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FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS GERAIS INSTITUTO EDUCACIONAL CÂNDIDA DE SOUZA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO TRABALHO AVALIAÇÃO DOS RISCOS EM ATIVIDADES DE MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS ENVOLVENDO GRUA: UM ESTUDO DE CASO NO CANTEIRO DE OBRAS DO EDIFÍCIO TORONTO José Devanir de Miranda Belo Horizonte 2012

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FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS GERAIS

INSTITUTO EDUCACIONAL CÂNDIDA DE SOUZA

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO TRABALHO

AVALIAÇÃO DOS RISCOS EM ATIVIDADES DE MOVIMENTAÇÃO DE

MATERIAIS ENVOLVENDO GRUA: UM ESTUDO DE CASO NO CANTEIRO DE

OBRAS DO EDIFÍCIO TORONTO

José Devanir de Miranda

Belo Horizonte

2012

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JOSÉ DEVANIR DE MIRANDA

AVALIAÇÃO DOS RISCOS EM ATIVIDADES DE MOVIMENTAÇÃO DE

MATERIAIS ENVOLVENDO GRUA: UM ESTUDO DE CASO NO CANTEIRO DE

OBRAS DO EDIFÍCIO TORONTO

Relatório Técnico-Científico apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de

Segurança no Trabalho, como requisito parcial

à obtenção do título de Especialista em

Engenharia de Segurança no Trabalho.

Orientador: Prof. MSc. Luciano José Vieira

Franco

Belo Horizonte

2012

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por possibilitar a elaboração deste trabalho. Aos meus familiares e à Bia

pelo apoio durante os momentos em que neguei-lhes atenção em razão dos estudos e

elaboração deste. Ao orientador, que sempre esteve presente nos momentos que dele

necessitei. Ao corpo docente da FEAMIG, que me colocou devidamente na trilha da vitória. A

todos os colegas com os quais convivi durante o curso.

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“Não é o mais forte que sobrevive, nem o

mais inteligente, mas o que melhor se

adapta às mudanças”.

(CHARLES DARWIN)

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MIRANDA, José Devanir. METODOLOGIA DE PESQUISA DE AVALIAÇÃO DOS RISCOS EM

ATIVIDADES DE MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS ENVOLVENDO GRUA: UM ESTUDO DE

CASO NO CANTEIRO DE OBRAS DO EDIFÍCIO TORONTO. 2012. 60f. Relatório Técnico Científico

(Pós Graduação em Engenharia de Segurança no Trabalho), Faculdade de Engenharia de Minas Gerais,

dezembro. 2012.

RESUMO

Este trabalho avalia os riscos de acidentes em atividades envolvendo gruas de base fixa, bem

como os aspetos de segurança de acordo com a Norma Regulamentadora – NR18, no que diz

respeito à montagem, operação, manutenção e desmontagem, em canteiro de obras de uma

edificação na cidade de Belo Horizonte. Avalia também as dificuldades encontradas pela

construtora em cumprir as determinações descritas no Plano de Cargas devido as constantes

mudanças do lay out de áreas de cargas e descarga e estocagem de materiais. A metodologia

utilizada compreende em uma análise que abrange pesquisas em artigos, teses, livros, notícias,

legislações vigentes, internet e bibliotecas para busca do conhecimento sobre os riscos de

acidentes e incidentes inerentes a atividades com o equipamento. O estudo caracteriza-se pela

pesquisa exploratória qualitativa, embasada em referências bibliográficas, reportagens e

estudos de caso. Para a coleta de dados foi aplicado questionário a pessoas envolvidas com a

logística do canteiro de obras. Os resultados obtidos identificou que estes trabalhadores apesar

de possuírem ciência dos riscos que estão sendo expostas todas as pessoas que transitam sob a

área de varredura da lança da grua, não possuem liberdade para aplicar seus conhecimentos

devido a pressões internas provindas da administração da obra para o cumprimento do

cronograma, aumentando os riscos de incidentes e acidentes. Nesse sentido, cabe à empresa

aperfeiçoar os estudos de fatores internos e externos que possam interferir no cronograma da

obra antes de sua elaboração e promover a conscientização dos administradores da obra sobre

os fatos analisados.

Palavras-chave: Grua; Canteiro de obras; Segurança; NR18; Acidentes.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1: Canteiros de obras com gruas em desacordo 1997 – 2006 .................................11

TABELA 1- Detalhamento do item da NR18.14.24 Gruas – 2006.........................................12

FIGURA 2: Imagem de grua.................................................................................................................15

FIGURA 3: Guindastes Medievais..........................................................................................19

FIGURA 4: Grua de base fixa.................................................................................................20

FIGURA 5: Grua de base móvel..............................................................................................21

FIGURA 6: Grua Ascensorial..................................................................................................22

FIGURA 7: Grua autopropelida...............................................................................................22

FIGURA 8: Mini Gruas...........................................................................................................23

FIGURA 9: Quadro com os principais prejuízos de um acidente de trabalho.........................26

FIGURA 10: Tipos de acidentes mais frequentes que levaram à morte no ano de 2007........28

FIGURA 11: Acidente fatal em Nova Lima MG ....................................................................30

FIGURA 12: Acidente fatal em Campinas SP.........................................................................31

FIGURA 13: Acidente fatal em Salvador BA.........................................................................32

FIGURA 14: Acidente com maior grua do mundo..................................................................33

FIGURA 15: Imagens da grua na edificação...........................................................................35

QUADRO 1: Respostas sobre instalação montagem e desmontagem ....................................40

QUADRO 2: Respostas sobre manutenção preventiva mensal...............................................41

QUADRO 3: Respostas sobre operações da grua....................................................................42

QUADRO 4: Respostas sobre amarração e cargas e sinalização ............................................44

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GLOSSÁRIO

Anemômetro: Instrumento utilizado para medir a velocidade do vento, geralmente instalado

no ponto mais alto da grua. (CRANE SERVICE, 2011).

Autopropelida - máquina ou equipamento que possui movimento próprio. (NR-18).

Carga: É todo e qualquer objeto de movimento e içamento. (CRANE SERVICE, 2011).

Fim de curso: Dispositivo localizado próximo a ponta da lança para impedir que o gancho

toque ás roldanas da lança. (CRANE SERVICE, 2011).

Grua: É um guindaste de lança horizontal suportada por uma estrutura metálica vertical,

denominada “torre”, em torno da qual, gira seu braço rotativo denominado “lança”.

(CRUZ,1997).

Guindaste: Equipamento para elevação e movimentação de cargas, provido de lança fixa ou

giratória, montado sobre base estacionária ou giratória. (CRANE SERVICE, 2011).

NR- Normas Regulamentadoras: Conjunto de normas de observância obrigatória pelas

empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem

como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos

pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

Plano Movimentação de Carga: Documento mais elaborado e é realizado quando há

necessidade de um maior detalhamento do planejamento. (CRANE SERVICE, 2011).

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Plano de Rigging: Planejamento elaborado para operações rotineiras de movimentação de

cargas. (CRANE SERVICE, 2011).

Telescopagem: É um sistema que permite a elevação da altura da grua. A telescopagem da

grua consiste na inserção de elementos à sua torre através de uma abertura na lateral da gaiola,

permitindo a elevação de sua altura. Essa abertura é permitida pelo deslizamento da gaiola de

telescopagem sobre os elementos de torre, através de um sistema de êmbolo hidráulico ou

cabos de aço tracionados. (CRANE SERVICE, 2011).

Troley: Carrinho que se movimenta horizontalmente suportado pela lança da grua. Seu

objetivo é transportar a carga até a ponta da lança. (CRANE SERVICE, 2011).

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

FEAMIG - Faculdade de Engenharia de Minas Gerais

NR- Normas Regulamentadoras.

TCC - Trabalho de Conclusão de Curso

UDESC- Universidade do Estado de Santa Catarina

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................10

1.1 Problema da Pesquisa.......................................................................................................12

1.2 Objetivo Geral...................................................................................................................13

1.3 Objetivos Específicos........................................................................................................13

1.4 Justificativa........................................................................................................................14

1.5 Caracterização da Empresa.............................................................................................15

2 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................17

2.1 Equipamentos de Guindar...............................................................................................17

2.2 História do Guindaste.......................................................................................................18

2.3 Tipos de Grua....................................................................................................................20

2.3.1 Grua de Base Fixa............................................................................................................20

2.3.2 Grua de Base Móvel.........................................................................................................21

2.3.3 Grua Ascensorial..............................................................................................................21

2.3.4 Grua Autopropelida.........................................................................................................22

2.3.5 Mini Gruas.......................................................................................................................23

2.4 Riscos de acidentes associados a atividades envolvendo gruas.....................................23

2.4.1 Riscos de acidentes durante a montagem, manutenção, telescopagem e desmontagem de

gruas..........................................................................................................................................24

2.4.2 Riscos de acidentes durante operações da grua...............................................................24

2.4.3 Acidente de trabalho........................................................................................................25

2.4.4 Custos de Acidentes de trabalho......................................................................................26

2.4.5 Prevenção de Acidentes no Trabalho...............................................................................29

2.4.6 Reportagens de Acidentes envolvendo Gruas.................................................................29

3 METODOLOGIA................................................................................................................34

3.1 Tipo de Pesquisa................................................................................................................34

3.2 Universo da Pesquisa........................................................................................................34

3.3 Técnicas de Amostragem..................................................................................................35

3.4 Seleção dos Sujeitos...........................................................................................................36

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados....................................................................................36

3.6 Técnica de Análise de Dados............................................................................................37

3.7 Limitações da Pesquisa.....................................................................................................37

4 RESULTADOS DA PESQUISA........................................................................................38

5 CONCLUSÕES....................................................................................................................46

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................48

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

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10

1 INTRODUÇÃO

Para o desenvolvimento da indústria da construção civil e a alimentação do mercado

imobiliário aquecido, exige-se cada vez mais tecnologias que auxiliam na implementação de

recursos para seu desenvolvimento e cumprimento de prazos impostos. As construtoras, para

manter a competitividade, vêm adotando mecanismos que ajudam a minimizar os prazos de

execução das obras e maximizar os lucros, sem que haja perdas na qualidade do produto final.

Conforme Cruz (1997), o subsetor de edificações, possui grande importância para a economia,

por ser fundamental para as demais atividades e para o conjunto da população. Este setor é

caracterizado por processos tradicionais e peculiaridades, o que diferencia dos demais ramos

de atividades. Desta forma, a industrialização da construção civil exige uma série de

inovações tecnológicas inseridas nos canteiros de obras que visam aumentar a eficiência dos

meios produtivos da construção.

O setor logístico, considerado item fundamental durante a execução de um empreendimento,

também recebe constantemente investimentos em equipamentos capazes de alimentar

plenamente toda a demanda de materiais dos canteiros de obras.

Um dos meios mais eficazes de satisfazer os anseios logísticos de distribuição de cargas

dentro do canteiro de obras de construção civil é a mecanização da movimentação de cargas

com emprego das gruas.

Segundo Rousselet (1999), a grua é um guindaste de lança horizontal, que é suportada por

uma estrutura metálica vertical, denominada “torre”, em torno da qual gira uma lança rotativa

de 360°.

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11

Grandes feitos da construção civil sem a utilização de gruas tornariam economicamente

inviáveis tanto em custos quanto aos prazos. Porém, sua utilização ainda limita-se a obras de

grande porte devido sua complexibilidade e exigência de requerimento de mão de obra

qualificada durante sua montagem, operação, manutenção e desmontagem. Existem também

legislações específicas que determinam a elaboração do Plano de Cargas, sinalização e

demarcação dos canteiros de obras, cursos e treinamentos específicos para operadores e

sinaleiros. Esse equipamento pode oferecer elevados riscos de acidentes a todos que laboram

ou trafegam em seu entorno caso não sejam seguidas todas as exigências Legais e

recomendações do fabricante. (CRANE SERVICE, 2011).

A FIGURA 1 apresenta o gráfico do percentual de uma série histórica de irregularidades

encontradas nos canteiros de obras do Estado de Pernambuco em relação às gruas fiscalizadas

entre os anos de 1997 e 2006.

FIGURA 1: Canteiros de obras com gruas em desacordo 1997 – 2006

Fonte: SINDUSCON/PE (2012).

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12

Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Pernambuco, as

estatísticas demonstram que apesar dos índices de irregularidades das obras fiscalizadas

apresentarem declínio, ainda ocorrem vários acidentes e incidentes com esta máquina naquele

Estado.

Pode ser observado no gráfico 1, que o ano de 2006 (0,86%) apresentou um

percentual de canteiros de obras em não conformidade com as gruas inferior aos

anos anteriores. A tabela 1 retrata quais os subitens que foram notificados durante o

ano de 2006, sendo a ausência de área específica de carga e descarga da grua como a

irregularidade de maior registro. (SINDUSCON/PE 2006, p.42).

Tabela 1- Detalhamento do item da NR18.14.24 Gruas – 2006

Item NR Gruas 2006

18.14.24.12 As áreas de carga/descarga não são delimitadas de forma a permitir

acesso às mesmas somente de pessoal envolvido na operação.

0,86%

18.14.24.13 A grua não possui alarme sonoro. 0,29%

Fonte: SINDUSCON/PE (2012).

1.1 Problema de Pesquisa

As atividades relacionadas à movimentação de cargas com emprego de gruas em canteiros de

obras oferecem altos riscos de acidentes. Uma reportagem do jornalista Guilherme Santos

mostrada no programa Balanço Geral intitulada “Grua quebrou”, apresentada por Raimundo

Varela em 12.05.2011. Rede Record, TV Itapoã, Salvador, Bahia, mostra um acidente com

uma grua em um canteiro de obras que por pouco não causou uma tragédia.

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13

Dentro deste contexto a pesquisa visa responder a seguinte questão: Quais são os principais

riscos de acidentes em atividades envolvendo gruas de torre e base fixa e quais são as medidas

e/ou métodos para neutralização ou a eliminação dos riscos das atividades?

1.2 Objetivo Geral

O Objetivo geral deste estudo é avaliar os principais riscos de acidentes em atividades

envolvendo gruas de base fixa, bem como os aspetos de segurança envolvendo este

equipamento, de acordo com a Norma Regulamentadora – NR 18, no que diz respeito à

montagem, operação, manutenção e desmontagem, em canteiro de obras. Consiste também,

após a identificação e avaliação dos principais problemas, sugerir medidas e/ou métodos que

possam neutralizar a ação destes agentes de risco.

1.3 Objetivos Específicos

a) Evidenciar os riscos existentes na utilização de gruas de torre fixa em um canteiro de

obra, envolvendo a segurança dos trabalhadores direta e indiretamente relacionados

com a operação do equipamento como a amarração de cargas.

b) Analisar em específico, a montagem, operação e a manutenção de gruas, visando

identificar os agentes de risco em operações que envolvam este tipo de atividade.

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14

c) Identificar as principais dificuldades enfrentadas pela empresa na organização do seu

lay out, bem como a demarcação e sinalização do canteiro de obras em consonância

com o Plano de Cargas e as exigências da Norma Regulamentadora NR 18.

1.4 Justificativa

Devido ao elevado número de acidentes em operações envolvendo gruas em canteiros de

obras em várias partes do Brasil e do mundo, despertou-se o interesse em estudar este

fenômeno apesar da escassez de bibliografias que auxiliariam na coleta de dados e na

comparação dos resultados.

Diante dos fatos sintetizados acima, este trabalho consiste em mostrar a sociedade os

principais riscos de acidentes em canteiros de obras que adotam gruas para a movimentação

de cargas, e as principais dificuldades que as construtoras enfrentam para organizar e manter

seu lay out, bem como o cumprimento dos requisitos legais impostos pelas Normas

Regulamentadoras.

O trabalho resume, portanto, em proporcionar conhecimentos mais apurados no que tange o

gerenciamento dos principais riscos em operações supracitadas aos profissionais e

responsáveis pela montagem, operação e desmontagem de gruas em seus canteiros de obras.

As trocas de informações possibilitam a melhoria contínua dessas atividades fazendo com que

competitividade não comprometa sua segurança.

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15

1.5 Caracterização da Empresa

A execução do projeto de construção do Condomínio do Edifício Toronto1, campo de estudo

desta pesquisa, está localizado na região centro sul da cidade de Belo Horizonte.

Para agilizar o setor logístico desta obra, foi alocada uma grua marca Potain tipo de base fixa,

cujo alcance útil da lança é de cinquenta metros, altura final da torre, oitenta e cinco metros,

objeto de estudo desta pesquisa.

Figura 2: Imagem de grua

Fonte: Crane Service (2012).

Possui inicialmente duzentos cinquenta trabalhadores compostos por Engenheiros,

Encarregados, Mestre obras, Técnicos de Segurança no Trabalho, Operador de grua e demais

1 O nome do edifício é fictício para ser mantido o sigilo necessário na pesquisa científica.

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16

trabalhadores da construção civil. Trata-se de um projeto de execução de uma edificação

vertical de salas comerciais distribuídas em dezenove pavimentos. O projeto do edifício

dispõe também de um heliporto, um pilotis e seis subsolos de estacionamentos comportando

vagas para automóveis, motos e bicicletas, ocupando uma área de 11.620,30 m2.

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17

2 REFENCIAL TEÓRICO

A seguir, serão apresentadas as definições de grua dadas pelos principais autores, suas

características básicas, e os tipos destes equipamentos atualmente disponíveis e mais

utilizados no auxílio de movimentação de cargas em canteiros de obras de construção civil.

Além dos riscos de acidentes associados a atividades envolvendo gruas, bem como os custos e

riscos dos acidentes de trabalho. Foram levantados também os acidentes noticiados

envolvendo gruas.

2.1 Equipamentos de Guindar

Segundo Rousselet (1999), a grua é um guindaste de lança horizontal, que é suportada por

uma estrutura metálica vertical, denominada “torre”, em torno da qual, sua lança rotativa gira

360°. Ele afirma que suportado pela lança, movimenta um “troley” (carrinho), que suporta um

gancho dependurado através de cabos de aço. Na extremidade da lança é instalado um “fim de

curso”, para impedir a queda do troley.

A Grua é uma estrutura metálica de grande porte, pode ter altura de trabalho de no mínimo 10

metros a 150 metros ou mais conforme a necessidade, (SCIGLIANO, 2008). Afirma também

que ela é conhecida como guindaste de torre fixa. A grua é um equipamento desenvolvido

para movimentar cargas em diversos segmentos da engenharia. Este equipamento tornou-se

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18

uma peça fundamental para içar cargas em canteiro de obras de construção civil e em outras

vertentes da engenharia devido à sua eficiência e versatilidade.

A característica básica que torna possível a denominação “grua” é a existência de uma lança

(horizontal, inclinada ou articulada), que é suportada por uma torre vertical metálica, que

pode ser fixa ou giratória. (LICHTENSTEIN; 1987).

Conforme Lichtenstein (1987), o maior objetivo da utilização de gruas é a racionalização do

transporte de materiais e insumos dentro do canteiro de obras. Se a utilização de gruas em

canteiro de obras for bem planejada, a movimentação de cargas torna-se muito eficaz e

segura. Sua possibilidade de transportar cargas horizontal e verticalmente aliadas à

capacidade de movimentação de materiais de grandes proporções proporciona a grua grande

eficiência na movimentação de cargas.

2.2 História do Guindaste

Segundo a UDESC (2012), o guindaste provavelmente é de origem grega ou romana, porém

não existem registros anteriores ao século I a.C.

Os grandes monumentos de pedra construídos pelo homem antes dessa época, como por

exemplo as pirâmides do Egito, foram edificados sem auxílio de nenhum mecanismo de

suspensão.

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19

Figura 3: Guindastes Medievais

Fonte: UDESC (2012).

A maior parte do conhecimento sobre os guindastes antigos conforme UDESC (2012), vem

dos escritos do arquiteto romano Vitrúvio (século I a.C.) e de Héron de Alexandria (século I

d.C.). O mais simples dos guindastes descritos compunha-se apenas de uma única estaca

fincada no chão, que era erguida e sustentada por um par de cabos amarrados em sua

extremidade superior. Em seu topo, prendia-se a roldana por onde corria a corda utilizada para

suspender os materiais. Essa corda era normalmente operada por um molinete fixo num dos

lados da estaca, junto à base.

Continuam informando que apesar de poder levantar cargas verticalmente, os guindastes

romanos eram muito limitados, pois, não podiam erguer cargas acima de suas estacas de

sustentação e o ângulo de giro para a direita ou para esquerda oferecia sérios riscos de

desequilibrá-lo, restringindo a operação.

Outro problema era a imobilidade do equipamento, que precisava ser desmontado a cada

etapa da construção. Afirmam que “A força humana utilizada para fazer funcionar o molinete

permaneceu insubstituível até o advento das máquinas a vapor”.

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20

2.3 Tipos de Grua

Atualmente, existem diversos tipos de gruas classificadas como: grua de base fixa, grua de

base móvel (sobre trilhos), grua ascensional, grua autopropelida e mini gruas.

2.3.1 Gruas de Base Fixa

As gruas fixas são caracterizadas pela base da torre chumbada sobre um bloco de concreto.

Sua ascensão e ancoragem são realizadas de acordo com a necessidade da obra, sendo que a

fixação da ancoragem e a altura livre serão limitadas de acordo com a capacidade de cada

equipamento e lança gira livremente 360°. (CRANE SERVICE, 2011).

Figura 5: Grua de base fixa

Fonte: MECALUX ESTANTES (2012).

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21

2.3.2 Gruas de Base Móvel

São gruas montadas sobre base metálica com lastro e trucks de translação que por sua vez se

move sobre trilhos, permitindo que todo conjunto se desloque horizontalmente. (CRANE

SERVICE, 2011).

Figura 5: Grua de base móvel

Fonte: MECALUX ESTANTES (2012).

2.3.3 Gruas Ascensionais

As gruas ascensionais são fixadas entre lajes normalmente instaladas dentro do fosso do

elevador por meio de gravatas metálicas e é ascendida ao passo que a edificação se eleva.

(CRANE SERVICE, 2011).

Page 23: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

22

Figura 6: Grua de torre Ascensional

Fonte: MECALUX ESTANTES (2012).

2.3.4 Gruas Autopropelidas

Guindaste de base móvel e lança fixa para içamento e movimentação de pequenas peças.

Geralmente encontradas em oficinas e transportadoras. (CRANE SERVICE, 2011).

Figura 7: Grua de torre autopropelida

Fonte: MECALUX ESTANTES (2012).

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23

2.3.5 Mini Gruas

As Mini Gruas são equipamentos utilizados com extensor para içar cargas em pequenos

espaços e são reconhecidas pela NR-18, possuem boa resistência, são de fácil manuseio e

instalação, ágil e eficaz para içamentos de cargas de até 500kg (CRANE SERVICE, 2011).

Figura 8: Mini Grua

Fonte: Crane Service ( 2012).

2.4 Riscos de acidentes associados a atividades envolvendo gruas

Para Pampalon (2008), os principais acidentes com vítimas ocorridos nos últimos tempos

envolvendo gruas, tiveram relação com sua montagem e operação ocasionado acidentes com

quedas de trabalhadores e/ou desabamento do próprio equipamento.

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24

2.4.1 Riscos de acidentes durante a montagem, manutenção, telescopagem e desmontagem da

grua

Conforme informações da Crane Service (2011), os principais riscos de acidentes associados

ás atividades de montagem, manutenção, telescopagem e desmontagem da grua são:

Queda de pessoas em altura durante a deslocação e trabalhos na torre;

Queda de pessoas em altura durante a deslocação e trabalhos da lança e contra-lança;

Queda de pessoas dos passadiços e plataformas de serviço;

Esmagamento ou arrastamento provocado pelas polias, tambores ou engrenagens dos

sistemas de movimentação e de elevação;

2.4.2 Riscos de acidentes durante as operações da grua

Segundo a Crane Service (2011), os principais riscos de acidentes associados ás atividades de

operação incorreta da grua são:

Desequilíbrio ou queda da grua devido a deficiencia do lastro da base ou do

contrapeso;

Queda da carga e/ou desestabilização devido a ventos acima de 42 KM/h;

Queda da carga devido ao abaoroamento com objetos parados;

Queda da carga devido à ruptura do cabo;

Contacto elétrico indirecto, devido a defeitos de isolamento;

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25

Contato elétrico direto, devido ao contato da estrutura e acessórios da grua, com linhas

eléctricas aéreas.

2.4.3 Acidente do Trabalho

Segundo a Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991, Art. 19, acidente do trabalho é aquele que

ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, ou, ainda, pelo serviço de trabalho de

segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a

perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária. Já incidente é a

ocorrência que sem ter resultado em danos á saúde ou a integridade física de pessoas tinha

potencial para causar tais agravos. (BRASIL, 1991).

O trabalhador da construção civil, em sua maioria, são pessoas simples e com baixo nível de

escolaridade. Além de enfrentarem as condições de trabalho penosas, nem sempre encontram

respaldo protetivo adequado à sua saúde e integridade física. Comparados a outras indústrias

de transformação, os trabalhadores da construção civil geralmente possuem menos instrução,

impossibilitando até mesmo o reconhecimento dos riscos aos quais estão expostos.

(OLIVEIRA e PILON, 2003).

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26

2.4.4 Custos de Acidentes de Trabalho

Conforme Torreira (1999) ocorrência de acidentes acarretam prejuízos para o acidentado, para

a empresa e para a nação.

A FIGURA 8 a seguir representa os principais prejuízos de um acidente de trabalho.

Figura 9: Quadro com os principais prejuízos de um acidente de trabalho

Fonte: (VIEIRA, 2005, p.55) apud (ROBOREDO, 1990).

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27

A seguir são apresentados os principais fatores que envolvem os custos de acidentes segundo

Vieira (2005, p.55):

a) Fatores Humanos: acidente com lesão acarretam despesas médicas hospitalares,

farmacêuticas, etc.

b) Agentes produtivos: danos a máquinas, equipamentos, ferramentas, matéria prima,

etc. Quando resulta da ocorrência do acidente.

c) Tempo: qualquer acidente gera perda de tempo e, consequentemente, perda de

produção e de mão de obra qualificada.

d) Instalações físicas: acidente poderão acarretar custos na edificação.

Segundo Torreira (1999, p. 27) os custos diretos e indiretos com acidentes de trabalho são:

a) Custos diretos:

São aqueles que incidem diretamente sobre o acidentado com encargos e

despesas. Estes custos geralmente incluem despesas médicas e hospitalares,

pagamentos de indenizações e substituições durante a recuperação, manutenção,

reparos e/ou substituição de materiais e/ou equipamentos danificados.

b) Custos indiretos:

- perdas de horas de trabalho do acidentado afastado;

- tempo gasto durante o socorro do acidentado;

- tempo gasto para realizar levantamentos e investigações sobre as causas da

ocorrência do acidente e elaboração de relatórios;

Page 29: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

28

- tempo gasto para assistir o acidentado;

- tempo gasto em primeiros socorros, serviço médico e pessoal da segurança;

- danos ocorridos com ferramentas, máquinas, equipamentos, materiais e

propriedade;

- prejuízo econômico devido ao cumprimento de prazos e pagamento de multas;

- perda de produtividade até o retorno do trabalhador às condições de trabalho;

- perdas devido à diminuição da produção.

Conforme gráfico da figura 9 observa-se que o setor de construção civil foi responsável por

46,42% do total dos tipos de acidentes mais frequentes que levaram à morte no ano 2007,

sendo que a queda de altura foi responsável por 74,0% de todos eles.

As manutenções e as telescopagens de gruas se caracterizam principalmente pela exposição

dos trabalhadores a riscos de acidentes de queda de altura.

FIGURA 10: Tipos de acidentes mais frequentes que levaram à morte no ano de 2007

Fonte: Inspeção Geral do Trabalho (2007).

Page 30: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

29

2.4.5 Prevenção de Acidentes no Trabalho

De acordo com Torreira (1999, p.32) é necessário seguir os seguintes passos para a prevenção

de acidentes de trabalho:

- substituir materiais e/ou equipamentos por outros mais seguros;

- treinar o trabalhador efetivamente no que se refere à procedimentos e práticas de segurança;

- instruir os trabalhadores sobre a melhor forma de se executar a atividade com segurança;

-estabelecer procedimentos de segurança a serem observadas durante a utilização de

determinados produtos;

- informar aos trabalhadores sobre os riscos e perigos existentes na execução de suas tarefas e

formas de minimizá-los;

- informar aos trabalhadores suas responsabilidades civis e criminais no âmbito do trabalho;

- motivar os trabalhadores através programas de segurança, sobre a necessidade da

preservação da vida, da saúde e da integridade física através de sua participação efetiva.

2.4.4 Reportagens de Acidentes envolvendo Gruas

A seguir serão apresentadas algumas reportagens sobre os principais acidentes com gruas

reportados.

Como exemplo de acidentes envolvendo gruas cita-se o divulgado em nove de outubro de

2010, pelo canal se Notícias Terra, envolvendo três pessoas em canteiro de obras na região

Page 31: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

30

metropolitana de Belo Horizonte. Segundo informações prestadas pelo Corpo de Bombeiros,

ao canal de Notícia Terra (2010), o braço da grua, que estava a mais de 80 m de altura, se

soltou após um movimento brusco.

Um dos operários caiu do equipamento e morreu na hora. Outro operário foi socorrido,

diagnosticado com múltiplas fraturas. Um terceiro operário, que usava cinto de segurança

ficou preso pelo equipamento a uma altura de 50 metros durante três horas. Em depoimento a

construtora responsável pela obra iniciou a apuração para verificar as causas do acidente já

que os operários estavam sob a responsabilidade de outra empresa com contrato terceirizado.

Figura 11 Acidente fatal em Nova Lima - MG

Fonte: Terra Notícia, (2012).

Outro acidente com grua envolvendo vítima fatal foi registrado em Campinas, em dez de

junho de 2011, segundo jornal EPCampinas.

Page 32: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

31

O equipamento estava em um canteiro de obras que ao carregar um bloco de concreto, parte

da estrutura caiu sobre o refeitório, onde estava o funcionário Josideide Oliveira Pires que

morreu imediatamente sob os escombros. A vítima usava os equipamentos de segurança e era

encarregado de uma empresa terceirizada que fornecia pisos à obra, segundo depoimentos.

Figura 12 Acidente fatal em Campinas SP

Fonte: EPCampinas. (2012).

Outros dois trabalhadores ficaram feridos, mas não correm risco de morte. Um carro e um

caminhão também foram atingidos pela grua. O motorista do carro ficou ferido e foi levado

para o hospital. O condutor do caminhão não ficou ferido, mas houve vazamento de

combustível. A grua era alugada e segundo a empresa responsável apresentava perfeitas

condições de utilização.

Em Salvador dois operários morreram e um ficou ferido em consequência da queda de uma

grua no canteiro de obras na avenida principal da cidade no dia 08 de setembro de 2010. No

momento da desmontagem, a grua caiu e arremessou dois operários ao chão onde morreram

Page 33: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

32

imediatamente. Outra vítima, que passava pelo local, foi atingida por uma parte do

equipamento e fraturou as pernas.

Figura 13 Acidente fatal em Salvador BA

Fonte: Jornal Notícias (2012).

Em informação vinculada em 28 de janeiro de 2012, na página online da UOL, foi registrado

acidente de trabalho envolvendo grua, no centro da cidade de Cascavel no Paraná. O

equipamento caiu sobre casa em terreno ao lado da construção. Não foi registrado nenhum

ferido. O Sindicado dos Trabalhadores da Indústria e da Construção Civil da cidade declarou

a importância de verificar a causa do acidente. A suspeita seria falha humana durante a

desmontagem da grua que estava sobre a responsabilidade de uma empresa terceirizada dentro

do canteiro de obras como todos os acidentes relatados.

Segundo o Jornal de Notícias a maior grua do mundo localizada nos EUA, na refinaria de

LyondellBasell no Texas, com capacidade para levantar 362 mil quilos, entrou em colapso

acidentando dois operários.

Page 34: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

33

Os acidentes com gruas têm gerado, ultimamente, alguma polemica nos

Estados Unidos. Só desde Março, dois acidentes na cidade de Nova Iorque

custaram a vida a nove pessoas. Um inquérito da agência Associated Press

(AP) apurou que as normas para as operações com gruas variam de cidade

para cidade, e algumas nem têm qualquer norma sobre a sua utilização e

construção. O Texas é o estado que registra maior número de mortos com

estas máquinas, com 26 mortos em 2005 e 2006. (JORNAL DE NOTÍCIAS,

2008).

Figura 14 Acidente com maior grua do mundo

Fonte: Jornal de Notícias (2008)

Diante dos acidentes citados observa-se com clareza que o manejo de gruas necessita de

rigoroso cuidado com as normas de segurança devido seu alto grau de periculosidade.

Page 35: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

34

3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de Pesquisa

Este estudo consiste em uma pesquisa exploratória qualitativa, embasada em referências

bibliográficas e em pesquisa de campo utilizando também a técnica de questionários e

observações voltadas para a investigação dos principais riscos de acidentes em operações de

movimentação de cargas envolvendo gruas e quais são os fatores que dificultam o

cumprimento da Norma Regulamentadora (NR- 18) em um canteiro analisado.

De acordo com Chizzotti (2008), a pesquisa exploratória arremete na busca do conhecimento

em diversas fontes, com o objetivo de responder investigações que surgem por meio da

reflexão individual ou coletiva dos pesquisadores.

3.2 Universo da Pesquisa

Foi escolhida como campo empírico uma grua da marca Potain utilizada na execução do

projeto de uma obra predial de salas comerciais, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.

Trabalham no entorno desta grua 250 pessoas, sendo que o Operador da grua, os Sinaleiros, o

Mestre de obras, o Engenheiro responsável pelo equipamento e o Técnico de Segurança serão

envolvidos diretamente nesta pesquisa.

Page 36: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

35

Figura 15: Imagem da Grua na edificação

Fonte: Arquivos do pesquisador (2012)

3.3 Técnicas de Amostragem

A técnica de amostragem escolhida foi a não aleatória devido à pesquisa ter caráter

qualitativo.

Foram realizadas entrevistas e aplicados questionários aos trabalhadores que laboram

diretamente com a grua no canteiro de obras de construção do Condomínio do Edifício

Toronto. Foram selecionados porque estão diretamente envolvidos na operação, sinalização,

manutenção da grua e administração do canteiro atendendo aos objetivos desta pesquisa.

Page 37: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

36

3.4 Seleção dos Sujeitos

Para aprofundar a coleta dos dados, foram aplicados questionários ao Mestre de obras, ao

Operador, ao Sinaleiro, ao Engenheiro responsável direto pela manutenção preventiva e

corretiva da grua e a Técnica de Segurança no Trabalho.

Esses profissionais supracitados foram escolhidos por possuírem experiências anteriores

adquiridas em outras empresas no que tange movimentação de cargas em canteiros de obras

envolvendo gruas. Durante este estudo, os trabalhadores envolvidos nas atividades avaliadas

concordaram voluntariamente em participar desta pesquisa.

Os sujeitos selecionados foram entrevistados em seus setores de trabalho e responderam os

questionários que se encontra no ANEXO I.

3.5 Instrumentos de coleta de dados

Foram elaborados e aplicados questionários direcionados aos supracitados e demais

responsáveis pelo cumprimento do Plano de Cargas dispostos em APÊNDICE. Estas questões

tiveram a finalidade avaliar os principais riscos de acidentes em atividades de movimentação

de materiais envolvendo grua no canteiro de obras do edifício Toronto, bem como o

cumprimento do Plano de Cargas.

Page 38: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

37

3.6 Técnica de Análise de Dados

A técnica de análise de dados utilizada foi qualitativa e quantitativa.

3.7 Limitações da Pesquisa

As limitações encontradas referem-se à falta de bibliografias relacionadas ao assunto

abordado e a pouca precisão dos dados coletados durante as entrevistas, principalmente com

os trabalhadores que possuem baixa instrução.

A pesquisa também pode ter sofrido distorções devido à tendência do Mestre de obras em

justificar a necessidade de cumprir o cronograma e o Engenheiro atentar para não expor as

informações que possam contrariar os objetivos da organização.

Page 39: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

38

4 RESULTADOS DA PESQUISA

Os entrevistados durante esta pesquisa foram o Engenheiro Civil, que possui trinta e sete anos

de idade e doze anos de experiência em montagem e manutenção de gruas em canteiros de

obras do setor da construção civil. O Sinaleiro possui vinte e cinco anos de idade, concluiu o

ensino fundamental e possui dois de experiência na função. O Operador da grua possui vinte e

seis anos de idade, três anos de experiência na função e cursou o ensino médio completo. A

Técnica de Segurança possui vinte e cinco anos de idade e cinco especificamente nesta

atividade. Já o Mestre de Obras de sessenta e cinco anos de idade e trinta e cinco anos de

experiência possui o ensino fundamental incompleto.

Com exceção do Mestre de Obras, os entrevistados foram unânimes ao responder que o

conflito dos interesses entre empreiteiros, construtor e segurança do trabalho da obra são

fatores que dificultam o cumprimento do Plano de Cargas. A Técnica de Segurança concorda

com os supracitados e acrescenta que o desconhecimento dos riscos envolvidos no içamento

de cargas, associado ao despreparo das pessoas envolvidas na atividade, são fatores que

aumentam a probabilidade de ocorrência de incidentes e acidentes de trabalho.

O Mestre de Obras discorda que haja jogo de interesses e garante que os fatores que

interferem no cumprimento do Plano de Cargas é o cronograma apertado imposto pelos

investidores da construção do edifício e a falta de espaço para armazenamento de materiais.

Sobre a demarcação do canteiro, ressalta que este acaba ficando comprometida devido à

redução do espaço causado pelo avanço natural das obras.

Page 40: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

39

Todos os entrevistados negaram ter presenciado acidentes envolvendo gruas, mas já tiveram

conhecimento de tal fato através de reportagens pelos canais livres de comunicação com

exceção da Técnica de segurança que presenciou um acidente fatal envolvendo grua na região

metropolitana de Belo Horizonte.

Já os incidentes como o içamento de cargas sobre pessoas, queda de materiais, abalroamento

de cargas, todos os entrevistados relataram que são eventos comuns durante a jornada de

trabalho e já foram presenciadas várias vezes durante suas experiências em atividades desta

natureza.

Para o Engenheiro responsável pelo equipamento, com ampla experiência sobre este assunto,

os principais desencadeadores de acidentes com queda de materiais, queda de trabalhadores

durante a montagem, manutenção e desmontagem da grua são oriundos do não cumprimento

das normas previstas pela NR 18 e pelo fabricante do equipamento. De acordo com ele, içar

cargas acima da capacidade do equipamento, transportar cargas sobre área de vivência,

utilizar cintas e cabos de aço (estropos) em mal estado de conservação, bem como arrastar

cargas no chão, além de operar o equipamento durante condições climáticas adversas são

exemplos de descumprimento da Norma Regulamentadora NR18 e são ações comuns em

canteiros de obras. Continua relatando que o não cumprimento do Plano de Cargas elaborado

pela obra, a amarração incorreta das cargas, além da utilização de acessórios inadequados, são

fatores preocupantes, pois além de oferecer riscos de morte às pessoas que estiverem no

perímetro de cobertura da lança da grua, coloca em risco também o equilíbrio do equipamento

e a segurança do Operador.

Page 41: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

40

Ele alerta para a necessidade de capacitar os responsáveis pela produção como: Engenheiros

de obras, Mestre de Obras, Encarregados e Segurança no Trabalho para que tenham

conhecimento sobre os riscos e capacidades do equipamento.

Todos os entrevistados, exceto o Mestre de Obras que preferiu não se manifestar,

concordaram com o Engenheiro sobre a necessidade da engenharia da obra dar autonomia e

respaldo ao departamento de segurança, para que possam fiscalizar de forma plena e controlar

efetivamente as atividades.

Adaptados de ENGEL (2008) os quadros apresentados a seguir foram utilizados nesta

pesquisa para avaliar se os itens obrigatórios de suma importância impostos pela Norma

Regulamentadora NR18, estão sendo cumpridos de acordo com depoimento do Engenheiro

responsável pelo equipamento.

Quadro 1- Respostas sobre instalação montagem e desmontagem A.1) INSTALAÇÃO (MONTAGEM /DESMONTAGEM) SIM NÃO NA

A 1.1) A ponta da lança e o cabo de aço de sustentação estão afastados no mínimo 3

metros de qualquer obstáculo? X

A 1.2) A ponta da lança e o cabo de aço de sustentação estão afastados da rede elétrica? X

A 1.3) Estime o afastamento, em metros: Acima de 40 metros X

A 1.4) Os fios elétricos possuem isolamento, caso a ponta da lança e o cabo de aço de

sustentação estejam próximos da rede elétrica? X

A 1.5) A grua possui pára raios e aterramento? X

A 1.6) Houve algum acidente na montagem ou desmontagem?

Caso positivo, relate o ocorrido. X

A 1.7) A grua de base fixa está montada sobre um chumbador fixado numa base de

concreto e possui ART do responsável? X

A 1.8) Durante a montagem, foi efetuada aterramento da estrutura, com cabos elétricos de

tamanho adequado? X

A 1.9) Durante a desmontagem se desliga o interruptor geral, botoeira e a tomada de

alimentação do painel elétrico secundário e principal? X

A 1.10) Retira-se os pesos da contra lança antes de desmontá-la? X

A 1.11) A lança possuem placas visíveis na grua e indicadas com as capacidades das

cargas máximas? X

Fonte: Arquivo do pesquisador adaptado de ENGEL (2008).

Page 42: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

41

Observa-se que as atividades analisadas no quadro I, referente à montagem e desmontagem da

grua, parte que compete ao Engenheiro responsável pelo equipamento, todos os itens

analisados estão de acordo com os procedimentos básicos de segurança.

Também adaptado de Engel (2008) o quadro 2 abaixo, respondido pelo Engenheiro

responsável, referente à manutenção preventiva do equipamento.

Quadro 2 – Respostas sobre manutenção preventiva mensal A.2) MANUTENÇÃO PREVENTIVA (MENSAL) SIM NÃO NA

A.2.1) É verificado se todos os parafusos se mantêm apertados, especialmente na torre e

rolamento e se todos os pinos são bifurcados originais. X

A.2.2) Com a corrente elétrica desligada, verifica-se visualmente o estado do interior do

armário elétrico. X

A.2.3) Ainda com a corrente elétrica desligada, verifica-se o aperto dos terminais na

caixa dos motores e freios. X

A.2.4) É comparado e ajustado se necessário, as folgas dos freios eletromagnéticos,

principalmente no motor da elevação. X

A.2.5) Verifica-se o bom estado do aterramento elétrico e se existem próximo ao cabo

elétrico umidade suficiente de modo a estabelecer-se condução elétrica. X

A.2.6) Efetua-se medições a tensão de alimentação da grua e aos consumos dos motores,

no arranque e em regime de trabalho, observando se existem valores anormais. X

A.2.7) É comprovado o bom estado estrutural, com ausência de fissuras ou deformações

permanentes. X

A.2.8) É cumprido o estabelecido no manual do fabricante quanto ao manuseio e

manutenção da grua. X

Fonte: Arquivo do pesquisador adaptado de ENGEL (2008).

Conforme os dados obtidos através do quadro 2, observa-se que não é avaliada

periodicamente a capacidade de dissipação de sobrecargas elétricas através do aterramento.

Não é realizada sistematicamente também a aferição dos valores de consumo de energia dos

motores, objetivando analisar se os mesmos possuem potencia suficiente para manter o

equipamento funcionando conforme as características originais do fabricante.

Page 43: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

42

O quadro 3, questionários B1 e B2, direcionados ao Operador da Grua, forneceram os

seguintes dados.

Quadro 3 – Respostas sobre operações da grua

B.1) OPERAÇÃO SIM NÃO NA

B.1.1) Operador tem idade mínima de 18 anos? X

B.1.2) Foi submetido a exame admissional médico e psicotécnico antes da sua nomeação.? X

B.1.3) Possui noções elementares de eletromecânica? X

B.1.4) Sabe os principais mecanismos e interpreta a documentação que acompanha a grua? X

B.1.5) Verifica diariamente e faz check List da grua? X

B.1.6) Verifica os níveis de óleo dos redutores e conhece os pontos de lubrificação? X

B.1.7) Teve treinamento especifico de operação? X

B.1.8) Operador e pessoal auxiliar usam capacete de segurança em todo o momento? X

B.1.9) Usa luvas adequadas ao manusear cabos ou outros elementos ásperos ou cortantes? X

B.1.10) Cinturão de segurança (tipo paraquedista), em todos os trabalhos de conservação,

ancorados em pontos sólidos da estrutura da torre ou lança? X

B.1.11) Trabalhador qualificado, com função anotada em carteira de trabalho? X

B.1.12) Manobras de movimentação devem ser executadas por meio de códigos de sinais

convencionais (NR-18) rádio com frequência exclusiva X

B.2) UTILIZAÇÃO SIM NÃO NA

B.2.1) É proibido recolher cargas fora do alcance da grua ou utilizar a grua para fazer

trações oblíquas de qualquer tipo. X

B.2.2) Não se remove cargas presas ao solo ou que estejam com qualquer tipo de fixação. X

B.2.3) Não se balança cargas para depositá-las fora do alcance da grua. X

B.2.4) A grua tem mecanismo de segurança contra sobrecarga. X

B.2.5) Não se transporta pessoal com a grua. X

B.2.6) Não se passa cargas por cima das pessoas sem as devidas precauções. X

B.2.7) Não trabalhar com grua sob ventos excessivos (superiores a 42 km/h) ou na

iminência de tempestades,possíveis de provocar descargas elétricas. X

B.2.8) É acionado o sinal sonoro pelo operador sempre que houver movimentação de

carga. X

B.2.9) Existem passagens segura nos andares de ancoragens da grua. X

Fonte: Arquivo do pesquisador adaptado de ENGEL (2008).

Page 44: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

43

No que compete à operação da grua, observa-se que operador é capacitado para a atividade,

possui treinamentos, a empregadora fornece os EPI necessários e condições adequadas para o

trabalho. Portanto, o trabalhador não verifica os níveis de óleo dos redutores e nem possui

noções elementares de eletromecânica. Esta deficiência do Operador se dá devido à locadora

do equipamento possuir um cronograma mensal de manutenções preventivas e equipes de

técnicos em manutenção especializadas em gruas.

Ao realizar o chek list diário, caso o Operador perceba quaisquer alteração, este paralisa a

atividade e comunica ao setor de segurança da obra que por sua vez, solicita uma vistoria

técnica da empresa responsável pela manutenção do equipamento..

Diante das circunstâncias impostas pelos gerentes das obras, o Operador e os Sinaleiros não

conseguem executar suas atividades sem passar a carga suspensa sobre trabalhadores de

outros setores. Ao ser questionado sobre o acionamento do sinal sonoro para alertar as pessoas

que estiverem sob a carga suspensa, o Operador enfatiza que a distancia vertical entre a

campainha da grua e as pessoas, associada à ruídos provindos de outros setores dificultam a

percepção pelos trabalhadores.

Sobre atividades com ventos acima do permitido, o Operador atribui este descumprimento à

pressões provindas do setor de produção para manutenção de outras frentes de serviço.

O quadro 4 a seguir, foi direcionado à Técnica de Segurança no Trabalho e teve o objetivo de

avaliar os níveis de interação e apoio deste setor com as atividades de movimentação de

cargas suspensas.

Page 45: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

44

Quadro 4- Respostas sobre amarração e cargas e sinalização C.1) AMARRAÇÃO DE CARGAS E SINALIZAÇÃO SIM NÃO NA

C.1.1) Todas as áreas de cargas / descargas são delimitadas (guarda-corpo, pintura,

cavalete, etc.). X

C.1.2) O trajeto a ser percorrido pela lança da grua é isolado, para que, em momento

algum, as pessoas fiquem sob a carga (NR-18). X

C.1.3) A carga é observada em todo o momento durante o seu transporte. X

C.2.4) O gancho é dotado de trava de segurança em perfeito estado. X

C.1.5) As plataformas para recebimento de material cerâmico tem rodapé de 20 cm, e

carga colocada bem distribuída, para evitar a queda. X

C.1.6) Para elevar pallet, serão necessárias cintas simétricas por debaixo da plataforma

de madeira. X

C.1.7) Retira-se do serviço cabos de aço, cintas, manilhas e estropos que estiverem

danificados. X

C.1.8) É realizado check list diário de cabos de aço, cintas, manilhas e estropos para

detectar possíveis danos. X

C.1.9) Possui rádio com frequência exclusiva para sinaleiros e operado. X

C.1.10) É proibido fazer alterações ou, sem prévio acordo do fabricante, usar peças de

substituição que não sejam originais. X

Fonte: Arquivo do pesquisador adaptado de ENGEL (2008).

Foi constatado que o setor de segurança acompanha sistematicamente as atividades

relacionadas à grua, porém, aspectos fundamentais do Plano de Cargas não estão sendo

cumpridos como: a não delimitação das áreas de carga e descarga e a passagem de cargas

sobre pessoas. Ao ser questionada, a Técnica de Segurança atribuiu o fato à falta de apoio dos

demais responsáveis pela obra e à sobrecarga de trabalho imposta aos trabalhadores

envolvidos na atividade.

Como resultado desta pesquisa, observou-se que os trabalhadores envolvidos nas atividades

de içamento de materiais com grua no canteiro de obras avaliado possuem conhecimento das

Normas Regulamentadoras e das exigências impostas pelo fabricante do equipamento. Porém,

estes trabalhadores não possuem liberdade de atuação e de aplicação de seus conhecimentos

devido ao jogo de interesse dos administradores da obra que nem sempre possuem

Page 46: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

45

conhecimentos suficientes sobre os riscos de acidentes durante a tomada de decisão sobre a

movimentação de cargas suspensas.

Ficou evidenciado que apesar de haver uma preocupação em relação a probabilidade de

ocorrência de acidentes, os administradores do canteiro de obras acabam priorizando a

produção e banalizando a ocorrência dos incidentes.

Foi percebido também que estes trabalhadores possuem uma jornada de trabalho exaustiva,

inclusive os trabalhos aos sábados são rotineiros e as horas extras são quase como um regime

obrigatório. O trabalho sob pressão gera stress e compromete a saúde do trabalhador e

consequentemente a segurança dos que estão em seu entorno.

Ao executar atividade com ventos superiores a 60 KM/h, aumenta significativamente a

possibilidade de quedas de cargas e abalroamento. Porém este tipo de comportamento é

rotineiro e fere a NR 18 da Portaria 3214/78, Anexo III.

As atividades relacionadas à montagem e manutenção, por serem executadas pela empresa

locadora da grua, são seguidos os procedimentos básicos de segurança e os trabalhadores

envolvidos são treinados e qualificados para a atividade.

Quanto à demarcação do canteiro de Obras, este possui apenas placas de sinalização, mas não

é demarcado e a passagem de pessoas feita pelo centro da área de carga e descarga,

contrariando o Plano de Cargas e as normas de segurança.

Page 47: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

46

5 CONCLUSÕES

Conclui-se a partir dos dados coletados, apresentados e analisados, que os principais acidentes

envolvendo gruas são tratados de forma banal como pequenos incidentes que não deveriam

ser menosprezados, pois são indicadores da probabilidade de ocorrência de acidentes de maior

gravidade.

É importante ressaltar que os trabalhadores ao se fazerem expostos a carga excessiva de

trabalho devido a necessidade da manutenção de materiais nas frentes de serviço, perdem a

autonomia, o poder de decisão e as condições de aplicar seus conhecimentos, criando

condições que propiciam à ocorrência dos incidentes e acidentes e o descumprimento do

Plano de Cargas.

Para inibir a influência do jogo de interesses dos administradores da obra sobre os operadores

deste sistema, seria necessário que fosse realizada uma pesquisa sobre o clima da região como

a média das precipitações de chuvas, a probabilidade de ventos e de descargas elétricas antes

da realização do cronograma de execução da obra. Se estas considerações estivessem contidas

no cronograma, certamente evitaria a exposição dos trabalhadores ao excesso de horas

trabalhadas para mantê-lo atualizado. Outra ação seria a manutenção de um responsável

direto, conhecedor da Norma e com poder de decisão e atuação para acompanhar a

movimentação da grua, bem como toda programação logística do equipamento e o

treinamento de capacitação para os administradores da obra sobre os riscos oferecidos pela

atividade.

Page 48: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

47

Todos os dados citados contribuem para a elucidação do problema de pesquisa explicitado

neste trabalho, porém é importante ressaltar que devido à banalização com a qual são tratados

os incidentes envolvendo gruas não há estatísticas oficiais sobre o assunto já que estes

pequenos incidentes não são registrados.

Em relação aos eventos analisados, observa-se através das noticias levantadas no referencial

bibliográfico que dos seis acidentes envolvendo gruas apresentados foram contabilizados

treze mortos e seis feridos. Fica claro, portanto que a atividade com grua em canteiro de obras

é de grande periculosidade quando não observada criteriosamente as Normas

Regulamentadoras e as recomendações do fabricante.

Este problema não é exclusivo do Brasil, pois nos Estados Unidos, o Texas é o Estado que

registrou o maior número de mortos em acidentes com esta máquina. Foram vinte e seis

mortos entre os anos de 2005 e 2006 naquele Estado, segundo o Jornal de Notícias.

Page 49: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

48

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final da pesquisa foi possível identificar os principais agentes de risco com as respectivas

medidas para neutralizações:

- O jogo de interesse dos administradores da obra que retira dos trabalhadores envolvidos na

atividade o poder de decisão e o cumprimento do Plano de Cargas:

- O despreparo dos administradores da obra em relação aos riscos oferecidos pela

movimentação de cargas içadas no canteiro de obras;

- Falta de espaço no canteiro de obras para armazenamento de materiais, uma vez que este

necessita de mudanças frequentes devido estarem situado em locais que serão construídos;

- A deficiência da sinalização do canteiro de obras e a permissão de cargas suspensas sobre

trabalhadores de atividades diversas.

Os métodos de neutralização destes riscos são:

- Proporcionar maior autonomia aos trabalhadores envolvidos na atividade para que possam

decidir se há ou não condições de içar determinados materiais sob situações adversas;

- Que os administradores da obra recebam orientações de segurança por pessoa capacitada

sobre os riscos decorrentes das atividades para que saibam de suas responsabilidades em caso

de acidentes;

- Antes de iniciar a obra, elaborar um projeto que permita aos executores sequenciar a obra de

modo que as áreas de armazenamento de materiais possam ser remanejadas para locais que

não ofereçam riscos adicionais a outros setores e passagens de pedestres;

- Treinamento de todos os trabalhadores da obra sobre os riscos a que estão expostos e

proibição de caminhos alternativos de cargas em locais não prescritos no Plano de Cargas.

Page 50: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

REFERÊNCIAS

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NBR ISSO 4309, Equipamentos de movimentação de carga- cabos de aço – cuidados,

manutenção, instalação, inspeção e descarte.

BRASIL, NORMAS REGULAMENTADORAS – NR – 18 – Condições e meio ambiente

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PAMPALON, Gianfranco. Prevenção de acidente do trabalho com quedas. Ministério do

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ROUSSELET, Edison da Silva, A Segurança na Obra: Manual Técnico de Segurança do

Trabalho em Edificações Prediais. – Rio de Janeiro: Interciência: Sobes, 1999.

SCIGLIANO, Walter Antônio. Manual de utilização de Gruas, São Paulo: Pini, 2008.

Universidade de Santa Catarina, A mecânica de uma ferramenta muito antiga. Mundo

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PAMPALON, Gianfranco. Prevenção de acidente do trabalho com quedas. Ministério do

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Disponível em: <http://www.prt2.mpt.gov.br>. Acesso em 12 out. 2012.

Page 52: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

TORREIRA, Raul Peragallo. Manual de segurança industrial. São Paulo: Margus

Publicações, 1999.

VIEIRA, Sebastião Ivone. Manual de saúde e segurança do trabalho: segurança, higiene e

medicina do trabalho, volume 3 – São Paulo: LTr, 2005.

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inseguras de obras da construção civil em Pernambuco. Disponível em:

<http://www1.sindusconpe.com.br/cms/export/sites /default/sinduscon/ pt/

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Page 53: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

APÊNDICE

Questionário adaptado de ENGEL (2008) aplicado ao Engenheiro responsável pela

manutenção da grua e à Técnica de Segurança

Idade:............................... Tempo de Profissão:..............................

1) Há quanto tempo você atua na área de construção civil?

2) Em sua opinião, quais são os fatores que dificultam a operação da grua e cumprimento

do Anexo III da NR18 Plano de Cargas?

3) Você já presenciou algum incidente envolvendo gruas? Caso positivo comente mais

sobre o assunto.

4) Você já presenciou algum acidente envolvendo gruas? Caso positivo comente mais

sobre o assunto.

5) Em sua opinião quais são os principais riscos de acidentes que podem ser fatais dentro

de um canteiro de obras que movimenta materiais com gruas?

6) O que você acha que as obras podem fazer para melhorar a segurança em operações

envolvendo gruas em canteiros de obras?

Quadro 1- Respostas sobre instalação montagem e desmontagem A.1) INSTALAÇÃO (MONTAGEM /DESMONTAGEM) SIM NÃO NA

A 1.1) A ponta da lança e o cabo de aço de sustentação estão afastados no mínimo 3

metros de qualquer obstáculo?

A 1.2) A ponta da lança e o cabo de aço de sustentação estão afastados da rede elétrica?

A 1.3) Estime o afastamento, em metros: Acima de 40 metros

A 1.4) Os fios elétricos possuem isolamento, caso a ponta da lança e o cabo de aço de

sustentação estejam próximos da rede elétrica?

A 1.5) A grua possui pára raios e aterramento?

A 1.6) Houve algum acidente na montagem ou desmontagem?

Caso positivo, relate o ocorrido.

A 1.7) A grua de base fixa está montada sobre um chumbador fixado numa base de

concreto e possui ART do responsável?

A 1.8) Durante a montagem, foi efetuada aterramento da estrutura, com cabos elétricos de

tamanho adequado?

A 1.9) Durante a desmontagem se desliga o interruptor geral, botoeira e a tomada de

alimentação do painel elétrico secundário e principal?

A 1.10) Retira-se os pesos da contra lança antes de desmontá-la?

A 1.11) A lança possuem placas visíveis na grua e indicadas com as capacidades das

cargas máximas?

Fonte: Arquivo do pesquisador adaptado de ENGEL (2008).

Page 54: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

Quadro 2 – Respostas sobre manutenção preventiva mensal A.2) MANUTENÇÃO PREVENTIVA (MENSAL) SIM NÃO NA

A.2.1) É verificado se todos os parafusos se mantêm apertados, especialmente na torre e

rolamento e se todos os pinos são bifurcados originais.

A.2.2) Com a corrente elétrica desligada, verifica-se visualmente o estado do interior do

armário elétrico.

A.2.3) Ainda com a corrente elétrica desligada, verifica-se o aperto dos terminais na

caixa dos motores e freios.

A.2.4) É comparado e ajustado se necessário, as folgas dos freios eletromagnéticos,

principalmente no motor da elevação.

A.2.5) Verifica-se o bom estado do aterramento elétrico e se existem próximo ao cabo

elétrico umidade suficiente de modo a estabelecer-se condução elétrica.

A.2.6) Efetua-se medições a tensão de alimentação da grua e aos consumos dos motores,

no arranque e em regime de trabalho, observando se existem valores anormais.

A.2.7) É comprovado o bom estado estrutural, com ausência de fissuras ou deformações

permanentes.

A.2.8) É cumprido o estabelecido no manual do fabricante quanto ao manuseio e

manutenção da grua.

Fonte: Arquivo do pesquisador adaptado de ENGEL (2008).

Questionário aplicado ao Operador da Grua

Idade:............................... Tempo de Profissão:..............................

1) Há quanto tempo você atua como operador de grua?

2) Você conhece o Plano de Cargas d a grua? Em sua opinião, quais sãos os fatores que

dificultam a operação da grua e o cumprimento do Plano de cargas?

3) Você já presenciou algum incidente envolvendo gruas? Caso positivo comente mais

sobre o assunto.

4) Você já presenciou algum acidente com vítimas envolvendo gruas? Caso positivo

comente mais sobre o assunto.

5) Em sua opinião quais são os principais riscos de acidentes que podem ser fatais dentro

de um canteiro de obras que movimenta materiais com gruas?

Page 55: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

Quadro 3 – Respostas sobre operações da grua B.1) OPERAÇÃO SIM NÃO NA

B.1.1) Operador tem idade mínima de 18 anos?

B.1.2) Foi submetido a exame admissional médico e psicotécnico antes da sua nomeação.?

B.1.3) Possui noções elementares de eletromecânica?

B.1.4) Sabe os principais mecanismos e interpreta a documentação que acompanha a grua?

B.1.5) Verifica diariamente e faz check List da grua?

B.1.6) Verifica os níveis de óleo dos redutores e conhece os pontos de lubrificação?

B.1.7) Teve treinamento especifico de operação?

B.1.8) Operador e pessoal auxiliar usam capacete de segurança em todo o momento?

B.1.9) Usa luvas adequadas ao manusear cabos ou outros elementos ásperos ou cortantes?

B.1.10) Cinturão de segurança (tipo paraquedista), em todos os trabalhos de conservação,

ancorados em pontos sólidos da estrutura da torre ou lança?

B.1.11) Trabalhador qualificado, com função anotada em carteira de trabalho?

B.1.12) Manobras de movimentação devem ser executadas por meio de códigos de sinais

convencionais (NR-18) rádio com frequência exclusiva

B.2) UTILIZAÇÃO SIM NÃO NA

B.2.1) É proibido recolher cargas fora do alcance da grua ou utilizar a grua para fazer

trações oblíquas de qualquer tipo.

B.2.2) Não se remove cargas presas ao solo ou que estejam com qualquer tipo de fixação.

B.2.3) Não se balança cargas para depositá-las fora do alcance da grua.

B.2.4) A grua tem mecanismo de segurança contra sobrecarga.

B.2.5) Não se transporta pessoal com a grua.

B.2.6) Não se passa cargas por cima das pessoas sem as devidas precauções.

B.2.7) Não trabalhar com grua sob ventos excessivos (superiores a 42 km/h) ou na

iminência de tempestades,possíveis de provocar descargas elétricas.

B.2.8) É acionado o sinal sonoro pelo operador sempre que movimentar carga.

B.2.9) Existem passagens segura nos andares de ancoragens da grua.

Fonte: Arquivo do pesquisador adaptado de ENGEL (2008)

Questionário aplicado ao Sinaleiro da grua

Idade:............................... Tempo de Profissão:..............................

1) Há quanto tempo você atua como operador de grua?

2) Você conhece o Plano de cargas da grua? Em sua opinião, quais sãos os fatores que

dificultam a operação da grua e o cumprimento do Plano de cargas?

3) Você já presenciou algum incidente envolvendo gruas? Caso positivo comente mais

sobre o assunto.

Page 56: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

4) Você já presenciou algum acidente com vítimas envolvendo gruas? Caso positivo

comente mais sobre o assunto.

5) Em sua opinião quais são os principais riscos de acidentes que podem ser fatais dentro

de um canteiro de obras que movimenta materiais com gruas?

Quadro 4- Respostas sobre amarração e cargas e sinalização C.1) AMARRAÇÃO DE CARGAS E SINALIZAÇÃO SIM NÃO NA

C.1.1) Todas as áreas de cargas / descargas são delimitadas (guarda-corpo, pintura,

cavalete, etc.).

C.1.2) O trajeto a ser percorrido pela lança da grua é isolado, para que, em momento

algum, as pessoas fiquem sob a carga (NR-18).

C.1.3) A carga é observada em todo o momento durante o seu transporte.

C.2.4) O gancho é dotado de trava de segurança em perfeito estado.

C.1.5) As plataformas para recebimento de material cerâmico tem rodapé de 20 cm, e

carga colocada bem distribuída, para evitar a queda.

C.1.6) Para elevar pallet, serão necessárias cintas simétricas por debaixo da plataforma

de madeira.

C.1.7) Retira-se do serviço cabos de aço, cintas, manilhas e estropos que estiverem

danificados.

C.1.8) É realizado check list diário de cabos de aço, cintas, manilhas e estropos para

detectar possíveis danos.

C.1.9) Possui rádio com frequência exclusiva para sinaleiros e operado.

C.1.10) É proibido fazer alterações ou, sem prévio acordo do fabricante, usar peças de

substituição que não sejam originais.

Fonte: Arquivo do pesquisador adaptado de ENGEL (2008)

Questionário aplicado ao Mestre Obras

Idade:............................... Tempo de Profissão:..............................

1) Há quanto tempo você atua na área de construção civil?

2) Em sua opinião, quais sãos os fatores que dificultam a operação da grua e o

cumprimento do Plano de cargas?

3) Você já presenciou algum incidente envolvendo gruas? Caso positivo comente mais

sobre o assunto.

4) Você já presenciou algum acidente envolvendo gruas? Caso positivo comente mais

sobre o assunto.

Page 57: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

5) Em sua opinião quais são os principais riscos de acidentes que podem ser fatais dentro

de um canteiro de obras que movimenta materiais com gruas?

6) Os trabalhadores são pressionados a trabalhar sob condições desfavoráveis e fazer horas

extras diariamente?

Page 58: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

NR 18 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA

CONSTRUÇÃO ANEXO III - PLANO DE CARGAS PARA GRUAS

(Incluído pela Portaria SIT n.º 114, de 17 de janeiro de 2005)

I - DADOS DO LOCAL DE INSTALAÇÃO DO(s) EQUIPAMENTO(s): nome do

empreendimento, endereço completo e número máximo de trabalhadores na obra.

II - DADOS DA EMPRESA RESPONSÁVEL PELA OBRA: razão social; endereço

completo; CNPJ; telefone; fac-símile, endereço eletrônico e Responsável Técnico com

número do registro no CREA.

III - DADOS DO(s) EQUIPAMENTO(s): tipo; altura inicial e final; comprimento da lança;

capacidade de ponta; capacidade máxima; alcance; marca; modelo e ano de fabricação e

demais características singulares do equipamento.

IV - Não havendo identificação de fabricante, deverá ser atendido o disposto no item

18.14.24.15. V - FORNECEDOR(es) / LOCADOR(es) DO(s) EQUIPAMENTO(s) /

PROPRIETÁRIO(s) DO(s) EQUIPAMENTO(s): razão social; endereço completo; CNPJ;

telefone; fac-símile, endereço eletrônico (se houver) e Responsável Técnico com número do

registro no CREA.

VI - RESPONSÁVEL(is) PELA MANUTENÇÃO DA(s) GRUA(s): razão social; endereço

completo; CNPJ; telefone; fac-símile, endereço eletrônico e Responsável Técnico com

número do registro no CREA e número de registro da Empresa no CREA.

VII - RESPONSÁVEL(is) PELA MONTAGEM E OUTROS SERVIÇOS DA(s) GRUA(s):

razão social; endereço completo; CNPJ; telefone; fac-símile, endereço eletrônico e

Responsável Técnico com número do registro no CREA e número de registro da Empresa no

CREA.

VIII - LOCAL DE INSTALAÇÃO DA(s) GRUA(s) – Deverá ser elaborado um croqui ou

planta de localização do equipamento no canteiro de obras, a partir da Planta Baixa da obra na

projeção do térreo e ou níveis pertinentes, alocando, pelo menos, os seguintes itens:

a) Canteiro(s) / containeres / áreas de vivência;

b) Vias de acesso / circulação de pessoal / veículos;

c) Áreas de carga e descarga de materiais;

d) Áreas de estocagem de materiais;

e) Outros equipamentos (elevadores, guinchos, geradores e outros);

f) Redes elétricas, transformadores e outras interferências aéreas;

g) Edificações vizinhas, recuos, vias, córregos, árvores e outros;

h) Projeção da área de cobertura da lança e contra- lança;

i) Projeção da área de abrangência das cargas com indicações dos trajetos.

j) Todas as modificações tanto nas áreas de carregamento quanto no posicionamento ou outras

alterações verticais ou horizontais.

IX - SISTEMA DE SEGURANÇA – Deverão ser observados, no mínimo, os seguintes itens:

a) Existência de plataformas aéreas fixas ou retráteis para carga e descarga de materiais;

b) Existência de placa de advertência referente às cargas aéreas, especialmente em áreas de

carregamento e descarregamento, bem como de trajetos de acordo com o item 18.27.1 – alínea

“g” desta NR;

c) Uso de colete refletivo;

Page 59: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

d) A comunicação entre o sinaleiro/amarrador e o operador de grua, deverá estar prevista no

Plano de Carga, observando-se o uso de rádio comunicador em freqüência exclusiva para esta

operação.

X - PESSOAL TÉCNICO – QUALIFICAÇÃO MÍNIMA EXIGIDA:

a) Operador da Grua – deve ser qualificado de acordo com o item 18.37.5 desta NR e ser

treinado conforme o conteúdo programático mínimo, com carga horária mínima definida pelo

fabricante, locador ou responsável pela obra, devendo, a partir do treinamento, ser capaz de

operar conforme as normas de segurança utilizando os EPI necessários para o acesso à cabine

e para a operação, bem como, executar inspeções periódicas semanais. Este profissional deve

integrar cada “Plano de Carga” e ser capacitado para as seguintes responsabilidades: operação

do equipamento de acordo com as determinações do fabricante e realização de “Lista de

Verificação de Conformidades” (check-list) com freqüência mínima semanal ou periodicidade

inferior, conforme especificação do responsável técnico do equipamento.

b) Sinaleiro/Amarrador de cargas – deve ser qualificado de acordo com o item 18.37.5 desta

NR e ser treinado conforme o conteúdo programático mínimo, com carga horária mínima de 8

horas. Deve estar qualificado a operar conforme as normas de segurança, bem como, a

executar inspeção periódica com periodicidade semanal ou outra de menor intervalo de

tempo, conforme especificação do responsável técnico pelo equipamento. Este profissional

deve integrar cada “Plano de Carga” e ser capacitado para as seguintes responsabilidades:

amarração de cargas para o içamento; escolha correta dos materiais de amarração de acordo

com as características das cargas; orientação para o operador da grua referente aos

movimentos a serem executados; observância às determinações do Plano de Cargas e

sinalização e orientação dos trajetos.

XI - RESPONSABILIDADES:

a) Responsável pela Obra – Deve observar o atendimento dos seguintes itens de segurança:

aterramento da estrutura da grua, implementação do PCMAT prevendo a operação com gruas,

independentemente do Plano de Cargas; fiscalização do isolamento de áreas, de trajetos e da

correta aplicação das determinações do Plano de Cargas; elaboração, implementação e

coordenação do Plano de Cargas; disponibilização de instalações sanitárias a uma distância

máxima de 30m (trinta metros) no plano vertical e de 50m (cinquenta metros) no plano

horizontal em relação à cabine do operador, não se aplicando para gruas com altura livre

móvel superiores às especificadas; verificar registro e assinatura no livro de inspeções de

máquinas e equipamentos, requerido no item 18.22.11 desta NR e a confirmação da correta

operacionalização de todos os dispositivos de segurança constantes no item 18.14.24.11, no

mínimo, após às seguintes ocasiões: a) instalação do equipamento; b) cada alteração

geométrica ou de posição do equipamento; c) cada operação de manutenção e ou regulagem

nos sistemas de freios do equipamento, com especial atenção para o sistema de freio do

movimento vertical de cargas.

b) Responsável pela Manutenção, Montagem e Desmontagem – Deve designar pessoal com

treinamento e qualificação para executar as atividades que deverão sempre estar sob

supervisão de profissional legalmente habilitado, durante as atividades de manutenção,

montagem, desmontagem, telescopagem, ascensão e conservação do equipamento; checagem

da operacionalização dos dispositivos de segurança, bem como, entrega técnica do

equipamento e registro destes eventos em livro de inspeção ou relatório específico.

Page 60: Tcc josé devanir. segurança no trabalho

c) Responsável pelo Equipamento: Deve fornecer equipamento em perfeito estado de

conservação e funcionamento como definido pelo Manual do Fabricante, observando o

disposto no item 18.14.24.15 desta NR, mediante emissão de ART– Anotação de

Responsabilidade Técnica – referente à liberação técnica efetuada antes da entrega.

XII - MANUTENÇÃO E ALTERAÇÃO NO EQUIPAMENTO

Toda intervenção no equipamento deve ser registrada em relatório próprio a ser fornecido,

mediante recibo, devendo tal relatório, ser registrado ou anexado ao livro de inspeção de

máquinas e equipamentos.

Os serviços de montagem, desmontagem, ascensões, telescopagens e manutenções, devem

estar sob supervisão e responsabilidade de engenheiro legalmente habilitado responsável com

emissão de ART – Anotação de Responsabilidade Técnica – específica para a obra e para o

equipamento em questão.

XIII - DOCUMENTAÇÃO OBRIGATÓRIA NO CANTEIRO

No canteiro de obras deverá ser mantida a seguinte documentação mínima relativa à(s)

grua(s):

a) Contrato de locação, se houver;

b) Lista de Verificação de Conformidades (check-list) a cargo do operador da grua;

c) Lista de Verificação de Conformidades (check-list) a cargo do Sinaleiro/Amarrador de

cargas referente aos materiais de içamento.

d) Livro de inspeção da grua conforme disposto no item 18.22.11 desta NR-18;

e) Comprovantes de qualificação e treinamento do pessoal envolvido na operacionalização e

operação da grua;

f) Cópia da ART - Anotação de Responsabilidade Técnica – do engenheiro responsável nos

casos previstos nesta NR;

g) Plano de Cargas devidamente preenchido e assinado em todos os seus itens;

h) Documentação sobre esforços atuantes na estrutura do edifício conforme disposto no item

18.14.24.3 desta NR;

i) Atestado de aterramento elétrico com medição ômica, conforme NBR 5410 e 5419,

elaborado por profissional legalmente habilitado e realizado semestralmente.

j) Manual do fabricante e ou operação contendo no mínimo:

- Lista de Verificação de Conformidades (check-list) para o operador de grua

- Lista de Verificação de Conformidades (check-list) para o sinaleiro/amarrador de carga

- Instruções de segurança e operação.

XIV - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

O conteúdo para treinamento dos Operadores de Gruas e Sinaleiro/Amarrador de Cargas

deverá conter pelo menos as seguintes informações:

- Definição; Funcionamento; Montagem e Instalação; Operação; Sinalização de Operações;

Amarração de Cargas; Sistemas de Segurança; Legislação e Normas Regulamentadoras – NR-

5, NR-6, NR-17 e NR-18.