular. Quando ficou de pé sobre a cama, a Misericórdia Divina despertou seu amigo que ao

sentir o que ele pretendia fazer o agarrou e o fez se acalmar.

No ano de 1954 Divaldo era ainda muito assediado por um Espírito inimigo seu. Foi

convidado a fazer uma palestra em Curitiba, na Federação Espírita do Paraná. Esse Espírito

aproveitava os momentos de sono para obsidiá-lo. Numa noite acordou com o quarto pegando fogo.

Acordou muito assustado, pulou a janela e saiu correndo pela rua. Vestia somente a calça do

pijama. Era uma noite de abril e estava uma noite um pouco fria demais para quem estava

acostumado ao clima quente da Bahia. Quando chegou à Alameda Cabral, foi que se deu conta do

que estava acontecendo e lembrou-se de que estava em uma cidade estranha e não sabia como

voltar. Por esse tempo, Divaldo era assistido por vários Espíritos amigos, e os Bons Amigos

Espirituais tinham designado um jovem pernambucano que havia desencarnado, jovem ainda, para

acompanhar Divaldo e assisti-lo mais de perto. Ele o chamava de “O Correio”, mas seu nome era

Valter. No momento em que Divaldo se deu conta da situação, fez uma prece e Valter lhe apareceu

e lhe disse que não precisava se preocupar, pois iria levá-lo de volta para casa; era só ele ter fé em

Deus. Seguiram caminhando, e quando chegaram ao Albergue, Valter lhe disse que ele deveria

entrar da mesma forma como havia saído: pela janela. Divaldo ficou assustado, pois alguém

poderia vê-lo e interpretar mal a situação. Valter o tranqüilizou e disse que ia montar guarda. Foi

dos dois lados da casa e verificou se havia alguém por perto. Quando viu que estava tudo tranqüilo,

sinalizou e Divaldo pulou a janela retornando assim ao seu quarto.

Quando criança, Divaldo pensava em ser padre; sendo sua família de origem católica, este fato

sempre foi aceito com naturalidade. O menino cresceu, tornou-se homem, e seguiu o caminho do

Espiritismo. Assim sendo, Divaldo começou a ser perseguido por um sacerdote romano que lhe

dizia que se não seguisse suas diretrizes iria destruir-lhe o corpo. Essa Entidade dava-lhe assistência

negativa. À medida que o tempo passava, Divaldo se afeiçoava mais à Doutrina Espírita. Essa

Entidade perturbava tanto Divaldo que se tornou uma situação dolorosa. Nos momentos difíceis da

vida de Divaldo essa Entidade estava sempre presente.

Uma noite Divaldo tentou o suicídio por que tinha visões desagradáveis. Sofreu um desses

fenômenos e quando estava dormindo ouviu uma voz que o chamava e o hipnotizou. Essa voz dizia

que a solução dos seus problemas era a destruição do corpo, porque na Terra sofria muito, e após a

morte iria ser imensamente feliz pois iria viver no Mundo Espiritual, onde estavam as pessoas que o

amavam de verdade. Nessa época Divaldo morava perto da praia. Acordou no meio da noite,

saltou pela janela e foi andando pela praia, por indução hipnótica em direção ao mar. Era madrugada

e não havia ninguém por perto. Nilson (Nilson de Souza Pereira) percebeu o que estava

acontecendo e foi acompanhando Divaldo de longe. Notou quando ele entrou no mar e continuou a

andar até que uma onda lhe bateu no rosto, provocando um choque e Divaldo acordou. Ao se dar

conta da situação ficou desesperado: estava vestido só com a calça do pijama, dentro d’água, sem

saber nadar. Nilson que estava o tempo todo ao seu lado, em prece, quando percebeu que Divaldo

havia acordado, resgatou-o e trouxe-o de volta para a praia. Ao chegarem na areia, a Entidade

estava aguardando e avisou que iria acabar com ele de qualquer jeito; que poderia demorar, mas que

um dia realizaria seu intento. Essa Entidade perseguiu Divaldo por mais de 30 anos, sendo seu

obsessor diário. Estava o tempo todo presente e não perdia uma oportunidade de provocar uma

situação embaraçosa e humilhante para Divaldo.

Divaldo passou mais de trinta anos sofrendo esse tipo de assédio. Certo dia apareceu na

Mansão do Caminho uma criança que havia sido abandonada pelos pais. Naquela época estavam

impossibilitados de receber novos candidatos, pela falta de espaço e de recursos. Quando Divaldo

viu a criança e a tomou nos braços e percebeu o seu estado de abandono, debilidade orgânica,

sofrimento e miséria, se comoveu, e lembrou-se de Jesus e perguntou-se mentalmente o que Jesus

Page 107: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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faria naquela situação. A consciência disse que Ele a receberia. Foi o que Divaldo fez.

Imediatamente convocou os colaboradores residentes e a criança foi encaminhada a uma das casas

da Mansão do Caminho. Neste mesmo dia, à noite, a Entidade obsessora que tanto perseguia

Divaldo apareceu e lhe contou muito emocionado que iria deixar Divaldo em paz, porque ele o

havia convencido de sua bondade e amor ao próximo, pois aquela criança que ele recebera era sua

mãe que estava de volta ao corpo. Disse também que só podia amar a quem iria ajudá-la na sua

tarefa de redenção. Pediu que o ensinasse também amar a Jesus, da maneira correta, e se Deus lhe

desse vida, pudesse retornar e vir receber o afago das mãos de Divaldo na Mansão. Após esse

entendimento o Sacerdote Romano foi afastado de Divaldo e não mais o importunou.

8. DÚVIDAS

Em 1949, quando os tormentos obsessivos assaltavam Divaldo, ele travou conhecimento com

um rapaz que havia desencarnado em São Paulo. Todas as tardes tinha o hábito de sentar-se no

quintal de sua casa. Desse quintal ele via uma região que chamavam de “Invasões”, onde centenas

de casebres eram construídos sobre o lamaçal. Era um problema sócio-econômico. Um dia estava

olhando esse local distraidamente, quando viu o rapaz pela primeira vez. Este jovem tinha fundas

marcas na aparência física. Um dos pés, parecia ter os dedos amputados, estava envolto em gaze,

com deformidade visível. O corpo alquebrado, na cabeça tinha marcas de cicatrizes, o nariz

deformado, sem o septo nasal, e uma expressão de profunda melancolia. Olhava para Divaldo com

enternecimento e carinho comovedor. Mas Divaldo, julgando pela aparência muito feia, achou que

ele fosse um obsessor, e começou a fazer uma prece para que ele fosse embora. Então esse rapaz

lhe esclareceu que não era um bem-aventurado como Divaldo, mas que também não era nenhum

obsessor. Apresentou-se como Jésus Gonçalves e lhe informou que havia desencarnado em um

sanatório para leprosos em Pirapitingui, em São Paulo. Enquanto Jésus contava sua história de

sofrimentos ao longo de várias reencarnações, foi metamorfoseando-se na presença de Divaldo, e

voltou a ter um “corpo” normal. Esclareceu que havia se aproximado para tentar um contato com

uma amiga querida. Pediu a Divaldo que fizesse visitas à Colônia de Leprosos no subúrbio de

Águas Claras.

Divaldo ficou assustado, pois naquela época as pessoas não tinham esclarecimentos e

achavam que a lepra era algo aterrador. Divaldo se desculpou, mas disse que não poderia ir, pois

não tinha coragem de entrar em um local onde vivem leprosos. Jésus então o esclareceu que era

melhor ele ir lá, do que ir para lá. Após pensar alguns instantes, decidiu que o melhor era ir lá.

Então Jésus lhe disse que iria tomar as providências para que fossem juntos. O Espírito se diluiu e

Divaldo ficou a sentir uma enorme sensação de bem-estar.

À noite antes de iniciar os trabalhos no Caminho da Redenção, Divaldo contou o fato aos

amigos que estavam assistindo à palestra e perguntou se dentre os presentes alguém conheceu ou

havido ouvido falar em Jésus Gonçalves. Levantou-se uma senhora muito bonita e bem vestida, o

que demonstrava uma condição social privilegiada, e disse que havia sido amiga deste jovem. A

Sra. Zaira Pitt em companhia de outros amigos estavam acostumados a fazerem visitas aos

leprosos, bem como ajudar a suas famílias com distribuição de víveres para alguns.

Após a reunião Divaldo conversou com os amigos e ficou sabendo que a doença não era tão

fácil de contaminar os outros. A Sra. Zaira lhe esclareceu que há muito fazia aquele tipo de trabalho

e nunca nada havia lhe acontecido. Divaldo se sentiu um pouco envergonhado com sua falta de

coragem, e depois juntou alguns colaboradores e começaram a visitar os enfermos na Colônia de

Águas Claras. Até hoje os internos são visitados pelos amigos do Caminho da Redenção.

Page 108: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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9. FASE DA PRODUÇÃO MEDIÚNICA

No ano de 1964 Joanna de Ângelis sugeriu que as mensagens que havia escrito através de

Divaldo fossem reunidas em um pequeno livro, ao qual deu o nome de “MESSE DE AMOR”, que

foi lançado em 05.05.1964, no Ministério da Fazenda, no Rio de Janeiro.

Em abril de 1970, Divaldo estava hospedado na casa de uns amigos que tinham o hábito de

fazer o Evangelho no Lar aos domingos. Neste dia exato, Divaldo estava impossibilitado de

participar, pois estava com uma febre muito alta, em conseqüência de gripe muito forte.

Permaneceu o tempo todo de repouso no quarto. No momento em que o Culto se iniciava,

apareceu-lhe um Espírito e se apresentou como Victor Hugo. Contou-lhe que já havia algum tempo

estava entrando em contato psíquico com Divaldo e o inspirava na narração de alguns fatos nas

conferências para gerar um clima de sintonia. Contou que tinha uma tarefa a lhe propor. Queria

escrever através dele 10 (dez) romances. Achando-se impossibilitado para fazer (Victor Hugo era

um escritor muito famoso em vida) Divaldo achou que estava delirando e recusou a tarefa; pensava

que era algum novo obsessor para lhe tirar a paz.

Nunca havia pensado que poderia ser médium para escrever romances, principalmente de um

escritor tão ilustre. Victor Hugo pediu que ele se levantasse e providenciasse material para o

trabalho. E Divaldo mais uma vez relutou. Então apareceu Joanna de Ângelis que lhe garantiu a

veracidade da personalidade ali presente. Divaldo então lhe diz que está muito doente, quase morto

e que não tem condições de trabalhar. Joanna então lhe esclarece que está morta, e nem por isso

deixou de trabalhar. Vendo-se sem argumentos Divaldo levantou e pediu aos donos da casa que lhe

arrumassem material, pois iria trabalhar. Victor Hugo esclareceu que o estado enfermo era

providencial e facilitaria uma maior maleabilidade no intercâmbio; mandou que ele sintonizasse

com determinado tipo de faixa para facilitar a incorporação. Enquanto os presentes liam o

“Evangelho Segundo o Espiritismo” de Allan Kardec, Divaldo psicografou o primeiro capítulo do

livro “PÁRIAS EM REDENÇÃO”, a parte que fala sobre o duque Giovanni di Bicci Di M.

Ao terminar a psicografia Divaldo estava completamente curado, bem disposto. Haviam

passado a febre e a indisposição.

Durante 10 anos Amélia Rodrigues o inspirou, ajudando em suas palestras com temas que lhe

inspirava. Foi o período de treinamento. Por essa época ela informou a Divaldo que já tinha

permissão de selecionar aqueles temas que haviam pregados juntos e escrevê-los em forma de

livros. Assim surgiu o livro “PRIMÍCIAS DO REINO”. Passaram-se alguns anos e em 1981,

quando Divaldo foi a Israel Amélia Rodrigues foi sua cicerone. Ela o levou aos lugares em que ele

já conhecia pelas descrições que ela plasmara durante as conferências que proferiam.

A convite de Joanna de Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda veio trazer sua contribuição

em torno da mediunidade, da obsessão e desobsessão.

Foi o próprio Manoel que contou para Divaldo que durante sua vida na terra havia trabalhado

na União Espírita Baiana, atual Federação, tendo exercido vários cargos, dedicando-se

especialmente à tarefa do estudo da mediunidade e da desobsessão. Fora uma pessoa que havia

trabalhado com escrituração mercantil, ligada à área de informações da natureza geral sobre o

comércio. Mas tendo convivido com Petitinga, Manoel havia aprimorado os conhecimentos

lingüísticos que levara da Terra com vistas a uma programação de atividades a Doutrina Espírita e

pela Mediunidade no futuro.

Miranda ficou quase 30 anos realizando pesquisas e estudos, elaborando trabalhos que mais

tarde iria enfeixar em livros. Ao travar contato com Divaldo pela primeira vez, lhe comunicou que

gostaria escrever. Levou-o a uma reunião no Mundo Espiritual onde vive, e lhe mostrou como eram

realizadas as experiências de prolongamento da vida física através de transfusão de energia

utilizando-se do perispírito. Após uma convivência, de mais ou menos um mês, aparecendo

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diariamente para facilitar o intercâmbio psíquico entre ambos, começou a escrever “NOS

BASTIDORES DA OBSESSÃO”, que são relatos em torno da vida espiritual, das técnicas

obsessivas e de desobsessão. Ditou ainda “GRILHÕES PARTIDOS”, “NAS FRONTEIRAS DA

LOUCURA”, “PAINÉIS DA OBSESSÃO” e “TRAMAS DO DESTINO”.

10. A SOCIEDADE E O MEIO CULTURAL

No ano de 1971, Divaldo foi convidado a fazer uma conferência em Angola, e após a palestra,

psicografou no dialeto local, uma página que foi assinada por Monsenhor Manoel Alves da Cunha.

Por esse feito foi acusado de pregador suspeito e foi proibido de retornar as terras portuguesas. Em

1973, a convite de Portugal, retornou para novas palestras.

Em maio de 1976, Divaldo estava dando uma entrevista na TV Gaúcha, e pela primeira vez,

psicografou uma mensagem de Joanna de Ângelis diante das câmeras de TV, ao vivo e em inglês.

Em 1977, quando esteve em Roma fazendo uma série de palestras e usando para isso um

tradutor, Joanna de Ângelis apareceu e pediu que ele liberasse o rapaz de fazer a tradução e falasse

normalmente, em português. Divaldo ficou muito assustado, mas fez o que foi mandado. O

auditório inteiro entendeu a palestra em italiano; houve uma impregnação psíquica feita pelos

Espíritos.

11. MANSÃO DO CAMINHO - A OBRA

Em 1960, com ajuda dos amigos e colaboradores, Divaldo conseguiu transferir a Mansão do

Caminho para a rua Barão de Cotegipe 124, em Pau da Lima. Com campanhas, rifas e vendas de

livros por ele psicografados, conseguiram terminar as obras da Mansão.

Atualmente a Mansão atende a mais de 2.000 pessoas diariamente, dando às crianças

instrução fundamental, educação e ensinamentos morais e espirituais. Atende a 180 velhinhas. A

Mansão tem um atendimento clínico, odontológico, enfermagem. Tem convênios com governos:

estaduais, municipais e federal. A Escola Allan Kardec atende a 400 crianças e a Escola Jesus

Cristo a 420 crianças diariamente. O Centro Espírito Caminho da Redenção oferece aos

necessitados remédios, alimentação e instrução espiritual. Há o Jardim de Infância Esperança com

260 crianças, Escola de Datilografia Joanna de Ângelis, Escola de Evangelização para crianças,

Juventude Espírita Nina Arueira, Caravana Auta de Souza que ampara a 110 famílias irrecuperáveis

socialmente, a Casa da Cordialidade que ampara 156 famílias recuperáveis socialmente, Livraria

Espírita Alvorada (LEAL), Panificadora Jubileu, Círculo de Leitura, Marcenaria Renascença,

Creche “A Manjedoura”, com 200 crianças; 360 famílias recebem ajuda e orientação em regime de

reintegração à sociedade. Conta ainda com 8 médicos e 10 dentistas.

Toda obra é mantida pelos esforços de muita gente, são vários colaboradores que fazem

campanhas, gente que ajuda de todos os cantos do Brasil, e alguns ajudam do exterior. São

vendidos livros em conferência, o governo colabora, enfim, o trabalho é de quem deseja ajudar.

12. NÍVEIS DE ATUAÇÃO

Divaldo tem muitos livros psicografados por vários Espíritos. Cada um trouxe sua

colaboração de uma maneira particular, continuando na outra vida, o que fizeram nesta.

Page 110: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 110 -

Joanna de Ângelis traz, como sua Mentora Espiritual, livros doutrinários, consoladores, onde

de uma maneira simples e direta tenta impulsionar os homens a caminharem mais rápido e de

maneira mais acertada na sua evolução espiritual.

Rabindranath Tagore, apresenta sua obra de maneira poética e lírica, apresentando poesias

orientais.

Vianna de Carvalho, passou muitos anos intuindo Divaldo em algumas sessões doutrinárias,

trouxe sua contribuição através dos estudos doutrinários sobre mediunidade.

Eros, é o pseudônimo de um Espírito, que em sua última encarnação foi mulher, e escreve

contos sobre sentimentos.

Amélia Rodrigues, passou muito tempo, principalmente no começo, a intuir Divaldo nas

conferências, e depois juntou esses temas em forma de livros doutrinários e consoladores.

Marco Prisco, o romano que psicografou pela primeira vez com Divaldo, traz em sua bagagem

ensinamentos preciosos para quem desejar entender melhor Kardec.

Manoel Philomeno de Miranda, que em vida carnal foi Presidente da Federação Espírita

Baiana, traz sua contribuição ao estudo da mediunidade, da obsessão e desobsessão.

Victor Hugo, que foi atraído para escrever romances, e assim dar continuidade ao seu talento

de escritor.

E tantos outros que colaboraram com mensagens estimulantes, como Otília Gonçalves, João

Cléofas, Francisco de Monte Alverne, Simbá, Ignotus. Todos os livros são de cunho doutrinário e

consoladores, podem vir como poesia ou romance, mas sempre demonstram um lado de

ensinamento para a Humanidade.

13. MENSAGENS DE DESENCARNADOS

Divaldo foi convidado para visitar um senhor que havia tido derrame cerebral e estava

hemiplégico. Assim que chegou a casa, a esposa o recebeu, chorosa; dizia que não sabia o que fazer

da sua vida, pois o marido era a única pessoa que trabalhava na casa, as reservas haviam acabado e

o que restava estava sendo consumido com a compra de remédios. Divaldo a acalmou, se

concentrou e começou a fazer uma prece. Em seguida leu o Evangelho e depois aplicou-lhe passes.

No momento em que aplicava os passes apareceu o Dr. Bezerra de Menezes e lhe disse que no caso

daquele irmão, o melhor remédio era uma doença prolongada, que Divaldo se limitasse apenas a

atender a família e os apoiar no que melhor pudesse, para que pudessem ter forças para atravessar

aquela crise, mas que Divaldo não rogasse o apoio da cura. Não entendendo o motivo daquela

resposta, voltou todos os dias para lhe aplicar passes. Com o passar do tempo, o homem foi fazendo

fisioterapia e tomando os passes, ele melhorou. Ficou encantado com a terapêutica dos efeitos

mediúnicos e passou então a freqüentar o Centro em todas as reuniões. Essa assiduidade foi

diminuindo cada vez mais, até que um dia não mais voltou ao Centro. Divaldo não estranhou, mas

tomou conhecimento de que esse amigo estava progredindo na vida financeira. Certo dia o

encontrou na rua e ele lhe contou que, por conta dos prejuízos que tivera durante o tempo em que

ficou doente, estava tendo que trabalhar dobrado para pagar todas as contas. Divaldo aceitou a

explicação e não mais tocou no assunto. Deu graças a Deus pelo irmão ter se acertado na vida.

Esse irmão ao acumular haveres, deixou-se fascinar também por outras ilusões. Arrumou uma

amante e um problema sério. Um dia Divaldo estava lendo o jornal e viu uma fotografia deste

irmão. Ficou feliz ao pensar que ele estava tendo uma projeção social, mas quando leu a nota da

reportagem, sentiu muita tristeza. Nesta nota dizia que ele havia matado a esposa em uma briga de

ciúmes, e que sua amante havia sido o motivo da desavença entre eles. Após uma discussão muito

acalorada ele havia dado dois tiros na esposa. Divaldo fechou o jornal e fez uma prece por esse

irmão. Apareceu novamente o Dr. Bezerra de Menezes e lhe disse que havia dito desde o começo

que para aquele irmão o melhor remédio era a doença. Com esta lição Divaldo aprendeu a respeitar

a sabedoria das Leis Divinas.

Page 111: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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No ano de 1954, estava Divaldo de férias do seu emprego no IPASE e viajou para São Paulo.

Hospedou-se na casa de um amigo José G. Pereira e este lhe ofereceu a oportunidade de visitar o

Paraná. Divaldo deveria ir para fazer uma palestra na Federação Espírita em Curitiba. Através da

entidade ficou estabelecido que todos os detalhes seriam resolvidos, vôo, hora de chegada, tudo.

Divaldo embarcou feliz. Lá teria que se encontrar com o Sr. João Ghignone. Seu amigo havia lhe

dado a descrição física do homem, mas durante o vôo um medo terrível o assaltou; imaginou o que

faria se o referido senhor não aparecesse. Apareceu então o Espírito Lins de Vasconcelos que na

Terra havia sido amigo do Sr. João e o tranqüilizou, dizendo que quando Divaldo se aproximasse

dele, ele (Lins) o diria para que se apresentasse à pessoa certa. A descrição do homem que lhe foi

fornecida era de um homem baixo, gordinho, e que usava bigode. Divaldo percebeu que quase

todos correspondiam a essa descrição. No saguão do aeroporto quase entrou em pânico novamente.

Lins de Vasconcelos se aproximou e apontou o homem certo para Divaldo. O Sr. João não

entendeu como Divaldo se aproximou dele e se apresentou com tanta segurança. Divaldo então

esclareceu que quem havia lhe dito fora Lins de Vasconcelos; então o Sr. João sentiu-se muito

emocionado por receber notícias de um amigo tão querido, de uma pessoa totalmente estranha.

Em 1971 Divaldo estava viajando pela África do Sul, e em Lourenço Marques, precisou de

um intérprete. Arrumaram um jovem de Cabo Verde, mas não conseguiam se entender direito, pois

a pronúncia de Divaldo era mais aberta. Este jovem falava inglês fluentemente. Como não

conseguiriam arrumar outro eles treinaram e conseguiram se entender após algumas horas de

exercícios juntos.

Durante a palestra, Divaldo percebeu que os assistentes não estavam dando demonstrações de

estarem entendendo muito bem o que era traduzido, Divaldo começou a se inquietar, os assistentes

estavam cada vez mais perdidos. Então apareceu o amigo Vianna de Carvalho e lhe disse para

liberar o tradutor, pois iria incorporar em Divaldo e fazer a palestra. Divaldo se inquietou, pois não

sabe falar inglês. A palestra se iniciou bem e foi um grande sucesso, satisfazendo a todos os

presentes. Quando terminou, todos foram cumprimentar Divaldo pelo sucesso, só que ele não

entendia o idioma e pediu ajuda ao tradutor, que após vê-lo falar muito bem o inglês, se virou e foi

embora achando que queriam lhe pregar uma peça.

Em 1979 Divaldo estava em Londres e participava o Congresso Espiritualista Internacional.

Encontrou-se casualmente com um médium brasileiro, Gasparetto; conversaram um pouco e

combinaram que durante o tempo em que Divaldo estivesse proferindo a conferência, Gasparetto

iria fazer uma pintura mediúnica. Durante a palestra apareceu um Espírito que se apresentou como

Ian, disse que era holandês e que havia desencarnado de maneira violenta, em um acidente

automobilístico. Seu pai era proprietário de uma oficina, e havia consertado o carro no qual ele se

acidentara, por isso se achava culpado do acidente. Isso provocou na família um doloroso impacto.

Neste Congresso estava presente um representante da Holanda; este senhor trazia uma fotografia de

Ian, e iria pedir, no final da reunião, que alguém através da clarividência desse alguma notícia do

rapaz. Ian contou que aquele dia, seria o dia do seu aniversário, se vivo fosse, e que gostaria de

mandar uma lembrança para sua família através do Sr. Zeeven; essa lembrança poderia ser a pintura

mediúnica. Gasparetto, naquele momento, em transe, estava fazendo um quadro por um dos

pintores modernos, de nome Monet.

Enquanto o jovem Ian contava seu drama, Gasparetto pintava. Pediu que, ao terminar a

reunião Divaldo contasse aos assistentes a sua história. Ao fazer isso Divaldo apontou o presente

que gostaria de enviar a família e que o senhor que estava na platéia e conhecia os detalhes desta

mesma história se identificasse. Quando o Sr. Zeeven levantou-se e se aproximou da tribuna quase

caiu, pois estava retratado ali o rosto do jovem Ian. Ele estava trazendo uma fotografia do jovem

para que alguém desse notícias, e os traços fisionômicos eram iguais. Divaldo então retirou o

quadro do cavalete e pediu que ele enviasse à família do jovem.

Page 112: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Quando esteve em Nova York, Divaldo foi incumbido pelo professor Pastorino de entregar

uma encomenda a um amigo seu, Sr. Jayme Beltran. O professor lhe deu o endereço do referido

amigo, Divaldo foi procurá-lo, mas lá chegando soube que o senhor em questão havia se mudado de

endereço, e nenhum vizinho sabia para onde havia se mudado. Divaldo resolveu então enviar a

encomenda de volta para o Brasil pelo correio. Porém quando chegou ao hotel foi surpreendido pela

presença de um Espírito de um jovem que se apresentou como Telêmaco; ele contou que havia

desencarnado no Rio de Janeiro, e se ofereceu para conduzir Divaldo até a casa do Sr. Jayme, se

este o desejasse, pois queria ajudá-lo. Divaldo ficou contente e aceitou o convite; assim que o

jovem se retirou fez uma prece e um outro amigo apareceu para lhe acalmar; disse também que as

intenções do rapaz eram verdadeiras.

No dia seguinte Telêmaco levou-o ao condado de Queens. Na rua, por indicação do Espírito,

entrou no metrô que o levaria ao bairro onde morava Jayme. Divaldo foi conduzido à residência

certa, e ao tocar a campainha uma senhora o atendeu. Divaldo se apresentou, perguntou pelo dono

da casa, e explicou o motivo pelo qual ali viera. A esposa do Senhor Jayme confirmou tudo, só

ficou um pouco surpresa por Divaldo ter acertado a casa com tanta facilidade, pois nem o professor

Pastorino tinha o novo endereço do casal. Divaldo então esclareceu que quem o havia levado até ali

fora Telêmaco. Ela ficou muito sensibilizada e telefonou ao marido, que estava trabalhando.

Divaldo então conversou com ele pelo telefone e para surpresa sua, o Sr. Jayme contou que seu

amigo Telêmaco e ele haviam feito um “pacto”, de quando um dos dois morresse assim que

estivesse em condições voltasse para contar ao outro de que a vida realmente continuava do outro

lado. O Sr. Jayme avisou que há muito esperava por esse recado.

14. PRODUÇÕES LITERÁRIAS

Divaldo tem muitos livros publicados. Diversos Espíritos usaram da sua condição de médium

bem adestrado e disposto ao trabalho para escrever.

Há livros para todos os gostos: Victor Hugo escreveu seus romances; Joanna de Ângelis,

livros consoladores e doutrinários; Tagore escreveu poesias; Vianna de Carvalho, estudos sobre

mediunidade; Eros escreveu contos belíssimos; Amélia Rodrigues poemas e poesias; Marco Prisco,

ensinamentos doutrinários elucidativos; Manoel P. Miranda, estudos sobre obsessão e desobsessão,

e tantos outros contribuíram para que a obra psicografada por Divaldo se tornasse tão extensa.

15. A HISTÓRIA DE JOANNA

A história de Joanna é muito antiga ... começa (segundo suas próprias narrativas) na época

em que ela seguia o Cristo.

Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, nas cidades onde se conjugavam interesses

vitais de comerciantes e de pescadores. Joana possuía verdadeira fé, contudo, não conseguiu apagar

de sua vida várias angústias. O esposo não tolerava a doutrina do Mestre, era alto funcionário de

Herodes, em perante contato com o Império. Repartia as suas preferências religiosas de acordo com

seus interesses pessoais. O Mestre aconselhou a Joana que a melhor maneira de Lhe demonstrar

amor seria amar a seu marido, que era quem mais precisava de ajuda e partiu. Os anos se passaram

e o esforço perseverante lhe multiplicou os bens da fé, na marcha laboriosa do conhecimento da

vida. Seu marido, porém, caiu em desgraça e começaram as perseguições políticas à família.

Inconformado pelo seu declínio, numa noite tempestuosa, o marido de Joana entregou sua

alma, voltando para a Pátria final. Joana tornou-se empregada, tinha que ganhar o sustento para si e

seu filho. Os anos se passaram e a perseguição aos cristãos aumentava. Joana foi presa juntamente

com seu filho e levada presa para a praça central, onde permaneceu amarrada, vendo seu filho ser

Page 113: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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queimado, enquanto os carrascos mandavam que ela negasse o Cristo. Seu filho pedia desesperado

que ela fizesse isso, mas Joana manteve-se fiel ao Mestre e também morreu queimada.

Juana de Asbaje, viveu no século dezessete. Aos quinze anos entrou para a Ordem de São

Jerônimo, no México, e adotou o nome de Juana Inés de La Cruz. Foi poetisa, uma das mais

formosas da literatura hispânica, a primeira feminista das Américas, foi o orgulho do povo

mexicano. Juana desde muito cedo, aos 3 anos, aprendeu a ler, e aos 6 anos dominava o idioma

pátrio perfeitamente, além de possuir habilidades para a costura e outros afazeres comuns às

mulheres de sua época.

Sua vontade de aprender era tamanha, que entrou para um Convento de Carmelitas Descalças,

aos 16 anos, só que não agüentou a rigidez ascética e retornou a casa. Seguindo a orientação de seu

confessor, foi para a Ordem de São Jerônimo da Conceição, que tinha menos obrigações religiosas.

Durante o tempo que lá esteve, escreveu muitos poemas, ensaios de peças e músicas. Com o passar

do tempo foi repreendida pelos superiores e abandonou a literatura, indo cuidar dos enfermos. Em

1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante dia e noite as suas irmãs

religiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos

poucos, uma a uma as suas assistidas. Ela abatida e doente tombou vencida aos 44 anos de idade.

Joana Angélica de Jesus foi uma mulher acostumada a pensar e a escrever. No Brasil, sua

última encarnação, fora viver em uma ordem de religiosas, na qual entrou como noviça e exerceu

todas as funções até se tornar Abadessa. Joana Angélica, aqui no Brasil, também entrou para a

História, pois viveu no Convento da Lapa, e no ano de 1822, durante as brigas pela Independência

do Brasil, o convento foi atacado por um pelotão desvairado. Joana quando percebeu o que poderia

acontecer com as jovens que estavam sob sua guarda, deu um jeito de as esconder e ficou sozinha

no convento a esperar pelo que pudesse acontecer. Durante as batalhas travadas do lado de fora, os

soldados ensandecidos invadiram o convento e Joana lhes disse que só passariam pela porta se a

matassem. Eles não pensaram duas vezes e a mataram com golpes de baioneta. A pobre freira caiu

no chão sem vida; os soldados entraram a procurar as freiras e muito frustrados perceberam que

haviam matado a Madre por nada, pois não haviam encontrado ninguém dentro do convento.

Retiraram-se envergonhados.

Joana Angélica despediu-se da vida carnal, mas entrou com um brilho a mais no Mundo

Espiritual, pois mais uma vez entregava sua vida, para que outras pudessem viver.

Essas histórias só foram contadas a Divaldo após 10 anos de trabalho intenso, por que antes

disso ela só se apresentava como “Um Espírito Amigo”.

16. A IDÉIA DIRETORA DO TRABALHO

Quando desencarnou, em 1822, o Consolador estava programado para o Brasil e ela foi

convidada a fazer parte da equipe do Espírito de Verdade. Foi levada para o contato com os

Espíritos da Codificação e para uma adaptação do pensamento cristão, que estava deturpado pelos

conceitos dogmáticos, ao cristão liberado que devia vir no Espiritismo. Passou por uma adaptação

mental para pensar em termos cósmicos e não em termos terrenos. Começou daí a participar das

tarefas, porém já pensando nessa obra que viria muitos anos depois: a Mansão do Caminho.

Joanna dá sua contribuição ao ajudar a escrever o “EVANGELHO SEGUNDO O

ESPIRITISMO” e assinou duas páginas: uma foi “A Paciência”, no cap. IX, item 7 e “Dar-se-á

àquele que tem”, no cap. XVIII , item 13 a 15.

Espírito líder, segundo observação de Ismael Gomes Braga, convidou Entidades elevadas para

participarem de sua equipe. Na literatura surgem Tagore, Victor Hugo, Manoel Philomeno de

Miranda, Amélia Rodrigues, Marco Prisco, Vianna de Carvalho, e outros. Na área da desobsessão

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convida Simbá; para atender à mediunidade vem João Cléofas; na orientação espiritual e no

receituário reúne médicos e enfermeiros como Dr. Bezerra de Menezes, Scheilla e outros abnegados

servidores. No campo da Assistência Social convida Anália Franco, Fabiano de Cristo e mais

inúmeros Espíritos experientes no serviço ao próximo.

Os temas das conferências, são em geral, inspirados a Divaldo no momento em que se

apresenta em público. Os espíritos sempre preferem uma abordagem de acordo com as

necessidades dos auditórios para os quais Divaldo se apresenta. São temas que falam sobre a

evolução do homem, os direitos humanos, as necessidades espirituais, e as respostas que o

Espiritismo tem para os problemas que afligem a todos na atualidade.

Divaldo é o que se pode chamar de “Embaixador do Espiritismo”, pois através de vários

convites, já viajou para muitos países estrangeiros, levando até a povos ignorados a Doutrina

Espírita.

Fontes de Pesquisa

A VENERANDA JOANNA DE ÂNGELIS, Celeste Santos e Divaldo Pereira Franco (editora:

LEAL)

DIVALDO E CHICO EM UBERABA, Carlos A Bacelli. (editora: LEAL)

ELUCIDAÇÕES ESPÍRITAS, Divaldo Pereira Franco (editora: SEJA)

MOLDANDO O 3o. MILÊNIO, Fernando Worm (editora: LEAL)

NAS PEGADAS DO NAZARENO, Miguel de Jesus Sardano (editora: LEAL)

O PEREGRINO DO SENHOR, Altiva Glória F. Noronha (editora LEAL)

O SEMEADOR DE ESTRELAS, Suely Caldas Schubert (editora: LEAL)

Page 115: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 115 -

MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS

ZILDA GAMA

ZILDA GAMA – O MÉDIUM DE VICTOR HUGO

Coube ao feliz Estado de Minas Gerais a sublime glória de ser o berço dos três maiores

médiuns brasileiros: Zilda Gama, de Juiz de Fora; Francisco Cândido Xavier, de Pedro Leopoldo; e

Yvonne do Amaral Pereira, de Lavras, pela ordem em que se projetaram no cenário espírita com as

suas lindas produções literárias.

Zilda Gama foi incontestavelmente a precursora das grandes novelas mediúnicas e a ela se

deve apreciável número de adeptos do Espiritismo. Foi a antecessora de Francisco Cândido Xavier,

Yvonne Pereira, Divaldo Pereira Franco e outros tantos médiuns que despontaram posteriormente.

Zilda Gama se projetou como um das mais notáveis médiuns brasileiras. Com uma dilatada

existência terrena de quase 91 anos, sempre direcionou a sua vida pelos ensinamentos evangélicos,

tornando-se mesmo um modelo para todos aqueles que encaram a mediunidade como um

sacerdócio dos mais edificantes e autênticos.

Zilda Gama foi a pioneira entre os médiuns espíritas do sexo feminino a receber no Brasil, tão

vasta literatura oriunda do Mundo Maior.

O seu nascimento ocorreu no dia 11 de março de 1878, em Três Ilhas, município de Juiz de

Fora – MG, vindo a desencarnar no dia 10 de janeiro de 1969, no Rio de Janeiro.

Segunda filha do casal Augusto Cristino Gama e D. Eliza Emilia Klörs da Gama, ele, escrivão

de paz e ela, professora estadual, Zilda Gama tinha 10 irmãos, a saber: Maria Antonieta, Manuel,

Adélia Maria, Agenor Waldemar, Hercília Olga, Augusta Eliza, Olinda, Aprígio, Maria Dolores e

Francisca Odete.

Uma curiosidade para o nosso ambiente espírita é que Zilda Gama foi registrada com nome

duplo como quase todas suas irmãs: seu nome originário era Zilda Yolanda.

Em 1901 desencarna sua irmã Maria Antonieta Gama, que era musicista e poetisa, conhecida

pelo pseudônimo de Marieta, nome bastante conhecido na imprensa de Minas Gerais.

Em 1902, seus pais foram residir em Pirapetinga (MG), e num espaço de 4 meses vieram a

falecer assumindo Zilda Gama a direção da família.

Em face da dificuldade de escola no interior de Minas Gerais, tendo somente estudado com

sua mãe, matricula-se na Escola Normal de São João Del Rei e 1 ano e 4 meses após, diploma-se e

começa a exercer o magistério público, no município de Além Paraíba no mesmo Estado natal,

tendo assumido, por vezes, a direção dos Grupos Escolares “Castelo Branco” e “Sales Marques”

após ter obtido duas promoções.

A esta mulher extraordinária estavam reservadas duas grandes provas, as quais venceu com

galhardia, mostrando o seu amadurecimento espiritual.

A primeira, foi quando, às vésperas do casamento, depois de prolongado noivado, o noivo

casou-se com outra jovem.

A segunda, em 1920, foi a desencarnação de sua irmã Adélia Maria, deixando-lhe a

responsabilidade de criar e educar cinco sobrinhos, para os quais foi mãe carinhosa enfrentando

lutas e problemas, com o seu modesto salário de professora. Não esmoreceu com a sobrecarga e

essas crianças se tornaram o alvo principal de muitas lutas e sofrimentos.

Mudando o seu domicílio para Belo Horizonte, ali continuou a exercer o magistério primário

no Grupo Escolar Afonso Pena, o que fez até 1938 quando se jubilou.

Page 116: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Em 1940 transfere-se para a cidade do Rio de Janeiro no antigo Distrito Federal.

Em 1955 muda-se para Mesquita, município de Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro.

Em 1957 passa a viver em companhia de seu sobrinho e filho de criação Mário Ângelo de

Pinho, no então Distrito Federal.

Devido aos enormes encargos que teve de assumir e a sua disposição de colocar-se a serviço

das Verdades Evangélicas, Zilda Gama não contraiu matrimônio.

Desde 1959 vive numa cadeira de rodas, ou presa ao leito, após ter sofrido derrame cerebral.

A desencarnação de Zilda Gama ocorreu no Rio de Janeiro no dia 10 de janeiro de 1969, aos

91 anos de idade, depois de longa e pertinaz enfermidade que a prostrou na cama por mais de 10

anos.

Zilda Gama era prima-irmã do grande escritor e tradutor Francisco Klörs Werneck.

2. OS SINAIS PRECURSORES (Sinais de Chamada)

Embora Zilda Gama estivesse vendo com a faculdade psíquica, dentro daquele desígnio

providencial, a mediunidade não se lhe apresentou nos primeiros momentos de vida terrestre, e sim

de modo ostensivo mais ou menos quando ela estava com 17 para 18 anos, em reflexos ineludíveis.

Quando Zilda Gama, com 17 anos de idade, começou a experimentar reflexos psíquicos, a

coletividade estava subordinada ao impacto de intolerância, e da insensatez daqueles que não podem

usufruir os climas espirituais e que também impediam que outros o fizessem.

Zilda Gama começou suas atividades mediúnicas quando completou 17 anos de idade, porém

sua formação católica e as críticas severas contra o Espiritismo fizeram-na se resguardar.

Aos 24 anos de idade, seus pais foram residir na cidade de Pirapetinga. Prova contundente de

que a mediunidade se desabrochou em alguém que não vinha de nomenclatura Espírita, envolvida

pelos problemas psíquicos, Zilda Gama se filiou à Irmandade do Sagrado Coração de Jesus porque

pensava em se libertar daqueles problemas, o que não ocorreu de forma alguma.

Foi assim que aflorou a mediunidade de Zilda Gama.

Quando ainda se considerava adepta do Catolicismo, embora já tivesse ouvido falar em

Espiritismo, teve a ocasião de ser apresentada, em uma obscura vila mineira ao Dr. Cunha Sales,

que era médico e músico.

Achava-se ela perto do piano que o Dr. Cunha Sales tocava com maestria, quando este lhe

perguntou se ela era Espírita, ao que ela respondeu negativamente.

Cunha Sales deu um riso algo irônico e encarando Zilda Gama demoradamente lhe disse: “A

Sra. não só é Espírita, como mais tarde será uma grande propagandista da Doutrina, pois

publicará livros que justificarão essa profecia” – profecia que Zilda Gama guardou de memória

embora considerasse um tanto impossível.

No entanto, só em 1912, forçada pelo longo sofrimento nos embates da vida, pode meditar e

coordenar suas forças interiores, ocorrendo nessa ocasião as grandes provas de sua mediunidade

quando, sem saber como, era impelida a transcrever para o papel a torrente de seus pensamentos, em

estado completamente anômalo.

Zilda Gama muito sofreu quando se lhe manifestou a mediunidade porque realmente havia um

desencontro entre a .............. e a vida contingente.

Combalida por íntimos dissabores, sentiu que alguma Entidade do Mundo Invisível desejava

com ela corresponder-se.

Zilda Gama pega do lápis e prontamente lhe vem pela psicografia, salutar conselho dado por

seu pai (desencarnado em 1903) e outro por sua adorada irmã Maria Antonieta da Gama (poetisa e

violinista desencarnada em 1901). Esses Espíritos a orientaram por alguns dias fazendo-a tomar

deliberações que lhe não haviam ocorrido à mente.

Page 117: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Pouco depois, passava ela a grafar mensagens de Mercedes, Entidade que lhe foi de

inexcedível dedicação, consócia de todos os seus instantes de dor e de raras alegrias, enfim, um dos

mais desvelados Guias espirituais que lhe revelava a importante missão que o Alto lhe reservava no

Espiritismo.

Com surpresa, ainda no ano de 1912, Zilda Gama psicografou a primeira mensagem de Allan

Kardec.

“Sobre a tua fronte está suspenso um raio luminoso que te guiará através de todas as

dificuldades, de todos os obstáculos, e será a tua glória ou a tua condenação, conforme o

desempenho de todas as dificuldades, de todos os obstáculos, e será a tua redenção ou a tua

condenação, conforme o desempenho que deres aos teus encargos psíquicos. Cinge-te de coragem,

fé, benevolência; cumpre sem desfalecimentos e sem deslizes, todos os teus deveres sociais e divinos

e conseguirás ser triunfante”.

Em 1916, alguns Espíritos transmitiram-lhe a informação de que passaria a psicografar uma

novela, fato que a surpreendeu.

O Espírito de Victor Hugo passou então a escrever por seu intermédio e dentro de pouco

tempo, a primeira obra “NA SOMBRA E NA LUZ” estava completa.

3. AS DIFICULDADES

Exercendo o magistério público e particular, das 7:00 às 20:00 horas, e ainda cuidando

primeiramente de suas irmãs e, mais tarde de cinco filhos órfãos de uma delas pouco ou nenhum

tempo lhe resta para arquitetar enredos e lançá-los no papel.

Com enorme sacrifício, sacrificando as poucas horas que tinha para descansar, Zilda Gama

atendia à enorme correspondência que lhe era dirigida diariamente, por tanta gente procurando

conforto para os males físicos, morais e espirituais sacrificando as poucas horas que tinha para

descansar de suas tarefas domésticas, escolares e mediúnicas.

Zilda Gama evitou buscar a mediunidade, por medo, pois que os adversários do Espiritismo

costumam desconfiar dos médiuns.

Zilda Gama também foi rudemente citada por um sacerdote.

4. AS FASES DA PRODUÇÃO MEDIÚNICA

Os livros mediúnicos de Zilda Gama fizeram época na literatura espírita, além de terem o

mérito de suavizar muitas dores e estancar muitas lágrimas.

Em “NA SOMBRA E NA LUZ”, Victor Hugo mostra facetas do destino, ensinando-nos que a

dor desperta os corações humanos, mostrando que ela possui uma faculdade profundamente

criadora, embora não possa ser entendida, de imediato, pelo Ser, em virtude de sua imaturidade.

Em “DO CALVÁRIO AO INFINITO”, o Espírito de Victor Hugo nos mostra que realmente

através da dor, a criatura pode ressarcir ou recompor o seu ontem de miserabilidades,

encaminhando-se, para novos rumos, perspectivas outras, mostrando que do calvário se abriam

possibilidades de luz para a Humanidade inteira, que Cristo brilha do Evangelho e resplandece na

exemplificação.

O autor de “OS MISERÁVEIS” obsequiou-nos, ainda, com “DOR SUPREMA”, através de

Zilda Gama, mostrando a concepção da dor, não através da filtragem materialista, mas por

intermédio de entendimento espiritual.

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Em “REDENÇÃO”, romance psicografado por Zilda Gama, Victor Hugo reforça no romance

psíquico a redenção de que nos fala a Doutrina Espírita.

Além dos romances maravilhosos que nos foram ofertados pela mediunidade de Zilda Gama,

é interessante referendarmos, aqui, um livro pouco conhecido nos anuais espíritas, porque surgiu em

1929, e que se intitula “DIÁRIO DOS INVISÍVEIS” (editora: Pensamento), onde pontificam

maravilhosos Seres do Mundo Invisível, trazendo, também, seus judiciosos ensinamentos, o estilo, a

técnica de que eram capazes para demover o pensamento materialista, para fecundar a vida

espiritualista, para alertar o homem que ele é o artífice de sua própria imortalidade.

É nesse livro “DIÁRIO DOS INVISÍVEIS”, que se encontra uma mensagem que vibra em

todo o seu esplendor, em toda a sua autenticidade, porque Zilda Gama quando recebeu esta obra,

estava em fase áurea de mediunidade.

Outras publicações foram produzidas por Zilda Gama, além das já mencionadas: “DOR

SUPREMA”, “ALMAS CRUCIFICADAS”, “NO SOLAR DE APOLO”, “NA SEARA

BENDITA”, “NA CRUZADA BENDITA” e “ELEGIAS DOURADAS”, esta última do Espírito de

sua irmã Maria Antonieta Gama.

É Francisco Klörs Werneck, primo-irmão de Zilda Gama, quem nos fala da demora da

publicação de “NA SEARA BENDITA ”:

“Zilda Gama, alma carinhosa por excelência, ofereceu a um confrade em São Paulo, que

queria editar um romance mediúnico seu, os originais de Na Seara Bendita. Quando o livro já se

achava em composição, o referido confrade desencarnou e os originais e provas permaneceram na

tipografia, até que, por certas circunstâncias foram achados e entregues a meu irmão residente na

capital paulista”.

Quando Zilda Gama recebeu de volta os originais de “NA SEARA BENDITA”, estava com

73 anos de idade e era um médium já cansado e que já sintonizava com dificuldade.

Didata por excelência, Zilda Gama organizou ainda os seguintes livros:

“O LIVRO DAS CRIANÇAS” (leitura escolar); “OS GAROTINHOS” (literatura

intermediária); “O MANUAL DAS PROFESSORAS (estudos pedagógicos); “O PENSAMENTO”

(monografia psicológica); “VIBRAÇÕES” (poesia); “ÚLTIMOS HARPEJOS” (poesia e prosa).

5. A INSERÇÃO NA SOCIEDADE – NO MEIO CULTURAL

Em 1927, Zilda Gama tomou parte no Congresso de Instrução, realizado em Belo Horizonte.

Em 1929 obteve o primeiro lugar em concurso promovido pela Secretaria de Educação do Estudo de

Minas Gerais, apresentando um trabalho sobre “Aulas-Modelos”, sendo inscrita na Escola de

Aperfeiçoamento de Belo Horizonte, concluindo o curso, em 1931.

Ainda em 1931, no Congresso Feminino presidido pela Dra. Elvira Kamel, apresentou uma

tese sobre o direito do voto feminino, que pouco tempo depois, teve a aprovação oficial.

Continuou a exercer o magistério primário, agora no Grupo Escolar Afonso Pena, daquela

cidade, até 1938, ano em que se jubilou.

Zilda Gama era culta, e jovem ainda, colaborou, com poesias e contos, em vários jornais de

Juiz de Fora, Ouro Preto, São Paulo, Rio de Janeiro, dentre eles o “Jornal do Brasil”, a “Gazeta de

Notícias” e a “Revista da Semana”, periódicos da então Capital Federal.

Page 119: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 119 -

6. A INFLUÊNCIA

Os livros mediúnicos de Zilda Gama fizeram grande época na literatura espírita e ainda hoje

são grandemente procurados e acatados pelos leitores sedentos de aprendizado moral-espírita,

consolando corações, abrindo roteiro de esperanças para os sofredores de boa-vontade.

Foi ela no Brasil, a primeira médium feminina a obter do Espaço uma vasta literatura espírita,

tendo causado sensação as suas obras mediúnicas quando apareceram, quer nos meios espíritas, quer

entre os leitores leigos, apreciadores da boa leitura, e numerosos foram os seus discípulos do

Espiritismo, aqueles cujos corações e mentes ela soube instruir e orientar para uma vida nova, vida

de ressurgimentos e disciplinas renovadoras, tão necessárias ao verdadeiro adepto da Doutrina

Espírita.

É D. Yvonne Pereira quem nos lembra (em “Zilda Gama – Homenagem”, palestra proferida

em 11.06.69, na União Espírita Suburbana – Méier (RJ), edição CELD, março de 1975), de que ela,

Yvonne Pereira, “martirizada em sua juventude pela conseqüência dos desacertos de uma passada

existência os livros de Zilda Gama foram benefícios de refrigério para os conflitos íntimos que lhe

acicatava”. Foram os livros de Zilda Gama, portanto, o precioso estímulo que a levou a aceitar o

convite do Mundo Espiritual para testemunhar ao mundo o pensamento e a vontade dos Espíritos

nossos instrutores.

“Zilda Gama, pelo que realizou no Movimento Espírita do Brasil, é recebida por nós e pelo

Mundo Espiritual como aquela irmã bem amada, digna de seu Salário Espírita”. (Newton

Boechat).

A médium de Victor Hugo, em 1920 teve o seu nome buscado para uma escola que fora criada

pela poetisa Rosália Sandoval, na cidade de Maceió, capital de Alagoas, e que é uma organização

que pertence ao “Centro Espírita Melo Maia”. Zilda Gama em sua vida material, nunca pode dispor

da possibilidade de ir a Maceió, para conhecer a escola, cujo teto abriga tantos infortunados da

sorte.

Zilda tirava de seu fraco ordenado de professora primária,dinheiro que lhe faltava para

completar as despesas da casa e gastava em papel, envelope e selos para atender a pedidos de toda

sorte. Muitas vezes contemplava, aflita, a correspondência de resposta que se avolumava, sem

poder postá-la, até que um ser caridoso que lhe fazia um pedido lhe enviava vários selos.

7. A IDÉIA DIRETORA DO TRABALHO

“Zilda Gama, médium poeta, versejador e psicógrafo, assistida pelo Espírito de Victor Hugo,

apresentou obras que hoje deleitam o leitor e, versos que não chegaram a se impor ao

conhecimento do público, dado que a médium, dedicando-se mais à psicografia dos livros e lutando

contra duas provações, não se pode dedicar, como seria necessário, ao difícil labor da psicografia

em versos”. (Yvonne Pereira, “CÂNTICOS DO CORAÇÃO” vol. I, editora: CELD)

Zilda Gama:

Médium de Victor Hugo

Pioneira entre os médiuns espíritas do sexo feminino a receber tão vasta literatura do Mundo

Maior.

Precursora das grandes novelas mediúnicas.

Page 120: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 120 -

Roteiro – Trilha Humana de ZILDA GAMA

1878 - Nascimento de Zilda Gama.

1895 - Início da manifestação mediúnica.

1901 - Desencarne de sua irmã primogênita MARIA ANTONIETA GAMA

1902 - Seus pais se mudam para Pirapetinga.

- Filia-se à Irmandade do Sagrado Coração de Jesus para se libertar de problemas

psíquicos.

1902/3 - Perde seus pais e assume a direção da família.

- Diploma-se e começa a exercer o magistério público no município de Além Paraíba

(MG).

1903/12 - Cunha Sales, médico, profetiza que Zilda Gama, será grande propagandista da

Doutrina Espírita, embora não ostensivamente.

- Pela psicografia recebe conselho de seu pai e sua irmã, Maria Antonieta,

desencarnados.

- Recebe algumas comunicações mediúnicas de um Espírito que se assina

Mercedes.

- Psicografa em Além Paraíba a 1a. mensagem assinada por Allan Kardec.

1916 - As entidades do além informam ao médium que ela viria psicografar uma novela, fato

que a deixa perplexa.

1917 - Zilda Gama psicografa “NA SOMBRA E NA LUZ” romance que é assinado por

Victor Hugo.

1918 - Zilda medita e coordena suas forças interiores ocorrendo nessa ocasião as grandes

forças de sua mediunidade.

1920 - Sua irmã Adelaide desencarna e lhe deixa cinco órfãos que ela assume.

1927 - Toma parte no Concurso de Instrução como membro permanente.

1929 - Obtém o 1o. lugar na classificação do Concurso “Aulas-Modelos”.

Publicação do livro “DIÁRIO DOS INVISÍVEIS”.

1931 - Apresenta tese para o voto feminino.

1940 - Zilda Gama transfere-se para a cidade do Rio de Janeiro, antigo DF.

1955 - Muda-se para Mesquita, município de Nova Iguaçu - RJ.

1957 - Retorna à Capital Federal.

1959 - Vive numa cadeira de rodas vítima de um derrame cerebral.

1969 - Desencarne de Zilda Gama.

Page 121: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Fontes de Pesquisa:

Jornal Espírita, edição de julho de 1992.

Livreto, 1a. edição em março de 1975 do CELD: Palestra proferida em homenagem a Zilda

Gama, em 14.06.69, na União Espírita Suburbana – Méier (RJ), por Yvonne Pereira/Newton

Boechat.

REFORMADOR, edição de abril de 1969, (ano 87, no. 4).

REVISTA INTERNACIONAL DO ESPIRITISMO (ano 84, no. 4), de maio de 1979

Edição que se refere ao centenário de nascimento de Zilda Gama – Paulo Alves Godoy

NOVA ALVORADA, edição no. 35 (jan/fev) - ano IV

NA SEARA BENDITA, edição de 1966 (editora: EDICEL)

Prefácio: Francisco Klörs Werneck.

CÂNTICOS DO CORAÇÃO (vol. I), cap. IV.

Yvonne Pereira (editora: CELD) - de 1994

Page 122: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS

YVONNE DO AMARAL PEREIRA

BIBLIOGRAFIA

Nascida no Rio de Janeiro, aí passa sua infância até que se muda para Minas Gerais, onde

passa sua vida até a época em que passa a habitação no Méier (RJ).

Por revelação dos Espíritos, principalmente Charles e Roberto, Espíritos esses ligados a ela

por laços fraternos de amor e carinho, fica sabendo de seu ato (que irá lhe custar muitas dores) – o

suicídio cometido em sua vida passada.

Assim diz ela em seu livro de recordações de suas vidas como médium e de espírita,

“RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE”, à pg. 44 do 3º. capítulo (Reminiscências de vidas

passadas).

“Minha primeira infância destacou-se pelo traço de infortúnio, que foi certamente a

conseqüência da má atuação de meu livre arbítrio em existências passadas. E uma das razões de

tal infortúnio foi a lembrança muito significativa, que em mim permaneceu da última existência que

tivera (...)”

Suas dores e sofrimentos se iniciam em estado cataléptico (estado esse que irá se repetir várias

vezes durante sua vida e servirá como mecanismo facilitador para o desempenho da Mediunidade

Psicográfica), causando em seus familiares a tristeza e o pesar (por acharem que estivesse morta), e

esse sofrimento se estende durante sua vida. Desde muito cedo tem a percepção dos espíritos

desencarnados; em sonhos experimenta a angústia de lembranças de seus pesares de quando estava

ainda no Plano Espiritual em regiões de suicidas.

Portadora de aquilo que ela chama de uma “mediunidade positiva”, ou seja, “Os médiuns

positivos são aqueles que possuem grau das forças intermediárias (eletro-magnetismo, vitalidade,

intensidade vibratória de sensibilidade superior, vigor mental em diapasão harmônico com as

forças físico-cerebrais)”, irá fazer de seu mediunato a ferramenta pela qual serve a Deus, na

execução de seus desígnios junto aos menos afortunados, e pela qual expia suas faltas pretéritas.

Sendo espírita de berço, pois seu pai era espírita mesmo antes dela nascer, e portadora de

várias mediunidades, desenvolve um “currículo” cheio de testemunhos e por que não dizer, de

vitórias.

A seguir reproduzo duas colocações feitas por ela, que demonstram o profundo amor que

desenvolve pela Doutrina Espírita e pela sua mediunidade.

“As únicas horas de alegria e felicidade que desfrutei neste mundo devo à prática da

Doutrina dos Espíritos exposta por Allan Kardec, e ao convívio espiritual com entidades habitantes

do Além. O mundo nada me concedeu a não ser o ensejo para resgatar antigas faltas. Por isso

mesmo amo essa Doutrina, sirvo-a com amor, consoante as minha forças, e certa estou da verdade

que ela encerra, pois o Além tem me concedido tesouros morais-espirituais inalienáveis”. (Rio,

21.03.1975)

“Obrigada, meu Deus, pela benção da mediunidade que me concedeste como ensejo para a

reabilitação do meu espírito culpado. A chama imaculada que do Alto me mandaste como

Page 123: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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revelação dos pontos de tua Doutrina, a mim confiados para desenvolver e aplicar, eu a devolvo,

no fim da tarefa cumprida, pura e imaculada conforme a recebi: amei-a e respeitei-a sempre; não

adulterei com idéias pessoais porque me renovei com ela afim de servi-la; não a conspurquei, dela

me servindo para incentivo às próprias paixões, nem negligenciei no cultivo para benefício do

próximo, porque todos os meus recursos pessoais utilizei na sua aplicação. Perdoa, no entanto,

Senhor, se melhor não pude cumprir o dever sagrado de servi-la, transmitindo aos homens e aos

espíritos menos esclarecidos do que eu o bem que ela própria me concedeu...” (“RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE”, editora: FEB)

Yvonne do Amaral Pereira nasceu a 24 de dezembro de 1900, num sítio nos arredores da Vila

de Santa Tereza, hoje cidade de Rio das Flores, no Município de Valença (município fluminense)

RJ; filha de Manoel José Pereira e Elizabeth do Amaral Pereira, tendo cinco irmãos mais moços e

um mais velho, do primeiro matrimônio de sua mãe.

Viveu até os 10 anos com a avó paterna, já apresentando fenômenos mediúnicos em sua vida

de menina. Mais tarde, a partir dos 10 anos habitou com os pais, voltou a residir no Estado do Rio

de Janeiro (no Méier). Sobretudo na residência de uma irmã casada (Amália Pereira Lourenço), de

vez que ela mesma permaneceu solteira.

Embora desejasse, não conseguiu fazer o curso normal, por dificuldades econômicas.

Desencarnou em 09 de março de 1984, vítima de trombose, numa cirurgia de emergência no

Hospital da Lagoa, às 11:40h.

2. CONVICÇÃO ESPIRITUAL

O contexto com a vida espiritual se deu desde muito cedo e daí adveio a convicção, que se

consolidou com o profundo e cerrado estudo dos conceitos da Doutrina Espírita, parecendo que ela

nunca chegou a duvidar dessa vida espiritual (nesta encarnação).

3. COMO SE DESENVOLVEU O TRABALHO

Yvonne desde muito nova travou contato com a mediunidade, porém, a psicografia

desenvolveu inicialmente com o auxílio do Espírito Roberto (que a acompanhava desde criança e

que esteve ligado a ela em encarnação anterior); esse Espírito serviu para ela (como diz Kardec) de

mestre da escrita , como aquele espírito que vem “abrir” a mediunidade psicográfica junto ao

médium, para “adestrá-lo” no exercício da Psicografia. Diz ela em “RECORDAÇÕES DA

MEDIUNIDADE” (cap. 3 – Reminiscências de vidas passadas):

“Aos doze anos de idade já produzia literatura profana sob seu controle mediúnico (essa

Entidade nunca produziu literatura doutrinária, embora me concedesse copiosa literatura

profana), sem contudo eu mesma estar certa do fenômeno. Sob seu influxo eu escrevia febrilmente,

sem nada pensar, completamente desperta, sem orar previamente, apenas sentindo o braço

impulsionado por força incontrolável. Tratava-se de estilo literário vivo, apaixonado, veemente,

muito positivo, impossível de pertencer à menina de dez anos de idade. Ao que parece a dita

entidade foi literato e poeta, e posteriormente essas produções mediúnicas foram publicadas em

revistas e jornais do interior, sem, todavia, ser esclarecida a sua verdadeira origem. Explicava ele,

então, que me preparava para futuros desempenhos literários-espíritas.”

Além da Mediunidade Psicográfica possuía as seguintes faculdades mediúnicas: Vidência,

Incorporação, Desdobramento, Transfiguração, Materialização e Cura.

Page 124: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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4. PRODUÇÃO

Apresentavam-se junto a sua mediunidade vários Espíritos, entre eles: Victor Hugo, Leon

Tolstoi, Francisco Chopin, Léon Denis, Ignácio Bittencourt, Camilo Castelo Branco, D. Pedro de

Alcântara, Padre Vítor, Dr. Augusto Silva, César Gonçalves e outros, inclusive suicidas.

No campo da mediunidade psicográfica veio com a tarefa de trazer a público o drama e o

sofrimento dos suicidas, assim como o Vale dos Suicidas e o socorro dado a eles, em “MEMÓRIAS

DE UM SUICIDA” (editora FEB). Por “acréscimo de misericórdia” foi-lhe concedido, fazendo

dessa mesma mediunidade, trazer à luz outras obras, romances ditados pelos Espíritos Charles,

Bezerra de Menezes e Leon Tolstoi.

O diretor de sua mediunidade era o Espírito Charles, que a acompanhava desde antes de sua

encarnação. E a idéia central de seu trabalho era: o esclarecimento acerca do suicídio e suas

conseqüências, a divulgação, o esclarecimento e estudos acerca da Doutrina Espírita assim como

dos mecanismos de reajustes perante as Leis de Deus.

5. MECANISMO DA MEDIUNIDADE

A mediunidade psicográfica de D. Yvonne era mecânica em alguns casos e intuitiva em

outros, tendo ainda uma característica interessantíssima de que os Espíritos a tiravam do corpo

através do sono provocado, e em desdobramento, lhe mostravam os quadros dos acontecimentos

que mais tarde iria ela transcrever, ainda sobre o influxo dos Espíritos. Sendo assim, ela lembrava

do que tinha visto e servir de intérprete do Espírito.

Quanto ao desenvolvimento da faculdade era ela: médium explícito, médium positivo,

médium historiador, médium receitista.

Segundo a qualidade moral: bom médium, médium sério, médium seguro, médium devotado.

6. O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E EXERCÍCIO DA FACULDADE

Inicia seus trabalhos mediúnicos isoladamente, porém, devido ao fato de seu pai ser espírita e

sendo ela espírita, passa a freqüentar os Centros Espíritas, para estudos e desenvolvimento de sua

mediunidade. Inicialmente em Lavras e depois no Rio de Janeiro.

7. O EXERCÍCIO DA MEDIUNIDADE (FASE PRODUTIVA)

Exerceu sua mediunidade até, mais ou menos, o ano de 1982. Após o recebimento (através da

psicografia) e publicação de seus livros, passou a escrever em jornais espíritas e para o

“REFORMADOR”.

8. A INFLUÊNCIA MORALIZADORA

Suas obras tiveram e têm grande importância sobre o meio espírita e não espírita. A obra

“MEMÓRIAS DE UM SUICIDA”, trouxe para nós encarnados novos e esclarecidos conhecimentos

acerca do martírio por eles (suicidas) experimentados e o auxílio que recebem do Plano Espiritual.

Mesmo as pessoas que não são espíritas sentem e sofrem os sofrimentos dos suicidas,

adquirindo a percepção e a compreensão da inutilidade e gravidade desse ato.

Page 125: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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9. NÍVEIS DE ATUAÇÃO

9.1 Instruções/Livros

Seus livros tiveram um cunho doutrinário e consolador. Doutrinários devido ao fato de

divulgar com grande apuro e primor a Doutrina Espírita, assim como a sua aplicabilidade junto aos

espíritos encarnados (principalmente) plena noção da Misericórdia e Justiça de Deus. Mostrando

por um lado que se somos herdeiros de nossos atos bons ou maus, por outro um dia seremos

vitoriosos sobre as nossas más tendências.

9.2. Produções literárias

Sua produção literária constitui-se dos romances:

AMOR E ÓDIO – Charles

O CAVALEIRO DE NUMIERS – Charles

O DRAMA DA BRETANHA – Charles

NAS VORAGENS DO PECADO – Charles

DEVASSANDO O INVISÍVEL

MEMÓRIAS DE UM SUICIDA – Camilo Castelo Branco

NAS TELAS DO INFINITO – Bezerra de Menezes

RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE

DRAMAS DA OBSESSÃO – Leon Tolstoi

RESSURREIÇÃO E VIDA – Leon Tolstoi

SUBLIMAÇÃO – Leon Tolstoi e Charles

A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA – Bezerra de Menezes

Sua produção de “literatura profana” (como ela designa) do início de seu exercício

psicográfico produzida pelo Espírito Roberto, foi publicada obras especializadas, porém não citadas.

Page 126: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 126 -

MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS

MÉDIUNS DO ESPÍRITO LUIZ SÉRGIO

Luiz Sérgio de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, capital, em 17 de novembro de 1949, filho

de Júlio de Carvalho e de Zilda Neves de Carvalho. Passou três anos de sua meninice em São

Paulo, retornando ao Rio de Janeiro em 1957. Aos onze anos de idade, transferiu-se com seus

familiares para Brasília, onde fixaram residência.

Na madrugada de 12 de fevereiro de 1973, nas proximidades de Cravinhos, Estado de São

Paulo, desencarna em virtude de acidente automobilístico.

Luiz Sérgio desencarnou jovem com pouco mais de 23 anos, devido a um acidente com o

veículo em que viajava junto com o irmão e mais dois amigos quando retornavam à Brasília, onde

moravam, depois de um passeio em São Paulo. Importante observar que ele induziu seus

companheiros de viagem a utilizarem, como ele, o cinto de segurança. Apesar deste cuidado seu

passamento foi inevitável, tendo seu irmão ficado paraplégico e seus companheiros nada sofreram.

O motivo deste desencarne violento ele relata no seu segundo volume (NOVAS MENSAGENS)

com o título de “A Revelação”, em que narra o episódio com clareza e emoção.

Seus pais apesar de religiosos e utilizando as orações para diminuir suas dores e sofrimentos,

achavam que o tinham perdido para sempre e que nunca o teriam de volta. Novo pensamento

tiveram quando receberam a primeira mensagem de Luiz Sérgio que foi psicografada por sua prima

paulista Alayde de Assunção e Silva, passados apenas quatro meses de sua morte física.

Luiz Sérgio conhecera a médium Alayde oito meses antes da primeira mensagem, juntamente

com outros parentes de São Paulo que foram visitá-los em Brasília. Tivesse esta visita demorado

um pouco mais e ele não teria conhecido a pessoa que lhe serviria de intermediário com os

chamados “vivos”. Conheceu também nesta oportunidade outra prima de nome Valquíria com

quem vinha mantendo correspondência até o seu desencarne.

Luiz Sérgio já havia procurado seus pais tentando informar-lhes que ainda vivia, que a morte

tal qual conhecemos não existe, mas não conseguiu. Entendeu então que o meio de comunicação

entre “vivos e mortos” não era o mesmo do que entre vivos. Tentou do mesmo modo se comunicar

com Valquíria: também não teve êxito. Lembrou então da prima Alayde que sabia espírita, quem

sabe ela poderia ajudar?

Com efeito, a comunicação era possível, e, na primeira oportunidade deixa uma mensagem

para Valquíria, incentivando-a a seguir em frente com sua vida mesmo sem ele.

Alayde, hoje está com 64 anos de idade, é professora aposentada, natural de São Bernardo do

Campo - SP. Quando, com 30 anos, apresentava-se constantemente enferma, sem motivos

aparentes: eram os sinais da mediunidade a lhe convocar para as tarefas mediúnicas. Com formação

católica, porém, enfrentou grandes dificuldades, pois era censurada e advertida constantemente por

sua mãe D. Ernestina. Vencendo esta barreira começou o trabalho mediúnico, em centro espírita de

sua cidade, atuando em frentes assistenciais. Colaborava no hospital psiquiátrico Bezerra de

Menezes. Encontra-se doente, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) e está impossibilitada de

falar. Curioso notar que sua mãe D. Ernestina, que tanto lhe dificultou os trabalhos mediúnicos,

provavelmente por desconhecimento da Doutrina, é o Espírito que recebe, no Plano Espiritual, a

Luiz Sérgio, após o desencarne.

De mensagem em mensagem, foram publicados seus dois primeiros livros: “O MUNDO QUE

EU ENCONTREI”, e “NOVAS MENSAGENS”. Estes volumes relatam as novas experiências de

Luiz Sérgio na Pátria Espiritual, suas dúvidas, receios e aprendizado; sua leitura nos mostra

claramente o seu progresso espiritual, queimando etapas, vencendo dificuldades, dizendo que seus

Page 127: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 127 -

pais se sentiriam felizes ao saberem que ele era considerado um “Aluno” de bom aproveitamento.

Relata também que se decidiu a transmitir aos “vivos” tudo que aprendia, para facilitar a vida destas

pessoas, tendo sido apoiado e estimulado pelo seu Mentor e por Amigos Espirituais.

O segundo volume de sua obra foi prefaciado por Deolindo Amorim, então presidente do

Instituto de Cultura Espírita do Brasil, que comentou:

“Não conheci Luiz Sérgio pessoalmente, mas identifiquei através de suas primeiras

mensagens, o equilíbrio e a generosidade do jovem que, pouco depois de desencarnado, vinha

trazer a certeza de sua presença em linguagem simples, franca e segura”, e continua: “Aí estão as

lições, nas quais se refletem os traços da sua personalidade, sua linguagem familiar, seu modo de

encarar determinados problemas, que, ainda estudante na Terra, já lhe despertavam curiosidade

científica. É um Espírito que continua estudando, aprendendo e trabalhando. Não há nenhuma

fantasia, mas a realidade do Mundo Espiritual”.

Com o estudo, aprendizado e trabalho, vem o progresso, e com o progresso, novas

oportunidades. Foi o que aconteceu com Luiz Sérgio, que passou a ser também responsável pelo

Culto do Evangelho do Lar na casa de Olinda Sobreira Evangelista. Nestes cultos ele ditava

mensagens através da médium Lúcia Maria Secron Pinto, que juntas com outras mensagens através

da prima Alayde formam o terceiro volume de sua obra (“INTERCÂMBIO”). Neste livro o teor das

mensagens modifica-se, nos trazendo esclarecimentos e conforto relacionados às vicissitudes que a

vida material apresenta às pessoas que estão aqui na Terra.

Prefaciando este 3o. volume, Luciano dos Anjos, entre outras considerações esclarece a

tendência de Luiz Sérgio em combater o problema da toxicomania e conclui: “Confiemos em que

ele alcance o seu objetivo ainda que seja para recuperar ou prevenir uma única alma jovem”.

D. Olinda tomou conhecimento das mensagens de Luiz Sérgio através do suplemento “O

Mundo Azul”, do Jornal dos Sports, que circulava nas edições de domingo, quando soube que a mãe

de Luiz Sérgio precisava de colaboradores para distribuição do primeiro volume de sua obra.

Colocou-se à disposição de D. Zilda para esta tarefa. Ao mesmo tempo conheceu Lúcia Maria

Secron Pinto, irmã de sua inquilina, que na época já era espírita e fazia o Culto do Evangelho no

Lar. Participou de várias reuniões na casa de Lúcia e mais tarde foi aconselhada a realizá-los em

sua própria casa. Dada a sua ligação com a obra de Luiz Sérgio, desejava tê-lo como mentor de sua

reunião. Foi-lhe sugerido pela própria Lúcia a entrar em contato com a mãe de Luiz Sérgio, para

que esta através da médium Alayde, pudesse obter a opinião do próprio Espírito sobre o caso. Luiz

Sérgio consentiu e recomendou que na primeira reunião estivesse presente um médium psicógrafo.

Lúcia foi convidada por D. Olinda, mas como se sentiu envolvida por toda a situação, achou melhor

que o presidente do Centro Espírita Amaral Ornelas que freqüentava, indicasse outros médiuns para

a tarefa; entretanto, no dia aprazado, o médium indicado por motivo de força maior não

compareceu. Lúcia é então convocada e mesmo estando doente (recuperava-se de uma hepatite),

psicografa a primeira mensagem de Luiz Sérgio. Logo após o término da reunião, Lúcia liga para os

pais de Luiz Sérgio, lê a mensagem, e tem a confirmação de que o conteúdo, sem dúvida, pertencia

a Luiz Sérgio.

Lúcia Maria Secron Pinto, professora, nascida no Rio de Janeiro, em 27.05.1943, nasceu em

família de várias idéias religiosas. Ela e a irmã, desde meninas, optaram pelo catolicismo e

participaram de muitas atividades desta corrente religiosa, como cantar no coro da igreja, etc.

Já adolescente e cursando o normal dava aulas particulares a crianças da vizinhança e como

uma das jovens estava com dificuldades, ela dava aulas até aos domingos. Certo domingo conheceu

Page 128: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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o pai da jovem que era espírita. Este lhe presenteou com o “Evangelho Segundo o Espiritismo” de

Allan Kardec e disse-lhe: “Um dia você vai ser espírita”.

Por sua formação católica, em que os padres sempre condenavam as práticas espíritas, ficou

apavorada, mantendo este precioso livro escondido por 5 (cinco) anos.

Mais tarde, já formada, reencontra colegas de escola que eram espíritas, recebe novos

convites, mas ainda resiste. Com o passar de algum tempo, já começando a sentir alguns efeitos de

sua mediunidade (mal estar, tontura, arrepios e principalmente sonhos) resolve então freqüentar uma

reunião espírita de um pequeno grupo do qual participavam suas colegas. Mais tarde, começa

participar das reuniões da mocidade do Centro Espírita Elias. Na primeira reunião já é convidada a

comentar trechos do livro “A Gênese”. Passadas algumas reuniões o presidente desta Casa lhe

oferece um lápis e ela começa a psicografar, a princípio palavras soltas, depois algumas frases e em

poucas semanas já completava páginas. Começou a trabalhar então nas reuniões mediúnicas do C.

Espírita Elias.

Era o ano de 1967, contava 23 anos. Após seu casamento e com a vinda das filhas teve que se

afastar das tarefas mediúnicas, pois os deveres profissionais, de família e a distância da casa espírita

não se harmonizavam, ficando então impedida de continuar sua tarefa.

Tão logo sentiu necessidade de ter suas filhas evangelizadas segundo a Doutrina Espírita

procurou o Centro Espírita Amaral Ornelas, mais próximo de sua residência, com este intento, mas

logo se reintegrou às atividades mediúnicas, participando da desobsessão como doutrinadora e

inclusive na diretoria desta Casa.

É importante ressaltar que desde a primeira semana de seu casamento até os dias atuais

sempre manteve a prática do Culto do Evangelho no Lar.

Em 03.08.1978 com 35 anos psicografa a primeira mensagem de Luiz Sérgio. Seguiram-se

muitas outras, algumas na casa de D. Olinda, outras no Centro Espírita Amaral Ornelas. Estas

mensagens deram origem ao livro “INTERCÂMBIO”.

Mais tarde foi convidada a retornar ao Centro Espírita Elias, pois alguns antigos

companheiros já haviam partido e ela devido às suas ligações com esta Casa, aceitou. Hoje exerce a

presidência desta Instituição.

Sua mediunidade psicográfica começou como semi-mecânica, tornando-se mais tarde

intuitiva; também trabalha através psicofonia, passes de cura e desobsessão. Sente a presença de

um Mentor Espiritual mas não sabe identificá-lo. As mensagens psicografadas por ela são sempre de

caráter geral e muitas de orientações para médiuns. Psicografou algumas mensagens de Joanna de

Ângelis, Aura Celeste e Scheilla nos momentos de decisões na direção do Centro Espírita.

Psicografou algumas poesias.

Sua afinidade com Luiz Sérgio mantém-se firme, e este amigo se apresenta sempre que se

torna necessário seu concurso para dirimir dúvidas, orientar médiuns e direcionar os trabalhos da

Casa.

Deixou de psicografar as mensagens de Luiz Sérgio de modo regular devido a problemas

familiares e profissionais.

O Espírito, entretanto, não pára de evoluir e Luiz Sérgio precisava dar continuidade ao seu

trabalho.

Entra em cena neste momento a figura da médium Irene Pacheco Machado, que começa a

psicografar mensagens de Luiz Sérgio e como algumas mensagens anteriores haviam sido

publicadas no suplemento “O Mundo Azul”, do Jornal dos Sports, de todos os domingos, a médium

Irene percebe que elas (as mensagens) se identificam, e tenta um contato com os pais de Luiz

Sérgio. Há um primeiro contato, mas só mais tarde, quando os pais de Luiz Sérgio retornam à

Brasília por motivos profissionais é que Luiz Sérgio, em novas mensagens, fornece subsídios para

acabar com qualquer possibilidade de dúvidas de seus pais, fazendo referências às suas roupas, à

caixa que guardava documentos e às suas brincadeiras com uma cadela que pertencia à família.

Page 129: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 129 -

Começa então nova fase no trabalho deste Espírito, trabalho este que se refere no livro

“INTERCÂMBIO” como “estando sendo preparado”.

Neste contato com a médium Irene, surge sua maior produção literária com a edição de dez

livros, pela ordem: “NA ESPERANÇA DE UMA NOVA VIDA”, “NINGUÉM ESTÁ SOZINHO”,

“OS MIOSÓTIS VOLTAM A FLORIR”, “O VÔO MAIS ALTO”, “UM JARDIM DE

ESPERANÇA”, “MÃOS ESTENDIDAS”, “CONSCIÊNCIA”, “CHAMA ETERNA”, “LÍRIOS

COLHIDOS”, “DRIBLANDO A DOR”, “DEIXE-ME VIVER”.

Quase um livro por ano. Estes livros mostram o aprimoramento deste Espírito, e seus relatos

sempre visam o combate aos vícios, ao problema da resignação, o esforço constante que devemos

ter para vencer nossas dificuldades, e deveres e cuidados que os médiuns devem ter no cumprimento

de suas tarefas. São lições de grande importância para todos nós, visando facilitar o nosso trabalho,

dando a real medida da responsabilidade que devemos ter em nossas tarefas.

D. Irene Pacheco Machado, médium psicógrafa-mecânica, já servia a Luiz Sérgio há algum

tempo, quando, impulsionada por uma amiga, resolveu entrar em contato com seus pais, Sr. Júlio e

D. Zilda. Então já havia psicografado as mensagens que originaram o quarto volume “NA

ESPERANÇA DE UMA NOVA VIDA”, foi preciso, como falamos anteriormente, o fornecimento

de algumas provas para que os pais de Luiz Sérgio, tivessem a convicção da origem das mensagens.

Irene era católica e tinha muita dificuldade em aceitar as idéias espíritas. Começou a psicografar em

sua própria casa, e seu protetor Lázaro José, lhe recomendou o estudo de obras como o “Livro dos

Espíritos”, “Ernesto Bozzano”, e também procurasse a Comunhão Espírita de Brasília, para ser

melhor orientada no uso de sua mediunidade. Atuou nesta Casa por muitos anos. Mais tarde

fundou em sua própria residência o Centro Espírita Recanto de Maria (REMA), que realiza um

trabalho assistencial de grande importância, para a região através de artesanato e bazar. Sua

mentora Francisca Tereza (uma freira) lhe auxilia nesta tarefa no grupo Recanto de Maria. Realiza

estudos sistemáticos das obras de Kardec. Pode também servir à Espiritualidade através da vidência

e psicofonia. Psicografou obras de autores espirituais. Por sua humildade, nunca compareceu a

lançamentos de livros de Luiz Sérgio, pois julga que “só segurou o lápis, quem escreveu foi o

Espírito”. Preocupa-se com a educação mediúnica e nunca deixa de lembrar que a vaidade é o

grande perigo para os médiuns, por isso a necessidade de estudo, aplicação, seriedade e disciplina,

aliás, os mesmos valores que Luiz Sérgio não cansa de repetir, como no livro “NA ESPERANÇA

DE UMA NOVA VIDA”, em que diz: “com que carinho e senso de responsabilidade os Espíritos

Obreiros se postam junto às Instituições do Plano Material, muitas horas antes do início dos

trabalhos. Lamentavelmente, porém, nem sempre os seareiros encarnados correspondem às

expectativas, comparecendo sem o devido preparo prévio! ...”

O Instrutor Gumercindo, que ajuda a Luiz Sérgio e outros Espíritos a progredirem e

aprenderem, define da seguinte maneira as suas obras, à p. 112 de “UM JARDIM DE

ESPERANÇA”.

“Para alguns o teu linguajar é muito pobre, mas encontra muito boa vontade na maioria dos

leitores. O teu modo de ser, sem ares de santo, oferece a cada pecador, esperança de um dia

encontrar o mundo em que hoje vives. Alguns, às vezes, acham-te por demais infantil; outros te

preferem menos humilde, mas nós os teus amigos, te queremos como és, verdadeiro e corajoso,

lutando para dar àqueles que ficaram, a certeza de que todos temos condições de trabalhar para o

bem do próximo, em qualquer plano de vida”.

Page 130: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS RECEITISTAS

FREDERICO JÚNIOR

Aos 30 de agosto de 1914, após dolorosa enfermidade, desencarnava, com a resignação e a

confiança do verdadeiro espírita o célebre médium brasileiro Frederico Pereira da Silva Júnior,

cuja vida, como escreveu Pedro Richard, seu grande amigo e companheiro de 32 anos, “foi muito

mais acidentada e grandiosa do que a de Mme. Esperance, contada por ela própria em seu livro

NO PAÍS DAS SOMBRAS (editora: FEB)”.

O primeiro contacto dele com o Espiritismo foi em 1878, na “Sociedade de Estudos Espíritas

Deus, Cristo e Caridade”, aí levado pelo seu padrinho Luís Antônio dos Santos. Desejava Frederico

obter notícias de uma pessoa querida desencarnada havia algum tempo. Para surpresa geral, ele

próprio cai em transe sonambúlico, influenciado por um Espírito. Data daí a sua iniciação como

médium na mencionada Sociedade.

Convertido, também em 1878, o Dr. Antônio Luís Sayão ao Espiritismo, pouco tempo depois

um ilustre amigo dele, o professor de Filosofia, J. Rodrigues de Macedo, soube, com tristeza, do

fato e, talvez com o objetivo de desmascarar o “embuste”, pediu-lhe para assistir a uma sessão

mediúnica. Comparecendo a ela, eis que, por intermédio de Frederico Júnior, o pai do referido

professor, falecido havia anos, dirigiu ao visitante uma saudação afetuosa, em letra firme, caligrafia

que foi imediatamente reconhecida pelo filho, emocionado e assombrado.

Quando a “Sociedade de Estudos Psíquicos” tomou, em 1879, rumo puramente científico,

constituindo-se na “Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade”, dela se desligou um grupo de

elementos, entre os quais se achavam Bittencourt Sampaio, Antônio Luís Sayão e Frederico Júnior,

e fundaram, em 1880, o “Grupo Espírita Fraternidade”, de orientação evangélica, e que ficou

memorável pelos seus notáveis trabalhos de desobsessão, ali se estudando, nas sessões ordinárias, o

Evangelho de Jesus segundo a Revelação dada a J.B. Roustaing.

Em 1882, já havia nesta última Sociedade um seleto número de médiuns, destacando-se

Frederico, quer pela variedade de dons mediúnicos, quer pela extrema dedicação ao trabalho na

Seara Espírita.

Não apenas ao referido Grupo prestou Frederico a sua colaboração mediúnica. Em 06 de

junho de 1880, o Doutor Antônio Luís Sayão, depois de, em vão, tentar unir, em torno de um

mesmo ideal, os membros das duas Sociedades dissidentes, fundou, sob a inspiração do Guia do

Espiritismo no Brasil, um pequeno grupo destinado ao estudo e à prática dos Evangelhos, conhecido

por “Grupo dos Humildes” ou “Grupo Sayão”, mais tarde (quando se incorporou à Federação

Espírita Brasileira) denominado “Grupo Ismael”. Em sua primeira sessão, no dia 15 de julho de

1880, Frederico Júnior atuou como médium, tendo recebido longa mensagem do elevado Espírito de

Ismael, a falar de suas esperanças ante os novos esforços para a reabilitação do Espiritismo em

terras do Brasil. Desse novo núcleo constam como fundadores, além dos nomes citados, os

seguintes médiuns de ilibada moral: Isabel Maria de Araújo Sampaio, João Gonçalves do

Nascimento, prodigioso médium curador, Manuel Antônio dos Santos Silva e Francisco Leite de

Bittencourt Sampaio. Quase todos eles faziam parte também do “Grupo Espírita Fraternidade”.

Durante 34 anos Frederico Júnior exerceu assiduamente suas funções mediúnicas no Grupo

Ismael, tendo recebido, em 11 de junho de 1914, a sua última comunicação do Além.

Page 131: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Por seu intermédio contam-se centenas de curas de obsessões, limitando-se, mais tarde, os

trabalhos no referido grupo quase somente à doutrinação de poderosos e diabólicos Espíritos,

altamente intelectualizados, chefes de grandes falanges do mal.

Em 1893 o Dr. Antônio L. Sayão dava a público o volume “Trabalhos Espíritas”,

repositório de instrutivas mensagens de Espíritos elevadíssimos, obtidas no “Grupo Ismael”, em sua

maior parte pelo médium Frederico. Em 1897, mais uma obra organizada por Sayão saía a lume:

“Estudos dos Evangelhos”, que desde a segunda edição (1902) ganhou o novo título:

“Elucidações Evangélicas” (editora: FEB). A segunda parte deste livro (hoje excluída, a fim de

torná-lo acessível à bolsa dos confrades) encerrava quase uma centena de belas comunicações, todas

igualmente recebidas no “Grupo Ismael”, pela mediunidade sonambúlica de Frederico.

“Elucidações Evangélicas” é, em síntese, “um resumo de Roustaing, com as vantagens de Allan

Kardec”. E por ser – segundo as palavras de Bezerra de Menezes – “uma obra preciosa em que

transluzem os clarões da Verdade”, ela continua a merecer a atenção dos estudiosos do Evangelho.

Bittencourt Sampaio desencarnara em 1895. Dois anos depois, o seu sublime Espírito,

encontrando em Frederico Júnior o instrumento maleável à expansão dos seus ideais cristãos,

começou a ditar, por seu intermédio, três obras em que sobressaem belíssimas páginas literárias e

doutrinárias e que foram publicadas pela FEB nesta ordem: “Jesus perante a Cristandade”

(1898), “De Jesus para as Crianças” (1901) e “Do Calvário ao Apocalipse” (1907). Em todas

elas reconhecia-se o mesmíssimo estilo do autor de “A Divina Epopéia”, apesar de serem ditadas

pela boca de um homem iletrado, que mal conhecia a gramática. Nascera e crescera o médium num

meio de operários, sem recursos e tempo para cursar colégios. Rodeado de boêmios até a

adolescência, jamais se deixou arrastar pelos excessos ou desvios desses últimos.

Médium passivo por excelência, conseguiam os Espíritos identificar-se facilmente por ele, e,

muitas vezes, antes de terminar a mensagem, todos os presentes já sabiam qual o autor dela.

Numa apreciação ao primeiro livro ditado pelo Espírito de Bittencourt Sampaio ao médium

Frederico, o ilustre político, literato e publicista Dr. Eunápio Deiró, católico extremado, chamou

para o fato a atenção do bispo da cidade do Rio de Janeiro, nos seguintes termos: “Tome, Sr. Bispo,

cuidado, porque quem não conhece o inimitável estilo de Bittencourt Sampaio não pode deixar de

reconhecê-lo neste livro que, da outra vida, veio firmado pelo próprio Bittencourt Sampaio”.

Bem conhecidas dos espíritas brasileiros são as oportuníssimas instruções que o Espírito de

Allan Kardec transmitiu no “Grupo Espírita Fraternidade”, pelo médium Frederico Júnior.

Conquanto recebidas em fins do século passado, tais instruções ainda conservam, perenes, o

valor, a importância e a beleza de sua mensagem, ainda se ajustam perfeitamente aos dias atuais, daí

estarem até hoje no opúsculo “A Prece”, de Allan Kardec, incluídas que foram pela Federação

Espírita Brasileira.

Frederico Júnior era um bom, querido de todos, sendo muitos os que lhe deviam gratidão por

um que outro serviço, e, como funcionário público, estimadíssimo pelos seus colegas. “Era de um

desprendimento e dedicação verdadeiramente evangélicos” – afirmou Pedro Richard,

acrescentando: “Frederico não podia parar em casa, com o sentido nos seus doentes. Logo ao

amanhecer saía de sua residência para visitar os enfermos. E nisso estava o seu maior consolo e o

seu bem-estar”.

Com graves responsabilidades no meio espírita, grande era sobre ele o assédio dos aborrecidos

da Luz, que do outro plano da vida o perseguiam tenazmente. “Ele só por si” – escreveu Pedro

Richard – “constituía um exército que assombrava as falanges inimigas da Luz, e por isso mesmo

era o alvo predileto das setas venenosas dos adversários de Jesus. Até da pouca benevolência de

Page 132: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 132 -

confrades foi Frederico Júnior vítima, máxima dos que muito exigem dos outros, mas que nada, ou

quase nada produzem”.

Nos últimos dez anos de existência terrena, mais intensa e persistente foi a perseguição que

lhe moveram do Espaço, por vezes ficando ele totalmente subjugado. Certa vez, os Espíritos das

Trevas tentaram até incendiar-lhe a casa. E graças aos seus Guias protetores e ao Espírito de sua

primeira esposa, Frederico não sucumbiu ao suicídio.

A tuberculose pulmonar acompanhou-o nos derradeiros anos de vida. Sem uma queixa e

achando justo o seu sofrimento, o prodigioso médium purgava as faltas de encarnações passadas,

remindo assim o seu espírito.

Pressentindo, afinal, o seu desenlace, reuniu a família e, após pronunciar sentida prece, fechou

os olhos ao mundo em sua residência à rua Navarro, 121, aos 56 anos de idade, sendo sepultado no

Cemitério de São Francisco Xavier (Caju).

Foi assim que partiu para a Espiritualidade o grande médium Frederico Pereira da Silva

Júnior, que, servindo à Federação Espírita Brasileira, através do “Grupo Ismael”, tantos benefícios

espalhou por toda a parte, fazendo jus, portanto, à página com que lhe recordamos a passagem por

este planeta de provas e expiações.

Fonte de pesquisa: “GRANDES ESPÍRITAS DO BRASIL”, autor: Zéus Wantuil (editora: FEB)

Page 133: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS RECEITISTAS

IGNÁCIO BITTENCOURT

Nascido na Ilha Terceira, Arquipélago dos Açores, Freguesia da Sé de Angra do Heroísmo,

Portugal, aos 19 de abril de 1862, com apenas 13 anos, emigrou para o Brasil. Sozinho, sem

proteção nem amparo, empregou-se em Botafogo, em 1875, poucos dias após sua chegada à antiga

capital federal.

Deixou as bancas escolares com apenas 10 anos de idade, um pouco do conhecimento que

havia granjeado, aliado ao forte anseio de saber, fez-se ele um autodidata.

Ignácio Bittencourt não foi somente o jornalista que procedeu a ampla divulgação do

Espiritismo, foi o homem dotado de invulgar vontade de praticar o bem, cumprindo fielmente a

ordenação do Grande Mestre Nazareno, no sentido de ir por toda a parte apregoar o Evangelho,

expulsar os maus espíritos, levantar os alquebrados da alma e curar os doentes do corpo e do

Espírito.

Aos vinte anos de idade era, como tantos outros rapazes de sua época, um livre-pensador.

Contraiu matrimônio aos 22 anos e nesse mesmo ano, 1885, ao ler “O Livro dos Espíritos”, de Allan

Kardec, se fez espírita.

Foi quando, enfermo, o levaram a um médium chamado Cordeiro, residente na Rua da

Misericórdia, no Rio de Janeiro, por cuja interferência a sua saúde foi restabelecida. Achando

aquilo muito estranho, e curioso que era, voltou ao velho médium a fim de indagar:

- “Não sendo o senhor médico, não perguntando quais os meus padecimentos e não tendo

auscultado ou apalpado, como pode me curar?”

E a resposta veio incontinente e simples, como devem ser as respostas de todos os espíritas:

- “Leia “O Evangelho” e “O Livro dos Espíritos”. Medite bastante e encontrará a resposta

para a sua indagação”.

Ignácio Bittencourt não hesitou um só instante: dedicou-se à leitura daquelas obras de Allan

Kardec. Tornou-se um espírita bastante conceituado e popular no Rio de Janeiro.

Fundou a 1º. de maio de 1912 e dirigiu durante 33 anos o tradicional semanário “Aurora”,

jornal que disseminou a Doutrina Espírita, imprimindo inclusive as primeiras psicografias de Chico

Xavier.

Sob a sua direção, foi fundado, em 1º. de janeiro de 1919, o “Abrigo Tereza de Jesus”, velha

casa de caridade ainda funcionando no Rio de Janeiro, com benefícios prestados a crianças

desamparadas de ambos os sexos.

Colaborou ativamente para a fundação da União Espírita Suburbana e do Círculo Cáritas. Da

primeira, chegou a ser presidente.

Ignácio findou sua gloriosa missão terrena completamente pobre. Ele poderia ter alcançado

posições de relevo, inclusive na política, como deputado federal. Entretanto, preferiu distanciar-se

dos movimentos alheios à caridade.

Ignácio foi também presidente do Centro Humildade e Fé, em cuja instituição foi editado o

jornal Tribuna Espírita, do qual ele foi o responsável durante algum tempo.

Page 134: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Na Federação Espírita Brasileira exerceu, durante dois anos, o cargo de Vice-Presidente. No

campo da assistência social, foi ainda um dos diretores do Asilo Legião do Bem.

Embora fosse um homem pobre, com a família numerosa, não lhe faltava tempo para

dedicar-se, com afinco, a tarefa de divulgar a Doutrina Espírita e de praticar a assistência social.

Escrevia para numerosos órgãos espíritas, dentre eles “O Reformador”, além do seu trabalho

assíduo na direção do periódico “Aurora”.

Possuindo a mediunidade receitista e curadora, trouxe-lhe algumas vezes processos por

exercício ilegal da medicina, porém foi sempre absolvido, inclusive, em 1923, por decisão do

Supremo Tribunal Federal, em 27 de outubro.

Uma crônica na época, publicada em um vespertino do Rio de Janeiro, chegou mesmo a

firmar:

“Perante a lei foi contraventor, perante a Humanidade, um benfeitor”.

A 18 de fevereiro de 1943, Ignácio Bittencourt, com mais de 80 anos de idade, retornou ao

Plano Espiritual.

Fonte de pesquisa: “GRANDES VULTOS DO ESPIRITISMO”, Paulo Alves Godoy, editora: FEESP

Page 135: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS ESPÍRITAS RECEITISTAS

EURÍPEDES BARSANULFO

Nasceu Eurípedes Barsanulfo na cidade de Sacramento (MG), a 1o. de maio de 1880; foram

seus pais Hermógenes Ernesto de Araújo e Jerônima Pereira de Almeida, ambos a princípio, pobres

de haveres materiais, mas ricos de virtudes cristãs.

Cresceu e viveu ao lado dos pais, para os quais foi um verdadeiro arrimo. Trabalhador dócil,

cursou as aulas do Colégio Miranda, dirigido pelo hábil educador João Derwil de Miranda.

Quando estudante, auxiliava os professores, lecionando aos seus condiscípulos e até mesmo

aos seus próprios irmãos.

Aos 12 anos, foi co-fundador do “Asilo São Vicente de Paulo” e, aos 17 anos, fundou uma

farmácia homeopática, com o objetivo de ajudar na doença de sua mãe em prol das pessoas

necessitadas.

Em janeiro de 1902, fundou o Liceu Sacramento, Instituto de ensino primário e secundário,

onde exerceu a cátedra por 5 anos seguidos, lecionando, quando se fazia necessário, todas as

matérias do curso.

Concomitantemente, com a fundação do referido Liceu, surgiu a “Gazeta de Sacramento”, que

saia aos domingos e foi por ele redigido durante 2 anos. Nessa folha, Barsanulfo fez a sua estréia

como jornalista, escrevendo artigos sobre economia política, direito público, métodos educacionais,

literatura, filosofia, etc. Colaborou, igualmente em diversos jornais.

Graças a sua inteligência e ao seu próprio esforço, chegou a possuir cultura tal que os seus

biógrafos a consideram verdadeiramente assombrosa. Tinha profundos e largos conhecimentos de

Medicina e Direito. Dissertava sobre astronomia, filosofia, matemática, ciências físicas e naturais,

literatura, sem possuir nenhum diploma de escola superior.

A probidade de seu caráter, o fez ídolo de seus conterrâneos. Estes, desejosos de o terem no

cenário da política local elegeram-no Vereador, “cargo de que se aproveitara para dotar a terra

natal do que ali existe de melhor em matéria de legislação”. Pelo espaço de 6 anos exerceu o

mandato, dotando Sacramento de força, luz e bondes elétricos, água encanada, cemitério público

tanto para esta como para a povoação de Conquista.

Mas a política não era o que aspirava. Depois de prestar-lhes serviços, dela se afastou

espontaneamente.

Certo dia, tendo conhecimento de espantosas curas realizadas no campo do Espiritismo,

resolveu saber o que de verdade havia nesses relatos. Como seus parentes de Santa Maria pregavam

e praticavam o Espiritismo no Centro Espírita Fé e Amor, ele rumou para lá com o objetivo de

investigar os fatos.

Observando, em várias sessões, fenômenos de tiptologia, comunicações de alta expressão

filosófica, curas maravilhosas, estudou-os cuidadosamente e, de volta a sua terra natal, trouxe

consigo as obras Kardequianas; afinal em 1905, converteu-se ao Espiritismo. Desde então,

tornou-se o maior propagandista naquela região mineira, especialmente pelo exemplo.

Durante 12 anos e 7 meses foi presidente do Grupo Espírita Esperança e Caridade, por ele

fundado. Como dependência desse Grupo, surgiu, em 02 de abril de 1907 o magnífico e grande

Colégio Allan Kardec, cuja matrícula chegou a cerca de 200 alunos.

Milhares de pobres e órfãos, de ambos os sexos, ali receberam gratuitamente a instrução

intelectual e moral. Todas as quartas-feiras pregava o Evangelho de Jesus aos alunos do Colégio.

Page 136: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Discorrendo com muita facilidade sobre diferentes assuntos filosóficos e religiosos, nunca

deixou de responder do alto da tribuna as diabrites proferidas contra o Espiritismo, tendo

oportunidade de debater a Doutrina Espírita em praça pública com o famoso pregador católico

Padre Feliciano Yague. Num certo coreto em frente a Matriz de Sacramento, diante de uma

assistência de 2.000 pessoas, ocorreu a polêmica entre Eurípedes e o Padre. Tal foi a superioridade

de Eurípedes que o povo o carregou em triunfo. Os padres do lugar, que assistiram ao debate,

deram parabéns a ele.

Sustentou, também, pelo jornal “A Alavanca”, brilhante polêmica religiosa, defendendo com

galhardia a tese - “Deus não é Jesus e Jesus não é Deus”.

Nessas polêmicas, sempre saiu vitorioso, jamais teve no íntimo o menor lampejo de vaidade,

jamais guardou mágoa, jamais fez retaliações pessoais.

Eurípedes era dotado de diversas faculdades mediúnicas, tais como: médium curador,

receitista, auditivo, vidente, intuitivo, falante e psicógrafo. Era com muita facilidade que ele se

desdobrava de um lugar para outro.

Foi o refúgio para todos os aflitos e abandonados da sorte. Centenas de desenganados pela

ciência da Terra encontraram em Sacramento o lenitivo para os seus males. Com o auxílio dos

Espíritos Superiores, entre eles, Bezerra de Menezes, o nosso Barsanulfo curava quase todas as

enfermidades. A cidade de Sacramento desenvolveu-se com essa romaria, e chegou a possuir muitos

hotéis e mais de vinte pensões.

Nas suas horas de folga, saia ele para curar doentes.

Em razão de tudo isso, ele gozava de grande popularidade em sua terra natal e até mesmo em

todo o Estado de Minas. Ainda hoje, apesar de uma existência de apenas 38 anos, Barsanulfo

continua a ser relembrado.

Manteve durante 15 anos uma farmácia e os pobres que iam ali, não pagavam o aviamento das

receitas.

Eurípedes Barsanulfo desencarnou no dia 1o. de novembro de 1918.

Fontes de pesquisa sobre a vida e a obra de Eurípedes Barsanulfo:

A GRANDE ESPERA, Corina Novelino (editora IDE)

A PERSEGUIÇÃO POLICIAL CONTRA EURÍPEDES BARSNULFO, Freitas Nobre

(editora EDICEL)

DE SACRAMENTO A PAMELO, Agnelo Morato (edições CORREIO FRATERNO)

EURÍPEDES BARSANULFO O APÓSTOLO DA CARIDADE, Jorge Rizzini (edi

CORREIRO FRATERNO)

EURÍPEDES O ESPÍRITO E O COMPROMISSO, Alzira Bessa França Amui (editora A

NOVA ERA)

EURÍPEDES - O HOMEM E A MISSÃO, Corina Novelino (editora IDE)

EURÍPEDES O MÉDIUM DE JESUS, Grupo Espírita Esperança e Caridade (editora:

ESPERANÇA E CARIDADE)

GRANDES VULTOS DO ESPIRITISMO, Paulo Alves Godoy, editora FEESP

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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS NÃO ESPÍRITAS

WILLIAM STAINTON MOSES

Obra: ENSINOS ESPIRITUALISTAS, publicado pela FEB (3.ª edição)

Autor: WILLIAM STAINTON MOSES (encarnado)

Prefácio: E. DAWSON ROGERS

Biografia: CHARLTON TEMPLEMAN SPEER

Introdução: WILLIAM STAINTON MOSES

Tradução: OSCAR D’ARGONNEL

Finalidade da obra: Revelação da existência de Deus, da sobrevivência da alma após a morte

e, sobretudo a importância da fé.

1a. Edição publicada pelo Conselho da Aliança Espiritualista de Londres.

1. BIOGRAFIA

Nome: William Stainton Moses

Nasceu na cidade de Domington, Lincolnshire, na Inglaterra, a 05.11.1839.

Filiação: Pai: William Moses, reitor da Escola de Gramática.

Mãe: era filha de Tomas Stainton, nascida na cidade de D’Alford, Lincolnshire.

Formação religiosa: ortodoxa, com profundo conhecimento teológico das igrejas católica,

protestante e anglicana.

Em 1855 entrou para Exeter College Oxford, no começo da época de São Miguel. Em 1858,

o excesso de trabalho o fez adoecer; na convalescença consagrou-se a percorrer o continente durante

o ano.

Aos 23 anos Stainton Moses voltou para Oxford e aí, recebendo o diploma, deixou a

Universidade em 1863.

Sempre debilitado da saúde, o médico aconselhou-lhe a vida do campo, o que o induziu a

aceitar um curato em Maughold, perto de Ramsey, Ilha de Man, onde permaneceu quase cinco anos

substituindo o Reitor.

Uma epidemia de varíola pôs em relevo os seus conhecimentos da medicina: o jovem pastor

tratou dos corpos e das almas de suas ovelhas; porém a saúde volta a incomodar-lhe, não podia

suportar as obrigações impostas pela administração de duas paróquias, obrigando-o a procurar uma

outra residência.

Stainton Moses retirou-se pesaroso para ocupar, em 1868, o Curato de Saint-Georges em

Douglas, Ilha de Man, onde caiu gravemente doente.

Em 1869, Moses abandonou o curato; passou então a desempenhar interinamente por alguns

meses funções eclesiásticas em Langton, e em um Curato das Dioceses de Salisbury. Uma moléstia

de garganta, rapidamente agravada, obrigou o pastor a renunciar ao ministério, pois que o médico o

proibiu de pregar.

Partiu para Londres; permaneceu por um ano, como hóspede do Dr. Stanhope Speer e da Sra.

Speer.

Page 138: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Entre fins de 1870 e começo de 1871 Stainton obteve o lugar de professor de inglês da

University College School, cargo que ocupou até 1889.

Durante o período ativo de sua mediunidade, Stainton Moses ocupou-se assiduamente em

formar sociedades cujo fim era o de estudar o Espiritualismo e todas as questões a ele concernentes.

Contribui para criar: a Associação Nacional Britânica dos Espiritualistas em 1873; a

Sociedade Psicológica da Grã-Bretanha em abril de 1875; a Sociedade das Pesquisas Psíquicas em

1882. Enfim, fundou a Aliança Espiritualista de Londres, da qual foi o primeiro presidente, cargo

que esse que se conversou até a morte. Dirigiu também a publicação do “Light”, jornal

espiritualista. A sua atividade mediúnica quanto aos fenômenos físicos cessou completamente, mas

até a morte conservou a faculdade de escrever automaticamente.

Fora do Espiritualismo, Stainton Moses oferecia um conjunto de qualidades raras vezes

reunidas em um só indivíduo. Justo, cordato, de um julgamento reto e são, nunca outro homem teve

o coração mais cálido, simpatias mais ardentes, nem foi mais empenhado em ajudar por conselhos

àqueles que lhe dirigiam.

Stainton Moses gostava do retiro e fugia de exibir-se em público para falar ou presidir

“meetings”.

Desencarnou a 5 de setembro de 1892, em Londres, Inglaterra.

2. CONVICÇÃO ESPIRITUAL

2.1 REVELAÇÃO

Em 1859, Stainton Moses recuperando-se de uma enfermidade, passou seis meses no velho

mosteiro grego do monte Atos. Anos depois soube que fora influenciado por amigos invisíveis que

o dirigiram para lá com o fim de ajudar a sua educação espiritual.

Em 1870, Moses teve sua atenção atraída para o Espiritualismo, durante o tempo em que

residiu na casa do Dr. Speer, em Londres. Ambos tendiam gradualmente para idéias pouco

ortodoxas, quase gnósticas (sistema teológico e filosófico, cujos partidários dizem ter conhecimento

sublime da natureza e dos atributos divinos). Mas, como se estivessem cada vez menos satisfeitos

com as doutrinas existentes, queriam a absoluta verdade sobre a vida futura e a imortalidade.

Começou a estudar Espiritualismo assistindo a varias sessões onde se achavam médiuns; a sua

primeira experiência, digna de ser citada, realizou-se na primavera de 1872 com Lottie Fowler.

Nessa época, o poder mediúnico de Stainton Moses começou a desenvolver-se.

É importante notar que nunca se produziam menos de dez espécies diferentes de

manifestações no decurso dessas sessões:

grande variedade de pancadas;

pancadas respondendo conexa e claramente à perguntas formuladas;

inúmeros clarões;

perfumes variados;

inúmeros e variados sons musicais;

recebíamos muitas vezes a escrita direta;

suspensão de corpos pesados, mesas, cadeiras, etc.;

passagem da matéria através da matéria;

emanação vocal diretamente do Espírito.

Page 139: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 139 -

2.2 MEDIUNIDADE

“Em 30 de março de 1873, que essas comunicações começaram a ser traçadas pelo meu

punho, cerca de um ano depois das minhas primeiras investigações sobre o espiritualismo. Antes de

escrever, tinha eu recebido várias comunicações e esse meio foi adotado já por ser o mais

cômodo”.

3. COMO SE DESENVOLVEU O TRABALHO

A escrita era sempre direta. O começo foi difícil, pois era preciso adquirir com hábito, o

mecanismo, e, quando isso se realizou, as páginas encheram-se rapidamente.

Quando o médium insistia em se ocupar dos efeitos físicos, era advertido por seu Guia

Espiritual (Imperátor), que lhe dizia da importância de manter-se afastado de tais fenômenos, pois,

destes, só se ocupavam Espíritos inferiores.

4. PRODUÇÃO

Em geral se recolhia ao insulamento, se posicionando o mais passivo possível facilitando

assim as comunicações. Mais tarde, as condições eram várias, no início com dificuldades, com o

hábito se tornaram mais fácil.

As primeiras comunicações foram assinadas por Doctor, (que ele denominou de O Instrutor);

durante anos sucederam essas comunicações sem qualquer alteração da escrita. As frases eram

sempre breves, com individualidade determinada.

Espíritos estreantes que não conseguiam influenciar-lhe a mão, solicitavam o auxílio de um

Espírito, Rector (o Secretário), que escrevia com mais desembaraço. Essas comunicações

produziam-lhe uma tensão dolorosa no sistema nervoso, devido ao grande desgaste, produzido pela

falta de esclarecimento dos Espíritos. Rector funcionava como secretário dos Espíritos, às vezes até

de grupos associados.

Por ter o médium conduta exemplar, os Espíritos que se apresentavam davam sempre

comunicações de caráter puro e elevado.

A escrita impressionava a vista com um trabalho perfeito de caligrafia.

“A mão açoitava, o braço batia e eu tinha consciência de que as ondas de força passavam

por mim. Terminada a comunicação, fiquei exausto de cansaço, com violenta dor de cabeça na

base do cérebro”.

Com o passar do tempo, o exercício constante fez Moses observar que a influência que o

envolvia dominava-o a ponto de excluir “todas as outras comunicações”.

“Jamais pude dirigir a escrita, que aliás se manifestava espontaneamente, sendo que, quando

eu a desejava, era a maior parte das vezes incapaz de obtê-la. Um repentino impulso, vindo não sei

como, me obrigava a sentar-me e a preparar-me para escrever.”

“Jamais depois disso mantive uma dúvida séria, mesmo nos desvarios do meu espírito

extremamente céptico”.

Certa vez, Moses estando ocupado fora de sua casa, foi obrigado, contra a sua vontade a ceder

à impulsão de escrever breve comunicação.

Este caso o levou a uma conversa com seus Guias, a cerca do poder exercido pelos Espíritos

na Terra, e casos de obsessão absoluta.

Page 140: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 140 -

Em uma reunião, Stainton Moses teve a sessão perturbada por manifestações irregulares;

tentou obter outras informações sendo sempre inteligíveis, foi obrigado a parar. Isso se deu, devido

ao seu estado de perturbação e fadiga física.

Em 1874, deixaram de continuar regularmente as comunicações. As séries estavam completas

e o fim atingido. O poder voltava às vezes, sem nunca atingir o vigor sustentado. Entretanto, muita

coisa foi escrita com interrupções cada vez mais freqüentes, até 1879, época em que esta forma de

comunicação foi praticamente abandonada para dar lugar a um modo mais simples e mais fácil.

5. COMUNICANTES

Imperátor: Guia Espiritual, profundo conhecedor das leis morais e doutrinárias

Doctor: denominado Espírito instrutor, admirado por sua excelente caligrafia.

Rector: denominado Espírito secretário.

Prudens: caligrafia de um arcaísmo muito particular, quase indecifrável.

6. DIRETOR DA MEDIUNIDADE: Imperátor foi sempre o condutor da mediunidade.

7. IDÉIA CENTRAL: revelação da existência de Deus, da sobrevivência da alma após a

morte, e sobretudo a importância da fé.

8. MECANISMO DA MEDIUNIDADE: mecânico.

9. REPERCUSSÃO:

“Tem-se falsamente afirmado que temos enchido os hospitais e conduzido os médiuns a

loucura, por que homens cegos e ignorantes acusam de dementes todos aqueles que se arriscam a

proclamar a sua relação conosco e com nossos ensinos; argumenta-se se uma prova de demência o

estar em comunicação com o Mundo Espiritual”. (Imperátor).

Page 141: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 141 -

MÉDIUNS PSICÓGRAFOS NÃO ESPÍRITAS

MÉDIUM: ANTHONY BORGIA

Comunicante: MONSENHOR ROBERT HUGH BENSON, filho de Edward White Benson,

ex-Arcebispo de Cantuária,

Obra: A VIDA NOS MUNDOS INVISÍVEIS (editora: Pensamento)

RELAÇÃO ENTRE O MÉDIUM E O COMUNICANTE

1. “Somos velhos amigos” (segundo relato do médium, na Introdução). Em 1909, cinco anos

antes do desencarne do comunicante se conheceram.

O médium não faz referência ao gênero de psicografia de que é portador. Esclarece somente

que houve necessidade de “aguardar a época adequada” para servir de intermediário ao amigo.

Haviam dificuldades na comunicação, assinalados por outros Espíritos.

2. “O fato de ter sido um sacerdote não me impediu de receber visitas daqueles que a Igreja

preferiu chamar demônios, se bem que jamais tivesse visto, devo confessar, qualquer coisa que

remotamente se parecesse como tal”. ...

“Eu considerava perturbadora essa intromissão de faculdades psíquicas em meu ministério

sacerdotal, visto como se chocava contra as minhas idéias ortodoxas”.

Na primeira parte da obra, no capítulo intitulado “Minha Vida na Terra”, revela as lutas entre

os preconceitos e os fatos, aos quais o comunicante sucumbiu durante a existência terrena.

Sacerdote e médium não recebeu qualquer apoio em seu meio para o exercício produtivo da

faculdade.

“A atitude da Igreja: insensível, inflexível, estreita e ignorante admitindo que tais atividades

têm sua origem sua origem no demônio” – foi o fator importante no receio ante as conseqüências

dos fatos.

Confessa Monsenhor Robert:

“Eu estava amarrado pelas leis dessa Igreja, administrando seus sacramentos, enquanto o

mundo do Espírito batia à porta de minha própria existência, tentando mostrar-me, para que eu

mesmo visse, o que não poucas vezes havia contemplado – a nossa vida futura”.

A posição conivente com as idéias preconcebidas não foi o único obstáculo à divulgação dos

fatos mediúnicos que eram parte integrante de sua vida.

Monsenhor Robert foi autor de livros religiosos em que relatando muitas de suas experiências

psíquicas, torna as narrativas no sentido da religião ortodoxa. Confessa que

Page 142: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 142 -

...“a verdade estava lá, mas o sentido e a finalidade foram deformados”, pois achava que

“devia defender a Igreja contra o assalto daqueles que acreditavam na sobrevivência da alma após

a morte do corpo e julgavam possível a comunicação dos espíritos.

“Nesse trabalho atribuí ao demônio – contra o meu melhor julgamento – aquilo que eu

realmente conheci como sendo a atividade de leis naturais, acima e independente de qualquer

religião ortodoxa, e não de origem maligna”.

“Para seguir as minhas próprias inclinações eu teria que infligir à minha vida uma completa

revolução, a renúncia às idéias ortodoxas, e muito provavelmente, um grande sacrifício material,

visto que eu possuía também boa reputação como escritor. Tudo quanto já havia escrito iria perder

o seu valor, desde então, aos olhos dos leitores e além disso eu seria isolado como um louco ou

herege.”

O remorso, a exata noção da perda da oportunidade só lhe chegou com a morte.

Confessa ter deixado passar a maior oportunidade de sua vida, compreendendo que a verdade

estivera ao seu alcance e a deixara escapar-se por trazer um relato realista das condições da vida

após a morte.

A mediunidade de Anthony Borgia é o auxiliar nesta tarefa. Ela lhe permitiu ainda retificar a

visão de seus leitores sobre diversos dogmas da Igreja.

A reputação ao dogma do dia do julgamento encontra-se à página no. 39.

A apreciação da História particularmente da História da Igreja, do ponto de vista das

realizações espirituais encontra-se à p. no. 49.

Em determinado setor da cidade espiritual que visitou encontrou o “Edifício da Literatura”.

Esta Biblioteca continha a história de povos e homens não só relatando fatos mas intenções.

A surpresa e o desencanto dos autores que negaram a realidade da volta do Espírito e a

existência do Mundo Espiritual são desconcertantes.

Através de interessantes capítulos o comunicante refere-se a aspectos externos e morais do

Mundo Invisível como se fosse a primeira vez que para eles atentava na sua trajetória de Espírito

milenar.

A dificuldade de traduzir o espiritual em termos terrenos encontra-se por toda a obra.

O comunicante esforça-se por fazer seu leitor afastar-se por momentos da vida terrena e

mergulhar, ainda que pela imaginação no realismo do Mundo Invisível.

3. CONSEQÜÊNCIA DA OBRA

Não são conhecidos relatos do impacto causado pelo trabalho de Borgia e Robert Hugh

Benson.

A influência das revelações, baseadas exclusivamente nas experiências do comunicante não

parece ter alcançado grandes limites.

Page 143: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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MÉDIUNS PSICÓGRAFOS NÃO ESPÍRITAS

MÉDIUM: GEORGE VALE OWEN

Obra: A VIDA ALÉM DO VÉU, editado pela FEB (3a. edição)

Prefácio: G. Vale Owen

Prefácio do Tradutor: Carlos Imbassahy

Biografia: W. Engholm

Tradução: Carlos Imbassahy

Finalidade da obra: Revelação da vida após a morte.

1. BIOGRAFIA

Nome: George Vale Owen (Reverendo)

Nascimento: Em 1869, na cidade de Birmingham – Inglaterra

Educado no Instituto de Midland e no Colégio da Rainha (Queen’s College). Naquela cidade

foi ordenado pelo bispo de Liverpool, e nomeado para o Curato de Seaforth, em 1893.

Sucessivamente foi cura Fairthfield, em 1865, e de Matthews, Scotland Road, 1897, ambos de

Liverpool.

No ano de 1900 nomearam-no em comissão para Orford, Warrington. Tornou-se o primeiro

vigário da Igreja de Orford, edificada em 1908.

Nessa altura dos acontecimentos ele já estava trabalhando na lides espíritas e havia se

integrado entre os homens de renome que deram grandes passos no sentido de implantar as idéias

espíritas naquele país.

No propósito de buscar um contato mais íntimo com o mundo espiritual, lembrou-se de

“Batei e abrir-se-vos-á” dos ensinamentos evangélicos e, com isso, viu desabrochar a sua

mediunidade, graças à interferência de sua mãe, desencarnada em 1909, e que começou a dar suas

primeiras manifestações em 1913.

A princípio ele relutou em aceitar a realidade dos atos, dado a seu excessivo apego à verdade.

Não tardou muito em ter as provas mais convincentes, o que fez com que se convertesse

inteiramente ao Espiritismo.

2. CONVICÇÃO ESPIRITUAL

“Fez-se mister um quarto de século para que eu me convertesse; dez anos, de que a

comunicação dos espíritos era um fato, e quinze de que este fato era verdadeiro e bom”.

“Desde o momento dessa comunicação, começou a desvendar-se o problema”.

“Primeiramente, foi em minha mulher que se desenvolveu o poder da escrita automática.

Depois por seu intermédio, recebi a comunicação de que devia sentar-me, calmamente, com o lápis

a mão e receber todos os pensamentos que viessem ao meu espírito, projetados por uma

personalidade externa, e não originados do exercício de minha própria mentalidade”.

Page 144: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 144 -

3. COMO SE DESENVOLVEU O TRABALHO

O efeito daquilo que talvez pudéssemos denominar operações puramente mecânicas, como

lançar a idéia no cérebro humano, já os transmissores o descreveram pormenorizadamente.

As vibrações provocadas por eles e projetadas através do véu, atingem o alvo,

impressionando a mentalidade do instrumento humano e são produzidas deste lado, o que é, em

verdade, uma espécie de clarividência e clariaudição. Encarada inversamente, do ponto de vista

do instrumento em si, toma, mais ou menos, o seguinte aspecto: “as cenas que eles descrevem

parecem vir como que por uma corrente de vibrações de raio“x” e são recebidas pela faculdade da

visão, isto é, essas cena são vistas em imaginação”.

As palavras das mensagens parecem transmitir-se por uma corrente telefônica celeste

mundial.

4. PRODUÇÃO

“As quatro ou cinco primeiras mensagens flutuaram, indistintamente, de um assunto a outro.

“Por essa ocasião o desenvolvimento e a prática seguiam passo a passo.

“Quando terminou toda a série de mensagens, calculei e verifiquei que tinha mantido uma

velocidade média de 24 (vinte e quatro) palavras por minuto.

“Em duas ocasiões únicas tive a ligeira idéia do assunto a ser tratado, e isso quando a

mensagem anterior ficou indevidamente incompleta.

“De outras vezes, esperava fosse abeirada uma questão; ao apanhar o lápis, porém, o curso

do pensamento desviava-se em direção inteiramente oposta”.

Vale Owen numerava sempre muitas folhas de papel antes de começar a escrever.

Colocava-as em maço, diante de si, na mesa da sacristia; quedava, depois, de lápis em punho, a

esperar que sentisse a influência que o fazia escrever.

Uma vez manifestada a influência, mantinha-se sem parar, até que a mensagem ficasse

concluída por parte do mensageiro.

5. COMUNICANTES

A Sra. Owen: mãe do vigário, autora da maior parte das comunicações deste livro, morreu a 8

de julho de 1909, com a idade de 63 anos, nunca durante a sua vida, mostrara interesse algum pelas

comunicações espíritas.

Sua última mensagem foi datada de 20 de outubro de 1913.

Kathleen: ouviu-se pela primeira vez falar em Kathleen em 28 de julho de 1917, quando a

mãe do Sr.Vale Owen fazia funcionar a prancheta. Kathleen, vinha sempre, acompanhada de

amigos.

Astriel: as suas comunicações eram sobre assuntos de fé religiosa, e de matéria filosófica e

científica.

6. DIRETOR DA MEDIUNIDADE: A Sra. Owen (sua mãe) foi sempre quem dirigiu a

mediunidade de Vale Owen.

Page 145: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 145 -

7. IDÉIA CENTRAL: a sobrevivência do Espírito após a morte, e como é viver no Mundo

dos Espíritos.

8. MECANISMO DA MEDIUNIDADE: Psicografia semi-mecânica.

REPERCUSSÃO: No livro não há registros.

Em “GRANDES VULTOS DO ESPIRITISMO”, Paulo Alves Godoy (editora: FEESEP),

encontra-se a seguinte matéria:

“As publicações do Correio Semanal (jornal de circulação da época) contendo tais escritos,

despertaram inusitados interesses, tanto na Inglaterra como em outros países, o que aliás redundou

num ataque sistemático por parte das Igrejas, que movimentaram todos os seus recursos materiais

com o objetivo de minorar os catastróficos efeitos que estavam produzindo em todas as camadas da

sociedade os escritos de Vale Owen”.

Page 146: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 146 -

Conclusão

7.1 LM, itens 226 (ver o texto no LM), 227 e 228

“Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia,

influência muito grande sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar com os Espíritos o

médium desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode

verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma

exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da

semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons, e os maus com os maus,

donde se segue que as qualidades morais do médium exercerem influência capital sobre a natureza

dos Espíritos que por ele se comunicam. Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os

Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos que por ele se comunicam.” (LM. - Cap. XX, item 227)

“Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos.

A que, porém eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos

confessa a si mesmo.

O orgulho, nos médiuns, traduz-se por sinais inequívocos, a cujo respeito tanto mais

necessário é se insista, quanto constitui uma das causas mais fortes de suspeição, no tocante à

veracidade de suas comunicações. Começa por uma confiança cega nessas mesmas comunicações e

na infalibilidade do Espírito que lhes dá. Daí um certo desdém por tudo o que não venha deles: é

que julgam ter privilégio da verdade. O prestígio dos grandes nomes, com que se adornam os

Espíritos tidos por seus protetores, os deslumbra e, como neles o amor próprio sofreria, se

houvessem de confessar que são ludibriados, repelem todo e qualquer conselho; evitam-nos mesmo,

afastando-se de seus amigos e de quem lhes possa abrir os olhos. Se condescendem em escutá-los,

nenhum apreço lhes dão as opiniões, porquanto duvidar do Espírito que os assiste fora quase uma

profanação. Aborrecem-se com o menor contradita, com uma simples observação crítica e vão às

vezes ao ponto de tomar ódio às próprias pessoas que têm prestado serviço. Por favorecerem a esse

insulamento a que os arrastam os Espíritos que não querem contraditores, esses mesmos Espíritos se

comprazem em lhes conservar as ilusões, para o que os fazem considerar coisas sublimes as mais

polpudas absurdidades. Assim, confiança absoluta na superioridade do que obtém, desprezo pelo

que deles não venha, irrefletida importância dada aos grandes nomes, recusa de todo conselho,

suspeição sobre qualquer crítica, afastamento dos que podem emitir opiniões desinteressadas,

crédito em suas aptidões apesar de inexperientes: tais as características dos médiuns orgulhosos.

Devemos também convir em que, muitas vezes o orgulho é despertado no médium pelos os

que os cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado, gabado e entra a

julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu

concurso. Mais de uma vez tivemos motivo de deplorar elogios que dispensamos a alguns médiuns,

com o intuito de os animar.” (L.M. Cap. XX - item 228)

7.2 - Livro dos Médiuns Cap. XVI item 196 Médiuns Imperfeitos

item 197 Bons Médiuns

Livro dos Médiuns Cap XX, item 230

“Onde, porém, a influência moral do médium se faz realmente sentir, é quando ele substitui,

pelas que lhe são pessoais as idéias que os Espíritos se esforçam por lhes sugerir e também quando

tira da sua imaginação teorias fantásticas que, de boa-fé, julga resultarem de uma comunicação

intuitiva, é de apostar-se então mil contra um que isso não passa de reflexo do próprio Espírito do

Page 147: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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médium. Dá-se mesmo o fato curioso de mover-se a mão do médium, quase mecanicamente às

vezes, impelida por um Espírito secundário e zombeteiro. É essa a pedra de toque contra a qual vêm

quebrar-se as imaginações ardentes por isso que, arrebatados pelo Espírito de suas próprias idéias,

pelas lentejoulas de seus conhecimentos literários, os médiuns desconhecem o ditado modesto de

um espírito criterioso e, abandonando a presa pela sombra, o substituem por uma paráfrase

empolada. Contra este escolho terrível vêm igualmente chocar-se as personalidades ambiciosas que,

em falta das comunicações que os bons Espíritos lhes recusam, apresentam suas próprias obras

como sendo desses Espíritos. Daí a necessidade de serem, os diretores dos grupos espíritas, dotados

de fino tato, de rara sagacidade, para discernir as comunicações autênticas das que não o são e para

não ferir os que se iludem a si mesmo.” (L.M. Cap. XX, item 230)

7.3 - Livro dos Médiuns Cap. XX, item 229

A par disto, ponhamos em evidência o quadro do médium verdadeiramente bom, daquele em

que se pode confiar. Supor-lhe-emos, antes de tudo, uma grandíssima facilidade de execução, que

permita se comuniquem livremente os Espíritos, sem encontrarem qualquer obstáculo material. Isto

posto, o que mais importa considerar é de que natureza são os espíritos que habitualmente o

assistem, para o que não devemos ater aos nomes, porém, à linguagem. Jamais deverá ele perder de

vista que a simpatia, que lhe dispensam os bons Espíritos, estará na razão direta de seus esforços por

afastar os maus. Persuadido de que a sua faculdade é um dom que só lhe foi outorgado para o bem,

de nenhum modo procura prevalecer-se dela, nem apresentá-la como demonstração de mérito seu.

Aceita as boas comunicações, que lhe são transmitidas, como uma graça, de que lhe cumpre

tornar-se cada vez mais digno, pela sua bondade, pela sua benevolência e pela sua modéstia. O

primeiro se orgulha de suas relações com os Espíritos superiores; este outro se humilha, por se

considerar sempre abaixo desse favor. (LM Cap. XX item 229)

Page 148: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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DADOS HISTÓRICOS PARA COMPREENSÃO DO PANORAMA

SÓCIO-POLÍTICO-ECONÔMICO DO SÉCULO XIX E PRIMEIRA

METADE DO SÉCULO XX

O CAPITALISMO INDUSTRIAL OU 2a. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

O extraordinário crescimento da industrialização ocorrido durante a 2a. metade do século é

comumente chamada de Segunda Revolução Industrial. Este crescimento foi possível devido a

novas invenções descobertas científicas, tais como: o motor de combustão, o uso de energia elétrica

e a química industrial.

Esta 2a. Revolução Industrial caracterizou-se pela nova organização do sistema capitalista . O

mundo entra na era das grandes indústrias, dos grandes bancos. Nesta nova ordem, nós temos a

Inglaterra como o maior país capitalista do mundo e a principal nação imperialista do mundo.

Há uma competição exacerbada entre os países pelo mercado consumidor, a burguesia

enriquece, o operariado explorado torna-se cada vez mais insatisfeito, surgem as doutrinas

socialistas e há o fortalecimento da filosofia materialista.

Neste período nós temos a América Latina já delineada em nações, fornecedora de matéria

prima, enquanto que a América anglo-saxônica se industrializa. O Brasil Império é totalmente

dependente da Inglaterra e como conseqüência teremos um grande atraso em nosso processo de

industrialização.

Neocolonialismo

A propagação da industrialização por vários países gerou uma forte competição por mercados

consumidores e por matéria prima. Os países industrializados criaram tarifas protetoras para

garantirem para si o monopólio do mercado interno e com isto aconteceu um excedente de

produção. A solução era distribuir este excedente nos mercados africanos, asiáticos e

latino-americanos. Houve nesta época uma verdadeira corrida colonial, principalmente em direção

à Ásia e África.

A Europa industrializada tornava-se senhora do mundo africano e asiático e em menor escala

da América Latina, que já havia firmado anteriormente sua independência política mas totalmente

submissa do capital inglês. Era o caso do Brasil.

É verdade que o neocolonialismo proporcionou aos países subdesenvolvidos um certo

progresso, em função da possibilidade de vender sua produção agrícola e matérias primas. No

entanto as disparidades nas relações de compra e venda entre os países capitalistas e as nações

colonizadas proporcionaram maior acúmulo de riquezas para a alta burguesia imperialista.

Primeira Guerra Mundial

O imperialismo e o neocolonialismo, gerados pela industrialização, iniciados na segunda

metade do século XIX, geraram grande disputa por mercados consumidores entre os países

industrializados e tornara inevitável o conflito internacional. Eles foram os responsáveis pela

Primeira Guerra Mundial.

O Espiritismo surge neste contexto de grandes modificações sociais, políticas e econômicas e revive os

conceitos cristãos que estavam esquecidos por uma Europa eminentemente capitalista e materialista.

Page 149: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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A Alemanha, após sua unificação, teve um processo de industrialização muito acelerado, que

a transformou, no final do século XIX, na primeira potência industrial da Europa. Havia uma

grande rivalidade entre Alemanha e Inglaterra. A burguesia industrial e financeira passou a

alimentar e divulgar a necessidade de destruir a Alemanha. O estopim do conflito foi o assassinato

do herdeiro do trono austríaco, o arquiduque Francisco Fernando e sua esposa em 28 de junho de

1914 em Sarajevo, capital da Bósnia.

Os Estados Unidos só entram no conflito em 1917, apesar de emprestar capitais e vender

armamentos desde o início para a Inglaterra, sua aliada natural. A entrada dos Estados Unidos foi

seguida por outros países americanos, como por exemplo, o Brasil.

Esfomeado e cansado, o povo alemão se revoltou e os soldados e operários forçaram o Kaiser

(imperador) a abdicar e tomaram o poder. Formou-se um governo provisório: a República de

Weimar. Em novembro de 1918 o novo governo formalmente assinou a rendição alemã e em 1919

é que a paz geral se firmava com o Tratado de Versalhes.

Page 150: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 150 -

OS MOVIMENTOS POLÍTICOS E SOCIAIS DOS SÉCULOS XIX/XX

CAPITALISMO INDUSTRIAL

(2ª Revolução Industrial)

NEOCOLONIALISMO

AMÉRICA

ANGLO-SAXÔNICA

INDUSTRIALIZAÇÃO

EUROPA ATRELADA A

INGLATERRA

AMÉRICA LATINA FORNECEDORA DE

MATÉRIA PRIMA

DEPENDÊNCIA ECONÔMICA

1ª GUERRA MUNDIAL

DISPUTA DE MERCADO ENTRE

POTÊNCIAS

REVOLUÇÃO RUSSA

2ª GUERRA MUNDIAL

GUERRA FRIA

ESTADOS UNIDOS X U.R.S.S.

FIM DA U.R.S.S.

Page 151: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 151 -

MUNDO CONTEMPORÂNEO OU PÓS-GUERRA

1.1 O Mundo Pós-Guerra é um mundo conflitante, onde a cada dia se acentuam as

diferenças entre os países ricos e pobres.

No Extremo Oriente os japoneses viram seu país ser dominado pelos norte-americanos

liderados pelo general MacArthur. Após a 2a. Guerra Mundial o mundo na verdade estava dividido

em dois blocos: o bloco socialista e o capitalista, ou seja, os EUA e a URSS, eram as duas maiores

potências mundiais e dividiam a influência sobre os demais países.

1.2 A Guerra-Fria: disputa pela liderança mundial entre os EUA e a URSS, que passaram a

intervir direta ou indiretamente nos assuntos internos dos demais países, geraram a chamada Guerra

Fria, um dos fatores responsáveis pela grande tensão pós-guerra.

Entende-se por Guerra Fria a guerra ideológica entre a superpotência capitalista (EUA) e a

socialista (URSS), cada qual procurando ampliar suas áreas de influência no mundo, em defesa de

seus interesses ideológicos, políticos e econômicos.

Para alguns estudiosos do assunto, a Guerra Fria começou em 1947, ano em que foram

lançados a doutrina do presidente Truman dos EUA e o plano Marshall.

A essência da doutrina Truman é a idéia de que todas as nações devem escolher livremente

“uma forma de vida baseada na vontade da maioria”. A doutrina Truman colocava os EUA como

guardião da liberdade dos povos e defendia a liderança internacional desse país para garantir a paz

mundial. Pouco depois da doutrina Truman, foi lançado o plano Marshalll, pelo qual os EUA

concediam ajuda econômica a Europa Ocidental, devastada pela guerra, e onde crescia a influência

dos países de esquerda, devido às manifestações populares, provocadas pelo desemprego, falta de

alimentos e crise econômica generalizada.

Com o plano Marshall os norte-americanos pretendiam garantir os mercados consumidores

europeus para seus produtos e impor a hegemonia econômica dos EUA sobre a Europa. Assim o

plano Marshall uniu a Europa contra o avanço socialista e a integrou ao mercado capitalista

mundial.

A URSS reagiu, reforçando seu domínio econômico e político sobre o Leste Europeu.

Portanto, a doutrina Truman, o plano Marshall e o expansionismo soviético são considerados

os principais fatores da Guerra Fria.

A Guerra Fria foi acompanhada pelo desenvolvimento das armas atômicas, pela disputa

diplomática de pontos estratégicos e por conflitos armados, principalmente na Ásia. A Europa se

recuperou rapidamente dos efeitos desastrosos da 2a. Guerra, graças ao plano Marshall e as

organizações econômicas de auxílio mútuo que foram formadas, tais como o Mercado Comum

Europeu (MCE).

1.3 A descolonização Afro-asiática foi conseqüência da 2a. Guerra, pela crise do sistema de

dominação sobre as colônias das metrópoles arruinadas pela guerra. O processo de descolonização

se deu de maneira lenta e gradual, prosseguindo até hoje. As colônias conseguiram sua

independência através da luta armada ou pelo reconhecimento puro e simples de sua emancipação

pura e simples pela metrópole.

1.4 A descolonização da Ásia – muito mais do que na África – foi marcada por uma série de

conflitos que colocaram em risco a paz mundial. Entre estes conflitos podemos destacar: a Guerra

da Coréia, a Guerra do Vietnã e as Guerras no Oriente Médio entre árabes e judeus.

a) Guerra da Coréia – a Coréia tornou-se independente do Japão após a 2a. Guerra. Pouco

mais tarde foi dividida entre Coréia do Norte e Coréia do Sul. Em 1950 a Coréia do Norte invadiu a

Coréia do Sul. Era uma rivalidade ideológica que contribuiu para aumentar a tensão internacional e

Page 152: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 152 -

acirrar a Guerra Fria. Esta guerra se prolongou até 1953 quando as forças das Nações Unidas

acabaram com a Guerra.

b) Guerra do Vietnã – foi o mais sério conflito no processo de descolonização da Ásia.

A Indochina, onde se localizavam o Vietnã, o Laos e o Camboja pertenciam à França desde o

século XIX. Em 1954, após lutas e ocupações nesta região, a França, na Conferência de Genebra,

reconheceu a independência do Vietnã em Norte (socialista) e Sul (capitalista). Por volta de 1960

iniciou-se um movimento socialista de reunificação dos dois Vietnãs com a invasão do Vietnã do

Sul pelas tropas norte-americanas. Os invasores tinham o apoio da China e mais uma vez a

expansão socialista afetava os interesses norte-americanos.

Em 1961 os EUA intervieram na Guerra do Vietnã, com homens e armas. O povo vietnamita

do norte e do sul sofreram muito com a intervenção das tropas estrangeiras em seus assuntos

internos. Em 1973, os EUA, derrotados, se retiraram da Indochina. As lutas no entanto

prosseguiram até 1975, quando os comunistas derrubaram os governos do Camboja e do Vietnã do

Sul. Em 1976 os dois países se reuniram e formaram a República Socialista do Vietnã.

Ampliava-se o regime socialista na Ásia, declinava a influência capitalista.

1.5 As Guerras no Oriente Médio a razão mais evidente dos choques entre árabes e judeus é

chamada Questão Palestina.

No século I, depois de Cristo, os judeus foram expulsos da Palestina pelos romanos. Este

episódio é conhecido como Diáspora, isto é, dispersão dos judeus pelo mundo. Os judeus

permaneceram sem pátria durante aproximadamente dezenove séculos.

No final do século XIX, iniciou-se entre os judeus um movimento chamado Sionismo. Este

movimento defendia a criação de um estado judaico. O local escolhido foi a Palestina, sua antiga

pátria. Mas a Palestina já havia sido ocupada pelos árabes desde o século VII. Os judeus iniciaram

um movimento de migração em direção a Palestina, que aumentou muito após a ascensão do

nazismo na Alemanha. Os árabes e os palestinos não viam com bons olhos a “invasão” judaica de

suas terras.

Em 1948, por determinação da ONU, foi criado o Estado de Israel. Os judeus voltaram a ter

uma pátria mas transformou os palestinos em um povo sem pátria.

Começaram as guerras entre árabes e judeus, em 1948, 1956, 1967 e 1973, que permitiram aos

judeus conquistar outros territórios e ampliar suas fronteiras. Os palestinos refugiaram-se por vários

países árabes e criaram a Organização de Libertação da Palestina (OLP).

1.6 A Revolução Chinesa – fora da Europa, a primeira grande região a vivenciar uma

revolução socialista foi a China. O Partido Comunista Chinês atuava desde 1921, mas foi durante a

2a. Guerra, que as condições tornaram-se propícias para a revolução. Os japoneses tinham invadido

a China e os comunistas resistiram bem mais que as tropas do governo tentou esmagar os

comunistas, mas estes gozavam de grande apoio popular que lhes permitiu a vitória em 1949. Mao

Tsé-Tung assumiu o poder. Foi realizada a reforma agrária, adotando-se a criação das comunas

rurais. Ao mesmo tempo a economia era estatizada. Na década de 60, teve lugar a “Revolução

Cultural” onde a liderança de Mão foi reafirmada.

1.7 Crises Atuais

a) Glasnost e Perestroika – na década de 80, o nome de Mikhail Gorbachov torna-se

conhecido mundialmente. Empossado em 1985 ele trazia um discurso diferente dos líderes

Page 153: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 153 -

anteriores. Perestroika ou reestruturação e Glasnost (grito livre) passaram a designar a abertura

política. As razões para estas mudanças econômicas e políticas, estão sem dúvida, na estagnação

econômica da URSS. As resistências às reformas foram muito grandes pois muitos setores da

burocracia não querem perder seus privilégios.

Em 1991 houve uma tentativa de golpe contra Gorbachov, mas o golpe fracassou e as antigas

repúblicas soviéticas estão buscando seus próprios caminhos, com lutas internas e separatistas.

b) Na China as mudanças econômicas estão ocorrendo desde a década de 70, mas não se

faziam acompanhar de modificações políticas.

Os dirigentes esmagaram violentamente os protestos estudantis da Praça da Paz Celestial em

1989. Muitos manifestantes foram mortos ou enviados para as prisões.

c) O Terceiro Mundo – denomina-se Terceiro Mundo o conjunto de países considerados, do

ponto de vista econômico como subdesenvolvidos. São fundamentalmente os países da América

Latina, da África e da Ásia.

Os elementos comuns a estes países são:

baixo padrão de desenvolvimento econômico;

dívida externa;

analfabetismo;

alto índice de subempregos na cidade e no campo;

enormes deficiências sociais, bolsões de pobreza e verdadeiras “ilhas de prosperidades”.

Favelas e mansões lado a lado;

concentração de renda com uma minoria.

BRASIL

Apesar do crescimento industrial, acelerado nos anos 70 e 80 e de possuir matéria-prima e

mão-de-obra abundantes e baratas, estamos presos por vínculos de dependência ao capital

internacional. Isto se deve ao fato de que o crescimento industrial se fez através de empréstimos

externos, da compra de tecnologia estrangeira e de várias concessões feitas às multinacionais.

Em 1985, chegou ao fim o longo ciclo de governos militares no Brasil, com a eleição de

Tancredo Neves e José Sarney, a eleição foi de forma indireta e com a morte de Tancredo Neves, o

vice-presidente José Sarney assumiu a presidência; foi elaborada uma nova Constituição, em 1988,

e as primeiras eleições diretas ocorreram em 1989, sendo eleito Fernando Collor de Melo, que

assumiu em 1990. Mas os problemas econômicos permaneceram, uma vez que o modelo

concentrador de renda favorece o empobrecimento de amplas camadas da população.

Page 154: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 154 -

BIBLIOGRAFIA

OS CAMINHOS DO HOMEM – Editora LÊ

Adhemar Marques

Flávio Berutti

Ricardo Faria

HISTÓRIA GERAL – Editora Moderna

Francisco de Assis Silva

HISTÓRIA DO BRASIL – Editora Ática

Nelson Piletti

BRASIL

1º IMPÉRIO

- Fornecedora de matéria-prima

- Dependência da Inglaterra

2º IMPÉRIO

- Fornecedora de matéria-prima

- Atraso no processo de industrialização

REPÚBLICA VELHA

(de 1889 a 1930)

- Dívida externa

- Coronelismo

- Oligarquias

GETÚLIO VARGAS

- Governo provisório

- Governo constitucional

- Estado Novo

(1937/45–aproximação c/ o nazismo)

DOMÍNIO DO CAPITALISMO

- Começa a industrialização

- Presidente Dutra

- Presidente Juscelino

- Presidente Jânio

- Presidente João Goulart

- O populismo

1964 - Ditadura militar

1985 - Eleição de Tancredo Neves

1989 - Eleições diretas

1990 - Assume Fernando Collor

1992 - Renúncia de Fernando Collor

Page 155: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 155 -

Avaliação do 1o. Encontro sobre Mediunidade

Pela graça infinita de Deus, Paz.

Baltazar, pela graça de Deus.

Meus amigos, trata-se de avaliar este 1o. Encontro sobre a Mediunidade.

Em realizado o Encontro, feito com um prazo de tempo quase exíguo, embora quase todos

devessem conhecer o assunto de modo a não ter excessos de dificuldades durante o trabalho que

fazer.

Entendemos que o Encontro foi bastante razoável, dada a esta circunstância. Acreditamos que

providências maiores visando facilitar o próprio trabalho do dinamizador, tipo manual, para que

todos falem a mesma linguagem, é uma necessidade que vai ser estudada com maior carinho.

Entendemos que o treinamento de tais dinamizadores deva ser feito de maneira maior, mais

consciente, e porque não dizer com mais aprimoramento. Às vezes vimos e pressentimos

dinamizadores que praticamente estavam tomando conhecimento, se adestrando para o seu trabalho

naquele momento, naquele instante. Como se um trabalho deste tipo pudesse ser feito assim tão

fragilmente, tão inseguramente; mas não só o tempo, como a necessidade da leitura, de uma leitura

maior, devem ser analisados e devem buscar-se, todos devem buscar o elemento que favoreça o

trabalho, que indique as criaturas exatamente como fazer o trabalho.

Ora, o que vemos nós? Vemos pessoas totalmente interessadas para produzir, pessoas

totalmente dispostas a produzir, pessoas voltadas para o desejo de produzir, mas por não terem

tempo, por estarem despreparadas e por não disporem de todo material que lhes facilitasse o

trabalho não puderam dar tudo que tinham para dar. Esta é uma necessidade que será ou deverá ser

sanada no próximo Encontro.

Também entendemos que as próprias divisões por entre vários médiuns se facilitaram de um

lado o serviço, trouxeram um pouco de falhas, poucas opções. Acredito que para facilitar ao

Encontrista, em cada sala se analisará apenas um médium dando-se opção para que sejam analisados

2 (dois) médiuns, Se no próximo Encontro teremos médiuns assim em número suficiente para ser

analisados é um outro assunto, mas vamos falar a vocês que vocês terão muito ..........

Mas se essa atividade pode ser sanada com facilidade, a atividade geral, isto é, do estudo,

sempre teremos um pouco mais de dificuldade porque as criaturas não se dispõem a estudar ou,

apenas são capazes de deixar para a última hora alguma coisa que deveria ser feita

.............................

Enfatizamos com a direção, a coordenação do trabalho que descubra meios de estimular as

pessoas a desde cedo a começarem a estudar para o trabalho.

No que se refere ao assunto do próximo Encontro será estudado a Mediunidade de

Incorporação em seus variados aspectos fenomênicos todos dentro da única ótica de comunicação os

Espíritos, .......................................

Junto às crianças, junto aos jovens o trabalho correu como deveria correr. .......................

..................................................................................................... porque o objetivo a ser

atendido não está inteiramente ao alcance de suas mentes.

Na parte de secretaria, de documentos, vamos dizer assim, de secretaria tudo correu como

pode correr . ................... e apenas necessitando naturalmente estes ajustes.

E .......................... podemos dizer que a parte Espiritual que a (?) equipe médico-espiritual

funcionou a contento.

Que Deus nos ajude, nos abençoe nos proteja agora e sempre lembrando que os esforços

contínuos .......................................... não só no campo do estudo também no campo também da

cozinha, no campo da livraria, no campo da limpeza, em todas as áreas sem exceção. Todos foram

muitíssimo .....................

Page 156: Tema: A Mediunidade Psicográfica

- 156 -

Deus nos ..................

E agora estamos preparados para as perguntas.

Comece você.

P - Irmão Baltazar, estudando temas específicos de Mediunidade.

1. Qual exatamente o objetivo principal de um Encontro sobre a Mediunidade?

B - Mostrar a eles .........................................., mostrar a finalidade da Mediunidade. Mostrar

as finalidades significa mostrar ..................................... . Como exatamente foi dito no início: mostre

o fenômenos e conclua ......................................

2. Sempre através dos exemplos dos médiuns?

B - Sempre através dos exemplos dos médiuns que é a melhor maneira das pessoas

compreenderem a extensão do serviço.

3. ...................................................................

B - Não acredito que seja necessário. Você poderá fazer assim. Talvez seja a mesma coisa.

Talvez ....................... chegar (?) aos objetivos que você quer atingir.

A Mediunidade de Incorporação. O que é? Como se manifesta? Através de quem se

manifesta?

Pesquisa. Estudo TUDO sobre incorporação. Tudo que existir sobre incorporação.

Faça assim. A partir daí você estudará o fenômeno mediúnico para que as pessoas entendam o

que vem a ser o fenômeno de incorporação.

E depois você terminará com os exemplos mostrando os médiuns no seu aspecto de

execução, de facilidade de execução e de trabalho contínuo. ........................................ você colocará

os médiuns que recebem Espíritos nas sessões de desobsessões, os que podem confortar e consolar

através de orientações, seriam os médiuns conselheiros, através da incorporação e aqueles que

podem receitar também através da incorporação receitar e curar.

Apesar de ser duas coisas diferentes você pode fazer ...........................................

Finalmente os efeitos morais como sempre. Como os médiuns são capazes de registrar ..........

Qual a me ...............................

E finalmente como conviver com a sua própria mediunidade em meio a uma sociedade

perversa?

Baltazar

(Mensagem psicofônica, em 28/06/94, transmitida pelo médium Altivo Pamphiro)

Page 157: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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KARDEC, OBRIGADO

Kardec, enquanto recebes as homenagens do mundo, pedimos vênia para associar nosso preito

singelo de amor aos cânticos de reconhecimento que te exalçam a obra gigantesca nos domínios da

libertação espiritual.

Não nos referimos aqui ao professor emérito que foste, mas ao discípulo de Jesus que

possibilitou o levantamento das bases do Espiritismo Cristão, cuja estrutura desafia a passagem do

tempo.

Falem outros dos títulos de cultura que te exornavam a personalidade, do prestígio que

desfrutavas na esfera da inteligência, do brilho de tua presença nos fastos sociais, da glória que te

ilustrava o nome, de vez que todas as referências à tua dignidade pessoal nunca dirão integralmente

o exato valor de teus créditos humanos.

Reportar-nos-emos ao amigo fiel do Cristo e da Humanidade, em agradecimento pela coragem

e abnegação com que te esqueceste para entregar ao mundo a mensagem da Espiritualidade

Superior. E, rememorando o clima de inquietações e dificuldades em que, a fim de reacender a luz

do Evangelho, superaste injúria e sarcasmo, perseguição e calúnia, desejamos expressar-te o carinho

e a gratidão de quantos edificaste para a fé na imortalidade e na sabedoria da vida.

O Senhor te engrandeça por todos aqueles que emancipaste das trevas e te faça bendito pelos

que se renovaram perante o destino à força de teu verbo e de teu exemplo!...

Diante de ti, enfileiram-se, agradecidos e reverentes, os que arrebataste à loucura e ao suicídio

com o facho da esperança; os que arrancaste ao labirinto da obsessão com o esclarecimento

salvador; os pais desditosos que se viram atormentados por filhos insensíveis e delinqüentes, e os

filhos agoniados que se encontraram na vala da frustração e do abandono pela irresponsabilidade

dos pais em desequilíbrio e que foram reajustados por teus ensinamentos, em torno da reencarnação;

os que renasceram em dolorosos conflitos da alma e se reconheceram, por isso, esmagados de

angústia nas brenhas da provação, e os quais livraste da demência, apontando-lhes as vidas

sucessivas; os que se acharam arrasados de pranto, tateando a lousa na procura dos entes queridos e

que a morte lhes furtou dos braços ansiosos, e aos quais abriste os horizontes da sobrevivência,

insuflando-lhes renovação e paz, na contemplação do futuro; os que soergueste do chão pantanoso

do tédio e do desalento, conferindo-lhes, de novo, o anseio de trabalhar e a alegria de viver; os que

aprenderam contigo o perdão das ofensas e abençoaram, em prece, aqueles mesmos companheiros

da Humanidade que lhes apunhalaram o espírito, a golpes de insultos e ingratidão; os que te

ouviram a palavra fraterna e aceitaram com humildade a injúria e a dor por instrumento de

redenção; e os que desencarnaram incompreendidos ou acusados sem crime, abraçando-te as

páginas consoladoras que molharam com as próprias lágrimas...

Page 158: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Todos nós, os que levantaste do pó da inutilidade ou do fel do desencanto para as bênçãos da

vida, estamos também diante de ti!... E, identificando-nos na condição dos teus mais apagados

admiradores e como os últimos dos teus mais pobres amigos, comovidamente, em tua festa, nós te

rogamos permissão para dizer: “Kardec, obrigado!... Muito obrigado!”...

Irmão X

Livro: HISTÓRIAS E ANOTAÇÕES

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Editora Cultura Espírita União (CEU)

Page 159: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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LEITURA ESPÍRITA

Conquanto o Espiritismo - ou Doutrina dos Espíritos, - tenha surgido da palavra dos próprios

Espíritos, luminares da evolução e do aprimoramento da Humanidade, não será lícito esquecer o

trabalho paciente e valioso daqueles espíritos outros, denodados pioneiros do progresso e da

felicidade dos homens, reencarnados na Terra, para a elevada missão de fixar-lhes os ensinamentos.

Compreende-se que a mente popular se emprenhe à procura do verbo revelador que flui da

espiritualidade pelos canais medianímicos, acostumada que se acha a encontrar por esse processo,

há mais de um século, instruções e lições seguras, desde que “O Livro dos Espíritos” apareceu por

monumento básico da Verdade, em que o homem interroga e os espíritos respondem sobre as mais

transcendentes questões da Vida e da Natureza.

Forçoso, no entanto, reconhecer o mérito dos agentes humanos que dignificam os princípios

espíritas, a comentá-los, desenvolvê-los, interpretá-los e iluminá-los.

*

Sem Allan Kardec, não teríamos a autoridade terrestre, reunindo fatos e deduções na formação

da Doutrina e, depois do Codificador, tivemos no mundo toda uma plêiade de missionários

corporificados na forma física, organizando empreendimentos e realizações que honram todos os

setores do Espiritismo, erguido à condição de Cristianismo redivivo.

A eles devemos construções doutrinárias inesquecíveis, quais sejam:

As interpretações científicas dos fenômenos.

As experiências inatacáveis.

As análises filosóficas.

As ilações religiosas.

Os relatórios seguros.

A organização do intercâmbio espiritual.

A literatura da Nova Revelação.

A escola e o ensino kardequianos.

As observações precisas.

A história do Espiritismo.

A imprensa renovadora.

Os boletins informativos.

Os simpósios permanentes de estudo.

Os conclaves de orientação.

As teses santificantes.

Os apelos à sublimação da alma.

Os planos das obras espíritas.

Page 160: Tema: A Mediunidade Psicográfica

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Indubitavelmente é imperioso creditar a eles - devotados seareiros da luz, precioso e

inestimável trabalho na sementeira e difusão das verdades que abraçamos, razão por que,

tributar-lhes consideração e estímulos, lendo-lhes as páginas edificantes e louvando-lhes o serviço

benemérito é para nós inalienável dever.

*

Companheiros!

Honremos os livros dos espíritos, nas letras mediúnicas que desdobram os primores da

Codificação, à luz do Evangelho, mas reverenciemos também os livros dos espíritas valorosos e

sinceros que são na Terra, abnegados apóstolos do Senhor!

André Luiz

Livro: SOL NAS ALMAS

Psicografia: Waldo Vieira

Edição Comunhão Espírita Cristã (CEC)