Teatro Evangélico – Volume 1

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Uma das melhores opções de comunicação da palavra de Deus. Peças divertidas e fáceis de serem produzidas. Você vai chorar ,rir e se emocionar com os assuntos tratados em cada volume. ´´Humor e unção para quebrantar corações``. Autor:Wilson Soares Cardoso. Formato: 14x21. Número de páginas: 152. ISBN: 85-7459-056-8

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UM NOVO NASCIMENTO

Numa pequena casa feita de madeira, no Bairro do

Cafundó, Seu Orlando, bóia-fria, tem um breve diálogo

com sua esposa, D. Hosana.

– Muié, quanto que nóis temo de dinheiro guardado?Preciso de umas economia’ pra mór de te comprá uns presen-te e pros nossos fios tumém... Já tá chegano o natar.

– Ô Lando, cê sabe que as coisa num tá fácir, precisamodeixá essa bobagêra de lado e comprá cumida, pois presentenum enche barriga de ninguém.

– É, mais ocê tumém num pode negá a alegria das nian-ça...O Aldemirzinho, por inzempro, tá doidcho prá ganhá um“Preimobil” de forte Apache.

– Faiz o siguinte, intão...Vai até a cidade e vê se arranjaalguma tarefa procê ganhá um extra.

– Tá certo, Deus vai me ajudá. Se eu arrumá dinhêro euprometo prá São Longuinho déiz pulinho’e déiz gritinho’.Desde já vai pidino pro nosso protetor ajudá.

E despedindo-se de sua companheira, seu Orlando

sai à procura de alguma novidade. Chegando à cidade,

procurava olhar os preços de presentes para o natal, quan-

do uma evangelista chamada Valéria, o pára na rua e lhe

entrega um convite.

– Senhor, gostaria de participar de um evento natalinoem nossa igreja? Será pertinho daqui, ali na igreja... O senhorconhece?

– Ah, não... É dessas igrejas que só qué sabê de dinheiro,né? Mas ocê se achegô ao home errado. Tô sem um reá noborso.

– Não, senhor. Apenas pregamos a salvação por NossoSenhor Jesus Cristo, ele não está interessado no dinheiro deninguém, mas realmente pedimos ofertas... Bom, vamos fazero seguinte? O senhor participa de um culto e no final, nosesforçaremos para dar as respostas de todas as suas perguntasde acordo com a Palavra de Deus.

– Quem sabe ôtro dia? Agora tenho que arrumá dinhê-ro! A sua bênça minha irmã. Ah!Ah!

Seu Orlando não se importou nem um pouco com a

mensagem de salvação dada pela evangelista e, retiran-

do-se foi procurar fazer seu dinheiro extra.

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*Quando passava por um beco, fora barrado novamente,

agora por um rapaz que lhe oferecera um panfletinho onde

estava escrito:

“Mãe Keila, resolve todos os seus problemas, venha

receber seus poderes” (Ele lê em voz alta).

– ‘Brigado garoto, eu tava mesmo precisando disso,onde fica essa casa? Rua do Poço sem Fundo, 666 – Bairro doLamaçal. É perto? Bem que eu gostaria de fazer uma visitapr’ela.

– O senhor conhece o Bairro do Tolo, perto da Alame-da dos Sem Juízo?

– Ah, sei! É a que faiz isquina co’a Travessa do PobreDiabo, num é?

– É essa mesmo, então, vai lá ainda hoje, ela atende atéas seis horas...

– Eu vou prá lá agorinha mermo...Tchau minino, foi amiór coisa que me aconteceu hoje...

Após uma hora e meia, seu Orlando chega à tenda da

Mãe Keila, que o recebeu com um enorme sorriso:

– Seja bem-vindo meu senhor, entra que vou prepararum chá de ervas amargas para espantar maus espíritos...

Olhando meio desconfiado, seu Orlando faz uma

pergunta:

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– Olha, dona, a senhora disse que tem poder prá arre-sorvê quarqué pobrema, pois intão, o meu pobrema é farta dedinhêro, prá mór de comprá uns presente pros meu fio, umdeles tá quere no um Preimobil de Forte Apache...

– Ora, ora, ora... O senhor foi enviado pelos deuses paraminha humilde casa. Estou vendo aqui que o senhor terá emsuas mãos ainda hoje, uma enorme quantia de reais, só nãoconsigo receber a revelação de onde eles virão. Ah! Vejo tam-bém que o senhor irá passear num carro muito bonito, comchofer e tudo.

– Quê? Quê? Quê? Quê? Um monte de reár nas minhamão? Como? Assim, sem mais nem menos? A senhora tá debrincadêra! E ainda carro com chofer?

– Não, meu senhor, eu vejo perfeitamente. O senhorcom um saco de dinheiro na mão. Mas quando o senhorentrar neste carro está sem o dinheiro...

– Eu vou é m’bora daqui.

– São vinte reais a consulta.

– Ixe! Só tenho déiz na cartêra, é só.

– Quando conseguir o dinhêro revelado, você volta eme paga o resto... Assim você saberá que falei a verdade.

Ainda confuso, Seu Orlando sai da tenda de Mãe

Keila e volta para sua casa, mas acreditava lá no fundo que

aquilo era verdade. *No caminho de sua residência, mas

uma vez ele vê a irmã Valeria distribuindo seus convites;

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passa rapidamente por ela, que sem dar razão para sua

pressa, novamente o convida:

– Senhor, Jesus te ama, vai até a igreja, receber oração.

– Num dá minha fia, eu tenho uns dinhêro prá recebê.Inté.

Com passos largos, seu Orlando estava ansioso para

colocar as mãos no saco de dinheiro, revelado pela Mãe

Keila. Quando de repente ouve sirene de polícia pelas

redondezas.

* Um homem encapuzado salta em sua frente e entre-

gando-lhe um malote com um sifrão desenhado, sem nada

falar, corre desesperado, jogando seu capuz próximo de seu

Orlando, que sem reação fica pasmo, ao ver que aquilo era

nada mais, nada menos que um saco de dinheiro, que possi-

velmente fora roubado de algum banco próximo. Vendo a

viatura se aproximar, seu Orlando, ainda atônito, é aborda-

do pelos policiais, que após suas desculpas, que para eles

eram esfarrapadas, é levado preso. Na delegacia, o delegado

prepara seu interrogatório:

– Ô elemento... qual seu nome?

– Sou inocente, dotô! Um sujeito jogô o dinhêro...

– Calma, calma, calma... (o delegado vendo que seuOrlando não se acalmava, chamou um dos guardas, deu-lheuma ordem) – Dá um choque nele!(seu Orlando solta um grito amedrontado!)

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Aiiiiiiiiiiiiiiiiiih!

– Escute aqui seu caipira, você foi pêgo em flagrante,confessa que foi você, vamos! E já perguntei, qual seu nome?

– É Orlando Pereira Figueira Parreira Nogueira (diz gri-tando).

– Que nome esquisito...

– É que sô neto de agricutôr. Meu querido vô, que Deuso tenha, botô esse nome ni mim, porque ele curtivava arvesfrutíf’ras.

– Ah!

– Por favô dotô, dêxa eu im’bora... Tenho que arrumáserviço prá comprá uns presente prá famia, eu já contei prosinhô o que se assucedeu... Aquele disgrama de ladrão jogôesse dinhêro na minha mão. Eu nem sôbe o que fazê.

– Dá outro choque nele! – (diz o delegado)

– Aiiiiiiih! (chora)

– Ô doutor, já recuperamos o dinheiro, deixa esse mise-rável ir embora, é época de natal... E me parece que ele é mes-mo só um caipira que caiu numa cilada. – diz um Policial.

– O que você disse? (se irrita o delegado) – Quem é vocêpara falar alguma coisa pro delegado Tonhão? Só por causadessa sua ousadia, policial, você vai receber um castigo.Venha cá. (Tomando o equipamento de choque da mão dooutro policial, aplica-lhe o golpe.)

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– Aiiiiiiiiiih! (grita o policial)

– Qué sabê de uma coisa? (Diz o delegado) eu acho queeste homem é só um caipira que caiu numa cilada, já recupe-rei o dinheiro roubado, e afinal de contas, é época de natal.Some da minha frente, seu jeca.

Saindo, seu Orlando lembrou-se da promessa que haviafeito para seu “santo” e como ele (o santo) cumpriu mais oumenos o pedido, também só pagou metade da promessa.

– É meu santim, eu pago só meia promessa, ô seja, sóvou te dar cinco pulinho’e cinco gritinho’. Uh! Uh! Uh! Uh!Uh!

Enquanto pulava no meio da rua, seu Orlando, nãovendo um carro chique virando a esquina, é atropelado.Quando um senhor muito bem vestido desce do carro parasocorrê-lo.

– Jarbas! Vamos levá-lo agora mesmo para o hospital,ele está muito ferido!

– Mas, patrão, é só um homem qualquer, prá quê daratenção? Provavelmente é um indigente.

– Deixa de ser insensível rapaz, afinal de contas foi vocêquem o atropelou.

– Ô escória (cospe)!

* E ajuda a levá-lo para dentro do carro.

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Após sua internação, o Sr. Herivelton, dono de uma

fazenda naquela cidade, mas que só duas vezes por ano a

visitava, ficou com o nome e o endereço do seu Orlando.

No hospital deixara seu telefone para pagar qualquer tra-

tamento. Depois de ter informado D. Hosana e seus filhos

Aldemirzinho, Edsinho, Robsinho, Talitinha e Silmari-

nha; seu Orlando recebe a visita da família, que chora des-

consolada.

– Pai, o que fizeram com o senhor?

– Filho, ocê vai tê que ficá sem o seu Preimobil de ForteApache, que eu prometi, pois acho que num chego nem nessenatar.

– Num fala isso véio, ocê ainda tem muita vida pelafrente, nossos fio percisa docê. – diz D. Hosana.

– Não muié, vou passá dessa pra miór, traiz o vigário praentregá minha arma pro Criador.

Enquanto falavam, entrou no quarto a irmã Valéria,

que fora orar pelos enfermos, e avistando seu Orlando foi

ter com ele.

– Senhor, o que aconteceu?

– Ih, minha fia, eu fui atropelado, mas já tô passano des-sa pra miór, vou me encontrá com Deus...

– Na Bíblia está escrito: Eu sou o caminho, a verdade e avida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim. O senhor já ace-itou Jesus como Salvador pessoal de sua alma?

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– Como assim? Sou cristão desde nascimento, ele etodos os outros santos sempre me ajudaram. Agora estou indome incontrá cum Ele.

– A Bíblia diz que Jesus não divide sua glória com nin-guém, portanto, ou se pertence só a ele ou a outro.

– Jesuis disse isso?

– Sim, senhor. E também disse que quem não nascer denovo, jamais poderá contemplar a face de Deus um dia.

– Ah, não! Eu pensei que ocês era “crente”, agora cê mefala de reencarnação. Que raio de religião é a sua?

– Não, meu senhor, nascer do Espírito Santo! Tornar-sefilho de Deus!

Após algumas explicações, Valéria faz um apelo que

resulta na conversão de seu Orlando e de toda sua família.

– É, mas eu ainda tô neste hospitar, será que Jesuis vaime tirá daqui, são e sarvo? Tenho minhas desconfiança. E essamiséria em que eu vivo, ele pode me dá dinheiro tumém?

– A Bíblia relata que Jesus, sendo rico se fez pobre, masisto não significa que Ele não pode te dar prosperidade, bastavocê ter fé.

– Bão, intão eu tenho fé que inté o natar, eu vou têdinheiro prá comprá um monte de coisa pra minha muié,meus fio e prá mim tumém. Sabe que eu quero ganhá? Umbarbeadô elétrico.

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– De hoje em diante, o senhor é mais um filho do DeusAltíssimo e pode pedir o que. quiser pra Ele, em nome deJesus, que se for da sua vontade também, é lógico que te aten-derá.

Na véspera de natal, seu Orlando recebe alta do hos-

pital, e indo feliz para sua casa, encontra-se com Sr. Heri-

velton, que lhe dá uma carona. No caminho, conversando,

lhe faz uma proposta. Perguntou-lhe se queria morar na

fazenda para ser mais um dos caseiros e tomar conta de

parte de seus bois, pois havia poucos trabalhadores hones-

tos como ele. Mais do que depressa seu Orlando aceitou o

convite. Chegando em casa, corre para contar as novida-

des.

– Muié, arrume as mala’. Nóis vamo prum lugar bãodimais!

*O Sr. Herivelton, chegando-se até a humilde resi-

dência de seu Orlando, abre uma grande mala que havia

deixado no carro, contendo presentes para toda a família.

– É como se fosse parte do seu primeiro salário, seuOrlando, não sou eu quem estou distribuindo para sua famí-lia, mas o senhor mesmo.

* A molecada ataca a mala do Sr. Herivelton e fazem

uma gritaria.

Olhando para os céus seu Orlando grita:

– Brigado, Jesuis!

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E frequentando regularmente a igreja, seu Orlando

rapidamente tornou-se um grande pregador da Palavra de

Deus, onde anos mais tarde já conseguira ganhar quase

todos os trabalhadores da fazenda para o Senhor Jesus.

FIM

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