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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS
CRISTIANE MAZUCHI JÉSSICA PESSÔA QUINTANA
REGIANE JAQUELINE FERRARI DE ARAUJO
ROSANA SANCHES MARCELINO BETONI
ASPECTOS RELEVANTES DAS
INFECÇÕES HOSPITALARES
FERNANDÓPOLIS 2012
1
CRISTIANE MAZUCHI
JÉSSICA PESSÔA QUINTANA
REGIANE JAQUELINE FERRARI DE ARAUJO
ROSANA SANCHES MARCELINO BETONI
ASPECTOS RELEVANTES DAS
INFECÇÕES HOSPITALARES
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Banca Examinadora do Curso de Graduação em
Farmácia da Fundação Educacional de
Fernandópolis como exigência parcial para obtenção
do título de bacharel em farmácia.
Orientador: Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS
FERNANDÓPOLIS – SP
2012
2
CRISTIANE MAZUCHI
JÉSSICA PESSÔA QUINTANA
REGIANE JAQUELINE FERRARI DE ARAUJO
ROSANA SANCHES MARCELINO BETONI
ASPECTOS RELEVANTES DAS
INFECÇÕES HOSPITALARES
Trabalho de conclusão de curso aprovado como
requisito parcial para obtenção do título de bacharel
em farmácia.
Aprovado em: 12 de novembro de 2012.
Banca examinadora Assinatura Conceito
Prof. MSc. Giovanni Carlos de
Oliveira
Profa. Vanessa Maira Rizzato
Silveira
Profa. MSc. Vânia Luiza Ferreira
Lucatti Sato
Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira
Presidente da Banca Examinadora
3
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ter atendido a todos os meus pedidos sem exceção, mesmo que em alguns momentos eu não merecesse tanto. Por ter me amparado e me dado força nos momentos de angústia e desespero, e até mesmo me carregar nos braços quando eu fui incapaz de caminhar sozinha. Aos meus pais e minhas irmãs pelo amor a mim dedicado durante este período, assim como o apoio e incentivo nos momentos em que ousei pensar em desistir deste sonho, em especial a minha mãe por ter me acolhido em seu colo nos meus momentos de pranto. Ao meu namorado, pelo companheirismo, paciência e principalmente compreensão, pelos inúmeros momentos em que me mantive ausente me dedicando a este projeto. Aos meus amigos em geral, por me encorajar a seguir em frente me mostrando que eu era capaz de ultrapassar cada uma das barreiras que me foram coloradas. Em especial a uma amiga que conheci no decorrer desses quatro anos e que tanto me ajudou, talvez o fato de sonharmos juntas o mesmo sonho fez com que em inúmeros momentos uma fosse o apoio da outra para superação de cada etapa.
Cristiane Mazuchi
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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria possível e às pessoas mais importantes da minha vida: meus pais, João e Domingas, e minha irmãs Taís e Izabéla, ao meu cunhado Cléber e meu amigo (in memorian) José Humberto pelo apoio, carinho, amor e compreensão, essências para esta conquista, e também a todos os meus amigos e professores que de alguma forma colaboraram para mais essa realização em minha vida.
Jéssica Pessôa Quintana
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Aos meus pais, Rosinei e Nilson, pessoas importantes na minha vida, que me ensinaram a valorizar e a lutar por meus sonhos, que me fizeram ter esperanças para que os meus objetivos fossem alcançados. A eles, agradeço não apenas pela formação profissional, mas principalmente pessoal, por influenciarem diretamente em meu caráter. Ao meu irmão Nelson e a minha querida avó, Eunice, por estarem sempre ao meu lado, depositando todo o apoio e carinho. A minha pequenina prima Maria Eduarda, que com seu amor e sorriso contagiante, me ajudava a ter forças para jamais desistir. Ao meu namorado, por seu companheirismo, apoio e carinho. A minha família e a todas as pessoas que me apoiaram, me incentivaram e acreditaram no meu sucesso. Acima de tudo, agradeço a Deus, pela sabedoria, fé e força que tem me proporcionado durante essa longa caminhada de estudo, pois sem ele, nada seria possível.
Regiane Jaqueline Ferrari de Araujo
6
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela saúde, fé e perseverança, sem ele nada seria possível. Ao meu esposo Ângelo, pelo apoio, pela paciência e compreensão nos momentos que estive ausente me dedicando aos estudos. Ao meu filho Felipe, com amor e carinho.
Rosana Sanches Marcelino Betoni
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus, até nos momentos que pensamos não
ter capacidade de suportar Ele nunca desistiu de nós. Por ter nos dado força,
coragem e serenidade para concluir mais uma etapa em nossas vidas.
Aos nossos familiares e amigos que fizemos durante o curso, pelo apoio,
incentivo e compreensão de forma direta ou indireta nos ajudaram a alcançar mais
esta realização.
A todos os professores que com paciência, dedicação e conhecimento
contribuíram para nossa formação acadêmica.
E ao nosso orientador Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira, pela
paciência, dedicação e empenho para que pudéssemos concluir este trabalho.
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Talvez eu seja enganado inúmeras vezes, mas não deixarei de acreditar que em algum lugar alguém merece a minha confiança; Talvez eu não aprenda todas as lições necessárias, mas terei a consciência que os verdadeiros ensinamentos já estão gravados em minha alma; E no final não haverá nenhum “talvez” e sim a certeza de que a minha vida valeu a pena e eu fiz o melhor que podia.
Aristóteles Onassis
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RESUMO
As infecções hospitalares são definidas como aquela adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta quando puder ser relacionada com a hospitalização ou a qualquer procedimento hospitalar. O presente estudo visa analisar o quadro de infecção hospitalar, os principais agentes infecciosos, as drogas administradas e a resistência às mesmas, como também, conscientizar os profissionais da saúde sobre a importância da prevenção no controle das infecções, reforçando alguns cuidados básicos de forma a evitar o uso indiscriminado de antimicrobianos e internações desnecessárias. Sem dúvida a mudança de comportamento é uma conduta essencial, frente a essa problemática, havendo a necessidade de Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) efetivamente atuantes nos âmbito hospitalar, envolvendo a participação dos multiprofissionais. A atuação do profissional farmacêutico no ambiente hospitalar busca contribuir para redução das infecções hospitalares, utilizando seu conhecimento sobre a terapêutica mais adequada para cada paciente, tornando-se também fonte de consulta para os demais profissionais, sendo o trabalho em equipe a ferramenta primordial no contexto das infecções hospitalares. Palavras-chave: Infecção hospitalar. Farmacêutico. Resistência bacteriana.
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ABSTRACT
Hospital infections are defined as those acquired after admission the patient and manifested during hospitalization or after discharge if it can be related to hospital and any hospital procedure. This study aims to analyze the context of hospital infection, the main infectious agents, the drugs and the resistance to them, but also educate health professionals about the importance of prevention in controlling infections, reinforcing some basic care to avoid the indiscriminate use of antibiotics and unnecessary hospitalizations. Undoubtedly behavior change is an essential conduct, against this problem, there is a need for Commissions Infection Control (CCIH) effectively working in the hospital, involving the participation of multidisciplinary. The role of the pharmacist in the hospital aims to contribute to reducing hospital infections, using their knowledge about the most appropriate therapy for each patient, becoming a source of consultation for other professionals, and the teamwork within the primary tool of hospital infections. Keywords: Hospital infection. Pharmacist. Bacterial resistance.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
EPI Equipamento de Proteção Individual
IH Infecção Hospitalar
ISC Infecção do Sitio Cirúrgico
KPC Klebsiella pneumoniae carbapenemase
MCR Micobactérias de crescimento rápido
MNT Micobactérias não tuberculosas
MRSA Staphylococcus aureus resistente a meticilina e oxacilina
OMS Organização Mundial de Saúde
PCIH Programa de Controle de Infecções Hospitalares
UTI Unidade de Terapia Intensiva
VRE Enterococos resistentes a vancomicina
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO . . . . . . . . . 13
1 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO . . . . . . 15
1.1 HISTÓRICO DAS INFECÇÕES HOSPITALARES . . . 15
1.2 PRINCIPAIS MICRO-ORGANISMOS RESPONSÁVEIS PELA
INFECÇÃO HOSPITALAR . . . . . . . . 16
1.2.1 Principais sítios de infecção . . . . . . 19
1.2.2 Resistência bacteriana . . . . . . . 22
1.3 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA SAÚDE NO CONTEXTO
DA INFECÇÃO HOSPITALAR . . . . . . . 24
1.3.1 Atuação dos profissionais da saúde . . . . . 25
1.3.2 A importância da lavagem das mãos . . . . . 25
1.3.2.1 Definição . . . . . . . . . 26
1.3.3 Ambiente hospitalar e equipamentos . . . . . 26
1.3.3.1 Descontaminação . . . . . . . . 26
1.3.3.2 Esterilização . . . . . . . . 27
1.3.4 Paciente susceptível . . . . . . . 28
1.4 COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
(CCIH) . . . . . . . . . . 30
1.5 ATUAÇÃO E PERFIL DO FARMACÊUTICO NO CONTROLE
DAS INFECÇÕES HOSPITALARES . . . . . . 32
1.5.1 Perfil do farmacêutico hospitalar . . . . . 33
2 MÉTODO . . . . . . . . . . 35
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . 36
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . 38
ANEXOS . . . . . . . . . . 46
13
INTRODUÇÃO
Pode-se definir a Infecção Hospitalar (IH) como aquela adquirida após a
internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a
alta quando puder ser relacionada com a hospitalização ou a qualquer procedimento
hospitalar (PEREIRA et al., 2005).
Engana-se quem acredita que a única influência da hospitalização sobre a
doença é diminuir ou parar o seu progresso. A internação do paciente em um
hospital não é garantia para a saúde, pelo contrário, hospitais constituem uma forte
e importante fonte de infecções. Os hospitais são verdadeiras fortalezas das
bactérias antibiótico-resistentes. Uma inúmera variedade de micro-organismos,
especialmente bactérias estão presentes no meio ambiente hospitalar. Muitos destes
agentes bacterianos, embora normalmente não patogênicos, são capazes
rapidamente de se aproveitarem da baixa resistência dos pacientes
imunodeprimidos causando doenças infecciosas (SANTOS, 2004).
A maioria das infecções hospitalares é de origem autógena, ou seja, o
desenvolvimento da infecção a partir da microbiota do paciente, que pode ter origem
comunitária ou intra-hospitalar. Em ambas as situações, a colonização precede a
infecção, o que torna difícil determinar se o paciente trouxe o micro-organismo da
comunidade ou adquiriu de fonte exógena durante a internação (PEREIRA et al.,
2005).
Nesse contexto das infecções hospitalares, o impacto das bactérias-
resistentes, e o uso indiscriminado de antibióticos no meio hospitalar é um problema
mundial que vem preocupando o meio científico. Este grande problema tem
intensificado estudos na busca de viabilizar efetivamente, junto aos profissionais de
saúde como médicos, enfermeiros farmacêuticos, o uso correto e eficaz das
medidas de controle da infecção hospitalar - como a lavagem das mãos – assim
como conscientizá-los da importância e necessidade do uso racional e ponderado de
antibióticos, como medida para minimizar a emergência de bactérias antibiótico-
resistentes no ambiente hospitalar (SANTOS, 2004).
Em termos gerais, as infecções hospitalares além de aumentarem as taxas
de morbimortalidade, também, ampliam o tempo de permanência dos pacientes nos
14
hospitais, aumentando assim o custo do tratamento e diminuindo a demanda de
leitos hospitalares para novos pacientes (ANDRADE; ANGERAMI, 1999).
Desse modo, a infecção hospitalar representa sem dúvida, um grave e
relevante problema de saúde pública, requer uma vigilância epidemiológica
constante, rigorosa e exige também uma atenção redobrada de todos os
profissionais de saúde, da administração hospitalar, da Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar e do Governo (SANTOS, 2004).
A infecção hospitalar foi escolhida como tema devido a sua notória
repercussão dentro e fora do ambiente hospitalar, sendo motivo de preocupação
constante tanto dos profissionais da saúde e pesquisadores, quanto dos próprios
pacientes que necessitam desse serviço. Sua finalidade é apresentar aos alunos e
futuros profissionais de saúde da FEF, esta problemática, mostrando como algumas
ações incluídas na sua rotina de trabalho podem ajudar na prevenção destas
infecções, evitando sua propagação no meio hospitalar.
O presente trabalho tem como objetivo geral mostrar a relevância das
infecções hospitalares desde seu surgimento até os dias de hoje, abordando como
objetivos específicos os principais micro-organismos causadores da infecção
hospitalar; a influência da resistência bacteriana; a atuação dos profissionais da
saúde na prevenção e controle destas infecções, enfatizando a contribuição do
profissional farmacêutico; e as ações do governo na tentativa de controlar e prevenir
essas infecções.
15
1 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
1.1 HISTÓRICO DAS INFECÇÕES HOSPITALARES
Conceitualmente considerada como qualquer processo infeccioso adquirido
ou transmitido no espaço hospitalar, a infecção hospitalar, surgiu desde a Idade
Média, época em que foram criados abrigos para alojar pessoas doentes, pobres,
inválidos e peregrinos (SENNE, 2011). Estes locais, também chamados de hospitais,
não possuíam assistência médica, eram sombrios, úmidos, sem luz natural, com
más condições de higiene e de saneamento básico (ANDRADE; ANGERAMI, 1999).
As práticas médicas eram individualizadas e exercidas sob moldes liberais, sem
vínculo com o hospital, estando a cargo da igreja a responsabilidade de cuidar dos
desvalidados, pois o médico atuava somente em domicílio, numa ação
predominantemente expectante e não intervencionista (LACERDA; EGRY, 1997).
Diante a esse cenário de confinamento, associado a reunião indiscriminada
de enfermos, tornava-se evidente a difusão de doenças contagiosas, tais,
transmitidas por vias aéreas, água e alimentos, sendo então, este o período
marcado pela origem da infecção hospitalar (SENNE, 2011).
Somente a partir do século XVIII, na emergência do capitalismo, fase em
que o corpo passou a ser valorizado como principal objeto de trabalho, devido a
crescente e desorganizada urbanização, é que surgiram as primeiras práticas de
controle das infecções, num momento em que o hospital de um local de assistência
aos pobres, onde estes eram internados inclusive para morrer, transformou-se em
um ambiente de cura e medicalização (LACERDA; EGRY, 1997).
Foi em consequência dessa reorganização hospitalar acompanhada pelas
transformações socioeconômicas, que se iniciaram no século XIX, estudos voltados
a infecção, alcançando grande repercussão na sociedade. O controle de infecções
hospitalares, possivelmente teve seu início nesse período (LACERDA; EGRY, 1997).
Grandes personagens participaram da busca por pesquisas que
abrangessem as causas, consequências e prevenções das infecções, cujo objetivo
era o controle das mesmas, de forma a evitar completamente a contaminação
microbiana (FONTANA, 2006).
16
Em 1847, Ignaz Semmelweis, demonstrou a importância da lavagem das
mãos, por parte de todos os profissionais da saúde, antes de realizarem qualquer
procedimento, sendo esta a principal medida adotada para prevenir a infecção
hospitalar (ANDRADE; ARGEMANI, 1999).
Já em 1859, Florence Nightingale, para o controle da infecção, apresentou
uma abordagem epidemiológica das doenças infecciosas e hospitalares (LACERDA;
EGRY, 1997).
Em 1860, para se evitar a contaminação por micro-organismos em cirurgias,
Joseph Lister, passou a pulverizar o ar das salas cirúrgicas com ácido fênico,
investindo também na higiene das mãos e na desinfecção dos instrumentos
utilizados (ANDRADE; ARGEMANI, 1999).
Porém foram nas décadas de 70 e 80, através do químico francês Louis
Pasteur e do médico e microbiologista Robert Kock, que foi estabelecido o
conhecimento pela microbiologia, onde estes influenciaram cientistas de todo o
mundo, para a procura de novos métodos que determinassem o papel específico
dos micro-organismos nos processos infecciosos e consequentemente suas vacinas
(SENNE, 2011).
No início do século XX, após os grandes avanços da medicina,
principalmente nas áreas de bacteriologia e parasitologia, é que se descobriu a
Penicilina, antibiótico descoberto a partir do momento em que Alexander Fleming,
em 1928, observou que o crescimento de certas bactérias eram inibidas pelo fungo
Penicillium notatum (MACIEL; CÂNDIDO, 2010).
Em meados deste século, as taxas de infecções hospitalares voltaram a
assombrar a humanidade, aumentando rapidamente em decorrência do número
cada vez maior de agentes infecciosos de alta transmissibilidade e elevada
mortalidade, que infelizmente adquiriram resistência a uma série de antibióticos,
causando efeitos colaterais, caracterizando essa fase, pela administração abusiva e
inadequada dos mesmos (ANDRADE; ARGEMANI, 1999).
1.2 PRINCIPAIS MICRO-ORGANISMOS RESPONSÁVEIS PELA INFECÇÃO
HOSPITALAR
As bactérias estão entre as classes de micro-organismos mais frequentes
em Infecções Hospitalares (IH), pois constituem a microbiota humana. Geralmente
17
não trazem risco a indivíduos saudáveis, mas podem causar infecções em pacientes
com estado de saúde debilitada (BRASIL, 2004).
Essas bactérias são transmitidas ao indivíduo tanto via endógena, ou seja,
pela própria microbiota do paciente, que se desequilibra pelo estado de saúde, cujo
mecanismo de defesa fica debilitado, quanto pela via exógena, desencadeada por
veículos como mãos, secreção salivar, fluidos corpóreos, ar e materiais
contaminados. A microbiota normal humana apresenta vários e possíveis agentes
causadores de infecções como Streptococcus, Staphylococcus, Neisseria,
Klebsiella, Lactobacillus e Escherichia coli, enquanto que a via exógena inclui
diferentes micro-organismos (MACIEL; CÂNDIDO, 2010).
As infecções hospitalares afetam principalmente pacientes imunodeprimidos
devido à idade, doença de base ou tratamento. Outros pacientes vulneráveis são
aqueles que apresentam implantes de corpos estranhos, como cateteres ou pessoas
que recentemente se submeteram ao transplante de órgão (SANTOS, 2004).
Os principais micro-organismos causadores da IH são: Staphylococcus
aureus, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter sp.,
Escherichia coli, Enterobacter sp. e Enterococcus sp (NOGUEIRA et al., 2009).
O gênero Staphylococcus é o mais frequente responsável pelas infecções
hospitalares. São cocos Gram e catalase-positivos, podem apresentar-se em
diversas formas, que vão desde isolados, aos pares, em cadeias curtas, ou
agrupados irregularmente (SANTOS et al., 2007).
Os Staphylococcus também fazem parte da microbiota normal da pele e
mucosas, mas podem causar infecção em diferentes órgãos e tecidos. O
Staphylococcus aureus foi observado na última década, como sendo um importante
agente causador de infecção da corrente sanguínea (CARNEIRO et al., 2008). Estas
infecções acometem pacientes em todas as faixas etárias, com maior frequência em
crianças e idosos sendo responsáveis por elevada morbidade e mortalidade
(MOREIRA, 1998).
O Staphylococcus aureus é uma bactéria suscetível à ação de várias drogas,
no entanto, também é conhecida pela sua elevada capacidade de desenvolver
resistência a diversas delas (SANTOS et al., 2010).
A Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria Gram-negativa em forma de
bastonete, sendo também um dos agentes comuns de infecção nosocomial, estão
18
relacionadas a infecções de corrente sanguínea/cateter, trato respiratório, trato
urinário, pele e tecidos moles (NEVES et al., 2011).
As Micobactérias de Crescimento Rápido (MCR) relacionadas à IH, estão
presentes no ambiente, são patogênicas sendo possível infectar artigos médicos e
causar infecções de ferida cirúrgica e doenças de pele. Elas possuem elevado teor
de lipídios na parede celular, alterando a permeabilidade à água, soluções corantes
e agentes desinfetantes. As espécies associadas a doenças de pele e tecido
subcutâneo são: M. marinum, M. ulcerans, M. fortuitum, M. chelonae e M.
abscessus. Elas são responsáveis pela formação de abcessos nos locais de punção,
ferimentos ou fraturas expostas (FONTANA, 2008).
As infecções de pele e subcutâneo causadas por MCR apresentam
manifestações clínicas como, dificuldade de cicatrização nos locais cirúrgicos,
secreção, nódulos, hiperemia, fistulação, edema, hipertermia, vesiculação e febre. A
evolução é crônica e progressiva, sem resposta ao tratamento antimicrobiano para
agentes infecciosos habituais de sítios cirúrgicos (BRASIL, 2008).
O quadro a seguir, relaciona os principais micro-organismos causadores de
infecção hospitalar com as fontes de infecção.
19
Quadro 1 – Relação de micro-organismos com fontes de infecção. MICRO-ORGANISMOS FONTES DE INFECÇÃO
Enterobacter spp. Nutrição parenteral, fluidos de infusão intravenosa, frascos de heparina
Serratia marcescens
Balão intra-aórtico, transdutores, soluções intravenosas e anestésicas
Klebsiella pneumoniae produtora de beta-lactamase de espectro estendido e klebsiella spp.
Soluções contaminadas (heparina), transmissão cruzada em berçário, seleção pelo uso excessivo de cefalosporinas
Pseudomonas aeruginosa
Contaminações de soluções antissépticas como PVPI e clorexidina, circuitos respiratórios, monitores de temperatura, colchões e demais equipamentos que mantenham contato direto com o paciente colonizado ou infectado
Staphylococcus aureus resistente a oxacilina ou resistente a glicopeptídeo
Os pacientes e profissionais colonizados, (principalmente nas narinas), transmissão ambiental pouco importante (mobiliários, água, aérea e etc.)
Streptococcus do grupo A
Profissionais de saúde com infecção ou colonização em pele ou orofaringe (muito importante em unidades de queimados)
Enterococcus resistente a glicopeptídeos
Paciente com colonização intestinal, contaminação ambiental importante na transmissão de equipamentos (termômetro e esfigmomanômetro, etc.)
Legionella pneumophila
Sistemas de ar condicionado quente e de aquecimento de água (aquisição por via inalatória)
Clostridium difficile
Paciente com infecção/colonização, contaminação de superfícies
Mycobacterium tuberculosis
Profissionais de saúde com doença bacilífera e pacientes bacilíferos internados sem cuidados adequados de isolamento ou precauções com aerossóis
Mycobacterium chelonae
Contaminação de equipamentos e água utilizada em circulação extracorpórea para cirurgias cardíacas; soluções de violeta genciana
Fonte: MACIEL; CÂNDIDO, 2010.
1.2.1 Principais sítios de infecção
Normalmente os sítios de IH mais atingidos são o trato urinário, trato
respiratório, infecção da corrente sanguínea e infecções de sítio cirúrgico (MIMS et
al., 1999).
Infecções Urinárias - As infecções urinárias são aquelas que ocorrem com
maior frequência não ambiente hospitalar, devido à necessidade de instrumentação
do trato urinário, tanto para diagnóstico quanto para drenagem de urina (MENEZES
et al., 2005).
A multiplicação dos micro-organismos deve-se às técnicas de assepsia
incorreta, utilização indiscriminado e abusivo de cateteres, traumatismo durante e
20
após o processo. O tempo da permanência do cateter no paciente, aliado ao fato de
estar continuamente aberto, possibilita a migração bacteriana no seu interior, pelo
fluxo contrário da urina (BRASIL, 2000a).
A maior parte das bactérias que invadem o sistema de drenagem urinário,
origina-se pela flora fecal ou através da manipulação deste sistema por mãos
contaminadas. Mesmo uma simples drenagem de alívio, realizada em condições
assépticas, pode introduzir bactérias da uretra para a bexiga e produzir infecções
(BRASIL, 2000a).
A Escherichia coli é o principal agente nas bacteriúrias hospitalares, seguido
pelos: Enterococos sp., Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae.
Enterococcus sp. estão crescendo em incidência, assim como, algumas bactérias
multirresistentes, como Acinetobacter sp. e Enterobacter sp (MOURA et al., 2007).
Infecções Respiratórias - A pneumonia hospitalar está associada com as
maiores taxas de mortalidade quando comparada às outras infecções hospitalares.
Quando ela ocorre até o quarto dia, é considerada precoce, quando tem início a
partir do quinto dia, é considerada tardia; essa classificação é muito importante para
diferenciar o agente etiológico e para decidir a terapêutica a ser aplicada
(CARRILHO et al., 2004).
As principais causas estão relacionadas a pacientes submetidos à
entubação traqueal e a ventilação mecânica. Uma das consequências importantes
da pneumonia hospitalar é o aumento do tempo de internação, tanto em UTI como
em enfermarias (BRASIL, 2000a).
Os principais micro-organismos responsáveis pela pneumonia hospitalar
são: Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Acinetobacter spp,
Klebsiella spp e Enterobacter spp (BRASIL, 2000b).
Infecções do Sitio Cirúrgico (ISC) – É uma das principais infecções
relacionadas à assistência da saúde no Brasil, ocupando a terceira posição entre
todas as infecções (BRASIL, 2009).
As ISC ocorrem no procedimento da incisão cirúrgica, devido ao rompimento
da barreira epitelial, desencadeando várias reações sistêmicas e facilitando a
ocorrência de infecções. No campo operatório, ocorre hipóxia, alteração do pH e
deposição de fibrina, destacando o local da incisão cirúrgica em relação à ocorrência
de hiperemia, calor, rubor, deiscência, presença de secreção purulenta no local da
incisão (OLIVEIRA; CARVALHO, 2007).
21
As ISC podem ser diagnosticadas até 30 dias após o procedimento e são
classificadas de acordo com a localização:
Incisional Superficial; quando acomete apenas pele ou tecido subcutâneo.
Incisional Profunda; quando envolve estruturas profundas da incisão,
tecidos musculares e fáscia.
Infecção de órgão / cavidade; envolve qualquer parte do corpo na incisão
aberta ou manipulada durante o ato operatório (BRASIL, 2009).
Os micro-organismos mais frequentes de ISC são os comuns da pele do
paciente: Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e outros
Staphylococcus coagulase negativa. Em cirurgias abdominais, predomina as
enterobactérias e Enterococcus sp. Em pacientes com queimadura, o S. aureus é o
mais comum, seguido da Pseudomonas aeruginosa. A ocorrência de bactérias
Gram-negativas e Enterococcus sp. aumenta com o tempo de internação
(VRANJAC, 2005).
As principais fontes de transmissão de infecção do paciente no centro
cirúrgico são: o próprio paciente, os funcionários do centro cirúrgico, o ambiente e os
equipamentos (OLIVEIRA; CARVALHO, 2007).
Infecções Sanguíneas: As infecções da corrente sanguínea, estão
relacionadas principalmente à contaminação através do cateter venoso central.
Quando o paciente está instalado em UTI, as infecções se tornam ainda mais
graves, sua incidência também é mais elevada devido ao maior tempo de
permanência, maior colonização com a flora hospitalar e maior manipulação
(TARDIVO; FARHAT NETO; FARHAT JÚNIOR, 2008).
A maioria do acesso venoso é feita através de dispositivos periféricos, a
contaminação pode ser originada a partir da flora cutânea durante a inserção, por
migração ao longo do cateter e também das mãos da equipe ao contaminar o
canhão (TARDIVO; FARHAT NETO; FARHAT JÚNIOR, 2008).
Os principais agentes isolados em culturas de cateteres são os cocos gram-
positivos: Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase-negativo,
Enterococcus, bacilos gram-negativos: Enterobacter, Serratia e Acinetobacter
(GOMES; MARIANO; COSTA, 2006).
O gênero Candida spp também é responsável por frequentes infecções
fúngicas no ambiente hospitalar, em relevância as infecções de corrente sanguínea
22
conhecidas como candidemia ou candidíase hematogênica (COLOMBO;
GUIMARÃES, 2003).
1.2.2 Resistência bacteriana
Os antimicrobianos estão entre os fármacos com maior frequência nas
prescrições em hospitais. Cerca de 40% dos pacientes hospitalizados são tratados
com antimicrobianos, tanto para medidas terapêuticas como profiláticas
(RODRIGUES; BERTOLDI, 2010).
Os antimicrobianos são capazes de destruir micro-organismos ou de impedir
a sua multiplicação ou crescimento (HOEFLER et al., 2006). A ação dos
antimicrobianos acontece através de mecanismos a partir da ligação deste a um sítio
alvo na bactéria, interrompendo uma função bacteriana essencial. Esses
mecanismos consistem na inibição da síntese da parece celular; alterações na
permeabilidade da membrana plasmática; inibição da síntese proteica; inibição da
síntese de DNA (BRUNTON; LAZO; PARKER, 2006).
Para que o antimicrobiano tenha uma ação efetiva, ele deverá atingir uma
concentração ideal no local de infecção, apresentar afinidade com seu sítio de
ligação no interior da bactéria e permanecer o tempo suficiente para exercer sua
atividade inibitória. O mecanismo específico ao quais os antimicrobianos provocam a
destruição celular pode variar para cada grupo de antimicrobianos (BRASIL, 2000b).
A administração frequentemente incorreta dos agentes antimicrobianos
devido à falta de identificação do micro-organismo responsável contribui para o
desenvolvimento de superinfecções ou resistência a fármacos, aumentando os
custos hospitalares e os riscos de reações adversas a medicamentos (BRUNTON;
LAZO; PARKER, 2006).
A resistência bacteriana são mecanismos de adaptação das bactérias contra
os efeitos nocivos dos antimicrobianos, elas são capazes de se multiplicar na
presença de concentrações mais elevadas de antimicrobianos do que as doses
terapêuticas habituais (HOEFLER et al., 2006).
As bactérias se tornam resistentes às drogas através de mecanismos como:
Alteração da permeabilidade da membrana bacteriana, excluindo o
antimicrobiano de seu alvo. A permeabilidade limitada é responsável pela
resistência dos bacilos Gram-negativos à penicilina, eritromicina,
23
clindamicina e vancomicina e pela resistência de Pseudomonas
aeruginosa ao trimetoprim.
Alteração do sítio de ação do antimicrobiano de modo a impedir a
ocorrência de qualquer efeito inibitório ou bactericida; Staphylococcus
aureus resistente à oxacilina e estafilococos coagulase-negativos
adquiriram o gene Mec A e produzem uma proteína de ligação da
penicilina, resistente aos beta-lactâmicos.
Bomba de efluxo de antimicrobianos do meio intracelular para o
extracelular; Escherichia coli resistentes às tetraciclinas codificadas por
plasmídeos.
Mecanismo enzimático, onde ocorre a degradação do antimicrobiano por
enzimas (BRASIL, 2007b).
Os principais agentes do ambiente hospitalar que apresenta resistência a
fármacos são os Gram-positivo: Staphylococcus aureus resistente a meticilina
(MRSA); Enterococos resistentes a vancomicina (VRE); Clostridium difficile; Bacilos
Gram-negativo multirresistentes; Pseudomonas aeruginosa, (resistentes a
aminoglicosideos, carbapanemicos ou cefalosporinas), Enterobacter spp.(
produtoras de beta-lactamase amplo espectro), Acinetobacter baumanni, Serratia
spp, etc (SANTOS, 2004).
Um dos primeiros mecanismos de resistência bacteriana conhecidos foi a
produção de beta-lactamases, enzimas que catalisam a hidrólise do anel beta-
lactâmico impossibilitando a atividade antimicrobiana contra as enzimas
responsáveis pela síntese da parede celular bacteriana. Os beta-lactâmicos
representam a classe de antimicrobianos mais utilizada clinicamente, sendo
composta por: penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e carbapenêmicos
(BERTONCHELI; HORNER, 2008).
Os Staphylococcus aureus que apresentam resistência à meticilina são
denominados MRSA (Methicillin-resistant Staphylococcus aureus), e representam
um importante patógeno nosocomial. Alguns fatores de risco estão relacionados a
este micro-organismo: internação em UTI, prolongada hospitalização, doença de
base grave, procedimentos invasivos e exposição prolongada ou repetida aos
antimicrobianos (GELATTI et al., 2009).
A KPC, Klebsiella pneumoniae Carbapenemase era uma bactéria comum,
que passou a produzir uma enzima (carbapenemase) capaz de anular
24
medicamentos como penicilina, cefalosporinas e as carbapenemas. Elas são do tipo
oportunistas que atacam geralmente pessoas com um quadro de saúde complicado,
agravado por alguma doença, geralmente as vítimas são pessoas gravemente
feridas ou que estão internadas em UTI, submetidas a vários procedimentos de
caráter invasivo (ROSSI; MARQUES; CUMINALE, 2010).
A Pseudomonas aeruginosa é caracterizada pela alta resistência a diversos
tipos de antibióticos, seja ela intrínseca ou adquirida. A resistência apresentada por
essas bactérias é principalmente devido à baixa permeabilidade da membrana
externa e aos sistemas de efluxo a várias drogas, além de possuir uma enzima
cefalosporinase induzível, pertencente a beta-lactamases secundárias (SIQUEIRA,
2002).
A resistência bacteriana adquirida pelos antibióticos é um grave e importante
problema nos hospitais. Atualmente existem três principais fatores que estão
envolvidos nas infecções hospitalares. O primeiro é o uso excessivo de
antimicrobianos nos hospitais. O segundo é que muitos profissionais de saúde
falham em não adotar as medidas básicas de controle de infecção hospitalar, tais
como a lavagem das mãos. O terceiro é constituído por pacientes hospitalizados que
têm o sistema imune comprometido (SANTOS, 2004).
1.3 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA SAÚDE NO CONTEXTO DA INFECÇÃO
HOSPITALAR
A prevenção da Infecção Hospitalar depende muito mais da instituição e de
seus funcionários, do que dos pacientes e é conseguida através de medidas
relativamente simples, porém essenciais, de realização imprescindível na rotina de
qualquer hospital. Medidas de precaução padrão devem ser adotadas, independente
de suspeitar-se de uma doença transmissível ou não, protegendo desta forma os
profissionais e o paciente (MELDAU, 2010).
Três elementos são necessários para que ocorra a transmissão da Infecção
Hospitalar, são eles: fonte de infecção, hospedeiro susceptível e meios de
transmissão. Outro paciente, funcionários, profissionais que tenham algum tipo de
contato com o paciente podem ser uma fonte de infecção, além de visitantes.
Equipamentos e medicamentos e demais utensílios utilizados no ambiente hospitalar
também podem ser uma potencial fonte de infecção (CREMESP, 2010).
25
Basicamente, as infecções hospitalares podem ser causadas pela ausência
de assepsia da equipe de profissionais, do ambiente hospitalar, dos equipamentos,
ou da deficiência imunológica do próprio paciente (PACIEVITCH, 2008).
1.3.1 Atuação dos profissionais da saúde
A adesão dos profissionais de saúde às práticas de controle de infecções
hospitalares depende de alguns fatores decisivos. O apoio administrativo é um fator
essencial na organização da instituição fomentando a implantação de práticas
seguras, produzindo condições apropriadas para o funcionamento da CCIH
(Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) e apoiando a constituição de uma
equipe técnica eficiente (CREMESP, 2010).
Os equipamentos de proteção individual (EPI) estabelecem barreiras físicas
contra a transmissão de micro-organismos. Essas barreiras quando utilizadas de
maneira correta protegem não só o paciente, mas também, as demais pessoas e o
ambiente (CARNEIRO; CAVALCANTE, 2004).
Os principais EPIs são: luvas, máscaras, aventais (capotes), óculos
protetores, pro pés (botas), protetores faciais entre outros, que são artigos ou roupas
especialmente desenvolvidas para a proteção individual. Para que tenham eficácia e
efetividade é necessário que seja utilizado com a técnica adequada, do contrário, os
EPIs perdem a sua finalidade de proteção individual e ou colocam em risco as
demais pessoas. O critério de seleção dos EPIs deve ser de acordo com o
procedimento a ser realizado e o risco deste em provocar exposição ao sangue;
outras substâncias corporais, mucosas e pele não integram (CARNEIRO;
CAVALCANTE, 2004).
1.3.2 A importância da lavagem das mãos
Em 1846, Ignaz Semmelweis, médico húngaro, reproduziu a diminuição no
número de mortes maternas por infecção puerperal após a implantação da prática
de higienização das mãos em um hospital em Viena. A partir dessa data, esse
procedimento tem sido indicado como medida primária no controle da disseminação
de agentes causadores de infecções (BRASIL, 2007a).
26
1.3.2.1 Definição
A higienização das mãos é o ato de lavar as mãos com água e sabão, com o
objetivo da remoção de bactérias transitórias e algumas residentes, além de
sujidades, pêlos, suor, oleosidade e células descamativas. A técnica correta de
higienização simples das mãos (vide anexo) deve ter duração de 40 a 60 segundos
(BRASIL, 2007a).
1.3.3 Ambiente hospitalar e equipamentos
A limpeza e a desinfecção de superfícies são elementos que proporcionam
uma sensação de bem-estar, segurança e conforto para os pacientes, profissionais e
familiares nos serviços de saúde, além de colaborar para o controle das infecções
relacionadas à assistência à saúde, devido à redução do numero de micro-
organismos garantindo assim um ambiente com superfícies limpas e apropriadas
para a realização das atividades desenvolvidas nesses serviços (BRASIL, 2010a).
O ambiente hospitalar é conhecido como um grande reservatório de micro-
organismos nos serviços de saúde, principalmente os multirresistentes, já que a
presença de matéria orgânica favorece a sua proliferação e o aparecimento de
insetos, roedores entre outros, facilitam ainda mais o aumento destes, em tais
serviços (BRASIL, 2010a).
Devem ser considerados potencialmente patogênicos todos aqueles em
instalações de serviços de saúde. Para que ele tenha a capacidade de produzir um
processo de infecção ou doença, são necessários vários fatores, entre eles, o
número e virulência de organismos infecciosos, a presença de um portal de entrada,
e a suscetibilidade do hospedeiro. Todos os utensílios médicos, instrumentos e
equipamentos utilizados na assistência ao paciente infectado com micro-organismos
devem ser devidamente descontaminados (AAMI, 2006).
1.3.3.1 Descontaminação
Descontaminação é um termo usado para descrever um processo ou
tratamento que torna um material hospitalar, instrumento ou superfície, seguro para
o manuseio e uso. Um processo de descontaminação não significa,
27
necessariamente, que este material está seguro para sua utilização no paciente,
uma vez que o procedimento de descontaminação pode variar desde um processo
de esterilização ou desinfecção até a simples lavagem com água e sabão (SOUZA;
PEREIRA; RODRIGUES, 1998).
O quadro a seguir, mostra os principais produtos utilizados na desinfecção
de superfícies e equipamentos.
Quadro 2 – Principais produtos utilizados na desinfecção de superfícies e equipamentos
PRODUTOS DE LIMPEZA /
DESINFECÇÃO INDICAÇÃO DE USO MODO DE USAR
Água
Limpeza para remoção de
sujidade
Técnica de varredura úmida ou
retirada de pó
Água e sabão ou detergente Friccionar o sabão ou detergente
sobre a superfície
Água Enxaguar e secar
Álcool 70% Desinfecção de equipamentos e
superfícies
Fricções sobre a superfície a ser
desinfetada
Compostos fenólicos Desinfecção de equipamentos e
superfícies
Após limpeza, imersão ou
fricção. Enxaguar e secar
Quaternário de amônia Desinfecção de equipamentos e
superfícies
Após limpeza, imersão ou
fricção. Enxaguar e secar
Compostos liberadores de cloro
ativo
Desinfecção de superfícies não-
metálicas e superfícies com
matéria orgânica.
Após limpeza, imersão ou
fricção. Enxaguar e secar
Oxidantes
Ácido peracético (associado ou
não a peróxido de hidrogênio)
Desinfecção de superfícies Após limpeza, imersão ou
fricção. Enxaguar e secar
Fonte: BRASIL, 2010a.
1.3.3.2 Esterilização
Processo validado que serve para fazer um artigo crítico e/ou semicrítico livre
de todas as formas viáveis de microrganismos. Esterilizante é um produto que tem a
capacidade de destruir todas as formas de vida microbiana, em um período de
tempo comprovado, incluindo os esporos bacterianos (BRASIL, 2010b).
28
Figura 1 – Esterilização Física e Química
Fonte: FERREIRA, 2000.
1.3.4 Paciente susceptível
Pacientes com algum tipo de deficiência imunológica, aqueles que estejam
realizando procedimentos invasivos, ou debilitados por problemas nutricionais, se
tornam um hospedeiro susceptível, e podem se tornar vítimas de colonização com
29
bactérias do ambiente hospitalar. O meio de transmissão mais comum é o contato,
mas também pode se dar por gotículas, vias aéreas e vetores (CREMESP, 2010).
Devem ser tomadas precauções de contato, tanto quando existe a
confirmação, ou apenas suspeita do paciente ser portador de um micro-organismo
transmitido pelo contato. Dessa forma, é necessário que este tenha um quarto
privativo, ou então compartilhá-lo com pacientes portadores do mesmo micro-
organismo; utilizar luvas sempre que tiver algum contato com o paciente; utilizar
avental sempre quando houver a possibilidade de contato das roupas do
profissional, com o paciente; o transporte do paciente deve ser feito apenas quando
houver necessidade, e todas as precauções de contato precisam ser seguidas
durante o trajeto; e os artigos e equipamentos devem ser todos de uso exclusivo
para o paciente (MELDAU, 2010).
Quando se refere a bactérias multirresistentes, é imprescindível que se
tenha o máximo empenho para prevenção de sua transmissão entre os pacientes,
sendo de extrema importância, atos como: higienizar as mãos ao atender qualquer
paciente e seguir precauções de contato ao atender os portadores desse tipo de
bactéria. Quando esse tipo de bactéria esta colonizando apenas um indivíduo, as
precauções de contato são suficientes para conter sua disseminação desde que
feitas de maneira correta. Já quando a bactéria está disseminada por toda a unidade
hospitalar, concentram-se os esforços para diminuir a incidência da bactéria entre os
pacientes, mesmo que ela não seja completamente eliminada da unidade (MELDAU,
2010).
O quadro a seguir, descreve dez procedimentos essenciais que podem
diminuir os riscos de infecção hospitalar.
30
Quadro 3 – As dez práticas que podem diminuir os riscos de infecção hospitalar. 1 – Lavar as mãos com água e sabão (de preferência) ou higienizá-las com álcool-gel antes do procedimento;
2 – Usar luvas, aventais e máscaras durante os procedimentos que envolvam contato com material biológico;
3 – Não utilizar aventais ou jalecos fora do hospital;
4 – Esterilizar corretamente instrumentos (como os de vídeo) e locais de cirurgia, quartos e qualquer material utilizado que não seja descartável;
5 – Não utilizar o mesmo pano de chão em diferentes locais;
6 – Evitar a superlotação, que coloca pacientes infectados em contato direto com não infectados;
7 – Trocar constantemente a roupa de cama e dar banho em pacientes sempre que necessário;
8 – Ministrar antibióticos apenas quando estritamente necessário;
9 – Manejar e armazenar corretamente o lixo hospitalar;
10 – Registrar e reportar casos de infecção, assim como procedimentos que não seguiram o protocolo e que podem resultar em contaminação.
Fonte: PRATEANO, 2011.
1.4 COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (CCIH)
As primeiras medidas realizadas com o objetivo de reduzir as infecções
hospitalares foi à criação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH),
sob a recomendação da American Hospital Association, em 1958, que visava apurar
as causas das infecções nos hospitais americanos. A partir de 1968 surgiram as
primeiras CCIH, mas ainda era dispensável à obrigatoriedade da mesma nas
instituições hospitalares. Após 1976 o governo determinou ser necessário a
implementação desta comissão, porém esta medida não causou muito impacto
devido à falta de fiscalização (FERREIRA; BEZERRA, 2010).
No Brasil, as medidas de prevenção de infecções hospitalares passaram a
ter maior evidência a partir da criação da Lei Federal 9.431, de 06/01/97, que obriga
a todos os hospitais brasileiros a constituírem uma Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH), assim como, a obrigatoriedade da instauração e
manutenção de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), que
tem como objetivo reduzir ao máximo as infecções, através de ações desenvolvidas
pelo próprio programa (CAVALLINI; BISSON, 2002).
A CCHI deve ser composta por profissionais da área da saúde de nível superior, formalmente designados. O membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores (BRASIL, 1998).
31
Esta Lei Federal regulamenta o controle da infecção hospitalar, não objetiva
a exterminação dos casos de infecções, mas sim a redução ao máximo possível das
ocorrências e da gravidade destas infecções (CREMESP, 2010).
Devem ser membros da CCIH prestadores de: serviços médicos, de
enfermagem, de farmácia, laboratório de microbiologia e administração, também
pode se considerar como sendo de grande importância os serviços de nutrição e
dietética, lavanderia, higiene, diagnóstico e imagem, recursos humanos, entre outros
(CARDOSO; SILVA, 2004).
A CCIH do hospital deverá: elaborar, implementar, manter e avaliar o Programa de Controle de Infecção Hospitalar, adequado às características e necessidades da instituição, contemplando, no mínimo, ações relativas a: implantação de um sistema de vigilância epidemiológica das infecções hospitalares; adequação, implementação e supervisão das normas e rotinas técnico-operacionais, visando à prevenção e controle das infecções hospitalares; uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais-hospitalares; elaborar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais, visando limitar a disseminação de agentes presentes nas infecções em curso no hospital, por meio de medidas de precaução e de isolamento (BRASIL, 1998).
Além de medidas preventivas de controle e exposição a doenças infecto-
contagiosas e materiais orgânicos, a CCIH realiza um programa de imunização e
controle de epidemias entre pacientes e profissionais (SCHEIDT; ROSA; LIMA,
2006).
A CCIH é constituída por regras, a serem seguidas por todos os profissionais
da saúde que exercem suas atividades dentro da unidade hospitalar, tendo como
atribuição, ações educativas, onde os conhecimentos adquiridos devem ser
passados a todos os outros profissionais da instituição, através de palestras, cursos,
reuniões ou comunicados impressos (FERREIRA; BEZERRA, 2010).
A implementação de uma CCIH é de responsabilidade de cada instituição,
devendo esta disponibilizar, um local e estrutura adequada para a formação da
comissão. As reuniões devem ser realizadas constantemente, onde cabe ao
controlador por em pauta os problemas encontrados junto ao corpo clínico e ao setor
administrativo da instituição, transmitindo ao corpo clínico e a direção da unidade
hospitalar os dados obtidos, para que a instituição possa intervir reciprocamente
sobre os problemas apresentados (CREMESP, 2010).
Todo profissional que compõe a CCIH, objetivando reduzir o índice de
infecção hospitalar, deve se atentar em atualizar-se tecnicamente com determinada
32
frequência, para que possa ser fonte de consulta junto à equipe hospitalar, deve agir
de forma coerente diante dos colegas de trabalho, sendo necessário ter um bom
relacionamento com todos os profissionais da instituição (CAVALLINI; BISSON,
2002).
Torna-se expressamente necessária a implementação de CCIHs em todos
os hospitais e clínicas, públicas ou privadas, assim como a sua manutenção,
objetivando a diminuição de gastos, de tempo de internação, de procedimentos
médicos e principalmente a melhora da qualidade no que se refere à atenção à
saúde do paciente (CREMESP, 2010).
Para se obter um bom resultado na redução da infecção hospitalar, não
basta ater-se apenas a criação de uma CCIH, é indispensável que o os profissionais
da área da saúde assumam um compromisso junto a sociedade, para intervir e
incentivar ações de prevenção de infecções, com intuito de prevenir maiores danos
à aqueles que estão sobre seus cuidados, orientando-os quanto a prevenção na
prática cotidiana, assegurando uma assistência igualitária, em todos as áreas de
atendimento (FONTANA; LAUTERT, 2006).
É necessário também, um trabalho em equipe, estabelecendo a união entre
estes profissionais. Independente de ser na prevenção, proteção, tratamento ou
reabilitação do paciente. Afinal o indivíduo deve ser reconhecido e eventualmente
tratado como um ser integral, portanto não deve receber atendimento em partes
(PEREIRA et al.,2005).
1.5 ATUAÇÃO E PERFIL DO FARMACÊUTICO NO CONTROLE DAS INFECÇÕES
HOSPITALARES
Durante muitos anos, o farmacêutico hospitalar permaneceu esquecido
dentro das farmácias, estando distante dos pacientes, das unidades de internação e
até mesmo de outros profissionais da saúde, não havendo participação ativa entre
eles (ARAÚJO, 2010).
Entretanto, é possível observar que este cenário vem se modificando e, hoje,
dentro do contexto hospitalar, o papel do farmacêutico deixou de ser apenas
administrativo, visando à programação de medicamentos e organização de recursos
financeiros e passou a direcionar-se exclusivamente para o paciente, tendo o
medicamento somente como instrumento e não mais como fim (DANTAS, 2011).
33
Desta forma, durante a internação, o farmacêutico hospitalar, juntamente
com a equipe de multiprofissionais, promoverá suporte técnico na análise de
prescrições, monitorização do tratamento, como também, do quadro clínico do
paciente (DANTAS, 2011). Deverá fornecer a essa equipe, informações relacionadas
aos medicamentos como a farmacocinética, indicações terapêuticas, mecanismo de
ação, reações adversas, controle de armazenamento e dispensação de antibióticos
(HOEFLER et al., 2006).
Desde o surgimento de novos fármacos cada vez mais eficazes e tóxicos,
como os antimicrobianos, tornou-se necessário a presença do farmacêutico de modo
com que orientasse sobre o uso seguro e racional destes, esclarecendo dúvidas,
incluindo as implicações que os mesmos poderiam causar ao organismo do
paciente, sendo o único profissional que melhores condições reuniam para
desempenhar determinada função, contribuindo assim para o sucesso do tratamento
e para o controle da infecção hospitalar. A partir daí, deu-se origem a frase “ao
doente certo, o medicamento certo” (ANTUNES, 2008).
A presença deste profissional, no hospital, é extremamente importante para
que ocorra a recuperação do paciente, devendo a assistência farmacêutica ser um
complexo de atitudes, compromissos e valores éticos atuando na prevenção e
promoção da saúde, estabelecendo e garantindo a importância e acessibilidade do
medicamento, como também intervir nas prescrições e dispensações erradas,
incluindo as formas farmacêuticas e posologia (DANTAS, 2011).
Está comprovado que o trabalho do farmacêutico diminui não só os custos
no sistema de saúde ao supervisionar as interações medicamentosas, reações
adversas e prescrições erradas, como também, auxiliam na melhoria da qualidade
de vida dos pacientes, aumentando sua adesão para a administração correta dos
antimicrobianos. Sendo assim, é evidente que respondendo as novas exigências,
assumem e adquirem novas responsabilidades, ganhando cada vez mais espaço no
ambiente hospitalar (ANTUNES, 2008).
1.5.1 Perfil do farmacêutico hospitalar
A fim de executar um trabalho eficaz juntamente com outros profissionais da
saúde, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou em 1997 um documento,
onde eram destacadas as sete atitudes e qualidades que o profissional farmacêutico
34
deveria apresentar, sendo assim, chamados de farmacêutico sete estrelas. Ele deve
ser: prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde; capaz de tomar
decisões; comunicador; líder; gerente; atualizado permanentemente e educador
(MENDES, 2008).
Além das funções básicas e clínicas, das pesquisas e atividades
educacionais, o farmacêutico deverá participar ativamente nas Comissões de
Farmácia e Terapêutica, Controle de Infecção Hospitalar, Suporte Nutricional, de
Parecer Técnico para o aperfeiçoamento da Assistência farmacêutica Hospitalar
(ANTUNES, 2008).
35
2 MÉTODO
Para a elaboração do presente trabalho, foi utilizada, como fonte de
pesquisa, a revisão bibliográfica.
Foram realizadas buscas de livros, teses, encartes e artigos de revistas que
relatassem sobre as infecções hospitalares, desde a sua evolução até a atuação dos
profissionais da saúde, destacando principalmente o farmacêutico, no controle e
prevenção das mesmas.
Os livros utilizados foram pesquisados na biblioteca da própria instituição, já
os artigos, encartes foram encontrados em endereços da internet, como sites de
pesquisas médicas e de desenvolvimento profissional, Scielo e Racine, e sites
oficiais, em destaque, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e
Conselho Federal de Farmácia (CFF) entre outros.
36
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história das infecções hospitalares iniciou-se juntamente com o surgimento
dos hospitais, onde havia separação dos pacientes doentes da sociedade, cujo
objetivo principal não era a cura e sim o isolamento para evitar a propagação de
suas enfermidades, já que as condições de higiene eram precárias e as práticas
médicas eram de alcance apenas dos mais favorecidos.
Com a emergência do capitalismo acompanhada pela desorganizada
urbanização, deu-se início ao controle das infecções, momento em que o corpo
passou a ser visto como objeto de trabalho.
Atualmente, mesmo com todo avanço tecnológico, a infecção hospitalar
continua sendo uma das causas de altas taxas de morbidade e mortalidade em todo
o mundo. A resistência bacteriana adquirida pelos antimicrobianos é um grave e
importante problema nos hospitais desde a descoberta da penicilina até o mais
recente dos antimicrobianos. Estes estão entre os fármacos mais prescritos e
utilizados de modo incorreto e abusivo, como a utilização com espectro maior do que
necessário; esquema posológico inadequado; tempo prolongado de utilização, tendo
como consequência inevitável, o aparecimento de patógenos resistentes, levando a
necessidade de novos fármacos.
O consumo excessivo desses fármacos está relacionado à deficiência na
política de controle dos medicamentos prescritos em hospitais e a falta de protocolos
de uso de antimicrobianos, gerando excesso de prescrições. As bactérias
resistentes se tornaram uma ameaça à sociedade e particularmente à indústria
farmacêutica, que não encontra uma resposta terapêutica definitiva.
A prevenção e o controle da resistência bacteriana incluem ações educati-
vas, o uso racional de antimicrobianos, a vigilância das cepas hospitalares, do perfil
de sensibilidade e atentar aos procedimentos invasivos.
A principal arma dos profissionais da saúde contra as infecções hospitalares
é a prevenção, onde medidas simples como a lavagem das mãos, o uso de EPIs e o
cuidado na desinfecção de equipamentos e ambientes pode mudar essa realidade,
porém a adesão a esses métodos ainda é muito deficiente, seja por descaso dos
profissionais ou por parte da própria instituição pela falta de incentivo e apoio a
implementação dessas práticas e das próprias CCI.
37
A suscetibilidade do próprio paciente também se mostrou um fator
importante no desenvolvimento da infecção hospitalar, cuja principal preocupação
deve ser a de evitar a transmissão entre os pacientes, redobrando os cuidados com
higienização e assepsia, principalmente quando se tratar de bactérias
multirresistentes evitando sua disseminação pela unidade.
Com o surgimento das Comissões de Controle de Infecções Hospitalares,
abriu-se uma brecha para os profissionais da saúde atuarem juntos pela busca da
diminuição ao máximo do risco de infecções hospitalares ainda presentes no âmbito
hospitalar, onde cabe a estes profissionais o comprometimento de empenhar-se na
filosofia da prevenção na sua prática cotidiana, contribuindo de forma assistencial na
busca de soluções eficazes e eficientes de modo a cooperar, promovendo grupos de
discussões, palestras e outros meios de comunicação para repassar a todos os
profissionais da instituição o conhecimento adquirido, assim como repassar para a
direção da unidade hospitalar os problemas encontrados e sugestões para
solucioná-los.
Dessa forma os profissionais que atuam na CCIH podem contribuir de forma
direta para diminuição não só de infestações hospitalares, como também para
redução de custos com procedimentos médicos e medicação, mas principalmente
diminuir o tempo de internação do paciente lhe proporcionando um tratamento eficaz
de forma que este possa retornar a sociedade em curto prazo totalmente reabilitado.
Pôde-se observar a crescente participação do profissional farmacêutico
junto ao paciente de forma a contribuir para a efetividade do tratamento prescrito,
através da promoção do uso racional de medicamentos, principalmente dos
antimicrobianos, como também a sua importância nos programas de controle da
infecção hospitalar, buscando minimizar a disseminação da resistência bacteriana,
reduzindo assim, com o auxilio de uma equipe de multiprofissionais, as taxas de
incidência de infecção por meio de procedimentos adequados dentro do ambiente
hospitalar.
A presença do farmacêutico é importante para o fortalecimento do trabalho
em equipe, porém a conscientização, por parte da instituição hospitalar sobre os
benefícios da intervenção farmacêutica, ainda é ausente, sendo necessário, perante
aos pacientes e demais profissionais da saúde, a expansão do reconhecimento de
tal assistência, visando além do sucesso da terapia medicamentosa e melhoria da
qualidade de vida do paciente, auxiliando na prevenção e controle das infecções.
38
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 03 out. 2012.
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ANEXOS
Técnica de higienização simples das mãos.
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Fonte: BRASIL, 2007a.