TCC Roberto R11.pdf
-
Upload
roberto-bastos -
Category
Documents
-
view
85 -
download
1
Transcript of TCC Roberto R11.pdf
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA ENSINANDO E APRENDENDO
UMA VISÃO LEAN SOBRE OS RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
ROBERTO CABRAL BASTOS
FORTALEZA - 2012
ii
ROBERTO CABRAL BASTOS
UMA VISÃO LEAN SOBRE OS RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Monografia apresentada para obtenção dos
créditos da disciplina Trabalho de Conclusão de
Curso do Centro de Ciências Tecnológicas da
Universidade de Fortaleza, como parte das
exigências para graduação no curso de
Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Msc. Wandemberg Tavares Jr.
Co-orientador: Msc. Marcos de Vasconcelos Novaes
FORTALEZA - 2012
iii
UMA VISÃO LEAN SOBRE OS RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Roberto Cabral Bastos
PARECER: ______________________________
Data: ___/___/_______
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________
Prof. Wandemberg Tavares Jr. M.Sc.
(Orientador)
___________________________________
Eng. Marcos de Vasconcelos Novaes M.Sc.
(Co-orientador)
___________________________________
Prof. Gulielmo Viana Dantas M.Sc.
(Examinador)
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus por me dar dádivas de poder recomeçar a vida profissional e por me fazer
quem eu sou, estou.
A minha linda e maravilhosa filha Lia, só por ela existir.
A minha tia Gilka Bastos (Tiinha), que continuou a vocação de meu avô Napoleão,
incentivando nos estudos e dando todo o apoio necessário a uma boa formação, não só para
mim como para toda a família.
A paciência e carinho demonstrado por minha namorada Maritza, neste período de
retorno aos estudos, além do incentivo nesta jornada dupla trabalho e estudo.
Aos meus pais que me transmitem experiências e ensinamentos ao longo da vida,
favorecendo o meu crescimento pessoal.
A meu orientador, Wandemberg, pelo aprendizado e apoio durante toda a monografia.
Ao meu co-orientador, Marcos Novaes, por sua paciência em ensinar-me e por
transmitir-me seus conhecimentos de maneira tão fabulosa dia a dia.
A Novaes Engenharia que possibilitou a elaboração deste estudo e cedeu parte do
tempo inerente a este trabalho.
A C Rolim Engenharia através de seu diretor Alexandre Mourão e da Eng. Caroline
Valente que possibilitou o estudo de caso, oferecendo todo o apoio necessário.
v
“Eu não procuro saber as respostas, procuro
compreender as perguntas.”
Confúcio
vi
RESUMO
A Indústria da Construção Civil possui peculiaridades que a diferencia das demais. A
competitividade no setor da construção civil exige das empresas investir na melhoria continua
de seus processos assim como a redução de desperdícios que aumentam os custos sem agregar
valor. Os resíduos sólidos urbanos se constituem em um grande problema. Este trabalho
apresenta uma aplicação do conceito Lean no gerenciamento de resíduos da construção civil.
O embasamento teórico desta pesquisa teve como foco os conceitos sobre Lean Construction
e gestão de resíduos na construção civil. O estudo de caso foi realizado em uma empresa
construtora cearense que aplica os princípios Lean nas suas obras. A pesquisa e investigação
sobre técnicas de reuso, reciclagem e redução dos materiais empregados, as ferramentas da
produção enxuta, a diminuição de processos manuais no canteiro de obra industrializando e
terceirizando, justificam o desenvolvimento do presente trabalho, que se propõe a colaborar
com o setor da construção civil, buscando contribuir com o processo de gerenciamento de
resíduos sólidos de obras.
Palavras-chave: Lean; Construção enxuta; Resíduos.
vii
ABSTRACT
The Construction Industry has peculiarities that differentiate it from the others. The
competitiveness in the construction industry requires companies to invest in continuous
improvement of its processes and reducing waste that increase costs without adding value.
The management solid waste (MSW) constitute a major problem. This monograph presents an
application of Lean in construction waste management. The theoretical basis of this research
focused on the concepts of Lean Construction and waste management in construction. The
case study was conducted in a brazilian construction company from Ceará that implements
Lean principles on it´s work. The research and investigation techniques of reuse, recycling
and reduction of materials used, the tools of lean production, reduction of manual processes in
construction site, industrializing and outsourcing, justify the development of this work, which
proposes to collaborate with industry construction, seeking to contribute to the process of
solid waste management works.
Keywords: Planning, Lean, Lean Construction, Waste.
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Imagem Container .............................................................................................. 23
Figura 3.1 – Imagens ilustrativas das torres ............................................................................ 30
Figura 3.2 – Imagem Área de Lazer ........................................................................................ 30
Figura 3.3 – Imagem Percentual de Planejamento Cumprido ................................................. 32
Figura 3.4 – Imagem Painel Kanban ....................................................................................... 33
Figura 3.5 – Imagem Formulário de ocorrências .................................................................... 36
Figura 3.6 – Imagem Painel Andon ......................................................................................... 36
Figura 3.7 – Gráfico de acompanhamento da altura de resíduos em cm ................................. 41
Figura 3.8 – Simulação da torre de containers ........................................................................ 42
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Distâncias no canteiro de obras .......................................................................... 35
Tabela 3.2 – Tipo de resíduos por fase de obra ....................................................................... 38
Tabela 3.3 – Classificação dos resíduos sólidos da obra ......................................................... 39
Tabela 3.4 – Programa 5S ........................................................................................................ 40
ix
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ viii
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... viii
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1 Considerações Iniciais ................................................................................................. 1
1.2 Justificativa .................................................................................................................. 2
1.3 Objetivo ....................................................................................................................... 3
1.4 Metodologia ................................................................................................................. 4
1.5 Estrutura do Trabalho .................................................................................................. 4
2 EMBASAMENTO TEÓRICO ........................................................................................ 5
2.1 Peculiaridades da Construção Civil, subsetor Edificações .......................................... 5
2.2 Gestão de Materiais e Suprimentos na Construção Civil ............................................ 8
2.3 A Filosofia Lean Construction .................................................................................. 11
2.4 Resíduos na Construção Civil .................................................................................... 22
3 ESTUDO DE CASO ....................................................................................................... 27
3.1 Metodologia de pesquisa ........................................................................................... 27
3.2 Descrição da Empresa Pesquisada ............................................................................. 28
3.3 Obra Analisada .......................................................................................................... 29
3.4 Aplicação do Lean à Obra Analisada......................................................................... 31
3.5 Considerações Finais deste Capítulo ......................................................................... 40
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 45
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 48
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações Iniciais
O Brasil está vivenciando crescimento em toda área industrial, com ênfase ao
setor da indústria da construção civil. Segundo o DIEESE (2010), até o ano de 2003, o cenário
da construção civil nacional vivenciou um período de instabilidade, caracterizado pela falta de
incentivo, pela tímida disponibilidade de recursos e por uma inexpressiva presença de
financiamento imobiliário. A partir de 2004, o setor começou a dar sinais de expansão, com o
aumento dos investimentos em obras de infraestrutura e em unidades habitacionais, inclusive
superando as taxas negativas de crescimento em 2009, devido à crise econômica financeira
internacional.
Sondagem Nacional da Indústria da Construção Civil (2011), salienta que a
perspectiva é que a construção civil continue em expansão devido a necessidade de combater
o déficit habitacional e a precária infraestrutura existente, ao Programa Minha Casa Minha
Vida, o Programa de Aceleração do Crescimento e os investimentos necessários para
recepcionar os eventos esportivos de 2014 (Copa do Mundo de Futebol) e 2016 (Olimpíadas),
que terão parcela significativa no crescimento do setor neste período.
Segundo Sondagem Nacional da Indústria da Construção Civil (2011), a
construção continuará um dos principais mercados garantidores do padrão econômico de
crescimento do país.
De acordo com dados da Câmara Brasileira de Indústrias da Construção (CBIC,
2011), a robustez do desempenho da construção civil evidenciou-se por fatores como:
crescimento do produto interno bruto (PIB) setorial acima de 11%, expansão do crédito
imobiliário, recorde de trabalhadores com carteira assinada no setor entre outros. Boletim
estatístico emitido pela CBIC (2012) mostra que a média de pessoas ocupadas, em 2011, na
Construção Civil foi 1,72 milhões e, nos dois primeiros meses de 2012, aumentou para quase
1,76 milhões de pessoas. O financiamento imobiliário com recursos do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS) e da Poupança teve um acréscimo de cerca de 10,4% e 42,21%,
respectivamente, comparados com o ano de 2010. Ainda segundo o mesmo documento, a taxa
2
real de crescimento da construção civil em 2011 foi de 3,6%, correspondente a 5,8% do Valor
Adicionado Bruto total do Brasil.
Os investimentos na área habitacional e infraestrutura foram os grandes
responsáveis pela aceleração do setor.
O setor da construção civil tem uma capacidade de gerar rapidamente grande
crescimento na economia, criando receitas diretamente e indiretamente através de
fornecedores. Este efeito multiplicador na economia espalha-se por setores fornecedores de
matérias primas chegando até a indústria de alta tecnologia, como desenvolvedores de
softwares e hardwares que atendem a demanda de gerenciamento cada vez mais dinâmica da
engenharia.
O que o define como setor chave, ou de grande importância estratégica é seu
tamanho e o impacto direto na economia, assim como sua importância indireta para o
desenvolvimento, ampliando infraestruturas de portos, rodovias, energia e comunicação, entre
outros, facilitando as condições para os outros setores escoar, aumentar, expandir suas
produções.
Portanto a importância social do setor é tão ou mais importante que a importância
econômica, a Construção Civil é o maior gerador de empregos no país, de acordo com a
CONSTRUBUSINESS (2011), 6,9 milhões de pessoas ocupadas na construção civil em 2009
passará para 10,2 milhões de pessoas em 2022, ou seja, abertura de 3,3 milhões de novos
postos de trabalho. Esta grande demanda de mão de obra mostra que o setor tende para uma
produção artesanal. O aumento do desperdício de insumos e por consequência a criação de
resíduos sólidos é tendencialmente alto com o processo de produção artesanal.
1.2 Justificativa
A construção civil, de acordo com Silva (2008), é uma indústria bastante
artesanal, que depende sobremaneira da mão de obra empregada, sendo esta muitas vezes não
especializada. Essa deficiência ocasiona baixa produtividade, aumentando os prazos de
produção e comprometendo a qualidade. Assim o absenteísmo aumenta este grande problema.
Esse termo originou-se da palavra “absentismo” aplicado aos proprietários rurais que
abandonavam o campo para viver na cidade. No período industrial, esse termo foi aplicado
aos trabalhadores que faltavam ao serviço (QUICK e LAPERTOSA, 1982).
3
Estudos citados por Lee e Eriksen (1990) indicam que o absenteísmo é
inversamente proporcional à satisfação no trabalho, e a ausência pode ser considerada uma
forma de se afastar de pequenas situações indesejáveis.
De acordo com Novaes (2012, p.24) “Em números gerais e abrangendo toda a
cadeia do setor, a construção civil é responsável por 21% do uso da água; 25% das emissões
de gases que contribuem para o efeito estufa; 42% do consumo de eletricidade e 65% de todos
os resíduos gerados”.
Estas observações deixam em cheque toda a cadeia de produção da construção,
por depender claramente sua produtividade da mão de obra e sendo uma das atividades que
mais consome recursos naturais em toda a sua linha produtiva.
O aumento da exigência dos clientes, a maior preocupação com o meio ambiente,
a busca maior de lucratividade dos investidores e a competitividade do mercado estão levando
as empresas a investirem no gerenciamento de seus projetos de forma mais específica, gerindo
entre outras coisas os resíduos sólidos na construção civil, reduzindo os desperdícios físicos,
como de processos, transportes e armazenamentos. Como ajuda a estas práticas várias
empresas estão aplicando ferramentas japonesas com maior intensidade, no dia a dia
profissional, nas obras e internamente em seus escritórios, visando à transparência dos
processos e a maior competitividade junto ao mercado (NOVAES e MOURÃO 2008).
No intuito de colher bons exemplos empregados no canteiro de obra estudado, que
poderão servir de referência, ou influenciar, empresas do ramo da Construção Civil a replicá-
los em suas obras, assim aprimoramento cada vez mais estas técnicas, e através do
Benchmarketing ajudar a desenvolver a indústria da construção.
1.3 Objetivo
Apresentar uma aplicação prática da filosofia Lean no gerenciamento de resíduos
da construção civil.
4
1.4 Metodologia
A metodologia utilizada na presente pesquisas está assim constituída:
Realização de pesquisa bibliográfica enfocando os temas Lean Construction
(produção enxuta) e gestão de resíduos na construção civil;
Desenvolvimento de um estudo de caso em uma construtora cearense;
Análise dos resultados obtidos.
1.5 Estrutura do Trabalho
Este trabalho apresenta a seguinte estruturação:
Capítulo 1 tem as considerações iniciais, a justificativa, o objetivo e a
metodologia de pesquisa;
Capítulo 2 aborda o embasamento teórico da pesquisa;
Capítulo 3 descreve o estudo de caso realizado em uma empresa construtora
em Fortaleza-CE;
Capítulo 4 disserta sobre os resultados obtidos e as considerações finais.
5
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
2.1 Peculiaridades da Construção Civil, subsetor Edificações
A Construção Civil é dividida basicamente em dois setores Construção pesada e
Construção leve, e estes subdivididos em diversos segmentos, tais como: estradas, portos,
aeroportos, túneis, barragens, edifícios, etc. Segundo o BNDES, Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, (BNDES, 2010) subdivide a Construção Civil nos
subsetores de Materiais de Construção, Edificações e Construções Pesadas, no presente
trabalho será focado o estudo em Edificações.
A cadeia do mercado imobiliário no Brasil produz por ano 215 bilhões de reais. O
subsetor de edificações consome insumos diversos, valendo resaltar entre eles: 51 milhões de
toneladas de cimento, 100 milhões de metros quadrados de pisos e revestimentos, 03 milhões
de portas de madeira, 220 milhões de litros de tinta. Tendo um gasto anual de 10 bilhões de
reais em aço, 2,5 bilhões de reais em material elétrico e 1,5 bilhões de reais em vidros
(OSCAR, 2012).
A grande importância social da construção deve a imensa absorção da mão de
obra do setor e o poder da criação dos empregos. A contratação do trabalho na construção
civil não é realizada por seleção e treinamento formal, na maioria dos casos, e com isto, as
empresas acabam submetendo o organizacional aos hábitos provenientes da cultura de seus
operários mais antigos e a hierarquia de poder estabelecido no interior das obras, centralizadas
6
muitas vezes por mestre de obras, pedreiros e serventes, práticos, sem treinamento formal, que
aprenderam dia a dia suas funções, muitos com baixa escolaridade e um sentimento avesso a
mudanças, que os tirariam da zona de conforto que se encontram (OSCAR, 2012).
Os dados mostram que, entre 2004 e 2009, enquanto o mercado formal de
trabalho no Brasil cresceu 31,2% no que se refere ao número de novas ocupações, o mercado
da engenharia expandiu em 39,6%, segundo dados disponibilizados pelo Ministério do
Trabalho (DIEESE, 2011).
Em termos percentuais, a liderança da geração de empregos coube ao setor de
Construção Civil, com a geração de 376,6 mil postos, obteve a maior taxa de crescimento
dentre os setores de atividade econômica 17,66%, seguido do Comércio, com aumento de
689,3 mil postos ou 8,96%, Serviços teve criação de 1.109,6 mil postos de trabalho,
representando um crescimento da ordem de 8,38%, da Indústria de Transformação, com a
criação de 524,6 mil postos 7,13%. Esse excelente desempenho da Construção Civil deu
continuidade ao dinamismo observado nos últimos anos, decorrente de ações implementadas
pelo governo de estímulo ao setor, destacando-se as operações de crédito do sistema
financeiro com recursos direcionados (MTE, 2010).
Segundo boletim da CBIC (2012) demonstra que a média de ocupação de pessoal,
em 2011, na Construção Civil foi 1,72 milhões e nos dois meses iniciais de 2012, janeiro e
fevereiro, essa média quase atinge 1,76 milhões de pessoas. O financiamento imobiliário com
recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e da Poupança teve um
acréscimo cerca de 10,4% e 42,21%, respectivamente, comparados com o ano de 2010. Ainda
segundo o mesmo documento, a taxa real de crescimento da construção civil em 2011 foi de
3,6%, correspondente a 5,8% do Valor Adicionado Bruto total do Brasil.
A engenharia é uma profissão eminentemente masculina, segundo demonstram os
dados da RAIS no período 2004-2009. Entretanto, é possível notar um crescimento contínuo
da participação das mulheres nas ocupações da engenharia. No Brasil, a participação das
mulheres evoluiu de 14,4% em 2004 para 16,2% em 2009, 1,8 ponto percentual maior,
conforme (DIEESE, 2011).
A Indústria da Construção Civil movimenta de maneira direta a economia de um
país, sendo um dos principais responsáveis pela expansão do PIB nacional, gerando emprego
e renda. Como indicado pelo Informativo Econômico, Construção Civil: Desempenho e
7
Perspectivas da CBIC (2011), o setor da construção civil continuará crescendo. Tal
crescimento será representado pelos eventos esportivos que serão sediados no Brasil, como a
Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, pela deficiência na infraestrutura do país,
pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, devido ao grande déficit habitacional, pelo aumento
de renda da população, com ênfase ao crescimento da Classe C e pelos investimentos do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). De acordo com o Banco Central (2011)
apud CBIC (2011), o crédito imobiliário corresponde a cerca de 5% do PIB nacional e, a
Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip, 2012)
demonstra que haverá um aumento no financiamento imobiliário, sendo previsto, para 2014,
que esse valor seja de 11%.
Segundo Silva (2008), a Indústria da Construção Civil possui peculiaridades que a
diferencia das demais, como:
Produto fabricado no próprio local onde será utilizado: A fábrica da construção
é móvel, assim, é necessário que os recursos humanos e materiais se desloquem
até o local onde será feita a obra;
Intensiva mão de obra: É uma indústria bastante artesanal, que depende da mão
de obra empregada, sendo esta muitas vezes não especializada, que ocasiona
baixa produtividade, aumentando os prazos de produção e comprometendo a
qualidade;
Exposição a fatores climáticos: A ocorrência de chuvas podem reduzir os
níveis de produção e impedir a execução dos serviços;
Convergência dos fluxos de produção dentro do canteiro: É necessário um
maior esforço de planejamento para que um serviço não atrapalhe outro.
Particularmente na Construção Civil um produto não é igual ao outro, ou seja,
cada obra tem suas especificidades, fundações diretas ou indiretas, paredes em alvenaria ou
em gesso, esquadrias de alumínio ou madeira, fachadas ventiladas ou assentadas com
argamassa, pisos e paredes com diversos revestimentos, entre outras diferenciações. Ainda no
seu processo produtivo, apresenta locais de trabalho variados e temporários, os canteiros
possuem arranjos, layouts diferentes com peculiaridades para cada obra, a produção quase
8
sempre artesanal, que tendem a serem produzidas em partes devido as diferentes fases da obra
tornando cada empreendimento único.
Essas diferenciações servem de motivo para que as empresas queiram empregar
novas técnicas operacionais e gerenciais, pois a grande competitividade do setor, a carência de
mão de obra qualificada, a alta rotatividade, a baixa mecanização dos processos envolvidos na
produção, a falta de comprometimento do terceirizado quanto a prazos e por vezes qualidade,
entre outros interferem diretamente na qualidade da obra, pontualidade na entrega das
edificações e na lucratividade da empresa. Assim as empresas construtoras de edificações,
precisam desenvolver estratégias de produção que contemplem o alto grau de exigência do
mercado, reduzindo seus custos para não correr o risco de ter seus produtos com preços acima
da média mercadológica (OSCAR, 2012).
2.2 Gestão de Materiais e Suprimentos na Construção Civil
A visão moderna de compras está relacionada com o sistema logístico
empresarial, como atividades irmãs envolvidas em ações homogêneas, essas atividades estão
voltadas para a finalidade comum de operação lucrativa que é manter a competitividade no
mercado. Compras não é uma atividade fim em si, mas uma atividade de apoio fundamental
ao processo produtivo, suprindo com todas as necessidades de materiais. Compras também é
um excelente e primordial sistema de redução de custos de uma empresa, por meio de
negociações de preços, na busca de materiais alternativos e de incessante desenvolvimento de
novos fornecedores (POZO, 2002).
De acordo com Ballou (2004), a atividade empresarial cria quatro tipos de valor
ao produto ou serviço: Forma, tempo, lugar e posse. Dos quatro, dois tem haver diretamente
com o gerenciamento da cadeia de suprimentos tempo e lugar, basicamente relacionados com
transporte, a forma, transformação de insumos em resultados, como esta incluída na produção
e umas das funções do gerenciamento inclui a verificação da produção, podemos assim
afirmar que três dos quatro tipos de valor agregado, estão dentro da logística, ficando apenas a
posse por parte do Marketing, engenharia e finanças que cria a necessidade no consumidor de
adquirir o produto por meio de publicidade, suporte técnico e preço.
9
Segundo o mesmo autor, a cadeia de suprimentos abrange todas as atividades
relacionadas com o fluxo e transformação de mercadorias, desde o estágio da matéria prima
até o usuário final, bem como seus respectivos fluxos de informação. Materiais e informações
fluem tanto pra baixo como para cima na cadeia de suprimentos, caberá ao setor de
administração de estoques o controle das disponibilidades e das necessidades totais do
processo produtivo, envolvendo não só os almoxarifados de matérias primas e auxiliares,
como também os intermediários e os produtos acabados. Seu objetivo não é deixar faltar
material no processo de fabricação, evitando alta imobilização aos recursos financeiros.
Embora isso pareça contraditório, as modernas filosofias japonesas mostram como conciliar
perfeitamente tal situação.
A construção civil, ao longo dos anos, não deu a devida importância às questões
relacionadas com suprimentos. Essas questões sempre foram colocadas num patamar que não
condiziam com sua relevância. A preocupação dos gestores era, basicamente, com a área
técnica-estrutural em detrimento da área de suprimentos, ou seja, negligenciou-se o
gerenciamento do fluxo de suprimentos. Não acompanhou a evolução sentida na cadeia
produtiva de outros setores da indústria, conviveu sempre com o desperdício e a improvisação
dentro do seu ambiente construtivo. Isso pode ser entendido pelo fato de seus principais
subsetores, edificações e construção pesada, apresentarem características de competitividade
que conduziram a essa situação. A gestão de materiais compreende um grande número de
itens e serviços que interagem ou não entre si, que visam suprir as necessidades das empresas
da Construção Civil (BARBOSA, MUNIZ e SANTOS, 2007).
O termo controle de estoques, dentro da logística, é em função da necessidade de
estipular os diversos níveis de materiais e produtos que a organização deve manter, dentro de
parâmetros econômicos. Esses materiais e produtos que compões os estoques são: matéria
prima, material auxiliar, material de manutenção, material de escritório, material e peças em
processo e produtos acabados. E a razão pela qual é preciso tomar uma decisão acerca das
quantidades dos materiais a serem mantidos em estoques está relacionada com os custos
associados tanto ao processo como aos custos de estocar. A função principal da administração
de estoques é maximizar o uso dos recursos envolvidos na área logística da empresa (POZO,
2002).
Armazenagem e manuseio de mercadorias são componentes essenciais do
conjunto de atividades logísticas. Seus custos podem absorver de 10 a 40 % das despesas
10
logísticas de uma empresa. Contrariamente ao sistema de transporte, que ocorre de locais
diferentes e tempos diferentes, a armazenagem e o manuseio dos materiais, acontecem em
locais fixos. Portanto os custos dessas atividades estão diretamente associados a estes locais.
Em razão destes intervenientes, os custos de armazenagem devem ser tratados em conjunto
com as variáveis que afetam a produção para obtermos o menor custo total logístico.
Buscando reduzir os custos produtivos, com melhor dimensionamento da produção utilizando
os estoques que atendem a demanda, podendo reduzir custos de transportes, permitindo o uso
de quantidades econômicas para envio (POZO, 2002).
O setor de suprimentos é responsável pela gestão de materiais na Construção
Civil, para isso, o planejamento e o gerenciamento são elementos fundamentais a execução de
um empreendimento, da aquisição de um material, passando pela contratação de um serviço,
todos estes processos terão que ser planejados com antecedência prévia e gerenciados
(acompanhados) na sua cadeia, eliminando possíveis gargalos ou paradas na produção, para
não interferir no andamento da obra. O objetivo maior da administração de materiais é prover
o material certo, no local de produção certo, no momento certo e em condições de utilização
ao custo mínimo para a plena satisfação do cliente, interno ou externo. (MARTINS, 2001)
O planejamento da produção é um conjunto de ações que objetiva direcionar o
processo produtivo da empresa e coordená-lo com os pedidos do cliente, assim o
planejamento terá duas etapas importantes: a programação e o controle da produção. O PCP é
um sistema de transformações e comunicações entre marketing, engenharia, fabricação e
materiais, sendo manuseadas as informações a respeito das vendas, linhas de produto,
capacidade produtiva, potencial humano, estoques existentes e previsões para atender às
necessidades de vendas (TUBINO, 2000).
Algumas empresas de Construção Civil não atentaram para esta realidade, existe
desconhecimento dos processos, por parte de várias construtoras, para uma gestão correta da
cadeia de suprimentos, impactando diretamente em custo, prazo, qualidade e risco. Faz se
necessário que a cadeia de suprimentos seja da forma correta, para um melhor abastecimento
da obra sem onerar mais que o necessário este processo.
11
2.3 A Filosofia Lean Construction
Segundo Howell (1999), Lean Construction tem o objetivo de melhor atender às
necessidades do cliente enquanto utiliza menos de tudo. Mas, ao contrário da prática atual, a
construção enxuta repousa sobre princípios de gestão da produção. O resultado é um novo
conceito podendo ser aplicado a qualquer tipo de construção.
Na Indústria da Construção Civil, um marco foi criado pela publicação do
trabalho Application of the new production philosophy in the construction industry por Lauri
Koskela (1992) do Technical Research Center (VTT) da Finlândia, a partir foi criado o IGLC
- International Group for Lean Construction, focado na adaptação e quebra de paradigmas no
setor da construção civil mundial (FORMOSO, 2002).
A produção enxuta foi desenvolvida pela Toyota liderada pelo engenheiro Ohno.
Uma pessoa dedicada à eliminação de resíduos. O termo Lean foi cunhado pela equipe de
pesquisa que trabalhava na produção de automóveis para refletir tanto a natureza de redução
de resíduos do Sistema Toyota de Produção e contrastá-la com a forma artesanal de fabricação
e com as formas de produção em massa. O Engenheiro Ohno deslocou a atenção para o
sistema de produção com foco estreito da produção artesanal, na produtividade do trabalhador
e na produção em massa, mecanizada. A partir de esforços para reduzir o tempo de
configuração (Setup) de máquina e influenciado pela TQM, ele desenvolveu um simples
conjunto de objetivos para o desenho do sistema de produção: Produção de um carro para as
exigências de um específico cliente, entregar imediatamente, e não manter estoques
intermediários (HOWELL, 1999).
De acordo com o mesmo autor os resíduos são definidos pelos critérios de
desempenho no sistema de produção. O não cumprimento dos requisitos específicos de um
cliente é desperdício, como é tempo além do necessário para a criação de um estoque que não
será utilizado no momento. Uma xícara de café da manhã serve como um exemplo. A entrega
imediata é possível, mas teremos estoque intermediário de café na garrafa e o cliente terá que
se contentar com o que tem, não atendendo suas expectativas, como um capuccino com um
pouco mais de canela.
Onde os gestores americanos viram eficiência, Ohno viu resíduos em cada turno.
Ele entendeu que a pressão para manter cada máquina rodando a produção máxima levou a
12
extensos estoques intermediários que ele chamou de "Resíduos da produção empurrada."
Foram encontrados vários defeitos em séries que passaram pela linha de produção. Estes
defeitos puxam para baixo o fluxo de trabalho deixando carros completos repletos de defeitos
embutidos. Quanto à abordagem americana era destinada a manter as máquinas em
funcionamento e a linha a mover-se para minimizar o custo de cada peça e do carro, o projeto
do Engenheiro Ohno tinha um sistema de critérios para estabelecer um padrão multi
dimensionados de perfeição que impediu a sub otimização e promoveu as melhorias
contínuas. (WOMACK, 1998)
Tempo de entrega mínimo é exigência dos consumidores, então as empresas
deverão desprender mais esforços para atender esta demanda sem gerar estoques, entregar o
que o cliente quer na hora que ele quiser e como pedido.
Retrabalho, devido a erros, não podem ser tolerados, uma vez que reduz o
rendimento. E coordenar a chegada de peças atribuídas a um carro particular seria impossível
se o movimento do carro não for confiável. (HOWELL, 1999)
Engenheiro Ohno foi mais longe, dando autonomia aos trabalhadores para parar a
linha (migrando para o uso do Andon) se percebessem um defeito na peça ou produto durante
sua fabricação, no processo americano só o gerente poderia parar a produção, assim
trabalhando para eliminar o retrabalho. Parar a linha, Ohno reconheceu que a redução do
custo ou o aumento da velocidade pode aumentar a quantidade dos resíduos, já que a
variabilidade do produto foi colocada no fluxo de trabalho pela Melhoria Continua (JORGE
JUNIOR, 2003).
Exigir que os trabalhadores parassem a linha, é uma tomada de decisão
descentralizada. Ele aprofundou mais ainda, quando ele substituiu o controle centralizado de
inventário por um simples sistema de cartões (Kanban), que sinalizavam antes e depois da
demanda sobre a quantidade em estoque. Com efeito, uma estratégia de controle de estoque
foi desenvolvida, que substituiu a produção empurrada pela produção puxada. Menor estoque
emperrado, menos capital de giro empregado e diminui o custo das alterações de projeto
durante a fabricação. Grandes estoques são necessários para manter a produção em sistemas
de produção empurrada, porque eles são incapazes de lidar com incertezas no sistema de
produção, e grandes estoques elevam o custo (HOWELL, 1999).
13
Ohno também descentralizou o gerenciamento do chão de fábrica, colocando as
informações do sistema de produção visível (transparência) para todos os envolvidos com a
produção. A transparência permitiu que as pessoas se envolvessem nas decisões de apoio aos
objetivos e reduziu as necessidades de uma gestão mais sênior e central (SHINGO, 1996).
Toda a filosofia Lean ou Sistema Toyota de produção foi desenvolvida nas
fábricas, só depois de algum tempo a Academia resolveu estudar o processo e começou a
alimentar com novas ideias esta nova filosofia.
Como ele veio a compreender melhor as demandas de produção, de resíduos na
fabricação, ele se voltou para o processo de projeto e estudou as cadeias de abastecimento.
Em um esforço para reduzir o tempo para conceber e produzir um novo modelo, a concepção
do processo de produção foi cuidadosamente avaliado. Transferindo para os fornecedores
dados para atender projetos e critérios de produção. Novos contratos comerciais foram
desenvolvidos que deu aos fornecedores o incentivo para, continuamente, reduzir o custo de
seus componentes e de participar na melhoria global do produto e processo de entrega. Toyota
era um cliente exigente, mas ele ofereceu aos fornecedores apoio contínuo de melhoria
(HOWELL, 1999).
Este método de produção, que é o mais eficiente da historia, não nasceu da
inspiração de um único individuo. Pelo contrário, foi evoluindo para o estado presente através
de décadas de sustentação e um alto nível de atividades de melhoria continua. A eficiência da
Toyota não se limita somente ao chão de fábrica, mas também envolve o desenvolvimento de
produto, protótipo, teste e todas as outras operações do negócio. Fabricantes de todo o mundo
têm implementado as práticas da Toyota e tiveram até algum sucesso. No entanto, diferente da
Toyota, a maioria do sucesso está confinado no chão de fábrica e pouco no restante da
empresa (SOBEK, JIMMERSON 2005).
Segundo Howell (1999), a produção enxuta continua a evoluir, mas a estrutura
básica é clara. Projetar um sistema de produção que vai entregar um produto personalizado
instantaneamente, em ordem, mas sem manter estoques intermediários.
Os conceitos incluem:
• Identificar e agregar valor para o cliente:
• Identificar e eliminar qualquer coisa que não agregue valor;
14
• Organizar a produção como um fluxo contínuo;
• Aperfeiçoar o produto e criar fluxos confiáveis;
• Perseguir a perfeição: Entregar, no fim, um produto que cumpra os requisitos do
cliente com zero de estoque.
Produção enxuta pode agora ser entendida como uma nova forma de fazer coisas
diferentes em massa, seria assim, como na forma de produção artesanal, mas com os objetivos
e técnicas aplicadas na fabricação em massa, nos projetos e ao longo da cadeia de
abastecimento.
A Produção Enxuta, tem o objetivo de otimizar o desempenho do sistema de
produção, para um padrão de perfeição, atendendo às necessidades exclusivas do cliente.
Antes disto na construção Civil não se tinha esta visão e basicamente como Vidal
(1989) afirma a seguir, que a inovação tecnológica na construção, seguindo o projeto
arquitetônico, sistemas construtivo e a organização do trabalho, pode ser sistematizada em
três. A primeira seria uma opção técnica por ciclo fechado, modelo Taylor-Fordista na esfera
organizacional do trabalho. A segunda caracteriza-se por uma opção técnica em ciclo aberto,
processo de divisão espacial da produção que não avançou em organização do trabalho. A
terceira geração pode ser representada por um sistema aberto com incorporação de novas
filosofias de organização do trabalho, onde o canteiro de obras volta a ser uma unidade
produtiva, alvo final de uma série de processamentos antecedentes realizados por outras
empresas, assim se aproximando a filosofia Lean Construction.
Lean Construction aceita a produção de Ohno e critérios de projetos do sistema
como um padrão de perfeição. Mas o desafio seria usar o sistema Toyota, produção enxuta, na
construção civil. A indústria da construção tem rejeitado muitas ideias de fabricação por causa
da crença de que construção é diferente. Fabricantes fazem peças que vão para projetos, mas o
design e construção de projetos únicos e complexos em ambientes altamente incertos sobre
grande tempo e a pressão de programação é fundamentalmente diferente de fazer carros
(HOWELL, 1999).
Resíduos de construção e fabricação surgem do pensamento da atividade centrada
mesmo, manter intensa pressão na produção em toda a atividade porque a redução do custo e
a duração de cada etapa é a chave para a melhoria.
15
Segundo Formoso (2002), a gestão em construção Lean é diferente da prática
contemporânea típica por que:
• Tem um conjunto claro de objetivos para o processo de entrega;
• Visa maximizar o desempenho para o cliente ao nível do projeto;
• Ao mesmo tempo tem os projetos dos produtos e dos processos;
• Aplica o controle de produção ao longo da vida do projeto.
Por outro lado, a forma atual de gestão da produção na construção é derivada da
abordagem centrada, mesma atividade encontrada na produção em massa e de gerenciamento
de projetos. Visando otimizar o projeto por atividades, assumindo o valor agregado ao cliente
e identificando no projeto. A produção é gerida ao longo de um projeto, primeiro desmembra
o projeto em partes, ou seja, em seguida, coloca-se as partes em uma sequência lógica, estimar
o tempo e os recursos necessários para completar cada atividade e, portanto, o projeto como
um todo. Cada peça (pacote) ou atividade é ainda decomposta até que seja contratada empresa
terceirizada ou atribuídas a um líder, mestre de obra ou engenheiro que seja. O controle é
criado como monitoramento de cada contrato ou atividade com sua programação e projeções
de orçamento (HOWELL, 1999).
A diferença básica entre a filosofia tradicional e a Lean Production é conceitual.
A mudança mais importante para a implantação do novo paradigma é a introdução de uma
nova forma de entender os processos. O modelo dominante na construção civil costuma
definir a produção como um conjunto de atividades de conversão, que transformam os
insumos em produtos intermediários como alvenaria, estrutura, revestimentos ou em produto
final a edificação como um todo (FORMOSO, 2002).
Desde meados dos anos 80 tem se observado no Brasil um forte movimento no
setor no sentido de aplicar os princípios e ferramentas da Gestão da Qualidade Total (Total
Quality Management – TQM). Mais recentemente, muitas empresas do setor voltaram se ao
desenvolvimento de sistemas de gestão da qualidade, tanto como meio para alcançar um
maior nível de controle sobre seus processos produtivos, como também com o objetivo final
de obter certificação segundo as normas da série ISO9000 (FORMOSO, 2002).
16
Apesar de ter trazido importantes benefícios para o setor, à filosofia do TQM
atende apenas de forma parcial as necessidades das empresas, na medida em que os seus
conceitos, princípios e ferramentas não contemplam, com a devida profundidade, questões
relacionadas à eficiência e eficácia do sistema de produção. Em função destas limitações e
também pelo fato de que erroneamente tentou-se disseminar o TQM na indústria como uma
solução global para toda a organização, esta filosofia vem sofrendo um relativo desgaste entre
as empresas nos últimos anos (HOWELL, 1999).
Ao longo dos anos 90, um novo referencial teórico vem sendo construído para a
gestão de processos na construção civil, envolvendo o esforço de um grande número de
acadêmicos tanto no país como no exterior, com o objetivo de adaptar alguns conceitos e
princípios gerais da área de Gestão da Produção às peculiaridades do setor. Este esforço tem
sido denominado de Lean Construction, por estar fortemente baseado no paradigma da Lean
Production (Produção Enxuta), que se contrapõe ao paradigma da produção em massa (Mass
Production), cujas raízes estão no Taylorismo e Fordismo (HOWELL, 1999).
As ideias deste novo paradigma, em realidade, surgiram no Japão nos anos 50, a
partir de duas filosofias básicas, o próprio TQM e também o Just in Time (JIT), sendo o
Sistema de Produção da Toyota, no Japão, é a sua aplicação mais proeminente (SHINGO,
1986).
Koskela (1992) expõe, que são onze os princípios básicos do Lean Construction.
A seguir estão enumerados esses onze princípios:
1. Reduzir atividades que não agregam valor
Princípio fundamental do Lean Construction, podendo melhorar a eficiência dos
processos e a redução das perdas, só por melhoria da eficiência das atividades de conversão e
fluxo, eliminando algumas atividades que não agregam valor.
Pode-se aplicar este princípio através dos demais, pois todos os demais estão
relacionados à meta de reduzir as atividades que não agregam valor, como exemplo, pode se
explicitar as atividades de fluxo, assim explicitas pode controlar e eliminar.
17
2. Aumentar valor ao produto considerando as necessidades dos clientes
Este é outro princípio básico. Existe o cliente interno, que é o cliente que recebe o
produto na sequência, ou seja, executa a atividade posterior na cadeia de produção e tem suas
considerações sobre o serviço anterior, e tem o consumidor final, cliente externo, o qual
recebe o produto final, já acabado. Este conceito está ligado com o primeiro princípio Lean e
tais considerações devem ser criticamente analisadas no momento do projeto e da gestão da
produção. Independente do tipo de cliente, sempre que possível, deve-se procurar atender às
suas considerações. Para tal, é importante um estudo do fluxo, identificando o cliente em cada
etapa do processo e atuando no atendimento de suas necessidades.
3. Reduzir a variabilidade
Quanto mais variabilidades existir, maior a quantidade de atividades que não
agregam valor, aumentando o número de produtos não uniformes.
Para conseguir iniciar a redução de variabilidades tanto nas atividades de
conversão, como nas de fluxo, segundo Koskela (1992), é através da padronização dos
procedimentos e atividades internas da obra em si.
4. Reduzir o tempo de ciclo
O tempo de ciclo é a somatória de todos os tempos do processo. Composto pelos
seguintes tempos de: processamento, inspeção, espera e movimentação. Resumindo é o tempo
necessário para o produto fechar o ciclo. Redução do tempo de ciclo estimula a eliminação
das atividades de fluxo que não agregam valor, traz vantagens relacionadas à gestão dos
processos, estimativa de demandas futuras e aumento do efeito de aprendizagem das tarefas.
5. Simplificar através da redução do número de passos e partes
A simplificação pode ocorrer através da redução do número de partes ou da
redução do número de passos presentes em um determinado fluxo de trabalho. Quanto maior
o número de passos ou partes em um processo, maior é a tendência de possuir atividades que
não agregam valor. Os processos mais simples além de contribuírem para a redução de custos,
também os tornam mais confiáveis. Pode-se citar como formas de atingir a simplificação, o
uso de equipes polivalentes, a utilização de elementos pré-fabricados, o eficaz planejamento
18
do processo produtivo, buscando eliminar interdependências e agregar pequenas tarefas em
atividades maiores (ISATTO et. al., 2000).
6. Aumentar a flexibilidade do produto
Aumentar as possibilidades de saídas do produto sem que seja necessário
aumentar seu custo. Pode alcançar através do processo de customização, por um planejamento
eficaz e do aumento da quantidade de mão de obra treinada e eclética. Este princípio também
é interligado ao primeiro, por se tratar de agregar valor ao cliente.
7. Aumentar a transparência do processo
O aumento da visibilidade, a disponibilizar as informações necessárias para a
execução das tarefas, facilitando o trabalho e eliminando desperdícios de materiais e
atividades que não agregam valor. Tornar os erros mais fáceis de serem identificados,
exibindo as falhas existentes e aumentar o envolvimento da mão de obra no desenvolvimento
de melhorias, pois da mais autonomia e responsabilidades aos colaboradores. A utilização de
controles visuais, remoção de obstáculos visuais, utilização de indicadores de desempenho,
limpeza do canteiro de obra, sistemas de comunicação, entre outras ações, ajudam na
transparência do processo.
8. Focar o controle no processo global
Enxergar as oportunidades de melhoria e os desperdícios em nível de processo
como um todo ajuda na correção de possíveis desvios que venham a interferir. Dessa forma,
todo o processo precisa ser mensurado, para depois, vislumbrar as melhorias a serem feitas
nas operações constituintes daquele processo e deve haver um responsável pelo seu controle.
Assim, pode-se controlar os sub-processos de forma que esses não prejudiquem o processo
principal. Este conceito está intimamente relacionado aos princípios Lean de mapeamento de
fluxo de valor do processo e busca pelo fluxo contínuo.
9. Introduzir melhoria contínua ao processo
Para alcançar a melhoria contínua os demais princípios terão que estar sendo
cumpridos, considerando também que o controle da produção e planejamento estão em
melhoramento continuo, buscando a redução dos desperdícios e o aumento do valor do
19
produto. Além da participação de todos na identificação de falhas, oportunidades de melhoria
e novas tecnologias ao processo.
Realizar a melhoria em etapas e de forma contínua é a alternativa mais promissora
para o sucesso do uso dos conceitos enxutos (KOSKELA, 2000).
10. Manter um equilíbrio entre melhorias nos fluxos e nas conversões
No processo de produção há diferenças de melhoria em conversões e fluxos.
Quanto maior a complexidade do processo de produção, maior é o impacto das melhorias e
quanto maiores os desperdícios no processo, mais vantajosos os benefícios de melhorias de
fluxo, em comparação com as melhorias de conversão.
Koskela (2000), refere-se, que as melhorias de fluxo e conversão estão
interligadas, melhores fluxos requerem menor esforço para conversão e menores
investimentos em equipamentos, fluxos mais controlados facilitam a implementação de novas
tecnologias na conversão, novas tecnologias na conversão podem acarretam menor
variabilidade e, assim, benefícios no fluxo. Assim o equilíbrio entre ambas é fundamental.
11. Fazer benchmarking
Benchmarking consiste na aprendizagem a partir das práticas de outras empresas,
líderes de um segmento ou em um aspecto específico da produção. Não necessariamente estas
empresas precisam ser do ramo de construção civil, podendo atuar em áreas distintas, mas que
as práticas possam ser utilizadas.
Além desses princípios, Koskela (2004) sugere um novo desperdício a mais dos
sete tradicionais do Lean Thinking. Singularidade que têm a ver com o desenvolvimento que a
Lean Construction tem tido. Este desperdício está relacionado com as situações em que uma
tarefa é iniciada sem todos os inputs necessários ou mesmo se a sua execução prossegue na
ausência de uma dessas contribuições chave. A este desperdício chamou de making-do, e
considera este é dos mais corriqueiros da indústria da construção, devido a negligencia na
produção tradicional.
20
Abaixo será descrito quatro ferramentas Lean segundo Valente (2011), de
indispensável utilização nas obras para iniciar a filosofia da construção enxuta em qualquer
empresa do ramo de construção civil:
Just in Time
A expressão é de origem inglesa, mas foi adotada pelos japoneses, que segundo
OHNO, este conceito surgiu na Toyota, e em português significa bem na hora. TAIICHI
OHNO (1997) define o Just in Time: em um processo de fluxo, as peças corretas e necessárias
à montagem alcançam a linha no momento exato em que são necessárias e somente na
quantidade necessária. Uma empresa que estabeleça este fluxo pode chegar ao estoque
intermediário e geral a zero.
O Just in Time (JIT) é um sistema de programação para puxar o fluxo de produção
e controlar os estoques. Isso significa que cada processo deve ser atendido com o material
necessário, na hora exata, na quantidade certa e no local correto. O objetivo do JIT é
identificar, localizar e eliminar todos os desperdícios relacionados a atividades que não
agregam valor, reduzir estoques, garantindo um fluxo contínuo de produção e evitando
empatar capital o Just in Time é um dos pilares da filosofia Lean.
Kanban
O Kanban, em português significa sinal, em tradução literal, é um sistema que
sinaliza os setores envolvidos no processo (fornecedor e o cliente interno), um método de
controle visual dos processos, mostrando o que deve ser executado, o que está pronto e a
quantidade de estoque. Controle da produção, eliminação de perdas, priorizar a produção,
controlar o fluxo de material, repor os estoques e fornecer informações do fluxo. O Kanban é
o sistema de comunicação do JIT (NOVAES, 2008).
O Kanban ordena o trabalho, defini o que produzir, quanto, quando, como,
transporte e entrega da produção. Este funciona como o start da produção, coordenando a
produção de todos os itens de acordo com a demanda e ainda, pode controlar visualmente a
produção e programar a produção puxada. Controlando pelo número de cartões circulando, as
necessidades de reposição e o material em circulação.
21
Autonomação ou automação - Andon
Dispositivo para sinalizar a interrupção do trabalho quando não existir condições
para sua realização.
Traduzindo ao pé da letra Andon significa, em português, lâmpada, na construção
civil este é um mecanismo compostos por acionadores nas estações de trabalhos, pavimentos,
compostos por três interruptores que acionam luzes (verde, amarela e vermelha), geralmente
de Leds, estes ficam instalados em painel, que deverá estar de preferência na sala técnica bem
visível a todos, assim sinalizando interrupções ou possíveis interrupções nos processos
produtivos.
O dispositivo ANDON é tradicionalmente utilizado na indústria
manufatureira. Pode-se dizer que sua aplicação tem ligações com os
conceitos de “construção enxuta”, pois sua principal função é a identificação
de problemas na linha de produção, a qual se dá pela sua parada imediata.
Deste modo, as devidas providências podem ser tomadas, buscando evitar
que tais problemas se repitam, no sentido de otimizar o processo produtivo
com a melhoria contínua (NOVAES, 2008).
A ideia principal da autonomação é dar autonomia a todos, através de apenas um
toque no interruptor o funcionário pode paralisar a produção e identificar falhas nos
processos. Com esta gestão visual pode-se avaliar, corrigir e depois analisar os fatos para não
repetir esta falha no futuro, identificando gargalos e perdas de produtividade, assim
convergindo com o pensamento Lean (OHNO, 1997, apud VALENTE, 2011).
Programa 5S
O programa 5S é a etapa inicial e para implantação da Qualidade Total, o 5S é
assim chamado devido a primeira letra de 5 palavras japonesas: Seiri (utilização), Seiton
(ordenação), Seiso (limpeza), Seiketsu (higiene) e Shitsuke (autodisciplina), e que foi
traduzido para o português por Sensos: Senso de utilização, Senso de ordenação, Senso de
limpeza, Senso de higiene e Senso de autodisciplina. O programa tem como objetivo
conscientizar toda a empresa para a Qualidade Total, através da organização e da disciplina no
local de trabalho.
22
2.4 Resíduos na Construção Civil
Os resíduos sólidos urbanos constituem em um grande problema para todas as
cidades, sendo estas grandes, médias ou pequenas, pois estes resíduos necessitam tanto de
coleta como destinação adequada de acordo com seu tipo, característica e caráter de poluição
ao meio ambiente. Com as atuais sociedades cada vez mais consumistas, o maior acesso aos
objetos de consumo, com o advindo da internet e suas compras online, tem-se uma produção
cada dia maior de objetos descartáveis que se tornarão resíduos, aumentando, em muitos casos
o entulho, acima da quantidade de armazenagem dos locais destinados a receber a produção
de resíduos nas cidades, e em grandes centros ainda estão avançando sobre a periferia e
cidades vizinhas.
A questão é importante devido ao grande volume de resíduos sólidos gerado nas
obras no Brasil, como a cultura Lean ainda não é totalmente difundida por aqui, se comparado
com os países desenvolvidos à construção no Brasil chega a gerar 300 kg de entulho por
metro quadrado construído enquanto nos países desenvolvidos os resíduos não passam dos
100 kg por metro quadrado (NOVAES e MOURÃO 2008).
Segundo a COOPERCON-CE (2012), em dados coletados através do Gerente
Comercial Yves Rabelo, estima-se que em Fortaleza tenha, em 2012, duzentos canteiros de
obras com as características similares e com área construída, aproximadamente, de dez mil
metros quadrados em média de cada empreendimento, com este perfil de obra a estimativa de
geração de resíduos fica entre 150 e 180 kg por metro quadrado construído, assim teríamos
uma geração mensal de 10.000 a 12.000 toneladas mês, ou dividindo pelo peso médio de 1m³
(1.300kg) de entulho teremos 2.150 containers (Figura 2.1) 9.230,76 m³ (metros cúbicos) de
entulho gerados por mês.
Estes números acima foram comparados a outros dados coletados junto às usinas
de reciclagem, a quantidade recebida pelas Usinas de Reciclagem de Fortaleza somam 2.300
containers de entulho por mês, como cada container tem volume de 4,2m³ a quantidade será
de 9.660,00 m³ de resíduos, assim validando a estimativa anterior da COOPERCON-CE.
23
Figura 2.1 – Imagem Container
A definição de resíduos da construção civil, segundo o CONAMA, Resolução nº
307, de 05 de julho de 2002, art. 2º, é:
I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções,
reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes
da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos
cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas,
madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento
asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente
chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha;
Os resíduos da construção civil ultrapassam metade de todos os resíduos sólidos
urbanos gerados nas cidades. Estima se que o RCC (Resíduos da construção civil) gerado
anualmente por pessoa seja de 450 kg/habitante/por ano, variando de cidade para cidade e de
acordo com o momento econômico atravessado no período (CUNHA JUNIOR, 2005).
A produção mais limpa consiste em programas de aplicação de uma estratégia
econômica, ambiental e técnica, integrada a processos e produtos aumentando a eficiência no
uso de matérias primas, energia e água não gerando resíduos, minimizando e por último
reciclando o que for gerado, assim obtendo vantagens sociais e econômicas no processo
produtivo (CUNHA JUNIOR, 2005).
Os resíduos da construção civil deverão ser classificados conforme o CONAMA,
Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002, Art. 3º, e suas alterações conforme a Resolução nº
348, de 16 de agosto de 2004, da seguinte forma:
24
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,
tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras
obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em
concreto (blocos, tubos, meio fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; (redação dada
pela Resolução n° 431/11).
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem ou recuperação; (redação dada pela Resolução n° 431/11).
IV – Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de construção,
tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou
prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas
radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais
objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à
saúde. (redação dada pela Resolução n° 348/04).
A separação dos materiais é o ponto mais importante da reciclagem dos resíduos
da construção civil. Isso devido à mistura poder comprometer o desempenho do material final
onde será empregado este resíduo. Sendo esse um dos principais argumentos na defesa de
centrais de reciclagem fora dos canteiros. A adoção do programa 3Rs no canteiro que
significa reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos gerados, também é um aliado.
Os 3Rs são princípios para o gerenciamento da eliminação de resíduos sólidos.
Eles formam uma lista de prioridades com iniciativas possíveis para a eliminação dos
resíduos, colocando em ordem de importância às opções a seguir, sendo a última a menos
desejável, devido ao desperdício de energia para este fim: valorização e aproveitamento.
• Reduzir: diminuir a quantidade de lixo produzido é primordial. Adquirir
produtos que realmente serão utilizados e que sejam reutilizáveis. Valorização e
aproveitamento.
25
• Reutilizar: utilizar várias vezes o mesmo produto, pode-se aproveitar sobras de
materiais para outras funções. Reformas de qualquer natureza se encaixam nesse princípio.
valorização e aproveitamento.
• Reciclar: transformar o resíduo, antes inútil, em matérias-primas para novos
produtos é um benefício ambiental como energético.
A sustentabilidade tanto ambiental quanto a social de gestão dos resíduos sólidos,
constrói através de modelos e sistemas integrados que possibilitam a redução dos resíduos
gerados pela população das cidades, com a implantação de programas que permitem a
reutilização desse material e a reciclagem quando esgotada as outras possibilidades, servindo
novamente de matéria-prima para a indústria, diminuindo o desperdício e gerando renda,
antes de pensar no destino dos resíduos, pensa como não gerá-lo, antes da reciclagem,
usaremos a reutilização dos materiais, o que desperdiçar menos energia, e antes de
encaminhar os resíduos ao aterro sanitário, procurar recuperar a energia presente nos mesmos,
tornando-os inertes e diminuindo seu volume (GALBIATI, 2005).
A legislação fica cada vez mais rígida, no que se refere a meio ambiente, a
tendência mundial é reduzir ao máximo a degradação preservando assim uma vida mais
saudável a todos. Cabendo ao setor da construção civil, tirar proveitos e adaptar a estas novas
tendências, com o gerenciamento adequado de seus resíduos produzidos nas obras, incluindo
a sua redução, reutilização e reciclagem, além de tornar a vida mais saudável o processo pode
se tornar mais rentável e competitivo com a redução do desperdício (JUNIOR, 2005).
De acordo com Pinto (2005), as normas técnicas, integradas às políticas públicas,
representam importante instrumento para a viabilização do exercício da responsabilidade para
os agentes públicos e os geradores de resíduos, como as construtoras.
Foram preparadas as seguintes normas técnicas para viabilizar o manejo dos
resíduos em áreas urbanas específicas:
• Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e
triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação – NBR 15112:2004 – possibilitam o
recebimento dos resíduos para posterior triagem e valorização. Têm importante papel na
logística da destinação dos resíduos e poderão, se licenciados para esta finalidade, processar
resíduos para valorização e aproveitamento.
26
• Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros – Diretrizes
para projeto, implantação e operação – NBR 15113:2004 (Confirmada em 06.01.2011) –
solução adequada para disposição dos resíduos classe A, de acordo com a Resolução
CONAMA nº 307, considerando critérios para separação dos materiais para uso futuro ou
disposição adequada ao aproveitamento posterior da área.
• Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para
projeto, implantação e operação – NBR 15114:2004 – possibilitam a transformação dos
resíduos da construção classe A em agregados reciclados destinados à reinserção na atividade
da construção.
Continuando citando o mesmo autor, o exercício das responsabilidades pelo
conjunto de agentes envolvidos na geração, destinação, fiscalização e controle sobre os
geradores e transportadores de resíduos está relacionado à possibilidade da triagem e
valorização dos resíduos que, por sua vez, será viável na medida em que haja especificação
técnica para o uso de agregados reciclados pela atividade da construção. Abaixo as normas
técnicas para o uso destes agregados:
• Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Execução de
camadas de pavimentação – Procedimentos – NBR 15115:2004 (Confirmada em 06.01.2011).
• Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Utilização em
pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos – NBR 15116:2004
(Confirmada em 06.01.2011).
27
3 ESTUDO DE CASO
Para montagem deste capítulo, foram levantadas informações e experiências
acompanhadas no desenvolver de uma obra em uma construtora cearense referência brasileira
na implantação da filosofia Lean e pelo gerenciamento e planejamento (para redução) dos
resíduos sólidos. Serão apresentados dados de uma obra que servirá de referencia na busca de
bons exemplos na forma preventiva para inibir os custos diretos e indiretos relativos a estes
resíduos.
3.1 Metodologia de pesquisa
A presente pesquisa tem caráter predominante qualitativo e o procedimento
escolhido foi o estudo de caso.
De acordo com Yin (1989), a preferência pelo uso do Estudo de Caso deve ser
dada quando do estudo dos eventos contemporâneos, em situações onde os casos relevantes
não podem ser manipulados, mas onde é possível se fazer observações diretas e entrevistas.
Apesar de ter pontos em comum com o método histórico, o Estudo de Caso se caracteriza pela
capacidade de lidar com uma completa variedade de evidências, entrevistas e observações.
Este método é útil, segundo Bonoma (1985), quando um fenômeno é amplo e
complexo, onde o corpo de conhecimentos existente é insuficiente para permitir a proposição
de questões causais e quando um fenômeno não pode ser estudado fora do contexto no qual
ele naturalmente ocorre.
28
O método do Estudo de Caso obtém evidências a partir de seis fontes de dados:
documentos, registros de arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante e
artefatos físicos e cada uma delas requer habilidades específicas e procedimentos
metodológicos específicos. Neste trabalho serão utilizadas a observação direta e as
entrevistas.
3.2 Descrição da Empresa Pesquisada
Criada em 1975, a empresa faz parte de um dos cinco maiores grupos do Ceará.
Sua área de atuação atualmente é exclusivamente incorporação imobiliária, com foco na
Classe A, apesar de já ter atendido às divisões industriais e comerciais no passado. Possuindo
em seu Portfólio mais de 563.000m² construídos e acima de 103.000m² em andamento,
totalizando 778.000m². Contando com quase 1.000 colaboradores diretos nas obras e
aproximadamente 50 funcionários na administração das obras e no escritório central.
A visão Lean da empresa teve inicio em 2004, na participação do CONENX - I
Seminário Internacional sobre Construção Enxuta onde teve contato com a filosofia enxuta de
eliminação e/ou redução de desperdícios. Assim a filosofia enxuta ou Lean Construction se
alinha com os interesses da gestão da empresa, agregação de valor para o cliente, flexibilidade
dos produtos e melhoria contínua do processo, ficando como filosofia gerencial, para
multiplica-los. A empresa estudada está no ramo da Engenharia há mais de 35 anos, sempre
voltada para o bem estar de seus clientes e como foco a qualidade e a melhoria contínua.
O canteiro da construtora em estudo tem sede na cidade de Fortaleza-CE, focando
sua atuação geográfica neste estado, e tendo como as edificações seu direcionamento
empresarial. A atuação em obras industriais não sendo mais sua principal atividade.
Tendo o certificado ISO 9001 desde 1998, foi pioneira na implantação da filosofia
“Lean”. Tem como tendência de futuro o selo “Green Buildings” dos prédios
ecologicamente corretos e conquistar a certificação em um empreendimento na categoria
silver, na versão leed-cs 2009.
A diretoria tem como cultura gerencial ainda uma constante preocupação com o
meio ambiente, olhando para o que possa ser feito nesse sentido em todos os setores da
construção civil.
29
O cuidado com o cliente está diretamente ligado à qualidade de vida a ele
proporcionada, e o meio ambiente é de suma importância para tal processo, sendo um
direcionador nas ações da construtora, seja no campo comercial como no campo social onde
tem várias ações sendo executadas para uma melhor adequação dos empreendimentos ao
layout final da cidade assim minorando os impactos dos seus empreendimentos ao meio
ambiente, juntamente a empresa foi fortificando os laços com o mercado da construção civil.
Devido à certificação ISO 9001, os processos internos são montados de forma a
fazer girar um ciclo (PDCA) de atividades interligadas.
Como forma de se adequar a padronização, todos os setores da empresa têm
processos montados, fluxogramas, para melhor visualização das atividades e das
interdependências entre as mesmas.
3.3 Obra Analisada
Com terreno de 4.019,96m², situada na Aldeota na Rua Osvaldo Cruz, erguem-se
as duas torres (Figuras 3.1 e 3.2) da obra em questão, cada uma com 23 pavimentos, com duas
unidades por pavimento em cada torre, totalizando quatro unidades, de 160,03m² de área
privativa cada, mais duas coberturas duplex, com uma área total construída de 26.463,18m², a
fim de atender à Classe A de Fortaleza.
Com o conceito da redução do consumo de energia, de sustentabilidade, da
eficiência energética e da redução dos recursos, o empreendimento contará com energia solar,
aquecedores de água a gás, sistemas de irrigação automatizados e sensores de presença para
iluminação das áreas comuns, medidores individualizados de água/gás, aparelhos sanitários de
baixo consumo, coleta seletiva de lixo, automação da iluminação nas áreas comuns e
automação e reenergização dos elevadores.
A obra encontra-se em acabamento, com quase tudo concluído, esta prevista para
dezembro de 2012, estando restando os acabamentos finos.
30
Figura 3.1 – Imagens ilustrativas das torres
Figura 3.2 – Imagem Área de Lazer
31
3.4 Aplicação do Lean à Obra Analisada
Na empresa objeto de estudo, pode-se observar a importância do Lean
Construction. Toda a obra em questão foi desenvolvida sobre o conceito e usando os
princípios da construção enxuta, o Eng. Civil Msc. Alexandre Mourão, Diretor Técnico, e a
Eng. Caroline Valente, Coordenadora Lean & Green ressaltaram os esforços e as vantagens
em adotar a filosofia Lean na empresa. De acordo com os dois, todos os princípios são
importantes para um bom desempenho das atividades, e a cada obra finalizada obtiveram
resultados melhores do que a obra anterior.
Abaixo serão citadas algumas ferramentas Lean presentes neste estudo que estão
em funcionamento na obra, assim proporcionando uma melhor avaliação da utilização e como
estas ferramentas colaboraram na diminuição e classificação dos resíduos sólidos no referido
estudo de caso, trazendo benefícios a todos os envolvidos no processo, abaixo estão
relacionadas algumas destas ferramentas.
Planejamento e Controle da Produção (PCP)
O planejamento e controle da produção em níveis hierarquizados é de suma
importância para estabilização da produção e consolidar a aplicação dos conceitos Lean
Construction.
A empresa tem dois índices próprios, denominados Raio X e Termômetro, que são
gerados pelo planejamento de longo prazo, mais estratégico, sendo visualizado pela técnica da
linha de balanço. O Raio X é um índice visual que mostra o que já está concluído no
apartamento e o que está para concluir. O Termômetro configura se a obra está de acordo com
o planejamento de longo prazo, proposto na linha de balanço, fornecendo a diferença em
relação ao previsto.
O Índice de Remoção de Restrições (IRR) é também um indicador próprio, e que
se relaciona com o planejamento de médio prazo focado de dois meses futuros na linha de
balanço, sua ideia é remover os possíveis entraves nos trabalhos da obra, garantindo a
produção dos próximos dois meses de obra. A obra tem como meta um IRR em torno de 60%
a 80%.
32
De acordo com orientações do Diretor Técnico, todo o PCP Hierarquizado
(Longo, Médio e Curto Prazo) deve ser atualizado periodicamente e deve ficar exposto a
todos os colaboradores da obra, assim tornando o processo transparente (Figura 3.3), e abaixo
descrevemos como é o planejamento nas três etapas realizado pela construtora estudada:
O Planejamento de longo prazo, defini os objetivos do empreendimento,
estabelece estratégias para definição de prazo da obra, financiamentos e parceiros.
O Planejamento de médio prazo, visa, principalmente, a seleção e aquisição dos
materiais, equipamentos e mão-de-obra, e elabora plano geral para utilização, armazenamento
e transporte destes recursos.
O planejamento de curto prazo é o mais próximo à produção. Realizado em
períodos curtos, neste caso, semanais, e é relacionado às atividades que serão planejadas na
semana seguinte, como a ordem de produção. O indicador é o PPC (Percentual da
Programação Concluída) (Figura 3.3). Para a empresa, um bom PPC encontra-se o executado
por volta de 70% a 80% do planejado. É importante ressaltar que as atividades não cumpridas
plenamente promovem oportunidades de melhorias para os planejamentos seguintes.
Figura 3.3 – Imagem Percentual de Planejamento Cumprido
33
Just in time - Kanban
O Pilar da filosofia Lean, just in time, na obra analisada, esta todo baseado nos
Kanbans, assim as entregas de materiais, ferramentas e serviços são executados na hora
determinada devido aos vários Kanbans implantados pela construtora na obra deste estudo.
Na obra estudada estão em utilização os Kanbans de estoque, Kanbans de
Argamassa (Figura 3.4), Kanbans de Kit de materiais, Kanbans de Fluxo de materiais,
Kanbans de estoque mínimo.
A importância desta ferramenta na obra é grande, pois além de organizar o fluxo
ela aponta possíveis excessos que por ventura possam ocorrer, também sinaliza a hora de
repor estoques evitando paradas não programadas na produção, servindo de gerenciamento da
produtividade dos colaboradores. Outra grande empresa do ramo da construção civil do estado
está utilizando esta ferramenta para mensurar a produção e assim calcular bônus por
produtividade para seus colaboradores.
Figura 3.4 – Imagem Painel Kanban
34
Aplicação de Metodologia Cientifica de canteiro de obras
O canteiro de obras deste estudo segue metodologia científica para a sua
implementação, tentando minimizar a perda por transporte, encurtando e melhorando o fluxo
de materiais, ficando mais organizado, limpo e também mais eficiente à entrega destes
materiais para o cliente interno.
O projeto do canteiro de obras é a parte inicial da construção, responsável pelo seu
layout e pelo dimensionamento e localização das áreas viabilizando o desenvolvimento das
operações de apoio e de execução dos serviços.
O projeto deste deve considerar cada fase da obra, de forma integrada e evolutiva,
de acordo com as características de cada fase e se adequar ao processo de produção,
oferecendo condições de segurança. Assim deve atender à política de segurança com
preocupação a resguardar a integridade física de todos envolvidos na obra, mantendo a
produtividade e a qualidade necessária para aquele serviço.
A cada fase da obra, o canteiro modifica a fim de se adequar a esta, objetivando o
melhor desempenho e reduzindo perdas de transporte. Este vai sendo modificado ao longo da
execução da obra em função dos materiais presentes, dos serviços executados, dos
equipamentos utilizados e da mão de obra, otimizando-o.
No canteiro da obra em estudo já segue metodologia aplicada em outras obras,
onde pode ser observada uma redução na distância percorrida total da obra. Conforme a Eng.
Civil Caroline Valente, em obras anteriores a esta metodologia foi calculado que os
movimentos existentes entre as baias até a betoneira, em uma determinada obra,
corresponderiam a uma viagem a pé de Fortaleza-CE a Salvador-BA (aproximadamente 1.400
km), com a implantação da metodologia cientifica para o planejamento e execução do
canteiro este caminho foi reduzido a Fortaleza-CE a Jericoacoara-CE (aproximadamente 400
km), veja comparativo na tabela abaixo.
35
Tabela 3.1 – Distâncias no canteiro de obras
OBRA SEM METODOLOGIA
OBRA COM METODOLOGIA
DISTÂNCIA ENTRE BAIAS DE AGREGADO MIÚDO E BETONEIRA 10,00 m 1,90 m
DISTÂNCIA ENTRE BAIAS DE AGREGADO GRAÚDO E BETONEIRA 12,00 m 2,60 m
DISTÂNCIA ENTRE DEPÓSITO DE CIMENTO E BETONEIRA 03,50 m 1,90 m
DISTÂNCIA ENTRE BETONEIRA E GUINCHO DE CARGA 22,00 m 5,00 m
DISTÂNCIA ENTRE GUINCHO DE PESSOAL E CENTRAL DE CORTE CERÂMICA 19,50 m 6,50 m
DISTÂNCIA ENTRE TIJOLO E GUINCHO DE CARGA 14,50 m 6,50 m
DISTÂNCIA ENTRE ESCRITÓRIO DA OBRA E ALMOXARIFADO 25,00 m 5,00 m
DISTÂNCIA ENTRE CONTEINER DE RESÍDUOS E CALÇADA - 3,00 m
O canteiro de obras é planejado para existir locais específicos para todo material,
diminuindo distâncias, visando à redução das perdas por transporte, o fluxo de pessoas e a
otimização do trabalho na obra. O local de triagem dos resíduos, também segue metodologia
de planejamento, evitando a mistura destes com o insumo e possibilitando o reaproveitamento
dos resíduos antes do seu descarte, esta localização ajuda na quantificação e qualificação dos
resíduos, facilitando a identificação de possíveis desperdícios de materiais.
Autonomação ou automação - Andon
O principal dispositivo de um dos pilares, o Jidoka, da filosofia Lean, é o Andon,
este serve para sinalizar a possível interrupção do trabalho na obra em estudo. Esta ferramenta
já é bastante difundida nos canteiros da empresa estudada, identificando problemas e assim
podendo solucionar possíveis entraves na produção.
O equipamento é bastante simples, é um painel (caixa metálica) com lâmpadas
(LED) (Figura 3.6) nas cores verde, amarelo e vermelho, cada uma indica uma situação na
estação de trabalho, geralmente em cada pavimento fica localizado uma estação de trabalho
que contém caixa elétrica com os três interruptores que acionam as luzes no painel que fica
localizado no escritório central da obra, onde todos podem ver. Através desta gestão visual
foram levantadas e corrigidas várias falhas. A seguir segue exemplo de acompanhamento de
interrupções (Figura 3.5):
36
Figura 3.5 – Imagem Formulário de ocorrências
Figura 3.6 – Imagem Painel Andon
Gerenciamento de Resíduos Sólidos
O intuito do programa de gerenciamento é a monitoração, controle, diminuição e
eliminação (quando possível) das quantidades de resíduos gerados, distribuídos em suas
determinadas classes (Classe A, B, C ou D). São estabelecidas metas dentro do cronograma da
obra e que serão confrontadas no término da obra para obtenção dos resultados. O Projeto de
Gerenciamento dos Resíduos Sólidos da Construção Civil (RCC) ainda tem como objetivos:
caracterizar os resíduos produzidos, estimar a quantidade de resíduos que serão gerados,
propor medidas que reduzam a geração dos resíduos e definir os procedimentos para o correto
tratamento dos resíduos gerados.
37
A empresa ou pessoa física responsável pela coleta e destinação destes materiais
deverá ser bem selecionado, devido à responsabilidade da construtora com a destinação final
destes resíduos, especificando a cidade de Fortaleza-CE, estes resíduos devem ser
encaminhados a empresas licenciadas pela Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura.
Os resíduos são estimados de acordo com a fase da obra em execução, pode-se
notar na tabela seguinte (Tabela 3.2) o grau de importância de cada classe (Subdividida em
materiais) e em cada etapa da construção.
A empresa em questão segue o roteiro desenvolvido pelo Manual de Gestão
Ambiental de Resíduos Sólidos na Construção Civil (COOPERCON-CE), escrito na época
por dois de seus diretores, Alexandre Mourão e Marcos Novaes e segue alguns passos
descritos abaixo:
Implementação da Gestão Ambiental de Resíduos na Construção Civil;
Projeto de Gerenciamento de Resíduos na Construção Civil;
Etapas de segregação, Acondicionamento, Coleta e Armazenamento;
Transporte e Destinação Final dos Resíduos (subdividido em 3 etapas);
Transporte dos Resíduos;
Forma e Acondicionamentos Utilizados no Transporte de Cada
Resíduo;
Destinação Final dos Resíduos;
Monitoramento da Geração de Resíduos.
A empresa estudada coloca a importância de compatibilizar o projeto de canteiro
com o programa de gerenciamento de resíduos, dando um enfoque principal na posição dos
containers dentro do canteiro, assim tentar colocar o container dentro da obra é importante
para evitar que terceiros coloquem materiais orgânicos ou até mesmo lixos nos containers
errados e também facilitar a coleta dos containers.
O Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil do Município de
Fortaleza-Ce, defini as áreas de destinação de grandes volumes como:
38
Áreas de transbordo e triagem de resíduos – ATTR;
Áreas de reciclagem de resíduos da construção e demolição;
Aterros de reservação.
Tabela 3.2 – Tipo de resíduos por fase de obra
FASES RESÍDUOS GERADOS NAS CONSTRUÇÕES
MATERIAIS
SERVIÇOS
SOLO ARGAMASSA CONCRETO
AÇO OUTROS METAIS
PAPEL PLÁSTICO PAPELÃO
VIDROS GESSO TINTAS
DEMOLIÇÃO MSG VB NE NE SG VB NE
ESCAVAÇÃO MSG NE NE NE NE NE NE
FUNDAÇÃO VB VB NE VB NE NE NE
ESTRUTURA VB VB NE VB NE NE NE
ALVENARIA SG NE NE MSG NE MSG NE
ACABAMENTOS SG NE VB SG VB SG VB
NE - Não existe; VB - Valor Baixo; SG – Significativo; MSG – Muito Significativo
Os resíduos produzidos na obra serão encaminhados para a destinação final
segundo a sua classificação.
1 - Resíduos Classe A – são acondicionados e, após a triagem, serão
encaminhados para destinos que possuem licença de operação da SEMAM.
2 - Resíduos Classe B – destinados, após a triagem, a programas de reciclagem,
doados às cooperativas que atuam nestes programas e para ATTR.
3 - Resíduos Classe C – são acondicionados e serão encaminhados para destinos
que possuem licença de operação da SEMAM.
4 - Resíduos Classe D – são acondicionados e serão encaminhados para destinos
que possuem licença de operação da SEMAM.
Os resíduos estimados até o presente momento na obra objeto deste estudo estão
na tabela abaixo (Tabela 3.3) classificadas e quantificadas com a meta estipulada para esta
39
construção. É usado um índice que é a divisão do volume total de resíduo gerado em m³ pela
área total construída em m², derivando para outro que é a altura em cm de resíduo para cada
m² construído. Então para a obra em questão para cada m² construído teríamos uma camada
de 10,86 cm de altura de entulhos.
Tabela 3.3 – Classificação dos resíduos sólidos da obra
RESÍDUOS SÓLIDOS (PGRSCC) – NOV 2012 VALOR UNIDADE
CLASSE - A 2.444,93 m³
CLASSE - B 117,60 m³
CLASSE - C 310,80 m³
CLASSE - D --------- m³
TOTAL 2.873,33 m³
ÁREA CONSTRUÍDA 26.463,50 m²
VOLUME /ÁREA CONSTRUÍDA 10,86 cm
META 9,00 cm
ATERRO 6,30 m³
ORGÂNICO 103,73 m³
De acordo com o estudo desta obra o grande vilão dos resíduos sólidos são os
classificados na Classe A (solo, argamassa, concreto), este tipo de resíduos pode ser
reaproveitado em pavimentos não estruturais se processados de maneira adequada, e não
houver contaminação, ou seja não estiver misturado a outros resíduos de outras classes,
exemplo de reutilização destes resíduos foi à obra do Estádio Castelão, em Fortaleza-CE, para
a copa do mundo de futebol em 2014, todo o material redundante da demolição das
arquibancadas antigas, foram usados na pavimentação dos estacionamentos.
Programa 5S
O programa 5S foi de fundamental importância para a etapa inicial da redução de
resíduos na obra, abaixo será vista uma tabela que objetiva explicar de maneira sucinta todos
os passos do programa para a sua implementação nas obras da empresa estudada (Tabela 3.4).
A metodologia ajuda no planejamento dos espaços, aumentando à produtividade,
segurança e com consequente melhoria da competitividade de todos os setores envolvidos na
40
obra. Ainda melhorou a eficiência e a destinação dos materiais, separou o desnecessário, além
de ajudar na organização, limpeza e identificação.
Tabela 3.4 – Programa 5S
Denominação
Conceito Objetivo particular
Português Japonês
Utilização 整理, Seiri Separar o necessário do desnecessário Eliminar do espaço de trabalho o que seja inútil
Ordenação 整頓, Seiton Colocar cada coisa em seu devido lugar Organizar o espaço de trabalho de forma eficaz
Limpeza 清掃, Seisō Limpar e cuidar do ambiente de trabalho Melhorar o nível de limpeza
Higiene(Saúde) 清潔, Seiketsu Tornar saudável o ambiente de trabalho Previr o aparecimento de supérfluos e a desordem
Autodisciplina 躾, Shitsuke Rotinizar e padronizar a aplicação dos anteriores Incentivar esforços de aprimoramento
Os principais benefícios que a empresa identificou com a implantação da
metodologia 5S foram: Maior produtividade no ambiente, pois na estação de trabalho só
ficam os objetos necessários à tarefa em execução, redução de despesas – foram evidenciados
o melhor aproveitamento das ferramentas de trabalho, melhor aproveitamento de materiais – o
desperdício diminuiu, mais qualidade – os colaboradores trabalharam com mais facilidade,
menos acidentes do trabalho.
3.5 Considerações Finais deste Capítulo
A empresa conseguiu no longo destes 8 (oito) anos de filosofia Lean Construction
ganhos consideráveis em todas as áreas, que serão mostrados abaixo.
41
No campo de resíduos sólidos o gerenciamento é de suma importância no
desempenho dos trabalhos na obra, pois além de organizar melhor o ambiente de trabalho, ele
também ajuda na segurança dos funcionários e na conscientização no momento de executar as
tarefas para não destinar os resíduos em locais inadequados.
Também se notou que o gerenciamento dos resíduos sólidos juntamente com a
política do 5S e as outras ferramentas Lean geraram uma redução na quantidade destes
resíduos, no gráfico a seguir (Figura 3.7) mostra a evolução que a empresa estudada teve em
relação aos emprrendimentos, nota-se que o empreendimento Casa Rosa apresentou o menor
volume de resíduos por m² construído (9,99 cm/m²), por se tratar de um produto de alto
padrão foram utilizadas tecnologias avançadas, como a de fachadas ventiladas, assim
reduzindo a quantidade de resíduos gerada, nas demais a falta de viabilidade econômica, não
permitiu replicar todos os procedimentos, assim não repetindo a redução do volume na mesma
proporção, assim foram classificadas as obras por ordem cronológicas, com seus respectivos
volumes gerados de entulho em cm por m² construído:
Figura 3.7 – Gráfico de acompanhamento da altura de resíduos em cm
De acordo com a tabela 3.3 da página 39 (Classificação dos resíduos sólidos da
obra) o volume dos resíduos da Classe A (solo, argamassa, concreto) totalizaram 2.873,33 m³
que foram recolhidos em 685 containers se os mesmo fossem empilhados (lado a lado com 11
na base) no local da obra teria outra torre de 75m de altura (Figura 3.8).
42
Figura 3.8 – Simulação da torre de containers
Ainda pode-se ver a organização e limpeza advindas diretamente das ferramentas
Lean empregadas no canteiro, como o programa 4Rs, que é uma evolução dos 3Rs já citado
neste estudo, complementado com o último “R” o Repensar. Maior produção do operário pela
utilização do Kanban, que diminui bastante a parada de produção por falta de material e
facilitou a produção por pacotes empregada. O uso do Andon teve impactos significantes na
resolução dos problemas na produção e por consequente da obra, obtendo resultados dentro
do planejado levantando falhas que foram analisadas, evitando a reincidência.
A empresa vem obtendo resultados significativos na melhoria após a implantação
da filosofia Lean, tanto qualitativo como quantitativo, conforme descrição abaixo:
Ganhos qualitativos com a implantação da cultura Lean:
Evolução das ferramentas Lean para a cultura Lean;
Definição clara da visão futura da empresa, Hoskin;
Evolução tecnológica através de intercâmbio com a Academia;
43
Uso do Andon para redução das interrupções e o Kanban para melhoria de
fluxo e do processo;
Indicadores da Filosofia Lean;
Aumento da capacidade do sistema produtivo;
Aumento da eficiência dos processos;
Definição da melhor sequência dos processos;
Melhorias na gestão das etapas em obra.
Ganhos quantitativos com a implantação da cultura Lean:
Redução de 4% do custo direto, resultando em aumento de 20% do lucro;
Redução de distâncias entre armazenamento e execução em 70%;
Redução da mão de obra em 25%;
Redução de retrabalhos e desperdícios de materiais;
Melhoria no planejamento/execução ficando o indicador PPC médio em 80%.
Possíveis Desvantagens com a implantação da cultura Lean:
Dificuldade de obtenção de mão de obra direta qualificada, com o mercado
aquecido este pode escolher empresas com menor grau de controle dos
processos;
Dificuldade de alianças estratégicas com fornecedores e parceiros que não
adotam a cultura Lean;
Colaboradores podem sentir-se ameaçados pelas mudanças, receio de deixar a
zona de conforto, tendendo a rejeitar a filosofia.
Assim toda a empresa tem seu planejamento sobre a cultura Lean e usando esta
filosofia o Eng. Alexandre Mourão, Diretor Técnico, em concordância com a Eng. Caroline
Valente, Coordenadora Lean & Green ressaltaram a importância o Hansei (auto-reflexão)
como uma ideia central na cultura japonesa. Seu significado é admitir o próprio erro e garantir
44
a melhoria. Na Alemanha tem ditado similar, que é: “Selbsterkenntnis ist der erste Schritt zur
Besserung”, traduzindo: a consciência é o primeiro passo para a melhoria, assim esta empresa
está solidamente alicerçando o Lean Construction na sua própria cultura.
Quando se fala em edificações sustentáveis, deve-se buscar minimizar o consumo
de energia e de recursos em todas as fases do seu ciclo de vida: planejamento, construção,
uso, renovação e até na demolição. Minimizando todo e qualquer possível dano ao meio
ambiente, além de redução de custos, neste empreendimento em questão vimos todo o
envolvimento da empresa para este fim, já que esta obra serviu de referência à outra obra da
construtora e que buscará a certificação na categoria silver, versão LEED-CS.
45
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo de caso justifica-se devido ao significativo volume de resíduos sólidos
gerado nas obras no Brasil, baseado em dados coletados neste trabalho e comparando com
outros países, o volume chega a ser três vezes o volume gerado em países desenvolvidos,
assim ressaltando a falta de empenho e planejamento de muitas empresas para a redução deste
custo, também aumentando o problema das grandes cidades para o gerenciamento destes
resíduos.
Diante das exigências do governo com a resolução do CONAMA nº 307/20 as
empresas viram a necessidade de buscar ferramentas de gerenciamento dos resíduos sólidos.
Com o mercado cada vez mais competitivo da Construção Civil ficou evidente
que a redução dos resíduos trará um ganho de produtividade e que melhorará seus resultados
de prazos, reduzirá seus custos, aumentando a qualidade, trazendo mais segurança para os
colaboradores entre outros.
O acompanhamento dos resíduos sólidos trazem importantíssimos benefícios na
composição de custos da obra, além dos gastos direto, também a destinação destes geram
custos, como o de transporte e de estoque, por necessitarem de locais para sua triagem e
armazenagem até o recolhimento, e do gerenciamento na destinação, salientando que a
empresa construtora é responsável pelo local onde serão destinados os resíduos.
46
Como no estudo realizado, a problemática da medição da quantidade de resíduos
gerados na obra e na adoção e implementação de conceitos Lean é um assunto que merece a
atenção dos pesquisadores de Engenharia Civil e de Produção, buscando soluções mais
significativas. Sendo importante a implementação de gerenciamentos cada vez mais
desenvolvidos, pois desde agosto de 2010 a destinação adequada dos resíduos é uma
exigência do governo a todas as empresas do ramo.
Notadamente são empreendidos esforços para a destinação a locais adequados os
resíduos gerados nas obras, porém a questão da medição e qualificação dos resíduos ou os
seus derivados, como transporte, armazenagem e custos pouco tem chamado a atenção das
empresas, ficando estes nos custos indiretos.
Apesar dos alertas para a medição, tanto na implementação e uso de sistemas de
gestão Lean, pouco foi feito no sentido de solucionar o problema da geração dos resíduos nas
obras brasileiras. Tão peculiar na maneira de construir no Brasil, onde na maioria dos casos
usa-se a transformação da matéria prima no local da obra, diferentemente do que acontece nos
países desenvolvidos onde a forma de trabalho é a pré-fabricação e o canteiro é uma grande
linha de montagem, vindo todos os produtos fabricados e dimensionados de acordo com o
projeto unindo-os no canteiro de obra de acordo com o projeto.
Pela recente adoção do conceito Lean, as empresas da construção civil podem ter
um problema a mais. Os princípios da Lean Construction é carente de modelos a serem
seguidos, assim precisando de grandes esforços para o desenvolvimento nas empresas,
tornando o benchmarketing de suma importância. Não foram encontradas pesquisas empíricas
sobre tal dificuldade, ainda no Brasil, nota-se a lenta adoção desses conceitos por empresas do
setor da construção civil.
A dificuldade para o estudo é a não adoção de programas de qualidade por parte
das empresas do setor, sendo a empresa estudada pioneira e case de muitos pesquisadores no
Brasil. O NORIE/UFRGS academia muito respeitada no Brasil quando o assunto é Lean
Construction, implantou vários trabalhos na construtora presente neste estudo. Mostrando o
pioneirismo desta empresa e a falta de modelos no Brasil.
Assim a pesquisa junto às empresas do setor para verificar como estão tratando
seus resíduos, como a cultura Lean está sendo aperfeiçoada e quais indicadores do Lean
Construction estão sendo usados para quantificar, qualificar e reduzir, tantos os entulhos
47
como as perdas inerentes ao processo da construção civil no Brasil, será de fundamental
importância para a evolução do setor.
Fazem-se necessários o desenvolvimento de formas de medição que sejam
coerentes com os conceitos Lean e levem em considerações as especificidades do setor da
construção civil. Contudo, isto terá chances de se atingir rapidamente se as pesquisas forem
conduzidas da forma dos conceitos Lean.
Propõe-se que novos estudos sejam elaborados, mostrando a aplicação da
metodologia Lean no planejamento de outras obras e na fase de monitoramento e controle dos
resíduos sólidos dos empreendimentos residenciais, ressaltando que no estudo de caso na obra
em referência a filosofia Lean como o gerenciamento dos resíduos sólidos trouxe ganhos
qualitativos e quantitativos, como a redução direta de custos, já que houve um decréscimo no
volume de entulho, reduzindo o tempo para destinação deste além de outros fatores
preponderantes, assim este exemplo poderá ser seguido e trazendo melhorias para o setor e
com isso melhorando o meio ambiente.
48
REFERÊNCIAS
ABECIP. No Brasil, o crédito imobiliário busca segurança para crescer. Disponível em:
<http://www.abecip.org.br/IMAGENS/CONTEUDO/REVISTA/31/07_11CapaGarcia31.pdf>
Acesso em: 15 ago. 2012.
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logistica Empresarial.
São Paulo: Bookman, 2007. 609 p.
BARBOSA, A. A. R.; MUNIZ, J.; SANTOS, A. U. Contribuição da Logística na Indústria da
Construção Civil Brasileira. REVISTA CIÊNCIAS EXATAS, Unitau Vol.2, N. 2, 2007.
Disponível em: <http://periodicos.unitau.br/ojs-2.2/index.php/exatas/article/viewFile/707/667>
Acesso em: 19 set. 2012.
BONOMA, Thomas V. - Case Research in Marketing: Opportunities, Problems, and Process.
Journal of Marketing Research, Vol XXII, May 1985.
BNDES SETORIAL. Perspectivas e desafios para inovar na construção civil. Disponível
em:http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Publicacoes/Consulta_
Expressa/Setor/Construcao_Civil/201003_10.html>. Acesso em: 06 ago. 2012.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução no 307, de 5 de
julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos
da construção civil. s.l: 2002. 3p.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução no 348, de 16 de
agosto de 2004. Altera a Resolução CONAMA no 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o
amianto na classe de resíduos perigosos.
CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO (Brasília). Construção
Civil: Análise e Perspectivas. Disponível em:
<http://www.cbicdados.com.br/textos.asp?Tipo=3>. Acesso em: 01 set. 2012.
CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Boletim Estatístico.
Disponível em: <http://www.cbicdados.com.br/files/textos/boletim_ano8n02.pdf>. Acesso
em: 06 set. 2012.
49
CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Informativo Econômico:
Construção Civil: Desempenho e Perspectivas. Disponível em: <http://buildinbrazil.net/wp-
content/uploads/2012/02/Balan%C3%A7o_do_Setor_%E2%80%93_DEZ_2011.pdf>. Acesso
em: 06 set. 2012.
CONSTRUBUSINESS Brasil. Rumo a 2022 – Planejar, Construir, Crescer.- Habitação e
Infraestrutura no Brasil: Oportunidades de Investimento
<http://www.sinaprocim.com.br/upload/livros/Sumario_Executivo_pt.pdf>. Acesso em: 18
ago. 2012.
CUNHA JUNIOR, Nelson Boechat. Cartilha de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para
a Construção Civil – Sinduscon-MG: Belo Horizonte, 2005.
DIEESE. Estudos e pesquisas: Estudo Setorial da Construção – 2011. Disponível em:
<http://www.dieese.org.br/esp/estPesq56ConstrucaoCivil.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2012.
DIEESE. Estudos e pesquisas: O Mercado Formal de Trabalho da Engenharia no Estado do
Rio de Janeiro Disponível em: <http://www.dieese.org.br/esp/livroEngenheiros2011.pdf>.
Acesso em: 19 set. 2012.
FORMOSO, Carlos T. Lean Construction: Princípios básicos e exemplos. NORIE/UFRGS,
Disponível em: <http://www.construtoracastelobranco.com.br/aempresa/ps-
37/files/LeanConstru.pdf>. Acesso em 26 set. 2012.
GALBIATI, A.F. O gerenciamento integrado de resíduos sólidos e a reciclagem.
Educação ambiental para o Pantanal. Disponível em:
<www.redeaguape.org.br/artigo.php?id=87>. Acesso em 15 out. 2012.
HOWELL, Gregory A.: IGLC. Seventh Conference of the International Group for Lean
Construction 26-28 July 1999, University of California, Berkeley, CA, USA
ISATTO, E. L.; FORMOSO, C. T.; DE CESARE, C. M.; HIROTA, E. H.; ALVES, T. C. L.
Lean construction: diretrizes e ferramentas para o controle de perdas na construção
civil. Porto Alegre, SEBRAE/RS, Série SEBRAE Construção Civil, Vol. 5. 2000.
JORGE JUNIOR, Roberto. Análise da aplicação do sistema Andon em diferentes
ambientes de montagem. Campinas, SP: [s.n.], 2003.Dissertação (mestrado) Universidade
Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica.
50
KOSKELA, L. Application of the new production philosophy to the construction
industry. Technical Report n. 72, Center for Integrated Facilities Engineering, Dept. of Civil
Engineering, Stanford University, CA, 1992.
KOSKELA, L. An exploration towards a production theory and its application to
construction. Dissertation for the degree of Doctor of Technology at Helsinki University of
Technology. - Espoo : Technical research centre of Finland. Finlad, 2000.
KOSKELA, L.; BERTELSEN, L. Construction Beyond Lean: A new understand of
construction management. Presented at the 12th annual conference in the International Grop
for Lean Construction, Elsinore, Denmark, 2004
LEE, J.B..; ERICKSEN, L.R. The effets of a policy change on three types of absence.
J.Nurs. ADM . Billerica ,1990.
LEUSIN, Sérgio. Existe inovação nas edificações? In: ENCONTRO NACIONAL DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (XVI: 1996: Piracicaba). Anais. Piracicaba, SP:
UNIMEP/ABEPRO, 1996.
MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de Materiais e
Recursos Patrimoniais. Editora Saraiva, 2001.
MTE. Dados e Estatísticas: Características do Emprego Formal segundo a Relação Anual de
Informações Sociais - 2010 RAIS 2010 Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D2E7318C8012FE039D8AA15D9/resultado_20
10.pdf>. Acesso em: 19 set. 2012.
NOVAES, M. V. O uso do andon na construção civil – o caso de uma obra vertical
residencial em Fortaleza-CE. 2008. 176f. Dissertação de mestrado em Engenharia de
Produção - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFPB, João Pessoa.
NOVAES, M. V. Sustentabilidade e Construção Sustentável. Revista Construção Ceará,
Fortaleza, nº. 13, p.24, nov. 2011. Bimestral.
NOVAES, M. V.; MOURÃO, C. A. M. A. Manual de Gestão Ambiental de Resíduos
Sólidos na Construção Civil / Coopercon – Cooperativa da Construção Civil do Estado do
Ceará, 1ª Ed.: Fortaleza, 2008.
51
NOVAES, M. V.; MOURÃO, C. A. M. A. Indicadores de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos na Indústria da Construção Civil / Coletânea Lean 2004-2010, C.Rolim Engenharia
1ª Ed.: Fortaleza, 2011.
OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção – além da produção em larga escala.
PortoAlegre: Artes Médicas, 1997.
OSCAR, Naiana. Um Mercado Sob Suspeita. Exame, São Paulo, n.3, p.32-43, 22 fev. 2012.
Quinzenal.
PINTO, Tarcisio de Paula. Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil: A
Experiência do Sinduscon-SP. São Paulo: Obra Limpa. SindusCon-SP: 2005.
POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: Uma abordagem
logística. São Paulo: Atlas, 2002. 193p.
QUICK, T.C.; LAPERTOSA ,J.B. Analise do absenteísmo em usina siderúrgica . Ver. Brás.
Saúde Ocupacional., v.10,n.40 , 1982 .
SINDUSCON (São Paulo). Fgv. 48ª Sondagem Nacional da Indústria da Construção
Civil. Disponível em: <http://www.sindusconsp.com.br/msg2.asp?id=3232>. Acesso em: 10
ago. 2012.
SILVA, Alexsandro Amarante. Planejamento e Controle de Empreendimentos com MS
Project 2007. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2008. 207 p.
SOBEK, Durward K., JIMMERSON, Cindy. Relatório A3: ferramentas para melhorias de
processos. Lean Institute Brasil. Disponível em: <http://fabioredin.com.br/wp-
content/uploads/2009/05/relatorio-a3.pdf > Tradução: Diogo Kosaka. Acesso em 26 set. 2012.
SHINGO, S. O Sistema Toyota de produção. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
SHINGO, Shigeo. Zero Quality Control; Source Inspection and the Poka-Yoke System.
Productivity Press, Cambridge, Massachussets and Norwalk, Connecticut, 1986.
TUBINO, Dalvio Ferrari. Manual de Planejamento e controle da produção. 2ª ed.
São Paulo: Atlas, 2000.
52
VALENTE, Caroline Porto. Acompanhamento e Avaliação Lean em um canteiro de
obras: Uma proposta de Auditorias Lean. 2011 f. 64 Monografia de graduação em
Engenharia Civil, UFC, Fortaleza-CE.
VIDAL, Mario. Patamares tecnológicos da industrialização da construção: tentativa de
sistematização. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (IX :
1989 : Porto Alegre). Anais. Porto Alegre, RS: UFRGS e UFSM, 1989. vol. 2.
WOMACK, J. P., JONES, Daniel T. A Mentalidade enxuta nas empresas. Rio de Janeiro:
Campus, 1998.
YIN, Robert K. - Case Study Research - Design and Methods. Sage Publications Inc., USA,
1989.