TE - A Formação do Canon - 2010

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Trabalho escolar sobre a formaçaão do cânon bíblico

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SEMINÁRIO PRESBITERIANO DE BRASÍLIATEOLOGIA PARA TRANSFORMAÇÃO DE VIDA

TEOLOGIA SISTEMÁTICA - NOTURNOProf. Héber

A FORMAÇÃO DO CANON

A FORMAÇÃO DO CANON

Ora, se eu desenvolvo qualquer estudo bíblico já partindo da idéia de que a Bíblia é um livro qualquer e que ele não é, mas contem a palavra de Deus e ainda de que os relatos sobrenaturais não existem, eu poderia desenvolver qualquer teoria, talvez até melhor do que a Hipótese JEDS, mas ela não refletirá a verdade.

Não há como provar a autoria de diversos livros da Bíblia Sagrada, em especial o primeiro deles atribuído a Moisés: o livro de Gênesis. Há muitas referências indiretas, já a partir de Josué, indicando a autoria de Moisés. Além disso, há cerca de 200 referências ou mais a Moisés em 27 dos livros posteriores da Bíblia. Além disso, como já mencionado, não há oposição nem da tradição judaica, nem da cristã sobre ser Moisés o autor de Gênesis.

Discussões como essa fazem parte de um assunto mais abrangente que envolve a formação do Cânon. É o que pretendemos, abaixo, apenas dar uma pequeníssima noção.

O Cânon Bíblico é o conjunto de livros do antigo e do novo testamento que compõem a Bíblia Sagrada que têm evidências de Inspiração Divina. Cânon, significa literalmente "régua" ou "cana - de medir", como se fosse um catálogo.

A formação do cânon bíblico se deu muito lentamente e de forma progressiva ao longo de mais de 2000 anos tendo começado, como tudo indica, por Moisés que escreveu os cinco primeiros livros sagrados e deve ter terminado o Antigo Testamento com Malaquias e o Novo Testamento com o Apocalipse de João, em 90 D.C

Antes mesmo de Deus ter dado ordens a Moisés para escrever registros que seriam memoriais a Josué, ao povo, a Palavra de Deus já era conhecida de todos por causa da tradição dos israelitas na tradição oral, onde cada pai e família contava as suas histórias aos seus filhos. “ Êxodo 17:14 Então disse o SENHOR a Moisés: Escreve isto para memória num livro, e relata-o aos ouvidos de Josué; que eu totalmente hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos céus. Êxodo 34:27 Disse mais o SENHOR a Moisés: Escreve estas palavras; porque conforme ao teor destas palavras tenho feito aliança contigo e com Israel. Deuteronômio 31:2 4 E aconteceu que, acabando Moisés de escrever num livro, todas as palavras desta lei.”

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Os Evangelhos são riquíssimos em citações de Jesus referenciando o Antigo Testamento: comentou sogre Gênesis, Deuteronômio, Números, I Samuel, Salmos, Malaquias, Daniel, e ainda os chamou e os reconheceu como Escrituras, ou a Palavra de Deus (Mateus 12:3; 19:4; 22:37-40). Os discípulos e autores do Novo Testamento também fazem inúmeras citações da Lei, dos profetas e outros escritos.

Sem dúvidas, um dos livros mais polêmicos entre todos do AT é o de Eclesiastes. Seu conteúdo é surpreendente e tem causado as mais diferentes reações entre aqueles que têm se dedicado à sua interpretação. Entre judeus e cristãos muitos têm questionado o direito de Eclesiastes estar entre os livros do cânon. Rabi Shamai, conservador da escola conservadora, era contra a permanência do livro no cânon; não deveria ficar por ser blasfemo e ímpio. Rabi Hillel, no entanto, era Segundo a literatura judaica, Esdras, na qualidade de escriba e sacerdote, presidiu um conselho formado por 120 membros chamado Grande Sinagoga que teria selecionado e preservado os rolos sagrados.

O Cânone Hebraico de 39 livros, só foi realmente fixado no Concílio de Jâmnia em 90 D.C. A idéia corrente era de que este conselho veio apenas ratificar o que já era reconhecido pela tradição judaica, mas há controvérsias. Durante os primeiros quatro séculos houve muita discussão sobre o assunto com opiniões bem diversas. O Cânon Alexandrino aceitava como canônico os 7 livros apócrifos, chamando-os de deuterocanônicos.

Depois dessas discussões, o Cânon Alexandrino havia obtido aceitação ampla em toda Igreja Católica: no Ocidente com as versões da Vetus Latina e a Vulgata, e no Oriente com a Septuaginta.

A Reforma, principalmente com Lutero, volta a dicutir a questão e considera os livros chamados de Deuterocanônicos como apócrifos, salientando inclusive que eram contrários a fé. Surgem nessa época duas bíblias importantes a do Rei Tiago da Inglaterra, KJV (King James Version) e a de Genebra. Esta caracterizava os Deuterocanônicos como apócrifos.

Foi somente no século XVII que se adotou o AT o Cânon Hebraico conforme instituído no Concílio de Jâmnia. A Igreja Ortodoxa Russa deixou como facultativa a aceitação ou não do Cânon Alexandrino. A Igreja Católica ficou

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com a opinião de que o cânon válido é o Alexandrino que dizia que os 7 livros acrescidos eram Deuterocanônicos e não apócrifos.

Já com relação a formação do cânon do Novo Testamento, as discussões também foram bem acirradas e demorou-se para se formar o cânon.

Praticamente, por volta do ano 100, todos os 27 livros canônicos do Novo Testamento já estavam escritos, porém não havia ainda uma lista autorizada de livros para o NT.

Não se tem no próprio NT uma relação dos livros considerados inspirados. O que temos são citações despretensiosas de alguns escritos como aquele citado em 2 Pe 3: 15-16 onde o apóstolo Pedro reconhece os escritos de Paulo como Escrituras Sagradas.

Foi Atanásio de Alexandria que, na história, em 367 D.C., relacionou pela primeira vez os 27 livros do NT. Esta mesma lista foi confirmada posteriormente em documentos como o Decreto Gelasiano, e os Cânones de Hipona, Cartago III e IV.

Martinho Lutero na reforma levantou suspeitas quanto à autoria e canonicidade de alguns livros do Novo Testamento: Hebreus, Tiago, Judas e o Apocalipse, mas em sua tradução do NT para o alemão, em 1522, traduziu, na íntegra, o que temos hoje.

Foi somente no Concílio de Trento, no 1º Período (1545-48), que se promulgaram os decretos sobre o cânon sagrado para a Igreja Católica Romana reafirmando o Cânon do Novo Testamento também com os 27 livros que temos hoje.

Brasília, 28 de abril de 2010.

Por: DANIEL DEUSDETE ARAÚJO BARRETO

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