Técnica Quiroprática: Um estudo teórico sobre seus ... · sobre a Quiropraxia, destacando seus...
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Técnica Quiroprática:
Um estudo teórico sobre seus resultados no tratamento das
lombalgias ocupacionais
AUTOR:
Raul Carlos Batista Maia
Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista – UNIP, e pós
graduando em Fisioterapia Traumato-ortopédica com ênfase em
terapias manuais, pela Biocursos. E-mail:
ORIENTADORA:
Carmem Fátima Prada de Freitas
RESUMO: A vida moderna tem sido responsável pela grande quantidade de pessoas que
sofrem de afecções músculo-esqueléticas ou lesões traumáticas. As doenças da coluna, como
é o caso das tensões e dores lombares, estão entre as que mais atingem a população, com
impacto significativo na saúde e na qualidade de vida. Este artigo tem como objetivo
apresenta um conjunto de considerações sobre o Quiropraxia, destacando seus efeitos e
indicação no tratamento das lombalgias ocupacionais que atingem uma grande parcela de
profissionais de diversas áreas de atuação. A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliografia, tendo como base as vertentes teórica de vários autores que escreveram sobre o
assunto. Os resultados indicam que Quiropraxia, que dedica-se ao diagnóstico, tratamento e
preservação de alterações do sistema músculo-esquelético e os efeitos destas sobre o sistema
nervoso e a saúde em geral, sem uso de drogas ou cirurgia, tem sido indicada no tratamento
da lombalgia ocupacional porque, entre outras coisas, surge como coadjuvante no contexto
da saúde do trabalhado, e atua dentro de uma abordagem interdisciplinar, oportunizando
redução de custos com a saúde às empresas, e favorecendo ao trabalhador a otimização e a
preservação da saúde, com redução da dor e do desconforto, propiciando-lhe um rendimento
maior no local de trabalho.
Palavras-chave: Lombalgia ocupacional; Quiropraxia; Efeitos e resultados.
Introdução
A coluna vertebral, que é o eixo do corpo humano, como mostra a literatura, é formada pelas
vértebras, ossos irregulares e dispostos em série. Além de interligar a cabeça ao corpo, serve
de apoio aos membros por meio da cintura, possibilitando, graças à sua ligeira curvatura em
forma de S, postura ereta do ser humano. Todavia, quando a coluna é sobrecarregada com
uma má postura, pode apresentar problemas sérios, como são os casos das lombalgias,
doenças que resulta em dor e déficit neurológico.
A lombalgia, explica De Vitta 1996 (apud MOSSO NETO e BARRETO, 2012), é a segunda
causa mais comum nas unidades de saúde, chegando a 30% das consultas ortopédicas e a 50%
dos pacientes atendidos na fisioterapia, sendo também considerada como o segundo maior
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problema médico nas sociedades modernas, em termos de afastamento das funções e
diminuição da produtividade, levando inclusive de aposentadoria precoce.
A lombalgia ocupacional, considerada como aquela que tem o seu aparecimento relacionado
com as atividades de trabalho, acometendo principalmente adultos jovens, vem se
constituindo como um preocupante problema, pois provoca aumento da incapacidade
temporária ou permanente do trabalhador, gerando prejuízos econômicos e sociais tanto para a
empresa como para o empregado (ALMEIDA, 2012). Dentre os tratamentos, a Quiropraxia, uma profissão na área de saúde que de dedica ao
diagnóstico, tratamento e prevenção de alterações do sistema músculo-esquelético e seus
efeitos sobre a função do sistema nervoso, que enfatiza terapias manuais, tem sido indicada,
pois ajuda a restaurar a relação e função articulares normais, restabelecendo a integridade
neurológica, influenciando os processos fisiológicos. Essas questões são temas que serão
analisados no transcorrer do artigo, que objetiva apresentar um conjunto de considerações
sobre a Quiropraxia, destacando seus efeitos e indicação no tratamento das lombalgias
ocupacionais que vêm atingindo grande parcela de profissionais de diversas áreas de atuação.
Anatomia básica da coluna – Breve comentário
O corpo humano é um sistema complexo, de tal modo intricado que só uns poucos
anatomistas têm completo domínio sobre seus detalhes que envolvem uma variedade de
aparelhos e sistemas. Nos comentários de Soncini e Castilho (1990), assim como a natureza, o
corpo humano deve ser visto como um todo dinamicamente articulado.
Sob este ponto de vista, portanto, os diferentes aparelhos e sistemas que compõem o corpo
humano devem ser percebidos em suas funções específicas para a manutenção do todo,
importando compreender as relações fisiológicas e anatômicas, para que se possa
compreender, entre outras coisas, a maneira pela qual o corpo se defende da invasão de
elementos danosos, coordena e integra as diferentes funções; para que se possa ter
conhecimento dos vários processos e estruturas, que asseguram a integridade do corpo e faz
dele uma totalidade (SONCINI e CASTILHO, 1990).
Desse modo, coluna vertebral, como afirmam Andrews e Courtenay (2005, p. 90), é a linha
vital do corpo, porque dentro dela corre a medula espinhal, uma estrutura semelhante a um
cabo que contém bilhões de fibras nervosas que recebem e enviam ou transportam mensagens
de para cada parte do corpo. “Todo o sistema esquelético está projetado para ter flexibilidade
e força. Enquanto as vértebras e as articulações permanecem em bom alinhamento, estas
funções são realizadas”, asseveram as autoras.
Nas observações de Sabotta (2000), a coluna vertebral, sendo a estrutura que sustenta a
posição bípede do homem, é por isso considerada como a mais sacrificada na escala de
desenvolvimento humano (TOMITA, 1999; SABOTTA, 2000).
De acordo com as informações de Borges e Ximenes (2005), como eixo do corpo, a coluna
vertebral apresenta duas características mecânicas contraditórias: rigidez e plasticidade.
Pode-se compará-la ao mastro de um navio, que é mantido na posição vertical
pela ação de cabos de aço, enquanto a coluna se sustenta pela ação de
músculos e ligamentos. A cruzeta superior do mastro teria sua
correspondência nas cinturas escapulares e o corpo do navio, na pelve. As
ondas dão instabilidade ao navio, mas o mastro o mantém em equilíbrio. Da
mesma forma, a pelve, com movimentação dos membros inferiores, altera sua
posição. Consequentemente, a colunas, para garantir o equilíbrio do corpo,
forma curvas de compensação. Quando o indivíduo se coloca de pé sobre um
dos membros inferiores, a pelve inclina-se para o lado oposto ao membro de
apoio. Graças à plasticidade da coluna é que se formam as curvas de
compensação (BORGES e XIMENES, 2005, p. 1030).
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Resumidamente, o comprimento da coluna vertebral atinge cerca de dois quintos da altura
corporal, com os músculos do dorso dispostos em dois grupos principais: o superficial e o
profundo. Entre os principais músculos que estão relacionados com os movimentos da coluna
vertebral encontra-se, mais superficialmente, o grande dorsal, trapézio e levantador da
escápula. Alguns músculos estão em disposição profunda como o quadrado lombar, maior e
menor e o eretor da espinha. A distribuição das vértebras é dada de acordo com as
características regionais (GRAY, 1998, RASCH, 1997 apud ESTEVES e SILVA, 2012).
A coluna vertebral, portanto, como frisa Snell (1995), é o pilar ósseo central do corpo,
suportando o crânio, o cíngulo peitoral, os membros superiores e o gradil torácico E, por meio
do cíngulo pélvico, transmite o peso do corpo para os membros interiores. É composta de 33
vértebras, sendo sete cervicais, doze torácicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro
coccígenas.
A vértebra é formada de duas porções, segundo descrição de Borges e Ximenes (2005): a)
anterior – o corpo vertebral, que tem forma cilíndrica, com diâmetro maior que a altura; b)
posterior – o arco vertebral, que tem forma de ferradura. De cada lado, encontra-se o processo
articular, que divide em duas partes: a anterior, denominada pedículo, e a posterior, chamada
lâmina. Posterior ao arco encontra-se o processo espinhoso e, próximo ao processo articular, o
processo transverso.
Nas premissas de Hall (20054), os corpos vertebrais funcionam como componentes primários
da coluna responsáveis pela sustentação do peso corporal. Os arcos neurais e os lados
posteriores dos corpos e os discos intervertebrais formam uma passagem protetora para a
medula espinhal e os vasos sanguíneos associados, conhecida como canal vertebral.
As duas primeiras vértebras cervicais, explica o autor, são especializadas em formato e
função. A primeira, conhecida como atlas, proporciona um receptáculo com um formato
reciprocamente correspondente para os côndilos do occipúcio do crânio. A articulação
atlantooccipital é extremamente estável, com a possibilidade de haver flexão/extensão de
aproximadamente 14° a 15°, porém praticamente sem nenhum outro movimento em qualquer
outro plano.
Destaca também Hall (20054), que existe um aumento progressivo no tamanho das vértebras
da região cervical até a região lombar. Nos comentário do autor:
Em particular, as vértebras lombares são maiores e mais espessas que as
vértebras nas regiões superiores da coluna. Essa característica desempenha
uma finalidade funcional porque, quando o corpo fica na posição ereta, cada
vértebra terá que sustentar o peso não apenas dos braços e da cabeça, mas
também de todo o tronco posicionado acima dela (HALL, 2005, p. 266).
Em síntese, como cita Cailliet (2002), enquanto a coluna vertebral é essencialmente uma
coluna composta de unidades funcionais, que colocadas umas sobre as outras e equilibradas
sobre o sacro mantêm a coluna ereta e um bom equilíbrio contra a gravidade, a coluna lombar
contém cinco vértebras e forma uma curva normal na posição ereta chamada de lordose,
também conhecida como curvatura da região lombar.
Discorrendo sobre o assunto, Teixeira (2003) lembra que os ligamentos da coluna lombar são
mais densos que os de outros segmentos vertebrais, e aderem às vértebras (como o ligamento
longitudinal anterior) ou aos discos (como o ligamento longitudinal posterior, localizado no
interior do canal raquidiano) e restringem os movimentos.
Nas explicações ainda do autor, os ligamentos do arco posterior são:
a) o ligamento amarelo, denso e resistente, inseridos nas lâminas superior e inferior;
ligamento transverso, relacionado às apófises transversas; ligamento interespinhoso,
conectado à base das apófises espinhosas; ligamento supraespinhoso ligado continuamente no
vértice das apófises e ligamento transforaminal, considerado como faixa de fáscias que
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cruzam o limite externo do forame intervertebral, que reduz o espaço disponível para a
emergência dos nervos espinais;
b) o disco intervertebral é composto de anel fibroso e núcleo pulposo e une as vértebras
adjacentes da segunda vértebra cervical até o sacro. As fibras anulares podem ser comparadas
a sofisticados ligamentos, formando articulações denominadas interssomáticas. “[...] o
aumento súbito da força de compressão pode resultar em ruptura do corpo vertebral, mas
dificilmente do anel fibroso” pondera Teixeira (2003, p. 464);
c) a musculatura do tronco desempenha o papel de realizar movimentos de flexão, extensão,
flexões laterais, rotação e circundação e de manter a postura ereta antigravitacional,
integrando-se harmonicamentecom a musculatura pélvica e abdominal.
Retomando Cailliet (2002), este explica que, embora existam mais de 30 discos em toda a
coluna vertebral, os que causam preocupação são os cinco discos da coluna lombar.
A esse respeito Ricard e Sallé (2002), Cailliet (2002) e Hall (2005) frisam que existem
essencialmente quatro elementos que podem ser a fonte de dores ao nível da coluna lombar: a)
o disco intervertebral; b) as facetas articulares posteriores (articulações situadas frente a frente
com outras que deslizam umas sobre as outras e inclinam-se para frente e para trás); c) o
ligamento interespinhoso; d) os músculos paravertebrais – os mais afetados são quase sempre
glúteo máximo e espinhais lombares; quadrado lombar e glúteo médio, e o reto do abdome.
Nas ponderações de Ricard e Sallé (2002, p. 129), o pivô mais importante da coluna vertebral
é o ‘L3’.
Os platôs superior e inferior dessa vértebra são horizontais, o que permite
maiores movimentos Antero-posteriores, com pouco componente de rotação
e de inclinação lateral. L3 é o centro de gravidade do corpo. É o centro de
convergência das linhas Antero-posteriores para os membros inferiores. É
também o vértice do pequeno triângulo inferior. Por causa das massas
vísceras, L3 sofre tensões anteriores muito importantes. Recebe igualmente
grandes tensões posteriores pelo arco lombar. L3 é também o primeiro ponto
de ligação das forças de apoio verticais. Por isso, L3 é muitas vezes vítima de
lesões: o corpo está sustentado por esse pivô.
A propósito disso, Hall (2005) lembra que as forças que atuam sobre a coluna incluem peso
corporal, tensão nos ligamentos vertebrais, tensão nos músculos circundantes, pressão intra-
abdominal e quaisquer cargas externas aplicadas. Além disso, o excesso de atividades físicas
sem o devido conhecimento do corpo, uma cadeira torta no trabalho, tudo pode desalinha a
coluna, causando desconforto de dor.
O fato é que as síndromes dolorosas, relacionadas com os vários segmentos da coluna
vertebral constituem, segundo Pato (2005), constituem um dos problemas mais frequentes da
prática médica, podendo-se apontar dentre elas, a lombalgia, um processo doloroso, muito
prevalente, com 75% a 80% das pessoas sofrendo dessa afecção em alguma época durante a
vida.
Segundo Hall (2005, p. 287): “A lombalgia só perde para o resfriado comum como causa de
falta de trabalho, com as lesões do tronco sendo as mais freqüentes e mais dispendiosas de
todas as reivindicações de compensação para os trabalhadores”.
Elementos caracterizadores das lombalgias
A dor lombar constitui uma causa freqüente de morbidade e incapacidade, sendo sobrepujada
apenas pela cefaléia na escala dos distúrbios dolorosos que afetam os homens. Esta afirmação
é feita por Brazil et. al. (2001), ao discorrer sobre o diagnóstico e tratamento das lombalgias,
consideradas como importantes problemas de saúde.
A Classificação Internacional de Comprometimento, Incapacidades e Deficiências da
Organização Mundial da Saúde, reconhece a lombalgia como um comprometimento que
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revela perda ou anormalidade da estrutura da coluna lombar (HELFENSTEIN JÚNIOR et. al.
2010).
Com base nas apreciações de Teixeira (2006), o diagnóstico mais comum é de lombalgia
mecânica, que são as lombalgias decorrentes de hérnia discal ou de estenose do canal
vertebral, embora as lombalgias inespecíficas sejam muito mais comuns, totalizando em
aproximadamente 85% das lombalgias, enquanto que as especificam representam 15% dos
casos.
Nas explicações de Cavalcante e Borém (2008), a lombalgia é uma das patologias mais
comuns do mundo ocidental, atingindo 70% a 80% da população.
Nas proposições de Meirelles (2012), as lombalgias, que afetam geralmente mais as mulheres
que os homens são todas as condições de dor localizada na região inferior do dorso, em uma
área situada entre o último arco costal e a prega cutânea, podendo ser localizadas ou
apresentarem irradiações para um ou ambos os membros inferiores, como nas
lombociatalgias.
A prevalência da lombalgia todo o decorrer da vida excede 70% da
população investigada, na maioria das nações industrializadas. Apesar da sua
alta prevalência, apenas 3% da população com lombalgia procura atenção
médica. É considerada, portanto, um problema de saúde pública, com altos
custos (MEIRELLES, 2012, p. 3).
Ainda com base no enfoque do mesmo autor, as lombalgias podem ser consideradas agudas
(como nas fraturas lombares por osteoporose), ou crônicas (como na espondilite
anquilosante). Todavia, explica Meirelle (2012), o grande contingente das lombalgias são
agudas, com apenas 3% da população com esta enfermidade permanecendo limitada após três
meses de duração.
No que se refere ao local de origem, podem ser primárias ou intrínsecas, e as relacionadas ao
compartimento anterior da coluna podem ser originadas do corpo vertebral, como nas
infecções, neoplasias primitivas ou metastáticas, fraturas de compressão e assim por diante,
ou do disco intervertebral, como nas discopatias degenerativas, infecciosas ou nas hérnias
discais. A estenose do canal vertebral e a síndrome de compressão radicular em nível dos
foramens e conjugação são as causas mais freqüentes de algias vertebrais do compartimento
médio, enquanto o compartimento posterior está relacionado às lombalgias originadas das
partes moles como as entorses, distensões ou estiramentos músculo-ligamentares, em
decorrência das artropatias interapofisárias associadas à osteoartrose, artrite reumatóide,
espondilite, anquilosante, entre outras (MEIRELLES, 2012).
Além das condições citadas, a lombalgia pode ocorrer devido a pressões incomuns sobre os
músculos e os ligamentos que suportam a coluna vertebral. Nas explicações de Nieman (1999
apud ESTEVES e SILVA, 2012, p. 4):
Quando a musculatura está mal treinada (não alongada), com músculos
paravertebrais e abdominais fracos, estes são incapazes de apoiar a coluna
adequadamente durante atividades de levantamento (comum no dia a dia) ou
na realização de alguma atividade física. A dor na coluna torna-se constante
devido a liberação de substâncias irritantes e distenção tissular, com limitação
da amplitude de movimentos devido mais comumente ao edema nos tecidos à
proteção muscular reflexa (NIEMAN, 1999 apud ESTEVES e SILVA, 2012,
p. 4).
Posicionando-se acerca da questão, Vascelai (2009) comenta que a maioria das lombalgias é
causada por um estiramento excessivo e prolongado dos ligamentos de maus hábitos
posturais. O estiramento ligamentar, salienta a autora, pode afetar os discos intervertebrais
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que perdem sua capacidade de absorção de choques, enfraquecendo sua parede externa, o que
pode propiciar o surgimento de uma profusão discal.
Os sintomas da lombalgia envolvem dor lombar. De início discreta, vai, progressivamente,
aumentando de intensidade, piorando com a mobilidade da região, e, segundo Vascelai (2009,
p. 2), comumente acompanhada de algum grau de encurtamento da musculatura lombar. “A
persistência dos fatores é um fator extremamente limitante sob o ponto de vista social, afetivo
ou profissional, podendo ocasionar também distúrbios emocionais”, diz a autora.
Na mesma linha de raciocínio Brazil (2001, p. 5) comenta: “A dor lombar, geralmente, tem
um começo gradual e progressivo, distribuição simétrica ou alternante [...] e pode ser
acompanhada de rigidez matinal de duração superior a trinta minutos”.
Em suma, inúmeras são as circunstâncias que contribuem para o desencadeamento e
cronificação das síndromes dolorosas lombares, havendo também importantes grupos de
lombalgias não orgânicas, como é o caso da lombalgia ocupacional, a maior causa isolada de
transtornos de saúde relacionado com o trabalho e de absenteísmo.
A Lombalgia Ocupacional: aspectos gerais
A lombalgia ocupacional apresenta etiologia multifatorial, elevada prevalência e incidência.
Caracterizada por um quadro de dor de variada duração e intensidade, pode levar à
incapacidade laborativa e à invalidez, acarretando sofrimento aos trabalhadores e custos às
empresas e aos sistemas previdenciários e assistenciais de saúde (HELFENSTEIN JÚNIOR
et. al. 2010).
Tem como etiologia, fatores psicossociais, longa jornada de trabalho, tempo de permanência
em posturas estáticas, realização de movimentos bruscos durante atividades, movimentos
repetitivos, posturas incorretas adotadas em decorrência de distorções; tarefas que acarretam
excesso de flexão e/ou rotação do tronco (AZEVEDO, 2012; SBR, 2012).
A propósito disso, Schilling (1984 apud HELFENSTEIN JÚNIOR et. al. 2010), classificando
as doenças relacionadas com o trabalho, as dividiu em três grupos, quais sejam: a) doenças
que têm o trabalho como causa necessária, como os acidentes de trabalho e as doenças
profissionais legalmente reconhecidas; b) doenças que têm o trabalho com um dos fatores
contribuintes; c) doenças que têm o trabalho como agravante ou provocador de distúrbios
latentes ou pré-existentes.
Com base nesta classificação, acredita Helfenstein Júnior et. al. (2010) que a lombalgia
ocupacional pode ser enquadrada na categoria II proposta por Schilling, quando o trabalho for
considerado como um dos fatores contribuintes para seu surgimento, ou III, quando o trabalho
for considerado como fator agravante de um distúrbio ou patologia pré-existente.
Ainda nas análises do autor citado, a lombalgia ocupacional pode ser classificada de acordo
com a clareza com que se chega ao diagnóstico etiológico, ou seja, quando decorrer de uma
causa bem definida. Todavia, explica Helfenstein Júnior et. al. (2010), os fatores causais mais
diretamente relacionamentos com as lombalgias ocupacionais são mecânicos, posturais,
traumáticos e psicossociais.
Além disso, complementa o autor, a idade, a postura e a fadiga no trabalho são consideradas
como fatores contribuintes para a elevada percentagem de recidiva da dor lombar, cuja
cronicidade da dor pode ocorrer em decorrência do trabalho sentado por longas horas, do
trabalho pesado, do levantamento de peso, da falta de exercícios físicos e dos problemas
psicológicos.
Tecendo comentários diz Helfenstein Júnior et. al. (2010) queixas freqüentes de dor na coluna
estão associadas à tensão da musculatura paravertebral decorrente de posturas incômodas e da
degeneração precoce dos discos intervertebrais pelo excesso de esforço físico. Para o autor,
tanto os esforços dinâmicos relacionados a deslocamentos, a transportes de cargas e à
utilização de escadas, quanto os esforços estáticos relacionados com a sustentação de cargas
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pesadas, com a adoção de posturas incômodas e com a restrição de movimentos podem
contribuir para as lesões nas articulações e nos discos inter-vertebrais.
Sob esta ótica, os traumas acumulativos, as atividades dinâmicas, as restrições de movimento,
o trabalho físico pesado, o agachamento, o carregamento de cargas, a exposição a longas
jornadas de trabalho, entre outros, são considerados como fatores de risco para a lombalgia
ocupacional.
A relação entre o trabalho e a prevalência de lombalgia ocupacional, frisa Freitas et. al. (2011,
p. 4), justifica-se em função das exigências solicitadas ao corpo diariamente, no desempenho
das atividades laborais. “Tais solicitações provavelmente acarretam lesões cumulativas à
mecânica do aparelho locomotor e contribuem para o surgimento das queixas dolorosas”,
esclarece a autora.
No mesmo nível de reflexão, Queiróga (2002 apud PRADO, 2006, p. 14) cita que para cada
categoria profissional existe uma categoria particular de exigência mental e motora, ou seja,
em algumas profissões pode-se estar mais suscetível a desenvolver dor nos membros
superiores, coluna vertebral ou membros inferiores. “As manifestações a dor e das lesões não
ocorrem da mesma forma, mas estão associadas com a função exercida”, assinala o autor.
Segundo informativo da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR, 2012), a relação das
lombalgias com o trabalho pode acontecer, basicamente, de três modos: a) aquelas que têm o
trabalho como causa direta do adoecimento; b) aquelas para as quais o trabalho é um dos
fatores envolvidos; c) aquelas em que o trabalho pode funcionar como agravante de
problemas já existentes.
Posicionando-se sobre o assunto Alencar (2012) comenta que a relação homem-trabalho tem
muitos efeitos concretos e reais em desequilíbrios que demonstram indiretamente descargas
de tensão psíquica. Neste sentido, assevera a autora, se o trabalhador não conseguir ‘relaxa’
durante seu turno de trabalho, acabará utilizando uma musculatura que fica sob tensão.
Um estudo comparativo da Fundacentro, em 1991, com a intenção de identificar a ocupação
profissional que apresentasse o maior risco para o surgimento de lombalgias revelou que os
maiores índices estão entre os trabalhadores de serviços gerais, motoristas de caminhão, garis,
trabalhadores domésticos, mecânicos, auxiliares de enfermagem, estivadores, lenhadores,
enfermeiras e trabalhadores da construção civil. Nas ocupações analisadas quanto ao uso de
flexão do tronco, o bancário, o metalúrgico, a enfermeira, o motorista de ônibus e o secretário
de escritório aparecem com sintomas de lombalgia (ALMEIDA et. al. 2012).
O quadro 2 abaixo é uma amostra dos fatores associados ao tipo de trabalho que levam à
lombalgia ocupacional.
LEVANTAR,
CARREGAR OU
EMPURRAR PESO
EXAGERADO
Trabalhadores:
Trabalhadores braçais;
Demolição de estruturas com brocas
vibratórias;
Enfermeiros que manipulam doentes
acamados.
POSTURAS
ERRADAS,
PROLONGADAS
NAS POSIÇÕES
SENTADAS OU DE
PÉ
Trabalhadores:
Dentistas;
Desenhistas em prancheta;
Operador de computadores;
Motoristas profissionais;
Cirurgião;
Trabalho em escritório.
Fonte: Geocities (2012).
Quadro 2: Fatores associados ao tipo de trabalho – Lombalgias ocupacionais
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Resumindo, o fato é que, conforme lembra Lee et. al. (1996 apud ALMEIDA et. al. 2012, a
dor na coluna vertebral tem sido reconhecida como um dos problemas de maior implicação
sócio-econômica da atualidade, envolvendo custos relacionados às incapacidades motoras,
afastamento do trabalho de indivíduos em fase produtiva, problema este que acaba também
afetando a vida pessoal do portador da disfunção, que em alguns casos torna-se inválido para
a maioria das atividades diárias.
Diante dessa realidade, segundo Mariano (2011), uma parte importante do tratamento é a
prevenção e a orientação do paciente em relação às atividades cotidianas, explicando-lhes
noções de postura e ergonomia.
Nos reumatologistas, não temos dúvida sobre o fato e que as medicações nas
lombalgias de modo geral são a parte menos importante do tratamento.
Prevenção, orientação [...] alongamentos, fortalecimento, condicionamento
aeróbico, exercícios orientados por terapeutas são as estratégias mais
importantes em longo prazo (MARIANO, 2011, p. 28).
Dentro da fisioterapia, diversa são as linhas terapêuticas para o tratamento da lombalgia e a
escolha da conduta fisioterapêutica depende do diagnóstico e da gravidade da lesão, sendo
também necessário respeitar a individualidade de cada paciente (VASCELAI, 2009).
Na atualidade a Quiropraxia, uma profissão cuja finalidade é o tratamento das disfunções
músculo-esqueléticas, especialmente as lesões da coluna, vem se tornando cada vez mais
aceita como terapia alternativa ou complementar para tratamento da lombalgia.
A Quiropraxia: Fundamentos, metodologia e forma de tratamento
(Protocolo de Alívio de Tensão Geral).
A manipulação da coluna é uma arte antiga, e o primeiro registro escrito foi encontrado em
um documento chinês, o Kung Fu, datado aproximadamente de 2700 a.C. Esta afirmação é
feita por Andrews e Courtenay (2005), discorrendo sobre o nascimento da Quiropraxia.
Figura 1: Medição em pé de membros superiores
Fonte: Souza (2002).
Nos relatos ainda das autoras, os primeiros pais da medicina, os médicos gregos Hipócrates e
Galeno praticavam a manipulação da coluna e proclamavam a importância da coluna em
relação à saúde.
E assim, desde tempos imemoráveis, o homem tem utilizado um dos métodos mais
conhecidos e mais largamente empregado nas práticas terapêuticas dos clínicos de todas as
épocas: as mãos, e a Quiropraxia é uma herança e uma verdade científica desenvolvida
durante muitos séculos (DAVID, 2012).
A Quiropraxia, que vem do grego, significando prática com as mãos (quiro= mão; práxis =
prática) e definida pelo seu criador Daniel David Palmer como a ‘ciência, arte e filosofia de
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tratar com as mãos’ é vista como terapia alternativa (complementar), mais amplamente
reconhecida em todo o mundo, tendo como objetivo reintegrar o sistema nervoso por meio do
ajuste das articulações, partindo do princípio de que o organismo humano é controlado pelo
sistema nervoso, que regula o organismo como um todo, e que tal controle é mantido através
de feedback – ida e volta de impulsos neurológicos (SOUZA, 2002).
Fonte: Souza (2002).
Figura 2: Medição em decúbito ventral dos membros inferiores
Nos últimos tempos, a Quiropraxia cresceu, sofrendo mudanças tanto na teoria como na
prática. As técnicas foram refinadas e outras novas foram introduzidas. Dedica-se ao
diagnóstico, tratamento e prevenção de alterações do sistema músculo-esquelético e os efeitos
destas sobre o sistema nervoso e a saúde em geral, sem uso de drogas ou cirurgia
(ANDREWS e COURTENAY, 2005; VIDAL, 2007).
No Brasil, segundo David (2012), a Quiropraxia foi introduzida em 1922, pelo norte-
americano Dr. Willian F. Fipps, sucedido posteriormente (em 1945) pelo Dr. Henry Wilson
Yung, ambos estabelecidos na cidade de São Paulo.
Nas ponderações do autor:
Passado mais de cem anos da revelação da Quiropraxia para o mundo, o
legado de Palmer chega ao século XXI representado por escolas e
universidades, centros quiropráxicos e profissionais especializados, modernas
indústrias de equipamentos e produtos complementares, editoras e milhões de
pessoas que se beneficiam diariamente dos procedimentos concebidos por
aquele que, para alguns de sua época, não passava de um louco ou visionário
(DAVID, 2012, p. 2).
A prática da quiropraxia sustenta o tratamento feito por meio de técnicas manuais ou ajustes
específicos nas estruturas do corpo, concentrando-se na restauração da função coordenada
pelo sistema nervoso, que se relaciona primeiramente com a coluna, aumentando, com isso, a
amplitude de movimento, aliviando a irritação nociceptora, e equalizando a sustentação de
peso entre os sistemas de sustentação anterior e posterior da coluna vertebral, fornecendo
alívio às forças compressivas contra a raiz nervosa dentro do canal vertebral e do forame
intervertebral (CHAPMAN-SMITH, 2001apud ROSA, 2009).
Fonte: Souza (2002).
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Figura 3: Alívio da tensão de ligamento tornozelo direito e esquerdo em movimentos de flexão plantar, flexão
dorsal, inversão e eversão.
Destacando informações sobre o tratamento quiroprático e seu tempo de duração Areias
(2012) cita que quanto ao tratamento, este deve incluir a consulta inicial inclui a anamnese
(histórico do paciente) e exame físico. Após a avaliação do estado do paciente, o quiropraxista
utiliza-se de diversos procedimentos para chegar a um diagnóstico. Com uma avaliação, o
profissional estabelece a estratégia terapêutica que mais convém ao caso baseado na pesquisa
científica e nos protocolos estabelecidos para a prática da quiropraxia. Após um detalhado
exame da mobilidade de cada articulação, o quiropraxista diagnostica qual é o seguimento
articular que necessita de tratamento. Terapias manuais são as principais formas de tratamento
utilizadas, destacando-se entre elas, o ajustamento ou manipulação articular. Trata-se de
movimentos rápidos e precisos, normalmente acompanhado por um estalido da articulação
manipulada, conforme se pode observar abaixo.
Fonte: Souza (2002).
Figura 4: Alívio da tensão do joelho direito e esquerdo
Observação:A sequência de teste deve começar a partir da região sacra e seguir em direção à
lombar, torácica baixa, média, superior e, por fim as cervicais. O desafio maior nesse enfoque
dinâmico da quiropraxia é o de determinar onde estão as fixações, para que se possam reduzi-
la com segurança, objetivando a restauração normal de movimento. (SOUZA, 2002).
Fonte: Souza (2002).
Figura 5: Eliminação de báscula.
Observação: Persistindo o encurtamento aparente de uma das pernas, executar só no
lado do encurtamento.
No que se refere à duração do tratamento, Areias (2012) comenta que os sintomas geralmente
desaparecem quando a pessoa inicia o tratamento quiroprático. Conquanto, o problema
vertebral (subluxação) que está causando os sintomas não desaparece rapidamente. O
quiropraxista é treinado para tratar a causa do problema, não só os sintomas.
A esse respeito, dá o autor a seguinte explicação:
Antes de você receber qualquer cuidado quiroprático, seu corpo teve que se
adaptar para compensar a disfunção vertebral. Seu sistema nervoso que
percorre toda a coluna vertebral não pôde funcionar corretamente e isto
provavelmente contribuiu para o aparecimento de seus problemas de saúde.
11
Por isso, seu corpo está acostumado aos velhos padrões de movimento e
postura (AREIAS, 2012, p. 3).
Fonte: Souza (2002).
Figura 6: Pressão de alívio sacral
Diante dessa situação e para estabelecer um novo padrão, explica o mesmo autor que cabe ao
quiropraxista reavaliar o progresso do paciente a intervalos regulares, mesmo que seus
sintomas tenham desaparecidos, sendo, inicialmente, necessárias algumas sessões semanais e,
posteriormente, um acompanhamento mensal.
Fonte: Souza (2002).
Figura 7: Ajuste torácico inespecífico
Aplicar os procedimentos da Quiropraxia significa liberar entradas e saídas de fluxo interno
de informação no organismo, a fim de reduzir a entropia e incrementar as capacidades
homeostáticas de manutenção do equilíbrio orgânico, resultando na recuperação ou
manutenção da saúde (DAVID, 2012).
Em síntese, a Quiropraxia vem crescendo gradativamente nos últimos anos, especialmente na
saúde ocupacional, que expandiu significativamente sua área de atuação. Tem realizado um
papel vital no tratamento de lesões músculo-esqueléticas relacionadas ao trabalho, reunindo
resultados sólidos quanto à eficácia clínica e de custo/benefício. 65% a 70% dos pacientes que
utilizam quiropraxia o fazem por dores na coluna e relatam satisfação com o tratamento
quiroprático (REDWOOD e CLEVENLAD, 2003; PICKAR, 2002 apud ROSA, 2009).
Fonte: Souza (2002).
Figura 8: Alívio dos artelhos
A Quiropraxia e seus resultados no tratamento da Lombalgia Ocupacional
Como em muitos casos de dor lombar, que não requer cirurgias, o tratamento quiroprático tem
sido indicado no tratamento da lombalgia ocupacional. Afirma Wolk (1988 apud RAUPP,
2007) que, em 10.652 casos de compensação empregatícia por falta ao trabalho, o tratamento
quiroprático proporcionou maior ajuda ao paciente, reduzindo o tempo de trabalho perdido,
diminuindo a probabilidade de desenvolver lesões compensáveis (lesões resultantes de tempo
de trabalho perdido que demanda compensações), e minimizando chances de hospitalização.
12
Para Raupp (2007), a Quiropraxia surge como coadjuvante no contexto da saúde do
trabalhador. Atuando dentro de uma abordagem interdisciplinar, explica o autor, a
Quiropraxia, por outro lado oportuniza a empresa a redução de custos com a saúde e
colaboradores mais satisfeitos e produtivos.
Fonte: Souza (2002).
Figura 9: Lasegue mais estímulo através do tendão calcâneo
Um estudo realizado por Rosa (2009), junto a 22 funcionários de uma empresa situada no Rio
Grande do Sul, com o objetivo de verificar a eficácia do tratamento quiroprático em
trabalhadores portadores de lombalgia relacionada a atividade laboral exercida, mostrou que
45,5% obtiveram uma melhora após o tratamento, apresentando de 50% a 70% de remissão da
dor lombar, com 31,8% percebendo uma melhora de 25% a 50%.
Boff (2005), por sua vez, analisando os resultados dos ajustes cervicais em (10) mulheres com
queixas de dor lombar, com idade entre 32 e 57 anos, por meio de um estudo quantitativo
revelou que nas dez mulheres tratadas o segmento C2 foi ajustado em algum momento, e o
segundo foi o segmento C5, ajustado em quatro pacientes, e que a escala analógica visual
mostrou redução significativa da dor, sendo a média de intensidade da dor no pré-teste de
4,488 cm, e a média do pós-teste 0,84 cm. Para a autora, os resultados dos ajustes
quiropráticos cervicais nas mulheres participantes da pesquisa demonstraram ser
significativos, tanto na diminuição da dor lombar como na diminuição a dor nos itens ficar em
pé, caminhando e cuidado pessoal.
Fonte: Souza (2002).
Figura 10: Ajuste lombar
Resumindo, como esclarece o atendimento quiroprático tem entre os seus princípios de
prática profissional, a premissa do indivíduo como ser único, para o qual a abordagem deve
ser centralizada na busca da otimização e preservação da saúde, com redução da dor e do
desconforto, procurando propiciar ao paciente disposição e motivação e um rendimento maior
no local de trabalho. Comumente descrita como filosofia (aplicada para explicar o que a
quiropraxia faz), arte (envolve a correção da subluxação), e ciência (baseia-se na lei que diz
que o corpo possui uma habilidade para funcionar da melhor maneira e o mais efetivamente
possível), concentra-se no conceito de saúde e não no de doença, tendo como principais
objetivos a restauração da mobilidade articular, redução dos sintomas apresentados, melhoria
da flexibilidade muscular, liberação dos tecidos moles contraídos, reeducação postural, a
educação e motivação do paciente, fazendo uso de vários métodos terapêuticos, podendo-se
apontar o ajustamento articular, que consiste normalmente em uma força feita no sentido da
restrição de movimento, visando sua recuperação (CHAPMANSMITH 2001 apud BOFF;
2005; SARAÍVA apud ROSA, 2009).
13
Fonte: Souza (2002).
Figura 11: Ajuste cervical
Nas premissas de David (2012), a Quiropraxia é a disciplina dentro das artes naturais ligadas
à saúde, que se preocupa com a etiologia, patogênese, terapêutica e profilaxia dos distúrbios
funcionais, estados patomecânicos, síndromes de dor e outros efeitos neurofisiológicos
relacionados com a estática e a dinâmica do sistema neuro-músculo-esqueletal, relacionados a
todas as articulações axiais apendiculares e crânio-faciais.
Nas explicações do autor:
A Quiropraxia registra de modo definitivo que o código genético representa o
projeto individual de cada ser vivo [...] cada organismo tem um potencial de
recuperação extraordinário [...] Esse potencial simplesmente espera pelas
mãos, coração e mente do quiropraxista, para torná-los ativo e propiciar a
recuperação possível, tornando a vida digna de ser vivida (DAVID, 2012, p.
4).
A Quiropraxia, portanto, é ciência que se preocupa com o relacionamento no corpo entre a
estrutura (sistema músculo-esqueletal, incluindo a coluna vertebral e demais articulações) e a
função comandada principalmente pelo sistema nervoso, uma vez que este relacionamento
pode afetar a comunicação necessária para a manifestação, preservação e recuperação da
saúde (SOUZA, 2002).
Fonte: Souza (2002).
Figura 12: Ajuste de transição tóraco-lombar (somente quando necessário)
Para finalizar, como lembra Fuhr et. al. (1996 apud BOFF, 2005), as análises dos modelos e
hipóteses do complexo de subluxação vertebral, e a observação das mais diversas técnicas da
quiropraxia, que se apóiam em uma visão holística que visa e aborda o corpo humano como
um todo, mostram o quanto o corpo está interligado, e quão grande é a influencia que um
desalinhamento em determinado ponto da coluna tem sobre o resto do segmento móvel.
14
Fonte: Souza (2002).
Figura 13: Ajuste de transição cérvico-torácico (somente quando necessário)
Material e métodos
O artigo, pautando-se em obras pesquisas e publicadas nos últimos anos, elencou trabalhos
coletados em artigos de livros e da internet, utilizando-se palavras-chaves como a anatomia
básica da coluna, lombalgia ocupacional, Quiropraxia e seus efeitos no tratamento da
lombalgia. Foram selecionados apenas os artigos que tinham relevância para o objetivo
proposto, os quais foram lidos de forma cuidadosa e crítica.
Resultados e discussão
A revisão da literatura mostrou que a coluna vertebral, considerada como o pilar ósseo central
do corpo é afetada por síndromes dolorosas relacionadas com os seus vários segmentos, como
é o caso das lombalgias que podem ocorrer devido a pressões incomuns sobre os músculos e
os ligamentos que suportam a coluna vertebral.
Viu-se também que dentre os importantes grupos de lombalgia, a ocupacional vem sendo
considerada como a maior causa isolada de transtornos de saúde relacionado com o trabalho.
Neste contexto, a Quiropraxia, que se dedica ao diagnóstico, tratamento e preservação de
alterações do sistema músculo-esquelético e os efeitos destas sobre o sistema nervoso e a
saúde em geral, tem sido indicada, porque:
a) é empregada como opção para tratar dor lombar por meio da manipulação articular;
b) proporciona maior ajuda ao paciente, reduzindo o tempo de trabalho perdido e com o
trabalhador tendo menos probabilidade de desenvolver lesões compensáveis (lesões
resultantes de tempo de trabalho perdido que demanda compensações), e também menores
chances de hospitalização;
c) surge como coadjuvante no contexto da saúde do trabalhado;
d) atua dentro de uma abordagem interdisciplinar, oportunizando redução de custos com a
saúde às empresas, e para o trabalhador, favorecendo a otimização e a preservação da saúde,
com redução da dor e do desconforto, propiciando-lhe disposição e motivação, além de um
rendimento maior no local de trabalho.
Conclusão
Cresce o número de pessoas afetadas por problemas músculo-esquelético, desencadeados por
sobrecargas, posturas inadequadas, aplicação de força manual excessiva, enfim, situações que
envolvem ciclos de trabalho muito longos e repetitivos, que originam consequentemente
movimentos rápidos de pequenos grupos musculares e tempos de descanso insuficientes, que
levam ao aparecimento de desordens e lesões dolorosas, como as lombalgias ocupacionais.
Diante dos achados bibliográficos, pode-se afirma que importante e válida é a prática da
Quiropraxia para as pessoas atingidas por afecções na coluna lombar, pois favorece o
equilíbrio dinâmico do corpo humano, devolvendo a esses indivíduos, o seu melhor estado de
saúde.
15
Por meio, portanto, do atendimento quiroprático promove-se a reabilitação física de pessoas
atingidas por lesão dessa natureza, facilitando, curando e fortalecendo o paciente. Assim
sendo, a Quiropraxia é uma alternativa viável e benéfica, e esta vem ganhando a credibilidade
dos profissionais de Fisioterapia, e da sociedade em geral, afinal enfermidades como
lombalgias estão aumentando em proporções alarmantes, especialmente entre os
trabalhadores, gerando, entre outras coisas, aposentadorias precoces e refletindo
significativamente na qualidade de vida das pessoas.
Por fim, a Quiropraxia, como frisam os estudiosos do assunto, tem como característica
exclusiva o fato de ensinar a seus praticantes não só uma técnica fria, mas a possibilidade de
compreensão do ser humano em sua integralidade, bem como estimular o aprofundamento da
sensibilidade que aumenta a habilidade do toque, da palpação e do ajuste quiropráxico
especializado, visto como aquele que provavelmente excede às técnicas de quaisquer outras
terapias de manipulação.
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