TCC - Terceira Idade

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16 1 INTRODUÇÃO O ensino para idosos é historicamente focalizado em sua alfabetização. Neste sentido inúmeros métodos têm sido utilizados com grande sucesso. Porém, com o surgimento de entidades preocupadas com a ocupação dos idosos, diversos cursos têm sido oferecidos para esta faixa etária. Centros comunitários, igrejas e serviços sociais têm oferecido oportunidades com a criação de vários grupos de terceira idade. A comunidade universitária por meio da Fundação Municipal Centro Universitário de União da Vitória - UNIUV e a comunidade de serviços sociais, representada pela Prefeitura de União da Vitória, pela Secretaria da Ação Social e dos Grupos da Terceira Idade, estendem seus braços até a comunidade externa para oportunizar aos cidadãos de terceira idade a aquisição de conhecimentos acadêmicos e o melhoramento do seu sentimento de cidadania. O curso de informática básica visa propiciar a integração do idoso no núcleo familiar pela nova linguagem (computes), incluí-lo no mundo cada vez mais globalizado pelo uso da internet e integrá-lo a um ambiente cheio de perspectivas de novos conhecimentos. Teve-se sempre uma preocupação metodológica, pedagógica e didática na elaboração de material. Para tanto foi

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Inclusão Digital - Ação Social da Prefeitura de União da Vitória e UNIUV

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1 INTRODUÇÃO

O ensino para idosos é historicamente focalizado em sua alfabetização.

Neste sentido inúmeros métodos têm sido utilizados com grande sucesso. Porém,

com o surgimento de entidades preocupadas com a ocupação dos idosos, diversos

cursos têm sido oferecidos para esta faixa etária. Centros comunitários, igrejas e

serviços sociais têm oferecido oportunidades com a criação de vários grupos de

terceira idade.

A comunidade universitária por meio da Fundação Municipal Centro

Universitário de União da Vitória - UNIUV e a comunidade de serviços sociais,

representada pela Prefeitura de União da Vitória, pela Secretaria da Ação Social e

dos Grupos da Terceira Idade, estendem seus braços até a comunidade externa

para oportunizar aos cidadãos de terceira idade a aquisição de conhecimentos

acadêmicos e o melhoramento do seu sentimento de cidadania.

O curso de informática básica visa propiciar a integração do idoso no núcleo

familiar pela nova linguagem (computes), incluí-lo no mundo cada vez mais

globalizado pelo uso da internet e integrá-lo a um ambiente cheio de perspectivas de

novos conhecimentos.

Teve-se sempre uma preocupação metodológica, pedagógica e didática na

elaboração de material. Para tanto foi confeccionada uma pasta chamada

Informática Básica, distribuída em CD´s a todos os alunos, na qual contém apostilas,

slides, pesquisas, exercícios, programas, sites e jogos, ou seja, toda a programação

do curso, dividida em módulos de estudos (subpastas).

Assim, os conteúdos programáticos abordaram desde o ensino da

introdução à informática, sua história e seus avanços, com a criação de contas de e-

mail, MSN e Orkut e o acesso a sites úteis e de entretenimento, desmistificando

assim o computador.

A transmissão de informações, para a compreensão dos alunos idosos, deve

ser feita de forma mais lenta do que a realizada para alunos adolescentes e pós-

adolescentes, e revisada várias vezes. Pois a fixação de conhecimentos é mais

morosa de ocorrer em função das próprias condições orgânicas dos alunos desta

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faixa etária. A matéria a ser ensinada quando transmitida primeiro mecanicamente,

através do exercício prático, e só depois explicada a sua fundamentação teórica,

propicia o melhor aproveitamento de compreensão pelos idosos.

Tendo em vista que os alunos após a primeira etapa (prática) sentem que

dominam o conteúdo, então só depois tornam sensíveis à fundamentação teórica.

Há que se ressaltar, que houve uma série de empecilhos no decorrer do

curso, contudo, mesmo diante dos inúmeros contratempos, o curso de informática

básica dá o primeiro impulso para essa inclusão digital, fazendo com que desperte o

interesse da terceira idade pelo computador e pelas novas tecnologias para o uso no

entretenimento, assim como nas aplicações cotidianas do dia-a-dia, e não se pode

deixar de mencionar que o respeito, o carinho e a gratidão, tão esquecidos

ultimamente, estão presentes nesta relação.

Ao iniciar a pesquisa, em nenhum momento teve-se de reconstruir a imagem

cultural, que é imposta e veiculada pela mídia, sobre os idosos, porque, de uma

forma ou de outra, estes sujeitos sempre fizeram parte de maneira positiva.

Mesmo com todos os avanços vivenciados no dia-a-dia, pode-se perceber

que a mesma sociedade que discrimina também é a mesma que quer incluir, pois, a

partir de muitas pesquisas e campanhas promovidas por entidades governamentais

ou não, já há uma conscientização de que envelhecer é um processo acelerado e

universal e que atinge a todos. Mesmo que não se dê o devido valor para estas

pessoas, a sociedade depende delas para se manter viva, geração após geração,

pois através de suas ações é que se vai determinando o tipo de pessoas que

teremos em nossa sociedade.

Em 1999, no Ano Internacional do Idoso, em 1999, o lema do Dia Mundial da

Saúde foi “Sigamos ativos para envelhecer bem”, ou seja, a pessoa que se mantém

ativa, ao longo de toda sua vida e em todos os setores da atividade humana, quer

física quer mentalmente, envelhece bem e com qualidade de vida.

No mundo globalizado, que muda rapidamente, e na sociedade de

informação, nos quais as tecnologias que se caracterizam por permitir um grande

aumento em nossa capacidade de acessar, organizar, selecionar, armazenar e

distribuir informações, e ainda por efetuar comunicação rápida e eficaz com outras

pessoas, onde quer que elas estejam, crê-se que estas tecnologias deveriam estar

inseridas no cotidiano deste segmento que está envelhecendo, pois elas estão

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alterando o formato da sociedade e estão possibilitando a oportunidade de gerar o

próprio conhecimento sobre a realidade e seu entorno.

O trabalho dividiu-se em capítulos, a conferir:

- na Introdução, procurou-se fazer um breve relato da turma, as dificuldades

e resistências encontradas, e por fim, justifica-se a pesquisa;

- no Desenvolvimento, foram tratados de assuntos típicos do grupo

estudado, como os mitos e preconceitos aos idosos, suas deficiências, seus direitos,

finalizando-se com a ergonomia e a inclusão digital propriamente dita;

- na Prática Pedagógica, abortou-se a metodologia, os procedimentos e

instrumentos aplicados, analisou-se, interpretou-se e categorizaram-se os dados,

relatando ao final os aspectos principais observados, respondendo enfim ao

problema.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A TERCEIRA IDADE

Há resistências quando se fala em idoso e envelhecimento no panorama

social. Quase nunca foi estudado o envelhecimento humano.

As pesquisas na área do envelhecimento que são poucas, porém mostram que as alterações fisiológicas não o impedem de realizar seus sonhos. O idoso seguindo os cuidados de uma velhice saudável. Pode viver muito bem e acompanhar as mudanças sociais, para o se trabalhar com o idoso e importante estar sempre disposta a ouvir sem preconceitos, e acreditar na possível transformação do idoso (KACHAR, 2001, p. 46).

O mundo está envelhecendo. Esta realidade já faz parte do cotidiano

brasileiro vê-se idosos em todos os segmentos da sociedade e em diversas

ocupações.

O estereótipo do idoso aposentado em casa é apenas uma das faces do

idoso brasileiro, que pode ser idoso ativo, que ainda trabalha de forma voluntária ou

contribui com o orçamento familiar; que corre no parque e joga tênis ou damas e

leciona na universidade; ou pode ser um idoso acamado em um asilo, limitado por

muitas doenças ou isolado socialmente. Múltiplos perfis se associam para compor a

imagem do nosso idoso.

A proporção atual de idosos na população e as particularidades da saúde

deste segmento etário, bem como do processo do envelhecer, fizeram com que

surgisse a partir da metade do século passado a Geriatria, especialidade médica

que lida com os idosos, é uma especialidade menos conhecida do que deveria no

Brasil.

O Envelhecimento é um processo pessoal e difere de pessoa para pessoa,

de classe social para classe social e de época para época.

Os idosos são divididos em três categorias: os pré-idosos (entre 55 e 64

anos); os idosos jovens (entre 65 e 79 anos - ou entre 60 e 69 para quem vive na

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Ásia e na região do Pacífico); e os idosos de idade avançada (com mais de 75 ou 80

anos), segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

O Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas

até 2025. O Governo brasileiro deve ficar atento com este cenário e criar, o mais

rápido possível, políticas sociais que preparem a sociedade para essa realidade, de

acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Constituição de 1988 deixou clara a preocupação e a atenção que deve

ser dispensada ao assunto, quando colocou em seu texto a questão do idoso.

Existe pesquisa no Brasil sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da

Comunicação (TIC Domicílios 2008), do Comitê Gestor da Internet no Brasil (cgi.br),

que demonstram que mais da metade dos brasileiros (55%) nunca utilizou um

computador e 66% jamais acessou a internet. Os que já passaram dos 60 anos

então, o computador e a rede internet é algo inatingível, segundo o Serviço Federal

de Processamento de Dados (SERPRO).

Delegar ao idoso o estado de velhice é um preconceito muito grande, é negar o seu próprio envelhecimento. Os jovens e adultos poderiam começar a cuidar da sua própria velhice durante o decorrer do seu processo orgânico e começar a vivê-la, visualizando um futuro onde o idoso será mais efetivo na socialmente e exercendo suas funções sem sofrer discriminação, e com isto poderá ser um cidadão com melhor qualidade de vida. (KACHAR, 2001, p. 47).

Observadas as grandes diferenças entre idosos, muitas vezes de mesma

idade, na verdade são características daquilo que vem ocorrendo com o

envelhecimento do povo: ao contrário da crença comum, idoso não é tudo igual;

torna-se cada vez mais distinto uns dos outros em relação ao grau de saúde, entre

outros tantos aspectos.

Por que isto ocorre? Em primeiro lugar tem que se entender que há duas

formas de envelhecimento: o envelhecimento normal e o envelhecimento errado.

O envelhecimento normal acontece com todos, não se consegue fugir e

quem disser o contrário, à luz da ciência atual, está enganado. A boa notícia é que o

envelhecimento normal não impede de se fazer esporte, de cuidar-se do intelecto e

de ser ativo; ou seja, não impõe graves limitações à vida.

Já o envelhecimento ruim ou patológico, esse pode trazer terríveis

limitações. Ao olhar-se novamente para aquele idoso acamado, para aquele que não

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consegue cuidar de si próprio, quase com certeza houve coisa errada com seu

envelhecimento. Ele não envelheceu bem.

As mudanças orgânicas como doenças decorrentes da idade em questão modificam o estado emocional, a auto-estima e a auto- imagem: cabelos brancos e rugas e motricidade lenta que incomodam; diminuição da potência sexual e menopausa são alguns dos fatores que implicam na característica psicológica do idoso. (KACHAR, 2001, p. 44).

Então quando é que se deve preocupar-se com o envelhecimento? As

pesquisas mostram que alguns dos processos biológicos do envelhecimento

humano já se iniciam desde o nascimento; alguns cientistas acreditam que eles se

iniciam até mesmo antes de nascer. E todos são unânimes em dizer que uma vida

saudável desde a época da nossa gestação influencia em algum grau o tipo de idoso

que vamos ser.

Sabe-se que normalmente, por volta dos 30 anos de idade, atinge-se o

auge: fisicamente, em termos de capacidades mentais e nos processos biológicos

dos quais se depende como a capacidade respiratória ou da filtração dos rins.

A partir de então se tem uma lenta queda, que faz parte do processo normal

do envelhecimento; ao mesmo tempo, está-se muito sensível às ações do

envelhecimento ruim, que se soma ao envelhecimento normal e pode fazer com que

esta queda seja muito mais rápida.

O envelhecimento é, portanto, um processo contínuo e não uma mudança

súbita a partir de certa idade. Assim, é a prevenção continuada e os hábitos

saudáveis ao longo da vida que contribuem com o envelhecimento saudável. É um

processo ativo.

Envelhece com saúde quem se previne das doenças que podem aparecer

ao longo da vida, como a hipertensão ou diabete, de preferência por meio do

controle dos fatores de risco, como o fumo, o sedentarismo e o colesterol alto. Vale

dizer que atividade física e uma alimentação saudável são algumas das bases para

o bom envelhecimento.

Exames médicos periódicos e o aconselhamento médico também podem

garantir que se está no caminho certo, mas é fundamental entender que antes de

tudo, o envelhecimento saudável e uma escolha e um compromisso pessoal. Um

compromisso antes de tudo com a manutenção da saúde, prevenção das doenças

evitáveis ou das complicações das doenças inevitáveis.

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O envelhecimento saudável é uma aplicação científica do velho ditado:

prevenir é o melhor remédio. Bem falavam as nossas avós!

2.2 MITOS E PRECONCEITOS

A sociedade em geral vê o idoso com algumas restrições e com opiniões

formadas, como se esta fase fosse algo eliminatório para várias questões em sua

vida. Sobre o idoso se acumulam alguns mitos:

Inutilidade, os idosos não produzem, logo em um país capitalistas devem ser eliminados da sociedade. Porém não é visto a experiência e a visão ampla do idoso, podem quantificar a produção e acima de tudo qualificá-la, não é somente a faixa etária jovem que consome, dê oportunidade ao idoso e ele também vai ser um consumidor. (MELO, 1994, p. 14).

O velho é detentor de conhecimento, experiência e visão ampla do mundo,

tendo condições de participar no mercado de trabalho, contribuindo com sua

experiência e conhecimento acumulados ao longo dos anos.

Não é só o jovem que produz e consome, o idoso pode exercer outras

atividades produtivas e se obtiver recursos também vai consumir.

Antiquado, taxam-se o idoso como superado, desatualizado, é evidente que com a evolução das tecnologias no processo geométrico alguns indivíduos não acompanham, mas não podemos nivelar as pessoas, pois se analisarmos o passado tudo que temos de essencial foi criado a partir de experimentos empíricos ou pouco científicos realizado por eles. (MELO, 1994, p. 14).

A velhice é feia. É evidente que com o decorrer do tempo o ser humano vai

perdendo o frescor da juventude e a beleza exterior, tão valorizada pela sociedade.

A beleza, no entanto, assim como a velhice, é um conceito efêmero que muda de

geração para geração. O belo de hoje é muito diferente do belo de séculos

passados. Atualmente, no entanto, valoriza-se, até com certo exagero, a beleza

juvenil. Esconde-se, por outro lado, a beleza da idade, refletida não apenas no ar

de sensatez, sabedoria e sobriedade, mas também nas rugas e nos cabelos

brancos como marcas do tempo.

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Não é difícil ver pessoas com cabelos grisalhos nas ruas? Por que tanta

gente recorre à cirurgia plástica na face? Para os meios de comunicação social, a

literatura, o teatro, os jovens são sempre os galãs, os mocinhos. A fada aparece

como uma bela jovem. Já a bruxa é uma velha horrenda.

Essas formas de discriminação, felizmente, estão sendo combatidas com

iniciativas diversas. Um exemplo é um calendário que fez enorme sucesso no

mundo todo. Criado por um grupo de senhoras da pequena e conservadora cidade

de Knapely, norte da Inglaterra, ele apresenta as próprias em fotos artísticas

mostrando seus corpos seminus com sensualidade, charme, discrição, elegância e

beleza superando valores e preconceitos, sendo tema do filme “Garotas do

Calendário”.

O envelhecimento acarreta perda da memória. Os efeitos do

envelhecimento sobre a memória não são inevitáveis nem irreversíveis. As pessoas

possuem capacidade de recordar em qualquer idade, desde que exercitem a

memória. O jovem também se esquece, se engana e ainda age muitas vezes de

maneira ilógica.

A velhice é uma etapa totalmente negativa. A maioria dos idosos

não tem limitações, nem suas vidas são negativas e dependentes.  Uma

pessoa idosa possui várias experiências, conhecimentos e saberes que um

jovem não pode ter, mas este possui a força e a vitalidade que o velho

carece. Se a sociedade valorizar unicamente o vigor físico, o idoso fica em

desvantagem.

Esclerose, identifica-se o idoso com alguém que não possui a memória, o raciocínio e até a lógica, como se isto fosse exclusividade do idoso, e ser uma patologia exclusiva do idoso. Não percebem que o jovem também esquece, também se engana e age muitas vezes de maneira ilógica. (MELO, 1994, p. 14).

O importante numa sociedade democrática e pluralista é respeitar a

condição do idoso, sua experiência e conhecimento da vida, equilibrando com a

capacidade de inovação, iniciativa e vitalidade do jovem.  

Idoso só gosta de bingo e baile. O baile traz a possibilidade de relembrar e

reviver momentos prazerosos, desenvolver a sociabilidade, as habilidades e

talentos, promover a atividade física por meio da dança, estimular a sensualidade,

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desenvolver o gosto pela música e soltar a imaginação e fantasia. Esta atividade

não se restringe apenas aos idosos, tem efeitos positivos em qualquer faixa etária.

O bingo pode ser um excelente espaço de sociabilidade quando promovido

com o objetivo de diversão e integração comunitária. Quando a atividade se

caracteriza como comercial pode levar ao vício, isolamento e perdas materiais, que

são aspectos negativos em qualquer faixa etária. Estas diferenças, portanto,

devem ser consideradas.

O velho é ranzinza. A pessoa que possui características como teimosia,

rigidez, mau humor, é considerado ranzinza e pode tê-las acentuada na velhice. No

entanto, estes comportamentos não são exclusivos da pessoa idosa. Ela é

prudente e experimentada na vida, e cede quando percebe a irracionalidade. 

O envelhecimento traz impotência sexual. É o mito mais presente, basta

observar o apelo da mídia, da TV e do cinema. Hoje os médicos, psicólogos e

sexólogos já desmistificaram esse assunto tão importante para a pessoa em todas

as etapas da vida. O corpo muda, mas a sexualidade continua, a sensibilidade fica

refinada e mais bela. Daí a importância da manutenção dos cuidados preventivos

em relação a doenças sexualmente transmissíveis, garantindo assim o sexo seguro

e reverter estatísticas que apresentam altos índices de AIDS entre os idosos.  

Velhice é doença. Há muitos meios de prevenir doenças e preservar a

saúde física e mental. Existem doenças que se manifestam na velhice, mas podem

ter sido adquiridas na infância e se agravaram ao longo da vida. O envelhecimento

com qualidade depende da prevenção, de cuidados e hábitos saudáveis cultivados

desde os primeiros anos de vida.

Alienação, aqui se cria um estereótipo de um idoso que vive em um mundo

surreal. Subestima-se a sua capacidade de pensar, de opinar e participar.

Assim citamos alguns mitos atribuídos às pessoas idosas, as quais

terminam aceitando-os e assumindo uma posição submissa, o que as leva ao

isolamento. Muitas vezes o idoso é discriminado e marginalizado em sua própria

família. Melo (1994, p. 14). É urgente que o idoso assuma seu papel na sociedade

e não aceite as imposições familiares e sociais, supere os mitos e preconceitos

para viver a velhice em toda a sua plenitude. 

2.3 ENVELHECIMENTO FISIOLÓGICO

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O envelhecimento natural era erroneamente, caracterizado como um estado

patológico, o envelhecer era visto com uma situação derivada da doença.

O envelhecimento fisiológico é variável de acordo com o indivíduo,

somando-se ao envelhecimento ligado aos efeitos prejudiciais do ambiente, como os

raios ultravioletas, a alimentação, as doenças, o estresse, fumo e álcool.

A expressão “envelhecimento ativo” tem crescido consideravelmente, assim

como o número de seus adeptos. Trata-se de envelhecer priorizando, além de

atividades sociais, as afetivas, profissionais e amorosas. Essas atividades

preenchem o dia dos idosos deixando-os ocupados, tornando-os presas mais

difíceis aos problemas de saúde e psicológicos. 

2.3.1 Deficiências

Um dos grandes aliados no processo de envelhecimento saudável são o

esclarecimento, as informações e a adaptação em relação às alterações fisiológicas,

morfológicas, bioquímicas e psíquicas, naturais que o avanço da idade trás e que

não podem ser consideradas como doença na velhice, mas devem ser cuidadas

com diferenciais da mesma forma como houve necessidades específicas na

infância, adolescência e idade adulta. São estes cuidados fundamentais na

prevenção das deficiências e incapacidades funcionais.

As modificações são iniciadas aos 30 anos de vida, produzindo modificações no indivíduo. O envelhecimento não se dá após os 60 anos conforme é categorizado o idoso, é um processo transcorre por toda a vida. (KACHAR, 2001, p. 37).

A pele perde água e elasticidade, aparecem manchas e rugas com o

ressecamento e redução capilar, o poder de cicatrização diminui. A prevenção de

acidentes deve estar muito presente no dia a dia. Por exemplo, uma ferida que aos

20 anos leva 10 dias para cicatrizar, no idoso exigirá 32 dias, segundo o Núcleo de

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Estudo e Pesquisa do Envelhecimento – NEPE, da Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo - PUC/SP.

A massa corpórea se modifica, com queda do metabolismo basal, aumento

da concentração de gordura e enfraquecimento muscular. Neste sentido, há uma

predominância de posturas em flexão pela dificuldade em vencer a força da

gravidade; a coluna cervical curva-se para frente podendo aparecer problemas como

uma cifose dorsal, certo imobilismo da coluna lombar, os membros tendem a refletir

ao nível dos cotovelos, joelhos e articulação coxofemoral.

A atividade física, os exercícios de mobilidade e técnicas corporais podem

ser de grande valia neste processo evitando as deformidades, a imobilidade e as

deficiências físicas ou processos dolorosos.

Alterações morfológicas e fisiológicas dos órgãos levam a mudanças na

capacidade cardíaca, respiratória, digestiva, renal necessitando de condições mais

adequadas e de adaptação do idoso a este diferente funcionamento, que não deve

ser considerado patológico. A manutenção do equilíbrio destas funções passam a

depender de fatores de estilo de vida, nutricionais, psicossociais, etc.

Por exemplo, o rim do idoso perde peso e tamanho, há também a diminuição

do número e tamanho de nefros e da filtração glomerular, passando o idoso a

eliminar uma maior quantidade de urina, de densidade mais baixa, permitindo a

eliminação dos excretos, mas facilitando a desidratação que, se não cuidada levará

a todo um quadro de debilidade secundária até situações mais graves.

Os pulmões diminuem de volume e perde a elasticidade, os músculos

respiratórios perdem parte de sua capacidade resultando em uma diminuição da

ventilação. A capacidade vital no idoso poderá estar diminuída em até 60 a 70% sem

que isso signifique uma patologia respiratória, porém que associada à falta de

atividade física ou hábitos como fumo podem acarretar problemas secundários.

Diminuição das capacidades sensoriais: visual, auditiva, térmica, olfativa,

gustativa, que conhecidas, compreendidas e cuidadas não necessariamente se

tornam deficiências incapacitantes. Por exemplo: o uso de aparelho auditivo ou

óculos pode ser recurso adotado que permitirá o desempenho de atividades com

independência. O Sistema Nervoso Central sofre alterações como retração das

circunvoluções cerebrais, perda de neurônios podendo chegar a 20% até a idade de

90 anos. O desbalanceamento entre vários sistemas de transmissão com

conseqüências para as funções cerebrais pode levar a manifestações clínicas

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chamadas de “mudanças cerebrais suaves relacionadas com a idade” que incluem a

redução do tônus muscular, distúrbios da memória, mudanças do comportamento

afetivo, desorientação no tempo e no espaço e distúrbios do sono.

O aparelho músculo-esquelético também passa por transformações. O

declínio da força muscular pode começar aos 30 anos, em condições de

sedentarismo sendo mais pronunciado nos homens do que nas mulheres. Assim, na

idade de 70 a 80 anos as mulheres podem apresentar esta diminuição em torno de

30% e os homens em 58%.

Pesquisas recentes demonstram que há uma diferença entre o envelhecimento saudável e o patológico. As alterações fisiológicas do processo natural são características que se dá com o envelhecimento e as alterações produzidas por afecções que atingem o idoso fazem parte da deterioração mental. (KACHAR, 2001, p.37).

Algumas das funções psíquicas como memória, concentração, associação,

são mais sensíveis ao envelhecimento, porém certamente também são

determinados por uma série de fatores sociais, emocionais e de antecedentes

pessoais. A relação de vida destas pessoas pode facilitar muito o não agravamento

destas condições. Por exemplo: manutenção de atividades de leitura, escrita, jogos,

lazer, hobbies e a convivência social.

Sabe-se hoje que a velhice não implica necessariamente doença e afastamento, que o idoso tem potencial para mudança e muitas reservas inexploradas. Assim, os idosos podem sentir-se felizes e realizados e, quanto mais atuantes e integrados em seu meio social, menos ônus trarão para a família e para os serviços de saúde. (FREIRE, 2000, p. 22).

As relações sociais sofrem transformações como a maior freqüência de

perda de amigos, de emprego, redução de rendimentos, distância dos filhos. O

ajustamento a estas situações pode causar ansiedade e depressão, interferindo com

as atividades diárias e assim se tornar um problema de saúde até mesmo

incapacitante. Poder vivenciar estas experiências com suporte familiar e social,

mantendo o desempenho de atividades, são caminhos fundamentais para a

prevenção de doenças.

2.3.2 Auditiva

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Tratando-se de questão de saúde pública com necessidades específicas, a

perda de audição é a segunda patologia física que mais incapacita o idoso, os riscos

começam aos 65 anos, trabalhos recentes mostram que a deficiência auditiva

acontece de alguma forma, 70% dos idosos que perfaz pelo menos 10 milhões de

pessoas em nosso país, segundo o Centro de Referência e Documentação sobre

Envelhecimento (CRDE) da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI-UERJ).

Um dos maiores fatores de exclusão social é a surdez, provoca um

processo devastador no processo de comunicação do idoso. As pessoas

apresentam um processo natural de envelhecimento gradativo, que envolve o

aparelho auditivo, em suas vias periféricas e centrais. Fica mais evidente após os 65

anos de idade.

A comunicação freqüente pode ter vários objetivos: a troca de experiências informação com o propósito de construir conhecimento; a tomada de posição e decisão, num sentido mais pragmático ou, mesmo, simplesmente o fato de relacionar-se com outro, pelo próprio prazer de interação comunicacional. A qualidade da comunicação está relacionada com habilidade de comunicar-se do interlocutor, com possíveis interferências do meio externo. (KACHAR, 2003, p. 38).

Em alguns indivíduos, por ação de agentes agravantes como a exposição a

ruídos, diabetes, uso de medicação tóxica para os ouvidos ou herança genética, a

diminuição da acuidade auditiva na Terceira Idade torna-se extremamente

comprometedora, interferindo diretamente na sua qualidade de vida.

Percebe-se que é muito comum aos familiares descreverem o idoso portador

de deficiência auditiva como confuso, desorientado, distraído, não comunicativo, não

colaborador, zangado.

Com muita pressão para que sua mensagem seja compreendida, isto gera

ansiedade cresce muito a possibilidade da falha nesta atividade, que pode ocasionar

frustração e a frustração leva à falha; a falha, por sua vez leva à raiva e, finalmente,

a raiva leva ao afastamento da situação de comunicação o resultado é o isolamento

e a segregação.

Destacam-se as implicações da deficiência auditiva no idoso:

Redução na percepção da fala em várias situações e ambientes

acústicos, piora em ambientes ruidosos, muitas vezes está associado a um

zumbido, o que piora o problema;

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O idoso muitas vezes ouve o que a pessoa está falando, mas não

entende;

Alterações psicológicas: depressão, embaraço, frustração, raiva e

medo, causados por incapacidade pessoal de comunicar-se com os outros;

Isolamento social: A interação com família, amigos e comunidade fica

seriamente afetada;

Incapacidade auditiva: igrejas, teatro, cinema, rádio e TV;

Intolerância (irritação) a sons de moderada à alta intensidade

principalmente os sons agudos;

Se a pessoa fala em baixo tom, o idoso não ouve, se falar em tom alto

se incomoda;

Problemas de alerta e defesa: incapacidade para ouvir pessoas e

veículos aproximando-se, panelas fervendo, alarmes, telefone, campainha

da porta, anúncios de emergências em rádio e TV.

2.3.3 Visual

A partir dos 40 anos de idade, a visão começa a dar sinais de cansaço, por

volta dos 50 anos, a catarata também se torna uma ameaça ao bem estar e a

autonomia do indivíduo e a retina começa a apresentar sinais de envelhecimento.

Após os 40 anos os exames oftalmológicos são obrigatórios e

imprescindíveis. Devem ser realizados anualmente. Uma das razões para a

preocupação com a saúde oftalmológica é o aparecimento da presbiopia, uma

alteração que acontece no cristalino e no músculo ciliar impedindo o indivíduo de

enxergar de perto.

A dificuldade de enxergar de perto faz com que a pessoa afaste,

regularmente, os olhos do documento que está sendo lido, ação que repetida várias

vezes causa um cansaço excessivo pelo simples atos de ler.

O declínio visual e auditivo pode ser compensado de através de algumas

estratégias: gestos, expressões faciais, entonação, falas pausadas, falar um pouco

mais alto, sem gritar, evitar gírias, evitar vocabulários pouco utilizados, repetir várias

vezes caso a pessoa não compreenda o que foi dito, introduza palavras

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diferenciadas para ao auxílio da compreensão, criar exemplos que esteja

relacionada ao seu convívio social.

Tem-se essa falsa impressão, essa coisa de ‘coitadinho do idoso’, de que

ele chegou a uma fase da vida em que ninguém vai mais cuidar dele. É o contrário.

“É aí que a gente investe mais”, afirma a oftalmologista Denise de Freitas, do

Instituto da Visão, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

No Instituto da Visão há até um grupo de apoio especializado em ajudar

pessoas com mais de 100 anos. Não apenas com acompanhamento e prescrição de

óculos, mas com cirurgias. Explica a especialista em oftalmologia geriátrica Marcela

Cypel, também da Unifesp:

“Se ele tiver 70 anos e for viver mais 15, ele vai ter só 85 anos. Vale a pena dar 15 anos a mais com qualidade de visão Muitas vezes as pessoas acham que não tem por que operar um idoso, que ele tem poucos anos pela frente. Mas isso é errado”.

“Um paciente com Alzheimer e catarata, se você não opera a catarata, ele

fica muito pior”, afirma. Para Cypel, a sociedade também sai ganhando:

“Você ganha uma pessoa ainda ativa, com menos depressão, mais interação com a família, com os netos, com atividades voluntárias. Não só o idoso ganha qualidade de vida, mas a sociedade ganha mais pessoas com experiência participando”.

“A cirurgia de catarata hoje é feita com anestesia local. Anestesia geral é

praticamente inexistente. É um procedimento de dez, quinze minutos. Não há

internação no hospital. As complicações são baixíssimas, 0,1% 0,2%”, explica

Denise de Freitas.

A catarata é uma dos principais problemas oftalmológicos da terceira idade.

“É um processo degenerativo. A pele enruga, o cabelo fica branco, o cristalino perde

a transparência”, explica Freitas.

“Outros problemas, mais sérios, também estão ligados à idade. “É o caso da

degeneração macular senil, que afeta a retina”.

Muitas vezes, no entanto, o problema é simples e é o mero descaso com o

idoso que atrapalha. “Você se depara com um idoso que é deficiente visual

simplesmente porque não tem um óculos”, diz a médica.

Page 16: TCC - Terceira Idade

31

Para evitar problemas de saúde visual na terceira idade, os conselhos de

“preservar” a visão não passam de mitos.

“A visão e os olhos foram feitos para enxergar a vida toda. Pode usar a

visão que ela não vai gastar”, garante Marcela Cypel. A única recomendação é

tentar levar uma vida saudável, com boa alimentação e exercícios freqüentemente e

fazer exames oftalmológicos regulares.

2.3.4 Cognição e memória

Além das mudanças nos órgãos e nos sentidos periféricos, há modificações

em funções de percepção, envolvendo o sistema nervoso central. A cognição e a

interpretação de informações ficam comprometidas.

Há uma considerável estabilidade do desempenho intelectual ao longo da

vida, na ausência de doenças mais importantes, mas alguns aspectos da inteligência

parecem sensíveis aos efeitos do envelhecimento.

É normal a pessoa de Terceira Idade passar por experiências de alguma perca de desempenho envolvendo novos estímulos ou habilidades em resolver problemas, existem muitos idosos entre 70 e 80 anos apresentam desempenho em testes psicológicos igual ou próxima ao dos jovens. (KACHAR, 2001, p. 42).

Mesmo no envelhecimento normal percebe-se usualmente um declínio na

habilidade em adquirir e recordar informações isto está relacionado à memória:

Memória primária, isto é, o estoque de informações que é perdido, se

não usado em curto prazo sofre mínimas alterações com a idade e pode ser

avaliado pelo número de letras e palavras que uma pessoa pode decorar

numa ordem correta;

Memória secundária, que se refere à armazenagem de informação

apreendida recentemente, apresenta decréscimo mais intenso nas pessoas

com mais idade;

Memória terciária, que é de fatos distantes, lembranças remotas, é

pouco alterada em relação aos mais jovens.

A falta de memória muitas vezes, está relacionada ao estado depressivo que acompanham o idoso, por vivenciar situações de perdas, não havendo

Page 17: TCC - Terceira Idade

32

nessas circunstâncias, funções cognitivas rebaixadas. (KACHAR, 2001, p. 43).Além dos problemas que acometem a memória, os idosos apresentam dificuldades no desempenho em atividades que requeiram iniciativas, planejamento e avaliação de comportamentos complexos. Essas dificuldades dão margem a discutir se é uma deficiência na resolução do problema ou na capacidade de planejar e organizar o comportamento. (KACHAR, 2001, p. 33).

Os autores apontam outras características:

inflexibilidade ou dificuldade de desistir de uma determinada solução;

menor capacidade de discernir o relevante do irrelevante;

dificuldades conceituais.

Outro aspecto importante é que as informações abstratas se alteram mais

cedo que as concretas. (KACHAR, 2001, p.44).

2.3.5 Características psicológicas

Para (Kachar, 2001, p. 44, citado por Pontes, 1996), na leitura psicanalítica

do envelhecimento mostra-se o outro lado da questão, discutem-se as perdas como

que relacionada às aquisições.

O envelhecimento é um processo estruturado não só em perdas, mas na

dinâmica da transformação. Quando ocorre a perda de objetos, a partir da liberação

de energia, podemos fazer aquisição de outros objetos.

As alterações fisiológicas do envelhecimento decorrentes da senescência em alguns aspectos são significativas na vida do indivíduo e na sua relação como o computador. O declínio de algumas atividades não inviabiliza a apropriação e domínio do recurso tecnológico, mas exige um contesto educacional específico que atenda às condições de aprender sobre a máquina e por meio dela explorar outras possibilidades de desenvolvimento do individuo. (KACHAR, 2001, p. 47).As perdas sofridas na visão, força e rapidez podem diminuir no idoso a possibilidade de cuidar-se, gerando dependência dos outros.O envelhecimento é período que poder visto como sofrimento das perdas: morte de parentes e amigos queridos aumentando o isolamento; problemas econômicos devido ao valor da aposentadoria; saúde em declínio e perca de vivência social, com o crescimento dos filhos, falecimento do cônjuge e saída do mercado de trabalho. Esta série de fatos leva à diminuição da auto-estima e da auto-imagem. (Kachar, 2001, p. 44).

Page 18: TCC - Terceira Idade

33

As perdas e aquisições são relativas às representações mentais

inconscientes, não às situações concretas. O envelhecimento gera perdas, que

podem gerar crises psicológicas. Para contornar a situação o idoso precisa de afeto,

apoio de parentes e com atividades ocupacionais de seu interesse:

a escolha de atividades deve ser espontânea e não imposta;

a pessoa determinará o tempo que destinará a atividade, quebrando o

ritual de tantos anos cumprindo horários e prazos determinados por

outros;

as atividades devem estimular a criatividade e potencial para a

resolução de problemas;

se possível, uma remuneração relativa à sua produção, segundo

(Kachar, 2001, p. 46).

Para Kachar (2001, p. 46), identificam em estudos que o homem maduro

apresenta formas de pensar sobre a vida que diferem das dos jovens:

raciocínio mais sutil e relativista;

diminui seu número de projeções no envelhecimento;

relativização no que diz respeito aos bens materiais;

autoconfrontação e busca de um significado próprio para sua vida.

2.4 DIREITOS DA TERCEIRA IDADE

As sociedades primitivas, as tribos, os clãs normalmente davam o devido

valor aos seus idosos. Ouviam os seus conselhos e pediam conselhos nos

momentos difíceis, se for visto no passado em escrituras os anciões não eram

excluídos socialmente, hoje a sociedade vem banindo o idoso do meio social,

impossibilitando a sua participação nas decisões políticas e sociais e nosso país.

Os idosos têm seus direitos assegurados desde 1948, na Declaração dos

Direitos Humanos, do 1º ao 29º artigo, sem excluir a idade. Também a Constituição

Page 19: TCC - Terceira Idade

34

Federal de 1988 e a legislação dela decorrente procuram dar o idoso todo o amparo

de que ele necessita.

O autor, advogado devidamente inscrito na OAB/PR sob o nº 23.924,

atuando em todas as áreas do Direito desde 1996, acompanhou em 2003 a

promulgação da legislação pátria que guarnece e ampara o idoso.

2.4.1 Estatuto do Idoso

Após quinze anos de vigência da Constituição e Federal, foi colmatada a

lacuna legislativa existente em relação ao idoso.

O estatuto do idoso apresenta um novo momento de reflexão para a

população brasileira, contribuindo para que os idosos tenham seus direitos

assegurados e respeitados, objetivando a melhoria as condições de vida do idoso,

constituindo-se num instrumento de conquista de cidadania.

Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões,

espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.

Art. 21. O poder público criará oportunidade de acesso do idoso à educação,

adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais

a ele destinados.

§ 1º Os cursos especiais para idoso incluirão conteúdo relativo às técnicas

de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para interação da

vida moderna.

Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão

inseridos conteúdos voltados aos processos de envelhecimento, ao respeito e à

valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimento

sobre a matéria. De acordo com o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, de 1º de outubro

de 2003, p. 5, Capitulo V, artigo 20, 21 §1 e 22.

A lei apresenta, sem dúvida, equívocos, mas todos os diplomas legais os

apresentam. Cumpre ao intérprete suprir estes equívocos através da inteligente

interpretação da lei.

E o grande problema do Estatuto do Idoso é o mesmo de todo e qualquer

diploma que cria obrigações positivas para o Estado. É que a materialização dos

Page 20: TCC - Terceira Idade

35

direitos contemplados nesta espécie de diploma acaba invariavelmente criando

obrigações positivas que apresentam titulares individuais especificáveis. A violação

destes direitos gera pretensões cujo exercício na prática implica atividade estatal

voltada a um indivíduo ou grupo, interferindo o Judiciário nesta determinação.

Haveria neste caso invasão de competências? Há mal ferimento ao princípio da

separação de poderes?

A rigor, o julgador efetivamente se interpõe entre o administrado e o Estado.

Ocorre que a função primária do Poder Judiciário é exatamente restabelecer a

legalidade, e sem dúvida que a violação de um direito contemplado em lei

representa uma ilegalidade.

A questão é difícil e demanda cuidado, sob pena de indevida ingerência do

Poder Judiciário em matéria de alçada administrativa, qual seja, a destinação de

recursos públicos.

Neste caso, a questão traduz-se na postura que temos diante da própria

Constituição, e é cediço que a hermenêutica clássica é incapaz de fornecer

mecanismos aptos à resolução dos problemas da exegese constitucional. A respeito,

pertinente é a lição de Gilmar Ferreira Mendes:

“Parece hoje superada a idéia que recomendava a adoção do chamado método hermenêutico clássico no plano da interpretação constitucional. Como se sabe, esse modelo assenta-se em duas premissas básicas: (a) a Constituição, enquanto lei há de ser interpretada da mesma forma que se interpreta qualquer lei; (b) a interpretação da lei está vinculada às regras da hermenêutica jurídica clássica".

A solução dos conflitos de princípios e normas constitucionais, que

apresentam sob o ponto de vista formal a mesma hierarquia em vista do princípio da

unidade constitucional, faz-se com o descortinar de uma dimensão que transcende à

mera legalidade formal, observando as grandes diretrizes históricas, políticas e

sociais. É por isso que diante da relevância dos direitos em pauta, não resta

alternativa viável que não seja considerar possível a intervenção do Poder Judiciário.

Como bem asseverou o Desembargador Wellington Pacheco Barros no

julgamento da apelação cível nº 70008257388, do TJRS, acerca de ação que

condenou Município do Rio Grande do Sul a construir abrigo para idosos:

Page 21: TCC - Terceira Idade

36

"Com efeito, a extrema relevância do caso em questão e a omissão, para não dizer descaso, do requerido, surgem para o Poder Judiciário, como manda seu ofício, determinar o cumprimento da Lei.É obrigação de o Município assegurar aos idosos carentes, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, consoante o disposto no artigo 3º, da Lei 8.842/1994, e também no artigo 230, da Constituição Federal".

Não há, na hipótese, indevida ingerência de competências, mas sim

reposição da legalidade, pois como lembra o Ministro Celso de Mello:

As situações configuradoras de omissão inconstitucional, ainda que se cuide de omissão parcial, derivada da insuficiente concretização, pelo Poder Público, do conteúdo material da norma impositiva, fundada na Carta Política, de que é destinatário, refletem comportamento estatal que deve ser repelido, pois a inércia do Estado qualifica-se, perigosamente, como um dos processos informais de mudança da Constituição, expondo-se, por isso mesmo, à censura do Poder Judiciário. A inércia estatal em adimplir as imposições constitucionais traduz inaceitável gesto de desprezo pela autoridade da Constituição e configura, por isso mesmo, comportamento que deve ser evitado. É que nada se revela mais nocivo, perigoso e ilegítimo do que elaborar uma Constituição, sem a vontade de fazê-la cumprir integralmente, ou então, de apenas executá-la com o propósito subalterno de torná-la aplicável somente nos pontos que se mostrem ajustados à conveniência e aos desígnios dos governantes, em detrimento dos interesses maiores dos cidadãos.

Tem-se uma Constituição Cidadã, que prestigia uma visão solidarista do

Direito, e que deve ser aplicada dentro de uma perspectiva vinculativa e dirigente,

então há que se privilegiar uma exegese que conduza à efetiva materialização

destes direitos. Ao não admitir-se a intervenção do Poder Judiciário, estamos

conduzindo a realização do direito subjetivo concretamente a um impasse.

Se alguém deixa de ter assegurado o exercício de um direito, então há uma

violação à lei, devendo haver pronta intervenção do Poder Judiciário.

Dir-se-á que o exercício dos direito passará a ser uma questão de quem

ingressa em juízo. A assertiva não deixa de ser correta. Todavia, uma vez que há

ampla legitimidade ao Ministério Público, associações e Ordem dos Advogados do

Brasil - OAB, dentre outros órgãos e entidades, fica afastada a possibilidade de que

o poder econômico ou a instrução de cada indivíduo venham a se tornar os fatores

decisivos de diferenciação entre aqueles para os quais a lei realmente representa

uma realidade e aqueles que ficam a sua margem.

A lei não é o Direito em sua completude. É apenas o ponto de partida e um

mecanismo que fornece a direção inicial. Agora dispomos de mais um mecanismo,

Page 22: TCC - Terceira Idade

37

cujo emprego mais eficaz somente será construído através da tentativa e da

discussão, que apenas se inicia.

Contudo, não é somente uma legislação que vai mudar este panorama triste

de discriminação com o idoso, juntamente com as leis tem que haver uma mudança

da mentalidade do ser humano, pois o idoso não precisa de esmolas e sim de

reconhecimento e respeito, as leis vão dar solidez aos direitos deste idoso, porém o

que deve ser praticado por todos é a valorização do cidadão da terceira idade.

2.5 ERGONOMIA

Existem pesquisas onde mostram que um melhor posicionamento do

monitor e de seu operador, visando trazer um melhor aproveitamento em seu

trabalho e melhor qualidade de vida.

São vários os sintomas que podem aparecer devido a uma má posição e

utilização do computador, quando notar algum dos seguintes sintomas é

recomendável que consulte o mais rapidamente um médico especializado na área!

Quando mais cedo se tratar estes problemas, mais fácil será de prevenir possíveis

deficiências físicas provenientes do mau uso do computador!

Os sintomas que se seguem podem ser notados ao usar o teclado/mouse

ou até mesmo quando as mãos estiverem em repouso:

Formigueiro, ardor e dormência;

Irritação, dor contínua ou sensibilidade;

Dor, latejamento ou inchaço;

Tensão ou enrijecimento;

Fraqueza ou calafrios.

Estes distúrbios podem-se notar nas mãos, nos pulsos, nos braços, nos

ombros, no pescoço e nas costas. A fadiga, o desconforto, tensão e outros tipos de

mal estar podem estar diretamente relacionados com a configuração do seu

ambiente de trabalho. Uma boa solução será ajustar o seu ambiente de trabalho de

forma a estar com uma postura correta.

Existe uma série de princípios básicos que poderão prevenir os problemas:

ajuste a posição do seu corpo e do seu computador;

Page 23: TCC - Terceira Idade

38

evite estar o dia todo sentado;

procure estar relaxado, faça vários intervalos durante o dia;

sempre que se sentir desconfortável procure alguma forma de alivio;

faça exercício físico, evite uma vida sedentária.

Monitores colocados em posição superior à linha dos olhos provocam um

grande desconforto visual e exige maior esforço. Existe muita discussão sobre qual

o melhor ângulo que o monitor deva ser colocado. Este tipo de ajuste pode ser feito

pelo operador do computador conforme lhe seja apropriado, normalmente, o

recomendável é de 10 a 20 graus abaixo da linha horizontal à distância entre os

olhos e o monitor também deve ser ajustado individualmente, manter o monitor de

50 a 70 cm de distância possibilitará um bom nível de conforto e acomodação.

Recomenda-se utilizar um filtro de proteção sobre a tela do monitor. E o tipo

de monitor pode influenciar. Os de alta resolução (acima de 90) são bem mais

tolerados a limpeza regular do vidro do monitor também pode ajudar.

Computadores com alta freqüência de atualização (300 hz5) diminuem a

instabilidade da tela, proporcionando maior conforto visual e taxa de piscar, Displays

de cristal líquido (LCD) apresentam alta freqüência de atualização.

O controle do brilho e da iluminação tanto da tela quanto do ambiente é

aconselhável para tornar o trabalho mais confortável e acomodar a amplitude da

visão. A iluminação do ambiente deve ter claridade constante, ao invés de spots que

causam efeito de luz e sombra. O fundo de tela do monitor deve ser três vezes mais

claro que a iluminação do ambiente e os caracteres devem ser escuros para um

bom contraste.

Além disto, é sempre necessário estar atento sobre a questão postural, que

envolve um bom posicionamento de braços, pescoço, pernas, móveis e cadeiras

adequadas, teclados e mouses ergonômicos. Com isto pode-se melhorar o

rendimento e a qualidade de vida do idoso.

2.6 TERCEIRA IDADE E INCLUSÃO DIGITAL

A sociedade da informação e do conhecimento traz impactos sociais

capazes de levar a uma transformação social, maior que a produzida pela máquina a

Page 24: TCC - Terceira Idade

39

vapor. Com o mundo, que tudo gira em torno cada vez mais no dinheiro, a

informação vem transformar o conceito atual do trabalho, valorizar mais a tecnologia

e a aprendizagem. Neste contexto, os excluídos tecnológicos aumentarão ainda

mais se não houver políticas e ações, visando combater o analfabetismo trazido

pelas novas tecnologias.

Nossas concepções de mundo estão sendo delineadas pelas informações que recebemos por meio das mídias eletrônicas. A TV, além de informar, seleciona, exibe e interpreta o que acontece (LOMAS, 2001, p. 147).

Ao analisar a situação social dos idosos perante a tecnologia digital pode-se

perceber que muitos estão alheios ao processo tecnológico. Na atual globalização

surge uma grande necessidade de inovação, o que as pessoas estão se

esquecendo é que há os que não possuem um fácil acesso ao processo tecnológico,

seja pela formação, condição financeira, ou até mesmo falta de vontade.

Ao invés do poder público e as empresas tentar incluí-los, o que ocorre na

maioria das vezes, é que este grupo de pessoas é excluído do processo e cada vez

mais esteja ficando de lado.

 Os idosos atualmente têm melhor nível de instrução do que seus

antepassados, e essa tendência irão continuar à medida que as gerações mais

jovens envelhecerem. Pode-se dizer que a vida média das pessoas aumentou. Além

disso, um número cada vez maior de adultos mais velhos opta por continuar seus

estudos. A continuidade da atividade mental como nos programas de educação

adulta ou cursos de tecnologia, pode manter as pessoas mais velhas mentalmente

alertas.

A tecnologia em si não é neutra, ela aumenta a ação humana, daí o motivo

da escolha desse tema, para saber quais os prós e contras da tecnologia digital para

a vida desse grupo de pessoas.

A inclusão digital inicia uma série de outros objetivos que não simplesmente

os tecnológicos após permitir o acesso dos indivíduos em um mundo digital que

implica em transformações culturais diversas, o seu acesso nesse mundo digital

antes intocável essa população pode se encher de saberes antes não trabalhados.

Abordando esse assunto em um projeto de pesquisa pode se analisar que a

resolução de alguns problemas podem ser sanados com o apoio de monitores e com

a participação dos demais usuários como numa verdadeira rede local humana de

aprendizagem cooperativa, focada nos contextos significativos das aplicações,

Page 25: TCC - Terceira Idade

40

sejam para navegar na internet para tirar uma 2º via de conta telefônica ou até

mesmo para a digitalização de um currículo.

Cada uma dessas tarefas exige um acompanhamento pedagógico

individualizado, poderia ser mais dinamicamente trabalhado sem a forma padrão de

cursos de informática, e sim com o processo de rede de investigações.

É importante considerar os vários aspectos do processo de exclusão.

Questiona-se ainda onde está a “educação para todos” que o governo tanto prega,

pois educação tecnológica nos dias de hoje se faz necessária tanto quanto a

alfabetização.

Quase tudo o que aparece de novo, é utilizado digitalmente, e isso pode

contribuir para o afastamento e o stress diário, mediante a tantos problemas que os

idosos enfrentam.

A inclusão digital poderia proporcionar momentos de esquecimento e

máximo êxtase além do seu desenvolvimento pessoal. É muito importante para o

idoso saber que depois de uma vida toda, ainda consegue desempenhar diversas

funções, as quais muitas pessoas não acreditam que possam desenvolver. Ganham

um pouco mais de autonomia.

A tecnologia invadiu as casas, empresas, instituições de todos os tipos. A

sociedade, como um todo, está se tornando informatizada. Os recursos da imprensa,

rádio, TV, telefone, fax, vídeo, computador e Internet são disseminadores de

culturas, valores e padrões sociais de comportamento. Todos esses artefatos fazem

com que a comunicação seja intermediada pela máquina e não pela voz humana.

As mudanças transparecem nas diversas dimensões de viver na sociedade

tecnologizada. Com a sofisticação dos recursos da tecnologia, torna-se maior a

amplitude de acesso à informação, assim como a qualidade de veiculação e

recepção se mostra em diferentes níveis de mídia. O acesso fácil e rápido, quase

que instantâneo, à informação relativiza a questão do tempo e do espaço. As

informações infiltram-se por todos os lados, quase que não precisamos ir atrás

delas, pois elas passam a se apresentar a nós exaustivamente, intervindo nas

nossas relações e comportamentos. O ambiente familiar, antes convergente e

constituído em volta das figuras da mãe e do pai, fica diluído entre os mitos

eletrônicos, que são endeusados e assumem a tutoria da infância.

Uma fábrica de sonhos e emoções que invade a vida dos indivíduos,

conformando subjetividades, interiorizando comportamentos-modelo da sociedade,

Page 26: TCC - Terceira Idade

41

atuando no inconsciente do sujeito espectador que capta as mensagens dentro

dessa visão, que é uma versão do mundo fragmentada e filtrada pela tela.

Para Lomas, a mídia age a partir a informação textual, verbal e das imagens

para persuadir e manipular o espectador com a intenção de fazer saber, fazer crer,

fazer parecer verdade, fazer sentir (2001:149).

Na sociedade contemporânea, a socialização incorpora as relações

produzidas pela rede de interconexões de pessoas entre si, mediadas pelas

Tecnologias da Comunicação e Informação.

A mídia e a publicidade focam perspectivas da realidade, intervindo na

construção de identidade, culturas e relações pessoais. A preocupação está na

discrepância que surge entre o que as mídias anunciam de horizontes e leituras de

universos e os valores educativos que são discutidos e tratados nas instituições

educacionais.

Há uma emergente necessidade de preparar cidadãos que saibam ler,

interpretar, analisar criticamente as informações recebidas e selecionar as

significativas para si e para o uso coletivo. A população de um modo geral está

carente de recursos técnicos e educacionais para enfrentar e lidar com um futuro

que caminha na ambigüidade do local e global, do espaço físico e virtual.

A geração nascida no universo de ícones, imagens, botões e teclas,

transitam com desenvoltura na operacionalização, nesta cena visionária de quase

ficção científica, mas a outra geração, nascida em tempos de relativa estabilidade,

convive de forma conflituosa com as rápidas e complexas mudanças tecnológicas,

cuja progressão é geométrica.

Para Pretto (1996:99), o analfabeto do futuro será aquele que não souber ler

as imagens geradas pelos meios eletrônicos de comunicação. E isso não significa

apenas o aprendizado do alfabeto dessa nova linguagem.

A nova geração é introduzida nesse universo desde o nascimento e por isso

sua intimidade com os meios eletrônicos ocorre numa relação de identificação e

fascinação (Pretto, 1996). A geração dos idosos de hoje tem revelado suas

dificuldades em entender a nova linguagem e em lidar com os avanços tecnológicos

até mesmo nas questões mais básicas como os eletrodomésticos, celulares, os

caixas eletrônicos instalados nos bancos. Conseqüentemente, aumenta o número de

idosos iletrados em Informática, ou analfabetos digitais, em todas as áreas da

sociedade.

Page 27: TCC - Terceira Idade

42

Esse novo universo de relações, comunicações e trânsito de informações

pode se tornar mais um elemento de exclusão para o idoso, tirando-lhe a

oportunidade de participar do presente, marginalizando-o e exilando-o no tempo da

geração anterior, relegando sua função social à memória, ao passado. Para inserir-

se na sociedade tecnologizada, ele precisa ter acesso à linguagem da Informática,

dispondo dela para liberar-se do fardo de ser visto como alguém que está

ultrapassado e descontextualizado do mundo atual.

Há uma necessidade em dominar os recursos do computador devido à

sociedade ter se tornado informatizada, atingindo todos os âmbitos, e permeando o

cotidiano dos indivíduos nas mais variadas faixas etárias. É preciso prevenir a

exclusão dos indivíduos idosos por desconhecerem a nova linguagem que se

dissemina também nas conversas sociais.

O perfil de idoso mudou muito nos últimos tempos. Apesar de ser um

universo heterogêneo, pode-se dizer que, na época dos avós, o idoso recolhia-se ao

seu aposento e vivia o resto da vida dedicado aos netos, à contemplação da

passagem do tempo pela fresta da janela, a reviver as memórias e (re)lembrar e

(re)contar as lembranças passadas.

Relegava-se a pessoa idosa ao passado, ao ontem, não reservando um

espaço digno e louvável ao indivíduo na velhice, no tempo presente. Havia (e ainda

há) uma exclusão das pessoas idosas na construção do presente e do futuro da

humanidade. O futuro foi sempre considerado dos e para os jovens. Então, quais os

espaços de ser na velhice?

Hoje, desponta um novo tempo, pois os/as idosos/as têm uma vitalidade

grande para viver projetos futuros (a curto prazo), contribuir na produção, participar

do consumo e intervir nas mudanças sociais e políticas.

Cabe aos educadores a responsabilidade de pesquisar e criar espaços de

ensino-aprendizagem que insiram os/as idosos/as na dinâmica participativa da

sociedade e atendam ao desejo do ser humano de aprender continuamente e

projetar-se no vir a ser.

Com o aumento da população idosa nos últimos tempos conseqüentemente

aumentou também o número de idosos iletrados em Informática ou analfabetos

digitais, em todas as áreas da sociedade, gerando uma demanda por cursos

direcionados para o ensino dos recursos básicos sobre o computador.

Page 28: TCC - Terceira Idade

43

Muitas empresas oferecem cursos básicos de Introdução à Informática,

porém, poucas destinam cursos específicos para a faixa etária da terceira idade.

Algumas universidades abertas para a terceira idade oferecem curso de

introdução sobre os recursos do computador dentro do seu leque de opções, porém,

como as pesquisas sobre o impacto da aprendizagem e utilização do computador

pela terceira idade são escassas no Brasil, acredita-se que os cursos ainda não

apresentem uma metodologia de ensino e aprendizagem específica para o idoso.

As pesquisas mostram que existem diferenças entre as faixas etárias na

forma da apropriação e no domínio da habilidade operacional do computador.

Estudos que comparam jovens, adultos e idosos na interação com a

máquina apontam a importância do dimensionamento de estratégias de ensino e

aprendizagem delineadas de acordo com as características e condições da

população, respeitando o ritmo e tempo para aprender, as limitações físicas

(auditivas, visuais) e cognitivas (memória, atenção).

Na Internet um site traz um estudo interessante sobre o idoso e a relação de

aprendizagem com o computador, do qual foram extraídas algumas questões:

"Coming of age: the virtual older adult learner", por Donald A. King (1997),

apresentado numa conferência de Educação Continuada no Canadá.

Este estudo pretendeu identificar as necessidades de aprendizagem das

pessoas de 55 anos e mais para ajudá-las a superar seus medos e resistências às

novas tecnologias.

Àquela pesquisa contou com uma revisão de área para responder à

pergunta: “como a terceira idade aprende as novas tecnologias”.

Alguns pontos de destaque:

as pesquisas sobre idosos e computadores ainda são iniciais;

instrução assistida por computador é bem aceita pelos idosos;

idosos apresentam muitas razões para aprender as novas tecnologias;

idosos apresentam dificuldades específicas para aprender.

As dificuldades para a aprendizagem do computador pelos idosos podem ser

superadas, utilizando-se estratégias específicas como:

seguir etapas gradativas de aprendizagem;

auxílio na medida da necessidade;

seguir no próprio ritmo;

frequentes paradas;

Page 29: TCC - Terceira Idade

44

boa iluminação;

caracteres e fontes grandes;

classes pequenas;

mais tempo para a execução das tarefas e repetição delas.

Os resultados da pesquisa de King (1997) apontam especificações sobre o

tipo de hardware e software e técnicas de ensino:

hardware - atenção deve ser dada a:

tamanho do monitor e iluminação;

teclado com design especial;

mouse com design especial;

qualidade de impressão;

tamanho e cor da área de trabalho no monitor;

qualidade do assento.

técnicas de Ensino - idéias para otimizar o ensino:

começar com jogos, Internet e e-mail;

ter outros idosos para ajudar;

pedir aos idosos que escrevam e avaliem o currículo;

utilizar as experiências de vida dos idosos;

preparar material de apoio com caracteres grandes e fortes;

manter um ritmo lento, abrir para troca.

Para King (1997), o advento da tecnologia provê a pessoa da terceira idade

com oportunidades para se tornar um aprendiz virtual, fornecendo educação

continuada, educação à distância, estimulação mental e bem-estar. A tecnologia

possibilita ao indivíduo integrar-se em uma comunidade eletrônica ampla; coloca-o

em contato com parentes e amigos, num ambiente de troca de idéias e informações,

aprendendo junto e reduzindo o isolamento por meio da experiência comunitária.

É relevante investigar quais as abordagens adequadas para introduzir o

idoso no universo da Informática e construir estratégias metodológicas educacionais

para preparar a população da terceira idade (ativa ou aposentada) no domínio

operacional dos recursos computacionais. É necessário gerar a alfabetização na

nova linguagem tecnológica que se instala em todos os setores da sociedade e

promover a inclusão do idoso nas transformações da sociedade.

Page 30: TCC - Terceira Idade

45

A abordagem educacional com idosos tem suas peculiaridades e requer a

imersão neste universo para compreendê-lo e uma prática pedagógica específica,

considerando as características físicas, psicológicas e sociais dessa faixa etária.

Foram observados alguns benefícios da tecnologia para este grupo etário,

como melhorar as condições de interação social e estimular a atividade mental.

Algumas pesquisas apontam que mudanças de atitudes em relação ao

computador surgem depois dos cursos, em decorrência de os participantes se

sentirem:

mais familiarizados com a terminologia e a linguagem do

computador;

menos excluídos dos progressos tecnológicos da sociedade;

menos apreensivos sobre o uso do computador e

mais confiantes com as próprias habilidades para entender um

computador.

Muitos idosos vêem a tecnologia computacional favoravelmente e acreditam

nos benefícios da aquisição de habilidades básicas para dominar o computador

(MORRIS, 1994).

Computadores e tecnologias da comunicação oferecem um potencial de

melhorar a qualidade de vida da pessoa na terceira idade, provendo-a com as

informações e serviços externos a sua residência, contribuindo para facilitar a vida

das pessoas que tem dificuldade ou dependem de outros para se deslocarem.

2.6.1 O uso da tecnologia na terceira idade

Pesquisas descrevem diferenças na aprendizagem da nova tecnologia,

discutindo os efeitos do comportamental, ansiedades e potencialidades cognitivas na

apropriação do computador.

Em duas pesquisas foram comparados os resultados de dois grupos etários.

Num estudo (Westerman e Davies, 2000) com grupos de adultos mais jovens:

“younger adults” e adultos mais velhos “older adults” foram encontradas diferenças,

apontando vantagem dos adultos mais jovens com relação aos fatores psicológicos,

cognitivos e experiências.

Page 31: TCC - Terceira Idade

46

Evidências indicaram vantagens para os jovens adultos na velocidade de

desempenho nas tarefas, acopladas com tendência à maior precisão na utilização

dos recursos computacionais. No entanto, essas diferenças podem ser amenizadas

com um treinamento extenso e mais exercícios pelos adultos mais velhos.

É importante destacar que alguns adultos mais velhos têm habilidades e

potencialidades próprias que os colocam em melhores condições do que outros.

(Kachar, 2001, p.60).

(Kachar, 2001, p. 61), comparou dois grupos: jovens idosos “young-old” (60 -

74 anos) e idosos velhos “old-old” (75 – 89 anos) e extraiu dados sobre as condições

para adquirir e reter habilidades básicas sobre o computador. Ambos os grupos

passaram por um treinamento sobre os procedimentos básicos de Informática, por

meio da interação com um programa multimídia (CD-ROM) ou manual ilustrado.

A avaliação foi feita imediatamente depois do treinamento e repetida, após

uma semana. Os resultados apontaram que os jovens idosos em relação aos idosos

velhos:

tiveram menos erros na performance e coordenação motora;

requisitaram menos assistência/ajuda;

levaram menos tempo no treinamento.

Ambos os grupos tiveram alguns esquecimentos pontuais sobre os recursos

do computador e como executá-los. A análise dos testes mostrou que o idoso que

apresenta melhor rendimento na memória espacial e verbal tem melhores condições

e maior probabilidade para adquirir habilidades no domínio do computador (Kachar,

2001, p. 61).

Outras dificuldades foram detectadas em pesquisa (Kachar, 2001, p. 61):

limitações cognitivas relacionadas com a memória;

limitação visual e auditiva;

dificuldade de mobilidade/flexibilidade para mudanças.

2.6.2 Benefícios da tecnologia na terceira idade

As pesquisas nesta área têm desmistificado os estereótipos sobre a

incompetência dos adultos mais velhos, retratam que eles podem aprender a usar o

Page 32: TCC - Terceira Idade

47

computador, mas necessitam de ensinamentos e técnicas para a melhor fixação e

aprendizagem e maior tempo para aprendizagem.

Muitos idosos vêem a tecnologia computacional favoravelmente e acreditam nos benefícios da aquisição de habilidades básicas para dominar o computador (KACHAR, 2001, p.62, citado por MORRIS, 1994).

Existem mudanças que são percebidas após o contato do idoso com a

tecnologia:

mais sintonizado com a terminologia e a linguagem do computador;

menos descriminados e excluídos progressos tecnológicos da

sociedade e

quebra de barreiras sobre o uso do computador e mais confiantes com

as próprias habilidades para entender a máquina.

2.6.3 Aplicações do cotidiano

Pode-se dizer que o foco principal do Curso de Informática Básica ao grupo

de idosos foi o uso da internet em aplicações do cotidiano, como a 2ª via de

documentos e a navegação em sites úteis, como Copel, DETRAN, INSS, de

entretenimento, como Youtube, entre outros.

Ainda, deu-se ênfase à manipulação de pastas e subpastas (criar, excluir,

renomear, alterar ícone, copiar, colar, editar), imagens, fotos, músicas e vídeos.

Em laboratório, os alunos acessaram sites dos mais variados, tais como:

Google, Orkut, MSN, UOL, Yahoo, Globo.com, Superdownloads, Baixaki, Mercado

Livre, Wikipédia e Youtube, além de aplicativos como o Google Earth, ferramenta de

mapas de satélite, que desperta grande interesse aos alunos da terceira idade.

O objetivo é apresentar além dos sites úteis, bancários e oficiais, de uso

cotidiano, aqueles que oferecem entretenimento, jogos, relacionamentos,

compartilhamento de arquivos, mensagens, imagens, fotos, vídeos, músicas,

compras e vendas, etc.

A popularização da internet tem provocado diversas mudanças nas formas

de relacionamento social das pessoas.

Page 33: TCC - Terceira Idade

48

Com a junção de áudio, imagem e textos, proporcionada simultaneamente

na internet, as interações através dessa nova mídia têm se mostrado mais atraentes

para os diversos grupos das sociedades humanas, fazendo com que mais e mais

pessoas passem utilizar a formas de comunicação que esse meio proporciona.

Neste início de século tem se lidado com novas formas de se comunicar

gerando novos comportamentos, entendimentos e maneiras de interagir na

sociedade contemporânea, através das comunidades de relacionamentos, bate-

papo on-line, chats, fóruns, e-mails e inclusive através de outras mídias populares

mais acessíveis como os celulares.

Essas transformações, que podem ser tanto positivas quanto negativas em

alguns aspectos, já podem ser apontadas no dia-a-dia a exemplo da utilização

desses meios para comunicação pessoal sobre determinado assunto, novas

linguagens e comportamentos, como passar horas em frente a um computador

vendo um site de relacionamento ou conversando on-line com um amigo e mesmo

alguém que acabou de conhecer na rede.

Enfim, diversos aspectos comportamentais têm surgido e merecem uma

discussão que aborde essas interações e mostre como ela está inserida no contexto

social cotidiano.

O ciberespaço, proporcionado pela internet, constitui um espaço de práticas

sociais cuja função ou participação dessa realidade não inibe ou acaba com práticas

antigas, mas desenvolve novas formas que se complementam; como defende

Lemos: “trata-se, portanto, em insistir, não em uma lógica excludente, mas em uma

dialógica da complementaridade”

A cibercultura é entendida como um conjunto de técnicas, práticas, atitudes,

modos de pensamento e valores que se desenvolvem juntamente com o

crescimento da Internet como um meio de comunicação, que surge com a

interconexão mundial de computadores.

O computador, que começou por ser usado como uma ferramenta

facilitadora de algumas tarefas transformou-se, nos anos mais recentes, com o

crescimento ou expansão da internet, num meio possibilitador de novos

comportamentos e atitudes.

A Cibercultura, surgida com o advento da internet, constitui no principal

canal de comunicação e suporte de memória da humanidade neste novo século, o

Page 34: TCC - Terceira Idade

49

que tem proporcionado o surgimento de diversos comportamentos ou maneiras de

comunicar que se pretende relatar nesse trabalho.

Trata-se de um novo espaço ou forma de comunicação, de sociabilidade, de

organização, acesso e transporte de informação e conhecimento. Comunicar-se

através da net é uma realidade, embora mais acessível a determinadas classes

sociais, tem se tornado acessível a classes menos abastadas, principalmente com a

popularização das “Lan-Houses”.

As fronteiras geográficas, culturais, sociais e políticas, que até aos nossos dias definiam os espaços de influência da ordem informativa, parecem, por conseguinte, ruir com a permeabilidade da informática (RODRIGUES, 1994, p. 26).

Assim, faz-se importante e essencial uma abordagem das diversas formas

de comunicação e interação através do ciberespaço, suas preferências e as

mudanças nas relações sociais cotidianas que a popularização da nova mídia tem

provocado no dia-a-dia desse grupo social e podem provocar, já que todos os

aspectos sócio-culturais sejam educativos, comerciais, informativos, estão, e mais

ainda no futuro, influenciados pelos avanços da Internet e do mundo digital.

Page 35: TCC - Terceira Idade

50

3 PRÁTICA PEDAGÓGICA

Castanho (2000) explica que inovação é uma palavra que sobressai na

literatura educacional, aparecendo atrelada à perspectiva de soluções para o

“marasmo” dos sistemas de ensino. Inovação não significa descoberta nem

invenção, mas ação para alterar as coisas pela introdução de algo novo e pode se

dar a partir de três dimensões:

(a) pela investigação;

(b) por meio da solução de problemas;

(c) com base na interação social; a primeira é o caminho mais adequado.

Para Japiassu (1983), os docentes resistem à inovação porque são

submetidos a um processo de formação baseado no chamado conhecimento

educacional científico, o qual se ancora na pesquisa positivista e é responsável por

generalizações que interessam a planejadores de currículos e supervisores, o que

acaba por desarticular tentativas de criação pedagógica.

Amarrados à racionalidade cientifica (SANTOS, 2003) os professores

encontram mais dificuldades para incorporar o computador e rede ao seu fazer

pedagógico.

Marques (2003) afirma que a chamada ‘sociedade da informação’, na qual

se articulam diferentes linguagens, passou a demandar outra educação.

A escola da contemporaneidade está inserida em uma cultura ambivalente,

que também se faz presente na sala de aula, inseparável de seus principais atores,

alunos e professores, e dos objetos culturais exigidos pelas práticas educativas.

Para ele, o desafio básico dos professores é trabalhar com essa cultura

difusa e assistemática, não tematizada, como são as estruturas simbólicas do

mundo da vida. Entende que a sala de aula tem, hoje, novas possibilidades como

“participar de comunidades virtuais e difundir, para um vasto público, toda informação que julgar de interesse, num processo transversal, comunitário e recíproco, de negociação de significados e de reconhecimentos mútuos de indivíduos e grupos” (MARQUES, 2003, p.173).

Page 36: TCC - Terceira Idade

51

Considera que é imperioso insistir no alargamento dos horizontes da sala de

aula, integrando as mídias eletrônicas às tecnologias do ler e escrever, tendo em

vista que essas mídias não ameaçam apenas a nos invadir, mas a nos dominar,

caso não tenhamos uma relação crítica com elas.

Nesta escola ampliada deve surgir um novo professor: um educador

socialmente qualificado, capaz de concretizar uma leitura mais abrangente do

mundo no qual se insere e que saiba conduzir seus alunos, por meio de processos

de pesquisa que se vale de todos os recursos possíveis, a uma autoria autônoma e

crítica. Estão os professores preparados para aceitar as tecnologias da informação e

comunicação (TIC), particularmente o computador e rede, em suas salas de aula?

Esta indagação estimulou a investigar o grupo de dezoito idosos, muitos dos

quais participantes dos Grupos de Terceira Idade de União da Vitória, visualizando a

inserção da informática educativa e da prática pedagógica. Com este trabalho

espera-se compreender melhor as resistências, dificuldades e possibilidades que

esses sujeitos enfrentam e, assim, oferecer algumas pistas.

A idéia do projeto de inclusão digital da terceira idade deu-se no início de

2009 quando se entregou uma cópia do projeto de estágio à Coordenadora dos

Grupos de Terceira Idade de União da Vitória, outra cópia Prefeitura de União da

Vitória, à Secretária de Ação Social e à Secretária da Administração e por fim,

enviado por e-mail à orientadora Professora Ms. Edna Satiko Eiri Trebien,

coordenadora dos cursos superiores de Licenciatura Plena em Informática e

Informática de Gestão do Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV,

concedendo, após duas semanas, o Laboratório nº 03, para todas as quartas, das

09:00h às 11:00h.

Desde o início do projeto houve total apoio da orientadora, da reitoria e da

coordenação do curso, concedendo todos os instrumentos, meios pedagógicos e de

multimídia.

Por se tratar de um grupo de idosos, considera-se relevante indagar-lhes

quais as suas dificuldades em relação ao uso da informática, e para tanto, na aula

inaugural aplicou-se o Questionário de Sondagem Inicial, assim como o Questionário

de Sondagem no término, fornecendo dados para análise e comparação.

Entende-se, desde logo, que qualquer processo de mudança (inovação),

enfrenta a desconstrução de estereótipos. Assim, conhecer e compreender como os

idosos vêem a informática antes e no término do curso foi de suma importância.

Page 37: TCC - Terceira Idade

52

No decorrer das aulas foram desenvolvidos os planos de aula, que seguem

acostados, baseados no aprendizado acumulado e no desenvolvimento dos alunos.

Observou-se a lentidão de boa parte dos alunos, enquanto outra melhorava a cada

aula. O impulso do curso foi revisto e implantado de forma mais lenta e ponderada

em tópicos relevantes.

Face ao teor das questões investigativas, optou-se por uma abordagem

qualitativa, considerando que nela não há definição de hipóteses formais e nem se

busca provar ou verificar fenômenos, mas sim construir o objeto de estudo.

Segundo Rey (2002, p. 91) a abordagem qualitativa não visa “expressar em

operações os conteúdos diretos e explícitos dos sujeitos, com o fim de convertê-los

em entidades objetivas suscetíveis de processamento matemático”. Ela comporta,

sim, uma intenção construtivo-interpretativa em relação ao que os sujeitos

expressam.

O material coletado por meio dos questionários foi submetido à Análise de

Conteúdo nos termos em que é proposta por Bardin (2000), quando esta autora se

refere à análise representacional. Nesta análise busca-se identificar os pontos mais

recorrentes, procurando agrupá-los em núcleos de significados interligados. A partir

daí, passa-se à interpretação desses núcleos, tendo como suporte teórico autores

da área educacional que apresentam uma visão crítica sobre o uso das TIC.

O trabalho cooperativo entre o professor e o monitor foi positivo, pois vai

permitindo ao docente adquirir confiança no que está realizando. Giraffa (2002)

acredita que só se terá a informática na educação quando os professores

dominarem a tecnologia, usando-a de forma crítica; o que passa pela troca de

experiências com o especialista.

O domínio da tecnologia favorece outras abordagens e novas metodologias

de ensino. Quanto às dificuldades encontradas na incorporação do computador e

internet à prática pedagógica, emergiu o entraves do desconhecimento de outros

alunos em relação aos conhecimentos básicos da informática, exigindo um

acompanhamento muito maior por parte do docente e do monitor.

As respostas sugerem que esses idosos estão incorporando a tecnologia em

uma perspectiva tradicional de ensino-aprendizagem. As preocupações

apresentadas fazem parte do repertório de queixas que nutre a sala de aula

centrada na figura do professor. Essa postura conservadora na incorporação das

TIC tem sido muito criticada.

Page 38: TCC - Terceira Idade

53

Para Moran (1996), por exemplo, a utilização das tecnologias, em especial a

Internet, deve levar a mudanças na forma de ensinar, isto é, deve transformar a sala

de aula em pesquisa e comunicação. Ele acredita que tal tecnologia facilita a

motivação dos alunos não apenas por ser uma novidade, mas especialmente pelas

possibilidades que cria em termos de pesquisa.

Nesta linha de raciocínio, Kenski (2002) considera que a motivação dos

alunos pode aumentar quando o professor constrói um clima de confiança, abertura

e cordialidade, o que, em última instância, depende do modo como as tecnologias

são percebidas e usadas.

A internet é um instrumento que pode facilitar a mediação, uma vez que

oferece informações abundantes para o processo de conhecimento. Portanto, não

se trata apenas de dizer que incorporou e faz parte do seu cotidiano; é preciso muito

mais: o professor tem de estar aberto para pensar processos totalmente diferentes

de construção do conhecimento.

A visualização gráfica permite uma memorização maior dos conceitos. A

aula rende mais, os alunos fazem questionamentos, começam a levantar hipóteses,

criando, com isso, um processo investigativo. Oferece-se uma opção educativa de

qualidade, gerando grande motivação nos alunos, elevando a sua auto-estima.

Os idosos revelaram que vêem o computador/rede como recurso que

incentiva, dinamiza, facilita a aprendizagem; torna o conteúdo mais atraente;

estimula a permanência na escola; pode ser fonte de pesquisa e reflexão crítica.

Eles espelham posições de autores que têm estudado os impactos das TIC

no cotidiano escolar, como Heide e Stilborne (2000), para quem as tecnologias

ajudam o desenvolvimento de habilidades cognitivas de ordem superior, criando

possibilidades para acessar, armazenar, manipular e analisar informações, fazendo

com que os aprendizes gastem mais tempo refletindo e compreendendo.

No conjunto cabe destacar a compreensão da importância da tecnologia não

ser um apêndice no contexto da organização escolar. Para isso, tem de estar

presente tanto no projeto pedagógico, como no planejamento didático de cada

professor.

Esta é uma perspectiva fundamental, pois coloca no todo escolar (direção,

professores, alunos, funcionários e comunidade) a responsabilidade de trabalhar, de

forma integrada, com as tecnologias.

Page 39: TCC - Terceira Idade

54

Trata-se aqui de uma visão consistente, que além de conferir importância ao

projeto pedagógico, defende o trabalho didático colaborativo, o que vai ao encontro

do pensamento de Veiga (2004). Os demais registros, no entanto, infere uma

posição de responsabilização da escola pela incorporação das tecnologias. Quando

perguntamos “como a escola deve se organizar”, não se está compreendendo a

escola enquanto direção, ou entidade separada de seus atores, mas sim como um

conjunto de sujeitos envolvidos com objetivos educacionais comuns. Percebemos

que a maioria dos docentes entende esta organização como dependente da “escola”

(direção e Estado).

Neste sentido, a escola deve: (a) organizar turmas menores; (b) montar o

Laboratório de Informática ou outros espaços para uso das tecnologias; (c)

disponibilizar programas; (d) incentivar e promover cursos segundo os interesses

particulares; (e) estar sempre orientando os docentes.

Trata-se aqui de uma postura disjuntiva, que divide em pólos distintos:

docentes e alunos de um lado e de outro a escola (direção/secretaria de educação).

Valendo-se deste raciocínio, o professor fica esperando que suas expectativas

sejam concretizadas pelos gestores e, enquanto isto não acontece se acomoda e

mantém o ensino desconectado dos avanços da tecnologia.

Outras posições contidas remetem ao mito do computador como recurso

redentor (FALCÃO, 1991). Por exemplo, na primeira delas encontra-se uma visão

que situa a sala de aula interativa (laboratório) como espaço capaz de milagres,

onde se obtém a motivação dos alunos e professores, dando a entender que em

uma sala de aula onde inexistem os recursos do computador e da rede se torna

mais difícil provocar nos alunos o desejo de aprender. Trata-se de uma percepção

ingênua, que superestima a tecnologia, e deixa de compreender os espaços

educacionais – a sala de aula convencional e o laboratório – como complementares.

Alguns acreditam que as TIC podem promover maior interação, revelando

uma visão limitada dos processos interativos, pois estes independem da presença

da tecnologia, porque são essencialmente subjetivos.

No cômputo geral, observa-se uma ‘euforia’ em relação à sala de aula

interativa, permitindo compreender melhor as expectativas desses idosos em

relação à incorporação do computador em suas vidas.

Page 40: TCC - Terceira Idade

55

3.1 METODOLOGIA

Neste capítulo, aborda-se a Metodologia, os Objetivos, a Área Temática,

Questões da Pesquisa, os Sujeitos, os Procedimentos Metodológicos para a Coleta

e Análise dos Dados e os Instrumentos.

A metodologia da presente pesquisa foi orientada por um paradigma que,

segundo Engers, “é um esquema teórico, uma percepção, uma forma de

compreensão do mundo” (1994, p.65).

Assim, o caminho da investigação foi planejado a partir de uma modalidade

de pesquisa que veio possibilitar meu envolvimento com os grupos de terceira idade

que participaram do curso de informática básica, a fim de buscar informações

suficientes para responder ao problema proposto, portanto a pesquisa feita esteve

apoiada no paradigma construtivista/naturalista.

Moraes salienta

Um paradigma construtivista compreende o conhecimento como algo que está sempre em processo de construção, transformando-se, mediante ação do indivíduo no mundo [...] construtivista porque possui características multidimensionais, entre elas o caráter aberto que lhe permite estar sempre em construção, traduzindo a plasticidade e a flexibilidade dos processos de auto-renovação nele envolvidos. (2004, p.25)

E Castro

A pesquisa, no paradigma naturalístico, começa com um foco inicial que vai se definindo no próprio processo. [...] o foco do estudo determina seus limites, definindo o que vai ser pesquisado, servindo como critério para inclusão-exclusão de novas informações (1994, p. 62).

A pesquisa constituiu-se em Estudo de Caso, pois aponta para um estudo

investigativo e, conforme Castro, “o estudo de caso é considerado a forma ideal de

relatório de pesquisa para o paradigma naturalista” (1994, p. 61).

Para Yin, conta com muitas técnicas utilizadas por pesquisas históricas,

porém acrescenta duas fontes de evidência que não são incluídas no repertório do

historiador: ”observação direta dos acontecimentos que estão sendo estudados e

entrevistas das pessoas nele envolvidas” (2000, p. 26).

Page 41: TCC - Terceira Idade

56

Gil comenta que os propósitos do estudo de caso “não são os de

proporcionar o conhecimento preciso das características de uma população, mas

sim o de proporcionar uma visão global do problema ou de identificar possíveis

fatores que o influenciam ou são por ele influenciados” (2002, p. 54).

Bogdan e Biklen caracterizam a investigação qualitativa como “fonte direta de dados no ambiente natural, constituindo-se o pesquisador no instrumento principal, interessando-se mais pelo processo do que pelos dados” (1994, p. 47).

A pesquisa qualitativa também apresenta o aspecto descritivo que Gil define

como,

As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno [...] São inúmeros os estudos que podem ser classificados sobe este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Entre as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo (2002, p. 42).

Portanto, a metodologia empregada nesta pesquisa foi de caráter qualitativo-

quantitativo, sendo explicativo e interpretativo com levantamento bibliográfico e

pesquisa de campo (através de entrevistas e questionários), que permite um maior

envolvimento com o objeto de estudo e flexibilidade, entre a teoria e a prática,

através das compreensões e interpretações individuais do pesquisador.

A utilização de entrevistas, questionários e a observação descritiva

caracterizaram qualitativamente a pesquisa. A caracterização quantitativa ocorreu

pelos questionários finais, nos quais os sujeitos responderam a questões fechadas,

servindo para complementação dos dados da investigação.

Enfim, consternou-se como referência o método de análise dos dados

descrito por Bardin (1977), Análise de Conteúdo.

3.2 PROBLEMA

A inserção das tecnologias de informação e comunicação nas sociedades

não é mais uma opção, mas uma realidade que está formando culturas do

Page 42: TCC - Terceira Idade

57

conhecimento com coletivos pensantes, que possibilita a criação de grupos de

discussões, nos quais comunidades virtuais vêm reestruturando modos de pensar.

Entretanto, muitos ainda estão e vivem às margens desta realidade e

precisam ser incluídos digitalmente para poderem participar e interagirem neste

novo formato de sociedade. Sobretudo, pessoas que entraram na Terceira Idade e

que manifestam muitas dificuldades em entender a lógica das tecnologias.

Diante deste contexto sócio-cultural, em que os que não acompanham

mudanças tão rápidas são excluídos, devem-se refutar os conceitos

preestabelecidos, pois acreditar na capacidade de mudar a realidade social, de

mudar as idéias, não como verdades, mas como ferramentas de construção e

reconstrução, torna as pessoas mais responsáveis pela sua própria construção de

conhecimento, através da autonomia e da cooperação mútua entre todos que

participam deste processo.

Para Gil, “[...] um problema é de natureza científica quando envolve variáveis

que podem ser tidas como testáveis” (2002, p. 24), assim definiu-se o problema de

pesquisa desta investigação que se trata de compreender:

Como ensinar informática a alunos da terceira idade em estágios

diferentes de conhecimento?

3.3 ABORDAGEM METODOLÓGICA

Para a realização da investigação teórica utilizou-se:

pesquisas bibliográficas: em obras mais recentes de autores

consagrados, para contextualização da sociedade de informação e suas

transformações, o envelhecimento e a aprendizagem ao longo da vida,

dando suporte para o entendimento das relações da terceira idade com o

advento das novas tecnologias;

Os livros foram adquiridos na Biblioteca João Dissenha, junto ao

Centro Universitário de União da Vitória - UNIUV, na Biblioteca Pública do

Paraná - BPP, sito a Rua Cândido Lopes, 133, e por fim, na Biblioteca Hugo

Simas, sito à Praça Nossa Senhora da Salete, s/n, Centro Cívico, ambas de

Curitiba – PR;

Page 43: TCC - Terceira Idade

58

pesquisas em revistas e periódicos: ao longo da pesquisa utilizou-se

de revistas especializadas em educação, além de periódicos e publicações

que relacionam a educação com a informática;

pesquisas em sites: navegaram-se em web sites de órgãos públicos

nacionais, agências de pesquisas e publicações de Informática e Educação,

que somaram dados estatísticos com informações atuais e confiáveis;

coleta de informações: iniciou-se a pesquisa com o Projeto de Estágio,

pré-estabelecido para fundar as diretrizes e as bases metodológicas;

Projeto de Estágio: Inclusão Digital a Turma da Terceira Idade: Ação

Social da Prefeitura de União da Vitória e UNIUV, questionários de

sondagem inicial e final, entrevistas e coleta de opiniões dos alunos para

descrever e acrescentar dados, qualificações e pequenas consultas que

incorporaram fatos e fundamentos substanciais na pesquisa.

3.3.1 Objetivos

A presente pesquisa pretendeu:

Objetivo Geral

Capacitar os alunos da terceira idade a utilizarem satisfatoriamente o

computador como ferramenta indispensável em suas atividades pessoais e

de lazer.

Objetivos Específicos

Coletar dados acerca da turma com a aplicação de dois questionários

de sondagem, um inicial no início e outro no final do curso;

Tabelar os dados coletados pelos questionários de sondagem;

Confeccionar o plano de ação conforme os níveis de conhecimento dos

alunos;

Aplicar o plano de ação de acordo com os níveis de conhecimento da

turma;

Desenvolver uma apostila de informática básica direcionada a terceira

idade em uma pasta, contendo os planos de aula e respectivos documentos

Page 44: TCC - Terceira Idade

59

utilizados nas consultas e pesquisas do professor, sendo devidamente

atualizada a cada aula, ficando disponível a cada aluno;

Focar o ensino da informática no desempenho de aplicações do

cotidiano, tais como: navegar na internet para encontrar lugares e pessoas,

imprimir 2ª via de documentos ou contas, retirar extratos bancários, verificar

pontos e multas na carteira de motorista junto ao DETRAN, consultas ao

INSS e à Receita Federal, dentre outras.

3.3.2 Participantes

A pesquisa foi realizada com uma amostra composta por 18 (dezoito)

participantes do curso de Informática Básica para Terceira Idade: Ação Social da

Prefeitura de União da Vitória e UNIUV.

Foram aplicados questionários simples, no início do curso e no final, com 18

(dezoito) participantes que responderam ao questionário inicial e 10 (dez)

participantes que responderam ao questionário final.

No final do curso, 10 (dez) alunos foram entrevistados, destes 5 (cinco)

foram sorteados para a entrevista filmada que segue anexo em DVD.

3.3.3 Perfil dos participantes

Os 18 (dezoito) sujeitos que participaram da pesquisa tem idades variando

entre 44 (quarenta e quatro) a 79 (setenta e nove) anos:

1 sujeito com idade de 44 anos (1965);

1 sujeito com idade de 48 anos (1961);

1 sujeito com idade de 53 anos (1956);

1 sujeito com idade de 61 anos (1948);

1 sujeito com idade de 65 anos (1944);

3 sujeitos com idade de 66 anos (1943);

1 sujeito com idade de 67 anos (1942);

Page 45: TCC - Terceira Idade

60

1 sujeito com idade de 68 anos (1941);

2 sujeitos com idade de 70 anos (1939);

1 sujeito com idade de 71 anos (1938);

1 sujeito com idade de 72 anos (1937);

1 sujeito com idade de 73 anos (1936);

1 sujeito com idade de 75 anos (1934);

1 sujeito com idade de 76 anos (1933);

1 sujeito com idade de 79 anos (1930).

3.4 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

A pesquisa iniciou-se pelo contato com a Coordenadora dos Grupos da

Terceira Idade de União da Vitória, a Secretária da Ação Social de União da Vitória e

a Orientadora e Coordenadora dos Cursos de Licenciatura Plena em Informática e

Informática de Gestão do Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV.

Para consentimento e realização da pesquisa proposta, junto aos grupos de

Terceira Idade, após a autorização, houve uma reunião com o professor regente e o

monitor do curso e iniciou-se a pesquisa.

O instrumento de coleta de dados escolhido foi à entrevista semi-estruturada

e os questionários de sondagem, com questões abertas e fechadas. Foram feitas 8

(oito) perguntas abertas no questionário de sondagem inicial e 13 (treze) no final; e

na entrevista no final do curso, foram respondidas 11 (onze) perguntas.

A entrevista semi-estruturada foi escolhida, pois há uma relação de interação

entre o entrevistador e o entrevistado; também, através do diálogo, foi estabelecida

uma relação de interação, e neste tipo de entrevista, conforme Lüdke e André,

“desenrola a partir de um esquema básico, porém não aplicado rigidamente,

permitindo que o entrevistador faça as necessárias adaptações” (1986, p. 34).

A escolha pelo questionário foi relacionada pelo tempo que os sujeitos

dispunham para responder, que foi na primeira aula, antes de iniciar o curso; e o

segundo questionário, na última aula, antes do encerramento do curso.

Entendeu-se que essa foi a melhor escolha, pois se relaciona diretamente

com o problema e para uma melhor análise dos dados coletados. Foram respeitadas

Page 46: TCC - Terceira Idade

61

e incluídas as respostas na íntegra da entrevista e dos questionários, também foi

preservado o anonimato de cada sujeito.

Foto 1 - Visita ao laboratório de hardware. Fonte: Autor, 2009.

Os sujeitos foram caracterizados pela letra S e o número que aparecer do

lado representará o sujeito que respondeu aos questionários.

Por exemplo: S1; S2 e assim consecutivamente; quando aparecerem

respostas e comentários do S1 (sujeito 1), a fala corresponderá a este sujeito e

assim por diante.

Nas entrevistas semi-estruturadas, 10 (dez) alunos foram entrevistados,

sendo sorteados 5 (cinco) destes para a entrevista filmada. Foram caracterizados

pela letra E, e por números consecutivos, E1, E2, E3.

3.5 INSTRUMENTOS DA PESQUISA

Page 47: TCC - Terceira Idade

62

O instrumento para a execução de pesquisa constituiu-se de entrevista semi-

estruturada e de dois questionários, junto aos grupos de Terceira Idade; nesses

constaram questões abertas e fechadas, de acordo com a intencionalidade de

obtenção das informações, que abordam os pontos relevantes deste trabalho com o

objetivo de obter informações acerca de seus interesses, dificuldades e motivações

no manuseio das tecnologias digitais.

O primeiro questionário foi aplicado no início do curso sendo a primeira parte

composta dos dados de identificação: data, nome, telefone, profissão, nacionalidade,

grau de instrução, data de nascimento e escolaridade, e a segunda parte contendo 8

(oito) perguntas. O segundo questionário foi aplicado no término do curso, e

indicando somente a data e o nome, foram feitas 13 (treze) perguntas.

A entrevista semi-estruturada com 11 (onze) questões foi aplicada no final

do curso e, juntamente com os questionários, recebeu tratamento através de uma

análise qualitativa dos dados, colhidos na pesquisa e no contexto atual, ou seja,

interpretam-se estes dados de modo a identificarem-se as necessidades,

expectativas e motivações relativas à inclusão digital e à Terceira Idade.

3.6 CAMPO DA PESQUISA

A investigação foi realizada em um ambiente educacional formal, em

laboratório computacional destinado à aprendizagem e à inclusão digital, da

Fundação Municipal Centro Universitário de União da Vitória - UNIUV, sito a Avenida

Bento Munhoz da Rocha Neto, 3856, São Basílio Magno, União da Vitória - PR.

O laboratório onde ocorre o curso está localizado no térreo do prédio e tem

40 (quarenta) computadores, proporcionando assim, uma máquina individual para

cada aluno.

O curso iniciou-se em 18.03.09 e terminou em 30.09.09, ocorrendo todas as

quartas em 2 (duas) aulas de 55 (cinqüenta e cinco) minutos, pela manhã, no horário

das 09:00h às 11:00h, com intervalo de 10 (dez) minutos.

3.6.1 Tabela 1: Programação do Curso

Page 48: TCC - Terceira Idade

63

DATA CONTEÚDO

18.03.09 Aula Inaugural

Aplicação do Questionário de Sondagem Inicial

Introdução à Informática

25.03.09 Histórico e Avanços da Informática

01.04.09 ASC II e Digitação

15.04.09 Sistemas Operacionais

22.04.09 Windows XP

29.04.09 Windows XP

06.05.09 Windows XP

13.05.09 Internet

(e-mail, MSN, Orkut, manipulação de fotos e vídeos)

20.05.09 Internet (aplicações cotidianas)

27.05.09 Apresentação: dvd Info Word 2007

03.06.09 Word

10.06.09 Word

17.06.09 Word

24.06.09 1ª Avaliação

05.08.09 Sem aula: Gripe

12.08.09 Sem aula: Gripe

19.08.09 Apresentação: dvd Info Excel 2007

26.08.09 Apresentação: dvd Info Power Point 2007

02.09.09 Hardware

08.09.09 Revisão de manipulação de pastas,

imagens, fotos, músicas e vídeos

16.09.09 Aplicação do Questionário de Sondagem Final

Visita ao Laboratório de Hardware

23.09.09 2ª Avaliação Semestral

Entrevistas

30.09.09 Formatura

3.6.2 Tabela 2: Metodologia da Pesquisa

Page 49: TCC - Terceira Idade

64

PESQUISA QUALITATIVA-QUANTITATIVA

Problema:

Como ensinar informática a alunos da terceira idade em estágios diferentes de

conhecimento?

Objetivo Geral:

Capacitar os alunos da terceira idade a utilizarem satisfatoriamente o computador

como ferramenta indispensável em suas atividades pessoais e de lazer.

Objetivos Específicos:

Coletar dados acerca da turma com a aplicação de dois questionários de

sondagem, um no início e outro no final do curso;

Tabelar os dados coletados pelos questionários de sondagem;

Confeccionar o plano de ação conforme os níveis de conhecimento dos alunos;

Aplicar o plano de ação de acordo com os níveis de conhecimento da turma;

Desenvolver uma apostila de informática básica direcionada a terceira idade em

uma pasta, contendo os planos de aula e respectivos documentos utilizados nas

consultas e pesquisas do professor, sendo devidamente atualizada a cada aula,

ficando disponível a cada aluno;

Focar o ensino da informática no desempenho de aplicações do cotidiano, tais

como: navegar na internet para encontrar lugares e pessoas, imprimir 2º via de

documentos ou contas, retirar extratos bancários, verificar pontos e multas na

carteira de motorista junto ao DETRAN, consultas ao INSS e à Receita Federal,

dentre outras.

Sujeitos:

Grupos da Terceira Idade

Instrumentos:

Questionários de Sondagem Inicial e Final

Entrevistas semi-estruturadas filmadas

Análise Textual – Bardin (1977); Moraes (1999)

3.7 INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Page 50: TCC - Terceira Idade

65

Com a análise de conteúdo pode-se decodificar as opiniões contidas e as

expressões nas entrevistas semi-estruturadas e nos questionários de sondagem e,

principalmente, tudo ou quase tudo o que se encontra subentendido a partir de um

texto ou do conjunto de textos de cada resposta.

Para Krippendorff (1980) (apud Freitas & Janissek 2000), a análise de

conteúdo é uma técnica de pesquisa para validar inferências dos dados de um

contexto que envolve procedimentos especializados, para processamento de dados

de forma científica, com propósito de prover conhecimento e novos insights a partir

dos dados coletados.

As entrevistas e os questionários foram submetidos à análise de conteúdo

que, segundo Bardin, significa

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (1977, p. 42).

A análise de material selecionado fundamentou-se nos princípios

norteadores da técnica de análise de conteúdo que, de acordo com Bardin (1977),

possui as seguintes etapas: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento

dos resultados e sua interpretação. Moraes (1999) sugere cinco etapas para

proceder à análise de conteúdos:

a) preparação das informações;

b) unitarização (desmontagem dos textos, fragmentando-os no sentido de

atingir unidades constituintes);

c) categorização (implica construir relações entre as unidades de base);

d) descrição (constitui-se em exposição de idéias de uma perspectiva

próxima de uma leitura imediata); e

e) interpretação (construir novos sentidos e compreensões afastando-se do

imediato, expressando uma compreensão mais aprofundada).

3.7.1 Primeira etapa: preparação das informações

Page 51: TCC - Terceira Idade

66

Os questionários de sondagem inicial e final, as entrevistas, avaliações e

exercícios executados no decorrer do curso foram digitalizados e nomeados pelos

codinomes S1, S2, S3, etc., catalogados na pasta Informática Básica, subpasta

Estágios, subpasta Terceira Idade, constante no DVD que segue em anexo.

Foto 2 – Aula de hardware. Fonte: Autor, 2009.

3.7.1.1 Leitura dos questionários

A fim de obterem-se os indicadores da análise de conteúdo, foi feita uma

pré-análise; ao lerem-se os questionários devidamente preenchidos, nos quais se

seleciona e organizam-se os dados, estes foram organizados a fim de que fossem

utilizados de maneira qualitativa e quantitativa.

As respostas utilizadas foram aquelas que tinham uma lógica mais coerente,

eis que obteu-se respostas em que os sujeitos utilizaram expressões como: muito

necessário, bom, importante, boas, diversos, muito boas, ótimo, maravilhoso,

Page 52: TCC - Terceira Idade

67

excelente, tudo de bom, etc.; não desmerecendo estas respostas, mas foram

excluídas, pois não se relacionavam com o propósito da pesquisa.

3.7.2 Segunda etapa: unitarização

A partir da leitura dos questionários e da desconstrução dos textos,

agruparam-se os dados em unidades; esse processo constituiu-se em leituras e

interpretações aprofundadas mediante focalização e recorte dos elementos textuais,

proporcionando a elaboração de textos descritivos e interpretativos da pesquisa

investigada.

3.7.3 Terceira etapa: categorização

A partir das unidades, chega-se às categorias e às subcategorias que visam

a determinar as dimensões da análise através do destaque de algumas palavras e

prevalência de alguns aspectos, trazendo novas compreensões da pesquisa

analisada, num encaminhamento qualitativo e construtivo, pois, através da

interpretação, pode-se ressaltar variados aspectos significativos desta pesquisa.

3.7.4 Quarta etapa: descrição

Em seguida fez-se a descrição dos conteúdos, que representam para

Moraes “momento de se expressarem os significados captados e intuídos nas

mensagens analisadas” (1999, p. 24).

3.7.5 Quinta etapa: interpretação

Page 53: TCC - Terceira Idade

68

Tenta-se compreender os dados encontrados nos questionários de

sondagem através de um paralelo com a revisão da literatura, que, para Moraes, a

interpretação dos dados é “uma boa análise de conteúdo, não deve limitar-se à

descrição. É importante que procure ir além, atingir compreensão mais aprofundada

do conteúdo das mensagens mediante inferência e interpretação” (1999, p. 24).

3.8 CATEGORIAS

3.8.1 Tabela 3: Categorias

Categorias Prévias Categorias Finais

Aprendizagem Autonomia

Inclusão Digital Exclusão

Dos dados coletados, emergiram 2 (duas) categorias prévias, ou a priori, e 2

(duas) categorias finais, ou a posteriori.

Estas categorias são referentes às respostas das entrevistas semi-

estruturadas e dos questionários de sondagem do início e do final do curso;

conforme a relevância dada pelos sujeitos da pesquisa, pelo pesquisador e de

acordo com o referencial teórico e as questões norteadoras.

Pode-se perceber que as categorias 1. Aprendizagem, 2. Inclusão Digital, 3.

Autonomia e 4. Exclusão, estão diretamente relacionadas à educação, pois a

inclusão digital, sendo um grande desafio à nossa sociedade, a partir de uma

aprendizagem autônoma, gera sujeitos livres de exclusões, sejam elas de origem

social, sejam pedagógica.

Pode-se perceber que as categorias prévias e finais se interligam, pois a

aprendizagem digital promove a inclusão, sendo este o maior desafio para os

idosos, e, a partir daí eles poderão participar mais ativamente da sociedade de

Page 54: TCC - Terceira Idade

69

informação e comunicação, com mais oportunidades, atualização e novos

conhecimentos, possibilitando-lhes mais autonomia, independência e menos

exclusões.

3.8.2 Análise dos Dados Qualitativos Categorizados

A partir dos dados levantados na pesquisa, os quais emergiram das

respostas das entrevistas semi-estruturadas, contendo 11 (onze) questões, com 10

(dez) sujeitos entrevistados, sendo destes sorteados 5 (cinco) para a entrevista

filmada, e dos questionários de sondagem inicial com 8 (oito) questões, com 18

(dezoito) sujeitos que responderam devidamente, e ao questionário final com 13

(treze) questões, com 10 (dez) sujeitos que responderam devidamente, houve uma

diferenciação em 4 (quatro) unidades de análise (aprendizagem, inclusão digital,

autonomia e exclusão), categorias de pesquisa e análise previamente estabelecidas,

referindo-se ao grau de importância de cada uma associada à inclusão digital e aos

objetivos da pesquisa.

Os dados levantados seguem em anexo em DVD. Com esses dados, foi

possível compor um cenário dos interesses, das necessidades e das expectativas

das relações pertinentes à inclusão digital na terceira idade.

3.8.3 Aprendizagem

Fala-se em aprendizagem, mas automaticamente reporta-se à educação;

esta se vivencia neste início do século XXI e pertence a um mundo complexo,

constantemente agitado e que vivem muitas mudanças freqüentes, no qual medidas

devem ser tomadas a fim de que a aprendizagem seja significativa, fazendo

diferença na vida de quem aprende e de quem espera entender o novo modelo

pautado na utilização de diferentes tecnologias. Assmann afirma que

“é certamente inegável que o acesso à informação e ao conhecimento, ou seja, a transformação de todos em aprendentes, passou a ser uma condição para participar dos frutos do progresso tecnológico” (1998, p. 72).

Page 55: TCC - Terceira Idade

70

Foto 3 – Contato com periféricos. Fonte: Autor, 2009. Foto 4 – Casal. Fonte: O Autor, 2009.

Evidencia-se um novo modelo de educação e, conseqüentemente, de

aprendizagem. No relatório para a UNESCO29, Educação: um tesouro a descobrir,

de Jacques Delors, são abordados, com muita propriedade, os quatro pilares da

educação para o século XXI, que deve organizar-se em torno de quatro

aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo,

para cada pessoa, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, aprender a

fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

A aprendizagem deve envolver o enriquecimento e o aprofundamento das relações consigo mesmo, com a família e com os membros da comunidade, com o planeta e com o cosmos (YUS, 2002, p. 256).

Este novo conceito de aprendizagem instiga ao comprometimento e a busca

de mais qualidade ao longo da vida, pois contempla o todo e suas diferenças, para

poder-se desenvolver a competência de vivermos juntos, sem fronteiras, diferenças

e desigualdades.

Na visão de Mosquera em 1987, ou seja, há 20 anos, como um visionário, já

nos afirmava que ”uma das melhores garantias para a conservação de uma boa

Page 56: TCC - Terceira Idade

71

saúde na velhice é estar ocupado em coisas que despertam verdadeiro interesse”

(p.136). Para Papalia e Olds

A atividade mental continuada ajuda a manter o desempenho em nível elevado, quer essa atividade envolva leitura, conversação, palavras cruzadas, jogos de cartas ou xadrez, ou voltar para a escola, como cada vez mais adultos estão fazendo (2000, p. 519).

Foto 5 – Maioria mulheres. Fonte: Autor, 2009.

O termo ‘aprendizagem’, segundo o Dicionário de Pedagogia, “designa o

período durante o qual uma pessoa aprende um novo saber para si e o processo

pelo qual o novo saber se adquire” e apresenta-se como a primeira categoria, pois

foi evidenciada na maioria das respostas dos sujeitos que participaram da pesquisa,

na qual o enfoque foi à aprendizagem digital.

Esses sujeitos estão buscando novas aprendizagens por perceberem a

demanda de mudanças tão rápidas que a sociedade impõe dia a dia, em que

competências, habilidades e novos saberes têm de ser atualizados rapidamente com

novas maneiras de aprender, e também pelo fato de que as necessidades e

interesses dos idosos mudaram, senão vejamos o que S6 respondeu:

“Importante. Descobri muita coisa, conversar com as pessoas, parentes e

netos”. S9 afirmou: “É muito bom aprender”. S3 embasa a necessidade de se

Page 57: TCC - Terceira Idade

72

atualizar, “Acompanhar o mundo atual, entendendo o que está em desenvolvimento.

Converso com pessoas distantes, adquiro conhecimentos e é uma distração sem

sair de casa”, referindo-se ao computador.

S7 foi enfático: “Sempre devemos nos atualizar, isto é, se a pessoa se

aposenta, acha que não deve se movimentar, isto é esperar para morrer”.

Ainda, “aprendo para não ficar analfabeto em informática”. S14

complementa: “Devemos estar sempre nos atualizando, adquirido sempre mais

experiências”. “Precisamos aprender informática para poder pesquisar e ficar atento

ao mundo de hoje”. Moraes e Souza nos afirmam que

“o envelhecimento da população é um fenômeno global e relativamente recente no mundo. A população anciã é a que mais cresce mundialmente. As tendências demográficas atuais evidenciam que a população está envelhecendo” (2003, p. 57).

Diante dessa afirmação e com a expectativa de vida que vem aumentando

gradativamente, pela melhora da qualidade de vida, os idosos sentem-se

interessados em aprender mais para estarem atualizados e não se sentirem

ultrapassados e excluídos, e nesse processo, através do qual novas tecnologias são

incorporadas. Papalia e Olds questionam:

Por que tantos idosos querem aprender a usar o computador? Alguns estão simplesmente curiosos, ou precisam adquirir novas habilidades de trabalho ou se atualizar. Outros querem acompanhar as tecnologias mais recentes: comunicar-se com crianças e netos que usam computadores ou com amigos que estão na Internet (2000, p. 519).

A aprendizagem, formal ou não, mesmo que esteja ao alcance da maioria

dos indivíduos, cada vez mais está fazendo parte deste novo perfil social, revelando

a importância de aprender informática através da inclusão digital. Assmann define:

Aprender significa, sem dúvida, entrar em mundos simbólicos pré-configurados, ou seja, em mundos do sentido que já são falados e sustentados por outras pessoas que nos cercam (amigos / as, pais, irmãos / as, professor / a, etc.). Mas aprender significa também, e num sentido muito forte esquecer linhas demarcatórios dos significados já estabelecidos e criar outros significados novos. Desaprender “coisas por demais sabidas”, e re-sabê-las – re-saboreá-las – de um modo inteiramente novo e diferente, faz parte do aprender (1998, p. 68).

Papalia e Olds nos relatam que

Page 58: TCC - Terceira Idade

73

Programas educacionais especificamente criados para adultos maduros estão florescendo em muitas partes do mundo; muitos desses estudantes são aposentados e têm mais tempo para se dedicar à aprendizagem do que em qualquer período anterior da vida desde a juventude. Numa categoria estão às aulas gratuitas ou de baixo custo, ministradas por profissionais ou voluntários [...] estas aulas geralmente têm um enfoque prático e social (2000, p. 519).

Foto 6 – Aula de internet, orkut e msn. Fonte: Autor, 2009.

Para os sujeitos que participaram da pesquisa, ter uma oportunidade para

aprender informática na fase em que se encontram, sendo que muitos não têm

condições de pagar cursos particulares, vem acrescentar muito às suas

aprendizagens. A oportunidade de educação ao longo da vida efetiva, os direitos dos

cidadãos de continuarem participando da sociedade, mesmo que já estejam fora do

mercado de trabalho, e esta oportunidade somente é contemplada quando surgem

políticas públicas em parcerias com entidades governamentais ou não.

Proporcionar oportunidades para que os sujeitos continuem aprendendo é

propiciar condições de um futuro melhor, tanto para os idosos como para as futuras

gerações. Mantendo a mente ativa, estes idosos terão mais facilidades para lidar

com as transformações que envolvem a sociedade em todos seus segmentos.

A oportunidade de inserir-se no mundo digital também pode ajudar os idosos

que ainda estão trabalhando, pois a nossa legislação permite que aposentados

Page 59: TCC - Terceira Idade

74

voltem ao mercado de trabalho, desde que não seja aposentadoria por invalidez,

atualizando-os e capacitando-os nas tecnologias, proporcionando que continuem

sonhando com o futuro, em vez de ficarem presos ao passado.

Dependendo das oportunidades e dos obstáculos que os sujeitos

enfrentaram para desenvolver suas potencialidades de aprendizagem, ao longo de

suas vidas, são fatores que podem influenciar e motivar a procura ou não por novos

cursos.

Mosquera salienta que “a capacidade de olhar para o futuro, desenvolvido

adequadamente, contribui para diminuir a apatia e manter a inteligência acordada”

(1987, p. 143).

Muitos grupos de Terceira Idade manifestam suas preocupações e

interesses em adquirir mais conhecimentos, não como aprenderam em suas épocas

de ensino, nos livros e enciclopédias, mas um conhecimento diferente, porque para

eles são conhecimentos mais rápidos, simultâneos e atualizados, e, no seu ponto de

vista, é do que precisam para inserir-se e participar do mundo digital.

De acordo com Mosquera (2003),

“o conhecimento, portanto, é o fator mais significativo para o mundo do futuro e este conhecimento terá de ser cada vez mais democratizado e valorizado, como forma de convivência na qualidade de vida das pessoas” (p. 52).

Adquirir conhecimentos pode significar, para os idosos, recuperar o tempo

perdido, a fim de continuarem a se comunicar e a interagir como e com as pessoas

que adquirem conhecimento desta forma no mundo digital. Mas como tudo se

renova através de construções e reconstruções, com o conhecimento não seria

diferente, e isso é possível.

Nas diferentes fases de nossa vida, passa-se por diversas transições e,

portanto, temos de nos atualizar como um processo contínuo que está sempre em

movimento, porém não necessariamente pré-estabelecido pelos moldes da

educação formal.

Na Terceira Idade, esta atualização pode acontecer informalmente, partindo

dos interesses e das motivações mais emergentes, como comenta Kachar

“aprender, nesse período de tempo, é caracterizado pela necessidade de abertura,

‘respiro’, sem os limites rígidos impostos pela formalização do ensino” (2001, p.

114).

Page 60: TCC - Terceira Idade

75

Kachar enfatiza que “aprender é viver continuamente em estado de

mudança e transformação, o que está reservado não a uma determinada idade, mas

a todas” (2001, p.115), portanto aprender, como muitos pensam, não é exclusividade

somente dos jovens, mas é o grande propósito de uma autêntica educação de

adultos, pois ajuda as pessoas a entenderem; Mosquera (1985) afirma que são “as

artífices mais genuínas de seu desenvolvimento”.

3.8.4 Inclusão Digital

Pode-se conceituar inclusão digital como o acesso à informação através das

redes digitais, em que a informação, após ser reelaborada, torna-se conhecimento e,

como conseqüência, tem-se uma melhor qualidade de vida, das pessoas que dela

se apropriam e na vida dos idosos é entendida como uma participação mais efetiva

na sociedade.

Algumas questões das entrevistas referiam-se a própria inclusão digital dos

participantes. S14 afirmou: “Sempre tive vontade, é do lado de casa, aproveitei,

gosto de aprender tudo”. “Bom para a autoestima da pessoa”. Também criticou,

assim como S18: “Muito importante, só que teria que ser mais longo”.

S7 revela: “Eu tinha medo de aprender, achava que não ia acontecer, agora

sinto que tenho capacidade, estou treinando”, e opina sobre o projeto: “Excelente a

idéia da Prefeitura e da UNIUV. Bom acolhimento”.

S12, assim como outros sujeitos, reclamaram que um dos portões da

universidade foi definitivamente fechado, assim como a falta de corrimões nas

escadas de acesso à universidade.

S3 destacou, assim como outros sujeitos, que o curso era gratuito, e S4

profetizou: “o ano que vem vou continuar” e S6 comove: “realizei o meu sonho neste

curso de informática, conheço melhor o assunto e tenho novos amigos”.

Page 61: TCC - Terceira Idade

76

Foto 7 – Volta às aulas. Fonte: Autor, 2009.

Como visto, promovendo a cidadania digital há o resgate da integração com

diferentes e diversos grupos. Entretanto, a inclusão digital, através do potencial que

a Internet proporciona, faz emergir o problema de acesso a todos, ou seja, ela não

exclui, porém se constitui como um fator de exclusão de grupos e pessoas, e isso é

muito mais acirrado em um país marcado por desigualdades de todo tipo, regionais

e sociais.

A inclusão e o envolvimento dos idosos na vida social podem ser efetivados através do incentivo de várias ações e programas que os estimulem à participação. Os cidadãos idosos podem ser motivados a participar de programas sociais comunitários diversos, não só os específicos para a Terceira Idade (BULLA, SANTOS e PADILHA, 2003, p. 181).

Entende-se que a inclusão digital não deve ser vista separadamente, mas

como uma das prioridades das políticas públicas dos governos, pois é um direito do

cidadão assegurado por lei, e o fato de haver outras exclusões não justifica, no

contexto atual, abandoná-la, promovendo-a a um segundo plano; portanto, a

sociedade deve preocupar-se e engajar-se em promover diferentes e diversos tipos

de inclusão, conforme definiu Suaiden:

Quando você fala sociedade da informação, você pressupõe que está toda humanidade, não é. No Brasil, atualmente, apenas 20% da população estão incluídos nesta sociedade da informação. Uma sociedade que prega a democratização do acesso à informação, porém que exige um comportamento e uma infra-estrutura. E o Brasil é um país que têm analfabetos e desnutridos, pessoas que jamais terão condições de participar desta sociedade, na qual a exclusão e a inclusão passam a serem parâmetros (2003).

Page 62: TCC - Terceira Idade

77

Para Batista o analfabetismo digital vai-se tornando, possivelmente, o pior de

todos. Enquanto outras alfabetizações são já mero pressuposto, a alfabetização

digital significa habilidade imprescindível para ler a realidade e dela dar

minimamente conta para ganhar a vida e, acima de tudo, ser alguma coisa na vida.

Em especial, é fundamental que o incluído controle sua inclusão (2007, p. 196).

Contudo, apesar desse contexto, em que muitos estão à margem deste

processo constatamos que a vontade dos idosos de incluir-se supera qualquer tipo

de preconceito e estereótipos.

Silveira define inclusão digital como “a universalização do acesso ao

computador conectado com a Internet, bem como o domínio da linguagem básica

para manuseá-lo com autonomia” (2003).

Quando se chega à velhice, muitos sujeitos não querem perder os laços

sociais que ao longo da vida cultivaram, entretanto nesta fase, quando há

comprometimentos físicos e de saúde, o uso das tecnologias, ainda que seja em

casa, proporciona a diversificação das redes sociais através da interação e

integração com diferentes pessoas e lugares, tornando-se um meio eficiente de

comunicação.

A compreensão também é um modo de incluir, Morin enfatiza que

“compreender significa intelectualmente apreender em conjunto, comprehendere, abraçar junto (o texto e seu contexto, as partes e o todo, o múltiplo e o uno)” (2001, p. 94), portanto, para que os idosos se sintam incluídos neste formato de sociedade, eles primeiramente têm de ser acolhidos, compreendidos para, então, poderem manifestar suas dificuldades, necessidades, motivações e ansiedades, “a compreensão é, ao mesmo tempo, meio e fim da comunicação humana” (p. 104).

No entendimento das pessoas que estão na Terceira Idade, o tempo é mais

escasso e as perdas são aceleradas pelo envelhecimento restando menos tempo e

chances para poderem realizar novas aprendizagens e projetos mais longos.

Kachar afirma:

Os sujeitos aprendizes, sintonizados com as atividades em sala de aula, entusiasmados com o aprender, cheios de vontade de conhecer estavam distantes da imagem do velho inativo ou incapaz. O desejo de aprender leva à renovação do mundo interior, gerando mudanças contínuas na subjetividade, no espírito e no intelecto do indivíduo (2001, p. 27).

Page 63: TCC - Terceira Idade

78

Os motivos que levam os idosos a participarem de cursos, a fim de se

incluírem digitalmente, são variados, mas acreditamos que são mais intrínsecos,

pois elevam sua auto-estima e sua qualidade de vida.

A participação faz com que o sujeito se integre e possa ser entendido com o

reconhecimento do papel das pessoas na sociedade, tendo a mesma conotação

para os idosos. Quando eles falam em participar da sociedade de informação, isso

nos reporta a uma minoria que precisa estar agregada a um contexto maior - no

caso, grupos de Terceira Idade - que procuram a aprendizagem digital para

agregarem-se a uma sociedade digital.

A participação muitas vezes é motivada, porque em um grupo uns

incentivam os outros a superar suas dificuldades, ansiedades e necessidades,

muitas vezes dispensando a ajuda técnica dos monitores, apoiando com palavras e

estimulando a pensar que, mesmo sendo idosos, é possível aprender.

Para Bulla, Santos e Padilha:

A participação em atividades coletivas pode contribuir para mudar significativamente a vida dos idosos no que diz respeito a aspectos ligados ao fortalecimento da auto-estima, da identidade, do desenvolvimento das potencialidades, da autonomia e da superação de problemas físicos, emocionais e sociais (2003, p. 182).

Neste contexto, a participação tem a conotação de ser e continuar ativo no

seio familiar e social, significando para os sujeitos na terceira idade, o aumento de

sua auto-estima e sua auto-imagem, pois, muitas vezes, socialmente, são vistos à

margem do processo por serem menos capazes e improdutivos.

Para que os idosos não sejam vistos como Kachar (2001) constata que o

sistema capitalista não os valoriza, porque os vê fora do sistema de produção e com

importância social diminuída; nesse contexto, as ofertas de cursos para a Terceira

Idade deveriam ter outros olhares, pois com o contingente de pessoas idosas e que

estão envelhecendo, em nosso país, é melhor para todos os segmentos que a

população permaneça ativa física e mentalmente, porque eles precisam de apoio e

integração como em qualquer outra faixa etária e, se assim for, não fiquem atrelados

às conversas sobre o tempo passado e aos males do corpo.

Assim, tem-se que criar oportunidades e suportes para a grande maioria de

idosos excluídos digitalmente, para que não permaneçam socialmente, promovendo

o acesso a variados cursos com qualidade, atendendo a todos sem nenhum tipo de

Page 64: TCC - Terceira Idade

79

discriminação, valorizando as diferenças, as histórias de vida como fator de

enriquecimento do processo de aprendizagem, transpondo barreiras, desafios e

participação com igualdade de oportunidades, superando a imagem imposta

culturalmente de que o velho é um indivíduo fraco e decrépito, incapaz de se

autodeterminar e produzir.

O idoso confronta-se com novos desafios, outras exigências, devendo renunciar a uma certa forma de continuidade, sobretudo biológica, e desenvolver atitudes psicológicas que o levem a superar dificuldades e conflitos, integrando limites e dificuldades (NOVAES, 1997, p. 24).

Em todas as idades enfrentamos desafios, isso é característica do ser

humano que quer mais para si. O desafio pode ser visto como uma forma de

combater estereótipos, preconceitos e superação dos próprios limites.

Foto 8 – Aula de sistemas operacionais. Fonte: Autor, 2009.

A atitude de começar um curso de informática na Terceira Idade caracteriza-

se como um desafio, em que novos conceitos devem ser incorporados e

memorizados. E a memória nesta fase pode ser um agravante para novas

aprendizagens em que estes sujeitos devem saber lidar com ferramentas e

informação muito diferentes das quais eles estão habituados.

Page 65: TCC - Terceira Idade

80

Kachar nos explica que

O desafio está presente na interação com o computador, [...] quando o sujeito está envolvido com uma tarefa que está além das suas possibilidades, sente-se ansioso e frustrado por não conseguir realizar o feito; isso pode diminuir sua auto-estima [...] ao transpor os limites do desafio, sente-se capaz com a realização das suas aptidões e descobre novas capacidades (2001, p. 94).

Os grupos de Terceira Idade que manifestam interesse em aprender

informática geralmente necessitam mais tempo que os jovens; no entanto, quando

os idosos começam a dominar o computador, sentem satisfação em ultrapassar

mais uma etapa, através das experiências positivas no domínio do computador e no

de suas ferramentas.

Eles conseguem provar primeiro para si que têm capacidade para novas

descobertas, através de situações novas, e o desafio nesta fase é transformar a

aprendizagem, baseada em informação, em construção e reconstrução do

conhecimento. Franco nos esclarece como reagimos diante da Internet:

Com a rede encontrar-se-á um grande potencial para novas experiências de construção do conhecimento. É essa mutação que observamos nas telas quando estamos conectados à Internet. De alcance ainda desconhecido, essas novas formas de comunicação estão trazendo radicais transformações cognitivas e culturais, como ocorreu com a invenção da escrita e da imprensa (1997, p. 97).

Para os idosos, o simples acesso à rede é um grande desafio, pois uma

grande parcela dos usuários de Internet, diante dos sites de busca, não sabe o que

fazer diante de tantas respostas e chega a sentir pânico no momento seguinte ao

clique no botão ‘pesquisar’.

E, ao selecionar informações, ainda há dificuldade em analisar e produzir

seu próprio saber e transformar a pesquisa num momento de aprendizagem e de

produção criativa.

Sendo o desafio maior compreender a lógica da Internet a qual eles

entendem como uma rede complexa e descentralizada, e navegar em sites, que

aguça a curiosidade de conhecer o desconhecido.

Apesar de as informações e os conhecimentos estarem estritamente

interligados, podemos distingui-los a partir do nível de compreensão e apreensão

desses.

Page 66: TCC - Terceira Idade

81

Encontram-se muitas informações lendo jornais, assistindo a programas de

televisão, navegando na Internet, o que nos leva a perceber que dados e

informações são variáveis e mutáveis.

Porém, informações somente virão a se transformar em conhecimento, se

tiverem significado e passarem a fazer parte do referencial da pessoa. Entretanto, a

pesquisa, na Internet, deve nascer de uma curiosidade pessoal acerca de alguma

realidade, de uma referência, para que tenha valor e propicie a aprendizagem e a

produção de novos conhecimentos. Ser referencial aqui significa ser incorporado às

associações e abstrações da pessoa, bem como ser aplicado na sua vivência: na

formulação de hipóteses, na resolução de problemas, no aprimoramento de

conceitos pré-formulados.

Contudo, não basta terem acesso à Internet em cursos, se não tiverem em

casa condições de pagar uma banda larga para acessá-la, pois a discada dificulta

muito para quem está começando a aprender e não tem muita habilidade, porém se

o idoso tem condições de ter Internet em casa, nada adiantará se não souber como

e por que utilizar a lógica desta tecnologia.

Foto 9 - Aula de word. Fonte: Autor, 2009.

Ferreira nos explica que

Page 67: TCC - Terceira Idade

82

A Internet, como meio de comunicação, possibilita intercâmbio de informações múltiplas e variadas e, com o seu auxilio, podemos, não somente conhecer o nosso meio, mas também o de diferentes povos, interagindo com diversas maneiras de pensar, de agir e de sentir. Disponibiliza, ainda, uma gama de sites, contendo páginas de conteúdos bibliográficos que possibilitam a aquisição do conhecimento, numa gigantesca biblioteca de materiais de estudos. Nesta perspectiva, também o interesse do idoso pela busca de conhecimentos, de certa forma, exige a informação do “porquê” e dos “ganhos” em relação a esta busca (2003, p. 63).

As dificuldades que os idosos encontram quando precisam das muitas

ferramentas para poder usar o computador e acessar a Internet fazem com que se

sintam inseguros e acreditem que a aprendizagem torna-se difícil, pois têm de

memorizar e compreender as diferentes funções das ferramentas simultaneamente.

As informações de que o idoso dispõe sobre o assunto “informática” revelam um ambiente de dificuldade e de extrema complexidade em relação ao seu uso. [...] outro fator relevante é que muitos acham o aparelho (computador) tão repleto de botões e teclas, que acabam sentindo a inibição pelo medo de danificá-lo (FERREIRA, 2003, p. 63).

Porém, a utilização das diferentes ferramentas de forma correta potencializa

a aprendizagem digital e agiliza o processo da descoberta de novos conhecimentos,

justamente pelo seu caráter flexível, e não linear. Evidenciamos a preocupação que

os idosos têm em querer aprender as diferentes ferramentas tecnológicas, para

serem autônomos em suas aprendizagens.

Claxton afirma que

Quando se está diante do desconhecido, a aprendizagem é uma entre várias opções. E a maneira como tomamos a decisão intuitiva de escolher entre essas opções; influencia o nosso desenvolvimento em longo prazo, a nossa “qualidade de vida” e, finalmente, a nossa sobrevivência (2005, p. 39).

A convicção de que eles têm o potencial para aprender deve ser passada

nas primeiras aulas, como também as dúvidas devem ser sanadas, para que se

sintam confiantes em si mesmos, como salienta Claxton “a crença em nossa própria

competência para fazer diferença no curso dos acontecimentos é fundamental para

a aprendizagem ao longo da vida” (2005, p. 47).

Claxton também afirma

Page 68: TCC - Terceira Idade

83

“que muitas ferramentas estão prontas para o uso, mas temos de aprender como usá-las.Para fazer bom uso de um processador de palavras, de uma calculadora gráfica ou da Internet, é necessário um investimento de tempo de aprendizagem. É preciso estudar os manuais, elaborar as aulas, explorar as competências. Todavia feito este investimento, o objeto da aprendizagem torna-se uma ferramenta que possibilita tipos de exploração e aprendizagem diferentes, os quais podem conduzir a um melhor desempenho” (p.161).

Claxton nos diz que se aprende de diferentes maneiras, e a aprendizagem é

variada:

O aprender a aprender, ou o desenvolvimento do potencial de aprendizagem, é melhorado quando sabemos quando, como e o que fazer quando não sabemos o que fazer. Ficar à vontade em novos ambientes é aprendizagem. Resolver um problema técnico é aprendizagem. Ponderar sobre uma situação pessoal difícil é aprendizagem (2005, p. 19).

E como comenta Kachar

“a aprendizagem neste contexto etário depende de uma percepção e compreensão dos recursos e da estimulação da memória. A memória ativa o lembrar, no exercício do refazer, reconstruir, repensar, repetir” (2001, p. 118).

Mesmo assim, muitos idosos resistem em procurar cursos para aprender

novos conhecimentos e vinculam isso à sua memória que começa a falhar, porém

Papalia e Olds nos informam que “o treinamento da memória pode beneficiar os

idosos” (2000, p. 521).

Foto 10 – Aula de digitação. Fonte: Autor, 2009.

Page 69: TCC - Terceira Idade

84

Izquierdo nos explica:

Esquecemos talvez, em parte porque os mecanismos que formam e evocam memórias são saturáveis. Não podemos fazê-los funcionar constantemente de maneira simultânea para todas as memórias possíveis, as existentes e as que adquirimos a cada minuto. Isso obriga naturalmente a perder memórias preexistentes, por falta de uso, para dar lugar a outras novas (2004a, p. 21).

Sabemos que a memorização dos comandos e das ferramentas podem

ajudar os idosos nas diferentes tarefas que eles têm de fazer no seu dia-a-dia, e

Mosquera confirma esta ideia quando diz que “[...] voltamos a insistir que as pessoas

que continuam com alguma classe de atividade produtiva permanecem, por mais

tempo, com sua capacidade intelectual aberta e ativa” (1987, p. 137).

Contudo, diante de todos os aspectos ‘negativos’ que o envelhecimento

acarreta, como alterações estruturais e funcionais dos órgãos e sistemas, é

fundamental que o envelhecer traga outros ganhos, possibilidades e seja bem-

sucedido, pode ser vista como mais uma etapa da vida, como todas as outras que já

passaram, umas mais tranquilas, outras mais turbulentas.

Entretanto, como muitos desafios que acontecem ao longo da vida, este

deve ser encarado. Assim, fazendo uso das palavras de Delors:

“as informações mais rigorosas e mais atualizadas podem ser postas ao dispor de quem quer que seja, em qualquer parte do mundo, muitas vezes, em tempo real, e atingem as regiões mais recônditas” (2004, p. 39);

Pode-se entender que os desafios para inserir esta população em processo

de envelhecimento na sociedade da informação faz-se refletir que devemos ajudar a

superar os diversos obstáculos, quer pessoais, quer sociais, sendo mediadores,

facilitadores na construção de propostas e situações desafiadoras no processo de

ensino e de aprendizagens, juntamente com políticas públicas mais abrangentes e

que contemplem esta população em todas as suas necessidades, principalmente

com ambientes informatizados capacitados para atender a estes sujeitos, ajudando-

os a prevenir e a reduzir as deficiências da velhice.

Page 70: TCC - Terceira Idade

85

3.8.5 Autonomia

Somos seres em constante transformação em uma sociedade que

transforma seu formato a cada dia, influenciando-nos interna e externamente com o

aumento da expectativa de vida.

As pessoas que estão envelhecendo vivem uma situação ambígua, porque

elas querem viver e participar mais, porém, ao mesmo tempo, as limitações da idade

lhes causam muitos temores e desafios, pois a maioria não quer perder sua

identidade por dependência tanto da família como de possíveis cuidadores.

“Autonomia e conhecimento são conceitos que se reclamam reciprocamente”.

(ASSMANN, 1998, p.133).

A importância de continuar mantendo suas relações sociais e constituir

novas relações é imprescindível para os idosos, porque na Terceira Idade seus

papéis sociais são alterados, e uma estratégia de continuar se socializando é a

inserção desses indivíduos no mundo digital, porque, através de diferentes

aprendizagens, não transferindo conhecimentos mas sim instigando, desafiando e

questionando e, assim sendo, possibilitando que continuem sendo autônomos e

gestores de suas próprias vidas. Delors enfatiza que esta

[...] a alfabetização da informática é cada vez mais necessária para se chegar a uma verdadeira compreensão do real. Ela constitui, assim, uma via privilegiada de acesso à autonomia, levando cada um a comportar-se em sociedade como um indivíduo livre e esclarecido (2004, p. 192).

Pode-se entender autonomia como a capacidade que o indivíduo tem de

gerir seus próprios atos e de comandar sua vida, segundo o Dicionário Aurélio, tem

origem no grego ‘autonomía’ e significa “a faculdade de se governar por si mesmo,

liberdade ou independência moral ou intelectual”.

E manter a autonomia e a independência durante o processo de

envelhecimento é uma preocupação tanto para os governantes como para os

indivíduos que estão ou vão passar por esta fase, mesmo porque o envelhecimento

é um processo que envolve muitas pessoas como familiares, amigos, colegas de

trabalho, vizinhos e entidades sociais que o indivíduo freqüenta, como igrejas,

associações, clubes, etc.

Page 71: TCC - Terceira Idade

86

Foto 11 – A alegria em aprender informática. Fonte: Autor, 2009.

De acordo com Moraes e Souza

[...] a autonomia e a independência são dois indicadores de qualidade de vida para a população idosa. Todos os indivíduos, querem ser donos de sua própria vida, ter a capacidade de decidir e escolher caminhos, mesmo para ações cotidianas, como a escolha da marca do produto a ser adquirido. (2003, p. 63-64).

É essencial para a evolução de qualquer ser humano a aquisição de cultura,

capacitação pessoal e profissional, autonomia diante das situações da vida e

sabemos que as tecnologias de informação e comunicação potencializam esses

fatores em nossas vidas. E a Internet, entre as tantas tecnologias, pode ser definida

como a ferramenta que proporciona maior autonomia, pois, diante de tantas

escolhas que podemos fazer e de informações que acessamos, podemos adquirir

variados conhecimentos: acadêmicos, profissionais, assuntos referentes à saúde,

informações sobre doenças de amigos e parentes ou simplesmente fazer pesquisas

sobre produtos que queiramos adquirir.

Page 72: TCC - Terceira Idade

87

Foto 12 – Trabalhos e exercícios escritos. Fonte: Autor, 2009.

Nas entrevistas os participantes foram indagados sobre a autonomia e os

sujeitos se dividiram conforme a saúde e a vida que levam, senão vejamos:

S6 respondeu: “não me considero autônoma, tenho problemas de saúde,

com duas safenas e uma mamária”. S12: “em parte, pois algumas coisas não posso

fazer”. S7: “não, toda pessoa precisa de outras para seu bom convívio.”.

Já S14 afirmou: “por enquanto ainda faço tudo”. S3: “sim, tenho boa saúde,

caminho bastante, tenho uma vida normal como uma pessoa mais jovem”. S9: “sim,

me considero independente.” E, por fim, S15: “faço muitas coisas sozinha”.

Visto o avanço de a tecnologia ser atualmente um instrumento de trabalho,

diversão e variados tipos de relacionamentos usados por grande parte da

população, devemos proporcionar acesso a todos, promovendo a autonomia diante

dessas tecnologias, por conseguinte os menos favorecidos, como os idosos, terão a

chance de participar do mundo digital através da aprendizagem virtual.

Souza corrobora com esta ideia quando afirma:

“Programas educativos poderão se dedicar à reestruturação de atividades educativas para idosos com o suporte de novas tecnologias, convocando, para uma interação pedagógica motivacional diferente, recursos como os da informática, o vídeo e a telecomunicação, pois são instrumentos que podem transformar a natureza dos processos educativos realizados com idosos pelas suas funções inovadora e motivadora, colaborando para a diversidade e a criatividade na educação de idosos” (2003, p. 39).

Page 73: TCC - Terceira Idade

88

Os sujeitos que estão na Terceira Idade querem continuar tendo autonomia,

e para eles a aprendizagem digital é sinônimo de independência e necessidade, pois

trabalha instigando o sujeito ao uso do computador com interesses e prazeres e

sendo autônomos.

No mundo digital, o significado de ter autonomia diante das tecnologias é

poder utilizar tais recursos, tanto para beneficio próprio como para a comunidade a

que pertence; conseqüentemente aprender a lidar com as diferentes tecnologias

gera uma necessidade nesta fase.

Souza, Massaia e Marques corroboram afirmando que

O mundo da informação, hoje, também está acessível ao idoso. Portanto, o idoso precisa não apenas “assistir” televisão, ler jornais, revistas e materiais à disposição na Internet, precisa refletir e falar sobre o que está vendo, lendo e ouvindo, surpreendendo seus familiares com novas aprendizagens, novas atitudes e novos hábitos, alterando rotinas desinteressantes (2003, p. 117).

O envelhecer com autonomia depende de vários fatores determinantes que

envolvem os indivíduos e a sociedade como um todo, portanto entendemos que

principalmente a sociedade, juntamente com políticas públicas, através de seus

governantes engajados e comprometidos, deva incentivar programas para a Terceira

Idade, como uma necessidade que os idosos têm em se manterem ativos e

autônomos por mais tempo possível, com cuidados de si, preparando-se e

planejando uma boa velhice através de ambientes acolhedores, motivadores e de

apoios para que as aprendizagens ao longo de suas vidas se tornem mais fáceis,

pois é uma questão de economia para o próprio país, com menos pessoas

dependentes do sistema público de saúde.

3.8.6 Exclusão

Exclusão é um fenômeno cultural em que estão implícitos alguns valores

discriminatórios. Geremek “as exclusões não são uma invenção do final do século

XX. Acompanham toda a história da humanidade” (2004, p. 230).

Page 74: TCC - Terceira Idade

89

Estamos ingressando na era das redes, da telemática, da internet e da sociedade da informação, entendida, cada vez mais, como sociedade aprendente e sociedade do conhecimento. Esta contextualização precisa atingir o aspecto social: a sociedade da informação contém novas ameaças de exclusão. Documentos da União européia já criaram o neologismo expressivo: info-exclusão (ASSMANN, 1998, p. 72).

Grossi e Santos nos afirmam que

[...] uma pessoa idosa sofre discriminação não somente pelo que ela é, como um indivíduo, mas pelo que ela se torna enquanto pertencente a um grupo que foi estereotipado de forma negativa. Em resumo, todas essas características atribuídas às pessoas consideradas “velhas” (e.g. passividade, cumplicidade, fraqueza, submissão, impotência) influenciam como os outros vão perceber e interagir com ela, tanto no nível individual quanto institucional (2003, p. 29).

Foto 13 – Orientação do professor nas atividades. Fonte: Autor, 2009.

Na sociedade de informação, a exclusão social antecede a exclusão digital,

e conforme o Livro Verde “inclusão social pressupõe formação para a cidadania, o

que significa que as tecnologias de informação e de comunicação devam ser

utilizadas também para a democratização dos processos sociais” (2003, p.45), e, no

caso dos idosos, não está limitada somente ao poder aquisitivo, mas em muitos

casos ao comportamento preconceituoso da sociedade e da família com a qual

convivem, deixando-os de lado, não dando valor às suas histórias e trajetórias de

vida, vendo-os como sujeitos acabados, que não têm condições de aprender mais,

excluindo-os, dessa maneira, do meio social. E como explica Ferreira

Page 75: TCC - Terceira Idade

90

O pensamento de que o homem se torna um produto acaba se prolongando por sinônimos, criando verdadeiras teias de incompatibilidades. Vejamos: o idoso passou a ser visto como sinônimo de aposentado, o aposentado como sinônimo de improdutível, improdutível como sinônimo de não-comercial, não-comercial como sinônimo de descartável (2003, p. 61).

E a outra forma de exclusão que percebemos é a do próprio idoso de não

querer continuar aprendendo ao longo de sua vida e não querer participar dessa

sociedade de informação resistindo o uso das TICs em suas vidas diárias.

Geremek afirma que

Se a educação tem um papel determinante na luta contra a exclusão dos que, por razões sócio-econômicas ou culturais, se encontram marginalizados nas sociedades contemporâneas, parece ter um papel ainda maior na inserção das minorias na sociedade (2004, p. 232).

Nas entrevistas indagou-se: Se sente excluído digitalmente? E nas demais

áreas? Corroborando com as respostas acerca da autonomia, a turma novamente se

dividiu e tem várias opiniões:

Há os que se sentem mais ou menos excluídos, assim como S9: “não me

sinto totalmente excluído”, S14: “pessoalmente não, porque freqüento poucos

lugares, e agora que sei o básico da informática também ajuda”, há os que se

sentem totalmente excluídos, como S18: “me sinto excluído por causa da idade”, e

S12 “os mais jovens em perfeita saúde me excluem”.

Há os que opinaram pela falta de exclusão nas outras áreas, mas em

informática, destacou-se S6 “não, tenho todas as regalias, me tratam muito bem,

tenho muitas amizades, mas digitalmente todos somos excluídos”.

Também S3 enfatizou o esforço de que cada indivíduo: ”não, eu é que devo

me esforçar para acompanhar o mundo atual, perguntando e tentando até conseguir

o objetivo”. E, por fim, S7 lembrou o Estatuto do Idoso: “não me sinto excluído

digitalmente, porém 99% não conhece o Estatuto do Idoso, onde deveríamos ser

mais respeitados, no entanto, somos chamados simplesmente de véio”.

Assim, entende-se que a forma mais eficaz para que os idosos não sejam

excluídos é inseri-los em cursos em que a aprendizagem seja o foco, criando

oportunidades em diferentes áreas do saber conforme seus interesses, Geremek

(2004) “a educação ao longo da vida opõe-se a mais dolorosa das exclusões, a

exclusão devido à ignorância, de não participar ou de não querer participar da

sociedade da informação através das TICs”. E como enfatiza Franco:

Page 76: TCC - Terceira Idade

91

Também é imprescindível habilitar as pessoas com a capacidade de estabelecer comunicação com os computadores. Sem este acesso, a cidadania está ameaçada, pois aqueles que não tiverem o domínio das novas tecnologias terão dificuldades para viver na sociedade da informação (1997, p. 72).

Foto 14 – Primeiros contatos com o computador. Fonte: Autor, 2009.

Ao nos reportamos à exclusão digital, podemos defini-la com o termo “info-

excluídos” (ou os que não têm acesso à Web) e às tecnologias de informação e

comunicação, na qual a Internet é a principal delas, e, se não têm acesso às

tecnologias, conseqüentemente está excluído da sociedade:

O maior acesso à informação poderá conduzir a sociedades e relações sociais mais democráticas, mas também poderá gerar uma nova lógica de exclusão, acentuando as desigualdades e exclusões já existentes, tanto entre sociedades, como, no interior de cada uma, entre setores e regiões de maior e menor renda. No novo paradigma, a universalização dos serviços de informação e comunicação é condição necessária, ainda que não suficiente, para a inserção dos indivíduos como cidadãos. É a educação o elemento-chave para a construção de uma sociedade da informação e condição essencial para que pessoas e organizações estejam aptas a lidar com o novo, a criar e, assim, a garantir seu espaço de liberdade e autonomia. A dinâmica da sociedade da informação requer educação continuada ao longo da vida, que permita ao indivíduo não apenas acompanhar as mudanças tecnológicas, mas, sobretudo inovar (TAKAHASHI, 2003, p. 07).

Já se comentou que a exclusão, muitas vezes, começa dentro da própria

família; porém, entre tantas mudanças que vivenciamos, a família continua sendo

um espaço de apoio importante para os diferentes segmentos vulneráveis e no caso

Page 77: TCC - Terceira Idade

92

os idosos, pois estes geralmente não vivem isolados e seu bem-estar está ligado à

relação com sua família e com a sociedade como um todo.

Foto 15 – Professor. Fonte: Autor, 2009.

Há a preocupação de poder entender as tecnologias para não se sentir

excluído e para Motta:

O reencontro e a solidariedade geracionais são grandes e bons momentos iniciais na trajetória do idoso em busca da redefinição de um lugar social, mas deverão ser também base e fortalecimento para a busca – que deveria ser da sociedade inteira – da convivência, privada e publica, com as outras gerações (2004, p.118).

Com o aumento da qualidade de vida, grande parte das pessoas que chega

à Terceira Idade está em condições de cuidar de si e até mesmo de pessoas com as

quais convivem, como pais, cônjuges e netos. Os grupos que necessitam de

assistência diária é menor.

[...] a Educação no Terceiro Milênio deve ter a força para possibilitar o desenvolvimento do talento e do gênio humano, ao mesmo tempo em que acredita nos sentimentos e nos corações de homens e mulheres que desejam o melhor para a humanidade, no futuro. (MOSQUERA, 2003, p. 57)

Page 78: TCC - Terceira Idade

93

Essas pessoas idosas são tanto provedoras de atenção quanto receptoras,

porém observamos que muitos sentem faltam de um contato maior com a família,

amigos, de continuarem aprendendo e participando de um círculo social que possam

interagir mais efetivamente.

Foto 16 – Aula de windows xp. Fonte: Autor, 2009.

Portanto, numa sociedade na qual a pluralidade pode ser um caminho para a

resolução das exclusões, preconceitos, estereótipos e das dificuldades de

reconhecimento das diferenças, sejam individuais ou coletivas, sejam visíveis ou

invisíveis, abrindo espaço para uma transformação social, caminhando a passos

largos para uma sociedade mais justa, solidária e inclusiva.

O desafio de enfrentar o computador e dominá-lo é uma prova da própria capacidade de lidar com situações novas, coragem de aventurar-se no desconhecido e descobrir que pode apostar em si mesma para abrir novas portas e desconstruir os muros internos (KACHAR, 2001, p. 155).

Entendeu-se assim que a inclusão digital pode afetar a todos os que dela se

aproximam, acarretando uma radical mudança de mentalidade e de paradigmas.

3.9 RELATOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Page 79: TCC - Terceira Idade

94

O resultado objetivo de todo o processo culminou com o começo tímido da

execução da ação educativa para a terceira idade, com a participação e o

envolvimento de 18 (dezoito) sujeitos pertencentes ou não aos Grupos da Terceira

Idade de União da Vitória - PR, sem os quais seria impossível tornar exeqüível a

pesquisa. Apesar da maioria dos envolvidos terem consciência das dificuldades

propostas, enfrentaram com efetivação.

Assim, no início de 2009 ocorreu a implantação do projeto de estágio, que

articulou o ensino de informática para a terceira idade, cognominado Inclusão Digital

para Turma da Terceira Idade: Ação Social da Prefeitura de União da Vitória e

Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV.

No Centro Universitário foi o primeiro curso voltado basicamente para a

inclusão digital da terceira idade, com o objetivo de propiciar a utilização das novas

tecnologias a esta parcela excluída digitalmente.

Não foram abertas matrículas, bastava o candidato apresentar-se na aula

inaugural do dia 18.03.09. Foram abertas assim, vagas para pessoas da

comunidade de Porto União da Vitória, de ambos os sexos, com idade variando

entre 40 (quarenta) e 80 (oitenta) anos.

Foto 17 – Mesa do coquetel de formatura. Fonte: Autor, 2009.

Page 80: TCC - Terceira Idade

95

Para a surpresa geral, a formatura no dia 30.09.09 ocorreu justamente no

“Dia do Idoso”, data desconhecida, no entanto, por uma coincidência espetacular, foi

programada desde o projeto de estágio. Os idosos receberam ingressos grátis de

cinema e demais comemorações durante todo o dia em sua homenagem.

A formatura foi bem divulgada, destaque nos primeiros dias de outubro, com

4 (quatro) veiculações na emissora local TV Millenium, com entrevistas dos alunos e

da coordenação do curso, assim como nas rádios FM e AM locais, com entrevista do

professor regente ao vivo na Rádio AM Colméia.

No evento, discursaram a reitoria, a coordenação, professor e monitor e as

autoridades presentes, exibiu-se extras do filme tema do grupo “As Garotas do

Calendário” e um vídeo da turma, culminando com a entrega dos certificados e

finalizando-se com um coquetel ao estilo americano.

Foto 18 – Formatura. Fonte: Autor, 2009.

Importante destacar que, o curso se constituiu como um desafio

contemporâneo, porque as iniciativas para a formação de educadores nessa

modalidade de ensino (educação de adulto-idosos) no âmbito das universidades,

ainda são bastante reduzidas.

Page 81: TCC - Terceira Idade

96

Contudo, para demarcar sua diferença com os tradicionais projetos na

educação de adultos, houve a mobilização para preservar na execução/avaliação da

ação educativa, os princípios políticos-pedagógicos advindos da docência

contemporânea e do legado freuriano, que compreende uma concepção libertadora

de educação, que se deve fazer presente na formação dos educadores, traduzida na

clareza política do papel do professor junto aos alfabetizandos, agora digitais.

No entanto, a prioridade por princípios de uma pedagogia emancipadora

exige a contínua reflexão sobre os pressupostos teóricos, assim como a vivência do

exercício da dialogicidade na implementação crítica e criativa da práxis. Mas,

desenvolver uma experiência de educação de idosos, que vislumbra o compromisso

social e pedagógico como um diferencial de formação humana e profissional, não se

constituiu tarefa fácil de ser efetivada, visto que, é necessário transcender a lógica

de uma educação bancária, numa perspectiva de fazer valer a ênfase teórica e

prática na formação de novos professores.

No entanto, o papel que o professor e o monitor desempenharam dependeu

de seus envolvimentos com uma visão não autoritária de educação. Nesse sentido,

inúmeros foram os problemas, decorrentes da tentativa de vivenciar os princípios

dialógicos, eis que, como se ambiciona atender a exigências e expectativas de

maneira rápida, os discursos logo preconizam avanços significativos, mas que nem

sempre guardam vínculos efetivos em relação à prática pedagógica.

Logo, professores querem sucumbir a interesses imediatistas, na proposição

de apressar o processo de inclusão digital dos idosos com práticas de memorização,

de letras, números, símbolos, sons, e reduzir o idoso a objeto.

Dessa feita, foi importante enfatizar a necessidade da coerência entre a

perspectiva da formação e a processo de inclusão digital dos idosos, o que

compreende o rompimento com a uma opção pela mera transmissão de conteúdos,

de maneira bem habitual e faz emergir situações conflituosas, desafiadoras e

impactantes. Outra requisição, que também encontra barreiras de ser efetivada e

provoca impacto significativo no currículo diz respeito à compreensão da

escolarização do ser humano como agente social histórico, pois, abrange uma

concepção de educação a serviço de uma superação, não apenas de desigualdades

sociais, mas numa luta constante contra a prática social e educacional de princípios

incompatíveis com um processo social e pedagógico participativo e compartilhado.

Page 82: TCC - Terceira Idade

97

No entanto, como historicamente, as instituições e os profissionais de ensino

teorizam, mais do que exercitam as práticas de superação com relação ao processo

de democratização nas ações ligadas ao ensino, a extensão, a gestão, fazer opções

por posturas de maior grau de partilha nas atividades acadêmicas é um desafio.

Certamente, é um princípio, a ser adotado como básico rumo à necessidade

de melhorar a qualidade pedagógica e compreende levar adiante o enfrentamento

de desafios, não apenas meramente teóricos, mais, também práticos, de implantar e

implementar buscas por novas perspectivas e posturas da comunidade acadêmica,

nas ações pedagógicas e administrativas.

As ações vivenciadas, que certamente, guardam íntimas relações com as

teorias estudadas e praticadas, cotidianamente, produzem olhares diferenciados,

não apenas sobre a alfabetização dos adultos, mas na própria perspectiva do

processo formativo dos graduandos, pois são acatadas por alguns, ignoradas por

outros.

Decorre daí o reconhecimento da necessidade de reflexões, mais contínuas,

acerca dos desafios a viabilização da interlocução permanente entre os campos

teóricos e práticos e entre os sujeitos, como parte de um processo educativo

complexo, mais também, criativo capaz de convergir na sua organização curricular

com o compromisso de promover um novo perfil de formação.

Foto 19 – Kit-multimidia. Fonte: Autor, 2009.

Page 83: TCC - Terceira Idade

98

Assim, a formação do profissional contemporâneo da educação deve

constituir-se como um dos desafios institucionais das agências formadoras e suscita

a necessidade da tentar superar as posturas tradicionais. Nesse sentido, o exercício

da dialogicidade, constituindo-se como fonte de teoria da ação, que demanda a

crítica e a autocrítica, assim como a reflexão permanente sobre uma prática, que

busca ser fundada no diálogo, traduzida na garantia da voz do idoso, do professor,

do monitor e das pessoas ligadas à pesquisa, que ajudaram a administrar os

problemas cotidianos.

Além de que, repensar a luz de instrumentos teóricos a reformulação da

prática, contribui para ajustar os inúmeros interesses, combinar as ações, reformular

objetivos um contínuo vir-a-ser. Mas, abdicar das posturas tradicionais de

reprodução, de atitudes sobre manter ou transformar procedimentos,

encaminhamentos e assumir a proposta de forma, construtiva e consciente, não se

constitui demanda simples, pois envolvem ouvir opiniões, sugestões, desabafos de

toda ordem.

Os licenciandos envolvidos tiveram a possibilidade de trabalhar a relação

teoria-prática no projeto, de forma a compreender a complexidade e as múltiplas

possibilidades do trabalho pedagógico frente a uma população excluída do saber

produzido historicamente pela humanidade, bem como de vivenciar com adulto-

idosos as angustias resultantes de experiências escolares, que resultaram em

fracasso e abandono da escola.

Na prática da docência com os idosos é assegurada ao graduando a

progressiva ampliação de conhecimentos inerentes ao campo específico da

educação de jovens e adultos, adequada a esse multifacetado universo, que requer

comprometimento com um fazer pedagógico de qualidade e com a democratização

do conhecimento crítico rumo à construção de uma nova realidade social.

Cabe aqui ressaltar que, enquanto desdobramentos teórico-práticos do

exercício dialética de educação, nos cursos de alfabetização e atualização junto com

os alunos da terceira idade, os graduandos alfabetizadores exercitaram o confronto

do saber constituído, com as experiências culturais dos idosos.

Essa caminhada em direção a problematização da realidade sociocultural

dos idosas levou-os a se reconhecerem como cidadãs de direitos, de maneira mais

ampla e significativa e gerou novas reflexões na construção de uma prática

Page 84: TCC - Terceira Idade

99

pedagógica situada numa lógica dialética, a partir do movimento de ação/

reflexão/ação junto a pessoas que tiveram negado o direito à educação.

Além disso, ainda dentro da execução da pesquisa, na continuidade

desafiadora, do trabalho direto com os idosos foram incorporados pelos graduandos

consideráveis avanços oriundos de outras experiências pedagógicas com educação

de adultos, principalmente os conhecimentos teóricos gestados originalmente no

contexto de experiências com educação popular, que demonstram respeito pelos

conhecimentos advindos dos setores populares visando sua problematização e

incorporação de um raciocínio mais rigoroso e cientifico, mas também inspirados nos

princípios freireanos voltados para a alfabetização e a conscientização dos

educandos baseada relação consciência–mundo. (Freire, 1981, p. 27).

 Portanto, na metodologia da inclusão digital e da atualização cultural foram

incorporados, à cultura dos idosos e a sua realidade vivencial, como ponto inicial e,

também, como conteúdos da prática educativa na busca de ampliar gradativamente

as situações educativas que possibilitassem a instrumentalização da sua forma de

pensar e ler o mundo ao seu redor na perspectiva de ampliar suas experiências

anteriores, sua visão de mundo.

Deriva da diversidade de atividades oferecida aos alunos idosos, a certeza

da necessidade do ensino de graduação implementar a utilização dos mais variados

meios de expressão, comunicação e arte, como formas de intervenção educativa, o

que também deve instigar pesquisas procurando tornar conseqüentes às práticas

acadêmicas do cotidiano.

No entanto, esse cenário tem favorecido, ainda de maneira embrionária,

polarizar informações, orientar discussões, preencher lacunas no estabelecimento

de interessantes abordagens pedagógicas baseadas nas diversificadas formas da

comunicação humana (cênica, corporal, visual, verbal, sonora, audiovisual),

possibilitando a criação de formas originais de trabalhar o conteúdo das aulas,

mesmo em laboratório de informática.

Todas essas questões vivenciadas se tornam um desafio para educadores e

educandos, ocasionando a necessidade contínua de refletir sobre as contradições,

as tensões, as interrogações permitindo assumir uma postura investigativa, uma

relação dialógica entre o planejado e o realizado, frente a uma riqueza de

informações, pouco sistematizadas.

Page 85: TCC - Terceira Idade

100

As reflexões estão sempre pautadas na problematização da realidade, de

forma critica e criativa, frente à realidade local e o contexto global na busca de

alternativas para a prática educativa cotidiana com os idosos e a para a formação do

docente contemporâneo.

No exercício cotidiano um mérito significativo da pesquisa, esta situada na

perspectiva dos universitários poderem adentrar, conhecer, vivenciar, refletir os

conflitos e as tensões que perpassam o contexto social e educacional dos saberes e

fazeres da educação de idosos, partindo prioritariamente do legado teórico-

metodológico de Paulo Freire, mas sem perder de vista as questões que são

colocadas pelo contexto sócio-político-cultural nesse início do século XXI.

Esses momentos articulados lhes têm permitido reduzir a defasagem teórica-

prática entre o mundo do professor e o mundo vivido dos idosos, o que favorece o

entendimento da opção metodológica de educar pela educação dialético-dialógica e

traçar quadros comparativos com outras práticas educativas.

Esse sinal de articulação teoria/prática encaminhou para certa sincronização

de reflexão e ação sobre o trabalho realizado, pois, se constituiu como um desafio

de manter acessa a postura investigativa, de questionar as contradições existentes,

principalmente, com relação às limitações, os avanços na educação de idosos e

várias outras questões do próprio processo educacional, tão desigual, mas repleta

de possibilidades de transformação.

Foto 20 - Monitor. Fonte: Autor, 2009. Foto 21 - Turma engajada. Fonte: Autor, 2009.

Page 86: TCC - Terceira Idade

101

Mesmo encontrando vários obstáculos, como insuficiência de recursos

materiais, equipamentos e outros entraves ligados à escassez do fluxo de recursos

financeiros contínuos para projetos efetivos de ensino e extensão, a concessão de

um laboratório destinado ao projeto foi comemorada pelos integrantes, contribuindo

para consolidar o suporte infra-estrutural e técnico pedagógico do trabalho, criando

formas e condições, para que os membros da equipe contribuíssem dentro de suas

especificidades com a realização dos trabalhos, também propiciou uma aproximação

maior entre professores e alunos.

Neste contexto, a experiência possibilitou condições de refletir a ampliar as

dimensões da formação dos educadores a partir do caráter multidimensional da

educação preconizada por Candau (2001, p. 46), que supõe um enfoque no domínio

de conhecimentos pedagógicos, científicos, políticos e afetivos que devem estar

intimamente articuladas entre si, favorecendo reflexões coletivas, sobre o sentido da

prática educativa, na perspectiva clara do papel social do conhecimento, sendo

suscitado nessas reflexões, de maneira peculiar, o entendimento da alfabetização e

atualização cultural de idosos, frente ao tipo de homem e de sociedade que se quer

construir, dada a emergência reclamada pelas novas tarefas da educação.

 Sem dúvida, levando adiante a execução da pesquisa, a universidade

cumpre a sua função social/política/pedagógica de edificação dos bens culturais de

interesse público efetivada no seu compromisso melhoria da qualidade de vida da

população via ensino e extensão, que incide sobre a inclusão de sujeitos sociais de

terceira idade, que possuem uma face humana, desprezada pelos projetos e

programas alienígenas de caráter assistencialistas ou alienantes, que não estão

situados nas peculiaridades e singularidades da vida geopolítica da região, que

quase sempre é excluída de programas e políticas públicas.

Neste cenário de desigualdades culturais, no Brasil, enquanto país que

destina pouco das verbas públicas para a educação, o fato de a universidade

colocar-se enquanto instituição a serviço da requalificação da velhice foi sem dúvida

algo singular favorecendo as pessoas da terceira idade, um sentido bem diferente,

daquele oferecido nas sociedades tradicionais, de marginalidade e repouso na lógica

da compreensão do idoso.

Page 87: TCC - Terceira Idade

102

Foto 22 – Avaliação e entrevista. Fonte: Autor, 2009.

3.10 ANÁLISE DE DADOS COLETADOS

Todos os 18 (dezoito) participantes responderam ao Questionário de

Sondagem Inicial. No entanto, há que se ressaltar, que houve uma série de

empecilhos no decorrer do curso, e para citar apenas alguns:

O surto da gripe suína, vírus H1N1;

Curso de Dança de Quadrilha de Festas Juninas no mesmo horário;

Problemas de saúde próprios da idade;

Problemas financeiros: crise econômica mundial;

Morte de entes queridos;

Problemas pessoais dos alunos, entre outros.

Mesmo enviados via correio os questionários a todos os participantes, boa

parte destes não deram retorno nem participaram da Formatura, a que todos foram

convidados com duas semanas de antecedência. Os certificados não recebidos na

Formatura foram entregues via correio.

Assim sendo, responderam ao Questionário Final pouco mais da metade da

turma, ou seja, 10 (dez) participantes.

Analisam-se aqui os dados coletados dos Questionários de Sondagem Inicial

e Final:

Page 88: TCC - Terceira Idade

103

GRÁFICO 1 – PROFISSÃO

7

31

5

11

Chart Title

APOSENTADO

COMERCIANTE

SERVENTE

DO LAR

COSTUREIRA

FUNCIONÁRIA PÚBLICA

Computou-se uma funcionária pública, que é a coordenadora do grupo de

terceira idade. Ainda, uma costureira, uma servente e uma comerciante.

Como as mulheres são maioria, cinco participantes laboram em seus lares, e

por fim, devido à idade avançada sete sujeitos já estão aposentados.

GRÁFICO 2 – GRAU DE INSTRUÇÃO

3

9

1

3

11

Chart Title

1º GRAU INCOMPLETO

1º GRAU COMPLETO

2º GRAU INCOMPLETO

2º GRAU COMPLETO

TÉCNICO

SUPERIOR

Apenas um sujeito concluiu o ensino superior, assim como curso técnico.

Com 2º grau completo três sujeitos, enquanto incompleto apenas um. Já no 1º grau,

nove completos e três incompletos. Assim, observou-se que, descendo a escala de

grau de instrução encontra-se maior o número de participantes.

Page 89: TCC - Terceira Idade

104

GRÁFICO 3 – IDADE

2

1

7

8

Chart Title

DE 40 A 50 ANOS

DE 50 A 60 ANOS

DE 60 A 70 ANOS

DE 70 A 80 ANOS

Apenas dois sujeitos tem idade inferior a 50 anos e um inferior a 60 anos.

Sexagenários totalizam 7 (sete) sujeitos, septuagenários, 8 (oito) sujeitos. Conclui-se

assim, que a turma, na grande maioria, é de idade bastante avançada.

GRÁFICO 4 – CIDADE

1

17

Chart Title

PORTO UNIÃO

UNIAO DA VITÓRIA

Uma vez que as cidades são gêmeas, como era de se esperar, apenas um

sujeito reside em Porto União – SC, e os demais, em União da Vitória – PR.

Page 90: TCC - Terceira Idade

105

GRÁFICO 5 – BAIRRO

1

8

1

5

12

Chart Title

SÂO GABRIEL

SÃO BASÍLIO MAGNO

CENTRO PORTO UNIÃO

CENTRO UNIÃO DA VITÓRIA

SÃO BERNARDO

CRISTO REI

Computou-se apenas um sujeito residente no São Gabriel, um no São

Bernardo um no Centro de Porto União – SC. O bairro Cristo Rei contou com 2

(dois) sujeitos, o Centro de União da Vitória com 5 (cinco) sujeitos e o São Basílio

Magno com 8 (oito) sujeitos. Isto posto, constatou-se que a grande maioria dos

participantes residem em União da Vitória, no Centro e no São Basílio Magno.

GRÁFICO 6 – POSSUI COMPUTADOR EM CASA (INICIAL)

99

Chart Title

POSSUI COMPUTADOR

NÃO POSSUI COMPUTADOR

Page 91: TCC - Terceira Idade

106

GRÁFICO 7 – POSSUI COMPUTADOR EM CASA (FINAL)

7

3

Chart Title

POSSUI COMPUTADOR

NÃO POSSUI COMPUTADOR

Neste cenário, no início do curso metade dos alunos não possuía

computador, já no término do curso, uma minoria não possuía computador,

denotando-se assim que vários alunos acabaram por adquirir o computador no

decorrer do curso.

GRÁFICO 8 – JÁ TRABALHOU COM O COMPUTADOR

3

15

Chart Title

JÁ TRABALHOU COM COMPUTADOR

NÃO TRABALHOU COM COMPUTADOR

Acerca dos que já trabalharam com o computador, apenas 3 (três) sujeitos

se apresentaram. Os demais, 15 (quinze) sujeitos, como já visto, jamais tiveram

contato algum, seja profissional ou não, com o hardware e o software.

Page 92: TCC - Terceira Idade

107

GRÁFICO 9 – FREQUENCIA DE ACESSO À INTERNET (INICIAL)

16

11

Chart Title

NUNCA

ÀS VEZES

RARAMENTE

GRÁFICO 10 – FREQUENCIA DE ACESSO À INTERNET (FINAL)

1

6

3

Chart Title

NUNCA

ÀS VEZES

RARAMENTE

Como esperado, inicialmente apenas 2 (dois) sujeitos responderam que

acessavam a internet, um raramente acessava e outro apenas às vezes. A grande

maioria nunca acessou a internet.

Por sua vez, no término do curso, a grande maioria respondeu que acessa

às vezes a internet, restando à minoria que raramente ou nunca acessou.

Page 93: TCC - Terceira Idade

108

GRÁFICO 11 – MANIPULAÇÃO DE FOTOS (INICIAL)

1

17

Chart Title

SIM

NÃO

GRÁFICO 12 – MANIPULAÇÃO DE FOTOS (FINAL)

55

Chart Title

SIM

NÃO

Apenas um sujeito respondeu que sabia manipular fotos (copiar, colar,

renomear, excluir, editar e imprimir) no início do curso. Os demais, a grande maioria,

jamais havia manipulado fotos.

Por derradeiro, no final do curso, metade já manipulava fotos, sem dúvida,

um grande avanço.

Page 94: TCC - Terceira Idade

109

GRÁFICO 13 – MANIPULAÇÃO DE MÚSICAS (INICIAL)

18

Chart Title

SIM

NÃO

GRÁFICO 14 – MANIPULAÇÃO DE MÚSICAS (FINAL)

3

7

Chart Title

SIM

NÃO

No começo do curso, sobre a manipulação de músicas, nenhum sujeito

afirmativamente respondeu. No final do curso, observa-se um avanço, três sujeitos

responderam afirmativamente.

Isso não quer dizer que a terceira idade não goste de música, pelo contrário,

apenas desconhece como manipulá-las através do computador.

Page 95: TCC - Terceira Idade

110

GRÁFICO 15 – MANIPULAÇÃO DE VÍDEOS (INICIAL)

1

17

Chart Title

SIM

NÃO

GRÁFICO 16 – MANIPULAÇÃO DE VÍDEOS (FINAL)

55

Chart Title

SIM

NÃO

No mesmo sentido, na manipulação de vídeos, apenas um sujeito,

provavelmente o único conhecedor da manipulação de fotos no início do curso,

respondeu positivamente.

No entanto, no término do curso, metade dos alunos manipula vídeos,

ressalvando-se aqui um forte avanço na inclusão digital.

Page 96: TCC - Terceira Idade

111

GRÁFICO 17 – TEM ORKUT (INICIAL)

1

17

Chart Title

SIM

NÃO

GRÁFICO 18 – TEM ORKUT (FINAL)

6

4

Chart Title

SIM

NÃO

O Orkut, desde o início do curso, foi alvo de estudos e comentários. Apenas

o sujeito que se apresentou ter contato com o computador possuía o cadastro.

No término do curso, apresentaram-se 6 (seis) novos possuidores de

cadastro no Orkut.

Page 97: TCC - Terceira Idade

112

GRÁFICO 19 – TEM MSN (INICIAL)

1

17

Chart Title

SIM

NÃO

GRÁFICO 20 – TEM MSN (FINAL)

6

4

Chart Title

SIM

NÃO

Após os dados coletados acerca do Orkut, como era de se esperar, apenas

um sujeito possuía inicialmente o cadastro do MSN, mas no término do curso, mais

da metade da turma já enviava e recebia mensagens eletrônicas.

Page 98: TCC - Terceira Idade

113

GRÁFICO 21 – JÁ FEZ CURSO DE INFORMÁTICA

1

17

Chart Title

SIM

NÃO

Analisando os últimos dados coletados, sem surpresas, apenas um sujeito

respondeu afirmativamente que já fez curso de informática.

GRÁFICO 22 – DECLARE O NÍVEL DE CONHECIMENTO EM INFORMÁTICA

(INICIAL)

2

16

Chart Title

BÁSICO

SEM CONTATO

Page 99: TCC - Terceira Idade

114

GRÁFICO 23 – DECLARE O NÍVEL DE CONHECIMENTO EM INFORMÁTICA

(FINAL)

10

Chart Title

BÁSICO

SEM CONTATO

Na solicitação de declaração sincera do nível de conhecimento em

informática apenas 2 (dois) sujeitos inicialmente declararam “básico”, os demais, na

grande maioria, sem contato algum com o computador. No final do curso todos

declararam o nível de conhecimento básico, e “sem contato” nada registrou,

constando-se, assim, que o objetivo primordial da inclusão digital foi atingido.

GRÁFICO 24 – QUAL CONTEÚDO MAIS LHE INTERESSOU

7

2

1Chart Title

WINDOWS XP

MICROSOFT OFFICE

HARDWARE

Esta questão foi sugerida somente no Questionário de Sondagem Final. O

conteúdo que mais agradou foi o Windows XP, seguido do Microsoft Office e do

Hardware com apenas um voto.

Page 100: TCC - Terceira Idade

115

GRÁFICO 25 – DÊ UMA NOTA DE 1 A 10 PARA: EU COMO ALUNO

1

2

4

2

Chart Title

NOTA 2

NOTA 5

NOTA 6

NOTA 7

A 13ª questão do Questionário de Sondagem Final solicitou a cada

participante que desse uma nota de 1 a 10 para si mesmo, perguntando “Eu como

aluno”, sendo na verdade uma auto avaliação.

Um sujeito não deu nota alguma, comprometendo a pesquisa, e os demais

foram tímidos nas respostas, demonstrando que poderiam ter se dedicado mais.

GRÁFICO 26 – DÊ UMA NOTA DE 1 A 10 PARA: LABORATÓRIO

1

2

4

2

Chart Title

NOTA 7

NOTA 8

NOTA 9

NOTA 10

Acerca das notas sugestionadas ao Laboratório computou-se: uma para

7(sete), duas para 8 (oito), quatro para nove e duas para 10 (dez), demonstrando-se

assim que os participantes aprovaram o Laboratório da UNIUV.

Page 101: TCC - Terceira Idade

116

GRÁFICO 27 – DÊ UMA NOTA DE 1 A 10 PARA: CURSO

6

2

1

Chart Title

NOTA 8

NOTA 9

NOTA 10

Referente às notas destinadas ao curso como um todo, 6 (seis) participantes

votaram 8 (oito), 2 (dois) votaram 9 (nove) e um votou nota 10 (dez), sugerindo-se

assim que o curso atingiu os objetivos, mas que ainda precisa evoluir.

GRÁFICO 28 – DÊ UMA NOTA DE 1 A 10 PARA: PROFESSOR

3

2

1

Chart Title

NOTA 8

NOTA 9

NOTA 10

Page 102: TCC - Terceira Idade

117

GRÁFICO 29 – DÊ UMA NOTA DE 1 A 10 PARA: MONITOR

4

1

4

Chart Title

NOTA 8

NOTA 9

NOTA 10

Os alunos demonstraram aprovação ao trabalho do professor regente e do

monitor, recebendo estes notas acima de 8 (oito). Denota-se que, mesmo aprovados

pela turma, precisam estar em contínuo aprimoramento.

3.8.1 Avaliação

Não se pretende aqui discutir a avaliação sob o ponto de vista pedagógico,

mas sim buscar breves conceitos e fundamentos para que se possa aplicá-la em um

ambiente de laboratório de informática.

A avaliação é uma questão muito crítica na área pedagógica, onde existem

várias correntes com perspectivas diferentes. Divide-se a avaliação sob dois

enfoques: avaliação tradicional e avaliação integral.

Ademais, para uma melhor compreensão do processo de desenvolvimento e

aprendizagem do aluno, pode-se ainda classificar a avaliação sob os domínios da

área afetiva, psicomotora e cognitiva.

No decorrer das aulas, professor e monitor, sob a ótica da avaliação integral,

consideraram alguns objetos na observação de cada aluno:

Page 103: TCC - Terceira Idade

118

Desenvolvimento intelectual; Persistência no desenvolvimento das tarefas; Facilidade de assimilação da matéria; Atitude positiva em relação ao estudo; Pensamento criativo e independente; Tem espírito de solidariedade e cooperação; Observa as normas coletivas da disciplina; Tem interesse e disposição para o estudo; Resolve suas próprias dificuldades; É responsável em relação às tarefas de estudo; Tem iniciativa; Tem presteza para iniciar as tarefas; Apresenta as tarefas no prazo solicitado.As avaliações foram realizadas continuamente, onde foi atribuída uma nota

final a cada aluno, pelo seu desempenho, através de testes, provas e trabalhos

escritos e práticos.

A aplicação da avaliação em laboratório de informática requereu a

construção de uma série de mecanismos que permitam a observação de todos os

passos percorridos pelo aluno, seu grau de cooperação e seu desempenho na

resolução de exercícios, provas e/ou testes.

Ao final de postular cada módulo (Introdução à Informática, Sistemas

Operacionais, Windows XP, Internet, Word, Excel, Power Point, Hardware e Redes),

aplicaram-se exercícios e trabalhos correspondentes, e ainda foi motivo de avaliação

a disciplina, a participação e a assiduidade.

Como se pode observar, a avaliação tem um papel muito importante no

processo de ensino-aprendizagem, pois através dela que acompanha-se e mede-se

a construção do conhecimento do aluno.

Neste trabalho, procurou-se mostrar a necessidade de uma avaliação

pedagógica integral, que leve em conta não somente o desempenho cognitivo, mas

também fatores afetivos.

Page 104: TCC - Terceira Idade

119

4 CONCLUSÃO

No término deste estudo enfatiza-se a importância em poder conhecer e

participar um pouco mais deste universo e o modo de viver de pessoas que estão na

Terceira Idade.

Através do Curso de Inclusão Digital para Terceira Idade pode-se presenciar

o regozijo que sentem os alunos quando recebem o certificado ao concluírem o

curso, causando grande satisfação, pois muitos neste momento relatam que não

tiveram a oportunidade para aprender quando eram mais novos, por acreditarem

que não faria falta saber informática ou por não terem condições financeiras para

pagar um curso.

Considerou-se que as entrevistas e os questionários de sondagem

forneceram todos os dados para responder à questão-problema formulada na

contextualização da pesquisa, assim como os objetivos propostos foram alcançados

no decorrer da investigação.

O presente estudo objetivou compreender como ensinar a informática

básica, o que motiva os grupos da terceira idade a procurarem programas de

inclusão digital; a investigarem quais são os interesses, necessidades e dificuldades

na aprendizagem digital e a documentarem este significado.

A partir dos objetivos da pesquisa, vieram à tona diversos aspectos

referentes à inclusão digital na terceira idade, que foram desvelados a partir da

análise do material como: suas motivações, necessidades, dificuldades, interesses e

o significado da aprendizagem e inclusão digital em suas vidas. Entretanto, as

considerações que são descritas tomaram por base as questões que nortearam a

investigação, que são as seguintes:

1ª Questão: O que motiva sujeitos da terceira idade a procurarem cursos de

inclusão digital?

Para responder a esta questão verificou-se que, a partir das entrevistas e

dos questionários feitos na pesquisa, pode-se observar que a motivação é algo

muito presente na vida dos idosos que procuram cursos para aprenderem

informática e, desta maneira, se incluírem digitalmente.

Page 105: TCC - Terceira Idade

120

Constatou-se que são várias as motivações como: o desejo de aprender

mais ou continuar aprendendo para não serem excluídos, tanto da sociedade como

do núcleo familiar por não falarem e entenderem a linguagem das tecnologias;

superar as dificuldades e dominar o computador, que para eles é saber ligar, enviar

e-mails ou navegar na Internet; melhorar, assim, a relação familiar, intergeracional e

realizar-se pessoalmente aumentando a auto-estima.

Motivar os idosos para que continuem aprendendo mesmo diante de suas

limitações e preconceitos deve ser uma preocupação tanto da família como da

sociedade. Mesmo com tantas perdas físicas, psicológicas e sociais, constatou-se

que muitos idosos estão motivados a incorporar as tecnologias de informação e de

comunicação em suas vidas através de cursos de informática.

Contudo, constatou-se também que para os que fizeram o curso o desafio

está, portanto, na incorporação dessas tecnologias a novos processos de

aprendizagem que oportunizem diversas atividades, que exijam mais investimentos

intelectuais, emocionais e físicos, tentando não simplesmente desenvolver

habilidades, mas o indivíduo em sua totalidade em um processo contínuo, como

uma aprendizagem ao longo da vida visando a uma melhor qualidade de vida para

os idosos, atingindo beneficamente a família e a sociedade como um todo.

2ª Questão: Quais os interesses, necessidades e dificuldades dos sujeitos

na aprendizagem e inclusão digital?

Pode-se perceber que a maioria dos idosos possui interesses, necessidades

e dificuldades comuns em relação à aprendizagem digital. Através de suas

respostas, tanto nas entrevistas como nos questionários, observou-se que os

interesses e as necessidades são: continuar participando da sociedade e romper as

muitas barreiras que eles encontram no caminho, sendo o maior desafio continuar

gestores e protagonistas de suas vidas, sem precisar de auxílio ou ficar na

dependência de terceiros, pois eles não querem se acomodar.

Constatou-se, também, que para os idosos, a importância de saber

informática e navegar na Internet tem a conotação de ir além das fronteiras, sair do

local e conhecer e participar do global, incluindo-se, assim, em uma nova

formatação que a sociedade possui e exige. Dificuldades existem muitas, eles

chegam ao curso pensando que o computador é um ‘bicho-papão’, e se transforma

em um enigma manuseá-lo, porém, a cada aula, vai sendo desmistificada e

desconstruída essa visão que eles têm.

Page 106: TCC - Terceira Idade

121

Uma das principais dificuldades que se constatou foi em relação à memória,

porém, ao longo do curso, eles são orientados a fazerem a repetição dos exercícios

aprendidos em aula ao chegarem em casa, ajudando a memorizar os comandos

para acessar o computador. Outras dificuldades foram: ícones muito pequenos; falta

de coordenação motora para utilizar o mouse; pressionar o teclado com força; as

janelas que são abertas simultaneamente; porém a monitoria ensina como

configurar os ícones para ficar do tamanho desejado; como manusear o mouse de

forma correta; como voltar à janela que se quer sem se perder.

Os idosos que fizeram o curso sabem que um único curso não vai atender a

demanda de que eles necessitam para aprender a lidar com o computador e a

navegar na Internet; assim, pode-se perceber que muitos não param neste curso,

antes mesmo de acabar, procuravam informações junto à monitoria e à coordenação

para saberem onde acontecem outros cursos com o mesmo enfoque, voltados para

a Terceira Idade.

Na ocasião da formatura da turma, a Pró-reitora de Extensão e Cultura

Professora Fahena Porto Horbatiuk, informou aos presentes que a UNIUV estaria

disposta, juntamente com o professor regente, em formar uma nova turma da

Terceira Idade para o ano letivo de 2010, prosseguindo em um curso intensivo de 3

(três) meses, a iniciar em abril.

O prosseguimento do curso no ano seguinte vem a possibilitar seu

aperfeiçoamento, uma vez que já detectadas as principais dificuldades e

contratempos, os planos de aula e os módulos de estudo seriam analisados e

revistos, contaria com os meios publicitários da universidade para divulgação,

acolheria os demais participantes dos grupos da terceira idade, incluindo os grupos

de Porto União – SC, ainda, reforçaria o aprendizado dos alunos remanescentes,

interessados em dar continuidade, e por fim, estenderia os braços a todos aqueles

que ainda não tiveram a oportunidade de incluir-se digitalmente.

Entende-se que, para os grupos de Terceira Idade, que fazem o curso de

Inclusão Digital, saber informática é desmistificar o estereótipo de que os idosos

vivem do e no passado, apesar de todas as barreiras, diferenças e incertezas que os

cercam, sendo que o maior desafio é superar seus próprios limites e preconceitos e

poder provar que, mesmo estando nesta fase, aprende-se, pois eles possuem uma

referência central que é a da ‘vida’ - continuar vivendo de maneira prazerosa,

reinventando a velhice.

Page 107: TCC - Terceira Idade

122

3ª Questão: Como ensinar informática básica a alunos da terceira idade em

estágios diferentes de conhecimento.

Observou-se que muitos idosos que chegam para fazer o curso têm uma

visão negativa em relação a si e ao envelhecimento, como algo que os marginaliza,

portanto muitos têm a preocupação que podem ser descartados por serem

considerados inúteis ou pesos mortos, entretanto desde a palestra motivacional que

é ministrada no decorrer do curso, que se pode passar por esta fase de maneira

muita tranqüila, com auto-estima elevada e produtiva, pois, como todas as outras

fases da vida, esta é mais uma.

Mosquera destaca que “a vida adulta é um enorme desafio, pois de sua

compreensão e equilíbrio depende, em grande parte, a dinâmica das outras

gerações” (1986, p. 357).

Nesse contexto, aprender informática passa a ser uma realização pessoal,

porque muitos trazem uma bagagem carregada de preconceitos e descréditos,

impostos tanto pela família como pelo meio com o qual convivem, mas com novas

motivações conseguem entender que ainda podem aprender e continuar

aprendendo.

Entende-se que, quando não se preparam os idosos para ter acesso às

tecnologias, corre-se o risco de eles se tornarem alienados, dependentes e doentes,

desperdiçando uma excelente oportunidade para que continuem tendo experiências

de aprendizagens enriquecedoras e formadoras.

Deve-se introduzir uma educação ao longo da vida, juntamente com as

tecnologias de informação e comunicação, suas dimensões e tudo o que elas

comportam, pois as interações fazem com que os idosos constituam melhores

conhecimentos dentro de um contexto de desenvolvimento.

Entende-se que cursos de inclusão digital, voltados para o público de

Terceira Idade, com estratégias criativas e atrativas, proporcionam possibilidades

para que construa seu próprio aprendizado, desenvolvendo o poder de iniciativa,

autonomia e aprendendo de forma mais construtiva.

Pode-se dizer que, através desta pesquisa, confirmou-se que mais do que

quaisquer outros indivíduos, neste início de século, deve-se ter a preocupação de

investir na educação dos nossos idosos, dentro das diversas instituições de ensino,

formais ou não, com variadas tecnologias e aprendizagens significativas, com

valores éticos e concretos para suas vidas, pois são eles que precisam de maior

Page 108: TCC - Terceira Idade

123

apoio, nesta fase, fazendo com que a velhice seja vista de forma positiva, da

convivência e da valorização da pessoa idosa por sua história, sabedoria e

contribuição às famílias e à sociedade.

Observou-se que a inclusão digital tem muita teoria e pouca prática. O

correto seria criar e manter um cenário favorável para a população, e não toda vez

que muda as nossas lideranças políticas voltar a “estaca zero”.

Um projeto deste porte tem que haver início, meio e fim, sem demagogia e

egocentrismo partidário, pois a educação não possui recoll. Sobretudo a terceira

idade é uma parcela da sociedade não só excluída digitalmente, mas em várias

esferas da vida cotidiana e do conhecimento.

"Computador Para Todos" é um programa que não tem qualquer iniciativa

voltada para a alfabetização digital. É um projeto governamental totalmente focado

em custos: prevê isenção de tributos para máquinas de razoável valor, facilidades no

financiamento de micros com configuração pré-determinada e acesso subsidiado à

internet. O público alvo dessas máquinas são pessoas que ainda não têm

computadores em suas casas e, sem as facilidades de preço e financiamento, não

teriam condições de comprá-los. As operadoras de telefonia fixa prevêem que 90%

desses novos usuários conectem-se à internet.

Esse tipo de plataforma deve ser adotado em países desenvolvidos e em

desenvolvimento, pois ele vai contra os monopólios. Relacionado à idéia de

democracia e justiça social está o software livre. Não é só grátis, representa o uso

para todos, quebrando a fronteira da exclusão digital.

Basta facilitar a proliferação de computadores, e o ser humano? Senão

souber como usar a ferramenta para obter benefícios, ela servirá apenas para bater-

papo, mandar e-mails e descontrair. Ora, estamos na era do conhecimento, em que

o valor está nas informações de qualidade.

Na pesquisa, ao final dos testes, embora os sujeitos tenham afirmado que

acharam os procedimentos fáceis ou tenham responsabilizado a si pelos erros do

processo, acredita-se que tenham formada uma idéia de que os erros e dificuldades

encontrados durante a tarefa sejam causados por inexperiência e insegurança com

a máquina e com o ambiente.

As respostas finais dadas pelos sujeitos da pesquisa demonstraram que

estes entendem que é papel do usuário adaptar-se à tecnologia, em vez de, como

afirma Norman (1988), a tecnologia adaptar-se às necessidades do usuário.

Page 109: TCC - Terceira Idade

124

Conforme afirma Kashar (2001), o declínio das funções orgânicas que

caracteriza a terceira idade, embora não impeça que o idoso construa

aprendizagens com relação às tecnologias, torna necessário observar suas

necessidades especiais de aprendizagem.

Visando atender essas necessidades específicas, tanto no que concerne ao

declínio das funções orgânicas quanto às características culturais e históricas,

procurou-se atender cada aluno com a atenção que lhe é devida e merecedora.

Encerrando esta pesquisa, constatou-se que estar incluído digitalmente é

muito significativo e é uma necessidade urgente para as pessoas que estão na

Terceira Idade, pois eles não querem perder mais tempo: querem entrar no mundo

virtual e compreender todas as suas possibilidades. Entretanto, incluir-se

digitalmente não se trata de uma tarefa simples, uma vez que a sociedade não é um

bloco homogêneo, mas composto de grupos plurais com interesses, necessidades,

motivações, crenças e valores diferenciados.

Diante disso, não se pode ser neutro, uma vez que, em um mundo tão

conturbado, desafiador e competitivo, tem-se a obrigação de cuidar, motivar nossos

idosos para que, no alvorecer de suas vidas, suas aprendizagens possam ser

reencantadas e suas vidas sejam mais florescentes e, assim, continuem dando

frutos em todos os aspectos.

Assim, vistos os aspectos aduzidos e aprimorados, os indivíduos

participantes da pesquisa, se empenharam e chamaram para si a responsabilidade

da inclusão digital da terceira idade, despertando nesta parcela oprimida da

sociedade, novos horizontes, agora digitais.

Page 110: TCC - Terceira Idade

125

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Page 116: TCC - Terceira Idade

131

ANEXOS

Page 117: TCC - Terceira Idade

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LISTA DE ANEXOS

1 – CONTRATO DE ESTÁGIO .............................................................................. 133

2 – RELATÓRIOS DE ESTÁGIO ........................................................................... 134

3 – QUESTIONÁRIO DE SONDAGEM INICIAL .................................................... 138

4 – QUESTIONÁRIO DE SONDAGEM FINAL ....................................................... 140

5 – QUESTIONÁRIO DA ENTREVISTA ................................................................ 142

6 – 1ª AVALIAÇÃO SEMESTRAL .......................................................................... 144

7 – 2ª AVALIAÇÃO SEMESTRAL .......................................................................... 146

8 – LISTA DE CHAMADA ....................................................................................... 148

9 – CONVITE DE FORMATURA ............................................................................ 149

10 – CERTIFICADO DE CONCLUSÃO ................................................................. 151

11 – MATERIAL DE DIGITAÇÃO DISTRIBUÍDO ................................................... 153

LISTA DE ANEXOS - DVD

12 – INFORMÁTICA BÁSICA ................................................................................. 155

13 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE .................................................................... 155

14 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – AVALIAÇÕES ......................................... 155

15 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – CONTRATO ............................................ 155

16 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – ENTREVISTAS ....................................... 155

17 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – FORMATURA ......................................... 155

18 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – FOTOS ................................................... 155

19 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – PLANOS DE AULA ................................. 155

20 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – PROJETO DE ESTÁGIO ........................ 155

21 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – QUESTIONÁRIOS .................................. 155

22 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – RELATÓRIOS ......................................... 155

23 – ESTÁGIOS - TERCEIRA IDADE – VÍDEOS .................................................. 155